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ALINE DE FIGUEIREDO MURTA
ESTRUTURA E DINÂMICA DA COMUNIDADE DE PLÂNTULAS EM TRÊS FORMAÇÕES VEGETAIS NO NORTE DE MINAS GERAIS
Universidade Estadual de Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
Fevereiro – 2010
ii
ALINE DE FIGUEIREDO MURTA
ESTRUTURA E DINÂMICA DA COMUNIDADE DE PLÂNTULAS EM TRÊS FORMAÇÕES VEGETAIS NO NORTE DE MINAS GERAIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de
Montes Claros, como requisito parcial para obtenção do
título de mestre em Ciências Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Maurício Lopes de Faria
Co-orientador: Prof. Dr. Marcílio Fagundes
Universidade Estadual de Montes Claros
Montes Claros, Minas Gerais
Fevereiro – 2010
v
“E seguimos o corgo que tira da lagoa Sussuarana, e que recebe a do Jenipapo e a Vereda do Vitorino,
e que verte no do Pandeiros – esse tem cachoeiras que cantam, e é d’água tão tinto,
que papagaio voa por cima e gritam, sem acordo: - É verde! É azul! É verde! É verde...”.
(João Guimarães Rosa. Grande Sertão Veredas)
vi
AGRADECIMENTOS
Ao meu querido orientador, Maurício Lopes de Faria, por estar presente em toda
a minha vida acadêmica, por me apresentar ao universo da ecologia, por me acolher
como orientada na graduação, me ensinar como fazer pesquisa e a pensar grande. Pela
oportunidade de crescer com o mestrado e pela paciência diante das minhas teimosias
ao querer aprender sobre um novo ramo da ecologia. Pela confiança sempre creditada.
Por tantas provações que só me estimulavam a continuar com este trabalho. Pela
acolhida como filha, incluindo as desavenças. Mas qual pai não quer o bem de sua
filha? Amo você!
Ao Marcílio, meu co-orientador, por sua inteligência, alegria em pesquisar e
sempre ser prestativo em ajudar. Pela leitura e sugestões neste trabalho e pela agradável
convivência. Por corrigir português e ensinar-me a simplificar a maneira de escrever.
Ao meu pai Almir de Figueiredo Murta por sempre ser “mais eu em seus
passos”, por exigir que eu “cagasse” em sua cabeça. Por me dar uma família e um lar
verdadeiros. Por não me privar de nenhuma oportunidade de estudo. Por ser Homem no
momento mais difícil das nossas vidas, um verdadeiro herói e grande guerreiro. Por me
encontrar todas as noites em meus sonhos, me colocando no colo e me dando um forte
abraço confortador. Nos momentos em que mais preciso você nunca me falta, está
presente, nunca me permitiu sentir só. Amo você papai e estou na chalana ao seu lado.
A minha mãe Sandra Murta por torcer e festejar minhas conquistas. Pelo apoio,
pelo desmedido amor, pela ternura e pela força. Por deixar meus dias mais tranqüilos
com seu carinho e companheirismo, por acreditar em mim, orgulhar-se e iluminar os
meus dias!
Aos meus irmãos Ariane e Augusto de Figueiredo Murta por nossa amizade e
cumplicidade. Pelo amor a mim dedicado, por nossa união e irmandade. Sempre ao meu
lado, para comemorar, cobrar, rir ou chorar. Por participarem da minha vida, serem tão
presentes e falarem de mim com orgulho. Somos um trio da pesada!
A todos os meus familiares, especialmente vovó Maria e tios Eduardo e Soraya,
que sempre dedicaram parte do seu tempo em preocupar-se comigo e saber sobre este
trabalho. Por fazerem o impossível em estar comigo neste dia. Pelas visitas, reuniões e
confraternizações. Nossos momentos são sempre especiais e inesquecíveis. O amor de
vocês me ampara e me dá forças todos os dias
vii
Aos amigos do laboratório de Biologia da Conservação, que ajudaram nas
coletas, abriram as parcelas, coletaram material de fitossociologia, pelas discussões,
pelo agradável convívio no laboratório e pelo interesse no trabalho de todos. Muito
obrigada. Especialmente, a Graziella França por estar ao meu lado, pelo interesse no
trabalho e pela disposição. Conquistou minha confiança, me fazendo acreditar que a
qualquer momento poderia comandar o trabalho em campo. Espero que continue
crescendo sempre!
Ao Lucas Gontijo pela ajuda na identificação das plântulas e pelo entusiasmo
com este trabalho!
Ao Biu pela análise das fotos hemisféricas e pelo carinho a mim dispensado
sempre que o procurei para esclarecer alguma dúvida ou apenas conversar.
Ao Magnel, Bento, Luiz Eduardo e Luiz Alberto pelo suporte nas análises
estatísticas, pelo interesse e disposição.
As minhas amigas Fabiene e Karla que me acolheram em Montes Claros como
irmãs, pela agradável convivência e pelo crescimento da nossa amizade.
Ao Victor Hugo, por ser um parceiro de plantule, Luci pela ajuda e disposição
em sempre sonseguir os artigos que eu pedia, e Gláucia, por também me ceder artigos e
o relatório do IGA! Muito obrigada queridos.
Ao Paulinho, que me emprestou sua máquina fotográfica com muita dor no
coração!
À querida amiga Raissa, por todo companheirismo e amizade verdadeira desde o
início das coletas. É especial ter você por perto.
A Universidade Estadual de Montes Claros e ao Programa de Pós-graduação em
Ciências Biológicas, pelo suporte logístico e oportunidades que me foram oferecidas.
Em especial, aos funcionários Claúdia e Pedro por sempre esclarecerem dúvidas e
darem apoio.
Aos mestres por dividirem o conhecimento e me apresentarem uma estrutura
nunca vista antes, com dedicação à pesquisa e agradável convívio.
Ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) pelo apoio logístico. Ao CNPq pelo
apoio financeiro do projeto CTHidro “Dinâmicas de organismos associados aos
ambientes de matas ciliares, cerrado e floresta estacional decidual, no médio São
Francisco, Norte de Minas Gerais” (ED.35/2006 – processo nº 555978/2006-0).
Enfim, a todos que ajudaram neste trabalho de alguma forma, muito obrigada!
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização da APA Bacia do Rio Pandeiros nos municípios de Bonito de
Minas, Cônego Marinho e Januária, no norte estado de Minas Gerais (Fonte: IGA).
Figura 02: Plântula com etiqueta de identificação marcada para monitoramento mensal
na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Figura 03: Riqueza de plântulas encontrada nos três ambientes amostrados durante o
estudo desenvolvido na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Figura 04: Abundância de plântulas por família encontrada nas três fitofisionomias
amostradas na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais (a: Cerrado, b: Mata
Seca, c: Mata Ciliar).
Figura 05: Análise de composição do estrato regenerativo nos três ambientes estudados
na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais . Cerrado: verde, Mata seca:
vermelho e Mata ciliar: azul.
Figura 06: Abundância de indivíduos arbóreos por família encontrada nas três
fitofisionomias amostradas na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais
(Cerrado: verde, Mata Seca: vermelho e Mata Ciliar: Azul).
Figura 07: Análise de composição do estrato arbóreo nos três ambientes estudados na
APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais .
Figura 08: Análise de composição do estrato arbóreo e do estrato regenerativo de cada
fitofisionomia estudada na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais . Os
tons escuros representam o estrato arbóreo e os tons claros representam o estrato
regenerativo. a) cerrado b) mata seca c) mata ciliar.
ix
Figura 09: ANOVA de medidas repetidas da variação da cobertura do dossel em função
dos meses de amostragem nas três fitofisionomias estudadas na APA Bacia do rio
Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Figura 10: Variação do número de folhas no decorrer dos meses amostrados nos três
ambientes estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Figura 11: Área inicial total de folhas por ambiente amostrado na APA Bacia do rio
Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Figura 12: Análise de sobrevivência das plântulas nos três diferentes ambientes
estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Figura 13: Variação da porcentagem de área removida (herbivoria) no decorrer dos
meses amostrados nos três ambientes estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte
de Minas Gerais.
Figura 14: Porcentagem de área foliar removida das plântulas amostradas nas três
fitofisionomias estudadas (cerrado, mata seca e mata ciliar) na APA Bacia do rio
Pandeiros, norte de Minas Gerais.
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Composição florística do estrato regenerativo do cerrado, mata seca e mata
ciliar da APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Tabela 02: Modelos utilizados para análise da riqueza e abundância de plântulas em
função do ambiente amostrado na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Tabela 03: Composição florística do estrato arbóreo do cerrado, mata seca e mata ciliar
da APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Tabela 04: Modelos utilizados para análise da altura e crescimento das plântulas e da
cobertura de dossel em função do ambiente e dos meses na área de estudo da APA
Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
xi
RESUMO – Estrutura e dinâmica da comunidade de plântulas em três formações vegetais no norte de Minas Gerais
MURTA, Aline de Figueiredo. Ms. Ciências Biológicas. Universidade Estadual de
Montes Claros. Fevereiro, 2010. Orientador: Dr. Maurício Lopes de Faria. Co-
orientador: Dr. Marcílio Fagundes.
Este estudo teve o objetivo de testar duas hipóteses: 1) Hipótese da similaridade de
composição, que prediz que a composição vegetal do estrato regenerativo é semelhante
à composição do estrato arbóreo na mesma fitofisionomia. 2) Hipótese do stress
ambiental, que prediz que fitofisionomias com menor cobertura vegetal apresentam
maior crescimento de plântulas, menor herbivoria e maior sobrevivência. Descreveu-se
a composição florística dos estratos arbóreo e regenerativo de 45 parcelas, 15 nos
ambientes de cerrado, mata seca e mata ciliar na Área de Proteção Ambiental Estadual
Bacia do rio Pandeiros norte do estado de Minas Gerais. Entre fevereiro (2008) e abril
(2009) foram coletados dados de altura e número folhas das plântulas, taxa de
herbivoria e indicou-se a mortalidade entre uma amostragem e outra. Mediu-se a
abertura do dossel nas estações seca e chuvosa através de fotografias hemisféricas. 587
plântulas foram monitoradas. A riqueza de plântulas variou entre os ambientes. O
crescimento diferiu entre os meses de amostragem e foi maior na estação chuvosa. A
cobertura do dossel variou entre os ambientes e entre os meses de amostragem,
diminuindo na estação seca. O número de folhas das plântulas diferiu entre os meses e
entre os ambientes. A abundância e a densidade de plântulas não variaram entre os
ambientes, A altura e o crescimento das plântulas não diferiram entre os três ambientes.
Não houve relação entre a abertura do dossel e o crescimento das plântulas. O cerrado
apresentou menor cobertura de dossel, plântulas com maior número de folhas, menor
área foliar total e menor mortalidade. A mata seca apresentou menor riqueza de
plântulas e maior cobertura de dossel. A mata ciliar apresentou maior mortalidade de
plântulas e menor tempo médio para morte. A comunidade de plântulas e a de
indivíduos arbóreos variou entre os ambientes e entre si no mesmo ambiente. A
primeira hipótese não foi confirmada, evidenciou-se uma alta substituição de espécies
entre os dois estratos dos ambientes estudados, indicando que, pode haver variação na
composição de espécies entre os estratos. Essa variação pode ser afetada pela condição
local e o grau de antropização. A segunda hipótese foi confirmada, sendo o cerrado o
xii
ambiente mais submetido ao stress ambiental, com menor cobertura vegetal e onde as
plântulas sobreviveram mais, provavelmente em função da menor herbivoria. A
herbivoria foi o fator determinante na mortalidade das plântulas. A maior mortalidade
de plântulas na mata ciliar relaciona-se também com a maior fragilidade deste ambiente.
Assim, estudos prévios de dinâmica, estrutura e sucessão, devem ser realizados antes de
iniciar-se programas de recuperação.
PALAVRAS-CHAVE : crescimento de plântulas, mortalidade de plântulas, herbivoria,
regeneração natural
xiii
ABSTRACT- Structure and dynamic of a seedling community in three vegetation types in the North of Minas Gerais
MURTA, Aline de Figueiredo. Ms. Ciências Biológicas. Universidade Estadual de
Montes Claros. Fevereiro, 2010. Orientador: Dr. Maurício Lopes de Faria. Co-
orientador: Dr. Marcílio Fagundes.
This study aimed to test two hypothesis 1) Hypothesis of similar composition, which
predicts that the composition of the regeneration plant is similar to the composition of
tree stratum in the same vegetation type. 2) environmental stress hypothesis, which
predicts that vegetation with a lower canopy covery have higher seedling growth,
reduced herbivory and increased survival. The floristic composition of the regenerating
stratum was described and 45 plots, 15 in cerrado, dry forest and riparian forest in the
Area of Environmental Protection Bacia do Rio Pandeiros north of the state of Minas
Gerais. Between February (2008) and April (2009) data were collected on height and
leaf number of seedlings, herbivory rate and indicated the mortality among a sample
and another. We measured the canopy opening in the dry and rainy season through
hemispherical photographs. 587 seedlings were monitored. The seedlings richness
varied among environments. Growth differed between the months of sampling and was
higher in the rainy season. The canopy cover varied between environments and between
the months of sampling, reducing in the dry season. The seedling number of leaves
differed between months and between environments. The abundance and density of
seedlings did not vary between environments, height and seedling growth did not differ
between the three environments. There was no relationship between canopy openness
and seedling growth. The cerrado had lower canopy cover, seedlings with more leaves,
less leaf area and lower mortality. The dry forest showed the lowest seedling richness
and greater canopy cover. The riparian forest showed higher seedling mortality and
lower mean time to death. The seedling community and the arboreal community varied
between environments and each other in the same environment. The first hypothesis
was not confirmed, there was a high turnover of species between the two stratum in the
study sites, indicating that there may be variation in species composition among the
groups. This variation can be affected by local conditions and the degree of human
disturbance. The second hypothesis was confirmed, and the environment more subject
to environmental stress, with less vegetation cover, had higher seedlings survived,
xiv
probably due to the herbivory. Herbivory was the determining factor in seedlings
mortality. The higher seedlings mortality in riparian forest is also linked with greater
fragility of this environment. Thus, previous studies of dynamics, structure and
succession, should be performed prior to initiating recovery programs.
KEY WORDS: seedling growth, seedling mortality, herbivory, natural regeneration
xv
SUMÁRIO
Introdução 16
Material e Métodos 20
Resultados 26
Discussão 39
Referências Bibliográficas 46
Anexos 52
16
Introdução
Os estudos sobre os processos de estabelecimento e crescimento de plântulas
têm adquirido grande importância no manejo de espécies florestais e em estratégias de
conservação (Webb, 1998). As informações sobre a distribuição de idades das plantas,
bem como a contribuição das sementes e das plântulas para a próxima geração, são
essenciais para a compreensão da ecologia das comunidades florestais (Silvertown
1987, Nunes, 1999).
O sucesso do estabelecimento de uma espécie vegetal está associado à dispersão
de propágulos, à germinação das sementes e ao crescimento e estabelecimento das
plântulas. A germinação das sementes e o estabelecimento das plântulas são
considerados pontos críticos entre as fases de crescimento e desenvolvimento do
indivíduo, principalmente por serem as fases mais sensíveis às variações ambientais
(Kachi & Hirose, 1990). Desta forma, a regeneração das florestas relaciona-se
diretamente com o recrutamento via banco de sementes e de plântulas, com a rebrota
vegetativa de partes das plantas, e por outros fatores bióticos como predação de
sementes e plântulas, danos no mersitema apical, patógenos, herbivoria e competição
que podem alterar a composição de florestas em regeneração (Janzen 1971; De Steven,
1991).
Além desses fatores bióticos, este processo é também fortemente influenciado
por fatores abióticos, como disponibilidade de luz, temperatura e umidade (Martínez-
Ramos, 1994; Mack et al., 1999). A sobrevivência e a taxa de crescimento das plântulas
são variáveis chaves nas dinâmicas de regeneração que é influenciada pela tolerância à
sombra e pelo estágio sucessional (Kitajima, 1994; Cornelissen et al., 1996). Como as
17
plântulas são mais vulneráveis e sensíveis ao estresse ambiental do que plantas bem
estabelecidas, estudos que focam na demografia e estrutura dos estágios iniciais têm
grande potencial em revelar mecanismos que vão determinar a estrutura da comunidade.
Os processos que causam a morte de indivíduos em estágios iniciais de
desenvolvimento podem ser determinantes na abundância e distribuição dos adultos
(Clark & Clark, 1985). As diferenças idiossincráticas no crescimento de plântulas entre
espécies em função dos recursos ambientais (luminosidade, água e nutrientes)
contribuem na manutenção da riqueza de espécies no ambiente (Grubb et al., 1996).
Assim, condições como a altura e a abertura do dossel podem influenciar na dinâmica
de plântulas e condições locais como o ataque de herbívoros e patógenos, a quantidade
de luz que chega ao solo, a temperatura, a umidade e a riqueza e a abundância de
espécies (Castleberry et al., 2000).
Herbívoros podem afetar a dinâmica e a estrutura das comunidades de plantas,
modificando a abundância relativa de espécies de plantas de uma comunidade e/ou
alterando a taxa de crescimento das plantas (Chesson & Huntly, 1991). Apresentam
importante papel quando convertem o recurso obtido das plantas em nutrientes que
podem determinar a disponibilidade local de nutrientes. Podem ainda ser vetores de
doenças às plantas (Berryman et al., 1987; Power 1987; Day & Detling, 1990). A taxa
de ataque por herbívoros em diferentes plantas hospedeiras pode ser regulada por
inúmeras características das plantas, incluindo a espessura da folha, defesas físicas, a
relação de carbono-nutriente presente nos tecidos, os índices de compostos secundários
e de água contidos na planta, a idade da folha, luminosidade, sazonalidade, distribuição
espacial, o ciclo de vida dos herbívoros, a temperatura (Faeth, 1985; Lowman, 1985;
Kerslake et al., 1998; Roy et al., 1999). Além dessas características, dependendo da
qualidade nutricional, a planta hospedeira pode se tornar mais ou menos susceptível ao
18
ataque por herbívoros do que se esperaria se tomado simplesmente o genótipo (Price,
1991).
Algumas características do ambiente também podem interferir no crescimento,
estabelecimento, sobrevivência e herbivoria das plântulas, como a complexidade
estrutural do ambiente e principalmente a disponibilidade de luz. Este fator, quando
encontra-se limitado, promove redução da taxa fotossintética, desaceleração do
crescimento, baixa concentração de nutrientes, folhas de vida longa e maior
investimento em compostos anti-herbívoros (Coley et al., 1985). Seguindo este
pressuposto, denominado hipótese da disponibilidade de recurso, espera-se que as taxas
de herbivoria sejam menores em ambientes com baixa disponibilidade de recursos.
A região norte do estado Minas Gerais apresenta uma grande diversidade de
formações vegetais. Apesar disso, o conhecimento da biodiversidade regional ainda é
pequeno. Esta região vem sofrendo pressões antrópicas severas oriundas do processo de
ocupação do solo que utilizou de forma intensiva e inadequada os recursos naturais,
provocando impactos, gerando, em especial, uma grande simplificação estrutural da
vegetação. As conseqüências destas mudanças são pouco conhecidas, principalmente
devido à falta de conhecimentos sobre a ecologia das espécies nativas e sobre as
características dos recursos ambientais (Azevedo et al., 2009; Mooney et al., 1980).
Podem ser encontrados no norte de Minas Gerais, diversas fitofisionomias que estão
adaptadas a um clima severo, com precipitação anual concentrada em uma determinada
época do ano. Predomina nesta região os biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, e
uma área ecotonal com características destes três ambientes (Santos et al., 2007). Além
disso, são encontradas comumente florestas estacionais decíduas, também denominadas
matas secas, que apresentam características destes ambientes ecotonais, e se
caracterizam por sua marcada deciduidade (pelo menos 50% de deciduidade arbórea na
19
estação seca do ano), gerando um ambiente de dinâmica altamente sazonal. E por fim,
as matas ciliares que acompanham a margem dos cursos d’água e apresentam
características da vegetação predominante adjacente (Bertani et al., 2001).
No norte do estado de Minas Gerais áreas de cerrado, mata seca e mata ciliar
podem ocorrer de forma adjacente, fornecendo um modelo experimental adequado para
a determinação dos fatores que podem influenciar nas dinâmicas de regeneração em
ambientes submetidos a diferentes condições. O cerrado é um ambiente com dossel
mais aberto, o que permite que grande quantidade de luz chegue ao estrato regenerativo,
enquanto a mata ciliar apresenta dossel mais fechado, com pouca penetração de luz. A
mata seca é um ambiente de situação intermediária quando comparada a estes dois
outros ambientes, apresentando pouca penetração de luz em uma estação (úmida) e
grande penetração de luz na outra estação do ano (seca). Desta forma, o conhecimento
da estrutura da vegetação e composição botânica das áreas, bem como os mecanismos
naturais de fornecimento de propágulos e regeneração natural, são informações
essenciais para a recuperação dos ambientes degradados.
Assim, o objetivo deste estudo foi testar as seguintes hipóteses:
I) Hipótese da similaridade de composição, que prediz que a composição
vegetal do estrato regenerativo é semelhante à composição do estrato arbóreo
no mesmo ambiente.
II) Hipótese do stress ambiental, que prediz que ambientes com menor
cobertura vegetal apresentam maior crescimento de plântulas, menor
herbivoria e maior sobrevivência.
20
Material e Métodos
Área de estudo: o estudo foi realizado na Área de Proteção Ambiental Estadual Bacia
do rio Pandeiros (15º29’15” S, 44º21’40” W), criada pela Lei 11.901 de 01/09/1995.
Esta APA abrange parte dos municípios de Januária, Bonito de Minas e Cônego
Marinho, na região do médio São Francisco, norte do estado de Minas Gerais,
aproximadamente a 640 Km da capital, Belo Horizonte (Figura 01). É a maior Unidade
de Conservação de uso sustentável de Minas Gerais com área territorial de 393.060 ha.
Encontra-se nessa APA diferentes fisionomias vegetais, como mata ciliar, mata seca,
cerrado, veredas e o único pântano do estado, que formam um mosaico proveniente do
efeito de transição entre os biomas Cerrado e Caatinga. O clima da região é do tipo Aw,
segundo a classificação de Koppen, com temperatura média anual próxima de 26ºC. A
precipitação média de 1000 mm/ano e o período mais chuvoso corresponde aos meses
de outubro a março (IGA, 2006).
21
Figura 01: Localização da APA Bacia do Rio Pandeiros nos municípios de Bonito de Minas, Cônego Marinho e Januária, no norte estado de Minas Gerais (Fonte: IGA).
22
Desenho amostral: Para o levantamento florístico e estrutural do estrato arbóreo, em
fevereiro de 2008 foram distribuídas aleatoriamente 15 parcelas de 10 x 10 m (100 m2)
em cada ambiente estudado, (cerrado, mata seca e mata ciliar) totalizando assim, 45
parcelas. Para marcação das parcelas utilizou-se cano de PVC em cada vértice e corda
para a delimitação. Para orientação espacial utilizou-se bússola e para localização das
mesmas na área de estudo foram obtidas coordenadas geográficas com o auxílio de um
GPS.
Nas parcelas, todos os indivíduos arbustivo-arbóreos com CAP (circunferência à
altura do peito = 1,30 m do solo) superior a 10 cm foram inventariados. Estes
indivíduos inventariados foram marcados com plaquetas de alumínio numeradas, sendo
ainda registrados o nome da espécie, o CAP e a altura média. O CAP foi medido
utilizando-se fita métrica e a altura foi estimada utilizando-se a projeção das varas do
podão. Amostras das espécies vegetais foram coletadas para confirmar a identificação
da espécie e posteriormente foram herborizadas e depositadas na coleção do laboratório
de biologia da conservação da Universidade Estadual de Montes Claros.
Para medir a abertura do dossel foram realizadas amostragens nos meses de
maio, setembro e novembro dentro de cada uma das 15 parcelas em cada ambiente. As
fotografias hemisféricas foram obtidas utilizando uma câmera digital PENTAX SR
profissional com uma lente 8mm “olho de peixe” 180º, apoiada em um mono-pé com
altura de 1,5 m e focada para cima. Para as análises das fotografias hemisféricas, foi
utilizado o software Gap Light Analyzer V.2.0 (SFU-IES, 1999).
Para a amostragem do estrato regenerativo, utilizou-se duas subparcelas. Deste
modo, no centro e no vértice nordeste (sentido rio-vegetação) de cada parcela de 10 ×
10 m marcou-se com o auxílio de uma trena, uma subparcela de 1 × 1 m, totalizando 30
sub-parcelas por ambiente. Dentro da subparcela foram inventariados todas as plântulas
23
lenhosas não trepadoras com altura <31 cm.
Estes indivíduos foram
marcados com placas de alumínio
numeradas, transpassadas com fio de
náilon (Figura 02). Foram coletados
dados do número total de plântulas,
altura e o número total de folhas,
além da indicação da mortalidade
entre uma amostragem e outra.
Figura 02: Plântula com etiqueta de identificação marcada para monitoramento mensal na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
O experimento ocorreu em 10 campanhas. A primeira campanha de campo
ocorreu em fevereiro (2008). Neste mês foram abertas as parcelas, as subparcelas e
marcadas a plântulas, assim, na próxima campanha já foi possível iniciar a coleta de
dados de sobrevivência. A segunda campanha foi em maio (2008), em seqüência, agosto
(2008), setembro (2008), outubro (2008), novembro (2008), dezembro (2008), janeiro
(2009), março (2009) e abril (2009). Houve um intervalo entre a primeira e a segunda
campanha para esperar uma adequação do experimento de acompanhamento de
crescimento e sobrevivência, que se iniciou no fim na estação chuvosa.
Para cada plântula inventariada anotou-se o nome específico, quando conhecido,
ou coletou-se amostras de material vegetal, fora das parcelas de amostragem, para
24
posterior identificação. Para acompanhar a herbivoria as três últimas folhas emitidas por
cada indivíduo foram marcadas para acompanhamento mensal da área foliar removida,
através de uma fotografia de cada uma das folhas. Utilizou-se uma folha de papel
milimetrado tamanho A4 como escala para as folhas. A área de cada folha em cada uma
das amostragens foi calculada através da imagem obtida no software ImageJ.
Análise dos dados: para comparar a riqueza e a abundância de indivíduos arbóreos entre
os três ambientes estudados realizou-se uma ANOVA, sendo consideradas como
variáveis resposta a riqueza e a abundância e como variável explicativa os ambientes. O
mesmo procedimento foi realizado para análise destes parâmetros para o estrato
regenerativo. A análise de contraste foi realizada através do teste de Fisher. Para
comparar a composição do estrato arbóreo entre as áreas amostradas foi utilizada a
análise de escala multidimensional não métrica (NMDS), utilizando o índice de
similaridade Bray-Curtis. Foi utilizada, ainda, análise de similaridade (ANOSIM) para
observar diferença significativa na composição das espécies arbóreas entre as áreas
estudadas. Para as duas análises utilizou-se o software PAST versão 1.89 (Hammer,
2001). Realizou-se uma ANOVA de medidas repetidas para avaliar a variação no
número de folhas entre os meses e entre os ambientes, considerando-se o número de
folhas como variável resposta e ambiente e meses como variáveis explicativas. A
análise de contraste foi realizada através do teste de Fisher. Para verificar a quantidade
inicial de área foliar por ambiente e a quantidade de área foliar removida (herbivoria)
realizou-se uma ANOVA onde a quantidade inicial de área foliar e a quantidade de área
foliar removida foram utilizadas como variáveis resposta e os ambientes como variável
explicativa. A análise de contraste foi realizada através do teste de Fisher. A altura e o
crescimento das plântulas entre os ambientes foram analisados através de uma ANOVA
de medidas repetidas, onde a altura e o crescimento foram considerados variáveis
25
resposta os ambientes como variável explicativa. Os dados foram analisados no
software STATISTICA 7.
O padrão de mortalidade das plântulas nos três ambientes de estudo foi
determinado através da análise de sobrevivência (Weibull). Construiu-se um modelo de
regressão múltipla, utilizando o pacote survival (Therneau & original R port by Thomas
Lumley, 2009), com o tempo de morte, como variável resposta e os três ambientes
como variável explicativa. Estes dados foram processados no software R(2:8.1) (R
Development Core Team, 2009).
26
Resultados
- Estrutura do estrato regenerativo
Foram amostradas um total de 587 plântulas. Destas, 216 estavam no cerrado,
184 na mata seca e 187 na mata ciliar. Nos três ambientes foram encontradas 72
espécies arbóreo-arbustivas (Tabela 01), sendo que 25 estavam presentes no cerrado,
distribuídas em 12 famílias, 25 espécies na mata seca, distribuídas em 10 famílias e 30
espécies distribuídas em 18 famílias na mata ciliar. A espécie mais representativa do
cerrado foi Alibertia edulis que correspondeu a 34% do total das plântulas amostradas
neste ambiente. A mata seca apresentou como espécies dominantes Bauhinia sp.1 (24%)
e Anadenanthera macrocarpa (23%). E finalmente, a Mata Ciliar apresentou como
espécie dominante Bauhinia sp.3 (27%). A abundância e a densidade de plântulas não
variaram entre os ambientes, entretanto a riqueza de plântulas entre os ambientes variou
(Tabela 02), apresentando a mata seca uma menor riqueza, enquanto o cerrado e a mata
ciliar apresentaram riqueza maior e similar entre si (Figura 03).
Cerrado Mata Seca Mata Ciliar0
1
2
3
4
Riq
ue
za d
e p
lân
tula
s (m2 )
Figura 03: Riqueza de plântulas encontrada nos três ambientes amostrados durante o estudo desenvolvido na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
27
Tabela 02: Modelos utilizados para análise da riqueza e abundância de plântulas em função do ambiente amostrado na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Variável resposta Variável explicativa f p
Abundância de plântulas Ambiente 0,4717 0,625 Densidade de plântulas Ambiente 0,9002 0,414 Riqueza de plântulas Ambiente 4,4200 0,014
As plântulas encontradas distribuíam-se nas seguintes famílias: Anacardiaceae,
Annonaceae, Apocynaceae, Bignoniaceae, Boraginaceae, Combretaceae, Dilleniaceae,
Euphorbiaceae, Fabaceae, Malpighiaceae, Malvaceae, Meliaceae, Myrtaceae,
Opiliaceae, Proteaceae, Rhamnaceae, Rubiaceae, Salicaceae, Sapindaceae, Sapotaceae,
Simaroubaceae, Urticaceae e Vochysiaceae (Figura 04). Doze famílias foram
registradas no cerrado, dez na mata seca e dezoito na mata ciliar. Anacardiaceae,
Annonaceae, Combretaceae, Fabaceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Sapindaceae tiveram
ocorrência registrada nos três ambientes. Apocynaceae ocorreu apenas na mata seca e
na mata ciliar, Bignoniaceae ocorreu no cerrado e na mata seca e Opiliaceae ocorreu na
mata seca e na mata ciliar. Dilleniaceae, Malpighiaceae, Sapotaceae e Vochysiaceae
ocorreram apenas no cerrado e Boraginaceae, Euphorbiaceae, Malvaceae, Meliaceae,
Proteaceae, Rhamnaceae, Salicaceae, Simaroubaceae e Urticaceae ocorreram apenas na
mata ciliar.
A família Fabaceae foi importante nos três ambientes, sendo a mais abundante na
mata seca e na mata ciliar e a segunda mais abundante no cerrado. Rubiaceae foi a
família mais abundante no cerrado, mas teve pouca representatividade nos outros dois
ambientes.
28
Figura 04: Abundância de plântulas por família encontrada nos três ambientes amostrados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais (a: Cerrado, b: Mata Seca, c: Mata Ciliar).
a)
b)
c)
29
A comunidade de plântulas variou entre os diferentes ambientes estudados (
stress = 0,4713, p < 0,05 ). De fato, o cerrado relaciona-se negativamente com o eixo 1,
enquanto a mata seca relacionou-se positivamente com o eixo 1. Por outro lado, a mata
ciliar tende a relacionar-se com o eixo 2, comparativamente às comunidades do cerrado
e da mata seca (Figura 05).
-0.3 -0.2 -0.1 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4
Axis 1
-01
-01
-00
-00
-00
-00
00
00
00
Axi
s 2
Figura 05: Análise de composição do estrato regenerativo nos três ambientes estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais . Cerrado: verde, Mata seca: vermelho e Mata ciliar: azul.
- Descrição do estrato arbóreo
Foram amostrados um total de 780 indivíduos arbóreos nos três ambientes.
Destes, 232 estavam no Cerrado, 275 na mata seca e 270 na mata ciliar. Encontrou-se
181 espécies nos três ambientes (Tabela 03), sendo que 55 destas estavam presentes no
cerrado, distribuídas em 19 famílias, 60 presentes na mata seca, distribuídas em 19
famílias e 66 presentes na mata ciliar, distribuídas em 24 famílias. A espécie mais
30
representativa do cerrado foi Terminalia fagifolia, que correspondeu a 11% do total de
indivíduos arbóreos amostrados. Na mata seca e na mata ciliar, a espécie dominante foi
Astronium fraxinifolium, correspondendo a 27% e 16% do total de indivíduos arbóreos
amostrados, respectivamente, nestes dois ambientes. A riqueza e a abundância de
indivíduos arbóreos não variaram entre os três ambientes.
As famílias de indivíduos arbóreos encontradas foram: Anacardiaceae,
Annonaceae, Apocynaceae, Bignoniaceae, Boraginaceae, Burseraceae, Caryocaraceae,
Chrysobalanaceae, Clusiaceae, Combretaceae, Dilleniaceae, Ebenaceae,
Erythroxylaceae, Fabaceae, Malpighiaceae, Malvaceae, Meliaceae, Moraceae,
Myrtaceae, Ochnaceae, Opiliaceae, Proteaceae, Rhamnaceae, Rubiaceae, Salicaceae,
Sapindaceae, Sapotaceae, Simaroubaceae e Vochysiaceae. Destas, a mais abundante foi
Fabaceae com 63 indivíduos. A abundância de indivíduos arbóreos por família está
representada na figura abaixo (Figura 06). No cerrado e na mata ciliar a família mais
abundante foi Fabaceae, enquanto na mata seca a mais abundante foi Anacardiaceae.
Foram identificadas dezenove famílias no cerrado e na mata seca e vinte e quatro
famílias na mata ciliar.
31
Figura 06: Abundância de indivíduos arbóreos por família encontrada nos três ambientes amostrados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais (Cerrado:verde, Mata Seca: vermelho e Mata Ciliar: Azul).
32
A comunidade arbórea variou entre as diferentes formações vegetais estudadas
(stress = 0,3709, p < 0,05). De fato, o cerrado relaciona-se negativamente com o eixo 1,
enquanto a mata seca relacionou-se positivamente com o eixo 1. Por outro lado, a mata
ciliar tende a relacionar-se com o eixo 2, comparativamente às comunidades do cerrado
e da mata seca (Figura 07).
Figura 07: Análise de composição do estrato arbóreo nos três ambientes estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais .
A comunidade arbórea e a comunidade de plântulas diferiram também dentro do
mesmo ambiente, ou seja, o estrato regenerativo difere do estrato arbóreo em todos os
ambientes (Figuras 8a, 8b e 8c) (stress: 0,2772; 0,3601 e 0,3262, respectivamente, p <
0,05).
33
Figura 08: Análise de composição do estrato arbóreo e do estrato regenerativo de cada ambiente estudado na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais . Os tons escuros representam o estrato arbóreo e os tons claros representam o estrato regenerativo. a) cerrado b) mata seca c) mata ciliar.
34
- Dinâmica do estrato regenerativo
A altura e o crescimento das plântulas não diferiram entre os três ambientes
estudados, mas o crescimento diferiu entre os meses de amostragem (Tabela 04).
Durante a estação seca, período de maio a outubro, as plântulas permanecem com uma
taxa de crescimento que tende a ser nula. Entretanto, com o decorrer da estação
chuvosa, período entre novembro e abril, o crescimento das plântulas aumenta
significativamente. A cobertura do dossel variou entre os ambientes e entre os meses de
amostragem (Tabela 04). De modo geral, a mata seca apresentou maior cobertura do
dossel, seguida pela mata ciliar e cerrado em todos os meses de amostragem. Contudo,
deve-se salientar que nas coletas de setembro e novembro a cobertura do dossel da mata
seca e da mata ciliar foi similar. Observou-se também que a cobertura do dossel tendeu
a diminuir com o avanço da estação seca, voltando aumentar, na estação chuvosa com a
rebrota de folhas (Figura 09). Apesar dessa variação, não houve relação entre a abertura
do dossel e o crescimento das plântulas.
Fevereiro Maio Setembro Novembro0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Co
ber
tura
do
do
ssel
Cerrado Mata Seca Mata Ciliar
Figura 09: ANOVA de medidas repetidas da variação da cobertura do dossel em função dos meses de amostragem nos três ambientes estudadas na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
35
Tabela 04: Modelos utilizados para análise da altura e crescimento das plântulas e da cobertura de dossel em função do ambiente e dos meses na área de estudo da APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Variável resposta Variável explicativa F P
Altura das plântulas Ambiente 0,882 0,589 Crescimento das plântulas Ambiente 1,714 0,181 Crescimento das plântulas Meses de amostragem 21,794 0,00001
Cobertura do dossel Ambiente 37,008 0,00001 Cobertura do dossel Meses de amostragem 102,63 0,00001 Cobertura do dossel Ambiente* Meses de amostragem 9,7180 0,00001
O habitat, o período de amostragem e a interação habitat x tempo afetaram o
número de folhas das plantas (p < 0,05). De modo geral as plântulas do cerrado
apresentaram maior número de folhas em todos os períodos de observação. Alem disto,
observou-se também que as plântulas da mata ciliar apresentaram maior número de
folhas do que as da mata seca no período que antecede as chuvas (maio a outubro).
Após este período, as plântulas da mata seca tendem a apresentar mais folhas que as
plântulas da mata ciliar, em função da rebrota de folhas com o início da estação chuvosa
(Figura 10).
Mai Ago Set Out Nov Dez Jan Mar Abr0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Nú
me
ro d
e f
olh
as
Cerrado Mata Seca Mata Ciliar
Figura 10: Variação do número de folhas no decorrer dos meses amostrados nos três ambientes estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
36
A quantidade inicial total de área foliar diferiu entre os três ambientes estudados
(F(2, 79) = 11,265, p < ,00010). Mesmo apresentando maior número de folhas, o
cerrado apresentou menor área foliar total do que as outros dois ambientes. Este
ambiente apresentou maior quantidade de folhas, porém de menor tamanho (Figura 11).
Cerrado Mata Seca Mata Ciliar5000060000700008000090000
1E51,1E51,2E51,3E51,4E51,5E51,6E51,7E51,8E51,9E5
2E52,1E52,2E5
Áre
a f
olia
r in
icia
l
Figura 11: Área inicial total de folhas por ambiente amostrado na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Ao final deste estudo, 282 plântulas haviam morrido, o que representa 48% de
mortalidade total nos três ambientes. Destes indivíduos, 85 estavam no cerrado, 79 na
mata seca e 118 na mata ciliar, o que corresponde a uma mortalidade de 39,8% no
cerrado, 42,9% na mata seca e 63,1% na mata ciliar.
O padrão de sobrevivência das plântulas foi diferente apenas na mata ciliar. O
cerrado e a mata seca apresentaram mesmo padrão de sobrevivência (p < 0,05).
Contudo, observa-se que nos três ambientes há aumento da mortalidade com o passar do
tempo ( α > 1 ). De um modo geral, o tempo médio para morte ( µ ) das plântulas foi
menor na mata ciliar, ou seja, os indivíduos deste ambiente possuem maior
37
probabilidade de morrer mais cedo, nos 8 primeiros meses, quando comparados ao
cerrado e à mata seca. Nestes dois ambientes o tempo médio para morte foi
respectivamente, de 11,3 e 11 meses (Figura 12).
Figura 12: Análise de sobrevivência das plântulas nos três diferentes ambientes estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
A herbivoria parece ser um fator determinante na mortalidade das plântulas nos
três ambientes ( p < 0,05 ). De um modo geral, a mata seca apresentou maior
porcentagem de área removida comparado aos outros ambientes durante todo o período
de observação. Já o cerrado apresentou a menor porcentagem de área removida neste
período. A mata ciliar apresentou padrão intermediário comparado à mata seca e ao
cerrado (Figura 13).
38
Ago Set Out Nov Dez Jan Mar Abr0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Her
bivo
ria
(%)
Cerrado Mata Seca Mata Ciliar
Figura 13: Variação da porcentagem de área removida (herbivoria) no decorrer dos meses amostrados nos três ambientes estudados na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
A porcentagem de área foliar removida foi diferente entre os ambientes (F =
19,142, p < 0,0001). Cada ambiente apresentou um padrão diferente de remoção de área
foliar. O cerrado apresentou menor porcentagem de área total removida, comparado aos
outros dois ambientes durante o período de observação (Figura 14).
Cerrado Mata Seca Mata Ciliar30
40
50
60
70
80
90
100
Áre
a r
em
ovi
da
(%
)
Figura 14: Porcentagem de área foliar removida das plântulas amostradas nos três ambientes estudados (cerrado, mata seca e mata ciliar) na APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
39
Discussão
- Estrutura
Estudos envolvendo a regeneração natural do estrato regenerativo são escassos
sendo encontrado o de Menino (2009), o de Melo e Durigan, (2007), o de Sampaio et al.
(2006) em pastos, o de Vieira et al., (2006) com regeneração pós distúrbios, o de
Oliveira e Felfili, (2005), o de Silva et al. (2004), e o de Campos e Landgraf, (2001).
Entretanto, trabalhos que envolvam a regeneração com enfoque na dinâmica e na
estrutura da comunidade do estrato regenerativo em ambientes distintos não foram
encontrados.
De uma forma geral, o perfil florístico do estrato regenerativo encontrado na
mata ciliar do trecho estudado na APA Bacia do rio Pandeiros, assemelha-se ao
encontrado por Menino (2009) na mesma região de estudo. Neste estudo,
Anacardiaceae, Fabaceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Sapindaceae foram as famílias
botânicas mais abundantes no estrato regenerativo. Não foram encontrados estudos de
descrição do estrato regenerativo de áreas de cerrado e mata seca na área de estudo.
O perfil florístico do estrato arbóreo apresentou semelhanças com dois estudos
na mesma área, o estudo de Azevedo et al., 2009 que mostrou destaque para as espécies
do cerrado: Xylopia aromatica, Curatella americana, Eugenia dysenterica e Magonia
pubescens na mata seca para Anadenanthera colubrina, Dilodendron bipinnatum,
Myracrodruon urundeuva e Astronium fraxinifolium e na mata ciliar para Copaifera
langsdorffii, Tapirira guianensis e Hymenaea eriogyne. E o estudo do IGA (2006), que
mostrou similaridade nas espécies representativas arbóreas do cerrado Caryocar
brasiliense, Qualea grandiflora, Tabebuia ochracea, C. americana M. pubescens, E.
40
dysenterica e Hymenaea stignocarpa. Para as espécies da mata seca houve similaridade
com Schinopsis brasiliensis, C. langsdorfii e Cordia glabrata. Para a mata ciliar, a
similaridade foi de T. guianensis e dos gêneros Bauhinia, Senna e Eugenia.
A estrutura do estrato regenerativo apresentou pequenas semelhanças com a
estrutura do estrato arbóreo. As famílias botânicas mais representativas diferiram nos
dois estratos no cerrado e na mata seca, sendo similares apenas na mata ciliar.
Entretanto, a família mais representativa deste ambiente foi a Fabaceae, que é a família
botânica mais representativa. Além disto, este predomínio da família Fabaceae como a
mais representativa, pode ser em função da capacidade de muitas espécies em fixar
nitrogênio, sendo esta característica de grande importância, especialmente em solos
pobres (Silva Junior et al., 1998). Mostrou-se neste trabalho, que cada ambiente
apresenta suas particularidades na composição, e que mesmo com semelhanças, não são
iguais, portanto, a mata seca não pode ser considerada como cerrado.
A diferença na composição dos dois estratos, mostra a importância de estudos
prévios quando programas de recuperação ou regeneração de áreas forem
desenvolvidos. A estrutura e a dinâmica são diferentes nos dois estratos. Caso ocorresse
o contrário, não existiria sucessão e os ambientes estariam em clímax constante. Ao
abrir uma clareira em uma floresta madura, ocorre a colonização por espécies pioneiras,
que possuem sementes pequenas e com pouca reserva nutricional, gerando a
necessidade de um rápido crescimento e estabelecimento para que estas possam buscar
nutrientes e recursos no ambiente. Ao contrário, espécies tardias, normalmente de
sementes grandes, não precisam crescer rapidamente, pois possuem grande quantidade
de reservas armazenadas em sua semente (Seiwa, 2007; Metcalf et al., 2002). Além
disto, existem espécies no estrato regenerativo que permanecem dormentes até surgirem
41
condições favoráveis ao seu crescimento e estabelecimento definitivo (Fenner, 1987).
Espécies arbustivas, em sua maioria, não entram na amostragem das espécies do estrato
arbóreo por não possuírem CAP maior que 10 cm, aumentando as diferenças entre os
dois estratos já que estas entram na amostragem do estrato regenerativo. É o caso do
arbusto A. edulis, que não foi registrada no estrato arbóreo e é a espécie mais
representativa do estrato regenerativo no cerrado. Esta espécie é a única da família
Rubiaceae a ocorrer neste local e responsável por esta ser a família mais representativa.
Existe ainda certa dificuldade em identificar indivíduos imaturos, pois não apresentam
material reprodutivo, deixando dúvidas em alguns casos para alcançar o nível de
espécie. É o caso das espécies do gênero Bauhinia, onde há grande semelhança entre as
espécies, o que gera uma dificuldade na identificação sendo necessário a coleta de
material reprodutivo para confirmar a espécie amostrada.
Estes resultados evidenciam a alta substituição de espécies entre os dois estratos
dos ambientes estudados, indicando que, apesar de terem algumas semelhanças, pode
haver variação na composição de espécies entre os estratos das mesmas. Essa variação
pode ser afetada pela condição local, o grau de antropização e a localização geográfica
da área (Santos et al., 2007). Além disso, a maior parte dos indivíduos do estrato
regenerativo não é proveniente das árvores já estabelecidas naquele local, e sim, de
indivíduos que não compõem este estrato arbóreo, chegando via dispersão.
-Dinâmica
Observou-se no nosso estudo que as plântulas voltam a produzir novas folhas
com o início da estação chuvosa, principalmente as plântulas da mata seca (uma
provável adaptação à seca), que chegaram a perder todas as folhas e com o passar da
42
estação chuvosa apresentaram número maior que no início do estudo. Isto contraria o
estudo de Clark & Clark (1985) em uma floresta tropical úmida primária na Costa Rica,
onde houve baixa e lenta produção de folhas novas nas plântulas de Dipteryx
panamensis. Após 11 meses de observação 41% das plântulas ainda não tinha produzido
folhas novas. Entretanto, acompanharam os indivíduos desde a germinação, sendo esta,
o primeiro mês de acompanhamento. No nosso estudo, acompanhamos plântulas já
estabelecidas. Chazdon & Fetcher (1984) registraram que a maioria das plântulas em
florestas maduras da Costa Rica, não produzia folhas novas, mantendo apenas o par
emergido após a germinação por cerca de até 21 meses. Entretanto, este estudo foi
conduzido em um ambiente com cerca de 2% de luminosidade no sub-bosque,
permanecendo assim, as plântulas em estado de “dormência”, esperando a abertura de
uma clareira para se desenvolverem.
A sobrevivência de plântulas neste estudo é considerada alta, em princípio,
quando comparada a outros estudos como o de Gulias et al. (2004) que registrou taxa de
sobrevivência de plântulas de Rhamnus alaternus entre 2-20% durante um estudo de
dois anos na Espanha. Clark & Clark (1985) em estudo com plântulas de Dipteryx
panamensis em uma floresta tropical úmida primária na Costa Rica encontraram
sobrevivência de 9%. Estes estudos tiveram duração mínima de dois anos, o que
provavelmente diminui a taxa de sobrevivência pois, a mortalidade é acumulativa com o
passar do tempo. O estudo de Prittinen et al., 2003 com plântulas de Betula pendula na
Finlândia teve duração de um ano, assim como o nosso estudo, e apresentou
sobrevivência de plântulas de 78,3%.
A herbivoria foi o fator determinante na mortalidade das plântulas, corroborando
estudos de Prittinen et al., 2003 em estudo com plântulas de Betula pendula na
Finlândia onde houve aumento de 98% na mortalidade devido ao dano causado por
43
insetos herbívoros. Neste estudo, os autores registraram que a herbivoria por insetos
modificou o tamanho e a estrutura das populações estudadas. Clark & Clark (1985)
mostraram em seu estudo que a herbivoria afetou significativamente a sobrevivência de
plântulas. Dos indivíduos amostrados que tinham 100% de área foliar no início da
amostragem, 69% sobreviveram e daqueles em que no início da amostragem a área
foliar estava removida (ca. 86%), a sobrevivência caiu para 20%. A longevidade das
plântulas relaciona-se fortemente com o número total de folhas. Nenhuma das plântulas
com menos do que duas folhas sobreviveu até os 2 anos de idade, enquanto 12% das
que tinham 2 folhas sobreviveram. A perda de área foliar causa danos diretos pela perda
de nutrientes e redução da fotossíntese. Além disso, o dano foliar causado pelo
herbívoro pode propiciar a introdução de patógenos, que quando em conjunto, afetam
negativamente a longevidade do indivíduo. Portanto, mesmo que a herbivoria não leve à
morte do indivíduo instantaneamente, o dano acumulado após o ataque de herbívoros
pode sim matar o indivíduo. Assim, a herbivoria em plântulas é vista mais
freqüentemente como parasitismo do que como predação (Prittinem et al., 2003).
A maior mortalidade de plântulas encontradas na mata ciliar relaciona-se
também com a maior fragilidade deste ambiente. A mata ciliar estudada compreende
parte da APA Bacia do rio Pandeiros utilizada pelos visitantes para lazer, portanto, está
mais sujeita a ações antrópicas em função da atratividade dos cursos d’água e da maior
dificuldade de acesso dos outros ambientes. É uma área de intenso tráfego de pessoas e
animais, pois é um meio de acesso aos cursos d’agua. Além disso, ocorreu uma
queimada após a amostragem do mês de outubro em uma parte estudada da mata ciliar.
A abertura de clareiras promove o aumento da população de formigas cortadeiras
(Vasconcelos & Cherrett, 1997) que pode assim, aumentar a herbivoria nestes locais
comprometendo o estabelecimento de algumas espécies de plântulas.
44
A herbivoria foi maior na mata seca, provavelmente por este ser um ambiente
adaptado à perda foliar, desta forma, os indivíduos não investem em compostos caros
para a planta nas folhas, pois, esta será eliminada com o início da estação seca. Assim,
folhas com menos defesas são mais suscetíveis ao ataque de herbívoros. No cerrado
ocorre um padrão diferente, onde a troca de folhas é menor, desta forma, as folhas deste
ambiente são caras para serem produzidas, pois há um grande investimento, como
compostos de defesa químicos e físicos que dificultam o ataque de herbívoros. Folhas
mais duras mostram forte relação negativa com taxas de dano foliar (Coley, 1983a).
As plântulas do cerrado foram as que menos sofreram com o ataque de
herbívoros, o que refletiu na maior sobrevivência neste ambiente. Provavelmente, o
ataque foi menor, pois, o cerrado apresenta fatores limitantes como a baixa
disponibilidade de sombra, que aumenta as chances de dessecação de insetos. Na mata
ciliar onde o sombreamento é alto, as condições são mais favoráveis aos insetos, o que
foi refletido na alta taxa de herbivoria neste local. A perda foliar foi alta também na
mata seca, entretanto, as plântulas deste local estão mais adaptadas à perda foliar, que
também é marcante nos indivíduos arbóreos na estação seca, o que pode ter amenizado
o efeito da herbivoria na mortalidade.
Em estudos de casa de vegetação a mortalidade de plântulas é acentuadamente
menor comparada a estudos em campo. Meiners & Handel (2000), num estudo
desenvolvido nos estados unidos, encontraram mortalidade de 21,7% para Acer rubrum
e 8,9% para Quercus palustris no experimento controle. Ao inserir variáveis de
herbivoria e competição, a mortalidade passou para cerca de 50%. Em condições
experimentais, as plântulas estão normalmente protegidas de fatores estressantes tanto
bióticos como abióticos, como por exemplo herbívoros, patógenos, extremos de
45
temperatura, sombreamento pelos vizinhos, etc. Entretanto, em condições de campo, a
maioria das plântulas morrem por um ou mais fatores diretamente estressantes.
Assim, este estudo mostrou que cada ambiente apresenta suas peculiaridades na
composição de espécies. Existe diferenças na composição de espécies do estrato arbóreo
e do estrato regenerativo, evidenciando um processo sucessional constante nos
ambientes, o que justifica a pouca similaridade entre os estratos. A herbivoria parece ser
um fator determinante na dinâmica e na mortalidade de plântulas, sendo que as espécies
respondem diferentemente a esta pressão. Esta mortalidade diferencial das espécies
resultará na composição do estrato arbóreo regenerante. Outros fatores devem ser
estudados para esclarecer melhor os fatores responsáveis pela mortalidade de plântulas,
como a resposta de cada espécie à herbivoria e o efeito de condições abióticas como a
seca.
46
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ANEXOS
Tabela 01: Composição florística do estrato regenerativo do cerrado, mata seca e mata ciliar da APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Família Espécie Cerrado Mata Seca Mata Ciliar
Anacardiaceae Anacardiaceae sp1 x Astronium fraxinifolium x x x Mangifera indica x Myracrodruon sp x Tapirira sp x Annonaceae Annona sp1 x Annona sp2 x Annonaceae sp1 x Rollinia sp x Xylopia aromatica x Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium x Aspidosperma sp1 x Aspidosperma sp2 x Aspidosperma sp3 x Aspidosperma tomentosum x Bignoniaceae Bignoniaceae sp1 x Tabebuia sp x Boraginaceae Cordia glabrata x Combretaceae Combretaceae sp1 x Combretaceae sp2 x Terminalia sp1 x x Dilleniaceae Dilleniaceae sp1 x Euphorbiaceae Cnidoscolus pubescens x Fabaceae - Caesalpinioideae Bauhinia sp1 x Bauhinia sp2 x Bauhinia sp3 x Caesalpinia pyramidalis x Copaifera sp x Dimorphandra mollis x Fabaceae - Caesalpinioideae sp1 x Fabaceae - Caesalpinioideae sp2 x Hymenaea stignocarpa x x Senna sp1 x Fabaceae - Mimosoideae Anadenanthera macrocarpa x x Fabaceae - Mimosoideae sp1 x x Inga sp x Fabaceae - Papilionoideae Diplotropis sp x Fabaceae - Papilionoideae sp1 x Fabaceae papilionoideae sp2 x Machaerium scleroxylum x Machaerium sp1 x Machaerium sp2 x x Pterodon abruptus x Malpighiaceae Malpighiaceae sp1 x Malvaceae Malvaceae sp1 X Meliaceae Trichilia catigua X
53
(continuação...) Myrtaceae Eugenia dysenterica x X Eugenia florida x Myrtaceae sp1 x Psidium sp x Opiliaceae Agonandra brasiliensis x X Sterculia striata X Proteaceae Roupala sp X Rhamnaceae Zizyphus joazeiro X Rubiaceae Alibertia edulis x X Rubiaceae Rubiaceae sp1 x Salicaceae Casearia rupestris X Sapindaceae Cupania sp X Dilodendron bipinnatum x X Magonia pubecens x Sapindaceae sp1 x Serjania sp x Sapotaceae Pouteria sp x Simaroubaceae Simarouba versicolor X Urticaceae Urticaceae sp X Vochysiaceae Qualea multiflora x Qualea sp1 x Qualea sp2 x NI 1 NI 1 x NI 2 NI 2 X NI 3 NI 3 X
Tabela 03: Composição florística do estrato arbóreo do cerrado, mata seca e mata ciliar da APA Bacia do rio Pandeiros, norte de Minas Gerais.
Família Espécie Cerrado Mata Seca Mata Ciliar Anacardiaceae Astronium fraxinifolium x X X
Anacardium occidentales x Astronium sp. X Myracrodruon urundeuva x X Schinopsis brasiliensis X Tapirira guianensis X Tapirira obtusa X Annonaceae Annona crassifolia x Annona dioica x X Duguetia furfuracea x Rollinia leptopetala x X Rollinia sp. X Xylopia aromatica X Apocynaceae Aspidosperma cuspa X Aspidosperma macrocarpum x X Aspidosperma multiflorum X Aspidosperma pyrifolium X Aspidosperma sp. X X Aspidosperma tomentosum x X Bignoniaceae Jacaranda brasiliana x
54
(continuação...) Tabebuia aurea x Tabebuia chrysotricha x Tabebuia ochracea x X Tabebuia sp. x x Zeyheria tuberculosa x Boraginaceae Cordia glabrata x X Cordia sp. x Burseraceae Commiphora leptophloeos x Caryocaraceae Caryocar brasiliense X Chrysobalanaceae Couepia grandiflora x X Clusiaceae Kielmeyera coriacea x Combretaceae Buchenavia tomentosa x Combretaceae sp. 1 x Combretaceae sp. 2 x Combretum duarteanum x x Combretum leprosum x Combretum sp. x Terminalia argentea X Terminalia fagifolia x Terminalia sp. x Dilleniaceae Davilla elliptica x Curatella americana x X Dilleniaceae sp.1 x Ebenaceae Diospyros hispida X Erythroxylaceae Erythroxylum sp. x Fabaceae – Caesalpinioideae Apuleia leiocarpa x Bauhinia racemosa X Caesalpinia pluviosa x Copaifera langsdorffii x Copaifera martii X Copaifera sp. x X Dimorphandra mollis x X Diptychandra aurantiaca x Fabaceae - Caesalpinioideae sp.1 X Hymenaea courbaril x Hymenaea stignocarpa x x X Sclerolobium paniculatum x Senna sp. x Tachigali aurea x X Tachigali sp. X Fabaceae - Mimosoideae Acacia sp x Anadenanthera macrocarpa x x X Chloroleucon dumosum x Plathymenia reticulata X Fabaceae - Papilionoideae Andira vermifuga x Bowdichia virgilioide x Dalbergia miscolobium X Diplotropis ferruginea x Diplotropis purpurea x Fabaceae - Papilionoideae sp. 1 x Fabaceae - Papilionoideae sp. 2 x Fabaceae - Papilionoideae sp. 3 x Fabaceae - Papilionoideae sp. 4 X
55
(continuação...) Machaerium acutifolium x x X Machaerium opacum x X Machaerium scleroxylum x Machaerium sp. x x X Pterocarpus villosus x Pterodon abruptus X Pterodon emarginatus X Pterodon sp. x Swartzia sp. x Vatairea macrocarpa x Malpighiaceae Byrsonima coccolobifolia x Byrsonima crassa x X Byrsonima pachyphylla X Malvaceae Eriotheca pubescens x Guazuma ulmifolia X Luehea divaricata X Luehea grandiflora x X Meliaceae Trichilia catigua X Moraceae Brosimum gaudichaudii x Ficus sp. x Myrtaceae Eugenia dysenterica x x X Eugenia florida x x Eugenia sp. x Myrcia sp. x X Myrtaceae sp. 1 x Psidium myrsinoides X Psidium sp. x Ochnaceae Ouratea castanaefolia X Opiliaceae Agonandra brasiliensis x X Opiliaceae sp.1 x Proteaceae Roupala montana x x X Rhamnaceae Rhamnidium sp. x Rubiaceae Machaonia brasiliensis x Machaonia sp. x X Tocoyena formosa x Salicaceae Casearia rupestris X Sapindaceae Cupania vernalis X Dilodendron bipinnatum x X Magonia pubescens x Matayba guianensis x X Matayba sp. X Talisia esculenta x X Sapotaceae Pouteria torta X Simaroubaceae Simarouba versicolor x X Sterculiaceae Sterculia striata X Vochisiaceae Callisthene fasciculata x X Callisthene major x Qualea grandiflora x X Qualea multiflora x X Qualea parviflora x Vochisiaceae sp. 1 x