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ESTUDO DA CAPACIDADE DISPONÍVEL EM PILHAS RECARREGÁVEIS MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA ELETROTÉCNICA E DE COMPUTADORES 2014/2015 AUTORES: Francisca Pereira [email protected] João Tavares [email protected] Pedro Costa [email protected] Pedro Silva [email protected] Supervisor: Paulo Costa Monitor: Manuel Silva

ESTUDO DA CAPACIDADE DISPONÍVEL EM PILHAS …projfeup/submit_14_15/uploads/relat_1... · recarregáveis NiMH utilizadas na experiência contém uma capacidade de carga e descarga

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ESTUDO DA CAPACIDADE DISPONÍVEL EM PILHAS RECARREGÁVEIS

MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA ELETROTÉCNICA E DE

COMPUTADORES

2014/2015

AUTORES: Francisca Pereira [email protected]

João Tavares [email protected] Pedro Costa [email protected] Pedro Silva [email protected]

Supervisor: Paulo Costa Monitor: Manuel Silva

Pág. 1

Resumo

Este relatório, elaborado no âmbito da unidade curricular designada “Projeto FEUP” tem como

objetivo o estudo da capacidade disponível em pilhas recarregáveis, mais precisamente revelar as

vantagens da utilização deste tipo de pilhas em comparação com as pilhas não recarregáveis

(alcalinas).

Visando reunir dados que comprovassem a importância da utilização das pilhas recarregáveis

em comparação com as demais, foi realizada uma experiência que consistiu na utilização de um

setup que permitisse realizar a descarga de pilhas recarregáveis e não recarregáveis de forma

controlada através de um computador que permitiu fazer as descargas das referidas pilhas a

diferentes tipos de tensão e a uma intensidade de corrente sempre constante.

Após o tratamento dos dados relativos ás descargas das pilhas realizadas foi-nos possível

concluir através da análise dos gráficos da tensão em função do tempo decorrido que as pilhas

recarregáveis NiMH utilizadas na experiência contém uma capacidade de carga e descarga superior á

das demais pilhas alcalinas.

Assim a partir deste trabalho foi possível concluir que a utilização de pilhas recarregáveis é

sempre mais vantajosa do que a utilização de pilhas alcalinas, apresentando as primeiras a melhor

relação preço/durabilidade, bem como a melhor opção de capacidade de carga disponível na sua

utilização e a solução mais amiga do ambiente.

O trabalho foi realizado pelos alunos do 1º ano da Faculdade de Engenharia da Universidade do

Porto.

Palavras-chave

Pilhas Pilhas recarregáveis Pilhas alcalinas Energia Tensão Descarga Densidade

Pág. 2

Índice

Lista de figuras ................................................................................................................................. 3

Lista de tabelas ................................................................................................................................ 3

Lista de gráficos ............................................................................................................................... 3

Lista de acrónimos .......................................................................................................................... 4

Introdução ......................................................................................................................................... 5

Utilização da pilha na atualidade .............................................................................................. 6

Surgimento da pilha .................................................................................................................................. 6

Pilhas não recarregáveis ......................................................................................................................... 6

Pilhas recarregáveis .................................................................................................................................. 7

Pilhas recarregáveis NiCd ................................................................................................................... 7

Pilhas recarregáveis NiMH ................................................................................................................. 7

Custo ............................................................................................................................................................... 8

Fiabilidade .................................................................................................................................................... 8

Temperatura de utilização ..................................................................................................................... 9

Procedimento experimental ..................................................................................................... 10

Descarga das pilhas ................................................................................................................................. 10

Energia e capacidade de cada pilha ................................................................................................... 13

Densidade das pilhas .............................................................................................................................. 14

Vantagens e desvantagens entre os diferentes tipos de pilha ................................................. 15

Conclusões ....................................................................................................................................... 16

Referências bibliográficas ......................................................................................................... 17

Pág. 3

Lista de figuras

Figura 1: Pilhas não recarregáveis ........................................................................................................... 6

Figura 2: Setup utilizado para descarga controlada das pilhas ................................................... 10

Lista de tabelas

Tabela 1: Lista de diferentes tipos de pilha e respectivos preços ................................................ 8

Tabela 2: Caracterização das pilhas utilizadas .................................................................................. 10

Tabela 3: Valores de energia obtidos em cada ensaio .................................................................... 13

Tabela 4: Valores de capacidade obtidos em cada ensaio ............................................................. 14

Tabela 5: Valores de densidade energética por volume obtidos para cada ensaio .............. 14

Lista de gráficos

Gráfico 1: Descarga da pilha 1 a diferentes intensidades de corrente ...................................... 11

Gráfico 2: Descarga da pilha 2 a diferentes valores de intensidade de corrente .................. 11

Gráfico 3: Descarga de pilhas alcalinas a uma intensidade de corrente constante de 550

mAh .................................................................................................................................................................... 12

Pág. 4

Lista de acrónimos

FEUP: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

NiMH: níquel-metal hidreto

NiCd: níquel-cádmio

d.d.p.: diferença de potencial

MDP: mid-point voltage

Pág. 5

Introdução

Na disciplina de "Projeto FEUP" foi pedido ao grupo de alunos da Turma 2 do 1º Ano do

Mestrado Integrado de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores da Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto que elaborassem um relatório técnico alusivo ao tema: "Capacidade

Disponível em Pilhas Recarregáveis".

Com base nestas informações, o nosso estudo baseou-se em testes, medições e comparações

entre os diferentes tipos de pilhas utilizados, com diversos objetivos em mente. Em primeiro lugar,

realizámos a experiência de carga e descarga de uma pilha, a intensidade de corrente constante. Em

seguida, verificámos se as especificidades experimentais verificadas pelo grupo, para cara um dos

diferentes tipos de pilha usados correspondiam às especificidades indicadas pelos

produtores/fabricantes da sua correspondente.

E, por fim, com as informações obtidas no ponto anterior, concluímos qual dos tipos de pilha

seria a melhor escolha em vários aspetos, entre os quais preço, durabilidade, energia fornecida,

capacidade de carga e descarga, com um foco particular nas pilhas recarregáveis, de forma a

podermos perceber quais as suas vantagens (e desvantagens) relativamente às pilhas alcalinas, não

recarregáveis, esperando perceber por que razão estas últimas estão a cair em desuso.

Pág. 6

Utilização da pilha na atualidade

Surgimento da pilha

As pilhas foram uma das maiores invenções do Homem. Dada a necessidade de ter energia

disponível onde e quando quisesse, a criação de uma fonte de energia portátil veio revolucionar o

mundo.

Em 1800 Alessandro Volta apresenta a pilha elétrica. Volta baseou-se nas experiências de Luigi

Galvini (1737-1798), professor de Anatomia na Universidade de Bolonha (Itália), sobre a

transferência de eletricidade através dos nervos dos corpos de animais ao serem postos em contato

com diferentes metais. Assim, e após muito estudo e várias experiências, Volta elabora um

dispositivo constituído por diversos discos de cobre intercalados com discos de zinco mas separados

por pedaços de papel fino embebido com uma solução de ácido. Ao serem conectadas a um circuito

elétrico os discos de metal iriam provar uma diferença de potencial que originaria uma série de

reações químicas onde a energia química se transformaria em energia elétrica e esta ficaria

disponível para ser utilizada.

Com o passar dos anos a crescente procura energética

levou a que a pilha inicialmente produzida por Volta fosse

desenvolvida, com o objetivo de aumentar o período de

tempo em que estas mantêm a carga. Assim e visando

também a problemática ambiental, uma vez que as pilhas ao

ficarem sem bateria teriam que ser deitadas fora e os seus

constituintes são bastante tóxicos para o ambiente, surgiram

novos tipos de pilhas, as pilhas recarregáveis.

Pilhas não recarregáveis

São as chamadas pilhadas primárias ou pilhas alcalinas. Tendo sido as primeiras a surgir, não

têm mais nenhuma utilidade após perderem toda a sua energia. Assim, e com os atuais avanços

tecnológicos, estas pilhas são cada vez menos utilizadas uma vez que vão sendo substituídas pelas

pilhas recarregáveis.

Figura 1: Pilhas não recarregáveis

Pág. 7

Pilhas recarregáveis

Quando uma pilha alcalina fica sem energia a única solução é deitá-la fora e comprar outra, mas

com as pilhas recarregáveis isto não acontece, uma vez que, utilizando um aparelho adequado

podemos facilmente recarrega-las, restabelecendo a sua carga de energia. Assim, as pilhas

recarregáveis podem ser utilizadas mais do que uma vez porém a sua validade não é infinita, pois

depende do tipo de pilha, do seu uso e da sua manutenção.

Existem diferentes tipos de pilhas recarregáveis. Neste trabalho iremos abordar dois tipos, as

pilhas recarregáveis de níquel-cádmio e as pilhas recarregáveis de níquel-metal-hidreto.

Pilhas recarregáveis NiCd

Também referidas como pilhas NiCd, as pilhas recarregáveis de níquel-cádmio foram as

primeiras a surgir e o seu nome deriva dos materiais pelos quais é constituída.

Este é o tipo de pilha recarregável mais barato, tendo sido o primeiro tipo de baterias

recarregáveis a ser utilizado em telemóveis portáteis mas, em contrapartida, possui menor tempo

de vida útil, menor capacidade de carga quando comparada com o outro modelo e é bastante

poluente.

Para além disso as pilhas recarregáveis de níquel-cádmio possuem um problema de carga

chamado “falha de memória”.

Isto ocorre quando a pilha se encontra descarregada, mas, na sua maior parte devido ao uso,

esta “memoriza” que ainda se encontra carregada com, por exemplo, 5% de bateria. Isto vai

provocar o efeito “Memória” pelo qual a pilha irá carregar até aos ”seus” 100%. Como na realidade

ela contém 0% de bateria e vai carregar “dos 5% aos 100%”, carregando apenas 95% da bateria

total. Este efeito vai continuando a piorar ao longo da “vida” da pilha, provocando sempre um

menor carregamento da mesma, até que a pilha deixa de ser recarregável, pois atinge um efeito

memória de 100%.

Este tipo de pilhas está, cada vez mais, em desuso, pois para além de terem menor tempo de

vida e menor capacidade de carga este tipo de pilha é bastante poluente, uma vez que os materiais

que a constituem são muito tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente.

Pilhas recarregáveis NiMH

Apesar deste tipo de pilhas ser mais caro, é o mais utilizado atualmente. Isto porque as pilhas

recarregáveis de níquel-metal possuem maior vida útil e capacidade de carga e suportam mais

recargas. Ao invés do modelo de pilhas anterior (pilhas NiCd) estas não apresentam problemas de

memória.

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E, para além disto, também não apresentam tantos metais pesados na sua constituição sendo,

portanto, menos poluentes.

Custo

Devido às desvantagens das pilhas NiCd, nomeadamente o efeito de “memória” e o seu papel

no meio ambiente (o metal cádmio não é reciclável), este tipo de pilha tenderá a ser substituído por

pilhas NiMH. Estas são menos prejudiciais para o meio ambiente e apresentam características

idênticas às pilhas NiCd.

De facto, uma procura por grandes superfícies revelou-nos que o uso de NiCd está em declínio,

visto não ter sido possível encontrar qualquer pilha recarregável dessas características.

Marca Tipo de pilha Custo (4 unidades)

Continente Pilha alcalina AAA €2,79

Duracell Pilha alcalina “Plus” AAA €3,99

Energizer Pilha alcalina “Ultra” AAA €3,99

Duracell Pilha NiMH 750mAh AAA €7,79

Energizer Pilha NiMH 800mAh AAA €7,29

Tabela 1: Lista de diferentes tipos de pilha e respectivos preços

Fiabilidade

A principal razão para falha no funcionamento da pilha trata-se do processo de sobrecarga:

nomeadamente no caso de uma fast charge, é vital que o processo seja interrompido logo após o

seu carregamento completo; caso contrário, as condições de pressão e temperatura aumentarão

rapidamente.

Para evitar uma explosão em tal situação, as pilhas NiCd e NiMH apresentam uma abertura,

permitindo a expulsão de gás (diminuindo a pressão no seu interior). Porém, a sua expulsão

resultará numa diminuição permanente da capacidade da pilha, dado que estes gases são

necessários nas reações químicas que posteriormente fornecem a energia elétrica.

(É, pois, fácil de compreender por que razão é importante ter um sistema de carregamento

que consiga determinar se a pilha se encontra carregada.)

Outro importante fator que leva à inoperabilidade de uma pilha trata-se da inversão do

campo magnético nesta. À medida que a pilha é descarregada, a célula que atinge o valor de 0V em

primeiro lugar continuará a transportar corrente proveniente das restantes células, o que terá como

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consequência a inversão da sua tensão. Este processo poderá, tal como no processo de sobrecarga,

levar ao aumento das condições de pressão e temperatura no interior da pilha.

No caso das pilhas que iremos utilizar, a sua descarga termina quando esta fornece uma d.d.p.

inferior a 1V. Se a descarga continuasse, ocorreriam reações irreversíveis que iriam danificar o

funcionamento da mesma.

Temperatura de utilização

Ambos os tipos de pilha são bastante sensíveis relativamente a variações de temperatura. Para

tal, alguns modelos apresentam já sensores de temperatura, de modo a evitar quaisquer anomalias

no seu funcionamento.

Para ambas, o intervalo de temperatura mais adequado para a sua utilização situa-se entre os 0

ºC e os 50 ºC. Porém, a sua temperatura de funcionamento ideal situa-se nos 25 ºC. De facto, para

temperaturas elevadas a pilha apresenta uma menor capacidade; a baixas temperaturas a pilha não

consegue carregar completamente a pilha. Em ambas as situações, existe perda de capacidade da

pilha no caso de esta ser utilizada fora do intervalo aconselhado, sendo o efeito mais pronunciado

no caso de temperaturas elevadas.

Pág. 10

Procedimento experimental

O trabalho experimental consistiu na descarga

controlada de duas pilhas recarregáveis do tipo NiMH, com

o objetivo de determinar qual o desvio entre o valor de

capacidade, em mAh, obtido experimentalmente, e o valor

de capacidade referido pelo fabricante para cada uma das

pilhas.

Para tal, utilizou-se um setup que consistiu na

utilização de um aparelho de descarga ligado a um

computador, o qual permitiu fazer a descarga de cada pilha

a uma intensidade de corrente constante de 1A, sendo ainda obtida o valor de d.d.p destas em

intervalos de 10 segundos. Considerou-se que as pilhas ficaram sem bateria quando a sua d.d.p. caiu

abaixo de 1V, dado que é impossível a utilização eficaz da pilha a valores inferiores a este. De facto, a

utilização de pilhas abaixo desta gama de valores poderia provocar danos irreversíveis, como iremos

ver de seguida.

Descarga das pilhas

Utilizaram-se nesta experiência duas pilhas NiMH e uma pilha alcalina.

Pilha 1 Pilha 2 Pilha A1 Pilha A2 Pilha A3

Tipo NiMH NiMH Alcalina Alcalina Alcalina

Capacidade 1500 mAh 1500 mAh

Volume 3,8 cm3 3,8 cm3 3,8 cm3 3,8 cm3 3,8 cm3

Tabela 2: Caracterização das pilhas utilizadas

Recorrendo ao setup, foi possível utilizar os dados adquiridos para criar um gráfico ilustrativo da

curva de descarga das pilhas. A descarga de cada pilha fez-se de modo sucessivo, expondo-se estas a

intensidades de corrente constantes de 300 mAh, 550 mAh e 1100 mAh.

Figura 2: Setup utilizado para descarga controlada das pilhas

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Gráfico 1: Descarga da pilha 1 a diferentes intensidades de corrente

Gráfico 2: Descarga da pilha 2 a diferentes valores de intensidade de corrente

A partir da análise do gráfico, conclui-se que as pilhas NiMH apresentam uma curva de descarga

bastante suave – nomeadamente para intensidades de corrente reduzidas – e sofrem uma brusca

diminuição na intensidade de corrente no final do seu ciclo de descarga. É importante referir que

uma curva de descarga mais suave significa que a pilha consegue fornecer uma d.d.p. com menor

950

1000

1050

1100

1150

1200

1250

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1350

1400

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 6500

Ten

são

(m

V)

Tempo decorrido (s)

Descarga da Pilha 1 a diferentes intensidades de corrente

300 mAh 550 mAh 1100 mAh

950

1000

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1250

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1350

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0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000

Ten

são

(m

V)

Tempo decorrido (s)

Descarga da Pilha 2 a diferentes intensidades de corrente

300 mAh 550 mAh 1100 mAh

Pág. 12

variação ao longo do tempo, assemelhando-se o comportamento destas pilhas ao de uma pilha

perfeita.

Ambas as pilhas iniciaram a sua descarga fornecendo uma d.d.p. próxima dos 1,2 V, ocorrendo

ao longo do tempo uma pequena diminuição da intensidade de corrente fornecida pelas pilhas,

como esperado. No entanto, tanto a MDP (isto é, o valor da tensão debitado pela pilha a meio da

descarga) como o intervalo de tempo entre o início e o fim da descarga diminuem significativamente

quando se sujeita a pilha a uma intensidade de corrente sucessivamente maior.

Para efeitos de comparação, fez-se também a descarga a três pilhas alcalinas, todas a uma

intensidade de corrente constante de 550 mAh.

Gráfico 3: Descarga de pilhas alcalinas a uma intensidade de corrente constante de 550 mAh

No caso das pilhas alcalinas, é de notar que a sua curva de descarga é muito mais pronunciada

que nos casos anteriores, sendo que as pilhas ficam completamente descarregadas muito antes de o

mesmo se suceder com as pilhas recarregáveis utilizadas. É também de frisar que, dado a natureza

das pilhas, os testes aqui realizados consideram-se testes destrutivos, visto não ser mais possível

reutilizar a pilha para outros testes a diferentes intensidades de corrente.

950

1000

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1100

1150

1200

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0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Ten

são

(m

V)

Tempo decorrido (s)

Descarga de pilhas alcalinas a uma intensidade de corrente constante de 550 mAh

Pilha A1 Pilha A2 Pilha A3

Pág. 13

Energia e capacidade de cada pilha

A partir dos dados adquiridos, foi possível calcular para cada pilha a energia total fornecida por

esta, bem como a sua respetiva capacidade.

No caso das pilhas recarregáveis, calculou-se a energia fornecida para cada um dos valores de

intensidade de corrente; relativamente às pilhas alcalinas, o processo foi semelhante, aparte do

facto de apenas terem ocorrido testes a 550 mA.

Em todas as situações, atendendo ao facto que o valor da tensão variou ao longo do tempo,

bem como aos dados obtidos experimentalmente, foi possível obter uma estimativa do cálculo da

energia total a partir do somatório do valor de energia fornecido durante cada intervalo de 10

segundos, até a pilha esgotar a sua carga.

𝐸 = ∑ 𝐼5𝑡 𝑥 𝑈5𝑡 𝑥 ∆𝑡

𝑛

𝑘=1

Foi assim possível obter os seguintes valores de energia, em J:

Pilha 1 Pilha 2 Pilha A1 Pilha A2 Pilha A3

300 mA 2404,175 2190,711

550 mA 2514,188 1516,281 875,4048 968,198 967,6178

1100 mA 1883,92 359,832

Tabela 3: Valores de energia obtidos em cada ensaio

É de notar que o valor de energia fornecida pelas pilhas alcalinas depende da intensidade de

corrente que é requerida pelo aparelho em que estão a ser utilizadas, havendo uma tendência geral

para a diminuição da energia fornecida com o aumento da intensidade de corrente. Este efeito é

particularmente visível na pilha 2, a qual regista uma diminuição de mais de 80% da energia

fornecida quando aplicada uma intensidade de corrente superior.

Por outro lado, foi possível obter o valor da capacidade efetiva da pilha, efectuando assim uma

comparação direta com os valores anunciados pelos fabricantes. O seu cálculo pode fazer-se

recorrendo à seguinte fórmula:

𝐶 = 𝐼 𝑥 ∆𝑡

Sabendo qual a intensidade de corrente a que foi feita a descarga, e analisando o gráfico para

determinar quando se deu o fim desta, foi possível determinar a capacidade de cada pilha, e para

cada intensidade de corrente utilizada na descarga, em mAh:

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Pilha 1 Pilha 2 Pilha A1 Pilha A2 Pilha A3

330 mAh 0,553 0,503

550 mAh 0,594 0,624 0,203 0,251 0,248

1100 mAh 0,501 0,095

Tabela 4: Valores de capacidade obtidos em cada ensaio

Densidade das pilhas

A densidade energética de uma pilha é uma característica que se revela útil na escolha de um

dispositivo de armazenamento de energia para utilização num determinado ambiente real.

Esta relação pode referir-se à massa ou ao volume, podendo uma ou outra relação ser utilizada

tendo em conta o tipo de pilha que se pretende.

A densidade energética por massa exprime-se de acordo com a seguinte relação:

𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑟 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 = 𝐸

𝑚 (𝑐𝑜𝑚 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑒𝑚 𝑘𝑔)

Analogamente, a densidade energética por volume exprime-se do seguinte modo:

𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑟 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝐸

𝑣 (𝑐𝑜𝑚 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑒𝑚 𝑑𝑚3)

Assim, utilizando os dados experimentais anteriormente obtidos para cada ensaio, con

cluímos que a densidade energética por volume de cada uma das pilhas, em J dm-3, é de:

Pilha 1 Pilha 2 Pilha A1 Pilha A2 Pilha A3

300 mA 632 677 576 502

550 mA 661 628 399 021 230 369 254 788 254 636

1100 mA 495 768 94 692

Tabela 5: Valores de densidade energética por volume obtidos para cada ensaio

Pág. 15

Vantagens e desvantagens entre os diferentes tipos de pilha

A utilização de pilhas recarregáveis apresenta um conjunto de vantagens consideráveis uma vez

que, ao contrário das pilhas alcalinas convencionais, permitem uma durabilidade enorme sendo por

isso mais amigas do ambiente, evitando desta maneira o descarte de várias pilhas que apenas

contribui para o aumento de poluição. Outras vantagens que estas pilhas apresentam são o facto de

serem mais baratas a médio e longo prazo do que as pilhas normais, bem como quando utilizadas

em aparelhos de alto consumo de energia conseguirem armazenar mais energia do que as pilhas

descartáveis, pelo que lhes permite operarem durante muito mais tempo. Embora talvez a maioria

das pessoas achar incomodo a utilização deste tipo de pilhas, a verdade é que, não sendo utilizadas,

são capazes de manter a sua bateria durante cerca de um ano e de se carregarem em pouco tempo.

Embora sejam poucas as desvantagens em utilizar pilhas recarregáveis, elas podem surgir por

vezes, sendo a desvantagem mais comum o problema do “efeito de memória” que consiste no facto

de que estas pilhas quando recarregadas várias vezes, começarem a perder a sua capacidade de

carga (diminuindo assim o tempo útil da sua utilização). Outra desvantagem é o facto de quando são

descartadas (mesmo tendo em consideração a frequência com que o seu descarte acontece), se

tornarem mais poluentes do que as pilhas descartáveis por serem constituídas por metais pesados.

Por último é de referir que o seu preço mais elevado do que o das pilhas descartáveis acaba por

muitas vezes invalidar a sua compra.

Pág. 16

Conclusões

Após a verificação dos resultados obtidos através de pesquisa e experimentação, concluímos

que as pilhas recarregáveis NiMH são as mais fiáveis, relativamente às pilhas tradicionais alcalinas

não recarregáveis, uma vez que, apesar de mais caras, estas possuem uma maior durabilidade (são

recarregáveis) e, portanto, possuem uma melhor relação qualidade/preço. No entanto, embora as

pilhas NiCd sofram de "efeito memória", estas apresentam uma maior relação energia-massa, estas

são consideradas as pilhas com melhor relação qualidade-custo, de entre as pilhas testadas na

experiência.

Para além deste parâmetro, é de notar também que as pilhas recarregáveis NiMH utilizadas

obtiveram uma capacidade de carga e descarga superior aos outros tipos de pilhas usadas para

comparação das mesmas características. Isto poderá, no entanto, ter acontecido devido a um

desgaste prévio das pilhas utilizadas na experiência.

Noutro ponto, concluímos ainda que o "efeito memória" não é provocado em pilhas NiMH e,

como este problema ainda está presente na maioria das pilhas NiCd, podemos afirmar que nesse

aspeto as pilhas NiMH trazem mais vantagens relativamente às NiCd.

De notar ainda que, tendencialmente, o avanço tecnológico das pilhas tem acompanhado um

decréscimo da quantidade de poluentes presentes na composição das pilhas, prejudicando cada vez

menos o meio ambiente. Este foi também um dos motivos que levou ao abandono do uso da pilha

NiCd, uma vez que este tipo de pilha é um dos mais poluentes.

Por estes motivos, é natural que, hoje em dia, as pilhas NiMH sejam cada vez mais populares,

pois todos estes benefícios que elas contém relativamente às suas homólogas alcalinas, e mesmo

relativamente a outros tipos de pilhas recarregáveis (por exemplo: NiCd) provam que este tipo de

pilhas é, de facto, melhor em termos comparativos em relação às demais.

Pág. 17

Referências bibliográficas

“Pilhas recarregáveis”, Emerson Alecrim. Acedido a 26 de setembro de 2014.

http://www.infowester.com/pilhasrec.php

“Pilhas recarregáveis”, António Rabitti. Acedido a 24 de setembro de 2014.

http://iflr.tripod.com

“Characteristics of Rechargeable Batteries”, Texas Instruments. Acedido a 14 de outubro de

2014. http://www.ti.com/lit/an/snva533/snva533.pdf

“Michael Bluejay Battery Guide”, Michael Bluejay. Acedido a 17 de outubro de 2014.

http://michaelbluejay.com/batteries

“A Guide to Understanding Battery Specifications”, MIT Electric Vehicle Team. Acedido a 14

de outubro de 2014.