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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA FELIPE TORRES DA SILVA ESTUDO DA VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE COMPOSTAGEM NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA (EEL-USP). Lorena 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

FELIPE TORRES DA SILVA

ESTUDO DA VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE

COMPOSTAGEM NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA (EEL-USP).

Lorena

2018

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FELIPE TORRES DA SILVA

ESTUDO DA VIABILIDADE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE

COMPOSTAGEM NA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA (EEL-USP).

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Engenharia de Lorena - Universidade de São Paulo como requisito para conclusão da Graduação do curso de Engenharia Ambiental.

Orientadora: Profª. MSc. Ana Paula Nola Denski Bif

Lorena

2018

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Ao Curso de Engenharia Ambiental da EEL, grande aventura na qual embarquei. Foi pensando no que eu deixaria a ele que fui motivado a ir até o fim.

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AGRADECIMENTOS

Durante todo o período de graduação, foram inúmeros os momentos que

pensei que não mais poderia continuar; pensei em desistir, em trancar. Às vezes

chorei. O que, talvez, mais aprendi com a USP é que ao longo dessa jornada que

chamamos vida, enfrentaremos mais de uma vez as frustrações. E não é fácil, pois é

a hora que olhamos para nós mesmos e, na nossa fraqueza, encontramos força. Seria

muita presunção se eu dissesse que essa força vem somente de nós. Não. Ela vem

de quem habita em nós, no lugar mais profundo, onde ciência nenhuma consegue

entender: nosso coração.

É por isso que a finalização deste trabalho, a conclusão deste ciclo, significa

gratidão. E essa força, que vem do interior, dirige meu olhar ao Céu, primeiro foco dos

meus agradecimentos; agradeço ao meu Senhor Jesus Cristo, que, pelo Seu Espírito,

sussurrou ao meu ouvido a certeza da Sua presença e iluminação, e à Sua Mãe, e

minha, Maria Santíssima, meu auxílio em qualquer situação.

E grato à ajuda do Alto, volto-me ao redor, aos presentes que me foram dados

por Ele e digo: Obrigado! Obrigado aos meus pais, Gilmar e Márcia, exemplos do amor

em todas as formas que posso conhecer. Obrigado ao meu irmão, Matheus, a quem

amo grandemente.

Agradeço imensamente a todos os meus amigos, que trouxeram leveza à dura

– e feliz! – realidade acadêmica, especialmente aos meus fiéis irmãos do Ministério

Universidades Renovadas, responsáveis por resgatar em minha vida o significado da

passagem pela Universidade: o sonho da Civilização do Amor. De forma especial,

minha eterna gratidão às minhas comunidades GOU Filhos do Céu, GOU São José e

GOU Toque da Alvorada, alento na caminhada! Obrigado a cada um dos colegas do

curso de Engenharia Ambiental, que, lado a lado comigo, caminharam a mesma

estrada rumo ao tão desejado destino.

Impossível não ter o coração ainda mais grato ao grupo de mestres a quem

devo o amor pelo saber: meus professores do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, de

forma especial à Profa. Irene Ramos, chave central na minha decisão pela área

ambiental, e meus mestres na universidade: obrigado à Profa. Dione, que me ajudou

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a enxergar o brilho da área a qual escolhi. Obrigado à minha banca avaliadora, Prof.

Marco e Profa. Erica. Mais que avaliadores, eles também participaram desse meu

caminhar. Agradeço também à Profa. Ana Gabas, que me compreendeu e me apoiou

na concretização deste estudo, mesmo com as limitações que ofereci em relação à

distância da EEL. E de uma maneira muito especial, obrigado à minha orientadora,

Profa. Ana Paula, que embarcou na loucura de uma orientação à distância e, com

paciência, não desistiu de mim, mesmo quando eu pensei que não conseguiria.

Um muito obrigado com toda a sinceridade do meu coração à minha

supervisora de estágio, Cidália, responsável por me inserir na área de gerenciamento

de resíduos e me apresentar a compostagem. A maior consequência dessa amizade

e relação profissional foi justamente a ideia deste trabalho.

E por fim, agradeço ao amor da minha vida, Mariana, minha promessa, que,

sem dúvida alguma, foi quem mais acompanhou tudo e quem mais sofreu e mais se

alegrou comigo.

Se não fosse cada uma dessas pessoas, este ciclo jamais haveria fechado!

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SILVA, F T. Estudo da viabilidade para implantação de um sistema de

compostagem na Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP). 2018. 82 f. TCC

(Graduação) - Curso de Engenharia Ambiental, Departamento de Ciências Básicas e

Ambientais, Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2018.

RESUMO

Um dos maiores problemas no gerenciamento de resíduos sólidos hoje no Brasil

envolve a coleta e a destinação adequada da fração orgânica dos resíduos, que

compõem mais de 55% do total produzido. A Política Nacional dos Resíduos Sólidos

aponta a compostagem como a melhor forma de tratamento desses resíduos, pois os

reinsere no ciclo produtivo, com geração de um composto condicionador de solo. A

Escola de Engenharia de Lorena (EEL) destina os restos de alimentos gerados no

restaurante universitário (RU) ao aterro sanitário. Este estudo visou estudar a

viabilidade técnica e econômica para a implantação de uma Unidade Descentralizada

de Compostagem (UDC) na universidade, levantando a quantidade de resíduos

orgânicos gerados diariamente, a melhor alternativa locacional, a melhor estrutura

para o pátio de compostagem e qual melhor método de compostagem a ser

implantado (dentre os métodos das leiras revolvidas, das leiras estáticas verticais e o

método UFSC). Ao fim, concluiu-se que na EEL se produzem cerca de 61,4 kg.dia-1

de restos de alimentos no RU e uma média de 247,3 kg-1 de resíduos secos de

serapilheira, o que justifica a implantação de uma UDC, localizada próxima do

complexo do Centro de Convivências. Dentre os métodos de compostagem, o mais

viável técnica e economicamente foi o método UFSC, por sua facilidade e flexibilidade

de operação. Uma UDC na EEL mostrou-se uma excelente alternativa pois, além do

tratamento aos resíduos e produção de adubo orgânico, oferece a possibilidade de

organização de um banco de dados para os resíduos orgânicos do campus;

apresenta-se como um laboratório de resíduos a céu aberto, possibilitando pesquisas

sobre o tema; permite a extensão à sociedade; e desvia do aterro a fração de resíduos

que seria encaminhada para lá.

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SILVA, F T. Feasibility study for the implementation of a composting system at

the School of Engineering of Lorena (EEL-USP). 2018. 82 f. Monografy -

Environmental Engineering Course, Department of Basic and Environmental

Sciences, School of Engineering of Lorena, University of São Paulo, Lorena, 2018.

ABSTRACT

One of the biggest problems in solid waste management in Brazil today is the collection

and proper disposal of the organic fraction of waste, which makes up more than 55%

of the total produced. The National Solid Waste Policy points to composting as the best

way of treatment of these residues because it reinserts them in the productive cycle,

with the production of a soil conditioning compound. The School of Engineering of

Lorena (EEL) destines the remains of food generated in the university restaurant to the

landfill. This study aimed to study the technical and economical feasibility for the

implementation of a Decentralized Composting Unit (DCU) in the university, raising the

amount of organic waste generated daily, the best locational alternative, the best

structure for the composting yard and which the best composting method to be

implemented (among the methods of revolving rows, vertical static rows and the UFSC

method). Finally, it was concluded that in EEL about 61.4 kg.day -1 of food residues

are produced in the UK and an average of 247.3 kg -1 of dry litter residues, which

justifies the implantation of a UDC, located near the complex of the Center of

Conviviality. Among the composting methods, the most technically and economically

feasible was the UFSC method, due to its ease and flexibility of operation. A UDC in

the EEL proved to be an excellent alternative because, in addition to waste treatment

and organic fertilizer production, it offers the possibility of organizing a database for

organic waste from the campus; presents itself as an open-air waste laboratory,

enabling research on the subject; allows the extension to society; and diverts from the

landfill the fraction of waste that would be sent there.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Operações efetuadas na área de resíduos sólidos domiciliares ................ 27

Figura 2. Panorama da disposição final no brasil (2016) .......................................... 29

Figura 3. Manejo dos resíduos sólidos domiciliares em Lorena ................................ 30

Figura 4. Compostagem em baixa escala dos resíduos de poda e capina no município

de Lorena. ................................................................................................................. 31

Figura 5. Composteira construída em uma escola municipal em Lorena. ................. 32

Figura 6. Exemplo genérico da evolução da temperatura de uma leira em

compostagem ............................................................................................................ 39

Figura 7. (a) Recipiente de latão utilizado para armazenamento dos resíduos

orgânicos do restaurante universitário da UNESP, Campus Rio Claro/SP. (b)

quantidade de água verificada antes da disposição na leira. .................................... 41

Figura 8. (a) Crescimento de bactérias e fungos e (b) actinomicetos durante

compostagem da fração orgânica de resíduos sólidos orgânicos misturados com lodo

de esgoto em uma leira estática com ventilação forçada. ......................................... 47

Figura 9. Passo a passo para montagem da leira de revolvimento manual de resíduos

alimentares de restaurante universitário. .................................................................. 49

Figura 10. Leira estática aerada (forced aeration static pile – FAS) e leira estática de

aeração passiva (natural ventilation static pile – NVS), cujas estruturas envolvem o

uso de canos para fornecimento de ar. ..................................................................... 50

Figura 11. Leiras verticais construídas para compostagem dos resíduos do restaurante

universitário da USP, Campus de São Carlos. .......................................................... 51

Figura 12. Construção de leiras verticais para compostagem dos resíduos do

restaurante universitário da UNESP, Campus de Rio Claro. .................................... 52

Figura 13. Carregamento de leira com resíduos orgânicos do município de

Florianópolis/SC para tratamento por compostagem pelo método UFSC. ................ 53

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Figura 14. Carregamento de leira com resíduos orgânicos do restaurante universitário

da USP, Campus de São Carlos, para tratamento por compostagem pelo método

UFSC. ....................................................................................................................... 53

Figura 15. Visão panorâmica da EEL-USP ............................................................... 57

Figura 16. Áreas possíveis para implantação da UDC. ............................................. 64

Figura 17. Escolha do melhor local para implantação de uma unidade descentralidade

de compostagem na EEL-USP. ................................................................................. 67

Figura 18. Localização da unidade descentralizada de compostagem em relação ao

restaurante universitário. ........................................................................................... 68

Figura 19. Croqui modelo de organização do pátio de compostagem na EEL-

USP.. ......................................................................................................................... 69

Figura 20. Croqui modelo da área coberta da unidade descentralizada de

compostagem (UDC) ................................................................................................. 70

Figura 21. Medidas da unidade descentralizada de compostagem (UDC). .............. 71

Figura 22. Projeção da disposição dos mourões da cerca da UDC .......................... 73

Figura 23. Dimensões da metade do telhado principal ............................................. 74

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Responsabilidade pelo gerenciamento de cada tipo de resíduo. .............. 26

Tabela 2. Processos de transformações utilizados para o gerenciamento dos resíduos

sólidos domiciliares ................................................................................................... 26

Tabela 3. Quantidade de municípios com iniciativas de coleta seletiva por região ... 29

Tabela 4. Médias mensais de restos do restaurante universitário da área I da EEL-

USP, pesados entre 2016 e 2017. ............................................................................ 34

Tabela 5. Variação de temperatura em alguns experimentos de compostagem de

alimentos. .................................................................................................................. 40

Tabela 6. Relação C/N inicial para diferentes materiais ............................................ 44

Tabela 7. Aspectos positivos e negativos dos métodos de compostagem. ............... 48

Tabela 8. Resíduos orgânicos da EEL-USP.............................................................. 62

Tabela 9. Avaliação de cada uma das áreas escolhidas da EEL. ............................. 66

Tabela 10. Dimensionamentos para cada método de compostagem ........................ 72

Tabela 11. Custo de cada método de compostagem ................................................ 75

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APP Área de Proteção Permanente

CAEA Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental

CCADRQ Comissão de Coleta, Armazenamento e Descarte de Resíduos

Químicos

CEDIR Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática

CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear

CoC-EA Comissão Coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental

COOCAL Cooperativa de Catadores de Lorena

EEL Escola de Engenharia de Lorena

MMA Ministério do Meio Ambiente

PERS Política Estadual de Resíduos Sólidos

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PMGIRS Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos

Sólidos

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNSB Política Nacional de Saneamento Básico

RDO Resíduos Domiciliares

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

RU Restaurante Universitário

SNIR Sistema Nacional de Informação sobre Resíduos

SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

UDC Unidade Descentralizada de Compostagem

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

USP Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13

2. OBJETIVO ......................................................................................................... 16

2.1. GERAL ........................................................................................................ 16

2.2. ESPECÍFICOS ............................................................................................. 16

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 17

3.1. RELAÇÃO HOMEM-RESÍDUO .................................................................... 17

3.2. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .......................................... 20

3.2.1. Legislação .......................................................................................... 20

3.2.2. Classificação ...................................................................................... 23

3.2.3. Gestão e Gerenciamento ................................................................... 25

3.2.4. Panorama atual .................................................................................. 28

3.3. COMPOSTAGEM......................................................................................... 36

3.3.1. Parâmetros do processo de compostagem..................................... 37

3.3.2. Métodos de compostagem ................................................................ 47

4. METODOLOGIA ................................................................................................ 55

4.1. LEVANTAMENTO E ESTIMATIVA DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS

ORGÂNICOS NA EEL/USP .................................................................................... 55

4.2. ALTERNATIVA LOCACIONAL PARA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE

DESCENTRALIZADA DE COMPOSTAGEM (UDC) .............................................. 56

4.3. DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE COMPOSTAGEM ..................... 58

4.3.1. Área da Unidade Descentralizada de Compostagem (UDC) .......... 58

4.3.2. Leiras revolvidas ................................................................................ 58

4.3.3. Leira estática de aeração passiva: Leira vertical ............................ 59

4.3.4. Leira estática de aeração passiva: Método UFSC ........................... 60

4.4. VIABILIDADE DOS SISTEMAS DE COMPOSTAGEM .................................. 61

5. DISCUSSÕES E PROPOSTAS PARA PROJETO ............................................ 62

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5.1. RESÍDUOS ORGÂNICOS DA EEL/USP ....................................................... 62

5.2. LOCAL PARA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DESCENTRALIZADA DE

COMPOSTAGEM (UDC) ........................................................................................ 64

5.2.1. Escolha do melhor local .................................................................... 64

5.2.2. Estudo do local .................................................................................. 66

5.3. DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE COMPOSTAGEM ..................... 71

5.3.1. Pátio de Compostagem ..................................................................... 71

5.3.2. Método de compostagem .................................................................. 72

5.4. VIABILIDADE ECONÔMICA ......................................................................... 72

5.4.1. Orçamento do pátio de compostagem ............................................. 72

5.4.2. Orçamento dos sistemas .................................................................. 75

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 76

7. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ................................................ 78

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79

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13

1. INTRODUÇÃO

Desde seu surgimento, o ser humano não apenas se condiciona às

características de um ambiente, como também o transforma para que possa

sobreviver nele. Nesse processo são inerentes os impactos ambientais, sejam eles

positivos ou negativos. Testemunhas do avanço das sociedades, suas distribuições,

modos de vida e hábitos de produção e consumo, os resíduos produzidos pelo homem

causam atração a inúmeras ciências, embora, principalmente a partir do século XX,

eles sejam repudiados como inservíveis, degradados, sujos e sem valor econômico,

social e afetivo para grande parte das pessoas.

Não é de estranhar que, com o crescimento da população urbana mundial, as

mudanças nos padrões de consumo – notoriamente a partir da Revolução Industrial –

, e o advento das embalagens, eletroeletrônicos, descartáveis etc., a geração dos

resíduos líquidos, sólidos e semissólidos também aumentasse, com novas

características e nova composição.

No que se refere aos resíduos sólidos, surgiram as preocupações sobre onde

colocar todo o volume descartado. As soluções encontradas foram a queima, o

aterramento e a disposição direta no solo e às margens de cursos d’água, longe da

vista e do contato da cidade: os chamados “lixões”. No entanto, através da gradual

compreensão dos problemas ambientais relacionados a estas práticas (a poluição

atmosférica, a poluição do solo, das águas superficiais e subterrâneas e a poluição

visual) e, também, dos problemas sociais (riscos à saúde pública e à população que

frequenta, habita e retira o sustento dos lixões), iniciou-se a busca por formas

ambientalmente adequadas de destinar os resíduos sólidos.

No Brasil, tais formas de destino tornaram-se obrigatórias e foram

impulsionadas pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), que proibiu as

disposições inadequadas no país e estabeleceu que os estados fizessem metas para

eliminação e recuperação dos lixões. No entanto, ainda são muitos os municípios que

não conseguiram estar de acordo com esta lei, fato que se comprova nos mais de

29,7 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) coletados que foram

dispostos em lixões ou aterros controlados em 2016, o correspondente a 41,6% do

total coletado naquele ano (ABRELPE, 2016).

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A atenção deste trabalho se volta a uma parte significativa – 55% do total

(BRASIL, 2017a) – dos resíduos sólidos produzidos no Brasil: a fração orgânica.

Compostos, principalmente, por restos de poda e capina e alimentos em geral, os

resíduos orgânicos constituem, majoritariamente, os resíduos domiciliares (RDO),

mas também estão presentes em resíduos industriais e de estabelecimentos

comerciais do setor alimentício. Eles geram preocupação porque, apesar de serem os

resíduos mais produzidos no país, são os que menos são destinados corretamente.

Desde a PNRS, várias ações que visam a coleta seletiva dos resíduos foram

implantadas nos municípios e nas instituições e a separação na base (ou seja, no local

produzido) dos recicláveis, orgânicos e rejeitos (o que não é possível reutilizar ou

reciclar) passou a ser bastante incentivada, pensando sempre na destinação

adequada a cada um.

Nesse processo, na maioria dos lugares, parte considerável dos resíduos

recicláveis foi, e é, recuperada de alguma forma, enquanto a fração orgânica continua

a ser encaminhada para disposição em aterros sanitários, juntamente com os rejeitos.

Se essa é a realidade dos lugares onde há a coleta seletiva, naqueles onde ocorre

apenas a coleta convencional, sem a separação dos resíduos, é ainda pior, pois todos

os resíduos são dispostos em aterros ou lixões sem qualquer distinção.

Apesar dos aterros sanitários serem uma forma ambientalmente adequada de

disposição, eles não são o destino correto da fração orgânica dos resíduos, visto que

ela tem um potencial enorme de reaproveitamento. Espaços dos aterros que poderiam

ser preenchidos apenas com rejeitos são ocupados diariamente por resíduos

passíveis de serem reaproveitados, o que diminui o tempo de vida útil do aterro. Além

disso, a decomposição dos resíduos orgânicos gera chorume, que, em contato com o

solo – como nos casos das disposições incorretas –, contamina a área e as águas

subterrâneas, e também, devido a anaerobiose provocada pela compressão dos

resíduos, gera gás metano, que é um gás de efeito estufa 24 vezes mais nocivo que

o gás carbônico. Portanto, a disposição em aterros sanitários deveria ser reservada

apenas para a disposição dos rejeitos.

O destino mais útil aos resíduos orgânicos é a reinserção deles na natureza,

por meio da compostagem, ou o aproveitamento do seu potencial energético, pela

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biodigestão, sendo o primeiro um método extremamente eficiente, economicamente

viável, de fácil implantação, operação e acompanhamento.

O município de Lorena, SP, não possui a informação da quantidade da fração

orgânica dos resíduos que é gerada por sua população, porém, o Plano Municipal de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS) projeta para o ano de 2018 uma

geração de 8.580 toneladas de resíduos orgânicos, ou seja, uma média de 715

toneladas por mês (t/mês), que são coletados pelo sistema de coleta convencional e

dispostos no aterro sanitário Vale Soluções Ambientais, localizado no município de

Cachoeira Paulista. Inserida neste contexto está a unidade lorenense da Universidade

de São Paulo (USP), a Escola de Engenharia de Lorena (EEL).

A EEL é atendida pelos sistemas de coleta convencional e coleta seletiva do

munícipio, e, desta forma, contribui com o montante mensal de resíduos sólidos

encaminhados ao aterro. Estima-se que são descartadas, em média, 552,6 kg de

sobras de alimentos todos os meses no lixo comum do Restaurante Universitário (RU).

Seguindo as diretrizes da PNRS, este estudo propõe um avanço no gerenciamento

dos resíduos sólidos da unidade, através da avaliação da aplicabilidade técnica e

econômica de um sistema de compostagem para tratamento dos resíduos orgânicos

gerados no RU, visando a implantação de uma unidade descentralizada de

compostagem (UDC) na universidade.

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2. OBJETIVO

2.1. GERAL

Verificar a viabilidade técnica e econômica para a implantação de um sistema

de compostagem para a Escola de Engenharia de Lorena (EEL – USP).

2.2. ESPECÍFICOS

Levantar e estimar quantitativamente a massa dos resíduos orgânicos gerados na

EEL-USP;

Verificar a melhor alternativa locacional para cada sistema;

Dimensionar três métodos de compostagem: leiras revolvidas, leiras verticais e o

método UFSC;

Analisar a viabilidade técnica e econômica de cada sistema;

Avaliar e escolher a melhor alternativa e;

Apontar os possíveis usos do composto orgânico produzido.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. RELAÇÃO HOMEM-RESÍDUO

Historicamente, a relação do homem urbano com os resíduos que ele produz

nunca foi pacífica. As tensões são marcadas por vários problemas, como a destinação

inadequada, a contaminação dos rios, a garantia de abastecimento de água potável,

a necessidade de escoar os resíduos líquidos, a redução de riscos sanitários etc. Mais

dificultoso ainda sempre foi o desafio do manejo dos resíduos. As soluções buscadas

variavam conforme a conceituação dos resíduos variava, ou seja, a consideração do

que era útil ou inútil (NEVES; MENDONÇA, 2016).

Quando nômade, o homem paleolítico mudava de locação ao esgotar os

recursos do antigo local. Caso os resíduos descartados causassem incômodo,

bastava mudar de habitação. Em um contexto sedentário, o problema se agravou:

afastar os resíduos era fator necessário para continuidade da vida no local, afinal, a

poluição que eles causavam resultava em águas contaminadas e doenças na

população (NEVES; MENDONÇA, 2016). Independente da condição, a postura

perante o resíduo sempre foi de abandono, afastamento e esquecimento.

São muitos os relatos históricos que atestam a afirmação anterior. O lixo

produzido por Paris, na Idade Média, foi, por muito tempo, descartado fora das

muralhas. Os monturos (grandes pilhas de resíduos) dificultaram a transposição da

cidade perante ameaça inglesa e, por isso, foram retirados. A fama de suja da capital

francesa permaneceu por muito tempo, sendo alvo de críticas de grandes

personalidades – chegou a ser classificada pela mãe do Regente da França como um

lugar horrível com odor de carne, peixe podre e urina, no século XVII, e também

Mozart falou sobre a sujeira indescritível que se via nas vielas parisienses –; Madri

também não escapou e, em 1667, foi descrita como suja pelo hábito da população de

atirar os resíduos pela janela, na esperança que a água da chuva carregasse para

longe toda a imundície (NEVES; MENDONÇA, 2016). Essa mesma prática foi muito

comum na realidade brasileira do contexto imperial português. Laurentino Gomes

(2007), em seu célebre livro sobre a vinda da Família Real portuguesa ao Brasil no

séc. XIX, cita as impressões da inglesa Maria Graham (1821, p. 144) ao chegar em

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Salvador, que de uma profunda admiração pela beleza deslumbrante da cidade,

avistada à distância pela Baía de Todos os Santos, “um dos mais belos espetáculos”

(apud GOMES, 2007, p. 103) que ela contemplara, passou a uma grande repulsa pelo

lugar mais sujo que ela estivera, onde, segundo ela (1821, p. 145): “como a sarjeta

corre no meio rua, tudo ali se atira das diferentes lojas, bem como das janelas” (apud

GOMES, 2007, p. 105).

Não se pode perder de vista um fato importante. Falar em resíduos nesses

períodos citados significa abordar resíduos líquidos, sólidos e semissólidos. Não havia

bem uma distinção. A composição dos resíduos sólidos mudou muito ao longo dos

séculos. Basta lembrar que não havia o volume de resíduos recicláveis que hoje

enchem as lixeiras: embalagens de plástico e de papel, enlatados e tetra brik. O lixo

“reciclável” – entre aspas porque os conceitos de reciclável e não-reciclável são

modernos, pós século XIX – era papel, metal e vidro e, mesmo assim, representava

uma fração mínima dos resíduos de uma residência comum. Basicamente, os

resíduos sólidos dos séculos passados eram as lamas e o material de varrição das

ruas (NEVES; MENDONÇA, 2016), os resíduos orgânicos e os fragmentos de

construção.

Quando se refere especificamente aos resíduos sólidos, está sendo demarcada e delimitada parte da história, além de se realizar a importante distinção entre os dejetos, resíduos em sentido amplo (líquidos e pastosos), e o resíduo sólido (lixo) propriamente dito (NEVES; MENDONÇA, 2016, p. 158).

Ainda que os resíduos tenham sido, de certa maneira, repudiados pelas

sociedades em todos os tempos, no século XX, o aproveitamento mínimo que se fazia

deles se reduziu a quase nulo. Antes, havia certa noção de aproveitamento da fração

orgânica, seja para adubagem ou para alimentação de animais. Os poucos resíduos

domiciliares não-orgânicos eram reaproveitados na própria residência. Em outras

palavras, havia minimamente um Princípio de Valorização dos resíduos (NEVES;

MENDONÇA, 2016).

O que não era aproveitado era afastado do convívio humano, ação norteada

por um conceito dado por Neves e Mendonça (2016): o Princípio da Relegação. No

final do século XIX e início do século XX, este princípio ganhou mais força no manejo

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dos resíduos sólidos. Os padrões de consumo das populações urbanas já não eram

os mesmos, devido ao processo de industrialização que as cidades viviam após a 1°

Revolução Industrial, e os preceitos higienistas emergiam, incentivando as reformas

em prol da limpeza e salubridade das cidades, atrelando ao lixo a desordem e a

doença, o receio de contato e os estigmas que ele carrega (NEVES; MENDONÇA,

2016).

Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se um acelerado processo de

desenvolvimento tecnológico em busca de novos materiais que melhorassem a

performance técnica dos bens de consumo. O lançamento frequente e rápido de

inovações traz como consequência a obsolescência dos produtos, com vida útil

reduzida, tornando-os descartáveis (ZANETTE, 2015). Como essas inovações visam

melhorar o estilo de vida humano, rapidamente passam a ser imprescindíveis para o

dia-a-dia urbano. Imagina-se, por exemplo, viver hoje na cidade sem ter um aparelho

celular, uma televisão, uma máquina de lavar, um ferro de passar? Encontra-se no

mercado algo que não venha numa embalagem? Nota-se que a composição dos RSU

possui novas características e que o homem moderno produz muito mais resíduos

que qualquer ancestral. Entretanto, o problema continua o mesmo, mas num volume

maior: depois de descartado, para onde mandar esses resíduos?

Os depósitos de lixo eram causas de contaminação, então caberia ao poder

público a responsabilidade de reduzir os problemas sanitários causados por eles e

assumir a coleta total e o transporte dos resíduos para fora da cidade. A solução foi o

afastamento total do lixo da cidade e da vida – e responsabilidade – do cidadão, o

confinamento em depressões, voçorocas e outros lugares sem nenhum preparo para

minimizar os impactos ambientais. O manejo dos resíduos sólidos, no século XX,

baseava-se nisso e a maioria das soluções, mesmo as ambientalmente adequadas,

sempre envolveram apenas a mudança de local para o descarte no solo, em corpos

d’água, debaixo da terra etc (NEVES; MENDONÇA, 2016).

Com o tempo, o crescimento populacional e a taxa de produção de resíduos

trouxeram à tona que o manejo dos resíduos sólidos tal como era feito fracassara. Os

impactos ambientais e sociais dos lixões e aterros controlados, a falta de espaço para

construção de novos aterros sanitários e a necessidade de se prolongar a vida útil dos

que estavam em operação, a poluição causada pela incineração dos resíduos, dentre

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outros problemas tornaram-se uma preocupação ainda maior e passou a ser pauta de

vários países uma nova forma de gerir os resíduos sólidos. Surgem, então, diversos

modelos de gestão integrada que buscam resgatar o Princípio de Valorização,

estabelecendo um novo olhar sobre os resíduos sólidos e as oportunidades que o

gerenciamento deles oferece.

3.2. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

3.2.1. Legislação

No Brasil, o que regulamenta e norteia o gerenciamento dos resíduos sólidos

– o conjunto de ações exercidas nas etapas de coleta, transporte, transbordo,

tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e

disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010) – é a Política

Nacional dos Resíduos Sólidos, instituída pela Lei n° 12.305/2010, que define esse

tipo de resíduo como:

material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010, art 3°, XVI).

Para propor em todo o país ações voltadas à busca de soluções à

problemática crescente dos resíduos sólidos, abrangendo as dimensões política,

econômica, ambiental, cultural e social, a PNRS torna condição obrigatória que os

municípios elaborem um plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos

(PMGIRS) para o acesso a recursos da União destinados à limpeza urbana e ao

manejo de resíduos. Dentre os investimentos destes recursos, fica estabelecida, no

artigo 36, a articulação do poder público com os agentes econômicos e sociais de

medidas que possibilitem o retorno dos resíduos sólidos ao ciclo produtivo (BRASIL,

2010) – objetivo principal da reciclagem e da compostagem.

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Esta interação citada entre os agentes encontra-se no âmbito da

responsabilidade compartilhada, conceito muito importante para o gerenciamento dos

resíduos sólidos, explicado, no artigo 3°, inciso XVII, como o:

conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei (BRASIL, 2010, grifo do autor).

Isso significa que minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados

cabe a todos os envolvidos no processo, desde o fabricante, passando pelo

consumidor e, claro, ao poder público.

Outro grande passo importante dado pela PNRS foi em relação às disposições

finais dos rejeitos. A lei estipulou o prazo de quatro anos para eliminação total das

disposições inadequadas (lixões e aterros controlados). Encerrado o prazo, o

Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela Associação Brasileira de

Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE (2014) apontou que

3.334 municípios, mais de 50% dos municípios brasileiros, permaneciam a dispor seus

resíduos em lixões e aterros controlados. Infelizmente, a melhora foi praticamente

inexistente nos anos subsequentes, com o número de municípios reduzido à 3.331,

segundo o último panorama da ABRELPE (2016).

Por esta razão, o Senado Federal aprovou um Projeto de Lei do Senado n°

425/2014, que prorroga os prazos para encerramento dos lixões, levando em

consideração o tamanho do município: 2018 para as capitais e os municípios de

regiões metropolitanas, 2019 para os municípios com mais de cem mil habitantes,

2020 para os que tenham entre cinquenta e cem mil habitantes e 2021 para os que

tenham menos de cinquenta mil habitantes (BRASIL, 2015). O Projeto foi para a

Câmara dos Deputados como Projeto de Lei n° 2.289/2015 e, até o presente momento

da redação deste trabalho, segue aguardando criação de Comissão Temporária pela

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados (BRASIL, 2018).

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Outra política nacional que tange o gerenciamento dos resíduos sólidos, antes

mesmo da PNRS ter sido instituída, é a Política Nacional de Saneamento Básico

(PNSB), Lei n° 11.445/2007, pois ela coloca o manejo dos resíduos sólidos entre seus

princípios fundamentais e delega ao serviço público, no artigo 7°, a “triagem para fins

de reuso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição

final dos resíduos” (BRASIL, 2007, grifo do autor).

O Estado de São Paulo também se adiantou à PNRS e a todos os outros entes

federativos com a instituição, em 2006, da Política Estadual de Resíduos Sólidos

(PERS), através da Lei Estadual n°12.300. Inúmeras obrigações trazidas por essa lei

viriam a ser tratadas na PNRS, como, por exemplo, a necessidade da elaboração de

Planos de Gestão de Resíduos, a definição da responsabilidade dos geradores de

resíduos industriais pela geração até a destinação final, entre outras. No corpo da lei

há a incumbência do Poder Público estabelecer parcerias para o incentivo à pesquisa,

ao desenvolvimento e à adoção de novas tecnologias de reciclagem, tratamento e

disposição final dos resíduos sólidos (SÃO PAULO, 2006).

A legislação municipal de Lorena abrange os resíduos sólidos em diversas leis:

A Lei Municipal n° 2.309/1997 dispõe sobre o destino de resíduos sólidos de saúde; a

Lei Municipal n° 3.175/2007 dispõe sobre a responsabilidade da destinação de pilhas,

baterias e lâmpadas usadas; a Lei Municipal n° 3.300/2009 dispõe sobre a destinação

adequada de pneus inservíveis e pneus usados; a Lei Municipal n° 3.308/2009

autorizou a instituição do Programa de Incentivo para destinação final de óleo de

cozinha usado e sua reutilização; a Lei Municipal n° 3.333/2010 instituiu o Programa

Municipal de Caçambas Estáticas Comunitárias para coleta e destinação adequada

aos RSU; a Lei Municipal n° 3.372/2010 estabeleceu normas para a destinação

ambientalmente adequada de garrafas e embalagens plásticas; a Lei Municipal n°

3.373/2010 dispõe sobre o controle de destino de recipientes de vidros, plástico e

alumínios servidos no âmbito do Município; a Lei Municipal n° 3.407/2011 criou o

Programa Comunidade Seletiva, que tem o escopo de ampliar a coleta seletiva e a

separação de lixo nos bairros; a Lei Municipal n° 3.476/2011 dispõe sobre o uso

adequado, a disposição e o transporte com caçambas coletora de entulho no

Município; a Lei Municipal n° 3.647/2014 instituiu o Plano Municipal de Saneamento

Básico (LORENA, 2016).

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No tocante à fração orgânica dos resíduos havia a Lei Municipal n° 3.307, de

25 de novembro de 2009, que instituía a coleta diferenciada dos resíduos orgânicos

para compostagem no município. Esta lei foi revogada pelo Decreto 6.106/2011 e esse

tipo de resíduo segue coletado e disposto em aterro.

Especificamente sobre a compostagem, o Conselho Nacional do Meio

Ambiente – CONAMA (2017b) estabeleceu critérios e procedimentos para garantir o

controle e a qualidade ambiental do processo na Resolução n°481. O documento,

bastante sucinto, estabelece diretrizes que devem ser seguidas por uma unidade de

compostagem de grande impacto ambiental. Embora a resolução não se aplique “a

processos de compostagem de baixo impacto ambiental, desde que o composto seja

para uso próprio ou quando comercializado diretamente com o consumidor final”

(BRASIL, 2017b, art. 1°, §1), as informações contidas nela podem ser de grande valia

para a manutenção da qualidade em uma unidade descentralizada de compostagem

(UDC).

Todas essas leis e resoluções se constituem como ferramentas de gestão

imprescindíveis para o gerenciamento de resíduos sólidos, que só consegue ser

eficiente verdadeiramente com a distinção entre cada tipo de resíduo. Através desta

classificação é possível estudar os melhores meios para o manejo e as formas

diversas de tratamento devido.

3.2.2. Classificação

A Classificação dos resíduos sólidos pode ser quanto a origem ou quanto a

periculosidade:

3.2.2.1. Origem

O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos

(SNIR) esclarece que entre os Resíduos Urbanos se encontram os resíduos oriundos

de atividades domésticas em residências, os chamados Resíduos Domiciliares; os

resíduos produzidos em escritórios, lojas, hotéis, supermercados, restaurantes e

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outros estabelecimentos, nomeados Resíduos Comerciais; e os Resíduos de

Serviços, provenientes da limpeza pública urbana (SCHALCH et al., 2002).

Como os próprios nomes sugerem, os Resíduos dos Serviços Públicos de

Saneamento Básico e os Resíduos de Serviços de Saúde – estes últimos, cujo

manuseio exige atenção especial, devido ao potencial risco à saúde pública que

oferecem, são regulamentados por órgãos do Sistema Nacional de meio Ambiente

(SISNAMA) e do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) – são todos os

resíduos gerados das atividades desses tipos de serviços, excetuando os que se

enquadram em outras classificações.

Todos os resíduos produzidos em processos produtivos e instalações

industriais são Resíduos Industriais; aqueles gerados nas construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da

preparação e escavação de terrenos para obras, são Resíduos de Construção Civil,

popularmente chamados de entulho; aqueles provenientes das atividades

agropecuárias e silviculturais, considerando também os relacionados a insumos

utilizados nessas atividades, são Resíduos Agrossilvopastoris; e aqueles originários

de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários são Resíduos

de Serviços de Transportes.

Existem também os Resíduos Radioativos, resultantes das atividades

nucleares. Seu gerenciamento é realizado exclusivamente pela Comissão Nacional

de Energia Nuclear (CNEN) (SCHALCH et al., 2002).

3.2.2.2. Periculosidade

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na NBR 10.004:2004

classifica os resíduos sólidos em perigosos (resíduos classe I) e não perigosos

(resíduos classe II), estes últimos subdivididos em não inertes (classe II A) e inertes

(classe II B).

São resíduos classe I qualquer resíduo que, em função de suas propriedades

físicas, químicas ou infectocontagiosas, ofereça riscos à saúde pública, como

mortalidade e incidência de doenças, e riscos ao meio ambiente quando gerenciados

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inadequadamente. Se um resíduo apresenta inflamabilidade, corrosividade,

reatividade, toxicidade ou patogenicidade, é classificado pela norma como um resíduo

perigoso.

Já o que diferencia os resíduos classe II é a solubilidade e biodegradabilidade

em água, o que altera sua potabilidade. Os que assim se comportam são os resíduos

não inertes. Os outros, portanto, que não são solúveis ou biodegradáveis em água,

são inertes.

A fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos, objeto deste estudo, é

classificada como resíduos classe II A, o que não significa de forma alguma que não

apresenta riscos socioambientais. Apesar de não serem imediatos e ligados às suas

propriedades, como no caso dos resíduos perigosos, os resíduos orgânicos são fonte

de grande contaminação quando não destinados corretamente. O acúmulo deste tipo

de resíduo atrai animais e possibilita a ação de vetores, produz chorume e gera

grandes impactos sociais e ambientais. Mas, por outro lado, como grande parte desta

classe de resíduos, as possibilidades de reaproveitamento e reciclagem são muitas e,

quando acatadas, diminuem consequentemente os impactos relacionados ao seu

descarte indevido.

3.2.3. Gestão e Gerenciamento

Uma das grandes dúvidas que surgem ao tratar de todo o processo envolvendo

os resíduos sólidos é a diferença entre os conceitos de gestão e de gerenciamento

deles. Segundo Schalch et al. (2002), a diferença é conceitual. O primeiro conceito é

ligado à tomada de decisões estratégicas, ou seja, a organização de todo o setor,

através de vários instrumentos, meios, políticas e até instituições. Desta forma, os

autores afirmam que a composição de modelos de gestão envolve três aspectos que

devem ser articulados: arranjos institucionais, instrumentos legais e mecanismos de

financiamento. Já o segundo conceito refere-se aos aspectos tecnológicos e

operacionais, envolvendo fatores administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais

e de desempenho; relaciona-se, como já mencionado no início do ítem 3.2.1, às

etapas que se seguem à geração do resíduo: coleta, transporte, transbordo,

tratamento, destinação e, se for o caso, disposição.

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Com o modelo de gestão definido, cria-se uma estrutura para o gerenciamento,

empregando as melhores técnicas na busca da solução da problemática,

acompanhando criteriosamente todo o ciclo dos resíduos. Para isso, a Tabela 1

elenca as responsabilidades pelo gerenciamento de cada tipo de resíduo.

Tabela 1. Responsabilidade pelo gerenciamento de cada tipo de resíduo.

Tipo de Resíduo Responsável

Domiciliar Prefeitura

Comercial Prefeitura

Serviços Prefeitura

Industrial Gerador

Serviços de Saúde Gerador

Portos, aeroportos e terminais Gerador

Agrícola Gerador

Entulho Gerador

Radioativo CNEN

Fonte: Schalch et al.(2002).

Além disso, a proposta de um modelo de gestão e de gerenciamento de

resíduos sólidos exige um conhecimento das diferentes formas de tratamento e

destinação final de resíduos, por sua vez resumidos na Tabela 2:

Tabela 2. Processos de transformações utilizados para o gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares

Processo de transformação Métodos de

transformação Produtos

Físico

Segregação Manual ou mecânica Componentes

individuais

Redução de volume Aplicação de energia na forma de força ou

pressão

Material original com volume reduzido

Redução de tamanho Aplicação de energia para retalhamento e

moagem

Material original com tamanho reduzido

Químico

Combustão Oxidação térmica CO2, SO2, cinzas etc

Pirólise Destilação destrutiva Gases, alcatrão e

composto de carbono

Biológico

Compostagem aeróbica

Conversão biológica aeróbica

Composto humificado condicionador de solo

Digestão anaeróbica Conversão biológica

anaeróbica CH4, CO2 e húmus.

Fonte: Adaptado de Schalch et al., 2002.

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Em resumo, a gestão de resíduos sólidos define os caminhos pelos quais eles

deverão percorrer, estes assegurados pelo gerenciamento. Dependendo do tipo de

resíduo, há uma destinação final adequada (reciclagem, compostagem, biodigestão,

incineração etc) e, quando esgotadas as possibilidades de uso, ou inexistentes tais

possibilidades, o resíduo torna-se rejeito e é encaminhado para disposição final

ambientalmente adequada em aterro sanitário. No fluxograma apresentado na Figura

1, são demonstradas as operações a serem efetuadas com resíduos domiciliares na

Coleta Convencional e na Coleta Seletiva.

Figura 1. Operações efetuadas na área de resíduos sólidos domiciliares

Fonte: Adaptado de Schalch et al. (2002)

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Após um equacionamento dos sistemas de manejo e destinação final de

resíduos, a vantagem da aplicação dos diversos tratamentos existentes é clara,

especialmente a redução dos custos com a disposição final em aterro. Schalch el al.

(2002) elenca os fatores que recomendam o tratamento dos resíduos:

1) Escassez de áreas para destinação final;

2) Disputa pelo uso de áreas remanescentes com a população de baixa renda;

3) Valorização dos componentes do lixo para conservação dos recursos;

4) Economia de energia;

5) Diminuição da poluição;

6) Inertização de resíduos sépticos;

7) Geração de empregos.

3.2.4. Panorama atual

As informações e a disponibilidade dos dados sobre a situação dos resíduos

sólidos no Brasil ainda são defasadas, mesmo após oito anos da instituição da Política

Nacional dos Resíduos Sólidos. Os dados oficiais são desatualizados e, dentre os

dados não oficiais, o mais famoso é o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil,

realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais (ABRELPE).

Este Panorama utiliza dados primários tratados estatisticamente por

extrapolação para dar uma aproximação da realidade dos resíduos sólidos em cada

região do Brasil. Mesmo com algumas limitações e, também, inconsistências, o

Panorama ABRELPE tem representado um complemento importantíssimo aos dados

oficiais de resíduos sólidos e, por ser atualizado com mais frequência que outras

fontes de dados, permanece o mais usado ao se tratar do tema (FRANCESCHI et al,

2017).

Segundo o último Panorama ABRELPE (2016), o Brasil gerou 78,3 milhões

de toneladas de resíduos sólidos urbanos, dos quais 71,3 milhões de toneladas foram

coletados. Isso significa, atualmente, que o sistema de coleta de resíduos brasileiro

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possui um índice de cobertura de 91% do território nacional. Logo, 7 milhões de

toneladas de resíduos nem mesmo foram objetos de coleta.

Foram dispostos em aterros sanitários 41,7 milhões de toneladas de resíduos,

o equivalente à 58,4% do total. Em contrapartida, 41,6% foram para lixões e aterros

controlados, que não possuem o conjunto de sistemas e medidas necessários para

proteção do meio ambiente contra a degradação (ABRELPE, 2016). Na Figura 2

encontra-se resumida a situação da disposição final no Brasil:

Figura 2. Panorama da Disposição Final no Brasil (2016)

Fonte: Adaptado de ABRELPE (2016)

Em termos de coleta seletiva, o Panorama ABRELPE (2016) apresenta que

3.878 municípios apresentam alguma iniciativa de coleta seletiva dos resíduos. A

Tabela 3 apresenta as quantidades de municípios por região com tais iniciativas.

Tabela 3. Quantidade de municípios com iniciativas de coleta seletiva por região

Região Norte Nordeste Centro-

Oeste Sudeste Sul

Possui 263 58,4% 889 49,6% 202 43,3% 1.454 87,2% 1,070 89,8% Não

possui 187 41,6% 905 50,4% 265 56,7% 214 12,8% 121 10,2%

Fonte: Adaptado de ABRELPE (2016)

17%

24%

59%

Lixão

Aterro controlado

Aterro Sanitário

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A região Sudeste representa 52,7% do que foi coletado no país e é a região

que também apresenta o maior percentual de cobertura dos serviços de coleta,

chegando à 98% do território regional. Na Tabela 3 também é possível verificar que

87,2% dos municípios da região apresentam alguma iniciativa de coleta seletiva. Entre

eles, encontra-se o município de Lorena.

Localizada no Vale do Paraíba, interior de São Paulo, Lorena tem seguido os

apelos da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Em 2006 foram encerradas as

atividades no antigo lixão municipal, o município possui os serviços de coletas

convencional e seletiva em todo o território urbano e há, distribuídos em toda a cidade,

ecopontos para coleta de pilhas, baterias, lâmpadas e pneus. As etapas de

acondicionamento, coleta, transporte, destinação e disposição final de resíduos

sólidos gerados em Lorena seguem relacionadas na Figura 3:

Figura 3. Manejo dos Resíduos Sólidos Domiciliares em Lorena

Fonte: Adaptado de Lorena (2016)

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Segundo o Plano Municipal de Gerenciamento Integrado dos Resíduos

Sólidos (PMGIRS) (2016), Lorena encaminhou 17.227 toneladas de resíduos ao aterro

sanitário Vale Soluções Ambientais em 2014. Este aterro, cabe mencionar, é avaliado

pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo como “Adequado”, segundo o

índice de qualidade de aterro de resíduos (IQR), com pontuação variando entre 9,5-

10, desde 2009.

Apesar da coleta seletiva ser realizada em todos os bairros, ela não possui

grande adesão da população. A maior participação nessa iniciativa se dá pelas

empresas e instituições da região, entre elas, a própria EEL-USP. Comparando a

média mensal de 18 t/mês coletadas pela coleta seletiva com as 1.436 t/mês coletadas

pela coleta convencional, vê-se que que a primeira representa apenas 1,2% do total

coletado no município.

No PMGIRS (2006) há a ênfase na meta da reciclagem dos resíduos

orgânicos urbanos por meio da compostagem. Para 2018, a meta era o desvio de 30%

da fração orgânica que seria encaminhada a aterro, que não foi atingida. Na área rural,

porém, a prática da compostagem informal já é comum entre a população. Como

iniciativa municipal, contudo, apenas os resíduos de Poda e Capina são compostados,

em baixa escala, na área recuperada do antigo lixão (Figura 4).

Figura 4. Compostagem em baixa escala dos resíduos de Poda e Capina no município de Lorena.

Fonte: Lorena (2016)

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O PMGIRS (2016) ainda projeta para 2018 uma geração de 1.555 t/mês,

sendo 715 toneladas mensais somente a fração orgânica.

Existem experiências isoladas de compostagem, como a realizada por

Cursino e Bargos (2017), que desenvolveram uma composteira para tratamento dos

resíduos orgânicos gerados em uma escola municipal (Figura 5), visando a gestão e

a educação ambiental da comunidade escolar. Os autores concluíram que para aquela

demanda de resíduos orgânicos, a composteira construída era grande demais e era

preciso que alguém sempre trouxesse resíduos orgânicos de fora da propriedade. O

caso foi norteado especificamente pelo intuito da Educação Ambiental e não há

informações posteriores ao estudo se a comunidade escolar manteve o projeto. No

entanto, não há dúvidas de que a proposta constitui uma oportunidade ímpar para a

formação de uma pequena UDC para a comunidade local.

Figura 5. Composteira construída em uma escola municipal em Lorena.

Fonte: Cursino e Bargos (2017)

A Escola de Engenharia de Lorena (EEL) é a única unidade da Universidade

de São Paulo (USP) no Vale do Paraíba. Ela atende em média 1.600 alunos por ano

e divide suas atividades em dois campi: A Área I – também chamada de “Campus 1”

–, onde se encontram a Administração, o Colégio Técnico de Lorena (COTEL) e os

departamentos de Engenharia Química, de Biotecnologia e de Ciências Básicas e

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Ambientais; e a Área II, com o Departamento de Engenharia de Materiais. Em ambos

os campi existe um restaurante universitário (RU) em funcionamento.

Na universidade há a geração de resíduos químicos, eletrônicos, orgânicos,

recicláveis e não recicláveis. A Comissão de Coleta, Armazenamento e Descarte de

Resíduos Químicos (CCADRQ) é responsável pelo gerenciamento dos resíduos

gerados dentro dos laboratórios do campus; os resíduos eletrônicos são armazenados

e enviados ao Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (CEDIR), na

Escola Politécnica – USP; e os resíduos orgânicos, recicláveis e não recicláveis são

coletados pelos serviços municipais de coleta. (NAKANO, 2016).

A EEL possui parceria com a Cooperativa de Catadores de Lorena

(COOCAL), que também recebe os resíduos coletados pela coleta seletiva de todo o

território urbano municipal. Todos os resíduos separados como recicláveis dentro da

universidade são temporariamente armazenados, estocados em um galpão e, por fim,

coletados pela cooperativa.

Houve a tentativa, ainda tímida, de conscientização interna a respeito da

separação dos resíduos no local de descarte, através da implantação de lixeiras

específicas para resíduos recicláveis e orgânicos em vários pontos do campus, em

2016 – iniciativa do Centro Acadêmico de Engenharia Ambiental (CAEA) com a

Comissão Coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental (CoC-EA). Verificou-se,

na ocasião, que projetos como esse, para obterem sucesso, devem ser seguidos de

um plano de educação ambiental para que os hábitos de descarte da comunidade

universitária realmente mudem (NAKANO, 2016).

Sobre os resíduos orgânicos, são gerados, principalmente, pelas áreas verdes

da EEL, pelos serviços de poda e capina e varrição do campus e pelos restos de

alimentos descartados nos RU.

A área verde da EEL é considerável. São 81.608,610 m² de Área de Proteção

Permanente (APP), 3.600 m² de área plantada com eucaliptos e 6.316 m² de Área de

Compensação (devido ao fato de que 10.826 m² refere-se a área construída dentro

da zona de APP). Além disso, em toda a área do campus existem árvores espalhadas.

É natural que o volume de serapilheira seja grande, além dos resíduos da varrição do

campus: folhas secas, galhos, dejetos caninos etc. Estes resíduos, atualmente, são

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recolhidos e dispostos nas áreas de APP para decomposição natural (NAKANO,

2016).

Em cada RU da EEL-USP ocorre a separação do papel e do plástico

(recicláveis) dos restos de alimentos (resíduos orgânicos). Mesmo com a separação

primária, ambos os tipos de resíduos são descartados no lixo comum, muito embora

ela favoreça o levantamento quantitativo dos restos gerados (NAKANO,2016).

O RU da Área I da EEL serve em média 750 refeições por dia, e em alguns

dias, chega à 950. A preocupação em torno da questão do desperdício de alimentos

levou Bargos et al. (2017) a criar o Programa Prato Limpo, projeto que pesou os restos

deixados em cada período de funcionamento do RU – o chamado “Restômetro” – entre

os anos de 2016 e 2017. Os dados estão disponíveis na internet para consulta. A

Tabela 4 reúne alguns dados levantados pelos envolvidos:

Tabela 4. Médias mensais de restos do restaurante universitário da Área I da EEL-USP, pesados entre 2016 e 2017.

Mês Total mensal de restos (kg/mês)

Abril/16 1.158,4 Maio/16 1.084,0 Junho/16 938,3 Agosto/16 495,7 Setembro/16 522,7 Outubro/16 497,3 Novembro/16 362,5 Março/17 415,2 Abril/17 204,5 Maio/17 340,4 Junho/17 169,3

Média mensal 552,6

Fonte: Adaptado de Bargos et al. (2017)

Em média, portanto, são descartados meia tonelada de restos de alimentos

apenas no RU da Área I da EEL-USP. Vale considerar um detalhe importante:

Claramente se vê que a cada mês a quantidade de alimentos desperdiçada diminui,

consequência, principalmente, da conscientização promovida pelo próprio Programa

Prato Limpo em relação ao desperdício. Plotados em um gráfico, os dados mostrariam

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uma função decrescente. Desta forma, atualmente, a média mensal pode ser bem

inferior à média calculada.

Como os alimentos não são preparados no restaurante, pois já chegam

prontos da empresa terceirizada que os prepara, o foco das preocupações se volta a

duas problemáticas: o desperdício propriamente dito e a necessidade de

gerenciamento dos resíduos orgânicos. Um tratamento que sana este problema e

contempla demais necessidades da universidade é a compostagem.

A EEL oferece seis cursos de graduação, sendo um deles o curso de

Engenharia Ambiental, iniciado em 2012. Não se pode perder de vista que o que

caracteriza uma universidade são os três pilares: ensino, pesquisa e extensão; o que

vale dizer que ela forma profissionais capacitados, produz ciência e cultura e contribui

diretamente com a sociedade com atividades e projetos que difundem tudo isso. É um

dever da universidade ser pioneira na mudança de práticas e hábitos de benefício

socioeconômico ambiental – em outras palavras, sustentáveis.

A implantação de uma UDC na EEL tange diretamente os três pilares, por

representar um laboratório a céu aberto pronto para fins didáticos, pesquisas,

experimentações e análises; por ser uma oportunidade de envolvimento com a

sociedade, por meio de oficinas de educação e incentivo à compostagem, à agricultura

familiar e à separação consciente dos resíduos sólidos; por produzir composto

orgânico (adubo) para ser usado para fins diversos; e, principalmente, por reduzir o

volume municipal de resíduos sólidos e rejeitos encaminhados para disposição no

aterro sanitário, aumentando, consequentemente, seu tempo de vida útil. Existe,

ainda, o grande benefício de uma UDC ser barata e de fácil construção e manutenção

(MASSUKADO, 2008).

Algo intrínseco a todos esses benefícios, talvez até o mais impactante do

ponto de vista sociológico, é que todos os problemas ambientais relacionados aos

resíduos sólidos partem, também, de uma postura social frente a eles. Uma

transformação nesse sentido é mais que urgente. Este estudo envolve uma mudança

na relação homem-resíduo, resgatando o que Neves e Mendonça (2016) nomeiam de

Princípio da Valorização, ou seja, uma transformação no conceito de lixo, em que o

que é repudiado torna-se agora um horizonte de novas possibilidades benéficas.

Assim, o ato de descartar os resíduos torna-se consciente porque, se antes era visto

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como fim da vida útil de um produto, agora passa a ser visto como um novo começo,

recurso para inúmeras finalidades.

3.3. COMPOSTAGEM

Entende-se por compostagem o processo controlado da decomposição

aeróbia para a produção de um composto humificado, ou seja, rico em nutrientes para

condicionamento do solo (LI et al., 2013; SCHALCH et al., 2002). Neste processo,

ocorre a mineralização e humificação da matéria orgânica, transformando-a em um

produto final estável, livre de agentes fitotóxicos e patogênicos (BERNAL;

ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

O processo reinsere os nutrientes ao ciclo produtivo natural, através da ação

de microrganismos autóctones que degradam a matéria orgânica, liberando gás

carbônico e vapor (MASSUKADO, 2008). Na natureza, isso ocorre normalmente, mas

a reprodução e, principalmente, o controle das condições não só aceleram o processo

como aumentam a qualidade do produto final.

Bertoldi, Vallini e Pera (1983) iniciam sua revisão bibliográfica sobre o assunto

já com uma questão: Por que a compostagem? Essa pergunta é pertinente, afinal,

como exposto, o processo já ocorre naturalmente em condições aeróbicas. Na

natureza, porém, ocorre lentamente, ao passo que a geração de resíduos orgânicos

pela população aumenta. E dispostos frescos diretamente sobre o solo, esta grande

quantidade de resíduos pode ser extremamente prejudicial, porque altera seu

ecossistema; produz metabolitos incompatíveis ao crescimento da vegetação,

promove a competição por nitrogênio entre os microrganismos e raízes, contamina o

solo com amônia (BERTOLDI; VALLINI; PERA, 1983) e, devido à alta densidade, cria

condições anaeróbicas de decomposição, gerando chorume, além de possibilitar a

disseminação de vetores e atrair animais.

As vantagens ambientais da compostagem estão no fato dela ser uma

alternativa a toda a problemática relacionada à disposição inadequada dos resíduos

orgânicos, ou seja, ela pode “desviar os resíduos dos aterros sanitários, mitigar a

contaminação das águas subterrâneas, reduzir a poluição do ar e as emissões dos

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gases de efeito estufa e gerar produtos úteis”1 (LI et al., 2013, p.1248, tradução

nossa), além do grande benefício do enriquecimento e recuperação do solo. Todas as

vantagens tornam a compostagem o método mais recomendado para o tratamento

dos resíduos orgânicos (RASAPOOR; ADL; POURAZIZI, 2016).

As desvantagens são relacionadas aos maus odores e à possível geração de

chorume, que são reduzidos – e até mesmo evitados –, quando os devidos cuidados

no controle dos parâmetros que influenciam o processo são tomados (MASSUKADO,

2008; BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

3.3.1. Parâmetros do processo de compostagem

Os parâmetros são fatores de influência direta na velocidade do processo,

eficiência da decomposição e na qualidade do produto. São considerados a chave

para a otimização da compostagem, que determina as condições para o

desenvolvimento microbiano, contribuindo assim para uma decomposição da matéria

orgânica muito mais eficaz (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009). Massukado

(2008) ressalta que todas as vantagens relacionadas ao processo de compostagem

somente serão obtidas com o controle do processo, justamente devido à sensibilidade

da microbiota às variações desses parâmetros. São eles: Temperatura, Umidade,

Aeração, relação carbono/nitrogênio (C/N), tamanho das partículas, pH e

microrganismos.

3.3.1.1. Temperatura

A incerteza quanto a presença de microrganismos patogênicos no composto,

produto da compostagem, faz com que a temperatura seja um parâmetro essencial.

É muito importante garantir que a leira – o “amontoado” de resíduos orgânicos – tenha

um tamanho suficientes para o impedimento da dissipação rápida de calor, para que

1composting can divert waste from landfill, mitigate groundwater contamination, reduce air pollution and greenhouse gas (GHG) emissions, and generate useful products.

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atinja as temperaturas suficientes para eliminação dos patógenos, ou seja entre 55°C

e 70°C (MASSUKADO, 2008; LI et al., 2013).

As variações de temperatura ao longo do processo de compostagem definem

exatamente seus dois principais estágios: o bioxidativo e a maturação (BERNAL;

ALBURQUERQUE; MORAL, 2009). O primeiro ocorre em três fases, determinados

pela prevalência de uma comunidade microbiológica específica:

I. Entre 20°C e 45°C: Fase mesófila inicial (MASSUKADO, 2008), que dura

em média entre 1 (um) a 3 (três) dias, caracterizado pelo desenvolvimento

de bactérias mesófilas, que promovem a quebra inicial da matéria

orgânica, e os fungos, que utilizam a matéria orgânica sintetizada pelas

bactérias como fonte de energia, produzindo ácidos responsáveis pela

degradação de amidos, aminoácidos, proteínas etc. Esta fase exotérmica

apresenta um aumento rápido de temperatura, causando a morte destes

microrganismos e criando as condições para a proliferação dos

microrganismos termófilos (BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009;

VALENTE et al., 2009).

II. Entre 45°C e 65°: Fase termófila (MASSUKADO, 2008), quando ocorre a

maior degradação da matéria orgânica e, se mantida por tempo suficiente,

a destruição total dos organismos patogênicos (BERNAL;

ALBURQUERQUE; MORAL, 2009). Nesta fase, os lipídeos e a

hemicelulose são decompostos por bactérias e a celulose e a lignina

degradadas por fungos e actinomicetos (VALENTE et al., 2009).

III. Entre 45° e 20°: Fase mesófila, que ocorre após a transformação da maior

parte do substrato orgânico. A temperatura diminui, restringindo a

população termófila, a atividade biológica diminui e os microrganismos

mesófilos recolonizam a massa compostada. Os substratos

remanescentes de celulose e hemicelulose são degradados nesta fase e,

finalmente, inicia-se o estágio de maturação. (MASSUKADO, 2008;

BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

Durante todas essas fases bioxidativas ocorre o consumo intenso de O2 e há a

liberação de vapor de água, CO2 e NH3.

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No estágio da maturação é que ocorre a mineralização e humificação da

matéria orgânica. O consumo de oxigênio neste estágio é baixo, o processo biológico

lento e a temperatura chega à temperatura ambiente. Após maturado, o denominado

composto já apresenta as propriedades físicas, químicas, físico-químicas e biológicas

para condicionamento do solo (MASSUKADO, 2008).

A Figura 6 apresenta genericamente como se dá a mudança da temperatura

nos estágios do processo de compostagem, considerando também o tempo de

duração aproximado de cada um:

Figura 6. Exemplo genérico da evolução da temperatura de uma leira em compostagem

Fonte: Prosab (1999 apud ZANETTE, 2015)

É importante ressaltar que a temperatura máxima do processo de

compostagem não é estática, ou seja, não permanece dentro apenas do intervalo

exposto. Ela pode variar, atingindo até mesmo temperaturas em torno de 77°C, como

mostra o levantamento feito por Li et al. (2013).

Na verdade, os estudiosos ainda não estão em pleno acordo sobre a

temperatura ótima do processo na fase termófila, em que a degradação da matéria

orgânica é mais rápida. Uns dizem que o intervalo ótimo é entre 55°C e 65°C

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(BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009; LI et al., 2013), outros afirmam ser

entre 65°C e 70°C (MASSUKADO, 2008). Souza (2015) analisa métodos de

compostagem para resíduos orgânicos gerados em um RU e considera o intervalo

ótimo entre 60°C e 70°C. Todavia, Massukado (2008) alerta que temperaturas

superiores à 70°C por um longo período provocam alterações químicas indesejáveis

no composto, restringem a ação dos microrganismos sensíveis e insolubilizam

proteínas hidrossolúveis, além de provocar desprendimento de amônia.

Li et al (2013) reúne várias experiências de compostagem, analisa a variação

de temperatura medida em cada uma e organiza a Tabela 5:

Tabela 5. Variação de temperatura em alguns experimentos de compostagem de alimentos.

Temperatura inicial (°C)

Temperatura mais alta (°C)

Referência

47-50 47-50 Seo et al. (2004) 25-35 61,3 Cekmecelioglu el al. (2005)

65,1-66,3 71,1 Chikae et al. (2006) 62,8-65,0 65 Chikae et al. (2006)

25-30 57 Chang e Hsu (2008) 37 75-77 Lin (2008)

19-21 68-70 Yu e Huang (2009) 25-30 60 Cang e Chen (2010)

30 68-70 Colón et al. (2010) 25-45 75,2 Kumar et al. (2010)

Fonte: Adaptado de Li et al (2013)

O período em que as temperaturas máximas devem ser mantidas para um bom

controle do processo e garantia total da morte de patógenos varia de acordo com o

método de compostagem, conforme será abordado mais adiante.

3.3.1.2. Umidade

A umidade é um parâmetro importantíssimo ao processo, indispensável para o

metabolismo e fisiologia dos microrganismos. Ela interfere diretamente na

manutenção da temperatura, já que também é produto da ação microbiológica na leira.

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O controle da umidade precisa ser feito durante todo o processo, especialmente

no estágio bioxidativo. O percentual ideal varia entre 50 a 65% (MASSUKADO, 2008;

BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009; VALENTE et al., 2009).

O excesso de umidade gera chorume e mau cheiro, além de uma

decomposição lenta, pois coloca o composto em um regime anaeróbico. Nesta

situação, as moléculas de água aderem à superfície das partículas da matéria

orgânica decomposta, que é altamente hidrófila, e ocorre a redução da penetração de

oxigênio nos microporos e nos macroporos da massa, impedindo as trocas gasosas.

(VALENTE et al., 2009). Por outro lado, uma baixa umidade, com valores inferiores a

40%, reduz a atividade biológica e retarda todo o processo (MASSUKADO, 2008).

O controle da umidade das leiras pode ser feito com a adição de materiais

secos, como agentes de volume (folhas secas, palha, serragem etc), quando a leira

estiver muito úmida, ou, quando a situação for oposta, através de irrigação

(MASSUKADO, 2008).

No caso de intempéries, como fortes precipitações, Souza (2015) utilizou lona

para impedir a entrada de água em excesso em seu experimento. A autora também

faz recomendações quanto ao armazenamento dos resíduos orgânicos antes da

disposição na leira, propondo um pré-tratamento, no caso específico dos resíduos de

um restaurante. Como ela utilizou um latão de metal para armazenar os resíduos

(Figura 7), que não possuía sistema de drenagem, os índices de umidade inicial nas

suas leiras foram mais altos do que os recomendados pela literatura. Por esta razão,

ela alerta para a utilização de recipientes com sistemas que possibilitem a drenagem.

Figura 7. (a) Recipiente de latão utilizado para armazenamento dos resíduos orgânicos do restaurante universitário da UNESP, campus Rio Claro/SP.(b) Quantidade de água verificada antes da disposição na leira.

Fonte: Souza (2015)

a b

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3.3.1.3. Aeração e revolvimento

Ver-se-á adiante métodos de compostagem e um deles tem por essência o

revolvimento da matéria orgânica. Kiehl (2004, p.143 apud MASSUKADO, 2008,

p.11), sobre este assunto, afirma: “As partes da leira que devem merecer maior

atenção durante o revolvimento são as mais externas, expostas ao sol e ao vento,

mais frias, ressecadas, e as da base e centro da leira, mais úmidas, frias, pobres em

oxigênio e de atividade microbiana menos intensa”.

O revolvimento é responsável pela homogeneização da leira – necessária para

a exposição das camadas externas às temperaturas elevadas do interior –, pelo

aumento de porosidade do meio (que tende a se compactar naturalmente pelo peso

dos resíduos), pelo controle do teor da umidade e da temperatura da leira. Contudo,

a principal função do revolvimento é a aeração da leira, parâmetro essencial para a

qualidade da compostagem (MASSUKADO, 2008).

Para Valente et al (2009, p.66): “a aeração é o fator mais importante a ser

considerado no processo de decomposição da matéria orgânica”. É justamente pelo

grau de participação do oxigênio no processo que classificamos a compostagem em

aeróbica e anaeróbica. Os principais produtos são o CO2, H2O e energia para a

primeira e para a segunda são o CH4, CO2 e alguns ácidos orgânicos. Como

alternativa viável de tratamento aos resíduos orgânicos, a compostagem aeróbica

oferece uma decomposição mais rápida e diminui a emissão dos gases de efeito

estufa, como o metano e o óxido nitroso.

A aeração deve ser bem controlada. A concentração de oxigênio acima de 10%

é considerada ótima ao processo aeróbico, porém, o excesso de ar também pode

causar uma perda de calor maior que do que a produção de calor microbiano.

Naturalmente, a quantidade de oxigênio nos centros das leiras é baixa devido ao

grande consumo microbiológico. Por esta razão, Valente et al. (2009, p.67) afirma que:

os revolvimentos deveriam ser realizados de acordo com o teor de oxigênio no interior da leira, porém, devido à dificuldade de se determinar a concentração de oxigênio no centro da leira, o momento adequado para se fazer o revolvimento é decidido em função de outros fatores, como a temperatura, a umidade e o intervalo de dias.

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Na ausência de revolvimento, como em algumas metodologias de

compostagem, são sempre criados meios para que o ar percorra o interior da leira e

possibilite as trocas gasosas necessárias à biota aeróbica. Tais meios podem ser

mecânicos, com injeção de ar, como também podem apenas se utilizar de técnicas na

montagem da estrutura da leira, através do uso de componentes de volume que

garantem maior porosidade e maior superfície de contato das partículas com o ar.

3.3.1.4. Relação carbono/nitrogênio (C/N)

O carbono é fonte de energia aos microrganismos e o nitrogênio é essencial

para seu desenvolvimento, pois é utilizado para a síntese das proteínas. Tendo esta

informação em vista, vários autores concordam que o intervalo inicial ideal para a

relação C/N é de 25 a 35 (MASSUKADO, 2008; BERNAL; ALBURQUERQUE;

MORAL, 2009; VALENTE et al., 2009), uma vez que, “os microrganismos absorvem

C e N da matéria orgânica na relação 30/1, sendo que das 30 partes de C assimiladas,

20 são eliminadas na atmosfera na forma de gás carbônico e 10 são imobilizadas e

incorporadas ao protoplasma celular” (VALENTE et al., 2009, p.63), mas também há

quem diga que para uma boa compostagem de alimentos são necessárias relações

C/N baixas, entre 20 a 25 (LI et al., 2013).

A quantidade exigida de nitrogênio por quantidade de carbono varia com a fase

em que o processo de compostagem se encontra, de acordo com os tipos de

microrganismos envolvidos. Quando o carbono disponível na matéria orgânica é de

difícil degradação, como é o caso da celulose, lignina e hemicelulose, aconselha-se

uma relação C/N inicial maior (VALENTE et al., 2009), para que haja energia suficiente

aos microrganismos para a quebra das ligações proteicas.

Portanto, ao longo de todo o processo, a concentração de carbono da matéria

orgânica diminui, devido à assimilação descrita.

O tempo para que ocorra a maturação e a estabilização do composto está

diretamente relacionada à relação C/N inicial dos materiais utilizados como substratos

(VALENTE et al., 2009). No Tabela 5 estão resumidas as relações C/N iniciais

encontradas em alguns materiais:

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Tabela 6. Relação C/N inicial para diferentes materiais

Materiais Relação C/N

Serragem 211 Feno 58 Casca de arroz 34,17 Talos de milho 123,1 Esterco bovino 28-25 Restos vegetais 15-20 Grama 15-25 Folhas secas 30-80

Fonte: Adaptado de Massukado (2008) e Li et al. (2013)

A relação C/N deve ser determinada no material antes do processo de

compostagem, para balanço dos nutrientes, e também no produto final, para se avaliar

a qualidade do composto (VALENTE et al., 2009).

De forma resumida, as consequências relacionadas a cada intervalo da relação

C/N podem ser descritas da seguinte forma: Acima de 50, há a deficiência de

nitrogênio e um tempo de maturação prolongado; entre 25 e 35 não há problema

envolvido e o tempo de maturação é ideal; e menores que 10 há perda de nitrogênio

na forma de amônia e o tempo de maturação é muito reduzido (MASSUKADO, 2008).

Apesar da determinação da relação C/N demandar análises em laboratório e

nem sempre ser possível de ser realizada, especialmente quando não existem

recursos para a análise, na prática, o controle se dá com as proporções na mistura de

resíduos verdes (ricos em nitrogênio) com resíduos castanhos (ricos em carbono). Os

componentes de volume, várias vezes mencionados até aqui, possuem esta

importância ímpar, além da secagem e estruturação das leiras: eles possuem

elevadas relações C/N. A ausência desses materiais pode acarretar perdas acima de

50% de nitrogênio, na forma de amônia, causando odores desagradáveis ao processo

(MASSUKADO, 2008).

A proporção do percentual de resíduos de alimentos (RA) para o percentual de

resíduos de poda e capina (RPC) – RA/RPC – pode variar, dependendo do tipo de

resíduo a ser compostado, tamanho da leira etc. Ortolan e Moya (2011)

experimentaram as proporções 70/30, 50/50 e 30/70. A primeira foi a que apresentou

maior atividade biológica. Takeda (2015) experimentou 88/12 e 60/40, utilizando

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resíduos de restaurante, e foi a segunda proporção que atingiu as maiores

temperaturas, menor relação C/N ao fim do processo e, portanto, maior degradação

da matéria orgânica. Em todos esses casos a proporção foi calculada e definida a

partir do peso seco dos substratos. Souza (2015) atesta Takeda (2015) ao verificar

que nas proporções 60/40 o resultado da compostagem foi mais satisfatório em

comparação às outras.

3.3.1.5. Tamanho das partículas (granulometria)

O tamanho da partícula determina o tamanho da leira, que se for muito

pequena, não consegue reter calor, prejudicando a fase termófila do processo de

compostagem. As partículas não podem ser muito pequenas, pois sofrem facilmente

compactação, criando um regime de anaerobiose. Porém, quando são grandes

demais, a superfície de contato com os microrganismos é menor, retardando a

degradação. Por esta razão, recomenda-se dimensões de 1 a 7,5 cm (MASSUKADO,

2008) para se manter a leira porosa o suficiente para as trocas gasosas e a aeração.

3.3.1.6. pH

Como vários dos parâmetros apresentados, o pH tende a variar durante o

processo devido à ação microbiológica. No início, há uma redução no valor pela

produção de ácidos orgânicos e à incorporação de carbono orgânico ao protoplasma

celular microbiano. Em seguida, ocorre uma reação de neutralização dessas

substâncias com as bases liberadas da matéria orgânica, alcalinizando o meio. O pH,

então, aumenta à medida que o processo avança (VALENTE et al., 2009).

As bactérias apresentam melhor desempenho em pH próximo ao neutro,

enquanto os fungos se desenvolvem melhor em um ambiente ácido. Destarte a faixa

ótima de pH é de 5,5 e 8,5 – faixa na qual a maioria das enzimas encontram-se ativas

(VALENTE et al., 2009). Os valores extremos tendem a ser regulados pelos próprios

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microrganismos, por meio da degradação de compostos que produzem produtos

ácidos ou básicos, segundo a necessidade do meio.

O processo pode sofrer com valores extremos muito altos ou muito baixos.

Níveis abaixo de 5,0 reduzem a atividade microbiana e impedem a leira de atingir a

fase termófila e níveis iniciais altos provocam perdas de nitrogênio, deficiência de

fósforo e alguns micronutrientes (MASSUKADO, 2008). Todavia, o pH, apesar de ser

importante para o controle, principalmente das perdas do nitrogênio, não é um fator-

chave desde que os materiais a serem compostados estejam na faixa apresentada

(BERNAL; ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

3.3.1.7. Microrganismos

Finalmente, todos os parâmetros citados são ajustados para que os

microrganismos, verdadeiros responsáveis pelo processo de compostagem, possam

se desenvolver e degradar a matéria orgânica. Inclusive, muito já foi falado sobre eles

na exploração de cada parâmetro.

Em resumo, um ambiente aeróbio é a condição primária para a sucessão de

populações microbiológicas durante o processo. Esta sucessão ocorre juntamente às

mudanças de temperaturas da leira. Bactérias predominam no início do processo e

degradam açúcares, amidos, proteínas e compostos de fácil decomposição; fungos

estão presentes durante todo o processo, mas não são ativos em temperaturas

superiores à 60°C, e actinomicetos agem, principalmente, durante a maturação.

Ambos são responsáveis pela degradação do material celulóico (BERNAL;

ALBURQUERQUE; MORAL, 2009).

Massukado (2008) ainda recorda que há também outros organismos que

podem se fazer presentes na compostagem, como algas, protozoários, nematoides,

vermes, insetos e larvas.

Bertoldi, Vallini e Pera (1983) apresentam dois gráficos onde mostram como se

dá a crescimento das bactérias e fungos (Figura 8.a) e dos actinomicetos (Figura 8.b)

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durante a compostagem da fração orgânica de resíduos sólidos orgânicos misturados

com lodo de esgoto em uma leira estática (sem revolvimento) com ventilação forçada:

Figura 8. (a) Crescimento de bactérias e fungos e (b) actinomicetos durante compostagem da fração orgânica de resíduos sólidos orgânicos misturados com lodo de esgoto em uma leira estática com ventilação forçada.

Fonte: Bertoldi, Vallini e Pera (1983)

3.3.2. Métodos de compostagem

A compostagem é uma técnica flexível, que pode ser realizada em pequena e

em grande escala e pode demandar desde soluções operacionais simples e baratas

até aquelas que usam novas tecnologias e mão-de-obra especializada.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) publicou um manual, em 2010, para a

implantação da compostagem e da coleta seletiva no âmbito de consórcios públicos.

Nele há o apontamento de três tipos básicos de compostagem, diferenciados pelo tipo

de aeração: compostagem por aeração natural, compostagem por aeração forçada e,

por fim, compostagem em reator biológico (sistemas fechados).

Se os métodos forem agrupados tendo o tratamento dado à leira em foco,

podem ser divididos em método de leiras revolvidas (windrow), métodos de leiras

estáticas (static piles) e sistemas fechados, cada um eficiente segundo sua condição,

b) a)

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com aspectos positivos e negativos (Tabela 7). Todos os outros métodos existentes

variam dessas três principais metodologias e podem ser agrupados dentre elas,

apresentando poucas variações, normalmente ligadas à montagem da leira ou ao uso

de instrumentos.

Tabela 7. Aspectos positivos e negativos dos métodos de compostagem.

Método Aspectos Positivos Aspectos negativos

Leiras revolvidas (Windrow)

Baixo investimento inicial; Requer mais área;

Flexibilidade na quantidade de resíduos processada;

Pouco controle sobre odores;

Simples operação; Dependência do clima;

Equipamentos mais simples;

Emprego de mão de obra.

Leiras estáticas (Static piles)

Baixo investimento inicial; Bom dimensionamento do sistema de aeração;

Controle dos odores; Dependência do clima;

Estabilização mais rápida; Homogeneização do material;

Boa eliminação de patógenos.

Sistemas fechados (acelerados)

Menor demanda de área; Maior investimento inicial;

Independência de fatores externos;

Menor flexibilidade operacional;

Maior controle dos parâmetros Erro difícil de ser reparado, no caso de mal dimensionamento.

Menor tempo de compostagem Fonte: Adaptado de Massukado (2008).

3.3.2.1. Método das leiras revolvidas

Este talvez seja o método mais comum de compostagem, por apresentar um

custo muito baixo de investimento e manutenção, além de não necessitar de pessoas

especializadas para realização do trabalho. Consiste em montar a leira sobre o solo –

impermeabilizado ou compactado – e realizar o revolvimento dela, manualmente ou

mecanicamente, com frequências pré-estabelecidas para aeração e homogeneização

da massa. Este método demonstra sempre bastante eficácia em várias

experimentações, mas possui como principal desvantagem a dificuldade de controle

da temperatura e da perda de nitrogênio durante os revolvimentos (RASAPOOR; ADL;

POURAZIZI, 2016).

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A escolha do local é de suma importância e deve levar em consideração as

condições do solo, a topografia, a drenagem e o entorno (MASSUKADO,2008).

Souza (2015), estudando as melhores opções de compostagem para os

resíduos de RU, demonstra os passos que realizou para a montagem da área para

realização do métodos das leiras revolvidas (Figura 9):

Figura 9. Passo a passo para montagem da leira de revolvimento manual de resíduos alimentares de restaurante universitário.

Fonte: Souza (2015)

3.3.2.2. Métodos de leiras estáticas

Como o próprio nome sugere, nas metodologias que utilizam leiras estáticas

não há o revolvimento manual da pilha de resíduos, o que é bastante interessante a

um local restrito, com indisponibilidade de acompanhamento diário. Nestes métodos,

a aeração ao sistema é garantida por meio de instrumentos de injeção de ar ou na

atenção especial dada à estrutura da leira.

O método de leiras estáticas aeradas consiste na montagem das leiras

sobre tubulações perfuradas, acopladas a sopradores ou exaustores. Para

Massukado (2008), este método não é recomendado para qualquer tipo de resíduo,

pois se restringe àqueles com material de entrada mais homogêneo. Rasapoor, Adl e

Pourazizi (2016) discordam, estudando a metodologia inclusive para compostagem

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da fração orgânica de um município, bastante heterogêneo. Independente disso, os

restos alimentares de um restaurante tendem a não variar muito em sua composição,

logo não há impedimentos para a utilização deste método para a compostagem deles.

O sistema de leiras estáticas aeradas tende a produzir um composto orgânico de

maior qualidade num período de tempo menor, se comparado à metodologia anterior

(MASSUKADO, 2008).

Há, também, os métodos de leiras estáticas de aeração passiva, que

utilizam a ventilação natural para aeração da pilha de resíduos (SOUZA, 2015;

ZANETTE, 2015; RASAPOOR; ADL; POURAZIZI, 2016). São inúmeras as

possibilidades existentes. Uma delas foca na construção da leira idêntica à descrita

para as leiras aeradas, porém sem o uso de injetores de ar, conforme Figura 10, que

especifica ambas as formas:

Figura 10. Leira estática aerada (forced aeration static pile – FAS) e leira estática de aeração passiva (natural ventilation static pile – NVS), cujas estruturas envolvem o uso de canos para fornecimento de ar.

Fonte: Rasapoor, Adl e Pourazizi (2016)

Mas, entre as possibilidades do método de leiras de aeração passiva, duas

chamam a atenção, especialmente quando se considera uma unidade descentralizada

de compostagem (UDC) universitária. São elas as leiras verticalizadas e a

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metodologia UFSC. As duas se centralizam na arquitetura da leira para que o

suprimento de oxigênio aos microrganismos seja garantido.

As leiras verticalizadas, normalmente cilíndricas, são montadas em solo

impermeabilizado, com estruturas de metal (telas de arame, alambrados etc) ou

madeira. São estas estruturas que mantém as leiras verticais. Nelas, são colocados

galhos, gravetos, palha e fibras para que, com a deposição dos resíduos, o ar possa

circular.

Zanette (2015) explicita o uso desta técnica na UDC da USP, campus de São

Carlos (Figura 11).

O autor evidencia algumas desvantagens: uma ergonômica, já que exige que

os resíduos, muitas vezes bastante pesados, sejam colocados por cima da estrutura

vertical; uma estrutural, pois, em caso de anaerobiose, fica difícil o revolvimento

interno da massa de resíduos; e uma volumétrica, porque a leira possui volume

limitado delimitado pela estrutura vertical.

Entretanto, o autor também salienta as vantagens: a metodologia atendeu às

demandas do restaurante universitário localizado no campus e o cercado impede que

a leira seja destruída por cachorros – cuja presença é numerosa na EEL-USP, em

Lorena.

Figura 11. Leiras verticais construídas para compostagem dos resíduos do restaurante universitário da USP, campus de São Carlos.

Fonte: Zanette (2015)

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Já Souza (2015) aplicou essa metodologia na UNESP, campus de Rio Claro

(Figura 12) e chama a atenção para a vantagem territorial do método, que ocupa um

espaço menor que os outros, além da conveniência de não demandar revolvimento,

facilitando a operação.

Figura 12. Construção de leiras verticais para compostagem dos resíduos do restaurante universitário da UNESP, campus de Rio Claro.

Fonte: Souza (2015)

A metodologia UFSC, que possui este nome por seu grande difusor no Brasil,

Miller (2009), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é centrada no

equilíbrio dos componentes.

As leiras são montadas no solo, em formato retangular – para garantir a

ventilação natural da massa. São feitas “paredes” retas, compostas por grossa

camada de grama cortada, galhos, palha e folhas secas. Essa estruturação feita de

componentes com granulometria consistente garante um processo totalmente

aeróbio. O carregamento da leira é constante, por isso, recomenda-se misturar as

novas camadas de resíduos com as camadas anteriores, já em processo avançado

de degradação (PEIXE; HACK, 2014?; ZANETTE, 2015).

A experiência com esta metodologia tem demonstrado sucesso, tanto para

grandes demandas de resíduos, como, por exemplo, no tratamento da fração orgânica

do município de Florianópolis (Figura 13), descrito por Peixe e Hack [2014?], como

em pequenas unidades, como verificado por Zanette (2015) na UDC da USP (Figura

14), campus de São Carlos.

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Figura 13. Carregamento de leira com resíduos orgânicos do município de Florianópolis/SC para tratamento por compostagem pelo método UFSC.

Fonte: Peixe e Hack [2014?]

Figura 14. Carregamento de leira com resíduos orgânicos do restaurante universitário da USP, campus de São Carlos, para tratamento por compostagem pelo método UFSC.

Fonte: Zanette (2015)

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3.3.2.3. Sistema fechado

Os sistemas fechados utilizam-se de dispositivos, tais como digestores e

bioestabilizadores, e permitem o controle de todos os parâmetros de compostagem.

Apesar de um custo mais alto em relação aos métodos anteriores, as vantagens do

controle total sobre o processo e da baixa necessidade de amplas áreas e constante

operação fazem desta metodologia uma boa opção para empresas, restaurantes,

hotéis, condomínios etc.

Colares et al. (2017) propõem este método para tratamento dos resíduos

orgânicos do RU da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os autores conseguiram

desenvolver um reator de baixo custo com materiais simples, utilizando-se de um

tambor plástico e obteve um composto orgânico de boa qualidade, que se enquadra

nos valores de referência estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento.

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4. METODOLOGIA

A partir de todos os conceitos apresentados e dos objetivos específicos

traçados para este estudo, elencaram-se as seguintes ações, em ordem de

desenvolvimento, para o estudo da viabilidade da implantação de uma UDC na EEL-

USP: levantamento e estimativa da massa gerada de resíduos orgânicas na Área I,

levantamento de alternativas locacionais para a UDC, dimensionamento dos sistemas

de compostagem propostos e análise da viabilidade dos sistemas:

4.1. LEVANTAMENTO E ESTIMATIVA DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS

ORGÂNICOS NA EEL-USP

Para o levantamento e a estimativa da massa de resíduos orgânicos, foi

considerado apenas o que é gerado na Área I da EEL-USP.

Foi utilizada a quantidade de restos de alimentos gerados no RU levantada

por Bargos et al. (2017) – realizadores do Programa Prato Limpo – e sintetizada na

Tabela 4.

A informação da massa dos resíduos de folhagens e galhos foi realizada por

estimativa, utilizando-se como base o levantamento bibliográfico sobre a taxa de

produção de serapilheira em diferentes tipos de matas que estão inseridas no mesmo

bioma e em ecossistemas semelhantes aos que as APPs, áreas de compensação e

áreas de eucalipto da EEL-USP estão. Esta foi a metodologia escolhida devido às

limitações em relação à realização de procedimentos experimentais por parte da

autoria deste estudo.

Através da quantidade anual de serapilheira dada por Machado (2006) para

um hectare de área reflorestada e um hectare de floresta secundária, os valores

correspondentes às APPs e às áreas de compensação ambiental foram estimados.

Considerou-se o estudo deste autor por abranger o bioma da Mata Atlântica – ao qual

a região do Vale do Paraíba pertence.

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A quantidade anual de serapilheira para um hectare de área de plantio de

eucalipto informada por Inkotte (2013) foi utilizada na estimativa da quantidade gerada

na área plantada com essas árvores no campus.

A realização da estimativa se deu por simples conversão de unidades. As

quantidades de produção de serapilheira são dadas na literatura em quilogramas por

hectare por ano (kg.ha-1ano-1). Converteu-se as unidades para se chegar no valor em

quilogramas por metros quadrados por mês (kg.m-2mês-1) e projetou-se esta mesma

produção de serapilheira para as áreas verdes da EEL-USP. Estimou-se, então, as

quantidades de resíduos orgânicos produzidos nessas áreas.

Para evitar a repetição matemática do processo a cada valor dado na

literatura, realizou-se a conversão mencionada para 1,0 kg.ha-1ano-1 para se tirar um

fator de conversão F. Combinando este fator à quantidade apresentada na literatura

e à área onde se quer projetar o valor, estipulou-se a Equação 1 para a realização das

estimativas:

Q = (Qlit × F) × A 𝐸𝑞. 1

Sendo que:

Q = Quantidade mensal de serapilheira gerada [kg.dia-1]

Qlit = Quantidade anual de serapilheira informada pela literatura [kg. ha-1.ano-1]

F = Fator de conversão (F = 2,77778x10-7)

A = Área [m²]

4.2. ALTERNATIVA LOCACIONAL PARA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE

DESCENTRALIZADA DE COMPOSTAGEM (UDC)

Para escolha do melhor local para a implantação da UDC, analisou-se no mapa

da EEL-USP, disponível pelo programa Google Earth Pro (Figura 15), cada área que

apresentou viabilidade aparente de implantação. Depois, para a avaliação de cada

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área, conversou-se com membros da comunidade universitária sobre os locais e

levou-se em consideração alguns critérios para a montagem de uma escala de

excelência, em que cada um deles foi avaliado de 0 a 3. A alternativa locacional com

maior somatório foi escolhida para a implantação. Os critérios avaliados em cada área

foram:

Distância de APP;

Distância do RU;

Dificuldade de acesso;

Circulação de pessoas e;

Desnível do terreno em relação ao RU.

Aplicaram-se, então, as técnicas de geoprocessamento, com software ArcGIS

10.5, para demarcação da melhor área. E, no fim, sugeriu-se a forma e o

posicionamento do espaço mais adequado para a construção da UDC da EEL-USP.

Figura 15. Visão panorâmica da EEL-USP

Fonte: Google Earth Pro (2018)

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4.3. DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE COMPOSTAGEM

4.3.1. Área da Unidade Descentralizada de Compostagem (UDC)

Considerou-se, para a área a ser implantada a UDC, a necessidade de:

Cercado, para delimitação da unidade e proteção contra a entrada de animais

de grande porte, como cachorros, que estão presentes em grande quantidade

no campus;

Área coberta, pequena, sem paredes, para armazenamento dos resíduos

secos e composto humificado e para secagem e tratamento de alguns resíduos,

quando necessário;

Depósito, entre paredes, que possa ser trancado, para se guardar alguns

materiais, como pás, termômetros, baldes, carrinhos, lona;

Área externa dividida em duas alas, a que conterá as leiras e a que receberá

pessoas para visitas à unidade;

Alguns instrumentos, como balança, tambores ou bombonas, lona, telas

“mosquiteiro”, carrinho de mão, pás e vassouras.

4.3.2. Leiras revolvidas

Para a projeção de um sistema de compostagem por leiras revolvidas, foi feita

uma adaptação da metodologia sugerida por Souza (2015) na UNESP, campus de

Rio Claro, pois a autora realizou a experiência em um contexto similar ao da EEL,

envolvendo, como já foi exposto anteriormente, resíduos produzidos em RU. A autora

informa que no Campus de Rio Claro é gerada semanalmente uma média 100 kg de

alimentos passíveis de serem compostados. Portanto, a quantidade mensal é por volta

de 400 kg, bem próximo aos 552,6 kg.mês-1 produzidos na EEL.

Para esta leira, o dimensionamento é feito segundo a quantidade de resíduos,

pois o método apresenta esta flexibilidade, entretanto, é necessário que a leira não

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seja pequena demais, de forma que sua superfície de contato com o meio seja grande

a ponto de perder muito calor; nem grande o bastante para gerar condições de

anaerobiose, consequência da compressão dos resíduos. As dimensões boas ao

processo variam entre 1 a 1,5m para comprimento, largura e altura. Brito (2008)

considera o volume 1,5mX1,5mX1,5m o volume ideal.

Para a montagem das leiras, Souza (2015) indicou os seguintes passos:

I. Elaboração de plano de organização para alimentação da leira e

gerenciamento dos resíduos orgânicos, assim como a definição da

frequência dos revolvimentos;

II. Limpeza do local;

III. Impermeabilização do solo;

IV. Montagem de quatro leiras, em formato triangular ou trapezoidal (na

proporção 60% de resíduos do RU para 40% de resíduos de poda,

misturados), com o cuidado de cobrir bem a leira com resíduos secos.

V. Revolvimentos 3 vezes por semana;

VI. Coleta de amostra para análise feita em regiões medianas da leira;

Escolheu-se a proporção de 60/40 para mantimento da relação C/N em níveis

adequados (SOUZA, 2015). O número de leiras se deve ao fato de que o processo de

geração de resíduos é contínuo, desta forma, enquanto uma leira passa por

maturação, a outra é alimentada.

Além disso, recomenda-se, o cobrimento da leira com lona em dias chuvosos.

4.3.3. Leira estática de aeração passiva: Leira vertical

Para a projeção de um sistema de compostagem por leiras verticalizadas,

adaptou-se novamente a metodologia proposta por Souza (2015), com alguns

aspectos apresentados pela leira da USP, campus de São Carlos, mostrada por

Zanette (2015). Ambos os autores estudaram a possibilidade para uma realidade

totalmente parecida com a da EEL-USP. Os passos sugeridos foram os seguintes:

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I. Elaboração de plano de organização para alimentação da leira e

gerenciamento dos resíduos orgânicos;

II. Impermeabilização do solo;

III. Montagem de duas estruturas de arame soldado, em formato cilíndrico,

de diâmetro 0,96m e altura 1m;

IV. Preencher a base e a lateral com vários galhos maiores e menores;

V. Deposição de resíduos orgânicos (na proporção 60% de resíduos do

RU para 40% de resíduos de poda);

VI. Coleta de amostra para análise na superfície, na base e no centro da

leira.

Descartou-se, para este modelo, a base de bambu feita por Souza (2015) para

melhorar a aeração da leira, pois o preenchimento com galhos, mostrado por Zanette

(2015) na Figura 11 desempenha exatamente a mesma função. A altura de 1 m foi

escolhida porque se verificou que as leiras construídas pelos dois autores aqui citados

eram muito altas. Zanette (2015) aponta este fator como uma desvantagem, por

razões ergonômicas.

Assim como para o método anterior, em dias de forte precipitação, aconselha-

se cobrir a leira com lona.

4.3.4. Leira estática de aeração passiva: Método UFSC

Assim como para as leiras de revolvimento, a questão das dimensões neste

método é muito importante. Como ele não envolve o revolvimento, é a arquitetura da

leira que garantirá a aeração necessária aos microrganismos. Utilizou-se a

metodologia sugerida por Zanette (2015), que estudou a transição do método da leira

vertical para este método e comparou os resultados.

As dimensões para as quatro leiras são de 30 cm de altura (iniciais), 1,7 de

largura e 1,7 de comprimento (pode variar segundo a quantidade de resíduos). Os

passos de montagem são os seguintes:

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I. Elaboração de plano de organização para alimentação da leira e

gerenciamento dos resíduos orgânicos;

II. Impermeabilização do solo;

III. Construção de uma “parede” retangular feita de galhos, capim e palha,

com as dimensões descritas acima, formando uma espécie de “berço”;

IV. Distribuição, entre as paredes da leira e todo o espaço interior dela, de

galhos e ramos, para formação de um “colchão” de ar.

V. Deposição de resíduos orgânicos (na proporção 60% de resíduos do

RU para 40% de resíduos de poda ou 50% cada, misturados);

VI. Cobrimento de todo o material com palha, grama e serragem;

VII. Incorporação de novos resíduos orgânicos à leira, com afastamento

dos resíduos secos que a cobrem, aumentando as paredes dela, e

repetição do procedimento aqui descrito.

VIII. Fechamento da leira e espera da maturação quando for atingida a

altura de 1m.

4.4. VIABILIDADE DOS SISTEMAS DE COMPOSTAGEM

Mesmo que seja consenso na literatura a viabilidade econômica dos

processos de compostagem e a flexibilidade que eles apresentam (MASSUKADO,

2008; VALENTE et al, 2009; RASAPOOR; ADL; POURAZIZI, 2016; COLARES et al.,

2017), os sistemas propostos por este estudo foram orçados e analisados sob o ponto

de vista logístico. Realizou-se uma pesquisa de preços e buscou-se a opinião de um

pedreiro para o levantamento dos valores e levou-se em consideração os aspectos

operacionais e de mão de obra demandados por cada sistema.

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5. DISCUSSÕES E PROPOSTAS PARA PROJETO

5.1. RESÍDUOS ORGÂNICOS DA EEL/USP

Através dos dados levantados por Bargos et al. (2017), concluiu-se que são

descartados uma média mensal de 552,6 kg de restos de alimentos no RU, o

equivalente à 61,4 kg diários. Foram considerados, para esses cálculos, apenas os 9

meses letivos, pois nos meses de janeiro, julho e parte considerável do mês de

dezembro e fevereiro a comunidade universitária encontra-se, em sua maioria, em

recesso, portanto o campus fica sem movimento.

Utilizando a Eq.1 e as áreas verdes da EEL, apresentadas na p. 33, estimou-

se que nas APPs da EEL são produzidas 230,5 kg.dia-1 de serapilheira; nas áreas de

compensação são produzidas 10,2 kg.dia-1; e nas áreas plantadas com eucaliptos são

produzidas 6,6 kg.dia-1. No total, tem-se 247,3 kg diários de folhagens e serapilheira

no campus. Para facilidade de leitura, resumiu-se na Tabela 8 essas informações:

Tabela 8. Resíduos orgânicos da EEL-USP

Local de geração Quantidade de resíduos orgânicos (kg/dia)

RU 61,4 APP 230,5 Área de Compensação 10,2 Área com eucaliptos 6,6 Total 308,7

Fonte: próprio autor.

É importante considerar que esses dados podem não representar a realidade,

pois se tratam de estimativas. Contudo, todos eles mostram que não há impedimentos

em termos de materiais e substratos para que um processo de compostagem seja

realizado na EEL-USP.

Ainda que as quantidades reais sejam menores, a alimentação das leiras não

precisa ser diária, o que significa dizer que se pode aguardar haver certo acúmulo de

resíduos para deposição na leira, desde que todos os cuidados necessários para que

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o haja o isolamento dos resíduos orgânicos em tambor sejam tomados, para que não

ocorra incômodos com odores, insetos etc. Além disso, as quantidades de serapilheira

também são variáveis de acordo com o clima e as intempéries do local – por este

motivo, inclusive, existe a necessidade de estocagem desses resíduos.

Mesmo que em algum dia haja mais resíduos do restaurante que resíduos de

folhagens e galhos, ou vice e versa, poder-se-á ajustar a proporção dos resíduos na

leira e manter a alimentação contínua. A quantidade estimada de resíduos gerados

no RU da EEL-USP corresponde a um valor similar ao dado por Souza (2015) na

UNESP Rio Claro e à metade do valor registrado por Zanette (2015) na IESC-USP,

embora as dimensões adotadas para os processos dos dois autores sejam

aproximadas. Verifica-se, portanto, como a compostagem é um processo que chama

a atenção pela flexibilidade que ela apresenta diante das diferentes demandas,

podendo ser desenvolvida em pequenas e grandes escalas (RASAPOOR; ADL;

POURAZIZI, 2016).

Percebe-se até aqui que há certa deficiência de dados sobre resíduos

orgânicos na EEL-USP. Foi necessário trabalhar com estimativas para que uma UDC

pudesse ser sugerida. É de extrema importância, agora mais do que nunca, que a

Escola de Engenharia de Lorena desenvolva um Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos (PGRS) para que se estabeleça um controle e um conjunto de ações

para o manejo e controle dos resíduos.

No tocante à Fração Orgânica, a implantação de uma UDC representa, por

consequência, um controle do que realmente é gerado, desperdiçado e do que será

compostado. Com a UDC, a equipe de funcionários do RU será treinada para o

armazenamento das sobras em recipientes adequados e para o preenchimento de

tabelas de controle.

Desta maneira, um banco de dados começa a ter forma, propiciando o

surgimento de novos estudos a respeito da temática.

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5.2. LOCAL PARA IMPLANTAÇÃO DA UNIDADE DESCENTRALIZADA DE

COMPOSTAGEM (UDC)

5.2.1. Escolha do melhor local

As possíveis áreas encontradas a partir da análise do mapa da EEL-USP estão

marcadas na Figura 16.

Figura 16. Áreas possíveis para implantação da UDC.

Fonte: Adaptado de Google Earth Pro (2018)

A área “a” está localizada no extremo norte do complexo construído no campus

para Centro de Convivência. Como é uma região extrema da área construída do

campus, longe das salas e do anfiteatro, a circulação de pessoas por lá é baixa.

Porém, exatamente pela proximidade ao Centro de Convivência, o local é nivelado ao

RU, ou seja, não há subidas nem descidas que podem atrapalhar a logística do

transporte de resíduos. A área está longe o suficiente de qualquer APP, sejam as

referentes aos rios que contornam o campus ou a que pertence à Nascente, localizada

a

e d

c

b

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mais a Sul. Todavia, o local é perto o suficiente do RU, facilitando o transporte de

resíduos.

A área “b” localiza-se atrás do anfiteatro. É próxima ao RU e a todo o Centro

de Convivência, mas está em um nível abaixo, próxima à área terraplanada para

futuras construções; encontra-se na região de APP de Nascente existente na EEL.

Principalmente por este motivo, o local foi descartado, apesar da potencialidade que

apresenta. Outras razões também foram consideradas para o descarte da opção: uma

delas foi o fato de que para se ter acesso ao local é necessário descer uma escada

ou, caso contrário, dever-se-á dar uma volta na área construída para chegar nele.

Como o transporte de resíduos envolve um carrinho ou tambor móvel, a escada

dificulta este trajeto.

A área “c” é um espaço livre de construções próxima à microcervejaria da EEL.

Ele apresenta um trajeto reto até o RU e um desnível baixo de terreno. Junto à opção

“a”, esta área se enquadra em quase todos os parâmetros necessários. No entanto,

localiza-se próxima ao local de passagem da comunidade universitária ao RU – por

estar nos arredores de um dos pontos de ônibus do campus, extremamente à vista de

qualquer um – e, portanto, é um local de circulação alta de pessoas e, por

consequência, de cachorros.

As áreas “d” e “e” foram as primeiras a serem descartadas em relação as

outras. Ambas pela distância em relação ao RU. Elas constam entre as áreas

possíveis, pois qualquer outra área da EEL está construída ou possui projeto de

construção ou está muito próxima a regiões de grande circulação. A área “d” localiza-

se perto da Estação de Tratamento de Esgotos do campus e a área “e”, perto do

campo de futebol. A primeira, embora seja de fácil acesso e de pouca circulação,

apresenta terreno com desnível grande em relação à área do RU, que, somado à

distância, demandaria grande esforço para o transporte dos resíduos. A segunda é

completamente inviável, visto que além da descida e de uma escada estreita e grande,

ainda é necessário atravessar uma ponte de madeira de caráter duvidoso para se

acessar o local.

Concluídas as análises de cada local, os critérios mencionados anteriormente

– distância de APP, distância do RU, dificuldade de acesso, circulação de pessoas e

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desnível do terreno em relação ao RU – foram avaliados de 0 a 3 e registrados na

Tabela 9:

Tabela 9. Avaliação de cada uma das áreas escolhidas da EEL.

Área Distante de APP

Próxima ao RU

Fácil acesso

Baixa circulação de pessoas

Terreno nivelado ao terreno do

RU

Total

a 2 3 3 3 3 14 b 0 3 2 2 2 10 c 3 2 3 1 2 11 d 0 1 3 3 0 7 e 0 0 0 3 0 3

Fonte: Próprio autor.

A partir do somatório, verifica-se que a área “a” foi a que se mostrou melhor

para a implantação de uma UDC na EEL.

5.2.2. Estudo do local

Escolhido o local, bem próximo à cerca que delimita o território da EEL-USP,

traçou-se, através do software ArcGIS 10.5, o contorno da UDC. Devido às limitações

relacionadas ao terreno, e com a intenção de aproveitar parte da cerca já existente,

de modo a cortar gastos, a demarcação do cercado da UDC não foi quadrada ou

retangular, mas trapezoidal.

Utilizou-se de técnicas de geoprocessamento para justificar a escolha do local,

marcando todas as regiões de APP existentes no campus (Figura 17). Essas áreas

foram traçadas levando em consideração a legislação vigente (Lei n° 12.651/2012),

que determina 100 metros de APP nas margens de cursos d’água que tenham entre

50 a 200 metros de largura e 50 metros de APP para os cursos que tenham entre 10

a 50 metros de largura.

A Figura 18 apresenta uma ampliação da região do campus onde se propõe a

implantação da UDC, evidenciando as fronteiras do local, a posição da área coberta

e a distância em relação ao RU.

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Figura 17. Escolha do melhor local para implantação de uma unidade descentralidade de compostagem na EEL-USP.

Fonte: Próprio autor.

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Figura 18. Localização da Unidade Descentralizada de Compostagem em relação ao restaurante universitário.

Fonte: Próprio autor.

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Esta sugestão de área para a UDC abrange às várias finalidades que se

imagina para ela, além de propriamente produzir composto orgânico: um laboratório a

céu aberto para fins didáticos e acadêmicos, para pesquisas, experimentações e

análises e um espaço próprio para recebimento de visitantes, da comunidade

universitária e da sociedade, para, com mecanismos da Educação Ambiental,

incentivar a consciência sobre os resíduos sólidos, a prática da compostagem e a

agricultura familiar.

Para isso, a UDC deve conter: as leiras, uma área coberta para estoque e

secagem de resíduos e uma área suficiente para receber qualquer visitante. A Figura

19 apresenta um croqui modelo de organização do pátio de compostagem que se

sugere neste estudo, considerando as leiras revolvidas ou as leiras estáticas pelo

método UFSC:

Figura 19. Croqui modelo de organização do pátio de compostagem na EEL-USP

Fonte: Próprio autor.

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A área coberta não é fechada por paredes. Ela deve ser no formato de um

pequeno galpão, com as laterais abertas, para propiciar a circulação de ar no local –

necessário nos casos de secagem dos resíduos. O local também propicia o estoque

dos resíduos secos.

Após a implantação da UDC, é necessário planejamento para a realização de

treinamentos dos funcionários responsáveis pela varrição e poda do campus, para

que descartem os resíduos relacionados a este serviço na área coberta da UDC.

Apenas uma pequena região quadrada dentro da área coberta é fechada com

paredes, para que se possa guardar com segurança materiais importantes ao

processo: Balança, Lona, Termômetro, pás, baldes, documentos de controle etc.

A Figura 20 apresenta um croqui com vista de cima da organização da área

coberta:

Figura 20. Croqui modelo da área coberta da Unidade Descentralizada de Compostagem (UDC)

Fonte: Próprio autor

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5.3. DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE COMPOSTAGEM

Como este estudo não é experimental e propõe uma projeção para a

implantação de uma UDC na EEL-USP, nenhuma leira e nenhum sistema foi de fato

montado. O propósito principal é deixar todas as informações necessárias para que a

implantação possa ser realizada. Por esta razão, reunindo as informações obtidas até

aqui, foram organizados todos os dados para o dimensionamento dos sistemas.

5.3.1. Pátio de Compostagem

Através das demarcações realizadas pelo software ArcGIS 10.5, retirou-se as

medidas para a área da UDC, apresentadas na Figura 21:

Figura 21. Medidas da Unidade Descentralizada de Compostagem (UDC).

Fonte: Próprio autor.

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5.3.2. Método de compostagem

Através dos dimensionamentos propostos nas experiências universitárias até

aqui citadas, e levando em consideração as quantidades levantas e estimadas de

resíduos orgânicos produzidos na EEL-USP, foram reunidas na Tabela 10 os

dimensionamentos para cada método proposto para implantação:

Tabela 10. Dimensionamentos para cada método de compostagem

Método Comprimento

(m) Altura

(m) Largura

(m) Diâmetro

(m)

Proporção Alimento/Poda

%(m/m)

Frequência de revolvimentos

Leiras revolvidas

1 a 1,5 1 a 1,5 1 a 1,5 -- 60/40 3x semana

Leiras verticais

-- 1 -- 0,96 60/40 Se houver

anaerobiose

Método UFSC

1 a 1,7 0,30

(inicial) 1-1,7 ---

60/40 50/50

Na fase de maturação

Fonte: Adaptado de Souza (2015) e Zanette (2015)

5.4. VIABILIDADE ECONÔMICA

5.4.1. Orçamento do pátio de compostagem

Embora um levantamento orçamentário para a construção do pátio de

compostagem, especialmente da área coberta, seja essencial para a apresentação de

um projeto, não houve o parecer de profissionais da construção civil sobre os

levantamentos aqui propostos. Então, qualquer dado apresentado deve ser reavaliado

e consultado para a elaboração de um projeto efetivo. O que se levantou foi a partir

de projeções e cálculos bastante aproximados, oferecidos pelo sistema gratuito online

de cálculo de materiais de construção criado por Dmitry Zhitov (2018).

Desta forma, considerando novamente que não foram levados em conta

pormenores da construção civil – essenciais para a construção proposta –, como

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vigas, fundamentos, colunas, espessuras etc, foram orçadas superficialmente apenas

as construções da cerca, das telhas e dos tijolos das paredes do depósito.

Para a cerca, considerou-se o uso de tela de alambrado simples, fio 14, de 2 m

de altura, 20 m cada rolo, no valor de R$336,00, apresentados pela S.S. Indústria

Metalúrgica de Telas Eireli (2018 a). As medidas utilizadas para o perímetro da área

já foram apresentadas na Figura 21 e usou-se, no sistema de cálculos, mourões Ponta

Curva – que custam em média R$34,99 –, comuns em cercas deste tipo, espaçados

numa distância de 2 m cada.

O algoritmo apresentou, a partir destas informações, a projeção de 28 mourões

(Figura 22) e 3 rolos de tela para 43,46 m² de área de grade. O valor estimado foi de

R$ 1.987,72.

Figura 22. Projeção da disposição dos mourões da cerca da UDC

Fonte: Zhitov (2018)

Todavia, os 18 m da lateral esquerda da área já possuem a cerca que delimita

o território do campus. Isso é muito positivo, pois reduz a quantidade de mourões

necessários para 16 e o comprimento da grade para 40 m, o que demandará o uso de

apenas 2 rolos de tela. Portanto, o valor estimado para a cerca é de R$1.231,84.

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Para a área do depósito, de 36 m ², com paredes de 3 m de altura, o algoritmo

estimou a quantidade de 2.215 tijolos. Um valor bastante aproximado, pois não foi

definida a espessura das paredes. Considerou-se o uso do tijolo comum vermelho

disponível pela homepage da Leroy Merlin Cia Brasileira de Bricolagem (2018a), no

valor de R$0,34. Estimou-se, então, o valor de R$753,10 em tijolos.

Para a estimativa de um valor ao telhado inclinado da área, alimentou-se o

algoritmo com as seguintes informações, sem compromisso com os tipos e as

dimensões de materiais para cada construção: 150 mm para a largura das vigas, 50

mm para a espessura, 500 mm para a saliência ao telhado principal – parte mais alta

do telhado inclinado – (utilizou-se os valores sugeridos pelo próprio programa) e as

dimensões descritas na Figura 21.

Dentre as inúmeras informações técnicas que o algoritmo retornou, como

volume de vigas, número de linhas de placas de torneamento, volume de tábuas de

torneamento etc, estava a informação de que a área total a ser coberta por telhas

equivale à 59,4 m², conforme indica a Figura 23:

Figura 23. Dimensões da metade do telhado principal

Fonte: Zhitov (2018)

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Consideradas as telhas de cerâmica vermelhas modelo Plan também

apresentadas na homepage da Leroy Merlin Cia Brasileira de Bricolagem (2018b), no

valor de R$0,74 cada, onde se tirou a informação de que em uma área de 1 m² são

necessárias 30 telhas para cobertura, estimou-se que para a área coberta da UDC

são necessárias 1.782 telhas, custando um total de R$1.318,68.

No total, ao se considerar superficialmente apenas o valor referente às telhas,

aos tijolos e à cerca, a construção do pátio de compostagem custa R$3.303,62.

Independentemente do valor real desde pátio, ele permanece o mesmo porque

sua estrutura é pensada para acolher qualquer um dos três métodos, seja qual for o

escolhido.

5.4.2. Orçamento dos sistemas

Os métodos de compostagem foram orçados.

Aquele que necessita de um maior investimento inicial é o das leiras verticais,

pois demanda a construção da estrutura com alambrado de metal. Todavia, as leiras

revolvidas necessitam de um acompanhamento sistemático com emprego frequente

de mão de obra, voluntária ou não.

A metodologia que menos gera gastos, é flexível à quantidade de resíduos

orgânicos disponíveis e demanda pouca mão de obra, independendo de

revolvimentos frequentes, é o método UFSC. A Tabela 11 reúne as informações de

preço aproximado para a construção de cada leira:

Tabela 11. Custo de cada método de compostagem

Método Material Custo

unitário (R$) Quantidades

Investimento inicial (R$)

Leiras revolvidas Lona 3x2 35,00 4 unidades 140

Método UFSC Lona 3x2 35,00 4 unidades 140

Leiras verticais Lona 3x2 35,00 2 unidades 309,40 Alambrado 39,90/m 6 m

Fonte: Próprio autor

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6. CONCLUSÃO

Não há dúvidas de que a melhor alternativa para o tratamento da Fração Orgânica

dos resíduos da Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP) é o emprego do

processo de compostagem no campus. Mais certo ainda é a possibilidade de tornar

este tratamento fonte de educação, cultura e extensão, através da implantação de

uma Unidade Descentralizada de Compostagem.

Após ampla informação reunida neste estudo, conclui-se que:

I. A produção de resíduos orgânicos na EEL é alta o suficiente para a

implantação de uma UDC, chegando a 61,4 kg diários de alimentos do

restaurante universitário (RU), que são descartados em lixo comum, e um

total de 308,7 kg diários de resíduos orgânicos que somam serapilheira,

poda, capina e varrição.

II. O melhor local para implantação da UDC é a região extrema do Centro de

Convivência da EEL, ao Norte do campus, identificada como área “a”, pois

é próxima ao RU, possui baixa circulação de pessoas, está longe das áreas

de APP e a via de acesso ao local é viável ao transporte de resíduos.

III. O melhor formato para a UDC envolve a construção de uma área coberta

para armazenamento de resíduos secos, depósito para materiais

importantes à manutenção do processo, espaço aberto para as leiras de

compostagem e espaço para recebimento de visitas da sociedade e da

comunidade universitária;

IV. Através da análise cuidadosa do que está disponível na literatura e

pensando-se na viabilidade da existência de um processo de compostagem

na EEL, sugere-se a metodologia das Leiras Estáticas de Aeração Passiva

pelo Método UFSC como a melhor alternativa. Ela é flexível as quantidades

diferentes de resíduos orgânicos; é de fácil manutenção, caso precise de

revolvimentos; possui custo-benefício maior, pois, apesar de apresentar

investimento inicial igual ao Método das Leiras Revolvidas, não exige

revolvimentos ao longo do processo, poupando mão de obra; oferece um

composto orgânico de boa qualidade, pois, se bem preparada, atinge as

temperaturas termófilas; e sua operação é simples.

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V. Como alternativa secundária, sugere-se o Método das Leiras Estáticas de

Aeração Passiva verticalizadas (Leiras verticais), com a utilização do

alambrado. Apesar de ser mais cara que o Métodos das Leiras Revolvidas,

também otimiza o processo, não demandando revolvimentos.

VI. Uma UDC na EEL significa: composto condicionador de solo para os

canteiros do campus e para hortas orgânicas, para projetos no município de

Lorena, envolvendo a Floresta Nacional, escolas etc; centro de pesquisas

sobre resíduos sólidos, pertencente ao curso de Engenharia Ambiental,

gerando oportunidades de criação dos primeiros registros sobre as

quantidades reais de resíduos orgânicos gerados no campus, além de

oportunidades para Iniciação Científica, Cultura e Extensão e Pós-

Graduação; laboratório de resíduos sólidos a céu aberto para os alunos da

graduação e ensino técnico; local para oficinas de Educação Ambiental com

membros da sociedade; e descentralização do sistema de coleta municipal,

desviando a fração orgânica que ia ao aterro e reinserindo-a no ciclo

produtivo.

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7. SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Concluídas a viabilidade e a necessidade de uma Unidade Descentralizada de

Compostagem na Escola de Engenharia de Lorena, não é possível passarem

despercebidos, ao longo de todo este estudo, certos pontos importantíssimos para

que este projeto que podem (e devem) ser pautas para futuros trabalhos:

1) Quantificação dos resíduos sólidos gerados na EEL, através de análise

gravimétrica e criação de um banco de dados;

2) Um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) para a EEL;

3) A construção de um projeto piloto de compostagem no campus;

4) A projeção de uma UDC para a Área II (Campus 2) da EEL;

5) Um Plano de Educação Ambiental para oficinas sobre resíduos sólidos e

outras questões de relevância ambiental em escolas, centros comunitários e

até mesmo no campus universitário, com a participação de toda a comunidade

civil, visando aumentar a adesão social da população à coleta seletiva

municipal;

6) Projeção de um sistema de biodigestão para os resíduos orgânicos da EEL.

7) Quantificação dos resíduos orgânicos que são encaminhados ao aterro

sanitário Vale Soluções Ambientais, no município de Cachoeira Paulista.

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REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2014. São Paulo: ABRELPE, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos Sólidos – Classificação, 2004.

BARGOS, Fabiano Fernandes et al. Programa Prato Limpo. 2017. Disponível em: <htts://EuSouResponsavel.org>. Acesso em: 20 jun. 2018

BERNAL, M. P.; ALBURQUERQUE, J. A.; MORAL, R. Composting of animal manures and chemical criteria for compost maturity assessment. A review. Bioresource Technology, [s.l.], v. 100, n. 22, p.5444-5453, nov. 2009. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.biortech.2008.11.027.

BERTOLDI, M; VALLINI, G; PERA, A. The biology of composting: A review. Waste Management & Research, [s.l.], v. 1, n. 2, p.157-176, jun. 1983. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/0734-242x(83)90055-1.

BRASIL. Lei no 12.305 de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF, 2010.

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