Upload
doandieu
View
223
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE QUATRO BIOPRODUTOS DO
CERRADO NO CONTROLE DA SARNA SARCÓPTICA EM SUÍNOS
Adriana Marques Faria
Orientador: Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito
GOIÂNIA
2013
ii
iii
ADRIANA MARQUES FARIA
ESTUDO COMPARATIVO DO USO DEQUATRO BIOPRODUTOS DO
CERRADO NO CONTROLE DA SARNA SARCÓPTICA EM SUÍNOS
Dissertação apresentada para obtenção do
grau de Mestre em Ciência Animal junto
à Escola de Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal de Goiás
Área de Concentração:
Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
Linha de Pesquisa:
Patologia animal, experimental e comparada
Orientador:
Prof. Dr.Luiz Augusto Batista Brito - EVZ/UFG
Comitê de Orientação:
Prof. ª Dr.ª Moema Pacheco Chediak Matos - EVZ /UFG
Prof.ª Dr.ª Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura - EVZ /UFG
GOIÂNIA
2013
iv
v
vi
AGRADECIMENTOS
À minha família, por todo o carinho, suporte e ajuda que me foi
concedida, não só durante a confecção desse trabalho, mas sempre que me foi
necessário. Em especial à minha filha, Stella, que sempre entende as minhas
ausências e me recebe de braços abertos e o sorriso mais perfeito no rosto;
À minha família da patologia, Hugo, Júlia, Denise, Adriana, Ramon,
Hidelbrando, que estão sempre presentes nos momentos bons e ruins, é sempre
bom estar com vocês!
Aos meus amigos lindos e maravilhosos colegas de profissão, Lorena,
Itallo, Lorraine, Gustavo Henrique e Thiago que fizeram da graduação e do
mestrado um tempo de felicidade e de muita qualidade também;
Às minhas melhores amigas Maria Clara e Thaís pela presença e
amizade de irmã desde o início das minhas lembranças;
Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Augusto Batista Brito, pelo carinho e
oportunidade de realização do mestrado, além da ajuda na confecção desse
trabalho;
Às minhas co-orientadoras, Prof.ª Dr.ª Moema Pacheco Chediak Matos
e Veridiana Maria Brianezi Dignani de Moura pela ajuda na realização desse
trabalho, especialmente à professora Moema que com todo o carinho me ensinou
e me guiou em diversos momentos em que precisei;
Aos colegas do Setor de Patologia Animal, especialmente Aline,
Natália, Rakel e Lorena, que compartilharam momentos de aprendizado ou
mesmo de dificuldades, podendo ainda tornar o dia-a-dia mais divertido e mais
aproveitável;
Às professoras doutoras do Setor de Patologia Animal, Ana Paula
Iglesias Santin e Regiane Nascimento Gagno Porto pelo excelente convívio
durante todos esses anos e por me receberem sempre com a maior disposição e
atenção;
Ao LPPN, pela ajuda e fornecimento de todos bioprodutos necessários
à realização desse trabalho, principalmente ao Prof. Dr. Edemilson Cardoso da
Conceição e à mestranda Natasha Cardoso que foram sempre muito prestativos
e clarearam muitas das minhas dúvidas;
vii
Aos técnicos, Antônio Souza da Silva pela ótima convivência e ensinos
nos últimos anos; Helton Freires Oliveira pelo auxílio, paciência e ensino
incomparáveis; Lorena Cintra, pela ótima convivência, amizade e confecção das
lâminas;
Ao proprietário da Estância Ciranda, Senhor Antônio Júlio, por
conceder prontamente a propriedade e os animais para a realização do
experimento;
Aos funcionários da Estância Ciranda, especialmente o Gerente da
Granja Luiz Antônio, por nos ajudar sempre que necessário e facilitar a realização
desse trabalho de maneira prodigiosa;
À CAPES pela bolsa fornecida durante todo o período do mestrado;
Ao CNPQ pelo financiamento essencial à realização de todo o projeto;
À Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás,
pela formação profissional e por ter me abrigado durante tanto tempo;
À coordenação da Pós-graduação pelas boas condições fornecidas
para a realização deste estudo;
Aos amigos, parentes, colegas e anônimos que de alguma forma
puderam contribuir para a realização desse trabalho e tornaram minha vida mais
completa e feliz;
A todos vocês e muitos outros mais, um agradecimento sincero e de coração.
viii
“Eu busco meu caminho
Eu busco meu caminho para algo
Eu busco meu caminho para algo melhor
Eu me forço a ficar
Eu me forço a ficar para algo
Eu me forço a ficar para algo melhor
Eu planto as sementes
Eu planto as sementes que tenho
Eu planto as sementes que considero verdadeiras
Este espinho em mim
Este espinho em mim é de uma árvore
Este espinho em mim é de uma árvore que plantei
Isso me corta e eu sangro
E eu sangro.”
James Hetfield
ix
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS .......................................................... 1
1. Introdução........................ ................................................................................... 1
2. Morfofisiologia do Sistema Tegumentar ............................................................. 3
3. Sarna sarcóptica ................................................................................................ 5
3.1 Sarcoptes scabiei ............................................................................................. 6
3.2 Sintomatologia clínica e diagnóstico................................................................. 8
4. Tratamento convencional com Ivermectina ...................................................... 10
5. Viabilização de fitoterápicos do cerrado no controle e tratamento da sarna
sarcóptica ............................................................................................................. 11
5.1 Barbatimão ..................................................................................................... 12
5.2 Copaíba................................ .......................................................................... 13
5.3 Pacari..................................................................................................... ......... 14
5.4 Sucupira............................................................................................. ............. 15
6. Justificativa e objetivo ...................................................................................... 16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 16
CAPÍTULO 2 - ESTUDO IN VITRO DA ATIVIDADE ACARICIDA DOS EXTRATOS
ETANÓLICOS DE BARBATIMÃO, E PACARI, E ÓLEORRESINAS DE COPAÍBA
E SUCUPIRA. ...................................................................................................... 24
INTRODUÇÃO................................................................................ ...................... 26
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 27
Teste de atividade acaricida in vitro ..................................................................... 28
Analise estatística ................................................................................................ 29
RESULTADOS....................................................................................................... 30
DISCUSSÃO.......................................................................................... ............... 34
CONCLUSÃO................................................... .................................................... 37
x
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 38
CAPÍTULO 3 - BIOPRODUTOS DO CERRADO NO CONTROLE DA SARNA
SARCÓPTICA EM SUÍNOS NAS FASES DE CRESCIMENTO E REPRODUTIVA.
...............................................................................................................................43
INTRODUÇÃO................................................................................ ...................... 45
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 46
Suínos em fase de crescimento ........................................................................... 47
Suínos em fase de reprodução ............................................................................ 47
Administração dos tratamentos ............................................................................ 47
Avaliação clínica. .................................................................................................. 49
Avaliação microscópica ........................................................................................ 50
Análises Estatísticas............................................................................................. 50
RESULTADOS............. ........................................................................................ 51
Suínos em fase de crescimento ........................................................................... 51
Suínos em fase reprodutiva .................................................................................. 50
DISCUSSÃO.......................................................................................................... 59
CONCLUSÕES..................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... .................................................................. 62
CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 66
xi
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
FIGURA 1 - Esquema representativo do tegumento, evidenciando epiderme,
derme e anexos cutâneos. EC: estrato córneo, EL: estrato lúcido,
EG: estrato granuloso, EB: estrato basal, EE: estrato espinhoso,
DS: derme superficial. ................................................................... 4
FIGURA 2 - Representação esquemática do ciclo de vida do ácaro Sarcoptes
scabiei na epiderme de hospedeiro, mostrando as formações em
galerias. ........................................................................................ 7
CAPÍTULO 2 - ESTUDO IN VITRO DA ATIVIDADE ACARICIDA DOS EXTRATOS
ETANÓLICOS DE BARBATIMÃO, E PACARI, E ÓLEORRESINAS DE COPAÍBA
E SUCUPIRA.
FIGURA 1 - Placas de petri com diferentes soluções e emulsões-teste e suas
respectivas identificações.................................................................28
FIGURA 2 - Fotografia de exemplares de Sarcoptes scabiei em
esteromicroscópico (setas pretas). ......................................... 29
FIGURA 3 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de óleorresina de Copaíba, água destilada e Tween
20. ................................................................................................... 31
FIGURA 4 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de óleorresina de Sucupira, água destilada e Tween
20. ................................................................................................... 32
FIGURA 5 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de extrato etanólico de Pacari, água destilada e
Tween 20. ..................................................................................... 33
xii
FIGURA 6 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de extrato etanólico de Barbatimão, água destilada
e Tween 20. .................................................................................. 34
CAPÍTULO 3 - BIOPRODUTOS DO CERRADO NO CONTROLE DA SARNA
SARCÓPTICA EM SUÍNOS NAS FASES DE CRESCIMENTO E REPRODUTIVA.
FIGURA 1 - Administração de bioprodutos em suínos. A: Crostas na região
auricular. B: Crostas no Glúteo. C: Linha dorsal. D: Região dorsal
de animal após aplicação de bioproduto ..................................... 48
FIGURA 2 - Escore de dermatite em suínos. Fonte: Adaptado de
SOBESTIANSKY et al. (2012). ................................................. 49
FIGURA 3 - Suíno, leitão. Biopsia de pele por punch de 5mm. A: Inserção de
punch na pele. B: Excisão de fragmento de pele. C: Fragmento
de pele em evidência. D: Biopsia de pele, antes (seta branca) e
após o período de tratamento (seta preta). ............................... 50
FIGURA 4 - Suínos, leitões com sarna sarcóptica, grupo Sucupira antes e após
o tratamento: A: Pápulas na região dorso-cervical, grau 2 no
escore de dermatite. B: Pápulas na região ventral e do membro
anterior esquerdo, grau 1 no escore de dermatite. ..................... 51
FIGURA 5 - Suínos, leitão com sarna sarcótica, grupo GIv1 antes e após o
tratamento. A: Pápulas na região dorso-cervical, grau 1 no
escore de dermatite. B: Ausência de pápulas, grau 0 no escore
de dermatite. ............................................................................. 52
FIGURA 6 - Fotomicrografia de tegumento de suíno, evidenciação do ácaro e
reação inflamatória predominantemente eosinofílica, coloração
HE, objetiva 40x. ......................................................................... 54
FIGURA 7 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Ivermectina2. A: Lesões
crostosas na região do glúteo e cauda, antes do tratamento. B:
xiii
Lesões crostosas na região do glúteo e cauda, após o tratamento.
.................................................................................................... 55
FIGURA 8 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Pacari2. A: Lesões
crostosas na região dorso-cervical, antes do tratamento. B:
Lesões crostosas na região dorso-cervical, após o tratamento .. 55
FIGURA 9 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Sucupira2. A: Lesões
crostosas na região do glúteo esquerdo, antes do tratamento. B:
Lesões crostosas na região do glúteo esquerdo, após o
tratamento. .................................................................................. 56
FIGURA 10 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna
sarcóptica, grupo Sucupira2, coloração HE. A: Infiltrado
inflamatório, antes dos tratamentos, 10x. B: Infiltrado
inflamatório, após os tratamentos, objetiva 10x. ....................... 57
FIGURA 11 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna
sarcóptica, grupo Pacari2, coloração HE. A: Hiperplasia
epidérmica moderada, hiperqueratose moderada, antes dos
tratamentos, objetiva10x. B: Hiperplasia epidérmica discreta,
hiperqueratose discreta, após os tratamentos, objetiva 10x. .... 58
FIGURA 12 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna
sarcóptica, grupo Sucupira2, coloração HE. A: Contaminação
secundária, antes dos tratamentos, objetiva 10x. B: Ausência de
contaminação secundária, após os tratamentos, objetiva 10x. . 58
xiv
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Diluições das soluções-teste Lafoensia pacari A.St.-Hil e
Stryphnodendron adstringens Mart e emulsões-teste de Pterodon
emarginatus. Vogel 1837 e Copaifera sp, com respectivas
legendas indicando suas concentrações......................................28
TABELA 2 - Percentual de mortalidade acumulada de ácaros fêmea adulta de
Sarcoptes scabiei em bioensaio in vitro de acordo com as
concentrações de cada fração botânica em triplicata.
........................................................................................................30
xv
RESUMO
Na produção de suínos, a sarna sarcóptica é uma doença oportunista que gera
extensas perdas indiretas como depreciação da pele, gastos excessivos com
medicamentos e desinfecção, além de redução na conversão alimentar. A
utilização de tratamentos fitoterápicos é uma alternativa para evitar a resistência
dos agentes patogênicos a fármacos convencionais e a contaminação ambiental,
entre outros fatores. O descobrimento de novas substâncias faz-se necessário
encontrar alternativas terapêuticas aos tratamentos convencionais. Para testar
novas substâncias e avaliar o seu potencial acaricida frente ao ácaro Sarcoptes
scabiei foi realizado estudo em duas etapas. A primeira foi baseada no bioensaio
in vitro utilizando o ácaro S. scabiei como micro-organismo teste. Fez-se o teste e
a comparação da atividade acaricida de espécies botânicas: Stryphnodendron
adstringens Mart., Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil., e Pterodon
emarginatus. Vogel 1837. Para isso, foi colhido crostas do pavilhão auricular de
matrizes suínas que apresentavam alto grau de infestação por S. scabiei. Os
ácaros foram selecionados e separados em placas de petri contendo as
bioprodutos em triplicatas, em diferentes concentrações, para avaliar a provável
atividade acaricida de cada uma. Foram contabilizadas as mortalidades dos
ectoparasitos em cada placa de petri num período total de 6 horas. A análise
estatística demonstrou diferença significativa entre as espécies botânicas
testadas, sendo que os óleorresinas de Copaifera sp. e de Pterodon emarginatus.
Vogel 1837 apresentaram os melhores resultados com mortalidade de até 100%
dos ácaros. Os extratos etanólicos de Stryphnodendron adstringens Mart. e de
Lafoensia pacari A.St.-Hil. demonstraram menor atividade em relação aos
óleorresinas, porém, superior as dos grupos controle testados. O bioensaio in vitro
demonstrou ser um teste eficaz, confiável, de baixo custo e de fácil execução. A
segunda etapa deste estudo foi realizada em uma granja comercial de suínos,
que apresentava alta infestação pelo ácaro, onde testou-se os bioprodutos do
cerrado Stryphnodendron adstringens Mart., Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-
Hil., e Pterodon emarginatus. Vogel 1837 para o tratamento da sarna sarcóptica
em suínos. Foram selecionados 42 suínos em fase de crescimento e
xvi
posteriormente 16 suínos em fase reprodução, para avaliação macro e
microscópica de lesões cutâneas antes e após os tratamentos. Os animais foram
avaliados clinicamente e os fragmentos de pele foram colhidos antes e após o
tratamento para comparação. Conclui-se que o extrato etanólico de Lafoensia
pacari A.St.-Hil. e óleorresinas de Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel
apresentaram efeitos favoráveis na redução do índice de prurido e escore de
dermatite, resultando em considerável decréscimo no acometimento da epiderme
e derme, o que pode ser confirmado pelos resultados histológicos. De acordo com
a análise estatística não houve diferença entre os grupos e parâmetros
observados. No entanto, se observou uma forte tendência à contaminação
secundária na derme de animais não tratados.
Palavras-chave: Bioensaio; Sarcoptes scabiei; produtos do cerrado; leitões;
matrizes, cachaços; escabiose.
xvii
ABSTRACT
In present Day, the bioproducts are used as an alternative treatment to avoid
factor as resistance of pathogenic agents to conventional drugs and environmental
contamination. The discovery of new substances is necessary to find therapeutic
alternatives to the conventional treatments. To test new substances and evaluate
their acaricidal potencial in relation to the mite Sarcoptes scabiei, it was realized a
study divided in two stages. The first was based in a in vitro bioassay using S.
scabiei as a test microorganism This work had as main object, to test and
compare the acaricidal activity of four bioproducts: Stryphnodendron adstringens
Mart.; Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil and Pterodon emarginatus. Vogel
1837. Crusts of the ear pinna of highly infected with S. scabiei sows, were
colected to perform this test. The mites were selected and separated in petri
dishes that contained the bioproducts in triplicates, with different concentrations, to
evaluate potential acaricidal activity of each one. The mortality of the mites was
counted in every petri dish for five hours straight. The statistical analyses
demonstrated differences between the bioproducts tested, the oleoresin of
Copaifera sp. and Pterodon emarginatus. Vogel 1837. presented the best results
with mortality as high as 100% of the mites. The ethanolic extracts of
Stryphnodendron adstringens Mart.and Lafoensia pacari A.St.-Hil demonstrated
lower acaricidal activity when compared to the ones founded in the oleoresins,
tough it was superior to the control groups tested. The in vitro bioassay
demonstrated to be an efficient, reliable, low cost and easy accomplishment.The
second stage of this study was conducted in a comercial pig farm, which
presented animals that were highly infected with the mite, where it was tested the
savanna bioproducts Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil and Pterodon
emarginatus. Vogel 1837 to treat the sarcóptica mange in the animals. First, it
were selected 42 piglets and than 16 sows and boars to evaluate macro and
microscopically of lesions before and after the treatments. The animals were
clinically evaluated and skin fragments were obtained before and after treatments
to compare. The Ivermectin demonstrated to be highly efficient in piglets with mild
case of the disease, while in the older animals in reproduction phase; there were
xviii
reduction of the lesions in the skin but no resolution of the disease. It was
observed that the ethanolic extract of Lafoensia pacari A.St.-Hil and oleoresin of
Pterodon emarginatus Vogel 1837 presented substantial effects in the treatment of
the disease in animals in the reproduction phase, where there were reduction in
the affection of the skin macroscopically, as it was observed too in the epidermis
and dermis in the histological analyses. According to statistical analyses there was
no difference between the groups or the parameters observed. However, it was
observed a strong tendency to secondary contamination in the dermis of the
untreated animals.
Keywords: Bioassay; Sarcoptes scabiei; savanna products; piglets; boars; sows;
scabies.
CAPÍTULO 1- CONSIDERAÇÕES GERAIS
1 INTRODUÇÃO
A carne suína é a fonte de proteína animal mais consumida no mundo,
sendo responsável por substancial produção e demanda de produtos na
atualidade. Ao contrário das populações asiática, europeia e norte-americana, no
Brasil o consumo de carne suína ainda é reduzido quando comparado com outras
carnes como as de aves e bovina. A falta de uma base sólida no mercado interno,
a crescente dependência nas exportações concentradas em poucos parceiros
comerciais e o aumento nos custos de insumos, associados aos problemas
sanitários no rebanho e as barreiras comerciais geram quadro de incerteza futura
e maior pressão competitiva no país. No entanto, as estatísticas mais recentes,
veem demonstrando um crescimento exponencial tanto do consumo interno,
quanto da produção e exportação de carne suína na última década (ABIPECS,
2011).
A partir da consolidação do melhoramento genético, do avanço
sanitário, do manejo sanitário e nutricional, a produção de carne suína vem
crescendo praticamente de forma ininterrupta desde a década de 80. A
competitividade da produção suína é decorrente de melhorias contínuas na
produtividade, ambiente e gestão do empreendimento (DIAS et al., 2011).
No Brasil, a produção de suínos é uma atividade cíclica, visto que
alterna períodos de alta e baixa rentabilidade, definidos pelo trinômio preço do
milho, do farelo de soja e do suíno (ROCHA et al., 2007). A suinocultura brasileira
é uma atividade importante na geração de trabalho e renda não só no meio rural,
mas também nas áreas urbanas emergentes. O fato de mais de 70% da produção
suinícola ser destinada ao processamento industrial gera um efeito multiplicador
em outros setores da economia, com forte reflexo no meio urbano (TALAMINI et
al., 2005).
Nos dias atuais, a atividade passa por um processo de adaptação às
exigências do mercado consumidor, preocupando-se cada vez mais com
segurança alimentar, restrição ao uso de antimicrobianos, proteção ambiental e
2
conceitos de bem-estar animal. A necessidade crescente da instalação de
cadeias de produção de suínos com padrão de qualidade definido, contemplando
a rastreabilidade dos animais e produtos cárneos que sejam seguros do ponto de
vista alimentar, ambientalmente sustentável, com respeito ao bem-estar animal,
baseia-se nas expectativas e exigências do consumidor nos últimos anos (DIAS et
al., 2011).
O bem-estar animal é incorporado a uma busca por alimento de origem
animal sem resíduos, e tem se tornado tema de discussões pelo mundo,
principalmente na Europa. No Brasil, o tema também tem ganhado espaço nas
discussões entre os produtores ou suas associações, onde se buscam
alternativas ao sistema atual de produção, como a do suíno orgânico ou o uso de
medicamentos fitoterápicos em substituição aos industrializados. Os produtos
orgânicos vêm ganhando espaço mundialmente devido ao apelo por alimentos
mais saudáveis, especialmente com menor contaminação por resíduos químicos.
No nosso país, embora o poder aquisitivo da população seja um entrave para a
expansão da produção orgânica, se apenas 1% da população consumir carne
suína orgânica in natura ou processada, pode-se estimar uma demanda mensal
de 50 mil suínos orgânicos abatidos (LUDKE et al., 2004).
No Brasil, a qualidade da carne suína, em termos organolépticos (cor,
sabor, odor e textura) já é bem reconhecida, sendo que o diferencial agora está
no desenvolvimento de métodos para obtenção do reconhecimento pela
qualidade ética dos produtos, que, em outras palavras, significa respeito ao meio
ambiente, sustentabilidade e bem-estar animal (BNDES, 2011).
Em sistemas intensivos de produção de suínos a sarna sarcóptica
representa uma doença de alta relevância em saúde animal pela significativa
morbidade em animais domésticos, selvagens e de produção. O ácaro Sarcoptes
scabiei variedade suis é o causador de sarna sarcóptica em suínos, sendo
considerado o ectoparasita de destaque na produção suinícola por determinar
extenso acometimento da pele dos animais entre outras ações prejudiciais. Os
suinocultores geralmente ignoram essa infestação na granja, mas suas perdas
indiretas podem ocasionar intenso prejuízo econômico (DAS et al., 2010).
A suinocultura é uma atividade que demanda grande quantidade de
fármacos e outros agentes antimicrobianos para no intuito de se tornar rentável
3
aos produtores de suínos. As pesquisas na área de sanidade de suínos,
especialmente direcionados ao entendimento e controle de doenças zoonóticas,
são de grande importância para a área de produção desses animais e,
consequentemente, para a qualidade do produto destinado ao consumidor final
(SILVA, 2005).
2. MORFOFISIOLOGIA DO SISTEMA TEGUMENTAR
O tegumento é o maior órgão do organismo, composto pela pele e seus
anexos, constitui 16% do peso corpóreo animal. É caracterizado como um órgão
de revestimento, atuando como barreira mecânica entre o ambiente externo e
interno (GARTNER & HIATT, 2007). Histologicamente o tegumento é composto
principalmente por duas camadas distintas, conhecidas como epiderme e derme
separadas pela lâmina basal (Figura1) (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999).
A epiderme é uma estrutura avascular originária do ectoderma,
formada por tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado, constituindo
a camada mais externa da pele. Os tipos celulares predominantes nessa camada
são principalmente os queratinócitos, seguido dos melanócitos e células de
Langerhans, que compõem os estratos epidermais. Estes são distribuídos em
cinco estratos de acordo com o formato de suas células, denominados a partir da
derme para o meio externo, respectivamente, estratos basal, espinhoso,
granuloso, lúcido e córneo (MILLS, 2007).
A derme é uma estrutura de origem mesodérmica, formada
principalmente por tecido conjuntivo localizado na região mais interna do órgão.
Esta é a porção vascular do tegumento que confere sustentabilidade a epiderme e
vitalidade a todo o tecido. É constituída pela camada papilar, imediatamente
abaixo da epiderme, e a camada reticular, mais densa e mais profunda. Nestas,
encontram-se inseridos vasos sanguíneos, linfáticos, fibras protéicas, glândulas,
folículos pilosos, músculos eretores do pêlo, nervos e órgãos sensoriais
associados (GARTNER & HIATT, 2007).
4
FIGURA 1 - Esquema representativo do tegumento, evidenciando epiderme,
derme e anexos cutâneos. EC: estrato córneo, EL: estrato lúcido,
EG: estrato granuloso, EB: estrato basal, EE: estrato espinhoso,
DS: derme superficial. Fonte: Adaptado de HARGIS & GINN
(2009).
Este órgão de importância vital compreende a primeira linha de defesa
do organismo, tanto nos seres humanos quanto nos animais visto que
desempenha uma série de funções primordiais para a manutenção da fisiologia
animal, protegendo o organismo contra a penetração de agentes externos e
injúrias físicas, químicas ou microbiológicas (ABBAS et al., 2012).
As células de Langherhans são apresentadoras de antígenos da
epiderme, funcionam como células imunológicas reconhecendo antígenos e os
apresentando a linfócitos T. Os melanócitos produzem melanina que fica
estocada em melanossomas, e posteriormente, estes são transportados a
queratinócitos adjacentes, onde podem proteger o organismo contra efeitos
deletérios da radiação solar. Os queratinócitos são responsáveis pelo processo de
queratinização, bastante importante na impermeabilidade da pele a diversas
substâncias e microorganismos. Quando adequadamente estimulada ou se há
alguma injúria na epiderme é capaz de produzir moléculas pró-inflamatórias com
atividade direta na derme (MILLS, 2007).
A derme também possui funções imunológicas, pois em sua
composição natural possui células dendríticas, linfócitos, mastócitos, macrófagos
EC
EL
EG
EB
EE
EPIDERME
DERME
DS
5
teciduais e outros leucócitos migrantes. Os linfócitos intradermais residentes
compreendem 2% da população total de linfócitos maduros no organismo. Os
mastócitos são elementos essenciais para desencadear a inflamação na derme,
estes secretam o fator de necrose tumoral α (TNF- α), que induzirá a adesão de
moléculas específicas, necessárias na sinalização inicial da inflamação e na
atração de células imunes como linfócitos T e macrófagos para o local
correspondente (RAO, 2010).
Pela sua extensão e localização anatômica o tegumento é exposto,
frequentemente, a ação de inúmeros agentes lesivos que rompem e danificam
sua estrutura, podendo ainda servir de porta de entrada à patógenos até a
corrente sanguínea e outros tecidos normalmente menos expostos (BLANES,
2004).
3. SARNA SARCÓPTICA
Em 1687, os italianos Giovan Cosimo Bonomo e Diacinto Cestoni
descreveram pela primeira vez a relação entre um micro-organismo e as lesões
de pele típicas provocadas por sua infestação, a sarna sarcóptica. O primeiro
relato demonstrando a possibilidade de uma doença ser causada por um
organismo microscópico foi o da sarna sarcóptica (HEUKELBACH & FELDMEIER,
2006).
A sarna sarcóptica é a doença causada pela invasão, presença e
reprodução dos ácaros Sarcoptes scabiei na epiderme dos animais domésticos e
silvestres. É bastante contagiosa, sendo que todos os estágios evolutivos são
parasitas e encontram-se no hospedeiro, com curta sobrevivência no ambiente
(GODDARD, 2003).
É causada por diferentes variedades de Sarcoptes scabiei, que
recebem a denominação conforme o hospedeiro que estão parasitando. É uma
ectoparasitose profunda e as fêmeas de S. scabiei formam galerias na epiderme
de diversos mamíferos domésticos, silvestres e inclusive do homem
(LJUNGGREN, 2005).
6
Embora diversos mamíferos possam ser infestados pelo ácaro, a
infecção cruzada entre diferentes espécies de hospedeiros é limitada, originando
um quadro de dermatite localizada, autolimitante e de cura espontânea
(HEUKELBACH & FELDMEIER, 2006).
3.1 Sarcoptes scabiei
Ácaros são seres microscópicos que pertencem à ordem Acarina,
classe Arachnida, subfilo Chelicerata do filo Arthropoda. A sua diversidade de
espécies e abundância é incomparável, e possui supremacia em relação aos
insetos e outros artrópodes devido ao seu poder de dispersão, adaptabilidade,
hábitos alimentares, fecundidade e vários modos de reprodução. Essas criaturas
singulares tem distribuição universal podendo estar presente tanto em lugares
inimagináveis, como desertos e em água salgada, quanto na matéria orgânica e
parasitando animais (CHHILLAR et al. 2007).
Considerado um dos grupos de maior heterogeneidade no planeta, os
ácaros ultrapassam 45.000 espécies identificadas, com estimativas de que
possam existir mais de 500.000 (ADIS, 2001). Dentro de tamanha variedade
apenas três subordens são parasitas de animais vertebrados: Mesostigmata;
Acaridida e Actinedida. A subordem Acaridida é constituída por três famílias,
Acaridae, Pyroglyphidae e Sarcoptidae (VARMA, 1995). A última família é a de
maior relevância e destaque na qual se encontra o principal ácaro de interesse
econômico e em saúde pública na atualidade: Sarcoptes scabiei.
O nome do gênero, Sarcoptes, é advindo do grego sarx, que significa
pele, e koptein, que significa cortar. O nome da espécie, scabiei, advém do latim
scabere, que significa arranhar (HENGGE et al., 2006). Os ácaros dessa espécie
possuem o corpo arredondado, medindo 0,2 - 0,5 mm, com quatro pares de patas
curtas, que não ultrapassam as bordas do corpo e na região dorsal apresentam
numerosas estrias transversais, espinhos e escamas angulares. Considerados
ácaros “astigmatas”, diferem da grande maioria de outras espécies do grupo pelo
fato de não possuírem aparelho respiratório ou stigma, sendo assim, suas trocas
7
gasosas ocorrem prioritariamente pelo tegumento por meio de difusão simples
(EVANS, 1992).
No ciclo evolutivo, a fêmea adulta invade a epiderme e o macho
explora a pele a procura de uma fêmea não fertilizada. As fêmeas sobrevivem por
quatro a seis semanas no hospedeiro. A oviposição se dá no interior dos túneis
escavados na epiderme, as larvas hexápodes eclodem em três ou quatro dias.
Estágios ninfais (protoninfa e tritoninfa) e adultos são semelhantes de acordo com
o número de patas, e sua distinção é feita por tamanho e outras características
morfológicas específicas (MCCARTHY et al., 2003).
FIGURA 2 - Representação esquemática do ciclo de vida do ácaro Sarcoptes scabiei
na epiderme de hospedeiro, mostrando as formações em galerias.
Fonte: Adaptado de LJUNGGREN (2005).
Os ácaros vivem exclusivamente na superfície ou em túneis no interior
da epiderme, tendo uma sobrevida de aproximadamente um mês no hospedeiro e
poucos dias no ambiente devido a sua alta susceptibilidade ao dessecamento
(LJUNGGREN, 2005).
Sua especificidade quanto ao seu parasitismo é qualificada por muitos
cientistas como subespécies ou raças, visto que não apresentam diferenças
morfológicas ou genéticas entre si, e por isso recebem a denominação conforme
o hospedeiro que estão parasitando (GODDARD, 2003).
OVO
LAR
VA
NINFA
ADULTOS
ADULTOS
2-3 SEMANAS
SEMANA 0
8
3.2 Sintomatologia clínica e diagnóstico
Os sinais clínicos observados na sarna sarcóptica são lesões máculo-
papulares esparsas localizadas nas regiões de pele hirsuta. Prurido intenso
evidente, com consequente arranhadura, escoriação e inflamação da pele. As
regiões mais acometidas são em torno dos olhos, nariz, orelhas, axilas e nas
zonas de pele mais fina (SOBESTIANSKY et al., 2012). Essa sintomatologia é
causada pela presença do ácaro na pele e as substâncias autógenas (excretas,
saliva) que libera durante a invasão da epiderme e subsequente desenvolvimento
no hospedeiro (WALTON & CURRIE, 2007), ativando resposta imunológica
humoral e celular simultaneamente (ABBAS et al, 2012).
A avaliação de lesões papulosas em carcaças no abatedouro também
é um método para avaliar a prevalência e a severidade da sarna sarcópica em
suínos principalmente em abatedouros. O método da análise através de um
escore de lesões foi descrito por POINTON et al, (1992), no qual as categorias
são definidas de acordo com a severidade das dermatites, com escores de lesão
variando de 0 – 3, ausência de lesões a lesões severas e generalizadas
(SOBESTIANSKY, et al., 2012).
A forma hiperqueratótica, encontrada em animais com seis meses ou
mais é causada pelo mesmo agente etiológico, mas proporciona sinais clínicos
diferenciados dos comumente observados na doença, com aparecimento de pele
áspera e seca, recoberta com crostas e formando pregas grandes, o que confere
à pele um aspecto espessado (FERREIRA, 2010). É caracterizada por uma
infestação que pode chegar a milhões de ácaros por hospedeiro, que se
desenvolvem e se mantém no interior de crostas de pele hiperqueratótica. A
distribuição das lesões é vista principalmente nas extremidades do corpo e
ocasiona prurido intenso. A fisiopatologia dessa variante da doença ainda não é
bem compreendida, sendo relatada uma hiperproliferação da epiderme,
proliferação e hiperpermeabilidade de capilares dérmicos e infiltrado inflamatório
composto por eosinófilos e linfócitos T (WALTON et al, 2008).
A prevalência da sarna sarcóptica nos diferentes países é muito
variável, diversos cientistas relatam que esse dado é normalmente subestimado
devido ao difícil diagnóstico conclusivo da doença (GALUPPI et al., 2007).
9
Os sinais da infestação, apesar de característicos e de grande
relevância clínica, podem não ser suficientes para estabelecer um diagnóstico
conclusivo da doença. Existem várias provas específicas, com evidente custo e
grau de dificuldade elevado. Diante dos estudos atuais, um raspado de pele
adequado com consequente observação de ácaros à microscopia óptica é o
método diagnóstico mais acurado, de fácil realização e de predileção para que os
profissionais da área identifiquem a doença (MORA, 2008).
O índice de prurido (IP) é um método simples e acurado de detectar a
presença e mensurar a gravidade da sarna em propriedades suinícolas. O IP
baseia-se na observação durante 15 minutos, no mínimo, de 25 a 30 animais em
uma mesma sala e anotar todos os episódios de coçar (SOBESTIANSKY et al.,
2012).
Dados obtidos de países de zonas climáticas temperadas indicam que
a incidência de sarna é maior no inverno em relação ao verão, provavelmente por
causa da aglomeração física dos indivíduos durante a estação fria e porque os
ácaros não suportam altas temperaturas por muito tempo. Em áreas com pouca
variação de temperatura ao longo do ano, como Brasil, Bangladesh e Gambia, a
incidência de sarna sofre pouca alteração independente da estação
(HEUKELBACH & FELDMEIER, 2006).
A sarna sarcóptica é uma doença negligenciada mundialmente e de
problemática evidente em saúde pública pelos surtos endêmicos e epidêmicos,
causando baixa mortalidade e alta morbidade, predispondo, via de regra,
infecções secundárias em animais imunossuprimidos e sadios (HEUKELBACH &
FELDMEIER, 2006). Em diversas regiões do globo, as complicações ocasionadas
pela doença são frequentes e consideradas graves, isso porque em determinados
países é a principal porta de entrada pra as “superbactérias” no organismo
(ALASAAD et al., 2011).
10
4. TRATAMENTO CONVENCIONAL COM IVERMECTINA
A Ivermectina é um fármaco cuja descoberta teve início em meados da
década de 70, quando um microorganismo, Streptomyces avermitilis (mais tarde
renomeado de S. avermectinius), com potente bioatividade foi isolado em território
japonês. Após a sua utilização em reações de fermentação com sucessivas
liberações de substâncias previamente desconhecidas, foi isolado o componente
ativo e nomeado de avermectina (a sem + verm verme + ect ectoparasita + in
produto farmacêutico) (ÕMURA, 2008).
Pela fermentação do S. avermitilis são produzidos oito tipos de
avermectinas: A1a, A1b, A2a, A2b, B1a, B1b, B2a, e B2b (SILVA, 2008). Segundo
SHOOP & SOLL (2002), devido ao amplo espectro de parasitos suscetíveis e a
elevada eficácia, as avermectinas do tipo B1a são as de maior eficácia
antiparasitária, porém, em escalas industriais a separação do grupo B1a e dos
outros grupos é inviável. Dessa forma, os produtos comerciais são uma mistura de
90% do grupo A e 10% do grupo B, sendo a atividade biológica destes dois
homólogos quase idêntica.
A Ivermectina (22, 23-dihydro-avermectinB1) é o primeiro e principal
produto comercializado desse extenso grupo até os dias atuais. É um produto
autorizado desde 1981 para uso em animais e desde 1987 em humanos,
apresentando alta tolerância, efeito prolongado após sua administração e amplo
espectro de ação antiparasitário (YANG, 2012).
O mecanismo de ação desse grupo é baseado na sua interação com
os canais de cloro do tecido nervoso e resultam em interferência na transmissão
das sinapses, paralisia e morte do parasito. Também é observado, que as
avermectinas estimulam a liberação pós-sináptica de um neurotransmissor
específico, o ácido gama amino butírico (GABA), e aumentam a ligação aos seus
receptores pós-sinápticos. O GABA é um neurotransmissor inibitório das
respostas motoras em artrópodes e nematelmintos (ROCK, 2007). Assim, as
avermectinas causam bloqueio neuromuscular, resultando em paralisia flácida e
eventual morte do parasito (MCKELLAR & BENCHAOUI, 1996). Nos mamíferos,
apresentam boa margem de segurança pelo fato de serem compostos de alto
11
peso molecular, logo, não conseguem ultrapassar a barreira hematoencefálica
(XAVIER et al., 2008).
Esse grupo de fármacos possui boa absorção por qualquer via de
aplicação, visto que são bastante lipossolúveis. Embora a via parenteral possua a
vantagem na rapidez e absorção do produto, a via tópica representa uma maior
facilidade no momento da aplicação e uma diminuição dos custos com seringas e
agulhas. Existem também apresentações na forma de cápsulas e bolus que são
bem absorvidos pela via enteral, utilizados no tratamento de suínos e ruminantes,
respectivamente (VERCRUYSSE, 2002)
A utilização da Ivermectina como tratamento padrão para erradicação
da sarna sarcóptica em animais domésticos e em seres humanos é uma prática
comum e consolidada há décadas. Entretanto, seu uso prolongado e sem critérios
pode determinar falhas no tratamento, recrudescência e reiinfecção, mesmo após
múltiplas doses do fármaco (CURRIE et al., 2004). A ocorrência de relatos de
resistência de parasitos à Ivermectina, aliada à procura por produtos sustentáveis
e de baixa toxidade, são os principais fatores que deram início a pesquisas por
novos produtos para tratar doenças que há muitos anos existem e causam
prejuízos à saúde humana e animal.
5 VIABILIZAÇÃO DE FITOTERÁPICOS DO CERRADO NO CONTROLE E
TRATAMENTO DA SARNA SARCÓPTICA
A incomensurável variedade de espécies de plantas, animais e micro-
organismos existentes no ecossistema brasileiro, sem dúvida representa um
importante diferencial para o desenvolvimento de medicamentos para o país
(SIMÕES et al., 2007). O Brasil possui cerca de 10 % de toda a flora mundial,
ainda que já tenha proporcionado à humanidade produtos com propriedades
extraordinárias, continua a apresentar muitas potencialidades. Estima-se que
apenas 1% das espécies vegetais brasileiras foram analisadas sob o ponto de
vista químico e farmacológico (CUNHA, 2009).
12
O bioma cerrado corresponde a 23% da área do Brasil, sendo que as
plantas desse bioma apresentam um grande valor para a população local,
constituindo-se, muitas vezes, seu único recurso terapêutico (TOLEDO et al.,
2010). O uso dessas plantas na manipulação dos fitoterápicos traz vantagens
para o país, como redução da importação de medicamentos promovendo, assim,
a autossuficiência e proporcionando à sociedade medicamentos mais baratos e a
valorização das tradições populares (VIEIRA et al., 2010).
Estudos realizados na última década comprovam a atividade biológica
de extratos brutos e compostos isolados de plantas do cerrado para diversas
finalidades terapêuticas (REICHLING et al., 2009). A identificação de substâncias
intrínsecas de alguns vegetais foi e ainda é porta de entrada para novas
descobertas no ramo da farmacologia e todas as áreas relacionadas. A
assimilação de funções específicas aos chamados metabólitos secundários trouxe
nova perspectiva a substâncias que anteriormente eram consideradas “excreção”
dos vegetais (WINK, 1990).
Os metabólitos secundários surgiram como uma forma de adaptação
ao ambiente onde cada vegetal se instala, garantindo vantagens para
sobrevivência e perpetuação de determinada espécie. Dentro desse grupo,
encontram-se diferentes substâncias como taninos, saponinas, flavonóides,
cumarinas, terpenos, além de muitas outras que subsidiam atividades que podem
estar tanto ligadas à defesa contra parasitas e predadores, quanto à perpetuação
da espécie propriamente (SANTOS, 2007).
Trabalhos recentes na literatura científica já identificaram importantes
metabólitos secundários em diversas plantas do país (VIEIRA et al., 2010), dentre
elas, podemos observar quantidade considerável de estudos sobre as espécies
botânicas Stryphnodendron adstringens Mart, Lafoensia pacari A.St.-Hil,
Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel 1837.
13
5.1 Stryphnodendron adstringens Mart.
O Stryphnodendron adstringens Mart, conhecido popularmente como
Barbatimão, é classificado na divisão Angiospermae, Classe Magnoliopsidae,
Ordem Fabales, Família Leguminosae (GLASENAPP, 2007). No Brasil, possui
ampla distribuição com ocorrência nos estados do Goiás, Ceará, Minas Gerais,
Maranhão, Piauí e São Paulo. Embora apresente várias espécies, pode ser
descrito como uma árvore de pequeno a médio porte, de tronco retorcido e
coberto de casca grossa que é rica em taninos (GILBERT et al., 2005).
Em sua composição são encontrados heterosídios flavonóides,
heterosídios saponínicos, taninos, cumarinas e resinas. Aos taninos são admitidas
as principais atividades farmacológicas da planta. De acordo com avaliação fito-
química da espécie, existem diferenças significativas na composição da planta de
acordo com o órgão, bem como entre espécies da mesma família (OLIVEIRA &
FIGUEIREDO, 2007).
A infusão da casca da planta é utilizada popularmente em distúrbios
gastrointestinais, como anti-inflamatório e antioxidante, e principalmente na
cicatrização de feridas (LOPES et al., 2003). De acordo com ORLANDO (2005), o
extrato etanólico da planta tem atividade bactericida sob inúmeros bacilos e
cocobacilos. Estudos de SILVA et al. (2009) relataram a sua ação fungistática. A
atividade acaricida do barbatimão apenas foi observada em estudo de POTENZA
et al. (2006) para o tratamento de plantações de feijões infestados, e WEBBER
(2009) comprovou sua atividade larvicida em lagartas-do-cartucho (Spodoptera
frugiperda).
Tradicionalmente seu uso esta relacionado a exploração de sua casca
para a extração de taninos destinados à indústria de couros. Possui o uso
difundido na medicina popular, sendo indicado para várias aplicações
fitoterápicas, sendo bastante conhecido nas comunidades rurais devido à sua
toxidade a bovinos que se alimentam de seus frutos, que podem causar
intoxicações graves, provocando aborto e, em muitos casos até a morte do animal
(SILVA-DE-ANDRADE et al., 2006).
14
5.2 Copaifera sp.
O gênero Copaifera é composto por 72 espécies conhecidas como
copaíferas, a maioria de importância para a etnofarmacologia e pertencentes a
Família Fabaceae. Da copaíba é extraído um óleo, que é um material resinoso
amplamente utilizado na medicina popular (MACIEL et al., 2002).
A utilização de óleorresina de Copaíba na medicina popular remete aos
primeiros relatos históricos em nosso país, sendo amplamente utilizado como
anti-inflamatório e cicatrizante principalmente (PAIVA, 2004).
Avaliações farmacológicas determinaram a presença de grande
quantidade de terpenos presentes em diversas partes da Copaíba. A composição
química exata dos óleos e substâncias presentes na planta é bastante variável de
acordo com a espécie e condições ambientais (IZUMI et al., 2012).
Estudos farmacológicos com o óleorresina de Copaíba mostram que o
seu uso pelos silvícolas é plenamente justificado como fitoterápico. Avaliação in
vivo e in vitro vem demonstrando que os óleos de várias espécies de copaíferas
possuem atividade anti-inflamatória, cicatrizante, antiedematogênica, antitumoral,
tripanossomicida e bactericida (MENDONÇA & ONOFRE, 2009). A maior parte
dos estudos sobre essa espécie vegetal destaca sua atividade anti-inflamatória,
porém já foi observada sua ação larvicida e no combate a carrapatos adultos
(FERNANDES & FREITAS, 2007).
5.3 Lafoensia pacari St. Hill
Uma espécie vegetal também muito utilizada e extraída pela população
e por “raizeiros” é a Lafoensia pacari St. Hill, pertencente à Família Lythraceae,
conhecida popularmente como Pacari (FACHIN & GUARIM, 1995). A planta é
característica do bioma cerrado e encontra-se na lista de espécies medicinais e
aromáticas com prioridade para conservação (VIEIRA & SILVA, 2002).
Estudos fitoquímicos revelaram a presença de ácido elágico e gálico
em diversas partes do vegetal, substâncias que constituem parte fundamental do
amplo espectro de atividades farmacológicas comprovadas da planta. Ainda,
15
grande quantidade de taninos já foi previamente observado e muitas funções
atribuídas a tais compostos (LIMA et al., 2006)
A infusão da casca do Pacari é utilizada na medicina popular em
tratamento da úlcera gastrointestinal e para a limpeza de feridas e na forma de pó
é utilizada como cicatrizante (GUARIM NETO, 1987). As atividades anti-
inflamatórias e imunoestimulantes da planta foram evidenciadas em roedores por
PORFÍRIO et al. (2009). O pó das folhas e dos frutos dessa espécie apresentou
ação deletéria sobre o artrópode Acanthoscelides obtectus em feijão armazenado,
ocasionando repelência e mortalidade sobre adultos, não sendo observado efeito
nocivo na oviposição de acordo com MAZZONETTO & VENDRAMIM (2003).
5.4 Pterodon emarginatus. Vogel 1837
A espécie Pterodon emarginatus. Vogel 1837 conhecida popularmente
como sucupira é uma espécie arbórea da Família Fabaceae, nativa do cerrado
brasileiro, podendo ser encontrada nos Estados de Goiás, Minas Gerais, São
Paulo e Mato Grosso do Sul, seu uso, destaca-se pela importância medicinal e
florestal (SANTOS et al., 2010).
No gênero Pterodon já foi revelada a presença de compostos variáveis
como alcaloides na casca, isoflavonas e alguns triterpenos no caule e diterpenos
e isoflavonas em óleo das sementes. Há uma grande diversidade de substâncias
terpenoides na composição da planta, e a essas são atribuídas as principais
ações anti-inflamatória e de hiperalgesia características (MORAES et al., 2012).
A espécie nativa, largamente distribuída na região central do Brasil, é
muito utilizada em forma de infusão na medicina popular no tratamento de
reumatismo e dores de garganta. A utilização terapêutica da sucupira é bastante
variada, com relatos de sua utilização tanto no tratamento de sinais de
inflamação, quanto em atividades antimicrobiana, leishmanicida e larvicida
(DUTRA et al., 2008). Os extratos alcoólicos obtidos a partir das sementes destas
espécies são usados pela medicina popular como, antireumático, anti-inflamatório
e analgésico (SANTOS et al., 2010).
16
6. JUSTIFICATIVA E OBJETIVO
A demanda crescente por alimentos produzidos sem o uso de
agrotóxicos e com pouca interferência no processo natural de crescimento e
terminação dos animais tem levado pesquisadores a buscar alternativas para o
tratamento e controle de doenças comuns nos sistemas de produção de suínos.
Em coerência com essa demanda, o crescimento da suinocultura orgânica em
muitos países do mundo têm impulsionado estudos envolvendo o uso de extratos
de plantas medicinais. A grande variedade da flora do bioma cerrado
compreende potencial fonte para o estudo dessas alternativas e o
desenvolvimento de bioprodutos que resultem em produção animal sustentável.
Esse estudo visa à utilização de bioprodutos presentes no bioma
Cerrado no tratamento de sarna sarcóptica em suínos. Não existem estudos a
respeito da utilização desse tratamento em suínos ou em outros animais, e com
isso pretende-se descobrir a real potencialidade de tais bioprodutos e aplicação
terapêutica dos mesmos.
A utilização de bioprodutos à base de Barbatimão, Copaíba, Pacari e
Sucupira, é justificada pelas evidências de atividades antimicrobianas que todos
esses bioprodutos apresentam em potencial, de acordo com a literatura científica
recente.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABBAS, A.K.; LICTHMAN, A.H.H; PILLAI, S. Cellular and Molecular
Immunology. Philadelphia: Elselvier, 2012, 560p.
2. ABIPECS – Associação Brasileira de Indústrias Processadoras e
Exportadoras de Carne Suína. Relatório Anual 2011. Disponível em:
www.abipecs.com.br. Acesso em 20/10/2012.
3. ADIS, J. Taxonomical classification and biodiversity. In: J. ADIS Amazonia
Arachnida and Myriapoda. Sofia: Pensoft Publishers, 2001, 590p.
17
4. ALBUQUERQUE, D. A.; NERY, A. F. Efeito do extrato hidroalcoólico de
Lafoensia pacari A.St.-Hil sobre células da corrente sangüínea. In:
ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, Cuiabá, 2003. Anais. Cuiabá:
Universidade Federal do Mato Grosso, 2003. p.135.
5. ALASAAD, S.; WALTON, S.; ROSSI, L.; BORNSTEIN, S.; ABU-MADI, M.;
SORIGUER, R.C. ; FITZGERALD, S.; XING-QUAN ZHU; ZIMMERMANN, W.;
UGBOMOIKO, U.S.; PEI, K.J.C.; HEUKELBACH, J. Sarcoptes-World
Molecular Network (Sarcoptes-WMN): integrating research on scabies.
International Journal of Infectious Diseases. Hamilton, v.15, p.294-297,
2011.
6. BLANES, L. Tratamento de feridas. In: BAPTISTA-SILVA, J.C.C. Cirurgia
Vascular: guia ilustrado. [online]. São Paulo: 2004. Disponível em:
http://www.bapbaptista.com Acesso em: 18 nov. 2012.
7. CHHILLAR, B.S., GULATI, R. AND BHATNAGAR, P. Agricultural acarology.
Delhi: Daya Publishing House, 2007, 355p.
8. CUNHA, A.P. Farmacognosia e fitoquímica. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2009, 670p.
9. CURRIE, B. J.; HARUMAL, P.; MCKINNON, M.; WALTON, S. F. First
Documentation of In Vivo and In VitroIvermectin Resistance in Sarcoptes
scabiei. Clinical Infectious Diseases. Chicago, v. 39, p. 8–12, 2004
10. DAS, M.; LAHA, R.; DEVI, P.; BORDOLOI, R. K.; NASKAR, S. Sarcoptic
mange infestation in pigs in a hilly region of Meghalaya. Tropical Animal
Health Production. Edinburgh, v.42, p.1009–1011, 2010.
11. DIAS, A.C.; CARRARO, B.Z.; DALLANORA, D.; COSER, F.J.; MACHADO,
G.S.; MACHADO, I.P.; PINHEIRO, R.; ROHR, S.A. Manual Brasileiro de
Boas práticas Agropecuárias na Produção de Suínos. Concórdia:
Embrapa Suínos e Aves, 2011, 140p.
12. DUTRA, R.C.; BRAGA, F.G.; COIMBRA, E.S.; SILVA, A.D.; BARBOSA, N.R.
Atividades antimicrobiana e leishmanicida das sementes de Pterodon
emarginatus. Vogel 1837 Vogel. Revista Brasileira de Farmacognosia.
Curitiba, v. 19, p.429-435, 2009.
13. EVANS, G.O. Principles of acarology. Wallingford: CAB International. 1992.
563p.
18
14. FACHIN, E.; GUARIM, V. L. M. S. Conservação da biodiversidade: espécies
da flora de Mato Grosso. Acta Botânica Brasileira, Feira de Santana, v. 9,
p.281-287, 1995.
15. FERNANDES, F. F.; FREITAS, E. P. S. Acaricidal activity of na oleoresinous
extract from Copaifera reticulata (Leguminosae: Caesalpinioideae) against
larvae of the southern cattle tick, Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Acari:
Ixodidae). Veterinary Parasitology, Amsterdam, v.147, p.150–154, 2007.
16. FERREIRA, S.C.T. Contribuição para o Estudo de Sarna Sarcóptica em
suínos Abatidos para Consumo. 2010, 65f. Dissertação de Mestrado
Integrado em Medicina Veterinária, Ciências Veterinárias, Universidade de
Trás-Os-Montes e Alto Douro Vila Real, Portugal.
17. GARTNER, L.P.; HIATT, J. L. Color Atlas of Histology. Philadelphia:
Saunders Elsevier, 2007, 305p.
18. GALUPPI, R., AVENOSO, A.M., LEOTTI, G., OSTANELLO, F., POGLAYEN,
G. Diagnosis of Sarcoptic mange in slaughtered swine. Veterinary Research
Comunications. Amsterdam, v.31, p.233-236, 2007.
19. GILBERT, B.; FERREIRA, J.L.P.; ALVES, L.F. Monografias de plantas
medicinais brasileiras e aclimatadas, 1.ed. Curitiba: Abifito, 2005, 250p.
20. GLASENAPP, J. S. Estrutura genética e fenóis totais de populações
naturais de barbatimão (Stryphnodendron adstringens). 2007.
Dissertação (Mestrado em Genética e Melhoramento) - Universidade Federal
de Viçosa, Viçosa-MG.
21. GODDARD, J. Physician´s guide to arthropds of medical importance.
Jackson: CRC Press, 2003, 444p.
22. GUARIM NETO, G. Plantas utilizadas na medicina popular do estado de
Mato Grosso. Brasília: Ministério de Ciência e Tecnologia, 1987. 58p.
23. HARGIS, A.M.; GINN, P.E. O Tegumento. In: MCGAVIN, M.D.; ZACHARY,
J.F. Bases da Patologia em Veterinária. Rio de janeiro: Elselvier. 2009,
p.1107-1261.
24. HEUKELBACH, J.; FELDMEIER, H. Scabies. The Lancet. Londres, v. 367, p.
1767-1774, 2006.
19
25. HENGGE, U. R.; CURRIE, B. J.; JA¨ GER, G.; LUPI, O.; SCHWARTZ, R. A.
Scabies: A ubiquitous neglected skin disease. The Lancet Infectious
Disease, Londres, v. 6, p. 769-779, 2006.
26. IZUMI, E.; UEDA-NAKAMURA, T.; VEIGA JÚNIOR, V.F.; PINTO, A.C.;
NAKAMURA, C.V. Terpenes from Copaifera Demonstrated in Vitro
Antiparasitic and Synergic Activity. Journal of Medicinal Chemistry.
Washington, v.55, p.2994-3001, 2012.
27. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 9.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1999. 427p.
28. LIMA, M.R.F.; XIMENES, E.C.P.A.; LUNA, J.S.; SANT’ANA, A.E.G. The
antibiotic activity of some Brazilian medicinal plants. Revista Brasileira de
Farmacognosia. Curitiba, v.16, p.300-306, 2006.
29. LJUNGGRE, E.L. Molecular Analysis of Sarcoptes scabiei. 2005. 63f. Tese
(Doutorado em Parasitologia) – Faculty of Veterinary Medicine and Animal
Science, Swedish University of Agricultural Sciences, Uppsala.
30. LOPES, G. C.; NAKAMURA, C. V.; DIAS FILHO, B. P.; MELLO, J. C. P.
Estudos físico-químico, químico e biológico de extratos das cascas de
Stryphnodendron polyphyllum Mart. (Leguminosae). Revista Brasileira de
Farmacognosia, Curitiba, v.13, p.24–27, 2003.
31. LUDKE, J. V.; BERTOL, T. M.; LUDKE, M. C. M. M.; DALLA COSTA, O.
Perspectivas para os sistemas de produção de suínos orgânicos e as
dificuldades para transição. In: XLI Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Zootecnia, Anais eletrônicos.... Campo Grande, p.90-99, 2004.
32. MACIEL, M. A. M.; PINTO, A.; JUNIOR, V. F. V. Plantas Medicinais: a
necessidade de estudos multidisciplinares. Química Nova. São Paulo, v.25,
n.3, p.429-438, 2002.
33. MAZZONETTO, F.; VENDRAMIM, J. Effect of powders from vegetal species
on Acanthscelides obtectus (Say) (Coleóptera: Bruchidae) in stored bean.
Neotropical Entomology. Londrina, v. 32, p. 145-149, 2003.
34. MCCARTHY, J. S.; KEMP, D. J.; WALTON, S. F.; CURRIE, B. J. Scabies:
More than just and irritation. Postgraduate Medical Journal. Herston, v. 80,
p. 382-387, 2003.
20
35. MCKELLAR, Q.A.; BENCHAOUI, H. Avermectins and milbemicyns. Journal
Veterinary Pharmacology Therapy. Oxford, v.19, p. 331-351, 1996.
36. MENDONÇA, D.E.; ONOFRE, S. B. Atividade antimicrobiana do óleo-resina
produzido pela copaiba – Copaifera multijuga Hayne (Leguminosae). Revista
Brasileira de Farmacognosia. Curitiba, v.19, p.577-581, 2009.
37. MILLS, S.E. Histology for pathologists. Charlottesville: Lippincott Williams &
Wilkins, 2007, 1232p.
38. MORA, A. C. Raspado auricular para deteccíon de sarna. Suis [online], 2008.
Disponível em: http://www.ivis.org/advances/suis/A5506.0511.ES.pdf?LA=2.
Acesso em: 10 ago. 2011.
39. MORAES, W.F.; GALDINO, P.M.; NASCIMENTO, M.V.M.; VANDERLINDE,
F.A.; BARA, M.T.F.; COSTA, E.A.; PAULA, J.R. Triterpenes involved in the
anti-inflammatory effect of ethanolic extract of Pterodon emarginatus. Vogel
1837 Vogel stem bark. Journal of Natural Medicines. Tokyo, v.66, p202-207,
2012.
40. OLIVEIRA, A. L. S. & FIGUEIREDO, A. D. L. Prospecção Fitoquímica das
Folhas de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Leguminosae -
Mimosoidae). Revista Brasileira de Biosciências. Porto Alegre, v. 5, p. 384-
386, 2007.
41. ÕMURA,S. Ivermectin: 25 years and still going strong. International Journal
of Antimicrobial Agents. Amsterdam, v. 31, p. 91–98, 2008.
42. ORLANDO, S. C. Avaliação da atividade antimicrobiana do extrato
hidroalcoólico bruto da casca do Stryphnodendron adstringens (Mart.)
Coville (Barbatimão). 2005. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde)
- Universidade de Franca, Franca-SP.
43. PAIVA, L.A.F. Estudo do potencial antiinflamatório do oleorresina de
copaifera langsdorfii (COPAÌBA) e de seu componente diterpênico Ácido
Kaurenoico nos modelos experimentais de inflamação intestinal. 2004,
186f. Tese (Doutorado em Medicina).- Faculdade de Medicina, Universidade
Federal do Ceará.
44. POINTON, A. M.; MERCY, A. R.; BACKSTROM, L.; DIAL, G. D. Surveillance
at slaughter In: A. D. LEMAN, B. E. STRAW, W. L. MENGELING, S.
D’ALLAIRE E D. J. TAYLOR. Diseases of Swine. Iowa State University
Press: Ames1992; p.968-985.
21
45. PORFIRIO, Z.; MELO-FILHO, G.C.; ALVINO, V.; LIMA, M.R.F.; SANT’ANA,
A.E.G. Atividade antimicrobiana de extratos hidroalcoólicos de Lafoensia
pacari A. St.-Hil., Lythraceae, frente a bactérias multirresistentes de origem
hospitalar. Revista Brasileira de Farmcognosia. Curitiba, v. 19, p.785-789,
2009.
46. POTENZA, M. R.; GOMES, R. C. O.; JOCYS, T.; TAKEMATSU, A. P.;
RAMOS, A. C. O. Avaliação de produtos naturais para o controle do ácaro
rajado Tetranychus urticae (koch, 1836) (Acari: Tetranychidae) em casa de
vegetação. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.73, n.4, p.455-
459, 2006.
47. RAO, D.G. A Text Book on Systemic Pathology of Domestic Animals.
Lucknow: IBDC Publishers, 2010, 590p.
48. REICHLING, J.; SCHNITZLER, P.; SUSCHKE, U.; SALLER, R. Essential oils
of aromatic plants with antibacterial, antifungal, antiviral, and cytotoxic
properties - an overview. Forsch Komplementmed, Frankfurt, v.16, p.79–90,
2009.
49. ROCHA, D.T.; MOURA, A.D.; GITOTTO, A.F. Análise de risco de sistemas de
Produção de suínos, integrado e Independente, em períodos de alta e Baixa
rentabilidade. Revista de economia e agronegócio. Viçosa, vol.5, p. 401-
424, 2007.
50. ROCK, A. Veterinary pharmacology. Estover: Elsevier, 2007, 258p
51. SANTOS, A.P.; ZATTA, D.T.; MORAES, W.F.; BARA, M.T. F.; FERRI, P. H.;
SILVA, M.R.; PAULA, J.R. Composição química, atividade antimicrobiana do
óleo essencial e ocorrência de esteróides nas folhas de Pterodon
emarginatus. Vogel 1837 Vogel, Fabaceae. Revista Brasileira de
Farmacognosia. Curitiba, v.20, p.891-896, 2010.
52. SANTOS, R. I. Metabolismo básico e origem dos metabólitos secundários In:
SIMÕES, C. M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.;
MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia da planta ao
medicamento. Florianópolis: Editora da UFSC, 2007, p. 403-434.
53. SHOOP, W.L.; SOLL, M. Chemistry, pharmacology and safety of the
macrocyclic lactones. In: VERCRUYSSE-J; REW-RS, Macrocyclic lactones
in antiparasitic therapy. Wallingford: CAB International, 2002, p. 1-29.
22
54. SIMÕES, C. M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.;
MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia da planta ao
medicamento. Florianópolis: Editora da UFSC, 2007, p. 403-434
55. SILVA, C.A. Tendências e perspectivas da utilização de antibióticos e
promotores de crescimento na suinocultura. In: Porkworld-Megaportal da
suinocultura na américa latina. 2005. Disponível em:
http://www.porkworld.la/porkworld/publicacoes.asp?pais=brasil&codigo=51432
. Acesso em: 07 jun. 2011.
56. SILVA-DE-ANDRADE, L.; BARROS-DE-CASTRO, D.; CHEN-CHEN, L. Efeito
Moduladordo Extrato de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Contra Danos
Induzidos pela Mitomicina Cem Camundongos. Journal of Brazilian Society
of Ecotoxicology. Itajaí, v. 1, p. 127-130, 2006.
57. SILVA, F. M.; DE PAULA, J.E.; ESPINDOLA, L.S. Evaluation of the antifungal
potential of Brazilian Cerrado medicinal plants. Mycoses. Berlim, v.52, n. 6, p.
511-517, 2009.
58. SILVA, H.C. Parâmetros farmacocinéticos e atividade endectocida de
uma nova formulação contendo avermectinas, via tópica (pour-on), em
bovinos. 2008. 111 F. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária Preventiva) -
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual de São
Paulo, Jaboticabal.
59. SOBESTIANSKY, J.; LINHARES, G. F. C.; MORENO, A. M.; MATOS, M. P.
C. Ectoparasitoses In: SOBESTIANSKY, Y.; BARCELLOS, D., Doenças dos
suínos. Goiânia: Canône Editorial, 2012, p.335-351.
60. TALAMINI, D. J. D., MARTINS, F. M., PINHEIRO, A.C. A. Rentabilidade da
terminação de suínos no Estado de Santa Catarina. Embrapa: Concórdia,
2005. Comunicado Técnico 404. Disponível em: www.cnpsa.embrapa.br.
Acesso: 14 dez. 2012.
61. TOLEDO, C. E. M.; BRITTA, E. A.; CEOLEB, L. F.; SILVA, E. R.; MELLO, J.
C. P.; DIAS-FILHO, B. P.; NAKAMURA, C. V.; UEDA-NAKAMURA, T.
Antimicrobial and cytotoxic activities of medicinal plants of the Brazilian
cerrado, using Brazilian cachaca as extractor liquid. Journal of
Ethnopharmacology, Lausanne, v. 133, n.2, p. 420-425, 2010.
62. VARMA, M. G. R. Ticks and mites (Acari) In: LANE, R. P. & CROSSKEY, R.
W. Medical insects and arachnids, London: Chapman & Hall, 1995, p. 597-
654.
23
63. VERCRUYSSE, J. Macrocyclic lactones in antiparasitic therapy.
Wallingford: CAB International, 2002, p. 1-29.
64. VIEIRA, S. C. H.; SÓLON, S.;VIEIRA, M. C.; ZÁRATE, N. A. H. Levantamento
de fitoterápicos manipulados em farmácias magistrais de Dourados-MS.
Revista Brasileira de Farmacognosia. Curitiba, v. 20, p.28-34, 2010
65. VIEIRA, R. F.; SILVA, S. R. Estratégias para conservação e manejo de
recursos genéticos de plantas medicinais e aromáticas: resultados da 1ª
Reunião Técnica. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia/Ibama/CNPq, 2002. 184p.
66. XAVIER, F. G.; MARUO, V. M.; SPINOSA, H. S. Toxicologia dos
medicamentos. In: SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; PALERMO-NETO, J.
Toxicologia aplicada à medicina veterinária. Barueri: Manole, 2008. p. 117-
189.
67. WALTON, S.F.; BEROUKAS, D.; ROBERTS-THOMSON, P.; CURRIE,
B.J.New insights into disease pathogenesis in crusted (Norwegian) scabies:
the skin immune response in crusted scabies. British Journal of
Dermatology. Londres, v.158, p.1247–1255, 2008.
68. WALTON, S. F.; CURRIE, B. J. Problems in diagnosing scabies, a global
disease in human and animal populations. Clinical Microbiology Reviews.
Washington, v. 20, p. 268-279, 2007.
69. WEBBER, G.L. Efeitos de Extratos de Barbatimão Stryphnodendron
coriaceum na biologia de Spodoptera frugiperda. 2009, 95f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal do Piauí, Teresina.
70. WYNN, S. G.; FOUGÈRE, B. J. Clinical Practice: Getting Started. In:
POPPENGA, R. H. Veterinary herbal medicine. St. Louis: Mosby, 2007, 714
p.
71. WINK, M Phisiology of secundary product formation in plants. In:
CHARWOOD, B. V.; RHODES, M. J. C. Secondary products from plant
tissue culture. Oxford: Clarendon, 1990, 350p.
72. YANG, C.C. Acute Human Toxicity of Macrocyclic Lactones. Current
Pharmaceutical Biotechnology. Hilversum , v. 13, p.999-1003, 2012.
24
Capítulo 2 - Estudo in vitro da atividade acaricida dos extratos etanólicos de
Stryphnodendron adstringens Mart e Lafoensia pacari A.St.-Hil e
óleorresinas de Copaíba Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel 1837.
RESUMO
O bioensaio in vitro utilizando o ácaro Sarcoptes scabiei como micro-organismo
teste, é um método de estudo e avaliação viável para diversos fármacos com
propriedades acaricidas, entre outras utilizações. Este trabalho teve como objetivo
testar e comparar a atividade acaricida de quatro bioprodutos: Stryphnodendron
adstringens Mart, Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil e Pterodon
emarginatus. Vogel 1837. Para isso, foi colhido crostas do pavilhão auricular de
matrizes suínas que apresentavam alto grau de infestação por S. scabei.Os
ácaros foram selecionados e separados em placas de petri contendo os
bioprodutos em triplicatas, em diferentes concentrações, para avaliar a provável
atividade acaricida de cada uma. Foram contabilizadas as mortalidades dos
ectoparasitos em cada placa de petri num período total de 5 horas. A análise
estatística demonstrou diferença significativa entre as bioprodutos testados,
sendo que os óleorresinas de Copaifera sp. e Pterodon emarginatus. Vogel 1837.
apresentaram os melhores resultados com mortalidade de até 100% dos ácaros.
Os extratos etanólicos de Stryphnodendron adstringens Mart e Lafoensia pacari
A.St.-Hil demonstraram menor atividade em relação aos óleorresinas, porém,
superior aos grupos controle testados. O bioensaio in vitro demonstrou ser um
teste eficaz, confiável, de baixo custo e de fácil execução.
Palavras-chave: Bioensaio; Sarcoptes scabiei; bioprodutos; cerrado.
25
ABSTRACT
The in vitro bioassay using Sarcoptes scabiei as a test microorganism is a study
and viable evaluation method for diverse drugs with acaricidal properties, among
other uses. This work had as main object, to test and compare the acaricidal
activity of four savanna bioproducts: Stryphnodendron adstringens Mart, Copaifera
sp., Lafoensia pacari A.St.-Hil e Pterodon emarginatus. Vogel 1837. Crusts of the
ear pinna of highly infected with S. scabiei sows, was colected to perform this test.
The mites were selected and separated in petri dishes that contained the
bioproducts in triplicates, with different concentrations, to evaluate potential
acaricidal activity of each one. The mortality of the mites was counted in every
petri dish for five hours straight. The statistical analyses demonstrated differences
between the bioproducts tested, the oleoresin of Copaifera sp. and Pterodon
emarginatus. Vogel 1837presented the best results with mortality as high as 100%
of the mites. The ethanolic extracts of Stryphnodendron adstringens Mart and
Lafoensia pacari A.St.-Hil demonstrated lower acaricidal activity when compared
to the ones founded in the oleoresins, tough it was superior to the control groups
tested. The in vitro bioassay demonstrated to be an efficient, reliable, low cost and
easy accomplishment.
Keywords: Bioassay; Sarcoptes scabiei; bioproducts; savanna.
26
INTRODUÇÃO
O ácaro Sarcoptes scabiei é o agente causal da sarna sarcóptica, uma
doença de pele endêmica comum em muitas populações debilitadas e
responsável por surtos epizoóticos em animais domésticos e selvagens (PENCE
& UECKERMANN, 2002). O ácaro é conhecido por seu grande impacto
econômico em diversos países em desenvolvimento (WALTON et al., 2004).
Por meio de bioensaios in vitro podem ser detectados efeitos gerais de
compostos acaricidas sobre tais organismos-teste ou ainda, avaliar o
desenvolvimento de possível resistência frente a determinados produtos
(TABASSAM, et al., 2008). A preocupação com os crescentes casos de
resistência a fármacos convencionais são foco de estudo em diversos modelos
experimentais (BRIMER et al, 1995; WALTON et al., 2000; CURRIE et al., 2004;
DU et al., 2008; XU et al., 2010; NONG et al., 2012).
As primeiras evidências da resistência do ácaro a fármacos
convencionais surgiram em meados da década de 90, notando-se inicialmente a
necessidade de aumento na dosagem, no número ou intervalo entre
administração dos mesmos (MOUNSEY et al., 2010). Nessa mesma década
foram adaptados bioensaios para avaliar essa possível situação (BRIMER et al.,
1995), mas apenas no início da década passada que se comprovou de fato que
tal microrganismo conseguira resistir a tais fármacos. Os primeiros relatos de
resistência à fármacos de uso cotidiano surgiram, primeiramente nas variedades
que parasitam humanos (CURRIE et al., 2004), e mais tardiamente nas parasitas
de animais (TERADA et al., 2010).
Desde então, diversos novos compostos estão sendo testados visando
encontrar novas substâncias químicas com atividade acaricida e como
alternativas para o controle de S. scabiei ao redor do globo (WALTON et al., 2004;
ABDEL-GHAFFAR et al., 2008; DU et al., 2008; NONG et al., 2012; DENG et al.,
2012).
No Brasil, os estudos que se baseiam no conhecimento popular aliado
a discretas evidências científicas, estão revelando possíveis qualidades em
determinadas plantas, que podem vir a ser benéficos do ponto de vista econômico
e sanitário (JESUS et al., 2009).
27
O bioma Cerrado constitui uma das maiores floras disponíveis,
compondo um cenário de exuberante diversidade biológica e influente no
arcabouço cultural das populações que nele vivem (VILA VERDE et al., 2003).
Nos vegetais deste bioma, já foram identificadas, bem como isoladas substâncias
com alto potencial no tratamento e prevenção de doenças infecciosas e
parasitárias (BRANDÃO et al., 2006; VIEIRA et al., 2010)
Nesse contexto, plantas como Barbatimão (Stryphnodendron
adstringens Mart), Copaíba (Copaifera sp.), Pacari (Lafoensia pacari A.St.-Hil ) e
Sucupira (Pterodon emarginatus. Vogel 1837) despertam a curiosidade e o
interesse de pesquisadores, pois possuem composição singular, abrindo um
amplo espectro de possibilidades e descobertas. Este trabalho teve como objetivo
avaliar a atividade acaricida, por meio de bioensaio in vitro, do ácaro S. scabiei
submetidos a diferentes concentrações dos extratos etanólicos Stryphnodendron
adstringens Mart e Lafoensia pacari A.St.-Hil, e óleorresinas de Copaifera sp. e
Pterodon emarginatus. Vogel 1837.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram produzidos extratos etanólicos de Lafoensia pacari A.St.-Hil e
Stryphnodendron adstringens Mart com doseamento de taninos totais e os
óleorresinas de Pterodon emarginatus Vogel 1837 e Copaifera sp foram
caracterizados no Laboratório de Pesquisa em Produtos Naturais (LPPN), da
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Foram realizados raspados cutâneo e auricular de três matrizes suínas
que apresentavam sinais clínicos evidentes de sarna sarcóptica, com o auxílio de
uma lâmina de bisturi nº 15. A partir dos raspados se obteve material crostoso e
ceruminoso, o qual foi acondicionado em placas de petri de 10 cm, posteriormente
identificadas e vedadas com fita-adesiva. Esse procedimentofoi realizado em uma
granja comercial de suínos localizada no município de Morrinhos, Goiás.
Utilizou-se do exame parasitológico direto, para a observação da
presença ou não de ácaros do gênero Sarcoptes scabiei. Para a realização de
bioensaio in vitro foram selecionados com a ajuda de um estereomicroscópico
28
(Leica EZ4) os ácaros de acordo com o tamanho, para que se pudesse distinguir
as fêmeas adultas ingurgitadas, que apresentam aproximadamente 0,4 mm de
acordo com EVANS (1992). Após a identificação e distinção dos ectoparasitas,
esses eram colocados em grupos de 10 ácaros por placa de petri, delicadamente
transferidos com auxilio de agulha de 8mm desgastada, segundo metodologia
adaptada de BRIMER et al. (1995).
Teste de atividade acaricida in vitro
Seguindo a metodologia proposta por WALTON et al. (2000) as
soluções-teste Lafoensia pacari A.St.-Hil e Stryphnodendron adstringens Mart e
emulsões-teste de Pterodon emarginatus. Vogel 1837 e Copaifera sp foram
dispersas em placas de petri de 5cm, nas concentrações de 25, 50, 75 e 100 por
cento respectivamente (Tabela 1), permanecendo em temperatura ambiente por
aproximadamente 60 minutos. Para as diluições foram utilizados água destilada e
2% de tween 20 como surfactante. Todos os grupos e concentrações foram feitos
em triplicatas, identificados conforme o horário inicial de observação dos ácaros,
produto testado e de acordo com sua concentração. Para os grupos controle
foram utilizados água destilada e solução de tween 20 diluído a 2% em água
destilada.
TABELA 1 - Diluições das soluções-teste Lafoensia pacari A.St.-Hil e Stryphnodendron
adstringens Mart e emulsões-teste de Pterodon emarginatus. Vogel 1837 e
Copaifera sp, com respectivas legendas indicando suas concentrações.
S. adstringens L. pacari Copaífera sp. P. emarginatus
SSA25% SLP25% ECS25% EPE25%
SSA50% SLP50% ECS50% EPE50%
SSA75% SLP75% ECS75% EPE75%
SSA100% SLP100%
As placas de petri permaneciam em câmara climática a 25ºC e 80% de
umidade, sendo retiradas apenas para observação por cinco minutos a cada hora,
totalizando cinco horas de avaliação. A cada intervalo de 01h00min eram
29
contabilizados o número de ácaros mortos em cada placa de petri. Para avaliação
da morte dos ácaros foram observados os seguintes parâmetros: imobilidade
persistente e não reatividade a estímulo com agulha, seguindo critérios propostos
por WALTON et al. (2000) (Figura 2).
FIGURA 2 - Fotografia de exemplares de Sarcoptes
scabiei em esteromicroscópico (setas
pretas).
Análise estatística
Para as variáveis quantitativas que apresentaram distribuição normal
utilizou-se ANOVA, com delineamento casualizado. Para as variáveis
quantitativas que não apresentaram distribuição normal, utilizou-se do teste não-
paramétrico de Kruskal-Wallis (SAMPAIO, 1998), com o auxílio do software R .
30
RESULTADOS
O exame parasitológico direto realizado a partir de três amostras de
raspados cutâneo e auricular revelou inúmeros ácaros de tamanhos diferentes
nas placas de petri. Os ácaros de acordo com o seu hospedeiro, foram
identificados como exemplares de Sarcoptes scabiei variedade suis.
No bioensaio in vitro foi observada uma mortalidade acumulada inferior
a 10% até a quinta hora de observação no Grupo Controle água destilada. O
Grupo Tween 20 obteve mortalidade acumulada de 16,6% em igual período. A
análise estatística demonstrou diferença significativa entre os dois grupos (Tabela
2).
TABELA 2 - Percentual de mortalidade acumulada de ácaros fêmea adulta de Sarcoptes scabiei em bioensaio in vitro de acordo com as concentrações bioproduto em triplicata.
Tratamentos Médias de mortalidade acumulada (%)
SSA25% 11,6cd
SSA50% 12,3cd
SSA75% 18,0cd
SSA100% 12,8cd
SLP25% 22,0cd
SLP50% 9,6d
SLP75% 23,3bc
SLP100% 19,3cd
ECS25% 44,0a
ECS50% 35,6ab
ECS75% 40,0a
EPE25% 42,0a
EPE50% 35,6ab
EPE75% 38,3a
ÁGUA 9,6d
TWEEN 20 16,6cd
Valor de P <0,001*
*Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna apresentam diferença estatística
(P<0,05)
A ECS25% foi a que apresentou a maior taxa de mortalidade dentre
todos os grupos e concentrações testados, com mortalidade de todos os ácaros,
100% , no período observado. Nas concentrações de 50% e 75% as emulsões-
31
teste também resultaram em índices de mortalidade bastante satisfatórios, 73,3%
e 83,3% respectivamente. A análise estatística demonstrou diferença significativa
de todos os grupos em relação aos grupos controle, havendo ainda diferença
significativa entre os grupos ECS25% e ECS75% quando comparados com o
grupo ECS50% (Figura 3).
FIGURA 3 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de Emulsão-teste de Copaífera sp., água destilada e
Tween 20.
A EPE25% também mostrou alto desempenho na atividade acaricida
com mortalidade de 28 ácaros (93,3%) no período observado. Nas concentrações
de 50% e 75%, foram observados 80% e 66,6% ácaros mortos, respectivamente.
A análise estatística demonstrou diferença significativa de todos os grupos em
relação aos grupos controle. Os grupos EPE 25% e EPE75% também
demonstraram diferença significativa em relação ao grupo EPE50% (Figura 4).
32
FIGURA 4 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de Emulsão-teste de P. emarginatus, água destilada e
Tween 20.
A SLP demonstrou melhor desempenho em duas concentrações
diferentes, 25% e 75%, nas quais houve uma mortalidade de nove dos 30 ácaros
(30%). As SLP 50% e SLP100% apresentaram mortalidade de três e seis dos
ácaros (10% e 20%), respectivamente. A análise estatística demonstrou que não
houve diferença significativa em relação ao grupo controle Tween 20, havendo
apenas diferença entre estes e o grupo controle água destilada (Figura 5).
33
FIGURA 5 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de extrato etanólico de L. pacari, água destilada e Tween
20.
No grupo SSA75% verificou-se o índice de mortalidade de 20% em um
total de 30 ácaros. No SSA25% foram contabilizados cinco ácaros mortos ao final
da contagem (15,5%). Nos grupos SSA50% e SSA100% a mortalidade foi de
quatro e três (13% e 10%) ácaros mortos respectivamente (Figura 6). De acordo
com a análise estatística, não houve diferença significativa entre as quatro
diferentes concentrações testadas e em relação ao grupo controle Tween 20 ou
ao grupo controle água destilada.
34
FIGURA 6 - Mortalidade acumulada por hora, de ácaros expostos à diferentes
concentrações de extrato etanólico de S. adstringens, água destilada e
Tween 20.
DISCUSSÃO
O exame parasitológico direto foi realizado como método de triagem
com o intuito de confirmar a presença do ácaro S. scabiei nas amostras
selecionadas para os bioensaios. O parâmetro morfológico se restringiu à
identificação do agente e de fêmeas adultas, seguindo os parâmetros
preconizados por EVANS (1992).
Os resultados alcançados com os bioensaios in vitro validaram a
atividade acaricida dos compostos botânicos estudados. Os resultados
encontrados estão de acordo com WALTON et al. (2000) que caracterizaram os
bioensaios in vitro como um método simples para avaliar a eficácia de diversos
fármacos ou extratos botânicos com atividade acaricida, utilizando o ácaro S.
scabiei como organismo-teste.
O experimento em tela demonstrou que a utilização de fêmeas adultas
como amostras experimentais é oportuna por serem mais facilmente visualizadas
e distinguidas. A opção pela utilização das fêmeas contraria as citações de DU et.
al (2008); NONG et al. (2012); DENG et al. (2012) que optaram pela utilização de
35
larvas hexápodes para testes semelhantes. No entanto, de acordo com ARLIAN
et al. (1989), a escolha da fase do ácaro é decisiva principalmente no tempo de
sobrevivência do ácaro, podendo influir especificamente nos resultados obtidos
visto que as fêmeas adultas são sabidamente menos susceptíveis ao
ressecamento fora do hospedeiro natural, sendo consideradas mais resistentes
que o macho e outros estágios de vida do ácaro.
As emulsões-teste de óleorresinas de Copaífera sp. e P. emarginatus
apresentaram a maior atividade acaricida quando mais diluídas. Primariamente
este fato pode ser explicado pela solubilidade e homogeneidade de tais emulsões
aumentarem de acordo com a quantidade e contato com o surfactante Tween 20,
aumentando a disponibilidade e desprendimento de substâncias com potencial
acaricida (DAVANÇO et al., 2007).
A emulsão-teste composta por óleorresina de Copaífera sp.
demonstrou a atividade acaricida mais alta dentre todos os produtos testados,
principalmente na concentração de 25%, fato esse que pode ser justificado pela
grande quantidade de metabólitos secundários de origem terpenoide, que
possuem sabidamente atividade contra vários artrópodes (SOARES et al., 2003).
O cariofileno e seu óxido, também compostos de origem terpenoide, possuem
relatos na literatura científica, evidenciando atividades como: antiedêmico,
antiinflamatório, antitumoral, antialérgico, fagorrepelente, bactericida, além de
inseticida (VEIGA JUNIOR & PINTO, 2002).
A atividade acaricida do óleorresina de P. emarginatus, na
concentração de 25%, resultou na mortalidade de mais de 90% dos ácaros, sendo
o segundo bioproduto de maior eficácia dentre todos testados. Isto pode ser
explicado pela grande quantidade de flavonoides, heterosídeos saponínicos,
resinas, traços de esteroides e triterpenoides com atividades tóxicas sobre o
micro-organismo como demonstra BUSTAMANTE et al. (2005). Igualmente a
elevada presença no óleorresina de Sucupira de compostos como a γ-muuroleno,
biciclogermacreno, lupeol entre outros hidrocarbonetos terpenoides é um fator
considerado positivo na ação acaricida do bioproduto (SANTOS et al., 2010).
Estes resultados são semelhantes ao encontrados por PRIETO et al. (2010) que
estudando outros compostos observou também atividade inseticida e microbiana
destas substâncias.
36
Na última década, diversos estudos comprovaram a eficácia acaricida
de diversos compostos de origem terpenoide, especialmente sobre o ácaro
Sarcoptes scabiei. A descoberta dessas substâncias e seu potencial como
pesticida já é uma realidade em diversos países da Ásia e Oceania, sendo sua
utilização terapêutica no controle da sarna sarcóptica uma prática oficial e
rotineira para a sociedade médica e veterinária na região (POPPENGA, 2007; XU
et al., 2010; WALTON et al., 2010; DENG et al., 2012; NONG et al., 2012).
O extrato etanólico de L. pacari teve uma melhor atividade acaricida na
concentração de 75%, onde se obteve a menor sobrevivência de ácaros por
período observado. A mortalidade pode ser atribuída principalmente aos altos
níveis de taninos presentes no extrato líquido da planta, tendo o ácido elágico
como principal representante (ROGERIO et al., 2008). A literatura cita que o ácido
elágico possui excelentes propriedades anti-inflamatórias e antioxidante
(GUIMARÃES et al., 2010), com relatos de propriedades antimicrobianas
(PORFÍRIO et al, 2009) e antifúngicas (SILVA JÚNIOR et al., 2009).
MAZZONETTO & VENDRAMIM (2003) relataram repelência e mortalidade de
insetos da Ordem Coleoptera na fase adulta, quando expostos ao pó de folhas e
frutos de Pacari.
Os extratos etanólicos de S. adstringens foram os que demonstraram
menor eficiência in vitro dos compostos testados e o que apresentou menor
diferença estatística quanto a sua ação acaricida em relação aos demais
tratamentos. Entretanto, a concentração de 75% foi a que revelou maior taxa de
mortalidade no período observado. Sabe-se que nas folhas de S. adstringens
Mart., existem numerosos compostos das classes de metabólitos secundários,
que poderiam ter ação acaricida (OLIVEIRA & FIGUEIREDO, 2007). Para
THOMAZI (2010) os taninos são as substâncias mais abundantes nos extratos
líquidos da planta e agregam uma grande quantidade de Galato de
epigalocatequina, que possui ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana
comprovadas, entre outras atividades. WEEBER (2009) estudando a atividade
inseticida do Barbatimão observou alta taxa de mortalidade em larvas de insetos
da Ordem Lepidoptera frente ao extrato aquoso, resultado este, diferente do
encontrado no presente estudo onde a taxa de mortalidade foi baixa para o
Barbatimão.
37
Os modelos experimentais disponíveis na literatura utilizando extratos
botânicos de S. adstringens ou L. pacari descrevem principalmente as atividades
anti-inflamatória e bactericida de taninos condensados, com relatos comuns de
atividades antimicrobiana e até tripanossomicida (ROGÉRIO, 2008; PORFÍRIO,
2008; DE PAULA et al., 2010).
As baixas taxas de mortalidade decorrentes das aplicações dos
extratos etanólicos de S. adstringens e L. pacari, observados no presente estudo,
não necessariamente refletem a baixa atividade acaricida dos produtos, visto que
os taninos e entre outros metabólitos secundários são influenciados pela
sazonalidade da planta, além de fatores geográficos e climáticos, expressando
maior ou menor quantidade das substâncias de acordo com as necessidades
fisiológicas da planta (SANTOS 2007). A solubilidade e disponibilidade desses
compostos em relação a membranas e proteínas é muito variável (CUNHA, 2009),
e pode ser um diferencial no estudo da atividade acaricida frente ao organismo-
teste em questão.
A partir dos resultados presentes neste estudo, acredita-se que a
mortalidade dos ácaros in vitro se deu pela a absorção de substâncias voláteis,
principalmente óleos voláteis pelo tegumento do micro-organismo com possível
atividade tóxica sobre os mesmos. Deve-se ainda, atentar ao fato de que as
membranas de revestimento externo do ácaro apresentam alta lipossolubilidade,
facilitando a entrada de substâncias lipofílicas (RITSCHEL & KEARNS, 2009).
CONCLUSÃO
O óleorresina de Copaifera sp.a foi o bioproduto que demonstrou maior
atividade acaricida no bioensaio in vitro dentre todos os bioprodutos testados, e
que apresentou o maior índice de mortalidade, seguido do óleorresina de P.
emarginatus, e os extratos etanólicos de L. pacari e S. adstringens
respectivamente.
O bioensaio in vitro se mostrou um teste eficaz, rápido e barato na
avaliação de substâncias potencialmente acaricidas.
38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABDEL-GHAFFAR, F.; AL-QURAISHY, S.; SOBHY, H.; SEMMLER, M. Neem
seed extract shampoo, Wash Away Louse®, an effective plant agent against
Sarcoptes scabiei mites infesting dogs in Egypt. Parasitology research.
Berlim, v. 104, p. 145-148, 2008.
2. ARLIAN, L.G.; VYSZENSKI-MOHER, D.L.; POLE, M.J. Survival of adults and
development stages of Sarcoptes scabiei var. canis when off the host.
Experimental and Applied Acarology. Amsterdam, v. 6, p.181-187, 1989.
3. BRANDÃO, M.G.L.; COSENZA, G.P.; MOREIRA, R.A.; MONTE-MOR, R.L.M.
Medicinal plants and other botanical products from the Brazilian Official
Pharmacopoeia. Revista Brasileira de Farmacognosia. Curitiba, v.16,
p.408-420, 2006.
4. BRIMER, L.; BONLOKKE, L.; PONTOPPIDAN, C.; HENRIKSEN, S.A.; GYRD-
HANSEN, N.; RASMUSSEN, F. A method for in vitro determination of the
acaricidal effect of ivermectin using Sarcoptes scabie var. suis as test
organism. Veterinary Parasitology. Amsterdam, v.59, p.249-255, 1995.
5. BUSTAMANTE, K.G.L; FIGUEIREDO, A.D.L.; SOARES, M. L.; BARA, M. T.
F.; FERREIRA, H.D.; REZENDE, M. H.; PIMENTA, F. C.; PAULA, J.R .
Estudo farmacognóstico e avaliação da atividade antimicrobiana da casca de
Pterodon emarginatus. Vogel 1837 Vog (Fabaceae). In: CONGRESSO DE
PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO DA UFG – CONPEEX, 2, 2005. Anais
eletrônico do II Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação (CD-ROM),
Goiânia: UFG, 2005. n. p.
6. CUNHA, A.P. Farmacognosia e fitoquímica. Lisboa:Fundação Calouste
Gulbenkian, 2009, 670p.
7. CURRIE, B. J.; HARUMAL, P.; MCKINNON, M.; WALTON, S. F. First
Documentation of In Vivo and In VitroIvermectin Resistance in Sarcoptes
scabiei. Clinical Infectious Diseases. Chicago, v. 39, p. 8–12, 2004.
8. DAVANÇO, T.; PALMU, P.T.; GROSSO, C. Filmes compostos de gelatina,
triacetina, ácido esteárico ou capróico: efeito do pH e da adição de
surfactantes sobre a funcionalidade dos filmes. Ciência e Tecnologia de
Alimentos. Campinas, v.27, p. 408-416, 2007.
39
9. DE PAULA; R.C.; SANCHEZ, E.F.;, COSTA, T.R.; MARTINS, C.H.G.;
PEREIRA, P.S.; LOURENÇO, M.V.; SOARES, A.M.; FULY, A.L. Antiophidian
properties of plant extracts against Lachesis muta venom. The journal of
venomous animals and toxins including tropical diseases. Botucatu, v.16,
p.311-323, 2010.
10. DENG, Y.; SHI, D.; YIN, Z.; GUO, J.; JIA, R.; XU, J.; SONG, X.; LV,C.; FAN,
Q.; LIANG, X.; SHI, F.; YE,G.; ZHANG, W. Acaricidal activity of petroleum
ether extract of neem (Azadirachta indica) oil and its four fractions separated
by column chromatography against Sarcoptes scabiei var. cuniculi larvae in
vitro. Experimental Parasitology.New York, v.130, p.475–477, 2012.
11. DU, Y.H.; JIA, R. Y.; YIN, Z.Q; PU, Z.H.; CHEN, J.; YANG, F.; ZHANG, Y.G.;
LU, Y. Acaricidal activity of extracts of neem (Azadirachta indica) oil against
the larvae of the rabbit mite Sarcoptes scabiei var. cuniculi in vitro. Veterinary
Parasitology. Amsterdam, v.157, p.144–148, 2008.
12. EVANS, G.O. Principles of acarology. Wallingford: CAB International.
1992. 563p.
13. GUIMARÃES, H.A.; NASCIMENTO, M.V.M.; TAVARES, A.; GALDINO, P.M.;
PAULA, J.R.; COSTA, E.A. Effects of ethanolic extract of leaves of Lafoensia
pacari A.St.-Hil A. St.-Hil., Lythraceae (pacari), in pain and inflammation
models. Revista Brasileira de Farmacognosia. Curitiba, v.20, p.328-333,
2010.
14. JESUS, N.Z.T.; LIMA, J.C.S.; SILVA, R.M.; ESPINOSA, M.M.; MARTINS,
D.T.O. Levantamento etnobotânico de plantas popularmente utilizadas como
antiúlceras e antiinflamatórias pela comunidade de Pirizal, Nossa Senhora do
Livramento-MT, Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia. Curitiba, v.19,
p.130-139, 2009.
15. MAZZONETTO, F.; VENDRAMIM, J. Effect of powders from vegetal species
on Acanthscelides obtectus (Say) (Coleóptera: Bruchidae) in stored bean.
Neotropical Entomology. Londrina, v. 32, n.1, p. 145-149, 2003.
16. MOUNSEY, K.E.; HOLT, D.C.; MCCARTHY, J.S.; CURRIE, B.J.; WALTON,
S.F. Longitudinal Evidence of Increasing In Vitro Tolerance of Scabies Mites to
Ivermectin in Scabies-Endemic Communities. Archives of Dermatology.
Chicago, v.145, p.840-841, 2010.
17. NONG, X.; FANG, C.L.; WANG, J.H.; GU, X.H.; YANG, D.Y.; LIU, T.F.; FU, Y.;
ZHANG, R.H.; ZHENG, W.P.; PENG, X.R.; WANG, S.X.; YAN, G.Y. Acaricidal
40
activity of extract from Eupatorium adenophorum against the Psoroptes
cuniculi and Sarcoptes scabiei in vitro. Veterinary Parasitology. Amsterdam,
v.187 p.345– 349, 2012.
18. OLIVEIRA, A. L. S. & FIGUEIREDO, A. D. L. Prospecção Fitoquímica das
Folhas de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Leguminosae -
Mimosoidae). Revista Brasileira de Biosciências. Porto Alegre, v. 5, p. 384-
386, 2007.
19. PENCE, D.B.; UECKERMANN, E. Sarcoptic mange in wildlife. Revue
scientifique et technique. Paris, v. 21, p. 385-398, 2002.
20. POPPENGA , R. H. Veterinary herbal medicine. St. Louis: Mosby, 2007, 714
p.
21. PORFIRIO, Z.; MELO-FILHO, G.C.; ALVINO, V.; LIMA, M.R.F.; SANT’ANA,
A.E.G. Atividade antimicrobiana de extratos hidroalcoólicos de Lafoensia
pacari A.St.-Hil A. St.-Hil., Lythraceae, frente a bactérias multirresistentes de
origem hospitalar. Revista Brasileira de Farmcognosia. Curitiba, v. 19,
p.785-789, 2009.
22. PRIETO, J.A.; PABÓN, L.C.; PATINO, O.J.; DELGADO, W.A.; CUCA, L.E.
Constituyentes Químicos, Actividad Insecticida y Antifúngica de Los Aceites
Esenciales de Hojas De dos Especies Colombianas Del Género Ocotéa
(Lauraceae). Revista Colombiana de Química. Bogotá, v.39, p. 199-209,
2010.
23. RITSCHEL, W. A.; KEARNS, G.L. Handbook of Basic Pharmacokinetics
Including Clinical Applications. Washington: American Pharmacists
Association, 2009, 500p.
24. ROGÉRIO, A.P.; SÁ-NUNES, A.; ALBUQUERQUE, D.A.; SOARES, E.G.;
FACCIOLI, L.H. Anti-eosinophilic effect of Lafoensia pacari A.St.-Hil in
toxocariasis. Phytomedicine. Stuttgart, v.15, p.348-357, 2008.
25. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo
Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária, p. 221,
1998.
26. SANTOS, A.P.; ZATTA, D.T.; MORAES, W.F.; BARA, M.T. F.; FERRI, P. H.;
SILVA, M.R.; PAULA, J.R. Composição química, atividade antimicrobiana do
óleo essencial e ocorrência de esteróides nas folhas de Pterodon
41
emarginatus. Vogel 1837 Vogel, Fabaceae. Revista Brasileira de
Farmacognosia. Curitiba, v.20, p.891-896, 2010.
27. SILVA JÚNIOR, I.F.; RAIMONDI, M.; ZACCHINO, S.; CECHINEL FILHO, V.;
NOLDIN, V.F.; RAO, V.S. LIMA, J.C.S.; MARTINS, D.T.O. Evaluation of the
antifungal activity and mode of action of Lafoensia pacari A.St.-Hil A. St.-Hil.,
Lythraceae, stem-bark extracts, fractions and ellagic acid. Revista Brasileira
de Farmacognosia. Curitiba, v. 20, p. 422-428, 2010.
28. SOARES et al, 2003 SOARES, F. T.; PAIVA, R.; NOGUEIRA, R. C.;
OLIVEIRA, L. M.; PAIVA, P. D. O.; SILVA, D. R. G. Cultivos e uso do nim
(Azadirachta indica car. Juss). Boletim Agropecuário da Universidade
Federal de Lavras. Lavras, nº68, p. 1-14, 2006.
29. TABASSAM, S. M.; IQBAL, Z.; JABBAR, A.; SHINDHU, Z. D.; CHATTHA, A. I.
Efficacy of crude neem seed kernel extracts against natural infestation of
Sarcoptes scabiei var. ovis. Journal of Ethnopharmacology. Lausanne, v.,
p. 284-287, 2007.
30. TERADA, Y.; MURAYAMA, N.; IKEMURA, H.; MORITA, T.; NAGATA, M.
Sarcoptes scabiei var. canis refractory to ivermectin treatment in two dogs.
Veterinary dermatology. Tokyo, v. 21, p.608-612, 2011.
31. THOMAZI, G.O.C. Investigação da atividade antibacteriana de espécies
de plantas do cerrado contra bactérias responsáveis por infecções do
trato urinário. 2010, 68f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Ambiente) –
Universidade Federal do Tocantins, Palmas.
32. VEIGA JUNIOR, V.F.; PINTO, A.C.O GÊNERO Copaifera L. Química Nova.
São Paulo, v. 25, p. 273-286, 2002.
33. VIEIRA, S. C. H.; SÓLON, S.;VIEIRA, M. C.; ZÁRATE, N. A. H.
Levantamento de fitoterápicos manipulados em farmácias magistrais de
Dourados-MS. Revista Brasileira de Farmacognosia. Curitiba, v. 20, p.28-
34, 2010.
34. VILA VERDE G.M.; PAULA J.R.; CANEIRO, D.M. Levantamento etnobotânico
das plantas medicinais do cerrado utilizadas pela população de Mossâmedes
(GO). Revista Brasileira de Farmacognosia. Curitiba, v. 13, p. 64-66, 2003.
35. XU, J.; FAN, Q. J.; YIN, Z. Q.; LI, X. T.; DU, Y. H; JIA, R. J.; WANG, K. Y.; LY,
C.; YE, G.; GENG, Y. SU, G.; ZHAO, L.; HU, T. X.; SHI, F.; ZHANG, L.; WU,
C. L.; TAO, C.; ZHANG, Y. X.; SHI. D. X. The preparation of neem oil
42
microemulsion (Azadirachta indica) and the comparison of acaricidal time
between neem oil microemulsion and other formulations in vitro. Veterinary
parasitology. Amsterdam, v. 169, p. 399-403, 2010.
36. WALTON, S. F.;. MYERSCOUGH, M. R.; CURRIE, B. J. Studies in vitro on
the relative efficacy of current acaricides for Sarcoptes scabiei var.
hominis.Transactions of the royal society of tropical medicine and
hygiene. Londres, v.94, p.92-96, 2000.
37. WALTON, S. F.; MCKINNON, M.; PIZZUTTO, S.; DOUGALL, A. WILLIANS,
E.; CURRIE, B. J. Acaricidal Activity of Melaleuca alternifolia (Tea Tree) Oil. In
Vitro Sensitivity of Sarcoptes scabiei var hominis to Terpinen-4-ol. Archives
of dermatology. New York, v. 140, p. 563-566, 2004
38. WALTON, S. F.; PIZZUTTO, S.; SLENDER, A.; VIBERG, L. J.; HOLT, D.;
HALES, B. J. ; KEMP, D. J. ; CURRIE, B.; ROLLAND, J. M.; O'HEHIR, R.
Increased Allergic Immune Response to Sarcoptes scabiei Antigens in
Crusted versus Ordinary Scabies. Clinical and Vaccine Immunology.
Washington, v. 17, p. 1428–1438, 2010.
39. WEBBER, G.L. Efeitos de Extratos de Barbatimão Stryphnodendron
coriaceum na biologia de Spodoptera frugiperda. 2009, 95f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade
Federal do Piauí, Teresina.
43
CAPÍTULO 3 - Bioprodutos do cerrado no controle da sarna sarcóptica em
suínos nas fases de crescimento e reprodutiva.
RESUMO
Na atualidade, a utilização de bioprodutos no tratamento de doenças é uma
alternativa para evitar fatores como resistência dos agentes patogênicos à
fármacos convencionais e contaminação ambiental. A sarna sarcóptica é uma
doença oportunista que causa extensas perdas indiretas numa produção
comercial de suínos. Esse trabalho teve como intuito testar os bioprodutos do
cerrado Stryphnodendron adstringens Mart,, Copaifera sp., Lafoensia pacari A.St.-
Hil, e Pterodon emarginatus. Vogel 1837 no tratamento da sarna sarcóptica em
suínos. Para tal fim, foram selecionados 42 suínos em fase de crescimento e
posteriormente 16 suínos em fase reprodução para avaliação macro e
microscópica de lesões antes e após os tratamentos. Os animais foram avaliados
clinicamente e fragmentos de pele foram obtidos antes e após tratamento para
comparação. A Ivermectina demonstrou alta eficácia no tratamento de leitões com
quadro clínico moderado da doença, nos suínos em fase reprodutiva, houve
redução das lesões na pele desses sem total desaparecimento da sintomatologia
clínica. Pode-se concluir que o extrato etanólico de L. pacari e óleorresina de P.
emarginatus apresentaram efeito substancial no tratamento da doença em
animais em fase de reprodução, havendo redução considerável no acometimento
da pele macroscopicamente, sendo o mesmo observado microscopicamente na
epiderme e derme de acordo com as análises histológicas. De acordo com a
análise estatística não houve diferença entre os grupos e parâmetros observados.
No entanto, se observou uma forte tendência à contaminação secundária na
derme de animais não tratados.
Palavras-chave: Leitões; cachaços; matrizes; tratamento; escabiose.
44
ABSTRACT
In present day, the bioproducts are used as an alternative treatment to avoid factor
as resistance of pathogenic agents to conventional drugs and environmental
contamination. The sarcoptic mange is an opportunistic disease that causes
extensive indirect loss in a commercial production of pigs. This work intended to
test the savanna bioproducts Stryphnodendron adstringens Mart,, Copaifera sp.,
Lafoensia pacari A.St.-Hil, e Pterodon emarginatus. Vogel 1837 as a treatment to
sarcóptica mange in pigs. First, it were selected 42 piglets and than 16 sows and
boars to evaluate macro and microscopically of lesions before and after the
treatments. The animals were clinically evaluated and skin fragments were
obtained before and after treatments to compare. The Ivermectin demonstrated to
be highly efficient in piglets with mild case of the disease, while in the older
animals in reproduction phase, there were reduction of the lesions in the skin but
no resolution of the disease. It was observed that the ethanolic extract of L. pacari
and oleoresin of P. emargnatus presented substantial effects in the treatment of
the disease in animals in the reproduction phase, where there were reduction in
the affection of the skin macroscopically, as it was observed too in the epidermis
and dermis in the histological analyses. According to statistical analyses there was
no difference between the groups or the parameters observed. However, it was
observed a strong tendency to secondary contamination in the dermis of the
untreated animals.
Keywors: Piglets; boars; sows; treatment; scabies.
45
INTRODUÇÃO
A suinocultura atual caracteriza-se pela utilização de recursos
altamente tecnificados, que vão desde a escolha da genética animal aos cuidados
com a nutrição e sanidade. Entretanto, no início do terceiro milênio, as
ectoparasitoses ainda são um grande problema na criação comercial de suínos,
destacando-se entre elas a sarna sarcóptica. Essa doença possui distribuição
mundial e tem como agente etiológico o Sarcoptes scabiei variedade suis, um dos
parasitos cujo comportamento está mais bem adaptado aos sistemas de produção
intensiva Estima-se que só na suinocultura brasileira, a doença é responsável por
perdas econômicas diretas equivalentes a 115 dólares/ matriz / ano
(SOBESTIANSKY et al., 2005).
A sarna sarcóptica é causada por diferentes variedades de Sarcoptes
scabiei, que recebem a denominação conforme o hospedeiro que estão
parasitando. É uma ectoparasitose profunda e as fêmeas de S. scabiei
encontram-se em galerias na epiderme de vários animais domésticos, silvestres
e, inclusive, do homem (BOWMAN, 2009).
O ácaro vive em túneis ou na superfície da epiderme do hospedeiro em
todos os estágios de sua vida, dificultando com isto o seu controle, visto que a
maioria dos fármacos atuais nem sempre apresentam a eficiência desejada,
assim a doença é ubíqua, a menos que métodos especiais de erradicação sejam
utilizados (HENGGE et al., 2006). Os principais prejuízos econômicos relacionam-
se a erradicação do ácaro e aos produtos químicos utilizados, determinando um
baixo ganho de peso e de desenvolvimento corporal (MERCIER et al., 2002).
No Brasil, a doença é endêmica a diversas regiões, como em Goiás,
(SILVA, 2002), Santa Catarina e Rio Grande do Sul (PEDROSO DE PAIVA et al.,
2003). Estima-se que a sua ocorrência em granjas no país, seja mais comum do
que a relatada, em decorrência da carência de laboratórios certificados que
emitam um diagnóstico circunstanciado, podendo isto representar um entrave na
obtenção da certificação em Granjas de Reprodutores Suídeos Certificados
(Granja GRSC) em caso de resultado positivo (OLIVEIRA et al., 2006).
No passado, os primeiros ectoparasiticidas utilizados no controle da
sarna consistiam em ervas medicinais, compostos inorgânicos, compostos
46
aromáticos derivados do petróleo e frações botânicas. Com o descobrimento de
substâncias químicas sintéticas modernas, a maioria desses ectoparasiticidas foi
sendo gradativamente abandonadas e várias novas substâncias químicas
entraram no mercado atual (BLAGBURN & LINDSAY, 2003).
A administração de produtos acaricidas convencionais de maneira
preventiva e sem critérios epidemiológicos, com dosagens incorretas e falhas no
manejo, são uma realidade presente na medicina veterinária e levando ao
aparecimento de resistência dos parasitas aos princípios ativos (ANDRADE &
SANTAREM, 2002).
À medida que aumentam as preocupações com a manutenção e
melhoria da qualidade do meio ambiente e a proteção da saúde humana,
inúmeras organizações governamentais e privadas, vem crescentemente voltando
suas atenções para os potenciais impactos de suas atividades, produtos e
serviços. Diante das tendências atuais, que visam tanto a suinocultura orgânica
como a necessidade de obtenção de novas substâncias químicas, recrudesceu o
interesse nos estudos referentes ao uso de produtos de plantas medicinais no
controle de artrópodes de interesse veterinário (GEORGE et al., 2008).
Esse trabalho teve como objetivo avaliar a atividade acaricida de
bioprodutos do cerrado com formulação baseada em extratos etanólicos de
Stryphnodendron adstringens Mart e de Lafoensia pacari A.St.-Hil, e Óleorresinas
de Copaifera sp. e de Pterodon emarginatus. Vogel 1837, no controle da sarna
sarcóptica em suínos.
MATERIAL E MÉTODOS
Os bioprodutos baseados em extratos etanólicos de Lafoensia pacari
A.St.-Hil e Stryphnodendron adstringens Mart e em óleorresinas de Pterodon
emarginatus. Vogel 1837 e Copaifera sp utilizados no presente experimento foram
elaborados no Laboratório de Pesquisa em Produtos Naturais (LPPN), da
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A partir dos resultados obtidos no bioensaio in vitro, estabeleceu-se a
concentração com maior atividade acaricida para cada bioproduto testado. Para
47
os extratos etanólicos de L. pacari e S. adstringens foi utilizada a concentração
de 75% na composição do bioproduto. Para os óleorresina de Copífera sp. e P.
emarginatus foi utilizada a concentração de 25% na composição do bioproduto. À
composição do bioproduto a ser utilizado foram adicionados um veículo específico
composto por 5g de salicilato de metila, 10 mL de álcool etílico, 5 g de Tween 20,
óleo de canola qsp (quantidade suficiente para).
Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Goiás (CEUA-UFG), sob o protocolo nº 002/12 foram utilizados um
total de 58 suínos híbridos, divididos em dois experimentos conduzidos em
momentos diferentes em uma granja comercial com histórico pregresso de
infestação por sarna sarcóptica, localizada no município de Morrinhos, Goiás.
Experimento 1 - Suínos em fase de crescimento
Foram utilizados 42 suínos em fase de crescimento com idade entre 40
e 50 dias. Os animais foram divididos em sete grupos de seis indivíduos cada:
grupo Controle1 (GC1); grupo Ivermectina1 (GIv1); grupo Veículo (GV); grupo
Barbatimão (GB); grupo Copaíba (GCb); grupo Pacari1 (GP1); grupo Sucupira1
(GS1).
Foram realizados hemogramas e bioquímicas séricas de todos os
animais, para a certificação das condições de higidez nos seguintes momentos: 1º
dia, ao 14o dia e ao 28o dia do experimento. Para a colheita foram utilizadas
agulhas 40x12 com bisel trifacetado, seringas de 20 mL, tubos de hemograma
com anti-coagulante EDTA e tubos para a bioquímica sérica.
Experimento 2 - Suínos em fase de reprodução
Foram utilizados 16 suínos em fase de reprodução, machos e fêmeas,
com idade superior a dois anos. Os animais foram divididos em quatro grupos
com quatro indivíduos cada: grupo Controle2 (GC2); grupo Ivermectina2 (GIv2);
grupo Pacari2 (GP2); grupo Sucupira2 (GS2).
Tratamentos
Os tratamentos, nos dois experimentos, consistiram em uma aplicação
semanal por um período total de quatro semanas, dos bioprodutos no dorso dos
animais e também naqueles que apresentavam lesões crostosas características
de sarna sarcóptica (Figura 1).
48
Nos grupos Controle (GC1 e GC2) não foi aplicada nenhuma
substância. Nos grupos Ivermectina (GIv1 e GIv2), administrou-se duas doses de
1mL/33Kg, com intervalo de 14 dias de Ivermectina a 1%, por via intramuscular.
No grupo Veículo (GV), nos suínos em fase de crescimento, aplicou-se apenas o
veículo utilizado na composição dos bioprodutos, para isentar qualquer atividade
acaricida deste.
FIGURA 1 - Administração de bioprodutos em suínos. A: Crostas na região
auricular. B: Crostas no Glúteo. C: Linha dorsal. D: Região dorsal de
animal após aplicação de bioproduto.
Avaliação clínica e colheita de material
A avaliação clínica e o escore de dermatite foram realizados durante
todo o período de tratamento, e consistia na observação e contabilização do
índice de prurido, visualização de pápulas e eritema cutâneos. A graduação em
escore variando de 0 a 3 era baseada no acometimento da pele, seguindo o
A B
C D
49
método preconizado por SOBESTIANSKY et al. (2012b) para suínos em
abatedouro, com adaptações aos animais in vivo (Figura 2).
FIGURA 2 - Escore de dermatite em suínos. Fonte: Adaptado de SOBESTIANSKY
et al. (2012b).
Para as biopsias de pele por punch de 5mm (Figura 3), realizadas
imediatamente antes e após o último dia de tratamento foi efetuado bloqueio
anestésico local com cloridrato de lidocaína a 1%. Após a coleta dos fragmentos
de pele, esses foram acondicionados em frascos plásticos de boca larga com
tampa, contendo formol tamponado a 10%, por um período de 48 horas,
recortados, processados e incluídos em parafina, para obtenção de cortes de
5µm, corados em HE para avaliação microscópica. O procedimento histológico foi
realizado no Laboratório de Histopatologia do Setor de Patologia Animal da
Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG (EVZ-UFG).
A B
GRAU 0 GRAU 1 GRAU 3 GRAU 2
50
FIGURA 3 - Suíno, leitão. Biopsia de pele por punch de 5mm. A: Inserção de punch
na pele. B: Excisão de fragmento de pele. C: Fragmento de pele em
evidência. D: Biopsia de pele, antes (seta branca) e após o período de
tratamento (seta preta).
Avaliação microscópica
A avaliação microscópica foi realizada com base nos seguintes
parâmetros: hiperplasia epidérmica; hiperqueratose; hiperemia; hemorragia;
infiltrado eosinofílico; infiltrado linfocitário. Para a graduação de tais parâmetros
utilizou-se dos seguintes escores: ausente (0), discreta (1), moderada (2) e
acentuada (3). Foi também avaliada a ausência ou presença de contaminação
secundária e ácaros.
Análise Estatística
Para as variáveis quantitativas que apresentaram distribuição normal
utilizou-se ANOVA, com delineamento casualizado. Para as variáveis
C D
A B
51
quantitativas que não apresentaram distribuição normal, optou-se pelo teste não-
paramétrico de Kruskal-Wallis (SAMPAIO, 1998) com auxílio do Software R.
RESULTADOS
Experimento 1
Pode-se observar macroscopicamente que os animais dos grupos
Copaíba (GCb), Pacari (GP1) e Sucupira (GS1) apresentaram respostas
semelhantes ao tratamento, com melhora progressiva no quadro da doença.
Entretanto o grupo Pacari (GP1) apresentou visível redução no índice de prurido e
de pápulas no dorso a partir da segunda aplicação do bioproduto. Nos grupos
Copaíba (GCb) e Sucupira (GS1) a melhora no quadro sintomático da sarna foi
evidenciada após a terceira aplicação dos bioprodutos, não havendo no entanto
resolução completa da sintomatologia em nenhum dos grupos (Figura 4).
FIGURA 4 - Suínos, leitões com sarna sarcóptica, Grupo Sucupira1. A: Pápulas na
região dorso-cervical, grau 2 no escore de dermatite, antes dos
tratamentos. B: Pápulas na região ventral e do membro anterior
esquerdo, grau 1 no escore de dermatite, após os tratamentos.
Os suínos do grupo Barbatimão (GB), não apresentaram resposta
positiva em nenhuma das quatro aplicações preconizadas para tratamento, não
havendo com isto alteração do quadro de sarna sarcóptica.
A B
52
O grupo Ivermectina (GIv1), foi o único que respondeu positivamente
ao tratamento, com ausência total de sintomatologia clínica e lesões cutâneas em
todos os animais ao término do período de tratamento (Figura 5). Os grupos
Controle (GC1) e Veículo (GV) mantiveram altos índices de prurido.
Entretanto,não houve diferença (P>0,05) para o índice de dermatite em nenhum
dos tratamentos.
FIGURA 5 – Suínos, leitão com sarna sarcóptica, grupo Ivermectina1. A: Pápulas
na região dorso-cervical, grau 1 no escore de dermatite, antes dos
tratamentos. B: Ausência de pápulas, grau 0 no escore de dermatite,
após os tratamentos.
Os exames de hemograma e a bioquímica sérica realizados ao longo
do experimento para monitoramento do quadro de higidez dos animais não
apresentaram diferenças do quadro de normalidade para a espécie.
Os exames microscópicos dos fragmentos obtidos antes e após os
tratamentos revelaram a presença de hemorragia e hiperemia, em graus variados,
em todos os animais na região da derme superficial. Em todos os grupos, a
hemorragia e a hiperemia eram discretas em na maioria dos fragmentos
analisados. Após os tratamentos, os grupos GB, GP1 e GS1 demonstraram
redução da hemorragia. Já nos grupos GIv1 e GCb houve aumento da
hemorragia após os tratamentos. Os grupos GC1 e GV permaneceram sem
A B
53
alteração. Não houve diferença (P>0,05) em nenhum dos dois parâmetros
estudados.
Quanto ao infiltrado inflamatório observou-se a presença de linfócitos e
eosinófilos em graus variados. Os resultados demonstraram que a infiltração
inflamatória estava presente na totalidade dos fragmentos na derme superficial,
tanto antes como após os tratamentos. Notou-se discreta alteração na avaliação
da quantidade de linfócitos e eosinófilos antes dos tratamentos e depois dos
tratamentos. Acrescenta-se ainda a presença de infiltração neutrofílica foi
observada em 33,47% das amostras, relacionada à contaminação secundária do
tegumento. Não houve diferença estatística em nenhum dos grupos em relação à
infiltração inflamatória.
Em relação à hiperplasia epidérmica anterior aos tratamentos,
observou-se que os grupos GV, GIv1 e GS1 tiveram discreta hiperplasia
epidérmica. Os grupos GB, GCb e GP1 apresentaram predominantemente
hiperplasia epidérmica moderada. No grupo GC1 essa alteração era 50%
moderada, 50% discreta. Após os tratamentos, nos grupos GC1, GP1 e GS1
houve redução dessa alteração na epiderme. Nos grupos GV, GIv1, GB e GCb foi
notado aumento na hiperplasia epidérmica ao final dos tratamentos. A
hiperqueratose anterior aos tratamentos era predominantemente moderada nos
grupos GV, GI1, GB, GCb, GP1 e GS1. No grupo GC1 essa alteração era 50%
moderada, 50% discreta. Apenas os grupos GC1, GCb, GP1 e GS1 apresentaram
redução na hiperqueratose após os tratamentos. Não houve diferença (P>0,05)
para esses parâmetros.
A presença do ácaro entre as camadas da epiderme foi observada em
apenas uma amostra do grupo GV (1,2%) de fragmento colhido após o
tratamento. Nesse fragmento, foi notado acentuado infiltrado inflamatório
eosinofílico e neutrofílico (Figura 6). Não houve diferença (P>0,05) quanto à
presença do ácaro na epiderme.
54
FIGURA 6 - Fotomicrografia de tegumento de suíno, com evidenciação do
ácaro Sarcoptes scabiei, mostrando reação inflamatória
predominantemente eosinofílica, coloração HE, objetiva 40x.
Experimento 2
Os resultados da eficiência dos tratamentos testados demonstraram
variações nas lesões crostosas na pele dos suínos em fase reprodutiva. Nos
grupos GIv2, GP2 e GS2 observou-se uma redução na quantidade de crostas na
região dorsal, no pavilhão auricular e axilas (Figuras 7, 8 e 9). O grupo controle
(GC2) foi o único que apresentou evolução no quadro clínico de sarna, notando-se
um aumento de crostas em dois animais. Entretanto, em nenhum dos animais
houve desaparecimento de todos os sinais clínicos característicos da sarna
sarcóptica. Não houve diferença estatística nessa avaliação.
55
FIGURA 7 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Ivermectina2. A: Lesões
crostosas na região do glúteo e cauda, antes do tratamento. B: Lesões
crostosas na região do glúteo e cauda, após o tratamento.
FIGURA 8 - Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Pacari2. A: Lesões crostosas
na região dorso-cervical, antes do tratamento. B: Lesões crostosas na
região dorso-cervical, após o tratamento.
A
A
B
B
56
FIGURA 9 – Suíno adulto com sarna sarcóptica, grupo Sucupira2. A: Lesões
crostosas na região do glúteo esquerdo, antes do tratamento. B:
Lesões crostosas na região do glúteo esquerdo, após o tratamento.
A avaliação microscópica dos fragmentos de pele dos suínos adultos
na fase reprodutiva apresentaram escores de lesões semelhantes aos
observados nos suínos em fase de crescimento.
A presença de hemorragia e hiperemia foram observadas em todos os
fragmentos analisados. Em relação à hemorragia, no grupo GC2 a sua presença
era 100% moderada, enquanto no grupo GS2 era 100% discreta. O grupo GIv2
75% discreta e 25% moderada. O grupo GP2 apresentava 50% de hemorragia em
caráter discreta e 50% moderado. Após os tratamentos, os grupos GP2 e GS2
tiveram redução na quantidade desse parâmetro. A hiperemia observada no
grupo GC2 25% discreta e 75% moderada. GIv2 e GS2 50% discreta e 50%
moderada. No grupo GP2 25% acentuada, 50% moderada e 25% discreta. Os
grupos GIv2 e GS2 apresentaram redução da hiperemia ao final do tratamento.
Não houve diferença (P>0,05) para esses parâmetros.
A inflamação presente na derme superficial dos suínos adultos na fase
de reprodução foi bastante evidente nos fragmentos de todos os tratamentos
analisados (Figura 10). O infiltrado inflamatório linfocitário era predominantemente
moderado nos grupos GIv2 e GS2. O grupo GP2 apresentou infiltração linfocitária
A B
57
discreta na maioria das amostras. No grupo GC2 este infiltrado era 50% discreto e
50% moderado. Após os tratamentos, os grupos GIv2, GP2 e GS2 apresentaram
evidente redução na presença de linfócitos. O grupo controle apresentou aumento
desse infiltrado. A infiltração eosinofílica foi predominantemente moderada em
todos os grupos antes dos tratamentos. Após os tratamentos, houve redução na
presença de eosinófilos nos grupos GIv2, GP2 e GS2. O grupo controle
apresentou aumento desse infiltrado após os tratamentos.
FIGURA 10 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos, grupo Sucupira2,
coloração HE. A: Infiltrado inflamatório, antes dos tratamentos,
objetiva 10x. B: Infiltrado inflamatório, após os tratamentos, objetiva
10x.
A hiperplasia epidérmica antes dos tratamentos, nos grupos controle,
GP2 e GS2 era discreta na maioria dos fragmentos (Figura 11). No grupo GIv2 a
hiperplasia epidérmica foi moderada na maioria dos fragmentos. Nos fragmentos
dos grupos GIv2, GP2 e GS2 colhidos após os tratamentos a alteração manteve-
se discreta . No grupo controle a hiperplasia epidérmica manteve-se discreta em
50% dos animais e moderada nos outros 50%. Em relação à hiperqueratose,
antes do tratamento, os grupos controle, GIV2 e GS2 a hiperqueratose foi
moderada. No grupo GP2, foi classificada como discreta em 50% da amostras,
moderada em 25% e acentuada em 25%. Após os tratamentos, os grupos GIv2,
GP2 e GS2 apresentaram hiperqueratose discreta. O grupo controle não
apresentou alteração na hiperqueratose nos fragmentos colhidos após o
tratamento. Não houve diferença (P>0,05) para hiperplasia epidérmica e
hiperqueratose.
A B
58
FIGURA 11 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos, grupo Pacari2,
coloração HE. A: Hiperplasia epidérmica moderada, hiperqueratose
moderada, antes dos tratamentos, objetiva 10x. B: Hiperplasia
epidérmica discreta, hiperqueratose discreta, após os tratamentos,
objetiva 10x.
O ácaro foi observado apenas em 25% dos fragmentos dos grupos
GIv2, GP2 e GS2, sempre acompanhado de acentuado infiltrado inflamatório,
hiperplasia epidérmica e hiperqueratose. Não foi observada a presença do ácaro
em nenhum fragmento após os tratamentos. A presença de contaminação
secundária foi observada em todos os grupos antes dos tratamentos (Figura 12).
Já após os tratamentos não foi observada contaminação secundária no grupo
GS2, e nos grupos GIv2 e GP2 houve sensível redução dessas. Não houve
diferença (P>0,05) para a presença de ácaros e contaminação secundária.
FIGURA 12 - Fotomicrografia de tegumento de suínos adultos com sarna sarcóptica,
grupo Sucupira2, coloração HE. A: Contaminação secundária, antes dos
tratamentos, objetiva 10x. B: Ausência de contaminação secundária,
após os tratamentos, objetiva 10x.
A B
A B
59
DISCUSSÃO
Os animais em fase de crescimento acometidos pela doença
apresentavam discretos sinais clínicos e até o final do período do experimento
houve pouca alteração nesse quadro. De acordo com SOBESTIANSKY et al.
(2012a) a sarna sarcóptica em animais jovens é mais frequente na fase alérgena,
onde não há altos índices de prurido e a presença de pápulas e eritemas na pele
limita-se às regiões onde o ácaro tenha entrado em contato. MORA (2008)
caracterizou como rara a presença de Sarcoptes scabiei nas avaliações
microscópicas de raspado de pele e no exame histopatológico, principalmente em
animais jovens devido à presença reduzida do ácaro nesses animais.
Os suínos na fase reprodutiva, diferentemente dos suínos da fase de
crescimento, apresentaram manifestações clínicas acentuadas da doença. Tanto
o prurido quanto o acometimento da pele dos animais por crostas
hiperqueratóticas em diversas regiões do corpo, eram evidentes. A sarna
sarcóptica hiperqueratótica é o resultado de contaminações recorrentes e sem
resolução da doença por longos períodos, por vezes anos (CURRIE et al., 1995).
É uma síndrome clínica resultante da falha na capacidade do sistema imunológico
apresentar uma resposta efetiva e de controlar a infestação com subsequente
prevenção à doença (WALTON et al., 2008).
A utilização no presente experimento, de um veículo específico,
contendo promotores de absorção e isentando-se de substâncias potencialmente
deletérias aos animais, conquistou o objetivo proposto de auxiliar na absorção e
consequentemente na atuação dos Bioprodutos testados. Para CAON (2009) que
estudou diferenças na permeabilidade de fármacos em pele de suínos, a escolha
de um veículo adequado ao modelo de permeação cutânea deve-se a alguns
aspectos básicos como facilitar a penetração de fármacos pelo estrato córneo e
não interferir na atividade desejada a fim de garantir uma eficácia terapêutica.
O tratamento com Ivermectina nos animais na fase de crescimento
apresentaram resposta positiva ao produto, visto que ao fim deste não
apresentaram sinais clínicos da doença em questão. Os animais na fase
reprodutiva apresentaram uma discreta melhora, com redução no índice de
prurido e na presença de crostas no dorso principalmente. Entretanto, de acordo
60
com TERADA, et al. (2010) existem diversos casos de resistência do ácaro
Sarcoptes scabiei à Ivermectina, sendo este fármaco ainda considerado
tratamento padrão para a doença em diversas espécies animais. CURRIE et al.
(2004) alertam que a dificuldade e eficácia limitada do tratamento pode estar
relacionada à subdosagem ou a dificuldade do fármaco em atingir as crostas para
eliminar o parasita do hospedeiro, com consequente resistência do micro-
organismo ao produto acaricida.
No grupo de animais na fase de crescimento tratados com Bioproduto à
base de L. pacari foi observada uma redução considerável no índice de prurido,
com reduções de pápulas e da inflamação tanto macro quanto microscópicas da
pele. No grupo de animais em fase reprodutiva tratados com o mesmo bioproduto,
observou-se redução tanto no prurido quanto nas crostas, principalmente no
dorso e região axilar. Conforme estudos realizados por ROGERIO et al. (2008) a
casca do caule de L. pacari possui ácidos elágico e gálico, taninos com atividade
anti-inflamatória e antioxidante. Essas substâncias, presentes em alta
concentração na planta, podem intervir na modulação da resposta imunológica e
na cicatrização atuando diretamente na pele, limitando a perda de fluidos por
meio de complexação enzimática (CAMPOS & FRASSON, 2011).
A melhora no índice de prurido e de escore de dermatite observados no
presente ensaio, tanto na fase de crescimento como na fase reprodutiva
decorrente da aplicação do Bioproduto à base de P. emarginatus, pode ser
atribuída às propriedades terapêuticas dos compostos fenólicos e as substâncias
terpenoides presentes no óleorresina de P. emarginatus. Estas propriedades já
tinham sido relatadas recentemente por GALCERAN et. al (2011) que
acrescentou também propriedades anti-inflamatórias e analgésicas ao produto.
Nos animais em fase reprodutiva, observou-se que além da redução no índice de
prurido houve também redução na quantidade de crostas no dorso, região
auricular e axilar. Segundo VIEGAS-JÚNIOR (2007) a ação acaricida conferida
principalmente aos terpenos se deve à capacidade de inibição da
acetilcolinesterase nos parasitas-alvo, havendo indícios de que também atuam na
inibição ou retardo no crescimento, aos danos na maturação, à redução da
capacidade reprodutiva, à ação como supressores de apetite, podendo levar os
artrópodes predadores à morte por inanição ou toxicidade direta dos compostos
61
terpenoides. A avaliação microscópica de ambos os grupos demonstrou alteração
positiva dos parâmetros avaliados, no entanto sem diferença estatística.
O Bioproduto à base de óleorresina de Coapifera sp. foi utilizado
apenas nos tratamentos dos suínos em fase de crescimento, e apresentou
resultados bastante semelhantes aos observados nos Bioprodutos à base de L.
pacari e P. emarginatus, onde houve redução no índice de prurido com discreta
melhora na avaliação de alterações patológicas macro e microscópica da pele.
De acordo com GELMINI et al.(2012) as propriedades fitoterápicas das copaíferas
são associadas a um extenso número de compostos que agem em conjunto como
anti-inflamatório e antimicrobiano potente. IZUMI et al. (2012) destacaram que a
presença de diversos compostos terpenoides, ácido copálico, ácido abiético, entre
outras substâncias, são um diferencial na composição desse grupo de vegetal e
que influi na sua potencialidade terapêutica parasiticida.
O tratamento a base do Bioproduto S. adstringens foi o que apresentou
o pior resultado tanto macro como microscopicamente, sendo que o prurido e o
estresse dos animais eram mais evidentes durante todo o experimento. A
explicação farmacológica para a menor ação acaricida do barbatimão é atribuída
por SANTOS (2007) a diferenças nas concentrações de metabólitos secundários,
aos quais são imputadas as principais atividades benéficas, e são influenciados
por fatores diversos como sazonalidade da planta e fatores geográficos.
TIZARD (2009) descreve que a presença do ácaro e suas secreções
na pele induz o animal a apresentar hipersensibilidade imediata que se inicia com
a degranulação de mastócitos para início da inflamação aguda. Os linfócitos estão
presentes na inflamação aguda para auxiliar no reconhecimento de antígenos,
mas na hipersensibilidade causada por parasitas são os eosinófilos que
desempenham o papel de maior importância no organismo. No presente estudo,
não foi observada a presença de mastócitos em nenhum dos fragmentos
observados, entretanto evidenciou-se grande quantidade de linfócitos e
eosinófilos em todas as amostras.
A presença de contaminação secundária associada ao acentuado
infiltrado inflamatório neutrofílico foi mais frequente nos fragmentos obtidos antes
do tratamento, em relação aos obtidos após o término do mesmo. Este achado
confirma a afirmativa de WALTON & CURRIE (2007) de que a contaminação
62
bacteriana da epiderme e derme, entre outros tecidos, é uma das complicações
mais frequentes na sarna sarcóptica, sendo porta de entrada para outros
patógenos.
CONCLUSÕES
Os tratamentos com Ivermectina e com os Bioprodutos à base de
L.pacari e P. emarginatus demonstraram ser mais eficientes no tratamento da
sarna sarcóptica em suínos, quando comparados com o Bioproduto à base de
Copaifera sp.. O Bioproduto a base de S. adstringens foi o que apresentou menor
eficiência dos quatro bioprodutos testados. Entretanto todos os tratamentos
testados revelaram limitações no controle da sarna sarcóptica em suínos.
Pode-se concluir, entretanto, que com pequenos ajustes da formulação
dos bioprodutos, estes sejam uma opção viável para o tratamento desta
enfermidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ANDRADE, S. F.; SANTARÉM, V.A. Endoparasitida e ectoparasitida . In:
ANDRADE, S.F. Manual terapêutica Veterinária, São Paulo: Roca. 2002, p.
469- 470.
2. BLAGBURN, B. L.; LINDSAY, D. S. Ectoparasiticidas In: ADAMS, H. R.
Farmacologia e terapêutica em veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara-
Koogan, 2003. p. 851-870
3. BOWMAN, D. D. Artrópodes. In: BOWMAN, D.D. Parasitologia veterinária
de Georgis. 9. ed. St Louis: Saunders Elselvier, 2009. p. 5-83.
4. CAON, T. Padronização do modelo de difusão ex vivo da câmara de
Franz para os estudos de permeabilidade e permeação de fármacos e
63
adjuvantes farmacêuticos, através das mucosas bucal e esofágica e da
pele de suínos. 2009. 125 f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) –
Programa de Pós-graduação em biotecnologia, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis.
5. CAMPOS, J.S.; FRASSON, A.P.Z. Avaliação da atividade antioxidante do
extrato aquoso de Lafoensia pacari A.St.-Hil. em emulsão não-iônica. Revista
de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. Araraquara, v. 32, p.363-
368, 2011.
6. CUNHA, A.P. Farmacognosia e fitoquímica. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2009, 670p.
7. CURRIE, B. J.; HARUMAL, P.; MCKINNON, M.; WALTON, S. F. First
Documentation of In Vivo and In VitroIvermectin Resistance in Sarcoptes
scabiei. Clinical Infectious Diseases. Chicago, v. 39, p. 8–12, 2004.
8. GALCERAN, C.B.; SERTIE, J.A.A.; LIMA, C.S.; CARVALHO, J.C.T. Anti-
inflammatory and analgesic effects of 6a,7b–dihydroxy-vouacapan-17b-oic
acid isolated from Pterodon emarginatus. Vogel 1837 Vog. Fruits.
Inflammopharmacology. Dordrecht, v.19, p.139–143, 2011
9. GELMINI, F.; BERETTA, G.; ANSELMI, C.; CENTINI, M.; MAGNI,
P.; RUSCICA, M.; CAVALCHINI, A.; MAFFEI, F.R. GC-MS profiling of the
phytochemical constituents of the oleoresin from Copaifera langsdorffii Desf.
and a preliminary in vivo evaluation of its antipsoriatic effect. International
journal of pharmaceutics. Amsterdam, v. 20, p.170-178, 2013.
10. GEORGE, D. R.; GUY, J. H.; ARKLE, S.; HARRINGTON, D.; De LUNA, C.;
OKELLO, E.J.; SHIEL, R. S.; PORT, G; SPARAGANO, A. E. Use of plant-
derived products to control arthropods of veterinary importance: A Review.
Animal Biodiversity and Emerging Diseases. New York, v.1149, p. 23–26,
2008.
11. HENGGE, U. R.; CURRIE, B. J.; JA¨ GER, G.; LUPI, O.; SCHWARTZ, R. A.
Scabies: A ubiquitous neglected skin disease. The Lancet Infectious
Disease, Londres, v. 6, p. 769-779, 2006.
12. IZUMI, E.; UEDA-NAKAMURA, T.; VEIGA JÚNIOR, V.F.; PINTO, A.C.;
NAKAMURA, C.V. Terpenes from Copaifera Demonstrated in Vitro
Antiparasitic and Synergic Activity. Journal of Medicinal Chemistry.
Washington, v.55, p.2994-3001, 2012.
64
13. MERCIEL, P.; CARGILL, C. F.; WHITE, C. R. Preventing transmission of
sarcoptic mange from sows to their offspring by injection of ivermectin. Effects
on swine production. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 110, p. 25–33,
2002.
14. MORA, A. C. Raspado auricular para deteccíon de sarna. Suis [online], 2008.
Disponível em: http://www.ivis.org/advances/suis/A5506.0511.ES.pdf?LA=2.
Acesso em: 10 ago. 2011.
15. OLIVEIRA, A.B.; BIONDO, A.W.; ALBERTON, G.C.; SANTIS, A.P.T.;
VIANNA, G.N.O.; TEIXEIRA, M.A.; PIEPER, M. Prevalência de Sarcoptes
scabiei var. Suis Em Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas do
Estado do Paraná, no período de 2002 a 2004. Archives of Veterinary
Science. Curitiba, v. 11, p. 61-65, 2006
16. PEDROSO-DE-PAIVA, D.; MORÉS, N.; JÚNIOR, W. B.; COSTA, A. D. C.;
SOBESTIANSKY, S; AMARAL, A. L. Fatores de risco associados à ocorrência
de sarna sarcóptica e prevalência em suínos nas fases de crescimento e
terminação, na região Sul do Brasil. Ciência rural. Santa Maria, v. 33, n4,
p.731-736, 2003.
17. ROGÉRIO, A.P.; SÁ-NUNES, A.; ALBUQUERQUE, D.A.; SOARES, E.G.;
FACCIOLI, L.H. Anti-eosinophilic effect of Lafoensia pacari A.St.-Hil in
toxocariasis. Phytomedicine. Stuttgart, v.15, p.348-357, 2008.
18. SAMPAIO, I. B. M. Estatística aplicada à experimentação animal. Belo
Horizonte: Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária, p. 221,
1998.
19. SANTOS, R. I. Metabolismo básico e origem dos metabólitos secundários In:
SIMÕES, C. M.O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J.C.P.;
MENTZ, L.A.; PETROVICK, P.R. Farmacognosia da planta ao
medicamento. Florianópolis: Editora da UFSC, 2007, p. 403-434.
20. SILVA, E. V. Avaliação de três métodos de diagnóstico e determinação
da prevalência de Sarna sarcóptica em suínos mantidos em criações
intensivas na microrregião de Goiânia – GO – Brasil. Goiás, 2002, 55 p.
Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Goiás.
21. SOBESTIANSKY, J.; LINHARES, G. F. C.; SILVA, E. V.; LINHARES, D.
Aspectos clínicos e epidemiológicos de um foco de sarna sarcópitica em um
sistema intensivo de produção de suínos localizado no município de
65
Teresópolis-GO, Brasil. Revista de Patologia Tropical. Goiânia, v. 34, n.1,
p.61-67, 2005.
22. SOBESTIANSKY, J.; LINHARES, G. F. C.; MORENO, A. M.; MATOS, M. P.
C. Ectoparasitoses In: SOBESTIANSKY, Y.; BARCELLOS, D., Doenças dos
suínos. Goiânia: Canône Editorial, 2012. p. 335-351. a
23. SOBESTIANSKY, J.; REIS, A.T.; REIS, R. Monitoramentos. In:
SOBESTIANSKY, Y.; BARCELLOS, D., Doenças dos suínos. Goiânia:
Canône Editorial, 2012. p. b
24. TERADA, Y.; MURAYAMA, N.; IKEMURA, H.; MORITA, T.; NAGATA, M.
Sarcoptes scabiei var. canis refractory to ivermectin treatment in two dogs.
Veterinary dermatology. Tokyo, v. 21, p.608-612, 2011.
25. TIZARD, I.R. Veterinary Immunology: an Introduction. St Louis: Saunders
Elselvier, 2009. 574p.
26. VIEGAS-JÚNIOR, C. Terpenos com atividade inseticida: uma alternativa para o controle químico de insetos. Química Nova. São Paulo, v. 26, p. 390-400,
2003.
27. WALTON, S.F.; BEROUKAS, D.; ROBERTS-THOMSON, P.; CURRIE,
B.J.New insights into disease pathogenesis in crusted (Norwegian) scabies:
the skin immune response in crusted scabies. British Journal of
Dermatology. Londres, v.158, p.1247–1255, 2008.
28. WALTON, S. F.; CURRIE, B. J. Problems in diagnosing scabies, a global disease in human and animal populations. Clinical Microbiology Reviews.
Washington, v. 20, p. 268-279, 2007.
66
CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de bioprodutos para tratamento de enfermidades é uma
realidade em diversas partes do mundo. O Brasil possui uma flora muito diversa e
singular, que ainda pouco conhecida cientificamente possui amplo potencial de
novas descobertas. Estudos com enfoque na caracterização e descobrimento de
novas substâncias com propriedades terapêuticas é muito importante nos dias
atuais. A partir desse trabalho foi possível avaliar o potencial terapêutico de
espécies botânicas originárias do cerrado. Com auxílio de técnica de bioensaio in
vitro utilizando o ácaro Sarcoptes scabiei como organismo teste, evidenciou-se a
atividade acaricida com elevada eficácia tanto do óleorresina de Copaífera sp.
quanto o de P. emarginatus, e em menor grau dos extratos etanólicos de L. pacari
e S. adstrigens.
O estudo in vivo, utilizando os suínos em fase de crescimento e
reprodutiva possibilitou colocar-se em prática os resultados obtidos anteriormente
no bioensaio in vitro, bem como testar a formulação preconizada para os
tratamentos nos grupos. A avaliação em caráter qualitativo demonstrou melhora
significativa nos grupos tratados com os bioprodutos à base de Copaífera sp., L.
pacari e P. emarginatus, visto que nos animais na fase de reprodução foi notada
uma melhora substancial no quadro clínico dos animais tratados com os
bioprodutos à base de L. pacari e P. emarginatus.
Os resultados obtidos nos permitiram inferir que os bioprodutos do
cerrado testados, podem ser fontes de novas substâncias químicas com atividade
acaricida e anti-inflamatória, demonstrando preliminarmente ser uma opção
natural ao tratamento ou mesmo complementar da sarna sarcóptica em suínos.
Assim a sua fácil aplicação, a ausência de toxidade para os animais, a não
obrigatoriedade de período de carência para o consumo alimentar e por não
produzirem contaminação ambiental, são pontos atrativos para a utilização destes
bioprodutos.
Os tratamentos acaricidas convencionais são mais amplamente
utilizados tanto em animais de companhia como em rebanhos. O resgate e o
reconhecimento atual dos fitoterápicos alternativos para o tratamento de doenças
surgiu com a necessidade de redução dos gastos e da diminuição da poluição
67
ambiental. A etnoveterinária vem se destacando e trazendo soluções
sustentáveis com alta eficácia como opção para o tratamento da sarna sarcóptica
entre outras doenças.
A sarna sarcóptica constitui um problema da saúde animal e humana
no mundo atual, determinando não apenas efeitos deletérios como prejuízos
econômicos. Presume-se que ainda há muito a ser pesquisado sobre os efeitos
benéficos e novas utilidades para os produtos naturais e seus derivados. A
continuidade das pesquisas farmacológicas e os ensaios a campo de bioprodutos
constitui-se uma forma de agregar valor à flora fitoterápica nacional e garantir
uma redução na quantidade de resíduos químicos gerados na produção animal
além de estimular a utilização da imensa biodiversidade do país com
responsabilidade sustentável.
68
ANEXOS
QUADRO 1: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,
expostas aos Extratos etanólicos de Barbatimão nas concentrações de 25%,
50%, 75% e 100%.
Hora/ Produto%
B1 25%
B2 25%
B3 25%
B1 50%
B2 50%
B3 50%
B1 75%
B2 75%
B3 75%
B1 100%
B2 100%
B3 100%
15:30 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0
16:30 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
17:30 1 1 1 0 0 1 1 0 0 2 0 1
18:30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
19:30 1 0 1 3 0 0 0 0 2 0 0 0
20:30 0 1 0 1 0 1 1 0 0 0 0 1
08:30 x x x x x x x x x x x x
QUADRO 2: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,
expostas aos Extratos etanólicos de Pacari nas concentrações de 25%,
50%, 75% e 100%.
Hora/ Produto%
P1 25%
P2 25%
P3 25%
P1 50%
P2 50%
P3 50%
P1 75%
P2 75%
P3 75%
P1 100%
P2 100%
P3 100%
15:30 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 2
16:30 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
17:30 1 1 1 2 0 1 1 0 0 3 0 0
18:30 0 0 0 0 0 0 0 2 3 0 1 0
19:30 2 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0
20:30 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
08:30 x x x x x x x x x x x x
QUADRO 3: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,
expostas aos Óleorresinas de Copaíba nas concentrações de 25%, 50% e
75%.
Hora/ Produto %
C1 25%
C2 25%
C3 25%
C1 50%
C2 50%
C3 50%
C1 75%
C2 75%
C3 75%
15:30 0 0 0 0 2 0 1 2 3
16:30 0 2 0 2 0 3 3 2 3
17:30 10 0 10 2 8 1 1 4 4
18:30 x 8 x 0 x 0 3 0 x
19:30 x x x 0 x 0 0 0 x
20:30 x x x 0 x 0 0 0 x
08:30 x x x x x x x x x
69
QUADRO 4: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,
expostas Óleorresinas de Sucupira nas concentrações de 25%, 50% e 75%.
Hora/ Produto%
S1 25%
S2 25%
S3 25%
S1 50%
S2 50%
S3 50%
S1 75%
S2 75%
S3 75%
15:30 0 0 10 0 1 1 1 0 2
16:30 1 4 x 0 1 5 0 3 3 17:30 2 1 x 3 0 0 9 2 0
18:30 7 3 x 0 0 0 0 0 0 19:30 x 0 x 3 10 0 0 0 0
20:30 x x x 0 x 0 x 4 4 08:30 x x x x x x x x x
QUADRO 5: Mortalidade de ácaros Sarcoptes scabiei, fêmeas, em período de 5 horas,
expostas à água destilada e Surfacactante Tween 20 em concentração de
2%.
Hora/ Produto%
ÁGUA ÁGUA ÁGUA TWEEN 20 2%
TWEEN 20 2%
TWEEN 20 2%
15:30 0 0 0 0 0 0
16:30 0 0 0 0 0 0
17:30 0 0 0 0 1 1
18:30 0 1 1 2 0
19:30 0 0 1 0 1
20:30 4 0 1 0 3 1
08:30 x x x x x x
70
FIGURA 1: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento
de suínos em fase de crescimento acometidos por sarna sarcóptica.
A1: Hiperplasia epidérmica, antes dos tratamentos; A2: Hiperplasia
epidérmica, depois dos tratamentos; B1: Hiperemia, antes dos
tratamentos; B2: Hiperemia, depois dos tratamentos; C1:Hemorragia,
antes dos tratamentos; C2: Hemorragia, depois dos tratamentos; D1:
Hiperqueratose, antes dos tratamentos; D2: Hiperqueratose, depois
dos tratamentos. GC1: grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1;
GV: grupo Veículo; GB: grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba;
GP1: grupo Pacari1; GS1: grupo Sucupira1.
A1 A2
B1 B2
C1 C2
D1 D2
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
71
FIGURA 2: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento
de suínos em fase de crescimento acometidos por sarna sarcóptica.
A1: Infiltrado linfocitário, antes dos tratamentos; A2: Infiltrado
linfocitário, depois dos tratamentos; B1:Infiltrado eosinofílico, antes dos
tratamentos; B2: Infiltrado eosinofílico, depois dos tratamentos. GC1:
grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1; GV: grupo Veículo; GB:
grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba; GP1: grupo Pacari1; GS1:
grupo Sucupira1.
A1 A2
B1 B2 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1 GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
GC1 GI1 GV GB GCb GP1 GS1
72
FIGURA 3: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento
de suínos em fase de reprodução acometidos por sarna sarcóptica.
A1: Hiperplasia epidérmica, antes dos tratamentos; A2: Hiperplasia
epidérmica, depois dos tratamentos; B1: Hiperemia, antes dos
tratamentos; B2: Hiperemia, depois dos tratamentos; C1:Hemorragia,
antes dos tratamentos; C2: Hemorragia, depois dos tratamentos; D1:
Hiperqueratose, antes dos tratamentos; D2: Hiperqueratose, depois
dos tratamentos. GC1: grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1; GV:
grupo Veículo; GB: grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba; GP1:
grupo Pacari1; GS1: grupo Sucupira1.
A1 A2
B1 B2
C1 C2
D1 D2
GC2 GI2 GP2 GS2
GC2 GI2 GP2 GS2 GC2 GI2 GP2 GS2
GC2 GI2 GP2 GS2
GC2 GI2 GP2 GS2 GC2 GI2 GP2 GS2
GC2 GI2 GP2 GS2 GC2 GI2 GP2 GS2
73
FIGURA 4: Escores histológicos avaliados pela coloração de HE em tegumento
de suínos em fase de reprodução acometidos por sarna sarcóptica.
A1: Infiltrado linfocitário, antes dos tratamentos; A2: Infiltrado
linfocitário, depois dos tratamentos; B1:Infiltrado eosinofílico, antes dos
tratamentos; B2: Infiltrado eosinofílico, depois dos tratamentos. GC1:
grupo Controle1 ; GI1: grupo Ivermectina1; GV: grupo Veículo; GB:
grupo Barbatimão; GCb: grupo Copaíba; GP1: grupo Pacari1; GS1:
grupo Sucupira1.
GC2 GI2 GP2 GS2
GC2 GI2 GP2 GS2
GC2 GI2 GP2 GS2
GC2 GI2 GP2 GS2 A1 A2
B2 B1