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Estudante: 7ºAno/Turma:
Educador: Suzana Borges C.Curricular: Português Data: ____/____/ 2015
Narrador personagem
Texto 1
Eu, o livro
Sou muito especial. Minha tecnologia é insuperável. Funciono sem fios, bateria, pilhas ou circuitos
eletrônicos. Sou útil até mesmo onde não há energia elétrica. E posso ser usado mesmo por uma criança:
basta abrir-me.
Nunca falho, não necessito de manual de instruções, nem de técnicos que me consertem. Dispenso
oficinas e ferramentas. Sou isento a vírus, embora figure no cardápio das traças. Se algo em mim o leitor não
entende, há um similar que explica todos os meus vocábulos.
Através de mim as pessoas viajam sem sair do lugar. Não é fantástico? Basta abrir-me e posso levá-
las a Roma dos Césares ou à Índia dos brâmanes, aos estúdios de Hollywood ou ao Egito dos faraós, ao
modo como as baleias cuidam de seus filhos e aos paradoxos dos buracos negros.
Sou feito de papiro, pergaminho, papel, plástico e, hoje, existo até como matéria virtual. Domino
todos os ramos do conhecimento humano. E, ao contrário dos seres humanos, jamais esqueço. Se me
consultam, elucido dúvidas, respondo indagações, estimulo a reflexão, desperto emoções e ideias.
Posso ensinar qualquer idioma: tupi, grego, chinês ou russo. Até línguas mortas, como o latim.
Introduzo as pessoas na meditação zen-budista e nos segredos da culinária mineira, nas partículas
subatômicas e na história do automóvel, nas maravilhas dos jardins suspensos da Babilônia e nos hábitos dos
escorpiões.
Para utilizar-me, a pessoa escolhe o lugar mais confortável: cama, sofá da sala, tamborete da cozinha, degrau
da escada ou banco do ônibus. Trago a ela os poemas de Fernando Pessoa e os salmos da Bíblia; as noções
de como operar um monitor de TV e a biografia de John Lennon; as viagens de Marco Polo e os cálculos da
propulsão das naves espaciais.
Trabalho em silêncio, e nunca incomodo ninguém, pois jamais insisto. É o meu leitor que se cansa e,
neste caso, pode fechar-me e continuar a leitura horas ou dias depois. Não fujo, não saio do lugar, não
abandono quem cuida de mim. Fico ali à espera, em cima de uma mesa ou enfiado numa prateleira, sem
alterar o meu humor. Exceto quando sou alvo da cobiça de pessoas sem escrúpulos, que me roubam de meus
legítimos donos.
Revelo a quem me procura o que for de seu interesse: como cuidar do jardim ou detalhes da Guerra
do Paraguai; a incrível paixão entre Romeu e Julieta ou a atribulada vida amorosa de Elvis Presley; os
segredos de fabricação de um bom vinho ou as mil e uma interpretações de As Mil e Uma Noites.
Pode-se estar comigo e, ao mesmo tempo, ouvir música ou viajar de trem, navio ou avião, sem necessidade
de pagar a minha passagem. Sou transportável, manipulável e até descartável. Mas costumo enganar a quem
confia nas aparências: nem sempre o meu rosto revela o conteúdo.
Sem mim, a humanidade teria perdido a memória. E, possivelmente, não ficaria sabendo que Deus se
revelou a ela. Sou portador de epifanias e sonhos, tragédias e esperanças, dores e utopias. E sou também
uma obra de arte, dependendo de como os meus autores tecem e bordam as letras que preenchem as minhas
páginas.
Livre e lido, sou livro.
Frei Betto
Texto 2
JUJU
Eu era sozinha. Vivia suja e na rua. Eu era muito malcuidada. Vivia jogada na rua, sem comer, e já
estava magrinha. Sou uma cachorra vira-lata. Dormia por aí, vivia muito triste, No frio, era um horror!
Ficava na rua morrendo de frio.
Foi num desses dias de frio que Fernanda, uma menina, me encontrou. Eu estava encostada numa lata
de lixo, tremendo de frio! Estava bem quietinha. Ela falou:
_ Coitadinha dela, está tão quieta, tão fria!
Ela me pegou no colo, tirou o xale que estava vestindo por cima do casaco e me enrolou. Eu fiquei
quentinha e agradeci:
_ Au! Au! Au!
Ela me levou para a casa dela e me deu um banho bem quente.
Depois me deu um prato cheio de carne! Eu comi tudo!
No dia seguinte, Fernanda me deu uma casinha! Imagine, uma casa! Toda de madeira, pintada de
brando e cor-de-rosa!
Dentro, tinha um cobertor branco e cinco almofadas cor-de-rosa!
Ela amarrou uma fita branca na minha cabeça e eu entrei, feliz, na casinha.
Ela ainda falou:
_Seu nome é Juju!
E eu dormi.
Hoje sou a cachorra mais feliz do mundo, eu acho....
(Juliana 10 anos)
Texto 3
Organização do texto
Na leitura do texto, você deve ter observado que os autores "fingem" que é alguém diferente.
Autores: Frei Betto , Juliana e Paulo José Miranda.
Personagens: Livro, Cachorra vira-lata, latinha de Coca-cola.
A verdade do texto, nesse caso, é a expressão não da verdade deles como autores, mas da verdade da
personagem criada por eles. Ao fazer isso, eles se comportam como um ator, que, numa peça de teatro ou num
filme, assume uma máscara - personagem - e fala como se fosse ela.
Para nos referirmos a essa máscara, usamos a palavra "personagem", que veio de "persona", palavra da
língua latina que nessa língua significa "máscara".
Para criar uma personagem é necessário, portanto, que o autor assuma essa personagem e passe a viver,
sentir, falar e ver o mundo como ela vê.
Os autores dos textos lidos incorporaram a personagem, bem como todos os elementos que a
caracterizam:
a) O lugar em que vive;
b) A maneira de falar;
c) O que faz;
d) A visão de mundo: o que pensa, o que sente.
Por essas perspectivas, podemos conhecer um pouco da vida da personagem do texto.
Ao escrever uma história, você não precisa contar a sua própria vida. Você, assim como Juliana, pode
criar uma personagem e fazer de conta que é essa personagem. Vamos treinar isso.
Produção de texto
Imagine que você é um animal, um objeto ou uma grande árvore. Escreva como se você fosse uma
dessas personagens.
Nas páginas a seguir ofereço sugestões de algumas personagens que você poderá assumir para
criar o seu texto.
1.
Preparação
Escolha a personagem que você vai ser.
Pense na personagem: onde ela vive? Com que ela vive? Como ela é? Quais as preocupações e
os medos dela? Quais os sonhos e os desejos dela?
Escrita do texto
Escreva o texto como se você fosse a personagem escolhida.
Viva a sua imaginação aquilo que você está contando.
Mínimo 20 linhas, máximo 30 linhas.