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FRANCISCO BRAULIO DA FONSECA BACURAU Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: Um estudo a partir do modelo de Porter Dissertação de Mestrado NATAL/RN 2006 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

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FRANCISCO BRAULIO DA FONSECA BACURAU

Estratégias Competitivas Genéricas nasempresas comerciais varejistas de shopping

centers: Um estudo a partir do modelo de Porter

Dissertação de Mestrado

NATAL/RN2006

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Bacurau, Francisco Braulio da Fonseca.

Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas

de shopping centers: um estudo a partir do modelo de Porter / Francisco

Braulio da Fonseca Bacurau. – Natal, RN, 2006.

137 f.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-

Graduação em Administração.

1. Estratégias – Dissertação. 2. Estratégias competitivas –

Dissertação. 3. Estratégias genéricas – Dissertação. 4. Shopping centers –

Dissertação. I. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 65.012.12(043.3)

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FRANCISCO BRAULIO DA FONSECA BACURAU

Estratégias Competitivas Genéricas nasempresas comerciais varejistas de shopping

centers: Um estudo a partir do modelo de Porter

NATAL/RN2006

Dissertação submetida ao Programa dePós-Graduação em Administração daUniversidade Federal do Rio Grande doNorte, como requisito para obtenção dotítulo de Mestre em Administração.

ORIENTADOR:Dr. Carlos Alberto Freire Medeiros,Professor do Programa de Pós-Graduaçãoem Administração da Universidade Federaldo Rio Grande do Norte.

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Estratégias Competitivas Genéricas nasempresas comerciais varejistas de shopping

centers: Um estudo a partir do modelo de Porter

Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Mestre em Administração no Programa de Pós-Graduação em Administração da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Natal, 21 de julho de 2006.

_________________________________________Prof. Carlos Alberto Freire Medeiros, Dr.

Coordenador do Programa

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________Prof. Carlos Alberto Freire Medeiros, Dr.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNOrientador

_________________________________________Prof. Fernando Dias Lopes, Dr.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNMembro

_________________________________________Prof. Benny Kramer Costa, Dr.Universidade de São Paulo - USP

Membro

Natal/RN2006

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Dedico este trabalho a Themis, minhaesposa; a Luiz Bacurau, meu pai; aMaria José, minha mãe; e a AnitaLouize, minha irmã.

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v

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Carlos Alberto Freire Medeiros por ter acreditado em mimdesde o início desta trajetória e pelo comprometimento assíduo em todos osprocessos da execução desta dissertação. Agradeço pelo exemplo deprofissional, de amigo e de ser humano que utilizarei como modelo em minhacaminhada.

Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Administraçãopelos ensinamentos que serviram com base para o meu preparo paraexecução desta caminhada.

As minhas colegas da base de pesquisa Ananda Gabriela Cavalcante deFrança e Maria Fernanda Guerra pelas fundamentais e valorosas contribuiçõesna execução deste trabalho.

A todos os meus colegas de turma, em especial a Ally Delania LinharesGalvão, Glauco Coutinho de Carvalho, Glenda Michelle Marques e KarllaKathyane Galdino de Souza pelo trabalho mútuo e solidário quedesenvolvemos durante este período.

Ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal doRio Grande do Norte - UFRN que me acatou como aluno e me proporcionoueste título.

A Faculdade de Natal - FAL na pessoa do Professor Carlos Vasconcelos dePaula e de toda sua equipe pela colaboração e incentivo a execução destemestrado.

A todas as empresas e gerentes entrevistados nesta pesquisa quedisponibilizaram seu tempo e experiências viabilizando este estudo.

A minha querida e amada esposa Themis Oliveira de Freitas Bacurau quesempre me apoiou em todos os meus desafios com paciência, amor e muitocarinho formando uma base de sustentação para o meu crescimento.

Aos meus pais Luiz Rios Bacurau (in memorian) e Maria José da Fonsecapelos sacrifícios que fizeram para me educar e aos inesquecíveisensinamentos que me motivam a seguir em frente. A minha irmã Maria AnitaLouize da Fonseca Bacurau que vibra entusiasticamente com minhasconquistas.

Aos meus sogros Luiz Carlos de Freitas e Maria Lucia Oliveira de Freitas e, domesmo modo, minha cunhada Thasia Oliveira de Freitas pelo estímulo.

A todas aquelas pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para arealização desta dissertação de mestrado e que não estão aqui nominadas.

A força divina que nos rodeia fornecendo, a cada dia, um mundo admirávelrepleto de oportunidades e de realizações.

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"A união do rebanho obriga o leão a ir dormir com fome."Provérbio Africano

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RESUMO

Os shopping centers são grandes instituições repletas de empresas quecompetem entre si formas de como melhor satisfazer as necessidade dosclientes. Sendo assim, cada empresa utiliza-se de estratégias com o intuito deatingir a maior parcela de compradores possíveis sem comprometer suaexistência e sua vantagem competitiva. Este estudo está baseado na teoria dasestratégias competitivas genéricas de Porter (1980; 1985) o qual estabeleceem seu modelo que todas as empresas existentes no mercado possuam pelomenos uma das três abordagens estratégicas (diferenciação, liderança emcusto e enfoque). Desta forma, este trabalho identifica de que maneira estádistribuída as estratégia competitiva nas empresas de shopping centers deNatal/RN. Primeiramente buscou-se levantar a relação das estratégias destasempresas com a teoria proposta por Porter (1985) e sua alocação de acordocom os agrupamentos resultantes da combinação das estratégias. Nestemomento, foram aplicados questionários com 89 gerentes de lojas de shoppingcenters que resultou após análises estatísticas em cinco agrupamentos comabordagens válidas. Em seguida foram selecionadas as empresas quepossuíam maior afinidade com cada agrupamento e que melhor representavamos resultados dispostos em cinco clusters acerca da teoria proposta e nestaamostragem foi aplicada entrevista com os gerentes. Os resultados obtidoscom as entrevistas validaram a análise dos dados encontrados nosquestionários anteriormente aplicados estando em conformidade com aproposta teoria. Identificou-se também duas modalidades de empresas queutilizavam simultaneamente mais de uma estratégia competitiva (meio-termo),sendo uma dentro e outra fora do modelo proposto pelo autor. Embora omodelo das estratégias competitivas genéricas tenha sido instituído comaspectos voltados as organizações industriais, os resultados obtidos nestetrabalho validaram a aplicação desta teoria em empresas comercias deshopping centers que vem se adequando para obter resultados financeirosmais satisfatórios e melhor posicionamento em relação à concorrência.

Palavras-chave: Estratégias, Estratégias Competitivas, Estratégias Genéricas,shopping centers, Porter.

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ABSTRACT

The shopping centers are great institutions full of companies that compete witheach other to better satisfy the customers' needs. Being like this, each companyuses strategies in order to reach the largest portion of possible buyers withoutcommitting its existence and its competitive advantage. This study is based onPorter’s generic competitive strategies theory (1980; 1985) which establishesthat all the existent companies in the market adopt at least one out of the threestrategic approaches (differentiation, leadership in cost and focus). On that way,this work identifies how the competitive strategy is distributed in the companiesof Shopping Centers located in Natal/RN. Firstly the research aimed to find theexistence of possible relationships between these companies’ strategies andthe theory proposed by Porter (1985) and its allocation according to thegroupings resulting from the strategies combination. At this time, somequestionnaires were applied to 89 managers of shopping centers’ stores thatresulted, after statistical analyses, in five groupings with valid approaches.Afterwards it was selected the companies that were most likely to have affinitiesto each grouping and that better represented the results disposed in fiveclusters concerning the proposed theory and in this sample some managerswere interviewed. The results obtained from the interviews validated theanalysis of the data found previously in the questionnaires applied, being inconformity with the theory. It was also identified two modalities of companiesthat used simultaneous more than one competitive strategy (struck-in-the-middle), being one of them in and the other out of the model proposed by theauthor. Although the model of generic competitive strategies has been institutedwith aspects towards industrial organizations, the results obtained in this workvalidated the application of this theory in commercial companies of shoppingcenters that have been adapting in order to obtain financial results moresatisfactory and better position in relation to the competition.

Key words: Strategies, Competitive Strategies, Generic Strategies, ShoppingCenters, Porter.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.............................................................................. 15

1.1.TEMA........................................................................................................................................... 17

1.2. PROBLEMA DA PESQUISA...................................................................................................... 20

1.3. OBJETIVOS ............................................................................................................................... 23

1.3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................. 23

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.................................................................................................... 23

1.4. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA................................................................................................ 24

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................................. 25

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................... 27

2.1. ESTRATÉGIA DOS SHOPPING CENTERS ............................................................................ 27

2.1.1 CARACTERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS SHOPPING CENTERS ........................................ 28

2.1.2 ESTRATÉGIA NO VAREJO..................................................................................................... 29

2.2. ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E VANTAGEM COMPETITIVA............................................ 33

2.2.1 A FORMAÇÃO DA ESTRATÉGIA NO CENÁRIO COMPETITIVO ......................................... 33

2.2.2 A TECNOLOGIA E A VANTAGEM COMPETITIVA................................................................. 38

2.3 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS ........................................................................ 41

2.3.1 A PARTICIPAÇÃO DA CLIENTELA NA FORMAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS ......................... 45

2.3.2 CADEIA DE VALORES ........................................................................................................... 48

2.3.3 A MANUTENÇÃO DAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS .............................. 50

2.4 OS TIPOS DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS ................................................ 52

2.4.1 LIDERANÇA EM CUSTO ........................................................................................................ 55

2.4.2 DIFERENCIAÇÃO.................................................................................................................... 60

2.4.3 ENFOQUE................................................................................................................................ 66

2.4.4 MEIO -TERMO (STRUCK-IN-THE-MIDDLE) .......................................................................... 70

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA .......................................................................... 77

3.1. TIPO DE PESQUISA.................................................................................................................. 77

3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA....................................................................................................... 78

3.3. INSTRUMENTO DE PESQUISA ............................................................................................... 79

3.4. COLETA DOS DADOS .............................................................................................................. 85

3.5. TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 86

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................... 91

4.1. RESULTADOS DAS ANÁLISES ESTATÍSTICAS ..................................................................... 91

4.1.1 ANÁLISE DE CONFIABILIDADE ............................................................................................. 91

4.1.2 ANÁLISE FATORIAL................................................................................................................ 92

4.1.3 ANÁLISE DE CLUSTER ......................................................................................................... 95

4.2. ANÁLISE DO ENQUADRAMENTO DAS EMPRESAS AO MODELO DE PORTER (1985)... .. 96

4.3. ENTREVISTA COM GERENTES DAS LOJAS DE SHOPPING CENTERS DE NATAL ........ 101

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x

4.3.1 EMPRESA COM ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO ....................................................... 102

4.3.2 EMPRESA COM ESTRATÉGIA LIDERANÇA NO CUSTO................................................... 106

4.3.3 EMPRESA COM ESTRATÉGIA ENFOQUE NA DIFERENCIAÇÃO..................................... 109

4.3.4 EMPRESA COM ESTRATÉGIA DE ENFOQUE NO CUSTO ............................................... 114

4.3.5 EMPRESA COM ESTRATÉGIA DE MEIO -TERMO (SITUAÇÃO 1) ................................... 117

4.3.6 EMPRESA COM ESTRATÉGIA DE MEIO -TERMO (SITUAÇÃO 2) ................................... 120

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..................................... 124

REFERÊNCIAS................................................................................................... 128

APÊNDICES

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1. Distribuição das empresas dos clusters das EstratégiasCompetitivas Genéricas (Situação 1).................................. 100

GRÁFICO 2. Distribuição das empresas dos clusters das EstratégiasCompetitivas Genéricas (Situação 2).................................. 101

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Variância Total Explicada - Estratégias CompetitivasGenéricas............................................................................... 93

TABELA 2. Análise Fatorial - Matriz dos fatores rotacionados –Estratégias Competitivas Genéricas...................................... 94

TABELA 3. Análise de cluster – Estratégias Competitivas Genéricas....... 96

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1. Liderança tecnológica e vantagem competitiva...................... 40

QUADRO 2. Tecnologia do Processo e do Produto e as EstratégiasGenéricas............................................................................ 54

QUADRO 3. Indicadores de Estratégias Competitivas Genéricas –liderança em custo.............................................................. 81

QUADRO 4. Indicadores de Estratégias Competitivas Genéricas –diferenciação......................................................................... 82

QUADRO 5. Indicadores de Estratégias Competitivas Genéricas –enfoque................................................................................. 82

QUADRO 6. Questões das Estratégias Competitivas Genéricas –Entrevista............................................................................... 84

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Três Estratégias Genéricas...................................................... 43

FIGURA 2. Situações de vantagem e de desvantagem competitiva.......... 74

FIGURA 3. Curvas de vantagens competitivas........................................... 75

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Com o cenário cada vez mais globalizado, fica mais difícil para as

empresas se firmarem no mercado competitivo sem adotarem estratégias e

medidas que traga qualidade, maior índice de eficiência em seus processos,

acarretando em um melhor retorno financeiro. Segundo a Associação Brasileira

de Lojistas de Shopping Centers – ALSHOP, as empresas de varejo encontradas

nos shopping centers em todo o país vêm sofrendo historicamente crescentes

impactos causados pelas novas tecnologias de gestão e pela livre concorrência

(ALSHOP, 2006).

Atualmente para que as empresas possam alcançar resultados positivos no

mercado cada vez mais disputado é necessário que suas estratégias competitivas

sejam bem formuladas através de políticas empresariais sendo imprescindível ter

também uma visão constantemente atualizada das evoluções da economia

mundial (PORTER, 1999a).

O panorama contemporâneo propõe aos gestores ações no processo

gerencial vislumbrando novas variáveis e perspectivas, buscando medir fatores

que possam contribuir para o melhor desempenho e controle empresarial. Cada

empresa deve desenvolver atividades que promovam sua sustentação em um

mercado onde a concorrência está cada vez mais intensa.

Um fator importante é a livre movimentação do capital que flui de país para

país em busca da melhor remuneração propiciando um ambiente altamente

competitivo. As empresas participantes deste cenário concorrem entre si

buscando obter retornos acima da média, e os clientes, por sua vez, procuram

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satisfazer suas necessidades a custos cada vez menores. Este incremento de

demanda força as empresas a investirem em tecnologia e em novos processos

para disponibilizarem aos mercados, com custos inferiores aos dos concorrentes,

produtos que apresentem certa diferenciação (HITT, M. A.; IRELAND, R. D. e

HOSKISSON, R. E., 2001).

A estratégia é uma combinação das metas que a empresa busca alcançar

e das políticas que esta promove para chegar a seus objetivos. O

desenvolvimento de uma estratégia competitiva é o desenvolvimento de uma

fórmula ampla que abrange todo o modo como uma empresa competirá em seu

mercado (PORTER, 1980).

As empresas que buscam evoluir estabelecem uma postura estratégica

mais adequada para alcançar seus propósitos dentro da missão empresarial,

respeitando sua situação interna e externa. Uma estratégia pressupõe a definição

de objetivos a serem cumpridos e recursos a serem dispostos, viabilizados

através de sua estrutura organizacional (OLIVEIRA, 2005).

Algumas empresas costumam possuir características mais específicas

quanto à formação de suas estratégias agindo de acordo com esta política.

Outras empresas se voltam ao controle, manutenção e acompanhamento dos

custos em busca da maximização dos resultados ou até mesmo da adequação a

regras de mercado; algumas voltam para o estabelecimento sistemático de

procedimentos, produtos e técnicas de excelência, oferecendo aos clientes um

nível de diferenciação em busca de uma vantagem maior em relação à

concorrência. Há também outras empresas que buscam um nível de enfoque

elevado para atingir rigorosamente um determinado segmento ou tipo de cliente

específico (PORTER, 1980; 1985).

Page 18: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

17

O conceito central deste trabalho vem da idéia de que a vantagem

competitiva da empresa se origina do reflexo da contribuição de cada uma das

atividades empresariais para a formação do custo total ou na criação de uma

base para a diferenciação. Entender e identificar as relações de elos entre cada

atividade é de vital importância para a empresa obter e sustentar uma vantagem

competitiva.

Neste sentido, Porter (1980; 1985) posicionou as empresas em três

abordagens estratégicas consideradas como “Estratégias Competitivas

Genéricas” que são: liderança no custo, diferenciação e enfoque. A partir deste

entendimento, cada empresa adota uma Estratégia Competitiva Genérica que

pode ser enquadrada em pelo menos uma das três abordagens, e este trabalho

pretende posicionar quantitativa e qualitativamente, em seu modelo, as empresas

varejistas dos mais importantes shopping centers de Natal/RN.

1.1 TEMA

O propósito da estratégia é a elaboração de um processo que envolve

planejamento integrando as principais metas e políticas empresariais de forma

coerente e bem formulada, canalizando os recursos da empresa com fins de

viabilidade do negócio. Uma estratégia com uma boa fundamentação trabalha

com percepção das competências e deficiências da organização visando à

antecipação das mudanças e tendências do ambiente empresarial. A estratégia

empresarial padroniza as decisões e enfatiza seus objetivos buscando meios para

alcançar as metas (MINTEZBERG e QUINN, 2001).

Page 19: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

18

As empresas deveriam ter a capacidade de distinguir eficácia operacional

de estratégia empresarial. A eficácia está mais associada à realização de

atividades semelhantes, melhor do que os concorrentes podem alcançar,

enquanto que a estratégia está ligada à realização de atividades inovadoras e

diferentes, com características fora do padrão daquelas operadas pelos

competidores (PORTER, 1996).

A forma como as organizações vêm se adaptando ao ambiente externo tem

sido bastante discutida por pesquisadores e dirigentes de organizações, nos mais

diversos campos de atuação. A intensificação da competição, os novos conceitos

de produtos e processos, um crescente ritmo de inovação tecnológica, a

flexibilidade no atendimento ao mercado e o surgimento de novos insumos são

fatores que têm fortalecido o processo competitivo mais acirrado (MARTIGNAGO,

G.; FIATES, G. G. S. e ALPERSTEDT, G. D., 2005).

O ambiente em que estão inseridos os empreendimentos do setor varejista

nestes últimos anos não tem sido diferente do que vem acontecendo com os

demais segmentos, sendo caracterizado por mudanças rápidas e pela presença

de fatores diversos que atuam sobre o sistema empresarial, afetando em

diferentes graus as empresas e pessoas, levando aos mais variados impactos e

reações.

No Brasil, o setor varejista tem sofrido dificuldades advindas de alterações

nos fatores demográficos e das novas necessidades impostas pelos clientes e

ainda o atual comportamento de compras dos consumidores. Além disso, o

surgimento de novos formatos de varejo, as inovações tecnológicas, a entrada de

novos e fortes competidores internacionais têm resultado em um aumento da

competitividade deste setor (MIRANDA, 2001).

Page 20: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

19

A concorrência crescente nos países capitalistas tem incentivado as

empresas de menor porte a tomarem iniciativas de como melhor se posicionar no

mercado e como oferecer vantagem em relação à concorrência, seja na

administração dos custos ou na prática diferenciada (PORTER, 1999).

As Estratégias Competitivas Genéricas de Porter (1980; 1985) têm tido um

alcance em todo globo causando inúmeras pesquisas sobre o tema e inspirando

diversos autores na construção de novas concepções sobre a estratégia e suas

particularidades. Este é um dos modelos mais influentes no meio acadêmico e por

conseqüência tem sido muito debatido e questionado pelos acadêmicos

(CARNEIRO, 2004).

A base para o desenvolvimento de um posicionamento superior à

concorrência no mercado está alicerçado na vantagem competitiva sustentável

que atribui ao controle dos custos ou a diferenciação como preceitos

fundamentais para a consolidação da estratégia empresarial. Cada empresa

possui pelo menos uma destas abordagens que define a estratégia empresarial e

suas características (PORTER, 1980).

Nos shopping centers em todo Brasil, as lojas comerciais varejistas que

atuam no ramo de confecções e calçados estão em número superior às outras

modalidades empresariais, fazendo com que a concorrência interna seja

intensificada. Existe, com isso, a necessidade das empresas buscarem

desenvolver alternativas estratégicas para se manter no mercado (ABRASCE,

2006).

Page 21: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

20

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Com o crescimento da economia global, fortes mudanças vêm

acontecendo em todos os segmentos de mercado. Antigamente apenas as

empresas de grande porte e indústrias se preocupavam em estabelecer

estratégias e controles sofisticados para garantir reduções de custos, mas tendo

em vista à concorrência através das fronteiras nacionais as empresas de menor

porte, sejam elas indústrias ou comércio, vêm também se preocupando em

acompanhar o processo evolutivo do atual cenário competitivo (GONÇALVES e

PAIVA JR., 2005).

Uma tendência mundial é a de que, diferentes clientes, simultaneamente,

aspiram às mesmas coisas devido aos avanços tecnológicos tornando o mundo

dos negócios cada vez mais centralizado e mais acessível a um número muito

maior e mais exigente de consumidores (COGAN, 2006).

Um fato marcante no comércio contemporâneo é a conquista do mercado

através do desempenho empresarial, o que faz com que as empresas utilizem

novas tecnologias, métodos, produtos e serviços inovadores e diferenciados para

sobreviverem. Grandes centros comerciais são instalados em todos os centros

urbanos oferecendo conveniência aos seus clientes e ofertando produtos e

serviços inovadores.

Para se competir no atual ambiente dinâmico de negócios, as organizações

precisam estabelecer estratégias que tenham impactos substanciais no

desempenho a longo prazo, dada a importância de se adotar estratégias capazes

Page 22: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

21

de forjar uma vantagem competitiva sustentável ao longo do tempo (SEMENIK e

BAMOSSY, 1996).

Os shopping centers dispõem de uma variedade de empresas de

segmentos de mercado diversificados sendo observado uma freqüência superior

nas empresas comerciais varejistas de confecções e calçados, mas com clientes

alvo geralmente em comum. Sendo assim, é necessário que tais empresas

estejam capacitadas para competirem entre si como também no mercado externo,

agregando técnicas e políticas alinhadas com suas estratégias e convergentes

com as metas empresariais (ALSHOP, 2006).

No Brasil, o setor de shopping centers fechou o ano de 2005 com

faturamento de R$ 40 bilhões com previsão de atingir no final de 2006 o resultado

nominal de R$ 44 bilhões. Comparando o faturamento obtido em 2005 com o ano

de 2000, que era de apenas R$ 23 bilhões, percebe-se que em apenas cinco

anos houve uma duplicação. Neste mesmo período este segmento cresceu de

230 unidades para 263, com previsão de mais 12 unidades a inaugurar ainda em

2006, ofertando atualmente 488.286 empregos diretos, 41.417 lojas e o tráfego de

pessoas de aproximadamente 181 milhões de visitas/mês (ABRASCE, 2006).

Com os dados acima apresentados, faz-se relevante averiguar quais os

fatores e estratégias implementadas pelas empresas de varejo que têm

contribuído para a formação dos resultados aferidos ao longo desta trajetória pelo

setor de shopping center.

Porter (1985) afirma que toda e qualquer empresa pode ser enquadrada

em pelo menos uma das Estratégias Competitivas Genéricas, seja na abordagem

estratégica de liderança em custo, na diferenciação ou no enfoque. O que ainda

não se sabe é de que forma está distribuída e enquadrada, a luz do modelo deste

Page 23: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

22

autor, as lojas comerciais varejistas de confecções e calçados de shopping

centers, mais especificamente as localizadas em Natal/RN.

Até o momento existem poucos registros na literatura sobre o

comportamento estratégico destas unidades empresariais mapeados e

quantificados deixando os profissionais da administração, os consultores e a

comunidade acadêmica, certamente, com dificuldade para o processo de

desenvolvimento e gerenciamento empresarial neste segmento de mercado.

Todas as questões apresentadas até este ponto demonstram a

necessidade de identificar, tipificar e quantificar as lojas de shopping centers de

Natal/RN baseado na teoria de Michael E. Porter acerca das Estratégias

Competitivas Genéricas sob uma perspectiva gerencial voltada para o

enriquecimento e fortalecimento deste setor no mercado. Ao mesmo tempo,

verificar o efeito de sua atuação nos resultados apresenta-se relevante e

pertinente.

Desta forma, apresenta-se o seguinte problema:

Quais as Estratégias Competitivas Genéricas adotadas pelas empresas

varejistas de confecções e calçados localizadas em shopping centers e suas

relações com o desempenho empresarial?

Page 24: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

23

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral desta pesquisa é identificar as Estratégias Competitivas

Genéricas de Porter (1980; 1985) e a sua relação com o desempenho em lojas

comerciais varejistas de confecções e calçados nos cinco maiores shopping

centers de Natal/RN: Natal Shopping Center, Shopping Via Direta, Praia

Shopping, Shopping Cidade Jardim e Midway Mall.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Espera-se atingir os seguintes objetivos específicos em relação a esta

pesquisa realizada nas lojas dos cinco maiores shopping centers de Natal/RN:

a) Identificar quais as estratégias genéricas utilizadas por estas

empresas;

b) Verificar os padrões de uso de estratégias competitivas genéricas

através da combinação de mais de uma estratégia competitiva;

c) Validar qualitativamente a utilização das estratégias utilizadas pelas

empresas;

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24

d) Estabelecer uma relação das estratégias competitivas genéricas e a

sua influência nos resultados obtidos pelas empresas analisadas.

1.4 JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

Melhorar e manter a qualidade requer atividade consciente de

aperfeiçoamento. Para que a empresa se mantenha competitiva, é necessário

aperfeiçoar as ferramentas de gestão atribuindo maior controle, desempenho e

visão empreendedora.

A estratégia empresarial é um assunto que vem ampliando seus horizontes

devido ao alto nível de acesso à informação na atualidade e também ao elevado

grau de penetração das organizações. Diferente do que acontece hoje, a

estratégia era um procedimento restrito às grandes instituições que precisavam

de um planejamento mais complexo para manter suas expectativas empresariais

(OLIVEIRA, 2005).

Apesar do fático crescimento do estudo da gestão estratégica nas

universidades em todo o país, ainda não há por parte das academias um

mapeamento significativo que tenha alcançado todos os setores empresariais. O

mesmo acontece com as empresas em Natal/RN, pois o crescimento é acelerado

e a comunidade científica não consegue acompanhar na mesma velocidade as

transformações ocorridas no cenário regional.

Uma pesquisa voltada ao setor que apresenta relevante crescimento na

região associado a uma teoria consolidada trará benefícios aos gestores e

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25

consultores que se mantêm atualizados por meio de artigos publicados em

revistas da área para prosseguir seus negócios.

No panorama atual é percebida a dinâmica empresarial e uma crescente

expansão de empresas em centros comerciais da Grande Natal (Região

Metropolitana de Natal), criada através da Lei Complementar n° 152, de 16 de

janeiro de 1997, que compreende os municípios de Parnamirim, São José de

Mipibu, São Gonçalo do Amarante, Macaíba, Extremoz, Ceará-Mirim e Nísia

Floresta. Com isso, identificar quantitativamente e qualitativamente as Estratégias

Competitivas Genéricas segundo Porter (1980) nos cinco maiores shopping

centers de Natal/RN certamente corrobora para entender o posicionamento

destas empresas no mercado, seu perfil estratégico e como a comunidade

acadêmica pode direcionar seus estudos em favor deste setor de mercado

contribuindo paro o desenvolvimento de seus potenciais e o crescimento do

comércio local.

Averiguar as estratégias adotadas por estas empresas através de seus

gestores é de suma importância para que haja sua caracterização no segmento e

também a possibilidade de aprofundamento do estudo neste setor.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em cinco capítulos, distribuídos de

maneira que a seqüência das informações apresentadas ofereça um melhor

entendimento de seu propósito, de forma que não comprometa o seu significado,

sua independência e especificidade.

Page 27: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

26

No capítulo 1 é introduzida a razão de se fazer esta pesquisa e quais os

objetivos a serem atingidos, sendo descriminados nos itens introdução, problema,

objetivos e justificativa da pesquisa bem como a estrutura da dissertação.

O capítulo 2 trata da fundamentação teórica sobre o tema proposto neste

estudo, necessário para fundamentar o objeto almejado e embasar a análise dos

dados coletados. Este capítulo versa sobre os conceitos de Estratégia

Competitiva Genérica proposta por Porter e, ainda, expõe a visão de outros

autores como Hill, Marques, A.; Lisboa, J.; Zimmerer, T. W. e Yasin, M. M., Dess

e Davis, por exemplo.

A abordagem metodológica utilizada nesta pesquisa, a população e a

amostra, instrumentos utilizados e como os dados foram coletados são abordados

no capítulo 3.

De forma seqüencial, o capítulo 4 apresenta os resultados obtidos como

também as entrevistas e a análise quantitativa e qualitativa dos mesmos.

No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas com o

desenvolvimento do trabalho e as sugestões de tópicos a serem futuramente

aprofundadas, percebidas a partir dos estudos desenvolvidos.

Page 28: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

27

CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta a fundamentação teórica do trabalho, sendo

dividido em quatro partes. A primeira trata das estratégias e da concorrência nos

shopping centers e suas peculiaridades. A segunda parte demonstra as

estratégias empresariais e a vantagem competitiva no mercado concorrente

apresentando suas principais características. Em seguida, a terceira parte

conceitua a Estratégia Competitiva Genérica de Porter através da sua formação e

a última parte detalha cada estratégia competitiva com suas abordagens.

2.1 ESTRATÉGIA DOS SHOPPING CENTERS

Shopping centers poderia ser traduzido para o português como “centro de

compras” ou “centros comerciais”. É um grupo de negócios de varejo constituído

de forma planejada que é gerido como uma unidade (KOTLER e ARMSTRONG,

1994).

Os shopping centers surgiram nos EUA na década de 50, como um grupo

de negócios varejista, planejado e gerenciado como uma unidade com finalidade

estratégica de atrair e atender o crescente número de consumidores. Tal

surgimento se deu no período da pós-guerra, quando os EUA sofreram grandes

transformações no setor varejista com o seu deslocamento dos antigos centros

urbanos para as áreas residenciais suburbanas (GHOSH e McLAFFERTY 1991).

Page 29: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

28

2.1.1 CARACTERIZAÇÃO E EVOLUÇÃO DOS SHOPPING CENTERS

De acordo com dados da Associação Brasileira de Shopping Centers no

Brasil - ABRASCE, o primeiro shopping center surgiu no ano de 1966 com a

inauguração do Shopping Iguatemi, em São Paulo, com o intuito de se aproximar

dos seus mercados, consumidores, oferecendo-lhes maior conveniência,

afastando-se das antigas áreas comerciais centrais congestionadas, dificuldades

de estacionamento e falta de segurança (ABRASCE, 2006).

O município de Natal/RN conta, em 2006, com cinco grandes

empreendimentos. Entre os fatores que poderão determinar o sucesso ou não

desses empreendimentos está na oferta de pacotes de serviços oferecidos ao

cliente final, que, se realmente for o desejado pelo mercado local, obterá êxito.

Estes empreendimentos são uma inovadora e bem sucedida forma de

varejo que busca oferecer uma nova forma de consumo, em que as pessoas

encontram, em um mesmo local, bens de compra e lazer, além de conforto,

segurança, estacionamento e diversas formas de prestações de serviços. É

possível reunir a grande loja de departamentos e a pequena butique, o cinema e a

alimentação, o lazer e o social justificando a aceitação pelos consumidores por

esta modalidade do setor (HASTREITER, S.; MARCHETTI, R. e PRADO, P.,

1999).

Os shopping centers não competem somente com o tradicional comércio

varejista de rua e com as demais formas de varejo não lojista, agora começam a

competir entre si, dada a proliferação desse tipo de estabelecimento e a clientela

em comum (MEIRA, 1998).

Page 30: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

29

A competição global tem causado um forte dilema na geografia econômica

devido as grandes mudanças tecnológicas. Os agrupamentos empresariais

representam uma característica notável da permanência deste modelo

econômico, de sua importância no mercado e na vantagem competitiva

(PORTER, 2000).

Na intenção de atender as expectativas e os interesses dos consumidores,

os gestores dos shopping centers procuram manter um controle de gestão para

estabelecer o perfil das empresas fixando um ramo de atividade, a fim de

enfrentarem a concorrência, unindo compras, lazer, alimentação, dentre outras

atividades.

Nestes empreendimentos a conveniência aos compradores é de suma

importância e o planejamento é fundamental. Existem nove atributos para compor

esta conveniência que são: composição, compatibilidade (complementaridade de

ofertas), concentração (diversidade de oferta), acessibilidade, estacionamento,

redondeza (vizinhança), horário de funcionamento, design e serviços (REIMERS e

CLULOW, 2000).

2.1.2 ESTRATÉGIA NO VAREJO

Devido às exigências e mudanças no mercado, o varejo que é uma parcela

do mercado tem se desenvolvido bastante. Para Stanton (1980, p. 424) varejo

“[...] compreende todas as atividades relacionadas à venda de mercadorias ou

serviços ao consumidor final para uso pessoal, não com fins comerciais [...]”.

O varejo envolve todas as atividades de venda de bens e serviços

realizados diretamente aos consumidores finais, para seu uso pessoal, não

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30

relacionado a negócios. Atua como um conjunto de atividades de negócios que

ofertam produtos e serviços vendidos a consumidores para seu uso pessoal e

familiar (KOTLER e ARMSTRONG, 1998; LEVY e WEITZ, 2000).

Conclui-se que, independentemente da forma como se define a atividade

varejista, o que a caracteriza é o fato de as atividades envolvidas na

comercialização serem direcionadas a consumidores finais (MIRANDA, 2001;

KOTLER e ARMSTRONG, 1998). Pode-se incluir aqui inúmeras outras definições

(CUNDIFF, E. W.; STILL, R. R. e GOVONI, N. A. P., 1977; SEMENIK e

BAMOSSY, 1996; McCARTHY e PERREAULT JR., 1997; CHURCHILL e PETER,

2000), todas ressaltando este aspecto que realmente distingue o varejo de outros

canais de distribuição.

Os fatores externos ao mercado influenciam a formação de grupos

econômicos estratégicos e esses fatores exógenos concorrem para a tomada de

decisão sobre como, quando e com que finalidade um grupo de empresas irá

juntar-se para participar no mercado. O surgimento dos shopping centers foi uma

alternativa bastante significativa, pois uniu comodidade e conveniência com um

custo baixo e compartilhado entre as empresas varejistas dele integrantes

(GHOSH e McLAFFERTY, 1991).

A estratégia é um conjunto de decisões de longo prazo que envolve

recursos organizacionais para atingir os objetivos da empresa em um ambiente

competitivo. A situação das empresas varejistas lotadas em grandes

empreendimentos empresariais está influenciada no desempenho da loja em

relação à concorrência permitindo que alcance a meta planejada (DIEHL, 2004).

No varejo são desempenhadas as funções de fornecer uma variedade de

produtos e serviços propiciando escolha e agilizando a distribuição como dividir

Page 32: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

31

lotes grandes em pequenas quantidades atendendo às necessidades dos

consumidores finais. Também mantém estoque para que os produtos estejam

disponíveis quando os consumidores quiserem e fornece serviços para facilitar a

compra e o uso dos produtos pelos consumidores (LEVY e WEITZ, 2000).

As mudanças ocorridas na economia nacional nos últimos anos

contribuíram para que o setor de varejo tomasse lugar de grande importância. As

modificações no varejo brasileiro têm sido contínuas e aceleradas pela quebra de

fronteiras ocorrida com a entrada das grandes empresas internacionais no

mercado nacional, o que representa novos investimentos, tecnologias e logísticas

mais avançadas (MIRANDA, 2001).

De acordo com Martignago et al. (2005) até a década de 80, o varejo

brasileiro caracterizava-se por concorrência, região ou regionalização da

concorrência, onde lojas especializadas operavam apenas em nível local e

cadeias de médio porte atuavam em nível regional, sendo poucas cadeias de

lojas ao nível nacional.

Na década de 90, o cenário do setor varejista modificou-se com o

aparecimento de alguns fatores que alteraram o ambiente das empresas

varejistas. Foram como a abertura econômica com o incremento das importações,

o aumento da concorrência interna e a entrada de concorrentes externos com

conceitos mais modernos de operacionalidade.

As grandes redes varejistas internacionais adotaram como principal

estratégia de ingresso à aquisição de redes locais de varejo. A competição mais

acirrada forçou a modernização das empresas locais, resultando em aceleração

do processo de concentração horizontal na busca de ganhos de escala e redução

de custos logísticos (MIRANDA, 2001).

Page 33: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

32

Estas mudanças resultaram na melhora da eficiência coordenativa entre os

agentes de diversas cadeias produtivas envolvidas em transações com o varejo,

permitindo redução dos custos de transação e da melhoria da qualidade dos

produtos e serviços prestados. A estabilidade econômica também impulsionou a

busca por maior eficiência e por maiores espaços de mercado

A estratégia assume configurações distintas podendo ser visualizada por

meio de perspectivas diferenciadas. As empresas no varejo, para alcançar seus

objetivos, necessitam trabalhar com alocação de recursos escassos, tendo em

vista a situação de suas potencialidades e vulnerabilidades aos impactos,

favoráveis ou desfavoráveis, das forças e entidades do ambiente externo. As

empresas varejistas são consideradas um elo intermediário na cadeia produtiva

vendendo produtos manufaturados pelo setor industrial para o consumidor final

agregando-lhes valor por intermédio de serviços de distribuição (LEPSCH e

TOLEDO, 2005).

As empresas varejistas dos shopping centers, já em 1998, empregavam

duas vezes e meia mais trabalhadores do que as montadoras de veículos no país,

num total de 276 mil funcionários. Já os auto-serviços, em 1969, não chegavam a

2000 estabelecimentos. Em 1999 eram mais de 47.000 lojas, das quais 13.462

respondiam por 80% do faturamento do setor (SUPERMERCADO MODERNO,

1999).

É razoável afirmar que o “produto” do varejo não é algo físico, são os

serviços ou atributos de uma loja, agregados aos bens produzidos por outros

setores da economia e prestados no comércio para o consumidor final. Entre os

atributos podem ser apontados: mix de preços, mix de produtos oferecidos,

qualidade dos produtos, arquitetura do prédio, arquitetura ambiental e imagem da

Page 34: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

33

loja, lay out, atendimento rápido e cortês, estacionamento, tamanho da loja,

localização, cartão de crédito e todas as vantagens oferecidas (LEVY e WEITZ,

2000).

Os autores supracitados sugerem o modelo de “multiatributos” como

ferramenta útil para observar o processo de avaliação do cliente no varejo

baseando-se na noção de que os clientes vêem um varejista como uma coleção

de atributos ou características. Na avaliação do desempenho do varejista nestes

atributos vem da importância que o cliente dá a eles, e através destes fará a

escolha.

Neste modelo o cliente processa mentalmente as informações “objetivas”

sobre várias lojas disponíveis e forma uma impressão dos benefícios que as lojas

fornecem. Tais atributos diferem conforme o produto e a relevância que varia

conforme o consumidor, resultando os critérios avaliativos nos padrões e nas

especificações consideradas pelos consumidores na avaliação de produtos e

marcas.

2.2 ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E VANTAGEM COMPETITIVA

2.2.1 A FORMAÇÃO DA ESTRATÉGIA NO CENÁRIO COMPETITIVO

Estratégia competitiva é o conjunto de planos, políticas, programas e ações

desenvolvidas por uma empresa ou unidade de negócios para ampliar ou manter,

de modo sustentável, suas vantagens competitivas frente aos concorrentes. Para

Ohmae (1983, p.36):

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34

“[...] Sem competidores não haveria necessidade de

estratégia, pois o único propósito do planejamento

estratégico é tornar a empresa apta a ganhar, tão

eficientemente quanto possível, uma vantagem sustentável

sobre seus concorrentes [...]”.

Diferenciando eficácia operacional de estratégias, Porter (1999a, p.52)

reconhece a importância da flexibilidade das organizações para dar rápidas

respostas devido às mudanças de competitividade no mercado. Porém, melhorar

a eficácia operacional não é por si só o suficiente para promover uma vantagem

competitiva sustentável, visto que as práticas podem ser imitadas rapidamente,

nivelando as empresas podendo representar para as empresas que o resultado é

uma competição de soma zero.

A essência da formulação estratégica consiste em enfrentar a competição e

que esta se estende além das organizações diretamente envolvidas no processo.

Além disso, sofrem impactos de economias subjacentes e algumas forças

competitivas que vão além do setor que a empresa ocupa. Então, para que a

empresa se torne competitiva esta deve desenvolver ações estratégicas que

possibilitem sua permanência e ascensão no mercado (PORTER, 1985).

Toledo, G. L.; Quelopana, E. M. e Polero, A. C. (2005) levanta à questão da

necessidade das empresas de terem respostas inovadoras às mudanças

ocorridas pelo processo competitivo causado pela globalização, pois a estratégia

neste novo milênio é um fenômeno complexo com muitas perspectivas. Um outro

entendimento é o reconhecimento de que as práticas convencionais não estão

Page 36: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

35

sendo suficientes e necessárias e que as empresas devem se voltar para

desenvolver o melhor produto que solucione plenamente a demanda da clientela.

Todos os recursos que uma organização oferece podem ser considerados

como estrategicamente relevantes e para isso eles precisam ser valiosos, raros,

imperfeitamente imitáveis e dificilmente substituíveis. Sendo assim, pode-se

destacar que nem sempre os recursos, vistos de forma isolada, são fontes de

vantagem competitiva.

A capacidade de selecionar, de desenvolver, de acumular, de combinar e

de articular os recursos internos pode permitir a formação de competências

organizacionais que sejam consideradas estratégicas, por conduzirem a empresa

a uma posição vantajosa. A vantagem competitiva surge quando uma empresa

consegue alcançar um desempenho melhor do que seus concorrentes na

execução do conjunto de atividades de forma integrada e compatível (SANTOS e

HEXSEL, 2005).

Para Piscopo, M. R.; Borini, F. M. e Oliveira Jr., M.M. (2005) as empresas

devem possuir uma relação íntima com o cliente para reconhecer suas

necessidades e, com isso, desenvolver melhor os seus produtos em acordo com

suas expectativas. A empresa deve oferecer aos seus clientes um pacote de

produtos e serviços únicos e voltados à segmentação de compradores escolhidos

pela empresa para atuar no mercado.

O desempenho de qualquer empresa num determinado ramo de atividade

é divisível em duas partes: a primeira é atribuível ao desempenho médio de todos

os seus concorrentes do setor e a segunda decorre do desempenho relativo da

empresa no setor, acima ou abaixo da média.

Page 37: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

36

Uma empresa só é capaz de superar em desempenho seus concorrentes

se conseguir estabelecer uma diferença que se mantenha preservada

proporcionando maior valor aos seus clientes ou gerando valor comparável a um

custo mais baixo.

A finalidade da estratégia é estabelecer quais serão os caminhos, os

cursos e os programas de ação que devem ser seguidos para alcançar os da

empresa. Sendo assim, a empresa procura definir e operacionalizar estratégias

que maximizam os resultados da intenção estabelecida (OLIVEIRA, 2005).

O avanço da informática tem causado alterações nas regras de competição

criando vantagens competitivas para as empresas mais bem preparadas para

esta inovação com o surgimento de novas formas de negócio. Conforme Porter e

Miller (1985) esta tecnologia está transformando a natureza de produtos, dos

processos, das companhias e da competição preparando as empresas para atuar

neste novo cenário.

As organizações para se tornarem competitivas deverão buscar a eficácia

operacional com o desempenho das atividades melhor que os rivais, não se

limitando apenas a eficiência, mas também as práticas empresariais diferenciadas

que fazem que a empresa melhor se posicione no mercado.

Para uma organização ser estratégica, esta deve criar uma posição

exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de atividades que devem

estar alinhadas aos seus objetivos no mercado que ocupa. Sendo assim, a

empresa se apropria de algumas atividades diferenciadas da sua concorrência

para obter mais resultados.

Porter (1993) considera cinco forças básicas que delimitam a estrutura

empresarial com impactos sobre preços, custos, investimentos exigidos, e em

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37

longo prazo, o retorno sobre o capital investido e a atratividade da indústria. A

rivalidade entre as empresas existentes, a ameaça de produtos substitutos, o

poder de negociação dos fornecedores e compradores e potenciais entrantes que

corresponde às novas empresas e expansões.

A estratégia é a adoção e o desenvolvimento de tecnologias bem

sucedidas de novos produtos e técnicas de produção mais rápidas do que os

concorrentes, proporcionando vantagem que se bem explorada pode ajudar a

empresa inovativa a penetrar em novos mercados. Uma maneira de enfocar o

processo de inovação pode ser através do melhoramento e desenvolvimento de

novos produtos e processos já existentes, bem como a introdução de novos

métodos de produção baseados em novas tecnologias (GONÇALVES e PAIVA

JR., 2005).

As ações que uma empresa adota devem ter compatibilidade políticas

funcionais, isso porque as atividades distintas em geral afetam umas as outras

causando conflitos operacionais e de foco. Esta compatibilidade acarreta

substanciais reduções de custos ou aumento da diferenciação, e quanto mais o

posicionamento da empresa se alicerçar em sistemas de atividades compatíveis,

mais sustentável será sua vantagem competitiva.

Para que a empresa estrategicamente melhor se posicione e seja definida

no mercado sob o aspecto mais simples e amplo, Porter (1985) as posicionou

através dos conceitos das Estratégias Competitivas Genéricas abrangendo

fundamentalmente as bases estratégicas empresariais.

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38

2.2.2 A TECNOLOGIA E A VANTAGEM COMPETITIVA

As tecnologias hoje disponíveis podem produzir maravilhas se comparadas

aos padrões de desempenho das gerações anteriores, mas utilizadas de forma

isolada não conseguem chegar aos resultados. Desta forma, é necessário que os

profissionais desenvolvam competência de intersecção com as diversas funções

organizacionais.

As vantagens competitivas podem ser obtidas por meio do suporte da

tecnologia e sistemas de informação, de modo a aumentar a capacidade das

organizações em lidar com clientes, fornecedores, produtos e serviços substitutos

e novos competidores no mercado, e que a empresa “diferencia-se da

concorrência se puder ser singular em alguma coisa valiosa para os compradores

além de oferecer simplesmente um preço baixo” (ABREU, 1999, p.29).

Para Gonçalves e Paiva Jr. (2005) uma vantagem competitiva existe

quando uma empresa tem uma idéia de marketing que é considerada por sua

fatia de mercado como melhor que a idéia do concorrente. Os indicadores de

competitividade para estes autores estão relacionados com o desempenho

econômico do setor, com a qualidade (dos produtos, dos processos, da gestão

dos recursos humanos e do atendimento ao cliente) e com a capacidade de

inovação das empresas de forma a conservar e, sempre que possível, ampliar

uma posição no mercado.

Para uma empresa ter bons resultados é necessário construir vantagens

competitivas apoiadas na condução dos custos, da qualidade, da velocidade e da

inovação. Sendo assim, o planejamento deve ser de forma consciente e

sistemática tomando as decisões sobre seus objetivos, além de que é essencial e

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39

provê aos indivíduos e unidades de trabalho um mapa claro a ser seguido em

suas atividades futuras (BATEMAN e SNELL, 1998).

Cada atividade de valor emprega alguma tecnologia para combinar

insumos adquiridos e recursos humanos com objetivo de produzir algum produto

final. Esta tecnologia pode ser tão comum quanto um conjunto simples de

procedimentos para a equipe, e normalmente envolve diversas disciplinas

científicas ou subtecnologias (PORTER, 1999a).

A tecnologia de uma atividade de valor representa uma combinação das

subtecnologias. As tecnologias também estão contidas nos insumos adquiridos,

tanto nos de consumo como nos bens de capital, utilizados em cada atividade de

valor, nos quais interagem com as outras subtecnologias para produzir o nível de

desempenho da atividade.

Em diferentes atividades de valor, as tecnologias podem ser relacionadas

fundamentando uma importante fonte de elos dentro da cadeia de valores. Seu

produto está ligado à tecnologia para prestar assistência técnica ao produto, por

exemplo, enquanto as tecnologias de componentes estão relacionadas à

tecnologia do produto global. Assim, a escolha de tecnologia em uma parte da

cadeia de valores pode ter implicações em outras partes. Em casos extremos,

para alterar a tecnologia de uma atividade pode ser preciso uma grande

reconfiguração da cadeia de valores. Elos com fornecedores e canais também

envolvem com freqüência interdependência nas tecnologias empregadas para

executarem as atividades (PORTER, 1985).

Uma empresa que consegue descobrir uma tecnologia melhor para

executar uma determinada atividade do que seus concorrentes ganham, portanto,

vantagem competitiva. Além de afetar o custo ou a diferenciação por si só, a

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40

tecnologia afeta a vantagem competitiva, modificando ou influenciando os outros

condutores do custo ou da singularidade (PORTER, 1999a).

O desenvolvimento tecnológico pode aumentar ou reduzir economias de

escala, possibilitar interrelações onde antes não era possível, criar a chance para

vantagens na oportunidade e influenciar quase todos os outros condutores do

custo ou da singularidade. Assim, uma empresa pode utilizá-lo para alterar os

condutores de uma maneira que a favoreça, ou para ser a primeira e talvez a

única empresa a explorar um condutor particular.

As empresas devem sempre buscar novos meios e tecnologias para

alcançar seus objetivos devendo estar atentas a alguns critérios a serem

controlados e acompanhados (PORTER, 1985).

O Quadro 1 apresenta uma relação da tecnologia empresarial e seus

vínculos com a vantagem competitiva.

QUADRO 1. Liderança tecnológica e vantagem competitiva.

Fonte: Adaptado de Porter (1985).

LIDERANÇA TECNOLÓGICA SEGUIMENTO TECNOLÓGICO

Vantagem de Custo Ser pioneiro no projeto do produtode custo mais baixo.

Reduzir o custo do produto ou deatividades de valor, aprendendo coma experiência do líder.

Ser a primeira empresa na curva deaprendizagem.

Evitar custos de P&D através deimitação.

Criar formas de baixo custo paraexecutar atividades de valor.

Diferenciação Ser pioneiro em um produtosingular que eleve o valor para ocomprador.Inovar em outras atividades paraelevar o valor para o comprador.

Adaptar o produto ou o sistema deentrega mais intimamente àsnecessidades do compradoraprendendo com a experiência dolíder.

Page 42: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

41

Nesse sentido, a realidade requer que a gestão tecnológica nas empresas

seja repensada. Entretanto, os dirigentes precisam conscientizar-se da

importância da inovação e da busca por novas alternativas tecnológicas como

forma de ganhar competitividade nos negócios.

Salienta-se que atualmente as organizações, estão encarando a tecnologia

como fonte produtora de um interminável fluxo de oportunidades. Esta tecnologia

oriunda dos avanços científicos cada vez mais abundantes no mercado

globalizado tem sua origem na necessidade de busca de novas descobertas. É

impossível separar inovação de competitividade uma vez que, para garantir sua

fatia no mercado concorrente, as organizações precisam estar trabalhando em

cima de constantes inovações.

Os desafios provocados pelo acelerado ritmo das inovações tecnológicas

exigem que as empresas constantemente reformulem seus métodos e processos

de trabalho, como forma de melhorar sua imagem garantindo sua permanência

com êxito no mercado competitivo.

2.3 ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS

Michael E. Porter pertence à chamada escola de posicionamento que

caracteriza a formação da estratégia por um processo analítico contrariando a

premissa básica da escola do design, que defende as estratégias como únicas e

específicas para cada empresa (MINTZBERG et al., 2000).

As Estratégias Competitivas Genéricas podem ser utilizadas por qualquer

tipo de unidade de negócio e empresa, podendo seguir com sucesso com mais de

uma abordagem, embora seja raramente possível (PORTER, 1980; 1985).

Page 43: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

42

A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma

empresa consegue criar para os seus compradores e que ultrapassa seu custo de

fabricação. A base fundamental do desempenho acima da média, no longo prazo,

é a vantagem competitiva sustentável que só pode ser conquistada a partir de

baixo custo ou diferenciação (PORTER, 1985).

A diferenciação de produtos pode ser entendida como uma busca de

liderança por qualidade. Ao introduzir ou ressaltar a presença de determinados

atributos desejáveis pelos consumidores, permite a existência de uma maior

lealdade ao produto criando nichos de mercados mais rentáveis e mais atrativos.

A liderança em custo enfatiza a produção padronizada pelo menor custo

possível por unidade para atender ao público com demanda sensível a preço.

Diferenciação refere-se à produção visando atender uma demanda que é pouco

sensível a preço. Enquanto que o enfoque significa atender aos desejos de um

grupo particular que ocupa uma parte pequena da demanda de todo o mercado.

Tanto a opção por uma estratégia genérica de liderança em custos como uma

estratégia de diferenciação visa atender todos os segmentos do mercado

enquanto uma estratégia de enfoque visa atender apenas uma parte do mercado

(CARNEIRO, 2004).

As Estratégias Competitivas Genéricas correspondem a uma tipologia de

estratégias voltadas a questão da vantagem competitiva desenvolvida por Porter

(1980; 1985) as quais poderiam ser identificadas em qualquer empresa e em

qualquer estágio de sua existência ou em qualquer grau de complexidade que

esta ocupe.

Estas estratégias podem estar dispostas através de um esquema proposto

pelo mesmo autor como segue na figura 1:

Page 44: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

43

FIGURA 1. Três Estratégias Genéricas.

VANTAGEM COMPETITIVA

Custo Mais Baixo Diferenciação

Alvo Amplo 1. Liderança de Custo 2. DiferenciaçãoESCOPOCOMPETITIVO

Alvo Estreito 3a. Enfoque no Custo 3b. Enfoque naDiferenciação

Fonte: Tipologia de Estratégias Competitivas Genéricas de Porter (1985).

A base fundamental do desempenho acima da média a longo prazo é a

vantagem competitiva sustentável. Embora uma empresa possa ter inúmeros

pontos fortes e fracos em comparação com seus concorrentes, existem dois tipos

básicos de vantagem competitiva que uma empresa pode possuir: o baixo custo

ou a diferenciação.

A vantagem de custo e a diferenciação, por sua vez, originam-se da

estrutura industrial, mas não se restringe com exclusividade a esse setor. Os dois

tipos básicos de vantagem competitiva combinados com o escopo de atividades

para as quais uma empresa procura obtê-los levam a três Estratégias Genéricas

para alcançar o desempenho acima da média no mercado. A estratégia de

Enfoque tem duas variantes: enfoque no custo e enfoque na diferenciação

(PORTER, 1999a).

Uma estratégia baseada no enfoque (no custo ou em diferenciação), trata

das ações de uma empresa em um segmento estreito em que o enfocador

seleciona um determinado segmento e adapta suas estratégias, excluindo outros

segmentos. Ao otimizar as estratégias para atender ao segmento alvo, a empresa

enfocadora procura obter uma vantagem competitiva específica, diferentemente

das que buscam liderança em custo ou diferenciação e que atuam num limite

mais amplo de compradores (PORTER 1980; 1985).

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44

Uma empresa pode adotar uma estratégia genérica de enfoque ao

perceber que os concorrentes estão atuando em alvos amplos e estejam

subaproveitando alguma parcela do mercado. Compradores com necessidades

incomuns não podem ser atendidos satisfatoriamente por empresas líderes em

custos ou em diferenciação, abrindo espaço para uma empresa dar enfoque a

este segmento e conquistar maiores resultados (MURRAY, 1988).

A empresa que tenta adotar simultaneamente estratégias diferentes corre o

risco de não conseguir uma vantagem competitiva sustentável, ficando no meio-

termo. A empresa que aspire a uma vantagem competitiva por todos os meios

acaba não conseguindo nenhuma vantagem, pois, para conseguir tipos diferentes

de vantagem competitiva são necessárias ações incoerentes com uma ou outra

meta. Uma empresa no meio-termo só terá lucros se a estrutura do segmento for

favorável, ou se a empresa tiver concorrentes que também estejam no meio-

termo, porém pode-se observar que são situações normalmente efêmeras

(PORTER, 1999).

A estratégia genérica especifica o método fundamental para a vantagem

competitiva que uma empresa esteja buscando, e fornece o contexto para a

tomada de ações em cada área funcional. É preciso compreender que certas

ações não devem ser consideradas, por si só, como uma estratégia para obter

uma vantagem competitiva, mas sim, que estas ações são meios para alcançar

uma estratégia genérica desejada. Uma empresa para ser líder no seu segmento,

necessariamente não garante a ela uma rentabilidade, podendo sua atuação

compensar, ou não, esta liderança (PORTER, 1980).

As alternativas para o posicionamento estratégico de uma empresa e

conseqüentemente de configuração de sua cadeia de valor são em parte limitadas

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45

pelas condições iniciais da empresa, ou seja, por seus recursos existentes.

Embora esta restrição possa ser de certa forma dinâmica, pois devido a sua

configuração novas decisões gerenciais podem levar à criação de novos recursos

e restabelecer uma possível crise. Sendo assim, a estratégia está também

adequada à realidade empresarial e como esta consegue obter uma

sustentabilidade duradoura (PORTER, 1991).

Para atingir a tipologia estratégica mais adequada é necessário que as

empresas que competem em custos, busquem paridade e proximidade em

diferenciação com os concorrentes, para viabilizar melhores preços. O mesmo

deveria ocorrer no caso da diferenciação, porém de forma inversa (HEXSEL,

2005).

2.3.1 A PARTICIPAÇÃO DA CLIENTELA NA FORMAÇÃO DAS

ESTRATÉGIAS

O cliente deve ser o ponto focal dos processos de negócio, por meio de

pesquisas, serviços personalizados, contatos diretos e assimilação de seus

desejos. Ou seja, a orientação geral para os negócios nas empresas deve vir dos

clientes. Um importante fator de diferenciação de uma empresa é o conhecimento

do consumidor e de sua satisfação que representa uma garantia de sobrevivência

e sucesso empresarial (ABREU, 1999).

As pesquisas desenvolvidas por Menezes e Santos (1997) relacionam a

satisfação de clientes com a capacidade de crescimento das empresas no setor

de varejo apontando a satisfação como um dos fatores endógenos condicionantes

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46

que envolvem todos os aspectos relativos à administração da empresa que

permite restringir ou impulsionar o crescimento de um negócio.

Nesta mesma pesquisa, verificou-se que para as empresas privadas

nacionais, no setor varejista, o fator satisfação dos clientes foi considerado o mais

presente nas observações realizadas, como responsável por influenciar o

crescimento organizacional.

Walker (1991) explica que a vantagem competitiva das organizações pode

basear-se numa diferença perceptível de satisfazer melhor que a concorrência as

necessidades dos clientes. Um fator essencial para o desenvolvimento de uma

vantagem competitiva está relacionado à qualidade constatada de serviço e a

atenção ao cliente e suas expectativas. Com isso, existe na maioria dos

segmentos de mercado a necessidade de considerar o fator percepção do cliente

para entender como deve atendê-lo da melhor forma, uma vez que cada indivíduo

vê as situações por uma perspectiva (ALBRECHT e BRADFORD, 1992; COGAN,

2001).

A estratégia competitiva adotada fica assim caracterizada pelo modo com

que a empresa atende seus clientes. Será boa quando possibilitar entender

melhor as necessidades dos clientes e criar valor para eles (OHMAE, 1998).

Segundo Porter (1985) a o bom posicionamento no mercado advém do valor que

a empresa cria para seus clientes, em excesso ao custo que tem para criá-lo.

Conforme Zeithaml e Bitner (2003) existem quatro formas de julgamento de

valor que poderiam reforçar e embasar mais ainda a teoria das Estratégias

Competitivas Genéricas. Este conceito se baseia na idéia que cada cliente atribui

seu entendimento e julgamento específico quanto ao valor no processo de

compra como segue:

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a) Valor é preço baixo. Para estes clientes preço é o principal critério na

decisão de compra. Tal consumidor está disposto a abrir mão de benefícios em

prol de preço mais baixo;

b) Valor é tudo o que quero em um produto ou serviço. Em vez de enfocar

o que será pago alguns consumidores, em especial em circunstâncias específicas

de consumo, destacam os benefícios que serão obtidos. Preço seria menos

importante que qualidade ou resultados;

c) Valor é aquilo que eu recebo pelo preço que eu pago. Neste caso, o que

importa não é só o preço nem só os benefícios, mas a relação entre preço e

benefícios;

d) Valor é aquilo que eu recebo pelo que eu dou. Ao invés de enfocar

apenas o preço, alguns clientes podem considerar também outros tipos de custo

de sacrifício que correspondem a demanda de tempo, esforço e desgaste

psicológico para envolvidos no processo de compra e sua comparação com os

benefícios obtidos.

A decisão de uma empresa em adotar uma estratégia competitiva deve

estar embasada em suas capacidades e na percepção da tendência da clientela a

ser alcançada. Ao se aplicar uma estratégia voltada à diferenciação deve-se notar

que este molde estratégico é quase sempre dispendioso, pois para alcançar um

produto ou serviço diferenciado certamente em algumas fases do processo se

descarta os custos.

Do mesmo modo que quando uma empresa decide ser líder em custo, esta

sacrifica a oferta de diferenciação, mas com o atributo da tecnologia muitas

conseguem enfrentar esta realidade com técnicas que minimizam a perda da

diferenciação dos produtos ou serviços sem abrir mão dos custos.

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48

O instrumento básico para que se compreenda o papel da tecnologia na

vantagem competitiva é a cadeia de valores que advém de um conjunto de

atividades e de tecnologias. A tecnologia está contida em toda atividade de valor

em uma empresa e a transformação tecnológica pode afetar a concorrência por

seu impacto sobre quase todas as atividades (PORTER, 1999a).

2.3.2 CADEIA DE VALORES

Segundo Porter (1980) para que uma estratégia competitiva seja bem

aplicada existe a necessidade do conhecimento dos valores que os clientes alvo

aspiram no mercado. Sendo assim, antes de se discutir estratégia deve-se

perceber os anseios da clientela para a melhor condução das ações em prol de

formar uma cadeia de valores bem aceita pelos consumidores. Essa cadeia deve

vir de um histórico da organização. Para a sua construção são necessárias

atividades particulares que são fontes para a vantagem competitiva que

geralmente não são idênticas a dos concorrentes.

No que diz respeito à competição, valor é o montante de atividades que as

empresas oferecem ao cliente submetido ao que este está disposto a pagar.

Cadeia de valor é o agregado criado na formação do produto ou serviços que

envolvem todo desprendimento realizado pela empresa (PORTER, 1985).

As atividades de valor para a formação da cadeia de valores são divididas

em atividades primária e de apoio. A atividade primária envolve todo processo de

formação do produto, bem como a logística interna e externa, marketing e vendas,

operações e serviços. A atividade de apoio oferece sustentação às atividades

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primárias e são compostas de infra-estrutura, recursos humanos, tecnologia e

aquisições de insumos.

Dentro de cada atividade primária e de apoio, existem três tipos de

atividades que desempenham um papel importante na vantagem competitiva. A

primeira é a atividade direta que esta envolvida na criação de valor para o

comprador; enquanto que a segunda é a atividade indireta que torna possível a

execução da atividade direta e a terceira é a garantia da qualidade das outras

atividades (PORTER, 1980; 1991).

De acordo com Porter (1985; 1999a) na busca da vantagem competitiva as

empresas muitas vezes se diferem no escopo competitivo ou na amplitude de

suas atividades. Dentro do escopo competitivo existem quatro dimensões básicas:

o escopo do segmento, o vertical (grau de integração vertical), o geográfico e o

setorial (ou a extensão dos setores relacionados em que a empresa compete).

No escopo do segmento as diferenças nas necessidades ou nas cadeias

de valores são necessárias para atender diferentes segmentos de produtos ou

compradores podendo resultar em uma vantagem competitiva do enfoque. Da

mesma forma que as diferenças entre segmentos favorecem um escopo estreito,

as inter-relações entre as cadeias de valores atendendo diferentes segmentos

favorecem a ampliação do escopo.

No escopo vertical a integração define a divisão de atividades entre uma

empresa e seus fornecedores, canais e compradores. Em vez de fabricar algum

componente ou manter uma organização de assistência técnica, a empresa

compraria esses componentes ou contrataria a assistência técnica.

Percebe-se que a questão do escopo vertical, no que tange a questão da

integração do ponto de vista da cadeia de valores, fica evidente que as

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50

oportunidades para a integração são mais ricas do que normalmente se

reconhece. A integração vertical tende a ser considerada em termos de produtos

físicos como uma substituta de todas as relações do fornecedor, não só em

termos de atividades, mas ela pode abranger ambos.

No momento que a empresa compartilha ou coordena atividade de valor

empregada para atender diferentes áreas geográficas, trata-se do escopo

geográfico. A vantagem competitiva pode se intensificar com as inter-relações

geográficas se o compartilhamento ou a coordenação de atividades de valor

reduzir o custo ou acentuar a diferenciação. Podem existir custos de coordenação

bem como diferenças entre regiões ou países que reduzem a vantagem do

compartilhamento.

No caso do escopo setorial as inter-relações em potencial entre as cadeias

de valores são necessárias e comuns para a competição entre indústrias

relacionadas. Podem envolver qualquer atividade de valor, inclusive atividades

primárias como o desenvolvimento conjunto de tecnologia ou aquisição

compartilhada de insumos comuns.

2.3.3 A MANUTENÇÃO DAS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS

GENÉRICAS

Para que ocorra a sustentação da estratégia competitiva adotada pela

empresa é necessário que esta se mantenha atenta ao seu objetivo e resistente a

ações dos concorrentes durante a evolução do tempo no mercado. A adoção de

barreiras que impeçam ou dificultem a imitação da estratégia é uma alternativa de

sobrevivência. Os resultados podem ser desastrosos caso a maioria das

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empresas de um determinado segmento se utilizem da mesma estratégia, por

exemplo, enfoque nos custos, o que levaria a uma insuficiência financeira neste

segmento causado pela própria ação da concorrência (PORTER, 1999a).

Cada estratégia possui características que requerem qualificações e

exigências específicas para a manutenção empresarial que configuram a

estrutura da organização. De modo geral, as empresas que adotam a estratégia

voltada ao custo, por exemplo, possuem sistemas de controle mais rígidos e

acompanhamento ostensivo nas despesas indiretas. A cultura também é fator

determinante para que uma estratégia competitiva se fundamente (CARNEIRO,

2004).

A posição estratégica não é sustentável se não houver trade-off, pois o seu

significado está relacionado com a idéia de que ao se avançar em um aspecto

mais enfaticamente implicará menos em outro, levando a necessidade de se

posicionar requerendo que escolhas sejam feitas. A necessidade do trade-off

surge da inconsistência de imagem, das atividades operacionais e da limitação

aos controles internos (PORTER, 1996).

No processo de gerenciamento empresarial os enquadramentos das

decisões devem satisfazer ao perfil estratégico adotado pela empresa em sua

estratégia competitiva. Sendo assim, antes da tomada de decisão mais acertada

deve haver o alinhamento da empresa com sua Estratégia Competitiva Genérica.

A empresa deve estabelecer uma estratégia de comprometimento com

planejamentos voltados à execução das tarefas motivando suas equipes no

sentido de melhorar o desempenho e alcance dos objetivos empresariais

(MEDEIROS, 2003).

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52

2.4 OS TIPOS DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS

As estratégias competitivas genéricas buscam abranger resumidamente

em sua estrutura teórica a totalidade das formações estratégias existentes no

âmbito empresarial. Sendo assim Porter (1980; 1985) desenvolveu um modelo

que abrange as abordagens estratégicas de maneira simples e objetiva

perfazendo os moldes básicos do posicionamento empresarial em diversos

setores do mercado.

As estratégias de liderança em custo e de diferenciação buscam a

vantagem competitiva em um limite amplo de segmentos do mercado, enquanto a

estratégia de enfoque visa uma vantagem de custo ou diferenciação num

segmento estreito. Porter (1980) divide a estratégia empresarial de forma geral

visando alcançar a totalidade das situações de uma empresa em um segmento

competitivo de mercado.

A estratégia em custo que vislumbra a liderança em custo caracteriza que a

empresa que a possui pode oferecer ao mercado que ocupa produtos ou serviços

semelhantes aos dos seus concorrentes, mas com a diferença de que seus

custos totais serão mais baixos. Com a condição de líder em custo a empresa

continua auferindo lucro até mesmo no momento em que vários concorrentes já

tiverem esses lucros comprometidos no processo competitivo.

A estratégia voltada à diferenciação enquadra as empresas que adotam o

comportamento estratégico com ênfase em oferecer produtos ou serviços que

atenda melhor as necessidades dos segmentos de mercado que este ocupa.

Nesta categoria a empresa possui produtos mais valorosos e com um valor

agregado superior fazendo com que a clientela considere seus produtos ou

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53

serviços como favoritos mesmo até com preços superiores a concorrência

(PORTER, 1991).

As empresas podem atribuir o enfoque em seu planejamento estratégico

como fator determinante em seu segmento. Sendo assim, quando resolve adotar

um enfoque mais estreito voltado a reduzir mais enfaticamente seus custos esta

empresa possui o enfoque no custo. Do mesmo modo, se uma organização

decide trabalhar com um segmento específico do mercado buscando satisfazer as

necessidades deste público com mais evidência, esta empresa possui um

enfoque mais estreito na diferenciação.

Existem também empresas que Porter (1980) considera com a expressão

de struck-in-the-middle que em português pode ser entendida como meio-termo.

Neste caso são entidades que não se sobressaem em nenhuma Estratégia

Competitiva Genérica. Este fato não indica que a empresa não possui uma

estratégia no mercado, mas sim que ainda não conseguiu implementar com

sucesso nenhuma estratégia competitiva (CARNEIRO, 2004).

Cada Estratégia Competitiva Genérica possui uma característica específica

e desenvolve seus processos e produtos a partir da tipologia estratégica que a

empresa resolveu adotar. Sendo assim, Porter (1980; 1985) determina que as

empresas se manifestam a respeito de suas aptidões buscando no mercado

valorizar sua estratégia e atrair a clientela em decorrência desta vantagem. No

quadro 2 a seguir Porter (1985) dimensiona os alvos principais de cada estratégia

em relação a processos e produtos deliberados.

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QUADRO 2. Tecnologia do Processo e do Produto e as Estratégias Genéricas

LIDERANÇANO CUSTO

DIFERENCIAÇÃO ENFOQUENO CUSTO

ENFOQUE NA DIFERENCIAÇÃO

POLÍTICAS TECNOLÓGICAS ILUSTRATIVAS

TransformaçãoTecnológica noProduto

Desenvolvimento do produto parareduzir custo do produto, reduzindo oconteúdo de material, facilitando afabricação, simplificando exigênciaslogísticas etc.

Desenvolvimento do produto paraaumentar sua qualidade,características, entregabilidade,ou custos de mudança.

Desenvolvimento do produtopara atender apenas asnecessidades do segmento-alvo quanto ao desempenho.

Projeto do produto para atenderas necessidades de um segmentoparticular de uma melhor formado que concorrentes com alvosamplos.

TransformaçãoTecnológica noProcesso

Aperfeiçoamento no processo dacurva de aprendizagem para reduzirconsumo de material ou reduzir oinsumo de mão-de-obra.

Desenvolvimento do processo paraaumentar economias de escala.

Desenvolvimento do processopara suportar tolerâncias altas,maior controle de qualidade,programação mais confiável,tempo de respostas aos pedidosmais rápido e outras dimensõesque elevam o valor para ocomprador.

Desenvolvimento doprocesso para ajustar acadeia de valores àsnecessidades de umsegmento de modo a reduziro custo de servir estesegmento.

Desenvolvimento do processopara ajustar a cadeia de valoresàs necessidades do segmento, demodo a elevar o valor para ocomprador.

Fonte: Adaptado de Porter (1985).

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55

2.4.1 LIDERANÇA EM CUSTO

A liderança em custo é uma prática bastante defendida na década de 70

e consiste na associação de uma rigorosa redução de custos e controle de

despesas gerais, levando a empresa a ter seus custos inferiores aos dos

concorrentes. Essa estratégia faz com que a empresa tenha retornos acima da

média em seu setor e se defende contra a rivalidade dos concorrentes e dos

compradores poderosos. Traz maior flexibilidade para enfrentar os

fornecedores, gera barreiras de entrada e coloca a empresa em boa posição

em relação aos produtos substitutos (PORTER, 1996).

A busca do menor custo possível dentro da indústria através da

utilização de políticas e processos que orientem a companhia para suas

atividades fins é atingido através desta estratégia. Ainda que os atributos de

qualidade e atendimento ao cliente sejam importantes, o foco desta estratégia

é o custo baixo para conquistar os clientes sensíveis ao preço.

Mesmo que a existência e ação das forças competitivas influenciem a

rentabilidade da empresa, a liderança no custo permite que a empresa obtenha

retornos acima da média, e também protege a companhia dos competidores,

uma vez que os custos médios mais baixos possibilitam o lucro mesmo quando

os concorrentes já os tenham consumido com seus custos (CARNEIRO, 2004).

Porter (1999a) afirma que para se atingir uma posição de custo total baixo

quase sempre exige alta parcela de mercado relativa em outras posições

vantajosas, como acesso favorável à mercadoria. As empresas que optam por

esse modelo se caracterizam por ser fortes em engenharia, compras, produção,

distribuição física, e necessitam de menos experiência em marketing.

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A vantagem de custos em uma indústria ou comércio é obtida através de

um conjunto de políticas funcionais voltadas para este objetivo, bem como o

desenvolvimento de atividades econômicas e tecnológicas a um custo menor

que o dos concorrentes. Segundo Diehl (2004) a utilização de determinado

modelo de gestão de custos em uma organização irá depender de uma série

de elementos, dentre os quais cabe destacar a estratégia competitiva seguida

pela empresa.

A liderança em custos exige investimentos em equipamentos

atualizados, construção de instalações adequadas, redução de custos pela

experiência (aumento da produtividade do trabalho proveniente da repetição

das tarefas, com resultante redução no tempo necessário para sua execução),

controle das despesas gerais, minimização de custo em áreas como pesquisa

e desenvolvimento (P&D), assistência técnica, força de vendas e publicidade.

Para atingir essas metas torna-se necessária uma intensa atenção

administrativa ao controle dos custos. Custo baixo em relação aos

concorrentes torna-se o tema central de toda estratégia, embora a qualidade, a

assistência e outras áreas não podem ser ignoradas (PORTER, 1985).

As fontes de vantagem de custo são decorrentes de economias de

escala, ou seja, é o declínio nos custos de aquisição de um produto, operação

ou função que entra no processo de um produto à medida que o volume

absoluto do período aumenta. Se o custo acumulado na execução de todas as

atividades de valor for mais baixo que os custos dos concorrentes, a empresa

conta com vantagem de custo.

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57

No entanto, esta vantagem leva a um desempenho superior caso a

empresa ofereça um nível aceitável de valor ao comprador, de modo que não

seja anulada pela necessidade de cobrar preço inferior ao da concorrência.

Uma empresa pode obter liderança em custo quando seu custo de

produção ou aquisição é mais baixo que o da concorrência, seu produto ou

serviço possui um padrão de qualidade próximo ao oferecido no mercado e seu

preço está na média, ou perto dos preços da concorrência.

Assim, consegue obter retornos mais altos que os da concorrência,

desde que os atributos de seu produto, considerados importantes pelo cliente,

sejam equivalentes aos atributos dos produtos concorrentes oferecidos no

mercado, que o preço também seja equivalente ao da concorrência e esta

empresa consiga descobrir e explorar todas as fontes de vantagem de custo

dentro do seu segmento.

Para uma empresa que procura competir pela vantagem de custo cada

atividade dentro do seu processo produtivo deverá ser analisada isoladamente

e também como ocorre sua interação com as demais atividades. Investimentos

em tecnologia, racionalização da produção, procurando-se diminuir

desperdícios e não conformidades, buscando-se a eficiência em cada

atividade, são formas de se conseguir uma redução nos custos de produção.

Uma empresa pode competir por custos integrando as atividades de produção

e aquisição (internalização), ou mesmo contratando estas atividades no

mercado (externalização).

Com relação aos fornecedores, as empresas líderes em custo estão

mais preparadas para sofrerem um impacto de aumento do preço de compra.

Ser líder em custo não significa possuir o custo mais baixo entre todas as

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empresas, mas sim o custo mais baixo em relação aos concorrentes que

almejam o mesmo segmento de mercado.

Se a empresa não estiver atenta a esta observação poderá migrar de

segmento, com custos muito baixos do produto ou serviço causando um apelo

negativo sobre os clientes e levando à complicações de qualidade.

Custos mais baixos não significam necessariamente preços mais baixos,

pois existem duas formas de políticas básicas de preço. Poder acontecer

adotando preços mais baixos que a concorrência para conquistar uma maior

fatia de compradores no mercado e com isso apropriar, os custos fixos de

forma diluída como conseqüência do aumento de vendas. A outra maneira é

manter o menor custo de aquisição do produto similar no mercado o que

ocasionará em cada venda uma vantagem unitária a cada produto vendido

(CARNEIRO, 2004).

Desta forma, na estratégia competitiva de custo, a empresa centraliza

seus esforços na busca de eficiência produtiva, na ampliação do volume de

vendas e na minimização de gastos com propaganda, assistência técnica,

distribuição, pesquisa e desenvolvimento e tem no preço um dos principais

atrativos para o consumidor.

O ponto de partida para a análise dos custos é definir a cadeia de

valores de uma empresa e atribuir custos operacionais (insumos operacionais

adquiridos) e ativos (adquiridos) a atividades de valor. Cada atividade na

cadeia de valores envolve custos operacionais e ativos na forma de capital de

giro ou fixo. Os insumos adquiridos fazem parte do custo de cada atividade de

valor, e podem contribuir para os custos operacionais e ativos (PORTER,

1985).

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59

Com propósito de análise dos custos deve refletir três princípios que são

mutuamente considerados exclusivos: o volume e o crescimento do custo

representado pela atividade; o comportamento do custo da atividade; e as

diferenças entre concorrentes na execução da atividade.

Algumas empresas estão voltadas às atividades ainda muitas arraigadas

ao sistema de produção tradicional. Enfrentando grandes problemas como, por

exemplo, a falta de recursos e informações, a deficiência técnica e

administrativa, a falta de consciência sobre a importância do trabalho integrado

repercutindo de forma direta nos custos do produto, o que representa um

grande entrave no desempenho empresarial.

Dessa forma, uma organização para ter sua legitimidade na sociedade e

frente ao mercado competitivo, precisa, invariavelmente, passar por uma

análise de custos criteriosa e segura de forma a garantir a viabilidade do

investimento.

Uma empresa obtém vantagem de custo, se a somatória da execução

de todas as suas atividades de valor for menor que os custos de seus

concorrentes e terá seu desempenho superior à medida que esta passa a

oferecer o seu produto a um nível aceitável de valor ao seu comprador.

Todavia, esta vantagem de custo só existe se não necessitar ser anulada pela

necessidade de ofertar ao mercado seu produto a um preço inferior ao de seu

concorrente (SHARP, 1991).

Para Porter (1985) a posição de custo de uma empresa ocorre em

relação à composição de sua cadeia de valores quanto à concorrência e de sua

posição relativa aos condutores dos custos de cada atividade. Os reflexos

causados na empresa por esta posição são os seguintes:

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60

a) Uma posição de baixos custos reflete como uma defesa contra a

rivalidade dos concorrentes, devido a posição de seu custo permitindo a

obtenção de retornos depois que seus concorrentes tenham consumido seus

lucros na competição;

b) Uma posição de baixo custo defende contra compradores

poderosos, que só podem exercer seu poder para baixar os preços ao nível do

concorrente mais eficiente;

c) Baixo custo proporciona uma defesa contra fornecedores

poderosos na medida em que a empresa tenha maior flexibilidade para

enfrentar a elevação dos custos dos insumos;

d) O baixo custo proporciona também barreiras de entrada de outras

novas empresas em termos de economia de escala e vantagem de custos; e

e) A liderança no custo total, em geral, coloca a empresa numa

posição favorável em relação aos produtos substitutos dos seus concorrentes.

Desta forma, o foco da liderança de custo fundamenta-se na idéia de

que a empresa mais competitiva é aquela que possui menores custos, os quais

podem resultar de um exame de cada atividade da empresa na busca de

oportunidades para reduzir o custo (PORTER, 1980; 1985).

2.4.2 DIFERENCIAÇÃO

A diferenciação é outra estratégia que a empresa pode utilizar para obter

vantagem competitiva. Consiste em um produto ou serviço, no qual é “criado

algo que é único” no segmento em que a empresa atua. Significa que deverá

concentrar esforços para alcançar desempenho superior em uma importante

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61

área de benefício para o consumidor. Essa estratégia pode proporcionar um

isolamento contra a rivalidade devido, por exemplo, à lealdade dos

consumidores à marca, aumentando as margens e excluindo a necessidade de

posição de baixo custo. Ao adotar essa estratégia a empresa não irá ignorar os

custos, mas eles não serão o alvo da estratégia principal (PORTER, 1995).

Ao atingir a diferenciação pode, às vezes, tornar impossível a obtenção

de uma alta parcela de mercado, pois nem todos os clientes estão dispostos a

pagar por preços mais caros. E para desenvolver esta estratégia é necessário

escolher uma ou mais necessidades valorizadas pelos compradores. Ao

mesmo tempo, é importante identificar quais são as atividades da cadeia de

valor que são mais importantes para obter a diferenciação (PORTER, 1985).

A estratégia da diferenciação procura ofertar produtos e serviços com

benefícios superiores à concorrência através da criação de um diferencial

competitivo, que pode ocorrer sob as formas de marcas e atendimento

personalizado. Certamente, para atingir a parcela de mercado almejada é

necessário que as equipes estejam comprometidas e bem enfocadas nas

crenças e objetivos da empresa, com disposição ao buscar o desenvolvimento

da organização (MEDEIROS, 2003).

Desta forma, a empresa cria barreiras de entrada aos concorrentes em

virtude da lealdade obtida dos consumidores. Além disso, o poder de barganha

dos compradores diminui à medida que o preço para os clientes não é um fator

determinante na compra como também por causa da escassez de alternativas

que atendam às suas necessidades de forma satisfatória. Mesmo não

ignorando o preço baixo, a estratégia de diferenciação busca obter retornos

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acima da média, como forma de defender a posição da empresa perante as

forças competitivas (PRAHALAD e HAMEL, 1998).

Os gastos com investimentos em Diferenciação impactam a demanda

em duas maneiras. A primeira refere-se à criação de lealdade à marca o que

reduz a elasticidade de preço do produto da empresa. A outra maneira trata da

ampliação do apelo do produto, permitindo à empresa conquistar maior alcance

de mercado acarretando um elevado volume de vendas (Hill, 1988).

A diferenciação do produto oferecido pela empresa significa criar algo

que seja considerado único no âmbito de todo o mercado, desenvolvendo para

isso atividades com alta qualidade, de tal forma a gerar oferta de benefícios

diferenciados que tornem seu produto mais atraente aos olhos do consumidor

do que o produto de seus concorrentes.

Essa estratégia equivale não apenas à qualidade tecnicamente melhor,

como também às mercadorias que ofereçam outras formas de benefícios dos

clientes. Para Porter (1999a), os métodos utilizados para diferenciação podem

assumir muitas formas: projeto ou imagem da marca, tecnologia, desempenho

e características dos produtos, serviços fornecidos, rede de fornecedores,

qualidade dos insumos adquiridos para uma atividade e toda e qualquer

atividade que oferece esta vantagem.

Nesse sentido, o ponto central se refere aos critérios segundo os quais o

produto é avaliado por compradores, que podem basear sua escolha em uma

única característica ou em um conjunto de aspectos. Existem algumas

características que são focadas pelo consumidor para a escolha de um

determinado produto como, por exemplo, tamanho, forma, cor, peso, desenho,

material, tecnologia e ainda seu desempenho em termos de confiabilidade,

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63

consistência, gosto, velocidade, durabilidade e segurança. Nessas

circunstâncias, a diferenciação do produto está associada efetivamente aos

métodos de vendas para a conquista de novos mercados.

Atualmente, os clientes agregam aos produtos os impactos que eles

causam no meio ambiente, se preocupando com a origem e condições que tais

produtos foram adquiridos para a comercialização. Para Porter (1995) as

empresas devem se adaptar as regras internacionais em relação ao modo de

trabalhar e aos novos anseios dos clientes, com o intuito de ter bons retornos

com a satisfação da clientela.

Porter (1999b) aborda a questão dos regulamentos ambientais rígidos

que impactam em alguns processos industriais. Embora haja a impressão de

que estes regulamentos seguem contra a economia por aumentarem os custos

e dificultarem as relações comerciais. Muitas empresas se utilizam destas

questões para oferecer produtos com características ambientais louváreis

como produtos reciclados ou que não agridem a natureza sendo até utilizados

como slogan de muitas empresas. O fato é que permanece inovar e

desenvolver diferenciais para acompanhar as exigências do mercado, pois

estas acabam fazendo parte do gosto dos clientes.

Qualquer que seja o produto ou serviço oferecido por uma empresa a

seus compradores estes, em geral, encontram dificuldades para avaliá-lo. Nem

sempre conseguem medir com precisão o desempenho de uma empresa e de

seus produtos, mesmo depois de o produto ter sido comprado e usado. Esse

conhecimento incompleto de um comprador significa que a diferenciação obtida

de fato pode perfeitamente estar baseada nos fatores empregados pelo

comprador com a finalidade de inferir ou julgar se a empresa reduzirá seus

Page 65: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

64

custos, ou então melhorará seu desempenho em relação à concorrência

(PORTER, 1985).

Uma empresa pode obter liderança por diferenciação quando,

primeiramente, oferece um produto cujos atributos são diferenciados da

concorrência, percebidos e valorizados pelo cliente, indo ao encontro de suas

expectativas, e segundo, se é recompensada pela sua singularidade por um

“preço-prêmio” que corresponde ao preço sobreposto pela diferenciação. Os

custos de produção devem ser semelhantes aos da concorrência, e seu “preço-

prêmio” deve superar o custo dessa singularidade (PORTER, 1980; 1985).

Para Porter (1999a) uma empresa que deseja obter liderança pela

diferenciação deve oferecer um produto com um diferencial de atributos que o

torne único no mercado, de forma que o cliente seja convencido a pagar.

Entretanto, a empresa não deve se descuidar dos custos inseridos em seu

produto ou serviço, não devendo ficar muito acima da concorrência. A empresa

deve procurar reduzir os custos em todos os elos da sua cadeia que não

afetem a diferenciação de seu produto.

Essa estratégia, no mercado, constitui um elemento importante de

vantagem competitiva que uma empresa pode dispor. Para tanto, é

fundamental que suas fontes sejam bem entendidas de forma a tornar-se um

instrumento valioso ao produtor (CARNEIRO, 2004).

Segundo Porter (1985), as empresas encaram as fontes em potencial de

diferenciação de uma forma muito limitada, ou seja, em termos das práticas de

marketing ou do produto físico, ao invés de considerarem que elas originam-se

potencialmente em qualquer parte na cadeia de valores. No mercado,

normalmente, os diferenciadores ainda prestam atenção insuficiente ao custo

Page 66: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

65

da diferenciação, ou na sustentabilidade desta uma vez alcançada. Nesse

sentido, convém salientar a importância de se ter claramente entendida a

diferenciação como um processo amplo no contexto organizacional,

envolvendo as atividades de uma forma bastante genérica.

Se uma empresa tiver a habilidade para alcançar um nível de influenciar

a estrutura do mercado e um desempenho superior com um ou mais

benefícios, pode implementar uma estratégia de diferenciação e manter sua

sustentação da vantagem competitiva. Convém mencionar que a diferenciação

não pode ser compreendida se a empresa for considerada como um todo, pois

ela provém das atividades específicas que uma empresa executa e do modo

como afetam o comprador. Em uma empresa, qualquer atividade de valor

constitui uma fonte em potencial de singularidade e com isso pode intensificar

sua diferenciação de duas maneiras básicas: tornando-se mais singular na

execução de suas atividades de valor existentes ou pode reconfigurar sua

cadeia de valores de um modo que intensifique sua singularidade (SHARP,

1991).

O importante na implantação e implementação de qualquer negócio é

estar consciente que a diferenciação é uma condição de vantagem competitiva

e somente àquelas empresas que busquem permanentemente processos e

técnicas diferenciadas de trabalho é que terão seguramente garantida sua

manutenção no mercado. Possuir diferencial é de fato aumentar a disposição

dos clientes para comprarem seu produto ou serviço por este possuir mais

atrativo que os oferecidos pela concorrência alcançando, mesmo assim, os

clientes sensíveis ao preço.

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66

Um fator que deve ser observado é o valor que a clientela que se deseja

alcançar oferece às vantagens ofertadas pelas empresas diferenciadas, pois se

o cliente deseja um outro valor agregado ao produto ou serviço irá buscar a

concorrência que irá ofertar produtos com o diferencial buscando ou similares

com preços inferiores.

Existem também clientes que desejam pagar mais caro por produtos

diferenciados, pois causam imagem, status e prestígio reforçando a

diferenciação. Outra questão é uma empresa aderir a uma tecnologia ou a um

estilo de produto ou serviço que não cause valor financeiro agregado ao custo,

e sim uma ferramenta de diferenciação. Neste caso, a empresa possui

diferencial sem um custo maior dispensando a necessidade de uma relação

fortemente oposta quanto ao custo e a diferenciação (PORTER, 1980; 1985).

2.4.3 ENFOQUE

A terceira estratégia genérica, descrita por Porter (1985) que pode ser

adotada por uma empresa é o enfoque que acontece quando ocorre a

concentração da estratégia em determinado segmento estreito dentro de uma

indústria ou se um segmento comercial, procurando obter vantagem

competitiva dentro deste segmento, atendendo às necessidades deste de

forma mais eficiente que os seus concorrentes.

A empresa que busca a liderança no enfoque deve explorar as

diferenças que existem em um determinado segmento em relação a

concorrência. Esta empresa deverá descobrir e aproveitar a subotimização de

um segmento estreito por concorrentes com amplos segmentos de atuação.

Page 68: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

67

Essa estratégia genérica procura enfocar um determinado grupo de

compradores, um segmento da linha de produtos ou um mercado geográfico.

Refere-se à escolha de um “segmento-alvo”, pressupondo que a empresa deve

se fixar em um ou mais segmentos de mercado menores, em vez de ir atrás de

um grande mercado. Ela deve conhecer as necessidades desse segmento e

obter liderança em custos ou diferenciação dentro desse “segmento–alvo”. O

estrategista de focalização deve criar uma cadeia de valor especificamente

projetada para este segmento (PORTER, 1985).

A estratégia de enfoque busca centrar as forças em um grupo específico

de compradores, ou em uma determinada área geográfica e, assim, o enfoque

pode ocorrer de formas variadas. Normalmente as estratégias de custo baixo e

diferenciação são aplicadas com ampla abrangência em todo o setor.

Entretanto, a estratégia de enfoque procura atender um alvo, um nicho,

específico com alta eficiência e, para que este objetivo seja atingido, todos os

processos são definidos em conformidade com este tipo de estratégia. Isto

ocorre porque a empresa entende que é possível atender com maior precisão

as necessidades de um público-alvo mais específico do que procurar atender

às necessidades do comércio como um todo (SHARP, 1991).

Assim como nas estratégias de liderança no custo total e diferenciação,

a utilização adequada do enfoque também proporciona retornos acima da

média, pois a empresa pode atingir uma posição de baixo custo ou de

diferenciação, ou até mesmo ambas (PORTER, 1985).

Contudo, existem riscos vinculados ao uso das estratégias genéricas.

Pode haver falhas em alcançar ou sustentar a estratégia ou o valor das

vantagens proporcionadas por ela pode ser desgastado pela evolução do setor.

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68

O desempenho de uma empresa depende da estrutura do setor e a posição

que ocupa (PORTER, 1999a).

A empresa deve escolher um alvo estratégico para adquirir uma

vantagem estratégica que pode ser em relação ao mercado em geral ou a um

segmento em particular. A empresa poderá ter uma vantagem pela

diferenciação ou pelo baixo custo. Caso decida pela diferenciação, sua

vantagem estará assegurada quando a diferença for percebida pelo cliente; se

a decisão for pela liderança em custo, sua vantagem estará garantida quando a

empresa adquirir uma posição de baixo custo. O alvo estratégico de um

segmento em particular pode gerar uma vantagem estratégica por enfoque,

que poderá ser nos clientes, nos custos, nos canais de distribuição ou outro

alvo objetivado pela organização.

A estratégia competitiva de enfoque significa escolher um alvo restrito,

no qual, por meio da diferenciação ou do custo, a empresa se especializará

atendendo a segmentos ou nichos específicos. Esta estratégia baseia-se na

escolha de um ambiente competitivo estreito dentro do mercado em que atua

selecionando um segmento ou um grupo de segmentos e se adapta sua

estratégia para atendê-los, excluindo outros.

Existem duas as variantes desta estratégia: no custo em que se busca

uma vantagem no segmento alvo determinado, e na diferenciação na qual se

busca essa diferenciação apenas dentro do segmento-alvo, atendendo as

necessidades especiais dos clientes desse segmento.

Cada uma dessas estratégias apresenta riscos específicos como, por

exemplo, na estratégia de liderança em custo total pode fracassar se ocorrer

uma mudança tecnológica que anule investimentos e aprendizados, fazendo

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69

com que a empresa não consiga manter tais custos ou na falta de habilidade

para observar mudanças no produto ou no mercado pela elevada atenção nos

próprios custos.

Na estratégia de diferenciação, os riscos de redução da necessidade

dos compradores em relação ao fator de diferenciação do produto ou serviço,

eliminando vantagens antes adquiridas. Na estratégia de enfoque, um risco

típico é o fato de os concorrentes encontrarem submercados dentro da

estratégia do mercado-alvo.

Num ambiente onde a concorrência tem alvos amplos de atuação, uma

empresa pode ter vantagem competitiva por enfoque no custo apenas

procurando atender um pequeno segmento, pois a concorrência atende ao

mesmo segmento arcando com custos mais altos que o necessário. Numa

situação semelhante, uma empresa também pode obter vantagem competitiva

por enfoque na diferenciação, quando a concorrência com alvos amplos de

atuação falha no atendimento às necessidades de um segmento específico.

Conforme Porter (1980) o “enfocador” aproveita a sub-otimização em

qualquer direção por concorrentes com alvos amplos. Os concorrentes podem

estar obtendo um desempenho inferior na satisfação das necessidades de um

segmento particular, o que abre a possibilidade para o enfoque da

diferenciação.

Para Porter (1985) as inter-relações entre unidades empresariais podem

ter uma influência poderosa sobre a vantagem competitiva, reduzindo o custo

ou acentuando a diferenciação. Nem todas as inter-relações resultam em

vantagem competitiva. Dessa forma, cabe à empresa avaliar as dimensões em

Page 71: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

70

que deve atuar e determinar qual a melhor ação a ser tomada para que possa

tornar-se competitiva. (CARNEIRO, 1997).

2.4.4. MEIO-TERMO (STRUCK-IN-THE-MIDDLE)

As empresas devem optar por uma estratégia genérica para competir no

mercado, e não tentar combinar as três, pois certamente não alcançará

nenhuma e ficará no meio-termo. Uma empresa no meio-termo não possui

nenhuma vantagem competitiva, e está em desvantagem em relação aos seus

concorrentes que optaram por uma das estratégias genéricas, ficando em

melhor posição competitiva (PORTER, 1985).

No meio-termo a empresa não alcança nenhuma rentabilidade elevada e

sofrendo a falta de identidade empresarial o que prejudica a sua imagem.

Portanto, a escolha da estratégia genérica é de fundamental importância para

se obter vantagem competitiva. Para decidir sobre a Estratégia Competitiva a

ser adotada, as empresas devem observar determinados fatores do contexto

dentro do qual esta decisão será tomada (PORTER, 1999).

O autor afirma ainda que ficar no meio-termo é normalmente uma

manifestação da relutância da empresa em fazer a escolha sobre como deverá

competir e fica em uma situação que atua por todos os meios em busca da

vantagem competitiva. Para Porter (1985) ficar no meio-termo só trará lucros

atrativos se a situação no mercado for altamente favorável, ou seja, se os

concorrentes estiverem no mesmo posicionamento estratégico.

Se a empresa fixou no meio-termo é quase garantida aferição de baixa

rentabilidade, ou perde os clientes de grandes volumes que exigem preços

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71

baixos ou renuncia o lucro para concorrer com as empresas de baixo custo

(PORTER, 1980).

Em contraposição a Porter (1980; 1985) novos estudiosos encontraram

empresas que seriam classificadas como meio-termo e que exibiam um padrão

de retorno financeiro médio superior ao retorno de alguns outros grupos de

empresas que seriam classificadas em uma das estratégias puras. Este grupo

exibia ainda menor variabilidade nos retornos, ou seja, menor risco do negócio.

Pode-se conjecturar que este meio-termo seria mais adaptável a circunstâncias

mutáveis do ambiente, ou seja, mais adaptável às mudanças no mercado

(MILLER e DESS, 1993).

Atualmente, as empresas para se manterem no mercado e conservarem

o seu dinamismo não atribuem a visão apenas a uma única teoria estratégica,

pois as companhias que competem em um mercado exigente procuram um

“pacote” de estratégias focalizadas numa rede de valores em lugar da cadeia

de valor (PISCOPO et al., 2005).

O autor ainda ressalta que as transformações que constantemente

acontecem diretamente no ambiente empresarial afetam o desempenho das

companhias e requerem meios mais efetivos para sustentar vantagens em

cima dos concorrentes. A orientação estratégica da empresa se torna um fator

sobrevivente na economia atual, uma vez relaciona ao modo que a companhia

vai competir no mercado.

O desenvolvimento das Estratégias Competitivas Genéricas

revolucionou a administração estratégica, e a partir de 1980, houve grande

crescimento e interesse pelo tema. Porter (1985) afirmou que uma empresa

que fica no meio-termo está em uma situação estratégica considerada

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72

extremamente pobre sendo absolutamente necessário que a empresa tenha

um posicionamento bem definido em relação às opções estratégicas de custo

ou diferenciação. Esta afirmação levou alguns autores a defender e outros a

criticar esta idéia.

Vários estudos foram realizados para provar e explicar a possibilidade

da combinação entre custo e diferenciação como uma alternativa de

posicionamento estratégico no mercado, dentre os quais destacamos, a título

de exemplo, aqueles realizados por Hill (1988), White (1986), Jones e Butler

(1988), Murray (1988), Hitt et al. (2001) que discordam do pensamento de

Porter (1980; 1985).

Hill (1988) explica que Porter (1986) falha ao dizer que uma empresa

deve escolher uma das estratégias competitivas genéricas, pois caso não opte,

ficará no meio-termo. A primeira falha se refere à diferenciação, uma vez que

pode ser um meio para a empresa atingir uma posição de liderança no custo

total. A segunda trata que algumas empresas só conseguem se manter no

mercado se atuar tanto na diferenciação quanto no custo, pois a concorrência

já assim o faz.

O mesmo autor indica como fontes de redução de custos o efeito

aprendizagem, as economias de escala e de escopo. Desta forma, a

diferenciação permite à empresa atingir uma posição de baixo custo. Contudo,

o grau de contribuição da diferenciação para o alcance da posição de baixo

custo depende do acréscimo de demanda proporcionado pelo investimento em

diferenciação e da redução de custos resultante do aumento de volume.

White (1986) aplicou uma pesquisa numa amostra de 69 unidades de

negócios e identificou que 19 delas conquistaram vantagem competitiva

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baseada na combinação de diferenciação e baixo custo. Descobriu ainda que

as empresas que utilizavam esta combinação de diferenciação e baixo custo

obtiveram os mais elevados retornos sobre os investimentos.

Ao longo das duas últimas décadas vários autores apresentaram críticas

e sugestões aos trabalhos de Porter (1985), que defende a necessidade da

escolha de uma única posição estratégica pela empresa (trade-off). Entre tais

autores destacam-se: Hill (1988), Hall (1980), Marques et al. (2000), Jones e

Butler (1988), Dess e Davis (1984), Murray (1988), Kim e Lim (1988), Hambrick

(1983), White (1986).

Hill (1988) discorda que o pensamento de que uma empresa ao

desenvolver dois aspectos estratégicos, ou seja, ficar como meio-termo

causaria desvantagem, pois a diferenciação é um meio para atingir a posição

de liderança de custo e ao mesmo tempo existem várias situações no mercado

competitivo que se faz necessário buscar simultaneamente liderança em custo

e diferenciação.

Uma empresa pode ser enquadrada em estágios intermediários de cada

Estratégia Competitiva Genérica e com essa possibilidade existe a

necessidade de uma fundamentação com este alcance teórico. Chew (2000)

elaborou uma situação com gráficos de performance e custos ilustrando como

esta situação intermediária poderia ser apresentada (figura 2).

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74

Figura 2. Situações de vantagem e de desvantagem competitiva.

Fonte: Adaptado de Chew (2000).

Na figura 2, Chew (2000), apresenta uma situação hipotética e utiliza

cada curva em um gráfico como o enquadramento da empresa em segmento

de mercado. A empresa B foi utilizada como referência a qual apresenta uma

performance superior a empresa C e inferior a empresa A. Quanto ao custo a

empresa possui menor custo que empresa A e maior que a empresa C.

O que este gráfico apresenta é a tendência desta empresa de não se

sobressair em nenhum dos dois aspectos do que a faz ser considerada como

empresa meio-termo (struck-in-the-middle), mas ao mesmo tempo não significa

que não seja competitiva, apenas não se desenvolveu mais que seus

concorrentes em nenhum aspecto.

Jones e Butler (1988) estudaram a possibilidade da combinação das

posições de liderança em custo e diferenciação simultaneamente. Os autores

identificaram que as estratégias de liderança em custo e diferenciação não são

mutuamente exclusivas, uma vez que ambas representam motivos para a

Alto BaixoCUSTO

Alto

Baixo

PERFORMANCE

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realização de trade-offs. As conclusões identificadas nesta pesquisa

favoreceram a idéia de que os custos são um dos principais componentes da

diferenciação.

Alguns autores estabelecem que em mercados globais obter habilidade

em combinar estratégias de liderança em custo e diferenciação pode ser crítica

para sustentar vantagens competitivas. Os que defendem esta abordagem

sugerem que a empresa que consegue adotar as posições de baixo custo e

diferenciação simultaneamente atinge uma posição privilegiada obtendo

retornos acima da média. (HITT et al., 2001)

A Figura 3 ilustra esta relação para dois concorrentes hipotéticos.

Percebe-se que o conjunto de pontos de máximo grau de desempenho para

cada nível de custo ou, equivalentemente, mínimo custo para cada grau de

desempenho, constitui o que Porter (1996) designou por fronteira eficiente, ou

seja, o estado das melhores práticas empresariais num dado momento.

Figura 3. Curvas de vantagem competitiva.

Fonte: Adaptado de Chew (2003).

DE

SE

MP

EN

HO

CUSTO

100

80

70

60

50

80,000 70,000 60,000 50,000 40,000 30,000 20,000 10,000 0

EMPRESA 02

EMPRESA 01

90

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76

O que se apresenta no gráfico é que segundo dados obtidos na

pesquisa do autor, existem alguns concorrentes mais eficientes na oferta de

produtos sofisticados com maior grau de diferenciação; enquanto que outros

são mais eficientes na oferta de produtos menos elaborados e com menor

custo.

No exemplo acima à medida que o custo aumenta a “Empresa1” obtém

um desempenho superior a “Empresa 2” e quando o custo diminui a “Empresa

2” detém uma capacidade de manter o desempenho superior a “Empresa 1”.

Desde que haja segmentos de mercado com distintas relações de trade-off

entre preço e benefícios, é provável que estes dois tipos de concorrentes, cada

um oferecendo produtos em suas respectivas arenas de eficiência, consigam

retorno financeiro satisfatório em relação ao tipo de clientela almejada (CHEW,

2003).

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77

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

Neste capítulo será discutido o direcionamento metodológico deste

trabalho científico sendo composto por cinco partes. A primeira trata do tipo de

pesquisa; no segundo momento estará disposto a população e a amostra deste

trabalho; a terceira parte apresenta os instrumentos de pesquisa utilizados; a

quarta parte apresenta como os dados foram coletados; e por fim, a última

parte expõe como os dados foram analisados e tabulados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A presente pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva. Para

Forte (2006) as pesquisas exploratórias são utilizadas quando se tem pouco

conhecimento sobre o assunto e, geralmente, suas conclusões geram

hipóteses para pesquisas futuras. Nas pesquisas descritivas existe um

estabelecimento de como, onde e quando o fenômeno estudado acontece.

Nas pesquisas exploratórias e descritivas predominam os métodos

quantitativos e qualitativos.

Os delineamentos quantitativos e qualitativos se complementam e são

usados em avaliação formativa e de resultados, ou seja, a pesquisa

quantitativa pode servir como base para a identificação dos resultados das

variáveis em estudo enquanto que a pesquisa qualitativa captura as tendências

dos entrevistados com um modelo pré-estabelecido (ROESCH, 1999).

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Optou-se por estes dois métodos devido ao fato de se tratar de uma

pesquisa que visa além de identificar as Estratégias Competitivas Genéricas

nas empresas, almeja também validar estes resultados.

Sendo assim, esta pesquisa acontece em dois momentos abrangendo a

aplicação de questionário e, em seguida, utilizando-se uma amostragem dos

respondentes será feita uma entrevista que dará condições de captar a

perspectiva dos entrevistados sob cada resultado aferido.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Para Lakatos e Marconi (2000) a população é o conjunto de seres

animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica em

comum. A amostragem corresponde a uma pesquisa que não abrange toda

população, sendo escolhido, então, uma parte representativa que os resultados

obtidos nesta representa a característica da população total.

Sendo assim, a população utilizada para este trabalho são gerentes e

proprietários de empresas comerciais varejistas de confecções e calçados dos

cinco maiores shopping centers de Natal / RN, Natal Shopping Center com 14

lojas de calçados e 56 de confecções; Shopping Via Direta com 4 lojas de

calçados e 34 de confecções; Praia Shopping com 4 lojas de calçados e 30 de

confecções; Shopping Cidade Jardim com 7 lojas da calçados e 18 de

confecções; e Midway Mall com 14 lojas de calçados e 64 de confecções.

Foram aplicados questionários fechados a uma amostra significativa

com itens de questão correspondentes a cada estratégia competitiva genérica

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buscando alcançar nesta amostragem pesquisada um resultado confiável e

coerente ao objetivo da investigação.

Para representar a amostra buscou-se alcançar o maior número de

empresas possíveis no intuito de fundamentar os resultados da pesquisa

perfazendo ao fim um total de 89 indivíduos, sendo distribuídos da seguinte

forma: 67 são gerentes, 22 são proprietários; 70 são do sexo feminino e 18 do

sexo masculino; a idade média é de 32 anos. Em relação à escolaridade um

tem o 1º grau completo, um com 2º grau incompleto, 44 com 2º grau completo,

dois com curso técnico, 27 com superior incompleto, 11 com superior completo

e três com pós-graduação.

As lojas atuam no mercado a uma média de treze anos e quatro meses

e estão estabelecidas nestes cinco shopping centers a uma média de quatro

anos e seis meses, apresentando cerca de oito funcionários por loja. Destas

lojas 45% são franquias e 55% são empresas de marca própria apresentando

neste segmento uma distribuição quase que equivalente de empresas

franqueadas e de marca própria.

3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA

Nesta pesquisa, foi desenvolvido e aplicado aos gerentes de algumas

lojas varejistas um questionário fechado para coletar dados necessários para a

identificação das empresas segundo o modelo de Porter (1980; 1985).

Posteriormente estes dados obtidos foram analisados estatisticamente e

selecionados aqueles que apresentaram maior aproximação com os padrões

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80

de uso e aplicou-se uma entrevista com questões de pesquisas pré-

estabelecidas de acordo com quadro 6 a seguir.

De acordo com Forte (2006) o objeto do trabalho científico apresenta-se

com a mesclagem de modelos teóricos com o objetivo de apoiar as questões,

ou variáveis a serem analisadas advindas de perguntas de questionário ou de

roteiro de entrevista.

Esta pesquisa utilizou nesta etapa um questionário fechado a ser

aplicado individualmente com perguntas pré-estabelecidas visando detectar

tendências e características da população quanto às Estratégias Competitivas

Genéricas de Porter (1980; 1985). Este instrumento de pesquisa foi elaborado

segundo os conceitos teóricos de Porter (1985) quanto as Estratégias

Competitivas Genéricas e disposto através da escala de Likert que se baseia

na premissa de que a atitude geral se remete às crenças sobre o objeto da

atitude, à força que mantém essas crenças e aos valores ligados ao objeto do

estudo (ROESCH, 1999).

A escala de Likert, utilizada como molde deste questionário, diz respeito

a uma série de afirmações relacionadas com o objeto pesquisado, isto é,

representam várias assertivas sobre um assunto. Os respondentes não apenas

respondem se concordam ou não com as afirmações, mas também informam

qual seu grau de concordância ou discordância sendo atribuído um número a

cada resposta, refletindo a direção da atitude do respondente em relação a

cada afirmação. Uma vantagem da escala de Likert é que ela fornece direções

sobre a atitude do respondente em relação a cada afirmação, sendo ela

positiva ou negativa (MEDEIROS, 2003).

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81

Após a definição dos métodos de pesquisa, o passo seguinte é a

aplicação das técnicas que são os procedimentos que operacionalizam os

métodos, mediante emprego de instrumentos adequados (SEVERINO, 2002).

O instrumento é composto de 24 itens de questão distribuídos da

seguinte maneira: oito questões voltadas para diferenciação, oito questões

direcionadas para liderança em custo e oito questões para enfoque. O Quadro

3, 4 e 5 a seguir apresenta os itens de questão com indicadores sob cada

Estratégia Competitiva Genérica.

QUADRO 3. Indicadores de Estratégias Competitivas Genéricas – liderança em custo

Estratégia Competitiva Indicadores

CUSTO_1 Esta empresa possui custos menores, comparando-a com seusconcorrentes diretos.

CUSTO_2 Esta empresa comercializa uma quantidade de produtos maior doque os seus concorrentes.

CUSTO_3 Os preços que esta empresa pratica geralmente são seguidos pelaconcorrência.

CUSTO_4 Geralmente esta empresa possui preços mais baixos do que seusconcorrentes.

CUSTO_5 Esta empresa procura fazer negociações de compras sempre emgrande volume.

CUSTO_6 Esta empresa busca junto aos seus fornecedores melhores preçosde aquisição e melhores condições de compra.

CUSTO_7 Esta empresa se une as outras empresas do ramo para barganharmelhores preços de aquisição.

Liderança em custo

CUSTO_8 Esta empresa visa possuir o menor preço do mercado.

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82

QUADRO 4. Indicadores de Estratégias Competitivas Genéricas – diferenciação

Estratégia Competitiva Indicadores

DIFER_1 Esta empresa possui produtos diferenciados em relação aos seusconcorrentes.

DIFER_2 Os serviços que esta empresa oferece aos seus clientes sãomelhores do que os oferecidos por seus concorrentes.

DIFER_3 Esta empresa cobra preços superiores aos seus concorrentes poroferecer produtos e serviços diferenciados.

DIFER_4 Os clientes desta empresa a procuram por possuir produtos eserviços diferentes.

DIFER_5 Esta empresa oferece mais treinamento aos seus funcionários doque seus concorrentes.

DIFER_6 Esta empresa possui liderança tecnológica em relação aos seusconcorrentes diretos.

DIFER_7 Esta empresa possui um programa de atendimento a clientesmelhor do que o dos seus concorrentes.

Diferenciação

DIFER_8 Esta empresa inova e lança mais produtos novos no mercado doque seus concorrentes.

QUADRO 5. Indicadores de Estratégias Competitivas Genéricas - enfoque

Estratégia Competitiva Indicadores

ENFOQ_1 Esta empresa atende a um nicho específico de mercado.

ENFOQ_2 Esta empresa atende a clientes de diversos segmentos demercado.

ENFOQ_3 Esta empresa possui uma linha reduzida de produtos.

ENFOQ_4 Esta empresa possui uma grande variedade de produtos.

ENFOQ_5 Esta empresa atende a clientes de diversas faixas de renda.

ENFOQ_6 Os produtos desta empresa são direcionados a uma classe socialespecífica.

ENFOQ_7 Esta empresa atende a cliente de diversas faixas etárias.

Enfoque

ENFOQ_8 Esta empresa adapta suas estratégias para atender com maioreficiência o segmento de mercado que ela atua.

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No segundo momento, foi realizada uma entrevista com um roteiro de

perguntas pré-estabelecido conforme o QUADRO 5 deste trabalho com

perguntas abertas a um grupo mais selecionado da amostra da pesquisa

identificado pela sua maior afinidade com as tipologias das Estratégicas

Competitivas Genéricas, denominados na estatística como centróide por se

encontrar na média da teoria. Segundo Yin (1994) este método representa da

melhor forma os resultados obtidos na análise fatorial e análise de clusters

aplicados neste estudo.

A pesquisa qualitativa é uma relação da teoria com a prática e o grau de

estruturação de uma entrevista depende do propósito do entrevistador que,

para este trabalho, ocorre com entrevistas semi-estruturadas utilizando

questões abertas que permite ao entrevistador entender e perceber as

perspectivas do entrevistado (ROESCH, 1999).

Dentro de uma perspectiva qualitativa, foram escolhidos como sujeitos

desta pesquisa para entrevista seis gerentes de empresas privadas situadas

em shopping centers, cada um representando uma Estratégia Competitiva

Genérica obtida através das análises estatísticas desenvolvidas na pesquisa

quantitativa.

Nesta etapa, optou-se por elencar questões que abrangessem todas as

estratégias competitivas objetivando maior confiabilidade no processo

investigativo. Para identificar a estratégia nestas organizações, recorreu-se às

histórias e experiências da empresa, técnicas e condições de compra e de

venda, clientela, resultados adquiridos que permitam compreender a realidade

estratégica atual.

Page 85: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

84

As histórias de vida foram coletadas por meio de investigação

participativa, quando foi solicitado aos gerentes que narrassem à trajetória da

empresa e suas peculiaridades permitindo reconstruir suas experiências

profissionais e evidenciar a Estratégia Competitiva Genérica de Porter (1980;

1985) que a empresa está adotando. A entrevista aconteceu através da troca

de diálogos com o pesquisado e visando a cooperação empática facilitando a

absorção das tendências do entrevistado acerca do tem e podendo levar à

plena expressão da experiência do indivíduo (YIN, 1994).

O quadro 6 apresenta as questões aplicadas na pesquisa qualitativa

semi-estruturada aplicada aos gerentes das empresas relativo a cada tipologia

das Estratégias Competitiva Genéricas seguindo um roteiro pré-estabelecido.

QUADRO 6. Questões das Estratégias Competitivas Genéricas - Entrevista

Estratégia Competitiva Indicadores

A estratégia atual da sua empresa tem influenciado nos resultados obtidos?

Você acredita que sua empresa sobreviverá por mais tempo no mercado emrelação à concorrência?

Como sua empresa administra os custos?

Sua loja detém alguma vantagem na aquisição de suas mercadorias quecontribua na redução dos custos?

Esta empresa atende a clientes de um ou de vários segmentos de mercado?

Como sua empresa busca atender as necessidades dos seus clientes?

Como são os produtos que sua empresa negocia em relação à qualidade ebenefícios aos clientes?

Entrevista

Sua loja possui algum diferencial competitivo em relação aos seusconcorrentes diretos?

Fonte: dados primários coletados pelo autor.

Page 86: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

85

3.4 COLETA DOS DADOS

Os dados foram coletados através dos instrumentos de pesquisa no

período de 01 de março a 26 de maio de 2006, nos cinco maiores shopping

centers de Natal/RN: Natal Shopping Center, Shopping Via Direta, Praia

Shopping, Shopping Cidade Jardim e Midway Mall.

No momento da aplicação da pesquisa, foi declarado ao respondente

que seus questionários deveriam ser preenchidos de acordo com a realidade

apresentada pela empresa, apresentando, sem nenhuma influência externa,

seu grau de concordância quanto às assertivas apresentadas no questionário

fechado.

As visitas ocorreram in loco nas lojas comerciais varejistas de

confecções e calçados e foi dividido em três etapas. Na primeira etapa foi

entregue aos gerentes apenas um instrumento de pesquisa para que

respondessem o questionário. Este processo aconteceu nas duas primeiras

semanas do mês de março quando cada empresa foi visitada para entrega do

material de pesquisa.

A segunda etapa correspondeu ao recolhimento dos questionários

devidamente preenchidos pelos gerentes. Esta etapa foi mais demorada

compreendendo o período restante da coleta que se estendeu até 04 de abril

de 2006 devido ao atraso da devolução do material de pesquisa respondido

integralmente.

Neste momento foi realizada a análise dos dados estatísticos através da

análise de confiabilidade, análise fatorial e a análise de cluster onde foram

identificadas e agrupadas as empresas em cinco abordagens possíveis

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apresentadas por Porter (1985) das Estratégias Competitivas Genéricas que

são: diferenciação, enfoque na diferenciação, líder em custo, enfoque no custo

e meio-termo.

Após a obtenção dos agrupamentos ocorreu a terceira etapa deste

trabalho que aconteceu no período de 17 a 26 de maio de 2006 e se fez

através de uma entrevista com os representantes das abordagens possíveis

elencadas nas análises de cluster quanto as Estratégias Competitivas

Genéricas.

Deste agrupamento, foram selecionadas as empresas que

representassem mais enfaticamente as características de cada abordagem,

procedimento que se deu através da análise de cluster com o levantamento do

caso mais próximo do centro de cada grupo. Posteriormente, foi aplicada uma

entrevista com os gerentes de cada empresa abordando cada Estratégia

Competitiva Genérica para verificar a qual abordagem que cada empresa se

aproxima mais, identificando assim suas estratégias e como esta beneficia a

sua empresa (PESTANA e GAGEIRO, 2000).

3.5 TABULAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Segundo Gil (2002) o desenvolvimento das técnicas estatísticas tem

sido notável e sua aplicabilidade na pesquisa experimental tão adequada que

não se pode hoje deixar de utilizá-las no processo de análise dos dados. O

trabalho seguiu os procedimentos adotados em uma pesquisa clássica que

corresponde aos seguintes passos: categorização, codificação, tabulação,

análise estatística e generalização. Além destes procedimentos estatísticos

Page 88: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

87

também foi aplicado uma entrevista com a amostra para validar os resultados

obtidos.

As respostas dos questionários foram tabuladas, analisadas e

apresentadas de forma descritiva, de acordo com os objetivos específicos

deste trabalho, utilizando as seguintes técnicas de análise: análise de

confiabilidade, análise fatorial e a análise de cluster não hierárquica.

Um fator que foi verificado neste estudo foi verificar até que ponto este

conjunto de 24 itens era capaz de nos proporcionar uma medida válida e

confiável, segundo padrões de cada Estratégias Competitivas Genéricas de

Porter (1985). Para determinar a confiabilidade utilizamos um método de

verificação da consistência interna denominada coeficiente alfa.

Este método tem sido bastante usado para estimar a confiabilidade de

instrumentos de medida, construído por professores e pesquisadores

educacionais em universidades em todo mundo. A preocupação neste caso era

com a homogeneidade do instrumento, verificada através da quantidade de

correlação entre as respostas de um item dentro do instrumento. O coeficiente

alfa é calculado a partir da seguinte fórmula:

onde:

representa a variância dos escores dos sujeitos, retendo os demais

símbolos o seu significado (JOHNSON e WICHERN, 1992).

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Para validar o conjunto dos 24 foi utilizada a análise fatorial ou do fator

comum que é uma técnica de análise multivariada, que trata das relações

internas de um conjunto de variáveis, que neste trabalho científico, as questões

foram sobre diferenciação, liderança em custo e enfoque. Com essa técnica

podemos substituir um conjunto inicial de variáveis por um conjunto menor de

fatores não correlacionados.

A análise fatorial é usada para verificar as intercorrelações entre

variáveis relativas a determinados elementos comparáveis. Esta análise serve

para a combinação de variáveis que criam novos fatores, os chamados fatores

latentes, para identificar possíveis associações entre as variáveis de forma que

valide a fundamentação teórica da pesquisa (JOHNSON e WICHERN, 1992).

A matriz de componentes inicial apresenta as cargas fatoriais que

correlacionam as variáveis com os fatores antes da rotação em que a soma

(em coluna) dos quadrados das cargas variáveis para cada fator é o valor

próprio dos componentes. Caso não haja nenhuma carga elevada em ambos

os fatores, é necessário o uso de rotações (PESTANA e GAGEIRO, 2000).

Os métodos de rotação podem ser ortogonais ou oblíquos. O primeiro

produz fatores que não estão correlacionados entre si chamados fatores

ortogonais, os quais são interpretados a partir de suas cargas. Na rotação

oblíqua, os fatores estão correlacionados, e para a interpretação da solução

torna-se necessário considerar simultaneamente a matriz das correlações e

suas cargas fatoriais. Neste trabalho, a rotação ortogonal por nome de Varimax

foi utilizada, o que minimiza o número de variáveis com elevadas cargas em

um fator.

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Em geral, consideram-se significativos as cargas maiores ou iguais a 0,5

por serem pelo menos responsáveis por 25% da variância (PESTANA e

GAGEIRO. 2000).

Neste trabalho foi usado o método das componentes principais e a

análise fatorial foi usada com o objetivo de identificar o menor número possível

de fatores que contivessem o mesmo grau de informações expressa no

conjunto de variáveis.

A análise de clusters segundo o mesmo autor combina objetos ou

unidades observacionais, para formar novos grupos segundo determinados

critérios de distância entre os respectivos vetores de dados, ou seja, a análise

de clusters é uma importante técnica de exploratória que busca identificar uma

estrutura de grupamentos naturais para avaliar a dimensionalidade dos dados e

fornecer diferentes hipóteses acerca das associações.

Existem dois métodos de grupamento, o hierárquico e o não hierárquico,

mas neste trabalho o método utilizado foi o não hierárquico que é mais

dinâmico e interativo permitindo que objetos deixem um cluster e se associem

a outro, de modo que esses reposicionamentos sucessivos possam contribuir

para melhorar os resultados finais.

Com a aplicação da análise de clusters foi possível fazer agrupamentos

resultantes da combinação das três estratégias competitivas genéricas obtidas

na análise fatorial. Estes grupamentos formaram perfis de gerenciamento

empresarial oriundos da verificação do posicionamento de cada estratégia

competitiva na amostra permitindo dimensionar e estabelecer a participação do

custo, da diferenciação e do enfoque neste setor de mercado.

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90

A aplicação de uma entrevista permitiu averiguar os resultados dos

agrupamentos obtidos na análise de clusters e complementou o estudo com

uma abordagem qualitativa fundamentando ainda mais as análises já

realizadas com enfoque quantitativo. A entrevista aconteceu de forma semi-

estruturada devido ao fato de seguir o roteiro prévio de questões apresentadas

no Quadro 6 destes trabalho mas, ao mesmo tempo, permitindo que o

entrevistado emitisse seu parecer do tema através da conversação com o

entrevistador (ROESCH, 1999).

Com a aplicação da entrevista acrescenta maior flexibilidade para o

pesquisador permitindo-lhe observar atitudes, reações e condutas durante a

entrevista assim como fornece dados relevantes e mais precisos sobre o objeto

do estudo.

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CAPÍTULO 4 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo aborda a análise dos dados coletados discutindo seus

resultados baseados na teoria de Porter (1980; 1985) sobre as Estratégias

Competitivas Genéricas e está dividido em duas partes complementares.

Inicialmente, estão apresentados os resultados das análises estatísticas

que seguem através das análises de confiabilidade, fatorial e de cluster. Nesta

etapa são apresentados como estão dispostas as empresas comerciais

varejistas de confecções e calçados dos cinco maiores shopping centers de

Natal/RN.

Na segunda etapa, após a análise estatística que possibilitou a

combinação das estratégias apresentadas pelas empresas, foi enquadrado

uma Estratégia Competitiva Genérica a cada cluster de acordo com a

fundamentação teórica apresentada neste trabalho. Em seguida é apresentado,

neste capítulo, a aplicação da entrevista com cada uma das empresas

representantes de cada estratégia competitiva obtida através da análise de

cluster objetivando validar os resultados encontrados.

4.1 RESULTADOS DAS ANÁLISES ESTATÍSTICAS

4.1.1 ANÁLISE DE CONFIABILIDADE

A análise de confiabilidade foi aplicada objetivando homogeneizar os

itens do instrumento a cada estratégia competitiva de forma que fosse possível

correlacionar os itens de questão da melhor forma através do coeficiente alfa.

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92

Além disso, esta técnica elimina questões que geram fatores fora da

abordagem teórica das três Estratégias Competitivas Genéricas causando

maior confiança nos dados analisados e nos resultados obtidos.

Analisando os resultados da aplicação do teste de confiabilidade na

Estratégia Competitiva Genérica da liderança em custo, percebe-se que ao

remover alguns itens (CUSTO_2, CUSTO_3, CUSTO_5 e CUSTO_7) o

coeficiente alfa eleva de 0,60 para 0,66 fazendo com que os itens restantes

(CUSTO_1, CUSTO_4, CUSTO_6 e CUSTO_8) causem maior convergência

aos fatores da teoria e maior confiabilidade para o estudo.

O mesmo teste foi aplicado para as questões da estratégia da

diferenciação que após a remoção dos itens de questão DIFER_1, DIFER_3,

DIFER_4 e DIFER_7, o coeficiente alfa se eleva de 0,81 para 0,85 fazendo

com que itens remanescentes (DIFER_2, DIFER_5, DIFER_6 e DIFER_8)

pudessem melhor representar esta abordagem competitiva.

Quanto à estratégia de enfoque ao se remover os itens (ENFOQ_1,

ENFOQ_3, ENFOQ_4, ENFOQ_6 e ENFOQ_8), o coeficiente alfa dos itens

restantes (ENFOQ_2, ENFOQ_5, e ENFOQ_7) migrou de 0,57 para 0,61.

Com esta análise identificam-se os itens de cada estratégia que

possuem o maior grau de afinidade entre si para que só depois possa trabalhar

uma análise fatorial.

4.1.2 ANÁLISE FATORIAL

A análise fatorial observa o grau de comunalidade e identifica possíveis

associações entre as variáveis para verificar se a teoria aplicada na prática irá

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ocorrer de forma completa. Ao aplicá-la, observa-se se os dados obtidos na

pesquisa estão verdadeiramente associados entre si e se estes se encaixam

em cada estratégia de acordo com seu fator.

Após aplicação obteve-se um resultado de acordo com a teoria das

estratégias genéricas de Porter (1985) e cada item de questão se enquadrou

em sua estratégia como está apresentado na tabela 1.

TABELA 1: Variância Total Explicada - Estratégias Competitivas Genéricas

Componentes Valores Próprios Iniciais

Estratégias CompetitivasGenéricas

Total % de Variância Cumulativa

Diferenciação (1) 3,2 29,4 29,4

Liderança Custo (2) 2,2 20,2 49,6

Enfoque (3) 1,2 11,3 60,9Método de Extração: Análise dos Componentes Principais.

Com esta tabela pode-se analisar e perceber os fatores extraídos e a

variância total explicada.

Na análise fatorial as variáveis com baixas cargas devem ser eliminadas,

de forma que sejam utilizadas apenas as variáveis com elevadas cargas.

Na situação inicial, a soma dos valores próprios iguala o número de

variáveis, que neste caso são 11. Como existem três valores próprios maiores

do que um, o número de fatores extraídos são três. Com isso, ao invés de se

trabalhar com 11 variáveis, pode-se trabalhar apenas com três variáveis que

conseguem explicar 61% da associação total entre os dados.

A matriz de componentes após rotação ortogonal tem como objetivo

extremar os valores dos loadings, de modo que cada variável se associe

Page 95: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

94

apenas a um fator. Quanto menos interações forem necessárias, melhor os

dados se adequam ao modelo.

TABELA 2. Análise Fatorial - Matriz dos fatores rotacionados – Estratégias CompetitivasGenéricas

Estratégias Competitivas Genéricas

IndicadoresDiferenciação

(1)

Liderançaem Custo

(2)Enfoque

(3)Esta empresa possui liderança tecnológica em relaçãoaos seus concorrentes diretos. ,84 Esta empresa oferece mais treinamento aos seusfuncionários do que seus concorrentes. ,83 Esta empresa inova e lança mais produtos novos nomercado do que seus concorrentes. ,81 Os serviços que esta empresa oferece aos seus clientessão melhores do que os oferecidos por seusconcorrentes. ,80 Esta empresa possui custos menores, comparando-acom seus concorrentes diretos. ,75 Geralmente esta empresa possui preços mais baixos doque seus concorrentes. ,72

Esta empresa visa possuir o menor preço do mercado. ,69Esta empresa busca junto aos seus fornecedoresmelhores preços de aquisição e melhores condições decompra. ,53Esta empresa atende a clientes de diversas faixas derenda. ,82Esta empresa atende a clientes de diversos segmentosde mercado. ,66

Esta empresa atende a cliente de diversas faixas etárias. ,59Fonte: Dados primários coletados pelo autor

A tabela 2 confirma a existência de três fatores. O fator um é formado

pelas questões voltadas a estratégia competitiva da diferenciação (DIFER_6,

DIFER_5, DIFER_8 e DIFER_2). O fator dois é composto das questões

aplicadas à estratégia da liderança em custo (CUSTO_1, CUSTO_4, CUSTO_8

e CUSTO_6). Por último, o fator três é preenchido com questões convergentes

a estratégia do enfoque (ENFOQ_5, ENFOQ_2 e ENFOQ_7).

Os dados supracitados afirmam a combinação linear das variáveis

convergentes aos três fatores, agrupando-as em suas correlações. Estes

dados apresentam, conforme indicam JOHNSON e WICKERN (1992), que as

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variáveis (questões) estão altamente correlacionadas entre si em seu fator e ao

contrário das variáveis que entram na composição do outro fator que estão

fracamente correlacionadas.

4.1.3 ANÁLISE DE CLUSTER

A análise de cluster não hierárquica combina cada empresa sob a

perspectiva das três Estratégias Competitivas Genéricas identificando a

dimensionalidade de hipóteses quanto às associações das estratégias. Por fim,

esta análise reposiciona as empresas em agrupamentos naturais ou clusters

sob cada vetor de dados e características. Três empresas, das 89

pesquisadas, foram desprezadas na análise de cluster por não possuírem

requisitos estatísticos para amostra. Então, os dados obtidos formou

agrupamentos de oito clusters os quais foram quantificados em freqüência

conforme mostra a tabela 3.

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TABELA 3. Análise de cluster – Estratégias Competitivas Genéricas.

Estratégia Genérica(Centróides dos Grupos)Características do cluster

DiferenciaçãoLiderançaem Custo

Enfoque

Quantidadede Empresas

Percentualdo

Total

Cluster 1 Meio Termo 0,8 1,18 0,43 12 14%

Cluster 2 Meio Termo -1,87 -1,51 -1,14 4 5%

Cluster 3 Meio Termo 0,2 0,21 -0,73 15 17%

Cluster 4Foco na

Diferenciação0,83 -0,57 0,68 18 21%

Cluster 5 Foco no Custo -0,83 0,59 0,46 15 17%

Cluster 6 Diferenciação 1,18 -1,21 -1,55 5 6%

Cluster 7 Líder em Custo -0,69 1,17 -1,78 6 7%

Cluster 8 Meio Termo -0,94 -0,94 0,87 11 13%

Fonte: Dados primários coletados pelo autor.

4.2 ANÁLISE DO ENQUADRAMENTO DAS EMPRESAS AO MODELO DE

PORTER (1985)

Com a obtenção dos dados estáticos (tabela 3) é possível identificar

cada empresa e seu comportamento estratégico no mercado. Após a apuração

dos dados da pesquisa, pode-se enquadrar cada empresa de acordo com a

condição que esta ocupa com a combinação das Estratégias Competitivas

Genéricas. É importante ressaltar que cada estratégia é medida e enquadrada

com o mais atuante ou menos atuante de acordo com seu número de desvios

padrões, ou seja, se estiver maior que zero afirma a presença da teoria e

menor que zero a ausência.

As 12 empresas enquadradas no cluster 1 possuem um enfoque

estreito, ou seja, atuam em um segmento de mercado específico com atenção

voltada ao controle e redução dos custos mas também sem perder a atenção

na diferenciação. Contudo esta empresa apresenta tendência a ser

enquadrada como empresa meio-termo, ou seja, uma empresa que utiliza o

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enfoque não só no custo, mas também na diferenciação. Esta empresa

apresenta com propriedade o conceito de meio-termo abordado por Hill (1988).

Algumas empresas se utilizam mais de uma estratégia competitiva para melhor

se adaptar as circunstâncias do mercado (MILLER e DESS, 1993).

As empresas agrupadas no cluster 2, no total de quatro, possuem um

enfoque amplo e não se enquadram nem como líder em custo e nem em

diferenciação. Sendo assim, a empresa não adota estratégia definida

trabalhando com todos os tipos de clientes sem possuir custos baixos e nem

produtos e serviços diferenciados. Assim como apresentado no Cluster 1

possui características de uma empresa meio-termo pelo fato de não possuir

uma estratégia definida. Por outro lado, configuram o modelo tradicional de

Porter (1980; 1985) que afirma que uma empresa se encontra no meio-termo

por apresentar uma estratégia competitiva pobre.

As 15 empresas agrupadas no cluster 3 embora possuíssem um

enfoque amplo, oferecem moderada atenção no controle dos custos e na

diferenciação mas, no entanto, não se enquadram como líder em custo nem

mesmo em diferenciação. Também estão enquadradas como meio-termo com

características bem semelhantes as do Cluster 1 exceto pelo fato de possuírem

um enfoque amplo que define sua atuação em mais de um segmento.

Possuem custos baixos e um satisfatório nível de Diferenciação nos produtos e

serviços prestados e, segundo Piscopo et al. (2005) competem no mercado as

empresas com esta postura de forma dinâmica sem se focalizar em uma única

estratégia.

Quanto ao cluster 4, as 18 empresas possuem o enfoque estreito,

voltado para diferenciação, atendendo a uma demanda específica no mercado.

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98

Atuam no mercado com um segmento específico buscando satisfazê-lo com

produtos e/ou serviços diferenciado com desempenho superior a concorrência

direta. O controle dos custos nestas empresas não é fator determinante

(PORTER, 1980).

As 15 empresas encaixadas no cluster 5 apresentam o enfoque estreito

voltado a um segmento do mercado e ao controle do custo o que as tornam

líderes em custo. Esta modalidade de empresa trabalha com produtos e

serviços com baixo custo total sem se sobressair na diferenciação.

Normalmente conseguem colocar nas prateleiras produtos similares aos da

concorrência com o custo razoavelmente baixo, conseguindo mesmo assim

atender da melhor forma a sua clientela alvo (PORTER, 1999a).

As cinco empresas elencadas no cluster 6 são empresas com enfoque

amplo mas com as suas estratégias voltadas a diferenciação de produtos e

serviços. Estas empresas não atendem a uma clientela específica e possuem

produtos de custo elevado devido aos seus produtos e serviços serem de alta

qualidade. Estas lojas, segundo a teoria, trabalham com produtos únicos que

oferecerem benefícios aos clientes superiores aos da concorrência (Porter,

1980; 1985).

Quanto ao cluster 7, as seis empresas neste enquadramento atuam no

mercado com uma clientela diversificada. Estas empresas são líderes em custo

e oferecem produtos e serviços similares aos da concorrência mas com custo

geral inferior a concorrência. A diferenciação não é a principal característica,

mas conseguem, no mercado, se sobressair melhor a impactos financeiros por

possuírem um custo menor (PORTER, 1980).

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99

O cluster 8 com 11 empresas é preenchido por empresa de enfoque

estreito que trabalham com um segmento específico do mercado e não

possuem estratégias voltadas para a redução de custo e nem diferenciação de

produtos e serviços. Nesta modalidade é destacado o enfoque em uma

clientela mais selecionada do mercado. Esta não possui o custo ou a

diferenciação como estratégia base para a formação da sua estratégia, então

também seria definida como meio-termo. Certamente, sua sobrevivência no

mercado decorre de uma outra vantagem não abordada no modelo de Porter

(1980) ou sua empresa tende a não atingir suas expectativas junto ao seu

público alvo.

Após esta análise pode-se perceber alguns detalhes importantes sobre

as empresas alocadas no meio-termo. As empresas agrupadas nos clusters 1 e

3 e as empresas enquadradas nos clusters 2 e 8 embora tenham sido

definidas no meio-termo por não apresentarem uma estratégia genérica bem

definida, são de fato bem distintas devido as duas primeiras evidenciarem o

custo e a diferenciação como as estratégias e as duas seguintes não atuam em

nenhuma delas.

Neste trabalho atribuiremos a denominação “meio-termo 1” para as

empresa agrupadas no cluster 2 e 8 e de “meio-termo 2” para as empresas

agrupadas no cluster 1 e 3. Com isso, na formação das estratégias de acordo

com a análise dos clusters teríamos o gráfico 1 com a distribuição dos

agrupamentos, como segue:

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100

GRÁFICO 1. Distribuição das empresas dos clusters das Estratégias Competitivas Genéricas(Situação 1).

Cluster 1-Meio-termoCluster 2-Meio-termoCluster 3-Meio-termoCluster 4-Enf. DiferenciaçãoCluster 5-Enf. CustoCluster 6-DiferenciaçãoCluster 7-Lider CustoCluster 8-Meio-termo

Fonte: Dados primários coletados pelo autor.

Entretanto, se reagrupássemos as empresas meio-termo, mesmo que

divergentes no enfoque, com a junção das empresas do agrupamento do

“meio-termo 1” e também as que atualmente estão localizadas nos clusters 1 e

3 como “meio-termo 2” teríamos a seguinte distribuição: “meio-termo 1”

(clusters 2 e 8) com 15 empresas, “meio-termo 2” (clusters 1 e 3) com 27

empresas, enfoque na diferenciação (cluster 4) com 18 empresas, enfoque no

custo (cluster 5) com 15 empresas, diferenciação (cluster 6) com cinco

empresas e líder no custo (cluster 7) com seis empresas. Após este

enquadramento teríamos a distribuição como está disposta no gráfico 2.

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101

Gráfico 2. Distribuição das empresas dos clusters das Estratégias Competitivas Genéricas(Situação 2)

(15)Meio-termo 1 - 17,44%

(27)Meio-termo 2 - 31,40%

(18)Enfoque Diferenciação - 20,93%

(15)Enfoque Custo - 17,44%

(05)Diferenciação - 5,81%

(06)Lider em Custo - 6,98%

Fonte: Dados primários coletados pelo autor.

Pode-se perceber, ao analisar o gráfico 2, que a maior freqüência das

empresas está localizada nas que são consideradas como “meio-termo 2” que

são as empresas que utilizam a estratégia do custo e da diferenciação para se

manter no mercado. Esta modalidade de empresa configura-se como

predominante no setor de calçados e confecções dos shopping centers de

Natal/RN, ocupando mais de um terço da amostra.

Após análise dos dados obtidos após a aplicação da entrevista e

discussão dos clusters resultantes das empresas comerciais varejistas de

confecções e calçados dos shopping centers de Natal/RN o próximo passo

será a aplicação de uma entrevista a cada um dos representantes de cada

estratégia identificada após a análise de cluster.

4.3 ENTREVISTA COM GERENTES DAS LOJAS DE SHOPPING CENTERS

DE NATAL

Neste item será apresentado a entrevista com as empresas

selecionadas de acordo com cada abordagem apresentada neste trabalho

Page 103: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

102

(gráfico 2) e tendo com base as questões constantes no QUADRO 6 deste

trabalho. Em todo o percurso desta entrevista será feita uma associação do

relato das experiências do entrevistado com a base teórica das Estratégias

Competitivas Genéricas. Através desta relação, é possível perceber o seu

posicionamento sobre cada abordagem confirmando ou não se o

posicionamento da empresa está convergente com o apresentado na análise

de cluster.

4.3.1 EMPRESA COM ESTRATÉGIA NA DIFERENCIAÇÃO

Após a seleção das empresas, segundo os critérios apresentados para a

entrevista e de acordo com a metodologia deste trabalho, chegou-se a primeira

empresa com maior proximidade à abordagem da Estratégia Competitiva

Genérica da diferenciação, representada pela loja definida como E53, que se

encontra na posição 53 dentre as 89 entrevistadas. O indivíduo entrevistado foi

o gerente desta mesma loja denominado como G53.

As perguntas foram voltadas para atingirem as três estratégias (custo,

diferenciação e enfoque) para que houvesse maior confiabilidade no processo

investigativo e no sucesso da entrevista, mas também para que por fim se

pudesse confirmar ou não os dados apresentados nas análises estatísticas.

O gerente G53 relatou a situação que se encontra a empresa que

gerencia como bem sucedida no mercado e que as estratégias adotadas

satisfazem as expectativas quanto aos resultados. Ao ser questionado quanto à

importância e preocupação com os custos para empresa E53, este respondeu

no seguinte discurso, no trecho 01:

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103

[...] Nós trabalhamos com produtos selecionados e de

boa qualidade e nos cobramos mais de que outras

empresas... Como os custos são altos nós repassamos

em preço para o cliente, pois ele está pagando mais por

um produto de qualidade [...].

No primeiro momento, a questão do custo foi colocado em segundo

plano devido à visão da empresa de trabalhar com produtos selecionados.

De acordo com Porter (1985) a vantagem no custo exige despesas

indiretas extremamente baixas e uma fonte abundante de mão-de-obra de

baixo custo. O gerente G53 foi perguntado com relação aos custos de mão-de-

obra e este responde no trecho 02:

[...] Com relação ao pessoal, nós pagamos melhor que os

concorrentes, e isso eu tenho certeza, pois apesar de

nunca ter trabalhado em nenhuma outra loja de

shopping, mas há seis anos que trabalho nesta empresa

muitas pessoas, de outras lojas, tem o sonho de trabalhar

aqui... Os salários são diferenciados e os funcionários

também, pois procuramos gente que tenha certo

potencial. A diferenciação daqui não é só no produto,

mas também no atendimento [...].

Neste momento a empresa relata sua preocupação com as

potencialidades dos funcionários e se apresenta como a que melhor paga os

seus funcionários que os concorrentes não possuindo as características de

uma empresa líder em custo sob este aspecto, mas sim, com sua atenção

voltada para a diferenciação.

Page 105: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

104

O gerente G53 foi interrogado quanto à questão da fatia do mercado que

sua loja alcança e o mesmo respondeu em seu discurso no fragmento 03:

[...] Como a maioria das empresas, nossa loja é aberta a

todo o público, mas assim, é uma empresa que pelo

preço dela e pela qualidade que ela tem mesmo que a

gente não faça uma seleção acaba acontecendo...

Temos um público mais selecionado que é a classe

média e alta [...].

Conforme Porter (1985) ao atingir a diferenciação pode, às vezes, tornar

impossível a obtenção de uma alta parcela de mercado, pois nem todos os

clientes estão dispostos a pagar por preços mais caros.

Ainda perguntado ao G53 se a empresa estabelece como foco um

segmento de cliente específico com atendimento exclusivo, o gerente G53

respondeu que antes a empresa possuía uma clientela mais “clássica” e

tradicional, mas que atualmente trabalha com um alcance maior atingindo a

moda jovem, adulta e infanto-juvenil. Com uma maior abertura e variedade, a

empresa conseguiu atrair mais clientes como foi colocado quando cita que

“foram os novos produtos que chamaram outros públicos”.

Porter (1980) comenta que a estratégia de enfoque refere-se à escolha

de um “segmento-alvo”, indicando que a empresa deve se fixar em um

segmento de mercado menor ao invés de ir atrás de um grande mercado. No

caso da empresa E53 a empresa está ampliando o seu enfoque para atender a

maior parcela de mercado que sua estratégia de diferenciação permite.

Para Porter (1999a), os métodos utilizados para diferenciação podem

assumir muitas formas como projeto ou imagem da marca, tecnologia,

Page 106: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

105

desempenho e características dos produtos, serviços fornecidos, rede de

fornecedores, qualidade dos insumos adquiridos para uma atividade e toda e

qualquer atividade que oferece esta vantagem e benefícios aos clientes. As

principais características de um produto segundo o autor são: tamanho, forma,

cor, peso, desenho, material, tecnologia e ainda a sua performance em termos

de confiabilidade, consistência, gosto, velocidade, durabilidade e segurança.

Existem também clientes que desejam pagar mais caro por produtos

diferenciados, pois tais produtos causam imagem, status e prestígio reforçando

a diferenciação. O gerente G53 relata que a empresa trabalha com confecções

e utensílios de vestuário e possui características específicas em seus produtos

causando prestígio e status aos seus clientes. Estas afirmações podem ser

melhor percebidas em seu discurso, trecho 04:

[...] Nós temos um terno que é feito de lã selecionada e a

gente tem uma criação de ovelhas que duas vezes ao

ano é feita uma seleção do melhor material para esses

ternos... Tem clientes que possuem camisas de três a

quatro anos de uso que entram aqui e a gente se

surpreende como a camisa está nova, comprada há tanto

tempo... Trabalhamos por encomenda e temos um

estilista que desenha a vestimenta de acordo com o

corpo do cliente... Estes são produtos únicos [...].

Além disso, o gerente G53 expressa que o produto da empresa detém

certo status e prestígio relatando que algumas clientes já comentaram que [...]

Basta olhar para o bolso da pessoa e se tiver o símbolo da loja já se sabe que

a pessoa tem dinheiro [...].

Page 107: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

106

Os benefícios supracitados comprovam o valor do produto oferecido aos

clientes de forma diferenciada fazendo de seus produtos únicos no mercado.

Porter (1985) aborda que a empresa é recompensada pela sua

singularidade por um “preço-prêmio” que corresponde ao preço sobreposto

pela diferenciação. Ao perguntar ao gerente G53 se a empresa possui um

“preço-prêmio” este relata no discurso do trecho 05:

[...] Acho que sim, porque nós temos peças aqui na loja

que são terceirizadas e que têm outras lojas com a

mesma peça e terceirizada pela mesma empresa e

mesmo assim o nosso preço é bem superior porque

temos nossa marca [...].

Com relação à concorrência foi perguntado a G53 qual o posicionamento

de seus produtos quanto à diferenciação em relação à concorrência este relata:

[...] Têm outras empresas com preços compatíveis aos nossos, mas que o

nosso a procura é bem maior devido a qualidade [...] (trecho 06).

A empresa E53, através dos comentários do gerente G53, está bem

classificada em relação à concorrência oferecendo um valor agregado maior no

mercado.

4.3.2 EMPRESA COM ESTRATÉGIA LIDERANÇA NO CUSTO

A segunda empresa entrevistada foi a empresa E40 identificada como

líder em custo. Os critérios de questões sobre o tema e o roteiro da entrevista

(QUADRO 6) foram os mesmos para todas as abordagens estratégicas

constantes neste trabalho. Esta empresa foi questionada se a estratégia que

adota tem causado resultados satisfatórios para a empresa e o gerente G40

Page 108: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

107

respondeu que a empresa tem crescido e tido sucesso no mercado com suas

ações como pode ser percebido no discurso do trecho 07:

[...] Sim, tanto na questão das vendas como no

crescimento. Esta empresa já abriu lojas até em outros

estados, então, está dando certo... A matriz é aqui em

Natal e já está há 15 anos no mercado [...].

O gerente G40 enfatiza como a empresa tem crescido em toda a

trajetória e tem alcançado resultados positivos.

Quanto às características dos custos, Porter (1980) expõe que a

liderança em custo exige uma perseguição vigorosa de reduções de custo pela

experiência e com isso a necessidade do acesso favorável à matéria-prima. O

gerente G40 foi argumentado quanto à atenção da loja a questão dos custos e

este respondeu que a empresa possui baixos custos e as condições favorecem

a empresa nesse aspecto conforme o trecho 08:

[...] Com certeza, porque por sermos um grupo de lojas e

comprarmos em quantidade nós conseguimos um

desconto melhor com o fabricante... Nós temos várias

lojas e fazemos uma única compra para todas e depois

fazemos à distribuição... Nossa situação é bem diferente

de quem tem uma loja só que o poder de compra é bem

menor de que uma rede de lojas como nós. Pela

quantidade nós conseguimos preço e prazo melhores e

mesmo assim, colocamos na prateleira o produto ao

mesmo preço do mercado [...].

Page 109: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

108

Neste relato o gerente G40 aborda que a empresa realiza compras com

outras unidades empresarias filiais aprimorando o poder de negociação com os

fornecedores. Tal característica é, segundo Porter (1980), reconhecida como

um dos condutores dos custos aplicados à aquisição.

Porter (1985) afirma que o líder de custo geralmente possui um mix de

fornecedores e procedimentos de garantias para trabalhar melhor no mercado.

Foi perguntado ao gerente G40 como a empresa trabalha com o fornecedor e

se este oferece garantia em seus produtos e o gerente respondeu conforme

trecho 09:

[...] Quanto à questão do fornecedor nós sempre temos

muitos porque dependendo do preço do concorrente a

gente muda de fornecedor para outro pra encontrar um

preço mais barato ou com um prazo melhor... Quanto a

garantia, assim, nem o cliente e nem a empresa fica no

prejuízo se um dos produtos tiver algum defeito... Em

quase todos os casos, a gente repõe ao cliente e em

seguida devolve a peça para a fábrica que assume o

prejuízo [...].

Algumas empresas com a estratégia no enfoque desenvolvem um

projeto ou produto para atender de uma melhor forma que os concorrentes um

segmento particular (PORTER, 1996). Foi perguntado ao gerente G40 se a

empresa possui um segmento alvo e esta respondeu na citação presente no

recorte 10: [...] No geral, atendemos a todo o público porque nós aqui não

temos esse negócio de atender só mulher, só homem, quem tem muito ou

pouco dinheiro... A gente trabalha com o público em geral [...] eliminando a

possibilidade do enfoque em um segmento específico.

Page 110: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

109

Segundo Porter (1988) para que uma empresa possa ser enquadrada

como estratégia na diferenciação é necessário que a empresa possua uma

característica única em seu segmento oferecendo benefícios em seus produtos

ou serviços que a concorrência não consegue acompanhar. Foi perguntado ao

gerente G40 se a empresa oferece algum benefício a mais aos seus

concorrentes e este respondeu no trecho 11 que [...] não, nosso produto não é

nem diferente nem um produto de marca. O que nossa empresa vende são

produtos similares à concorrência... nosso forte é trabalhar com um preço

acessível [...].

Em tal afirmação o gerente G40 reconhece que a diferenciação não é a

característica principal da sua loja, mas com relação aos custos relata sua forte

atuação em trechos anteriores.

4.3.3 EMPRESA COM ESTRATÉGIA ENFOQUE NA DIFERENCIAÇÃO

Diferenciar um produto significa aumentar a disposição dos compradores

para pagarem mais ou, em casos em que os compradores são extremamente

sensíveis a preço, tornar o produto mais atrativo em relação às ofertas da

concorrência desde que oferecido a um preço similar (LOSEKANN e

GUITERREZ, 2002; MINTZBERG, 1988; PORTER, 1985).

A terceira empresa selecionada foi a E12 e o seu representante na

entrevista foi o gerente denominado G12. Primeiramente foi perguntado ao

gerente como está a situação da empresa no seu segmento de mercado e este

respondeu que [...] a loja a cada dia só está crescendo. Já temos lojas em

outros estados e que já conquistou um nome... Os clientes já falam que ficaram

Page 111: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

110

felizes porque abrimos uma filial em Natal, ou seja, estamos indo bem [...]

(trecho 12).

O gerente G12 foi argumentado de como a empresa administra e

controla os seus custos e este confirmou que como todas outras se preocupa

com os custos. A afirmação pode ser verificada no trecho 13: [...] A empresa

analisa tudo: os preços, custos, salários... Os salários daqui são iguais aos das

outras lojas do shopping... mas a empresa não abre mão é da qualidade...

porque se não o cliente não volta [...].

Segundo Porter (1985) argumenta que mesmo a empresa possuindo

características da estratégia da diferenciação a mesma não pode se descuidar

dos custos inseridos em seu produto ou serviço para que não afetem

demasiadamente acima da concorrência.

Quanto à questão do público alvo foi perguntado o gerente G12 se esta

empresa atende exclusivamente um público alvo e como este reage a suas

ações. O gerente respondeu que possui uma clientela alvo conforme recorte

14:

[...] Sim, trabalhamos com crianças e com pré-

adolescentes, ou seja, o público infantil... Nós

trabalhamos com a fidelização do cliente porque com

relação à venda é isso que importa... Não adianta você

ter um shopping deste tamanho que tem um bom fluxo e

não trabalhar a fidelização [...].

De acordo com os últimos recortes a empresa analisada trabalha suas

estratégias voltadas a atender e fidelizar o seu público alvo. Tal fato bem

Page 112: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

111

caracteriza a estratégia genérica competitiva do enfoque de Porter (1980) que

será melhor revelada nos trechos a seguir.

O gerente G12 enfatizou a importância que a empresa tem com

segmento almejado e que a empresa procura se adequar às expectativas dos

clientes como citado no discurso do trecho 15:

[...] Por exemplo, a gente trabalha com faixa de cabelo,

então, se as mães gostam mais de uma faixa de cabelo

que tem um laço e nos questionam por que ainda não a

temos... Nesse momento, a gente manda um e-mail para

o fornecedor pedindo que no próximo pedido incluam o

produto de acordo com as características que o cliente

recomendou... Aconteceu de algumas embalagens virem

muito femininas causando reclamações e as próximas já

foram mudadas para uma embalagem unisex [...].

Após a última citação de G12 pode-se identificar que a empresa adota

uma estratégia de enfoque.

Porter (1999a) aponta que a diferenciação pode acontecer de diversas

maneiras de forma que as suas mercadorias detenham qualidade superior ou

que os benefícios causem no cliente uma preferência pela empresa. Ao ser

argumentado sobre se a empresa trabalha com produtos e serviços

diferenciados o gerente G12 comenta que o diferencial é a principal estratégia

para atender o seu segmento. Tal afirmação pode ser mais bem compreendida

com o trecho 16:

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112

[...] Nós temos vários diferenciais, como por exemplo, as

cores, a qualidade do produto e a criatividade... Não é

que as outras lojas não tenham qualidade, mas é porque

nós temos um fornecedor que já tem 125 anos de

experiência em confecções, de malha, então conhece

muito bem de malha, tingimento e cores e é dai que vem

o diferencial... As cores da loja têm um atrativo, a vitrine

possui bonecos com movimentos que chama a atenção

do público infantil, a televisão que sempre tem um DVD

com filme infantil e, com isso, a criança acaba entrando

na loja... A gente sempre tem brindes de campanhas

como dia das crianças, natal, copa do mundo e outros

brindes que sempre tem na loja [...].

Segundo o gerente G12 a empresa por oferecer um produto de

qualidade e criatividade superior à concorrência pode cobrar mais caro pelos

produtos. Tal fato é uma característica da abordagem de diferenciação

apresentada por Porter (1985) que estabelece que a empresa pode cobrar um

“preço-prêmio” devido ao seu diferencial.

Ainda na questão da diferenciação, o gerente G12 enfatiza que seus

produtos são inovadores, assim como suas técnicas de venda como pode ser

percebido nas citações do recorte 17:

[...] Nossos produtos possuem estampas e modelos

característicos, basta só você olhar em outras vitrines

que vê que as outras empresas não possuem produtos

iguais... Alguns dos nossos produtos são duas a três

vezes mais caro do que a concorrência, mas a criança só

vai deixar de usar o nosso produto quando ele não mais

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113

couber e ainda passa para o próximo filho. Isso eu posso

até garantir [...].

Além dos produtos ofertados, G12 comenta que a empresa dispõe de

serviços diferenciados e inovadores que têm contribuído para o aumento das

vendas e dos resultados da empresa. Tal argumentação será ilustrada no

trecho 18:

[...] Agora nós estamos adotando um sistema de

telemarketing que se o cliente aceitar nossa oferta nós

levamos os nossos produtos para a casa do cliente já

que temos as medidas no nosso cadastro... A criança

prova o vestido em sua residência porque ela se sente

mais à vontade em casa ou às vezes a mãe trabalha e

não tem horário para vir ao shopping. Então a gente

manda pra ela provar e ela vem depois na loja só pra

acertar o que vai ficar... Na verdade ela só traz o que não

quis [...].

De acordo com as citações do gerente G12 em relação ao

posicionamento no mercado da empresa E12 pode ser alocada dentre as

Estratégias Competitivas Genéricas como enfoque na diferenciação por

apresentar ações estratégicas de satisfazer sua clientela com serviços e

produtos diferenciados.

Page 115: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

114

4.3.4 EMPRESA COM ESTRATÉGIA DE ENFOQUE NO CUSTO

A quarta posição foi para a empresa identificada como enfoque em custo

definida como E81 e o seu gerente denominado como G81. O gerente da

empresa foi perguntado quanto à posição de sua empresa no mercado e se

acredita na sobrevivência da empresa frente à concorrência e este afirmou que

a empresa começou no interior possuindo algumas unidades empresariais e já

atua com duas lojas na capital. Nesta trajetória vem crescendo paulatinamente

se sustentando no mercado e se posicionando frente à concorrência. Tais

afirmações podem ser confirmadas no trecho 19: [...] O dono começou em uma

banca na feira de interior na rua, e hoje possui todas essas lojas... há 17 anos

e a cada período abre uma nova loja... vendemos melhor de que muitos aqui

no shopping [...].

Segundo Porter (1985) uma empresa líder em custo geralmente obtém

maiores retornos financeiros que a concorrência e por isso em alguns casos os

seus preços são seguidos pela concorrência. Foi perguntado ao gerente G81

qual a importância dada aos custos na sua empresa e este reponde no trecho

20: [...] O custo e os preços baixos são os diferenciais da gente... A gente

vende bem e barato... O escritório central que nós temos compra as

mercadorias para todas as lojas de uma só vez [...].

A afirmação do gerente G81 confirma sua situação quanto aos custos.

Ainda relativo a este tema G81 complementa no fragmento 21:

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115

[...] Alguns produtos que vendemos aqui existe um preço

mínimo que é tabelado pelo fornecedor e nossa empresa

vende geralmente por este preço mínimo... Já aconteceu

da gente vender por um preço inferior e o representante

do produto manda nossos preços subirem se não eles

param de fornecer pra gente... Então a gente é obrigada

a vender a um valor tal [...].

Através deste pronunciamento do gerente G81 pode-se identificar que a

empresa além de crescer em seu segmento consegue também chegar a um

preço final do seu produto abaixo da concorrência interferindo tanto na

concorrência quanto nos critérios de preços mínimos adotados pelo seu

fornecedor.

Para Carneiro (2004) para ser líder em custo não significa

necessariamente ter preços mais baixos, mas esta empresa poderá utilizar os

preços baixos como uma estratégia para conquistar uma maior fatia de

compradores e apropriar de forma diluída os custos fixos devido ao aumento

das vendas. O gerente G81 foi questionado se a empresa realmente possui

melhores preços em relação aos seus concorrentes diretos este respondeu

positivamente de acordo com o trecho 22:

[...] Encontramos em outras lojas o mesmo produto, o

mesmo modelo e a mesma marca e o preço da gente é o

melhor preço... Após a pesquisa o cliente volta para

comprar aqui porque tem loja aqui no shopping que se

você entrar vai ver que os preços são lá em cima [...].

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116

O gerente G81 afirma que a empresa adota uma estratégia que tem

causado vantagem competitiva e a preferência dos compradores como pode

ser observado no recorte (23):

[...] Agora tem loja que paga mais pelo aluguel, salários e

outras coisas a mais e fica difícil competir com a gente...

Às vezes nós verificamos que os funcionários das lojas

vizinhas vêm aqui para confirmar se o preço que o cliente

disse que a gente tinha era verdade... Daí você percebe

como nosso preço é melhor [...].

Ao perguntar se a empresa focaliza em uma determinada clientela e

procura suprir suas expectativas da melhor forma e o gerente responde que a

empresa E81 trabalha com o segmento específico buscando satisfazê-lo,

conforme trecho 24:

[...] A gente trabalha mais com o público feminino e este

vem com freqüência a nossa loja... Com relação a

procurar satisfazer o cliente eu posso citar como os

casos em que o cliente reclama do preço e quando isso

acontece a gente anota a reclamação e em alguns casos

o preço é até baixado [...].

O gerente G81 relata que atua no mercado de calçados com exemplares

mais voltados ao público feminino e vende também assessórios de couro que

atrai ainda mais sua clientela.

Porter (1980) estabelece que uma empresa para obter e sustentar a

diferenciação deverá possuir um produto com características específicas no

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117

seu segmento. Com relação a diferenciação o gerente G81 posicionou a

empresa em um segmento que existe pouca diferenciação devido a

padronização dos produtos de acordo com o trecho 25:

[...] Pela característica do setor de calçados, a gente

geralmente trabalha com produtos de vários fornecedores

assim como as outras lojas. Então não posso dizer que o

nosso produto é diferenciado, pois pode ser encontrado

em muitas outras lojas [...].

Após estas afirmações pose-se constatar que empresa G81 não tem a

diferenciação como estratégia, mas que atua no mercado com a atenção

voltada aos custos com o foco em atender sua clientela alvo.

4.3.5 EMPRESA COM ESTRATÉGIA DE MEIO-TERMO (SITUAÇÃO 1)

A quinta posição foi para empresa identificada como meio-termo (Struck-

In-the-Middle) e no estudo desta abordagem, percebeu-se que algumas

empresas seguem o modelo de Porter (1985) e outras, o modelo apresentados

por autores que contestam a forma de como esta abordagem foi classificada.

Neste trabalho denominamos como “meio-termo 1” para as empresas

que comungam com o pensamento de Porter (1980; 1985) e “meio-termo 2”

para as configuradas com o pensamento dos seus contrapositores. Sendo

assim, foram realizadas duas entrevistas com cada um dos gerentes de cada

empresa qualificada nas duas possibilidades supracitadas.

A primeira empresa identificada segundo a abordagem de Porter foi à

empresa E29 através do gerente G29 (“meio-termo 1”) e a segunda empresa

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118

alinhada na característica dos contrapositores de Porter (1985) foi à empresa

E25 e o gerente entrevistado foi o gerente G25 (“meio-termo 2”).

De acordo com Porter (1980; 1985) as empresas meio-termo são

empresas que ainda não conseguiram implementar com sucesso nenhuma das

estratégias genéricas. Para o autor, ficará no meio-termo e, portanto,

condenada a um desempenho inferior, aquela empresa que não tenha

conseguido desenvolver nenhuma das estratégias genéricas.

Além disso, ele considera que a empresa que tenta desenvolver ambas

ao mesmo tempo, provavelmente acabará no meio-termo tendo em vista que

haveria inconsistências para sua imagem e reputação, necessidade de

diferentes atividades para executar cada uma das estratégias, limites à

coordenação e ao controle e conflito de prioridades.

O gerente G29 foi argumentado sobre a situação que se encontra a

empresa no seu segmento e reconhece que a empresa vem sofrendo impacto

em seus resultados devido à evolução do mercado e da concorrência. G29

afirma que a empresa já apresenta iniciativas de reverter este quadro com

novas técnicas e estratégias empresarias. Tais afirmações podem ser

percebidas no trecho 26:

[...] Na verdade nossa empresa está passando por

mudanças e nós estamos investindo em novos clientes,

por que no que a gente vê que está deficiente a gente

está melhorando... Estamos começando a criar

campanhas pra atrair os clientes e já estamos

procurando inovar nossos produtos [...].

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119

O gerente G29 reconhece em sua citação que sua estratégia

convencional não tem influenciado de forma positiva nos resultados de sua

empresa, tais afirmações estão coerentes com a concepção de Porter (1985).

O gerente G29 foi questionado quanto à existência de um público alvo que a

empresa busca se enfocar e a gerente informa que a empresa E29 possui uma

clientela variada atendendo a todas as faixas etárias e salariais devido ao fato

da empresa dispor de uma variedade de produtos conforme dito no trecho 27:

[...] Nossa clientela são aquelas pessoas que gostam de

produtos sem muita sofisticação... Nós vendemos desde

o infantil até o adulto, tanto masculino e feminino. Por

exemplo, se uma mulher que tiver filhos e marido for na

loja ela acaba comprando para toda família [...].

Segundo o gerente, a empresa E29 possui custos equivalentes aos

concorrentes com o agravante de possuir um número de funcionários

proporcionalmente maior que a concorrência e também por está lotada em uma

estrutura física que encarece o custo total da loja. Tal afirmação pode ser

identificada no discurso do recorte 28:

[...] Eu acho que os custos são iguais às outras lojas, não

muda muita coisa. Nossa loja é uma loja grande com

uma área física de três lojas e temos uma quantidade de

funcionários um pouco elevada. Possuímos um preço de

custo da mercadoria razoável a gente vende também por

um preço que não é tão caro [...].

Para que uma empresa se sobressaia em relação à concorrência,

necessita que esta ofereça um produto com benefícios superiores (Porter,

Page 121: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

120

1999a). Quanto a essa questão, o gerente G29 aponta sua empresa como uma

empresa que comercializa produtos considerados como “básicos” e devido a

este fato a empresa não detém um produto diferenciado que poderia ser

considerado único em relação à concorrência conforme abordado no trecho 29:

[...] Já que a gente trabalha mais com roupas básicas a

qualidade acaba ficando parecido com o da concorrência,

mas o preço deles é mais em conta, pois acreditamos

que a qualidade deles é duvidosa... A gente tem um

controle de qualidade rígido, mas dizer que o nosso

produto é único fica complicado pra quem trabalha com

roupa básica [...].

A empresa E29 não evidencia nenhuma das Estratégias Competitivas

Genéricas e se enquadra no modelo e características de uma empresa meio-

termo segundo Porter (1980; 1985).

4.3.6 EMPRESA COM ESTRATÉGIA DE MEIO-TERMO (SITUAÇÃO 2)

No segundo momento de entrevista com empresas “meio-termo”, a

empresa entrevistada foi a empresa E25 e o gerente entrevistado foi

denominado de G25 (“meio-termo 2”) que se encontra de acordo com os

preceitos dos opositores da concepção de meio-termo de Porter (1985) tendo

como entendimento que a adoção simultânea de mais de uma estratégia

favorece a vantagem competitiva no mercado.

Autores tais como Hill (1988), Hall (1980), Marques et al. (2000), Jones e

Butler (1988), Dess e Davis (1984), Murray (1988), Kim e Lim (1988), Hambrick

Page 122: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

121

(1983), White (1986) encontraram empresas que seriam classificadas como

meio-termo e que exibiam um padrão de retorno financeiro médio superior ao

retorno de alguns outros grupos de empresas que seriam classificadas em uma

das estratégias puras. Este grupo exibia ainda menor variabilidade nos

retornos, ou seja, menor risco do negócio. Sendo assim, estes autores

entendem que meio-termo seria uma posição mais adaptável às mudanças do

mercado.

Quando questionada em relação à influência da estratégia atual da

empresa nos resultados o gerente G25 deixa registrado o êxito da empresa em

relação ao volume de vendas e o resultado como pode ser percebido no trecho

30: [...] Esta empresa embora que esteja a dois anos no mercado ela vende

bem se comparar as outras lojas do shopping... A gente acredita que nossa

situação é bem melhor que os concorrentes [...].

Para Hill (1988) um maior volume de vendas resultará em custos

unitários mais baixos desde que haja economias de escala ou de escopo ou

por aprendizado/experiência. Em relação aos custos o gerente G25 afirma que

a empresa trabalha com custos mínimos e que o produto que negocia chega às

prateleiras com um custo de aquisição relativamente baixo conforme

apresentado na citação do recorte 31:

[...] Com relação aos custos, esta loja não investe em

propaganda, por que a propaganda de nossos produtos é

“boca a boca”... Por exemplo, nós vendemos uma camisa

de algodão igual a outras lojas, mas a criatividade da

camisa faz com que o nosso preço seja maior... O custo

para fabricar está peça é apenas a malha e o tempo do

artista plástico em criá-la [...].

Page 123: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

122

A empresa que conquista a fidelidade através da diferenciação e que

aplica um conjunto de ações enfocada a atender da melhor forma a clientela

alvo, permite que esta invista num preço de venda superior ao aplicado pelo

mercado, um “preço - prêmio” (Porter, 1985). Ao ser perguntado quanto à

fidelização dos clientes e a aplicação do “preço-prêmio” o gerente da empresa

E25 revela que a mesma possui um perfil de cliente característico que não

questiona os preços. Este relato está explícito no trecho 32:

[...] Os clientes daqui são fiéis, muito mesmo. Tem cliente

que vem a loja três, quatro vezes no mês... O que marca

o perfil do nosso cliente é o gosto que eles têm pelas

características dos nossos produtos... O cliente daqui não

questiona o preço, pois conhece a qualidade e

exclusividade do nosso produto [...].

Miller e Dess (1993) enfatizam a importância da ação simultânea das

Estratégias Competitivas para se adaptar a realidades do mercado que exigem

diferenciação e custos baixos para a sobrevivência das empresas no mercado.

O gerente G25 comunicou que sua empresa possui produtos com um grau de

diferenciação elevado como pode ser percebido no trecho 33:

[...] As estampas, a qualidade e a exclusividade é o

nosso diferencial... A gente trabalha com algodão, ou

viscose que são tecidos adequados para o nosso clima,

não trabalhamos com nada quente... A roupa daqui é

muito diferente com estampas exclusivas porque o dono

é artista plástico e cria estampas únicas [...].

Page 124: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

123

Para Porter (1985) algumas empresas podem ter bons resultados

utilizando a estratégia do meio-termo, mas o autor estabelece que para a

obtenção simultânea das vantagens de custos mais baixos e de diferenciação

somente seria possível em algumas circunstâncias que ele considera raras,

quais sejam: a empresa detém patente sobre importante inovação tecnológica

que, ao mesmo tempo em que reduz os custos de produção, também melhora

o produto; o custo é fortemente afetado por volume ou por inter-relações entre

atividades; ou todos os concorrentes da empresa estão no meio-termo

As empresas entrevistadas E29 e E25 são denominadas meio-termo de

forma que, a primeira, atua no mercado sem nenhuma Estratégia Competitiva

Genérica evidente enquanto que, a segunda empresa, possui a estratégia da

diferenciação e de liderança em custo simultaneamente na ação estratégica

empresarial.

Page 125: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

124

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

De acordo com os estudos propostos e os resultados obtidos neste

trabalho as empresas comerciais varejistas de confecções e calçados de

shopping centers em Natal estão mais bem identificadas quanto as suas

estratégias empresariais. Utilizar as Estratégias Competitivas Genéricas de

Porter (1980; 1985) como base para enquadrar as empresas comerciais de

varejo contribui para o melhor gerenciamento das estratégias e um

delineamento da administração em relação aos resultados deste trabalho, pois

permite uma identificação das políticas estratégicas do segmento na região.

Identificar a freqüência e como está distribuída cada tipologia estratégica

na população varejista com um modelo reconhecido mundialmente, contribui

para o enriquecimento da ciência devido ao fato de permitir um mapeamento

das tendências empresarias no setor de shopping center que cresce a cada dia

neste país.

O primeiro objetivo deste trabalho foi identificar quais as estratégias

genéricas são utilizadas por estas empresas e de acordo com Roesch (1999) a

análise fatorial foi verificada a atuação das três estratégias competitivas

genéricas conforme a tabela 1 deste trabalho. Esta análise confirma em seus

resultados que as empresas comerciais varejistas de confecções e calçados

dos shopping centers de Natal/RN não atuam, segundo a teoria, em uma

abordagem estratégica específica perfazendo todas as tipologias de Porter

(1985).

O segundo objetivo deste estudo foi verificar os padrões de uso de

Estratégias Competitivas Genéricas através da combinação de mais de uma

Page 126: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

125

estratégia competitiva e, segundo as análises de cluster constante na tabela 3,

os instrumentos de pesquisa determinaram o enquadramento das empresas

em oito clusters obtidos da combinação das abordagens dos fatores de

liderança de custo, diferenciação e enfoque conforme apresentado na análise

fatorial.

Os resultados obtidos da análise de cluster apresentam que as

empresas líderes em custo ocuparam 6,98% da amostra, as empresas que

atuam na diferenciação 20,93%, as com enfoque no custo 17,44 %, as lojas

com enfoque na diferenciação 5,81% e as empresas meio-termo ocuparam

48,84 % da amostra. Com isso, vale salientar que as empresas meio-termo

possuem uma participação bem superior às demais, estando com uma

ocupação bem próxima de 50% da amostra.

Um outro significante aspecto deste trabalho foi à descoberta de quatro

agrupamentos estratégicos que não possuíam o custo ou a diferenciação como

fator determinante da estratégia. Tais agrupamentos de acordo com os

parâmetros estabelecidos na teoria das estratégias competitivas genéricas

podem ser identificados como meio-termo por não possuírem uma estratégia

definida.

Por outro lado, apenas dois clusters (2 e 8) convergem com o

pensamento de Porter (1980; 1985) que define que a empresa no meio-termo

tende a obter baixos retornos e uma baixa posição estratégica. Tal afirmação

foi comprovada na entrevista que o gerente (G29) revela que necessita de

ajustes para acompanhar as mudanças que ocorreram em seu segmento.

Os outros dois agrupamento de empresas restantes nos dois clusters 1 e

3 estão, no aspecto teórico, totalmente divergentes ao pensamento de Porter

Page 127: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

126

(1985), pois estes dois clusters detiveram a maior freqüência da amostra a

respeito das tipologias pesquisadas neste trabalho ocupando aproximadamente

um terço (31,40%) da amostra total e se coloca em uma abordagem

estratégica empresarial atuante no custo e na diferenciação. Na entrevista

também revela que esta empresa vem apresentando, segundo o gerente

entrevistado, resultados satisfatórios em sua trajetória empresarial.

Estas empresas enquadradas no “meio-termo 2” (clusters 1 e 3)

encontradas na análise dos resultados e na entrevista, comungam com os

pensamentos e descobertas dos contrapositores de Porter (1980;1985) tais

como Hill (1988), Hall (1980), Marques et al. (2000), Jones e Butler (1988),

Dess e Davis (1984), Murray (1988), Kim e Lim (1988), Hambrick (1983), White

(1986) que afirmam que as empresas que atuam no custo e na diferenciação

estão mais preparadas para o mercado.

Segundo esses autores essa situação passa a ser um imperativo no

mundo dos negócios e exige novas abordagens de posicionamento estratégico

que permitam o desenvolvimento e a implementação de estratégias mais

flexíveis do que as estratégias competitivas genéricas criadas por Porter (1986)

que, por sua vez, consideram as opções excludentes de liderança em custo,

diferenciação e enfoque (HITT et al., 2001).

Contudo, para as empresas de varejo pesquisadas neste estudo, o uso

das tipologias de Porter (1985) facilitou a visualização das principais opções

estratégicas disponíveis para estas empresas, pois é apresentado um número

de arquétipos que capturam a essência das diversas posturas competitivas da

maioria das empresas (HAMBRICK, 1983).

Page 128: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

127

O terceiro objetivo desta pesquisa foi validar qualitativamente a

utilização das estratégias utilizadas pelas empresas e a aplicação da entrevista

serviu para fortalecer os dados estatísticos obtidos através da análise de

confiabilidade, análise fatorial e a análise de cluster. Os gerentes entrevistados

confirmaram as características de todos os agrupamentos estudados de acordo

com a relação da teoria de cada abordagem estratégica e com as experiências

reveladas nos trechos de seus discursos.

O último objetivo deste estudo foi estabelecer uma relação das

Estratégias Competitivas Genéricas e sua influência nos resultados obtidos

pelas empresas analisadas. Tal fator foi percebido no processo investigativo na

aplicação da entrevista nas seis (6) empresas, pois cada gerente apresentou

as influências das estratégias atuais nos resultados empresariais e na

vantagem competitiva.

A amostra utilizada da população foi adequada para a pesquisa e

satisfez o propósito deste estudo. As técnicas e metodologias foram adequadas

para atingir o objetivo geral deste estudo que visava identificar as Estratégias

Competitivas Genéricas nas lojas comerciais varejistas de shopping centers.

Por fim, este trabalho idealizou aplicar o modelo das Estratégias

Competitivas Genéricas de Porter (1980; 1985) em empresas de shopping

centers e chegou a resultados favoráveis sobre as três abordagens deste

modelo. Sugere-se que novos estudos sejam feitos nas empresas do setor de

shopping centers, principalmente, em empresas denominadas de meio-termo,

pois além de atingir uma alta ocupação na amostra desta pesquisa também

apresentam vertentes estratégicas quanto ao tratamento do custo e da

diferenciação de forma simultânea.

Page 129: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

128

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APÊNDICE AGERENTES

Levando em conta suas experiências nesta empresa, responda as afirmativas abaixo conforme a escala a seguir:

DISCORDO CONCORDO

1DiscordoTotalmente

2DiscordoMuito

3DiscordoPouco

4ConcordoPouco

5ConcordoMuito

6ConcordoTotalmente

DISCORDO CONCORDOQUESTÕES

1 2 3 4 5 6

Esta empresa possui custos menores, comparando-a com seus concorrentesdiretos.

Esta empresa comercializa uma quantidade de produtos maior do que os seusconcorrentes.

Os preços que esta empresa pratica geralmente são seguidos pelaconcorrência.

Geralmente esta empresa possui preços mais baixos do que seusconcorrentes.

Esta empresa procura fazer negociações de compras sempre em grandevolume.

Esta empresa busca junto aos seus fornecedores melhores preços de aquisiçãoe melhores condições de compra.

Esta empresa se une a outras empresas do ramo para barganhar melhorespreços de aquisição.

Esta empresa visa possuir o menor preço do mercado.

Essa empresa possui produtos diferenciados em relação a seus concorrentesdiretos.

Os serviços que essa empresa oferece a seus clientes são melhores do que osoferecidos por seus concorrentes diretos.

Esta empresa cobra preços superiores aos de seus concorrentes por oferecerprodutos e serviços diferenciados.

Os clientes desta empresa a procuram por possuir produtos e serviçosdiferentes.

Esta empresa oferece mais treinamento aos seus empregados do que seusconcorrentes.

Esta empresa possui liderança tecnológica em relação aos seus concorrentesdiretos.

Esta empresa possui um programa de atendimento a clientes melhor do que odos seus concorrentes.

Esta empresa inova e lança mais produtos novos no mercado do que seusconcorrentes.

Esta empresa atende a um nicho específico de mercado.

Esta empresa atende a clientes de diversos segmentos de mercado.

Esta empresa possui uma linha reduzida de produtos.

Esta empresa possui uma grande variedade de produtos.

Esta empresa atende a clientes de diversas faixas de renda.

Page 138: Estratégias Competitivas Genéricas nas empresas comerciais ... · Estratégias competitivas genéricas nas empresas comerciais varejistas de shopping centers: um estudo a partir

DISCORDO CONCORDOQUESTÕES

1 2 3 4 5 6

Os produtos desta empresa são direcionados a uma classe social específica.

Esta empresa atende a clientes de diversas faixas etárias.

Esta empresa adapta sua estratégia para atender com maior eficiência osegmento de mercado que ela atua.

Por favor, para finalizar, responda algumas questões sobre você e sua empresa:

Cargo: Gerente Proprietário

Sexo: Masculino Feminino

Idade: ____ anos

Escolaridade: Pós-Graduação Superior completo Superior incompleto Curso técnico 2o Grau completo 2o Grau incompleto 1o Grau completo 1o Grau incompleto

Há quanto tempo você está nesta empresa? ___________ ano(s) e ___________ mês(es).

Quantos anos de funcionamento têm esta loja? ___________ ano(s).

Quantos anos de funcionamento têm a empresa? ___________ ano(s).

Quantos funcionários têm esta loja? ___________ funcionários.

Quantos funcionários aproximadamente têm a empresa? ___________ funcionários.

Qual o área da loja em m2? ____________ m2

Tipo de operação da loja: Franquia Marca própria

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------DADOS DO RESPONDENTE PARA O SORTEIO DE UM DVD PLAYER.

OS DADOS DESTA PESQUISA SERÃO UTILIZADOS PARA FINS ACADÊMICOS E OS RESPONDENTES NÃOSERÃO IDENTIFICADOS.

Nome da loja: _________________________________________________________

Nome: _________________________________________________________

Telefones: _________________________________________________________

O vencedor do sorteio do DVD Player Gradiente da pesquisa anterior, realizada em lojas e hotéis, foiLEONARDO REBOUÇAS FERNANDES funcionário do Vila Azul Praia Hotel – Fortaleza - CE