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Nuno Miguel Peres de Almeida
Nuno
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Agosto de 2014
HELICOBACTER PYLORI
VOLUME ITese de Doutoramento em Ciências da Saúde, ramo de Medicina, especialidade de Medicina Interna (Gastrenterologia), orientada por Professor Doutor José Manuel Godinho Matos Romãozinho e
apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
HEL
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NUNO$MIGUEL$PERES$DE$ALMEIDA$
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RESISTÊNCIA*PRIMÁRIA*E*SECUNDÁRIA*DE*HELICOBACTER+
PYLORI*AOS*AGENTES*ANTIMICROBIANOS*!
A!realidade!atual!na!região!Centro!de!Portugal!
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VOLUME!I!
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COIMBRA!
Agosto!de!2014!!
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TESE DE DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
RAMO DE MEDICINA
ESPECIALIDADE DE MEDICINA INTERNA (GASTRENTEROLOGIA)
ORIENTADA POR
PROFESSOR DOUTOR JOSÉ MANUEL ROMÃOZINHO
E APRESENTADA À FACULDADE DE MEDICINA
DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
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A Faculdade de Medicina de Coimbra não aceita qualquer responsabilidade em relação à
doutrina e à forma desta tese.
(Regimento da Faculdade de Medicina de Coimbra, 1931, Artº 108, § único)
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Trabalho realizado nos Serviços de Gastrenterologia e Anatomia Patológica do Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro de Gastrenterologia e Hepatologia da
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e no Laboratório de Microbiologia da
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra.
Projeto de Investigação Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia
(PIC/IC/83122/2007)
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AGRADECIMENTOS
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AGRADECIMENTOS*
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! Ao!meu!orientador,!Professor!Doutor!José!Manuel!Romãozinho,!principal!
mentor!e!impulsionador!deste!projeto.!
! Ao! Professor! Doutor! Maximino! Correia! Leitão,! Diretor! do! Serviço! de!
Gastrenterologia!do!Centro!Hospitalar!e!Universitário!de!Coimbra!no!momento!
em!que!se!iniciou!esta!fase!da!vida!académica.!
! Ao! Professor! Doutor! Carlos! Sofia,! atual! Diretor! do! Serviço! de!
Gastrenterologia.!
! À! Doutora! Maria! Manuel! Donato,! do! Centro! de! Gastrenterologia! e!
Hepatologia!da!Faculdade!de!Medicina!da!Universidade!de!Coimbra.!
! À!Professoras!Doutoras!Olga!Cardoso!e!Cristina!Luxo,!do!Laboratório!de!
Microbiologia!da!Faculdade!de!Farmácia!da!Universidade!de!Coimbra.!
! À! Dra.! Maria! Augusta! Cipriano! e! à! Dra.! Carol! Marinho,! do! Serviço! de!
Anatomia!Patológica!do!Centro!Hospitalar!e!Universitário!de!Coimbra.!
! Ao! Professor! Doutor! Francis! Mégraud! e! à! Dra.! Lucie! Benejat,! do!
Laboratoire!de!Bactériologie!Hopital!Pellegrin,!Bordéus,!França.!
! Ao! Professor! Doutor! Javier! Gisbert,! da! Unidade! de! Gastrenterologia,! La!
Princesa!University!Hospital,!Madrid,!Espanha.!
! A!todos!os!colegas!do!Serviço!de!Gastrenterologia!que!gentilmente!foram!
referenciando!os!doentes!e!me!prestaram!todo!o!apoio!necessário.!
Ao! técnico! Carlos! Alberto! Calhau,! pela! enorme! disponibilidade!
demonstrada.!
À!Dra.!Margarida!Marques,!do!Laboratório!de!Bioestatística!e!Informática!
Médica!da!Faculdade!de!Medicina!e!ao!Dr.!João!Casalta,!do!Instituto!de!Biofísica!e!
Biomatemática! da! Universidade! de! Coimbra,! pelas! sugestões! no! âmbito! da!
análise!estatística.!
À!minha!família!e!aos!meus!amigos,!por!todo!o!apoio!e!incentivo.!
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ÍNDICE
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
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ÍNDICE'
PREFÁCIO*..............................................................................................................................*i!LISTA*DE*FIGURAS*............................................................................................................*ix!LISTA*DE*TABELAS*...........................................................................................................*xi!LISTA*DE*ABREVIATURAS*...........................................................................................*xiii!RESUMO*.............................................................................................................................*xix!Fundamentos*............................................................................................................................*xix!Objetivos*....................................................................................................................................*xix!Doentes*e*métodos*..................................................................................................................*xix!Resultados*..................................................................................................................................*xx!Conclusões*.................................................................................................................................*xxi!
ABSTRACT*......................................................................................................................*xxiii!Background*............................................................................................................................*xxiii!Aims*..........................................................................................................................................*xxiii!Patients*and*methods*.........................................................................................................*xxiii!Results*......................................................................................................................................*xxiv!Conclusions*..............................................................................................................................*xxv!
CAPÍTULO*I*–*INTRODUÇÃO*...........................................................................................*1!1.1)*Preâmbulo*...................................................................................................................*1!1.2)*Justificação*do*tema*e*das*linhas*de*investigação*desenvolvidas*............*3!1.3)*Objetivos*......................................................................................................................*7!1.4)*Organização*da*presente*tese*...............................................................................*8!CAPÍTULO*II*–*REVISÃO*DA*LITERATURA*..............................................................*13!2.1)*Helicobacter+pylori*.................................................................................................*13!2.1.1)*Caracterização*..............................................................................................................*13!2.1.2)*História*de*Helicobacter+pylori*................................................................................*15!2.1.2.1)!A!descoberta!de!Helicobacter$pylori!.............................................................................!15!2.1.2.2)!A!relação!de!Helicobacter$pylori!com!a!espécie!humana!.....................................!16!
2.1.3)*Adaptação*ao*ambiente*gástrico*–*Fisiopatologia*e*resposta*imune*.........*19!2.1.4)*Epidemiologia*da*infeção*por*Helicobacter+pylori*............................................*25!2.1.4.1)!Prevalência!global!da!infeção!por!Helicobacter$pylori!..........................................!26!2.1.4.2)!Fatores!que!influenciam!a!prevalência!da!infeção!por!Helicobacter$pylori!.!28!2.1.4.3)!Alterações!da!prevalência!da!infeção!por!Helicobacter$pylori!..........................!30!2.1.4.4)!Transmissão!de!Helicobacter$pylori!..............................................................................!31!
2.1.5)*Manifestações*clínicas*associadas*ao*Helicobacter+pylori*..............................*34!2.1.5.1)!Gastrite!aguda!........................................................................................................................!37!2.1.5.2)!Gastrite!crónica!.....................................................................................................................!38!2.1.5.3)!Úlcera!péptica!........................................................................................................................!41!2.1.5.4)!Carcinoma!gástrico!..............................................................................................................!43!2.1.5.5)!Linfomas!gástricos!...............................................................................................................!49!2.1.5.6)!Dispepsia!funcional!.............................................................................................................!52!2.1.5.7)!Anemia!ferripriva!.................................................................................................................!53!2.1.5.8)!Púrpura!trombocitopénica!idiopática!crónica!.........................................................!54!2.1.5.9)!Deficiência!de!vitamina!B12!............................................................................................!55!
Índice
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2.1.5.10)!Helicobacter$pylori!e!doença!de!refluxo!gastroesofágico!..................................!55!2.1.5.11)!Helicobacter$pylori!e!outras!doenças!benignas!.....................................................!56!2.1.5.12)!Helicobacter$pylori!e!neoplasias!extraggástricas!..................................................!57!
2.1.6)*Histologia*na*infeção*por*Helicobacter+pylori*....................................................*58!2.1.6.1)!A!importância!da!histologia!e!modificações!histológicas!habituais!...............!58!2.1.6.2)!Classificação!de!Sydney!modificada!em!Houston!...................................................!63!2.1.6.3)!Classificações!OLGA!e!OLGIM!..........................................................................................!64!
2.1.7)*Fatores*de*virulência*de*Helicobacter+pylori*......................................................*67!2.1.7.1)!cagA!e!cag$PAI!........................................................................................................................!69!2.1.7.2)!vacA!............................................................................................................................................!71!2.1.7.3)!babA2!.........................................................................................................................................!72!2.1.7.4)!sabA!............................................................................................................................................!73!2.1.7.5)!oipA!.............................................................................................................................................!73!2.1.7.6)!dupA!............................................................................................................................................!73!2.1.7.7)!Genes!da!região!de!plasticidade!.....................................................................................!74!2.1.7.8)!Gamaglutamiltranspeptidase!..........................................................................................!74!
2.1.8)*Fatores*do*hospedeiro*...............................................................................................*75!2.1.8.1)!Interleucina!1!.........................................................................................................................!75!2.1.8.2)!NucleotideABinding$Oligomerization$Domain!............................................................!76!2.1.8.3)!TollALike$Receptors!...............................................................................................................!77!2.1.8.4)!Fator!de!Necrose!Tumoral!................................................................................................!79!2.1.8.5)!Interleucina!8!e!Interleucina!10!.....................................................................................!79!2.1.8.6)!Interleucina!17!e!Interleucina!23!..................................................................................!81!2.1.8.7)!Interferão!gama!.....................................................................................................................!82!2.1.8.8)!Antigénios!do!Complexo!Major!de!Histocompatibilidade!..................................!82!2.1.8.9)!Transforming$Growth$Factor$β!........................................................................................!82!
2.1.9)*Tratamento*de*Helicobacter+pylori*........................................................................*83!2.1.9.1)!Indicações!para!erradicação!............................................................................................!83!2.1.9.2)!Fundamentos!para!os!fármacos!e!esquemas!terapêuticos!utilizados!no!tratamento!de!Helicobacter$pylori!..................................................................................................!86!2.1.9.3)!História!dos!tratamentos!de!erradicação!de!Helicobacter$pylori!.....................!89!2.1.9.4)!Esquemas!terapêuticos!empíricos!aprovados!para!o!Helicobacter$pylori!...!91!2.1.9.5)!Tratamento!dirigido!por!antibiograma!.......................................................................!99!2.1.9.6)!Fatores!que!influenciam!o!sucesso!terapêutico!...................................................!101!
2.1.10)*Resistência*de*Helicobacter+pylori*aos*antibióticos*....................................*106!2.1.10.1)!Taxas!de!resistência!de!Helicobacter$pylori!aos!diversos!antibióticos!....!110!2.1.10.2)!Mecanismos!de!resistência!.........................................................................................!114!2.1.10.3)!Metodologias!para!detetar!resistência!fenotípica!............................................!118!2.1.10.4)!Metodologias!para!detetar!resistência!genotípica!...........................................!119!
2.1.11)*Potenciais*alternativas*terapêuticas/adjuvantes*de*tratamento*..........*124!2.1.11.1)!Lactoferrina!.......................................................................................................................!125!2.1.11.2)!Probióticos!.........................................................................................................................!126!2.1.11.3)!Plantas/Fitoterapia!........................................................................................................!127!2.1.11.4)!Mel!e!própolis!...................................................................................................................!128!2.1.11.5)!Fungos!.................................................................................................................................!128!2.1.11.6)!Estatinas,!vitaminas,!aspirina,!pronase,!Ngacetilcisteína!...............................!129!2.1.11.7)!Fototerapia!........................................................................................................................!129!2.1.11.8)!Bacteriófagos!....................................................................................................................!129!2.1.11.9)!Inibidores!das!bombas!de!efluxo!.............................................................................!130!2.1.11.10)!Vacinas!..............................................................................................................................!130!
2.2)*Helicobacter+pylori*em*Portugal*......................................................................*132!2.2.1)*Prevalência*da*infeção*por*Helicobacter+pylori*..............................................*132!2.2.2)*Taxas*de*resistência*de*Helicobacter+pylori*aos*antibióticos*.....................*135!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
!
2.2.3)*Recomendações*atuais*sobre*o*tratamento*de*Helicobacter+pylori*em*Portugal*–*avaliação*crítica*................................................................................................*139!2.2.4)*Eficácia*dos*esquemas*terapêuticos*empregues*em*Portugal*...................*141!2.2.5)*Fatores*de*virulência*da*bactéria*e*fatores*genéticos*do*hospedeiro*....*143!
CAPÍTULO*III*–*DOENTES*E*MÉTODOS*...................................................................*149!3.1)*Seleção*dos*doentes*............................................................................................*149!3.1.1)*Critérios*de*inclusão*................................................................................................*149!3.1.1.1)!Estudo!da!resistência!primária!e!secundária!de!Helicobacter$pylori!aos!agentes!antimicrobianos!.................................................................................................................!149!3.1.1.2)!Estudo!da!eficácia!dos!esquemas!empíricos!triplos!...........................................!150!3.1.1.3)!Estudo!de!eficácia!e!tolerabilidade!do!esquema!terapêutico!com!doxiciclina!–!prova!de!conceito!............................................................................................................................!150!3.1.1.4)!Estudo!da!relação!genótipogfenótipo!........................................................................!150!3.1.1.5)!Estudo!da!relação!do!gene!NOD2!com!a!infeção!por!Helicobacter$pylori!..!151!
3.1.2)*Critérios*de*exclusão*...............................................................................................*151!3.1.2.1)!Estudo!da!resistência!primária!e!secundária!de!Helicobacter$pylori!aos!agentes!antimicrobianos!.................................................................................................................!151!3.1.2.2)!Estudo!da!eficácia!dos!esquemas!empíricos!triplos!...........................................!152!3.1.2.3)!Estudo!de!eficácia!e!tolerabilidade!do!esquema!terapêutico!com!doxiciclina!–!prova!de!conceito!............................................................................................................................!152!3.1.2.4)!Estudo!da!relação!genótipogfenótipo!........................................................................!152!3.1.2.5)!Estudo!da!relação!do!gene!NOD2!com!a!infeção!por!Helicobacter$pylori!..!152!
3.1.3)*Recolha*de*dados*clínicos*......................................................................................*153!
3.2)*Exames*complementares*realizados*.............................................................*155!3.2.1)*Teste*respiratório*com*ureia*marcada*por*13C*(UBT)*..................................*155!3.2.2)*Endoscopia*Digestiva*Alta*(EDA)*.........................................................................*156!3.2.3)*Colheita*de*sangue*....................................................................................................*156!
3.3)*Estudo*fenotípico*e*genotípico*de*Helicobacter+pylori*............................*157!3.3.1)*Estudo*fenotípico*de*resistência*..........................................................................*157!3.3.1.1)!Transporte!das!amostras!e!identificação!presuntiva!de!Helicobacter$pylori!....................................................................................................................................................................!157!3.3.1.2)!Isolamento!e!identificação!dos!isolados!de!Helicobacter$pylori!....................!158!3.3.1.3)!Determinação!da!Concentração!Mínima!Inibitória!(CMI)!................................!158!3.3.1.4)!Preservação!dos!isolados!e!do!DNA!de!Helicobacter$pylori!.............................!160!
3.3.2)*Estudo*genotípico*de*resistência*.........................................................................*160!3.3.2.1)!Estudos!moleculares!de!resistência!..........................................................................!160!3.3.2.2)!Deteção!de!mutações!associadas!a!resistência!à!claritromicina!...................!161!3.3.2.3)!Deteção!de!mutações!associadas!a!resistência!à!levofloxacina!.....................!163!3.3.2.4)!Deteção!de!mutações!associadas!a!resistência!às!tetraciclinas!.....................!166!3.3.2.5)!Deteção!de!mutações!associadas!a!resistência!ao!metronidazol!..................!168!
3.3.3)*Estudo*dos*fatores*de*virulência*de*Helicobacter+pylori*..............................*170!
3.4)*Avaliação*histológica*..........................................................................................*174!3.5)*Terapêutica*de*erradicação*de*Helicobacter+pylori*.................................*176!3.5.1)*Esquema*terapêutico*empírico*de*primeira*linha*........................................*176!3.5.2)*Esquema*terapêutico*empírico*de*segunda*linha*ou*de*recurso*.............*178!3.5.3)*Esquema*de*recurso*baseado*na*doxiciclina*...................................................*179!3.5.4)*Avaliação*da*eficácia*terapêutica*e*dos*efeitos*secundários*.....................*179!3.5.5)*Normas*para*a*suspensão*do*protocolo*terapêutico*....................................*180!
3.6)*Identificação*das*mutações*do*gene*NOD2*..................................................*181!
Índice
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3.7)*Análise*estatística*................................................................................................*184!3.8)*Pressupostos*éticos*.............................................................................................*186!CAPÍTULO*IV*–*CONTRIBUTOS*PESSOAIS*.............................................................*189!4.1)*Estudo*das*taxas*de*resistência*primária*e*secundária*de*Helicobacter+pylori*aos*agentes*antimicrobianos*na*região*Centro*de*Portugal*..............*189!4.1.1)*Resumo*.........................................................................................................................*189!4.1.2)*Introdução*...................................................................................................................*190!4.1.3)*Doentes*e*métodos*...................................................................................................*191!4.1.3.1)!Doentes!..................................................................................................................................!191!4.1.3.2)!Desenho!do!estudo!............................................................................................................!192!4.1.3.3)!Análise!estatística!..............................................................................................................!193!4.1.3.4)!Considerações!éticas!........................................................................................................!193!
4.1.4)*Resultados*...................................................................................................................*194!4.1.5)*Discussão*.....................................................................................................................*198!4.1.6)*Conclusões*...................................................................................................................*201!
4.2)*Maastricht*IV:*Será*que*as*terapêuticas*empíricas*triplas*ainda*são*úteis*num*país*do*sul*da*Europa?*............................................................................*202!4.2.1)*Resumo*.........................................................................................................................*202!4.2.2)*Introdução*...................................................................................................................*203!4.2.3)*Doentes*e*métodos*...................................................................................................*204!4.2.3.1)!Doentes!..................................................................................................................................!204!4.2.3.2)!Tratamentos!empíricos!triplos!e!avaliação!da!eficácia!.....................................!205!4.2.3.3)!Estudos!microbiológicos!................................................................................................!206!4.2.3.4)!Suspensão!do!protocolo!terapêutico!.........................................................................!206!4.2.3.5)!Análise!estatística!..............................................................................................................!207!4.2.3.6)!Considerações!éticas!........................................................................................................!207!
4.2.4)*Resultados*...................................................................................................................*208!4.2.4.1)!Variáveis!demográficas!...................................................................................................!208!4.2.4.2)!Resultados!terapêuticos!.................................................................................................!209!4.2.4.3)!Adesão!à!terapêutica,!efeitos!adversos!e!followAup!............................................!209!4.2.4.4)!Estudos!microbiológicos!................................................................................................!209!4.2.4.5)!Fatores!associados!com!falência!terapêutica!........................................................!210!
4.2.5)*Discussão*.....................................................................................................................*213!4.2.6)*Conclusões*...................................................................................................................*219!
4.3)*A*terapêutica*tripla*com*inibidor*da*bomba*de*protões*em*doses*elevadas,*amoxicilina*e*doxiciclina*é*inútil*na*erradicação*de*Helicobacter+pylori:*um*estudo*de*prova*de*conceito*................................................................*220!4.3.1)*Resumo*.........................................................................................................................*220!4.3.1.1)!Introdução!............................................................................................................................!220!4.3.1.2)!Objetivo!..................................................................................................................................!220!4.3.1.3)!Doentes!e!métodos!............................................................................................................!220!4.3.1.4)!Resultados!............................................................................................................................!221!4.3.1.5)!Conclusões!............................................................................................................................!221!
4.3.2)*Introdução*...................................................................................................................*221!4.3.3)*Doentes*e*métodos*...................................................................................................*223!4.3.3.1)!Doentes!..................................................................................................................................!223!4.3.3.2)!Desenho!do!estudo!............................................................................................................!223!4.3.3.3)!Terapêutica!de!erradicação!e!avaliação!da!eficácia!............................................!225!4.3.3.4)!Análise!estatística!..............................................................................................................!226!4.3.3.5)!Considerações!éticas!........................................................................................................!226!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
!
4.3.4)*Resultados*...................................................................................................................*226!4.3.5)*Discussão*.....................................................................................................................*228!4.3.6)*Conclusão*.....................................................................................................................*233!
4.4)*Correlação*do*genótipo*de*Helicobacter+pylori*com*as*alterações*histopatológicas*gástricas*.........................................................................................*234!4.4.1)*Resumo*.........................................................................................................................*234!4.4.1.1)!Introdução!............................................................................................................................!234!4.4.1.2)!Objetivos!................................................................................................................................!234!4.4.1.3)!Doentes!e!métodos!............................................................................................................!234!4.4.1.4)!Resultados!............................................................................................................................!235!4.4.1.5)!Conclusões!............................................................................................................................!235!
4.4.2)*Introdução*...................................................................................................................*235!4.4.3)*Doentes*e*métodos*...................................................................................................*237!4.4.3.1)!Doentes!..................................................................................................................................!237!4.4.3.2)!Protocolo!...............................................................................................................................!237!4.4.3.3)!Genotipagem!de!Helicobacter$pylori!..........................................................................!239!4.4.3.4)!Análise!estatística!..............................................................................................................!240!4.4.3.5)!Considerações!éticas!........................................................................................................!241!
4.4.4)*Resultados*...................................................................................................................*241!4.4.4.1)!Epidemiologia!e!histopatologia!...................................................................................!241!4.4.4.2)!Genótipo!de!Helicobacter$pylori!..................................................................................!243!4.4.4.3)!Correlação!do!genótipo!com!as!manifestações!clínicas,!alterações!histopatológicas!e!fatores!epidemiológicos!............................................................................!244!
4.4.5)*Discussão*.....................................................................................................................*248!4.4.6)*Conclusões*...................................................................................................................*255!
4.5)*Correlação*do*genótipo*NOD2*com*a*infeção*por*Helicobacter+pylori*num*país*do*sul*da*Europa*........................................................................................*256!4.5.1)*Resumo*.........................................................................................................................*256!4.5.1.1)!Introdução!............................................................................................................................!256!4.5.1.2)!Objetivos!................................................................................................................................!256!4.5.1.3)!Doentes!e!métodos!............................................................................................................!256!4.5.1.4)!Resultados!............................................................................................................................!257!4.5.1.5)!Conclusões!............................................................................................................................!257!
4.5.2)*Introdução*...................................................................................................................*257!4.5.3)*Doentes*e*métodos*...................................................................................................*258!4.5.3.1)!Doentes!..................................................................................................................................!258!4.5.3.2)!Determinação!do!genótipo!NOD2!...............................................................................!259!4.5.3.3)!Isolamento!de!Helicobacter$pylori,!determinação!das!CMI!e!genotipagem!....................................................................................................................................................................!259!4.5.3.4)!Estudo!histológico!gástrico!...........................................................................................!260!4.5.3.5)!Análise!estatística!..............................................................................................................!260!4.5.3.6)!Considerações!éticas!........................................................................................................!261!
4.5.4)*Resultados*...................................................................................................................*261!4.5.5)*Discussão*.....................................................................................................................*265!4.5.6)*Conclusões*...................................................................................................................*268!
4.6)*Contributos*adicionais*.......................................................................................*269!4.6.1)*Sequenciação*do*gene*gyrA*...................................................................................*269!4.6.1.1)!Resultados!............................................................................................................................!269!4.6.1.2)!Discussão!...............................................................................................................................!269!
4.6.2)*Sequenciação*do*gene*rdxA*...................................................................................*271!4.6.2.1)!Resultados!............................................................................................................................!271!4.6.2.2)!Discussão!...............................................................................................................................!272!
Índice
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CAPÍTULO*V*–*CONSIDERAÇÕES*FINAIS*................................................................*277!5.1)*Discussão*Final*.....................................................................................................*277!5.2)*Limitações*do*trabalho*realizado*..................................................................*290!CAPÍTULO*VI*–*CONCLUSÕES*E*PERSPETIVAS*FUTURAS*.................................*299!6.1)*Sumário*das*conclusões*....................................................................................*299!6.2)*Perspetivas*futuras/Investigações*adicionais*...........................................*302!Bibliografia*.....................................................................................................................*309!!!
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PREFÁCIO
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! i!
PREFÁCIO'
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! Decorreram!já!mais!de!30!anos!desde!a!descoberta!de!Helicobacter$pylori!
por! Barry!Marshall! e! Robin!Warren.! Este! evento! constituiu,! indubitavelmente,!
um! tema! para! grandes! avanços! científicos,! gerando! muitas! paixões! e!
controvérsias.!Milhares!de!artigos! foram!publicados!sobre!esta!bactéria!e!a!sua!
putativa! relação! com! diversas! patologias! humanas,! do! foro! gastrointestinal! e!
extraintestinal.!Também!se!discute,!embora!de!forma!menos!efusiva,!o!papel!de!
Helicobacter$pylori!na!microbiota!humana!e!os!benefícios!que!poderão!decorrer!
da!nossa!convivência!com!este!microrganismo.!Contudo,!o! interesse!nesta!área!
tão! específica! esmoreceu! com! o! decurso! do! tempo! e! houve! mesmo! quem!
preconizasse! o! fim!de!Helicobacter$pylori,! quer! em! termos! científicos,! quer! em!
termos! da! prática! clínica.! No! entanto,! se! é! verdade! que! em! alguns! países! se!
assistiu! a! uma! redução! considerável! da! prevalência! desta! infeção,! outros!
mantiveram!taxas!muito!elevadas!de!incidência!e!prevalência,!mesmo!nas!faixas!
etárias!mais!jovens.!Tal!é!o!caso!de!Portugal,!com!uma!prevalência!na!população!
adulta!que!supera!os!80%.!Por!outro!lado,!constatougse!que!a!erradicação!desta!
bactéria! se! tornou! progressivamente! mais! difícil! e! complexa.! Isto! decorre,!
principalmente,! da! resistência! crescente! de! Helicobacter$ pylori! aos! agentes!
antimicrobianos.!!
Para!todos!os!efeitos!esta!é,!ainda!hoje,!a!infeção!bacteriana!mais!comum!
na!espécie!humana,!acometendo!mais!de!50%!da!população!mundial.!Por!outro!
lado,! 10! a! 20%! dos! indivíduos! infetados! desenvolvem! manifestações! clínicas!
como!úlcera!gastroduodenal,!adenocarcinoma!e!linfoma!gástricos.!Uma!das!mais!
temidas! é,! sem! dúvida,! o! adenocarcinoma! gástrico,! que! ocorre! em!
aproximadamente! 1%! das! pessoas! infetadas.! Não! surpreendeu! assim! que,! em!
1994,! a! Organização! Mundial! de! Saúde! viesse! a! considerar! a! bactéria!
Helicobacter$ pylori! como! agente! carcinogénico! tipo! 1.! Todos! estes! fatores!
contribuíram! para! relançar! o! interesse! no! estudo! deste! microrganismo,!
principalmente! nos! mecanismos! de! resistência! aos! agentes! antimicrobianos! e!
nas!potenciais!terapêuticas!que!possam!favorecer!a!sua!erradicação.!
Prefácio
!ii!
No! Serviço! de! Gastrenterologia! do! Centro! Hospitalar! e! Universitário! de!
Coimbra! (previamente! designado!Hospitais! da! Universidade! de! Coimbra)! e! no!
Centro! de! Gastrenterologia! e! Hepatologia! da! Faculdade! de! Medicina! da!
Universidade!de!Coimbra!existiu!sempre!um!grande!interesse!pela!investigação!
no!campo!da!infeção!por!Helicobacter$pylori.!Tal!decorreu,!em!grande!medida,!do!
empenho! e! capacidade! superior! de! alguns! dos! seus! elementos,! sendo! a! figura!
mais!reconhecida!e!representativa!o!Professor!Doutor!José!Manuel!Romãozinho.!
Em! 1990,! este! reputado! Gastrenterologista! publicava! uma! tese! seminal! que!
versava! sobre! “Gastrite! Crónica! e! Cancro! do! Estômago! –! contribuição! para! o!
estudo!da!sua!relação”.!Estavam!assim! lançadas!as!bases!para!um! interesse!no!
campo!de!Helicobacter$pylori!e!respetivas!manifestações!clínicas!que!perduraria!
até!aos!dias!de!hoje.!!
Na! primeira! década! do! século! XXI! começou! a! verificargse,! na! prática!
clínica! corrente,! uma! dificuldade! crescente! na! erradicação! empírica! desta!
bactéria.! Contudo,! esta! impressão! tinha! um! carácter! subjetivo,! não! existindo!
dados!concretos!sobre!as!taxas!de!resistência!de!Helicobacter$pylori!aos!diversos!
antibióticos! na! região! Centro! de! Portugal.! Também! não! estavam! disponíveis!
dados!sobre!a!eficácia!dos!vários!regimes!terapêuticos,!não!obstante!a!Sociedade!
Portuguesa!de!Gastrenterologia!mantivesse!o!esquema!empírico! triplo!baseado!
na!claritromicina!como!terapêutica!de!primeira!linha,!nas!normas!publicadas!em!
2008.!
Intrigado! com! este! tema! e,! consciente! das! suas! potenciais! implicações!
práticas,! o! Professor! Doutor! José! Manuel! Romãozinho! entendeu! que! haveria!
lugar! a! uma! investigação! adicional! na! área! das! resistências! primárias! e!
secundárias!de!Helicobacter$pylori.!Com!a!argúcia,! engenho!e!empenho!que! lhe!
são! reconhecidos,! conseguiu! reunir! em! torno! da! sua! pessoa! uma! equipa!
multidisciplinar! envolvendo! Gastrenterologistas,! Bioquímicos,! Farmacêuticos!
com!diferenciação!em!Microbiologia/Parasitologia!e!Anatomopatologistas.!Nesta!
fase,!por! incentivo!do!Professor!Doutor! José!Manuel!Romãozinho!e! também!do!
Professor!Doutor!Maximino!Correia!Leitão,!tivemos!a!felicidade!de!ser!incluídos!
neste! grupo! de! trabalho,! contribuindo! para! o! desenvolvimento! e! posterior!
implementação! de! um! protocolo! científico! de! índole! clínica,! que! veio! a! ser!
financiado!pela!Fundação!para!a!Ciência!e!Tecnologia.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! iii!
Concluído! este! percurso! da! vida,! impõegse! um! devido! e! sentido!
agradecimento!a!todos!os!que,!de!qualquer!forma,!contribuíram!para!tornar!este!
trabalho!possível.!
A! primeira! palavra! de! agradecimento! é! dirigida,! com! naturalidade,! ao!
Professor!Doutor!José!Manuel!Romãozinho.!Universitário!e!clínico!ilustre,!dotado!
de!uma!inteligência!superior,!foi!o!elemento!chave!em!todo!este!processo.!Sem!a!
sua! dedicação,! a! sua! preciosa! ajuda,! os! seus! conselhos! e! o! seu! espírito! franco,!
minucioso,! rigoroso!mas! também! de! grande! altruísmo,! este! trabalho! não! teria!
vingado.!Todo!o!mérito!que!o!mesmo!possa!ter!será,!em!grande!medida,!da!sua!
responsabilidade.! Pelo! que! fica! dito,! deixamos! aqui! espelhada! a! nossa! imensa!
gratidão.!
Também!ao!Professor!Doutor!Maximino!Correia!Leitão,!Diretor!do!Serviço!
de! Gastrenterologia! até! 2009,! queremos! deixar! expresso! o! reconhecido!
agradecimento.! Foi! ele! que! nos! incentivou! a! enveredar! por! este! caminho!
académico,!que!estimulou!a!participação!neste!grupo!de! trabalho!e!que! reuniu!
todas! as! condições! para! que,! através! da! nossa! permanência! no! Serviço! que!
superiormente! dirigia,! pudéssemos! realizar! e! concluir! o! trabalho! que! agora!
ganha! forma! escrita.! É! com! orgulho! e! marcada! emoção! que! lhe! prestamos! a!
devida!homenagem.!
Ao!Professor!Doutor!Carlos!Sofia,!atual!Diretor!de!Serviço,!desejamos!do!
mesmo!modo!agradecer! toda!a! colaboração!prestada.!Nos! tempos!conturbados!
que!vivemos,!em!que!se!pretende!que!a!produtividade!numérica!simples!supere!
a! qualidade,! em! que! se! tenta! impor! a! política! do! trabalho! braçal! esforçado,!
ignorando!a!maisgvalia!que!a!formação!académica!dos!elementos!de!um!Serviço!
Hospitalar! pode! aportar,! soubemos,! em! conjunto,! superar! as! dificuldades! e!
alcançar!um!ponto!mínimo!de!equilíbrio!que!não!comprometesse!o!Serviço!nem!
acarretasse!a!impossibilidade!da!conclusão!dos!nossos!trabalhos.!Por!toda!a!sua!
disponibilidade!um!agradecimento!particular.!
A! nossa! gratidão! dirigegse! também! para! todos! os! elementos! que!
integraram!este!projeto!e!possibilitaram!que!chegasse!a!porto!seguro.!No!Centro!
de!Gastrenterologia!e!Hepatologia!a!Doutora!Maria!Manuel!Donato!foi!incansável!
e!conseguiu!sempre!prestar!todo!o!apoio!necessário!de!forma!rápida!e!eficaz.!No!
Laboratório!de!Microbiologia!da!Faculdade!de!Farmácia!as!Professoras!Doutoras!
Prefácio
!iv!
Olga! Cardoso! e! Cristina! Luxo! revelaramgse! fundamentais! no! isolamento! de!
Helicobacter$ pylori! e! nos! respetivos! testes! de! sensibilidade! aos! diversos!
antibióticos.!No!campo!da!anatomia!patológica!o!trabalho!não!teria!sido!possível!
sem!a!colaboração!da!Dra.!Maria!Augusta!Cipriano!e!da!Dra.!Carol!Marinho.!Para!
além!da!avaliação!rigorosa!de!todas!as!amostras!histológicas,!enorme!cuidado!na!
elaboração! da! metodologia! e! auxílio! na! interpretação! dos! resultados,! importa!
referir!que!a!quase!totalidade!da!iconografia!histológica!apresentada!nesta!tese!é!
da! autoria! da! Dra.! Maria! Augusta! Cipriano.! Por! toda! a! ajuda,! colaboração! e!
incentivo!o!nosso!bemghajam!!
Ao!Professor!Doutor!Francis!Mégraud,!à!Dra.!Lucie!Benejat!e!aos!restantes!
elementos!do!Laboratório!de!Microbiologia,!quer!do!Hospital!Pellegrin!quer!do!
Centro! Nacional! de! Referência! dos! Campylobacters! e! Helicobacters,!
Universidade! Victor! Segalen,! Bordéus,! os! nossos! sentidos! agradecimentos! pela!
recepção!calorosa!e!por!todo!o!apoio!e!ensinamentos!prestados.!
Ao! Professor! Doutor! Javier! Gisbert,! por! toda! a! colaboração! e! ajuda!
inestimável! na! discussão! dos! resultados! e! na! apreciação! crítica! dos! artigos!
submetidos!a!publicação.!
Ao! Dr.! Hermano! Gouveia,! orientador! de! formação! específica! durante! o!
internato! complementar,! expressamos! o! reconhecimento! pelo! apoio! sempre!
manifestado.!
A!todos!os!colegas!do!Serviço!de!Gastrenterologia!do!Centro!Hospitalar!e!
Universitário!de!Coimbra,!a!merecida!gratidão!pela!solidariedade!e!compreensão!
sempre!demonstradas.!Uma!palavra!particular!de!profundo!apreço!e!amizade!ao!
Dr.! Carlos! Gregório! e! ao! Dr.! Dário! Gomes! que,! com! bomghumor,! incentivo! e!
conforto,! nos! auxiliaram! em! tudo! o! que! estava! ao! seu! alcance.! Também! um!
abraço! sentido! ao! Dr.! Paulo! Freire,! com! quem! partilhámos! e! mitigámos! as!
agruras!e!ansiedades!da!fase!final!deste!caminho.!!
Pela!colaboração!prestada!na!obtenção!de!algum!suporte!bibliográfico!e!
iconográfico!deixamos!aqui!expresso!à!Dra.!Ana!Rita!Alves,!à!Dra.!Ana!Oliveira,!
ao!Dr.!Diogo!Branquinho!e!ao!Dr.!Miguel!Areia!o!nosso!apreço!e!gratidão.!
À! Dra.! Margarida! Marques! e! ao! Dr.! João! Casalta,! pelo! apoio! e!
ensinamentos!ministrados!no!âmbito!do!estudo!estatístico.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! v!
À! equipa! de! enfermagem! do! Serviço! de! Gastrenterologia! do! Centro!
Hospitalar! e! Universitário! de! Coimbra,! com! especial! ênfase! nos! elementos! da!
Unidade! de! Endoscopia! Digestiva! Diniz! de! Freitas,! o! mais! profundo!
agradecimento! pela! disponibilidade! e! eficiência! em! todos! os! exames!
endoscópicos!realizados.!!
Aos!técnicos!do!Centro!de!Gastrenterologia!e!Hepatologia!da!Faculdade!de!
Medicina,!pela!colaboração!amiga,!desinteressada!e!eficiente.!
Finalmente! a! todos! os!meus,! ao!Miguel! e! ao! João,! por! representarem! o!
futuro! e! a! esperança! que! tanto! me! motivaram,! à! minha! Mãe,! pela! sua! força,!
abnegação!e!capacidade!de!sacrifício,!ao!meu!pai!e!minha!irmã,!sempre!presentes!
nos!momentos!mais!difíceis,!à!Lila!e!à!“avó”!Otília!pela!sua!amizade!e!carinho!e,!
mais!que!tudo,!à!Alexandra,!minha!companhia!incondicional!sendo!o!meu!porto!
de! abrigo! nos! momentos! de! maior! dificuldade! e! desânimo.! A! vossa! atenção,!
tolerância,! presença! e! dedicação! possibilitaram! a! execução! deste! projeto.! As!
minhas!raízes!e!o!que!me!permite!viver!e!crescer!são!vocês!!
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“Anyone$who$lives$within$their$means$suffers$from$a$lack$of$imagination.”!
Oscar!Wilde!
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LISTAS DE FIGURAS, TABELAS E ABREVIATURAS
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! ix!
LISTA'DE'FIGURAS'
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Figura*1!–!Helicobacter$pylori! 13!
Figura*2!–!Cultura!de!Helicobacter$pylori!em!meio!gelose!pylori! 14!
Figura*3!–!Distribuição!das!populações!de!Helicobacter$pylori!e!o!paralelismo!
geográfico!entre!a!diversidade!genética!desta!espécie!e!a!espécie!humana! 17!
Figura*4!–!Reconstrução!cronológica!dos!principais!eventos!populacionais!na!
relação!entre!a!espécie!humana!e!o!Helicobacter$pylori! 18!
Figura*5!–!Distribuição!da!prevalência!da!infeção!por!Helicobacter$pylori!nos!países!
desenvolvidos!versus!países!subdesenvolvidos! 27!
Figura*6!–!Relação!de!Helicobacter$pylori!com!a!saúde!e!a!doença! 35!
Figura*7!–!Mucosa!gástrica!normal! 36!
Figura*8!–!Gastrite!aguda! 38!
Figura*9!–!Gastrite!crónica!atrófica!sem!metaplasia! 39!
Figura*10!–!Microrganismos!com!características!de!Helicobacter$pylori!na!superfície!
do!epitélio!gástrico! 40!
Figura*11!–!Úlcera!péptica!do!canal!pilórico! 42!
Figura*12!–!Carcinoma!gástrico!de!localização!antral! 43!
Figura*13*–!Adenocarcinoma!gástrico!do!tipo!intestinal! 44!
Figura*14!–!Adenocarcinoma!gástrico!do!tipo!difuso! 44!
Figura*15!–!Sequência!de!eventos!que!conduzem!ao!desenvolvimento!do!carcinoma!
gástrico! 45!
Figura*16!–!Conjunto!de!eventos!multifatoriais!que!conduzem!ao!desenvolvimento!
do!carcinoma!gástrico! 46!
Figura*17!–!Linfoma!MALT!gástrico!(imagem!endoscópica)!! 49!
Figura*18!–!Linfoma!MALT!gástrico!(imagem!histológica)! 50!
Figura*19!–!Helicobacter$pylori!identificado!na!superfície!da!mucosa!gástrica!com!
recurso!ao!método!de!WarthingStarry! 59!
Figura*20!–!Helicobacter$pylori!identificado!na!superfície!da!mucosa!gástrica!!
com!recurso!ao!método!de!imunohistoquímica! 60!
Figura*21!–!Metaplasia!intestinal! 61!
Figura*22!–!Displasia!de!alto!grau/Neoplasia!intraepitelial!de!alto!grau! 62!
Figura*23!–!Classificação!de!Sydney!modificada!em!Houston! 64!
Figura*24!–!Classificação!OLGA! 65!
Figura*25!–!Classificação!OLGIM! 66!
Figura*26!–!Alternativas!terapêuticas!na!infeção!por!Helicobacter$pylori! 125!
Figura*27!–!Obtenção!do!antibiograma!através!de!tiras!Egtest! 159!
* !
Lista de Figuras
!x!
Figura*28!–!Análise!das!curvas!de!temperaturas!de!dissociação!para!o!fragmento!de!
267bp!do!gene!23S$rRNA,!obtido!através!de!PCR!em!tempo!real! 162!
Figura*29!–!Exemplo!das!curvas!de!temperatura!de!dissociação!para!o!gene!23S$
rRNA,!com!uma!estirpe!resistente!e!uma!wildAtype! 163!
Figura*30!–!Análises!das!curvas!de!dissociação!para!o!tripleto!87! 165!
Figura*31!–!Exemplo!das!curvas!de!temperatura!de!dissociação!obtidos!para!a!
posição!aa87!da!Quinolone$Resistance$Determining$Region!do!gene!gyrA! 165!
Figura*32!–!Curvas!de!dissociação!para!deteção!de!resistências!à!tetraciclina! 167!
Figura*33!–!Curvas!de!dissociação!obtidas!com!a!sonda!16SgAGAgsensor! 168!
Figura*34!–!Resultado!obtido!após!amplificação!do!gene!cagA! 172!
Figura*35!–!Resultado!obtido!após!amplificação!do!gene!vacA!s2! 172!
Figura*36!–!Formulário!fornecido!aos!doentes!para!anotarem!as!respetivas!tomas!de!
pantoprazol,!amoxicilina!e!claritromicina! 176!
Figura*37!–!Formulário!fornecido!aos!doentes!para!anotarem!a!medicação!
concomitante!durante!o!período!de!tratamento! 177!
Figura*38!–!Formulário!fornecido!aos!doentes!para!anotarem!os!efeitos!secundários!
associados!à!medicação!administrada! 177!
Figura*39!–!Formulário!fornecido!aos!doentes!para!anotarem!as!respetivas!tomas!de!
pantoprazol,!amoxicilina!e!levofloxacina! 178!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! xi!
LISTA'DE'TABELAS'
!
Tabela*1!–!Temperaturas!de!dissociação!para!a!técnica!PCRgFRET,!destinada!a!avaliar!
a!presença!de!mutações!!do!gene!23S$rRNA!associadas!a!resistência!à!claritromicina! 162!
Tabela*2!–!Temperaturas!de!dissociação!para!a!técnica!PCRgFRET,!destinada!a!avaliar!
a!presença!de!mutações!na!posição!87!da!Quinolone$Resistance$Determining$Region,!do!
gene!gyrA! 164!
Tabela*3!–!Temperaturas!de!dissociação!para!a!técnica!PCRgFRET,!destinada!a!avaliar!
a!presença!de!mutações!no!gene!16S$rRNA! 168!
Tabela*4!–!Primers,!condições!de!PCR!e!amplicões!obtidos!no!estudo!de!alguns!fatores!
de!virulência!de!Helicobacter$pylori! 171!
Tabela*5!–!Características!clínicas!e!demográficas!dos!180!doentes!incluídos! 194!
Tabela*6!–!Padrões!de!resistência!primária!e!secundária!de!Helicobacter$pylori! 195!
Tabela*7*–!Correlação!do!genótipo!vacA!com!a!presença!do!cagA! 196!
Tabela*8!–!Características!clínicas!e!bacterianas!relacionadas!com!resistência!de!
Helicobacter$pylori!aos!antibióticos!(análise!univariada)! 197!
Tabela*9!–!Características!clínicas!e!demográficas!dos!doentes!incluídos! 208!
Tabela*10!–!Distribuição!dos!genótipos!cagA!e!vacA!para!os!154!isolados! 210!
Tabela*11!–!Características!clínicas!e!bacterianas!relacionadas!com!falência!
terapêutica!(análise!univariada)! 211!
Tabela*12*–!Características!clínicas!e!epidemiológicas!dos!16!doentes! 227!
Tabela*13!–!Fármacos!utilizados!nas!tentativas!prévias!de!tratamento! 227!
Tabela*14!–!Efeitos!secundários!reportados!em!relação!com!o!tratamento!efetuado! 227!
Tabela*15!–!Classificação!histológica!segundo!o!sistema!de!Sydney!modificado! 242!
Tabela*16!–!Distribuição!dos!genótipos!de!Helicobacter$pylori!nos!148!isolados! 243!
Tabela*17!–!Relação!dos!genótipos!bacterianos!com!as!manifestações!clínicas!e/ou!
outras!indicações!para!erradicação!de!Helicobacter$pylori! 245!
Tabela*18!–!Relação!dos!genótipos!bacterianos!com!a!histopatologia!gástrica!(corpo)! 246!
Tabela*19!–!Relação!dos!genótipos!bacterianos!com!a!histopatologia!gástrica!(antro)! 247!
Tabela*20!–!Relação!dos!genótipos!bacterianos!com!a!classificação!OLGA!e!OLGIM! 248!
Tabela*21!–!Frequência!das!mutações!NOD2!para!todos!os!grupos/subgrupos! 262!
Tabela*22!–!Relação!das!mutações!NOD2!com!as!características!clínicas!e!
epidemiológicas!nos!doentes!infetados!por!Helicobacter$pylori! 263!
Tabela*23!–!Relação!das!mutações!NOD2!com!as!modificações!histopatológicas!nos!
doentes!infetados!por!Helicobacter$pylori! 264!
Tabela*24!–!Relação!das!mutações!NOD2!com!o!genótipo!de!Helicobacter$pylori!e!a!
respetiva!suscetibilidade!aos!antibióticos! 265!
* !
Lista de Tabelas !
!xii!
!!
* !
Tabela*25!–!Resultados!da!sequenciação!da!Quinolone$Resistance$Determining$Region,!
do!gene!gyrA! 269!
Tabela*26!–!Resultados!da!sequenciação!do!gene!rdxA! 272!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! xiii!
LISTA'DE'ABREVIATURAS'
!
A! Adenina!
AINEs! AntigInflamatórios!Não!Esteróides!
APRIL! ProliferationAInducing$Ligand$
ASPP2! Proteína!Estimulante!da!Apoptose!
babA2$ Blood$group$AntigenABinding$Adhesin$gene$
BMI! Body$Mass$Index$
bp! Pares!de!Bases!
C! Citosina!
cagA$ Cytotoxin$Associated$gene$A$
cag$PAI$ Ilhéu!de!Patogenicidade$cag$
CARD15! Caspase$Recruitment$Domain$
CD! Cluster$of$Differentiation$
CHUC! Centro!Hospitalar!e!Universitário!de!Coimbra!
CMI! Concentração!Mínima!Inibitória!
CLSI! Clinical$and$Laboratory$Standards$Institute$
DHD! Dose!Diária!Definida!por!Habitante!e!por!Dia!
DNA! Ácido!Desoxirribonucleico!(Deoxyribonucleic$Acid)!
DOB! Delta$Over$Baseline$
DRGE! Doença!de!Refluxo!Gastroesofágico!
dupA$ DuodenalAUlcer$Promoting$gene$A$
EDA! Endoscopia!Digestiva!Alta!
ELISA! EnzymeALinked$Immunosorbent$Assay$
ERK! Extracellular$signalARegulated$Kinases$
E.U.A.! Estados!Unidos!da!América!
EUCAST! The$European$Committee$on$Antimicrobial$Susceptibility$Testing$
FAK! Cinase!de!Adesão!Focal!
FDA! United$States$Food$and$Drug$Administration$
FISH! Fluorescência!de!Hibridização!in$situ!
FRET! Fluorescence$Resonance$Energy$Transfer$
G! Guanina!
GGT! γgGlutamiltranspeptidase!
H&E! Coloração!Hematoxilina!e!Eosina!
H.$pylori$ Helicobacter$pylori$
Hop! Helicobacter$Outer$Membrane$Proteins$
IBP! Inibidor!da!Bomba!de!Protões!
IC! Intervalo!de!Confiança!
Lista de Abreviaturas !
!xiv!
iceA$ Induced$by$Contact$with$Epitelium$gene$
IFN! Interferão!
Ig! Imunoglobulina!
IL! Interleucina!
IMC! Índice!de!Massa!Corporal!
ITT! Intenção!para!Tratar$(IntentionAtoATreat)$
LPS! Lipopolissacarídeo!
MALT! MucosalAAssociated$Lymphoid$Tissue$
MARK! Microtubule$AffinityARegulating$Kinase$$
MDR! Multidrug$Resistant$
MDRg1! Multidrug$Resistance$TransporterA1$
MHC! Complexo!Major!de!Histocompatibilidade!
MI! Metaplasia!Intestinal!
min! Minutos!
MUC! Glicoproteína!do!tipo!Mucina!
NFgκB!! Fator!Nuclear!κB$(Nuclear$Factor$Kappa$B)$
NIE! Neoplasia!Intraepitelial!
NOD2$ NucleotideAbinding$Oligomerization$Domain$
Oip! Outer$Inflammatory$Protein$
OLGA! Operative$Link$for$Gastritis$Assessment$
OLGIM! Operative$Link$for$Intestinal$Metaplasia$Assessment$
OMP! Proteínas!da!Membrana!Externa$(Outer$Membrane$Proteins)$
OMS! Organização!Mundial!de!Saúde!
OR! Odds$Ratio$
p! Valor!p!de!significância!estatística!
PAβN! PhegArggβgnaftilamida!
PAI! Ilhéu!de!Patogenicidade!
PAMPs! PathogenAAssociated$Molecular$Patterns$
PAR1b! PartitioningADefective$1b$
PBP! Proteína!de!Ligação!à!Penicilina!
PCR! Reação!em!Cadeia!da!Polimerase$(Polymerase$Chain$Reaction)$
PCRgRT! Real$Time$Polymerase$Chain$Reaction$
PGI! Pepsinogénio!tipo!I!
PGII! Pepsinogénio!tipo!II!
PP! Por!Protocolo$(PerAProtocol)$
PRRs! Pattern$Recognition$Receptors$
PTI! Púrpura!Trombocitopénica!Idiopática!
QDRD! Quinolone$Resistance$Determining$Region$
RFLP! Restriction$Fragment$Length$Polymorphism$
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! xv!
RNA! Ácido!Ribonucleico!(Ribonucleic$Acid)!
RPTPα! ReceptorAlike$Protein$Tyrosine$PhosphataseAα$
RPTPβ! ReceptorAlike$Protein$Tyrosine$PhosphataseAβ$
s! Segundos!
sabA$ SialicAAcid$Binding$Adhesin$gene$
SHPg2! Tirosina!fosfatase!das!células!eucariotas!
SIDA! Síndrome!de!Imunodeficiência!Adquirida!
SNP! Single$Nucleotide$Polymorphism$
STAT! Signal$Transducer$and$Activator$of$Transcription$
T! Timina!
t! Translocação!
Th! Linfócitos!T!helper!
T4SS! Sistema!de!Secreção!tipo!IV!
TGF! Transforming$Growth$Factor$
TLR! TollALike$Receptors$
Tm! Temperatura!de!dissociação!
TNF! Fator!de!Necrose!Tumoral!
Treg! Linfócitos!T!reguladores!
UBT! Teste!Respiratório!da!Ureia!marcada!com!13C!
vacA$ Vacuolating$Cytotoxin$Associated$gene$
WT! WildAType$
!
Considerando o uso disseminado e tendencialmente consensual de determinados acrónimos em língua inglesa
nos textos científicos em língua portuguesa, optou-se por apresentar o significado desses acrónimos no seu
idioma original
!
!
!
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RESUMO/ABSTRACT
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!
! Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
!xix!
RESUMO'
Fundamentos'
!Existe!uma!resistência!crescente!de!Helicobacter$pylori!(H.$pylori)!a!vários!
antibióticos.! Assim,! recomendagse! que! sejam! estudados,! a! nível! regional,! os!
padrões!de!suscetibilidade!desta!bactéria!e!a!eficácia!dos!esquemas!terapêuticos!
habitualmente!utilizados.!Por!outro!lado,!as!manifestações!clínicas!e!a!resposta!à!
terapêutica!são!condicionadas!pelo!genótipo!de!H.$pylori!e!por!fatores!genéticos!
do! hospedeiro,! como! o! gene! NOD2.! Finalmente,! no! caso! de! estirpes!
multirresistentes! é! lícito! recorrer! a! outros! fármacos,! sendo! a! doxiciclina! uma!
alternativa.!
Objetivos''
!A)!Identificar!as!taxas!de!resistência!de!H.$pylori!aos!antibióticos!na!região!
Centro!de!Portugal.!
B)!Avaliar!a!eficácia!dos!esquemas!empíricos!triplos!clássicos.!
C)! Verificar! se! a! doxiciclina! pode! ser! útil! nos! casos! de! H.$ pylori! com!
resistência!tripla.!
D)! Caracterizar! o! genótipo! de! H.$ pylori! e! eventuais! correlações! com!
modificações!histopatológicas.!
E)!Verificar!se!as!mutações!do!gene!NOD2!podem!estar!associadas!a!um!
risco!aumentado!de! infeção!por!H.$pylori,! a!modificações!histológicas! induzidas!
por!esta!bactéria!ou!à!sua!resistência!aos!antibióticos.!
Doentes'e'métodos'
!Estudo!prospetivo!que!incluiu:!!
A)! 180! doentes! com! UBT! positivo,! 103! sem! tentativas! prévias! de!
tratamento!e!77!já!com!terapêuticas!anteriores!infrutíferas.!Foram!submetidos!a!
EDA!com!colheita!de!biopsias!para!estudos!microbiológicos!e!histológicos.!!
B)! 103! doentes! submetidos! a! 14! dias! de! terapêutica! empírica! com!
pantoprazol,!amoxicilina!e!claritromicina!(Grupo!A)!e!51!submetidos!a!10!dias!de!
Resumo
!xx!
tratamento!com!pantoprazol,!amoxicilina!e!levofloxacina!(Grupo!B).!As!taxas!de!
erradicação!foram!calculadas!em!ITT!e!PP;!
C)!16!doentes!submetidos!a!prégtratamento!com!pantoprazol!seguido!de!
pantoprazol,!amoxicilina!e!doxiciclina!(10!dias).!!
D)! 148! doentes! infetados! por! uma! única! estirpe! e! com! os! resultados!
histológicos!bem!definidos,!segundo!as!classificações!de!Sydney,!OLGA!e!OLGIM.!!
E)!86!doentes!infetados,!51!dos!quais!com!estudo!genotípico!e!histológico,!
e! 266! controlos,! 64! dos! quais! com! UBT! negativo.! Pesquisadas! as! principais!
mutações!do!gene!NOD2!(L1007fsinsC;!R702W!e!G908R).!
!
Resultados'
!A)! Identificada! resistência! à! amoxicilina! em! 0,6%! dos! isolados,! à!
claritromicina! em! 50%! (primária–21,4%;! secundária–88,3%),! ao!metronidazol!
em! 34,4%! (primária–29,1%;! secundária–41,6%),! à! tetraciclina! em! 0,6%,! e! à!
levofloxacina!em!33,9%!(primária–26,2%;!secundária–44,2%).!O!sexo! feminino!
foi! um! fator! preditivo! de! resistência! à! claritromicina! e! ao! metronidazol.! A!
falência!de!tratamentos!anteriores!determinou!uma!diminuição!da!sensibilidade!
à! claritromicina.! Os! antecedentes! de! infeções! frequentes,! de! familiares! do!
primeiro!grau!com!carcinoma!gástrico!e!os!baixos!níveis!educacionais!estiveram!
associados! a! um! aumento! da! resistência! à! levofloxacina.! Foram! detetadas!
mutações! nos! genes! 23S$ rRNA! em! 86! isolados,! gyrA! em! 50! e! 16S$ rRNA! em! 4.!
Todos! os! isolados! com! mutações! nos! genes! 23S$ rRNA! e! gyrA! apresentavam!
resistência!à!claritromicina!e!à!levofloxacina,!respetivamente.!!
B)!As!taxas!de!erradicação!em!ITT!e!PP!foram:!Grupo!A–68,9%!e!68,8%;!
Grupo! B–52,9%! e! 55,1%.! As! falências! terapêuticas! estiveram! associadas! à!
resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!e!à! levofloxacina.!A!história!de! infeções!
frequentes!foi!outro!fator!de!insucesso!no!grupo!A.!
C)!As!taxas!de!erradicação!foram!de!0%!em!ITT!e!PP.!
D)! Observados! os! seguintes! genótipos:! cagA–31,8%;! cagE–45,9%;! vacA!
s1a–24,3%;!vacA! s1b–19,6%;!vacA! s1c–0,7%;!vacA! s2–55,4%;!vacA!m1–20,9%;!
vacA! m2–79,1%;! vacA! s1m1–18,9%;! vacA! s1m2–25,7%;! vacA! s2m1–2%;! vacA!
s2m2–53,4%;! iceA1–33,8%;! iceA2–66,2%;! babA2–12,2%.! Identificadas! as!
! Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
!xxi!
seguintes! correlações:! genótipo! cagA! com! metaplasia! intestinal,! níveis! mais!
elevados! de! atividade! neutrofílica,! inflamação! crónica! e! estadios! OLGIM;!
genótipo!babA2! com!densidades! de! colonização!mais! elevadas;! genótipos!vacA!
s1m1,! cagA! positivo+vacA! s1m1! e! cagA! positivo+vacA! s1m1+babA2! com!
presença!de!úlcera!péptica!e!vacA!s2m2!com!anemia!ferripriva.!
E)! Presença! de!mutações!NOD2! em! 14! doentes! (16,3%)! e! 31! controlos!
(11,7%)! (p=0,264).! Sem! diferenças! estatisticamente! significativas! entre! os!
grupos! e! subgrupos! excetuando! a! relação! dos! polimorfismos! NOD2! com! a!
presença!de!úlcera!péptica.!
!
Conclusões'
!A)! As! taxas! de! resistência! de!H.$ pylori! à! claritromicina,! metronidazol! e!
levofloxacina!na!região!Centro!de!Portugal!são!muito!elevadas.!
B)!Os!esquemas!empíricos! triplos!de!erradicação!apresentam!aqui! taxas!
de!sucesso!inaceitáveis.!
C)!O!esquema!triplo!com!IBP,!amoxicilina!e!doxiciclina!não!constitui!uma!
alternativa!terapêutica!nas!estirpes!multirresistentes.!
D)! Os! genótipos! cagA,! vacA! s1m1! e! babA2! são! relativamente! raros! nas!
estirpes!isoladas!nesta!região.!Estes!genótipos!específicos!estão!associados!com!
alterações!histológicas!gástricas!e!manifestações!clínicas!mais!severas.!
E)!As!mutações!NOD2!não!condicionam!um!aumento!da!prevalência!de!H.$
pylori! ou!alterações!histológicas!gástricas!mais! severas!mas,!podem! influenciar!
as!manifestações!clínicas!determinadas!por!esta!infeção.!!
!
!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal!
!
!xxiii!
ABSTRACT'
Background'
!There! is! an! increased! resistance! of! Helicobacter$ pylori! (H.$ pylori)! to!
multiple! antibiotics.! It! is! recommended! to! determine! H.$ pylori! antibiotic!
susceptibility!rates!and!the!efficacy!of!empirical!eradication!treatments! in!each!
region.!Several!H.$pylori!genes!as!well!as!host!genotypes!such!as!NOD2,!can!have!
a! significant! influence! in! clinical! outcome! and! therapeutic! success.! Finally,! for!
multiple! resistant! strains! it! is! acceptable! to! use! different! antibiotics! and!
doxycycline!could!be!an!alternative.!
!
Aims'
A)!To!determine!primary!and!secondary!H.$pylori! resistance!rates! in! the!
central!region!of!Portugal.!
B)! Establish! efficacy! rates! of! firstgline! empiric! triple! treatments! in! the!
same!region.!
C)!Determine!if!doxycycline!is!an!useful!drug!for!triple!resistant!strains.!
D)! Characterize! H.$ pylori! genotype! in! the! same! region! and! potential!
correlations!with!gastric!histopathology!modifications!in!infected!individuals.!
E)! Determine! if! NOD2! common! mutations! are! associated! with! an!
increased! risk! of! infection,! if! there! is! any! correlation! with! clinical! or!
histopathological!variables!or!H.$pylori!antimicrobial!resistance.!
!
Patients'and'methods'
!Prospective!study!that!included:!!
A)! 180! patients! with! positive! UBT,! 103! of! them! with! no! previous!
treatments! and! 77! with! failed! eradication! attempts.! They! were! submitted! to!
upper! digestive! endoscopy! with! biopsies! for! microbiological! and! histological!
studies.!!
B)! 103! patients! submitted! to! empiric! triple! therapy!with! pantoprazole,!
amoxicillin! and! clarithromycin,! for!14!days! (Group!A)! and!51! to! empiric! triple!
Abstract
!xxiv!
therapy!with!pantoprazole,!amoxicillin!and! levofloxacin,! for!10!days!(Group!B).!
Eradication!success!was!determined!on!ITT!and!PP!analysis.!!
C)!16!patients!submitted!to!pretreatment!with!pantoprazole!followed!by!
10!days!of!pantoprazole,!amoxicillin!and!doxycycline.!
D)! 148! patients! infected! by! a! single!H.$ pylori! strain! and!with! complete!
histopathological! characterization! according! to! updated! Sydney! system,! OLGA!
and!OLGIM.!!
E)!86!patients!with!known!H.$pylori! infection,!51!of!them!with!genotypic!
and! histological! characterization,! as! well! as! 266! controls,! 64! of! them! with!
negative! UBT.! NOD2! main! mutations! (L1007fsinsC,! R702W! and! G908R)! were!
determined.!
!
Results'
!A)! Among! the! 180! isolates! 0.6%! were! resistant! to! amoxicillin,! 50%! to!
clarithromycin!(primary!resistance–21.4%;!secondary!resistance–88.3%),!34.4%!
to! metronidazole! (primary! resistance–29.1%;! secondary! resistance–41.6%),!
0.6%! to! tetracycline! and! 33.9%! to! levofloxacin! (primary! resistance–26.2%;!
secondary!resistance–44.2%).!Female!sex!was!an!independent!predictive!factor!
for! clarithromycin! and!metronidazole! resistance.! Previous! eradication! failures!
were! associated!with! a! decrease! in! susceptibility! to! clarithromycin.! History! of!
frequent!infections,!firstgdegree!relatives!with!gastric!cancer!and!low!education!
levels! were! associated!with! resistance! to! levofloxacin.! Mutations! in! 23S$ rRNA,!
gyrA!and!16S$rRNA!genes!were!detected!in!86,!50!and!4!isolates,!respectively.!All!
isolates! with! mutations! in! 23S$ rRNA! and! gyrA! genes! were! correspondingly!
resistant!to!clarithromycin!and!levofloxacin.!!
B)! Eradication! rates! on! ITT! and! PP! were:! Group! A–68.9%! and! 68.8%;!
Group! B–52.9%! and! 55.1%.! Therapeutic! failures! were! related! with! H.$ pylori!
resistance! to! clarithromycin!and! levofloxacin!and!also!with!history!of! frequent!
infections!in!group!A.!
C)!Eradication!rates!were!0%!on!ITT!and!PP.!
D)! Genotype! distribution! was:! cagA–31.8%;! cagE–45.9%;! vacA! s1a–
24.3%;!vacA!s1b–19.6%;!vacA!s1c–0.7%;!vacA!s2–55.4%;!vacA!m1–20.9%;!vacA!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal!
!
!xxv!
m2–79.1%;!vacA!s1m1–18.9%;!vacA!s1m2–25.7%;!vacA!s2m1–2%;!vacA!s2m2–
53.4%;! iceA1–33.8%;! iceA2–66.2%;! babA2–12.2%.! The! following! significant!
associations! were! identified:! cagA! genotype! with! intestinal! metaplasia,! higher!
levels!of!neutrophil!activity,! chronic! inflammation!and!OLGIM!stages;!genotype!
babA2! with! higher! H.$ pylori! density! scores;! genotypes! vacA! s1m1! cagA!
positive+vacA!s1m1!and!cagA!positive+vacA!s1m1+babA2!with!peptic!ulcer!and!
vacA!s2m2!with!irongdeficient!anaemia.!
E)!NOD2!mutations!were! found! in! 14! patients! (16.3%)! and! 31! controls!
(11.7%)! (p=0.264).! There!were! no! significant! differences! between! groups! and!
subgroups!except!for!the!relation!of!NOD2!polymorphisms!with!peptic!ulcer.!
!
Conclusions'
!A)! H.$ pylori! resistance! rates! to! clarithromycin,! metronidazole! and!
levofloxacin!in!the!central!region!of!Portugal!are!very!high.!
B)! Empiric! first! and! secondgline! triple! treatments! have! unacceptable!
eradication!rates.!
C)! A! triplegtherapy! protocol! with! PPI,! amoxicillin! and! doxycycline! is!
useless!for!multidruggresistant!H.$pylori!strains.!
D)!cagA,!vacA!s1m1!and!babA2!genotypes!are!relatively!rare!in!this!region.!
These!genotypes!are!associated!with!a!more!severe!pattern!of!H.$pylori! induced!
histopathological!modifications!and!clinical!manifestations.!
D)!NOD2! mutations! are! not! associated! with! increased! prevalence! of!H.$
pylori!infection!or!more!severe!gastric!histopathological!modifications!but,!such!
host!polymorphisms!could!influence!clinical!manifestations.!!
!
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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
!
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!
! Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 1!
CAPÍTULO'I'–'INTRODUÇÃO''
1.1)'Preâmbulo'
!
O! Helicobacter$ pylori$ (H.$ pylori)! é! responsável! pela! infeção! bacteriana!
mais! comum! a! nível! mundial,! acometendo! 50%! da! população! 1,! 2.! A! sua!
prevalência! tem! vindo! a! diminuir! progressivamente! mas! a! sua! distribuição!
geográfica! não! é! homogénea.!Há! um! franco! predomínio! nos! países! em! vias! de!
desenvolvimento,!onde!ainda!é!possível!encontrar!taxas!de!infeção!superiores!a!
80%,!com!valores!consideravelmente!mais!reduzidos!nos!países!desenvolvidos!3g
8.!Em!algumas!revisões!sistemáticas!as!taxas!de!prevalência!variam!entre!6,2%!e!
84,2%!9.!
! Múltiplos! autores! defendem! que! o! H.$ pylori! convive! com! a! espécie!
humana!há!várias!dezenas!de!milhares!de!anos.!No!entanto,!a!identificação!deste!
microrganismo!por!Barry!Marshall!e!Robin!Warren!é!muito!recente,!datando!de!
1982!10,!11.!Apesar!do!ceticismo! inicial,!manifestado!pela!recusa!da!comunidade!
médica! em! aceitar! a! apresentação! nas! reuniões! científicas! dos! dados! iniciais!
obtidos! por! estes! investigadores,! a! sua! posição! acabou!por! vingar! e!modificou!
completamente!a!abordagem!de!diversas!patologias!gástricas!e!extraggástricas.!A!
descoberta! desta! bactéria! e! das! suas! implicações! para! a! espécie! humana!
acabaram! por! determinar! que! Marshall! e! Warren! fossem! agraciados! com! o!
Prémio!Nobel!da!Medicina!e!Fisiologia!em!2005!12.!
! O!H.$pylori!é!responsável!por!várias!patologias!incluindo!a!úlcera!péptica!
gástrica!ou!duodenal,!o!adenocarcinoma!gástrico!e!o! linfoma!do! tecido! linfóide!
associado! à! mucosa! (MucosalAAssociated$ Lymphoid$ Tissue! –! MALT)! 13,! 14.! A!
erradicação!desta!bactéria!reduz!consideravelmente!a!taxa!de!recidiva!da!úlcera!
péptica!e!permite!a!cura!do!linfoma!MALT,!pelo!menos!nos!estadios!iniciais.!Em!
1994! este! microrganismo! foi! classificado! como! agente! carcinogénico! tipo! I! e!
calculagse! que,! neste! momento,! seja! responsável! por! 75%! de! todos! os!
carcinomas!gástricos!diagnosticados!a!nível!mundial!15.!
! O!interesse!pela!erradicação!desta!bactéria!coincidiu!praticamente!com!a!
sua! descoberta! 16.! Os! primeiros! esquemas! terapêuticos! foram! propostos! em!
Introdução
!2!
1988! e,! entretanto,! têm! sido! publicadas! várias! recomendações! decorrentes! de!
reuniões! de! consenso,! sendo! as! de! Maastricht! as! mais! relevantes! 1,! 17g19.! Após!
uma! fase! inicial! de! grande! otimismo,! em! que! se! julgava! possível! erradicar!
definitivamente!esta!infeção,!constatougse!uma!falência!crescente!dos!esquemas!
terapêuticos!habitualmente!utilizados,!sobretudo!a!partir!do!início!do!século!XXI!
20.! Assim,! apesar! das!múltiplas! indicações! atualmente! aceites! para! pesquisar! e!
erradicar! o! H.$ pylori,! existe! uma! dificuldade! significativa! em! conseguir!
implementar!esquemas! terapêuticos!eficazes,!principalmente!em!determinados!
países! e/ou! regiões.! Isto! decorre,! fundamentalmente,! das! elevadas! taxas! de!
resistência! desta! bactéria! a! diversos! grupos! de! antibióticos! normalmente!
utilizados!na!sua!erradicação.!
!
! Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 3!
1.2)'Justificação'do'tema'e'das'linhas'de'investigação'desenvolvidas'
!
! Em! Portugal! existem! diversos! grupos! de! investigação! que! se! têm!
dedicado!a!esta!problemática,!nas!suas!múltiplas!vertentes.!O!principal!estímulo!
para!este!interesse!decorreu!da!elevada!prevalência!do!adenocarcinoma!gástrico!
neste! país! europeu! e! da! correlação! entretanto! estabelecida! entre! o!H.$pylori! e!
esta!neoplasia.!Em!1985!a!taxa!de!mortalidade!por!carcinoma!gástrico!atingia!os!
40,2/100.000!no!distrito!da!Guarda!e!os!17,2/100.000!no!distrito!de!Coimbra!21.!
Em!2007!a!taxa!de!mortalidade!a!nível!nacional!mantinhagse!em!22,4/100.000!22.!
Neste!mesmo! ano,! a! taxa! de! incidência! global! do! carcinoma! gástrico! na! região!
Centro! foi! de! 22,3/100.000,! sendo! mais! elevada! no! distrito! da! Guarda,! com!
33,7/100.000.!No!distrito!de!Coimbra!esse!valor!cifrougse!nos!25,8/100.000!23.!
Assim,! é! fácil! verificar! que! o! carcinoma! gástrico! continuava! a! representar! um!
problema!relevante!no!período!em!que!esteve!projeto!foi!delineado,!entre!2007!e!
2009.!!
A! pesquisa! e! erradicação! da! infeção! por! H.$ pylori! é! comum! na! prática!
clínica! corrente! e,! seguindo! as! recomendações! da! Sociedade! Portuguesa! de!
Gastrenterologia,! o! tratamento! empírico! mais! frequentemente! empregue!
consiste! na! combinação! de! um! inibidor! da! bomba! de! protões! (IBP)! com! a!
amoxicilina! e! a! claritromicina! 24.! Este! mesmo! esquema! era! assumido! como! o!
mais!apropriado!nas!recomendações!de!Maastricht!publicadas!em!2007!mas,! já!
nessa! altura! era! sugerido! que! esta! combinação! terapêutica! não! deveria! ser!
utilizada!se!a!taxa!local!de!resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!ultrapassasse!
os!15!a!20%!19.!
Ora,! os! últimos! dados! disponíveis! sobre! a! prevalência! desta! infeção! na!
população! Portuguesa! datavam! do! início! de! 1990,! com! Quina! M.G.! a! reportar!
uma! taxa! de! prevalência! nos! adultos! de! 82,8%!e! nas! crianças! de! 46,2%! 25.!Na!
região! Centro,! Romãozinho! J.M.! identificou,! numa! amostra! populacional! de!
indivíduos!com!gastrite!crónica,!uma!taxa!de!prevalência!de!61!a!80%!21.!Só!em!
2013!viria!a!ser!publicado!outro!estudo,!com!dados!recolhidos!praticamente!uma!
década! antes,! na! região! urbana! do! Porto,! e! em! que! se!mantinha! uma! taxa! de!
prevalência!muito!elevada!nos!adultos,!de!84,2%!26.!Estes!valores,!praticamente!
Introdução
!4!
sem!equivalência! noutros!países! ocidentais,! são! extremamente!preocupantes! e!
deixam! antever! a! persistência! de! um! grave! problema! de! saúde! pública! nas!
próximas!décadas.!
Por! outro! lado,! já! havia! alguns! dados! publicados! sobre! os! padrões! de!
resistência!de!H.$pylori!em!Portugal.!No!estudo!multicêntrico!de!Glupczynski!et$
al.,!publicado!em!2001,!é!referida!para!os!isolados!obtidos!em!Portugal,!oriundos!
da! região! de! Lisboa,! uma! taxa! de! resistência! à! claritromicina! de! 20,7%! e! ao!
metronidazol!de!33,3%!27.!Igualmente!na!região!de!Lisboa,!foi!estudado!o!perfil!
de!resistências!e!a!sua!evolução!entre!1990!e!1999,!identificandogse!uma!taxa!de!
resistência!à!claritromicina!de!19%,!ao!metronidazol!de!30,6%!e!à!ciprofloxacina!
de!9,6%!28.!Não!se!observaram!estirpes!resistentes!à!amoxicilina!ou!à!tetraciclina!
e! constatougse! um! declínio! progressivo! na! suscetibilidade! aos!macrólidos! e! às!
quinolonas!no!decurso!da!última!década!do!século!XX!28.!
Contudo,! alguns! anos! antes,! outros! autores! tinham! efetuado! uma!
pesquisa! do! perfil! de! resistências! em! 103! doentes! da! região! de! Lisboa! e!
Santarém! e! obtiveram! resultados! díspares,! com! uma! taxa! de! resistência! à!
claritromicina!de!5,8%!e!ao!metronidazol!de!60%!29.!Finalmente,! entre!1999!e!
2003! Lopes! et$ al.! avaliaram! os! padrões! de! suscetibilidade! de! H.$ pylori! em!
crianças,! observando! taxas! de! resistência! à! claritromicina! de! 39,4%,! ao!
metronidazol!de!16,5%!e!à!ciprofloxacina!de!4,5%!30.!!
Estes! trabalhos,! realizados! quase! exclusivamente! na! região! de! Lisboa,!
apresentavam! alguma! heterogeneidade! mas! deixavam! antever! um! grande!
problema!no!que!diz!respeito!às!elevadas!taxas!de!resistência!aos!macrólidos!e!
aos!nitroimidazóis.!Na!região!Centro!não!estavam!disponíveis!quaisquer!dados!a!
este! respeito! e,! é! hoje! unânime! a! suma! importância! do! controlo! regular! dos!
perfis!de!suscetibilidade!em!cada!região!20.!
Apesar!de!se!terem!já!identificado!valores!de!resistência!à!claritromicina!
superiores! a! 15%,! este! fármaco! continuava! a! representar! o! pilar! fundamental!
dos! tratamentos! empíricos! utilizados! em! Portugal.! Curiosamente,! poucos!
estudos! tinham! sido! publicados! neste! país! sobre! a! eficácia! dos! esquemas!
terapêuticos! empíricos,! embora! vários! autores! recomendem! um! controlo!
frequente! dos! mesmos.! Na! primeira! década! do! século! XXI! era! ainda! aceite!
manter! esquemas! que! apresentassem! uma! eficácia! superior! a! 80%! mas,! um!
! Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 5!
protocolo! de! tratamento! triplo! dirigido! por! testes! de! suscetibilidade! só!
conseguiu!taxas!de!erradicação!de!74,7%,!o!que!deixava!antecipar!uma!reduzida!
eficácia! dos! esquemas! habitualmente! empregues! no! país! 30.! Era! assim!
fundamental! realizar! estudos! sobre! as! taxas! de! erradicação! obtidas! com! os!
esquemas! empíricos! clássicos,! mais! concretamente! com! IBP,! amoxicilina! e!
claritromicina! como! esquema! de! primeira! linha! e! IBP,! amoxicilina! e!
levofloxacina!como!esquema!de!segunda!linha.!
Estas! eram! as! duas! principais! dúvidas! que! assolavam! o! espírito! dos!
investigadores!envolvidos!neste!projeto:!qual!o!padrão!de!resistências!primárias!
e!secundárias!de!H.$pylori!na!região!Centro!de!Portugal!e!qual!a!real!eficácia!dos!
esquemas!terapêuticos!empíricos!que!estavam!a!ser!utilizados.!
Uma!terceira!questão!estava!correlacionada!com!a!dificuldade!crescente!
da!erradicação!de!H.$pylori!em!vários!doentes,!devido!à!presença!de!resistência!
simultânea! aos! macrólidos,! nitroimidazóis! e! quinolonas.! Nestes! casos,! a!
indisponibilidade!de!vários! fármacos! como!os! sais!de!bismuto,! a! tetraciclina,! a!
furazolidona! e! a! rifabutina! tornavam! difícil! a! elaboração! de! esquemas!
terapêuticos!de!recurso.!A!doxiciclina,!que!pertence!ao!grupo!das!tetraciclinas,!já!
tinha! sido!utilizada!por! alguns!autores!mas!os! resultados! foram!variáveis! 31g38.!
Face! às! dificuldades! supracitadas! tornavagse! imperativo! realizar! um! estudo!
piloto!com!este!fármaco!em!Portugal,!para!avaliar!a!sua!exequibilidade,!eficácia!e!
potenciais!efeitos!secundários.!
Alguns! grupos! de! investigação! analisaram! detalhadamente! o! perfil!
genético!das!estirpes!isoladas!neste!país!do!sul!da!Europa!e!a!sua!correlação!com!
as!manifestações!clínicas!e!as!alterações!histopatológicas!gástricas.!Verificougse!
um!predomínio!das!estirpes!cagA!positivas!+!vacA!s1,!a!associação!das!mesmas!a!
um! maior! nível! de! alterações! histológicas! em! diversos! parâmetros! da!
classificação!de! Sydney,! assim! como!a! sua! correlação! com!a!úlcera!péptica! e! o!
carcinoma! gástrico! 39g43.! Contudo,! estudos! realizados! na! região! de! Lisboa! e!
envolvendo! crianças! mostraram! o! predomínio! de! um! perfil! genético! distinto,!
com!preponderância!das!estirpes!cagA!negativas!e!vacA!s2m2!44,!45.!Novamente,!
não! existiam! quaisquer! dados! sobre! o! perfil! genético! das! estirpes! de!H.$pylori!
presentes! na! região! Centro! e! as! suas! potenciais! implicações! nas! alterações!
histológicas,!manifestações!clínicas!e!resposta!à!terapêutica.!
Introdução
!6!
Finalmente,! já! no! decurso! do! processo! de! investigação,! Freire! et$ al.!
realizaram!uma!pesquisa!sobre!a!potencial!influência!do!gene!NOD2$(nucleotideA
binding$ oligomerization$ domain)! no! desenvolvimento! do! carcinoma! gástrico!
esporádico.! Este! trabalho,! publicado! em! 2013,! revelou! que! o! polimorfismo!
L1007fsinsC! estava! associado! a! um! risco! aumentado! de! carcinoma! do! tipo!
intestinal!46.!Não!obstante,!embora!seja!universalmente!aceite!que!a!infeção!por!
H.$pylori!é!o!principal!fator!de!risco!para!o!desenvolvimento!desta!neoplasia,!os!
autores! não! puderam! avaliar! o! impacto! deste! agente! infecioso! na! correlação!
estabelecida.! Alguns! trabalhos! já! tinham! analisado! o! papel! dos! genes!NOD! na!
infeção!por!H.$pylori! e!no! risco!de! carcinoma!gástrico!mas,! os! resultados! eram!
heterogéneos! 46g51.! Tornavagse! imperativo! investigar! se! as! mutações! do! gene!
NOD2!aumentavam!o!risco!de!infeção!por!H.$pylori,!se!tinham!alguma!influência!
nas! modificações! histológicas! induzidas! por! este! microrganismo! ou! se!
condicionavam!o!padrão!de!suscetibilidade!do!mesmo!aos!antibióticos.!
!
! Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 7!
1.3)'Objetivos'
!
! Perante! as! inquietudes! clínicas! e! científicas! previamente! citadas!
entendeugse!que!o!presente!projeto!de! investigação,!realizado!na!região!Centro!
de! Portugal,! deveria! procurar! dar! resposta! a! várias! questões.! Assim,!
estabeleceramgse!como!objetivos!primordiais:!
1. Identificar! as! taxas! de! resistência! primária! (antes! de! qualquer!
tentativa!prévia!de!erradicação)!e!secundária!(após!falência!de!um!ou!
mais! esquemas! de! tratamento)! de! H.$ pylori! à! amoxicilina,!
claritromicina,!metronidazol,!tetraciclina!e!levofloxacina;!
2. Estabelecer!as!taxas!de!eficácia!do!esquema!empírico!triplo!inicial!com!
IBP,! amoxicilina! e! claritromicina! e! do! esquema! empírico! triplo! de!
segunda!linha!ou!de!recurso!com!IBP,!amoxicilina!e!levofloxacina;!
3. Caracterizar!o!genótipo!de!H.$pylori!nesta!região!do!país!e!as!eventuais!
correlações! com! as! modificações! da! histologia! gástrica! em! doentes!
infetados;!
4. Verificar! se! um! esquema! de! erradicação! com! IBP! (alta! dose! e! prég
tratamento),!amoxicilina!e!doxiciclina!pode!constituir!uma!alternativa!
terapêutica!nos!casos!de!H.$pylori!com!tripla!resistência;!
5. Verificar! se! as! mutações! mais! comuns! do! gene! NOD2! podem! estar!
associadas! a! um! risco! aumentado! de! infeção! por! H.$ pylori,! se!
apresentam! alguma! relação! com! as! modificações! histológicas!
induzidas! por! esta! bactéria! ou! com! o! seu! perfil! de! resistência! aos!
agentes!antimicrobianos.!
!
Introdução
!8!
1.4)'Organização'da'presente'tese'
!
O!presente!capítulo! fornece!uma!breve!perspetiva!da! importância!de!H.$
pylori!em!Portugal,!da!sua!correlação!com!diversas!patologias,!nomeadamente!o!
carcinoma! gástrico,! da! progressiva! falência! dos! esquemas! empíricos! a! qual!
resulta,! em! grande!medida,! do! incremento! das! taxas! de! resistência! a! diversos!
antibióticos,! e! da! importância! dos! fatores! genéticos! na! determinação! das!
alterações! histológicas! e! manifestações! clínicas.! Também! são! expostas! as!
motivações!que!levaram!ao!planeamento!do!trabalho!e!são!definidos!os!objetivos!
a!alcançar.!
No! capítulo* II! é! realizada! uma! revisão! bibliográfica! sobre! áreas! do!
conhecimento!que!se!relacionam!com!o!trabalho!desenvolvido.!Inicialmente!esta!
revisão!centragse!na!própria!bactéria,!dando!especial!ênfase!à!epidemiologia!da!
infeção,! às! suas! manifestações! clínicas,! alterações! histológicas,! fatores! de!
virulência,! tratamento! e! limitações! terapêuticas,! resistência! aos! antibióticos! e!
respetivos! mecanismos! e,! finalmente,! aos! potenciais! adjuvantes! terapêuticos.!
Ainda!na!revisão!da!literatura!é!abordada!detalhadamente!a!problemática!de!H.$
pylori! em!Portugal!no!que!diz! respeito! à!prevalência!da! infeção! e!das! taxas!de!
resistência! aos! agentes! antimicrobianos,! à! eficácia! dos! esquemas! terapêuticos!
empregues! e! é! realizada! uma! avaliação! crítica! das! recomendações! atuais! para!
este!país.!
O! capítulo* III! pormenoriza! os! materiais! utilizados! e! a! metodologia!
detalhada!de!todo!o!projeto!de!investigação.!
Os! contributos! pessoais! para! responder! às! questões! suscitadas! e! para!
tentar!cumprir!os!objetivos!estabelecidos! foram!agregados!no!capítulo* IV.! São!
apresentados!os!artigos!científicos!publicados!ou!submetidos!a!publicação!assim!
como! alguns! resultados! adicionais! ainda! não! propostos! para! avaliação! interg
pares.!Os!artigos! foram!adaptados!por! forma!a!manter!a!coerência!da!presente!
tese.!Os!originais!constam!dos!anexos!respetivos.!
A!discussão!dos! resultados!é! realizada!ao! longo!de! cada!um!dos!artigos!
apresentados!no!capítulo!anterior!mas,!entendeugse!haver!lugar!a!um!capítulo*V,!
! Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 9!
para! incluir! uma! apreciação! mais! abrangente! desses! mesmos! resultados.! São!
também!discutidas!as!limitações!e!as!dificuldades!encontradas.!
No! capítulo* VI! resumemgse! as! principais! conclusões,! sublinhamgse! os!
contributos!mais! relevantes! e! apontamgse! sugestões! para! ramificações! futuras!
da!investigação!desenvolvida.!
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CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 13!
CAPÍTULO'II'–'REVISÃO'DA'LITERATURA'
2.1)'Helicobacter+pylori'
2.1.1)'Caracterização'
! !
O!H.$pylori!é!uma!bactéria!Gram!negativa,!microaerofílica,!de!crescimento!
lento,! com! formato! espiralado,! que! coloniza! o! estômago! humano.! Este!
microrganismo,!com!aproximadamente!2,5!a!5!μm!de!comprimento!e!0,5!a!1!μm!
de! diâmetro! (Figura! 1),! provoca! inflamação! gástrica! em! todos! os! indivíduos!
infetados,! úlcera! péptica! gástrica! ou! duodenal! em! 10! a! 15%,! adenocarcinoma!
gástrico!em!1%!e!linfoma!MALT!em!aproximadamente!0,1%!13,!14.!Também!pode!
contribuir! para! outras! patologias! nomeadamente! deficiência! de! ferro! e/ou!
vitamina! B12,! púrpura! trombocitopénica! idiopática! (PTI)! e! atraso! do!
crescimento!na!criança!1,!52.!Esta!bactéria!apresenta!2!a!7!flagelos!unipolares,!que!
lhe!conferem!mobilidade!em!soluções!viscosas.!Quando!as!condições!ambientais!
se! tornam! hostis! estes! microrganismos! podem! assumir! uma! configuração! em!
cocos!3.!Esta!morfologia,!ocasionalmente!observada!em!cultura,!pode!permitir!a!
sua! sobrevivência! por! longos! períodos! no! exterior! do! organismo! humano,!
nomeadamente!na!água!ou!em!matéria!fecal!3.!
!
!
!Figura 1 – Helicobacter pylori. Imagem de microscopia electrónica com dois bacilos sobrepostos, gentilmente cedida pelo Professor Doutor Francis Mégraud !
Revisão da Literatura
!14!
! O!isolamento!de!H.$pylori!é!difícil!e!moroso,!requerendo!meios!de!cultura!
dedicados! e! uma! atmosfera! com! aproximadamente! 5%! de! oxigénio.! A!
temperatura!de!incubação!deve!ser!mantida!a!37°C!e!é!necessário!aguardar!3!a!
10! dias! antes! de! podermos! observar! as! colónias.! Estas! são! de! pequenas!
dimensões,!uniformes!e!translúcidas!(Figura!2).!A!bactéria!pode!ser!identificada!
após! coloração!Gram!mas,! para! além!da! caracterização!morfológica,! é! possível!
realizar! uma! caracterização! bioquímica! pois! o!H.$pylori! dispõe! de! atividade! de!
catalase,!oxidase!e!urease.!Esta!última!enzima!é,!provavelmente,!a!mais!relevante,!
mostrandogse! essencial! para! a! colonização! do! estômago! e! sobrevivência! neste!
ambiente! tão! hostil.! O! H.$ pylori! produz! urease! em! grande! quantidade,! de! tal!
modo! que! esta! enzima! representa! 5%! do! peso! proteico! total! deste!
microrganismo!3.!
!Figura 2 – Cultura de Helicobacter pylori em meio gelose pylori (BioMerieux®), com colónias translúcidas!!
! Embora! o! estômago! seja! o! ambiente! natural! de!H.$pylori,! já! foi! possível!
cultivar!esta!bactéria!a!partir!de!diversos!tecidos!e!materiais!biológicos!como!a!
mucosa!gástrica!ectópica!no!divertículo!de!Meckel,!o!esófago,!o!reto,!a!bexiga,!a!
placa!dentária!e!as!fezes!53g58.!
! Estimagse! que! o! tamanho! médio! do! genoma! de! H.$ pylori! seja! de! 1,62!
milhões! de! pares! de! bases! (bp),! consistindo! em! 1590! codões! de! leitura!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 15!
codificando!1532!proteínas!59.!Existe,!contudo,!uma!enorme!diversidade!genética,!
que!resulta!de!variações!na!ordem!dos!genes!nos!cromossomas,!dos!padrões!de!
ácido!desoxirribonucleico!(DNA)!repetitivo,!na!variação!de!sequências!em!genes!
conservados,! na! ocorrência! de! DNA! móvel! e! outras! alterações! 52,! 60.! Este!
microrganismo! consegue! gerar! toda! esta! diversidade! através! de! mutações!
pontuais,! recombinações! intra! e! intergenómicas! e! variações! nos! genes!
mutadores! 61g63.! O! núcleo! central,! invariável,! do! genoma! de!H.$ pylori! não! está!
ainda!completamente!estabelecido!mas!rondará!os!1111!a!1281!genes!64.!
!
2.1.2)'História'de'Helicobacter+pylori'
2.1.2.1)'A'descoberta'de'Helicobacter+pylori'!
! O!italiano!Giulio!Bizzozero!foi!o!primeiro!a!identificar!microrganismos!de!
forma!espiralada!no!estômago!de!cães,!tendo!publicado!esta!sua!descoberta!em!
1893!65.!Três!anos!mais!tarde!Hugo!Salomon!confirmou!os!achados!de!Bizzozero!
66.! No! início! do! século! XX! Krienitz! observou! bacilos! de! formato! espiral! no!
estômago! de! doentes! com! carcinoma! gástrico! 67.! Nenhum! deles! percebeu,!
contudo,!o!real!significado!das!suas!observações.!De!facto,!o!ambiente!ácido!do!
estômago! era! considerado! altamente! nocivo! para! a! totalidade! dos!
microrganismos! e! não! se! acreditava! na! hipótese! de! este! órgão! poder! estar!
cronicamente! infetado.! Várias! décadas! decorreram! até! que! Barry! Marshall! e!
Robin!Warren!conseguiram!isolar!uma!bactéria!espiralada!do!estômago!humano!
e,! por! acaso! do! destino,! obtiveram! sucesso! na! sua! cultura! 10,! 11.! Estes! autores!
confirmaram,!dessa!forma,!que!este!agente!infeccioso!cumpria!os!dois!primeiros!
postulados! de! Koch,! pois! foi! identificado! no! tecido! epitelial! gástrico! de!
indivíduos! com! patologia! –! gastrite! –! e! podia! ser! cultivado! fora! do! organismo!
humano.!Barry!Marshall!ingeriu!então!uma!suspensão!da!bactéria!e!desenvolveu!
um!quadro!dispéptico!agudo!68.!Foi!submetido!a!endoscopia!digestiva!alta!(EDA)!
com!biopsias!gástricas,! sendo!possível! cultivar!novamente!as!bactérias!a!partir!
destas!mesmas!biopsias.!Cumpriramgse!assim!o!terceiro!e!quarto!postulados!de!
Koch! e! começou! um! interesse! científico! notável! nesta! infeção! que! se! veio! a!
verificar! ser! a! mais! comum! na! espécie! humana.! O! nome! original! de!
Campylobacter$pyloridis!foi!mais!tarde!substituído!pelo!de!Helicobacter$pylori$69.!
Revisão da Literatura
!16!
O!número!de!publicações!sobre!este!tema!cresceu!exponencialmente!atingindo!o!
seu!valor!máximo!no!final!da!década!de!1990!70.!Barry!Marshall!e!Robin!Warren!
seriam!agraciados!com!o!prémio!Nobel!da!Medicina!e!Fisiologia!em!2005.!
!
2.1.2.2)'A'relação'de'Helicobacter+pylori'com'a'espécie'humana'
!
! As! bactérias! do! género! Helicobacter! encontramgse! no! trato!
gastrointestinal! de! vários! mamíferos! e! aves.! Geralmente! há! uma! correlação!
específica! entre! uma! espécie! de! Helicobacter! e! o! seu! respetivo! hospedeiro.!
Comparando!as! sequências!de!nucleótidos!das!diferentes! estirpes!e!medindo!a!
taxa!máxima!de!mutações!in$vivo,!é!possível!estabelecer!o!tempo!mínimo!durante!
o!qual!a!bactéria!e!o!hospedeiro!partilharam!ancestrais!71.!!
O!H.$ pylori! é!muito! comum! na! espécie! humana! e! possui! uma! estrutura!
filogeográfica! robusta,! sugerindo! que! os! polimorfismos! bacterianos! podem!
refletir!a! filogeografia!humana!e!as!migrações!ancestrais!72g74.!Os!estudos!nesta!
área! específica,! baseados! na! sequenciação! de! múltiplos! loci! de! 7! genes!
housekeeping!(atpA,!efp,!mutY,!ppa,!trpC,!ure1,!yphC)!do!genoma!central/estável,!
mostram!que!existem!atualmente!6!grandes!populações!de!H.$pylori!(Figura!3):!a!
hpAfrica2;! a! hpAfrica1! (engloba! duas! subpopulações,! a! hpAfrica! do! Sul! e! a!
hpAfrica! Ocidental);! a! hpAfrica! Nordeste;! a! hpAsia2;! a! hpAsia1! (engloba! três!
subpopulações,!a!hpAmerindea,!a!hpMaori!e!a!hpAsia!Oriental)!e!a!hpEuropa!52,!
72.! Com! exceção! da! população! hpAfrica2,! que! é! muito! distinta,! existe!
praticamente!um!contínuo!para!todas!as!outras!72.!
A!diversidade!genética!das!estirpes!de!H.$pylori!diminui!à!medida!que!nos!
afastamos!da!África!Oriental,!o!mesmo!sucedendo!com!a!diversidade!genética!da!
espécie! humana! 72.! Estes! dados! sugerem! que! estas! duas! espécies! evoluem! em!
conjunto!pelo!menos!há!60.000!anos,!altura!em!que!se!deu!o!êxodo!do!continente!
Africano.!Um!estudo!publicado!em!2000,!baseado!na!análise!de!padrões!de!DNA!
por! técnica! de!Polymerase$Chain$Reaction! (PCR),! sugeria! que! a! aquisição! de!H.$
pylori! pela! espécie! humana! era! um! evento! recente! e! que! a! transição! teria!
ocorrido!a!partir!de!vetores!animais!74.!Mas,!outros!estudos!sugerem!o!oposto!e!
há!mesmo!quem!defenda!que,!provavelmente,!este!microrganismo!estabeleceug
se!no!estômago!dos!nossos!ancestrais!há!milhões!de!anos!72,!73,!75g77.!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 17!
! !Figura 3 – Distribuição das populações de Helicobacter pylori e o paralelismo geográfico entre a diversidade genética desta espécie e a espécie humana (reproduzido com permissão do Professor John Atherton, do Professor Mark Achtman, e das respetivas editoras)!52,!72!
!
Moodley! et$ al.,! num! estudo! publicado! em! 2012,! estabeleceram! que! os!
seres! humanos! foram! infetados! por! H.$ pylori! há! aproximadamente! 88.000! a!
116.000!anos!(Figura!4)!78.!Esta!transmissão!ocorreu!por!intermédio!de!um!salto!
de! hospedeiro,! similar! ao! que! sucedeu! do! homem! para! os! grandes! felinos! há!
50.000! anos,! dando! origem! ao! Helicobacter$ acinonychis.! O! mesmo! estudo!
também! permitiu! aos! autores! concluir! que! terão! ocorrido! duas! grandes!
Revisão da Literatura
!18!
migrações! humanas! a! partir! do! continente! africano,! justificando! algumas! das!
diferenças!observadas!entre!as!populações!de!H.$pylori.!
!Figura 4 – Reconstrução cronológica dos principais eventos populacionais na relação entre a espécie humana e o Helicobacter pylori. 1) Aquisição inicial de Helicobacter pylori por um ancestral do homem; 2) Divergência de Helicobacter pylori em duas super-estirpes; 3) Primeira migração dos humanos modernos para o exterior de África; 4) Formação das populações hpAfrica1 e hpAfrica Nordeste; 5 e 6) Diferenciação de Helicobacter pylori no continente Asiático originando o hpAsia2 e hpAsia Oriental; 7) Transferência de hospedeiro do homem para os grandes felinos originando o Helicobacter acinonychis; 8) Migração de Helicobacter pylori para Sul originando a população hpAfrica2; 9) Segunda migração a partir de África; 10) Hibridização de várias populações resultando na hpEuropa; 11) Disseminação ao longo da Europa; 12) Migração do hpEuropa para o Norte de África. (reproduzido com permissão do Professor Yoshan Moodley e respetiva editora) 78 !
Para! além! dos! genes! supracitados,! têm! sido! realizados! alguns! estudos!
explorando!a!diversidade!genética!dos!sistemas!de!restrição/modificação!e!das!
respetivas!metiltransferases.!Assim,!há!duas!metiltransferases,!a!HhaI!e!a!NaeI,!
que!são!comuns!a!todas!as!estirpes!mas,!há!depois!uma!grande!diversidade!que!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 19!
reflete! a! distribuição! geográfica! de!H.$ pylori,! permitindo! estudar! o! padrão! de!
migração!da!bactéria!e,!por!associação,!da!espécie!humana!79.!
! Deste! modo,! o! H.$ pylori! e! a! espécie! humana! parecem! ter! coexistido!
durante! toda! a! sua! evolução,! pelo! menos! no! que! concerne! aos! humanos!
modernos,! e!esta!bactéria! será!um!dos!elementos!da!microbiota!endógena!que!
nos! acompanha! 52.!As! alterações! fisiológicas! e! imunitárias!que! ela!desencadeia!
são!consideradas!normais!e,!nesta!fase!da!nossa!evolução,!estamos!a!adaptargnos!
à! sua! ausência.! Se! este! microrganismo! é! inegavelmente! responsável! por!
determinadas!patologias!humanas,!discutegse!hoje!se!a!sua!ausência!não!poderá!
estar! correlacionada! com! outro! tipo! de! patologias,! como! a! doença! do! refluxo!
gastroesofágico!(DRGE),!a!obesidade!e!várias!doenças!atópicas/alérgicas!52,!80,!81.!
Do!ponto!de!vista!evolutivo!a!presença!de!H.$pylori!pode!ser!benéfica!ou!
prejudicial! e,! dependendo! das! circunstâncias,! é! possível! falar! em! simbiose! ou!
patogenicidade! 80,!82.!Aparentemente,! esta! infeção!acarreta!efeitos!positivos!em!
idades!jovens!e!negativos!em!idades!mais!avançadas!52.!O!próprio!Barry!Marshall,!
em!1995,!contestava!o!cumprimento!dos!postulados!de!Koch!para!a!correlação!
de!H.$pylori!com!a!úlcera!péptica!83.!
!
2.1.3)'Adaptação'ao'ambiente'gástrico'–'Fisiopatologia'e'resposta'imune'
!
A! cavidade! gástrica! revelagse! um! ambiente! extremamente! hostil! para! a!
maioria! dos! microrganismos.! Os! principais! fatores! que! limitam! a! colonização!
bacteriana! do! estômago! são:! a! acidez;! a! peristalse;! a! (in)disponibilidade! de!
nutrientes;!a!resposta!imune!inata!e!adaptativa!do!hospedeiro;!a!competição!com!
outras! bactérias! 84.! O! H.$ pylori! está! altamente! adaptado! a! este! ambiente,!
sobrevivendo! no! seio! da! camada! de!muco! gástrico! ou! no! espaço! subjacente! à!
mesma.! Este! bacilo! geralmente! não! invade! os! tecidos!mas,! ao! interferir! com! a!
camada!superficial!de!muco,!ao!libertar!enzimas!e!toxinas!e!ao!aderir!ao!epitélio,!
torna! esses! mesmos! tecidos! mais! sensíveis! à! lesão! pelo! ácido! gástrico! 85.! Por!
outro! lado,! a! presença! deste! microrganismo! desencadeia! uma! resposta!
imune/inflamatória!por!parte!do!próprio!hospedeiro,!o!que!só!vai!intensificar!a!
lesão! tecidular! 85.! Além! disso,! o!H.$ pylori! produz! peptídeos! com! propriedades!
antibacterianas!que!podem!reduzir!a!competição!por!outros!micróbios!84,!86.!
Revisão da Literatura
!20!
A! colonização! por!H.$pylori! ocorre! essencialmente! durante! a! infância! e,!
caso! não! seja! alvo! de! tratamento! específico,! persistirá! por! toda! a! vida,!
originando!manifestações! clínicas! essencialmente!nos! adultos! 84,!87,!88.! Contudo,!
nem!todos!os!hospedeiros!infetados!desenvolvem!sintomatologia/complicações.!
Assim,! a! fisiopatologia! da! infeção! por! H.$ pylori! e! as! suas! implicações! clínicas!
dependem!de!uma!complexa!interação!entre!a!bactéria!e!o!hospedeiro,!modulada!
por! fatores! adicionais! do! ambiente! e,! provavelmente,! por! outros! fatores! ainda!
desconhecidos!13,!85,!89.!
A!sobrevivência!de!H.$pylori!no! interior!do!estômago!é!possível!graças!a!
várias!características!peculiares!desta!bactéria:!a!capacidade!de!evadir/iludir!o!
sistema!imunitário!do!hospedeiro;!a!possibilidade!de!aderir!ao!epitélio!gástrico;!
a!sua!motilidade;!a!libertação!de!enzimas!90g92.!!
A! camada! superficial! de! muco,! rico! em! glicoproteínas,! que! reveste! as!
células! epiteliais! gástricas,! constitui! uma! barreira! à! passagem! de!
microrganismos!e!pode!mesmo!funcionar!como!um!antibiótico!natural!93.!Numa!
fase! inicial! o! H.$ pylori! coloniza! esta! camada! de! muco,! evitando! a! invasão! do!
hospedeiro!e,!desse!modo,!a!resposta!imune!94,!95.!Contudo,!esta!bactéria,!graças!à!
sua! forma! espiralada,! aos! seus! flagelos! e! à! produção! de! enzimas! mucolíticas,!
consegue!ultrapassar!esta!barreira!e!alcançar!a! superfície!das!células!epiteliais!
gástricas.!Aproximadamente!20%!das!bactérias!acabam!por!aderir!a!estas!células!
14.!O!H.$pylori!localizagse!preferencialmente!na!proximidade!das!junções!densas!e!
estes! microrganismos! já! foram! encontrados! nos! espaços! intercelulares,! na!
lâmina!própria,!nos!gânglios!linfáticos!gástricos!e!nos!canalículos!intracelulares!
das!células!parietais!96g98.!
O!H.$pylori! adere! à! superfície! das! células! epiteliais! através! da! interação!
entre! recetores! na! superfície! das!mesmas! e! adesinas! da! parede! bacteriana! 99.!
Indivíduos!com!recetores!específicos!ou!com!maior!número!dos!mesmos!podem!
ser!mais!susceptíveis!a!contrair!infeção!por!este!bacilo!91,!99,!100.!A!bactéria!adere!
exclusivamente! à! célula! epitelial! gástrica! através! de! diminutas! projeções! da!
membrana,!similares!às!já!descritas!para!a!Escherichia$coli!enteropatogénica!101,!
102.! Este! processo! de! adesão! vai! condicionar! alterações! morfofuncionais! da!
própria!célula!epitelial!ou!promover!a!ativação!de!funções!bacterianas!tóxicas.!As!
estirpes!bacterianas!que!possuem!os!genes!do!ilhéu!de!patogenicidade!cag!(cag$
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 21!
PAI)!elaboram!determinados!produtos!proteicos!que!possibilitam!a!abertura!de!
canais! na! membrana! das! células! epiteliais,! permitindo! o! contacto! direto! de!
fatores!bacterianos!com!o!citoplasma!dessas!mesmas!células!103.!
Conforme! supracitado,! o! processo! de! adesão! de! H.$ pylori! às! células!
epiteliais! gástricas! é!mediado,! em! grande!medida,! por! adesinas! e! proteínas! da!
membrana! externa.! Pelo! menos! três! proteínas! Hop! (Helicobacter! Outer$
Membrane$Proteins)!estão!implicadas!na!patogénese!da!infeção!por!esta!bactéria:!
a!HopS!(BabA),!a!HopH!(OipA)!e!a!HopP!(SabA).!A!BabA!promove!a!adesão!aos!
antigénios!do!grupo!sanguíneo!Lewis!b! fucosilados!na!superfície!das!células!do!
hospedeiro;!a!OipA!serve!como!adesina!e!promove!a! inflamação!ao!aumentar!a!
expressão!da!Interleucinag8!(ILg8);!a!SabA!promove!a!ligação!a!glicoconjugados!
contendo!ácido!siálico!104g107.!
Outra!atividade!fundamental!desta!bactéria!microaerofílica!é!a!produção!
e! libertação! de! várias! enzimas,! que! não! só! proporcionam! a! sua! sobrevivência!
mas! também! podem! condicionar,! direta! ou! indiretamente,! lesão! celular.! Entre!
elas!salientamgse!a!urease,!a!catalase,!as!fosfolipases!e!a!superóxido!dismutase.!
A! catalase! protege! o! H.$ pylori! dos! efeitos! nocivos! do! peróxido! de!
hidrogénio! libertado! pelos! fagócitos! e! a! superóxido! dismutase! inativa! o!
superóxido! produzido! pelos! neutrófilos! e! macrófagos! 92,! 108,! 109.! Estas! enzimas!
permitem! ao! microrganismo! sobreviver! e! proliferar! numa! mucosa! gástrica!
lesada!e!com!infiltrado!inflamatório!110.!
A! urease,! um! dos! principais! componentes! deste! bacilo,! revelagse! uma!
ferramenta! fundamental! para! a! colonização! gástrica.! Esta! enzima! hidrolisa! a!
ureia! formando! cloreto! de! amónia! e!monocloramina,! que! neutralizam! o! ácido!
gástrico! e! formam! um! ambiente! alcalino! protetor! em! redor! da! bactéria,!
permitindoglhe!penetrar!na!camada!de!muco!gástrico!111.!Existe!mesmo!um!gene,!
o!ureI,! que! codifica! um! canal! de!ureia! dependente!do!pH.!Assim,! quando!o!pH!
exterior! se! torna! inferior! a! 6,5! este! canal! abregse! permitindo! o!movimento! de!
ureia! para! o! interior! do!microrganismo.! A! amónia! produzida! pela! hidrólise! da!
ureia! neutraliza! o! periplasma! mantendo! o! potencial! de! membrana!
citoplasmático!e!possibilitando!a!sobrevivência!da!bactéria!em!meio!ácido!52,!112.!
Estes! derivados! da! ureia! podem! ainda! lesar! diretamente! as! células! epiteliais!
Revisão da Literatura
!22!
gástricas.!Por!outro! lado,!a!própria!urease!é!antigénica!e!pode!ativar!o!sistema!
imune!do!hospedeiro!111.!
As! fosfolipases! bacterianas! podem! alterar! a! tensão! superficial,! a!
hidrofobicidade! e! a! permeabilidade! da! camada! de!muco! gástrico,! interferindo!
com!a!sua! função!protetora.!Assim,!a! conversão!da! lecitina!em! lisolecitina!pela!
fosfolipase! A2! pode! conduzir! à! lesão! celular! e! à! lipólise,! comprometendo! a!
estrutura!e!a!integridade!da!mucosa!gástrica!110,!113.!
Existem! ainda! vários! outros! fatores! de! virulência! de! H.$ pylori,!
dependentes! de! determinados! perfis! genéticos,! nomeadamente! o! cagA!
(cytotoxinAassociated$ gene),! cagE,! vacA! (vacuolatingAcytotoxin! gene),! iceA!
(induced$by$contact$with$epithelium$gene)!e!babA2! (blood$group$antigenAbinding$
adhesin$ gene).! De! referir! que! o! cagA! e! o! cagE! fazem! parte! do! complexo! de!
patogenicidade! cag$ PAI.! Este! complexo! é! responsável! pela! expressão! de! um!
sistema!de!secreção! tipo! IV,!o!qual! forma!uma!estrutura! tubular!que!permite!a!
injeção!de!fatores!de!virulência!no!interior!da!célula!epitelial,!nomeadamente!a!
própria!proteína!efetora!CagA.!Esta!não!é!citotóxica!por!si!só!mas!é!antigénica!e,!
após! fosforilação!por! tirosina! cinases,! induz!alterações!na! célula!hospedeira! 85,!
114g116.!Estes!aspetos!serão!abordados!detalhadamente!em!capítulo!próprio.!
A! infeção! por!H.$pylori! desencadeia! uma! resposta! imune! e! inflamatória,!
não!obstante!este!microrganismo!apresentar!uma!natureza!não! invasiva!117,!118.!
Quer! a! resposta! imune! inata! quer! a! adaptativa! desempenham! um! papel!
fundamental! na! patogénese! das! manifestações! clínicas! decorrentes! da! infeção!
por! H.$ pylori.! Este! organismo! apresenta! um! grande! número! de! componentes!
antigénicos! incluindo! a! proteína! de! choque! térmico,! a! urease! e! os!
lipopolissacarídeos! (LPS),! embora! estes! últimos! tenham! modificações! que! os!
tornam!menos!próginflamatórios!que!os!de!outras!bactérias!Gram!negativas!119.!
Estes!antigénios!são!captados!e!processados!pelos!macrófagos!da!lâmina!própria!
e!ativam!os!linfócitos!T!118,!120.!Isto!resulta!no!aumento!de!produção!de!citocinas!
inflamatórias!como!a!ILg1,!ILg6,!ILg8!e!TNFgα!85,!117,!121.!Simultaneamente,!ocorre!
uma!resposta!imune!dependente!de!linfócitos!B,!com!produção!de!anticorpos!IgG!
e! IgA.! Contudo,! esta! resposta! humoral! não! tem! qualquer! efeito! na! proteção!
contra!a!infeção!122.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 23!
Na! mucosa! gástrica! dos! indivíduos! infetados! foram! identificadas! as!
diferentes! subclasses! de! linfócitos! T:! T!helper! (Th1,! Th2,! Th17)! e! T! regulador!
(Treg)!123,!124.!
Relativamente!às!células!Th!sabegse!que!as!Th1!promovem!uma!resposta!
imune! celular! mediada! pela! ILg2,! TNFgα! e! Interferão! gama! (IFNgγ).! Já! os!
linfócitos!Th2!estão!envolvidos!na!imunidade!humoral!e!produzem!ILg4,!ILg5,!ILg
10,! ILg13! e! Transforming$ Growth$ Factor! (TGF)! 14.! Na! infeção! por! H.$ pylori! a!
resposta!imune!está!desviada!a!favor!das!células!Th1!promovendo!a!produção!de!
citocinas!inflamatórias,!nomeadamente!ILg8,!pelas!células!epiteliais,!interferindo!
com!a!apoptose!destas!mesmas!células!e!estimulando!a!ativação!de!macrófagos!
125,!126.! A! ILg8! é! um! potente! agente! quimiotático,! ativa! os! neutrófilos! e! recruta!
células!inflamatórias!para!a!mucosa.!O!aumento!da!produção!desta!interleucina!
está!dependente!da!ativação!da!transcrição!do!Fator!Nuclear!kappa!B!(NFgκB).!As!
bactérias! cagA! positivas! e,! sobretudo! as! cagE,! são! as! que! mais! induzem! a!
produção!de!ILg8!pela!mucosa!inflamada.!O!TNFgα,!a!ILg17!e!a!ILg23,!que!regula!a!
secreção! de! ILg17! através! da! via! STAT3! (Signal$ transducer$ and$ activator$ of$
transcription$3),!também!induzem!a!produção!de!ILg8!85,!127!
Os! ratos! infetados! de! forma! experimental! que! apresentam! um!
predomínio! da! resposta! Th1,! têm! uma! gastrite! severa! mas! baixas! cargas!
bacterianas,! contrariamente! ao! que! sucede! com! os! ratos! que! apresentam! um!
predomínio! da! resposta! Th2! 128.! Na! espécie! humana! a! resposta! é! menos!
polarizada!do!que!nos!ratos,!verificandogse!níveis!mais!elevados,!simultâneos,!de!
linfócitos!Th1!e!Th2!em!indivíduos!colonizados!que!desenvolvem!úlcera!péptica,!
comparativamente! aos! que! não! desenvolvem! esta! complicação! 123.! A! nível!
populacional,!a!resposta!à!infeção!por!H.$pylori!apresenta!um!viés!no!sentido!Th2!
em!África!e!no!sentido!Th1!no!Japão!e!Reino!Unido,!o!que!pode!contribuir!para!
menores! prevalências! de! manifestações! clínicas! associadas! à! infeção! no!
continente!Africano!129.!!
A!persistência!de!H.$pylori!no!estômago!é!fundamental!para!a!patogénese!
das!manifestações!clínicas!associadas!pois!as!úlceras,!o!carcinoma!e!os!linfomas!
apenas! ocorrem! décadas! após! a! aquisição! da! infeção.! Para! tal,! este!
microrganismo!tem!de!iludir!a!resposta!imune.!Em!primeiro!lugar,!o!facto!de!ele,!
por!norma,!não!invadir!os!tecidos!ficando!na!superfície!das!células!epiteliais!ou!
Revisão da Literatura
!24!
mesmo!no!seio!da!camada!de!muco!gástrico,!torna!difícil!a!ação!dos!agentes!do!
sistema! imunitário! que! visam! a! sua! destruição.! Em! segundo! lugar,! as! próprias!
proteínas!CagA!e!VacA!diminuem,! in$vitro,!a!ativação!dos! linfócitos!T!130.!Mas!o!
elemento!mais! importante!no!controlo!da!resposta! imune!ao!H.$pylori!parecem!
ser!os! linfócitos!Treg.!Estas! células! suprimem!a!produção!de! ILg8!pelas! células!
epiteliais!gástricas!e!comprometem!o!desenvolvimento!de!memória!imunitária!a!
este! bacilo! 131.! A! sua! presença,! concomitantemente! com! níveis! elevados! das!
citocinas! imunosupressoras! ILg10! e! TGFgβ,! contribui! para! a! persistência! de!H.$
pylori! e! o! controlo! da! inflamação! por! ele! desencadeada! 52.! Na! realidade,! os!
doentes! que! depois! desenvolvem! úlcera! péptica! apresentam! menos! linfócitos!
Treg! na! mucosa! gástrica! do! que! os! doentes! que! não! desenvolvem! esta!
complicação! 123.! A! ILg18! parece! ser! um! elemento! chave! na! diferenciação! dos!
linfócitos!naive! no! fenótipo! Treg! 132.! Esta! imunotolerância! também!poderá! ser!
potenciada!por!algumas!das!proteínas!sintetizadas!pelo!próprio!H.$pylori!como!a!
VacA!e!a!γgGlutamiltranspeptidase!(GGT)!133.!
Os! linfócitos! Th17! estão! envolvidos! na! resposta! imune! a! fungos! e!
bactérias! extracelulares.! Eles! produzem! ILg17A! e! ILg17F,! as! quais! promovem!
ativação!de!fibroblastos,!células!epiteliais!e!endoteliais!assim!como!macrófagos,!
com! secreção! de! citocinas! e! quimiocinas! e! subsequente! recrutamento! de!
neutrófilos.!A!neutralização!da!ILg17!em!culturas!celulares!infetadas!por!H.$pylori!
reduz!consideravelmente!os!níveis!de!ILg8,!o!que!significa!que!a!resposta!Th17!é!
um!evento!chave!na!inflamação!134.!O!polimorfismo!IL17F$7488T!está!associado!a!
um!aumento!da!atividade!inflamatória!nos!doentes!infetados!mas,!a!ILg17A!tem!
uma! ação! antiginflamatória! e! a! sua! neutralização! aumenta! a! diferenciação! em!
resposta!Th1!e!subsequente!severidade!da!gastrite! 135,!136.!Assim,!uma!resposta!
Th17!pode!limitar!a!inflamação!e!patologia!gástrica!ao!suprimir!a!diferenciação!
em! células! Th1! mas,! em! contrapartida,! têm! sido! identificados! níveis! mais!
elevados! de! células! Th17! no! estômago! e! sangue! periférico! de! doentes! com!
carcinoma!gástrico!137.!A!ILg17,!tal!como!a!ILg23,!que!estimula!a!diferenciação!e!
expansão! das! células! Th17,! está! correlacionada! com! a! redução! da! imunidade!
antigtumoral,! promovendo! a! angiogénese! e! o! crescimento! das! neoplasias! 138.!
Alguns! polimorfismos! da! ILg17A! e! da! ILg17F! estão! assim! associadas! ao!
desenvolvimento!de!carcinoma!gástrico!.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 25!
O! H.$ pylori! desencadeia! inflamação! gástrica! através! da! ativação! de!
recetores! de! reconhecimento! de! padrões! (PRRs),! como! os! TollALike$ Receptors!
(TLR)! e! o! nucleotideAbinding$ oligomerization$ domain! (NOD),! que! identificam!
padrões!moleculares!associados!aos!agentes!patogénicos!(PAMPs)!como!os!LPS,!
o!peptidoglicano,!as!lipoproteínas,!as!flagelinas!e!o!ácido!ribonucleico!(RNA)!de!
cadeia! dupla! 49,!139,!140.! A!maioria! destas! vias! de! sinalização! convergem! depois!
para!o!fator!de!transcrição!nuclear!NFgκB!que!é!um!regulador!de!múltiplos!genes!
envolvidos!em!processos!inflamatórios!e!imunes!141.!
A! variabilidade! genética! do! sistema! imune! da! mucosa! do! hospedeiro!
também! influencia! o! curso! clínico! da! infeção!por!H.$pylori! 117,!142.! É! o! caso! dos!
polimorfismos!da! ILg1,! da! ILg10,!dos!TLR!e!do!NOD.!Há!algumas!metaganálises!
que! confirmam! o! risco! aumentado! de! carcinoma! gástrico! (CG)! nos! portadores!
dos!ILA1βA511!e!IL1ARN*2!143g145.!!
Esta!infeção!também!interfere!com!várias!proteínas!das!células!epiteliais!
gástricas,! nomeadamente! a! Egcaderina! e! a! βgcatenina.! O! H.$ pylori! induz! a!
metilação!do!gene!promotor!da!Egcaderina!com!redução!da!expressão!da!mesma.!
A!perda!de!função!desta!proteína!parece!estar!associada!com!o!desenvolvimento!
de!carcinoma!gástrico!146,!147.!
O!H.$ pylori! pode! ainda! iludir! o! sistema! imune! do! hospedeiro! de! outras!
formas:! o! seu! LPS! apresenta! alterações! no! lípido! A! que! o! tornam!menos! próg
inflamatório! comparativamente! ao! que! sucede! com! as! outras! bactérias! Gram!
negativas! 119;!muitas!estirpes!de!H.$pylori! apresentam!no!seu!LPS!antigénios!0,!
similares!aos!antigénios!Lewis!do!grupo!sanguíneo,!e!este!mimetismo!molecular!
evita! o! seu! reconhecimento! 148;! a! flagelina! dos! flagelos! da! bactéria! interage!
deficientemente!com!o!TLRg5!pelo!que!a!resposta!imunitária!fica!comprometida!
149.!Além!disso,!as!proteínas!VacA,!arginase!e!GGT!de!H.$pylori!podem!interferir!
com!a!ação!de!células!inflamatórias,!nomeadamente!os!linfócitos!T!130,!150g152.!
!
2.1.4)'Epidemiologia'da'infeção'por'Helicobacter+pylori'!
A! infeção!por!H.$pylori! é! hoje! assumida! como!um!problema! global.! Este!
microrganismo! é! o! principal! responsável! pelo! desenvolvimento! de! gastrite!
crónica!e!está!bem!estabelecida!a!sua!correlação!com!a!doença!ulcerosa!péptica!e!
Revisão da Literatura
!26!
com!as!neoplasias!gástricas.!A! transmissão!deste!agente! infecioso,! embora!não!
esteja! ainda! totalmente! esclarecida,! é! relativamente! fácil! e! ocorre!
predominantemente! durante! a! infância.! No! entanto,! há! um! tempo! de! latência!
prolongado!até!que!se!evidenciem!as!manifestações!clínicas.!Assim,!é!raro!que!o!
H.$pylori! condicione! sintomatologia/complicações! nas! crianças!mas! representa!
uma! causa! importante! de!morbilidade! nos! adultos,! embora! a!mortalidade! que!
lhe!está!associada!seja!relativamente!reduzida,!tendo!em!linha!de!conta!a!elevada!
prevalência! desta! infeção! 153.! Por! outro! lado,! importa! salientar! que! a! taxa! de!
eliminação!espontânea!deste!microrganismo!é!muito!baixa!pelo!que,!se!não!for!
alvo! de! tratamento! específico,! a! infeção! persiste! por! toda! a! vida! 153,! 154.! Isto!
significa!que!a!prevalência!observada!em!cada!coorte! reflete,!provavelmente,! a!
taxa!de!aquisição!ocorrida!durante!o!período!infantil.!
!
2.1.4.1)'Prevalência'global'da'infeção'por'Helicobacter+pylori'!
! O!H.$pylori! é! uma!bactéria! bem! sucedida,! infetando! atualmente!mais! de!
50%! da! população! mundial! 1.! Contudo,! a! sua! prevalência! varia!
consideravelmente!de!país!para!país,!sendo!a!maior!diferença!registada!entre!os!
países!desenvolvidos!e!os!que!se!encontram!em!vias!de!desenvolvimento!(Figura!
5)!3g8.!Nestes!últimos!a!maioria!das!crianças!estão!infetadas!antes!dos!10!anos!e!a!
prevalência! nos! adultos! ultrapassa! os! 80%! 155,!156.! Nos! países! desenvolvidos! a!
infeção!é!rara!na!infância.!Devido!ao!efeito!de!coorte!alcança!os!10%!entre!os!18!
e! os! 30! anos! e! os! 50%! em! indivíduos! com!mais! de! 60! anos.! Este! aumento! da!
prevalência!com!a!idade!foi!comprovado!num!estudo!de!Graham!et$al.,!publicado!
em!1991!157.!Em!ambos!os!grupos!de!países!o!pico!de!seroconversão!ocorre!entre!
os!3!e!os!5!anos,!sugerindo!que!o!estômago!é!mais!sensível!à!contaminação!neste!
período!158.!Inicialmente!pensavagse!que!este!padrão!resultava!da!possibilidade!
de! contrair! esta! infeção! em! qualquer! faixa! etária,! com! consequente! aumento!
cumulativo!do!número!de! indivíduos! acometidos!mas,! as! evidências! científicas!
atuais! demonstram! que! tal! reflete! as! diferentes! taxas! de! aquisição! durante! a!
infância,!e!que!a!prevalência!se!mantém!relativamente!estável!para!cada!coorte!
populacional! de! nascimento! no!mesmo! período.! Assim,! até! parece! existir! uma!
diminuição!progressiva!das!taxas!de!infeção!à!medida!que!avançamos!em!termos!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 27!
temporais! 88,! 159.! Isto! será! explicado! pela! melhoria! das! condições! higienog
sanitárias!e!pelo!uso!crescente!de!antibióticos.!
!Figura 5 – Distribuição da prevalência da infeção por Helicobacter pylori nos países desenvolvidos versus países subdesenvolvidos (adaptado com permissão do Professor David Y. Graham e respetiva editora) 6!!
! Em!2013,!a!propósito!da!reunião!anual!do!Grupo!Europeu!de!Estudo!de!H.$
pylori,! Calvet! et$ al.! apresentaram! uma! revisão! dos! artigos! mais! importantes!
publicados! em! 2012! sobre! epidemiologia! e! diagnóstico.! Estes! autores!
verificaram! que! as! taxas! de! prevalência! nos! adultos! variam! entre! 17,1%! nos!
Estados!Unidos!da!América!(E.U.A.)!e!os!79,4%!na!América!Latina.!Nas!crianças!
essas! mesmas! taxas! oscilam! entre! 4,9%! na! Republica! Checa! e! os! 66,2%! em!
Portugal! 160.! Importa!desde! já! referir!que,!no!estudo!publicado!em!Portugal,!as!
amostras! utilizadas! para! estabelecer! o! diagnóstico! tinham! sido! recolhidas! em!
2003!161.!
! Em!2014!Peleteiro!et$al.!apresentaram!uma!revisão!sistemática!incluindo!
37!estudos!que,!teoricamente,!refletiam!as!realidades!nacionais!em!22!países.!Os!
valores! de! prevalência!mais! recentes! para! cada! país! variaram! entre! 13,1%! na!
Finlândia!e!os!79,2%!na!Lituânia!2.!Ierardi!et$al.!realizaram!uma!revisão!sumária!
de! alguns! estudos! recentes,! oriundos! de! diferentes! países! dos! 5! continentes! 9.!
Revisão da Literatura
!28!
Apesar!da!heterogeneidade!registada!quanto!à!metodologia!de!diagnóstico!e!ao!
grupo! etário! envolvido,! verificagse! uma! marcada! discrepância! nas! taxas! de!
prevalência,!de!6,2%!a!84,2%!9.!
!
2.1.4.2)'Fatores'que'influenciam'a'prevalência'da'infeção'por'Helicobacter+pylori'!
! Conforme! já! foi! referido,! existem! grandes! diferenças! nas! taxas! de!
prevalência! de! H.$ pylori! de! país! para! país.! Contudo,! no! mesmo! país! existe!
também! uma! grande! variabilidade! de! região! para! região! e! entre! diferentes!
grupos!populacionais!157,!162g164.!Existem!diversos!fatores!que!podem!influenciar!
este!parâmetro!mas,! a! idade!parece! ser!o!mais! relevante! 157,!163.!O!aumento!da!
prevalência!com!a!idade!fazia!suspeitar!da!aquisição!progressiva!da!infeção!mas,!
na!realidade,!esta!ocorre!durante!os!primeiros!5!anos!de!vida!e!a!taxa!de!infeção!
diminui! progressivamente! a! partir! deste!momento! 165.! Assim,! a! frequência! da!
infeção!em!cada!grupo!etário!acaba!por!refletir!o!contacto!que!esse!mesmo!grupo!
teve!com!esta!bactéria!durante!a!infância!88,!159,!166.!!
Os! estudos! realizados! em! adultos! submetidos! a! terapêutica! de!
erradicação! de! H.$ pylori! parecem! corroborar! a! importância! da! aquisição! da!
infeção!na!infância.!A!reinfeção!após!uma!terapêutica!bem!sucedida!é!rara!e!pode!
corresponder! a! uma! simples! recrudescência! da! infeção! prévia,! traduzindo! um!
falso!negativo!do!exame!de!controlo!efetuado!após!o!tratamento!167.!Nos!adultos,!
a!verdadeira!reinfeção!ocorre!em!menos!de!2%!das!pessoas!ao!ano!e!esta!taxa!é!
equiparável! à! da! aquisição! de$ novo! nesta! faixa! etária! 166,! 168,! 169.! As! taxas! de!
reinfeção!são!mais!elevadas!nos!países!asiáticos!e!da!América!Latina!170,!171.!
! Existem! também! grandes! diferenças! entre! os! vários! grupos! étnicos!
presentes!no!mesmo!país.!Nos!países!desenvolvidos,!os!negróides!e!hispânicos!
apresentam! taxas! de! prevalência! mais! elevadas! comparativamente! aos!
caucasóides!172.!Contudo,!estas!discrepâncias!parecem!estar!correlacionadas!com!
diferentes! níveis! de! exposição! ao! microrganismo,! em! função! de! diferenças!
culturais,! sociais,! dietéticas! e! ambientais,! e! não! propriamente! com! diferentes!
predisposições!genéticas!para!cada!grupo!étnico/racial!157,!173,!174.!
! O! estatuto! socioeconómico,! definido! pela! ocupação/profissão,! nível! de!
rendimentos! da! família! e! condições! habitacionais,! é! uma! das! variáveis! mais!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 29!
importantes! na! aquisição! da! infeção! por! H.$ pylori! 153.! Existe! uma! correlação!
inversa! entre! o! estatuto! socioeconómico! durante! a! infância! e! a! prevalência! da!
infeção,!independentemente!da!classe!social!na!idade!adulta!173,!175,!176.!O!estudo!
EUROGAST!mostrou!que!existe!uma!relação!inversa!entre!o!nível!de!educação!e!a!
seropositividade! para! o! H.$ pylori! 163.! Os! autores! assumem! que! no! estudo! em!
causa,!o!nível!de!educação!poderia!refletir!o!estatuto!socioeconómico!durante!a!
infância! pois,! durante! várias! décadas,! só! os! membros! de! níveis! sociais! mais!
elevados!tinham!acesso!a!educação!superior.!
! Para!indivíduos!com!o!mesmo!estatuto!socioeconómico,!o!principal!fator!
que!influencia!o!risco!de!infeção!é!a!densidade!populacional!na!mesma!habitação.!
Estudos! em! países! sem! grandes! diferenças! em! termos! de! estatuto!
socioeconómico!e!também!em!coortes!de!gémeos,!mostraram!que!o!número!de!
pessoas!por!área!habitacional!é!o!principal!condicionante!para!contrair!a!infeção!
177g180.!Um!número!elevado!de! irmãos,!a!partilha!da!cama!e!a!ausência!de!água!
corrente!na!habitação!são! também!variáveis!que!determinam!maiores! taxas!de!
infeção!por!H.$pylori!181g184.!
Outro!fator!que!poderá!influenciar!a!prevalência!deste!bacilo!é!o!local!de!
residência! do! hospedeiro.! Aparentemente,! as! crianças! de! ambientes! rurais!
apresentam!níveis!mais!elevados!de!infeção!do!que!as!crianças!que!residem!em!
ambientes!urbanos/citadinos!185.!
Finalmente,! o! consumo! de! alimentos! salgados! aumenta! a! probabilidade!
de!infeção!persistente!por!H.$pylori!186,!187.!
Em!2013!Lim!et$al.!publicaram!um!estudo!de!base!populacional,!na!Coreia!
do!Sul,!envolvendo!10.796!indivíduos!assintomáticos.!O!H.$pylori!estava!presente!
em!54,4%!e!os!fatores!que!aumentavam!o!risco!de!infeção!eram:!idade!avançada,!
sexo! masculino,! baixos! rendimentos! familiares,! residência! rural! e! nível! de!
colesterol!total!superior!a!240!mg/dl!188.!Esta!última!correlação!tem!ainda!de!ser!
validada! mas,! admitegse! que! a! resposta! inflamatória! sistémica! desencadeada!
pela! bactéria! poderá! condicionar! alterações! no!metabolismo! dos! lípidos! e! das!
lipoproteínas.!
Como!se!depreende!do!estudo!anterior,!o!sexo!masculino!representa!um!
fator! de! risco! para! uma!maior! prevalência! não! só! da! infeção!mas! também!das!
complicações!a!ela!associadas!189.!Em!análises!ajustadas!para!a!idade!e!estatuto!
Revisão da Literatura
!30!
socioeconómico!verificagse!que!a!prevalência!de!H.$pylori!é!16%!mais!elevada!no!
sexo!masculino!comparativamente!ao!sexo!feminino!190.!De!igual!modo,!a!taxa!de!
incidência! ajustada! do! carcinoma! gástrico! nos! homens! é! aproximadamente! o!
dobro! da! que! se! verifica! nas! mulheres,! quer! quando! consideramos! todos! os!
carcinomas!gástricos!quer!quando! incluímos!apenas!os!que!estão!dependentes!
de! processos! infeciosos! 15,! 191.! Desconhecemgse! os! fatores! implicados! nestas!
diferenças! mas! a! influência! das! hormonas! sexuais! sobre! o! sistema! imunitário!
poderá!desempenhar!um!papel!relevante!189.!
!
2.1.4.3)'Alterações'da'prevalência'da'infeção'por'Helicobacter+pylori'!
! Desde!a! sua! identificação! têm!sido! realizados!múltiplos!estudos! sobre!a!
prevalência!de!H.$pylori!em!diversas!áreas!do!globo.!Uma!constatação!comum!em!
quase!todas!estas!avaliações!é!a!aparente!redução!das!taxas!de!infeção!nos!vários!
países.! De! facto,! embora! a! prevalência! global! seja! de! 50%,! alguns! estudos!
mostram!que!a! frequência! atual!da! infeção!nas! crianças!é!bastante!mais!baixa,!
rondando!os!35%!na!Rússia,! 20%!na!China! e!Polónia,! 12%!na!Coreia! do! Sul! e!
E.U.A.! e! <10%! na! França,! Bélgica! e! Finlândia! 153,! 175,! 178,! 192,! 193.! Um! estudo! de!
observação! transversal! realizado! em! crianças! Russas! residentes! em! São!
Petersburgo,!utilizando!a!mesma!metodologia!serológica!de!deteção!de!H.$pylori!
nos!dois! períodos,! revelou!que! a!prevalência! global! da! infeção!diminuiu!de!44!
para! 13%! numa! década! 194.! A! revisão! sistemática! de! Peleteiro! et$ al.! também!
confirmou!a!redução!da!prevalência!nas!últimas!décadas,! sobretudo!nos!países!
em!que!a!taxa!de!infeção!era!inicialmente!elevada!2.!
Assim,! salvo! algumas! áreas/países! que! apresentam! ainda! níveis! muito!
elevados!de!prevalência,!a!tendência!global!é!de!redução!progressiva,!o!que!está!
relacionado! com! a!melhoria! das! condições! de! vida! das! populações,! não! só! em!
termos! habitacionais! mas! também! em! termos! de! alimentação! e! acesso! aos!
cuidados! de! saúde.! A! redução! das! dimensões! dos! agregados! familiares,! a!
disponibilidade!de!melhores!condições!sanitárias!e!o!acesso!simplificado!a!água!
potável!também!terão!concorrido!para!esta!redução.!
! Um!outro! fator!que!poderá! contribuir!para! a!diminuição!da!prevalência!
da! infeção! é! a! eliminação! espontânea! da! bactéria.! Esta! não! é! uma! situação!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 31!
comum!mas!a! sua!ocorrência!está!documentada!desde!1992! 153.!Um!estudo!de!
seguimento! realizado! numa! população! Japonesa! revelou! que! a! taxa! de!
eliminação!de!H.$pylori!era!superior!à!taxa!de!aquisição!da!infeção,!traduzindogse!
numa! redução! da! prevalência! da!mesma! 195.! Duque! et$ al.! mostraram! que,! nas!
crianças,!a!taxa!de!eliminação!espontânea!desta!bactéria!é!de!4,74%!ao!ano!196.!
Mera!et$al.,!num!estudo!de!seguimento!que!se!prolongou!por!um!período!de!12!
anos,! identificaram! uma! taxa! de! resolução! espontânea! de! 2,9%! ao! ano,! sendo!
mais!elevada!nos! indivíduos!com!mais!de!50!anos!comparativamente!aos!mais!
jovens!197.!
! Finalmente,!não!podemos!esquecer!que!determinadas!variáveis!genéticas!
do! próprio! hospedeiro! podem! desempenhar! um! papel! crucial,! não! só!
aumentando! o! risco! de! contrair! a! infeção! mas! também! a! probabilidade! de!
eliminar!a!mesma!198.!!
!
2.1.4.4)'Transmissão'de'Helicobacter+pylori'!
! Apesar!dos!múltiplos!avanços!registados!no!estudo!deste!microrganismo,!
as!suas!vias!de!transmissão!são!ainda!alvo!de!controvérsia.!Dado!que!se!trata!de!
uma!pandemia,!é!internacionalmente!aceite!que!poderão!existir!múltiplas!vias!de!
contágio! e,! eventualmente,! um! reservatório! ambiental! biótico! ou! abiótico.!
Aparentemente,! a! transmissão! da! infeção! será! interpessoal,! seja! por! via! fecalg
oral!ou!orogoral!153,!199.!O!homem!representa!assim!o!principal!reservatório!para!
esta!bactéria,!embora!o!mesmo!já!tivesse!sido!isolado!de!primatas!em!cativeiro,!
gatos! domésticos! (saliva! e! suco! gástrico)! e! ovelhas! (leite! e! tecido! gástrico),!
podendo!estas!espécies!constituir!reservatórios!naturais!alternativos!200g202.!
! Quer! a! via! fecalgoral! quer! a! via! orogoral! são,! teoricamente,! possíveis!
porque! já! se! demonstrou! a! existência! de! microrganismos! viáveis! na! cavidade!
oral! e! nas! fezes.! O! H.$ pylori! está! presente! no! suco! gástrico! e! como! tal! pode!
alcançar! a! cavidade! bucal! por! vómito! ou! refluxo.! Deste! modo,! a! transmissão!
ocorreria!preferencialmente!por!contacto!próximo!e!sobretudo!durante!períodos!
de!gastroenterite!203,!204.!
Vários! estudos! demonstraram! que! a! aquisição! da! infeção! ocorre!
preferencialmente!no!seio!familiar.!A!mãe!é,!provavelmente,!a!principal!fonte!de!
Revisão da Literatura
!32!
infeção! em! todas! as! circunstâncias!mas,! nos! países! de! elevada! prevalência,! os!
irmãos!também!desempenham!um!papel!crucial!183,!184,!205g209.!Neste!contexto,!as!
condições!sanitárias!da!habitação!e!a!densidade!populacional!da!mesma!seriam!
fatores!determinantes!na!ocorrência,!ou!não,!de!transmissão.!!
Nas!últimas!décadas!temgse!assistido,!sobretudo!nos!países!desenvolvidos,!
a!uma!alteração!da!dinâmica!familiar,!com!as!mães!a!iniciarem!funções!laborais!
poucos!meses! após! o! nascimento.!Deste!modo,! é! comum!as! crianças! deixarem!
precocemente! o! seio! familiar! durante! um! período! significativo! do! dia! para!
frequentarem! creches/infantários.! Uma! metaganálise! publicada! em! 2013,!
envolvendo! 16! estudos,! sugeria! que! a! frequência! destes! estabelecimentos,!
sobretudo!em!países!de!elevada!prevalência,!poderia!contribuir!para!o!contágio!
mas! o! OR! (Odds$ Ratio)! global! foi! de! 1,12! (IC! 95%! 0,82g1,52).! Os! autores!
salientavam! que! os! estudos! incluídos! eram! heterogéneos! 210.! Um! estudo! de!
prevalência!mais!recente,!realizado!em!Portugal!por!alguns!dos!autores!da!metag
análise! anterior,! utilizando! como! método! de! diagnóstico! o! IgG! antigH.$ pylori!
quantificado! por! imunoensaio! enzimático! –! ELISA! (EnzymeALinked$
Immunosorbent$ Assay),! mostrou! que! a! frequência! de! creches/infantários!
aumenta!o!risco!de!infeção,!independentemente!da!idade!da!criança,!do!número!
de! irmãos,!do!nível! educacional!da!mãe!e!da!presença!ou!não!de! infeção!nesta!
última! 211.! Ainda! neste! contexto! de! reorganização! familiar,! Urita! et$ al.!
evidenciaram! pela! primeira! vez! que,! para! além! da! transmissão! mãegfilhos,!
também!a!transmissão!avósgnetos!assume!um!papel!relevante!212.!
! A! possibilidade! da! infeção! poder! ocorrer! através! de! água! ou! alimentos!
contaminados!nunca!foi!definitivamente!estabelecida!mas,!há!vários!estudos!que!
apontam!nesse!sentido.!Este!bacilo!permanece!viável!na!água!por!vários!dias!e,!
com!recurso!a! técnicas!de!PCR,!é!possível!evidenciar!a!presença!desta!bactéria!
em!amostras!de!água!distribuída!nos!municípios!de!áreas!endémicas! 213g216.!As!
reservas!de!água!contaminada!podem!constituir!uma!fonte!infeciosa!ambiental!e!
a! inacessibilidade! de! água! potável! está! associada! a! taxas! mais! elevadas! de!
infeção! 217,!218.! Contudo,! embora! tenha! sido! possível! detetar! bactérias! na! água!
através!da!técnica!de!PCR,!esta!não!diferencia!microrganismos!vivos!de!mortos!e!
há! uma! grande! dificuldade! em! isolar! rotineiramente! o! H.$ pylori! a! partir! de!
amostras!de!água,!por!técnicas!microbiológicas!convencionais!de!cultura!219,!220.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 33!
! Já!foi!possível!isolar!esta!bactéria!da!placa!dentária/cavidade!bucal,!quer!
por!cultura!quer!por!métodos!de!PCR!203,!221g223.!De!facto,!na!cavidade!bucal!o!H.$
pylori,!que!é!uma!bactéria!microaerofílica!de!crescimento!lento,!teria!de!competir!
com!outras!bactérias,! fungos!e!vírus.!Também!teria!de!resistir!às!propriedades!
antibacterianas!da!saliva!158.!Deste!modo,!a!prevalência!deste!microrganismo!na!
cavidade! bucal! é! baixa! e! dificilmente! este! local! poderá! constituir! um! foco! de!
contaminação.! A! inexistência! de! taxas! de! infeção! mais! elevadas! entre! os!
dentistas! e! técnicos! de! saúde! oral! parece! confirmar! esta! suposição! 224.! Os!
estudos! epidemiológicos! realizados! em! casais! também! sugerem!que! a! via! orog
oral!não!é!muito!eficaz!pois,! após! tratamento,!não!ocorre! reinfeção!a!partir!do!
parceiro!e,!de!um!modo!geral,!as!estirpes!dos!dois!elementos!do!casal!são!muito!
divergentes! 225,! 226.! Já! as! secreções! gástricas! infetadas! podem! constituir! uma!
fonte!de!infeção,!justificando!a!possibilidade!de!contágio!iatrogénico!a!partir!de!
endoscópios! e! seus! acessórios,! tal! como! um! aparente! incremento! do! risco! de!
infeção! em! gastrenterologistas! e! enfermeiros! diferenciados! em!Endoscopia! 181,!
227,!228.!
Quanto!à!via!fecalgoral,!importa!referir!que!em!indivíduos!infetados!não!é!
possível!cultivar!o!H.$pylori!a!partir!de!fezes!de!características!normais!mas,!nos!
períodos! de! diarreia! a! cultura! é! bem! sucedida! em! 50%! dos! casos! 203.! Daí! a!
importância!das!gastroenterites!e!dos!quadros!de!diarreia,!que!acompanham!a!
mágnutrição,! na! transmissão! destes! agentes! patogénicos.! A! melhoria! das!
condições! de! vida! e! consequente! redução! destes! episódios! de! gastroenterite!
também!contribuirá!para!a!diminuição!da!prevalência!de!H.$pylori.!
Um!estudo!realizado!no! Japão!mostrou!a!presença!deste!microrganismo!
em!amostras!de!leite!não!pasteurizado,!podendo!este!constituir!o!veículo!inicial!
da!infeção!229.!
Finalmente,! é! importante! salientar! o! papel! do! biofilme! bacteriano! na!
persistência!de!H.$pylori,!quer!no!ambiente!externo!quer!no!próprio!hospedeiro!
humano.! As! bactérias! são! capazes! de! sobreviver! no! meio! natural! em!
comunidades!de!microrganismos,!dispostas!na!superfície!de!diversos!materiais,!
bióticos! e! abióticos,! e! incorporadas! numa! matriz! autogproduzida,! geralmente!
composta! por! polissacarídeos.! Esta! estrutura! é! o! biofilme! bacteriano,! que!
permite! às! bactérias! adaptaremgse! e! sobreviverem! em! condições! de! stress,!
Revisão da Literatura
!34!
calculandogse! que! o! mesmo! é! responsável! por! 80%! das! infeções! bacterianas!
crónicas! 219,! 230,! 231.! A! formação! de! biofilmes! em! ambientes! aquosos! poderá!
representar!uma!estratégia!de!sobrevivência!de!H.$pylori!e!explicar!como!é!que!a!
água! pode! servir! de! reservatório! para! esta! bactéria.! A! primeira! evidência!
experimental! do! crescimento! de! H.$ pylori! em! biofilmes! nos! sistemas! de!
distribuição!de!água!corrente!apareceu!nos!finais!da!década!de!1990,!sendo!hoje!
possível! recorrer!a!diferentes! técnicas,! como!a! fluorescência!de!hibridização! in$
situ$ (FISH),! para! o! comprovar! 232,! 233.! Estudos! posteriores! mostraram! que! o!
desenvolvimento!do!biofilme!é!possível!in$vitro!e!já!em!2006!comprovougse!a!sua!
existência!in$vivo!219,!234.!
!
2.1.5)'Manifestações'clínicas'associadas'ao'Helicobacter+pylori'!
! A! descoberta! de! H.$ pylori! e! da! sua! correlação! com! várias! entidades!
nosológicas!nomeadamente!a!gastrite,!a!úlcera!péptica,!o!carcinoma!gástrico!e!o!
linfoma!MALT! constituiu! um! dos!maiores! avanços! na!Medicina.! A! erradicação!
desta!bactéria!permite!modificar!a!história!natural!de!algumas!destas!patologias.!
Por!exemplo,!a!recidiva!da!úlcera!péptica!era!comum!na!época!prégtratamento!de!
H.$pylori! e! tornougse!praticamente! inexistente! a! partir! do!momento! em!que! se!
instituiu!a!pesquisa!e!erradicação!sistemáticas!deste!microrganismo.!Este!facto!é!
conhecido!já!desde!1988!235.!
! O!ser!humano!e!o!H.$pylori!evoluíram!em!conjunto!durante!várias!dezenas!
de!milhares!de!anos!e,!aparentemente,!numa!época!antiga!a!presença!da!infeção!
seria!o!estado!normal.!Isto!desencadearia!uma!pangastrite!que!não!condicionaria!
manifestações! clínicas,! excepto! as! decorrentes! da! atrofia! gástrica,! como! o!
carcinoma,!a!deficiência!de!ferro!e!vitamina!B12.!Contudo,!estas!patologias,!por!
norma,! só! se! manifestam! em! idades! mais! avançadas! e,! como! no! período! prég
revolução! industrial! a! esperança! média! de! vida! era! muito! limitada,! isto!
determinava!que!raramente!ocorriam!complicações!associadas!à! infeção!por!H.$
pylori!e!o!seu!impacto!era!praticamente!nulo!(Figura!6).!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 35!
!Figura 6 – Relação de Helicobacter pylori com a saúde e a doença (reproduzido com autorização do Professor John Atherton e respetiva editora)!52!!
! Com! a! revolução! industrial! começou! a! assistirgse! a! um! incremento!
significativo,!primeiro!da!úlcera!gástrica,!nos!finais!do!século!XIX!e!princípios!do!
século!XX!e,!10!a!30!anos!mais! tarde,!da!úlcera!duodenal! 236.!As! razões!para!o!
aparecimento! desta! nova! manifestação! da! infeção! por! H.$ pylori! não! são!
totalmente! compreendidas.! Têm! sido! sugeridas! várias! hipóteses:! a! eventual!
influência! de! fatores! ambientais! como! o! tabaco;! as!modificações! no! padrão! de!
infeção,!com!diminuição!do!número!de!estirpes!coginfectantes!o!que!potenciaria!
a!sua!virulência;!as!alterações!no!sistema!imunitário!humano!pois!a!melhoria!das!
condições! de! vida! e! o! contacto! com! menor! número! de! microrganismos!
conduziria! a! uma! resposta! Treg!menos! adequada! em! alguns! hospedeiros,! com!
subsequente!aumento!da!inflamação!gástrica!e!da!ocorrência!de!úlceras!pépticas!
52.!Mas,!nas!últimas!décadas,!a!prevalência!da!patologia!ulcerosa!gastroduodenal!
tem!vindo!a!diminuir!progressivamente!nos!países!desenvolvidos,!o!que!resulta!
da! redução! das! taxas! de! infeção! por!H.$ pylori! nas! coortes! populacionais! mais!
jovens! 88.! A!melhoria! das! condições! higienogsanitárias,! a! redução! da! dimensão!
Revisão da Literatura
!36!
das!famílias!e!o!uso!crescente!de!antibióticos!durante!a!infância!têm!contribuído!
para!a!diminuição!na!prevalência!deste!microrganismo!84.!
! A!mucosa!gástrica!normal!(Figura!7)!pode!conter!pequenos!números!de!
células!inflamatórias!mononucleares!dispersas!237.!A!presença!de!H.$pylori!a!nível!
gástrico!acaba!por!desencadear!alterações!da!mucosa!na!maioria!dos!indivíduos!
infetados.!A! agressão!da!mucosa! gástrica! condiciona! lesão! epitelial! e! respetiva!
reparação.!O!termo!gastrite!é!utilizado!quando!há! inflamação!associada!à! lesão!
da!mucosa.!Deste!modo,!esta!denominação!é!essencialmente!histológica!embora!
seja!frequentemente!empregue,!de!forma!inadequada,!para!descrever!alterações!
radiológicas!ou!endoscópicas.!Quando!há!lesão!das!células!epiteliais!e!respetiva!
regeneração!sem!inflamação!associada!devemos!utilizar!o!termo!“gastropatia”!238,!
239.! Esta! última! é! geralmente! secundária! a! fármacos! (AntigInflamatórios! Não!
Esteróides! –! AINEs),! álcool,! refluxo! biliar,! falência! circulatória! ou! congestão!
crónica.! Já! a! gastrite! é! secundária! a! agentes! infeciosos,! como!o!H.$pylori,! assim!
como! reações! autogimunes! e! de! hipersensibilidade.! As! gastrites! podem! ser!
agudas! ou! crónicas.! Nas! primeiras! há! um! predomínio! de! polimorfonucleares!
neutrófilos! e,! nas! segundas,! de! células! mononucleares! como! linfócitos,!
plasmócitos!e!macrófagos!238.!
!
!Figura 7 – Mucosa gástrica normal (H&E; 100x). Presença de algumas células mononucleares dispersas!!
Inicialmente! o! H.$ pylori! condiciona! inflamação! da! mucosa! mas! com!
glândulas! gástricas! bem! preservadas,! pelo! que! a! gastrite! é! não! atrófica.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 37!
Dependendo! da! influência! de! fatores! de! virulência! da! bactéria,! de! fatores! de!
sensibilidade!do!hospedeiro!e!de!fatores!ambientais,!este!processo!inflamatório!
pode! persistir! sob! a! forma! de! gastrite! não! atrófica! ou! evoluir,! com! lesão!mais!
significativa!da!mucosa!e!das!glândulas!gástricas,!originando!gastrite!atrófica!e!
metaplasia!intestinal!240.!!
Aproximadamente! 25%! dos! indivíduos! infetados! por! H.$ pylori!
apresentam! uma! redução! da! secreção! ácida! gástrica! e,! este! estado! de!
hipocloridria!ou!acloridria!aumenta!a!suscetibilidade!para!o!desenvolvimento!de!
carcinoma! gástrico! 81,!241.! Contudo,! este! acomete!menos!de! 1%!dos!portadores!
desta!bactéria!13.!Para!além!do!carcinoma!gástrico!o!H.$pylori!também!aumenta!o!
risco! de! doença! ulcerosa! péptica,! que! pode! ocorrer! em! até! 17%! dos! doentes!
infetados,! sendo! que,! 25%! dos! que! desenvolvem! úlcera! péptica! também!
apresentam!uma!complicação!da!mesma!242.!
!
2.1.5.1)'Gastrite'aguda'
!
! Após! o! contágio! o! H.$ pylori! desencadeia! uma! gastrite! aguda,! que! é!
assintomática!na!maioria!dos!casos!embora,!num!número!reduzido!de!doentes,!
possa!manifestargse!por!sintomas!inespecíficos!como!náuseas!e!vómitos.!Apesar!
da!enorme!prevalência!desta!bactéria,!há!poucos!casos!diagnosticados!de!infeção!
aguda! espontânea! e,! muito! do! que! se! sabe! sobre! esta! entidade! resultou! da!
ingestão! voluntária! deste! microrganismo! ou! de! contágio! acidental! por!
instrumentos!contaminados!68,!241,!243g245.!Um!dos!achados!mais!relevantes!neste!
contexto!é!que!os!doentes!desenvolvem!hipocloridria.!
! Esta!bactéria!pode!sobreviver!em!ambiente!ácido!mas,!um!pH!muito!baixo!
impede!o!seu!desenvolvimento.!Deste!modo,!ela!deslocagse!para!a!proximidade!
da! superfície! mucosa! e! coloniza! preferencialmente! o! antro,! onde! não! há!
produção!de!ácido!246.!As!alterações!endoscópicas!da!gastrite!aguda!são!variáveis!
e!ocasionalmente!podem!simular!um!carcinoma!gástrico!ou!um! linfoma!238.!Na!
fase! precoce! desta! forma! de! gastrite! observagse! um! intenso! infiltrado!
inflamatório!neutrofílico!na!região!do!colo!glandular!e!na!lâmina!própria!(Figura!
8).! Se! for! muito! severo,! os! neutrófilos! podem! agregargse! no! lúmen! glandular!
formando!abcessos!crípticos.!Associadamente!ocorre!perda!de!mucina,!erosão!do!
Revisão da Literatura
!38!
citoplasma!justaluminal!e!descamação!das!células!foveolares!da!superfície!238,!240.!
A! gastrite! aguda,! se! não! for! alvo! de! tratamento! com! antibióticos,! evolui! quase!
invariavelmente!para!gastrite!crónica.!
!
!Figura 8 – Gastrite aguda. Marcado infiltrado inflamatório com predomínio de polimorfonucleares neutrófilos (H&E; 400x)!!
2.1.5.2)'Gastrite'crónica'
!
! Nos! casos! de! infeção! crónica,! o! H.$ pylori! acaba! por! aderir! ao! epitélio!
gástrico!produzindo!lesões!a!este!nível.!As!células!epiteliais!gástricas!tornamgse!
irregulares!e!adquirem!uma!forma!cubóide.!Há!uma!redução!do!conteúdo!apical!
de! mucina! e,! ocasionalmente,! algumas! células! epiteliais! destacamgse! o! que!
confere!um!aspeto! irregular!ao!epitélio! 240.!Os!neutrófilos!e!o!próprio!H.$pylori!
acabam! por! lesar! algumas! células! epiteliais,! o! que! estimula! a! proliferação! das!
células! mucosas! do! colo,! por! forma! a! que! as! células! eliminadas! sejam!
progressivamente!substituídas.!Estes!focos!regenerativos!são!caracterizados!por!
perda! de! mucina,! basofilia! citoplasmática,! aumento! do! número! de! mitoses! e!
hipercromaticidade! nuclear.! Com! exceção! dos! doentes! com! Síndrome! de!
Imunodeficiência! Adquirida! (SIDA),! as! bactérias! raramente! são! observadas! na!
lâmina!própria!247.!
! Numa! fase! inicial! o! H.$ pylori! afeta! apenas! a! mucosa! e! as! glândulas!
gástricas! mantêm! o! seu! padrão! e! arquitetura! normais.! Estas! alterações!
configuram!a!gastrite!crónica!não!atrófica.!Se!o!microrganismo!for!eliminado!há!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 39!
regressão!destas!alterações!inflamatórias!mas,!caso!a!infeção!persista,!podemos!
assistir! à!manutenção! da! gastrite! crónica! não! atrófica! ou! à! sua! evolução! para!
alterações! histológicas! mais! severas.! Esta! evolução! depende! da! interação! de!
fatores!bacterianos,!do!hospedeiro!e!ambientais!237.!Assim,!com!o!prolongar!do!
processo! inflamatório! pode! haver! perda! das! estruturas! glandulares! e,!
eventualmente,!fibrose!da!lâmina!própria.!Surge!então!a!gastrite!crónica!atrófica!
que! é! geralmente! multifocal! e! representa! o! primeiro! marcador! de! potencial!
neoplásico!(Figura!9).!!
!
!Figura 9 – Gastrite crónica atrófica multifocal da mucosa fúndica, sem metaplasia (H&E; 100x). Abundante infiltrado inflamatório de células mononucleares a nível da lâmina própria e perda de estruturas glandulares que são substituídas por tecido fibroso!!
A! atrofia! ocorre! no! corpo! e! antro! e! aumenta! progressivamente! com! o!
tempo! 248.! Os! níveis! séricos! de! pepsinogénio! tipo! I! (PGI)! e! da! relação!
pepsinogénio!tipo!I/pepsinogénio!tipo!II!(PGII)!são!bons!indicadores!do!grau!de!
atrofia.! De! facto,! o! PGI! é! segregado! pelas! células! da!mucosa! oxíntica! e! o! PGII!
pelas! células! principais,! pelas! glândulas! pilóricas! e! pela! mucosa! duodenal!
proximal.!A!inflamação!da!mucosa!gástrica!estimula!a!secreção!de!ambos!os!tipos!
de! pepsinogénio,! sobretudo! do! PGII,! o! que! leva! a! uma! diminuição! do! ratio!
PGI/PGII.! À! medida! que! a! atrofia! se! instala! ocorre! perda! de! células!
especializadas!e!há!uma!redução!da!síntese!de!pepsinogénios,!principalmente!do!
PGI,! pelo! que! ocorre! uma! nova! diminuição! do! ratio! PGI/PGII.! Deste!modo,! os!
baixos!níveis!de!PGI!e/ou!do!ratio!PGI/PGII,!são!bons!indicadores!da!ocorrência!
de!alterações!atróficas!a!nível!da!mucosa!gástrica!249g251.!Um!ratio!PGI/PGII!≤!3!
Revisão da Literatura
!40!
ou! um!nível! de! PGI! ≤! 70! μg/L! estão! associados! à! presença! de! lesões! gástricas!
prégneoplásicas!e!maior!risco!de!desenvolver!carcinoma!gástrico!252.!
! No! contexto! de! gastrite! crónica! o! H.$ pylori! (Figura! 10)! pode! ser!
encontrado!no!antro!e!corpo!em!80%!dos!infetados,!só!no!antro!em!8%!e!só!no!
corpo! em! 10%! 238.! A! presença! da! bactéria! exclusivamente! no! corpo! está!
geralmente! correlacionada! com! a! toma! de! IBP! ou! com! o! desenvolvimento! de!
atrofia!e!metaplasia!severas.!!
!
!Figura 10 – Microrganismos com características de Helicobacter pylori na superfície do epitélio gástrico (Giemsa modificado; 1000x)!!
Numa!fase!inicial!o!H.$pylori!coloniza!o!antro!gástrico,!com!envolvimento!
mínimo!do!corpo.!Nesta!fase!ocorre!secreção!exagerada!de!gastrina!e!redução!da!
libertação! de! somatostatina,! com! aumento! da! produção! de! ácido! clorídrico!
(hipercloridria).! Com! o! agravamento! do! processo! inflamatório! há! uma!
destruição!gradual!das!células!G,!produtoras!de!gastrina,!e!das!células!parietais,!
produtoras!de!ácido.!Ocorre!agora!hipocloridria!ou!acloridria,!o!que! favorece!o!
desenvolvimento! de! metaplasia! intestinal! e! atrofia.! O! H.$ pylori! migra!
progressivamente! para! o! corpo! e! a! administração! crónica! de! IBP! acelera! todo!
este! processo! 253.! Os! doentes! com! gastrite! antral! são! os! que! geralmente!
desenvolvem! úlcera! duodenal! enquanto! os! doentes! com! gastrite! do! corpo! ou!
gastrite!extensa!são!os!que!desenvolvem!úlcera!gástrica!e!adenocarcinoma!238.!
A! inflamação!neutrofílica!e!a!presença!de!folículos! linfóides!com!centros!
germinativos!são!as!alterações!histológicas!mais!típicas!da!infeção!por!H.$pylori.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 41!
Com!a!eliminação!da!bactéria!os!neutrófilos!desaparecem!e!ocorre!reversão!das!
alterações! da! superfície,! com! as! células! epiteliais! a! retomarem! a! sua! forma! e!
distribuição! espacial! habituais.! Contudo,! se! no! decurso! deste! processo!
inflamatório!se!tiverem!desenvolvido!lesões!atróficas,!as!mesmas!vão!persistir.!O!
mesmo!sucede!com!os!agregados!linfóides.!
!
2.1.5.3)'Úlcera'péptica'
!
! Uma!metaganálise!mostrou!que! a!prevalência! global! da!doença!ulcerosa!
péptica!varia!entre!0,1!e!0,47%!e!a!incidência!anual!ronda!os!0,19!a!0,3%!254.!Nos!
últimos!anos!e,! como!previamente! referido,! temgse!assistido!a!uma!redução!da!
incidência! e/ou! prevalência! das! úlceras! pépticas,! em! provável! relação! com! a!
diminuição!da!taxa!de!infeção!por!H.$pylori!255.!
As!úlceras!gástricas!e!duodenais!não!partilham!a!mesma!patogenia.!Nas!
úlceras! duodenais! (Figura! 11),! que! ocorrem! geralmente! em! doentes! de! meia!
idade,! existe!uma!gastrite! antral! induzida!por!H.$pylori.! As! alterações! locais! da!
mucosa! desencadeiam! hipergastrinémia! e! níveis! elevados! de! produção! ácida!
pela! mucosa! do! corpo,! principalmente! após! as! refeições! 87.! Em! resposta! ao!
elevado!volume!de!ácido!que!alcança!o!duodeno!verificagse!o!desenvolvimento!
de! metaplasia! gástrica! o! que! permite! a! colonização! local! pela! bactéria! em!
questão!e!subsequente!ulceração!256.!
! Em!contrapartida,!as!úlceras!gástricas,!mais!frequentes!em!doentes!idosos,!
estão!associadas!à!presença!de!pangastrite!ou!gastrite!dominante!no!corpo,!com!
níveis! normais! ou! até! reduzidos! de! secreção! ácida! gástrica.! As! úlceras! surgem!
geralmente!na!transição!entre!a!mucosa!antral!e!a!mucosa!do!corpo,!local!onde!o!
processo!inflamatório!é!mais!exuberante!52.!
! Um! estudo! publicado! em! 1996! por! AlgAssi! et$ al.! revelou! que! 99%! dos!
doentes! com!úlceras! duodenais! apresentavam! infeção! por!H.$pylori,! sendo! que!
30%! deles! tinham! também! história! de! consumo! de! AINEs.! Relativamente! às!
úlceras!gástricas,!92%!dos!doentes!apresentavam!positividade!para!o!H.$pylori!e!
52%! tinham! história! de! consumo! de! AINEs! 257.! Estudos! mais! recentes!
comprovam! que! a! maioria! (81%)! dos! doentes! com! úlcera! duodenal! estão!
infetados! por!H.$ pylori! e,! nos! casos! em! que! não! existe! infeção,! o! consumo! de!
Revisão da Literatura
!42!
AINEs! é! o! principal! agente! etiológico! 258.! Assim,! esta! bactéria! era! inicialmente!
responsável!por!95%!dos!casos!de!úlcera!gastroduodenal!mas,!atualmente!essa!
fração! varia! entre! 36! e! 73%! 259.! Há! vários! fatores! ambientais! que! podem!
modular! a! associação! de!H.$ pylori! com! as! úlceras! pépticas,! como! é! o! caso! do!
tabaco,!da!dieta!e!de!algumas!drogas!ou!fármacos!(álcool,!cafeína,!AINEs).!
!
!Figura 11 – Úlcera péptica do canal pilórico (imagem endoscópica)!!
! Podem! ocorrer! várias! complicações! da! úlcera! péptica! mas,! a! mais!
frequente!e!que!mais!internamentos!condiciona!é!mesmo!a!hemorragia,!embora!
a!perfuração!continue!a!ser!a!que!apresenta!maior!mortalidade!260.!A!prevalência!
global! da! infeção! por!H.$pylori! nos! doentes! com! úlcera! péptica! sangrante! é! de!
72%! e! a! presença! deste! microrganismo! aumenta! o! risco! de! hemorragia! por!
úlcera!gastroduodenal!com!um!OR!de!1,74!261,!262.!Dada!a!introdução!de!potentes!
IBP!e!da!generalização!da!terapêutica!de!erradicação!de!H.$pylori,!era!expectável!
um! acentuado! declínio! na! incidência! e! na! mortalidade! por! hemorragia!
gastrointestinal!secundária!à!úlcera!péptica.!A!maioria!dos!estudos!mostram!este!
declínio! mas,! infelizmente,! a! diminuição! das! taxas! de! hospitalização! por! esta!
complicação!tem!ocorrido!mais!lentamente!263,!264.!
! A! erradicação! de! H.$ pylori! reduz! significativamente! as! taxas! de!
recorrência! da! úlcera! péptica! 1,! 255,! 265.! Nos! doentes! com! complicação! desta!
patologia,!seja!hemorragia!ou!perfuração,!é!igualmente!recomendada!a!pesquisa!
e! eliminação!desta! bactéria! 266g272.! As! revisões! e! recomendações!mais! recentes!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 43!
são! unânimes! em! afirmar! a! necessidade! de! confirmar! posteriormente! a!
erradicação!através!de!teste!específico!266,!270,!272.!Os!doentes!com!úlcera!péptica!
associada!ao!H.$pylori! são,!de! todos!os! infetados!por!esta!bactéria,!os!que!mais!
beneficiam!com!a!erradicação!pois!a!mesma!está!associada!a!uma!elevada! taxa!
de! cura,! diminuição! significativa! das! recorrências,! efeito! protetor! contra! as!
complicações!e!redução!relevante!dos!custos!273.!
!
2.1.5.4)'Carcinoma'gástrico'
!
! Nos!últimos!anos!assistiugse!a!uma!diminuição!progressiva!das! taxas!de!
incidência! e! mortalidade! do! carcinoma! gástrico! em! vários! países,! fruto! da!
redução!da! infeção!por!H.$pylori,!da!diminuição!do!consumo!de!álcool!e!tabaco,!
das!melhorias!nas!técnicas!de!conservação!dos!alimentos!e!da!própria!dieta!274g
276.!Contudo,!esta!neoplasia!continua!a!representar!o!6º!cancro!mais!comum!e!a!
4ª!causa!de!morte!por!cancro!na!Europa!e!o!4º!cancro!mais!comum!e!a!2ª!causa!
de! morte! por! cancro! a! nível! mundial! 191,! 277.! Em! 2008! foram! diagnosticados!
989.000! novos! casos! e! morreram! 738.000! doentes! 191.! No! global! a! taxa! de!
sobrevivência!aos!5!anos!é!inferior!a!20%!278.!
!
!Figura 12 – Carcinoma gástrico de localização antral (imagem endoscópica) !
Existem!dois!tipos!de!adenocarcinoma!gástrico:!o!tipo!intestinal!e!o!tipo!
difuso! (Figuras! 12! a! 14).! Este! último! ocorre! geralmente! em! indivíduos! mais!
Revisão da Literatura
!44!
jovens!e! tem!um!curso!clínico!mais!ominoso.!Quanto!à! localização,!dividimos!o!
carcinoma! gástrico! em! cárdico! e! nãogcárdico! ou! distal! 278.! O! H.$ pylori! está!
relacionado! essencialmente! com! as! neoplasias! de! localização! distal,! e! 5%! dos!
doentes!com!gastrite!atrófica!severa!vão!desenvolver!carcinoma!gástrico!do!tipo!
intestinal! 278g280.! Mais! recentemente! assumiugse! que! a! bactéria! também! pode!
contribuir!para!a!etiopatogénese!do!carcinoma!gástrico!do! tipo!difuso,! embora!
neste!caso!não!sejam!necessárias!alterações!atróficas!severas!279.!
!
!Figura 13 – Adenocarcinoma gástrico do tipo intestinal (H&E; 200x) !
!Figura 14 – Adenocarcinoma gástrico do tipo difuso (H&E; 40x) !
O! carcinoma! gástrico! do! tipo! intestinal! é! o! evento! final! de! uma! cascata!
evolutiva! descrita! por! Correa! P.! e! que! envolve! os! seguintes! passos:! mucosa!
gástrica! normal!→! gastrite! crónica! não! atrófica!→! gastrite! atrófica! multifocal!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 45!
sem!metaplasia! intestinal!→! metaplasia! intestinal! do! tipo! completo! (intestino!
delgado)!→! metaplasia! intestinal! do! tipo! incompleto! (cólon)!→! displasia! de!
baixo! grau! (neoplasia! não! invasiva! de! baixo! grau)!→! displasia! de! alto! grau!
(neoplasia! não! invasiva! de! alto! grau)!→! adenocarcinoma! invasivo! 237,!281.! O!H.$
pylori!não!só!desencadeia!esta!sequência!de!eventos,!ao!promover!a!inflamação!
da!mucosa!gástrica!(Figura!15),!como!também!pode! interferir!em!qualquer!um!
dos!passos!desta!cascata!evolutiva!237.!
A! relação!entre!a! infeção!por!H.$pylori! e!a! carcinogénese!gástrica!no!ser!
humano!é!ilustrada!por!várias!observações:!!
1. Esta!bactéria! foi! identificada!na!mucosa!não!envolvida!de!estômagos!
com!lesões!neoplásicas!ou!prégneoplásicas!282,!283;!
2. Desde!o!início!da!década!de!1990!que!foram!publicados!vários!estudos!
mostrando!uma!correlação!significativa!entre!a!seropositividade!para!
o!H.$pylori!e!a!ocorrência!de!cancro!gástrico!163,!284g288;!
3. Diversas! metaganálises! confirmaram! que! a! infeção! por! este!
microrganismo!aumenta!o!risco!de!carcinoma!gástrico!289g292.!
!Figura 15 – Sequência de eventos que conduzem ao desenvolvimento do carcinoma gástrico (adaptado com permissão do Professor Pelayo Correa e respetiva editora) 237 !
A!correlação!desta!bactéria!com!o!adenocarcinoma!gástrico!está!provada!
essencialmente!para!o!tipo!intestinal,!que!surge!no!contexto!de!uma!pangastrite!
ou!gastrite!predominante!no!corpo,! com!a!subsequente!hipocloridria.!O!evento!
chave! é! o! desenvolvimento! da! atrofia! e,! aparentemente,! a! erradicação! de! H.$
pylori! só! previne! a! carcinogénese! se! tiver! lugar! antes! do! aparecimento! desta!
Revisão da Literatura
!46!
anomalia!histológica!293.!Assim,!parece!existir!um!ponto!irreversível!a!partir!do!
qual! a! eliminação! da! bactéria! diminui! o! risco! de! carcinoma! gástrico! mas! não!
impede! totalmente! o! seu! desenvolvimento! 294.! Para! além! desta! bactéria! há!
outros! fatores! relacionados! com!o!hospedeiro!e! com!o!próprio!ambiente/dieta!
que! contribuem! para! a! formação! do! carcinoma! gástrico! (Figura! 16)! 14,!265.! Um!
dos! mais! importantes! poderá! mesmo! ser! o! consumo! de! sal,! cujo! impacto!
negativo!parece!ser!independente!do!status!de!infeção!por!H.$pylori!e!de!outros!
elementos!deletérios!como!o!tabaco!295.!
!
!Figura 16 – Conjunto de eventos multifatoriais que conduzem ao desenvolvimento do carcinoma gástrico. Muitos fatores dependentes de Helicobacter pylori, do hospedeiro e do ambiente contribuem para a cascata pré-neoplásica (reproduzido com permissão da Professora Lydia Wroblewski e da respetiva editora)14!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 47!
Ainda! não! se! compreende! muito! bem! como! é! que! a! atrofia! acaba! por!
conduzir! à! formação! de! carcinoma! gástrico,! existindo! diversas! teorias! que!
tentam! explicar! esta! evolução! desfavorável:! 1)! a! hipocloridria! permite! o!
crescimento! exagerado! de! outras! bactérias! que! libertam! radicais! livre! de!
oxigénio! e! nitrogénio,! nocivos! para! o! DNA! celular;! 2)! a! hipergastrinémia!
compensatória!constitui!um!estímulo!para!crescimento!celular!desordenado;!3)!
as! células! inflamatórias,! nomeadamente! os! neutrófilos,! libertam! radicais! livres!
com! potencial! mutagénico;! 4)! o! H.$ pylori! interage! diretamente! com! células!
pluripotenciais! promovendo! a! sua! diferenciação! em! células! com! potencial!
neoplásico!296g299.!
A!prevalência!exata!da! infeção!por!H.$pylori!nos!doentes!com!carcinoma!
gástrico! é! difícil! de! determinar! porque! esta! bactéria! pode! desaparecer! nos!
indivíduos!com!neoplasias!gástricas!e!suas!alterações!histológicas!precursoras!4,!
300.! Alguns! autores! defendem! que,! só! dispondo! de! amostras! para! estudo!
serológico! colhidas! pelo! menos! 10! anos! antes! do! diagnóstico! de! carcinoma!
gástrico,!é!que!poderemos!determinar!a!real!prevalência!e!associação!de!H.$pylori!
ao! desenvolvimento! desta! neoplasia! 289.! Um! estudo! realizado! numa! população!
Sueca!mostrou! que! o! immunoblot! para! a! proteína! CagA! é! mais! sensível! como!
marcador!de! infeção!presente!ou!passada!do!que!a!pesquisa!de!anticorpos! IgG!
pela! técnica! ELISA! 301.! Este! mesmo! estudo! evidenciou! que! 71%! dos!
adenocarcinomas!gástricos!nãogcárdicos!ou!distais!estavam!relacionados!com!o!
H.$ pylori.! Esta! correlação! é! sobreponível! à! que! se! observa! entre! o! tabaco! e! o!
carcinoma! do! pulmão.! Esta! bactéria! foi! classificada! em! 1994! como! agente!
carcinogénico!tipo!I!e,!calculagse!que!em!2008!terá!sido!responsável!por!660.000!
novos! casos! de! neoplasias,! incluindo! adenocarcinomas! e! linfomas! 15,! 302.! Dos!
870.000! novos! casos! de! adenocarcinoma! gástrico! nãogcárdico! diagnosticados!
neste!mesmo!ano,!74,7%!resultaram!da!infeção!por!H.$pylori$15.!Deste!modo,!esta!
bactéria! será! responsável!por!75%!de! todos!os! casos!de!carcinoma!gástrico! 15.!
Nos!países! com!elevada! incidência!desta!patologia!neoplásica! a! prevalência!da!
infeção!é,!no!mínimo,!o!dobro!da!que!se!observa!nos!países!de!baixa!incidência!
de!carcinoma!gástrico!2.!
! A! presença! da! infeção! constitui! assim,! com! elevada! probabilidade,! o!
principal!fator!de!risco!para!o!desenvolvimento!de!adenocarcinoma!gástrico!mas,!
Revisão da Literatura
!48!
entre!os!doentes! infetados!o! risco!é!mais!elevado!nos!que!apresentam!gastrite!
atrófica!severa,!gastrite!com!predomínio!no!corpo!e!metaplasia!intestinal!288.!Por!
outro! lado,! estas! alterações! gástricas! estão! claramente! correlacionadas! com! a!
infeção!e!não!tanto!com!a!idade!mais!avançada!303.!!
A! prevalência! da!metaplasia! intestinal! na! comunidade! é! variável! e! está!
dependente!da!infeção!por!H.$pylori!e!do!consumo!de!tabaco!304.!Nos!indivíduos!
infetados,!essa!mesma!prevalência!varia!de!região!para!região!(Argentina!–!3%;!
Nova!Zelândia!–!55%)!e!é! igualmente! influenciada!pelo! tabagismo!305.!Segundo!
De! Vries! et$ al.! a! taxa! de! progressão! da! metaplasia! intestinal! para! carcinoma!
gástrico!é!de!0,7,!1,2!e!1,8%!aos!1,!5!e!10!anos!respetivamente!306.!
O! H.$ pylori! possui! uma! enorme! diversidade! genética! e! o! risco! de!
desenvolvimento!de! carcinoma!gástrico!não!é!o!mesmo!para! todas!as! estirpes.!
Assim,!esse!risco!parece!ser!mais!elevado!para!as!estirpes!cagA!positivas!+!vacA!
s1m1.! Entre! as! várias! populações! de! bactéria! a! hpEuropa! parece! ser! mais!
virulenta!do!que!a!hpAfrica!1!307.!Isto!poderá!ser!um!dos!fatores!que!explicam!a!
baixa! incidência! de! carcinoma! gástrico! em! algumas! populações! Africanas! com!
elevada! prevalência! de! infeção! por!H.$pylori,! o! chamado! “enigma”!Africano! 308.!
Esta! discrepância,! que! ocorre! não! só! em!África!mas! também!em!alguns!países!
asiáticos,! pode! ainda! ser! explicada! pelo! impacto! associado! aos! diferentes!
padrões!de!consumo!de!álcool!e!tabaco,!os!quais!têm!potencial!para!modificar!o!
efeito!determinado!por!H.$pylori!309.!
! Importa! ainda! referir! que! a! erradicação! desta! bactéria! pode! reduzir! a!
progressão!das!lesões!prégneoplásicas!e!o!risco!de!carcinoma!gástrico!197,!310g314.!
Contudo,!a!erradicação!em!larga!escala!como!medida!preventiva!é!controversa,!
dado!que!a!deteção!e!tratamento!de!H.$pylori!em!países!com!elevada!prevalência!
da! infeção! condicionaria! custos! elevados.! Não! obstante,! revisões! recentes! de!
estudos!de!custogeficácia!relativos!ao!rastreio!do!carcinoma!gástrico!e!à!pesquisa!
e!erradicação!de!H.$pylori,!mostram!que!estas!estratégias!poderão!ser!vantajosas!315,! 316.! As! recomendações! internacionais! atuais! suportam! a! pesquisa! e!
tratamento!em!grupos!de!alto!risco!e!só!a!erradicação!precoce!da!infeção!poderá!
prevenir! ambas! as! formas! de! carcinoma! gástrico! 1,! 279,! 317.! No! Japão! foi!
recentemente!proposto!um!protocolo!que!visa!eliminar!ou,!pelo!menos,!reduzir!
substancialmente! o! carcinoma! gástrico,! e! que! se! centra! na! pesquisa! e!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 49!
subsequente! erradicação! de! H.$ pylori,! complementada! com! vigilância!
endoscópica!em!determinados!casos!318.!Nas!populações!europeias,!os!familiares!
de! doentes! com! carcinoma! gástrico! detetado! antes! dos! 45! anos! de! idade!
apresentam!mais!frequentemente!lesões!prégneoplásicas!e!este!poderá!constituir!
um!grupo!de!risco!a!carecer!de!vigilância!endoscópica!regular!319.!Contudo,!dois!
estudos! retrospetivos! recentes!mostraram!que!a!erradicação!não!reduz!o! risco!
de! lesões! metácronas! em! doentes! previamente! submetidos! a! excisão!
endoscópica!de!carcinoma!gástrico! inicial! 320,!321.! Isto!pode!exigir!a!pesquisa!de!
outros!marcadores!de!mau!prognóstico!neste!grupo!de!doentes!322.!
!
2.1.5.5)'Linfomas'gástricos*!
! Os! linfomas! MALT! representam! aproximadamente! 7%! de! todos! os!
linfomas! e! têm! uma! incidência! estimada! de! 1! a! 1,5! novos! casos/100.000!
habitantes/ano! 323,!324.!A! sua!prevalência!aumenta!com!a! idade!e!a!maioria!dos!
doentes!têm!mais!de!50!anos!324.!Os!linfomas!MALT!gástricos!(Figuras!17!e!18)!
são! linfomas!nãogHodgkin!de! células!B,!de!baixo!grau.!Estas! lesões!neoplásicas!
desenvolvemgse!a!partir!de!infiltrados!extranodais!de!tecido!linfóide!associado!à!
mucosa,!os!quais!surgem!em!resposta!a!estímulos!antigénicos!crónicos!323.!!
!
!Figura 17 – Linfoma MALT gástrico, traduzido por diminuta ulceração e irregularidade da mucosa (imagem endoscópica) !
Revisão da Literatura
!50!
A! relação! entre! o! linfoma! MALT! gástrico! e! a! infeção! por! H.$ pylori! foi!
sugerida! em! 1991! pela! identificação! da! bactéria! na!maioria! dos! doentes,! e! foi!
confirmada! num! estudo! epidemiológico! seminal! publicado! no! New$ England$
Journal$ of$ Medicine! em! 1994! 325,! 326.! Neste! momento,! o! papel! deste!
microrganismo! na! etiopatogénese! destas! neoplasias! é! incontestado! 327,! 328.!
Aproximadamente!90%!dos!doentes!com!linfoma!MALT!gástrico!estão!infetados!
por! H.$ pylori! e! a! sua! erradicação! é! mesmo! suficiente! para! controlar! e! fazer!
regredir!o!linfoma!em!70%!dos!casos!326,!329g332.!!
!
!Figura 18 – Linfoma MALT gástrico (H&E 100x). Observa-se um intenso infiltrado linfóide ocupando praticamente todo o campo de observação, com identificação de células tipo centrócito, que são linfócitos de pequeno ou médio tamanho com diminutos núcleos irregulares !
Os!linfomas!MALT!gástricos!representam!40!a!50%!de!todos!os!linfomas!
gástricos!primários,! 20! a! 40%!dos! linfomas! extragnodais,! 4! a! 9%!dos! linfomas!
nãogHodgkin!e!1!a!6%!de!todas!as!neoplasias!gástricas!331.!
! A! infeção! por! H.$ pylori! desencadeia! um! processo! inflamatório,! com!
ativação!de!linfócitos!T!e!B!dos!centros!germinativos.!Estes!linfócitos!T!migram!
então!para!a!zona!marginal!e,!por!intermédio!da!produção!de!citocinas!e!outros!
ligandos,!que!estimulam!o!CD40!e!outros!recetores!de!superfície,!proporcionam!
a! ativação! de! linfócitos! B! autoreativos,! com! fenótipo! neoplásico! 333,! 334.! Por!
influência! direta! de! H.$ pylori! e! dos! linfócitos! T! induzidos! pela! infeção,! os!
macrófagos!que!infiltram!o!tumor!produzem!um!ligando!indutor!de!proliferação,!
da! superfamília! do! TNF,! denominado! de! APRIL! 335.! Este! ligando! é! importante!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 51!
para! o! desenvolvimento,! maturação! e! sobrevivência! dos! linfócitos! B,! e! a!
erradicação!da!bactéria!conduz!a!uma!redução!significativa!dos!seus!níveis!335.!!
Têm!sido!ainda!descritas!várias!translocações!cromossómicas!associadas!
ao! linfoma!MALT:! t(11;18)! (q21;q21)/API2gMALT1;! t(1;14)! (p22;q32)/BCL10g
IGH;! t(14;18)! (q32;q21)/IGHgMALT1;! t(3;14)! (p13;q32)/FOXP1gIGH! e! t(1;2)!
(p22;p12)/BCL10gIGK! 323,! 324,! 333,! 336.! A! translocação! t(11;18)! (q21;q21)/API2g
MALT1!é!a!mais! frequente,!estando!presente!em!15!a!24%!dos! linfomas!MALT!
gástricos.!A!sua!ocorrência!é!mais!comum!nos!casos!em!que!não!existe! infeção!
por!H.$pylori! 331,!333.!O! seu! impacto! terapêutico! é! significativo!pois!os! casos! em!
que! esta! translocação! está! presente! raramente! respondem! à! erradicação! da!
bactéria!332,!337.!!
A! EDA! com! colheita! de! biopsias! é! fundamental! para! o! diagnóstico.! A!
configuração!macroscópica! das! lesões! é! inespecífica,! predominando! as! formas!
superficiais,! enquanto! os! linfomas! difusos! de! grandes! células! B! assumem!uma!
morfologia! polipóide! ou! tipo! massa! 338,! 339.! Histologicamente! identificagse! um!
infiltrado!de! linfócitos!B!de!pequenas!e!médias!dimensões,!dispostos!em!redor!
de! folículos! reativos,!mostrando! um! padrão! de! crescimento! da! zona!marginal.!
Frequentemente! há! infiltração! das! glândulas! gástricas! e! destruição! das! células!
epiteliais! 331.! As! células! linfóides! observadas! são! positivas! para! o! CD19,! CD20,!
CD22!e!CD79a!e!negativas!para!CD5,!CD10,!CD23!e!ciclina!D1!331.!
! O! estadiamento! exige! avaliação! clínica! e! analítica! detalhada,! tomografia!
computorizada!toracogabdominogpélvica,!ecoendoscopia,!medulograma!e!biopsia!
óssea.! Eventualmente! pode! considerargse! tomografia! de! emissão! de! positrões,!
ileocolonoscopia!e!avaliação!endoscópica!do!intestino!delgado!323,!331.!O!sistema!
de! classificação! mais! utilizado! é! o! de! Lugano! embora! um! consenso! europeu!
recente!tenha!sugerido!o!recurso!ao!sistema!de!Ann!Arbor!modificado!340,!341.!
! O!tratamento!de!primeira!linha!é!a!erradicação!de!H.$pylori.!Nos!estadios!I!
e! IIg1!de!Lugano!esta!estratégia!é! suficiente!para! conseguir! remissão! completa!
em!50!a!90%!dos! casos! 330,!332.! São! fatores!preditivos!de! insucesso! terapêutico!
com! esta! estratégia:! a! ausência! de! infeção! por! H.$ pylori;! idade! avançada;!
localização! gástrica! proximal;! configuração! macroscópica! nãogsuperficial;!
invasão! tumoral! profunda! na! parede! gástrica;! presença! da! t(11;18)!
(q21;q21)/API2gMALT1!330,!332,!336,!337,!341.!
Revisão da Literatura
!52!
! Após! tratamento! e,! assegurado! o! sucesso! da! erradicação,! é! necessário!
repetir!a!avaliação!histológica!para!confirmar!a!inexistência!do!linfoma!MALT.!Se!
tal!se!confirmar!o!doente!deve!ser!mantido!sob!vigilância,!até!porque!a!taxa!de!
lesões!metácronas! durante! o! seguimento! é! de! 5%! 323.! Se! a! neoplasia! persistir!
mas!não!houver!evidência!de!doença!progressiva,!podemos!assumir!uma!atitude!
expectante! durante! 2! anos! 341.! Em! caso! de! doença! avançada! ou! progressão!
tumoral! temos! de! optar! por! outras! estratégias! terapêuticas.! A! radioterapia! é!
eficaz! na! doença! localizada! (estadios! I! e! IIg1)! 332,! 341.! A! quimioterapia! e! a!
imunoterapia! também! são! eficazes! nestes! estadios! mas! são! geralmente!
reservadas! para! fases! mais! avançadas! 341.! A! combinação! de! rituximab! com!
clorambucil!ou!fludrabina!tem!proporcionado!bons!resultados!em!todos!os!tipos!
de!linfomas!MALT!342,!343.!A!cirurgia!está!reservada!para!os!casos!de!perfuração!e!
hemorragia!que!não!se!consegue!controlar!endoscopicamente!341.!
!
2.1.5.6)'Dispepsia'funcional'
!
A!dispepsia!é!um!problema!comum,!acometendo!mais!de!10%!dos!adultos!
e!representando!40%!dos!motivos!para!recurso!a!consultas!de!Gastrenterologia!
344.! Anualmente,! 20! a! 30%! da! população! adulta! refere! queixas! dispépticas.!
Aproximadamente! 25%! dos! doentes! com! dispepsia! apresentam! uma! anomalia!
orgânica! subjacente,! mas! os! restantes! 75%! têm! dispepsia! funcional,! também!
denominada!idiopática!ou!nãogulcerosa!345.!
Segundo! os! critérios! de! Roma! III! a! dispepsia! funcional! é! definida! pela!
presença!de!enfartamento!pósgprandial!e/ou!saciedade!precoce!e/ou!dor/ardor!
epigástrico,!na!ausência!de!alterações!orgânicas,!sistémicas!ou!metabólicas!que!
possam!explicar!esses!mesmos!sintomas! 346.!Os! critérios!de!diagnóstico!devem!
ser!cumpridos!nos!últimos!3!meses!e!os!sintomas!devem!ter!início!pelo!menos!6!
meses!antes!do!diagnóstico!346.!
O! papel! da! bactéria! H.! pylori! na! dispepsia! funcional! é! controverso.!
Embora! fosse! potencialmente! muito! relevante,! dado! o! elevado! número! de!
doentes!infetados!a!serem!incluídos!neste!grupo!sintomático,!na!realidade!ainda!
não! se! conseguiu! estabelecer! uma! relação! definitiva! entre! o! microrganismo! e!
este! distúrbio! funcional! 344.! Alguns! autores! defendem! que,! como! o! H.$ pylori!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 53!
desencadeia!alterações!inflamatórias!na!mucosa!gástrica,!a!dispepsia!secundária!
à! infeção! por! este! microrganismo! não! deveria! ser! considerada! uma! patologia!
funcional! 255,! 347,! 348.! Deste! modo,! só! se! poderia! estabelecer! o! diagnóstico! de!
dispepsia! funcional! após! exclusão! da! infeção! por! este! bacilo,! o! que! está! bem!
explícito!no!algoritmo!de!avaliação!e!terapêutica!publicado!por!Tack!e!Talley!em!
2010!349,!350.!
Esta! bactéria! pode! desencadear! sintomas! dispépticos! através! de!
alterações!na!motilidade!gástrica,!anomalias!endócrinas!ou!da!secreção!ácida!351.!!
Nos! doentes! com! dispepsia! e! sem! sinais/sintomas! de! alarme! está!
atualmente!recomendada!a!pesquisa!e!erradicação!de!H.$pylori,!embora!apenas!1!
em!cada!14!doentes!venham!a!apresentar!alívio!sintomático!352.!Esta!estratégia!é!
válida!principalmente!nos!países!com!elevada!prevalência!da!infeção,!em!que!o!
custo! da! endoscopia! realizada! como! abordagem! de! primeira! linha! a! todos! os!
doentes! com! queixas! dispépticas! se! revelaria! proibitivo! 344,! 353.! Contudo,! esta!
estratégia!de! testar! e! tratar!possibilita! a! resolução!dos! sintomas! em!menos!de!
metade! dos! doentes! com! dispepsia! não! investigada! 344.! Isto! decorre! da! baixa!
prevalência! de! úlcera! péptica! neste! contexto! (aproximadamente! 20%)! e! no!
reduzido! benefício! que! a! erradicação! de! H.$ pylori! proporciona! na! dispepsia!
funcional!344.!
A! metaganálise! mais! recente,! publicada! por! Zhao! et$ al.,! demonstrou! a!
eficácia!da!erradicação!desta!bactéria!no!controlo!dos!sintomas!dispépticos!em!
doentes!com!dispepsia!funcional,!independentemente!da!etnia!354.!
!
2.1.5.7)'Anemia'ferripriva'
!
! A!anemia!ferripriva!atinge,!nos!países!desenvolvidos,!2!a!5%!dos!homens!
e!mulheres!pósgmenopáusicas!assim!como!5!a!12%!das!mulheres!saudáveis!em!
idade!fértil!355,!356.!A!associação!de!H.$pylori!com!a!anemia!ferripriva!é!hoje!aceite!
pela! comunidade! médica,! existindo! várias! metaganálises! que! o! comprovam,!
embora! alguns! estudos! defendam! o! contrário! 357g359.! Muhsen! e! Cohen!
determinaram! que! os! indivíduos! infetados! apresentam! um! risco! 2,8! vezes!
superior! de! desenvolverem! anemia! por! deficiência! de! ferro! 357.! O! último!
consenso!de!Maastricht!recomenda!mesmo!a!pesquisa!e!erradicação!de!H.$pylori!
Revisão da Literatura
!54!
em!doentes!com!esta!forma!de!anemia,!depois!de!terem!sido!excluídas!lesões!que!
possam!condicionar!hemorragia!gastrointestinal!oculta!1.!
! Há! vários! mecanismos! que! podem! explicar! a! anemia! ferripriva! neste!
contexto.! Uma! das! hipóteses! centragse! na! possibilidade! de! ocorrerem! perdas!
hemáticas!devido!à!presença!de!erosões,!atrofia!ou!úlcera!péptica!357.!Contudo,!
vários! artigos! publicados! mostram! que! a! anemia! associada! à! infeção! ocorre!
mesmo!na!ausência!deste!tipo!de!lesões!360,!361.!
! Outro!possível!mecanismo!está!correlacionado!com!o!ácido!clorídrico!e!o!
ácido!ascórbico!que!se!revelam!fundamentais!para!a!absorção!do!ferro.!A!infeção!
por!H.$pylori!pode!determinar!a!ocorrência!de!hipocloridria,!que!impossibilita!a!
conversão! do! ferro! da! dieta! da! forma! férrica! para! a! forma! ferrosa,!
comprometendo! a! sua! absorção! 357,! 360,! 361.! Adicionalmente,! este! bacilo!
desencadeia!uma!diminuição!dos!níveis!de!ácido!ascórbico!no!suco!gástrico,!quer!
em!crianças!quer!em!adultos!362,!363.!
Finalmente,! é! possível! que! alguma! molécula! produzida! por! este!
microrganismo,! e! ainda! não! identificada,! interfira! com! as! células! da! mucosa!
duodenal,!bloqueando!a!absorção!de!ferro.!
! O!H.$pylori,!à!semelhança!de!múltiplas!bactérias,!necessita!de!ferro!como!
fator! de! crescimento,! pelo! que! tem! de! competir! com! o! hospedeiro! por! este!
elemento!essencial!364.!Assim,!um!mecanismo!adicional!para!a!anemia!ferripriva!
poderá!estar!dependente!da!capacidade!da!bactéria!em!captar!ferro!e!removêglo!
da!própria!mucosa!gástrica!360.!O!ferro,!na!sua!forma!livre,!encontragse!ligado!à!
transferrina!na!camada!superficial!de!muco.!O!H.$pylori!desencadeia! inflamação!
local,!com!recrutamento!de!neutrófilos!que!libertam!lactoferrina,!a!qual!é!capaz!
de! capturar!o! ferro!da! transferrina! formando!um!complexo!de!apolactoferrina.!
Este!é!captado!pela!bactéria!em!questão!através!de!recetores!específicos!365.!
!
2.1.5.8)'Púrpura'trombocitopénica'idiopática'crónica'
!
! A!púrpura!trombocitopénica!idiopática!crónica!é!uma!doença!autoimune!
que!consiste!na!destruição!plaquetar!mediada!por!autoanticorpos!e!que!persiste!
por!um!período!superior!a!6!meses!361.!A!correlação!com!patologias!infeciosas!é!
biologicamente! plausível! e! há! alguns! trabalhos! que! sugerem! uma! eventual!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 55!
associação! com! o!H.$ pylori,! até! porque! a! erradicação! desta! bactéria! permite! a!
remissão!total!ou!parcial!da!PTI!em!alguns!doentes!366g368.!A!primeira!publicação!
a!sugerir!esta!associação!data!de!1998,!sendo!hoje!universalmente!aceite!1,!360,!361,!
369.! Há! várias! teorias! que! procuram! justificar! a! ocorrência! da! PTI! em! doentes!
infetados,!desde!a!reação!cruzada!dos!anticorpos!antigH.$pylori!com!as!plaquetas,!
por!fenómenos!de!mimetismo!molecular,!até!à!modulação!do!sistema!imune!do!
hospedeiro! por! esta! bactéria,! promovendo! o! desenvolvimento! de! linfócitos! B!
autorreativos!361.!
!
2.1.5.9)'Deficiência'de'vitamina'B12'
!
! A! deficiência! de! vitamina! B12! é! a! terceira! manifestação! extraggástrica!
para! a! qual! está! recomendada! a! erradicação! de! H.$ pylori! 1.! Teoricamente! é!
plausível! que! esta! bactéria! interfira! com! a! absorção! de! cobalamina,! pois! a!
diminuição! do! ácido! clorídrico! e! da! pepsina! impedem! a! libertação! deste!
micronutriente! a! partir! dos! alimentos! e,! subsequentemente,! a! sua! ligação! ao!
fator!intrínseco.!Além!disso,!a!hipocloridia!facilita!o!sobrecrescimento!bacteriano!
a! nível! gástrico! e! duodenal,! aumentando! o! número! de! microrganismos! a!
competir! com! o! hospedeiro! por! cobalamina! 370.! O! H.$ pylori! pode! ainda!
condicionar! a! diminuição! da! secreção! de! fator! intrínseco! ou! ácido! ascórbico! e!
desencadear! anemia! perniciosa! através! do!desenvolvimento!de! autoanticorpos!
por!mecanismos!de!mimetismo!molecular!371.!
A! eliminação! de!H.$ pylori! pode! reverter! a! deficiência! de! vitamina! B12,!
embora! estes! resultados! não! sejam! reproduzidos! em! todos! os! estudos! 370g373.!
Uma! metaganálise! recente! demonstrou! a! presença! de! níveis! inferiores! de!
cobalamina!em!indivíduos!infetados!e!a!recuperação!dos!valores!após!a!respetiva!
erradicação!374.!
!
2.1.5.10)'Helicobacter+pylori'e'doença'de'refluxo'gastroesofágico'!
! A!bactéria!H.$pylori!pode!afetar!o!desenvolvimento!de!esofagite!péptica!e!
epitélio!de!Barrett!ao!modular!a!produção!de!ácido!gástrico!375g377.!De!facto,!esta!
Revisão da Literatura
!56!
infeção! pode! condicionar! inflamação! do! estômago! e! subsequente! inibição! da!
produção!de!ácido!a!nível!do!corpo!gástrico!378,!379.!
! Têm!sido!publicados!múltiplos!trabalhos!sobre!a!relação!de!H.$pylori!com!
a!DRGE!e,!embora!pareça!existir!uma!associação!inversa,!com!um!aparente!papel!
protetor! desta! infeção,! os! resultados! não! são! homogéneos,!mesmo! a! nível! das!
metaganálises! 376,! 380,! 381.! O! mesmo! sucede! em! relação! ao! epitélio! de! Barrett,!
embora! um! estudo! casogcontrolo! publicado! já! em! 2014! tenha! revelado! que! a!
infeção!por!H.$pylori! constitui!um! fator!protetor!para!o!desenvolvimento!desta!
complicação! da! DRGE,! sobretudo! quando! está! presente! atrofia! da! mucosa!
gástrica!ou!o!doente!está!medicado!com!IBPs!375,!382,!383.!
! A! própria! virulência! das! estirpes! de! H.$ pylori! também! pode! ter!
implicações!no!curso!clínico!da!DRGE.!Assim,!as!estirpes!cagA!positivas!parecem!
estar!associadas!a!formas!mais!severas!de!esofagite!mas,!em!contrapartida,!são!
menos!comuns!nos!doentes!com!epitélio!de!Barrett!377.!Contudo,!esta!informação!
é!alvo!de!controvérsia,!o!mesmo!sucedendo!com!a!possibilidade!de!aparecimento!
ou!agravamento!da!DRGE!após!erradicação!desta!bactéria!377.!
!
2.1.5.11)'Helicobacter+pylori'e'outras'doenças'benignas'!
! Ao!longo!dos!anos!têm!sido!realizados!múltiplos!estudos!sobre!a!potencial!
correlação!de!H.$pylori!com!patologias!de!outros!sistemas!e!órgãos.!
! Relativamente! ao! sistema! cardiovascular! a! eventual! associação! com!
síndromes!coronários!agudos!e!eventos! isquémicos!neurológicos!é!controversa!
384.!
! No!que!concerne!à!diabetes!mellitus!e!à! síndrome!metabólica!admitegse!
que! possa! existir! uma! correlação,! embora! ainda! seja! necessária! investigação!
adicional!pois!há!alguns!estudos!com!resultados!díspares!385g388.!!
! Poderá!existir!uma!associação!positiva!da!infeção!por!H.$pylori!com!várias!
doenças!autoimunes,!incluindo!síndrome!antifosfolipídico,!tiroidites!autoimunes,!
arterite!de!células!gigantes,!esclerose!sistémica!e!cirrose!biliar!primária!389,!390.!
! Quanto!às!doenças!respiratórias,!poderá!existir!uma!associação!negativa!
com!a!asma!brônquica!e!positiva!com!a!doença!pulmonar!obstrutiva!crónica!384,!
391g393.!O!aumento!da!asma!e!outras!doenças!alérgicas!com!a!menor!exposição!ao!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 57!
H.$pylori!e!outros!microrganismos!pode!ser!explicada!pela!teoria!da!“higiene”.!Na!
presença! desta! bactéria! a! resposta! imune! é! direcionada! para! as! células! Th1,!
diminuindo!a!resposta!Th2,!típica!da!asma!e!outros!distúrbios!atópicos!394.!
! A!correlação!desta!infeção!com!doenças!dermatológicas!tem!sido!também!
debatida! e! poderá! existir! um!nexo! de! causalidade! com!a! urticária! e! a! rosácea,!
seja!no!sentido!positivo!ou!negativo!395g397.!
! Quanto! às! patologias! hepatobiliares,! os! estudos! realizados! mostram!
eventual!associação!com!cirrose!biliar!primária,!progressão!de!hepatites!víricas!e!
fígado!gordo!não!alcoólico!mas,!é! indispensável!mais!evidência!científica!sólida!
384,!398.!
! Têm! sido! publicados!múltiplos! estudos! sobre! a! possível! relação! com! as!
doenças! inflamatórias! intestinais.! Contudo,! a! qualidade! da! maioria! desses!
trabalhos! é! limitada,! o! que! tem! condicionado! os! resultados! finais! 360.!
Aparentemente,! há! um! efeito! protetor! da! infeção! relativamente! ao!
desenvolvimento! das! doenças! inflamatórias! intestinais,! principalmente! da!
doença!de!Crohn!399.!
! Também! têm! sido! estudadas! as! eventuais! relações! de! H.$ pylori! com!
diversas! doenças! neurológicas,! incluindo! a! epilepsia,! a! esclerose! sistémica,! a!
doença!de!Parkinson! e! a! doença!de!Alzheimer.!Relativamente! a! esta! última!há!
trabalhos! epidemiológicos! recentes! que! sugerem! um! eventual! papel! etiológico!
desta!bactéria!no!desenvolvimento!da!demência!400,!401.!
!
2.1.5.12)'Helicobacter+pylori'e'neoplasias'extrajgástricas'!
! Ao! longo!dos!anos! tem!sido!estudada!a!potencial!correlação!de!H.$pylori!
com! neoplasias! extraggástricas,! nomeadamente! cólicas,! pulmonares,!
pancreáticas,!hepatobiliares!e! faríngeas.!Com!exceção!das!neoplasias!cólicas,!os!
resultados!têm!sido!controversos!279,!384.!
! Relativamente! a! estas! últimas,! há! alguns! dados! interessantes! que!
apontam!no!sentido!de!existir!uma!associação!entre!a!gastrite!induzida!por!este!
microrganismo!e!a!presença!de!pólipos!cólicos!(hiperplásicos!ou!adenomatosos)!
e! carcinoma! colorretal! 402.! Admitegse! que! a! hipergastrinémia! que! ocorre! em!
algumas! formas! de! gastrite! desempenhará! um! papel! fundamental! no!
Revisão da Literatura
!58!
desenvolvimento!das!neoplasias! cólicas,!uma!vez!que!a!gastrina!atua!como!um!
fator!de!crescimento!279.!
!
2.1.6)'Histologia'na'infeção'por'Helicobacter+pylori'
2.1.6.1)'A'importância'da'histologia'e'modificações'histológicas'habituais'
!
! Apesar! da! utilização! preferencial! de! metodologias! não! invasivas! para!
estabelecer! o! diagnóstico! da! infeção! por! H.$ pylori,! a! histologia! continua! a!
desempenhar!um!papel!fundamental!em!três!vertentes!distintas!238:!
1. Diagnóstico! da! infeção! em! doentes! medicados! com! IBP,! doentes! com!
úlcera!péptica!sangrante!e!doentes!com!antecedentes!de!cirurgia!gástrica!
160,!403g405;!
2. Estabelecer!a!presença!de!gastrite!e!proceder!à!sua!classificação;!
3. Detetar! anomalias! secundárias! à! infeção! como! atrofia,! metaplasia!
intestinal,!displasia,!carcinoma!gástrico!e!linfoma!MALT.!
!
A!distribuição!variável!desta!bactéria!no!estômago!obriga!a!um!esquema!
cuidadoso!de!colheita!das!amostras!histológicas.!Segundo!o!protocolo!de!Sydney!
devemos! obter! 5! biopsias,! distribuídas! por! três! contentores! distintos! e!
devidamente! identificados:! duas! no! antro,! a! aproximadamente! 2! ou! 3!
centímetros!do!piloro! (uma!na!pequena! e! outra!na! grande! curvatura);! uma!na!
incisura;! duas!no! corpo,! 8! centímetros! a! jusante!do! cardia! (uma!na!pequena! e!
outra!na!grande!curvatura)!406.!Outros!autores!defendem!que!a!colheita!de!duas!
amostras!no!corpo!médio!(pequena!e!grande!curvatura)!e!outras!duas!no!antro!
médio! (pequena! e! grande! curvatura)! serão! adequadas! para! detetar! o!
microrganismo! e! classificar! a! extensão! da! gastrite! atrófica! 407.! Contudo,! a!
colheita!de!biopsias!na!incisura!parece!ser!indispensável!porque!este!segmento!
gástrico! sofre! alterações! atróficas,! metaplásicas! e! inflamatórias! crónicas! mais!
severas!do!que!o!antro!ou!o!corpo!408.!
O! diagnóstico! requer! a! identificação! de! bacilos! de! formato! espiral! nas!
amostras! histológicas.! Por! vezes! é! possível! observáglos! na! coloração!
hematoxilinageosina!standard!mas!isso!não!é!comum!e!até!é!desaconselhado.!As!
colorações!com!derivados!da!prata!como!o!WarthingStarry!(Figura!19)!e!a!Genta!
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! 59!
são! caras! e!nem! sempre!os! resultados! são! reprodutíveis! 238.!O!método!Giemsa!
modificado! é! a! forma! de! coloração! mais! rápida,! fácil,! eficaz! e! económica,!
apresentando!resultados!consistentes!238,!409.!!
Ocasionalmente! e,! sobretudo! durante! a! fase! de! tratamento,! a! bactéria!
adquire!uma!configuração!em!U,!em!forma!de!bastonete!ou!em!cocos.!Por!outro!
lado,! nos! doentes! medicados! com! IBP! podem! estar! presentes! na! cavidade!
gástrica!outras!espécies!de!bactérias.!Nestas!circunstâncias!pode!ser!necessário!
recorrer!a! técnicas!de! imunohistoquímica!como,!por!exemplo,! com!o!anticorpo!
antigH.$pylori!policlonal!produzido!pela!DAKO!(Figura!20).!
!
!
!Figura 19 – Helicobacter pylori identificado na superfície da mucosa gástrica com recurso ao método de Warthin-Starry (ampliação de 400x)!!
! Na! infeção! por! H.$ pylori! as! células! inflamatórias! estão! localizadas! nos!
segmentos! superiores! da! mucosa,! imediatamente! subjacentes! à! superfície! do!
epitélio.! Na! inflamação! aguda! há! um! infiltrado! de! neutrófilos! no! epitélio! de!
superfície!e!no!epitélio!foveolar,!assim!como!na!lâmina!própria,!sendo!comum!a!
presença! de! abcessos! crípticos.! Na! inflamação! crónica! observamgse! sobretudo!
linfócitos!e!plasmócitos,!macrófagos!dispersos!e!ainda!eosinófilos!238.!A!presença!
de! neutrófilos! nestas! circunstâncias! é! sinónimo! de! atividade.! Os! folículos!
linfóides,!que!resultam!da!resposta!imune!do!hospedeiro,!e!são!constituídos!por!
agregados! de! linfócitos! com! um! centro! germinativo! de! grandes! células!
Revisão da Literatura
!60!
mononucleares,!são!comuns!e!representam!um!marcador!de!infeção!por!H.$pylori!
estando!envolvidos!na!génese!do!linfoma!gástrico!326.!
!
!Figura 20 – Helicobacter pylori identificado na superfície da mucosa gástrica com recurso ao método de imunohistoquímica com o anticorpo anti-H. pylori policlonal (ampliação de 1000x)!!
! Conforme! foi! referido! previamente,! a! infeção! por!H.$ pylori! desencadeia!
um!processo! inflamatório! agudo!mas,! com! a! persistência! do!microrganismo,! o!
processo! inflamatório! adquire! características! de! cronicidade.! Nesta! fase! é!
possível! observar! gastrite! crónica!não!atrófica! em! todos!os!doentes.!Esta!pode!
depois!evoluir!para!gastrite!crónica!atrófica!multifocal!sem!metaplasia!(Figura!9),!
que!representa!já!uma!progressão!importante!na!cascata!evolutiva!do!carcinoma!
gástrico.!O!passo!seguinte!desta!mesma!evolução!deletéria!consiste!na!formação!
de! metaplasia! intestinal! (Figura! 21).! Esta! caracterizagse! pela! substituição! das!
células!gástricas!por!células!com!fenótipo!intestinal.!A!infeção!por!H.$pylori,!uma!
dieta!rica!em!sal,!o!consumo!de!álcool!e/ou!tabaco!e!o!refluxo!biliar!crónico!são!
os!fatores!que!mais!contribuem!para!o!desenvolvimento!de!metaplasia!intestinal!
410g413.!
Existem! dois! tipos! de! metaplasia! intestinal:! completa! ou! do! tipo! do!
intestino!delgado!(tipo!I);! incompleta!ou!do!tipo!cólico!(tipos!II!e!III)!237,!414.!Na!
primeira! observamos! células! caliciformes! maduras,! com! expressão! de!
sialomucinas,! intercaladas!com!enterócitos!de!citoplasma!eosinofílico,!presença!
completa! das! enzimas! digestivas! e! bordadura! em! escova.! Há! expressão! da!
mucina! intestinal! MUC2! (glicoproteina! do! tipo! mucina! 2)! e! diminuição! da!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 61!
expressão! das! mucinas! gástricas! MUC1,! MUC5AC! e! MUC6! 251.! Na! segunda!
observamos!células!colunares!mucosas!e!células!caliciformes!em!diferentes!fases!
de!diferenciação!e!com!vacúolos!de!mucina!variáveis!em!tamanho!e!forma.!Não!
existem!células!absortivas!e!há!coexpressão!da!MUC2!com!as!mucinas!gástricas.!
No! tipo! II! observamos! sialomucinas! nas! células! colunares! e! nas! células!
caliciformes.!No!tipo!III!identificamos!sulfomucinas!nas!células!colunares!e!sulfo!
ou! sialomucinas! nas! células! caliciformes! 414.! Frequentemente,! a! metaplasia!
completa! e! a! incompleta! coexistem! na! mesma! amostra! histológica! e! falamos!
então!de!metaplasia!mista!237.!
!
!Figura 21 – Metaplasia intestinal; presença de células caliciformes com vacúolos de mucina (H&E; 200x) !
! A! metaplasia! intestinal! gástrica! é! considerada! um! precursor! prég
neoplásico!mas!a!forma!incompleta,!sobretudo!o!tipo!III,!acarreta!maiores!riscos!
de!malignização!413g416.!Contudo,!não!é!só!o!tipo!de!metaplasia!que!condiciona!o!
risco! de! progressão! neoplásica! pois! o! mesmo! também! é! influenciado! pela!
extensão! e! localização!das! alterações! atróficas! e!metaplásicas,! pelos! fatores!de!
virulência!de!H.$pylori,!história!familiar!de!carcinoma!gástrico,!fatores!genéticos!
do!hospedeiro!e!fatores!ambientais!como!o!tabagismo!ativo!250,!306,!410,!417g420.!
Após! a! erradicação! bem! sucedida! deste! microrganismo! ocorrem,!
naturalmente,! modificações! do! padrão! histológico! supracitado.! Os! neutrófilos!
desaparecem! rapidamente! 421.! Já! os! linfócitos! e! os! eosinófilos! podem! persistir!
por!um!período!prolongado,!o!mesmo!sucedendo!com!os!folículos!linfóides,!que!
Revisão da Literatura
!62!
são! os! últimos! a! desaparecer.! A! atrofia! e! a! metaplasia! intestinal! persistem!
indefinidamente!embora!a!eliminação!da!bactéria!previna!a!sua!progressão.!
! Mas,! se! a! infeção! persistir,! a! metaplasia! intestinal! pode! evoluir! para!
displasia,! também! denominada! de! neoplasia! intraepitelial! (NIE)! ou! neoplasia!
nãoginvasiva! (Figura! 22).! As! células! apresentam! um! padrão! irregular,! embora!
ainda! dentro! dos! limites! da! membrana! basal,! com! núcleos! alongados,!
hipercromáticos,! distribuídos! de! forma! anómala.! As! mitoses! são! comuns,! as!
glândulas! tornamgse! desorganizadas,! por! vezes! com! ramificações,! e!
desenvolvemgse!pseudopapilas!237.!!
!
!Figura 22 – Displasia de alto grau/Neoplasia intraepitelial de alto grau (H&E; 200x)!
!
Existem! várias! classificações! para! definir! a! displasia,! incluindo! a! de!
Vienna,! a! de! Padova! e! a! da! Organização!Mundial! de! Saúde! (OMS)! 422g424.! Esta!
última!é!a!mais!recente!e!estabelece!5!categorias!diagnósticas!424:!!
1. Negativo!para!displasia/NIE!
2. Indefinido!para!displasia/NIE!
3. Displasia/NIE!de!baixo!grau!
4. Displasia/NIE!de!alto!grau!
5. Neoplasia!invasiva!intramucosa/Carcinoma!intramucoso!
!
O! carcinoma! intramucoso! é! aquele! que! invade! a! lâmina! própria! e! que!
pode!condicionar!alterações!desmoplásicas!assim!como!modificações!acentuadas!
da!arquitetura!das!criptas!glandulares,!apresentando!já!potencial!metastático!251.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 63!
! Assim,! a! atrofia! gástrica,! a! metaplasia! intestinal! e! a! displasia! são!
condições!prégneoplásicas.!Num!estudo!de!base!populacional!verificougse!que!a!
incidência!anual!de!carcinoma!gástrico,!nos!5!anos!após!a!avaliação!endoscópica!
inicial,! foi! de! 0,1%! nos! doentes! portadores! de! gastrite! atrófica,! 0,25%! nos!
portadores!de!metaplasia!intestinal,!0,6%!para!os!que!apresentavam!displasia!de!
baixo!grau!e!6%!nos!casos!de!displasia!de!alto!grau!306.!Não!é!de!surpreender!que!
tenham! sido! publicadas! recomendações! sobre! estratégias! de! vigilância! nestes!
doentes!251.!Estes!mesmos!autores!salientam!a!importância!da!erradicação!de!H.$
pylori!nestas!circunstâncias!251.!A!eliminação!desta!bactéria!origina!a!regressão!
da!gastrite!crónica!não!atrófica!mas!o!impacto!desta!intervenção!sobre!a!gastrite!
atrófica!e!a!metaplasia! intestinal! já!é!mais!controverso.!Aparentemente!poderá!
ocorrer!regressão!da!atrofia,!pelo!menos!a!nível!do!corpo!gástrico,!mas!tal!já!não!
sucede!com!a!metaplasia,!embora!isto!seja!contestado!por!alguns!autores!197,!322,!
425g427.!Contudo,!a!erradicação!de!H.$pylori!pode!diminuir!o!risco!de!progressão!da!
metaplasia! intestinal!para! carcinoma! 251.!No! caso!da!displasia! esta! intervenção!
terapêutica!não!condiciona!qualquer!reversão!mas!diminui!a!incidência!de!lesões!
metácronas!251.!É!interessante!verificar!que!uma!revisão!publicada!recentemente!
pela!Cochrane,!relativamente!à!vigilância!em!doentes!com!metaplasia!intestinal,!
não! identificou! um! único! estudo! randomizado! sobre! esta! matéria,!
impossibilitando! a! elaboração! de! recomendações! sobre! o! tema! 304.! Os! autores!
concluem!que! as! decisões! devem! ser! tomadas! em! função!das!guidelines! locais,!
preferência! dos! doentes! e! competências! diagnósticas/terapêuticas! de! cada!
centro.!Obviamente!que!a! implementação!de!eventuais!estratégias!de!vigilância!
será!mais!razoável!em!regiões!com!elevada!incidência!de!carcinoma!gástrico!304.!
!
2.1.6.2)'Classificação'de'Sydney'modificada'em'Houston'
!
! A! necessidade! de! gerar! relatórios! histológicos! reprodutíveis! e! assim!
uniformizar! os! critérios! de! classificação! das! gastrites! crónicas! levou! ao!
desenvolvimento! da! classificação! de! Sydney,! que! foi! depois! otimizada! em!
Houston! 406.! Este! sistema! classifica! a! gastrite! com! base! na! topografia,! na!
morfologia!e,!se!possível,!na!etiologia.!São!colhidas!biopsias!no!antro,!no!corpo!e!
na! incisura! gástrica,! as! quais! são! analisadas! de! forma! independente.! Em! cada!
Revisão da Literatura
!64!
amostra! é! avaliada! a! densidade! de! colonização! por! H.$ pylori,! a! atividade!
neutrofílica! (inflamação! aguda),! a! densidade! de! mononucleares! (inflamação!
crónica),! a!metaplasia! intestinal! e! a! atrofia.! Para! cada!um!destes!parâmetros! é!
atribuído!um!score!semigquantitativo:!0!–!ausente;!1!–!ligeiro;!2!–!moderado;!3!–!
severo! (Figura! 23).! É! estabelecida! uma! média! para! as! várias! amostras!
histológicas! de! cada! compartimento! anatómico! e! depois! é! feita! a! comparação!
entre! o! antro! e! o! corpo! para! definir! se! a! inflamação! é! idêntica! em! ambos!
(pangastrite),! mais! severa! no! antro! (gastrite! predominante! no! antro)! ou! no!
corpo!(gastrite!predominante!no!corpo)!240.!
!
!Figura 23 – Classificação de Sydney modificada em Houston. Escala visual analógica. (Adaptado com permissão do Professor Michael F. Dixon e respetiva editora) 406 !
2.1.6.3)'Classificações'OLGA'e'OLGIM'
!
! O! sistema! de! Sydney! modificado! em! Houston! permitiu! uniformizar! a!
classificação! de! gastrite! e! forneceu! uma! escala! analógica! visual! para! cotejar! a!
inflamação,!a!atrofia,!a!metaplasia!intestinal!e!a!densidade!de!colonização!por!H.$
pylori.!Contudo,!a!sua!utilização!na!prática!clínica!corrente!pode!ser!complexa!e!
não! proporciona! aos! clínicos! informação! útil! sobre! o! prognóstico! e! eventual!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 65!
necessidade! de! terapêutica! 251,! 428,! 429.! Nesse! sentido! foram! desenvolvidos! os!
sistemas! OLGA! (Operative$ Link$ for$ Gastritis$ Assessment)! e,! posteriormente,! o!
sistema!OLGIM!(Operative$Link$for$Gastric$Intestinal$Metaplasia)!430g432.!!
O! sistema! OLGA! (Figura! 24)! converte! os! dados! histopatológicos! num!
relatório!padronizado,!com!informação!sobre!as!alterações!gástricas!(topografia!
e!extensão!das!alterações!atróficas)!e!sobre!o!potencial! risco!de! transformação!
neoplásica! 428,! 430.! Esta! classificação! foi! validada! em! dois! estudos! distintos! e!
permite!identificar!um!subgrupo!de!doentes!com!risco!aumentado!de!carcinoma!
gástrico! 429,!433.!Neste! contexto,!os!doentes! com!OLGA! III!ou! IV!apresentam!um!
elevado!risco!de!desenvolvimento!de!carcinoma!gástrico!e,!teoricamente,!podem!
ser!integrados!em!programas!de!vigilância!429.!!
!! ! Corpo*
! Score!de!Atrofia! Sem!atrofia!
(score!0)!
Atrofia!Ligeira!!
(score!1)!
Atrofia!Moderada!!
(score!2)!
Atrofia!Severa!
(score!3)!
Antro**
(incluindo*a*incisura)!
Sem!atrofia!
(score!0)!Estadio!0! Estadio!I! Estadio!II! Estadio!II!
Atrofia!Ligeira!!
(score!1)!Estadio!I! Estadio!I! Estadio!II! Estadio!III!
Atrofia!Moderada!
(score!2)!Estadio!II! Estadio!II! Estadio!III! Estadio!IV!
Atrofia!Severa!
(score!3)!Estadio!III! Estadio!III! Estadio!IV! Estadio!IV!
!Figura 24 – Classificação OLGA (Operative Link for Gastritis Assessment); para cada um dos segmentos a atrofia é classificada segundo um score numérico de 0 a 3, utilizando a escala visual analógica da Classificação de Sydney!
!
O!sistema!OLGA!tem!como!principal!desvantagem!o!facto!de!se!basear!na!
definição! da! gravidade! e! extensão! da! atrofia! gástrica! e,! a! concordância! interg
observador! relativamente! à! classificação! deste! parâmetro! é! baixa! 434,! 435.! O!
inverso! sucede! com! a! metaplasia! intestinal! 436.! Assim,! em! 2010! Capelle! et$ al.!
apresentaram!o!sistema!OLGIM!(Figura!25),!com!um!figurino!similar!ao!sistema!
OLGA!mas!que!recorre!à!metaplasia!intestinal!em!substituição!da!atrofia!gástrica!
para! estabelecer! a! severidade! da! gastrite.! A! classificação! OLGIM! é!
aparentemente! mais! reprodutível! e! específica! na! seleção! dos! doentes! que!
realmente!necessitam!de!vigilância!endoscópica!pelo!que,!a!sua!aplicação!poderá!
resultar! num!menor! número! de! doentes! a! carecer! de! integração! neste! tipo! de!
Revisão da Literatura
!66!
programas! de! rastreio/vigilância! 432.! Contudo,! há! outras! publicações! que!
apontam! no! sentido! contrário.! Rugge! et$ al.! apresentaram! um! estudo! em! que!
conseguiram!estabelecer!ambas!as!classificações!em!4.552!conjuntos!de!biopsias!
verificandogse!concordância!entre!elas!para!os!estadios!de!baixo!(0,!I!ou!II)!e!de!
alto! risco! (III! e! IV)! em! 4.460! casos.! Foram! identificadas! 67! lesões! neoplásicas!
(intraepiteliais!ou!invasivas)!que!estavam!associadas!a!estadios!mais!elevados!de!
OLGA!e!OLGIM!em!88,1!e!85,1%!respetivamente.!No!entanto,!dois!dos!casos!de!
carcinoma!gástrico!do!tipo!intestinal!apresentavam!um!estadio!OLGA!elevado!e!
um!estadio!OLGIM!baixo!437.!Os!autores!baseiamgse!nesta!pequena!diferença!para!
concluir! que! o! sistema! OLGIM! é!menos! sensível! do! que! o! sistema! OLGA! para!
identificar!doentes!com!risco!mais!elevado!de!carcinoma!gástrico!437.!!
! ! Corpo*
! Score!de!
Metaplasia!
Sem!MI!
(score!0)!
MI!Ligeira!!
(score!1)!
MI!Moderada!!
(score!2)!
MI!Severa!
(score!3)!
Antro**
(incluindo*a*incisura)!
Sem!MI!
(score!0)!Estadio!0! Estadio!I! Estadio!II! Estadio!II!
MI!Ligeira!!
(score!1)!Estadio!I! Estadio!I! Estadio!II! Estadio!III!
MI!Moderada!
(score!2)!Estadio!II! Estadio!II! Estadio!III! Estadio!IV!
MI!Severa!
(score!3)!Estadio!III! Estadio!III! Estadio!IV! Estadio!IV!
!Figura 25 – Classificação OLGIM (Operative Link for Gastric Intestinal Metaplasia); para cada um dos segmentos a metaplasia é classificada segundo um score numérico de 0 a 3, utilizando a escala visual analógica da Classificação de Sydney (MI – Metaplasia Intestinal)
Ambos! os! sistemas! necessitam! ainda! de! estudos! de! aplicabilidade! e!
reprodutibilidade! em! diversos! contextos! epidemiológicos! 251,! 429.! Um! artigo!
publicado! já! no! decurso! deste! ano! veio! confirmar! que! a! concordância! interg
observador! é! maior! para! a! metaplasia! intestinal! do! que! para! a! atrofia! mas,! a!
aplicação!exclusiva!do!sistema!OLGIM!determinaria!a!não! identificação!de!uma!
proporção! significativa! de! indivíduos! com! risco! elevado! de! neoplasia! gástrica,!
pelo! que! os! autores! concluem! que! os! sistemas! OLGA! e! OLGIM! devem! ser!
aplicados!em!simultâneo!438.!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 67!
2.1.7)'Fatores'de'virulência'de'Helicobacter+pylori'!
! Conforme!já!foi!referido!em!diversas!ocasiões,!quase!todos!os!indivíduos!
infetados! por! H.$ pylori! apresentam! alterações! histológicas! compatíveis! com!
gastrite!crónica!mas!só!uma!pequena!fração!desenvolve!manifestações!clínicas!80,!
84.!A!sua!ocorrência!está!dependente!de!diversas!variáveis,! incluindo!fatores!de!
virulência!do!próprio!microrganismo.!
Existem!múltiplos! fatores!de!virulência!de!H.$pylori.! Para! além!do!papel!
das! enzimas! produzidas! por! esta! bactéria,! identificamgse! vários! outros!
componentes! proteicos! e! respetivos! genes! que! podem! condicionar! o!
desenvolvimento!de!patologias!na!espécie!humana.!
Uma!das!características!mais!importantes!deste!bacilo!é!a!sua!capacidade!
para!adquirir!grande!diversidade!genética,!através!de!vários!mecanismos,!entre!
os!quais!a!ausência!de!reparação!do!DNA,!a!utilização!de!segmentos!repetitivos!
de! DNA! para! criar! recombinações! intragenómicas! e! a! possibilidade! de! captar!
novos! segmentos! de! DNA! conferindoglhe! sequências! genéticas! distintas! 62,! 439.!
Este! microrganismo! tem! um! grande! potencial! de! transformação! e! de!
transferência! de! fragmentos! de! genoma,! por! conjugação,! o! que! resulta! em!
extensos!genes!polimórficos!e!diferenças!no!conteúdo!genético!entre!estirpes!440.!
As!mutações!pontuais!também!são!frequentes!e!representam!o!mecanismo!mais!
importante!na!aquisição!da!resistência!aos!antibióticos!441.!A!colonização!gástrica!
por! mais! que! uma! estirpe! é! comum! e,! como! o! H.$ pylori! é! naturalmente!
competente,!permitindo!a!entrada!de!DNA!exógeno!a!partir!de!estirpes!vizinhas,!
isto!potencia!a!aquisição!de!novas!sequências!genéticas!assim!como!a!ocorrência!
de!fenómenos!de!recombinação!60.!É!ainda!possível!que!se!verifiquem!eventos!de!
recombinação! intragenómica,! especialmente! envolvendo! os! genes! da! grande!
família! das! proteínas! da! membrana! externa! (OMP),! possibilitando! assim! a!
existência!de!variabilidade!na!ausência!de!uma!colonização!mista! 442,!443.!Deste!
modo,!esta!bactéria!apresenta!uma!enorme!diversidade!genética!e!cada!estirpe!
atua! praticamente! como! uma! quasispecies! 444.! Esta! variabilidade! possibilita! a!
emergência! de! colónias! bacterianas! mais! flexíveis! e! robustas,! facilitando! a!
adaptação!de!H.$pylori! a!mudanças!no! seu!habitat! gástrico!ou!a! colonização!de!
novos! hospedeiros! 61,! 84,! 445,! 446.! Alguns! autores! defendem! que! a! redução! do!
Revisão da Literatura
!68!
número! de! estirpes! coginfectantes,! devido! à! melhoria! das! condições! higienog
sanitárias,!está!a!contribuir!para!a!diminuição!da!prevalência!da!infeção!439,!447.!!
Aparentemente,! em! termos! de! virulência,!mais! importante! do! que! cada!
fator! individual! será! a! conjugação! dos! vários! fatores.! Assim,! as! estirpes! que!
exibem!cagA,!vacA!s1m1!e!babA2!em!simultâneo!estão!geralmente!associadas!a!
níveis!mais!elevados!de!infiltração!da!mucosa!gástrica!por!células!inflamatórias,!
de!lesão!epitelial!gástrica!e!de!densidade!de!colonização!bacteriana!84,!448.!Estas!
estirpes!cagA! positivas!vacA! s1m1! também! favorecem!a!progressão!das! lesões!
gástricas!prégneoplásicas!304,!449.!
Adicionalmente,! o! genótipo! de!H.$ pylori! pode! influenciar! a! evolução! da!
própria! infeção! e! a! resposta! à! terapêutica.! Temgse! assistido! a! uma! redução!do!
número!de!estirpes!cagA!positivas,!sobretudo!nos!países!desenvolvidos!450.!Estas!
estirpes! induzem!a!produção!de!níveis!mais!elevados!de!βgdefensinas!e!outros!
antimicrobianos! comparativamente! às! estirpes! cagA! negativas,! o! que! as! torna!
mais!suscetíveis!à!eliminação!por!parte!do!próprio!hospedeiro!451.!Por!outro!lado,!
os! níveis! mais! elevados! de! inflamação! gástrica! tornam! estas! estirpes! mais!
sensíveis!aos!antibióticos!452g454.!
Vários!estudos!mostram!que!existe!uma!grande!variabilidade!geográfica!
na! distribuição! das! estirpes! de! H.$ pylori.! Mesmo! tomando! como! referência!
apenas! os! genes! cagA! e! vacA,! as! estirpes! encontradas! na! Europa! e! nos! E.U.A.!
divergem! significativamente! das! identificadas! na! Ásia! e! nos! países! em! vias! de!
desenvolvimento.! Contudo,! nestes! últimos! a! infeção! por! H.$ pylori! e! as!
correspondentes! manifestações! clínicas! são! mais! comuns.! Assim,! a!
caracterização!das!estirpes!nestes!locais!será!mais!útil!para!compreender!o!papel!
que!cada!um!dos!genótipos!pode!desempenhar!na!patogénese!e!na!gravidade!das!
complicações! associadas! à! presença! de! H.$ pylori! 455.! Portugal,! apesar! de!
integrado!na!Europa!Ocidental,!apresenta!ainda!taxas!de!prevalência!de!infeção!
extremamente! elevadas! 26.! Deste! modo,! é! importante! identificar! os! genótipos!
mais! comuns! em! cada! uma! das! regiões! do! país! e! procurar! estabelecer!
correlações!com!as!alterações!histológicas!e!as!manifestações!clínicas.!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 69!
2.1.7.1)'cagA'e'cag+PAI'!
! Nas! estirpes! de! H.$ pylori! o! cag! PAI! pode! estar! ausente,! presente! na!
totalidade! ou! apenas! parcialmente! e,! neste! último! caso,! ser! não! funcional.! Na!
maioria! dos! casos! está! presente! na! totalidade! e! contem! 27! a! 31! genes! que!
codificam! um! sistema! de! secreção! tipo! IV! (T4SS),! uma! estrutura! tubular! que!
estabelece!comunicação!direta!do!interior!da!bactéria!com!o!citoplasma!da!célula!
epitelial!gástrica!103,!456.!Este!canal!contém!uma!proteína!estrutural,!a!CagY,!com!
variabilidade!antigénica!e!resistente!em!meio!ácido.!Uma!outra!proteína,!a!CagL,!
estabelece! o! contacto! com! a! célula! epitelial! gástrica! através! da! integrina! α5β1,!
ativando!a!mesma!e,!por!seu!intermédio,!a!cinase!de!adesão!focal!(FAK)!e!depois!
as! cinases! da! família! Src! como! a! cgSrc,! Fyn,! Lyn! e! Yes! 64,!457.! Estas! cinases! vão!
fosforilar! a! proteína! efetora! CagA! em! motivos! repetitivos! na! extremidade!
carboxilo! (GlugProgIlegTyrgAla! ou!motivos! EPIYA).! A! proteína! CagA! fosforilada!
interage!com!a!tirosina!fosfatase!das!células!eucariotas!(SHPg2)!que,!por!sua!vez,!
ativa! diversas! fosforilases,! incluindo! as! cinases! reguladas! por! sinais!
extracelulares! (ERK! 1/2),! induzindo! alterações! nas! vias! de! sinalização.! Todas!
estas!alterações!podem!interferir!com!o!citoesqueleto,!a!polaridade,!a!migração!e!
a! adesão! das! células! epiteliais! gástricas! e/ou! ativar! o! NFgκB,! promovendo! a!
transcrição!de!vários!genes!incluindo!citocinas!próginflamatórias!e!βgdefensinas!
458g466.!Mas!a!CagA! também! induz!várias!outras!alterações,! independentemente!
da!sua!fosforilação,!ao!interagir!com!diversas!proteínas!promovendo!a!ativação!
aberrante! da! βgcatenina,! desencadeando! respostas! mitogénicas! e! próg
inflamatórias,!disrupção!das!junções!intercelulares!e!perda!de!polaridade!celular!
14,!467.! A! CagA! vai! associargse,! por! exemplo,! à! cinase! reguladora! da! polaridade!
PartitioningAdefective! 1b! (PAR1b),! também! conhecida! por!Microtubule$AffinityA
Regulating$Kinase! (MARK)!2!e,!de!uma! forma! independente!da! fosforilação!dos!
resíduos!de! tirosina,! inibe!a!atividade!desta!cinase!promovendo!a! sua!saída!da!
membrana! com! subsequente! perda! da! polaridade! celular! e! disrupção! das!
junções!densas!466.!Por!outro!lado,!a!proteína!CagA!translocada!vai!interagir!com!
a! Egcaderina! desestabilizando! o! complexo! Egcaderinagβgcatenina,! com!
subsequente! aumento! dos! níveis! citoplasmáticos! e! nucleares! de! βgcatenina,! a!
qual!ativa!depois!determinados!genes!que!promovem!a!carcinogénese!468,!469.!
Revisão da Literatura
!70!
Adicionalmente,!o!T4SS!também!permite!a!entrada,!na!célula!epitelial,!de!
um! componente! solúvel! do! peptidoglicano! bacteriano,! o! ácido! γgDgglutamilg
mesogdiaminopimélico,! que! é! reconhecido! pelo! PRR! NOD1,! conduzindo! à!
ativação!de!respostas!próginflamatórias!dependentes!do!NFgκB,!como!a!secreção!
de!ILg8!ou!de!βgdefensinas!14,!47.!
! As!estirpes!portadoras!de!cagA!estão!mais!frequentemente!associadas!ao!
desenvolvimento! de! úlcera! péptica! e! carcinoma! gástrico! 420,!470g473.! Uma!metag
análise! de! 2003! revelou! que! a! infeção! por! estirpes! cagA! positivas! aumenta! o!
risco!de! carcinoma!gástrico!por!um! fator!de!1,64! 474.!Outra!metaganálise,!mais!
recente,!apresentou!um!nível!de!risco!ainda!mais!elevado!e!confirmou!também!a!
correlação!deste!genótipo!com!o!desenvolvimento!de!úlcera!péptica!475.!
! O! cagA$desempenha! um! papel! fundamental! na! carcinogénese! associada!
ao!H.$ pylori,! independentemente! do! grau! de! inflamação! 52.! Este! gene! e! o! seu!
produto!proteico!são!polimórficos,!apresentando!diferentes!padrões/resíduos!de!
tirosina! disponíveis! para! fosforilação,! o! que! determina! efeitos! díspares! na!
sinalização! intracelular! e! no! risco! de! doença! 476g480.! Essa! fosforilação! ocorre!
sobretudo! nos! resíduos! de! tirosina! dos! motivos! EPIYA! (GlutamatogProlinag
IsoleucinagTirosinagAlanina).! Esta! região! de! repetição! EPIYA! é! formada! por!
combinações! diversas! de! 4! segmentos! (EPIYAgA,! gB,! gC! e! –D)! e! é! muito!
divergente! entre! as! várias! estirpes! de! H.$ pylori$ 81.! A! maioria! das! estirpes!
ocidentais!cagA!positivas!possuem!o!EPIYAgA,!o!EPIYAgB!e!uma!ou!mais!cópias!
do! motivo! EPIYAgC.! Quanto! maior! o! número! de! cópias! do! EPIYAgC! maior! a!
atividade! biológica! dependente! da! fosforilação! 476,! 481.! As! estirpes! asiáticas!
possuem! o!motivo! EPIYAgD! em! substituição! do! EPIYAgC.! Este!motivo! EPIYAgD!
estimula!alterações!celulares!muito!acentuadas,!o!que!explica!a!elevada!taxa!de!
patologias!e!complicações!associadas!ao!H.$pylori!no!Japão!e!Extremo!Oriente!52,!
476,!482,!483.!
! A! proteína! CagA! tem! potencial! oncogénico! através! de! duas! funções!
essenciais:! promove! a! disrupção! das! junções! intercelulares,! a! perda! da!
polaridade! das! células! e! a! transformação! morfológica! das! células! epiteliais;!
promove!a!produção!da!enzima!espermina!oxidase,!a!qual!induz!lesão!oxidativa!
das! células!epiteliais,! com!subsequente! formação!de!uma!subpopulação!celular!
que! é! resistente! à! apoptose! e,! como! tal,! apresenta! um! elevado! potencial! de!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 71!
malignização!467,!484.!Esta!resistência!à!apoptose!também!decorre!da!interação!da!
CagA!com!a!proteína!estimulante!da!apoptose!relacionada!com!o!p53!(ASPP2)!485.!
!
2.1.7.2)'vacA'!
! Todas! as! estirpes! de! H.$ pylori! possuem! o! gene! vacA! e! quase! todas!
produzem! a! respetiva! proteína!mas,! apenas! 40%! sintetizam! a! sua! forma!mais!
ativa!486.!Esta!proteína,!uma!exotoxina!que!compreende!duas!subunidades,!a!p33!
e! a! p55,! está! especificamente! adaptada! ao! estômago,! sendo! ativada! pelo! ácido!
clorídrico!e!tornandogse!depois!resistente!à!degradação!por!esse!mesmo!ácido!e!
pela! pepsina! 487,! 488.! A! proteína! ligagse! à! célula! epitelial! através! de! estruturas!
receptorAlike$protein$tyrosine$fosfataseAα!(RPTPα)!e!receptorAlike$protein$tyrosine$
fosfataseAβ! (RPTPβ)! e! forma! poros! na! membrana! das! células! superficiais!
gástricas,!o!que!explica!os!seus!efeitos,!nomeadamente!a!vacuolização!489,!490.!A!
proteína!VacA!induz!múltiplas!alterações!na!estrutura!das!células!epiteliais!com!
subsequente! disrupção! da! função! de! barreira! epitelial! gástrica,! modulação! da!
resposta! inflamatória,! disrupção! dos! endossomas! originando! vacuolização,!
diminuição!do!potencial!de!membrana!mitocondrial,! libertação!do!citocromo!C,!
ativação! das! caspases! 8! e! 9! e! indução! da! apoptose! 14.! A! proteína! VacA! forma!
poros!na!membrana!das!células!do!hospedeiro,!promovendo!a!saída!de!ureia!e!de!
iões! cloreto,! bicarbonato! e! piruvato! 491.! Numa! fase! inicial! ela! permite! que! se!
estabeleça! a! infeção,! ao! desencadear! a! libertação! de! nutrientes! pelas! células!
epiteliais! gástricas.! Posteriormente,! esta! proteína! contribui! para! a! persistência!
da!infeção,!através!da!modulação!do!sistema!imunitário!491.!
! As!variações!da!proteína!VacA!ocorrem!em!três!regiões:!uma!na!região!5’,!
que! codifica!o!peptídeo! sinal! (s1a,! s1b,! s1c!ou! s2);!outra!na! região! intermédia,!
que!codifica!parte!da!subunidade!p33!(i1!ou!i2);!finalmente!na!região!média,!que!
codifica! parte! da! subunidade! p55! (m1! ou! m2)! 492,! 493.! A! proteína! s1i1m1! é!
completamente!ativa!enquanto!a!s2i2m2!é! inativa.!Depois!podem!existir!várias!
outras!combinações.!A!s1i1m2!é!menos!tóxica!que!a!s1i1m1,!e!a!s1i2m2!é!mesmo!
não! vacuolizante.! As! formas! s2m1! são!muito! raras!mas! já! foram! descritas! em!
alguns! grupos! populacionais! 480,!492,!494.! As! estirpes! que! produzem!as! proteínas!
vacA! s1i1m1! e! s1i1m2! são! as! que! estão! mais! frequentemente! associadas! ao!
Revisão da Literatura
!72!
desenvolvimento!de!adenocarcinoma!gástrico!e,!em!menor!grau,!à!úlcera!péptica!
42,!480,!492,!493.!De! facto,!no!humano,! as! formas!ativas!de!VacA!estão!associadas! à!
presença! de! atrofia! gástrica! e! hipocloridria,! condições! que! favorecem! o!
desenvolvimento! de! neoplasias! gástricas.! Isto! ocorre! independentemente! do!
status!para!o!cagA!41.!
Importa!referir!que!o!genótipo!que!resulta!da!combinação!do!cagA!com!o!
vacA! é!muito! importante.!As! estirpes! cagA! positivas! que! exprimem!versões!da!
vacA! com! atividade! vacuolizante! são! as! mais! virulentas,! recebendo! a!
denominação! de! estirpes! tipo! I! 495.! Contudo,! alguns! autores! sugerem! que! a!
proteína!CagA!exerce!uma!ação!contragreguladora!sobre!a!proteína!VacA!e!viceg
versa,! permitindo! este! mecanismo! estabelecer! uma! infeção! persistente! por!H.$
pylori!496,!497.!
Mais! recentemente! foi! identificado! entre! a! região! m! e! a! região! i,! um!
segmento! de! 81! bp,! que! foi! denominado! de! região! d.! As! estirpes! d1! têm! esta!
região! completa! e! as!d2! têm!uma!deleção!de!69!a!81!bp.!Em!algumas!estirpes!
europeias! a! presença! do! d1! está! associada! a! maior! infiltração! neutrofílica! e!
atrofia! da!mucosa,! pelo! que! este! poderá! constituir! um! fator! de! risco! adicional!
para!úlcera!péptica!e!carcinoma!gástrico!498.!
!
2.1.7.3)'babA2'!
! Aproximadamente! 4%! do! genoma! de!H.$ pylori! destinagse! a! codificar! as!
OMP!que!permitem!a!adesão!da!bactéria!às!células!epiteliais,!o!que!constitui!um!
fator! importante! na! capacidade! deste! microrganismo! em! sobreviver! e!
condicionar! manifestações! clínicas.! Existem! múltiplas! adesinas! mas! as! mais!
importantes!são!a!BabA!e!a!SabA.!
A! adesina! de! ligação! ao! grupo! sanguíneo! BabA! é! uma! das! OMP! e! é!
codificada! pelo! gene! babA$ (hopS),! sendo! o! seu! alelo! babA2! a! forma! funcional.!
Esta! proteína! reconhece! epítopos! do! grupo! sanguíneo! Lewisb! fucosilado! na!
superfície!das!células!epiteliais.!Em!modelos!animais,!os!isolados!produtores!de!
BabA! induzem! mais! inflamação! e! estimulam! as! células! epiteliais! a! libertar!
maiores! quantidades! de! ILg8! 106.! A! proteína! é! frequentemente! encontrada! em!
estirpes!de!H.$pylori!associadas!com!úlcera!duodenal!e!carcinoma!gástrico!e,!se!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 73!
essas!mesmas!estirpes!apresentarem!adicionalmente!o!cagA! e!o!vacA! s1,!então!
há!maior! risco!de! severidade!das!manifestações! clínicas! aumenta! 448.! Contudo,!
esta!correlação!do!gene!babA2!com!a!úlcera!duodenal!e!o!carcinoma!gástrico!não!
é!observada!em!todas!as!séries!499,!500.!
!
2.1.7.4)'sabA'!
! A! adesina! de! ligação! ao! ácido! siálico! SabA! permite! a! conexão! às!
glicoproteínas! sialilgLewisx! e! sialilgLewisa,! expressas! pelo! epitélio! gástrico! em!
resposta!ao!processo! inflamatório!crónico.!A!sua!presença!está!associada!a!um!
risco!aumentado!de!carcinoma!gástrico!mas!diminuído!de!úlcera!duodenal!501.!!
!
2.1.7.5)'oipA'!
! A! proteína! inflamatória! externa! OipA! é! uma! OMP! cuja! expressão! está!
associada!ao!aumento!da!produção!da!ILg8!in$vitro!502.!O!H.$pylori!apresenta!um!
gene! oipA! que! pode! ser! funcional! ou! não! funcional.! A! forma! funcional! está!
associada! a! úlcera! duodenal,! carcinoma! gástrico! e! infiltração! neutrofílica!mais!
intensa!501.!
!
2.1.7.6)'dupA'! !
O! gene! promotor! da! úlcera! duodenal! (dupA)! é! assim! denominado! pois!
parece! apresentar! uma! associação! positiva! com! a! ocorrência! de! úlceras!
duodenais.!Alguns!estudos!mostraram!uma!correlação!negativa!com!o!carcinoma!
gástrico!mas! outros! trabalhos! demonstraram! o! inverso! 503,!504.! Provavelmente,!
estes!últimos!serão!os!mais!fidedignos,!dado!que,!in$vivo,!a!presença!deste!gene!
está! associada! a! um! aumento! da! produção! de! ILg8! e! ao! desenvolvimento! de!
gastrite!504.!
!
!
Revisão da Literatura
!74!
2.1.7.7)'Genes'da'região'de'plasticidade'
!
! Existem! alguns! genes! na! região! de! plasticidade! que! parecem! estar!
associados! à! presença! de! determinadas!manifestações! clínicas,! nomeadamente!
úlcera!péptica.!É!o! caso!dos!genes! jhp0562! e! jhp0870! que! foram!associados!ao!
desenvolvimento!deste!tipo!de!complicação!em!crianças!infetadas!por!H.$pylori!64,!
505.! Já! o! gene! jhp0950! poderá! estar! associado! ao! desenvolvimento! do! linfoma!
MALT!506.!
!
2.1.7.8)'Gamaglutamiltranspeptidase'
!
! A! GGT! catalisa! reações! em! que! o! meio! γgGlutamil! é! transferido! de!
compostos! como! a! glutationa! para! aminoácidos! (transpeptidação)! ou! a! água!
(hidrólise).!O!H.$pylori!não!pode!obter!diretamente!a!glutationa!e!a!glutamina.!A!
GGT! é! segregada! pela! bactéria! e! metaboliza! a! glutationa! e! a! glutamina!
extracelulares,! permitindo! ao! microrganismo! obter! glutamato,! que! é! então!
transportado! para! o! seu! interior! por! um! canal! de! transporte! dependente! do!
sódio.!O!glutamato!é!incorporado!no!ciclo!do!ácido!tricarboxílico!e!parcialmente!
convertido!em!glutamina!507,!508.!Esta!enzima!está!presente!em!todas!as!estirpes!
de!H.$pylori,!é!altamente!conservada,!com!uma!homologia!superior!a!97%,!e!a!sua!
atividade!parece!ser!muito!importante!para!a!colonização!da!mucosa!gástrica!e!o!
crescimento!da!bactéria!509g512.!!
! A! GGT! promove! lesão! de! célula! epitelial! gástrica! através! de! diversos!
mecanismos:! indução! da! apoptose;! paragem! do! ciclo! celular;! produção! de!
espécies! reativas! de! oxigénio;! promoção! da! inflamação! através! da! indução! da!
cicloxigenase!2!e!da!ILg8!507,!508,!511,!513g516.!Associadamente,!esta!enzima!tem!ações!
imunomoduladoras! sobre! o! sistema! imune! do! hospedeiro,! bloqueando! a!
proliferação!dos!linfócitos!T!e!desviando!as!células!dendríticas!no!sentido!de!um!
fenótipo!mais!imunotolerante!133,!152,!507,!508.!
! Um!trabalho!publicado!em!2010!demonstrou!que!as!estirpes!de!H.$pylori!
isoladas! de! indivíduos! com! úlcera! péptica! apresentam! uma! atividade! de! GGT!
significativamente! superior!às!estirpes! isoladas!de!doentes! com!dispepsia!nãog
ulcerosa!511.!Estes!resultados!sugeriam!um!eventual!papel!da!GGT!na!patogenia!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 75!
da! úlcera! péptica! secundária! ao!H.$pylori,! tanto!mais! que! não! se! identificaram!
diferenças! quanto! a! outros! fatores! de! virulência! 511.! Contudo,! o! número! de!
doentes! envolvidos! é! pequeno! (54! vs.! 44)! pelo! que! são! necessários! estudos!
adicionais!neste!contexto.!
!
2.1.8)'Fatores'do'hospedeiro'
!
! As!manifestações!clínicas!decorrentes!da! infeção!por!H.$pylori! são!muito!
diversas! e! dependem,! de! forma! global,! da! severidade! da! inflamação! gástrica!
desencadeada! por! esta! bactéria.! A! intensidade! do! processo! inflamatório! é!
condicionada!por!três!fatores:!ambientais!(tabagismo!ativo;!dieta!rica!em!sal!ou!
pobre! em! frutas! frescas! e! vegetais);! bacterianos;! do! hospedeiro! 189.! Foram!
identificados! diversos! polimorfismos! genéticos! humanos! relacionados! com! a!
suscetibilidade!à!infeção!por!H.$pylori,!com!as!suas!manifestações!clínicas!e!com!a!
eventual! resposta! à! terapêutica.! As! diferenças! identificadas! entre! os!
afroamericanos!e!os!residentes!nos!E.U.A.!de!ascendência!europeia,!após!ajuste!
para! o! estatuto! socioeconómico,! idade! e! outras! variáveis! epidemiológicas,!
vieram! confirmar! a! importância! dos! fatores! genéticos! do! hospedeiro! na!
suscetibilidade! à! infeção! por! este!microrganismo! 157.! Contudo,! dada! a! enorme!
diversidade!genética!e!variabilidade!étnica! tem!sido!difícil!estabelecer!quais!os!
genes!mais!relevantes!neste!contexto.!
!
2.1.8.1)'Interleucina'1'
! !
A!família!de!genes!da!ILg1!codifica!três!proteínas!distintas:!ILg1α,!ILg1β!e!o!
seu!inibidor!natural!ILg1RN!517.!A!ILg1β!modula!a!expressão!de!outras!citocinas!
próginflamatórias!como!o!TNFgα,!a!ILg2,!ILg6!e!ILg12,!o!que!aumenta!a!magnitude!
da! inflamação!518.!A!concentração!da! ILg1β!produzida!pelo!epitélio! inflamado!é!
influenciada!por! três!polimorfismos:! A511C/T! (rs16944);! A31T/C! (rs1143627)!e!
+3954C/T!(rs1143634)!517,!519.!Estudos!do!início!do!século!XXI!mostraram!existir!
um! risco! acrescido! de! carcinoma! gástrico! em! indivíduos! homozigóticos! para!
certos!haplótipos!da! ILg1β,! tais! como!os!previamente! citados,! e!do!antagonista!
tipo! 2R/2R! (*2)! do! recetor! da! ILg1! 520.! Os! portadores! destes! polimorfismos!
Revisão da Literatura
!76!
apresentam! aumento! da! expressão! da! ILg1β! e,! deste! modo,! maior! propensão!
para! a! hipocloridria,! atrofia! gástrica! e! adenocarcinoma! distal! 42,! 520g523.! Estas!
correlações!só!se!observam!em!indivíduos!infetados!por!H.$pylori!e!ocorrem!quer!
em! caucasianos!quer! em!asiáticos! 524g527.! Peleteiro!et$al.! realizaram!uma!metag
análise! e,! numa! avaliação! global,! os! genótipos! IL1RN$2R/2R! e! IL1BA511TT! não!
estavam!associados!com!risco!aumentado!de!lesões!gástricas!prégneoplásicas!ou!
adenocarcinoma! gástrico! 528.! Contudo,! quando! os! autores! efetuaram! uma!
subanálise!envolvendo!apenas!os!estudos!com!elevada!prevalência!de!H.$pylori,!
nomeadamente!os!que!foram!realizados!em!Portugal,!verificougse!que!já!existia!
associação! dos! polimorfismos! supracitados! com! as! lesões! prégneoplásicas! 528.!
Metaganálises!posteriores!confirmaram!a!relação!de!alguns!polimorfismos!da!ILg
1,!como!o!A511C/T,!e!do!seu!inibidor!como!o!ILA1RN*2,!com!o!risco!aumentado!de!
carcinoma!gástrico!distal,!sobretudo!em!indivíduos!caucasianos!144,!145,!517,!529,!530.!
Alguns! haplótipos! da! ILg1β! estão! também! correlacionados! com!maior! risco! de!
gastrite! crónica! e! úlcera! péptica! gástrica! e/ou! duodenal! embora!metaganálises!
recentes!não!confirmem!esta!reciprocidade!519,!531g533.!
Um!dos! fatores!que!condiciona!o!sucesso!da!erradicação!de!H.$pylori!é!a!
supressão! eficaz! da! secreção! ácida! 534.! A! ILg1β! inibe! a! secreção! ácida! gástrica,!
sendo! 100x! mais! potente! do! que! os! IBP! 535,! 536.! Assim,! os! polimorfismos!
supracitados,! que! aumentam! a! produção! desta! citocina,! podem! favorecer! o!
sucesso! dos! tratamentos.! Há! dados! que! confirmam! esta! suposição,!
principalmente! para! os! portadores! do! ILA1βA511TT,! embora! os!mesmos! sejam!
oriundos! de! estudos! japoneses! 537,! 538.! Um! estudo! polaco,! mais! recente,! não!
comprova!esta!associação!539.!
!
2.1.8.2)'Nucleotide6Binding+Oligomerization+Domain'!
! Os!NOD! são! um!dos! PRRs! envolvidos! na! resposta! imune! ao!H.$pylori.! O!
NOD1! reconhece! o! peptidoglicano! das! bactérias! Gram! negativas! e! o! NOD2!
reconhece! todas!as! formas!de!peptidoglicano!bacteriano!540,!541.!Estes!PRRs!são!
citosólicos!e!o!H.$pylori!está!localizado,!essencialmente,!a!nível!extracelular!mas!a!
interação!é!possível!porque!a!bactéria! introduz!parte!do!seu!peptidoglicano!no!
interior!da!célula!epitelial!gástrica!por!intermédio!do!T4SS!47.!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 77!
! Estudos!realizados!em!ratos!mostraram!que!a!ausência!do!NOD1!aumenta!
a! suscetibilidade! à! infeção! por!H.$ pylori! 47.! A! perda! de! função! dos! NOD! pode!
conduzir!a!uma!diminuição!da!resposta!imune!epitelial!com!subsequente!falência!
no!controlo!da!infeção!e!manutenção!de!um!processo!inflamatório!crónico,!com!
consequências! mais! gravosas! 139,! 542,! 543.! A! maioria! dos! doentes! com! gastrite!
associada! ao! H.$ pylori$ apresenta! níveis! mais! elevados! de! NOD1! nas! células!
epiteliais!gástricas!comparativamente!a! controlos! saudáveis!ou! indivíduos!com!
gastrite!não!associada!a!esta!bactéria!48.!
! A! correlação!dos!polimorfismos!de!nucleótido! simples! (single$nucleotide$
polymorphisms! –! SNP)! mais! comuns! do! gene! NOD2! (L1007fsinsC! ou! SNP13;!
R702W! ou! SNP8;! e! G908R! ou! SNP12)! com! o! risco! de! carcinoma! gástrico! é!
controverso!pois!há!estudos!com!resultados!opostos!46,!49g51.!O!mesmo!sucede!em!
relação! às! diversas! alterações! histológicas! induzidas! por! H.$ pylori! ou! outras!
manifestações! clínicas! associadas! a! esta! bactéria! 142,! 544,! 545.! Alguns! estudos!
mostraram!que!os!indivíduos!infetados!por!este!bacilo!que!fossem!homozigotos!
AA! ou! portadores! do! alelo! A! para! o! polimorfismo! E266K! (G796A)! do! NOD1!
tinham! um! risco! aumentado! de! úlcera! péptica,! taxas!mais! elevadas! de! atrofia!
gástrica,!metaplasia! intestinal! e! falência!das! terapêuticas!de!erradicação! 546g548.!
Contudo,! no! estudo! de! Rosenstiel! et$al.! não! se! identificou! qualquer! associação!
dos!genes!NOD1!ou!NOD2!com!o!desenvolvimento!de!úlcera!gástrica!em!doentes!
com!infeção!crónica!por!H.$pylori!142.!
!
2.1.8.3)'Toll6Like+Receptors'!
O! reconhecimento! de! H.$ pylori! pelas! células! dendríticas! e! pelos!
macrófagos! é!mediada! por! vários! elementos! da! família! dos! TLR! 549.! As! células!
epiteliais! do! estômago! humano! podem! expressar! TLRg2,! g4,! g5! e! g9! mas! este!
último!não!parece!estar!envolvido!no!reconhecimento!de!H.$pylori! in$vivo! 141.!O!
TLRg2!deteta!uma!grande!variedade!de!produtos!microbianos!mas!o!TLRg4!tem!
uma! especificidade! para! o! LPS! das! bactérias! Gram! negativas.! O! principal! TLR!
implicado! na! deteção! extracelular! de!H.$ pylori! será!mesmo! o! TLRg2! embora! o!
TLRg4!também!desempenhe!um!papel!relevante!na!estimulação!da!produção!de!
citocinas!pelas!células!dendríticas,!em!resposta!à!presença!desta!bactéria!141,!549.!
Revisão da Literatura
!78!
O! TLRg1! funciona! como! um! cogrecetor! do! TLRg2! e,! Mayerle! et$ al.! mostraram!
recentemente! a! existência! de! uma! possível! associação! entre! o! TLRg1! e! a!
prevalência!da!infeção!por!H.$pylori!550.!!
O! TLRg9! é! um! importante! PRR! na! identificação! intracelular! deste!
microrganismo! 549.!Um!estudo!recente!mostrou!que! ratos! com!défice!de!TLRg9!
apresentam!gastrite!mais!severa!em!resposta!à! infeção!por!esta!bactéria,!o!que!
demonstra! que! a! resposta! próginflamatória! a! este! bacilo! é!modulada! de! forma!
negativa!por!este!recetor,!expresso!nas!células!dendríticas!e!nos!macrófagos!551.!
A!eventual!relação!dos!TLR!com!as!lesões!prégneoplásicas!e!o!carcinoma!
gástrico!é!controversa.!Um!estudo!português!mostrou!um!aumento!da!expressão!
dos! TLRg2,! TLRg4! e! TLRg5! na! displasia! gástrica,! sugerindo! que! estes! recetores!
podem!desempenhar!um!papel!no!desenvolvimento!do!adenocarcinoma!552.!Um!
trabalho! posterior,! deste! mesmo! grupo,! evidenciou! expressão! aumentada! dos!
TLR,!sobretudo!do!TLRg2,!na!mucosa!de!doentes!com!gastrite!crónica!secundária!
à!infeção!por!H.$pylori!e!também!nos!doentes!com!displasia/metaplasia!intestinal!553.!
Alguns!estudos!mostraram!que!existe!uma!ligação!entre!os!polimorfismos!
TLRA4$+299A/G! e!+399T/I! e!a!presença!de!gastrite!e!atrofia!da!mucosa!embora!
estes!resultados!sejam!contrariados!por!outras!publicações!547,!554g557.!Chen!et$al.,!
numa! metaganálise! recente! envolvendo! 21! estudos! com! 3.436! casos! e! 4.239!
controlos,!mostraram!que!os!polimorfismos!TLRA4$+299A/G!e!+399T/I!acarretam!
um! risco! aumentado! de! carcinoma! gástrico! 558.! Este! último! polimorfismo! está!
associado!com!incremento!do!risco!de! lesões!prégneoplásicas!na!Índia!mas!não!
com!as!eventuais!manifestações!clínicas!da! infeção!em!diversas!populações! 547,!
555,! 557.! Já! o! polimorfismo! TLRA4$ +896A/G! constitui! um! fator! de! risco! para!
carcinoma! gástrico,! principalmente! em! doentes! infetados! por! H.$ pylori! que!
apresentam!lesões!prégneoplásicas!559.!
O! polimorfismo! A1237T/C! no! TLRg9! está! associado! com! o! aumento! do!
risco!de!condições!prégneoplásicas!mas!não!com!o!próprio!carcinoma!gástrico!560.!!
Uma!deleção!de!22!bp!(g196!a!g174)!na!região!promotora!do!TLRg2!está!
associada! com! a! metaplasia! intestinal! em! doentes! mais! idosos! e,! com! o!
carcinoma!gástrico!mas!não! com!a!úlcera!péptica! 561,!562.!À! semelhança!do!que!
acontece! com! vários! outros! aspetos! da! infeção! por! H.$ pylori,! os! resultados!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 79!
obtidos! nos! trabalhos!previamente! citados!não! foram! reproduzidos! em!estudo!
posterior,!realizado!igualmente!no!Japão!563.!
'
2.1.8.4)'Fator'de'Necrose'Tumoral'
!
! Na! mucosa! gástrica! humana! colonizada! por!H.$ pylori! não! encontramos!
apenas!níveis!elevados!de!ILg1β!mas!também!de!TNFgα.!Esta!é!uma!citocina!próg
inflamatória,!produzida!pelos!macrófagos!em!resposta!aos!produtos!bacterianos!
e! apresenta! atividade! supressora! da! secreção! ácida! 14.! Polimorfismos! que!
aumentam! a! expressão! do! TNFgα,! como! o! TNFAαA308,! estão! associados! com!
aumento! do! risco! de! carcinoma! gástrico! e! seus! precursores,! assim! como! de!
doença! ulcerosa! péptica! 43,! 522,! 564,! 565.! Contudo,! há! estudos! com! resultados!
díspares,! quer! em! caucasianos! quer! em! asiáticos! 557,! 566g568.! Metaganálises!
recentes!comprovaram!esse!aumento!do!risco!para!o!TNFAαA308G/A,!mas!apenas!
nas!populações!ocidentais!145,!569,!570.!A!metaganálise!de!Peleteiro!et$al.!contraria!
estas!publicações,!denunciando!a!ausência!de!vínculo!entre!os!genótipos!TNFAαA
308GA!ou!TNFAαA308AA!e!as!lesões!prégneoplásicas!ou!o!carcinoma!gástrico!528.!
! Foram! igualmente! identificados!outros!polimorfismos!nas!posições!857,!
863!e!1031,! relacionados! com! incremento!do! risco!de!doença!ulcerosa!péptica!
em!diferentes!populações!568,!571,!572.!
! O!TNFgα,!tal!como!a!ILg1,!inibe!a!secreção!ácida!gástrica.!Seria!expectável!
uma!eventual! influência!dos!seus!polimorfismos!sobre!o!sucesso!dos!esquemas!
de!erradicação!mas,!até!ao!presente!momento,!esta!potencial!associação!não!foi!
comprovada!536,!538.!
!
2.1.8.5)'Interleucina'8'e'Interleucina'10'
!
! A! ILg10! é! uma! citocina! antiginflamatória! que! suprime! a! produção! de!
vários! mediadores! inflamatórios! como! a! ILg1,! ILg6,! ILg12! e! TNFgα! 189.! A! sua!
produção!parece!ser!fundamental!no!estabelecimento!de!uma!infeção!crónica,!ao!
controlar! a! resposta! inflamatória! do! hospedeiro.! Ela! é! expressa! em! níveis!
significativos!na!mucosa!gástrica!e!sangue!periférico!de!indivíduos!infetados!por!
Revisão da Literatura
!80!
H.$pylori!573,!574.!Há!três!polimorfismos!na!região!promotora!(A1082G/A;!A819C/T;!
A592C/A)! os! quais,! combinados,! originam! três! haplótipos! principais:! GCC!
(aumento!da!produção!de!ILg10);!ACC!e!ATA!(diminuição!da!produção!de!ILg10).!
Estes!últimos!podem!aumentar!a! severidade!da!gastrite!assim!como!o! risco!de!
lesões! prégmalignas! e! carcinoma! gástrico! distal! 522,! 571,! 575,! 576.! Contudo,! esta!
correlação! é! questionada! por! outros! trabalhos! 557,!566,!577,!578.! Uma!metaganálise!
publicada!em!2012!identificou!um!papel!protetor!do!polimorfismo!ILA10A819TT!
em!relação!ao!desenvolvimento!do!carcinoma!gástrico!mas,!apenas!nos!Asiáticos!
e!sem!interferência!da!presença!da! infeção!por!H.$pylori! 579.!Outra!metaganálise!
evidenciou! um! papel! favorecedor! do! A1082G/A! no! desenvolvimento! do!
carcinoma!gástrico!em!Asiáticos!mas!um!efeito!oposto!nas!outras!etnias!145.!
A! ILg10! é! expressa! pelos! linfócitos! Treg! e,! como! já! foi! referido! noutro!
capítulo,! estes! linfócitos! estão! diminuídos! nos! doentes! com! úlcera! duodenal,!
embora! o! inverso! tenha! sido! demonstrado! num! estudo!mais! antigo! 123,!580.! Os!
níveis! de! ILg10! também! estão! inversamente! correlacionados! com! a! resposta!
mediada!pela!ILg8!e!a!densidade!de!colonização!123.!!
Esta!citocina!também!pode!influenciar!o!sucesso!dos!tratamentos!antigH.$
pylori,! embora! isto! seja! controverso! 536.! Zambon! et$ al.! demonstraram! a!
ocorrência!de!maior!sucesso!terapêutico!nos!doentes!portadores!dos!genótipos!
ILA10A819TT!e!ILA10A592AA!581.!
A! ILg8! é! uma! quimiocina! produzida! principalmente! pelos!macrófagos! e!
que! desempenha! um! papel! fundamental! no! recrutamento! e! ativação! dos!
neutrófilos.!A!sua!produção!está!claramente!aumentada!na!infeção!por!H.$pylori!e!
é,! provavelmente,! a! citocina! mais! relevante! na! resposta! do! hospedeiro! a! este!
microrganismo!189.!Os!polimorfismos!que!promovem!o!aumento!da!expressão!da!
ILg8! induzem! uma! inflamação! gástrica! mais! severa! e! maior! potencial! para!
desenvolver! lesões! prégneoplásicas,! quer! nos! europeus! quer! nos! asiáticos,!
embora! nem! todos! os! estudos! sejam! concordantes! 14.! O! mais! relevante! é! o! A
251A/T! que! está! associado! a! risco! aumentado! de! úlceras,! gastrite! atrófica! e!
carcinoma! gástrico! nos! Japoneses,! carcinoma! gástrico! nos! Chineses,! úlcera!
duodenal!e!gastrite!nos!Húngaros!e!carcinoma!gástrico!nos!Mexicanos!547,!556,!582,!
583.! Contudo,! não! se! identificaram! associações! com! patologias! gástricas! nos!
Finlandeses!e!Portugueses!refletindo,!uma!vez!mais,!a! importância!da!etnia! 584,!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 81!
585.! Num! estudo! europeu! identificougse! mesmo! uma! redução! do! risco! de!
carcinoma!gástrico!distal!do!tipo!intestinal!em!indivíduos!infetados!por!H.$pylori!
que!apresentavam!o!genótipo! ILA8A251AA! 527.!Na!metaganálise!de!Persson!et$al.!
não!se!objetivou!qualquer!ligação!entre!este!polimorfismo!e!o!carcinoma!gástrico!
145.! Já! a! metaganálise! de! Yin! et$ al.! mostrou! a! presença! de! uma! relação! do!
polimorfismo! ILA8A251A/T! com! o! risco! de! doença! ulcerosa! péptica!mas! só! nos!
asiáticos!infetados!por!H.$pylori!586.!
A! ILg8! está! associada! com! o! processo! inflamatório! gástrico! e,!
teoricamente,! os! seus! níveis! poderiam! influenciar! a! resposta! às! terapêuticas!
antimicrobianas.! Contudo,! um! estudo! de! 2012! envolvendo! 153! doentes!
submetidos! a! terapêutica! tripla! durante! uma! semana! comprovou! que! o!
polimorfismo!ILA8A251A/T!não!influencia!a!taxa!de!erradicação!587.!
!
2.1.8.6)'Interleucina'17'e'Interleucina'23'
!
! A! ILg17! está! envolvida! na! resposta! imune! inata! e! na! resposta! imune!
adaptativa.! Ela! induz! a! secreção! de! citocinas! próginflamatórias! como! a! ILg8,!
através!da!via!das!cinases!ERK!1/2,!e!o!recrutamento!de!células!como!neutrófilos!
e! macrófagos,! revelandogse! um! importante! mediador! da! inflamação!
desencadeada!por!H.$pylori!588,!589.!Já!a!ILg23!estimula!a!diferenciação!das!células!
Th17!e!está!envolvida!em!várias!condições!inflamatórias!intestinais!assim!como!
no!desenvolvimento!de!neoplasias! 590.!Vários!estudos!comprovam!a!associação!
destas!interleucinas!com!risco!aumentado!de!manifestações!clínicas!associadas!à!
infeção! por! H.$ pylori$ 591.! Alguns! polimorfismos! da! ILg17,! como! o! rs2275913!
(G197A),! acarretam! risco! aumentado! de! carcinoma! gástrico! em! diferentes!
populações!592g594.!Este!mesmo!polimorfismo!parece!aumentar!a!suscetibilidade!
à! úlcera! péptica! gastroduodenal! e! o! desenvolvimento! de! atrofia! da! mucosa!
gástrica!595.!Também!existe!uma!correlação!dos!níveis!da!ILg23!com!a!presença!
de!gastrite!crónica!e!doença!ulcerosa!péptica!596.!O!bloqueio!da!produção!ou!da!
atuação! da! ILg17! poderá! constituir! uma! abordagem! terapêutica! potencial! nos!
doentes!infetados!por!H.$pylori!127.!
!
Revisão da Literatura
!82!
2.1.8.7)'Interferão'gama'
!
! O!IFNgΥ!é!produzido!primariamente!pelas!células!Th1!e!desempenha!um!
papel! fundamental! na! patologia! da! infeção! por! H.$ pylori.! Vários! estudos!
publicados! não! mostraram! associação! dos! polimorfismos! do! IFNgΥ! com! a!
patogénese!ou!as!manifestações!clínicas!da!infeção!571,!577,!578.!Contudo,!têm!sido!
identificadas!correlações!com!os!recetores!desta!citocina,!o!IFNGR1!e!o!IFNGR2.!
Um!estudo!português!mostrou!que!o!polimorfismo!IFNGR1A56C/T,!que!se!traduz!
numa! perda! de! função! do! recetor,! está! associado! a! risco! aumentado! de!
carcinoma!gástrico!597.!
!
2.1.8.8)'Antigénios'do'Complexo'Major'de'Histocompatibilidade'
!
! Os! antigénios! da! classe! II! do! complexo!major! de! histocompatibilidade!
(MHC),!denominados!de!HLAgDR,!HLAgDP!e!HLAgDQ,!são!utilizados!pelas!células!
apresentadoras!de!antigénios,!como!os!macrófagos!e!as!células!dendríticas,!para!
ativar! as! células! Th.! Vários! estudos! japoneses! mostraram! que! os! alelos! HLAA
DQA*0102,! HLAADQB1*0601! e! HLAADRB1*1502! reduzem! o! risco! de! gastrite!
atrófica,! úlcera! péptica! e! adenocarcinoma! gástrico,! embora! o! HLADQB1*0601!
aumente! o! risco! de! linfoma! MALT! 598g601.! Em! contrapartida,! vários! estudos!
mostram! a! inexistência! de! uma! associação! das! moléculas! HLA! com! patologia!
gástrica!nos!caucasianos,!confirmando!a!importância!da!etnia!neste!contexto!189.!
!
2.1.8.9)'Transforming+Growth+Factor+β*!
! O! TGFgβ! é! uma! citocina! pleiotrópica! com! importantes! propriedades!
imunorreguladoras,! inibindo! a! apresentação! de! antigénios! e! a! proliferação! de!
linfócitos.! Contudo,! ela! é! quimiotática! para! os! monócitos,! podendo! induzir! a!
produção!de!citocinas!por!esta!via!189.!Numa!fase!precoce,!o!TGFgβ!tem!um!efeito!
antigtumoral,!inibindo!a!proliferação!celular!e!promovendo!a!apoptose.!Contudo,!
uma! vez! desenvolvido! o! carcinoma,! esta! citocina! até! pode! promover! o! seu!
crescimento!e!disseminação!602,!603.!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 83!
Existem! três! polimorfismos! do! gene! TGFAβ1! (+509C/T;! +869T/C! e!
+915G/C),!os!quais!condicionam!redução!do!risco!de!desenvolvimento!de!úlcera!
péptica!603,!604.!Já!relativamente!à!relação!com!o!carcinoma!gástrico,!dois!estudos!
realizados!na!China!demonstraram!um!aparente!efeito!protetor!do!polimorfismo!
+509C/T,!pelo!menos!para!os!estadios! iniciais!da!doença!602,!605.!Por!outro! lado,!
este! haplótipo! não! está! associado! à! presença! de! metaplasia! intestinal! em!
indivíduos!infetados!por!H.$pylori!606.!
!
Analisadas! todas! estas! condicionantes,! importa! referir! que! existe! um!
efeito! combinado! e! progressivo! dos! polimorfismos! das! citocinas! pró! e! antig
inflamatórias,! de! tal! modo! que! a! presença! de! três! alterações! genéticas! deste!
género!aumentam!o!risco!de!neoplasia!gástrica!em!27!vezes!522.!Por!outro!lado,!
também! ocorre! um! sinergismo! entre! os! fatores! de! virulência! de!H.$pylori! e! os!
fatores!genéticos!do!hospedeiro!42.!
'
2.1.9)'Tratamento'de'Helicobacter+pylori'
2.1.9.1)'Indicações'para'erradicação'
!
! A! descoberta! de!H.$ pylori! em! 1982! representou! um! avanço! notável! na!
abordagem!diagnóstica!e!terapêutica!de!múltiplas!patologias!gastroduodenais.!A!
eliminação! deste! agente! infecioso! representa! uma! forma! de! prevenção! e/ou!
tratamento!de!várias!doenças!gastrenterológicas!e!hematológicas,!existindo!hoje!
indicações! precisas! para! propor! terapêutica! de! erradicação.! Foram! publicadas!
várias! recomendações! sobre! este! tema,! inclusive! em!Portugal,! sendo!as!que! se!
encontram! nos! consensos! de! Maastricht! as! mais! relevantes! 1,! 24,! 607g613.!
Curiosamente,! é! possível! encontrar! diferenças! importantes! nas! guidelines,!
mesmo! quando! estas! são! publicadas! em! países! próximos! e! com! realidades!
similares!614.!Há!mesmo!quem!defenda!que!a!pesquisa!e!erradicação!de!H.$pylori!
poderá!vir!a!abranger!várias!outras!patologias,!gástricas!e!extraggástricas!615.!
! No! cômputo! global,! as! principais! indicações! para! realizar! a! pesquisa! e!
subsequente!erradicação!de!H.$pylori!são:!
1. Doença!ulcerosa!péptica,!complicada!ou!não;!
Revisão da Literatura
!84!
2. Gastrite!crónica!atrófica!e/ou!metaplasia!intestinal;!
3. Antecedentes! pessoais! de! resseção! cirúrgica! ou! endoscópica! de!
carcinoma!gástrico;!
4. História!de!carcinoma!gástrico!em!familiares!de!primeiro!grau;!
5. Linfoma! MALT! gástrico! nos! estadios! iniciais,! sobretudo! se! a!
translocação!t(11;18)!(q21;q21)/API2gMALT1!estiver!ausente;!
6. Dispepsia!não! investigada!em!doentes! com!menos!de!45!anos!e! sem!
sinais/sintomas! de! alarme! (emagrecimento! não! intencional,!
linfadenopatias,! anemia! ferripriva,! perdas! hemáticas! visíveis,! massa!
abdominal,! disfagia,! história! pessoal! ou! familiar! de! carcinoma!
gástrico),!desde!que!a!prevalência!local!da!infeção!por!H.$pylori!seja!≥!
20%!(esta!recomendação!não!se!aplica!nas!crianças);!
7. Antes!de!iniciar!terapêutica!crónica!com!AINEs;!
8. Antes!de! iniciar! terapêutica! crónica! com!antiagregantes!plaquetares,!
sobretudo! se! o! risco! de! desenvolver! doença! ulcerosa! péptica! e! suas!
complicações! for! elevado! (idade! >75! anos;! uso! concomitante! de!
anticoagulantes,! corticosteróides,! inibidores! seletivos! da! recaptação!
da!serotonina;!comorbilidades!graves;!tabagismo!ativo);!
9. Doentes! já!medicados!com!antiagregantes!plaquetares!e!que! tenham!
antecedentes!de!complicações!de!doença!ulcerosa!péptica;!
10. Indivíduos!que!vão!necessitar!de!terapêutica!crónica!com!IBP;!
11. Prevenção! do! carcinoma! gástrico! em! comunidades! com! elevada!
prevalência!desta!neoplasia;!
12. Anemia!por!deficiência!de! ferro,!não!se! tendo!detetado!um!potencial!
foco!hemorrágico!após!avaliação!complementar!detalhada;!
13. Púrpura!trombocitopénica!idiopática!crónica;!
14. Deficiência!de!vitamina!B12;!
15. Vontade! expressa! do! doente/utente! (a! possibilidade! de! tratamento!
deve!ser!oferecida!a!todos!os!indivíduos!em!que!se!tenha!estabelecido!
o!diagnóstico,!mesmo!que!este!tenha!sido!fortuito).!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 85!
Também! é! consensual! que! a! pesquisa! de! H.$ pylori! pode! ser! realizada!
através! de! dois! tipos! de! testes,! sendo! a! cultura! considerado! o! método! de!
referência!616:!
1. Invasivos!
a. Endoscopia!digestiva!alta!com!biopsias!
i. Teste!rápido!da!urease!
ii. Histologia! com! colorações! específicas! (Giemsa!
modificado,!WarthingStarry)!
iii. Cultura!
iv. Métodos!moleculares!
2. Não!invasivos!
a. Serologia!
b. Teste!respiratório!da!ureia!marcada!com!13C!(UBT)!
c. Pesquisa!de!antigénios!fecais.!
!
O!UBT!é!o!melhor!método!para!diagnosticar!a!infeção!pois!é!não!invasivo,!
fácil!de!aplicar!e! tem!uma!excelente!acuidade!diagnóstica!1.!A!serologia!poderá!
apresentar!algumas!vantagens!nas!situações!em!que!a!carga!bacteriana!é!baixa,!
comprometendo! a! acuidade! do! UBT.! É! o! caso! da! toma! atual! de! IBP! ou!
antibióticos,!úlcera!péptica!sangrante,!atrofia!e/ou!metaplasia!intestinal!extensa,!
carcinoma! ou! linfoma! MALT! gástrico! 1.! É! igualmente! importante! confirmar! o!
sucesso!da!erradicação!realizando!nova!avaliação!4!a!8!semanas!após!completar!
o! tratamento,! preferencialmente! com! UBT! ou,! caso! seja! necessário! avaliação!
endoscópica,!por!métodos! invasivos.!Para!que!o!UBT!seja!positivo!é!necessário!
uma! carga! bacteriana! mínima! de! 100.000! microrganismos,! o! que! pode! não!
suceder!nas!primeiras!4!semanas!após!uma!terapêutica!infrutífera!pelo!que,!este!
é! o! tempo! mínimo! que! deve! ser! cumprido! antes! de! se! realizar! o! teste!
respiratório! de! controlo,! para! evitar! falsos! negativos! 617.! A! própria! histologia!
pode! ver! a! sua! sensibilidade! prejudicada! se! o! doente! apresentar! uma! baixa!
densidade!de!colonização!618.!!
Se!o! título!de!anticorpos!6!meses!depois!do! tratamento!apresentar!uma!
redução!≥25%!comparativamente!ao!valor!basal,! isso!pode!traduzir!sucesso!na!
erradicação! 617.! As! guidelines! japonesas! assumem! o! êxito! da! terapêutica! se!
Revisão da Literatura
!86!
ocorrer!uma!redução!≥50%!do!título!de!anticorpos!IgG!em!6!a!12!meses!após!o!
tratamento!619.!Contudo,!na!generalidade!dos!casos,!esta!norma!não!é!exequível!
na!atividade!clínica!diária!e!a!serologia!praticamente!não!tem!lugar!no!controlo!
pósgterapêutica.!!
É! ainda! possível! identificar! a! presença! de!H.$pylori! por! técnica! de! PCR,!
tendo! como! alvo! genes! específicos! e! altamente! conservados! 617.! Esta! técnica! é!
extremamente! sensível! e! específica! quando! aplicada! a! amostras! gástricas!mas,!
para! outros! tecidos! e! fluidos! é! mais! complexa! e! requer! a! conjugação! de! dois!
alvos!genéticos!distintos.!Esta!metodologia!poderá!ser!uma!boa!alternativa!nos!
casos! em! que! a! carga! bacteriana! é! baixa,! como! por! exemplo! nos! doentes! com!
hemorragia! digestiva,! quando! o! crescimento! bacteriano! é! lento! ou! os!
microrganismos! são! difíceis! de! identificar! 620.! Esta! técnica! tem! maior!
sensibilidade! para! deteção! de! infeção! do! que! a! cultura! 621.! Os! genes! mais!
frequentemente! pesquisados! são! o! 23S$ rRNA,! 16S$ rRNA,! ureA,! glmM! e! recA,$
embora!muitos!outros!estejam!reportados!na!literatura!620,!621.!
De! referir! que,! no! momento! atual,! graças! aos! avanços! dos! métodos! de!
imagem! endoscópica! e! de! endomicroscopia! confocal,! é! possível! realizar! o!
diagnóstico!da! infeção! in$vivo!através!da!visualização!direta!de!H.$pylori!a!nível!
gástrico!622.!Esta!técnica!está!ainda!muito!longe!de!uma!aplicação!prática!eficaz!
na!maioria!dos!centros.!
!
2.1.9.2)' Fundamentos' para' os' fármacos' e' esquemas' terapêuticos' utilizados' no'
tratamento'de'Helicobacter+pylori'!
! O! H.$ pylori! é! naturalmente! resistente! aos! glicopeptídeos,! cefsulodina,!
polimixinas,!ácido!nalidíxico,!trimetoprim,!sulfonamidas,!nistatina,!anfotericina!B!
e!cicloheximida!617.!Em!contrapartida,!as!estirpes!wildAtype!(WT)!são!sensíveis!a!
múltiplos!antibióticos,!incluindo!βglactâmicos!(exceto!a!cefsulodina),!macrólidos,!
fluoroquinolonas,! 5gnitroimidazóis,! tetraciclinas,! fosfomicina,! aminoglicosídeos,!
cloranfenicol,! rifampicinas!e!nitrofuranos!617,!623.!Todos!eles! têm!sido!utilizados!
em! esquemas! de! erradicação,! com! exceção! do! cloranfenicol! devido! à! sua!
toxicidade,!e!os!aminoglicosídeos!devido!à!ausência!de!difusão.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 87!
! Assim,! o!H.$pylori! é! sensível! a! vários! antibióticos!mas! a! sua! localização!
particular,!no! seio!do!muco!gástrico!e!num!ambiente! com!um!gradiente!de!pH!
muito! significativo,! comprometem! a! sua! eliminação! 624.! Quando! o! pH! é! baixo!
vários! antibióticos,! como! a! claritromicina,! degradamgse! rapidamente! e! outros,!
como!a!amoxicilina,!mostram!uma!atividade!mais!reduzida!625,!626.!Com!um!pH!de!
2! o! metronidazol! tem! uma! semigvida! de! 800! h,! a! amoxicilina! de! 15! h! e! a!
claritromicina!inferior!a!1!h!627,!628.!A!atividade!eficaz!destes!dois!antibióticos!só!é!
possível! em! pH! superior! a! 4! 629.! Esta! foi! a! razão! que! justificou! a! falência!
terapêutica! dos! regimes! iniciais,! compostos! por! antibiótico! em! monoterapia.!
Tornougse! assim! fundamental! associar! um! inibidor! da! secreção! ácida! gástrica,!
inicialmente!antagonistas!dos!recetores!H2!da!histamina!e,!posteriormente,!IBPs!
624.! De! referir! que! estes!mesmos! fármacos! podem! apresentar! atividade! antigH.$
pylori,!sendo!a!Concentração!Mínima!Inibitória!(CMI)!menor!para!o!rabeprazol,!
seguindogse!o!lansoprazol,!o!omeprazol!e!o!pantoprazol!630g632.!Contudo,!os!níveis!
necessários! para! que! os! IBP! exerçam! a! sua! atividade! antibacteriana! não! são,!
provavelmente,! alcançáveis! na! mucosa! gástrica! em! condições! fisiológicas!
normais!624.!Ainda!neste!contexto!importa!referir!que!o!H.$pylori!só!entra!em!fase!
replicativa,!durante!a!qual!é!mais!sensível!aos!agentes!antimicrobianos,!quando!o!
pH! periplásmico! alcança! os! 6! a! 8! 632,! 633.! Esta! é! mais! uma! razão! para! a! suma!
importância!de!uma!correta!supressão!ácida!gástrica.!
! Inicialmente!pensavagse!que!os!fármacos!atuariam!diretamente!por!ação!
tópica!mas,!com!exceção!dos!sais!de!bismuto,!para!os!quais!um!contacto!de!curto!
prazo! é! suficiente! para! destruir! as! bactérias,! é! necessária! uma! exposição!
prolongada! dos!microrganismos! aos! antibióticos! para! que! os!mesmos! possam!
ser! eficazes.! Tal! só! é! possível! através! de! difusão! sistémica! pelo! que! os!
antibacterianos! utilizados! têm! de! apresentar! capacidade! de! difusão! para! a!
mucosa!gástrica!624,!634.!Contrariamente!à!amoxicilina,!a!claritromicina!é!capaz!de!
atuar! a! nível! intracelular.! Isto!permite! a! eliminação!das! raras! bactérias! que! se!
instalam!no! interior!das!células!epiteliais!e!que!desempenham!um!papel!muito!
importante!na!história!natural!da! infeção!635.!Por!outro! lado,!a!claritromicina!é!
libertada!de!forma!lenta!na!camada!de!muco!gástrico,!mantendo!concentrações!
adequadas! por! períodos! mais! prolongados.! Já! a! amoxicilina! difundegse! nos!
espaços! intercelulares! e! só! é! eficaz! enquanto! os! seus! níveis! sanguíneos! forem!
Revisão da Literatura
!88!
elevados.! Isto!pode! ser!alcançado!com!administrações!mais! frequentes!ou! com!
recurso!à!via!endovenosa.!Quanto!aos!antibióticos!mais!recentes,!admitegse!que!
as!fluoroquinolonas!e!as!rifampicinas!também!podem!atuar!a!nível!intracelular.!
! Finalmente,! a! combinação! de! fármacos! no! tratamento! de! H.$ pylori! é!
importante!porque!os!seus!efeitos!são!sinérgicos!e!a!sua!utilização!concomitante!
evita!o!desenvolvimento!de!resistências!624.!!
Os! antibióticos! mais! utilizados! no! tratamento! desta! infeção! têm!
diferentes! mecanismos! de! ação.! A! claritromicina,! um! agente! bacteriostático,!
inibe!a!síntese!proteica!ao!ligargse!aos!ribossomas!bacterianos,!bloqueando!a!sua!
atividade.! Esta! molécula! tem! a! mesma! ação! antibacteriana! que! os! outros!
macrólidos!mas! apresenta!melhor! capacidade! de! difusão! no!muco! gástrico! e! é!
ligeiramente!mais!estável!em!meio!ácido.!As!tetraciclinas!também!exercem!a!sua!
ação!bacteriostática!através!de!um!bloqueio!similar!da!síntese!proteica,!inibindo!
a! ligação! do! aminoacilgtRNA! ao! ribossoma.! O! metronidazol! é! um! antibiótico!
nitroimidazólico,!com!efeito!bactericida,!particularmente!eficaz!contra!bactérias!
Gram!negativas!e!protozoários.!É!administrado!como!um!prógfármaco!e,!após!um!
processo! de! redução! nãogenzimático,! é! integrado! no! DNA! bacteriano! e! forma!
moléculas!instáveis!que!conduzem!à!morte!do!microrganismo!9.!A!amoxicilina!é!
um! antibiótico! betaglactâmico,! bactericida,! muito! útil! nos! esquemas! de!
tratamento!de!H.$pylori!1.!Este!fármaco!interfere!com!a!síntese!de!peptidoglicano!
bloqueando! determinados! transportadores! como! as! proteínas! de! ligação! à!
penicilina! 617.! A! levofloxacina! é! um! antibiótico! bactericida! (em! doses!
supraterapêuticas! tornagse! bacteriostático)! do! grupo! das! fluoroquinolonas! e!
apresenta!um!espectro!de!ação!muito!alargado.!Esta!quinolona!bloqueia!a!DNA!
girase!e!as!topoisomerases!II!e!IV,!enzimas!necessárias!no!ciclo!de!divisão!celular!
636.! A! rifabutina! é! um!antibiótico! bactericida! que! exerce! a! sua! ação! através! do!
bloqueio!da!RNA!polimerase!DNAgdependente!9.!
Os! mecanismos! de! ação! dos! sais! de! bismuto! são! complexos! e! não!
totalmente! compreendidos.! Aparentemente,! estes! compostos! exercem! a! sua!
atividade! antigbacteriana! sobre! o! H.$ pylori! inibindo! a! síntese! proteica,! de!
adenosina! trifosfato! e! da! própria! membrana! citoplasmática,! promovendo! a!
disrupção!da!parede!bacteriana!637.!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 89!
2.1.9.3)'História'dos'tratamentos'de'erradicação'de'Helicobacter+pylori'!
! O! tratamento! de! H.$ pylori! sofreu! evoluções! significativas! desde! os!
primeiros! esquemas,! propostos! em! 1988.! A! monoterapia! foi! rapidamente!
abandonada,! seguindogse! a! terapêutica! dupla,! tripla! e,! mais! recentemente,!
quádrupla.! Foi! necessário! acrescentar! agentes! antisecretores! e! assumir! que! o!
tratamento!desta!bactéria! é! complexo,! sendo! comparável! ao!que!ocorre! com!o!
Mycobacterium$tuberculosis.!
! Na!realidade,!o!primeiro!doente!foi!tratado!em!1981!por!Robin!Warren!e!
Barry! Marshall.! Tratavagse! de! um! doente! idoso,! do! sexo! masculino,! com! uma!
gastrite!severa!e!com!incontáveis!microrganismos!similares!a!Campylobacter!nas!
biopsias! gástricas.! Nesta! fase,! ainda! nem! se! tinha! conseguido! realizar! cultura!
deste!bacilo!com!sucesso,!pelo!que!a!aplicação!de!um!eventual!tratamento!estava!
no! limite! do! eticamente! aceitável.! Sabendo! que! as! bactérias! do! género!
Campylobacter! eram! sensíveis! à! tetraciclina,! estes! investigadores! decidiram!
utilizar!este!antibiótico!durante!14!dias!e,!na!realidade,!o!doente!experimentou!
consideráveis! melhorias! clínicas.! Na! endoscopia! de! reavaliação! os! sinais! de!
inflamação! aguda! e! a! bactéria! tinham! desaparecido! 16.! Após! o! isolamento! do!
microrganismo!e!o!seu!crescimento!bem!sucedido!em!cultura,!Marshall!B.!iniciou!
uma! série! de! pesquisas! visando! identificar! agentes! terapêuticos! que! fossem!
ativos!contra!o!mesmo.!Baseandogse!na!observação!de!que!a!taxa!de!recidiva!de!
úlcera! péptica! era! inferior! nos! doentes! tratados! com! sais! de! bismuto!
comparativamente! aos! tratados! com! cimetidina,! ele! resolveu! acrescentar! estes!
dois!fármacos!a!culturas!de!Campylobacter$pyloridis!e!observou!áreas!de!inibição!
do!crescimento!bacteriano!apenas!com!os!sais!de!bismuto!16,!638.!Posteriormente!
realizou! avaliações! terapêuticas! com! esquemas! duplos,! associando! os! sais! de!
bismuto!a!nitroimidazóis,!amoxicilina!ou!tetraciclina.!
! Assim,!o!primeiro!esquema!terapêutico!na!verdadeira!acepção!do!termo!
foi! apresentado! por! Marshall! et$ al.! em! 1988! 235.! Num! estudo! randomizado! e!
controlado! os! autores! conseguiram! erradicar! a! bactéria! em! 27%! dos! doentes!
submetidos! a! monoterapia! com! subcitrato! de! bismuto! coloidal! e! 70%! dos!
doentes!que!receberam!este!mesmo!fármaco!associado!ao!tinidazol!235.!Um!ano!
mais!tarde!Axon!AT!sugere!uma!terapêutica!tripla!com!bismuto,!metronidazol!e!
Revisão da Literatura
!90!
amoxicilina!ou!tetraciclina!639.!Nesse!mesmo!ano!Unge!et$al.!publicam!o!primeiro!
estudo!em!que!é!utilizado!o!omeprazol,!neste!caso!associado!à!amoxicilina!640.!
! A! terapêutica! tripla! incluindo! IBP! foi! sugerida! por! Bazzoli! et$ al.! que!
alcançaram!uma!taxa!de!erradicação!de!95,4%!com!a!combinação!de!omeprazol,!
claritromicina!e!tinidazol!durante!7!dias!641.!Em!1996!o!estudo!MACH!1!mostrou!
que!a!combinação!IBP,!amoxicilina!e!claritromicina!era!a!mais!eficaz!642.!Algum!
tempo!depois!foi!aprovada!pela!US!Food!and!Drug!Administration!(FDA)!para!ser!
utilizada!por!um!período!de!14!dias.!Mais! tarde!tentou!reduzirgse!esse!período!
para! 7! dias,! na! perspectiva! de! que! isso! aumentaria! a! adesão! ao! tratamento,!
diminuiria!os!efeitos!secundários!e!os!custos!643.!
! O!Grupo!Europeu!de!Estudo!de!H.$pylori!publicou,!em!1997,!os!primeiros!
consensos!de!Maastricht.!Defendiam!que!o!esquema!empírico!de!primeira!linha!
consistia!na!utilização! concomitante!de! três! fármacos,! incluindo!um! IBP!e!dois!
antibióticos,!a!escolher!entre!a!claritromicina,!a!amoxicilina!e!os!nitroimidazóis!
(metronidazol!ou!tinidazol).!O!tratamento!teria!uma!duração!de!7!dias!e,!no!caso!
de! falência,! estava! recomendada! eventual! cultura! e! antibiograma! ou,! em!
alternativa,! um! esquema! quádruplo! com! bismuto! 17.! Curiosamente,! embora!
existisse! evidência! de! incremento! progressivo! da! resistência! de! H.$ pylori! aos!
antibióticos! e! de! falência! deste! esquema! triplo,! o! mesmo! mantevegse! como!
tratamento!de!primeira! linha!nos!consensos!de!Maastricht!subsequentes!1,!19,!27.!
Apenas!se!recomendou!que!este!esquema!terapêutico!fosse!evitado!nas!regiões!
em!que! a! taxa! de! resistência! de!H.$pylori! à! claritromicina! fosse! superior! a! 15g
20%.! Por! outro! lado,! também! se! recomendou! o! prolongamento! do! tratamento!
por!10!a!14!dias!pois!isso!aumentava!a!eficácia!em!5%!1.!Este!aumento!da!eficácia!
do! esquema! empírico! clássico! com! o! prolongamento! do! tratamento! foi!
comprovado!numa!revisão!Cochrane!de!2013,!sugerindogse!hoje!que!a!duração!
mínima! seja! de! 14! dias! 644.! Contudo,! a! utilização! sistemática! e! não! criteriosa!
deste!esquema!é!muito!contestada,!pois!vários!estudos!mostram!que!as!taxas!de!
eficácia!alcançadas!com!esta!combinação!de!fármacos!são!inaceitáveis!20.!Assim,!
neste! momento! existem! vários! regimes! terapêuticos! recomendados! para!
erradicar! o!H.$pylori$mas!os! resultados,! quando! interpretados!de! forma! global,!
estão!longe!de!ser!encorajadores!645.!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 91!
Tornagse! fundamental! conhecer! as! taxas! de! resistência! de!H.$ pylori! aos!
diversos! antibióticos! em! cada! país! e,! preferencialmente,! em! cada! região,!
estipulando! quais! os! esquemas! terapêuticos! que! funcionam! localmente! e!
utilizando! esses! mesmos! tratamentos! 9,! 20,! 645.! Esta! indicação! é! tanto! mais!
premente!quanto!maior! for!a! taxa!de!prevalência!da! infeção.!Na! realidade,!nos!
primórdios!da!investigação!sobre!H.$pylori!a!maioria!dos!estudos!de!resistência!
eram! realizados! nos! países! desenvolvidos! que,! na! generalidade,! apresentam!
baixos!níveis!de! infeção!por!este!bacilo! 646.!Alguns!estudos! recentes! realizados!
em! Espanha! comprovaram! que,! dentro! do! mesmo! país,! existe! uma! grande!
variabilidade! nos! padrões! de! suscetibilidade! deste! microrganismo! a! alguns!
agentes! antimicrobianos! 453,! 647.! Deste!modo,! as! recomendações! internacionais!
relativas! à! utilização! dos! antibióticos! no! tratamento! desta! infeção! tornamgse!
inúteis!se!o!padrão!local!de!resistências!for!desconhecido!647.!Esta!avaliação!deve!
ser! feita! em! cada! região! e! atualizada! periodicamente,! permitindo! a! adaptação!
das!recomendações!à!realidade!local.!
!
2.1.9.4)'Esquemas'terapêuticos'empíricos'aprovados'para'o'Helicobacter+pylori'!
! Quando! falamos! em! tratamento! de! H.$ pylori! temos! de! considerar! os!
esquemas!de!primeira!linha,!recomendados!como!opção!terapêutica!inicial,!os!de!
segunda!linha,!a!serem!empregues!após!falência!dos!anteriores!e!os!de!terceira!
linha!ou!de!recurso,!quando!dois!ou!mais!tratamentos!prévios!foram!infrutíferos.!
A!interpretação!dos!resultados!deve!ser!feita!em!termos!de!intenção!para!tratar!
(ITT)!e!por!protocolo!(PP).!!
Durante!muito! tempo! considerougse! que! um! esquema! terapêutico! seria!
válido! desde! que! apresentasse! taxas! de! sucesso! superiores! a! 80%! mas,!
atualmente,!só!níveis!superiores!a!90%,!por!protocolo,!serão!aceitáveis!1,!648.!Este!
valor! de! eficácia! é! fundamental! para! evitar! tratamentos! suplementares! e!
desenvolvimento! de! resistências! secundárias! 649.! Mesmo! em! termos! de! custog
eficácia! é! importante! ter! presente! que! a! falência! do! primeiro! esquema! de!
tratamento!acarreta!um!acréscimo!de!custos!muito!relevante,!pelo!que!devemos!
sempre!dar!primazia!ao!protocolo!terapêutico!que!se!revela!mais!eficaz!na!região!
onde!exercemos!a!nossa!atividade!clínica!628.!
Revisão da Literatura
!92!
! A!escolha!do!regime!terapêutico!vai!depender!de!vários!fatores!613:!
1. Prevalência!da!infeção;!
2. Prevalência!do!carcinoma!gástrico;!
3. Resistência!aos!antibióticos;!
4. Custo!do!tratamento;!
5. Disponibilidade! local! de! alguns! fármacos,! nomeadamente! bismuto! e!
tetraciclina;!
6. Disponibilidade!local!de!exames!endoscópicos!e!testes!de!avaliação!da!
presença!de!H.$pylori;!
7. Etnia;!
8. Alergias/Tolerância;!
9. Tratamentos!prévios/Consumo!anterior!de!antibióticos;!
10. Dados!sobre!a!eficácia!local!dos!vários!regimes!terapêuticos;!
11. Facilidade!de!administração;!
12. Efeitos!adversos;!
13. Doses!e!duração!dos!tratamentos.!
!
Apesar!de! todos!os!problemas!e!da!evidência! crescente!da! ineficácia!do!
esquema!empírico!clássico!com!IBP,!amoxicilina!e!claritromicina,!este!continua!a!
ser! recomendado! em! várias! guidelines! 1,!607,!608,!610,!612,!613,!650.! Contudo,! embora!
não! seja! unânime,! assumegse! que! é! desejável! prolongar! o! tratamento! por! um!
período!superior!a!10!dias,!em!detrimento!dos!7!inicialmente!recomendados!1,!607,!
613,!644,!651,!652.! Por! outro! lado,! se! o! padrão! local! de! resistências! de!H.$pylori! aos!
antibióticos! indicar! que! a! sensibilidade! à! claritromicina! é! inferior! a! 80g85%!
então!este!fármaco!não!deve!ser!usado!empiricamente,!pois!as!taxas!de!eficácia!
serão!inferiores!a!80%!1,!608,!610,!611,!613.!
O! esquema! empírico! alternativo! de! primeira! linha! habitualmente!
proposto! consiste! na! associação! de! IBP,! sais! de! bismuto,! tetraciclina! e!
metronidazol,! por! 7! a! 14! dias! 1,! 608.! Esta! modalidade! terapêutica! proporciona!
níveis!de!erradicação!similares!ou!até!superiores!aos!do!esquema!triplo!clássico!
646,!653.!A!eficácia!deste!regime!terapêutico!não!é!comprometida!pela!resistência!
de! H.$ pylori! à! claritromicina.! Mesmo! a! resistência! ao! metronidazol! pode! ser!
minimizada! utilizando! doses! máximas! deste! antibiótico! e! prolongando! o!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 93!
tratamento!por!14!dias!650.!Além!disso,!os!fármacos!envolvidos!apresentam!baixo!
custo!o!que!constitui!uma!vantagem,!sobretudo!nos!países!subdesenvolvidos!628.!
Contudo,!este!esquema!exige!a!toma!diária!de!vários!comprimidos!e!nem!todos!
os!fármacos!estão!facilmente!disponíveis.!Recentemente!foram!propostas!novas!
formulações! terapêuticas! combinando! alguns! dos! princípios! ativos! num! só!
comprimido! 654,! 655.! Os! resultados! são! encorajadores! mas,! infelizmente,! este!
esquema!continua!a!não!ser!viável!em!vários!países.!!
Nestas! circunstâncias,! de! elevada! resistência! local! de! H.$ pylori! à!
claritromicina!e!indisponibilidade!de!bismuto!e/ou!tetraciclina,!foram!sugeridos!
recentemente!dois!esquemas!terapêuticos!1,!611:!!
1. Esquema!quádruplo!sequencial!de!10!dias,!com!IBP!e!amoxicilina!nos!
primeiros! 5! dias! seguidos! de! IBP,! claritromicina! e! metronidazol! ou!
tinidazol!nos!últimos!5!dias;!
2. Esquema! quádruplo! concomitante! utilizando,! em! simultâneo,! IBP,!
amoxicilina,!claritromicina!e!metronidazol!por!um!período!de!10!a!14!
dias,! recorrendo! a! doses! mais! elevadas! de! metronidazol! e! períodos!
mais! prolongados! de! tratamento! se! a! resistência! local! a! este! último!
fármaco!for!elevada.!
!
Os! resultados! iniciais! com! a! terapia! quádrupla! sequencial,! quase! todos!
oriundos! de! Itália,! foram! bastante! encorajadores! 656,! 657.! Uma! das! potenciais!
vantagens! desta! combinação! terapêutica! seria! a! insensibilidade! à! presença! de!
alguns! fatores! que! estão! associados! a! maior! falência! terapêutica,! como! o!
genótipo! cagA! negativo,! o! tabagismo! e! a! dispepsia! não! ulcerosa! 658.! Mesmo!
perante! estirpes! resistentes! à! claritromicina! este! esquema! tem! taxas! de!
erradicação! bastante! superiores! às! do! esquema! triplo! clássico! 645,!659.! Algumas!
revisões! sistemáticas! e! metaganálises! também! foram! favoráveis! à! utilização!
deste!regime!terapêutico!mas!com!ressalvas!nas!respetivas!conclusões!660g662.!E,!
de! facto,! alguns! estudos! realizados! noutros! países! não! foram! tão! animadores.!
Uma!metaganálise!publicada!em!2013!veio!demonstrar!que!a!maior!eficácia!do!
esquema!sequencial!comparativamente!ao!esquema!triplo!clássico!só!se!verifica!
se!a!duração!deste!último!for!inferior!a!10!dias!645,!658,!663.!Já!em!2013!Graham!et$
al.! publicaram! um! trabalho! versando! sobre! as! vantagens! e! inconvenientes! de!
Revisão da Literatura
!94!
cada! esquema! terapêutico,! confirmando! que! o! esquema! sequencial! é! bastante!
robusto,!mesmo!perante!elevadas!taxas!de!resistência!à!claritromicina!(até!30%!
para!uma!duração!de!10!dias!e!até!80%!se!o!esquema! for!prolongado!para!14!
dias)! 664.! Contudo,! este! tratamento,! por! um! período! de! 10! dias,! não! permite!
níveis! de! erradicação! superiores! a! 90%! em! locais! onde! a! resistência! ao!
metronidazol!ou!a!resistência!dupla!claritromicinagmetronidazol!superem!os!20!
e! os! 5%! respetivamente! 664.! Se! o! tratamento! for! prolongado! por! 14! dias! é!
possível! aceitar! taxas! de! resistência! ao! metronidazol! até! 30%,! desde! que! a!
sensibilidade! local! de! H.$ pylori! aos! macrólidos! seja! muito! elevada! 665.! Alguns!
autores! defendem! mesmo! que,! em! regiões! com! taxas! de! resistência! à!
claritromicina!superiores!a!15%,!o!esquema!sequencial!pode!ser!aplicado!mas!a!
claritromicina!deve!ser!substituída!por!levofloxacina,!o!que!proporciona!taxas!de!
erradicação! mais! elevadas! 645,! 666.! Uma! metaganálise! recente! sugere! que! esta!
combinação! terapêutica! pode! ser! vantajosa! nas! estirpes! com! resistência!
simultânea!à!claritromicina!e!ao!metronidazol!645.!
A! terapia! quádrupla! concomitante! apresenta! sistematicamente! taxas! de!
erradicação! a! rondar! os! 90%,! com! valores! superiores! aos! observados! para! o!
tratamento! triplo!clássico!e!mesmo!para!o! tratamento!sequencial,!embora!nem!
sempre! com! significado! estatístico! 663,! 667g673.! Adicionalmente,! o! esquema!
concomitante!parece!ser!mais!eficaz!do!que!o!sequencial!na!presença!de!estirpes!
resistentes!à!claritromicina!e!à!claritromicina!+!metronidazol,!embora!não!deva!
ser! utilizado! se! a! taxa! local! de! resistência! a! este! último! antibiótico! superar! os!
60%!646,!664,!670,!671,!673.!A!metaganálise!supracitada,!de!Gatta!et$al.,!não!demonstrou!
diferenças!de!eficácia!entre!o! regime!concomitante!e!o! regime!sequencial!mas,!
este!trabalho!tem!sido!criticado!porque!o!modo!como!a!comparação!foi!efetuada!
não! terá! sido! o! mais! correto! 674,! 675.! Assim,! é! expectável! que! o! regime!
concomitante!produza!melhores! resultados!que!o! sequencial,! sobretudo! com!o!
aumento!das!taxas!de!resistência!à!claritromicina!675.!
Uma! alternativa! ao! esquema! concomitante! será! o! esquema!híbrido,! que!
consiste! na! utilização! de! IBP! e! amoxicilina! nos! primeiros! 7! dias! e! IBP,!
amoxicilina,! claritromicina! e! metronidazol! nos! 7! dias! subsequentes! 676.! Um!
estudo!realizado!em!Espanha!evidenciou!taxas!de!erradicação!superiores!a!90%!
para!ambos!os!esquemas!quádruplos!não!dependentes!do!bismuto! 677.!Embora!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 95!
não! ocorra! uma! aparente! redução! da! eficácia! do! esquema! híbrido!
comparativamente!ao!concomitante,!a!realidade!é!que!a!sua!aplicação!prática!se!
revela! mais! complexa! para! o! doente,! tal! como! sucede! com! o! tratamento!
sequencial!664.!
Ainda!no!âmbito!dos!esquemas!empíricos!de!primeira! linha,!pode!haver!
lugar! à! utilização! do! esquema! triplo! com! IBP,! amoxicilina! e!metronidazol! nos!
países! em! que! o! H.$ pylori! apresente! taxas! de! resistência! elevadas! para! a!
claritromicina!mas!diminutas!para!os!nitroimidazóis.!Dois!estudos!oriundos!do!
Japão! e! de! Espanha! parecem! reforçar! esta! possibilidade,! embora! no! caso!
espanhol! a! taxa! de! sucesso! tenha! sido! de! 82,4! e! 88,2%! em! ITT! e! PP,!
respetivamente!e,!portanto,!inferior!aos!90%!atualmente!aceites!678,!679.!Contudo,!
será!conveniente!utilizar!doses!máximas!dos! fármacos!e!menores! intervalos!de!
tempo!para!a!sua!administração.!
Quando! ocorre! falência! dos! esquemas! empíricos! iniciais! temos! de!
recorrer! a! tratamentos! de! segunda! linha.! Atualmente! estão! preconizados! a!
terapia!quádrupla!com!IBP,!bismuto,!metronidazol!e! tetraciclina! (10!a!14!dias)!
ou!a!terapia!tripla!com!IBP,!amoxicilina!e!levofloxacina!(10!dias)!1,!611.!Esta!última!
acarreta!vantagens!em!termos!de!eficácia!e!menor!incidência!de!efeitos!adversos!
e!deve!constituir!a!primeira!opção,!embora!as!crescentes!taxas!de!resistência!de!
H.$ pylori! às! fluoroquinolonas! possam! vir! a! comprometer! a! sua! utilização!
empírica,!podendo!ser!necessário!estudo!prévio!da!suscetibilidade!a!este!grupo!
de! antibióticos! 680g685.! Este! esquema! triplo! com! levofloxacina! pode! também!
constituir! uma! alternativa! nas! falências! dos! tratamentos! quádruplos! sem!
bismuto,! sejam! sequenciais! ou! concomitantes,! embora! seja! necessário! alguma!
cautela! na! interpretação! dos! resultados! pois! as! taxas! de! erradicação! são!
inferiores! a! 80%! em! ITT! e! PP! 686g688.! Importa! referir! que! o! esquema! triplo!
baseado!na! levofloxacina! tem!sido!apontado!por!alguns!autores!como!podendo!
constituir! uma! alternativa! ao! esquema! empírico! clássico! inicial,! sobretudo!nos!
locais!onde!a!resistência!aos!macrólidos!é!superior!a!15g20%!e!a!resistência!às!
fluoroquinolonas! é! inferior! a! 10%! 685,! 689.! Um! estudo! multicêntrico! atual!
evidenciou!que!o!regime!sequencial!com!utilização!de!esomeprazol!e!amoxicilina!
nos!primeiros!5!dias!seguido!de!esomeprazol,! levofloxacina!e!um!nitroimidazol!
durante!os!5!dias! subsequentes,! proporcionava! taxas!de! erradicação!de!95,1%!
Revisão da Literatura
!96!
em!ITT!e!96,4%!PP!690.!Esta!modalidade!terapêutica!não!parece!ser!influenciada!
pela! resistência! à! levofloxacina,! determinada! através! da! pesquisa! de!mutações!
do!gene!gyrA.!Contudo,!se!existir!resistência!ao!metronidazol!a!eficácia!reduzgse!
para! 66,7%! e! a! mesma! é! nula! se! os! isolados! em! questão! apresentarem! uma!
resistência!dupla,!à!levofloxacina!e!aos!nitroimidazóis!690.!
Após!insucesso!de!uma!terapia!de!segunda!linha!o!que!está!recomendado!
nos! consensos! de! Maastricht! é! realizar! biopsias! com! cultura! e! antibiograma,!
permitindo! efetuar! os! tratamentos! subsequentes! de! forma! dirigida! 1.!
Aparentemente,!com!esta!estratégia!e!três!tratamentos!sucessivos,!o!último!deles!
guiado! por! antibiograma,! é! possível! alcançar! sucesso! na! erradicação! em! 83! a!
99%! dos! casos! 629.! Alguns! estudos! recentes,! de! diferentes! áreas! geográficas,!
comprovam! a! maisgvalia! desta! abordagem! 691,! 692.! Contudo,! alguns! autores!
defendem! que! a! cultura! e! terapêutica! dirigida! por! antibiograma! não! são!
realmente!necessárias!e,!mesmo!após!falência!de!um!esquema!de!segunda!linha!
podemos! utilizar! um! terceiro! esquema! de! forma! empírica! 611,! 693.! Com! a!
utilização!sequencial!de!vários!esquemas!empíricos!é!possível!obter!uma!taxa!de!
erradicação! de! 99,5%! 694,! 695.! Rokkas! et$ al.! conseguiram! alcançar! taxas! de!
erradicação! de! 89,6%! em! ITT! e! 98,1%! PP! ao! aplicarem! sequencialmente! os!
seguintes! esquemas! terapêuticos! empíricos,! sempre! com! uma! duração! de! 10!
dias:! 1)! triplo! com! amoxicilina! e! claritromicina;! 2)! quádruplo! com! bismuto,!
tetraciclina! e! metronidazol;! 3)! triplo! com! amoxicilina! e! levofloxacina! 696.! É!
também! importante! relembrar!que!a! cultura!é!dispendiosa,! laboriosa,!não!está!
facilmente! disponível,! a! endoscopia! necessária! para! colheita! de! biopsias! não! é!
isenta!de!riscos!e!não!há!correspondência!absoluta!entre!a!sensibilidade!in$vitro!
e!os!resultados!in$vivo.!Embora!a!cultura!tenha!uma!especificidade!de!100%!a!sua!
sensibilidade!alcança,!no!máximo,!os!90!a!95%!sendo!frequentemente!inferior!a!
esse!valor!na!prática!clínica!diária!617,!684,!697.!Um!outro!problema!decorre!do!facto!
de,! no! mesmo! indivíduo,! poder! existir! infeção! com! diferentes! estirpes! de! H.$
pylori,!umas!sensíveis!e!outras!resistentes!a!um!dado!antibiótico!698.!Este!perfil!
de!heterorresistência!pode!criar!dificuldades!na!interpretação!dos!resultados!do!
antibiograma!e!na!correlação!dos!resultados!in$vitro!com!os!efeitos!in$vivo.!
Há! uma! norma! fundamental! na! escolha! dos! fármacos! a! utilizar! em!
retratamentos! e! que! versa! sobre! a! necessidade! de! não! utilizar! antibióticos!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 97!
empregues!em!esquemas!prévios,!com!exceção!da!amoxicilina!e,!eventualmente,!
dos! nitroimidazóis! 693.! O’Connor! et$ al.! defendem! que! a! escolha! empírica! dos!
regimes! terapêuticos! subsequentes! às! falências! iniciais! deve! ter! sempre! em!
consideração!os! fármacos!utilizados!nos!tratamentos!anteriores!e!é!obrigatório!
que!pelo!menos!um!dos!antibióticos!seja!diferente!dos!previamente!utilizados!699.!
Após!um!terceiro!tratamento!infrutífero!os!níveis!de!resistência!são!muito!
significativos!e,!deve!ser!cuidadosamente!ponderado!se!há!mesmo!necessidade!
de!submeter!os!doentes!a!outros!esforços!terapêuticos.!A!melhor!opção!pode!ser!
a! vigilância! e!manutenção!de! terapêutica! com! inibidores!da! secreção! ácida! 611.!
Caso!se!opte!por!realizar!nova!tentativa!de!erradicação!o!esquema!triplo!com!IBP,!
amoxicilina! e! rifabutina! (150! mg! b.i.d.)! constitui! uma! opção! aceitável.! A! taxa!
global! de! resistência! de!H.$ pylori! à! rifabutina! é! muito! baixa! e! a! utilização! do!
esquema! supracitado! por! um! período! de! 10! a! 12! dias! permite! obter! taxas! de!
erradicação!razoáveis!700g702.!No!entanto,!a!rifabutina!é!um!fármaco!dispendioso,!
não!está!facilmente!disponível!e!a!sua!utilização!deve!ser!restringida!para!evitar!
o! desenvolvimento! de! estirpes! resistentes! de! Mycobacterium$ tuberculosis.!
Também! é! importante! ter! em! linha! de! conta! que! os! efeitos! secundários! da!
rifabutina,! como! a! mielotoxicidade,! são! muito! relevantes.! Deste! modo,! o! uso!
deste! fármaco! no! contexto! da! infeção! por! H.$ pylori! deve! ser! criteriosamente!
ponderado!pois!pode!revelargse!contraproducente!20,!703,!704.!
Alguns! autores! defendem! que! nestas! circunstâncias! é! lícito! recorrer! a!
outros!esquemas! terapêuticos.!Graham!e!Fischbach!entendem!que!uma! terapia!
quádrupla! incluindo! bismuto! e! furazolidona! constitui! uma! “arma”! de! último!
recurso,!praticamente!infalível!20.!Mas!estes!dois!fármacos!não!estão!disponíveis!
em!vários!países!e!a!furazolidona!foi!classificada!como!agente!carcinogénico!tipo!
3!pela!Agência!Internacional!de!Pesquisa!em!Cancro.!Por!este!motivo,!foi!retirada!
do!mercado!em!vários!países!europeus!e!nos!E.U.A.!610.!Graham!e!Lu!consideram!
que! esta! atitude! pode! ter! sido! injusta! e! que,! provavelmente,! este! fármaco!
representaria! uma! maisgvalia! nas! regiões! onde! as! taxas! de! resistência! de! H.$
pylori! a! diversos! agentes! antimicrobianos! começam! a! revelargse! muito!
problemáticas!705.!Os!últimos!consensos!brasileiros!sobre!esta!questão!defendem!
que! a! furazolidona! constitui! uma! alternativa! terapêutica,! principalmente! como!
segunda! ou! terceira! linha.! Pode! ser! associada! à! levofloxacina! e! IBP,! num!
Revisão da Literatura
!98!
esquema!triplo,!ou!ao!bismuto,!ao!IBP!e!à!tetraciclina,!num!esquema!quádruplo!
610.! Um! estudo! datado! já! de! 2013,! realizado! na! China,! também! demonstrou! a!
eficácia!dos!regimes!quádruplos!com!furazolidona!706.!Contudo,!outra!precaução!
relativamente! à! utilização! deste! fármaco! decorre! da! possibilidade! de! a!
furazolidona!desencadear!hemólise!intravascular!em!indivíduos!com!deficiência!
de!glicoseg6gfosfato!desidrogenase.!Deste!modo,!não!deve!ser!utilizado!em!locais!
como!o!sul!da!China!onde!este!distúrbio!enzimático!é!endémico!707.!
A! terapia!dupla!com!IBP!e!amoxicilina! foi!apresentada!em!1989!mas! foi!
rapidamente!abandonada!perante!a!maior!eficácia!da!terapêutica!tripla!640.!Não!
obstante,! vários!estudos!mostram!que!este!mesmo!esquema!proporciona! taxas!
de! erradicação! bastante! aceitáveis! se! aumentarmos! a! dose! e! a! frequência! da!
administração! dos! fármacos! 708g711.! Aliás,! nestas! circunstâncias,! a! eficácia! é!
comparável!à!dos!esquemas!com!rifabutina!711.!A!ação!bactericida!da!amoxicilina!
depende! da! percentagem! de! tempo! em! que! a! concentração! do! fármaco! é!
superior! à! CMI! e! não! do! pico!máximo! alcançado.! A! semivida! plasmática! deste!
antibiótico! é! muito! curta! pelo! que! é! indispensável! administráglo! com! maior!
frequência!632,!710.!Para!se!alcançarem!bons!resultados!com!a!terapêutica!dupla!é!
fundamental!que!seja!utilizado!um! IBP!de!nova!geração,! com!4!administrações!
diárias!deste!fármaco!e!da!amoxicilina!708,!710,!712.!!
Um!dos!problemas!com!que!a!comunidade!clínica!se!debate!em!diversos!
países,!é!precisamente!a!indisponibilidade!de!vários!fármacos!que!poderiam!ser!
utilizados! na! erradicação! de!H.$pylori.! Um!deles! é! a! tetraciclina!mas! existe! um!
análogo,! a! doxiciclina,! que! poderá! ser! utilizado! como! substituto.! Têm! sido!
publicados! alguns! estudos! com! recurso! a! este! antibiótico! do! grupo! das!
tetraciclinas!mas!as!combinações!terapêuticas!utilizadas!e!os!resultados!obtidos!
são!heterogéneos!31g38,!713,!714.!As!taxas!de!erradicação!em!termos!de!ITT!variam!
entre!36%!e!91%,!sendo!mais!elevadas!para!os!esquemas!quádruplos.!Basu!et$al.!
publicaram!em!2011!um!estudo!randomizado!comparando!o!esquema!empírico!
triplo!clássico!com!um!novo!protocolo!terapêutico!que!inclui!IBP,!levofloxacina,!
nitazoxanida! e! doxiciclina! 713.! Verificougse! uma! clara! vantagem! desta! última!
modalidade!terapêutica!mas!é!importante!referir!que!só!foram!incluídos!doentes!
sem! tentativas! prévias! de! erradicação.! Como! terapêutica! de! terceira! linha,!
orientada! por! antibiograma,! a! combinação! IBP,! bismuto,! amoxicilina! e!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 99!
doxiciclina,!administrada!por!um!período!de!7!dias,!permitiu!a!erradicação!de!H.$
pylori!em!91%!dos!doentes!31.!Mais!recentemente,!o!mesmo!esquema!terapêutico,!
administrado! durante! 10! dias,! alcançou! uma! taxa! de! sucesso! de! 72,5%! em!
doentes!com!falência!prévia!da!terapêutica!de!primeira!linha.!
Vários!outros!protocolos! terapêuticos!de!recurso! têm!sido!apresentados!
como! é! o! caso! do! esquema! quádruplo! com! rabeprazol,! subcitrato! de! bismuto,!
amoxicilina! e! levofloxacina.! Com! este! regime! terapêutico! é! possível! alcançar!
taxas! de! erradicação! de! 84%! em! ITT! e! PP,! nos! indivíduos! com! falência! do!
esquema!triplo!clássico!seguido!de!esquema!quádruplo!com!bismuto,!tetraciclina!
e! metronidazol! 715.! Um! esquema! quádruplo! com! IBP,! bismuto,! levofloxacina! e!
tetraciclina!alcançou!taxas!de!erradicação!de!95,8%!em!doentes!com!falência!do!
tratamento!sequencial!de!primeira!linha!716.!
Para!além!da! levofloxacina! têm!sido!apresentados!estudos! recorrendo!a!
outras!fluoroquinolonas!da!nova!geração!como!a!moxifloxacina,!a!sitafloxacina,!a!
ganeroxacina! e! a! rufloxacina,! com! resultados! promissores.! Estes! fármacos! não!
estão! ainda! disponíveis! em! vários! países! e! são! necessárias! investigações!
adicionais!para!enquadrar!a!sua!eventual!utilização!neste!contexto!682,!717g720.!
A! rifaximina,! ao! contrário! do! que! sucede! com! a! rifabutina,! tem! uma!
absorção!gastrointestinal!mínima!pelo!que!é!praticamente!desprovida!de!efeitos!
secundários.! Assim,! este! antibiótico! poderia! representar! uma! boa! alternativa,!
tanto!mais!que!ela!alcança!uma!biodisponibilidade!adequada!no!trato!digestivo!
629.! Contudo,! os! resultados! não! têm! sido! muito! encorajadores! e! mesmo! um!
estudo!mais!recente,!com!conclusões!mais!favoráveis,!pode!estar!enviesado!por!
uma!metodologia!menos!adequada!721,!722.!
!
2.1.9.5)'Tratamento'dirigido'por'antibiograma'
!
! A! melhor! forma! de! tratamento! de! qualquer! infeção! bacteriana! é!
estabelecer,! a$ priori,! quais! os! antibióticos! para! os! quais! o! agente! patogénico!
apresenta! suscetibilidade.! Contudo,! conforme! já! foi! referido,! a! cultura! é! um!
procedimento!complexo!e!laborioso,!não!estando!disponível!em!todos!os!centros.!
A!sua!acuidade!é!também!influenciada!por!diversos!fatores!723:!
1. Carga!bacteriana;!!
Revisão da Literatura
!100!
2. Duração!do!período!de!transporte!e!temperatura!durante!o!mesmo;!!
3. Características!do!meio!de!transporte;!!
4. Seletividade!do!meio!de!cultura;!!
5. Manutenção!de!atmosfera!microaeróbica!durante!a!cultura;!!
6. Toma! atual! de! certos! fármacos! como! bismuto,! IBP,! antibióticos! e!
benzocaína;!!
7. Hemorragia!gastrointestinal!recente.!
!
Os!últimos!consensos!de!Maastricht!estabelecem!a!necessidade!de!efetuar!
cultura!e!antibiograma!após!falência!do!segundo!tratamento!empírico!1.!Contudo,!
esta! estratégia! é! alvo!de! controvérsia,! com!alguns! autores! a!defenderem!a! sua!
utilização! precoce! enquanto! outros! advogam! precisamente! o! oposto,! com!
recurso!consecutivo!a!diversos!esquemas!empíricos!694,!723.!!
Há! estudos! sobre! a! utilização! desta! abordagem! clínica! logo! aquando!da!
primeira!tentativa!de!tratamento,!permitindo!taxas!de!erradicação!de!88!a!98%,!
PP! 671,! 724g726.! Esta! metodologia! também! proporciona! bons! resultados! após! a!
falência! do!primeiro! esquema!de! tratamento! ou!quando!utilizada! como!último!
recurso! 685,!692,!727.!Mas,!mais! importante! do! que! a! sua! aplicação! sistemática! é,!
provavelmente,!a!adaptação!à!realidade!local,!tendo!em!linha!de!conta!a!taxa!de!
resistência!aos!antibióticos!e!os!estudos!de!farmacoeconomia.!
Um! dos! primeiros! estudos! de! custogeficácia! foi! publicado! em! 1999! e!
mostrou!que!a!estratégia!baseada!na!cultura!e!antibiograma!permitiria!poupar!
37.000! dólares! por! cada! 1.000! doentes! tratados! 728.! Investigações! posteriores!
vieram!corroborar!essa!vantagem!em!termos!monetários,!com!o!de!Cosme!et$al.,!
publicado! em!2013,! a! registar! uma! diferença! de! 95! dólares! por! doente! 725,!726.!
Importa!referir!que!o!regime!terapêutico!empírico!considerado!nos!últimos!dois!
trabalhos!foi!o!esquema!triplo!baseado!na!claritromicina.!!
Assim,! há! lugar! para! a! cultura! e! antibiograma! fora! dos! protocolos! de!
investigação!mas,!para!que!se!possa!aplicar!corretamente!é!importante!conhecer!
a!realidade!concreta!em!cada!local,!estabelecendo!como!regime!comparativo!os!
esquemas!empíricos!mais!eficazes!nessa!região.!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 101!
2.1.9.6)'Fatores'que'influenciam'o'sucesso'terapêutico'
!
A!resposta!aos!esquemas!terapêuticos!supracitados!é!muito!heterogénea!
e!é! influenciada!por!múltiplos! fatores.!No!global,!para!que!os! fármacos!possam!
exercer! o! seu! efeito! bactericida/bacteriostático! têm! de! atingir! determinadas!
concentrações! junto! da! população! bacteriana.! Há! várias! razões! que! podem!
justificar!que!tal!não!suceda!634:!
1. O!doente!não!toma!os!fármacos!na!dose/intervalo!adequados;!
2. O! pH! intragástrico! não! é! consentâneo! com! uma! ação! farmacológica!
eficaz;!
3. A!carga!bacteriana!é!demasiado!elevada;!
4. O!microrganismo!apresenta!resistência!ao!fármaco!pelo!que,!para!que!
o! mesmo! fosse! eficaz! seria! necessária! uma! concentração!
substancialmente!mais!elevada;!
5. Existem! formas! dormentes! da! bactéria! não! acessíveis! à! ação! dos!
agentes! antibacterianos,! santuários! anatómicos/morfológicos! para!
onde!os!fármacos!não!difundem,!ou!uma!limitação!da!própria!resposta!
imune!do!hospedeiro,!inviabilizando!a!eliminação!do!microrganismo.!
!
O!mais!relevante!é,!sem!dúvida,!a!resistência!de!H.$pylori!aos!antibióticos.!
O! não! cumprimento/deficiente! adesão! à! terapêutica! assume! igualmente! uma!
enorme! importância.! Adicionalmente,! a! apresentação! clínica,! o! genótipo! do!
próprio! H.$ pylori,! o! índice! de! massa! corporal! (IMC),! o! tabagismo,! alguns!
polimorfismos!de!citocinas!inflamatórias,!a!elevada!carga!bacteriana,!a!presença!
de!bactérias!intracelulares!e!o!nível!de!supressão!ácida!gástrica!podem!também!
condicionar!o!sucesso!terapêutico!624.!
Em! várias! áreas! da! Medicina! o! sucesso! dos! tratamentos! prescritos!
depende!do! cumprimento! escrupuloso! dos!mesmos.! A! erradicação!de!H.$pylori!
não!constitui!uma!exceção,!sendo!este!um!dos!condicionantes!mais!importantes!
na!eliminação!desta!bactéria.!Já!em!1992!Graham!D.!demonstrava!que!as!taxas!de!
erradicação! de! H.$ pylori! diminuíam! de! 96! para! 60%! se! os! doentes! não!
cumprissem,! pelo! menos! 60%! da! medicação! prescrita! 729.! Ora,! também! está!
comprovado!que!10%!dos!doentes!não! alcançam!este! limiar! e,! esta! é! uma!das!
Revisão da Literatura
!102!
principais! razões! para! as! falências! terapêuticas! assim! como! para! o!
desenvolvimento! de! resistências! 730.! Os! doentes! que! não! cumprem! 80%! do!
esquema! posológico! têm! um! risco! significativo! de! falência! terapêutica! e!
subsequente!resistência!bacteriana!aos!antibióticos!665,!731.!Há!vários!aspetos!que!
podem!modificar!esta!adesão!à!terapêutica!732:!
1. A! complexidade,! duração,! custo,! eficácia! e! efeitos! adversos! do!
tratamento;!!
2. A!motivação!do!próprio!médico!que!o!prescreve;!!
3. A!motivação!e!o!nível!de!informação!do!doente.!!
!
O’Connor! et$ al.! defendem! que! as! medidas! destinadas! a! assegurar! uma!
correta!adesão!dos!doentes!aos!esquemas!terapêuticos! terão!maior! impacto!na!
eficácia!da!erradicação!de!H.$pylori!que!a!implementação!de!novas!combinações!
de! fármacos! 732.! Este! é! assim! um! campo! fundamental! em! que! podemos! e!
devemos! apostar.! O! doente! deve! receber! informação! detalhada! sobre! o!
tratamento! e! seus! potenciais! efeitos! secundários.! Deve! também! ser!
suficientemente! motivado,! através! da! explicação! detalhada! da! importância! da!
eliminação! desta! bactéria! e! da! dependência! do! cumprimento! integral! da!
medicação! para! que! tal! objetivo! seja! consumado.! Os! esquemas! terapêuticos!
devem!ser!simples!e!é!necessário!ponderar!a!utilização!de!adjuvantes!como!os!
probióticos! e! a! lactoferrina,! que! podem! reduzir! a! incidência! e! severidade! dos!
eventos!adversos!624.!
Quanto! à! apresentação! clínica,! a! erradicação! é! mais! produtiva! nos!
doentes!com!úlcera!péptica!do!que!nos!doentes!com!dispepsia!funcional!1,!733,!734.!
Há!maior!resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!no!segundo!grupo,!por!razões!
não! completamente! esclarecidas! 733.! É! provável! que! a! presença! de! bactérias!
menos!virulentas!e!com!menor!capacidade!replicativa!nos!doentes!com!dispepsia!
não!ulcerosa!possa!explicar!esta!diferença!665.!
O!genótipo!do!microrganismo,!sobretudo!no!que!diz!respeito!à!presença!
do! cagA! e! às! variantes! do! vacA,! contribui! para! determinar! a! resposta! à!
terapêutica! 735.!Aparentemente,! as! estirpes!cagA! negativas! e!vacA! s2m2,! sendo!
menos! virulentas,! induzem!menores! níveis! de! inflamação! gástrica! e,! como! tal,!
redução! da! distribuição! dos! antibióticos! na! mucosa! e! na! camada! de! muco!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 103!
gástrico.! Isto! determina! uma! diminuição! da! eficácia! da! erradicação! e!
desenvolvimento!de!resistências!452g454.!As!estirpes!cagA!positivas!crescem!mais!
rapidamente!e,!teoricamente,!encontramgse!mais!próximas!das!células!epiteliais,!
pelo! que! são!mais! susceptíveis! à! ação! dos! antibióticos! 441,!452.! Adicionalmente,!
estas!estirpes!induzem!uma!produção!aumentada!das!citocinas!ILg1β!e!TNFgα,!as!
quais!promovem!a!inibição!da!secreção!ácida!629,!736.!
O!pH!intragástrico!desempenha!um!papel!de!grande!relevo!no!resultado!
das!terapêuticas!de!erradicação.!Nos!doentes!com!sucesso!terapêutico,!o!período!
de! tempo! com!pH! gástrico! ≥4! é! significativamente! superior! ao! que! se! observa!
nos! doentes! com! falência! do! tratamento.! Aliás,! no! primeiro! grupo! o! pH!
intragástrico!médio! nas! 24! horas! é! de! 5,5! 737.! Ora,! o! nível! de! supressão! ácida!
gástrica! é! condicionada! pelo! tipo! de! IBP! utilizado,! pela! sua! dose,! ! pelos!
polimorfismos!do!CYP2C19!e!da!ILg1β!454.!
Através! de! estudos! do! pH! intragástrico! durante! 24! horas! foi! possível!
determinar!que!os!IBP!de!nova!geração,!rabeprazol!e!esomeprazol,!apresentam!
potências! superiores! aos! anteriores! e,! alguns! estudos! comprovam!mesmo! um!
aumento! da! eficácia! no! contexto! da! erradicação! de! H.$ pylori! 712,! 738.! A! sua!
utilização! sistemática,! em!detrimento!do!omeprazol,! pantoprazol! e! lansoprazol!
não! pode,! contudo,! ser! ainda! recomendada! pois! não! dispomos! de! estudos! de!
custogeficácia!611.!
Relativamente! ao! segundo! ponto,! está! comprovado! que! quanto!maior! a!
dose!do!IBP!maior!a!eficácia!terapêutica.!Por!esse!motivo,!estes!fármacos!devem!
ser!administrados,!no!mínimo,!em!duas!doses!diárias,!o!que!equivale!a!duplicar!a!
dose!padrão!611,!739,!740.!Por!outro!lado,!o!ideal!seria!mesmo!várias!administrações!
ao! longo!do!dia,! pois! tal! poderia! ser! suficiente!para!manter! o!pH! intragástrico!
nos!níveis!pretendidos,!independentemente!do!status!CYP2C19!741,!742.!
Teoricamente,! a! administração!de!um! IBP!alguns!dias! antes!de! iniciar! a!
antibioterapia! poderia! acarretar! algumas! vantagens,! ao! induzir! precocemente!
um!estado!de!hipocloridria.!Contudo,!os!primeiros!estudos!publicados!sobre!este!
tema!mostravam!que!esta!metodologia!de!prégtratamento!com!IBP!até!poderia!
ser!prejudicial!709,!743.!Uma!metaganálise!posterior!e!alguns!artigos!mais!recentes!
não!confirmam!este!efeito!potencialmente!deletério!mas! também!não!mostram!
qualquer!benefício!nesta! estratégia,!mesmo!quando! empregue!por!um!período!
Revisão da Literatura
!104!
mais! prolongado! 744g747.!Mas!não!há,! de!momento,! indicação!para! implementar!
este!protocolo,!exceto!em!eventuais!estudos!de!novas!combinações!terapêuticas.!
O!metabolismo!dos!IBP!depende!das!enzimas!do!citocromo!p450!hepático,!
em!particular!do!genótipo!CYP2C19.!Existem!três!polimorfismos!do!CYP2C19,!os!
quais!modificam!radicalmente!a!metabolização!dos!IBP.!A!forma!WT,!homozigota,!
corresponde! aos! metabolizadores! rápidos.! A! presença! de! um! alelo! mutado!
diminui! a! taxa! de!metabolização! e! os! portadores! dos! dois! alelos!mutados! têm!
taxas! muito! limitadas.! A! maioria! dos! ocidentais! apresenta! fenótipo! de!
metabolizadores! rápidos! mas,! em! contrapartida,! os! orientais! apresentam!
fenótipo!de!metabolizadores!lentos.!Isto!afeta!a!taxa!de!erradicação!de!H.$pylori,!
que!fica!comprometida!no!primeiro!grupo!748,!749.!Um!estudo!recente!mostra!que!
os! níveis! sanguíneos! de! IBP! nos! dois! grupos! de! metabolizadores! são!
equiparáveis! se! a! dose! administrada! aos! metabolizadores! rápidos! for! 6x!
superior!750.!Por!outro!lado,!nem!todos!os!IBP!são!afetados!da!mesma!forma!e!o!
rabeprazol!parece!ser!o!menos!influenciado!por!estes!polimorfismos!748.!
A!infeção!por!H.$pylori!determina!alterações!nos!níveis!de!várias!citocinas!
pró!e!antiginflamatórias.!A!ILg1β!é!um!potente!inibidor!da!secreção!ácida!gástrica.!
Conforme! já! foi! previamente! referido,! existem! vários! polimorfismos! para! esta!
citocina.! No! caso! particular! do! polimorfismo! ILA1βA511,! a! presença! do! alelo! C!
determina! níveis! inferiores! de! ILg1β! e,! como! tal,! um! pH! intragástrico! mais!
reduzido.!Sugimoto!et$al.,!numa!revisão!sobre!a!influência!dos!polimorfismos!das!
citocinas!inflamatórias!no!sucesso!das!terapêuticas!antigH.$pylori,!demonstraram!
que! apenas! o! genótipo! ILA1βA511CC,! com! fenótipo! equivalente! de! produção!
reduzida!de!ILg1β,!está!associado!a!menores!taxas!de!erradicação!desta!bactéria!
536.! Contudo,! estes! autores! concluem! que! há! uma! grande! variabilidade! étnica!
nestes!polimorfismos!e!que!o!seu!papel!na!falência!terapêutica!é!muito!inferior!
ao!da! resistência!antibiótica!ou!do! fenótipo!CYP2C19!pelo!que,!provavelmente,!
não!haverá!grande!interesse!na!sua!pesquisa!sistemática!antes!do!tratamento!536.!
Os! polimorfismos! do! Multidrug$ Resistance$ TransporterA1! (MDRg1)! também!
condicionam!a!eficácia!dos!tratamentos!454,!751.!
A! carga! bacteriana! poderá! influenciar! a! resposta! à! terapêutica! pois! um!
número! mais! elevado! de! bactérias! condiciona! dificuldades! crescentes! na! sua!
eliminação,! maiores! probabilidades! de! desenvolvimento! de! mutações! e,!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 105!
subsequentemente,! resistência! aos! antibióticos.! O! resultado! do! UBT,! expresso!
em! Delta$ Over$ Baseline! (DOB),! constitui! um! dado! indireto! sobre! a! densidade!
bacteriana! a! nível! gástrico! 752g754.! Alguns! trabalhos! mostram! que! existe! uma!
correlação! destes! valores! e,! como! tal,! da! carga! bacteriana! com! a! falência!
terapêutica! 753,! 755.! Também! se! procurou! estabelecer! uma! associação! dos!
resultados!do!UBT!antes!do!tratamento!com!a!eventual!existência!de!resistências!
aos! antibióticos,! nomeadamente! à! claritromicina,! mas! os! resultados! são!
controversos!756,!757.!
O! H.$ pylori! é! um! microrganismo! essencialmente! extracelular! mas! um!
número!mínimo!de!bactérias!pode!ser!encontrado!a!nível!intracelular,!in$vivo!e!in$
vitro! 758.! Também! se! sabe! que! estas! bactérias! intracelulares! podem! depois!
reconstituir!uma!nova!população!bacteriana!a!nível!extracelular!759.!Desta!forma,!
durante! a! fase! de! tratamento,! estas! bactérias! intracelulares! podem! constituir!
uma! população! quiescente! que! resiste! à! terapêutica! e! que! permite! o!
restabelecimento!posterior!da!infeção!760.!Adicionalmente,!o!H.$pylori!é!capaz!de!
formar! um! biofilme! bacteriano,! o! que! potencia! a! sua! sobrevivência! em!meios!
bióticos! e! abióticos.! As! bactérias! presentes! nestes! biofilmes! são! 1.000x! mais!
resistentes!aos!antibióticos!e!às!defesas!do!hospedeiro!do!que!as!bactérias!livres!
219.!Tal!resulta!de!diversos!mecanismos,!entre!os!quais!se!salienta!a!diminuição!
da!difusão!dos!antibióticos!nos!biofilmes,!a!presença!de!enzimas!com!potencial!
para!hidrolisar!estes! fármacos!e!o!baixo! índice!replicativo!das!bactérias!que!se!
encontram!no!biofilme,!comprometendo!a!ação!dos!antibacterianos!219.!
As! bactérias! podem! assumir,! in$ vivo,! a! configuração! de! cocos! ou! outras!
formas!não!replicativas.! Isso!confereglhes!resistência! fenotípica!e!acaba!por!ser!
uma!forma!reversível!de!resistência!aos!antibióticos!20.!
Conforme! já! foi! referido,! num! mesmo! hospedeiro! é! possível! existirem!
várias!estirpes!de!H.$pylori,!umas!sensíveis!e!outras!resistentes,!ou!variantes!da!
mesma!estirpe,!com!diferentes!níveis!de!sensibilidade!aos!antibióticos!698,!761,!762.!
Este! fenómeno,! conhecido! como!heterorresistência,! pode! ocorrer! num! só! local!
do! estômago!ou! em!vários! locais! e,! deste!modo,! pode!não! ser!detetado! se!não!
forem!realizadas!culturas!a!partir!de!biopsias!obtidas!em!diferentes!topografias!
gástricas! 698,!762.! Esta!peculiaridade! foi! apontada!por! alguns! autores! como!uma!
causa!potencial!de!falência!terapêutica!e!de!eventuais!falsos!negativos!da!cultura!
Revisão da Literatura
!106!
665.! A! maioria! dos! casos! de! discrepância! entre! os! resultados! fenotípicos! e!
genotípicos! ocorrem! nos! doentes! infetados! com! uma! mistura! de! estirpes!
sensíveis! e! resistentes! 763.! Uma! metodologia! recente! para! a! pesquisa! de!
mutações!associadas!à!resistência!aos!macrólidos!e!às!fluoroquinolonas!também!
evidenciou! a! presença! de! diferentes! perfis! genotípicos! numa! mesma! amostra!
biológica! 764.! Isto! pode! resultar! da! coexistência! de! diferentes! estirpes! ou! da!
presença! de! um! alelo! mutado! e! um! alelo! WT! na! mesma! estirpe! 764.! Importa!
salientar! que,! embora! existam! duas! cópias! do! gene! 23S$ rRNA! no! DNA!
cromossómico!bacteriano,!a!mutação!de!um!deles!é!suficiente!para!condicionar!
resistência!aos!macrólidos!765.!
O! IMC!dos!doentes! também!pode! influenciar!a! taxa!de!erradicação!pois,!
nos! doentes! obesos! o! volume! de! distribuição! dos! fármacos! é! maior,!
comprometendo! a! concentração! alcançada! na! camada! mucosa! gástrica! 766.!
Contudo,! esta! afirmação! é! baseada! num! único! estudo! envolvendo! apenas! 81!
doentes,!pelo!que!deve!ser!interpretada!com!algumas!reservas.!
O! tabagismo! ativo! condiciona! um! aumento! do! risco! de! falência!
terapêutica!767.!Isto!resulta!do!facto!de!o!tabaco!promover!uma!redução!do!fluxo!
sanguíneo! e,! desse! modo,! uma! diminuição! da! concentração! intragástrica! dos!
antibióticos.!Por!outro!lado,!o!consumo!corrente!de!tabaco!contribui!para!reduzir!
o! pH! intragástrico,! aumentar! a! atividade! da! toxina! VacA! e! é! um!marcador! de!
reduzida!adesão!à!terapêutica!1.!
!
2.1.10)'Resistência'de'Helicobacter+pylori'aos'antibióticos'!
! O!principal!motivo!para! a! crescente! falência!dos! esquemas! terapêuticos!
empíricos!é!a!resistência!de!H.$pylori!aos!antibióticos.!A!avaliação!conjunta!de!20!
estudos! englobando! 1.975! doentes! submetidos! a! terapêutica! empírica! tripla!
baseada! na! claritromicina,! demonstrou! uma! taxa! de! erradicação! de! 88%! nas!
estirpes!sensíveis!a!este!macrólido!mas!apenas!18%!nas!estirpes!resistentes!441.!
Algumas! revisões! sistemáticas! revelam! que! a! prevalência! da! resistência! aos!
macrólidos!na!Europa!varia!de!1%!na!Holanda!a!49%!na!Espanha!768.!Nos!locais!
onde!a!prevalência!da!resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!é! inferior!a!10%!
ainda! é! possível! obter! taxas! de! erradicação!PP,! superiores! a! 90%.! Contudo,! se!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 107!
essa! mesma! resistência! é! superior! a! 20%! então,! as! taxas! de! erradicação! são!
inferiores!a!85%!PP!e!80%!em!termos!de!ITT,!respetivamente!769.!
O! impacto!da! resistência!aos!antibióticos! ficou!claramente!demonstrado!
numa! metaganálise! envolvendo! 10.178! doentes.! A! resistência! de! H.$ pylori! à!
claritromicina! reduziu! a! eficácia! do! esquema! empírico! triplo! com! IBP,!
amoxicilina! e! claritromicina! em! 66%! e! a! eficácia! do! mesmo! esquema! com! o!
metronidazol! substituindo! a! amoxicilina! em! 35%! 646.! Já! a! resistência! ao!
metronidazol!promoveu!a!redução!da!taxa!de!erradicação!dos!esquemas!triplos!
contendo!IBP,!amoxicilina!e!metronidazol!ou!IBP,!claritromicina!e!metronidazol!
em! 30%! e! 18%,! respetivamente! 646.! A! resistência! a! este! mesmo! antibiótico!
comprometeu! negativamente! a! eficácia! do! esquema! quádruplo! baseado! no!
bismuto! e! tetraciclina! em! 14%.! De! acordo! com! esta! metaganálise,! nenhum!
regime! terapêutico! triplo! permitiu! erradicar! o!H.$ pylori! em! mais! de! 80%! dos!
doentes!com!estirpes!resistentes!ao!metronidazol,!ou!em!mais!de!50%!dos!casos!
de! estirpes! resistentes! à! claritromicina,! apresentando! as! terapêuticas!
quádruplas!uma!vantagem!nítida!em!qualquer!um!destes!contextos!646.!
Quanto! às! fluoroquinolonas,! a! resistência! à! levofloxacina! reduziu! a! taxa!
de!erradicação!de!75%,!nos!doentes! infetados!por!estirpes!sensíveis,!para!33%!
no!caso!de!estirpes!resistentes!770.!Substituindo!a!levofloxacina!pela!gatifloxacina!
é!possível!obter!taxas!de!erradicação!de!100%!nas!estirpes!sensíveis!e!33,3%!nas!
resistentes!771.!
! A! resistência! pode! assim! ser! primária,! quando! não! houve! qualquer!
tentativa!prévia!de!erradicação!da!bactéria,!ou!secundária,!quando!uma!estirpe!
sensível! adquire! resistência! após! um! tratamento! infrutífero! 9,!772.! A! resistência!
primária!ocorre!geralmente!em!resultado!da!utilização!dos!antimicrobianos!para!
o! tratamento! de! outras! infeções.! É! o! caso! dos! macrólidos! para! as! infeções!
respiratórias,!das! fluoroquinolonas!para!as! infeções!urinárias!e!ginecológicas!e!
dos! nitroimidazóis! para! as! infeções! dentárias,! ginecológicas! e! parasitárias.! A!
outra! forma!de!aquisição!de!resistência!consiste!na!transmissão!de!organismos!
resistentes! para! um! novo! hospedeiro! mas,! este! mecanismo! parece! ser! pouco!
comum,!pelo!menos!em!sentido!horizontal!624.!
! A! suscetibilidade! de! H.$ pylori! a! um! determinado! antibiótico! pode! ser!
influenciada!por!múltiplos!fatores!762:!
Revisão da Literatura
!108!
1. Exposição! prévia! a! esse! antibiótico! ou! outros! do! mesmo! grupo!
terapêutico;!
2. Sexo!e!idade!do!doente;!
3. Etnia;!
4. Localização!geográfica;!
5. Manifestações!clínicas;!
6. História!de!tabagismo.!
!
As! bactérias! podem! adquirir! resistência! aos! antibióticos! através! da!
aquisição!de!genes!a!partir!de!outras!bactérias,!com!subsequente!recombinação,!
ou!através!de!mutações!cromossómicas!de$novo!634.!No!caso!concreto!de!H.$pylori,!
o!seu!nicho!ecológico!tão!peculiar!e!a!existência!de!múltiplos!sistemas!restritivos!
que! impedem!a! introdução!de!DNA!exógeno!tornam!pouco!provável!a!hipótese!
de!aquisição!de!resistência!a!partir!de!outras!bactérias,!nomeadamente!através!
de! plasmídeos! de! conjugação.! O! principal!mecanismo! é! assim! a! ocorrência! de!
mutações!pontuais!que!modificam!a!estrutura!alvo!dos!agentes!antibacterianos!
634,! 762.! Estas! bactérias! apresentam! uma! vantagem! competitiva! quando! se!
encontram!na!presença!do!agente! farmacológico!em!questão,!permitindo!a! sua!
sobrevivência! e! a! transmissão! vertical! desta! característica! para! os! seus!
descendentes.!A! resistência!às! tetraciclinas!pode!constituir!uma!exceção!a!este!
modelo! pois! a! exposição! de! estirpes! sensíveis! ao! antibiótico! não! desencadeia!
quaisquer!alterações!mas,!se!as!mesmas!estirpes!forem!expostas!a!DNA!mutado!
ocorre! rapidamente! a! sua! própria! modificação.! Este! processo! é! favorável! à!
transmissão!horizontal!das!alterações!que!conferem!resistência!773,!774.!
As!mutações!pontuais!ocorrem!no!DNA!de!H.$pylori!com!uma!frequência!
inferior!a!1x106!pelo!que,!a!probabilidade!de!aparecimento!espontâneo!de!uma!
estirpe! com! resistência! a! dois! grupos! de! antibióticos! é! muito! rara.! Isso!
geralmente! resulta!da!exposição!prévia!aos!antibióticos!e!daí! a! importância!da!
associação!de!diferentes!fármacos!nos!esquemas!de!erradicação!634.!!
A! heterorresistência,! já! previamente! citada,! consiste! na! coexistência! de!
estirpes! sensíveis! e! estirpes! resistentes! no! mesmo! hospedeiro,! ou! da! mesma!
estirpe! com! diferentes! níveis! de! sensibilidade! aos! antimicrobianos! 9,! 762.!
Geralmente! a! estirpe! resistente! permanece! em! número! reduzido! e! é! depois!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 109!
selecionada! pela! exposição! aos! respetivos! antibióticos! 441.! Aparentemente! este!
fenómeno!é!mais!comum!nos!países!com!elevada!prevalência!de!infeção!775.!
A! sensibilidade!de!H.$pylori! aos!antibióticos!pode!ser!detetada!de! forma!
direta!ou! indireta.!No!primeiro!caso!é!necessário! realizar! cultura!e!o! respetivo!
antibiograma.!Podemos!recorrer!ao!método!de!diluição!em!ágar,!ao!Egtest!ou!ao!
método!modificado!de!difusão!em!disco!9.!No!segundo!caso!os!dados!são!obtidos!
por! métodos! moleculares! aplicados! nas! biopsias/amostras! fecais,! incluindo!
técnicas!de!PCR,!restriction$fragment$length$polymorphism!(RFLP),!sequenciação!
e!FISH.!!
! A! resistência! aos! antibióticos! é! um! conceito! dinâmico! pois,! na! mesma!
região,! sofre! modificações! ao! longo! do! tempo! 27,! 723,! 776.! Por! outro! lado,! é!
profundamente! influenciada! pela! falência! de! tentativas! anteriores! de!
erradicação,! e! pela! utilização! dos! antibióticos! por! outros! motivos.! Isto! ocorre!
especialmente! com! a! claritromicina,! o! metronidazol! e! a! levofloxacina! 777.! Um!
antibiótico! peculiar! é! a! azitromicina,! que! pode! atingir! e! manter! por! várias!
semanas! concentrações! elevadas!mas! subinibitórias! no!muco! e! suco! gástricos,!
promovendo!a!seleção!de!estirpes!bacterianas!resistentes!aos!macrólidos!776.!
! Nesta! questão! da! resistência! terapêutica! é! importante! ter! presente! que!
podem!ocorrer!reinfeções!após!tratamento!bem!sucedido.!Este!tipo!de!evento!é!
mais! comum! nos! países! em! vias! de! desenvolvimento! do! que! nos! países!
desenvolvidos! e! pode! dificultar! a! destrinça! entre! uma! verdadeira! reinfeção! e!
uma! simples! recrudescência! da! infeção! prévia,! que! foi! erroneamente!
considerada! eliminada!devido! ao! falso!negativo!do! teste!de! controlo! 167,!628,!629.!
Após!erradicação!bem!sucedida!estimagse!que!a!taxa!de!reinfeção!anual!seja!0,5!a!
2,5%! nos! países! ocidentais,! 11,5%! na! América! Latina! e,! 4,3! a! 13%! nos! países!
asiáticos!170,!171.!O!sexo!masculino,!os!baixos!rendimentos!familiares!e!a!presença!
de! crianças! no! ambiente! familiar! são! fatores! que! estão! associados! a! um!
incremento!do!risco!de!reinfeção! 170,!171.!No!estudo!de!Mera!et$al.,!previamente!
citado,!a!taxa!global!de!reinfeção/recidiva!foi!de!5,4%!ao!ano,!sendo!mais!elevada!
nos!indivíduos!com!idade!inferior!a!50!anos!197.!A!identificação!destes!casos!de!
reinfeção! é! importante! para! evitar! sobrevalorização! das! eventuais!
resistências/falências!terapêuticas.!
!
Revisão da Literatura
!110!
2.1.10.1)'Taxas'de'resistência'de'Helicobacter+pylori'aos'diversos'antibióticos'!
! A!problemática!das! resistências! sofre! considerável!variabilidade!de!país!
para! país! e! até! mesmo! de! região! para! região,! em! função! de! alterações!
epidemiológicas!desta!infeção,!de!discrepâncias!no!estatuto!socioeconómico!e!de!
diferentes!padrões!de!consumo!de!antibióticos.!Daí!que!se!defenda!a!necessidade!
de! realizar! estudos! sectoriais! que! reflitam! a! realidade! local,! permitindo!
identificar! os! esquemas! empíricos! mais! adequados! na! população! em! questão.!
Quando! efetuamos! comparações! entre! taxas! de! resistência! presentes! em!
diferentes!locais!temos!de!ter!algumas!precauções,!pois!os!padrões!de!consumo!
de!antibióticos!variam!significativamente!e,!nem!sempre!os!métodos!utilizados!
para!determinar!a!sensibilidade!aos!antibióticos!ou!as!CMI!são!comparáveis!650.!
! A!amoxicilina!é!um!antibiótico!para!o!qual!o!H.$pylori!raramente!adquire!
resistência.!Nos!países!ocidentais,!na!América!Latina,!Japão,!Vietname!e!na!China,!
os! valores! registados! nos! estudos! efetuados! são! praticamente! negligenciáveis!
mas!o! inverso! sucede!em!outros!países!asiáticos! 647,!775,!776,!778g784.!Na!Coreia!do!
Sul!a!resistência!à!amoxicilina!aumentou!de!7,1!para!18,5%!e!no!Irão!cifragse!nos!
23,9%!778,!779.!Salientagse,!contudo,!que!os!resultados!podem!ser!muito!díspares!
no! mesmo! país.! Um! outro! estudo! Iraniano,! realizado! em! doentes! dispépticos,!
reporta!uma!taxa!de!resistência!à!amoxicilina!de!apenas!2,4%!785.!Numa!revisão!
sistemática!sobre!esta!problemática!nos!países!da!América!Latina!identificaramg
se!taxas!de!resistência!à!amoxicilina!de!0!a!39%,!com!um!valor!mediano!de!4%!
784.! Um! estudo! africano! identificou! uma! taxa! de! resistência! à! amoxicilina! em!
85,6%! das! estirpes! estudadas! 786.! A! revisão! sistemática! de! Boyanova! et$ al.!
reporta!variações!na!taxa!de!resistência!primária,!de!0%!nas!crianças!de!vários!
países!europeus!a!59%!no!Irão,!e!de!0%!nos!adultos!de!vários!países!europeus!a!
39%!no!Brasil!762.!
! As!taxas!de!resistência!à!claritromicina!variam!de!0%!na!Índia!e!Butão!a!
54,6%! na! Espanha,! com! valores!médios! de! 17,2%! num! cômputo! global! de! 21!
países!613,!768,!787,!788.!O!último!estudo!multicêntrico!europeu!publicado!sobre!este!
tema,! envolvendo! 18! países,! revelou! uma! taxa! global! de! resistência! à!
claritromicina!de!17,5%!776.!De!1998!para!2008!verificougse!assim!um!aumento!
de! 8,5%! na! taxa! de! resistência! a! este! antibiótico! 27,! 776.! Na! Coreia! do! Sul! a!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 111!
resistência!aumentou!de!22,9!para!37%!e!no!Japão!de!1,8!para!27,1%!778,!782.!Na!
China!é!de!21,5%,!e!no!Irão!de!45,2%,!mas!os!valores!são!bastante!inferiores!nos!
países!da!América!Latina! 783,!784.!Relativamente!a!África,!as! taxas!de!resistência!
de!H.$pylori! à! claritromicina! nas! estirpes! isoladas! no!Gâmbia! e! no! Senegal! são!
muito! baixas! mas! na! África! do! Sul! atingem! os! 15,3%! 789g791.! Na! revisão!
sistemática!de!Boyanova!et$al.!a!taxa!de!resistência!primária!nas!crianças!variou!
entre!4%!no!Egito!e!49,2%!na!Espanha.!Nos!adultos!o!valor!mínimo,!de!0%,!foi!
registado!na!Índia,!Kuwait!e!Etiópia!e!o!valor!máximo,!de!27,7%,!foi!identificado!
num! estudo! japonês! 762.! Em! termos! de! evolução! temporal! e,! salvo! raríssimas!
exceções!como!o!caso!da!Holanda,!a!tendência!foi!para!um!claro!incremento!das!
taxas! de! resistência! à! claritromicina! 762.! A! diminuição! da! sensibilidade! à!
claritromicina! é!mais! comum!nos! doentes! do! sexo! feminino,!mais! jovens,! com!
história!de!exposição!prévia!aos!macrólidos,!a!residir!na!Europa,!sobretudo!nos!
países!do!sul,!com!história!de!tabagismo!e!apresentando!dispepsia!nãogulcerosa!
762.!
Assim,! há! diferenças! significativas! consoante! os! grupos! etários.! As!
estirpes! isoladas!nas!crianças!apresentam!níveis!de!resistência!à!claritromicina!
muito!elevados,!em!provável!relação!com!o!elevado!consumo!de!macrólidos!para!
tratamento! de! infeções! respiratórias! 776,!781.! Um! estudo!multicêntrico! europeu,!
envolvendo!apenas!crianças!sintomáticas,!revelou!taxas!de!resistência!primária!e!
secundária!à! claritromicina!de!20%!e!42%,! respetivamente! 792.!Alguns!estudos!
mostram! mesmo! valores! díspares! em! áreas! muito! próximas,! reforçando! a!
existência!de!uma!marcada!variabilidade!geográfica!793,!794.!Na!Europa!os!valores!
observados! nos! países! do! sul! são! consideravelmente! mais! elevados! que! os!
identificados! nos! países! do! norte! 776.! Esse! gradiente! nortegsul! também! se!
observa!isoladamente,!a!uma!escala!menor,!num!único!país,!e!quando!limitamos!
a!amostra!populacional!às!crianças!792,!795.!Outra!condicionante!muito!relevante!é!
a! falência! de! tratamentos! prévios! com! claritromicina! pois! tal! desencadeia! o!
desenvolvimento!de!estirpes!resistentes!em!⅔!dos!casos!.!
! A! resistência! ao! metronidazol! é! muito! elevada! em! África! (92,4%)!
seguindogse! a! América! (44,1%),! Ásia! (37,1%)! e! Europa! (17%)! 768.! No! último!
estudo!multicêntrico!europeu!a!taxa!de!resistência!de!H.$pylori!ao!metronidazol!
nos!adultos!foi!de!34,9%,!não!se!verificando!um!incremento!relevante!em!relação!
Revisão da Literatura
!112!
ao!estudo!anterior,! realizado!nos! finais!da!década!de!1990! 27,!776.!No!Senegal! a!
taxa! de! resistência! ao! metronidazol! alcança! os! 85%,! no! Butão! os! 82,9%! e! na!
China! supera! os! 95%! 780,!788,!790.! As! taxas!mais! elevadas! nos! países! em! vias! de!
desenvolvimento!estão!correlacionados!com!o!uso!comum!dos!nitroimidazóis!no!
tratamento! de! doenças! parasitárias! 796.! A! resistência! a! este! fármaco! também!
compromete! a! eficácia! do! esquema! triplo! baseado! na! claritromicina! e! no!
metronidazol,!mas!o!impacto!não!é!muito!relevante,!ocorrendo!uma!redução!na!
taxa!de!erradicação!de!97%!nas!estirpes!sensíveis!para!72,6%!nas!resistentes!646.!
Conforme! supracitado,! ao! contrário! do! que! sucedeu! com! os! macrólidos! e! as!
fluoroquinolonas,! a! taxa! de! resistência! de! H.$ pylori! ao! metronidazol! não!
aumentou! significativamente! 27,! 629,! 762,! 776,! 778.! Nas! crianças! observagse! um!
acréscimo! relevante! dos! valores! da! resistência! secundária! (35%)!
comparativamente!à!primária!(23%)!e!o!risco!de!estar!infetado!por!uma!estirpe!
resistente! aumenta! se! a! criança!nasceu!na!África,!Ásia! ou!Médio!Oriente! 792.! A!
diminuição!da!sensibilidade!ao!metronidazol!é!assim!mais!comum!nos!doentes!
com! história! de! exposição! prévia! aos! nitroimidazóis,! nos! doentes! do! sexo!
feminino,!de!idade!mais!avançada,!oriundos!de!África!ou!da!Ásia!e!apresentando!
dispepsia! nãogulcerosa! 762.! Na! mesma! revisão! sistemática! previamente!
mencionada,!a!taxa!de!resistência!primária!nas!crianças!variou!de!9,1%!no!Japão!
a!100%!no!Egito,!e!nos!adultos!de!2,1%!no!Japão!a!85%!na!Índia!762.!
! A! utilização! das! fluoroquinolonas,! principalmente! a! levofloxacina,! no!
tratamento! da! infeção! por!H.$ pylori! é! relativamente! recente.! Por! este! motivo,!
estes!fármacos!não!foram!incluídos!no!primeiro!estudo!multicêntrico!europeu!27.!
Nos!estudos!comparativos!publicados!verificagse!um!incremento!muito!marcado!
na! resistência! à! levofloxacina,! de! 5,7! para! 34,6%!num!período! de! 10! anos! 778.!
Vários!estudos!mostram!taxas!de!resistência!superiores!a!10%,!aproximandogse!
mesmo! dos! 30%! em! algumas! séries! 778,! 780,! 783,! 784,! 797.! No! caso! do! estudo!
multicêntrico!europeu!previamente!citado,!da!autoria!de!Mégraud!et$al.,!a!taxa!de!
resistência!global!à!levofloxacina!foi!de!14,1%,!sendo!mais!elevada!nos!adultos!e!
nos!países!do!sul!da!Europa!776.!Nas!crianças!a!taxa!de!resistência!às!quinolonas!é!
baixa,!variando!entre!2!e!7%!mas!nos!adultos!atinge!valores!de!9!a!33,8%!e,!à!
semelhança! do! que! acontece! com! a! claritromicina,! temgse! assistido! a! um!
aumento!progressivo!destes!valores!762.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 113!
! Relativamente! à! tetraciclina,! as! estirpes! de!H.$pylori! isoladas! nos! países!
ocidentais!apresentam!uma!taxa!de!resistência!que!ronda!o!1%!776.!Na!América!
Latina!esses!valores!aproximamgse!dos!6%!784.!Em!alguns!países!asiáticos!essas!
taxas! são! superiores! a! 30%! e! têm! vindo! a! aumentar! 778,! 779.! Há! um! estudo!
africano! que! reporta! uma! taxa! de! resistência! à! tetraciclina! de! 43,9%! 786.! Este!
estudo! apresenta,! aliás,! algumas! das! taxas! de! resistências! mais! elevadas! para!
todas! as! classes! de! antibióticos! estudados.! A! metodologia! utilizada! neste!
trabalho! é! criticável! e! a! interpretação! destes! resultados! deve! ser! muito!
cuidadosa.!Uma!vez!mais,!na!revisão!supracitada!a!taxa!de!resistência!primária!
às!tetraciclinas!nas!crianças!variou!entre!0%!em!vários!países!europeus!e!5%!no!
Irão.!Nos!adultos!entre!0%!em!vários!países!europeus!e!27%!no!Chile!762.!
! A!resistência!global!de!H.$pylori!à!rifabutina!é!de!aproximadamente!1,3%!
mas!alcança!os!31%!nos!doentes!com!falência!terapêutica!701.!!
! A!resistência!aos!sais!de!bismuto!é!praticamente!inexistente!798.!
! A! furazolidona! poderia! ser! um! fármaco! promissor! no! tratamento! de!H.$
pylori! mas! o! seu! potencial! carcinogénico! determinou! a! abolição! da! sua!
comercialização!em!vários!países!desenvolvidos,!continuando!a!estar!disponível!
nos! países! em! vias! de! desenvolvimento! 613.! A! resistência! de! H.$ pylori! a! este!
fármaco! é! mínima! ou! nula! em! vários! países,! com! exceção! de! alguns! estudos!
isolados!em!que!se!aproxima!dos!10%!9,!784,!799.!
! As! estirpes! com! resistência! dupla,! à! claritromicina! e! ao! metronidazol,!
colocam! grandes! dificuldades! em! termos! de! tratamento.! Felizmente,! a! sua!
prevalência!em!doentes!que!nunca!foram!submetidos!a!tentativas!de!tratamento!
é!inferior!a!10%!na!maioria!dos!países!da!Europa,!Ásia!e!América!do!Sul!762.!As!
estirpes!com!resistência!tripla!à!amoxicilina,!claritromicina!e!metronidazol,!são!
ainda! mais! raras! nos! países! europeus,! embora! num! estudo! brasileiro! a! sua!
prevalência! tenha! sido! de! 14,2%! 762.! Mais! preocupante! será! a! emergência! de!
estirpes!com!resistência!tripla!à!claritromicina,!metronidazol!e!levofloxacina,!que!
podem!colocar!grandes!dificuldades!terapêuticas!nos!países!sem!acesso!aos!sais!
de!bismuto,!tetraciclinas!e!rifabutina.!
! Poucos!grupos!de!trabalho!se!têm!dedicado!exclusivamente!à!questão!das!
resistências!secundárias.!Yahav!et$al.!estudaram!os!perfis!de!suscetibilidade!de!H.$
pylori! em! 70! doentes! com! falência! prévia! de! dois! esquemas! terapêuticos,! um!
Revisão da Literatura
!114!
triplo!e!um!quádruplo.!Neste!grupo!de!doentes!a!taxa!de!resistência!do!bacilo!à!
claritromicina! foi! de! 65,7%,! ao! metronidazol! de! 57,1%! e! à! levofloxacina! de!
18,6%.! A! resistência! dupla! claritromicina! +! metronidazol! foi! observada! em!
32,8%! dos! isolados! e! a! resistência! tripla! claritromicina! +! metronidazol! +!
levofloxacina! em! 12,8%! 800.! No! estudo! de! Wueppenhorst! et$ al.! foram!
identificadas! taxas! de! resistência! secundária! à! claritromicina! de! 73,7%,! ao!
metronidazol! de! 69,7%! e! à! levofloxacina! de! 26,7%,! com! resistência! dupla!
claritromicina!+!metronidazol!de!36,8%!e!resistência!tripla!de!18,1%!801.!
!
2.1.10.2)'Mecanismos'de'resistência'
!
! Em!muitas!bactérias!os!mecanismos!de!resistência!aos!antibióticos!estão!
localizados!em!plasmídeos,!transposões!ou!integrões!mas,!no!caso!concreto!de!H.$
pylori,! a! resistência! resulta! geralmente! de!mutações! pontuais! no! cromossoma!
bacteriano! 617,! 802.! Estas! alterações! genéticas! ocorrem! de$ novo! e! são! depois!
transmitidas! verticalmente!mas,! a! possibilidade! de! transferência! horizontal! de!
genes!entre!estirpes! resistentes!e! sensíveis,!num!mecanismo!de! transformação!
natural,! não! pode! ser! completamente! excluído! 617,!762,! 802.! Ao! contrário! do! que!
sucede!com!outras!bactérias!Gram!negativas!as!bombas!de!efluxo!não!parecem!
desempenhar!um!papel!muito!relevante!na!resistência!intrínseca!de!H.$pylori!aos!
antibióticos,!embora!exista!alguma!controvérsia!neste!campo!617.!
A!amoxicilina,!tal!como!outros!antibióticos!βglactâmicos,!inibe!a!síntese!de!
peptidoglicano.! O! principal! mecanismo! para! a! resistência! de! H.$ pylori! a! este!
fármaco! é! a! alteração! das! propriedades! das! proteínas! de! ligação! à! penicilina!
(PBPs),!o!que!pode!resultar!de!diminuição!da!afinidade!desta!proteína!para!com!
a!amoxicilina,!ou!de!mutações!pontuais!no!gene!pbp1A$(para!a!PBP1)!617,!802g804.!Já!
foram! identificadas! diversas! mutações! que! podem! induzir! resistência! a! este!
antibiótico,! como! é! o! caso! da! que! determina! a! substituição! da! serina! por! uma!
arginina!na!posição!414,!ou!da!asparagina!pela!tirosina!na!posição!562!628,!773,!805,!
806.! Esta! última! parece! ser! a! mutação! mais! relevante! neste! contexto! da!
resistência! à! amoxicilina! 773.! As! alterações! simultâneas! na! PBP1! e! PBP3! estão!
associadas! a! maior! taxa! de! resistência! à! amoxicilina! do! que! as! modificações!
PBP1!+!PBP2!ou!da!PBP1!isoladamente!807.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 115!
A! redução! da! permeabilidade! da! membrana,! através! de! alterações! das!
proteínas! da! membrana! externa! Hop,! nomeadamente! por! intermédio! de!
mutações!pontuais!no!gene!hopB!e!deleção!do!gene!hopC,!pode!conduzir!a!uma!
baixa!concentração!intracelular!deste!antibiótico!e,!deste!modo,!contribuir!para!a!
resistência! ao! mesmo! 808,! 809.! As! estirpes! que! apresentam! estas! alterações!
associadas!às!mutações!do!gene!pbp1A!são!as!que!exibem!CMI!mais!elevadas!773.!
Outro! mecanismo! possível! seria! o! desenvolvimento! de! proteínas! de!
efluxo! de! fármacos! mas,! como! já! foi! referido,! este! fenómeno! não! parece!
desempenhar! um! papel! relevante! na! resistência! de!H.$ pylori! à! amoxicilina,! ao!
contrário! do! que! sucede! com! outros! Gram! negativos! 628,! 802.! Finalmente,! a!
produção! de! βglactamases! representaria! uma! forma! de! resistência! muito!
problemática! mas! felizmente,! até! ao! presente! momento,! há! apenas! um! caso!
reportado! na! literatura! 810.! A! existência! de! múltiplos! mecanismos! capazes! de!
explicar! os! fenómenos! de! resistência! à! amoxicilina! tornam! inviável! o!
desenvolvimento!de!um!método!molecular!para!a!sua!deteção.!
! Para!além!da!resistência!estável!a!este!antibiótico!existe!uma!outra!forma!
de!resistência!que!desaparece!quando!as!estirpes!são!congeladas!a!g80°C!ou!são!
cultivadas!novamente!em!meio!sem!amoxicilina!802.!Este!fenómeno!é!conhecido!
como!resistência!instável!ou,!simplesmente,!tolerância!à!amoxicilina!773,!802,!803.!!
! Os!macrólidos!exercem!a!sua!ação!através!da!ligação!a!uma!ansa!peptidil!
transferase! no! domínio! V! do! RNA! ribossómico! 23S,! bloqueando! a! síntese!
proteica.!O!principal! fator!envolvido!no!desenvolvimento!de!resistências!a!este!
grupo!de!antibióticos!são!as!mutações!pontuais!no!gene!rrnA!que!codifica!o!23S!
rRNA!617,!802.!A!principal!é!a!A2143G,!seguida!pela!A2142G!e!a!A2142C!441.!Estas!
mutações,! que! são! denominadas! por! alguns! autores! como! A2147G,! A2146G! e!
A2146C,!condicionam!uma!alteração!na!conformação!do!ribossoma,!impedindo!a!
ligação! do! antibiótico! 764.! No! global,! estas! três!mutações! são! responsáveis! por!
90%!dos!casos!de!resistência!primária!à!claritromicina!nas!estirpes!isoladas!nos!
países!ocidentais!e!a!A2413G!é,!das!três,!a!que!apresenta!maior!impacto,!embora!
alguns!trabalhos!tenham!constatado!CMI!superiores!nas!estirpes!com!a!A2142G!
441,! 697,! 762,! 773,! 811.! Têm! sido! identificadas! mutações! adicionais! como! a! A2115G,!
G2141A,! T2117C,! T2182C,! T2183C,! T2289C,! C2245T,! C2611A,! T2183C! e! a!
A2223G! 441,! 811.! A! T2182C! e! a! C2611A! foram! associadas! a! baixos! níveis! de!
Revisão da Literatura
!116!
resistência! mas! as! restantes! são! raras! e! a! sua! correlação! com! alterações! na!
suscetibilidade!aos!antibióticos!não!é!consistente!em!todos!os!estudos!773.!
! As!mutações!pontuais!que!conferem!resistência!aos!macrólidos!ocorrem!
espontaneamente,!com!uma!frequência!in$vitro!de!3,2!x!10g7!a!6!x!10g8,!podendo!a!
taxa!mutacional! ser!mais! elevada! in$vivo,! devido! ao! stress! oxidativo! 624,!812.! De!
facto,!o!genótipo!de!uma!única!estirpe!pode!sofrer!alterações!em!condições!de!
stress,!nomeadamente!devido!à!pressão!seletiva!exercida!pelos!antibióticos!698.!
As! bactérias! portadoras! destas! alterações! genéticas! são! depois! selecionadas!
quando! ocorre! exposição! à! claritromicina! ou! outros! macrólidos.!
Aproximadamente! ⅔! das! estirpes! expostas! a! terapêutica! infrutífera! com!
claritromicina! desenvolvem! resistência! a! este! antibiótico! 813.! De! referir! que! as!
três! mutações! supracitadas! são! estáveis! e! não! parecem! acarretar! custos!
biológicos!pois!as!estirpes!portadoras!das!mesmas!sobrevivem!adequadamente.!
O!facto!de!as!crianças!apresentarem!mais!frequentemente!estirpes!resistentes!do!
que! os! adultos! constitui! um! dado! a! favor! da! aquisição! da! resistência! in$ vivo,!
durante!a!infância!792.!
! À!semelhança!do!que!acontece!com!a!amoxicilina,!as!bombas!de!efluxo!de!
fármacos,! nomeadamente! as! da! família! da! ResistanceANodulation$ Cell$ Division,!
contribuem!para!a!resistência!intrínseca!de!várias!bactérias!Gram!negativas!aos!
macrólidos,! e! o! mesmo! pode! suceder! para! o! H.$ pylori,$ embora! tal! não! seja!
universalmente! aceite! 617,!773.! Assim,! a! utilização! de! inibidores! das! bombas! de!
efluxo,!como!a!PhegArggβgnaftilamida!(PAβN),!pode!ser!uma!forma!de!aumentar!
a!taxa!de!erradicação!deste!microrganismo!773.!
! As!fluoroquinolonas!bloqueiam!a!subunidade!A!da!DNA!girase,!impedindo!
que!o!DNA!assuma!a!sua!configuração!habitual.!Esta!enzima!é!constituída!por!4!
subunidades,! duas! A! e! duas! B,! que! são! codificadas! pelo! genes! gyrA! e! gyrB,!
respetivamente.! A! resistência! a! estes! antibióticos! resulta! principalmente! de!
mutações!na!chamada!região!determinante!da!resistência!às!quinolonas!(QDRD)!
do!gene!gyrA,!presentes!em!80!a!100%!das!estirpes!resistentes$652,!764,!814g816.! Já!
foram! descritas! várias! mutações! envolvendo! as! posições! 86,! 87,! 88,! 91! e! 97,!
embora! os!mais! relevantes! sejam! as! dos! codões! 87! e! 91! 773,!802,!815,!817.! A! nível!
mundial! a!mutação!mais! comum! é! a! D91N! seguida! pela! D91G,! N87L,! N87K,! e!
D91Y!817.!As!mutações!na!posição!91!estão!geralmente!associadas!a!resistência!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 117!
de! baixo! grau! e! as! do! gene! gyrB! são! raras! e! terão! pouco! ou! mesmo! nenhum!
impacto! nesta! problemática! 816.! Contudo,! alguns! autores! mostraram!
recentemente,! através!de! estudos!de!modificação!de! estirpes,! que! as!mutações!
na! posição! 87! conferem! maior! nível! de! resistência! à! levofloxacina! e! à!
gatifloxacina! que! as! mutações! na! posição! 91! 818.! Estes! autores! também!
sugeriram!que!uma!mutação!na!posição!463!do!gene!gyrB!poderá!contribuir!para!
diminuir!a!suscetibilidade!de!H.$pylori!às!fluoroquinolonas!818.!Tal!como!sucede!
com! os! macrólidos,! também! aqui! há! resistência! cruzada! entre! as! diferentes!
fluoroquinolonas! mas! algumas! das! mais! recentes,! como! a! sitafloxacina,! a!
garenoxacina!e!a!finafloxacina!parecem!ser!menos!afetadas!que!as!anteriores!718,!
762.!
! O!metronidazol!tem!de!ser!reduzido!no!interior!da!célula!bacteriana!para!
se!tornar!ativo!e!induzir!lesões!do!DNA.!Isto!depende!da!ação!de!várias!enzimas,!
nomeadamente!da!NADPH!nitroredutase,!da!NADPH!flavina!oxidoredutase!e!da!
enzima!ferredoxinaglike,!codificadas!pelos!genes!rdxA,!frxA!e!fdxB!respetivamente!768,!819g821.!Os!mecanismos!de!resistência!são!bastante!complexos!e!podem!estar!
dependentes!de!mutações!nos!genes!supracitados!ou,!quiçá,!do!desenvolvimento!
de! sistemas! de! efluxo! de! fármacos! 624,! 762,! 819.! Estes! interagem! com! várias!
translocases! intracelulares! e! regulam! a! secreção! de! diversos! antibióticos! 773.!
Goodwin! et$ al.! demonstraram,! já! em! 1998,! que! a! inativação! da! NADPH!
nitroredutase! insensível! ao! oxigénio,! codificada! pelo! gene! rdxA,! poderia! ser!
responsável!pela!resistência!ao!metronidazol!819.!Mais!recentemente!também!se!
identificou! uma! bomba! de! efluxo,! a! TolC,! implicada! na! resistência! a! estes!
antibióticos! 822.! A! resistência! de!H.$ pylori! ao! metronidazol! é! reversível! com! a!
exposição!a!baixas!concentrações!de!oxigénio,! independentemente!da!presença!
de!mutações!nos!genes!rdxA!e!frxA!823.!
! A!resistência!à!nitrofurantoína!e!à!furazolidona!é!rara!e!condicionada!por!
mecanismos! ainda! não! identificados! 802.! Importa! referir! que! a! inativação! dos!
genes! rdxA,! frxA! e! fdxB! não! determina! diminuição! da! sensibilidade! a! estes!
fármacos,! os! quais! mantêm! a! sua! eficácia! em! estirpes! resistentes! ao!
metronidazol! 802.! Um! estudo! recente! sugere! que! a! resistência! à! furazolidona!
pode!estar!associada!a!seis!mutações!diferente!dos!genes!porD!(G353A,!A356G,!
Revisão da Literatura
!118!
C357T)!e!oorD!(A041G,!A122G!e!C394A/G)!mas!estes!resultados!ainda!não!foram!
reproduzidos!824.!
! As!tetraciclinas!têm!como!alvo!a!subunidade!ribossómica!30S!bloqueando!
a! fixação! do! aminoacilgtRNA! e! a! síntese! proteica.! O! mecanismo! envolvido! na!
resistência! a! estes! fármacos! está! dependente! de! mutações! que! conduzem! a!
modificações!em!três!nucleótidos!contíguos!do!gene!16S$rRNA! (AGA!926g928TTC)!624,!802.!Os!níveis!de!resistência!são!proporcionais!ao!número!de!alterações!nestes!
três! pares! de! bases.! A! deleção! do! G903! também! pode! estar! associada! a!
resistência!773.!Podem!ainda!existir!outros!mecanismos,!como!a!proteína!Tet(O)!
que!remove!o!antibiótico!dos!ribossomas,!impedindo!a!sua!ação!negativa!sobre!a!
síntese!proteica!773,!825.!À!semelhança!do!que!sucede!com!a!amoxicilina!também!
as! proteínas! da! membrana! externa! Hop! e! as! bombas! de! efluxo! podem!
desempenhar!um!papel!na!diminuição!da!sensibilidade!às!tetraciclinas!773.!Esta!
hipótese! é! suportada! pela! ocorrência! de! estirpes! resistentes! à! tetraciclina! que!
apresentam! genótipo! WT! mas! diminuição! da! acumulação! intracelular! deste!
antibiótico!802.!
! Quanto!à!rifabutina,!as!mutações!pontuais!nos!codões!524g545,!530,!585,!
ou!149!do!gene!rpoB!são!as!mais!relevantes!e!são!comuns!a!todos!os!fármacos!do!
grupo!das! rifamicinas,! sugerindo! a! hipótese!de! resistência! cruzada! 9,!762,!826,!827.!
Este! é! também! o! mecanismo! envolvido! na! resistência! ao! Mycobacterium$
tuberculosis!e!daí!o!risco!da!utilização!indiscriminada!deste!fármaco!828.!
!
2.1.10.3)'Metodologias'para'detetar'resistência'fenotípica'
!
! A! avaliação! da! sensibilidade! de! H.$ pylori! aos! diversos! agentes!
antimicrobianos!é!geralmente!efetuada!através!de!cultura!e!antibiograma.!Têm!
sido! propostas! diversas! técnicas,! nomeadamente! a! diluição! em! ágar,! a! difusão!
em! disco,! Egtest,! a! avaliação! da! sensibilidade! por! breakpoint! e! o! método! de!
microdiluição!em!caldo!de!cultura!802.!
! A!diluição!em!ágar!é!um!método! fiável!e! continua!a! representar!o!GoldA
Standard! mas! a! sua! aplicação! diária! não! é! prática.! Nesse! sentido! foram!
desenvolvidos!os!métodos!de!difusão,!em!disco!e!por!tiras!(Egtest).!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 119!
O!método!de!difusão!com!utilização!de!Egtest!é!prático,!tem!a!vantagem!de!
ser!quantitativo!permitindo!a!expressão!das!CMI!e!está!adaptado!a!bactérias!de!
crescimento!lento!como!é!o!caso!de!H.$pylori!617.!Com!exceção!do!metronidazol,!
este!método!tem!uma!excelente!reprodutibilidade!com!a!diluição!em!ágar!e!daí!
que!seja!hoje!a!técnica!de!eleição!na!maioria!dos!laboratórios!617,!802,!829.!Contudo,!
mesmo!estes!métodos!são!laboriosos,!demorados!e!falham!em!até!90%!dos!casos!
por! inibição! do! crescimento! bacteriano! ou! contaminação! com! outros!
microrganismos! 802.! Daí! o! interesse! no! desenvolvimento! dos! métodos!
moleculares.!
!
2.1.10.4)'Metodologias'para'detetar'resistência'genotípica'
!
! A!suscetibilidade!de!H.$pylori!aos!macrólidos!é!um!dos!elementos!chave!na!
definição! das! estratégias! terapêuticas! e! do! seu! sucesso.! A! sua! identificação!
através! de! cultura! e! antibiograma! é! um! processo! moroso! pelo! que! o!
desenvolvimento! de! um! método! molecular! que! permita! efetuar! mais!
rapidamente! esta! avaliação,! e! possa! ser! facilmente! aplicável! na! prática! clínica!
diária,! constituirá! sempre! uma! maisgvalia! em! qualquer! centro.! Têm! sido!
descritos! múltiplos! processos,! com! diferentes! metodologias! e! requerendo!
recursos!técnicos!distintos.!
! A!pesquisa!das!mutações!já!previamente!referidas!por!técnica!de!PCR!em!
tempo!real!é!uma!das!mais!eficazes.!Isto!pode!ser!realizado!através!do!princípio!
de! fluorescence$ resonance$ energy$ transfer! (FRET)! obtido! num! termociclador!
como! o! LightCycler®.! Este! termociclador,! desenvolvido! pela! Roche,! está!
associado! a! um!microespectrofluorímetro! permitindo!maximizar! a! quantidade!
de! informação!obtida!a!partir!de!cada!ciclo!de!amplificação.!Adicionalmente,!as!
variações!de!temperatura!conseguidas!com!este!equipamento!são!muito!rápidas,!
da! ordem! dos! 20°C,! e! pode! também! dispensar! a! visualização! dos! produtos! de!
amplificação! em! gel! de! agarose,! através! da! avaliação! das! temperaturas! de!
dissociação,!que!são!específicas!para!cada!produto!de!amplificação!616.!Por!outro!
lado,! este! sistema! recorre! a! capilares!de! vidro!de!borosilicato!que! apresentam!
uma! elevada! superfície,! o! que! proporciona! um! rápido! equilíbrio! térmico! (uma!
reação!de!amplificação!completa,!de!30!a!40!ciclos,!pode!ser!realizada!em!20!a!30!
Revisão da Literatura
!120!
minutos)!e!a!fácil!quantificação!da!fluorescência.!A!monitorização!dos!produtos!
de!PCR!pode!ser!efetuada!através!de!dois!métodos:!aplicação!de!um!fluorocromo,!
o!SYBR®$green$I$dye,!com!capacidade!para!se!intercalar!na!cadeia!dupla!de!DNA,!
ao!ligargse!ao!minor$groove,!e!assim!acentuar!a!sua!fluorescência;!o!outro!método!
consiste!na!utilização!de!sondas!de!hibridização,!que!têm!maior!especificidade!na!
deteção!e!identificação!dos!produtos!de!amplificação!616.!!
! O!SYBR®$green$I$dye! é! um! fluorocromo! com!afinidade!de! ligação!para! o!
minor$groove! de!qualquer!DNA!de!cadeia!dupla.!A!excitação!deste! fluorocromo!
produz!um!sinal!fluorescente!consideravelmente!mais!intenso!quando!o!mesmo!
se!encontra!ligado!ao!DNA,!comparativamente!ao!que!sucede!com!o!fluorocromo!
livre.! Em! condições! normais,! o! ensaio! SYBR®$ green! requer! uma! reação! de!
amplificação!da!sequência!de!interesse,!com!recurso!aos!primers!habituais.!Numa!
fase! inicial! observagse! uma! linha! horizontal! mas,! à! medida! que! os! ciclos! de!
amplificação! vão! decorrendo,! se! estiver! presente! a! sequência! alvo! formamgse!
produtos!de!PCR!suficientes!para!que!o!sinal!de!amplificação!comece!a!aumentar.!
Contudo,!o!fluorocromo!SYBR®$green!ligagse!a!qualquer!produto!amplificado,!seja!
ele! o! alvo! ou! não,! pelo! que! esta! técnica! padece! de! especificidade.! De! facto,! a!
ocorrência!de!um!sinal!de!amplificação!não!é!sinónimo!de!deteção!da!sequência!
de! interesse! e! é! necessário! um! ensaio! de! especificidade! adicional.! O! mais!
utilizado!consiste!na!análise!da!dissociação,!através!da!desnaturação!gradual!dos!
produtos!obtidos!com!a!PCR!na!presença!do!SYBR®$green.!Esta!técnica!baseiagse!
no!princípio!de!que!o!alvo!é!uma!sequência!genética!distinta!e,!como!tal,!tem!uma!
temperatura! de! dissociação! específica,! que! permite! a! sua! identificação.! Assim,!
após!a!amplificação!é!executada!a!respetiva!desnaturação!e!obtida!uma!curva!de!
dissociação.! O! software! do! aparelho! converte! essa! curva! na! sua! primeira!
derivada!negativa,!apresentando!o!pico!de!dissociação.!Caso!só!esteja!presente!a!
sequência!de! interesse!será!obtido!um!pico!estreito,! simétrico!e!desprovido!de!
quaisquer!anomalias.!Mesmo!assim,!esta!técnica!tem!baixa!resolução!e!pode!não!
distinguir! picos! de! dissociação! de! sequências! homólogas! pelo! que,! nestas!
circunstâncias,! é! preferível! obter! informação! de! suporte! adicional,! como! a!
análise!dos!produtos!de!PCR!através!da!eletroforese!em!gel,!inclusão!de!amostras!
negativas,!ou!sequenciação.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 121!
No! segundo! método! são! utilizadas! duas! sondas! que! correspondem! a!
sequências! de! oligonucleótidos! marcadas! com! fluorocromos! diferentes! e! que!
hibridizam! com! o! DNA! alvo.! A! excitação! do! fluorocromo! dador! (fluoresceína)!
determina! a! transferência! de! energia! para! o! fluorocromo! recetor,! conectado! à!
sonda!de!hibridização!ou!fixação,!gerando!assim!a!emissão!de!fluorescência!616.!
Esta! última! sonda! está! ligada! à! sequência! de! nucleótidos! onde! ocorrem! as!
mutações!de!interesse.!O!aumento!da!temperatura!desencadeia!a!sua!separação!
do!local!de!fixação!e,!como!tal,!o!declínio!da!fluorescência!emitido!pelo!fluoroforo!
830.! Quando! a! sequência! de! DNA! onde! se! fixa! a! sonda! apresenta! mutações,! a!
correspondência! é! menor! e! a! temperatura! de! dissociação! para! a! sonda! de!
hibridização! é! inferior! 830.! Esta! técnica! é! mais! específica! que! a! anteriormente!
descrita!e!permite!identificar,!numa!única!reação,!estirpes!sensíveis!e!resistentes.!
Assim,!primeiro!são!desenhados!primers!específicos!para!o!gene!23S$rRNA,!
permitindo!a!sua!amplificação!e,!posteriormente,!uma!bisonda!(sonda!de!deteção!
e!sonda!de!fixação)!para!o!amplicão!obtido,!possibilitando!a!sua!identificação.!A!
sonda! de! deteção! (ou! sonda! recetora),! tem! como! local! de! hibridização! os!
nucleótidos!onde!a!mutação!ocorre!e!a!extremidade!5’!está!marcada!com!o!LCA
Red$640.!A!sonda!de!fixação!(ou!sonda!dadora)!vai!hibridar!num!local!situado!3!a!
5! nucleótidos! a! montante! da! sonda! de! deteção! e! tem! a! sua! extremidade! 3’!
marcada! com! fluoresceína.! Quando! a! sonda! de! fixação! é! excitada! ocorre!
transferência!de!energia!para!a! sonda!de!deteção,!devido!à! sua!proximidade,! e!
isto!gera!a!emissão!de!um!sinal.!Desta! forma,!é!possível!detetar!a! formação!do!
amplicão! em! tempo! real.! No! final! é! gerada! uma! curva! de! dissociação! (melting$
curve)!e,!como!nas!estirpes!mutantes!ocorre!uma!discrepância!entre!a!sonda!de!
deteção!e!o!respetivo!local!de!fixação,!a!temperatura!de!dissociação!é!inferior!à!
que! se! verifica! para! as! estirpes! WT! 624,! 811,! 830.! Esta! técnica! tem! diversas!
vantagens,! incluindo! a! rapidez! dos! resultados! (2! horas),! baixo! nível! de!
manipulação,!reduzido!risco!de!contaminação!com!amplicões!e!possibilidade!de!
aplicação! a! outras! fontes! de!DNA! para! além! das! culturas! puras! e! das! biopsias!
gástricas!624,!830.!Como!desvantagens!salientagse!a!possibilidade!de!amplificação!
de!outras!bactérias!que!contenham!o!rrn23S,!como!o!Helicobacter$heilmannii,!a!
deteção! de! mutações! apenas! no! amplicão! selecionado! e! a! necessidade! de! um!
termociclador!dispendioso!624.!
Revisão da Literatura
!122!
! Um! dos! primeiros! métodos! desenvolvidos! para! detetar! mutações!
associadas! a! resistência! aos! macrólidos! foi! uma! tiragteste! para! DNA! 831.! Mais!
recentemente! foi! apresentada! uma! tiragteste! que! já! está! disponível!
comercialmente! e! que! consiste! numa! reação! PCR! multiplex! seguida! de!
hibridização! com! oligonucleótidos! específicos! marcados! com! biotina,!
imobilizados!na!tira!e!visualizados!após!uma!reação!de!coloração!mediada!pela!
estreptavidina/fosfatase! alcalina! 764.! Esta! metodologia! permite! obter! os!
resultados! rapidamente! (6! horas)! sem! necessidade! de! equipamento! muito!
dispendioso.! Além! disso,! esta! tiragteste,! denominada! de! Genotype$ HelicoDR®!
(Hain!LifeSciences,!Nehren,!Germany),!também!permite!detetar!as!mutações!que!
conferem!resistência!às!fluoroquinolonas.!Como!desvantagens!temos!de!referir!a!
necessidade! de! manipulação,! o! risco! de! contaminação! e! a! amplificação! de!
bactérias!com!um!rrn23S!similar!624.!
! Uma! técnica! distinta! que! não! envolve! PCR! e! que! pode! ser! aplicada! em!
lâminas! histológicas! é! a! FISH.! Nesta! técnica! utilizamgse! 4! sondas,! uma! delas!
marcada!com!o!fluorocromo!Cy3!(vermelho)!que!tem!como!alvo!o!gene!16S$rRNA,!
e!outras!três!marcadas!com!fluoresceína!(verde)!que!têm!como!alvo!o!gene!23S$
rRNA! mutado.! Quando! estão! presentes! microrganismos! susceptíveis! apenas!
ocorre!hibridização!com!a!primeira!sonda!e!domina!a!cor!vermelha.!Se!estiverem!
presentes!mutações!domina!a!cor!amarela!devido!à!sobreposição!das!cores!verde!
e! vermelho! 832.! Esta! metodologia,! para! a! qual! já! existe! um! kit! comercializado!
(SeaFAST! H.$ pylori! Combi! Kit®),! permite! obter! resultados! rápidos,! sem!
necessidade!de!equipamento!dispendioso,!com!visualização!direta!das!bactérias!
e!que!pode!ser!empregue!em!material!histológico!já!armazenado!624,!833.!Contudo,!
é! necessário! manipulação,! há! dificuldades! na! interpretação,! os! resultados! são!
dependentes! do! observador! e! só! são! detetáveis! as! mutações! para! as! quais!
existem!sondas!624.!
! Estão! descritas! várias! outras! técnicas! para! a! pesquisa! de! mutações!
associadas!à!resistência!aos!macrólidos,!a!maioria!delas!dependente!da!PCR!624.!A!
sequenciação! genética! também! é! exequível! e! os! desenvolvimentos! registados!
nesta! área! permitirão! a! sua! aplicação! com! frequência! crescente.! Esse! será,! a!
curto/médio! prazo,! o! método! de! referência! para! a! deteção! das! mutações!
associadas!à!resistência!de!H.$pylori$aos!antibióticos.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 123!
! Relativamente!às!fluoroquinolonas,!a!metodologia!de!PCR!em!tempo!real!
para!detetar!as!mutações!na!QDRD!do!gene!gyrA!é!a!mais!relevante.!O!princípio!
do!FRET!com!análise!das!curvas!de!dissociação!pode!ser!aplicado,! tal! como! foi!
previamente!descrito!para!os!macrólidos!através!de!sondas!para!os!tripletos!dos!
aa87!e!aa91!834.!A!tira!teste!Genotype$HelicoDR®!também!pode!ser!utilizada!neste!
contexto! 764.! As! mutações! associadas! a! resistência! são! as! determinadas! pelos!
nucleótidos!AAA!(codão!N87K),!AAT!(D91N),!GGT!(D91G)!e!TAT!(D91Y)!764.!
A! deteção! de! resistência! aos! nitroimidazóis! é! um! processo! complexo! e!
que! não! se! tem! revelado! muito! produtivo.! Isto! resulta! do! facto! de! que,! ao!
contrário!do!que!sucede!com!os!macrólidos!e!as!fluoroquinolonas,!a!resistência!
aos!nitroimidazóis!não!parece!depender!de!uma!única!alteração!genética!simples.!
Estas!circunstâncias!comprometem!o!desenvolvimento!de! técnicas!moleculares!
para! uma! deteção! mais! fácil! das! resistências.! Conforme! já! foi! referido,! estão!
implicados! os! genes! rdxA,! fdxB! e! frxA! mas,! a! ocorrência! de! resistência! sem!
inativação! do! rdxA! será! rara! ou! inexistente! 830.! Contudo,! logo! os! primeiros!
estudos! demonstraram! que! não! seria! fácil! identificar! uma! mutação! específica!
sistematicamente! associada! à! perda! de! suscetibilidade! aos! nitroimidazóis! 835.!
Alguns!autores!mostraram!que!a!resistência!ao!metronidazol!estava!associada!a!
uma!deleção!específica!no!gene!rdxA!mas!outros!evidenciaram!que!tal!decorre!de!
mutações! pontuais! 836g838.! No! global,! ainda! não! foi! identificada! nenhuma!
alteração! genética! que! esteja! claramente! associada,! de! forma! consistente,! à!
resistência! ao! metronidazol,! o! que! exige! a! realização! de! mais! estudos.! A!
estratégia!preferencial!será!a!sequenciação!genética!dos!isolados!após!realização!
dos! antibiogramas! e! comparação! com!o!DNA!de! estirpes! já! sequenciadas,! com!
sensibilidade! ou! resistência! ao!metronidazol! bem! estabelecidas,! como! a! ATCC!
26695! e! a! J99! ou! a! 69A! respetivamente! 820,!839.! A! deteção! da! própria! proteína!
RdxA,! nomeadamente! por! immunobloting,! também! pode! ajudar! a! identificar!
estirpes!sensíveis!aos!nitroimidazóis,!mas!este!método!tem!uma!importante!taxa!
de!falsos!positivos!617,!820.!
! O! método! de! PCRgRFLP! foi! o! primeiro! a! ser! utilizado! para! detetar!
resistência!às! tetraciclinas! 840.!Posteriormente! foram!desenvolvidas! técnicas!de!
PCR! que! permitem! a! deteção! de! mutações! envolvendo! um,! dois! ou! os! três!
nucleótidos!841.!
Revisão da Literatura
!124!
A!pesquisa!de!mutações!que!conferem!resistência!à!rifabutina!é!possível!
por! técnica! de! PCR! e! sequenciação.! Contudo,! a! raridade! desta! resistência! e! a!
presença! de! múltiplas! mutações! silenciosas! explicam! porque! é! que,! até! ao!
momento,!não!surgiu!um!método!molecular!prático!para! identificar! resistência!
às!rifamicinas!624.!
Com! os! notáveis! desenvolvimentos! técnicos! observados! nas! últimas!
décadas!é!expectável!que!os!métodos!moleculares!supracitados!ou!até!mesmo!a!
sequenciação! genética! de! cada! H.$ pylori,! se! tornem! facilmente! aplicáveis! na!
prática!clínica!corrente.!Isto!implicaria!múltiplas!vantagens!pois!a!cultura,!o!atual!
goldAstandard!para!avaliação!fenotípica!da!resistência,!é!difícil!de!concretizar!na!
prática!diária,!mesmo!em!instituições!de!referência.!Os!métodos!genotípicos!são!
extremamente! sensíveis,! permitem! resultados! em! curto! espaço! de! tempo! e,!
podem! mesmo! identificar! os! casos! de! heterorresistência,! nem! sempre!
individualizados! através! da! cultura,! pelo! menos! quando! não! são! colhidas! e!
processadas!individualmente!várias!amostras!697.!!
Mas,!apesar!de! todas!as!vantagens,!os!métodos!moleculares!apresentam!
limitações! quando! a! resistência! está! associada! a!mecanismos! genéticos!menos!
comuns,!como!as!deleções!e!as!metilações!do!RNA!763.!Nestas!circunstâncias,!as!
culturas! continuam! a! apresentar! vantagens! pois! transmitem! uma! ideia! mais!
global! do! perfil! de! resistência,! independentemente! do! mecanismo! genético!
subjacente.!
!
2.1.11)'Potenciais'alternativas'terapêuticas/adjuvantes'de'tratamento'
!
! O! crescente! insucesso! dos! agentes! antimicrobianos! clássicos! na!
erradicação! de! H.$ pylori! estimulou! a! pesquisa! sobre! a! potencial! utilização! de!
outros!agentes! terapêuticos.!O!desenvolvimento!de!uma!vacina!que!prevenisse!
esta! infeção! seria,! indubitavelmente,! uma!maisgvalia! extraordinária,! sobretudo!
nos!países!com!elevadas!taxas!de!prevalência!da!infeção!e!de!carcinoma!gástrico.!
Um! resumo! destas! potenciais! alternativas! terapêuticas/adjuvantes! do!
tratamento!é!apresentada!na!Figura!26.!
Apesar! dos! múltiplos! estudos! publicados! não! se! registou! um! avanço!
muito! significativo! nesta! área.! Provavelmente,! tal! sucede! porque! os! objetivos!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 125!
definidos!não!são!os!mais!adequados.!Temgse!insistido!na!questão!da!erradicação!
mas,! o! papel! dos! probióticos! e! dos! nutracêuticos! será! mais! relevante! no!
controlo/redução! da! carga! bacteriana,! controlo! da! inflamação,! modulação! da!
resposta! imune,! inibição! da! adesão! da! bactéria! ao! epitélio! gástrico! e!
neutralização!dos!fatores!de!virulência!bacterianos.!
!
!Figura 26 – Alternativas ou adjuvantes terapêuticos na infeção por Helicobacter pylori (Adaptado com permissão da Dra. Guadalupe Ayala e respetiva editora) 491 !
2.1.11.1)'Lactoferrina'
!
! A!lactoferrina!é!o!prebiótico!que!mais!tem!sido!utilizado!como!terapêutica!
adjuvante!no!tratamento!de!H.$pylori.!Há!alguns!trabalhos!publicados!sugerindo!
que!este! composto!pode!aumentar! a! eficácia! e!diminuir!os! efeitos! adversos!da!
terapêutica! empírica! 842.! Contudo,! o! nível! de! evidência! é! limitado! e,! à! luz! dos!
dados!atuais,!a!utilização!sistemática!da!lactoferrina!não!pode!ser!recomendada!
611.!!
A!lactoferrina!bovina,!uma!glicoproteína!com!afinidade!para!o!ferro,!é!um!
antioxidante!não!enzimático!que!se!encontra!no!leite!fermentado.!Esta!proteína!
pode!contribuir!para!a!eliminação!de!H.$pylori!através!de!diversos!mecanismos:!
Revisão da Literatura
!126!
ação! sinérgica! com!os! antibióticos;! intensificação! do! pH! ácido! a! nível! gástrico,!
comprometendo!a!sobrevivência!da!bactéria;! fixação!do! ferro,! impedindo!a!sua!
utilização!pelos!microrganismos;!redução!dos!efeitos!secundários!e!aumento!da!
adesão!à!terapêutica!843.!A!revisão!sistemática!de!Sachdeva!et$al.!até!recomenda!a!
sua!utilização!mas!a!magnitude!do!potencial!benéfico!é!diminuto!843.!
!
2.1.11.2)'Probióticos'!
! Os!probióticos!são!organismos!vivos!que,!ao!serem!administrados!per$os,!
conferem!um!efeito!benéfico!para!o!hospedeiro.!Têm!sido!publicados!múltiplos!
estudos! sobre!a!utilização!destes!agentes! como!adjuvantes!nas! terapêuticas!de!
erradicação!de!H.$pylori,!permitindo!aumentar!a!taxa!de!sucesso!e!reduzindo!os!
efeitos! adversos.! Os! principais! agentes! utilizados! foram! as! espécies! de!
Lactobacillus! e! o! Saccharomyces$ boulardii.! Os! probióticos! podem! inibir! o!
crescimento!de!H.$pylori!através!de!processos!imunológicos!ou!não!imunológicos,!
incluindo!a!competição!pelo!seu!nicho!ecológico!491.!Foram!propostos!múltiplos!
mecanismos! para! explicar! a! ação! benéfica! dos! probióticos:! produção! de! ácido!
láctico! com! inibição! do! crescimento! de! H.$ pylori! devido! à! redução! do! pH;!
secreção! de! moléculas! com! propriedades! antibacterianas! como! bacteriocinas,!
autolisinas!e!ácidos!orgânicos;!inibição!da!adesão!de!H.$pylori!às!células!epiteliais,!
quer! indiretamente! pela! produção! de! moléculas! antimicrobianas,! quer!
diretamente!por!competição!com!os!mesmos!pontos!de!adesão;!estabilização!da!
barreira! mucosa,! da! secreção! de! muco! e! da! resposta! imune! do! hospedeiro! à!
infeção,!reduzindo!a!expressão!da!gastrite!induzida!por!esta!bactéria!844.!
As! primeiras! metaganálises! que! avaliaram! o! papel! dos! probióticos! no!
contexto! da! erradicação! de! H.$ pylori! são! difíceis! de! interpretar! porque! os!
critérios! de! inclusão! não! são! homogéneos,! envolvendo! estudos! com!
características! e! estirpes! distintas! 845g847.! Nos! últimos! anos! surgiram! vários!
artigos! sobre! esta! problemática,! igualmente! heterogéneos! e! com! resultados!
predominantemente!negativos!844,!848g851.!Wang!et$al.!apresentaram!uma!revisão!
com!evidência!de!resultados!favoráveis!em!termos!de!eficácia!e!efeitos!adversos!
com! a! utilização! de! um! probiótico! contendo! Lactobacillus! e! Bifidobacterium!
simultaneamente! com! a! terapêutica! de! erradicação! 852.! Szajewska! et$ al.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 127!
apresentaramgnos! uma! metaganálise! envolvendo! exclusivamente! o!
Saccharomices$boulardii,! com!resultados!promissores!no! incremento!da!taxa!de!
erradicação! e! na! redução! dos! efeitos! adversos! 853.! Patel! et$ al.! também! nos!
apresentaram!uma!revisão!dos!estudos!com!a!utilização!dos!probióticos!in$vivo,!
verificandogse!que!estes!agentes!proporcionam!uma!melhoria!na!gastrite!e!uma!
redução!da!carga!bacteriana!854.!Contudo,!são!necessários!mais!estudos,!que!se!
concentrem!em!estirpes!específicas,!doses!e!duração!do!tratamento.!A!utilização!
rotineira!dos!probióticos!não!é,!neste!momento,!recomendada!611.!Curiosamente,!
uma!revisão!sistemática!publicada!em!2009!mostra!que!os!probióticos!baseados!
no! leite! fermentado! podem! aumentar! a! taxa! de! erradicação! em! 5! a! 15%,! com!
resultados!heterogéneos!no!que!concerne!aos!efeitos!secundários!855.!Isto!poderá!
estar! correlacionado! com! a! presença! de! outros! adjuvantes! no! leite,!
nomeadamente!a!lactoferrina!bovina!ou!o!glicomacropeptídeo!843,!856.!
!
2.1.11.3)'Plantas/Fitoterapia'
!
! A!fitoterapia!consiste!na!utilização!de!plantas!ou!extratos!de!plantas!com!
fins! medicinais! 857.! Os! potenciais! efeitos! benéficos! de! extratos! de! plantas! na!
eliminação!de!H.$pylori! têm!sido!estudados!por!diversos!grupos!de!trabalho.!Os!
resultados!obtidos,!in$vitro!e!in$vivo,!são!interessantes!e!esta!poderá!ser!uma!área!
de! grandes! desenvolvimentos! nos! próximos! anos! 650.! Os! principais! elementos!
ativos!identificados!pertencem!ao!grupo!dos!flavonóides,!os!quais!são!compostos!
fenólicos! de! baixo! peso! molecular,! com! propriedades! antiginflamatórias,!
antioxidantes,!antigalérgicas!e!antigvíricas!444.!No!que!diz!respeito!ao!H.$pylori!os!
flavonóides!podem! inibir! o! crescimento!bacteriano,! a!DNA!girase,! a! urease! e! a!
atividade!de!vacuolização.!
Entre! os! vários! elementos! estudados! salientagse! a! raiz! da! Terminalia$
macroptera,!as! folhas!de!Eucalyptus$tolleria!assim!como!a!Combretum$molle!e!a!
Sclerocarya$birrea!858g860.!Também!têm!sido!apresentados!trabalhos!com!recurso!
a!ervas!da!Medicina!Tradicional!Chinesa,!com!resultados!não!desprezíveis!861.!
! Os!extratos!de!alho,!ricos!em!tiosulfinatos,!as!catequinas!do!chá!verde,!um!
fitonutriente!da!família!dos!polifenóis,!os!bróculos,!com!quantidades!abundantes!
de!isotiocianato!sulforafano,!o!vinho!tinto,!com!resveratrol!e!polifenóis,!os!sumos!
Revisão da Literatura
!128!
de! arando/amora! apresentaram! resultados! favoráveis! in$ vitro! ou! em!modelos!
animais!mas!a!transposição!desses!resultados!para!a!espécie!humana!ainda!não!
foi!tentada!ou!revelougse!infrutífera!491,!856,!857,!862g865.!
! Alguns!peptídeos!sintéticos!baseados!nas!defensinas!presentes!no!tomate!
também!podem!representar!uma!maisgvalia!futura!866.!
! Os! polissacarídeos! não! inibem!diretamente! o! crescimento! bacteriano! in$
vitro! mas! têm! propriedades! antigadesivas! que! podem! ser! muito! úteis! no!
tratamento!da!infeção!por!H.$pylori!ou!na!prevenção!da!sua!recorrência!491.!Estes!
compostos!são!facilmente!obtidos!a!partir!de!produtos!naturais,!sobretudo!algas!
como! Cladosiphon$okamuranus,! Spirulina! e! Chlorella! ou! plantas! como! Camellia$
sinensis!(chá!verde),!Artemisia$capillaris!e!Panax$ginseng!867g869.!
!
2.1.11.4)'Mel'e'própolis'
!
! O!mel!exerce!atividades!antibacterianas!através!de!diversos!mecanismos:!
efeito!osmótico!devido!ao!elevado!teor!em!açúcar;!o!seu!conteúdo!em!peróxido!
de!hidrogénio;!a!sua!acidez;!outros!elementos!derivados!das!flores.!!
! O!própolis,!uma!mistura!resinosa!colhida!pelas!abelhas!a!partir!de!várias!
flores! e! que! proporciona! maior! estabilidade! estrutural! às! colmeias,! funciona!
como!um!antibiótico!natural.!
! Alguns!estudos!mostraram!já!que!o!mel!e!o!própolis!são!eficazes,!in$vitro,!
na! eliminação! de! H.$ pylori! mas,! os! poucos! resultados! in$ vivo! têm! sido!
dececionantes!491,!870g873.!
!
2.1.11.5)'Fungos'
!
! Foram! isolados! compostos! a! partir! da! Pseudonocardia$ sp.! CL38489,! da!!
Phanerochaete$velutina! CL6387! e! do!Hericium$erinaceus! com!potente! atividade!
antigH.$ pylori$ in$ vitro! 491,! 874,! 875.! Há! mesmo! um! estudo! clínico! realizado! com!
extratos!de!Tremella$mesenterica.!Foram!envolvidos!52!doentes!mas!o!insucesso!
terapêutico!foi!total,!mesmo!nos!casos!em!que!se!associou!o!omeprazol!876.!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 129!
2.1.11.6)'Estatinas,'vitaminas,'aspirina,'pronase,'Njacetilcisteína'
!
! Diversos! fármacos! foram! utilizados! em! estudos! de! eficácia! no! que! diz!
respeito! à! erradicação! de! H.$ pylori,! quase! sempre! como! adjuvantes! da!
terapêutica!empírica!tripa!baseada!na!claritromicina.!É!o!caso!da!sinvastatina,!da!
aspirina,!da!pronase!e!das!vitaminas!C!e!E!877g880.!A!Ngacetilcisteína!é!um!agente!
mucolítico! capaz! de! desestabilizar! o! biofilme! bacteriano,! facilitando! a! atuação!
dos!antibióticos.!A!sua!potencial!utilidade!já!foi!demonstrada!num!estudo!clínico!
in$vivo!881.!!
Os! resultados! apresentados! por! estes! fármacos! são! promissores!mas,! é!
indispensável!a!realização!de!estudos!randomizados,!aleatorizados,!envolvendo!
maior!número!de!doentes.!
!
2.1.11.7)'Fototerapia'
!
! O! H.$ pylori! apresenta! duas! características! que! o! tornam! susceptível! à!
terapêutica!fotodinâmica:!a!sua!capacidade!para!acumular!porfirinas!fotoativas!e!
a! ausência! de! mecanismos! para! reparar! os! danos! genéticos! secundários! à!
fototoxicidade!882.!Há!já!um!estudo!clínico!que!comprova!a!eficácia!da!fototerapia!
na!redução!significativa!da!carga!bacteriana!mas!sem!proporcionar!a!eliminação!
total! da! bactéria! 883.! Contudo,! esta! poderá! ser! uma! via! de! investigação! e! uma!
eventual!terapêutica!adjuvante!pré!ou!pergantibioterapia.!
!
2.1.11.8)'Bacteriófagos'
!
! A! utilização! de! bacteriófagos! líticos! no! tratamento! das! infeções!
bacterianas!é!apelativa!444,!857.!Já!foram!identificados!vírus!deste!tipo!no!H.$pylori!
mas! desconhecegse! ainda! o! seu! ciclo! de! vida! pelo! que! estamos! longe! da! sua!
aplicação!prática!444,!884.!Outra!alternativa!seria!a!utilização!de!algumas!proteínas!
destes!bacteriófagos!como!a!lisina.!
!
!
Revisão da Literatura
!130!
2.1.11.9)'Inibidores'das'bombas'de'efluxo'
!
! As!bombas!de!efluxo!podem!ser!responsáveis!pela!resistência!intrínseca!a!
alguns!antibióticos,!como!é!o!caso!da!amoxicilina!e!da!claritromicina.!Deste!modo,!
a! administração! de! inibidores! das! bombas! de! efluxo,! como! a! PAβN,! poderá!
aumentar! o! sucesso! das! terapêuticas! antimicrobianas.! Estes! inibidores!
determinam! um! aumento! da! concentração! intracelular! dos! antibióticos,! com!
consequente! redução! das! CMI.! No! caso! dos!macrólidos! isto! permitiria!mesmo!
ultrapassar!o!efeito!deletério!resultante!das!mutações!no!23S$rRNA!757.!
!
2.1.11.10)'Vacinas'
!
! A!prevenção!primária!é!uma!estratégia!fundamental!em!termos!de!saúde!
pública,! sobretudo! quando! aplicada! a! doenças! infeciosas.! O!H.$ pylori! acomete!
50%!da!população!mundial!e!é!um!elemento!chave!no!processo!de!carcinogénese!
gástrica.!O!desenvolvimento!de!uma!vacina!que!bloqueasse!a!transmissão!deste!
agente! infecioso! representaria!um!avanço!notável!na!Medicina,! tanto!mais!que!
observamos!uma!resistência!crescente!deste!microrganismo!aos!antibióticos!e!as!
patologias! a! ele! associadas! apresentam! elevada! morbilidade! e! mortalidade! 20.!
Por!outro!lado,!o!elevado!dispêndio!do!tratamento!desta!infeção!assim!como!das!
doenças!a!ela!associadas!potenciariam!uma!boa!relação!custogeficácia!para!uma!
vacina!491.!!
! Como! o! H.$ pylori! é! essencialmente! extracelular,! as! tentativas! de!
desenvolver! uma! vacina! baseiamgse! na! imunização! da! mucosa.! Têm! sido!
estudadas! diversas! vias! de! administração,! adjuvantes! e! antigénios.!
Relativamente!a!estes!últimos!a!urease,!a!CagA,!a!VacA,!a!proteína!ativadora!dos!
neutrófilos!e!a!catalase!são!reconhecidas!pelos!anticorpos!pelo!que!constituem!
os!elementos!mais!estudados.!Contudo,!há!uma!grande!diversidade!antigénica!de!
estirpe! para! estirpe! o! que! dificulta! a! seleção! do! antigénio! mais! adequado! 885.!
Uma!combinação!de!antigénios!envolvendo,!eventualmente,!outros!marcadores,!
poderá!representar!uma!maisgvalia.!A!imunidade!humoral!não!é!suficiente!para!
eliminar!a!bactéria!pelo!que!a!vacina!deve!também!estimular!a!imunidade!celular!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 131!
886.!Adicionalmente,!esta!vacina!e!a!respetiva!estratégia!de!vacinação!deveria!ser!
capaz!de!controlar!a!resposta!imunomoduladora!induzida!por!H.$pylori!491.!
! Neste!momento! não! há! ainda! perspetivas! de! uma! vacina! com! aplicação!
clínica!a!curto/médio!prazo.!Três!fatores!têm!comprometido!o!desenvolvimento!
da! vacina:! a! escolha!do(s)! antigénio(s)!mais! representativos;! o! adjuvante!mais!
adequado!tendo!em!linha!de!conta!que!vetores!vivos!podem!ser!nocivos!para!a!
espécie!humana;!a!ocorrência!de!uma!resposta! imunitária!do!hospedeiro!que!é!
complexa! e,! nem! sempre! apropriada.! O! longo! período! de! tempo! que! decorre!
entre!a!aquisição!da! infeção!e!o!desenvolvimento!de!doença,!particularmente!o!
carcinoma! gástrico,! também! tem! diminuído! o! interesse! no! investimento!
necessário!para!obter!uma!vacina!887.!
!
Revisão da Literatura
!132!
2.2)'Helicobacter+pylori'em'Portugal'
!
! Em! Portugal! assistiugse,! logo! desde! os! finais! da! década! de! 1980,! a! um!
grande!interesse!nesta!temática,!que!se!tem!mantido!até!ao!momento!presente,!
se!reflete!no!elevado!número!(>200)!de!artigos!publicados!em!revistas!indexadas!
e!na!participação!profícua!de!representantes!portugueses!no!Grupo!Europeu!de!
Estudo!de!Helicobacter$pylori.!!
A!gastrite!crónica,!o!carcinoma!gástrico,!o!linfoma!MALT,!a!etiopatogenia!
da! infeção! por! H.$ pylori,! a! sua! prevalência,! correlação! com! as! patologias!
supracitadas,!perfil!de!resistências!e! terapêuticas!adjuvantes! têm!representado!
áreas! de! interesse! e! investigação! produtiva! por! parte! de! vários! grupos! de!
trabalho,!incluindo!a!nível!da!região!Centro!21,!888.!Nesta!área!geográfica!concreta,!
a!elevada! taxa!de!mortalidade!por!carcinoma!gástrico!que,!em!1985,!atingia!os!
40,2/100.000!no!distrito!da!Guarda! e!os!17,2/100.000!no!distrito!de!Coimbra,!
representou! uma! das! principais! motivações! para! os! estudos! realizados! sobre!
esta!infeção!21.!!
Considerando!o!foco!principal!do!atual!projeto!de!investigação,!entendeug
se! fazer! incidir! a! revisão! da! literatura! em! estudos! já! publicados! sobre! a!
prevalência,! genótipo! bacteriano,! padrões! de! resistência! e! esquemas!
terapêuticos.!
!
2.2.1)'Prevalência'da'infeção'por'Helicobacter+pylori'!
! Apesar!de!se!ter!assistido!a!uma!considerável!redução!do!seu!impacto!nos!
últimos!anos,!a!infeção!por!H.$pylori!continua!a!ser!a!mais!comum!a!nível!mundial,!
acometendo! aproximadamente! 50%! da! população! 1.! Contudo,! há! uma! grande!
variabilidade!nas!taxas!de!prevalência!que,!nas!revisões!mais!recentes,!chegam!a!
oscilar! entre! os! 6,2%! e! os! 84,2%! 9.! Os! valores! mais! elevados! registamgse!
geralmente!nos!países!em!vias!de!desenvolvimento!3g8.!!
! A! redução!da!prevalência!da! infeção!por!este!microrganismo!contribuiu!
para! a! diminuição! da! incidência! e! da! mortalidade! por! carcinoma! gástrico!
observada!na!generalidade!dos!países!274g276.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 133!
! Em!Portugal,!Quina!M.G.!reportava,!em!1994,!uma!taxa!de!prevalência!de!
H.$ pylori! de! 46,2%! na! idade! pediátrica! e! 82,8%! nos! adultos! 25.! Nos! finais! da!
década! de! 1980,! Romãozinho! J.M.! identificou,! na! região! Centro! do! país,! e!
recorrendo!a!diagnóstico!histológico,!a!presença!da!infeção!por!este!bacilo!em!61!
a!80%!dos! indivíduos! com!gastrite! crónica! 21.!Decorridos!20! anos! e,! tendo! em!
linha!de!conta!a!melhoria!das!condições!higienogsanitárias!constatada!neste!país!
do!sul!da!Europa,!seria!expectável!que!tivesse!ocorrido!uma!redução!significativa!
da!prevalência!da!infeção!por!H.$pylori.!Contudo,!um!estudo!recente,!prospetivo,!
de!base!populacional,!tendo!como!método!diagnóstico!a!pesquisa!de!anticorpos!
antigH.$pylori!IgG!pela!técnica!ELISA!em!2.067!adultos!da!região!urbana!do!Porto,!
identificou! uma! serologia! positiva! em! 84,2%! (IC! 95%:! 82,4g86,1%)! 26.! Nos!
indivíduos!com!mais!de!10!anos!de!escolaridade!a!prevalência!aumentava!com!a!
idade!(72,6%!na!faixa!etária!dos!18!aos!30!anos!e!88,1%!a!partir!dos!70!anos)!
mas,!o!inverso!sucedia!no!grupo!com!menos!de!4!anos!de!escolaridade!(100%!na!
faixa!etária!dos!18!aos!30!anos!e!90,2%!a!partir!dos!70!anos)!26.!A!prevalência!foi!
inferior! nos! níveis! educacionais! mais! elevados! mas! essa! diferença! diminuiu!
progressivamente! das! faixas! etárias! mais! jovens! para! as! mais! avançadas.! De!
facto,! a! idade! e! o! nível! de! escolaridade! condicionaram! o! impacto! dos! outros!
parâmetros,! nomeadamente! o! sexo,! o! local! de! residência! e! o! acesso! a!
refrigeração!da!comida!durante!toda!a!vida!26.!
! Em! 412! amostras! com! infeção! documentada! foi! pesquisada! a!
seropositividade!para!o!cagA!através!de!Western$Blot.!A!prevalência!registada!foi!
de!61,7%!(IC!95%:!56,6g66,9%)!26.!Este!valor!encontragse!no!limiar!de!60!a!80%!
habitualmente! definido! para! a! prevalência! de! estirpes! cagA! positivas! em!
Portugal! 494,! 889.! Também! foi! possível! verificar,! através! da! reavaliação! de! 114!
indivíduos!seronegativos,!que!a!taxa!de!aquisição!de! infeção!na! idade!adulta!se!
cifrava! nos! 3,6/100! pessoasgano.! Do!mesmo!modo,! com! a! reavaliação! de! 261!
indivíduos! seropositivos! foi! possível! estabelecer! que! a! taxa! de! resolução!
espontânea!da!infeção!foi!de!1/100!pessoasgano!26.!Contudo,!é!importante!referir!
que!as!colheitas!iniciais!terão!sido!realizadas!entre!1999!e!2003!e!as!reavaliações!
entre!2005!e!2008,!o!que!significa!que!a!taxa!de!prevalência!supracitada!reflete!a!
realidade!da!região!urbana!do!Porto!há!10!anos!atrás.!
Revisão da Literatura
!134!
! Em!2012!foi!publicado!um!estudo!sobre!a!problemática!desta!infeção!nos!
adolescentes!portugueses!161.!Foram!novamente!utilizados!métodos!serológicos!
e!as!colheitas! foram!realizadas!em!1.312!adolescentes!nos!anos!de!2003/2004,!
registandogse! uma! taxa! de! prevalência! de! 66,2%! (IC! 95%:! 63,6g68,7%)! 161.!
Identificougse! uma! relação! direta! com! o! número! de! irmãos,! com! a! densidade!
populacional! na! habitação! e! com! o! consumo! de! tabaco! e! uma! relação! inversa!
com! o! nível! educacional! dos! pais! 161.! Os! autores! concluem! que! as! taxas! de!
prevalência!identificadas!nestes!jovens!da!região!urbana!do!Porto!são!superiores!
às!de!vários!outros!estudos,!não!só!em!países!europeus!mas! também!asiáticos,!
sul! americanos! e! africanos.! Através! de! uma! reavaliação! de! 280! jovens!
seronegativos! e! 76! seropositivos,! concretizada! em! 2007/2008,! foi! possível!
identificar! uma! taxa! de! incidência! de! 4,1/100! pessoasgano! e! uma! taxa! de!
seroreversão!de!1,6/100!pessoasgano!161.!
! Um!outro!estudo!realizado!em!adolescentes!dos!12!aos!18!anos!de!idade,!
na! região! Centro/Interior! do! país,! e! apenas! disponível! na! forma! de! abstract,!
revela!uma!prevalência!da!infeção!por!H.$pylori!de!35,9%,!documentada!através!
de!UBT!890.!
! Outro! trabalho! publicado! já! no! ano! de! 2011,! realizado! em! Lisboa! e!
recorrendo! à! pesquisa! de! antigénios! fecais! em! 844! crianças! assintomáticas! (0!
aos!15!anos),! revelou!uma!prevalência!global!de!31,6%,!aumentando!de!19,9%!
no!grupo!0g5!anos!para!37%!no!grupo!6g10!anos!e!51,5%!no!grupo!dos!11!aos!15!
anos! 891.! A! idade,! a! partilha! do! quarto! com! adultos! ou! outras! crianças! e! a!
frequência!de!creches/berçários!são!fatores!associados!a!maior!risco!de!infeção!
891.! Em! 296! das! 569! crianças! não! infetadas! na! avaliação! inicial! foi! possível!
realizar!um!followAup!com!determinações!a!cada!6!meses,!estabelecendogse!uma!
taxa!de!incidência!de!11,6/100!criançasgano!891.!
! Uma! prevalência! tão! elevada! é! muito! preocupante! tendo! em! linha! de!
conta! que! a! infeção! por! H.$ pylori! é! o! principal! fator! de! risco! para! o!
desenvolvimento! de! carcinoma! gástrico! 275.! Esta! realidade! contribui,!
seguramente,! para! manter! Portugal! na! linha! da! frente! da! incidência! e!
mortalidade! por! carcinoma! gástrico! a! nível! europeu,! e! explica! porque! é! que! o!
declínio! da! mortalidade! por! esta! neoplasia! se! iniciou! posteriormente! ao!
verificado! noutros! países! desenvolvidos! 277,! 892.! Em! 2008,! Portugal! foi,! no!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 135!
conjunto! dos! 27! países! da! União! Europeia,! o! que! apresentou! maior! taxa! de!
incidência!(19,2/100.000!no!sexo!masculino!e!9,2/100.000!no!sexo!feminino)!e!
mortalidade! (15/100.000! no! sexo!masculino! e! 6,8/100.000! no! sexo! feminino)!
por!carcinoma!gástrico!191.!Calculagse!que,!se!os!países!do!leste!e!sul!da!Europa,!
incluindo!Portugal,!apresentassem!os!mesmos!padrões!de!prevalência!da!infeção!
por!H.$ pylori! e! de! tabagismo! que! os! países! do! norte,! pelo! menos! metade! dos!
carcinomas!gástricos!registados!em!2002!teriam!sido!evitados!893.!!
! Mas,!nem!sempre!é! fácil! aferir!da!verdadeira! relação!de!H.$pylori! com!o!
carcinoma!gástrico!não!cárdico.!De!facto,!um!primeiro!estudo,!datado!de!1993!e!
socorrendogse! da! serologia! por! técnica! ELISA,! não! encontrou! um! nível! mais!
elevado! de! infeção! por! esta! bactéria! nos! doentes! com! carcinoma! gástrico!
comparativamente!aos!controlos!894.!Um!estudo!mais!recente!e!mais!abrangente!
também! não! identificou! associação! entre! infeção! e! carcinoma! gástrico,!
independentemente!de!se!utilizar!a!técnica!ELISA!ou!o!Western$Blot!895.!Contudo,!
com!este!último!teste!é!possível!identificar!a!presença!do!anticorpo!antigcagA!e,!
nesta! série,! este! fenótipo!está! claramente!associado!a!um!aumento!do! risco!de!
carcinoma! gástrico! 895.! Conforme! já! tinha! sido! referido,! em! capítulo! próprio,! a!
prevalência!exata!da!infeção!por!H.$pylori!nos!doentes!com!carcinoma!gástrico!é!
difícil!de!determinar!porque!esta!bactéria!pode!desaparecer!nos!indivíduos!com!
neoplasias! gástricas! e! suas! alterações! histológicas! precursoras! 4,! 300.! Só!
poderemos! avaliar! a! real! prevalência! e! associação! de! H.$ pylori! ao!
desenvolvimento!do!carcinoma!gástrico,!se!dispusermos!de!amostras!serológicas!
que! tenham! sido! colhidas! pelo! menos! 10! anos! antes! do! diagnóstico! 289.! O!
immunoblot! para! a! proteína! CagA! é! mais! sensível! como! marcador! de! infeção!
presente!ou!passada!do!que!a!pesquisa!de!anticorpos!IgG!pela!técnica!ELISA!301.!
!
2.2.2)'Taxas'de'resistência'de'Helicobacter+pylori'aos'antibióticos'!
! No!primeiro! estudo!multicêntrico! europeu,! datado!de!2001,! as! taxas! de!
resistência! primária! reportadas! em! Portugal,! na! região! de! Lisboa,! foram! de!
33,3%!para!o!metronidazol,!20,7%!para!a!claritromicina!e!0%!para!a!amoxicilina!
27.! Neste! trabalho,! a! taxa! média! de! resistência! ao! metronidazol! foi! de! 33,1%,!
sendo!o!valor!mais!elevado!identificado!na!Finlândia,!com!61,6%,!e!o!mais!baixo!
Revisão da Literatura
!136!
na!Bélgica,!com!18,9%.!A!taxa!média!de!resistência!à!claritromicina!foi!de!9,9%!
com!o!nível!mais!elevado!em!Itália,!de!27,2%,!e!o!mais!baixo!na!Alemanha,!de!0%!
27.!
! Já! no! estudo! mais! recente,! datado! de! 2013,! as! taxas! de! resistência!
primária!em!Portugal!cifraramgse!em!31,5%!para!a!claritromicina!e!26,3%!para!a!
levofloxacina,!não!estando!reportados!os!dados!específicos!para!o!metronidazol.!
A!taxa!média!de!resistência!à!claritromicina!foi!de!17,5%,!variando!entre!36,6%!
(Áustria)!e!5,6%!(Holanda).!A!taxa!média!de!resistência!ao!metronidazol! foi!de!
34,9%!e!à!levofloxacina!de!14,1%,!variando!entre!28%!(Bélgica)!e!4%!(Croácia)!
776.!
! Cabrita!et$al.!realizaram!um!estudo!de!suscetibilidade!por!Egtest!em!473!
isolados!de!H.$pylori! recolhidos!na! região!de!Lisboa!de!1990!a!1999,!dos!quais!
cinquenta! foram! obtidos! em! indivíduos! com! história! prévia! de! tentativa! de!
erradicação! 28.! Não! foram! identificados! casos! de! resistência! à! amoxicilina! e! à!
tetraciclina,! registandogse! uma! taxa! de! resistência! à! claritromicina! de! 19%,! ao!
metronidazol! de! 30,6%! e! à! ciprofloxacina! de! 9,6%! 28.! As! taxas! de! resistência!
secundária!foram!significativamente!mais!elevadas!que!as!primárias,!quer!para!a!
claritromicina!(47%!vs.!13,5%)!quer!para!o!metronidazol!(75%!vs.!28,8%).!Nos!
adultos,! a! resistência! ao! metronidazol! foi! mais! elevada! do! que! nas! crianças!
(34,1%!vs.!19%),!mas!o!inverso!ocorreu!com!a!claritromicina!(22%!vs.!44,8%).!A!
frequência! de! resistência! dupla! claritromicina! +!metronidazol! foi! de! 8,6%! nas!
crianças!e!11,4%!nos!adultos.!Todos!os!58! isolados!obtidos!de! indivíduos! com!
idade! pediátrica! apresentavam! sensibilidade! à! ciprofloxacina! pelo! que,! se! os!
mesmos!fossem!excluídos!da!análise!final,!a!taxa!de!resistência!a!esta!quinolona!
nos!adultos!cifravagse!em!20,9%!28.!Ao!longo!desta!década!de!estudo!verificougse!
um! incremento! significativo! na! resistência! de! H.$ pylori! à! claritromicina! e! à!
ciprofloxacina,! sem! que! o! mesmo! se! tivesse! verificado! em! relação! ao!
metronidazol!28.!Nos!isolados!incluídos!em!1998g99!a!resistência!à!claritromicina!
alcançou! mesmo! os! 28,9%.! Já! nesta! altura! se! conseguia! estabelecer! uma!
correlação!dos!padrões!de!resistência!observados!com!o!perfil!de!utilização!dos!
antibióticos!em!Portugal!28.!!
! Mas,!em!1998,!Rosário!et$al.!publicaram!os!resultados!da!sua!investigação!
e!os!perfis!de!resistência! identificados! foram!bem!diferentes.!Os! isolados!de!H.$
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 137!
pylori!obtidos!a!partir!de!103!doentes!oriundos!da!região!de!Lisboa!e!Santarém!
apresentaram!resistência!à!claritromicina!em!5,8%!dos!casos!e!ao!metronidazol!
em! 60%! 29.! Apenas! 5! doentes! tinham! sido! submetidos! a! terapêutica! prévia,!
infrutífera,!e!só!um!deles!apresentava!H.$pylori$com!resistência!à!claritromicina!
pelo!que!a!taxa!de!resistência!primária!a!este!antibiótico!cifrougse!nos!4,8%!29.!
! Entre!1999!e!2003!Lopes!et$al.!avaliaram!os!padrões!de!suscetibilidade!de!
H.$ pylori! em! 109! crianças! que! nunca! tinham! recebido! qualquer! tratamento.! A!
taxa!de!resistência!à!claritromicina!foi!de!39,4%,!ao!metronidazol!de!16,5%!e!à!
ciprofloxacina! de! 4,5%! 30.! O! único! fator! que! influenciou! a! resistência! à!
claritromicina!foi!a!ascendência!europeia.!
! Já!em!2011!Oleastro!et$al.!publicaram!os!resultados!obtidos!com!o!estudo!
do!perfil!de!sensibilidade!aos!antibióticos!em!1.115!estirpes!de!H.$pylori!isoladas!
entre! 2000! e! 2009,! a! partir! de! crianças! e! adolescentes! com! idades!
compreendidas! entre! os! 4!meses! e! os! 18! anos! 896.! Identificougse! uma! taxa! de!
resistência! à! claritromicina! de! 34,7%,! ao! metronidazol! de! 13,9%! e! à!
ciprofloxacina! de! 4,6%! 896.! Curiosamente,! foi! observado! um! acréscimo!
significativo!na! taxa!de! resistência!à! ciprofloxacina!mas! tal!não! sucedeu!com!a!
claritromicina! ou! o! metronidazol! 896.! A! resistência! à! claritromicina! foi! mais!
comum!nas!crianças!de!ascendência!europeia!e!a!resistência!ao!metronidazol!nas!
de! origem! africana! 896.! Na! comparação! com! o! estudo! multicêntrico! europeu!
verificougse!que!a! resistência!primária! à! claritromicina!é! superior! em!Portugal!
(34,7%!vs.!20%)!mas!o!inverso!sucedeu!com!o!metronidazol!(13,9%!vs.!23%)!792,!
896.!
! Em! 2014! Oleastro! et$ al.! publicaram,! no! Boletim! Epidemiológico! de!
Observações!do!Instituto!Nacional!de!Saúde!Dr.!Ricardo!Jorge,!os!resultados!de!
uma! investigação! realizada! sobre! a! resistência! primária! de! H.$ pylori! aos!
antibióticos.! Foram! analisados! os! isolados! obtidos! a! partir! de! 102! doentes!
sintomáticos! submetidos! a! EDA! em! duas! unidades! hospitalares! da! região! de!
Lisboa!897.!A!resistência!à!claritromicina!foi!de!34,3%,!ao!metronidazol!de!24,5%!
e!à!levofloxacina!de!24,5%.!Não!estão!descritos!casos!de!resistência!à!amoxicilina,!
tetraciclina! e! rifabutina.! Só! 42,2%! dos! isolados! foram! sensíveis! a! todos! os!
antibióticos! testados! e! 19,6%! apresentavam! mesmo! resistência! a! 2! ou! mais!
antibióticos!897.!A!resistência!à!claritromicina!foi!superior!nas!crianças!e!doentes!
Revisão da Literatura
!138!
do! sexo! masculino! e,! no! caso! do! metronidazol,! a! resistência! foi! superior! nos!
isolados!obtidos!a!partir!de!adultos!897.!
! Como!já!foi!previamente!explanado,!o!principal!fator!de!risco!para!que!o!H.$
pylori! desenvolva! resistências! é! a! exposição! do! mesmo! a! antibióticos,!
frequentemente! administrados! para! resolver! outro! tipo! de! infeções! mas! nem!
sempre! da! forma! mais! adequada.! O! primeiro! estudo! publicado! sobre! o! tema!
revelou! que! Portugal! apresentava! um! dos! maiores! índices! de! consumo! de!
antibióticos! da! União! Europeia,! com! 28! doses! diárias! definidas! por! mil!
habitantes!e!por!dia!(DHD),!só!sendo!suplantado!pela!França!e!Espanha!898.!Um!
estudo!recentemente!publicado!sobre!a!evolução!do!consumo!de!antibióticos!em!
Portugal! nos! anos! de! 2000! a! 2009,! no! âmbito! do! ambulatório,! revelou! uma!
redução!de!24,12!para!22,03!DHD!mas!os!distritos!da! região!Centro! (Coimbra,!
Aveiro!e!Leiria)!foram!os!que!registaram!a!maior!variação!negativa!899.!Importa!
referir!que!estes!três!distritos!eram!os!que!apresentavam!maior!taxa!de!consumo!
de! antibióticos! no! ano! 2000.! Contudo,! esta! variação! não! foi! homogénea! para!
todas!as! classes!de!antibióticos.!Assim,!verificougse!uma!redução!na!prescrição!
de! tetraciclinas,! cefalosporinas! e! quinolonas! mas! um! aumento! no! que! diz!
respeito! aos! macrólidos! 899.! O! maior! incremento! foi! de! 41,24%! e! ocorreu! na!
região! Centro.! Os! principais! macrólidos! prescritos! foram! a! claritromicina! e! a!
azitromicina.!Quanto!às!penicilinas,!o!consumo!apresentou!um!ligeiro!acréscimo!
global! embora! nas! regiões! de! Saúde! do! Centro! e! de! Lisboa! e! Vale! do! Tejo!
ocorresse!uma!redução!899.!É!importante!salientar!que!este!aumento!do!consumo!
de!penicilinas!se!deveu!à!utilização!de!fármacos!associados!a!inibidores!das!betag
lactamases! e! de! penicilinas! de! largo! espetro.! Quanto! às! quinolonas,! as! mais!
prescritas!foram!a!ciprofloxacina!e!a!levofloxacina.!
! A! boa! evolução! registada! foi! consubstanciada! numa! publicação!
envolvendo!diversos! países! europeus,! com!Portugal! a! apresentar! em!2009!um!
bom! indicador! de! qualidade! em! termos! de! prescrição! de! antibióticos! no!
ambulatório! 900.! Contudo,! apesar! da! boa! evolução! constatada,! este! país! ibérico!
continuava! a! ocupar,! nesse! mesmo! ano! de! 2009,! o! 8º! lugar! em! termos! de!
consumo! de! antibióticos! no! conjunto! de! 33! países! europeus! 901.! Estes! dados!
refletem! uma! realidade! muito! preocupante! e,! face! ao! elevado! consumo! de!
macrólidos! e! quinolonas,! com! utilização! crescente! do! primeiro! grupo,! é!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 139!
expectável! que! as! taxas! de! resistência! de! H.$ pylori! na! região! Centro! sejam!
bastante! elevadas.! Contudo,! nesta! área! geográfica! não! estão! disponíveis!
quaisquer!dados!publicados!sobre!este!tema.!
!
2.2.3)' Recomendações' atuais' sobre' o' tratamento' de' Helicobacter+ pylori' em'
Portugal'–'avaliação'crítica'
!
! Em! Portugal! as! recomendações! da! Sociedade! Portuguesa! de!
Gastrenterologia! relativas! à! correlação!de!H.$pylori! com!diversas!patologias,! às!
metodologias! de! diagnóstico,! às! indicações! terapêuticas! e! aos! esquemas! de!
erradicação! propostos! para! o! nosso! país,! datam! de! novembro/dezembro! de!
2008!24.!Para!terapêutica!de!primeira!linha!defendegse!a!utilização!dos!esquemas!
empíricos! triplos! clássicos,! incluindo! IBP! e! claritromicina! associados! à!
amoxicilina!ou! ao!metronidazol.! Como!esquemas!de! segunda! linha! sugeregse!o!
recurso! à! combinação! de! IBP,! bismuto,! tetraciclina! e! metronidazol! ou,! em!
alternativa,! IBP,! amoxicilina! (ou! tetraciclina)! e! metronidazol.! Os! regimes!
terapêuticos! de! primeira! linha! teriam!uma! duração! de! 7! dias! e! os! de! segunda!
linha!prolongargsegiam!por!14!dias.!Após!falência!do!esquema!de!segunda!linha!o!
doente!deve! ser! submetido!a!EDA!com! isolamento!de!H.$pylori! e!determinação!
das!CMI!para!os!diversos!antibióticos!24.!
! Uma! avaliação! crítica! destas! recomendações,! à! luz! dos! conhecimentos!
atuais,!levagnos!a!duvidar!sobre!a!adequação!das!mesmas!à!realidade!nacional.!
! Em!primeiro! lugar,!a!eficácia!dos!esquemas!empíricos! triplos!clássicos!é!
largamente!contestada!e!raros!são!os!estudos!publicados!que!mostrem!taxas!de!
erradicação! superiores! a! 80%! 20.! Deste!modo,! é! difícil! aceitar! a! sua! utilização!
sistemática,! embora! sejam! necessários! estudos! concretos! para! confirmar! ou!
infirmar!a!sua!aplicabilidade!na!prática!clínica!diária.!Cerqueira!et$al.!analisaram!
a!eficácia!do!esquema! triplo! com! IBP,! claritromicina!e!amoxicilina!nos!doentes!
obesos! propostos! para! cirurgia! bariátrica.! Este! grupo,! trabalhando! na! região!
Norte!do!país,! confirmou!que!as! taxas!de!sucesso!para!este! regime! terapêutico!
são! inferiores! a! 80%.! Aliás,! foi! possível! observar! uma! redução! da! eficácia!
terapêutica!ao!longo!dos!últimos!anos!902,!903.!!
Revisão da Literatura
!140!
Por! outro! lado,! é! defendido! que! a! administração! dos! fármacos! por! um!
período!de!7!dias!seria!suficiente.!No!entanto,!as!metaganálises!comprovam!que!
uma!duração!superior!do!tratamento!permite!aumentar!as!taxas!de!eficácia!651,!
652.! Não! é! de! surpreender! que! as! guidelines! do! American$ College$ of$
Gastroenterology,!datadas!de!2007,!assumam!que!os!tratamentos!com!esquemas!
triplos! clássicos! devem! ser! prolongados! por! um!período!mínimo!de! 10! dias! e,!
preferencialmente,!de!14!dias!607.!No!trabalho!de!Cerqueira!et$al.!verificougse!que!
um! esquema!de! 7! dias! estava! associado! a! uma! taxa! de! sucesso! terapêutico! de!
67%!mas,!com!o!esquema!de!14!dias!essa!taxa!subia!para!79,9%!(OR!=!1,96;!IC!
95%:! 1,16g3,30;! p! =! 0,016).! A! revisão! Cochrane!mais! recente! sobre! este! tema!
também!confirma!a!utilidade!de!um!esquema!mais!longo!644.!
Os! esquemas! empíricos! triplos! baseados! na! claritromicina! são!
recomendados!a!nível!nacional!no!pressuposto!de!que!a!taxa!de!resistência!de!H.$
pylori!a!este!antibiótico,!em!Portugal,!seria!inferior!a!15g20%.!Contudo,!o!estudo!
multicêntrico!europeu,!publicado!em!2001,!revelava!que!na!zona!metropolitana!
de! Lisboa! a! taxa! de! resistência! à! claritromicina! era! de! 20,7%.! Outro! estudo,!
incidindo! sobre! a! mesma! região,! mostrava! que! as! taxas! de! resistência! à!
claritromicina!tinham!vindo!a!aumentar!progressivamente!no!decurso!da!década!
de! 1990! e! aproximavamgse! já! dos! 30%! 28.! Assim,! a! utilização! de! esquemas!
empíricos! baseados! na! claritromicina! é! questionável! e! deve! ser! encarado! com!
muitas!reservas.!
Finalmente,! os! esquemas! de! segunda! linha! derivam! dos! recomendados!
nos!consensos!de!Maastricht!III!mas!dependem!do!bismuto!ou!da!tetraciclina!19.!
Neste!momento!estes!fármacos!estão!indisponíveis!no!nosso!país.!Também!não!
há! menção! à! possibilidade! de! recorrer! a! terapêuticas! com! levofloxacina! ou!
rifabutina.! Estas! novas! hipóteses! tinham! já! sido! previstas! nos! referidos!
consensos!de!Maastricht!III!19.!
Assim,! é! praticamente! indubitável! que! estas! recomendações! estão!
desatualizadas!e!exigem!uma!reformulação.!Neste! contexto!particular!devemos!
avaliar,! com! sentido! crítico,! as! recomendações! recentemente! publicadas! em!
Espanha! 611.! A! título! de! exemplo,! é! recomendada! a! utilização! inicial! de! uma!
terapêutica! quádrupla! concomitante! com! IBP,! amoxicilina,! claritromicina! e!
metronidazol,! por! um! período! mínimo! de! 10! dias,! mas! mantémgse! a!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 141!
possibilidade! de! recorrer! ao! esquema! triplo! clássico! com! claritromicina! nas!
áreas!onde!existam!dados!que!revelem!uma!eficácia!do!mesmo!superior!a!80%.!!
Deste!modo,!é!muito!mais!importante!estabelecer!e!utilizar!os!fármacos!e!
combinações! terapêuticas! que! funcionam! localmente! do! que! seguir!
escrupulosamente! as! recomendações! emanadas! de! Sociedades! Científicas!
nacionais! ou! internacionais! 20.! É! fundamental! realizar! periodicamente! estudos!
de!eficácia!dos!diversos!esquemas!terapêuticos!e!da!resistência!de!H.$pylori!aos!
agentes!antimicrobianos.!Estes!estudos!devem!ser!efetuados!a!nível!nacional!ou,!
se!possível,!a!nível!regional.!
!
2.2.4)'Eficácia'dos'esquemas'terapêuticos'empregues'em'Portugal'
!
! Apesar! da! elevada! prevalência! da! infeção! em! Portugal! e! das!
recomendações!no!sentido!de!se!proceder!a!um!controlo!regular!da!eficácia!dos!
vários!esquemas!terapêuticos!empregues!numa!determinada!região,!a!verdade!é!
que!não!há!muitos!artigos!publicados!sobre!esta!problemática!neste!país!do!sul!
da!Europa.!
! Em! 1999! vários! centros! portugueses,! incluindo! os! Hospitais! da!
Universidade!de!Coimbra,!participaram!num!estudo!multicêntrico,!randomizado,!
que! visava! comparar! duas! formas! de! terapêutica! dupla:! ranitidina! citrato! de!
bismuto! +! claritromicina! vs.! omeprazol! +! claritromicina! 904.! As! taxas! de!
erradicação! observadas! foram! de! 90%! para! o! primeiro! grupo! e! 65%! para! o!
segundo.!Em!ITT!os!valores!foram!de!77!e!60%,!respetivamente,!assumindo!uma!
diferença! com! significado! estatístico.! Os! autores! concluíam! que! a! terapêutica!
dupla! com! ranitidina! citrato! de! bismuto! e! claritromicina! podia! constituir! uma!
alternativa! terapêutica! simples,! altamente! eficaz! e! bem! tolerada! 904.! Contudo,!
nesta!fase!já!a!terapêutica!tripla!era!largamente!recomendada!e!esta!modalidade!
de! terapêutica! dupla! não! foi! aplicada! em! grande! escala! a! nível! mundial.!
Salientamgse!ainda!as!baixas!taxas!de!erradicação!alcançadas!na!análise!em!ITT.!
! Em!2011!Cerqueira!et$al.! publicaram!o!primeiro!dos!dois! trabalhos!que!
realizaram!sobre!esta!problemática!em!doentes!obesos!mórbidos!propostos!para!
cirurgia!bariátrica!902.!Foram!incluídos!373!doentes,!com!um!franco!predomínio!
do! sexo! feminino! (83,9%),! submetidos! a! terapêutica! empírica! tripla! com! IBP,!
Revisão da Literatura
!142!
amoxicilina! e! claritromicina.! Para! os! primeiros! 94! doentes! estava! preconizado!
uma!duração!de!tratamento!de!7!dias!e!para!os!279!seguintes!o!tratamento! foi!
prolongado!por!14!dias.!A!taxa!de!erradicação!no!primeiro!grupo!foi!de!67%!e!no!
segundo!de!79,9%,!assumindo!esta!diferença!uma!significância!estatística,!o!que!
levou!os!autores!a!concluir!que!a!maior!duração!de!tratamento!era!favorável.!
! Uma!segunda!avaliação,!do!mesmo!grupo!de!trabalho,!incluiu!690!obesos!
propostos!para!cirurgia.!Todos!eles!tinham!infeção!documentada!por!H.$pylori!e!
foi! proposto,! como! tratamento! empírico! de! primeira! linha,! a! associação! IBP! +!
amoxicilina! +! claritromicina,! durante! 14! dias! e,! como! tratamento! de! segunda!
linha,! a! associação! IBP! +! amoxicilina! +! levofloxacina,! durante! 14! dias! 903.! Os!
autores! optaram!por! analisar! dois! períodos! temporais! distintos,! o! primeiro!de!
2006g2008,!com!253!doentes,!e!o!segundo!de!2009g2010,!com!437!doentes.!No!
primeiro!período!a!taxa!de!erradicação!do!esquema!empírico!inicial!foi!de!79,1%!
em!ITT!e!83,7%!PP!e,!para!o!esquema!empírico!de!segunda!linha,! foi!de!56,4%!
em!ITT!e!71%!PP.!No!segundo!período!os!mesmos!parâmetros!foram!de!58,6%!
em!ITT!e!62,9%!PP!para!o!esquema!inicial!e!de!53%!em!ITT!e!55,1%!PP!para!o!
esquema!de!segunda!linha!903.!
! Ambos! os! trabalhos! foram! realizados! num! único! centro! e! envolveram!
apenas! doentes! obesos! propostos! para! cirurgia! bariátrica,! o! que! pode!
condicionar!a! transposição!dos!resultados!para!a!população!em!geral.!De! facto,!
há!um!estudo!da!autoria!de!Abdullahi!et$al.,!que!parece!demonstrar!uma!menor!
eficácia! dos! tratamentos! de! erradicação! de! H.$ pylori! nos! doentes! obesos! 766.!
Contudo,!esta!informação!é!alvo!de!controvérsia.!
! Na!região!Centro!do!país!há!um!estudo!recente,!prospetivo,!que!comparou!
o! esquema! empírico! clássico! com! o! mesmo! esquema! suplementado! com! o!
probiótico! Lactobacillus$ acidophilus! 848.! Este! projeto! de! investigação! envolveu!
apenas! 31! doentes! em! cada! um! dos! grupos! de! tratamento! e! a! duração! da!
terapêutica!foi!de!8!dias.!Os!62!doentes!cumpriram!todos!os!passos!do!protocolo!
pelo!que!as!taxas!de!erradicação!em!ITT!e!PP!foram!idênticas.!Para!o!grupo!do!
tratamento! padrão! a! taxa! de! sucesso! foi! de! 80,6%,! não! divergindo!
significativamente!dos!83,9%!alcançados!no!grupo!em!que!foi! feito!suplemento!
com!probiótico!e!sem!que!tivessem!ocorrido!diferenças!nos!efeitos!secundários!
848.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 143!
! É! interessante!verificar!que!Lopes!et$al.! estabeleceram,! após!estudos!de!
suscetibilidade,!um!protocolo!de! tratamento! triplo!dirigido!e,!mesmo!assim,! só!
conseguiram!taxas!de!erradicação!de!74,7%,!revelando!a!importância!de!outros!
fatores!na!falência!terapêutica!30.!
! Ora,!um!dos!principais!fatores!que!podem!explicar!a!falência!terapêutica!é!
a! não! adesão! à! terapêutica.! Um! estudo! interessante,! realizado! no! âmbito! das!
farmácias!comunitárias,!procurou!investigar!esta!problemática!socorrendogse!de!
três! variáveis! para! determinar! a! não! adesão,! assim! como! de! dispositivos!
electrónicos! para! controlar! a! hora! e! frequência! das! administrações! dos!
comprimidos!905.!Este!estudo!incluiu!apenas!23!doentes,!com!uma!taxa!de!adesão!
de!56%!mas,!mais! importante,! foi!a!conclusão!de!que!a!informação!transmitida!
aos! doentes! antes! do! tratamento! e! o! reforço! do! carácter! infecioso! da! doença!
motivavam! os! indivíduos! envolvidos! para! cumprir! escrupulosamente! a!
terapêutica!905.!
!
2.2.5)'Fatores'de'virulência'da'bactéria'e'fatores'genéticos'do'hospedeiro'
!
! Têm! sido! realizados! em! Portugal,! sobretudo! na! região! Norte,! diversos!
estudos! sobre! os! fatores! de! virulência! de! H.$ pylori! e! fatores! genéticos! do!
hospedeiro!associados!com!risco!de!infeção!e!suas!complicações.!
! Figueiredo!et$al.! analisaram!o! genótipo!dos! isolados! obtidos! a! partir! de!
319! indivíduos! infetados,! apresentando!mucosa! normal! ou! gastrite! em! 53,6%!
dos! casos,! úlcera! péptica! em! 28,2%! e! carcinoma! gástrico! em! 18,2%! 39.!
Relativamente! ao! status! cagA! havia! um! predomínio! da! positividade! para! o!
mesmo,! de! 71,2%.! Considerando! os! dois! genes! vacA! e! iceA! os! autores!
identificaram! múltiplas! estirpes! em! 53,6%! dos! casos! 39.! Esta! questão! das!
múltiplas! estirpes! já! tinha! sido! identificada! noutros! estudos! 494.! Nos! casos! de!
genótipo! único! predominava! o! vacA! s1m1! (53%),! seguindogse! o! vacA! s2m2!
(32,5%)!e!o!vacA!s1m2!(14,5%).!Não!se!observou!o!genótipo!vacA!s2m1!e!havia!
uma! relação! significativa! da! positividade! para! o! cagA! com! a! presença! do! vacA!
s1m1,!à!semelhança!do!observado!por!outros!autores!39,!494.!No!que!diz!respeito!
ao!subtipo!do!alelo!s!predominou!o!s1b,!seguindogse!o!s2!e!o!s1a.!O!alelo!s1c!não!
esteve! presente! em! qualquer! isolado.! Nos! casos! em! que! só! se! identificou! um!
Revisão da Literatura
!144!
alelo!iceA!houve!um!predomínio!ligeiro!do!iceA2.!Na!análise!genótipogfenótipo!os!
autores! identificaram! as! seguintes! correlações:! cagA! positivo! e! vacA! s1! com!
úlcera! péptica! e! carcinoma! gástrico;! vacA!m1! com!úlcera! gástrica! e! carcinoma!
gástrico! mas! não! com! úlcera! duodenal;! múltiplos! genótipos! vacA! m! e! úlcera!
duodenal!39.!Um!trabalho!anterior!tinha!identificado!correlação!do!genótipo!vacA!
m1!com!o!carcinoma!gástrico!e!do!vacA!m2!com!a!úlcera!péptica!494.!Olfat!et$al.!
também! constataram! uma! relação! significativa! não! só! dos! genótipos! cagA!
positivo!e!vacA!s1!mas!também!do!babA2!com!a!ocorrência!de!doença!ulcerosa!
péptica! 40.! Uma! vez! mais,! estes! autores! chamam! a! atenção! para! a! grande!
variabilidade! geográfica! que! existe! nas! manifestações! clínicas! e! na! correlação!
dos!genótipos!com!essas!mesmas!manifestações!40.!
! Nogueira!et$al.,!recorrendo!também!às!amostras!recolhidas!em!1998!nos!
trabalhadores! dos! estaleiros! de! Viana! do! Castelo! assim! como! amostras!
provenientes! da! Colômbia,! estudaram! a! associação! dos! genótipos! de!H.$ pylori!
com!as!várias!alterações!histológicas!consagradas!na!classificação!de!Sydney!41.!
Foi! possível! observar! uma! relação! dos! genótipos! vacA! s1,! vacA! m1! e! cagA!
positivo! com! maiores! níveis! de! inflamação! crónica/células! mononucleares! e!
infiltração! neutrofílica! no! corpo! e! antro! assim! como! de! atrofia! glandular! e!
metaplasia!intestinal!no!antro!41.!
! Em! 2012! Ferreira! et$ al.! utilizaram! o! mesmo! grupo! de! amostras! para!
avaliar! a! região! intermédia! do! gene! vacA! 906.! Foi! constatada! uma! correlação!
significativa!do!genótipo!vacA!i1!com!o!cagA!positivo,!o!vacA!s1!e!o!vacA!m1.!Nos!
indivíduos! portadores! de! estirpes! vacA! i1! o! risco! de! gastrite! crónica! atrófica!
aumentava!8x!e!o!risco!de!carcinoma!gástrico!22x!906.!O!mesmo!grupo!estudou!
ainda!a!relação!do!número!de!motivos!EPIYA!C!do!gene!cagA!em!169!indivíduos!
infetados! e! verificaram! que! o! seu! aumento! acarretava!maior! risco! de! gastrite!
crónica!atrófica!e!carcinoma!gástrico!907.!
! As!estirpes!com!o!genótipo!vacA!s1m1!e!cagA!positivo!estão!associadas!a!
níveis! inflamatórios! mais! elevados! no! corpo! e! antro,! assim! como! atrofia!
glandular!e!metaplasia!intestinal!42.!Quer!a!presença!de!uma!única!estirpe!com!o!
genótipo!vacA! s1m1!e/ou!cagA! positivo,! quer! a!presença!de!múltiplas! estirpes!
com!diferentes!genótipos,!estão!associadas!a!maior!risco!de!carcinoma!gástrico!
42.!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 145!
Os!indivíduos!portadores!do!ILA1BA511*T!e!homozigotos!para!o!ILA1RN*2!
têm!uma!gastrite!mais!severa!do!corpo!e!maior!densidade!de!colonização!por!H.$
pylori! comparativamente!aos!homozigotos! ILA1BA511*C! e! aos!portadores!do! ILA
1RN*L,!assim!como!maior!risco!de!atrofia!glandular!e!metaplasia!intestinal!42.!O!
genótipo!ILA1BA511*T! foi!mais!comum!nos!indivíduos!com!carcinoma!gástrico!e!
não! se! observou! qualquer! correlação! entre! o! genótipo! do! hospedeiro! e! da!
bactéria,!pelo!que!o!efeito!de!ambos!parece!independente!42.!Um!artigo!publicado!
posteriormente! também! comprovou! o! risco! aumentado! de! carcinoma! gástrico!
em! hospedeiros! portadores! de! ILA1BA511*T! e! homozigotos! para! o! ILA1RN*2,!
assim! como! para! os! portadores! do! alelo! TNFAαA308*A! 43.! Uma! vez! mais,! os!
genótipos! bacterianos! cagA! positivo,! vacA! s1! e! vacA!m1! estavam! associados! a!
maior!risco!de!carcinoma!gástrico!43.!Uma!revisão!recente,!efetuada!por!autores!
portugueses,! também! sugere! que! os! polimorfismos! das! citocinas! próg
inflamatórias!e!a!infeção!por!estirpes!mais!virulentas!podem!aumentar!o!risco!de!
cancro!gástrico!908.!
! Após! análise! destes! trabalhos,! geralmente! realizados! em! adultos,!
poderíamos!aceitar!que!as!estirpes!de!H.$pylori!dominantes!em!Portugal!seriam!
as!cagA!positivas,!frequentemente!associadas!a!vacA!s1m1.!No!entanto,!em!2006,!
Lopes! et$ al.! verificaram! que! os! genótipos! dominantes! nas! estirpes! isoladas! a!
partir!de!crianças!e!adolescentes!foram!o!cagA!negativo!associado!ao!vacA!s2m2!45.!Este!padrão!e!esta!discrepância!entre!as!estirpes!identificadas!nos!adultos!e!as!
observadas!nas!crianças!já!tinha!sido!sinalizada!por!um!estudo!de!2003!e,!dado!o!
efeito! de! coorte,! pode! vir! a! traduzirgse! numa! mudança! futura! dos! genótipos!
dominantes!nos!adultos!44.!
! Um! trabalho! de! investigação! realizado! na! região! Centro! estudou! a!
potencial! relação! dos! polimorfismos! IL1B$ A511C>T,! IL1RN$ +2018T>C,! TNFAα$ A
308G>A! e! A208G>A! com!o! carcinoma! gástrico! e! a! gastrite! crónica! 909.! Apenas! o!
polimorfismo! IL1RN$+2018C! foi!mais! frequentemente! identificado! nos! doentes!
com! carcinoma! gástrico! relativamente! aos! controlos.! Já! no! caso! da! gastrite!
crónica!também!foram!mais!comuns!os!homozigotos!CC!para!o!IL1RN$+2018C!e!
AA!para!os!TNFAα$A308G>A!e!A208G>A!909.!
! Um! trabalho! previamente! citado,! publicado! em! 2008,! refletiu! a!
investigação!realizada!sobre!o!polimorfismo!ILA8$A251A/T!e!o!risco!de!carcinoma!
Revisão da Literatura
!146!
gástrico! nos! doentes! infetados! por! H.$ pylori.! Este! estudo! casogcontrolo!
envolvendo! 333! casos! de! carcinoma! gástrico,! 187! de! gastrite! crónica! e! 693!
controlos!mostrou!que!o!polimorfismo!em!causa!não!acarretava!maior!risco!de!
neoplasia!gástrica!na!população!portuguesa!584.!
! Outros!estudos,! focados!mais!especificamente!nas!manifestações!clínicas!
desta! infeção!na!população! infantil,! revelaram!que!os!genes! jhp0562! e! jhp0870$
(homB)!de!H.$pylori!podem!estar!associados!a!risco!aumentado!de!úlcera!péptica!
nesta!faixa!etária!505,!910.!
! Em!2004!de!Freitas!et$al.!publicaram!um!trabalho!sobre!a!influência!de!H.$
pylori! nos! índices! proliferativo! e! apoptótico! a! nível! gástrico.! Este! estudo!
prospetivo!envolveu!41!doentes!com!dispepsia!funcional,!24!dos!quais!estavam!
infetados!por!H.$pylori.!Na!avaliação!global!os!autores!constataram!um!aumento!
do! índice! proliferativo! nos! doentes! infetados,! sobretudo! a! nível! do! antro,!mas!
sem!impacto!no!índice!apoptótico!911.!O!genótipo!da!bactéria!teve!uma!influência!
relevante! nas! correlações! observadas! pois! as! estirpes! cagA! positivas!
promoveram!o! incremento!do! índice!proliferativo,! enquanto! as!cagA! negativas!
determinaram!um!aumento!do!índice!apoptótico!911.!
! Facilmente!se!depreende,!pelo!exposto!previamente,!que!este!campo!dos!
fatores!de!virulência!bacterianos!e!dos!fatores!de!risco!do!hospedeiro!tem!sido!
alvo! de! grande! interesse! em! Portugal.! Antes! de! terminar! este! capítulo! é!
importante!mencionar!ainda!os!trabalhos!de!outros!dois!grupos!de!investigação.!
O! liderado! por! Freire! P.! demonstrou! recentemente! que! existe! uma! potencial!
relação!do!polimorfismo!L1007fsinsC!do!gene!NOD2! com!o!desenvolvimento!do!
carcinoma! gástrico! do! tipo! intestinal! em! Portugal! 46.! PimentelgNunes! P.! et$ al.!
colocaram! em! evidência! que! a! infeção! por!H.$ pylori! induz! precocemente! uma!
redução!da! expressão!dos! inibidores!dos!TLRs,! com!subsequente! aumento!dos!
níveis! destes! últimos,! sendo! estas! alterações! transversais! a! todos! os! estadios!
histológicos! da! cascata! da! carcinogénese! gástrica! 553.! Como! os! TLRs! estão!
associados! à! persistência! do!processo! inflamatório! e! à! sobrevivência! celular,! a!
sua!ativação!crónica!poderá!promover!a!carcinogénese!e!pode!ser!este!o!elo!de!
ligação!entre!a!infeção!por!H.$pylori!e!o!desenvolvimento!do!carcinoma!gástrico!553.!
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CAPITULO III – DOENTES E MÉTODOS
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 149!
CAPÍTULO'III'–'DOENTES'E'MÉTODOS'
3.1)'Seleção'dos'doentes'
!
! O!Centro!de!Gastrenterologia!e!Hepatologia!da!Faculdade!de!Medicina!de!
Coimbra! dispõe! de! capacidade! técnica! que! lhe! permite! realizar! diariamente!
testes! respiratórios! com! ureia!marcada! por! 13C! para! pesquisa! de!H.$ pylori.! As!
principais!indicações!registadas!nos!doentes!encaminhados!para!este!centro!são!
a! dispepsia! (ulcerosa! e! não! ulcerosa),! a! anemia! ferripriva! de! etiologia!
inexplicada,!antecedentes!de!carcinoma!gástrico!em!familiares!de!primeiro!grau,!
necessidade! de! medicação! crónica! com! IBP! e! púrpura! trombocitopénica!
idiopática.!Estes!doentes!são!referenciados!do!ambulatório,!a!partir!de!consultas!
de!âmbito!hospitalar!ou!dos!centros!de!saúde!da!região!Centro.!!
O!recrutamento!de!doentes!para!o!estudo!ocorreu!maioritariamente!neste!
grupo,! submetido! a! UBT! no! Centro! de! Gastrenterologia! e! Hepatologia.! Foi!
também!solicitada!colaboração!a!todos!os!colegas!do!Serviço!de!Gastrenterologia!
do! Centro! Hospitalar! e! Universitário! de! Coimbra! (CHUC)! assim! como! dos!
Serviços!de!Gastrenterologia!de!outros!hospitais!da!região!Centro!ou!de!unidades!
privadas!de!prestação!de!cuidados!de!saúde,!para!serem!referenciados!doentes!
que!já!tivessem!sido!submetidos!a!tratamentos!prévios,!infrutíferos.!
!
3.1.1)'Critérios'de'inclusão'
3.1.1.1)' Estudo' da' resistência' primária' e' secundária' de' Helicobacter+ pylori' aos'agentes'antimicrobianos'
!
No! âmbito! desta! vertente! do! estudo,! assumida! como! a! mais! relevante,!
foram!considerados!para!inclusão!todos!os!doentes!com!uma!ou!mais!indicações!
para! erradicação! de!H.$pylori,! que! apresentassem! resultado! positivo! num!UBT!
recente.!Caso!nunca!tivessem!realizado!qualquer!tentativa!de!erradicação!seriam!
incluídos! no! grupo!de! estudo!das! resistências! primárias! (Grupo!A! ou!Grupo! I)!
mas,! se! já! houvesse! história! de! uma! ou! mais! tentativas! de! tratamento! então!
Doentes e Métodos
!150!
seriam!englobados!no!grupo!de!estudo!das!resistências!secundárias!(Grupo!B!ou!
Grupo!II).!
!
3.1.1.2)'Estudo'da'eficácia'dos'esquemas'empíricos'triplos'
!
! No! estudo! da! eficácia! dos! esquemas! empíricos! triplos! baseados! na!
claritromicina! ou! na! levofloxacina,! foram! considerados! para! inclusão! todos! os!
doentes! integrados! no! protocolo! anterior! que! apresentassem! uma! ou! mais!
indicações!para!erradicação!de!H.$pylori.!Os!doentes!sem!qualquer!história!prévia!
de!tratamento!seriam!propostos!para!terapêutica!com!pantoprazol,!amoxicilina!e!
claritromicina.! Os! que! tivessem! referência! a! uma! ou! mais! tentativas! de!
erradicação! seriam!propostos! para! terapêutica! com!pantoprazol,! amoxicilina! e!
levofloxacina.!
!
3.1.1.3)' Estudo' de' eficácia' e' tolerabilidade' do' esquema' terapêutico' com'
doxiciclina'–'prova'de'conceito'
!
! Neste! caso! foram! selecionados! os! doentes! incluídos! nos! estudos!
anteriores! que! apresentassem! infeção! por! uma! estirpe! de! H.$ pylori! com!
resistência! simultânea! à! claritromicina,! metronidazol! e! levofloxacina,!
preferencialmente!se!já!houvesse!história!prévia!de!consumo!destes!antibióticos.!
Essa!resistência!tripla!poderia!já!estar!presente!no!momento!da!avaliação!inicial!
ou!nas!avaliações!subsequentes,!após!falência!dos!esquemas!terapêuticos!padrão.!
As!estirpes!tinham!de!ser!sensíveis!à!amoxicilina!e!à!tetraciclina.!
!
3.1.1.4)'Estudo'da'relação'genótipojfenótipo'
!
! Para!esta!ramificação!do!trabalho!selecionaramgse!os!doentes!dos!estudos!
anteriores!que!apresentassem!infeção!por!uma!única!estirpe!de!H.$pylori!e!todos!
os!parâmetros!da!avaliação!histológica!gástrica.!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 151!
3.1.1.5)'Estudo'da'relação'do'gene'NOD2'com'a'infeção'por'Helicobacter+pylori'!
No!estudo!da! relação!das!mutações!do!gene!NOD2! com!a! infeção!por!H.$
pylori!consideraramgse!dois!grupos:!o!de!indivíduos!infetados,!com!UBT!recente!
positivo!e!o!grupo!controlo.!!
No! grupo! dos! doentes! infetados! considerougse! ainda! um! subgrupo,!
constituído!por!doentes!que!iam!ser!submetidos!a!EDA!com!colheita!de!biopsias!
para! cultura! e! estudo! histológico,! permitindo! o! estudo! da! sensibilidade! de!H.$
pylori! a! diversos! antibióticos! e! a! identificação! de! eventuais! alterações!
histopatológicas!gástricas.!
O! grupo! controlo! foi! dividido! em! dois! subgrupos,! o! primeiro! incluindo!
doentes! com! queixas! dispépticas! ou! outras! potenciais! indicações! para!
erradicação!de!H.$pylori!mas!cujo!UBT!foi!negativo,!confirmando!a!inexistência!de!
infeção,! e! o! segundo! consistindo! em! dadores! de! sangue,! sem! evidência! de!
qualquer!patologia!ativa,!representando!a!população!em!geral.!
!
3.1.2)'Critérios'de'exclusão'
3.1.2.1)' Estudo' da' resistência' primária' e' secundária' de' Helicobacter+ pylori' aos'agentes'antimicrobianos'
!
! Foram! excluídos! os! doentes! que! apresentassem! qualquer! um! dos!
seguintes!critérios:!
1. Idade!inferior!a!18!anos;!
2. Mulheres!grávidas,!em!lactação!ou!em!idade!fértil!mas!não!cumprindo!
medidas!anticoncepcionais!eficazes;!
3. História!de!alergia!ou!hipersensibilidade!a!algum!antibiótico!ou!IBP;!
4. História!de!cirurgia!e/ou!neoplasia!gástricas!prévias;!
5. Medicação!atual!com!anticoagulantes;!
6. Trombocitopenia!grave;!
7. Doenças! sistémicas! graves,! nomeadamente! renais,! hepáticas,!
cardiorrespiratórias;!
8. Doenças!malignas!ativas;!
9. Coagulopatias;!
Doentes e Métodos
!152!
10. Recusa!em!realizar!EDA;!
11. Toma!de!antibióticos!nas!últimas!4!semanas!ou!IBP!nas!últimas!duas.!
!
3.1.2.2)'Estudo'da'eficácia'dos'esquemas'empíricos'triplos'
!
! Os!critérios!de!exclusão!foram!os!mesmos!que!no!ponto!anterior.!Foram!
também!excluídos,!para!o!esquema!de!segunda! linha!ou!de!recurso,!os!doentes!
com!história!de!tratamento!prévio!por!fluoroquinolonas.!
!
3.1.2.3)' Estudo' de' eficácia' e' tolerabilidade' do' esquema' terapêutico' com'
doxiciclina'–'prova'de'conceito'
!
! Os!critérios!de!exclusão!foram!os!referidos!no!ponto!3.1.2.1.!
!
3.1.2.4)'Estudo'da'relação'genótipojfenótipo'
!
Os!critérios!de!exclusão!foram!os!referidos!no!ponto!3.1.2.1.!
!
3.1.2.5)'Estudo'da'relação'do'gene'NOD2'com'a'infeção'por'Helicobacter+pylori'!
Foram!excluídos!os!doentes!que!apresentassem!um!ou!mais!dos!seguintes!
critérios:!
1. Idade!inferior!a!18!anos;!
2. Mulheres!grávidas,!em!lactação!ou!em!idade!fértil!mas!não!cumprindo!
medidas!anticoncepcionais!eficazes;!
3. História!de!doença!inflamatória!intestinal;!
4. Etnia!não!caucasóide;!
5. História!de!cirurgia!e/ou!neoplasia!gástrica!prévias;!
6. Medicação!atual!com!anticoagulantes;!
7. Trombocitopenia!grave;!
8. Doenças! sistémicas! graves,! nomeadamente! renais,! hepáticas,!
cardiorrespiratórias;!
9. Doenças!malignas!ativas;!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 153!
10. Coagulopatias;!
11. Ausência! de! indicação! para! realização! de! EDA! com! biopsias! e/ou!
colheita!de!sangue.!
!
3.1.3)'Recolha'de'dados'clínicos'
!
! Depois!de!terem!sido!escalpelizados!os!critérios!de!inclusão!e!exclusão!e!
confirmada! a! presença! dos! primeiros! e! ausência! dos! segundos,! era! efetuada!
proposta! aos! doentes! para! integração! nos! protocolos! de! investigação.! Foram!
explicados! os! pressupostos! dos! projetos,! as! intervenções! necessárias,! os!
potenciais! riscos!e!benefícios.!Caso!o!doente!concordasse!com!a! sua! inclusão!e!
assinasse!o!respetivo!consentimento!informado!procediagse!à!recolha!dos!dados!
clínicos.!!
No!caso!do!estudo!do!gene!NOD2!essa!colheita! limitougse!à! idade!e!sexo!
do! doente,! com! preenchimento! de! um! formulário! de! recolha! de! dados! que!
genericamente! estava! limitado! à! identificação! do! doente,! respetiva!
morada/contacto,! avaliação! detalhada! dos! critérios! de! inclusão/exclusão! e!
resultado!do!UBT.!Para!os!doentes!submetidos!a!EDA!com!biopsias!a!colheita!de!
dados! clínicos! foi! mais! exaustiva! e! similar! à! que! será! descrita! nos! parágrafos!
seguintes.!
! Para! os! restantes! estudos! o! formulário! de! colheita! de! dados! era! mais!
extenso!e!estava!diferenciado!para!os!dois!grupos!(ANEXOS!1!e!2):!Grupo!A!(ou!
Grupo!I)!–!Resistência!Primária;!Grupo!B!(ou!Grupo!II)!–!Resistência!secundária.!
! Para!além!da! idade,!da! identificação!do!doente,!morada,!sexo,!contactos,!
naturalidade,!foram!registados!diversos!parâmetros!clínicos:!
1. Grau! de! escolaridade,! dividido! em! 4! classes! –! analfabeto,! ensino!
primário,!ensino!secundário!ou!universitário;!
2. Profissão;!
3. Especialidade!do!médico!referenciador;!
4. Etnia;!
5. Peso,!estatura!e!respetivo!IMC;!
6. Manifestações!clínicas/sintomas;!
Doentes e Métodos
!154!
7. Antecedentes!patológicos!relevantes!nomeadamente!do!foro!infecioso,!
em!diversos!órgãos!e/ou!sistemas;!
8. Toma! de! antibióticos! ou! probióticos! nos! últimos! doze! meses,!
especificando!quais!e!o!respetivo!esquema!posológico;!
9. Medicação!atual;!
10. Consumo!semanal!de!azeite,!repartido!em!três!categorias!–!<!1!dl;!≥!1!
dl!e!<5!dl;!≥!5!dl;!
11. Consumo!diário!de!álcool,!quantificado!em!gramas;!
12. Consumo!ativo!de! tabaco,! com!determinação!do!número!de! cigarros!
consumidos!e!o!período,!em!anos,!para!se!estabelecer!a!carga!tabágica!
em!Unidades!Maço!Ano;!
13. Antecedentes!familiares!incluindo!história!de!dispepsia,!úlcera!péptica,!
carcinoma!gástrico!e!infeção!documentada!por!H.$pylori;!
14. Realização!prévia!de!exames!endoscópicos,!UBT,!serologia!de!H.$pylori!
e!respetivos!resultados;!
15. Eventuais!alterações!registadas!no!exame!físico.!
!
Para! o! Grupo! B/Grupo! II! também! se! tentou! identificar! o! número! de!
tratamentos!prévios!e!os!fármacos!utilizados!no!decurso!dos!mesmos.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 155!
3.2)'Exames'complementares'realizados'
3.2.1)'Teste'respiratório'com'ureia'marcada'por'13C'(UBT)'
!
! O!teste!respiratório!utilizado!foi!o!HelicoATest®!(Isomed!Pharma,!Madrid,!
Espanha).!Os!doentes! foram!aconselhados!a!não! ingerir!produtos!naturalmente!
ricos!em!13C!como!os!derivados!do!milho,!cana!de!açúcar!e!ananás!912,!913.!Deviam!
cumprir! um! jejum!de! pelo!menos! 6! horas! e! era! absolutamente! imprescindível!
que! respeitassem! um! período! de! evicção! de! duas! semanas! para! os! IBP! e! 4!
semanas!para!os!antibióticos.!!
O!protocolo!iniciavagse!com!a!ingestão!de!uma!refeição!teste!constituída!
por!1,0g!de!ácido!ascórbico!em!200!ml!de!água,!seguindogse!a!colheita!basal!(T0)!
de!ar!exalado!para!dois!tubos!específicos,!com!10!ml!cada,!10!minutos!depois.!Os!
doentes!beberam!então!100!mg!de!ureia!marcada!com!13C!dissolvida!em!100!ml!
de!água.!Foram!aconselhados!a!não!ingerir!quaisquer!outros!sólidos!ou!líquidos!
e! a! permanecer! sentados.! Decorridos! 30! minutos! (T30)! foi! recolhida! nova!
amostra!de!ar!exalado!para!dois!contentores!similares!aos!anteriores.!Seguindo!
as!recomendações!atuais!tanto!a!ingestão!do!ácido!ascórbico!e!da!ureia!como!a!
colheita! do! ar! expirado! foi! feito! através! de! palhinhas! 914.! De! salientar! que! os!
tubos!de!recolha!de!ar!foram!selados!imediatamente!após!a!colheita.!
A! razão! 13C/12C! nas! amostras! foi! determinada! por! espectrometria! de!
massa! de! razões! isotópicas! utilizando! o! espectrómetro! IRIS$ Doc! (Wagner!
Analysen! Technik! GmbH,! Bremen,! Alemanha).! O! valor! final! foi! expresso! em!
DOB/1.000,!correspondendo!à!diferença!entre!o!valor!obtido!aos!30!minutos!e!o!
valor! basal.! Considerougse! que! o! teste! era! negativo! se! o! valor! de! DOB! fosse!
inferior!a!4!‰.!Para!cada!período!(T0!e!T30)!as!duas!amostras!recolhidas! foram!
analisadas! de! forma! independente! para! assegurar! uma! maior! fiabilidade! dos!
resultados.!O!espectrómetro!foi!calibrado!diariamente,!segundo!as!instruções!do!
mesmo! (calibração! automática! e! calibração! de! referência),! e! foi! realizada!
mensalmente!a!calibração!de!concentração.!
No!formulário!de!recolha!de!dados!foi!registado!o!valor!inicial!do!UBT!e,!
nos! doentes! submetidos! a! terapêutica(s)! foi(ram)! também! anotado(s)! o(s)!
valor(es)!do!UBT(s)!subsequente(s).!
Doentes e Métodos
!156!
3.2.2)'Endoscopia'Digestiva'Alta'(EDA)'
!
! Os! doentes! foram! submetidos! a! EDA,! com! ou! sem! sedação! profunda,!
recorrendo!a!endoscópios!Olympus!das!séries!GIFgQ145!ou!GIFgQ165!(Olympus!
Iberia,! Lisboa,! Portugal).! A! desinfeção! dos! aparelhos! foi! realizada! através! de!
máquinas!automáticas!Olympus$ETD2!(Olympus!Iberia,!Lisboa,!Portugal).!
! No! decurso! dos! exames! endoscópicos! e,! após! adequada! avaliação! do!
esófago,!estômago!e!duodeno!proximal,!foram!colhidas!biopsias!gástricas!através!
de!pinças!descartáveis.!No!protocolo!de!colheita!de!biopsias!as!primeiras!foram!
sempre!destinadas!para!estudo!microbiológico,!evitando!assim!o!contacto!com!o!
formol,! o! qual! pode! ter! um! efeito! deletério! no! crescimento! bacteriano.! Assim,!
foram!obtidas!duas!biopsias!do!antro!e!duas!do!corpo,!as!quais!foram!colocadas!
em! dois! frascos! independentes! de! Portagerm! pylori®! (bioMérieux! Portugal,!
LindagAgVelha,!Portugal)!e!armazenadas!a!4°C,!conforme!recomendado!por!Heep!
et$al.!915.!Após!este!procedimento!recolheramgse!mais!4!biopsias,!duas!no!antro,!
ao!nível!da!pequena!e!da!grande! curvaturas! (2!a!3! centímetros!a!montante!do!
piloro)!e!duas!no!corpo,!também!ao!nível!da!pequena!e!da!grande!curvaturas,!no!
primeiro! caso! o! mais! próximo! possível! da! incisura$ angularis.! Estas! amostras!
foram! colocadas! em! contentores! adequados! com! formol! tamponado! a! 10%! e!
enviadas!para!o!Serviço!de!Anatomia!Patológica.!As!amostras!do!antro!e!do!corpo!
foram! sempre! processadas! de! forma! independente.! Obtiveramgse! amostras!
histológicas! adicionais! sempre!que! existisse! indicação!para! tal,! nomeadamente!
nos!doentes! com!anemia! ferripriva,! em!que! foram!colhidas!biopsias!duodenais!
para!excluir!doença!celíaca.!
! Para! cada! doente! um! relatório! da! EDA! ficou! arquivado! no! respetivo!
processo!de!registo!de!dados.!
!
3.2.3)'Colheita'de'sangue'
!
! No!estudo!da!correlação!das!mutações!NOD2!com!a!infeção!por!H.$pylori!
foi! efetuada! venopunção! e! colheita! de! sangue! total! para! um! tubo! com! ácido!
etilenodiaminotetracético.!!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 157!
3.3)'Estudo'fenotípico'e'genotípico'de'Helicobacter+pylori'
3.3.1)'Estudo'fenotípico'de'resistência'
!
! O! principal! objetivo! deste! projeto! de! investigação! era! identificar,! na!
região!Centro!de!Portugal,!as!taxas!de!resistência!de!H.$pylori!a!diversos!agentes!
antimicrobianos.! Para! cumprir! esse! propósito! entendeugse! que! a! metodologia!
mais!prática!seria!o!isolamento,!cultura!e!determinação!da!suscetibilidade!por!Eg
test.!Foi!utilizada!uma!estirpe!controlo!(Helicobacter$pylori!ATCC!43504)!e!todas!
as! avaliações! microbiológicas! foram! repetidas! por! um! segundo! investigador,!
desconhecendo! os! resultados! obtidos! previamente.! Caso! se! verificasse! alguma!
discrepância! os! antibiogramas! seriam! novamente! repetidos! e! avaliados! pelos!
dois! investigadores,! em! simultâneo,! efetuando! comparação! com! os! resultados!
iniciais.! Se! subsistissem! dúvidas! após! esta! primeira! confirmação! laboratorial!
seria!realizado!antibiograma!através!de!diluição!em!ágar.!
!
3.3.1.1)'Transporte'das'amostras'e'identificação'presuntiva'de'Helicobacter+pylori'!
! As!primeiras!biopsias!obtidas!durante!a!EDA!foram!colocadas!num!meio!
de! transporte! específico,! o! Portagerm! pylori®! (bioMérieux! Portugal,! LindagAg
Velha,! Portugal).! Foram! utilizados! dois! frascos! distintos,! um! contendo! duas!
biopsias!do!antro!e!o!outro!duas!biopsias!do!corpo.!As!amostras!foram!mantidas!
a!temperatura!controlada,!de!4°C,!e!enviadas!o!mais!rapidamente!possível!para!o!
Laboratório! de! Microbiologia! da! Faculdade! de! Farmácia! da! Universidade! de!
Coimbra.! No! global! nunca! decorreram! mais! de! 3! horas! desde! o! momento! da!
colheita!até!ao!início!do!processamento!da!amostra.!A!avaliação!das!amostras!foi!
sempre!feita!de!forma!independente!para!o!antro!e!para!o!corpo!gástrico.!
! Após!recepção!foi!efetuado!um!teste!rápido!para!confirmar!a!presença!de!
atividade! da! urease! através! da! colocação! de! um! pequeno! fragmento! em!meio!
ureiagindol! (bioMérieux! Portugal,! LindagAgVelha,! Portugal).! Na! presença! de!
microrganismos! produtores! de! urease! a! ureia! é! convertida! em! carbonato! de!
amónia! com! subsequente! alcalinização! do! meio! e,! graças! ao! indicador! de! pH!
vermelho! fenol,! a! coloração! modificagse! de! laranja! para! vermelho! arroxeado.!
Doentes e Métodos
!158!
Caso!não!ocorresse!uma!modificação!da!coloração!esta!amostra!era! incubada!a!
37°C!e!novamente!reavaliada!às!3g4!horas!e,!posteriormente!às!18g24!horas.!
Também! foi! efetuada! uma! coloração! Gram.! Estas! duas! técnicas,! em!
conjunto,!permitiram!confirmar!rapidamente!se!estavam!presentes!nas!amostras!
histológicas!microrganismos!com!características!similares!às!de!H.$pylori.!
!
3.3.1.2)'Isolamento'e'identificação'dos'isolados'de'Helicobacter+pylori'!
! O! tecido! da! biopsia! foi! então! triturado! manualmente! com! material!
descartável! e! disposto! em! meio! de! cultura! específico! para! H.$ pylori! –! gelose!
pylori®!(bioMérieux!Portugal,!LindagAgVelha,!Portugal).!Cada!uma!das!amostras!
histológicas!foi!distribuída!por!uma!placa!diferente!pelo!que,!no!final!obtiveramg
se!duas!placas!para!o!antro!e!duas!para!o!corpo.!Estas! foram!incubadas!a!37°C!
em! atmosfera! microaerofílica! utilizando! saquetas! geradoras! de! H2gCO2,!
específicas!para!o!efeito!–!GENbag!ou!GENbox!microaer®!(bioMérieux!Portugal,!
LindagAgVelha,!Portugal).!O!processo!de!incubação!decorreu!por!um!mínimo!de!
72!horas!e!um!máximo!de!10!dias!621,!764.!!
As! colónias! foram! identificadas! pela! sua! morfologia! típica! pois! são!
pequenas! (0,5! a! 2! mm),! circulares,! ligeiramente! convexas,! brilhantes! e!
translúcidas! ou! acinzentadas.! Foi! realizada! uma! coloração! Gram! de! forma! a!
confirmar!a!morfologia!espiralada!e!a!percentagem!de!células!cocóides.!Também!
se!realizaram!testes!rápidos!da!urease,!catalase!e!oxidase.!Confirmado!o!sucesso!
inicial! da! cultura! foram!efetuadas! duas! a! três! subculturas! em!gelose!Columbia!
suplementada! com! 5%! de! sangue! de! carneiro! (bioMérieux! Portugal,! LindagAg
Velha,!Portugal)!para!se!obter!uma!cultura!pura!de!H.$pylori.!!
!
3.3.1.3)'Determinação'da'Concentração'Mínima'Inibitória'(CMI)'
!
! As!CMI!foram!determinadas!pela!técnica!de!difusão!através!de!tiras!Egtest,!
seguindo!as!recomendações!de!Glupczynski!et$al.!829.!Utilizando!uma!cultura!em!
gelose!Columbia!de!72!horas! foi!preparada!uma!suspensão!bacteriana!em!2!ml!
de! soro! fisiológico! com!uma! turvação!equivalente!a!3!ou!4!de!McFarland.!Com!
esta!suspensão! inocularamgse!placas!de!MuellergHinton®!(bioMérieux!Portugal,!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 159!
LindagAgVelha,!Portugal)!enriquecido!com!10%!de!sangue!de!cavalo.!De!seguida!
colocaramgse!as!tiras!Egtest®!(bioMérieux!Portugal,!LindagAgVelha,!Portugal),!de!
forma! asséptica,! sobre! as! placas! inoculadas! e! procedeugse! à! sua! incubação,!
durante!72!horas,!a!37°C,!em!atmosfera!microaerofílica.!Findo!esse!período! foi!
efetuada!a!leitura!e!interpretougse!a!CMI!como!o!ponto!de!interceção!da!elipse!de!
inibição!de!crescimento!com!a!escala!graduada,!que!está!presente!na!própria!tira!
de!Egtest!(Figura!27).!!
!Figura 27 – Obtenção do antibiograma através de tiras E-test. A CMI, expressa em mg/L, é lida na zona de interceção da elipse de inibição com a escala graduada na própria tira !
! A!estirpe!ATCC!43504!foi!utilizada!para!controlo!de!qualidade!dos!testes!
de! suscetibilidade.! Todos! os! procedimentos! foram! repetidos! por! um! segundo!
investigador! que! desconhecia! os! resultados! iniciais.! Se! ocorresse! alguma!
discrepância!o!antibiograma!seria!novamente!repetido!e,! caso!não!se!obtivesse!
um!resultado!conclusivo,!seria!realizada!a!diluição!em!ágar.!
! A! CMI,! definida! como! o! valor! mínimo! de! concentração! do! antibiótico!
capaz!de!inibir!o!crescimento!bacteriano!visível,!foi!expressa!em!mg/L.!Tomando!
como!base!as! indicações!do!Clinical$and$Laboratory$Standards$Institute! (CLSI)!e!
vários! trabalhos! prévios! publicados! sobre! este! tema! até! finais! de! 2009,!
determinougse! que! as! estirpes! seriam! resistentes! à! amoxicilina,! claritromicina,!
metronidazol,!tetraciclina!e!levofloxacina!se!apresentassem!CMI!superiores!a!0,5!
mg/L,!1!mg/L,!8!mg/L,!1!mg/L!e!1!mg/L,!respetivamente!27,!28,!617,!792,!802,!811,!829,!841,!
916,!917.!
Doentes e Métodos
!160!
!
3.3.1.4)'Preservação'dos'isolados'e'do'DNA'de'Helicobacter+pylori'!
! Após! obtenção! das! suscetibilidades! e! do! isolamento! do! DNA! para! os!
estudos! genotípicos,! procedeugse! à! preservação! das! culturas! dos! isolados!
utilizando!o!caldo!cérebro!coração!em!quantidade!igual!com!o!glicerol!a!30%!e!
mantendo! os! tubos! a! g80°C! .! Desta! forma! foi! possível! recuperar! os! isolados!
sempre!que!se!verificou!ser!necessário!repetir!alguns!dos!estudos!previamente!
realizados.!
! Relativamente! ao! DNA,! o! seu! armazenamento! a! g20°C! ocorreu! após!
diluição!em!tampão!AE!(QIAGEN,!Izasa!Portugal,!Carnaxide,!Portugal).!
!
3.3.2)'Estudo'genotípico'de'resistência'
3.3.2.1)'Estudos'moleculares'de'resistência'
!
! Para! identificar! mutações! associadas! à! resistência! de! H.$ pylori! à!
claritromicina,! levofloxacina!e!tetraciclina!nas!estirpes!previamente!isoladas!foi!
utilizada! a! técnica! de! PCR! em! tempo! real,! complementada! com! FRET,! por!
intermédio!de!um!termociclador!LightCycler$1.5®!(Roche!Diagnostics,!Mannheim,!
Germany).!No!final!de!cada!reação!e!através!de!software!do!próprio!aparelho!a!
variação! da! fluorescência! foi! convertida! na! temperatura! de! dissociação! (Tm),!
sendo!o!resultado!da!primeira!derivada!negativa!da!razão!entre!a!fluorescência!
da!amostra!e!a!temperatura!correspondente,!enquanto!ocorre!a!desnaturação.!
O!DNA!foi!extraído!de!culturas!puras!de!H.$pylori!através!de!kit!específico!
(QIAamp®!DNA!Mini!Kits,!QIAGEN,!Izasa!Portugal,!Carnaxide,!Portugal),!seguindo!
as! instruções! do! fabricante.! As! metodologias! para! a! PCR! subsequente! foram!
similares!às!previamente!descritas!na!literatura,!com!pequenas!modificações!811,!
834,!841.!Todas!as!sequências!oligonucleotídicas!iniciadoras!(primers)!e!sondas!de!
oligonucleótidos! utilizadas! neste! processo! foram! elaboradas! e! fornecidas! pela!
Tib!Molbiol!(Tib!MolBiol!Synthese!labor,!Berlin,!Germany).!!
Para! assegurar! a! reprodutibilidade! dos! resultados! determinougse! que!
todas!as!avaliações!seriam!repetidas!por!um!técnico!diferente,!desconhecendo!os!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 161!
resultados!iniciais.!Caso!houvesse!discordância!de!resultados!os!procedimentos!
seriam!novamente!repetidos.!Todas!as!reações!foram!realizadas!em!triplicado!e!
utilizados!controlos!negativos!e!positivos.!Foram!avaliados!os!360!isolados!(180!
do! antro! e! 180! do! corpo)!mas,! para! a! análise! final! considerougse! apenas! uma!
estirpe! por! doente,! assumindogse! a! que! apresentava! padrão! fenotípico! e/ou!
genotípico!de!resistência.!!
! A! avaliação! de! eventuais! padrões! genéticos! associados! a! resistência! ao!
metronidazol!foi!realizada!através!da!sequenciação!do!gene!rdxA.!
! Nas!estirpes!com!resistência!in$vitro!à!levofloxacina!mas!para!as!quais!não!
se! detetaram! mutações! pela! técnica! de! PCRgFRET! também! se! realizou! a!
sequenciação!do!gene!gyrA.!
Em! todos! estes! processos! a! manipulação! das! amostras! de! DNA! foi!
efetuada!seguindo!as!recomendações!habituais!para!evitar!a!contaminação.!
!
3.3.2.2)'Deteção'de'mutações'associadas'a'resistência'à'claritromicina'
!
! A!metodologia!utilizada!para!detetar!mutações!associadas!a!resistência!à!
claritromicina! baseougse! nos! trabalhos! de! Oleastro! et$ al.! e! Wittwer! et$ al.,!
consistindo! na! amplificação! de! um! fragmento! do! gene! 23S$ rRNA! seguido! de!
hibridização!com!sondas!e!análise!das!curvas!de!dissociação!obtidas!em!tempo!
real!811,!918.!Procedeugse!à!amplificação!de!um!fragmento!com!267!bp!utilizando!
os!primers!HPYA!(5’gTAAGAGCTCAGGTTAAGAGGATGCGTCAGTCg3’)!e!HPYS!(5’g
TATGGTACCCGCATGATATTCCCATTAGCAGTg3’),! o! qual! foi! depois! hibridizado!
com! duas! sondas:! a! sonda! dadora! (5’gTGTAGTGGAGGTGAAAATTCCTCCTACCCg
3’;! extremidade! 3’! marcada! com! fluoresceína)! e! a! sonda! recetora! (5’g
GGCAAGACGGAAAGACCg3’;! extremidade! 5’! marcada! LightCycler$ Red640! e!
extremidade!3’!fosforilada).!!
As!reações!de!PCR!em!tempo!real!foram!realizadas!em!capilares!de!vidro!
onde! se! colocaram! 20! µl! de!mistura! contendo! 2,0! µl! de! FastStart$DNA$Master$
Hybridization$Probes! (Roche! Diagnostics,! Mannheim,! Germany),! 0,5! µl! de! cada!
um!dos!primers,!HPYA!e!HPYS!(20!µM!cada),!1,0!µl!da!sonda!dadora!e!1,0!µl!da!
sonda!recetora!(4!µM!cada),!3,2!µl!de!MgCl2!(25!mM),!2!µl!de!DNA!bacteriano!e!
9,8!μl!de!água!destilada!estéril.!
Doentes e Métodos
!162!
O!programa!de!temperaturas!para!a!reação!de!PCR!consistiu!num!ciclo!de!
desnaturação!inicial!a!95°C!por!2min,!seguido!da!amplificação!com!45!ciclos,!com!
uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!20°C/s.!Cada!um!dos!ciclos!constava!de!
desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!60°C!por!30s!e!extensão!a!72°C!por!
17s.! Após! amplificação! gerougse! o! ciclo! da! curva! de! dissociação,! composto! de!
desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!45°C!durante!30s!e!dissociação!a!85°C!
com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!0,1°C/s!e!com!aquisição!contínua!
de!fluorescência.!As!curvas!de!dissociação!foram!delineadas!automaticamente!e!
analisadas! com! o! software! do! LightCycler,! seguindo! as! recomendações! dos!
autores! previamente! citados! (Figuras! 28! e! 29).!Os! limiares! da! temperatura! de!
dissociação!estão!estipulados!na!Tabela!1.!
!Tabela 1 – Temperaturas de dissociação (ºC) para a técnica PCR-FRET, destinada a avaliar a
presença de mutações do gene 23S rRNA associadas a resistência à claritromicina 811!
Estirpe! Temperatura!de!dissociação!(°C)!
WT! 62,0!
A2143G! 53,6!
A2142G! 53,0!
A2142C! 58,0! WT – Wild-Type
Conforme!é!possível!constatar!na!Figura!28,!a!diferença!na! temperatura!
de! dissociação! observada! para! as! estirpes! A2143G! e! A2142G! é! inferior! a! 1°C,!
sendo!impossível!destrinçáglas!com!recurso!a!esta!técnica.!
!Figura 28 – Análises das curvas de dissociação para o fragmento de 267bp do gene 23S rRNA, obtido através de PCR em tempo real. Observam-se as curvas para estirpes wild-type, e cada uma das três mutações assim como a curva obtida a partir de um fragmento de biopsia com três estirpes distintas (adaptado de Oleastro et al., com permissão) 811
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 163!
!Figura 29 – Exemplo das curvas de temperatura de dissociação para o gene 23S rRNA, com uma estirpe resistente e uma wild-type !
3.3.2.3)'Deteção'de'mutações'associadas'a'resistência'à'levofloxacina'
!
! As!mutações!pontuais! na!QRDR!do! gene!gyrA,! envolvendo! substituições!
de!aminoácidos!nas!posições!87!(Asparagina!para!Lisina)!e!91!(Aspartato!para!
Glicina,!Asparagina!ou!Tirosina)!foram!também!estudadas!através!da!técnica!de!
PCRgFRET! em! tempo! real! 834.! Para! a! posição! 87! foram! consideradas! duas!
variantes!WT!(AAC!e!AAT)!e!duas!mutantes!(AAA!e!AAG).!No!caso!da!posição!91!
a! variante! WT! é! identificada! pelo! tripleto! GAT! (codifica! o! Aspartato)! e! as!
mutantes!pelos!tripletos!GGT!(Glicina),!TAT!(Tirosina)!ou!AAT!(Asparagina).!
! Um!fragmento!de!238!bp!representativo!da!região!QRDR!do!gene!gyrA!foi!
amplificado! com! os! primers! GyrHP! direto! (5’gAATTAGGCCTTACTT!
CCAAAGTCGCTTACAg3’)! e! GyrHP! reverso! (5’gTCTTCACTCGCCTTAGTCATTCTG!
GCg3’).!Para!detetar!as!mutações!na!posição!87!utilizaramgse!as!sondas!dadora!
87!(5’gAAAAATCTTGCGCCATTCTCACTAGCGCg3’;!extremidade!3’!marcada!com!a!
fluoresceína)! e! recetora! 87! (5’gATAAACGGCGTTATCGCCAg3’;! extremidade! 5’!
marcada!com!LightCycler$red705! e!extremidade!3’! fosforilada).!As!mutações!na!
posição! 91! foram! identificadas! com! a! sonda! dadora! 91! (5’gAAA!
AATCTTGCGCCATTCTCACTAGCGg3’;! extremidade!3’!marcada!com! fluoresceína)!
e! a! sonda! recetora! 91! (5’gACCATAAACGGCATTATCGCCAg3’;! extremidade! 5’!
marcada!com!LightCycler$red640!e!extremidade!3’!fosforilada).!!
As!reações!de!PCR!em!tempo!real!foram!executadas!em!capilares!de!vidro!
onde! se! colocaram! 20! μl! de!mistura! contendo! 2,0! µl! de! FastStart$DNA$Master$
Hybridization$ Probes! (Roche! Diagnostics,! Mannheim,! Germany),! 0,5! µl! dos!
Doentes e Métodos
!164!
primers!GyrHPfor!e!GyrHPrev!(20!µM!cada),!1,0!µl!da!sonda!dadora!e!1,0!µl!da!
sonda!recetora!(4!µM!cada),!1,6!µl!de!MgCl2,!2,0!µl!do!DNA!bacteriano!e!11,4!μl!
de!água!destilada!estéril.!!
O!programa!de!temperaturas!para!a!reação!de!PCR!consistiu!num!ciclo!de!
desnaturação!inicial!a!95°C!por!2min,!seguido!da!amplificação!com!45!ciclos,!com!
uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!20°C/s.!Cada!um!dos!ciclos!constava!de!
desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!55°C!por!15s!e!extensão!a!72°C!por!
12s.! Após! amplificação! gerougse! o! ciclo! da! curva! de! dissociação,! composto! de!
desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!40°C!durante!30s!e!dissociação!a!85°C!
com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!0,1°C/s!e!com!aquisição!contínua!
de!fluorescência.!As!curvas!de!dissociação!foram!delineadas!automaticamente!e!
analisadas!com!o!software!do!LightCycler!(Figuras!30!e!31).!
Consoante! as! temperaturas! de! dissociação! registadas! foi! possível!
identificar!se!existia!alguma!mutação!e!se!a!mesma!envolvia!a!posição!87!e/ou!a!
91.!Os!limiares!utilizados!constam!da!Tabela!2!e!foram!estabelecidos!por!Glocker!
et$al.!834.!
!Tabela 2 – Temperaturas de dissociação (ºC) para a técnica PCR-FRET, destinada a avaliar a
presença de mutações na posições 87 e 91 da Quinolone Resistance Determining Region, do gene
gyrA (adaptado de Glocker et al.834)!
! ! Temperaturas!de!dissociação!(°C)!
tripleto!87! tripleto!91! 87! 91!
AAC!WT! GAT!WT! 57,0!±!0,2! 47,4!±!0,2!
AAT!WT! GAT!WT! 50,4!±!0,2! 54,7!±!0,2!
AAA!mt! GAT!WT! 48,7!±!0,2! 49,2!±!0,2!
AAG!mt! GAT!WT! 50,8!±!0,2! 51,5!±!0,2!
AAT!WT! GGT!mt! 50,4!±!0,2! 58,5!±!0,2!
AAC!WT! TAT!mt! 57,0!±!0,2! 44,6!±!0,2!
AAT!WT! AAT!mt! 50,4!±!0,2! 52,0!±!0,2!
AAC!WT! AAT!mt! 57,0!±!0,2! 44,6!±!0,2!
WT – Wild-Type; mt – mutante
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 165!
!Figura 30 – Análises das curvas de dissociação para o tripleto 87 com deteção de duas estirpes wild-type e uma estirpe com mutação (adaptado de Glocker et al., com permissão)834
!
Importa! salientar! que! as! temperaturas! de! dissociação! para! as!
configurações!genéticas!na!posição!87!são!independentes!dos!tripletos!presentes!
na!posição!91!mas!o!inverso!já!não!se!verifica.!
!
!Figura 31 – Exemplo das curvas de temperatura de dissociação obtidos para a posição aa87 da QRDR do gene gyrA !
Nos!casos!em!que!a!técnica!anterior!não!identificava!quaisquer!mutações!
ou!não!foi!conclusiva!mas,!a!estirpe!em!questão!apresentava!resistência!in$vitro!à!
levofloxacina,! foi! posteriormente! realizada! sequenciação! completa! da! região!
QRDR! do! gene! gyrA! no! INSERM! U853! g! Laboratoire$ de$ Bactériologie$ Pr$ F.$
MEGRAUD,$ CNR$ Campylobacters$ &$ Hélicobacters,$ Université$ Bordeaux$ Segalen,!
graças!à!colaboração!da!Dra.!Lucie!Benejat!e!do!Professor!Francis!Mégraud.!Após!
amplificação!procedeugse!à!purificação!do!DNA!obtido!com!o!illustra$MicroSpin$SA
Doentes e Métodos
!166!
400$HR$Columns$ (GE!Healthcare! France)! e! posterior! sequenciação! utilizando! o!
Big$ Dye®$ Terminator! (Applied! Biosystems®,! Life! Technologies,! Courtaboeuf,!
France)!e!o!sequenciador!automático!Genetic$Analyser$AbiAPrism$3130$xl!(Applied!
Biosystems®,!Life!Technologies,!Courtaboeuf,!France).!!
Para! este! processo! foram! utilizados! os! primers! FgQRDRgHpylo! (5’g
GCGTATTTTGTATGCGATGCg3’)! e! RgQRDRgHpylo! (5’gACAAAATCAATG!
GTGTCTTTATCAg3’).! A! reação! de! sequenciação! compreendeu! 1! μl! de! BigDye®$
Terminator$v3.1$ready$reaction$premix! (Applied!Biosystems®,!Life!Technologies,!
Courtaboeuf,!France),!4!μl!de!BigDye®$Terminator$v1.3$sequencing$buffer!(Applied!
Biosystems®,! Life! Technologies,! Courtaboeuf,! France),! em! concentração! de! 5x,!
3,2!pmol!de!primers,!1!μl!de!DNA!purificado!e!água!destilada!estéril!até!perfazer!
o!volume!final!de!20!μl.!O!programa!de!sequenciação!consistiu!num!ciclo!inicial!
de! desnaturação! de! 60s! a! 96°C,! seguido! de! 25! ciclos! constituídos! por! uma!
desnaturação!de!10s!a!96°C,!uma!hibridização!de!5s!a!50°C!e!uma!extensão!de!
4min!a!60°C.!Estas!reações!foram!realizadas!num!Termociclador!GeneAmp®$PCR$
System$ 9700! (Applied! Biosystems! Inc.)! As! sequências! de! nucleótidos! e! os!
respetivos! aminoácidos! correspondentes! foram! depois! analisados! com! o! DNA$
baser$Sequence$Assembler!(Heracle!Biosoft®,!Pitesti,!Arges,!Roménia).!
!
3.3.2.4)'Deteção'de'mutações'associadas'a'resistência'às'tetraciclinas'
!
! Para! a! deteção! das! mutações! no! gene! 16S$ rRNA! recorreugse! a! técnica!
descrita!por!Glocker!et$al.! 841.!Amplificougse!um!segmento!com!120!bp!do!gene!
16S$ rRNA,! recorrendo! aos! primers! 16Sg880! direto! (5’g
ATAGACGGGGACCCGCACAAGg3’)! e! 16Sg999! reverso! (5’gTGGCAAGCCAGACACT!
CCAg3’),! e! utilizaramgse! as! sondas! de! hibridização,! sendo! uma! delas! a! dadora!
16SgANC! (5’gTCTAGCGGATTCTCTCAATGTCAAGCCTAGg3’;! 3’! marcado! com!
fluoresceína),! que! se! liga! aos! nucleótidos! 975! a! 946,! e! outra! a! sonda! recetora!
16SgAGAgSensor! (5’gAAGGTTCTTCGTGTATCTTCGg3’;! 5’! marcado! com! o!
LightCycler$Red640!e!fosforilado!no!3’)!que!se!liga!aos!nucleótidos!943!a!923.!Foi!
utilizada! uma! sonda! recetora! adicional! 16SgTTCgSensor! (5’g
AAGGTTCTTCGTGTAGAATCGg3’;! 5’! marcado! com! o! LightCycler$ Red705! e!
fosforilado! no! 3’)! que! se! liga! aos! mesmos! nucleótidos! que! a! anterior! mas!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 167!
destinada! especificamente! às! formas! mutantes! TTC.! Esta! sonda! adicional!
permite!distinguir!as!várias!mutações!disponíveis.!
As!reações!de!PCR!em!tempo!real!foram!executadas!em!capilares!de!vidro!
onde! se! colocaram! 20! μl! de!mistura! contendo! 2,0! µl! de! FastStart$DNA$Master$
Hybridization$ Probes! (Roche! Diagnostics,! Mannheim,! Germany),! 0,5! µl! dos!
primers!16Sg880fw!e!16Sg999rv!(20!µM!cada),!1,0!µl!da!sonda!dadora!e!1,0!µl!da!
sonda!detetora!(4!µM!cada),!2,4!µl!de!MgCl2,!2,0!µl!do!DNA!bacteriano!e!10,6!μl!
de!água!destilada.!!
! O!programa!de!temperaturas!para!a!reação!de!PCR!consistiu!num!ciclo!de!
desnaturação!inicial!a!95°C!por!2min,!seguido!da!amplificação!com!35!ciclos,!com!
uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!20°C/s.!Cada!um!dos!ciclos!constava!de!
desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!57°C!por!15s!e!extensão!a!72°C!por!
10s.! Após! amplificação! gerougse! o! ciclo! da! curva! de! dissociação,! composto! de!
desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!30°C!durante!30s!e!dissociação!a!85°C!
com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!0,1°C/s!e!com!aquisição!contínua!
de!fluorescência.!As!curvas!de!dissociação!foram!delineadas!automaticamente!e!
analisadas!com!o!software!do!LightCycler! !(Figuras!32!e!33).!Este!procedimento!
foi!realizado!inicialmente!com!a!sonda!16SgAGAgSensor!e!depois!com!a!16SgTTCg
Sensor.!!
!Figura 32 – Análises das curvas de dissociação na deteção de resistências à tetraciclina, com uma estirpe wild-type e uma estirpe mutante AGA926-928-TTC (adaptado de Glocker et al., com permissão) 841 !
Doentes e Métodos
!168!
Tabela 3 – Temperaturas de dissociação (ºC) para a técnica PCR-FRET, destinada a avaliar a
presença de mutações no gene 16S rRNA (adaptado de Glocker et al.841)!
! Temperaturas!de!dissociação!(°C)!
Estirpe/Sonda! 16SgAGAgSensor! 16SgTTCgSensor!
AGA!WT! 61,1! 54,8!
GGA!mt! 57,4! 56,5!
ATA!mt! 52,3! 53,9!
TGC!mt! 50,5! 59,4!
ATC!mt! 49,9! 58,1!
TTA!mt! 51,2! 58,1!
GTA!mt! 52,7! 55,8!
GGC!mt! 51,0! 59,4!
TTC!mt! 49,3! 63,0!
WT – Wild-Type; mt – mutante !
!Figura 33 – Curvas de temperaturas de dissociação obtidas com a sonda 16S-AGA-sensor, não se identificando qualquer mutação!!
! Importa!referir!que!a!estirpe!com!mutação!num!único!par!de!bases,!GGA,!
tem!uma!CMI!inferior!a!1!mg/L!e!a!estirpe!GGC,!com!mutação!em!dois!pares!de!
bases,!tem!uma!CMI!de!1!mg/L!841.!As!estirpes!com!genótipo!AGA926g928gTTC!têm!
sempre!uma!CMI!superior!a!2!mg/L!e!as!restantes!entre!1!e!2!mg/L.!
!
3.3.2.5)'Deteção'de'mutações'associadas'a'resistência'ao'metronidazol'
!
! Após! normalização! das! amostras! de! DNA! para! 20! ng/μL! procedeugse! à!
amplificação! do! gene! rdxA! utilizando! o! primer! direto! 5’g
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 169!
GCAGGAGCATCAGATAGTTCTg3’!e!o!primer!reverso!5’gGGGATTTTATTGTATGCTA!
CAAg3’.!!
As! reações! de! PCR! foram! executadas! em! volumes! totais! de! 50! μl!!
utilizando! o! termociclador! DNA$ Engine$ PTCA200! (BiogRad! Portugal,! Amadora,!
Portugal).! Cada! amostra! continha! 10,0! µl! de! tampão,! 5,0! µl! de!
desoxiribonucleosideos!trifosfato,!5,0!µl!de!cada!um!dos!primers!(25pmol!cada),!
4,0! µl! de! MgCl2,! 0,3! µl! de! Taq$ Polimerase,! 5,0! µl! do! DNA! bacteriano! e! água!
destilada!estéril!até!perfazer!o!volume!total.!!
! O!programa!de!temperaturas!para!a!reação!de!PCR!consistiu!num!ciclo!de!
desnaturação! inicial! a! 96°C! por! 5min,! seguido! de! três! conjuntos! de! ciclos! de!
amplificação:! um!primeiro! com!10! ciclos! de! 96°C! por! 30s,! 65°C! por! 1min;! um!
segundo!de!20!ciclos!de!96°C!por!30s,!60°C!por!1min;!um!terceiro!de!5!ciclos!de!
96°C!por!30s,!55°C!por!30s!e!72°C!por!1min.!Todo!este!processo!terminava!com!
uma!etapa!de!extensão!a!72°C!durante!7min.!
! Os! amplicões! obtidos! foram! então! avaliados! através! de! eletroforese! em!
gel!e!posteriormente!purificados!por!intermédio!do!ExoSAPAIT!(Affymetrix,!Santa!
Clara,!EUA),!utilizando!o!termociclador!supracitado.!
! A! sequenciação! foi! realizada! utilizando! o!Big$Dye®$Terminator! (Applied!
Biosystems®,! Life! Technologies! Europe! BV,! Porto,! Portugal)! e! o! sequenciador!
automático! Genetic$ Analyser$ AbiAPrism$ 3130$ xl! (Applied! Biosystems®,! Life!
Technologies!Europe!BV,!Porto,!Portugal).!A!purificação!antes!da! sequenciação!
final! foi! obtida! através! do! Autoseg$ GA50$ Dye$ Terminator$ Removal$ Kit! (General!
Eletric!Portuguesa,!Carnaxide,!Portugal).!!
Para!esta!fase!foram!utilizados!os!primers!supracitados.!A!mistura!para!a!
sequenciação! compreendeu! 4! μl! de! BigDye®$ Terminator$ v3.1$ ready$ reaction$
premix!(Applied!Biosystems®,!Life!Technologies!Europe!BV,!Porto,!Portugal),!1,1!
μl! de! cada!um!dos!primers,! 4!μl! de!DNA!purificado!e! água!destilada! estéril! até!
perfazer! o! volume! final! de! 20! μl.! O! programa! consistiu! em! 25! ciclos! de! 96°C!
20min!e!60°C!2min.!Após!purificação!realizougse!então!a!sequenciação.!!
As! sequências! de! nucleótidos! e! os! respetivos! aminoácidos!
correspondentes! foram! analisados! com! o! software! seqscape$ 2.6! (Software!
Informer),!que!compara!as!sequências!obtidas!com!sequências!de!referência!e!as!
alterações!foram!analisadas!no!software!geneious$R7!(Geneious).!
Doentes e Métodos
!170!
! Para! aceder! à! sequência! completa! do! DNA! da! bactéria! e! do! gene! em!
questão! foi! utilizada! uma! base! de! dados! online,! o! National$ Center$ for$
Biotechnology$Information,!com!as!seguintes!hiperligações:!!
1. Genoma! completo! da! estirpe! 26695! de! H.$ pylori! g!
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/nuccore/NC_000915.1;!!
2. Gene!rdxA!g!http://www.ncbi.nlm.nih.gov/nuccore/EF471992.1.!
!
3.3.3)'Estudo'dos'fatores'de'virulência'de'Helicobacter+pylori'!
! As!manifestações!clínicas!decorrentes!da!infeção!por!H.$pylori!dependem!
da!interação!de!vários!fatores,!incluindo!os!relacionados!com!a!própria!bactéria.!
De! facto,!o!genótipo!de!H.$pylori!pode! influenciar!não!só!a!apresentação!clínica!
mas!também!a!resposta!à!terapêutica!instituída.!
! No!estudo!realizado!procurougse!determinar,!nas!estirpes!isoladas,!quais!
os! perfis! para! os! genes!mais! reportados! na! literatura:! cagA,! cagE,! vacA,! iceA! e!
babA2.! Recorreugse,! uma! vez! mais,! a! técnica! da! PCR! em! tempo! real! por!
intermédio! do! termociclador! LightCycler$ 1.5®! (Roche! Diagnostics,! Mannheim,!
Germany).! Neste! caso! concreto! utilizougse! a! metodologia! SYBR®$ green,! já!
previamente! descrita! para! este! propósito! por! outros! autores!mas! com! ligeiras!
adaptações!919.!
! Na! reação! de! PCR! foram! utilizados! primers! selecionados! a! partir! de!
trabalhos!previamente!publicados!294,!492,!920g924.!A!sequência!dos!mesmos!consta!
também! de! uma! base! online,! acessível! através! da! URL!
http://www.hpbase.org/primer.php.! Para! o! gene! cagA! foram! utilizados! dois!
conjuntos! de! primers! e! considerougse! que! o! gene! estava! presente! quando!
ocorreu!amplificação!com!pelo!menos!um!deles.!
As!reações!de!PCR!em!tempo!real!foram!executadas!em!capilares!de!vidro!
onde!se!colocaram!20!μl!de!mistura!contendo!4,0!µl!de!FastStart$DNA$MasterPLUS$
SYBR®$Green$I!(Roche!Diagnostics,!Mannheim,!Germany),!0,5!µl!de!cada!um!dos!
primers!(20!µM!cada),!2,0!µl!do!DNA!bacteriano!e!13!μl!de!água!destilada.!Após!a!
desnaturação! inicial! a! 95°C! durante! 10min! foram! realizados! 45! ciclos! de!
amplificação,! com! etapas! de! desnaturação,! hibridização! e! extensão! (Tabela! 4).!
Concluída!a!amplificação!foi!realizado!o!ciclo!da!curva!de!dissociação,!composto!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 171!
de!desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!65°C!durante!60s!e!dissociação!a!
95°C! com! uma! taxa! de! transição! de! temperatura! de! 0,1°C/s! e! com! aquisição!
contínua! de! fluorescência.! As! curvas! de! dissociação! foram! delineadas!
automaticamente!e!analisadas!com!o!software!do!LightCycler!sendo!convertidas!
na!sua!primeira!derivada!negativa,!que!corresponde!ao!ponto!de!dissociação.!Na!
Tabela!4!estão!explicitados!os!primers!e!as!condições!de!amplificação!específicas!
para!cada!gene.!Todas!as!reações!foram!executadas!em!triplicado.!
!Tabela 4 – Primers, condições de amplificação e amplicões obtidos no estudo de alguns fatores
de virulência de Helicobacter pylori!
Gene* Primer+ Sequência*do*primer*(5’r3’)*Condições*de*
amplificação*
Amplicão*
(bp)*
cagA$
!
A1! CCATGAATTTTTGATCCGTTCGG! 95°C,!10s;!62°C,!5s!
(20°C/s);!72°C,!16s!394!
A2! GATAACAGGCAAGCTTTTGAGGGA!
A3! ATGGGGAGTCATGATGGCATAGAACC! 95°C,!10s;!65°C,!5s!
(20°C/s);!72°C,!29s!717!
A4! ATTAGGCAAATTAAAGACAGCCACC!
cagE$Direto! AGACATGCAAAAAGGTAT! 95°C,!10s;!46°C,!5s!
(5°C/s);!72°C,!37s!900!
Reverso! CAATCTAGTGGGGTGGTA!
vacA!
s1/s2!
Direto! ATGGAAATACAACAAACACAC! 95°C,!10s;!53°C,!5s!
(5°C/s);!72°C,!12s!
259!(s1)!
286!(s2)!Reverso! CTGCTTGAATGCGCCAAAC!
vacA!
s1a!
Direto! GTCAGCATCACACCGCAAC! 95°C,!10s;!56°C,!5s!
(20°C/s);!72°C,!8s!190!
Reverso! CTGCTTGAATGCGCCAAAC!
vacA!
s1b!
Direto! AGCGCCATACCGCAAGAG! 95°C,!10s;!56°C,!5s!
(20°C/s);!72°C,!8s!187!
Reverso! CTGCTTGAATGCGCCAAAC!
vacA!
s1c!
Direto! TTAGTTTCTCTCGCTTTAGTRGGGYT! 95°C,!10s;!60°C,!5s!
(20°C/s);!72°C,!9s!220!
Reverso! CTGCTTGAATGCGCCAAAC!
vacA!
m1!
Direto! GGTCAAAATGCGGTCATGG! 95°C,!10s;!56°C,!5s!
(20°C/s);!72°C,!12s!290!
Reverso! CCATTGGTACCTGTAGAAAC!
vacA!
m2!
Direto! GGAGCCCCAGGAAACATTG! 95°C,!10s;!54°C,!5s!
(5°C/s);!72°C,!15s!352!
Reverso! CATAACTAGCGCCTTGCAC!
iceA1$Direto! GTGTTTTTAACCAAAGTATC! 95°C,!10s;!51°C,!5s!
(5°C/s);!72°C,!10s!247!
Reverso! CTATAGCCASTYTCTTTGCA!
iceA2$Direto! GTTGGGTATATCACAATTTAT! 95°C,!10s;!51°C,!5s!
(5°C/s);!72°C,!14s!
229!ou!
334!Reverso! TTRCCCTATTTTCTAGTAGGT!
babA2$Direto! AATCCAAAAAGGAGAAAAAGTATGAAA! 95°C,!10s;!51°C,!5s!
(5°C/s);!72°C,!14s!832!
Reverso! TGTTAGTGATTTCGGTGTAGGACA!
!
Doentes e Métodos
!172!
Atendendo! às! limitações! já! aludidas! deste! procedimento,! foi! realizada!
numa! fase! inicial! uma! avaliação! dos! amplicões! obtidos! e! do! respetivo! peso!
molecular! através! da! eletroforese! em! gel! de! agarose! a! 2%,! marcado! com!
brometo! de! etídio! e! transiluminado! com! luz! ultravioleta.! Foram! adicionados!
marcadores! de! peso! molecular! (EgGel®! Quantitative! DNA! Ladder,! Invitrogen,!
Carlsbad,! USA)! assim! como! controlos! positivos! e! negativos.! Deste! modo,! foi!
possível!realizar!uma!comparação!com!as!curvas!de!dissociação!e!foi!confirmada!
a!eficácia!e!reprodutibilidade!da!técnica.!
As! Figuras! 34! e! 35! constituem! exemplos! de! algumas! curvas! de!
dissociação!obtidas!que!permitiram!a!identificação!dos!genótipos.!De!referir!que,!
à! semelhança! do! que! se! verificou! para! praticamente! todos! os! estudos!
laboratoriais,! estas! avaliações! de! genótipo! foram! repetidas! por! um! segundo!
elemento!do!grupo!de!trabalho,!desconhecendo!os!resultados!prévios.!
!
!Figura 34 – Resultado obtido após amplificação do gene cagA com o conjunto de primers A1/A2 e subsequente dissociação com aquisição contínua de fluorescência !
!Figura 35 – Resultado obtido após amplificação do gene vacA s2 e subsequente dissociação com aquisição contínua de fluorescência!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 173!
Conforme!já!foi!referido,!após!a!aferição!realizada!com!a!eletroforese!foi!
possível! determinar! que,! na! sequência! da! amplificação! realizada! com! um!
conjunto! específico! de! primers,! a! ocorrência! de! um! pico! de! dissociação! único,!
com!as!características!típicas,!permitia!afirmar!a!presença!do!gene!em!questão.!
!
!
Doentes e Métodos
!174!
3.4)'Avaliação'histológica'
!
! As!biopsias!colhidas!no!antro!e!no!corpo!foram!colocadas!em!dois!frascos!
independentes,! contendo! formol! tamponado!a!10%!e,!posteriormente!enviadas!
para! o! Serviço! de! Anatomia! Patológica.! Após! fixação! por! período! de! 6! a! 48h,!
procedeugse!à!respetiva!orientação!e!inclusão!em!blocos!de!parafina,!permitindo!
que!fossem!seccionadas!em!cortes!de!3!a!4!µm.!Após!adequada!desparafinação!e!
reidratação! as! lâminas! foram! coradas! com! hematoxilinageosina! para! avaliação!
padrão,! e! Giemsa! modificado! ou! WarthingStarry! para! deteção! de! bacilos! na!
superfície! das! células! epiteliais! gástricas,! compatíveis! com! H.$ pylori.! Para!
avaliação!da!metaplasia!intestinal,!com!identificação!de!mucinas!neutras!e!ácidas,!
coraramgse!lâminas!com!ácido!periódico!de!Schiff,!após!tratamento!com!diastase,!
e! azul! de! Alcian! a! pH! 2,5,! respetivamente.! As! alterações! histológicas! gástricas!
foram!avaliadas!de!acordo!com!a!classificação!de!Sydney!modificada!em!Houston!
(ver! Figura! 23)! 406.! Dois! anatomopatologistas! diferentes,! desconhecendo! os!
resultados!dos!estudos!genotípicos,!fizeram!a!revisão!independente!das!lâminas!
avaliando! os! seguintes! parâmetros:! densidade! de! colonização! por! H.$ pylori;!
atividade! de! polimorfonucleares/inflamação! aguda! (atividade! neutrofílica);!
inflamação! crónica! (infiltração! por! mononucleares);! metaplasia! intestinal! e!
atrofia! glandular.! Para! cada! um! destes! aspetos! histológicos! foi! atribuído! um!
valor! numérico,! seguindo! uma! escala! ordinal! bem! definida:! 0! –! ausente;! 1! –!
ligeiro;!2!–!moderado;!3!–!severo.!Quando!ocorreram!discrepâncias!entre!ambos!
os! anatomopatologistas! as! lâminas! foram! revistas! e! a! classificação! foi!
estabelecida!por!consenso.!
! Por! motivos! práticos! e! de! processamento! estatístico! optougse,! nos!
cálculos! finais,!por!estabelecer!apenas!duas! classes!distintas!para! cada!um!dos!
parâmetros! histológicos:! atrofia! (ausente/presente);! metaplasia!
(ausente/presente);! atividade! neutrofílica! (ausente! ou! ligeira/moderada! ou!
severa);!inflamação!crónica!(ausente!ou!ligeira/moderada!ou!severa);!densidade!
de!colonização!(ausente!ou!ligeira/moderada!ou!severa).!
! A! gastrite! foi! ainda! classificada! segundo! os! sistemas! OLGA! e! OLGIM,!
socorrendogse!do!grau!e!localização!da!atrofia!e!metaplasia,!respetivamente!428,!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 175!
430,! 432.! Da! conjugação! desses! dados! foi! possível! determinar! em! qual! dos! 5!
estadios!possíveis! se! encontrava! cada!doente,!no!que!diz! respeito! à! atrofia! e! à!
metaplasia!intestinal!a!nível!gástrico!(ver!figuras!24!e!25).!!
Nos!casos!em!que!a!colonização!era!negativa!ou!duvidosa!definiugse!que!
seria! utilizada! a!marcação! imunohistoquímica! com!um! anticorpo! antigH.$pylori!
específico!(ver!Figura!20),!com!origem!no!coelho!(DAKO,!Glostrup,!Dinamarca).!
Após!desparafinação,! o! tecido! foi! reidratado! em!diluições! de!metanol! e! lavado!
com! tampão! de! fosfato.! Foi! realizada! incubação! com! o! anticorpo! policlonal!
específico! durante! uma! hora! numa! diluição! de! 1/100,! num! aparelho!
automatizado.! A! recuperação! do! antigénio! foi! realizada! recorrendo! ao!
aquecimento! em! microgondas! num! tampão! de! citrato! de! sódio.! Foi! então!
utilizado!o!método!de!deteção!avidinagbiotina!através!da!visualização!com!3,3’g
diaminobenzidina! tetrahidrocloreto! 925.! Como! recomendado! foram! utilizados!
controlos!negativo!e!positivo!926.!
!
Doentes e Métodos
!176!
3.5)'Terapêutica'de'erradicação'de'Helicobacter+pylori'
3.5.1)'Esquema'terapêutico'empírico'de'primeira'linha'
!
! Os!doentes!que!nunca!tinham!sido!submetidos!a!qualquer!tratamento!de!
erradicação! de!H.$ pylori! receberam,! imediatamente! após! a! EDA,! um! protocolo!
terapêutico!(número!exato!de!comprimidos)!que!consistia!na!administração!de!
pantoprazol!40!mg!b.i.d.,!amoxicilina!1000!mg!12/12h!e!claritromicina!500!mg!
12/12h,!durante!14!dias.!Foram!explicados!detalhadamente!aos!doentes!e!seus!
familiares!quais!os!objetivos!do! tratamento,! o! esquema!posológico!e!os! efeitos!
secundários!mais!comuns.!Os!doentes!receberam!um!formulário!para!anotarem!
as!respetivas!tomas!(Figura!36).!
!Figura 36 – Formulário fornecido aos doentes para anotarem as respetivas tomas de pantoprazol, amoxicilina e claritromicina
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 177!
! De! igual!modo! também! foram! fornecidos! aos! doentes! formulários! para!
anotarem! toda! a! medicação! que! tivessem! necessidade/obrigação! de! realizar!
durante!o!período!de!tratamento,!assim!como!outro!formulário!para!registarem!
potenciais!efeitos!secundários!associados!à!terapêutica!ministrada!(Figuras!37!e!
38).!
!Figura 37 – Formulário fornecido aos doentes para anotarem a medicação concomitante durante o período de tratamento !
!Figura 38 – Formulário fornecido aos doentes para anotarem os efeitos secundários associados à medicação administrada
Doentes e Métodos
!178!
3.5.2)'Esquema'terapêutico'empírico'de'segunda'linha'ou'de'recurso'
!
Os! doentes! que! já! tinham! sido! submetidos! a! tentativa(s)! prévia(s),!
infrutífera(s),!de!erradicação!de!H.$pylori!receberam,!imediatamente!após!a!EDA,!
um!protocolo!terapêutico!que!consistia!na!administração!de!pantoprazol!40!mg!
b.i.d.,!amoxicilina!1000!mg!12/12h!e! levofloxacina!250!mg!12/12h,!durante!10!
dias.! Foram! explicados! detalhadamente! aos! doentes! e! seus! familiares! quais! os!
objetivos! do! tratamento,! o! esquema! posológico! e! os! efeitos! secundários! mais!
comuns.! Os! doentes! receberam! um! formulário! para! anotarem! as! respetivas!
tomas!(Figura!39).!
!Figura 39 – Formulário fornecido aos doentes para anotarem as respetivas tomas de pantoprazol, amoxicilina e levofloxacina!!
Também! foram! fornecidos! aos! doentes! formulários! idênticos! aos!
previamente! referidos! para! anotarem! toda! a! medicação! concomitante! e! os!
efeitos!secundários!do!tratamento.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 179!
3.5.3)'Esquema'de'recurso'baseado'na'doxiciclina'
!
! Os! doentes! infetados! por! estirpes! de! H.$ pylori! com! resistência!
documentada!à!claritromicina,!metronidazol!e!levofloxacina!mas!sensibilidade!a!
amoxicilina! e! à! tetraciclina! foram! medicados! com! pantoprazol! 80! mg! b.i.d.!
durante! 3! dias,! seguindogse! da! combinação! de! pantoprazol! 80! mg! b.i.d.,!
amoxicilina! 1000! mg! 12/12h! e! doxiciclina! 100! mg! 12/12h,! durante! 10! dias.!
Foram! explicados! detalhadamente! aos! doentes! e! seus! familiares! quais! os!
objetivos! do! tratamento,! o! esquema! posológico! e! os! efeitos! secundários! mais!
comuns.!Formulários!com!o!esquema!terapêutico,!potenciais!efeitos!secundários!
e!medicação!concomitante!foram!igualmente!fornecidos!para!que!os!doentes!os!
preenchessem!em!conformidade.!
!
3.5.4)'Avaliação'da'eficácia'terapêutica'e'dos'efeitos'secundários'
!
! Logo! após! o! período! estipulado! para! o! tratamento,! os! doentes! foram!
contactados! telefonicamente! para! fazer! uma! avaliação! inicial! da! adesão! à!
terapêutica,!tolerância!e!ocorrência!de!potenciais!efeitos!secundários.!!
! Seis!a!dez!semanas!após!o! final!do! tratamento! foi!agendado!um!UBT!de!
controlo,!seguindo!todos!os!pressupostos!já!previamente!delineados.!
! Neste!dia!a!adesão!à!terapêutica!era!novamente!avaliada,!pois!os!doentes!
tinham! instruções! para! devolver! as! embalagens! vazias! dos! fármacos!
fornecidos/prescritos! e! eram! questionados! diretamente.! Foi! anotada! qualquer!
falência!terapêutica,!mesmo!que!fosse!de!um!só!comprimido!mas,!considerougse!
existir!adesão!terapêutica!quando!pelo!menos!80%!da!medicação!prescrita!tinha!
sido!devidamente!administrada.!
! Os! doentes! também! devolveram! os! três! formulários! supracitados! e!
avaliaram! subjetivamente! a! eficácia! do! tratamento! e! a! tolerância! ao! mesmo,!
através! de! uma! escala! visual! numerada! de! 0! a! 10,! sendo! 0! a! intolerância!
total/completa!ausência!de!eficácia!e!10!a!tolerância!ótima/excelente!eficácia.!
Os! potenciais! efeitos! secundários! foram! novamente! avaliados! e!
classificados,! segundo! o! esquema! proposto! por! de! Boer! et$ al.! em! ligeiros,!
moderados!ou!severos,! consoante!não! limitassem,! limitassem!em!certa!medida!
Doentes e Métodos
!180!
ou!impossibilitassem!as!atividades!de!vida!diária!927.!De!referir!que!durante!todo!
o! período! de! tratamento! os! doentes! tiveram! acesso! telefónico! direto! a! um!
investigador.!
!
3.5.5)'Normas'para'a'suspensão'do'protocolo'terapêutico'
!
! Os! primeiros! protocolos! implementados! foram! os! dos! esquemas!
terapêuticos!empíricos!baseados!na!claritromicina!e!na!levofloxacina.!Nesta!fase!
a!eficácia!terapêutica!mínima!aceitável!era!de!80%!19.!Deste!modo,!foi!estipulado!
que! seria! realizada! uma! avaliação! preliminar! por! cada! 50! doentes! que!
completassem!todos!os!pressupostos!do!protocolo.!Se!a!taxa!de!erradicação!fosse!
inferior!a!80%!a!inclusão!seria!interrompida.!
! Na! avaliação! da! eficácia! do! esquema! terapêutico! triplo! baseado! na!
doxiciclina!foram!respeitadas!as!regras!de!interrupção!publicadas!por!Graham!D.!
em!2009!648.!Assim,!o!protocolo!de! inclusão!seria! interrompido!se!a!eficácia!do!
tratamento!fosse!inferior!a!97%!nos!primeiros!30!doentes,!a!92%!nos!primeiros!
40!doentes!ou!90%!nos!primeiros!50.!Em!qualquer!caso,!logo!que!se!verificassem!
6!falências!terapêuticas!a!inclusão!de!doentes!seria!interrompida.!!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 181!
3.6)'Identificação'das'mutações'do'gene'NOD2'!
O! DNA! genómico! foi! isolado! das! amostras! biológicas! com! recurso! ao!
QIAamp®!DNA$Mini$Kit! (QIAGEN,! Izasa!Portugal,!Carnaxide,!Portugal),! seguindo!
as!instruções!do!fabricante.!
O! DNA! de! todos! os! doentes! foi! genotipado! para! as! três!mutações!mais!
frequentes!do!gene!NOD2:!R702W!(SNP8),!G908R!(SNP12)!e!L1007fsinsC!(SNP13).!
A!genotipagem!foi!realizada!por!PCR!em!tempo!real:!as!variantes!R702W!e!G908R!
utilizando! o! modelo! de! sondas! LightCycler$ HybProbe! (FRET)! e! a! variante!
L1007fsinsC! o! modelo! LightCycler$ SimpleProbe.! O! esquema! utilizado! já! estava!
previamente!delineado!e!validado!no!Centro!de!Gastrenterologia!e!Hepatologia!
da!Universidade!de!Coimbra!46,!928.!
A!variante!R702W!foi!amplificada!e!detetada!utilizando!o!primer!direto!5´g
AGCCGCACAACCTTAGATCACg3´,!o!primer! reverso!5´gGCGGGCACAGGCATAGCg3´,!
a! sonda! dadora! 5´gGCGCCAGAGCAGGGCCTTCTCAg3’! (extremidade! 3’! ligada! à!
fluoresceína),! e! a! sonda! recetora! 5´gGTCTGGCACTCAGCCAGCAGGCCCCg3’! (a!
extremidade! 5’! marcada! com! o! LightCycler$ Red640! e! a! extremidade! 3’!
fosforilada).!!
Para! a! pesquisa! da! mutação! G908R! foram! usados! o! primer! direto! 5´g
GCACATATCAGGTACTCACTGACACTg3´,! o! primer! reverso! 5´gTTACCTGAGCCACC!
TCAAGCg3´,!a!sonda!dadora!5´gGCGCCAGAGCAGGGCCTTCTCAg3’!(extremidade!3’!
ligada! à! fluoresceína)! e! a! sonda! recetora! 5´gCTGAAAAGGCCAAAAGAGTCA!
ACAGACg3’!(a!extremidade!5’!marcada!com!o!LightCycler$Red705!e!a!extremidade!
3’!fosforilada).!!
Para! detetar! a! variante! L1007fsinsC,! a! técnica! de! PCR! foi! efetuada!
utilizando!o!primer!direto!5´gGACAGGTGGGCTTCAGTAGAg3´,!o!primer!reverso!5´g
TGAGGTTCGGAGAGCTAAAACAGg3´!e!como!sonda!a!SimpleProbe!5´gCTGCAGGCC!
CCTTGAAAGg3’!(extremidade!3’!ligada!à!fluoresceína).!
As! reações! de! PCR! em! tempo! real,! para! a! variante! R702W,! foram!
executadas!em!capilares!de!vidro!onde!se!colocaram!20!μl!de!mistura!contendo!
2,0! µl! de! FastStart$ DNA$ Master$ Hybridization$ Probes! (Roche! Diagnostics,!
Mannheim,!Germany),!0,5!µl!dos!primers!direto!e!reverso!(20!µM!cada),!0,5!µl!de!
Doentes e Métodos
!182!
cada!uma!sondas!(4!µM!cada),!2,4!µl!de!MgCl2,!2,0!µl!do!DNA!de!cada!indivíduo!e!
11,6!μl!de!água!destilada!estéril.!O!programa!de!temperaturas!para!a!reação!de!
PCR! consistiu! num! ciclo! de! desnaturação! inicial! a! 95°C! por! 2min,! seguido! da!
amplificação!com!45!ciclos,!com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!20°C/s.!
Cada!um!dos!ciclos!constava!de!desnaturação!a!95°C!por!0s,!hibridização!a!55°C!
por!10s!e!extensão!a!72°C!por!5s.!Após!amplificação!gerougse!o!ciclo!da!curva!de!
dissociação! composto! de! desnaturação! a! 95°C! por! 5s,! hibridização! a! 50°C!
durante!10s!e!dissociação!a!90°C!com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!
0,4°C/s!e!com!aquisição!contínua!de!fluorescência.!
As! reações! de! PCR! em! tempo! real,! para! a! variante! G908R,! foram!
executadas!em!capilares!de!vidro!onde!se!colocaram!20!μl!de!mistura!contendo!
2,0! µl! de! FastStart$ DNA$ Master$ Hybridization$ Probes! (Roche! Diagnostics,!
Mannheim,!Germany),!0,5!µl!dos!primers!direto!e!reverso!(20!µM!cada),!1,0!µl!de!
cada!uma!das!sondas!(4!µM!cada),!1,2!µl!de!MgCl2,!2,0!µl!do!DNA!alvo!e!11,8!μl!de!
água! destilada! estéril.! O! programa! de! temperaturas! para! a! reação! de! PCR,!
consistiu! num! ciclo! de! desnaturação! inicial! a! 95°C! por! 2min,! seguido! da!
amplificação!com!40!ciclos,!com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!20°C/s.!
Cada!um!dos!ciclos!constava!de!desnaturação!a!95°C!por!10s,!hibridização!a!57°C!
por!8s!e!extensão!a!72°C!por!17s.!Após!amplificação!gerougse!o!ciclo!da!curva!de!
dissociação! composto! de! desnaturação! a! 95°C! por! 20s,! hibridização! a! 40°C!
durante!20s!e!dissociação!a!85°C!com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!
0,2°C/s!e!com!aquisição!contínua!de!fluorescência.*
As! reações! de! PCR! em! tempo! real,! para! a! variante! L1007fsinsC,! foram!
executadas!em!capilares!de!vidro!onde!se!colocaram!20!μl!de!mistura!contendo!
2,0! µl! de! FastStart$ DNA$ Master$ Hybridization$ Probes! (Roche! Diagnostics,!
Mannheim,!Germany),!0,2!µl!do!primer!direto!e!0,5!µl!do!primer!reverso!(20!µM!
cada),!1,0!µl!da!SimpleProbe!(4!µM),!1,2!µl!de!MgCl2,!2,0!µl!do!DNA!do!indivíduo!e!
13,1!μl!de!água!destilada!estéril.!O!programa!de!temperaturas!para!a!reação!de!
PCR,! consistiu! num! ciclo! de! desnaturação! inicial! a! 95°C! por! 2min,! seguido! da!
amplificação!com!40!ciclos,!com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!20°C/s.!
Cada!um!dos!ciclos!constava!de!desnaturação!a!95°C!por!10s,!hibridização!a!55°C!
por!10s!e!extensão!a!72°C!por!20s.!Após!amplificação!gerougse!o!ciclo!da!curva!
de! dissociação! composto! de! desnaturação! a! 95°C! por! 20s,! hibridização! a! 40°C!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 183!
durante!20s!e!dissociação!a!85°C!com!uma!taxa!de!transição!de!temperatura!de!
0,2°C/s!e!com!aquisição!contínua!de!fluorescência.!
A!variação!da!fluorescência!foi!convertida!na!temperatura!de!dissociação!
através! do! programa! do! LightCycler,! sendo! o! resultado! da! primeira! derivada!
negativa! da! razão! entre! a! fluorescência! da! amostra! e! a! temperatura!
correspondente,!enquanto!ocorre!a!desnaturação.!
!
Doentes e Métodos
!184!
3.7)'Análise'estatística'
!
! As! variáveis! categóricas! foram! apresentadas! com! os! seus! valores!
absolutos!e!relativos!e!as!variáveis!quantitativas!foram!expressas!como!média!±!
desvio!padrão!ou!mediana!e!respetivos!limites.!!
! A! frequência! de! variáveis! categóricas! nominais! em! 2! grupos! distintos,!
expressa!em!tabelas!de!contingência!2x2,!foi!comparada!pelo!teste!do!χ2.!O!teste!
exato! de! Fisher! foi! utilizado! nas! mesmas! circunstâncias! quando! a! frequência!
esperada!de!pelo!menos!uma!célula!da!tabela!de!contingência!era!inferior!a!5.!A!
associação!entre!variáveis!foi!avaliada!através!do!odds$ratio!(OR),!calculandogse!
os!intervalos!de!confiança!(IC)!para!um!nível!de!confiança!de!95%.!!
A!comparação!estatística!da!distribuição!de!variáveis!quantitativas!entre!
dois! grupos! diferentes! foi! realizada! através! do! teste! T! de! Student.! No! caso! da!
distribuição! da! variável! quantitativa! não! corresponder! à! distribuição! normal,!
optougse!por!um!teste!não!paramétrico!(teste!de!ManngWhitney).!!
Na!comparação!de!amostras!emparelhadas!foi!utilizado!o!teste!Wilcoxong
signed!rank.!
A! avaliação! da! influência! de! variáveis! dependentes! sobre! uma!
determinada! variável! categórica! binária! foi! realizada! com! recurso! à! regressão!
logística.!O!OR!para!cada!variável!foi!calculado!com!um!IC!de!95%.!A!qualidade!
do! ajuste! do! modelo! de! regressão! logística! foi! avaliada! através! do! teste! de!
Hosmer!e!Lemeshow.!
Nos!protocolos!terapêuticos!empregues!a!taxa!de!sucesso!foi!determinada!
com!base!em!ITT!(todos!os!doentes!incluídos!no!estudo,!independentemente!da!
adesão! à! terapêutica;! os! casos! sem! dados! finais! seriam! definidos! como!
insucessos!terapêuticos)!e!PP!(só!foram!incluídos!os!doentes!com!boa!adesão!à!
terapêutica! e! para! os! quais! estivessem! disponíveis! todos! os! dados),!
estabelecendo!o!respetivo!intervalo!de!confiança!a!95%.!
A!concordância!da!frequência!dos!genótipos!do!NOD2!com!o!equilíbrio!de!
HardygWeinberg!foi!avaliada!com!o!teste!do!χ2!929.!
O!nível!de!significância!definido!para!os!testes!estatísticos!aplicados!foi!de!
5%! (p<0,05).! Exceptuamgse! os! casos! em! que! foram! realizadas! múltiplas!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 185!
comparações!em!simultâneo,!optandogse!por!recorrer!à!correção!de!Bonferroni!
que!determinou!a!aplicação!de!um!nível!de!significância!mais! restrito! (0,01!ou!
0,005).!
O!tratamento!estatístico!dos!dados!foi!realizado!com!o!auxílio!do!software!
IBM®!SPSS® Statistics,!versão!20.!!
Doentes e Métodos
!186!
3.8)'Pressupostos'éticos'
!
Este! projeto! envolveu! intervenções! diagnósticas! e! terapêuticas! em!
doentes!do!modo!que!o!mesmo!só!foi! implementado!após!devida!aprovação!da!
Comissão! de! Ética! da! Faculdade! de! Medicina! da! Universidade! de! Coimbra,!
corroborada!posteriormente!pela!Comissão!de!Ética!do!CHUC!(ANEXO!3).!
Todos!os!doentes!receberam!informação!detalhada,!verbal!e!escrita,!sobre!
os!pressupostos!do!estudo,!os!seus!objetivos,!benefícios!e!potenciais!riscos.!Foi!
obtido! consentimento! informado! escrito! e! foram! cumpridos! os! princípios! da!
Declaração! de! Helsínquia,! da! Conferência! Internacional! de! Harmonização! das!
Guidelines!de!Boas!Práticas!Médicas!e!toda!a!legislação!em!vigor!no!momento!do!
recrutamento!dos!doentes.!
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CAPITULO IV – CONTRIBUTOS PESSOAIS
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 189!
CAPÍTULO'IV'–'CONTRIBUTOS'PESSOAIS'
4.1)' Estudo' das' taxas' de' resistência' primária' e' secundária' de'
Helicobacter+ pylori' aos' agentes' antimicrobianos' na' região' Centro' de'
Portugal'
!
“Helicobacter pylori antimicrobial resistance rates in the central region of Portugal.” Almeida N, Romãozinho JM,
Donato MM, Luxo C, Cardoso O, Cipriano MA, Marinho C, Fernandes A, Calhau C, Sofia C. Clin Microbiol Infect.
2014 May 31. doi: 10.1111/1469-0691.12701. [Epub ahead of print] (ANEXO 4)
Artigo publicado na revista Clinical Microbiology and Infection. Factor de Impacto: 4,578. ISI Journal Citation
Reports© Ranking 2012: 11/70 (Infectious Diseases); 22/116 (Microbiology) – Quartil 1
!
4.1.1)'Resumo'
!
As!resistências!de!H.$pylori! aos!agentes!antimicrobianos! têm!aumentado!
progressivamente.! O! conhecimento! da! prevalência! local! das! resistências! aos!
antibióticos!é!de!extrema!importância!para!que!se!possam!adotar!as!estratégias!
terapêuticas! mais! adequadas.! Este! estudo! prospetivo,! unicêntrico,! teve! como!
objetivo!principal!determinar!as!taxas!de!resistência!primária!e!secundária!de!H.$
pylori!aos!antibióticos,!bem!como!estudar!os!fatores!bacterianos!e!do!hospedeiro!
associados!a!esta!problemática.!!
No! total,! foram! submetidos! a! EDA! com! biopsias! gástricas! 180! doentes!
(131! do! sexo! feminino,! com! média! etária! de! 43,4! ±! 13,5! anos;! resistência!
primária!–!103;!resistência!secundária!–!77)!que!tinham!UBT!positivo.!Procedeug
se! à! cultura! de! H.$ pylori! e! determinougse! a! suscetibilidade! aos! antibióticos!
através! do! Egtest! e! de! métodos! moleculares.! As! características! clínicas! e!
microbiológicas! associadas! à! resistência! foram! identificadas! através! da! análise!
de!regressão!logística.!!
Entre!os!180!isolados,!50%!eram!resistentes!à!claritromicina!(resistência!
primária! –! 21,4%;! resistência! secundária! –! 88,3%),! 34,4%! ao! metronidazol!
(primária! –! 29,1%;! secundária! –! 41,6%),! 33,9%! à! levofloxacina! (primária! –!
26,2%;!secundária!–!44,2%),!0,6%!à!tetraciclina!e!0,6%!à!amoxicilina.!!
Contributos Pessoais
!190!
O! género! feminino! constituiu! um! fator! preditivo! independente! de!
resistência!à!claritromicina!e!ao!metronidazol.!Tentativas!prévias,!ineficazes,!de!
erradicação! foram! também! associadas! a! uma! diminuição! da! suscetibilidade! à!
claritromicina.! História! de! infeções! frequentes,! de! familiares! de! primeiro! grau!
com!carcinoma!gástrico!e!de!um!nível! reduzido!de!escolaridade!determinaram!
um!aumento!na!resistência!à!levofloxacina.!Mutações!nos!genes!23S$rRNA!e!gyrA!
foram!frequentemente!encontradas!em!isolados!resistentes!à!claritromicina!e!à!
levofloxacina,! respetivamente.! Este! estudo! demonstrou! elevadas! taxas! de!
resistência! à! claritromicina,! metronidazol! e! levofloxacina,! realidade! que! pode!
comprometer!o!sucesso!da!erradicação!de!H.$pylori!em!Portugal!com!recurso!aos!
esquemas!terapêuticos!empíricos!triplos!de!primeira!e!segunda!linha.!!
!
4.1.2)'Introdução'
!O! H.$ pylori! é! responsável! por! múltiplas! patologias! gástricas! 1.! A!
terapêutica! empírica! tripla,! até! agora! universalmente! aceite,! é! composta! por!
IBPs,!claritromicina!e!amoxicilina!ou!metronidazol!1.!No!entanto,!a!eficácia!desta!
terapêutica! tripla! clássica! tem! vindo! a! diminuir! nas! últimas! décadas! e! é!
atualmente!inferior!a!80%!em!muitos!países!1,!20.!Múltiplos!fatores!podem!estar!
implicados! na! falência! da! terapêutica! de! erradicação,! nomeadamente! a! baixa!
adesão! do! doente,! inadequação! da! dose/duração! do! tratamento,! metabolismo!
rápido! dos! IBPs,! distribuição! ineficaz! dos! antibióticos! na! mucosa! gástrica,!
inativação!dos!antibióticos!pelo!baixo!pH!gástrico!e,!principalmente,!o!perfil!de!
resistência! de! H.$ pylori$ aos! agentes! antimicrobianos! 453,! 617.! Por! outro! lado,! a!
utilização! excessiva! e! indiscriminada! dos! antibióticos! tem! condicionado! uma!
diminuição!significativa!da!suscetibilidade!de!H.$pylori$a!estes!fármacos!776.!!
As!resistências!de!H.$pylori!aos!antibióticos!são!comuns!na!prática!clínica!
mas,!é!importante!distinguir!entre!resistência!primária!e!secundária.!A!exposição!
de!H.$pylori! aos! agentes! antimicrobianos,! durante! as! tentativas!de! erradicação,!
promove! a! seleção! de! resistências! bacterianas,! maioritariamente! para! a!
claritromicina! e! levofloxacina,! mas! também! para! os! nitroimidazóis.! As!
publicações! relativas! às! resistências! primárias! são! numerosas! mas,! os! dados!
após! a! falência! terapêutica! inicial! são! escassos,! uma! vez! que! os! doentes!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 191!
previamente! submetidos! a! tentativas! de! erradicação! são! frequentemente!
excluídos!dos!estudos!de!suscetibilidade!27,!813.!!
Em! Portugal! os! dados! mais! recentemente! publicados! mostram! que! a!
infeção! por! H.$ pylori! acomete! 84,2%! dos! adultos,! 66,2%! dos! adolescentes! e!
31,6%! das! crianças! 26,! 161,! 891.! Em! 2012,! as! taxas! de! incidência! e! mortalidade!
ajustadas!à!idade,!para!o!cancro!gástrico!em!Portugal,!eram!das!mais!elevadas!na!
Europa! 277.! Deste! modo,! a! infeção! por! H.$ pylori! continua! a! representar! um!
problema! de! saúde! significativo! neste! país.! Os! grandes! estudos!multicêntricos!
europeus! relativos! às! resistências! in$ vitro! de! H.$ pylori! aos! agentes!
antimicrobianos,!publicados!em!2001!e!2013,!revelaram!que!neste!país!do!sul!da!
Europa! as! taxas! de! resistência! primária! à! claritromicina,! levofloxacina! e!
metronidazol! são!de!31,5%,!26,3%!e!33,3%,! respetivamente! 27,!776.!No!entanto,!
há! pouca! informação! no! que! diz! respeito! às! taxas! de! resistência! secundária! e,!
que!seja!do!nosso!conhecimento,!não!há!dados!relativos!a!esta!problemática!na!
região! Centro! de! Portugal.! O! objetivo! principal! do! presente! estudo! foi! avaliar,!
nesta!região!concreta,!quais!as!taxas!de!resistência!primária!e!secundária!de!H.$
pylori! aos! agentes! antimicrobianos.! Como! objetivo! secundário! os! autores!
procuraram! estabelecer! potenciais! fatores! bacterianos! e! do! hospedeiro,!
associados!à!resistência!a!cada!um!dos!antibióticos!testados.!!
!
4.1.3)'Doentes'e'métodos'
4.1.3.1)'Doentes'
!Neste!estudo!prospetivo,!unicêntrico,! foram!considerados!para! inclusão,!
entre!setembro!de!2009!e!outubro!de!2013,!doentes!com!dispepsia!(ulcerosa!e!
não! ulcerosa),! anemia! ferripriva,! necessidade! de! terapêutica! crónica! com! IBPs!
e/ou!doentes!com!familiares!de!primeiro!grau!com!carcinoma!gástrico.!Todos!os!
doentes!tinham!um!teste!UBT!recente!positivo.!Os!critérios!de!exclusão!foram!os!
seguintes:! idade! inferior! a! 18! anos;! gravidez! ou! amamentação;! mulheres! em!
idade! fértil! sem! método! contraceptivo! eficaz;! história! de!
alergia/hipersensibilidade! a! qualquer! antibiótico! ou! IBP;! antecedentes! de!
carcinoma! gástrico! e/ou! cirurgia! gástrica;! toma! de! anticoagulantes;!
Contributos Pessoais
!192!
trombocitopenia! severa;! doença! sistémica! grave;! utilização! de! antibióticos! nas!
últimas!4!semanas!ou!IBPs!nas!últimas!duas.!!
Os! doentes! foram! divididos! em! 2! grupos:! Grupo! I! –! sem! história! de!
erradicações! prévias! de!H.$pylori! (resistência! primária);! Grupo! II! –! falência! de!
erradicação!prévia!de!H.$pylori!(resistência!secundária).!!
!
4.1.3.2)'Desenho'do'estudo''
!Todos!os!doentes!foram!submetidos!a!uma!EDA!com!biopsias!no!antro!e!
no! corpo,! as! quais! foram! imediatamente! colocadas! em! contentores!
independentes! com!meio! adequado! g! Portagerm! pylori®! (bioMérieux! Portugal,!
LindagAgVelha,!Portugal)!–!a!4ºC,!e!enviados!para!o!Laboratório!de!Microbiologia.!
Foi! realizado! um! teste! rápido! da! urease! e! uma! coloração! com! Gram! para!
confirmar!a!presença!de!microrganismos!compatíveis!com!H.$pylori.!As!amostras!
foram! então! trituradas! manualmente! com! material! descartável! e! distribuídas!
diretamente!no!meio!de!cultura!adequado!–!gelose!pylori®!(bioMérieux!Portugal,!
LindagAgVelha,!Portugal).!!
As! culturas! foram! incubadas!por!um!período!mínimo!de!72!horas! e!um!
máximo!de!10!dias,! a!37°C,! sob!condições!microaerofílicas,!produzidas!por!um!
dispositivo! específico! gerador! de! H2gCO2! (GENbag! ou! GENbox! microaer®,!
bioMérieux!Portugal,!LindagAgVelha,!Portugal).!!
Os! isolados! de! H.$ pylori! foram! identificados! através! da! morfologia! das!
colónias,! as! suas! características! típicas! na! coloração! de! Gram,! e! pela! reação!
positiva!nos! testes!da!catalase,!urease!e!oxidase.!As!amostras!do!antro!e!corpo!
foram!processadas!separadamente.!!
As!CMI!para!a! amoxicilina,! claritromicina,!metronidazol,! levofloxacina,! e!
tetraciclina! foram!determinadas!pelo!Egtest! (bioMérieux,!Portugal)! e! expressas!
em!mg/L.!Por!forma!a!minimizar!a!variabilidade!dos!resultados!foi!utilizada!uma!
amostra! de! H.$ pylori! ATCC! 43504! para! controlo! de! qualidade! do! ensaio! de!
suscetibilidade! e! um! segundo! investigador,! sem! conhecimento! dos! resultados!
previamente!obtidos,!repetiu!todos!os!testes.!!!
As!estirpes! foram!consideradas! resistentes!à!amoxicilina,! claritromicina,!
metronidazol,!levofloxacina,!e!tetraciclina!quando!a!CMI!foi!>0,5,!>1,!>8,!>1,!e!>1!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 193!
mg/L,!respetivamente.!Os!valores!de!CMI!foram!estabelecidos!de!acordo!com!os!
dados!disponíveis!em!2009,! incluindo!os!valores!de!corte!do!CLSI! 617,!802,!811,!829,!
916.!!
Uma! estirpe! foi! considerada! multirresistente! aos! fármacos! (MDR),!
quando!apresentou!resistência!a!dois!ou!mais!antibióticos.!!
Para!a!extração!de!DNA!da!cultura!pura!de!H.$pylori$foi!utilizado!um$kit$
especial! de! extração! (QIAamp®! DNA! Mini! Kits,! QIAGEN,! Izasa! Portugal,!
Carnaxide,! Portugal),! de! acordo! com! as! indicações! do! fabricante.! As!mutações!
pontuais!no!23S$rRNA!(A2143G/A2142G,!A2142C),!na!região!QRDR!do!gene!gyrA!
e!no!16S$rRNA!foram!detetadas!por!PCR!em!tempo!real!utilizando!um!dispositivo!
LightCycler$ 1.5®,! tal! como! descrito! previamente! 811,! 834,! 841.! Os! genótipos! cagA,!
vacA,! iceA,! e! babA2! foram! determinados! por! PCR! em! tempo! real,! utilizando!
primers! específicos,! selecionados! a! partir! de! trabalhos!previamente!publicados!492,!920,!924.!!!
!
4.1.3.3)'Análise'estatística'
!
As!variáveis!categóricas!foram!apresentadas!com!os!seus!valores!relativos!
e!absolutos,!e!as!variáveis!quantitativas!foram!expressas!sob!a!forma!de!média!±!
desvio!padrão!ou!mediana!+!variação.!Para!a!análise!estatística!foram!utilizados!
os! testes! tgStudent,!ManngWhitney!e! teste!exato!de!Fisher.!As!variáveis!para!as!
quais! foi! encontrada! significância! estatística! foram! posteriormente! incluídas!
numa! análise! de! regressão! logística,! para! determinar! os! fatores! de! risco!
independentes!associados!à!resistência!a!cada!um!dos!antibióticos.!Para!a!análise!
estatística!foi!utilizado!o!software!SPSS!versão!20.0!(SPSS,!Chicago,!IL,!USA).!!
!
4.1.3.4)'Considerações'éticas''
!Este!estudo,!aprovado!pelas!comissões!de!ética!do!CHUC!e!da!Faculdade!
de!Medicina,!foi!realizado!de!acordo!com!todas!as!normas!de!boa!prática!clínica.!
Foi!obtido!consentimento!informado!de!todos!os!doentes!incluídos.!!
!
Contributos Pessoais
!194!
4.1.4)'Resultados'
!Foram!incluídos!180!doentes!(131!do!sexo!feminino;!média!etária!de!43,4!
±! 13,5! anos;! Grupo! I! –! 103;! Grupo! II! –! 77).! As! características! demográficas! e!
clínicas! estão! resumidas! na! Tabela! 5.! No! caso! dos! 77! doentes! previamente!
tratados!o!número!mediano!de!tentativas!de!erradicação!de!H.$pylori!foi!de!1!(a!
variar! entre! 1! e! 6)! e! os! fármacos! utilizados! foram:! amoxicilina! –! 77! (100%);!
claritromicina! –! 73! (94,8%);! nitroimidazóis! –! 24! (31,2%);! levofloxacina! –! 12!
(15,6%).!!
!Tabela 5 – Características clínicas e demográficas dos 180 doentes incluídos
* Grupo*I*(n=103)*
Grupo*II*(n=77)* p*
Média!etária!(anos)!41,6!±!12,9!(19g77)!
45,8!±!14,1!(18g85)!
0,039*
Sexo!g!Masculino!g!Feminino!
!30!(29,1%)!73!(70,9%)!
!19!(24,7%)!58!(75,3%)!
0,612!
Ascendência!g!Europeia!g!Africana!
!99!(96,1%)!4!(3,9%)!
!76!(98,7%)!1!(1,3%)!
0,394!
Nível!de!educação!g!Nível!1!g!Nível!2!
!30!(29,1%)!73!(70,9%)!
!33!(42,9%)!44!(57,1%)!
0,06!
Residência!g!Rural!g!Urbana!
!55!(53,4%)!48!(46,6%)!
!47!(61%)!30!(39%)!
0,362!
Indicação(ões)!para!erradicação!de!H.$pylori!g!Dispepsia!nãogulcerosa!g!DRGE/Terapêutica!crónica!com!IBP!g!Familiares!de!1º!grau!com!carcinoma!gástrico!g!Anemia!ferripriva!g!Úlcera!péptica!
!63!(61,2%)!24!(23,3%)!14!(13,6%)!25!(24,3%)!9!(8,7%)!
!53!(68,8%)!22!(28,6%)!15!(19,5%)!10!(13%)!7!(9,1%)!
!0,346!0,491!0,311!0,086!1!
IMC!(Kg/m2)!24,6!±!4,2!(17,1g37,8)!
25,2!±!4,1!(17,1g33,8)!
0,371!
Tabagismo!ativo! 13!(12,6%)! 17!(22,1%)! 0,108!
Consumo!de!álcool! 21!(20,4%)! 19!(24,7%)! 0,587!
Consumo!de!azeite!<!1dl/semana! 50!(48,5%)! 40!(51,9%)! 0,763!
História!de!infeções!frequentes! 20!(19,4%)! 18!(23,4%)! 0,581!
Consumo!de!antibióticos!nos!últimos!12!meses! 28!(27,2%)! 60!(77,9%)! <0,0001*
História!familiar!de!doenças!gástricas! 49!(47,6%)! 42!(54,5%)! 0,370!
História!familiar!de!infeção!por!H.$pylori!! 10!(9,7%)! 9!(11,7%)! 0,807!
IMC – Índice de Massa Corporal; DRGE – Doença de Refluxo Gastroesofágico; IBP – Inibidores da Bomba de Protões; Nível 1 – Analfabeto/Ensino primário; Nível 2 – Ensino secundário/universitário
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 195!
!
A! EDA! com! biopsias! foi! realizada! com! sucesso! e! sem! complicações! em!
todos!os!doentes.!Foram!obtidos!360!isolados!de!H.$pylori!(antro!–!180;!corpo!–!
180)! e! em! 8! casos! registaramgse! diferenças! nos! isolados! do! antro! e! do! corpo,!
relativamente!às!mutações!dos!genes!23S$rRNA!e!resistência!à!claritromicina.!Foi!
considerado! apenas! um! isolado! por! doente,! selecionando! aquele! que!
apresentava! resistência.! As! taxas! de! resistência! global,! primária! e! secundária!
estão!apresentadas!na!Tabela!6.!!
!
Tabela 6 – Padrões de resistência primária e secundária de Helicobacter pylori
Resistência* Total**(n=180)*
Grupo*I**(n=103)*
Grupo*II**(n=77)* p*
Amoxicilina! 1!(0,6%)! 1!(1%)! 0!(0%)! 1!
Claritromicina! 90!(50%)! 22!(21,4%)! 68!(88,3%)! <0,0001*
Tetraciclina! 1!(0,6%)! 0!(0%)! 1!(1,3%)! 0,428!
Metronidazol! 62!(34,4%)! 30!(29,1%)! 32!(41,6%)! 0,113!
Levofloxacina! 61!(33,9%)! 27!(26,2%)! 34!(44,2%)! 0,017**
! ! ! ! !
Sem!resistências! 52!(28,9%)! 47!(45,6%)! 5!(6,4%)! <0,0001*
Resistência!única! 61!(33,9%)! 36!(35%)! 25!(32,5%)! 0,753!
Resistência!dupla! 49!(27,2%)! 17!(16,5%)! 32!(41,6%)! <0,0001!
Resistência!tripla! 17!(9,4%)! 3!(2,9%)! 14!(18,2%)! 0,001*
Resistência!quádrupla! 1!(0,6%)! 0!(0%)! 1!(1,3%)! 0,428!
MDR! 67!(37,2%)! 20!(19,4%)! 47!(61%)! <0,0001!
! ! ! ! *
Claritromicina!+!Metronidazol!
36!(20%)! 6!(5,8%)! 30!(39%)! <0,0001!
Claritromicina!+!Levofloxacina!
41!(22,8%)! 9!(8,7%)! 32!(41,6%)! <0,0001!
Metronidazol!+!Levofloxacina!
26!(14,4%)! 11!(10,7%)! 15!(19,5%)! 0,133!
MDR – MultiDrug-resistant !
A!única!estirpe!resistente!à!amoxicilina!apresentou!uma!CMI!de!2!mg/L.!A!
genotipagem! revelou!mutações! no! gene!23S$ rRNA! em! 86! isolados! (47,8%),! na!
região! QRDR! do! gene! gyrA! em! 50! (27,8%),! e! mutações! no! 16S$ rRNA! em! 4!
Contributos Pessoais
!196!
isolados!(2,2%),!dois!AGA926g928gGGA,!um!AGA926g928gGTA!e!outro!AGA926g928gTTC.!
Nos!primeiros!dois!a!CMI!foi!0,016!mg/L,!no!terceiro!foi!0,094!mg/L!e!no!último!
foi! 32! mg/L.! Assim,! apenas! este! isolado! apresentou! resistência! in$ vitro! à!
tetraciclina.! Por! motivos! técnicos! não! foi! possível! estudar! o! gene! gyrA! em! 3!
isolados! com! resistência! à! levofloxacina.!Mutações! nos! genes!23S$rRNA$e!gyrA!
foram! detetadas! em! 86! (95,6%)! e! 50! (86,2%)! dos! isolados! com! resistência! in$
vitro!à!claritromicina!e! levofloxacina,!respetivamente.!O!gene!cagA! foi!detetado!
em!63!estirpes! (35%),!o!vacA! s1m1!em!34! (18,9%),!o! s1m2!em!48! (26,7%),!o!
s2m1! em! 3! (1,7%)! e! o! s2m2! em! 95! (52,7%).! O! gene! iceA1! foi! positivo! em! 71!
(39,4%)!isolados!e!o!babA2!em!21!(11,7%).!A!distribuição!dos!genótipos!vacA!!de!
acordo! com! o! estado! cagA! está! apresentada! na! Tabela! 7.! As! características!
clínicas! e! os! genótipos! bacterianos! associados! à! resistência! à! claritromicina,!
metronidazol!e!levofloxacina!estão!resumidas!na!Tabela!8.!!
Tabela 7 – Correlação do genótipo vacA com a presença do cagA!
Genótipo* cagA*positivo*(n=63)* cagA*negativo*(n=117)* p*
vacA!s1m1! 28!(44,4%)! 6!(5,1%)! <0.0001*vacA!s1m2! 22!(34,9%)! 26!(22,2%)! 0.076!
vacA!s2m1! 2!(3,2%)! 1!(1,7%)! 1!
vacA!s2m2! 11!(17,5%)! 84!(71,8%)! <0.0001*
!
Não!se!encontraram!diferenças!significativas!relativamente!à!etnia,! local!
de! residência,! história! de! dispepsia! não! ulcerosa,! necessidade! de! terapêutica!
crónica! com! IBPs,! anemia! ferripriva,! úlcera! péptica,! IMC,! consumo! de!
tabaco/álcool/azeite,!e!os!genótipos!vacA!s1m2,!vacA!s2m1!e!iceA1.!As!variáveis!
apresentadas! na! Tabela! 8! foram! subsequentemente! incluídas! em! análise!
multivariada,! que! revelou! as! seguintes! associações! positivas:! resistência! à!
claritromicina!com!o!género! feminino! (OR=3,28;! IC!95%!1,07g10,05)!e! falência!
de!tentativa!prévia!de!erradicação!(OR=31,32;!IC!95%!10,06g98,48);!resistência!
ao! metronidazol! com! o! género! feminino! (OR=2,78;! IC! 95%! 1,23g6,26);!
resistência!à!levofloxacina!com!história!de!infeções!frequentes!(OR=2,61;!IC!95%!
1,19g5,71),! familiares! de! primeiro! grau! com! carcinoma! gástrico! (OR=2,63;! IC!
95%!1,10g6,26)!e!baixo!nível!de!escolaridade!(OR=2,43;!IC!95%!1,21g4,85).!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 197!
!
!
!
Contributos Pessoais
!198!
4.1.5)'Discussão'
!
A! eficácia! dos! esquemas! terapêuticos! mais! frequentemente!
recomendados!para! a! erradicação!de!H.$pylori! tem!vindo! a! diminuir,! atingindo!
valores! inaceitáveis! 20.! Deste! modo,! tornagse! crucial! a! análise! periódica! ! dos!
padrões!de!resistência!em!determinada!região!por!forma!a!estabelecer!a!melhor!
combinação!de!antibióticos!para!eliminar!esta!bactéria.!Em!Portugal,!as!taxas!de!
resistência!de!H.$pylori!podem!atingir!os!39,4%!para!a!claritromicina,!33,3%!para!
o!metronidazol! e! 26,3%!para! a! levofloxacina.! As! resistências! à! amoxicilina! e! à!
tetraciclina! são! muito! raras! 27,! 28,! 30,! 776,! 891.! Os! dados! relativos! à! resistência!
secundária! são! escassos,! embora! Cabrita! et$ al.! tenham! descrito,! no! ano! 2000,!
valores!de!75%!e!47%!para!o!metronidazol!e!claritromicina,!respetivamente!28.!
Que! seja! do! nosso! conhecimento,! estes! dados! foram! obtidos! na! área!
metropolitana! de! Lisboa,! não! havendo! informação! relativa! a! este! problema!na!
região! Centro! de! Portugal.! O! presente! estudo! demonstrou! que! nesta! região! as!
taxas!de!resistência!primária!ao!metronidazol!e!à!levofloxacina!são!comparáveis!
àquelas!publicadas!recentemente!por!Mégraud!et$al.!776.!A!resistência!primária!à!
claritromicina!identificada!na!região!Centro!de!Portugal!foi!inferior!à!reportada!
no! mesmo! estudo! (21,4%! vs.! 31,5%),! mas! supera! o! valor! estabelecido! como!
limite!para!permitir!a!aplicação!dos!esquemas!terapêuticos!empíricos!triplos!que!
incluem! este! antibiótico! 1.! As! taxas! de! resistência! foram! mais! elevadas! em!
doentes! com! tentativas!prévias,! infrutíferas,! de! erradicação!e,! neste! grupo,! são!
semelhantes! às! descritas! na! literatura,! variando! entre! 40g70%! para! o!
metronidazol,!50g85%!para!a!claritromicina!e!MDR!em!51g90%!813,!930g932.!Estes!
dados! são!muito!preocupantes,!uma!vez!que!em!Portugal!muitos!dos! fármacos!
utilizados!na!erradicação!de!H.$pylori,!como!o!bismuto,!tetraciclina,!furazolidona,!
nitazoxanida!e!rifabutina!não!estão!disponíveis!ou!não!podem!ser!utilizados.!De!
facto,!a!escolha!do!esquema!de!erradicação!mais!eficaz!é!crucial,!uma!vez!que!os!
casos!de!insucesso!terapêutico!podem!ser!potencialmente!intratáveis.!!
Apenas!a!estirpe!com!substituição!de!três!pares!de!bases!AGA926g928gTTC!
evidenciou! resistência! à! tetraciclina! e,! contrariamente! ao! que! está! descrito! na!
literatura,! o! isolado! com! AGA926g928gGTA! apresentou! níveis! de! CMI! dentro! dos!
limites! de! suscetibilidade! 841.! Apenas! se! isolou! uma! estirpe! resistente! à!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 199!
amoxicilina,!confirmando!os!elevados!níveis!de!suscetibilidade!de!H.$pylori!a!este!
antibiótico,!em!todas!as!circunstâncias.!!
A! taxa! de! resistência! secundária! à! claritromicina! foi! mais! elevada!
comparativamente! aos! valores! previamente! publicados! para! Portugal,! mas! foi!
semelhante! aos! resultados! encontrados! noutros! países! europeus! 28,! 933.! As!
mutações! no! 23S$ rRNA! foram! identificadas! em! 95,6%! dos! isolados! que!
evidenciavam! resistência.! Neste! trabalho! apenas! foram! estudadas! as! três!
mutações!clássicas!descritas!na!literatura,!que!estão!presentes!em!mais!de!90%!
das! estirpes! resistentes! à! claritromicina.! No! entanto,! há! múltiplas! mutações!
pontuais!no!23S$rRNA,!algumas!delas!associadas!a!baixos!níveis!de!resistência!453,!
773.!Assim,!é!possível!que!as!quatro!estirpes!que!apresentaram!resistência!in$vitro!
à! claritromicina! sem!evidência! de! alterações! genotípicas! tenham,! na! realidade,!
algumas! destas! mutações! ou! poderá! haver! outros! mecanismos! de! resistência!
implicados,!tal!como!o!sistema!de!bombas!de!efluxo!773.!!
As! taxas! de! resistência! ao! metronidazol! foram! elevadas! mas,! sem!
aumento!significativo!nos!doentes!com!anteriores!tentativas!de!erradicação.!Este!
facto!pode!ser!explicado!uma!vez!que!os!tratamentos!prévios!com!nitroimidazóis!
não!estão!associados,!de!forma!sistemática,!ao!desenvolvimento!de!resistências.!
Por! outro! lado,! não! podemos! esquecer! que! o! estudo! da! suscetibilidade! ao!
metronidazol!através!do!Egtest!pode!sobrestimar!a!resistência!em!cerca!de!10!a!
20%,! em! comparação! com! o! método! de! diluição! em! ágar! 829.! Tentámos!
ultrapassar!esta!limitação!utilizando!uma!estirpe!de!controlo!e!repetindo!o!teste!
por!um!microbiologista!diferente.!!
As! taxas! de! resistência! primária! e! secundária! à! levofloxacina! são!
preocupantes.! Os! elevados! valores! encontrados! para! a! resistência! primária!
poderão! estar! relacionados! com! o! facto! das! quinolonas! serem! uma! classe! de!
antibióticos! amplamente! utilizada! no! tratamento! de! múltiplas! infeções!
bacterianas,!e! com!um!elevado!consumo!das!mesmas!no!nosso!país.!É!possível!
que!a!perda!de!suscetibilidade!tenha!sido!determinada!por!uma!exposição!de!H.$
pylori! a! níveis! inadequados! dos! antibióticos,! previamente! à! tentativa! de!
erradicação!776,!901,!933.! !Esta!constitui!uma!limitação!do!nosso!trabalho,!uma!vez!
que,! no! grupo! II,! não! dispomos! de! dados! relativos! à! suscetibilidade! aos!
antibióticos!antes!da!terapêutica!de!erradicação.!!
Contributos Pessoais
!200!
O! elevado! consumo! de! macrólidos! e! quinolonas! em! casos! de! infeções!
respiratórias! não! complicadas! e! infeções! urinárias! também! poderá! explicar! o!
facto! da! resistência! à! claritromicina! e! à! levofloxacina! ser! mais! elevada! nos!
doentes!mais!idosos,!tendo!em!conta!a!probabilidade!cumulativa!de!exposição!a!
estes!antibióticos.!Do!mesmo!modo,!Mégraud!et$al.!também!descreveram!a!idade!
avançada!como!um!fator!de!risco!para!a!resistência!à!levofloxacina!776.!!
A! presença! de! mutações! no! gene! gyrA! associougse! à! resistência! a! este!
antibiótico!mas,!nem!todos!os!isolados!que!não!demonstraram!suscetibilidade!in$
vitro!apresentavam!alterações!genotípicas.!Isto!pode!estar!correlacionado!com!o!
facto!de!não!terem!sido!testadas!todas!as!mutações!possíveis.!Seria! importante!
sequenciar! a! QRDR! nos! genes! gyrA! e! gyrB! para! confirmar! estas! possíveis!
associações.!!
Os!doentes!do!sexo!feminino!apresentaram!mais!frequentemente!estirpes!
de!H.$pylori! resistentes!aos!macrólidos,! fluoroquinolonas!e!nitroimidazóis.!Este!
achado! é! consistente! com! os! resultados! de! outros! estudos! e! poderá! ser!
determinado! pelo! uso! frequente! destes! antibióticos! no! tratamento! de! infeções!
ginecológicas!e!urinárias.!!
Os! indivíduos! com! níveis! de! escolaridade! mais! baixos! apresentaram!
maiores! taxas! de! resistência! de! H.$ pylori! à! claritromicina! e! à! levofloxacina.!
Podemos! especular! que! esta! realidade! esteja! relacionada! com! um! consumo!
superior! de! antibióticos! por! parte! dos! grupos! socioeconómicos! mais!
desfavorecidos.! No! entanto,! não! dispomos! de! dados! objetivos! que! expliquem!
estas! diferenças,! sendo! necessários! estudos! epidemiológicos!mais! consistentes!
para!confirmar!estes!resultados.!!
Os! dados! que! constam! deste! estudo! não! evidenciaram! uma! correlação!
entre! a! apresentação! clínica! e! a! resistência! aos! antibióticos! mas,! uma! das!
limitações! deste! trabalho! é! precisamente! o! elevado! número! de! doentes! com!
dispepsia!não!ulcerosa!776.!!
O!nosso!estudo!revelou!a!possibilidade!de!uma!infeção!mista!por!estirpes!
de!H.$pylori! sensíveis! e! resistentes! aos! antibióticos.! Este! facto,! denominado! de!
heterorresistência,! já! foi!descrito!na! literatura!e!é!relevante!porque!a!presença!
de!uma!estirpe!resistente!em!qualquer!localização!do!estômago!é!suficiente!para!
determinar! a! falência! da! terapêutica! de! erradicação! 761,! 930.! Por! esta! razão,!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 201!
quando! se! pretende! testar! a! suscetibilidade! de! H.$ pylori! aos! antibióticos! é!
extremamente! importante! obter! biopsias! em! pelo! menos! duas! localizações!
diferentes,!e!este!material!deve!ser!processado!de!forma!independente.!!
Os! genes! cagA! e! vacA! são! tradicionalmente! aceites! como! os! principais!
fatores! de! virulência! de! H.$ pylori.$ Está! descrita! uma! forte! associação! entre! o!
sucesso! da! erradicação,! a! suscetibilidade! aos! antibióticos! e! estes! fatores! de!
virulência,! sobretudo! para! a! claritromicina! 453,! 454.! O! presente! estudo! também!
evidenciou!que! as! estirpes!vacA! s2m2,! que!na! sua!maioria! são!cagA! negativas,!
parecem! ser! mais! resistentes! à! claritromicina! e! ao! metronidazol!
comparativamente!às!estirpes!s1m1!e!s1m2.!!
!
4.1.6)'Conclusões'
!As!taxas!de!resistência!primária!e!secundária!de!H.$pylori!à!claritromicina,!
metronidazol!e!levofloxacina!são!muito!elevadas!na!região!Centro!de!Portugal!e,!
pelo! menos! para! a! claritromicina,! estão! associadas! com! tentativas! prévias! de!
erradicação.!Pelo!contrário,!as!taxas!de!resistência!à!amoxicilina!e!à!tetraciclina!
são!despiciendas,!mesmo!após!utilização!sistemática!da!amoxicilina.!!
Na! grande! maioria! dos! casos! a! resistência! in$ vitro! à! claritromicina! e! à!
levofloxacina! está! associada! à! presença! de! mutações! específicas.! Os! métodos!
moleculares!utilizados!para!determinar!a!resistência!de!H.$pylori!no!material!de!
biopsia! ou! nas! amostras! de! fezes! podem! ser! muito! úteis! na! prática! clínica,!
evitando!a!eventual!realização!de!culturas!dispendiosas!e!demoradas.!!
Os! isolados! multirresistentes! são! comuns! e,! provavelmente,! os!
tratamentos! quádruplos! concomitantes! ou! híbridos! constituem! as! melhores!
opções!para!a!terapêutica!de!erradicação!de!primeira!linha!em!Portugal.!!
!
Contributos Pessoais
!202!
4.2)'Maastricht'IV:'Será'que'as'terapêuticas'empíricas'triplas'ainda'são'
úteis'num'país'do'sul'da'Europa?'
!“Beyond Maastricht IV: Are standard empiric triple therapies for Helicobacter pylori still useful in a South-European
country?” Almeida N, Donato MM, Romãozinho JM, Luxo C, Cardoso O, Cipriano MA, Marinho C, Fernandes A,
Calhau C, Sofia C. (ANEXO 5)
Artigo submetido para publicação na revista BMC Gastroenterology. Factor de Impacto: 2,11
!
4.2.1)'Resumo'
!! As! taxas! de! insucesso! dos! tratamentos! empíricos! triplos! mais!
frequentemente! utilizados! na! erradicação! de! H.$ pylori! têm! vindo! a! aumentar!
progressivamente.! O! presente! estudo! tem! por! objetivo! avaliar! a! taxa! de!
erradicação!alcançada!com!estes!esquemas!na!região!Centro!de!Portugal!e!quais!
os!potenciais!fatores!associados!com!falência!terapêutica.!
! Este! estudo! prospetivo,! unicêntrico,! incluiu! 154! doentes! com! UBT!
positivo,!divididos!em!dois!grupos:!Grupo!A!(103!doentes)!–!sem!história!prévia!
de!tratamentos!da!erradicação;!Grupo!B!(51!doentes)!–!história!prévia!de!uma!ou!
mais!tentativas!de!tratamento.!Os!doentes!do!grupo!A!receberam!um!protocolo!
terapêutico!com!administração!de!pantoprazol!40!mg!b.i.d.,!amoxicilina!1000!mg!
12/12h! e! claritromicina! 500! mg! 12/12h,! durante! 14! dias.! No! grupo! B! foi!
instituído! um! tratamento! com! pantoprazol! 40! mg! b.i.d.,! amoxicilina! 1000! mg!
12/12h!e!levofloxacina!250!mg!12/12h,!durante!10!dias.!A!avaliação!da!eficácia!
foi!feita!através!de!UBT!realizado!6!a!10!semanas!após!o!tratamento.!A!adesão!à!
terapêutica! e! os! efeitos! adversos! foram! determinados! através! de! questionário!
verbal!e!escrito.!Os!fatores!de!risco!para!falência!terapêutica!foram!identificados!
por!intermédio!de!análise!multivariada.!
! Com! estes! esquemas! terapêuticos! foram! obtidas! as! seguintes! taxas! de!
erradicação,!em!termos!de!ITT!e!PP,!respetivamente:!Grupo!A!–!68,9%!(IC!95%!
59,4g77,1%)!e!68,8%!(IC!95%!58,9g77,2%);!Grupo!B!–!52,9%!(IC!95%!39,5g66%)!
e! 55,1%! (IC! 95%! 41,3g68,2%).! Ocorreram! efeitos! secundários! em! 43,7%! dos!
doentes!do!Grupo!A!e!31,4%!dos!doentes!do!Grupo!B.!A!resistência!de!H.$pylori!à!
claritromicina!e!à!levofloxacina!foram!os!principais!fatores!de!risco!para!falência!
do! tratamento!nos!Grupos!A!e!B,! respetivamente.!Foi!observado!outro! fator!de!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 203!
risco! independente! no! Grupo! A:! história! de! infeções! frequentes! (OR=4,24;! IC!
95%! 1,04g17,24).! Nos! doentes! do! Grupo! A! que! estavam! infetados! por! uma!
estirpe!de!H.$pylori!sem!resistência!à!claritromicina,!as!variáveis!associadas!com!
falência!terapêutica!foram!a!história!prévia!de!infeções!frequentes!(OR=4,76;!IC!
95%!1,24g18,27)!e!o!tabagismo!ativo!(OR=5,25;!IC!95%!1,22g22,69).!
! Os!tratamentos!empíricos!triplos!de!primeira!e!segunda!linha!apresentam!
taxas!de!erradicação!inaceitáveis!na!região!Centro!de!Portugal!e,!de!acordo!com!
as!recomendações!de!Maastricht!IV,!não!devem!ser!utilizados.!Mesmo!nos!casos!
em! que! o! H.$ pylori! não! apresenta! resistência! aos! antibióticos! em! questão,! os!
resultados!são!dececionantes!e,!pelo!menos!no!que!diz!respeito!à!claritromicina,!
são! influenciados! negativamente! pela! história! de! infeções! frequentes! e!
tabagismo!ativo.!
!
4.2.2)'Introdução'
!
! A!bactéria!H.$pylori!infeta!aproximadamente!50%!da!população!mundial!e!
é! responsável! por! múltiplas! doenças! gástricas,! incluindo! as! úlceras! pépticas!
gastroduodenais,!o!adenocarcinoma!e!o! linfoma!MALT!gástricos!1,!81,!769.!Apesar!
da! comunidade!médica! já! apresentar! praticamente! 30! anos! de! experiência! no!
tratamento!desta! infeção,!o! regime! terapêutico! ideal!ainda!não! foi! identificado.!
Algumas! conferências! de! consenso! recomendam! tratamentos! com! eficácia!
terapêutica! superior! a! 80%! numa! base! de! ITT.! Contudo,! mais! recentemente!
começou!a!defendergse!que!os!tratamentos!de!H.$pylori!deviam!apresentar!taxas!
de!sucesso!de!95!a!100%!ou,!no!mínimo,!de!90!a!95%!20.!
! Embora!as!metaganálises!publicadas!revelem!uma!diminuição!da!eficácia!
dos! esquemas! triplos! baseados! na! claritromicina,! este! regime! terapêutico!
clássico!continua!ainda!a! ser! indiscriminadamente!utilizado!em!vários!países!e!
as! últimas! recomendações! de! Maastricht! mantêmgno! como! tratamento! de!
primeira! linha,! embora! sob! determinadas! condicionantes! 1,! 20,! 934.! A! principal!
razão! para! a! falência! terapêutica! é! o! aumento! da! resistência! de! H.$ pylori! à!
claritromicina!1.!Na!Europa,!as!taxas!de!resistência!da!bactéria!a!este!antibiótico!
aumentaram!de!9,9%!para!17,5%!no!período!de!uma!década! 27,!776.!De! facto,! a!
refractoriedade! de! H.$ pylori! aos! primeiros! esquemas! de! tratamento! temgse!
Contributos Pessoais
!204!
tornado! mais! frequente,! o! que! está! correlacionado! com! o! uso! crescente! dos!
antibióticos!para!tratar!múltiplas!infeções!e!também,!com!o!número!crescente!de!
doentes!que!são!propostos!para!terapêuticas!de!erradicação!de!H.$pylori.!
! Após!falência!do!esquema!empírico!baseado!na!associação!de!um!IBP!com!
a! claritromicina! as! recomendações! de! Maastricht! sugerem! a! utilização! do!
esquema! quádruplo! contendo! bismuto! ou! um! esquema! triplo! com! IBP! e!
levofloxacina! 1.! Múltiplos! estudos! e! metaganálises! demonstraram! que! a!
levofloxacina! é! uma! alternativa! válida! aos! esquemas! terapêuticos! padrão! de!
primeira! e! segunda! linha! 680,! 681,! 935.! Esta! fluoroquinolona! é! ativa! mesmo! em!
estirpes!de!H.$pylori! resistentes!à!claritromicina!e!ao!metronidazol.!As! taxas!de!
erradicação! em! doentes! infetados! por! estirpes! com! resistência! simultânea! a!
estes!dois!antibióticos!mas!sensibilidade!à!levofloxacina,!alcançam!os!92%!936.!
Assim,!os!esquemas!baseados!na!levofloxacina!podem!ser!utilizados!como!
tratamentos! de! segunda! linha! nos! países! onde! a! prevalência! de! estirpes!
resistentes!a!este!fármaco!é!baixa.!Contudo,!se!essa!resistência!já!rondar!os!15%,!
é!preferível!não!utilizar!esta!fluoroquinolona!em!esquemas!de!segunda!linha!mas!
apenas!como!tratamento!de!terceira!linha!ou!de!recurso!454.!
! A!prevalência!da!infeção!por!H.$pylori!nos!adultos!portugueses!é!ainda!de!
84,2%! 26.! As! terapêuticas! empíricas! triplas! supracitadas! são! regularmente!
utilizadas! na! região! Centro! do! país!mas,! que! seja! do! nosso! conhecimento,! não!
existe! informação! publicada! sobre! a! real! eficácia! desses! mesmos! regimes!
terapêuticos.!
! O! principal! objetivo! deste! estudo! consistiu! em! avaliar! as! taxas! de!
erradicação! dos! esquemas! empíricos! triplos! com! IBP,! amoxicilina! e!
claritromicina,! durante! 14! dias! assim! como! IBP,! amoxicilina! e! levofloxacina!
durante!10!dias.!Como!objetivos!secundários!procurougse!estabelecer!potenciais!
fatores!clínicos!ou!bacterianos!associados!com!falência!terapêutica.*
!
4.2.3)'Doentes'e'métodos'
4.2.3.1)'Doentes'
!
Neste! estudo! prospetivo,! unicêntrico,! foram! considerados! para! inclusão!
doentes!com!dispepsia!(ulcerosa!e!não!ulcerosa),!anemia!ferripriva,!necessidade!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 205!
de! terapêutica! crónica! com! IBPs! e/ou! com! familiares! de! primeiro! grau! com!
carcinoma! gástrico.! Todos! os! doentes! tinham!um! teste!UBT! recente! positivo! e!
indicação!para!realizar!EDA.!Os!critérios!de!exclusão! foram!os!seguintes:! idade!
inferior! a! 18! anos;! gravidez! ou! amamentação;! mulheres! em! idade! fértil! sem!
método! contraceptivo! eficaz;! história! de! alergia/hipersensibilidade! a! qualquer!
antibiótico! ou! IBP;! antecedentes! de! carcinoma! gástrico! e/ou! cirurgia! gástrica;!
toma! de! anticoagulantes;! trombocitopenia! severa;! doença! sistémica! grave!
(hepática,! cardiorrespiratória! ou! renal;! diabetes! mellitus! não! controlada;!
doenças!malignas! ativas;! coagulopatias);! intolerância/recusa! em! realizar! EDA;!
utilização!de!antibióticos!nas!últimas!4!semanas!ou!IBPs!nas!últimas!duas.!!
Estes!doentes!foram!subsequentemente!divididos!em!2!grupos:!Grupo!A!–!
sem!história!de!erradicações!prévias!de!H.$pylori!(103;!sexo!feminino!–!73;!média!
etária!–!41,6!±!12,9!anos);!Grupo!B!–!antecedentes!de!uma!ou!mais! tentativas,!
infrutíferas,!de!erradicação!(51;!sexo! feminino!–!39;!média!etária!–!45,2!±!13,9!
anos)!mas!sem!história!conhecida!de!medicação!com!fluoroquinolonas.!!
!
4.2.3.2)'Tratamentos'empíricos'triplos'e'avaliação'da'eficácia'
!
! Após!a!EDA!os!doentes!do!grupo!A!receberam!um!protocolo!terapêutico!
que!consistia!na!administração!de!pantoprazol!40!mg!b.i.d.,!amoxicilina!1000!mg!
12/12h!e!claritromicina!500!mg!12/12h,!durante!14!dias,!enquanto!os!do!grupo!
B!foram!medicados!com!pantoprazol!40!mg!b.i.d.,!amoxicilina!1000!mg!12/12h!e!
levofloxacina! 250! mg! 12/12h,! durante! 10! dias.! Foram! explicados!
detalhadamente!aos!doentes!e!seus!familiares!quais!os!objetivos!do!tratamento,!
o! esquema! posológico! e! os! efeitos! secundários! mais! comuns.! Os! doentes!
receberam! um! formulário! para! anotarem! as! respetivas! tomas,! efeitos!
secundários! e! medicação! adicional! durante! o! período! de! tratamento.! Foram!
contactados!por!via!telefónica!imediatamente!após!o!tratamento!para!registar!a!
adesão!à!terapêutica!assim!como!os!potenciais!efeitos!secundários.!A!eficácia!do!
tratamento! foi! estimada! com! UBT! 6! a! 10! semanas! após! o! tratamento.! No!
momento! da! realização! deste! teste,! a! adesão! à! terapêutica! foi! novamente!
avaliada,! contabilizando! o! número! de! comprimidos! não! utilizados! devolvidos!
pelos! doentes.!O! tratamento! foi! considerado! completo! se! toda! a!medicação! foi!
Contributos Pessoais
!206!
corretamente! utilizada.! Assumiugse! o! estatuto! de! não! adesão! à! terapêutica!
quando!menos!de!80%!da!medicação!prescrita!tinha!sido!administrada.!!
Os!doentes!também!devolveram!os!três!formulários!preenchidos!durante!
o!período!de!tratamento!e!avaliaram!subjetivamente!a!tolerância!e!a!eficácia!do!
mesmo!na!resolução!dos!sintomas,!através!de!uma!escala!visual!numerada!de!0!a!
10! (0! –! intolerância! total/completa! ausência! de! eficácia;! 10! –! tolerância!
ótima/excelente!eficácia).!
Os!eventos!adversos!foram!classificados!segundo!o!esquema!proposto!por!
de! Boer! et$ al.! em! ligeiros,! moderados! ou! severos,! consoante! não! limitassem,!
limitassem!em!certa!medida!ou!impossibilitassem!as!atividades!de!vida!diária!927.!
De!referir!que!durante!todo!o!período!de!tratamento!os!doentes!tiveram!acesso!
telefónico!direto!a!um!investigador,!para!resolver!todas!as!dúvidas!e!problemas!
que!ocorressem!no!decurso!do!mesmo.!
Não! foi! permitido! o! consumo! de! antibióticos! e! IBPs! nas! 4! e! 2! semanas!
antes! do!UBT,! respetivamente.!O! teste! foi! considerado!positivo! se! o!DOB! foi! ≥!
4!‰.!
!
4.2.3.3)'Estudos'microbiológicos'
!Tratandogse! de! um! protocolo! de! pesquisa! em! que! os! doentes! tinham!
indicação!para!efetuar!EDA!foram!obtidas!biopsias!gástricas!para!realizar!cultura!
de!H.$pylori,! testes!de!suscetibilidade!aos!antibióticos!e!estudos!genotípicos.!As!
CMI!para!a!amoxicilina,! claritromicina!e! levofloxacina!assim!como!as!mutações!
pontuais! no! gene! 23S$ rRNA! e! na! QRDR! do! gene! gyrA! foram! determinadas! de!
acordo!com!um!protocolo!previamente!publicado!937.!Os!genótipos!cagA!e!vacA!
foram! identificados! por! intermédio! de! PCR! em! tempo! real,! utilizando! primers!
definidos!em!trabalhos!prévios!492,!920.!!
!
4.2.3.4)'Suspensão'do'protocolo'terapêutico'
! !
A! cada! 50! doentes! incluídos! foi! realizada! uma! avaliação! preliminar! da!
eficácia.!O!protocolo!foi!então!suspenso!se!a!taxa!de!erradicação,!nesta!fase,!não!
superasse!os!80%.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 207!
4.2.3.5)'Análise'estatística'
!
As! variáveis! categóricas! foram! apresentadas! com! os! seus! valores!
absolutos!e!relativos!e!as!variáveis!quantitativas!foram!expressas!como!média!±!
desvio!padrão!ou!mediana!e!respetivos!limites.!!
Nos!protocolos!terapêuticos!empregues!a!taxa!de!sucesso!foi!determinada!
com!base!em!ITT!(todos!os!doentes!incluídos!no!estudo,!independentemente!da!
adesão! à! terapêutica;! os! casos! sem! dados! finais! seriam! definidos! como!
insucessos!terapêuticos)!e!PP!(só!foram!incluídos!os!doentes!com!boa!adesão!à!
terapêutica! e! para! os! quais! estivessem! disponíveis! todos! os! dados),!
estabelecendo!o!respetivo!intervalo!de!confiança!a!95%.!
! Uma! análise! univariada! com! teste! T! de! Student,! ManngWhitney! e! teste!
exato! de! Fisher! foi! realizada! para! avaliar! a! associação! das! seguintes! variáveis!
com!a!eficácia!terapêutica:!idade,!sexo,!etnia,!indicação(ões)!para!terapêutica!de!
erradicação,! IMC,! local! de! residência,! nível! de! educação,! consumo! de! azeite,!
álcool! e! tabaco,! infeções! frequentes,! utilização! de! antibióticos! nos! últimos! 12!
meses,! história! familiar! de! patologia! gástrica,! genótipo! de! H.$ pylori,! eventos!
adversos! durante! o! tratamento! e! adesão! à! terapêutica.! As! variáveis! com!
correlação!estatisticamente!significativa!foram!depois!incluídas!numa!regressão!
logística!assumindogse!a!erradicação!de!H.$pylori!como!variável!dependente.!
! A! análises! estatística! foi! realizada! com! o! software! SPSS! 20.0! (SPSS,!
Chicago,!IL,!USA).!
!
4.2.3.6)'Considerações'éticas'
!
Este! estudo! foi! aprovado! pelas! Comissões! de! Ética! da! Faculdade! de!
Medicina! da! Universidade! de! Coimbra! e! do! CHUC.! Foi! obtido! consentimento!
informado!escrito!e!foram!cumpridos!os!princípios!da!Declaração!de!Helsínquia,!
da!Conferência! Internacional! de!Harmonização!das!Guidelines! de!Boas!Práticas!
Médicas!e!toda!a!legislação!em!vigor!no!momento!do!recrutamento!dos!doentes.!
!
Contributos Pessoais
!208!
4.2.4)'Resultados'
4.2.4.1)'Variáveis'demográficas'
!* Durante!um!período!de!4!anos! foram! incluídos!154!doentes! (Grupo!A!–!
103;!Grupo!B!–!51),!cujas!características!clínicas!e!demográficas!estão!resumidas!
na!Tabela!9.!Os!doentes!do!grupo!B!receberam!uma!mediana!de!1!tratamento!de!
erradicação!antes!da!inclusão!neste!protocolo,!variando!entre!1!e!5!tratamentos.!
Quanto!aos!antibióticos!utilizados!houve!um! franco!predomínio!da!amoxicilina!
(100%)!e!da!claritromicina!(92,2%)!seguindogse!os!nitroimidazóis!(29,4%).!!
Tabela 9 – Características clínicas e demográficas dos doentes incluídos
* Grupo*A*n=103*
Grupo*B*n=51*
Média!etária!(anos)!41,6!±!12,9!!(19g77)!
45,2!±!13,9!!(18g85)!
Sexo!g!Masculino!g!Feminino!
!30!(29,1%)!73!(70,9%)!
!12!(23,5%)!39!(76,5%)!
Ascendência!g!Europeia!g!Africana!
!99!(96,1%)!4!(3,9%)!
!50!(98%)!1!(2%)!
Nível!de!educação!g!Nível!1!g!Nível!2!
!30!(29,1%)!73!(70,9%)!
!19!(37,3%)!32!(62,8%)!
Residência!g!Rural!g!Urbana!
!55!(53,4%)!48!(46,6%)!
!30!(58,8%)!21!(31,2%)!
Indicação(ões)!para!erradicação!de!H.$pylori!!g!Dispepsia!nãogulcerosa!g!Anemia!ferripriva!g!DRGE/Terapêutica!crónica!com!IBPs!g!Familiares!de!1º!grau!com!carcinoma!gástrico!g!Úlcera!péptica!
!63!(61,2%)!25!(24,3%)!24!(23,3%)!14!(13,6%)!9!(8,7%)!
!34!(66,7%)!7!(13,7%)!17!(33,3%)!7!(13,7%)!4!(7,8%)!
IMC!(Kg/m2)!24,6!±!4,2!(17,1g37,8)!
25!±!4!!(17,1g33,8)!
Consumo!de!álcool! 21!(20,4%)! 10(19,6%)!
Tabagismo!ativo! 13!(12,6%)! 11!(21,6%)!
Consumo!de!azeite!≥!1dl/semana! 53!(51,5%)! 27!(52,9%)!
História!de!infeções!frequentes! 20!(19,4%)! 13!(25,5%)!
Consumo!de!antibióticos!nos!últimos!12!meses! 28!(27,2%)! 40!(78,4%)!
História!familiar!de!doenças!gástricas! 49!(47,6%)! 29!(56,9%)!
IMC – Índice de Massa Corporal; DRGE – Doença de Refluxo Gastroesofágico; IBP – Inibidores da Bomba de Protões; Nível 1 – Analfabeto/Ensino primário; Nível 2 – Ensino secundário/universitário !
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 209!
4.2.4.2)'Resultados'terapêuticos+!
Com! estes! esquemas! terapêuticos! foram! obtidas! as! seguintes! taxas! de!
erradicação,!em!termos!de!ITT!e!PP,!respetivamente:!Grupo!A!–!68,9%!(IC!95%!
59,4g77,1%)!e!68,8%!(IC!95%!58,9g77,2%);!Grupo!B!–!52,9%!(IC!95%!39,5g66%)!
e!55,1%!(IC!95%!41,3g68,2%).!
!
4.2.4.3)'Adesão'à'terapêutica,'efeitos'adversos'e'follow6up+!
! No! grupo! A,! 25! doentes! (24,3%)! falharam! a! toma! de! pelo! menos! um!
comprimido! mas! apenas! 7! (6,8%)! cumpriram! os! critérios! de! não! adesão! à!
terapêutica.! Quarenta! e! cinco! (43,7%)! padeceram! de! um! ou! mais! efeitos!
adversos! (ligeiros! –!36;!moderados!–!8;! severos!–!1).!A!avaliação!mediana!dos!
doentes! em! termos! de! eficácia! e! tolerância! ao! tratamento,! utilizando! a! escala!
visual!supracitada,! foi!de!8!(variando!entre!0!e!10)!e!8!(variando!entre!2!e!10)!
respetivamente.!
No! grupo! B,! 3! doentes! (5,9%)! falharam! a! toma! de! pelo! menos! um!
comprimido! mas! apenas! 2! (3,9%)! cumpriram! os! critérios! de! não! adesão! à!
terapêutica.! Dezasseis! (31,4%)! apresentaram! um! ou! mais! efeitos! adversos!
(ligeiros!–!13;!moderados!–!2;!severos!–!1).!A!avaliação!mediana!dos!doentes!em!
termos!de!eficácia!e!tolerância!ao!tratamento,!utilizando!a!escala!visual,!foi!de!7!
(variando!entre!2!e!9)!e!8!(variando!entre!2!e!10)!respetivamente.!
!
!
4.2.4.4)'Estudos'microbiológicos'
!
! A! endoscopia! com! biopsias! e! os! subsequentes! isolamentos! de!H.$ pylori!
foram! realizadas! com! sucesso! e! sem! quaisquer! intercorrências! em! todos! os!
doentes.! A! resistência! desta! bactéria! à! claritromicina! foi! identificada! em! 22!
isolados! (21,4%)! do! grupo! A! e! a! resistência! à! levofloxacina! em! 13! isolados!
(25,5%)!do!grupo!B.!Apenas!se!reconheceu!um!caso!de!resistência!à!amoxicilina,!
com!uma!CMI!de!2!mg/L.!
Contributos Pessoais
!210!
! Vinte!isolados!do!grupo!A!tinham!mutações!pontuais!no!gene!23S$rRNA!e!
9! isolados! do! grupo! B! mutações! no! gene! gyrA.! Todos! estes! isolados!
apresentavam! resistência! in$ vitro! à! claritromicina! e! à! levofloxacina,!
respetivamente.! Os! genótipos! cagA! e! vacA! de! H.$ pylori! são! apresentados! na!
Tabela!10.!
!
Tabela 10 – Distribuição dos genótipos cagA e vacA para os 154 isolados
Genótipo* Grupo*A*(n=103)*
Grupo*B*(n=51)*
cagA!positivo! 44!(42,7%)! 10!(19,6%)!
vacA!s1m1! 24!(23,3%)! 4!(7,8%)!
vacA!s1m2! 28!(27,2%)! 12!(23,5%)!
vacA!s2m1! 1!(1%)! 2!(3,9%)!
vacA!s2m2! 50!(48,5%)! 33!(64,7%)!
!
4.2.4.5)'Fatores'associados'com'falência'terapêutica'
!
! Nos! doentes! infetados! por! estirpes! de! H.$ pylori! com! sensibilidade! à!
claritromicina!a! taxa!de!erradicação! foi!de!85,2%!mas,!nos!casos!em!que!havia!
resistência! a! este! antibiótico,! o! sucesso! do! tratamento! foi! de! apenas! 9,1%!
(p<0.0001).!!
! No! grupo! B! o! sucesso! terapêutico! nos! doentes! infetados! por! estirpes!
resistentes!às!fluoroquinolonas!foi!nulo!(0%)!mas,!nos!casos!em!que!as!estirpes!
foram! sensíveis,! a! taxa! de! erradicação! foi! de! 71,1%! (p<0.0001).! Assim,! a!
presença!de!resistência!foi!fator!independente!de!falência!terapêutica!em!ambos!
os!grupos.!
A! relação! dos! fatores! do! hospedeiro! e! dos! fatores! bacterianos! com! o!
insucesso! terapêutico,! em! análise! univariada,! é! apresentada! na! Tabela! 11.! Na!
análise!multivariada!apenas!a!história!de! infeções! frequentes!se!manteve!como!
fator!independente!associado!à!falência!do!tratamento!no!grupo!A!(OR=4.24;!IC!
95%!1.04g17.24).!
! !
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 211!
!
!
!
!
Contributos Pessoais
!212!
!
!
!
!
!
!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 213!
Decidiugse!repetir!a!análise!estatística!excluindo!os!doentes!com!estirpes!
resistentes!à!claritromicina!no!grupo!A!e!as!resistentes!à!levofloxacina!no!grupo!
B.!
No!primeiro!grupo!os!fatores!associados!com!falência!terapêutica!foram:!
história!de!infeções!frequentes!(OR=4.76;!IC!95%!1.24g18.27)!e!tabagismo!ativo!
(OR=5.25;!IC!95%!1.22g22.69).!
No!segundo!grupo!houve!uma!tendência!para!a!não!adesão!à!terapêutica!
ser! superior! nos! doentes! com! falência! do! tratamento! mas! essa! diferença! não!
assumiu!significado!estatístico!(18,2%!vs.!0%;!p=0,078).!
!
4.2.5)'Discussão'
!
A! infeção! gástrica! por!H.$ pylori! é! responsável! por! múltiplas! patologias!
mas,! infelizmente,! ainda!não! foi! alcançado!o! objetivo!de! conseguir! erradicação!
em!todos!os!doentes!submetidos!a!um!primeiro!tratamento,!ao!contrário!do!que!
sucede!com!várias!outras!doenças!infeciosas!773.!Aliás,!até!se!tem!observado!um!
declínio!progressivo!da!eficácia!dos!esquemas!terapêuticos!empíricos.!
Nas! últimas! duas! décadas! assistiugse! a! uma! utilização! generalizada! e!
frequentemente! abusiva! dos! antibióticos,! determinando! um! incremento!
progressivo!da!taxa!de!resistência!de!H.$pylori!a!diversos!antimicrobianos!628,!762,!
768.! A! resistência! à! claritromicina! e! às! fluoroquinolonas! desenvolvegse!
rapidamente!e!não!pode!ser!ultrapassada!pelo!aumento!da!dose!ou!da!duração!
da! terapêutica! 938.! A! eficácia! dos! esquemas! de! erradicação! de! H.$ pylori! e! a!
resistência! do! mesmo! aos! diversos! antibióticos! devem! ser! monitorizadas!
regularmente! em! cada! região.! Esta! é! a! única! forma! de! estabelecer! se! os!
tratamentos!empíricos!atualmente!empregues!são!adequados!e,! caso!contrário,!
definir! qual! a! combinação! de! fármacos! potencialmente! mais! eficaz! naquela!
região.!Em!simultâneo!com!estes!estudos!é!possível!estabelecer!fatores!de!risco!
associados!com!falência!terapêutica!e!definir!medidas!para!os!evitar!ou!corrigir.!
O! esquema! empírico! triplo! que! consiste! na! combinação!de!um! IBP! com!
claritromicina! e! amoxicilina! é,! provavelmente,! o! tratamento!antigH.$pylori!mais!
popular!a!nível!mundial.!As!taxas!de!erradicação!com!este!esquema!têm!vindo!a!
diminuir!progressivamente!à!medida!que!se!assiste!a!um!incremento!das! taxas!
Contributos Pessoais
!214!
de! resistência! do! microrganismo! a! diversos! antibióticos,! particularmente! os!
macrólidos.!Contudo,!a!maioria!das!revisões!sistemáticas!e!reuniões!de!consenso!
mantiveram! este! esquema! como! figura! de! primeira! linha! no! armamentário!
terapêutico! contra! o! H.$ pylori! 1,! 19,! 608,! 628.! Alguns! autores! recomendam! que! o!
mesmo!seja!utilizado!por!um!período!mais!prolongado!(10!a!14!dias!e!não!7)!ou!
que! a! sua! aplicação! seja! evitada! em! regiões! onde! exista! uma! resistência!
documentada!de!H.$pylori!à!claritromicina!superior!a!15g20%!1,!628.!
Os! esquemas! de! segunda! linha! baseados! na! levofloxacina! representam!
uma! estratégia! encorajadora! após! as! falências! terapêuticas! iniciais.! Múltiplos!
estudos!e!metaganálises!demonstraram!que!a!combinação!de!IBP,!amoxicilina!e!
levofloxacina!apresenta!resultados!muito!satisfatórios,!mesmo!em!doentes!com!
uma!ou!mais!tentativas!prévias,!infrutíferas,!de!erradicação,!e!nos!casos!em!que!
estão! presentes! estirpes! de! H.$ pylori! resistentes! à! claritromicina! e! ao!
metronidazol!680,!681,!693,!694,!704.!Embora!deva!ser!mantido!por!um!período!de!10!
dias,! acaba!por! ser!mais! seguro!e! fácil!de!aplicar!que!os! esquemas!quádruplos!
baseados!no!bismuto.!Infelizmente,!a!resistência!de!H.$pylori!às!fluoroquinolonas!
tem!vindo!a!aumentar!rapidamente!em!diversos!países!751,!776.!
Em!Portugal,!a!taxa!de!prevalência!de!H.$pylori!mantémgse!superior!a!80%!26.! Múltiplos! fármacos! frequentemente! utilizados! no! tratamento! desta! infeção!
como!os! sais!de!bismuto,! a! tetraciclina,! a! furazolidona!e!a! rifabutina!não!estão!
facilmente! disponíveis! neste! país! e! a! doxiciclina,! do! grupo! das! tetraciclinas,!
mostrou! resultados! desalentadores! 937.! As! terapêuticas! quádruplas! não!
dependentes! do! bismuto,! concomitantes,! sequenciais! e! híbridas,! foram!
recentemente! propostas! como! alternativas! de! primeira! linha! mas! estes!
esquemas! revelamgse! complexos.! Deste! modo,! a! terapêutica! empírica! tripla!
baseada!na!claritromicina!é!ainda!um!regime!terapêutico!de!eleição!por!diversos!
clínicos! portugueses! e,! pelo! menos! em! 2008,! era! ainda! recomendada! pela!
Sociedade! Portuguesa! de! Gastrenterologia! 24.! Os! tratamentos! baseados! na!
levofloxacina!assumiram!recentemente!um!papel!mais!relevante!como!esquemas!
de!segunda!linha!ou!de!recurso.!Contudo,! já!em!2000!Cabrita!et$al.!reportavam,!
em!adultos!da!região!de!Lisboa,!taxas!de!resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!
de!14,6%!e!à!ciprofloxacina!de!11.1%!28.!Na!mesma!altura,!um!estudo!europeu!
multicêntrico! revelava! taxas! de! resistência! na!mesma! população! de! 20,7%! no!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 215!
que!diz!respeito!à!claritromicina!e!de!33,3%!para!o!metronidazol.!Estes!valores!
eram! preocupantes! mas,! mesmo! assim,! o! esquema! empírico! triplo! clássico!
continuou!a!ser!recomendado!e!largamente!utilizado!pelos!clínicos!portugueses.!
Em! 2013!Mégraud! et$al.! apresentavam,! no! estudo!multicêntrico! europeu!mais!
recente,! taxas! de! resistência! de! H.$ pylori! em! Portugal! de! 31,5%! para! a!
claritromicina!e!26,3%!para!a!levofloxacina!776.!Contudo,!embora!estas!taxas!de!
resistência! sejam! muito! alarmantes,! estão! publicados! poucos! estudos! sobre! a!
eficácia,! em! Portugal,! dos! esquemas! empíricos! triplos.! Um! trabalho!
recentemente!publicado,!realizado!na!região!Norte!do!país!e!envolvendo!doentes!
obesos!propostos!para!cirurgia!bariátrica,! revelou!taxas!de!erradicação!em!ITT!
muito!baixas!para!os!esquemas!empíricos!triplos!baseados!na!claritromicina!e!na!
levofloxacina!903.!Desconhecegse!a!existência!de!qualquer!estudo!sobre!as! taxas!
de!sucesso!destes!esquemas!empíricos!na!região!Centro!de!Portugal.!
A!presente! investigação!clínica!permitiu! identificar! taxas!de!erradicação!
de! 68,9%! em! ITT! com! um! tratamento! de! primeira! linha! durando! 14! dias! e!
incluindo!IBP,!amoxicilina!e!claritromicina,!e!52,9%!com!o!esquema!de!segunda!
linha/de! recurso!contendo! IBP,! amoxicilina!e! levofloxacina,!por!um!período!de!
10! dias.! Em! termos! de! tratamento! de! primeira! linha! os! resultados! são!
ligeiramente!melhores! que! os! publicados! por! Cerqueira! et$al.! para! os! doentes!
tratados! no! período! de! 2009! a! 2010.! Para! o! tratamento! de! segunda! linha! os!
resultados!são!similares!903.!
O! principal! risco! para! a! falência! terapêutica! adveio! da! resistência! de!H.$
pylori! aos! antibióticos! utilizados.! As! taxas! de! resistência! nos! isolados! obtidos!
foram!de!21,4%!para!a!claritromicina!no!grupo!A!e!de!25,5%!para!a!levofloxacina!
no!grupo!B.!No!grupo!A!apenas!dois!doentes!infetados!por!estirpes!de!H.$pylori!
resistentes! à! claritromicina! alcançaram! erradicação! desta! bactéria! e! o!mesmo!
não!se!verificou!no!grupo!B!nos!doentes!com!estirpes!de!H.$pylori! resistentes!à!
levofloxacina.! Assim,! na! região! Centro! de! Portugal! há! uma! elevada! taxa! de!
resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!e!à!levofloxacina.!É!importante!salientar!
que,!no!grupo!B,!procurámos!excluir! todos!os!doentes!com!história!de!possível!
exposição! a! fluoroquinolonas! no! passado! e,!mesmo! assim,! foram! identificadas!
taxas! de! resistência! muito! elevadas! a! esses! fármacos.! O! uso! comum! e!
frequentemente!abusivo!de!macrólidos!e!fluoroquinolonas!para!o!tratamento!de!
Contributos Pessoais
!216!
infeções!respiratórias!e!urinárias!em!Portugal,!assim!como!a!resistência!cruzada!
de!H.$pylori!a!todos!os!macrólidos!e!todas!as!fluoroquinolonas!poderá!contribuir!
para!explicar!estes!achados!776,!901.!Embora!se! tenham!excluído!os!doentes!com!
história! conhecida! de! prescrição! de! fluoroquinolonas! no! passado! é! impossível!
assegurar!que!estes!antibióticos!não!tenham!sido!mesmo!utilizados,!pois!não!há!
registos!clínicos!centrais!fidedignos.!!
O!problema!com!a!resistência!de!H.$pylori!aos!macrólidos!vai!seguramente!
aumentar!a!curto!prazo.!Um!estudo!recente,!realizado!em!crianças,!revelou!uma!
taxa! de! resistência! à! claritromicina! de! 34,7%! 891.! É! hoje! claro! e! perfeitamente!
aceite! que! os! macrólidos! e! as! fluoroquinolonas! não! devem! ser! incluídos! em!
protocolos!terapêuticos!para!erradicação!de!H.$pylori!em!doentes!que!já!tenham!
sido!expostos!a!esses!antibióticos!no!passado,!pois!a!resistência!é!praticamente!
universal!nestas!circunstâncias!751.!!
Contudo,! mesmo! considerando! apenas! os! indivíduos! infetados! por!
estirpes! de! H.$ pylori! sensíveis! à! claritromicina! no! grupo! A! e! sensíveis! à!
levofloxacina! no! grupo! B,! só! se! conseguiram! taxas! de! erradicação! de! 85,2! e!
71,1%,! respetivamente.! Estes! valores! são! claramente! inferiores! aos! 90%!
atualmente! aceites! como! o! limiar! mínimo! de! eficácia! para! esquemas! de!
erradicação! de! H.$ pylori! 20.! Não! se! identificaram! diferenças! significativas! na!
adesão!à!terapêutica!pelo!que!este!fator!não!contribuiu!para!esta!taxa!de!sucesso!
tão! reduzida.! Contudo,! no! grupo! B! observougse! uma! tendência! para! maior!
falência! terapêutica! nos! doentes! com! adesão! limitada.! Provavelmente,! esta!
diferença! não! alcançou! significado! estatístico! devido! ao! reduzido! número! de!
doentes!envolvidos.!
A! história! de! infeções! frequentes! foi! um! fator! de! risco! para! falência!
terapêutica! no! grupo! A! em! todas! as! circunstâncias,! mesmo! nos! doentes! com!
estirpes!de!H.$pylori!sensíveis!à!claritromicina.!É!difícil!explicar!este!achado!mas!
podemos!especular!que,!provavelmente,!estes!doentes!apresentam!algum!tipo!de!
distúrbio! do! sistema! imune!que! compromete! a! eliminação!de!microrganismos.!
Outra!explicação!possível!é!que!a!metodologia!atualmente!empregue!subestimou!
a!resistência!aos!macrólidos.!A!presença!de!infeção!concomitante!por!múltiplas!
estirpes,! com! diferentes! padrões! de! resistência,! é! comum!mas! a! realização! de!
subculturas! pode! comprometer! a! identificação! das! formas! resistentes! 494,! 698.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 217!
Esta!é!uma!explicação!possível!para!falências!terapêuticas!e!para!a!ocorrência!de!
culturas! negativas.! Deste!modo,! seria! importante! realizar! estudos!moleculares!
diretamente!nas!biopsias!gástricas!665.!
O! tabagismo!ativo!é! também!um!fator!de!risco!para! falência! terapêutica!
nos!casos!de!estirpes!sem!resistência!à!claritromicina.!Este!efeito!deletério! já!é!
conhecido! e! pode! resultar! de! uma! diminuição! na! distribuição! dos! antibióticos!
devido! à! redução! do! fluxo! sanguíneo! gástrico,! de! uma! diminuição! do! pH!
intragástrico!ou!de!um!aumento!de!atividade!da!toxina!vacuolizante!nas!células!
epiteliais!gástricas!1,!767.!!
Neste!estudo!apenas!se! identificou!um!caso!de!resistência!de!H.$pylori! à!
amoxicilina! mas! tal! não! teve! qualquer! impacto! na! eficácia! terapêutica.! A!
resistência!a!este!antibiótico! tem!sido!reportada!na! literatura!como!uma!causa!
potencial! de! falência! terapêutica! mas,! não! há! nenhum! cálculo! preciso! do! real!
impacto!deste!fenómeno!na!erradicação!da!bactéria!802,!939.!
O! genótipo! de! H.$ pylori! pode! ser! importante! pois! há! vários! trabalhos!
publicados! que! demonstram! uma! associação! forte! entre! o! sucesso! da!
erradicação,! a! suscetibilidade! aos! antibióticos! e! os! fatores! de! virulência! de!H.$
pylori! 452g454.! A! associação! do! genótipo! cagA! negativo! com! vacA! s2m2! induz!
menos!inflamação,!pode!contribuir!para!reduzir!a!distribuição!dos!antibióticos!e,!
subsequentemente,!a!erradicação!de!H.$pylori.!A!análise!univariada!efetuada!no!
estudo! presentemente! apresentado! também! sugere! esta! associação! mas! a!
regressão!logística!não!a!confirma!como!fator!independente.!
Outra! explicação! possível! para! os! nossos! resultados! tão! perturbadores!
prendegse! com! a! potencial! inadequação! das! doses! ou! do! intervalo! de!
administração! do! IBP! ou! da! amoxicilina.! De!maneira! geral! os! caucasóides! são!
metabolizadores! rápidos!dos! IBP!pelo! que! a! sua! administração! em!doses!mais!
elevadas!ou!com!intervalos!mais!curtos!seria!aceitável! 711.!Por!outro! lado,!para!
além!da!importância!do!aumento!da!dose!ou!da!frequência!de!administração!do!
IBP,!também!seria!fulcral!adotar!a!mesma!estratégia!com!a!amoxicilina!pois!o!seu!
efeito! bactericida! depende! da! percentagem! de! tempo! em! que! a! concentração!
deste! antibiótico! é! superior! à! CMI.! Como! a! sua! semigvida! plasmática! é! muito!
limitada,! uma! administração! a! curtos! intervalos! seria! muito! importante! 710.!
Contudo,!para!este!estudo!entendeugse!que!deviam!ser!utilizados!os!fármacos!e!
Contributos Pessoais
!218!
os! esquemas! de! administração! habituais.! Outras! combinações,! com! quatro!
administrações!diárias!de!IBP!e!amoxicilina,!poderão!ser!alvo!de!futuros!estudos!
piloto.!
A! taxa! de! erradicação! é! também! influenciada! pela! indicação! para! o!
tratamento.! Os! doentes! com! úlcera! péptica! geralmente! respondem!melhor! ao!
tratamento!que!os!doentes!com!dispepsia!nãogulcerosa!1,!733,!734.!No!nosso!estudo!
não! identificámos! qualquer! associação! das!manifestações! clínicas! com! falência!
terapêutica!mas,!é!importante!salientar!que!foi!incluído!um!número!diminuto!de!
doentes!com!úlcera!péptica!o!que!pode!ter!comprometido!os!resultados!finais.!!
De!facto,!uma!das!principais!limitações!do!estudo!está!correlacionada!com!
o! reduzido!número!de!doentes! envolvidos.! Em!primeiro! lugar,! apenas!doentes!
com!UBT! recente!positivo! e! indicação!para! realização!de!EDA! foram! incluídos.!
Adicionalmente,! os! critérios! de! exclusão! foram! muito! restritivos.! Isto!
condicionou!o!número!de!doentes!disponíveis!para!inclusão.!Em!segundo!lugar,!
no!momento!em!que!o!protocolo! foi!delineado!não!existiam!regras! claras!para!
interrupção!deste!tipo!de!estudo!com!intervenção!terapêutica.!Contudo,!segundo!
as! recomendações! de! Maastricht! III,! um! esquema! terapêutico! proposto! para!
tratamento!de!H.$pylori!devia!alcançar!uma!taxa!de!erradicação!mínima!de!80%.!
Assim,! seguindo! esta! recomendação! foi! decidido! realizar! uma! avaliação!
preliminar!a!cada!50!doentes,!com!interrupção!da!inclusão!se!a!taxa!de!sucesso!
nesse!momento!fosse!inferior!a!80%.!Este!limiar!ocorreu!na!primeira!análise!no!
grupo!B!e!na!segunda!no!grupo!A.!Mais!recentemente!Graham!D.!propôs!regras!
de!interrupção!ainda!mais!restritivas!(50!doentes;!taxa!de!erradicação!inferior!a!
90%)!648.!
Finalmente,! alguns! estudos! mais! recentes! sugerem! que! os! tratamentos!
triplos! baseados!na! levofloxacina,! com!uma!duração!de!14!dias,! proporcionam!
taxas! de! erradicação! de!H.$pylori! superiores! a! 90%!mas! os! tratamentos! de! 10!
dias! têm! resultados! subótimos! 940.! Embora! esta! possa! ser! uma! limitação! do!
presente!trabalho!é!importante!salientar!que,!quando!o!protocolo!terapêutico!foi!
delineado,!os!regimes!de!7!e!10!dias!eram!os!preconizados!e!nós!optámos!pelo!
mais!longo.!!
'
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 219!
4.2.6)'Conclusões'
!
As! terapêuticas! empíricas! triplas! com! IBP,! amoxicilina! e! claritromicina!
assim!como!IBP,!amoxicilina!e!levofloxacina!são!ineficazes!como!tratamentos!de!
primeira! e! segunda! linha,! respetivamente,! na! região! Centro! de! Portugal.! À! luz!
dos!resultados!atuais!a!sua!utilização!é!inaceitável.!
! A!principal! razão!para!a! falência!destes! tratamentos!é!a!elevada! taxa!de!
resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!e!à!levofloxacina.!
! História! prévia! de! infeções! frequentes! e! tabagismo! ativo! contribuem!
também! para! insucesso! terapêutico! do! regime! baseado! na! claritromicina,! nos!
casos! em! que! o! H.$ pylori! é! sensível! a! este! antibiótico! pelo! que,! nestas!
circunstâncias,!será!preferível!utilizar!outro!esquema!terapêutico.!
! Como! tratamento! empírico! de! primeira! linha! sugerimos! o! recurso! aos!
esquemas! quádruplos! concomitante! ou! híbrido.! Contudo,! é! urgente! realizar!
estudos! sobre! a! eficácia! destes! protocolos! terapêuticos! na! região! Centro! de!
Portugal.! Se! estes! esquemas! falharem! e,! atendendo! à! indisponibilidade! em!
Portugal!de!diversos!agentes! antigH.$pylori,! defendemos!que!os! tratamentos!de!
segunda! linha!devem! ser! baseados!no! isolamento!desta! bactéria,! sua! cultura! e!
testes!de!suscetibilidade!aos!agentes!antimicrobianos.!
!
Contributos Pessoais
!220!
4.3)'A'terapêutica'tripla'com'inibidor'da'bomba'de'protões'em'doses'
elevadas,' amoxicilina' e' doxiciclina' é' inútil' na' erradicação' de'
Helicobacter+pylori:'um'estudo'de'prova'de'conceito'
!
“Triple therapy with high-dose proton-pump inhibitor, amoxicillin, and doxycycline is useless for Helicobacter pylori
eradication: a proof-of-concept study.” Almeida N, Romãozinho JM, Donato MM, Luxo C, Cardoso O, Cipriano MA,
Marinho C, Sofia C. Helicobacter. 2014 Apr;19(2):90-7. doi: 10.1111/hel.12106. Epub 2014 Feb 10. (ANEXO 6)
Artigo publicado na revista Helicobacter. Factor de Impacto: 3,511. ISI Journal Citation Reports© Ranking 2012
19/74 (Gastroenterology & Hepatology); 33/116 (Microbiology) – Quartil 2
!
4.3.1)'Resumo'
4.3.1.1)'Introdução'
!A! resistência! de! H.$ pylori! aos! antibióticos! tem! vindo! a! aumentar! e! as!
estirpes! multirresistentes! são! cada! vez! mais! comuns! e! difíceis! de! eliminar,!
particularmente! em! países! onde! o! bismuto,! a! tetraciclina,! a! furazolidona! e! a!
rifabutina!não!estão!disponíveis.!!
!
4.3.1.2)'Objetivo'
!Avaliar! a! eficácia! e! a! segurança!da! terapêutica! tripla! composta!por! IBP,!
amoxicilina!e!doxiciclina,!em!doentes!com!H.$pylori!multirresistente.!
!
4.3.1.3)'Doentes'e'métodos'
*
Estudo! prospectivo! com! inclusão! de! 16! doentes! (13! do! sexo! feminino;!
média!etária!–!50!±!11,3!anos)!infetados!por!H.$pylori,!com!resistência!conhecida!
à! claritromicina,! metronidazol! e! levofloxacina,! mas! com! suscetibilidade! à!
amoxicilina! e! tetraciclina.! Todos! os! doentes! foram! previamente! submetidos! a!
EDA!com!biopsias!gástricas!para!isolamento!de!H.$pylori!e!determinação!das!CMI!
com! recurso! ao! Egtest.! As! mutações! nos! genes! 23S$ rRNA! e! gyrA! foram!
estabelecidas!por!PCR!em!tempo!real.!Foi!prescrito!um!esquema!de!erradicação!
de!10!dias!composto!por!IBP!(dose!dupla;!b.i.d.),!amoxicilina!(1000!mg!12/12h)!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 221!
e! doxiciclina! (100! mg! 12/12h),! após! 3! dias! de! prégtratamento! com! IBP.! O!
sucesso! da! erradicação! foi! avaliado! através! de! UBT! realizado! 6! a! 10! semanas!
após! o! final! do! tratamento.! A! adesão! à! terapêutica! e! os! respetivos! efeitos!
secundários! foram! registados! através! de! contacto! telefónico,! efetuado!
imediatamente! após! o! tratamento,! e! com! recurso! a! um! questionário! escrito!
específico.!!!
!!
4.3.1.4)'Resultados''
!Apenas!um!doente!não!completou!o!esquema!terapêutico!devido!a!efeitos!
adversos.! Quatro! doentes! reportaram! efeitos! secundários! ligeiros,! que! não!
afetaram! a! adesão! à! terapêutica.! O! UBT! de! controlo! foi! positivo! em! todos! os!
doentes.!As!taxas!de!erradicação!em!ITT!e!PP!foram!de!0%.!!
!
4.3.1.5)'Conclusões'
!Apesar!de!segura,!a! terapêutica! tripla!composta!por! IBP!em!dose!dupla,!
amoxicilina!e!doxiciclina!não!demonstrou!qualquer!eficácia!na!erradicação!de!H.$
pylori!multirresistente.!!
!
4.3.2)'Introdução'
!
A! infeção!por!H.$pylori!é!um!problema!reconhecido!a!nível!mundial,!que!
afeta!cerca!de!50%!da!população!global!1,!4.!Este!microrganismo!está!associado!a!
múltiplas! patologias! gástricas,! nomeadamente! à! gastrite,! às! úlceras!
gastroduodenais,! ao! adenocarcinoma! gástrico! e! ao! linfoma! MALT! 769.! Existem!
indicações! específicas! para! a! erradicação! de! H.$ pylori! e,! a! terapêutica! tripla!
empírica! composta! por! IBP,! claritromicina! e! amoxicilina! ou!metronidazol! tem!
sido! universalmente! aceite! desde! que! foi! proposta! no! primeiro! consenso! de!
Maastricht!1,!17.!No!entanto,!a!eficácia!desta!terapêutica!tripla!clássica!tem!vindo!
a! diminuir! nas! últimas! décadas,! sendo! atualmente! inferior! a! 80%! em! muitos!
países! 1,! 20.! Esta! realidade! está! relacionada! com! o! consumo! generalizado! dos!
antibióticos! e! com! a! crescente! resistência! de! H.$ pylori! à! claritromicina! 776.!
Contributos Pessoais
!222!
Quando! as! terapêuticas! empíricas! falham,! as! opções! disponíveis! são! muito!
limitadas,! uma! vez! que! o! H.$ pylori! pode! adquirir! resistência! a! alguns! desses!
antibióticos,! particularmente! à! claritromicina,! levofloxacina! e! metronidazol,!
fármacos! que! não! deverão! ser! utilizados! em! esquemas! subsequentes.! O!
metronidazol!poderá!ser!uma!exceção!a!esta!regra,!uma!vez!que!a!resistência!a!
este!antibiótico!pode!ser!parcialmente!ultrapassada!com!o!aumento!da!dose!e!da!
duração! do! tratamento! 941.! As! estirpes! de!H.$ pylori! resistentes! a! dois! ou!mais!
antibióticos!são!definidas!como!multirresistentes!31.!!
O! H.$ pylori! é! naturalmente! resistente! a! múltiplos! antibióticos,!
nomeadamente! vancomicina,! trimetoprim,! sulfonamidas,! glicopeptídeos,!
cefsulodina! e! polimixinas! 617,! 942.! Além! da! amoxicilina,! claritromicina! e!
metronidazol,!os!outros!antibióticos!que!podem!ser!usados!na!erradicação!de!H.$
pylori! são:! tetraciclinas,! quinolonas! (particularmente! a! levofloxacina),!
rifampicina,!fosfomicina,!outros!nitroimidazóis!e!nitrofuranos!617.!!
A! doxiciclina! é! um! análogo! das! tetraciclinas! que! pode! constituir! uma!
alternativa.! Este! antibiótico! possui! propriedades! bacteriostáticas! através! da!
inibição!da! síntese! proteica! bacteriana.!A! suscetibilidade! in$vitro! de!H.$pylori! à!
doxiciclina! já! foi! demonstrada! e,! vários! esquemas! terapêuticos! compostos! por!
este!antibiótico!têm!sido!apresentados!mas!com!resultados!heterogéneos!31g38,!623,!
713,!714.!!
Apesar!de!ser!possível!conseguir!alcançar!uma!taxa!de!erradicação!de!H.$
pylori!de!99,5%!adotando!uma!estratégia!de!terapêuticas!empíricas!sequenciais,!
continua! a! recomendargse! a! realização! de! biopsias! gástricas! para! testar! a!
suscetibilidade! da! bactéria! aos! diversos! antibióticos,! após! falência! de! duas!
tentativas! de! erradicação! sucessivas! 1,! 694.! Infelizmente,! há! países! em! que! os!
fármacos!de!segunda!e! terceira! linha!utilizados!na!erradicação!de!H.$pylori!não!
estão! disponíveis.! Nestas! circunstâncias,! as! estirpes! multirresistentes! são!
praticamente! intratáveis,! e! os! esquemas! alternativos,! nomeadamente! com! a!
inclusão!da!doxiciclina,!podem!ser!opções!aceitáveis.!!!
O! objetivo! deste! estudo! foi! avaliar! a! eficácia! e! a! tolerabilidade! de! um!
esquema! terapêutico! triplo! incluindo! a! doxiciclina,! em! doentes! infetados! por!
estirpes!de!H.$pylori!com!resistência!conhecida!à!claritromicina,!metronidazol!e!
levofloxacina,!mas!suscetibilidade!à!amoxicilina!e!tetraciclina.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 223!
!
4.3.3)'Doentes'e'métodos'
4.3.3.1)'Doentes'
!
Neste! estudo! prospetivo! unicêntrico! foram! incluídos! consecutivamente!
doentes! infetados! por! H.$ pylori! com! resistência! conhecida! à! claritromicina,!
metronidazol!e!levofloxacina!mas,!suscetibilidade!à!amoxicilina!e!tetraciclina.!Os!
critérios!de! exclusão! foram!os! seguintes:! idade! inferior! a!18!anos;! gravidez!ou!
amamentação;! mulheres! em! idade! fértil! sem! método! contraceptivo! eficaz;!
história! de! alergia/hipersensibilidade! a! qualquer! antibiótico! ou! IBP;!
antecedentes! de! carcinoma! gástrico! e/ou! cirurgia! gástrica;! toma! de!
anticoagulantes;! trombocitopenia! severa;! doença! sistémica! grave! (hepática,!
cardiorrespiratória!ou!renal;!diabetes!mellitus!não!controlada;!doenças!malignas!
ativas;! coagulopatias);! intolerância/recusa! em! realizar! EDA;! utilização! de!
antibióticos!nas!últimas!4!semanas!ou!IBPs!nas!últimas!duas.!!
Todos! os! doentes! foram! inquiridos! quanto! à! história! de! erradicações!
prévias!de!H.$pylori!e!consumo!de!antibióticos!nos!últimos!12!meses.!Registougse!
sistematicamente!para!todos!eles:! idade,!género,!etnia,! IMC,! local!de!residência,!
nível! de! escolaridade,! consumo! de! álcool! e! tabaco,! e! história! de! infeções!
frequentes.!!
De!acordo!com!recomendações!previamente!estabelecidas,!este!estudo!de!
prova!de!conceito!foi!projetado!para!uma!inclusão!inicial!de!30!doentes,!e!seria!
interrompido!se!a!taxa!de!eficácia!alcançada!fosse!de!97%!ou!se!ocorressem!seis!
casos!de!insucesso!648.!
!
4.3.3.2)'Desenho'do'estudo'
!Todos! os! doentes! tinham! história! de! uma! ou! mais! tentativas! prévias,!
infrutíferas,! de! erradicação.! Foram! submetidos! a!EDA! com!biopsias! no! antro! e!
corpo,!que! se! colocaram!de! imediato!em!contentores! independentes! com!meio!
adequado!!g!Portagerm!pylori®!(bioMérieux!Portugal,!LindagAgVelha,!Portugal)!–!
a! 4ºC,! e! enviados! para! o! Laboratório! de!Microbiologia.! Foi! realizado! um! teste!
rápido! da! urease! e! uma! coloração! com! Gram! para! confirmar! a! presença! de!
Contributos Pessoais
!224!
microrganismos!compatíveis!com!H.$pylori.!As!amostras! foram!então!trituradas!
manualmente! com!material! descartável! e! distribuídas! diretamente! no!meio! de!
cultura! adequado! –! gelose! pylori®! (bioMérieux! Portugal,! LindagAgVelha,!
Portugal).!!
As! culturas! foram! incubadas!por!um!período!mínimo!de!72!horas! e!um!
máximo!de!10!dias,! a!37°C,! sob!condições!microaerofílicas,!produzidas!por!um!
dispositivo! específico! gerador! de! H2gCO2! (GENbag! ou! GENbox! microaer®,!
bioMérieux!Portugal,!LindagAgVelha,!Portugal).!!
Os! isolados! de! H.$ pylori! foram! identificados! através! da! morfologia! das!
colónias,! as! suas! características! típicas! na! coloração! de! Gram! e,! pela! reação!
positiva!nos! testes!da!catalase,!urease!e!oxidase.!As!amostras!do!antro!e!corpo!
foram!processadas!separadamente.!!
As! CMI! para! a! amoxicilina,! claritromicina,!metronidazol,! levofloxacina! e!
tetraciclina! foram! determinadas! pelo! Egtest! (bioMérieux,! Portugal,! LindagAg
Velha,!Portugal)!e!expressas!em!mg/L.!Por!forma!a!minimizar!a!variabilidade!dos!
resultados! foi!utilizada!uma!amostra!de!H.$pylori!ATCC!43504!para!controlo!de!
qualidade! do! ensaio! de! suscetibilidade! e! um! segundo! investigador,! sem!
conhecimento!dos!resultados!previamente!obtidos,!repetiu!todos!os!testes.!!!
As!estirpes! foram!consideradas!resistentes!à!amoxicilina,! claritromicina,!
metronidazol,!levofloxacina,!e!tetraciclina!quando!a!CMI!foi!>0,5,!>1,!>8,!>1,!e!>1!
mg/L,!respetivamente.!Os!valores!de!CMI!foram!estabelecidos!de!acordo!com!os!
dados!disponíveis!em!2009,! incluindo!os!valores!de!corte!do!CLSI! 617,!802,!811,!829,!
916.!!
Para!a!extração!de!DNA!da!cultura!pura!de!H.$pylori$foi!utilizado!um$Kit$
especial! de! extração! (QIAamp®! DNA! Mini! Kits,! QIAGEN),! de! acordo! com! as!
indicações!do!fabricante.!As!mutações!pontuais!no!gene!23S$rRNA,!associadas!à!
resistência! à! claritromicina,! e! a! região! QRDR! do! gene!gyrA,! nomeadamente! as!
substituições!dos!aminoácidos!87!e!91,!foram!detetados!por!PCR!em!tempo!real!
utilizando!o!dispositivo!LightCycler®,!tal!como!previamente!descrito!811,!834.!!!
!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 225!
4.3.3.3)'Terapêutica'de'erradicação'e'avaliação'da'eficácia'
!Todos! os! doentes! receberam! o! seguinte! protocolo! terapêutico:!
pantoprazol! 80! mg! b.i.d.! durante! 3! dias,! seguindogse! um! esquema! de! 10! dias!
composto! por! pantoprazol! 80! mg! b.i.d.,! amoxicilina! 1000! mg! 12/12h! e!
doxiciclina!100!mg!b.i.d.!!
Foram!explicados!detalhadamente!aos!doentes!e!seus!familiares!quais!os!
objetivos! do! tratamento,! o! esquema! posológico! e! os! efeitos! secundários! mais!
comuns.! Os! doentes! receberam! um! formulário! para! anotarem! as! respetivas!
tomas,! efeitos! secundários! e! medicação! adicional! durante! o! período! de!
tratamento.!Foram!contactados!telefonicamente!após!o!tratamento!para!registar!
a!adesão!à! terapêutica!assim!como!os!potenciais!efeitos!secundários.!A!eficácia!
do! tratamento! foi! estimada! com! UBT! 6! a! 10! semanas! após! o! tratamento.! No!
momento! da! realização! deste! teste! a! adesão! à! terapêutica! foi! novamente!
avaliada,! contabilizando! o! número! de! comprimidos! não! utilizados! devolvidos!
pelos!doentes.!Assumiugse!o!estatuto!de!não!adesão!à!terapêutica!quando!menos!
de!80%!da!medicação!prescrita!tinha!sido!administrada.!!
Os!doentes!também!devolveram!os!três!formulários!preenchidos!durante!
o!período!de!tratamento!e!avaliaram!subjetivamente!a!tolerância!e!a!eficácia!do!
mesmo!na!resolução!dos!sintomas,!através!de!uma!escala!visual!numerada!de!0!a!
10! (0! –! intolerância! total/completa! ausência! de! eficácia;! 10! –! tolerância!
ótima/excelente!eficácia).!
Os!eventos!adversos!foram!classificados!segundo!o!esquema!proposto!por!
de! Boer! et$ al.,! com! ligeiras! modificações,! em! ligeiros,! moderados! ou! severos,!
consoante!não!limitassem,!limitassem!em!certa!medida!ou!impossibilitassem!as!
atividades!de!vida!diária!927.!De!referir!que!durante!todo!o!período!de!tratamento!
os! doentes! tiveram! acesso! telefónico! direto! a! um! investigador,! para! resolver!
todas!as!dúvidas!e!problemas!que!ocorressem!no!decurso!do!mesmo.!
Não! foi! permitido! o! consumo! de! antibióticos! e! IBPs! nas! 4! e! 2! semanas!
antes! do!UBT,! respetivamente.!O! teste! foi! considerado!positivo! se! o!DOB! foi! ≥!
4!‰.!
!
Contributos Pessoais
!226!
4.3.3.4)'Análise'estatística'
!As!variáveis!categóricas!foram!apresentadas!com!os!seus!valores!relativos!
e!absolutos,!e!as!variáveis!quantitativas!foram!expressas!sob!a!forma!de!média!±!
desvio!padrão.!A!análise!do!sucesso!da!erradicação!foi!realizada!em!ITT!e!PP.!Se!
fosse! possível! iria! ser! realizada! uma! análise! uni! e!multivariada! para! avaliar! a!
associação!de!diferentes!variáveis!com!a!eficácia!terapêutica.!!
!
4.3.3.5)'Considerações'éticas'
!
Este! estudo! foi! aprovado! pelas! Comissões! de! Ética! da! Faculdade! de!
Medicina! da! Universidade! de! Coimbra! e! do! CHUC.! Foi! obtido! consentimento!
informado!escrito!e!foram!cumpridos!os!princípios!da!Declaração!de!Helsínquia,!
da!Conferência! Internacional! de!Harmonização!das!Guidelines! de!Boas!Práticas!
Médicas!e!toda!a!legislação!em!vigor!no!momento!do!recrutamento!dos!doentes.!
!
4.3.4)'Resultados'
!Foram!incluídos!16!doentes,!13!do!sexo!feminino!e!3!do!sexo!masculino,!
com! uma! média! etária! de! 50! anos.! As! características! demográficas! e! clínicas!
destes! doentes! são! apresentadas! na! Tabela! 12.! O! número!médio! de! tentativas!
prévias! de! erradicação! foi! de! 2,8! ±! 1,3! (a! variar! entre! 1! e! 6)! e! os! fármacos!
utilizados!nessas!terapêuticas!estão!resumidos!na!Tabela!13.!!
Os! testes! de! suscetibilidade! aos! antibióticos! confirmaram! resistência! à!
claritromicina,!metronidazol! e! levofloxacina!em! todos!os!16! isolados.!O!estudo!
de! genotipagem! revelou! mutações! no! gene! 23S$ rRNA! em! 15! casos! (93,8%)! e!
mutações!no!gene!gyrA!em!14!(87,5%).!!
Os! efeitos! adversos! (Tabela! 14)! foram! identificados! em! cinco! doentes!
(31,2%),! sendo! classificados! como! ligeiros! em! quatro! e! severos! em! um.! Este!
último! teve!que! interromper!a! terapêutica!precocemente,!pelo!que! foi!excluído!
da!análise!PP.!!
A! mediana! da! avaliação! dos! doentes! quanto! à! tolerância! e! eficácia! da!
terapêutica,!de!acordo!com!a!escala!visual!aplicada,! foi!de!8!(a!variar!entre!2!e!
10)!e!6!(a!variar!entre!2!e!9),!respetivamente.!!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 227!
O! UBT! de! controlo! foi! positivo! em! todos! os! 16! doentes.! ! A! taxa! de!
erradicação,!na!avaliação!ITT!e!PP,!foi!de!0%.!!
!Tabela 12 – Características clínicas e epidemiológicas dos doentes
Variáveis* n=16*
Média!Etária!(anos)!50!±!11,3!!(36g78)!
Sexo!g!Masculino!g!Feminino!
!3(18,8%)!13(81,2%)!
Etnia!g!Europeia!
!16!(100%)!
Residência!g!Rural!g!Urbana!
!8!(50%)!8!(50%)!
Indicação(ões)!para!erradicação!de!H.$pylori!!g!Dispepsia!nãogulcerosa!g!Anemia!ferripriva!g!DRGE/Terapêutica!crónica!com!IBPs!g!Familiares!de!1º!grau!com!carcinoma!gástrico!g!Úlcera!péptica!
!12!(75%)!4(25%)!!4(25%)!2!(12,5%)!1!(6,3%)!
IMC!(Kg/m2)!27,2!±!3,9!(19,6g33,8)!
Tabagismo! 5!(31,3%)!
Consumo!de!álcool! 4!(25%)!
História!de!infeções!frequentes! 2!(12,5%)!
Consumo!de!antibióticos!nos!últimos!12!meses! 8!(50%)!
IBPs – Inibidores da Bomba de Protões; IMC – Índice de Massa Corporal
!Tabela 13 – Fármacos utilizados nas tentativas prévias de tratamento
Fármacos* n=16*
Amoxicilina! 16!(100%)!
Claritromicina! 15!(93,7%)!Nitroimidazóis!g!Metronidazol!g!Tinidazol!g!Metronidazol!e!Tinidazol!
12!(75%)!6!(37,5%)!4!(25%)!2!(12,5%)!
Levofloxacina! 15!(93,7%)!
!Tabela 14 – Efeitos secundários reportados em relação com o tratamento efetuado
Eventos*adversos* n=16*Dor!abdominal! 4!(25%)!
Náuseas! 3!(18,8%)!
Cefaleia! 1!(6,3%)!
Diarreia!e!vómitos!severos! 1!(6,3%)!
Contributos Pessoais
!228!
4.3.5)'Discussão'
!A! erradicação! de! H.$ pylori! pode! falhar! em! até! 40%! dos! casos! após! a!
instituição! de! terapêuticas! de! segunda! linha.! Na! prática! clínica! somos!
frequentemente! confrontados! com! doentes! submetidos! a! 2! ou!mais! tentativas!
prévias,!infrutíferas,!de!erradicação!31.!Os!nossos!doentes!tinham!uma!média!de!
2,8! erradicações! prévias! sem! sucesso,! antes! da! inclusão! neste! estudo.! Após!
falência! de! dois! ou! mais! tratamentos! consecutivos,! incluindo! a! claritromicina!
e/ou!o!metronidazol,!a!resistência!isolada!e,!frequentemente!dupla,!de!H.$pylori!é!
comum!704.!!
As! terapêuticas! de! recurso! devem! ser! determinadas! de! acordo! com! os!
resultados!da!cultura!e!testes!de!suscetibilidade!ou,!em!alternativa,!dos!métodos!
moleculares,! que! permitem! a! deteção! de! resistência! à! claritromicina! e! à!
levofloxacina.!No!entanto,!a!cultura!implica!a!realização!de!uma!EDA,!com!todos!
os! riscos! a! ela! associados,! é! dispendiosa,! morosa,! não! pode! ser! realizada! por!
rotina!em!todos!os!centros,!e!a!sua!sensibilidade!não!é!de!100%!943.!Os!métodos!
moleculares! também! não! estão! disponíveis! em! todos! os! centros! e! apenas!
permitem!testar!dois!antibióticos.!Por!outro!lado,!a!escolha!dos!fármacos!para!os!
esquemas! terapêuticos! de! recurso! deve! ter! em! consideração! quais! os! agentes!
antimicrobianos!que!tinham!sido!utilizados!nas!tentativas!prévias!de!erradicação,!
uma! vez! que! a! reutilização! dos! mesmos! antibióticos! não! está! recomendada,!
exceto! no! caso! da! amoxicilina! 704.! No! nosso! estudo,! a! claritromicina! e! a!
levofloxacina!já!tinham!sido!utilizadas!em!93,7%!dos!doentes!e!os!nitroimidazóis!
em!75%.!Infelizmente,!o!consumo!de!antibióticos!em!Portugal!é!bastante!elevado.!
Uma!anamnese!detalhada!relativamente!a!infeções!prévias!e!história!de!consumo!
de!antibióticos!permitiugnos!determinar!que!todos!os!doentes!incluidos!tinham!
utilizado,!pelo!menos!uma!vez,!macrólidos,!fluoroquinolonas!e/ou!nitroimidazóis!
para!o!tratamento!de!infeções!respiratórias!e/ou!ginecológicas.!Assim,!todos!os!
16! doentes! tinham! consumo! prévio! de! claritromicina,! levofloxacina! e!
nitroimidazóis,!sendo!expectável!que!as!estirpes!de!H.$pylori!fossem!resistentes!a!
todos!eles.!Do!mesmo!modo!e,!tal!como!já!tinha!sido!previamente!estabelecido,!
não! se! registaram! casos! de! resistência! à! amoxicilina,! mesmo! após! múltiplos!
tratamentos! prévios! compostos! por! este! antibiótico.! A! reutilização! da!
claritromicina,! nitroimidazóis! e! levofloxacina! em!novos! esquemas! terapêuticos!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 229!
não! estava! recomendada.! A! exceção! poderia! ser,! eventualmente,! a! terapêutica!
quádrupla!composta!por!bismuto,!IBP,!tetraciclina!e!metronidazol,!uma!vez!que!
este! esquema!pode! ultrapassar,! pelo!menos! parcialmente,! o! efeito! negativo! da!
resistência!aos!nitroimidazóis!31,!704,!941.!!
Em!países!como!Portugal,!onde!o!bismuto,!a!tetraciclina!e!a!furazolidona!
não! estão! disponíveis! e! a! utilização! da! rifabutina! é! muito! restrita,! é! quase!
impossível! delinear! um! esquema! terapêutico! de! recurso! para! doentes! com!
utilização!prévia!de!metronidazol/tinidazol,!claritromicina!e!levofloxacina.!Uma!
alternativa! à! tetraciclina! HCl! pode! ser! a! doxiciclina,! que! pertence! ao! mesmo!
grupo! terapêutico.! No! estudo! publicado! por! Heep! et$ al.! não! foi! encontrado!
nenhum! caso! de! resistência! de!H.$pylori! à! doxiciclina! em! isolados! oriundos! de!
doentes! com! história! de! uma! ou! mais! tentativas! prévias! de! erradicação.! No!
entanto,!outro!trabalho!identificou!uma!taxa!de!resistência!de!33,3%!33,!813.!!
A! doxiciclina,! um! antibiótico! sintético! desenvolvido! em! 1967,! teria!
algumas! vantagens! teóricas! relativamente! à! tetraciclina:! uma! semivida! de! 18!
horas! que! possibilita! uma! a! duas! administrações! diárias! em! vez! de! quatro;!
melhor! penetração! tecidular;! melhor! absorção! com! os! alimentos;! excreção!
predominantemente! extragrenal;! reduzido! efeito! de! quelação! gástrica! do!
bismuto!quando!estes!fármacos!são!usados!de!forma!concomitante!32,!944,!945.!!
Vários!esquemas!terapêuticos!de!erradicação!de!H.$pylori$compostos!pela!
doxiciclina!têm!sido!publicados.!No!entanto,!a!combinação!exata!de!antibióticos,!
a! duração! do! tratamento! e! os! resultados! são!muito! heterogéneos! e! difíceis! de!
comparar.!As! taxas!de!erradicação!em! ITT!variam!entre!36!a!91%,! sendo!mais!
altas! para! os! esquemas! quádruplos! 31g38,! 713,! 714.! O! tratamento! com! IBP,!
amoxicilina!e!doxicilina,!apesar!de!subótimo,!permitiria!a!erradicação!de!H.$pylori!
em,! pelo! menos,! 1/3! dos! doentes.! Tendo! em! linha! de! conta! as! dificuldades!
enunciadas! para! o! nosso! país,! na! elaboração! de! um! esquema! terapêutico! de!
recurso,!tentámos!otimizar!os!resultados!implementando!um!tratamento!prévio!
de!3!dias!com!dose!dupla!de!IBP.!!
Os! IBPs! influenciam!a!eficácia!da!erradicação!de!H.$pylori,!estando!a!sua!
ação! dependente! do! genótipo! CYP2C19.! Teoricamente,! nos! metabolizadores!
rápidos! as! doses! standard$ dos! IBPs! seriam! insuficientes! para! criar! uma!
adequada!inibição!do!pH,!que!permitisse!uma!atividade!eficaz!dos!antibióticos!na!
Contributos Pessoais
!230!
mucosa! gástrica,! o! que! determinaria! taxas! de! erradicação! mais! baixas! 946.! Os!
doentes! ocidentais,! tal! como! os! nossos,! são! habitualmente! metabolizadores!
rápidos,! pelo! que! beneficiam! de! doses! mais! altas! de! IBP! 708.! Graham! et$ al.!
também! constataram! um! aumento! de! cerca! de! 5%! no! sucesso! da! erradicação!
quando! o! IBP! foi! administrado! em! dose! dupla! e,! no! último! consenso! de!
Maastricht!IV/Florença!ficou!estabelecido!que!há!atualmente!evidência!direta!e!
indireta!de!que!as!altas!doses!de!IBP!podem!melhorar!as!taxas!de!erradicação!de!
H.$pylori$1,!20.!Uma!metaganálise!recente!assume!também!que!o!aumento!da!dose!
do! IBP! pode! melhorar! as! taxas! de! cura! de!H.$ pylori$ 739.$Uma! vez! que! não! foi!
possível!determinar!o!genótipo!CYP2C19!decidimos!que,!perante!esta!evidência,!
seria!aceitável!utilizar!IBP!em!altas!doses.!!
O! prégtratamento! com! IBP! é! controverso! e,! uma! metaganálise! não!
evidenciou!diferenças!nas!taxas!de!erradicação!entre!os!doentes!com!e!sem!prég
tratamento! 744.!Alguns!dados!mais!antigos!sugeriam!que!o!prégtratamento!com!
IBP! antes! do! início! da! terapêutica! de! erradicação! de! H.$ pylori! até! poderia!
diminuir!a!eficácia!do!esquema!de!erradicação!mas,!a!metaganálise!supracitada!e!
estudos! mais! recentes! não! confirmaram! esta! informação! 709,! 743g746.! Tendo! em!
consideração! as! circunstâncias! especiais! dos! nossos! doentes,! decidimos! que! a!
estratégia! do! prégtratamento,! apesar! de! poder! constituir! um! fator! de!
confundimento,!seria!benéfica.!!
No!entanto,!a!nossa! taxa!de!erradicação! foi!de!0%.!Estes!resultados!não!
eram! expectáveis! atendendo! aos! dados! previamente! publicados! e! às!
suscetibilidades!in$vitro!à!amoxicilina!e!à!tetraciclina.!Apenas!com!a!combinação!
de! IBP! e! amoxicilina! seria! de! esperar,! no! mínimo,! uma! taxa! de! erradicação!
modesta,! tendo! em! conta! os! resultados! da! terapêutica! dupla! 709.! Os! efeitos!
secundários!e!a!adesão!à!terapêutica!não!foram!responsáveis!por!este!insucesso,!
uma! vez! que! apenas! um! doente! teve! efeitos! adversos! severos! que! levaram! à!
suspensão!do!tratamento.!Provavelmente,!tal!como!descrito!por!alguns!autores,!
há! um! efeito! antagónico! entre! estes! dois! antibióticos,! pois! a! doxiciclina!
apresenta! um! efeito! bacteriostático! e! a! amoxicilina! uma! ação! bactericida.! O!
efeito! bacteriostático! da! doxiciclina! inibe! a! síntese! proteica! ribossomal,! o! que!
poderá! impedir! a! ligação! da! amoxicilina! ao! seu! alvo! na! parede! da! célula!
bacteriana! 34,!36.!Por!outro! lado,!no! lúmen!gástrico!a!doxiciclina!pode! interferir!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 231!
com! a! ação! tópica! da! amoxicilina! e! vicegversa! 34.! Mais! ainda,! alguns! autores!
defendem!que!quando!se!realizam!testes!de!suscetibilidade!devem!ser!utilizados!
os! compostos! indicados! e,! por! exemplo,! não! se! deverá! substituir! a! tetraciclina!
HCl! por! doxiciclina! 1.! No! nosso! estudo! não! testámos! a! suscetibilidade! dos!
isolados! de! H.$ pylori! à! doxiciclina,! mas! outros! autores! defendem! que! o!
metronidazol! e! a! tetraciclina! podem! ser! substituídos! pelo! tinidazol! e! pela!
doxiciclina,! respetivamente! 802.! Outra! possibilidade! é! que! a! dose! de! IBP! tenha!
sido!ineficaz!em!manter!o!pH!gástrico!consistentemente!superior!a!6,!sendo!mais!
importante! aumentar! a! frequência! da! administração! do! fármaco! do! que!
proporcionar!uma!dose!dupla!duas!vezes!por!dia.!O!tipo!de!IBP!pode!também!ser!
um! tópico! importante.! Uma! metaganálise! recente! demonstrou! que! o! grau! de!
inibição!ácida!não!é!o!mesmo!para!todos!os!IBPs.!Tendo!em!conta!a!média!do!pH!
gástrico!das!24!horas,!as!potências!relativas!do!esomeprazol!e!do!rabeprazol!são!
superiores! às! do! omeprazol! e! do! pantoprazol! 738.! Tal! como! discutido!
previamente,! em! vez! dos! tradicionais! 40!mg!2id! nós! administramos! 80!mg!de!
pantoprazol!2id.!Uma!vez!que!os! IBPs!têm!maior!eficácia!em!doentes! infetados!
por!H.$pylori,! esta! dose! foi,! teoricamente,! suficiente.!Mesmo! assim,! assumimos!
que!doses!mais!elevadas!de!pantoprazol!ou!a!utilização!de!IBPs!de!nova!geração,!
como! o! rabeprazol! e/ou! o! esomeprazol,! poderiam! ser! opções! aceitáveis! e,!
eventualmente,!mais!eficazes!712.!!
Podemos! ainda! especular! que! a! dose! dos! fármacos! ou! a! duração! do!
tratamento! não! tenha! sido! adequada.! Estudos! anteriores! com! a! doxiciclina!
apresentaram!esquemas!terapêuticos!com!duração!a!variar!entre!7!e!14!dias!e,!
salvo!raras!exceções,!o!antibiótico!era!administrado!duas!vezes!por!dia.!No!nosso!
estudo,!com!o!objetivo!de!otimizar!a!adesão!à!terapêutica,!decidimos!administrar!
todos! os! fármacos! duas! vezes! por! dia,! durante! 10! dias,! após! 3! dias! de! prég
tratamento! com! IBP! isolado! (duração! total! do! tratamento! –! 13! dias).! A!
doxiciclina! tem!uma! semivida!mais! longa! comparativamente! à! tetraciclina!HCl,!
pelo!que!duas!administrações!diárias!são!suficientes.!Por!outro!lado,!para!o!IBP!e!
para!a!amoxicilina!seria!preferível!optar!por!quatro!administrações!diárias.!No!
entanto,! apesar! da! aplicação! deste! esquema! terapêutico! simplificado,! com!
elevadas!taxas!de!adesão,!não!se!conseguiu!erradicar!o!H.$pylori$em!nenhum!dos!
nossos!doentes.!Assim,!tornagse!questionável!se!deveríamos!tentar!um!esquema!
Contributos Pessoais
!232!
terapêutico! mais! complexo,! com! quatro! administrações! diárias! de! IBP! e!
amoxicilina! e! duas! administrações! de! doxiciclina,! durante! 14! dias.! Esta!
terapêutica! poderia! ser! mais! eficaz! mas! com! maior! incómodo! associado! às!
múltiplas! tomas! e,! com! eventuais! efeitos! secundários! que! poderiam!
comprometer!a!tolerância!e!a!adesão!dos!doentes.!!
Além!dos!problemas!já!discutidos,!o!nosso!estudo!tem!outras!limitações:!o!
pequeno!número!de!doentes!incluídos;!a!utilização!do!Egtest!para!determinar!a!
suscetibilidade! ao! metronidazol;! ausência! de! métodos! moleculares! para!
confirmar!a!resistência!ao!metronidazol.!!
O! número! exíguo! de! doentes! incluídos! é! facilmente! explicado! pelo!
desenho!do!protocolo!de! investigação.! Incluímos! consecutivamente!16!doentes!
mas,!perante!os!primeiros!6!insucessos!terapêuticos,!decidimos!suspender!todo!
o!processo,!cumprindo!as!regras!previamente!estabelecidas.!!
A! resistência! ao! metronidazol,! avaliada! pelo! Egtest,! pode! estar!
sobrestimada!em!10!a!20%,!comparativamente!às!determinações!efetuadas!com!
o! método! de! diluição! de! ágar! e,! ambos! os! métodos! não! são! suficientemente!
fiáveis! para! determinar! a! suscetibilidade! de! H.$ pylori! a! este! antibiótico,!
considerando! a! sua! reduzida! reprodutibilidade! 829.! Tentámos! ultrapassar! este!
problema! utilizando! uma! estirpe! de! controlo! e! repetindo! o! teste! por! outro!
microbiologista! independente.!Devemos! ainda! relembrar!que! todos! os!doentes!
tinham!história!de!toma!prévia!de!nitroimidazóis,!o!que!pode!explicar!a!presença!
da!resistência!de!H.$pylori!a!esta!classe!de!antibióticos.!!
Finalmente,! os! métodos! moleculares! confirmaram! a! presença! de!
mutações!no!gene!23S$rRNA! e!gyrA! em!93,7!e!87,5%!dos! isolados!de!H.$pylori,!
respetivamente.! Estes! resultados! são! perfeitamente! plausíveis! uma! vez! que! a!
metodologia! utilizada! detetou! as! mutações! mais! comuns.! Os! mecanismos!
moleculares! envolvidos! na! resistência! de! H.$ pylori! ao! metronidazol! são! mais!
complexos! e! não! há! métodos! facilmente! implementáveis! para! detetar! estas!
alterações!617,!773.!!
A!questão!principal!que!se!coloca!agora!é!a!de!que!alternativa!poderemos!
oferecer! aos! nossos! doentes,! uma! vez! que! estamos! perante! estirpes! com!
resistência! tripla.! Em! condições! ideais! seria! possível! ponderar! cinco! opções!
distintas:! terapêutica! tripla! com! rifabutina;! terapêutica! quádrupla! com!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 233!
tetraciclina!ou!amoxicilina!e!furazolidona;!esquemas!quádruplos!com!tetraciclina!
e! metronidazol;! terapêutica! híbrida! ou! concomitante;! terapêutica! dupla! com!
elevadas!doses!de!IBP!e!amoxicilina.!Tendo!em!conta!as!limitações!existentes!no!
nosso!país,!apenas!poderemos!considerar!as!duas!últimas!alternativas.!!
As!terapêuticas!híbridas!e!concomitantes,!compostas!por!IBP,!amoxicilina,!
claritromicina! e!metronidazol,! foram! recentemente! propostas.! Aparentemente,!
estes!esquemas,!devido!à!administração!prolongada!da!amoxicilina,!têm!elevada!
eficácia! no! tratamento! de! estirpes! de! H.$ pylori$ com! resistência! dupla! à!
claritromicina!e!ao!metronidazol.!No!entanto,!são!necessários!mais!estudos,!em!
populações! com! diferentes! prevalências! de! resistência! à! claritromicina! e! ao!
metronidazol,!para!avaliar!a!eficácia!destes!novos!esquemas!terapêuticos!703,!769.!!
A! tradicional!mas!recentemente!recuperada! terapêutica!dupla!composta!
por!IBP!e!amoxicilina!durante!14!dias!poderá!ser!uma!boa!opção,!uma!vez!que!
está!facilmente!disponível!e,!em!doentes!com!tentativas!prévias!de!erradicação,!a!
sua!eficácia!é!comparável!ao!esquema!composto!pela!rifabutina!711.!A!utilização!
de! IBPs! de! nova! geração! e! a! implementação! de! quatro! administrações! diárias!
deste! fármaco! e! da! amoxicilina! parecem! ser! cruciais! para! atingir! taxas! de!
erradicação!mais!elevadas!708,!710,!712.!Um!estudo!desenvolvido!noutro!país!do!sul!
da! Europa! revelou! resultados! dececionantes! com! esta! terapêutica! dupla! 947.!
Neste!estudo,!ambos!os!fármacos!foram!administrados!duas!vezes!por!dia!e!não!
quatro,!o!que!poderá!ter!influenciado!os!resultados!finais.!!
!
4.3.6)'Conclusão'
!A! terapêutica! tripla! composta! por! IBP! em! altas! doses,! amoxicilina! e!
doxiciclina,! apesar! de! bem! tolerada,! é! inútil! na! erradicação! de! estirpes! de!H.$
pylori$multirresistentes.!!
!
!
Contributos Pessoais
!234!
4.4)' Correlação'do' genótipo'de'Helicobacter+ pylori' com'as' alterações'
histopatológicas'gástricas'
!“Correlation of Helicobacter pylori genotypes with gastric histopathology in the central region of a South-European
country.” Almeida N, Donato MM, Romãozinho JM, Luxo C, Cardoso O, Cipriano MA, Marinho C, Fernandes A,
Sofia C. (ANEXO 7)
Artigo aceite para publicação na revista Digestive Diseases and Sciences. Factor de Impacto: 2,260. ISI Journal
Citation Reports© Ranking 2012: 36/74 (Gastroenterology & Hepatology) – Quartil 2
!
4.4.1)'Resumo'
4.4.1.1)'Introdução'
!As!manifestações!clínicas!decorrentes!da! infeção!por!H.$pylori! são!muito!
heterogéneas!e!estão!dependentes!da!interação!de!múltiplas!variáveis,!incluindo!
fatores!relacionados!com!o!hospedeiro,!fatores!ambientais!e!fatores!de!virulência!
bacterianos.!
!
4.4.1.2)'Objetivos'
!
O!objetivo!deste!trabalho!foi!investigar!as!correlações!dos!genótipos!cagA,!
cagE,!vacA,!iceA!e!babA2!com!os!achados!histológicos!a!nível!gástrico!e!o!fenótipo!
da!doença!condicionada!por!H.$pylori!na!região!central!de!um!país!sul!europeu.!
!
4.4.1.3)'Doentes'e'métodos''
!
! Este!estudo!prospetivo!envolveu!148!doentes!infetados!(sexo!feminino!–!
110;! média! etária! –! 43,5! ±! 13,4! anos),! submetidos! a! EDA! com! colheitas! de!
biopsias!do!corpo!e!antro.!O!H.$pylori!foi!isolado!com!extração!de!DNA!do!mesmo!
para! determinação! do! genótipo! por! técnica! de! PCR.! As! alterações!
histopatológicas! gástricas! foram! definidas! de! acordo! com! a! classificação!
atualizada!de!Sydney.!Também!foram!utilizadas!as!classificações!OLGA!e!OLGIM.!
Apenas!foram!incluídos!na!análise!final!os!casos!infetados!por!uma!única!estirpe!
de!H.$pylori!em!que!estivessem!definidas!todas!as!alterações!histológicas.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 235!
!
4.4.1.4)'Resultados'
!
! As! amostras! antrais! apresentaram! níveis! mais! elevados! de! atrofia,!
metaplasia! intestinal,! inflamação!crónica!e!atividade!neutrofílica.!A!distribuição!
do!genótipo!foi!a!seguinte:!cagA$–!31,8%;!cagE$–!45,9%;!vacA!s1a!–!24,3%;!vacA!
s1b!–!19,6%;!vacA! s1c!–!0,7%;!vacA! s2!–!55,4%;!vacA!m1!–!20,9%;!vacA!m2!–!
79,1%;!vacA!s1m1!–!18,9%;!vacA!s1m2!–!25,7%;!vacA!s2m1!–!2%;!vacA!s2m2!–!
53,4%;! iceA1$–!33,8%;! iceA2! –!66,2%;!babA2! –!12.2%.! !O!genótipo!cagA! esteve!
associado!a!níveis!mais!elevados!de!metaplasia!intestinal,!atividade!neutrofílica,!
inflamação! crónica! e! estadios! OLGIM.! O! babA2! esteve! correlacionado! com!
densidades! superiores! de! colonização! por!H.$ pylori.! As! estirpes! com! genótipo!
vacA! s1! ou! combinação! de! genótipos! vacA! s1m1! +! cagA! positivo! são! mais!
frequentes! nos! doentes! com! úlcera! péptica! e! as! vacA! s2m2! nos! doentes! com!
anemia!ferripriva.!
!
4.4.1.5)'Conclusões'
!
! As! estirpes! de! H.$ pylori! cagA! positivas,! vacA! s1m1! e! babA2! são!
relativamente! raras! na! região! Centro! de! Portugal.! As! cagA! positivas! estão!
correlacionadas! com! alterações! histopatológicas! gástricas! mais! severas.! Este!
genótipo!está!geralmente!associado!ao!mosaicismo!vacA! s1m1!e!estes! isolados!
de!H.$pylori!são!frequentemente!encontrados!nos!doentes!com!úlcera!péptica.!
!
4.4.2)'Introdução'
!
! A! infeção! por! H.$ pylori! afeta! aproximadamente! 50%! da! população!
mundial! 1.! Ela! é! responsável! por! diversas! patologias! incluindo! gastrite,!
adenocarcinoma!e!linfoma!MALT!gástrico!769.!Sensivelmente!84,2%!dos!adultos!
portugueses! estão! infetados! com! esta! bactéria! 26.! Contudo,! não! há! uma!
correlação! direta! entre! a! prevalência! da! infeção! e! a! ocorrência! das! suas!
manifestações! clínicas! pois! as! mesmas! só! são! identificadas! em! 10! a! 20%! dos!
Contributos Pessoais
!236!
indivíduos!infetados.!Esta!discrepância!ocorre!porque!a!severidade!da!expressão!
clínica!de!infeção!por!H.$pylori!é!influenciada!por!múltiplas!variáveis,!incluindo!a!
diversidade!genética!do!hospedeiro,!os! fatores!ambientais!e!a!heterogeneidade!
genética!da!própria!bactéria!948.!
Vários! genes! de!H.$pylori! como! o! cagA,! cagE,! vacA,! iceA,! e!babA2! foram!
identificados! como! fatores! potencialmente! associados! a! patogenicidade!
aumentada! deste! microrganismo.! O! gene! cagA! é! o! principal! marcador! do!
complexo!de!genes!do! ilhéu!de!patogenicidade!cag$PAI.!A! infeção!com!estirpes!
cagA! positivas! está! associada! a! uma! resposta! inflamatória!mais! intensa! assim!
como!a!maior!risco!de!eventos!clínicos!problemáticos,!nomeadamente!a!gastrite!
atrófica!e!o!carcinoma!gástrico!41,!472.!
O! cagE! é! outro! gene! identificador! do! cag$ PAI! e! também! tem! sido!
associado! a! manifestações! clínicas! mais! severas,! uma! vez! que! o! seu! produto!
proteico! pode! estimular! a! síntese! de! diversas! citocinas! a! nível! das! células!
epiteliais!infetadas!499.!
O! gene! da! citotoxina! vacuolizante,! vacA,! está! presente! em! todas! as!
estirpes! de!H.$pylori! e! compreende! regiões! variáveis! (s! –! sinal;!m! –!média;! i! –!
intermédia).!A!proteína!VacA!é!uma!potente!citotoxina!que!induz!vacuolização!da!
célula!hospedeira!e,!subsequentemente,!a!sua!morte!454.!Há!diferentes!variações!
alélicas!para!este!gene,! incluindo!na! região! sinal! (s1a,! s1b,! s1c,! s2)!e!na!média!
(m1!e!m2).!A!combinação!em!mosaico!destas!variantes!alélicas!determina!o!nível!
de! citotoxina! produzido! e,! eventualmente,! as! modificações! histológicas! assim!
como! as! manifestações! gastrointestinais.! As! estirpes! com! o! mosaicismo! s1m1!
produzem!uma!grande!quantidade!de!toxina!e!lesão!epitelial!enquanto!as!s2m2!
produzem!pouca!ou!mesmo!nenhuma!toxina!454,!492.!A!maioria!dos!isolados!vacA!
s1! são! também! cagAgpositivo,! de! modo! que! estes! dois! genótipos! estão!
intimamente!correlacionados!480,!492.!
! O! gene! iceA! apresenta! também!duas! variações! alélicas,! iceA1! e! iceA2.! A!
expressão! deste! gene! é! estimulada! pelo! contacto! de! H.$ pylori! com! as! células!
epiteliais!humanas!e!pode!estar!relacionado!com!o!desenvolvimento!de!doença!
ulcerosa!péptica!949.!
! A!adesina!de! ligação!aos!antigénios!do!grupo!sanguíneo!é!uma!proteína!
codificada! pelo! gene!babA2,! capaz! de! se! ligar! aos! antigénios! Lewisb! e!ABO! 448.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 237!
Existem! três! alelos! para! o! gene! babA! mas! apenas! o! produto! do! gene! babA2! é!
funcionalmente! ativo.! A! presença! deste! gene! tem! sido! associada! ao!
desenvolvimento!de!carcinoma!gástrico!950.!
! A! distribuição! dos! genótipos! de! H.$ pylori! e! a! sua! associação! com! as!
modificações! histológicas! e! as! manifestações! clínicas! apresenta! variações!
geográficas.!O!presente!estudo!tem!como!objetivo!primordial!investigar!se!existe!
alguma!correlação!dos!genótipos!cagA,!cagE,!vacA,! iceA!e!babA2!com!o!fenótipo!
clínico! e! as! alterações! histológicas! gástricas! em! doentes! da! região! Centro! de!
Portugal,!infetados!por!H.$pylori.!
!
4.4.3)'Doentes'e'métodos'
4.4.3.1)'Doentes'
!
Neste! estudo! prospetivo,! unicêntrico,! foram! considerados! para! inclusão!
doentes!com!dispepsia!(ulcerosa!e!não!ulcerosa),!anemia!ferripriva,!necessidade!
de! terapêutica! crónica! com! IBPs! e/ou! com! familiares! de! primeiro! grau! com!
carcinoma!gástrico.!Todos!os!doentes! tinham!um!teste!UBT!recente,!positivo,!e!
indicação!para!realizar!EDA.!Os!critérios!de!exclusão! foram!os!seguintes:! idade!
inferior! a! 18! anos;! gravidez! ou! amamentação;! mulheres! em! idade! fértil! sem!
método! contraceptivo! eficaz;! história! de! alergia/hipersensibilidade! a! qualquer!
antibiótico! ou! IBP;! antecedentes! de! carcinoma! gástrico! e/ou! cirurgia! gástrica;!
toma! de! anticoagulantes;! trombocitopenia! severa;! doença! sistémica! grave!
(hepática,! cardiorrespiratória! ou! renal;! diabetes! mellitus! não! controlada;!
doenças!malignas! ativas;! coagulopatias);! intolerância/recusa! em! realizar! EDA;!
utilização!de!antibióticos!nas!últimas!4!semanas!ou!IBPs!nas!últimas!duas.!!
!
4.4.3.2)'Protocolo'
!
! Todos!os!doentes!foram!submetidos!a!EDA!com!quatro!biopsias!do!antro!
e!quatro!do!corpo,!incluindo!sempre!a!colheita!de!uma!amostra!na!proximidade!
da! incisura$ angularis.! As! primeiras! duas! biopsias! do! antro! e! do! corpo! foram!
colocadas! imediatamente! em! dois! frascos! distintos! de! um!meio! de! transporte!
Contributos Pessoais
!238!
específico,!o!Portagerm!pylori®!(bioMérieux!Portugal,!LindagAgVelha,!Portugal).!
As!amostras!foram!mantidas!a!temperatura!controlada,!de!4°C,!e!enviadas!o!mais!
rapidamente! possível! para! o! Laboratório! de! Microbiologia! da! Faculdade! de!
Farmácia! da!Universidade!de!Coimbra.!No! global! nunca!decorreram!mais! de!3!
horas!desde!o!momento!da!colheita!até!ao!início!do!processamento!da!amostra.!
Foi!efetuado!um!teste!rápido!da!urease!e!uma!coloração!Gram!para!confirmar!se!
nas!amostras!obtidas!estavam!presentes!microrganismos!com!características!de!
H.$ pylori.! O! tecido! da! biopsia! foi! então! triturado! manualmente! com! material!
descartável!e!disposto!em!meio!de!cultura!específico!para!esta!bactéria!–!gelose!
pylori®!(bioMérieux!Portugal,!LindagAgVelha,!Portugal).!O!processo!de!incubação!
decorreu!por!um!mínimo!de!72!horas!e!um!máximo!de!10!dias,!e!foi!realizado!em!
atmosfera!microaerofílica!obtida!com!saquetas!geradoras!de!H2gCO2,!específicas!
para! o! efeito! –! GENbag! ou! GENbox! Microaer®! (bioMérieux! Portugal,! LindagAg
Velha,! Portugal).! Os! isolados! de! H.$ pylori! foram! identificados! pela! morfologia!
típica! das! colónias,! pela! avaliação! com!Gram! e! pela! positividade! dos! testes! da!
urease,!catalase!e!oxidase.!!
! As!outras!biopsias!gástricas,!para!estudo!histológico,!foram!colocadas!em!
frascos! independentes! contendo! formol! tamponado! a! 10%.! Após! adequada!
fixação! procedeugse! à! sua! secção! e! desparafinação,! permitindo! a! coloração! do!
material!histológico!com!hematoxilinageosina,!Giemsa!modificado!e/ou!Warthing
Starry.! As! alterações! histológicas! foram! descritas! de! acordo! com! os! critérios!
modificados!de!Sydney!406.!Dois!anatomopatologistas!distintos,!desconhecendo!o!
resultado! da! genotipagem,! fizeram! a! revisão! independente! das! lâminas!
avaliando! os! seguintes! parâmetros:! densidade! de! colonização! por! H.$ pylori;!
inflamação! crónica! (infiltração! por! mononucleares);! atividade! de!
polimorfonucleares/inflamação! aguda! (atividade! neutrofílica);! metaplasia!
intestinal! e! atrofia! glandular.! Para! cada! um! destes! aspetos! histológicos! foi!
atribuído! um!valor! numérico,! seguindo!uma! escala! ordinal! internacionalmente!
estabelecida:! 0! –! ausente;! 1! –! ligeiro;! 2! –! moderado;! 3! –! severo.! Quando!
ocorreram!discrepâncias!de!interpretação!as! lâminas!foram!revistas!por!ambos!
os!anatomopatologistas!e!a!classificação!final!foi!estabelecida!por!consenso.!Por!
motivos! práticos! optougse! por! apresentar! a! atrofia! glandular! e! a! metaplasia!
intestinal! em! dois! grupos! (0! –! ausente;! 1! a! 3! –! presente)! e! a! atividade!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 239!
neutrofílica,! inflamação! crónica! e! densidade! de! colonização! por! H.$ pylori!
igualmente! em! dois! grupos! (0! +! 1! –! ausente! ou! ligeiro;! 2! +! 3! –!moderado! ou!
severo).!O!estadiamento!da!gastrite!também!foi!feito!segundo!os!sistemas!OLGA!
e!OLGIM!428,!430,!432.!!
! As! amostras! do! antro! e! do! corpo! foram! processadas! separadamente! e,!
caso! os! resultados!não! estivessem! todos!disponíveis,! o! doente! em!questão! era!
excluído.!
!
4.4.3.3)'Genotipagem'de'Helicobacter+pylori'!
! O!DNA!bacteriano! foi!extraído!de!uma!cultura!pura!de!H.$pylori! com!um!
kit! de! extração! dedicado! (QIAamp®! DNA! Mini! Kits,! QIAGEN,! Izasa! Portugal,!
Carnaxide,!Portugal)!de!acordo!com!as!instruções!do!fabricante.!!
! Os! genótipos! cagA,! cagE,! vacA! (s1a,! s1b,! s1c,!m1,!m2),! iceA! (A1,! A2),! e!
babA2! foram! identificados! com! recurso! à! técnica! de! PCR! em! tempo! real,!
utilizando! primers! selecionados! a! partir! de! trabalhos! já! publicados! sobre! este!
tema! (Tabela! 4)! 492,! 920g924.! Para! o! cagA! foram! utilizados! dois! conjuntos! de!
primers!assumindogse!que!a!amplificação!com!qualquer!um!deles!correspondia!a!
positividade!para!este!gene.!
! As! reações! de! PCR! foram! executadas! em! capilares! de! vidro! onde! se!
colocaram!20!μl!de!mistura!contendo!4,0!μl!de!FastStart$DNA$MasterPLUS$SYBR®$
Green$I!(Roche!Diagnostics,!Mannheim,!Germany),!0,5!μl!de!cada!um!dos!primers!
2,0!μl!de!DNA!bacteriano!e!13,0!μl!de!água!destilada!estéril.!Após!a!desnaturação!
inicial! a! 95°C! durante! 10min! foram! realizados! 45! ciclos! de! amplificação,! com!
etapas! de! desnaturação,! hibridização! e! extensão! cujas! particularidades! estão!
expressas!na!Tabela!4.!Uma!vez!terminada!a!amplificação!foi!realizado!o!ciclo!da!
curva! de! dissociação! composto! de! desnaturação! a! 95°C! por! 0s,! hibridização! a!
65°C! durante! 60s! e! dissociação! a! 95°C! com! uma! taxa! de! transição! de!
temperatura!de!0,1°C/s!e!com!aquisição!contínua!de!fluorescência.!As!curvas!de!
dissociação! foram!delineadas!automaticamente!e!analisadas!com!o!software!do!
LightCycler,! sendo! convertidas! na! sua! primeira! derivada! negativa,! que!
corresponde!ao!ponto!de!dissociação.!
Contributos Pessoais
!240!
O! peso!molecular! dos! produtos! de! PCR! foi! também! avaliado! através! da!
eletroforese! em! gel! de! agarose! a! 2%,! marcado! com! brometo! de! etídio! e!
transiluminado! com! luz! ultravioleta.! Foram! adicionados! marcadores! de! peso!
molecular! (EgGel®! Quantitative! DNA! Ladder,! Invitrogen,! Carlsbad,! USA)! assim!
como! controlos! positivos! e! negativos.! A! comparação! de! ambas! as! técnicas!
permitiu!confirmar!que!o!pico!de!dissociação!obtido!para!cada!gene!era!correto!e!
reprodutível.! Para! evitar! erros! metodológicos! um! segundo! investigador,!
desconhecendo!os!resultados!prévios,!repetiu!todos!os!procedimentos.!
As! amostras!do! antro! e!do! corpo! foram!processadas! separadamente.! Se!
fossem! identificadas! múltiplas! estirpes! ou! se! não! fosse! possível! determinar!
algum!dos!genótipos!esse!doente!era!excluído.!
!
4.4.3.4)'Análise'estatística'
!
O! teste! χ2! ou! o! teste! exato! de! Fisher! foram! utilizados! para! avaliar! a!
relação! entre! os! genótipos! individuais! a! presença! de! atividade! neutrofílica,!
inflamação!crónica,!densidade!de!colonização!por!H.$pylori,!atrofia!e!metaplasia!
intestinal.!Os!mesmos!testes!também!foram!utilizados!para!avaliar!a!correlação!
dos!genótipos!com!as!manifestações!clínicas!e/ou!o!motivo!para!a!erradicação!de!
H.$ pylori.! Para! comparações! múltiplas! envolvendo! os! cinco! genes! foi! aplicada!
uma! correção! de! Bonferroni! e! só! os! valores! de! p! inferiores! a! 0,01! foram!
considerados!como!estatisticamente!significativos.!
Para! cada! gene! foi! também! efetuada! uma! comparação! dos! valores!
numéricos!da!classificação!histopatológica!recorrendo!ao!teste!de!ManngWhitney.!
As!avaliações!dos!parâmetros!histológicos!do!antro!e! corpo! foram!comparadas!
por!intermédio!do!teste!de!Wilcoxon!para!amostras!emparelhadas.!
A!correlação!dos!10! fenótipos!histopatológicos!com!as!variáveis! clínicas!
foi! realizada! através! dos! testes! supracitados! assumindogse! um! valor! de! p! de!
0,005! (corrigido! por! intermédio! da! técnica! de! Bonferroni! para! comparações!
múltiplas).!
Para! cada! fenótipo! histopatológico! foi! obtido! um! modelo! de! regressão!
logística!utilizando!os!genótipos!cagA,!cagE,!vacA,! iceA!e!babA2!como!fatores.!A!
idade,! consumo! de! álcool! e! tabaco,! local! de! residência! e! sexo! foram! incluídos!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 241!
como! potenciais! variáveis! de! confundimento.! Os! resultados! da! regressão!
logística! foram! expressos! sob! a! forma! de! OR,! com! os! respetivos! intervalos! de!
confiança! a! 95%! assumindogse! um! valor! de! p! de! 0,05! como! estatisticamente!
significativo.! Os! dados! foram! analisados! com! recurso! ao! software! SPSS! versão!
20.0!(IBM,!Illinois,!United!States).!
!
4.4.3.5)'Considerações'éticas'
!
! Este! estudo! foi! aprovado! pelas! comissões! de! ética! da! Faculdade! de!
Medicina!da!Universidade!de!Coimbra!e!do!CHUC.!Foi!realizado!de!acordo!com!os!
princípios! da! Declaração! de! Helsínquia,! da! Conferência! Internacional! de!
Harmonização! das!Guidelines! de! Boas! Práticas!Médicas! e! toda! a! legislação! em!
vigor! no! momento! do! recrutamento! dos! doentes.! Estes! providenciaram! o! seu!
consentimento! informado! escrito,! obtido! após! explicação! detalhada! de! todo! o!
protocolo.!
!
4.4.4)'Resultados'
4.4.4.1)'Epidemiologia'e'histopatologia'
!
! No!global! foram! incluídos!148!doentes,! infetados!por!uma!estirpe!única!
de!H.$pylori!e!com!avaliação!histológica!completa.!A!sua!média!etária!foi!de!43,5!±!
13,4! anos! (18! a! 78)! e! 101! (68,2%)! tinham! menos! de! 50! anos.! Trinta! e! oito!
(25,7%)! eram! do! sexo! masculino,! 84! (56,8%)! viviam! em! ambiente! rural,! 33!
(22,3%)! consumiam! regularmente! bebidas! alcoólicas! e! 24! (16,2%)! eram!
fumadores.!Estes!doentes!foram!referenciados!para!erradicação!de!H.$pylori!por!
uma!ou!mais!das!seguintes!razões:!dispepsia!não!ulcerosa!–!65,5%;!terapêutica!
crónica! com! IBPs! –! 24,3%;! anemia! ferripriva! –! 20,3%;! familiares! de! primeiro!
grau!com!carcinoma!gástrico!–!18,9%;!úlcera!péptica!–!8,1%.!A!classificação!da!
gastrite!de!acordo!com!o!sistema!de!Sydney!modificado!é!apresentada!na!Tabela!
15.! Os! valores! registados! para! a! inflamação! crónica,! atividade! neutrofílica,!
atrofia!glandular!e!metaplasia!intestinal!foram!significativamente!mais!elevados!
Contributos Pessoais
!242!
no! antro!do!que!no! corpo.!Esta!diferença!não! se! verificou! com!a!densidade!de!
colonização!por!H.$pylori.!Não!foram!detetados!casos!de!displasia!epitelial.! Tabela 15 – Classificação histológica segundo o sistema de Sydney modificado em Houston!
Classificação/Grau* Antro*(n)* Corpo*(n)* p*
Atrofia!
g!0!
g!1!
g!2!
g!3!
!
128!(86,5%)!
19!(12,8%)!
1!(0,7%)!
0!(0%)!
!
144!(97,2%)!
2!(1,4%)!
1!(0,7%)!
1!(0,7%)!
0,008*
Inflamação!crónica!
g!0!
g!1!
g!2!
g!3!
!
0!(0%)!
101!(68,2%)!
47!(31,8%)!
0!(0%)!
!
15!(10,1%)!
120!(81,1%)!
11!(7,4%)!
2!(1,4%)!
<0,0001*
Atividade!neutrofílica!
g!0!
g!1!
g!2!
g!3!
!
3!(2,1%)!
60!(40,5%)!
65!(43,9%)!
20!(13,5%)!
!
28!(18,9%)!
83!(56,1%)!
31!(20,9%)!
6!(4,1%)!
<0,0001*
Metaplasia!intestinal!
g!0!
g!1!
g!2!
g!3!
!
126!(85,1%)!
18!(12,1%)!
3!(2,1%)!
1!(0,7%)!
!
141!(95,2%)!
5!(3,4%)!
1!(0,7%)!
1!(0,7%)!
0,005*
Densidade!de!colonização!por!H.$pylori!
g!0!
g!1!
g!2!
g!3!
!
2!(1,4%)!
106!(71,6%)!
30!(20,3%)!
10!(6,7%)!
!
1!(0,7%)!
111!(75%)!
28!(18,9%)!
8!(5,4%)!
0,571!
!
Os!indivíduos!mais!idosos!(≥!50!anos)!apresentaram!níveis!mais!elevados!
de! atividade! neutrofílica! no! corpo! (OR=2,68;! IC! 95%! 1,24g5,79)! e! antro!
(OR=2,98;!95%;!IC!1,39g6,38),!atrofia!no!antro!(OR=5,13;! IC!95%!1,89g13,94)!e!
estadios!OLGA!(níveis!I!a!III:!≥50!anos!–!31,9%!vs.!<50!anos!–!6,9%;!p=0,001).!A!
residência! em! localização! urbana! esteve! associada! a! níveis! mais! elevados! de!
inflamação! crónica! no! antro! (OR=3,04;! IC! 95%!1,48g6,22).! Não! se! observaram!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 243!
correlações!significativas!das!alterações!histopatológicas!com!o!sexo,!história!de!
tentativa!prévia!de!erradicação!de!H.$pylori!e!consumo!de!álcool!ou!tabaco.!
!
4.4.4.2)'Genótipo'de'Helicobacter+pylori'!
! O!perfil!de!genótipos!obtido!através!da! técnica!de!PCR!está!expresso!na!
Tabela!16.!Vinte!e!quatro!dos!28!isolados!(85,7%)!com!genótipo!vacA!s1m1!eram!
também! cagA! positivo! sendo! esta! relação! estatisticamente! significativa!
(OR=25,30;! IC! 95%! 7,99g80,07).! O! fenómeno! inverso! verificougse! com! o!
mosaicismo! vacA! s2m2! e! o! status! cagA! positivo! (OR=0,06;! IC! 95%! 0,02g0,15).!
Treze! das! 18! estirpes! (72,2%)! com! babA2! eram! também! cagA! positivas!
(OR=7,34;!IC!95%!2,44g22,12).!!
Tabela 16 – Distribuição dos genótipos de Helicobacter pylori nos 148 isolados
Genótipo* n*(%)*cagA*positivo* 47!(31,8%)!
cagE*positivo* 68!(45,9%)!
vacA*s* !
g!vacA!s1! 66!(44,6%)!
• vacA!s1a! • 36!(24,3%)!
• vacA!s1b! • 29!(19,6%)!
• vacA!s1c! • 1!(0,7%)!
g!vacA!s2! 82!(55,4%)!
vacA*m* !
g!vacA!m1! 31!(20,9%)!
g!vacA!m2! 117!(79,1%)!
vacA*s+m* !
g!vacA!s1m1! 28!(18,9%)!
g!vacA!s1m2! 38!(25,7%)!
g!vacA!s2m1! 3!(2%)!
g!vacA!s2m2! 79!(53,4%)!
iceA+ !
g!iceA1! 50!(33,8%)!
g!iceA2! 98!(66,2%)!
babA2+ 18!(12,2%)!
!
Contributos Pessoais
!244!
4.4.4.3)' Correlação' do' genótipo' com' as' manifestações' clínicas,' alterações'
histopatológicas'e'fatores'epidemiológicos'
!
! A! relação! dos! genótipos! específicos! com! as! manifestações! clínicas! e! a!
erradicação!de!H.$pylori!é!apresentada!na!Tabela!17.!
! Identificámos!uma!correlação!do!sexo!masculino!com!o!genótipo!vacA!m1!
(OR=3,23;!IC!95%!1,39g7,14)!e!vacA!s1m1!(OR=3,33;!IC!95%!1,39g7,69).!
! A! associação! dos! genótipos! com! as! alterações! histopatológicas! é!
apresentada!nas!Tabelas!18!e!19.!A!distribuição!de!acordo!com!os!sistemas!de!
estadiamento!OLGA! e! OLGIM! é! apresentada! na! Tabela! 20.! No! caso! do! sistema!
OLGA!não!estavam!presentes!doentes!no!estadio! IV!e!o!mesmo!sucedeu!para!o!
estadio! III!do!OLGIM!pelo!que!essas! categorias! foram!suprimidas!da! tabela.!Os!
valores!para!o!vacA!m2!e! iceA2!são!o! inverso!dos!observados!com!o!vacA!m1!e!
iceA1! pelo! que! também! foram! removidos!das! tabelas.!O!mesmo! sucedeu! como!
vacA!s1c!pois!só!se!identificou!um!isolado!com!este!subtipo!s1.!
! A! combinação!de!genótipos!cagA! positivo!+!vacA! s1m1! foi!mais! comum!
nos! doentes! com! úlcera! péptica! (OR=6,56;! IC! 95%! 1,91g22,55),! níveis! mais!
elevados!de!atividade!neutrofílica!no!corpo!(OR=3,96;!IC!95%!1,59g9,86)!e!antro!
(OR=4,54;!IC!95%!1,47g14,05).!
! Já!a!combinação!cagA!positivo!+!vacA!s1m1!+!babA2!positivo!ocorreu!em!
7! casos! (4,7%)! e! também! foi! mais! frequente! nos! doentes! com! úlcera! péptica!
(OR=11,00;! IC!95%!2,13g56,83).! Esteve! associada! com!níveis!mais! elevados!de!
densidade! de! colonização! por!H.$ pylori! no! corpo! gástrico! (OR=22,20;! IC! 95%!
2,57g191,55)!e!no!antro!(OR=7,57;!IC!95%!1,41g40,78).!
! Na!análise!de!regressão!logística,!incluindo!fatores!epidemiológicos!como!
variáveis! de! confundimento,! foi! possível! identificar! as! seguintes! associações:!
presença!de!metaplasia! intestinal!no!antro!com!o!cagA! (OR=3,76;!IC!95%!1,26g
11,24);! níveis! mais! elevados! de! atividade! neutrofílica! no! antro! com! o! cagA!
(OR=2,58;!IC!95%!1,12g5,95);!níveis!mais!significativos!de!inflamação!crónica!no!
corpo! com! o! cagA! (OR=4,61;! IC! 95%! 1,37g15,63);! maiores! densidades! de!
colonização!por!H.$pylori!no!corpo!e!babA2!(OR=7,46;!IC!95%!2,15g26,32).!
! !
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 245!
!
! !
Contributos Pessoais
!246!
!
! !
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 247!
!
!
Contributos Pessoais
!248!
Tabela 20 – Relação dos genótipos bacterianos com a classificação OLGA e OLGIM
! OLGA! p! OLGIM! p!
! ! n! 0! I! II! III! ! 0! I! II! IV! !
cagA$$ +* 47! 83! 10,6! 4,3! 2,1!NS!
68,1! 21,3! 8,5! 2,1!0.001*
r* 101! 86,1! 13,9! 0! 0! 88,1! 11,9! 0! 0!
cagE$$ +* 68! 85,3! 14,7! 0! 0!NS!
83,8! 12,5! 2,5! 1,2!NS!
r* 80! 85,1! 11,2! 2,5! 1,2! 79,4! 17,6! 3! 0!
vacA!s1a! +* 36! 86,1! 11,1! 2,8! 0!NS!
72,3! 19,4! 8,3! 0!NS!r* 112! 84,8! 13,4! 0,9! 0,9! 84,8! 13,4! 0,9! 0,9!
vacA!s1b! +* 29! 75,9! 17,3! 3,4! 3,4!NS!
75,9! 17,3! 3,4! 3,4!NS!r* 119! 87,4! 11,8! 0,8! 0! 83,2! 14,3! 2,5! 0!
vacA!s2! +* 82! 87,8! 12,2! 0! 0!NS!
87,8! 12,2! 0! 0!NS!r* 66! 81,8! 13,6! 3,1! 1,5! 74,2! 18,2! 6,1! 1,5!
vacA!m1! +* 31! 87,1! 9,7! 3,2! 0!NS!
77,4! 19,4! 3,2! 0!NS!r* 115! 84,6! 13,6! 0,9! 0,9! 82,8! 13,7! 2,6! 0,9!
vacA!s1m1! +* 28! 85,7! 10,7! 3,6! 0!NS!
75! 21,4! 3,6! 0!NS!r* 120! 85,1! 13,3! 0,8! 0,8! 83,3! 13,4! 2,5! 0,8!
vacA!s1m2! +* 38! 79! 15,8! 2,6! 2,6!NS!
73,7! 15,8! 7,9! 2,6!NS!r* 110! 87,3! 11,8! 0,9! 0! 84,5! 14,5! 1! 0!
vacA!s2m1! +* 3! 100! 0! 0! 0!NS!
100! 0! 0! 0!NS!r* 145! 84,8! 13,1! 1,4! 0,7! 81,4! 15,2! 2,8! 0,7!
vacA!s2m2! +* 79! 87,3! 12,7! 0! 0!NS!
87,3! 12,7! 0! 0!NS!r* 69! 82,6! 13! 2,9! 1,4! 75,4! 17,4! 5,8! 1,4!
iceA1$ +* 50! 80! 14! 4! 2!NS!
82! 12! 4! 2!NS!r* 98! 87,8! 12,2! 0! 0! 81,6! 16,3! 2! 0!
babA2$ +* 18! 83,3! 11,1! 5,6! 0!NS!
72,2! 16,7! 11,1! 0!NS!r* 130! 85,4! 13,1! 0,8! 0,8! 83,1! 14,6! 1,5! 0,8!
OLGA – Operative Link for Gastritis Assessment; OLGIM – Operative Link for Intestinal Metaplasia Assessment
4.4.5)'Discussão'
!
! Embora!o!H$pylori!infete!aproximadamente!50%!da!população!mundial!só!
uma!minoria!acaba!por!desenvolver!manifestações!clínicas!associadas!com!esta!
infeção.! A! excecional! diversidade! genética! desta! bactéria! e! a! sua! variabilidade!
intragespécies!contribuem!para!esta!discrepância!951.!!
Há!uma!grande!heterogeneidade!geográfica!na!distribuição!dos!genótipos!
de! H.$ pylori! 494,! 922.! Os! doentes! infetados! com! estirpes! mais! virulentas! têm!
maiores! probabilidades! de! desenvolver! complicações! 41.! Deste!modo,! devemos!
interpretar! cuidadosamente! as! conclusões! relativamente! à! correlação! dos!
genótipos!de!H.$pylori$com!as!diferentes!manifestações!clínicas!em!estudos!com!
origem! numa! única! região! geográfica,! pois! as! associações! identificadas! podem!
não! ser! reprodutíveis! se! aplicadas! em! locais! diferentes! do! original! 921.! É!
importante! estabelecer,! em! cada! região,! quais! os! genótipos!mais!prevalentes! e!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 249!
confirmar! se! há! alguma! relação! entre! os! supostos! genes! de! virulência! e! os!
marcadores! histológicos! de! severidade.! Em! áreas! de! elevada! prevalência! de!
infeção! por! H.$ pylori! esta! informação! pode! ajudar! a! predizer! se! há! um! risco!
aumentado!de!adenocarcinoma!gástrico.!
Até! onde! pudemos! averiguar,! o! presente! estudo! representa! a!
caracterização! mais! extensa! e! exaustiva! de! isolados! de! H.$ pylori! e! das!
modificações! histológicas! gástricas! associadas,! obtida! a! partir! de! indivíduos!
residentes!na!região!Centro!de!Portugal.!Os!doentes!incluídos!neste!projeto!são!
relativamente! jovens!mas,! mesmo! assim,! foi! possível! comprovar! que! a! atrofia!
glandular,! a! atividade! neutrofílica! e! os! estadios! OLGA! são! significativamente!
mais! elevados! nos! indivíduos! com! idade! mais! avançada.! A! infeção! ocorre!
geralmente! durante! a! infância! e! o! desenvolvimento! de! manifestações!
histopatológicas! mais! severas,! tais! como! a! metaplasia! intestinal! e! a! atrofia!
glandular,! está! correlacionado! com! o! tempo! decorrido! desde! esse!momento! e,!
como!tal,!com!a!idade!dos!doentes!952,!953.!Um!estudo!realizado!na!região!Norte!de!
Portugal!também!revelou!que!os!doentes!com!gastrite!atrófica!tinham!uma!idade!
mais!avançada!do!que!os!doentes!sem!atrofia!41.!
É! de! salientar! que! os! níveis! de! metaplasia! intestinal,! atrofia! glandular,!
atividade! neutrofílica! e! inflamação! crónica! são! mais! elevados! no! antro!
comparativamente!ao!corpo,!confirmando!que!a!infeção!por!H.$pylori!nos!doentes!
incluídos!neste!protocolo! induz!alterações!histológicas!mais!relevantes!naquele!
segmento!gástrico.!Tendo!em!linha!de!conta!a!classificação!de!gastrite!crónica!é!
possível!verificar!que!o!padrão!de!gastrite!crónica!não!atrófica!predominante!no!
antro!é!a!forma!mais!comum!na!nossa!coorte!de!doentes!428.!Ora,!este!padrão!é!
precisamente!o!que!está!associado!a!um!risco!diminuto!de!adenocarcinoma!do!
estômago!distal!428,!954.!
Um!dos! fatores! de! virulência!mais! importantes! é! o! gene! cagA,! que! está!
presente!em!60!a!70%!das!estirpes!nos!países!ocidentais!e!em!mais!de!90%!das!
estirpes! isoladas!nos!países! orientais.499,!955,!956.!No!presente! estudo!o! genótipo!
cagA,!embora!determinado!por!PCR!em!tempo!real!com!recurso!a!dois!conjuntos!
de! primers,! foi! identificado! em! apenas! 31,8%! dos! isolados.! Este! valor! é!
consideravelmente! inferior! ao! previamente! publicado! para! o! nosso! país,!
podendo! existir! várias! explicações! para! esta! discrepância! 41,! 319.! Em! primeiro!
Contributos Pessoais
!250!
lugar,!o!gene!cagA!é!mais!comum!nas!estirpes!de!H.$pylori!associadas!com!úlcera!
péptica!ou!carcinoma!gástrico.!Na!presente!amostra!65,5%!dos!doentes!tinham!
dispepsia!não!ulcerosa,!só!8,1%!apresentavam!úlcera!péptica!e!não!foi! incluído!
um!único!caso!de!adenocarcinoma.!Van!Doorn!et$al.! também!identificaram!uma!
prevalência! de! estirpes! cagA! positivas! de! 35,7%! no! Egito,! onde! a!maioria! dos!
isolados!estudados!foram!obtidos!a!partir!de!doentes!com!dispepsia!não!ulcerosa!
494.! Outra! explicação! possível! é! que! ocorre! uma! heterogeneidade! nacional! e!
regional! na! distribuição! dos! genótipos! de! H.$ pylori! e,! na! região! Centro! de!
Portugal,!as!estirpes!cagA!negativas!podem!ser!mais!comuns.!Alguns!autores! já!
afirmaram!que!existem!populações!bacterianas!específicas!a!nível!regional,!com!
atributos!particulares,! o! que! torna!difícil! estabelecer!marcadores!de! virulência!
universais!957.!Um!trabalho!recente,!que!incidiu!sobre!uma!região!espanhola!com!
elevada! taxa! de! incidência! e!mortalidade! por! carcinoma! gástrico,! revelou! uma!
baixa!prevalência!de!estirpes!cagA!positivas!(47,7%!dos!doentes! infetados)! 449.!
Outro!estudo!recente,!também!originário!de!um!país!Mediterrânico,!demonstrou!
igualmente! uma! baixa! prevalência! de! estirpes! cagA! positivas! (42,3%)! 455.!
Finalmente,! num! estudo! Jordano! apenas! 26,9%!dos! isolados! de!H.$pylori! eram!
cagA! positivos! 958.! Contudo,! embora! relativamente! raro! no! grupo! de! doentes!
estudados,! este! genótipo! cagA! positivo! manteve! uma! relação! estatisticamente!
significativa!com!o!vacA!s1m1,!em!consonância!com!o!previamente!demonstrado!
por!vários!autores!449,!452,!455,!480.!!
Embora!o!gene!cagA!só!tenha!sido!identificado!em!31,8%!dos!isolados!o!
cag$PAI! foi!mais! frequente!pois!o!cagE! estava!presente!em!45,9%!das!estirpes.!
Um!estudo!recente,!realizado!no!Brasil,!também!reportou!uma!maior!prevalência!
do! cagE! comparativamente! ao! cagA! 957.! A! microevolução! de! H.$ pylori! pode!
determinar! a! perda! de! todo! ou! parte! do! cag$ PAI! 951.! Estudos! Japoneses! e!
Franceses!demonstraram!que!o!cagE!é!um!marcador!mais!adequado!da!presença!
do!cag$PAI!que!o!cagA!959,!960.!Nós!não!realizámos!a!deteção!do!marcador!cag$PAIg
empty$site!e!esta!é!uma!limitação!do!nosso!trabalho.!É!importante!salientar!que!
um!artigo! recentemente!publicado!confirmou!que,! em!crianças!portuguesas,! as!
estirpes!de!H.$pylori! obtidas!a!partir!de! indivíduos! com!dispepsia!não!ulcerosa!
apresentam! uma! baixa! prevalência! do! cag$PAI! (16,7%),! comparativamente! ao!
que!sucede!em!doentes!com!úlcera!péptica!(75,4%)!961.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 251!
Nas!populações!ocidentais!(Europa!e!América!do!Norte)!o!gene!cagA!tem!
sido!associado!a!doença!mais!severa!como!atrofia!da!mucosa!gástrica,!metaplasia!
intestinal!e!carcinoma!gástrico!42,!472,!480,!962.!Face!aos!resultados!atuais!pensamos!
que!o!mesmo!se!aplica!à! região!Centro!de!Portugal!pois!o! status!cagA! positivo!
esteve! independentemente! associado! à! presença! de! metaplasia! intestinal! no!
antro,! níveis! mais! elevados! de! atividade! neutrofílica! no! antro! e! inflamação!
crónica! no! corpo! assim! como! estadios! OLGIM! mais! avançados.! Assim,! este!
genótipo,!embora!raro!no!centro!do!país,! foi!o!que!esteve!mais!frequentemente!
relacionado!com!as!características!histopatológicas!de!maior!severidade.!!
O!gene!cagE!também!pertence!ao!complexo!cag$PAI!e!tem!sido!associado!
com!um!curso! clínico!mais! severo! 499.! Conforme!previamente! citado,!na! região!
Centro! de! Portugal! o! gene! cagE! é! mais! prevalente! que! o! cagA! mas! não! se!
evidenciou! qualquer! relação! do! mesmo! com! a! apresentação! clínica! ou! a!
histologia!gástrica.!Na!nossa!população!este!marcador!do!cag$PAI,!embora!mais!
frequente,! é! claramente!menos! patogénico! que! o! cagA.! Proença!Modena! et$ al.!
também!não! identificaram!qualquer! correlação! do! cagE! com! as! consequências!
clínicas!da!infeção!por!H.$pylori!957.!
Existem!claras!diferenças!geográficas!na!distribuição!dos!subtipos!s!e!m!
do!gene!vacA!455,!494.!O!genótipo!vacA!s1m1!é!o!mais!comum!na!América,!Europa!
e! Extremo! Oriente! 470,! 494,! 956,! 963,! 964.! O! genótipo! vacA! s2m2! é! aparentemente!
menos!comum!e!outro!estudo!realizado!em!Portugal,!no!âmbito!de!um!programa!
de! rastreio,! revelou!uma!prevalência!de!29,7%!para!esta! combinação!de!alelos!
(42,9%! se! fossem! excluídos! os! casos! com! múltiplos! genótipos! de! vacA).! A!
prevalência!de!vacA!s2m2!identificada!na!nossa!amostra!populacional!é!uma!das!
mais! elevadas! entre! os! estudos! publicados! sobre! este! tema! 494.! Este! facto! era!
expectável,! tendo! em! linha! de! conta! o! claro! predomínio! das! estirpes! cagA!
negativas!e!a!associação!deste!perfil!genético!com!o!vacA!s2!e!o!vacA!m2!494.!Isto!
reflete! a! presença! de! estirpes!menos! virulentas! na! região! Centro! de! Portugal.!
Não!podemos!esquecergnos,!contudo,!que!o!nosso!estudo!incluiu!poucos!casos!de!
doentes! com! úlcera! péptica! e! nenhum! com! carcinoma! gástrico.! Assim,! não! é!
possível! excluir! em! absoluto! que! tivesse! ocorrido! um! viés! de! seleção! e! esta! é!
assumida! como!uma! limitação!do!nosso! trabalho.!Mesmo!assim,! é! interessante!
verificar!que!Boukhris!et$al.! identificaram!uma!elevada!prevalência! (59,2%)!de!
Contributos Pessoais
!252!
genótipo!vacA! s2m2!em!145! isolados!obtidos!em!Marrocos,! com!associação!de!
um! único! alelo! s! e! um! único! alelo! m! 455.! O! mesmo! ocorreu! noutro! estudo!
publicado! no! nosso! país! vizinho,! Espanha,! com! o! genótipo! vacA! s2m2!
assumindogse!como!o!perfil!genético!dominante!449.!
O!mosaicismo!vacA!s2m1!foi!detetado!em!apenas!3!doentes,!confirmando!
que!este!genótipo!é!muito!raro!480,!492,!494.!Van!Doorn!et$al.!estabeleceram!que!o!
alelo!s1b!é!a!forma!dominante!na!Península!Ibérica!39,!494,!965.!Ora,!pelo!contrário,!
o!presente!projeto!de!investigação!demonstra!que!o!alelo!s2!seguido!do!s1a,!são!
os!mais!comuns!na!região!Centro!de!Portugal.!
É!conhecido!que!as!estirpes!vacA!s1m1!originam!níveis!mais!elevados!de!
inflamação! da! mucosa! gástrica! e! que! ambas! as! estirpes! vacA! s1m1! e! s1m2!
podem!estar!associadas!com!manifestações!clínicas!mas,!os!doentes!com!cancro!
gástrico!estão!geralmente!infetados!por!H.$pylori!com!genótipo!vacA!s1m1!41,!42,!
480,! 955,! 965,! 966.! No! trabalho! presentemente! apresentado! não! se! observaram!
correlações!dos!genótipos!vacA!com!alterações!da!histologia!gástrica.!Os!últimos!
dados! publicados! sobre! a! epidemiologia! do! carcinoma! gástrico! em! Portugal!
revelam!uma!taxa!de!incidência!na!região!Centro!inferior!à!observada!no!Norte!e!
no!Sul!22.!A!predominância!de!estirpes!menos!virulentas!de!H.$pylori!nesta!região!
do!país!poderia,!pelo!menos!parcialmente,!explicar!estas!diferenças.!Contudo,!o!
número!relativamente!pequeno!de!isolados!s1m1!e!s1m2!assim!como!a!ausência!
de! doentes! com! carcinoma! gástrico! na! amostra! estudada! não! nos! permite!
suportar!esta!afirmação.!Só!um!estudo!epidemiológico!mais!abrangente,!de!base!
populacional,!poderia!clarificar!estas!dúvidas.!
Nós! identificámos! um! isolado! com! o! subtipo! s1c.! Esta! variante! alélica!
ocorre! essencialmente!na!Ásia!Oriental!mas! também! já! foram!descritos! outros!
casos!no!ocidente!499,!962,!963,!967.!
O! alelo!m1! foi! raramente! observado,! comparativamente! ao!m2.! Isto! é! o!
oposto! do! previamente! estabelecido! para! a! Península! Ibérica! mas! resultados!
similares! aos! nossos! foram! recentemente! publicados! por! González! et$ al.! para!
uma!região!espanhola!específica!449,!494.!
A! variante! alélica! iceA1! pode! estar! associada! ao! desenvolvimento! de!
úlcera! péptica,! pois! as! estirpes! com! este! genótipo! produzem! níveis! mais!
elevados!da! citocina!próginflamatória! ILg8! 499,!968.!No!nosso! trabalho,! o! subtipo!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 253!
iceA2!foi!o!dominante,!tal!como!habitualmente!observado!no!ocidente!499,!922,!924,!
949.!A!relação!do!iceA!com!a!histopatologia!gástrica!e!as!manifestações!clínicas!é!
também!muito!diferente!de!estudo!para!estudo!39,!922,!950.!No!presente!projeto!de!
investigação! não! identificámos! qualquer! associação! específica! dos! alelos! iceA!
com! o! fenótipo! clínico! ou! histológico.! Outro! estudo,! envolvendo! doentes!
recrutados!na! região!Norte!do!país,! também!não!demonstrou!qualquer! relação!
das! variantes! alélicas! do! iceA! com! as!manifestações! clínicas! da! infeção! por!H.$
pylori!39.!
O! gene! babA2! parece! apresentar! uma! forte! associação! com! o! cagA! e! o!
vacA!s1!em!algumas!populações!448.!A!prevalência!das!estirpes!babA2!positivas!é!
muito!heterogénea!e!pode!alcançar!os!92,3%!499,!924,!950.!Este!genótipo!pode!estar!
associado!a!um!incremento!do!risco!de!úlcera!péptica!e!adenocarcinoma!gástrico!
mas! isto! é! controverso! 499.! No! nosso! estudo! identificámos! uma! prevalência!
reduzida!do!gene!babA2!,!o!qual!estava!associado!com!densidades!de!colonização!
mais! elevadas! a! nível! do! corpo! gástrico.! Para! confirmar! a! presença! efetiva! do!
babA! alguns! autores! recomendam! o! immunoblot! assim! como! a! utilização! de!
diversos!pares!de!primers!na!técnica!de!PCR,!devido!à!probabilidade!de!existirem!
variações!na!sequência!de!nucleótidos!969,!970.!
As! estirpes! com! vacA! s1m1! assim! como! as! combinações! de! genótipos!
cagA! positivo! +! vacA! s1m1! e! cagA! positivo! +! vacA! s1m1! +! babA2! estiveram!
associados! com! a! presença! de! úlcera! péptica.! Esta! associação! está! em!
concordância! com!o! observado!noutros! estudos! 40,!452,!963.! Isto! é! explicado!pela!
elevada! virulência! e! subsequente! lesão! da! mucosa! determinada! por! estas!
estirpes.! Pelo! contrário! as! estirpes! vacA! s2m2,! menos! virulentas,! são! mais!
frequentes!em!doentes!assintomáticos,!apresentando!apenas!anemia! ferripriva.!
Tradicionalmente,!estas!estirpes!menos!agressivas!são!mais!comuns!nos!doentes!
com!dispepsia!funcional!embora!alguns!estudos!tenham!mostrado!precisamente!
o!inverso!971,!972.!No!nosso!trabalho!também!não!confirmámos!esta!associação.!
Uma! das! principais! limitações! do! nosso! trabalho! reside! no! facto! de!
termos! estudado! um! número! muito! reduzido! de! genes.! As! informações! mais!
recentes! permitem! estimar! o! genoma! do!H.$ pylori! em! aproximadamente! 1,62!
megabases,! consistindo! em! 1590! fases! de! leitura! aberta! codificando! 1532!
proteínas! 59.! Provavelmente,! num! futuro! próximo! e! com! a! crescente!
Contributos Pessoais
!254!
disponibilidade! da! sequenciação! de! nova! geração,! será! possível! estudar!
múltiplos!genomas!completos!de!várias!estirpes!de!H.$pylori!e!iremos!identificar!
ou!correlacionar!outros!genes!e!respetivas!proteínas!como!determinantes!major!
no!desenvolvimento!de!manifestações!clínicas!específicas!da!infeção!por!H.$pylori,!
assim!como!nas!modificações!histológicas!condicionadas!por!esta!bactéria.!
Outra!crítica!negativa!que!pode!ser!feita!ao!nosso!trabalho!diz!respeito!ao!
número! diminuto! de! doentes! que! apresentavam! certas! modificações!
histopatológicas!específicas,!como!é!o!caso!da!atrofia!glandular!do!corpo,!assim!
como!determinadas!manifestações!clínicas.!Na!nossa!série!só!foram!incluídos!12!
doentes! com! úlcera! péptica! e! nenhum! com! carcinoma! gástrico.! Curiosamente,!
até! foram! incluídos! vários! indivíduos! propostos! para! erradicação! de!H.$ pylori!
porque! tinham! antecedentes! de! familiares! de! primeiro! grau! com! carcinoma!
gástrico.!É! importante!relembrar!que!o!nosso!hospital!é!um!centro!terciário!de!
referência! mas! ficou! definido! que! só! seriam! incluídos! doentes! que! fossem!
acompanhados! no! ambulatório.! Obviamente! que! os! casos! com! úlcera! péptica!
complicada! ou! carcinomas! gástricos! foram! hospitalizados,! para! que! os!
respetivos! tratamentos! ! pudessem! ser! aplicados.! Apenas! um! estudo! de! base!
populacional,!com!seleção!aleatória,!poderia!resolver!este!problema.!
Os! fatores! genéticos! no! hospedeiro! também! apresentam! grande!
relevância!nas!implicações!clínicas!da!infeção!por!H.$pylori.!A!sua!não!integração!
neste! protocolo,! em! simultâneo! com! o! estudo! dos! fatores! de! virulência!
bacterianos,!constitui!um!importante!condicionante!negativo!desta!avaliação.!
! O! H.$ pylori! induz! gastrite! crónica! em! praticamente! todos! os! doentes!
infetados! 449,!953.! Contudo,! a! gastrite! e! as! lesões!prégneoplásicas! como!a! atrofia!
glandular!e!a!metaplasia!intestinal!também!ocorrem!em!indivíduos!sem!infeção!
por! este!bacilo.!A!presente! série!de!doentes!não! envolveu! controlos!negativos,!
sem! evidência! de! H.$ pylori,! de! modo! que! não! é! possível! estabelecer! a! real!
correlação! destas! modificações! histológicas! gástricas! com! a! simples! presença!
deste!microrganismo.!
! Finalmente,! a! maioria! dos! autores! que! se! dedicaram! ao! estudo! desta!
problemática! optam! por! incluir! todos! os! indivíduos,! mesmo! os! que! estão!
infetados!por!múltiplas!estirpes!de!H.$pylori,! com!diferentes!genótipos.!Estudos!
prévios!em!Portugal!revelaram!uma!elevada!prevalência!de!doentes!com!infeção!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 255!
simultânea!por!diferentes!estirpes.!39,!41,!923.!Contudo,!quando!procuram!avaliar!a!
associação!dos!genótipos!de!H.$pylori!com!as!modificações!histológicas!gástricas!
os!autores!acabam!por!excluir!este!último!grupo!de!indivíduos.!Na!nossa!opinião!
esta! estratégia! é! confusa! e! pode! dificultar! a! interpretação! dos! resultados! pelo!
que!optámos,!ab$initio,!por!considerar!apenas!doentes!com!um!único!isolado!de!
H.$pylori.!
!
4.4.6)'Conclusões'
!
Os! indivíduos! infetados! por! estirpes! de! H.$ pylori! cagA! positivas!
apresentam! níveis! mais! elevados! de! metaplasia! intestinal! e! inflamação! da!
mucosa!gástrica,!confirmando!a!maior!virulência!que!este!genótipo!condiciona!e,!
possivelmente,! o! pior! prognóstico! a! ele! associado.! A! variante! alélica! iceA2! é! a!
forma!predominante!deste!gene!na!região!Centro!de!Portugal!mas!não!apresenta!
qualquer! correlação! com! um! fenótipo! específico.! O! gene! babA2! é! raro! e! está!
associado!com!maior!densidade!de!colonização!de!H.$pylori!no!corpo!gástrico.!
Os! doentes! com! úlcera! péptica! estão! frequentemente! infetados! por!
estirpes!de!H.$pylori!com!o!mosaicismo!vacA!s1m1!ou!a!combinação!de!genótipos!
cagA!positivo!+!vacA!s1m1!e!cagA!positivo!+!vacA!s1m1!+!babA2.!
Na! região! Centro! de! Portugal! há! um! predomínio! de! estirpes! menos!
virulentas!embora!mantendo!a!correlação!habitual!com!a!histopatologia!gástrica.!
Isto!implica!uma!baixa!prevalência!de!atrofia!gástrica!e/ou!metaplasia!intestinal!
e,! hipoteticamente,! de! adenocarcinoma.! Os! nossos! resultados,! quando!
comparados!com!os!previamente!publicados,!de!outras!regiões,!demonstram!que,!
no! mesmo! país,! o! genótipo! de! H.$ pylori! pode! apresentar! uma! acentuada!
variabilidade!regional.!!
!
!
Contributos Pessoais
!256!
4.5)' Correlação' do' genótipo' NOD2' com' a' infeção' por' Helicobacter+pylori'num'país'do'sul'da'Europa'
!“Correlation of NOD2 genotypes with Helicobacter pylori infection in a South-European country.” Almeida N,
Fernandes A, Freire P, Donato MM, Romãozinho JM, Luxo C, Cardoso O, Cipriano MA, Marinho C, Casela A,
Alves R, Cardoso R, Sofia C. (ANEXO 8)
Artigo submetido para publicação na revista Digestive Diseases and Sciences. Factor de Impacto: 2,26.
!
4.5.1)'Resumo'
4.5.1.1)'Introdução'
!
! O! resultado! da! infeção! por!H.$pylori! depende! da! interação! de!múltiplas!
variáveis,!incluindo!os!fatores!genéticos!do!hospedeiro.!
!
4.5.1.2)'Objetivos'
!
! Este! estudo! tem! por! objetivo! investigar! se! as! mutações! do! gene!NOD2!
aumentam!o!risco!de! infeção!por!H.$pylori,! e!se!as!mesmas!apresentam!alguma!
relação!com!o!genótipo!bacteriano!e!as!modificações!histopatológicas!gástricas.!
!
4.5.1.3)'Doentes'e'métodos'
!
! Este!estudo!prospetivo!envolveu!86!doentes!(sexo!feminino!–!54;!média!
etária! –! 48,7! ±! 13,6! anos)! com! UBT! positivo! e! um! grupo! controlo! de! 266!
indivíduos! com! distribuição! equiparável! para! o! sexo! e! idade,! 64! dos! quais!
tinham! realizado! recentemente! um! UBT,! o! qual! foi! negativo.! Cinquenta! e! um!
doentes!com!UBT!positivo!foram!submetidos!a!EDA!com!biopsias!gástricas.!O!H.$
pylori! foi! isolado! e! os! genótipos! determinados! por! PCR.! As! características!
histopatológicas!gástricas!foram!definidas!segundo!a!classificação!modificada!de!
Sydney.! As! três! principais! mutações! do! gene! NOD2! (L1007fsinsC,! R702W! e!
G908R)!foram!pesquisadas!em!todos!os!casos!e!controlos.!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 257!
4.5.1.4)'Resultados'
!
! No! global! foram! identificadas! mutações! no! gene! NOD2! em! 14! doentes!
(16,3%)! e! em! 31! controlos! (11,7%)! (p=0,264).! Não! se! observaram! diferenças!
estatisticamente! significativas! entre! os! dois! grupos! no! que! diz! respeito! às!
frequências! genotípicas!para! o!L1007fsinsC! (1,2%!vs.! 0,8%),!R702W! (11,6%!vs.!
7,6%)!e!G908R!(5,8%!vs.!3,4%).!Identificougse!uma!associação!positiva!entre!os!
polimorfismos!do!NOD2!e!a!úlcera!péptica!mas!apenas!na!análise!univariada.!Não!
ocorreram! correlações! com! outras! variáveis! clínicas,! padrões! histológicos!
gástricos!e!genótipos!de!H.$pylori.!
!
4.5.1.5)'Conclusões'
!
! As! mutações! do! gene! NOD2! não! estão! associadas! com! aumento! da!
prevalência!da!infeção!por!H.$pylori!ou!alterações!histopatológicas!gástricas!mais!
severas!induzidas!por!esta!bactéria.!Contudo,!estes!polimorfismos!do!hospedeiro!
poderão! influenciar! as! manifestações! clínicas! associadas! à! infeção! por! este!
microrganismo.!!
!
4.5.2)'Introdução'
!
! A!infeção!por!H.$pylori!ocorre!em!50%!da!população!mundial!e!84,2%!dos!
adultos! portugueses! 1,! 4,! 26.! Está! associada! com! gastrite,! doença! ulcerosa!
gastroduodenal,!carcinoma!e!linfoma!MALT!gástrico!769.!Contudo,!uma!vez!que!a!
gravidade! das! manifestações! clínicas! é! influenciada! por! múltiplas! variáveis,!
incluindo! a! diversidade! genética! do! hospedeiro,! os! fatores! ambientais! e! a!
heterogeneidade!genética!de!H.$pylori,!apenas!10!a!20%!dos!indivíduos!infetados!
acabam!por!desenvolver!doença!associada!a!esta!mesma!infeção!948.!
! Diversos! genes! de!H.$pylori! como! o! cagA,! cagE,! vacA,! iceA,! e!babA2! têm!
sido!identificados!como!marcadores!de!patogenicidade!bacteriana!aumentada.!A!
variabilidade! genética! do! sistema! imune! na! mucosa! do! hospedeiro! também!
influencia!o! curso! clínico!da! infeção!por!H.$pylori! 117,!142.!Os!polimorfismos!que!
condicionam!a! regulação!das! respostas! inflamatórias!ou!o! reconhecimento!dos!
Contributos Pessoais
!258!
antigénios!bacterianos! têm!representado!um!alvo!da! investigação!científica,!no!
campo! da! inflamação! crónica! e! da! tumorigénese.! Algumas! metaganálises,! por!
exemplo,! já! confirmaram! o! risco! aumentado! de! carcinoma! gástrico! em!
portadores!de!polimorfismos!ILA1βA511!e!IL1ARN*2!143g145.!
A! bactéria! H.$ pylori! desencadeia! inflamação! através! dos! PRRs! que!
identificam! PAMPs! 49,! 139.! O! gene! NOD2! codifica! um! PRR,! o! qual! reconhece!
produtos! bacterianos! e,! subsequentemente,! ativa! a! resposta! imune.! Este! gene,!
também!denominado!CARD15$(Caspase$Recruitment$Domain),!pode!ter!um!papel!
importante! na! infeção! por! H.$ pylori! e! no! carcinoma! gástrico! 46,! 49,! 142,! 544.! A!
presença!de!polimorfismos!deste!gene!tem!sido!associada!a!um!aumento!do!risco!
de! carcinomas! gastrointestinais,! embora! um! estudo! recente,! com! base! na!
população! em! geral! e! envolvendo! um! número! significativo! de! indivíduos,! não!
tenha! confirmado! esta! correlação! 49,! 50.! Outro! estudo! detetou! mesmo! uma!
associação!negativa!entre!estes!polimorfismos!e!o!risco!de!carcinoma!gástrico!51.!
Em!Portugal!as!taxas!de!incidência!e!mortalidade!do!carcinoma!gástrico,!
padronizadas! por! idade,! são! ainda! das! mais! elevadas! na! Europa! 277.! O! nosso!
grupo!de!trabalho!já!demonstrou!que!a!variante!L1007fsinsC!é!um!fator!de!risco!
para! o! carcinoma! gástrico! do! tipo! intestinal! neste! país! do! sul! da! Europa! 46.!
Contudo,! neste! trabalho! não! foi! possível! avaliar! a! potencial! associação! entre! a!
infeção!por!H.$pylori!e!os!padrões!do!gene!NOD2.!
Com!o!presente!protocolo!de! investigação!pretendeugse!esclarecer!se!as!
variantes!genéticas!do!NOD2!podem!representar!um!fator!de!risco!para!a!infeção!
por! H.$ pylori! e! se,! nos! indivíduos! infetados,! essas! mesmas! variantes! podem!
influenciar!as!manifestações!clínicas,!as!modificações!histopatológicas!gástricas!
ou!se!têm!alguma!correlação!com!os!genótipos!bacterianos.!
!
4.5.3)'Doentes'e'métodos'
4.5.3.1)'Doentes'
!
! Neste! estudo! casogcontrolo,! de! índole! prospetiva,! foram! considerados!
para! inclusão! todos! os! indivíduos! submetidos! recentemente! a! UBT.! Os! que!
apresentavam!um!UBT!positivo!foram!considerados!os!casos!padrão!(Grupo!A).!
Foi!depois!incluído!um!grupo!controlo,!emparelhado!para!a!idade!e!sexo!(Grupo!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 259!
B).!Este!consistiu!em!202!dadores!de!sangue!voluntários,!saudáveis,!sem!história!
de! neoplasias! (Subgrupo! B1)! e! 64! doentes! dispépticos! com! UBT! recente,!
negativo! (Subgrupo! B2).! Alguns! indivíduos! do! grupo! A! tinham! indicação! para!
realizar! EDA! e,! nestas! circunstâncias,! foram! colhidas! biopsias! gástricas! para!
classificação! histopatológica,! isolamento! de!H.$pylori,! genotipagem! e! estudo! de!
suscetibilidade!aos!antibióticos.!
! Os! critérios! de! exclusão! foram:! idade! <18! anos;! história! de! doença!
inflamatória!intestinal;!gravidez!ou!amamentação;!mulheres!em!idade!fértil!sem!
método! contraceptivo! eficaz;! história! de! alergia/hipersensibilidade! a! qualquer!
antibiótico! ou! IBP;! antecedentes! de! carcinoma! gástrico! e/ou! cirurgia! gástrica;!
toma! de! anticoagulantes;! trombocitopenia! severa;! doença! sistémica! grave!
(hepática,! cardiorrespiratória! ou! renal;! diabetes! mellitus! não! controlada;!
doenças!malignas!ativas;!coagulopatias).!
! Nos!doentes!submetidos!a!EDA!foram!colhidos!dados!clínicos!adicionais,!
incluindo! sintomatologia,! diagnóstico! endoscópico,! idade,! sexo,! consumo! de!
álcool/tabaco!e!história!de!infeções!frequentes.!
!
4.5.3.2)'Determinação'do'genótipo'NOD2'!
! Extraiugse! o!DNA! genómico!da! amostra! sanguínea! através! de! um!kit! de!
extração! (QIAamp®! Mini! Kit,! QIAGEN,! Izasa! Portugal,! Carnaxide,! Portugal).! A!
genotipagem! por! PCR! em! tempo! real! para! os! três! SNP,! L1007fsinsC! (SNP13),!
R702W! (SNP8)! e!G908R! (SNP12),! foi! realizada! para! todos! os! participantes.! Os!
primers!e!a!metodologia!foram!já!descritos!previamente!46,!928.!Para!simplificar!a!
análise!estatística!optougse!por!combinar!os!três!polimorfismos!em!dois!grupos:!
não!portadores!para!as!três!variantes;!heterozigoto!ou!homozigoto!para!uma!ou!
mais!das!três!variantes.!
!
4.5.3.3)'Isolamento'de'Helicobacter+pylori,'determinação'das'CMI'e'genotipagem'
!
! As! biopsias! gástricas! obtidas! durante! a! EDA! foram! enviadas! para! o!
Laboratório! de! Microbiologia.! A! metodologia! de! transporte,! isolamento! de! H.$
pylori! e! determinação! das! CMI! para! a! claritromicina,! metronidazol! e!
Contributos Pessoais
!260!
levofloxacina! foram! efetuadas! de! acordo! com! um! protocolo! previamente!
estabelecido!e!já!publicado!937.!Foi!extraído!DNA!a!partir!de!uma!cultura!pura!de!
H.$ pylori! com! um! kit! de! extração! (QIAamp®! DNA! Mini! Kits,! QIAGEN,! Izasa!
Portugal,! Carnaxide,! Portugal),! seguindo! as! instruções! do! fabricante.! Os!
genótipos!cagA,!vacA,!iceA,!e!babA2!foram!determinados!por!PCR!em!tempo!real!
utilizando!primers!selecionados!de!outros!trabalhos!já!publicados!492,!920g924.!!
!
4.5.3.4)'Estudo'histológico'gástrico'
!
Outras! biopsias! gástricas,! para! estudo! histológico,! foram! colocadas! em!
frascos! independentes! contendo! formol! tamponado! a! 10%.! Após! a! adequada!
fixação! procedeugse! à! sua! secção! e! desparafinação,! permitindo! a! coloração! do!
material!histológico!com!hematoxilinageosina,!Giemsa!modificado!e/ou!Warthing
Starry.! As! alterações! histológicas! foram! descritas! de! acordo! com! os! critérios!
modificados! de! Sydney! 406.! Dois! anatomopatologistas! que! desconheciam! o!
resultado! da! genotipagem! fizeram! a! revisão! independente! das! lâminas,!
avaliando! os! seguintes! parâmetros:! densidade! de! colonização! por! H.$ pylori;!
inflamação! crónica! (infiltração! por! mononucleares);! atividade! de!
polimorfonucleares/inflamação! aguda! (atividade! neutrofílica);! metaplasia!
intestinal! e! atrofia! glandular.! Para! cada! um! destes! aspetos! histológicos! foi!
atribuído! um! valor! numérico,! seguindo! uma! escala! ordinal:! 0! –! ausente;! 1! –!
ligeiro;! 2! –! moderado;! 3! –! severo.! Quando! ocorreram! discrepâncias! de!
interpretação!as! lâminas! foram!revistas!por!ambos!os!anatomopatologistas!e!a!
classificação! final! foi! estabelecida!por! consenso.!Por!motivos!práticos!optougse!
por!apresentar!a!atrofia!glandular!e!a!metaplasia!intestinal!em!dois!grupos!(0!–!
ausente;! 1! a! 3! –! presente)! e! a! atividade! neutrofílica,! inflamação! crónica! e!
densidade! de! colonização! por! H.$ pylori! igualmente! em! dois! grupos! (0! +! 1! –!
ausente!ou!ligeiro;!2!+!3!–!moderado!ou!severo).!
$
4.5.3.5)'Análise'estatística'
!
! As! variáveis! categóricas! foram! apresentadas! com! os! seus! valores!
absolutos! e! relativos! e! as! variáveis! quantitativas! sob! a! forma! de! média! e!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 261!
respetivo! desvio! padrão.! As! diferenças! entre! os! casos! e! os! controlos! foram!
determinadas!com!o!teste!exato!de!Fisher!e!o!teste!de!ManngWhitney.!
! A!concordância!das!frequências!dos!genótipos!com!o!equilíbrio!de!Hardyg
Weinberg!foi!avaliada!com!o!teste!do!χ2!929.!!
Nos!casos!submetidos!a!EDA!as!relações!entre!as!variantes!do!NOD2!e!a!
apresentação!clínica,!consumo!de!álcool/tabaco,! local!de!residência,!história!de!
infeções! frequentes,! idade,! IMC,! genótipos! de! H.$ pylori,! resistência! aos!
antibióticos! e! classificação! da! gastrite! (presença! de! atividade! neutrofílica,!
inflamação! crónica,! densidade! de! colonização,! atrofia! e! metaplasia! intestinal)!
foram! determinadas! com! recurso! ao! teste! exato! de! Fisher! e! o! teste! de!Manng
Whitney.! Foi! também! realizada! uma! análise! multivariada,! com! regressão!
logística! binária,! considerando! o! estatuto!NOD2! como! variável! dependente.! Os!
dados!foram!analisados!com!recurso!ao!software!SPSS!versão!20.0!(IBM,!Illinois,!
United!States).!
!
4.5.3.6)'Considerações'éticas'
!
! Este!estudo!foi!aprovado!pela!comissão!de!ética!da!Faculdade!de!Medicina!
da! Universidade! de! Coimbra.! Foi! realizado! de! acordo! com! os! princípios! da!
Declaração! de! Helsínquia,! da! Conferência! Internacional! de! Harmonização! das!
Guidelines!de!Boas!Práticas!Médicas!e!toda!a!legislação!em!vigor!no!momento!do!
recrutamento! dos! doentes.! Estes! providenciaram! o! seu! consentimento!
informado!escrito,!obtido!após!explicação!detalhada!de!todo!o!protocolo.!
!
4.5.4)'Resultados'
!
! No!global!foram!incluídos!86!doentes!(sexo!feminino!–!54;!média!etária!–!
48,7!±!13,6!anos)!no!grupo!A!e!266!controlos!no!grupo!B!(subgrupo!B1!–!202;!
subgrupo! B2! –! 64).! Foram! identificadas! uma! ou! mais! mutações!NOD2! em! 14!
casos! (16,3%)!e!31!controlos! (11,7%)!(p=0,264).!A!comparação!dos!casos!com!
cada! um! dos! subgrupos! de! controlos! revelou! uma! tendência! para! maior!
frequência! de! mutações! de! NOD2! no! grupo! A! (16,3%)! comparativamente! ao!
Contributos Pessoais
!262!
subgrupo! B2! (6,3%),! de! indivíduos! dispépticos! sem! infeção! por! H.$ pylori.!
Contudo,!esta!diferença!não!assumiu!significado!estatístico!(p=0,062).!!
As! frequências! genotípicas! para! L1007fsinsC,! R702W! e! G908R! são!
apresentados! na! Tabela! 21.! Não! se! observaram! diferenças! significativas! entre!
grupos!e!subgrupos.!
!Tabela 21 – Frequência das mutações NOD2 para todos os grupos/subgrupos!
! ! Grupo*A*n=86*
Grupo*B*n=266*
Subgrupo*B1*n=202*
Subgrupo*B2*n=64*
NOD2$ Portadores! 16,3%! 11,7%! 13,4%! 6,3%!
L1007fsinsC$Heterozigotos! 1,2%! 0,8%! 1%! 0%!
Homozigotos! 0%! 0%! 0%! 0%!
R702W$Heterozigotos! 5,8%! 5,3%! 5,9%! 3,1%!
Homozigotos! 5,8%! 2,3%! 2,5%! 1,6%!
G908R$Heterozigotos! 5,8%! 3,4%! 4%! 1,6%!
Homozigotos! 0%! 0%! 0%! 0%!
!
! A! distribuição! dos! haplótipos! para! o! L1007fsinsC! e! o! G908R! estava! em!
equilíbrio!de!HardygWeinberg,! independentemente!da! análise! ser! efetuada!nos!
casos!e!nos!controlos!separadamente!ou!considerados!no!geral.!Em!contraste,!o!
elevado! número! de! portadores! homozigotos! para! o! R702W! resultou! numa!
violação!do!equilíbrio!de!HardygWeinberg!para!esta!mutação.!
! Cinquenta!e!um!elementos!do!grupo!A!(sexo!feminino!–!33;!média!etária!–!
45! ±! 12! anos)! foram! submetidos! a! EDA! com! biopsias! gástricas.! Estes! doentes!
apresentavam! uma! ou! mais! das! seguintes! indicações! para! erradicação! de! H.$
pylori:!dispepsia!não!ulcerosa!–!68,6%;!necessidade!de!terapêutica!crónica!com!
IBPs! –! 27,5%;! familiares! de! primeiro! grau! com! carcinoma! gástrico! –! 17,6%;!
úlcera! péptica! –! 13,7%;! anemia! ferripriva! –! 9,8%.! Os! isolados! de! H.$ pylori!
apresentavam!os!seguintes!genótipos:!cagA!–!37,3%;!vacA! s1m1!–!19,6%;!vacA!
s1m2!–!33,3%;!vacA!s2m2g!47,1%;!iceA1!–!37,3%;!babA2!–!11,8%.!!
A!determinação!das!CMI!revelou!resistência!de!H.$pylori!à!claritromicina!
em!23!estirpes!(45,1%),!ao!metronidazol!em!15!(29,4%)!e!à!levofloxacina!em!19!
(37,3%).! Apenas! 7! doentes! (13,7%)! tinham! uma! ou! mais! mutações! NOD2!
(L1007fsinsC! –!1;!R702W! –!5;!G908R! –!2).!As! correlações!destas!mutações! com!
variáveis!clínicas,!as!modificações!histopatológicas!e!o!genótipo!de!H.$pylori!são!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 263!
apresentadas!nas!Tabelas!22,!23!e!24.!Num!caso!não! foi!possível!determinar!a!
presença/ausência!de!atrofia!glandular!no!antro.!
!Tabela 22 – Relação das mutações NOD2 com as características clínicas e epidemiológicas nos
doentes infetados por H. pylori!
* R702W/G908R/L1007fsinsC+ ** Portadores*
n*(%)*WT*n*
p*OR*(IC*95%)*
Sexo* ! ! !g!Feminino!(n=33)! 2!(6,1%)! 31! 0,082!g!Masculino!(n=18)! 5!(27,8%)! 13! !
Idade*(anos)* 46,1!±!12,7! 44,9!±!12! 0,809!Tratamentos*prévios* ! ! !g!Sim!(n=12)! 2!(16,7%)! 10! 0,662!g!Não!(n=39)! 5!(12,8%)! 34! !Nível*de*educação* ! ! !g!Nível!1!(n=16)! 2!(12,5%)! 14! 1!g!Nível!2!(n=35)! 5!(14,3%)! 30! !Local*de*Residência* ! ! !g!Rural!(n=25)! 2!(8%)! 23! 0,419!g!Urbano!(n=26)! 5!(19,2%)! 21! !Dispepsia*não*ulcerosa* ! ! !g!Sim!(n=35)! 2!(5,7%)! 33! 0,025!
0,13!(0,02g0,79)!g!Não!(n=16)! 5!(31,3%)! 11!Úlcera*péptica* ! ! !g!Sim!(n=7)! 3!(42,9%)! 4! 0,045!
7,50!(1,22g46,10)!g!Não!(n=44)! 4!(9,1%)! 40!DRGE/Terapêutica*crónica*IBP* ! ! !g!Sim!(n=14)! 2!(14,3%)! 12! 1!g!Não!(n=37)! 5!(13,5%)! 32! !Anemia*ferripriva* ! ! !g!Sim!(n=5)! 1!(20%)! 4!! 0,538!g!Não!(n=46)! 6!(13,3%)! 40! !Familiares* de* 1º* grau* com*carcinoma*gástrico*
! ! !
g!Sim!(n=9)! 0!(0%)! 9! 0,328!g!Não!(n=42)! 7!(16,7%)! 35! !
IMC*(Kg/m2)! 25,2!±!2,3! 24,6!±!4,1! 0,692!Tabagismo* ! ! !g!Sim!(n=8)! 2!(25%)! 6! 0,300!g!Não!(n=43)! 5!(11,6%)! 38! !Álcool* ! ! !g!Sim!(n=10)! 3!(30%)! 7! 0,126!g!Não!(n=41)! 4!(9,8%)! 37! !História*de*infeções*frequentes* ! ! !g!Sim!(n=12)! 1!(8,3%)! 11! 1!g!Não!(n=39)! 6!(15,4%)! 33! !
DRGE – Doença de Refluxo Gastroesofágico; IBP – Inibidores da Bomba de Protões; WT – Wild Type; Nível 1 – analfabeto ou ensino primário; Nível 2 – ensino secundário ou universitário; OR – Odds Ratio (apresentado apenas para as variáveis com significado estatístico)!
!
Contributos Pessoais
!264!
Considerando!cada!uma!das!mutações!individualmente!verificougse!que!a!
R702W! era! menos! comum! nos! doentes! com! dispepsia! não! ulcerosa!
comparativamente!aos!restantes!(2,9%!vs.!25%;!OR=0,09!IC!95%!0,01g0,87).!Na!
análise! de! regressão! logística! nenhuma! variável! mostrou! estar!
independentemente!associada!aos!polimorfismos!do!gene!NOD2.!
!Tabela 23 – Relação das mutações NOD2 com as modificações histopatológicas nos doentes
infetados por Helicobacter pylori!
* R702W/G908R/L1007fsinsC+ ** Portadores*
n*(%)*WT*n*
p*OR*(IC*95%)*
Atrofia*(corpo)* ! ! !g!Presente!(n=2)! 0!(0%)! 2! 1!g!Ausente!(n=49)! 7!(14,3%)! 42! !Atrofia*(antro)* ! ! !g!Presente!(n=8)! 0!(0%)! 8! 0,580!g!Ausente!(n=42)! 7!(16,7%)! 35! !Metaplasia*Intestinal*(corpo)* ! ! !g!Presente!(n=5)! 1!(20%)! 4! 0,538!g!Ausente!(n=46)! 6!(13%)! 40! !Metaplasia*intestinal*(antro)* ! ! !g!Presente!(n=7)! 1!(14,3%)! 6! 1!g!Ausente!(n=44)! 6!(13,6%)! 38! !Inflamação*crónica*(corpo)* ! ! !g!0/1!(n=48)! 6!(12,5%)! 42! 0,364!
!g!2/3!(n=3)! 1!(33,3%)! 2!Inflamação*crónica*(antro)* ! ! !g!0/1!(n=34)! 6!(17,6%)! 28! 0,401!
*g!2/3!(n=17)! 1!(5,9%)! 16!Atividade*neutrofílica*(corpo)* ! ! !g!0/1!(n=35)! 5!(14,3%)! 30! 1!g!2/3!(n=16)! 2!(12,5%)! 14! !Atividade*neutrofílica*(antro)* ! ! !g!0/1!(n=17)! 2!(11,8%)! 15! 1!g!2/3!(n=34)! 5!(14,7%)! 29! !Densidade*de*colonização*(corpo)* ! ! !g!0/1!(n=40)! 4!(10%)! 36! 0,162!g!2/3!(n=11)! 3!(27,3%)! 8! !Densidade*de*colonização*(antro)* ! ! !g!0/1!(n=34)! 4!(11,8%)! 30! 0,673!g!2/3!(n=17)! 3!(17,6%)! 14! !
WT – Wild Type; OR – Odds Ratio (apresentado apenas para as variáveis com significado estatístico) !
!
!
!
!
!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 265!
Tabela 24 – Relação das mutações NOD2 com o genótipo de Helicobacter pylori e a respetiva
suscetibilidade aos antibióticos
! R702W/G908R/L1007fsinsC* *! Portadores*
n*(%)*WT*n*
p*OR*(IC*95%)*
cagA+ ! ! !g!Presente!(n=19)! 4!(21,1%)! 15! 0,402!g!Ausente!(n=32)! 3!(9,4%)! 29! !vacA*s1m1* ! ! !g!Presente!(n=10)! 2!(20%)! 8! 0,612!g!Ausente!(n=41)! 5!(12,2%)! 36! !vacA*s1m2* ! ! !g!Presente!(n=17)! 2!(11,8%)! 15! 1!g!Ausente!(n=34)! 5!(14,7%)! 29! !vacA*s2m2* ! ! !g!Presente!(n=24)! 3!(12,5%)! 21! 1!g!Ausente!(n=27)! 4!(14,8%)! 23! !iceA1+ ! ! !g!Presente!(n=19)! 5!(26,3%)! 14! 0,087!
!g!Ausente!(n=32)! 2!(6,3%)! 30!babA2+ ! ! !g!Presente!(n=6)! 2!(33,3%)! 4! 0,186!
*g!Ausente!(n=45)! 5!(11,1%)! 40!Claritromicina* ! ! !g!Sensível!(n=28)! 5!(17,9%)! 23! 0,436!g!Resistente!(n=23)! 2!(8,7%)! 21! !Metronidazol* ! ! !g!Sensível!(n=36)! 5!(13,9%)! 31! 1!g!Resistente!(n=15)! 2!(13,3%)! 13! !Levofloxacina* ! ! !g!Sensível!(n=32)! 5!(15,6%)! 27! 0,699!g!Resistente!(n=19)! 2!(10,5%)! 17! !
WT – Wild Type; OR – Odds Ratio (apresentado apenas para as variáveis com significado estatístico)!!
4.5.5)'Discussão'
!
! A!infeção!por!H.$pylori!está!presente!em!aproximadamente!50%!de!todos!
os!humanos!mas!apenas!uma!pequena!minoria!desenvolve!manifestações.!Esta!
bactéria! é! considerada! um! agente! carcinogénico! do! tipo! 1! para! o! carcinoma!
gástrico.! Contudo,! o! desenvolvimento! desta! neoplasia! depende! da! interação!
entre!os!fatores!de!virulência!de!H.$pylori!e!a!resposta!imune!do!hospedeiro!143.!
Desta! forma,! os! fatores! genéticos! também! podem! desempenhar! um! papel!
fundamental,! alterando! a! resposta! inflamatória! a! esta! infeção! e! contribuindo!
assim!para!a!eventual!transformação!maligna!da!mucosa.!
! O! sistema! imune! inato! inclui! diversas! classes! de! PRRs,! os! quais! são!
recetores!que!detetam!motivos!bacterianos!altamente!conservados,! conhecidos!
Contributos Pessoais
!266!
como!PAMPs!139.!O!H.$pylori!desencadeia!inflamação!através!da!ativação!de!PRRs!
conduzindo! à! rápida! produção! de! uma! grande! variedade! de! citocinas! próg
inflamatórias,!com!profundo!impacto!nas!respostas!imunes!inata!e!adaptativa.!O!
NOD2! é! um! PRR! citosólico! que! ativa! fatores! de! transcrição! como! o! NFgκB! e! o!
STAT1,! entre! outros! 49.! Assim,! tratagse! de! um! regulador! chave! de! condições!
inflamatórias!crónicas!973.!A!alteração!da!função!deste!recetor!poderá!conduzir!a!
um! excesso! de! atividade! do! NFgκB! levando! à! sequência! inflamaçãogdisplasiag
carcinoma!139,!542,!543.!Teoricamente,!as!mutações!NOD2!poderiam!comprometer!a!
capacidade! da! proteína! NOD2! para! se! ligar! aos! polissacarídeos! bacterianos,!
condicionando!um!aumento!da!atividade!do!NFgκB!e! assim,!uma! resposta!próg
inflamatória! hiperativa! 974.! Isto! também! pode! ocorrer! com! a! resposta!
inflamatória! crónica! dependente! de! H.$ pylori,! determinando! um! aumento! do!
risco!de!carcinoma!gástrico.!Os!resultados!são,!contudo,!divergentes!e!uma!das!
principais! limitações! da!maioria! dos! estudos! sobre! a! relação! das!mutações! de!
NOD2!com!as!neoplasias!gástricas!foi!precisamente!a!ausência!de!dados!relativos!
à!infeção!por!H.$pylori!46,!139,!975.!Rosenstiel!et$al.!já!demonstraram!que!ocorre!um!
aumento!da!expressão!de!NOD2!no!epitélio!gástrico!de!indivíduos!infetados!por!
H.$pylori!e!que,!a!deteção!desta!mesma!bactéria!é!mediada!pelo!NOD2$e!conduz!à!
ativação!da!via!do!NFgκB!142.!O!aumento!da!atividade!do!NFgκB!correlacionagse!
com! o! grau! de! alterações! histológicas! da! mucosa! gástrica! associadas! com! a!
infeção!por!H.$pylori! 544,!976.!Uma!variante! genética!determinando!uma! redução!
da!capacidade!das!proteínas!NOD!em!reconhecer!o!H.$pylori!poderia!conduzir!a!
uma!redução!da!resposta!imune!epitelial!142,!977.!A!falência!da!barreira!primária!
iria! então! ativar! uma! resposta! inflamatória! inadequadamente! prolongada! e,!
subsequentemente,!um!pior!prognóstico!da!infeção!por!H.$pylori!142.!
! Os! ratinhos! deficientes! em! NOD1,! o! qual! partilha! as! principais!
características! estruturais! com! o! NOD2,! apresentam! um! aumento! da!
suscetibilidade! à! infeção! por!H.$ pylori! 47.! A! nossa! investigação! não! identificou!
uma!associação!dos!polimorfismos!de!NOD2!que! foram!estudados!e!a!presença!
de! H.$ pylori,! sugerindo! que! estes! padrões! genéticos! do! hospedeiro! não!
aumentam!o!risco!de!infeção.!Contudo,!quando!agrupámos!os!três!polimorfismos,!
foi!possível!detetar!uma!diferença!entre!os!doentes!com!infeção!comprovada!por!
UBT!e!o!subgrupo!de!controlos!sem!infeção!documentada,!igualmente!por!UBT.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 267!
Esta! diferença! não! assumiu! significado! estatístico! mas! seria! necessário! uma!
amostra!consideravelmente!superior!para!clarificar!esta!discrepância.!
! Hnatyszyn!et$al.!identificaram!uma!associação!relevante!do!polimorfismo!
c.802C>T!com!modificações!histopatológicas!mais!severas,! incluindo!metaplasia!
intestinal! e! displasia! gástrica! 544.! Os! nossos! resultados! não! corroboram! estes!
dados!mas! é! importante! salientar! que! nós! estudámos! outros! polimorfismos,! o!
número! de! indivíduos! incluídos! foi! inferior! e! não! tínhamos! casos! de! displasia!
gástrica.!Rosenstiel!et$al.!também!não!observaram!correlações!das!mutações!do!
gene!NOD2!com!a!gastrite!crónica!induzida!por!H.$pylori!mas,!estes!autores!não!
consideraram!modificações!histopatológicas!específicas!142.!Num!outro!trabalho!
também! não! se! identificou! uma! associação! significativa! do! genótipo! NOD1!
796G/G! com! a! gastrite! atrófica! 545.! Um! grande! estudo! prospetivo! oriundo! do!
Japão! comprovou! que! o! risco! de! desenvolvimento! de! carcinoma! gástrico!
aumenta! significativamente! com! certos! achados! histopatológicos! específicos,!
incluindo! a! metaplasia! intestinal,! atrofia! severa,! pangastrite! e! gastrite!
predominante!no!corpo!288.!Um!estudo!italiano!identificou!uma!associação!entre!
os!SNP!G908R!e!L1007finsC!e!esta!última!forma!de!gastrite,!embora!este!estudo!
apresentasse! algumas! limitações! pois! a! caracterização! histológica! do! grupo!
controlo!não! estava!disponível.!No!nosso! trabalho!não! foi! possível! avaliar! esta!
questão!concreta!uma!vez!que!só!três!doentes!tinham!gastrite!predominante!no!
corpo! (dados! não! apresentados! nos! resultados).! Assim,! a! correlação! dos!
polimorfismos! L1007fsinsC,! R702W! e! G908R! do! NOD2! com! modificações!
histopatológicas! específicas! é! ainda! controversa.! Na! nossa! opinião,! só! estudos!
prospetivos! de! grande! dimensão,! multicêntricos,! envolvendo! indivíduos!
infetados! e! não! infetados,! todos! eles! submetidos! a! biopsias! gástricas! com!
caracterização!histológica,!poderia!resolver!esta!dúvida.!
! A! análise! de! regressão! logística! não! identificou! qualquer! associação!
independente! entre!os! SNP!do!NOD2! e! as! variáveis! clínicas/epidemiológicas,! o!
genótipo!de!H.$pylori!e!as!alterações!histológicas!gástricas.!Contudo,!uma!vez!que!
as! frequências! para! os! vários! SNP! foram! baixas,! o! poder! estatístico! calculado!
para! as! análises! efetuadas! é! demasiado! reduzido! para! podermos! assumir!
resultados! conclusivos! 975.! Na! análise! univariada! as! mutações! do! gene! NOD2!
apresentaram! uma! associação! positiva! com! a! presença! de! úlcera! péptica! mas!
Contributos Pessoais
!268!
observougse! uma! associação! negativa! com! a! dispepsia! não! ulcerosa,!
especialmente!para!a!variante!R702W.!Isto!parece!confirmar!o!papel!dos!SNP!do!
NOD2!na! inflamação!gástrica!e!duodenal.!Trabalhos!prévios!sugeriram!que,!em!
certas!populações,! o! estado!de!homozigotia!AA!para! o!polimorfismo!E266K! do!
gene!NOD1! aumentava! o! risco! de! úlcera! péptica! nos! doentes! infetados! por!H.$
pylori! e! que,! noutras! populações,! os! portadores! do! alelo! A! para! o! mesmo!
polimorfismo!tinham!maior!risco!de!ocorrência!de!metaplasia!intestinal,!atrofia!
glandular!e!falência!de!erradicação!de!H.$pylori!546,!547.!Contudo,!Rosenstiel!et$al.!
revelaram! que! nem! o! NOD1! nem! o! NOD2! tinham! uma! associação! com! o!
desenvolvimento!de!úlcera!gástrica!em!doentes!com!infeção!crónica!por!H.$pylori!142.!
! Há! várias! limitações! potenciais! para! a! nossa! investigação:! em! primeiro!
lugar!o!número!de!indivíduos!estudados!é!pequeno;!em!segundo!lugar,!tal!como!
o! NOD2! está! associado! com! a! modulação! da! resposta! imune,! também! não! é!
possível!excluir!que!outros!fatores!genéticos!envolvidos!na!mesma!ou!implicados!
no!controlo!da!resposta!inflamatória!possam!contribuir!para!o!risco!de!doença!e!
de! modificações! histopatológicas! gástricas;! em! terceiro! lugar,! a! maioria! dos!
nossos!doentes!infetados!apresentava!dispepsia!não!ulcerosa!e!a!nossa!amostra!
não!incluía!casos!de!carcinoma!gástrico!ou!displasia.!!
!
4.5.6)'Conclusões'
!
! As! mutações! do! gene! NOD2! não! estão! associadas! a! um! aumento! da!
prevalência!da!infeção!por!H.$pylori.!Do!mesmo!modo,!também!não!influenciam!a!
severidade! das! modificações! histopatológicas! gástricas! relacionadas! com! este!
microrganismo.! Contudo,! os! nossos! resultados! sugerem! uma! potencial!
associação!das!modificações!genéticas!do!hospedeiro!com!manifestações!clínicas!
mais!severas,!tais!como!a!úlcera!péptica.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 269!
4.6)'Contributos'adicionais'
4.6.1)'Sequenciação'do'gene'gyrA'
4.6.1.1)'Resultados'
!
! Foi!realizada!sequenciação!completa!do!gene!gyrA!e!respetiva!translação!
para!os!aminoácidos!correspondentes!em!10!isolados!com!resistência! in$vitro!à!
levofloxacina,! mas! para! os! quais! a! metodologia! de! PCR! em! tempo! real! foi!
inconclusiva!ou!não!revelou!a!presença!de!mutações.!
Os! resultados! obtidos! são! apresentados! na! Tabela! 25.! Em! 3! casos! os!
resultados!da!sequenciação!foram!inconclusivos,!pois!surgiram!duplos!picos!no!
cromatograma! o! que! pode! sugerir! a! presença! de! diferentes! estirpes! em!
simultâneo.!
!Tabela 25 – Resultados da sequenciação da Quinolone Resistance Determining Region, do gene
gyrA!
! CMI*(mg/L)* PCRrRT* Sequenciação* Mutação*
Estirpe!30! 32! WT! Inconclusiva! ??!
Estirpe!62! 12! WT! inconclusiva! ??!
Estirpe!63! 32! WT! WT! Não!
Estirpe!71! 32! WT! Resistente! D91G!
Estirpe!95! 32! Inconclusiva! Inconclusiva! ??!
Estirpe!103! 2! WT! WT! Não!
Estirpe!155! 32! Inconclusiva! Resistente! N87I!
Estirpe!159! 32! Inconclusiva! Resistente! N87I!
Estirpe!189! 32! WT! Resistente! D91G!
Estirpe!191! 32! WT! WT! Não!
CMI – Concentração Mínima Inibitória; PCR-RT – Real Time Polymerase Chain Reaction; WT – Wild Type!!
4.6.1.2)'Discussão'
!
Conforme!já!tinha!sido!afirmado!previamente,!a!resistência!de!H.$pylori!às!
fluoroquinolonas! resulta! principalmente! de! mutações! na! QDRD! do! gene! gyrA,!
presentes! em!80!a!100%!das! estirpes! resistentes$652,!764,!814g816.!Os! codões!mais!
Contributos Pessoais
!270!
afetados! são! os! que! codificam! os! aminoácidos! das! posições! 87! e! 91,! embora!
também!tenham!sido!descritas!mutações!noutras!posições.!
Após! aplicação! da! técnica! de! PCRgRT! em! amostras! obtidas! de! culturas!
puras! de!H.$pylori! foi! possível! identificar!mutações! associadas! a! este! perfil! de!
resistência!em!50!das!61!estirpes!(82%)!que!apresentavam!resistência! in$vitro.!
Em! 8! casos! não! foram! identificadas!mutações,! apenas! as! variantes!WT,! o! que!
significa!que!86,2%!das!estirpes!para!as!quais!estavam!disponíveis!os!resultados!
da! PCRgRT! apresentavam! mutações! que! conferiam! resistência! às!
fluoroquinolonas.! O! objetivo! foi! então! realizar! a! sequenciação! da! QRDR,! que!
corresponde! aos! aminoácidos! 71! a! 110! da! GyrA,! nas! 11! estirpes! com!
discrepâncias! 815.! Por! motivos! técnicos! não! foi! possível! utilizar! o! DNA! de! um!
isolado.!!
Em! três! casos! a! sequenciação! foi! inconclusiva,! aparentemente! pela!
presença! de! duas! populações! distintas! e/ou! contaminação! do! DNA.! Em! duas!
amostras!houve!concordância!com!o!resultado!prévio!da!PCRgRT!confirmando!a!
inexistência! de! mutações! na! QRDR! do! gene! gyrA.! Em! dois! casos! em! que! a!
primeira! técnica! tinha! sido! inconclusiva! identificaramgse!mutações! na! posição!
87!e!outras!duas!amostras!com!genótipo!WT!na!PCRgRT!apresentavam!mutações!
na!posição!91,!correspondendo!a!falsos!negativos!da!primeira!técnica.!
No! global! e! considerando! todos! os! resultados! disponíveis,! verificamos!
que! as! mutações! do! gene! gyrA! foram! responsáveis! pela! resistência! in$ vitro! à!
levofloxacina! em!54! dos! 57! isolados! com! estudo! completo! (94,7%).!Os! nossos!
resultados!estão!assim!em!concordância!com!os!previamente!publicados!652,!764,!
814g816.!
Contudo,! mesmo! assim! identificámos! 3! estirpes! para! as! quais! não!
estavam!presentes!mutações!do!gene!gyrA.!Num!destes!casos!a!CMI!era!baixa!(2!
mg/L),!o!que!poderia!fazer!suspeitar!de!um!falso!positivo!dos!testes!fenotípicos.!
Não!obstante,!os!procedimentos!de!confirmação!realizados!do!modo!descrito!na!
metodologia!confirmaram!este!valor!de!CMI.!Adicionalmente,!o!limiar!de!1!mg/L!
para!a!resistência!à!levofloxacina!é!utilizado!na!generalidade!dos!trabalhos!sobre!
este!tema,!estando!descritas!na!literatura!estirpes!resistentes!com!uma!CMI!de!2!
mg/L! e! mutações! características! no! gene! gyrA! 776,! 978.! Assim,! é! perfeitamente!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 271!
legítimo! assumir! que! este! nosso! isolado! é! realmente! resistente! às!
fluoroquinolonas.!
Deste!modo,!há!3!isolados!para!os!quais!não!se!identificaram!mecanismos!
de!resistência!à!levofloxacina.!Obviamente!que!poderíamos!pensar!na!existência!
de! mutações! no! gene! gyrB! ou! de! bombas! de! efluxo,! mas! ambos! têm! sido!
contestados!no!âmbito!da! resistência!de!H.$pylori! às! fluoroquinolonas! 818,!979.!A!
inexistência!dos!genes!que!habitualmente!codificam!as!bombas!de!efluxo!parece!
suportar! a! impossibilidade! das! mesmas! poderem! desempenhar! um! papel!
relevante!na!resistência!de!H.$pylori!a!este!grupo!de!antibióticos!980,!981.!
!
4.6.2)'Sequenciação'do'gene'rdxA'!
A!deteção!de!mecanismos!moleculares!responsáveis!pela!resistência!de!H.$
pylori!aos!nitroimidazóis!temgse!revelado!problemática.!Conforme!já!foi!referido,!
a! estratégia! preferencial! será! a! sequenciação!dos! isolados,! após! realização!dos!
antibiogramas,!e!posterior!comparação!com!o!DNA!de!estirpes!já!sequenciadas!e!
com!perfil!de!suscetibilidade!in$vitro!bem!definido,!como!a!ATCC!26695!e!a!J99,!
que! são! sensíveis! ao! metronidazol,! ou! a! 69A! que! é! resistente! 820,! 839.! A!
identificação! da! própria! proteína! RdxA! e! de! eventuais! modificações! das! suas!
dimensões,! nomeadamente! por! immunobloting,! também! poderá! ajudar! a!
identificar!estirpes!resistentes!aos!nitroimidazóis!617,!820.!
Investigações! prévias! demonstraram! que! transições! de! nucleótidos!
únicos,! introduzindo! mutações! frameshit,! missense! e! nonsense,! estas! últimas!
determinando!o!aparecimento!de!codões!stop,!assim!como!deleções!e!inserções!
de!DNA!de!maiores!dimensões,!podem!destruir!ou!alterar!o!codão!de!leitura!do!
rdxA.!Estes!mecanismos!podem!assim!contribuir!para!a!ocorrência!de!resistência!
de!H.$pylori!ao!metronidazol!819,!820,!836,!982,!983.!
!
4.6.2.1)'Resultados'
!
! Nesta!fase!do!estudo!foi!possível!sequenciar,!até!ao!momento,!o!gene!rdxA!
de! 60! isolados,! dos! quais! 24! (40%)! tinham! resistência! documentada! ao!
metronidazol.!
Contributos Pessoais
!272!
! Identificaramgse!alterações!de!nucleótidos!em!138!posições!distintas,!com!
presença! de! diversas! mutações! frameshift,! missense! e! nonsense.! Na! avaliação!
preliminar! foi! efetuada! uma! comparação! base! a! base,! verificandogse! uma!
prevalência!mais!elevada!das!mutações!G>A!na!posição!392,!A>G!na!posição!459!
e!C>T!na!posição!548.!Os!resultados!estão!resumidos!na!tabela!26.!
!Tabela 26 – Resultados da sequenciação do gene rdxA!
Nucleótido* Resultado* Resistente*vs.*Sensível* p* OR*(IC*95%)*
392! Arginina!→!Lisina! 50%!vs.!19,4%! 0,013! 4,15!(1,31g13,16)!
459! Stop! 16,7%!vs.!0%! 0,022! 1,21$(1,00A1,44)$
548! Alanina!→!Valina! 29,2%!vs.!8,3%! 0,034! 4,52!(1,04g19,61)!
IC – Intervalo de Confiança; OR – Odds ratio!!
4.6.2.2)'Discussão'
!
! À!semelhança!do!que!se!tem!constatado!em!investigações!prévias!sobre!o!
mesmo!tema,!não!foi!possível! identificar!uma!mutação!específica!que,!de!forma!
praticamente!universal,!justifique!a!presença!de!resistência!ao!metronidazol!983.!
O! fenómeno! da! diminuição! da! suscetibilidade! de! H.$ pylori! a! este! antibiótico!
constitui!um!problema!difícil!de!apreciar!na!sua!real!extensão,!pois!as!técnicas!de!
pesquisa! in$ vitro! apresentam! uma! acuidade! limitada! e! nem! sempre! com!
adequada! tradução! in$ vivo! e,! por! outro! lado,! ainda! não! se! identificou! um!
mecanismo!molecular!reprodutível!para!todas!as!estirpes!resistentes.!!
A!avaliação!através!de!Egtest!ou!de!diluição!em!ágar!é!complexa!uma!vez!
que,!para!os!nitroimidazóis,!ao!contrário!do!que!sucede!com!as!fluoroquinolonas!
e! os! macrólidos,! não! há! uma! separação! nítida! entre! estirpes! sensíveis! e!
resistentes,! mas! mais! uma! distribuição! contínua! de! CMIs! pelo! que! o! limiar!
estabelecido!de!8!mg/L!pode!até!não!ser!o!mais!adequado!776.!Por!outro!lado,!são!
identificadas! múltiplas! alterações! de! nucleótidos,! mesmo! em! estirpes! com!
sensibilidade! in$ vitro.! Esta! enorme! variabilidade! na! sequência! de! aminoácidos!
pode!resultar!da!diversidade!genética!natural!de!H.$pylori.!No!caso!do!gene!rdxA!
essa!variabilidade!pode!explicar!5!a!8%!das!alterações!observadas!983.!
! Na! nossa! análise! também! assinalámos! múltiplas! modificações! de!
nucleótidos,! resultando! em! diversas! alterações! mutacionais! com! diferentes!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 273!
significados.! Aparentemente,! apenas! três! estarão! associadas! com! aumento! do!
risco!de!resistência!ao!metronidazol.!Contudo,!só!a!mutação!nonsense!na!posição!
459,! determinando! uma! interrupção! na! sequência! de! leitura! e,!
consequentemente,!na!formação!da!proteína!RdxA,!é!identificada!exclusivamente!
nos! isolados! com! resistência! a! este! antibiótico.! A! sua! presença! está!
invariavelmente! associada! a! resistência! mas! só! explica! este! fenómeno! em!
aproximadamente! 15%! das! estirpes! resistentes.! Esta! aparente! ausência! de!
resultados! é! comum! a! vários! outros! trabalhos! sobre! este! tema! embora! as!
mutações! nonsense! pareçam! ser! as! mais! habituais! 839,! 983,! 984.! É! também!
relativamente! frequente! identificaremgse! estirpes! resistentes! de!H.$ pylori! sem!
quaisquer!alterações!no!gene!rdxA!820.!
! Alguns! autores! reportam! que! a! mutação!missense! G>A! na! posição! 47,!
determinando!a!substituição!do!aminoácido!arginina!por!histidina!na!posição!16,!
será!uma!das!mais!comuns!nas!estirpes!de!H.$pylori!resistentes!ao!metronidazol!839,!985g988.! Curiosamente,! na! nossa! série! esta!mutação! só! foi! identificada! numa!
das!24!estirpes!com!fenótipo!de!resistência.!
! Os!nossos!resultados!preliminares!sugerem!que!as!mutações!do!gene!rdxA!
não! são! fundamentais! na! resistência! de! H.$ pylori! aos! nitroimidazóis,!
corroborando!as!opiniões!prévias!de!outros!autores! 987.!Contudo,!é! importante!
salientar!que!estes!resultados!carecem!de!análises!subsequentes,!as!quais!podem!
alterar!o!sentido!da!nossa!interpretação!atual.!De!facto,!será!importante!avaliar!a!
presença! de! clusters! mutacionais! e! estabelecer! potenciais! correlações! com! as!
mutações!do!gene!frxA,!que!estão!atualmente!a!ser!avaliadas!na!mesmas!estirpes.!
!
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CAPITULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 277!
CAPÍTULO'V'–'CONSIDERAÇÕES'FINAIS'
5.1)'Discussão'Final'
!
A! nível!mundial! o!H.$ pylori! representa! a! causa!mais! comum! de! infeção!
bacteriana!na!espécie!humana.!Em!Portugal,!as!taxas!de!prevalência!em!todas!as!
faixas!etárias!são!preocupantes,!mantendogse!em!valores!sobreponíveis!aos!dos!
países!em!vias!de!desenvolvimento!26,!161,!891.!Apesar!destes!níveis!de!prevalência!
tão! elevados! e! da! evidência! de! uma! resistência! crescente! da! bactéria! a! vários!
antibióticos,!fruto!da!utilização!excessiva!e!indiscriminada!dos!mesmos,!a!prática!
clínica! em! termos! de! estratégias! de! tratamento! mantevegse! praticamente!
inalterada!nas!últimas!duas!décadas!27,!768,!776.!Os!dados!previamente!disponíveis!
sobre! esta! problemática! no! território! nacional! revelavam! taxas! de! resistência!
muito! preocupantes! a! vários! agentes! antimicrobianos! 28,! 30,! 896,! 897.! Contudo,! é!
recomendado!que!os!estudos!de!suscetibilidade!sejam!realizados!a!nível!regional!
mas,!não!havia!quaisquer!dados!publicados!na!literatura!ou!acessíveis!de!outro!
modo!sobre!esta!problemática!na!região!Centro!de!Portugal.!
! Os! resultados! obtidos! com! a! presente! investigação! revelaram! níveis! de!
resistência!primária!de!H.$pylori! à! claritromicina,!metronidazol! e! levofloxacina,!
na! região! Centro! de! Portugal,! de! 21,4,! 29,1! e! 26,2%,! respetivamente.! Já! as!
resistências! secundárias! foram,! pela! mesma! ordem,! de! 88,3,! 41,6! e! 44,2%.! A!
resistência!dupla!claritromicina!+!metronidazol!variou!de!5,8%!nos!doentes!sem!
tratamento! prévio! a! 39%! no! grupo! de! doentes! já! com! falências! terapêuticas!
anteriores! 989.! Ora,! estes! valores! assumem! enorme! relevância! na! escolha! dos!
futuros! tratamentos! empíricos! pois,! se! as! taxas! de! resistência! simultânea! à!
claritromicina! e! ao! metronidazol! superarem! os! 5%,! o! esquema! quádruplo!
sequencial!não!proporcionará!valores!de!eficácia!superiores!a!90%!664.!
Os! níveis! de! resistência! secundária! à! claritromicina! e! à! levofloxacina!
foram! significativamente! mais! elevados! que! os! níveis! de! resistência! primária!
mas,! o! mesmo! não! sucedeu! em! relação! ao! metronidazol.! Isto! reflete! a! menor!
previsibilidade!no!desenvolvimento!de!resistências!aos!nitroimidazóis!e!também!
a! maior! dificuldade! em! identificar! a! mesma,! de! forma! fidedigna.! A! utilização!
Considerações Finais
!278!
destes!fármacos!não!deve!estar!dependente!dos!estudos!de!suscetibilidade!mas,!
em!Portugal!de!uma!forma!geral!e!na!região!Centro!em!particular,!é!praticamente!
obrigatório! que! estes! antibióticos! sejam! utilizados! na! dose! plena! e! por! um!
período!mínimo!de!10!a!14!dias.!
Quanto!à!amoxicilina!e!às!tetraciclinas!as!resistências!são!mínimas,!estão!
em! anuência! com! o! observado! noutros! estudos! europeus! e! são!
consideravelmente!inferiores!às!que!se! identificam!em!estudos!asiáticos!778.!No!
caso! concreto! da! amoxicilina! isso! é! muito! importante,! pois! essa! excelente!
suscetibilidade! mantevegse! no! grupo! das! resistências! secundárias,! onde! este!
fármaco! tinha! sido! previamente! utilizado! por! todos! os! doentes! nos! anteriores!
esquemas! de! tratamento.! Por! outro! lado,! mesmo! no! único! caso! em! que! se!
registou!resistência!à!amoxicilina,!com!uma!CMI!de!2!mg/L,!foi!possível!alcançar!
a! erradicação! com! o! esquema! empírico! triplo! clássico.! A! conjugação! destes!
achados!permitegnos!afirmar!que!a!amoxicilina!é!uma!opção!válida!em!todos!os!
regimes! terapêuticos,! primários,! secundários! ou! de! recurso,! e! que! não! há!
vantagens! em! realizar! sistematicamente! estudos! fenotípicos! de! suscetibilidade!
que! envolvam! este! fármaco.! Obviamente! que! é! muito! discutível! o! esquema!
posológico!em!que!a!mesma!deve!ser!administrada.!Como!foi!já!referido,!no!caso!
concreto!da!amoxicilina,!mais!importante!do!que!a!dose!será!o!intervalo!entre!as!
administrações! 632,!708,!710,!711.! Esta! constatação! representa! um! incentivo! para! a!
realização!de!protocolos!de!investigação!nos!quais!este!antibiótico!seja!utilizado!
em! esquemas! posológicos! distintos,! seja! no! âmbito! de! terapêuticas! triplas,!
quádruplas! ou! mesmo! duplas.! Importa! salientar! que,! embora! a! resistência! à!
amoxicilina! se! mantenha! diminuta! nos! países! europeus,! há! um! aspecto!
preocupante! que! diz! respeito! ao! aumento! progressivo! das! CMI!médias! que! se!
tem!observado!nos!últimos!anos!990.!No!nosso!estudo!não!pudemos!avaliar!este!
fenómeno! pois! a! investigação! foi! transversal.! Só! um! controlo! futuro! nos!
permitirá!saber!se!este!problema!também!estará!a!ocorrer!no!nosso!país.!
A! elevada! suscetibilidade! de! H.$ pylori! à! tetraciclina,! testemunhada! na!
presente!investigação,!também!constitui!um!indício!encorajador!pois!sugere!que!
o! esquema! quádruplo! clássico,! com! IBP,! bismuto,! tetraciclina! e! metronidazol!
poderia!apresentar!taxas!de!eficácia!significativas!na!região!Centro!de!Portugal.!
Contudo,! os! sais! de! bismuto! não! estão! disponíveis! no! nosso! país! e! o! acesso! à!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 279!
tetraciclina!é! irregular.!A!sua!substituição!pela!doxiciclina,!outro!antibiótico!do!
grupo! das! tetraciclinas,! poderia! ser,! pelo! menos! em! teoria,! uma! excelente!
alternativa! e! motivou! a! realização! de! um! ensaio! clínico! com! uma! terapêutica!
tripla!incluindo!este!fármaco.!Contudo,!os!resultados!foram!assaz!dececionantes!
e!inviabilizam!a!utilização!da!doxiciclina!nos!protocolos!de!erradicação!na!região!
Centro!de!Portugal!937.!
! No! que! diz! respeito! às! taxas! de! resistência! é! importante! avaliar! outras!
publicações!sobre!este! tema,! realizadas!em!países!vizinhos.!Um!estudo!similar,!
concretizado!em!França,!revelou!taxas!globais!de!resistência!à!claritromicina!de!
26%,!ao!metronidazol!de!61,1%!e!à!ciprofloxacina!de!13,2%,!não!se!registando!
casos!de!resistência!à!amoxicilina!e!às!tetraciclinas!775.!Quando!os!doentes!foram!
analisados! em! função! do! historial! de! tratamentos! prévios! verificougse! um!
incremento! significativo! da! resistência! secundária! à! claritromicina! (68%)!
comparativamente!às!resistências!primárias!(19,1%).!Este!nível!de!significância!
não!foi!observado!no!caso!do!metronidazol!(74,6%!vs.!58,9%)!e!da!ciprofloxacina!
(20%!vs.!12%)!775.!Os!casos!de!resistência!dupla!à!claritromicina!e!metronidazol,!
foram!mais! comuns! nos! doentes! previamente! tratados! comparativamente! aos!
que!nunca!tinham!realizado!qualquer!tentativa!de!erradicação!(53,3%!vs.!13,2%).!
Os!casos!de!resistência!tripla,!aos!macrólidos,!nitroimidazóis!e!fluoroquinolonas,!
foram! igualmente!mais! comuns!no! grupo!de!doentes! com! tratamentos!prévios!
(10,6%! vs.! 3%)! mas! essa! diferença! não! assumiu! significado! estatístico! 775.!
Glocker!et$al.!também!demonstraram!a!presença!de!taxas!de!resistência!tripla!de!
13,4%!991.!O!estudo!de!Agudo!et$al.,!envolvendo!crianças!e!adolescentes,!revelou!
taxas!de!resistência!primária!à!claritromicina!e!metronidazol!de!49,2%!e!32,8%,!
respetivamente,!com!as!resistências!secundárias!a!estes!fármacos!a!alcançarem!
os!70,6%!e!41,2%.!A!resistência!dupla!claritromicina!+!metronidazol!ocorreu!em!
17,2%! dos! doentes! (15,4%! nos! casos! de! resistência! primária! e! 26,5%! na!
resistência!secundária)!787.!Não!se!registaram!casos!de!resistência!à!amoxicilina,!
tetraciclinas! e! rifampicina.! A! resistência! à! ciprofloxacina! foi! muito! diminuta!
(3,6%)! 787.! Num! estudo! polaco! identificougse! resistência! à! claritromicina! em!
34%!dos!isolados!(primária!–!21%;!secundária!–!80%),!ao!metronidazol!em!44%!
(primária!–!37%;! secundária!–!72%)!e!à! levofloxacina!em!5%!(primária!–!2%;!
secundária!–!16%)!990.!A!taxa!de!resistência!dupla!correspondeu!a!13%!e!a!tripla!
Considerações Finais
!280!
cifrougse!nos!4%.!Um!estudo!alemão!de!2013,!versando!essencialmente!sobre!as!
resistências! secundárias! e! envolvendo! um! número! muito! considerável! de!
doentes,! mostrou! taxas! de! resistência! secundária! sempre! significativamente!
superiores! às! primárias! no! caso! da! claritromicina! (73,7%! vs.! 20,9%),!
metronidazol!(69,7%!vs.!36,2%)!e!fluoroquinolonas!(26,7%!vs.!10,6%)!801.!
! Explicitados!os!valores!obtidos!com!a!presente!investigação!e,!realizada!a!
comparação! com! outros! trabalhos! do! género,! podemos! afirmar! que! na! região!
Centro! de! Portugal! os! valores! de! resistência! primária! ao! metronidazol!
encontramgse!dentro!dos! limites!de!20!a!40%!habitualmente! referidos!para!os!
E.U.A.!e!a!Europa!617.!Já!para!a!resistência!secundária!os!valores!que!observámos!
são! consideravelmente! inferiores! aos! 65! a! 75%! normalmente! reportados! nos!
países! ocidentais! 617.! Quanto! à! claritromicina,! os! valores! são! equiparáveis! aos!
observados!noutros!países!europeus!assim!como!na!Europa!em!geral!e,!apenas!
ligeiramente! superiores! aos! identificados! por! Cabrita! et$ al.! 28,! 776.! Contudo,! já!
foram!publicados!trabalhos!com!níveis!superiores!de!resistência!de!H.$pylori!aos!
macrólidos! em! Portugal,! inclusive! no! estudo!multicêntrico! citado! previamente!
em! várias! ocasiões! 30,! 776,! 896,! 897.! Mas! é! preciso! analisar! estes! dados! com!
precaução! pois! alguns! destes! estudos! foram! realizados! em! crianças,! para! as!
quais! as! taxas!de! resistência! aos!macrólidos! são! significativamente! superiores.!
Independentemente! das! comparações,! a! taxa! de! resistência! primária! à!
claritromicina! identificada! na! presente! investigação,! sendo! superior! a! 20%,!
inviabiliza!a!utilização!empírica!deste!antibiótico!1.!
! As!taxas!de!resistência!agora!reportadas!na!região!Centro!de!Portugal!são!
muito! preocupantes,! tanto! mais! que! à! semelhança! do! que! se! tem! verificado!
noutros! países,! é! expectável! o! seu! aumento! progressivo! ou,! no! mínimo,! a!
manutenção! destes! valores! 27,! 776,! 778,! 801.! A! única! exceção! poderá! ser! o!
metronidazol,!pois!a!suscetibilidade!de!H.$pylori!a!este!fármaco!temgse!mantido!
relativamente!estável!e!as!resistências!primárias!até!têm!diminuído!778.!
! Este!incremento!das!resistências!de!H.$pylori!a!diversos!antibióticos!está!
claramente! associada! à! sua! utilização! prévia! 801,!992.! De! certo!modo,! acaba! por!
refletir!o!uso! indiscriminado!e!nem!sempre!apropriado!desta!arma! terapêutica!
fundamental.! Em! Espanha,! por! exemplo,! os!macrólidos! foram! introduzidos! no!
início!da!década!de!1990!e!é!hoje!comum!utilizar!estes!antibióticos!para! tratar!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 281!
infeções!respiratórias!em!crianças,!o!que!se!reflete!na!elevada!taxa!de!resistência!
de!H.$pylori! à! claritromicina!observada!nos!grupos!etários!mais! jovens! 787.! Isto!
deve! servir! como!um! sinal! de! alerta! para! as! entidades! responsáveis! e! para! os!
clínicos! e! obrigagnos! a! refletir,! enquanto! comunidade,! sobre! a! forma! como!
estamos! a! utilizar! esta! arma! terapêutica! tão! relevante.! A! problemática! das!
resistências! não! se! colocará! apenas! em! relação! a!H.$ pylori! mas! também! para!
outras! bactérias.! Não! é! surpreendente! o! aparecimento! de! estirpes!
multirresistentes,!teoricamente!não!passíveis!de!qualquer!tratamento!eficaz.!Isto!
constituirá,!a!curto!prazo,!um!grave!problema!de!saúde!pública.!
! É! indiscutível! que! as! taxas! de! resistência! secundária! observadas! para! a!
claritromicina! e! a! levofloxacina! são! muito! preocupantes! e! significativamente!
superiores! às! taxas! de! resistência! primária.! Para! estes! dois! antibióticos! os!
nossos!resultados!superam!os!que!tinham!sido!apresentados!por!outros!autores!
800.! Já! relativamente! ao! metronidazol! identificámos! valores! inferiores! e! sem!
diferença!significativa!em!relação!à!resistência!primária.!Conforme!já!foi!referido,!
podemos! especular! que! este! achado! estará! correlacionado! com! uma! menor!
utilização!deste! fármaco!comparativamente!à!claritromicina!e! levofloxacina,!ou!
com!a!baixa!especificidade!dos!estudos!in$vitro!para!a!deteção!de!suscetibilidade!
aos! nitroimidazóis.! O!mais! relevante! é! que! estes! resultados! deixam! antever! a!
possibilidade! de! utilização! deste! antibiótico! em! esquemas! de! recurso,!
particularmente! se! for! possível! implementar! os! tratamentos! quádruplos.! De!
facto,! nos! doentes! com! tentativas! prévias! de! erradicação! a! elevada! taxa! de!
resistência!a!pelo!menos!dois!antibióticos! (61%),! com!resistência! simultânea!à!
claritromicina! e! metronidazol! em! 39%! e! à! claritromicina! e! levofloxacina! em!
41,6%,!limitam!consideravelmente!o!leque!de!escolhas!para!novos!tratamentos.!
! Nos!estudos!que!analisaram!os! fatores!de! risco!para!o!desenvolvimento!
de! resistências! o!mais! importante! é,! indubitavelmente,! a! história! de! tentativas!
prévias,!infrutíferas,!de!erradicação!778.!Isto!refletegse!na!nossa!investigação!pois,!
para!o!caso!da!claritromicina!e!da!levofloxacina!as!resistências!secundárias!são!
significativamente!superiores!às!primárias.!!
O! sexo! feminino! tem! sido! reportado! em!vários! trabalhos! como! fator! de!
risco!para!apresentar!resistência!aos!antibióticos,!sobretudo!ao!metronidazol.!Os!
resultados! da! nossa! investigação! corroboram! esta! correlação.! Contudo,! num!
Considerações Finais
!282!
estudo! em! que! foi! possível! analisar! as! prescrições! anteriores! de! antibióticos,!
verificougse! que! a! influência! do! fator! sexo! desaparecia! quando! se! realizava! o!
ajuste! para! a! utilização! prévia! de! antibióticos! 992.! Estes! resultados! deixam!
algumas!dúvidas!sobre!o!real!impacto!do!fator!sexo!nesta!problemática.!
O! isolamento! de! H.$ pylori! nas! biopsias! gástricas! e! a! determinação! das!
respetivas!CMI!para!os!diversos!agentes!antimicrobianos,!continua!a!representar!
o!goldAstandard! na! avaliação!dos!perfis! de! resistência.!Uma!das! limitações!que!
tem!sido!apontada!à!questão!da!cultura!e!antibiograma!é!a! falência!do!próprio!
crescimento! e! isolamento! bacteriano.! Este! método! tem! uma! especificidade! de!
100%!mas!a!sensibilidade!é,!no!máximo,!de!95%!617.!No!nosso!caso!concreto!só!
houve!necessidade!de!excluir!2!doentes!da!amostra!final!por!falência!da!cultura!
(informação! não! presente! nos! resultados),! o! que! revela! uma! taxa! de!
sensibilidade!muito! alta! se! utilizarmos! como! padrão! o! UBT.! Isto! poderá! estar!
correlacionado! com! o! processamento! independente! das! amostras! do! antro! e!
corpo.! De! facto,! dada! a! distribuição! heterogénea! deste! microrganismo! no!
estômago! é! recomendado! que! sejam! recolhidas! duas! amostras! histológicas! do!
corpo! e! duas! do! antro! 617.! Foi! interessante! verificar! que! num! dos! casos! de!
falência!não! se! identificaram!microrganismos!nem!no!Gram!realizado!antes!da!
cultura! nem! na! própria! avaliação! histológica! e! o! teste! prévio! da! urease! foi!
duvidoso.!No!outro!caso!sucedeu!precisamente!o!inverso.!Assim,!é!questionável!
se! o! primeiro! doente! estaria! realmente! infetado! e,! provavelmente,! estaremos!
perante!um!caso!de!falsogpositivo!para!o!UBT.!No!segundo!doente!ocorreu!uma!
verdadeira!falência!da!técnica!de!cultura.!
Os!estudos!moleculares!constituem!uma!alternativa!na! identificação!dos!
perfis! de! suscetibilidade/resistência.! Nos! estudos! genotípicos! nós! recorremos!
preferencialmente! à! tecnologia! de! PCR! em! tempo! real! com! o! termociclador!
LightCycler$v1.5®.! Esta!metodologia! foi! introduzida! no! início! do! século! XXI! e! é!
hoje!utilizada!por!diversos!centros!dado!que! tem!múltiplas!vantagens!sobre!as!
técnicas! de! PCR! convencionais,! nomeadamente! o! facto! de! ser! um! processo!
menos! moroso,! dotado! de! uma! elevada! especificidade,! com! baixo! risco! de!
contaminação! e! com! uma! vertente! quantitativa! que! pode! ser! muito! útil! em!
estudos!comparativos!620,!993.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 283!
Os! resultados! que! obtivemos! com!a! PCR! em! tempo! real! foram!bastante!
satisfatórios!pois!permitiriam!identificar!com!segurança!95,6%!dos!isolados!com!
resistência!à!claritromicina!e!82%!das!estirpes!com!resistência!à! levofloxacina.!
Não! ocorreram! falsos! positivos! o! que! acrescenta! acuidade! a! esta!metodologia.!
Contudo,!importa!salientar!que!as!técnicas!foram!utilizadas!sobre!culturas!puras!
de!H.$pylori,!o!que!pode!comprometer!a!avaliação!da!sua!eficácia!prática.!De!facto,!
nestas! circunstâncias! este!método!não! tem!qualquer! interesse! adicional! pois! é!
necessária!a!realização!da!cultura.!A!técnica!de!PCRgRT!só!é!útil!na!prática!clínica!
se! for! aplicada! diretamente! nas! biopsias! gástricas! ou! noutro! tipo! de! material!
biológico! contendo! as! amostras! de! DNA! de!H.$ pylori! pois,! só! assim! obviará! a!
realização!da! cultura.!Naturalmente,! a! acuidade! será! inferior!nesta! variante!da!
técnica! mas,! ainda! assim,! potencialmente! útil.! Tendo! em! linha! de! conta! as!
estimativas!da!prevalência!atual!desta!infeção!será!muito!importante!realizar,!a!
curto! prazo,! um! estudo! de! custogeficácia! para! determinar! se! esta!metodologia!
deve! ser! empregue! em! todos! os! doentes! submetidos! a! EDA! com! biopsias!
gástricas.!!
A! resistência! aos! macrólidos! é! determinada! na! maioria! dos! casos! por!
mutações! no! gene! 23S$ rRNA.! Há! três! mutações! mais! relevantes! e! na! nossa!
investigação!houve!um!predomínio!das!mutações!A2143G/A2142G.!A!mutação!
A2142C!foi!detetada!num!número!marginal!de!casos,!à!semelhança!do!que!tem!
sido!reportado!noutros!países!europeus!775,!994.!
Já! a! resistência! às! fluoroquinolonas! está! dependente! de! mutações! na!
região! QRDR! dos! genes! gyrA! e! gyrB.! No! presente! trabalho! não! identificámos!
mutações! nas! posições! 87! e! 91! da! QRDR! em! 3! isolados! que! apresentavam!
resistência! fenotípica! à! levofloxacina.! Isto! pode! estar! correlacionado! com! a!
presença! de! outras! mutações! que! não! foram! pesquisadas! ou,! eventualmente,!
outros! mecanismos! de! resistência! como! as! bombas! de! efluxo! que! conferem!
resistência! às! fluoroquinolonas! em! diversas! bactérias! Gram! negativas! 818,! 979.!
Miyachi! et$ al.! reportaram! que! 14%! dos! isolados! com! resistência! às!
fluoroquinolonas! não! tinham!mutações! na!QRDR!do! gene!gyrA! 816.!Wang!et$al.!
também! encontraram! estirpes! resistentes! sem! mutações! e,! pelo! contrário,!
estirpes!com!mutações!que!exibiam!fenótipo!de!suscetibilidade!980.!Estes!autores!
também! sugerem!que! podem! existir! outras!mutações! fora! da!QRDR! ou! outros!
Considerações Finais
!284!
mecanismos,!como!as!bombas!de!efluxo!980.!Contudo,!a!questão!das!bombas!de!
efluxo!é!controversa!até!porque!no!H.$pylori!não!foram!detetados!os!genes!parC!
ou!parE,!responsáveis!por!este!sistema!de!expulsão!de!fármacos!980,!981.!
O!ideal!teria!sido!realizar!a!sequenciação!dos!genes!gyrA!e!gyrB!em!todos!
os! isolados.!Tal! teria!sido! interessante!para!confirmar!a!real!eficácia!da!técnica!
de! PCRgRT! embora! a! concordância! observada! com!os! resultados! do! estudo! de!
sensibilidade! in$ vitro! tenha! sido! muito! elevada.! Neste! contexto! específico! há!
centros! que! já! só! utilizam! a! sequenciação,! em! detrimento! da! PCRgRT.!
Obviamente!que!os!resultados!serão!mais!fidedignos!mas!o!tempo!e!os!recursos!
económicos! dispendidos! são! necessariamente! superiores.! No! futuro,! com! a!
generalização! dos! equipamentos! de! sequenciação,! é! natural! que! esta! seja! a!
metodologia!de!primeira!escolha.!No!momento!presente!e,! face!à!possibilidade!
de!poder!apresentar!resultados!poucas!horas!após!a!colheita!de!biopsias,!somos!
da! opinião! que! a! técnica! empregue! neste! estudo! ainda! terá! aplicação! prática!
durante! alguns! anos.! Em! locais! como! a! região! Centro! de! Portugal,! onde! se!
observam! elevadas! taxas! de! resistência! de! H.$ pylori! às! fluoroquinolonas,! esta!
técnica! laboratorial! pode! constituir! uma! ferramenta! valiosa! na! seleção! dos!
esquemas!terapêuticos!sem!necessidade!de!recorrer!à!cultura,!obrigatoriamente!
mais! demorada! e! tecnicamente! mais! exigente.! O! estudo! de! custogeficácia! já!
referido!poderá! ajudargnos! a! estabelecer! se! só! a! devemos!utilizar! nos! doentes!
com!suspeita!de!infeção!pelo!H.$pylori!ou!sistematicamente!em!todos!os!doentes!
submetidos!a!EDA!com!biopsias!gástricas.!
A!análise!do!padrão!de!suscetibilidade!agora!identificado!deixaria!antever!
grandes! dificuldades! na! erradicação! de! H.$ pylori! com! os! esquemas! empíricos!
triplos! tradicionais.!Contudo,! sem!dados!concretos! relativamente!à! sua!eficácia!
prática! seria! complexo! desaconselhar! a! sua! utilização! por! uma! comunidade!
médica! habituada! a! aplicar! estes! esquemas! terapêuticos! há! vários! anos.! Deste!
modo,!o!protocolo!de!investigação!envolveu!o!estudo!simultâneo!da!eficácia!dos!
esquemas! triplos! com! IBP,! amoxicilina! e! claritromicina! ou! IBP,! amoxicilina! e!
levofloxacina,! como! tratamento! primário! ou! secundário/de! recurso,!
respetivamente.!Ora,! as! taxas!de!eficácia,! em! ITT,! foram!de!68,9%!no!primeiro!
regime! e! 52,9%! no! segundo.! Estes! valores! são! totalmente! dececionantes! e!
obrigam!todos!os!clínicos!da!região!Centro!de!Portugal!a!evitar!o!recurso!a!estes!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 285!
protocolos!terapêuticos.!Mesmo!em!doentes! infetados!com!estirpes!de!H.$pylori!
supostamente! sensíveis! à! claritromicina! e! à! levofloxacina! as! taxas! de! sucesso!
foram!apenas!de!85,2%!e!71,1%.!Estes!valores!são!inferiores!ao!mínimo!de!90%!
atualmente!aceite!20,!664.!
! Face! aos! resultados! obtidos! parece! óbvio! que! a! utilização! de! esquemas!
empíricos! triplos! baseados! na! claritromicina! ou! na! levofloxacina! é!
contraproducente! e! deve! ser! francamente! desaconselhada!na! região!Centro! de!
Portugal.!O! ideal!seria! instituir!uma!terapêutica! individualizada,!em!função!dos!
padrões! de! resistência! de!H.$ pylori! aos! agentes! antimicrobianos,! determinada!
por! cultura! ou!métodos!moleculares.! Está! provado,! desde! há! vários! anos,! que!
esta! estratégia! aplicada! à! claritromicina! tem! uma! boa! relação! custogeficácia,!
sobretudo!quando!a!prevalência!de!resistência!a!este!fármaco!supera!os!20%!728.!
Contudo,!a!aplicação!desta!metodologia!no!primeiro!esquema!parece!ser,!neste!
momento,!pouco!viável!em!Portugal.!Desta! forma,!o!que!propomos!é!o! recurso!
aos!esquemas!quádruplos,!preferencialmente!o! concomitante!e!o!híbrido,! visto!
que!a! taxa!de!resistência!simultânea!à!claritromicina!e!ao!metronidazol!supera!
os! 5%! o! que! pode! comprometer! a! eficácia! do! esquema! sequencial.! Contudo,! é!
muito! importante! ter! em! linha! de! conta! a! história! clínica! do! doente.! Está!
definitivamente!comprovado!que,!num!determinado!indivíduo,!a!suscetibilidade!
de!H.$pylori!aos!diversos!agentes!antimicrobianos!é! influenciada!pela!exposição!
prévia!do!hospedeiro!aos!diferentes!grupos!de!antibióticos!776.!O!conhecimento!
do!consumo!de!macrólidos!e!quinolonas!numa!determinada!região!e,!se!possível,!
por!cada!indivíduo,!pode!constituir!uma!forma!simples!de!predizer!o!padrão!de!
suscetibilidade! deste! microrganismo! e,! desse! modo,! adaptar! a! terapêutica!
empírica!sem!necessidade!de!recorrer!a! testes! laboratoriais!dispendiosos!776.!É!
importante!escalpelizar!este!aspeto!e!o!ideal!seria!a!implementação!definitiva!de!
um!registo!informático!no!âmbito!do!Serviço!Nacional!de!Saúde,!que!permitisse!
congregar!toda!a!informação!clínica!de!cada!indivíduo,!com!acesso!discricionário!
e! sigiloso! à! mesma! por! parte! dos! profissionais! envolvidos! na! prestação! de!
cuidados! de! saúde! a! essa! pessoa.! Só! assim! poderíamos! determinar,! com!
segurança,! quais! os! antibióticos! que! lhe! foram! previamente! prescritos.! Talvez!
este! conhecimento! nos! permitisse! delinear! outra! estratégia! de! tratamento!
Considerações Finais
!286!
empírico,!evitando!eventuais!antibióticos!que!já!tivessem!sido!administrados!ao!
doente!no!passado.!!
! A!resistência!de!H.$pylori!aos!antibióticos!é,!indubitavelmente,!o!principal!
responsável!pelas! falências! terapêuticas.!Outro!elemento!que!pode!assumir!um!
papel!de!relevo!é!o!não!cumprimento!do!protocolo!terapêutico.!No!nosso!estudo!
de! eficácia! registámos! taxas! muito! elevadas! de! adesão! ao! tratamento,! o! que!
estará! relacionado!com!o! facto!dos!doentes!estarem! integrados!num!protocolo!
de! investigação,! em! que! é! explicado! detalhadamente! a! sua! situação! clínica,! os!
objetivos!da!terapêutica!e!os!potenciais!efeitos!secundários,!constituindo!assim!
fonte!de!grande!motivação!para!o!cumprimento!do!tratamento.!Por!outro!lado,!o!
simples!facto!de!ser!um!estudo!observacional!conduz!a!maior!adesão!terapêutica,!
pelo! chamado! efeito! de!Hawthorne! 995.! É! claro! que! a!metodologia! de! controlo!
desta!variável! será!sempre!alvo!de!crítica,!visto!que!os!doentes!podem!prestar!
informações! incorretas!no! final!do! tratamento,! induzindo!os! investigadores!em!
erro.! Contudo,! isto! não! é! o! mais! comum! e,! por! norma,! os! doentes! integrados!
neste!tipo!de!estudos!têm!uma!boa!percepção!do!interesse!do!cumprimento!da!
medicação!e!da! fiabilidade!das! informações!por!eles!prestadas.!Por!outro! lado,!
no!nosso! caso!não! só! utilizámos! o! interrogatório! final! como! também!o! registo!
diário! escrito! e! a! devolução! das! embalagens,! as! quais! eram! fornecidas! com! o!
número!exato!de!comprimidos!necessário!para!cumprir!o!tratamento.!Um!estudo!
realizado! em! Portugal,! que! se! socorreu! de! três! variáveis! para!medir! a! adesão!
terapêutica! e! da! utilização! de! frascos! com! controlo! electrónico! de! abertura,!
confirmou! que! a! informação! prestada! pelos! doentes! no! final! do! tratamento! é!
fiável!905.!
! Na! investigação! agora! concretizada! salientagse! também! a! baixa!
prevalência! de! estirpes! cagA! positivas.! Recentemente! foi! publicado! um! outro!
estudo,!também!efetuado!na!região!Centro,!em!que!o!gene!cagA! foi! identificado!
em! 92,3%! das! estirpes! estudadas! 996.! Contudo,! este! trabalho! só! incluiu! 36!
amostras,!das!quais!⅔!pertenciam!a!doentes!com!carcinoma!gástrico!e!a!pesquisa!
foi! efetuada! em! biopsias! gástricas! previamente! fixadas! em! parafina.!
Adicionalmente,!a!maioria!das!estirpes!eram!vacA!s2m2!o!que!não!corresponde!
ao!padrão!mais!habitual,!pelo!que!a!análise!deste!artigo!exige!algumas!reservas.!
No! nosso! trabalho! houve! um! claro! predomínio! dos! doentes! acometidos! por!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 287!
dispepsia!não!ulcerosa,!para!os!quais!as!estirpes!cagA!negativas!vacA!s2m2!são!
mais!comuns.!Por!outro!lado,!é!conhecido!que,!no!mesmo!hospedeiro,!podem!ser!
detetadas! estirpes! cagA! positivas! e! outras! cagA! negativas.! Isto! pode! refletir! a!
presença! de! diferentes! estirpes! ou! apenas! variantes! da! mesma! estirpe! com!
deleção!parcial!ou!total!do!cag$PAI!617.!Quando!é!realizada!cultura,!uma!estirpe!
com! elevada! densidade! de! colonização! pode! desenvolvergse! de! tal! forma! que!
suprime! a! estirpe! com! densidade! de! colonização! inferior,! o! que! determina! a!
falência!de!deteção!na!técnica!de!PCR!620.!
! Estudos! prévios! publicados! em! Portugal! já! refletiam,! de! certo! modo,! a!
grande! variabilidade! neste! perfil! genético! pois,! se! em! alguns! casos!
predominavam! as! estirpes! cagA! positivas! vacA! s1m1,! outros! havia! em! que! se!
verificava!precisamente!o!oposto,!com!predomínio!das!estirpes!cagA!negativas,!
vacA! s2m2,! tal!como!sucedeu!no!nosso!estudo!39,!45.!Esta!discrepância!pode!ser!
explicada!pela!idade!dos!indivíduos/hospedeiros,!pelas!diferentes!patologias!de!
que!os!mesmos!padecem,!com!uma!maior!expressão!de!doença!ulcerosa!péptica!
e!carcinoma!gástrico!numas!coortes!e!de!dispepsia!não!ulcerosa!nas!outras!ou,!
simplesmente,!pelo! facto!de!estarmos!a!considerar!regiões!distintas!e!poderem!
existir!diferenças!nas!estirpes!dominantes!em!cada!uma!destas!regiões.!Ferreira!
et$ al.! verificaram! que! 93,3%! dos! indivíduos! com! carcinoma! gástrico!
apresentavam! estirpes! cagA! positivas! mas! o! mesmo! só! sucedia! em! 47%! dos!
doentes! com! gastrite! crónica! 907.! Ora,! no! nosso! estudo! a! grande! maioria! dos!
doentes! apresentava! dispepsia! não! ulcerosa/gastrite! e! não! foram! incluídos!
doentes!com!carcinoma!gástrico!o!que!poderá!ter!condicionado!o!perfil!genético!
das! estirpes! identificadas.! Oleastro! et$ al.,! em! 2003,! ao! verificarem! que! nas!
crianças! e! adolescentes! predominavam! as! estirpes! cagA! negativas! +! vacA! s2! e!
nos!adultos!as!cagA!positivas!+!vacA!s1!sugeriam!que,!devido!ao!efeito!de!coorte!
observado! na! infeção! por! H.$ pylori,! diferentes! estirpes! poderiam! circular! de!
forma!predominante!na!população!em!diferentes!períodos!de!tempo!ou!que,!as!
próprias! estirpes! que! inicialmente! infetam! as! crianças! podem! depois! sofrer!
modificações! 44.! Só! um! estudo! alargado,! abrangente,! de! base! populacional,!
poderia!dar!resposta!a!estas!questões.!
! O!genótipo!de!H.$pylori!pode!influenciar!a!suscetibilidade!aos!antibióticos!
e!o!sucesso!das!terapêuticas!de!erradicação!452g454.!Os!nossos!resultados!validam!
Considerações Finais
!288!
esta! associação! e! a! elevada! prevalência! de! estirpes! cagA! negativas! vacA! s2m2!
poderá! contribuir! para! a!maior! dificuldade! em! alcançar! uma! erradicação! bem!
sucedida!na!região!Centro!de!Portugal.!Outros!fatores!a!ter!em!linha!de!conta!são!
a!história!de!infeções!frequentes!e!o!tabagismo!ativo.!
! A! questão! das! infeções! frequentes! pode! estar! correlacionada! com!
alterações!do!sistema!imunitário!do!hospedeiro,!que!comprometam!a!resposta!à!
infeção! por! H.$ pylori.! Nós! procurámos! avaliar! pelo! menos! um! destes!
componentes,!o!PRR!NOD2!e!as!suas!principais!mutações.!Foi! identificada!uma!
potencial! associação! com! a! ocorrência! de! doença! ulcerosa! péptica!mas! não! se!
discriminaram!outras!correlações.!
! Assim,! e! como! observação! final,! gostávamos! de! salientar! que,! durante!
vários! anos! uma! taxa! de! sucesso! terapêutico! ≥80%! nos! protocolos! de!
erradicação! de! H.$ pylori! era! perfeitamente! aceitável! 19.! Mas,! este! paradigma!
mudou!e,!atualmente!é!inquestionável!para!a!maioria!dos!autores!que!qualquer!
esquema! deve! proporcionar! uma! eficácia! de! erradicação! superior! a! 90%! ou,!
preferencialmente,! 95%! 648.! Contudo,! o! padrão! de! eficácia! dos! esquemas!
empíricos!tem!vindo!a!decair!progressivamente,!o!que!nos!obriga!a!um!esforço!
de!atualização!de!conceitos!e!prática!clínicas!20.!A!obtenção!das!taxas!de!eficácia!
supracitadas!implica!o!cumprimento!de!diversos!pressupostos:!
1. Um!conhecimento!preciso!e! regularmente!atualizado!dos!padrões!de!
resistência! de!H.$pylori! na! população! que! se! encontra! sob! os! nossos!
cuidados;!
2. A!realização!de!uma!história! clínica! cuidadosa,! incluindo! informação!
sobre!eventual!administração!prévia!de!antibióticos;!
3. A! utilização! do! esquema! terapêutico! que! se! nos! afigure! como! mais!
eficaz! face! aos! dados! anteriores,! utilizando! os! fármacos! nas! doses! e!
intervalos!de!administração!corretas;!
4. Uma!adequada!empatia!médicogdoente,! com!explicação!detalhada!da!
situação! clínica,! das! potenciais! complicações! decorrentes! da! infeção,!
dos! objetivos! do! tratamento,! da! necessidade! de! recorrer! a! vários!
fármacos,! dos! efeitos! secundários! expectáveis! e! atitudes! a! tomar!
perante!os!mesmos!e!da!importância!fulcral!de!cumprir!corretamente!
o! esquema! terapêutico! pois! uma! falência! do! tratamento! inicial!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 289!
apresenta! custos! acrescidos! em! exames! diagnósticos,! novas!
terapêuticas!e!maior!risco!de!falência!nos!tratamentos!subsequentes;!
5. Monitorização! da! eficácia! do! tratamento,! com! realização! de! teste! de!
diagnóstico,! preferencialmente! UBT,! depois! de! cumprido! o! prazo!
estabelecido!para!o!efeito.!Só!assim!é!possível!confirmar!a!eficácia!do!
tratamento!utilizado!naquela!população.!
!
Só!uma!prática!clínica!rigorosa,!a!constante!monitorização!dos!padrões!de!
resistência!e!eficácia!terapêutica,!a!adequada!informação!do!doente!e!a!utilização!
de! esquema! terapêuticos! comprovadamente! eficazes! na! região! em! que!
realizamos!a!nossa!atividade,!permitirá!vencer!a!batalha!contra!uma!bactéria!que!
se!tem!revelado!muito!resiliente,!representando!ainda!um!importante!problema!
de!saúde!pública!em!Portugal.!
!
Considerações Finais
!290!
5.2)'Limitações'do'trabalho'realizado'
!
Uma! das! limitações! do! trabalho! reside! nas! CMI! consideradas,! as! quais!
foram! determinadas! com! base! nos! dados! disponíveis! em! 2009.! Mais!
recentemente,!o!Comité!Europeu!dos!Testes!de!Suscetibilidade!aos!Antibióticos!
(EUCAST! –! The$ European$ Committee$ on$ Antimicrobial$ Susceptibility$ Testing)!
propôs!valores!mais!restritivos!para!a!claritromicina!e!a!amoxicilina,!com!níveis!
de! 0,5! e! 0,12!mg/L! respetivamente! 997.!No! nosso! estudo! utilizámos! valores! de!
CMI! de! 1! e! 0,5! mg/L! para! a! claritromicina! e! a! amoxicilina! o! que! pode! ter!
diminuído! o! número! de! estirpes! resistentes.! Importa! referir! que! um! estudo!
multicêntrico!publicado!recentemente!no!Journal$of$Antimicrobial$Chemotherapy,!
com! recrutamento! de! doentes! desde! Abril! de! 2009! a! Abril! de! 2012,! utilizou!
exatamente! os! mesmos! valores! de! CMI! que! foram! empregues! na! nossa!
investigação!691.!Num!artigo!de!revisão!publicado!em!2010,!Mégraud!F.!definia!os!
seguintes!limiares!de!resistência:!amoxicilina!–!1!mg/L;!claritromicina!–!1!mg/L;!
fluoroquinolonas! –! 1! mg/L;! rifabutina! –! 1! mg/L;! tetraciclina! –! 2! mg/L;!
metronidazol! –! 8! mg/L! 624.! Estes! mesmos! valores! foram! empregues! por!
Wueppenhorst! et$al.! num! trabalho! publicado! já! em!2013! 801.! Assim,! os! nossos!
valores!são!perfeitamente!aceitáveis!e!até!fomos!mais!restritivos!relativamente!à!
amoxicilina!mas,! a!única!estirpe! com!resistência!a!este!antibiótico!apresentava!
uma!CMI!de!2!mg/L!pelo!que!ficaria!sempre!rotulada!como!resistente.!
Outra!limitação!é!a!não!utilização!simultânea!da!diluição!em!ágar,!a!qual!
apresenta!maior!acuidade.!Importa!relembrar!que!o!Egtest!é!simples!de!efetuar,!
menos!afetado!pelo! inóculo!bacteriano!comparativamente!à!diluição!em!ágar,!e!
pode!ser!utilizado!em!isolados!únicos!na!atividade!clínica!corrente!707,!829.!Wang!
et$ al.! compararam! os! dois! métodos! na! prática! clínica! e! identificaram!
discrepâncias!relevantes!entre!eles!em!4,6%!dos!casos,!quando!os!aplicaram!ao!
metronidazol!mas,!para!a!claritromicina!a!concordância!foi!total!707.!!
O! caso! concreto! do!metronidazol! é! o!mais! problemático! e! transversal! a!
todos!os!trabalhos!sobre!este!assunto.!O!estudo!da!resistência!a!este!antibiótico!
por!métodos! fenotípicos! tem! baixa! reprodutibilidade! e! a! distribuição! das! CMI!
mostra!um!espetro!contínuo,!não!havendo!uma!separação!nítida!entre!estirpes!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 291!
sensíveis!e!resistentes!634.!Num!estudo!comparativo!da!diluição!em!ágar!com!o!Eg
test! registaramgse! erros! significativos! (sensibilidade! na! diluição! em! ágar;!
resistência! no! Egtest)! em! 32%! dos! casos! 829.! Mas,! mesmo! em! cada! um! dos!
métodos! há! uma! grande! variabilidade! nos! resultados! consoante! o! centro! que!
realiza!o!procedimento!829.!Já!estudos!prévios!tinham!demonstrado!que!o!Egtest!
sobrevaloriza! a! resistência! de!H.$ pylori! ao! metronidazol! em! 10!a! 20%! 917,! 998.!
Contudo,! um! trabalho! realizado! em! Portugal! e! publicado! no! Journal$of$Clinical$
Microbiology! em!1999,! revelava!que!os! três!métodos,!diluição!em!ágar,!difusão!
em!disco!e!Egtest,!tinham!uma!boa!reprodutibilidade!desde!que!fosse!introduzida!
uma!modificação!na!classificação,!considerando!que!as!estirpes!com!CMI!entre!4!
e!8!mg/L!apresentavam!sensibilidade!intermédia!ao!metronidazol!999.!No!global,!
face!a!todas!estas!dificuldades,!à!ausência!de!métodos!moleculares!eficientes!e!às!
limitações! da! própria! sequenciação,! devemos! assumir! que! é! praticamente!
inviável!a!correta!identificação!laboratorial!de!resistência!a!este!fármaco.!Deste!
modo,! é! muito! questionável! que! se! faça! este! estudo! fora! de! projetos! de!
investigação! e,! mesmo! que! o! antibiograma! evidencie! resistência! aos!
nitroimidazóis! tal! não! deve! constituir! um! obstáculo! à! sua! utilização! em!
esquemas! terapêuticos! combinados.! Nestas! circunstâncias! devemos! instituir!
esquemas! posológicos! em! doses! plenas,! com! curtos! intervalos! entre!
administrações!e!por!um!período!mínimo!de!10!a!14!dias.!No!caso!concreto!do!
trabalho! atualmente! apresentado! tentougse! obviar! esta! limitação! repetindo!
todos! os! antibiogramas,! em! momentos! distintos,! por! outro! técnico! que!
desconhecia! os! resultados! iniciais,! e! pela! utilização! de! uma! estirpe! controlo,!
como!sugerido!por!Glupczynski!et$al.!829.!
A!metodologia!utilizada!no!estudo!dos!genótipos!associados!à!resistência!
aos! antibióticos! tem! limitações,! nomeadamente! na! destrinça! de! algumas!
mutações.! Por! exemplo,! com! as! sondas! utilizadas! na! técnica! PCRgFRET! não! é!
possível! distinguir! a! mutação! A2143G! da! A2142G! e! algumas! das! mutações!
associadas! à! resistência! à! tetraciclina! 811,! 841.! Teoricamente,! isto! teria! pouca!
relevância!pois!essas!estirpes!apresentariam!sempre!CMI!superiores!ao!limiar!de!
resistência! estabelecido.! Contudo,! na! avaliação! efetuada! verificougse! que! uma!
estirpe!com!o!genótipo!AGA926–928gGTA!apresentava!uma!CMI!dentro!do!limite!da!
suscetibilidade,! contrariamente! ao! que! seria! expectável! pelo! descrito! na!
Considerações Finais
!292!
literatura!841.!Da!mesma!forma,!a!metodologia!utilizada!não!permitiria!distinguir!
as! estirpes! com! as!mutações! TAT! e! AAT! da! posição! 91! no! gene! gyrA,! quando!
associadas!à!variante!WT!AAC!da!posição!87,!uma!vez!que!as!suas!temperaturas!
de! dissociação! são! similares! 834.! Contudo,! o! impacto! clínico! desta! limitação! é!
diminuto! pois! ambas! as! estirpes! estão! associadas! a! resistência! fenotípica! às!
fluoroquinolonas.! Por! outro! lado,! as! temperaturas! de! dissociação! para! as!
estirpes!AAG!e!AAT!apresentam,! com!a! sonda!87,!diferenças!diminutas.!Mas,! a!
utilização!simultânea!da!sonda!91!permite!distinguir!estas!estirpes!834.!
! Nos!tratamentos!empregues!há!fatores!discutíveis!quanto!aos!fármacos!e!
regimes!de!administração.!Os!IBP!são!mais!eficazes!quando!prescritos!em!doses!
mais! elevadas! e! com! intervalos! mais! curtos! entre! administrações! 741,! 742.! Por!
outro! lado,! os! IBP! de! nova! geração,! rabeprazol! e! esomeprazol,! parecem!
proporcionar!resultados!mais!favoráveis.!Não!sendo!possível!efetuar!a!avaliação!
dos! polimorfismos! do! CYP2C19! provavelmente! deveríamos! ter! utilizado! um!
destes! IBP! e! em! administrações! com! intervalo! mais! curto,! em! detrimento! do!
esquema!aplicado.!
A! amoxicilina! tem! uma! ação! dependente! do! tempo! em! que! a! sua!
concentração! se! mantém! superior! à! CMI! enquanto! a! claritromicina,! o!
metronidazol! e! a! levofloxacina! têm! uma! ação! dependente! da! concentração!
máxima! alcançada! 856.! Deste! modo,! seria! possível! otimizar! os! esquemas!
terapêuticos!interferindo!na!dose,!intervalos!e!duração!da!administração.!
! É! importante! relembrar! que! este! estudo! foi! realizado! num! centro!
terciário,! englobou! doentes! do! ambulatório! e! os! critérios! de! exclusão! foram!
muito!rigorosos.!Não!é!possível!assegurar!a!inexistência!de!um!viés!de!seleção,!o!
que!se!reflete!na!não!inclusão!de!doentes!com!carcinoma!gástrico!e!no!número!
diminuto! de! doentes! com!úlcera! péptica.! Estas! complicações! da! infeção! por!H.$
pylori!obrigam,!frequentemente,!a!internamento!ou!a!medicação!crónica!com!IBP,!
o!que!compromete!a!inclusão!destes!doentes!em!protocolos!de!investigação.!Esta!
discrepância! refletegse! em! múltiplos! outros! estudos! publicados! na! literatura!
médica.!
! Uma!questão! relevante!prendegse! com!a!eventual! representatividade!da!
amostra!populacional!incluída.!Obviamente!só!foram!recrutados!indivíduos!com!
sintomas! e/ou! história! familiar! de! carcinoma! gástrico! pelo! que! não! podemos!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 293!
garantir! que!os! resultados!obtidos! reproduzam!o!que!ocorre!na!população! em!
geral.!Um!estudo! sueco,!de!base!populacional,! com!recrutamento! randomizado!
de! indivíduos,!permitiu!obter!333! isolados!de!H.$pylori,! registandogse!uma!taxa!
de!resistência!à!claritromicina!de!1,5%!e!ao!metronidazol!de!16,2%!1000.!Contudo,!
a! realização! de! estudos! de! base! populacional! não! é! exequível! e! pode! até! ser!
eticamente! reprovável.!Assim,! temos!de!nos!centrar!nos!utentes!que!procurem!
os! cuidados! médicos! e! apresentem! uma! ou! mais! indicações! para! pesquisa! e!
erradicação! de!H.$pylori! 624.! Neste! contexto,! para! obter! valores! de! prevalência!
relevantes,! com! intervalos! de! confiança! pequenos,! é! importante! incluir! um!
elevado! número! de! estirpes,! o! que! raramente! se! consegue! fora! do! âmbito! de!
estudos!multicêntricos!624.!O!trabalho!agora!realizado!é!unicêntrico!mas!incluiu!
mais! de! 100! utentes,! o! número! mínimo! considerado! válido! para! este! tipo! de!
investigação.!
! A!utilização!de!esquemas!terapêuticos!empíricos!triplos!também!pode!ser!
alvo!de!crítica,!uma!vez!que!em!simultâneo!foi!efetuado!o!estudo!das!resistências!
in$vitro.!Contudo,!no!momento!em!que!o!estudo!teve!início!estes!esquemas!eram!
os!recomendados!e!não!havia!dados!sobre!a!real!eficácia!dos!mesmos!na!região!
Centro! do! país.! Por! outro! lado,! nem! sempre! há! uma! correspondência! da!
resistência! fenotípica! e/ou! genotípica! com! os! resultados! da! prática! clínica.!
Alguns! autores! entendem! que! a! avaliação! da! eficácia! de! protocolos! de!
tratamento! envolvendo! antibióticos! para! os! quais! as! taxas! de! resistência! são!
elevadas,!obriga!à!determinação!das!respetivas!CMI!no!mesmo!protocolo,!pois!a!
interpretação!dos! resultados! sem!estes! dados! de! suscetibilidade! tem!um!valor!
limitado!624.!
! !A! questão! da! heterorresistência! é! relevante,! tanto! mais! que! Portugal!
apresenta! elevadas! taxas! de! prevalência! de! infeção! por!H.$pylori! de!modo! que!
seria! expectável! a! ocorrência! comum! de! múltiplas! estirpes! num! mesmo!
hospedeiro!775.!A!coexistência!de!estirpes!resistentes!e!sensíveis!no!estômago!do!
mesmo! hospedeiro! tem! sido! descrita! por! vários! autores! e! pode! condicionar!
erros! de! interpretação! 698,! 764.! De! facto,! se! utilizarmos! apenas! uma! amostra!
histológica! para! determinar! a! suscetibilidade! por! cultura! ou! métodos!
moleculares! corremos! o! risco! de! subvalorizar! a! taxa! de! resistências.!No! nosso!
estudo! considerámos!essa!hipótese!ab$initio! pelo!que! colhemos!e!processámos!
Considerações Finais
!294!
separadamente! amostras!do! antro! e!do! corpo.!Não!obstante,! na! avaliação! final!
incluímos!apenas!uma!estirpe!para!cada!doente,!dando!maior!relevância!às!que!
apresentavam! perfis! de! resistência! mais! desfavoráveis.! Não! abordámos! o!
eventual! impacto! da! presença! de! infeção! por! múltiplas! estirpes.! Isto! pode!
representar!uma!limitação!do!trabalho,!tanto!mais!que!alguns!autores!defendem!
que!este!evento!pode!estar!associado!a!doença!mais!severa!1001.!Tendo!em!linha!
de!conta!que! foram!realizadas!subculturas!a!partir!de!um!número!reduzido!de!
colónias!é!expectável!que!a!ocorrência!de!múltiplas!estirpes!esteja!subestimada,!
tanto!em!termos!de!heterorresistência!como!na!presença!de!diferentes!genótipos!
na! mesma! amostra.! Este! limitação,! que! decorre! do! próprio! processo! de!
purificação,!já!tinha!sido!previamente!reportada!494.!!
! De! igual! modo,! não! foi! possível! avaliar! a! real! discrepância! entre!
resistência! genotípica! e! fenotípica! devido! à! própria! metodologia.! A! realização!
das! técnicas! de! PCR! a! partir! de! culturas! puras! de! H.$ pylori! determinou! uma!
concordância! relevante! entre! os! resultados! dos! antibiogramas! e! os! estudos!
genotípicos!pois,!no!decurso!do!próprio!processo!de!cultura!são!selecionadas!as!
estirpes!mais!viáveis!617.!As!colónias!com!estirpes!sensíveis!parecem!apresentar!
vantagem! competitiva! no! crescimento! comparativamente! às! colónias! com!
estirpes! resistentes! pelo! que,! estas! últimas! podem! ser! suprimidas,! sobretudo!
após!o!armazenamento!inicial!707.!Provavelmente,!se!as!técnicas!de!PCR!tivessem!
sido! aplicadas! diretamente! na! amostra! histológica! iríamos! obter! um! maior!
número!de!discrepâncias,! em! sentido!positivo! e!negativo,! com! identificação!de!
maior!número!de!casos!de!heterorresistência.!De!Francesco!et$al.!apresentaram,!
em! 2010,! uma! análise! post$ hoc! de! dados! obtidos! em! estudo! publicado!
anteriormente! e! chegaram! à! conclusão! que! existe! uma! discrepância! relevante!
entre! a! resistência! à! claritromicina! determinada! por! cultura! (18,4%)! e! por!
técnica! de! PCR! (37,6%)! 763.! Por! outro! lado,! a! eficácia! da! terapêutica! de!
erradicação! só! é! claramente! diminuída! quando! a! resistência! fenotípica! é!
sustentada!pela!presença!da!mutação!A2413G!763.!Estes!autores!concluem!assim!
que! os! dois! métodos! de! avaliação! da! resistência! são! complementares! e! não!
alternativos.! ! Contudo,! eles! utilizaram! uma! técnica! diferente! para! deteção! de!
mutações! já! em! amostras! histológicas! arquivadas! nos! respetivos! blocos! de!
parafina.! Assim,! será! útil! avaliar! a! reprodutibilidade! deste! método! e! destes!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 295!
resultados! em! distintas! populações! antes! de! assumirmos! integralmente! as!
conclusões!desta!publicação!científica.!Além!disso,!os!próprios!autores!defendem,!
num!artigo!diferente,!que!será!útil!reduzir!o!limiar!de!CMI!para!a!claritromicina,!
por! forma! a! aumentar! a! sensibilidade! da! cultura! na! deteção! de! resistências.! É!
sugerido!o!valor!de!0,5!mg/L,! tal!como!é!atualmente!preconizado!pelo!EUCAST!
773.! Num! artigo! posterior,! sobre! as! resistências! antimicrobianas! em! França,!
Raymond!et$al.! identificaram!138! isolados! com! resistência! à! claritromicina! 775.!
Ao!efetuarem!a!determinação!da!resistência!genotípica!por!PCR!verificaram!que!
27! amostras! histológicas! (19,6%)! apresentavam! uma! população! mista! de!
estirpes! sensíveis! e! resistentes.! Curiosamente,! neste! trabalho! ocorreu! uma!
excelente!concordância!(99,8%)!entre!os!resultados!do!antibiograma!por!Egtest!e!
a! resistência! genotípica! detetada! por! técnica! de! PCR,! revelando! uma! boa!
reprodutibilidade! deste! último! processo! 775.! No! caso! da! levofloxacina!
Wueppenhorst!et$al.,!numa!subanálise!dos!dados!obtidos!a!partir!de!128!isolados,!
utilizando!a!técnica!de!PCR!ou!as!tiras!Genotype$HelicoDR®,!identificaram!uma!ou!
mais! mutações! no! gene! gyrA! nos! 85! casos! de! resistência! e! ausência! total! de!
mutações!nos!43! isolados!com!sensibilidade!determinada!por!Egtest,! revelando!
uma!concordância!perfeita!entre!as!duas!metodologias!801.!
! Uma!crítica!adicional!ao!protocolo!utilizado!diz!respeito!ao!UBT.!Tratagse!
de!um!teste!com!elevada!sensibilidade!e!especificidade!no!estudo!da!infeção!por!
H.$ pylori,! desde! que! sejam! cumpridos! requisitos! mínimos,! nomeadamente! a!
evicção!de!IBP!e!antibióticos!nas!semanas!precedentes.!O!limiar!utilizado!para!o!
DOB! de! 4!‰! é! aceite! em!quase! todos! os! protocolos! que! utilizam!uma! dose! de!
ureia!de!75!a!100!mg! 913.!Mas,! embora!este!valor! seja!o!mais! recomendado!na!
avaliação! prégtratamento,! o!mesmo! já! não! se! pode! afirmar! no! pósgtratamento!
pois,! mesmo! que! este! tenha! sido! infrutífero,! a! carga! bacteriana! residual! será!
diminuta! o! que! conduz! a! uma! redução! da! sensibilidade! do! teste.! Assim,! teria!
provavelmente!sido!mais!razoável!utilizar!o!limiar!de!3!‰!no!pósgtratamento!913.!
! Por!último!é!importante!salientar!que!a!natureza!unicêntrica!do!trabalho!
realizado!e!os!rigorosos!critérios!de! inclusão/exclusão!condicionaram,!de!certo!
modo,!o!número!de!doentes!envolvidos.!Assumimos!que!esta!poderá!constituir!
uma! das! principais! limitações! da! investigação! realizada! mas,! mesmo! assim,! o!
cuidado! empregue! no! processamento! estatístico! e! na! interpretação! dos!
Considerações Finais
!296!
resultados!poderá! obviar,! pelo!menos!parcialmente,! este! constrangimento.! Por!
outro! lado,! nos! estudos!de! eficácia! terapêutica!há! critérios!de! interrupção!que!
devem! ser! escrupulosamente! cumpridos! e! que,! por! si! só,! podem! limitar! o!
número!final!de!doentes!incluídos!no!protocolo.!
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CAPITULO VI – CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 299!
CAPÍTULO'VI'–'CONCLUSÕES'E'PERSPETIVAS'FUTURAS'
6.1)'Sumário'das'conclusões'
!
! A! apresentação!dos! resultados! foi! realizada! tendo! em! linha!de! conta! os!
diversos!contributos!pessoais,!procurando!dar!resposta!aos!objetivos!delineados.!
Para! cada! um! deles! foi! efetuada! uma! discussão! parcelar! e! estabelecidas! as!
conclusões.!Contudo,!depois!de!ter!sido!elaborada!uma!discussão!final,!de!índole!
geral,!entendegse!ser!útil!sumariar!as!conclusões!obtidas:!
1. Na! região! Centro! de! Portugal! as! taxas! de! resistência! de!H.$ pylori! à!
claritromicina,!metronidazol!e! levofloxacina!são!muito!preocupantes,!
cifrandogse!em!50%,!34,4%!e!33,9%,!respetivamente;!
2. Para!a!claritromicina!e!a!levofloxacina!as!resistências!secundárias!são!
significativamente!superiores!às!resistências!primárias;!
3. As! taxas! de! resistência! à! amoxicilina! e! à! tetraciclina! são!
negligenciáveis;!
4. As! tentativas! prévias! de! erradicação! são! um! fator! de! risco!
independente! para! a! ocorrência! de! resistência! de! H.$ pylori! à!
claritromicina;!
5. O!sexo!feminino!é!um!fator!de!risco!para!resistência!à!claritromicina!e!
ao!metronidazol;!
6. A!história!de!infeções!frequentes,!com!necessidade!de!antibioterapia,!
familiares! de! primeiro! grau! com! carcinoma! gástrico! e! baixos! níveis!
educacionais!constituem!fatores!de!risco!para!resistência!de!H.$pylori!à!
levofloxacina;!
7. Existe! uma! excelente! correlação! dos! resultados! dos! métodos!
moleculares,!nomeadamente!a!PCR!em!tempo!real,! com!a!resistência!
in$ vitro! à! claritromicina! e! à! levofloxacina! pelo! que! estas! técnicas!
podem! ser! muito! úteis! na! prática! clínica,! para! a! deteção! rápida! da!
resistência! em! biopsias! gástricas! ou! amostras! fecais,! obviando! a!
necessidade! de! culturas! e! antibiogramas! que! são! procedimentos!
morosos!e!dispendiosos;!
Conclusões e Perspetivas Futuras
!300!
8. Os! esquemas! empíricos! triplos! baseados! na! claritromicina! e! na!
levofloxacina,! apresentam! taxas! de! erradicação! substancialmente!
reduzidas!quando!aplicados!na! região!Centro!de!Portugal!pelo!que!a!
sua!utilização!é!hoje!inaceitável;!
9. As! elevadas! taxas! de! resistência! de! H.$ pylori! à! claritromicina! e! à!
levofloxacina! são! as! principais! responsáveis! por! estas! falências!
terapêuticas;!
10. Mesmo!nos! indivíduos! infetados!por!estirpes!de!H.$pylori! sensíveis!à!
claritromicina! os! resultados! do! esquema! empírico! triplo! com! IBP,!
amoxicilina! e! claritromicina! são! insatisfatórios! e! parcialmente!
explicados! por! uma! história! de! infeções! frequentes! e/ou! tabagismo!
ativo;!
11. Se! for!possível! implementar!uma!estratégia! terapêutica!dirigida!pelo!
perfil! de! suscetibilidade,! o! esquema! triplo!baseado!na! claritromicina!
deverá! ser! evitado! nos! doentes! que! apresentem! qualquer! um! dos!
critérios!supracitados;!
12. As!estirpes!com!resistências!a!múltiplos!antibióticos!são!comuns!pelo!
que! os! esquemas! quádruplos! concomitantes! ou! híbridos! são,!
provavelmente,! as! melhores! opções! como! regimes! terapêuticos!
empíricos!de!primeira!linha!em!Portugal;!
13. No! nosso! país! vários! fármacos! habitualmente! utilizados! na!
terapêutica!antigH.$pylori!estão!indisponíveis!pelo!que,!se!os!esquemas!
quádruplos! iniciais! forem! infrutíferos,! a! melhor! estratégia! será! a!
cultura/isolamento! de! H.$ pylori! e! determinação! dos! perfis! de!
suscetibilidade;!
14. Em! indivíduos! infetados! com! estirpes! resistentes! à! claritromicina,!
metronidazol!e!levofloxacina!mas!sensíveis!à!amoxicilina!e!tetraciclina,!
um!regime!terapêutico!triplo!com!IBP!em!doses!elevadas,!amoxicilina!
e!doxiciclina!é!ineficaz;!
15. Na!região!Centro!de!Portugal!predominam!as!estirpes!cagA!negativas,!
vacA! s2m2! e! babA2! negativas,! com! nível! de! virulência! inferior! mas!
mantendo!a!correlação!habitual!com!as!modificações!histopatológicas!
gástricas;!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 301!
16. Isto!significa!que!a!atrofia!glandular!e!a!metaplasia!intestinal!não!são!
muito! comuns!o!que!poderá! justificar!a!menor! taxa!de! incidência!de!
carcinoma!gástrico!observada!na!região!Centro;!
17. Os! doentes! infetados! com! estirpes! cagA! positivas! apresentam!níveis!
mais! elevados! de! metaplasia! intestinal! e! inflamação! da! mucosa!
gástrica,! confirmando! a! maior! virulência! destas! estirpes! e! a! sua!
potencial!associação!a!um!pior!prognóstico;!
18. Contudo,!pelo!menos!na!análise!univariada,!também!se!confirmou!que!
as! estirpes! cagA! negativas! vacA! s2m2! são!mais! difíceis! de! erradicar!
com!os!esquemas!empíricos!triplos!clássicos;!
19. Os!doentes! com!úlcera! péptica! estão!mais! frequentemente! infetados!
por!estirpes!vacA!s1m1/cagA!positivas!+!vacA!s1m1/cagA!positivas!+!
vacA!s1m1!+!babA2;!!
20. Há!uma!associação!muito!significativa!do!genótipo!cagA!positivo!com!
o!mosaicismo!vacA!s1m1;!
21. A! interpretação! dos! presentes! resultados! em! conjugação! com! os!
apresentados! por! outros! autores! permite! afirmar! que! existe! uma!
grande! variabilidade! regional! na! prevalência! dos! diversos! genótipos!
de!H.$pylori;!
22. Os! polimorfismos! do! gene!NOD2! não! parecem! influenciar! o! risco! de!
infeção! por! H.$ pylori! ou! as! alterações! histopatológicas! gástricas!
induzidas! por! esta! bactéria,! mas! podem! aumentar! o! risco! de!
desenvolvimento!de!úlcera!péptica!gastroduodenal.!
!
!
!
Conclusões e Perspetivas Futuras
!302!
6.2)'Perspetivas'futuras/Investigações'adicionais'
!
! Apesar! dos! múltiplos! avanços! no! campo! de! H.$ pylori,! em! termos! do!
conhecimento! da! etiopatogenia,! fatores! de! virulência! da! bactéria,! fatores! de!
suscetibilidade! do! hospedeiro,! padrões! de! resistência! aos! antimicrobianos,!
novos! fármacos! e! esquemas! de! tratamento,! consideramos! que! ainda! existem!
aqui! diversas! oportunidades! de! investigação! e! aperfeiçoamento.! O! primeiro!
ponto!é! logo!a!própria!prevalência!da! infeção!!Foram!publicados!recentemente!
três! estudos,! abrangendo! adultos,! adolescentes! e! crianças! mas,! em! primeiro!
lugar!e!pelo!menos!no!caso!dos!dois!primeiros!trabalhos,!as!colheitas!de!sangue!
foram!realizadas!há!mais!de!10!anos!pelo!que!as!taxas!de!prevalência!reportadas!
podem! não! refletir! a! realidade! atual.! Em! segundo! lugar,! os! estudos! incidiram!
sobre! populações! de! localizações! geográficas! limitadas! pelo! que! é! dúbio! se!
podem! ser! generalizados! para! todo! o! país! 26,! 161,! 891.! O! ideal! seria! realizar! um!
estudo! de! base! nacional,! com! inclusão! de! indivíduos! de! todas! as! regiões,! em!
proporção!com!a!densidade!populacional.!
! Relativamente! aos! tratamentos! de! H.$ pylori! o! mais! desejável! era!
implementar! regimes! terapêuticos! com! base! nos! perfis! de! suscetibilidade.!
Contudo,!esta!opção!não!parece!ser!válida!na!prática!clínica!corrente,!pelo!menos!
em!Portugal.!São!poucos!os!centros!que!dispõem!da!possibilidade!de!realização!
de! cultura! e! antibiograma,! o! procedimento! é! moroso,! dispendioso! e,! fora! dos!
protocolos!de!investigação!não!há!muita!motivação!para!a!sua!aplicação!rotineira.!
A!obtenção/cultura!de!H.$pylori!a!partir!de!material!fecal!é!possível!mas!difícil!de!
executar,!pouco!confortável!e!não!é!exequível!na!rotina!hospitalar!habitual!617.!Já!
a! cultura! a! partir! de! biopsias! endoscópicas! é! relativamente! mais! fácil! mas!
submete! o! doente! a! um! risco!que!não!podemos! ignorar.!Assim,! o! ideal! seria! o!
desenvolvimento! de! testes! de! suscetibilidade! não! invasivos,! rápidos,! sem!
necessidade!de!cultura,!que!permitissem!a!instituição!de!uma!terapia!adaptada,!
sobretudo! no! que! diz! respeito! aos! macrólidos! e! às! fluoroquinolonas! 20.! A!
utilização! de! técnicas! de! PCR! para! estabelecer! o! diagnóstico! de! infeção! e!
identificar! as! principais! mutações! associadas! à! resistência! aos! dois! grupos! de!
antibióticos! previamente! citados! é! já! hoje! exequível! e! revelagse! um! método!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 303!
relativamente! eficaz! e! económico! para! instituir! tratamentos! dirigidos! sem!
recurso!prévio!a!cultura!616,!691,!1002.!É!possível!utilizar!estas!técnicas!a!partir!de!
amostras! fecais,! evitando! o! inconveniente! da! realização! de! uma! EDA!
exclusivamente! com! o! propósito! de! colher! material! biológico! 665.! Tornagse!
imprescindível! desenvolver! e! implementar! estas! técnicas! na! nossa! atividade!
clínica!diária.!Se!as!mesmas!estiverem!acessíveis!é!possível!recorrer!novamente!
à!claritromicina!e/ou!à!levofloxacina!nos!esquemas!de!retratamento,!desde!que!
não!estejam!presentes!mutações!nos!genes!23S$rRNA! e/ou!gyrA! 691.!Há!mesmo!
quem!defenda!que,!em!termos!de!custogeficácia,!seria!vantajoso!utilizar!a!PCR!em!
tempo! real! para! determinar! a! resistência! genotípica! à! claritromicina! antes! da!
primeira! tentativa! de! tratamento,! permitindo! realizar! uma! terapêutica! inicial!
individualizada! 697.! Curiosamente,! os! mesmos! autores! referem,! num! outro!
trabalho,! que! a! cultura! e! os! métodos! moleculares! são! complementares! e! não!
alternativos! 763.! Assim,! será! importante! verificar! se! esses! resultados! são!
reprodutíveis!noutros!países,!e!qual!o!papel!de!cada!um!dos!métodos!na!região!
Centro!de!Portugal.!
! O!Centro!de!Gastrenterologia!e!Hepatologia!da!Universidade!de!Coimbra,!
em! conjugação! com! o! Centro! Hospitalar! e! Universitário! de! Coimbra! dispõe!
atualmente! de! condições! técnicas! para! implementar! estudos! que! visem!
comprovar!a!eficácia!destas!abordagens!terapêuticas!na!população!de!indivíduos!
infetados! por! H.$ pylori! na! região! Centro! de! Portugal.! Assim,! tornagse!
imprescindível!realizar!três!estudos!clínicos!distintos:!
1. No! primeiro! estudo! seriam! incluídos! doentes! com! queixas! de!
dispepsia,! anemia! ferripriva,! história! de! familiares! de! primeiro! grau!
com!carcinoma!gástrico,!ou!outras! indicações!para!erradicação!de!H.$
pylori,!que!necessitassem!de!ser!submetidos!a!EDA.!Após!realização!de!
UBT! os! doentes! seriam! imediatamente! encaminhados! para! EDA,! no!
decurso! da! qual! seriam! colhidas! biopsias! para! estudo! histológico,!
cultura! e! para! estudo! genotípico.! Esta! amostra! seria! imediatamente!
encaminhada! para! o! Centro! de! Gastrenterologia! e! Hepatologia,! para!
ser! submetida! a! avaliação! das! mutações! da! claritromicina! e! da!
levofloxacina,!através!da!metodologia!de!PCRgFRET.!Deste!modo!seria!
possível! verificar! se! esta! técnica! permite! identificar,! com! eficácia,! a!
Conclusões e Perspetivas Futuras
!304!
infeção!por!H.$pylori! e!avaliar!o!grau!de!concordância!com!a!cultura.!
Caso!se!confirmasse!uma!boa!acuidade!nos!dois!objetivos!delineados!
seria!possível!utilizar! esta!metodologia!na!prática! clínica!diária!para!
efetuar!simultaneamente!o!diagnóstico!da!infeção!e!determinar!qual!o!
esquema!terapêutico!mais!adequado.!
2. No!segundo!estudo!seriam!incluídos!doentes!com!falência,!confirmada!
por! UBT,! de! um! primeiro! esquema! terapêutico.! Os! doentes! seriam!
submetidos! a! EDA! com! colheita! de! biopsias! para! estudo! histológico,!
cultura! e! avaliação! das! mutações! dos! genes! 23S$ rRNA! e! gyrA! pela!
técnica! de! PCRgFRET.! Os! doentes! seriam! então! randomizados! para!
dois! grupos,! um! submetido! a! tratamento! empírico! e! outro!
individualizado! em! função! dos! resultados! anteriores.! Deste! modo,!
seria!possível!avaliar!a!aplicabilidade!do!esquema!individualizado,!em!
termos!de!resultados!e!de!relação!custogeficácia.!
3. O! terceiro! estudo! consiste! na! avaliação! da! eficácia! da! terapêutica!
dupla! otimizada! em! doentes! infetados! por!H.$ pylori! com! resistência!
tripla!à!claritromicina,!metronidazol!e!levofloxacina!mas!sensibilidade!
à!amoxicilina!e!à!tetraciclina.!Seria!proposto!aos!doentes!um!esquema!
terapêutico!consistindo!em!rabeprazol!10!mg!6/6!horas!e!amoxicilina!
500!mg!6/6horas,!por!um!período!de!14!dias.!Este!regime!terapêutico!
já! demonstrou! apresentar! resultados! aceitáveis! noutros! países!mas,!
que! seja! do! nosso! conhecimento,! nunca! foi! testado! na! população!
portuguesa! 708,! 710,! 711.! Face! à! elevada! percentagem! de! doentes!
infetados! com! estirpes! multirresistentes! e! à! indisponibilidade! de!
diversos! fármacos! habitualmente! utilizados! no! tratamento! de!
erradicação! de!H.$ pylori,! esta! poderia! ser! uma! opção! válida.! Seriam!
utilizadas!as!regras!de!interrupção!propostas!por!Graham!D.!648.!
! !
Um! aspeto! interessante! diz! respeito! à! eficácia! de! fluoroquinolonas! de!
nova!geração,! como!a!sitafloxacina,!mesmo!em!estirpes!com!mutações!no!gene!
gyrA! e! resistência! a! outras! fluoroquinolonas! 718,!818.! À!medida! que! estes! novos!
antibióticos!sejam!introduzidos!no!mercado!português!será!importante!aquilatar!
da!sua!real!eficácia!na!erradicação!de!H.$pylori!na!nossa!população.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 305!
O! Serviço! de! Gastrenterologia! admite! diariamente! doentes! com!
hemorragia! digestiva! por! úlcera! péptica.! Apesar! da! elevada! prevalência! da!
infeção! por! H.$ pylori! na! população! adulta! portuguesa! a! prática! da! pesquisa!
sistemática! da! infeção! e! instituição! da! respetiva! erradicação! não! está! ainda!
adequadamente!enraizada.!Para!tal!contribuem!algumas!dificuldades!em!termos!
de! diagnóstico,! devido! à! baixa! especificidade! dos! diversos! métodos! neste!
contexto.!Não!há,!neste!momento!e!que!seja!do!nosso!conhecimento,!dados!que!
nos! permitam! avaliar! a! real! prevalência! desta! infeção! nos! doentes! com!
complicação!hemorrágica!de!úlcera!péptica,!a!nível!da!região!Centro!e!mesmo!em!
todo!o!país.!As! técnicas!de!PCR,!pela!sua!elevada!sensibilidade!e!especificidade!
mesmo!perante!baixas!cargas!bacterianas,!poderiam!representar!uma!excelente!
alternativa.!Assim,!propõegse!que!os!doentes!com!úlcera!péptica!sangrante,!após!
estabilização! e! devida! terapêutica! hemostática! endoscópica,! sejam! submetidos!
no! decurso! do! mesmo! exame! a! biopsias! gástricas! para! estudos! genotípicos! e!
histológicos.!Essa!colheita!de!amostras!histológicas! faz!parte!das!regras!de!boa!
prática!médica! pelo! que! o! doente! não! incorreria! em! riscos! adicionais! por! este!
procedimento.! A! biopsia! a! encaminhar! para! estudo! genotípico! destinargsegia! a!
determinar! a! presença! de! eventuais!mutações! dos! genes!23S$rRNA! e!gyrA! por!
PCR!em!tempo!real!utilizando!a!FRET.!Deste!modo,! seria!possível!verificar,! em!
curto!espaço!de!tempo,!se!o!indivíduo!estava!realmente!infetado!por!H.$pylori!e,!
nesse! caso,! se! a! estirpe! infetante! era! ou! não! sensível! à! claritromicina.! Para!
avaliar!a!acuidade!desta!metodologia!e,!uma!vez!mais,! cumprindo!as! regras!de!
boa!prática!médica,!o!doente!seria!submetido,!pouco!tempo!após!a!admissão,!a!
um! teste! respiratório! UBT! e! uma! colheita! de! sangue! para! determinação!
serológica!da!presença!de!infeção!através!de!ELISA!e!immunoblot.!
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BIBLIOGRAFIA
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 309!
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127.! Kabir! S.! The! role! of! interleuking17! in! the! Helicobacter$ pylori! induced!infection!and!immunity.!Helicobacter!2011;16:1g8.!
128.! Smythies! LE,! Waites! KB,! Lindsey! JR,! et! al.! Helicobacter$ pyloriginduced!mucosal! inflammation! is!Th1!mediated!and!exacerbated! in! ILg4,!but!not!IFNggamma,!genegdeficient!mice.!J!Immunol!2000;165:1022g9.!
129.! Mitchell!HM,!Ally!R,!Wadee!A,!et!al.!Major!differences!in!the!IgG!subclass!response! to! Helicobacter$ pylori! in! the! first! and! third! worlds.! Scand! J!Gastroenterol!2002;37:517g22.!
130.! Gebert! B,! Fischer! W,! Weiss! E,! et! al.! Helicobacter$ pylori! vacuolating!cytotoxin!inhibits!T!lymphocyte!activation.!Science!2003;301:1099g102.!
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134.! Luzza! F,! Parrello! T,! Monteleone! G,! et! al.! Upgregulation! of! ILg17! is!associated!with! bioactive! ILg8! expression! in!Helicobacter$pyloriginfected!human!gastric!mucosa.!J!Immunol!2000;165:5332g7.!
135.! Arisawa!T,!Tahara!T,!Shibata!T,!et!al.!Genetic!polymorphisms!of!molecules!associated!with!inflammation!and!immune!response!in!Japanese!subjects!with!functional!dyspepsia.!Int!J!Mol!Med!2007;20:717g23.!
136.! Otani!K,!Watanabe!T,!Tanigawa!T,! et! al.!Antiginflammatory!effects!of! ILg17A! on! Helicobacter$ pyloriginduced! gastritis.! Biochem! Biophys! Res!Commun!2009;382:252g8.!
137.! Zhang!B,! Rong!G,!Wei!H,! et! al.! The! prevalence! of! Th17! cells! in! patients!with!gastric!cancer.!Biochem!Biophys!Res!Commun!2008;374:533g7.!
138.! Langowski!JL,!Zhang!X,!Wu!L,!et!al.!ILg23!promotes!tumour!incidence!and!growth.!Nature!2006;442:461g5.!
139.! Angeletti! S,! Galluzzo! S,! Santini! D,! et! al.! NOD2/CARD15! polymorphisms!impair!innate!immunity!and!increase!susceptibility!to!gastric!cancer!in!an!Italian!population.!Hum!Immunol!2009;70:729g32.!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
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Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
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817.! Garcia!M,!Raymond! J,!Garnier!M,!et!al.!Distribution!of! spontaneous!gyrA!mutations! in! 97! fluoroquinolonegresistant! Helicobacter$ pylori! isolates!collected!in!France.!Antimicrob!Agents!Chemother!2012;56:550g1.!
818.! Rimbara! E,! Noguchi! N,! Kawai! T,! et! al.! Fluoroquinolone! resistance! in!Helicobacter$pylori:!role!of!mutations!at!position!87!and!91!of!GyrA!on!the!level!of! resistance!and! identification!of!a! resistance!conferring!mutation!in!GyrB.!Helicobacter!2012;17:36g42.!
819.! Goodwin! A,! Kersulyte! D,! Sisson! G,! et! al.! Metronidazole! resistance! in!Helicobacter$pylori!is!due!to!null!mutations!in!a!gene!(rdxA)!that!encodes!an! oxygenginsensitive! NADPH! nitroreductase.! Mol! Microbiol!1998;28:383g93.!
820.! Jenks!PJ,!Edwards!DI.!Metronidazole!resistance!in!Helicobacter$pylori.!Int!J!Antimicrob!Agents!2002;19:1g7.!
821.! Kwon!DH,!ElgZaatari!FA,!Kato!M,!et!al.!Analysis!of!rdxA!and!involvement!of!additional! genes! encoding! NAD(P)H! flavin! oxidoreductase! (FrxA)! and!ferredoxinglike! protein! (FdxB)! in! metronidazole! resistance! of!Helicobacter$pylori.!Antimicrob!Agents!Chemother!2000;44:2133g42.!
822.! van! Amsterdam! K,! Bart! A,! van! der! Ende! A.! A! Helicobacter$ pylori! TolC!efflux! pump! confers! resistance! to! metronidazole.! Antimicrob! Agents!Chemother!2005;49:1477g82.!
823.! Gerrits!MM,!van!der!Wouden!EJ,!Bax!DA,!et!al.!Role!of!the!rdxA!and!frxA!genes! in! oxygengdependent! metronidazole! resistance! of! Helicobacter$pylori.!J!Med!Microbiol!2004;53:1123g8.!
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825.! Trieber!CA,!Burkhardt!N,!Nierhaus!KH,!et!al.!Ribosomal!protection! from!tetracycline! mediated! by! Tet(O):! Tet(O)! interaction! with! ribosomes! is!GTPgdependent.!Biol!Chem!1998;379:847g55.!
826.! Heep!M,!Beck!D,!Bayerdorffer!E,! et! al.!Rifampin!and!rifabutin! resistance!mechanism! in! Helicobacter$ pylori.! Antimicrob! Agents! Chemother!1999;43:1497g9.!
827.! Glocker! E,! Bogdan! C,! Kist! M.! Characterization! of! rifampicingresistant!clinical! Helicobacter$ pylori! isolates! from! Germany.! J! Antimicrob!Chemother!2007;59:874g9.!
828.! Heep!M,!Rieger!U,!Beck!D,! et! al.!Mutations! in! the!beginning!of! the! rpoB!gene!can! induce!resistance! to! rifamycins! in!both!Helicobacter$pylori! and!Mycobacterium! tuberculosis.! Antimicrob! Agents! Chemother!2000;44:1075g7.!
829.! Glupczynski!Y,!Broutet!N,!Cantagrel!A,!et!al.!Comparison!of!the!E!test!and!agar! dilution! method! for! antimicrobial! suceptibility! testing! of!Helicobacter$pylori.!Eur!J!Clin!Microbiol!Infect!Dis!2002;21:549g52.!
830.! Owen!RJ.!Molecular!testing!for!antibiotic!resistance!in!Helicobacter$pylori.!Gut!2002;50:285g9.!
831.! van!Doorn!LJ,!DebetsgOssenkopp!YJ,!Marais!A,! et! al.! Rapid!detection,! by!PCR!and!reverse!hybridization,!of!mutations!in!the!Helicobacter$pylori!23S!
Resistência Primária e Secundária de Helicobacter pylori aos Agentes Antimicrobianos A Realidade Atual na Região Centro de Portugal
! 359!
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832.! Trebesius! K,! Panthel! K,! Strobel! S,! et! al.! Rapid! and! specific! detection! of!Helicobacter$pylori!macrolide!resistance!in!gastric!tissue!by!fluorescent!in!situ!hybridisation.!Gut!2000;46:608g14.!
833.! Cerqueira! L,! Fernandes! RM,! Ferreira! RM,! et! al.! Validation! of! a!fluorescence! in! situ! hybridization! method! using! peptide! nucleic! acid!probes! for! detection! of!Helicobacter$ pylori! clarithromycin! resistance! in!gastric!biopsy!specimens.!J!Clin!Microbiol!2013;51:1887g93.!
834.! Glocker!E,!Kist!M.!Rapid!detection!of!point!mutations!in!the!gyrA!gene!of!Helicobacter$ pylori! conferring! resistance! to! ciprofloxacin! by! a!fluorescence! resonance!energy! transfergbased!realgtime!PCR!approach.! J!Clin!Microbiol!2004;42:2241g6.!
835.! Solca! NM,! Bernasconi! MV,! Piffaretti! JC.! Mechanism! of! metronidazole!resistance!in!Helicobacter$pylori:!comparison!of!the!rdxA!gene!sequences!in!30!strains.!Antimicrob!Agents!Chemother!2000;44:2207g10.!
836.! DebetsgOssenkopp!YJ,!Pot!RG,!van!Westerloo!DJ,! et!al.! Insertion!of!minigIS605! and! deletion! of! adjacent! sequences! in! the! nitroreductase! (rdxA)!gene! cause!metronidazole! resistance! in!Helicobacter$ pylori! NCTC11637.!Antimicrob!Agents!Chemother!1999;43:2657g62.!
837.! Kwon!DH,!Hulten!K,!Kato!M,!et!al.!DNA!sequence!analysis!of!rdxA!and!frxA!from! 12! pairs! of! metronidazolegsensitive! and! gresistant! clinical!Helicobacter$pylori!isolates.!Antimicrob!Agents!Chemother!2001;45:2609g15.!
838.! Abdollahi!H,!Savari!M,!Zahedi!MJ,!et!al.!A!study!of! rdxA!gene!deletion! in!metronidazole! resistant! and! sensitive! Helicobacter$ pylori! isolates! in!Kerman,!Iran.!Jundishapur!J!Microbiol!2011;4:99g104.!
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