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ESTUDO DA VARIABILIDADE E EFICIÊNCIA DE FLUXOS DE TRÁFEGO NAS PRINCIPAIS VIAS ESTRUTURANTES DE LISBOA João Filipe Dionízio Rocha Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em ENGENHARIA CIVIL Júri Presidente: Prof. Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira Orientador: Prof. Doutor José Manuel Caré Baptista Viegas Vogal: Doutor João António de Abreu e Silva NOVEMBRO 2008

ESTUDO DA VARIABILIDADE E EFICIÊNCIA DE FLUXOS DE … · objectivo tira-se partido de um conjunto de técnicas estatísticas segundo uma sequência lógica e estruturada. No âmbito

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ESTUDO DA VARIABILIDADE E EFICIÊNCIADE FLUXOS DE TRÁFEGO NAS PRINCIPAIS VIAS

ESTRUTURANTES DE LISBOA

João Filipe Dionízio Rocha

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

ENGENHARIA CIVIL

JúriPresidente: Prof. Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira

Orientador: Prof. Doutor José Manuel Caré Baptista Viegas

Vogal: Doutor João António de Abreu e Silva

NOVEMBRO 2008

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Aos meus pais

“Tudo o que somos é criado pelos nossos pensamentos”

(Buda)

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RESUMO

Este estudo pretende contribuir para um melhor entendimento de um fenómeno complexo e não

linear que é o fluxo de tráfego. Uma parte da sua componente variável é devida ao comportamento

emocional dos condutores e outra corresponde a situações aleatórias. Neste sentido, o fluxo é

entendido como uma variável aleatória no tempo e que se caracteriza por apresentar um estado de

Escoamento Livre ou de Congestionamento. Na fronteira destes, o fluxo encontra-se em equilíbrio

mas uma rotura origina a passagem ao estado de Congestionamento. Estas variações podem ser bem

representadas no tempo por um diagrama de fluxo.

Os principais objectivos do estudo são: por um lado, reduzir a variabilidade na definição de

diagramas padrão com o intuito de optimizar os procedimentos de recolha de dados no terreno; e

por outro, avaliar objectivamente a capacidade de uma via em situação de equilíbrio, associando um

risco de rotura que origine a passagem ao estado de Congestionamento. Para alcançar o primeiro

objectivo tira-se partido de um conjunto de técnicas estatísticas segundo uma sequência lógica e

estruturada. No âmbito desta sequência pretende-se também melhorar a eficiência dos

procedimentos de recolha de dados em si através de uma recolha no terreno. O segundo objectivo

baseia-se no cálculo da eficiência do escoamento, grandeza caracterizadora do escoamento segundo

o conceito de potência derivado dos sistemas mecânicos.

A conclusão do estudo baseia-se na interpretação global dos resultados obtidos nas análises

parcelares e com recomendações relativas aos procedimentos de recolha de dados in situ.

PALAVRAS-CHAVE

Diagrama de fluxo, Variabilidade, Cluster, Modelação, Eficiência, Recolha de Dados

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ABSTRACT

This study aims for a better understanding of a complex and non- linear phenomenon such as traffic

flow. One part of its variable component is due to driver’s emotional behavior and the other to

random situations. Hence, traffic flow is understood as a random variable in time characterized by

changing between two states: Free Flow and Breakdown. Separating those there´s an equilibrium

situation but a disruption leads to a Breakdown state. These variations can be well illustrated in time

by a flow diagram.

The main goals for this study are: by one hand, reduce the variability in the definition of standard

diagrams for much more efficient assembling procedures of field data; by the other hand assess

objectively a freeway´s capacity in equilibrium situation, associating a risk of disruption that leads to

a Breakdown state. For accomplishing the first objective, one works with a set of statistical

techniques accordingly a structured and logical sequence. This sequence scope includes

improvements in data assembling procedures through a field experiment. The second objective

consists in calculating the flow efficiency, a variable that characterizes flow as power, in similarity to

mechanical systems.

The study conclusion consists on a global interpretation of the results, achieved through the partial

analysis, and on recommendations about on site data assembling procedures.

KEYWORDS

Flow Diagram, Variability, Cluster, Modulate, Efficiency, Data Assembling

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ÍNDICE

RESUMO II

ABSTRACT III

ÍNDICE IV

ÍNDICE DE FIGURAS VI

ÍNDICE DE TABELAS VIII

ABREVIATURAS IX

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 ENQUADRAMENTO 11.2 OBJECTIVOS 31.3 INVESTIGAÇÃO ATÉ À DATA 41.4 ABORDAGEM METODOLÓGICA 41.5 PROCESSO DE RECOLHA DOS DADOS DE TRÁFEGO, JUNTO DE ENTIDADES OFICIAIS 8

2 TEORIA DE SUPORTE 12

2.1 COMPONENTES PRINCIPAIS 122.1.1. INTERPRETAÇÃO DO MODELO E FACTOR SCORES 142.1.2. VALIDAÇÃO DO MODELO 14

2.2 ANÁLISE DE CLUSTERS 15

2.3 TESTE DE KOLMOGOROV – SMIRNOV 182.3.1. FORMULAÇÃO 19

2.4 MODELAÇÃO DE SÉRIES CRONOLÓGICAS 212.4.1. ESTACIONARIEDADE 212.4.2. SÉRIES CRONOLOGICAS 222.4.3. GENERALIZAÇÃO 23

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2.4.4. PERIODOGRAMA 252.4.5. TESTE DE SIGNIFICÂNCIA 262.5 ESTUDO DO CONGESTIONAMENTO 272.4.6. EFICIÊNCIA 272.5.1. EFICIÊNCIA EM INTERSECÇÕES 312.5.2. ANÁLISE DE ANO COMPLETO 322.5.3. ESTUDO DA PROBABILIDADE DE ROTURA 332.5.4. ATRASO VS VALOR DO TEMPO 35

3 CALCULOS E ANÁLISES 38

3.1 ANALISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS 38

3.2 COMPONENTES PRINCIPAIS E ANÁLISE DE CLUSTERS 423.2.1. VALIDAÇÃO DA ANALISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS 443.2.2. CONSTITUIÇÃO E VALIAÇÃO DE CLUSTERS PELO MÉTODO K –MEANS 46

3.3 KOLMOGOROV – TESTE DE AJUSTAMENTO 503.3.1. FACTORES DE AJUSTAMENTO 51

3.4 MODELAÇÃO POR SERIE DE FOURIER 533.4.1. VALIDAÇÃO DAS ESTIMATIVAS E DO RESÍDUO BRANCO 553.4.2. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AJUSTAMENTO 57

3.5 EFICIÊNCIA, PROB. DE ROTURA, TEMPO DE ATRASO VS VALOR DO TEMPO 58

3.6 RECOLHA DE DADOS IN SITU – AV. JOÃO CRISÓSTOMO 613.6.1. APARELHO E ESCOLHA DO MATERIAL DE FIXAÇÃO 613.6.2. ESCOLHA DA DATA, DO LOCAL E OBTENÇÃO DE AUTORIZAÇÃO 633.6.3. CONFIGURAÇÃO, TESTE DO EQUIPAMENTO E DO SOFTWARE 653.6.4. RECOLHA DE DADOS 673.6.5. ANÁLISE DO DIAGRAMA DE FLUXO OBTIDO 69

4 CONCLUSÕES 71

4.1 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS 714.2 PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DE DADOS 724.3 ESTUDO DESENVOLVIDO E SUGESTÕES DE CONTINUIDADE 73

5 BIBLIOGRAFIA 75

6 ANEXOS 77

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ÍNDICE DE FIGURAS

FIG. 1.1 - DIAGRAMA FUNDAMENTAL DA TEORIA DE FLUXO DE TRÁFEGO [2] .................................................... 2

FIG. 1.2 – LOCALIZAÇÃO: RALIS [8] .................................................................................................................. 10

FIG. 1.3 – LOCALIZAÇÃO: EIXO_N_S [8] ............................................................................................................ 10

FIG. 1.4 – LOCALIZAÇÃO: AV. JOÃO CRISÓSTOMO [8] ...................................................................................... 10

FIG. 1.5 – LOCALIZAÇÃO: AE A5-CARCAVELOS/LISBOA [8] ............................................................................... 10

FIG. 2.1 - EXEMPLO DO TESTE DE KS A DUAS AMOSTRAS INDEPENDENTES [11] ............................................... 20

FIG. 2.2 – EFICIÊNCIA: DEFINIÇÃO [12]............................................................................................................. 29

FIG. 2.3 - EFICIÊNCIA: EXEMPLO PARA AE 3 PISTAS/SENTIDO [12] .................................................................... 30

FIG. 2.4 - EFICIÊNCIA: EXEMPLO DE ESTRADA RURAL DE UMA PISTA/SENTIDO (ESQUERDA);............................ 30

FIG. 2.5 - EFICIÊNCIA: EXEMPLO DE INTERSECÇÃO NÃO SINALIZADA [12] ......................................................... 32

FIG. 2.6 - PROBABILIDADE DE ROTURA VS FLUXO OBSERVADO [14] ................................................................. 34

FIG. 3.1 – DIAGRAMA DE FLUXO: 1 DE MARÇO DE 2007, QUINTA-FEIRA, RALIS (BASE HORÁRIA) [16] - EP ........ 38

FIG. 3.2 – DIAGRAMA DE FLUXO: SEMANA DE 5 A 11 DE MARÇO 2007, RALIS (BASE HORÁRIA) [16] EP ............ 39

FIG. 3.3 - FUNÇÃO AUTOCORRELAÇÃO PARA OS DIAS 5,6 E 7 DE MARÇO DE 2007, RALIS ................................. 40

FIG. 3.4 - DISTRIBUIÇÃO NORMAL DOS FLUXOS DE MARÇO DE 2007, RALIS ..................................................... 41

FIG. 3.5 - FLUXO MÉDIO E MODAL DE MARÇO DE 2007, RALIS ......................................................................... 42

FIG. 3.6 - DIAGRAMA DE WARD: VARIÁVEIS ORIGINAIS (48 DIAS), 1ª ITERAÇÃO ............................................... 43

FIG. 3.7 - DIAGRAMA DE WARD: COMPONENTES PRINCIPAIS (48 DIAS), 1ª ITERAÇÃO ...................................... 43

FIG. 3.8 - DIAGRAMA DE WARD: VARIÁVEIS ORIGINAIS (33 DIAS), 2ª ITERAÇÃO ............................................... 44

FIG. 3.9 - DIAGRAMA DE WARD: COMPONENTES PRINCIPAIS (33 DIAS), 2ª ITERAÇÃO ...................................... 44

FIG. 3.10 - VALORES PRÓPRIOS........................................................................................................................ 45

FIG. 3.11 - VALORES PRÓPRIOS: VARIAÇÃO GRÁFICA DA VARIÂNCIA ................................................................ 45

FIG. 3.12 - FACTOR LOADINGS ......................................................................................................................... 46

FIG. 3.13 - COMUNALIDADES .......................................................................................................................... 46

FIG. 3.14 - DIAGRAMA PADRÃO: RALIS, 8 DE MARÇO 2008 [16] - EP ................................................................ 49

FIG. 3.15 - TESTE KS: TRANSFERÊNCIA NO ESPAÇO .......................................................................................... 50

FIG. 3.16 - TESTE KS: TRANSFERÊNCIA NO TEMPO ........................................................................................... 50

FIG. 3.17 - FUNÇÃO AUTOCORRELAÇÃO: DESFASAMENTO DE 30 HORAS (DIAS REGULARES) ............................ 54

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FIG. 3.18 - PERIODOGRAMA: REDUÇÃO DE 50% NA DIMENSÃO DA AMOSTRA ................................................. 56

FIG. 3.19 – GRÁFICO: REPRESENTAÇÃO DO RESÍDUO ....................................................................................... 56

FIG. 3.20 - FUNÇÃO AUTOCORRELAÇÃO DO RESÍDUO ...................................................................................... 56

FIG. 3.21 - DISTRIBUIÇÃO DO RESÍDUO ............................................................................................................ 57

FIG. 3.22 - AJUSTAMENTO DA SÉRIE ESTIMADA À SÉRIE REAL .......................................................................... 57

FIG. 3.23 - EFICIÊNCIA: CÁLCULO PARA AMOSTRA RECOLHIDA, RALIS .............................................................. 58

FIG. 3.24 - PROBABILIDADE DE ROTURA POR FLUXO, RALIS ............................................................................. 59

FIG. 3.25 - TEMPO DE ATRASO NUM CONGESTIONAMENTO, RALIS ................................................................. 60

FIG. 3.26 - APARELHO DE CONTAGEM, FOTO DE AUTOR .................................................................................. 62

FIG. 3.27 – CONJUNTO:MEMBRANA E APARELHO, FOTO DE AUTOR ................................................................ 62

FIG. 3.28 - AV. JOÃO CRISÓSTOMO, FOTO DE AUTOR ...................................................................................... 65

FIG. 3.29 - CONFIGURAÇÃO DO PROGRAMA HDM ........................................................................................... 66

FIG. 3.30 - LIMPEZA DO PAVIMENTO, FOTO DE AUTOR .................................................................................... 67

FIG. 3.31 - COLOCAÇÃO DE FITA, FOTO DE AUTOR ........................................................................................... 68

FIG. 3.32 – FIXAÇÃO DO CONJUNTO, FOTO DE AUTOR ..................................................................................... 68

FIG. 3.33 - EQUIP. NA VIA, FOTO DE AUTOR..................................................................................................... 68

FIG. 3.34 – CIRCULAÇÃO DO TRÂNSITO, FOTO DE AUTOR ................................................................................ 68

FIG. 3.35 – DIAGRAMA: DADOS IN SITU, 2008 ................................................................................................. 69

FIG. 3.36 – DIAGRAMA: DADOS CML, 2007 ...................................................................................................... 69

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ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 3.1 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA, MARÇO DE 2007 ................................................................................. 40

TABELA 3.2 - RESUMO DA ESTATÍSTICA DESCRITIVA ........................................................................................ 41

TABELA 3.3 - VALIDAÇÃO DA ANÁLISE DE CLUSTERS ........................................................................................ 48

TABELA 3.4 - FACTORES DE AJUSTAMENTO KS TESTE, RALIS ............................................................................ 52

TABELA 3.5 - FACTORES DE AJUSTAMENTO KS TESTE, EIXO_N_S...................................................................... 52

TABELA 3.6 - PARÂMETROS DA MODELAÇÃO POR SÉRIE DE FOURIER. N=480 .................................................. 54

TABELA 3.7 – EXCERTO DAS ESTIMATIVA DA SÉRIE E CÁLCULO DO RESÍDUO .................................................... 54

TABELA 3.8 - CÁLCULO DA VARIÂNCIA E SIGNIFICÂNCIA .................................................................................. 55

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ABREVIATURAS

AC Análise de Clusters

AE Auto-Estrada

ANOVA Analysis of Variance

EQM Erro Quadrático Médio

FPH Factor de Ponta Horária

HCM Highway Capacity Manual

HDM Highway Data Management

IST Instituto Superior Técnico

KS Kolmogorov – Smirnov

NIPST Núcleo de Infra-estruturas, Sistemas e Políticas de Transporte

PSP Polícia de Segurança Pública

SPT Social Price of Travel time savings

SVTT Subjective Value of Travel Time

VBA Visual Basic for Applications

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1 INTRODUÇÃO______________________________________________________________________________

1.1 ENQUADRAMENTO

O estudo das ciências da engenharia e da matemática aplicado ao tráfego de veículos tem como

objectivo melhorar a compreensão deste fenómeno e contribuir para a redução dos problemas que

o congestionamento provoca. As primeiras tentativas para descrever o fenómeno numa base

matemática datam da década de 50 mas até ao presente não existe uma teoria geral consistente

que possa ser aplicada em condições reais.

O fluxo de tráfego de veículos é um fenómeno complexo, não linear e dependente das interacções

entre um grande número de veículos. Para mais, estas dependências não se regem apenas pelas

leis da mecânica mas também são devidas às reacções dos condutores. A formação de grupos de

veículos viajando a velocidades semelhantes entre si, mas diferentes do conjunto do fluxo, a

propagação para montante de ondas de concentração de densidade, as grandes variações de

velocidade média, as reduções de velocidade perante acidentes na faixa de circulação de sentido

contrário são alguns exemplos da componente “emocional” ou não matemática do tráfego que

torna a sua modelação matemática incompleta. [1]

O problema tem sido abordado por matemáticos e engenheiros de diferentes formas e com

diferentes objectivos.

Os matemáticos usam três escalas de observação do fenómeno [1]:

Microscópica: cada veículo é considerado como uma unidade e portanto é definida

usualmente uma equação diferencial ordinária;

Mesoscópica: é definida uma função que expressa uma probabilidade de haver um veículo

no momento t com velocidade v. Esta função segue métodos da mecânica estatística e

pode ser resolvida por uma equação integral-diferencial do tipo Boltzmann;

Macroscópica: em analogia com a dinâmica de fluidos, é descrito um sistema de equações

parciais com base em leis do equilíbrio para variáveis macro tais como a densidade e a

velocidade média.

Os engenheiros analisam o fluxo de tráfego com base em análises empíricas, de observação e

ajuste de curvas. Uma referência neste tipo de abordagem é o Highway Capacity Manual1, que

recomenda a modelação do fluxo tendo em conta que o tempo total de viagem depende da

dimensão da fila de espera e do tempo de atraso. Diminuir tempos de atraso é o mais importante

pois o acumulado no total de um ano pode ter grande peso na perda de eficiência económica de

1 Publicado pelo Transportation Research Board, organismo integrante do United States National Academy of Sciences

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um sistema de mobilidade urbana de uma cidade. Se, por exemplo, uma cidade estiver muito

dependente do transporte individual, o tempo de atraso tem um custo de oportunidade elevado

para os utilizadores.

Na Fig. 1.1 apresenta-se o diagrama fundamental do tráfego, com base na qual foram

desenvolvidas as análises apresentadas no HCM. Após um grande conjunto de medições, ajusta-

se uma curva empírica que relaciona a velocidade com o fluxo, caracterizando o tráfego por

variáveis macro.

Fig. 1.1 - Diagrama Fundamental da Teoria de Fluxo de Tráfego [2]

É importante realçar duas características desta relação fundamental e que irão ser alvo de estudo

deste estudo:

Existe uma componente de variabilidade intrínseca ao conjunto das medições;

Existem duas fases do escoamento: Escoamento livre (I) e Congestionamento (III),

separados por uma situação de equilíbrio em que (nas condições ideais de circulação) se

verifica fluxos de 2400 a 2500 veic/h.pista com velocidades na ordem dos 80 km/h.

A componente de variabilidade traduz-se em diagramas de fluxo diferentes para cada período de

tempo analisado, por exemplo cada dia do ano. Um diagrama de fluxo é uma representação do

número de veículos que atravessa uma secção durante um certo período de tempo (horas, dias,

meses ou anos). Devido a esta componente, existe uma probabilidade de os valores de fluxo no

diagrama terem um maior ou menor desvio em relação ao valor real. Logo, é difícil estabelecer um

diagrama padrão válido em vários instantes e locais diferentes, que possam servir de

representação a médio/longo prazo

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Quanto ao estudo das fases do escoamento, este tem sido conduzido por diversos autores e

entidades, não havendo dúvidas que de facto existe uma fase de Escoamento Livre, fluxo com

escoamento estável e uma fase de Congestionamento ou instabilidade. Mas esta última fase é

mais complexa e levanta divergências relativamente ao modo como são definidos os seus

parâmetros (capacidade e velocidade). A definição destes parâmetros é fundamental uma vez que

uma menor ou maior capacidade em situação de instabilidade tem implicações no desempenho de

uma rede viária e no modelo económico da cidade em que se insere a rede viária (externalidades

e tempo de atraso acumulado e valorização desse tempo). Também nesta fase está presente a

variabilidade e portanto existe um risco associado na definição de uma maior ou menor

capacidade da via.

1.2 OBJECTIVOS

Os objectivos que se pretende alcançar com este estudo são:

A nível estratégico:

1. Aumentar a eficiência nas operações de recolha de dados de tráfego;

2. Avaliar objectivamente a capacidade de uma via em estado de saturação.

A nível táctico, decorrentes dos anteriores:

1.1 Identificação/formação de clusters com dias mais propícios/regulares à recolha de

dados, para estabelecimento de diagrama padrão;

1.2 Aferição da transferibilidade do diagrama padrão no tempo e no espaço;

1.3 Modelação do diagrama padrão para uma dada secção.

1.4 Optimização dos procedimentos de recolha de dados no terreno, para

estabelecimento do diagrama padrão;

2.1 Cálculo de uma nova variável, Eficiência, para definição objectiva dos níveis de

congestionamento;

2.2 Associação de um grau de risco no dimensionamento de capacidade, em

situações de congestionamento (probabilidade de rotura);

2.3 Aferição do tempo de atraso acumulado, e custo associado, em situação de

Congestionamento;

Um diagrama padrão essencialmente é uma representação do número de veículos que

atravessam uma secção de via, durante um período de tempo. A particularidade deste diagrama

está no perfil da sua curva. Um diagrama padrão diário tem um perfil de curva que será

representativo da generalidade dos dias do ano, excluídos os dias atípicos que não têm esse perfil

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dadas as circunstâncias particulares, tais como feriados, pontes, dias que habitualmente

correspondem a férias e alguns dias esporadicamente irregulares que forem detectados.

Os pontos 1.1 a 1.4 dizem respeito ao estudo da variabilidade presente no tráfego de veículos,

como anteriormente referido. Pretende-se com este grupo de objectivos contribuir para uma

melhor compreensão do fenómeno e entendimento do grau de necessidade da sua observação

repetida. Os pontos 2.1 a 2.3 referem-se ao estudo do Congestionamento, no sentido de definir

com mais rigor os níveis de carga de tráfego para os quais ocorre, uma vez que pequenas

variações no dimensionamento da capacidade de uma via têm grandes repercussões para jusante

na eficiência (fluidez de tráfego e eficiência económica) de um sistema viário.

1.3 INVESTIGAÇÃO ATÉ À DATA

Relativamente aos pontos 1.1; 1.2 e 1.3, existe um conjunto alargado de obras (ver secção 5 –

Bibliografia [4], [5], [6], [11], [13]) que desenvolvem individualmente cada uma das matérias

aplicadas neste estudo segundo o Fluxograma da página 7. No entanto, a junção de todas as

matérias referidas num só estudo e a aplicação de alguns conceitos, tais como a modelação de

séries cronológicas, representa uma inovação. Relativamente ao estudo da eficiência, não se

encontrou casos de aplicação a Portugal, sendo a bibliografia e as experiências de aplicação

referentes à fundamentação teórica de origem Alemã. [12], [14]. No que diz respeito a

equipamentos de contagem de fluxos de tráfego e processos de escolha de locais de montagem

do equipamento, existe um estudo Português bastante detalhado [3]

1.4 ABORDAGEM METODOLÓGICA

Tendo em vista o objectivo 1.3 de modelação de um diagrama padrão como um objectivo central,

existem procedimentos/objectivos que lhe servem de etapa inicial e outros, que no seguimento da

metodologia, fazem uso dos resultados atingidos nesse objectivo central. Estando definidos os

locais de recolha de dados que servirão para desenvolver todo o estudo, secção 1.5, a articulação

dos vários elementos do estudo de modo a alcançar os objectivos definidos é o exemplificado pelo

fluxograma da página 7, sendo a sua descrição a seguinte.

Propõe-se que o diagrama padrão ou série temporal padrão seja modelado pela equação,

composta de 3 partes (aplicação do principio da sobreposição) [5]:

Xt = sazonalidade + série cíclica determinística + ruído branco (erro na previsão) (1.1)

Neste ponto, apenas é importante referir como é tratada a sazonalidade, sendo possível encontrar

a definição detalhada dos outros conceitos em secções posteriores deste estudo. A nível urbano, e

em situações de relativa escassez de recursos pelos condutores, esta parcela deve-se

essencialmente ao peso que o dia do recebimento do vencimento tem nas decisões de

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mobilidade. È perceptível que periodicamente há uma redução nos fluxos automóveis à medida

que os dias se aproximam do fim do mês / dia de recebimento dos salários. Neste sentido, é

retirada a sazonalidade dos dados diários tomando estes como uma percentagem da média de

cada semana. Implicitamente, a média da série padronizada passa a ser unitária.

Xt´ = Xt,j / Média semana j (1.2)

Esta padronização foi efectuada no início do estudo portanto todas as fases de estudo da

variabilidade tem por base a série temporal padronizada.

Posto isto, é importante referir, em termos gerais, o procedimento para alcançar o diagrama

padrão. Deve ser aplicada a técnica da Análise de Clusters em escalas temporais progressivas.

Isto é, partindo do princípio de que se dispõe das contagens horárias de um ou mais anos

completos, aplica-se primeiro a Análise de Clusters (A.C.) definindo as variáveis com a dimensão

de um mês. Após validação, um conjunto de meses seleccionados servirá para recolher variáveis

para a segunda fase. Nessa fase, as variáveis são agora definidas como semanas. Após a A.C.

validada, resulta um conjunto de semanas de onde serão definidas novas variáveis que serão

agora na base do dia. No último passo, a Análise de Clusters serve para eliminar outliers e

seleccionar o dia padrão (fluxograma, p. 7).

Este procedimento é o indicado, no entanto para este estudo foi assumido apenas como

pressuposto, devido às dificuldades inerentes a uma recolha de dados. Neste sentido, aceitou-se a

recomendação de um consultor experiente da área dos transportes, transmitida durante o

processo de recolha de dados, referido no ponto seguinte, de tomar como pressuposto que os

meses de Março e Outubro (última quinzena) são os meses propícios à recolha de dados. Tendo

sido apenas possível recolher dados referentes a 2007, a dimensão da amostra é reduzida. Neste

sentido, decidiu-se tomar uma solução de compromisso em que se definiu à partida as varáveis na

base do dia, a partir dos dois meses disponíveis. 2

Tendo sido identificado o dia padrão, para ser possível efectuar a modelação são necessários

dados. Visto o projecto ter duas componentes (Fluxograma), a modelação está presente em

ambas mas com propósitos diferentes. Está presente na componente estática para permitir o

desenvolvimento de uma metodologia de análise e está presente na componente dinâmica para

efeitos de aplicação do modelo e para previsões que sejam necessários no âmbito de outros

estudos. Como neste estudo o enfoque está em desenvolver uma metodologia de análise,

recorreu-se a aos dados já padronizados. Na prática, tendo a priori conhecimento de toda a

informação contida neste estudo, inicia-se o estudo pela recolha de dados in situ nos dias mais

2 Foi efectuada em paralelo uma análise em Componentes Principais onde também se aplicou a Análise deClusters. Teve como objectivo o de explorar algum resultado mais claro e/ou preciso que o uso dessa técnicajá provou conseguir alcançar e que portanto pudesse ser útil neste estudo.

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consistentes, segundo os métodos da recolha descritos neste documento. Esta recolha de dados

in situ será na realidade uma etapa inicial do estudo do sistema, A partir desse ponto modela-se a

curva padrão. Não obstante, foi também levada a cabo uma recolha de dados in situ uma vez que

também é um propósito de estudo optimizar os procedimentos da recolha de dados.

A modelação da curva padrão é feita recorrendo às séries de Fourier. Seguindo o modelo

conceptual proposto, a série de Fourier resultante irá extrair a quase totalidade da variabilidade

contida na série original, e o resíduo será um resíduo branco. A qualidade da

modelação/ajustamento é aferida pelo Erro Quadrático Médio (EQM) [6].

Como resultado deste sistema tem-se a potencial transferibilidade do diagrama padrão no tempo e

no espaço, com validação dada pelo teste de Kolmogorov – Smirnov. As vantagens que este

resultado permite são enormes pois, garantindo pressupostos relativos à geometria e

funcionalidade da via, é possível reduzir em grande escala os custos de recolha de dados de

tráfego e classificação de vias.

Relativamente aos pontos 2.1 a 2.3 do conjunto de objectivos, que dizem respeito ao estudo do

escoamento instável, é importante referir o seguinte: na prática, após terem sido validados os

dados recolhidos experimentalmente numa determinada secção de uma via, com o intuito de

classificar uma via e prever fluxos futuros, o passo seguinte será a instalação de contadores fixos,

(por exemplo laços de indução). Com estes contadores, tem-se ao dispor em tempo real e a todas

as horas, contagens dos fluxos o que permite um estudo pormenorizado dos processos de

congestionamento, isto é do grau de eficiência da via em patamares de saturação e, se possível,

permite associar uma probabilidade a essa ocorrência, de modo a que os gestores de tráfego

avaliam a capacidade com base em níveis de risco. Se a esse risco estiver associado um custo

operacional derivado do tempo total de atraso acumulado em escoamento instável, a gestão de

uma rede viária torna-se mais eficiente. Por exemplo, passa a ser possível, com dados em tempo

real, aferir a eficiência da rede de uma cidade que esteja sujeita a portagem urbana. Caso os

níveis de eficiência ultrapassem o limite, isto seria sinónimo de falta de fluidez da rede. Nessa

altura, haveria necessidade de tentar compreender quais os pontos críticos na rede que estão a

condicionar a fluidez, uma vez que os custos com tempos perdidos estariam a subir e teriam de

ser compensados com um aumento da tarifa de entrada na portagem, para redução da procura.

Deste modo simples estar-se-ia a internalizar os custos externos. Com a devida transparência de

todo o processo e informação aos utilizadores da subida da tarifa, haveria um reajuste e o fluxo de

entrada na cidade reduziria e portanto a eficiência tomaria os valores desejáveis para um Nível de

Serviço não saturado.

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7

Análise Clusters (incluiEliminação de Outliers)

ClustersVálidos?

Pré - Recolha dedados em

contadores FIXOSEstudo da variabilidade– Dia Padrão

Estudo doCongestionamento

Variáveisoriginais

ComponentesPrincipais Não

Sim

Determinação dia Padrão(conjunto de dias

consistentes)

Recolha efectiva dedados em

contadores fixos(WYA)

Modelação do diagrama dodia Padrão

Definição de Modelo Teórico (+padronização dos dados) epressupostos de caract.

geométricas e de função de via

(Pré) Recolha dedados em

contadoresMÒVEIS

ModeloVálido ?

Não

Cálculo da eficiência

Cálculo do risco de rotura ecustos de atraso

Transferência no espaço e notempo do modelo

Previsões

(Modelação)

Transf.válida?

Não

Sim

COMP. ESTÀTICA (DESENVOL. METODOLOGIA) COMP. DINÂMICA (APLICAÇÂO & INVESTIGAÇÂO)

Sim

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8

1.5 PROCESSO DE RECOLHA DOS DADOS DE TRÁFEGO, JUNTODE ENTIDADES OFICIAIS

A cidade escolhida para desenvolver e aplicar este estudo foi Lisboa. Objectivamente é a cidade

mais indicada para o âmbito deste estudo pois dispõe das infra-estruturas necessárias para a

recolha de dados, e tem sedeada nos seus limites uma variedade de entidades, directa ou

indirectamente relacionadas com o tráfego automóvel, que gerem as infra-estruturas e dispõem de

bases de dados essenciais para a execução deste estudo.

O processo de recolha de dados é uma etapa inicial e essencial para o arranque do estudo e

consistiu fundamentalmente em duas partes:

1. Escolha dos locais equipados com contadores fixos, para recolha de fluxos;

2. Estabelecer contactos e reuniões com as entidades detentoras dos direitos dos dados

para posterior disponibilização dos dados pretendidos.

Foi feita uma escolha criteriosa dos locais. Esta teve em atenção o critério de obter uma amostra

que fosse representativa do tipo de fluxo e características geométricas de vias com vários níveis

hierárquicos da rede viária Lisboeta, vias com cariz semi - urbano ou de acesso à capital, e vias

sem influência do grande centro urbano (rurais mas com perfil de AE). Deste modo haveria uma

base de comparação para os diferentes tipos de fluxo. Os níveis hierárquicos da rede viária de

Lisboa são os definidos no Estudo de Mobilidade de Lisboa, 2005, pp. 110 – 115 “ nível 1 – rede

viária estruturante, a qual serve de suporte aos percursos de longa distância; nível 2 – rede de

distribuição principal, que tem como função dominante a distribuição entre sectores da cidade;

nível 3 – rede de distribuição secundária, servindo de suporte à distribuição de proximidade”. [7]

Neste sentido os locais escolhidos na cidade de Lisboa foram os seguintes. Consulte-se a sua

localização nas figuras da página seguinte (disponibilizada apenas a localização dos 4 locais cujos

dados foram utilizados para desenvolver este estudo):

Nível 1: 2ª Circular / Av. Cidade do Porto, em duas secções, no RALIS e no sublanço

compreendido entre o Eixo Norte/Sul e a Av. Lusíada. A escolha por esta via é evidente

pela sua elevada importância como via de acesso à capital e distribuição de tráfego, tanto

a Noroeste como a Oeste. O seu perfil geométrico é o característico de uma AE (2 faixas

de rodagem com 3 pistas cada) com velocidade de circulação limitada por lei aos 80 km/h.

A sua funcionalidade na rede é de via estruturante de atravessamento rádio - concêntrico.3

Nível 1: EIXO N_S, junto à 2ª Circular. A via tem um perfil de AE (2 faixas de rodagem

com 3 pistas cada), com velocidade de circulação limitada por lei aos 80 km/h. A sua

funcionalidade na rede e de via estruturante de atravessamento radial, com ligação à

3 Os dados recolhidos são anteriores à colocação dos radares de detecção de velocidades nesta via;

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9

margem Sul (influência de congestionamento devido à ponte 25 de Abril) 4

Para estes três locais, os dados foram recolhidos no site das Estradas de Portugal, S.A.

Nível 2: Av. República, junto ao Campo Pequeno;

Nível 3: Av. João Crisóstomo, no sublanço entre Av. 5 de Outubro e Av. da República.

Esta via é de elevada importância para este estudo, pois dispõe-se de dados recolhidos

por contadores fixos (laços de indução) e recolhidos pelo autor (placa móvel), em dois

anos seguidos, para o mesmo mês e dia, o que permitirá confrontar medições e

pressupostos.

Para estes dois locais, os dados foram disponibilizados com a colaboração do Departamento de

Segurança Rodoviária e Tráfego da Câmara Municipal de Lisboa

Via semi – urbana: Auto-estrada A5 – Carcavelos/Lisboa;

Via rural: Auto-estrada A6 – Vendas Novas/Lisboa.

Para estes dois locais, os dados foram disponibilizados com a colaboração da Brisa.

Todos os dados recolhidos são referentes ao ano de 2007 (excepto os recolhidos pelo autor na

Av. João Crisóstomo que são de 2008) e ao sentido de entrada em Lisboa, nas duas direcções de

cada via. Deu-se primazia ao fluxo da ponta da manhã por se considerar de ter maior relevância

no quotidiano das deslocações pendulares. É do senso comum (confirmado por uma análise

exploratória feita no decurso deste estudo) que o estudo do congestionamento na ponta da manhã

é mais importante porque é maior a concentração de fluxos que na ponta da tarde.

Previamente à disponibilização dos dados, foram realizadas reuniões com os responsáveis das

várias entidades mencionadas, onde sobretudo se procurou o melhor compromisso entre volume

de informação desejável e o efectivamente disponibilizável em tempo útil.

Relativamente aos locais efectivamente utilizados no desenvolvimento do estudo, à medida que

este foi avançando verificou-se que, em termos comparativos, havia pouca utilidade em repetir

análises (logo usar todos os dados disponíveis) quando se poderia diversificar mais o âmbito do

estudo, desenvolvendo outros aspectos que potencialmente produziriam resultados mais

relevantes ou interessantes.

4 Os dados recolhidos são anteriores à conclusão da via no seu troço mais a norte (ligação à CRIL).

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10

Fig. 1.2 – Localização: RALIS [8]Fig. 1.3 – Localização: EIXO_N_S [8]

Fig. 1.4 – Localização: Av. João Crisóstomo [8]Fig. 1.5 – Localização: AEA5-Carcavelos/Lisboa [8]

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11

Page 23: ESTUDO DA VARIABILIDADE E EFICIÊNCIA DE FLUXOS DE … · objectivo tira-se partido de um conjunto de técnicas estatísticas segundo uma sequência lógica e estruturada. No âmbito

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2 TEORIA DE SUPORTE______________________________________________________________________________

2.1 COMPONENTES PRINCIPAIS

A Análise de Componentes Principais é um dos métodos de Análise Factorial [5], que por sua vez

se insere nas Técnicas de Análise Multivariada. O objectivo da análise factorial é identificar a

estrutura subjacente à matriz dos dados que compõem um conjunto de variáveis. Definindo um

conjunto novo e de menor número de variáveis, encontra as relações internas essenciais

presentes no leque original das variáveis. A análise por componentes principais alcança esse

objectivo identificando as novas variáveis, factores, através da computação da matriz de

covariância, sendo os factores não correlacionados e os necessários para explicar a máxima

porção de variância relacionada com o conjunto das variáveis originais (é extraída a variância total

e comum sendo desprezável a específica e a de erro por serem reduzidas). [9]

A equação de cálculo dos factores é uma combinação linear das variáveis originais:

= (2.1)

= 1 = 1, … = º á

= 1, … ;

Prova-se que:

i)

Z = l F , com l = a , (2.2)

Onde os vectores são designados de factor loadings e representam o peso de cada factor na

variável original ou seja a parte da variância da variável explicada por cada factor, é o valor

próprio associado ao vector próprio ;

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13

ii)

l = (2.3)

= Variância Total; = % variância total

Ou seja, ao calcular-se o valor próprio da componente principal j, determina-se uma fracção da

variância total que é explicada por essa componente. Para extrair os valores próprios (e os

vectores próprios necessários para definir (3)), recorre-se ao método dos multiplicadores de

Lagrange:

det(S I) = 0, (2.4)

, com S [p x p] matriz de variâncias/covariâncias

Consequentemente, ao primeiro valor próprio corresponde o máximo de variância extraível por

uma componente principal, sendo os valores próprios seguintes de valor inferior. Portanto, são

necessários critérios para definir o número de componentes principais j a usar. Este número não

deve ser excessivo mas apenas o suficiente para explicar capazmente a variância das variáveis

originais.

O número de factores a considerar é estabelecido ponderando o resultado de três critérios:

Critério da percentagem de variância acumulada: o conjunto de factores escolhidos tem

de explicar uma determinada percentagem. Preconiza-se uma percentagem de 70% pois

a experiência revelou que este limiar é suficiente para produzir bons resultados;

Critério da variância unitária: considerar apenas factores cujos valores próprios sejam

maiores ou iguais a 1. Cada variável é standarizada apresentando portanto

= 0 = 1 , logo um factor que não capte uma porção da variância superior a 1, não

é melhor que a variável original;

Critério do Scree Plot: representação gráfica da variância total associada a cada factor,

ou a cada valor próprio, onde um declive acentuado dos primeiros factores indica que

estes retiram grande parte da variância total. O número de factores a considerar será o

que corresponde à estabilização da curva.

È possível que, após ter sido fixado o nº de factores e a % da variância que eles explicam, seja

difícil de interpretar a matriz dos factor loadings. Com o objectivo de os tornar mais interpretáveis

pode-se aplicar posteriormente uma transformação, rotação, que redistribui a variância explicada

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pelos factores individuais. Após esta transformação acontece que a capacidade explicativa dos

primeiros factores será menor do que antes, mas no conjunto mantém-se a mesma capacidade

explicativa. Dos vários métodos disponíveis, aplicou-se uma rotação ortogonal, Varimax

Normalized, pois este mantém os eixos dos factores ortogonais (eliminando possíveis

colineariedades nas análises estatísticas seguintes), redistribui as variâncias captadas por cada

factor de modo a maximizar as variáveis que apresentam elevada correlação segundo esse factor,

ou seja, os coeficientes da matriz estão mais próximos de um ou zero. [9]

2.1.1. INTERPRETAÇÃO DO MODELO E FACTOR SCORES

O estudo da significância dos factor loadings com as variáveis é interessante quando se pretende

interpretar os factores. No entanto, o objectivo principal não é interpretar este novo conjunto de

variáveis mas o resultado da sua aplicação na análise de Clusters subsequente.

Para tal, define-se uma nova matriz de variáveis, factor scores, que é um conjunto reduzido de

factores que caracterizam as variáveis originais:

= , = 1, . . (2.5)

onde,

– Factor scores

= – Factor scores coefficients

2.1.2. VALIDAÇÃO DO MODELO

A validação do modelo advém da análise das communalities, h , de cada variável. A comunalidade

verifica a porção da variância que de cada variável partilha com todas as outras. Valores de

comunalidades elevados indicam que aqueles factores extraíram grande parte da variância

comum. Por consequência, no resíduo que advém de se considerar apenas um número reduzido

de factores, está contida uma pequena parte da variância (resíduo = 1 – comunalidade).

l = h , l = 1, (2.6)

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15

2.2 ANÁLISE DE CLUSTERS

A análise de Clusters é uma técnica estatística classificatória que tem como objectivo a divisão de

um universo de entidades em grupos que sejam internamente homogéneos (constituídos por

entidades semelhantes) e heterogéneos entre si (distintos uns dos outros). [9]

A formação dos grupos assenta em 4 etapas:

i) Selecção de entidades e das variáveis utilizadas para as representar;

ii) Selecção de uma medida de (dis) semelhança entre entidades (representada por uma

distância);

iii) Selecção de um método de construção de clusters (+ definição de número de clusters a

considerar);

iv) Análise e validação de resultados.

i) Selecção de entidades e das variáveis utilizadas para as representar: A selecção

de variáveis condiciona obviamente os resultados a obter. É necessário seleccionar

variáveis que sejam pertinentes para o fim em vista. Deve ser feita com sentido crítico,

pois o modelo deve ser adaptado à realidade que se pretende estudar. Pode ser útil e

benéfico para a análise e interpretação dos resultados, usar variáveis transformadas a

partir de uma análise factorial, nomeadamente a de Componentes Principais, evitando-

se deste modo redundância de informação, uma vez que se reduz o número de

variáveis “explicativas”, garantindo um limiar de por exemplo 70% de variância total

explicada;

ii) Selecção de uma medida de (dis) semelhança entre entidades: existe uma

variedade de medidas apresentadas na bibliografia técnica, no entanto, como é uma

escolha que tem de ser feita a priori da formação dos Clusters, não se conhecem as

suas propriedades resultantes. Dado o conjunto de parâmetros que é necessário definir

numa análise de Clusters, a escolha por uma ou outra medida é pouco relevante. Neste

estudo a medida utilizada foi a Distância Euclidiana.

= (2.7)

onde,

– Vector de valores das variáveis para os indivíduos i

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16

iii) Selecção de um método de construção de clusters: existem dois grandes tipos de

métodos de construção de clusters;

Hierárquicos: Aglomerativos ou Divisivos;

Não Hierárquicos.

A diferença fundamental entre eles é que os Não Hierárquicos definem-se por serem

procedimentos iterativos, onde as entidades podem ser reafectadas diversas vezes nos

clusters, até que se minimize a variabilidade interna e se maximize a variabilidade entre

clusters; enquanto os aglomerativos são sequenciais sem retrocessos no processo,

não obstante a degradação de variabilidade, ou seja, dois grupos que sejam agregados

num dado passo (aglomerativo) nunca mais são separados em passos subsequentes,

ou dois grupos que sejam separados (divisivo) nunca mais são agregados.

Os métodos não hierárquicos são preferíveis. No entanto, devido à sua complexidade,

têm dois problemas associados:

- A sua inicialização (escolha de sementes);

- Definição a priori do nº de clusters.

Não se aprofundou a questão das sementes, tomando-se a opção escolhida por defeito

pelo Statsoft Statistica, que consiste no ordenamento das distâncias das observações e

selecção de sementes em intervalos regulares, de forma a maximizar a distância inicial

entre grupos. As várias opções possíveis introduziriam um acréscimo de subjectividade

desnecessário que não justificaria o dispêndio de recursos. A definição do número de

clusters é resolvida com uma solução de compromisso. Um método hierárquico fornece

no seu output uma aproximação para o número de clusters a definir. A determinação

deste número consiste em considerar os clusters formados até se observar um salto no

dendograma (representação gráfica da distância entre clusters), salto esse que

corresponde a um aumento brusco da distância entre pontos médios dos clusters (ou

seja, indicador de forte distinção entre clusters que seriam unidos). Seguidamente, um

método não hierárquico optimiza a composição desse número de clusters. Existem

vários métodos, sendo que para este estudo se escolheu o método Ward, como

hierárquico, pois facilita a leitura visual dos grupos no dendograma, e o método K-

Means, como não hierárquico. [9]. A equação rege o modelo K-Means é:

= ( ) (2.8)

=> (2.9)

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17

onde,

- Média do grupo j;

- Média de X para toda a amostra;

iv) Análise e validação de resultados: A ênfase da análise deve ser colocada nas

características que diferem significativamente de cluster para cluster. Deve ser traçado

um perfil de cada cluster com base no centróide respectivo, calculado através das

médias das variáveis integrantes no conjunto de elementos pertencentes a cada

cluster. Posteriormente, os resultados obtidos devem ser criticados com adequação e

razoabilidade. Para tal, é desejável que os clusters resultantes do método de

construção sejam susceptíveis de interpretação e explicação intuitiva, de carácter

holístico; que possam ser comparados com expectativas apriorísticas baseadas em

teorias ou experiência prática (quando existam).

A validação do modelo representa a tentativa de assegurarmos que a solução dos

clusters é representativa da população, logo generalizável e estável no tempo. No

entanto, esta é baseada não só em considerações objectivas mas também subjectivas,

uma vez que este tipo de análise classificatória não prevê testes de significância. Deste

modo, há que considerar esta característica e avaliar o impacto da decisão tomada.

Neste contexto, deve ser dada especial atenção à eliminação de outliers na

constituição dos grupos. Estes são detectáveis nos dendogramas quando

marcadamente existe um cluster com elevada distância de ligação ao próximo cluster,

composto por um número relativamente reduzido de elementos. Os outliers são

elimináveis com uma nova iteração, retirando-os do conjunto de elementos a formar

grupos. Por conseguinte, os dendogramas resultantes são mais equilibrados.

Em [4] p. 501, são listados vários critérios de validação. O critério escolhido foi a

comparação da solução de clusters para amostras independentes, uma vez que

existem disponíveis amostras (séries cronológicas) de distintas vias principais

lisboetas. Este critério é moroso mas é o mais directo. Se a constituição dos clusters for

estável no conjunto de dias da amostra que formam cada grupo, considera-se válida a

solução.

Neste processo inclui-se a solução obtida tanto com as variáveis originais como com as

componentes principais. Na apreciação intermédia é possível que se conclua que a

solução é estável nos dois cenários e que a clarificação adicional que as componentes

principais possam obter não é relevante. Neste caso, não será necessário incluir estes

resultados na validação final dos clusters formados pelo método K-Means.

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18

2.3 TESTE DE KOLMOGOROV – SMIRNOV

A utilização de testes não – paramétricos de qualidade de ajuste entre duas amostras

independentes, é fundamental neste estudo para avaliar o ajuste de diagramas de fluxo de vias

que se pretende analisar, ao diagrama padrão obtido anteriormente.

A génese da escolha de um teste de ajustamento não – paramétrico baseia-se em conceitos já

introduzidos que se fundamentam no seguinte: o tráfego rodoviário que passa numa via ao longo

de um período de tempo é entendido como uma série temporal que pode ser modelada com base

em conceitos estocásticos. Deste modo, tomando como intervalo temporal as 24 horas de um dia,

as várias contagens horárias de veículos são consideradas como frequências. No total do dia, a

curva que se obtém é uma função de distribuição amostral. Para aplicação destes testes é

necessário cumprir o pressuposto de que as amostras sejam independentes.

Se houver uma deslocação espacial na recolha das amostras, ou seja, teste da qualidade de

ajustamento entre vias distintas ou secções de via suficientemente afastadas para que a influência

de uma sobre a outra não seja significativa, é evidente que existe independência estatística nas

amostras. Se houver apenas uma deslocação temporal, sendo ambas as amostras recolhidas da

mesma secção, admite-se que as amostras entre dias diferentes são independentes. È válido este

pressuposto pois é característico do tráfego rodoviário existir um período de tempo de “reset do

sistema”, ou seja, as medições do número de veículos numa via durante a madrugada são muito

inferiores à média do dia anterior e do dia seguinte, podendo ser consideradas residuais, o que

significa que qualquer Congestionamento do dia anterior não tem continuidade para o dia

seguinte, eliminando as dependências entre medições de com uma a duas horas de

desfasamento.

A importância neste estudo de um teste de qualidade de ajustamento, não paramétrico, entre uma

amostra recolhida num dia e local que se pretende analisar e uma distribuição padrão ou diagrama

de fluxo padrão, é fundamental, pois poderá ser possível prever fluxos e até o comportamento do

tráfego a partir de uma curva modelo teórica. Os testes mais utilizados são o Teste do Qui –

Quadrado e o Teste de Kolmogorov – Smirnov, não só pela qualidade da sua formulação mas

também pela sua simplicidade, o que os tornou os mais populares. Para este estudo interessa

apenas fazer uma apresentação dos conteúdos do Teste de Kolmogorov – Smirnov, uma vez que

foi o teste escolhido por, após algumas análises exploratórias, se adequar melhor às

características dos dados e dos diagramas de fluxos rodoviários em estudo. [9

O teste de KS para duas amostras é um dos testes não paramétricos mais úteis, pois tem a

característica particular de ser sensível não só às diferenças locais entre as distribuições

cumulativas empíricas, mas também à diferença de forma das duas distribuições.

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Em termos comparativos com, por exemplo o teste do Qui – Quadrado, o teste de KS é, na

maioria das situações, tanto mais potente e mais adequado quanto menor for a dimensão da

amostra. Verificou-se inicialmente neste estudo que, para testar a qualidade do ajuste dos

diagramas, o teste do Qui – Quadrado não é de facto adequado, porque se baseia nas diferenças

das frequências das funções de distribuição. O inconveniente é que se os dados das contagens de

tráfego estiverem transformados (em percentagem da média semanal para retirar a sazonalidade

semanal como exposto anteriormente) as diferenças são mínimas e o teste perde potência, não

tendo sensibilidade a diferenças relevantes nos diagramas que numa análise simples e directa de

um gráfico mostrariam de forma evidente o não ajustamento.

Existem duas variantes do teste de Kolmogorov – Smirnov [11], mas a adequada para este estudo

é a segunda:

Ajuste entre a função distribuição amostral S (x) e a função distribuição populacional F0 (x)

, que em geral será a distribuição normal ou uniforme;

Ajuste entre duas amostras aleatórias independentes, FA (x) e FB (x).

2.3.1. FORMULAÇÃO

i) As hipóteses nulas e alternativas são formuladas nos seguintes termos [9]:

H0 : FA (x) = FB (x) para todo o x

H1 : FA (x) FB (x)

ii) Uma vez determinadas as funções distribuições amostrais, SA (x) e SB (x), calcula-se a

estatística de teste D´, tal que:

ET = D´= max | SA (x) – SB (x) |

iii) Uma vez especificado o nível de significância do teste, o valor obtido para D´ é

comparado com o respectivo valor crítico e, em função do resultado, H0 é ou não

rejeitada.

D´ < D´( = 0,05 e.g.) => H0 não é rejeitada

Os níveis usuais de significância utilizados são de 20%, 10%, 5%, 2 % e 1%. É importante

salientar que a escolha do nível de significância não é irrelevante e que no caso do teste de KS é

muito importante. Sendo H0 : FA (x) = FB (x) para todo o x, a noção de exigência para este teste é

diferente do que por exemplo para um teste de Fisher para uma Análise de Variabilidade, ANOVA,

numa regressão. De facto, escolhendo um pequeno, o teste é muito significativo, sendo muito

reduzida a probabilidade de cometer erros Tipo I.

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20

Para este teste, é mais importante a sua potência do que a significância, ou seja, que a

probabilidade de cometer erro Tipo II não seja elevada. Quando se testa neste estudo o ajuste

entre diagramas de fluxo ou séries temporais de contagens de veículos, que se detectou a priori,

por uma análise simples dos diagramas, serem semelhantes, com pequeno, o teste além de ter

pouca potência, tem pouca sensibilidade, ou seja, não tem o refinamento necessário para detectar

as diferenças que são mais reduzidas.5

Posto isto, sendo certo que o desejável é um equilíbrio entre significância e potência, a noção de

exigência estará em escolher um valor de mais elevado, beneficiando a potência do teste, pois

reduz a probabilidade de se aceitar a hipótese nula quando ela é falsa.

Na Fig. 2.1 expõem-se, a título de

exemplo, para aplicação futura, os

Outputs sequenciais de um caso de

aplicação do teste de KS a duas amostras

independentes. [11]

Os testes de KS às séries temporais

recolhidas para este estudo, foram

aplicados com base em MACROS

desenvolvidas em VBA na aplicação

informática MS EXCEL, sendo que,

apenas se apresentam os valores

relevantes para a análise.

5 Um erro do Tipo I é aquele que se comete quando se rejeita a hipótese nula por ela ser falsa quando defacto é verdadeira. A probabilidade desse erro é o nível de significância e o teste é tanto mais significativoquanto mais reduzida for essa probabilidade. Um erro do Tipo II é aquele que se comete quando se aceita ahipótese nula por ela ser verdadeira quando de facto é falsa. A probabilidade de cometer esse erro é apotência do teste e o teste é tanto mais potente quanto menor for essa probabilidade. Não é possível ter aomesmo tempo um teste muito significativo e muito potente pois quando uma probabilidade aumenta a outradiminui. O desejável é manter um equilíbrio de compromisso das duas probabilidades.

Fig. 2.1 - Exemplo do teste de KS a duasamostras independentes [11]

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21

2.4 MODELAÇÃO DE SÉRIES CRONOLÓGICAS

Uma série cronológica é um processo composto de sucessivas observações no tempo

dependentes entre si. Sendo as observações tomadas em intervalos de tempo igualmente

espaçados, a série é designada de discreta e amostrada, mesmo que a variável mensurável seja

contínua. Esta dependência no tempo das sucessivas observações permite que valores passados

sejam bons estimadores de valores futuros. Contudo, esta dependência não é total, pois existe

uma componente aleatória que torna impossíveis previsões exactas. Neste sentido, a maior parte

das séries não são determinísticas mas estocásticas. O objectivo da modelação é representar o

máximo da variância de uma variável através da sua componente determinística, reduzindo o mais

possível a variabilidade contida na componente estocástica, por limitação da magnitude dos

desvios da previsão em relação aos valores reais.

Matematicamente, um processo estocástico é um conjunto de variáveis aleatórias ordenadas no

tempo, { ( ) } onde T é o conjunto de pontos nos quais o processo é definido. Este processo

é caracterizável pelos seus momentos fundamentais:

Função Média: ( ) = { }

Função Variância: ( ) = {[ ( )] }

Como referido anteriormente, o fundamental é determinar se existe ou não dependência no tempo

das várias observações, para se adaptar a modelação da série de acordo com essa informação. A

ferramenta essencial para determinar a independência entre variáveis aleatórias é a covariância.

Aplicando este conceito apenas a uma variável aleatória, mas com desfasamento temporal k,

define-se a função autocovariância:

Função Autocovariância: ( , ) = {[ ( )][ ( )]}

A função autocovariância é a base para um conceito mais geral, que se pretende confirmar, que é

o conceito de estacionariedade. Para se fazerem inferências estatísticas sobre um processo,

tendo por base uma realização desse processo, é necessário fazer pressupostos sobre a sua

estrutura, ou seja, sobre a sua estacionariedade. [5], [10]

2.4.1. ESTACIONARIEDADE

Um processo estacionário é aquele para o qual o mecanismo aleatório que o produz não varia

com o tempo. Se a distribuição de é a mesma que a distribuição de , para todos os

possíveis t e todos os possíveis desfasamentos k, então o processo é estritamente estacionário.

Se apenas forem feitos pressupostos de não variabilidade acerca dos momentos de 1ª e 2ª ordem,

o processo designa-se de fracamente estacionário. Em geral, quando se refere um processo

estacionário, refere-se a fracamente estacionário, que se caracteriza por:

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22

A sua média (finita) e a sua variância (finita) não variam no tempo:

( ) = ( ) =

A função (auto) covariância é somente função do desfasamento k entre as variáveis e não

depende do instante de partida, ou seja a função autocovariância deve ter a mesma forma

para diferentes segmentos da série:

= [( )( )]

A partir da função autocovariância define-se a função autocorrelação, , como sendo a

autocovariância dividida pela sua variância,

=

Valores de próximos de 1 significam forte dependência linear e valores próximos de 0

significam fraca dependência entre valores desfasados de k instantes no tempo. A

representação de em função de k designa-se por correlograma.

Um processo que além de ser estacionário em média e variância é estacionário em covariância,

com = 0, é um processo estocástico fundamental ou processo de ruído branco.

Se neste processo de ruído branco, as estimativas de autocorrelação seguem uma distribuição

Normal, com média e desvio padrão 1 , verificando-se que 0 quando , as

estimativas de autocorrelação situam-se no intervalo ± 2 , para um intervalo de confiança definido

a 95%.

Deste modo, após a análise dos correlogramas, o que se pretende identificar é se os valores de

autocorrelação estão contidos no intervalo ± 2 , , e deste modo concluir, ou não, se os valores em

análise são independentes entre si, e portanto o resíduo final é um processo de ruído branco.

[5],[10]

2.4.2. SÉRIES CRONOLOGICAS

A abordagem frequencista da modelação das séries cronológicas aplica-se à exploração de

padrões cíclicos nos dados utilizando, por um lado, técnicas estatísticas e por outro, as técnicas

de análise de Fourier, com as devidas adaptações para que seja possível aplicá-las a funções

estatísticas em vez de determinísticas. Este conjunto de técnicas que permite realizar esta

abordagem designa-se por análise espectral.

Um dos objectivos fundamentais da análise espectral é pesquisar a partir de uma realização do

processo, o número de ciclos significativos e as respectivas frequências. Este objectivo é

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23

alcançável através da aplicação do periodograma. O periodograma constitui uma estimativa dos

valores da função de densidade espectral. A função densidade espectral é a função análoga da

função densidade de probabilidade no domínio da frequência. Posto isto, a questão coloca-se em

passar do domínio do tempo para o domínio da frequência, estimando a função densidade

espectral com base na série cronológica definida no tempo.

Para tal, é essencial o teorema da decomposição espectral de Wold, que estipula que qualquer

processo estocástico discreto estacionário pode ser descrito como a soma de dois processos não

correlacionados, um determinístico e outro não determinístico, ou seja, pode-se decompor a

energia ou variância de qualquer série cronológica na contribuição das variáveis de oscilações de

diferentes frequências, oscilações essas estatisticamente independentes. O gráfico da variância

associada a todas as frequências é chamado de função de distribuição espectral ( ) (análoga à

função cumulativa de distribuição) cuja derivação resulta na chamada função densidade espectral

( ) (análoga à função densidade de probabilidade). A passagem necessária do domínio do

tempo para o domínio da frequência, é feita através da aplicação do teorema de Wiener –

Khintchine, que utiliza a Transformada de Fourier. Esta transformação estima a pretendida função

densidade espectral, a partir das estimativas usuais das funções de autocovariância (obtidas a

partir da série cronológica). [5]

2.4.3. GENERALIZAÇÃO

A análise de Fourier refere-se ao estudo de funções contínuas periódicas no domínio da

frequência. Assume que elas se repetem infinitamente fora do conhecido intervalo de análise.

O modelo de Fourier, na sua forma harmónica, de uma série de período T, é o seguinte [8]:

= + cos + , (2.10)

=2

= 0,1, … ,

onde,

- Frequência angular [rad/s];

- Amplitude da harmónica ( + );

- Valor médio da série;

- Ângulo de fase;

As componentes a considerar são as de frequência , que se verificarem ser múltiplas da

componente fundamental da função que se pretende decompor em série de Fourier.

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24

Sucessivas generalizações permitem a aplicação da análise de Fourier a séries discretas, finitas,

periódicas ou não. A generalização desta teoria, de modo a permitir a análise no domínio da

frequência de séries estocásticas estacionárias, assenta nos dois pressupostos seguintes:

i) As amplitudes das sinusoidais sejam consideradas variáveis aleatórias não

correlacionadas, portanto estatisticamente independentes, de média nula, e que sejam

consideradas variáveis aleatórias seguindo uma distribuição uniforme no intervalo [0, 2 ],

sendo o seu valor fixo para uma dada realização do processo;

É importante referir neste ponto que o conceito de ciclos determinísticos, utilizado para

definir o modelo teórico de decomposição da série cronológica, deve ser entendido como

a existência de uma tendência para movimentos oscilatórios, e não de ciclos com

periodicidades ou frequências regulares. Se fossem tomadas repetidas séries de N

observações, constituindo cada uma delas uma possível realização do processo

estacionário estocástico, seria possível encontrar diferentes parâmetros de amplitude e

frequência e proceder à estimativa dos seus valores;

ii) Apenas é possível aplicar a teoria a processos estacionários se for generalizada a noção

de ortogonalidade, ou seja, o que em termos estatísticos se designa de correlação nula ou

independência. A generalização consiste em admitir que a série será aproximada através

de harmónicas da componente ou componentes fundamentais, que se conhece a priori

existirem na série. Garante-se deste modo a condição de ortogonalidade/independência

em termos estatísticos, definida no teorema de Wold.

O modelo seguinte está reescrito de outra forma mas as previsões que se obtêm têm o mesmo

valor que as obtidas com a forma harmónica. É o modelo mais comum e utilizado pelo software

Statsoft Statistica para devolver os outputs necessários ao cálculo dos resíduos. Considere-se a

série cronológica discreta constituída por N observações { } = 1, … , . O modelo obtido por

aproximação de Fourier à série com um número impar de observações, = 2 + 1 será:

= 2 + cos + sin , (2.11)

2;

= 2

onde,

=2

;

=2

;

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25

em que representa a média da série e os parâmetros são estimados pelo método dos

mínimos quadrados e representam a covariância da série. A definição do intervalo de frequência

angular baseia-se no seguinte:

Neste modelo, a frequência mais baixa que pode existir corresponde ao ciclo que se

completa no período = observações –> = 1 ;

A frequência mais elevada corresponde ao ciclo que se completa em segundas

observações e é dita de frequência Nyquist –> = 12.

Então, as componentes a considerar correspondem às frequências múltiplas da frequência mais

(baixa) que se pode encontrar, até se atingir a frequência mais elevada

= = 1,2, … , 2(2.12)

( 2 )

2.4.4. PERIODOGRAMA

Define-se periodograma como:

( ) = 2[ ( ) + ( )] , (2.13)

onde,

( ) =2

cos( ) ;

( ) =2

sin( t) ;

O cálculo do periodograma, apesar de ser definido no intervalo contínuo de frequências

, na prática o software faz o cálculo para o conjunto finito de frequências definidas

anteriormente. Deste modo, as frequências ensaiadas podem ou não coincidir com uma

frequência efectivamente pertencente à série, de onde resultam duas situações distintas que

permitem analisar o periodograma e retirar conclusões:

i) A frequência ensaiada coincide com uma frequência efectiva da série:

Existe um ciclo determinístico ao qual corresponde uma linha de espectro. A sua

amplitude aumenta com o número de observações. O periodograma representa para essa

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26

frequência a porção da energia ou variância da série a ela associada (variância essa

proporcional ao quadrado da amplitude nessa frequência). Pode-se assim relacionar a

amplitude do periodograma com a energia ou variância da série, ou seja, uma amplitude

elevada no periodograma significa que a frequência associada retira uma porção

significativa da variância da série. Um teste confirmatório consiste em obter o

periodograma em duas situações, usando numa por exemplo metade da amostra,

verificando se a sua amplitude se alterou sensivelmente na mesma proporção;

= 2 + + 2 (2.14)

ii) A frequência ensaiada não coincide com uma frequência efectiva da série:

O periodograma mostra amplitudes elevadas em intervalos de frequências, em vez de

linhas de espectro. Para a variância do processo contribui, não a variância associada a

uma ou outra frequência, mas sim toda a variância de uma banda ou intervalo de

frequências. Neste caso, o periodograma falha nas estimativas que faz da função de

densidade espectral.

= 2 (2.15)

2.4.5. TESTE DE SIGNIFICÂNCIA

Dado que se assumiu o resíduo como variável e não correlacionado, e são

estatisticamente independentes e normais. Assim sendo, as ordenadas do periodograma seguem

uma distribuição Chi-Quadrado com dois graus de liberdade,

( )= ( ) + ( ) ( ) = 1,2, … 2

(2.16)

O teste de significância tem como hipótese nula a de que o periodograma foi calculado para uma

série de ruído branco, portanto não contém uma componente determinística. A estatística de teste

é a de Whitlle (generalização de Fisher) e a hipótese nula é rejeitada se a probabilidade de obter

um pico, a partir de qualquer outra realização, for muito pequena (inferior ao nível de significância).

Dito de outra forma, se não é provável que haja picos de ordenada superior no periodograma, a

série não é uma série de ruído branco mas uma série com componente periódica, onde as

frequências correspondentes são as que retiram grande parte da variabilidade presente na série.

O nível de significância preconizado é de 5%.

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27

= , = 0 (2.17)

{ > }2

( ) < 5% => => é

Prova-se [5] que, analisando os primeiros momentos da função densidade espectral, estimada

pelo periodograma, este é um estimador centrado mas não consistente, pois a variância das suas

estimativas não tende para zero quando o número de observações aumenta. Ou seja, o número

de frequências diferentes das harmónicas básicas aumenta, reduzindo o significado dos

resultados. Para se evitar este facto, devem-se tomar apenas números de observações da série

múltiplos de periodicidades que são evidentes existirem na série e.g. 24 horas, tornando-se assim

não periódicos os sinais dessas frequências e deixando de aparecer no espectro de frequências.

São considerados como ruído e alisados.

2.5 ESTUDO DO CONGESTIONAMENTO

2.4.6. EFICIÊNCIA

Com o U.S. Highway Capacity Manual de 2000, foi dada continuidade à base standard de análise

das qualidades do tráfego rodoviário, cujo conceito teve a sua origem com o HCM de 1965. Dos

aspectos importantes referidos no HCM, os que são alvo de reflexão e reavaliação são os

seguintes:

A capacidade e qualidade do fluxo de tráfego são analisadas para uma hora de pico

específica, dentro da qual são considerados intervalos de pico (e.g. 15 minutos);

A qualidade do tráfego durante estes períodos de uma hora é classificada em um de seis

Níveis de Serviço6;

A classificação Nível de Serviço baseia-se numa ou mais Medidas de Eficiência , tal como

a velocidade média de viagem. Uma Medida de Eficiência incorpora aspectos decisivos da

qualidade do tráfego, devendo usualmente reflectir uma medida de tempo, tal como a

duração ou atraso de viagem.

A definição dos valores das Medidas de Eficiência que determinam os limites entre Níveis de

Serviço sucessivos depende de um consenso entre os especialistas na área, não existindo uma

medida objectiva para definir esses limites. Isto é particularmente problemático quando se

6 Este conceito é estritamente atribuído a curtos intervalos de tempo (1 hora)

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pretende discriminar entre Níveis de Serviço inferiores, e.g. entre D (suficiente), E (em

capacidade) e F (saturado). [10]

Incidir o estudo sobre estes conceitos é muito útil, pois as novas abordagens desenvolvidas

podem beneficiar a adaptação às necessidades do desenvolvimento, tais como:

Explorar ao máximo a capacidade das estruturas existentes, pois os graus de liberdade

para expandir as AE ou vias municipais estão limitados por restrições financeiras,

ambientais, ordenamento do território;

A previsível saturação das AE, que à semelhança do que já acontece nas áreas

metropolitanas, é esperado que ocorra em mais secções e por períodos de tempo mais

alargados.

Este último aspecto evidencia a necessidade que existe de detalhar de um modo analítico mais

rigoroso o Nível de Serviço F (saturado). Tem sido debatida a partição deste nível de serviço em

sub-níveis de modo a diferenciar diferentes níveis de saturação. No entanto, é difícil de alcançar

consenso nesta matéria, pois o Nível de Serviço F contínua a ser definido sobre análise temporal

de uma hora em particular, quando o grau de congestionamento não é apenas função do tempo

de medição mas também da procura em períodos seguintes, para além do impacto negativo na

capacidade da via para montante até ao restabelecimento da circulação.

Estas questões urgem uma perspectiva diferente de gerir o congestionamento, que considere

outros aspectos para além da análise baseada numa hora de observação. [12]

Os parâmetros tradicionais para descrever o fluxo de tráfego numa secção de uma AE, para um

curto intervalo de tempo (1 hora) são:

q – volume de tráfego [veic/h], medida da procura de tráfego;

c – capacidade [veic/h], fluxo máximo que é possível atravessar uma secção;

Vt – velocidade média de viagem [km/h];

k – densidade de tráfego [veic/km];

= (2.18)

A classificação de um fluxo de tráfego segundo um Nível de Serviço baseia-se fundamentalmente

na velocidade. Quando este parâmetro não é eficaz para distinguir o espectro de condições

conhecidas do tráfego, desde uma estrada vazia até em capacidade, a densidade é a medida de

eficiência mais adequada para definir o Nível de Serviço. Contudo, como foi referido, existe pouco

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29

rigor analítico na definição dos limites entre Nível de Serviço D e E.

A seguir expõe - se uma nova abordagem [12] que permita distinguir objectivamente níveis de

serviço semelhantes no limiar da saturação. As pequenas diferenças que se possam distinguir

nestes níveis de serviço são importantes para aferir a performance de uma secção.

A Tabela 3.2 resume o

conceito de eficiência de

tráfego, medida de

potência, tratando os fluxos

de transporte de modo

análogo ao que acontece

nos sistemas mecânicos.

Aplicando o contexto da análise de mecânica de sistemas ao fluxo de tráfego, a grandeza força é

substituída por veículo ou unidade de transporte e tem-se que:

= . (2.19)

= . (2.20)

=.

(2.21)

= . . (2.22)

onde,

M – nº de veículos [veic];

S – extensão do percurso em análise [km];

q – fluxo de procura [veic/h];

Vt – velocidade média [km/h];

T – período de tempo considerado [h];

E (veic.km / h) representa o número de veículos quilómetro que são produzidos pela secção da AE

por unidade de tempo. Esta formulação faz depender a eficiência do produto entre a capacidade

da secção e a velocidade média do tráfego na secção (Equação 20). Se o interesse estiver em

definir a eficiência em função da procura, é necessário estabelecer Vt = F (q). Existem várias

formulações para esta relação, contudo são aproximações da curva fundamental. Portanto, caso

se pretenda obter valores realistas de E, tem de se basear a relação velocidade – fluxo em

observações recolhidas no terreno.

Fig. 2.2 – Eficiência: definição [12]

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30

A Fig. 2.3 (esquerda) representa um exemplo da curva E em função do fluxo de procura,

comparando a sua evolução com a curva da velocidade. As curvas aplicam-se a uma AE de três

pistas/sentido, para uma Velocidade de Escoamento Livre, de 120 km/h, referente a dados

publicados no HCM (2000). A Fig. 2.3 (direita) representa um segmento de AE com três pistas

numa direcção contendo 20% de tráfego de pesados. [12]

Fig. 2.3 - Eficiência: exemplo para AE 3 pistas/sentido [12]

Observa-se para este exemplo que a eficiência máxima da secção é atingida a 90% da

capacidade. A relevância de determinar este máximo está em estabelecer um limite que beneficie

a eficiência de exploração da via, por exemplo, numa AE com portagem. A receita directa das

portagens é proporcional ao número de veic.km produzidos pela AE ou seja não há vantagens

económicas em se ultrapassar o limiar de capacidade da AE correspondente a Emáx.

Deste modo, para efeitos de planeamento e controlo, qE = Max constitui uma fronteira entre Nível de

Serviço D e E.

A Fig. 2.4 (esquerda) ilustra a mesma dependência para uma estrada rural de uma pista/sentido,

baseada na Equação 20-5 do HCM (2000)7, sendo linear a relação entre Vt e q. A Fig. 2.4 (direita)

representa também uma AE rural de duas pistas/sentido, aplicando uma relação Alemã HBS do

tipo Vt = F (q) = a – b q, que representa 10% de tráfego pesado.

Fig. 2.4 - Eficiência: exemplo de estrada rural de uma pista/sentido (esquerda); Exemplo de AE rural de duas pistas/sentido (direita) [12]

7 ATS (Velocidade Média de Viagem) = FFS (Free Flow Speed) – 0,0125 Vp - fnp,

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31

Desta comparação surgem alguns aspectos importantes. A eficiência é uma grandeza que varia

conforme a geometria da secção em estudo, localização da via e tipo de tráfego que a atravessa.

Estas figuras evidenciam que a eficiência máxima com fluxo de tráfego abaixo do limite de

capacidade da via c, apenas é atingida se a curva Vt = F(q) é convexa, situação que é corrente

para AE mas não para estradas de uma pista/sentido ou de uma pista única.

2.5.1. EFICIÊNCIA EM INTERSECÇÕES

De forma análoga, define-se eficiência E para uma intersecção do seguinte modo:

= .3600

. (2.23)

onde,

E – eficiência da operação de intersecção [veic/h];

q – fluxo de procura [veic/h];

T – período de tempo considerado, e.g. 1 hora [h];

D – atraso total por veículo = F (q,c) [s];

c – capacidade [veic/h];

Uma vez que para uma intersecção, S = 0 originando a expressão acima, a grandeza E tem

unidades de fluxo mas com significado completamente diferente. O atraso total por veículo é

calculado pela Equação (3.24), uma transcrição da equação 17-38 do HCM (2000).

=3600

,+ 900

,1 +

,1 +

3600. ,

450 + 5 (2.24)

onde, – Atraso [s]

, – Capacidade [veic/h.pista] - Fluxo de procura [veic/h.pista] – Período de análise [1 hora]

A Fig. 2.5 compara intersecções não semaforizadas, correspondendo o gráfico esquerdo a uma

intersecção de c = 400 veic/h e o da direita a c = 600 veic/h.

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Fig. 2.5 - Eficiência: exemplo de intersecção não sinalizada [12]

Em ambas as situações, qE = Max corresponde a 60 % da capacidade c. Este é um facto comum

quando se relaciona o atraso numa intersecção com a sua eficiência.

Dos factos ressaltam dois princípios desta relação entre E e D para intersecções:

qE = Max não corresponde a um limite adequado para definição de um limite de separação

entre Nível de Serviço D e E;

DE = Max consiste num valor de referência de tempo de atraso por veículo, acima do qual os

custos associados tornam-se significativos.

2.5.2. ANÁLISE DE ANO COMPLETO

A análise do tráfego de um ou vários anos completos, numa determinada secção, é muito

importante para o planeamento e projecto de uma rede viária. Caso se disponha de contadores

fixos em diferentes locais, a Análise de Ano Completo permite comparar custos de construção,

manutenção e de operação das várias alternativas. Esta comparação permite determinar se a

construção de uma nova via se justifica e quais as características geométricas e funcionais que

produzem a melhor relação custo/benefício. Fundamentalmente, esta análise baseia-se no tráfego

médio, e.g. diário e/ou anual, obtido não apenas com base em intervalos de medições de 15

minutos, convertidos para uma hora e corrigidos de um Factor de Ponta Horário (FPH), mas com

base no número real de veículos detectados durante o total de cada hora.

Uma das críticas que se colocava a este método era a que de necessitava de material informático

com grandes capacidades de cálculo. Actualmente, esse problema não é real podendo ser feita a

análise num computador portátil. Outra questão está relacionada com os custos de instalação dos

contadores fixos e o tratamento dos dados. Este é um problema real portanto a implementação de

uma análise deste género deverá ser antecedida pelo processo exposto no fluxograma da página

7, de modo a que haja eficiência no controlo de custos. Assim sendo, a Análise de Ano Completo

consiste numa base sólida da qual pode decorrer por exemplo o cálculo da eficiência, a escolha de

rota dinâmica e porventura a geração de viagens, estudos de impacto ambiental relativos a

consumo de combustível e emissões.

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Para este estudo, é relevante apenas salientar a relação da desta análise com o conceito de Nível

de Serviço. Os resultados de uma análise de ano completo não são utilizados para comparações

directas com os resultados do Nível de Serviço, mas para suporte dos mesmos. O objectivo não é

eliminar as análises de hora de ponta mas produzir uma medida de aferição da performance do

fluxo de tráfego mais sólida. O cálculo da eficiência é mais rigoroso tendo por base uma escala

temporal micro, que pode ser definida por exemplo ao minuto, 5 minutos ou 15 minutos, do que se

tiver por base medições numa escala mais macro, nomeadamente a hora. Deste modo, o estudo

dos níveis de serviço em saturação é mais extenso e robusto pois assimila um maior número de

ocorrências. Consequentemente é possível caracterizar com mais rigor os diferentes níveis de

saturação no que diz respeito à dimensão das filas de espera, duração de congestionamentos, e

tempos de atraso máximo e acumulado. [12]

2.5.3. ESTUDO DA PROBABILIDADE DE ROTURA

O termo capacidade na área dos transportes tem um papel muito importante, uma vez que é

aplicado no planeamento, projecto e gestão operacional. A versão de 2000 do HCM [13], define a

capacidade como sendo o máximo fluxo, durante um período de 15 minutos, expresso em

veículos/h.pista que pode ser suportado por um segmento de via, segundo condições de tráfego e

de via padrão.

Implícito na definição e compreensão corrente do conceito de capacidade está a noção de que

ocorre uma rotura de escoamento, transição de um estado de Escoamento Livre para um estado

de Congestionamento, quando a procura excede o valor da capacidade. Ou seja, a capacidade é

correntemente definida como um fenómeno determinístico. Contudo, investigação recente

dedicada ao estudo do Congestionamento tem sugerido causas específicas e tem examinado as

suas características. Tem-se tornado evidente que este não ocorre necessariamente no valor

máximo de fluxo, podendo ocorrer para fluxos inferiores ou superiores aos tradicionalmente

aceites para a capacidade. Como tal, estudos recentes têm sugerido que a passagem ao estado

de Congestionamento é um fenómeno estocástico, em que estão associadas probabilidades de

rotura a valores de fluxo específicos, mas as análises de suporte ainda são limitadas. Esta nova

abordagem complementa a actual noção de capacidade, introduzindo uma componente

probabilística na definição corrente do HCM.

Verifica-se [14] que pequenas perturbações ocorrem várias vezes mas nem sempre resultam num

Congestionamento, sendo simplesmente absorvidas pelo fluxo. Sendo que o tráfego, na maior

parte das situações, recupera de pequenas perturbações, apenas as perturbações que causam

uma queda na velocidade média do fluxo para valores inferiores a 80 km/h, para períodos de

contagem de 15 minutos ou mais, são consideradas verdadeiras roturas. O mesmo critério aplica-

se para períodos de recuperação, ou seja os períodos em que efectivamente o fluxo apresenta

velocidades acima dos 80 km/h para períodos superiores a cinco minutos. Na realidade, o critério

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34

dos 15 minutos é usado apenas em caso de dúvida pois, segundo [12], na maioria dos casos as

perturbações ou têm durações da ordem de 1 a 2 minutos ou atingem durações superiores a uma

hora. Relativamente à definição do fluxo de rotura, este corresponde ao fluxo observado

imediatamente antes ao Congestionamento, ou seja imediatamente antes à quebra de velocidade

para valores inferiores a 80 km/h.

O objectivo do estudo do Congestionamento é o de determinar como varia a probabilidade de

rotura com o maior ou menor fluxo de tráfego. Deste modo poder-se-á definir de modo diferente o

termo capacidade, incorporando a componente do risco. Por exemplo, para definir a capacidade

de uma via em particular, seria dito que “ a capacidade da 2ª Circular é de 2400 veic/h.pista para

um fluxo constante de 15 minutos que tem uma probabilidade de 26 % de originar um

Congestionamento”.Assim definida a capacidade para uma dada via, esta pode tomar um intervalo

de valores dependendo da política de gestão e objectivos da entidade gestora do sistema viário

em que se insere a via.

Neste sentido, a capacidade de uma via pode ser entendida como uma capacidade prática,

variando segundo o que gestor de rede considera ser um nível de risco tolerável, numa dada

altura.

Na Fig. 2.6 apresenta-se um exemplo retirado da bibliografia correspondente a uma análise da

probabilidade de rotura que origina um Congestionamento. Analisando a curva referente ao

intervalo de 15 minutos, verifica-se que, para a via analisada nesse estudo, atinge-se a

probabilidade de rotura cresce significativamente para uma capacidade de 2100 veic/h.pista. Ou

seja, para definir a capacidade da via seria dito que esta é de 2100 veic/h.pista, para um fluxo

constante de 15 minutos, que tem uma probabilidade de 20 % de originar um Congestionamento.

Fig. 2.6 - Probabilidade de rotura vs fluxo observado [14]

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35

2.5.4. ATRASO Vs VALOR DO TEMPO

“Understanding travel demand is nearly like understanding life itself”. [15]

Em geral, as pessoas preferem usar o seu tempo em casa, no trabalho ou em outra actividade do

que em viagens pendulares dentro de um autocarro ou carro. Portanto, os viajantes gostariam de

reduzir o tempo de viagem para uma dada deslocação.

Verifica-se que existe uma vontade de pagar por uma redução no tempo de viagem, que tem um

cariz comportamental que parece mais uma consequência de um problema geral de alocação de

tempo ao invés de uma decisão isolada. Por outro lado, a realocação individual do tempo de

viagem a outra actividade tem também um valor para a sociedade, não só porque a produção

pode subir mas também porque um indivíduo está melhor assim e isso importa socialmente. Isto

implica que alterações no sistema de transportes que levem a reduções no tempo de viagem

geram reacções que são importantes de compreender de um ponto de vista comportamental e de

aumento do bem-estar social, que tem de ser quantificado na apreciação de projectos sociais.

Também deverá ser parte integrante desta apreciação o impacto/retorno que as reduções nos

tempos de viagem têm sobre o mesmo sistema de transportes. Repare-se que se por um lado há

ganhos inicias de bem-estar social e de qualidade de vida por serem possíveis deslocações mais

rápidas, por outro lado há o efeito de tráfego induzido. A redução nos tempos de viagem gera uma

procura adicional que no cenário anterior não tinha utilidade suficiente para se deslocar.

Em geral, realocação do tempo de uma actividade a outra que é mais agradável tem sem dúvida

um valor para o indivíduo. Este tema vem sendo explorado há mais de 30 anos, portanto vários

conceitos sobre o valor do tempo emergiram, dependendo de como um período de tempo é

considerado: como um recurso valioso, se algo que pode ser redistribuído ou como algo a ser

reduzido.

Em síntese, existem vários conceitos de valor do tempo com origem em diferentes teorias sobre a

realocação do tempo, evidenciando que existe uma evolução direccionada para uma melhor

compreensão dos elementos que determinam a equivalência monetária para o tempo designado

ao cumprimento de uma tarefa. Tendo em conta que os modelos se baseiam na maximização da

função utilidade, composta por actividades tais como tempo de trabalho, de consumo, de lazer, de

viagem, e que estão sujeitos a algumas restrições que definem tectos para os seus valores, tem-

se que: do ponto de vista da utilidade há actividades que são uma potencial fonte de

satisfação/insatisfação; do ponto de vista das restrições há actividades às quais seria afectado o

menor tempo possível. Neste último caso, o valor de poupar tempo numa actividade restringida

tem três componentes [15]:

Nível de rendimento [€/hora.];

O valor do trabalho;

O valor, não restringido, da actividade em si.

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36

sendo que também se deverá incluir outras componentes tais como o valor marginal de mudança

no padrão de consumo e o valor de reorganizar um horário de actividades.

O mesmo tipo de modelo aplica-se ao transporte como actividade. Modelos de escolha modal

discreta facilitam o cálculo do valor de poupar tempo de viagem, que se obtém pelo rácio marginal

de substituição entre o custo de viagem e o tempo de viagem, obtido da função utilidade modal

estimada. Este rácio é também designado de Subjective Value of Travel Time (SVTT), que reflecte

as três componentes anteriormente referidas.

O modelo mais generalista, que engloba as três componentes e tem em consideração as

mudanças na estrutura de consumo e na reorganização de horários, mostra que deve ser dada

particular atenção à actividade consumo quando esta é restringida por um tempo de lazer limitado,

ou seja um indivíduo não têm tempo de gastar o que ganha. Isto acontece pois neste caso a

utilidade marginal do ordenado recebido diminui e o SVTT aumenta. Esta é uma dimensão

importante de compreender relativamente ao Valor Subjectivo do Tempo de Viagem e ao

comportamento social em geral, em ambientes caracterizados por ordenados elevados

relativamente ao tempo de lazer disponível.

Em condições particulares, em que o tempo de trabalho é decidido individualmente, sem afectar o

tempo total destinado a trabalho e a viagens, o SVTT será igual ao nível de rendimento (w).

Na contabilização social do valor do tempo, o tempo pode ser considerado de duas perspectivas:

I. Um recurso para investir em produção: onde o Social Price of Travel (SPT) - Time

Savings, também é igual ao nível de rendimento, se forem verificadas condições de

mercado competitivas. Portanto:

SVTT = w, SPT = w logo SPT = SVTT = w

II. Uma compensação monetária para aumento do bem-estar social: resultado de ganhos

individuais na função utilidade. Os ganhos individuais permitem uma redução no

tempo de viagem, induzem um tempo de lazer e de trabalho que tem um valor social.

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37

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38

3 CALCULOS E ANÁLISES______________________________________________________________________________

3.1 ANALISE EXPLORATÓRIA DOS DADOS

Procedeu-se a uma análise exploratória dos dados, entenda-se “olhar” para os dados através de

diagramas de fluxo, correlogramas, tabelas de frequências, e a partir desta nova perspectiva

sumarizada dos dados, detectar a existência de, por exemplo, tendências, ciclos, classes modais.

Algumas destas descobertas podem revelar características dos dados, cuja relevância determine

um estudo mais detalhado em capítulos subsequentes. Como referido na secção 1.4 - Abordagem

Metodológica, a amostra é constituída pelo Mês de Março e última quinzena de Outubro de 2007.

Na Fig. 3.1 apresenta-se o diagrama de fluxo de base horária para o dia 1 de Março de 2007

referente a uma secção da 2ª Circular, nomeadamente junto ao RALIS – Sacavém, no sentido

Norte - Sul. O diagrama de fluxo representa o número de veículos que atravessam essa secção

por hora, durante as 24 horas desse dia e a respectiva velocidade (assume-se que durante essa

hora o número de veículos seja constante, no entanto na realidade estas contagens são feitas na

base temporal do minuto sendo os valores por hora o resultado do somatório de contagens

durante 60 minutos).

Fig. 3.1 – Diagrama de fluxo: 1 de Março de 2007, Quinta-feira, RALIS (base horária) [16] - EP

O diagrama não é necessariamente o exemplo de um dia padrão, mas algumas características

intrínsecas são imediatamente detectáveis. São evidentes três características:

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Período de vazio (fluxo residual durante a madrugada);

Um patamar do fluxo entre os 2400 e os 2800 veic/h.pista, entre as 10 e as 19 horas;

Ponta da manhã, com fluxo a atingir os 4000 veic/h.pista, com congestionamento

associado.

Confirma-se que, de facto, em condições próximas das ideais, o fluxo correspondente atinge o

valor teórico em torno de 2400 veic/h.pista e que a velocidade de circulação de equilíbrio é de 90

km/h. Ultrapassado esse limiar, ocorre uma rotura de escoamento, estando o tráfego praticamente

parado devido à saturação da secção. Será portanto relevante estudar este fenómeno, uma vez

que lhe estão associados diversos custos com o tempo perdido.

Fig. 3.2 – Diagrama de fluxo: Semana de 5 a 11 de Março 2007, RALIS (base horária) [16] EP

Na Fig. 3.2 representa-se um diagrama de fluxo, na base horária de uma semana completa. É

evidente a existência de um ciclo com período de 24 horas, que se repete durante os dias úteis da

semana, sendo o perfil desse ciclo semelhante ao do gráfico da Fig. 3.1. Neste sentido,

constatam-se as três características fundamentais anteriormente indicadas, nomeadamente a

ocorrência em todos os dias úteis das situações de descontinuidade assinaladas no gráfico

anterior.

Contrastando com esse perfil, detectam-se também dois dias com diagrama de fluxo

completamente diferente. Estes correspondem ao Sábado e Domingo, sendo a principal diferença

(para além da supressão da descontinuidade) a existência de uma Ponta da Tarde ao invés de

uma Ponta da Manhã. Sendo um dos objectivos do estudo a determinação de um diagrama

padrão, a existência destes dias “diferentes” é uma indicação para proceder a uma Análise de

Clusters, em que por etapas sucessivas se formem grupos de dias intra-homogéneos e ao mesmo

tempo inter-heterogéneos.

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Outra característica essencial que deve ser salientada é a existência do ciclo com período de 24

horas. Isto é importante no sentido de que estamos perante uma série cronológica com uma

distinta componente cíclica determinística. Recordando parte da fundamentação teórica, se

porventura for possível extrair esta componente determinística, o resíduo final será apenas um

resíduo branco. Sendo perceptível esta componente determinística, o que de facto existe é uma

dependência temporal das várias observações, variáveis aleatórias, que compõem o processo

estocástico. Para confirmar esta dependência, apresenta-se na Fig. 3.3 o correlograma dos três

primeiros dias da semana. Verificam-se, de facto, fortes correlações entre dias com desfasamento

temporal de 24 horas.

Fig. 3.3 - Função autocorrelação para os dias 5,6 e 7 de Março de 2007, RALIS

Posto isto, o passo seguinte foi determinar qual a distribuição das variáveis aleatórias, no total do

mês de Março de 2007. O interesse desta análise não está num estudo do perfil dos diagramas

diários de base horária (que por si só são passíveis de serem analisados como uma distribuição),

mas sim num estudo básico do nível de saturação da secção Ralis – Sacavém, sentido Norte_Sul.

Tabela 3.1 - Estatística descritiva, Março de 2007

Extremos da classe Marca Freq Abso Freq Rel Freq RelAcum

Freq RelAcum Inv

]0 200] 100 33 4,4% 4,4% -

]200 600] 400 117 15,7% 20,1% -

]600 1000] 800 44 5,9% 26,0% -

]1000 1400] 1200 71 9,5% 35,5% -

]1400 1800] 1600 66 8,9% 44,4% -

]1800 2200] 2000 82 11,0% 55,4% -

]2200 2600] 2400 202 27,2% 82,6% 17,4%

]2600 3000] 2800 67 9,0% 91,6% 8,4%

]3000 3400] 3200 35 4,8% 96,4% 3,6%

]3400 4200] 3800 27 3,6% 100,0% 0,0%

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Tabela 3.2 - Resumo da estatística descritiva

N Média Mediana Moda Mínimo Máximo Desvio Padrão

744 1768 2000 2400 128 4108 1004

Tomando para referência a marca das classes, constata-se pela Tabela 3.1 e Tabela 3.2 que o

valor de fluxo mais frequente aproxima-se da capacidade teórica de referência de 2400

veic/h.pista, correspondendo a 27,2% das observações. Quer isto dizer que num mês, durante

27,2% do tempo, esta secção está em escoamento próximo da sua capacidade máxima, sem

atingir um Congestionamento. Contudo, além deste facto, existe a agravante indicada pela

frequência acumulada inversa, de que durante 17,4% do mês a secção está em

Congestionamento. Estes valores não são desprezáveis, se for tido em conta o total de custos de

tempo perdido e custos externos, associados a percentagem de tempo que a secção se encontra

em congestionamento, que será aproximadamente de 5 dias (17,4 % de 744/24).

Fig. 3.4 - Distribuição Normal dos fluxos de Março de 2007, RALIS

Na Fig. 3.4 está representada a distribuição dos fluxos do total do mês de Março de 2007. É visível

que se assemelha a uma distribuição normal, apesar de um conjunto de valores, contidos na

classe dos 200 a 600 veic/h.pista (que correspondem ao período de vazio) que enviesam a

distribuição. Este facto foi comprovado com um teste não significativo de Chi – Quadrado, onde a

hipótese nula de a distribuição da amostra seguir uma distribuição normal, não foi rejeitada).

Estendendo a análise referente à saturação da secção, a Fig. 3.5 representa o fluxo médio e a

velocidade média do mês de Março numa base diária. Aplicando um factor de escala à curva de

fluxo médio, calculou-se o que se designou como curva de fluxo modal. O factor de escala é igual

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= = . Com esta curva é possível uma análise simplificada da saturação da secção

estendida na dimensão do tempo. É possível averiguar quais são os dias mais sobrecarregados

do mês. Constata-se que são os pares de picos, por exemplo 9 e 11, que apresentam valores

acima de 2400 veic/h.pista. Estes pares representam a Sexta-feira e o Domingo. Quer isto dizer

que, nestes dias, especialmente à Sexta, é mais provável que a saturação se verifique durante

mais horas do dia. Porventura as Sextas-feiras podem formar um cluster característico.

Fig. 3.5 - Fluxo Médio e Modal de Março de 2007, RALIS

3.2 COMPONENTES PRINCIPAIS E ANÁLISE DE CLUSTERS

Procedeu-se a uma análise de Clusters sobre a totalidade da amostra - mês de Março mais a

última quinzena de Outubro. Analisando em conjunto os resultados obtidos, Fig. 3.6 e Fig. 3.7,

através do método Ward com variáveis originais e componentes principais, é evidente um conjunto

de dias que são considerados outliers, pois a distância de ligação entre o cluster a que pertencem

e o cluster remanescente é muito elevada. Assim, tendo como referência o dia 3/3/2007 em ambos

os gráficos, verifica-se que os dias à esquerda deste correspondem a Sábados e Domingos. Neste

sentido, todos os outliers identificados nesta fase, Sábados e Domingos, são retirados da amostra,

procedendo-se a uma nova iteração de formação de clusters pelo método Ward (no caso da Fig.

3.7) também são evidenciadas as Segundas-feiras, no entanto, como o processo de eliminação de

outliers é progressivo, mantiveram-se na análise sendo porventura extraídos depois se for

justificável.

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Fig. 3.6 - Diagrama de Ward: variáveis originais (48 dias), 1ª iteração

Fig. 3.7 - Diagrama de Ward: Componentes Principais (48 dias), 1ª iteração

Da segunda iteração resultaram os gráficos da Fig. 3.8 e Fig. 3.9. Marcadamente existe um cluster

de dimensão superior aos restantes composto pelos dias semana de 3ª, 4ª e 5ª. Os clusters

remanescentes são relativos às 6ªs e às 2ªs. Nesta distinção salienta-se que o método que produz

melhores resultados é o método Ward, usando variáveis originais. É bastante clara a distinção das

6ªs relativamente ao conjunto dos dados. Este facto reforça a análise anterior, em que se salientou

a possível formação de um cluster só para as 6ªs.

Resulta destas análises, que o número de clusters a definir para uma posterior análise de clusters,

pelo método não hierárquico, será de três. Apesar dos indicadores iniciais de que as 6ªs poderiam

formar um único cluster, não é possível com apenas com esta análise afirmá-lo decisivamente.

Para ser possível validar a conclusão de que, um conjunto de medições de periodicidade semanal

se pode subdividir em 3 + 1 clusters: i) 2ªs; ii) 3ªs+4ªs+5ªs; iii) 6ªs; iv) Sábados + Domingos, é

necessário o mesmo tipo de análise noutros locais, onde as recolhas de amostras sejam

independentes entre si. Esta análise foi levada a cabo para a secção Carcavelos/Lisboa e

EIXO_N_S, sendo expostos subsequentemente apenas os resultados relevantes.

SABs + DOMs

2As SABs + DOMs

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Fig. 3.8 - Diagrama de Ward: variáveis originais (33 dias), 2ª iteração

Fig. 3.9 - Diagrama de Ward: Componentes Principais (33 dias), 2ª iteração

3.2.1. VALIDAÇÃO DA ANALISE DE COMPONENTES PRINCIPAIS

Esta validação da análise de componentes principais corresponde já à 2ª iteração, após terem

sido eliminados os dias não regulares (Sábados e Domingos). Deste modo da matriz inicial de 48

dias x 24 horas, aplicou-se a análise de componentes principais a uma matriz 33 dias x 24 horas.

Nesta análise aplicou-se uma transposição à matriz de modo a que os factores fossem uma

combinação linear das horas e não dos dias, uma vez que não se pretendia com este filtro

intermédio do processo de formação de clusters retirar o papel efectivo da formação de clusters,

que seria alcançado com o método K-Means. O objectivo com esta análise de componentes

principais é o de apenas servir de filtro de redução intermédia da variabilidade dos dados. Deste

6As 2As

2As 6As

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modo, consegue-se reduzir essa variabilidade dos dados (como se conseguiria sem a

transposição da matriz) sem que tenham significado os factores resultantes da análise (não é

pretendida a interpretação de agrupamentos de horas do dia mas o agrupamento de dias da

semana). Da figura Fig. 3.10 e Fig. 3.11 conclui-se que com três factores a curva dos valores

próprios inicia a sua estabilização, mas, no entanto, não se cumprem os 70% de variabilidade

explicada. Neste sentido, optou-se por utilizar sete factores, uma vez que após esse limite os

valores próprios deixavam de ter um valor superior a 1. Deste modo, a variância total explicada é

de 81%. Também estaria correcto usar apenas cinco ou três factores, mas este modo é mais

rigoroso pois consegue-se ter um pouco mais de variância total explicada sem que os factores

extraídos sejam piores representações que as variáveis originais (critério da variância unitária)

Antes de validar os factores extraídos salienta-se, como já referido, que o objectivo do uso desta

ferramenta é o de apenas servir de input à Análise de Clusters, não sendo portanto relevante o

significado dos factores extraídos neste passo. Contudo, não deixa de ser interessante uma breve

análise aos resultados desta fase. Constata-se que dois factores concentram as horas de

madrugada e que no conjunto dos outros factores não é possível atribuir um factor a uma hora de

ponta de manhã ou distinguir um factor que represente um patamar de equilíbrio durante a tarde.

No geral, a informação que se retira não apresenta novidades confirmando –se a ideia inicial de

que o importante nestes resultados não seria o seu significado mas o output que estes originam

depois de inseridos na Análise de Cluesters

Finalmente, analisando a Fig. 3.13 verifica-se que a comunalidade acumulada para os sete

factores é em média de 0,82, o que é satisfatório, pois significa que a variância que cada variável

tem em comum com o conjunto das outras é em média de 18%. Caso se tivesse escolhido apenas

3 factores essa variância seria muito superior, cerca de 55%, o que não seria válido8.

Fig. 3.10 - Valores PrópriosFig. 3.11 - Valores Próprios: Variação

gráfica da variância

8 Na Fig. 3.12 o somatório do quadrado dos factor loadings não é igual ao valor próprio associado a cadavector, contrariamente ao definido na fundamentação teórica. Isto deve-se à transformação aplicada aosvectores (a designada rotação ortogonal dos factores varimax normalized).

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Communal ities (RALIS_N_S_regulares)Extraction: Principal componentsRotation: Varimax normal ized

VariableFrom 1Factor

From 2Factors

From 3Factors

From 4Factors

From 5Factors

From 6Factors

From 7Factors

MultipleR-Square

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,031131 0,8076710,8117510,8443000,870630 0,910382 0,914298 0,9465870,014461 0,7797560,7828190,8334030,836913 0,880121 0,887193 0,9586850,048313 0,7868650,7906680,7957830,816988 0,855928 0,885026 0,9666300,012023 0,0229320,0409690,0666610,104485 0,137294 0,778903 0,8566290,081344 0,0814740,3708690,4502200,673826 0,736406 0,743684 0,9783000,056647 0,1271880,2797560,2968710,809578 0,840586 0,842682 0,9336790,053495 0,2662810,2849880,7298400,729854 0,748361 0,754221 0,9052050,001623 0,0165150,0576680,7673550,782391 0,782583 0,807897 0,8377650,001252 0,0172120,0278080,0297110,692665 0,696591 0,733624 0,8435340,000811 0,3554890,3564890,6216830,696297 0,735346 0,794824 0,8912130,001131 0,1217060,1227590,1665570,167236 0,205059 0,333381 0,8827030,002831 0,0708810,0739080,0891190,089722 0,814390 0,836141 0,8341320,002187 0,0716570,0722190,0975810,145255 0,824895 0,878338 0,9169210,041684 0,0910990,1233090,3288640,350500 0,484370 0,813909 0,9428830,024993 0,0578530,1080220,6017780,603156 0,676753 0,841078 0,9038300,090287 0,0916970,2706940,2762600,404495 0,427647 0,904962 0,9491310,019836 0,0263050,4730550,4809150,506214 0,514723 0,734525 0,9213640,018498 0,0184980,6438850,6438990,646595 0,647903 0,803810 0,9538670,001175 0,0091830,7699100,7758890,777802 0,790247 0,796004 0,9734530,397945 0,4001090,7559320,7568490,807092 0,848744 0,849552 0,9822370,930624 0,9320460,9332750,9359870,939435 0,941735 0,952399 0,9942670,898120 0,8988290,9004370,9010290,912425 0,912597 0,926436 0,9934160,880361 0,8831940,8903570,8968050,904227 0,911431 0,914456 0,9336780,814011 0,8151710,8334370,8367540,853868 0,854774 0,911386 0,902082

Fig. 3.12 - Factor Loadings Fig. 3.13 - Comunalidades

Relativamente à comparação de resultados produzidos com base em variáveis originais e

componentes principais, não existe diferença significativa. Alguma clarificação nos dados que se

poderia obter não se verificou, até pelo contrário, a constituição de clusters é mais clara usando as

variáveis originais. A diferença não é relevante, dada a natureza dos dados, mas para outros

estudos pode ser muito útil aplicar uma análise factorial prévia a uma análise de clusters. Neste

sentido, apenas se procede na fase seguinte à validação dos clusters formados pelo Método K-

Means relativo às variáveis originais.

3.2.2. CONSTITUIÇÃO E VALIAÇÃO DE CLUSTERS PELO MÉTODO K –MEANS

Como referido na fundamentação teórica, a validade da constituição de um cluster depende da

sua consistência perante diferentes amostras independentes. Neste ponto coloca-se uma questão

se seria necessária a mesma estrutura de análise para os locais adicionais (A. Componentes

Principais e A.C. Ward). A expectativa seria de que o resultado seria semelhante ou seja o número

de clusters indicados seriam de 3. Após os cálculos confirmou-se esta previsão e novamente a

Análise por Componentes Principais não acrescentou nenhuma clareza adicional na constituição

dos clusters. Neste sentido não se considera relevante remeter estes outputs para Anexo uma vez

que é uma lista extensa com pouca utilidade para o desenvolvimento do estudo. Assim na Tabela

Factor Loadings (Varim ax normal ized) Extraction: Principal components(Marked loadings are >,700000)

VariableFactor

1Factor

2Factor

3Factor

4Factor

5Factor

6Factor

700h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23hExpl .VarPrp.T otl

-0,176440 0,881215 -0,063871 0,180415 -0,162266 0,199379 -0,062574-0,120254 0,874811 -0,055343 0,224909 -0,059243 0,207865 0,0840990,219802 0,859391 0,061670 0,071518 0,145619 0,197332 0,1705800,109650 0,104445 0,134302 0,160288 0,194483 0,181132 0,8010050,285208 -0,011417 0,537955 0,281693 0,472870 -0,250160 0,0853080,238006 0,265596 0,390599 0,130823 0,716036 0,176091 0,045782

-0,231289 0,461287 0,136775 0,666972 0,003750 0,136042 0,076550-0,040281 0,122034 -0,202863 0,842429 0,122620 0,013872 0,159103-0,035381 -0,126332 -0,102941 -0,043623 0,814220 0,062658 0,1924380,028472 0,595549 -0,031614 -0,514970 0,273156 -0,197608 0,243882

-0,033632 0,347239 -0,032451 0,209278 0,026060 0,194482 0,3582210,053203 0,260864 0,055018 0,123333 -0,024555 0,851275 0,147482

-0,046763 0,263571 -0,023715 0,159255 0,218343 0,824403 0,2311780,204166 0,222295 0,179473 0,453382 -0,147091 0,365883 0,5740540,158092 0,181272 0,223984 0,702678 0,037111 0,271289 0,4053700,300479 0,037541 0,423080 0,074609 0,358099 0,152158 0,6908800,140839 0,080430 0,668394 0,088657 0,159058 -0,092242 0,4688300,136008 0,000198 0,790814 -0,003773 -0,051927 -0,036162 0,394851

-0,034281 -0,089487 0,872197 -0,077325 -0,043739 0,111555 -0,0758770,630829 -0,046515 0,596509 -0,030291 0,224148 0,204090 -0,0284090,964689 -0,037700 0,035070 -0,052069 0,058722 0,047959 0,1032670,947692 0,026637 0,040094 -0,024328 0,106752 -0,013108 0,1176420,938276 -0,053230 0,084632 0,080297 0,086151 -0,084880 -0,0549980,902226 -0,034058 0,135151 -0,057592 -0,130824 0,030093 0,2379334,424781 3,324827 3,025375 2,449130 1,897536 2,057218 2,4598610,184366 0,138534 0,126057 0,102047 0,079064 0,085717 0,102494

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47

3.3 sumariza-se a informação relevante e a partir da qual se efectua a análise. Os dois locais

adicionais necessários para validar a constituição dos 3 três clusters são os indicados na secção

1.5 – Recolha de dados, nomeadamente a secção no EIXO N_S e na A5 –Carcavelos/Lisboa

A cor cinzenta encontram-se assinalados os dias que são consistentes, por cluster. Em coluna

está indicada, para os três locais, a distância média de cada dia ao centro do cluster a que

pertence e o desvio (%) da distância de cada dia à distância média dos elementos. Por exemplo,

entende-se como dia consistente o dia 8/MAR/07 que pertence ao cluster 1 no local RALIS_N_S e

pertence sempre ao cluster 1 em locais diferentes como é caso de Carcavelos_Lisboa e

Eixo_N_S.

.

Assim, evidenciam-se dois aspectos:

1. As três amostras formam um cluster (Nº1) com dimensão significativamente superior aos

remanescentes e os elementos que os compõem são consistentes. Por outras palavras, o

cluster de maior dimensão contém vários elementos que não mudam de cluster quando

se varia a fonte da amostra (consistentes nos 3 locais ou em dois). Analisando quais são

esses dias, verifica-se que são 3ªs, 4ªs e 5ªs e em geral os três dias de uma semana

aparecem no mesmo cluster. Em média, esses dias constituem 2/3 dos dias do cluster 1

(e.g.: 6, 7 e 8 de Março; 27, 28 e 29 de Março);

2. Os clusters remanescentes (Nº2 e Nº3) não são consistentes e são relativamente de

dimensão menor, ou seja, os elementos que os compõem têm posicionamento irregular

nos mesmos, podendo trocar entre clusters e até mesmo pertencer ao primeiro cluster,

por exemplo, apenas o dia 23 de Março, 6ª feira, aparece nos 3 locais no cluster 2. Em

média, 45% dos dias do cluster Nº2 não se repete nos 3 locais e no cluster Nº3 essa

percentagem é também de 45%

Além disto, não é possível, com alguma fiabilidade, atribuir um cluster a elementos

correspondentes a 2ªs e outro a 6ªs, pois estes até podem conter, por exemplo, uma ou

mais 3ªs. Apenas 55% dos dias do cluster Nº2 são 6as e no cluster Nº3 apenas 24% são

2as, comparativamente com os 2/3 do cluster Nº1.

Tendo isto em consideração, pode-se afirmar que existe pelo menos um cluster consistente, sendo

os restantes menos estáveis. Sendo esse cluster consistente o de maior dimensão, os elementos

que o constituem representam as características gerais da amostra. Quer isto dizer, que os dias

da semana, 3ª, 4ª e 5ª, constituem dias cujo diagrama de fluxo é um potencial dia padrão. Neste

sentido, é possível uma generalização do método utilizado, para vias de geometria semelhante à

2ªCircular, para as quais os melhores dias para recolha de fluxos de tráfego são a 3ª, 4ª e 5ª.

Relativamente, aos dias irregulares, 2ª e 6ª, não é evidente que sejam agrupados em clusters

distintos apesar de intuitivamente isso ser válido. É do senso comum que à segunda-feira existe

tráfego devido a pessoas que passaram o fim-de-semana fora de Lisboa e regressam nesse dia

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Tabela 3.3 - Validação da Análise de Clusters

RALIS_N_S CARCAVELOS_LISBOA EIXO_N_S

Nº 1 Distance Desvio Nº 1 Distance Desvio Nº 1 Distance Desvio

01-MAR-07, 5A 0,070887 -3% 01-MAR-07, 5A 0,090862 14% 05-MAR-07, 2A 0,045421 1%06 -MAR-07, 3A 0,069778 -4% 02-MAR-07, 6A 0,159132 100% 06 -MAR-07, 3A 0,047952 7%07-MAR-07, 4A 0,046402 -36% 05-MAR-07, 2A 0,079883 0% 07-MAR-07, 4A 0,040825 -9%08-MAR-07, 5A 0,062351 -15% 06 -MAR-07, 3A 0,087416 10% 08-MAR-07, 5A 0,036946 -18%12-MAR-07, 2A 0,075903 4% 07-MAR-07, 4A 0,072868 -8% 15-MAR-07, 5A 0,102717 129%13-MAR-07, 3A 0,041051 -44% 08-MAR-07, 5A 0,046773 -41% 16-MAR-07, 6A 0,031871 -29%14-MAR-07, 4A 0,036657 -50% 09-MAR-07, 6A 0,090058 13% 19-MAR-07, 2A 0,032948 -26%15-MAR-07, 5A 0,11045 51% 12-MAR-07, 2A 0,085097 7% 20-MAR-07, 3A 0,052382 17%19-MAR-07, 2A 0,129673 78% 13-MAR-07, 3A 0,05251 -34% 21-MAR-07, 4A 0,052156 16%20-MAR-07, 3A 0,038025 -48% 14-MAR-07, 4A 0,044126 -45% 22-MAR-07, 5A 0,036704 -18%21-MAR-07, 4A 0,120335 65% 15-MAR-07, 5A 0,07301 -8% 26-MAR-07, 2A 0,032984 -26%26-MAR-07, 2A 0,096138 32% 16-MAR-07, 6A 0,092451 16% 27-MAR-07, 3A 0,033936 -24%28-MAR-07, 4A 0,070818 -3% 19-MAR-07, 2A 0,057004 -28% 28-MAR-07, 4A 0,04189 -6%

16-OUT-07, 3A 0,092241 26% 20-MAR-07, 3A 0,07276 -8% 29-MAR-07, 5A 0,038412 -14%

23-OUT-07, 3A 0,066763 -9% 21-MAR-07, 4A 0,048963 -38% MÈDIA 0,04

30-OUT-07, 3A 0,040284 -45% 26-MAR-07, 2A 0,11352 43% Nº 2 Distance Desvio

MÈDIA 0,073 27-MAR-07, 3A 0,074872 -6% 02-MAR-07, 6A 0,041427 -29%

Nº 2 Distance Desvio 28-MAR-07, 4A 0,083024 4% 09-MAR-07, 6A 0,065985 13%

02-MAR-07, 6A 0,083384 47% 29-MAR-07, 5A 0,086458 9% 12-MAR-07, 2A 0,070307 20%

09-MAR-07, 6A 0,057722 2% MÈDIA 0,08 13-MAR-07, 3A 0,055042 -6%

16-MAR-07, 6A 0,033225 -41% Nº 2 Distance Desvio 14-MAR-07, 4A 0,053044 -9%

23-MAR-07, 2A 0,057069 1% 22-MAR-07, 5A 0,105165 53% 23-MAR-07, 2A 0,06503 11%

29-MAR-07, 5A 0,077499 37% 23-MAR-07, 2A 0,082342 20% 15-OUT-07, 2A 0,088815 52%

26-OUT-07, 6A 0,035847 -37% 19-OUT-07, 6A 0,04231 -38% MÈDIA 0,058

31-OUT-07, 4A 0,051226 -9% 25-OUT-07, 5A 0,053008 -23% Nº 3 Distance Desvio

MÈDIA 0,057 26-OUT-07, 6A 0,068746 0% 01-MAR-07, 5A 0,071485 10%

Nº 3 Distance Desvio 31-OUT-07, 4A 0,059683 -13% 16-OUT-07, 3A 0,037484 -43%

05-MAR-07, 2A 0,092209 44% MÈDIA 0,069 17-OUT-07, 4A 0,064351 -1%

22-MAR-07, 5A 0,047493 -26% Nº 3 Distance Desvio 18-OUT-07, 5A 0,088864 36%

27-MAR-07, 3A 0,072315 13% 15-OUT-07, 2A 0,030111 -21% 19-OUT-07, 6A 0,104874 61%

15-OUT-07, 2A 0,063772 -1% 16-OUT-07, 3A 0,024265 -36% 23-OUT-07, 3A 0,066065 1%

17-OUT-07, 4A 0,05878 -8% 17-OUT-07, 4A 0,036813 -3% 24-OUT-07, 4A 0,044289 -32%

18-OUT-07, 5A 0,056633 -12% 18-OUT-07, 5A 0,060786 60% 25-OUT-07, 5A 0,036962 -43%

19-OUT-07, 6A 0,068797 7% 23-OUT-07, 3A 0,041063 8% 26-OUT-07, 6A 0,078223 20%

24-OUT-07, 4A 0,058384 -9% 24-OUT-07, 4A 0,061596 62% 29-OUT-07, 2A 0,0921587 41%

25-OUT-07, 5A 0,056431 -12% 29-OUT-07, 2A 0,090262 138% 30-OUT-07, 3A 0,0476115 -27%

29-OUT-07, 2A 0,06611 3% 30-OUT-07, 3A 0,044156 16% 31-OUT-07, 4A 0,050136 -23%

MÈDIA 0,064 MÈDIA 0,038 MÈDIA 0,065

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de manhã, provocando um acréscimo de fluxo. À sexta-feira o motivo do acréscimo de fluxo é

diferente, uma vez que muitas pessoas que habitualmente recorrem ao transporte público durante

a semana, à sexta-feira usam o automóvel particular prevendo uma eventual actividade de lazer

nocturna. Existem de facto motivos diferentes para que existisse um cluster para 2ª e outro para a

6ª, no entanto, neste estudo, esse acontecimento não é evidente. Possivelmente no futuro, com

acesso a uma dimensão maior da amostra será possível tornar mais clara esta questão.

Finalmente, tendo por objectivo seleccionar um dia padrão de entre um cluster consistente, o

método utilizado consistiu em determinar os seis elementos cuja distância ao centro do cluster

fosse uma das seis menores e cruzar essas elementos com aqueles cuja distância ao ponto médio

do cluster não fosse superior a 20%. Com este método pretende-se seleccionar um elemento que

seja equilibrado dentro do cluster. Nem muito afastado da característica genérica do cluster (o que

o distingue para os outros clusters), nem muito afastado da característica média dos elementos do

cluster (paralelismo entre variância inter - clusters e intra - cluster)

O dia encontrado e que servirá de padrão para as análises de capítulos seguintes é o dia 8 de

Março de 2007. O diagrama que lhe corresponde é o apresentado na Fig. 3.14. A secção em

estudo localiza-se na 2ª Circular, mais precisamente no RALIS. A escolha da via teve como

critérios:

Importância no sistema viário da capital Lisboeta;

Ponto de entrada de fluxos significativos de ponta da manhã [7];

Via com características de atravessamento da capital;

Extensão de 10 km, o que permite confrontar amostras (quase) independentes (dois

pontos de acesso em localizações opostas da cidade).

Fig. 3.14 - Diagrama Padrão: RALIS, 8 de Março 2008 [16] - EP

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0 4 8 12 16 20 24

RALIS_08_03_2007

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50

3.3 KOLMOGOROV – TESTE DE AJUSTAMENTO

O teste de ajustamento não – paramétrico de Kolmogorov é muito útil pois permite comparar perfis

de diagramas de fluxo desfasados no tempo e/ou desfasados no espaço. As vantagens que

podem surgir destes cálculos são enormes pois se a curva padrão encontrada for uma boa

estimativa de fluxos para locais desconhecidos isto significa que estabelecendo pressupostos

sobre a geometria da via e sobre a sua função na rede viária (se é uma via de atravessamento

radial da cidade ou via rádio - concêntrica) e estes pressupostos forem semelhantes aos da via do

dia padrão, é possível prever fluxos e até o comportamento do tráfego a partir de uma curva

modelo teórica e então depois confirmar os valores com medições no terreno.

Tome-se para exemplo os diagramas da Fig. 3.15 e Fig. 3.16. À esquerda testa-se um

deslocamento no espaço, ou seja, testa-se o ajustamento do perfil da curva em locais diferentes. À

direita testa-se um deslocamento no tempo, ou seja, os dados são da mesma secção mas em dias

diferentes.

Fig. 3.15 - Teste KS: transferência no espaço Fig. 3.16 - Teste KS: transferência no tempo

Para uma transferência no espaço a prática mostrou que, analisando apenas os dias regulares, ou

seja as 3ªs, 4ªs e 5ªs (o que corresponde a 156 dias do ano), o máximo número de dias regulares

que têm associados diagramas que podem ser estimados com o diagrama padrão é de 60, ou seja

uma taxa de sucesso de 38%, com apenas uma probabilidade de 2% (nível de significância) de

estar a cometer o erro de não incluir mais dias válidos (falsos negativos). Note-se que o critério

usado é muito pouco exigente pois preconizando um nível de significância elevado, está-se a

aumentar a probabilidade de aceitar dias que de facto não têm uma curva semelhante (ou seja

reduzir a potência do teste). Note-se que para a natureza dos dados, é mais importante a potência

do teste do que a significância. Resumindo, aceita-se uma percentagem de 38% mas com mais

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rigor (maior potência ou seja teste menos significativo) a percentagem de dias aceites seria

bastante menor. No caso do exemplo de deslocação apenas temporal, a taxa de sucesso é de

100%.

Este facto era expectável pois intuitivamente o teste de deslocação espacial tem pressupostos

difíceis de cumprir dada a natureza e características de todo o sistema de tráfego que envolve as

vias sobre as quais incide este estudo A taxa de sucesso no caso 1 é baixa pois a estatística de

teste está definida de tal modo que é dado muito peso às primeiras diferenças (primeiras horas do

dia) nas curvas de distribuição acumulada, que condiciona o resultado do teste. O perfil da curva

pode ser semelhante mas uma translação em y é suficiente para o teste não ser válido. No caso 1,

poderiam ter sido eliminados os valores iniciais mas o desfasamento continuaria a existir. Este

desfasamento, nestes exemplos, deve-se ao facto de a curva padrão ter sido retirada de um local

com condições ideais, próximas daquelas que permitem fluxos de 2400 veic/h.pista, que no caso

do Eixo N_S não se verificam pois o patamar de equilíbrio corresponde a cerca de 200

veic/h.pista. Além desta particularidade, o EIXO N_S é uma via que atravessa Lisboa radialmente

o que leva a que uma parte significativa do seu fluxo residual seja tráfego com origem e destino

em Lisboa).

3.3.1. FACTORES DE AJUSTAMENTO

Assim sendo, efectuou-se outra análise que permitisse estimar fluxos a partir de dias que tivessem

um diagrama menos semelhante ao do dia padrão. Com esta análise é possível ter maior

liberdade de recolha de dados no terreno, pois o dia e o mês em que se recolhe dados no terreno

pode não coincidir com nenhum dos dias em que se poderia recolher a curva padrão.

Neste sentido, os factores que se apresenta na

Tabela 3.4 representa-se a correcção a efectuar numa curva de dados recolhida num dia mais

conveniente, de modo a obter uma curva semelhante à curva padrão. Os factores estão

agrupados por trimestre, ou seja para cada trimestre calculou-se a média aritmética dos factores

dos dias desse trimestre. Por exemplo, se tivesse sido recolhida uma contagem em Fevereiro,

para que seja considerada como a curva padrão aplica-se, por multiplicação, os 4 factores do

1ºtrimestre, a cada uma das contagens dos vários períodos do dia, ou seja as contagens entre as

6 e as 11 são multiplicadas de 1,06 e assim sucessivamente. 9

A operação é simples, no entanto é necessário ter alguma cautela com o grau de semelhança da

curva obtida. Os factores obtidos resultam do seguinte: por utilização de programação em VBA e

por recurso à ferramenta Solver, estabeleceu-se encontrar o mínimo do EQM que resulta de

ajustar a curva recolhida à curva padrão, sendo que o permite o ajustamento é a variação dos 4

factores até se alcançar o dito mínimo do EQM. Posteriormente efectua-se um teste de

9 A curva padrão é única e em rigor só é determinada se os dados forem recolhidos no dia padrão

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Kolmogorov para validar a translação no tempo do diagrama padrão. (Estas operações repetiram-

se para os 365 dias de 2007). Ou seja, em rigor, o que estes factores garantem é:

i. Uma correcção macro dos dados recolhidos de modo a obter-se uma curva semelhante à

curva padrão (os desvios, em cada período horário, entre as curvas são ligeiramente

diferentes do factor pois minimizou-se o EQM da curva e não o erro em cada medição);

ii. A curva semelhante que resulta da aplicação dos factores é estatisticamente válida, ou

seja a translação temporal é possível de se concretizar.

Tabela 3.4 - Factores de Ajustamento KS Teste, RALIS

RALIS N_S

.0h-6h .6h-11h .11h-17h .17h-24h

1º Trimestre 07 1,06 1,06 1,00 1,01

2º Trimestre 07 0,98 1,08 0,97 0,94

3º Trimestre 07 0,98 1,02 0,99 0,94

4º Trimestre 07 1,02 1,09 0,99 1,03

Tabela 3.4 resulta a seguinte análise de sensibilidade ao diagrama padrão: em geral, na hora de

ponta da manhã, as curvas recolhidas apresentariam valores por defeito pois têm de ser

majoradas, o que em termos de dimensionamento significa que a curva padrão apresenta valores

mais altos. Excepto no 3ºtrimestre, os restantes meses têm um erro na ordem de grandeza de 6%

a 9%. Para o período das 11 as 17 h o erro não é superior a 5% portanto não é significativo. No

período das 17 às 24 h, o 2º e 3º trimestre apresentam valores superiores à curva padrão em 6%,

sendo que nestes casos a curva padrão tem os valores estimados por defeito. Em termos gerais, o

erro de correcção não ultrapassa os 10 %, sendo que o 2º e 3º trimestres são aqueles que

maiores desvios têm no conjunto dos quatro trimestres. Apresentam valores de fluxo mais altos a

partir das 11 horas até as 24 e mais baixos na hora de ponta, portanto nos meses destes

trimestres, antes de aplicados os factores, o perfil do diagrama de fluxo é mais liso do que o do

diagrama padrão10.

Tabela 3.5 - Factores de Ajustamento KS Teste, EIXO_N_S

EIXO_N_S

.0h-6h .6h-11h .11h-17h .17h-24h

1º Trimestre 07 0,42 1,37 1,23 1,07

2º Trimestre 07 0,41 1,35 1,18 0,98

3º Trimestre 07 0,42 1,40 1,28 1,04

4º Trimestre 07 0,42 1,35 1,10 0,96

10 O período nocturno é desprezável pois representa o período de transição entre dias tendo fluxos residuais

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53

Relativamente à transferibilidade da curva padrão para a secção do EIXO_N_S, a análise de

sensibilidade à Tabela 3.5 resulta no seguinte: o factor da hora de ponta da manhã é bastante

afastado da unidade, cerca de 40% por defeito. No entanto, salienta-se que apesar dessa

diferença para a curva padrão, o factor de ponta entre trimestres é praticamente o mesmo. Isto

significa que são bastante regulares entre si os fluxos dos vários trimestres, sendo contudo

significativamente inferiores aos da curva padrão. Relativamente ao período das 11 às 17 h,

novamente é necessário majorar os fluxos mas neste caso a diferença é menor, cerca de 20% em

média. No período das 17 às 24h os erros não são significativos, inferiores a 10%. É relevante

salientar que, em geral, os factores dos trimestres são semelhantes entre si e portanto os

diagramas são em geral semelhantes entre si durante o ano. Verifica-se também para o período

das 0 às 6 horas, em que é evidente haver um fluxo significativamente superior, cerca do dobro do

fluxo estimado pelo diagrama padrão para esse mesmo período. Isto é justificado pelo facto de o

EIXO_N_S ser uma via de atravessamento de Lisboa e de ligação à margem Sul, através da

Ponte 25 de Abril. Portanto é normal, que dada a importância funcional da via na rede viária da

região, que exista um fluxo assinalável, e mais ou menos constante, durante as madrugadas dos

vários dias do ano.

3.4 MODELAÇÃO POR SERIE DE FOURIER

Uma breve análise exploratória, representada pelo correlograma da Fig. 3.17, indica a existência

de uma componente determinística ou seja uma ciclicidade, que se traduz numa correspondência

entre fluxos com desfasamentos de, por exemplo, 24 horas. Portanto o objectivo a alcançar será o

de modelar a série padrão, constituída apenas pelos dias regulares da amostra relativa ao RALIS

(20 dias x 24 horas = 480 observações), por uma série de Fourier, Tabela 3.6 e Tabela 3.7, e

avaliar a qualidade do ajustamento através do EQM, Fig. 3.22. Será depois necessário verificar os

pressupostos da análise, que se encontra na secção 2.4. Na hipótese de serem validados os

pressupostos, o facto de se usar o EQM como medida de avaliação da qualidade do ajuste, serve

de cálculo para a variância do resíduo, pois o EQM = quando a média dos resíduo é igual a

zero.

Salienta-se que:

1. Uma vez que os dados foram padronizados de início, em percentagem da média semanal,

é imediato que a média da série é unitária;

2. Uma vez que a série de Fourier é contínua e a amostra é discreta, existe um problema de

desfasamento/escala na ordem das previsões vs ordem das observações. O factor de

escala foi calibrado recorrendo a ferramenta Solver do Excel. Por iterações a ferramenta

ajusta o factor de desfasamento a aplicar para se atingir o objectivo do menor EQM

possível [16]

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54

Fig. 3.17 - Função autocorrelação: desfasamento de 30 horas (Dias Regulares)

Tabela 3.6 - Parâmetros da modelação por Série de Fourier. N=480

jFrequency(j/N = fj)

Period(h)

Cosine Coeffs (aj)(Equação 3.10)

Sine Coeffs (bj)(Equação 2.10)

PeriodogramN/2 (aj

2 + bj2)

20 0,041667 24,0000 -0,606546 -0,147023 93,48340

40 0,083333 12,0000 -0,213195 -0,325950 36,40687

60 0,125000 8,0000 0,218395 -0,024857 11,59547

80 0,166667 6,0000 0,017904 0,147548 5,30180

120 0,250000 4,0000 0,015469 -0,109789 2,95028

100 0,208333 4,8000 -0,086181 -0,046205 2,29488

140 0,291667 3,4286 0,068772 0,048004 1,68816

180 0,375000 2,6667 -0,041112 -0,050773 1,02433

160 0,333333 3,0000 -0,048755 0,028432 0,76451

200 0,416667 2,4000 0,049707 -0,004242 0,59731

220 0,458333 2,1818 0,000910 0,038398 0,35405

240 0,500000 2,0000 -0,036089 0,000000 0,31258

7 0,014583 68,5714 0,027031 0,000917 0,17556

2 0,004167 240,0000 -0,001485 0,021154 0,10793

77 0,160417 6,2338 0,015087 0,000011 0,05463

Tabela 3.7 – Excerto das estimativa da série e cálculo do resíduo

tkj = aj cos (2 fj . t) + bj sin (2 fj . t) (Equação 2.10) ESTIMATIVA REAL RESIDUO EQ

j = 20 j = 40 j = 60 j = 80 j = 120 j = 100 j = 140 EST = kj + a0/2(=1)

R (EST – R) (EST-R) 2

0,10 -0,610 -0,230 0,216 0,033 -0,002 -0,091 0,076 0,388 0,3320 0,0565 0,0031

1,99 -0,599 -0,389 -0,024 0,119 -0,017 0,051 -0,083 0,055 0,1605 -0,1054 0,0111

2,99 -0,534 -0,327 -0,171 -0,016 0,110 0,094 0,013 0,165 0,1084 0,0570 0,0032

3,99 -0,432 -0,178 -0,219 -0,136 0,018 -0,001 0,077 0,125 0,0823 0,0427 0,0018

4,98 -0,301 0,018 -0,139 -0,120 -0,109 -0,095 -0,052 0,198 0,1443 0,0541 0,0029

5,98 -0,150 0,210 0,022 0,015 -0,019 -0,048 -0,050 0,976 0,3297 0,6459 0,4172

6,98 0,011 0,346 0,170 0,135 0,109 0,069 0,078 1,915 0,8095 1,1051 1,2211

--- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- ---

478,48 -0,503 0,083 0,104 -0,148 0,065 0,077 -0,081 0,595 0,7491 -0,1546 0,0239

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55

3.4.1. VALIDAÇÃO DAS ESTIMATIVAS E DO RESÍDUO BRANCO

Validando o modelo percorrendo os vários pressupostos tem-se que:

1. A última frequência utilizada é a que corresponde á observação de ordem 140, apesar de

as frequências serem significativas (< 5%) até N = 2, isto porque o cálculo da série de

Fourier foi efectuado juntamente com o cálculo do EQM e verificou-se que o EQM era

menor para este número de frequências significativas (a significância de cada frequência

está listada na Tabela 3.8)

2. As ordenadas do periodograma reduzem – se para metade na proporção da redução de

50% do tamanho da amostra, ou seja as frequências determinadas são as “verdadeiras”

(Fig. 3.18)

3. As ordenadas do correlograma encontram-se dentro do intervalo de confiança a 95% (os

valores pontuais mais elevados que ultrapassam o limite do intervalo são desprezáveis

pois dizem respeito às horas de vazio) (Fig. 3.20)

4. Por verificação do ponto 3, o resíduo é um ruído branco (com distribuição normal)

(Fig. 3.19 e Fig. 3.21)

Ao terem sido verificados todos os pontos anteriores permite afirmar que o modelo teórico

Xt = sazonalidade + série cíclica determinística + ruído branco (erro na previsão) (1.1)

inicialmente proposto na abordagem metodológica é válido.

Tabela 3.8 - Cálculo da variância e significância

N Period (h)

Periodogram(Pi)

Variância(Pi /Ptotal)

% CumVariância

g Whitle(Equação 2.17)

Significância(Equação 2.17)

20 24,0000 93,48340 0,5864634 58,6% 0,5865 0,00%

40 12,0000 36,40687 0,2283966 81,5% 0,5523 0,00%

60 8,0000 11,59547 0,0727436 88,8% 0,3929 0,00%

80 6,0000 5,30180 0,0332606 92,1% 0,2959 0,00%

120 4,0000 2,95028 0,0185084 93,9% 0,2339 0,00%

100 4,8000 2,29488 0,0143968 95,4% 0,2375 0,00%

140 3,4286 1,68816 0,0105906 96,4% 0,2291 0,00%

180 2,6667 1,02433 0,0064261 97,1% 0,1803 0,00%

160 3,0000 0,76451 0,0047961 97,6% 0,1642 0,00%

200 2,4000 0,59731 0,0037472 97,9% 0,1535 0,00%

220 2,1818 0,35405 0,0022211 98,2% 0,1075 0,00%

240 2,0000 0,31258 0,0019609 98,4% 0,1063 0,00%

7 68,5714 0,17556 0,0011014 98,5% 0,0668 0,00%

2 240,0000 0,10793 0,0006771 98,5% 0,0440 0,51%

77 6,2338 0,05463 0,0003427 98,6% 0,0233 85,81%

--- --- --- ---- --- --- ---

Total 159,40195 100%

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Fig. 3.18 - Periodograma: redução de 50% na dimensão da amostra

Fig. 3.19 – Gráfico: representação do resíduo

Fig. 3.20 - Função Autocorrelação do resíduo

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57

Fig. 3.21 - Distribuição do resíduo

3.4.2. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AJUSTAMENTO

A Fig. 3.22 ilustra o ajustamento entre a série cronológica dos dados do contador fixo RALIS,

sentido Norte/Sul, e a série cronológica modelada. São evidentes alguns desfasamentos pontuais,

no entanto não são significativos pois, caso contrário, as frequências que lhes correspondem

teriam sido identificadas como estatisticamente significativas na obtenção do periodograma.

Objectivamente, para avaliar a qualidade do ajustamento podem ser usadas medidas

quantificadoras tais como o Erro Médio, o Erro Relativo Médio e o Erro Quadrático Médio. A

medida escolhida é EQM pois, como referido anteriormente, determina-se implicitamente a

variância dos erros de ajustamento [16].

Calculando a média do quadrado das diferenças entre cada medição e o valor calculado, obteve-

se uma qualidade de ajustamento assinalável. Sendo o objectivo obter o menor EQM possível,

para o caso da amostra de dias regulares dos RALIS, o EQM é igual a 3,35%. No final do

processo de ajustamento apenas 3,35% da variabilidade da amostra ficou por explicar, ou seja a

componente estocástica do modelo fica reduzida a um peso de 3,35% no modelo teórico validado.

Fig. 3.22 - Ajustamento da série estimada à série real

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58

3.5 EFICIÊNCIA, PROB. DE ROTURA, TEMPO DE ATRASO VSVALOR DO TEMPO

Com base na fundamentação teórica introduzida na secção 2.5, procedeu-se ao cálculo da

grandeza Eficiência para uma secção em plena via, nomeadamente a secção padrão deste

estudo: RALIS_N_S (Fig. 3.23). Esta secção tem uma geometria caracterizada por 3 pistas por

sentido, com 3,5 metros de largura e sem berma de protecção. Os valores de fluxo utilizados

correspondem a medições recolhidas neste projecto, para apenas uma pista, no sentido Norte/Sul.

Necessariamente, os valores das velocidades correspondem aos fluxos da mesma pista.

Fig. 3.23 - Eficiência: cálculo para amostra recolhida, RALIS

Observa-se, para a secção em estudo, que a eficiência máxima é atingida para um fluxo de 3000

veic/h.pista e para uma velocidade de cerca de 80 km/h. Esta constatação coloca em questão o

modo corrente como tem sido dimensionada a capacidade das vias. Este cálculo revela que a

secção continua a escoar fluxos eficientemente até valores da ordem dos 3000 veic/h.pista, ou

seja a capacidade da via é significativamente superior aos 2400 veic/h.pista, valor tido como limite

de separação entre estado de escoamento livre e instável. Relativamente à velocidade de 80 km/h

do escoamento atingida para eficiência máxima, é o valor normal para escoamentos de equilíbrio

que também é preconizado no HCM. (Fig. 1.1).

Na Fig. 3.24 ilustra-se a análise efectuada às situações de rotura que ocorreram na secção em

estudo, RALIS_N_S, nos 31 dias de Março de 2007 e de 15 a 31 de Outubro de 2007. Esta

análise consistiu em identificar o fluxo imediatamente anterior a uma quebra na velocidade de

escoamento que se prelongasse por mais de 15 a 30 minutos. Ou seja, consistiu em identificar

fluxos de rotura. Após esta identificação, procedeu-se à quantificação da probabilidade de

ocorrência das roturas para o fluxo determinado. Após agrupados os dados da amostra em

classes, quantificou-se as frequências relativas. O eixo vertical representa a probabilidade de

rotura, e o eixo horizontal representa o fluxo correspondente.

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59

Fig. 3.24 - Probabilidade de rotura por fluxo, RALIS

Da análise do gráfico verifica-se que o fluxo é relativamente estável até atingir os 3000

veic/h.pista, uma vez que o risco de ocorrer uma rotura de escoamento e este entrar em

Congestioanmento mantém.se infeior a10% até atingir os 3000 veic/h.pista. Compatibilizando a

análise anterior da eficiência com esta análise, conclui-se que a capacidade real da via é afinal de

3000 veic/h, uma vez que se atinge a eficiência máxima para esse valor e não aumenta o risco de

rotura do escoamento. Ou seja, apesar de a via ter sido dimensionada com a geometria standard,

e por isso com uma expectativa de capacidade de cerca de 2400 veic/h.pista, os condutores muito

experimentados que a utilizam são capazes de conduzir com densidades mais elevadas que as

representados nas amostras do HCM, “extraindo” da via uma capacidade de 3000 veic/h.pista.

Concluindo esta secção, faz-se uma breve análise ao tempo de atraso perdido quando o ocorre

uma rotura de escoamento e este entra em Congestionamento. A importância desta grandeza

como factor de decisão tem crescido ao longo dos anos e após a constatação da real capacidade

da secção do RALIS_N_S a sua análise encerra maior relevo no sentido de determinar qual a

ordem de grandeza do atraso real e qual o peso económico desse atraso na valorização do tempo

de viagem.

=3600

,+ 900

,1 +

,1 +

3600. ,

450 + 5 (24)

onde, – Atraso [s]

, – Capacidade [veic/h.pista] - Fluxo de procura [veic/h.pista] – Período de análise [1 hora]

A Equação (24) é uma transcrição da equação 17-38 do HCM 2000. Simula o tempo perdido numa

fila de espera perante um cruzamento não sinalizado. Apesar de as circunstâncias que originam a

fila de espera num cruzamento/intersecção (âmbito em que foi aplicada a fórmula na secção 2.1.5

– eficiência em intersecções) serem diferentes das de uma rotura de escoamento numa secção

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60

em plena via, de um km de extensão por exemplo, os pressupostos da dinâmica da fila de espera

são semelhantes. A equação simula o tempo perdido durante a desaceleração inicial de passagem

de estado de Escoamento Livre até ao de rotura, durante os movimentos em fila de espera,

durante as paragens e o tempo final de aceleração. No todo, corresponde ao tempo total perdido

desde que um veículo atinge o final de uma fila até que esta termina. Portanto, parte-se do

pressuposto que a aplicação desta equação fornece uma ordem de grandeza razoável do tempo

de atraso durante um Congestionamento. Da aplicação da Equação (22), calculada relativamente

à capacidade real de 3000 veic/h.pista,resulta o seguinte gráfico da Fig. 3.25:

Fig. 3.25 - Tempo de atraso num congestionamento, RALIS

Tendo em conta a Fig. 3.1, que indica que o fluxo máximo em hora de ponta da manhã chega a

atingir os 4000 veic/h.pista, verifica-se que para esse fluxo de rotura de escoamento e a

capacidade máxima é excedida, o tempo de atraso é de cerca de 10 minutos/veic.

Segundo [15], este tempo de viagem perdido é valorizado. Este tempo poderia ser realocado como

tempo de trabalho. Como tal, a valorização do tempo de atraso, ou seja quanto se estaria disposto

a pagar para recuperar esse tempo, é correspondente ao nível de vencimento. Por indicação de

um especialista na área dos Transportes, tem-se como pressuposto que o nível de rendimento

médio líquido para a população motorizada da Grande Lisboa, em ordem de grandeza, será de

1500 €, a valorização do min perdido em fila de espera será de 0,15 € (160 h x 60 min/h 10000

min de tempo de trabalho mensal).

0,15€

× 10 = 1,5€

Se for tido em conta que há fortes probabilidades de em Hora de Ponta da Manhã na 2ªCircular

um veículo estar envolvido em pelo menos mais uma ou duas roturas de escoamento para jusante

dos RALIS_N_S, no total de um mês o custo é de 66 euros por veículo, o que já é um valor

significativo.

1,5 × 2 × 22( ú ) 66 / . ê

0

2

4

6

8

10

12

0 600 1200 1800 2400 3000 3600 4200 4800

Delay (min/veic)

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61

3.6 RECOLHA DE DADOS IN SITU – AV. JOÃO CRISÓSTOMO

Tal como foi referido na introdução deste estudo, este é composto por uma componente de análise

de dados recolhidos por entidades que exploram os equipamentos montados no terreno e por uma

componente de recolha de dados in situ pelo autor, com um aparelho portátil de contagem de

fluxos de veículos. Os objectivos da recolha de dados in situ são: sistematizar e emitir

recomendações relativas ao processo de recolha de dados, obter o diagrama de fluxo para

posterior análise e efectuar uma comparação entre os resultados recolhidos pela placa móvel e os

obtidos pelos sensores fixos da CML.

Antes da recolha de dados no terreno, foi necessário proceder a uma reflexão inicial sobre a

abordagem a seguir. Como em todos os estudos, para executar esta recolha de dados havia que

ter presente a sua duração, restrição de início e fim, o local, quais as restrições dos recursos

materiais e humanos, tais como disponibilidade, consumo e custo. Nas próximas secções expõem-

se os passos seguidos.

3.6.1. APARELHO E ESCOLHA DO MATERIAL DE FIXAÇÃO

Quanto ao recurso material a utilizar, o equipamento usado foi o único disponível no NIPST, do

Departamento de Engenharia Civil do IST, nomeadamente o modelo Hi-Star NC-97 da linha Nu

Metrics, comercializado pela Quixote Transportation Technologies, Inc. , através do seu site

http://www.qttinc.com/pages/histar.html,

As características gerais do sensor são (Fig. 3.26 e Fig. 3.27):

Dimensões: 16,5 cm x 14 cm x 1,59 cm;

Material: Alumínio;

Grau de precisão: Escoamento Livre > 99,0%, +- 1 count; Slow/Stop Vehicles > 95,0%, +-

1 count;

Orientação: No sentido do fluxo.

o sensor é protegido por uma membrana (polímero) de dimensões: 41 cm x 39 cm.

Ambos são apresentados nas fotografias 3.26 e 3.27.

Havendo incertezas relativamente ao modo de utilização, software necessário e modo de fixação

do aparelho ao pavimento, uma vez que o equipamento nunca fora utilizado anteriormente, foi

necessário reunir com o representante da marca em Portugal. Da reunião surgiu uma nova ideia

relativamente ao modo e material de fixação ao pavimento.

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62

Fig. 3.26 - Aparelho de contagem, Foto de AutorFig. 3.27 – Conjunto:membrana

e aparelho, Foto de Autor

Esta questão era fulcral para uma recolha de dados segura, eficaz e eficiente. Uma das restrições

colocadas pela entidade responsável que autorizou a recolha de dados no terreno, nomeadamente

a Direcção Municipal de Protecção Civil, Segurança e Tráfego da Câmara Municipal de Lisboa, era

não danificar o pavimento. Esta restrição operacional não estava em concordância com as

recomendações contidas no manual do equipamento, as quais indicavam uma fixação ao

pavimento através do uso de parafusos, o que implicaria o uso de um berbequim, ou através do

uso de pistola de agrafos.

A não danificação do pavimento era uma restrição fundamental à qual estava associada

intrinsecamente outra, de igual importância: não perturbar a fluidez do fluxo viário, tanto na

operação de fixação do aparelho ao pavimento, como também na sua posterior recolha.

Segundo o manual, uma fixação através de parafusos não se afigurava uma operação célere mas

era sem dúvida a que dava mais garantias de segurança, ou seja, não deslizamento do

equipamento. Tornou-se evidente que seria necessário alcançar um compromisso entre a

segurança na operação e a rapidez de montagem/desmontagem, para minimização da interrupção

do tráfego. Estas restrições operacionais foram alvo de reflexão conjunta entre o autor e o

representante da marca, havendo forte relutância por parte do autor em aplicar o método de

fixação por parafusos devido à oposição da CML e à morosidade do processo. A solução

encontrada foi usar uma fita de dupla face, aplicada ao pavimento previamente limpo de

impurezas.

No entanto, foi necessário distinguir o tipo de fita a usar, se uma fita de dupla face simples ou

esponjosa. Levantou-se esta dúvida uma vez que o pavimento das ruas municipais apresenta uma

rugosidade excessiva, devido à degradação, em vez da rugosidade ideal (superfície lisa, sem

levantamento do agregado do betuminoso)

Poder-se-ia colocar a questão de escolher um local de recolha de dados com pavimento

adequado, mas isso seria algo limitativo dos locais a considerar, uma vez que diminuiria a

intersecção que se pretendia alcançar entre contadores já colocados no pavimento, e dos quais

fora recolhida a contagem automática de veículos, e o local onde se recolhessem os dados. Foi

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63

tido em conta este aspecto mas de forma moderada, considerando-se apenas uma distinção entre

pavimento revestido a paralelepípedos ou tapete betuminoso e se a via tinha declive significativo

ou não. Como foi referido, considerou-se de menor importância a qualidade do tapete betuminoso,

pois poderia ser ultrapassada essa dificuldade utilizando uma fita esponjosa.

3.6.2. ESCOLHA DA DATA, DO LOCAL E OBTENÇÃO DE AUTORIZAÇÃO

Fazia parte de um dos objectivos da recolha de dados no terreno, escolher um local que já

estivesse instrumentado com, no caso das vias lisboetas, laços electromagnéticos embutidos sob

o pavimento, para permitir avaliar a evolução da variabilidade do tráfego num dia homólogo, para o

ano de 2007 e de 2008.

A escolha do local foi restringida por questões de natureza de pavimento e declive da via, por

questões temporais e de existência de contadores já instalados.

Relativamente à questão temporal, o período de contagem propício seria um dos meses

representativos da amostra. Como foi referido em capítulos anteriores, os meses representativos

da amostra do ano são os meses de Março e Outubro, para o período corrente do ano, e o mês de

Agosto, para período representativo de férias. Por intersecção do período de elaboração deste

documento com o do mês representativo, o período escolhido foi Março.

É também um período fora da época de pluviosidade significativa, o que evitou introduzir mais

uma variável no problema, relativamente a óleos que se formam no pavimento aquando das

primeiras chuvas e que poderiam dificultar a fixação do aparelho ao pavimento e até mesmo

danificar o mesmo por infiltração na sua caixa de protecção.

Relativamente à escolha do local, além da restrição já referida do tipo de pavimento, à qual se deu

preferência a pavimento betuminoso e de baixo declive, acresce que teria de ser uma via de

terceiro nível, pois seria necessário interromper o fluxo viário, causando o mínimo de perturbação

e efectuar a operação em segurança, mesmo tendo a presença, obrigatória, de um agente da

Brigada de Transito da PSP. Deste modo, o número de locais possíveis reduziu-se drasticamente,

ou por alguns contadores estarem fora de serviço, ou por as vias serem caracterizadas por fluxos

significativos, mesmo fora das horas de ponta da manhã e da tarde.

Assim sendo, o local escolhido foi a Av. João Crisóstomo.

A escolha do local exacto na dita avenida ocorreu após uma visita exploratória, algumas semanas

antes do dia da recolha dos dados. Esta visita exploratória serviu principalmente para analisar qual

o melhor local onde colocar o aparelho. Inicialmente, houve um período de observação do

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comportamento dos condutores, particularmente sobre a disciplina de passagem nas pistas de

circulação, uma vez que a sinalização horizontal na dita Avenida se encontra já em avançado

estado de desgaste, ou seja, é necessária uma intervenção de manutenção para restituir o

preenchimento das marcações com tinta nova. Foi também observado quais os usos do solo que

originavam mais estacionamento ilegal, de “segunda fila”, e que poderiam de certa forma contribuir

para desvios e concentrações de fluxo numa pista preferencial.

Foi também tida em conta a localização dos semáforos e a localização da estação do autocarro.

Pretende-se com isto evitar uma zona de travagem tanto dos veículos como do autocarro, o que

contribuiria para o deslizamento do aparelho por atrito aos rodados, mas também garantir que as

variáveis de velocidade e número de viaturas fossem recolhidas durante um estado de

escoamento livre do sistema e deste modo ter as condições mais próximas das condições ideais,

ou seja, velocidade próxima da velocidade de capacidade e fluxo sem descontinuidades. Note-se

que é importante que o sistema se encontre em escoamento livre, uma vez que o grau de precisão

de medição do aparelho decresce com o aparecimento de descontinuidades. Nesta situação, há

uma perturbação constante do campo magnético, perdendo-se precisão na contagem dos

veículos.

Finalmente, a escolha da pista de circulação deveu-se também a uma particularidade do

pavimento no local indicado. Em frente à Direcção Geral de Florestas, houve em ocasião anterior

a esta recolha de dados, uma intervenção no pavimento, porventura para executar alguma obra de

manutenção da cablagem de serviço ou nas condutas de saneamento. Ora, por esse motivo,

existe um “remendo” no pavimento, apresentando-se este com uma superfície mais lisa e regular.

Além desta vantagem para a fixação do aparelho, a configuração do “remendo” disciplinava de

certo modo o tráfego, levando os automobilistas a conduzir os veículos alinhados por essa

singularidade no pavimento, o que potenciava uma contagem mais eficaz dos veículos. Foi

também tida em conta, qualitativamente, a diferença de fluxos entre o que circulava pela pista

mais à esquerda, que dá acesso a Av. da República, e o que seguia pela pista central em direcção

ao IST. Concluiu-se que a pista central concentrava mais fluxo e portanto esta indicação constituía

mais uma razão para colocar o equipamento na pista central.

Posto isto, o local exacto escolhido foi entre a Av. 5 de Outubro e a Av. da República, em frente ao

nº 28, Direcção Geral das Florestas, imediatamente antes da paragem de transporte colectivo, na

pista central de rodagem. (Fig. 3.28)

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Fig. 3.28 - Av. João Crisóstomo, Foto de Autor

Estando definido o local ideal para realizar a recolha de dados, a fase seguinte passou pela

obtenção de uma autorização por parte das autoridades competentes. O pedido iniciou-se junto da

Câmara Municipal de Lisboa que, posteriormente a autorizar a recolha de dados na via pública,

colocou como condição a presença de um agente da Brigada de Trânsito da PSP, durante o

período de interrupção do trânsito, para colocação do equipamento no pavimento.

O processo de requisição de um agente da Brigada de Trânsito foi algo sui generis.

Fundamentalmente, o processo baseou-se em requisitar uma gratificação por um determinado

período de tempo, no local e hora pretendidos. Neste particular, a condução do processo esteve

inteiramente a cargo do autor, não havendo participação ou colaboração por parte das entidades

camarárias. Note-se que, é importante ter alguma informação sobre os escalões de gratificações,

pois a tendência dos responsáveis da Brigada de Trânsito, é de avançar um valor de gratificação

superior ao necessário, ou seja, uma duração da gratificação muito superior ao tempo adequado

para a operação de colocação do aparelho na via pública. Existem vários escalões de

gratificações e, caso não haja cuidado em avaliar o valor indicado, de custo e tempo, o agente

convocado realizará a sua função em apenas 10% do tempo. No caso do autor, a gratificação

requisitada teve um custo de 37€ para um tempo debitado de 4 horas e um tempo efectivo de 30

minutos.

3.6.3. CONFIGURAÇÃO, TESTE DO EQUIPAMENTO E DO SOFTWARE

Antes da recolha real de dados na Av. João Crisóstomo, foi experimentado o aparelho numa via

residencial e posteriormente foram tratados os dados recolhidos através do software associado.

Esta experiência permitiu pôr à prova o equipamento em situações próximas das reais e trabalhar

com o software, pois era necessário programar o aparelho para executar a contagem dos veículos

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no dia e hora pretendidos. O objectivo primordial era testar a adesão do equipamento ao

pavimento, factor muito importante para a recolha de dados real, pois era imperativo que o

equipamento não fosse arrastado pelos veículos, ficando danificado e podendo além disso causar

algum acidente. Na Fig. 3.29 apresenta-se o menu de configuração do software de utilização do

aparelho.

Fig. 3.29 - Configuração do programa HDM

O manual do equipamento indica que para uma correcta contagem de veículos e medição das

respectivas velocidades, o aparelho deve ser colocado no centro da faixa de rodagem, de modo a

que o rodado dos veículos passe lateralmente, ou seja, teoricamente não haveria passagem do

rodado por cima do equipamento. Naturalmente que esta é uma situação ideal, e como tal, nesta

experiência foram testadas as várias possibilidades de passagens verosímeis de acontecer:

i) Como indicava o manual;

ii) Com o rodado sobre o equipamento;

iii) Com o rodado sobre o equipamento e em travagem acentuada;

iv) Com o rodado sobre o equipamento e com mudança de direcção;

v) Com o rodado sobre o equipamento em aceleração.

No conjunto das várias passagens a velocidade de circulação foi na ordem do imposto pelo

Código da Estrada para o interior de uma cidade, na generalidade das vias, concretamente 50

km/h. No entanto, como medida cautelar, foram efectuadas passagens a velocidades superiores,

cerca de 60 km/h, uma vez que é fisicamente possível atingir essa velocidade na Av. João

Crisóstomo, desde que os veículos percorram a avenida na onda verde dos semáforos.

O modo de fixação ao pavimento foi o mais simples possível, o que no caso da experiência se

materializou em apenas uma limpeza de impurezas do pavimento, sem nenhum tipo de fixação do

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equipamento. A lógica desta decisão era testar o equipamento, numa situação controlada, nas

piores condições possíveis. Se o resultado fosse positivo, então em condições de aderência mais

favoráveis os resultados seriam igualmente positivos.

Nesta experiência prévia ocorreu que, nas várias passagens efectuadas não houve alteração da

posição do equipamento.

Porventura, a presença de um objecto estranho na faixa de rodagem, pode provocar

comportamentos desviantes nos condutores, levando a que o fluxo se centrasse mais na pista de

rodagem mais à esquerda. Essa hipótese foi tida em conta, mas durante este teste experimental o

autor não teve essa percepção. Aliás, a reduzida espessura e dimensão da membrana protectora,

aos olhos do condutor, assemelham-se a um “remendo” no pavimento.

3.6.4. RECOLHA DE DADOS

Conforme as condições impostas pelos serviços camarários, a hora a que poderia ser efectuada a

operação de fixação do aparelho ao pavimento teria de ser antes das 08:00 AM, e a operação de

recolha do aparelho no final da contagem teria de ser após as 08:00 PM, ou seja, ambas as

operações teriam de ocorrer fora das horas de ponta, para minimizar a perturbação da fluidez do

trânsito e a possível ocorrência de algum acidente.

Desta forma, o autor deslocou-se à Avenida João Crisóstomo pelas 06:30 AM, solicitando para a

referida hora a presença de um agente da Brigada de Trânsito. Por essa hora, deu início o autor

às operações de fixação do aparelho ao pavimento.

Note-se que a contagem efectiva dos veículos em circulação estava programada para as 07:00

AM, portanto, como referido anteriormente, era necessário um período de 30 minutos de

calibração do aparelho, adaptação às variações ambientais do campo magnético do local, de

modo a optimizar a contabilização das referidas variações apenas provocadas pela passagem de

veículos.

Os passos foram os seguintes:

i) Limpeza do pavimento - A superfície do

pavimento apresentava boas qualidades

de aderência, devido às circunstâncias

referidas anteriormente. Por conseguinte,

era espectável que não existissem

dificuldades de maior na recolha de

dados; (Fig. 3.30)

Fig. 3.30 - Limpeza do pavimento, Foto de Autor

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ii) Colocação de fita dupla - face na membrana protectora. Para este efeito, utilizou-se dois

tipos de fita: esponjosa, no perímetro, e não esponjosa, no interior. O objectivo foi

precaver eventuais irregularidades mais acentuadas no pavimento. Posteriormente, esta

particularidade revelou-se ser pouco significativa; (Fig. 3.31)

iii) Fixação do conjunto membrana protectora e contador no pavimento. (Fig. 3.32)

Fig. 3.31 - Colocação de fita, Foto de AutorFig. 3.32 – Fixação do conjunto, Foto de Autor

O passo seguinte não envolve qualquer operação específica de manuseamento do equipamento

mas é de importância fulcral. O período compreendido entre as 07:00 AM e as 08:00 PM foi

dedicado à vigia do equipamento, para garantir que a operação decorresse normalmente, sem

qualquer tipo de acidente por arrastamento do equipamento, e sem furto do equipamento. O

aspecto da via, bem como a inserção do equipamento na mesma, pode ser comprovado pelas

seguintes figuras. (

Fig. 3.33 e Fig. 3.34)

Fig. 3.33 - Equip. na via, Foto de Autor Fig. 3.34 – Circulação do trânsito, Foto de Autor

Finalmente, pelas 08:00 PM recolheu-se o equipamento, tirando partido de uma breve interrupção

do trânsito, com recurso ao triângulo de sinalização de perigo colocado anteriormente ao veículo

do autor, imobilizado junto do equipamento.

Em resumo, a operação de recolha de dados na Av. João Crisóstomo decorreu com sucesso.

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3.6.5. ANÁLISE DO DIAGRAMA DE FLUXO OBTIDO

Fig. 3.35 – Diagrama: dados in situ, 2008 Fig. 3.36 – Diagrama: dados CML, 2007

Por comparação dos diagramas de fluxo obtidos em dias homólogos de 2007 (Fig. 3.36) e 2008

(Fig. 3.35), nomeadamente no dia 13 de Março, verifica-se que:

Existe uma diferença de escala entre os diagramas, sendo que isto se deve ao número de

pistas que contribuem para a recolha de dados. Na recolha in situ com o contador móvel,

os valores correspondem a uma pista, enquanto os dados do contador fixo da CML

correspondem a duas pistas, uma vez que a ordem de grandeza é cerca do dobro;

Não se verifica uma ponta da manhã significativa em nenhum dos diagramas. No entanto,

há um patamar relativamente uniforme das 10 h até as 15/17 h, com fluxos na ordem dos

400 veic/h.pista. Verifica-se que de 2007 para 2008, o acréscimo de fluxo no final do dia

se inicia mais cedo, ou seja inicia-se às 15 h em 2008 em vez de ser as 17 h. Nesse

acréscimo de fluxo a meio da tarde, o contador regista fluxos da ordem dos 450

veic/h.pista, com uma redução de velocidades para valores inferiores aos 40 km/h;

As velocidades medidas não evidenciam qualquer tipo de Breakdown ou de ocorrência

fora do normal, tais como condutores em excesso de velocidade;

Dos pontos anteriores decorre que esta via tem mais procura durante a ponta da tarde,

sendo portanto mais relevante o seu rácio fluxo/capacidade durante esse período.

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71

4 CONCLUSÕES__

4.1 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS

Inicia-se a secção por uma interpretação de cada uma das análises anteriores. Posteriormente,

extrair-se-à uma avaliação global do estudo, confrontado os objectivos propostos para serem

alcançados com a plenitude dos resultados obtidos. Nas duas secções seguintes, emitem-se

recomendações sobre a recolha de dados e cobertura da rede com contadores fixos, com base

nos conhecimentos e experiência adquiridos com a produção deste estudo. A última secção é

direccionada para a continuidade do estudo, propondo perspectivas e tópicos que possam ser

úteis de prosseguir.

Relativamente à Análise de Clusters, esta foi eficaz na identificação de clusters com dias mais

propícios à recolha de dados (clusters consistentes). Através de um processo iterativo, foram

eliminados os outliers resultando no final um conjunto de 3 clusters + 1 ( a semana fica dividida em

i) 2ªs; ii) 3ªs,4ªs e 5ªs; iii) 6ªs; iv) Sab e Dom). O método de validação revelou-se adequado e

rigoroso uma vez que é feito um cruzamento de dados entre 3 locais independentes

estatísticamente. Com base nesta validação, afirma-se que os dias mais propícios à recolha de

dados são a 3ª, 4ª e 5ª. Relativamente às 2ªs e 6ªs, podem ou não formar um cluster apenas mas

o mais provável é que formem clusters separados, carecendo esta conclusão de análises com

base em amostras mais extensas.

Como resultado desta análise, identificou-se um dia padrão como sendo a Quinta-Feira, dia 8 de

Março de 2007. É necessária alguma prudência na aplicação deste conceito de dia padrão. O dia

identificado reflecte as características de tráfego da generalidade dos dias do ano mas representa

apenas uma “baliza” para os valores dos fluxos. Deverão os valores indicados ser tidos como uma

ordem de grandeza e não como uma verdade absoluta.

A aferição da transferibilidade do diagrama no tempo e no espaço teve, respectivamente, uma

taxa de sucesso de 100% e de 38%. Ou seja, no caso da transferibilidade no espaço, que se

efectou entre os RALIS e o EIXO_N_S, esta foi válida em apenas 38% dos dias propícios. Não é

um resultado inesperado uma vez que uma transferibilidade no espaço depende fortemente de

pressupostos de inserção topológica na rede, semelhança geométrica e funcionalidade. No

entanto, diga-se que o EIXO_N_S consiste num dos poucos locais adequados para estabelecer

paralelismos e que portanto a ordem de grandeza da taxa não estará muito desviada da realidade.

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Quanto à modelação do diagrama padrão, para efeitos de previsão, o modelo teórico de

sobreposição de 3 componentes (sazonalidade, comp. determinística cíclica, ruído branco)

demonstrou-se ser correcto e adequado à natureza dos dados. Sobretudo ficou claro que a

qualidade do ajustamento da série modelada à serie orginal é práticamente isenta de erro, uma

vez que apenas 3,35% da variabilidade da série não é explicada pelo modelo.

O cálculo da grandeza Eficiência revelou um resultado inesperado/inovador. A Figura 2.29 mostra

que o escoamento é eficiente até ao limite de 3000 veic/h.pista. Ou seja, o valor máximo de 2400

veic/h.pista que actualmente é expectável para uma via de geometria standard, não corresponde à

capacidade máxima aqui encontrada. Além disto, este estudo provou que a rotura do escoamento,

com passagem ao regime de Conagestionamento, não é um fenómeno determinístico mas sim

estocástico, existindo uma probabilidade de rotura, algo que não é contemplado no HCM de 2000.

Demonstrou-se que para a secção de estudo, o fluxo é bastante estável, já que até à sua

capacidade real de 3000 veic/h.pista funciona com probabilidades de rotura praticamente

constantes na ordem dos 10%. A contabilização do tempo perdido quando ocorre uma rotura,

indica um valor na ordem dos 10 minutos por veic. É importante ter presentes esta ordem de

grandeza quando se revelar mais importante a valorização do tempo perdido em viagem. Esse

tempo corresponde, para uma parte significativa dos viajantes que passam na secção en estudo

(RALIS), a um período de tempo de trabalho não realizado. Futuramente a valorização desse

tempo será superior aos 15 cêntimos por minuto e nessa altura será útil reavaliar o custo/benefício

de um dimensionamento de largura de vias superior, para permitir maiores capacidades sem

ocorrências de roturas.

4.2 PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

As recomendações incidem sobre os procedimentos de recolha de dados de tráfego em locais não

equipados, tendo em vista a estimação do seu diagrama de fluxo padrão. Estas são expressão de

um resultado optimizado de uma recolha in situ realizada no âmbito da abordagem metodológica

expressa na secção 1.4 deste estudo. Partindo do pressuposto que foi escolhido o local, dia e

equipamento, o procedimento que se aconselha que seja conduzido segundo princípios objectivos

e científicos, fundamentalmente é o seguinte:

Reconhecimento do local: observar e analisar a diciplina de condução no local, qual a

pista favorável à montagem do equipamento, quais os usos do solo que possam

distorcer um estado de escoamento livre, condições de pavimento, alguma linha de

água artificial que possa danificar o aparelho com águas ou óleos, heterogeneidade de

veículos em circulaçao (BUS), produzir elementos de suporte para posterior análise

(fotografia e filme);

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73

Teste do equipamento e do software: em condições controláveis e não restringidas,

num local seguro, testar o equipamento e programar o software. Nesta fase, os erros

cometidos não têm gravidade mas são importantes para antecipar qualquer situação

na futura recolha de dados efectiva;

Adaptar o método e material de fixação às restrições temporais: a (des)montagem do

equipamento requer interrupção do tráfego durante um determinado período e que não

coincida com as Horas de Ponta da Manhã ou da Tarde. Quanto mais importante for o

nível da vía, mais problemático é o “corte” da pista de montagem do equipamento.

Neste sentido, pretende-se que a fixação do equipamento seja célere;

Ajustar o método e material de fixação às condições do pavimento: reconhecer a

rugosidade do pavimento e estado de degradação de modo a que a fixação do

equipamento seja eficaz, estável e garanta fiabilidade durante o período de recolha

dos dados;

Reduzir o risco de acidentes e de roubo do equipamento: requisitar um Agente da

Autoridade, para estar presente durante a operação de (des)montagem. Em vias de

nível superior e/ ou de tráfego significativo é essencial que a responsabilidade da

recolha de dados esteja assegurada pelas entidades competentes. Durante a recolha

de dados, é importante a presença próxima do equipamento para prevenir alguma

tentativa de furto (sugere-se uma vigia por turnos);

Analisar criticamente os dados recolhidos: detectar alguma incongruência grosseira,

porventura devido a alguma falha de leitura do equipamento, por ocorrência de uma

rotura ou de um acidente.

4.3 ESTUDO DESENVOLVIDO E SUGESTÕES DE CONTINUIDADEDos objectivos tácticos enunciados na introdução do trabalho, foram todos alcançados. Neste

sentido, atingiram-se também os objectivos estratégicos propostos, que consistiam em aumentar a

eficiência nas operações de recolha de dados de tráfego e avaliar objectivamente a capacidade de

uma via, associando um risco de rotura e estimando um tempo de atraso em Congestionamento.

Identificou-se quais os dias propícios a uma recolha de um diagrama padrão com contadores

móveis e quais os procedimentos optimizados para essa recolha. Estabeleceu-se um modelo

matemático para o diagrama padrão e um modelo estatístico que permita a transferibilidade do

diagrama padrão no espaço e no tempo. Paralelamente, identificou-se qual a real capacidade da

secção em estudo, RALIS_N_S e qual a probabilidade de rotura do escoamento nessas

condições. Uma breve análise efectuada do valor do tempo perdido permite ter uma noção do

peso económico que esse tempo tem em condições de Breakdown.

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Sugere-se para continuidade do estudo aprofundar as questões relacionadas com a componente

variável dos resíduos de modelação da curva padrão. O objectivo será relacionar essa

componente com variáveis do clima e indicadores de acidentes rodoviários de modo a reduzir a

dimensão da variabilidade contida nos dados. Paralelamente, rever os procedimentos de

dimensionamento de vias urbanas, de modo a que se avalie qual a largura de pista necessária

para sustentar fluxos acima de 2400 veic/h.pista. Complementar esta análise com a contabilização

dos custos de alargamento versus valor do tempo perdido em Breakdown que seria recuperado

com o alargamento das pistas de rodagem.

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6 ANEXOS___________________________________________________________________________________

5.1 OUTPUTS DA ANÁLISE DE CLUSTERS – K MEANS

Fig. 6.1 - ANOVA: RALIS Fig. 6.2 – Cluster Means: RALIS

FIG. 6.3 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA: CLUSTERS 1,2 3 - RALIS

Analysis of Variance (RALIS_N_S)

VariableBetween

SSdf Within

SSdf F signi f.

p00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,011917 2 0,31066830 0,57537 0,5685830,006155 2 0,04551030 2,02852 0,1491810,003218 2 0,01009030 4,78319 0,0157370,001769 2 0,00689530 3,84881 0,0325170,000947 2 0,00665130 2,13483 0,1358850,002815 2 0,00784530 5,38263 0,0100570,009134 2 0,08729930 1,56951 0,2247620,028920 2 0,34169930 1,26953 0,2956280,428322 2 0,88752130 7,23907 0,0027200,164079 2 0,56869330 4,32778 0,0223170,018178 2 0,42671030 0,63900 0,5348520,011970 2 0,14104530 1,27299 0,2946850,019126 2 0,09533730 3,00916 0,0644120,015634 2 0,05329330 4,40045 0,0210960,007240 2 0,06314330 1,71988 0,1962790,042893 2 0,05753930 11,18177 0,0002350,017057 2 0,10583430 2,41747 0,1063150,018791 2 0,15393830 1,83104 0,1777070,000063 2 0,14881730 0,00631 0,9937140,099954 2 0,14574830 10,28701 0,0003960,415486 2 0,10738330 58,03802 0,0000000,389845 2 0,10523130 55,57022 0,0000000,149501 2 0,04272130 52,49248 0,0000000,140530 2 0,05205130 40,49799 0,000000

Descriptive Statistics for Cluster 1Cluster contains 16 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,399257 0,117814 0,0138800,186296 0,043626 0,0019030,098268 0,018337 0,0003360,087329 0,008577 0,0000740,138741 0,014908 0,0002220,300038 0,016742 0,0002800,800565 0,053708 0,0028852,145549 0,117476 0,0138011,754044 0,189844 0,0360411,496044 0,166969 0,0278791,471563 0,148624 0,0220891,296852 0,046961 0,0022051,242076 0,047384 0,0022451,213838 0,037980 0,0014421,348081 0,030895 0,0009551,336910 0,027054 0,0007321,272365 0,052331 0,0027391,366710 0,071033 0,0050461,395071 0,086994 0,0075681,237571 0,078080 0,0060971,017648 0,052489 0,0027550,750929 0,063981 0,0040940,661157 0,031682 0,0010040,552626 0,036731 0,001349

Descriptive Statistics for Cluster 2Cluster contains 7 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,378745 0,020719 0,0004290,187891 0,017029 0,0002900,118437 0,013152 0,0001730,100821 0,009923 0,0000980,152357 0,011789 0,0001390,320747 0,017083 0,0002920,789294 0,037211 0,0013852,142134 0,105635 0,0111591,859311 0,210512 0,0443151,609809 0,105372 0,0111031,485816 0,035620 0,0012691,314715 0,040548 0,0016441,260113 0,032388 0,0010491,263457 0,024004 0,0005761,379201 0,048664 0,0023681,419111 0,034908 0,0012191,330506 0,040579 0,0016471,424750 0,049241 0,0024251,398554 0,037171 0,0013821,376584 0,083704 0,0070061,298283 0,060470 0,0036571,029991 0,042810 0,0018330,823246 0,036948 0,0013650,717741 0,037690 0,001421

Descriptive Statistics for Cluster 3Cluster contains 10 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,430642 0,105351 0,0110990,216468 0,041125 0,0016910,117726 0,021105 0,0004450,102689 0,024038 0,0005780,140376 0,016612 0,0002760,316551 0,014489 0,0002100,832089 0,063002 0,0039692,208862 0,086754 0,0075262,017842 0,094880 0,0090021,651080 0,096549 0,0093221,525562 0,098749 0,0097511,340948 0,104403 0,0109001,297733 0,078433 0,0061521,251808 0,055975 0,0031331,376581 0,062018 0,0038461,399787 0,066038 0,0043611,299305 0,078086 0,0060971,402882 0,084132 0,0070781,396842 0,054780 0,0030011,250904 0,036911 0,0013621,035322 0,070013 0,0049020,796820 0,060398 0,0036480,654865 0,046516 0,0021640,569489 0,050870 0,002588

Cluster Means (RALIS_N_S_)

VariableClusterNo. 1

ClusterNo. 2

ClusterNo. 3

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,399257 0,3787450,4306420,186296 0,1878910,2164680,098268 0,1184370,1177260,087329 0,1008210,1026890,138741 0,1523570,1403760,300038 0,3207470,3165510,800565 0,7892940,8320892,145549 2,1421342,2088621,754044 1,8593112,0178421,496044 1,6098091,6510801,471563 1,4858161,5255621,296852 1,3147151,3409481,242076 1,2601131,2977331,213838 1,2634571,2518081,348081 1,3792011,3765811,336910 1,4191111,3997871,272365 1,3305061,2993051,366710 1,4247501,4028821,395071 1,3985541,3968421,237571 1,3765841,2509041,017648 1,2982831,0353220,750929 1,0299910,7968200,661157 0,8232460,6548650,552626 0,7177410,569489

Page 89: ESTUDO DA VARIABILIDADE E EFICIÊNCIA DE FLUXOS DE … · objectivo tira-se partido de um conjunto de técnicas estatísticas segundo uma sequência lógica e estruturada. No âmbito

78

Fig. 6.4 - ANOVA: EIXO N_S Fig. 6.5 – Cluster Means: EIXO N_S

FIG. 6.6 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA: CLUSTERS 1,2 3 - EIXO N_S

Analysis of Variance (EIXO_N_S)

VariableBetween

SSdf Within

SSdf F signi f.

p00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,002961 2 0,22934430 0,20656 0,8144500,023951 2 0,10903930 3,51442 0,0417090,010576 2 0,11058530 1,53018 0,2319200,011138 2 0,13013330 1,36940 0,2687590,035888 2 0,12294030 4,67061 0,0166060,005407 2 0,14675230 0,58948 0,5605250,004567 2 0,13548230 0,53937 0,5883210,127217 2 0,32206430 6,32007 0,0048620,934806 2 0,46002030 32,513540,0000000,440419 2 0,19468830 36,194760,0000000,015981 2 0,13148330 1,94468 0,1595690,008368 2 0,06613530 2,02449 0,1486320,013581 2 0,05347130 4,06376 0,0267500,019852 2 0,05102830 6,22470 0,0052060,012854 2 0,03424930 6,00500 0,0061030,011175 2 0,08072330 2,21490 0,1256290,035882 2 0,05829930 9,84785 0,0004650,028368 2 0,05856130 7,75069 0,0017990,032378 2 0,09979930 5,19086 0,0111570,029103 2 0,10732230 4,33877 0,0215140,060372 2 0,11004130 8,77815 0,0009140,045490 2 0,18806830 3,87008 0,0312410,092145 2 0,16615730 8,87303 0,0008600,101652 2 0,21290430 7,63928 0,001940

Descriptive Statistics for Cluster 1Cluster contains 12 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,728155 0,069598 0,0048440,658598 0,061522 0,0037850,652942 0,058579 0,0034310,652349 0,065120 0,0042410,652617 0,069753 0,0048650,683313 0,062652 0,0039250,780760 0,057957 0,0033591,383648 0,068659 0,0047141,262726 0,112337 0,0126201,231319 0,107472 0,0115501,212257 0,055995 0,0031351,085933 0,046733 0,0021841,078638 0,037672 0,0014191,102362 0,046793 0,0021901,193451 0,022760 0,0005181,144698 0,060251 0,0036301,136450 0,059257 0,0035111,209893 0,039311 0,0015451,195981 0,045917 0,0021081,114452 0,060337 0,0036411,070621 0,081790 0,0066900,975457 0,109882 0,0120740,923155 0,105660 0,0111640,837817 0,111471 0,012426

Descriptive Statistics for Cluster 2Cluster contains 14 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,731989 0,077427 0,0059950,700657 0,056689 0,0032140,687252 0,061414 0,0037720,691874 0,053239 0,0028340,695146 0,046204 0,0021350,711670 0,049674 0,0024680,806179 0,057885 0,0033511,268133 0,068624 0,0047091,621921 0,098825 0,0097661,461054 0,035107 0,0012331,184547 0,033977 0,0011541,067095 0,032302 0,0010431,049504 0,024944 0,0006221,076652 0,031237 0,0009761,176284 0,028363 0,0008041,126384 0,031819 0,0010121,098754 0,030087 0,0009051,152299 0,034536 0,0011931,143663 0,062314 0,0038831,082566 0,056409 0,0031821,016384 0,039261 0,0015410,934408 0,060753 0,0036910,875453 0,049345 0,0024350,810850 0,060618 0,003675

Descriptive Statistics for Cluster 3Cluster contains 7 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,751823 0,114724 0,0131620,726348 0,056585 0,0032020,693027 0,053499 0,0028620,685132 0,079107 0,0062580,738384 0,075150 0,0056480,696344 0,099303 0,0098610,788397 0,085876 0,0073751,240737 0,170830 0,0291831,572271 0,162338 0,0263541,478743 0,084836 0,0071971,238815 0,107458 0,0115471,106654 0,062682 0,0039291,098280 0,064531 0,0041641,138106 0,043558 0,0018971,225920 0,049696 0,0024701,172581 0,061665 0,0038031,180924 0,031624 0,0010001,209730 0,059599 0,0035521,214765 0,056371 0,0031781,156883 0,056982 0,0032471,121759 0,046099 0,0021251,027156 0,022614 0,0005111,008336 0,036378 0,0013230,948079 0,059494 0,003540

Cluster Means (E IXO_N_S)

VariableClusterNo. 1

ClusterNo. 2

ClusterNo. 3

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,7281550,7319890,7518230,6585980,7006570,7263480,6529420,6872520,6930270,6523490,6918740,6851320,6526170,6951460,7383840,6833130,7116700,6963440,7807600,8061790,7883971,3836481,2681331,2407371,2627261,6219211,5722711,2313191,4610541,4787431,2122571,1845471,2388151,0859331,0670951,1066541,0786381,0495041,0982801,1023621,0766521,1381061,1934511,1762841,2259201,1446981,1263841,1725811,1364501,0987541,1809241,2098931,1522991,2097301,1959811,1436631,2147651,1144521,0825661,1568831,0706211,0163841,1217590,9754570,9344081,0271560,9231550,8754531,0083360,8378170,8108500,948079

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79

Fig. 6.7 - ANOVA: A5 - Lx/Carcavelos Fig. 6.8 – Cluster Means: A5 – Lx/Carcavelos

FIG. 6.9 – ESTATÍSTICA DESCRITIVA: CLUSTERS 1,2 3 - A5 LX/CARCAVELOS

Analysis of Variance (A5 - Lisboa_Carcave los)

VariableBetween

SSdf Within

SSdf F signi f.

p00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,011842 2 0,06638230 2,85418 0,0723430,003008 2 0,04368630 1,10156 0,3446270,001622 2 0,01384930 1,87449 0,1698960,000810 2 0,01633430 0,79310 0,4611330,000120 2 0,00582430 0,32871 0,7222560,001152 2 0,00470430 3,91899 0,0300360,074032 2 0,03833830 30,896740,0000000,564957 2 0,68910730 13,117420,0000691,999310 2 0,42227030 75,754780,0000000,662233 2 0,29307330 36,153920,0000000,051695 2 0,19005430 4,35204 0,0212910,025961 2 0,09413830 4,41249 0,0203040,023052 2 0,12149330 3,03587 0,0620520,019773 2 0,07840230 4,03516 0,0273680,015815 2 0,04800430 5,27135 0,0105000,055760 2 0,12310830 7,24703 0,0025350,081182 2 0,23569930 5,51087 0,0087780,129637 2 0,32897830 6,30497 0,0049150,065374 2 0,28954430 3,61254 0,0384930,084491 2 0,40197730 3,36301 0,0472450,256333 2 0,63741530 6,43433 0,0044800,103938 2 0,32370330 5,13743 0,0116170,037763 2 0,11916430 5,07045 0,0122220,074051 2 0,17958130 6,59767 0,003989

Descriptive Statistics for Cluster 1Cluster contains 19 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,282851 0,049800 0,0024800,156317 0,040823 0,0016670,097240 0,021402 0,0004580,102678 0,023658 0,0005600,068412 0,015147 0,0002290,126542 0,009905 0,0000980,547084 0,038006 0,0014442,357299 0,173756 0,0301911,914642 0,098939 0,0097891,551762 0,085952 0,0073881,713262 0,082183 0,0067541,482648 0,057840 0,0033461,424230 0,065649 0,0043101,334981 0,057912 0,0033541,427861 0,045465 0,0020671,389552 0,070732 0,0050031,454575 0,101998 0,0104041,736875 0,123219 0,0151831,777532 0,103750 0,0107641,464581 0,112128 0,0125731,052582 0,163810 0,0268340,685341 0,121292 0,0147120,553589 0,074416 0,0055380,498573 0,083399 0,006955

Descriptive Statistics for Cluster 2Cluster contains 6 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,319803 0,045918 0,0021080,173653 0,027729 0,0007690,115219 0,023895 0,0005710,111248 0,016558 0,0002740,073489 0,005556 0,0000310,139402 0,009423 0,0000890,614444 0,017699 0,0003132,560962 0,099291 0,0098591,413302 0,200183 0,0400731,371027 0,170320 0,0290091,700860 0,072387 0,0052401,554701 0,042717 0,0018251,488793 0,055655 0,0030971,379562 0,027401 0,0007511,477822 0,020650 0,0004261,477854 0,058326 0,0034021,569481 0,052382 0,0027441,902003 0,061252 0,0037521,896269 0,066202 0,0043831,552960 0,101774 0,0103581,198733 0,117578 0,0138250,815313 0,084676 0,0071700,616281 0,035658 0,0012720,596913 0,078446 0,006154

Descriptive Statistics for Cluster 3Cluster contains 8 cases

VariableMean Standard

DeviationVariance

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,262594 0,033012 0,0010900,144749 0,031972 0,0010220,096968 0,016924 0,0002860,096265 0,023262 0,0005410,069261 0,012798 0,0001640,137137 0,017306 0,0002990,651740 0,034144 0,0011662,640662 0,090953 0,0082721,444643 0,067003 0,0044891,233464 0,030946 0,0009581,623073 0,066639 0,0044411,481981 0,051780 0,0026811,415246 0,054907 0,0030151,305451 0,036957 0,0013661,414045 0,028716 0,0008251,355547 0,037150 0,0013801,426067 0,055128 0,0030391,751177 0,052132 0,0027181,798184 0,088823 0,0078891,399856 0,117954 0,0139130,932703 0,085480 0,0073070,653008 0,032268 0,0010410,513880 0,030802 0,0009490,454935 0,045633 0,002082

Cluster Means (A5 - Lx_Carcavelos

VariableClusterNo. 1

ClusterNo. 2

ClusterNo. 3

00h01h02h03h04h05h06h07h08h09h10h11h12h13h14h15h16h17h18h19h20h21h22h23h

0,282851 0,319803 0,2625940,156317 0,173653 0,1447490,097240 0,115219 0,0969680,102678 0,111248 0,0962650,068412 0,073489 0,0692610,126542 0,139402 0,1371370,547084 0,614444 0,6517402,357299 2,560962 2,6406621,914642 1,413302 1,4446431,551762 1,371027 1,2334641,713262 1,700860 1,6230731,482648 1,554701 1,4819811,424230 1,488793 1,4152461,334981 1,379562 1,3054511,427861 1,477822 1,4140451,389552 1,477854 1,3555471,454575 1,569481 1,4260671,736875 1,902003 1,7511771,777532 1,896269 1,7981841,464581 1,552960 1,3998561,052582 1,198733 0,9327030,685341 0,815313 0,6530080,553589 0,616281 0,5138800,498573 0,596913 0,454935