127
Universidade Técnica de Lisboa Faculdade de Motricidade Humana Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um percurso com obstáculos DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM REABILITAÇÃO PSICOMOTORA Orientadora: Professora Doutora Maria Leonor Frazão Moniz Pereira da Sil va Júri: Presidente: Doutora Maria Leonor Frazão Moniz Pereira da Silva Vogais: Doutor Duarte Fernando da Rosa Belo Patronilho de Araújo Doutor Paulo Ignácio Noriega Pinto Machado Inês Paulo Santos 2009/2010

Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

Universidade Técnica de Lisboa

Faculdade de Motricidade Humana

Estratégias visuais utilizadas

durante a realização de um

percurso com obstáculos

DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO GRAU DE

MESTRE EM REABILITAÇÃO PSICOMOTORA

Orientadora: Professora Doutora Maria Leonor Frazão Moniz Pereira da Silva

Júri:

Presidente: Doutora Maria Leonor Frazão Moniz Pereira da Silva

Vogais: Doutor Duarte Fernando da Rosa Belo Patronilho de Araújo

Doutor Paulo Ignácio Noriega Pinto Machado

Inês Paulo Santos

2009/2010

Page 2: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

Resumo

A visão é o único sentido que fornece informações precisas acerca das

características envolvimentais, estáticas e dinâmicas e por isso é que o sistema visual

é essencial para guiar os indivíduos de forma segura pelo envolvimento que o rodeia.

A percepção que o indivíduo obtém de uma determinada cena ou do

envolvimento que o rodeia é conseguida através dos movimentos oculares e

geralmente é modelada por um processo chamado pesquisa visual. A pesquisa visual

é o processo de varrimento da cena observada e a formação da sua imagem

conceptual no cérebro. O comportamento dos movimentos oculares durante a

visualização de uma cena pode ser dividido em duas fases temporais as fixações,

períodos de tempo em que a observação de determinado ponto é relativamente

estável; e as sacadas, períodos de tempo em que os olhos se movem de forma rápida

entre dois pontos de fixação distintos.

No presente estudo pretende-se caracterizar as estratégias visuais que os

indivíduos de ambos os géneros fazem quando lhes é apresentada uma tarefa que

consiste em deslocar-se livremente num percurso com obstáculos, partindo de um

local pré-definido e tendo que alcançar uma meta.

De uma maneira geral verificou-se que existem diferenças significativas entre

os rapazes e as raparigas no tempo de fixação e no número de fixações. As raparigas

passam mais tempo a olhar para locais fora do percurso e os rapazes passam mais

tempo a olhar para a meta. Antes de iniciar a marcha as raparigas olham um maior

número de vezes para a fase final do percurso e os rapazes olham um maior número

de vezes para a parte do meio. Depois de iniciada a marcha, tanto as raparigas como

os rapazes passam a fazer mais fixações na parte final e na meta.

Verificou-se ainda que os indivíduos que passam mais tempo a fixar a meta,

são aqueles que seguem um trajecto mais directo em relação à meta, sendo os mais

eficientes.

Em conclusão, o padrão do olhar é constituído por movimentos oculares que

não são feitos ao acaso, eles fornecem informação bastante útil daquilo que é

relevante para a execução da tarefa.

Palavras-Chave: Estratégias Visuais, Movimentos Oculares, Visão Foveal,

Visão Periférica, Número de Fixações, Tempo de Fixação, Pesquisa Visual, Percepção

de Cenas, Atenção Visual.

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | II

Page 3: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 3

Abstract

Vision is the only sense that provides precise information about one’s

surroundings, for both mobile people or objects and immobile objects. The visual

system is essential to guide people safely around their environment.

The perception an individual gets from a particular scene or their surroundings,

is accomplished by eye movements and is usually modeled by a process called visual

search. Visual search is the scanning process of the scene observed and the formation

of the conceptual image in the brain. The behavior of eye movements while viewing a

scene can be divided into two temporal moments: fixations, periods in which

observation of an item is relatively stable; and the saccades, periods in which the eyes

move quickly to reorient between two different points.

The current study is to characterize the differences in visual search between

people from both genders, who have been given a task to move freely in an obstacle

course, in which they start from a predefined location and have a goal to accomplish.

In general it was found that significant differences occurred between boys and

girls, in the duration and number of fixations. While the girls spend more time

observing points outside the obstacle the course and look beyond the goal, the boys

spend more time observing the goal. Before starting, the girls fixate more often on the

final phase of the obstacle course, while the boys fixate more often on the middle.

Once they commence, both the boys and the girls now fixate more often on the final

phase or the end of the obstacle course.

It was discovered, that the individuals who spent more time fixating on the goal

of the obstacle course, are the ones who follow a more precise path in relation to the

goal, making them the most efficient of all the participants.

In conclusion, during the task, gaze patterns, created by non-random eye

movements provide very useful information, which is relevant to completing the task.

Key Words: Visual Strategies, Eye Movements, Foveal Vision, Parafoveal Vision,

Number of Fixation, Fixation Duration, Visual Search, Scene Perception, Visual

Attention.

Page 4: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 4

Agradecimentos

À Professora Doutora Leonor Moniz Pereira que como minha orientadora, me

transmitiu conhecimentos essenciais para a elaboração desta tese, de uma forma sábia,

transparente, capaz e acima de tudo aliciante, que me fizerem dar valor à capacidade

de transmissão de saberes!

À minha amiga Cláudia Pires porque foi como ela que partilhei a maioria das

minhas dúvidas e muitas horas de trabalho e porque foi ela que desde o início não me

deixou perder a motivação! Ao meu amigo Rui Damas por toda a disponibilidade e

ajuda.

Ao Mestre Manuel Oliveira, ao Mestre Luís Mendanha e à Professora amiga

Cristina Espadinha por toda a ajuda e dúvidas esclarecidas ao longo da elaboração da

tese!

Um obrigada carinhoso a todos os amigos que quiseram participar como

voluntários na minha tese. Sem eles a elaboração deste trabalho não teria sido possível!

Por último mas não menos importante, quero agradecer de uma forma muito

especial aos meus pais António e Natividade, porque sempre me apoiaram e ajudaram

mas principalmente pela força que me transmitiram. Também quero agradecer ao meu

irmão Samuel, por toda a paciência que demonstrou e pelo facto de estar sempre pronto

a ajudar-me, mesmo que não o conseguisse. Agradeço ainda ao João que com muito

carinho e dedicação me ajudou a superar todas as etapas, por estar sempre presente e

por toda a alegria que me transmitiu, cada um dos sorrisos valeu demais.

A todos vós, o meu sincero obrigado!

Page 5: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 5

Índice Geral

Resumo …………………………………………………………………………………………………………………………………. II

Abstract ...................................................................................................................................III

Agradecimentos...................................................................................................................... IV

Índice Geral ............................................................................................................................. V

Índice de Figuras .................................................................................................................... VII

Índice de Tabelas .....................................................................................................................IX

1. Introdução.........................................................................................................................1

2. Formulação do Problema...................................................................................................2

2.1. Objectivo do Estudo ....................................................................................................3

3. Fundamentação Teórica ....................................................................................................4

3.1. Sistema Visual Humano...............................................................................................5

3.1.1. Visão Foveal e Visão Periférica .................................................................................8

3.2. Movimentos Oculares .................................................................................................9

3.3. Comportamento dos movimentos oculares durante a visualização de uma cena.......15

3.4. Atenção Visual e os Movimentos Oculares ................................................................18

4. Metodologia....................................................................................................................23

4.1. Objectivos Específicos ...............................................................................................23

4.2. Hipóteses..................................................................................................................24

4.3. Tipo de Estudo ..........................................................................................................25

4.4.Definição da população e selecção da amostra ..........................................................25

4.5. Definição das variáveis..............................................................................................26

4.6. Procedimento do estudo...........................................................................................27

4.7. Instrumento..............................................................................................................31

4.7.1. Mobile Eye.............................................................................................................31

4.7.2. Constituintes do Mobile Eye ..................................................................................32

Page 6: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 6

4.7.3. Procedimentos de utilização ..................................................................................36

4.7.4.Software de análise dos dados – ASL Results e Captiv L-2100 ..................................38

5. Resultados.......................................................................................................................40

5.1 Caracterização da amostra .........................................................................................40

6. Análise e Discussão dos Resultados – Fixação do Olhar ....................................................41

7. Conclusão........................................................................................................................74

8. Limitações do estudo.......................................................................................................76

9. Sugestões Futuras ...........................................................................................................76

10. Bibliografia ......................................................................................................................77

11. Anexos ............................................................................................................................81

Anexo I: Tabelas de Comparações Múltiplas ....................................................................82

Anexo II: Tipos de Percursos ..........................................................................................103

Page 7: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | VII

Índice de Figuras

Imagem 1 - Constituintes do olho humano. ...............................................................................5

Imagem 2 - Músculos dos olhos. .............................................................................................10

Imagem 3 - Os cinco pontos de calibração...............................................................................28

Imagem 4 - Percurso com os 12 pinos (obstáculos). ................................................................29

Imagem 5 - Hardware do Mobile Eye (Óculos e Gravador).......................................................31

Imagem 6 - Computador de Análise. .......................................................................................32

Imagem 7 - Sony GV-D100E Sony Cassete Digital Video Recorder (DVCR) ................................32

Imagem 8 - Unidade montada ao gravador (RMU) ..................................................................32

Imagem 9 - Óculos ..................................................................................................................32

Imagem 10 - Lente Combinada................................................................................................32

Imagem 11 - Unidade montada nos óculos (SMU) ...................................................................33

Imagem 12 - Triângulo de três pontos (Cluster Spot). ..............................................................34

Imagem 13 - Reflexos de Purkinje. ..........................................................................................34

Imagem 14 - Posição da pupila em relação ao primeiro reflexo de Purkinje. ............................35

Imagem 15 - Janela do Eye Vision com o olho e o Cluster Spot. ...............................................36

Imagem 16 – Definições da pupila e guardar perfil do sujeito. .................................................37

Imagem 17- Exemplo de nomes para as diferentes categorias.................................................39

Imagem 18- Selecção das fixações que pertencem Às classes criadas. .....................................39

Imagem 19 - Percurso de Tipo A (1).......................................................................................103

Imagem 20 - Percurso de Tipo A (2).......................................................................................104

Imagem 21 - Percurso de Tipo A (3).......................................................................................105

Imagem 22 - Percurso de Tipo A (4).......................................................................................106

Imagem 23 - Percurso de Tipo A (5).......................................................................................107

Imagem 24 - Percurso de Tipo B (6). ......................................................................................108

Imagem 25 - Percurso de Tipo B (7). ......................................................................................109

Page 8: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 8

Imagem 26 - Percurso de Tipo C (8). ......................................................................................110

Imagem 27 - Percurso de Tipo C (9). ......................................................................................111

Imagem 28 - Percurso de Tipo C (10). ....................................................................................112

Imagem 29 - Percurso de Tipo D (11).....................................................................................113

Imagem 30 - Percurso de Tipo D (12).....................................................................................114

Imagem 31 - Percurso de Tipo D (13).....................................................................................115

Imagem 32 - Percurso de Tipo D (14).....................................................................................116

Gráfico 1 - Frequência do percurso escolhido para o género feminino e para o género

masculino. ..............................................................................................................................56

Page 9: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 9

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Média das idades nos dois géneros e média da acuidade visual para o olho direito e

para o olho esquerdo nos dois géneros. ..................................................................................40

Tabela 2 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do tempo de fixação, em

segundos, para ambos os géneros...........................................................................................42

Tabela 3 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes. ..44

Tabela 4 - Resultados que apresentam diferenças significativas no tempo de fixação entre os

vários locais do percurso, através do teste de comparações múltiplas. ...................................44

Tabela 5 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em

ambos os géneros antes do início da marcha. .........................................................................46

Tabela 6 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes,

antes do início da marcha. ......................................................................................................48

Tabela 7 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do

percurso, através do teste de comparações múltiplas, antes do início do percurso. ................48

Tabela 8 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em

ambos os géneros antes durante a realização do percurso. .....................................................51

Tabela 9 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes,

durante a realização do percurso. ...........................................................................................52

Tabela 10 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do

percurso, através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. .......53

Tabela 11 - Teste de Wilcoxon-Man-Whitney para o percurso escolhido nos rapazes e nas

raparigas. ................................................................................................................................56

Tabela 12 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos

percursos tipo A. .....................................................................................................................57

Tabela 13- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A. ...........58

Tabela 14 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do

percurso, através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. .......59

Tabela 15 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos

percursos tipo A. .....................................................................................................................60

Tabela 16- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A. ...........61

Tabela 17 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do

percurso, através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. .......61

Page 10: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 10

Tabela 18 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos

percursos tipo B. .....................................................................................................................62

Tabela 19- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.............63

Tabela 20 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através

do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. ...................................64

Tabela 21 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos

percursos tipo B. .....................................................................................................................64

Tabela 22- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.............65

Tabela 23 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos

percursos tipo C. .....................................................................................................................66

Tabela 24- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.............67

Tabela 25 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos

percursos tipo C. .....................................................................................................................68

Tabela 26- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.............69

Tabela 27 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através

do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso. ...................................69

Tabela 28 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos

percursos tipo D......................................................................................................................70

Tabela 29- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D. ...........71

Tabela 30 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos

percursos tipo D......................................................................................................................71

Tabela 31- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D. ...........72

Tabela 32 – Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso,

para as raparigas.....................................................................................................................84

Tabela 33 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso,

para os rapazes. ......................................................................................................................86

Tabela 34 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do

percurso antes de iniciar a marcha, para as raparigas..............................................................88

Tabela 35 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do

percurso antes de iniciar a marcha, para os rapazes. ...............................................................90

Tabela 36 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do

percurso durante a realização do percurso, para as raparigas. ................................................92

Page 11: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 11

Tabela 37 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do

percurso durante a realização do percurso, para os rapazes....................................................94

Tabela 38- Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos

percursos tipo A. .....................................................................................................................96

Tabela 39 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos

percursos tipo A. .....................................................................................................................98

Tabela 40 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos

percursos tipo B. ...................................................................................................................100

Tabela 41 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos

percursos tipo C. ...................................................................................................................102

Page 12: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

1. Introdução

No âmbito do Mestrado em Reabilitação Psicomotora da Faculdade de Motricidade

Humana, surge a elaboração da Dissertação de Mestrado cujo tema a desenvolvido

vai de encontro aos interesses dos estudantes.

No meu caso o interesse recai sobre as funções visuais, mais precisamente sobre

os movimentos oculares. Este interesse advém da minha participação como

investigadora no CIPER, onde comecei a desenvolver trabalhos no âmbito dos

movimentos oculares durante as tarefas de leitura. Com as pesquisas bibliográficas

que fui realizando percebi que as estratégias visuais usadas pelos ind ivíduos para

perceberem as tarefas de leitura através dos movimentos oculares não eram as

mesmas que são usadas para olhar para uma determinada cena. Assim, focalizei o

meu interesse para o estudo dos movimentos oculares que os indivíduos de ambos os

sexos fazem quando lhes é apresentada uma determinada tarefa, neste caso a tarefa

consiste em deslocar-se num percurso com obstáculos, partindo de um local pré-

definido e tendo que alcançar uma meta. A percepção que o indivíduo obtém de uma

determinada cena através dos movimentos oculares é geralmente modelada por um

processo chamado pesquisa visual.

Entende-se por pesquisa visual, o processo de varrimento visual da cena

observada e a formação da imagem conceptual da cena no cérebro (Rayner, 1995).

Por seu lado, os movimentos oculares têm por objectivo a movimentação do

globo ocular nas diferentes direcções, o que permite a captação das imagens do

mundo que nos rodeia, com a máxima qualidade possível, de forma a poder ser

percebida e analisada pelas estruturas corticais, contribuindo para a resposta motora

(Oliveira, 2007).

São estes os principais temas que permitiram desenvolver esta tese de mestrado,

assim, numa primeira parte realiza-se uma fundamentação teórica sobre os temas

principais, tais como a Pesquisa Visual, o Sistema Visual e a Percepção de Cenas. De

seguida, descrever-se-á a metodologia de todo o trabalho, a população, as hipóteses,

a definição das variáveis e todo o procedimento para a elaboração desta dissertação

de mestrado. Numa fase posterior, caracterizar-se-á a amostra pertencente ao estudo

e apresentar-se-ão os resultados obtidos e a sua discussão. Por último apresentar-se-

á a conclusão de o trabalho, bem como as suas limitações e algumas sugestões para

futuros trabalhos.

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 1

Page 13: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 2

2. Formulação do Problema

Uma questão que surge frequentemente é se as características dos movimentos

oculares da leitura são semelhantes às características dos movimentos oculares na

visualização de cenas e na pesquisa visual. Rayner e Pollatsek (1992) referem que o

mecanismo básico de controlo dos movimentos oculares é o mesmo tanto para tarefas

de leitura como para tarefas de pesquisa visual, ou de visualização de cenas. Estes

autores referem que o modelo de Morrison, (modelo que explica a sequência de

operações dos movimentos oculares para a leitura) também é aplicável às tarefas de

percepção de cenas, ou seja os indivíduos entram num ciclo de processamento do

material fixado, mudando a atenção para outras partes da cena, através de

movimentos oculares que mudam a fixação de um ponto anterior para outro ponto que

lhes desperta atenção. No entanto, embora o padrão de para onde dirigir a próxima

fixação seja facilmente identificado na leitura (por exemplo, da esquerda para a direita

e de cima para baixo para os leitores Portugueses, ou da direita para a esquerda para

o árabe), não existe a mesma facilidade de identificação das estratégias para a

visualização de cenas. Contrariamente à leitura, não parece haver nenhuma forma

correcta de olhar para objectos particulares. Kennedy sugere que a tarefa de leitura é

composta quase exclusivamente de sacadas, enquanto que olhar para imagens é

composta de deslocações, perseguições e desvios, provavelmente devido a diferenças

no contexto (Kennedy, 1992 in Duchowski, 2003). Embora não exista uma forma

correcta de olhar para imagens ou cenas, ou para fazer pesquisas visuais, Rayner e

Pollatsek (1992) consideraram que os movimentos oculares realizados na percepção

de cenas não são feitos ao acaso. Os indivíduos tendem a fixar áreas na cena que

julgam como informativas, e no caso da tarefa envolver descobrir uma característica

especifica do objecto, não será necessário fazer a identificação de todos os objectos,

uma vez encontrado o objectivo não é necessário fixar outros pontos.

Sendo que as tarefas descritas anteriormente são tarefas onde o indivíduo

permanece sentado, o problema que me surge é quando a tarefa visual passa a

envolver a deslocação do indivíduo, quais serão as estratégias visuais utilizadas e

será que essas estratégias seguem algum padrão?

Considerou-se ainda importante saber se existem diferenças significativas nas

estratégias visuais utilizadas pelos rapazes em relação às raparigas, e se as

estratégias visuais são iguais em todas as etapas do percurso?

Para responder a estas questões é necessário monitorizar os movimentos oculares

e descrever como eles ocorrem, sendo esta a base de todo o trabalho.

Page 14: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 3

2.1. Objectivo do Estudo

A caracterização do comportamento visual, através da análise dos movimentos

oculares, está na base do presente estudo. Pretende-se investigar se os movimentos

oculares observados durante uma tarefa que exige movimento são efectuados para

pontos de interesse, ou seja, não são feitos de forma aleatória. Para tal irão analisar -

se a existência de diferenças, nas estratégias visuais utilizadas entre rapazes e

raparigas jovens com visão binocular normal durante a realização de um percurso,

com 4,55m de comprimento e 3,15m de largura, dividido em 117 células, com 12

obstáculos (pinos) dispostos de forma a que os indivíduos não pudessem evitar

contornar pelo menos um dos obstáculos para atingir a meta estabelecida. Existiam 14

opções prováveis de trajectos entre o ponto de partida e a meta, podendo o

executante efectuar qualquer uma.

Através da comparação, realizada entre os indivíduos pertencentes aos dois

grupos em estudo, pretende-se analisar as suas estratégias visuais através da fixação

e do seguimento ocular de modo a compreender “as escolhas”, quando são analisadas

diferentes partes e tipos do percurso.

Em síntese, com este estudo procura-se identificar a relação entre as estratégias

visuais (fixação e seguimento) e o trajecto escolhido, para chegar a uma meta

estabelecida, quando se caminha num percurso com obstáculos.

Page 15: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 4

3. Fundamentação Teórica

A pesquisa visual é uma das acções mais comuns no nosso dia-a-dia e tem sido

amplamente investigada à mais de 30 anos em estudos laboratoriais (Wolfe, 2001).

É uma tarefa comum mas bastante importante, pois desempenha um papel

significativo na evolução de uma espécie. Por exemplo, tarefas de pesquisa visual, tais

como localização de presas e detecção de predadores são importantes para a

sobrevivência dos animais.

Na sociedade actual para os seres humanos, procurar um amigo num conjunto de

pessoas desconhecidas ou procurar um lugar para estacionar o carro, são dois

exemplos de pesquisa visual.

De uma maneira geral para analisar o processo de pesquisa visual é proposto ao

sujeito que procure um estímulo alvo no meio de estímulos distractores, sendo que o

tempo de reacção é a medida de eficiência mais utilizada para avaliar a prestação do

sujeito. Quanto menor o tempo necessário para encontrar o alvo, mais eficiente é a

pesquisa visual (Covre et al., 2007).

Para que uma pesquisa visual seja eficiente, ela depende tanto das caract erísticas

do estímulo alvo como dos distractores (Treisman e Gelade, 1980). Desta forma, uma

pesquisa visual poderá ser eficiente se uma única característica básica, como a cor ou

o tamanho, diferenciar o alvo dos distractores e, ainda mais eficiente se os distractores

forem homogéneos (Covre et al., 2007). Espera-se então, que neste estudo a parte de

pesquisa visual do alvo/meta seja eficiente, pois o alvo distingue -se dos distractores

apenas pela cor e os distractores são todos da mesma cor e da mesma forma, ou seja,

homogéneos.

Ainda em relação à pesquisa visual, importa referir uma teoria. Trata-se da Teoria

de Integração de Características (FIT – Feature Integration Theory). Esta teoria foi

introduzida por Treisman e Gelade em 1980 (Neves, s.d) e ela explica os diferentes

tempos de resposta para as tarefas de pesquisa visual de uma ou várias

características de um objecto.

Esta teoria sugere que as características visuais como a cor e a forma são

registadas desde o início, automaticamente, e são codificadas em paralelo em todo o

campo visual, sem utilização da atenção (Neves, s.d). Assim, o processamento visual

basta para a integração de duas características, a cor e a forma.

Como neste estudo os objectos que são analisados possuem a mesma forma (são

todos pinos) e só a cor é que diverge (pinos amarelos e um pino vermelho), basta

analisar o processamento visual que é feito para a identificação do alvo/meta, e de

Page 16: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 5

forma mais específica quais as estratégias visuais utilizadas, quando os indivíduos têm

de caminhar num percurso com pinos amarelos e chegar a um pino vermelho. Neste

estudo em concreto, além dos indivíduos necessitarem de fazer uma pesquisa visual,

na medida em que precisam de localizar a meta à qual terão de chegar, eles também

necessitam de se deslocar até essa meta ou alvo, sendo que terão obstáculos no seu

percurso, que funcionam como distractores. Assim, será útil analisar quais as

estratégias visuais que os indivíduos usam para identificar o alvo e para chegar até

ele.

Para começar por perceber como se analisam as estratégias visuais de um

indivíduo e como funciona a pesquisa visual que pode ser feita, é importante ter um

conhecimento básico acerca do olho. Assim, segue-se uma breve descrição do olho,

bem como dos processos visuais.

3.1. Sistema Visual Humano

São os dois olhos, os órgãos sensoriais que iniciam o sistema visual humano. Eles

são as nossas janelas para o mundo. Através do trabalho conjunto dos olhos e do

cérebro, apercebemo-nos do mundo à nossa volta (Fraga, 1987).

O olho é constituído por várias zonas, como mostra a imagem 1. A parte mais

interna do olho, a retina, é a camada nervosa onde se localizam as células receptoras

que têm a função de transdução, ou seja, transformam as ondas luminosas em influxo

nervoso (Correia et al., 2003).

Imagem 1 - Constituintes do olho humano.

Page 17: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 6

A retina é uma estrutura neuro-vascular extremamente complexa, composta por

duas zonas distintas, a fóvea e a região periférica, dando lugar a dois tipos diferentes

e complementares de tratamento da informação. O componente nervoso é constituído

por células sensíveis à luz, os fotorreceptores, e por um conjunto de células nervosas

que formam uma rede neuronal que a luz atravessa até chegar aos fotorreceptores.

Existem dois tipos de fotorreceptores, os cones e os bastonetes cuja disposição e

respectiva distribuição espacial pela retina não é uniforme. Assim, na zona da fóvea

encontram-se um grande número de cones e poucos bastonetes, enquanto que na

região periférica se passa o fenómeno inverso. A fóvea, que é a parte central, onde

existe mais cones, destina-se à distinção de detalhes finos e à visão cromática,

possibilitando a leitura e a escrita, o reconhecimento de rostos, a perseguição visual,

em suma, uma visão mais ligada à atenção, onde existe maior acuidade visual. Por

outro lado, a região mais periférica, onde se encontram em maior número os

bastonetes, permite a localização de objectos, a apreciação global do espaço e a

percepção do movimento (Neves, 2006).

Após a fototransdução realizada ao nível dos fotoreceptores, isto é da

transformação da luz, o sinal sofre um pré- tratamento no plano interno da retina,

sendo posteriormente enviado, através do nervo óptico, para o quiasma óptico. Aqui

as metades externas de cada nervo cruzam para o lado oposto, unindo-se à metade

externa do nervo que, proveniente do outro olho, não sofre cruzamento. Devido ao

quiasma óptico, cada hemisfério cerebral recebe informação de ambos os olhos,

ocorrendo o processamento da imagem ao nível das áreas corticais (Correia et al.,

2003).

Resumidamente podemos dizer que o olho é um receptor de informação, que o

nervo óptico transmite e que o cérebro sintetiza, analisa, integra, consciencializa e

interpreta, tendo como base todas as experiências anteriormente vividas e

armazenadas (Martins, 1977).

Depois de descrito de forma resumida todo o processo visual, é possível verificar

que a única informação que a retina nos proporciona de forma directa, é se estamos

ou não a receber estimulação luminosa.

O sistema visual tem então a função de converter a informação bidimensional

captada pela retina, numa complexa interpretação tridimensional do mundo. A

localização de um objecto no espaço necessita de dois tipos de informação: sua

direcção e a sua distância relativamente a nós, observadores. Então, a direcção visual,

não será mais do que uma localização bidimensional do objecto, tendo em conta

apenas a sua posição horizontal e vertical, independentemente da distância a que se

Page 18: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 7

encontra (Steinman et al., 2000). A distância define a terceira dimensão e é relativa ao

espaço físico que separa o objecto do observador. A percepção da distância está

dependente do processamento da direcção visual, estando também relacionada com a

percepção do tamanho do objecto. Então, para nos orientarmos em relação a um

objecto no espaço, necessitamos à partida de saber qual a direcção da luz que o

objecto reflecte e ainda de determinar a direccionalidade prévia da luz. O sistema

visual utiliza a direccionalidade da luz para juntamente com outras informações

sensoriais, construir a interpretação tridimensional do objecto (Steinman et al., 2000).

A visão está normalmente ligada à acção e desempenha um papel essencial na

locomoção (Marigold, 2008). Detalhes sobre o esboço do ambiente, identificação e

análise de características dos objectos e das superfícies e informação sobre o auto -

movimento são capturadas e processadas pelo sistema visual.

Um aspecto particular do sistema visual humano, que é crítico para seu sucesso

como um observador eficiente é a sua natureza activa do olhar (Bovik et al., 2004). A

natureza activa do olhar, diz respeito à capacidade que os olhos possuem devido aos

movimentos que podem fazer, assim um indivíduo pode olhar para longe para

perceber os obstáculos futuros e identificar os perigos em potencial e em pouco

tempo, mudar o olhar para apenas um metro ou dois antes e concentrar-se, por

exemplo, sobre a maneira de fazer uma curva apertada com uma manobra de alta

precisão (Wann e Wilkie, 2003).

A visão é o que nos fornece uma informação mais detalhada e precisa, não só

relativamente à nossa posição no espaço físico, mas também relativamente à posição

dos outros objectos em relação a nós e ao ambiente (Pereira, 1993). Assim, a

informação visual exteroceptiva (informações sobre o ambiente) pode ser usada para

planear o caminho em direcção a uma meta, sendo usada de modo feedforward

(antecipatório) e é importante, pois os padrões de locomoção podem ser modificados

antes do equilíbrio ser prejudicado por superfícies perigosas ou pa ra garantir que os

obstáculos sejam evitados (Marigold et. al, 2007 in Marigold, 2008). Enquanto a

informação de entrada visual proprioceptiva (informações sobre o movimento de todo

o corpo e movimentos dos membros) é usada de forma on-line para afinar a trajectória

de mudança dos membros (Patla, 1997).

Jiménez (1997 in Dias (2006) realça o papel da visão ao referir a existência de

uma relação entre visão e movimento e por sua vez entre movimento e visão. A

presença de uma correcta coordenação entre visão e movimento permite uma maior

rapidez no desenvolvimento motor e sensoriomotor, assim como uma maior

consistência desse desenvolvimento.

Page 19: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 8

3.1.1. Visão Foveal e Visão Periférica

Como já foi referido a capacidade de discriminar pormenores diminui claramente,

da visão foveal para a visão extra-foveal (periférica), no entanto essa acuidade visual é

considerada suficiente para adquirir algumas informações acerca da identidade dos

objectos que fazem parte da cena analisada (Thorpe, Gegenfurtner, Fabre -Thorpe, e

Bulthoff, 2001 in Avidan et al., 2009).

Citando Avidan et al. (2009), estudos de vários autores (Henderson e Anes, 1994;

Henderson, Pollatsek, e Rayner, 1987; Pollatsek, Rayner, e Collins, 1984; Pollatsek,

Ribeiro e Henderson, 1990) encontraram evidências de que o reconhecimento prévio

periférico do objecto era benéfico. Estes autores referem que a extracção de

informação periférica, enquanto o indivíduo olha livremente para uma cena, é bastante

mais limitada, pois os recursos atencionais são dirigidos para outras tarefas, tais como

a visão foveal e a selecção de um alvo, mas que a latência para nomeação de um

certo objecto apresentado no centro do ecrã é mais curta, quando existe uma

apresentação periférica prévia a uma apresentação central (foveal).

Segundo Avidan et al. (2009), um estudo de Taler et al. (2005) mostrou que a

identidade do objecto (excluindo a forma, a cor ou a posição) pode ser lembrada,

mesmo sem fixação directa. No entanto, no estudo realizado por Avidan et al. (2009)

verificou-se que alguns aspectos básicos da identidade do objecto (inclusive a forma

básica e a cor) podem ser obtidos através da visão periférica. Estas diferenças surgem

pois o estudo de Taler et al. (2005) referia que os indivíduos só nomeavam a posição

dos objectos ao acaso, mas no estudo de Avidan et al. (2009), a componente “acaso”

foi medida com uma maior sensibilidade, permitindo concluir que o reconhecimento da

posição e da cor do objecto não era feita ao acaso.

Assim, de uma maneira geral as informações que podem ser extraídas de uma

cena (como a noção geral da identidade dos objectos e da sua localização) é captada

através da visão periférica. Num processo de pesquisa visual, em ambientes naturais,

esta informação periférica é utilizada para guiar os nossos olhos para um objecto alvo,

de forma a obtermos informações mais detalhadas, como por exemplo a orientação

específica do objecto, capacidade que já exige a fixação directa do objecto.

Page 20: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 9

3.2. Movimentos Oculares

Segundo a informação acerca do processo visual que foi descrita anteriormente,

percebe-se que para o indivíduo poder analisar o percurso do presente estudo, de

forma a alcançar a meta, terá que realizar movimentos oculares, visto que o olho é um

órgão, onde só uma pequena parte, a fóvea permite uma análise detalhada daquilo

que nos rodeia.

Deste modo, a fim de criar uma representação detalhada de uma cena a partir do

olho, (uma entrada de informação de resolução variável), o sistema visual humano

utiliza um processo dinâmico de pesquisa activa do ambiente visual usan do um

conjunto de movimentos oculares (Bovik et al., 2004).

Os movimentos oculares são essenciais para a recolha de informações úteis do

mundo, informação que alimenta directamente o controle das acções (Land e Hayhoe,

2001 in Wann e Wilkie, 2003).

Sem movimentos oculares é muito difícil dirigir de imediato a informação mais útil e

interessante para a parte mais sensível do olho, a fóvea. Quase todos os animais com

boa visão podem mover os seus olhos, e na maioria dos casos, a mobilidade do olhar

é uma característica essencial de aquisição de dados visuais. É impossível para os

seres humanos manterem o olhar fixo na direcção do percurso sem o uso de um alvo

estacionário visual, ou paralisar os músculos extra-oculares dos olhos (Wann e Wilkie,

2003).

O sistema oculomotor, com recurso aos movimentos oculares, é fundamental na

determinação do campo de fixação, que é definido como o campo delimitado pelas

posições extremas dos eixos visuais até que os olhos deixem de fixar o objecto e a

cabeça permaneça imóvel, assim como na manutenção da fixação do objecto de

atenção visual na fóvea (Hugonnier e Hugonnier, 1981 in Dias, 2006).

Os movimentos oculares, como acções mecânicas que são, estão sujeitas às leis

gerais da cinética. Têm por objectivo a movimentação do globo ocular nas diferentes

direcções, o que permite a captação das imagens do mundo que nos rodeia, com a

máxima qualidade possível, de forma a poder ser percebida e analisada pelas

estruturas corticais, contribuindo para a resposta motora. São vários os movimentos

oculares, que, desta forma, permitem melhorar a qualidade das imagens captadas

pelo olho, de acordo com a informação dos músculos oculomotores e estruturas

inervacionais adjacentes (Oliveira, 2007).

Os movimentos dos olhos são provocados pela contracção de seis músculos

oculares externos que se encontram ligados ao globo ocular e que permitem o seu

Page 21: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 10

deslocamento com três tipos de graus de liberdade: vertical; horizontal e em torção,

possibilitando, deste modo, alinhar o objecto em observação com o centro do campo

visual, ou seja, com a fóvea e mantê-la nessa posição. Estes músculos permitem

executar dois movimentos básicos, rápido e lento (Raff et al., 2004). Estes músculos

permitem ainda movimentos de tipo voluntário, envolvendo a intencionalidade do

sujeito e a procura do objecto a visionar, ou de tipo involuntário, quando mantemos o

olhar sobre o objecto automaticamente (Vills, 2009).

Imagem 2 - Músculos dos olhos.

No entanto existe ainda uma outra classificação dos movimentos oculares, ela

é feita por Godaux e Cheron (1989). Estes autores apresentam uma classificação

bastante mais pormenorizada dos movimentos oculares, dividindo-os em voluntários e

de estabilização do olhar.

Movimentos Oculares Voluntários:

Desde que o corpo, e em particular a cabeça, permaneça imóvel, o olhar pode dirigir -

se para os diferentes objectos à nossa volta utilizando quatro tipos de movimentos

oculares: os movimentos de manutenção do olhar, os movimentos sacádicos, os

movimentos de perseguição e os movimentos de vergência.

Page 22: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 11

Movimentos de manutenção da posição - Sempre que olhamos para um

determinado objecto é necessário que o olhar permaneça fixo sobre este, isso deve -se

aos movimentos de manutenção da posição (Godaux e Cheron, 1989).

As fixações são os movimentos dos olhos que estabilizam a retina ao longo de um

objecto estacionário de interesse. Parece intuitivo que as fixações devem ser geradas

pelo mesmo circuito neuronal que controla os movimentos de perseguição (explicado

mais à frente), sendo a fixação um caso especial de um alvo em movimento a

velocidade zero. Mas segundo Leigh e Zee (1991) esta intuição está provavelmente

incorrecta, pois as fixações são caracterizadas por movimentos oculares em miniatura:

tremor e microsacadas. As microsacadas podem ser enquadrados dentro deste tipo de

movimentos, embora sejam caracterizadas de natureza involuntária, Spielmann (1991

in Dias, 2006). São duas as funções atribuídas a estes micromovimentos. A primeira, é

a de impedir a neutralização da imagem fixada, uma vez que, se estabilizarmos,

através de sistemas ópticos complexos, as imagens que caem sobre a retina, elas

deixam de ser percebidas. A segunda é a de corrigirem a instabilidade do sistema

oculomotor e os movimentos mínimos e constantes da cabeça, induzidos pela

respiração ou pelos batimentos cardíacos. Esta é uma consequência um pouco contra-

intuitiva da organização do sistema visual de uma única célula sensível ao movimento.

São feitas microsacadas devido à sensibilidade ao movimento da fisiologia do sistema

visual de uma única célula. As microsaccades são sinais dos movimentos oculares

que são mais ou menos aleatórios variando espacialmente mais de 1 ou 2 minutos de

arco de amplitude. O facto contra-intuituvo sobre as fixações é que se uma imagem é

artificialmente estabilizada na retina, a visão desaparece durante um segundo

aproximadamente e a cena fica em branco.

Os movimentos dos olhos em miniatura que efectivamente caracterizam as fixações

podem ser considerados ruídos presentes no sistema de controlo tentando manter o

olhar firme. Este ruído aparece como uma flutuação aleatória sobre a zona de fixação,

geralmente, não superior a 5 º de ângulo visual (Carpenter, 1977).

Uma medida estatística relevante das fixações inclui a sua gama de duração de

150ms para 600ms, e a observação de que 90% do tempo de visualização é dedicado

às fixações (Irwin, 1992).

Sacadas - São movimentos oculares muito rápidos, destinados a colocar na

fóvea a informação de um alvo visual, quer por este ter surgido na periferia retiniana,

quer para pura e simplesmente podermos passar de um ponto de interesse para outro,

uma vez que, a fóvea é a zona da retina com melhor acuidade visual, responsável

Page 23: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 12

portanto, pela visão de pormenor. Nestes movimentos os dois olhos movem-se

paralelamente na mesma direcção, ou seja, são movimentos conjugados a que se dá

o nome de versões. Podendo ser verticais, horizontais ou oblíquos (Godaux e Cheron,

1989). Sacada é o que, por exemplo, o leitor usa, enquanto lê um texto, de slocando o

ponto da fóvea em cada palavra numa frase. A visão é pobre durante sacadas e para

minimizar este problema, as sacadas são muito rápidas, até 500 graus por segundo

(Vills, 2009).

Os movimentos sacádicos são voluntários e reflexos. Podem ser executados de

forma voluntária ou podem ser invocados como uma medida correctiva optocinética ou

vestibular. As sacadas variam numa duração de 10ms a 100ms, o que é um período

suficientemente curto para tornar o observador efectivamente cego durante a transição

(Shebilske in Fisher et al., 1981). Existe algum debate sobre o sistema neuronal

subjacente à condução de sacadas. Por um lado, as sacadas foram consideradas

movimentos balísticos e estereotipados. O termo estereotipado refere-se à observação

de que os padrões de movimento podem ser evocados várias vezes. O termo balístico

refere-se à presunção de que o destino das sacadas é pré-programado. Isto é, uma

vez que o movimento sacádico foi calculado para o próximo local de fixação desejado,

a sacada não pode ser alterada. Uma das razões por trás dessa presunção é que,

durante a execução dos movimentos sacádicos, não há tempo suficiente para ocorrer

um feedback visual para orientar o olhar para a sua posição final (Carpenter, 1977).

Por outro lado, um sistema de feedback sacádico é plausível se for admitido que, em

vez de feedback visual, uma cópia interna da cabeça, olhos e posição do alvo é usada

para guiar os olhos durante a sacada (Laurutis e Robinson, 1986; Fucks, Kaneko e

Scudder, 1985 in Duchowski, 2003).

Perseguição - São movimentos oculares lentos que procuram manter na fóvea a

imagem de um alvo que se desloca sobre um fundo fixo (Godaux & Cheron, 1989).

Quando um objecto se move e a imagem desse objecto permanece na fóvea, quer

dizer que ocorreu o movimento de perseguição (Vills, 2009). Dependendo da

amplitude de movimento do alvo, os olhos são capazes de igualar a velocidade do alvo

em movimento. Os movimentos de perseguição são um exemplo de um sistema de

controlo através da construção de feedback negativo (Carpenter, 1977). O sistema

funciona melhor para pequenas velocidades e baixas frequências. Quando a

velocidade do alvo aumenta, a perseguição é interrompida por sacadas correctoras

que trazem o alvo para a fóvea (Godaux & Cheron, 1989).

Page 24: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 13

Vergência - Contrariamente ao que acontece, nos três movimentos referidos

anteriormente, em que os eixos dos dois olhos estão paralelos, nos movimentos de

vergência os eixos dos dois olhos abandonam o seu paralelismo e cruzam-se ao nível

do objecto fixado (Godaux & Cheron, 1989). Se olharmos de um objecto distante para

um objecto que está perto são gerados os movimentos de vergência, que se dividem

em movimentos de convergência e de divergência. Os movimentos de convergência

surgem quando olhamos de longe para perto e os de divergência quando olhamos de

perto para longe (Vills, 2009).

Movimentos de Estabilização do olhar

O olho está colocado sobre uma “plataforma móvel”, a cabeça. Para contrabalançar o

efeito dos movimentos da cabeça que provocariam uma perda de nitidez da imagem

na retina, existem dois sistemas de estabilização do olhar ligados aos movimentos da

cabeça. Estes sistemas são: o reflexo vestíbulo-oculomotor e a resposta optocinética

(Godaux e Cheron, 1989).

Reflexo vestíbulo-ocular (VOR) ou Nistagmus - Se movermos a nossa

cabeça enquanto olhamos para uma imagem fixa, é provocado um movimento do olho

muito semelhante à perseguição, mas agora esta imagem permanece em toda a retina

e não apenas na fóvea. Contudo, a respeito deste facto, da aparência semelh ante dos

movimentos, este novo movimento é gerada por um circuito neural diferente, o reflexo

vestíbulo-ocular (Vills, 2009). Quando ocorrem movimentos de rotação da cabeça

prolongados num determinado sentido, os movimentos oculares resultantes

apresentam fases lentas, correspondentes à activação do reflexo vestíbulo-

oculomotor, alternando com fases rápidas que mantêm os olhos na direcção oposta à

das fases lentas (Godaux e Cheron, 1989). O componente de perseguição lenta do

nistagmus optocinético aparece na fase lenta do sinal (Robinson, 1968). É necessário

referir que é muito mais fácil ler quando mexemos a cabeça e a folha fica estática do

que quando a folha é agitada, isto porque o sistema VOR responde de forma mais

rápida do que o sistema de perseguição (Vills, 2009).

O nistagmus vestibular é um tipo similar de movimentos oculares para compensar

o movimento da cabeça. O tempo de nistagmus vestibular é virtualmente indistinguível

de seu homólogo optocinético (Carpenter, 1977).

Page 25: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 14

Resposta optocinética (OKR) - Como já foi referido o sistema VOR não

funciona de forma lenta, neste caso da visão, o sistema VOR é auxiliado através da

resposta optocinética (OKR). O papel funcional do reflexo optocinético não é evidente

à primeira vista. Raras são as circunstâncias onde toda a paisagem se desloca

enquanto a nossa cabeça permanece imóvel. No entanto, quando perante uma

paisagem imóvel viramos a cabeça e consequentemente viramos os olhos para o lado

esquerdo, a retina percebe um movimento da paisagem para o lado direito. Este

estímulo desencadeia um reflexo optocinético, que tende a manter o olhar para o lado

direito, ou seja, vai também estabilizar a direcção do olhar independentemente do

movimento da cabeça (Godaux e Cheron, 1989). O sistema OKR é activado quando a

imagem do mundo desliza sobre uma grande parte da retina e produz um sentimento

de auto movimento (Vills, 2009).

De entre estes movimentos descritos acima, o presente estudo apenas vai analisar

os movimentos de manutenção da posição, ou seja, os períodos de tempo em que o

indivíduo permanece a fixar determinado objecto.

Page 26: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 15

3.3. Comportamento dos movimentos oculares durante a

visualização de uma cena

O comportamento dos movimentos oculares durante a visualização de uma cena

pode ser dividido em duas fases temporais relativamente discretas, as fixações, ou

períodos de tempo em que a observação de determinado ponto é relativamente

estável e as sacadas, ou períodos de tempo em que os olhos estão a girar de forma

rápida para reorientar o ponto que se pretende fixar de uma certa posição espacial

para outra (Henderson e Hollingworth, 1998). O padrão de informação útil é adquirido

durante as fixações, com um pequeno padrão de informação que também é útil obtido

durante as sacadas (Martin, 1974 in Henderson e Hollingworth, 1998).

Durante as fixações, a informação adquirida cai rápida e continuamente no centro

do ponto de fixação, e devido às propriedades ópticas do olho e às estruturas neurais

da retina (referidas acima) e do córtex visual, esta informação visual adquirida tem

uma maior qualidade.

Duas questões importantes para perceber o comportamento dos movimentos

oculares durante a visualização de uma cena são onde é que a fixação tende a ser e

quanto tempo a fixação tende a permanecer centrada num determinado local na cena.

De acordo com Henderson e Hollingworth (1998), há pelo menos três razões

importantes para entender os movimentos dos olhos na visualização da cena.

Primeiro, os movimentos oculares são fundamentais para a aquisição eficiente e

oportuna da informação visual durante tarefas visuo-cognitivas complexas. A maioria

do conhecimento sobre o controlo dos movimentos oculares em tarefas visuo -

cognitivas advém dos estudos em leitura, mas para se alcançar um teoria completa

acerca dos movimentos oculares é necessário generalizar os estudos a tarefas

ecológicas, como visualização (Hendreson, 1996 in Hendreson e Hollingworth, 1998).

Em segundo lugar, a forma como se adquire, representa e armazena informações

sobre o ambiente também é ponto importante nos estudos da percepção e da

cognição. Nos estudos tradicionais de percepção de cenas tem sido estudada a

performance em tarefas em que se usa uma imagem estática ou que é apresentada

durante um breve tempo. Contundo a visão é um processo dinâmico em que a s

representações são construídas ao longo do tempo a partir das múltiplas fixações dos

olhos. O estudo dos padrões dos movimentos oculares durante a visualização de uma

cena contribui para a compreensão de como a informação do ambiente visual é

dinamicamente adquirida e representada.

Page 27: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 16

Em terceiro lugar, são importantes os estudos dos movimentos oculares, porque

os dados que retiramos destes movimentos são medidas do processamento de

informação visual e cognitiva que se obtêm de forma simples e não obtrusiva.

Rayner (1998) relata experiências com apresentações de gravações dos

movimentos dos olhos que levaram à conclusão de que os participantes retiravam o

sentido da cena bastante cedo, no processo de olhar, às vezes mesmo a partir de uma

única exposição breve. Assim, tem sido defendida que a noção geral da cena é

captada nas primeiras fixações, e as restantes fixações na cena são usadas para

analisar os detalhes. Rayner reviu diversas conclusões que apoiam a afirmação de

que aspectos temporais da percepção da cena podem ser obtidos a partir da análise

dos movimentos oculares.

Loftus (1981 in Duchowski, 2003) apresentou resultados de um estudo com uma

máscara taquistoscópica que sugere um modelo de codificação de imagem, que

incorpora as seguintes proposições: (1) uma fixação normal numa imagem é

projectada para codificar alguma característica da imagem; (2) a duração da fixação é

determinada pela quantidade de tempo necessário para realizar a codificação da

característica pretendida; e (3) quanto mais características são codificados a partir da

imagem, melhor será o reconhecimento da imagem através da memória. As

experiências de Loftus sugerem que, dentro de uma fixação, o processamento de

informação visual cessa bastante cedo, ou seja, a informação adquirida atinge um pico

logo após o início da uma fixação.

A fixação do olhar tem uma propriedade muito evidente, que é deslocar o olhar

para num novo ponto de interesse, na imagem. O problema identificado com

exposições taquistoscópicas, que foram feitos para simular fixações para novos

lugares, é que não há nenhuma garantia de que novos lugares na imagem são

fixados, é perfeitamente possível que os indivíduos estejam simplesmente a segurar

firmemente os seus olhos por todos os flashes taquistoscópicos. De uma experiência

de varrimento do olhar, Loftus usa o argumento de que dados mais lugares para olhar

na imagem, mais informações podem ser adquiridas a partir da imagem.

Rayner e Pollatsek (1992) admitem que a maior parte da informação global sobre

o fundo de cena ou cenário é extraída durante a fixação inicial. Algumas informações

sobre objectos ou detalhes de toda a cena podem ser extraídas apenas com o olhar.

No entanto, se um objecto é importante, é geralmente fixado. Rayner e Pollatsek

indicam que a identificação foveal é auxiliada significativamente pelas informações

extraídas perifericamente e concluem que é necessário estudar os movimentos

oculares para conseguir uma plena compreensão da percepção da cena. Segundo

Page 28: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 17

estes autores se a questão de interesse é como as pessoas processam as cenas no

mundo real, a compreensão dos padrões dos movimentos oculares é uma parte

importante da resposta.

Henderson e Hollingworth (1998) indicam que as posições das fixações dentro de

uma cena não são aleatórias, com agrupamento de fixações em regiões informativas

da cena. No entanto, o efeito específico de informatividade semântica, além da

informação visual sobre a posição de fixação, é menos claro. Eles sugerem várias

métricas para a avaliação da informatividade relativa das regiões da cena. Numa

análise a nível macro, o tempo total que uma região é fixada durante a visualização da

cena (a soma das durações de todas as fixações numa região) é correlacionada com o

número de fixações nessa região. Numa análise ao nível micro, várias medidas

geralmente utilizadas incluem a duração de tempo da primeira fixação (a duração da

fixação inicial de uma região), a duração de tempo do primeiro lugar onde se passou o

olhar, a duração de tempo do segundo lugar onde se passou o olhar duração.

Geralmente, a duração da primeira passagem do olhar são mais longas para objectos

semanticamente informativos. Ou seja, o contexto da cena tem efeito sobre os

movimentos dos olhos: duração da fixação num objecto que pertence à cena é menos

do que a duração média das fixações num objecto que não pertence (Rayner, 1998).

No entanto, não é claro se as maiores fixações em objectos fora da cena reflectem um

maior tempo para identificar e integrar os objectos numa representação global da cena

(o que também pode ser o reflexo do absurdo que o objecto que está fora da cena

representa).

Recentemente, Greene e Rayner (2001 in Duchowski, 2003) demonstraram que a

familiaridade com os distractores em torno de um alvo desconhecido facilita a busca

visual. O tempo de fixação nos distractores é mais longo, mas é feito menos tempo de

fixação quando os distractores são familiares.

Henderson (1992) apresenta duas críticas ao paradigma dos movimentos dos

olhos. Primeiro, é provável que as medidas globais do tempo de fixação, do tempo

total gasto a fixar um certo objecto durante a visualização da cena, e a duração do

olhar num objecto reflectem processos de pós-identificação. Assim, é provável que a

duração do olhar no processamento da cena reflicta outros processos além da

identificação do objecto.

Henderson (1992) sugere que a medida da fixação preferida é a primeira duração

de fixação, ou a duração do tempo do desembarque inicial dos olhos num objecto até

que os olhos se desloquem para outro local, incluindo outro local no mesmo objecto.

Em segundo lugar, a premissa básica do paradigma dos movimentos oculares é que

Page 29: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 18

os resultados reflectem que ocorrem normalmente processos visuo-cognitivos porque

os indivíduos podem ver as cenas de uma forma natural. No entanto, ao contrário da

leitura, onde a tarefa global é indiscutivelmente transparente, devem ser dadas

orientações da tarefa aos sujeitos, quando visualizam uma cena. A visualização do

comportamento e dos padrões dos movimentos oculares muda em função da tarefa de

visualização dada ao sujeito (Yarbus, 1967).

3.4. Atenção Visual e os Movimentos Oculares

Inspirado em Johnston e Dark (1986), Van Der Laar et al. (1997 in Neves, s.d)

define atenção como o processamento diferencial de fontes simultâneas de

informações. Essas fontes podem ser tanto internas (memória e conhecimento) como

externas (objecto e eventos do ambiente). Assim, Atenção Visual pode ser vista como

uma “cola” que liga essas informações e integra características inicialmente

separáveis em objectos unitários. Sem ela as características não podem ser

relacionadas umas com as outras Treisman (1986).

A atenção pressupõe várias funções, sendo necessário considerar que a atenção

está envolvida na nossa interacção com o meio ambiente (Tipper & Weaver, 1998).

Na segunda metade do século 19, Von Helmholtz (1925 in Duchowski, 2003)

postulou a atenção visual como um mecanismo essencial da percepção visual. Ele

observa que, "deixamos os nossos olhos vaguear continuamente ao longo do campo

visual, porque essa é a única maneira que conseguimos ver claramente todos os

componentes do campo". A atenção está preocupada com uma pequena região do

espaço, Von Helmholtz observou que a atenção visual tem uma tendência natural para

desviar o olhar para coisas novas. Ele também observou que a atenção pode ser

controlada por um esforço consciente e voluntário, permitindo desviar a atenção para

os objectos periféricos sem fazer movimentos oculares para diferentes locais, ou para

o "onde" da atenção visual. Em suma, embora a atenção visual possa ser

conscientemente dirigida para objectos periféricos, os movimentos oculares são prova

da atenção visual evidente.

Em contraste com as ideias de Von Helmholtz, James (1981 in Duchowski, 2003)

acreditava que a atenção era um mecanismo mais internamente encoberto

semelhante à imaginação, à antecipação ou em geral ao pensamento. James definiu a

atenção, principalmente em termos de "o quê", ou a identidade ou o significado

associadas com o foco de atenção. James favoreceu os aspectos activos e voluntários

Page 30: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 19

da atenção, embora ele também reconhecesse as suas qualidades passivas,

reflexivas e não-voluntárias.

Ambas as visões de atenção, que não são mutuamente exclusivas, suportaram

significativamente os conceitos contemporâneos de atenção visual. O "o quê" e o

"onde" da atenção correspondem aproximadamente à visão foveal (James) e à visão

parafoveal (Von Helmholtz), respectivamente. Esse ponto de vista dicotómico da visão

é particularmente relevante para quando se trata do estímulo ser uma imagem,

podem-se considerar certas regiões da imagem que irão atrair a atenção. Estas

regiões podem ser percebidas inicialmente pela visão parafoveal, no sentido de

solicitar uma nova inspecção mais detalhada através da visão foveal. Nesse sentido,

características da imagem localizadas perifericamente podem conduzir a atenção em

termos de para "onde" será o próximo olhar, para ser possível identificar "que”

detalhes estão presentes nesses locais. A dupla "o quê" e "onde", é uma metáfora da

característica de condução da visão útil para a atenção visual, e forma a base para a

criação de modelos computacionais de atenção visual, que normalmente simulam

chamadas de baixo nível, ou características visuais de bottom-up. No entanto, este

ponto de vista da atenção é um pouco simplista. Deve sublinhar-se que um modelo

completo de atenção visual envolve alto nível de funções visuais e cognitivas. Ou seja,

a atenção visual não pode ser explicada simplesmente pela consideração exclusiva de

recursos visuais. Existem factores de maior nível intencional envolvidos (Duchowski,

2003).

Na década de 1940 Gibson (1941 in Duchowski, 2003) propôs um terceiro factor

de atenção visual centrado na intenção. A proposição de Gibson é tratada com uma

preparação avançada do observador de saber se deve reagir e em caso afirmativo,

como reagir e com que classe de respostas. Esta componente da atenção explicou a

habilidade de variar a intenção de reagir, mantendo o objecto fixado, e, inversamente,

a habilidade de variar o objecto estímulo, mantendo fixa a intenção de reag ir. A

natureza reactiva da variante de atenção de Gibson especifica o "o que fazer", ou

"como" é o comportamento de reagir com base nas atitudes do observador. Esta

variante da atenção visual é particularmente relevante para o planeamento de

experiências. Por um lado é importante considerar a expectativa perceptual do

espectador face ao estímulo, e como (possivelmente) é influenciada pelas instruções

do examinador.

Page 31: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 20

Considerando a atenção visual em termos de “o quê” e “onde”, é de esperar que os

movimentos oculares trabalhem de forma a suportarem a hipótese de que a visão se

comporta como um processo cíclico, constituído pelas seguintes etapas (Duchowski,

2003):

1) Na presença de um estímulo, como por exemplo uma fotografia, é em primeiro

lugar observada toda ao mesmo tempo através da visão global e com uma

baixa resolução. Nesta altura, certos pormenores interessantes da fotografia

podem sobressair no campo de visão, no sentido de ligar ou direccionar a

atenção para a sua localização de modo a ser efectuada uma inspecção mais

detalhada das mesmas.

2) A atenção está assim desligada da zona foveal e os olhos são rapidamente

reposicionados para o primeiro pormenor que despertou a atenção.

3) Tendo os olhos terminado o seu movimento intencional, a fóvea está dirigida

para o pormenor de interesse, e a atenção está ligada de modo a perceber as

diferentes características através de uma inspecção de alta resolução.

As etapas referidas anteriormente constituem um dos modelos ou conceitos da

atenção visual. Se este modelo estiver correcto, é de esperar encontrar regiões

cerebrais cuja função corresponde a mecanismos da atenção. Este modelo é correcto

no sentido em que se pode considerar um componente natural da visão humana. De

facto, para Duchowski (2003), este modelo constitui uma base sólida para os modelos

computorizados de pesquisa visual. No entanto é também um modelo incompleto no

ponto de vista da atenção visual.

Por exemplo, o modelo bottom-up de atenção visual não permite perceber o

porque da necessidade dos movimentos oculares voluntários, se os estímulos visuais

são os únicos a atrair a atenção. A resposta a esta questão torna -se clara se se tiver

em conta uma visão mais completa da atenção de nível superior envolvendo funções

cognitivas. Ou seja, a teoria completa da atenção visual também deve envolver os

processos cognitivos que descrevem a intenção voluntária dos indivíduos dirigirem a

atenção para alguma coisa, por exemplo, para uma parte específica da cena. Segundo

os trabalhos de Yarbus (1967), os indivíduos olham para uma mesma imagem de

forma diferente, porque eles olham para essa imagem com base naquilo que

pretendem procurar.

Este modelo também não permite perceber a interacção entre os movimentos

oculares e a focalização da atenção. A atenção é composta por funções de baixo nível

Page 32: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 21

e funções de alto nível (de forma geral, atenção voluntária e involuntária,

respectivamente), tal como Posner et al., (1980 in Duchowski, 2003) observaram, os

seres humanos podem dissociar voluntariamente a atenção da direcção do olhar

foveal, ou seja a fóvea pode estar dirigida para um certo local no espaço, mas a

atenção estar localizada noutro local. Assim, o componente de alto nível da visão pode

ser pensado como um componente que não é facilmente detectável pela observação

externa e por isso os aparelhos usados para o rasteamento do olhar, eyetrackers, não

são capazes de dar informação suficiente sobre se a atenção do indivíduo está

focalizada no ponto para o qual ele está a olhar. Assim, em todos os trabalhos de

monitorização dos olhos, uma suposição subentendida, mas muito importante é

geralmente aceite: supõe-se que a atenção está relacionada com a direcção foveal do

olhar, mas reconhece-se que nem em todos os casos é sempre assim (Duchowski,

2003).

A atenção é então usada para reduzir a quantidade de informação a ser

manipulada por níveis cognitivos mais altos no cérebro, enquanto mantém uma alta

performance. A atenção selectiva processa apenas uma fonte de informação,

enquanto a atenção dividida processa simultaneamente mais de uma fonte de

informação (não necessariamente todas) (Neves, s.d).

Um objecto pode atrair atenção de maneira exógena ou endógena. Objectos que

diferem muito de seu ambiente, por exemplo em características tais como cor,

tamanho, continuidade ou orientação tridimensional e objectos que são de relevância

especial, tal como nome de alguém, atraem atenção exógena ou bottom-up. Na

atenção endógena ou top-down, os níveis cognitivos mais altos no cérebro influenciam

o sistema atencional a seleccionar em favor de uma particular característica ou de

uma combinação de características. Esta selecção pode basear-se apenas na

informação disponível no momento em que a decisão é tomada. Por outras palavras,

apenas a informação do objecto que é extraída pré-atentivamente pode ser usada

para mudar as preferências do sistema atencional (Neves, s.d).

Estudos psicofísicos sobre a detecção e localização de objectos dentro do

campo visual sugerem a existência de dois estágios na percepção humana Neisser

(1967 in Neves, s.d). No primeiro estágio, chamado pré-atentivo, características

simples são extraídas em paralelo realizando-se um processo de segmentação,

agrupamento perceptual e levantamento das características relevantes que serão

processadas posteriormente. A análise de objectos em partes básicas é chamada de

processamento bottom-up e no sistema visual humano apresenta a característica de

não necessitar de atenção consciente (Neves, s.d). Segundo Treisman (1987) e

Page 33: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 22

Treisman e Gelade (1980) características tais como cor, tamanho, textura, brilho,

orientação, frequência espacial, curvatura e extremidades das linhas são extraídas no

estágio pré-atentivo.

O segundo estágio, denominado atentivo ou focal, utiliza as informações de

baixo nível do estágio anterior e também informações de alto nível, tais como

conhecimento e contexto, para focalizar o processamento em localizações particulares

do campo visual a fim de realizar o reconhecimento e determinar as possíveis relações

entre os objectos. Essas relações de alto nível são chamadas de processamento top-

down, pois partem de um modelo do objecto e descem para o nível das características

(Neves, s.d).

O principal argumento para explicar a necessidade da Atenção Selectiva é em

termos da limitação de processamento do sistema visual, entretanto, como sugerido

por Allport (1989), a atenção pode ser explicada num nível mais alto do que análise de

características: existe a necessidade de uma forma de selecção que assegure uma

coerência comportamental (atenção para acção). Uma vez que a percepção da visão é

um meio que permite as pessoas interagirem com os objectos que compõem o

ambiente (manipular, evitar, etc), um grande número de acções são continuamente

extraídas e guiadas pela percepção de objectos. Cada uma dessas acções é

controlada por um grande número de parâmetros tais como identidade, posição e

aparência dos objectos. O processamento selectivo também é necessário para isolar

as informações que definem os parâmetros para acções apropriadas. Se cada

processamento de informação gerado por algum estímulo visual, conduz

potencialmente a uma acção, é necessário mantê-lo separado dos outros, no entanto

eles precisam também de estar coordenados a fim de completar a actividade e permitir

que a atenção possa ser desviada se ocorrer um novo acontecimento importante.

Page 34: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 23

4. Metodologia

Neste capítulo descreve-se todo o processo realizado para responder à principal

questão do estudo que é: quais são as estratégias visuais utilizadas pelos rapazes em

relação às raparigas, na realização de um percurso com obstáculos, quando se

compara a fixação e o seguimento realizados?

4.1. Objectivos Específicos

Tendo em conta a questão central deste estudo, que tem como objectivo principal

verificar quais são as estratégias visuais utilizadas quando a tarefa visual envolve a

deslocação do indivíduo, e se essas estratégias seguem algum padrão?

A partir deste objectivo inicial, surgem os objectivos específicos deste trabalho, que

vão servir para dar resposta ao objectivo inicial. Assim, para perceber se os

movimentos oculares não são feitos ao acaso, na tarefa já descrita, considerou-se

importante verificar:

Para que locais do percurso os indivíduos olham durante mais tempo;

Para que locais do percurso os indivíduos olham um maior número de vezes,

antes de iniciarem a marcha;

Para que locais do percurso os indivíduos olham um maior número de vezes,

depois de iniciarem a marcha;

Qual é o tipo de percurso/trajecto mais escolhido;

Quais são os padrões de fixação ocular feitos nos diferentes tipos de

percurso/trajecto escolhidos.

Em todos este pontos considerou-se importante analisar as diferenças entre os

rapazes e as raparigas, para tentar compreender de que forma o género do indivíduo

influência o tempo e o número de fixações.

Page 35: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 24

4.2. Hipóteses

Tendo em conta os objectivos e a questão de investigação deste estudo, foram

formuladas várias hipóteses de estudo, que têm sempre em conta se a análise é feita

no grupo de rapazes ou de raparigas. As hipóteses são:

H1: Existem diferenças significativas no tempo de fixação que é feito nos vários

locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do percurso).

H2: Antes de iniciar a marcha, existem diferenças significativas no número de

fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e

fora do percurso).

H3: Depois de se iniciar a marcha, existem diferenças significativas no número de

fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e

fora do percurso).

H4: Existem diferenças significativas na escolha do percurso.

H5: Nos percursos tipo A, existem diferenças significativas no número de fixações

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso).

H6: Nos percursos tipo A, existem diferenças significativas no tempo de fixação

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso).

H7: Nos percursos tipo B, existem diferenças significativas no número de fixações

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora d o

percurso).

H8: Nos percursos tipo B, existem diferenças significativas no tempo de fixação

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso).

Page 36: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 25

H9: Nos percursos tipo C, existem diferenças significativas no número de fixações

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso).

H10: Nos percursos tipo C, existem diferenças significativas no tempo de fixação

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso).

H11: Nos percursos tipo D, existem diferenças significativas no número de fixações

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso).

H12: Nos percursos tipo D, existem diferenças significativas no tempo de fixação

que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso).

4.3. Tipo de Estudo

Foi realizado um estudo descritivo e comparativo, de acordo com uma análise

estatística. Deste modo irá descrever-se e comparar-se as diferenças de estratégias

visuais usadas por rapazes em relação às raparigas, na escolha de um trajecto com

obstáculos até alcançar uma meta.

4.4. Definição da população e selecção da amostra

Para a realização do estudo considerou-se que a amostra fosse composta por dois

grupos, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos e com um estrato sócio -

cultural semelhante:

Um grupo de indivíduos do sexo masculino, com idades compreendidas entre

os 18 e os 25 anos.

Um grupo de indivíduos do sexo feminino com idades compreendidas entre os

18 e os 25 anos.

Os indivíduos participantes neste estudo são escolhidos por não terem qualquer

tipo de patologia e com uma acuidade visual normal.

Page 37: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 26

4.5. Definição das variáveis

Variáveis dependentes:

Número de fixações: Quantidade de fixações. Variável quantitativa de tipo

discreta;

Duração do tempo de fixação: Período de tempo das fixações num

determinado local. Variável quantitativa de tipo contínua medida em segundos;

Tipo de Percurso Escolhido: Percurso pelo qual o individuo se dirigiu para

alcançar a meta. De acordo com as 14 possíveis escolhas de percurso, os

mesmos foram divididos em quatro tipos diferentes: Percursos Tipo A “trajectos

mais directos em relação à meta”, Percursos Tipo B “trajectos curvilíneos à

direita”, Percursos Tipo C “trajectos curvilíneos à esquerda” e Percursos Tipo D

“trajectos mais sinuosos”. Definições pormenorizadas na página 30. Variáveis

quantitativas de tipo nominal.

Variáveis Independentes:

Sexo

Variáveis de Caracterização da amostra:

Idade

Acuidade Visual: medida monocularmente, através de uma escala decimal

entre 0 e 1, para alfabetos, uma vez que são apresentadas várias letras de

diferentes tamanhos, a uma distância de 4 metros, sendo aparelho utilizado o

Vision Monitor MonCV3. A acuidade visual é um factor de inclusão no estudo,

pois só eram admitidos indivíduos com uma acuidade visual superior a 0,8.

Page 38: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 27

4.6. Procedimento do estudo

Nesta secção descrever-se-á a tarefa em estudo e os procedimentos efectuados

para obter os registos dos dados de cada indivíduo participante no estudo.

O período de realização dos registos teve duração de um mês, pois foram registos

obtidos a estudantes da Faculdade de Motricidade Humana, o que promoveu uma

rápida recolha dos mesmos. Todos os registos foram feitos no mesmo local, de modo

a haver um controlo rigoroso das condições ambientais, tais como a iluminação e o

ruído.

Foi utilizada apenas uma sala, situada na Quinta da Graça, pertencente às

instalações da Faculdade de Motricidade Humana, pois esta era a sala onde estavam

disponíveis os instrumentos necessários para a realização do estudo em causa.

No início de cada sessão de registos o sistema era iniciado seguindo todos os

procedimentos de utilização do instrumento, que serão descritos posteriormente. Estas

sessões foram executadas por um único operador, de modo a que a instrução dada

para a realização da actividade seguisse sempre o mesmo padrão.

Para a realização de cada um dos registos, era solicitado ao indivíduo que

entrasse na sala, sendo seguidamente sentado numa cadeira, em frente ao local onde

estão assinalados os 5 pontos de calibração (número recomendado no manual do

Mobile Eye). Estes 5 pontos de calibração estavam a 2 metros de distância da cadeira

onde o sujeito estava sentado e estavam dispostos numa tela com 2 metros de

comprimento e 1,5 metros de largura, onde 4 dos pontos se encontravam em cada

uma das extremidades da tela e o quinto ponto estava colocado precisamente no

centro da tela, como pode ser visto na imagem 13. Isto porque segundo o manual do

Mobile Eye, a distância física dos objectos a serem usados para a calibração, poderá

afectar a precisão da localização do olhar, devido aos efeitos de paralaxe. Para uma

melhor precisão, é então recomendado calibrar o olhar do sujeito usando objectos que

estão à mesma distância do sujeito, daqueles que irão estar à distância do sujeito na

realização da tarefa. Se a tarefa envolver olhar para objectos que estão a diferentes

distâncias do sujeito, recomenda-se que a calibração dos objectos seja feita a uma

distância média daquela que irá existir na tarefa (in Operation Manual MobileEye -

ASL, 2008).

Como no presente estudo acontece a situação dos objectos se encontrarem

dispostos a diferentes distâncias em relação ao sujeito, num total de 4,55 metros de

comprimento e de 3,15 metros de largura, os pontos de calibração foram dispostos

segundo as medidas descritas anteriormente.

Page 39: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 28

Imagem 3 - Os cinco pontos de calibração.

Após o correcto posicionamento do indivíduo, era-lhe explicado os procedimentos

de utilização do equipamento, especificando o processo de calibragem, que é a

primeira etapa do estudo em causa, e qual a sequência da tarefa que tinha que

realizar. A importância da manutenção da posição da cabeça durante o processo da

calibragem também foi realçada.

Terminado o processo de calibração com sucesso, é colocado o gravador DVCR

à cintura do indivíduo e dá-se a instrução da tarefa que ele vai realizar.

A instrução dada foi a seguinte: “Irá caminhar num percurso com vários pinos

(obstáculos), em que o objectivo é chegar a uma saída, assinalada com um pino

vermelho, sem nunca tocar nem passar por cima dos pinos. Será posicionado junto da

entrada do percurso, com os olhos vendados e só os poderá abrir, quando receber

ordem para tal. Agora vai-lhe ser colocada uma venda, para que não veja o percurso a

realizar, e esta ser-lhe-á retirada, apenas depois de estar junto da entrada. Só deve

iniciar a marcha depois de ouvir a indicação verbal «avançar» ”.

Em baixo, segue-se a imagem do percurso que os indivíduos tiveram de percorrer.

Page 40: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 29

FASE 3

Legenda:

- Entrada

FASE 2 - Saída

- Obstáculos

FASE 1

LADO ESQUERDO MEIO LADO DIREITO

Imagem 4 - Percurso com os 12 pinos (obstáculos).

O percurso é formado por 12 pinos, que funcionam como obstáculos a evitar

durante a marcha. Cada pino tem uma base de 0,255m, altura de 0,38m e diâmetro de

0,205m. Estes pinos encontram-se dispersos num espaço com um comprimento de

4,55m e uma largura 3,15m. Assim sendo a área total do percurso é formada por 9x13

células de 0,35m cada uma.

A distribuição dos pinos pelo percurso teve em conta uma distribuição equilibrada

pelas várias partes da área total. Assim, o comprimento total é dividido em três fases

distintas, para a futura análise dos dados, sendo que esta divisão pode ser observada

na imagem 16, à qual se atribuiu a designação de FASE 1, para as primeiras quatro

Page 41: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 30

células, FASE 2, para as quatro células seguintes e FASE 3, para as restantes cinco

células, visto que na última linha de células não existe nenhum obstáculo . A largura

total também foi dividida em três partes distintas, LADO ESQUERDO, para as três

primeiras células (do lado esquerdo para o lado direito), MEIO, para as três células

seguintes e LADO DIREITO, para as últimas três células.

Os 12 pinos estão distribuídos em número aproximado pelas três fases do

percurso e não são colocados dois pinos em células adjacentes. Existem quatro pinos

na FASE 1, quatro pinos na FASE 2 e quatro pinos na FASE 3.

De acordo com a distribuição dos pinos e tendo em conta a colocação da meta

(pino vermelho) existe uma grande variedade de percursos pelos quais o indivíduo

pode deslocar-se. Foram elaborados 14 trajectos prováveis, que estão representados

no anexo II. Estes 14 trajectos dividem-se em Percursos Tipo A “trajectos mais

directos em relação à meta” (1,2,3,4 e 5), Percursos Tipo B “trajectos curvilíneos pelo

lado direito” (6 e 7), Percursos Tipo C “trajectos curvilíneos pelo lado esquerdo” (8, 9 e

10) e Percursos Tipo D “trajectos mais sinuosos” (11, 12, 13 e 14). Os Percursos Tipo

A são aqueles em que o indivíduo ao sair do seu ponto de partida só precisa de se

desviar de dois obstáculos para chegar à meta, movendo-se numa linha o mais directa

possível em relação à meta. Os Percursos Tipo B são aqueles em que o indivíduo ao

sair do seu ponto de partida precisa de se desviar de mais de dois obstáculos para

chegar à meta, movendo-se numa linha que faz curva à esquerda. Os Percursos Tipo

C são aqueles em que o indivíduo ao sair do seu ponto de partida precisa de se

desviar de mais de dois obstáculos para chegar à meta, movendo-se numa linha que

faz curva à direita. Por último, os Percursos Tipo D são aqueles em que o indivíduo ao

sair do seu ponto de partida precisa de se desviar de mais de dois obstáculos para

chegar à meta, movendo-se numa linha que faz uma curva à direita e uma curva à

esquerda.

Foram realizados ao todo 30 registos referentes aos indivíduos pertencentes à

amostra, em que 15 eram indivíduos do género masculino e 15 eram indivíduos do

género feminino. O tempo de realização de cada registo foi em média de 20 minutos.

Page 42: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 31

4.7. Instrumento

Para a realização da experiência escolheu-se um sistema eyetracking (pesquisa

visual), sendo que o instrumento escolhido foi o Mobile Eye versão 1,35, fabricado

pela empresa norte-americana Applied Science Laboratories® (ASL). Este sistema

regista os movimentos oculares do participante automaticamente e em tempo real,

além disso é para ser usado em situações em que é necessária a total liberdade de

movimentos, ou seja, é um sistema que tem a particularidade inovadora de ser

facilmente usado por um sujeito activo. Os óculos de pesquisa visual são

extremamente leves e não obstrutivas e o dispositivo de gravação é suficientemente

pequeno para ser usado à volta da cintura como um cinto. Todas estas características

do instrumento são factores essenciais para a concretização o objectivo do estudo.

4.7.1. Mobile Eye

Imagem 5 - Hardware do Mobile Eye (Óculos e Gravador).

O Mobile Eye foi projectado especificamente para aplicações em que é

solicitado uma pesquisa do olhar, com o mínimo de restrições de movimento. O

hardware, na foto acima, é tudo que é necessário para a gravação em campo. Um

computador adicional é necessário para a análise dos dados, mas não é essencial

para os processos de recolha de dados.

Page 43: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 32

4.7.2. Constituintes do Mobile Eye

De acordo com o manual Operation Manual MobileEye (2008), os constituintes do

MobileEye são:

Imagem 6 - Computador de Análise. O DVCR (gravador) liga-se

ao computador de análise para a calibração em tempo

real ou para recolher os dados depois de já terem sido

gravados.

Imagem 7 - Sony GV-D100E Sony Cassete Digital Video

Recorder (DVCR). É usado para gravar e reproduzir

vídeo no campo e contém as interfaces com o

computador de análise.

Imagem 8 - Unidade montada ao gravador (RMU). (Mostrado aqui

anexado à Sony GV-D1000E). Contém placa de

circuito ASL e conexões com a SMU (unidade montada

nos óculos).

Imagem 9 - Óculos. Óculos com espelho ajustável (lente

combinada), com um local para o SMU (unidade montada

nos óculos), e com fita ajustável para prender à cabeça.

Possui um buraco de ventilação para eliminar a

condensação.

Imagem 10 - Lente Combinada. É um espelho na maior parte

transparente que é parcialmente reflexivo no

infravermelho (IR) próximo e no IR médio. O objectivo é

reflectir a imagem do olho e os reflexos da córnea entre o

sujeito e a câmara do olho. Está ligado resto dos óculos

Page 44: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 33

por uma junta esférica para permitir o ajuste da imagem.

Imagem 11 - Unidade montada nos óculos (SMU). Contém a

câmara da cena, a câmara do olho e um microfone de

curta distância. Está montada nos óculos, acima do olho.

Na câmara do olho existe a luz infravermelha.

Ainda, segundo o manual Operation Manual MobileEye (2008), o instrumento

foi desenhado para ser durável numa variedade de aplicações activas, incluindo a

condução de veículos e atletismo. Os registos dos dados do Mobile Eye são feitos a

60Hz intercalando imagens tiradas a partir de duas câmaras. A câmara do olho grava

o olho que está a ser monitorizado, enquanto a câmara da cena grava o ambiente que

está a ser observado pelo sujeito. Ambas as imagens são registadas na fita de vídeo

digital pela alternância de frames. Portanto, a amostragem real funcional é 30 Hz.

As interfaces do hardware do Mobile Eye permitem a passagem dos dados

gravados, depois ou durante a gravação, para o computador para processamento dos

dados e análise. O computador possui o software ASL EyeVision para realizar as

operações de processamento e análise dos dados. O sistema de precisão do

instrumento é de 0,5 graus de ângulo visual e o alcance visual é de 50 graus na

horizontal e 40 graus na vertical (in Operation Manual MobileEye, 2008).

O Mobile Eye usa uma técnica de pesquisa do olhar conhecida como Dark

Pupil Tracking. Este método utiliza a relação entre duas características do olho, a

pupila e um reflexo da córnea (Reflexão Corneal, CR), para calcular o olhar dentro de

uma cena (in Operation Manual MobileEye, 2008).

Um conjunto de três luzes infra-vermelho (IR), inofensivas, é projectado no olho

por um conjunto de LED’s na unidade montada nos óculos (SMU). A luz infravermelha

próxima não é visível para o sujeito por isso não irá causar nenhuma distracção,

porém é visível para a câmara do olho no SMU. Uma parte destas três luzes será

reflectida pela córnea e vai aparecer na câmara como um triângulo de três pontos, o

chamado Cluster Spot, a uma distância fixa entre si (in Operation Manual MobileEye,

2008).

Page 45: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 34

Imagem 12 - Triângulo de três pontos (Cluster Spot).

Quando o olho gira, o centro da pupila move-se na direcção do ponto de

fxação. No entanto, devido às propriedades da córnea, o reflexo corneano mantém -se

aproximadamente na mesma posição em relação à cabeça. Portanto, comparando o

vector (ângulo e distância) entre a pupila e a córnea, o sistema de pesquisa do olhar

pode calcular o ângulo para onde o olho está a olhar.

Como estes ângulos se relacionam com a imagem da segunda câmara que

está a gravar o meio ambiente (câmara de cena), o sistema de pesquisa do olhar pode

calcular para onde o olho está a olhar na cena que está a observar.

Os reflexos corneanos são conhecidos como reflexos de Purkinje, ou como

imagens de Purkinje (Crane, cit. in Duchowslky, 2002 in Dias, 2006)). Devido à

constituição do olho, são formados quatro reflexos de Purkinje (imagem 11). Os

sistemas de pesquisa visual (eyetracking) baseados em vídeo normalmente localizam

o primeiro reflexo de Purkinje.

São necessários dois pontos de referência no

olho para separar os movimentos oculares dos

movimentos da cabeça. A diferença posicional

entre o centro do diâmetro pupilar e o reflexo

corneano muda com uma simples rotação do

olho, mas mantém-se relativamente estável com

movimentos mínimos.

Imagem 13 - Reflexos de Purkinje.

Page 46: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 35

O reflexo de Purkinje, como podemos observar na imagem 6, corresponde ao círculo

branco pequeno e a pupila ao círculo preto. Considerando que a fonte de

infravermelhos é colocada normalmente numa posição fixa em relação ao olho, a

imagem de Purkinje é relativamente estável enquanto o globo ocular, e

consequentemente a pupila, gira na sua órbita (Dias, 2006).

Imagem 14 - Posição da pupila em relação

ao primeiro reflexo de Purkinje.

Page 47: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 36

4.7.3. Procedimentos de utilização

Nesta parte do trabalho descreve-se todos os procedimentos necessários para

utilizar o instrumento.

O primeiro passo é ligar o computador e abrir o Software Eye Vison (ASL

Eye‐Trac®). Este software serve para a recolha dos dados, e para a calibração do

olhar do sujeito que é necessária para o instrumento consiga determinar o local para

onde o indivíduo está a olhar.

Seguidamente são colocados os óculos ao indivíduo e a lente é regulada, at é que

apareça no ecrã do computador a imagem do olho, com o chamado Cluster Spot, um

triângulo de três pontos invertido (descrito anteriormente), para que o sistema possa

reconhecer todos os pontos de calibração.

Imagem 15 - Janela do Eye Vision com o olho e o Cluster Spot.

Depois de se obter o cluster spot, o investigador deverá clicar com o rato em cima

do ponto inferior (considerado como “master point”, isto é, o ponto de referência)

seguidamente clicar na parte central dos outros dois pontos, sem ordem específica,

para se poder fixar os três pontos. Depois disso selecciona-se na secção “Pupil” a

opção “Display”, como mostra na imagem 15, sendo que perímetro da pupila ficará

bordeado com um círculo branco, tendo uma cruz amarela a traçar o seu centro. Este

processo serve, para o sistema calcular o diâmetro da pupila.

Os pontos brancos na pupila, ficarão com uma bola azul a contorná -los. As outras

bolas azuis pequenas que existirão junto das pálpebras são resultado da acumulação

de fluídos. Caso estas bolas azuis sejam grandes e em grande número dever-se-á

ajustar o “Treshold”, para que diminuam de tamanho e de número (aumentando o

regulador, no quadrado verde da imagem 16).

Page 48: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 37

Depois clicar na secção “subject perfil” e clicar em “save as...”, para salvar o perfil

do indivíduo. Esta opção permite que não seja necessário repetir os passos anteriores

a este sempre que se faça a medição a um mesmo sujeito. Nesse caso, bastará

restaurar o perfil do sujeito, clicando em “load” na secção de “perfil subject”.

Finalmente, basta seleccionar a opção “calibrate” na secção “scene” (imagem 16)

e proceder ao processo de calibração dos cinco pontos.

Imagem 16 – Definições da pupila e guardar perfil do sujeito.

O objectivo da calibração é, através da apresentação dos 5 pontos visíveis

(imagem 13), em diversos ângulos de visão e em posições extremas da tela, fazer

com que o sistema consiga determinar correctamente a localização da direcção do

olhar.

Este processo é comum a quase todos os sistemas de pesquisa visual

(eyetracking), sendo essencial na aquisição de um conjunto de dados fiáveis para sua

posterior análise (Duchowslky, 2002 in Dias, 2006).

Durante a calibração o indivíduo deve fixar sequencialmente cada um dos 5

pontos, quando solicitado, após o que é confirmado se o sistema identificava

correctamente todos os pontos de calibração quando estes são fixados pelo indivíduo.

No caso de haver algum desses pontos que não esteja a ser correctamente

identificado, este ou estes são novamente sujeitos ao processo de calibração, até

todos os 5 pontos serem detectados com precisão pelo sistema.

Depois de todos os pontos estarem devidamente calibrados o sujeito realiza a

tarefa definida pelo investigador e o registo dos dados fica guardado num ficheiro de

Page 49: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 38

vídeo, que contém os pontos de fixação do sujeito, sendo que o software Eye Vison

(ASL Eye‐Trac®) guarda ainda os dados em formato Microsoft Office Excel® e o software ASL Results (ASL Eye‐Trac®) cria uma lista de fixações a partir desses dados, sendo estes posteriormente analisados pelo software Captiv L-2100 (ASL

Eye‐Trac®).

4.7.4. Software de análise dos dados – ASL Results e Captiv L-

2100

Depois de guardados os ficheiros de vídeo e os ficheiros Excel, os dados serão

analisados pelo software ASL Results (ASL Eye‐Trac®) e pelo Captiv L-2100 (ASL Eye‐Trac®). O software ASL Results (ASL Eye‐Trac®) permite reduzir todos os dados,

guardados em formato Microsoft Office Excel® no software Eye Vison (ASL Eye‐Trac®),

a uma lista de fixações. Assim, os dados tratados a partir daqui, serão apenas as

fixações feitas por cada um dos participantes.

A fixação é aqui definida como um período de pelo menos 100 milisegundos

durante o qual o ponto para onde se está a olhar não muda por mais de 1 grau de

ângulo visual. No entanto, o algoritmo de fixação pode ser alterado, caso se pretenda

considerar uma fixação, por um período mais curto de tempo. Neste software cada

uma das fixações tem o tempo do começo da fixação, a duração, p onto de

coordenadas do olhar e do diâmetro pupilar médio. O software ASL Results (ASL

Eye‐Trac®) é usado em primeiro lugar, pois o Captiv L-2100 (ASL Eye‐Trac

®) apenas

analisa as fixações do sujeito.

Depois de se obter o documento apenas com as fixações do sujeito, é utilizado o

software Captiv L-2100 (ASL Eye‐Trac®), que é um programa que permite analisar as

fixações do olhar e que permite determinar para que local da cena o indivíduo está a

olhar. Permite visualizar gráficos das fixações oculares de forma dinâmica e

sincronizada com a sequência de vídeo e além disso pode-se obter estatísticas da

duração, frequência e oscilações das fixações entre diferentes pontos. Para que o

software nos forneça a informação dos locais específicos para onde o indivíduo es tá a

olhar, o utilizador deve escrever os locais, objectos ou coisas para onde o indivíduo

pode olhar, na sua tarefa de visualização, criando categorias de acordo com “CLASS”,

“RECORDING”, “CODING”, e “CODE”. Na mesma “CLASS” podem estar incluídos

diferentes “RECORDING”, “CODING” e “CODE”, sendo que o “CODE” serve para

escrever apenas uma abreviatura daquilo que foi escrito no “CODING”.

Page 50: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 39

Imagem 17- Exemplo de nomes para as diferentes categorias.

Neste trabalho, e tendo em conta os locais para onde os indivíduos olharam, foi

criado apenas uma “CLASS” – (Áreas de Interesse), que se dividiam em diferentes

“CODING’S”- (12 diferentes para cada pino/obstáculo, 3 diferentes para o caminho da

fase 1, 3 diferentes para o caminho da fase 2, 3 diferentes para o caminho da fase 3,

um para a meta (pino vermelho) e um para fora do percurso). Na parte de “CODES”

aparecia a abreviatura de cada um dos nomes que tinha sido escolhido para o

“CODING”.

Depois de criado o “CODING”, o programa já continha os diferentes locais para

onde os indivíduos podiam olhar. Assim era necessário seleccionar no programa “POST

CODING VIDEO SEQUENCE” e escolher o vídeo pretendido. Coloca-se o vídeo a correr e

cada vez que o sujeito está a olhar para uma das categorias “CLASS” definidas anteriormente,

o utilizador teria que clicar com o botão do lado direito do rato em cima do nome dessa

mesma categoria, como mostra o círculo vermelho da imagem 18.

Imagem 18-

Selecção das

fixações que

pertencem às

classes criadas.

Page 51: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 40

5. Resultados

Numa primeira fase faz-se uma análise descritiva, em primeiro lugar das

características da amostra e em segundo lugar das componentes da fixação do olhar

(número e duração), analisando as diferenças entre raparigas e rapazes, as diferenças

entre a fase antes de iniciar a marcha e a fase durante a realização do percurso, as

diferenças quanto ao número de fixações e ao tempo de fixação que é feito nos vários

locais do percurso e as diferenças que existem consoante o percurso escolhido,

utilizando para o efeito o programa de análise estatística SPSS versão 17.0,

mencionado anteriormente.

5.1 Caracterização da amostra

Nesta parte do estudo será feita uma caracterização da amostra relativamente ao

género, à idade e à acuidade visual, sendo a idade e a acuidade visual dois

parâmetros de inclusão na amostra.

Em relação ao género a amostra é composta por 30 indivíduos, dos quais, 15 são

rapazes e 15 são raparigas.

Idade Acuidade Visual

Olho direito Olho Esquerdo

Raparigas Rapazes Total Raparigas Rapazes Total Raparigas Rapazes Total

N 15 15 30 15 15 30 15 30

Média 20 21,20 20,60 1,262 1,308 1,285 1,243 1,334 1,288

Desvio

Padrão

1,604

1,568

1,673

,309

,366

,334

,241

,336

,291

Mínimo 18 18 18 ,79 ,79 ,79 ,75 ,79 ,75

Máximo 23 24 24 2 2 2 1,58 2 2

Tabela 1 - Média das idades nos dois géneros; e média da acuidade visual para o olho direito e para o

olho esquerdo nos dois géneros.

Relativamente à idade dos indivíduos, pode-se verificar através da análise da

tabela 1, que está compreendida entre os 18 e os 24 anos, sendo que a média das

idades nas raparigas é de 20 anos e a dos rapazes é de 21,2 anos. A rapariga mais

nova tinha 18 anos, assim como o rapaz e a rapariga mais velha tinha 23 anos

enquanto que o rapaz tinha 24 anos.

Quanto à acuidade visual, que é medida numa escala às centésimas entre 0 e 2,

onde o valor zero é considerado o pior e o valor 2 o melhor, verifica -se que no olho

Page 52: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 41

direito as raparigas apresentam uma média de 1,26, e os rapazes de 1,30. No olho

esquerdo as raparigas têm uma média de 1,24 e os rapazes de 1,33. O valor de

acuidade visual mais baixo no olho direito para as raparigas e para os rapazes foi de

0,79, já no olho esquerdo o valor mais baixo para raparigas foi de 0,75 e nos rapazes

foi, novamente 0,79.

Sendo que todos os indivíduos do estudo apresentam uma acuidade visual

superior a 0,8 nos dois olhos, considera-se que têm uma boa acuidade visual.

6. Análise e Discussão dos Resultados – Fixação do Olhar

Como já foi referido anteriormente, neste trabalho estudam-se as estratégias

visuais. Essas estratégias visuais serão agora analisadas de forma descritiva através

de duas componentes da fixação do olhar (Duração das Fixações e Número de

Fixações). Os resultados serão por isso apresentados separadamente para cada uma

das variáveis nos indivíduos do género feminino e nos indivíduos do género masculino

relativamente aos vários locais do percurso para onde podem dirigir o olhar (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso), estas etapas foram descritas anteriormente,

nas páginas 29 e 30. Posteriormente para analisar se existem diferenças nas variáveis

entre rapazes e raparigas proceder-se-á a uma análise comparativa através da

inferência estatística, tanto no tempo de fixação como no número de fixações.

Será ainda feita uma análise descritiva relativamente ao tipo de percurso que os

participantes escolheram e uma análise comparativa em relação ao tipo de percurso

escolhido (tipo A, tipo B, tipo C e tipo D, descrito na página 30) e às variáveis da

fixação do olhar nos vários locais do percurso, verificando se existem diferenças.

DIFERENÇAS ENTRE O TEMPO DE FIXAÇÃO NOS VÁRIOS LOCAIS

DO PERCURSO

A análise que se segue tem em conta os vários locais para onde os indivíduos

olharam (fase 1: caminho e pinos, fase 2: caminho e pinos, fase 3: caminho e pinos,

meta e fora do percurso. Sendo que olhar para o caminho implicava manter o olhar

fixo em qualquer parte do trajecto, desde que não fosse num dos pinos, olhar para os

pinos implicava manter o olhos fixos em qualquer um dos pinos amarelos do percurso

Page 53: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 42

(obstáculos), olhar para a meta implicava manter os olhos fixos na meta (pino

vermelho) e olhar para fora do percurso implicava manter o olhar fixo em qualquer

ponto fora dos limites marcados para o percurso. Esta análise serve para verificar se

os diferentes locais do percurso influenciam o tempo de fixação feito pelos indivíduos,

durante a realização da tarefa.

Analisando a tabela abaixo (tabela 2), verifica-se que existem várias diferenças no

que respeita ao tempo de fixação feito em cada um dos locais do percurso, tanto para

as raparigas como para os rapazes.

Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes

Fase 1

Caminho

,834

,279

1,836

,502

0

0

6,04

1,78

Fase 1

Pinos

,316

,537

,655

,844

0

0

2,26

2,31

Fase 2

Caminho

1,592

2,240

1,981

1,365

0

,26

7,25

5,28

Fase 2

Pinos

,926

1,301

,905

1,486

0

0

2,90

5,58

Fase 3

Caminho

1,658

1,918

1,028

1,207

,07

,17

3,51

5,02

Fase 3

Pinos

,926

,868

,546

,712

0

0

1,88

2,38

Meta 2,499 3,944 1,525 3,222 ,03 0 5,36 9,91

Fora do Percurso 2,789 1,579 2,793 1,467 0 0 10,04 4,69

Tabela 2 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do tempo de fixação, em segundos, para

ambos os géneros.

Raparigas:

Analisando a média do tempo de fixação que as raparigas fazem nas diferentes

partes, observa-se que no caminho da fase 1 obtêm uma média de 0,834 miliseg., nos

pinos da fase 1 obtêm 0,316 miliseg., no caminho da fase 2 obtêm 1,592 seg., nos

pinos da fase 2 obtêm 0,926 miliseg., no caminho da fase 3 obtêm 1,658 seg., nos

pinos da fase 3 obtêm 0,926 miliseg., na meta obtêm 2,499 seg. e fora do percurso

obtêm 2,789 seg.

Assim, as raparigas olham durante mais tempo para o fora do percurso e de

seguida para a meta, sendo que o local para onde elas olham durante menos tempo é

Page 54: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 43

para a fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos

(pinos) que lá se encontram. Estes resultados demonstram que as raparigas passam

mais tempo a olhar para sítios fora do percurso, sendo que esses locais são locais

onde elas vão chegar no final do percurso.

Rapazes:

Em relação aos rapazes, observa-se que o tempo médio de fixação no caminho da

fase 1 é 0,279 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,537 miliseg., no caminho da fase 2 é

2,240 seg., nos pinos da fase 2 é 1,301 miliseg., no caminho da fase 3 é 1,918 seg.,

nos pinos da fase 3 é 0,868 miliseg., na meta é 3,944 seg. e fora do percurso é 1,579

seg.

Assim, os rapazes olham durante mais tempo para a meta e de seguida para o

caminho da fase 2, sendo que o local para onde eles olham durante menos tempo é

para a fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos

(pinos) que lá se encontram. Tal como as raparigas, os rapazes passam mais tempo a

olhar para o seu objectivo final.

Comparações entre os vários locais:

Para verificar se as diferenças que se obtiveram no tempo de fixação feito,

dependendo do local do percurso para onde se estava a olhar, quer para as raparigas

quer para os rapazes, são ou não significativas realiza-se o teste não paramétrico de

Friedman, pois não se aceita a normalidade da amostra devido à sua reduzida

dimensão.

Como, no teste de Friedman (tabela 3) o valor do p = .000, rejeita-se a igualdade

do tempo de fixação, tanto para as raparigas como para os rapazes, e assim procede -

se a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças

significativas. As comparações múltiplas entre o tempo médio de fixação são feitas

analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de

significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o

valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.

Page 55: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 44

Raparigas Rapazes

Estatística de Teste:

Friedman

2= 36,815

p= 0,000

N= 15

2 = 37,161

p= 0,000

N= 15

Tabela 3 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes.

Os resultados da comparação do tempo médio de fixação nos vários locais do

percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 32 e 33). Analisando a

tabela 4 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.

Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12 (ao nível de significância

de 5%)]

Comparações do tempo de

fixação

Raparigas

Rapazes

(Caminho Fase 1 x Caminho

Fase 2)

4,326792

(Caminho Fase 1 x Caminho

Fase 3)

3,991381

(Caminho Fase 1 x Meta) 4,28207 4,550398

(Pinos Fase 1 x Meta) 4,774005 3,577709

(Pinos Fase 1 x Fora do

percurso) 3,577709

Tabela 4 - Resultados que apresentam diferenças significativas no tempo de fixação entre os vários

locais do percurso, através do teste de comparações múltiplas.

Para as raparigas apenas existem diferenças significativas na comparação do

tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação na meta, a estatística

de teste é 4,28, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma -se

que o tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo maior na meta. Existem

também diferenças significativas na comparação do tempo de fixação nos pinos da

fase 1 com o tempo de fixação na meta e o tempo de fixação fora do percurso, sendo

que esse tempo de fixação é sempre inferior nos pinos da fase 1.

Para os rapazes verifica-se a existência de diferenças significativas na comparação

do tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação no caminho da

fase 2, em que a estatística de teste é 4,32, maior do que o valor do quantil para 5%

Page 56: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 45

(3,12), e também se afirma que o tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo

maior no caminho da fase 2. Existem ainda diferenças significativas na comparação do

tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação no caminho da fase 3,

sendo maior no caminho da fase 3. Existem também diferenças significativas na

comparação do tempo de fixação no caminho da fase 1 com o tempo de fixação na

meta, sendo maior na meta, e na comparação do tempo de fixação nos pinos da fase

1 com o tempo de fixação na meta, sendo maior na meta.

De uma forma geral, as raparigas fixaram durante mais tempo os locais fora do

percurso, relativamente à parte inicial e os rapazes fixaram durante mais tempo a

meta, relativamente à parte inicial.

É necessário referir que estes locais fora do percurso para onde as raparigas olham

mais tempo, foram na sua maioria dirigidos para o local imediatamente à frente da

meta, ou seja para o local onde os indivíduos iriam chegar. No fundo estes resultados

revelam que tanto as raparigas como os rapazes passam a maior parte do tempo a

olhar para o seu objectivo final.

Assim não se rejeita a hipótese 1 “Existem diferenças significativas no tempo de

fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do

percurso), pois para as raparigas os locais fora do percurso são os fixados durante

mais tempo e para os rapazes a meta é o local fixado durante mais tempo em

comparação com a parte inicial do percurso.

Num estudo feito por Patla et al., (2007) chegou-se à conclusão que os indivíduos

passam a maior parte do tempo a fixar a meta, enquanto se deslocam até ela,

passando por obstáculos. Antes de iniciarem a marcha os indivíduos passaram 41%

do tempo a fixarem a meta e depois de iniciar a marcha passaram 64% do tempo a

fixa-la. Nesta análise não foi feita a divisão entre o início da marcha e a realização do

percurso, mas de qualquer forma, também se obteve um maior tempo de fixação na

meta ou nos locais logo a seguir à meta, embora o seu valor só seja significativamente

diferente do valor apresentado na fase inicial.

Page 57: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 46

DIFERENÇAS NO NÚMERO DE FIXAÇÕES NOS VÁRIOS LOCAIS DO

PERCUSO:

Esta análise do número de fixações nos vários locais, vai ser separada na fase

antes dos indivíduos iniciarem a marcha e na fase depois de já terem iniciado a

marcha, ou seja, durante a realização do percurso. Esta divisão não foi feita na

comparação do tempo de fixação, devido a limitações temporais.

ANTES DE INICIAR A MARCHA

A análise que se segue tem em conta os vários locais para onde os indivíduos

olharam antes de iniciarem a marcha (fase 1: caminho e pinos, fase 2: caminho e

pinos, fase 3: caminho e pinos, meta e fora do percurso). A descrição do que é

considerado uma fixação em cada um dos locais apresentados, já fo i descrita

anteriormente na análise do tempo de fixação. Esta análise serve para verificar se os

diferentes locais do percurso influenciam o número de fixações feitas pelos indivíduos,

antes dos mesmos iniciarem a marcha em direcção à meta.

Analisando a tabela abaixo (tabela 5), verifica-se que existem várias diferenças no

que respeita ao número de fixações feitos em cada um dos locais do percurso, tanto

para as raparigas como para os rapazes.

Antes do início da marcha

Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes

Fase 1

Caminho

,60

,60

1,121

,986

0

0

4

3

Fase 1

Pinos

,13

,80

,352

1,329

0

0

1

4

Fase 2

Caminho

1,73

3,47

1,710

2,326

0

1

5

8

Fase 2

Pinos

1,53

2,07

1,407

1,831

0

0

5

6

Fase 3

Caminho

2,67

2,20

1,988

2,513

0

0

7

9

Fase 3

Pinos

1,60

2,53

1,882

2,446

0

0

6

7

Meta 1,20 1,67 1,424 2,380 0 0 4 8

Fora do Percurso 1,00 1,00 1,069 1,254 0 0 3 4

Tabela 5 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em ambos os

géneros antes do início da marcha.

Page 58: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 47

Raparigas:

Analisando a média do número de fixações que as raparigas fazem nas diferentes

partes, observa-se que no caminho da fase 1 obtêm uma média de 0,60, nos pinos da

fase 1 obtêm 0,13, no caminho da fase 2 obtêm 1,73, nos pinos da fase 2 obtêm 1,53,

no caminho da fase 3 obtêm 2,67, nos pinos da fase 3 obtêm 1,60, na meta obtêm

1,20 e fora do percurso obtêm 1.

Assim, antes de iniciarem a marcha, as raparigas olham um maior número de vezes

para o caminho da fase 3 (final do percurso) e de seguida para o caminho da fase 2

(meio do percurso), sendo que o local para onde elas olham menos é para a fase 1

(início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos (pinos) que lá se

encontram. De qualquer forma, as raparigas olharam mais vezes para os obstáculos

da fase 2 e da fase 3, do que para a meta ou para fora do percurso.

Rapazes:

Em relação aos rapazes, observa-se que o número médio de fixações no caminho

da fase 1 é 0,60, nos pinos da fase 1 é 0,80, no caminho da fase 2 é 3,47, nos pinos

da fase 2 é 2,07, no caminho da fase 3 é 2,20, nos pinos da fase 3 é 2,53, na meta é

1,67 e fora do percurso é 1.

Assim, antes de iniciarem a marcha, os rapazes olham um maior número de veze s

para o caminho da fase 2 (meio do percurso) e de seguida para o caminho da fase 3

(final do percurso), sendo que o local para onde eles olham menos é para a fase 1

(início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos (pinos) que lá se

encontram. De qualquer forma, os rapazes olharam mais vezes para os obstáculos da

fase 2 e da fase 3, do que para a meta ou para fora do percurso.

Comparações entre os vários locais:

Para verificar se as diferenças que se obtiveram no número de fixações feitas,

dependendo do local do percurso para onde se estava a olhar, quer para as raparigas

quer para os rapazes, são ou não significativas realiza-se o teste não paramétrico de

Friedman, pois não se aceita a normalidade da amostra devido à sua reduzida

dimensão.

Como, no teste de Friedman (tabela 6) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade

do número de fixações, tanto para as raparigas como para os rapazes, e assim

procede-se a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as

diferenças significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações

são feitas analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil,

Page 59: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 48

ao nível de significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for

maior do que o valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.

Raparigas Rapazes

Estatística de Teste:

Friedman

2= 27,380

p= 0,000

N= 15

2 = 28,079

p= 0,000

N= 15

Tabela 6 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes, antes do

início da marcha.

Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do

percurso são apresentados numa tabela em anexo (Tabela 34 e 35). Analisando a

tabela 7 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.

Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12 (ao nível de significância

de 5%)]

Comparações do número de

fixações

Raparigas

Rapazes

(Caminho Fase 1 x Caminho

Fase 2)

3,834857

(Caminho Fase 1 x Caminho

Fase 3)

3,320561

(Caminho Fase 2 x Fora) 3,27584

Tabela 7 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,

através do teste de comparações múltiplas, antes do início do percurso.

Para as raparigas apenas existem diferenças significativas na comparação do

número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da

fase 3, a estatística de teste é 3,32, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12),

assim pode afirma-se que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo

maior no caminho da fase 3.

Para os rapazes verifica-se a existência de diferenças significativas na comparação

do número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho

da fase 2, em que a estatística de teste é 3,83, maior do que o valor do quantil para

5% (3,12), e também se afirma que o número de fixações neste caso não é idêntico,

sendo maior no caminho da fase 2. Existem ainda diferenças significativas na

Page 60: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 49

comparação do número de fixações no caminho da fase 2 com o número de fixações

fora do percurso, em que a estatística de teste é 3,27, maior do que o valor do quantil

para 5% (3,12), podendo afirmar-se que o número de fixações neste caso não é

idêntico, sendo maior no caminho da fase 2.

De uma forma geral, antes de iniciarem a tarefa as raparigas e os rapazes não

fixaram os locais de igual forma. As raparigas fixaram todos os locais do percurso,

sendo que deram especial importância ao caminho que iam pisar na parte final do

percurso e depois na parte do meio, e de seguida aos obstáculos que tinham de evitar,

principalmente os da parte final do percurso. Por outro lado, os rapazes também

fixaram todos os locais do percurso, mas deram especial importância ao caminho que

iam pisar na parte do meio do percurso e depois na parte final, e de seguida aos

obstáculos que tinham de evitar, principalmente os da parte final do percurso.

Assim não se rejeita a hipótese 2 “Antes de iniciar a marcha, existem diferenças

significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, uma vez que as raparigas fixaram mais a

parte final do percurso; e os rapazes fixaram mais a parte do meio do percurso,

relativamente à parte inicial.

Estudos recentes demonstraram a importância de pistas visuais periféricas durante

a marcha, na verdade o campo visual periférico parece ser crítico para se conseguir

caminhar num terreno com diferentes texturas, para passar por cima de obstáculos e

para evitar obstáculos como pessoas ou objectos (Patla, 1998). Num outro estudo de

Marigold (2008) o autor refere que para avaliar as diferenças presentes num terreno

no qual se caminha, deve ser adquirida informação visual adequada. Nesse estudo

usaram um terreno com diferentes pisos e descobriram que os indivíduos fazem

fixações para locais a cerca de dois passos à sua frente e que essas fixações são

direccionadas para as áreas relevantes da tarefa, ou seja, para locais que

provavelmente irão ser pisados. Assim, os resultados do presente estudo em relação

aos rapazes vão de encontro às conclusões obtidas por esses autores, pois verifica -se

que antes de caminhar os indivíduos olham para o meio do percurso (localizado a

cerca de dois passos à frente da posição inicial do indivíduo), sendo que a fase inicial

não necessita de tantas fixações, pois a informação visual desse espaço é obtida

através do campo visual periférico.

Por outro lado Turano et al. (2001) relatam que os indivíduos com visão normal

passam mais tempo a fixar o caminho em frente ou a fixar a meta. Desta forma, não é

de estranhar que no presente estudo as raparigas façam um maior número de fixações

Page 61: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 50

na parte final do percurso, já que este é o caminho que está na sua frente. As fixações

que as raparigas fazem na parte do meio do percurso e na meta, também não

apresentam valores significativamente diferentes das fixações feitas na fase final, e

como estes locais também se encontram à frente do indivíduo é normal que sejam dos

locais mais fixados.

Relativamente à existência das diferenças obtidas entre raparigas e rapazes,

relativamente ao local onde estes faziam maior número de fixações é uma questão

difícil de explicar, uma vez que na literatura não foram encontradas informações

suficientes no que diz respeito às diferenças existentes entre rapazes e raparigas no

número de fixações. Apenas foi encontrado um estudo de Covre et al. (2007) sobre

pesquisa visual numa tarefa de leitura. Nesse estudo não foram encontradas

diferenças entre os homens e as mulheres para nenhuma das variáveis analisadas:

tempo de reacção, número de fixações, duração média das sacadas, tempo e

comprimento médio dos movimentos sacádicos. A conclusão foi que o género do

indivíduo não influencia a pesquisa visual em tarefas de leitura. No entanto, os dados

obtidos no presente estudo mostram que existem diferenças entre rapazes e raparigas

em tarefas de pesquisa visual, quando os indivíduos se deslocam para a realização da

mesma, evidenciado que o género influencia a pesquisa visual em tarefas de pesquisa

visual com deslocação do indivíduo.

DURANTE A REALIZAÇÃO DO PERCURSO:

Tendo em conta cada um dos locais do percurso, descritos anteriormente, a análise

que se segue será observar o número de fixações que são feitos nesses vários locais,

mas agora na fase depois do indivíduo já ter iniciado a marcha, ou seja, enquanto o

indivíduo está a caminhar pelo percurso até chegar à meta.

Analisando a tabela abaixo (tabela 8), verifica-se que existem várias diferenças no

que respeita ao número de fixações feitos em cada um dos locais do percurso, tanto

para as raparigas como para os rapazes.

Durante a realização do percurso

Média Desvio Padrão Mínimo Máximo

Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas Rapazes

Fase 1

Caminho

,00

,00

,000

,000

0

0

0

0

Page 62: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 51

Fase 1

Pinos

,20

,20

,414

,561

0

0

1

2

Fase 2

Caminho

1,27

1,80

1,280

1,859

0

0

4

6

Fase 2

Pinos

,87

1,33

,915

1,291

0

0

2

4

Fase 3

Caminho

2,20

2,47

2,007

1,246

0

1

8

5

Fase 3

Pinos

2,00

1,33

1,512

1,047

0

0

6

3

Meta 2,07 2,00 1,033 1,464 0 0 4 5

Fora do Percurso 1,87 1,00 1,187 ,926 0 0 4 3

Tabela 8 - Valor médio, desvio padrão, valor mínimo e máximo do número de fixações, em ambos os

géneros antes durante a realização do percurso.

Raparigas:

Analisando a média do número de fixações que as raparigas fazem nas diferentes

partes, observa-se que no caminho da fase 1 obtêm uma média de 0,00, nos pinos da

fase 1 obtêm 0,20, no caminho da fase 2 obtêm 1,27, nos pinos da fase 2 obtêm 0,87,

no caminho da fase 3 obtêm 2,20, nos pinos da fase 3 obtêm 2,00, na meta obtêm

2,07 e fora do percurso obtêm 1,87.

Assim, durante a realização do percurso, as raparigas olham um maior número de

vezes para o caminho da fase 3 (final do percurso), de seguida para a meta e depois

para os pinos da fase 3 (final do percurso), sendo que o local para onde elas olham

menos é para a fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os

obstáculos (pinos) que lá se encontram.

Rapazes:

Em relação aos rapazes, observa-se que o número médio de fixações no caminho

da fase 1 é 0,00, nos pinos da fase 1 é 0,20, no caminho da fase 2 é 1,80, nos pinos

da fase 2 é 1,33, no caminho da fase 3 é 2,47, nos pinos da fase 3 é 1,33, na meta é

2,00 e fora do percurso é 1.

Assim, durante a realização do percurso, os rapazes olham um maior número de

vezes para o caminho da fase 3 (final do percurso), de seguida para a meta e depois

para o caminho da fase 2, sendo que o local para onde eles olham menos é para a

Page 63: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 52

fase 1 (início do percurso), quer para o caminho quer para os obstáculos (pinos) que lá

se encontram.

Comparações entre os vários locais:

Para verificar se as diferenças que se obtiveram no número de fixações feitas,

dependendo do local do percurso para onde se estava a olhar, quer para as raparigas

quer para os rapazes, são ou não significativas realiza-se o teste não paramétrico de

Friedman, pois não se aceita a normalidade da amostra devido à sua reduzida

dimensão.

Como, no teste de Friedman (tabela 9) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade

do número de fixações, tanto para as raparigas como para os rapazes, e assim

procede-se a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as

diferenças significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações

são feitas analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil,

ao nível de significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for

maior do que o valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.

Raparigas Rapazes

Estatística de Teste:

Friedman

2= 53,466

p= 0,000

N= 15

2 = 51,117

p= 0,000

N= 15

Tabela 9 - Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nas raparigas e nos rapazes, durante a

realização do percurso.

Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do

percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 36 e 37). Analisando a

tabela 10 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.

Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12 (ao nível de significância

de 5%)]

Comparações do número de

fixações

Raparigas

Rapazes

(Caminho Fase 1 x Caminho

Fase 3) 4,214988 5,064694

Page 64: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 53

(Caminho Fase1 x Meta) 4,807546 4,170267

(Caminho Fase1 x Fora) 4,170267

(Pinos Fase1 x Pinos Fase 3) 3,655971

(Pinos Fase1 x Meta) 4,326792 3,801316

(Pinos Fase1 x Fora) 3,689512

Tabela 10 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,

através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso.

Para as raparigas apenas existem diferenças significativas na comparação do

número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da

fase 3, a estatística de teste é 3,32, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12),

assim pode afirma-se que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo

maior no caminho da fase 3. Existem também diferenças significativas entre o número

de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações na meta e fora do

percurso, sendo respectivamente maior na meta e fora do percurso. Além disso, ainda

se verificam diferenças significativas entre o número de fixações feitas nos pinos da

fase 1 e o número de fixações feito nos pinos da fase 3, na meta e fora do pe rcurso,

sendo sempre em valor inferior nos pinos da fase 1.

Para os rapazes verifica-se a existência de diferenças significativas na comparação

do número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho

da fase 3, em que a estatística de teste é 5,06, maior do que o valor do quantil para

5% (3,12), e também se afirma que o número de fixações neste caso não é idêntico,

sendo maior no caminho da fase 3. Existem ainda diferenças significativas na

comparação do número de fixações no caminho da fase 1 com o número de fixações

na meta, sendo maior na meta; e diferenças no número de fixações nos pinos da fase

1 com o número de fixações na meta.

De uma forma geral, durante a realização do percurso as raparigas e os rapazes

fixaram os locais de igual forma. As raparigas fixaram todos os locais do percurso,

sendo que deram especial importância ao caminho que iam pisar na parte final do

percurso e depois na meta. O mesmo se verificou para os rapazes que também

fixaram todos os locais do percurso, e também deram especial importância ao

caminho que iam pisar na parte do final do percurso e depois na meta. Tanto nas

raparigas como nos rapazes existe a evidência que o número de fixações feito no

caminho da fase 1 é sempre inferior ao número de fixações que são feitas em todos os

Page 65: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 54

outros locais. Isto acontece, porque durante a realização do percurso ninguém fixou o

caminho da fase 1.

Assim não se rejeita a hipótese 3 “Depois de se iniciar a marcha, existem

diferenças significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do

percurso (fase 1, fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois tanto os rapazes como

as raparigas fixaram mais a parte final e a meta, do que os outros locais.

Não foram encontrados estudos que falassem sobre o número de fixa ções que

pode ser feito, durante a realização da marcha, num percurso com obstáculos. Apenas

foi encontrado um estudo que fala da duração da fixação, mas não do número de

fixações, esse estudo foi feito Patla et al. (2007), sobre a fixação do olhar durante a

locomoção até chegar a uma meta, caminhando num percurso com obstáculos

verificaram que os indivíduos, enquanto realizavam o percurso, passavam a maioria

do tempo a fixar a meta (64%), sendo que não existiam diferenças significativas entre

a fixação no caminho, nos obstáculos e noutros locais fora do percurso.

As diferenças entre o presente estudo e o estudo realizado por Patla et al., (2007)

levam à conclusão de que possivelmente o número de fixações pode ser feito em

maior quantidade num determinado local, enquanto que o tempo de maior fixação não

será necessariamente no mesmo local. No presente estudo acontece precisamente

esta situação, ou seja, ao analisar o número de fixações e o tempo de fixação

percebe-se que os locais que são fixados mais vezes (fase final e fase do meio) não

são aqueles que são fixados durante mais tempo (meta).

Page 66: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 55

DIFERENÇAS NOS PERCURSOS

Tipo de Percurso Escolhido

A análise que se segue tem em conta os tipos de percurso mais prováveis a

serem escolhidos, tipo A “trajecto mais directos em relação à meta”, tipo B “trajectos

curvilíneos à direita”, tipo C “trajectos curvilíneos à esquerda” e tipo D “trajectos mais

sinuosos”, já descritos na página 30 e observáveis no Anexo II. Fazem parte dos

percursos do tipo A os percursos 1, 2, 3, 4 e 5. Fazem parte dos percursos de tipo B

os percursos 6 e 7. Fazem parte dos percursos de tipo C os percursos 8, 9 e 10 e

fazem parte dos percursos de tipo D os percursos 11, 12, 13 e 14.

Em relação ao tipo de percurso escolhido verifica-se que os mais escolhidos

foram o percurso 4 (tipo A) e 6 (tipo B), seguidos do percurso 1 (tipo A). Ao

analisarmos as diferenças registadas entre rapazes e raparigas, no gráfico 1, verifica-

se que os percursos mais escolhido pelas raparigas são o 4 (tipo A) e o 6 (tipo B),

enquanto que pelos rapazes os mais escolhidos são o 6 (tipo B) e o 1 (tipo A).

A maioria das raparigas e dos rapazes optaram por “trajectos mais directos em

relação à meta” e “trajectos curvilíneos à direita”.

Das 15 raparigas participantes 9 delas optaram por seguir um dos percursos tipo

A “mais directos em relação à meta” (percursos 1, 2, 3, 4 ou 5), e dos 15 rapazes 6

deles seguiram um dos “trajectos mais rectilíneos em relação à meta” (percursos 1, 2,

4 ou 5). De seguida aparecem os percursos tipo B “trajectos curvilíneos à direita” como

a opção mais escolhida, das 15 raparigas 3 delas optaram por estes trajectos

(percurso 6) e dos 15 rapazes 4 deles optaram também pelo percurso 6. Por fim os

percursos tipo C “trajectos curvilíneos à esquerda” e os percursos tipo B “trajectos

sinuosos”, foram os menos escolhidos. Nas raparigas 1 em 15 escolheu o percurso

tipo C (percurso 9) e nos rapazes foram 2 em 15 (percurso 9). Quanto aos percursos

tipo D, 2 das 15 raparigas optaram por tais trajectos (percurso 13 e 14), sendo que o

mesmo se passou com os rapazes 2 dos 15 também optaram por estes trajectos

(percurso 13).

Conclui-se assim que de facto ambos os percursos de tipo A e tipo B, ou seja, os

“trajectos mais directos em relação à meta” (percurso 1 e 4) e os “trajectos curvilíneos

à direita” (percurso 6) são as escolhas preferenciais tanto para os rapazes como para

as raparigas.

Page 67: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 56

Gráfico 1 - Frequência do percurso escolhido para o género feminino e para o género masculino.

Verifica-se que as diferenças entre os rapazes e as raparigas na escolha do tipo

de percurso são muito poucas, no entanto vai avaliara-se se essas diferenças podem

são ou não significativas.

Para esse fim utilizou-se o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney, uma vez que não se

verifica a normalidade da amostra devido à sua reduzida amostra. Analisando o teste

não paramétrico (tabela 11), verifica-se que o valor da estatística de teste é z = -163

ao qual corresponde um p= .880. Deste modo, ao nível de significância 5%, não

existem diferenças significativas.

Percurso Escolhido

Z p- value

-,168

,866

Tabela 11 - Teste de Wilcoxon-Man-Whitney para o percurso escolhido nos rapazes e nas raparigas.

Conclui-se que a escolha do percurso não é influenciada pelo género do indivíduo.

Assim rejeita-se a hipótese 4 “Existem diferenças significativas na escolha do percurso

entre rapazes e raparigas”.

Page 68: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 57

Percurso Tipo A “trajecto mais directo em relação à meta”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,63 ,31 4,25 3,31 5,56 3,81 3,63 2,25

Desvio padrão 1,500 ,602 3,000 1,302 2,920 2,455 3,052 2,113

Mínimo 0 0 0 1 1 0 0 0

Máximo 6 2 13 6 10 8 11 7

Como não existem diferenças entre os elementos do sexo masculino e do sexo

feminino relativamente à escolha do percurso, vai verificar-se de seguida se existem

diferenças nas duas variáveis da fixação do olhar (número e tempo) quando os

indivíduos optam por se deslocar em percursos tipo A “trajectos mais directos em

relação à meta”, em percursos tipo B “trajectos curvilíneos à direita”, em percursos tipo

C “trajectos rectilíneos à esquerda”, ou quando optam por se deslocar em percursos

tipo D “trajectos mais sinuosos”.

PERCURSOS TIPO A “TRAJECTOS MAIS DIRECTOS EM

RELAÇÃO À META”

Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os

indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:

caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do

percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo A, que podem ser,

como já foi referido, os percursos 1, 2, 3, 4 ou 5. Estes percursos têm a particularidade

de serem os trajectos mais directos em relação à meta.

Dos 30 participantes no estudo, 16 deles escolheram os trajectos tipo A. Este

foi o percurso mais escolhido.

Número de Fixações nos percursos tipo A

Número de

Fixações

Tabela 12 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos

tipo A.

Page 69: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 58

Analisando as fixações que estes 16 indivíduos fizeram nas diferentes etapas

do percurso, observa-se (tabela 12) que a média de fixações no caminho da fase 1 é

0,63, nos pinos da fase 1 é 0,31, no caminho da fase 2 é 4,25, nos pinos da fase 2 é

3,31, no caminho da fase 3 é 5,56, nos pinos da fase 3 é 3,81, na meta é 3,63 e fora

do percurso é 2,25. Neste percurso o número de fixações é maior na fase 3 (caminho

e pinos) do que em qualquer outra fase, os indivíduos olham mais vezes para o final

do percurso.

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de

fixações feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um

menor número de fixações, segue-se a etapa fora do percurso e de seguida os pinos

da fase 2, depois aparece a meta, seguida do caminho da fase 2 com mais número de

fixações e por último a fase 3, onde o número de fixações é maior.

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste

não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 13) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade

do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim procede-se a

comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças

significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações são feitas

analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de

significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o

valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 56,975

p= 0,000

N= 16

Tabela 13- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A.

Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do

percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 38). Analisando a tabela

14 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.

Page 70: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 59

Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12

(ao nível de significância de 5%)]

Comparações do número de fixações

(Caminho Fase 1 x Caminho Fase 2) 3,787418

(Caminho Fase1 x Caminho Fase 3) 5,092229

(Caminho Fase1 x Meta) 3,429461

(Pinos Fase1 x Pinos Fase 2) 3,637307

(Pinos Fase1 x Pinos Fase 3) 4,006811

(Pinos Fase1 x Meta) 3,8567

(Caminho Fase 3 x Fora do Percurso) 3,533384

Tabela 14 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,

através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso.

Existem diferenças significativas na comparação do número de fixações no

caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 2, a estatística de

teste é 3,78, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma r-se

que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo maior no caminho da fase

2. Existem também diferenças significativas entre o número de fixações no caminho da

fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 3, maior no caminho da fase 3.

Verificam-se diferenças significativas entre o número de fixações no caminho da fase 1

e na meta, sendo maior na meta. Além disso, ainda se verificam diferenças

significativas entre o número de fixações feitas nos pinos da fase 1 e o número de

fixações feitos nos pinos da fase 2, nos pinos da fase 3 e na meta, sendo maior na

meta. Ainda se verificam diferenças significativas no número de fixações no caminho

da fase 3 com o número de fixações fora do percurso, sendo maior no caminho da

fase 3.

Assim, não se rejeita a hipótese 5 “Nos percursos tipo A, existem diferenças

significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso), pois neste tipo de percursos conclui-se que

existe um maior número de fixações no caminho da fase 3,ou seja na parte final do

percurso, em relação à parte inicial do percurso.

Page 71: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 60

Percurso Tipo A “trajecto mais directo em relação à meta”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,781 ,350 2,185 1,155 2,066 ,860 3,596 1,388

Desvio padrão 1,786 ,698 1,447 ,867 1,250 ,714 2,840 1,439

Mínimo 0,00 0,00 0,00 ,10 0,23 0,00 0,0 0,0

Máximo 6,04 2,26 5,28 3,33 5,02 2,38 9,91 4,75

Tempo de Fixação nos percursos tipo A

Tempo de Fixação

(segundos)

Tabela 15 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo

A.

Analisando o tempo de fixação que estes 16 indivíduos fizeram nos diferentes

locais do percurso, observa-se (tabela 15) que a média do tempo de fixação no

caminho da fase 1 é 0,781 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,350 miliseg., no caminho

da fase 2 é 2,185 seg., nos pinos da fase 2 é 1,155 seg., no caminho da fase 3 é 2,066

seg., nos pinos da fase 3 é 0,860 miliseg., na meta é 3,596 seg. e fora do percurso é

1,388 seg. Neste percurso o tempo de fixação é maior na meta do que em qualquer

outra fase, os indivíduos passam mais tempo a olhar mais vezes para o objectivo final

do percurso.

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação

feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor

tempo de fixação, segue-se os pinos da fase 3 e os pinos da fase 2, de seguida surge

a etapa fora do percurso, depois aparece o caminho da fase 3 e o caminho da fase 2

por último a meta, onde o tempo de fixação é maior.

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não

paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 16) o valor do p= .000, rejeita-se a igualdade

do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e assim procede-se a

comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças

Page 72: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 61

significativas. As comparações múltiplas entre o tempo médio de fixação são feitas

analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de

significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o

valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 43,967

p= 0,000

N= 16

Tabela 16- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo A.

Os resultados da comparação do tempo médio de fixação nos vários locais do

percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 39). Analisando a tabela

17 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.

Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12

(ao nível de significância de 5%)]

Comparações do tempo de fixação

(Caminho Fase 1 x Caminho Fase 2) 3,568025

(Caminho Fase1 x Caminho Fase 3) 3,383273

(Caminho Fase1 x Meta) 4,722725

(Pinos Fase1 x Meta) 5,161511

Tabela 17 - Resultados que apresentam diferenças significativas entre os vários locais do percurso,

através do teste de comparações múltiplas, durante a realização do percurso.

Existem diferenças significativas na comparação do tempo de fixação no caminho

da fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 2, a estatística de teste é

3,56, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma-se que o

tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo maior no caminho da fase 2.

Existem também diferenças significativas entre o tempo de fixação no caminho da fase

1 com o tempo de fixação no caminho da fase 3, maior no caminho da fase 3.

Verificam-se diferenças significativas entre o tempo de fixação no caminho da fase 1 e

na meta, sendo maior na meta. Além disso, ainda se verificam diferenças significativas

Page 73: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 62

Percurso Tipo B “trajecto curvilíneo à direita”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,71 ,86 3,00 2,00 4,86 4,57 4,14 2,71

Desvio padrão 1,254 1,574 3,266 2,309 2,035 2,225 2,610 2,059

Mínimo 0 0 0 0 2 2 0 0

Máximo 3 4 9 7 8 8 8 5

entre o tempo de fixação feitas nos pinos da fase 1 e o tempo de fixação feito na meta,

sendo maior na meta.

Assim, não se rejeita a hipótese 6 “Nos percursos tipo A, existem diferenças

significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso), pois neste tipo de percursos conclui-se que

existe um maior tempo de fixação na meta, em relação à parte inicial do percurso.

PERCURSOS TIPO B “TRAJECTOS CURVILÍNEOS À DIREITA”

Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os

indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:

caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do

percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo B, que podem ser,

como já foi referido, os percursos 6 ou 7. Estes percursos têm a particularidade de

serem os trajectos curvilíneos pelo lado direito do percurso (lado onde está a meta).

Dos 30 participantes no estudo, 7 deles escolheram os trajectos tipo B.

Número de Fixações nos percursos tipo B

Número de

Fixações

Tabela 18 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos

tipo B.

Analisando as fixações que estes 7 indivíduos fizeram nas diferentes etapas do

percurso, observa-se (tabela 18) que a média de fixações no caminho da fase 1 é

Page 74: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 63

0,71, nos pinos da fase 1 é 0,86, no caminho da fase 2 é 3, nos pinos da fase 2 é 2, no

caminho da fase 3 é 4,86, nos pinos da fase 3 é 4,57, na meta é 4,14 e fora do

percurso é 2,71. Neste percurso o número de fixações é maior na fase 3 (caminho e

pinos) e na meta do que em qualquer outra fase, os indivíduos olham mais vezes para

o final do percurso.

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de

fixações feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um

menor número de fixações, segue-se os pinos da fase 2 e depois a etapa fora do

percurso. Depois aparece o caminho da fase 2, e de seguida a meta e por último surge

os pinos da fase 3 e o caminho da fase 3, onde o número de fixações é maior.

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste

não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 19) o valor do p= .005, rejeita-se a igualdade

do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim procede-se a

comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças

significativas. As comparações múltiplas entre o número médio de fixações são feitas

analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de

significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o

valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 20,481

p= 0,005

N= 7

Tabela 19- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.

Os resultados da comparação do número médio de fixações nos vários locais do

percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 40). Analisando a tabela

20 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.

Page 75: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 64

Percurso Tipo B “trajecto curvilíneo à direita”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,367 ,325 ,806 ,924 1,970 1,159 3,406 2,149

Desvio padrão ,689 ,725 ,728 1,181 ,676 ,595 2,289 2,400

Mínimo 0,00 0,00 0,00 0,00 1,29 ,43 0,0 0,0

Máximo 1,78 1,95 1,68 2,90 2,97 1,88 6,10 5,04

Comparações do número de fixações

Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12

(ao nível de significância de 5%)]

(Caminho Fase 1 x Caminho Fase 3) 3,940486

Tabela 20 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através do teste de

comparações múltiplas, durante a realização do percurso.

Apenas existem diferenças significativas na comparação do número de fixações no

caminho da fase 1 com o número de fixações no caminho da fase 3, a estatística de

teste é 3,94, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirma r-se

que o número de fixações neste caso não é idêntico, sendo maior no caminho da fase

3.

Assim, não se rejeita a hipótese 7 “Nos percursos tipo B, existem diferenças

significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que

existe um maior número de fixações no caminho da fase 3, ou seja na parte final do

percurso, em relação à parte inicial do percurso.

Tempo de Fixação nos percursos tipo B

Tempo de Fixação

(segundos)

Tabela 21 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo

B.

Page 76: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 65

Analisando o tempo de fixação que estes 16 indivíduos fizeram nos diferentes

locais do percurso, observa-se (tabela 21) que a média do tempo de fixação no

caminho da fase 1 é 0,367 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,375 miliseg., no caminho

da fase 2 é 0,806 miliseg., nos pinos da fase 2 é 0,924 miliseg., no caminho da fase 3

é 1,970 seg., nos pinos da fase 3 é 1,159 seg., na meta é 3,406 seg. e fora do

percurso é 2,149 seg. Neste percurso o tempo de fixação é maior na meta do que em

qualquer outra fase, e de seguida o maior tempo de fxação e nos locais fora do

percurso. De uma forma geral os indivíduos passam mais tempo a olhar mais vezes

para o objectivo final do percurso.

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação

feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor

tempo de fixação, segue-se o caminho da fase 2 e os pinos da fase 2, de seguida

surge os pinos da fase 3, e depois aparece o caminho da fase 3, e depois os locais

fora do percurso, por último aparece a meta, onde o tempo de fixação é maior.

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não

paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 22) o valor do p= .108, não se rejeitando a

igualdade do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e portanto não é

necessário proceder às comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram

as diferenças significativas, pois elas não existem.

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 7,594

p= 0,108

N= 7

Tabela 22- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo B.

Assim, rejeita-se a hipótese 8 “Nos percursos tipo B, existem diferenças

significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui -se que o

tempo de fixação embora não seja igual nos vários locais, a diferença dos valores não

é significativa.

Page 77: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 66

Percurso Tipo C “trajecto curvilíneo à esquerda”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,67 1,33 4,33 2,33 2,67 3,00 1,67 2,33

Desvio padrão 1,155 2,309 4,041 2,517 2,887 1,732 1,155 ,577

Mínimo 0 0 2 0 1 1 1 2

Máximo 2 4 9 5 6 4 3 3

PERCURSOS TIPO C “TRAJECTOS CURVILÍNEOS À ESQUERDA”

Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os

indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:

caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do

percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo C, que podem ser,

como já foi referido, os percursos 8, 9 ou 10. Estes percursos têm a particularidade de

serem trajectos curvilíneos pelo lado esquerdo do percurso.

Dos 30 participantes no estudo, 3 deles escolheram os trajectos tipo C. Foi o

percurso menos escolhido.

Número de Fixações nos percursos tipo C

Número de

Fixações

Tabela 23 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos

tipo C.

Analisando as fixações que estes 3 indivíduos fizeram nas diferentes etapas do

percurso, observa-se (tabela 23) que a média de fixações no caminho da fase 1 é

0,67, nos pinos da fase 1 é 1,33, no caminho da fase 2 é 4,33, nos pinos da fase 2 é

2,33, no caminho da fase 3 é 2,67, nos pinos da fase 3 é 3,00, na meta é 1,67 e fora

do percurso é 2,33. Neste percurso o número de fixações é maior no caminho da fase

2. Os indivíduos olham mais vezes para o meio do percurso.

Page 78: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 67

Percurso Tipo B “trajecto curvilíneo à esquerda”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,154 ,561 1,881 ,627 ,660 ,781 1,375 4,116

Desvio padrão ,266 ,971 1,914 ,627 ,618 ,362 ,697 ,638

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de fixações

feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor

número de fixações, segue-se a meta e depois a etapa fora do percurso e os pinos da

fase 2, depois aparece o caminho da fase 3 seguida dos pinos da fase 3 e por último

surge o caminho da fase 2, onde o número de fixações é maior.

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste

não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 24) o valor do p= .256, não se rejeita a

igualdade do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim não é

necessário proceder a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram

as diferenças significativas, pois elas não existem.

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 8,949

p= 0,256

N= 3

Tabela 24- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.

Assim, rejeita-se a hipótese 9 “Nos percursos tipo C, existem diferenças

significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que o

número de fixações, embora não sejam iguais nos vários locais, não apresentam

valores significativamente diferentes.

Tempo de Fixação nos percursos tipo C

Tempo de Fixação

(segundos)

Page 79: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 68

Mínimo 0,00 0,00 ,76 0,00 ,17 ,50 ,92 3,43

Máximo ,46 1,68 4,09 1,25 1,35 1,19 2,17 4,69

Tabela 25 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo

C.

Analisando o tempo de fixação que estes 3 indivíduos fizeram nos diferentes locais

do percurso, observa-se (tabela 25) que a média do tempo de fixação no caminho da

fase 1 é 0,154 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,561 miliseg., no caminho da fase 2 é

1,881 seg., nos pinos da fase 2 é 0,627 miliseg., no caminho da fase 3 é 0,660

miliseg., nos pinos da fase 3 é 0,781 miliseg., na meta é 1,375 seg. e fora do percurso

é 4,116 seg. Neste percurso o tempo de fixação é maior nos locais fora do percurso do

que em qualquer outra fase. De uma forma geral os indivíduos passam mais tempo a

olhar para locais que não estão directamente ligados ao objectivo final.

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação

feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor

tempo de fixação, segue-se os pinos da fase 2 e o caminho da fase 3, de seguida

surge os pinos da fase 3, e depois aparece o caminho da fase 3, e depois a meta e o

caminho da fase 2, por último aparece os locais para fora do percurso, onde o tempo

de fixação é maior.

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não

paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 26) o valor do p= .041, rejeita-se a igualdade

do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e portanto é necessário proceder

às comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram as diferenças

significativas. As comparações múltiplas entre o tempo médio de fixação são feitas

analisando o valor da estatística de teste relativamente ao valor do quantil, ao nível de

significância de 5%. Apenas quando o valor da estatística de teste for maior do que o

valor do quantil é que se pode admitir que existem diferenças.

Page 80: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 69

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 14,652

p= 0,041

N= 3

Tabela 26- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo C.

Os resultados da comparação do tempo médio de fixação nos vários locais do

percurso são apresentados numa tabela em anexo I (Tabela 41). Analisando a tabela

27 verifica-se só existem diferenças significativas em certos locais.

Comparações do número de fixações

Valor da estatística de Teste [Quantil = 3,12

(ao nível de significância de 5%)]

(Caminho Fase 1 x Fora do Percurso) 3,25

Tabela 27 - Resultados de diferenças significativas entre os vários locais do percurso, através do teste de

comparações múltiplas, durante a realização do percurso.

Apenas existem diferenças significativas na comparação do tempo de fixação no

caminho da fase 1 com o tempo de fixação nos locais fora do percurso, a estatística de

teste é 3,25, maior do que o valor do quantil para 5% (3,12), assim pode afirmar-se

que o tempo de fixação neste caso não é idêntico, sendo maior nos locais fora do

percurso.

Assim, não se rejeita a hipótese 10 “Nos percursos tipo C, existem diferenças

significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que

existe um maior tempo de fixação nos locais fora do percurso, em relação à parte

inicial do percurso.

PERCURSOS TIPO D “TRAJECTOS MAIS SINUOSOS”

Segue-se agora a análise do número de fixações e do tempo de fixação que os

indivíduos fazem consoante o local do percurso para onde estão a olhar (fase 1:

caminho ou pinos, fase 2: caminho ou pinos, fase 3: caminho ou pinos, meta e fora do

Page 81: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 70

Percurso Tipo D “trajectos mais sinuosos ”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,75 1,25 5,25 3,00 2,75 3,00 3,00 2,50

Desvio padrão ,957 1,258 3,096 3,464 1,708 1,414 ,816 1,000

Mínimo 0 0 1 0 1 2 2 2

Máximo 2 3 8 8 5 5 4 4

percurso), quando escolhem caminhar por um dos percursos tipo D, que podem ser,

como já foi referido, os percursos 11, 12, 13 ou 14. Estes percursos têm a

particularidade de serem trajectos curvilíneos tanto pelo lado direito como pelo lado

esquerdo do percurso. Dos 30 participantes no estudo, 4 deles escolheram os

trajectos tipo D.

Número de Fixações nos percursos tipo D

Número de

Fixações

Tabela 28 – Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do número de fixações nos percursos

tipo D.

Analisando as fixações que estes 4 indivíduos fizeram nos diferentes locais do

percurso, observa-se (tabela 28) que a média de fixações no caminho da fase 1 é

0,75, nos pinos da fase 1 é 1,25, no caminho da fase 2 é 5,25, nos pinos da fase 2 é

3,00, no caminho da fase 3 é 2,75, nos pinos da fase 3 é 3,00, na meta é 3,00 e fora

do percurso é 2,50. Neste percurso o número de fixações é maior no caminho da fase

2, ou seja os indivíduos olham mais vezes para o meio do percurso.

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do número de fixações

feitas nas várias etapas. A fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor

número de fixações, segue-se os locais fora do percurso e depois o caminho da fase

3, depois aparece os pinos fase da 2 e da fase 3 e a meta com igual número de

fixações e por último surge o caminho da fase 2, onde o número de fixações é maior.

Page 82: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 71

Percurso Tipo D “trajectos mais sinuosos”

Fase

1

Cam

inh

o

Fase

1

Pin

os

Fase

2

Cam

inh

o

Fase

2

Pin

os

Fase

3

Cam

inh

o

Fase

3

Pin

os

Met

a

Fora

do

Per

curs

o

Média ,290 ,808 2,810 1,644 1,202 ,671 2,788 3,979

Desvio padrão ,349 1,030 3,124 2,641 ,839 ,414 2,984 4,067

Mínimo 0,00 0,00 ,03 0,00 ,07 ,22 ,87 1,30

Máximo ,70 2,31 7,25 5,58 1,94 1,06 7,23 10,04

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste

não paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 29) o valor do p= .098, não se rejeita a

igualdade do número de fixações, nos vários locais do percurso, e assim não é

necessário proceder a comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram

as diferenças significativas, pois elas não existem.

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 12,066

p= 0,098

N= 4

Tabela 29- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D.

Assim, rejeita-se a hipótese 11 “Nos percursos tipo D, existem diferenças

significativas no número de fixações que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que

embora o número de fixações não sejam iguais nos vários locais, não apresentam

valores significativamente diferentes.

Tempo de Fixação nos percursos tipo D

Tempo de Fixação

(segundos)

Tabela 30 - Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo do tempo de fixação nos percursos tipo

D.

Page 83: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 72

Analisando o tempo de fixação que estes 3 indivíduos fizeram nos diferentes locais

do percurso, observa-se (tabela 30) que a média do tempo de fixação no caminho da

fase 1 é 0,290 miliseg., nos pinos da fase 1 é 0,808 miliseg., no caminho da fase 2 é

2,810 seg., nos pinos da fase 2 é 1,644 seg., no caminho da fase 3 é 1,202 seg., nos

pinos da fase 3 é 0,671 miliseg., na meta é 2,788 seg. e fora do percurso é 3,979 seg.

Neste percurso o tempo de fixação é maior nos locais fora do percurso do que em

qualquer outra fase. De uma forma geral os indivíduos passam mais tempo a olhar

para locais que não estão directamente ligados ao objectivo final.

Comparações entre os vários locais:

Verifica-se que existem algumas diferenças entre as médias do tempo de fixação

feitas nas várias etapas. Na fase 1 (caminho e pinos) é onde se regista um menor

tempo de fixação a par dos pinos da fase 3, segue-se o caminho da fase 3 e os pinos

da fase 2, de seguida surge a meta, e depois aparece o caminho da fase 2, por último

aparece os locais para fora do percurso, onde o tempo de fixação é maior.

Com o intuito de verificar se as diferenças são significativas utilizou-se o teste não

paramétrico de Friedman, pois a amostra não é normal.

Como, no teste de Friedman (tabela 31) o valor do p= .131, não se rejeita a

igualdade do tempo de fixação, nos vários locais do percurso, e portanto não é

necessário proceder às comparações múltiplas de modo a verificar onde se encontram

as diferenças significativas, pois elas não existem.

Estatística de Teste:

Friedman

Vários Locais do Percurso

2= 11,179

p= 0,131

N= 4

Tabela 31- Teste de Friedman para os vários locais do percurso, nos percursos tipo D.

Assim, rejeita-se a hipótese 12 “Nos percursos tipo D, existem diferenças

significativas no tempo de fixação que é feito nos vários locais do percurso (fase 1,

fase 2, fase 3, meta e fora do percurso”, pois neste tipo de percursos conclui-se que

embora o tempo de fixação não seja igual nos vários locais, não apresenta valores

significativamente diferentes.

Page 84: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 73

De uma maneira geral verifica-se que os trajectos mais realizados são aqueles em

que o individuo caminha de forma quase directa em relação à meta (Tipo A) e aqueles

em que o indivíduo caminha pelo lado direito realizando uma curva à e squerda (Tipo

B), não existindo diferenças significativas entre o género feminino e o género

masculino, ou seja, a escolha do percurso não é influenciada pelo género.

Nos trajectos tipo A verificam-se as conclusões obtidas anteriormente para o

número de fixações e para o tempo de fixação. As fixações neste tipo de trajectos é

feita em maior número na fase final do percurso, enquanto o maior tempo de fixação

ocorre na meta.

Em relação aos outros trajectos, apenas se verificaram diferenças significativas no

número de fixações para os trajectos rectilíneos à direita (tipo B), sendo que são feitas

mais fixações na parte final do percurso em relação à parte inicial; e no tempo de

fixação para os trajectos curvilíneos à esquerda (tipo C), sendo que o tempo de

fixação é maior nos locais fora do percurso. Em todos os outros trajectos não existem

diferenças significativas entre o número de fixações que é feito nos vários locais do

percurso, nem no tempo de fixação que é feito.

Estes resultados sugerem que a realização da mesma tarefa base provoca

alterações quanto às estratégias visuais que são utilizadas para a sua realização,

quanto é alterada alguma característica como o sítio que os indivíduos escolhem para

se deslocar. De facto, Yarbus (1967) refere que o comportamento de visualização e os

padrões dos movimentos oculares mudam em função da tarefa de visualização dada

ao sujeito. Tendo em conta, que um indivíduo que realiza o percurso pelo lado

esquerdo e um indivíduo que realiza o percurso pelo lado direito têm visões diferentes

da totalidade do trajecto, é normal que também ocorram diferenças nos padrões dos

movimentos oculares. Desta forma, pode dizer-se que a visualização de percursos em

que o indivíduo se desloca é equivalente à visualização de cenas em que o indivíduo

permanece estático, no que diz respeito à constante alteração de padrões de

movimentos oculares consoante o contexto da tarefa. Conclui-se que o tipo de trajecto

feito pelo indivíduo influencia os padrões dos movimentos oculares.

Page 85: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 74

7. Conclusão

Sendo que no mundo actual é impossível deslocarmo-nos de um local para outro

sem nos depararmos com inúmeros obstáculos no nosso percurso, é importante

perceber de que forma o sistema visual contribui para a deslocação segura no espaço,

mais especificamente quais são as estratégias visuais que os indivíduos utilizam para

se deslocar de forma segura.

De um modo geral os resultados apontam para a existência de algumas diferenças

nas estratégias visuais utilizadas pelas raparigas em relação aos rapazes durante a

realização de percursos com obstáculos, sendo que o género do indivíduo influencia

tanto o tempo da fixação como o número de fixações.

No que diz respeito ao tempo de fixação, conclui-se que o mesmo é influenciado

pelo local do percurso, pois as raparigas passam mais tempo a olhar para os locais

fora do percurso (sendo que, esses locais são maioritariamente localizados

imediatamente à frente da meta), do que para qualquer outro local, e os rapazes

passam mais tempo a fixar a meta, do que outro local.

Em relação ao número de fixações, também se conclui que este é influenciado pelo

local do percurso, uma vez que antes de iniciar a marcha as raparigas olham um maior

número de vezes para a parte final do percurso, e os rapazes olham mais vezes para

a parte do meio, do que para qualquer outro local. Depois de iniciarem a marcha, tanto

as raparigas como os rapazes olham um maior número de vezes para a parte final e

para a meta, do que para qualquer outra parte do percurso. De forma conclusiva,

antes de iniciarem a marcha tanto as raparigas como os rapazes observam mais

vezes o caminho que vão percorrer e depois de iniciarem a marcha, fixam os locais

aos quais pretendem chegar, de modo a planearem os próximos passos a dar de

modo feedfoward, para não chocarem com nenhum obstáculo e realizarem o percurso

de forma segura.

As diferenças entre os locais onde são feitas mais fixações e os locais onde o

tempo de fixação é maior diferem, o que permite concluir que o número de fixações

pode ser feito em maior quantidade num determinado local, enquanto o tempo de

maior fixação não será necessariamente no mesmo local.

Em geral, os resultados obtidos neste estudo revelam a ocorrência de fixações em

partes específicas do trajecto, como os obstáculos, o caminho que percorrem, a meta,

ou os locais à frente da meta, e mostram que estes locais são relevantes para a

realização da tarefa. Em estudos locomotores (Hollands et al. 2002; Patla e Vickers,

1997, 2003 in Patla et al., 2007) e estudos de tarefas diárias (Land e Hayhoe, 2001;

Page 86: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 75

Land et al., 1999 in Patla et al., 2007) que especificam a localização das fixações,

chegou-se à conclusão que raramente são feitas localizações em objectos ou locais

irrelevantes para a tarefa. Esta conclusão suporta a ideia de que o comportamento do

olhar é feito através de um controlo top-down (Land e Furneaux, 1997; Shinoda et al.,

2001 in Patla et al., 2007). Além disso Rayner e Pollatsek (1992), num estudo sobre os

movimentos oculares na percepção de cenas, indicam que os padrões de movimentos

oculares não são feitos ao acaso e que os indivíduos tendem a fixar áreas na cena

que para eles são tidas como informativas. Desta forma chega-se à conclusão que os

movimentos oculares na visualização de um percurso, caminhando sobre ele até

alcançar uma meta, também não são feitos ao acaso, as fixações observados no

presente estudo revelam que os indivíduos passam a maioria do tempo a fixar a meta,

sendo que a meta é o elemento mais informativo para eles, pois é onde pretendem

chegar.

Uma outra conclusão importantíssima a que se chega neste estudo é que quando

os indivíduos passam mais tempo a fixar a meta do que qualquer outro local do

percurso, eles realizam trajectos que são mais directos em relação à meta. Ou seja,

todos os indivíduos que gastam mais tempo a fixar o seu objectivo final, a meta, são

os participantes mais eficientes a realizar a tarefa, pois optam por deslocar-se através

de trajectos mais directos. Como no presente estudo tanto os rapazes como as

raparigas (16 dos 30 participantes) escolheram maioritariamente os trajectos mais

directos em relação à meta (tipo A), pode considerar-se que estes foram os

participantes mais eficientes.

De uma forma geral, a análise dos padrões dos movimentos oculares serviu para

perceber que durante a realização de determinada tarefa os indivíduos fixam os locais

que são mais relevantes para concluir o objectivo da tarefa, e quando esses locais são

fixados não vale a pena fixar outras partes. Percebeu-se também que as fixações são

dirigidas para os locais de onde se pretende obter informação mais detalhadas e

precisas, pois a visão periférica é suficiente para o indivíduo perceber o espaço que o

rodeia dentro de um determinado limite (cerca de dois passos à frente do indivíduo).

Este estudo foi também importante na medida em que forneceu a informação de que

se os indivíduos pretendem ser eficientes na realização de uma determinada tarefa,

eles devem passar a maior parte do tempo a fixar o objectivo dessa mesma tarefa.

Page 87: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 76

8. Limitações do estudo

Considera-se que embora a amostra tenha uma dimensão que permite estabelecer a

comparação entre os indivíduos do sexo masculino e os indivíduos do sexo feminino,

relativamente aos períodos de fixação durante a realização de um percurso com

obstáculos, não permitiu realizar inferências para a população portuguesa, pois a

amostra não é representativa da mesma.

9. Sugestões Futuras

Neste estudo não foi feita a análise do tempo de fixação que os indivíduos fizeram,

antes de iniciarem a marcha e depois de estarem a caminhar no percurso. Uma vez

que foram obtidas diferenças no número de fixações nos vários locais antes de iniciar

a marcha e no número de fixações nos vários locais depois de já se ter iniciado a

marcha, sugere-se que em futuros estudos se verifique se o tempo de fixação nos

vários locais do percurso também sofre alterações antes de se iniciar a marcha

relativamente ao período depois de se ter iniciado a marcha.

Uma outra sugestão prende-se com as variáveis a ter em conta. Em estudos

futuros poderá ser analisada a influência da altura dos participantes quanto ao tipo de

percurso que escolhiam e quanto ao número e tempo de fixação que faziam nos

diferentes locais do percurso. Também se poderá complexificar a tarefa aumentando o

número de metas possíveis de alcançar, ou diversificar o tamanho, cor ou forma dos

obstáculos de forma a avaliar a influência dessas características no tipo de estratégias

utilizadas.

Page 88: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 77

10. Bibliografia Avidan, G., Pertzov, Y., Zohary, E. (2009). Accumulation of Visual Information

Across Multiple Fixations. Journal of Vision, 9 (10):2, 1-12.

Allport, A. (1989). Visual attention – in M.I. Posner (edt.) – Foundations of

Cognitive Science, MIT Press, Bradford books, Cambridge, 631-689.

Bovik, A. C., Cormack, L. K. e Rajashekar, U. (2004). Point of Gaze Analysis

Reveals Visual Search Strategies. The University of Texas at Austin, Austin, TX

78712, USA.

Carpenter, R. H. S. (1997). Movements of the Eyes. London: Pion Limited.

Correia, P. P., Espanha, M. e Silva, P. A. (1999). Receptores e vias da

sensibilidade. In P. Pezarat Correia (Ed.), Anatomofisiologia – Tomo II, função

neuromuscular, Cruz Quebrada: Faculdade de Motricidade Humana, 69-84.

Covre, P., Macedo, E., Oliveira, M., Orsati, F. e Schwartzman, J. (2007). Análise

dos padrões dos movimentos oculares em tarefas de busca visual: efeito da

familiaridade e das características físicas do estímulo. Arquivo Brasileiro

Oftalmologia, São Paulo, 70 (1).

Dias, L. M. (2006). Caracterização da direcção do olhar em indivíduos com e sem

insuficiência de convergência. Faculdade de Motricidade Humana e Faculdade de

Ciências Médicas, Lisboa.

Duchowski A. T. (2003). Eye tracking methodology – Theory and Practice. London:

Springer.

Fisher, D. F., Monty, R. A. e Senders, J. W. (1981). Eye Movements: Cognition

and Visual Perception. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates.

Fraga, Z. (1987). ABC do corpo humano. Lisboa: Selecções do Reader’s Digest.

Godaux, E. & Cheron, G. (1989). Le Mouvement. Paris: McGraw-Hill.

Page 89: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 78

Henderson, J. (1992). Object Identification in Context: The Visual Processing of

Natural Scenes. Canadian Journal of Psychology, 46(3), 319-341.

Henderson, J e Hollingworth, A (1998). Eye movements during scene viewing: an

overview. Eye guidance in reading and scene perception/G. Underwood(editor).

Elsevier Science Ltd, 12, 269. Disponível em:

http://www.google.com/books?hl=ptPT&lr=&id=NmXqAV1vAF4C&oi=fnd&pg=PA2

69&dq=eye+movements+in+scene+perception+and+visual+search&ots=mk-

Nluylvq&sig=ALKmHsyar406RabaNVgmIuxeKLA#v=onepage&q=eye%20moveme

nts%20in%20scene%20perception%20and%20visual%20search&f=false

Irwin, D. E. (1992). Visual Memory Within and Across Fixations. In K. Rayner (Ed.),

Eye Movements and visual cognition: Scene perception and reading. New York,

NY: Springer-Verlag, 146-165.

Leigh, R. J. e Zee, D. S. (1991). The Neurology of Eye Movements (2nd ed.).

Philadelphia, PA: F. A. Davis Company.

Macedo, Elizeu Coutinho de et al. (2007). Análise dos padrões dos movimentos

oculares em tarefas de busca visual: efeito da familiaridade e das características

físicas do estímulo. Arq. Bras. Oftalmol.[online], 70 (1), 31-36. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0004-

27492007000100006&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0004-2749. doi: 10.1590/S0004-

27492007000100006.

Wann, J. P. e Wilkie, R. M. (2008). Eye Movements aid the control of locomotion.

Journal of Vision, 3, 677-684

Marigold, D. S. (2008). Role of Peripheral Visual Cues in Online Visual Guidance

of Locomotion. Exercise and Sport Sciences Reviews, 36(3), 145-151.

Martins, A. (1977). Glaucoma e Hipertensão Ocular. Lisboa: Livraria Luso-

Espanhola.

Page 90: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 79

Neves, E.M.A; Gonzaga, A. e Slaets, A.F.F. (s.d). Atenção Visual Selectiva para

Reconhecimento de Objectos e Análise de Cenas, Multiciência, São Carlos, 4, 26

– 44.

Oliveira, M. (2007); Caracterização da direcção do Olhar em indivíduos adultos

com visão binocular normal, em condições de binocularidade e monocularidade;

Faculdade de Motricidade Humana e Faculdade de Ciências Médicas, Lisboa.

Operation Manual MobileEye (2008); Manual Version 1.35, Eyetracking

Expertise, Applied Science Laboratories. Patla, A. E. (1998). How is human gait controlled by vision? Ecol. Psychol. 10:287-

302.

Patla, A. E. e Vickers (1997). Where and when do we look as we approach and

step over an obstacle in the travel path? NeuroReport, 8:3661-3665.

Patla, A. E., Greig, M., Novak, A. e Tomescu, S. S.(2007). Gaze fixation patterns

during goal-directed locomotion while navigating around obstacles and a new

route-selection model. Eye Movements: A Window on Mind and Brain, University

of Waterloo, Canada, 32, 677-695.

Pereira, L. M. (1993). Estruturação especial e equilíbrio. Estudo com crianças de

visão nula ou residual. Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa.

Raff, H., Widmaier, E. e Strong, K. (2004); Human Phisiology: the mechanisms of

body function; MC Grow Hill Higher Education; 9ª Edição; Boston; pp: 222-230.

Rayner, K. (1998). Eye Movements in Reading and Informative Processing: 20

Years of Research. Psychological Bulletin, 124(3), 32-422.

Rayner, K. e Pollatsek, A. (1992). Eye Movements and Scene Perception.

Canadian Journal of Psychology, 46(3), 342-376.

Robinson, D. A. (1986). The Oculomotor Control System: A Review. Proceedings

of the IEEE, 56(6), 1032-1040.

Page 91: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 80

Steinman, S. B., Steinman, B. A. & Garzia, R. P. (2000). Foundations of Binocular

Vision – a clinical perspective. New York: McGraw-Hill Companies.

Tipper, S. P. e Weaver, B. (1998). The medium of attention: Location -based,

object centred, or scene-based?. In R. D. Wright (Ed.), Visual Attention , New

York: Oxford University Press, 77-107.

Treisman, A. (1986). Features and Objects in Visual Processing – Scientific

American, 255(5), 114B-125,140.

Treisman, A. e Gelade, G. (1980). A Feature Integration Theory of Attention –

Cognitive Psychology, 12, 97-136.

Turano, K. A., Baker, F. H., Geruschat, D. R., Shapiro, M. D., e Stahl, J. W. (2001).

Direction of gaze while walking a simple route: persons with normal vision and

persons with retinitis pigmentosa. Optom. Vis. Sci. 78:667-675.

Vills, T. (2009). The Eye Movements. The University of Western Ontario, London.

Wolfe, J. M. (1998). “Visual search,” in Attention, H. Pashler, ed., University

College London Press.

Wolfe J.W. (2001). Asymmetries in visual search: an introduction. Percept

Psychophys. 63(3), 381-9.

Yarbus, A. L. (1967). Eye Movements and Vision. New York, NY: Plenum Press.

Page 92: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 81

11. Anexos

Page 93: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 82

Anexo I: Tabelas de Comparações Múltiplas

Page 94: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 83

Comparações do tempo de

fixação

Valor da estatística de Teste –

Raparigas

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,491935

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

2,381412

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

1,296919

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

2,940429

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

1,96774

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 4,28207 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 3,085774 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

2,873347

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

1,788854

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

3,432364

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos fase3 2,459675 3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 4,774005 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 3,577709 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

1,084493

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

0,559017

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

0,413673

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 1,900658 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 0,704361 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

1,64351

3,12

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

0,67082

3,12

Page 95: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 84

(Pinos Fase 2 X Meta) 2,985151 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 1,788854 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

0,97269

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 1,341641 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 0,145344 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 2,31433 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 1,118034 3,12

(Meta x Fora) 1,196296 3,12

Tabela 32 – Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso, para as

raparigas.

Page 96: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 85

Comparações do tempo de

fixação

Valor da estatística de Teste –

Rapazes

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,97269

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

4,326792

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

2,493216

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

3,991381

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

2,236068

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 4,550398 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 2,906888 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

3,354102

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

1,520526

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

3,018692

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

1,263378

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 3,577709 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 1,934199 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

1,833576

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

0,33541

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

2,090724

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 0,223607 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 1,419903 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

1,498166

3,12

(Pinos Fase 2 x Pinos 0,257148 3,12

Page 97: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 86

Fase3)

(Pinos Fase 2 X Meta) 2,057183 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 0,413673 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

1,755313

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 0,559017 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 1,084493 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 2,31433 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 0,67082 3,12

(Meta x Fora) 1,64351 3,12

Tabela 33 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais do percurso, para os

rapazes.

Page 98: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 87

Comparações do número

de fixações

Valor da estatística de Teste –

Antes de Iniciar o percurso

Raparigas

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,927968

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

1,945379

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

1,64351

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

3,320561

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

1,64351

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 1,084493 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 0,860886 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

2,873347

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

2,571478

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

4,248529

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos fase3 2,571478 3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 2,012461 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 1,788854 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

0,301869

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

1,375182

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

0,301869

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 0,860886 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 1,084493 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

1,677051

3,12

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

0

3,12

Page 99: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 88

(Pinos Fase 2 X Meta) 0,559017 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 0,782624 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

1,677051

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 2,236068 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 2,459675 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 0,559017 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 0,782624 3,12

(Meta x Fora) 0,223607 3,12

Tabela 34 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso antes

de iniciar a marcha, para as raparigas.

Page 100: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 89

Comparações do número

de fixações

Valor da estatística de Teste –

Antes de Iniciar o percurso

Rapazes

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,301869

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

3,834857

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

2,31433

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

1,788854

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

2,493216

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 1,229837 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 0,559017 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

3,532987

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

2,012461

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

1,486985

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

2,191347

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 0,927968 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 0,257148 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

1,520526

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

2,046002

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

1,341641

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 2,605019 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 3,27584 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

0,525476

3,12

Page 101: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 90

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

0,178885

3,12

(Pinos Fase 2 X Meta) 1,084493 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 1,755313 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

0,704361

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 0,559017 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 1,229837 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 1,263378 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 1,934199 3,12

(Meta x Fora) 0,67082 3,12

Tabela 35 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso antes

de iniciar a marcha, para os rapazes.

Page 102: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 91

Comparações do número

de fixações

Valor da estatística de Teste –

Durante a realização do percurso

Raparigas

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,480755

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

2,605019

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

1,934199

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

4,214988

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

4,136726

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 4,807546 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 4,170267 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

2,124265

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

1,453444

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

3,734234

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

3,655971

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 4,326792 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 3,689512 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

0,67082

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

1,609969

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

1,531707

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 2,202527 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 1,565248 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

2,280789

3,12

Page 103: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 92

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

2,202527

3,12

(Pinos Fase 2 X Meta) 2,873347 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 2,236068 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

0,078262

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 0,592558 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 0,044721 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 0,67082 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 0,033541 3,12

(Meta x Fora) 0,637279 3,12

Tabela 36 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso durante

a realização do percurso, para as raparigas.

Page 104: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 93

Comparações do número

de fixações

Valor da estatística de Teste –

Durante a realização do percurso

Rapazes

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,368951

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

3,61125

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

2,862167

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

5,064694

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

3,197577

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 4,170267 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 2,459675 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

3,242299

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

2,493216

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

4,695743

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

2,828626

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 3,801316 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 2,090724 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

0,749083

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

1,453444

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

0,413673

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 0,559017 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 1,151575 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

2,202527

3,12

Page 105: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 94

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

0,33541

3,12

(Pinos Fase 2 X Meta) 1,3081 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 0,402492 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

1,867117

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 0,894427 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 2,605019 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 0,97269 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 0,737902 3,12

(Meta x Fora) 1,710592 3,12

Tabela 37 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais do percurso durante

a realização do percurso, para os rapazes.

Page 106: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 95

Comparações do número

de fixações

Valor da estatística de Teste –

Percurso tipo A “mais directo em

relação à meta”

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,427239

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

3,787418

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

3,210067

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

5,092229

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

3,579572

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 3,429461 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 1,558846 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

4,214657

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

3,637307

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

5,519469

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

4,006811

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 3,8567 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 1,986085 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

0,57735

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

1,304812

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

0,207846

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 0,357957 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 2,228572 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

1,882162

3,12

Page 107: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 96

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

0,369504

3,12

(Pinos Fase 2 X Meta) 0,219393 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 1,651222 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

1,512658

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 1,662769 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 3,533384 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 0,150111 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 2,020726 3,12

(Meta x Fora) 1,870615 3,12

Tabela 38- Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos percursos tipo A.

Page 108: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 97

Comparações do tempo de

fixação

Valor da estatística de Teste –

Percurso tipo A “mais directo em

relação à meta”

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,438786

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

3,568025

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

1,905256

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

3,383273

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

1,870615

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 4,722725 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 1,986085 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

4,006811

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

2,344042

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

3,822059

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

2,309401

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 5,161511 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 2,424871 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

1,662769

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

0,184752

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

1,69741

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 1,154701 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 1,58194 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

1,478017

3,12

Page 109: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 98

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

0,034641

3,12

(Pinos Fase 2 X Meta) 2,817469 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 0,080829 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

1,512658

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 1,339453 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 1,397188 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 2,85211 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 0,11547 3,12

(Meta x Fora) 2,73664 3,12

Tabela 39 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos percursos tipo A.

Page 110: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 99

Comparações do número

de fixações

Valor da estatística de Teste –

Percurso tipo B “curvilíneo à

direita”

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,16039

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

1,794842

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

1,03108

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

3,940486

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

3,05505

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 2,451678 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 1,634452 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

1,634452

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

0,870689

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

2,780096

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

2,89466

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 2,291288 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 1,474062 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

0,763763

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

1,145644

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

1,260208

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 0,656836 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 0,16039 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

1,909407

3,12

Page 111: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 100

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

2,023971

3,12

(Pinos Fase 2 X Meta) 1,420598 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 0,603372 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

0,114564

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 0,488808 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 1,306034 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 0,603372 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 1,420598 3,12

(Meta x Fora) 0,817226 3,12

Tabela 40 - Comparações múltiplas para o número de fixações nos diferentes locais nos percursos tipo

B.

Page 112: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 101

Comparações do tempo de

fixação

Valor da estatística de Teste –

Percurso tipo C “curvilíneo à

esquerda”

Quantil (ao nível de

significância de 5%)

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase 1)

0,835

3,12

(CaminhoFase1 x Caminho

Fase2)

2,415

3,12

(CaminhoFase1 x Pinos

Fase2)

0,915

3,12

(Caminho Fase 1 x

Caminho Fase3)

1,25

3,12

(Caminho Fase 1 x Pinos

Fase3)

1,415

3,12

(Caminho Fase1 x Meta) 1,915 3,12

(Caminho Fase1 x Fora) 3,25 3,12

(Pinos Fase 1 x Caminho

Fase2)

1,58

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase2)

0,08

3,12

(Pinos Fase1 x Caminho

Fase3)

0,415

3,12

(Pinos Fase1 x Pinos

Fase3)

0,58

3,12

(Pinos Fase1 x Meta) 1,08 3,12

(Pinos Fase1 x Fora) 2,415 3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase2)

1,5

3,12

(Caminho Fase2 X

Caminho Fase3)

1,165

3,12

(Caminho Fase2 x Pinos

Fase3)

1

3,12

(Caminho Fase 2 x Meta) 0,5 3,12

(Caminho Fase 2 x Fora) 0,835 3,12

(Pinos Fase2 x Caminho

Fase 3)

0,335

3,12

Page 113: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 102

(Pinos Fase 2 x Pinos

Fase3)

0,5

3,12

(Pinos Fase 2 X Meta) 1 3,12

(Pinos Fase 2 x Fora) 2,335 3,12

(Caminho Fase 3 X Pinos

Fase 3)

0,165

3,12

(Caminho Fase3 X Meta) 0,665 3,12

(Caminho Fase 3 X Fora) 2 3,12

(Pinos Fase 3 x Meta) 0,5 3,12

(Pinos Fase 3 X Fora) 1,835 3,12

(Meta x Fora) 1,335 3,12

Tabela 41 - Comparações múltiplas para o tempo de fixação nos diferentes locais nos percursos tipo C.

Page 114: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 103

Anexo II: Tipos de Percursos

1 – PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”

Imagem 19 - Percurso de Tipo A (1).

Page 115: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 104

2 – PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”

Imagem 20 - Percurso de Tipo A (2).

Page 116: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 105

3 - PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”

Imagem 21 - Percurso de Tipo A (3).

Page 117: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 106

4 - PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”

Imagem 22 - Percurso de Tipo A (4).

Page 118: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 107

5 - PERCURSO TIPO A “TRAJECTO MAIS DIRECTO EM RELAÇÃO À META”

Imagem 23 - Percurso de Tipo A (5).

Page 119: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 108

6 – PERCURSO TIPO B “TRAJECTO CURVILÍNEO À DIREITA”

Imagem 24 - Percurso de Tipo B (6).

Page 120: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 109

7 - PERCURSO TIPO B “TRAJECTO CURVILÍNEO À DIREITA”

Imagem 25 - Percurso de Tipo B (7).

Page 121: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 110

8 - PERCURSO TIPO C “TRAJECTO CURVILÍNEO À ESQUERDA”

Imagem 26 - Percurso de Tipo C (8).

Page 122: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 111

9 - PERCURSO TIPO C “TRAJECTO CURVILÍNEO À ESQUERDA”

Imagem 27 - Percurso de Tipo C (9).

Page 123: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 112

10 – PERCURSO TIPO C “TRAJECTO CURVILÍNEO À ESQUERDA”

Imagem 28 - Percurso de Tipo C (10).

Page 124: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 113

11 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”

Imagem 29 - Percurso de Tipo D (11).

Page 125: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 114

12 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”

Imagem 30 - Percurso de Tipo D (12).

Page 126: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 115

13 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”

Imagem 31 - Percurso de Tipo D (13).

Page 127: Estratégias visuais utilizadas durante a realização de um ...home.fmh.utl.pt/~apveloso/publicação projecto idoso 2006... · DISSERTAÇÃO ELABORADA COM VISTA À OBTENÇÃO DO

ESTRATÉGIAS VISUAIS NUM PERCURSO COM OBSTÁCULOS

I n ê s P a u l o S a n t o s P á g i n a | 116

14 - PERCURSO TIPO D “TRAJECTO MAIS SINUOSO”

Imagem 32 - Percurso de Tipo D (14).