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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA SANNY CARLA DUARTE ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE GRÁFICO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2020

ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

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Page 1: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

SANNY CARLA DUARTE

ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE GRÁFICO

PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

DISSERTAÇÃO

PONTA GROSSA

2020

Page 2: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

SANNY CARLA DUARTE

ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE GRÁFICO

PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia,

da Universidade Tecnológica Federal do

Paraná, como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Ensino de Ciência e

Tecnologia - Área de Concentração: Ciência

Tecnologia e Ensino.

Orientador: Prof. Dr. Danislei Bertoni

Coorientadora: Profa. Dra. Ângela Ines Klein

Coorientadora: Profa. Dra. Siumara Aparecida

de Lima

PONTA GROSSA

2020

Page 3: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Ponta Grossa n.32/20

Elson Heraldo Ribeiro Junior. CRB-9/1413. 17/04/2020.

D812 Duarte, Sanny Carla

Estratégias de leitura de obra pictórica e de gráfico para o ensino de ciências nos anos finais

do ensino fundamental. / Sanny Carla Duarte, 2020. 182 f.; il. 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Danislei Bertoni Coorientadora: Profa. Dra. Ângela Ines Klein Coorientadora: Profa. Dra. Siumara Aparecida de Lima Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia) - Programa de Pós-Graduação

em Ensino de Ciência e Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2020.

1. Leitura. 2. Estratégias de aprendizagem. 3. Textos - Gênero. 4. Ciência - Estudo e ensino.

5. Pictografia. I. Bertoni, Danislei. II. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. III. Título.

CDD 670.42

Page 4: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

Esta dissertação está licenciada com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional (CC BY-NC-SA 4.0).

A licença está disponível em https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/

BY

Atribuição: Você tem o direito de copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, conquanto que dê créditos devidos ao(s) autor(es) ou licenciador(es), na maneira especificada por estes.

NC NãoComercial: Você pode copiar, distribuir, exibir e executar a obra e fazer trabalhos derivados dela, desde que sejam para fins não-comerciais.

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Avisos: - Você não precisa cumprir com a licença para elementos do material que esteja no domínio público ou cuja utilização seja permitida por uma exceção ou limitação que seja aplicável. - Não são dadas quaisquer garantias. A licença pode não lhe dar todas as autorizações necessárias para o uso pretendido. Por exemplo, outros direitos, como direitos de imagem, de privacidade ou direitos morais, podem limitar o uso do material.

Page 5: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

FOLHA DE APROVAÇÃO

Título da Dissertação Nº 167/2020

ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE GRÁFICO PARA O ENSINO

DE CIÊNCIAS NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

por

Sanny Carla Duarte

Esta dissertação foi apresentada às 15:00 do dia 27 de março de 2020, como requisito parcial

para a obtenção do título de MESTRE EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, com área

de concentração em Ciência, Tecnologia e Ensino, do Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciência e Tecnologia. A candidata foi arguida pela Banca Examinadora composta

pelos professores abaixo citados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o

trabalho aprovado.

Prof. Dr. Bernardo Kolling Limberger (UFPEL)

Profa. Dra. Lia Maris Orth Ritter Antiqueira (UTFPR)

Prof. Dr. Danislei Bertoni (UTFPR) -

Orientador e Presidente da Banca Profa. Dra. Eloiza Aparecida Silva Avila de

Matos Coordenadora do PPGECT – Mestrado

Profissional

- A Folha de Aprovação assinada encontra-se arquivada na Secretaria do Programa -

Page 6: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

A minha amada mãe Expedita de Melo,

que sempre me ensinou a seguir em frente

em busca de meus objetivos com garra,

determinação, confiança.

Ao meu amado esposo Éverton Ferreira,

que nesses últimos anos tem sido uma

grande fonte de inspiração, encorajando-

me e ajudando-me a levantar quando o

cansaço e desânimo surgiam.

A todos meus familiares, a quem

defraudei horas de convívio para

realização desta pesquisa.

Page 7: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

AGRADECIMENTOS

Àquele que a tudo e a todos dá vida e que nos nutre com energia e amor, DEUS.

À minha amada mãe Expedita pelos ensinamentos que durante toda uma vida foi

construindo minha personalidade, com muito carinho e amor, tornando-me a pessoa que hoje

sou. Gratidão sempre.

Ao meu amado esposo, Éverton, que me dá diariamente amor, carinho, confiança e me

mostra que nunca posso desistir.

Aos meus orientadores Danislei Bertoni, Ângela Ines Klein e Siumara Aparecida de

Lima, muito obrigada pelo profissionalismo, ajuda, disponibilidade, paciência, olhar crítico e

atento. Este trabalho não teria assumido a presente forma se não contasse com as suas sábias e

valorosas orientações.

A Marcela, professora de Ciências do colégio o qual esta pesquisa foi realizada, pela

colaboração, disponibilidade e participação.

Aos meus queridos estudantes que participaram e contribuíram para este estudo.

Às educadoras Adriana, Alessandra e Marcela pela colaboração na validação do meu

produto final.

Um obrigado especial aos estudantes que por mim passaram e me motivaram a buscar

caminhos para a prática da leitura na escola de forma a colaborar na construção de cidadãos

autônomos e críticos.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente, contribuíram para que eu galgasse mais

este degrau de minha formação profissional e pessoal.

Page 8: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

Ensinar não é transferir conhecimento,

mas criar as possibilidades para a sua

própria produção ou a sua construção.

(Paulo Freire)

Page 9: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

RESUMO

DUARTE, Sanny Carla. Estratégias de leitura de obra pictórica e de gráfico para o ensino

de ciências nos anos finais do ensino fundamental. 2020. 182 f. Dissertação (Mestrado em

Ensino de Ciência e Tecnologia) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ponta

Grossa, 2020.

O objetivo desta pesquisa é investigar as contribuições que as estratégias de leitura podem

fornecer aos estudantes para a construção do conhecimento científico em Ciências, nos anos

finais do ensino fundamental. Com intuito de melhorar a compreensão leitora dos estudantes,

este estudo amparou-se nos estudos de Marcuschi (2008) sobre gêneros textuais, de Solé (1998)

sobre estratégias de leitura e Chassot (2003) sobre alfabetização científica no Ensino de

Ciências. A pesquisa se caracteriza como aplicada e os resultados foram analisados

qualitativamente, junto a um 6º ano do Ensino Fundamental, da rede pública de ensino do

Paraná. Os dados foram coletados por meio de questionário, protocolo de observação,

produções textuais, além das degravações das aulas dadas pela professora de Ciências da

referida turma. Os dados evidenciaram que, ao ensinar estratégias de leitura, o professor está

contribuindo para que estudantes desenvolvam a leitura compreensiva e a utilizem como

ferramenta na construção de conhecimentos. Com o propósito de enriquecer as práticas dos

professores, como produto final desta pesquisa, elaborou-se um caderno pedagógico com

estratégias de leitura dirigidas, assim como reflexões e comentários.

Palavras-chave: Leitura. Estratégias de leitura. Gêneros textuais. Ensino de ciências.

Page 10: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

ABSTRACT

DUARTE, Sanny Carla. Reading strategies of pictorial and graphic pieces for science

teaching in the final years of elementary scholl. 2020. 182 p. Thesis (Master’s Degree in

Science and Technology Teaching) - Federal University of Technology - Paraná, Ponta

Grossa, 2020.

The objective of this research is to investigate the contributions that reading strategies can

provide to students for the construction of scientific knowledge in Sciences, in the final years

of elementary school. In order to improve students' reading comprehension, this study was

supported by Marcuschi´s (2008) studies on textual genres, Solé´s (1998) on reading strategies

and Chassot´s (2003) on Science teaching. The research is characterized as applied and its

results were analyzed qualitatively, with a 6th grade of Elementary Education, from a public

school in Paraná. The data were collected through a questionnaire, an observation protocol, and

textual productions, in addition to the descriptions of the classes given by the Science teacher

of that class. The data showed that, when the teacher teaches reading strategies, he is

contributing for students to develop comprehensive reading and use it as a tool in the

construction of knowledge. In order to enrich the practices of teachers, as the final product of

this research, a pedagogical handbook was prepared with targeted reading strategies, as well as

reflections and comments.

Keywords: Reading. Reading strategies. Textual genres. Science teaching.

Page 11: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Critérios para gêneros textuais ................................................................................. 38

Figura 2 - Texto produzido pelo estudante 1 ............................................................................ 39

Figura 3 - “As respigadoras”, de François Millet (1857) ......................................................... 65

Figura 4 - Gráfico sobre solo .................................................................................................... 65

Figura 5 - Texto produzido pelo estudante 2 ............................................................................ 85

Page 12: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Setor- pizza ............................................................................................................ 45

Gráfico 2 - Linhas ..................................................................................................................... 46

Gráfico 3 - Colunas .................................................................................................................. 46

Gráfico 4 - Barras ..................................................................................................................... 47

Gráfico 5 - Expressões identificadoras da obra, usadas pelos estudantes nos textos

produzidos antes e após a aula de Ciências sobre a leitura da obra pictórica ........................... 81

Gráfico 6 - Palavras científicas usadas pelos estudantes nos textos produzidos antes e

após a aula de Ciências sobre a leitura da obra pictórica. ........................................................ 82

Gráfico 7 - Conclusões que resultaram de inferências ............................................................. 83

Gráfico 8 - Inter-relação feita pelos estudantes sobre a obra pictórica nos textos produzidos

antes e após a aula de Ciências sobre a leitura da obra pictórica. ............................................ 85

Page 13: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estratégias de Leitura ............................................................................................. 34

Quadro 2 - Tipos textuais que predominam cada gênero ......................................................... 37

Quadro 3 - Critérios sugeridos por Marcuschi (2008) aplicados ao gênero escolar ................ 39

Quadro 4 - Método de leitura de imagem de Housen (2011) ................................................... 43

Quadro 5 - Proposta Triangular para o Ensino da Arte, de Ana Mae Barbosa (2007). ............ 44

Quadro 6 - Coleta de dados do gênero textual obra pictórica .................................................. 67

Quadro 7 - Coleta de dados do gênero textual gráfico ............................................................. 67

Quadro 8 - Análise comparativa de dados do texto aplicado na aula de Ciências: obra pictórica

“As Respigadoras” .................................................................................................................... 70

Page 14: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

LISTA DE SIGLAS

BNCC Base Nacional Comum Curricular

CAEE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CTSA Ciência, Tecnologia e Sociedade e Ambiente

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LD Livro Didático

LDP Livro Didático de Língua Portuguesa

LDB Lei Diretrizes e Bases da Educação

MEC Ministério da Educação

NRE Núcleo Regional de Educação

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PISA Programa Internacional de Avaliação de Estudantes

PNLD Plano Nacional do Livro Didático

SEED Secretaria do Estado de Educação

TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TCUISV Termo de Consentimento para uso de Imagem e Som de Voz

UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

Page 15: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 20

2.1 LEITURA E SUAS CONCEPÇÕES ................................................................................. 20

2.1.1 Leitura Escrita e Visual na Escola ................................................................................... 22

2.1.2 Leitor Crítico e Autônomo .............................................................................................. 25

2.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA ......................................................................................... 27

2.2.1 Estratégias Cognitivas ..................................................................................................... 31

2.2.2 Estratégias Metacognitivas .............................................................................................. 32

2.2.3 Conhecimento Prévio ...................................................................................................... 32

2.3 GÊNEROS TEXTUAIS E O ENSINO DE CIÊNCIAS .................................................... 35

2.3.1 A Relevância dos Gêneros Textuais Obra Pictórica e Gráfico no Ensino de Ciências ... 40

2.4 O ENSINO DE CIÊNCIAS E O DOMÍNIO DA LINGUAGEM CIENTÍFICA............... 49

2.4.1 A Ciência e a Arte no Ensino de Ciências.......................................................................53

2.5 ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO E

AUTÔNOMO ........................................................................................................................... 56

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 62

3.1. ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ..................................................................................... 62

3.1.1. Delineamento da Pesquisa .............................................................................................. 62

3.1.2. Caracterização do Espaço e Amostragem ...................................................................... 63

3.1.3. Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados ....................................................... 64

3.2. ETAPAS DA PESQUISA ................................................................................................. 68

3.2.1. Observação ..................................................................................................................... 69

3.2.2. Análise dos Textos Escritos pelos Estudantes ................................................................ 69

3.2.2.1. Critérios da análise e discussão dos dados .................................................................. 69

3.2.3. Produto da Pesquisa ........................................................................................................ 71

Page 16: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ...................................................................... 712

4.1 GÊNERO OBRA PICTÓRICA .......................................................................................... 72

4.1.1 Antes da Leitura...............................................................................................................73

4.1.2 Durante a Leitura.............................................................................................................86

4.1.3 Após a Leitura..................................................................................................................90

4.2 GÊNERO GRÁFICO ......................................................................................................... 93

4.2.1 Antes da Leitura...............................................................................................................93

4.2.2 Durante a Leitura.............................................................................................................99

4.2.3 Após a Leitura................................................................................................................100

4.3 VALIDAÇÃO DO PRODUTO ....................................................................................... 102

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................106

REFERÊNCIAS....................................................................................................................110

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........ 1108

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO PARA USO DE IMAGEM E

SOM DE VOZ (TCUISV) .................................................................................................... 126

APÊNDICE C - TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)

................................................................................................................................................ 134

APÊNDICE D - PROTOCOLO DE VALIDAÇÃO .......................................................... 141

APÊNDICE E - PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO....................................................... 145

APÊNDICE F - QUESTIONÁRIO PARA A PROFESSORA DE CIÊNCIAS .............. 147

ANEXO A - AUTORIZAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA ............................................... 149

ANEXO B - AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO .... 151

ANEXO C - TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ESTUDANTES, GÊNERO OBRA

PICTÓRICA E GRÁFICO, ANTES DA EXPLICAÇÃO DA PROFESSORA DE

CIÊNCIAS. ............................................................................................................................ 153

ANEXO D - TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ESTUDANTES, GÊNERO OBRA

PICTÓRICA E GRÁFICO, APÓS A EXPLICAÇÃO DA PROFESSORA DE

CIÊNCIAS. ............................................................................................................................ 168

Page 17: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

15

1 INTRODUÇÃO

A leitura consiste em uma relação entre o que o leitor é, o que ele sabe e o que o texto

apresenta. Consequentemente, é fundamental que a escola oportunize a prática de leitura de

maneira mais ampla do que simplesmente decodificar, isto é, ler letras, palavras, frases. Ler

está concatenado à forma como o leitor se apropria do conhecimento, de como procede diante

do contexto em que a interpretação é requerida, oportunizando uma nova maneira de receber

conhecimento e, compreender.

À medida que a leitura é ensinada como prática social, disponibilizando ao estudante1

instrumentos necessários para ampliar a compreensão, ele poderá selecionar e sistematizar

informações com a finalidade de produzir significado para sua vida. Isso favorecerá a formação

de leitores como sujeitos críticos e participativos na sociedade.

Para isso, faz-se necessário o envolvimento de todos da escola, não ficando a cargo

apenas dos professores de Português, como afirmam Guedes e Souza (2011, p. 19) “ler e

escrever são tarefas da escola, questões para todas as áreas uma vez que são habilidades

indispensáveis para a formação de um estudante, que é responsabilidade da escola”.

Além da participação de todos em prol da leitura proficiente, é indispensável que os

professores proporcionem e insiram leituras de diferentes gêneros textuais nas aulas, pois

muitos estudantes atribuem à leitura apenas a palavra escrita, isto é, ao processo de

decodificação das palavras, esquecendo que há também outras formas de leitura, não somente

de textos escritos. Há uma infinidade de maneiras para se ler. Manguel (2004, p. 9) descreve

bem a associação entre o leitor e seus diversos meios de leitura:

O astrônomo lendo um mapa de estrelas que não existem mais; o arquiteto japonês

lendo a terra sobre a qual será erguida uma casa, de modo a protegê-la das forças

malignas; o zoólogo lendo os rastros de animais na floresta; o jogador lendo os gestos

do parceiro antes de jogar a carta vencedora; a dançarina lendo as notações do

coreógrafo e o público lendo os movimentos da dançarina no palco; o Tecelão lendo

o desenho intrincado de um tapete sendo tecido; o organista lendo várias linhas

musicais simultâneas orquestradas na página; os pais lendo no rosto do bebê sinais de

alegria, medo, admiração; o adivinho chinês lendo as marcas antigas na carapaça de

uma tartaruga; o amante lendo cegamente o corpo amado à noite, sob os lençóis; o

psiquiatra ajudando os pacientes a ler seus sonhos perturbadores; o pescador havaiano

lendo as correntes do oceano ao mergulhar a mão na água; o agricultor lendo o tempo

1 Nesta pesquisa, utiliza-se a palavra “estudante”, não “aluno”, pois “estudante”, de acordo com o dicionário

etimológico online (2008-2019), vem do latim studiosus, palavra que designa a pessoa dedicada, que gosta de algo,

que é zeloso. A palavra “aluno” vem também do latim alumnus, é do particípio substantivado do verbo latino alere,

que quer dizer “alimentar” ou “nutrir”. A ideia do termo, portanto, é de que o aluno é aquele que está sendo nutrido

ou criado. Hoje se sabe que, na construção significativa do conhecimento, o processo é mais complexo, e que não

cabe ao professor "alimentar" seus alunos com o conhecimento, mas sim despertar neles a vontade de buscá-lo.

Page 18: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

16

no céu - todos eles compartilham com os leitores de livros a arte de decifrar e traduzir

signos.

Diante disso, percebe-se o quanto a leitura é restrita a textos escritos nas escolas. Nota-

se que muitas vezes “as imagens são concebidas como instrumentos ilustradores do texto verbal,

mero ornamento para quebrar o ritmo cansativo da leitura”, afirma Santos (2011, p. 2). Pouco

se dá valor e raramente o professor trabalha essa leitura na sala de aula, ficando as imagens

numa posição secundária.

Todavia, não é dessa forma que a leitura visual deve ser vista perante os professores, já

que o texto visual tem conquistado cada vez mais destaque no meio social, influenciando os

meios de comunicação. Devido ao avanço dos sistemas audiovisuais, as imagens transpõem a

atenção, despontando uma nova prática de leitura, por não necessitar de palavras para serem

compreendidas. Atreladas à linguagem verbal ou visual, elas veiculam a informação formando

conceitos a partir do que se vê, isto é:

[...] a linguagem verbal e a visual travam diálogos intensos e imemoriais entre si e

provocam outros tantos entre seus autores e leitores. Mas principalmente em nosso

tempo, essa interação adquire importância fundamental, pelas possibilidades cada vez

maiores de diferentes linguagens iluminarem-se mutuamente, ampliando seus meios

expressivos e suas leituras (MARTINS, 2004, p. 95).

Faz-se necessário, então, apresentar aos estudantes diversos textos com propósito bem

articulado, com processo de ensino ativo e motivador e com a intenção de alcançar a

compreensão leitora.

De acordo com estudiosos da compreensão leitora (KLEIMAN, 1993, 2013; SOLÉ,

1998; KATO, 1999; BORBA, 2007), o desenvolvimento de estratégias de leitura é essencial

para atingir um melhor nível de compreensão leitora. O professor deve ensinar estratégias que

levem os estudantes a acionarem seus conhecimentos prévios, de maneira que conectem o

conhecimento passado com o novo. São esses conhecimentos prévios que proporcionam o

estabelecimento de relações ou o distanciamento do leitor com o texto. Se o leitor conseguir

ativar seus conhecimentos antes e durante da leitura, ele terá condições de aproximar-se do

texto. Caso não consiga acionar esses entendimentos, possivelmente não haverá compreensão,

ou seja, analisar o que realmente está escrito no texto, ou haverá pouca. Portanto, o desafio do

professor não é apenas ensinar o estudante a decodificar, e sim, tornar o aprendizado da leitura

algo possível, acessível a ele. (SMITH, 1999).

Page 19: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

17

E isso deve ocorrer em todas as disciplinas, inclusive na disciplina de Ciências, em que

a leitura de textos visuais, juntamente com as estratégias de leitura, pode subsidiar a

alfabetização científica. Isso pode possibilitar ao estudante integrar o tema proposto com

acontecimentos sociais e contemporâneos de maneira a pensar, compreender, sugerir e debater

os avanços tecnológicos e científicos.

Assim, formar um cidadão crítico é auxiliá-lo na aquisição do conhecimento científico,

de maneira que o conhecimento adquirido o auxilie a atuar de modo crítico, convicto e

responsável no meio em que vive. (BRASIL, 1997).

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) relativos a Ciências Naturais

(BRASIL, 1997b), a leitura é um processo necessário para a estruturação do conhecimento.

Considerado isso, cabe ao professor direcioná-la utilizando fontes diversificadas nas aulas de

Ciências. De acordo com esse documento, a maioria das informações é adquirida por meio de

leituras.

À vista disso, práticas de leitura podem colaborar com a aproximação do estudante ao

conhecimento científico-tecnológico, como afirma a Base Nacional Comum Curricular

(BNCC): “Quanto mais diversificado for o trabalho com linguagens, maior o repertório

construído pelos estudantes, ampliando a produção de sentidos na leitura de mundo” (BRASIL,

2017, p. 363). Para tanto, compete ao professor possibilitar aos estudantes o contato com

diversos textos, desde os anos iniciais, motivando a leitura e a compreensão desses textos.

Nesse prisma, a proposta deste estudo foi idealizada a partir de sugestões citadas na

dissertação “Estratégias de leitura para os gêneros textuais mapa, tabela e artigo de divulgação

científica: contribuições para o Ensino de Ciências” de Pereira (2015), colega do grupo de

pesquisa “Linguagem e Cognição” - UTFPR - Câmpus Ponta Grossa. Além disso, por eu ser

professora da área de Linguagem, que, além de perceber a dificuldade encontrada pelos

estudantes em ler, compreender e interpretar textos, percebi também dificuldades dos colegas

em orientar os estudantes nas práticas de leitura nas salas de aula.

Durante o curso de Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia, reflexões foram feitas

acerca do Ensino de Ciências e da necessidade de formar leitores proficientes, autônomos e

alfabetizados cientificamente. Então, surgiu o problema da pesquisa: Que contribuições as

estratégias de leitura podem fornecer aos estudantes do 6º ano do ensino fundamental para

construção do conhecimento no Ensino de Ciências?

O objetivo geral é “Investigar as contribuições que as estratégias de leitura podem

fornecer aos estudantes para construção do conhecimento científico em Ciências nos anos finais

do ensino fundamental”.

Page 20: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

18

No propósito de atender ao objetivo geral, foram elaborados os seguintes objetivos

específicos: Propor estratégias de leitura a partir dos gêneros obra pictórica2 e gráfico voltados

ao Ensino de Ciências; verificar as estratégias de leitura usadas pela professora de Ciências

através do questionário e das observações das aulas expositivas; analisar a compreensão leitora

dos gêneros selecionados para esta pesquisa por meio de produções textuais numa turma de 6º

Ano do Ensino Fundamental.

Esta pesquisa está estruturada da seguinte maneira: o segundo capítulo destina-se ao

referencial teórico com a temática “Leitura na escola”, abordando-se a concepção de leitura,

leitor crítico e autônomo e a leitura visual. Sequencialmente, a revisão trata das estratégias de

leitura, da sua importância no desenvolvimento dos estudantes proficientes. Abordam-se as

estratégias cognitivas e as estratégias metacognitivas, além de discutir os conhecimentos

prévios por conceber que a leitura não é somente uma atividade linguística. Para que ela seja

compreensiva, é necessário que o leitor tenha conhecimentos amplos, isto é, linguísticos,

textuais e conhecimento de mundo. Além disso, evidencia-se a importância do texto escrito do

gênero escolar, por acreditar que, a partir de um texto, é possível se detectar o conhecimento de

um determinado assunto que o estudante traz consigo. Na sequência, mostra-se a relevância de

ensinar a compreender diferentes gêneros textuais, não só no ensino da língua. Finalmente,

apresenta-se o Ensino de Ciências como formador de leitor crítico.

No terceiro capítulo, é traçado o delineamento metodológico da pesquisa, a qual se

caracteriza como qualitativa de natureza aplicada. São apresentados os aspectos éticos e legais,

o espaço onde decorreu a pesquisa e os instrumentos de coleta de dados. Em seguida, são

expostas as etapas da pesquisa, o produto e os critérios para a análise dos dados.

O quarto capítulo refere-se à análise e discussão dos dados que serão realizados em

duas partes: uma relativa ao gênero obra pictórica e outra sobre o gênero gráfico, e análise sobre

a validação do produto. Ao final da dissertação, encontra-se um caderno de estratégias de leitura

aplicável aos gêneros textuais obra pictórica e gráfico, que podem ser aplicados em quaisquer

áreas de ensino.

E no quinto capítulo, apresentam-se as considerações finais sob o olhar da importância

da formação de leitores proficientes a partir de leitura de diversos gêneros textuais; o Ensino de

2 Segundo o dicionário Dicio - Dicionário Online de Português online (2008-2019), pictórico diz respeito à pintura;

que se assemelha à pintura. Representado visualmente ou por imagens. Diante disso, entende-se que obra pictórica

é uma obra que utiliza técnica de pintura. Nesta pesquisa, será utilizada, também, a expressão ‘obra’ para fazer

alusão à pintura intitulada “As respigadoras”, de Jean-François Millet.

Page 21: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

19

Ciências aliado às estratégias de leitura com objetivo de subsidiar ao estudante a autonomia

para aquisição do conhecimento científico e a alfabetização científica.

Page 22: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

20

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico apresenta temas que abarcam estudos que servem de fundamento

tanto para a metodologia quanto para as discussões, concatenando a teoria com a prática. A

fundamentação teórica se ampara nos temas: leitura, estratégias de leitura, gêneros textuais e

Ensino de Ciências.

2.1 LEITURA E SUAS CONCEPÇÕES

O tema leitura tem sido bastante debatido nos meios acadêmicos uma vez que, no

processo de letramento e alfabetização, antecede a aprendizagem da escrita. Para compreender

o presente estudo a ser desenvolvido acerca da leitura, faz-se necessário entender o conceito

deste termo.

Freire (1989) assevera que a leitura de mundo precede a leitura da palavra. Assim, vai

além da compreensão dos signos linguísticos, e Martins (1994, p. 33) diz que:

[...] a leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido - seja escrito,

sonoro, seja um gesto, uma imagem, um acontecimento. Esse diálogo é referenciado

por um tempo e um espaço, uma situação; desenvolvido de acordo com os desafios e

as respostas que o objetivo representa, em função de expectativas e necessidades, do

prazer das descobertas e do reconhecimento de vivências do leitor.

Visto dessa forma, o leitor é um ser ativo que dá sentido ao texto. A leitura ganha

significado a partir da ação do leitor sobre ela. Kleiman (2013, p. 10) afirma que “a leitura é

um ato social entre dois sujeitos - leitor e autor - que interagem entre si, obedecendo a objetivos

e necessidades socialmente determinados”. Diante do exposto, entende-se a leitura como um

processo de estruturação de sentidos, uma vez que, ao produzir um texto, o escritor expõe ao

mesmo tempo suas vivências, conhecimentos e significados.

Os autores Solé (1998); Kato (1999); Zimmer, Baltskowski e Gomes (2004); Antunes

(2009), Cosson (2012), dentre outros, dedicam-se aos estudos acerca da leitura, suas concepções

e sua relevância no desenvolvimento pessoal e social.

Segundo Zimmer, Baltskowski e Gomes (2004), para que haja uma ligação entre o autor

e o leitor, e para que ocorra a compreensão leitora, muitos elementos são impulsionados no

cérebro durante o ato da leitura. Exemplo disso é o encadeamento da informação, a inferência,

a suposição e o conhecimento prévio.

Page 23: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

21

No momento em que a compreensão leitora interliga o leitor, o texto e o contexto, pode-

se assegurar que ler não é só decodificar palavras, é interação. Nesse caso, o leitor não é

meramente passivo, é um integrante da produção de sentido.

Antunes (2009, p. 195) alega que “a leitura é uma espécie de porta de entrada; ou seja,

é uma via de acesso à palavra que se tornou pública e, assim, representa a oportunidade de sair

do domínio do provado e de ultrapassar o mundo da interação face a face”. A leitura abre o

horizonte para o conhecimento, pois é através desse ato que há percepção, conhecimento e

entendimento de tudo ao seu entorno.

Cosson (2012) argumenta que a leitura é necessária, algo importante no

desenvolvimento de uma pessoa, pois é a partir dela que se aprende, informa-se, conquista-se a

compreensão. No momento da leitura, o leitor interage com o mundo do outro. O ato de ler vai

além do conhecimento da língua, da estrutura frasal, da semântica, do léxico; é necessário que

o leitor acione seus conhecimentos, estipule objetivos para que tenha sentido aquilo que lê.

Do ponto de vista de Solé (1998, p. 22), “a leitura é um processo de interação entre o

leitor e o texto; neste processo tenta-se satisfazer [isto é, obter uma informação pertinente para]

os objetivos que guiam sua leitura”. Ou seja, o leitor sempre lê com intenção de algo, para

alcançar seus propósitos. Indiferente do motivo pelo qual o levou a ler, a leitura sempre envolve

a compreensão do texto escrito.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa, a leitura:

[...] é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e

interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto,

sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair

informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma

atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação,

sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita

controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de

compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.

(BRASIL, 1998b, p. 69).

Nesse sentido, a leitura possibilita que o leitor construa novas informações, novos

conceitos, dados, ideias sobre um determinado assunto.

Corroborando essa reflexão, Solé (1998, p. 44) salienta que:

[...] ler é compreender e que compreender é, sobretudo um processo de construção de

significados sobre o texto que pretendemos compreender [...] é imprescindível o leitor

encontrar sentido no fato de efetuar o esforço cognitivo que pressupõe a leitura, e para

isso tem de conhecer o que vai ler e para que fará isso.

Page 24: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

22

O ato de ler vai além do ato de se expressar por meio das palavras, sentimentos,

emoções, pensamentos, ensinamentos, opiniões. Ler é mais que exprimir palavras. É a arte

verbal e não verbal, é um ato que demonstra emoção, que transpõe e representa as vivências de

alguém que conhece a realidade, que determina pensamentos, conceitos e ideais de quem se

utiliza das palavras escritas, das imagens, das convivências sociais, para compreender o mundo.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reforça a ideia de que a leitura é mais

ampla, “dizendo respeito não somente ao texto escrito, mas também a imagens estáticas (foto,

pintura, desenho, esquema, gráfico, diagrama) ou em movimento (filmes, vídeos, etc.) e ao som

(música) que acompanha e cossignifica em muitos gêneros”. (BRASIL, 2017, p. 72).

Percebe-se que há diversas concepções de leitura, e o intuito desta pesquisa é transpor

ao estudante uma leitura considerada como atividade social, de interação e produção de sentido,

buscando articular a leitura com o Ensino de Ciências. O leitor deve conseguir construir sentido,

indo além das palavras, ler nas entrelinhas, tanto na leitura verbal como na leitura visual.

A fim de refletir-se acerca da leitura na escola e do leitor crítico e autônomo, esta seção

está subdividida em: Leitura escrita e visual na escola; Leitor crítico e autônomo.

2.1.1 Leitura Escrita e Visual na Escola

O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, sigla em inglês de Programme

for International Student Assessment (PISA), é um estudo comparativo internacional, realizado

a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Ele oferece informações sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos,

vinculando dados sobre seus backgrounds e suas atitudes em relação à aprendizagem e também

aos principais fatores que moldam sua aprendizagem, dentro e fora da escola. Desde sua

primeira edição, em 2000, o número de países e economias participantes tem aumentado a cada

ciclo (INEP, 2019).

O Brasil participa do Pisa desde o início da avaliação e os resultados não são nada

animadores, pois não evoluiu nas áreas de Ciência e Leitura e decaiu em Matemática. Segundo

esse documento, os estudantes do Ensino Fundamental apresentam, ainda, dificuldades em

desenvolver competências leitoras, tanto no que tange ao código escrito, quanto à compreensão

de textos, indicando a necessidade de um melhor resultado dos estudantes do país.

Nessa perspectiva, toma-se como foco a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que

“é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de

aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo das etapas e

Page 25: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

23

modalidades da Educação Básica.” (BRASIL, 2017, p. 7). No que diz respeito à leitura e ao

ensino da compreensão, a BNCC refere-se à leitura como um dos “eixos organizadores” na área

da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental, realçando-a como tema central dessa área e

como instrumento para os demais componentes curriculares.

Diante dessas reflexões, considera-se que para melhorar o desempenho em leitura, faz-

se necessário ensinar aos estudantes a ler com proficiência, isto é, buscar finalidade, tirar

proveito da leitura, reter informações, ofertar-lhes gêneros textuais diversificados que possam

colaborar com a aquisição de conhecimento.

Além disso, para Wolf (2019, p. 28), “ler é algo que precisa ser aprendido”, e para isso,

é necessário um ambiente que ajude os estudantes a desenvolver e conectar diferentes leituras

para que cada jovem cérebro possa formar seu próprio circuito de uma nova leitura. E um desses

ambientes seria a escola.

A leitura abre portas inimagináveis para a compreensão do mundo. Seu caráter

enriquecedor gera nas pessoas conhecimento, domínio de palavras e significações,

sensibilidade, prazer e as torna capazes de entender a realidade e de modificá-la como um

sujeito crítico.

Para Solé (1998, p. 33):

[...] o problema do ensino da leitura na escola não se situa no nível do método, mas

na própria conceitualização do que é a leitura, da forma em que é avaliada pelas

equipes de professores, do papel que ocupa no Projeto Curricular da Escola, dos meios

que se arbitram para favorecê-la, e naturalmente, das propostas metodológicas que se

adotam para ensiná-la.

Diante disso, a sala de aula precisa ser transformada num espaço de leitura que estimule

a exploração de vários sentidos dos textos, de forma que faça a leitura ser prazerosa e

significativa. Para tal, é importante que o professor acredite nos benefícios da leitura para

incentivar os estudantes a lerem e atrair novos leitores, pois, se a leitura não for encarada como

um ato contínuo de enriquecimento de conhecimento, a consequência pode ser uma sociedade

não leitora.

Solé (1998, p. 32) destaca que:

Um dos múltiplos desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos

aprendam a ler corretamente. Isto é lógico, pois a aquisição da leitura é imprescindível

para agir com autonomia nas sociedades letradas, e ela provoca uma desvantagem

profunda nas pessoas que não conseguiram realizar essa aprendizagem.

Page 26: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

24

Uma vez que o sujeito leitor domine suas leituras e seja autônomo e fluente na leitura,

produzindo significações, ele conseguirá produzir textos incluindo todos os conhecimentos

adquiridos no ato da leitura. Para amenizar ou resolver esse desafio, é necessário repensar o

currículo escolar (BUNZEN, 2011) e, consequentemente, outras ações didático-pedagógicas

que lhe dão suporte. É necessário não somente ler palavras escritas, mas ler também imagens,

gráficos, obras, sons, mapas, etc.

A leitura de texto escrito, de imagens estáticas e em movimento, assim como de sons,

se faz necessária porque os lugares estão cheios de significações que, para serem entendidos, é

indispensável ter vivência e saber interpretar, uma vez que “crianças e adolescentes convivem

com imagens da cultura visual em seu cotidiano e, naturalmente, levam estas referências para a

escola, pois refletem aspectos dos seus contextos socioculturais e da época em que vivem.”

(RODRIGUES, 2009, p. 65).

Em consonância com essa ideia, o professor deveria considerar que, no cotidiano do

estudante, estão incluídas, em menor ou maior grau, mídias que envolvem uma abundância de

signos visuais. Isso põe em evidência as linguagens visuais, o que leva à reflexão e à

necessidade de possibilitar, na escola, o acesso à leitura e à compreensão de textos visuais.

De acordo com Paes de Barros e Costa (2012, p. 44), é indispensável que haja ensino e

aprendizagem de leituras direcionadas para um letramento visual, no qual se “considere o

desenvolvimento das capacidades de atribuir significados às imagens em função dos contextos

históricos em que estas foram criadas e circulam”.

Da mesma forma que ensina a ler e a escrever palavras, o professor pode ensinar a ler

textos visuais, pois “a experiência visual humana é fundamental ao aprendizado para que

possamos compreender o meio ambiente e reagir a ele. A informação visual é o mais antigo

registro da história humana” (DONDIS, 2007, p. 5), considerando-se que “a utilização de uma

abordagem visual do ensino carece de rigor e objetivos bem definidos” (DONDIS, 2007, p. 10).

Esse autor busca explicar a necessidade de se atentar à comunicação visual na escola, de

maneira que os estudantes possam ler textos visuais com mais frequência em sua prática social

cotidiana.

O uso de um texto visual, apenas para ilustrar um conteúdo, significa um desperdício.

O texto visual tem finalidades mais importantes, que são oportunizar aos estudantes maneiras

de lidar “com o que pode ser visto” (LEBEDEFF, 2010, p. 18) e como se pode entender o que

é visto.

Se o papel da escola é formar leitores proficientes, ressalta-se que um bom leitor não é

construído somente pelos professores de Língua Portuguesa. Na hipótese do estudante ter

Page 27: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

25

dificuldades em leitura e escrita, a responsabilidade é de todos os envolvidos no processo ensino

e aprendizagem. Nesse sentido, Kleiman (2010, p. 56) afirma que:

[...] quando os professores das demais matérias se envolvem com o ensino da leitura,

como deveriam fazê-lo, as oportunidades de criar objetos significativos para a leitura

de diversos textos se multiplicam. As oportunidades de diversificação e ampliação do

universo textual do aluno são ilimitadas, desde que a atividade de leitura seja

deslocada de uma atividade meramente escolar, sem outra justificativa a não ser

cumprir programa, até uma atividade para cujo desenvolvimento e realização a leitura

sirva como instrumento importante.

Sabendo da importância de ensinar leitura, esta deveria ser inserida com mais

frequência, por exemplo, nas aulas de Ciências, inclusive de maneira interdisciplinar com

Língua Portuguesa e Arte. A contribuição do professor, nessas aulas, para o desenvolvimento

da compreensão leitora dos estudantes, seria um meio de ensino e da aprendizagem, pois “a

valorização da leitura será mais facilmente incorporada ao conjunto de atitudes do estudante se

todo professor demonstra valorizar a atividade tornando-a uma parte central de sua aula.”

(KLEIMAN; MORAES, 1999, p. 100).

Acredita-se que se o professor oportunizar aos estudantes diferentes textos em suas

aulas, com o objetivo de melhorar a leitura, “ensinar a observar, perceber, comparar, relacionar,

construir generalizações, abstrair, falar sobre um assunto, utilizando os textos que circulam na

área, segundo os modos legitimados pela área” (KLEIMAN; MORAES, 1999, p. 101), ao final

do ensino médio, eles terão uma “bagagem” rica de leitura e conhecimentos.

2.1.2 Leitor Crítico e Autônomo

A leitura é um processo de significação e de construção de conhecimento, “trata-se de

uma concepção que envolve o indivíduo, enquanto ser psicológico, que desenvolve suas

habilidades cognitivas, e ser social, inserido em determinadas práticas histórico-sociais de

leitura.” (BRASIL, 1996, p. 20). Entende-se que a leitura inclui a interação com o conhecimento

adquirido pelo estudante, porque o sentido não está finalizado no texto. Ele é processado a partir

das atividades ofertadas ao estudante para se aprofundar no universo do texto, possibilitando-o

a se tornar um leitor crítico e capaz de compreender o universo que o cerca, isto é, “leitura

crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.” (FREIRE, 1989, p. 9).

O processo de formação do leitor detém conhecimentos e habilidades, as quais

possibilitam ao leitor analisar e interpretar um texto de forma autônoma e crítica, de maneira

que ele passe a dialogar com a leitura, com o escritor da obra e consigo mesmo.

Page 28: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

26

Segundo Freire (1989, p. 9), o processo que envolve uma:

[...] compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da

palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência

do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura

desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.

A leitura crítica estabelece dúvidas e desejos de mudança no leitor, isto é, de início,

acometa uma inquietação por meio da reflexão, para depois acontecer a prática consciente, que

resulta num leitor transformado, mas nunca um leitor terminado. Yunes (2003, p. 102) vai ao

encontro de Freire quando relaciona interação entre obra e o leitor, afirmando que:

[...] a questão de leitura na contemporaneidade se coloca na confluência das

interpretações, na urgência de transformar meros receptores em leitores, sensíveis às

menores vibrações lógicas, de modo que textos e discursos deflagrem nele a

mobilização dos sujeitos históricos. Não estamos mais no espaço da interpretação

exegética, mas no espaço da comunicação expressiva, da interação entre obra e leitor.

Se o controle dos sentidos se exercia “de fora” e “da origem”, agora sua gestação

depende da operosidade na relação entre o sujeito e seu tempo, o sujeito e sua

memória. [...] ler é condição de estar no mundo, criando-o outra vez.

Da mesma forma, Wolf (2019, p. 55) diz que “juntos, você e o autor constroem imagens

a partir de um conjunto de detalhes sensoriais cuidadosamente escolhidos, transmitidos apenas

por palavras”. O que fica claro, quando isso acontece, é que a leitura foi sentida, houve reflexão,

foi explorada, ou seja, ocorreu uma leitura crítica, leitura profunda. Segundo Wolf (2019),

leitura profunda é quando colocam em funcionamento as funções cognitivas complexas do

córtex cerebral – inerente ao pensamento, à memória e à consciência. Também, para essa autora,

“o ato de assumir a perspectiva e os sentimentos de outros é uma das contribuições mais

profundas e insuficientemente anunciadas dos processos de leitura profunda”, ou seja, “saímos

de nossas visões de mundo inerentemente limitadas para entrar no mundo de outra pessoa e

retornar acrescidos.” (WOLF, 2019, p. 57-58).

Pensando na leitura crítica e profunda realizada pelo estudante, é necessário que ele, por

meio dos seus conhecimentos do mundo, se depare com significados relevantes ao ler algo

construído pelo mundo do outro. Adquirir o saber crítico é ter condições de transformar o

mundo ao seu entorno a partir do mundo do outro, e vice-versa.

Concorda-se com Freire (1989, p. 13) quando afirma que:

[...] a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta

não possa prescindir da continuidade daquele. Linguagem e realidade se prendem

dinamicamente. A compreensão do texto ao ser alcançado por sua leitura crítica

implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

Page 29: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

27

Portanto, o saber crítico proporciona ao leitor opinar sobre algo conscientemente,

possibilitando a ele equiparar o seu mundo com o mundo ao seu entorno. A partir disso, o leitor

terá autonomia para uma tomada de decisão. Silva (2002, p. 26) defende a criticidade como

fundamental para a leitura:

[...] pela leitura crítica o sujeito abala o mundo das certezas (principalmente as da

classe dominante), elabora e dinamiza conflitos, organiza sínteses, enfim combate

assiduamente qualquer tipo de conformismo, qualquer tipo de escravização às ideias

referidas pelos textos.

Nessa perspectiva, o leitor crítico e autônomo é aquele em condições de instigar seu

conhecimento de mundo, os linguísticos e textuais, para dar sentido ao texto lido e ao fato real

(KLEIMAN, 2004). Ademais, a partir do conhecido, o leitor aumenta seus conhecimentos, não

de maneira subordinada, mas de maneira dialógica. Assim, passa a dar um novo sentido ao

mundo, recriando-o através da leitura.

Então, articular leitura e Ciências é mostrar ao estudante a possibilidade de um mundo

novo, em uma nova linguagem. Compartilha-se com Espinoza (2010) a opinião de que é

necessário ler textos de Ciências para aprender sobre Ciência e, entender a Ciência significa ler

textos de múltiplas linguagens.

Assim, espera-se que a escola, com um todo, contribua para a leitura profunda, crítica e

autônoma dos estudantes por meio de debates e discussões que favoreçam confiança e

conhecimento. Silva (2002) alega que um dos pontos negativos da escola é quando se acredita

que os saberes concebem como as únicas verdades, não abertos ao questionamento.

Esta seção procurou mostrar a importância da leitura, a função da escola em ensinar

leitura profunda, não superficial, e formar leitores críticos e autônomos. Na sequência, expõem-

se as estratégias de leitura, com foco principal nos estudos de Solé (1998).

2.2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA

A leitura é como um processo, cujo resultado é a compreensão. Para chegar à

compreensão, uma das formas é usar as estratégias, as quais são fundamentais, porque

operacionalizam o leitor com mais instrumentos a serem empregados durante a leitura,

possibilitando uma melhor compreensão.

As estratégias de leitura são procedimentos de caráter elevado, que envolvem o nível

cognitivo e o metacognitivo (SOLÉ, 1998). Para desenvolver a habilidade de leitura, o leitor

deve aplicar estratégias antes, durante e após a leitura. A aplicação das estratégias requer

Page 30: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

28

competência do leitor para verificar dificuldades na leitura e encontrar prováveis soluções. O

sujeito proficiente identifica quando entende, o que entende e quando não entende o texto.

Dentro dessa perspectiva, o ensino e aprendizagem, para Solé (1998), devem ser

construtivistas, uma vez que as estratégias de compreensão leitora contribuem para que o leitor

desenvolva seu conhecimento. No momento em que utiliza estratégias enquanto lê, ele ativa

seus conhecimentos, algo essencial para elaboração de sentido, fazendo relação com o texto,

algo essencial para elaboração de sentido.

As estratégias não detalham nem prescrevem totalmente o curso de uma ação, mas dão

dicas inteligentes sobre o caminho mais adequado a ser seguido (SOLÉ, 1998). Na visão dessa

autora, as estratégias possibilitam autonomia no ato da leitura, podendo avaliar suas ações em

função dos objetivos, sendo possível recuar ou avançar o processo da leitura.

Menegassi (2005) ressalta que o leitor utiliza as estratégias tanto conscientemente

como inconscientemente para decodificar, assimilar e interpretar o texto, solucionando dúvidas

identificadas ao longo da leitura. Silveira (2005) complementa essa reflexão quando escreve

que o leitor proficiente será aquele que souber selecionar, dentre as várias leituras existentes,

aquela que é mais adequada ao material que está lendo e ao objetivo da sua leitura.

Ensinar estratégias de leitura é de suma importância para os professores de quaisquer

disciplinas, provavelmente será por meio delas que é possível identificar algumas dificuldades

do estudante e, assim, proporcionar uma maneira de resolver o problema detectado. Nesse

momento, é viável que o professor mostre ao estudante que ele pode criar suas próprias

estratégias para facilitar seu entendimento, uma vez que esse caminho contribui com a formação

de um leitor autônomo, isto é, um leitor que sabe aprender, sabe onde buscar informação e como

aproveitá-la.

Por isso, serão discutidos brevemente alguns modelos de estratégias propostos por

diferentes autores, buscando delinear a perspectiva adotada nesta pesquisa.

Holden e Rogers (2001) definem algumas estratégias importantes no desenvolvimento

da leitura, as quais o leitor utiliza, como: Estratégia Skimming, Estratégia Scanning e Estratégia

de Predição.

a) Estratégia Skimming: É quando o leitor faz uma leitura rápida do texto, sem se fixar

em algum ponto específico, sem se interessar por informação específica. Seu

objetivo é formar uma ideia geral do texto lido.

b) Estratégia Scanning: é quando o leitor busca uma informação específica, como:

nome, fato interessante, data, número data e número.

Page 31: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

29

c) Estratégia de Predição: é quando o leitor aciona seus conhecimentos prévios, quer

dizer, aciona o conhecimento de mundo sobre parte do texto, durante a leitura. Para

auxiliar nas predições, alguns elementos podem ser observados no texto: título,

subtítulo, estrutura, figuras, tabela. Além disso, retomar conscientemente as

memórias acerca do assunto abordado pode auxiliar nas previsões em relação ao

conteúdo do texto. As antecipações, adivinhações e as hipóteses levantadas acerca

do texto podem ou não ser confirmadas.

Outros autores, como Goodman (1987) e Smith (1991), definem outras estratégias de

leitura, são elas:

a) Seleção: possibilita ao leitor selecionar alguns segmentos do texto que são

importantes. O leitor pode fazer uso de mecanismos, como colorir, sublinhar ou fazer

algum apontamento, para tirar o máximo de proveito que esta estratégia permite.

b) Antecipação: compõe hipóteses e previsões as quais poderão ser reconhecidas ou

refutadas no decorrer da leitura.

c) Inferência: resulta dos conhecimentos prévios do leitor acerca do assunto do texto

lido. Para isso, o leitor explora as dicas deixadas pelo escritor, buscando seus

conhecimentos adquiridos ao longo da vida acerca do tema em pauta com intuito de

complementar o sentido do texto. Sobre inferência Wolf (2019, p. 72) acrescenta que,

[...] a aplicação das capacidades inferenciais, como a dedução e a indução e, no devido

tempo, levam à avaliação e à análise crítica daquilo que pensamos significarem nossas

observações e inferências. A partir destas, tiramos interpretações de tudo que ocorreu

antes e, com sorte, chegamos a conclusões que levam a eclosões de insights.3

d) Verificação: possibilita ao leitor investigar com exatidão se as estratégias

estabelecidas durante a leitura estão sendo eficazes ou não, assegurando a ele mais

segurança na constituição de sentido do texto lido.

A função das estratégias de leitura é estabelecer, durante uma leitura, certas

regularidades, permitindo aos estudantes controlar a compreensão do texto.

De acordo com Solé (1998, p. 71), “para o leitor poder compreender, o texto em si deve

se deixar compreender e o leitor deve possuir conhecimentos adequados para elaborar uma

interpretação sobre ele”. Isso não quer dizer que o leitor deva saber o conteúdo do texto, mas

3 Conforme o Dicio, Dicionário Online de Português, online (2009-2019), insights significa compreensão repentina

de um problema, ocasionada por uma percepção mental clara e, geralmente intuitiva, dos elementos que levam a

sua resolução. Iluminação; revelação ou visão inesperada e repentina de alguma coisa.

Page 32: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

30

que, entre o texto e seus conhecimentos, deve haver o processo de atribuição de significados

que determina a compreensão.

Formar leitores independentes significa que eles sejam capazes de adquirir

conhecimentos a partir da leitura de textos. Cada leitor usa estratégias que facilitam a resolução

de problemas de compreensão encontrados durante na leitura. Se o leitor não souber usar

estratégias adequadas enquanto lê, faz-se necessário apresentar-lhe esses meios facilitadores

para que haja leitores autônomos em condições de ler textos de diferentes gêneros.

É importante destacar que o leitor autônomo é capaz de aprender a partir do texto,

porém, para que isso aconteça, deve-se ensinar o estudante a indagar sobre sua própria

compreensão. Para isso, ele estabelecerá relações entre o que leu e o que faz parte do seu

conhecimento prévio. Sendo assim, o ensino de estratégias de compreensão leitora faz com que

os estudantes aprendam a partir de seu conhecimento.

Solé (1998) afirma que as estratégias devem permitir que o estudante planeje sua leitura,

sua motivação e sua disponibilidade, o que facilitará a comprovação e o controle do que se lê

em função dos objetivos propostos. Por isso, segundo a autora, é fundamental que o professor

trabalhe as estratégias por etapas, as quais ocorrem antes, durante e depois da leitura do texto,

conforme caracteriza:

a) Antes da leitura: O professor fornece, por exemplo, explicações gerais sobre o que

será lido, chamando a atenção dos estudantes para os aspectos do texto que podem ativar o

conhecimento prévio: título, subtítulo, enumerações, sublinhados, letras destacadas,

introduções e resumos. Dessa forma, o professor pode incentivá-los a falarem acerca do que já

sabem sobre o tema.

b) Durante a leitura: Nesta etapa, o leitor busca obter maior compreensão sobre o texto,

sendo necessária boa leitura para obter êxito na tarefa. Assim, o número de estratégias utilizadas

podem ser divididas em seis, a saber: (1) formulação de previsões; (2) formulação de perguntas;

(3) esclarecimento de dúvidas; (4) resumo de ideias; (5) avaliação do caminho percorrido e

realização de novas previsões; (6) relacionamento da nova informação adquirida do texto ao

conhecimento prévio armazenado. Todas essas estratégias podem ocorrer concomitante e

recursivamente.

c) Depois da leitura: Nesta fase, uma estratégia necessária é, por exemplo, a

identificação da ideia principal do texto lido, que irá demonstrar a capacidade do leitor em

compreender o texto. O leitor poderá também produzir um resumo escrito, através da estratégia

de formular e responder perguntas. Todo esse trabalho, utilizando as estratégias de leitura,

deverá ser conduzido pelo professor, que necessariamente deverá servir de modelo como leitor

Page 33: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

31

competente. Solé (1998, p. 70) esclarece que “por isso, ao ensinar estratégias de compreensão

leitora aos estudantes, deve predominar a construção e o uso de procedimentos de tipo geral,

que possam ser transferidos sem maiores dificuldades para situações de leitura múltiplas e

variadas.”

As estratégias são, portanto, procedimentos envolvidos no processo da compreensão

leitora. Dessa forma, estratégias de leitura são compreendidas, nesta pesquisa, como

instrumento para facilitar a aprendizagem.

Na seção seguinte, falar-se-á sobre as estratégias cognitivas e metacognitivas da leitura,

além da importância do conhecimento prévio.

2.2.1 Estratégias Cognitivas

Encontram-se, na literatura, estudos acerca de estratégias cognitivas e metacognitivas.

Nesta pesquisa, não se investigarão essas diferenças, pois os métodos de análise de dados não

permitem informar sobre os processos cognitivos. Entretanto, nesta pesquisa serão propostas

estratégias tanto cognitivas quanto metacognitivas, não importando a divisão, até porque o

objetivo geral é investigar as contribuições que as estratégias de leitura podem fornecer aos

estudantes para construção do conhecimento científico em Ciências nos anos finais do ensino

fundamental.

Então, muito se fala acerca de estratégias cognitivas de compreensão leitora. Kleiman

(1993, p. 50) as define como processos realizados inconsciente e automaticamente pelo leitor.

Nessa medida:

[...] as estratégias cognitivas da leitura seriam aquelas operações inconscientes do

leitor, no sentido de não ter chegado ainda ao nível consciente, que ele realiza para

atingir algum objetivo da leitura. Por exemplo, o fatiamento sintático é uma operação

necessária para a leitura, que o leitor realiza, ou não, rápida ou cuidadosamente, isto

é, de diversas maneiras, dependendo das necessidades momentâneas, e que

provavelmente não poderá descrever.

Cada sujeito desenvolve um conjunto de estratégias cognitivas que estimulam o

processo de aprendizagem. As estratégias cognitivas levam o leitor a reorganizar a mensagem

do autor a partir de pistas deixadas no texto. Leffa (1996) considera que as estratégias cognitivas

envolvem o conhecimento declarativo, ou seja, saber o que envolve a consciência da tarefa a

ser feita, que o foco é a atividade em si, não se considera o processo para se alcançar

determinado resultado.

Page 34: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

32

2.2.2 Estratégias Metacognitivas

Enquanto as estratégias cognitivas são atribuídas a levar o leitor a um objetivo cognitivo,

as estratégias metacognitivas sugerem avaliar a efetividade das primeiras. Por exemplo, quando

se faz uma leitura lenta somente para entender um conteúdo (estratégia cognitiva); algumas

vezes, lê-se ligeiramente para obter uma ideia sobre a dificuldade ou facilidade da

aprendizagem do seu conteúdo (estratégia metacognitiva). (FLAVELL, WELLMAN, 1987).

Assim, aprende-se acerca das estratégias cognitivas para fazer progressos cognitivos e sobre as

estratégias metacognitivas para controlar o progresso cognitivo. Para esses autores, o uso de

estratégias metacognitivas é, normalmente, realizado para controlar a compreensão, que precisa

estabelecer objetivos de aprendizagem, a consciência dos que já foram alcançados e, se preciso

for, modificar as estratégias que foram usadas para alcançá-los.

O bom leitor torna a leitura um ato consciente, reflexivo e planejado. (KLEIMAN,

1993). Pode-se dizer que o leitor possui controle da atividade que está realizando e cria

hipóteses de leitura autonomamente, aplicando seu conhecimento prévio. A leitura passa a ter

o sentido de verificação de hipóteses, para confirmação ou resposta e revisão, tornando-se uma

atividade consciente.

Nas estratégias metacognitivas, o leitor faz uso de técnicas, ou seja, ele busca o

significado de palavras, remete novamente à leitura do texto para encontrar o seu sentido; é o

“controle sobre a própria compreensão, pois o leitor especialista, além de compreender, sabe

que compreende e quando não compreende”. (SOLÉ, 1998, p. 72).

As estratégias de leitura têm o objetivo de facilitar a interpretação e compreensão da

leitura, e formar leitores capazes de ler e compreender diversos gêneros textuais de forma

autônoma; um passo importante é ensinar os estudantes a acionarem seus conhecimentos

prévios, o que será discutido em seguida.

2.2.3 Conhecimento Prévio

Espera-se que o professor não inicie a abordagem de um texto sem antes identificar o

que os estudantes já sabem em relação ao tema que será tratado. Na opinião de Ausubel (2003),

o que o estudante já conhece - a ideia âncora, segundo o autor - é o necessário para a construção

de um novo conhecimento mediante a reconfiguração dos suportes mentais ou a concepção de

novos. Quando o estudante reflete acerca do conteúdo novo, ele adquire informação, ampliando

seus conhecimentos prévios.

Page 35: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

33

De acordo com Miras (2001, p. 71), há vários níveis de conhecimentos prévios, e é

mediante a inter-relação desses níveis que o estudante consegue compreender o sentido do

texto:

[...] podemos falar de conhecimentos prévios em diferentes níveis, na medida em que

as unidades organizativas dos processos de ensino e aprendizagem podem ser de

magnitudes diferentes [...] as unidades organizativas dentro de um mesmo nível

podem abranger do planejamento geral [...] até o planejamento de unidades didáticas

concretas e das lições específicas dessas unidades. [...] em cada um dos níveis tem

sentido falar de conhecimentos prévios dos alunos, conhecimentos que, embora

logicamente relacionados, podem ser diferentes em função do grau de generalidade

ou especificidade com que são contemplados os novos conteúdos em cada uma dessas

unidades organizativas.

Ou seja, se o professor quiser investigar o conhecimento prévio dos estudantes, ele deve

antecipar (ou reconhecer) o que eles já sabem sobre o tema, para então promover a ponte com

o novo conhecimento, ou seja, para ocorrer a aprendizagem. Nas aulas de ciências, buscar o que

os estudantes já sabem acerca de um determinado conteúdo seria importante para haver

aprendizagem significativa:

Aprender ciência significativamente é um processo ativo de construção cognitiva

onde o que o estudante já sabe é absolutamente fundamental. E é fundamental porque

a aprendizagem significativa de um material qualquer é um processo que consiste

numa interação substantiva, não literal e não arbitrária (plausível, sensível e não

aleatória) desse material com ideias relevantes existentes previamente na estrutura

cognitiva, com as quais esse material se relaciona. (AUSUBEL, 2003, p. 1).

Esse processo ativo de construção cognitiva, buscando o conhecimento prévio é

classificado, segundo Kleiman (2013), em três tipos, a saber: (1) conhecimento linguístico, que

se refere às palavras, aos sintagmas e às estruturas frasais; (2) conhecimento textual, que se

refere à estrutura de um texto; e (3) conhecimento de mundo, aquele que o leitor adquire no

decorrer de sua vida, podendo ser um conhecimento geral ou específico. Esse conhecimento

adquirido auxilia na geração de inferências e compreensão de hipóteses, levando o leitor a

perceber as dicas deixadas pelo autor, completando as lacunas, tornando a leitura significativa,

pois a competência leitora, completamente desenvolvida, dá autonomia ao leitor a continuar a

construção de sua aprendizagem, sem a mediação (ou interferência) do professor.

O conhecimento prévio presume uma agregação de outros conhecimentos

procedimentais, afetivos e contextuais, e isso pode ser conferido em Ausubel, Novak e Hanesian

(1980, p. 137), quando os autores citam que “se eu tivesse que reduzir toda a psicologia

Page 36: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

34

educacional a um único princípio, diria isto: o fator singular que mais influencia a aprendizagem

é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra isso e ensine-o de acordo”.

Logo, percebe-se a importância de considerar o que o estudante já sabe, a experiência

trazida de sua vivência. Parte desse conhecimento prévio é o conteúdo ensinado na escola, o

qual compete ao professor determinar parâmetros e caracterizar conceitos, procedimentos,

valores, e o que mais julgar necessário para atingir o objetivo constituído para o ensino e a

aprendizagem.

Partindo de toda a revisão de literatura acerca das estratégias de leitura, organizou-se o

Quadro 1. Este quadro toma como central os estudos de Solé (1998) e de Pereira (2015). Foram

incluídas ainda estratégias consideradas pertinentes para os gêneros obra e gráfico nas aulas de

Ciências, tema desta dissertação.

Quadro 1 - Estratégias de Leitura

Estratégias de leitura Cabe ao

professor

Cabe ao

estudante

Cabe ao

professor e

ao estudante

Antes da

leitura

1. Explicação do propósito da leitura do texto. X

2. Explicação dos gêneros textuais obra e gráfico -

tipos de modalidades comunicativas - verbal e não

verbal.

X

3. Provocação aos estudantes a questionarem as

finalidades da leitura. X

4. Antecipação do tema ou ideia principal através

do(a): título, subtítulo (quando houver), imagem, etc. X

5. Levantamento do conhecimento prévio em relação

ao assunto do texto X

Durante

a leitura

6. Utilização do dicionário para consulta,

esclarecendo possíveis dúvidas do vocabulário. X

7. Suposições sobre as conclusões implícitas no

texto. X

8. Busca de informações complementares. X

Após a

leitura

9. Construção do sentido sobre o texto lido. X

10. Relação do texto abordado ao cotidiano. X

11. Verificação da compreensão do texto por meio

de uma produção textual do gênero escolar. X

Fonte: Adaptado pela autora a partir de Solé (1998) e Pereira (2015)

Page 37: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

35

O quadro apresenta estratégias que foram utilizadas antes, durante ou após a leitura,

podendo ser empregadas pelo professor, pelo estudante ou por ambos. Vale ressaltar que cada

estratégia desse quadro se encontra discutida na seção das análises de dados, além de estarem

disponíveis no “Caderno de Estratégias de leitura para os gêneros textuais obra pictórica e

gráfico”, ofertado como produto desta pesquisa.

Na sequência, tratar-se-á de temas relacionados aos gêneros textuais e o Ensino de

Ciências.

2.3 GÊNEROS TEXTUAIS E O ENSINO DE CIÊNCIAS

Nos estudos de linguagem, há vários autores discutindo acerca de “gêneros textuais” ou

“gêneros de texto” ou “gêneros do discurso”, “tipos de texto” ou “tipos textuais” ou “tipos de

discurso”. Nesta pesquisa, optou-se por aplicar a terminologia “gêneros textuais” e “tipos

textuais” à luz das pesquisas de Marcuschi (2008).

O conceito de “gênero” emprega diversas abordagens. O gênero abrange,

principalmente, a análise de texto e do discurso, além da descrição da língua e uma visão da

sociedade. Nas palavras de Bakhtin (2003), “os gêneros estão vinculados às diferentes

atividades da esfera humana, constituindo-se como mediadores de diversos discursos étnicos,

culturais e sociais.” (BAKHTIN, 2003, p. 279). Para o autor, sua riqueza e variedade são muitas,

pois a multiplicidade virtual da atividade humana não se esgota.

Marcuschi (2008) refere-se aos gêneros textuais como uso da língua cotidiana,

mostrando o funcionamento da sociedade, sendo que, cada gênero adquire sua função, sua

forma, seu conteúdo e seu estilo dentro de uma comunidade discursiva.

Os gêneros colaboram para organizar e estabelecer a comunicação do cotidiano, porém

não são modelos estanques, inflexíveis. Para Marcuschi (2002, p. 29), "quando dominamos um

gênero textual, não dominamos uma forma linguística e sim uma forma de realizar

linguisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares". Essa concepção

beneficia não o aspecto formal e a estrutura da língua, mas sim a sua funcionalidade e

interatividade.

Os PCN – Língua Portuguesa (BRASIL, 1998b, p. 23) deixam evidente a necessidade

de contemplar em sala de aula diversos gêneros textuais, pois, além de terem características

próprias, deve-se considerar o contexto em que estão inseridos:

Page 38: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

36

Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de natureza temática,

composicional e estilística, que os caracterizam como pertencentes a este ou àquele

gênero. Desse modo, a noção de gênero, constitutiva do texto, precisa ser tomada

como objeto de ensino. Nessa perspectiva, é necessário contemplar, nas atividades de

ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas em função de sua relevância

social, mas também pelo fato de que textos pertencentes a diferentes gêneros são

organizados de diferentes formas.

E é necessário também determinar a qual gênero o texto pertence, observando o local

onde o texto está presente, isto é, o suporte4 através do qual está veiculado o texto, pois isso

pode interferir na definição do gênero (KLEIN et al., 2009). Exemplo disso é uma notícia: se o

suporte for o jornal, tanto impresso quanto o virtual, um dos textos será o gênero notícia. O que

faz o texto ser do gênero notícia é a função que ele tem no mundo, o suporte que o apresenta e

a relação que tem com o leitor. Uma mesma notícia pode se tornar um Post no facebook, por

exemplo, o que a torna um gênero híbrido notícia/post. Concorda-se com Marcuschi (2003, p.

9) ao relatar que “não se trata de fazer uma classificação de suportes, mas de analisar como eles

contribuem para seleção de gêneros e sua forma de apresentação”.

A BNCC (BRASIL, 2017) reforça a importância de trabalhar gêneros textuais como

meio de aprender linguagens específicas das Ciências da Natureza:

[...] diante da diversidade dos usos e da divulgação do conhecimento científico e

tecnológico na sociedade contemporânea, torna-se fundamental a apropriação, por

parte dos estudantes, de linguagens específicas da área das Ciências da Natureza e

suas Tecnologias. Aprender tais linguagens, por meio de seus códigos, símbolos,

nomenclaturas e gêneros textuais, é parte do processo de letramento científico

necessário a todo cidadão (BRASIL, 2017, p. 5).

Isso reforça a noção de que os gêneros textuais auxiliam no processo de aprendizagem,

como destaca Marcuschi (2002), ao afirmar que eles são como textos materializados,

encontrados no cotidiano dos leitores com propriedades sociocomunicativas, como bula de

remédio, manual de instrução, poesia, propaganda, edital, e-mail, piada, obra pictórica, gráfico,

etc., cada qual com suas peculiaridades pertencentes a um tipo de texto: narrativo (narra um

fato), descritivo (descreve alguém, alguma coisa), dissertativo (busca defender uma ideia),

expositivo (apresenta um tema, a partir de recursos como a conceituação, a definição, a

descrição, a comparação, a informação e enumeração), injuntivo (está comedido na explicação

e no método para a realização de algo), por isso a importância do domínio.

4 Segundo Marcuschi (2008), suporte de um gênero é um locus físico ou virtual com formato específico que serve

de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. Suporte de gênero é uma superfície física em

formato específico que suporta, fixa e mostra um texto.

Page 39: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

37

Cada gênero está interligado a um ou mais tipo de texto, como explica Marcuschi (2002,

p. 22), os tipos de textos são usados “para designar uma espécie de sequência teoricamente

definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos

verbais, relações lógicas).”

Ressalta-se que, em um texto, embora haja predominância de um tipo de texto, um

gênero textual pode apresentar características de uma narrativa no começo, em seguida

descritiva e até mesmo argumentativa. Segundo Marcuschi (2008, p. 160) não há dicotomia

entre gênero e tipo, ou seja, eles se complementam “Ambos coexistem e não são dicotômicos.

Todos os textos realizam um gênero e todos os gêneros realizam sequências tipológicas

diversificadas. Por isso mesmo, os gêneros são em geral tipologicamente heterogêneos”.

Exemplo disso é um telefonema, no ato da fala pode haver vários tipos textuais como

narrações, descrições e argumentações, isto é, ele é heterogêneo, assim como uma obra

pictórica, não pertence a um único tipo textual até mesmo por ser um texto híbrido, ou seja,

apresenta narração, descrição, argumentação, injunção; dependerá do conhecimento prévio do

leitor e do objetivo de se ler uma determinada obra para classificá-la. Por isso, não foi

especificado, neste quadro, em qual tipo textual o gênero obra pictórica se enquadra.

Para que a classificação tipo e gênero textual fiquem claros, atente-se ao quadro a seguir.

Quadro 2 - Tipos textuais que predominam cada gênero

TIPOS TEXTUAIS GÊNEROS TEXTUAIS

NARRATIVO Romance, novela, contos de fada...

DESCRITIVO Folheto turístico, currículo, cardápio...

DISSERTATIVO Editorial jornalístico, texto de opinião, carta do leitor...

EXPOSITIVO Seminário, palestra, reportagem...

INJUNTIVO Propaganda, gráfico, bula de medicamentos...

Fonte: Autoria própria

Ao trabalhar diversos gêneros textuais em sala de aula de qualquer disciplina, o

professor possibilita maneiras diferentes de expor o mesmo conteúdo por meio de diferentes

textos, contribuindo para o aprendizado de prática de leitura.

Por meio desses conceitos e da reflexão acerca de tipos e gêneros textuais, o termo

gênero escolar foi estabelecido como o mais apropriado devido às produções redigidas em

estabelecimento escolar, por serem objetos de ensino e aprendizagem e por não o encontrar no

cotidiano como os demais gêneros textuais. (LIMA, 2008, p. 115).

Page 40: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

38

O gênero escolar estrutura-se, nesta pesquisa, a partir dos critérios estabelecidos por

Marcuschi (2008, p. 164), evidenciados na Figura 1. Em seguida, é apresentada uma análise da

produção de texto de um estudante participante, partindo-se desses critérios:

Figura 1 - Critérios para gêneros textuais

Fonte: Marcuschi (2008, p. 164)

Esses critérios puderam ser observados em textos produzidos em sala de aula5,

denominados de gênero escolar a partir de agora, com a finalidade de verificar o conhecimento

prévio sobre solo dos estudantes, na disciplina de Ciências, a partir da obra de Millet

(IMBROISI, 1857) “As Respigadoras”.

5 Todos os textos que forem apresentados e analisados no decorrer desta dissertação fazem parte do corpus coletado

durante o ano de 2018, trabalho realizado com os estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola no

distrito de Carambeí, Paraná (ANEXO D).

Forma

estrutural

Propósito

comunicativo

ConteúdoMeio de

transmissão

Papéis de

interlocutores

Contexto

situacional

Page 41: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

39

Figura 2 - Texto produzido pelo estudante 1

Fonte: dados da pesquisa

Por meio desse texto, cuja função foi coletar informações para a pesquisa, é possível

verificar os critérios de um gênero textual aplicados ao gênero escolar em questão, sintetizados

no Quadro 3.

Quadro 3 - Critérios sugeridos por Marcuschi (2008) aplicados ao gênero escolar

CRITÉRIOS GÊNERO TEXTUAL: Gênero escolar

Forma estrutural Texto em prosa

Propósito comunicativo Demonstrar o conhecimento prévio

Conteúdo Solo

Meio de transmissão Texto escrito

Papéis de interlocutores Expor (estudante)/obter(professor) informações

Contexto situacional Ferramenta de avaliação

Fonte: Autoria própria

Page 42: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

40

Portanto, o texto apresentado na Figura 2 configura-se como gênero escolar, porque

atende a todos os critérios: tem forma estrutural apresentada por meio do texto em prosa cujo

propósito comunicativo é demonstrar o conhecimento prévio dos estudantes sobre o conteúdo

‘solo’. O meio de transmissão foi o texto escrito e o papel dos interlocutores foi expor

(estudante)/obter(professor) informações num contexto situacional em que o texto serviu de

ferramenta de avaliação.

Os gêneros textuais não são como modelos estanques, nem como estruturas rígidas, mas

formas culturais e cognitivas de ação social. Temos de ver os gêneros como entidades

dinâmicas. (MARCUSCHI, 2002).

Dessa forma, o texto escrito pelos estudantes, concebido como gênero escolar, foi

solicitado pela pesquisadora no intuito de obter o máximo de informações acerca do

conhecimento prévio dos sujeitos.

Sabe-se que o livro didático é um gênero híbrido, uma vez que é organizado a partir de

diversas linguagens como visual, verbal e matemática. Nesta pesquisa, serão destacados os

gêneros: gráfico e obra pictórica, os quais serão caracterizados na próxima seção.

2.3.1 A Relevância dos Gêneros Textuais Obra Pictórica e Gráfico no Ensino de Ciências

No entendimento de Marcuschi (2002), trabalhar gêneros textuais é uma grande

oportunidade de se utilizar a língua em seus diversos usos autênticos no cotidiano, já que tudo

que se escreve faz parte de algum gênero.

Frente a esse contexto, observa-se a inclusão dos gêneros obra pictórica e gráfico, e

vários outros, nos livros didáticos de Ciências, pois podem ampliar as possibilidades de

interpretação e compreensão do conteúdo em estudo. Nesta pesquisa, procurou-se articular o

Ensino de Ciências com a leitura desses gêneros textuais, entendendo-os como pertinentes à

produção de sentidos nessa relação e auxiliares no ensino e na aprendizagem.

Percebe-se que a linguagem visual está cada vez mais em evidência no cotidiano das

pessoas, intervindo nos meios de comunicação e na vida escolar. Com o advento da tecnologia

e dos meios de comunicação, as imagens passam a receber destaque, promovendo a emergência

de prática de leitura de textos visuais.

Ao se falar em leitura, normalmente se estabelece a responsabilidade de significado à

palavra escrita, ou seja, à técnica de decodificação das palavras, e não se tem consciência de

que a leitura de textos escritos é apenas um dos formatos que evoluiu com o tempo. Desde a

Page 43: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

41

pré-história, os humanos buscaram se comunicar por meio de desenhos feitos nas paredes das

cavernas e foi mediante esse tipo de representação (pintura rupestre) que conseguiram expressar

suas ideias, suas necessidades.

Nesse viés, Manguel (2004, p. 10) diz que “talvez pudesse viver sem escrever, mas não

creio que pudesse viver sem ler. Ler - descobri - vem antes de escrever. Uma sociedade pode

existir - existem muitas, de fato - sem escrever, mas nenhuma sociedade pode existir sem ler”,

isto é, mesmo antes de decodificar, o sujeito é capaz de ler uma imagem, assim como faziam

os humanos na pré-história. Além disso, Manguel (2006) salienta também que a imagem é um

dos recursos cuja leitura é compreensível a todos, inclusive os desprovidos da leitura escrita, já

que, para esse autor, leitura de texto visual não tem código como a leitura escrita.

Diante dessa reflexão, é importante a escola valorizar, trabalhar didaticamente, além dos

textos verbais, os textos imagéticos e visuais, pois os textos visuais também dispõem de caráter

semiótico (estudo dos signos, ou seja, como o leitor atribui significado ao que se lê) e linguístico

(estudo das palavras). Ao ler um texto visual, o estudante é capaz de verbalizá-lo e as

significações emergem a partir da relação que o estudante cria, observando a imagem e o

contexto, partindo dos seus conhecimentos prévios, tornando-se a leitura única para cada leitor

(SILVA, 2006).

Assim como os textos verbais são classificados pelos gêneros textuais e estruturas

semânticas, os visuais, as obras, por exemplo, são lidas por meio de cores, estruturas e

composições; características que designam os sentidos do texto. No texto visual, há três

aspectos importantes, assim como nos verbais: tema, estrutura e estilo.

A importância da inserção de novos gêneros textuais, como a obra pictórica, tanto na

escola quanto nos diversos meios de comunicação, é percebida ao constatar-se o avanço dos

livros didáticos (LD), ao decorrer dos anos, que se aperfeiçoam para atender às necessidades

metodológicas. Marcuschi (2002, p. 21) afirma que os gêneros textuais:

[...] que emergiram no último século no contexto das mais diversas mídias criam

formas comunicativas próprias com um certo hibridismo que desafia as relações

entre oralidade e escrita e inviabiliza de forma definitiva a velha visão

dicotômica ainda presente em muitos manuais de ensino de língua. Esses gêneros

também permitem observar a maior integração entre os vários tipos de semioses:

signos verbais sons, imagens e formas em movimento.

Dada a necessidade de apresentar e trabalhar novos gêneros textuais como obra pictórica

- Arte - quanto gráfico - Matemática, esses gêneros não só estão inseridos nos livros dessas

disciplinas como também em outros livros didáticos. Além de estarem em livros didáticos, estão

Page 44: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

42

presentes em outros suportes textuais (cartazes, quadros, etc.), evidenciando a importância da

linguagem visual no meio social.

O texto visual faz parte da leitura acadêmica, a partir dos critérios avaliativos dos

materiais didáticos concebidos pelo PNLD (Plano Nacional do Livro Didático), o qual

reivindica sua inclusão nos livros didáticos, segundo as solicitações feitas pelo MEC

(Ministério da Educação).

Destaca-se a importância do uso do livro didático, já que muitos estudantes das escolas

públicas só têm acesso a livros nas escolas, como afirma Paiva (2013, p. 8):

[...] as crianças de escola pública só têm acesso aos livros na escola. É a escola que

faz a mediação, porque as famílias estão subnutridas de leitura. O resultado do

professor como mediador é incontestável, já avançamos muito. Mas sempre é o

professor, aquele que faz a diferença na vida do aluno. Precisava ser uma coisa mais

consistente, uma ação educacional mais colegiada na escola, no sentido de eleger a

formação de leitores não pelo viés da avaliação de proficiência em leitura, mas porque

queremos formar cidadãos conscientes, que leem […]

Se vários estudantes de escolas públicas dependem dessa mediação, faz-se necessário

um professor com formação que seja capaz de contribuir com a formação de leitores,

especificamente nas aulas de Ciências, em que, para aprender Ciências, é preciso colocar o

estudante em um novo mundo, em uma nova linguagem. Espinoza (2010) reforça a ideia de que

é necessário ler textos de Ciências para aprender Ciências, seja texto escrito ou visual.

Mesmo o texto visual contribuindo com a aprendizagem, não são todos os professores

que exploram esse tipo de texto, como enfatiza Martins (2004, p. 97):

[...] talvez mais que quaisquer outros, estão imbuídos de que os textos são, para

ler, “enquanto, por exemplo, cinema e quadros são para ver”. E, como pouco se

questiona isso, na escola ou nos cursos de Letras - ainda que a realidade e a

experiência de cada professor e aluno coloquem essa noção em cheque a cada

momento -, ela continua vigente, mesmo quando não propala, enquanto se deixa

de explorar a legibilidade da imagem.

Uma vez o professor deparando-se com a leitura de imagem nos livros ou em outros

tipos de materiais didáticos, é pertinente fazê-la como um objeto de ensino, não improvisar uma

leitura ou ignorá-la, como orienta Bicalho (2010, p. 94):

O professor, ao entrar na sala de aula, precisa saber que tipo de dificuldades os textos

podem impor a seu aluno. Ao preparar o texto que será lido em classe, o professor

prevê sua atuação como mediador: conhecendo seus alunos e conhecendo o texto a

ser lido, poderá propor estratégias de leitura que minimizem as dificuldades.

Page 45: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

43

Uma obra, por exemplo, pode ser muito mais que uma imagem ilustrativa, uma obra é

composta por história, a qual envolve o estudante no campo da imagem; este gênero textual é

rico em detalhes, o que demonstra o quanto o artista apropriou-se de leitura de palavra e de

mundo para executá-la.

Para fazer uma leitura de texto visual, salienta-se que não existe um único meio

apropriado para esse tipo de leitura, até porque cada leitor faz correlação do texto com as suas

próprias experiências. Porém, há estudos que apresentam métodos de leitura de imagem no

ensino da Arte/educação, dentre esses se destacam os realizados por Ott (1989), Parsons,

(1992), Feldman (1993) e Housen (2011).

As estratégias de leitura desses pesquisadores foram fundamentais para a pesquisadora

em Arte-educação Ana Mãe Barbosa desenvolver a primeira proposta intitulada como

Metodologia Triangular e, posteriormente, Proposta Triangular (contextualização, leitura de

obra de arte, fazer artístico), que se resume em “encaminhamento pedagógico-artístico que tem

por premissa básica a integração do fazer artístico, a apreciação da obra de arte e sua

contextualização histórica” (BRASIL, 1997, p. 25).

Segundo Barbosa (2007, p. 64), “o importante não é ensinar estética, história e crítica

de arte, mas desenvolver a capacidade de formular hipóteses, julgar, justificar e contextualizar

julgamentos acerca de imagens e de arte. Para isso, usam-se conhecimentos de história, de

estética e de crítica de arte”. Nessa perspectiva, esta pesquisa não defende um método específico

para mediar a leitura de imagem, defende-se a importância de conhecê-las para uma leitura mais

aprofundada e optou-se, em partes, pelos métodos propostos por Housen e dos eixos

estruturados por Barbosa.

No método de Housen (2011), cabe ao leitor o desenvolvimento da compreensão dos

estágios de leitura de imagem pelo sujeito, em quatro estágios (Quadro 4). Já na proposta de

Barbosa (2007) são três estágios (Quadro 5).

Quadro 4 - Método de leitura de imagem de Housen (2011)

Estágios Descrição

Descritivo/ Narrativo/Construtivismo Como a obra visual foi feita, sua composição, como o

artista a produziu.

Classificativo Quem é o artista que produziu a obra, em que ano e

época a obra foi feita, quais os materiais e

procedimentos utilizados na sua produção.

Interpretativo Que sensações, ideias ou sentimentos a obra expressa.

Page 46: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

44

Recreativo Fazer artístico baseado na mesma obra visual

observada.

Fonte: Araujo e Oliveira (2013, p. 73)

Quadro 5 - Proposta Triangular para o Ensino da Arte, de Ana Mae Barbosa (2007).

Eixos Norteadores Descrição

Contextualização Contextualização da obra de arte. Conhecer/analisar a

história da obra e o contexto de sua produção, bem

como o artista e época em que foi produzida,

relacionando-a com o contexto atual, pensando a obra

de arte de uma forma mais ampla, para,

consequentemente, ampliar o conhecimento em arte.

Leitura da Obra de arte/ Apreciação Apreciação, percepção, sensibilização, leitura de

imagem por meio da gramática visual. Conhecer os

elementos visuais da obra, para descobrir e discutir

questões que ela revela. Conhecer a obra e compará-la

com obras e artistas de outras épocas ou não,

interpretando-a subjetivamente.

Fazer artístico Momento de criação, produção, de representação e

expressão artística. A obra observada é uma boa

referência para estimular o indivíduo a criar

artisticamente, experimentando diferentes linguagens,

sem que seja uma cópia ou modelo estereotipado da

obra observada. Deve-se preservar a criatividade e a

livre expressão na criação de uma nova obra.

Fonte: Araujo e Oliveira (2013, p. 74)

Pode-se observar que tanto no Quadro 4 quanto no Quadro 5, o eixo contextualização

da Proposta Triangular, de Barbosa, é semelhante ao estágio classificativo de Housen. Por isso,

esta pesquisa baseou-se nesses dois pesquisadores, juntamente com Solé (1998), para criar as

estratégias de leitura para obras em aula de Ciências.

Portanto, para que os estudantes possam ter contato efetivo com a linguagem visual, faz-

se necessário que os professores estejam munidos de uma metodologia eficaz, que possibilite o

ensino da leitura visual, e que os estudantes tenham prazer em fazer essa leitura.

Assim como a obra pictórica, os gráficos - texto verbal e visual - estão presentes em

vários meios de comunicação (nos livros didáticos, revistas, jornais, entre outros). Sua

importância está relacionada aos diversos assuntos do cotidiano e ela pode facilitar a

interpretação das informações, tornando-se mais ágil e real a compreensão do assunto tratado.

Dessa forma, a linguagem usada no gráfico explica os dados, torna evidente a

organização de dados recolhidos, utilizando números ao descrever fatos. Além disso, o uso de

gráficos oportuniza reunir vários assuntos, possibilitando a comparação entre eles,

Page 47: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

45

especialmente para designar conclusões ao mostrar a síntese do levantamento de dados de

maneira dinâmica e fácil.

Estudos realizados por Leinhardt, Zaslavsky e Stein (1990) e por Mevarech e Kramarsky

(1997) demonstraram que os gráficos são de suma importância na resolução de problemas, e é

necessário que os estudantes saibam que, para interpretar gráficos, tem que haver habilidade

leitora. Por outro lado, para criar um gráfico é preciso saber selecionar dados, descritores,

escalas, e escolher a forma de representação mais apropriada. Em outras palavras, criar é

qualitativamente diferente de interpretar. Portanto, tanto interpretar quanto criar gráficos exige

do estudante uma compreensão. Isso possibilita que o leitor identifique imediatamente somente

as informações que interessam e, se necessário, compare valores.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), os tipos

de gráficos com a melhor função pedagógica são: setor (pizza), linhas, barras, colunas, pois são

usados para mostrar como o todo se divide em partes, para apresentar proporções.

a) Gráfico de setor ou pizza: é útil para agrupar ou organizar quantitativamente dados

considerando o total. A circunferência representa o todo e é dividida de acordo com os números

relacionados ao tema abordado.

Gráfico 1 – Exemplo de gráfico setor- pizza

Fonte: Autoria própria

b) Gráfico de linhas: apresenta a evolução de um dado. Eixos na vertical e na horizontal

indicam as informações a que se refere e a linha traçada (ascendente, descendente constante ou

com vários altos e baixos) mostra o percurso de um fenômeno específico.

1º Tri

2º Tri

3º Tri

4º Tri

Page 48: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

46

Gráfico 2 - Exemplo de gráfico de Linhas

Fonte: Autoria própria

c) Gráfico de coluna: indicam, geralmente, um dado quantitativo sobre diferentes

variáveis, lugares ou setores e não dependem de proporções. Os dados são indicados na posição

vertical, enquanto as divisões qualitativas apresentam-se na posição horizontal.

Gráfico 3 - Exemplo de gráfico de Colunas

Fonte: Autoria própria

d) Gráfico de barras: é usado para comparar dados quantitativos e formado por barras

de mesma largura, mas de comprimento variável, porque dependem do montante que

representam. A barra mais longa indica a maior quantidade e, com base nela, é possível analisar

como um dado está em relação aos demais.

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1

2

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6

Categoria 1Categoria 2Categoria 3Categoria 4

Série 1

Série 2

Série 3

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Categoria 1 Categoria 2 Categoria 3 Categoria 4

Série 1

Série 2

Série 3

Page 49: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

47

Gráfico 4 – Exemplo de gráfico de Barras

Fonte: Autoria própria

É importante conhecer cada tipo de gráfico, é observar com tranquilidade os dados

fornecidos para uma correta leitura das informações disponíveis. Para isso, é importante

incentivar os estudantes a interpretá-los.

Nos PCN – Matemática (1998c), o trabalho com leitura e interpretação de gráfico inicia-

se no Ensino Fundamental - anos iniciais - e deve ser aprofundado no Ensino Fundamental -

anos finais. Nos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental, o estudante deve ser capaz de coletar,

organizar e analisar informações; produzir e interpretar gráficos e tabelas; apresentar

argumentos persuasivos, fundamentando-se na análise de dados. Espera-se que, conforme o

estudante avance na escolaridade, aperfeiçoe-se gradativamente na construção e interpretação

de gráficos.

Geralmente, o ensino de gráficos está vinculado ao ensino de Matemática, porém

gráficos são encontrados também em materiais didáticos das demais disciplinas, inclusive em

livros didáticos de Ciências, com papel importante para agregar conhecimento ao estudante. A

construção e interpretação de gráficos proporciona ao estudante estabelecer relação entre o que

está sendo observado e a modelagem, ou seja, os “gráficos constituem um meio de

comunicarmos e classificarmos dados” (CURCIO, 1989, p. 1).

De acordo com Curcio (1989), o ponto culminante de um gráfico é processado quando

se chega a um resultado acerca das informações nele contidas. Para esse autor, há três níveis de

compreensão de um gráfico: primeiro, ler os dados; segundo, ler entre os dados; e terceiro, ler

além dos dados.

No primeiro nível, ler os dados, é relevante que o estudante faça uma leitura precisa do

gráfico, que se concretiza a partir da leitura dos dados que estão evidentes. Nesse nível, não há

0 2 4 6

Categoria 1

Categoria 2

Categoria 3

Categoria 4

Série 3

Série 2

Série 1

Page 50: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

48

interpretação dos gráficos e se deseja que o estudante compreenda a escala e as unidades de

medida.

No segundo nível, ler entre os dados, o estudante deve interpretar e organizar a

mensagem apresentada nos dados. Nesse nível, o estudante deve combinar e integrar a

informação e identificar ligações matemáticas por meio de algum conhecimento prévio acerca

do conteúdo mencionado no gráfico. De acordo com Curcio (1989), este é o nível mais comum

na compreensão leitora dos gráficos, esperando-se que o estudante reconheça tendências no

gráfico e faça a ligação de ideias.

No terceiro nível, ler além dos dados, imagina-se que o estudante, ao ler a informação

contida no gráfico, deduza o resultado. Nesse nível, espera-se que o estudante esteja apto a

responder questões cujas respostas envolvem o uso de dados implícitos no gráfico, superando,

predizendo ou inferindo. Ou seja, como menciona Curcio (1989), pretende-se que o estudante

se posicione quanto ao futuro e insira novas informações a partir dos seus conhecimentos

prévios.

Corroborando essa reflexão, Guataçara e Walichinski (2013, p. 20 e 21) afirmam:

Entende-se que o nível de leitura de dados não exige um alto nível cognitivo, sendo

que o leitor apenas retira as informações contidas na representação. Para realizar a

leitura entre os dados, é necessário que seja feita uma comparação entre os valores

assumidos pelas variáveis, o que requer um desenvolvimento cognitivo maior do que

o esperado para a leitura de dados. Para realizar a leitura além dos dados, o leitor já

deve possuir domínio no que se refere aos níveis anteriores, para que possa ainda

inferir sobre os dados, o que exige maior desenvoltura cognitiva. Para que isso ocorra,

acredita-se que seja necessária a realização de um trabalho contínuo envolvendo a

leitura e interpretação de dados desde os primeiros ciclos do Ensino Fundamental.

Devido à leitura e interpretação dos gráficos serem contínuos, Curcio (1989) explica

que as atividades realizadas em sala de aula devem permitir aos estudantes interpretar gráficos

e acrescentar questões que envolvam níveis diferentes de compreensão. Diante dessas questões,

deve-se solicitar aos estudantes que falem e redijam sobre os gráficos, o que lhes oportuniza

esclarecer e compartilhar suas opiniões.

Curcio (1989) mostrou, por meio de sistematização dos seus estudos que, no primeiro

nível, os estudantes apresentaram poucas dificuldades. Porém, ao se confrontarem com o

segundo nível, eles apresentam mais erros. Friel, Curcio e Bright (2001) argumentam que os

erros neste nível podem estar associados aos saberes matemáticos, ou à dificuldade em leitura,

ou à peculiaridade do gênero gráfico. Os mesmos autores aconselham que, para se entender um

gráfico, é indispensável que se consiga entender o seu significado. Para que os estudantes

consigam isso, faz-se necessário instigar, fazer perguntas que proporcionem aos estudantes os

Page 51: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

49

três níveis de compreensão. Portanto, a mediação do professor é fundamental nos processos de

construção de significados no estudo com gráficos.

Para Carvalho, Monteiro e Campos (2010), interpretar um gráfico não pode ser de forma

mecânica, trata-se de uma aprendizagem que vai além das informações ali contidas, porque o

estudante tem que analisar os aspectos visuais e conceituais. Segundo esses autores, os gráficos

não são meramente simplificadores da leitura e interpretação de dados, como muitos pensam.

Portanto, a compreensão de gráficos precisa ser ensinada aos estudantes de forma clara,

ensiná-los o uso de estratégias de leitura constitui-se em mais uma ferramenta para facilitar a

compreensão leitora, o que pode levá-los a familiarizar-se e apropriar-se, com segurança, desse

gênero textual.

Oportunizar a criticidade do mundo e a compreensão leitora da ciência, da tecnologia e

dos comportamentos humanos em sociedade são desafios para a educação. Para isso, é essencial

uma abordagem sobre a interdisciplinaridade na prática do Ensino de Ciências, para

desenvolvimento da alfabetização científica, o que será abordado na sequência.

2.4 O ENSINO DE CIÊNCIAS E O DOMÍNIO DA LINGUAGEM CIENTÍFICA

A fim de valorizar e fertilizar o diálogo entre as disciplinas, especialmente Arte,

Ciências, Matemática e Língua Portuguesa, é preciso ir além da exposição de conceitos. É

necessário trabalhar a relação de saberes com o cotidiano, envolvendo no âmbito escolar os

aspectos histórico, social e cultural. Nessa perspectiva, é relevante que os comprometidos com

o ensino e a aprendizagem devam romper com as barreiras de uma única abordagem

convencional e usar metodologias diferenciadas, que possam reconhecer a Ciência e a Arte

como parte integrante da cultura.

Como afirma Santos (2007, p. 485), “um cidadão, para fazer uso social da Ciência,

precisa saber ler e interpretar as informações científicas difundidas na mídia escrita”, assim

como na Arte, o leitor precisa ter sensibilidade para discernir o que está além da obra, o

contexto, a época da criação artística, o que também é ler e interpretar informações ali contidas;

o mesmo acontece ao ler um gráfico, o leitor, ao se defrontar com o texto e seus elementos

simbólicos, os compreende à luz de seu conhecimento prévio, social, histórico e cultural.

Porém, o panorama das escolas, onde o Ensino de Ciências ainda envolve um discurso

conteudista, tradicional e abstrato, repleto de conceitos que dificultam a compreensão por

grande parte dos estudantes; onde muitas vezes a metodologia aplicada pelos professores não

beneficia uma aprendizagem significativa, faz com que os estudantes se sintam desinteressados

Page 52: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

50

(UNESCO, 2005). E para reverter esse quadro, “é preciso, urgentemente, provocar uma

mudança nas escolas e na maneira como tem sido tratado o Ensino de Ciências nos espaços,

envolvendo seus profissionais e alunos” (UNESCO, 2005, p. 6).

Dessa forma, faz-se necessário ensinar Ciências aliada à Arte e a outros componentes

curriculares, de maneira significativa, de modo que o estudante possa se sentir como integrante

do mundo, que faça sentido conhecer e interagir consciente e criticamente, colaborando com o

desenvolvimento linguístico, o qual é necessário para a aprendizagem em todas as disciplinas.

Os profissionais envolvidos com o ensino deveriam usar imagens, no caso, gráfico e

obra pictórica, trabalhando a textualização desses discursos acerca da realidade em sua conexão

com o Ensino de Ciências. Para isso, é responsabilidade do professor, de acordo com as

Diretrizes Curriculares Orientadoras da Educação Básica para a Rede Pública Estadual do

Paraná, “lançar mão de encaminhamentos metodológicos que utilizem recursos diversos,

planejados com antecedência, para assegurar a interatividade no processo ensino-aprendizagem

e a construção de conceitos de Ciências de forma significativa pelos estudantes.” (PARANÁ,

2008, p. 68).

Para tanto, é importante, desde os anos iniciais, os professores incentivarem os

estudantes a pensar, questionar, observar e perceber a proximidade entre Ciências e outras

disciplinas, desenvolver habilidades e competências imprescindíveis para a sua relação com o

mundo. Os PCNs de Ciências Naturais (BRASIL, 1997b, p. 21) enfatizam “Ciências como um

conhecimento que colabora para a compreensão do mundo e suas transformações para

reconhecer o homem como parte do universo e como indivíduo, é a meta que se propõe para o

ensino da área na escola fundamental”.

Se, desde os anos iniciais, os professores se empenharem e promoverem o prazer pelas

Ciências, assim como pela Arte e outras áreas do conhecimento, os estudantes não se sentirão

desestimulados, como afirmam Carvalho (2007, p. 6):

Se esse primeiro contato for agradável, se fizer sentido para as crianças, elas gostarão

de Ciências e a probabilidade de serem bons alunos nos anos posteriores será maior.

Do contrário, se esse ensino exigir memorização de conceitos além da adequada a essa

faixa etária e for descompromissado com a realidade dos alunos, será muito difícil

eliminar a aversão que eles terão pelas ciências.

Por isso, a escola deve traçar um caminho distinto do atual, incorporar possíveis ações

para que o aprendizado aconteça de forma significativa na vida dos estudantes, despertando-

lhes interesse, criatividade, entusiasmo para acompanhar as mudanças e proporcionar-lhes a

construção do conhecimento.

Page 53: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

51

Para que essa construção seja efetiva e significativa, considera-se importante que o

estudante saiba ler, entender o que está lendo, e ensinar a ler é também responsabilidade do

professor de Ciências, uma vez que a estrutura da linguagem científica é diferente da estrutura

de outras áreas do conhecimento.

De acordo com Orlandi (2003), um sujeito é capaz de realizar vários tipos de leitura,

considerando o objetivo que tem ao ler. Mas, para o sujeito ser capaz de realizar diversos tipos

de leitura, Bargalló (2005) evidencia que é preciso ajudar os estudantes a melhorar o nível de

leitura, proporcionando atividades que colaborem com o fortalecimento da compreensão

leitora. Assim, acredita-se que, por meio de leitura de diversos gêneros, o estudante possa

desenvolver melhor o domínio da linguagem científica.

Nesse contexto, Lorenzetti e Delizoicov (2001, p. 39) afirmam que “a capacidade do

indivíduo ler, compreender e expressar opinião sobre assuntos que envolvam a Ciência, Arte,

parte do pressuposto de que o indivíduo já tenha interagido com a educação formal, dominando,

desta forma, o código escrito”, o que pode contribuir para que os estudantes não percam o

entusiasmo em relação ao novo conhecimento.

Além disso, “o domínio da linguagem pelo estudante transforma-se, assim, num valioso

instrumento de desenvolvimento dos processos cognitivos e orienta a construção do próprio

conhecimento.” (OLIVEIRA et al., 2009, p. 22). Percebe-se que o domínio do estudante sobre

a linguagem e a leitura, ao ler uma obra, gráfico ou outro gênero textual, poderá auxiliar na

alfabetização científica.

Nessa perspectiva, Fourez (1997) propõe alcançar uma formação científica e

tecnológica por meio de aulas interdisciplinares, que representem situações da vivência diária

dos estudantes, em que possam compreender e agir diante das mesmas. Para o autor, uma

formação científica e tecnológica “visa produzir uma representação teórica apropriada em uma

situação precisa e em função de um projeto determinado.” (FOUREZ, 1997, p. 121).

Nesse viés, a proposta pedagógica da BNCC aponta para uma abordagem transversal e

integradora, a qual é mencionada em um dos dez planos de ação para a aprendizagem: “Decidir

sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a

competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas,

interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem.” (BRASIL, 2017,

p. 12).

Em Cachapuz (2014), há dois exemplos de interdisciplinaridade envolvendo a

percepção da Ciência, sua divulgação e socialização devem ser acompanhadas por diversas

abordagens relacionadas à Arte. Um exemplo dessa abordagem, citada por esse autor, está no

Page 54: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

52

poema “Lição sobre a água” de António Gedeão, por meio do qual é possível refletir acerca da

dualidade onda/partícula. A partir desse texto poético, pode-se abrir uma discussão com os

estudantes sobre as propriedades físicas e químicas da água e mudanças de estado.

Outro exemplo, também desse autor, é análise de obras pictóricas, a obra de Joseph

Wright of Derby (séc. XVIII) existente na National Gallery, Londres, intitulada “Experiência

com um pássaro numa bomba de ar”. Nela, um cientista faz uma apresentação de uma bomba

de vácuo com a finalidade de demonstrar os efeitos da pressão do ar.

Diante desses exemplos, percebe-se que a interdisciplinaridade pode contribuir como

articuladora do processo de ensino e aprendizagem, interligando Ciência, Arte, Matemática ao

Ensino de Ciências, atrelada à Língua Portuguesa e proporcionando mais um meio de

conhecimento ao estudante de uma forma diferenciada, uma estratégia bastante interessante

para o ensino e aprendizagem.

Essa relação pode contribuir com a alfabetização científica, já que a Arte vai além de

um mero recurso visual e conhecimento artístico, há a criação humana, o sujeito criador que

transcende o objeto criado - a obra - que é portador de contexto social e histórico. Dessa forma,

faz-se necessário valorar “o contexto de criação, de construção do conhecimento,

frequentemente desvalorizado na educação em ciências por não caber nos limites estritos da

racionalidade positivista.” (CACHAPUZ, 2014, p. 104).

Para que a sala de aula se torne um local privilegiado de comutações de conhecimento

entre professor e estudantes, compete ao professor ministrar os conhecimentos de Ciências

articulados aos de Arte e aos de Matemática, de maneira produtiva e motivadora, de modo a

expandir o conhecimento científico dos estudantes, considerando-se que a Arte é uma

importante aliada à prática pedagógica, assim como a Matemática. É importante o professor de

Ciências desenvolver metodologias de ensino que confrontem com a tradicional “[...] coleção

de fatos, descrição de fenômenos, enunciados de teorias a decorar [...]” (KRASILCHIK, 2006,

p. 52), e passe a ensinar aos estudantes a “[...] discutir as causas dos fenômenos, estabelecer

relações causais, enfim, entendam os mecanismos dos processos que estão estudando [...]”

(KRASILCHIK, 2006, p. 52).

Por isso, a interdisciplinaridade é um fator significativo para superar a fragmentação dos

conteúdos e dos currículos não apenas na escola, mas no entendimento da aprendizagem como

um todo. Como ressalta Fazenda (1979, p. 8,9), “uma relação de reciprocidade, que pressupõe

uma atitude diferente a ser assumida frente ao problema de conhecimento, é a substituição de

uma concepção fragmentária para unitária do ser humano”.

Page 55: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

53

Nesse viés, Morin (2005) reforça a importância de a escola trabalhar a

interdisciplinaridades, pois o currículo em sua tradição hegemônica não favorece diálogo entre

as disciplinas, tornando-se um conhecimento fragmentado.

Trabalhar as disciplinas Arte, Ciências, Matemática articuladas à Língua Portuguesa

pode ser um meio de transmitirem conhecimentos sem divisão entre elas, como descrito por

Read (2013, p. 256):

A convenção aceita pela educação como uma coleção de disciplinas competindo entre

si e ensinadas por diferentes especialistas em salas separadas é tão grotesca que não

pode representar nenhum princípio de organização além de caótico acúmulo de um

processo histórico mal direcionado. Mas na verdade, como certa vez observou

Caldwell Cook com amargura: nada poderia ser concebido em um sistema

educacional tão inadequado, tão lamentavelmente fragmentado quanto o sistema de

sala de aula para o ensino de disciplinas. Existe evidentemente, um sentido óbvio em

que uma disciplina se funde com a outra, tornando arbitrária qualquer divisão entre

elas.

Nessa perspectiva, trabalhar interdisciplinarmente transcende o desenvolvimento de

conteúdos em disciplinas afins, pois além do envolvimento com o processo de ensino-

aprendizagem, é provável estimular as competências e habilidades indispensáveis para uma

formação concreta. Assim, o papel da escola é de preparar cidadãos críticos e autônomos que

colaborem realmente para o desenvolvimento da sociedade.

2.4.1 A Ciência e a Arte no Ensino de Ciências

Apesar de muitos estudantes já terem experimentado uma leitura visual antes mesmo de

entrar na escola, não quer dizer que atingiram a comunicação entre si e o artista. Usufruir de

experiências visuais é um fato, mas apenas usufruir de experiência visual não quer dizer que

haja compreensão no que está lendo ou que já tenha uma destreza crítico-reflexiva:

[...] embora os meios de comunicação apresentem uma falsa ideia de participação e

de comunicação e de que é “naturalmente fácil” ler uma imagem, a leitura realizada

por um aluno com conhecimento precário dos códigos de construção da imagem é de

caráter mais emotivo que cognitivo. Aliás, a sensibilidade estética não é um atributo

inato ao sujeito, nem o senso estético é uma qualidade natural ao objeto,

consequentemente, a formação dos sentidos humanos se configura como uma das

principais tarefas da escola, sobretudo, no âmbito do ensino de artes. [...] a grande

maioria não consegue compreender e interpretar os significados das imagens para

além do que se apresenta de imediato. [...] a leitura de uma imagem, enquanto prática

humana, requer um campo de conhecimentos interdisciplinares, tanto históricos e

antropológicos quanto estéticos, que consubstanciem a aprendizagem de estratégias

de interpretação das imagens (SCHLICHTA, 2006, p. 359).

Page 56: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

54

Diante desses apontamentos, faz-se necessário ensinar o estudante a ter propriedade dos

códigos visuais por meio da sensibilização, associação e convivência com obras de arte. O uso

de obra na forma de pinturas em tela, por exemplo, seja a partir de quadros ou da representação

por meio de fotografias ou imagens em livros didáticos, como recurso didático nas aulas de

Ciências, constitui uma das formas de reconstruir o ensino fragmentado, em que muitas vezes

o estudante não constrói todo o conhecimento exposto, permitindo uma abordagem

interdisciplinar, o que contribui para o ensino e a aprendizagem.

A Arte representa a realidade, uma realidade hermética e heterogênea, concebida por

meio das distintas esferas que a constitui; realidade essa vista pelo artista inserido em um

período e espaço concreto; em uma realidade social, um contexto vivo, em que o artista retrata

o real mediante a sua sensibilidade e das situações que o seu tempo histórico determina.

(FOERSTE, 2004).

Associar Arte e Ciência nas aulas de Ciências, na construção de saberes, é o mesmo que

relacionar sensibilidade e objetividade, emoção e razão, percepção, racionalidade e idealização.

Logo a Arte e a Ciência, excedem-se fragmentações e rupturas, e passam a se entender, ou seja,

a ligação do mundo e as ligações do homem mutuamente e com a natureza.

A divisão entre Arte e Ciência é um fato recente na história. A partir da filosofia na

Grécia, século VI a.C., quando o ocidente passou a diferenciar a razão do misticismo, até o

século XIX, com o surgimento do positivismo, os conhecimentos científicos e artísticos

estiveram profundamente ligados. O período de desligamento, de cerca de 200 anos, pode estar

terminando. Ciência, Arte, Tecnologia e Filosofia, isto é, raciocínio lógico, criatividade,

desenvolvimento de técnicas e condições de reflexão e abstração fazem mais sentido

interligados e são cada vez mais indispensáveis em um mundo cada vez mais complexo

(SILVEIRA, 2018).

Essa proximidade entre Arte e Ciência pode ser delineada de diferentes maneiras no

desenrolar da história. Houve momentos de proximidades entre a Arte e a Ciência, outros de

distanciamento, mas sem suas relações serem destruídas. Jorge (2007, n.p.) ressalta que há

“importante elo nas relações entre Arte e Ciência: a Arte pode sensibilizar a percepção, via

expansão de nossos sentidos, de nossos olhares, e nos facilitar o encontro de novas ideias e

soluções”. Uma não é superior à outra, as duas promovem uso da mente e das mãos. Assim

como a Ciência, o artista “tem uma sensibilidade apurada para a percepção dos problemas da

sociedade e comumente sintetizam e antecipam questões cruciais”.

Page 57: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

55

Exemplo dessa relação, de acordo com Strosberg (1999, p. 232), é “[...] o modo como a

Ciência transformou o laço fundamental que une o artista à sua Arte, o pintor à sua mão e olho

e o músico ao seu ouvido. O mesmo acontece na comunicação entre o artista e o seu público”.

Uma das consequências dos princípios complementares ressaltada por Schrödinger

(1997) é referente ao campo racional e o emocional, considerando que o conhecimento

científico seja racional. De acordo com esse autor “[...] ‘o mundo da Ciência’ tornou-se tão

horrivelmente objetivo que não deixou espaço para a mente e suas sensações imediatas”

(SCHRÖDINGER, 1997, p. 119).

Caso esse espaço na mente seja trabalhado, o valor epistemológico da

interdisciplinaridade e da contextualização, possibilitando articular a Arte e a Ciência, juntas,

não só desenvolvam e ampliem a compreensão dos fatos, seguimentos e fenômenos naturais e

sociais, como, especialmente, a aquisição do olhar especulativo, ou seja, o olhar observador,

sensível do sujeito sobre si e sobre o meio em que está inserido. Assim, espera-se que o sujeito

seja capaz de entender muitas questões da sua história, da sua cultura, dos fatos do seu cotidiano

e do futuro, bem como da natureza e suas mudanças.

Diante desses significados, das emoções, dos conceitos explícitos num contexto

peculiar, a arte pode ser mais uma aliada para intermediar a conexão que há entre a Ciência, o

Ensino de Ciências e a prática social, pois, por intermédio da arte, o sujeito pode se socializar,

instruir-se, desenvolver-se e aperfeiçoar suas habilidades. Para alcançar essa expectativa, é

importante a educação contemporânea rever as competências para o desenvolvimento do

estudante, e valorizar o ensino aprendizagem por intermédio das emoções e da afetividade,

como afirmam Sant’Ana, Cebulski e Loos (2013, p. 53):

[...] ao incrementar conexões com os aspectos afetivos e emocionais da condição

humana, a qual, por sua vez, reveste-se externamente (realidade concreta) da

instrumentalização cognitiva. Defende-se, desta feita, o uso mais apropriado da Arte

na Educação, o que exige das formas atuais de ensino uma revisão tanto em nível de

convergência da Arte com outras disciplinas - a interdisciplinaridade, o que a eleva

aos meandros do desenvolvimento cognitivo do educando - quanto na dimensão de

provocadora de expansão da sensibilidade - por exemplo, com a instituição de

exercícios catárticos, ou seja, com a promoção da prática artística, a qual comporta

igualmente o ensaio do exercício humano de existir, logo promovendo a ética e a

afetividade num sentido mais amplo: com toda a realidade das coisas, não somente

humana. Nessa prática artística sugerida como instrumento de ensino e de

desenvolvimento humano.

Para promover uma aprendizagem significativa, que envolva o estudante por completo,

é importante que os aspectos cognitivos e afetivos estejam interligados, uma vez que as

Page 58: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

56

emoções são indispensáveis para uma melhor compreensão do mundo, como destaca Cebulski

(2014, p. 76):

Independentemente de a sociedade atual se basear na racionalidade, o fator de aferição

de como as coisas realmente nos afetam sobrevém das emoções. E a interação entre a

cognição e a afetividade é que, ao fim, dá a base real do que se vivencia.

Acredita-se que a construção do conhecimento está fortemente ligada à afetividade

abarcada em um determinado contexto onde há algo a ser compreendido.

Repensar o ensino tradicional e como a escola transpõe o conhecimento é essencial para

uma mudança de paradigma, uma vez que a Ciência está vigente em tudo e a Arte é fruto do

trabalho, da atividade humana, e nesse elo de mediação estão: “o artista e sua obra, o professor,

o educador do espaço expositivo e os alunos, assim como outros sujeitos que atravessam a

relação arte/receptor.” (LEITE, 2015, p. 891).

Considera-se que, ao transpor um conhecimento por meio do estímulo das emoções, o

professor seja capaz de proporcionar aos estudantes um experimento possível de reflexão sobre

a realidade e sobre a função que exerce na construção do conhecimento científico, tornando o

aprendizado em Ciências mais significativo.

Concorda-se com Jorge (2007, n.p.) quando diz que “tanto artistas como cientistas nos

ajudam a notar e a apreciar as coisas da natureza que aprendemos a ignorar, ou que nunca nos

ensinaram a ver. Tanto a Arte como a Ciência são necessárias para o completo entendimento

da natureza e de seus efeitos nas pessoas”.

2.5 ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO E

AUTÔNOMO

A educação científica e as pesquisas acerca do Ensino de Ciências em torno de

alfabetização científica surgiram tardiamente no sistema educacional brasileiro, visto que, o

currículo escolar no Brasil, por muito tempo, foi organizado em um cenário de herança

sociocultural dos jesuítas, os quais prezavam pela elaboração literária (SANTOS, 2007). Desse

modo, as discussões acerca do letramento científico iniciaram apenas na segunda metade da

década de 1980.

Nos últimos anos, emergiu uma crescente inquietação para implantar uma educação

científica por parte de vários profissionais da educação e grupos da sociedade devido aos

grandes problemas ambientais, como descrito por Santos (2007, p. 477), “[...] com agravamento

Page 59: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

57

de problemas ambientais, começou a surgir uma preocupação dos educadores em Ciência por

uma educação científica que levasse em conta os aspectos sociais relacionados ao modelo de

desenvolvimento científico e tecnológico”. Diante disso, a inserção de propostas de

alfabetização científica e letramento científico, no currículo escolar, tornam-se fundamentais.

No entendimento de Fourez (1997, p. 81),

[...] uma alfabetização científica e técnica deve passar por um ensino de Ciências em

seu contexto e não como uma verdade que será um puro fim nela mesma. Alfabetizar

técnico-cientificamente não significa que se dará cursos de ciências humanas no lugar

de processos científicos. Significará sobretudo que se tomará consciência de que as

teorias e modelos científicos não serão bem compreendidos se não se sabe por que,

em vista de que e para que foram inventados.

Para essas teorias e modelos científicos serem compreendidos, é necessário que os

estudantes sejam estimulados desde os anos iniciais, como descrito por Viecheneski, Lorenzetti

e Carletto (2012), que tenham possibilidade de participar de situações investigativas, de

conhecer, criar hipóteses, discutir, apresentar suas ideias, desenvolver o olhar artístico e

compreensivo do contexto histórico e social representado e debatê-las com as dos outros

sujeitos.

Fourez (1997, p. 61) afirma que “uma pessoa que é capaz de representar situações

específicas poderá tomar decisões razoáveis e racionais contra uma série de situações

problemas”. Para esse especialista, há três características para que um estudante seja

considerado alfabetizado cientificamente: “autonomia, capacidade de comunicar e domínio, e

responsabilidade frente a uma situação concreta”. (FOUREZ, 1997, p. 61). Diante dessa

reflexão, percebe-se a necessidade de inserir a alfabetização científica e tecnológica desde os

anos iniciais.

Chassot (2003, p. 99) é mais categórico quando diz que uma alfabetização científica no

Ensino de Ciências, em qualquer etapa acadêmica, deve contribuir para a compreensão de

conhecimentos, que permitam aos estudantes tomar decisões e perceber tanto as muitas

utilidades das Ciências e suas aplicações na melhoria da qualidade de vida, quanto às limitações

e consequências negativas de seu conhecimento.

Ser alfabetizado cientificamente não quer dizer dominar todo o conhecimento científico,

mas significa ter conhecimento essencial para avaliar os progressos das Ciências e das

tecnologias e suas consequências na sociedade, como afirma Costa (2006, p. 73) “[...] você não

precisa se tornar um cientista para compreender o que está acontecendo [...]. Não é condição

obrigatória saber estabelecer a sequência de uma molécula de DNA para entender notícias de

jornais a respeito do assunto”.

Page 60: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

58

Percebe-se que o conhecimento científico oferece benefícios à vida do cidadão, porque

traz consigo a compreensão e as habilidades que poderão consentir a ele apreciar a vida de

maneira sistematizada, sendo capaz de observar criticamente e questionar o meio no qual está

inserido. Chassot (2014) inclui que entender a Ciência ajuda e contribui para o entendimento,

equilíbrio e prevenção das diversas mudanças que ocorrem no mundo. Deste modo, esse

cidadão seria apto a realizar alterações de comportamentos por meio de um olhar crítico e

analítico, pautado na conquista de conhecimentos científicos e tecnológicos inseridos no

cotidiano.

Nesse sentido, é preciso ter um “nível mínimo de compreensão em ciência e tecnologia

que as pessoas devem ter para poderem operar, em nível básico, como cidadãos e consumidores

na sociedade científico-tecnológico” (GERMANO, 2011, p. 290, 291). E as expressões

artísticas, sejam quais forem, manifestam-se como mais uma ferramenta no desenvolvimento

do ensino aprendizagem de Ciências ao proporcionar por meio do conhecimento científico,

novas visões e compreensão dos fatos.

Assim, entende-se que a alfabetização científica corresponde à aquisição de vários

conhecimentos científicos e tecnológicos que ajudariam as pessoas a fazerem uma leitura do

mundo em que estão inseridas, com o propósito de compreendê-lo e modificá-lo. Para Santos

(2007, p. 475), é importante que os conhecimentos “não ficam restritas às academias,

universidades e/ou mesmo nos laboratórios. Os conteúdos [...] tomaram os meios de

comunicação, abrindo espaços para divulgação de novas e velhas descobertas científicas em

diversas áreas do saber”.

Por isso a importância da alfabetização científica. De acordo com Chassot (2003, p. 38),

alfabetização científica “[...] é o conjunto de conhecimentos que facilitariam aos homens e

mulheres fazer uma leitura do mundo onde vivem”. O autor diz, ainda, que seria esperado que

o sujeito não colocasse limite ao fazer essa leitura, mas que fosse, inclusive, capaz de

compreender e averiguar a necessidade de intervir de forma a mudar o mundo, aperfeiçoando-

o.

Visando a isso, à alfabetização científica e tecnológica, Sasseron e Carvalho (2011)

mencionam algumas habilidades próprias aos alfabetizados cientificamente. Essas habilidades

estão desenvolvidas em três segmentos denominados como eixos estruturantes da Alfabetização

Científica. Esses eixos indicam elementos fundamentais na elaboração de planos de ação que

contribuem com a alfabetização científica.

O primeiro eixo estruturante aborda a compreensão básica de termos, conhecimentos e

conceitos científicos fundamentais, sendo relacionado à compreensão de informações,

Page 61: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

59

conceitos e conhecimentos científicos e tecnológicos possíveis de serem usados em várias

situações do cotidiano.

O segundo eixo estruturante refere-se à compreensão da natureza da Ciência e dos

fatores éticos e políticos que circundam sua prática, isso viabiliza a compreensão de

conhecimentos científicos e tecnológicos, informações, reflexões críticas e prováveis ações

perante esses conhecimentos científicos.

O terceiro eixo estruturante trata-se do entendimento das relações existentes entre

Ciência, Tecnologia e Sociedade e Ambiente (CTSA). Esse eixo mostra a necessidade de se

compreender as aplicabilidades dos saberes em suas vidas e o desejo de contribuir para um

futuro sustentável para o planeta.

Segundo Sasseron e Carvalho (2011), as sugestões didáticas que aparecerem,

respeitando esses três eixos estruturantes, possibilitam a alfabetização científica desde os anos

iniciais, pois oportunizam a diminuição de problemas, envolvendo a sociedade e o ambiente.

Ao refletir acerca da alfabetização científica, percebe-se que ela está associada à

capacidade de usar o conhecimento científico, não somente considerando a propensão de ler e

compreender, mas de apresentar capacidades em compreender e utilizar princípios científicos

na escola e no dia a dia por meio de uma obra ou do uso de um gráfico, o qual tem a finalidade

de esclarecer, organizar e sintetizar informações e dados quantitativos encontrados nos mais

diversos meios de comunicação.

Já outros autores usam o termo “letramento científico”. De acordo com Santos (2007,

p. 479), a diferença entre letramento e alfabetização científica é a seguinte:

[...] na tradição escolar a alfabetização científica tem sido considerada na acepção do

domínio da linguagem científica, enquanto o letramento científico, no sentido do uso

da prática social, parece ser um mito distante da prática de sala de aula. Ao empregar

o termo letramento, busca-se enfatizar a função social da educação científica

contrapondo-se ao restrito significado de alfabetização escolar.

A BNCC aponta o letramento científico a partir dos Direitos de Aprendizagem e das

Competências Gerais, como segue:

[...] ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Natureza tem um

compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a

capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas

também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais da ciência. Em

outras palavras, apreender ciência não é a finalidade última do letramento, mas, sim,

o desenvolvimento da capacidade de atuação no e sobre o mundo, importante ao

exercício pleno da cidadania (BRASIL, 2017, p. 273, grifo nosso).

Page 62: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

60

Percebe-se, então, que para apropriar-se de linguagens específicas da área das Ciências

e Tecnologia é importante ter certo domínio da língua portuguesa culta, uma vez que o

letramento está associado à leitura e escrita também. Scarpa e Trivelato (2012, p. 47)

confirmam: “é importante que os currículos e os professores de Ciências deem a devida

importância para a leitura em Ciências e que a concepção de leitura como investigação esteja

presente de forma mais intensa da educação científica”.

Entende-se que Soares e Coutinho (2009, p. 5) consideram a leitura e escrita na

alfabetização e letramento científico como fundamentais:

A leitura e a discussão dos fragmentos de artigos científicos e a produção da resenha

acadêmica, ambas compreendidas como ações de linguagem, foram utilizadas como

ferramentas no desenvolvimento do Letramento Científico, ou seja, no

desenvolvimento da competência dos alunos nesta área específica, a das Ciências

Naturais.

Diante dessa discussão estabelecida entre alfabetização e letramento, entende-se que a

alfabetização pode ser apontada como o procedimento mais fácil da linguagem científica, ao

passo que o letramento, além desse domínio, abrange a prática social, a educação científica

desejada em seu vasto grau, requer procedimentos cognitivos e domínios de alto nível.

(SANTOS, 2007, p. 479).

Nesse sentido, mais importante do que a discussão terminológica entre alfabetização e

letramento é a construção de uma visão de Ensino de Ciências associada à formação científico-

cultural dos estudantes, à formação humana centrada na discussão de valores. (SANTOS, 2007,

p. 488).

É necessário reconhecer que não há uma única semântica relacionada ao termo

“alfabetização científica”, devido aos processos de tradução. Em concordância à revisão

efetuada por Sasseron e Carvalho (2011), há estudiosos que empregam o termo “letramento

científico”, outros que empregam o termo alfabetização científica, e ainda aqueles que utilizam

a expressão “enculturação científica”. Todavia, para essas autoras, esses conceitos assumem

um único sentido e propósito: “a formação cidadã dos estudantes para o domínio e uso dos

conhecimentos científicos e seus desdobramentos nas mais diferentes esferas de sua vida.”

(SASSERON; CARVALHO, 2011, p. 60).

Com base nessas reflexões, optou-se por empregar nesta dissertação a nomenclatura

“alfabetização científica”, por entender que se trata de um processo que se inicia nos primeiros

anos iniciais do Ensino Fundamental e que se finda no Ensino Médio e/ou Superior.

Page 63: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

61

Diante dessas reflexões, é importante que novas ações didáticas devam ser implantadas

nas aulas de Ciências, principalmente nos anos finais do Ensino Fundamental, para que os

estudantes adquiram conhecimento científico satisfatório para dar continuidade às discussões

acerca da Ciência e tecnologia presentes no cotidiano.

Pensa-se que essa mudança deva partir do planejamento das aulas envolvendo Arte e

Ciência, Ciência e Matemática, e demais disciplinas, mesmo sabendo que cada uma possui suas

peculiaridades. O interessante é pensar que essa interdisciplinaridade pode melhorar a qualidade

do ensino e da aprendizagem em Ciências dos estudantes, a sua formação como leitores críticos

e autônomos, além de proporcionar aos professores saírem da rotina e da burocracia, com as

quais são diariamente confrontados pelas instituições de ensino. Isso porque, a alfabetização

científica ultrapassa o ensino de conceitos isolados, compromete-se, também, em ensinar o

estudante a como utilizar os conceitos aprendidos em sua vida, no seu cotidiano,

proporcionando seu pertencimento ao mundo e sua compreensão do mesmo. (CHASSOT,

2003).

Page 64: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

62

3 METODOLOGIA

Neste capítulo, será apresentada a metodologia desta pesquisa, a qual está composta

pelos aspectos éticos e legais, seu delineamento, sua amostragem, além dos instrumentos de

coleta e critérios de análise dos dados.

3.1 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS

Os dados utilizados para esta pesquisa foram coletados no ano de 2018, após aprovação

do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, através da

Plataforma Brasil mediante Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE):

77907317.9.0000.5547, parecer consubstanciado 2.375.012, aprovado em 09 de novembro de

2017 (ANEXO A), assim como a autorização da Secretaria de Estado de Educação do Paraná

sob o protocolo nº 15 428 995, do dia 14 de maio de 2018 (ANEXO B).

Após a concordância dessas instituições, iniciou-se a pesquisa. Por se tratar de uma

escola do Campo e os responsáveis pelos(as) estudantes terem dificuldade para comparecerem

ao estabelecimento de ensino, devido ao acesso restrito de meio de transporte, foi entregue aos

estudantes envolvidos nesta pesquisa o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(APÊNDICE A) e o Termo de Consentimento para uso de Imagem e Som de Voz (TCUISV)

(APÊNDICE B), para que entregassem aos seus responsáveis e repassassem o que lhes foi

explicado em sala de aula acerca da importância desta pesquisa para o ensino. Na ocasião das

orientações aos estudantes, deixou-se claro que, para qualquer dúvida, a pesquisadora estaria à

disposição para mais esclarecimentos.

Além do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do responsável, solicitou-se

também a assinatura dos estudantes no Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE)

(APÊNDICE C).

3.1.1 Delineamento da Pesquisa

Este estudo tratou-se de uma pesquisa aplicada com abordagem qualitativa dos dados.

De acordo com Moreira e Callefe (2008, p. 73) “a pesquisa qualitativa explora as características

dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente. O dado é

frequentemente verbal e é coletado pela observação, descrição e gravação”, o que possibilitou

à pesquisadora interpretar e analisar as informações obtidas.

Page 65: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

63

Inicialmente foram observadas as aulas de Ciências, tendo como foco a leitura de uma

obra pictórica e de um gráfico; a seguir, foi aplicado um questionário à professora de Ciências

sobre como ela desenvolvia leitura/interpretação desses gêneros com os estudantes; foram feitas

fotografias e gravações em áudio das aulas de Ciências; e ainda coletadas produções de texto

do gênero escolar para a proposição de estratégias de leitura dos gêneros obra pictórica e

gráfico.

A pesquisa possuiu também caráter explicativo, pois se partiu de um objeto de estudo -

ensino da leitura nas aulas de Ciências - e se buscou explicar os procedimentos de ensino e da

aprendizagem de Ciências por meio da leitura. Conforme Moreira e Callefe (2008, p. 70),

pesquisa explicativa “é a pesquisa que tem como preocupação central identificar os fatores que

determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos”.

Os dados obtidos e analisados foram úteis para a produção do caderno pedagógico que

buscará auxiliar professores no ensino de estratégias de leitura e, consequentemente, poderá

facilitar a aprendizagem dos estudantes.

A pesquisa teve a intenção de responder o seguinte problema: Que contribuições as

estratégias de leitura podem fornecer aos estudantes do 6º ano do ensino fundamental para

construção do conhecimento no Ensino de Ciências?

Como objetivo geral pretendeu-se: “Investigar as contribuições que as estratégias de

leitura podem fornecer aos estudantes para construção do conhecimento científico em Ciências,

nos anos finais do ensino fundamental”.

Como objetivos específicos, pretendeu-se: Propor estratégias de leitura a partir dos

gêneros obra pictórica6 e gráfico voltados ao Ensino de Ciências; verificar as estratégias de

leitura usadas pela professora de Ciências através do questionário e das observações das aulas

expositivas; analisar a compreensão leitora dos gêneros selecionados para esta pesquisa por

meio de produções textuais numa turma de 6º Ano do Ensino Fundamental.

3.1.2. Caracterização do Espaço e Amostragem

Os sujeitos envolvidos na pesquisa foram vinte e um estudantes do 6° ano do Ensino

Fundamental, com idade entre 11 e 14 anos, bem como a professora de Ciências da turma

6 Segundo o dicionário Dicio - Dicionário Online de Português online (2008-2019), pictórico diz respeito à pintura;

que se assemelha à pintura. Representado visualmente ou por imagens. Diante disso, entende-se que obra pictórica

é uma obra que utiliza técnica de pintura. Nesta pesquisa, será utilizada, também, a expressão ‘obra’ para fazer

alusão à pintura intitulada “As respigadoras”, de Jean-François Millet.

Page 66: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

64

pesquisada, no ano de 2018. O local de observação foi uma Escola Pública do Estado do Paraná,

situada no interior da cidade de Carambeí, caracterizada como escola do campo. É uma escola

que não possui sede própria, depende da estrutura de uma escola municipal que atende crianças

dos anos iniciais do ensino fundamental. Atualmente, a escola tem 06 turmas dos anos finais

do ensino fundamental, com total de 121 estudantes matriculados, todos moram no entorno da

escola. A escola não tem laboratório de informática nem de Ciências; a biblioteca é pequena e

precária; o refeitório é pequeno e não comporta todos os estudantes sentados à mesa para uma

refeição.

A escolha desta instituição de ensino se deu por ser uma escola onde a pesquisadora

leciona há três anos e, por esse motivo, conhece seu público discente, suas dificuldades em

compreensão leitora e sua relação com a sociedade e o núcleo familiar.

Em relação ao atendimento aos aspectos éticos, em nenhum momento o nome dos

estudantes e da professora de Ciência será divulgado. Os participantes envolvidos nesta

pesquisa foram identificados como (P) para a professora e, para os estudantes (E1), (E2), (E3),

etc.

3.1.3 Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados

Após convite feito à professora de Ciências para participar e colaborar com a pesquisa,

foram lhe explicados os objetivos desta pesquisa e foi pontuada a importância para a disciplina

de Ciências. A pesquisadora expôs para a professora os gêneros textuais que seriam trabalhados:

esta obra pictórica (Figura 3) e o gráfico (Figura 4).

Page 67: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

65

Figura 3 - “As Respigadoras”, de François Millet (1857)

Fonte: Fonte: Livro didático Ciências: o Meio Ambiente – 6º Ano Ensino Fundamental– Capítulo

10 – (BARROS; PAULINO, 2015, p. 120).

Figura 4 - Gráfico sobre solo

Fonte: Fonte: Livro didático Ciências: o Meio Ambiente – 6º Ano Ensino Fundamental– Capítulo

10 – (BARROS; PAULINO, 2015, p. 123).

Page 68: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

66

Na primeira conversa, a pesquisadora perguntou como ela trabalharia a obra pictórica

de Millet, já que não é comum deparar-se com esse gênero nas demais disciplinas, a não ser em

Artes. Ela disse que não trabalharia, pois o tempo é escasso e não tem conhecimento sobre o

artista e isso acarretaria muito tempo de pesquisa para ela se envolver com a obra pictórica, ou

seja, com a aula a ser dada.

A pesquisadora lhe evidenciou a importância de se trabalhar a leitura visual e o quanto

a aula poderia ser enriquecedora tanto para ela quanto para os estudantes, ou seja, alguns

minutos de “perda” fariam toda diferença no conhecimento dos estudantes. A utilização da

interdisciplinaridade como forma de desenvolver um trabalho de integração dos conteúdos é

uma das propostas apresentadas conforme os estudos reportados na revisão da literatura.

A pesquisadora mostrou-lhe alguns caminhos possíveis de serem percorridos,

começando pela importância de instigar o estudante a observar o título, a imagem, a que a

imagem remete em relação ao título e ao capítulo, o que as mulheres estão colhendo, por que

elas estão fazendo isso, e fazer uma conexão com os conhecimentos que possui sobre o

conteúdo previsto. Então, a professora aceitou o desafio.

A sequência dos dados coletados foi:

a) um questionário (APÊNDICE F) com perguntas pré-estabelecidas a respeito de

como a professora conduzia a leitura visual nas aulas de Ciências. Referente ao uso de

questionários, Gil (2008, p. 140) caracteriza-o sendo uma “técnica de investigação composta

por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com propósito de obter

informações”, as quais tendem a contribuir com o processo de pesquisa;

b) gravações das aulas de Ciências, que foram utilizadas apenas para as degravações

com a intenção de fundamentar as discussões sobre as análises.

c) protocolo de observação participante (APÊNDICE E), que dispunha de questões pré-

estabelecidas com anotações descritivas e reflexivas que serviram de embasamento para análise

das lacunas quanto à utilização das estratégias utilizadas pela professora de Ciências ao

conduzir leituras da obra pictórica e do gráfico;

d) produções de texto, a fim de verificar o conhecimento prévio, quanto ao tema solo e

o domínio da linguagem científica que os estudantes já possuíam antes dessa aula de leitura e o

conhecimento adquirido após essa aula.

É importante destacar que tanto o questionário quanto as atividades diagnósticas foram

submetidas a um protocolo de validação (APÊNDICE D) realizado por duas professoras de

Ciências e uma professora de Português.

Page 69: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

67

O procedimento utilizado para coleta de dados está descrito nos Quadros 6 e 7

relacionado às produções textuais criadas pelos estudantes participantes. Ressalta-se que,

durante esse processo, houve intercalação das disciplinas de Ciências e Língua Portuguesa.

Quadro 6 - Coleta de dados do gênero textual obra pictórica

Etapas de

coleta de dados Cronograma

Atividades desenvolvidas pela

pesquisadora

Instrumentos de

coleta de dados

Técnicas de coleta

de dados

1ª 04.06.2018

Projeção da obra pictórica e

solicitação de produção de texto,

sem passar quaisquer informações

para os estudantes, na aula de língua

Portuguesa, referente à leitura da

obra feita antes da explicação da

professora de Ciências acerca do

conteúdo “Solo”.

Textos produzidos

pelos estudantes

antes da aula sobre

solo

ANEXOS C

Observação pela

pesquisadora

2ª 12.06.2018

Observação da aula ministrada pela

professora de Ciências sobre a obra

pictórica.

Protocolo de

observação do

participante

APÊNCICE E

Observação,

anotações, fotos,

gravações.

3ª 18.06.2018

Orientação para a leitura da obra

pictórica e produção de texto

referente à leitura feita na aula de

língua Portuguesa, após a aula dada

pela professora de Ciências.

Textos produzidos

pelos estudantes

depois da aula

sobre solo

ANEXOS D

Observação

Fonte: Autoria própria

Quadro 7 - Coleta de dados do gênero textual gráfico

Etapas de

coleta de dados Cronograma

Atividades desenvolvidas pela

pesquisadora

Instrumentos de

coleta de dados

Técnicas de coleta

de dados

4ª 02.07.2018

Projeção do gráfico e solicitação

de produção de texto, sem passar

quaisquer informações para os

estudantes, na aula de língua

Portuguesa, referente à leitura da

obra feita antes da explicação da

professora de Ciências acerca do

conteúdo “Solo”.

Textos produzidos

pelos estudantes

antes da aula sobre

solo

ANEXOS C

Observação

5ª 03.07.2018

Observação da aula ministrada

pela professora de Ciências de

sobre o solo gráfico.

Protocolo de

observação

participante

APÊNCICE E

Observação,

anotações, fotos,

gravações.

6ª 05.07.2018

Orientação para a leitura do

gráfico e produção de texto

referente à leitura feita na aula

de língua Portuguesa, após a

aula dada pela professora de

Ciências.

Textos produzidos

pelos estudantes

antes da aula sobre

solo

ANEXOS D

Observação.

Fonte: Autoria própria

Page 70: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

68

De maneira geral, e as atividades desenvolvidas pela pesquisadora tiveram a mesma

sequência.

A primeira, segunda e terceira etapas são relacionadas ao gênero textual obra pictórica:

Primeira etapa de coleta de dados: antes da professora de Ciências explicar o texto

e associá-lo ao conteúdo “Solo”, a pesquisadora projetou durante a aula de Língua Portuguesa

a obra pictórica do pintor Jean-François Millet (1857), intitulada “As Respigadoras”, cuja obra

pictórica está na abertura do capítulo 10 “O solo: piso, pátria, pão” do livro didático do 6º Ano

do Ensino Fundamental “Ciências” de Barros e Paulino (2015). A professora pesquisadora, na

aula de Língua Portuguesa, solicitou aos estudantes que fizessem a leitura e a análise da obra

pictórica e que expressassem seus conhecimentos por meio de um texto escrito (gênero escolar).

A intenção dessa produção textual foi averiguar o conhecimento prévio dos estudantes.

Segunda etapa de coleta de dados: na aula de Ciências, foram feitas observações,

anotações, fotos, gravações pela pesquisadora, de como a professora de Ciências trabalhou a

leitura da obra pictórica com os estudantes e como ela relacionou a obra ao conteúdo a ser visto:

“Solo”.

Terceira etapa de coleta de dados: a pesquisadora projetou novamente a obra

pictórica de Millet e solicitou aos estudantes que a apreciassem e a lessem novamente, agora

com um novo olhar, ou seja, além do seu conhecimento prévio, o conhecimento adquirido

durante a aula de Ciências, e que expusessem esse conhecimento por meio de um texto do

gênero escolar.

O mesmo procedimento foi realizado com o texto do gênero gráfico nas quarta, quinta

e sexta etapas.

Faz-se necessário evidenciar que, tanto na etapa 2 quanto na etapa 5, as gravações e

degravações obtidas foram utilizadas apenas para fundamentar as discussões acerca das análises

dos textos produzidos.

3.2 ETAPAS DA PESQUISA

As etapas de coletas de dados e de análise desta pesquisa foram divididas da seguinte

maneira: observação das aulas de Ciências; análise dos textos escritos pelos estudantes na aula

de Língua Portuguesa; elaboração de um Caderno pedagógico intitulado “Caderno de

Estratégias de Leitura para os gêneros textuais obra pictórica e gráfico”.

Page 71: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

69

3.2.1 Observação

A pesquisa iniciou-se com a observação de duas aulas de Ciências de uma turma do 6º

ano do Ensino Fundamental. O enfoque foi nas estratégias utilizadas pela professora de Ciências

para desenvolver a leitura dos gêneros textuais obra pictórica e gráfico com os estudantes.

Para a observação, utilizou-se um protocolo de observação participante (APÊNDICE E)

composto por questões predeterminadas. A coleta contou também com o preenchimento de um

questionário (APÊNDICE F) pela professora de Ciências.

Durante as observações, a pesquisadora não interveio na aula dada pela professora de

Ciências, somente observou, fazendo anotações, gravando áudio, fotografando, filmando.

É necessário justificar que essas observações serviram para a análise de possíveis

lacunas existentes na maneira de ensinar leitura dos dois gêneros textuais que estão nas de

Ciências para dar um direcionamento à pesquisa e para a elaboração das estratégias de leitura.

Portanto, as observações não serão foco da análise e discussão de dados deste estudo.

3.2.2 Análise dos Textos Escritos pelos Estudantes

Dentre os 21 estudantes, foram selecionados dez para participar desta pesquisa. O

critério usado para essa seleção foi a frequência, ou seja, aqueles estudantes que estiveram

presentes em todas as atividades.

Os critérios de observação da sequência de atividades não tiveram como foco a

demonstração de habilidades na escrita dos estudantes, mas a utilização e demonstração dos

seus conhecimentos de mundo para organizar e estruturar conceitos científicos.

3.2.2.1 Critérios da análise e discussão dos dados

Os critérios da análise e discussão dos dados terão como guia condutor as estratégias a

seguir, que são resultantes da leitura de Solé (1998):

1. Explicação do propósito da leitura do texto;

2. Explicação do gênero textual obra pictórica e sua linguagem visual e gênero

gráfico;

3. Provocação aos estudantes a questionarem as finalidades da leitura;

Page 72: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

70

4. Antecipação do tema ou ideia principal através do título, subtítulo (quando

houver), da imagem, etc.;

5. Levantamento do conhecimento prévio em relação ao assunto do texto;

6. Utilização do dicionário para consulta, esclarecendo de possíveis dúvidas sobre

vocabulário;

7. Suposições sobre as conclusões implícitas no texto;

8. Busca de informações complementares;

9. Construção do sentido sobre o texto lido;

10. Relação do texto abordado ao cotidiano.

11. Verificação da compreensão do texto por meio de uma produção textual do

gênero escolar.

A análise ficou dividida em três etapas: antes da leitura, durante a leitura e após a

leitura, tanto para o gênero obra pictórica quanto para o gráfico.

Os critérios de análise serão as estratégias de leitura fundamentadas com enfoque no

Ensino de Ciências e a alfabetização científica.

Salienta-se que, para se obter uma análise comparativa dos textos dos estudantes, na

estratégia cinco, referente ao conhecimento prévio, usou-se como instrumento o Quadro 8 o

qual traz um comparativo entre a produção escrita dos estudantes em dois momentos: antes e

depois de assistirem a aula dada pela professora de Ciências envolvendo os referidos gêneros

textuais, e ressalta-se que a análise foi por desempenho individual.

O Quadro 8 apresenta os itens cuja análise é referente à leitura da obra pictórica de

Millet “As Respigadoras”, com intuito de verificar o conhecimento prévio dos estudantes. Vale

destacar que as palavras elencadas “durante a leitura”, foram analisadas, devido a sua

importância para o estudo do conteúdo Solo.

Quadro 8 - Análise comparativa de dados do texto aplicado na aula de Ciências: obra pictórica “As

Respigadoras”

ITENS ANALISADOS: Antes da aula Após da aula

Antes da leitura

Nome do pintor

Nome da obra

Data da obra

Fonte

Durante a leitura Palavras analisadas:

Page 73: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

71

Adubar

Arar

Colheita

Fértil

Lavoura/Plantação

Solo

Inferência:

As mulheres estão colhendo trigo, soja.

As mulheres estão colhendo para sustento próprio ou

da família.

As mulheres estão colhendo para fazer pão, bolo.

Os homens colhendo trigo.

O homem que está separado dos demais

cavaleiros, provavelmente, é o dono ou o capataz do

campo.

Após a leitura Inter-relação do texto ao cotidiano

Fonte: Autoria própria

Para o gênero gráfico, a análise e discussão foram a partir do questionário respondido

pela professora participante, das observações das aulas de leitura dadas por ela, e as lacunas

detectadas durante essas aulas.

3.2.3. Produto da Pesquisa

Diante das análises feitas, a pesquisadora elaborou um caderno intitulado “Caderno de

Estratégias de Leitura para os gêneros textuais obra pictórica e gráfico”, composto de 2 partes:

na primeira, estratégias de leitura para o gênero textual obra pictórica; a segunda, estratégias de

leitura para o gênero textual gráfico. Este produto tem a finalidade de auxiliar os professores

nas aulas de leitura desses gêneros contribuindo com a aprendizagem e alfabetização científica

dos(as) estudantes.

Quanto à validação do produto, foi solicitado a duas professoras de Ciências e uma de

Língua Portuguesa para analisá-lo. Uma sendo a professora participante e as outras duas de

outros estabelecimentos educacionais, mas todas da Rede Pública de Ensino do Paraná. A

apresentação do resultado da validação será realizada no capítulo de análise.

Page 74: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

72

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste capítulo, serão apresentadas as análises e as discussões dos dados desta pesquisa.

As análises estão focadas nas transcrições do questionário realizado com a professora

participante e na observação das lacunas durante a aplicação das aulas de leitura dos gêneros

textuais: obra pictórica e gráfico (ANEXO C). Salienta-se que as produções de textos escritos

pelos estudantes foram usadas, principalmente, na estratégia 5. No final de cada estratégia

usada, como critérios de análise, há sugestões de aplicabilidade.

A proposta desta análise é mostrar como desenvolver atividades de compreensão leitora

por meio do uso de estratégias: selecionar, antecipar, localizar, inferir, avaliar as informações

do texto, a fim de que a compreensão se constitua como um processo.

Na sequência, serão expostas as análises referentes à obra pictórica “As Respigadoras”,

de François Millet (1857) e após, ao gráfico sobre Solo, que serão separadas por subitens: antes,

durante e depois das aulas de leitura.

Antes da leitura: O professor dá explicações gerais sobre o que será lido, chamando

a atenção dos estudantes para os aspectos do texto que podem ativar o conhecimento

prévio.

Durante a leitura: Nesta etapa, o sujeito procura obter maior compreensão acerca do

texto, em que é necessário maior esforço de leitura para ter êxito na ação. Lembrando

que todas elas acontecem simultaneamente.

Após a leitura: Nesta etapa, uma estratégia importante é a identificação da ideia

principal do texto lido, que mostrará a capacidade do leitor em entender o texto.

4.1 GÊNERO OBRA PICTÓRICA

A obra “As Respigadoras” é um exemplo do realismo7. Jean François Millet, segundo

Imbroisi (2018), “procurou captar a verdadeira essência do que era o trabalho destas mulheres.

Não tentou idealizar a imagem, ao invés disso ele captou a ‘fealdade’ da pobreza e do trabalho

manual. A obra representa três mulheres camponesas de forma destacada em primeiro plano,

inclinando-se para recolher os restos de uma colheita do trigo [...]”.

7 De acordo com o site “Escolas Literárias” - https://www.portugues.com.br/literatura/realismo.html - escrito por

Marinho (2019), Realismo é um movimento artístico que buscou objetividade e olhar crítico sobre a sociedade do

final do século XIX. O realismo foi um dos principais movimentos artísticos do final do século XIX. Com diversas

formas de manifestação, a arte realista teve grande importância tanto na Europa quanto no Brasil.

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73

A imagem dessa obra está presente no livro didático Ciências: o Meio Ambiente – 6º

Ano Ensino Fundamental – Capítulo 10 – (BARROS; PAULINO, 2015, p. 120), intitulado “O

solo: piso, pátria, pão”.

4.1.1 Antes da Leitura

1ª Estratégia: Explicação do propósito da leitura do texto

Esta estratégia diz respeito ao conhecimento que o estudante deve ter sobre a razão de

se ler um texto. Para isso, compete ao professor expor o texto a ser lido e mostrar ao estudante

que textos são formas de comunicação verbal ou visual resultantes dos atos sociais e culturais,

repletos de intenções dos autores e que são fundamentais na formação de leitores proficientes.

O uso desta estratégia, nas aulas de Ciências, por meio da explanação do professor, é

proveitoso, uma vez que proporciona aos estudantes compreender que uma obra pictórica

possui sua própria linguagem e que sua função social e científica é de informar por meio da

sensibilidade, do sentimento, já que as emoções são indispensáveis para uma melhor

compreensão do mundo, como destacam Sant’Ana, Cebulski e Loos (2013).

No decorrer das observações participantes, foi possível perceber que se iniciou a aula

solicitando que uma estudante fosse à biblioteca buscar dicionário, pois seria usado na aula.

Assim que a estudante chegou, distribuíram-se os dicionários e foi organizada a sala. Após os

estudantes estarem atentos, a professora fez a seguinte explanação:

P: Hoje nós vamos falar sobre o solo [...].

Em seguida, os estudantes são estimulados a falar sobre o que é solo:

E1: Onde nós pisamos.

E2: Aonde nós plantamos [...].

Constatou-se que, ao incentivar os estudantes a falar sobre o solo – aplicou-se a

estratégia cinco “[...] acionar o conhecimento prévio dos estudantes por meio de reflexão acerca

do tema abordado no texto”- teve-se o propósito de obter conhecimento do que os estudantes já

sabiam sobre o tema.

A partir desse incentivo, percebe-se que se realiza um processo de mediação construtiva

do conhecimento, isto é, o professor faz uma ligação sobre o que o estudante já sabe acerca do

tema e o novo conhecimento apresentado (SOLÉ, 1998).

Na sequência, solicitou-se aos estudantes que abrissem o livro na página 120 e que

observassem a imagem. Então, começa-se a explicar o título do capítulo. Nesse momento,

Page 76: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

74

notou-se não haver nenhuma menção à obra pictórica em estudo, não se indagou os estudantes

acerca da ligação da Arte e Ciências. Isso está na contramão do que ressalta Jorge (2007, n.p.):

a Arte pode sensibilizar a percepção e nos facilitar o encontro de novas ideias e soluções.

É importante trabalhar o gênero obra pictórica como um todo, pois complementa

significados e estabelece ligações entre as áreas do conhecimento. Essas interligações só

acontecerão com a mediação do professor. Daí também a importância de que, na formação do

professor, haja uma orientação para a observação da obra pictórica como uma fonte de

sensibilização e preparação/fundamentação para a construção dos significados em áreas como

a área de Ciência. É preciso que, primeiramente, o professor entenda por que se vai utilizar a

obra pictórica para que, só então, consiga sensibilizar os estudantes na observação das relações

com o conteúdo a ser abordado.

Atentando ao protocolo de observação participante (APÊNDICE E), em que se avalia:

[...] explica o objetivo da leitura do texto proposto? Observou-se que não houve explicação

sobre o porquê da leitura de uma obra pictórica, se alguém sabia que uma obra também pode

ser lida, qual a importância de se ler uma obra pictórica na aula de Ciências, ou seja, não houve

a preocupação em aproximar o leitor da cultura, como aborda Solé (1998) sobre a importância

de apresentar múltiplas culturas para a cultura própria do leitor.

É importante também explicar aos estudantes que uma obra pictórica pode estar

presente, não somente na disciplina Arte, mas em outras disciplinas também, como em

Ciências, a fim de contribuir com a alfabetização científica do estudante, mostrar que ler não é

apenas decodificar. É preciso inferir, imaginar, concluir, proporcionar a inclusão dos estudantes

a outras leituras sem ser apenas artigo ou textos científicos.

É fundamental explicar aos estudantes que a leitura de obra pictórica é importante para

ter conhecimento do que estava acontecendo historicamente naquela época e compará-la à

atualidade. Também é importante incentivar os estudantes a relatarem o que estavam vendo na

obra. Para isso, é necessário o professor pesquisar a vida do autor, sua origem, o que ele mais

retrata em suas obras, como era a vida das pessoas naquela época para compará-la à atualidade

e ao tema a ser abordado.

Vale ressaltar, que a professora participante, como ela mesma disse, apresenta

dificuldade em trabalhar leitura com este gênero textual, por não ter preparo. Acredita-se que,

se lhe tivesse sido oportunizado, na vida acadêmica, como fazer leitura de uma obra, talvez não

encontrasse essa dificuldade.

Page 77: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

75

2ª Estratégia: explicação do gênero textual obra pictórica e sua linguagem visual

Esta estratégia diz respeito ao trabalho com a diversidade de gêneros textuais, conforme

orientam os PCN – Língua Portuguesa (BRASIL, 1998b), que propõem a importância de se

trabalhar com a diversidade de gêneros textuais, que permitam ao estudante uma inclusão na

cultura letrada, ampliando sua competência linguística e discursiva, oportunizando uma melhor

compreensão da realidade.

Na sequência das observações e da análise do questionário respondido, uma das

perguntas foi: Quais os gêneros textuais são utilizados nas aulas de Ciências? (APÊNDICE F).

P: Artigos, reportagens, notícias.

Na resposta ao questionário, fica claro que se trabalham outros gêneros textuais, além

de textos científicos, o que, para Marcuschi (2002), é fundamental, pois essa seria uma maneira

de trabalhar com a língua em seus mais variados usos autênticos no cotidiano.

Outro questionamento foi como trabalharia o gênero textual obra pictórica.

P: Sinceramente não trabalho, pois o tempo é curto para cumprir com os conteúdos do

livro e levaria muito tempo para estudar a obra para ser repassada para os estudantes.

Fica claro que esse gênero não é trabalhado nas aulas de Ciências, embora se entenda

que a escola tem a função de possibilitar ao estudante o contato com a diversidade de textos

que circulam na sociedade, ensinando-o a interpretar e produzir textos nas diversas situações

comunicativas do cotidiano no mundo escolar e social.

Atentando ao protocolo de observação participante (APÊNDICE E), em que se avalia:

[...] explica que texto visual também é um texto?, observou-se, durante a aula de leitura da

obra pictórica, que em momento algum se fala das características desse gênero, que esses textos

são diferentes dos verbais, que a leitura visual é subjetiva e exige do leitor o uso da

sensibilidade, da experiência, capacidade de inferência e recursos cognitivos para atribuir

sentido. Conforme Marcuschi (2002), além de textos verbais, os visuais também permitem

observar a maior integração entre os vários tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e

formas em movimento.

Para esta estratégia, além do domínio e conhecimento do professor acerca das

características do gênero textual em estudo, é preciso conhecer a biografia do autor e ter

conhecimento histórico da época, para transpor as informações de forma satisfatória.

A finalidade desta estratégia de leitura nas aulas de Ciências é possibilitar que os

estudantes entendam que cada gênero textual possui suas características peculiares e que

Page 78: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

76

também, por meio desse conhecimento, facilite o diálogo entre o estudante, o texto, o autor, a

fim de auxiliar no processo da construção do conhecimento científico.

3ª Estratégia: provocação aos estudantes a questionarem as finalidades da leitura

Formar leitores competentes que gostem de ler, que leiam para estudar e adquirir

conhecimentos ou para obter informações é constituir alicerces para que as pessoas continuem

a aprender durante a vida toda.

De acordo com Solé (1998), poder ler, isto é, compreender e interpretar textos escritos

de vários gêneros com intenções diferentes e objetivos auxilia de forma decisiva para autonomia

das pessoas, tendo em vista que a leitura é um recurso necessário para fazer parte de uma

sociedade letrada, inclusive nas aulas de Ciências. O que torna esta estratégia indispensável

para os estudantes entenderem o quão importante é ler e saber para que ler.

Atentando ao protocolo de observação participante (APÊNDICE E), em que se avalia:

Os estudantes perguntam sobre a finalidade da leitura do texto?, dá-se continuidade à aula

dizendo:

P: Primeiramente vamos ver o “Solo: piso, pátria, pão.” É exatamente o que vocês

falaram: o piso, o solo onde nós pisamos; onde nós andamos. Pátria. O que é uma pátria?

Nota-se, neste momento, que os estudantes não foram estimulados a responderem o que

sabiam sobre pátria. A resposta é concluída:

P: É um lugar onde nós vivemos. E o pão, o que é?

Dá-se uma pausa com intuito de que algum estudante respondesse; o que não ocorre, e

em seguida, responde:

P: É o alimento. Que nós retiramos da onde? Do solo, do nosso plantio.

Constatou-se que os estudantes não questionaram o porquê da leitura do texto e não

foram estimulados a perguntar sobre. E essa estratégia só é exequível se houver incentivo do

professor.

É claro que é importante explicar o título do capítulo para os estudantes saberem o que

será visto, porém, percebe-se que a finalidade da leitura do texto não foi exposta no primeiro

contato com a obra, portanto, esta estratégia não foi aplicada. Falou-se do título do capítulo e

não da finalidade da leitura em si, da sua importância, o que pode contribuir para o Ensino de

Ciências.

De acordo com Solé (1998), ao certificar a relevância de um texto, o sujeito poderá saber

se essa leitura apresentará o propósito que se pretende alcançar, pois há várias finalidades de

Page 79: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

77

uma leitura: como, por exemplo, ler para obter informação precisa, para seguir instrução, por

prazer, etc.

No questionário, foi perguntado se os estudantes leem textos propostos somente na sala

de aula ou leem também em casa, respondeu-se:

P: Somente leem na escola.

Ao perceber que os estudantes não possuem referência de leitura em casa, não são

habituados a ler, o foco do trabalho com leitura em sala de aula tem que ser intensificado. Diante

disso, pode-se dizer que a mudança de paradigma no trato com a leitura na aula de Ciências

precisa ser redimensionada.

Provocar os estudantes a questionarem as finalidades da leitura é essencial para o

processo. Pode-se indagá-los: por que se deve ler uma obra pictórica? Será que as obras servem

apenas para decoração? Para que serve esta obra logo no início do capítulo? Quais informações

são relevantes na obra em relação ao conteúdo a ser estudado?

4ª Estratégia: antecipação do tema por meio do título, subtítulo (quando houver), da

imagem, etc.

Se os estudantes, ao lerem um texto, não conseguem atribuir sentido a ele, a leitura

poderá tornar-se algo desmotivador, cansativo, uma simples exigência do professor. Mas, se

por outro lado os estudantes entendem o que leem, conhecem e sabem utilizar estratégias que

os ajudem a compreender, a leitura poderá ser algo prazeroso.

A participante, ao responder uma das perguntas do questionário (APÊNDICE F) sobre

quais estratégias de leitura são utilizadas, mencionou:

P: O que se espera é que o aluno(a) leia o conteúdo em casa e quando chegar na minha

aula já esteja por dentro do assunto e tire as dúvidas, se houver.

Percebe-se, nessa situação, que se usou apenas uma estratégia, deixando várias lacunas

fundamentais para formação de um leitor competente.

De acordo com o Protocolo de observação participante (APÊNDICE E), item 04, em

que se observa: [...] antecipa-se o tema por meio do título do texto, a imagem, etc.

juntamente com os estudantes? Observou-se que não se fala sobre o título da obra nem se

estimula os estudantes a pensar o que a obra retrata, no entanto, fala-se um pouco do artista:

P: Esta imagem é de um pintor: Jean-François Millet. Ele é filho de produtores rurais

e nas figuras, as obras dele, eram voltadas para quê? Para figuras designadas à cultura, à

plantação, a produtor, também a plantio, como seus pais eram produtores rurais. Então ele

Page 80: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

78

P: Agora vamos dar uma olhadinha na tela. Deixem o dicionário de lado.

Nota-se que os estudantes são instigados a olhar a imagem, mas não são instigados a

participar de situações investigativas, de conhecer, criar hipóteses, discutir, apresentar suas

ideias, desenvolver o olhar artístico e compreensivo sobre o que está vendo (VIECHENESKI;

LORENZETTI; CARLETTO, 2012).

Kleiman (2013) corrobora com esses autores no que tange a criar hipóteses. Conforme

essa autora, durante a leitura, o leitor proficiente levanta hipóteses sobre o texto, de acordo com

seus conhecimentos. Criar hipótese acerca de um texto é uma expectativa antecipada, que o

leitor cria a respeito do conteúdo do texto, embasado no gênero pertencente, antes de lê-lo. O

leitor, durante a leitura, constata essas hipóteses conforme vai se deparando com novas

informações reconsiderando ou confirmando as suas hipóteses.

De acordo com Solé (1998), é bom que os estudantes reflitam também sobre o título do

texto, pois ele lhes dá a oportunidade não só de saber o que conhecem, mas também aquilo que

desconhecem. Isso viabiliza uma atividade de leitura direcionada, não se limitando só no título,

mas a levar em conta o meio de prever e atualizar o conhecimento prévio.

Por ser pertinente antecipar o tema, sugere-se que seja por meio do: título, subtítulo

(quando houver), imagem, etc.; instigar os estudantes a relacionar o título da obra e subtítulo,

quando houver, ao título do conteúdo em estudo. Usar perguntas também é interessante, como:

Como você interpreta essa obra?

5ª Estratégia: Levantamento do conhecimento prévio em relação ao assunto do texto

Acionar o conhecimento prévio do estudante é muito importante, pois é o momento de

o professor detectar os conhecimentos que eles possuem em relação ao conteúdo, a partir daí

que ele dará início à explicação da matéria.

Vale frisar, que o quadro 8 foi criado para esta estratégia. Para isso, a análise foi dividida

em três momentos: antes, durante e após a leitura. A 1ª parte: antes da leitura, diante do acordo

com o Protocolo de observação participante (APÊNDICE E), item 5, em que se observa: [...]

aciona-se o conhecimento prévio dos estudantes por meio de reflexão acerca do tema

abordado no texto? Constatou-se que a aula iniciou com a pergunta:

P: O que vocês sabem sobre solo?

Respostas dos estudantes:

E1: Onde nós pisamos.

E2: Aonde nós plantamos.

Page 81: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

79

E3: Onde nós vivemos.

E4: Aonde nós retiramos nossos alimentos.

A partir deste momento, a obra foi utilizada para incentivar a turma a participar e dividir

seus conhecimentos prévios. Foi observado, também, que estudantes participantes dessa

atividade foram bem pontuais; talvez porque os demais tenham tido medo de errar, por timidez

ou realmente porque não souberam responder.

Pelo questionário (APÊNDICE F), observou-se que, mesmo não sabendo se realiza o

“acionamento dos conhecimentos prévios do conteúdo em estudo”, essa estratégia é utilizada

de forma inconsciente. No entanto, os estudantes foram pouco questionados, seria possível ter

instigado mais os estudantes sobre o tema em estudo fazendo perguntas a respeito do conteúdo

em estudo. De certa forma, há uma tentativa de nortear a leitura da obra, estimulando a

participação dos estudantes mediante o construtivismo por intermédio do conhecimento. Solé

(1998), que afirma que para que haja processo de ensino e de aprendizagem é necessário ter

enfoque construtivista, ou seja, é preciso que o professor incentive o estudante a expressar o

que já sabe acerca do tema e a nova informação exibida.

Ainda em relação ao questionário, perguntou-se quem realiza as leituras em sala de aula:

P: Maioria das vezes sou eu que realizo as leituras.

Faz-se necessário destacar o quão valioso é oportunizar ao estudante a exposição da

leitura oral, pois além de trabalhar a oralidade, pode desenvolver o autocontrole, a inibição.

Observa-se que procurou incentivar os estudantes, porém, foi bem pontual e se percebe

pouca participação deles.

P. Eu peço para vocês, agora, responderem. O que eles estão fazendo? Não precisam

falar, primeiro só olha, observa, dá uma olhadinha.

A turma fica em silêncio. Logo em seguida, retoma-se:

P. O que será que nós podemos entender sobre essa pintura, essa obra? O que será que

eles estão fazendo?

E1: Olhando, pensando...

P. Isso, elas estão pegando, né? Apanhando, retirando. O que elas estão retirando

daqui? Que tipo de plantios será?

E1: Trigo.

P: Isso mesmo. Então, eles estão retirando os restos de trigo, de [...] Acho que é cevada

que eles chamam, né? Eles estão retirando, então os restos dali de trigo que sobraram. Aí eu

Page 82: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

80

vou pedir então, agora que já observamos a imagem, vou pedir pra gente responder essas

“discuta estas ideias8”.

P. [...] A gente coloca só as respostas no caderno.

Percebe-se na circunstância em análise, o incentivo dado, ou seja, as perguntas, é

insatisfatório para identificar o conhecimento prévio dos estudantes.

Faz-se necessário levar o estudante a ter uma ideia do que o texto abordará a partir do

título, da observação da obra e correlacionar aos conhecimentos que possui sobre o conteúdo.

Pois o leitor deve ser capaz de confrontar os seus conhecimentos com o que está expresso

implícito e explicitamente no texto em um processo de interação entre leitor-autor-texto. Para

colocar esta estratégia em prática, de acordo com Solé (1998), é necessário que o professor

ensine aos estudantes o acionamento dos conhecimentos prévios por meio de perguntas.

No momento em que ocorre a intervenção e o estímulo do professor, o estudante pode

ser capaz de apresentar seus conhecimentos prévios fazendo com que o professor perceba tanto

as dificuldades quanto as facilidades dos estudantes, verificando o nível de conhecimento para

dar início à aula.

Kleiman (2002, p. 13) também discute acerca da importância de se fazer uso do

conhecimento prévio do estudante ao se trabalhar com o ensino de leitura. Para ela, “a

compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento

prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua

vida”.

Assim, compreende-se que fazer ligação com as experiências pessoais facilita o

entendimento, pois as vivências de mundo e o conhecimento prévio dos leitores auxiliam na

compreensão leitora.

Para comparar o conhecimento prévio antes da aula de Ciências e o conhecimento

adquirido após a aula de leitura da obra dada pela mesma, foram criados gráficos com base nas

produções textuais feitas pelos estudantes, evidenciando os conhecimentos apresentados por

eles.

É importante ressaltar que os textos escritos pelos estudantes estão no ANEXO C - Antes

da aula de Ciências e no ANEXO D - Após a aula de Ciências. Esses textos serviram de ponto

de partida - leitura de texto - e ponto de chegada - produção textual dos estudantes - do trabalho

aqui desenvolvido com a finalidade de analisar e verificar o conhecimento prévio dos

8 Livro didático Ciências: o Meio Ambiente – 6º Ano Ensino Fundamental – Capítulo 10 – (BARROS; PAULINO,

2015, p. 120).

Page 83: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

81

estudantes. A escolha desta estratégia se justifica na intenção de obter o maior número de

informações escritas pelos estudantes, pois é sabido que nem todos os estudantes participam

ativamente das aulas quando são estimulados pelo professor a se manifestarem sobre o conteúdo

ou sobre um texto em estudo. Para uma grande parte dos estudantes, exporem seu ponto de vista

perante os demais da turma é um entrave, por vezes, ferindo a autoestima, gerando insegurança

e sentimento de incapacidade. Com essa estratégia, inferir a compreensão dos estudantes por

meio de produções textuais, é possível perceber o conhecimento que os estudantes trazem

consigo, o que eles entenderam, o que sabem sobre o conteúdo, as inferências feitas, o uso de

palavras científicas empregadas, etc.

O processo intelectual de redigir envolve basicamente dois momentos, segundo Luft

(1996), o de formular pensamentos e o de expressá-los por escrito. No caso do texto produzido,

a intenção não foi verificar a forma correta da escrita, mas sim, as ideias que os estudantes têm

acerca do conteúdo em estudo.

Pode-se perceber que essa proposta de produção textual estruturada para a pesquisa está

em concordância com os PCN – Língua Portuguesa (BRASIL, 1998b) em consenso com a

BNCC (2017), os quais valorizam a prática da produção textual.

O gráfico9 5, a seguir, apresenta resultados da leitura dos estudantes antes e após a aula

de Ciência, observando a presença das seguintes informações: nome do pintor, nome da obra,

data da obra e a fonte.

Gráfico 5 - Expressões identificadoras da obra, usadas pelos estudantes nos textos produzidos antes

e após a aula de Ciências sobre a leitura da obra pictórica

Fonte: Autoria própria

9 Os dados numéricos utilizados nos gráficos desta seção serão usados apenas como argumento, não há a intenção

de caracterizar pesquisa quantitativa.

Page 84: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

82

De acordo com os textos produzidos pelos estudantes, solicitados pela pesquisadora,

mas sem a sua intervenção, constatou-se que 50% dos estudantes atentaram tanto para o nome

do pintor quanto para a data da obra. Foi solicitado outro texto após a aula de Ciências, apenas

10% citaram o nome do pintor e nenhum citou a data da obra. Verificou-se que, durante a aula

de leitura da obra pictórica não se especificou a importância de observar o nome do autor nem

a data da obra, uma vez que é de suma importância para conhecer o contexto histórico da época

e constatar que essas características pertencem ao gênero obra. Nos textos produzidos, antes da

aula de Ciências, somente 20% dos estudantes referiram-se ao nome da obra; e após a aula dada,

40% citaram a obra. É fundamental ensinar esta estratégia, pois provavelmente quando se os

estudantes depararem com uma obra pictórica se atentarão para isso.

Esses resultados indicam que a leitura só chega para aqueles que a buscam e que nem

sempre o professor atua para construir informações necessárias para os estudantes. Com isso,

pode-se observar o quão importante é o que se fala em sala de aula e como se fala, pois os

estudantes, além de confiarem, replicam o que o professor fala.

Na 2ª parte, durante a leitura, o gráfico 6 teve-se a finalidade de analisar as palavras:

adubar, arar, colheita, fértil, lavoura/plantação, solo usadas pelos estudantes nas produções

textuais, e se houve inferência por parte deles no ato da leitura.

Gráfico 6 - Palavras científicas usadas pelos estudantes nos textos produzidos antes e após a aula de

Ciências sobre a leitura da obra pictórica

Fonte: Autoria própria

Esta estratégia é relevante para identificar o nível da linguagem científica cujos

estudantes já possuem e saber quais palavras científicas precisam ser trabalhadas para obterem

melhor entendimento do conteúdo em estudo. Chassot (2003) deixa claro que ser alfabetizado

Page 85: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

83

cientificamente é saber ler a linguagem em que está escrita a natureza. Proporcionar a

compreensão dessa linguagem é fazer alfabetização científica.

Percebe-se nesta análise o quanto é valorosa a fala da professora, quando ela dá ênfase

a alguma palavra em sua leitura, os estudantes a usa no texto, quando não cita, poucos a usa. O

papel do professor em sala de aula é fundamental na construção de novos saberes, seu

compromisso aumenta, pois precisa adaptar-se às diversas linguagens e proporcionar momentos

para além das situações educativas, extrapolando a sala de aula.

Já no gráfico 7, o propósito foi analisar as inferências feitas pelos estudantes durante o

processo de leitura tanto antes da aula de Ciências com leitura de obra pictórica, quanto após a

aula dada. Lembrando que estes textos foram solicitados pela pesquisadora.

Para melhor entendimento desse gráfico, seguem os significados das siglas.

MCTS: mulheres colhendo trigo ou soja;

MCSP: mulheres colhendo para sustento próprio;

MCPA: mulheres colhendo para produzir alimento;

HEC: homens empilhando colheita;

HSDC: homem sozinho: dono ou capataz.

Gráfico 7 - Conclusões que resultaram de inferências

Fonte: Autoria própria

Pode-se observar que 60% dos estudantes inferiram, antes da aula, que as mulheres estão

colhendo trigo, e 100% inferiram após a aula dada. Isso porque, num certo momento da leitura

da obra na aula de Ciências, perguntou-se aos estudantes:

Page 86: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

84

P: Isso, elas estão pegando, né? Apanhando, retirando. O que elas

estão retirando daqui? Que tipo de plantios será?

E1: Trigo.

P: Isso mesmo. Então, eles estão retirando os restos de trigo.

Observa-se que todos os estudantes citaram trigo no texto, porque, na aula, afirmou-se

que as mulheres estavam colhendo trigo, portanto os estudantes entendem e usam essa

informação ao produzir o texto. De novo reforça-se a importância da fala do professor durante

as aulas. O professor ainda é uma referência para o estudante.

De acordo com Marcuschi (2008), as inferências são processos cognitivos em que uma

nova representação semântica é estabelecida a partir da informação textual considerando o

contexto, sendo precisamente a capacidade de reconhecimento da intenção comunicativa do

interlocutor, e mais diretamente do autor. No caso do texto escrito, que caracteriza o leitor

desenvolvido e, portanto, crítico, argumentador e reestruturador dos saberes acumulados

culturalmente.

Dando continuidade à análise, 20% disseram antes da aula dada que as mulheres

estavam colhendo para o sustento da família e após a aula 40% usaram a mesma informação;

antes da aula, 30% citaram que as mulheres estavam colhendo para fazer comida e após a aula

60% disseram o mesmo; antes da aula, 30% inferiram que os homens estavam empilhando a

colheita para venda e após a aula 10%. Vale ressaltar que, apesar de os estudantes falarem que

os homens estavam “ensacando”, pela imagem, observa-se que estavam empilhando a colheita

para o consumo próprio, para alimento do gado ou outra finalidade, pois naquela época quase

não havia comércio. Antes da aula, 40% disseram que possivelmente o homem sozinho no

cavalo poderia ser o dono ou o capataz da fazenda e após a aula apenas 10% disseram o mesmo.

Percebe-se que o estudante que consegue, durante a leitura de um texto, formar

inferências é capaz de elaborar argumentações, aumentando a compreensibilidade de um texto.

É nessa perspectiva que se toma a leitura como um processo inferencial e cognitivo, ou seja,

uma leitura profunda, ativado por meio da relação entre leitor, texto e contexto.

Na 3ª parte, após a leitura, espera-se que o estudante consiga inter-relacionar o conteúdo

do texto em estudo ao seu cotidiano, o que será mostrado no gráfico 8.

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Gráfico 8 - Inter-relação feita pelos estudantes sobre a obra pictórica nos textos produzidos antes e após a

aula de Ciências sobre a leitura da obra pictórica

Fonte: Autoria própria

Nesta análise, constatou-se que antes da aula dada nenhum estudante fez a inter-relação

do seu texto com seu cotidiano (IRTC), e após a aula dada 30% conseguiu inter-relacionar.

Veja-se um exemplo de um estudante que fez essa inter-relação. Os demais textos se encontram

no ANEXO C:

Figura 5 - Texto produzido pelo estudante 2

Fonte: Dados da pesquisa

Page 88: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

86

Observa-se que o estudante, ao fazer a leitura da obra, inter-relaciona o conteúdo do

texto à sua vivência, como mostram, por exemplo, estes fragmentos do texto:

E5: “Na tela vemos mulheres colhendo o trigo depois da ceifa, com esse trigo que estão

colhendo, elas poderiam fazer vários alimentos como: pão, macarrão caseiro e até vender esse

trigo [...].” O solo pode ser aproveitado para plantar verduras ou frutas [...]. De que forma e

em que parte isso estaria relacionado ao cotidiano? Explicar melhor.

Percebe-se que o estudante, ao citar que as mulheres estão colhendo trigo, associa a

colheita ao que se pode fazer com ela e dela, uma vez que fala em vender o trigo. Depois, ele

fala que o solo pode ser aproveitado, isso mostra o conhecimento dele com plantação, talvez

por residir no campo.

Para que os estudantes consigam fazer inter-relação do texto ao cotidiano, é necessário

que os professores envolvam os estudantes na compreensão textual. Pode-se fazer por meio de

perguntas como: além do plantio, para o que mais o solo é importante? Você depende do solo

para quê? Por que você acha que é importante preservar o solo?

Os estudantes somente conseguem interpretar um texto se forem hábeis para ativar seus

conhecimentos prévios interligar as ideias do texto com a sua realidade e tirar conclusões a

partir disso.

4.1.2 Durante a Leitura

6ª Estratégia: Utilização do dicionário para consulta, esclarecendo possíveis dúvidas do

vocabulário

Solé (1998) cita algumas situações que podem permitir lacuna de compreensão. Além

das citadas anteriormente, ela destaca que várias vezes o significado concedido às palavras pelo

leitor não corresponde à interpretação do texto, ou que, perante os muitos significados ou

interpretação da palavra, o leitor tem dúvida ou dificuldade em empregar qual a mais adequada

ao contexto. Uma estratégia que pode ajudar o leitor a resolver esta dúvida é o uso do dicionário,

o que pode levar o sujeito a minimizar os problemas deixados pelas lacunas de compreensão.

Ao responder o questionário (APÊNDICE F) sobre como se trabalha com o vocabulário

específico da área de Ciências, menciona-se:

P: Sempre levo o significado das palavras científicas, mas, às vezes, utilizo o dicionário

com os alunos.

Page 89: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

87

Na observação, verificou-se que os estudantes não são questionados sobre o significado

das palavras em estudo, e usa-se o dicionário esporadicamente. Acredita-se que se solicitou o

dicionário, porque o livro trouxera uma questão como: Consulte no dicionário o significado da

palavra respigar.

Nesse momento, é que se faz alusão ao uso do dicionário na aula de Ciências, continua-

se a explicar as demais questões e se reforça:

P: Porque pedi para buscar o dicionário, para que se alguém tiver dúvidas em alguma

palavra, consulte o dicionário.

Durante esta atividade, as respostas foram conferidas de estudante em estudante para

verificar se estavam corretas. Quando finalizaram a tarefa, iniciou-se a correção sem ligar a

palavra “Respigadora”, no caso do texto em estudo, ao solo, que é o tema do capítulo em estudo.

Ensinar os estudantes a criarem o hábito de pesquisar o significado das palavras

presentes nos diversos gêneros textuais estudados/lidos em Ciências é fundamental para a

compreensão correta do texto e os caracteriza como leitores ativos, os quais, conforme Solé

(1998), põem em prática o objetivo de leitura “Ler para aprender”. Ao ler, o leitor procura

ampliar conhecimento por meio de indagações, reflexões, anotações mediante o gênero textual

em estudo, o que contribui para a alfabetização científica.

É necessário utilizar o dicionário para consultar, esclarecer possíveis dúvidas do

vocabulário em relação à nova palavra existente no texto para o enriquecimento de

conhecimento e tornar a interpretação mais fácil. Como? Pode-se pedir aos estudantes que

busquem os significados da palavra em estudo, ler em voz alta os significados e escolher qual

se adéqua melhor ao texto, dar outros exemplos usando a palavra em questão e criar frases,

oralmente ou escritas, com a palavra que suscitar dúvida sobre significado e/ou emprego.

7ª Estratégia: Suposições sobre as conclusões implícitas no texto

Embora toda a leitura seja um processo contínuo de formulação e verificação de

hipóteses e previsões sobre o que sucede no texto (SOLÉ, 1998), nesta estratégia propõe-se

previsões em que a experiência e o conhecimento dos estudantes sobre o tema em estudo

possibilitem descobrir ou inferir sobre o conteúdo do texto.

No Protocolo de observação participante (APÊNDICE E), item 07, observa-se: [...]

estimula os estudantes a inferir ideias sobre o texto, a fim de atribuir sentido a ele?

Nas aulas observadas, faz-se o uso desta estratégia sutilmente quando os estudantes são

levados a inferir o que as camponesas estão colhendo.

Page 90: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

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P: O que elas estão colhendo?

E1: Milho.

P: Isso mesmo. Então, elas estão retirando o resto de milho e [...]. Acho que é cevada

que eles chamam, né? E... Então, estão retirando o resto que sobraram...

Apenas um estudante responde, talvez porque os demais estudantes viram que a

plantação nada tem a ver com milho e se calaram. Não é oportunizado, nem estimulado aos

outros a inferirem ideias sobre o texto, a expor seus conhecimentos.

Na análise dos textos escritos antes da aula dada pela participante, vê-se:

E2: Acho que as mulheres estão colhendo soja, e os homens lá trás estão empacotando

para trocar por comida [...]. Aquele homem de cavalo que vemos lá a traz, eu acho que ele está

andando por cima da terra para afofa-la ou revirá-la.

[...] Lembrei também que naquela época, provavelmente ainda não havia colhedeira

nem máquinas para virar a terra, então eles fizeram tudo isso com enchadas e com as mãos.

E3: [...] As três mulheres catavam trigo para fazer coisas para comer, para sobreviver.

Os homens trabalhavam para ter as coisas que precisavam e queriam e para sustentar sua

família.

E4: [...] As mulheres dever ser muito guerreiras que pegam alimento para sua família

sobreviver e não passar fome.

E5: [...] o homem que estava montado no cavalo é o dono das plantações que estavam

plantadas onde as mulheres estavam colhendo.

Nota-se que se fala em milho e cevada, enquanto um estudante fala em soja. Acredita-

se que o estudante que falou de milho pode ter olhado para o título ‘Respigadoras’ e relacionado

com espiga de milho sem olhar para a forma da plantação posta na obra. Quem falou em soja

deve ter pensado apenas em plantação e ligou com o tipo de plantio com que tem contato, pois,

na região dos Campos Gerais, há muita plantação de soja. Quanto a relacionar com cevada, a

forma da planta é muito parecida com o trigo. A única forma de saber que se refere ao trigo é

lendo sobre intenção do pintor e o tipo de produção mais comum na época.

Então, houve mais de uma forma de ligação entre o conhecimento de mundo e o posto

na obra que deixaram de ser explorados. Isso também ajudaria na construção do conhecimento

científico: a comparação entre os formatos das plantas e a observação do que a obra expõe. A

exploração ficou mais voltada para a planta e não para o todo em que há seres representativos

que caracterizam classes pelo seu fazer expresso na obra.

Page 91: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

89

Esta estratégia, inferência, é importante, porque propicia ao estudante participar

ativamente da leitura, da interpretação aprofundada do texto em estudo, posicionando-se

criticamente perante os temas relacionados à ciência, tecnologia e sociedade.

Segundo Solé (1998), o leitor eficiente é preparado a criar inferências como: hipóteses,

interpretação e conclusões, ou seja, é capaz de elaborar respostas diante do texto, mesmo que

baseadas em inferências.

Para fomentar os estudantes a criarem hipóteses, deve-se instigá-los como: o que as

mulheres estão colhendo? Para que estão colhendo? Por que elas estão de cabeças baixas? Qual

o nível social delas e por quê? Quem são aqueles homens no fundo da obra e o que estão

fazendo? Quem será aquele que está sozinho no cavalo? Pode-se indagar ainda: após a colheita,

como se deve cuidar do solo?

8ª Estratégia: Busca de informações complementares

Esta estratégia de busca por informações complementares não consta nos apontamentos

de Solé (1998). Constitui-se de uma inserção/adaptação às estratégias de Solé, que emergiu no

decorrer da pesquisa.

Uma das informações complementares é a interdisciplinaridade observada como um elo

entre o entendimento dos saberes das diversas disciplinas, uma vez que a leitura da obra

pictórica em questão abarca temas e conteúdos com essas características.

De acordo com Brasil (1999), as disciplinas se integram para constituição de

conhecimento. Diante disso e de acordo com o Protocolo de observação participante,

(APÊNDICE E), item 8, em que se observa: [...] estimula os estudantes a buscar informações

complementares - interdisciplinaridade? Constatou-se que, em momento algum, houve

intenção de relacionar a obra a outras disciplinas nem mesmo no contexto em que se encontrava

no livro e na aula de Ciências. Antes de qualquer diálogo, reflexão, pede-se que os estudantes

respondam às questões trazidas no livro.

P: Vou dar alguns minutinhos para vocês responderem estas perguntas (mostra

apontando para a atividade), não será necessário copiar, só responder.

Nesse ponto, observa-se que o livro didático assume posição importante no

desenvolvimento das aulas, conduzindo e direcionando maneiras e conteúdos a serem

trabalhados. Não quer dizer que isso não seja relevante, mas há outras possibilidades de

trabalhar o conteúdo, por meio de jornais, sites, blogs, etc.

Page 92: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

90

Lançar mão de perguntas durante a leitura do texto faz com que o estudante interaja com

o texto. Para Solé (1998), os estudantes devem escutar e compreender as perguntas elaboradas

pelos professores e relacionadas ao texto em estudo para averiguar se a leitura permite

respondê-las, como: pode-se relacionar essa obra com outras áreas do conhecimento, como a

Ciência, História, Ecologia, Geografia? Você considera que o artista relacionou esta pintura a

algumas dessas áreas? Qual a relação da obra com o mundo atual?

De maneira gradativa, o estudante poderá também lançar mão desta estratégia,

formulando suas próprias perguntas, o que significa autodirecionar sua leitura de maneira eficaz

e assim ele verá que uma disciplina está ligada à outra.

4.1.3 Após a Leitura

9ª Estratégia: Identificação da ideia principal do texto em estudo

Esta estratégia é necessária a fim dos estudantes saberem que ela vai servir para

encontrar os laços necessários entre o que buscam, seus objetivos de leitura e seus

conhecimentos prévios (SOLÉ, 1998).

Diante disso e de acordo com o Protocolo de observação participante, (APÊNDICE E)

item 09, em que se observa: Os estudantes são encorajados a falar sobre a ideia principal

do texto? Nota-se que os estudantes não são incentivados a compreender qual é a ideia principal

da obra ou quais são, já que uma obra pictórica é subjetiva; nem fazem conexão da obra ao

conteúdo de Ciências.

Enquanto os estudantes respondem às questões sugeridas pelo livro, andava-se na sala,

com a finalidade de sanar as dúvidas dos estudantes, quando novamente diz:

P: Mesmo o livro trazendo a proposta de apenas discussão oral, vocês devem responder

no caderno para trabalhar a escrita.

Em seguida, começou a correção. Observa-se que as perguntas são lidas pela professora

e há pouca participação dos estudantes nas respostas. Finalizou-se a aula dizendo:

P: É uma tela, bem bonita!

Mesmo esse tipo de gênero textual sendo mais subjetivo, pois a leitura é única para cada

leitor agindo de formas diferentes entre eles (SILVA, 2006), seria importante oportunizar os

estudantes a manifestarem a sua opinião e o que conseguiram entender. De acordo com Jorge

(2007, n.p.), “tanto artistas como cientistas nos ajudam a notar e a apreciar as coisas da natureza

Page 93: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

91

que aprendemos a ignorar, ou que nunca nos ensinaram a ver. Tanto a Arte como a Ciência é

necessária para o completo entendimento da natureza e de seus efeitos nas pessoas”.

Ensinar o leitor a ler, a localizar ou gerar a ideia principal de um texto não é só avaliar

se os estudantes conseguem ou não identificá-la, é desenvolver a autonomia leitora do sujeito.

Neste sentido, Solé (1998, p. 138) pontua que “[...] encontrar a ideia principal é uma condição

para que os estudantes possam aprender a partir dos textos para que possam realizar uma leitura

crítica e autônoma”.

Ensinar a localizar a ideia principal do texto não é fácil, exige do professor ser um leitor

atento, uma vez que a cada proposta deverá mostrar aos estudantes como proceder para localizar

a ideia principal do texto e auxiliar os estudantes a localizar essa ideia de maneira eficaz.

Os estudantes, ao receberem do professor um modelo de estratégias, terão a função de

interferir e modelá-las com subsídios reais para que possam dominar a leitura, cada estratégia

e sua compreensão, garantindo, de maneira progressiva, sua autonomia enquanto leitor crítico

e autônomo.

10ª Estratégia: Relação do texto abordado ao cotidiano

Assim como a estratégia 08, esta não consta nos apontamentos de Solé (1998). São

sustentações teóricas para dissertar sobre as estratégias de leitura, e se constitui de uma

inserção/adaptação às estratégias de Solé, a qual emergiu no decorrer da pesquisa.

De acordo com o Protocolo de observação participante, (APÊNDICE E) no item 10,

observam-se: As intervenções de interpretação ultrapassam o limite do texto e perpassam

ao ambiente do dia a dia dos estudantes? Nesse sentido, não se buscou motivar os estudantes,

nem se tentou estabelecer uma ponte entre o conhecimento que eles já possuem e as informações

do texto, não houve atitude mediadora no sentido de levar os estudantes a estabelecer conexões

sobre a realidade vivenciada e a obra que retrata as camponesas, a desigualdade, a terra - plantio

- à vida dos estudantes.

Esta estratégia é necessária para o leitor no momento em que lê e já interpreta, assume

também um papel de autor, pois ele interage com o texto de acordo com o seu contexto histórico

e social, o que pode colaborar com a interpretação do texto.

Sugestões seriam questionar os estudantes sobre a relação da obra pictórica com o

contexto social e político do momento histórico o qual se vive; se a obra ainda é atual; se há

tanta terra, por que há pessoas que ainda passam necessidade; qual a relação da obra com o

tema solo.

Page 94: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

92

Isso pode ajudar o estudante a relacionar o texto à sua vida. Esta estratégia colabora com

a interpretação do texto, pois o estudante, ao analisar cada questão, pode compreender melhor

a ideia do artista e assumir uma postura ativa diante da obra de maneira a não se sentir inseguro

ao que está dito.

Essa atitude remete à ideia do leitor em processo de alfabetização científica (CHASSOT,

2003), o qual interpreta, reflete, investiga, critica e tem competência de expor suas ideias no

que diz respeito aos avanços científicos e tecnológicos.

11ª Estratégia: Verificação da compreensão do texto por meio de uma produção textual

Quanto à estratégia verificação da compreensão do texto por meio de uma produção

textual, Solé (1998, p. 143) ressalta que “está ligada às estratégias necessárias para estabelecer

o tema de um texto, para gerar ou identificar a ideia principal e seus detalhes secundários”.

Diante disso e conforme o Protocolo de observação participante (APÊNDICE E), item

11, em que se observa: Como se certificar se houve absorção de conhecimento? Nas aulas

observadas, não foi solicitado aos estudantes nada que pudesse averiguar se houve leitura com

compreensão satisfatória, tomando por base a obra pictórica e se a obra serviu de apoio para

aula de Ciências sobre solo.

Isso leva a pensar que há uma lacuna no que concerne à elaboração de propostas que

consolidem a relação entre teoria e prática por meio de estratégia de leitura, a fim de auxiliar

na transposição didática desse gênero para o Ensino de Ciências.

Barbosa (2007) afirma que, quando se trabalha com uma obra, no intuito de auxiliar na

transposição do conhecimento, o objetivo não é ensinar estética, história e crítica de arte, é

oportunizar que os estudantes criem hipóteses, contextualizem a imagem ao conteúdo em

estudo.

E, para detectar se essa transposição foi realizada com êxito, Solé (1998) salienta que,

na avaliação crítica do texto, para este ser melhor compreendido, é imprescindível, além da

relação que acontece na troca de opiniões sobre a leitura, fazer um registro escrito como

sistematização das ideias que foram entendidas sobre o conteúdo.

Solicitar produção textual com a finalidade de verificar se houve realmente

entendimento do texto em estudo é importante, pois será, neste momento, que os estudantes

relacionarão a obra pictórica ao conteúdo do capítulo em estudo, e o professor poderá averiguar

se realmente houve uma leitura satisfatória do gênero em estudo ou não.

Page 95: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

93

Portanto, esta estratégia de verificação da compreensão do texto por meio de uma

produção textual pode favorecer a aquisição do conhecimento científico, uma vez que, se o

estudante estiver apto a ligar seus conhecimentos prévios ao conteúdo, acredita-se que o leitor

está no caminho da alfabetização científica.

4.2 GÊNERO GRÁFICO

Os gráficos representam linguagem matemática, mas os conteúdos neles contidos

podem estar relacionados às mais variadas áreas de conhecimento. Nesta análise, foi usado o

gráfico de setores, conhecido também como pizza, o qual é costumeiramente usado para

demonstrar uma relação de proporção, em que todos os dados somados constituem o todo.

Para ler um gráfico é preciso analisar o tema abordado, os dados contidos e observar o

que mostra o interior dele, atentando-se para a legenda, e então fazer as análises de leitura, em

que são propostos objetivos para averiguar resultados.

Assim, como na análise da obra pictórica, as análises da leitura do gráfico,

referente à figura 2, faz parte do livro didático Ciências: o Meio Ambiente – 6º Ano Ensino

Fundamental– Capítulo 10 – (BARROS; PAULINO, 2015, p. 123), também foram separadas por

subitens: antes, durante e depois das aulas de leitura.

4.2.1 Antes da Leitura

1ª Estratégia: Explicação do propósito da leitura do texto

Atentando ao protocolo de observação participantes (APÊNDICE E), em que se avalia:

[...] explica o objetivo da leitura do texto proposto? Novamente, constatou-se que o gênero

textual “gráfico” não teve uma explicação do porquê da leitura do texto e não houve estímulo

aos estudantes para refletirem sobre esse gênero: para que serve? Em que veículo de

comunicação é publicado esse gênero? ...

É necessário ressaltar a importância de ensinar as características de um gênero textual,

afirma Marcuschi (2008), uma vez que cada um tem suas próprias características e esse saber

auxilia nas atividades comunicativas de nosso cotidiano.

O gênero gráfico faz parte de uma linguagem universal, tem suas peculiaridades, e uma

delas é apresentar dados para descrever informações, com o propósito de causar ao leitor uma

Page 96: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

94

rápida ideia do assunto expresso. É um gênero importante, pois é visto regularmente nos meios

de comunicação. Por meio do processo da linguagem gráfica, é possível organizar as

informações, analisá-las de forma simples e dinâmica.

Na aula de leitura que incluiu o gráfico, iniciou-se pedindo:

P: Vamos abrir o livro na página 123 para continuarmos a nossa aula sobre solo.

Verificou-se que a aula foi iniciada, recapitulando o conteúdo da aula anterior sobre

composição do solo, sem, ao menos, incentivar os estudantes a responderem, por exemplo, estas

perguntas: alguém conhece gráfico? Para que ele serve? De que assunto trata este gráfico?

Quantos dados são apresentados? Em que formas podem ser apresentados os gráficos? Onde

vocês encontram esse gênero textual? Esses são questionamentos pertinentes para fazer aos

estudantes a fim de obter conhecimento do que eles já sabem sobre o gênero. No entanto, foi-

se direto ao conteúdo afirmando:

P: Se observarmos aqui, gente, este gráfico tem porcentagem.

Neste momento, citam-se as porcentagens que compõem o solo. Além da lacuna de não

falar sobre o gênero textual, a porcentagem é introduzida sem que se indague as crianças se elas

sabem o que é porcentagem.

Cazorla e Utsumi (2010, p. 14) acreditam que a Estatística pode ser ensinada

“aparelhando o cidadão para ‘ler o mundo’ a partir de informações estatísticas”. Nesse viés, o

conhecimento estatístico contribui na formação do estudante para ser crítico e consciente.

É adequado o uso da estratégia ‘Explicação do propósito da leitura do texto’ nas aulas de

Ciências, porque possibilita aos estudantes aprenderem, por meio da explicação do professor,

que a linguagem do gênero gráfico é específica e que sua atribuição é a de informar, de

contribuir, de facilitar o entendimento sobre o tema abordado. Além disso, os estudantes

percebem que esse gênero não se encontra só na disciplina de Matemática, mas também em

outras, inclusive na disciplina de Ciências, além de estar presente nos meios de comunicação.

2ª Estratégia: explicação dos principais gráficos encontrados no cotidiano

Esta estratégia, explicação dos principais gráficos encontrados no cotidiano, não está

presente nos apontamentos de Solé (1998). Constitui-se como uma inserção/adaptação às

estratégias de Solé, que emergiu no decorrer da pesquisa.

Os gráficos são recursos utilizados para importar um acontecimento que possa ser

quantificado, ilustrado de maneira razoavelmente lógica. Assim como os mapas indicam uma

representação espacial de algum acontecimento ou lugar, os gráficos indicam uma proporção

Page 97: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

95

estatística acerca de certo fato. Os gráficos, na maioria das vezes, confrontam informações

qualitativas e quantitativas, podendo abarcar inclusive o tempo e o espaço. Existem vários tipos

de gráficos e cada qual com seu objetivo.

Diante disso e considerando o protocolo de observação participante (APÊNDICE E),

em que se avalia: [...] explica-se quais são os principais gráficos? Observou-se que, ao iniciar

a aula, falou-se diretamente das porcentagens trazidas pelo gráfico, demonstrando de cada parte

a respectiva porcentagem, a qual cada porcentagem se refere e qual a função de cada para se ter

um solo fértil.

P: Agora nós vamos ver a importância e a composição do solo. Nós observamos este

gráfico aqui, gente, nós sabemos que ele tem porcentagem. Tem 45%, 25%, 25% e outro 5%.

O que quer dizer isso? Que a terra para ser fértil ela precisar estar 100% ok. Então ela tem

que estar fértil 100%. E como ela poderia estar 100% fértil? Ela precisa estar primeiramente,

vamos observar que 25% é ar, ele tem que ter ar. Para quê ele tem que ter 25% de ar?

E1: Para que as raízes possam respirar.

P: Isso, para que as raízes das plantas possam respirar e não morram. O que mais que

é necessário aqui ter debaixo da terra para ela ser fértil?

E2: Os animais que vivem debaixo da terra.

P: Os animais que vivem no subsolo, debaixo da terra, os micro-organismo. Isso é

necessário, tá? Agora esses 25% de água. Tem água lá embaixo? Como se forma esses 25% de

água?

E3: Pela chuva.

P: Isso aí. Esses 25% de água é porque chove, aí o solo vai ficar úmido, muitas vezes

ele vai ficar com muita água e aí ocorre variações. Nem sempre, gente, vai ter tanta quantidade

de água. Por que quando chove ele vai encher o [...]. A terra, né? Vai encher a terra. Só que

aí vem o sol, que ocorre também o quê? O que vai acontecer?

E4: Vai evaporar?

P: Vai evaporar. Então vai ter uma variação desses 25%. Pode variar a porcentagem

da água. Então quando chove, a água vai cair nos lençóis freáticos e aí depois disso, também

pode ocorrer a? [...]. A evaporação dessa água. Então pode variar a porcentagem devido a

isso.

Ou ela vai para os lençóis freáticos ou vai voltar para a atmosfera, tá? Tranquilo até aqui?

Todos responderam que estava. Continuou-se:

P: Aí nós temos: 25% mais 25% é? [Alguns responderam: 50.]

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96

P: Então sobraram 50% para fechar 100% para terra fértil bem boa para o plantio. Aí

nós temos o amarelinho, 45% de quê? [Esse amarelinho referia-se a uma parte do gráfico.]

E4: Sais minerais.

P: Dos sais minerais. E sais minerais é o quê? Ela vai servir de alimento para? Para?

Insiste a professora.

E1: Para as raízes.

P: Então, por isso que é importante ter 45% sais minerais, porque são esses sais

minerais que fazem a alimentação das raízes, das plantas. Que depois disso ela vai servir de

alimento para? Para? Nós, para os animais. E aí faltaram lá 5% para fechar 100%. O que é

5%?

E1: Matéria orgânica.

P: Isso, matéria orgânica. E o resto de? Animaizinhos. Que vai auxiliar para que o solo

fique?

E1: Fértil.

P: Então, tudo que a professora falou é necessário que se tenha num solo fértil para

plantar, pra quê? Para servir de alimentos futuros como verdura, plantações pra que a gente

possa recolher e servir para se?

E2: Alimentar.

Percebe-se que, embora se faça uma explicação dos dados contidos no gráfico, deixa-se

uma lacuna por não mostrar aos estudantes os tipos de gráficos que existem (ou ao menos

perguntar aos estudantes que conhecimentos eles têm sobre isso), sua importância para

contribuir com a alfabetização científica. Parte-se de um pressuposto conhecimento por parte

dos estudantes, e nota-se a pouca participação dos estudantes.

Mostrar ao estudante as formas principais dos gráficos, no decorrer do ano, faz-se

necessário, pois, ao se deparar com este gênero, ele deverá ter conhecimento, saber observar

com tranquilidade os dados fornecidos para uma correta e adequada leitura das informações

disponíveis.

Leinhardt, Zaslavsky e Stein (1990) e Mevarech e Kramarsky (1997) demonstraram que

os gráficos são importantes na resolução de problemas e que, para interpretá-los, tem que haver

habilidade leitora. Mas, para isso, é preciso que o professor ensine ao estudante como fazer este

tipo de leitura, pois o gráfico está presente em várias disciplinas, inclusive em Ciências, o que

contribui com a alfabetização científica.

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97

3ª Estratégia: Orientar sobre as características do gênero gráfico

De acordo com BNCC (BRASIL, 2017), torna-se essencial orientar sobre as

características do gênero gráfico para apropriar-se da linguagem específica da área das Ciências

da Natureza e suas Tecnologias por meio se seus códigos, símbolos, nomenclaturas e gêneros

textuais, pois faz parte do letramento científico indispensável a todo sujeito.

Diante disso, e considerando o protocolo de observação participantes (APÊNDICE E),

em que se avalia: [...] orienta-se sobre as características do gênero gráfico? Notou-se que

não houve orientação sobre as características do gênero, o que deixa uma lacuna no

aprendizado, pois os gêneros textuais fazem parte do processo de aprendizagem, como enfatiza

Marcuschi (2002), gêneros textuais são textos concretizados, encontrados no dia a dia dos

leitores com atributos comunicativos cada um com suas peculiaridades, por isso a importância

do domínio.

Devido à leitura e interpretação dos gráficos ser contínua, Curcio (1989) explica que as

atividades realizadas em sala de aula devem permitir aos estudantes interpretar gráficos e

acrescentar questões que envolvam níveis diferentes de compreensão.

Acredita-se que, ao se mostrar para os estudantes a composição do gráfico, evidenciando

alguns elementos importantes que estão nele incluídos, possa-se colaborar com o conhecimento

científico. A seguir, sugestões para trabalhar com gráfico:

a) Título: na maioria dos casos, gráficos possuem um título que indica a que informação

ele se refere. O gráfico em estudo possui título? Fala sobre o quê?

b) Fonte: a grande maioria dos gráficos traz uma fonte, isto é, de onde as informações

foram retiradas e o ano de sua publicação. Qual é a fonte do texto?

c) Números: o mais importante, porque é deles que se precisa para comparar as

informações dadas pelos gráficos. Quais os números aparecem no gráfico? Qual a

relação dos números com as informações contidas no gráfico?

d) Legendas: auxiliam na leitura das informações apresentadas. De que forma está

organizada a legenda?

Interpretar os gráficos é uma tarefa importante, pois eles estão muito evidentes em nosso

cotidiano, seja nos jornais, revistas, internet, etc. Por isso, a escola pode ajudar a tornar essa

tarefa mais fácil por meio de atividades de alfabetização científica.

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4ª Estratégia: Utilização do dicionário para consulta, esclarecendo possíveis dúvidas do

vocabulário

Analisando o protocolo de observação participantes (APÊNDICE E), em que se avalia:

[...] incentiva-se os estudantes a compreender significados de palavras desconhecidas por

meio de dicionário? Constatou-se que, na aula de leitura do gênero gráfico, não se solicitou

aos estudantes o uso do dicionário, ou porque não havia palavras para ser necessário usá-lo ou

por não haver quem se manifestasse com dúvidas referentes ao vocabulário. É importante que

o professor sempre questione se há dúvidas ou questione sobre o significado das palavras que

julgar necessário para o entendimento do conteúdo estudado.

Estimular o uso do dicionário para ampliar o vocabulário e tornar a interpretação mais

fácil é fundamental. Solicitar aos estudantes que busquem os significados da palavra em

questão, ler em voz alta os significados e escolher qual se adéqua melhor ao texto é uma boa

iniciativa para reforçar a aprendizagem e uma leitura científica eficaz.

5ª Estratégia: Levantamento do conhecimento prévio em relação ao assunto do texto

Nas aulas de Ciências, entender o que os estudantes já sabem acerca de um determinado

conteúdo é necessário para que haja aprendizagem significativa, isto é, um processo onde o que

o estudante já sabe é absolutamente fundamental (AUSUBEL, 2003).

Esta estratégia é importante para o professor ter embasamento do conhecimento prévio

dos estudantes, pois, a partir desse ponto, é que ele explicará o conteúdo.

Diante disso e analisando o protocolo de observação participante (APÊNDICE E), em

que se avalia: [...] aciona-se o conhecimento prévio dos estudantes por meio de reflexão

acerca do tema abordado no texto? Nota-se que, em alguns momentos, procurou-se estimular

os estudantes para que dissessem o que perceberam em uma primeira análise do gráfico

proposto, a fim de que confrontassem os conhecimentos já possuídos com as ideias presentes

na leitura. Veja-se:

[...]

P: Dos sais minerais. E sais minerais é o quê? Ela vai servir de alimento para? Para?

Insiste a professora.

E1: Para as raízes.

Em outros momentos faz-se pergunta:

P: Então, por isso que é importante ter 45% de sais minerais, porque são esses sais

minerais que fazem a alimentação das raízes, das plantas. Que depois disso ela vai servir de

Page 101: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

99

alimento para? Para? Nós, para os animais. E aí faltaram lá 5% para fechar 100%. O que é

5%?

Percebe-se nessa fala que não são os estudantes que respondem. É preciso ouvir os

estudantes, dar oportunidade para eles inferirem, isso é importante para ganhar segurança.

Outro ponto que merece destaque é sobre a porcentagem. Os estudantes não foram

diagnosticados se sabiam ou não essa leitura matemática. Se eles não souberem, como

entenderão este gráfico? Essa é outra lacuna que precisa ser considerada quando se introduz um

gênero textual com características peculiares, como é o caso do gráfico no estudo em Ciências.

Assim, destaca-se a importância da mediação e estímulo do professor nesta estratégia

para que os estudantes exponham seus conhecimentos prévios em Ciências, pois, diante disso,

o professor averigua as dificuldades e facilidades da turma, capta os conteúdos que os

estudantes possuem maior e menor domínio e quais conteúdos precisam de mais atenção.

Para aproximar os estudantes deste gênero, deve-se estimulá-los a falar ou a escrever

sobre o que está lendo, neste caso é sobre Solo, usando dados contidos no gráfico como: um

solo fértil necessita de quais elementos? Aproximadamente, qual a porcentagem de ar, de água

e de minerais compõe um solo fértil? Isso é fundamental para dar continuidade à leitura e à

explicação do conteúdo.

4.2.2 Durante a Leitura

6ª Estratégia: Ler além dos dados: pressupõe que os estudantes, ao lerem a informação

do gráfico, infiram a informação total e retomem o conhecimento prévio ou adquirido

sobre o Solo e sua composição

Destaca-se que, para se desenvolver os conhecimentos científicos nos estudantes, a

metodologia a ser empregada nas aulas de Ciências, de acordo com os PCN – Ciências

(BRASIL, 1998a), é aquela que não classifica e nem memoriza definições, entretanto é aquela

que beneficia o conhecimento para a formação do cidadão.

Analisando o protocolo de observação participantes (APÊNDICE E), em que se avalia:

o conhecimento dos estudantes perpassa o adquirido na escola? Ao término da explicação,

nota-se que o conhecimento adquirido dos estudantes, de certa forma, vai além do explicado

durante a aula de leitura:

E6: Professora, as fezes dos animais ajudam na fertilização do solo, né?

Page 102: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

100

P: Também ajudam. As fezes dos animais, né? O que eles chamam de esterco, né? Usam

muito o esterco de cabrito, né?

E7: Galinha!

P: Galinha também. Usado para adubo. Na casa de vocês têm? Como é feito na casa

de vocês esse processo.

E1: Resto de alimento.

E2: Cascas dos alimentos.

P: O que mais?

E3: Na minha casa usam-se fezes dos gados.

P: Sim, o esterco que a gente fala. Onde mais é diferente? Alguém mais quer comentar.

Mais alguma dúvida?

Esta estratégia ‘ir além dos dados’ pode auxiliar o estudante tanto na compreensão

quanto na interpretação do texto, isto é, o estudante deve ligar as conclusões a que se deve

chegar ao interligar as ideias do texto com a realidade. Conforme Solé (1998), o leitor pode

utilizar muitos conhecimentos para produzir uma interpretação do texto como estratégia de

decodificação, mas também estratégias de compreensão: previsões, inferências, etc., para as

quais precisa compreender o texto.

Neste momento, os estudantes devem conseguir compreender e interpretar as

informações implícitas contidas no texto, extrapolando, predizendo ou fazendo inferências.

Para isso, é necessário que o professor crie suas próprias estratégias, como por exemplo,

fazendo perguntas: Se o solo contém uma porcentagem acima dos 45% de sais minerais, ele é

considerado um solo bom para cultivo de plantas? Quais os componentes necessários para a

terra ser considerava fértil?

Além disso, talvez seja pertinente provocar discussões, a partir destas questões, sobre

as ações do homem em relação ao cuidado do solo. Resíduos domésticos podem ser queimados

ou enterrados? Quando queimados ou enterrados, prejudicam quem e o quê? O que acontece

com os resíduos domésticos que ficam amontoados ao ar livre sem nenhum cuidado?

Acredita-se que essas reflexões que envolvem análise e sensibilização sobre as ações

humanas, podem colaborar para a alfabetização científica do estudante.

4.2.3 Após a Leitura

7ª Estratégia: Inter-relação depois da leitura dos conhecimentos prévios e dos

conhecimentos citados no texto

Page 103: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

101

Esta estratégia constitui-se de uma inserção/adaptação às estratégias de Solé (1998), que

emergiu no decorrer da pesquisa. Diante disso e analisando o protocolo de observação

participantes (APÊNDICE E), em que se avalia: [...] ensina-se a inter-relacionar o

conhecimento prévio com os adquiridos? Nas observações, não houve dados suficientes para

pontuar se os estudantes realizaram uma inter-relação entre os conhecimentos prévios e o

conteúdo estudado no texto, e se percebeu que não há uma retomada do conteúdo apresentado

“solo”, inicia-se a aula explicando o gráfico. Veja-se.

P: Agora nós vamos ver a importância e a composição do solo. Nós observamos este

gráfico aqui, gente, nós sabemos que ele tem porcentagem. Têm 45%, 255%, 25% e outro 5%.

O que quer dizer isso? Que a terra para ser fértil ela precisar estar 100%, ok. Então ela tem

que estar fértil 100%. E como ela poderia estar 100% fértil? Ela precisa estar primeiramente,

vamos observar que 25% de ar, ele tem que ter ar. Pra quê ele tem que ter 25% de ar?

E1: Para que as raízes possam respirar.

[...]

Nenhum estudante se manifesta. Então, pede-se:

P: Agora vocês vão colocar lá no caderno “trabalhe estas ideias”. Vocês vão responder

as perguntinhas A, B e C. Não precisam copiar as perguntas porque elas já estão no livro.

Vamos ler juntos. Letra A: Por que o conteúdo de água pode variar no solo? Podem responder.

Porque quando chove pode estar numa porcentagem maior que 25%, e aí depois algum tempo

há esta variação de água? Letra B [...], C [...].

Observa-se que o tempo dado para as respostas foram insuficientes para os estudantes

fazerem conexão de seus conhecimentos com as informações da aula. Ainda assim, alguns

conseguiram responder enquanto foram questionados. E, a cada pergunta, fez-se uma retomada

do conteúdo.

De certa forma, fez-se uma recapitulação da composição do solo e não de sua

importância quando os estudantes responderam às questões do livro didático.

Quanto ao questionário respondido (APÊNDICE F), não fica claro se os estudantes são

auxiliados a entender a ligação entre os conhecimentos prévios e os conhecimentos adquiridos,

e nem cita se os estudantes conseguem fazer estas ligações.

De acordo com Orlandi (1996), assim como é importante o professor valorizar o

conhecimento prévio dos estudantes, é importante a escola pensar em um novo currículo

voltado para o sujeito reflexivo. Nesse sentido, é necessário abordar metodologias

contextualizadas com aspectos científicos e tecnológicos por meio de práticas de leitura que

oportunizem reflexões e questionamentos sobre os temas: ciência-tecnologia-sociedade.

Page 104: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

102

Debater com os(as) estudantes sobre o tema Solo, levá-los a ligar o conhecimento prévio

e o adquirido é fundamental para torná-los reflexivos e críticos. Poderia se ter refletido com os

estudantes sobre o que se deve fazer para preservar a qualidade do solo. Seria interessante

perguntar sobre a sua experiência com o solo para terem subsídios com que responder as

perguntas e estabelecer ligação entre o já sabido e o novo. Isso é necessário para facilitar a

compreensão.

8ª Estratégia: Construir sentido global do texto.

Considerando o protocolo de observação participantes (APÊNDICE E), em que se

avalia: [...]como se certificou se houve conhecimento e absorção do conteúdo? Verifica-se

que, após a correção da atividade, encerra-se a aula da leitura do gráfico e verifica-se que não é

feita ação alguma para identificar se houve ou não aprendizado.

Nas estratégias anteriores, destacou-se a identificação da ideia, características do gênero

gráfico, uso da inferência, valorização do conhecimento prévio, questões que colaboram para a

compreensão no decorrer da leitura; já esta estratégia pode ajudar a firmar o conhecimento

adquirido.

Em concordância com Solé (1998), produzir um texto consiste em sintetizar a estrutura

global, tornando-se mais uma ferramenta para aprendizagem, pois detecta o conhecimento

adquirido após uma aula dada. Esse ponto é essencial para saber o que aprendeu e o que será

necessário para dar continuidade, ou até, mesmo o que não foi aprendido. Nesse sentido, o texto

torna-se uma legítima estratégia de criação e organização do conhecimento.

Solicitar uma produção textual, além do gênero escolar, outros gêneros também podem

ser usados como história em quadrinhos, texto em blog, post no Facebook ou no twitter, com a

finalidade de verificar se houve realmente uma leitura eficaz, uma compreensão e interpretação

do texto, pode ser fundamental para avaliar se os estudantes entenderam o conteúdo de forma

satisfatória, e pode ser relevante para contribuir com o Ensino de Ciências.

4.3 VALIDAÇÃO DO PRODUTO

O produto desta pesquisa intitulado como: “Caderno de Estratégias de leituras para os

gêneros textuais obra pictórica e gráfico”, foi validado por três professoras, sendo a primeira,

professora de Ciências regente da turma observada; a segunda, também professora de Ciências

do ensino fundamental e de Biologia do ensino médio; e a terceira professora de Língua

Page 105: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

103

Portuguesa, todas professoras da Rede Pública do Paraná. Para a análise da validação do

produto, as professoras serão denominadas como P1, P2 e P3.

As professoras consideraram a proposta do caderno de estratégias de leitura adequada à

sua realidade de ensino. Perguntou-se se as estratégias de leitura elencadas são pertinentes para

os estudantes no ato da leitura, responderam:

P1: - Sim. São pertinentes, pois favorece um maior argumento e um pensamento crítico

na leitura desses gêneros textuais.

P2: - São pertinentes. Para que o aluno seja um bom leitor e faça articulação entre os

saberes, faz-se necessário o trabalho com diferentes gêneros textuais, como tela e gráfico,

explorando ao máximo o que esse tipo de texto pode oferecer.

P3: - Sim. Todas as estratégias vão ao encontro das Diretrizes Curriculares do Estado

do Paraná, e, por sua vez, dos Parâmetros Curriculares Nacionais, os quais visam a otimização

da competência leitora. Cada gênero textual possui uma determinada estrutura e as estratégias

exploram os conhecimento e compreensão.

Ao responderem se o uso da estratégia de produção de texto para verificar o

conhecimento prévio dos estudantes:

P1: - É importante essa estratégica para verificar o que os alunos já sabem sobre

determinado assunto, permitindo que os alunos sejam os construtores de conhecimentos já

adquiridos por cada aluno.

P2: - Através da produção textual, o professor pode verificar o nível de apropriação de

determinados conteúdos, possibilita o desenvolvimento da escrita, a organização de ideias,

fatos. É a expressão do pensamento.

P3: - A produção de texto enquanto estratégia colabora para que o professor avalie a

aprendizagem do aluno durante o processo de leitura. Essa estratégia deveria ser primordial

para delimitar os conhecimentos prévios dos estudantes.

O próximo questionamento é se considera que as estratégias de leitura são capazes de

contribuir para o estudante tornar-se um leitor competente e autônomo? Explique.

P1: - Sim, pois com as práticas de cada aula envolvendo todos os tipos de leituras

verbais e não – verbais, deixando com que os alunos cheguem até o objetivo de cada imagem,

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104

gráfico e telas, com o auxílio do professor (a), indagando-os e deixando que exponham suas

ideias e assim resgatar nos alunos a partir das práticas, leitores competentes e autônomos.

P2: - As estratégias de leituras podem contribuir significativamente, facilitando a

leitura e compreensão de textos, principalmente os não verbais.

P3: - Sim, a autora buscou, por meio de variadas estratégias, colaborar para a

compreensão dos estudantes, pois como professor de Língua Portuguesa sabe-se da

importância de uma leitura direcionada para o entendimento a aprendizagem uma vez que

alguns estudantes apresentam déficits na leitura, seja por falta de incentivo ou alguma

dificuldade associada. Com toda certeza as estratégias utilizadas colaboram para que os

estudantes relacionem conceitos ou conteúdos já adquiridos com os que lhe serão apresentados

estabelecendo a relação entre ambos.

E o último questionamento é de acordo com experiências, quais atividades poderiam ser

incluídas neste caderno:

P1: - As atividades de laboratórios que poderiam ser embasadas primeiramente na

leitura, em pesquisas realizadas pelos alunos, deixando-os pesquisar determinada prática e

assim realizar a prática proposta pelo professor (a), e o docente auxiliando o tempo todo, mas

o aluno sendo o leitor crítico e autônomo.

P2: - Neste caderno traz estratégias de leitura para dois gêneros textuais. Outros

gêneros, como tirinha e charge, poderiam ser incluídos, já que são muito utilizados na minha

prática pedagógica. Além de ser atrativo para os alunos, empregam linguagem verbal e não

verbal.

P3: - Acredito que a autora abordou a totalidade de exploração dos recursos visuais,

assim como na análise de cada gênero. Cada uma das estratégias viabiliza a compreensão

leitora do estudante fazendo- o refletir, pesquisar, inferir, relacionar e validar o estudo por

meio de produção textual, questões essenciais para que o estudante desenvolva as áreas da

linguagem: oral escrita e visual.

As professoras responsáveis por validar o “Caderno de Estratégias de leituras para os

gêneros textuais obra pictórica e gráfico” aprovaram a proposta do uso das estratégias de leitura

nas aulas de Ciências e reconheceram que as estratégias contribuem com os estudantes na

compreensão leitora dos gêneros estudados.

Page 107: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

105

Cabe mencionar que uma das professoras (P2), reconheceu a importância das estratégias

de leitura, tanto que deixa sugestões para uma nova pesquisa de criar estratégias para o gênero

tirinha e charge até porque são os gêneros que ela mais utiliza em suas aulas.

Portanto, o produto “Caderno de Estratégias de leituras para os gêneros obra pictórica e

gráfico para o Ensino de Ciências nos anos finais do ensino fundamental”, foi aprovado pelas

professoras e reconhecido como útil à educação.

Page 108: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

106

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreende-se que a leitura deve ser concebida como um processo de interação entre

autor, texto e leitor, no qual estão envolvidas habilidades cognitivas, além das associadas à

decodificação, pois a leitura não é uma ação voltada apenas para linguística, ou seja, a

compreensão de textos não se fundamenta apenas na informação linguística. As estratégias de

compreensão impulsionam a informação proveniente dos elementos linguísticos, isto é, por

meio das palavras presentes no texto ou de outros processos cognitivos que o estudante assume

da sua relação com o texto, seja ele verbal ou visual. Se ler é um processo, o professor deve

ensinar estratégias que permitam aos estudantes uma interação mais proveitosa.

A leitura em sala de aula deve contribuir para o progresso de um estudante autônomo,

ou seja, aquele que busca o significado global do texto, por meio da ativação dos seus

conhecimentos prévios. É por intermédio da interação entre os conhecimentos linguístico,

textual e de mundo, que o leitor consegue incorporar o sentido do texto. Exatamente porque o

leitor utiliza esses conhecimentos é que a leitura pode ser considerada um processo interativo.

Diante disso, acredita-se que a leitura possa contribuir com a alfabetização científica de maneira

mais concreta.

Nessa perspectiva, esta pesquisa teve o intuito de buscar respostas ao questionamento:

Que contribuições as estratégias de leitura podem fornecer aos estudantes do 6º ano do

ensino fundamental para construção do conhecimento no Ensino de Ciências?

A partir do problema de pesquisa exposto, esta pesquisa objetivou Investigar as

contribuições que as estratégias de leitura podem fornecer aos estudantes para construção

do conhecimento científico em Ciências, nos anos finais do ensino fundamental.

No intento de alcançar esse objetivo, as etapas da pesquisa contribuíram com a aplicação

dos objetivos específicos:

O primeiro objetivo foi propor estratégias de leitura a partir dos gêneros obra

pictórica10e gráfico voltados ao Ensino de Ciências. Este objetivo foi atingido e resultou em um

caderno pedagógico11 intitulado “Caderno de Estratégias de leituras para os gêneros textuais

obra pictórica e gráfico” que pode ser utilizado não apenas para esses gêneros, como também

ser adaptado a outros gêneros textuais, para quaisquer disciplinas.

10 Segundo o dicionário Dicio - Dicionário Online de Português online (2008-2019), pictórico diz respeito à

pintura; que se assemelha à pintura. Representado visualmente ou por imagens. Diante disso, entende-se que obra

pictórica é uma obra que utiliza técnica de pintura. Nesta pesquisa, será utilizada, também, a expressão ‘obra’ para

fazer alusão à pintura intitulada “As respigadoras”, de Jean-François Millet. 11 Deixo aqui o meu convite para o caro leitor pesquisar o caderno no RIUT (http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/).

Page 109: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

107

O segundo objetivo foi verificar as estratégias de leitura usadas pela professora de

Ciências através do questionário e das observações das aulas expositivas. Identificou-se que

ainda se faz leitura de maneira elementar, em que há um enfoque muito grande na fala da

professora dando poucas oportunidades aos estudantes de externar seus conhecimentos.

Percebeu-se também que não há aprofundamento do tema voltado para o diálogo crítico com

outras leituras e com as peculiaridades dos próprios gêneros textuais.

Por fim, identificou-se que o planejamento das aulas de leitura se dá com enfoque apenas

no livro didático, em que as questões de compreensão são encontradas com facilidade no gênero

gráfico, por exemplo.

Com base nos dados coletados, verificou-se que a professora apresentou dificuldades

em fazer a leitura da obra pictórica juntamente com os estudantes. Isso pode ter sido decorrente

de fatores variados: ou por não ter conhecimento do processo de estratégias, ou por não ter tido

oportunidade na formação docência de como fazer uma leitura de uma obra pictórica, o que

seria interessante na formação do ensino de leitura em todas as áreas do conhecimento. Quanto

ao gráfico, a familiaridade com gênero ajudou, tanto que, mesmo não seguindo à risca as

estratégias, os estudantes se envolveram mais no ato da leitura.

Para alcançar esse objetivo, recorreu-se aos pressupostos teóricos de Solé (1998) quando

se preparou o caderno pedagógico e se realizou a análise em três momentos: antes, durante e

após a leitura, conforme determinado pela autora.

Quanto ao terceiro objetivo, analisar a compreensão leitora dos gêneros selecionados

para esta pesquisa por meio de produções textuais numa turma de 6º Ano do Ensino

Fundamental, os resultados foram satisfatórios, porque por meio da análise foi possível obter

informações sobre o tema Solo para que o professor soubesse por onde começar a trabalhar o

conteúdo, quais as palavras científicas os estudantes já dominavam em relação ao conteúdo,

que ligação fizeram do texto ao conteúdo em estudo e como relacionavam ao meio em que está

inserido. Além de ser uma estratégia pautada na interação entre leitor, texto, autor, o que se

aproxima das propostas de Solé (1998), de Kleiman (2010) e da BNCC (BRASIL, 2017).

Ressalta-se que, nessas observações, embora se diga que atualmente os estudantes têm

muitas formas de aquisição do conhecimento, o professor ainda é uma referência para muitos

deles. Isso é notório quando, na leitura do primeiro gênero obra pictórica “As Respigadoras”,

60% dos estudantes citaram a palavra “trigo” no primeiro texto produzido antes da aula dada

pela professora de Ciências; após a aula dada pela mesma, a qual enfatizara que as mulheres

estavam colhendo trigo, todos usaram em seus textos a palavra trigo. Isso demonstra a

Page 110: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

108

importância da fala do professor e como os estudantes replicam o que o professor evidencia

durante as aulas dadas.

Observou-se também que a leitura de diferentes gêneros textuais nas aulas de Ciências

promove a inclusão do estudante no mundo letrado e contribui para o desenvolvimento de sua

capacidade de análise, reflexão e criticidade. Ao ensinar as características peculiares dos

gêneros textuais, auxilia-se o estudante a atentar para a legenda de um gráfico, por exemplo;

torna o leitor hábil a compreender qualquer gráfico, mesmo que ele não tenha muito

conhecimento prévio sobre o assunto retratado, ou seja, entende a função de um gráfico; torna

o estudante autônomo para ler diferentes gêneros textuais, pois ele usará as estratégias

aprendidas para quaisquer outros textos. Acredita-se que ensinar a ler o gênero textual obra

pictórica é trabalhar a emoção e a sensibilidade dos estudantes, o que pode tornar a aula de

Ciências não muito rígida, objetiva, mas possibilitar um aprendizado de maneira mais subjetiva,

isto é, aprender algo novo por meio da sensibilidade, da emoção.

Os resultados foram satisfatórios, porque a intenção foi obter o maior número de

informações sobre o tema Solo para que o professor soubesse por onde começar a trabalhar o

conteúdo, quais as palavras científicas os estudantes já dominavam em relação ao conteúdo,

que ligação o estudante fizera do texto ao conteúdo em estudo e como relacionava ao meio em

que está inserido.

Considera-se que as estratégias de leitura são válidas, pois por meio delas os estudantes

podem atingir uma melhor compreensão leitora, opinando acerca do conteúdo lido. Ressalta-se

que as estratégias podem ser aplicadas a qualquer área de ensino e a qualquer gênero textual,

colaborando na compreensão, e assim motivando os estudantes a criar hábito, prazer pela

leitura. Considera-se também que, por meio das estratégias propostas, a leitura do estudante

poderá ser satisfatória, uma vez que ele passa a ter um melhor entendimento do que lê e perceber

qual caminho pode recorrer para facilitar sua aprendizagem.

Acredita-se que os objetivos propostos foram alcançados, e pode-se dizer que o

desenvolvimento desta pesquisa deixa duas certezas, não como regra, mas possibilidade para

novos diálogos. A primeira é que para formar leitores críticos e autônomos é necessário romper

com a quietude, o silêncio dos estudantes. Nesta proposta, foi usada a produção de texto com o

propósito de atingir todos da turma, desde os mais extrovertidos aos mais introvertidos. A

segunda, é que para desenvolver propostas didáticas que incluam processo de leitura, os

professores têm que mudar as velhas práticas metodológicas.

Pode-se também assegurar que é possível, no Ensino de Ciências no Ensino

Fundamental II, a escola propiciar a compreensão da ciência, da tecnologia, das ações dos

Page 111: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

109

sujeitos em sociedade, da formação para a cidadania, de maneira a contribuir com a autonomia,

referindo-se à obtenção do conhecimento científico, desde que haja um trabalho coletivo,

sistematizado. Para isso, faz-se necessários que todos os envolvidos no processo educativo

estejam engajados na busca por transformar o ensino de leitura em Ciências em algo que faça

sentido na vida dos estudantes e que esteja em consonância com as suas carências pessoais,

educativas e sociais.

Enfim, é exagero afirmar que os nossos estudantes, por meio desta pesquisa, tornaram-

se leitores proficientes, algo que tanto se busca e almeja alçar para se ter o sucesso escolar.

Muito ainda há por fazer, mas acredita-se que o trabalho proposto, com a utilização das

estratégias de leitura, pode ser um caminho para levar os estudantes a superar as deficiências

na leitura e se tornarem leitores autônomos e mais eficientes, contribuindo com alfabetização

científica.

Foram percebidas limitações em relação à coleta de dados no decorrer da pesquisa, como

o questionário (APÊNDICE F). Por exemplo, não se pensou em perguntas que ajudassem a

colher informações acerca de algumas das estratégias. Caso algum pesquisador queira usar tal

instrumento, sugere-se que se pense em questões que auxiliem nesse quesito. Outra limitação

refere-se à análise dos gêneros obra pictórica e gráfico, pois foi feita apenas desses textos

contidos no Livro didático Ciências: O meio ambiente – 6º do Ensino Fundamental – capítulo

10 (BARROS; PAULINO, 2015, p. 120), já que poderia ter analisado esses gêneros em todo

livro didático, e por ter observado apenas aula de leitura de uma professora de Ciências, o que

justifica, pois na escola só havia uma professora.

Esta pesquisa não se encerra por aqui, pois ela traz um recomeço, um novo olhar de um

professor que carece de aprimorar o seu próprio aprendizado e sugerir um trabalho voltado para

a leitura que leva o leitor a compreender o texto em sua dimensão global.

Desse modo, espera-se que este trabalho sirva como sugestão para outros profissionais

que queiram trabalhar o ensino da leitura por meio de estratégicas; e para trabalhos futuros,

ficam estas sugestões: criar estratégias de leitura para os gêneros textuais tirinha e charge,

sugestão da P2, uma das professoras que validou o produto desta pesquisa; desenvolver práticas

de leitura acopladas às estratégias de leitura nas demais disciplinas; criar estratégias de leitura

para interpretação de textos em Matemática; criar estratégias de leitura para problemas

matemáticos.

Page 112: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

110

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Page 120: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Page 121: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

119

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE/ TCUISV)

PARA OS PAIS

Título da pesquisa: Estratégias de leitura de obra pictórica e de gráfico para o ensino de

Ciências nos anos finais do ensino fundamental.

Pesquisador (es/as) ou outro (a) profissional responsável pela pesquisa, com Endereços

e Telefones:

Pesquisador: Sanny Carla Duarte, residente na Rua Dr. Leopoldo Guimarães da Cunha,

1551, bairro: Oficinas, cidade de Ponta Grossa- PR - CEP: 84035-310, telefone: (42) 99964-

9781.

Orientadora: Ângela Ines Klein, residente na Rua São Josafat, 510, bairro: Nova Rússia,

cidade de Ponta Grossa-PR, CEP: 84053-310, telefone: (42) 99111-3771.

Coorientadora: Siumara Aparecida de Limas, residente na Rua Conselheiro Barradas, 29,

Bairro: Uvaranas, cidade de Ponta Grossa-PR - CEP: 84025-310, telefone: (42)99917-1724.

Local de realização da pesquisa: Escola Estadual Professora Darlene J. P. Moreira

Endereço, telefone do local: Limpo Grande SN - Catanduva de Fora- Carambeí-PR, (42)

99132- 7203.

A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE

Caro responsável, seu (sua) filho(as) está sendo convidado(a) a participar de uma

pesquisa, cujos participantes serão estudantes e alunas de 11 a 14 anos, da turma dele(a) - 6º

ano, da Escola Estadual Professora Darlene J. M. Moreira.

Este estudo tem como objetivo principal desenvolver estratégias de leitura a partir de

figura e gráficos ilustrativos do gênero instrucional; objetivos específicos: desenvolver

práticas de leitura na disciplina de Ciências; reconhecer a importância de uma ação

pedagógica voltada à leitura dos gêneros textuais imagem e gráfico nas aulas a serem

ministradas; sistematizar o conhecimento sobre os gêneros imagem e gráfico, reconhecer os

elementos que compõe um gênero textual, situação de produção e forma de circulação desses

gêneros.

Page 122: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

120

Esta pesquisa consiste em analisar dados para verificar onde está(ao) a dificuldade

(s) dos (as) estudantes em ler e interpretar textos de imagem e gráficos ilustrativos.

A pesquisa será executada durante as suas aulas de Ciências, através do protocolo de

observações de como você desenvolve a leitura de gráficos e imagens; de questionário em

que você deverá respondê-lo; de narrativas, as quais os (as) estudantes deverão produzir a

partir desses gêneros textuais propostos; de áudios, fotografias que demonstrem como você

conduz essas leituras.

Espera-s com esta pesquisa contribuir para formar leitores (as) competentes que

compreendam o que leem, aprendam a ler também o que não está escrito, que saibam

identificar os elementos implícitos e que possam estabelecer relações entre o texto que leram

a outros já lidos e que atribuam significado ao texto.

1. Apresentação da pesquisa.

Sabe-se que há uma grande defasagem na leitura e interpretação de textos na formação

dos (as) estudantes brasileiros, pois, a grande maioria termina o ensino fundamental II, sem

a capacidade de entender o que leem. Pensando nesse problema a proposta desta pesquisa é

mostrar que se podem trabalhar estratégias de leitura, como selecionar, antecipar, localizar,

inferir, avaliar informações para que o direcionamento que leva à compreensão ocorra em

um processo, o qual é ensinado e aprendido, através da experiência leitora dos professores

perpassada para os (as) estudantes.

2. Objetivos da pesquisa.

O objetivo desta pesquisa é desenvolver estratégias de leitura a partir de figura e gráfico

ilustrativo do gênero instrucional; desenvolver práticas de leitura na disciplina de Ciências;

reconhecer a importância de uma ação pedagógica voltada à leitura dos gêneros textuais

imagem e gráfico nas aulas a serem ministradas; sistematizar o conhecimento sobre os

gêneros imagem e gráfico; reconhecer os elementos que compõe um gênero textual, situação

de produção e forma de circulação desses gêneros.

3. Participação na pesquisa.

A pesquisa partirá da observação das aulas de Ciências, com enfoque na leitura de figura

e gráfico ilustrativo do gênero instrucional do livro didático “Ciências”, de Carlos Barros e

Page 123: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

121

Wilson Paulino, 6º Ano do Ensino Fundamental, de como a professora desenvolve a leitura

desses gêneros textuais.

Após a observação, todos os textos estudados passarão por estas estratégias que serão

aplicadas pela pesquisadora: explicar de o porquê da leitura do texto; indagar o (a) estudantes

sobre a importância de estudar o gênero proposto; ler silenciosa o texto; orientar sobre as

características dos gêneros textuais; acionar o conhecimento prévio em relação ao tema

abordado; reconhecer as palavras desconhecidas que houver nos textos; reconhecer a ideia

principal do texto; inferir ideias sobre o texto; interpretar o texto perpassando por situações

do dia-a-dia; inter-relacionar após a leitura dos conhecimentos prévios e conhecimentos

abordados no texto.

Os (as) estudantes serão avaliados em três momentos:

Primeiro momento: Pedir aos (às) estudantes para consultar no dicionário o

significado de RESPIGADORA; apresentar o quadro em um datashow e solicitá-los/as que

analisem bem a obra “As respigadoras” do pintor Jean-François Millet (óleo sobre tela,

1857). Após a análise do quadro, solicitá-los(as) que redijam um texto relatando o que a

imagem expressa e o que sabem em relação ao solo.

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

Segundo Momento: Solicitar aos (às) estudantes que consultem o significado da

palavra MATRIZ no dicionário; depois apresentar o esquema de uma rocha matriz, o qual

será projetado em um datashow; pedi-los(as) para analisar, em seguida solicitar aos(às)

estudantes que narrem o que entenderam do esquema a partir dos seus conhecimentos

prévios.

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

Terceiro momento: será apresentado aos (às) estudantes um gráfico bem simples e

esquemático; após, solicitar aos (às) estudantes que o narrem a partir das seguintes perguntas:

por que o conteúdo de água pode variar no solo?; de que maneira os sais minerais do solo

são absorvidos pelas plantas?; para ser considerado fértil o solo deve apresentar determinado

volume de ar. Por quê?

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

Page 124: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

122

4. Confidencialidade.

Em momento algum o nome dos (as) envolvidos(as) será divulgado; nas imagens será

utilizada tarjas no rosto dos(as) mesmos(as) e as imagens serão descartadas após utilização.

Caso o (a) estudantes se sinta constrangido (a) em algum momento da pesquisa, a

pesquisadora estará presente para orientá-lo (a), auxiliá-lo(a), ajudá-lo(a).

Deixo claro que o (a) estudante não é obrigado (a) a participar da pesquisa, caso desista

de contribuir com este estudo nenhum prejuízo será acarretado a ele (a) ou sofrerá qualquer

represália.

5. Riscos e Benefícios.

5a) Riscos: Os riscos desta pesquisa são considerados mínimos, mas pode ocorrer algum

constrangimento, cansaço durante a realização da atividade ou qualquer outro desconforto

ou mal estar. Caso isso aconteça, interromper a atividade e dar um tempo para o (a) estudante

recomeçar, mas se ele (a) não quiser retomar a atividade a vontade dele (a) deverá ser

respeitada. Além disso, seguir a Resolução 466/2012, e se for necessário será acionado o

SAMU local.

5b) Benefícios: Esperamos com esta pesquisa contribuir para formar leitores competentes

que compreendam o que leem, aprendam a ler nas entrelinhas, que saibam identificar os

elementos implícitos, que possam estabelecer relações entre o texto que leram a outros já

lidos e atribuir significado ao texto.

6. Critérios de inclusão e exclusão.

6a) Inclusão: Participarão deste estudo, estudantes de 11 a 14 anos do 6º Ano de uma

escola Estadual no município de Carambeí-PR.

6b) Exclusão: Não se aplica critério de exclusão.

7. Direito de sair da pesquisa e a esclarecimentos durante o processo.

O(A) estudantes que participar da pesquisa terá os direitos de: deixar o estudo a qualquer

momento e de receber esclarecimentos em qualquer etapa da pesquisa. Bem como,

Page 125: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

123

evidenciar a liberdade de recusar ou retirar o seu consentimento a qualquer momento sem

penalização.

Você pode assinalar o campo a seguir, para receber o resultado desta pesquisa, caso seja

de seu interesse:

( ) quero receber os resultados da pesquisa (e-mail para envio :___________________)

( ) não quero receber os resultados da pesquisa

8. Ressarcimento e indenização.

Qualquer prejuízo que o(a) estudante tiver como compensação de materiais,

transporte, caso seja solicitado a presença do(a) estudante em horários alternados; será

ressarcido pela pesquisadora. A indenização referente a quaisquer danos que o(a)

estudante possa ter à realização da pesquisa será de acordo com a resolução 466/2012 do

Conselho Nacional de Saúde.

B) CONSENTIMENTO (do participante de pesquisa ou do responsável legal - neste

caso anexar documento que comprove parentesco/tutela/curatela)

Eu declaro ter conhecimento das informações contidas neste documento e ter

recebido respostas claras às minhas questões a propósito da participação do (a) meu (minha)

filho (a) direta (ou indireta) na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o

objetivo, a natureza, os riscos, benefícios, ressarcimento e indenização relacionados a este

estudo.

Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e voluntariamente, permitir meu

(minha) filho (a) participar deste estudo. Permito que os (as) pesquisadores (as) relacionados

(as) neste documento obtenham fotografia, filmagem ou gravação de voz de dele(a) para

fins de pesquisa científica/ educacional. As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a

propriedade do grupo de pesquisadores (as) pertinentes ao estudo e sob sua guarda.

Estou consciente que meu (minha) filho (a) pode deixar o projeto a qualquer

momento, sem nenhum prejuízo.

Concordo que o material e as informações obtidas relacionadas pessoa dele (a)

possam ser publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos

científicos. Porém, ele(a) não deve ser identificado por nome ou qualquer outra forma.

Estou consciente que meu (minha) filho (a) posso deixar o projeto a qualquer

momento, sem nenhum prejuízo. Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e

voluntariamente, autorizar a participação dele (a) deste estudo.

Nome Completo: ______________________________________________________

Page 126: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

124

RG:______________Data de Nascimento:___/___/_____Telefone:_______________

Endereço: ____________________________________________________________

CEP: ______________ Cidade:____________________ Estado: _______________

Assinatura: ______________________________ Data: ___/___/______

Eu declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e benefícios

e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas.

Nome completo: _______________________________________________________

Assinatura pesquisador (a): _________________

(ou seu representante)

Data:___/___/__

Para todas as questões relativas ao estudo ou para se retirar do mesmo, poderão se comunicar

com Sanny Carla Duarte, via e-mail: [email protected] ou telefone: (42)99964-

9781.

ESCLARECIMENTOS SOBRE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA:

O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) é constituído por

uma equipe de profissionais com formação multidisciplinar que está trabalhando para

assegurar o respeito aos seus direitos como participante de pesquisa. Ele tem por objetivo

avaliar se a pesquisa foi planejada e se será executada de forma ética. Se você considerar que

a pesquisa não está sendo realizada da forma como você foi informado ou que você está

sendo prejudicado de alguma forma, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa

envolvendo Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR).

Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Bairro Rebouças, CEP 80230-

901, Curitiba-PR, Telefone: (41) 3310-4494, E-mail: [email protected].

ESCLARECIMENTOS SOBRE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA:

O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) é constituído por uma

equipe de profissionais com formação multidisciplinar que está trabalhando para assegurar

o respeito aos seus direitos como participante de pesquisa. Ele tem por objetivo avaliar se a

pesquisa foi planejada e se será executada de forma ética. Se você considerar que a pesquisa

não está sendo realizada da forma como você foi informado ou que você está sendo

prejudicado de alguma forma, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa

Page 127: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

125

envolvendo Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR).

Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Bairro Rebouças, CEP 80230-

901, Curitiba-PR, Telefone: (41) 3310-4494, E-mail: [email protected].

Contato do Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos para denúncia,

recurso ou reclamações do participante pesquisado:

Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná (CEP/UTFPR)

Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Rebouças, CEP 80230-901,

Curitiba-PR, Telefone: 3310-4494, E-mail: [email protected]

Page 128: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

126

APÊNDICE B - Termo de Consentimento para Uso de Imagem e Som de Voz (TCUISV)

Page 129: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

127

TERMO DE CONSENTIMENTO PARA USO DE IMAGEM E SOM DE VOZ

(TCUISV)

Título da pesquisa: Estratégias de leitura de obra pictórica e de gráfico para o ensino de

Ciências nos anos finais do ensino fundamental.

Pesquisador(es/as) ou outro (a) profissional responsável pela pesquisa, com

Endereços e Telefones:

Pesquisador: Sanny Carla Duarte, residente na Rua Dr. Leopoldo Guimarães da Cunha,

1551, bairro: Oficinas, cidade de Ponta Grossa-PR - CEP: 84035-310, telefone: (42)

99964-9781.

Orientadora: Ângela Ines Klein, residente na Rua São Josafat, 510, bairro: Nova Rússia,

cidade de Ponta Grossa-PR, CEP: 84053-310, telefone: (42) 99111-3771.

Coorientadora: Siumara Aparecida de Limas, residente na Rua Conselheiro Barradas,

29, Bairro: Uvaranas, cidade de Ponta Grossa-PR - CEP: 84025-310, telefone: (42)

99917-1724.

Local de realização da pesquisa: Escola Estadual Professora Darlene J.P. Moreira

Endereço, telefone do local: Limpo Grande SN - Catanduva de Fora- Carambeí-PR, (42)

99132- 7203.

A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE

Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa, cujos participantes

serão estudantes de 11 a 14 anos, da sua turma - 6º ano, da Escola Estadual Professora

Darlene J. M. Moreira.

Este estudo tem como objetivo principal Desenvolver estratégias de leitura a partir

de figura e gráficos ilustrativos do gênero instrucional; objetivos específicos: desenvolver

práticas de leitura na disciplina de Ciências; reconhecer a importância de uma ação

pedagógica voltada à leitura dos gêneros textuais imagem e gráfico nas aulas a serem

ministradas; sistematizar o conhecimento sobre os gêneros imagem e gráfico, reconhecer

os elementos que compõe um gênero textual, situação de produção e forma de circulação

desses gêneros.

Page 130: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

128

Esta pesquisa consiste em analisar dados para verificar onde está (ao) a dificuldade

(s) dos (as) estudantes em ler e interpretar textos de imagem e gráficos ilustrativos.

A pesquisa será executada durante as aulas de Ciências, através protocolo de

observações de como a professora de Ciências desenvolve leitura de gráficos e imagens;

de questionário em que a professora deverá respondê-lo; de narrativas em o (a) estudante

deverá produzir a partir desses gêneros textuais propostos; de áudios, fotografias que

demonstrem como a professora ministra essas leituras.

Quanto às imagens, será utilizada tarjas no rosto dos (as) estudantes e as imagens

serão descartadas após utilização.

Em momento algum o nome dos envolvidos na pesquisa será divulgado. Será

usado código para não comprometer a integridade do (a) estudante.

Caso você se sinta constrangido em algum momento da pesquisa, a pesquisadora

estará presente para lhe acolher, auxiliá-lo (a), ajudá-lo (a).

Deixo claro que você não é obrigado (a) a participar da pesquisa, e caso isso

aconteça nenhum prejuízo será acarretado ou sofrerá qualquer represália.

Esperamos com esta pesquisa contribuir para formar leitores competentes que

compreendam o que leem, aprendam a ler também o que não está escrito, que saibam

identificar os elementos implícitos e que possam estabelecer relações entre o texto que

leram a outros já lidos e atribuam significado ao texto.

9. Apresentação da pesquisa.

Sabe-se que há uma grande lacuna na leitura e interpretação de textos na formação

acadêmica dos (as) estudantes brasileiros, pois, a grande maioria termina o ensino

fundamental, sem a capacidade de conferir sentido ao que leem. Pensando nesse problema

a proposta desta pesquisa é mostrar que se podem trabalhar estratégias de leitura, como

selecionar, antecipar, localizar, inferir, avaliar informações para que o direcionamento que

leva à compreensão ocorra em um processo, o qual é ensinado e aprendido, através da

experiência leitora dos professores perpassada para os (as) estudantes.

Page 131: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

129

10. Objetivos da pesquisa.

O objetivo desta pesquisa é desenvolver estratégias de leitura a partir de figura e

gráfico ilustrativo do gênero instrucional; desenvolver práticas de leitura na disciplina de

Ciências; reconhecer a importância de uma ação pedagógica voltada à leitura dos gêneros

textuais imagem e gráfico nas aulas a serem ministradas; sistematizar o conhecimento

sobre os gêneros imagem e gráfico; reconhecer os elementos que compõe um gênero

textual, situação de produção e forma de circulação desses gêneros.

11. Participação na pesquisa.

A pesquisa partirá da observação das aulas de Ciências, com enfoque na leitura de

figura e gráfico ilustrativo do gênero instrucional do livro didático “Ciências”, de Carlos

Barros e Wilson Paulino, 6º Ano do Ensino Fundamental, de como a professora

desenvolve a leitura desses gêneros textuais.

Após a observação, todos os textos estudados passarão por estas estratégias que

serão aplicadas pela pesquisadora: explicar de o porquê da leitura do texto; indagar o(a)

estudante sobre a importância de estudar o gênero proposto; ler silenciosa o texto; orientar

sobre as características dos gêneros textuais; acionar o conhecimento prévio em relação

ao tema abordado; reconhecer as palavras desconhecidas que houver nos textos;

reconhecer a ideia principal do texto; inferir ideias sobre o texto; interpretar o texto

perpassando por situações do dia-a-dia; inter-relacionar após a leitura dos conhecimentos

prévios e conhecimentos abordados no texto.

Os (as) estudantes serão avaliados em três momentos:

Primeiro momento: Pedir aos (às) estudantes para consultar no dicionário o

significado de RESPAGADORA; apresentar o quadro em um datashow e solicitá-los/as

que analisem bem a obra “As respigadoras” do pintor Jean-François Millet (óleo sobre

tela, 1857). Após a análise do quadro, solicitá-los (as) que redijam um texto relatando o

que a imagem expressa e o que sabem em relação ao solo.

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

Segundo Momento: Solicitar aos (às) estudantes que consultem o significado da

palavra MATRIZ no dicionário; depois apresentar o esquema de uma rocha matriz, o qual

será projetado em um datashow; pedi-los (as) para analisar, em seguida solicitar aos(às)

Page 132: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

130

estudantes que narrem o que entenderam do esquema a partir dos seus conhecimentos

prévios.

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

Terceiro momento: será apresentado aos (às) estudantes um gráfico bem simples

e esquemático; após, solicitar aos (às) estudantes que narrem-no a partir das seguintes

perguntas: por que o conteúdo de água pode variar no solo?; de que maneira os sais

minerais do solo são absorvidos pelas plantas?; para ser considerado fértil o solo deve

apresentar determinado volume de ar. Por quê?

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

12. Confidencialidade.

Em momento algum o nome dos (as) estudantes serão divulgados; nas imagens será

utilizada tarjas no rosto dos (as) mesmos (as) e as imagens serão descartadas após

utilização. Em qualquer momento da pesquisa o (a) estudante poderá abandonar o

processo e caso não queira participar nenhum prejuízo será acarretado ou sofrerá qualquer

represália.

13. Riscos e Benefícios.

5a) Riscos: Os riscos desta pesquisa são considerados mínimos, mas pode ocorrer algum

constrangimento, e se ocorrer a pesquisadora deverá ser avisada para solucionar o

problema; cansaço durante a realização da atividade, caso isso aconteça, interromper a

atividade e dar um tempo para o (a) estudante recomeçar, mas se ele (a)) não quiser

retomar a atividade a vontade dele (a) deverá ser respeitada.

5b) Benefícios: Esperamos com esta pesquisa contribuir para formar leitores competentes

que compreendam o que leem, aprendam a ler nas entrelinhas, que saibam identificar os

elementos implícitos, que possam estabelecer relações entre o texto que leram a outros já

lidos e atribuam significado ao texto.

14. Critérios de inclusão e exclusão.

6a) Inclusão: Participarão deste estudo estudantes de 11 a 14 anos do 6º Ano de uma

escola Estadual no município de Carambeí-PR.

Page 133: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

131

6b) Exclusão:

Não se aplica critério de exclusão.

15. Direito de sair da pesquisa e a esclarecimentos durante o processo.

O (A) estudante que participar da pesquisa terá os direitos de: deixar o estudo a

qualquer momento e de receber esclarecimentos em qualquer etapa da pesquisa. Bem

como, evidenciar a liberdade de recusar ou retirar o seu consentimento a qualquer

momento sem penalização.

Você pode assinalar o campo a seguir, para receber o resultado desta pesquisa, caso

seja de seu interesse:

( ) quero receber os resultados da pesquisa (e-mail para envio :___________________)

( ) não quero receber os resultados da pesquisa

16. Ressarcimento e indenização.

Qualquer prejuízo que o (a) estudante tiver como compensação de materiais,

transporte, caso seja solicitado a presença do (a) estudante em horários alternados; será

ressarcido pela pesquisadora. A indenização referente a quaisquer danos que o (a)

estudante possa ter à realização da pesquisa será de acordo com a resolução 466/2012

do Conselho Nacional de Saúde.

B) CONSENTIMENTO (do participante de pesquisa ou do responsável legal -

neste caso anexar documento que comprove parentesco/tutela/curatela)

Eu declaro ter conhecimento das informações contidas neste documento e ter

recebido respostas claras às minhas questões a propósito da minha participação direta (ou

indireta) na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o objetivo, a natureza,

os riscos, benefícios, ressarcimento e indenização relacionados a este estudo.

Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e voluntariamente, participar deste

estudo, permitindo que os pesquisadores relacionados neste documento obtenham

fotografia, filmagem ou gravação de voz de minha pessoa para fins de pesquisa

Page 134: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

132

científica/ educacional. As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a propriedade do

grupo de pesquisadores pertinentes ao estudo e sob sua guarda.

Concordo que o material e as informações obtidas relacionadas à minha pessoa

possam ser publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos

científicos. Porém, não devo ser identificado por nome ou qualquer outra forma.

Estou consciente que posso deixar o projeto a qualquer momento, sem nenhum

prejuízo. Após reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e voluntariamente,

participar deste estudo.

Nome Completo: ______________________________________________________

RG:______________Data de Nascimento:___/___/_____Telefone:_______________

Endereço: ____________________________________________________________

CEP: ______________ Cidade:____________________ Estado: _______________

Assinatura: ______________________________ Data: ___/___/______

Eu declaro ter apresentado o estudo, explicado seus objetivos, natureza, riscos e

benefícios e ter respondido da melhor forma possível às questões formuladas.

Nome completo: _______________________________________________________

Assinatura pesquisador (a): _________________

(ou seu representante)

Data:___/___/__

Para todas as questões relativas ao estudo ou para se retirar do mesmo, poderão se

comunicar com Sanny Carla Duarte, via e-mail: [email protected] ou telefone:

(42)99964-9781.

ESCLARECIMENTOS SOBRE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA:

O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) é constituído por uma

equipe de profissionais com formação multidisciplinar que está trabalhando para

assegurar o respeito aos seus direitos como participante de pesquisa. Ele tem por objetivo

avaliar se a pesquisa foi planejada e se será executada de forma ética. Se você considerar

que a pesquisa não está sendo realizada da forma como você foi informado ou que você

está sendo prejudicado de alguma forma, entre em contato com o Comitê de Ética em

Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Page 135: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

133

(CEP/UTFPR). Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Bairro

Rebouças, CEP 80230-901, Curitiba-PR, Telefone: (41) 3310-4494, e-mail:

[email protected].

Contato do Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos para denúncia,

recurso ou reclamações do participante pesquisado:

Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná (CEP/UTFPR)

Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Rebouças, CEP 80230-901,

Curitiba-PR, Telefone: 3310-4494, E-mail: [email protected]

Page 136: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

134

APÊNDICE C - Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE)

Page 137: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

135

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)

Título da pesquisa: Estratégias de leitura de obra pictórica e de gráfico para o ensino de

Ciências nos anos finais do ensino fundamental.

Pesquisador(es/as) ou outro (a) profissional responsável pela pesquisa, com

Endereços e Telefones:

Pesquisador: Sanny Carla Duarte, residente na Rua Dr. Leopoldo Guimarães da Cunha,

1551, bairro: Oficinas, cidade de Ponta Grossa-PR - CEP: 84035-310, telefone: (42)

99964-9781.

Orientadora: Ângela Ines Klein, residente na Rua São Josafat, 510, bairro: Nova Rússia,

cidade de Ponta Grossa-PR, CEP: 84053-310, telefone: (42) 99111-3771.

Coorientadora: Siumara Aparecida de Limas, residente na Rua Conselheiro Barradas,

29, Bairro: Uvaranas, cidade de Ponta Grossa-PR - CEP: 84025-310, telefone: (42)

99917-1724.

Local de realização da pesquisa: Escola Estadual Professora Darlene J.P. Moreira

Endereço, telefone do local: Limpo Grande SN - Catanduva de Fora- Carambeí-PR,

telefone: (42) 99132- 7203.

A) INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE

Querido (a) estudante você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa

juntamente com estudantes de 11 a 14 anos, da sua turma - 6º ano, da Escola Estadual

Professora Darlene J. M. Moreira.

Este estudo tem como objetivo principal: desenvolver estratégias de leitura a partir

de figura e gráficos ilustrativos do gênero instrucional; objetivos específicos: desenvolver

práticas de leitura na disciplina de Ciências; reconhecer a importância de uma ação

pedagógica voltada à leitura dos gêneros textuais imagem e gráfico nas aulas a serem

ministradas; sistematizar o conhecimento sobre os gêneros imagem e gráfico, reconhecer

os elementos que compõe um gênero textual, situação de produção e forma de circulação

desses gêneros.

Page 138: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

136

Esta pesquisa consiste em analisar dados para verificar onde está (ao) a dificuldade

(s) dos (as) estudantes em ler e interpretar textos de imagem e gráficos ilustrativos.

A pesquisa será executada durante as aulas de Ciências, através do protocolo de

observações de como a professora de Ciências desenvolve a leitura de gráficos e imagens;

de questionário em que a professora deverá respondê-lo; de narrativas, as quais os (as)

estudantes deverão produzir a partir desses gêneros textuais propostos; de áudios,

fotografias que demonstrem como a professora ministra essas leituras.

Quanto às imagens, será utilizada faixa preta no rosto e as imagens serão

descartadas após utilização.

Em momento algum o nome dos envolvidos na pesquisa será divulgado. Será

usado código para não comprometer a integridade tanto do (a) estudante quanto a sua

imagem.

Caso você se sinta constrangido (a) em algum momento da pesquisa, a

pesquisadora estará presente para lhe acolher, auxiliá-lo (a), ajudá-lo (a).

Deixo claro que você não é obrigado (a) a participar da pesquisa, caso queira

desistir nenhum prejuízo será acarretado ou terá qualquer problema.

Esperamos com esta pesquisa contribuir para formar leitores (as) competentes que

compreendam o que leem, aprendam a ler também o que não está escrito, que saibam

identificar os elementos implícitos e que possam estabelecer relações entre o texto que

leram a outros já lidos e que atribuam significado ao texto.

1. Apresentação da pesquisa.

Sabe-se que os estudantes e alunas têm muita dificuldade na leitura e interpretação

e que a grande maioria termina o ensino fundamental II sem a capacidade de conferir

sentido ao que leem. Pensando nesse problema a proposta desta pesquisa é mostrar que

se podem trabalhar estratégias de leitura, como selecionar, antecipar, localizar, inferir,

avaliar informações para que o direcionamento que leva à compreensão ocorra em um

processo, o qual é ensinado e aprendido, através da experiência leitora dos professores os

quais passam para os (as) estudantes.

Page 139: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

137

2. Objetivos da pesquisa.

O objetivo desta pesquisa é desenvolver estratégias de leitura a partir de figura e

gráfico ilustrativo do gênero instrucional; desenvolver práticas de leitura na disciplina de

Ciências; reconhecer a importância de uma ação pedagógica voltada à leitura dos gêneros

textuais imagem e gráfico nas aulas a serem ministradas; sistematizar o conhecimento

sobre os gêneros imagem e gráfico; reconhecer os elementos que compõe um gênero

textual, situação de produção e forma de circulação desses gêneros.

3. Participação na pesquisa.

A pesquisa partirá da observação das aulas de Ciências, com enfoque na leitura de

figura e gráfico ilustrativo do gênero instrucional do livro didático “Ciências”, de Carlos

Barros e Wilson Paulino, 6º Ano do Ensino Fundamental, de como a professora

desenvolve a leitura desses gêneros textuais. Após a observação, todos os textos

estudados passarão por estas estratégias que serão aplicadas pela pesquisadora: explicar

de o porquê da leitura do texto; indagar o (a) estudante sobre a importância de estudar o

gênero proposto; ler silenciosa o texto; orientar sobre as características dos gêneros

textuais; acionar o conhecimento prévio em relação ao tema abordado; reconhecer as

palavras desconhecidas que houver nos textos; reconhecer a ideia principal do texto;

inferir ideias sobre o texto; interpretar o texto perpassando por situações do dia-a-dia;

inter-relacionar após a leitura dos conhecimentos prévios e conhecimentos abordados no

texto.

Os (as) estudantes serão avaliados em três momentos:

Primeiro momento: Pedir aos (às) estudantes para consultar no dicionário

o significado de RESPAGADORA; apresentar o quadro em um datashow e solicitá-los/as

que analisem bem a obra “As respigadoras” do pintor Jean-François Millet (óleo sobre

tela, 1857). Após a análise do quadro, solicitá-los(as) que redijam um texto relatando o

que a imagem expressa e o que sabem em relação ao solo.

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

Segundo Momento: Solicitar aos (às) estudantes que consultem o

significado da palavra MATRIZ no dicionário; depois apresentar o esquema de uma rocha

matriz, o qual será projetado em um datashow; pedi-los (as) para analisar, em seguida

solicitar aos (às) estudantes que narrem o que entenderam do esquema a partir dos seus

conhecimentos prévios.

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

Page 140: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

138

Terceiro momento: será apresentado aos (às) estudantes um gráfico bem

simples e esquemático; após, solicitar aos (às) estudantes que o narrem a partir das

seguintes perguntas: por que o conteúdo de água pode variar no solo?; de que maneira os

sais minerais do solo são absorvidos pelas plantas?; para ser considerado fértil o solo deve

apresentar determinado volume de ar. Por quê?

Duração dessa intervenção: duas aulas de 50 minutos cada.

4. Confidencialidade.

Em momento algum o nome do (a) estudante será divulgado; nas imagens será

utilizada uma faixa escura no rosto dos (as) estudantes e as imagens serão descartadas

após utilização. Em qualquer momento da pesquisa você poderá abandonar o processo e

caso não queira participar, nenhum prejuízo será acarretado ou terá qualquer problema.

5. Riscos e Benefícios.

5a) Riscos:

Os riscos desta pesquisa são considerados mínimos, mas pode ocorrer algum

constrangimento, e se ocorrer a pesquisadora deverá ser avisada para solucionar o

problema; cansaço durante a realização da atividade também pode ocorrer, caso isso

aconteça, será interrompida e você terá um tempo para recomeçar, mas se você não quiser

retomar a atividade a sua vontade será respeitada.

5b) Benefícios:

Esperamos com esta pesquisa contribuir para formar leitores competentes que

compreendam o que leem, aprendam a ler nas entrelinhas, que saibam identificar os

elementos implícitos, que possam estabelecer relações entre o texto que leram a outros já

lidos e atribuir significado ao texto.

6. Critérios de inclusão e exclusão.

6a) Inclusão:

Participarão deste estudo estudantes de 11 a 14 anos do 6º Ano e a professora de

Ciências de uma escola Estadual no município de Carambeí-PR.

6b) Exclusão:

Não se aplica critério de exclusão.

Page 141: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

139

7. Direito de sair da pesquisa e a esclarecimentos durante o processo.

Você terá os direitos de: deixar o estudo a qualquer momento e de receber

esclarecimentos em qualquer etapa da pesquisa. Bem como, evidenciar a liberdade de

recusar ou retirar o seu consentimento a qualquer momento sem penalização.

Você pode assinalar o campo a seguir, para receber o resultado desta pesquisa,

caso seja de seu interesse:

( ) quero receber os resultados da pesquisa (e-mail para envio :___________________)

( ) não quero receber os resultados da pesquisa

8. Ressarcimento e indenização.

Qualquer prejuízo que você tiver como compensação de materiais, transporte,

caso seja solicitada a sua presença em horários alternados; será ressarcido pela

pesquisadora. A indenização referente a quaisquer danos que você possa ter à realização

da pesquisa será de acordo com a resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

B) CONSENTIMENTO

Eu declaro ter conhecimento das informações contidas neste documento e ter

recebido respostas claras às minhas questões a propósito da minha participação direta (ou

indireta) na pesquisa e, adicionalmente, declaro ter compreendido o objetivo, a natureza,

os riscos, benefícios, ressarcimento e indenização relacionados a este estudo. Após

reflexão e um tempo razoável, eu decidi, livre e voluntariamente, participar deste estudo.

Estou consciente que posso deixar o projeto a qualquer momento, sem nenhum prejuízo.

Nome Completo: ________________________________________________________

RG:______________Data de Nascimento:___/___/_____Telefone:_______________

Endereço: ______________________________________________________________

CEP: ________________ Cidade:____________________ Estado: _______________

Assinatura: ______________________________ Data: ___/___/______

ESCLARECIMENTOS SOBRE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA:

O Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (CEP) é constituído por uma

equipe de profissionais com formação multidisciplinar que está trabalhando para

Page 142: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

140

assegurar o respeito aos seus direitos como participante de pesquisa. Ele tem por objetivo

avaliar se a pesquisa foi planejada e se será executada de forma ética. Se você considerar

que a pesquisa não está sendo realizada da forma como você foi informado ou que você

está sendo prejudicado de alguma forma, entre em contato com o Comitê de Ética em

Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

(CEP/UTFPR). Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Bairro

Rebouças, CEP 80230-901, Curitiba-PR, Telefone: (41) 3310-4494, e-mail:

[email protected].

Contato do Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos para denúncia,

recurso ou reclamações do participante pesquisado: Comitê de Ética em Pesquisa que

envolve seres humanos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (CEP/UTFPR)

Endereço: Av. Sete de Setembro, 3165, Bloco N, Térreo, Rebouças, CEP 80230-901,

Curitiba-PR, Telefone: 3310-4494, E-mail: [email protected]

Page 143: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

141

APÊNDICE D - Protocolo de Validação

Page 144: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

142

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Prezadas Professoras

A elaboração das estratégias de leitura destina-se à validação do “Caderno de

Estratégias de Leitura para os gêneros obra pictórica e gráfico para o ensino de Ciências

nos anos finais do ensino fundamental” resultado de pesquisa desenvolvida no Mestrado

em Ensino de Ciência e Tecnologia, do Programa de Pós-graduação da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná - Câmpus Ponta Grossa, tendo como orientador Prof. Dr.

Danilei Bertoni e coorientadoras Profª Dra. Ângela Inês Klein, e Profª Dra. Siumara

Aparecida de Lima.

Estas estratégias tiveram como base as lacunas observadas nas aulas de leitura da

disciplina de Ciências em uma turma do 6º Ano do Ensino Fundamental, com 21

estudantes com faixa etária de 11 a 14 anos e de produções textuais redigidas por eles;

porém, para análise, foram elencados 10 estudantes dos quais participaram de todas as

atividades propostas.

A pesquisa fora desenvolvida em oito etapas, sendo um questionário, protocolos

de observações nas aulas de Ciências quando os (as) estudantes tiveram contato com o

conteúdo solo a partir dos gêneros textuais tela e gráfico e das produções textuais.

Por este motivo, envio-lhe esse caderno de estratégias de leitura para posterior

validação e alguns questionamentos a respeito do mesmo.

Atenciosamente,

Sanny Carla Duarte

Mestranda

Page 145: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

143

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

VALIDAÇÃO

Tomando por base as estratégias de leitura propostas no caderno apresentado responda:

1- A proposta ofertada no caderno é aplicável e relevante à sua realidade de ensino?

( ) SIM

( ) NÃO

2- As estratégias elaboradas/ adaptadas para os gêneros textuais obra pictórica e gráfico

são pertinentes para os estudantes no ato da leitura? Justifique.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3- Dê sua opinião sobre o uso de estratégia de produção de texto para verificar o

conhecimento prévio dos estudantes?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

4- Diante do produto, você considera que as estratégias de leitura são capazes de

contribuir para o estudante tornar-se um leitor competente e autônomo? Explique.

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

5- De acordo com suas experiências, quais atividades poderiam ser incluídas neste

caderno?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Ponta Grossa, ______/______/______ ______________________________

Assinatura

Page 146: ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE OBRA PICTÓRICA E DE …

144

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO

Eu, ____________________________________________________________, (cargo

exercido na instituição) _________________________________, concordei em

participar do processo de validação do “Caderno de Estratégias de Leitura para os gêneros

obra pictórica e gráfico para o ensino de Ciências nos anos finais do ensino fundamental”,

aplicado no 6º Ano do Ensino Fundamental II em Escola Pública - distrito de Carambeí -

do Estado do Paraná, confeccionado pela mestranda Sanny Carla Duarte.

Reconheço que as informações aqui descritas poderão ser utilizadas em futuras

publicações, desde que meu anonimato seja mantido.

Ponta Grossa, ______/______/_______

______________________________

Assinatura

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APÊNDICE E - Protocolo de Observação

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PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE DA PESQUISADORA - Tanto

para a leitura de obra pictórica quanto para o gráfico.

Dia da observação:___/____/2018

Local da observação: ____________________________________________________

Duração da observação: __________________________________________________

Características da amostra: ________________________________________________

Sobre as estratégias de leitura Anotações descritivas Anotações reflexivas

1) A professora explica o objetivo

da leitura do texto proposto?

2) Os estudantes questionam as

finalidades da leitura?

3) A professora explica que tanto a

pintura quanto ao gráfico também

são textos, porém não verbal.

4) Há antecipação do tema ou ideia

principal por meio do: título, da

imagem, etc.

5) A professora propõe reflexão que

estimule o acionamento de

conhecimentos prévios que os

estudantes possuem sobre o assunto a

ser abordado no texto?

6) A professora solicita que, diante

das palavras desconhecidas, os

estudantes procurem compreender

seu significado por meio de

dicionário?

7) Os estudantes são indagados

a respeito do gênero textual?

8) Os estudantes são estimulados a

inferir ideias sobre o texto, de modo

a atribuir sentido a ele?

9) Após a leitura ou durante a

compreensão há inter-relação entre

os conhecimentos prévios detectados

na conversa inicial e o conteúdo

abordado no texto?

10) As atividades de interpretação

extrapolam o limite do texto e

passam a circunstâncias cotidianas?

11) A professora dá alguma atividade

para verificar a aprendizagem?

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APÊNDICE F - Questionário para a Professora de Ciências

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E

TECNOLOGIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Projeto: “Ensino de estratégias de leitura para o ensino de Ciências”

Mestranda: Sanny Carla Duarte

1) Como acontece a leitura em suas aulas?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

2) Quem realiza as leituras?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3) Como é feito o trabalho com o vocabulário específico da área de Ciências?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

4) Quais os gêneros de textos são utilizados nas aulas de Ciências?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

5) Além do livro didático, quais outros materias são utilizados nas suas aulas ?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

6) Os (As) estudantes leem os textos propostos somente na sala de aula, ou leem também

em casa?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

7) Quais estratégias de leitura são utilizadas para desenvolver o conteúdo?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

_______________________

ProfªXXXXXXXXXXXXXXXX

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ANEXO A - Autorização do Comitê de Ética

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ANEXO B - Autorização da Secretaria de Estado de Educação

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ANEXO C - Textos Produzidos pelos Estudantes, Gênero Obra Pictórica e Gráfico,

Antes da Explicação da Professora de Ciências.

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GÊNERO OBRA PICTÓRICA

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GÊNERO GRÁFICO

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ANEXO D - Textos Produzidos pelos Estudantes, Gênero Obra Pictórica e Gráfico,

Após a Explicação da Professora de Ciências.

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GÊNERO OBRA PICTÓRICA

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GÊNERO GRÂFICO

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