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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC
JOÃO PEIXOTO CAMPOS YURI ANDRE MARTINS CALAZANS
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE VEDAÇÕES INTERNAS UTILIZANDO ALVENARIA COM BLOCOS CERÂMICOS E
BLOCOS DE GESSO EM ATENDIMENTO A NORMA BRASILEIRA DE DESEMPENHO – NBR 15.575
MACEIÓ-AL 2017/1
JOÃO PEIXOTO CAMPOS YURI ANDRE MARTINS CALAZANS
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE VEDAÇÕES INTERNAS UTILIZANDO ALVENARIA COM BLOCOS CERÂMICOS E
BLOCOS DE GESSO EM ATENDIMENTO A NORMA BRASILEIRA DE DESEMPENHO – NBR 15.575
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário CESMAC, no Curso de Engenharia Civil, como requisito final para obtenção do título de Engenheiro Civil, desenvolvido sob a orientação do professor Josivaldo Januário de Lima Pinto.
MACEIÓ-AL 2017/1
JOÃO PEIXOTO CAMPOS YURI ANDRE MARTINS CALAZANS
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE VEDAÇÕES INTERNAS UTILIZANDO ALVENARIA COM BLOCOS CERÂMICOS E
BLOCOS DE GESSO EM ATENDIMENTO A NORMA BRASILEIRA DE DESEMPENHO – NBR 15.575
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário CESMAC, no Curso de Engenharia Civil, como requisito final para obtenção do título de Engenheiro Civil, desenvolvido sob a orientação do professor Josivaldo Januário de Lima Pinto.
AGRADECIMENTOS
Agradeçemos primeiramente aos nossos pais pela oportunidade dada que
que sempre foram muito presentes, dedicando atenção, carinho, compreensão e
transmitindo força e confiança.
Aos nossos amigos que estão se formando, pela força e pelo companheirismo
nas horas difíceis, pela amizade que permaneceu, pelos bons dias que convivemos.
Ao professor Johnsson, pela orientação para a realização deste estudo e pelo
apoio durante o semestre de desenvolvimento deste trabalho.
A todos os outros professores que dedicaram seu tempo e passaram seus
conhecimentos durante toda essa jornada que se chama universidade.
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE VEDAÇÕES INTERNAS UTILIZANDO ALVENARIA COM BLOCOS CERÂMICOS E BLOCOS DE GESSO EM
ATENDIMENTO A NORMA BRASILEIRA DE DESEMPENHO – NBR 15.575 COMPARATIVE STUDY BETWEEN INTERNAL SEALS USING MASONRY WITH CERAMIC BLOCKS AND GYPSUM BLOCKS IN RESPECT OF THE BRAZILIAN
PERFORMANCE STANDARD - NBR 15.575
João Peixoto Campos Yuri André Martins Calazans
Prof. MSc. Josivaldo Januário de Lima Pinto [email protected]
RESUMO
Este trabalho tem como finalidade estudar os benefícios da utilização dos blocos de gesso em substituição aos convencionais blocos cerâmicos para o uso em alvenarias de vedação interna, de acordo com critérios e exigências da norma de desempenho - NBR 15.575/2013. Para a realização do estudo, os dados foram obtidos através de três obras verticais de duas construtoras localizadas na cidade de Maceió. Foram analisados os impactos econômicos na execução da superestrutura, o impacto no prazo de execução e o impacto no custo dos serviços. Dessa forma, com a substituição do bloco cerâmico pelo bloco de gesso foi observado uma redução de 40% no custo de concreto e aço na superestrutura, 66% no tempo para execução do serviço e 42% no custo total do serviço. Com esses dados, conclui-se que a utilização de bloco de gesso é mais viável, apresentando melhor custo benefício e maior eficiência.
PALAVRAS –CHAVE: Bloco de Gesso. Bloco Cerâmico. Norma de Desempenho.
NBR 15.575/13.
ABSTRACT
This study aims to determine the benefits of using gypsum blocks instead of conventional ceramic blocks for ter use in internal sealing masonry, according to the requirements of the performance standard - NBR 15.575 / 2013. For the implementation of the study, the data were obtained through three vertical constructions of two building companies located in the city of Maceió and a comparative research was carried out between these three constructions. The economic impacts in the execution of the superstructure, the impact in the execution period and the impact in the cost services were analysed. Thus, with the replacement of the ceramic block by the gypsum block was observed a reduction of 40% in the superstructure concrete and steel costs , a 66% reduction in the execution of the service period and a 42% reduction in the total service cost. In conclusion, the utilization of gypsum blocks is more feasible, presenting better cost benefit and greater efficiency.
KEYWORDS: Gypsum Block. Ceramic Block. Performance Standard. NBR
15.575/13.
SUMÁRIO
1 ALVENARIA VERTICAL INTERNA: ALTERNATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................................................................121.1 O gesso na construção civil .......................................................................... 121.2 Bloco cerâmico na construção civil .............................................................. 141.3 Vedações verticais internas ........................................................................... 151.3.1 Alvenaria de bloco de gesso .......................................................................... 17
1.3.1.1 Características técnicas dos blocos de gesso ............................................ 18
1.3.1.2 Tipos de blocos de gesso ........................................................................... 19
1.3.2 Alvenaria em bloco cerâmico ......................................................................... 22
1.3.2.1 Características técnicas dos blocos cerâmicos .......................................... 22
1.3.2.2 Tipos de blocos cerâmicos .......................................................................... 24
1.4 Requisitos e critérios de desempenho de vedações verticais internas: Norma brasileira de desempenho – NBR 15.575. ................................................. 261.4.1 Norma brasileira de desempenho – NBR 15.575 .......................................... 26
1.4.1.1 Desempenho estrutural ............................................................................... 27
1.4.1.1.1 Desempenho de interação de portas com paredes ................................. 27
1.4.1.1.2 Resistência a impactos de corpo mole .................................................... 28
1.4.1.1.3 Resistência a impactos de corpo duro ..................................................... 29
1.4.1.1.4 Resistência as solicitações de cargas de peças suspensas .................... 29
1.4.1.2 Resistência e reação ao fogo ...................................................................... 30
1.4.1.3 Estanqueidade ............................................................................................ 31
1.4.1.4 Desempenho acústico ................................................................................. 32
1.4.1.5 Desempenho térmico .................................................................................. 33
1.4.1.6 Desempenho lumínico ................................................................................ 34
1.5 Viabilidade do uso de blocos de gesso para a vedação vertical interna .. 351.6 Objetivos .......................................................................................................... 371.6.1 Objetivo geral ................................................................................................. 37
1.6.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 38
2 METODOLOGIA .................................................................................................. 392.1 Pesquisa Bibliográfica .................................................................................... 39
2.2 Apresentação e estudo dos critérios e requisitos das alvenarias de vedação de bloco cerâmico e de gesso de acordo com a norma de desempenho NBR 15.575 ........................................................................................ 392.3 Obtenção de dados ......................................................................................... 392.4 Estudo referente a viabilidade do bloco de gesso ...................................... 402.4.1 Impacto na estrutura ...................................................................................... 40
2.4.2 Prazo de execução ........................................................................................ 41
2.4.3 Impacto no custo da alvenaria interna ........................................................... 41
3 RESULTADOS .................................................................................................... 423.1 Impacto em relação a superestrutura ........................................................... 423.2 Impacto no prazo de execução ...................................................................... 433.3 Impacto no custo do serviço ......................................................................... 453.4 Impacto do uso da alvenaria de gesso de acordo com a norma de desempenho NBR 15.575/13 ................................................................................... 464 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 48REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Extração do gesso na região do Araripe .................................................... 13
Figura 2. Representação de uma Olaria .................................................................... 15
Figura 3. Alvenaria de bloco de gesso ...................................................................... 17
Figura 4. a) Bloco de gesso standard b) Bloco de gesso hidro c) Bloco de gesso
GRG d) Bloco de gesso GRG hidro e) Ecobloco leve f) Ecobloco leve hidro .... 21
Figura 5. Representação de uma alvenaria em bloco cerâmico (tijolo) ..................... 22
Figura 6. a) Desvio em relação ao esquadro b) Planeza das faces – desvio côncavo
c) Planeza das faces – desvio convexo. ............................................................ 24
Figura 7. a) Bloco principal b) Bloco de amarração c) Canaleta J d) Canaleta U ..... 25
Figura 8. ABNT NBR 15575/13 – Norma de Desempenho ....................................... 26
LISTA DE QUADRO
Quadro 1. Subsistemas do edifício e seus elementos ............................................... 16
Quadro 2. Características técnicas dos blocos de gesso. ......................................... 18
Quadro 3. Características técnicas dos blocos cerâmicas ........................................ 23
Quadro 4. Impactos de corpo mole para vedações verticais internas ....................... 28
Quadro 5. Impactos de corpo duro para vedações verticais internas ....................... 29
Quadro 6. Cargas de ensaio e critérios para peças suspensas fixadas por mão-
francesa padrão. ................................................................................................. 30
Quadro 7. Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w , para
ensaio de campo. ............................................................................................... 32
Quadro 8. Índice de redução sonora ponderado, Rw, de componentes construtivos
utilizados nas vedações entre ambientes ........................................................... 33
Quadro 9. Aberturas para ventilação ......................................................................... 34
Quadro 10. Níveis da iluminância para iluminação natural ....................................... 34
Quadro 11. Níveis de iluminamento geral para iluminação artificial .......................... 35
Quadro 12. Comparativo entre custo do serviço com bloco de gesso x bloco
cerâmico ............................................................................................................. 37
Quadro 13. Características das Obras ...................................................................... 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Tabela com a produtividade para os serviços ........................................... 41
Tabela 2. Dias para execução do sistema de alvenaria ............................................ 43
Tabela 3. Preço Unitários x alvenaria de vedação interna ........................................ 45
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Preço da superestrutura por m² de área construída. ................................ 43
Gráfico 2. Quantidade de dias x tipo de sistema utilizado ......................................... 44
Gráfico 3. Valores dos serviços alvenaria de gesso x alvenaria cerâmica ................ 46
12
1 ALVENARIA VERTICAL INTERNA: ALTERNATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL
1.1 O gesso na construção civil Com o elevado nível de competitividade do mercado da construção civil e os
níveis de exigência dos consumidores, empresas começaram a estruturar-se e
capacitar-se, visando a obtenção de uma melhor resposta às exigências do novo
contexto, resultando em medidas que elevam os níveis de qualidade e
produtividade, proporcionando a redução de custos e prazos de execução,
promovendo uma série de mudanças significativas e uma maior preocupação com a
satisfação dos clientes. (SCARDOELLI, 1995)
Atualmente, na construção civil existe uma enorme necessidade de empenho
na procura de materiais inovadores e sustentáveis. Focando principalmente no
desenvolvimento de materiais mais resistentes e duráveis (TEXEIRA, 2014). Numa
perspectiva de sustentabilidade, a produção industrial do gesso tem a vantagem de
demandar baixos níveis de energia, no entanto tem a desvantagem de ter que
recorrer ao consumo intensivo de matérias-primas não renováveis (TORGAL;
JALALI, 2010).
O Brasil possui uma das maiores reservas do mundo de gipsita,
principalmente na região do Araripe, no estado de Pernambuco, além de serem
consideras jazidas com o melhor minério em qualidade e apresentam excelentes
condições de mineração. A mineração de gispsita é feita a céu aberto, com frentes
de lavras na forma de anfiteatro com bancadas simples variando em torno de 15
metros de espessura (ROCHA, 2007).
13
Figura 1. Extração do gesso na região do Araripe
Fonte: http://culturaararipinense.blogspot.com.br
É importante entender as consequências do uso do mineral gipsita e de seus
derivados para comprovar a viabilidade do gesso como material de vedação. A
forma calcinada da gipsita, conhecida como gesso, encontra várias utilizações na
construção civil. Porém, segundo NBR 13867 (1997), a pasta desse material pode
apresentar melhor aderência às superfícies ásperas e absorventes. Outro fator
determinante, segundo a NBR 13207 (1990), é concernente à quantidade ideal de
água para que a relação com o gesso siga as condições de fluidez. É necessário
resultar uma mistura que se adeque as condições de manipulação para que o tempo
de pega seja orientado corretamente.
O gesso precisa garantir confiabilidade e segurança. Segundo a NBR 12129
(1991), o gesso precisa atender a determinados pré-requisitos para comprovar a sua
propriedade mecânica. Pois, fatores naturais como umidade, variação de
temperatura, impurezas e microestruturas influenciam na sua resistência e
comportamento.
Tendo em vista as grandes atribuições do gesso no setor da construção civil,
Silva (2010), compreende que seu principal uso seja destinado no revestimento de
paredes interiores e tetos e para construir paredes divisórias internas, além de
elementos decorativos. No entanto, o gesso também é utilizado na agricultura, no
processo de neutralização de solos alcalinos e salinos, aumento da permeabilidade
dos solos argilosos, e como fornecedor de enxofre e suporte catalítico para
14
fertilizantes com aplicação no cultivo de leguminosas, e no cimento Portland,
ajustando seu tempo de pega.
1.2 Bloco cerâmico na construção civil No Brasil, a cerâmica tem sua origem na Ilha de Marajó, que compreendia
técnicas de raspagem, incisão, excisão e pintura altamente elaboradas. Destarte, a
tradição ceramista não chegou ao Brasil com os portugueses, nem veio junto com a
bagagem cultural dos africanos. Os colonizadores, instalando as primeiras olarias,
apenas estruturaram e concentraram mão de obra, modificando o processo nativo,
muito rudimentar, com as tecnologias da época, a exemplo do uso do torno e das
“rodadeiras”, conferindo simetria e acabamento mais refinado às peças (SEBRAE,
2008b).
O setor oleiro-cerâmico (SOC) é bastante diversificado, compreendendo não
apenas a cerâmica vermelha, mas outros segmentos, tais como o de materiais de
revestimento, o de louças sanitária e de mesa, a cerâmica artística (decorativa e
utilitária), os materiais refratários, dentre outros. No Brasil, todos estes segmentos
podem ser encontrados em maior ou menor grau de desenvolvimento e capacidade
de produção. Há, ainda, no país, fabricantes de matérias-primas sintéticas para
cerâmica (alumina calcinada e eletrofundida, p.ex.), de vidrados e corantes, gesso,
equipamentos industriais e produtos auxiliares (ABC, 2002).
15
Figura 2. Representação de uma Olaria Fonte: http://divulguenaweb.net.br/tijoloswosniak/
As regiões Sul e Sudeste, com maior densidade demográfica, atividade
industrial e agropecuária, melhor infraestrutura e distribuição de renda, apresentam
a maior concentração de indústrias de todos os segmentos cerâmicos. Deve-se
considerar, ainda, a proximidade de jazidas e matérias-primas, além da
disponibilidade de energia, centros de pesquisa, universidades e escolas técnicas.
No entanto, a região Nordeste tem apresentado crescente desenvolvimento, em
especial nos setores da indústria e turismo. A demanda por edificações e instalações
industriais tem crescido de maneira acentuada, aumentando a demanda por
materiais cerâmicos, em especial dos ligados à construção civil.
1.3 Vedações verticais internas Nas edificações são observadas quatro subsistemas, são eles: estrutura,
vedações exteriores, vedações interiores e sistemas prediais, abaixo segue na
quadro 1.
16
Quadro 1. Subsistemas do edifício e seus elementos SUBSISTEMAS ELEMENTOS
ESTRUTURA
Infraestrutura sapatas, estacas, vigas, baldrames, tubulões, etc
Superestrutura pilares, vigas, painéis, lajes, escadas, etc
VEDAÇÕES EXTERIORES
Vedações Verticais divisórias (paredes, parapeito); aberturas porta/janela
Vedações horizontais piso (terraços, sacadas); aberturas; coberturas
VEDAÇÕES INTERIORES
Vedações verticais divisórias (paredes, parapeito); aberturas porta/janela
Vedações horizontais piso; aberturas (alçapões) SISTEMAS PREDIAIS Distribuição e disposição de águas água fria, esgoto, água pluvial
Aquecimento e ventilação distribuição de gás combustível, circuito de ar condicionado
Distribuição de gás ar comprimido, distribuição de gás, etc
Elétrica alta e baixa voltagem, equipamento elétrico emergência
Telecomunicações telefone, distribuição de circuito de rádio e televisão
Transporte mecânico e eletromecânico elevadores, escadas rolantes, etc
Transporte pneumático e gravitacional
disposição de resíduos sólidos, limpeza a vácuo, etc.
Segurança proteção contra intrusos, incêndio, queda de energia
Fonte: Barros, 2005
Segundo Sabbatini (1989), as vedações verticais são entendidas como um
subsistema do edifício, fazendo com que defina e segreguem os compartimentos
verticalmente internos, controlando a ação dos agentes atuantes. Além disso, a
vedação vertical pode ser classificada sob diferentes enfoques: quanto à técnica de
execução, quanto a mobilidade, quanto à densidade superficial, quanto à
estruturação e quanto a continuidade superficial.
Dessa forma, as vedações verticais internas com blocos cerâmicos ou de
gesso podem ser definidas como sendo uma vedação utilizada na
compartimentação e separação de espaços internos em edificações, leve, fixa,
monolítica , autoportante e executada por conformação.
17
Além das funções principais de dividir os ambientes em compartimentos e de
proteção, as vedações apresentam as seguintes funções secundárias: suporte e
proteção as instalações do edifício, servir de proteção ao equipamentos utilizados,
criar condições de habitabilidade do edifício e suprir a função de estrutura ou parte
da estrutura (LORDSLEEM, 2000).
1.3.1 Alvenaria de bloco de gesso
Os blocos de gesso são componentes pré-moldados produzidos a partir de
sulfato de cálcio e água, que em sua composição pode ser adicionados fibras,
agregados e outros aditivos. Eles podem ter formas maciças e vazadas, sendo que
nas vazadas o seu volume não pode ser superior a 40% do volume total do bloco e a
espessura das paredes entre os furos deve ser maior que 10 mm (LORDSLEEM
NEVES, 2011).
Figura 3. Alvenaria de bloco de gesso
Fonte: Construtora
No Brasil são encontrados apenas blocos com uma relação comprimento e
altura de 666 mm x 500 mm, com espessuras de 70 mm, 76 mm e 100 mm,
podendo ser maciços ou vazados, sendo que os de 100 mm são produzidos
somente na versão maciça. São comercializados quatro tipos de blocos de gesso: os
blocos S ou standard, os blocos hidro ou hidrofugados, os blocos GRG ou
reforçados com fibras de vidro e os blocos GRG-hidro ou reforçados com fibras de
18
vidro e hidrofugados. Há ainda alguns blocos de gesso desenvolvidos para
cumprirem uma função específica, como por exemplo os blocos acústicos ou os
blocos curvos (de canto). O bloco de gesso vazado é 25% mais leve que o compacto
devido aos dutos internos, permitindo conjugar leveza e solidez, além da
possibilidade de se passar tubulações elétricas por eles. As características dos
blocos de gesso e seus componentes podem ser agrupadas conforme a cor,
densidade, dimensões, resistência, pH e presença ou não de vazios (COSTA;
INOJOSA, 2012).
1.3.1.1 Características técnicas dos blocos de gesso
Os blocos pré-moldados, principais elementos do sistema construtivo,
apresentam as seguintes características técnicas.
Quadro 2. Características técnicas dos blocos de gesso. DADOS TÉCNICOS DOS BLOCOS DE GESSO
Tipo do bloco VAZADO MACIÇO MACIÇO ECOBLOCO Espessura do bloco
em mm 70 70 100 100
Dimensão em mm (comprimento x altura) 666 x 500 666 x 500 666 x 500 666 x 500
Peso médio em kg de um bloco 19 25 35 26
Peso médio em kg/m² 57 75 105 78 Dureza-solidez
superficial em shore C ≥55 ≥55 ≥55 ≥55
Resistência ao fogo (grau corta fogo) 90 minutos 180
minutos 240
minutos 240 minutos
Índice de redução acústica dB (A) 32 34 38 38
Resistência térmica m² ºC/W 0,2 0,23 0,29 0,29
Produtividade (m²/homem/dia) 40 a 50 40 a 50 20 a 30 20 a 30
Fonte: www.supergesso.com.br
De acordo com Sobrinho (2009), as principais características técnicas da
alvenaria de vedação interna em blocos de gesso são:
- Maiores dimensões dos blocos proporcionam maior produtividade, onde três
blocos formam 1 m² de área;
19
- Precisão nos encaixes das peças macho e fêmea, o que facilita a elevação
das paredes e a conferência do prumo e alinhamento;
- A união dos blocos se faz com fina camada de cola de gesso, não
necessitando de controle de espessura de junta, facilitando a aplicação e o controle;
- Possibilita facilidade e praticidade de corte com serrote/serra, onde as
sobras são facilmente reaproveitadas na própria elevação, gerando poucos
resíduos;
- Instalações elétricas podem seguir os vazios dos blocos ou em rasgos na
alvenaria, com facilidade e rapidez;
- As alvenarias podem ser aplicadas sobre piso pronto, possibilitando maior
produtividade na colocação do piso e redução dos trinchos;
- A cola de gesso possui excelente aderência entre blocos de gesso e com
outros materiais;
- Deve-se evitar contato direto entre componentes de gesso com
componentes ferrosos;
A característica de produção do bloco de gesso lhe confere grande
densidade, fornecendo ao produto final um ótimo comportamento quanto isolante
acústico, além disso, também confere um baixo coeficiente de condutibilidade
térmica, assim, a utilização dos blocos de gesso apresenta uma grande inercia
térmica, melhorando o isolamento térmico das paredes (PERES; BENACHOUR;
SANTOS, 2008).
1.3.1.2 Tipos de blocos de gesso
Segundo Costa e Inojosa (2012), os blocos de gesso podem ser
caracterizados das seguintes formas:
- Bloco de Gesso Standard: é apresentado na cor branca, é utilizado na
construção de paredes internas como: divisórias de quartos, salas, escritórios e
espaços semelhantes, onde não é recomendado a sua utilização para divisórias de
separação.
- Bloco de Gesso hidrofugado: o bloco de gesso hidro possui as mesmas
especificações do bloco simples, com a característica de possuir aditivos hidro-
repelentes, combatendo a absorção de água. Conhecido como bloco azul, é utilizado
para áreas molhadas, como banheiros, cozinhas e área de serviço, bem como para
20
ambientes que possam estar expostos a umidade. Além disso, é aconselhável a
colocação deste tipo de bloco para construir a primeira fiada das divisórias internas,
devido a possiblidade de contato direto com água
- Bloco de Gesso reforçado com fibra de vidro – GRG: Conhecido como
bloco verde, seu processo de fabricação utiliza gessos especiais, aditivados e com
fibras de vidro. São utilizados na construção de paredes que serão submetidas a
esforços de cargas suspensas e impactos generalizados ou áreas onde ocorram
grandes aglomerações de pessoas. É aconselhável a colocação deste tipo de bloco
em paredes que terão armários, quadros e suporte de televisão, evitando a
necessidade de reforços com fibras.
- Bloco de Gesso reforçado com fibra de vidro e hidrofugado – GRGH: Além de possuir as mesmas especificações e características do bloco de gesso
reforçado com fibra de vidro, este tipo de bloco, conhecido como rosa, possui
aditivos hidrofugantes em sua fabricação, sendo utilizados em áreas molhadas ou
expostas a umidades e que precisem de uma maior resistência de cargas suspensas
e impactos generalizados - Ecobloco leve: encontrado em duas espessuras diferentes (70 mm e 100
mm), este tipo de bloco só é produzido no formato compacto. Com baixa densidade
e reforço de fibras recicláveis, o Ecobloco apresenta maior resistência, sendo
utilizado na construção de divisórias internas onde se necessita de uma maior
segurança, pois em virtude de suas fibras recicláveis poderão ser submetidos a
esforços generalizados, e menor peso, sendo até 27% mais leve, aumentando a
produtividade por m². A tecnologia deste tipo de bloco proporciona uma maior
economia, onde paredes mais leves reduzem o custo estrutural da edificação, sendo
assim um produto inovador e sustentável.
- Ecobloco leve hidrofugado: Além de possuir as mesmas especificações e
características do Ecobloco, este tipo de bloco possui aditivos hidrofugantes em sua
fabricação, sendo assim, conforme a figura 3, são indicados para áreas molhadas ou
expostas a umidades e na primeira fiada das divisórias internas.
21
a) b)
c) d)
e)
f)
Figura 4. a) Bloco de gesso standard b) Bloco de gesso hidro c) Bloco de
gesso GRG d) Bloco de gesso GRG hidro e) Ecobloco leve f) Ecobloco leve hidro
Fonte: www.supergesso.com.br
22
1.3.2 Alvenaria em bloco cerâmico
A alvenaria consiste na união de blocos cerâmicos podendo ser unidos com
argamassa ou não. Os blocos cerâmicos têm em sua composição a argila como
principal insumo e esta após a sua extração deve ser armazenada durante 06 (seis)
meses. Durante a extrusão, a argila está com cerca de 24% de água que será
removida durante a secagem dos blocos. Durante a secagem o percentual de água
deve cair para ficar entre 0,5 à 1,0%. O próximo passo é a queima, onde os blocos
ficam expostos a temperaturas entre 750º C a 1.000 ºC e após a finalização já estão
prontos para serem usados, sem a necessidade de tempo de cura e apresentam
uma coloração avermelhada.
Figura 5. Representação de uma alvenaria em bloco cerâmico (tijolo)
Fonte: http://pedreirao.com.br
As alvenarias de vedação não possuem função estrutural e devem suportar
seu peso próprio e cargas de ocupação da edificação (armários, quadros,
bancadas), mas estão sujeitas a sofrer cargas acidentais, motivadas por recalque na
fundação, deformação das estruturas de concreto, movimentações térmicas. Os
blocos cerâmicos são produzidos para ser utilizados com os furos na horizontal, mas
podem também ser produzidos e utilizados com os furos na vertical.
1.3.2.1 Características técnicas dos blocos cerâmicos
Os blocos cerâmicos são bastante utilizados na execução de alvenaria de
vedação. Hoje a norma que regulamenta as suas características técnicas é a NBR
15.270-1 de 2005 que regulamenta os Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação
– Terminologia e requisitos.
23
Os blocos cerâmicos mais usados na elevação das paredes, pertencem a
uma família de blocos cujo comprimento é múltiplo do módulo dimensional “M”
menos 1 cm, este módulo é 10 cm conforme indicado na quadro 3. Eles devem ter
gravados em uma das suas faces externas a identificação da empresa responsável
pela fabricação e as dimensões (NBR 15270-1, 2005).
Quadro 3. Características técnicas dos blocos cerâmicas
Fonte: NBR 15270-1, 2005
Essas dimensões admitem tolerâncias que variam das medições individuais,
as medições médias. Para diferença individual a margem é de ± 5mm, já em
relação a média a diferença aceitável é de ± 3mm.
A norma delimita o desvio em relação ao esquadro dos blocos, não podendo
ser superior a 3mm, mesmo valor indicados para a planeza das faces, quando a
flecha não pode ser superior à 3mm. As figuras abaixo mostram a representação
dos valores aceitáveis.
24
a)
b)
c) Figura 6. a) Desvio em relação ao esquadro b) Planeza das faces –
desvio côncavo c) Planeza das faces – desvio convexo. Fonte: NBR 15270-1
Conforme a NBR 15270-1 (2005), os blocos devem possuir resistência à
compressão de no mínimo 1,5 MPa para blocos com furo na horizontal e de 3,0 MPa
para blocos com furo na vertical. Apresentar um índice de absorção d’água superior
à 8% e inferior à 22%.
1.3.2.2 Tipos de blocos cerâmicos
O bloco cerâmico para vedação possui 4 (quatro) tipos segundo a NBR
15270-1. São eles:
- Bloco principal: mais utilizado na elevação das paredes, o comprimento é
um múltiplo do módulo dimensional M menos 1(um) cm;
25
- Bloco de amarração: sua característica permite a amarração das paredes
entre si, sem interferir na modulação;
- Canaleta J: seção em forma de J, sem paredes transversais;
- Canaleta U: permite a construção de cintas de amarração, vergas,
contravergas e não possui paredes transversais.
a)
b)
c)
d)
Figura 7. a) Bloco principal b) Bloco de amarração c) Canaleta J d) Canaleta U
Fonte: http://www.ufrgs.br/napead/repositorio/objetos/alvenaria-estrutural/blocos_ceramicos.php
26
1.4 Requisitos e critérios de desempenho de vedações verticais internas: Norma brasileira de desempenho – NBR 15.575.
De acordo com Borges (2008), o edifício é um produto que deve apresentar
determinadas características que o capacitem a cumprir objetivos e funções para os
quais foi projetado quando submetido a determinadas condições de exposição e uso.
Para que as vedações verticais estejam adequadas para cumprir suas
funções de projeto e execução, é necessário que ela atenda a diversos requisitos e
critérios de desempenho (SABBATINI, 2002).
Os requisitos de desempenho são expressos de forma qualitativa, enquanto
os critérios procuram traduzir as necessidades dos usuários em termos quantitativos
e sempre associados a métodos de avaliação que permitem a verificação objetiva do
atendimento ou não aos requisitos (BORGES, 2008).
1.4.1 Norma brasileira de desempenho – NBR 15.575
Segundo a Norma Brasileira ABNT NBR 15.575, os requisitos de
desempenho são condições que expressam qualitativamente os atributos que o
edifício habitacional e seus sistemas devem possuir, a fim de que possam satisfazer
às exigências dos usuários, já os critérios de desempenho são especificações
quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em termos de quantidade
mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinados.
Figura 8. ABNT NBR 15575/13 – Norma de Desempenho
Fonte: http://www.caubr.gov.br
27
Os requisitos de desempenho das vedações verticais referem-se à:
- Desempenho estrutural;
- Resistência e reação ao fogo;
- Estanqueidade à água e ao vapor d’água;
- Desempenho acústico;
- Desempenho térmico;
- Desempenho lumínico
Serão apresentados os requisitos e critérios de desempenho das vedações
verticais internas, enfatizando as pesquisas existentes em relação ao desempenho
das vedações com blocos de gesso, principalmente no que consta relacionado a
parte 4 da norma, no qual determina o desempenho das vedações verticais internas.
1.4.1.1 Desempenho estrutural
1.4.1.1.1 Desempenho de interação de portas com paredes
O desempenho de interação de portas com paredes consiste na avaliação do
comportamento do sistema porta-fixação e de sua interação com as paredes que a
confina. O sistema aplicado é submetido a uma sequência de 10 choques, conforme
metodologia da norma NBR 15575 (2013), de forma a avaliar as patologias (fissuras
e destacamento) sofridas no sistema e na parede ensaiadas.
De acordo com a norma NBR 15575 (2013), o sistema de vedação vertical
interna dos edifícios habitacionais, deve permitir o acoplamento de portas e
apresentar desempenho que satisfaça as seguintes condições:
- quando as portas forem submetidas a dez operações de fechamento brusco,
as paredes não devem apresentar falhas, tais como rupturas, fissurações,
destacamentos no encontro entre componentes das paredes e outros;
- sob ação de um impacto de corpo mole com energia de 240 J, aplicado no
centro geométrico da folha de porta, não deve ocorrer deslocamento ou
arrancamento do marco, nem ruptura ou perda de estabilidade da parede. Admiti-se,
no contorno do marco, a ocorrência de danos localizados, tais como fissurações e
estilhaçamentos.
28
1.4.1.1.2 Resistência a impactos de corpo mole
O ensaio de resistência a impactos de corpo mole avalia o comportamento de
um trecho da vedação submetida a choques, em uma sequência de energia e
quantidades pré-estabelecida, de forma a avaliar as patologias e da amplitude do
deslocamento linear sofridas no trecho da vedação ensaiada.
De acordo com a Norma Brasileira NBR 15575 (2013), sob a ação de
impactos de corpo mole, os componentes da estrutura, localizados no interior do
edifício:
a) Não devem sofrer ruptura ou instabilidade sob as energias de impacto
estabelecidas, sendo tolerada a ocorrência de fissuras, escamações, delaminações
e outros danos em impactos de segurança, respeitados os limites para deformações
instantâneas e residuais dos componentes.
b) Não podem causar danos a outros componentes acoplados aos
componentes sob ensaio.
Abaixo é descrito os critérios de desempenho necessário para as alvenarias
internas de vedação.
Quadro 4. Impactos de corpo mole para vedações verticais internas
Fonte: Anexo E da NBR 15575/13
29
1.4.1.1.3 Resistência a impactos de corpo duro
De acordo com a Norma Brasileira NBR 15575 (2013), os componentes da
edificação não devem sofrer ruptura ou transpassamento sob qualquer energia, sob
a ação do impacto de corpo duro, sendo tolerada a ocorrência de fissuras,
lascamentos e outros danos em impactos de segurança.
Abaixo é apresentado o quadro 5 com os valores e critérios necessários para
que o sistema de vedação vertical interno esteja de acordo com a norma.
Quadro 5. Impactos de corpo duro para vedações verticais internas
Fonte: Anexo E da NBR 15575/13
1.4.1.1.4 Resistência as solicitações de cargas de peças suspensas
Segundo a Norma Brasileira NBR 15575 (2013) os sistemas de vedação
vertical interna devem resistir as solicitações originadas na fixação de peças
suspensas (armários, prateleiras, lavatórios, hidrantes, quadros, entre outros). Após
24 horas de ensaio, o sistema não pode apresentar fissuras, deslocamentos
horizontais instantâneos ou residuais, lascamentos ou ruptura, nem permitir o
arranchamento dos dispositivos de fixação, nem seu esmagamento. A seguir é
apresentado critérios para peças suspensas fixadas por mão-francesa padrão.
30
Quadro 6. Cargas de ensaio e critérios para peças suspensas fixadas por mão-francesa padrão.
Fonte: Anexo E da NBR 15575/13
Além disso, a Norma Brasileira NBR 15575 (2013) apresenta que para
qualquer sistema de fixação recomendado deve ser estabelecida a máxima carga de
uso, incluindo as cargas aplicadas muito próximas à face da parede. Caso o
fabricante recomende um valor limite da distância entre dois pontos de fixação, este
valor deve ser considerado no ensaio, a despeito da mão-francesa padrão ter sido
considerada com 50cm entre pontos de aplicação de carga. Neste caso deve ser
reformulada a distância entre pontos de fixação do equipamento de ensaio.
Em relação as redes de dormir, a carga a ser considerada para uso, será de
2kN, aplicada em ângulo de 60° em relação à face da vedação. Nesta situação,
pode-se admitir um coeficiente de segurança igual a dois para a carga de ruptura.
Não deve haver ocorrência de destacamento dos dispositivos de fixação ou falhas
que prejudiquem o estado limite de utilização, para as cargas de serviço. Este
critério é aplicável somente se prevista tal condição de uso para a edificação.
1.4.1.2 Resistência e reação ao fogo
As paredes da vedação vertical e demais componentes do sistema de
vedação possuem a capacidade em apresentar resistência à ação do fogo,
31
mantendo sua estabilidade e integridade e conservando suas características
funcionais de isolação térmica e estanqueidade a chamas e gases quentes, durante
um certo período (SABBATINI, F.H.; FRANCO, L. S.; BARROS, M. M. S. B, 1997).
Os sistemas ou elementos de vedação vertical que integram as edificações
habitacionais devem atender a NBR 14432 (2001) para controlar os riscos de
propagação do incêndio e preservar a estabilidade estrutural da edificação em
situação de incêndio.
As paredes estruturais devem apresentar resistência ao fogo por um período
mínimo de 30 minutos, assegurando neste período condições de estabilidade,
estanqueidade e isolação térmica, no caso de edificações habitacionais até cinco
pavimentos. O tempo requerido de resistência ao fogo deve ser considerado,
entretanto, conforme a NBR 14432 (2001), considerando a altura da edificação
habitacional, para os demais casos.
As paredes de geminação (paredes entre unidades) de casas térreas
geminadas e de sobrados geminados, bem como as paredes entre unidades
habitacionais e que fazem divisa com as áreas comuns nos edifícios multifamiliares,
são elementos de compartimentação horizontal e devem apresentar resistência ao
fogo por um período mínimo de 30 minutos, considerando os critérios de avaliação
relativos à estabilidade, estanqueidade e isolação térmica, no caso de edifícios até
cinco pavimentos.
1.4.1.3 Estanqueidade
No caso de estanqueidade à água de paredes internas de edifícios deve ser
considerada as águas decorrentes dos processos de uso de limpeza dos ambientes,
vapor d’água e vazamento de instalações. Em áreas molhadas, sujeita à presença
de água no piso recomenda-se a utilização de sistema de impermeabilização que
atenda as recomendações da NBR 9575. Atenção especial na regularização e
caimentos, altura do rodapé, chanfro dos cantos e arremate nos ralos.
Conforme a NBR 15575 (2013), não deve haver infiltração de água na
alvenaria quando em contato com áreas molháveis e molhadas. Para áreas
molhadas não pode haver penetração de volume superior a 3 cm3 em um período de
24 (vinte e quatro) horas analisando-se uma área de 34 cm x 16 cm. Já para as
áreas molháveis não pode ocorrer presença de umidade perceptível nos ambientes,
a inspeção visual no campo deve ser feita a uma distância de 1,0 (um) metro.
32
1.4.1.4 Desempenho acústico
A NBR 15575 (2013), indica 3 métodos para a verificação de ensaios, método
de precisão que deve ser realizado em laboratório, método da engenharia que deve
ser realizado na obra (mais preciso) e o método simplificado do campo. O método preciso analisa os componentes individualmente, estabelecendo
assim valores de referência para elaboração do projeto, este método é descrito na
ISO 10140-2. O método de engenharia para vedações internas determina
rigorosamente o isolamento entre unidades distintas, método este descrito na ISO
140-4. E por fim, o método simplificado estima um isolamento acústico global das
vedações internas, não possui instrumentação suficiente para medir o tempo de
reverberação, a ISO 10052 descreve este método. As alvenarias internas devem desempenhar um isolamento acústico
adequado para combater o ruído aéreo. A NBR 15.575 (2013), informa os valores
mínimos, intermediários e superiores que o sistema suporta.
De acordo com o quadro 7, o sistema de vedação vertical interno apresenta
recomendações relativas a outros níveis de desempenho da diferença padronizada
de nível ponderada entre ambientes, DnT,w, complementando o valor normalizado.
Quadro 7. Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes, DnT,w , para ensaio de campo.
Fonte: Anexo E da NBR 15575/13
33
A isolação entre ambientes deve apresentar índice de redução sonora
ponderado, Rw conforme os valores do quadro 8. Quando o sistema entre
ambientes for constituído por mais do que um elemento, deve ser ensaiado o
sistema ou cada elemento e calculada a isolação resultante.
Quadro 8. Índice de redução sonora ponderado, Rw, de componentes construtivos utilizados nas vedações entre ambientes
Fonte: Anexo E da NBR 15575/13
1.4.1.5 Desempenho térmico
Nos ambientes salas, cozinhas e dormitórios, as alvenarias devem apresentar
aberturas com dimensões adequadas para proporcionar a ventilação interna dos
ambientes. As áreas dessas aberturas devem respeitar à legislação específica do
local e quando não houver exigências, devem ser adotados os valores indicados na
quadro 9 (NBR 15.575, 2013).
34
Quadro 9. Aberturas para ventilação
Fonte: ABNT NBR 15575/13
1.4.1.6 Desempenho lumínico
É estabelecido pela NBR 15.575 (2013), os níveis de iluminicência natural
para os ambientes internos das edificações. Segundo a Câmara Brasileira da
Indústria da Construção, o desempenho lumínico pode ser obtido ou melhorado
mediante diversos recursos, particularmente aplicação de cores claras nos
tetos/paredes internas e adoção de caixilhos com áreas envidraçadas relativamente
grandes.
Quadro 10. Níveis da iluminância para iluminação natural
Fonte: Anexo E – Tabela E.3, pág 63 da NBR 15575/13
35
Já para o período noturno, faz-se necessário a adoção de iluminação artificial
que deve ser adequada para a devida ocupação dos cômodos e circulação pelas
áreas comuns em segurança.
Quadro 11. Níveis de iluminamento geral para iluminação artificial
Fonte: Anexo E – Tabela E.5, pág 64 da NBR 15575/13
1.5 Viabilidade do uso de blocos de gesso para a vedação vertical interna Sabe-se que a procura por novos produtos e tecnologias construtivas na
indústria da construção civil tem sido motivo para transformar o canteiro de obra em
um grande e surpreendente laboratório prático. As paredes de gesso surgiram como
uma das soluções construtivas racionalizadas, sendo uma alternativa viável para
reduzir os custos e os prazos, aumentar a produtividade e evitar o desperdício da
matéria prima nos canteiros das obras (CIARLINE; PINTO; OSÓRIO, 2005).
As paredes de alvenaria são os elementos mais frequentemente e
tradicionalmente empregados na construção de edifícios, sendo fator fundamental
relacionados a outros serviços que o sucedem. É responsável pelos maiores índices
de desperdício de materiais de uma obra e por um valor considerável no orçamento,
onde considerando-se apenas o custo das paredes de vedação, pode alcançar até
6% do custo total da obra (LORDSLEEM, 2000).
Segundo Rocha (2007), as alvenarias de bloco de gesso são mais leves,
variando entre 60 kg/m² à 100 kg/m², quando comparadas as alvenarias tradicionais
em blocos cerâmicos revestidos com argamassa, que variam de 180 kg/m² à 212
kg/m², contribuindo para a diminuição das cargas permanentes em lajes e vigas,
com redução de até 66% das cargas geradas na edificação. Dessa forma, uma
maior área de alvenaria possibilitará uma maior redução das cargas.
36
Na Construção Civil peso é sinônimo de custo, consequentemente, sendo as
paredes divisórias de blocos de gesso mais leves que as paredes divisórias
convencionais, acredita-se que os impactos, tanto na estrutura quanto na fundação,
são bastante positivos quanto as reduções das cargas e insumos nas edificações. A
redução dos custos não se resume apenas ao custo da diminuição do aço e do
concreto (CIARLINE; PINTO; OSÓRIO, 2005).
Segundo Sobrinho (2011), em uma análise comparativa realizada
considerando três gabaritos verticais de 6,14 e 22 pavimentos, todos com a mesma
planta baixa, pode-se chegar a redução de mais de 15% nas cargas totais da
fundação com utilização de paredes internas em alvenaria interna de blocos de
gesso em substituição as paredes de bloco cerâmico. No que se refere a economia
da estrutura, pode-se chegar a uma redução entre 11,4% a 12,2% dos custos com a
armadura da superestrutura e entre 32% a 35,6% dos custos na fundação. No que
se refere a execução, a produtividade alcançada dos serviços de paredes acabadas
em blocos de gesso foi 67% maior que a soma dos serviços necessários a
conclusão das paredes de blocos cerâmicos. Já em relação à economia com os
resíduos, foi obtida uma redução de aproximadamente 75% com a utilização dos
blocos de gesso.
Essa redução no tempo de execução se deve ao fato de as paredes de gesso
dispensarem rejuntamento com argamassa e revestimento (chapisco, emboço e
reboco). É importante destacar que a diminuição das etapas a serem executadas na
obra com a utilização dos blocos de gesso diminuem os problemas com a logística
da obra, esta uma das grandes dificuldades ainda encontradas na construção civil,
devido à falta de espaço no canteiro e dificuldade para o transporte vertical dos
materiais, onde os insumos controlados com a alvenaria em blocos de gesso são
consideravelmente inferiores comparados a alvenaria de bloco cerâmico (CIARLINE;
PINTO; OSÓRIO, 2005).
Com base nos valores determinados pelo Sistema Nacional de Pesquisa de
Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI e dados da construtora, sistema de
orçamento de obras e construção civil amplamente utilizado para a execução do
orçamento de determinado empreendimento, pode-se avaliar no quadro 12 os
custos unitários de cada serviço necessário para a execução da alvenaria interna
com blocos de gesso e blocos cerâmicos, onde para se alcançar um bom
acabamento para a execução da pintura, na utilização dos blocos de gesso somente
37
é necessária a execução da alvenaria e seu acabamento, já para deixar a superfície
do bloco cerâmico semelhante a do bloco de gesso, serão necessários outros
serviços além da alvenaria, como chapisco e reboco, possibilitando uma redução de
aproximadamente 25% nos custos totais.
Quadro 12. Comparativo entre custo do serviço com bloco de gesso x bloco cerâmico
COMPARATIVOENTRECUSTODEBLOCODEGESSOXBLOCOCERÂMICO
SERVIÇOS ALVENARIA CHAPISCO REBOCO TOTAL
ALVENARIAEMBLOCODEGESSO(R$/M2) R$65,11 R$0,00 R$0,00 R$65,11
ALVENARIAEMBLOCOCERÂMICO(R$/M2) R$52,36 R$2,81 R$27,53 R$82,70
Fonte: SINAPE e Construtora
No quesito Sustentabilidade, verifica-se em sua análise comparativa que na
utilização de blocos de gesso é possível obter uma redução de até 75% na geração
dos resíduos, devido a alguns fatores que favorecem a sua utilização, como o
sistema de encaixe e a reutilização de trinchos de todos os tamanhos. A paginação
da alvenaria é de fundamental importância para se alcançar essa redução,
proporcionando diminuição dos desperdícios e economia de materiais e mão de
obra. Conduzem uma redução em torno de 16% na energia interna incorporada dos
materiais utilizados na estrutura, 63% da energia elétrica utilizada na mistura e
transporte interno dos materiais e mais de 53% na água utilizada na construção
dessas divisórias. Já com a utilização do bloco cerâmico, o índice de desperdício na
sua utilização é alto, gerando uma grande quantidade de resíduos (SOBRINHO,
2011).
1.6 Objetivos
1.6.1 Objetivo geral
Comparar alvenarias de vedação internas de bloco cerâmico e de bloco de
gesso em atendimento a norma de desempenho NBR-15.575/13.
38
1.6.2 Objetivos específicos
- Apresentar os critérios e requisitos necessários para o atendimento da
Norma de Desempenho NBR – 15.575/13 na utilização de blocos cerâmicos e de
gesso como alvenaria de vedação interna.
- Avaliar a execução de alvenaria com bloco cerâmico e bloco de gesso, a fim
de analisar a redução do custo da mão de obra e materiais, utilizando os índices das
composições fornecidas pelo SINAPI/ORSE e pelas construtoras.
- Utilizar de forma comparativa dados na utilização da alvenaria de vedação
interna em bloco cerâmico e alvenaria de vedação em bloco de gesso de obras
verticais de duas construtoras localizada na cidade de Maceió.
39
2 METODOLOGIA
2.1 Pesquisa Bibliográfica Inicialmente, para realizar o embasamento do estudo em questão e realizar o
referencial teórico, foi realizado um levantamento bibliográfico visando identificar, na
literatura, as características técnicas, de desempenho e de execução das vedações
verticais com blocos de gesso, através de consulta a catálogos de fabricantes de
blocos de gesso, artigos de revistas nacionais e internacionais, normas, sites na
internet de institutos de pesquisa e associações de gesso, de equipamentos e
ferramentas.
2.2 Apresentação e estudo dos critérios e requisitos das alvenarias de vedação de bloco cerâmico e de gesso de acordo com a norma de desempenho NBR 15.575
Após o levantamento bibliográfico dos métodos de alvenaria de fechamento
interno abordado neste trabalho, foi apresentado no primeiro capítulo os principais
critérios e estudos necessários para que essas alvenarias possuam desempenho
que atendam aos requisitos exigidos pela norma de desempenho NBR 15.575/13.
Os requisitos de desempenho das vedações verticais internas exigidos são:
desempenho térmico, acústico, estrutural, lumínico, resistência e reação ao fogo, e
estanqueidade à água e ao vapor d’água.
2.3 Obtenção de dados A obtenção de dados foram levantados a partir de duas construtoras situadas
na cidade de Maceió – AL. No qual, as construtoras forneceram dados, levantados
do estado da arte da elaboração do projeto para produção, considerando a
especificidade da vedação com blocos de gesso (interface com a estrutura de
concreto, amarração entre blocos, amarração entre paredes, modulação, reforços,
aberturas, etc). Para tanto, foram efetuadas visitas a empresa que elaborou esses
projetos como a que executou a vedação vertical com blocos de gesso para
identificar a situação e o contexto da execução.
Além disso, as construtoras junto com a empresa contratada para a execução
da alvenaria apresentam todo o método construtivo da vedação vertical com blocos
40
de gesso, ressaltando os cuidados necessários em cada uma das etapas de
execução e destacando os principais problemas e melhorias.
2.4 Estudo referente a viabilidade do bloco de gesso No presente capítulo é feita uma análise da viabilidade entre três tipos de
obras de duas construtora localizada na cidade de Maceió, onde serão denominadas
de obra 1, obra 2 e obra 3. Serão analisados os impactos em custo e prazo de
execução.
Quadro 13. Características das Obras
Fonte: Construtoras
2.4.1 Impacto na estrutura
Um dos impactos observados com a utilização da alvenaria de vedação
interna em blocos de gesso é o da redução da quantidade de concreto e aço na
superestrutura.
Fatores que irão definir esse percentual de economia são: altura do prédio,
quantidade de alvenaria, tipo de utilização, padrão de qualidade, entre outros, com
cada caso apresentando resultados diferentes. Com base nos dados fornecidos
• Estrutura projetada para alvenaria de vedação interna em blocos cerâmicos.
• Alvenaria de vedação interna em blocos cerâmicos.
OBRA 1
• Estrutura projetada para alvenaria de vedação interna para blocos de gesso.
• Alvenaria de vedação interna em blocos de gesso.
OBRA 2
• Estrutura projetada para alvenaria de vedação interna para blocos de gesso atendendo a norma de desempenho - NBR 15.575/13.
• Alvenaria de vedação interna em blocos de gesso atendendo a norma de desempenho - NBR 15.575/13.
OBRA 3
41
pelas construtoras, serão realizadas verificações comparativas de custos com
concreto e aço na superestrutura, estes os principais materiais utilizados para
execução dos serviços relacionados a esta etapa da obra. Estes comparativos serão
realizados com base na soma dos custos destes serviços durante a execução,
utilizando os preços propostos através das composições do SINAPI e dividindo pela
área total construída nos três empreendimentos.
2.4.2 Prazo de execução
Com relação ao tempo de execução da alvenaria de vedação interna
utilizando os blocos de gesso e os blocos cerâmicos, foi elaborada uma composição
dos sistemas de vedação. Dessa forma, serão comparados os prazos de execução
do serviço de alvenaria de vedação interna de cada obra considerando a mesma
quantidade de mão de obra. Abaixo na tabela 1 é visto como será dividido as
equipes que foram utilizadas para realizar a quantidade de dias para execução das
alvenarias, além disso, é apresentado os serviços necessários para a alvenaria
pronta, e também a produtividade que cada equipe realiza.
Tabela 1. Tabela com a produtividade para os serviços
Equipe Serviços Produtividade por profissional
5 gesseiros Alvenaria com bloco de gesso 18 m²/dia
Chapisco Inexistente
Reboco Inexistente
5 pedreiros Alvenaria com bloco cerâmico 18 m²/dia Chapisco 130 m²/dia Reboco 22 m²/dia
Fonte: Construtoras
2.4.3 Impacto no custo da alvenaria interna
Para a análise dos custos unitários dos serviços, será realizado e avaliado um
comparativo da execução de alvenaria com bloco cerâmico e bloco de gesso, a fim
de analisar os dados do custo da mão de obra e material, utilizando os índices das
composições fornecidas pelo SINAPI/ORSE, e então apresentar suas vantagens e
desvantagens dos dois métodos empregados para a realização do assentamento
dessas alvenarias em atendimento a NBR 15.575/13.
42
3 RESULTADOS No presente capítulo é feita uma análise da viabilidade entre três tipos de
obra, sendo que duas das obras são de uma construtora e a terceira obra de uma
construtora diferente, no qual essas construtoras possuem o mesmo porte são
localizadas na cidade de Maceió, onde chamaremos de obra 1, obra 2 e obra 3.
Serão observados os impactos em relação a estrutura, o segundo será prazos de
execução, e por último será analisado o impacto em relação ao custo do serviço que
a alvenaria de vedação interna em blocos de gesso de acordo com a norma de
desempenho NBR 15.575/13 proporcionam em substituição a alvenaria de vedação
em blocos cerâmicos.
3.1 Impacto em relação a superestrutura Através dos dados fornecidos pelas empresas colaboradoras, elaborou-se um
resumo das quantidades e valores gastos com os serviços de concreto armado das
superestrutras das obras analisadas. A Obra 1, que teve em sua concepção um
projeto estrutural para execução de alvenaria com bloco cerâmico, consumiu
aproximadamente 181.601 quilogramas de aço e 3.014 metros cúbicos de concreto
para uma área construída de 6.512 metros quadrado. Já a Obra 2, que foi projetada
e executada com alvenaria de gesso, consumiu 171.450 quilogramas de aço e 1.944
metros cúbicos de concreto, construindo-se 8.700 metros quadrados. Por fim a Obra
3, que foi projetada obedecendo as diretrizes da Norma de Desempenho 15.575/13,
projeto de 17.321 metros quadrados, previsto um consumo de 288.236,85
quilogramas de aço e 3.589,50 metros cúbicos de concreto.
Após a coleta e análise dos dados acima, o gráfico 1, que demonstra o preço
da superestrutura para cada metro quadrado das edificações, apresenta que houve
uma redução de 40,78% no custo da superestrutura comparando as Obras 1 e 2.
Este percentual aumentou quando a Obra 1 foi comparada com a Obra 3, que
atende as exigências da NBR 15.575/13, atingindo uma redução de 56,63% nos
custos da superestrutura em relação a área construída.
43
Gráfico 1. Preço da superestrutura por m² de área construída. Fonte: Dados da pesquisa.
3.2 Impacto no prazo de execução Através elaboração das composições dos sistemas de vedação como um
parâmetro de analise, descrita na tabela 2, no qual realiza a comparação entre o
sistema com blocos cerâmicos e com blocos de gesso na execução da alvenaria de
vedação interna.
Tabela 2. Dias para execução do sistema de alvenaria
Equipes Serviços Produtividade
por profissional
Área a ser executada Obra 1 Obra 2 Obra 3
7.829,00 6.080,00 12.426,00
5 gesseiros Alvenaria com bloco de gesso
18 m²/dia 87,00 68,00 138,00
TOTAL (dias): 87,00 68,00 138,00
5 pedreiros
Alvenaria com bloco cerâmico
18 m²/dia 87,00 68,00 138,00
Chapisco 130 m²/dia 24,00 19,00 38,00 Reboco 22 m²/dia 142,00 111,00 226,00
TOTAL (dias): 253,00 198,00 402,00 Fonte: Construtoras e dados da pesquisa.
44
Dessa forma, realizou a comparação dos prazos de execução do serviço
de alvenaria de vedação interna de cada obra considerando a mesma quantidade de
mão de obra, conforme a tabela 2, além disso foi considerado desde a alvenaria de
vedação interna até o revestimento da parede, pronta para pintura.
Gráfico 2. Quantidade de dias x tipo de sistema utilizado Fonte: Dados da pesquisa.
De acordo com o gráfico 2, pode-se notar a diferença de tempo entre a
execução da alvenaria de vedação interna com blocos de gesso e blocos cerâmicos.
Na obra 1, através da composição elaborada na tabela 1, foram gastos
aproximadamente 253 dias para serem executados 7.829,00 m² de alvenaria
utilizando o bloco cerâmico. Caso a obra 1 tivesse utilizado blocos de gesso, o
tempo necessário para a conclusão do serviço seria de aproximadamente 87 dias.
Na obra 2, o tempo de execução aproximado para 6.080,00 m² de alvenaria
em blocos de gesso com base na composição elaborada na tabela 1, foi de 68 dias.
Caso a obra 2 tivesse utilizado bloco cerâmico, o tempo aproximado seria de 198
dias. Já na obra C, o tempo para a execução de 12.426,00 m² de alvenaria em
blocos de gesso de acordo com a NBR 15.575/13, com base na composição
elaborada na tabela 1, foi de 138 dias, caso a obra C utilizasse o bloco cerâmico, o
45
tempo de execução seria de 402 dias. Dessa forma, realizando um comparativo nas
três obras é observado que existe uma redução de aproximadamente 66% no tempo
de execução do serviço de alvenaria de vedação interna. I
O grande motivo que isso se dá, é que o bloco cerâmico irá necessitar
sempre de mais serviços, além disso, as alvenarias dos blocos cerâmico deverá ter
as suas duas faces acabadas, necessitando de um maior prazo para execução do
serviço. Outro ponto observado através da aplicação da norma NBR 15.575/13 é
visto que talvez não ocorram atrasos nos cronograma pois devido ao advento do uso
da norma a elaboração da paginação se torna mais complexa, para poder se
adequar aos parâmetros de acústica, isso tudo é claro, se as duas obras possuam a
mesma produtividade na produção de alvenaria de gesso como apresentada na
tabela 2.
3.3 Impacto no custo do serviço Neste tópico será analisado o custo real de um serviço no qual os dados
utilizado foram retirados do SINAPE e dos valores colhidos nas construtoras
descritos na tabela 3.
Tabela 3. Preço Unitários x alvenaria de vedação interna
Obra 1 Obra 2 Obra 37.829,00 6.080,00 12.426,00
CONSTRUTORAXXXXXXXXAlvenaria
com bloco de gesso
65,11R$ 509.746,19R$ 395.868,80R$ 809.056,86R$
509.746,19R$ 395.868,80R$ 809.056,86R$
SINAPI 87519Alvenaria com bloco cerâmico
52,36R$ 409.926,44R$ 318.348,80R$ 650.625,36R$
SINAPI 87878 Chapisco 2,81R$ 43.998,98R$ 34.169,60R$ 69.834,12R$
SINAPI 87530 Reboco/Emboço
27,53R$ 431.064,74R$ 334.764,80R$ 684.175,56R$
884.990,16R$ 687.283,20R$ 1.404.635,04R$
Área a ser executada
PREÇO TOTAL:
PREÇO TOTAL:
BASE CÓDIGO Serviço PREÇO UNITÁRIO
Fonte: SINAPI/Construtora
Dessa forma, foi observado que o custo dos serviços na obras 1 caso a obra
1 optasse por utilizar blocos de gesso, o custo total do serviço cairia pra cerca de R$
375.243,97, aproximadamente 42% do valor para o sistema escolhido. Logo para a
obra 2 foram gastos para a realização do sistema superwall (alvenaria de gesso),
aproximadamente R$ 395.868,80 para a execução de 6.080,00 m², se a empresa
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optasse por utilizar blocos cerâmicos, o custo total do serviço seria de R$
687.283,20 reais. Para a obra 3, foram destinados aproximadamente R$809.056,86
reais para a execução de 12.426,00 m² de superwall e para bloco cerâmico o valor
subiria para R$1.404.635,04 reais. Fazendo com que o aumento chegasse a
R$595.578,18 a mais do que está sendo realizado em obra. A utilização dos blocos
de gesso em substituição aos blocos cerâmicos proporcionou uma economia de
aproximadamente 27% no custo unitário do serviço de alvenaria de vedação interna.
Gráfico 3. Valores dos serviços alvenaria de gesso x alvenaria cerâmica Fonte: Dados da pesquisa.
3.4 Impacto do uso da alvenaria de gesso de acordo com a norma de desempenho NBR 15.575/13
Para atender os requisitos exigidos pela NBR 15575/13 a execução de
alvenaria com bloco de gesso teve um avanço na qualidade dos serviços. Esta
norma busca melhorar os serviços para maior satisfação dos clientes. Os ensaios
exigidos para a alvenaria interna devem ser executados e possuir resultado
satisfatório, atingindo os níveis Mínimo (M), Intermediário (I) e Superior (S).
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As Obras 1 e 2 não executaram ensaios, pois não foram planejadas para
atender a Norma de Desempenho. A Obra 3 está em andamento e irá passar pelos
testes exigidos, contundo ainda não foram realizados.
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4 CONCLUSÃO Através dos dados e resultado obtidos é visto que o sistema construtivo com
alvenaria em blocos de gesso é a melhor opção demonstrada neste estudo, em
relação ao custo-benefício se comparado com a alvenaria de vedação executada
com blocos cerâmicos, pois possibilita redução nos custos, prazos de execução e
utilização de materiais. Como verificamos nas três obras analisadas houve um
impacto considerável na substituição da alvenaria de vedação, mostrando a
importância da substituição de materiais, sem prejuízo algum em seu desempenho
estrutural quanto elemento portante de carga própria e eventuais cargas externas.
A coleta de dados durante o acompanhamento das obras, foi observado que
os resultados são favoráveis para o melhoramento tecnológico das obras, ou seja,
que a substituição dos blocos cerâmicos pelos blocos de gesso na execução da
alvenaria interna de vedação nos empreendimentos em questão das construtoras
estudadas geram uma redução nas obras de aproximadamente 57% em relação ao
consumo de aço e concreto referente a superestrutura; diminuição de 66% a
respeito do tempo de execução dos serviços; redução de 27% nos custos unitários
do serviço, além disso, é observado também que com a adequação das obras para
a utilização da norma de desempenho NBR 15.575/13, acredita-se que o custo em
relação a impactos a material e cronograma seja muito maior devido a quantidade
de parâmetros necessários para a adequação do sistema, no entanto, é observado
que esse pensamento é equivocado, pois de acordo com os valores e dados
observados nessa pesquisa os resultados não possuem grande mudança
Porém, a utilização dos blocos de gesso exige um conhecimento somente
adquirido através de treinamento especifico e será melhor quanto maior for o tempo
de experiência dos profissionais, além de depender da qualidade do material
utilizado, sendo realmente eficaz desde que as paredes sejam bem executadas e
obedeçam aos requisitos necessários para alcançar o desempenho esperado. A
opção por uma nova tecnologia, qualquer que seja, tem implicações em todos os
aspectos da obra, sobrevivendo apenas se for trabalhada de forma integrada com os
demais programas que compõe a edificação. Existe a necessidade de se investir em
profissionais habilitados, capacitados, conscientizados e comprometidos com os
objetivos de qualidade e produtividade da empresa.
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REFERÊNCIAS
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