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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UFG REGIONAL CATALÃO RC CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRATAMENTO DE MINÉRIOS CETM JAKSCELLE DORNELAS DA SILVA ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE COLETORES ASSOCIADOS NA REDUÇÃO DOS TEORES DE CÁDMIO E CHUMBO NA FLOTAÇÃO DE ZINCO E CHUMBO CATALÃO/GO Novembro, 2015.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – UFG

REGIONAL CATALÃO – RC

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRATAMENTO DE MINÉRIOS – CETM

JAKSCELLE DORNELAS DA SILVA

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE COLETORES

ASSOCIADOS NA REDUÇÃO DOS TEORES DE CÁDMIO E CHUMBO

NA FLOTAÇÃO DE ZINCO E CHUMBO

CATALÃO/GO

Novembro, 2015.

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JAKSCELLE DORNELAS DA SILVA

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DA UTILIZAÇÃO DE COLETORES

ASSOCIADOS NA REDUÇÃO DOS TEORES DE CÁDMIO E CHUMBO

NA FLOTAÇÃO DE ZINCO E CHUMBO

Orientadora: Profa. MSc. Elenice Maria Schons Silva

CATALÃO/GO

Novembro, 2015.

Monografia apresentada ao curso de

pós-graduação em Tratamento de

Minérios da Universidade Federal de

Goiás – UFG, como requisito parcial

para obtenção do título de Especialista

em Tratamento de Minérios.

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FICHA CATALOGRÁFICA

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FOLHA DE APROVAÇÃO

JAKSCELLE DORNELAS DA SILVA

Estudo da eficiência da utilização de coletores associados na redução dos

teores de cádmio e chumbo na flotação de zinco e chumbo

Monografia apresentada à Universidade Federal de Goiás – UFG, como requisito parcial para

obtenção do grau de Especialista em Tratamento de Minérios.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________

Nome do membro da banca

Instituição

_________________________________________

Nome do membro da banca

Instituição

_________________________________________

Nome do professor orientador

Instituição

Aprovado em ___/___/___

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RESUMO

Essa pesquisa apresenta como tema central o estudo da eficiência do coletor AG585 da Piet

Float, associado aos demais reagentes utilizados na etapa de concentração (flotação) da

empresa Votorantim Metais, unidade de Morro Agudo, que tem como objetivo reduzir os

níveis de cádmio e chumbo presentes no pó calcário agrícola, um dos seus produtos finais do

processo de flotação que é destinado para aplicação na agricultura como corretivo de acidez

do solo. Tendo em consideração as exigências para comercialização desse produto por órgãos

fiscalizadores, como Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), a baixa

eficiência dos reagentes já utilizados na empresa e o desejo da mesma em adequar o seu

produto dentro dessas especificações, fez se necessário desenvolver um reagente e técnicas de

controle para tal redução. A metodologia aplicada se trata de uma pesquisa de campo de

natureza quantitativa e qualitativa. Quanto à coleta de dados, foi realiza a partir dos resultados

de ensaios de flotação em escala de bancada e industrial. Tendo em vista a importância dessas

garantias e a busca da produção ecologicamente sustentável, o estudo de experimentos com

associação de coletor auxiliar na flotação de zinco e chumbo dessa empresa de mineração

propiciou na redução dos índices de chumbo e cádmio (metais pesados) na ordem de 35 a

40%, sem afetar a qualidade dos demais produtos gerados como concentrados de zinco e

chumbo, em consequência, conseguiu elevar a recuperação metalúrgica.

Palavras-chave: Flotação. Pó Calcário Agrícola. Recuperação Metalúrgica. Metais Pesados.

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ABSTRACT

This research has as its central theme the study of AG585 collector efficiency of Piet Float,

combined with other reagents used in the concentration step (flotation) company Votorantim

Metais, Morro Agudo unit, which aims to reduce the cadmium and lead levels present in

powdered agricultural lime, one of its final products of the flotation process that is intended

for application in agriculture as corrective of soil acidity. Taking into account the

requirements for marketing of this product by regulatory agencies such as Ministry of

Agriculture Livestock and Supply (MAPA), low reagent efficiency already used in the

company and the desire of it on tailor your product within these specifications, made if

necessary develop a reagent and control techniques for such reduction. The methodology

applied is not a quantitative and qualitative field research. The data collection was held from

the results of flotation tests in bench-scale and industrial. Given the importance of these

guarantees and the pursuit of environmentally sustainable production, the study of

experiments with collector association assist in zinc flotation and lead this mining company

led to the reduction of the levels of lead and cadmium (heavy metals) in the order of 35 to

40% without affecting the quality of other products generated as zinc and lead concentrates

therefore able to increase the metal recovery.

Keywords: Flotation, Agricultural limestone powder, Metalurgic recovery, Toxic Metal.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produção de Calcário no Brasil ............................................................................... 21

Figura 2 - Índices de Produção Mineral (IPM) do 1º/211 ao 1º/2014. Base: mesmo semestre

do ano anterior .......................................................................................................................... 29

Figura 3 - Localização da Votorantim Metais unidade de Morro Agudo ................................ 33

Figura 4 - Imagem da Mina (câmaras e pilares) ....................................................................... 35

Figura 5 - Fluxograma da britagem .......................................................................................... 37

Figura 6 - Pilha de homogeneização......................................................................................... 37

Figura 7 - Fluxograma da moagem e classificação .................................................................. 38

Figura 8 - Fluxograma da flotação do circuito de chumbo....................................................... 39

Figura 9 - Fluxograma da flotação do circuito de zinco ........................................................... 40

Figura 10 - Imagem das colunas de flotação ............................................................................ 41

Figura 11 – Imagem das células mecânicas de flotação ........................................................... 41

Figura 12 - Área da filtragem ................................................................................................... 42

Figura 13 - Visão aérea da empresa e localização das barragens ............................................. 43

Figura 14 - Fluxograma Ensaio de Bancada ............................................................................. 46

Figura 15 - Fluxograma com indicação dos pontos de dosagens do reagente coletor auxiliar

Piet float AG585 ....................................................................................................................... 48

Figura 16 - Resultados de recuperação de Zn........................................................................... 55

Figura 17 - Resultados dos teores de Zn no concentrado final gerado dos testes .................... 56

Figura 18 - Resultados do Pb no rejeito final gerado dos testes ............................................... 56

Figura 19 - Resultados de Cd no rejeito final gerado dos testes............................................... 57

Figura 20 - Testes de Lixiviação Padrão e com AG 585 .......................................................... 58

Figura 21 - Teor de Zn na Alimentação da Planta .................................................................... 59

Figura 22 - Teor de Pb na alimentação da planta ..................................................................... 60

Figura 23 - Teor de Pb no rejeito final da flotação de zinco .................................................... 60

Figura 24 - Teor de Cd no rejeito final da flotação de Zn ........................................................ 61

Figura 25 - Recuperação de Pb ................................................................................................. 61

Figura 26 - Recuperação de Zn................................................................................................. 62

Figura 27 - Teor de Pb no concentrado final de chumbo ......................................................... 62

Figura 28 - Teor de Zn no concentrado final de Zn.................................................................. 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Exigências mínimas dos calcários para granulometria, que se refere à dados do

agronegócio .............................................................................................................................. 20

Tabela 2 - Exigências mínimas dos calcários para qualidade química PN, que se refere à

dados do agronegócio ............................................................................................................... 20

Tabela 3 - Exigências mínimas dos calcários para qualidade agronômica PRNT por tipo, que

se refere à dados do agronegócio .............................................................................................. 20

Tabela 4 - Exigências mínimas dos calcários para qualidade PN e PRNT, que se refere à

dados do agronegócio ............................................................................................................... 20

Tabela 5 - Exigência do Ministério da Agricultura para metais pesados ................................. 21

Tabela 6- Reserva brasileiras medidas e indicadas de chumbo para o ano de 2008 ................ 30

Tabela 7 - Produção anual de concentrado de chumbo/metal contido (2011 a 2013) .............. 30

Tabela 8 - Reservas Minerais de Zinco (t) em Zn contido 2008 .............................................. 31

Tabela 9 - Evolução da Produção de Zinco contido(t) – 1996-2013 ........................................ 32

Tabela 10 - Reagentes utilizados no processo de flotação ....................................................... 42

Tabela 11 - Visão aérea da empresa e localização das barragens ............................................ 44

Tabela 12 - Especificações do cliente para o concentrado final de Pb ..................................... 44

Tabela 13 - Especificações do Pó Calcário Agrícola, conforme registro junto ao Ministério da

Agricultura ................................................................................................................................ 45

Tabela 14 - Condições dos ensaios de bancada ........................................................................ 47

Tabela 15 - Dosagem de reagentes por ensaios de bancada ..................................................... 47

Tabela 16 - Principais análises, metodologias e equipamentos ................................................ 49

Tabela 17 - Resultados do teste 1 (padrão)............................................................................... 50

Tabela 18 - Resultados do teste 2 ............................................................................................. 51

Tabela 19 - Resultados do teste 3 ............................................................................................. 51

Tabela 20 - Resultados do teste 4 ............................................................................................. 51

Tabela 21 - Resultados do teste 5 ............................................................................................. 52

Tabela 22 - Resultados do teste 6 Padrão com etapa cleaner ................................................... 52

Tabela 23 - Resultados do teste 7 ............................................................................................. 53

Tabela 24 - Resultados do teste 8 ............................................................................................. 53

Tabela 25 - Resultados do teste 9 ............................................................................................. 54

Tabela 26 - Resultados do teste 10 ........................................................................................... 54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CL Cleaner

CCL Concentrado da Cleaner

CRG Concentrado da Rougher

IPM Índice Produção Mineral

MAPA Ministério da Agricultura e Pecuária

PCA Pó Calcário Agrícola

PCI Pó Calcário Industrial

PN Potencial de neutralização

PRNT Potencial relativo de neutralização total

SCV Scavenger

RCL Rejeito da Cleaner

RRG Rejeito da Rougher

RSCV Rejeito de Scavenger

RG Rougher

ROM Run Of Mine

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 13

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 13

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 13

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................. 14

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 16

4.1 Agricultura ...................................................................................................................... 16

4.2 Calcário agrícola ............................................................................................................. 17

4.2.1 Produção de calcário mundial ................................................................................. 21

4.3 Fertilizantes ................................................................................................................ 22

4.3.1 Macronutrientes (NPK) ........................................................................................... 23

4.3.2 Micronutrientes ........................................................................................................ 24

4.4 Metais pesados ................................................................................................................ 25

4.3.1 Cádmio (Cd) ............................................................................................................ 26

4.3.2 Chumbo (Pb) ........................................................................................................... 27

4.4 Extração mineral ............................................................................................................. 28

5. METODOLOGIA ................................................................................................................ 33

5.1 Caracterização da empresa Votorantim Metais – Unidade Morro Agudo ..................... 33

5.1.1 Geologia .................................................................................................................. 34

5.1.2 Método de lavra ....................................................................................................... 34

5.1.3 Processamento mineral ............................................................................................ 36

5.2 O processo de flotação .................................................................................................... 45

5.2.1 Amostragem e premissas para dosagem do coletor auxiliar........................................ 45

5.2.2 Condições dos testes de flotação ................................................................................. 46

5.3 Condições dos ensaios de lixiviação .............................................................................. 48

5.4 Análises físicas e químicas ............................................................................................. 48

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 50

6.1 Ensaios de flotação em bancada ..................................................................................... 50

6.2 Ensaios de lixiviação em bancadas ................................................................................. 57

6.3 Resultados industriais ..................................................................................................... 59

7. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 64

8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 65

ANEXO 1 ................................................................................................................................. 67

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1. INTRODUÇÃO

Além de produzir alimentos que satisfaçam a premente necessidade do combate à

fome e à subalimentação, principais alvos, a agroindústria tem de atender à forte demanda

quantitativa resultante do crescimento populacional, à mudança do padrão alimentar nos

países em desenvolvimento, à progressiva procura por produtos de melhor qualidade

(LAPIDO-LAPIDO-LOUREIRO et al., 2009).

Para atender aos três pilares fundamentais da agroindústria - produtividade,

qualidade e sustentabilidade - a agricultura brasileira terá de considerar, além da correta

utilização de fertilizantes, os caminhos da agricultura de conservação/plantio direto,

agricultura orgânica, rotação de culturas, desenvolvimento de variedades de plantas perenes

(substituição de culturas de uma única estação por perenes), calagem, gessagem e

remineralização dos solos, com aplicação direta de vários materiais sob a forma de ‘pó de-

rocha’ (rochagem / ‘rocks-for-crops’), envolvendo diversas rochas, minerais, minérios pobres

e rejeitos de diferentes indústrias, biofertilização e biotecnologia (LAPIDO-LAPIDO-

LOUREIRO et al., 2009).

A contaminação de solos por metais pesados compromete a sustentabilidade agrícola

e ambiental, podendo apresentar sérias consequências à saúde humana em decorrência da

contaminação da cadeia trófica via absorção vegetal. Em uma lista de 20 substâncias tóxicas

consideradas mais perigosas pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA, o chumbo (Pb) e

o cádmio (Cd) ocupam lugar de destaque, sendo o segundo e o quarto, respectivamente, entre

os metais pesados (ATSDR, 1997). Contaminação de solos por esses elementos pode causar

diversos problemas, incluindo contaminação de lençol freático e toxidez em plantas e animais

(FREITAS, 2009).

Devido aos teores relativamente baixos dos metais Cd e Pb em fertilizantes

comerciais, muitos pesquisadores têm recomendado sua utilização sem restrições quanto a

problemas de contaminação ambiental. No entanto, pouca informação está disponível sobre a

absorção desses metais por plantas em solos adubados com diferentes fertilizantes fosfatados

e o efeito de acumulação desses elementos no solo a longo prazo (FREITAS, 2009).

A utilização racional dos insumos agrícolas, em busca do aumento da produtividade

vem adquirindo importância crescente nas atividades ligadas à agropecuária brasileira. No que

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diz respeito aos fertilizantes e corretivos agrícolas aspectos relacionados às características do

produto são primordiais (CARDOSO, 2005).

Este estudo apresenta o seguinte problema: o uso de um coletor auxiliar Pietfloat Ag

585 do fornecedor Pietschemicals Com. Imp. Exp. Ltda é eficiente para a redução dos níveis

de contaminantes (Pb e Cd) do subproduto na etapa final de flotação do zinco e chumbo

gerado do processamento mineral da empresa Votorantim Metais, unidade Morro Agudo?

Para que a utilização racional desses insumos seja atingida, torna-se necessário um

conhecimento cada vez mais abrangente dos diversos fatores que afetam o uso eficiente

desses insumos, dentre eles entender se o produto a ser utilizado no solo oferece as garantias

exigidas pelos órgãos fiscalizadores de tais produtos como, por exemplo, o Ministério da

Agricultura e Pecuária (MAPA), bem como os índices de contaminantes presentes nas

produções e comercialização de produtos.

Por outro lado, existe a preocupação e responsabilidade das empresas em atender

essas exigências, para isso faz-se necessário investir em tecnologias e novas rotas de processo

que propiciem melhorias em seu desempenho. Estes caminhos terão de apoiar-se em estudos

intensos, para tornar efetivo e economicamente viável o desenvolvimento social e sustentável

da agroindústria no Brasil.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Mostrar a eficiência do uso do coletor auxiliar Pietfloat Ag 585, fornecido pela

Pietschemicals Com. Imp. Exp. Ltda, para redução dos níveis de contaminantes (Pb e Cd) do

subproduto na etapa final de flotação do zinco e chumbo gerado do processamento mineral da

empresa Votorantim Metais, unidade Morro Agudo.

2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos desse trabalho são:

Evidenciar, através de testes de bancada e em escala industrial, o desempenho do

coletor Pietfloat Ag 585 associado aos demais já utilizados na empresa Votorantim

Metais, unidade Morro Agudo;

Avaliar a qualidade dos concentrados gerados e do rejeito após a utilização do

reagente auxiliar AG585;

Realizar testes de lixiviação no concentrado de zinco gerado dos ensaios para garantir

o controle de espumação após a entrega do concentrado ao cliente;

Padronizar a utilização das dosagens em escala industrial e avaliar as especificações de

comercialização (concentrado de zinco, chumbo e rejeito final pó calcário agrícola).

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3. JUSTIFICATIVA

O Brasil, em escala mundial, é um dos maiores produtores agrícolas, e o seu

potencial de crescimento é enorme: dos 330 milhões de hectares de área agricultável, apenas

14% (45 milhões) estão em produção. Poderá ser, cada vez mais, um dos grandes produtores

mundiais de alimentos no cenário de crescimento/desenvolvimento de uma agricultura que se

quer competitiva, ecoeficiente e sustentável, dentro das perspectivas conceituais de "ciclo de

vida" Neste cenário os fertilizantes e corretivos de acidez do solo terão importante função a

desempenhar (LAPIDO-LOUREIRO, 2009).

Para Alcarde (2005), a qualidade dos corretivos de acidez no Brasil poderia ser

superior a que tem se apresentado se houvesse maior exigência do setor agronômico. As

compras, de uma maneira geral, são feitas pelo menor preço apenas; o critério de qualidade

normalmente fica fora das negociações. A qualidade tem preço, mas tem retorno e deve-se

procurar avaliar bem a relação benefício/custo da qualidade. Para tanto, os conhecimentos

sobre os atributos de qualidade dos corretivos e seus efeitos na produção agrícola são

indispensáveis.

Os maiores desafios tecnológicos para o setor de mineração estão na busca de um

custo cada vez menor da produção para atender a uma realidade do esgotamento das jazidas

de maior teor e de mineralizações mais complexas, as exigências, cada vez maiores, de um

produto final de alta qualidade e a pressão ambiental da sociedade.

Para muitas empresas produtoras ou não de corretivo de acidez, o maior desafio está

na questão ambiental. Provavelmente nos próximos anos, como exemplo as mineradoras

deverão passar por uma profunda transformação na reavaliação dos seus processos de lavra e

processamento. Caso contrário, os custos advindos das leis que regulam as questões

ambientais poderão inviabilizar a grande maioria dos projetos de minerações.

Devido aos altos custos e a baixa eficiência na remoção de contaminantes presentes

nos rejeitos, para atendimento às exigências dos órgãos ambientais se torna indispensável a

busca por soluções tecnológicas para a adequação dos produtos, conforme as normas

ambientais vigentes no país.

A base para esse trabalho foi motivada pelo interesse em reduzir os níveis de

contaminantes de um corretivo de acidez para garantir a geração de produtos com grande

qualidade e, além disso, estender a vida útil da barragem de depósito de Pó Calcário,

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possibilitando a geração de valor com a comercialização de produto já estocado (adequação)

do material não conforme e, como consequência, aumentar a recuperação metalúrgica do

mineral nos seus concentrados.

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4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Agricultura

A agricultura brasileira experimentou um grande desenvolvimento durante os últimos

100 anos, obtendo aumentos significativos na produtividade de um grande número de

culturas, notadamente nas últimas três décadas. Isto foi resultado de uma série de inovações

tecnológicas que surgiram baseadas em inúmeras pesquisas e também na difusão do uso

dessas técnicas.

Um dos componentes mais importantes para esse desenvolvimento da agricultura,

principalmente no que diz respeito ao aumento da produtividade agrícola, sem esquecer os

outros fatores de produção, foi a pesquisa em fertilidade do solo e as inovações científicas e

tecnológicas que permitiram o uso eficiente de corretivos e de fertilizantes na agricultura

brasileira. Segundo dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations

(FAO), cada tonelada de fertilizante mineral aplicado em um hectare, de acordo com

princípios que permitam sua máxima eficiência, equivale à produção de quatro novos hectares

sem adubação. É, portanto, indissociável a estreita inter-relação entre fertilidade do solo e

produtividade agrícola (LAPIDO-LAPIDO-LOUREIRO, 2009).

Embora a disciplina “Fertilidade do Solo”, como parte das ciências agrárias e afins,

seja de implantação relativamente recente nas escolas e universidades, é cada vez mais

acentuada a importância que ela tem para a segurança alimentar no Brasil e no mundo.

Entretanto, estudantes dessa disciplina geralmente desconhecem relatos pertinentes às

observações práticas, aos trabalhos de pesquisa e a outros fatos importantes que, pela sua

evolução através dos tempos, permitiram que se alcançasse o patamar de conhecimento em

que nos situamos hoje, no mundo e no Brasil (LAPIDO- LOUREIRO, 2009).

Conforme Cardoso (2005), em seu livro de “Fertilidade do solo e produtividade

agrícola”, um dos componentes mais importantes para esse desenvolvimento da agricultura,

principalmente no que diz respeito ao aumento da produtividade agrícola, sem esquecer os

outros fatores de produção, foi a pesquisa em fertilidade do solo e as inovações científicas e

tecnológicas.

O desenvolvimento da agricultura no Brasil, desde o seu descobrimento, está

diretamente, mas de forma de empírica no passado, ligada à fertilização do solo. O grande

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ciclo da fertilização se fez na evolução nas lavouras de cana-de-açúcar e de café, tornando a

fertilização mais efetiva e constante para uma melhoria maior das terras (CARDOSO, 2005).

A agricultura moderna deve ser voltada ao desenvolvimento sustentável, criando e

mantendo a produtividade do solo em longo prazo. Os sistemas agrícolas empregados no

Brasil, de uma maneira geral, começam a ser questionados, quando relacionados aos conceitos

de sustentabilidade, isto é usar sem depredar, de modo a que os recursos naturais,

notadamente o solo e a água, possam ser transferidos às gerações futuras, com um legado

usufruto, em condições de capacidade produtiva (NAHASS, 2009).

4.2 Calcário agrícola

Segundo Silva (2009), o calcário é encontrado extensivamente em todos os

continentes, e é extraído de pedreiras ou depósitos que variam em idade, desde o Pré-

Cambriano até o Holoceno. Esses depósitos são geralmente formados pelas conchas e pelos

esqueletos de microrganismos aquáticos, comprimidos sob pressão para formar as rochas

sedimentares que chamamos calcário. O calcário representa aproximadamente 10% de todas

as rochas sedimentares. Há também os depósitos de calcário precipitado diretamente de águas

com elevados teores de sais minerais. As reservas de calcário, ou rochas carbonatadas, são

praticamente intermináveis, porém a sua ocorrência com elevada pureza corresponde a menos

de 10% das reservas de carbonatos lavradas em todo mundo.

Silva (2009) ainda comenta que, desde a Renascença, a acidez do solo tem sido

reduzida através da adição de cal (calcário calcinado) aos solos ácidos. Como todo calcário, o

principal constituinte mineralógico do calcário agrícola é a calcita (carbonato de cálcio -

CaCO3), podendo conter menores quantidades de carbonato de magnésio, sílica, argila e

outros minerais. A dolomita (CaMg(CO3)2) pode representar parcela significativa das rochas

carbonáticas utilizadas para fins agrícolas.

O calcário é a mais útil e versátil de todas as rochas e minerais industriais, possuindo

uma expressiva disponibilidade e baixo custo. Na indústria, é uma matéria-prima essencial na

fabricação do cimento, ferro e aço. É também importante na fabricação de papel e de lentes.

De numerosos processos químicos. Como filler nas pinturas, plásticos, borracha, asfalto e

forros de tapetes, no tratamento da água e como agente preventivo de incêndios nas minas de

carvão (NAHASS, 2009).

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A aplicação do calcário, com tecnologia apropriada, na calagem dos solos protege o

ambiente, incrementa a eficácia dos nutrientes e dos fertilizantes. O uso de calcário traz

benéficos inestimáveis à agricultura.

A técnica de correção de solo é estudada por órgãos de pesquisa agrícola no Brasil e

no mundo há décadas. De acordo com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz

(ESALQ), da Universidade de São Paulo, é possível até mesmo dobrar a produtividade de

determinada área, em poucos anos, com a utilização da técnica de calagem, que pode ser

considerada muito simples, barata e acessível (LOPES e GUILHERME, 2008).

A aplicação de calcário nos solos é capaz de, além de corrigir a acidez, fornece cálcio

e magnésio, disponibilizar nutrientes e neutralizar o excesso de alumínio e manganês do solo,

que são elementos tóxicos para as plantas, tornando-o mais apropriado para as culturas

(PEREIRA, 2007).

Segundo Lopes e Guilherme (2008) a falta do calcário não só compromete o

desenvolvimento de uma agricultura empresarial, como também induz a uma agricultura

familiar e de subsistência altamente degradativa, na medida em que a mesma cumpre o

indesejável ciclo: derrubada, exaustão, abandono, mais derrubada. A evidência maior da

importância do calcário tem sido a constatação de um dos mais famosos pesquisadores

brasileiros, Dr. Eurípedes Malavolta, da ESALQ, que demonstrou em 1958, em experimento

com a cana de açúcar do estado de São Paulo que:

O calcário sem fertilizante faz aumentar a produtividade em 64%;

O fertilizante sem o calcário faz aumentar a produtividade nos mesmos 64%;

Calcário e fertilizantes combinados aumentam a produtividade em 235%.

Constatou-se, mediante análises, que a não utilização do calcário, ou a utilização em

doses inadequadas, verifica-se em todo o território nacional, em níveis diferentes, segundo

cada região.

Segundo Silva (2009), os problemas verificados no mercado de calcário agrícola

foram principalmente relacionados aos seguintes fatores:

Altos preços dos produtos e do custo do frete;

Inadequação das condições de crédito para aquisição de comercialização do calcário

agrícola;

Falta de conhecimento por parte dos agricultores, sobre a importância e os benefícios

do uso dos corretivos de solos (calagem).

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Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) (BRASIL, 2014),

a solução para incrementar o consumo de calcário agrícola provavelmente está na adoção de

programas que atinjam três barreiras simultaneamente, ou seja, programas de apoio e extensão

agrícola, aliados a programas de financiamento à aquisição de calcário agrícola, e

implementação de medidas para melhorar a infraestrutura logística do país.

Na intenção de alertar o produtor rural sobre a importância da calagem para a

agricultura brasileira, a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do

Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) promoveu no dia 23 de maio de

2013 o primeiro Seminário sobre o Dia Nacional do Calcário Agrícola. A data comemorativa

foi instituída pela Lei n° 12.389/11 e é celebrada, anualmente, no dia 24 de maio em todo o

território nacional (BRASIL, 2014).

Além disso, a Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola -

ABRACAL elaborou na segunda metade da década de 90 o Plano Nacional de Calcário

Agrícola - PLANACAL que permanece, apesar do tempo, inalterado. O Plano objetiva, entre

outros, esclarecer os agricultores sobre os benefícios da calagem à agricultura (BRASIL,

2014).

Dois programas do governo federal incentivam o uso do calcário agrícola no solo: o

Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais -

MODERAGRO e o Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na

Agricultura (Programa ABC), ambos financiando, entre outras, a aquisição, transporte,

aplicação e incorporação de corretivos agrícolas (calcários e outros). Os dois programas

possuem vigência até 30 de junho de 2014 (BRASIL, 2014).

A classificação brasileira atual dos calcários agrícolas é dada pela Instrução

Normativa SDA/Nº 35, de 04 de julho de 2006, e seu anexo, da Secretaria de Defesa

Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que dividem

os calcários agrícolas nas seguintes categorias, em relação ao teor de MgO (óxido de

magnésio):

Calcário Calcítico - menos de 5% de MgO;

Calcário Magnesiano - de 5% a 12% de MgO;

Calcário Dolomítico - acima de 12% de MgO (BRASIL, 2014).

No Brasil, o calcário agrícola, de acordo com a legislação (extrato de minuta de

Portaria do Ministério da Agricultura, 30/05/86, publicada no DOU, em 16/06/96, página

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20

8673) é caracterizado pelas seguintes exigências mínimas, conforme segue nas tabelas de 1 a

4, que se refere aos dados do agronegócio (LAPIDO-LOUREIRO, 2009).

Tabela 1 – Exigências mínimas dos calcários para granulometria, que se refere à dados do agronegócio

100% (ou 95%) < peneira 10#

70% < peneira 20#

50% < peneira 50# Fonte: Lapido-Loureiro (2009).

Tabela 2 - Exigências mínimas dos calcários para qualidade química PN, que se refere à dados do

agronegócio

Qualidade química

PN (% CaCO3)

∑ Óxidos

(% CaO+MgO)

Escórias

Calcários

Calcário calcinado

Cal hidratada

Cal Virgem

Outros

60

67

80

94

125

67

30

38

43

50

68

38

Fonte: Lapido-Loureiro (2009).

Tabela 3 - Exigências mínimas dos calcários para qualidade agronômica PRNT por tipo, que se refere à

dados do agronegócio

Qualidade agronômica – PRNT

Tipo A

Tipo B

Tipo C

Tipo D

45 a 60 %

60,1 a 75 %

75,1 a 90 %

> 90 %

Fonte: Lapido-Loureiro (2009).

Tabela 4 - Exigências mínimas dos calcários para qualidade PN e PRNT, que se refere à dados do

agronegócio

Qualidades mínimas admitidas

PN ≥ 67 %

PRNT ≥ 45 % Fonte: Lapido-Loureiro (2009).

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Conforme a instrução normativa nº 27, 2006 do Ministério da Agricultura

Agropecuária e Abastecimento, os limites máximos para de metais pesados tóxicos admitidos

em corretivos de acidez, de alcalinidade e sodicidade e para silicato de cálcio, silicato de

cálcio e magnésio, carbonato de cálcio e magnésio são: para cádmio (20ppm) e para o

chumbo (1000 ppm) como segue na tabela 5, o descumprimento para comercialização acima

desses valores podem acarretar uma série de sanções previstas no Decreto nº 4.954, de 2004,

podendo até mesmo a empresa perder a licença de comercialização dos seus produtos.

Tabela 5 - Exigência do Ministério da Agricultura para metais pesados

Metal Pesado Valor Máximo admitido (mg/kg)

Cádmio 20,00

Chumbo 1.000,00 Fonte: Instrução Normativa Nº 27/2006.

4.2.1 Produção de calcário mundial

Junior (2014) comenta que a produção nacional de calcário agrícola em 2013,

quando comparado a 2012, mostrou um crescimento inexpressivo (inferior a 0,2%), apesar da

safra brasileira de grãos ter sido 16,2% superior ao ano de 2012, de acordo com o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

Na figura 1, encontram-se os dados de produção de calcário agrícola no Brasil:

Figura 1 - Produção de Calcário no Brasil

14.565

18.930

28.718

33.077 33.131

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

2009 2010 2011 2012 2013

ton

ela

das

Fonte: Júnior (2014).

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O Plano Nacional de Mineração (PNM-2030) prevê que o consumo de calcário

agrícola deverá crescer mais que os demais agrominerais. As projeções para a produção de

calcário agrícola são da ordem de 34,1 Milhões de toneladas em 2015, 54,8 Mt em 2022 e

94,1 Mt em 2030 (JÚNIOR, 2014).

4.3 Fertilizantes

Para Lapido Lapido-Loureiro et al. (2009), os fertilizantes, são usados, na

agricultura, para:

Complementar a disponibilidade natural de nutrientes do solo com a finalidade de

satisfazer a demanda das culturas que apresentam um alto potencial de produtividade e

de levar a produções economicamente viáveis;

Compensar a perda de nutrientes decorrentes da remoção das culturas, por lixiviação

ou perdas gasosas;

Melhorar as condições não favoráveis, manter boas condições do solo para produção

das culturas ou contribuir para recuperar solos.

Conforme Lapido-Lapido-Loureiro et al. (2008), os fertilizantes são produtos ou

substâncias que, aplicados aos solos, fornecem às plantas os nutrientes necessários ao seu

bom desenvolvimento e produção.

As substâncias - nutrientes - que constituem os fertilizantes podem ser divididos em

dois grandes conjuntos: macronutrientes e micronutrientes ou oligoelementos.

O nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) - macronutrientes principais - são os

nutrientes mais importantes para o bom desenvolvimento das plantas. São consumidos em

grandes quantidades. Cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S) - macronutrientes secundários

- as plantas também os absorvem em quantidades consideráveis.

Os micronutrientes ou microelementos são: Fe, Mn, Zn, Cu, Co, Mo, Cl, B e TR (na

China). Embora sejam aplicados em quantidades reduzidas e dentro de limites muito

apertados, são elementos-chave para o crescimento das plantas. Sua função pode ser

comparada à das vitaminas na alimentação humana.

São 17 os nutrientes (elementos) considerados essenciais para o crescimento da

grande maioria das plantas. Provêm do ar, da própria água e do solo.

Do ar: carbono (C) sob a forma de dióxido (CO2).

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Da água: hidrogênio (H) e oxigênio (O), na forma de água (H2O).

Do solo e dos fertilizantes químicos (minerais e orgânicos): nitrogênio (N), fósforo

(P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), ferro (Fe) manganês (Mn),

zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B), molibdênio (Mo), cloro (Cl) e níquel (Ni).

4.3.1 Macronutrientes (NPK)

Existem inúmeros componentes que as plantas precisam para se desenvolverem de

forma saudável. Neste processo de crescimento, três fertilizantes compostos por três

macroelementos: NPK, sendo a sigla N Nitrogênio, P - Fósforo e K - Potássio. Estes

macroelementos são utilizados em grande quantidade pelas plantas e indispensáveis em todas

as fases, tanto no crescimento como no florescimento e na frutificação.

O N é um dos componentes primordiais para o desenvolvimento das proteínas

vegetais, uma vez que as plantas com déficit em nitrogênio encontram dificuldade para

respirar e não conseguem efetuar a fotossíntese. O principal efeito do N é que ele atua

diretamente no crescimento e na germinação da planta. Sem a presença desse componente a

planta não se desenvolve normalmente, e o índice que indica a falta do mesmo são os sinais

de folhas amareladas, uma vez que uma planta rica em nitrogênio se mantém sempre verde

(ALCARDE, 2005).

Já Lapido-Lapido-Loureiro (2009) diz que o nitrogênio, motor do crescimento da

planta, é retirado do solo (e também do ar), sob a forma de nitrato (NO3-) ou de amônio

(NH4+). É o constituinte essencial das proteínas. Uma correta aplicação de nitrogênio é

também importante para a absorção dos outros nutrientes pelas plantas.

O fósforo (F) desempenha um importante papel na transferência de energia. Como

tal, é essencial para a fotossíntese e para outros processos químico-fisiológicos. O problema é

ser deficiente na maioria dos solos naturais.

O último dos nutrientes é o potássio (K) tem muitas funções: ativa mais de 60

enzimas (substâncias químicas que regulam a vida), desempenha um papel vital na síntese dos

carboidratos e das proteínas, melhora o regime hídrico das plantas e, desta forma, aumenta a

sua tolerância às secas, geadas e salinidade. As plantas bem providas de potássio são mais

resistentes a doenças.

É ele que tem ligação direta no tamanho e na qualidade final dos frutos, na

resistência a doenças e na falta de água da mesma. Quando a planta começa a apresentar um

crescimento mais lento, menor desenvolvimento nas raízes, caules com flexibilidade avançada

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e fracos e com a sua formação de sementes e com os frutos menos desenvolvidos são marcas

evidentes de que a mesma necessita de reposição de potássio (ALCARDE, 2005).

A composição dos fertilizantes fosfáticos e potássicos podem exprimir-se, tanto sob a

forma elementar, P e K, como na dos respectivos óxidos, P2O5 ou K2O. O nitrogênio é sempre

apresentado como elemento.

Os macronutrientes são aplicados habitualmente na proporção de kg/ha e os

micronutrientes em g/ha.

A FAO/IFA na 4a edição da publicação, Los Fertilizantes y Su Uso, sintetiza bem a

função/importância dos nutrientes (FAO/IFA, 2002). Referem-se "ao uso apropriado dos

fertilizantes" e como esse uso "deveria ser parte de um programa integrado de boas práticas

agrícolas tendentes a melhorar a produção dos cultivares". Acentuam ainda que os nutrientes,

necessários tanto em pequenas quanto em grandes quantidades, desempenham funções

específicas no crescimento da planta e na produção alimentar. Nenhum nutriente pode ser

substituído por outro (PEREIRA, 2007).

O magnésio é o constituinte central da clorofila, o pigmento verde das folhas que

funciona como um receptor da energia solar. Por isso, 15 a 20% do magnésio contido na

planta se encontra nas partes verdes. Também atua nas reações enzimáticas relacionadas às

transferências de energia da planta (SILVA, 2009).

O enxofre é o constituinte essencial das proteínas e, além disso, intervém na

formação da clorofila. Desempenha uma função tão importante como o fósforo ou o magnésio

no crescimento das plantas, mas o seu papel é muitas vezes subestimado (TSUTIVA, 1999).

O cálcio é indispensável para o crescimento das raízes e como constituinte dos

materiais da membrana celular. Embora seja abundante na maioria dos solos como cálcio

assimilável, nas regiões tropicais pode-se verificar forte carência. A sua principal aplicação na

agricultura é na calagem dos solos ácidos, para corrigi-los (TSUTIVA, 1999).

4.3.2 Micronutrientes

Os micronutrientes (Fe-Mn-Zn-Cu-Mo-Cl-B) são absorvidos em quantidades

minúsculas e com uma escala de aplicação muito apertada. Embora sejam substâncias-chave

para o crescimento das plantas, comparáveis às vitaminas na nutrição humana, alguns podem

ser tóxicos, como o Al e o Mn nos solos ácidos (PEREIRA, 2009).

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É consenso geral que as condições naturais de fertilidade são insuficientes para

atender ao consumo necessário para um bom desenvolvimento das plantas. Estudos

desenvolvidos por várias entidades, incluindo a FAO, mostraram que a fertilização balanceada

provoca um aumento na produtividade de 35 a 50%, em média, e que one kg of mineral

fertilizer can achieve, under farmer's conditions, about 10 kg additional yeld (PEREIRA,

2007).

4.4 Metais pesados

Os metais compõem um grupo de elementos químicos sólidos no seu estado puro

(com exceção do mercúrio, que é líquido) caracterizados pelo seu brilho, dureza, cor

amarelada a prateada, boa condutividade de eletricidade e calor, maleabilidade, ductibilidade,

além de elevados pontos de fusão e ebulição (CARDOSO, 2014).

Dentre estes elementos existem alguns que apresentam uma densidade ainda mais

elevada do que a dos demais, e, por isso são denominados metais pesados. Além da densidade

elevada, o que, em números, equivale a mais de 4,0g/cm³, os metais pesados também se

caracterizam por apresentarem altos valores de número atômico, massa específica e massa

atômica (CARDOSO, 2014).

As principais propriedades dos metais pesados, também denominados elementos

traço, são os elevados níveis de reatividade e bioacumulação. Isto quer dizer que tais

elementos, além de serem capazes de desencadear diversas reações químicas, não

metabolizáveis (organismos vivos não podem degradá-los), o que faz com que permaneçam

em caráter cumulativo ao longo da cadeia alimentar (TSUTIVA, 1999).

Comenta Ávila-Campos (2014), que os metais pesados diferem de outros agentes

tóxicos porque não são sintetizados nem destruídos pelo homem. A atividade industrial

diminui significativamente a permanência desses metais nos minérios, bem como a produção

de novos compostos, além de alterar a distribuição desses elementos no planeta.

A presença de metais muitas vezes está associada à localização geográfica, seja na

água ou no solo, e pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas e proibindo a

produção de alimentos em solos contaminados com metais pesados.

Para Ávila-Campos (2014) todas as formas de vida são afetadas pela presença de

metais dependendo da dose e da forma química. Muitos metais são essenciais para o

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crescimento de todos os tipos de organismos, desde as bactérias até mesmo o ser humano,

mas eles são requeridos em baixas concentrações e podem danificar sistemas biológicos.

Conforme Tsutiya (1999), as principais fontes de contaminação em solos agrícolas

têm sido os adubos minerais e os corretivos (calcários, gesso) que podem conter metais

pesados, micronutrientes e outros. O uso desses produtos pode levar, portanto, a um aumento

no teor desses elementos no solo (fase sólida e solução) de onde passaria à planta e desta,

como forragem ou alimento, ao animal e ao homem.

4.3.1 Cádmio (Cd)

De acordo com o departamento de Microbilologia da Universidade de São Paulo, o

cádmio é encontrado na natureza quase sempre junto com o zinco, em proporções que variam

de 1:100 a 1:1000, na maioria dos minérios e solos. É um metal que pode ser dissolvido por

soluções ácidas e pelo nitrato de amônio. Quando queimado ou aquecido, produz o óxido de

cádmio, pó branco e amorfo ou na forma de cristais de cor vermelha ou marrom. É obtido

como subproduto da refinação do zinco e de outros minérios, como chumbo-zinco e cobre-

chumbo-zinco (DI TOPPI e GABRIELLI, 1999).

O cádmio existente na atmosfera é precipitado e depositado no solo agrícola na

relação aproximada de 3 g/hectares/ano. Rejeitos não-ferrosos e artigos que contêm cádmio

contribuem significativamente para a poluição ambiental. Outras formas de contaminação do

solo são através dos resíduos da fabricação de cimento, da queima de combustíveis fósseis e

lixo urbano e de sedimentos de esgotos (DI TOPPI e GABRIELLI, 1999).

Ávila-Campos (2014) comenta que na agricultura, uma fonte direta de contaminação

pelo cádmio é a utilização de fertilizantes fosfatados. Sabe-se que a captação de cádmio pelas

plantas é maior quanto menor o pH do solo. Nesse aspecto, as chuvas ácidas representam um

fator determinante no aumento da concentração do metal nos produtos agrícolas e que a água

é outra fonte de contaminação e deve ser considerada não somente pelo seu consumo como

água potável, mas também pelo seu uso na fabricação de bebidas e no preparo de alimentos.

Sabe-se que a água potável possui baixos teores de cádmio (cerca de 1 g/L), o que é

representativo para cada localidade.

O cádmio é um elemento de vida biológica longa (10 a 30 anos) e de lenta excreção

pelo organismo humano. O órgão alvo primário nas exposições ao cádmio a longo prazo é o

rim. Os efeitos tóxicos provocados por ele compreendem principalmente distúrbios

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gastrointestinais, após a ingestão do agente químico. A inalação de doses elevadas produz

intoxicação aguda, caracterizada por pneumonite e edema pulmonar (ÁVILA-CAMPOS,

2014).

A capacidade com que as plantas podem absorver este metal do solo vai depender de

fatores como concentração e biodisponibilidade, os quais são determinados pelo teor de

matéria orgânica presente no solo, pH, temperatura e a presença de outros elementos (DI

TOPPI e GABRIELLI, 1999).

4.3.2 Chumbo (Pb)

Segundo Ávila-Campos (2014) há mais de 4.000 anos o chumbo é utilizado sob

várias formas, principalmente por ser uma fonte de prata. Antigamente, as minas de prata

eram de galena (minério de chumbo), um metal dúctil, maleável, de cor prateada ou cinza-

azulada, resistente à corrosão. Os principais usos estão relacionados às indústrias extrativa,

petrolífera, de baterias, tintas e corantes, cerâmica, cabos, tubulações e munições.

O Pb é um constituinte comum da crosta terrestre, com cerca de 20 mg/kg, sendo

considerado inofensivo quando não explorado ou transformado para utilização humana.

Origina-se de fontes naturais ou também antropogênicas, sendo atualmente utilizado como

revestimento de cabos, proteção contra radiação, em ligas, baterias, pigmentos e vidros. Pode

ser absorvido e acumulado nos diferentes órgãos das plantas, e sua absorção dependerá de

fatores como pH, tamanho de partículas e da capacidade de trocas catiônicas do solo, uma vez

que este metal é fortemente adsorvido nas partículas do solo, com consequente redução da sua

disponibilidade para os organismos (LUZ, 1999).

Compostos de chumbo são absorvidos por via respiratória e cutânea. Os chumbos

tetraetila e tetrametila também são absorvidos através da pele intacta, por serem lipossolúveis.

O sistema nervoso, a medula óssea e os rins são considerados órgãos críticos para o

chumbo, que interfere nos processos genéticos ou cromossômicos e produz alterações na

estabilidade da cromatina em cobaias, inibindo reparo de DNA e agindo como promotor do

câncer (CASAS e SORDO, 2006).

A relação chumbo - síndrome associada ao sistema nervoso central depende do

tempo e da especificidade das manifestações. Destaca-se a síndrome encéfalo-polineurítica

(alterações sensoriais, perceptuais, e psicomotoras), síndrome astênica (fadiga, dor de cabeça,

insônia, distúrbios durante o sono e dores musculares), síndrome hematológica (anemia

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hipocrômica moderada e aumento de pontuações basófilas nos eritrócitos), síndrome renal

(nefropatia não específica, proteinúria, aminoacidúria, uricacidúria, diminuição da depuração

da uréia e do ácido úrico), síndrome do trato gastrointestinal (cólicas, anorexia, desconforto

gástrico, constipação ou diarreia), síndrome cardiovascular (miocardite crônica, alterações no

eletrocardiograma, hipotonia ou hipertonia, palidez facial ou retinal, arteriosclerose precoce

com alterações cerebrovasculares e hipertensão) e síndrome hepática (interferência de

biotransformação) (FRANCALANZA, 2000).

4.4 Extração mineral

O Brasil tem um território completamente rico em minério, tornando-se assim um

dos maiores exploradores do mundo, juntamente com a Rússia, Estados Unidos, Canadá,

China e Austrália. Boa parte das mineradoras que exploram minérios no Brasil é de origem

estrangeira, sendo a maioria delas associadas aos Estados Unidos, Canadá, Japão e Europa

(ALVES, 2005).

As empresas estrangeiras que se instalaram no Brasil foram atraídas por incentivos

oferecidos pelo próprio governo brasileiro, como os recursos minerais que são meramente

abundantes, os incentivos fiscais, os financiamentos bancários e os descontos em pagamentos

de energia e impostos. Atualmente, no Brasil os principais minérios que têm sido explorados

são: ferro, bauxita alumínio, manganês, níquel, zinco e nióbio (TEIXEIRA, 2014).

Conforme o Informe Mineral 2014, a produção nacional da indústria extrativista

mineral registrou expansão de 9,57% no primeiro semestre de 2014, na comparação com o

mesmo período do ano anterior, conforme o Índice de Produção Mineral (IPM) mostrado na

figura 2, foi o melhor desempenho do setor desde 2011. Este crescimento aconteceu

principalmente em função do aumento na produção dos minérios de ferro (14,5%) e ouro

(10,5%) conforme Apêndice 1 (BRASIL, 2014).

Também tiveram destaques as variações positivas na produção do amianto (5,17%),

nióbio (8,8%) e cromo (0,7%). O saldo positivo da produção no setor mineral foi

influenciado, sobretudo por melhores condições climáticas nas principais regiões produtoras

de minério de ferro, e pela entrada de novas unidades de produção desta substância, mas por

outro lado, outros bens minerais apresentaram variações negativas na produção, como carvão

mineral (-16,8%), zinco (-13,3%), níquel (-11,2%), potássio (-11,9%), caulim (-9,5%), fosfato

(-8,6%), alumínio (-7,6%), manganês (-4,8%), cobre (-4,5%) e grafita (-2,2%). As quedas na

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produção no primeiro semestre de 2014 estão principalmente associadas a problemas

operacionais nas minas/usinas ou reduções de demanda (BRASIL, 2014).

Figura 2 - Índices de Produção Mineral (IPM) do 1º/211 ao 1º/2014. Base: mesmo semestre do ano

anterior

Fonte: Brasil (2014).

Fazendo uma análise mensal do IPM no primeiro semestre de 2014, com base no

mesmo mês do ano anterior, percebe-se um desempenho positivo em todos os meses do

primeiro semestre de 2014, em relação ao mesmo período de 2013.

Haverá um enfoque nos minérios de zinco e chumbo, devido o presente trabalho se

tratar de mineração de zinco e chumbo, onde se busca explorar a produção, geração e reservas

dos mesmos pelos pais e mundo. Teixeira e Silva (2014) comentam que o chumbo é um dos

metais mais antigos usados, pelo homem, e muitas das primitivas aplicações têm persistido

através dos séculos.

O chumbo raramente é encontrado no seu estado natural, mas sim, em combinações

com outros elementos, sendo os mais importantes minérios a galena, cerussita, anglesita,

piromorfita, vanadinita, crocroíta e a wulfenita (FREITAS, 2015).

A galena (PbS), um sulfeto de chumbo (Pb = 86,6% e S =13,4%), é o seu mineral–

minério mais importante e geralmente ocorre associada com a prata. O zinco, o cobre, ouro e

antimônio são outros metais que também, aparecem associados ao chumbo (FREITAS, 2015).

O chumbo é o sexto metal de maior utilidade industrial. O seu uso principal é na

construção de baterias para automóveis e estacionárias, que consomem em torno de 90% em

todo mundo.

Francalanza (2000) em suas citações diz que o chumbo pode ser reciclado seguidas

vezes, obtendo-se um metal secundário similar ao metal primário, desde que seja utilizada a

tecnologia apropriada.

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De acordo com o Júnior (2014) as reservas do país aprovadas (medidas mais

indicadas) alcançaram 35,3 milhões de toneladas, em 2008, com o teor médio de 1,90% e as

reservas por estado segue conforme tabela 6.

Tabela 6- Reserva brasileiras medidas e indicadas de chumbo para o ano de 2008

Reserva Medida +

Indicada (t)

UF Minério Contido Teor

BA 997.033 1.558 0,16%

MG 8.866.435 107.616 1,21%

MT 1.194.887 16.967 1,42%

PR 2.033.941 99.105 4,87%

RS 22.228.754 444.575 2,00%

SP 16.591 1.335 8,05%

TOTAL 35.337.641 671.156 1,90% Fonte: Brasil (2008).

Segundo Teixeira e Silva (2014), existem as reservas, mas no país o único

concentrado processado é o subproduto do zinco produzido na empresa onde este estudo foi

desenvolvido Votorantim Metais, unidade de Morro Agudo, pois o Brasil não possui

jazimento de chumbo com teor, quantidade e qualidade do minério para direcionar a

exploração da mina. As usinas metalúrgicas que beneficiavam o concentrado foram

desativadas, em dezembro de 1995. A mina de Morro Agudo detém uma reserva (medida

mais indicada) de 1,9 milhões de toneladas, com teor médio de 1,88% e contido de 36 mil

toneladas de chumbo.

A tabela 7 apresenta dados oficiais do DNPM e Votorantim Metais da produção de

concentrado no Brasil de 2011 a 2013.

Tabela 7 - Produção anual de concentrado de chumbo/metal contido (2011 a 2013)

Ano

Concentrado

de Chumbo

(t)

Contido do

Concentrado

chumbo (t)

2011 15.100 8.545

2012 16.953 8.922

2013 19.468 9.124 Fonte: Sumário Mineral (2014).

Já o zinco, conforme comenta Neves (2014), é metal do grupo dos não ferrosos e que

ocorre em abundância na crosta terrestre e os depósitos de sulfetos representam importante

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fonte desse metal. Os principais minerais dos quais se extrai o zinco são: calamina, esfalerita,

franklinita, hidrozincita smithsonita, willemita, wurtzita e zincita.

As reservas brasileiras, que representam 1,2% das mundiais, são da ordem 6,5

milhões de toneladas de zinco contido no minério (tabela 8), das quais 45,3% são medidas,

40,5% são indicadas e 14,2% são inferidas. Deste total, o minério silicatado predomina com

5,6 milhões de toneladas (NEVES, 2014).

Tabela 8 - Reservas Minerais de Zinco (t) em Zn contido 2008

UF MEDIDA INDICADA INFERIDA TOTAL

BA 7.205 4.061 3.828 15.094

MG 2.835.121 2.211.614 698.749 5.745.484

MT 45.259 54.693 3.876 103.828

RGS 63.769 364.496 216.881 645.146

TOTAL 2.951.354 2.634.864 923.335 6.509.553 Fonte: DNPM, (2008).

Estando as principais ocorrências de zinco localizadas nos Estados da Bahia, Minas

Gerais, Mato Grosso, Pará e Rio Grande do Sul, contudo somente os depósitos localizados em

Minas Gerais e Mato Grosso têm importância econômica.

A Votorantim Metais Zinco S/A, empresa de capital nacional integrante do Grupo

Votarantim, cita Neves (2014), é a principal produtora de zinco no País. Suas unidades

industriais estão localizadas no Estado de Minas Gerais: dois empreendimentos mineiros, em

Vazante e em Paracatu e duas usinas metalúrgicas, situadas em Três Marias e Juiz de Fora.

A tabela 9 apresenta a produção nacional de concentrado de zinco em metal contido,

evoluindo de 117 mil toneladas em 1996 para 174 mil toneladas em 2008, registrando um

incremento médio anual de 3,3%. Esse crescimento não foi contínuo, verificando-se anos em

que a produção apresenta redução. A queda da produção em 1998 é resultado da paralisação

das atividades da Mineração Areiense S/A, subsidiária da Cia Mercantil Ingá.

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Tabela 9 - Evolução da Produção de Zinco contido(t) – 1996-2013

ANO MINÉRIO CONCENTRADO

METAL

PRIMÁRIO

1996 1.325.952 117.341 186.338

1997 1.649.883 152.634 185.701

1998 1.261.783 87.475 176.806

1999 1.290.773 98.590 187.010

2000 1.309.353 100.254 191.777

2001 1.355.070 111.432 197.037

2002 1.523.554 136.339 249.434

2003 1.857.572 152.822 262.998

2004 1.962.703 158.962 265.987

2005 2.207.864 171.434 267.374

2006 2.438.961 185.211 272.438

2007 2.623.022 193.899 265.126

2008 2.420.254 173.933 248.874

2011 2.302.760 197.840 284.770

2012 2.392.366 164.258 246.526

2013 2.368.505 152.147 242.000

Fonte: DNPM (2008 e 2014)

Neves (2014) comenta que o consumo de zinco refinado no mercado brasileiro

atingiu 248,9 metros em 2013, o que representou aumento de 3,8% em relação às 239,8

metros referentes a 2012.

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5. METODOLOGIA

5.1 Caracterização da empresa Votorantim Metais – Unidade Morro Agudo

A empresa na qual o estudo foi realizado é do Grupo Votorantim Metais, unidade de

Morro Agudo, mineração situada ao noroeste de Minas Gerais, na zona rural da cidade de

Paracatu.

A figura 3 apresenta a localização da unidade.

Figura 3 - Localização da Votorantim Metais unidade de Morro Agudo

Fonte: Arquivos Votorantim Metais.

A jazida foi descoberta em 1952, na Fazenda Traíras, junto à comunidade rural de

Morro Agudo, quando se iniciou o trabalho de exploração a partir de lavra rudimentar de

minério de chumbo. Iniciou suas atividades em 1981, com a exploração de Pb e Zn, através de

perfuração de túneis na terra (mineração subterrânea), sendo o Zn seu insumo de maior

volume, o Pb como o segundo e também produz calcário dolomítico, como consequência do

processo de beneficiamento.

Em 1988, a empresa assumiu todo o controle acionário da mineração do local e a

mesma conta com uma usina de beneficiamento, uma pilha de estéril e três depósitos de

rejeito. As Barragens 1 e 3 servem de depósito de calcário dolomítico, comercializado como

corretivo de acidez do solo para agricultores rurais. A Barragem 2 contém Pó Calcário

Industrial (PCI), material considerado resíduo industrial do processo produtivo. O minério

concentrado de Zn produzido na empresa é enviado para a unidade de Três Marias, também

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pertencente ao grupo. O minério concentrado de Pb é comercializado para o mercado

internacional.

5.1.1 Geologia

A jazida é constituída de rocha sedimentar do tipo dolarenito, tendo o corpo

mineralizado um comprimento de 1km e uma largura de 500 m, aproximadamente, com um

mergulho de 20°. A rocha encaixante é um calcário dolomítico. O mineral de zinco é a

esfalerita e o de chumbo é a galena.

Os tipos de minérios encontrados na jazida são:

Minério disseminado, caracterizado por uma dispersão fina dos sulfetos nos clastos

dolomíticos;

Minério cimento, apresentando os sulfetos cimentando os clastos dolomíticos

preservados;

Minério remobilizado, preenchendo fraturas e/ou espaços entre os clastos dolomíticos

e cimento dolomítico.

5.1.2 Método de lavra

A lavra do minério é subterrânea (figura 4), o método de lavra empregado é o de

câmara e pilares, com as galerias de acesso ao corpo mineralizado separadas entre si em

níveis de, aproximadamente, 33 m de espaçamento vertical. A etapa de desenvolvimento atual

já atingiu o nível de 650 m. O acesso de pessoas é feito por uma rampa e a extração de

minério e de estéril, por um skip com capacidade de 10 t num poço com profundidade de 330

m.

O minério e o estéril são desmontados utilizando-se explosivos e, em seguida,

carregados em carregadeiras frontais e transportados por caminhões até as passagens (winzes)

de minério ou de estéril, equipadas na alimentação com uma grelha com abertura de 500 mm.

Cada passagem possui um silo, com capacidade de 1.400 t para o minério e de 1.000 t para o

estéril. Os silos estão situados no nível 283 m e deles, o minério ou o estéril, é alimentado no

skip por meio de transportador de correia. A razão média de estéril/minério na lavra é de 1:5.

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Figura 4 - Imagem da Mina (câmaras e pilares)

Fonte: Arquivos fotográficos Votorantim Metais

O material transportado pelo skip é descarregado em uma calha com a finalidade de

direcioná-lo, se minério ou estéril, para as etapas subsequentes. O estéril segue para um silo,

onde posteriormente é carregado com carregadeira frontal e transportado em caminhões para

o bota-fora; caso o material seja minério, este é descarregado em um alimentador vibratório e

em seguida submetido ao beneficiamento.

Nos estudos geológicos detectados um minério com baixos teores e má qualidade do

material desmontado, ele pode ser armazenado (arquivados) nas câmaras lavradas

previamente. O acesso à mina é feito por duas estruturas escavadas em rocha:

Túnel de acesso principal: por esta rampa são transportados os funcionários, matérias-

primas, combustíveis, explosivos, matérias de consumo e os equipamentos. Foi

desenvolvido em zig zag, desde a superfície ao nível atual 560 m.

Poço de içamento do minério: foi escavado verticalmente desde a superfície ao nível

330 m, com diâmetro de 5 m. Por este poço são içados à superfície o minério e o

estéril extraído da mina.

É feita também a perfuração na mina para o carregamento de explosivos. O desmonte

do minério (ou estéril) é efetuado por explosivos, em tiras de 3,0 em 3,0 m dentro das câmaras

de cada nível de extração. A largura de cada câmara é de 10,0 m e a altura é variável de

acordo com a presença do corpo lavrado, sendo no mínimo 3,0 m e no máximo 25 m. A

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primeira tira é aquela mais próxima do teto. Após a lavra de cada tira são feitos o serviço de

estabilização da escavação com ancoragem mecânica, quando necessário. Com o passar do

tempo são recuperados os pilares entre uma câmara e outra.

5.1.3 Processamento mineral

A planta de beneficiamento compreende as seguintes etapas:

Britagem e peneiramento;

Homogeneização;

Moagem e ciclonagem;

Flotação;

Filtragem;

Pátio de expedição;

Barragens e depósitos de pó calcário agrícola.

5.1.3.1 Britagem e peneiramento

O circuito de britagem é constituído em quatro partes e na figura 5 é possível

visualizar todo o circuito.

1. O run of mine (ROM) é içado com granulometria fixa abaixo de 500 x 500 mm é

descarregado no alimentador vibratório;

2. O minério então é conduzido através do alimentador ao britador primário. O britador

primário, possui uma abertura de 3.1/2” na posição aberta e 4” na posição fechada. O

tamanho máximo passante neste é de 90 mm. Após ser britado, o minério é conduzido

por correias transportadoras até a pilha primária;

3. Em seguida, através de um alimentador de sapatas, em uma correia o minério é

transportado ao britador secundário, modelo 1352 cônico, o qual reduz o minério a

tamanho máximo passante em 20 mm. Após britagem secundária o minério é

transportado por correias até a etapa de classificação;

4. O peneiramento é constituído por uma peneira Haver de duplo deck, sendo a primeira

com abertura de 20 mm e a segunda com abertura de 8mm. O minério abaixo de 8mm

é transportado para a pilha de homogeneização e o minério acima deste tamanho é

empilhado e alimenta um britador terciário cônico, com capacidade de 400 t, sendo

que a britagem terciária se encontra em circuito fechado com a etapa de peneiramento.

A capacidade de britagem gira em torno de 180 t/h.

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Figura 5 - Fluxograma da britagem

FFLLUUXXOOGGRRAAMMAA DDOO BBEENNEEFFIICCIIAAMMEENNTTOO -- BBRRIITTAAGGEEMM Votorantim Metais – Unidade Morro Agudo

BBrriittaaddoorr 11ªª

BBrriittaaddoorr 22ªª

BBrriittaaddoorr 33ªª PPiillhhaa PPrriimmáárriiaa

PPiillhhaa

SSeeccuunnddáárriiaa

AAlliimmeennttaaddoorr

VViibbrraattóórriioo

PPiillhhaa ddee HHoommooggeenneeiizzaaççããoo

GGuuiinncchhoo

MMooaaggeemm Fonte: Arquivos da Votorantim Metais.

5.1.3.2 Homogeneização

O minério britado e peneirado abaixo de 8mm é transportado através de correia

transportadora até a pilha de homogeneização conforme visualização na figura 6, a qual

possui um tripper que se movimenta promovendo a formação da pilha e a homogeneização. O

pátio de homogeneização possui cinco alimentadores de correias, o que possibilita a formação

de duas pilhas tipo cônicas, sendo que, quando uma está alimentando a usina a outra está

sendo formada. A capacidade total dos pátios é de 10.000 t, o suficiente para alimentar a usina

por três dias.

Figura 6 - Pilha de homogeneização

Fonte: Arquivos da Votorantim Metais

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5.1.3.3 Moagem e classificação

A moagem é realizada a úmido e em circuito fechado. Ela ocorre em duas linhas

paralelas, empregando-se um moinho de bolas, com capacidade para 150 t/h e outro moinho

de bolas, com capacidade para 50 t/h. A descarga nos moinhos é do tipo overflow e o grau de

enchimento do moinho é controlado em torno de 38%. O moinho 1 trabalha em circuito

fechado com uma bateria de 12 hidrociclones de classificação (normalmente opera-se 9

hidrociclones), existindo três outros hidrociclones idênticos em stand-by. O moinho 2 também

trabalha em circuito fechado com uma bateria de 8 hidrociclones de classificação

(normalmente opera-se 4 hidrociclones), existindo quatro outros hidrociclones idênticos em

stand-by.

O overflow dos hidrociclones (produto final da moagem) alimenta o circuito de

flotação, e o underflow retorna ao moinho constituindo a carga circulante. O produto final da

moagem contém aproximadamente 65% das partículas passantes em malha 325 # (44 mµ),

sendo que a granulometria típica do minério que alimenta o moinho é 100% menor que 11,0

mm. A figura 7 apresenta o fluxograma do processo de moagem e classificação.

Figura 7 - Fluxograma da moagem e classificação

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0

MG - 010

MG - 035

Isopropil

Isopropil

Cal

Ali- Nova

Ali- Nova

Ciclone 01

Ciclone 02

Fonte: autoria própria

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39

5.1.3.4 Flotação

O overflow do ciclone da moagem vai para o condicionador 01, o coletor (Isopropil)

já é dosado na moagem, pois o sistema de agitação do condicionador não funciona

corretamente. Após dosagem de reagente e condicionamento a polpa é bombeada até a etapa

rougher de Pb onde é flotado com pH natural em torno de 9,5. O concentrado da rougher

alimenta por gravidade a etapa cleaner de Pb e seu concentrado vai para uma etapa recleaner

de Pb (célula convencional). O flotado é o concentrado final de Pb, que passa por um

processo de filtragem e é armazenado num pátio de estocagem até ser exportado.

O rejeito da etapa cleaner de Pb volta em contra corrente no circuito da rougler. O

rejeito da etapa rougher de Pb alimenta as células scavenger’s de Pb sendo que o concentrado

desta etapa recircula na etapa rougher e o rejeito da flotação de Pb alimenta o circuito de

flotação de zinco. Nas scavenger’s de chumbo dosa-se o coletor de Pb (Isopropil) e

espumante (Mibcol), a fim de melhorar o desempenho da flotação de Pb. Na figura 8 é

possível visualizar o fluxograma da etapa de flotação de Pb.

Figura 8 - Fluxograma da flotação do circuito de chumbo

Fonte: autoria própria.

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Após flotação de Pb inicia-se o processo de concentração no circuito de Zn. A polpa

sai das células de flotação de Pb e alimenta os tanques de condicionamento de Zn, onde é

dosado ativador e coletor de Zn (sulfato de cobre e isobutil xantato, respectivamente). Depois

de condicionada a polpa é bombeada até a coluna rougher de zinco, onde a flotação é

realizada com pH em torno de 10,2 a 10,5, utilizando-se cal hidratada para regular o mesmo.

O concentrado da coluna rougher vai para a coluna cleaner, e o seu rejeito vai para as

scavenger’s de Zn. O concentrado da cleaner vai para dois bancos de células convencionais

na etapa recleaner e o seu rejeito retorna na etapa rougher em contra-corrente ou tem a opção

de ir para uma etapa considerada scavenger’de cleaner. O concentrado gerado na recleaner

vai para o sistema de filtragem, onde é filtrado, blendado e expedido para Três Marias e o seu

rejeito volta na cleaner, em contra-corrente. A figura 9 apresenta o fluxograma de flotação do

Zn.

O rejeito das scavenger’s de zinco é o rejeito final 01 e constitui o pó calcário

adequado para agricultura que é bombeado para barragem, para posterior preparação, análise

e comercialização. Abaixo é possível visualizar fotografias da flotação, a figura 10 são as

colunas de flotação e na figura 11 as células convencionais.

Figura 9 - Fluxograma da flotação do circuito de zinco

Fonte: autoria própria

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Figura 10 - Imagem das colunas de flotação

Fonte: Arquivo fotográfico da Votorantim Metais

Figura 11 – Imagem das células mecânicas de flotação

Fonte: Arquivo fotográfico da Votorantim Metais

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Os reagentes utilizados na usina encontram-se na tabela 10, bem como a descrição

das suas funções.

Tabela 10 - Reagentes utilizados no processo de flotação

Circuitos Reagentes Função

Circuito Chumbo Metilisobutil Carbinol (Mibcol) Espumante

Aero Xantato 343 (Isopropil) Coletor da galena

Circuito Zinco

Cal virgem Regulador de pH

Metilisobutil Carbinol (Mibcol) Espumante

Aero Xantato 317 (Isobutil) Coletor da esfalerita

Sulfato de Cobre Ativador da esfalerita

Fonte: autoria própria.

5.1.3.5 Filtragem

A filtragem visualizada na figura 12 é a última etapa do processo industrial de Morro

Agudo e tem a função de aumentar a porcentagem de sólidos da polpa concentrada, reduzindo

sua umidade para valores próximos a 9% no concentrado de Pb e 11% no concentrado de Zn.

A filtragem em Morro Agudo conta com três filtros tipo prensa (Andritz), sendo um com 45

placas de 1,0 x 1,0m para o circuito de chumbo e dois com 66 placas de 1,2 x 1,2 m para o

circuito de zinco.

Figura 12 - Área da filtragem

.

Fonte: Arquivos fotográficos da Votorantim Metais

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43

5.1.3.6 Barragens de rejeito e depósito de pó calcário

Existem três barragens de depósitos de calcário na unidade: duas destinadas a receber

calcário agrícola, adequado para a agricultura e uma para calcário industrial (material não

conforme para agricultura). A figura 13 mostra uma foto da localização das barragens.

Figura 13 - Visão aérea da empresa e localização das barragens

.

Fonte: Arquivo fotográfico da Votorantim Metais

O pó calcário é constituído da polpa final do processo do processamento. É destinado

às barragens I e III. Atualmente o processo de retirada para comercialização é realizado na

barragem I com utilização de três ciclos:

Lançamento e estocagem;

Secagem;

Carregamento para estocagem em pátio.

Para acelerar o processo de secagem, o pó calcário passa por um processo de preparo

com gradeamento, esparramamento, com uso de enxadas rotativas agrícolas, e em seguida é

retirado com auxílio de carregadeira e caminhão.

O processo de controle de qualidade é realizado após a preparação do material para

expedição e, caso o mesmo não apresente as especificações exigidas pelo Ministério da

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Agricultura para comercialização, retorna para adequação, onde utiliza-se de blendagem com

pó calcário com melhor qualidade para que assim o mesmo possa ser comercializado.

5.1.3.7 Produtos finais

A Votorantim Metais, unidade de Morro Agudo, obtém quatro produtos: os

concentrados de Zn e Pb, que são estocados em pátios independentes com capacidade de

6.000 t para Pb e 3.000 t para Zn; Pó Calcário adequado para a Agricultura e Pó Calcário

inadequado para a Agricultura, os quais são estocados em barragens diferentes com

capacidade total de 6.000.000 t.

O concentrado final de Zn é o principal produto da empresa, sendo enviado para a

unidade de Três Marias onde será transformado em Zinco Metálico. A tabela 11 apresenta as

especificações do concentrado de Zn.

Tabela 11 - Visão aérea da empresa e localização das barragens

Elemento Teor (%)

Zn > 36,00

Pb < 2,00

Cao < 9,60

MgO < 5,80

Fonte: autoria própria.

O concentrado final de Pb vai para o mercado externo, através de embarcações. A

tabela 12 apresenta as especificações do concentrado de Pb.

Tabela 12 - Especificações do cliente para o concentrado final de Pb

Elemento Teor (%)

Pb > 51,00

Zn < 4,50

Fonte: autoria própria.

O Pó calcário é o rejeito do processo que é vendido como um subproduto, utilizado

na agricultura como corretivo de solo. A tabela 13 apresenta as especificações do pó calcário

agrícola.

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45

Tabela 13 - Especificações do Pó Calcário Agrícola, conforme registro junto ao Ministério da Agricultura

Elemento Teor (%)

Zn < 0,50

Pb < 0,10

Cd < 0,0020

CaO > 27,00

MgO > 15,00

PRNT > 74,82

PN > 85,53

Fonte: autoria própria.

5.2 O processo de flotação

Para beneficiamento do minério da mina de Morro Agudo, já se havia estabelecido

reagentes e dosagens padrões com apenas os reagentes (mibcol, amil xantato, isobutil xantato

e sulfato de cobre) deixando os contaminantes do rejeito muito próximos e algumas vezes até

acima dos limites que a legislação permite para comercialização.

Para redução dos contaminantes no rejeito final havia necessidade de estudar um

novo reagente auxiliar que fortalecesse o desempenho de coleta do zinco e chumbo nas etapas

de concentração para reduzir drasticamente os teores de chumbo e cádmio no rejeito final, de

modo que não deixasse de atender as qualidades exigidas pelos clientes dos concentrados

finais de zinco e chumbo, dessa forma, realizou-se uma bateria de ensaios de flotação em

bancada, simulando a flotação da usina, variando os pontos de dosagem nas etapas, inclusive

o padrão já realizado.

Os testes foram realizados em duplicatas e as análises químicas e físicas foram

realizadas no laboratório químico da própria empresa. Após os resultados em escala de

bancada, as mudanças propostas foram implementadas em escala industrial e avaliaram-se os

resultados.

5.2.1 Amostragem e premissas para dosagem do coletor auxiliar

Inicialmente foi realizada a coleta nos pontos propostos para realização dos ensaios

em bancada:

Rejeito da rougher de Pb que alimenta o circuito de zinco (RRG);

Concentrado das scavengers de Zn (SCV).

Na figura 14, pode-se visualizar fluxograma simplificado do ensaio de bancada.

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46

Figura 14 - Fluxograma Ensaio de Bancada

Fonte: autoria própria.

Para realizar a coleta utilizou-se amostrador automático para o ponto de RRG e

manual para o ponto de concentrado das SCV.

Foram coletadas as amostras quando a usina estava com boa estabilidade, a fim de se

ter amostra bem representativa do processo. Os incrementos foram coletados de 15 em 15

minutos, compondo a amostra de 40kg. A coleta foi realizada com 4h de duração.

Para a escolha dos pontos propostos foi levado em consideração a ação de

recuperação em massa que o Pietfloat AG585 proporcionava, não sendo dosado na etapa

cleaner, pois era necessária a elevação do teor do concentrado de Zn, devido à sua

especificação.

Como a base do reagente era de ditiofosfato de dialquila, que conferia um grau de

espumação ligeiramente alto, era necessário realizar análise de lixiviação do concentrado

gerado dos testes para verificar a influência do mesmo no processo posterior, já na etapa de

hidrometalurgia.

Os testes de lixiviação também foram realizados com base nos padrões realizados na

hidrometalurgia e o objetivo era verificar o processo de lixiviação, pH alcançado e

performance de espumação do concentrado de zinco.

5.2.2 Condições dos testes de flotação

Os primeiros testes foram realizados apenas na etapa rougher e a segunda batelada

incluiu o estágio cleaner. Os ensaios foram realizados baseados em padrão de ensaio utilizado

na empresa e segue resumo das condições na tabela 14.

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Tabela 14 - Condições dos ensaios de bancada

Etapas Tempo

Cond (s)

Tempo

Flot.

(s)

pH

inicial:

Reagentes g/t

Sulfato de

Cobre 50g/l Amil 25g/l Mibcol 100%

g/t ml g/t ml g/t nº

Gotas

Moagem - - - - - - - - -

Rougher 180 300 10,5 300 1,6 40 1,8 23 4

Scavenger

I 160 300 - 300 - 20 0,6 17 3

Cleaner - - - - - - - - -

Consumo Total de reagentes em g/t 80 60 40

Fonte: autoria própria.

As dosagens do coletor auxiliar Pietfloat AG585 variou conforme tabela 15 abaixo,

onde também apresenta as dosagens dos ensaios padrões:

A adição do Pietfloat AG585 foi realizada junto com o coletor Amil Xantato, não

havendo aumento no tempo de condicionamento.

Tabela 15 - Dosagem de reagentes por ensaios de bancada

Data

Reagentes

Teste

Sulfato

Cobre

(g/t)

Amil

Rougher

Zn

(g/t)

Amil

Scavenge

r de Zn

(g/t)

Ag 585

Rouguer

de Zn

(g/t)

Ag 585

Scavenge

r de Zn

(g/t)

Mibicol

Rougler

de Zn

(Gotas)

Mibicol

Scavenger

de Zn

(Gotas)

01/04/2013 Padrão 80 40 20 - - 4 3

01/04/2013 2 80 40 20 100 100 4 3

01/04/2013 3 80 40 20 - 100 4 3

01/04/2013 4 80 40 20 100 50 4 3

01/04/2013 5 80 40 20 150 - 4 3

02/04/2013

Padrão

Cleane

r 80 40 20 - - 4 3

02/04/2013 7 80 40 20 - 200 4 3

02/04/2013 8 80 40 20 100 100 4 3

02/04/2013 9 80 40 20 100 50 4 3

02/04/2013 10 80 40 20 50 50 4 3 Fonte: autoria própria.

A figura 15 apresenta os pontos de dosagem propostos (setas em vermelho) nos

testes de bancada e escala industrial.

A configuração das dosagens conforme segue na figura 15, foi em consideração aos

resultados do teste 10.

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48

Figura 15 - Fluxograma com indicação dos pontos de dosagens do reagente coletor auxiliar Piet float

AG585

Fonte: autoria própria.

5.3 Condições dos ensaios de lixiviação

Para os ensaios de lixiviação separou-se parte das amostras (concentrado de Zn)

obtidas dos ensaios de flotação, mantendo em torno de 100g de amostra com 45% de sólido.

Os ensaios foram realizados para todos os concentrados gerados, padrões e com

adição de AG585. Manteve-se uma agitação constante para garantir uma boa homogeneização

e interação do ácido sulfúrico (H2SO4) com as partículas minerais. O pH utilizado foi de 2,0 a

2,5 (com adição moderada de solução ácido sulfúrico), com evolução de espuma pouca

agressiva, mantendo um tempo de 30 minutos para lixiviação.

Após esse período foi utilizado uma pisseta com água para quebrar as bolhas geradas

do processo, observando-se a qualidade da espuma, sendo que a mesma não poderia ser muito

densa e também tinha de ser bem dissipada e facilmente quebrada com o jato de água da

pisseta.

O concentrado gerado dos testes industriais foram segregados e embarcados

separadamente para o cliente, a fim de que o mesmo validasse o desempenho encontrado nos

testes de lixiviação em bancada.

5.4 Análises físicas e químicas

A Votorantim Metais, unidade Morro Agudo, onde os ensaios foram realizados,

conta com laboratório químico capacitado para realização de análises químicas e físicas. O

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mesmo é registrado junto ao Ministério da Agricultura para análise química do seu corretivo

de acidez. As principais análises realizadas e suas metodologias são apresentadas na tabela 16.

Tabela 16 - Principais análises, metodologias e equipamentos

Ensaio Método Equipamento

Zinco, chumbo,

cádmio, óxido de

cálcio e magnésio

Espectrômetro de

Raios X

Espectrofotômetro

de Absorção

Atômica

Espectrômetro de Raios X (Shimadzu – EDX 720)

Espectrofotômetro Absorção Atômica (Perkin Elmer

– Analyst 200)

Potencial de

Neutralização

(PN)

Titulação

pHmetro digital (Digimed/DM-20)

Titulador automático (Metrohm 715-773 Dosimat)

Chapa aquecedora (Marconi MA 239)

Potencial Relativo

de Neutralização

Total PRNT

Análise

Granulométrica

Peneiras 10,20 e 50# (Bertel e Abronzinox)

Peneirador Vibratório Suspenso (CDC/P-V-08)

Balança Analítica (Gehaka-AG200)

Flotação Flotação

convencional Célula Flotação Pneumática (CDC/CFB-1000-EEPN)

Lixiviação Lixiviação com

ácido sulfúrico Agitador Magnético (MARCONI/MA089)

Fonte: autoria própria.

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50

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A série de testes em bancada foram primordiais e conclusivos para tomada de

decisões e definição de qual melhor ponto de dosagem para se conseguir um bom

desempenho.

6.1 Ensaios de flotação em bancada

1º Ensaio: Padrão

A finalidade da realização do teste padrão foi obter dados e compará-los aos demais

testes. Conseguiu-se uma boa performance, ou seja, um concentrado que atendesse a

especificação, porém os teores de contaminantes no rejeito final ficam muito próximos dos

limites máximos permitido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária MAPA (BRASIL, 2009)

(<20ppm de Cd e <1000ppm de Pb). A tabela 17 apresenta tais resultados.

Tabela 17 - Resultados do teste 1 (padrão)

Teste Padrão Rougher

Rec.

Metal

Rec.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

95,82% 20% Alimentação 5,26 0,23 1,6

CRG ZN 36,98 0,882 1,7 20

CSCV ZN 3,8 0,646 2,2

RF ZN 0,244 0,097 1,61 20 Fonte: autoria própria.

2º Ensaio

Utilizando as dosagens de 100g/t estagiadas (rougher e scavenger) e comparado com

o teste padrão, conseguiu-se uma melhoria da recuperação, tanto em massa quanto

metalúrgica, os contaminantes reduziram em 28% para o Pb e 45% para o Cd; porém o teor de

Zn no concentrado ficou abaixo do esperado que era em torno de 32 a 35%. A tabela 18

apresenta esses resultados.

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51

Tabela 18 - Resultados do teste 2

Amil Padrão+ AG 585 (100 g/t RG E 100 G/T

SCV)

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

97,14% 31% Alimentação 5,26 0,23 1,6

CRG ZN 25,84 1 4,76

CSCV ZN 0,414 0,328 2,16

RF ZN 0,139 0,073 1,58 11 Fonte: autoria própria.

3º Ensaio

Utilizando-se o coletor AG585 (150g/t) apenas na scavenger, verificou-se que houve

um aumento na recuperação de zinco, flotando Pb e reduzindo os teores de contaminantes no

rejeito final em 19% para o Pb e 35% para o Cd; porém o teor de zinco no concentrado ficou

baixo (30,98%). A tabela 19 apresenta esses resultados.

Tabela 19 - Resultados do teste 3

Amil Padrão+ AG 585 100 g/t Dosado SCV Rec. Metal Recp. Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

96,15% 24% Alimentação 5,26 0,23 1,6

CRG ZN 30,98 0,842 3,52

CSCV ZN 2,31 0,534 3,2

RF ZN 0,206 0,08 1,55 13 Fonte: autoria própria.

4º Ensaio

Utilizando as dosagens do AG585 150 RG e 50 SCV, aumentou mais ainda as

recuperações e arrastou mais chumbo dessa fez reduzindo os teores de contaminantes no

rejeito final em 40% para o chumbo e cádmio, porém o teor de zinco no concentrado ficou

muito abaixo. Na tabela 20 encontram-se os resultados.

Tabela 20 - Resultados do teste 4

Amil Padrão+ AG585 (150 g/t RG E 50G/T

SCV)

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

97,70% 37% Alimentação 5,26 0,23 1,6

CRG ZN 19,04 0,643 1,87

CSCV ZN 0,642 0,195 1,63

RF ZN 0,143 0,058 1,53 12 Fonte: autoria própria.

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52

5º Ensaio

Quando se comparado utilizando os testes dosando AG585 150 apenas no RG,

aumentou mais ainda as recuperações e arrastou chumbo dessa fez reduzindo os teores de

contaminantes no rejeito final em 25% para o chumbo e 45% para o cádmio, porém o teor de

zinco no concentrado ficou baixo. A tabela 21 apresenta esses resultados.

Tabela 21 - Resultados do teste 5

Amil Padrão + AG585 150 g/t Dosado RG

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

97,84% 31% Alimentação 5,26 0,23 1,6

CRG ZN 18,94 0,889 4,19

CSCV ZN 0,825 0,43 2,27

RF ZN 0,138 0,073 1,58 11 Fonte: autoria própria.

Utilizando duas etapas de limpeza para melhor a performance do teor de zinco no

concentrado, sem interferir nos resultados do rejeito final que apresentaram boa performance.

6º Ensaio: Padrão com etapa cleaner

Quando se utiliza uma etapa de limpeza para teste padrão, melhorou o teor do

concentrado de zinco, porém os níveis de contaminantes de cádmio e chumbo continuam bem

próximos do limite de especificação do MAPA e as recuperações se mantiverem conforme

esperado. Na tabela 22 seguem os resultados.

Tabela 22 - Resultados do teste 6 Padrão com etapa cleaner

(Padrão) Etapa Cleaner

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos % ZN % Pb % Fe Cd PPM

95,49% 10%

Alimentação Alimentação Alimentação Alimentação

CCL ZN 42,58 0,643 3,26

RCL ZN 4,34 0,541 2,65

RF ZN 0,253 0,098 1,63 16 Fonte: autoria própria.

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7º Ensaio

Quando utilizado as dosagens do AG585 200g/t apenas na scavenger, teve elevação

da recuperação, reduziu os teores de contaminantes no rejeito final em 35% para o chumbo e

40% para o cádmio, e o teor de zinco no concentrado deu uma performance boa (tabela 23).

Tabela 23 - Resultados do teste 7

Amil Padrão +AG 585 SCV 200 g/t

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

97,26% 12% Alimentação 4,68 0,177 1,67

CCL ZN 30,15 0,668 3,7

RCL ZN 3,23 0,427 2,33

RF ZN 0,119 0,063 1,48 12 Fonte: autoria própria

8º Ensaio

Utilizando as dosagens de 100g/t nas estagiadas (rougher e scavenger) e com mais

uma etapa de limpeza em comparado com os testes padrões, conseguiu-se uma melhoria da

recuperação, redução dos contaminantes em 36% para o chumbo e 50% para o Cd, porém o

teor de zinco no concentrado ficou muito abaixo (tabela 24).

Tabela 24 - Resultados do teste 8

Amil Padrão + AG 585 (RG 100 g/t e SCV 100g/t)

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

98,12% 17% Alimentação 4,68 0,177 1,67

CCL ZN 25,54 0,744 3,76

RCL ZN 1,08 0,353 2,07

RF ZN 0,106 0,062 1,43 10 Fonte: autoria própria

9º Ensaio

Quando utilizado as dosagens do AG585 100 RG e 50 SCV com mais uma etapa de

limpeza, aumentou mais ainda as recuperações e arrastou mais chumbo dessa fez reduzindo os

teores de contaminantes no rejeito final em 40% para o chumbo e cádmio, o teor de zinco no

concentrado ficou já elevou um pouco mais (tabela 25).

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54

Tabela 25 - Resultados do teste 9

Amil Padrão + AG 585 (RG 100 g/t e SCV 50 g/t)

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

97,23% 12% Alimentação 4,68 0,177 1,67

CCL ZN 30,53 0,755 3,71

RCL ZN 1,61 0,431 2,26

RF ZN 0,123 0,07 1,48 12 Fonte: autoria própria.

10º Ensaio

Quando utilizado as dosagens do AG585 50g/t na RG e 50g/t na SCV, aumentou

mais ainda as recuperações e arrastou mais chumbo dessa fez reduzindo os teores de

contaminantes no rejeito final em 30% para o chumbo e 45% para o cádmio, o teor de zinco

no concentrado deu uma performance muito boa. Na tabela 26 pode-se visualizar tal

resultado.

Tabela 26 - Resultados do teste 10

Amil Padrão+ AG 585 (RG 50 g/t e SCV 50 g/t)

Rec.

Metal

Recp.

Massa

Produtos

%

ZN % Pb % Fe Cd PPM

98,00% 16% Alimentação 4,68 0,177 1,67

CCL ZN 37,34 0,683 3,51

RCL ZN 1,75 0,442 2,26

RF ZN 0,148 0,069 1,5 11

Fonte: autoria própria

Após os resultados das análises químicas foi possível realizar um diagnóstico da

efetividade do reagente AG585 usado para auxiliar na performance da flotação, reduzindo os

contaminantes do rejeito, elevando a recuperação do concentrado e atendimento ao cliente

quanto à qualidade dos produtos gerados.

Na figura 16 consegue-se visualizar as recuperações obtidas com o uso do AG585 no

circuito de zinco onde se observa uma obtenção de recuperações maiores quando usado o

AG585 associado ao amil xantato, apenas o terceiro teste não obteve uma boa performance,

como foi pontual, o mesmo foi desconsiderado a título de tomada de decisão.

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55

Figura 16 - Resultados de recuperação de Zn

Fonte: autoria própria

Os resultados obtidos dos teores de zinco no concentrado final merecem um pouco

mais de atenção na etapa em escala industrial, conforme ilustra a figura 17, pois nos

resultados em bancada os mesmos ficaram um pouco abaixo do esperado, mas tem de se levar

em conta que na planta industrial tem-se outras variáveis de processo que podem ser alteradas

a fim de garantir os teores nos concetrados finais, como: nivel das colunas, vazão, cargas

circulantes, inserção de mais etapas de limpeza, etc. Esses resultados não foram impeditivo

para realização dos testes em escala maior.

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Figura 17 - Resultados dos teores de Zn no concentrado final gerado dos testes

Fonte: autoria própria

Para os contaminantes no rejeito (pó calcário agrícola), observa-se uma redução

considerável em todos os testes em que foi dosado o reagente 585, obtendo redução média de

35% no chumbo e 40% de cádmio, conforme as figuras 18 e 19 apresentam.

Figura 18 - Resultados do Pb no rejeito final gerado dos testes

Fonte: autoria própria

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57

Figura 19 - Resultados de Cd no rejeito final gerado dos testes

Fonte: autoria própria

Observando os resultados dos testes realizados pode-se explorar quase todos em

escala industrial, no entanto optou-se por iniciar em escala industrial o teste nº 10, onde-se

conseguiu redução dos contaminantes, aumento de recuperação e uma boa qualidade do

concentrado de zinco. Além disso, a dosagem do AG585 foi uma das menores.

6.2 Ensaios de lixiviação em bancadas

Na etapa posterior à flotação, o concentrado de zinco passa por processo de

lixiviação e reduzir ainda mais os contaminantes (MgO, CaO, Pb etc.) para etapa de

ustulação. Sendo assim além dos ensaios de flotação em bancada, se fazia necessário realizar

testes de lixiviação com o concentrado gerado, para garantir a qualidade de acordo com os

requisitos do cliente, os testes têm objetivo de avaliar a geração de espuma e quanto a mesma

se rompia facilmente. Tais ensaios foram realizados os ensaios e os mesmos apresentaram

resultados satisfatórios.

Todos apresentaram conformidade quanto a qualidade de espuma gerada, bem

dissipada e de fácil rompimento das bolhas. Nas figuras 20, lado direito, são fotos do teste

com o concentrado gerado dos ensaios de flotação padrão comparado às figuras da esquerda

com teste gerado com o concentrado da flotação de zinco com a adição do AG585.

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58

Figura 20 - Testes de Lixiviação Padrão e com AG 585

Teste Padrão Teste AG 585R

ep

olp

ame

nto

Form

ação

de

esp

um

aC

amad

a d

e e

spu

ma

Dis

sip

ação

de

bo

lhas

Fonte: autoria própria

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59

6.3 Resultados industriais

No período em que o teste foi realizado os teores de Zn na alimentação da planta

reduziu e o teor de chumbo elevou, aumentando mais o desafio de retirada do teor de chumbo

no contaminante, e implicando no maior desafio de trabalho para garantir o teor de Zn no CF

Zn, a variabilidade do processo aumentou, o desvio padrão para alimentação de Zn de 0,47

para 0,51 e para o Pb de 0,28 para 0,47, porém mesmo assim conseguiu-se excelente

desempenho com a associação do AG585 na flotação de Zn e Pb, conforme figura 21. No

período anterior o teor médio do período estava com 2,33% e no período do teste reduziu-se

para 1,99%. O teor de chumbo na alimentação manteve normalmente como na figura 22.

Figura 21 - Teor de Zn na Alimentação da Planta

2262011761511261017651261

5

4

3

2

1

0

nº de amostras

% d

e Z

n n

o A

P

_X=2,333

_X=1,977

UCL=3,353

UCL=2,967

LCL=1,314

LCL=0,987

Antes Depois

1

111

1

1

11

1

1

1

11

1

111

1

1

Fonte: autoria própria.

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Figura 22 - Teor de Pb na alimentação da planta

2262011761511261017651261

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0

nº de amostras

% d

e P

b n

o A

P_X=0,868

_X=0,960

UCL=1,343

UCL=1,651

LCL=0,394LCL=0,269

Antes Depois

1

1

11

1

1

1

1

1

1

1

1111

11

11

1

1111

11

1

1111

1

11

1

Fonte: autoria própria.

Conseguiu-se a redução dos contaminantes do calcário como segue as figuras 23 e 24

o Pb de 0,13% passou para 0,094% e o Cd apresentava uma média de 0,018%, reduziu para

0,017% que ficou dentro da faixa estabelecida pelo Ministério da Agricultura de 20ppm para

Cd e 1000ppm para Pb. Além de tudo conseguiu-se estabilizar o processo, o desvio padrão

antes de associar o AG 585 era para Cd 0,0004, após a associação foi para 0,0002 e para o Pb

antes 0,04 e depois 0,03.

Figura 23 - Teor de Pb no rejeito final da flotação de zinco

2262011761511261017651261

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0

nº de amostras

%P

b n

o R

F

_X=0,1237

_X=0,0994

UCL=0,2096

UCL=0,1572

LCL=0,0378 LCL=0,0416

Antes Depois

111

1

11

1

1

1

11

1

Fonte: autoria própria.

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Figura 24 - Teor de Cd no rejeito final da flotação de Zn

2262011761511261017651261

0,0045

0,0040

0,0035

0,0030

0,0025

0,0020

0,0015

0,0010

nº de amostras

% C

d n

o R

F_X=0,001798

_X=0,001708

UCL=0,002798

UCL=0,002476

LCL=0,000798LCL=0,000940

Antes Depois

1

1

1

1

11

1

11

1

111

1

Fonte: autoria própria.

Os bons resultados também vieram nas recuperações metalúrgicas, o chumbo

apresentou uma elevação de 6,3% após associação do reagente, como mostra na figura 25 e o

zinco permaneceu na faixa 84,5%, figura 26. Deve ser mais explorado no circuito de zinco.

Figura 25 - Recuperação de Pb

2262011761511261017651261

100

80

60

40

20

0

nº de amostras

% R

ecu

pe

raçã

o P

b

_X=73,7

_X=79,3

UCL=96,8UCL=100,1

LCL=50,6

LCL=58,6

Antes Depois

1

11

1

1

1

111

11

1

1

Fonte: autoria própria.

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Figura 26 - Recuperação de Zn

2262011761511261017651261

100

90

80

70

60

50

nº de amostras

% R

ecu

pe

raçã

o Z

n_X=84,73

_X=84,64

UCL=95,71 UCL=96,18

LCL=73,76 LCL=73,11

Antes Depois

1

11

1

1

1

1

11

1

11

1

1

Fonte: autoria própria.

Os concentrados finais ficaram dentro das especificações, e ainda tiveram aumento

nos teores, conforme figuras 27 e 28.

Figura 27 - Teor de Pb no concentrado final de chumbo

2262011761511261017651261

80

70

60

50

40

30

20

10

Nº de amostras

%P

b n

o C

FPb

_X=52,36

_X=50,86

UCL=76,07UCL=72,18

LCL=28,65 LCL=29,53

Antes Depois

1

11

1

11

111

11

11

11

1

11

Fonte: autoria própria.

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Figura 28 - Teor de Zn no concentrado final de Zn

2262011761511261017651261

55

50

45

40

35

30

25

20

nº de amostras

% Z

n n

o C

FZn

_X=36,51

_X=38,43

UCL=53,36

UCL=50,36

LCL=19,66

LCL=26,49

Antes Depois

1

1

1

Fonte: autoria própria.

Os ensaios de laboratório, foram base para aplicabilidade em uma escala maior e os

resultados, mostram uma certa aderência quando se compara os dois.

O controle refinado na flotação com a dosagem do coletor AG585 e nos demais permitiu

redução dos contaminantes e atendimento às especificações dos teores de concentrado.

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7. CONCLUSÕES

Através dos ensaios de laboratório, foi possível ter uma prévia, os resultados

positivos foram subsídios para aplicação em escala industrial, onde se observou o excelente

desempenho do reagente investigado para potencializar os processos.

A associação do reagente pré-determinado junto ao processo trouxe ganhos tanto na

qualidade do rejeito, reduzindo mais ainda os níveis de contaminantes (Pb e Cd); em

consequência, elevou as recuperações de Zn e Pb sem prejudicar a qualidade dos

concentrados garantindo o atendimento as especificações dos clientes.

Os resultados obtidos com os testes de lixiviação com o concentrado de Zn gerado

dos ensaios de flotação com o coletor AG585 mostrou-se positivo, que é possível manter o

controle da espumação no processo hidrometalúrgico.

A pesquisa com o uso do reagente auxiliar de flotação no processamento mineral da

empresa em questão proporcionou melhorias significativas no processo de flotação de Pb e Zn

com a adequação dos parâmetros que interferiam na qualidade do rejeito final, constituído de

Pó Calcário Agrícola. Embora a redução do Cd na escala industrial não tenha sido tão

expressiva do ponto de vista do período, mas conseguiu-se reduzir a variabilidade do

processo, garantindo assim um processo sem grandes variações de teores e com isso tornando

o processo mais estáveis.

Após a aplicação em escala industrial, foi possível confirmar o desempenho do uso

do AG585 para auxiliar na coleta dos minerais de interesse, elevando suas recuperações e

reduzindo os níveis de Cd e Pb do Pó Calcário Agrícola, sem prejudicar a qualidade dos

concentrados obtidos com a sua associação no processo. Além disso, foi possível obter

ganhos com redução de custos evitando a nova construção de barragem, pois com o baixo teor

do contaminante no produto gerado permitiu-se que o mesmo fosse blendado com o Pó

Calcário Industrial (PCI) e fosse comercializado, liberando espaço na barragem para

deposição de novo rejeito.

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ANEXO 1

Minério de Ferro Bauxita

Ouro (exclui a produção de garimpo) Fosfato

Cobre Carvão Mineral

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Níquel Manganês

Nióbio (Pirocloro) Grafita

Potássio Cromo

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69

Amianto Zinco

Caulim