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estrutura e análide das demonstrações contábeis

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ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Conselho Editorial EAD Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Mara Lúcia Machado José Édil de Lima Alves Astomiro Romais Andrea Eick Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº .610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.

APRESENTAÇÃO

O objetivo da Administração Financeira é maximizar a riqueza dos acionistas. A função do Administrador é gerenciar os recursos finan-ceiros (investimentos e financiamentos) de forma a atingir tal objetivo. O Contador, nesse contexto, fornece as demonstrações financeiras que subsidiam a tomada de decisão. A análise dessas demonstrações finan-ceiras propicia a avaliação da evolução patrimonial e das decisões tomadas, daí a sua importância. O presente livro aborda uma a uma das demonstrações financeiras e os elementos básicos para sua análise, de forma a contextualizar a leitura e interpretação do desempenho empresarial.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".

Fernando Pessoa

SOBRE O AUTOR

Simone Loureiro Brum Imperatore

É graduada em Ciências Contábeis, especialista em Controladoria pela Universidade Regional Integrada (URI-RS) com a temática “Sistemas de informação com foco no CRM” e mestra em Desenvolvimento Re-gional pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC-RS) com apro-fundamento do tema “Lei de Responsabilidade Fiscal: estudo da exe-cução orçamentária nos municípios da região metropolitana de Porto Alegre no período de 2000 a 2005”. Tem vasta experiência em qualifi-cação e gestão pública e privada e – além de ser docente na Universi-dade Luterana do Brasil (ULBRA) nos cursos de Ciências Contábeis Administração, Gestão Pública, Gestão Financeira, Gestão de RH – é diretora de Consultoria em Projetos e Gestão Públicos e privados (PGPP), instituição onde responde pelos programas de planejamento Estratégico, Políticas e Estratégias Gerenciais e Desenvolvimento Regi-onal

SUMÁRIO

1 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS/RELATÓRIOS CONTÁBEIS ............................. 12

1.1 Processo decisório .................................................................................. 12

1.2 Conceito de relatório contábil/demonstração financeira .......................... 13

1.3 Complementação às demonstrações financeiras: ..................................... 17

1.4 Ponto final .............................................................................................. 19

2 BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................ 22

2.1 O que é balanço patrimonial? .................................................................. 22

2.2 Ponto final .............................................................................................. 36

3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE ou DEREX) .................... 40

3.1 Receitas ................................................................................................. 40

3.2 Despesas ................................................................................................ 40

3.3 Despesa e custo ...................................................................................... 41

3.4 Estrutura básica da DRE .......................................................................... 43

3.5 DRE inovada ou Ebitda ............................................................................. 47

3.6 Reservas ................................................................................................. 48

3.7 Ponto final .............................................................................................. 50

4 DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS – DLPA .............. 56

4.1 Conteúdo da demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados .............. 56

4.2 Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) ...................... 60

4.3 Ponto final .............................................................................................. 63

5 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ......................................................... 67

5.1 Principais transações que afetam o caixa ................................................. 68

5.2 Estrutura da demonstração dos fluxos de caixa ......................................... 70

5.3 Demonstração do fluxo de caixa: métodos direto e indireto ....................... 72

5.4 Ponto final .............................................................................................. 77

6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO ....................................................... 82

6.1 Modelo de demonstração do valor adicionado .......................................... 83

6.2 Instruções de preenchimento da DVA ....................................................... 86

6.3 Ponto final .............................................................................................. 88

7 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ............................................... 93

7.1 Etapas do processo de análise das demonstrações financeiras ................. 93

7.2 Exame e padronização das demonstrações financeiras ............................. 95

7.3 Leitura e interpretação das demonstrações contábeis: análise vertical e análise horizontal ......................................................................................... 98

7.4 Ponto final ............................................................................................ 101

8 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ATRAVÉS DE INDICADORES .... 105

8.1 Conceito de índice ou quociente ............................................................ 105

8.2 Índices econômico-financeiros .............................................................. 106

8.2 Índices de rotatividade ou atividade ....................................................... 109

8.4 Ponto final ............................................................................................ 112

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 116

GABARITO ...................................................................................................... 118

1 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS/RELATÓRIOS CONTÁBEIS

Simone Loureiro Brum Imperatore

A introdução ao estudo das demonstrações financeiras dá-se a partir da compreensão da importância (e abrangência) do processo decisório e do entendimento de como as demonstrações financeiras integram tal processo. Cabe salientar os relatórios obrigatórios para Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas.

1.1 Processo decisório

A nossa vida é uma sequência de decisões e escolhas. A cada instante, para vivermos, temos que tomar decisões em graus variados de impor-tância. Algumas são essenciais (papel social, religião, opção profissio-nal), outras são operacionais (o que vestir hoje, onde almoçar, por qual caminho ir à aula). Nessa dinâmica da vida, em muitos casos, temos respostas prontas para as situações, mas, via de regra, a vida sempre se apresenta com situações novas, para as quais temos que elaborar alter-nativas de ação e escolher entre elas.

Dentro de uma empresa, a situação não é diferente. Frequentemente os gestores estão tomando decisões, todas elas importantes para a conti-nuidade e sucesso do negócio. Decisões como definir o preço de venda de um produto, contratar (ou não) um funcionário, financiar uma máquina ou pagá-la a vista, que quantidade de estoque manter de determinada mercadoria, como reduzir custos e produzir mais, entre outras, fazem parte da rotina dos administradores.

Para que possam tomar tais decisões, eles necessitam de dados, infor-mações e subsídios que embasem essas escolhas e, é claro, minimizem os riscos. A Contabilidade é o instrumento que auxilia a administração em suas decisões. Na prática, ela coleta todos os dados econômicos e financeiros, registrando-os e sintetizando-os em forma de relatórios (obrigatórios ou não obrigatórios).

1.2 Conceito de relatório contábil/demonstração financeira

Marion (2003, p.39) conceitua relatório contábil como a exposição re-sumida e ordenada de dados colhidos pela contabilidade. Seu objetivo é relatar às pessoas que se utilizam da contabilidade (os usuários) os principais fatos registrados em determinado período.

Tais relatórios devem ser elaborados de acordo com as necessidades dos usuários, por exemplo: o relatório sobre o resultado anual de uma floricultura apresentará muito menos detalhes do que o de um banco, que normalmente tem muitos acionistas, grande volume de negócios, entre outros. Dentre os inúmeros relatórios (ou informes) contábeis, destacam-se aqueles que são obrigatórios de acordo com a legislação brasileira. Estes relatórios são conhecidos como demonstrações finan-ceiras, ou ainda, demonstrações contábeis. As demonstrações financei-ras obrigatórias para as S.A.a (sociedades anônimas) segundo a Lei 6404/76, alterada pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09 são as seguintes:

a) Balanço Patrimonial (BP);

b) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);

c) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA);

d) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)b;

e) Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

a Equiparam-se às S.A. (e, consequentemente, seguem a mesma legislação) as chamadas sociedades de grande porte as quais apresentam ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões. b A Companhia Fechada com patrimônio líquido superior a R$ 2 milhões será obrigada à elaboração e publicação da Demonstração dos Fluxos de Caixa.

Atenção:

O Balanço Patrimonial (BP) representa a fotografia da empre-sa em determinado período (seus bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido). Apresenta as aplicações dos recursos da entidade (Ativo) e como estas aplicações estão sendo financi-adas (Passivo e Patrimônio Líquido);

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE ou DEREX), como o próprio nome já diz, evidencia a formação do resulta-do da empresa (lucro ou prejuízo). Esta demonstração evi-dencia, de forma ordenada, todas as receitas auferidas e as despesas incorridas pela entidade durante determinado perí-odo, ou seja o resultado gerado no período;

A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) visa apresentar, de forma clara, o resultado líquido do período (lucro ou prejuízo), a sua distribuição (no caso de lucro) e a movimentação ocorrida no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados. Para as Cias Abertas (S/A), confor-me normatização da Comissão de Valores Mobiliários, deverá ser publicada a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), evidenciando a movimentação de todas as contas do Patrimônio Líquido (não somente do lucro líquido do exercício). Dentre as alterações mais comuns no Patrimô-nio Líquido das entidades estão os aumentos de capital social, a apuração e destinação dos lucros;

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): indica a origem de todo o dinheiro que ENTROU no caixa ou equivalentes de caixa (bancos e aplicações financeiras disponíveis em 90 dias), bem com a aplicação de todo dinheiro que SAIU em determi-nado período e, ainda, o resultado do fluxo financeiro. A DFC propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor plane-jamento financeiro, sabendo-se o momento certo de buscar recursos para cobrir a insuficiência de fundos, bem como quando aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro, proporcionando maior rentabilidade à empresa. Também ser-ve a outros usuários, apresentando a forma como gerou caixa e como utilizou os recursos e valores equivalentes ao caixa. A empresa quando utiliza essa demonstração com as demais, supre de forma completa os usuários e, principalmente, os habilita à avaliação das mudanças de ativos líquidos de uma empresa e sua estrutura financeira, que podem ser explicadas

nas questões de liquidez e solvência;

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) desenvolve conceitos puramente econômicos, evidenciando quanto de va-lor a empresa agrega durante seu processo produtivo, ampli-ando os horizontes de seus usuários. As entidades poderão utilizar-se da DVA para identificar, analisar e comunicar o montante de recursos adicionais gerados para a economia (lo-cal, regional, nacional, setorial, etc.) bem como para relacionar quais as fontes e quais as aplicações dessa riqueza, ou seja, para quem ela foi distribuída. Segundo alguns autores, a DVA vem sendo considerada um dos melhores critérios para indi-car a medida da eficácia da gestão empresarial. Tudo isso dentro da concepção de que a missão moderna na empresa representa um papel econômico e social.

Importante:

Tais demonstrações contábeis, assinadas pelo administrador e pelo contador, devem ser publicadas em dois jornais: no Diário Oficial e em um jornal de grande circulação na localidade onde é sediada a empre-sa. Tal publicação deve ser feita no prazo de até cinco dias antes da Assembleia Geral de Acionistas, o que deve ocorrer dentro dos quatro meses subsequentes à data de encerramento do exercício.

Ressalte-se que as chamadas Sociedades Limitadas seguem legislação específica (Lei 10.406/2002 – Novo Código Civil) devendo apresentar à Receita Federal (não estão obrigadas à publicação em jornais de grande circulação e diário oficial) as seguintes demonstrações ou relatórios contábeis:

a) Balanço Patrimonial; b) Balanço Econômico (equivale à Demonstração do Resultado do

Exercício e Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados).

Vamos entender um pouco mais sobre esses dois tipos societários antes de prosseguirmos: a Sociedade Anônima (ou companhia) se caracteri-za por ter seu capital dividido em partes iguais chamadas ações (os proprietários, geralmente em grande número, são denominados de acionistas), e têm a responsabilidade de seus sócios ou acionistas limi-tada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Deverá publicar as Demonstrações Financeiras no Diário Oficial e em outro jornal de grande circulação editado na localidade onde se situa a em-

presac. Porém, apesar da legislação definir a periodicidade anual para a publicação das demonstrações, para atender às necessidades gerenci-ais, a contabilidade deverá apresentar relatórios contábeis com perío-dos mais curtos (semanal, quinzenal, mensal,...).

A Sociedade Limitada (nova designação dada à antiga sociedade por quotas de responsabilidade limitada) constitui a forma mais usual de sociedade comercial e caracteriza-se por seu capital dividido em quo-tas (os proprietários, geralmente em pequeno número, são denomina-dos sócios ou quotistas). Não precisa publicar as demonstrações finan-ceiras em jornal, mas deverá apresentá-las junto ao Imposto de Renda, através do preenchimento da Declaração do Imposto de Renda ou para atender ao novo Código Civil.

Algumas características da sociedade limitada são:

a) atividades reguladas por um contrato social;

b) seu capital social divide-se em cotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio;

c) é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social ou em ato separado;

d) algumas deliberações devem ser tomadas pelos sócios, em reunião ou assembleia.

Resumindo:

RELATÓRIOS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS:

Sociedade Anônima (Lei 11.638/07): Balanço Patrimonial, De-monstração do Resultado de Exercício, Demonstração das Muta-ções do Patrimônio Líquidos (quando de capital aberto) ou De-monstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, Demonstração dos Fluxos de Caixa (S.A. abertas e fechadas – estas últimas, com patrimônio líquido superior a R$ 2 milhões) e Demonstração do Valor Adicionado (somente para as Cias Abertas).

Sociedades Limitadas (Lei 10.406/2002 – Novo Código Civil): Ba-lanço Patrimonial e Balanço do Resultado Econômico (equivale ao DRE e a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados).

c No caso de instituições financeiras ou correlatadas (seguradoras, financeiras, previdência privada, etc), a publicação é semestral, para as demais empresas que negociam papeis na Bolsa de Valores, a obrigatoriedade de publicação é anual.

É importante ressaltar que o exercício social ou período contábil terá duração de um ano, não havendo necessidade de coincidir com o ano civil (de 1º. de janeiro a 31 de dezembro), embora, na maioria das ve-zes, isso aconteça. Para fins de Imposto de Renda considera-se ano civil = exercício social.

1.3 Complementação às demonstrações financeiras: relatório da diretoria, parecer de auditoria e notas expli-cativas

Quando da publicação das Demonstrações Financeiras, as Sociedades Anônimas deverão informar aos usuários desses relatórios dados adi-cionais. O Relatório da Diretoria (logo após a identificação da empre-sa) dará ênfase às informações de caráter não financeiro. Saliente-se que esse relatório não tem uma estrutura padronizada, mas, normal-mente, contempla a análise corporativa (estratégia corporativa, fatores externos à empresa que afetam seu desempenho, resultados de inves-timentos significativos, políticas de responsabilidade social desenvol-vidas pela entidade, programas de pesquisa e desenvolvimento e pro-jeções quanto ao futuro da entidade); análise setorial (comparação entre o desempenho da entidade com outras que atuam no mesmo segmento econômico); análise financeira (comentários sobre o desem-penho e a situação econômico-financeira da entidade); análise de risco (questões relativas à diversificação e concentração dos negócios da empresa entre ramos de atividade, clientes, fornecedores, ativos e regiões geográficas); práticas de governança corporativa, entre outros.

Além do Relatório da Diretoria, temos as Notas Explicativas ou notas de rodapé, que são complementos às demonstrações (sem serem de-monstrações), destacadas após as referidas demonstrações (abaixo). A publicação de Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras está prevista no § 4º do artigo 176 da Lei 6.404/1976, visando fornecer as informações necessárias para esclarecimento da situação patrimonial, ou seja, de determinada conta, saldo ou transação, ou de valores relati-vos aos resultados do exercício, ou para menção de fatos que podem alterar futuramente tal situação patrimonial, critérios de cálculos na obtenção de itens que afetam o lucro; obrigações de longo prazo (cre-dores, taxa de juros, garantias), ajustes de exercícios anteriores, entre outros.

O Parecer da Auditoria ou Parecer dos Auditores Independentes complementa as demonstrações financeiras, sendo quesito obrigatório para as demonstrações das S.A., instituições financeiras e de outros casos específicos. Trata-se de parecer de auditor externo informando se

as referidas demonstrações representam adequadamente a situação patrimonial e financeira da empresa, se foram levantadas de acordo com os Princípios Fundamentais da Contabilidade e se há uniformida-de em relação ao exercício anterior.

Exemplo: RELATÓRIOS CONTÁBEIS OBRIGATÓRIOS

Relatório da diretoria ___________________________________________

Em $ milhares

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Balanço Patrimonial

Data___/___/___

Demonstração do Resultado do Exercício

Data ___/___/___

__________________________

__________________________

______________________________

________________________________

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ou Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

Data ___/___/___

_______________________________________________________

Demonstração dos Fluxos de Caixa Demonstração do Valor Adicionado

Notas Explicativas:_______________________________________

Assinatura dos Diretores Parecer dos Auditores

Assinatura do Contador – nº registro CRC

1.4 Ponto final

No capítulo 1 estudamos as demonstrações contábeis e entendemos o quanto elas são importantes para a tomada de decisão. Verificamos que, segundo a Lei 11.638/2007, temos como demonstrações obrigató-rias para as S.A, o Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício - DRE, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL (ou Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados – DLPA); Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado. Já para as Sociedades Limitadas as demonstrações obriga-tórias são o Balanço Patrimonial e o Balanço Econômico (DRE + DLPA).

Diferenciamos dois tipos societários: Sociedades Anônimas e Socieda-des Limitadas e verificamos que o tratamento das demonstrações con-tábeis varia de acordo com o tipo de constituição da sociedade empre-sarial. Além disso, vimos a complementação das demonstrações contá-beis obrigatórias e seus requisitos e modelo para publicação. Nos capí-tulos seguintes, estudaremos, em detalhes, uma a uma das demonstra-ções contábeis, sua estrutura e importância para a gestão.

Atividades

1) De acordo com o tipo de sociedade por ações, é obrigatória a de-monstração:

( ) Das Origens e Aplicações de Recursos para as Cias de grande porte;

( ) Do Valor Adicionado para as Cias Abertas; ( ) Dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, no caso das Cias Fechadas

apenas se seu Patrimônio Líquido for superior a R$ 2 milhões; ( ) Dos Fluxos de Caixa, apenas para as Cias Abertas; ( ) Nenhuma das alternativas está correta. 2) Atribua letra V para assertivas verdadeiras e F para as falsas, Em

seguida, marque a opção que contenha a sequência correta: De acordo com o art.176 da Lei 6404/76, alterada pela Lei 11.638/07, entre as demonstrações financeiras que a Cia de Capital Aberto deverá elaborar ao final de cada exercício social, estão:

( ) Balanço Patrimonial, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;

( ) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, Demonstra-ção do Resultado do Exercício;

( ) Demonstração dos Fluxos de Caixa, Demonstração do Valor Adi-cionado.

a) V,V,V b) V,F,V c) V,V,F d) F,V,V e) F,V,F 3) A Lei 11.638/07 ao modificar alguns artigos da Lei 6.404/76, intro-

duziu a obrigatoriedade da elaboração de duas demonstrações contábeis adicionais pelas Cias Abertas abertas:

a) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados e Demons-tração do Valor Adicionado;

b) Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;

c) Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos e Demons-tração das Mutações do Patrimônio Líquido;

d) Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração dos Fluxos de Caixa;

e) Demonstração de Dividendo Obrigatório e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

4) Em relação às demonstrações contábeis é correto afirmar: a) A demonstração das mutações patrimoniais mostra a variação da

posição financeira da entidade no curto prazo; b) A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados pode ser

substituída, com vantagens, pela demonstração das origens e apli-cações de recursos;

c) No balanço patrimonial, constituem contas redutoras de Patrimô-nio Líquido: prejuízos acumulados, ações em tesouraria, capital social a integralizar, ajustes de avaliação patrimonial

d) O cálculo do valor dos dividendos a pagar por ação é evidenciado na Demonstração do Resultado do Exercício;

e) No balanço patrimonial, as contas do ativo são apresentadas em grau crescente de liquidez e as do passivo em grau crescente de exigibilidade.

5) Em relação às demonstrações contábeis, considere as seguintes

afirmativas: I. A demonstração das mutações do patrimônio líquido, de acordo

com a Lei 6404/76 é de apresentação obrigatória para todas as so-ciedades anônimas;

II. No balanço patrimonial está evidenciado o capital de terceiros de uma entidade (e seu conseqüente grau de endividamento);

III. Na demonstração/conta de lucros/prejuízos acumulados é eviden-ciada a distribuição do resultado do exercício;

IV. A demonstração das origens e aplicações de recursos evidencia as causas que geram a variação das disponibilidades;

V. A apresentação do Balanço Social é obrigatória apenas para todas as S.A.

Está correto o que se afirma: a) I e II b) II e III c) III e IV d) IV e I e) V e II 6) Elabore um quadro comparativo entre as Leis 6404/76 e 11.638/07

acerca das demonstrações obrigatórias para as sociedades por ações (Abertas e Fechadas): Sintetize com suas palavras o que evidencia cada uma das de-monstrações contábeis:

a) Balanço Patrimonial:

b) Demonstração do Resultado do Exercício:

c) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados:

d) Demonstração dos Fluxos de Caixa:

e) Demonstração do Valor Adicionado: 7) Cite e explique os relatórios que complementam as demonstrações

financeiras: a) Relatório da Diretoria:

b) Notas Explicativas:

c) Parecer de Auditoria:

d) Diferencie e caracterize as Sociedades Anônimas e as Sociedades

Limitadas:

8) Qual a importância das demonstrações financeiras para o admi-nistrador? Contextualize sua resposta:

2 BALANÇO PATRIMONIAL

Simone Loureiro Brum Imperatore

O termo “Balanço Patrimonial” nos remonta a uma balança de dois pratos, onde sempre encontramos a igualdade (ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO). A balança ainda remete à ideia de mensu-ração do peso. Só que no caso do Balanço Patrimonial não se mede o peso, mas o patrimônio. O termo patrimonial, por sua vez, tem origem no patrimônio da empresa, ou seja, conjunto de bens, direitos e obriga-ções. Juntando as duas partes, obtém-se o balanço patrimonial, equilí-brio do patrimônio, igualdade patrimonial. Em sentido amplo, o ba-lanço evidencia a posição contábil, financeira e econômica de uma entidade em determinada data, representando uma posição estática (posição ou situação do patrimônio em determinada data).

2.1 O que é balanço patrimonial?

O Balanço apresenta os Ativos (bens e direitos) e Passivos (exigibilida-des e obrigações) e o Patrimônio Líquido, que é resultante da diferença entre o total de ativos e passivos. O balanço patrimonial é uma das peças extraídas dos livros contábeis, que faz parte do conjunto das demonstrações financeiras, e é elaborado segundo os princípios contá-beis geralmente aceitos.

Segundo Matarazzo (2008, p.41)

O balanço patrimonial é a demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa – Ativo -, assim como as obrigações - Passivo Exigível - em determinada data. A diferença entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio Líquido e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente.

Assim, temos a chamada EQUAÇÃO PATRIMONIAL BÁSICA, con-

forme apresentado a seguir.

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Assaf Neto (2002, p.58) menciona que o balanço apresenta a posição patrimonial e financeira de uma empresa em dado momento. A infor-mação que esse demonstrativo fornece é totalmente estática e, muito provavelmente, sua estrutura se apresentará relativamente diferente algum tempo após seu encerramento.

É a principal demonstração contábil usada por bancos, governo, forne-cedores, sindicatos, sócios, acionistas. Reflete a posição financeira em determinado momento, normalmente no final do ano (exercício social) ou de um período prefixado. É como se tirássemos uma foto da empre-sa e víssemos de uma só vez todos os bens, valores a receber (direitos) e valores a pagar (obrigações) em determinada data.

Iudícibus e Marion (2006, p.19) explicam a expressão balanço patrimo-nial:

O termo balanço decorre do equilíbrio ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO, ou da igualdade APLICAÇÕES = ORIGENS DOS RECURSOS. Parte da ideia de uma balança de dois pratos, onde sempre encontramos a igualdade. Só que, em vez de denominarmos de balança (como a Balança Comercial) denominamos no masculino: Balanço. A expressão patrimonial origina-se do Patrimônio Global da empresa, ou seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações. Daí origina-se a expressão Patrimônio Líquido, a riqueza líquida da empresa num processo de continuidade, a Situação Líquida. Compondo as duas expressões, teremos a expressão Balanço Patrimonial, o equilíbrio do Patrimônio, a igualdade patrimonial.

2.1.1 Os grupos de contas do balanço patrimonial

O balanço patrimonial é uma demonstração simples e fácil de ser en-tendida, pois visa mostrar a situação econômico-financeira da empresa para leigos, sendo constituído de duas colunas, conforme convenção da Lei 6404/76, que regulamenta as Sociedades por Ações:

a) A coluna do lado direito chama-se PASSIVO (obrigações e Patri-mônio Líquido);

b) A coluna do lado esquerdo chama-se ATIVO (bens e direitos).

Para facilitar a leitura, análise e interpretação do Balanço, Ativo e Pas-sivo dividem-se em grupos de contas que apresentam as contas de

mesmas características (prazo e grau de liquidez). Duas regras básicas orientam a distribuição de contas no Balanço Patrimonial:

a) Prazo (vencimento): em Contabilidade CURTO PRAZO significa, normalmente, o período de até um ano e, LONGO PRAZO, o pe-ríodo superior a um ano. Assim, na data de elaboração do Balan-ço, 31/12/20XX, por exemplo, todas as contas a receber até 31/12/20X1 (um ano da elaboração do balanço) serão agrupadas num mesmo título do Ativo (Ativo Circulante), assim como todas as contas a pagar até o final do ano seguinte (31/12/20X1), serão agrupadas num mesmo título no Passivo (Passivo Circulante). O mesmo ocorre com as contas de LONGO PRAZO que são classifi-cadas em Ativo Não Circulante, no subgrupo Realizável a Longo Prazo (direitos realizáveis num período superior a um ano) e no Passivo Não Circulante (obrigações vencíveis num período supe-rior a um ano).

b) Grau de LIQUIDEZ: liquidez vem do verbo liquidar, pagar os compromissos, assim, os itens mais rapidamente conversíveis em dinheiro são classificados em primeiro plano. Assim temos caixa, bancos, duplicatas a receber, mercadorias em estoque etc.

A seguir, vamos conhecer os grupos de contas do Balanço Patrimonial.

No ativo, as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de realização, ou seja, de acordo com a facilidade de conversão em di-nheiro, assim, os itens patrimoniais cuja velocidade de conversão em dinheiro é maior (caixa, bancos, contas a receber, mercadorias) são classificados em primeiro plano. Os de menor liquidez (valores a rece-ber no longo prazo, máquinas e equipamentos, veículos, terrenos, etc) aparecem num segundo plano de acordo com a velocidade (ou poten-cialidade de conversão em dinheiro).

Os elementos registrados estão estruturados nos seguintes subgrupos (de acordo com o parágrafo 1º do artigo 178 da Lei 6.404/76 alterado pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09 ):

a) Ativo Circulante;

b) Ativo Não Circulante: compreende Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível.

IMPORTANTE: Para ser Ativo, é preciso preencher a quatro requisitos:

a) ser classificado em bens e ou direitos;

b) ser de propriedade da empresa;

c) avaliável monetariamente (R$);

d) representar benefícios presentes ou futuros.

Ativo circulante

O Ativo Circulante engloba contas que constantemente estão em giro, em movimento (daí a expressão circulante). Constitui o capital de giro da empresa, onde estão dispostas as contas Caixa, Bancos e outros itens que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo, ou seja, dentro de um ano (contas a receber, bens de con-sumo, investimentos temporários, mercadorias para revenda, etc).

De acordo com a Lei 6.404/76, o ativo circulante subdivide-se em:

a) Disponível - refere-se às contas onde são registrados os valo-res que representam o dinheiro em caixa, os saldos disponí-veis em contas de movimento bancário, os saldos de contas relativas aos ativos imediatamente liquidáveis;

b) Direitos (créditos) Realizáveis no Exercício Seguinte: saldos relativos a aplicações em valores mobiliários, operações no mercado aberto; contas a receber, com vencimentos para o e-xercício seguinte, tais como: contas ou duplicatas a receber por vendas mercantis (inclusive cheques pré-datados); adian-tamentos a empregados, adiantamentos a diretores/sócios, impostos a recuperar/restituir, e outros;

c) Estoques – incluem três contas:

Estoque de mercadorias, matérias-primas, embala-gens e materiais secundários empregados em pro-cesso de produção, materiais de consumo e produtos em trânsito, subprodutos e resíduos;

Estoque de imóveis prontos para a venda ou em construção com prazo de entrega até 12 meses (no caso de construtora);

Estoque de materiais em poder de terceiros para be-neficiamento.

d) Despesas Apropriáveis no Exercício Seguinte (ou Despesas Antecipadas) – Registra-se neste subgrupo os valores das

despesas pagas antecipadamente, ou, em outras palavras, cu-jo prazo de vigência é futuro, devendo ser contabilizadas mensalmente de acordo com o período a que se refere: Prê-mios de Seguros a Apropriar ou a Vencer; Despesas Financei-ras a Apropriar ou a Vencer; Aluguéis a Apropriar ou a Ven-cer.

O termo “a Apropriar” (ou a Vencer) refere-se à aplicação do Princípio da Competência, no qual se deve reconhecer e classificar as contas de resultado (receitas e despesas) no período a que se referem, indepen-dentemente do seu efetivo recebimento (receitas) ou pagamento (des-pesas). Assim, se pago o aluguel da empresa antecipado, com vigência para 18 meses, preciso registrar o valor pago antecipadamente como despesa apropriável e, mês a mês, fazer o “reconhecimento” da despe-sa no mês correto (aluguel de janeiro de 2010 contabilizado no mês de janeiro de 2010 e assim sucessivamente).

Ativo não circulante

Este grupo compõe-se de subgrupos, a saber: realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível, conforme veremos a seguir.

a) Realizável a Longo Prazo

Neste subgrupo são registrados, os direitos realizáveis após o encer-ramento do Exercício Seguinte (mais de 360 dias após o encerramento do Balanço Patrimonial): Duplicatas a Receber, Adiantamentos ou Empréstimos a Fornecedores ou a Sociedade Coligada ou Controlada, Adiantamentos ou Empréstimos a Diretoresa. Também são registradas as despesas apropriáveis após o encerramento do Exercício Seguinte referentes a encargos financeiros exigíveis após o exercício seguinte ao do encerramento do Balanço.

b) Investimentos

Em que pode ser registrado:

As participações permanentes em outras sociedades;

Os empreendimentos relativos ao plantio de florestas destinados à proteção do solo ou à preservação do meio

a No caso de adiantamentos/empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (do mesmo grupo empresarial) e ou adiantamentos/empréstimos a sócios/diretores a legislação societária obrigada a sua contabilização no longo prazo independentemente de seu prazo contratual. A máxima é: “negócios em família” a contabilização é sempre no longo prazo!!!

ambiente, sem que se destinem à manutenção da ativi-dade da empresa;

As importâncias aplicadas na aquisição de imóveis, des-de que não sejam para revenda ou destinadas à manu-tenção das atividades da empresa (ex: imóveis para alu-guel);

As aplicações em ouro, quando não constarem do objeto social da pessoa jurídica.

c) Imobilizado

Registra-se nesse subgrupo os bens e os direitos que tenham por objeto bens destinados para a manutenção das atividades da empresa ou exercidos com essa finalidade. Exemplos: máquinas, equipamentos, construções, veículos, móveis e utensílios, etc

d) Intangível

Registra-se neste grupo os direitos correspondentes à propriedade industrial e comercial da empresa, as patentes de invenção, as marcas, fórmulas e processos de fabricação, valor do ponto comercial e outros de idêntica natureza;

Passivo

Em ordem de exigibilidade (vencimento), as contas do passivo são estruturadas nos seguintes grupos:

a) Passivo Circulante

São registradas as obrigações da empresa que serão pagas no prazo de um ano (curto prazo). As principais contas do passivo circulante são:

Fornecedores: origina-se das operações de compra a pra-zo, no mercado nacional ou exterior, de matérias-primas destinadas ao processo produtivo, mercadorias com a fi-nalidade de revenda ou outros materiais ou insumos;

Tributos a Pagar/Recolher: compreende as obriga-ções re-lativas a impostos, taxas e contribuições;

Salários e Encargos Sociais: compõe-se das obrigações da empresa para com seus empregados e aos agentes arre-cadadores de contribuições sociais, bem como as obriga-

ções conhecidas como previsíveis e calculáveis na data do balanço;

Empréstimos e Financiamentos de Instituições Financei-ras: compreende os recursos obtidos pela empresa junto a instituições financeiras do país com a finalidade de fi-nanciar imobilizações ou o próprio giro do negócio;

Além das contas descritas acima, podemos encontrar muitas outras contas no passivo circulante, tais como: a-diantamentos, contas a pagar, dividendos, gratificações e participações, empréstimos em moeda estrangeira etc.

b) Passivo Não Circulante:

Registram-se as contas que representam as obrigações vencíveis após o prazo de um ano (encerramento do exercício seguinte). Classificam-se neste grupo as seguintes contas:

Financiamentos;

Parcelamentos de Débitos Fiscais e Sociais;

Créditos de Empresas Coligadas e Controladas; etc.

Em sentido restrito poderíamos considerar como PASSIVO apenas o Passivo Exigível (Circulante e Não Circulante). Em sentido amplo, porém, esse termo é utilizado como o total das exigibilidades (dívidas com terceiros) e dos recursos próprios (Patrimônio Líquido), a saber.

c) Patrimônio Líquido:

Conforme já estudamos, o patrimônio líquido é a diferença entre o Ativo e o Passivo. Representa os investimentos dos proprietários (Ca-pital Social), mais os lucros reinvestidos (reservas). Deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimoni-al, as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos acumulados. Saliente-se que no capítulo 3 estudaremos mais detalha-damente as reservas.

Para sua melhor compreensão, apresentamos a seguir um resumo dos Grupos e Subgrupos do Balanço Patrimonial:

Quadro 1: Grupos do balanço patrimonial

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE São contas que estão constante-mente em giro - movimento – sen-do que a conversão em dinheiro ocorrerá, no máximo, no próprio exercício social.

CIRCULANTE

São obrigações exigíveis que serão liquidadas nos próximos 360 dias após o levantamento do Balanço Patrimonial.

NÃO CIRCULANTE

a) Realizável a Longo Prazo

São bens e direitos que se transfor-marão em dinheiro um ano após o levantamento do BP.

b) Investimentos:

São as inversões financeiras de cará-ter permanente que geram rendi-mentos e que não são necessárias à manutenção da atividade fundamen-tal da empresa.

c) Imobilizado:

São itens de natureza permanente que serão utilizados para a manuten-ção da atividade básica da empresa.

d) Intangível:

Bens e direitos que tenham por obje-to bens incorpóreos destinados à manutenção da empresa ou exerci-dos com essa finalidade.

NÃO CIRCULANTE

Exigível a Longo Prazo

São as obrigações (dívidas de longo prazo) que serão liquida-das com prazo superior a um ano após o levantamento do Balanço Patrimonial.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

São os recursos dos proprietários aplicados na empresa. Tais recur-sos significam o Capital mais o seu rendimento (lucros) e reser-vas.

Fonte: elaborado pela autora

Cabe salientar a importância de compreender o que encontramos em cada grupo patrimonial para facilitar a compreensão do Balanço Pa-trimonial.

Muita atenção ao quadro 1!!!!

2.1.2 Principais deduções do ativo e do patrimônio líquido

A seguir são apresentadas as principais deduções (contas redutoras ou de ajuste) relacionadas ao ativo circulante, ao ativo não circulante e ao patrimônio líquido.

2.1.2.1 Deduções do ativo circulante

No item Duplicatas a Receber (ou contas a receber/CLIENTES) encon-tram-se duas deduções:

a) A parcela estimada pela empresa que não será recebida (ina-dimplência), com o título Provisão para Devedores Duvido-sos (o cálculo é feito de acordo com a média considerada in-cobrável em exercícios anteriores);

b) Parcela das duplicatas a receber negociadas com as institui-ções financeiras (antecipação de recebíveis), com o título de Duplicatas Descontadas.

c) Na conta Estoques, se o valor de mercado deste item for me-nor que o valor do custo de aquisição ou produção, deverá ser deduzida a provisão para ajustá-lo ao valor de mercado (con-servadorismo)

2.1.2.2 Deduções do ativo não circulante

No grupo Investimentos, encontram-se como deduções as Provisões para Perdas, com o objetivo de cobrir as perdas prováveis na realiza-ção financeira, quando comprovadas (tais perdas) como permanentes.

No Imobilizado, como dedução do valor bruto, encontram-se as con-tas depreciação, amortização e exaustão A perda de valor dos bens do ativo não circulante em virtude da ação do tempo, uso, da evolução técnica (obsolescência), ou exaustão, será registrada periodicamente nas contas de:

a) Depreciação Acumulada – corresponde à perda do valor dos bens que têm por objeto bens físicos (tangíveis) sujeitos a des-gaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou por

obsolescência técnica. A taxa anual de depreciação é determi-nada em função da vida útil do bem, isto é, do prazo durante o qual se possa esperar a utilização econômica dele na produ-ção. A Secretaria da Receita Federal estabelece e publica as ta-xas de depreciação conforme o prazo de vida útil admissível para cada item do Ativo Imobilizado.

b) Amortização Acumulada – quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos de proprie-dade industrial ou comercial, marcas, patentes, benfeitorias em imóveis de terceiros e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada. A taxa anual de amortização é fixada considerando-se: o número de anos restantes da exis-tência do direito amortizável e a legislação do imposto de renda (prazos mínimos e máximos).

c) Exaustão Acumulada – corresponde à perda do valor decor-rente da exploração de direitos cujo objeto sejam recursos mi-nerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. As mineradoras poderão considerar como custo ou despesa, em cada exercício, o valor correspondente à percentagem extraí-da de minério no período sobre o custo de aquisição ou pros-pecção dos recursos minerais explorados. O valor da quota de exaustão florestal em cada exercício é apurado através da identificação do percentual entre o volume de recursos flores-tais explorados em relação ao volume da floresta no início do período-base.

2.1.2.3 Deduções do patrimônio líquido

O Patrimônio Líquido pode ser reduzido:

a) Quando há prejuízo no exercício evidenciado pela conta Pre-juízos Acumulados;

b) Quando houver capital ainda não realizado, o patrimônio lí-quido demonstrará o montante do valor subscrito pelos só-cios e por dedução o valor ainda pendente de realização em dinheiro ou outros bens e direitos na conta Capital Social a Integralizar;

c) Também será demonstrado por dedução o valor empregado nas aquisições de ações ou quotas do capital social da própria sociedade na conta Ações em Tesouraria;

d) Outra conta redutora de patrimônio líquido é Ajustes de Avaliação Patrimonial em que se contabilizam os ajustes ne-gativos (diminuições) de avaliações de Ativos a preço de mer-cado.

Na sequência, apresentamos a estrutura do Balanço Patrimonial se-gundo a Lei 6404/76, alterada pelas Leis 11.638/2007 e 11.941/09.

Quadro 2 - Estrutura básica do balanço patrimonial

ATIVO

CIRCULANTE

DISPONIBILIDADES

Caixa Bancos Conta Corrente Aplicações de Liquidez Imediata CRÉDITOS

Clientes (-) Provisão para Devedores Duvi-dosos (-) Duplicatas Descontadas Títulos a Receber Bancos Conta Vinculada Adiantamentos a Terceiros Adiantamentos a Funcionários Impostos a Recuperar ESTOQUES

Mercadorias para revenda Matérias-primas Materiais de Embalagem Materiais de Limpeza DESPESAS ANTECIPADAS

Prêmios de seguros a apropriar Encargos financeiros a apropriar Aluguéis a apropriar NÃO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

Clientes Bancos conta Vinculada Títulos a Receber

PASSIVO

CIRCULANTE

Empréstimos Fornecedores Obrigações fiscais e sociais Adiantamento de clientes Utilidades e serviços a pagar Gratificações a empregados, diretores, administradores Salários, férias e 13º. Salário a pagar Títulos a pagar Debêntures a Pagar

Créditos de acionistas Créditos de diretores Créditos de coligadas e controladas Adiantamentos a terceiros Impostos a Recuperar INVESTIMENTOS

Participação em sociedades (contro-ladas e coligadas) Participações em outras empresas Imóveis não de uso – de renda Direito de Exploração de Recursos Naturais (minerais e vegetais) (-) exaustão acumulada IMOBILIZADO

Terrenos Instalações Máquinas, aparelhos e equipamen-tos Móveis e Utensílios Veículos Ferramentas (-) depreciação acumulada Obras em andamento INTANGÍVEL

Marcas, direitos e patentes indus-triais (-) amortização acumulada

NÃO CIRCULANTE

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

Empréstimos e financiamentos

Títulos a pagar

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital social (-) capital social a integralizar (-) Ações em tesouraria (- +) Ajustes de avaliação pa-trimonial (-) Prejuízos acumulados Reservas

Fonte: Lei 6404/76, alterada pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09

Observada a estrutura básica do Balanço Patrimonial conforme a legis-lação vigente, cabe ressaltar a importância dessa demonstração na gestão da empresa, tendo em vista que apresenta, de forma sucinta, as origens (passivo e patrimônio líquido) e as aplicações (ativo) de recur-sos, de onde temos os subsídios para as decisões de investimento e financiamento.

2.1.3 Decisões de investimento e financiamento

Entende-se por investimento toda a aplicação de capital em algum ativo (bens e direitos) tangível ou intangível, para obter determinado retorno no futuro. Um investimento pode ser a criação de uma nova empresa, ou pode ser um projeto em uma empresa já existente, por exemplo.

No setor industrial, o projeto de investimento mais clássico é a aquisi-ção de novas linhas de produção. Mas também são importantes os projetos de reposição de equipamentos, reforma de linhas de produção antigas, projetos para automação industrial, projetos para adoção de novas tecnologias e projetos linha verde, objetivando reduzir os impac-tos ambientais dos processos produtivos.

No setor agroindustrial, os projetos envolvem aplicações de recursos na aquisição de maquinário agrícola, na construção de silos e arma-zéns, no melhoramento genético e do solo, no aumento da produtivi-dade, na formação de cooperativas, no processamento de produtos in natura, agregando valor na informatização do controle da produção e nos canais de comercialização.

Já no setor de serviços, os projetos de investimento referem-se desde a reforma de instalações até campanhas publicitárias. Os gastos com automação comercial e sistemas de informações gerenciais também são projetos de investimento, na medida em que podem aumentar ou diminuir o valor da empresa no longo prazo.

No segmento comercial os projetos centram-se nos investimentos em marketing, diferenciais mercadológicos, TI, dentre outros.

O Quadro 3 ilustra as principais questões que devem ser respondidas antes de se tomar uma decisão de investimento na empresa, utilizan-do-se da estrutura do ATIVO. Sabe-se que esta estrutura se altera em função do ramo de negócios da empresa e de suas características espe-cíficas, no entanto, em quaisquer ramos, as questões respondidas são semelhantes para qualquer empresa.

Quadro 3 – Decisão de Investimento

ATIVO Questões a serem respondidas

Ativo Circulante (até 360 dias)

Disponibilidades

Créditos

Estoques

Despesas Antecipadas

Ativo Não Circulante (+ de 360 dias)

Realizável a Longo Prazo

Investimentos

Imobilizado

Intangível

Onde estão aplicados os re-cursos financeiros?

Quanto em ativos circulantes? Quanto em ativos não circu-lantes? Em quais?

Qual a melhor composição dos ativos?

Qual o risco do investimento?

Qual o retorno do investimen-to?

Quais as novas alternativas de investimentos?

Como decidir em quais ativos investir?

Como maximizar a rentabili-dade dos investimentos exis-tentes?

O que deve ser descartado, reduzido ou eliminado por não acrescentar valor?

Fonte: Adaptado de Lemes Júnior, Rigo, Cherobim (2002, p.10)

No que se refere às decisões de financiamento, a composição de re-cursos da empresa é chamada de ESTRUTURA FINANCEIRA e pode ser verificada do lado direito do balanço: o PASSIVO. Tais decisões envolvem a escolha da estrutura de capital, a determinação do custo de capital e a captação de recursos. Remetem, portanto, à definição das fontes de financiamentos a serem utilizadas nas atividades da empresa e nos projetos de investimento. Os recursos financeiros advêm de duas fontes: capital próprio (Patrimônio Líquido) e de terceiros (obrigações, dívidas).

O capital próprio é formado por recursos dos proprietários e acionistas da empresa. Tais recursos são feitos no longo prazo, através da compra de ações, do investimento em cotas, do reinvestimento de lucros gera-dos, etc. O capital de terceiros entra na empresa por meio de emprés-timos e financiamentos obtidos de instituições financeiras, além das

dívidas da empresa com fornecedores (duplicatas a pagar), com funci-onários (salários a pagar), com o governo (tributos a pagar/recolher), conforme evidenciado no quadro 4.

Quadro 4 – Decisões de financiamento

Passivo Questões a serem respondidas...

Passivo Circulante (até 360 dias)

Fornecedores

Empréstimos e financiamentos

Impostos a Pagar

Salários a Pagar

Encargos a Recolher

Outros

Passivo Não Circulante (+ 360 di-as)

Financiamentos

Patrimônio Líquido

Capital Social

Reservas

Ajustes de Avaliação Patrimonial

Qual a estrutura de capital?

De onde vêm os recursos?

Qual a participação de capital próprio?

Qual a participação de capitais de terceiros?

Qual o perfil do endividamento?

Qual o custo de capital? Como reduzi-lo?

Quais as fontes de financiamento utilizadas e seus respectivos cus-tos?

Quais deveriam ser substituídas ou eliminadas?

Qual o risco financeiro?

Qual o sincronismo entre os vencimentos das dívidas e a gera-ção de meios de pagamento?

Fonte: Adaptado de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002, p. 12)

As questões pontuadas por Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002) nos remetem às primeiras “leituras” do balanço patrimonial, com vistas a compreender as informações contidas nesse relatório. Analistas, ban-cos, investidores, sindicatos, fornecedores, governo, buscam respostas a tais indagações com vistas a mensurar o risco e a liquidez das enti-dades, tópicos que estudaremos a seguir.

2.2 Ponto final

O Balanço Patrimonial é a demonstração financeira destinada a evi-denciar, de forma qualitativa e quantitativa, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da entidade. No Balanço Patrimonial as contas deverão ser classificadas de acordo com os elementos do patrimônio que registrem, de forma a facilitar sua leitura e interpreta-

ção. Saliente-se que no Ativo (aplicações de recursos – bens e direitos) as contas estão organizadas em ordem dos prazos esperados de reali-zação, enquanto que no Passivo (origem dos recursos), estão em ordem de exigibilidade (vencimento).

Atividades

1) O Balanço Patrimonial serve como elemento de partida funda-mental para o conhecimento da situação financeira e patrimonial da entidade. Em relação ao Balanço Patrimonial, é correto dizer:

a) O Passivo representa as aplicações dos recursos; b) Os Capitais de Terceiros contemplam os bens e direitos da organi-

zação; c) O Ativo representa as aplicações de recursos; d) As obrigações vencíveis no curto prazo devem ser registradas no

Ativo Circulante; e) Apresenta a formação do resultado do exercício. 2) O Balanço Patrimonial é a fotografia dos atos e fatos contábeis de

uma entidade, expresso em valores monetários. É finalidade do Balanço Patrimonial:

a) a) demonstrar o resultado do exercício; b) b) evidenciar as mutações do Patrimônio Líquido; c) c) detalhar a movimentação dos recursos financeiros disponíveis; d) d) demonstrar a situação patrimonial e financeira da empre-

sa/organização, no encerramento do exercício social, e as mutações ocorridas durante o exercício;

e) apresentar as mutações do Patrimônio Líquido.

3) Em relação ao Balanço Patrimonial, as Disponibilidades, os Direi-tos Realizáveis durante o exercício social seguinte ao do Balanço, bem como as aplicações de recursos em Despesas do Exercício Se-guinte, serão classificados em:

a) Ativo Circulante; b) Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo; c) Ativo Não Circulante Imobilizado; d) Ativo Não Circulante Investimentos; e) Ativo Não Circulante Intangível.

4) As contas que representam bens destinados à manutenção das atividades da empresa, como: Móveis e Utensílios, Veículos, Insta-lações, Imóveis, Computadores e Periféricos, etc, são classificadas:

a) no Ativo Circulante; b) no Passivo Exigível a Longo Prazo; c) no Ativo Não Circulante Imobilizado; d) no Ativo Não Circulante Intangível; e) no Ativo Não Circulante Investimentos. 5) Os direitos realizáveis compreendem as contas representativas de

direitos ou valores a receber que, embora não representem dinhei-ro disponível em determinada data, serão convertidos em dinhei-ro em maior ou menor prazo. As contas que representam direitos a receber no curto prazo são classificadas:

a) No Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo; b) No Ativo Circulante c) No Passivo Circulante; d) No Ativo Não Circulante Investimentos; e) No Passivo Circulante.

6) As obrigações de longo prazo referem-se aos valores a pagar cuja liquidação ocorrerá em prazo superior ao seu ciclo operacional ou após o exercício social seguinte. As contas que representam obri-gações de longo prazo devem ser classificadas:

a) no Passivo Circulante; b) no Passivo Não Circulante; c) no Patrimônio Líquido; d) no Ativo Circulante; e) No Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo.

7) No Balanço Patrimonial, as aplicações de recursos em despesas do

exercício seguinte deverão ser classificadas no: a) Ativo Intangível; b) Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo; c) Ativo Circulante; d) Ativo Não Circulante Imobilizado; e) Patrimônio Líquido.

8) O Balanço Patrimonial da empresa Lizbela Confecções está assim constituído:

Ativo Circulante R$ 3.000.000 Ativo Não Circulante R$ 10.000.000 Passivo Circulante R$ 2.000.000 Passivo Não Circulante R$ 1.500.000 Patrimônio Líquido R$ 9.500.000

Com base nessas informações, pode-se afirmar que:

a) O seu capital próprio é de R$ 13.000.000; b) O capital de terceiros é de R$ 1.500.000 c) O conjunto de bens e direitos disponíveis e realizáveis no curto

prazo é de R$ 3.000.000; d) As obrigações exigíveis no longo prazo totalizam R$ 2.000.000; e) As aplicações de recursos totalizam R$ 10.000.000

9) Aponte a alternativa em que não há correlação entre os termos agrupados:

a) Máquinas e equipamentos; veículos para entrega de mercadorias; imóvel da fábrica.

b) Caixa; Bancos conta Movimento; Aplicações Financeiras de Liqui-dez Imediata.

c) Capital Social; Ajustes de avaliação patrimonial; Reservas de Lu-cro.

d) Duplicatas a Receber (até 6 meses); Estoques; Empréstimos a Só-cios/Empresas Coligadas.

e) Salários a Pagar (mês seguinte), Impostos a Recolher (daqui a 30 dias); Fornecedores (curto prazo).

10) As aplicações efetuadas por empresas industriais em bens imóveis que se destinam à renda (para aluguel) devem ser classificadas como:

a) Ativo Não Circulante Imobilizado b) Ativo Não Circulante Intangível c) Ativo Não Circulante Investimentos d) Ativo Circulante e) Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo

3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE ou DEREX)

Simone Loureiro Brum Imperatore

Antes de prosseguirmos com o estudo do DRE, torna-se necessário que você conheça as contas de resultado, quer sejam: as Receitas e Despe-sas (e custos). Elas aparecem durante o exercício social, encerrando-se (zerando) ao final do mesmo. Não fazem parte do Balanço Patrimonial como as contas patrimoniais (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido), mas é por meio delas que sabemos se a empresa apresentou lucro ou prejuízo em suas atividades. Vejamos...

3.1 Receitas

São valores que a empresa gera como fonte de recursos financeiros, para atender a seus gastos e manter as suas atividades, ou seja, decor-rem da venda de bens (mercadorias) ou da prestação de serviços. Constituem INGRESSOS (entradas) de recursos para o patrimônio da entidade sob a forma de bens e direitos, correspondendo, em geral, a vendas de mercadorias ou prestação de serviços. Podem derivar, tam-bém, de remunerações sobre aplicações ou operações financeiras. A receita sempre aumenta o Patrimônio Líquido. Ex.: Vendas a Vista, Vendas a Prazo, Receitas de Prestação de Serviços, Aluguéis Ativos, Juros Ativos, Descontos Obtidos.

3.2 Despesas

Segundo Marion, (2006, p. 78), despesa é todo o sacrifício, todo o esfor-ço da empresa para obter receita. Cherman (2010, p.4) sintetiza: “São gastos consumidos, direta ou indiretamente, na obtenção de receitas”.

Em outras palavras, é o gasto relativo a bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para:

a) comercialização e distribuição dos produtos (despesa de ven-das);

b) direção geral e área de apoio (despesa administrativas)

c) remuneração do capital de terceiros (despesa financeira)

As despesas deverão ser registradas por ocasião do consumo dos bens ou serviços utilizados pela empresa para a manutenção, independen-temente de seu efetivo pagamento. Constituem SAÍDAS de recursos e se refletem no Balanço Patrimonial através da redução do saldo de Caixa (ou Banco Conta Corrente) quando é paga no ato (a vista), ou mediante o aumento de uma obrigação, quando é contraída no presen-te para ser paga no futuro (a prazo). Ex.: Água e Esgoto, Material de Expediente, Aluguéis Passivos, Juros Passivos, Café e Lanches, Luz, Descontos Concedidos, Salários, Despesas Bancárias, Encargos Sociais, Fretes, Prêmios de Seguros, Impostos, Telefone, etc.

Bem, se receitas e despesas são CONTAS DE RESULTADO, as contas que representam bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido (as quais você já conhece) são chamadas de CONTAS PATRIMONIAIS. Fica fácil de diferenciar:

3.3 Despesa e custo

Precisamos diferenciar despesa e custo.

Quando a matéria-prima é adquirida (comprada), constitui um gasto, ou seja, um desembolso (saída de dinheiro, pagamento) para a aquisi-ção de um bem, sendo “estocada” no Ativo. No instante em que essa matéria-prima entra em produção, a reconhecemos como CUSTO.

Portanto, todos os gastos no processo de industrialização, que contri-buem com a transformação da matéria-prima (fabricação) em produto, entendemos como custos: mão de obra, energia elétrica, manutenção, desgaste de máquinas utilizadas para a produção (depreciação), emba-lagens, aluguel da fábrica, etc. Já os gastos referentes ao escritório e à administração são classificados em despesas.

Observe: o aluguel pode ser tratado como despesa ou custo. Tratando-se de aluguel referente ao prédio da fábrica, será considerado custo; tratando-se de aluguel referente ao prédio do escritório (administra-ção) será considerado despesa. Este raciocínio é extensivo ao imposto predial, salários, materiais, depreciação (quando de bens da fábrica custo; quando de bens do escritório, despesa).

Numa empresa comercial, o gasto da aquisição da mercadoria para revenda será tratado como custo; já numa empresa de prestação de serviços, a mão de obra aplicada nos serviços prestados mais o materi-al utilizado nesses serviços serão considerados custos. Para ambas as atividades, todos os gastos na administração, assim como na indústria, serão tratados como despesas.

Pela Lei das Sociedades Anônimas identificamos três tipos de despe-sas: de vendas, administrativas e financeiras. Vejamos alguns exem-plos:

a) Despesas com Vendas: salários do pessoal de vendas, marke-ting e pesquisa de mercado, distribuição, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, despesas com garantia, promoções de bonificações, fretes, etc;

b) Despesas Administrativas: salários do pessoal administrati-vo, encargos sociais, assistência médica, aluguéis, energia elé-trica, condomínio, seguros, despesas de viagens, material de escritório, depreciação, impostos, remuneração da diretoria, etc;

c) Despesas Financeiras: juros passivos, descontos concedidos, despesas bancárias, etc;

Para não esquecer:

Custos : Gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na pro-dução de outros bens ou serviços: Gastos da FÁBRICA – custo dos produtos, custo das mercadorias vendidas

Despesas: Gastos do ESCRITÓRIO e ADMINISTRAÇÃO – vendas, administrativas e financeiras para manutenção das ati-vidades da empresa; promoção de vendas.

3.4 Estrutura básica da DRE

A DRE é um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período (12 meses). Segundo Azevedo (2009, p.15) “[...] pretende demonstrar qual o lucro ou prejuízo do exercício publicado, bem como a sua estrutura de apuração, demonstrando o “caminho” que o dinheiro percorre dentro de uma empresa até ser apurado o lucro”.

É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas sub-traem-se as despesasa e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). Ao apresentar o resultado, a DRE evidencia a riqueza gerada pela entidade em determinado período (exercício), sabendo-se que esta riqueza pertence, ao final das contas, aos acionistas/sócios da entidade.

A DRE pode ser simples para micro e pequenas empresas que não requeiram dados pormenorizados para a tomada de decisão, como é o caso de bares, farmácias, mercearias, etc. Deve evidenciar o total de despesa deduzido da receita, apurando-se, assim, o lucro, sem destacar os principais grupos de despesas.

A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores detalhes para a to-mada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos, etc. Assim:

a Atenção: a DRE obedece ao princípio de competência, ou seja, as receitas e despesas são contabilizadas no momento de sua ocorrência, independentemente de seu recebimento ou pagamento.

Importante:

A DRE é elaborada a partir da conta Lucros e Perdas (ou Lucros ou Prejuízos Acumulados). Ela é uma demonstração financeira impres-cindível para a elaboração do Balanço Patrimonial (deve, inclusive, preceder o levantamento do mesmo). Normalmente o resultado do exercício das empresas é apurado no final do ano civil. Sua finalidade é melhor evidenciar o ganho, tendo em vista as necessidades de infor-mações do usuário externo, bem como fornecer os dados essenciais à análise da formação do resultado do exercício. Como já vimos, para se apurar o resultado do exercício de uma empresa, basta confrontar o total de despesas com o total das receitas ocorridas em um determina-do período.

Quadro 5 – Estrutura da demonstração do resultado do exercício

ESTRUTURA BÁSICA DA DRE Empresa Z

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Período de 01.01 a 31.12.XX

RECEITA BRUTA ( - ) Tributos Incidentes sobre Vendas ( - ) Devoluções e Abatimentos ( - ) Descontos Incondicionais = RECEITA LÍQUIDA

( - ) Custo das Mercadorias Vendidas (se comércio) ou ( - ) Custo dos Produtos Vendidos (se indústria) ou ( - ) Custo dos Serviços Prestados (se empresas de serviços) = RESULTADO BRUTO

( - ) Despesas Operacionais - Vendas - Administrativas - Financeiras Líquidas (despesas - receitas financei-ras) = RESULTADO OPERACIONAL

( + ) e/ou ( - ) Outras Receitas e/ou Despesas Operacio-nais

= RESULTADO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

( - ) Provisão para a Contribuição Social = RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA

( - ) Provisão para o Imposto de Renda = RESULTADO DEPOIS DO IMPOSTO DE RENDA

( - ) Provisão para Participação de Debenturistas ( - ) Provisão para Participação dos Empregados ( - ) Provisão para Participação dos Administradores ( - ) Provisão para Participação de Partes Beneficiárias = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

LUCRO LÍQUIDO POR AÇÃO

Fonte: Adaptado de Azevedo (2009)

Segundo Azevedo (2009, p.30) “A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) tem como finalidade, além de evidenciar o resultado do exercício – lucro ou prejuízo – demonstrar a origem dos recursos próprios que são aplicados na empresa (receitas) assim como todos os gastos (custos e despesas) envolvidos na geração da riqueza da entida-de”. Saliente-se que a DRE tem caráter econômico (relacionado à ri-queza da entidade) e não financeiro (relacionado a dinheiro). O mesmo autor exemplifica a aplicação das informações da DRE:

a) O gestor da entidade terá uma visão estratégica, determinan-do qual o melhor caminho a ser seguido pela organização pa-ra o aumento de sua lucratividade, podendo, para tanto, de-terminar a redução de custos e despesas (quais?), sem com-prometer a qualidade dos produtos e serviços;

b) O acionista, por sua vez, visualiza as tendências financeiras da entidade, se está aplicando de forma correta e coerente os recursos obtidos (despesas e custos);

c) O Governo (fisco) observa se a empresa está apurando seus impostos com correção;

d) A concorrência (no caso de demonstrações publicadas) avalia o sistema de custeio/despesa da empresa;

e) Os fornecedores, investidores e bancos avaliam o potencial de geração de lucros da entidade.

O quadro 6 evidencia as principais questões que orientam a leitura e interpretação da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE:

Quadro 6 – Análise da demonstração do resultado do exercício: questões a serem respondidas

Receita Operacional

(-) Deduções da Receita

Impostos incidentes sobre vendas

Devoluções

Abatimentos

(=) Receita Operacional Líquida

(-) Custos Operacionais

(=) Resultado Operacional Bruto

(-) Despesas Operacionais

Administrativas

Comerciais

Financeiras

(=) Resultado Operacional

(+-) Outras Receitas/Despesas Ope-racionais

(=) Lucro antes IR

(-) Imposto de Renda

(=) Lucro Líquido do Exercício

Lucro Líquido por Ação

Quais os resultados obtidos? Co-mo mantê-los ou melhorá-los?

Qual o crescimento das vendas? E dos custos? E das despesas?

Qual a participação percentual dos custos e das despesas em relação às receitas?

Qual a margem líquida de venda?

Quais os custos e despesas que podem ser reduzidos?

As receitas obtidas são compatí-veis com os investimentos?

Os lucros têm atingido as metas estabelecidas? Como são quando comparados com os das melhores empresas do ramo?

Fonte: Adaptado de Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2002, p. 13)

As questões apresentadas pelos autores nos remetem à análise da for-mação do resultado do exercício e sua comparação com o inicialmente planejado. Como se vê, a DRE fornece detalhes para a tomada de deci-são: grupos de despesas, vários tipos de lucros, destaque dos impostos, evolução das devoluções e dos custos, etc

3.5 DRE inovada ou Ebitda

É comum observarmos atualmente, relatórios contábeis com a expres-são Ebitda.

Ebitda em inglês é identificado como Earning Before Interest, Taxes, De-preciation am Amortization. Em português é chamado popularmente de Lajida – Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.

De certa forma, Ebitda é o Lucro Operacional ajustado, quer seja, indica quanto dinheiro os ativos operacionais de uma companhia produzem. Portanto, O EBITDA representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas atra-vés de suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Por isso, alguns profissionais cha-mam o EBITDA de fluxo de caixa operacional. Observe a comparação de uma DRE Tradicional e uma DRE Inovada com EBITDA de uma empresa comercial.

Quadro 7 – Comparação DRE tradicional e inovada

DRE TRADICIONAL DRE INOVADA Receita 1.600.000 (-) CMV (800.000) Lucro Bruto 800.000 (-) Despesas Operacionais Vendas (200.000) Administrativasb (350.000) Financeiras (50.000) Lucro Operacional 200.000 (-) IR Renda e Contr Social (48.000) Lucro Líquido 152.000

Receita 1.600.000 (-)CMV (800.000) Lucro Bruto 800.000 (-) Desp Vendas (200.000) (-) Desp Administrativas (2 90.000) EBITDA 310.000 (-) Depreciação (60.000) (-) Desp Financeiras (50.000) Lucro Operacional 200.000 (-) IR e Contr Social (48.000) Lucro Líquido 152.000

Fonte: Adaptado de Marion (2006)

Segundo Marion (2006, p. 106) “Ebitda abrange todos os componentes operacionais (despesa e receita financeira não são operacionais) e os componentes com potencial de afetar o caixa (depreciação não afeta o caixa), evidenciando a capacidade da empresa em gerar recursos con-siderando seu negócio”.

O EBITDA representa o potencial de geração operacional de caixa que o ativo operacional de uma empresa é capaz de produzir, antes de considerar o custo de qualquer capital tomado emprestado (despesas

b Incluída Depreciação

financeiras). Não corresponde ao efetivo fluxo de caixa físico já ocorri-do no período porque parte das vendas pode não estar recebida e parte das despesas pode não estar paga. Assim que recebidas todas as recei-tas e pagas todas as despesas, esse é o valor de caixa produzido pelos ativos, antes de computadas as receitas e as despesas financeiras (ju-ros), impostos (sobre o lucro), a depreciação, a amortização e a exaus-tão.

Desta forma, consiste o EBITDA num poderoso indicador de desem-penho financeiro, posto que reflete o potencial de geração de recursos decorrentes eminentemente das operações da empresa. Note que são excluídos do cômputo toda e qualquer despesa escritural, ainda que operacional, a exemplo da depreciação posto que, não representa saída de recursos (desembolso). Sua aplicação tem sido exaustiva no campo de avaliação de empresas, o que ressalta a importância da contabilida-de, ainda que histórica, na fixação de referência de valor.

3.6 Reservas

Reservas são valores recebidos dos sócios ou de terceiros que não cor-respondem a aumento de capital e que não passaram pelas contas de resultado como receita. Podem ser, ainda, lucros retidos com finalida-de específica. As reservas não constituem valores em dinheiro, são percentuais predefinidos pela legislação e pelo estatuto da empresa, sendo assim, não podem ser distribuídas aos acionistas ou partes inte-ressadas como lucros ou dividendos, pois não têm características de exigíveis. Podem ser:

a) Reservas de Capital;

b) Reservas de Lucros.

3.6.1 Reservas de capital

A reserva de capital é aquela que não se origina do resultado do exer-cício (lucro), portanto, não transita pela DRE. Originam-se de fatos financeiros e contábeis ocorridos na empresa, dentre os quais desta-cam-se:

a) Ágio na emissão das ações: deriva do aumento do capital da empresa, por meio da emissão e venda de novas ações com lucro; esse excedente é chamado de ágio e será classificado na conta de Reservas de Capital;

b) Doações e subvenções para investimentos: são doações e subvenções recebidas pela empresa, vindas da iniciativa pú-blica ou privada, aumentando a sua riqueza.

Destinação das Reservas de Capital:

a) Absorver prejuízos;

b) Incorporação ao Capital;

c) Resgate de partes beneficiárias;

d) Pagamento de dividendos a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada.

3.6.2 Reservas de lucros

As reservas de lucros subdividem-se em:

a) Reserva Legal;

b) Reservas Estatutárias;

c) Reserva para Contingências;

d) Reserva Orçamentária;

e) Reserva de Lucros a Realizar.

A reserva legal é constituída por valor igual a 5% do lucro líquido do exercício e não excederá a 20% do capital social. Tem por fim assegurar a integridade do Capital Social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar capital (lei das S.A).

As reservas estatutárias, por sua vez, são aquelas previstas nos estatu-tos da empresa e possuem regras claras que indicam a sua finalidade e fixam os critérios que determinam a parcela anual dos lucros líquidos a serem destinados à sua constituição. O estatuto também determina o limite máximo da reserva.

A Assembleia geral poderá ainda, destinar parte do Lucro Líquido à formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição de perda julgada provável, cujo valor possa ser estimado. A constituição de tal reserva busca evitar uma situação de desequilíbrio financeiro caso se distribuíssem os dividendos em um exercício, face à probabilidade de redução de lucros ou mesmo ocor-

rência de prejuízo em exercício futuro, em virtude de fatos extraordi-nários previsíveis. Como exemplo temos: suspensão temporária da produção, falta de suprimento de matéria-prima, passivos ambientais, processos tributários, eventos climáticos previstos, etc. Sua constitui-ção é opcional, devendo ser indicadas a causa da perda prevista e justificativa de sua constituição. Referida reserva deixará de ser consti-tuída e será revertida no exercício em que deixarem de existir as razões que justificaram a sua constituição.

A Reserva Orçamentária, também conhecida como Reserva de Lucros para Expansão, tem a finalidade de garantir o investimento em expan-são da empresa quando previsto no orçamento de capital, devendo ser aprovada em assembleia geral. Referido orçamento deverá compreen-der todas as fontes de recursos e aplicação de capital e poderá ter a duração de até cinco exercícios, salvo exceções.

Por último, no exercício em que os lucros a realizar ultrapassarem o total deduzido dos valores destinados às reservas legal, estatutária, contingências e orçamentária, a Assembleia geral poderá destinar o excesso à constituição de Reserva de Lucros a Realizar. Pela Lei 10.303/01 fica assegurado o cálculo da Reserva de Lucros a Realizar apenas para pagamento de dividendo obrigatório.

3.7 Ponto final

A DRE é apresentada como um resumo ordenado dos componentes que provocam alterações no Patrimônio Líquido das entidades (recei-tas, despesas e custos). Além de fornecer as informações para a apura-ção do resultado, a DRE possibilita uma visão gerencial da entidade e, com uma análise mais apurada, avalia-se o desempenho da entidade e a eficiência dos gestores em obter (ou não) resultados positivos. Confi-gura-se num importante instrumento de orientação para a gestão e, junto ao Balanço Patrimonial constitui as demonstrações mais impor-tantes das entidades (e nas quais vamos dedicar especial atenção nos processos de análise e interpretação).

Atividades

1) Sobre a Demonstração do Resultado do Exercício, é correto afir-mar:

I. compara receitas com despesas do período, apurando seu resulta-do;

II. indica acréscimos e decréscimos gerados no Patrimônio Líquido, originários das operações da empresa.;

III. é um relatório contábil que evidencia a situação econômica da entidade.

a) Todas as alternativas estão corretas b) Nenhuma alternativa está correta; c) As alternativas I e II estão corretas; d) Apenas a alternativa I está correta; e) Apenas a alternativa II está correta. 2) A Demonstração do Resultado do Exercício é a apresentação, em

forma resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, demonstradas de forma a destacar o resultado lí-quido do período. Relativamente a esse assunto, julgue os itens a seguir, assinalando a resposta correta:

a) na determinação do resultado do exercício, serão computadas apenas as receitas e os rendimentos efetivamente realizados em moeda, no período, assim como custos, despesas, encargos e per-das pagos, correspondentes às receitas e rendimentos;

b) a Receita Líquida de Vendas corresponde à receita Bruta de Ven-das menos deduções e abatimentos sobre vendas;

c) as despesas financeiras, gerais, administrativas e com vendas devem ser demonstradas após a apuração do resultado operacio-nal;

d) o Lucro Bruto é igual à Receita Bruta de Vendas ou Serviços mais impostos;

e) regime contábil aplicado à DRE é o de Caixa. 3) Na Demonstração do Resultado do Exercício, a informação contá-

bil que permite saber se uma empresa está obtendo lucro ou preju-ízo com as atividades diretamente relacionadas com o objetivo de seu negócio chama-se Resultado:

a) Bruto b) Líquido c) Operacional d) Do exercício após o IR e) Nenhuma das alternativas está correta.

4) No encerramento de uma empresa comercial, apuraram-se, entre outros, os saldos a seguir:

Faturamento R$ 700.000 Devoluções de vendas R$ 35.000 Descontos comerciais (abati-mentos) sobre vendas

R$ 15.000

Impostos incidentes sobre vendas

R$ 167.900

Descontos financeiros sobre vendas

R$ 25.000

Comissões sobre vendas R$ 30.750 Com base nesses dados, é correto afirmar que a receita líquida de ven-das, nos termos da legislação comercial e tributária, é de: a) R$ 522.750; b) R$ 532.100; c) R$ 426.350; d) R$ 482.100; e) R$ 457.100. 5) A Cia Esperança apresenta os seguintes valores em relação a resul-

tado do exercício: COFINS R$ 180 Custo da Mercadoria Vendida R$ 2.800 Despesas Financeiras R$ 600 ICMS sobre Vendas R$ 720 PIS sobre Faturamento R$ 60 Receita Operacional Bruta R$ 6.000 Salários e Ordenados R$ 1.000

Com base nos dados apresentados, pode-se afirmar que a empresa apresenta: a) Receita Líquida de Vendas de R$ 5.280; b) Receita Líquida de Vendas de R$ 2.240; c) Lucro Operacional Bruto de R$ 5.040; d) Lucro Operacional Líquido de R$ 2.240; e) Lucro Operacional Líquido de R$ 640.

6) A Cia Sucesso apresentou os seguintes resultados no exercício anterior:

Vendas 526.000 Outras Receitas Operacionais R$ 48.000 Despesa de Aluguel R$ 13.000 Despesas Financeira R$ 22.000 Dividendos pagos R$ 57.000 Despesas de salários R$ 42.000 Imposto de Renda e Contri-buição Social provisionados

R$ 80.000

Impostos Incidentes sobre vendas

R$ 50.000

Despesa de Depreciação R$ 32.000 CMV R$ 213.000

De acordo com a estrutura prevista na legislação brasileira, o resultado operacional líquido e o resultado líquido apurados foi de: a) R$ 263.000 e R$ 176.000 b) R$ 154.000 e R$ 202.000 c) R$ 476.000 e R$ 176.000 d) R$ 202.000 e R$ 176.000 e) Nenhuma das alternativas está correta 7) Ao encerrar o exercício de 20XX, a Cia Alegria apurou os seguin-

tes saldos:

Contas SaldosCapital Social 200.000 Estoque de Mercadorias 256.000 Clientes 140.000 Caixa 70.000 Fornecedores 250.000 Participações em outras Empresas 50.000 Móveis e Utensílios 310.000 Depreciação 60.000 Duplicatas Descontadas 90.000 Depreciação Acumulada 180.000 Prejuízos Acumulados 32.000 Salários a Pagar 18.000 Provisão para devedores duvido-sos

2.000

Capital a Realizar 40.000

ICMS a Recolher 65.000 Reserva Legal 6.000 Ações em Tesouraria 30.000 Prêmios de Seguros 17.000 Duplicatas a Pagar 100.000 IR a Recolher 15.000

Elaborando o balanço patrimonial com os dados apresentados, vamos encontrar um: a) Ativo Total de R$ 478.000 b) Passivo e Patrimônio Líquido de R$ 560.000 c) Passivo Circulante de R$ 354.000 d) Patrimônio Líquido de R$ 104.000 e) Nenhuma das respostas está correta 8) (Adaptado de ESAF/SEFAZ/2009) Em relação à Demonstração do

Resultado do Exercício, assinale a alternativa correta: a) Após apurado o resultado do exercício e calculadas as provisões

para contribuição social e Imposto de Renda, deverão ser calcula-das e contabilizadas as participações contratuais e estatutárias nos lucros e as contribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados;

b) As despesas do mês, que foram pagas antecipadamente, estão registradas em contas de Ativo Não Circulante Investimentos;

c) Outras despesas operacionais são aquelas decorrentes de transa-ções não incluídas nas atividades principais ou acessórias da em-presa, como, por exemplo, o montante obtido com a venda do imobilizado;

d) Lucro Bruto é a diferença entre a receita líquida de vendas de bens ou serviços e as despesas operacionais;

e) Todas as alternativas estão corretas 9) A empresa Facilite Ltda apurou ao final do exercício 20XX os

seguintes saldos: Receita Bruta de Vendas R$ 700.000 Deduções de Vendas R$ 58.000 Custo das Mercadorias Vendidas R$ 400.000 Despesas Operacionais R$ 32.000 Provisão de Imposto de Renda e CSLL R$ 10.000 Do resultado apurado, 10% será provisionado para pagamento de participação estatutária de administradores

Com base nessas informações, pode-se dizer que o lucro após o IR e CSLL e a participação estatutária dos administradores (em R$) será de, respectivamente: a) R$ 232.000 e R$ 23.200; b) R$ 200.000 e R$ 18.000; c) R$ 210.000 e R$ 21.000; d) R$ 200.000 e R$ 20.000; e) R$ 242.000 e R$ 24.200. 10) A Lei 6404/76 e as alterações pertinentes estabelecem que na De-

monstração do Resultado do Exercício seja evidenciada a lucrati-vidade absoluta, indicando o montante, em reais ou fração, do lu-cro obtido por ação do capital social. A empresa Facilita tem seu capital social constituído de 600 mil ações e apresentou os seguin-tes dados em relação ao exercício 20XX:

Reserva Legal R$ 30.000 Reservas Estatutárias R$ 45.000 Participações Estatutárias R$ 18.000 Provisão IR e CSLL R$ 40.000 Receita Líquida de Vendas R$ 225.000 Lucro Operacional Bruto R$ 145.000 Lucro Operacional Líquido R$ 106.000 Outras Receitas Operacionais R$ 24.000 Capital Social R$ 800.000

Neste caso, baseado nas informações fornecidas, podemos dizer que o lucro por ação do capital social a ser indicado na última linha da DRE foi de: a) R$ 0,15 por ação b) R$ 0,12 por ação c) R$ 0,11 por ação d) R$ 0,09 por ação e) R$ 0,08 por ação

4 DEMONSTRAÇÃO DOS LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS – DLPA

Simone Loureiro Brum Imperatore

Além das demonstrações contábeis mais conhecidas, Balanço Patrimo-nial e Demonstração do Resultado do Exercício, a contabilidade pro-duz outras demonstrações, que são derivadas dessas, e que oferecem importantes “detalhes” das operações das entidades. A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados analisa o fluxo do lucro ajustado ao do Patrimônio Líquido, por meio das destinações para as reservas e suas reversões, até a evidenciação dos dividendos a serem distribuídos aos acionistas. Segundo Iudícibus e Marion (2006), a DLPA constitui o elo de integração entre a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial, tendo por finalidade evidenciar, num determina-do período, o lucro no período, sua distribuição e a movimentação ocorrida no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados.

4.1 Conteúdo da demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

De acordo com a legislação vigente, citado por Sá (2009), a demonstra-ção de lucros ou prejuízos acumulados discrimina:

a) o saldo inicial (lucro/prejuízo) do exercício;

b) os ajustes que tenham ocorrido no exercício que se demonstraa;

c) reservas revertidas;

d) o lucro líquido do exercício que se demonstra e que se acresce à situação anterior (a + b);

a Os ajustes dos exercícios anteriores são apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqUentes.

e) o destino que foi dado ao resultado referido (a+b+c), ou seja, o que se transferiu para reservas, o que se distribuiu como dividendos, o que se incorporou ao capital, mostrando como se chega ao saldo final.

Segundo a legislação do Imposto de Renda (art. 274 do RIR/99), a de-monstração dos lucros ou prejuízos acumulados é obrigatória para as limitadas e outras sociedades. Já para as companhias abertas, a Comis-são de Valores Mobiliários - CVM estabelece a obrigatoriedade da demonstração das mutações do patrimônio líquido (a qual estudare-mos ainda neste capítulo).

4.1.1 Ajustes de exercícios anteriores

A legislação vigente estabelece que, observado o Princípio da Compe-tência de Exercíciosb, o Lucro Líquido do Exercício não deve ser influ-enciado por valores oriundos de outros exercícios. Desta forma, temos a evidenciação do Resultado Líquido realmente obtido com as opera-ções num determinado exercício.

A referida legislação dispõe que ajustes de exercícios anteriores são considerados apenas os decorrentes dos efeitos da mudança do critério contábil ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. Os erros a serem retificados são aqueles caracterizados por não serem cometi-dos para lesar o patrimônio da empresa ou os cofres públicos, são erros corriqueiros, como: inversão de números, contabilização para maior ou para menor de alguma provisão (IR, CSLL, férias, etc).

Tais ajustes devem ser contabilizados diretamente na conta de lucros acumulados de forma a aumentá-los ou diminuí-los. Critérios contá-beis, por sua vez, só podem ser alterados quando tal alteração gera uma qualificação na informação contábil. Saliente-se que a legislação dispõe que as Demonstrações Financeiras do exercício em que houver tais ajustes, deverão indicá-los em Notas Explicativas e ressaltar tal efeito.

4.1.2 Reversão de reservas

A reversão de reservas representa as parcelas do Lucro Líquido de exercícios anteriores que foram destinadas à constituição de reservas e que agora estão sendo reconduzidas, em sua totalidade ou em parte, para manutenção dos saldos do Patrimônio Líquido. As reversões de b Receitas e despesas são contabilizadas no período de sua ocorrência, independemente de seu recebimento/pagamento

reservas são importantes porque algumas delas alteram o montante que servirá de base para a apuração do dividendo obrigatório. É o caso, por exemplo, da reserva de contingênciac.

4.1.3 Lucro ou prejuízo do exercício

É o resultado líquido apurado na DRE do exercício financeiro findo, após as deduções das participações dos lucros (de debenturistas, em-pregados, administradores e partes beneficiárias), e será posto à dispo-sição dos sócios/acionistas para sua destinação, que deverá ser escritu-rada na Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.

4.1.4 Destinação do exercício

Nas sociedades limitadas não há dispositivo legal que as obrigue à distribuição de seus lucros, já para as sociedades anônimas, a obrigato-riedade de distribuição de lucros vem da Lei 6404/76. Consiste na des-tinação do resultado ajustado do exercício e, será feita pela direção da empresa em consonância com a decisão da Assembleia Geral, com o objetivo de constituição ou aumento das Reservas, até a distribuição dos dividendos aos acionistas.

Tendo sido apurado prejuízo no exercício, mesmo após a reversão das reservas, este deverá ser lançado diretamente na conta Prejuízos Acu-mulados (retificando o Patrimônio Líquido).

O quadro 8 apresenta a estrutura da Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados:

c É importante diferenciar reserva de provisão. No caso das provisões o fato gerador já ocorreu, por exemplo, uma ação trabalhista por parte de um ex-empregado, com perda provável (e mensurável) e credor. No caso de Reserva para Contingência ainda não ocorreu o fato gerador da perda, mas há uma probabilidade que venha acontecer no futuro.

Quadro 8 – Modelo da demonstração do resultado do exercício

Fonte: Azevedo (2009, p.144)

Como se vê, a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados evidencia o destino que se dá ao lucro. Saliente-se que uma parte é distribuída aos donos da empresa (sócios/acionistas) em dinheiro, remunerando o capital investido (dividendos). Outra parcela visa ao reinvestimento na empresa, no sentido de fortalecer o capital próprio, conhecida como lucro retido que irá ser incorporada ao Patrimônio Líquido da entidade através da constituição de reservas ou aumento de capital social.

Com a instituição dos dividendos obrigatórios e, também da faculdade de destacar parcelas do lucro do período para formação de reservas de lucros a realizar e da reserva para contingências, essa demonstração assume maior importância porque reflete os acréscimos e decréscimos que influenciam a base dos dividendos devidos.

Tratando-se de Sociedade Anônima de Capital Aberto, a Demonstra-ção dos Lucros ou Prejuízos Acumulados deverá ser substituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a qual estudare-mos a seguir.

4.2 Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL)

Segundo Perez Jr e Begalli (2002, p. 176) “O patrimônio líquido de uma empresa representa a riqueza real da entidade e pode ser interpretado como sendo ativos líquidos pertencentes aos proprietários, ou seja, bens mais direitos menos obrigações e constituem direito comum des-ses mesmos proprietários. Corresponde ao chamado capital próprio, ou seja, proveniente dos proprietários e dos lucros provenientes das atividades da empresa".

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido evidencia as mudanças, qualitativas e quantitativas, ocorridas no Patrimônio Líqui-do da entidade em determinado período. Ao contrário da Demonstra-ção dos Lucros ou Prejuízos Acumulados que fornece a movimentação de apenas uma das contas do Patrimônio Líquido (Lucros ou Prejuízos Acumulados), a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido evidencia as movimentações de TODAS as contas do Patrimônio Lí-quido. Assim, todo acréscimo e toda diminuição do Patrimônio Líqui-do são evidenciados por essa demonstração, bem como a formação e utilização das reservas (portanto, a empresa que optar publicar a DMPL, não precisa elaborar a DLPA).

Referida demonstração contábil fornece a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas do patrimônio líquido, fazendo indicação da origem e do valor de cada acréscimo ou diminuição no patrimônio líquido durante o exercício. Trata-se, portanto, de uma informação que complementa os dados constantes no Balanço Patri-monial e na Demonstração do Resultado do Exercício.

4.2.1 Estrutura da demonstração das mutações do patrimônio líquido

De acordo com a legislação vigente, a DMPL deverá discriminar, em confronto com os saldos já existentes:

a) Os saldos do início do período;

b) Os ajustes de exercícios anteriores;

c) Aumento de capital, discriminando sua natureza;

d) As reversões de reservas;

e) O resultado líquido do exercício (atual);

f) A proposta de destinação do lucro do período e

g) O saldo final do período.

Saliente-se que as contas que formam o Patrimônio Líquido podem sofrer variações por inúmeros motivos, tais como:

a) Itens que afetam o patrimônio total: acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício; redução por dividen-dos; acréscimo por ajuste de avaliação de ativos; acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos; acréscimo por subscrição e integralização de capital; acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadas ou o preço de emissão das ações sem valor nominal; acréscimo pelo va-lor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures; redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda; acrés-cimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores;

b) Itens que não afetam o total do patrimônio: aumento de capital com utilização de lucros e reservas; reversões de reservas patri-moniais para aumento de capital e ou compensação de Prejuízos.

O quadro 9 apresenta a estrutura detalhada da Demonstração das

Mutações do Patrimônio Líquido.

Quadro 9: Demonstração das mutações do patrimônio líquido

Fonte: Azevedo (2009, p.150)

Como se vê, a técnica de elaboração dessa demonstração é simples:

a) Indica-se uma coluna para cada conta do Patrimônio Líquido (preferencialmente indicando o grupo de reservas a que pertence). No caso da conta Capital social, pode-se detalhá-la apresentando o valor do capital subscrito, a realizar e realizado ou subtrair-se o saldo da conta capital a realizar (constante do Balanço Patrimoni-al) da conta Capital Social, indicando-se a conta Capital Realizado (saldo líquido);

b) nas linhas horizontais indicam-se as movimentações das contas do mesmo modo como se fez com a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;

c) A seguir faz-se as adições e/subtrações de acordo com as movi-mentações ocorridas.

4.3 Ponto final

Neste capítulo apresentamos a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados e a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Observa-se a necessidade de elaboração da DMPL para uma análise mais detalhada da movimentação das contas do Patrimônio Líquido, que evidenciam variações para maior ou para menor, bem como as transferências de valores entre elas. Saliente-se que a DLPA está conti-da na DMPL e, portanto, sendo elaborada esta última, desobriga-se a entidade da elaboração da DLPA.

Como Leituras complementares sugere-se: Lei 6404/76 e 11.638/07; RIR/99 – Regulamento do Imposto de Renda e Instrução CVM 59/1986.

Atividades

1) Sobre a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, é INCORRETO afirmar:

a) a elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Lí-quido (DMPL) é facultativa e, de acordo com o artigo 186, pará-grafo 2º, da Lei das S/A, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) poderá ser incluída nesta demonstração;

b) a DMPL é uma demonstração mais completa e abrangente, já que evidencia a movimentação de todas as contas do patrimônio lí-quido durante o exercício social, inclusive a formação e utilização das reservas não derivadas do lucro;

c) a elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Lí-quido é relativamente simples, pois basta representar, de forma sumária e coordenada, a movimentação ocorrida durante o exercí-cio nas diversas contas do Patrimônio Líquido, isto é, Capital, Re-servas de Capital, Reservas de Lucros, Ajustes de Avaliação Pa-trimonial, Ações em Tesouraria e Lucros ou Prejuízos Acumula-dos;

d) tem por finalidade indicar, a princípio, as origens dos recursos das operações, sendo que, após apurar-se o Imposto de Renda e a par-cela da depreciação, obtém-se o resultado líquido.

e) De acordo com a legislação vigente, a DMPL deverá discriminar, em confronto com os saldos já existentes: os saldos do início do período, os ajustes de exercícios anteriores, os aumentos de capi-tal, as reversões de reservas, o resultado líquido atual, a proposta de destinação do lucro, o saldo ao final do período.

2) É evidenciado, ou são evidenciados, na Demonstração das Muta-ções do Patrimônio Líquido:

a) saldos iniciais, ajustes anteriores, aumentos de Capital, reversões de reservas, o lucro líquido e sua destinação e saldos finais das contas que compõem o Patrimônio Líquido;

b) a formação do resultado do exercício e sua destinação; c) a situação patrimonial em um dado momento; d) as origens e as aplicações dos recursos; e) Todas as alternativas estão corretas 3) Com base nas informações extraídas de uma Demonstração dos

Lucros ou Prejuízos Acumulados, apure o saldo final da conta Lu-cros ou Prejuízos Acumulados: Saldo credor do início do exercício R$ 100 Reversões de Reservas de Lucros de Exercícios Anteriores

R$ 200

Lucro Líquido do Exercício R$ 1.000 Transferências para Reservas de Lucros R$ 300 Dividendos propostos R$ 150 Parcela de lucros incorporada ao capital R$ 100 Ajustes negativos de exercícios anteriores R$ 50

4) Considere os dados relativos à Demonstração de Lucros ou Preju-

ízos Acumulados da Cia Beta, levantada em 31/12/XX. Saldo credor da conta Lucros ou Prejuízos Acumu-lados no início do ano-calendário 20XX R$

R$ 123.450

Ajuste de exercícios anteriores R$ 12.350 Reversão de saldo das contas de reservas de lucros R$ 75.000; Reversão de Reserva de Contingências R$124.050 Reversão de reservas de lucros a realizar R$ 25.500 Parcela de lucros incorporada ao capital R$ 60.000 Lucro Líquido do Exercício 20X1 R$ 80.500

Distribuição do Lucro Líquido: Reserva Legal (R$ 4.025); Re-serva Estatutária (R$ 8.050) e Dividendos (R$ 50,000 – 0,025 por ação)

Com base nos dados apresentados, o saldo da conta lucros ou prejuí-zos acumulados em 31/12/X1 será, em reais, de:

5) (Adaptada de TCE-ES/Esaf) Pelas disposições da Lei 6404/76, sobre as demonstrações financeiras, podemos perceber que:

a) A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, quando devidamente elaborada, substitui a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;

b) O Balanço Patrimonial deve apresentar, já devidamente contabili-zada, a proposta dos órgãos da administração para distribuição do lucro líquido do exercício;

c) A Demonstração do Resultado do Exercício deve apresentar, ex-presso em reais, o valor dos dividendos distribuídos para cada uma das ações do capital social;

d) A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, a partir da Lei 11638/07 substitui a Demonstração dos Fluxos de Caixa;

e) Todas as alternativas estão corretas. 6) É transação evidenciada na Demonstração das Mutações do Pa-

trimônio Líquido: a) alienação de bens do ativo não circulante; b) compra de bens do ativo imobilizado financiada por empréstimo

de longo prazo; c) constituição de reserva de reavaliação de bens imóveis; d) empréstimos efetuados a empresas coligadas ou controladas; e) aquisição de investimentos permanentes. 7) Considere os seguintes elementos, os quais foram extraídos da

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados da Cia Neves em 31/12/X2:

Lucros Acumulados (31/12/X1) 4.800 Reversão de reservas de contingências 1.600 Constituição de Reserva Legal 300 Lucro Líquido do Exercício 6.000 Dividendos a Pagar 1.800

Além do exposto, no exercício de X1 foi calculada a menor em R$ 400 (ajuste de exercícios anteriores). O ajuste foi feito no exercício de x2. Assim, com base nas informações anteriores, pode-se afirmar que o saldo da conta Lucros Acumulados em 31/12/X2 foi de: a) R$ 10.300 b) R$ 10.700 c) R$ 9.900 d) R$ 12.100 e) R$ 12.000

8) (Adaptada de Petrobras/Fundação Cesgranrio). A Cia Mafra, de capital fechado, está elaborando o seu primeiro balanço, em 31/12/2008, apresentando as seguintes informações:

Lucro Líquido apurado na DRE R$ 200.000 Constituição de Reserva Legal R$ 10.000 Dividendos nos termos do estatuto R$ 95.000 Constituição de Reserva Estatutária R$ 5.000 Reservas Estatutárias para Investimentos R$ 45.000

Na Demonstração das Mutações o Patrimônio Líquido, o saldo transi-tório da conta de Lucros Acumulados em 31/12/2008, o qual integrará os dividendos propostos pela administração, em reais, foi de: a) zero b) 70.000 c) 95.000 d) 130.000 e) 185.000 9) A que destinações está sujeito o saldo da Conta Lucros ou Prejuí-

zos Acumulados? 10) Conceitue reservas e diferencie reservas de capital de reservas de

lucros.

5 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

Simone Loureiro Brum Imperatore

A Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC tornou-se obrigatória para todas as S.A de capital aberto com a sanção da Lei 11.638/07. A referida Lei obrigou, ainda, as companhias fechadas com patrimônio líquido superior a R$ 2 milhões a publicá-la. Seu objetivo é evidenciar a capa-cidade da entidade em gerar fluxos positivos de caixa (e equivalentes de caixa), a habilidade de pagar obrigações e dividendos, bem como suas necessidades de financiamento.

Segundo Iudícibus e Marion (2006) a DFC vem esclarecer situações controvertidas como o porquê de uma empresa ter um lucro conside-rável e estar com o caixa baixo, não conseguindo liquidar seus com-promissos. A referida demonstração, salientam os autores, possibilita ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento financeiro, onde se saberá o momento certo em que se contrairá empréstimos para cobrir a insuficiência de fundos, bem como quando aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro.

O Pronunciamento Técnico CPC 03 salienta os benefícios da DFC:

A demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. As informações sobre os fluxos de caixa são úteis para avaliar a capacidade de a entidade gerar recursos dessa natureza e possibilitam aos usuários desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente de futuros fluxos de caixa de diferentes entidades. A demonstração dos fluxos de caixa também melhora a comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional para diferentes entidades porque reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos.

Mister conceituarmos caixa, equivalentes de caixa e fluxos de caixa para darmos prosseguimento ao nosso estudo:

a) Caixa: compreende o numerário em espécie e depósitos ban-

cários disponíveis;

b) Equivalentes de Caixa: são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um in-significante risco de mudança de valor.

c) Fluxos de caixa: são as entradas e saídas de caixa e equivalen-tes de caixa.

Segundo Matarazzo (2008, p. 364), os principais objetivos da Demons-tração dos Fluxos de Caixa são:

Avaliar as alternativas de investimento;

Avaliar e controlar ao longo do tempo as decisões importan-tes que são tomadas na empresa, com reflexos monetários;

Avaliar as situações, presente e futura, do caixa da empresa, posicionando-a para que não chegue a situações de iliquidez;

Certificar que os excessos momentâneos de caixa estão devi-damente aplicados.

5.1 Principais transações que afetam o caixa

A finalidade da Demonstração do Fluxo de Caixa é mostrar como se comportam as entradas e saídas de recursos financeiros da empresa em determinado período. O estudo cuidadoso dessa demonstração, além de propiciar a análise de tendências, serve de base para o planejamento do fluxo projetado. A seguir relacionamos as principais transações que afetam o Caixa.

5.1.1 Transações que aumentam o caixa (disponibilidades)

a) Integralização do Capital pelos sócios ou acionistas: são in-vestimentos integralizados em dinheiro pelos só-cios/acionistas (caso a integralização se dê com imóveis, por exemplo, não afetará o Caixa);

b) Empréstimos Bancários e Financiamentos: são os recursos fi-nanceiros oriundos das instituições financeiras;

c) Venda de Itens do Ativo Não Circulante Imobilizado: embora não seja comum, a empresa pode vender itens do ativo fixo, gerando uma entrada de caixa;

d) Vendas a Vista e Recebimento de Duplicatas a Receber (Clien-tes): esta constitui a principal fonte de recursos do Caixa;

e) Outras entradas: juros recebidos (ativos), dividendos recebi-dos de outras empresas, indenizações de seguros recebidas, etc.

5.1.2 Transações que diminuem o caixa (disponível)

a) Pagamentos de Dividendos a Acionistas: dividendos pagos representam diminuições (desembolsos) de Caixa;

b) Pagamentos de Juros e Amortização da Dívida: O resgate das obrigações junto às instituições financeiras bem como os en-cargos financeiros (juros, correção monetária, taxas, tarifas, etc) significam saídas do Caixa;

c) Aquisição de item do Ativo Não Circulante: aquisições a vista de itens do imobilizado e de investimentos constituem saídas de Caixa;

d) Compra a Vista e Pagamentos a Fornecedores: saída de di-nheiro referentes à compra de matérias-primas e mercadorias para revenda;

e) Pagamento de Despesas/Custo, Contas a Pagar, Outros: de-sembolsos com despesas administrativas, com itens de custo e outros.

5.1.3 Transações que não afetam o caixa

a) Depreciação, Amortização e Exaustão: são reduções do ativo que não afetam o caixa;

b) Provisão para Devedores Duvidosos: estimativa de possíveis perdas com clientes que não representa saída de recursos;

c) Ajustes de Avaliação de Ativos: a (re) avaliação dos ativos a valores de mercado não ocasiona aumento ou redução de Caixa;

d) Acréscimos (ou Diminuições) de Investimentos pelo Método de Equivalência Patrimonial: poderá haver aumentos ou di-minuições em itens de investimentos sem significar vendas ou novas aquisições.

5.2 Estrutura da demonstração dos fluxos de caixa

A demonstração dos fluxos de caixa deve apresentar os fluxos de caixa do período classificados por atividades operacionais, de investimento e de financiamento.

5.2.1 Atividades operacionais

Os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais são basica-mente derivados das principais atividades geradoras de receita da entidade. Portanto, eles resultam das transações e de outros eventos que entram na apuração do lucro líquido ou prejuízo. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais:

a) Recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela pres-tação de serviços;

b) Recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas;

c) Pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e servi-ços;

d) Pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empre-gados;

e) Recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prê-mios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice;

f) Pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a ren-da, a menos que possam ser especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de investimento;

g) Recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura.

5.2.2 Atividades de investimento

A divulgação em separado dos fluxos de caixa decorrentes das ativi-dades de investimento é importante porque tais fluxos de caixa repre-sentam a extensão em que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar resultados e fluxos de caixa no futuro. Exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento:

a) Pagamentos de caixa para aquisição de ativo imobilizado, in-tangível e outros ativos de longo prazo. Esses desembolsos incluem os custos de desenvolvimento ativados e ativos imo-bilizados de construção própria;

b) Recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobili-zado, intangível e outros ativos de longo prazo;

c) Pagamentos para aquisição de ações ou instrumentos de dí-vida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto desembolsos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou mantidos para negociação imediata ou venda futura);

d) Recebimentos de caixa provenientes da venda de ações ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes de caixa e os man-tidos para negociação);

e) Adiantamentos de caixa e empréstimos feitos a terceiros (ex-ceto adiantamentos e empréstimos feitos por instituição fi-nanceira); recebimentos de caixa por liquidação de adianta-mentos ou amortização de empréstimos concedidos a tercei-ros (exceto adiantamentos e empréstimos de uma instituição financeira);

f) Pagamentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para ne-gociação imediata ou venda futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; e

g) Recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de op-ção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos fo-rem classificados como atividades de financiamento.

5.2.3 Atividades de financiamento

A divulgação separada dos fluxos de caixa decorrentes das atividades de financiamento é importante por ser útil para prever as exigências sobre futuros fluxos de caixa pelos fornecedores de capital à entidade. Exemplos de fluxos de caixa decorrentes das atividades de financia-mento:

a) Caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais;

b) Pagamentos de caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade;

c) Caixa recebido proveniente da emissão de debêntures, em-préstimos, títulos e valores, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos;

d) Amortização de empréstimos e financiamentos, incluindo de-bêntures emitidas, hipotecas, mútuos e outros empréstimos de curto e longo prazos; e

e) Pagamentos de caixa por arrendatário, para redução do pas-sivo relativo a arrendamento mercantil financeiro.

5.3 Demonstração do fluxo de caixa: métodos direto e indireto

A Demonstração do Fluxo de Caixa pode ser apresentada de duas formas: método direto e método indireto, conforme evidenciada na figura 2.

Figura 2 – Método direto versus método indireto

Fonte: Sá (1998, p.36)

5.3.1 Método direto

O método direto indica os recebimentos e os pagamentos oriundos das atividades operacionais da entidade, em vez do Lucro Líquido Ajusta-do. Demonstra, efetivamente, as movimentações dos recursos financei-ros ocorridos no período. A opção para esse método deve apresentar, pelo menos, os seguintes tipos de pagamentos e recebimentos relacio-nados às operações:

recebimentos de clientes;

juros e dividendos recebidos;

pagamentos de fornecedores e empregados;

juros pagos;

imposto de renda pago;

outros recebimentos e pagamentos.

O modelo simplificado de Demonstração do Fluxo de Caixa, pelo mé-todo direto mostrado no quadro 10, faz uma segregação dos tipos de atividades e foi baseado no modelo FAS 95:

Quadro 10 – Demonstração do fluxo de caixa: método direto

Fonte: Azevedo (2009, p.126)

A demonstração pelo método direto facilita ao usuário avaliar a sol-vência da empresa, pois evidencia toda a movimentação dos recursos financeiros, as origens dos recursos de caixa e onde eles foram aplica-dos.

5.3.2 Método indireto

No método indireto, parte-se do lucro líquido para, após os ajustes necessários, chegar-se ao valor das disponibilidades produzidas no período pelas operações registradas na Demonstração do Resultado do Exercício. Esses ajustes consistem em itens, tais como depreciação, amortização, exaustão e provisões que não modificam o caixa da em-presa.

O quadro 11 apresenta o modelo genérico da Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método indireto.

Quadro 11: Fluxo de caixa método indireto

Fonte: Azevedo (2009, p.127)

No método indireto, também conhecido como método da reconcilia-ção, a DFC é elaborada a partir do resultado, ou seja, do lucro ou preju-ízo líquido do exercício, de forma semelhante à antiga Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos - DOAR. Porém, se a DFC tem como principal argumento ser de mais fácil compreensão do que a DOAR, não faz sentido manter-se o método de elaboração desta.

Saliente-se que a diferença entre os dois métodos refere-se apenas à forma de evidenciação dos fluxos das atividades operacionais. Os fluxos das atividades de financiamento e das atividades de investimen-to são demonstrados de igual maneira nos dois métodos. No modelo direto, os fluxos operacionais são evidenciados pela análise direta das entradas e saídas de dinheiro em Caixa e Bancos, são evidenciados, portanto, todos os pagamentos e recebimentos feitos no período.

A DFC pelo método indireto apresenta no grupo das atividades opera-cionais primeiro o lucro líquido (proveniente da DRE), para, em segui-da, adicionar os valores que não representam desembolsos de caixa que tenham sido deduzidos do lucro da DRE, ou seja, depreciação e amortização, provisão para devedores duvidosos, aumento ou dimi-nuição referente a fornecedores, entre outros.

5.4 Ponto final

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser um relatório obrigatório (em substituição à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR) pela contabilidade para todas as sociedades de capital aberto ou com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Esta obrigatoriedade vigora desde 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007 (referida lei seguiu a prática internacional – em especial os pronunciamentos Statement of Financial Accounting Standard (SFAS) n° 95 e International Accounting Standard (IAS) n° 7 – e as orientações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a qual já recomendava às companhias abertas brasileiras a elaboração da DFC). Esta demonstração torna-se mais um importante relatório para a to-mada de decisões gerenciais. Essa demonstração tem a finalidade de fornecer informações sobre os recebimentos e pagamentos em um determinado período, que, utilizadas em conjunto com as informações das outras demonstrações, possibilitarão aos usuários avaliar a poten-cialidade da empresa de geração de caixa futuro, bem como a necessi-dade de financiamento a curto e a longo prazo.

Mister explicitar a diferença entre DOAR e DFC, sendo que a principal diferença é que a DOAR é elaborada com base no conceito de Capital circulante líquido, obedecendo ao regime de competência e a DFC baseia-se no conceito de disponibilidade imediata, obedecendo ao regime de caixa.

De forma sucinta, a DOAR procura mostrar os fatores que afetam a folga financeira de curto prazo de uma empresa. A mudança na posi-ção financeira é analisada por esta demonstração pela soma das fontes

de recursos e dos seus usos. De outra forma, procura mostrar as altera-ções que ocorreram na posição financeira, permitindo avaliar aspectos relacionados com as decisões financeiras de investimento, de financi-amento e de dividendos da empresa (identifica os fluxos financeiros que aumentaram ou reduziram o Capital Circulante Líquido, identifi-cando suas origens e aplicações).

A DFC, por sua vez, é uma demonstração contábil que informa sobre os fluxos das transações e eventos que afetaram o caixa da empresa ao longo de um determinado período, de forma organizada e estruturada por atividades, permitindo melhor compreensão da articulação entre as diversas demonstrações financeiras.

Além de ser um instrumento de trabalho para a empresa, a DFC é um importante instrumento de análise, pois fornece informações referentes à capacidade financeira da empresa de autofinanciamento das opera-ções, de independência do sistema bancário no curto prazo, de gerar recursos para manter e expandir o nível de investimentos, e sobre as condições da empresa para amortizar suas dívidas de curto e longo prazo. O quadro 12 apresenta as vantagens e limitações da DOAR e da DFC.

Quadro 12 : Vantagens e limitações da DOAR e da DFC

Fonte: Gangoni (1997) apud Borsato, Pimenta e Veiga (2010)

Atividades

1) Em relação à Demonstração dos Fluxos de Caixa, é correto afir-mar:

a) consiste na demonstração financeira que evidencia resumidamen-te o patrimônio da entidade, quantitativa e qualitativamente;

b) evidencia a situação econômica da entidade; c) evidencia as variações de todas as contas do Patrimônio Líquido; d) permite o controle do elemento patrimonial mais líquido da enti-

dade (caixa, bancos e aplicações financeiras; e) foi substituída pela Demonstração das Origens e Aplicações de

Recursos com o advento da Lei 11.638/07.

2) De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e, confor-

me o Pronunciamento Técnico CPC 03, a entidade deve divulgar os fluxos de caixa das atividades operacionais usando:

( ) O Método Indireto, segundo o qual as principais classes de rece-bimentos brutos e pagamentos brutos são divulgadas;

( ) O Método Direto, segundo o qual o lucro líquido ou o prejuízo é ajustado pelos efeitos de quaisquer deferimentos ou outras apro-priações por competência sobre recebimentos ou pagamentos ope-racionais passados ou futuros;

( ) O Método Direto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos de itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de investimento ou de financi-amento.

a) V,V,F b) V,V,V c) F,V,V d) F,F,F e) F,F,V

3) (Curso Cathedra/2008) De acordo com a Demonstração dos Fluxos de Caixa, analise as afirmativas a seguir:

I. A integralização do capital social da entidade, em dinheiro, cor-responde a um fluxo de caixa gerado pela atividade de financia-mento;

II. O pagamento de dividendos, em dinheiro, corresponde a um fluxo de caixa gerado pela atividade de financiamento;

III. O recebimento do dinheiro da venda do imobilizado corresponde a um fluxo de caixa gerado pela atividade de investimento.

Assinale:

a) Somente a afirmativa I está correta; b) Somente a afirmativa II está correta; c) Somente a afirmativa III está correta; d) Afirmativas I e III estão corretas; e) Todas as afirmativas estão corretas 4) (Curso Cathedra/2008) De acordo com a Demonstração dos Fluxos

de Caixa, pelo método INDIRETO, analise as afirmativas a seguir a respeito da apuração do Fluxo de Caixa da Atividade Operacio-nal:

I. É necessário somar ao Lucro Líquido do período o saldo da conta Depreciação Acumulada (conta retificadora do imobilizado);

II. É necessário somar ao lucro ajustado do período o aumento do saldo da conta Estoques de Mercadorias;

III. É necessário somar ao lucro ajustado do período o aumento do saldo da conta Fornecedores a Pagar

Assinale:

a) Somente a afirmativa I está correta; b) Somente a afirmativa II está correta; c) Somente a afirmativa III está correta; d) Afirmativas I e III estão corretas; e) Todas as afirmativas estão corretas

5) (FGV/TCM/PA/2008) De acordo com a Resolução CFC 1125/2008, avalie as afirmativas a seguir:

I. A entidade pode escolher, livremente, se elaborará a DFC pelo método Direto ou Indireto;

II. Se escolher a DFC pelo método direto, é necessário evidenciar, adicionalmente, a conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais;

III. A entidade pode escolher, livremente, se evidenciará o pagamento de juros sobre o financiamento como caixa consumido pela ativi-dade operacional ou pela atividade de financiamento.

Assinale:

a) Somente a afirmativa I está correta; b) Somente a afirmativa II está correta; c) Somente a afirmativa III está correta; d) Afirmativas I e III estão corretas; e) Todas as afirmativas estão corretas

6) Com tuas palavras, sintetize os benefícios da Demonstração dos Fluxos de Caixa:

7) Relacione as principais transações que afetam o caixa da entidade: 8) A demonstração dos fluxos de caixa apresenta os fluxos de caixa

do período classificados por atividades operacionais, de investi-mento e de financiamento, exemplifique-as:

9) Diferencie os métodos direto e indireto da Demonstração dos Fluxos de Caixa:

10) Com a obrigatoriedade da Demonstração dos Fluxos de Caixa imposta pela Lei 11638/07, esta demonstração torna-se um impor-tante relatório para a tomada de decisões gerenciais. Por quê?

6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Simone Loureiro Brum Imperatore

A Lei 11.638/07 introduziu para todas as companhias abertas a obriga-toriedade da elaboração e divulgação da Demonstração do Valor Adi-cionado. Referida demonstração evidencia quanto de riqueza uma entidade produziu, ou seja, quanto ela adicionou aos seus fatores de produção e de que forma esta riqueza foi distribuída (entre emprega-dos, governo, acionistas, financiadores de capital).

Segundo Marion (2009, p.58), “O Valor Adicionado é calculado subtra-indo-se da Receita Operacional os custos dos recursos adquiridos de terceiros (compras de matérias-prima, mercadorias, embalagens, ener-gia elétrica, terceirização da produção) utilizados no processo operaci-onal. Esse primeiro valor calculado poderia ser chamado de Valor Adicionado Bruto”. O mesmo autor salienta que, na sequência, subtrai-se a depreciação, gerando o chamado Valor Adicionado Líquido.

Esse resultado corresponde à riqueza gerada, efetivamente, pela enti-dade. Outros acréscimos e reduções deveriam ser destacados: receita financeira, dividendos, outras despesas operacionais, etc. A esse resul-tado chamamos Valor Adicionado. Saliente-se que para os investidores e outros usuários, essa demonstração proporciona o conhecimento de informações de natureza econômica e social e oferece a possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade dentro da sociedade na qual está inserida.

Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2010), através do Pronunciamento Técnico CPC 09,

A DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, buscando apresentar, eliminados os valores que representam dupla-contagem, a parcela de contribuição que a entidade tem na formação do Produto Interno Bruto (PIB). Essa demonstração apresenta o quanto a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros e que são vendidos ou consumidos durante determinado período.

Em termos gerais, a DVA contempla as mesmas informações apresen-tadas da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), mas numa segregação diferente, voltada para uma magnitude mais social das entidades, principalmente no que se refere à distribuição da riqueza gerada. A demonstração apresenta separadamente a parcela que se destina à remuneração de cada público que contribuiu para sua forma-ção:

Empregados/colaboradores: remuneração pela força de trabalho (incluindo encargos);

Financiadores: remuneração pelos recursos emprestados;

Governo: remuneração pela estrutura social, política e econômica que gera condições de operações no meio ambiente (impostos, ta-xas e contribuições); e

Acionistas: remuneração pelo capital investido na empresa (além dos juros sobre capital próprio e lucros retidos).

6.1 Modelo de demonstração do valor adicionado

O Quadro 13 apresenta o modelo da demonstração do valor adiciona-do apresentado pelo CRCRS).

Quadro 13: Modelo da demonstração do valor adicionado

Fonte: CRCRS (2009, p.51)

A participação dos trabalhadores no valor adicionado compreende todos os gastos com pessoal, em contrapartida ao trabalho realizado no período. Assim, deve conter os pagamentos feitos diretamente aos empregados, como, por exemplo, os salários, as contribuições de segu-ridade ou sociais, e quaisquer outras vantagens oferecidas por conta da participação na atividade produtiva da companhia.

Apesar de o governo não ser considerado um dos fatores diretos de produção, ele também participa na criação de riqueza para a entidade, pois apoia suas atividades produtivas por meio de investimentos em infraestrutura, incentivos fiscais e subvenções. Os tributos (impostos, taxas e contribuições) pagos ou devidos pela companhia representam, na riqueza gerada, a remuneração devida ao Estado por seu apoio para que a empresa tenha condições de realizar suas atividades em seu ambiente e para a manutenção da estrutura social organizada.

Contudo, somente os impostos associados ao lucro obtido e outros tributos que tenham relação direta com a atividade principal da em-presa deveriam ser computados neste agrupamento, e, para uma me-lhor evidenciação, o ideal seria especificar os impostos conforme suas competências segundo a unidade federativa que os originou, por exemplo, da União, do Estado ou do Município, ou, ainda, de um País estrangeiro — quando o pagamento do imposto é feito fora das fron-teiras, pela qual a empresa realiza suas atividades.

A remuneração dos credores e financiadores, por sua vez, representa os pagamentos a terceiros, sob a forma de custo financeiro (juros), por conta das captações de capital externo destinado à manutenção e aos investimentos. São excluídos deste agrupamento os gastos financeiros relativos a comissões ou outras despesas bancárias similares, por re-presentarem despesas consideradas intermediárias.

Na rubrica remuneração dos sócios ou acionistas apresenta-se a parce-la do lucro destinada àqueles que aplicaram os recursos próprios, reembolsados sob a forma de pagamento de dividendos ou juros sobre o capital próprio, por conta das capitalizações realizadas na entidade. Algumas empresas costumam apresentar, neste agrupamento, também os lucros retidos, por entenderem que a totalidade dos lucros da com-panhia pertence a seus acionistas.

Saliente-se que os reinvestimentos correspondem ao lucro retido pela empresa para sustentar seu autofinanciamento. Uma parte desta ri-queza foi direcionada para a constituição das reservas, segundo a le-gislação societária e a deliberação da assembleia, e a outra parcela está embutida na depreciação calculada com base na estimativa de vida útil econômica dos ativos que a companhia está utilizando em suas ativi-dades operacionais (na verdade, essa distribuição do valor adicionado tem por fim manter a capacidade física da empresa para realizar seu papel na geração de novas riquezas).

6.2 Instruções de preenchimento da DVA

A seguir relacionamos o passo a passo de preenchimento da Demons-tração do Valor Adicionado.

Conforme estabelece a NBC T 3.7, no grupo de receita bruta e outras receitas, devem ser apresentados os seguintes valores:

a) As vendas de mercadorias, produtos e serviços, incluindo os valores dos tributos incidentes sobre essas receitas, ou seja, o valor correspondente à receita bruta, deduzidas as devolu-ções, os abatimentos incondicionais e os cancelamentos;

b) As outras receitas decorrentes das atividades-fim não cons-tantes da letra “a” deste item;

c) Os valores relativos à constituição (reversão) de provisão para créditos duvidosos;

d) Os resultados não decorrentes das atividades-fim, como: ga-nhos ou perdas na baixa de imobilizado, investimentos, etc.

No grupo de insumos adquiridos de terceiros, devem ser apresenta-dos:

a) Materiais consumidos incluídos no custo dos produtos, mer-cadorias e serviços vendidos;

b) Demais custos dos produtos, mercadorias e serviços vendi-dos, exceto gastos com pessoal próprio e depreciações, amor-tizações e exaustões;

c) Despesas operacionais incorridas com terceiros, tais como: materiais de consumo, telefone, água, serviços de terceiros, energia;

d) Valores relativos a perdas de ativos, como perdas na realiza-ção de estoques ou investimentos, etc;

e) Nos valores constantes dos itens “a”, “b” e “c” anteriores, de-vem ser considerados todos os tributos incluídos na aquisi-ção, recuperáveis ou não.

Os valores retidos pela entidade são representados pela depreciação, amortização e exaustão registrados no período.

Os valores adicionados recebidos (dados) em transferência a outras entidades correspondem:

a) Ao resultado positivo ou negativo de equivalência patrimoni-al;

b) Aos valores registrados como dividendos relativos a investi-mentos avaliados ao custo;

c) Aos valores registrados como receitas financeiras, relativos a quaisquer operações com instituições financeiras, entidades do grupo ou terceiros, exceto para entidades financeiras; e

d) Aos valores registrados como receitas de aluguéis ou royalties, quando se tratar de entidade que não tenha como objeto essa atividade.

No componente relativo à distribuição do valor adicionado, devem constar

a) Colaboradores – devem ser incluídos salários, férias, 13º salá-rio, FGTS, seguro de acidentes de trabalho, assistência médi-ca, alimentação, transporte, etc., apropriados ao custo do pro-duto ou ao serviço vendido ou ao resultado do período, exce-to os encargos com o INSS, SESI, SESC, SENAI, SENAT, SE-NAC, e outros assemelhados. Fazem parte desse conjunto, também, os valores representativos de comissões, gratifica-ções, participações, planos privados de aposentadoria e pen-são, seguro de vida e acidentes pessoais;

b) Governo – devem ser incluídos impostos, taxas e contribui-ções, inclusive as contribuições devidas ao INSS, SESI, SESC, SENAI, SENAT, SENAC e outros assemelhados, imposto de renda, contribuição social, ISS, todos os demais tributos, taxas e contribuições. Os valores relativos ao ICMS, ao IPI, ao PIS, à COFINS e outros assemelhados, devem ser considerados aqueles devidos ou já recolhidos aos cofres públicos, repre-sentando a diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados dentro do item "Insumos adquiridos de terceiros". Como os tributos são, normalmente, contabilizados no resultado como se devidos fossem, e os in-centivos fiscais, quando reconhecidos em conta de reserva no patrimônio líquido, os tributos que não forem pagos em de-corrência de incentivos fiscais devem ser apresentados na

Demonstração do Valor Adicionado como item redutor do grupo de tributos;

c) Agentes financiadores – devem ser consideradas, neste com-ponente, as despesas financeiras relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos com instituições financei-ras, entidades do grupo ou outras e os aluguéis (incluindo os custos e despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros (exceto para entidades financeiras que devem observar nor-matização específica);

a) Acionistas – incluem os valores pagos ou creditados aos acio-nistas, a título de juros sobre o capital próprio ou dividendos. Os juros sobre o capital próprio, apropriados ou transferidos para contas de reservas no patrimônio líquido, devem constar do item "Lucros retidos";

b) Participação dos minoritários nos "Lucros retidos" – deve ser incluído neste componente, aplicáveis às demonstrações con-tábeis consolidadas, o valor da participação minoritária apu-rada no resultado do exercício, antes do resultado consolida-do;

c) Retenção de lucro – deve ser indicado neste componente o lu-cro do período destinado às reservas de lucros e eventuais parcelas ainda sem destinação específica.

6.3 Ponto final

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e sua respec-tiva distribuição. Saliente-se que a riqueza gerada pela empresa, medi-da no conceito de valor adicionado, é calculada a partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros utilizados no processo de produção da empresa.

Segundo Zanluca (2010),

A utilização do DVA como ferramenta gerencial pode ser resumida da seguinte forma:

1) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência da empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o valor das entradas, e

2) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição da riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadores e dos Acionistas.

Atividades

1) Em relação à Demonstração do Valor Adicionado, é CORRETO afirmar:

a) a) seu objetivo é evidenciar tanto a geração do valor econômico agregado pelos produtos e serviços oferecidos pela empresa como a sua distribuição;

b) b) a Lei 11.638/07 dispensou as S.A. da publicação da Demonstra-ção do Valor Adicionado;

c) c) evidencia as modificações que deram origem às variações do Capital Circulante Líquido;

d) d) evidencia a formação do lucro da entidade; e) e) evidencia o patrimônio e suas variações. 2) Em relação à Demonstração do Valor Adicionado, é INCORRETO

afirmar: a) o valor adicionado demonstra a efetiva contribuição da empresa,

dentro de uma visão global de desempenho, para a geração de ri-queza da economia na qual está inserida, sendo resultado do es-forço conjugado de todos os seus fatores de produção;

b) a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado perío-do e sua respectiva distribuição;

c) constitui importante ferramenta gerencial do desempenho da entidade na geração de riqueza e no seu desempenho social, sendo sua publicação obrigatória para todas as empresas;

d) a Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pe-la distribuição dessa riqueza;

e) A DVA complementa as informações apresentadas pela DRE, voltada para uma magnitude mais social das entidades, princi-palmente no que se refere à distribuição da riqueza gerada.

3) De acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e confor-me o Pronunciamento Técnico CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, constantes na Deliberação CVM 557/2008 e na Resolução CFC 1.138/2008, atribua letra V para as verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, marque a opção que contenha a sequência correta:

( ) Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui, também, o valo adiciona-do recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade;

( ) Valor adicionado recebido em transferência representa a riqueza que não tenha sido criada pela própria entidade, e sim por tercei-ros, e que a ela é transferida, como, por exemplo, dividendos, alu-guel, royalties, etc. Precisa ficar destacado, inclusive para evitar dupla contagem em certas agregações;

( ) A segunda parte da DVA deve apresentar de forma detalhada como a riqueza obtida pela entidade foi distribuída. Um dos prin-cipais componentes dessa distribuição são os gastos com pessoal – valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de remuneração direta.

a) V,V,F b) F,V,V c) V,V,V d) F,V,F e) F,F,V 4) A legislação societária estabelece que: I. As Demonstrações do Valor Adicionado e das Mutações do Pa-

trimônio Líquido são obrigatórias para todas as sociedades anô-nimas, sejam abertas ou fechadas;

II. As demonstrações serão complementadas por notas explicativas para o esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício;

III. A apresentação da Demonstração dos Fluxos de Caixa não é obri-gatória para as Cias Fechadas com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a dois milhões de reais;

Está correto o que se afirma em:

a) I b) I e II c) I e III d) II e) II e III.

5) Acerca da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e da De-monstração do Resultado do Exercício (DRE), julgue as afirmati-vas a seguir:

I. O valor dos insumos adquiridos de terceiros, tais como materiais, energia elétrica e água, deve ser apresentado na DVA pelo valor total (sem dedução de PIS, COFINS e outros tributos);

II. As despesas com funcionários fazem parte da distribuição do valor agregado e o valor da receita, considerado para elaboração da DVA deve ser idêntico ao do faturamento bruto divulgado na DRE;

III. O valor adicionado bruto é calculado subtraindo-se da receita operacional os custos dos recursos adquiridos de terceiros utiliza-dos no processo operacional, na seqüencia, deduz-se a deprecia-ção e obtém-se o valor adicionado líquido;

IV. A DVA contempla as mesmas informações apresentadas na DRE, voltada para o resultado econômico da entidade somente.

a) F,V,V,F b) V,V,V,F c) F,F,V,V d) F,V,V,F e) todas as alternativas são verdadeiras 6) Em relação à DVA é correto afirmar: a) A DVA deve ser consistente com a DRE e conciliada em registros

auxiliares mantidos pela entidade; b) No item relativo à distribuição do valor adicionado, deve constar

apenas os valores pagos aos acionistas, a título de juros sobre capi-tal próprio ou dividendos;

c) Como são demonstrações de publicação opcional, não estão sujei-tas à revisão de auditoria, como aquelas que são de caráter obriga-tório, mesmo que a entidade seja uma Cia Aberta;

d) As informações contábeis contidas na DVA são de responsabili-dade técnica do Conselho de Administração da empresa;

e) Nos valores dos materiais consumidos e incluído o custo dos pro-dutos, devem ser considerados na aquisição apenas os tributos re-cuperáveis.

7) De acordo com a DVA, analise as afirmativas a seguir: I. A depreciação reconhecida no período corresponde a uma reten-

ção do valor adicionado; II. A remuneração paga (devida ou creditada) a autônomos corres-

ponde a uma distribuição de valor para a sociedade; III. Os juros recebidos das aplicações financeiras (receitas financeiras

na DRE) correspondem a um abatimento dos juros e alugueis evi-

denciados na DVA como distribuição do valor adicionado a tercei-ros e a investidores.

a) Somente a afirmativa I está correta; b) Somente a afirmativa II está correta; c) Somente a afirmativa III está correta; d) As afirmativas I e III estão corretas; e) Todas as afirmativas estão corretas. 8) Evidenciará quanto de riqueza a entidade produziu, ou seja, quan-

to ela adicionou aos seus fatores de produção e de que forma esta riqueza foi distribuída (entre empregados, financiadores do capi-tal, governo, acionistas):

a) Dos Fluxos de Caixa b) Do Balanço Patrimonial; c) De Resultado do Exercício; d) Das Mutações do Patrimônio Líquido; e) Do Valor Adicionado 9) De que forma a DVA pode ser utilizada como ferramenta gerenci-

al? 10) Qual a importância da DVA para os gestores e para a geração de

valor para a empresa?

7 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Simone Loureiro Brum Imperatore

A Análise das Demonstrações Financeiras é a técnica contábil que consiste na decomposição, comparação e avaliação das demonstrações financeiras. As demonstrações objeto de análise são Balanço Patrimo-nial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (ou das Mutações do Patrimônio Líquido), Demonstração do Fluxo de Caixa e Demonstração do Valor Adicionado. Cabe ressaltar a ênfase da análise sobre o Balanço Patri-monial e Demonstração do Resultado do Exercício, consideradas as duas demonstrações contábeis mais importantes.

A análise das demonstrações financeiras não é exigida por lei, decorre da necessidade do detalhamento de informações acerca do patrimônio e suas variações; do processo de formação de resultados; da capacida-de de pagamento da entidade. Os processos mais utilizados na análise das demonstrações financeiras são:

a) Análise Vertical;

b) Análise Horizontal; e

c) Análise por Quocientes ou Indicadores.

Neste capítulo estudaremos as análises vertical e horizontal, antes, porém, vejamos a etapas do processo de análise.

7.1 Etapas do processo de análise das demonstrações financeiras

Segundo Matarazzo (2008) para o contador a preocupação básica são os registros das operações e a elaboração das demonstrações financei-ras. O analista de balanços, preocupa-se com a transformação das demonstrações financeiras em informações:

Situação financeira;

Situação econômica;

Desempenho;

Pontos fortes e fracos;

Tendências e perspectivas;

Avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.

Saliente-se que a Análise das demonstrações Financeiras é tão antiga quanto a própria Contabilidade, todavia, é no final do século XIX que observamos os banqueiros americanos solicitando as demonstrações às empresas que desejavam contrair empréstimos. À época a demonstra-ção comumente solicitada era o Balanço Patrimonial, daí a expressão “Análise de Balanços”, expressão tradicionalmente utilizada até nossos dias, apesar de, hoje, a análise ampliar-se a todas as demais demons-trações.

Iudícibus (2009, p. 5) caracteriza a análise de balanços com a “arte de saber extrair relações úteis para o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios tradicionais e de suas extensões e detalhamentos, se for o caso”. O mesmo autor salienta (p.6):

Depreende-se que a análise de balanços tem valor somente à medida que o analista:

estabeleça uma tendência (uma série histórica) dentro da própria empresa;

compare os índices e relacionamentos realmente obtidos com os mesmos índices e relacionamentos expressos em termos de metas;

compare os índices e relacionamentos com os da concorrência, com outras empresas de amplitude nacional ou internacional.

Azevedo (2009, p.17) complementa:

A análise dos demonstrativos contábeis é o exame de laboratório da saúde econômica, financeira e patrimonial da sociedade. É um diagnóstico bem-estruturado da situação do patrimônio. É uma maneira de transformar os dados das peças contábeis em valores relativos, tornando-os mais fáceis de serem comparados com outras empresas ou mesmo com o mercado.

Sá (2009) apresenta algumas das aplicações (utilidades) da análise de balanços:

Concessão de créditos para se vender a prazo: serviços, mer-cadorias ou produtos;

Concessão de empréstimos;

Locação e arrendamento de bens;

Investimentos em outras empresas;.

Aplicação em título do mercado de capitais e bolsas de valo-res;

Controles internos administrativos;

Previsões e estudos de probabilidades de situações patrimo-niais;

Procedimentos de auditoria;

Controle de preços;

Ampliação de linhas de produção, abertura de filiais e frentes de serviços;

Cisão, fusão, incorporação e liquidação de empresas;

Perícias judiciais;

Pesquisas científicas;

De posse das demonstrações financeiras, o analista irá decompô-las através do exame minucioso de cada uma das contas que compõem essas demonstrações, padronizando-as para facilitar o processo de análise. Na sequência, fará a análise vertical e horizontal, além do cálculo dos indicadores, interpretará as análises realizadas e elaborará um relatório apresentando suas conclusões.

7.2 Exame e padronização das demonstrações financeiras

A padronização das demonstrações financeiras para fins de análise é importante tendo em vista que as demonstrações publicadas pelas entidades contêm um número excessivo de contas. O processo de sin-

tetização portanto, facilita o trabalho do analista. As contas normal-mente “ajustadas” são:

a) Duplicadas descontadas (saldo a ser reclassificado para o Pas-sivo Circulante);

b) Despesas do Exercício Seguinte (ou despesas antecipadas) devem ser deduzidas do Patrimônio Líquido;

c) Contas retificadoras (provisão para devedores duvidosos, de-preciação, amortização, exaustão, prejuízos acumulados, capi-tal a integralizar e ações em tesouraria) devem ajustar os sal-dos das contas principais, apresentando seus saldos líquidos;

d) Contas do Ativo e Passivo Circulante devem ser reclassifica-das em operacionais e financeiras (dívidas onerosas);

e) Extrai-se, ainda, o total do Ativo Circulante, do Ativo Não Circulante, do Passivo Circulante, do passivo Não Circulante, do Patrimônio Líquido, das vendas líquidas, etc,

Na sequência, calcula-se e interpreta-se os indicadores (os quais estu-daremos no capítulo 8), estudo que consiste na comparação entre gru-pos de elementos das demonstrações financeiras por meio de índices, objetivando o conhecimento da relação entre cada um dos grupos do conjunto.

Complementarmente, comparamos os indicadores da entidade com os chamados índices-padrão. O objetivo dos índices-padrão é servir de base de comparação entre empresas que operam no mesmo ramo de atividade. Desde 1974 a Revista Exame tem contribuído sensivelmente com indicadores das 500 maiores empresas do Brasil, por meio da edição “Melhores e Maiores” publicada anualmente.

O processo de análise das demonstrações financeiras tem continuidade com as análise vertical e horizontal. A análise vertical consiste na de-terminação da porcentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao seu conjunto. A análise horizontal, por sua vez, é feita entre componentes do conjunto em vários exercícios (de 3 a 5, normalmen-te), objetivando a avaliação do desempenho de cada conta ou grupo de contas ao longo dos períodos analisados.

Finalmente, interpreta-se conjuntamente indicadores e análises verti-cal/horizontal, sintetizando-se as análises realizadas de forma sistêmi-ca e apresentando as conclusões da análise em forma de relatórios.

Para elaborar um relatório de análise da melhor maneira possível, alguns pontos devem ser considerados:

a) O relatório de análise deve ser elaborado em linguagem inte-ligível para leigos, ainda que alguns usuários possuam co-nhecimentos de contabilidade. Não devem apresentar dados como indicadores (ou coeficientes), os quais devem ser tradu-zidos em informações;

b) Os relatórios de análise podem conter muitas ou poucas in-formações, conforme a necessidade do usuário. Em geral o re-latório de análise deve apresentar informações de natureza econômico-financeira da empresa e sobre seu desempenho ao longo dos períodos analisados, bem como as tendências para o futuro. Devem ser esclarecidas as causas que proporciona-ram o grau de endividamento, liquidez e rentabilidade encon-trados, sejam eles positivos ou negativos;

c) Relatório breve: este relatório envolve apenas os aspectos mais importantes da situação patrimonial, baseando-se na in-terpretação de quocientes econômicos e financeiros, sendo preferido por bancos, clientes e fornecedores, além de outros usuários. Observe a seguir um modelo de relatório de análise:

RELATÓRIO

Após a análise e interpretação dos indicadores econômicos e financeiros calculados com base no Balanço Patrimonial e De-monstração do Resultado do Exercício da Empresa XX, levan-tados em 31 de dezembro de XX, apresentamos as seguintes informações:

Situação Financeira:

a) Endividamento: A empresa apresenta grau de endividamen-to satisfatório, uma vez que seus quocientes de estrutura de capitais encontram-se abaixo dos índices-padrão de seus seg-mento. Isto pode ser comprovado pela preponderância de ca-pitais próprios sobre os capitais de terceiros, pela boa margem existente entre as obrigações de longo prazo e as obrigações de curto prazo e pela não imobilização total dos capitais próprios, revelando liberdade financeira para a tomada de decisões;

b) Liquidez: Em relação à solvência, a empresa encontra-se muito bem estruturada, apresentando solidez financeira que

garante o cumprimento de seus compromissos de curto e de longo prazo.

Situação Econômica:

Rentabilidade: A empresa apresenta situação econômica satis-fatória decorrente da boa rentabilidade apresentada.

Situação Econômica e Financeira:

A empresa encontra-se muito bem estruturada sob o ponto de vista econômico e financeiro devido ao baixo grau de endivi-damento, ao alto grau de liquidez e ao grau de rentabilidade que permite o retorno do capital próprio investido em apenas 2,63 anos, constituindo negócio altamente positivo para aque-les que confiarem na empresa.

Ass: _____________________ (fulano de tal, analista)

Anexos ao Relatório de Análise:

I- Índices Econômico-financeiros;

II- Balanço Patrimonial padronizado;

III- DRE padronizada

7.3 Leitura e interpretação das demonstrações contábeis: análise vertical e análise horizontal

Nosso estudo preliminar fez um ”TUR” pelas demonstrações financei-ras obrigatórias para Sociedades Anônimas e Sociedades Limitadas. Agora é o momento de “fazermos a leitura e interpretação” dessas demonstrações contábeis. Todas as demonstrações contábeis podem ser analisadas, mas a ênfase é dada para o Balanço Patrimonial e DRE, uma vez que através destas, é evidenciada de forma objetiva a situação econômico-financeira da empresa. Diante disso, nosso estudo se volta-rá às análises de Balanço e DRE.

Cabe salientar: A análise das demonstrações contábeis transforma DADOS em INFORMAÇÕES.

7.3.1 Análise horizontal

De acordo com Iudícibus (2009), a análise horizontal ressalta a variação obtida nos itens do Balanço e das Demonstrações de Resultado. Assaf Neto (2002) define esta análise como uma comparação de diferentes exercícios entre contas ou determinado grupo de contas. Pode ser entendida como uma análise temporal, exposta através de números – índices.

De acordo com Matarazzo (2003), a análise horizontal pode ser desen-volvida com a apresentação das variações de um ano-base para outro – sendo assim será denominada análise horizontal encadeada – ou em relação ao ano anterior – sendo denominada análise horizontal anual. Em outras palavras, esta análise apresenta a evolução de uma conta ou um grupo específico, analisa e compara os resultados do exercício com os exercícios anteriores.

Uma vez padronizadas as demonstrações financeiras, a análise hori-zontal é facilmente realizada estabelecendo o ano inicial da série anali-sada como índice básico 100 e expressando as cifras relativas aos anos posteriores, com relação ao índice básico 100. Basta fazer uma regra de três para encontrar os outros índices.

Por exemplo:

Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008

Valores 358.300 425.000 501.000

Índices 100 119 140

Assim, comparando os índices de base 100, o item teve um crescimento de 19% em 2006 para 2007 e de 40% de 2006 para 2008. A análise hori-zontal, portanto, é quando comparamos valores ou índices de dois ou mais anos. Nossos olhos fixam um sentido horizontal, apreendendo a evolução ou involução de cada item analisado.

Importante:

Se os valores estiverem expressos em valores nominais, o crescimento (ou decréscimo) dos índices expressará porcentagens nominais. Se tais

valores estiverem corrigidos monetariamente, então o crescimento ou decréscimo dos itens expressará a evolução real da série analisadaa.

7.3.2 Análise vertical

Conforme Iudícibus (2009), a análise vertical avalia a estrutura de composição dos itens das demonstrações e a evolução dos mesmos nos exercícios. Basicamente a análise vertical é realizada extraindo-se rela-ções percentuais entre itens pertencentes à mesma Demonstração Fi-nanceira. Sua finalidade é dar uma ideia da representatividade de determinado item ou subgrupo de uma demonstração relativa a de-terminado total ou subtotal tomado como base.

Por exemplo, num Balanço Patrimonial, podemos querer verificar quanto o Ativo Circulante representa em relação ao Ativo Total. Basta dividir o valor do Ativo Circulante pelo Valor do Ativo Total, multi-plicar o resultado por 100 e colocar o sinal de percentagem. Assim, consideremos:

Ativo Circulante R$ 101.000

Ativo Total R$ 659.000

Dividindo 101.000/659.000 = 0,1533

0,1533 X 100= 15,33%

Isso significa que o Ativo Circulante representa 15,33% do Ativo Total.

Ressalte-se que a análise vertical pode ser realizada para determinados subitens com relação ao total dos subitens. Por exemplo, poderemos ter o interesse de calcular a representatividade de cada componente principal do Ativo Circulante em relação ao total do Ativo Circulante. Assim, se os estoques estivessem representados por R$ 49.000, diría-mos que eles representam cerca de 48,51% do Ativo Circulante (e cerca de 7,44% do Ativo Total). Vamos conferir estes cálculos?

A análise vertical é importante para todas as demonstrações financei-ras, mas ganha realce especial na DRE, quando poderemos expressar os vários itens componentes da DRE em relação às vendas (brutas ou

a O índice IPCA/IBGE foi instituído inicialmente com a finalidade de corrigir as demonstrações financeiras das companhias abertas, porém hoje utiliza-se o IGPM ou índice aderente à atividade da empresa, por exemplo, as demonstrações de uma construtora podem ser atualizadas monetariamente pelo INCC – Índice Nacional da Construção Civil.

líquidas) e, dentro das despesas, representar cada uma delas com rela-ção ao total de despesas, por exemplo.

A análise vertical é para um único ano. Nossos olhos fixam num senti-do vertical (enquanto na análise horizontal observamos a variação em dois ou mais anos).

7.4 Ponto final

A análise horizontal é realizada a partir de um conjunto de balanços e demonstrações de resultados consecutivos. Para cada elemento desses demonstrativos são calculados números índices, cuja base correspon-dente ao valor mais antigo da série. Desse modo a evolução de cada elemento patrimonial e de resultados ao longo de diversos períodos sucessivos. Contudo a análise horizontal nos mostra a evolução no tempo de cada elemento específico.

No balanço, a análise vertical fornece indicadores que facilitam a avali-ação da estrutura do ativo (como os recursos estão sendo aplicados) e da suas fontes de financiamento. Esses indicadores correspondem às participações percentuais dos saldos das contas e dos grupos patrimo-niais sobre o total do ativo (ou do passivo + patrimônio líquido). Na DRE a análise vertical indica o percentual de cada um dos itens de formação do resultado em relação à receita líquida.

As análises estudadas prestam-se ao estudo de tendências da empresa e, associadas aos índices (que estudaremos no próximo capítulo) pro-piciam uma análise sistêmica da empresa.

Atividades

1) São processos/técnicas de Análise das Demonstrações Contábeis: a) Exame, padronização e elaboração de demonstrações contábeis; b) Análise por quocientes, Análise Vertical e Análise Horizontal c) Comparação com padrões, elaboração de relatórios e apuração de

resultados; d) Análise Horizontal/Vertical e elaboração de demonstrações finan-

ceiras; e) Escrituração, Demonstrações Financeiras, Análise das Demonstra-

ções Financeiras, Auditoria e Perícia

2) O processo de análise que consiste no estudo comparativo entre grupos de elementos das demonstrações financeiras por meio de índices, objetivando o conhecimento da relação existente entre ca-da um dos grupos do conjunto, denomina-se:

a) Exame de padronização; b) b) Análise por quocientes; c) c) Análise Vertical; d) d) Análise Horizontal; e) e) Nenhuma das Alternativas está correta 3) Processo de análise que consiste na determinação da porcentagem

de cada conta ou grupo de contas em relação ao conjunto denomi-na-se:

a) Exame e Padronização; b) Análise por quocientes; c) Análise Vertical; d) Análise Horizontal; e) Índices-padrão 4) O Processo de análise que consiste na comparação entre compo-

nentes do conjunto em vários exercícios, através dos números-índices, objetivando a avaliação do desempenho de cada conta ou grupo de contas ao longo dos períodos analisados, denomina-se:

a) Exame e Padronização; b) Análise por quocientes; c) Análise Vertical; d) Análise Horizontal; e) Índices-Padrão 5) O Processo de Análise das Demonstrações Financeiras ou Contá-

beis que consiste na comparação entre quocientes, coeficientes e números-índices com os índices-padrão denomina-se:

a) Análise por quocientes; b) Análise Vertical; c) Análise Horizontal; d) Comparação com Padrões e) Nenhuma das alternativas está correta

6) A inflação é um sério problema que o analista de balanços enfren-ta, ao comparar valores de um exercício para outro. A melhor ma-neira para se sanar este problema é:

a) corrigir as demonstrações financeiras com base em indexadores oficiais e ou convertê-las em moeda constante (dólar, por exem-plo);

b) não efetuar qualquer correção, pois o impacto do efeito inflacioná-rio no resultado da análise é mínimo;

c) suprimir os pequenos saldos, porque não influenciam no resulta-do da análise; definir um percentual aleatório para correção das demonstrações financeiras.

d) definir um percentual aleatório para correção das demonstrações financeiras;

e) ignorar o efeito inflacionário. 7) Em relação à Análise Horizontal, é correto afirmar: a) compara cada um dos elementos do conjunto em relação ao total

do conjunto; b) evidencia a evolução dos itens das demonstrações financeiras ao

longo dos tempos; c) ressalta a posição do capital próprio no conjunto patrimonial; d) evidencia o grau de endividamento da empresa; e) não tem importância no processo de análise das demonstrações

contábeis 8) Em relação à Análise Vertical, é correto afirmar: a) compara cada um dos elementos do conjunto em relação ao total

do conjunto; b) evidencia a evolução dos itens das demonstrações financeiras ao

longo dos tempos; c) ressalta a posição do capital próprio no conjunto patrimonial; d) evidencia o grau de endividamento da empresa; e) não tem importância no processo de análise das demonstrações

contábeis. 9) A principal finalidade da análise horizontal é: a) determinar a evolução dos elementos das demonstrações contá-

beis e caracterizar tendências; b) determinar a relação de uma conta com o todo de que faz parte; c) determinar os quocientes de liquidez, endividamento, rotativida-

de e rentabilidade. d) determinar índices-padrão de crescimento das contas do balanço; e) Nenhuma das alternativas está correta

10) (Adaptada de UFPA/Infraero/Contador 2004). A análise vertical do Passivo da Cia Beta é apresentada a seguir:

Passivo Análise VerticalCirculante Fornecedores 28 Empréstimos bancários 3 Outras Obrigações 13 Exigível a Longo Prazo Financiamentos 16 Patrimônio Líquido Capital Social 32 Reservas de Lucros 8 Total do Passivo 100

Considerando essas informações NÃO é correto afirmar que:

a) os capitais próprios representam 40% do Passivo Total; b) os principais componentes dos Capitais de Terceiros é a conta

Fornecedores que representa 28% do Passivo Total; c) Os empréstimos de curto prazo são pouco expressivos em relação

ao total do endividamento; d) Os Capitais de Terceiros representam 44% do Passivo Total; e) 16% do Passivo Total referem-se a dívidas de longo prazo.

8ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ATRAVÉS DE INDICADORES

Simone Loureiro Brum Imperatore

A análise das demonstrações contábeis encontra seu ponto mais im-portante no cálculo e avaliação do significado dos quocientes (índices), relacionando, principalmente, itens e grupos do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício. A seguir, estudaremos as formas de cálculo e o significado de cada um dos principais índices.

É sempre bom lembrar que é necessário que os índices financeiros sejam calculados após “ajustes” (reclassificação) das demonstrações financeiras procedida pelo analista.

Conforme Matarazzo (2003), é necessário efetuar a análise da situação financeira separadamente da situação econômica; no momento seguin-te, juntam-se as conclusões dessas duas análises. Os índices da situação financeira são divididos em índices de estrutura de capitais e índices de liquidez e o da situação econômica é o índice de rentabilidade.

8.1 Conceito de índice ou quociente

Segundo Morante (2009, p. 28) “Índice é uma relação entre duas gran-dezas, que expressa o resultado da divisão de valores que compõem o patrimônio, se considerarmos exclusivamente o objetivo deste traba-lho”.

Iudícibus (2009, p. 92) salienta: “O uso de quocientes tem como finali-dade principal permitir ao analista extrair tendências e comparar os quocientes com os padrões estabelecidos. A finalidade da análise é, mais do que retratar o que aconteceu no passado, fornecer bases para inferir o que poderá acontecer no futuro”.

Matarazzo (2008, p. 148) complementa: “Os índices servem de medida dos diversos aspectos econômicos e financeiros das empresas. Assim como um médico usa certos indicadores, como pressão e temperatura,

para elaborar o quadro clínico do paciente, os índices financeiros per-mitem construir um quadro de avaliação da empresa”.

8.2 Índices econômico-financeiros

Pode-se subdividir a análise das Demonstrações Financeiras em análise da situação financeira e análise da situação econômica. Inicialmente analisa-se a situação financeira (estrutura e liquidez) e a situação eco-nômica (rentabilidade), na sequência, junta-se as duas avaliações.

O quadro 14 apresenta o resumo dos índices de avaliação das demons-trações financeiras.

Quadro 14: Índices de avaliação das demonstrações contábeis

ÍNDICES DE AVALIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Índices da análise financeira: estes índices verificam a capacidade de pagamento da empresa, esta análise é feita somente através do Balanço Patrimonial. A palavra financeiro refere-se a dinheiro, apresenta a situação da conta caixa, as movimentações desta rubrica. Pode também apresentar o sentido amplo, analisando neste caso o Capital Circulante Líquido.

Índices de liquidez: Os índices apresentados neste tópico são extraídos do relacionamento entre as contas do Balanço que apresentam uma situação estática de liquidez.

Quociente de Liquidez Imediata: apresenta a disponibilidade imedia-ta de capital para a quitação das dívidas a curto prazo, evidencia as condições que a empresa possui para liquidar suas dívidas do curto prazo apenas com os recursos de suas disponibilidades.

Disponibilidades Passivo Circulante

Quociente de liquidez corrente: apresenta de quanto a empresa dispõe de reais imediatamente para serem convertidos em curto prazo em dinheiro, relacionando às dívi-das de curto prazo. É a capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo.

Ativo Circulante Passivo Circulante

Quociente de Liquidez Seca: avalia conservadoramente a liquidez da empresa, considerando a alta rota-tividade dos estoques. Este índice indica a capacidade de pagamento para saldar as obrigações de curto prazo, desconsiderando-se a reali-zação de estoques.

Ativo Circulante – Estoque Passivo Circulante

Quociente de Liquidez Geral: Este quociente avalia a saúde financeira, considerando a liquidez, de longo prazo da empresa, indica a capaci-dade que a empresa tem de pagar todos os seus compromissos, tanto os de curto prazo como de longo prazo.

Ativo Circulante + Ativo Não Circulante Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

Quocientes de endividamento: eles têm o objetivo de reproduzir a posição do capital próprio da empresa com relação ao capital de terceiros. É apre-sentado a grau de dependência da organização do capital de terceiros.

Quociente de Participação de Capi-tais de Terceiros sobre os Recursos Totais: o índice representa a por-centagem que o endividamento está representado sobre o Passivo e Patrimônio Líquido.

Exigível Total Exigível Total + PL

Quocientes de Capitais de Tercei-ros e Capitais Próprios: é outro índice que avalia a dependência de recursos de terceiros, este índice é chamado de grau de endividamen-to e significa o percentual de capital de terceiros (recursos de terceiros) em relação aos capitais próprios (patrimônio líquido).

Exigível Total Patrimônio Líquido

Quociente de Participação das Dívidas de Curto Prazo sobre o Endividamento Total: representa a formação do endividamento total e apresenta a parcela que vence do curto prazo com relação ao endivi-damento total. A composição do endividamento é apresentada por

Passivo Circulante Exigível Total

este índice, que mostra o impacto das obrigações de curto prazo (cir-culante) em relação ao total de capitais de terceiros.

Grau de Imobilização do Capital Próprio: A visualização do quanto do Patrimônio Líquido está aplica-do no ativo não circulante imobili-zado é feita neste índice.

AtivonãoCirculanteImobilizadoPatrimônioLíquido 100Grau de Imobilização de Recursos Permanentes: é utilizado para evidenciar quanto de recursos permanentes (não correntes ou não circulantes) foi investido no ativo não circulante.

AtivonãoCirculante − RealizávelaoLongoPrazoPatrimônioLíquido ÍNDICES DA ANÁLISE ECONÔMICA: A análise econômica apresenta a lucratividade da empresa. No sentido estático refere-se ao Patrimônio Líquido, o lucro ou o prejuízo modifica o Patrimônio Líquido sem alterar a disponibilidade de dinheiro.

ÍNDICES DE RENTABILIDADE: Nos índices de rentabilidade o lucro é comparado com ativo e com patrimônio líquido, mas para a análise evi-denciar índices condizentes é necessário que os valores que correspondem ao lucro sejam coerentes aos valores de ativo ou patrimônio líquido. Quan-do for utilizado o lucro líquido no numerador é imprescindível a utilização do ativo total no denominador ou quando lucro operacional com ativo operacional.

Retorno sobre o Ativo: o resultado deste índice mostra o tempo que levará para a empresa obter o re-torno do investimento executado. A taxa de retorno sobre o ativo apre-senta a lucratividade obtida pela empresa com a utilização dos inves-timentos do empreendimento, significa o tempo de retorno do investimento, levando em conside-ração que o faturamento, o lucro e o investimento permaneçam constan-tes.

Lucro Líquido Ativo Total

Retorno sobre o Patrimônio Líqui-do (TRPL): o índice resulta no tempo que os proprietários levaram para recuperarem seus investimen-tos, ele evidencia a capacidade da geração de lucro do capital próprio.

Lucro Líquido Patrimônio Líquido

Margem de Lucro sobre as Vendas: compara o lucro com as vendas líquidas.

Lucro Líquido Vendas Líquidas

Retorno sobre o Investimento: é considerado o mais importante quociente individual de toda a análise de balanços para a admi-nistração.

Margem Líquida Giro do Ativo Total

Fonte: Adaptado de Marion, 2002

Os índices de liquidez e endividamento englobam o relacionamento das contas do balanço patrimonial que refletem a situação estática de liquidez (saúde financeira) ou entre fontes diferenciadas de capital (estrutura de capitais). No grupo de indicadores de rentabilidade, por sua vez, são apresentadas as fórmulas de cálculo da rentabilidade dos capitais que foram investidos na empresa.

8.2 Índices de rotatividade ou atividade

Além dos quocientes de liquidez, rentabilidade e endividamento, te-mos os QUOCIENTES DE ROTATIVIDADE ou ATIVIDADE, con-forme apresentados no quadro 15.

Quadro 15 – Índices de rotatividade

ÍNDICES DE ROTATIVIDADE: Esses quocientes, que conside-ramos de grande relevância para a análise de crédito, expressam a velocidade com que determinados elementos patrimoniais se renovam durante certo período de tempo. Devido à sua nature-za, tais quocientes usualmente apresentam seus resultados em dias, meses ou períodos, fracionários ou múltiplos de um ano. A importância de tais quocientes é representada pelo fato de ex-pressarem relacionamentos dinâmicos, que acabam influencian-do a posição de liquidez e rentabilidade da empresa.

Prazo Médio de Recebimento (PMR): indica a média de dias em que as con-tas (duplicatas, títulos) são recebidas pela empresa. Avalia o tempo entre o faturamento e o recebimento. É útil na avaliação das políticas de crédito e co-brança.

Clientes í 360Prazo Médio de Estoques (PME): ex-prime o número de dias, em média, em que os estoques ficam armazenados na empresa antes de serem vendidos, ou ainda, o número de dias em que os es-toques são renovados (ou vendidos). Quanto menor o prazo, melhor.

EstoquesCMV X 360

Prazo Médio de Pagamento (PMP): indica a média de dias em que as con-tas (duplicatas, títulos) são pagas pela empresa. Avalia o tempo entre a com-pra e o pagamento. É útil na avaliação das políticas de crédito e cobrança.

FornecedoresReceitaLíquida X360Ciclo Operacional (CO): indica o in-tervalo de tempo decorrido entre o momento em que a empresa adquire as matérias-primas ou mercadorias e o momento em que recebe o dinheiro re-lativo às vendas. Portanto, refere-se ao período (em média) em que os recursos estão investidos nas operações sem que tenha ocorrido as correspondentes en-

CO = PME + PMR

tradas de caixa.

Ciclo Financeiro (CF): representa, em termos médios, o tempo decorrido en-tre o instante do pagamento dos forne-cedores pelas matérias-primas ou mer-cadorias adquiridas e o recebimento das vendas efetuadas. Em outras pala-vras, é o período em que a empresa ne-cessita ou não de financiamento com-plementar do seu ciclo operacional. A apuração do ciclo financeiro evidencia qual o prazo que a empresa financia seus cliente com recursos próprios ou de terceiros. Quanto maior for o ciclo financeiro, mais necessidade a empresa tem de obtenção de financiamento complementar para o giro de seus ne-gócios. Se obtido de fontes onerosas, poderá provocar redução da rentabili-dade e contribuir para eventual insol-vência da empresa.

CF=(PME+PMR) – PMP

Necessidade de Capital de Giro (NCG):

CF dias x Receita Líquida360Fonte: Elaborado pela autora

Os índices de rotatividade são de alta relevância para a análise de crédito pois expressam a velocidade com que determinados elementos patrimoniais se renovam durante certo período de tempo. Devido à sua natureza, tais índices usualmente apresentam seus resultados em dias, meses ou períodos, fracionários ou múltiplos, de um ano. Segun-do Iudícibus e Marion (2006, p. 135), “A importância de tais quocientes é representada pelo dato de expressarem relacionamentos dinâmicos que acabam influenciando a posição de liquidez e rentabilidade, mais adiante”.

Importante salientar que não esgotamos os índices existentes, sequer a possibilidade de cálculo de outros tantos índices. Cada empresa, com suas peculiaridades pode (e deve) escolher seus índices de forma a avaliar a eficiência e eficácia da gestão em relação aos impactos patri-moniais e resultados obtidos.

8.4 Ponto final

A análise das demonstrações contábeis visa obter informações finan-ceiras e econômicas, tendo como objetivo a tomada de decisão dentro de uma organização. Através das principais demonstrações, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício ex-traem-se índices para observar a situação de LIQUIDEZ, ENDIVIDA-MENTO, RENTABILIDADE e ROTATIVIDADE da empresa. Saliente-se que a análise das demonstrações financeiras consubstancia-se em um relevante instrumento de auxílio para a tomada de decisão, uma vez que o seu objetivo é transformar dados financeiros em informações de cunho gerencial. Com a conclusão de nosso livro-texto, o desafio agora é aplicarmos a teoria aos estudos de caso propostos na NETAU-LA. Mãos à obra!!!

Atividades

1) Os quocientes de estrutura de capitais evidenciam: a) o grau de solvência da empresa, ou seja, sua saúde financeira; b) o grau de endividamento da empresa; c) a lucratividade da empresa em termos absolutos; d) o tempo necessário para que os elementos do Ativo se renovem; e) o desempenho comparativo da empresa em relação às médias do

segmento em que atua. 2) Constituem índices de liquidez: a) margem líquida, giro do ativo, rentabilidade do patrimônio líqui-

do; b) participação de capitais de terceiros, imobilização do patrimônio

líquido e composição do endividamento; c) prazos médios de recebimento e pagamento; d) corrente, seca, geral, imediata; e) ciclo operacional e ciclo financeiro 3) Em relação à Análise das Demonstrações Financeiras, é CORRETO

afirmar: a) quando os investimentos efetuados pela entidade no seu Ativo

são financiados pelos Capitais de Terceiros em proporção maior que os capitais próprios, podemos dizer, em princípio, que a sol-vência da entidade é satisfatória;

b) em nenhuma entidade o valor dos capitais de terceiros poderá ser superior ao valor dos capitais próprios;

c) para se obter uma boa visão da situação econômica e financeira da entidade, é aconselhável que a análise das demonstrações finan-

ceiras seja realizada de forma global: análise horizontal, análise vertical e quocientes: estrutura de capitais, liquidez e rentabilida-de;

d) sempre que o quociente de liquidez geral é igual ou superior a 1 (um), pode-se afirmar, em princípio, que a entidade não se encon-tra estruturada do ponto de vista financeiro;

e) Os índices da análise econômica reproduzem a posição do capital próprio da empresa em relação ao capital de terceiros, apresen-tando o grau de dependência da entidade do capital de terceiros.

4) Uma empresa que apresente grandes lucros: a) sempre terá plena condição de pagar suas contas em dia; b) poderá, em certas circunstâncias, ter dificuldade em pagar suas

contas em dia; c) poderá, de acordo, com a lei dos investimentos naturais, imobili-

zar recursos equivalentes a 1,5 vezes o lucro do exercício; d) deverá manter certa quantia depositada em títulos de renda fixa

para enfrentar os anos de “vacas magras”; e) nenhuma das alternativas está correta. 5) A Empresa Binacional apresentava em seu Balanço Patrimonial

projetado, antes do final do ano, os seguintes valores no Circulan-te:

Ativo Circulante R$ 1.200.000 Passivo Circulante R$ 1.000.000 Liquidez Corrente: 1.200.000/1.000.000= 1,20

Todavia o seu presidente não está contente com o índice de liquidez corrente de 1,20. Ele determinou ao contador que o índice deverá ser igual a 2,00.

a) É impossível modificar esta situação, considerando-se que esta-mos próximos do final do ano;

b) A única alternativa é o contador “fajutar” o Balanço Patrimonial; c) A solução seria pagar R$ 400.000 da dívida de curto prazo d) Não é possível atingir este índice porque o Ativo Circulante é

maior do que o Passivo Circulante; e) Para melhorar o índice deve-se aumentar o endividamento de

curto prazo. 6) Uma empresa tem Ativo Circulante de $ 1.800.000 e Passivo Circu-

lante de $ 700.000. Se fizer uma aquisição extra de mercadorias, a

prazo, na importância de $ 400.000, seu índice de liquidez corrente será de:

a) 3,1 b) 1,6 c) 4,6 d) 2,0 e) 2,57 7) A empresa Orquídeas possui as seguintes informações extraídas

de seu Balancete de Verificação em 20X1:

Grupos de Contas 01/01/20X1 31/12/20X1

Ativo Circulante R$ 24.000 R$ 18.000

Passivo Circulante R$ 12.000 R$ 6.000

Em relação ao índice de liquidez corrente da empresa no período ana-lisado, é correto afirmar que:

a) A empresa terminou o exercício de 20X1 com um crescimento positivo na liquidez corrente de R$ 2,00;

b) A empresa terminou o exercício de 20X1 com um crescimento positivo na liquidez corrente de R$ 3,00;

c) A empresa terminou o exercício de 20X1 com uma redução de 50% na liquidez corrente;

d) A empresa terminou o exercício de 20X1 com uma redução de R$ 6.000,00 na liquidez corrente;

e) A empresa terminou o exercício de 20X1 com um crescimento positivo na liquidez corrente de R$ 1,00;

A partir dos informações extraídas do Balanço Patrimonial da Cia Catleya no exercício 20X1, responda às questões 8,9 e 10.

Grupo Valor R$

Ativo Circulante 520.000

Ativo Não Circulante Realizável a LP 70.000

Ativo Não Circulante Imobilizado 200.000

Passivo Circulante 450.000

Passivo Não Circulante 120.000

Patrimônio Líquido 220.000

8) O índice de imobilização do capital é de: a) 1,16 b) 1,39 c) 0,72 d) 0,91 e) 1,04 9) O índice de liquidez geral é de: a) 1,04 b) 1,68 c) 1,16 d) 1,31 e) 0,58 10) O Quociente de Capitais de Terceiros e Capitais Próprios é de: a) 0,79 b) 0,55 c) 3,59 d) 2,59 e) 2,68

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MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços: abordagem básica e gerencial. 6ª Ed. São Paulo:Atlas, 2008.

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GABARITO

Capítulo 1

1-b; 2-b; 3-d; 4-c; 5-b

6-

Lei 6404/76 Lei 11.638/07

Cia Abertas Cias AbertasBalanço Patrimonial Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumula-dos

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumula-dos

Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

Demonstração dos Fluxos de Caixa

Demonstração do Valor Adicionado Cias Fechadas Cias FechadasBalanço Patrimonial Balanço Patrimonial Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração do Resultado do Exercício Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumula-dos

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumula-dos

Demonstração dos Fluxos de Caixa (se o patrimô-nio líquido for superior a R$ 2 milhões)

IMPORTANTE: saliente-se que as SOCIEDADES DE GRANDE PORTE (cujo ativo total supera R$ 240 milhões ou receita bruta anual maior do que R$ 300 milhões) seguem a legislação das Cias Abertas, independentemente do tipo societário.

7- vide seção 1.2 de nosso livro texto

8- vide seção 1.3 de nosso livro texto

9-

Sociedades Limitadas Capital Social dividido em ações Capital Social dividido em cotas Proprietários denominados ACIONISTAS Proprietários denominados COTISTAS ou sócios Responsabilidade dos acionistas limitada ao preço de subscrição de ações

Responsabilidade dos acionistas limitada ao capital social integralizado

Obrigatoriedade de publicação das de-monstrações financeiras no Diário Oficial e em jornal de grande circulação.

Não necessita publicar as demonstrações financeiras.

Forma mais usual de sociedade comercial.

10- Questão pessoal

Capítulo 2

1-c; 2-d; 3-a; 4-c; 5-b; 6-b; 7-c; 8-c; 9-d; 10-c

Atenção:

Questão 8

Ativo PassivoAtivo Circulante R$ 3.000.000 Passivo Circulante R$ 2.000.000 Ativo Não Circulante R$ 10.000.000 Passivo Não Circulante R$ 1.500.000 Patrimônio Líquido R$ 9.500.000 Total R$ 13.000.000 Total R$ 13.000.000

a) Capital próprio = patrimônio líquido = R$ R$ 9.500.000

b) Capital de terceiros = total das obrigações = R$ 2.000.000 = R$ 1.500.000 = R$ 3.500.000;

c) Obrigações de longo prazo = Passivo Não Circulante = R$ 1.500.000

d) Aplicações de recursos = total do Ativo = R$ 13.000.000

Questão 9 – as contas estoques e duplicas a receber classificam-se no Ativo Circulante, enquanto a conta

“empréstimo s sócios/empresas coligadas, por determinação legal, classifica-se no Ativo Não Circulante

Realizável a Longo Prazo independentemente do prazo definido.

Capítulo 3

1- a; 2-b; 3-c

4-d

Receita Bruta R$ 700.000

Devoluções R$ (35.000)

Abatimentos R$ (15.000)

Impostos Sobre Vendas R$ (167.900)

Receitas Líquidas R$ 482.100

Descontos financeiros são classificados como despesas operacionais financeiras;

Comissões sobre vendas são classificadas como despesas operacionais de vendas; ambas deduzem o

resultado bruto.

5- e

Receita Bruta R$ 6.000

PIS (R$ 60)

COFINS (R$ 180)

ICMS (R$ 720)

Receita Líquida R$ 5.040

CMV (R$ 2.800)

Resultado Bruto R$ 2.240

Despesa Operacionais

Financeiras (R$ 600)

Administrativas (R$ 1.000)

Resultado Operacional Líquido R$ 640

6- d

Receita Bruta R$ 526.000

Impostos Incidentes sobre Vendas (R$ 50.000)

Receita Líquida R$ 476.000

CMV (R$ 213.000)

Resultado Bruto R$ 263.000

Despesas Operacionais

Financeiras (R$ 22.000)

Administrativas (R$ 87.000)

Resultado Operacional R$ 154.000

Outras Receitas Operacionais R$ 48.000

Resultado Operacional Líquido R$ 202.000

IR e CSLL (R$ 26.000)

Resultado Líquido R$ 176.000

7-d

Ativo Passivo Circulante Circulante Caixa R$ 70.000 Fornecedores R$ 250.000 Clientes R$ 140.000 Salários a Pagar R$ 18.000 (-) Prov Devedores Duv R$ 2.000 ICMS a Recolher R$ 65.000 (-) Duplicatas Descontadas R$ 90.000 IR a Recolher R$ 15.000 Estoque de Mercadorias R$ 154.000 Total Ativo Circulante R$ 272.000 Total Passivo Circulante R$ 348.000 Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido Investimentos R$ 50.000 Capital Social R$ 200.000 Imobilizado R$ 310.000 (-) Capital a Realizar R$ 40.000 (-) Depreciação Acumulada R$ 180.000 (-) Prejuízos AcumuladosR$ 32.000 (-) Ações em Tesouraria R$ 30.000 Reserva Legal R$ 6.000 Total Ativo Não Circulante R$ 180.000 Total Patrimônio Líquido R$ 104.000 Total ATIVO R$ 452.000 Total PASSIVO R$ 452.000

8-a

9-

Receita Bruta R$ 700.000

Deduções (R$ 58.000)

Receita Líquida R$ 642.000

CMV (R$ 400.000)

Resultado Bruto R$ 242.000

Despesas Operacionais (R$ 32.000)

Resultado Operacional R$ 210.000

Provisão IR e CSLL (R$ 10.000)

Resultado após IR e CSLL R$ 200.000

Participações

Administradores R$ 20.000

Lucro Líquido do Exercício R$ 180.000

10- b

Receita Líquida de Vendas R$ 225.000

(-) CMV

(=) Resultado Bruto R$ 145.000

(+) Receitas Operacionais – Despesas Operacionais

(=) Lucro Operacional Líquido R$ 106.000

Resultado Não operacional R$ 24.000

Lucro Antes IR R$ 130.000

(-) Provisão IR R$ 40.000

(=) Lucro após o IR R$ 90.000

(-) Participações Estatutárias R$ 18.000

Lucro Líquido do Exercício R$ 72.000

Lucro por ação= R$ 72.000/600.000= R$ 0,12 por ação

Capítulo 4

1-d; 2-a;

3-

Saldo Credor do Início do Exercício R$ 100

Reversões de Reservas de Lucros de Exercícios Anteriores R$ 200

Ajustes Negativos de Exercícios Anteriores (R$ 50)

Lucro Líquido do Exercício R$ 1.000

Parcela de Lucro Incorporada ao Capital (R$ 100)

Transferência para Reservas e Lucros (R$ 300)

Dividendos Propostos (R$ 150)

Lucros acumulados R$ 700

4- Saldo de Lucros ou Prejuízos Acumulados em 31/12/XX R$ 123.450

Ajustes de Exercícios Anteriores R$ 12.350

Reversão de Reservas de Contingências R$ 124.050

Reversão de Reservas de Lucros a Realizar R$ 25.500

Parcela de Lucros Incorporada ao Capital (R$ 60.000)

Lucro Líquido do Exercício 20X1 R$ 80.500

Distribuição do Lucro 20x1

Reserva Legal (R$ 4.025)

Reserva Estatutária (R$ 8.050)

Dividendos (R$ 50.000)

Saldo de Lucros ou Prejuízos Acumulados em 31/12/20X1 R$ 243.775

5-b; 6-c;

7- c

Lucros Acumulados 31/12/X1 R$ 4.800

(+) Reversão de Reservas de Contingências R$ 1.600

(-) Constituição de Reserva Legal R$ 300

(+) Lucro Líquido do exercício R$ 6.000

(-) Dividendos a Pagar R$ 1.800

(-) Ajuste de Exercícios Anteriores R$ 400

Lucros Acumulados 20X2 R$ 9.900

8-b

Distribuição Transitória do Lucro Líquido

Lucro Líquido R$ 200.000

(-) Reserva Legal R$ 10.000

(-) Reserva Estatutária R$ 5.000

(-) Reserva para Investimentos R$ 20.000

(-) Dividendos (estatuto) R$ 95.000

(=) Lucros Acumulados R$ 70.000

9- Distribuição de dividendos, reinvestimentos (formação de reservas e aumento de capital social).

10- vide livro texto itens 3.6; 3.6.1; 3.6.2.

Capítulo 5

1-d; 2-d; 3-e; 4-c; 5-d; 6- vide seção 5 do livro texto; 7- seção 5.1 do livro texto; 8- seção 5.2 do livro

da disciplina; 9- seção 5.3; 10- questão aberta

Capítulo 6

1-a; 2-c; 3-c; 4-e; 5-b; 6-a; 7-a; 8-e; 9- vide seção 6.3; 10- resposta aberta

Capítulo 7

1-b; 2-b; 3-c; 4-d; 5-d; 6-a; 7-b; 8-a; 9-a; 10-c

Capítulo 8

1-b; 2-d; 3-c; 4-b; 5-c; 6-d; 7-e; 8-c; 9-a; 10-d