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CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE Sal da Terra e Luz do Mundo (cf. Mt, 5,13-14)

Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

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Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

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CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA

IGREJA E NA SOCIEDADESal da Terra e Luz do Mundo

(cf. Mt, 5,13-14)

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INTRODUÇÃO2

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1. MARCO HISTÓRICO-ECLESIAL DOS LEIGOS E LEIGAS

Vamos celebrar 50 anos de encerramento do Vaticano II. Esse

novo pentecostes impulsiona os discípulos de Cristo na busca de

seus lugares de servidores e servidoras do outro. As renovações

compreenderam o leigo como Igreja. Nessa data áurea é

necessário retirarmos dele a seiva que nos oriente como

cristãos.

Também é oportuno celebrar os 25 anos da Christifideles Laici,

que entende o significado positivo dos leigos como Povo de

Deus: sujeitos ativos na Igreja e no mundo. Devemos

acrescentar também o Documento 62 que completa 15 anos e

oferece à Igreja discernimentos e orientações sobre o laicato na

chave da teologia e da organização dos ministérios. A Evangelii

Gaudium lança um chamado para que todo o Povo de Deus saia

para evangelizar.

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2. O MUNDO NA IGREJA E A IGREJA NO MUNDO

O mundo mostra hoje os frutos dessa época. Tudo está

planetariamente conectado e somos todos cada vez mais iguais. O

indivíduo é o centro de todas as relações e fechado em si mesmo.

A Igreja está inserida nessa realidade como sinal de salvação no

mundo e servidora da humanidade. O leigo nem sempre acolhe

seu significado teológico e prático. A dicotomia Igreja-mundo

persiste.

O Vaticano II ofereceu orientações para superar essa dicotomia. O

aggiornamento possibilitou uma nova compreensão da relação

Igreja mundo. O Povo de Deus constitui a Igreja como sacramento

do Reino. O leigo é sujeito eclesial que realiza o tríplice múnus de

Cristo. Promover a interação dessas realidades constitui o desafio.4

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3. POVO DE DEUS EM MISSÃO: DIÁLOGO E SERVIÇO

A leitura da realidade, a partir da fé, é um legado do Concílio. A

Igreja permanece sempre atual, não obstante as mudanças

históricas.

A missão se faz no diálogo com as realidades em que a Igreja está

inserida. É uma postura que exige conversão dos cristãos em cada

tempo e realidade. Ser discípulo é estar em saída de si mesmo na

busca do outro, realizando a missão encarnatória da Igreja.

Todos são chamados a vivenciar esse encontro e comunicá-lo por

gestos e palavras. Jesus envia a todos pela força do Espírito.

Como Igreja, o laicato está em saída para a missão. O leigo em saída

é a Igreja referenciada pelo Reino e direcionada para o mundo, onde

deve se encarnar como fermento na massa, sal da terra e

testemunha. como luz

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4. O CRISTÃO LEIGO NUMA IGREJA “EM SAÍDA”

O sujeito eclesial se define pela consciência de ser, pela

experiência de autonomia e corresponsabilidade na

comunidade de fé e pela ação na Igreja e no mundo. A

condição de sujeito eclesial se opõe ao individualismo e aos

comunitarismos.

Os leigos vivem inseridos na construção da vida social. A

busca do mundo novo é o horizonte onde a comunhão com

Deus nos atrai.

A Igreja vive um clima de renovação. O Papa convoca os leigos

para a consciência de sua pertença eclesial e de sua missão. A

Igreja ainda não vive essa realidade pelo clericalismo e pela

falta de consciência do próprio laicato. Muitos leigos

persistem em ações internas à Igreja sem um empenhamento

pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade.

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5. PERSPECTIVA DO DOCUMENTO: CRISTÃO LEIGO COMO SUJEITO ECLESIAL

O presente documento pretende animar leigos e

leigas a se compreenderem e atuarem como

sujeitos eclesiais nas diversas realidades em

que se encontram inseridos. Dá especial ênfase

a uma necessária superação do clericalismo, do

individualismo e do comunitarismo. A noção e a

perspectiva do sujeito eclesial perpassam as

três partes do documento, que segue o método

ver-julgar-agir. Sujeito eclesial é um dom que se

faz tarefa para toda a Igreja, em sua missão

evangelizadora.7

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PARA REFLETIR

1 – Por que estamos vivendo tempos novos

na Igreja?

2 – Qual a importância desses tempos

novos para os leigos e leigas?

3 – Quais as consequências desse assunto

para nossa vida em comunidade?

4 – Sugestões em relação ao texto

(supressões, acréscimos, mudanças de

redação).

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PARTE IO MUNDO ATUAL: ESPERANÇAS E

ANGÚSTIAS

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1. A INSERÇÃO E O DISCERNIMENTO DOS CRISTÃOS NO MUNDO

O mundo é o lugar da ação do cristão. A negação dessa

realidade constitui alienação e fuga da condição de

discípulos missionários. O ser humano é mundo. Nosso

vínculo ao Deus encarnado, se faz com tudo o que somos

no mundo e com o mundo.

Entender o mundo exige o olhar da fé e da razão.

Devemos saber ler o que é favor ou contra o projeto de

Deus. A Igreja deve perscrutar os sinais dos tempos para

responder às interrogações .

O cristão é chamado a viver como sujeito no mundo de

forma consciente, autônoma e ativa. A Igreja é carisma

que vem do Espírito e se concretiza na organização de

sujeitos e funções.

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1. A INSERÇÃO E O DISCERNIMENTO DOS CRISTÃOS NO MUNDO

A compreensão do mundo de hoje é um grande desafio. O

saber ler os sinais dos tempos é uma tarefa educativa

fundamental para a vida cristã.

A Palavra é anúncio de que o mundo deve ser construído

segundo o desígnio de Deus. O cristão afirma o Deus da

vida e nega toda idolatria. Devemos é detectar as causas

escondidas dos valores e das regras que predominam na

sociedade.

As transformações do mundo adquirem hoje dimensões e

dinamismos surpreendentes que se mostram ao mesmo

tempo a favor e contra o ser humano. A indiferença

constitui o maior pecado de nossos dias. A felicidade se

encarna na imanência do consumo-satisfação.

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2. O MUNDO GLOBALIZADO

Vivemos no mundo definitivamente

globalizado. Trata-se de um sistema

estruturado a partir de algumas bases

fundamentais:

As tecnologias

A organização financeira

O sistema social

A cidade

A cultura urbana

A sociedade da informação

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2. O MUNDO GLOBALIZADO

Esse mundo globalizado traz facilidades e

possibilidades de melhoria nas condições

de vida e nas relações humanas.

Mas esse mundo configura-se efetivamente

como um sistema de vida ambíguo do ponto

de vista da igualdade social e da liberdade

humana, tanto na perspectiva das ciências

humanas quanto da fé. O desafio cristão

será sempre viver no mundo sem ser do

mundo, discernir e ficar com o que é bom.13

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3. CARACTERÍSTICAS DO MUNDO GLOBALIZADO

O mundo globalizado era entendido corretamente

como uma questão macroeconômica. Hoje, esse

regime incluiu o desejo de satisfação nas práticas

de consumo

Trata-se de um modo de produzir que opera a partir

de uma lógica individualista, que funciona como:

Satisfação individual e indiferença ao outro

Supremacia do desejo em relação às necessidades

Predomínio da aparência em relação à realidade

Inclusão perversa

Falsa satisfação14

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3. CARACTERÍSTICAS DO MUNDO GLOBALIZADO

Este sistema tende a ser assimilado como normal e bom.

Vejamos os problemas que expõem a contradição desse

sistema:

A promessa liberal tem mostrado limites

O lucro sustenta as corporações, rege a produção e o comércio,

seduz as nações e os indivíduos

As consequências ecológicas são cada vez mais graves

Há os que têm muito e os que não têm o mínimo para subsistir

A corrupção em todos os níveis sociais e nas elites políticas e

econômicas

As concentrações urbanas com ocupações territoriais desiguais

As relações nas redes virtuais dispensam posturas sociais,

éticas e cristãs

É preciso dizer não a tudo isso.

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4. CONSEQUÊNCIAS SOCIOCULTURAIS DO MUNDO GLOBALIZADO

Trata-se de uma sociedade individualizada. É possível se

manter na intimidade e conectar-se pelas redes virtuais com o

outro distante que, por sua vez, mantém-se em seu anonimato.

Esse modo de socialização enfraquece as relações. Esse

isolamento acontece no espaço doméstico, nas relações

familiares, no espaço público, nas relações anônimas dos

pequenos e grandes aglomerados e nas concentrações de

massa.

De outra parte, podem se verificar formas de reação social na

afirmação de identidades grupais pela via da etnia, da religião,

do gênero ou de outras causas que agregam adeptos de modo

duradouro ou momentâneo.16

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4. CONSEQUÊNCIAS SOCIOCULTURAIS DO MUNDO GLOBALIZADO

O comportamento uniformizador, autoritário e, em muitos casos,

sectário configura comunidades isoladas que podem ser mais

adequadamente definidas como comunitarismo. Crescem formas

dispersas de agregação que se manifestam para protestar.

A re-institucionalização constitui uma via de afirmação de

padrões e valores como garantia de segurança.

Essas tendências podem conviver e, até mesmo se fazer

presentes simultaneamente – e contraditoriamente – em

indivíduos e grupos.

A pluralidade é outra característica do mundo atual e se torna

uma realidade cada vez mais vivenciada em todas as esferas

das relações humanas e presente nos valores, nas convicções e

práticas.17

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5. AS TENDÊNCIAS ECLESIAIS

As práticas eclesiais reproduzem esses processos sociais

globais que foram descritos. O individualismo se mostra

como atitude que pode perpassar as mais diversas

formas de vida. Os individualismos relacionam a

salvação sem a inclusão do outro. As aglomerações

religiosas de massa e as vivências cristãs telemidiáticas

reproduzem a tendência social ao anonimato e à

massificação. Não faltam também as experiências de

comunitarismo religioso de característica

fundamentalista e sectária.

Esse mundanismo se esconde por detrás de aparências

de religiosidade e de amor à Igreja mas busca a glória

humana e o bem-estar pessoal.

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5. AS TENDÊNCIAS ECLESIAIS

Essas formas de vida eclesial repetem hoje tendências

antigas do cristianismo: o gnosticismo, uma fé fechada no

subjetivismo, onde a pessoa fica enclausurada na

imanência de sua própria razão ou sentimentos, e o neo-

pelagianismo auto-referencial e prometeico de quem, no

fundo, só confia nas suas próprias forças.

O clericalismo é a versão religiosa da afirmação do

princípio da autoridade exercida pela instituição como o

meio de organização de toda a vida social. Ele se estrutura

de modo articulado com o individualismo – na passividade

de cada indivíduo perante um poder sagrado – e o

comunitarismo que afirma a obediência à norma como

regra de comportamento.

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6. ALGUNS DISCERNIMENTOS NECESSÁRIOS

A Igreja tende a reproduzir ou a resistir a padrões e valores

do mundo. A primeira tendência assimila as formas

individualistas. A segunda resiste oferecendo a segurança

de uma vida comunitária separada do mundo. A terceira

afirma a hierarquia como fonte e centro da vida eclesial.

A reprodução do individualismo no âmbito religioso instaura

a busca incessante de bem-estar. Por outro lado, os

comunitarismos religiosos se estruturam como uma reação

consciente ao mundo, oferecendo aos seus membros

verdade e segurança.

O cristão está no mundo e busca os meios de discernir e

viver de maneira fiel o projeto de Jesus Cristo. A postura é

de discernimento, diálogo, liberdade e de adesão a Jesus.

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6. ALGUNS DISCERNIMENTOS NECESSÁRIOS

Viver na Igreja é aprender a seguir o Evangelho distinguindo:

a) Pluralidade de relativismo

b) Secularidade de secularismo

c) Os benefícios da tecnologia da busca de bem-estar ilimitado

d) O consumo dos bens necessários da busca ilimitada de

satisfação assim como o uso prazeroso dos bens do

hedonismo

e) O uso do dinheiro da idolatria do dinheiro

f) A autonomia e a liberdade individual, do isolamento

individualista

g) Os valores e as instituições tradicionais, do tradicionalismo

h) A vivência comunitária do comunitarismo

i) O uso das redes da comunicação virtual

j) Discernir é diz não e gerar ações afirmativas.

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6. ALGUNS DISCERNIMENTOS NECESSÁRIOS

A Igreja é chamada a ser:

Escola de vivência cristã

Organização comunitária

Comunidade inserida

Grupo de seguidores

Povo de Deus

Comunidade que se abre

A Igreja caminha para frente com lucidez e esperança,

paciência e caridade, coragem e humildade. A Igreja

da escuta, do diálogo e do encontro se insere no

mundo como quem ensina e aprende, diz sim e não,

sobretudo como quem serve.

A Igreja em saída é uma Igreja de portas abertas.22

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ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Capítulo I - O Mundo Atual: Esperanças e Angústias apresenta um ver da realidade em que vivemos. Estamos inseridos, do ponto de vista econômico, social, político, cultural e religioso, numa sociedade globalizada, marcada pelo individualismo e consumismo, com suas consequências individuais, sociais e religiosas.

Qual o lugar de atuação do cristão? (Verificar os nºs 14 a 19). 23

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ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Essa sociedade globalizada com todos esses elementos (cultura do consumo, e numa lógica individualista nº 20; 23; 24 e 28) gera diferentes formas de reações (nºs. 30 a 32; 35 a 37; 40). Após a leitura desses números comente como o individualismo, o consumismo, as diferentes formas de reações estão presentes na sua família, comunidade, paróquia, no seu grupo, nas várias formas organizativas dos leigos e leigas.

Diante dessa forma de estruturação da sociedade, qual devem ser a postura e a atuação do cristão e da cristã (Ler os nºs 39 a 46)?

 

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PARA REFLETIR

1 – Quais as principais ideias do texto?

2 – Em que essas ideias nos questionam?

3 – Quais as contribuições principais que

essas ideias nos dão para a compreensão

do laicato e sua vida eclesial e social?

4 – Sugestões em relação ao texto

(supressões, acréscimos, mudanças de

redação) 25

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PARTE IIO SUJEITO ECLESIAL: CIDADÃOS,

DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS

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 1. O CRISTÃO COMO SUJEITO

A noção de sujeito remete à noção de criatura, distinta

do Criador, chamada a dialogar com Ele e eticamente

responsável pelo destino de si e da história, como

membro de um Povo e na perspectiva do futuro

prometido por Deus.

Isso exige o equilíbrio entre o eu e o outro. Cada cristão

é um portador de qualidades vivenciadas na vida

comum e cresce na medida em que assume essa

condição social. Esse é o Homem Novo que se opõe ao

Homem Velho.

O leigo é o cristão maduro na fé, que se dispôs a seguir

Jesus com todas as consequências dessa escolha

superando o infantilismo eclesial.

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1. O CRISTÃO COMO SUJEITO

A condição eclesial implica na acolhida do dom na

comunidade. A tarefa da construção de autênticos

sujeitos eclesiais se impõe igualmente para todos os

membros.

O sujeito cristão se realiza como pessoa na comunidade

cristã. A pessoa é uma unidade de consciência e de

relação, cujo modelo é a própria pessoa de Jesus Cristo.

O cristão é também chamado a se desenvolver como

indivíduo capaz de afeto e amor na abertura às relações

consigo mesmo, com os demais, com Deus e com a

natureza, como ser imagem e semelhança com Deus que

é Amor, comunhão.28

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1. O CRISTÃO COMO SUJEITO

A cultura consumista orienta a uma

individualidade fechada segundo a

lógica do imediatismo e do hedonismo,

abrindo caminho para a manipulação,

coisificação e mesmo escravidão e uso

abusivo dos recursos naturais e sua

destruição. A abertura ao outro é

condição necessária para a realização

do ser humano.

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2. O SUJEITO ECLESIAL E A CIDADANIA

A cidadania plena é um dos rostos da caridade em

nosso tempo. É urgente o esforço de trazer cada

pessoa ao mundo dos direitos plenos. A promoção

do bem comum e a construção de uma democracia

participativa ultrapassam o círculo dos cristãos.

Os cristãos são também cidadãos e devem

assumir ativamente esta cidadania em toda a sua

amplitude. A cidadania para todos brota da

missão da Igreja. Deus desce e entra em nosso

mundo e em nossa história. Também os cristãos

devem descer e entrar em tudo o que é humano. 30

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2. O SUJEITO ECLESIAL E A CIDADANIA

Eclesialidade e cidadania não podem ser

vistas de maneira separada. A construção da

cidadania e de eclesialidade nos leigos é um

só e único movimento.

Deve haver uma coerência entre ser Igreja e

ser cidadão e uma busca em traduzir, no

âmbito da sociedade política e civil, o ser

cristão.

O sujeito eclesial é cidadão ativo em sua vida

pessoal e em seus trabalhos e lutas.

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2.1. O CRISTÃO É UM CIDADÃO DO REINO DE DEUS

O cristão, permanecendo Igreja, constrói cidadania

no mundo. Afinal, a Igreja existe unicamente para

servir como Jesus Cristo serviu.

O Vaticano II reconheceu, em todas as realidades

do mundo, o valor próprio por Deus nelas

colocado. Tudo deve concorrer para o bem da

pessoa humana.

A situação de nossa sociedade urge uma conversão

radical: recolocar o ser humano como o fim destas

mediações, e não o meio. No Reino de Deus temos

a lógica: tudo a serviço da vida plena para todos.

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2.2. RUMO A UMA NOÇÃO INTEGRAL DE SUJEITO CRISTÃO

Isso exige dar passos no sentido de superar antagonismos

que estão enraizados em muitas mentalidades.

O primeiro é o antagonismo entre a fé e a vida.

Jesus nos indica que tudo, menos o pecado, pode ser

mediação do amor de Deus. Diante do Evangelho, podemos

dizer que tudo pode manifestação da misericórdia de Deus.

Outro é o antagonismo Igreja-mundo. Reconhecer o fato da

Encarnação faz-nos valorizar este mundo e esta história que

nos compete viver, unidos a todo o gênero humano. A Igreja

está comprometida com este mundo como sacramento e

sinal do amor e da misericórdia de Deus.33

Page 34: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

2.2. RUMO A UMA NOÇÃO INTEGRAL DE SUJEITO CRISTÃO

Há também antagonismos entre identidade eclesial e

ecumenismo, missão e acolhida do outro. O diálogo é uma

postura inerente à natureza e missão da Igreja no mundo.

A dicotomia entre Igreja e mundo e entre fé e vida está na

raiz da atitude de valorização unilateral dos ritos em

detrimento da responsabilidade social e da luta pela justiça.

Apesar de se notar a participação de muitos nos ministérios

laicais, este compromisso não se reflete na penetração dos

valores cristãos no mundo social, político e econômico,

limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja.

O cristão nunca pode ser visto isoladamente de seus

enraizamentos básicos, enquanto pessoa humana. 34

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3. NATUREZA E MISSÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS

O Vaticano II definiu: leigos são os todos os cristãos que pelo

batismo foram incorporados a Cristo, constituídos no povo de

Deus e feitos partícipes do tríplice múnus, pelo que exercem

sua parte na missão de todo o povo cristão na Igreja e no

mundo.

É o Espírito que capacita todos para participarem na obra de

Cristo: todos são chamados como sacerdotes, como profetas

e como administradores.

O leigo é Igreja, não apenas pertence a ela. Não existe

superioridade de dignidade de pertença à Igreja. Esta

mentalidade esquece que a dignidade não advém dos

serviços e ministérios, mas da iniciativa divina da

incorporação a Cristo pelo batismo.

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3. NATUREZA E MISSÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS

A dignidade dos membros e a graça da filiação é comum

a todos porque ao sair das águas do batismo, todo o

cristão ouve de novo aquela voz que um dia se fez ouvir

nas águas do Jordão: Tu és o meu Filho muito amado.

Não se pode mais falar de diferentes graus de perfeição.

O Concílio afirma a vocação universal à santidade que

advém de Cristo. Se nem todos são chamados aos

mesmos caminhos, ministérios e trabalhos, todos são

chamados à santidade.

Apesar do crescimento da consciência da identidade e

da missão dos leigos e leigas na Igreja, que constituem a

imensa maioria do povo de Deus, ainda há muito a

percorrer.

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3.1. A NECESSÁRIA EXPERIÊNCIA DE DEUS: SABOREAR A AMIZADE E A MENSAGEM DE JESUS

Os leigos são instados a descobrir e alimentar uma

espiritualidade apropriada à sua vocação. É preciso rejeitar a

tentação de uma espiritualidade intimista e individualista. A

espiritualidade cristã sempre terá por fundamento os mistérios

da encarnação e da redenção.

Leigos devem infundir uma inspiração de fé e um sentido de

amor cristão. Busquem renovar sua identidade no contato com

a Palavra de Deus, na intimidade dos Sacramentos e na oração.

A oração e a contemplação são muito importantes.

O verdadeiro trabalhador da vinha nunca deixa de ser

discípulo. Portanto, ele deve dedicar tempo à oração sincera,

que leva a saborear a amizade e a mensagem de Jesus.37

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3.1. A NECESSÁRIA EXPERIÊNCIA DE DEUS: SABOREAR A AMIZADE E A MENSAGEM DE JESUS

O encontro com Jesus leva a uma espiritualidade integral que

contempla a conversão pessoal, o discipulado, a experiência

comunitária, a formação bíblico-telógica e o compromisso

missionário.

O amor que se mostra na imagem comunitária da Trindade e

desdobra-se na missão histórico-salvífica de Deus, da qual a

Igreja participa como sacramento. A missão da Igreja é

motivada pela reintegração da humanidade em uma vida

plena de amor.

Em virtude do batismo, todos os cristãos são chamados a

viver e a transmitir a comunhão com a Trindade.

Deus uno e trino é a fonte e o modelo da vivência

comunitária.

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3.1. A NECESSÁRIA EXPERIÊNCIA DE DEUS: SABOREAR A AMIZADE E A MENSAGEM DE JESUS

Os fiéis eram um só coração e uma só alma e juntos viviam e

testemunhavam a novidade do Evangelho. Este é o desafio para

os leigos: avançar no seguimento de Cristo, aprendendo e

praticando as bem aventuranças, o estilo de vida do Mestre, seu

amor e obediência ao Pai, sua compaixão diante da dor, seu amor

serviçal até o dom de sua vida na cruz. E a Igreja deve renovar-se

a si mesma até que pela cruz chegue à luz que não conhece

ocaso.

Cristo nos revela o amor do Pai e é a fonte da graça redentora de

Deus. A fonte da Igreja está em Cristo, de cuja Paixão nasceu.

Muitos leigos estão impossibilitados para uma atuação concreta

no mundo. Estes não devem se sentir do lado de fora da missão e

tenham a consciência de que o sofrimento é uma realidade

aberta para a evangelização.

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3.2. O SACERDÓCIO COMUM E A MISSÃO SOLIDÁRIA DOS CRISTÃOS

O sacerdócio comum foi retomado no Concílio: Este Povo

messiânico tem por cabeça Cristo. É sua condição deste a

dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, em cujos corações o

Espírito habita. A sua lei é o novo mandamento e tem por fim o

Reino de Deus. Por isso é que este Povo é para todo o gênero

humano germe de unidade, de esperança e de salvação.

Estabelecido por Cristo como comunhão de vida, é também por

Ele como instrumento de redenção e enviado a toda a parte.

A Igreja é o povo enviado ao mundo em missão para construir o

Reino de Deus. O ministério ordenado deve ser serviço ao

sacerdócio comum. Todos os cristãos participam do sacerdócio

de Cristo, são chamados a entregar suas vidas a um sacrifício

vivo, santo e agradável a Deus. 40

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3.2. O SACERDÓCIO COMUM E A MISSÃO SOLIDÁRIA DOS CRISTÃOS

Os batizados são consagrados para serem casa espiritual,

sacerdócio santo para que ofereçam-se a si mesmos como

hóstias vivas, santas, agradáveis a Deus, deem

testemunho de Cristo e àqueles que lhe pedirem deem

razão da esperança da vida eterna que neles habita.

O sacrifício único de Cristo é incompreensível sem a

ressurreição. Cruz ressurreição revelam a lógica profunda

da existência que não é sacrifício, mas amor.

A cruz de Jesus foi consequência do seu amor pelos outros,

pelos desprezados. A vida do cristão é sacerdotal,

encarnado na autodoação salvífica de Jesus. 

O sacerdócio ministerial está a do desenvolvimento da

graça batismal de todos os cristãos.

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3.3. DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS

A Igreja latino-americana e caribenha reafirmou-se como

sacramento de unidade do gênero humano. Pertencemos

à Igreja Povo de Deus, peregrina e missionária.

Essa Igreja em estado de missão busca superar suas

limitações e tensões pela unidade no serviço.

É toda a Igreja que assume sua vocação de ser discípula.

A missão desse povo é assumir um compromisso com a

realidade, que nasce do amor apaixonado por Cristo, e

assim inculturar o seu Evangelho na história. São

destinatários da missão não apenas os povos não

cristãos de terras distantes, mas também os campos

socioculturais, entendidos como os novos areópagos. 42

Page 43: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3.3. DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS

Em Aparecida, a missão tornou-se paradigma da Igreja. A

comunhão trinitária é sinônimo de amor e envio salvífico.

Trata-se de concretizar a paróquia como comunidade de

comunidades e lugar de formação contínua, de articular

um estado permanente de missão. A dinâmica da missão

produz as mudanças permanentes em todas as

estruturas eclesiais.

Todos somos chamados para uma formação permanente

em vista da humanização da realidade, discernindo os

sinais de Deus e agindo por um outro mundo possível,

descobrindo novos caminhos pastorais e novos

ministérios43

Page 44: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4. A IGREJA COMUNHÃO DE DIVERSIDADES

A unidade da Igreja acontece no interior de uma

diversidade de rostos, carismas, funções e

ministérios. O dom do Espírito se efetiva na

ação concreta de cada membro da comunidade

que a edifica. A comunidade organiza-se no

exercício concreto de cada membro e busca os

meios de tornar mais operante os dons

recebidos do Espírito. Os modelos mudam, mas

permanece a regra mais fundamental: a

primazia do amor, que possibilita integrar as

diversidades e a postura de serviço de todos. 44

Page 45: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.1 A IGREJA, CORPO DE CRISTO NA HISTÓRIA

Os cristãos são chamados a ser Corpo de Cristo.

Cristo é a cabeça e tem em tudo a primazia. Nele a Igreja

tem sua origem, dele se nutre. Cristo-cabeça é o centro de

tudo. A Igreja é servidora de Cristo. Os indivíduos,

mantendo sua subjetividade, possuem uma identidade

comunitária, possibilitada e mantida pelo Espírito.

O Concílio valorizou a fundamentação sacramental da Igreja

especialmente pelo Batismo e Eucaristia.

O Corpo de Cristo mostra a dinamicidade da presença de

Cristo na Igreja ao longo da história e a realidade

multiforme da Igreja, formada por uma diversidade de

membros e funções. Isso é fundamental para entender a

identidade e missão dos leigos.

45

Page 46: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.2 A IGREJA, POVO DE DEUS PEREGRINO E EVANGELIZADOR

A imagem da Igreja como Povo de Deus sugere a importância

de todos os seus membros.

O chamamento de Deus tem sempre em vista o serviço a todo

um povo e, através deste povo, a todos os povos. O povo de

Deus convocado por Cristo, é formado por judeus e gentios,

um povo que, junto, cresce para a unidade no Espírito.

O povo de Deus tem a Cristo por cabeça. Embora não abranja

toda a humanidade, tem por vocação ser, para ela, germe de

unidade, esperança e salvação, luz do mundo e sal da terra.

As pessoas são salvas como pessoas inter-relacionadas e

interdependentes. Deus as vocaciona e santifica como

comunidade, como povo de Deus.46

Page 47: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.2 A IGREJA, POVO DE DEUS PEREGRINO E EVANGELIZADOR

A vida comunitária leva a valorizar a diversidade deste povo em

peregrinação ao Reino, no qual a diferença não será fonte de

desqualificação e nenhuma unidade passará por cima das

riquezas individuais.

Todos os batizados fazem parte do povo sacerdotal, profético e

real, o que inclui os cristãos de outras igrejas. Devemos fazer da

Igreja a casa e escola de comunhão.

A figura do povo evoca a comunidade reunida e conduzida por

Deus. Como Povo de Deus, a Igreja está a caminho na história.

O sujeito da evangelização é o povo de Deus, a Igreja. Ser povo

de Deus é ser fermento no meio da humanidade, anunciar e

levar a salvação ao mundo, é lugar da misericórdia gratuita.47

Page 48: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.3. CARISMAS E MINISTÉRIOS NA IGREJA

A unidade na qual o povo é reunido é construída numa

diversidade suscitada pelo próprio Espírito. A unidade é

fundada na diversidade trinitária que suscita também a

diversidade de dons, carismas, serviços e ministérios.

A diversidade de dons e carismas é uma forma de santificar e

guiar a Igreja, capacitando e estimulando os cristãos a

assumirem trabalhos e ofícios que contribuem para a

renovação e maior incremento da Igreja, e possibilita

respostas criativas aos desafios de cada momento histórico.

Os carismas são dons e impulsos especiais que podem

assumir as mais variadas formas, como expressão da

liberdade absoluta do Espírito e como resposta às

necessidades da Igreja.

48

Page 49: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.3. CARISMAS E MINISTÉRIOS NA IGREJA

Cada um deve descobrir as aptidões doadas por Deus e como pode

exercitá-las. Alguns carismas são exercidos de forma pessoal ou

no cotidiano das comunidades, outros possuem maior visibilidade.

O Concílio afirma os ministérios como dons distribuídos à Igreja

O documento 62 da CNBB traz um estudo sobre os ministérios. No

Novo Testamento, os carismas vêm inter-relacionados aos

ministérios.

O ministério é o carisma que assume a forma de serviço, é

acolhido e reconhecido pela Igreja. O ministério assume a forma

de serviço bem determinado, envolvendo um conjunto de funções

que responda a exigências da comunidade e da missão e seja

acolhido e reconhecido pela comunidade eclesial.49

Page 50: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.3. CARISMAS E MINISTÉRIOS NA IGREJA

Há hoje na Igreja uma tendência a considerar como

ministério toda e qualquer tarefa exercida na

comunidade ou movimentos eclesiais. Duas

consequências daninhas resultam desta postura: a

noção de ministério é enfraquecida e banalizada e a

índole secular própria dos leigos e leigas é

obscurecida.

Nos ministérios ordenados, o carisma é reconhecido

e instituído através do sacramento da Ordem, para

servir a comunidade.

O ministério ordenado, supõe uma comunidade de

verdadeiros sujeitos eclesiais, com participação

consciente, ativa e adulta.

50

Page 51: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.3. CARISMAS E MINISTÉRIOS NA IGREJA

Ministérios reconhecidos são aqueles ligados a um serviço

significativo para a comunidade, mas não permanente,

podendo desaparecer quando variarem as circunstâncias.

Ministérios confiados são conferidos por algum gesto

litúrgico simples ou alguma forma canônica. Ministérios

instituídos são mais oficializados. Conferem uma função ao

seu portador através de um rito litúrgico chamado

instituição. Instituídos universalmente, temos os de leitor e

acólito.

Aparecida reconhece os ministérios confiados aos leigos e

outros serviços pastorais, como ministros da Palavra,

animadores de assembleia e de pequenas comunidades.

No entanto o número está longe de ser suficiente.

51

Page 52: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4.4 A COMPLEMENTARIEDADE DOS SERVIÇOS E MINISTÉRIOS

Entre serviços e ministérios deve existir unidade na

diversidade que é realizada pelo Espírito. Diversidade não é

fechamento em particularismos, que provoca divisão. Unidade

não é imposição de uma uniformidade.

Não é mais possível pensar uma Igreja em que se exclua a

participação e corresponsabilidade dos leigos na missão.

Planos pastorais devem ser pensados de modo inclusivo e

criativo.

Tudo isto implica uma mudança de mentalidade relativa, em

particular, ao papel dos leigos na Igreja, que devem ser.

considerados como corresponsáveis do ser e do agir da Igreja.

É importante que se consolide um laicato maduro e

comprometido, capaz de oferecer a sua contribuição

específica para a missão eclesial.

52

Page 53: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. A IGREJA NA SOCIEDADE O significado da relação Igreja e mundo vem do Reino, que

diz respeito ao plano de Deus para a criação e tem sua

realização no próprio Deus. A Igreja é sinal visível do Reino.

O mundo carrega sinais do Reino. A busca do Reino é

missão de todos.

A Igreja é chamada a ser promotora do Reino. Dessa

convicção ela se nutre e nessa direção se organiza. A Igreja

centrada em si anuncia a si mesma, entende seus

ministérios como poder e de fecha-se em relação ao mundo.

O mundo é caracterizado por um pluralismo onde todos são

chamados a dar testemunho da fé e reconhecer a liberdade

do outro para expressar suas convicções religiosas. O leigo

exerce também um ministério do diálogo e da reconciliação.

53

Page 54: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.1 AS TENTAÇÕES DO CLERICALISMO E DO LAICISMO

O clericalismo dicotomiza a relação entre a Igreja e o mundo e

deforma a atuação do leigo. Clericalismo é o exercício da

função como poder de mando de uns sobre os outros, em

nome de uma pretensa dignidade sagrada superior.

É preciso distinguir laicidade de laicismo. A laicidade diz

respeito à legitima autonomia da ordem secular em relação às

instituições religiosas, enquanto o laicismo é a negação da

religião como dimensão humana.

O fundamento da corresponsabilidade dos leigos na missão

está na inserção de todos na Igreja. Todos são chamados a

contribuir.

A Igreja alerta para o risco da clericalização. Puebla

identificava uma mentalidade clerical em clérigos e leigos.

54

Page 55: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.1 AS TENTAÇÕES DO CLERICALISMO E DO LAICISMO

A tentação do clericalismo continua muito atual.

Na maioria dos casos, trata-se de uma

cumplicidade viciosa: o sacerdote clericaliza e o

leigo lhe pede por favor que o clericalize, porque,

no fundo, lhe resulta mais cômodo.

O clericalismo infantiliza os leigos, impedindo-os

de se desenvolverem e se realizarem como

verdadeiros sujeitos eclesiais.

Alguns para a superação do clericalismo são

grupos bíblicos, comunidades eclesiais de base e

Conselhos pastorais. 55

Page 56: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.1 AS TENTAÇÕES DO CLERICALISMO E DO LAICISMO

No laicismo, os fiéis vão cortando os laços com a

comunidade e fortalecendo suas tendências

individualistas. Acabam por perder a fonte da

Palavra, dos Sacramentos e da comunidade O

laicismo traz em si um apelo de revisão dos

entraves que podem fazer a Igreja perder a

atratividade do Cristo.

A superação deste laicismo só pode vir da força de

atração do trabalho evangelizador, de uma ação

eclesial fortemente motivada pelo Espírito. Só a

perseverança neste trabalho e a renovação de

suas motivações serão capazes de superar o

clericalismo e o laicismo presentes na Igreja.

56

Page 57: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.2 A IGREJA ENCARNADA NO MUNDO

A autonomia do mundo constitui o drama da

humanidade inserida no mistério salvífico de Deus.

A Igreja só pode agir no mundo como servidora e

dialogante e não como poder sobre o mundo.

A ação do leigo no mundo pode ser vista de

variadas maneiras. Primeiro, a ação rotineira feita

nas funções diárias. Segundo, por meio da ação

dos homens e mulheres que trabalham na

construção do mundo nas mais diversas frentes.

Terceiro, os leigos que se organizam em nome da

fé para influenciarem na construção da sociedade.

A graça possibilita e leva a bom termo as ações

humanas.

57

Page 58: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.3. UMA IGREJA “EM SAÍDA”

A Igreja é chamada a ser sacramento do amor e

da salvação de Deus, peregrina na história,

como povo de Deus.

A Igreja deve estar voltada às alegrias e

esperanças, tristezas e angústias da

humanidade.

Portanto, a Igreja não é um clube de eleitos

nem uma alfândega controladora da graça de

Deus. Há, no núcleo da noção de Igreja, uma

abertura radical que se estende a todos os

povos da terra.

58

Page 59: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.3. UMA IGREJA “EM SAÍDA”

Somente assumindo uma atitude de abertura das portas é

possível fazer o movimento de saída em direção a todos.

Cristo é o centro e a Igreja está a seu serviço. O modelo que

se impõe é ser uma Igreja em saída, em direção a todas as

periferias.

A Igreja em saída é uma Igreja de discípulos missionários,

onde a comunidade missionária entra na vida diária de quem

necessita, encurta as distâncias, abaixa-se e assume a vida

humana, tocando na carne sofredora de Cristo no povo.

Como sair da própria comodidade e empreender uma

novidade evangélica e expansiva? É a pergunta que cada

comunidade, cada clérigo, cada cristão leigo e leiga poderia

se fazer.

59

Page 60: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.4. UMA IGREJA POBRE, PARA OS POBRES E COM OS POBRES

A Igreja que queremos é pobre, para os pobres, com os

pobres e os que se encontram nas periferias existenciais.

A Igreja em Medellín assume a opção pelos pobres, em

Puebla proclama solenemente a profética opção preferencial

e solidária pelos pobres, e reitera nas subsequentes

Conferências. A Evangelii Gaudium a reafirma como

categoria teológica.

Os pobres ocupam lugar preferencial no coração de Deus,

que se fez pobre O caminho da redenção está assinalado

pelos pobres, sendo que com eles se identificou: eu estava

com fome, e me destes de comer, ensinando que a

misericórdia para com eles é a chave do Céu.

60

Page 61: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.4. UMA IGREJA POBRE, PARA OS POBRES E COM OS POBRES

Aparecida descreve os rostos sofredores que doem

em nós. Mas é preciso estar atentos às novas

formas de pobreza e fragilidade. Pensamos também

em outros seres frágeis e dependentes da criação,

como o solo que desertifica, as espécies em

extinção, sinais que afetam a vida na terra e das

novas gerações.

Toda a Igreja deve renovar seu compromisso com os

pobres e com a justiça. Um apelo do Papa Francisco

aos leigos: ninguém pode sentir-se exonerado da

preocupação pelos pobres e pela justiça social.61

Page 62: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.5. UMA IGREJA DO SERVIÇO, DA ESCUTA E DO DIÁLOGO

A Igreja deseja a construção da cultura do encontro que

gera compromissos para o bem comum, com sabedoria e

humildade.

Na cultura do encontro, todos contribuem e recebem.

Trata-se de uma postura aberta e disponível, para a qual

é necessária uma humildade social: estima das culturas

e religiões e respeito aos direitos de cada um.

Trata-se de passar de atitudes fechadas à formação de

uma nova cultura, que constrói cidadania no diálogo e

que não tem medo de acolher o que o outro, o diferente,

tem a oferecer. Este é espaço aberto para os leigos e

leigas.62

Page 63: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.6. A AÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS: “SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO E FERMENTO NA MASSA”

Há uma ênfase na índole secular dos leigos: eles vivem no

século, isto é, em todos e em cada um dos ofícios e trabalhos

do mundo. Vivem nas condições da vida familiar e social,

pelas quais sua existência é como que tecida.

Estar nas realidades temporais é também ser Igreja. Ela é

uma realidade teológica e eclesial, pois é aí que Deus

manifesta o seu plano e comunica a vocação de procurar o

Reino de Deus

Leigos são chamados à santidade e com sua ação santificam o

mundo. Procuram o Reino exercendo funções temporais e

ordenando-as segundo Deus.

Os leigos são especialmente chamados para tornarem a

Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias. 63

Page 64: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.6. A AÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS: “SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO E FERMENTO NA MASSA”

As imagens evangélicas do sal, da luz e do fermento

são aplicadas aos leigos. Falam da novidade e

originalidade de uma inserção e de uma participação

destinadas à difusão do Evangelho que salva.

O ser laical da Igreja se expressa ao impregnar e

penetrar as realidades temporais com o espírito

cristão e ao testemunhar Cristo em todas as

circunstâncias, no interior da comunidade humana.

Os leigos deverão levedar a totalidade e integridade

das estruturas de convivência humana, inculturando

a fé, sendo animadores e promotores do diálogo

social como contribuição para a paz

64

Page 65: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5.6. A AÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS: “SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO E FERMENTO NA MASSA”

A cada tempo histórico, surgem campos prioritários da

ação dos leigos e leigas. Na América Latina e no Brasil

vários documentos aprofundaram a presença dos leigos

e leigas nesses campos conforme nossa realidade.

Portanto, é função própria do cristão leigo ser Igreja na

sociedade civil e nos espaços públicos.

A Pastoral Familiar é espaço privilegiado para

conscientizar sobre a vocação matrimonial e suas

exigências. Há leigos que optam pela vida consagrada.

Com tudo isto, surge um desafio: a formação dos leigos

e a evangelização das categorias profissionais e

intelectuais.

65

Page 66: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Capítulo II – O Sujeito Eclesial: Cidadãos, Discípulos Missionários.

O Cristão leigo, sujeito na Igreja e no mundo, é o cristão maduro na fé (ver nºs 49; 51; 54 a 61; 72). Como superar os antagonismos entre fé e vida, Igreja-Mundo, identidade eclesial e ecumenismo? Sendo a Igreja Povo de Deus, como se deve construir a comunhão entre os diversos sujeitos eclesiais? Como é ser sujeito na vocação laical? 66

Page 67: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

A dignidade dos cristãos leigos e leigas provém da própria iniciativa de Cristo que, pelo Batismo, nos incorpora a Si mesmo (nº 69 a 71). E devem se traduzir na corresponsabilidade dos leigos e leigas no ser e no agir da Igreja (nºs 128 a 129). Comente com o seu grupo sobre as principais dificuldades de passar da mentalidade de ser colaborador na Igreja a ser de fato corresponsável na missão da Igreja. Como desenvolver melhor as estruturas de comunhão e participação em nossas comunidades e dioceses?

67

Page 68: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO O clericalismo (nºs 134 a 142) está presente em

seu contexto eclesial? Como ele se traduz, na prática?

O texto indica a importância dos ministérios confiados aos leigos e leigas e do seu serviço cristão ao mundo (nºs 114 a 126). Na sua realidade local, quais os ministérios e serviços exercidos por cristãos leigos e leigas?

“A cada tempo histórico, surgem campos prioritários da ação dos leigos e leigas” (nº 164; ler nºs 158 a 167). Dados os desafios do nosso contexto, quais as realidades que mais solicitam o empenho dos cristãos leigos nos níveis pessoal, comunitário e social?

68

Page 69: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

PARA REFLETIR

1 – Temos clareza da identidade do leigo e

da leiga na Igreja e no mundo?

2 – Qual a relação entre identidade e

missão?

3 – Quais as consequências desse assunto

para nossa vida em comunidade?

4 – Sugestões em relação ao texto

(supressões, acréscimos, mudanças de

redação).

69

Page 70: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

PARTE IIIA AÇÃO TRANFORMADORA NA

IGREJA E NO MUNDO

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Page 71: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

INTRODUÇÃO

Todo cristão é chamado a ser um autêntico sujeito

eclesial e a ação é uma das notas que caracterizam a

noção de sujeito. A Igreja deve planejar suas atividades

e buscar as melhores formas de se organizar e atuar. A

fé ilumina os cristãos para agir na Igreja e na sociedade.

Várias ciências podem contribuir com essa tarefa

oferecendo métodos e estratégias para uma ação

planejada.

A ação da Igreja tem um movimento irradiador. Pela

força do Espírito, é direcionada para fora de si mesma. A

Igreja em saída, como bem define o Papa, é a Igreja da

ação renovadora de si mesma, das pessoas e do mundo,

em permanente estado de missão.

71

Page 72: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

INTRODUÇÃO

A ação pode ter diferentes significados ou modos de realização:

Um significado testemunhal como presença que anuncia

Jesus Cristo

O aspecto da ética e da competência cidadã, quando exerce,

da melhor forma possível, sua própria atividade profissional

Ação reconhecida e organizada na forma de serviços,

pastorais, ministérios e outros grupos organizados pela

própria Igreja

Outro modo é a inserção na vida social. Nesse campo de

ação, temos as chamadas pastorais sociais.

Essas modalidades de ação se inter-relacionam e integram em

seu conjunto a vida cristã. 72

Page 73: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

1. SIGNIFICADOS E CRITÉRIOS DA AÇÃO DO SUJEITO CRISTÃO NA IGREJA E NO MUNDO

O cristão é sempre vigilante e ativo. O discernimento das

condições em que se encontra e a busca dos meios mais

coerentes e eficazes de agir constituem tarefas permanentes que

solicitam a atitude profunda de fé e o aprofundamento da razão.

O Reino de Deus é o horizonte que orienta a ação transformadora

dos cristãos no mundo. Por essa razão, se torna possível falar

sempre em transformação do mundo e da Igreja.

A ação dos sujeitos cristãos, por seu caráter concreto, será antes

de tudo local. Nesse sentido, será necessário que cada

comunidade, paróquia, diocese e a Igreja, no Brasil, como um

todo, tenham bem claro quais as urgências e as estratégias para

as quais devem ser encaminhadas a ação dos leigos.73

Page 74: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

CRITÉRIOS GERAIS

O Papa Francisco sugere alguns critérios:

A ação evangelizadora inclui sempre a Igreja, a

sociedade e cada sujeito individual como força

renovadora e razão de ser da ação de todo Povo de

Deus

A ação é sempre discernimento das realidades

concretas

A ação é preferível à estabilidade e à estagnação

A ação tem um foco concreto: a opção pelos pobres

O diálogo com o mundo social, cultural, religioso e

ecumênico deve promover a cultura do encontro e a

inclusão do outro na vivência da fraternidade

A ação deve considerar a primazia do humano.

74

Page 75: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

CRITÉRIOS ESPECÍFICOS O Papa enumera também quatro princípios específicos para a

construção de um povo de paz, justiça e fraternidade:

1º. O tempo é superior ao espaço. Trata-se de privilegiar as

ações que geram novos dinamismos e comprometem pessoas e

grupos que os desenvolverão até frutificar em acontecimentos;

2º. A unidade prevalece sobre os conflitos. A unidade é um

princípio superior que norteia a ação e gera caminhos de

superação e de comunhão maior, capaz de agregar diferenças;

3º. A realidade é mais importante que as ideias. A realidade é

o lugar da encarnação da Palavra de Deus no decorrer da

história de ontem e de hoje;

4º. O todo é superior à parte. O global e o local estão, mais do

que nunca, em tensão em nossos dias.75

Page 76: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

2. A ORGANIZAÇÃO DO LAICATO O povo de Deus busca os meios adequados para exercer sua

missão. Organiza-se como sujeito social que pretende agir em

conjunto e de modo eficaz. O leigo sempre encontrou os meios

de sua ação.

Temos hoje as bases eclesiológicas e as condições eclesiais,

sociais, políticas e culturais para que exerçam sua missão

como um autêntico sujeito eclesial. Mas constatamos ainda

grandes dificuldades para uma verdadeira

corresponsabilidade dos cristãos leigos.

A necessidade de organização do laicato também pode brotar

das exigências da sociedade e possibilita vida comum, apoio

mútuo, afinidades de ideias e objetivos e bases de

sustentação para a ação.

76

Page 77: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

2. A ORGANIZAÇÃO DO LAICATO

Toda organização parte do princípio da sociabilidade. Isso faz

com que interajamos com tudo e com todos. É o que

chamamos de construção do ser sujeito e de sua socialização.

As organizações afins dão espaços para falar e se manifestar,

favorecendo a autonomia e o ser sujeito.

A socialização é um dos aspectos característicos da nossa

época. Consiste na multiplicação progressiva das relações

dentro da convivência social e comporta a associação de

várias formas de vida e de atividades e a criação de

instituições jurídicas. É de todo indispensável que se

constitua uma vasta rede de agremiações ou organismos

adequados a fins que os indivíduos por si sós não possam

conseguir de maneira eficaz.

77

Page 78: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

2. A ORGANIZAÇÃO DO LAICATO

A temática da organização do laicato foi tratada no Vaticano II

a partir dos seus pressupostos eclesiológicos. É necessário

que se robusteça a forma associada e organizada do

apostolado dos leigos. Por isso, respeitada a devida relação

com a autoridade eclesiástica, os leigos têm o direito de

fundar associações e governá-las.

A fonte do apostolado dos leigos é a sua união com Cristo-

Cabeça. Os leigos e leigas têm o direito e o dever do

apostolado. O Concílio salientou duas formas de apostolado: o

individual e o grupal. O primeiro é o princípio e condição de

todo apostolado e é o testemunho de toda vida leiga. O

apostolado em grupo corresponde à exigência dos fiéis de

uma ação comum.

78

Page 79: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

2. A ORGANIZAÇÃO DO LAICATO

A liberdade de ação e de organização dos leigos é explicitada

no AA como direito de fundarem grupos e dirigirem-nos, bem

como inscreverem-se nos existentes. Tratava-se de um fato

histórico-eclesial que vinha do século passado e que tomara a

forma mais expressiva, sobretudo na grande frente conhecida

como Ação Católica. No horizonte da cooperação encontramos

a indicação: Nas dioceses, enquanto possível, existam

conselhos que auxiliem a obra apostólica da Igreja.

Medellín sugere estudos para a criação de um Conselho

conforme orientação da AA. Puebla afirmara a confiança e

decidido estímulo às formas organizadas de apostolado dos

leigos, porque a organização é sinal de comunhão e

participação da Igreja.

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Page 80: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

2. A ORGANIZAÇÃO DO LAICATO A Christifideles Laici reconhece a liberdade de associação

dos leigos: é necessário reconhecer esta liberdade na

Igreja. Essa liberdade não deriva de concessão da

autoridade, mas do batismo

A organização dos cristãos leigos e leigas constitui um

direito decorrente do batismo e é uma forma de servir de

modo responsável e mesmo eficiente ao Evangelho, nas

esferas da Igreja e no mundo. Por outro lado, os diferentes

carismas associativos, que por certo agregam os fiéis em

missões e frentes especificas, não podem perder o vínculo

com o carisma fundamental da vida eclesial.

O processo de autonomia de ação e organização do laicato

se realiza no interior da comunidade eclesial.

80

Page 81: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

A organização dos leigos buscou responder aos desafios.

Durante a primeira metade do século XX, temos as

irmandades, confrarias e associações numa dimensão mais

espiritual e/ou de assistência. Para uma maior presença e

atuação na sociedade, os bispos buscaram articular essas

formas organizativas.

Em 1935, foi oficializada a Ação Católica Geral e, mais tarde, a

Ação Católica Especializada. Descobriram que a sua ação

decorria do batismo. Esta nova consciência gerou o

compromisso com a transformação social.

Após o Concílio, veio a consciência de Povo de Deus e sujeitos

eclesiais. Certamente é uma tarefa difícil abordar a riqueza e a

diversidade dessa presença e atuação. Vale explicitar algumas

delas:

81

Page 82: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

As CEBs. Sua prática possibilitou a consciência de seus membros

de ser Povo de Deus, de que sua pertença à Comunidade decorre

do seu batismo. As CEBs têm a Palavra de Deus como centro,

uma dimensão missionária e engajam-se nas lutas de

transformação da sociedade na perspectiva do Reino de Deus.

As Pastorais Sociais. Significam a solicitude e o cuidado de toda

a Igreja missionária diante de situações reais de marginalização,

exclusão e injustiça. A sua perspectiva de atuação deve ser

profético-transformadora indo além do assistencialismo. Nesse

conjunto, podemos situar, também, várias entidades como a

CBJP, o CIMI, a CPT; o IBRADES, o CEFEP e outros.

As Pastorais da Juventude respondem aos apelos dos jovens nos

vários meios sociais.82

Page 83: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

Esta participação acontece na dinâmica interna da

comunidade eclesial: Conselhos Paroquiais, Diocesanos e

Econômicos, Assembleias e Sínodos, pastorais; iniciação à

vida cristã e na catequese permanente.

Nos anos de 1970, foi criado o CNL , hoje CNLB.

No final da década de 60, houve a extinção da JUC e JEC. O

Secretariado Nacional do Apostolado Leigo – SNALE

apresentou a proposta que a temática da Assembleia de

1970 fosse Leigos, o que foi aceito. Participaram dessa

Assembleia cerca de 31 leigos. Após a reflexão, os bispos

aceitaram que o SNALE preparasse o funcionamento de um

organismo de leigos. Foram realizados Encontros Nacionais,

que elaboraram o projeto e foi criado o CNL

83

Page 84: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

Nas Diretrizes 1975 – 1978 encontramos: Incentivar e apoiar a

organização CNL. No quadriênio 1983 – 1986, um dos

destaques foi Leigos. Na Assembleia de 1985, foi analisado o

tema Leigos como contribuição à preparação do Sínodo sobre

os leigos.

O tema Missão e ministérios dos leigos foi refletido na

Assembleia de 1998. O resultado foi publicado como estudos

77. Após estudos nas dioceses e nas diferentes expressões

laicais, inclusive na IV Assembleia Nacional dos Organismos

do Povo de Deus, foi aprovado na Assembleia de 1999, o

Documento 62. Os bispos afirmaram: busquem valorizar suas

diversas formas de organização, em especial os Conselhos de

Leigos em todos os níveis.

84

Page 85: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

Em 2004, a CNBB aprovou o novo estatuto do

CNLB, que busca despertar nos leigos a

consciência crítica e criativa, estimula sua

participação na Igreja como sujeitos eclesiais

plenamente vocacionados. Prioritariamente,

entretanto, está o objetivo de criar e apoiar

mecanismos de formação e capacitação que

ajudem o laicato a descobrir sua identidade

e missão de pessoas de fé na Igreja e no

mundo.85

Page 86: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

Também surgiram os Novos Movimentos. Todas essas

formas estão presentes na caminhada da Igreja no

Brasil.

A Igreja conta hoje com uma gama variada de

associações que agregam leigos, outras que agregam

leigos e clérigos e outras leigos e leigas consagrados.

Na esteira dos novos movimentos, muitos leigos ,

algumas vezes com cristãos ordenados e ou religiosos,

fundaram outra forma organizativa denominada de

Novas Comunidades. No Brasil, a primeira teve início

em 1978. Na sua maioria nascidas da espiritualidade

da RCC, mas com características próprias.

86

Page 87: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

As novas comunidades têm emergido com força. São

compostas de vários estados de vida e se dedicam às mais

variadas causas e frentes de ação.

Para superar tensões que permanecem, o caminho é a

inserção das várias expressões laicais nas Igrejas

Particulares e o acolhimento, por parte das Igrejas, dessa

diversidade de carismas.

Essas expressões possuem a sua formação em função dos

seus carismas e objetivos, mas não podem prescindir da

participação na comunidade eclesial. A autonomia só tem

sentido na comunhão.

As formas de associação são para a edificação da Igreja e

para contribuir com sua missão no mundo.

87

Page 88: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

Os princípios para a organização do laicato são:

Autonomia com a plena pertença eclesial

Universalidade e inserção nas Igrejas Particulares

Carisma particular com busca da edificação da Igreja

Identidade confessional e inserção efetiva no mundo

Norma de vida e discernimento dos apelos da

realidade

Espiritualidade específica e diálogo

Experiência individual da fé com o discernimento dos

sinais dos tempos88

Page 89: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

3. PRESENÇA, ORGANIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO DOS LEIGOS NO BRASIL

Expressamos nossa alegria pela significativa

presença e atuação dos leigos e leigas, das suas

organizações, bem como no enfrentamento dos

grandes desafios. Reconhecemos o direito e a

autonomia das diferentes formas de organização e

articulação do laicato. Agradecemos a Deus pelos

milhares de cristãos leigos e leigas que atuam com

amor e disponibilidade, especialmente nas

coordenações e nos conselhos pastorais,

comunitários, paroquiais e econômicos.

O diálogo entre todos os membros da Igreja é o

caminho para o testemunho da fraternidade e da

unidade.

89

Page 90: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

4. A FORMAÇÃO DO LAICATO

Sem uma formação permanente, contínua e

consistente, o sujeito eclesial corre o risco de

estagnar-se. A formação precisa considerar as

dimensões humana, teológica, espiritual e pastoral

e ser capaz de conjugar o teórico com o prático.

Dever-se-á distinguir diferentes níveis de formação

no âmbito da comunidade eclesial, de forma a

oferecer aos distintos sujeitos o que for

conveniente e necessário à sua compreensão e

vivência da fé. Também é fato que a formação

requer atualização permanente segundo o que

orientam as Diretrizes da Igreja, a pesquisa

teológica e a pesquisa científica.

90

Page 91: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

A FORMAÇÃO DE SUJEITOS ECLESIAIS

Ser sujeito significa a vivência dessa condição do ponto de

vista eclesial, social e político. Faz isso na medida em que

orienta sua vida a partir de Jesus e do Reino. A Igreja deve

estar atenta a esses cristãos que assumem serviços de

grande valia.

Onde houver um cristão disposto a testemunhar e servir o

Reino, aí a Igreja se faz presente, mesmo sem sua

organização visível. O cristão é sujeito na condição em que

se encontra.

Na Igreja, cada qual é chamado a ser um sujeito eclesial

ativo que coloca-se a serviço dos irmãos. A comunidade deve

formar sujeitos que contribuam com a educação dos demais.

91

Page 92: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

A FORMAÇÃO DE SUJEITOS ECLESIAIS

A formação de sujeitos eclesiais deve ser um compromisso e

uma paixão das comunidades. Isso possibilita a Igreja em

saída e contribui para uma consciência eclesial crítica dos

seus limites.

Aparecida, ressalta:

Os aspectos do processo formativo

O acompanhamento do discípulo

A espiritualidade.

No mesmo documento, os bispos destacaram que nas

Dioceses o projeto de formação deverá ser orgânico e

envolver todas as forças vivas para construir uma

convergência das iniciativas, contando com uma equipe de

formação convenientemente preparada.

92

Page 93: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

A FORMAÇÃO DE SUJEITOS ECLESIAIS

A formação do leigo necessita com urgência de um projeto

nacional. Espera-se a construção dessas orientações gerais.

Aparecida vê nos jovens um enorme potencial para a Igreja,

mostrando-os sensíveis à experiência religiosa,

principalmente à pessoa de Jesus. Porém, exigem ações com

metodologias próprias.

Quanto à mulher, é urgente que possam participar

plenamente da vida eclesial, familiar, cultural, social e

econômica. Para isso, é necessário propiciar-lhe formação.

Hoje busca-se a construção do humano com a presença

feminina. A mulher assume papéis na Igreja, principalmente

nas instâncias de decisão.

93

Page 94: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO Os leigos são chamados a serem videiras que

frutificam continuamente. A formação é uma

obrigação eclesial necessária para que os leigos

assumam plenamente a sua responsabilidade de

sujeitos eclesiais com maturidade e competência.

A formação tem também um profundo sentido

espiritual. Cada seguidor de Jesus está inserido em

um processo de identificação contínua com seu

mestre. Nessa caminhada, busca por todos os meios

as razões dessa identificação e o discernimento dos

caminhos para essa tarefa, pois ela faz do sujeito

eclesial um peregrino na busca do Reino que é a

comunhão plena com Deus.

94

Page 95: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

FUNDAMENTOS DA FORMAÇÃO

A formação é uma exigência da condição humana. Isto

exige a busca permanente da compreensão e da

vivência da nossa fé. Temos que aprofundar os meios

mais adequados de compreensão e comunicação da

mensagem do Evangelho, recorrendo à teologia e às

diversas ciências. A formação adequada permite que

a mensagem se torne compreensível e promova o

desejo de seguir Jesus.

A comunidade eclesial é responsável pela formação.

No entanto, aqueles que ocupam funções de direção

são os primeiros responsáveis do processo formativo95

Page 96: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

PRINCÍPIOS E DIREÇÕES A formação perpassa todas as atividades eclesiais e

exige de todos uma atualização permanente sobre os

conteúdos da fé e do que desafia sua compreensão e

vivência. A formação, entendida como educação

permanente da fé, possui um aspecto espontâneo que

acontece na prática da própria fé. A formação possui

ainda um aspecto sistemático e formal como atividade

planejada e executada pela e na comunidade eclesial.

A formação deve contribuir para que os leigos vivam o

seguimento de Jesus Cristo e possam dar uma

resposta do que significa ser cristão hoje. Devemos

pensar a formação a partir dos sinais dos tempos.96

Page 97: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

PRINCÍPIOS E DIREÇÕES São princípios da formação: a relação Igreja-mundo-

Reino, a dimensão comunitária, a opção pelos pobres,

respeito às questões de gênero, a relação teoria e

prática, a inculturação, a pedagogia libertadora e

participativa, a progressividade e avaliação. A

formação deve ser:

integral

fundamentada na Palavra de Deus

missionária e inculturada

articuladora

prática

específica

permanente e atualizada

planejada

97

Page 98: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. ALGUNS INDICATIVOS DE AÇÕES PASTORAIS

Devemos retomar indicativos e propor encaminhamentos

Conscientizar os leigos quanto a sua identidade, vocação,

espiritualidade e missão, para assumir seu compromisso

batismal.

Convocar os leigos a participarem do planejamento, decisão e

execução da vida eclesial e da ação pastoral.

Efetivar um processo de participação dos vários sujeitos

eclesiais no âmbito nacional tornando regulares as Assembleias

Nacionais dos Organismos do Povo de Deus - ANOPD, realizadas

desde 1991.

Abrir espaços de participação onde a presença feminina

enriqueça a comunidade eclesial nos seus processos decisórios.

98

Page 99: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. ALGUNS INDICATIVOS DE AÇÕES PASTORAIS

Incentivar e acompanhar a presença e a ação dos leigos na

participação social.

Aprofundar os ministérios leigos e estimular a criação de

novos.

É indispensável um projeto Diocesano de formação que

contemple:

objetivos, diretrizes, prioridades, atividades, lugares e meios,

articulando-os com o plano de pastoral

formação básica para todos e específica para os campos de

missão

aprimoramento bíblico-teológico dos leigos

a presença de leigos na coordenação e execução do projeto

o diálogo com as organizações dos leigos sobre o seu processo

formativo.

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Page 100: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. ALGUNS INDICATIVOS DE AÇÕES PASTORAIS

No mundo da política, três elementos são fundamentais:

formação, espiritualidade e acompanhamento. Para isto, as

Dioceses busquem:

Estimular e apoiar a participação dos leigos e leigas na política

Construir mecanismos de participação popular

Incentivar e preparar os cristãos leigos para participarem de

partidos políticos

Mostrar que há outras maneiras de tomar parte na política

Constituição de Cursos e/ou Escolas de Fé e Política

Animar as Escolas de Fé e Política e promover atividades com

políticos

Acompanhar os cristãos que estão com mandatos políticos

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Page 101: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. ALGUNS INDICATIVOS DE AÇÕES PASTORAIS

A pessoa e o trabalho são elementos chaves no ensino

social da Igreja. Diante dessa realidade, as Dioceses

se esforcem para:

Criar grupos de partilha e de reflexão para os diferentes

profissionais

Animar e manifestar nossa solidariedade aos trabalhadores

na conquista e preservação de seus direitos

Incentivar os cristãos a participarem dos sindicatos e outras

organizações

Acolher os trabalhadores em nossas comunidades eclesiais

Apoiar e participar de iniciativas de combate ao trabalho

escravo

Apoiar as ações realizadas em relação às famílias

Criar e fortalecer as pastorais sociais

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Page 102: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. ALGUNS INDICATIVOS DE AÇÕES PASTORAIS

Fortalecer a consciência de pertença, de gratidão a Deus e de

corresponsabilidade.

Reconhecer a contribuição da mulher na evangelização e

ampliar sua presença e participação na Igreja e na sociedade.

Garantir o protagonismo juvenil na Igreja e na sociedade,

atingindo um maior número possível de jovens.

Cuidar para que as pessoas idosas sejam atendidas.

pastoralmente e tenham espaço e condições de participarem

da vida da comunidade eclesial.

Incentivar os cristãos que vivenciem e construam caminhos

de diálogo, de cooperação com o diferente e com as diversas

culturas.102

Page 103: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. ALGUNS INDICATIVOS DE AÇÕES PASTORAIS

Propostas de Encaminhamento:

Envolver a Igreja e outras entidades na reflexão

do Texto de Estudos, enviando as emendas;

Celebrar o Dia do Leigo a solenidade de Cristo

Rei. Estimular no mês de novembro uma;

programação envolvendo comunidades,

paróquias e todas as formas organizativas do

laicato;

Celebrar o dia 1º de maio denunciando tudo o

que contraria a dignidade da pessoa;

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Page 104: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

5. ALGUNS INDICATIVOS DE AÇÕES PASTORAIS

Recuperar e divulgar o testemunho de leigos e leigas mártires e daqueles que viveram ou vivem seu compromisso batismal;

Criar e/ou fortalecer os Conselhos de Leigos

Fortalecer o diálogo e trabalho junto às diferentes formas de expressão do laicato;

Apoiar e acompanhar o VI Encontro Nacional do Laicato em junho de 2015;

Realizar o Ano do Laicato iniciando na festa de Cristo Rei de 2015 e o seu término na festa de Cristo Rei de 2016;

104

Page 105: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Capítulo III - A Ação Transformadora na Igreja e no Mundo.

Como ocorre a ação transformadora, do sujeito eclesial, em sua realidade, na Igreja e como Igreja na sociedade (nºs 168 a 171)?

O que significa dizer que o leigo tem autonomia para agir na Igreja e, como Igreja, atuar no mundo (nºs 50; 53; 168; 186 e 187)? 105

Page 106: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

A organização dos cristãos, em particular dos leigos e leigas é uma exigência da missão (nºs 177 a 188) e no Brasil estão organizados de diferentes formas (nºs 189 a 212). Como estão organizados os leigos na sua realidade local, como atuam?

106

Page 107: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

A formação dos sujeitos eclesiais é essencial para exercer o discipulado e a missão no mundo (nº 218). Conversar sobre como está a formação em sua realidade e os desafios presentes. Ela contribui para a ação dos cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade?

No final do texto estão apresentados vários indicativos – nºs 230 a 247: Como veem esses indicativos? Quais as observações e sugestões? 107

Page 108: Estudo 107 leigos - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE

PARA REFLETIR

1 – Qual a importância da compreensão da

missão dos leigos e leigas?

2 – Qual a importância da organização dos

leigos e leigas?

3 – Quais as consequências desse assunto

para nossa vida em comunidade?

4 – Sugestões em relação ao texto

(supressões, acréscimos, mudanças de

redação).

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