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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA
DE MATERIAIS
TESE DE DOUTORADO
ESTUDO DAS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS E
MAGNÉTICAS DE NANOFERRITAS DE MAGNÉSIO
DOPADAS COM NÍQUEL E COBRE
ANTONIO CARLOS SILVA DA COSTA
Orientador
Prof. Dr. Wilson Acchar
Tese nº______/PPGCEM
Fevereiro de 2015 Natal – RN
ANTONIO CARLOS SILVA DA COSTA
ESTUDO DAS PROPRIEDADES ESTRUTURAIS E
MAGNÉTICAS DE NANOFERRITAS DE MAGNÉSIO
DOPADAS COM NÍQUEL E COBRE
Tese de Doutorado apresentada
ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência e Engenharia de
Materiais, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito para a obtenção
do título de Doutor em Ciência e
Engenharia de Materiais.
Fevereiro de 2015
Natal – RN
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Wilson Acchar, pela orientação, pelos conhecimentos e
ensinamentos adquiridos, pela confiança e amizade.
A pesquisadora Dr. Andréia Cavalcante de Lima por toda ajuda na produção
deste trabalho.
Aos meus amigos do PPGCEM, em especial aos dos laboratórios LaPFiMC e
LMCME, alunos e ex-alunos, serei eternamente grato por tudo que fizeram e
que ainda fazem por mim.
Ao coordenador e alunos do Laboratório de Síntese de materiais em Pó e
Buck.
A todas aquelas pessoas que, diretamente e indiretamente, estiveram
envolvidas neste projeto.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pela oportunidade de
realizar a Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, e pelos
recursos fornecidos durante o período da pesquisa.
E acima de tudo a Deus, por estar comigo em todos os momentos da minha
vida.
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 18
1.2. OBJETIVOS ........................................................................................... 21
1.2.1. Objetivo geral ...................................................................................... 21
1.2.2. Objetivos específicos ........................................................................... 21
2. REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................... 22
2.1. Nanopartículas magnéticas .................................................................... 22
2.2. Introdução ao magnetismo ..................................................................... 23
2.2.1. Comportamento magnético ................................................................. 26
2.2.1.1. Anisotropia magnética ...................................................................... 29
2.2.1.2. Domínios magnéticos ....................................................................... 31
2.3. Estrutura espinélio .................................................................................. 32
2.4. Ferritas ................................................................................................... 33
2.4.1. Microestrutura das ferritas ................................................................... 36
2.5. Ferrita de magnésio ............................................................................... 36
2.6. Ferrita de níquel ..................................................................................... 38
2.7. Ferrita de cobre ...................................................................................... 39
2.8. Métodos de preparação das ferritas ....................................................... 40
2.8.1. Método de combustão ......................................................................... 40
2.8.1.1. Método de combustão assistido por micro-ondas ............................ 43
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ........................................................... 45
3.1. Nomenclatura do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75
e 1) ................................................................................................................ 45
3.2. Materiais de partida ................................................................................ 46
3.3. Síntese dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1)
....................................................................................................................... 46
3.4. Caracterização dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50;
0,75 e 1) ........................................................................................................ 49
3.4.1. Análise termogravimétrica (ATG) ........................................................ 49
3.4.2. Difração de raios X (DRX) ................................................................... 49
3.4.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................ 50
3.4.4. Medidas magnéticas – Magnetômetro de amostra vibrante (MAV) ..... 50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 52
4.1. Análise termogravimétrica (ATG) ........................................................... 52
4.2. Difração de raios X (DRX) ...................................................................... 61
4.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................... 73
4.4. Propriedades magnéticas (MAV) ............................................................ 80
5. CONCLUSÕES ......................................................................................... 92
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 94
RESUMO
A ferrita de magnésio (MgFe2O4) e seus compostos dopados tem recebido
especial atenção devido a sua vasta área de utilização, que inclui aplicações
em mídia de alta gravação, catálise heterogênea, adsorção, sensores e
tecnologias magnéticas. Suas propriedades estruturais, elétricas e magnéticas
dependem da composição química, estrutura, tamanho de partículas, além da
substituição de cátions nos sítios A e/ou B, as quais são diretamente
influenciados pelo método de síntese, as condições empregadas no
processamento desses materiais. Neste trabalho, ferritas do tipo Mg1-xBxFe2O4
(B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) foram preparadas pelo método de
combustão assistido por micro-ondas com a finalidade de avaliar tanto o efeito
da substituição parcial do Mg2+ por Ni2+ e/ou Cu2+ quanto o tratamento térmico
sobre as propriedades magnéticas. Os pós precursores foram tratados nas
temperaturas de 600°C, 800°C e 1000°C com o patamar de 2h e
caracterizados por Análise Termogravimétrica (ATG), Difração de Raios X
(DRX) e Refinamento pelo método Rietveld, Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) e medidas de histerese magnéticas realizadas à temperatura
ambiente. De acordo com as curvas TG dos pós precursores, um
comportamento semelhante foi observado para ambos os sistemas, onde o
processo de perda total de massa aconteceu em duas etapas e na faixa de
temperatura entre 30 e 500°C para o sistema Mg1-xNixFe2O4 (x= 0; 0,25; 0,50 e
0,75) e entre 30 e 450°C para o sistema Mg1-xCuxFe2O4 (x= 0; 0,25; 0,50 e
0,75). Os difratogramas de raios X revelaram a formação da fase espinélio
MgFe2O4 (ICSD 76176) de simetria cúbica, e de fases secundárias, como α-
Fe2O3 (ICSD 88418), NiO (ICSD 9866) e CuO (ICSD 87125), para os sistemas
estudados. Em relação às curvas de histerese, verificou-se uma dependência
da magnetização em função do teor de dopante e da temperatura de
tratamento térmico adotada. Para as amostras Mg0,25Ni0,75Fe2O4 e
Mg0,75Cu0,25Fe2O4, tratadas a 1000°C, apresentaram os maiores valores de
magnetização de saturação, 41,9 emu/g e 35,76 emu/g, respectivamente.
Palavras chave: Ferritas; Método de Combustão; Medidas Magnéticas;
Espinélio;
ABSTRACT
The magnesium ferrite (MgFe2O4) and their doped compounds has received
special attention due to its wide area of use, including applications in high
recording media, heterogeneous catalysis, adsorption, sensors and magnetic
technologies. Its structural, electrical and magnetic properties depend on the
chemical composition, structure, particle size, and the replacement of cations in
the sites A and/or B, which are directly influenced by the synthesis method, the
conditions employed in processing these materials. In this work, ferrites of the
type Mg1-xBxFe2O4 (B = Ni, Cu; x = 0, 0.25, 0.50, 0.75 and 1) were prepared by
combustion method assisted by microwave in order to evaluate both the effect
of partial substitution of Mg2+ for Ni2+ and/or Cu2+ as thermal treatment on the
magnetic properties. Precursor powders were treated at the temperatures of
600 °C, 800 °C and 1000 °C with 2h level and characterized by
Thermogravimetric Analysis (TGA), X-Ray Diffraction (XRD) and refinement by
the Rietveld method, Scanning Electron Microscopy (SEM) and magnetic
hysteresis measurements at room temperature. According to the TG curves of
the precursor powders, a similar behavior was observed for both systems where
the total mass loss process occurred in two stages and in the temperature
range between 30 and 500 °C for Mg1-xNixFe2O4 system (x = 0, 0.25, 0.50 and
0.75) and between 30 and 450 °C for Mg1-xCuxFe2O4 system (x = 0, 0.25, 0.50
and 0.75). The X-ray diffraction revealed the formation of the spinel phase
MgFe2O4 (ICSD 76176) of cubic symmetry, and secondary phases such as α-
Fe2O3 (ICSD 88418), NiO (ICSD 9866) and CuO (ICSD 87125), for the studied
systems. Regarding the hysteresis curves, there was a dependence of the
magnetization as a function of the dopant content and the heat treatment
temperature adopted. For Mg0,25Ni0,75Fe2O4 Mg0,75Cu0,25Fe2O4 and samples
treated at 1000 °C showed the highest saturation magnetization values of 41.9
emu/g and 35.76 emu/g, respectively.
Keywords: Ferrite; Combustion method; Magnetic measurements; spinel;
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ATG – Análise Termogravimétrica
B – Indução magnética
CTGAS-ER – Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis
DRX – Difração de raios X
H – Campo Magnético
Hc – Campo Coercivo
ICSD – Do inglês: Inorganic Crystal Structure Database
LAPFIMC – Laboratório de Propriedades Físicas dos Materiais Cerâmicos
LMCME – Laboratório de Materiais Cerâmicos e Metais Especiais
M - Magnetização
m – Momento Magnético Total
MAUD – Do inglês: Materials Analysis using diffraction
MAV – Magnetômetro de Amostra Vibrante
ml – Número quântico magnético do elétron
Mr – Magnetização remanente
Ms – Magnetização de saturação
MS-DOS – Microsoft Disk Operating System
V – Volume
δ – Grau de inversão
μ – Permeabilidade magnética
μ0 – Permeabilidade no vácuo
μB – Magnéton de Bohr
ᵡ – Susceptibilidade magnética
PPMS – Sistema para Medidas de Propriedades Físicas
EDTA – Ethylene Diamine Tetraacetic Acid (ácido etilenodiamino tetra-acético)
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Representação dos movimentos do elétron (a) movimento orbital ao
redor do núcleo e (b) movimento de spin em torno do próprio eixo ............... 24
Figura 2 – Representação dos tipos de comportamentos magnéticos
encontrados nos materiais ............................................................................. 28
Figura 3 – Representação do ciclo de histerese ............................................ 30
Figura 4 – Representação da estrutura espinélio ........................................... 32
Figura 5 – Representação dos orbitais “p” e “d” envolvidos nas interações de
supertroca ...................................................................................................... 35
Figura 6 – Fluxograma das etapas para obtenção dos sistemas Mg1-xBxFe2O4
(B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) através do método de combustão
assistido por micro-ondas ............................................................................... 48
Figura 7 – Magnetômetro de amostra vibrante Lakeshore modelo EM4-HVA .51
Figura 8 – Curva TG do pó precursor MF preparado pelo método de combustão
assistido por micro-ondas ............................................................................... 53
Figura 9 – Curva TG do pó precursor MFN25 preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 54
Figura 10 – Curva TG do pó precursor MFN50 preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 54
Figura 11 – Curva TG do pó precursor MFN75 preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 55
Figura 12 – Curva TG do pó precursor NF preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 55
Figura 13 – Curvas TG dos pós precursores MF, MFN25, MFN50, MFN75 e NF
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................. 56
Figura 14 – Curva TG do pó precursor MFC25 preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 58
Figura 15 – Curva TG do pó precursor MFC50 preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 58
Figura 16 – Curva TG do pó precursor MFC75 preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 59
Figura 17 – Curva TG do pó precursor CF preparado pelo método de
combustão assistido por micro-ondas ............................................................ 59
Figura 18 – Curvas TG dos pós precursores MF, MFC25, MFC50, MFC75 e CF
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................. 60
Figura 19 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤
1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
600°C por 2h .................................................................................................. 62
Figura 20 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤
1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
800°C por 2h .................................................................................................. 65
Figura 21 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤
1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
1000°C por 2h ................................................................................................ 67
Figura 22 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤
1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
600°C por 2h .................................................................................................. 69
Figura 23 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤
1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
800°C por 2h .................................................................................................. 71
Figura 24 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x
≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado
a 1000°C por 2h .............................................................................................. 72
Figura 25 – Micrografia da amostra MF preparada pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h ...................................... 74
Figura 26 – Micrografia da amostra MF preparada pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................................... 74
Figura 27 – Micrografia da amostra NF preparada pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h ...................................... 75
Figura 28 – Micrografia da amostra NF preparada pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................................... 75
Figura 29 – Micrografia da amostra CF preparada pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h ...................................... 76
Figura 30 – Micrografia da amostra CF preparada pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................................... 76
Figura 31 – Micrografia da amostra MFN25 preparada pelo método de
combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h .................... 77
Figura 32 – Micrografia da amostra MFC25 preparada pelo método de
combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h .................... 77
Figura 33 – Micrografia da amostra MFN75 preparada pelo método de
combustão assistido por micro-ondas e tratada a 800°C por 2h .................... 78
Figura 34 – Micrografia da amostra MFN75 preparada pelo método de
combustão assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................. 78
Figura 35 – Micrografia da amostra MFC75 preparada pelo método de
combustão assistido por micro-ondas e tratada a 800°C por 2h .................... 79
Figura 36 – Micrografia da amostra MFC75 preparada pelo método de
combustão assistido por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h .................. 79
Figura 37 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
600°C por 2h .................................................................................................. 81
Figura 38 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pela reação assistida por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h . 81
Figura 39 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pela reação assistida por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h
........................................................................................................................ 82
Figura 40 – Curvas de histerese da composição MgFe2O4 tratada em diferentes
temperaturas .................................................................................................. 83
Figura 41 – Curvas de histerese da composição Mg0,75Ni0,25Fe2O4 tratada em
diferentes temperaturas ................................................................................. 83
Figura 42 – Curvas de histerese da composição Mg0,50Ni0,50Fe2O4 tratada em
diferentes temperaturas ................................................................................. 84
Figura 43 – Curvas de histerese da composição Mg0,25Ni0,75Fe2O4 tratada em
diferentes temperaturas ................................................................................. 84
Figura 44 – Curvas de histerese da composição NiFe2O4 tratada em diferentes
temperaturas .................................................................................................. 85
Figura 45 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
600°C por 2h .................................................................................................. 87
Figura 46 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
800°C por 2h .................................................................................................. 87
Figura 47 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
1000°C por 2h ................................................................................................ 88
Figura 48 – Curvas de histerese da composição Mg0,75Cu0,25Fe2O4 em
diferentes temperaturas ................................................................................. 89
Figura 49 – Curvas de histerese da composição Mg0,5Cu0,5Fe2O4 em diferentes
temperaturas .................................................................................................. 89
Figura 50 – Curvas de histerese da composição Mg0,25Cu0,75Fe2O4 em
diferentes temperaturas ................................................................................. 90
Figura 51 – Curvas de histerese da composição CuFe2O4 em diferentes
temperaturas .................................................................................................. 90
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição e ocupação do número de cátions nos sítios na
estrutura cristalina do espinélio ...................................................................... 33
Tabela 2 – Nomenclatura do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25;
0,50; 0,75 e 1) ............................................................................................... 45
Tabela 3 – Reagentes utilizados na síntese das ferritas ................................ 46
Tabela 4 – Dados percentuais da decomposição térmica dos pós precursores
do sistema Mg1-xNixFe2O4 preparado pelo método de combustão assistido por
micro-ondas ................................................................................................... 56
Tabela 5 – Dados percentuais da decomposição térmica dos pós precursores
do sistema Mg1-xCuxFe2O4 preparado pelo método de combustão assistido por
micro-ondas ................................................................................................... 60
Tabela 6 – Valores de 2θ do pico principal do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
600°C por 2h. ................................................................................................. 63
Tabela 7 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema
Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratado a 600°C ...................................................................... 64
Tabela 8 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema
Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pela reação de combustão assistida por
micro-ondas e tratado a 800°C ...................................................................... 66
Tabela 9 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema
Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h ........................................................ 68
Tabela 10 – Valores de 2θ do pico principal do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤
1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a
600°C por 2h ................................................................................................. 70
Tabela 11 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema
Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratado a 600°C ...................................................................... 70
Tabela 12 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema
Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratado a 800°C ...................................................................... 72
Tabela 13 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema
Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido
por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h .................................................. 73
Tabela 14 – Parâmetros magnéticos do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................ 86
Tabela 15 – Parâmetros magnéticos do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas ................ 91
18
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
1. INTRODUÇÃO
Recentemente, a síntese e aplicação de nanopartículas magnéticas têm
sido alvo de intensa investigação devido às suas propriedades únicas que as
tornam bastante atraentes, no campo científico e tecnológico, o qual envolve a
física e a química do estado sólido apresentando uma grande relevância de
aplicabilidade nas tecnologias modernas em diversas áreas da ciência (MISRA
et al., 2004; MATHEW & JUANG, 2007).
As propriedades físicas e químicas dos nanomateriais tendem a ser
excepcionalmente dependentes do seu tamanho de cristalitos, morfologia das
partículas e microestrutura do cristal. Como resultado, os pesquisadores estão
concentrando seus esforços no desenvolvimento de métodos simples e
eficazes para a produção desses materiais com tamanho e morfologia
controlados e, consequentemente adequando as suas propriedades (MATHEW
& JUANG, 2007).
O estudo de nanopartículas magnéticas oferece uma compreensão das
propriedades fundamentais como o tunelamento quântico de magnetização,
reversões de spin em partículas de domínio único, e os efeitos quânticos de
tamanho (MISRA et al., 2004).
Nesse sentido, espinélios magnéticos em combinação com vários tipos
de sistemas binários e ternários têm sido amplamente investigados por
possuírem potenciais aplicações nas áreas de magnetismo, eletrônica, catálise
e biomedicina (TADI et al., 2010).
As nanoferritas têm demonstrado um crescente interesse nos últimos
anos, devido às suas propriedades eletromagnéticas específicas. As ferritas
com estrutura espinélio são atualmente usadas como materiais essenciais para
os avanços em dispositivos de armazenamento de informação e tecnologia
ferro-fluido (ALI et al., 2014). O comportamento magnético das ferritas é
fortemente influenciado quando o tamanho de partícula é da ordem de
grandeza do domínio magnético (MISRA et al., 2004).
19
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
A ferrita de magnésio MgFe2O4 é uma das cerâmicas mais importantes
da classe das ferritas por apresentar grande relevância de aplicabilidade em
vários campos de atuação. Diversos trabalhos relatam que as ferritas de
estrutura espinélio são bastante utilizadas em materiais fundamentais de
dispositivos de armazenamento de informações, distribuidores de energia de
corrente alternada, gravação magnética e sensores magnéticos (KHAN et al.,
2012), na terapia de hipertermia magnética (BARATI; SELOMULYA; SUZUKI,
2014), sensores de gás (LIU et al., 2005), sensores de umidade (TRAVERSA et
al., 1996), pigmentos cerâmicos (CANDEIA et al., 2006), células à combustíveis
(OKAWA et al., 2004), catalisadores (JIA et al., 2010; YUAN et al., 2015), entre
outras.
Muitos esforços têm sido feitos para melhorar as propriedades das
ferritas substituindo vários cátions com diferentes estados de valência. A
substituição por metais de transição e terras raras têm atraído atenção
considerável no campo das aplicações tecnológicas (KHAN et al., 2012). O
vasto campo de atuação das ferritas de magnésio é relacionado com a
variedade de cátions de metais de transição que pode ser incorporado na
estrutura espinélio da ferrita de magnésio pura. A origem das propriedades
magnéticas destes materiais deve-se ao momento magnético de spin dos
elétrons 3d desemparelhados do elemento de transição pela interação de
super-troca através dos íons oxigênio. As propriedades magnéticas, como a
magnetização de saturação são fortemente dependentes da distribuição de
cátions, método de síntese, composição metálica, tipo de dopantes, tratamento
térmico (temperatura, atmosfera, tempo), tamanho de cristalitos entre outros,
no qual todos esses fatores podem estar relacionados com a forma e
microestrutura do material (ALI et al., 2014). A influência da substituição de
íons metálicos como Zinco (PUCHE et al., 2008), Cádmio (KAUR; RANA &
TARSIKKA, 2012), Cobalto (ALI et al., 2014), Níquel (MELO et al., 2015),
Alumínio (BATOO et al., 2009), Cobre (RAMESH et al., 2015) (DRUC et al.,
2013), Cromo (IQBAL et al., 2012) e Germânio (ABU-ELSAAD, 2014) em
diversas propriedades estruturais, magnéticas, elétricas e dielétricas de
MgFe2O4 foram relatados na literatura.
20
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
O comportamento magnético macio nas ferritas é devido a troca de
interações entre os cátions em sítios tetraédricos e octaédricos nos espinélios
(MATHEW & JUANG, 2007 apud TADI et al., 2010).
De acordo com trabalhos anteriores sobre MgFe2O4, os íons não-
magnéticos de magnésio e os íons magnéticos de ferro ocupam os sítios
tetraédricos e octaédricos, mediados por íons de oxigênio. Esta caracteristica
dos espinélios possibilita modificar as propriedades magnéticas substituindo os
sítios, através da escolha de cátions o qual pode conduzir ao desenvolvimento
de várias classes de materiais magnéticos. É conhecido que o níquel pode
influenciar as propriedades magnéticas de diversos materiais, como exemplo, a
magnetização do ferro é significativamente aumentada através da adição de
níquel (O’HANDLEY, 2000). Segundo Tadi et al., (2010), as propriedades
magnéticas moles da ferrita de magnésio pode ser melhorada por intermédio
da substituição de níquel, o que pode levar ao desenvolvimento de novos
materiais multiferróicos.
Diante deste contexto, esta tese tem por finalidade descrever a síntese,
a caracterização e o estudo das propriedades magnéticas de ferritas de
magnésio do tipo Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) obtidos
pelo método de combustão assistido por micro-ondas, assim como o efeito do
tratamento térmico empregado sobre as propriedades estruturais e magnéticas
destes sistemas.
21
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1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo principal a preparação de ferritas
de estrutura espinélio do tipo Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50; 0,75 e
1) pelo método de combustão assistido por micro-ondas para posterior estudo
de suas propriedades magnéticas e estruturais.
1.2.2. Objetivos específicos
Sintetizar as ferritas do tipo Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x= 0; 0,25; 0,50;
0,75 e 1) através do método de combustão assistido por micro-ondas,
utilizando os nitratos metálicos como precursores e a ureia como
combustível;
Avaliar o efeito da substituição parcial e total dos íons Mg2+ por íons Ni2+
e Cu2+, assim como o tratamento térmico sobre as propriedades estruturais
e magnéticas dos sistemas preparados.
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2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Nanopartículas magnéticas
Nas últimas décadas, a síntese de materiais cerâmicos magnéticos em
nanoescala tem sido intensivamente estudada devido às novas propriedades
mesoscópicas demonstradas por partículas de dimensões quânticas
localizadas na região de transição entre átomos e sólidos na forma de “bulk”.
Efeitos quânticos de tamanho e a grande área de superfície das nanopartículas
magnéticas mudam drasticamente algumas de suas propriedades magnéticas,
como a exibição de fenômenos superparamagnéticos e o encapsulamento do
quantum de magnetização uma vez que cada partícula pode ser considerada
como um único domínio magnético (MATHEW & JUANG, 2007).
A descoberta de novos materiais magnéticos desempenha um papel
fundamental na tecnologia moderna, pois estes possuem um grande número
de aplicações em produtos e processos industriais nos mais variados setores
(REZENDE, 1998). A pesquisa em magnetismo evoluiu no intuito de
desenvolver materiais com considerável diminuição de peso e tamanho, além
do aumento na eficiência. As nanopartículas têm despertado interesse nos
últimos anos, devido às suas propriedades químicas e físicas únicas, bem
como por seu grande potencial em aplicações tecnológicas, industriais,
ambientais, biológicas e médicas. Esse fato é devido às mudanças sofridas nas
propriedades magnéticas e físicas dos materiais, quando as dimensões típicas
das estruturas envolvidas são da ordem de nanômetros. Dessa forma, novas
propriedades com importantes aplicações tecnológicas surgem nesses
materiais (KNOBEL, 2005).
A fabricação de estruturas magnéticas artificiais destaca-se na área de
magnetismo, tais como em filmes finos, multicamadas e nanoestruturas,
levando ao surgimento de novas áreas de pesquisa, o qual pode-se citar os
fenômenos de magnetorresistência gigante, acoplamento entre camadas
magnéticas separadas por camadas não magnéticas, efeitos uni e
bidimensionais, entre outras.
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2.2. Introdução ao magnetismo
Um dos campos mais promissores da física da matéria condensada é o
estudo do magnetismo. As pesquisas sobre materiais magnéticos estão cada
vez mais intensas, com grandes avanços nas últimas décadas, o que vem
atraindo a atenção de físicos teóricos e experimentais (REZENDE, 1998). O
primeiro material magnético permanente descoberto foi um mineral de
magnetita, essencialmente uma ferrita de ferro de fórmula FeFe2O4, isto é, um
material ferrimagnético com estrutura do tipo espinélio.
Os materiais na natureza são formados a partir dos elementos químicos
que se encontram distribuídos na tabela periódica. Cada elemento químico é
único sendo composto de um núcleo constituído por prótons e nêutrons, que
está envolto por camadas de elétrons, onde apenas os prótons e os elétrons
possuem cargas elétricas. Pode-se dizer que o magnetismo é uma propriedade
cuja natureza é de origem elétrica, estando relacionado com uma carga em
movimento. Seus princípios e mecanismos básicos são complexos, contudo,
sua origem encontra-se na estrutura eletrônica dos átomos (CULLITY;
GRAHAM, 2009; LIMA, 2010).
A propriedade magnética de um material pode ser definida como sua
capacidade de atrair ou repelir outros materiais. Em termos da física clássica, a
origem dos momentos magnéticos pode ser explicada através de dois
momentos eletrônicos associados ao elétron, o momento orbital, em torno do
núcleo do átomo, e o momento de spin, ao redor do seu próprio eixo
(CALLISTER, 2012), conforme ilustrado na Figura 1, a seguir.
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Figura 1 – Representação dos movimentos do elétron (a) movimento orbital ao redor do
núcleo e (b) movimento de spin em torno do próprio eixo.
(a) (b)
Fonte: GOMES, 2009.
Nos átomos, os elétrons estão em movimento e este movimento cria um
momento magnético, que é denominado de magnéton de Bohr (µB) e sua
magnitude é de 9,27 x 10-24 A.m2. O momento magnético de spin para cada
elétron em um átomo é de ± µB (sinal positivo – spin ↑ e negativo – spin ↓),
sendo a contribuição do momento magnético orbital igual a mlµB, onde ml
representa o número quântico magnético do elétron (CALLISTER, 2012).
As propriedades magnéticas dos materiais são determinadas pelas
interações que ocorrem entre um campo magnético externo e os momentos de
dipolo magnéticos dos átomos constituintes. O momento magnético global de
um átomo é o resultado do somatório das contribuições dos momentos
magnéticos de cada um dos elétrons, incluindo o cancelamento dos momentos
de spin e orbital dos pares eletrônicos.
O momento magnético resultante será nulo caso os dois elétrons
encontram-se emparelhados no mesmo orbital, pois como consequência da
regra de Hund, estes elétrons deverão ter spins invertidos. Dessa forma, serão
contabilizados apenas os elétrons desemparelhados para o cálculo do
momento magnético. Assim, materiais formados por átomos que possuem
camadas eletrônicas totalmente preenchidas não são capazes de serem
magnetizados permanentemente (CALLISTER, 2012).
25
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Geralmente, três grandezas físicas são descritas na área de
propriedades magnéticas, são elas: a indução magnética (B), o campo
magnético (H) e a magnetização (M). A indução magnética é o campo
proveniente da própria magnetização do material e do campo externo aplicado.
A relação entre eles é dada através da equação 1 (CULLITY; GRAHAM, 2009;
LIMA, 2010).
B = µ0 (H + M) (Equação 1)
Em que, µ0 representa a permeabilidade magnética no vácuo.
A magnetização, M, pode ser definida pela relação [M = m/V = nµb/V],
onde m é o momento magnético total, que corresponde ao número total de
átomos n que possuem elétrons desemparelhados multiplicado pelo momento
magnético elementar, µB (magnéton de Bohr), dividido pelo volume, V que ele
ocupa (CULLITY; GRAHAM, 2009; JILES, 1991; LIMA, 2010).
Os materiais também podem ser descritos através de outras importantes
propriedades como a susceptibilidade (ᵡ) e a permeabilidade magnética (µ),
conforme descrito nas equações 2 e 3. A susceptibilidade magnética é a
medida da efetividade com que um campo magnético externo induz o dipolo
magnético no material. Já a permeabilidade magnética é definida como a razão
entre a indução magnética e a intensidade do campo magnético (CULLITY;
GRAHAM, 2009; LIMA, 2010).
ᵡ = M/H (Equação 2)
µ = B/H (Equação 3)
Onde ᵡ, é a susceptibilidade e µ, a permeabilidade magnética.
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2.2.1. Comportamento magnético
Os materiais, em sua grande maioria, exibem magnetismo reduzido e,
somente quando estão na presença de um campo magnético externo pode-se
classificá-los quanto aos tipos de interação e alinhamento entre os seus
momentos de dipolos magnéticos. Assim, diante da resposta que apresentam
quando submetidos à aplicação de um campo magnético externo, os materiais
são classificados em cinco tipos principais: diamagnéticos, paramagnéticos,
ferromagnéticos, ferrimagnéticos e antiferromagnéticos (JILES, 1991;
MATHEW & JUANG, 2007; CULLITY; GRAHAM, 2009).
Os Diamagnéticos são materiais cujos átomos possuem camadas
eletrônicas completas nos quais os momentos magnéticos estão emparelhados
e se cancelam, não apresentando magnetização resultante. Quando na
presença de um campo magnético externo, eles são fracamente magnetizados
no sentido oposto do campo magnético aplicado. Isto se deve ao surgimento de
pequenas correntes localizadas no interior do material criando seu próprio
campo magnético em oposição ao campo magnético aplicado. Dessa forma,
apresentam valores reduzidos e negativos de susceptibilidade magnética.
Exemplos: Alguns metais como Prata (Ag), Mercúrio (Hg), Bismuto (Bi), Ouro
(Au); a maioria dos não metais (Boro (B), Silício (Si) e Fósforo (P)); gases
nobres; muitos íons (Na+, Cl- e seus sais; moléculas diatômicas H2, N2); água e
grande parte dos compostos orgânicos (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM,
2009; LIMA, 2010).
Os materiais Paramagnéticos são materiais cujos átomos possuem
momentos magnéticos intrínsecos que não interagem entre si. Os momentos
magnéticos encontram-se orientados aleatoriamente não havendo uma
magnetização macroscópica global. Porém, a aplicação de um campo
magnético externo provoca o alinhamento dos dipolos na direção do campo e
sua intensidade de magnetização é proporcional ao mesmo. Esses compostos
apresentam valores reduzidos e positivos de susceptibilidade magnética.
Exemplos: alguns metais (Cromo (Cr), Manganês (Mn) e Alumínio (Al)); alguns
gases diatômicos (O2, NO); íons de metais de transição e metais; sais e óxidos
de terras raras (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010).
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Os Ferromagnéticos são os materiais que possuem momentos de
dipolos magnéticos permanentes que interagem entre si causando alinhamento
paralelo. Ou seja, apresentam magnetização espontânea na ausência de
campo externo. Quando estão sob a influência de um campo externo, seus
momentos de dipolos magnéticos se alinham na direção e sentindo do campo,
podendo seguir orientados mesmo com a sua retirada. Um material
ferromagnético atinge a máxima magnetização chamada de magnetização de
saturação (Ms), quando todos os dipolos magnéticos estão alinhados com o
campo magnético aplicado. Acima de uma temperatura crítica denominada de
temperatura de Curie (Tc), este alinhamento é destruído e o material comporta-
se como paramagnético. Estes materiais apresentam valores altos e positivos
de susceptibilidade magnética. Exemplos: metais de transição (Fe, Co e Ni);
terras raras (Gadolínio (Gd), Térbio (Tb), Disprósio (Dy), Hólmio (Ho), Érbio (Er)
e Tm); ligas de elementos ferromagnéticos e algumas ligas de Mn (MnBi)
(JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010).
Os Antiferromagnéticos esses materiais têm momentos de dipolos
magnéticos alinhados em sentido antiparalelo, levando a uma magnetização
nula. Quando são expostos a um campo magnético externo, os momentos se
orientam na direção do campo. Acima da temperatura crítica, chamada de
temperatura de Néel (TN), o alinhamento antiparalelo desaparece e o material
passa a comporta-se como materiais paramagnéticos. Neste caso, os materiais
possuem valores pequenos e positivos de susceptibilidade magnética.
Exemplos: compostos de metais de transição (MnO, FeO, CoO, NiO, MnS,
CuCl2) (JILES, 1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). No entanto,
alguns materiais antiferromagnéticos comportam-se de maneira diferente,
apresentando uma pequena magnetização resultante, fazendo com que deixem
de ser totalmente antiferromagnéticos e passem a exibir um ferromagnetismo
fraco. Tal fenômeno pode ser explicado em função da interação de troca
Dzialoshinskii-Moriya, na qual ocorre a formação de um pequeno campo
molecular devido a uma inclinação dos spins (spin canting) que compõe a rede
cristalina do material, resultando uma magnetização não nula. Alguns óxidos
perovskitas e a hematita (α-Fe2O3) são exemplos de materiais que comportam-
se como ferromagnetos fracos.
28
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A hematita é um óxido com acoplamento antiferromagnético por toda a
sua estrutura romboédrica em baixas temperaturas. A -8°C, verifca-se que este
apresenta uma transição magnética denominada de transição Morin (TM).
Nesta temperatura, o material passa a ter um ordenamento ferromagnético
fraco devido ao “spin canting” resultante da interação de troca Dzialoshinskii-
Moriya, conforme discutido anteriormente. Entretanto, uma dependência da
temperatura de TM com o tamanho de partículas é verificada, onde esta se
desloca para temperaturas maiores quando o tamanho da partícula aumenta.
Para partículas muito pequenas (≤ 20 nm), a transição desaparece (MORRISH,
1994; BENGOA et al., 2010; LIMA, 2010).
Os Ferrimagnéticos são aqueles materiais que apresentam um
alinhamento semelhante aos antiferromagnéticos, porém com momentos de
dipolos magnéticos de magnitudes diferentes, fazendo com que possuam uma
pequena magnetização espontânea. Esses materiais possuem valores
elevados e positivos de susceptibilidade magnética. A magnetita (Fe3O4) e as
ferritas M2+O.Fe2O3 (M= Fe, Ni, Co, Cu, Mn, Mg) são alguns exemplos (JILES,
1991; CULLITY; GRAHAM, 2009; LIMA, 2010). Na Figura 2 a seguir, são
ilustrados os diferentes tipos de comportamentos magnéticos encontrados nos
materiais com suas orientações de dipolo magnéticos.
Figura 2 – Representação dos tipos de comportamentos magnéticos encontrados nos materiais
.
Fonte: Adaptado de MATHEW & JUANG, 2007.
29
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Os materiais magnéticos também são classificados de acordo com sua
resposta ao processo de magnetização e desmagnetização, esta classificação
leva em consideração a dureza magnética e pode ser obtida através das
leituras de curvas de magnetização versus o campo magnético. Esta
propriedade está relacionada com a anisotropia cristalina que, quando sob a
ação de um campo, o sistema magnético tende a mover as paredes dos
domínios, fazendo com que a região em que o momento magnético está
alinhado com o campo aumente. Para campos fracos, este processo é
reversível, porém se este campo for forte, o suficiente, o processo torna-se
irreversível, impedindo que o sistema volte a configuração original depois da
retirada do campo. Este fenômeno é conhecido como histerese, que é a
tendência do material ou sistema de conservar as propriedades magnéticas
adquiridas, na ausência do campo que as gerou (ASHCROFT & MERMIN,
2011; COSTA, 2012).
Em um material magnético duro, ao iniciar a magnetização, o
comportamento típico é ilustrado através do seguimento de curva O→A,
apresentado na Figura 3 abaixo, entretanto, se o campo H for diminuído, a
partir de A, a curva não volta pelo mesmo caminho (A→O), ela desce mais
lentamente descrevendo o segmento A→C. No ponto C em que H=0 e M≠0, o
material permanece magnetizado, mesmo com a ausência de campo externo, o
valor de M neste ponto chama-se Magnetização de residual ou remanência.
Em seguida inverte-se o sentido do campo H, e a curva de magnetização
descreve o trajeto C→D. No ponto D, M=0 e H≠0, o valor do módulo de H,
neste ponto, é chamado de campo coercivo. Para valores de H<0, mas com o
módulo H crescente, M volta a região de saturação, no ponto E. Os pontos A e
E são conhecidos como regiões de saturação, ou seja, a partir deles não
importa os valores de campo, a magnetização será a mesma, esses valores
são denominados de magnetização de saturação. Porém, a partir de E, este
ciclo é repetido e a magnetização segue o caminho E→F→ G→A. Para
materiais considerados magnéticos macios, a distância entre D e G é muito
menor, podendo aparentar uma curva unívoca em forma de “S”
(NUSSENZVEIG, 1997).
30
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Figura 3 – Representação do ciclo de histerese.
Fonte: NUSSENZVEIG,1997.
2.2.1.1. Anisotropia magnética
A anisotropia magnética é uma propriedade de certos materiais que
induz determinadas direções preferenciais para a magnetização espontânea.
Deste fenômeno decorre a existência de direções de fácil e difícil
magnetização, que são respectivamente chamadas de direções, ou eixos, de
fáceis e duros. Da anisotropia, fluem diversos comportamentos que levam a
desafios do ponto de vista básico e novas aplicações do ponto de vista
tecnológico. A origem deste fenômeno vem de diversos fatores, tais como a
forma do material, estrutura cristalina, defeitos de superfície, agentes físicos
externos (tensão, tratamento térmico e irradiação iônica), entre outros
(SCHÄFER, 2010).
31
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2.2.1.2. Domínios magnéticos
O conceito de domínios foi originalmente introduzido por P. Weiss para
explicar o porquê dos materiais magnéticos poderem estar desmagnetizados
enquanto continuam tendo, localmente, uma magnetização espontânea não
nula. Este conceito é bastante útil para uma ampla variedade de materiais
magnéticos. Dentro de um domínio, a magnetização é paralela a uma das
direções preferenciais, as quais são determinadas pela energia de anisotropia
magnética do material. A transição de uma direção de magnetização para
outra, em domínios adjacentes, é contínua, ou seja, a parede de domínio tem
uma largura finita e, portanto, possui uma estrutura interna. Quando um campo
magnético é aplicado, os domínios com orientação da magnetização favorável
em relação ao campo aplicado tendem a crescer. Esse mecanismo tem um
papel importante no processo de magnetização de quase todos os materiais
(CARARA, 2001).
2.3. Estrutura espinélio
Os espinélios são uma importante classe de óxidos metálicos mistos
amplamente investigados devido as suas notáveis propriedades ópticas,
elétricas, magnéticas em comparação a outros materiais, são utilizados em
grande variedade de aplicações, que inclui na área de materiais refratários,
sensores de umidade, lasers de estado sólido, dispositivos eletrônicos
integrados, catálise como catalisador ou suporte catalítico, materiais de
enchimentos cerâmico, entre outras (PADMARAJ; VENKATESWARLU &
SATYANARAYANA, 2015).
Genericamente, a estrutura do tipo espinélio de fórmula química AB2O4 é
derivada do mineral MgAl2O4. Esse tipo de estrutura apresenta empacotamento
cúbico de face centrada (CFC) de íons oxigênio, em que os íons A2+ ocupam o
centro de um tetraedro e os íons B3+ ocupam o centro de um octaedro. Em
espinélios magnéticos, o íon divalente Mg2+ pode ser substituído por íons de
32
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manganês (Mn), níquel (Ni), cobre (Cu), cobalto (Co), ferro (Fe), zinco (Zn) ou
por alguma combinação destes íons, no caso do íon trivalente Al3+, geralmente
este é substituído por íons Fe3+ (NAKAGOMI, 2008; MEDEIROS, 2013). A
energia de estabilização do campo cristalino, a constante de Mandelung e o
tamanho do cátion são os principais fatores que decidem a estrutura do
sistema (SREEKUMAR et al., 2000). A representação da estrutura espinélio é
ilustrada na Figura 4, a seguir, onde os círculos vermelhos representam os íons
oxigênio, os sítios tetraédricos são representados pela cor amarela e os sítios
octaédricos aparecem na cor azul.
Figura 4 – Representação da estrutura espinélio.
Fonte: MOURA, 2008.
Esta estrutura cristalina é caracterizada pelo grupo espacial Fd3m, onde
cada célula unitária é constituída por 96 interstícios entre os ânions, sendo 64
interstícios tetraédricos e 32 interstícios octaédricos. Entretanto, somente 24
desses interstícios são ocupados por cátions na estrutura espinélio, sendo que
8 ocupam interstícios tetraédricos e 16 ocupam sítios octaédricos. Dessa forma
permanecem 56 sítios tetraédricos e 16 octaédricos vazios no espaço
33
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intersticial da estrutura (Tabela 1) que, conceitualmente, poderia conter um
cátion (SICKAFUS; WILLS & GRIMES, 1999; SREEKUMAR et al., 2000; TADI
et al., 2010; PADMARAJ; VENKATESWARLY; SATYANARAYANA, 2015). A
estrutura espinélio pode apresentar algum grau de inversão (δ) devido a alta
eletronegatividade do oxigênio, que promove ligações de forte caráter iônico
com os cátions divalentes e trivalentes, isso depende da distribuição iônica dos
cátions, sendo classificados como, espinélio normal, espinélio inverso e
espinélio parcialmente inverso ou intermediário.
Tabela 1 – Distribuição e ocupação do número de cátions nos sítios na estrutura cristalina do
espinélio.
Tipo de Sítio Número
Disponível
Número
Ocupado
Espinélio
Normal
Espinélio
Inverso
Espinélio
intermediário
Tetraédrico (A) 64 8 8M2+
8M3+
NM3+
e NM2+
Octaédrico [B] 32 16 16M3+
8M3+
e 8M2+
NM3+
e NM2+
N- número de íons de elemento metálico e M- elemento metálico.
Fonte: PERES, 2011.
Na estrutura do espinélio normal, os cátions divalentes estão nos sítios
tetraédricos “A” e os trivalentes estão nos sítios octaédricos “B”. Essa
distribuição pode ser representada como (A)[B2]O4, com os colchetes referindo-
se aos sítios octaédricos e os parênteses aos sítios tetraédricos. Para o
espinélio inverso, a distribuição dos cátions ocorre conforme um arranjo
inverso, (B)[AB]O4, onde os cátions divalentes e metade dos cátions trivalentes
estão nos sítios octaédricos e, a outra metade dos cátions trivalentes estão nos
sítios tetraédricos (POLETI et al., 1994). Para o espinélio intermediário ou
parcialmente inverso, os arranjos podem ser representados pela fórmula
(A1-xBx)[AxB2-x]O4, em que x é o grau de inversão (SUGIMOTO, 1980).
A distribuição dos cátions na rede é influenciada pelo método de síntese
empregado para obtenção desses materiais, além de ser altamente sensível ao
tratamento térmico (TAILHADES et al., 1998; REZLESCU et al., 2000; MOURA,
2008; GOMES FILHO, 2009). Além disso, o tipo e a quantidade do cátion
34
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
dopante geram alterações nas propriedades e características dos mesmos
(REZLESCU et al., 2000; GOMES FILHO, 2009).
Embora a ferrita de magnésio seja um material magnético, os íons Mg2+
não possuem natureza magnética, e o fenômeno de distribuição dos íons Mg2+
nos sítios depende da temperatura de síntese, desse modo as propriedades
magnéticas, como a magnetização de saturação e a temperatura de transição
variam de acordo com as condições de tratamento térmico empregadas
(ICHIYANAGI et al., 2007).
2.4. Ferritas
As ferritas têm conquistado posição de bastante destaque econômico e
de utilização na engenharia, dentro da família de materiais magnéticos, devido
suas excelentes propriedades físicas que incluem: altos valores de
resistividade, permeabilidade magnética, magnetização por saturação, baixas
perdas por correntes de Foucault e baixo custo. De forma geral, algumas de
suas aplicações são em equipamentos de telecomunicações, ímãs
permanentes, dispositivos eletrônicos e de micro-ondas, mídias de gravação
magnéticas usadas em computadores, cartões magnéticos, entre outras
(GABAL; ANGARI & ZAKI, 2014; HESSIEN; ZAKI & MOHSEN, 2011; ATEIA,
AHMED & GHOUNIEM, 2014).
A origem do magnetismo nas ferritas deve-se a presença de elétrons 3d
desemparelhados e distribuídos, em número não equivalentes, nos sítios
octaédricos e tetraédricos (NAKAGOMI, 2007). Portanto, as propriedades
magnéticas das ferritas dependem dos spins eletrônicos dos cátions e suas
interações. Nos metais, as interações de troca ocorrem entre átomos situados
em sítios vizinhos. Por outro lado, nas ferritas, os cátions não estão em contato
direto, pois tem sempre um átomo de oxigênio como vizinho mais próximo, de
forma que, as interações de troca nesses materiais ocorrem através dos
elétrons dos átomos de oxigênio e são por isso chamadas de interações de
supertroca. Essas alterações acontecem porque as funções de onda dos
orbitais “p” do oxigênio se sobrepõem às funções de onda dos orbitais 3d dos
35
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cátions, como é mostrado na Figura 5. Os dois elétrons da última camada do
oxigênio estão desemparelhados, polarizando os cátions adjacentes do metal
de transição que se acoplam antiparalelamente (O’HANDLEY, 2000;
RODRIGUES, 2013).
Figura 5 – Representação dos orbitais “p” e “d” envolvidos nas interações de supertroca.
Fonte: Próprio autor.
As ferritas constituem uma classe de materiais cerâmicos
ferrimagnéticos de alta relevância no desenvolvimento de tecnologias mais
avançadas em dispositivos eletroeletrônicos, constituída por uma mistura de
óxidos metálicos, onde 70% de sua composição são formadas por óxido de
ferro com estruturas cristalinas e composições químicas variadas.
As ferritas podem ser classificadas, dependendo da composição química
e do arranjo cristalográfico, em: granadas, ortoferritas, hexagonais e espinélio.
Dentre estas, a estrutura espinélio se destaca por sua mobilidade catiônica,
oferecendo diferentes propriedades para a mesma estequiometria
(HENDERSON et al., 2007; GOMES FILHO, 2009).
Entre a família das ferritas de estrutura espinélio, a magnesioferrita
(MgFe2O4) é um dos óxidos magnéticos mais importante e tem recebido uma
atenção especial por causa de sua vasta aplicação nas áreas de magnetismo,
36
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eletrônica, catálise heterogênea e adsorção e na tecnologia de sensores. Foi
demonstrado que este material pode ser utilizado no tratamento de tumores por
hipertermia magnética através da aplicação de campos magnéticos alternados.
2.4.1. Microestrutura das ferritas
As propriedades magnéticas das ferritas, tais como permeabilidade,
coercividade, perdas por histerese e corrente parasita, depedem fortemente de
sua microestrutura, ou seja, do contorno do grão, do seu tamanho médio e de
sua porosidade. A microestrutura pode ser controlada através da variação no
processamento, isto é, na preparação do pó, calcinação, moagem e condições
de sinterização (temperatura, tempo e atmosfera) e por introdução de dopantes
(SILVA et al., 2006).
O conhecimento da identificação e formação de fases, bem como a
presença de poros e de impurezas, é de grande importância para se entender e
melhorar as propriedades magnéticas das ferritas cerâmicas nas regiões dos
contornos de grãos. Essas regiões são de grande desordem atômica e de
segregação de impurezas. A mobilidade das paredes dos domínios magnéticos
sofre, nesta região, uma redução devido à ação de fixação desses contornos
de grãos. Quando os poros são pequenos e discretos eles são menos efetivos
nas regiões de contornos dos grãos. Poros pequenos e discretos dentro do
grão, apesar de serem indesejáveis, não são de todo prejudiciais ao movimento
dos domínios magnéticos.
2.5. Ferrita de magnésio
As ferritas de magnésio são materiais que cristalizam em uma estrutura
espinélio parcialmente inverso e apresentam alto potencial de aplicação na
tecnologia moderna. Suas propriedades magnéticas são influenciadas pela
distribuição dos íons metálicos entre os sítios A e B disponíveis (RANA &
37
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ABBAS, 2002). É um material magnético macio, semicondutor do tipo n que
apresenta boas propriedades de sensores de gás (CHEN et al., 2013;
KANAGESAN et al., 2013).
Na literatura, trabalhos recentes envolvendo o estudo das propriedades
magnéticas de ferritas produzidas por diferentes métodos são encontrados e
discutidos abaixo.
Pradeep, Priyadharsini e Chandrasekaran, (2008) prepararam a ferrita
de magnésio (MgFe2O4) através do método sol-gel a fim de estudar o efeito de
estruturas em nano-escala nas propriedades magnéticas e estruturais. De
acordo com os resultados de DRX, os autores observaram picos referentes a
formação da fase MgFe2O4 de estrutura espinélio com simetria cúbica. Em
relação as medidas magnéticas, as amostras mostraram um decréscimo no
valor de magnetização de saturação (21,89 emu/g) em comparação com a
ferrita de magnésio em forma de bulk (27 emu/g) como reportada por Smit &
Wijn, 1959 e Kulkarni & Joshi, 1986.
Ali et al., (2014ª), prepararam ferritas de magnésio do tipo
Mg1-xCaxNiyFe2-yO4, (x= 0; 0,2; 0,4 e 0.6; y= 0; 0,4; 0,8 e 1,2) usando o método
da microemulsão, com o intuito de estudar os efeitos nas propriedades
magnéticas e dielétricas das ferritas de magnésio dopadas com cálcio e níquel.
Os difratogramas dos materiais mostraram que a formação da fase única pode
ser conseguida através da substituição de íons Mg2+ por Ca2+ e Fe3+ por Ni2+,
não havendo mudança na estrutura do espinélio de simetria cúbica das
nanoferritas. Com base nos resultados obtidos, os autores concluíram que o
método de síntese foi eficaz na obtenção desses materiais. Além disso, eles
verificaram que a dopagem com (x=0,2 e y=0,4) proporcionou um aumento da
magnetização de saturação de 9,84 emu/g para 24,99 emu/g, e para as outras
dopagens, ocorreu uma diminuição na magnetização de saturação, enquanto
que a coercividade aumentou continuamente de 94 Oe para 153 Oe com o
aumento da concentração de dopantes.
Druc et al., (2013), estudaram os efeitos da substituição com cobre nas
ferritas de magnésio obtidas através do método sol-gel. Os autores observaram
que a inserção do cobre no sítio do magnésio ocasionou mudanças nos valores
38
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
das constantes dielétricas, onde aumentos da ordem de grandeza de até
19x10² foram obtidos para a composição x= 0,67, com diminuição na perda
dielétrica.
Ali et al., (2014b) investigaram a influência da inserção simultânea de
níquel e cobalto nas propriedades estruturais, magnéticas e dielétricas das
ferritas de magnésio obtidas pelo método da microemulsão. As análises de
DRX mostraram a formação do sistema Mg1-xNixCoyFe2-yO4, com tamanhos de
cristalito variando entre 15 e 26 nm. Com a substituição do magnésio pelo
níquel e do ferro pelo cobalto, verificou-se um aumento na coercividade e
magnetização de saturação. Valores insignificantes de constante dielétrica
foram observados, indicando que este material é excelente candidato para
dispositivos de micro-ondas e mídia de gravação.
2.6. Ferrita de níquel
A ferrita de níquel é um óxido de simetria cúbica ferrimagnético que
possui uma estrutura cristalina de espinélio inversa. O momento magnético da
NiFe2O4 deve-se exclusivamente aos momentos magnéticos não compensados
de oito íons Ni2+ distribuídos nos sítios octaédricos (SANTOS, 2002). Têm sido
largamente estudadas em decorrência de suas propriedades que incluem a
dureza mecânica, alta coercividade, moderada saturação de magnetização,
excelente estabilidade química e desempenho magnético, no qual estão
intimamente ligadas à composição química, microestrutura e tamanho de
cristalito, este último pode ser controlado através da metodologia de
preparação (NASERI et al., 2011; MEDEIROS, 2013).
Hoyo et al 2013, relatam a produção de ferrita de níquel obtidos pelo
método Pechini e sinterizados por micro-ondas. Os pós obtidos foram
calcinados e submetidos a analise de raios X, onde se verificou além da fase
cristalina ferrita níquel, além de traços da fase secundaria hematita (Fe2O3). Os
materiais obtidos foram sinterizados por micro-ondas e caracterizados por
Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Sistema para medidas de
propriedades físicas (PPMS), o tamanho médio de partículas observado foi
39
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
abaixo de 100 nm, os valores encontrados para magnetização de saturação,
mensuradas pelo PPMS variaram entre 45,81 e 46,50 emu/g, valores
semelhantes aos reportados na literatura.
Khairy, 2014, foi produzido ferrita de níquel pelo método sol-gel, as
amostras foram caracterizadas por raios X, espectroscopia de infravermelho e
microscopia eletrônica de varredura, análises termogravimétricas e MAV. Os
DRX apresentaram padrões de difração referentes a fase ferrita de níquel, sem
presença de fases secundária. A espectroscopia de infravermelho mostrou uma
banda na região de 400-600 cm-1 referentes a fase NiFe2O4, nenhuma porção
orgânica foi observada. As Microscopias eletrônica de varredura apresentaram
amostras com forma esferoidais e tamanhos na faixa de 25 a 35 nm. As TG
não mostraram perda de massa, o material produzido mostrou-se estável. Nas
analises de MAV a ferrita de níquel apresentou valores de magnetização de
saturação de 24 emu/g.
2.7. Ferrita de cobre
Ferritas do tipo CuFe2O4 apresentam alta condutividade elétrica e
estabilidade térmica, sendo utilizado na fabricação de anodos para eletrólise de
alumínio. As ferritas de cobre apresentam arranjos tipo espinélio, tais estruturas
são influenciadas tanto pelo método de síntese, quanto pelo tratamento térmico
adotado, seus elementos tendem a assumir arranjos cúbicos, sendo o
tetragonal estável a baixa temperatura, já o cúbico só ganha estabilidade a
temperaturas elevadas. As ferritas de cobre são semicondutores magnéticos, o
que lhes confere uma gama de aplicação muito ampla. (PRABHU et al., 2011).
Alic et al. 2014, estudaram o efeito da temperatura e do tamanho de grão
nas propriedades magnéticas de compósitos de ferrita de cobre e oxido de
níquel, produzidas pela técnica de coprecipitação. Os pós obtidos foram
caracterizados por DRX, MAV e PPMS. Os padrões de raios X revelaram a
presença da fase CuFe2O4, o tamanho de cristalito calculado variou entre 20 e
31 nm. Com o aumento da temperatura a magnetização de saturação sofreu
um decréscimo, não foi observada influência significante do tamanho do
40
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
cristalito nas propriedades magnéticas medidas a temperatura ambiente, nas
curvas de histerese todas as amostras apresentaram características de
material ferromagnético e baixa coercividade.
Marinca et al 2012, estudaram as propriedades estruturais e magnéticas
de nanopós de ferrita de cobre, produzidas por uma combinação de moagem
reativa, tratamento térmico e moagem mecânica, a caracterização das
propriedades estruturais foram realizadas pelas análises de DRX e MEV, para
o estudo das propriedades magnéticas utilizou-se o método de campo
magnético contínuo.
2.8. Métodos de preparação das ferritas
Existe um grande número de métodos para a preparação desses óxidos,
entre eles estão incluídos a reação de estado sólido, método de combustão em
placa e assistido por micro-ondas, processo sol-gel, co-precipitação, síntese
hidrotermal e método Pechini.
A escolha do método de síntese é extremamente importante para se
obter pós com um melhor controle estequiométrico, do tamanho de partículas e
baixo grau de aglomeração, uma vez que para a maioria das aplicações faz-se
necessário uma síntese controlada de alta pureza, que permita uma boa
reprodutibilidade das propriedades. Neste trabalho, o método utilizado para a
preparação das ferritas foi o método de combustão assistido por micro-ondas,
que será descrito a seguir.
2.8.1. Método de combustão
O método de combustão faz uso de reações exotérmicas para produzir
um número variado de pós cerâmicos. A reação exotérmica, uma vez iniciada
por uma fonte externa (Ex.: placa de aquecimento, mufla, forno micro-ondas),
ocorre de forma rápida tornando-se autossustentável, resultando na obtenção
de um material cerâmico em um reduzido intervalo de tempo (JAIN; ADIGA;
41
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
PAI-VERNEKER, 1981; BARROS, 2009). Assim, este método apresenta como
principais vantagens, a rapidez do processo, pois a reação de combustão é
instantânea, o baixo custo por não utilizar equipamentos sofisticados, além do
fato de geralmente se obter pós monofásicos com partículas em escala
nanométrica (COSTA, 2002; LIMA, 2010).
O princípio do método está fundamentado em conceitos termodinâmicos
utilizados na química dos propelentes e explosivos, onde parte-se da reação de
uma mistura redox em meio aquoso, contendo os íons metálicos de interesse
como reagentes oxidantes, e um combustível redutor, geralmente, a ureia
(CO(NH2)2). Os nitratos metálicos são as fontes de cátions mais usadas no
processo em função da alta solubilidade em água e, por fundirem em baixas
temperaturas, garantindo assim a homogeneidade da solução. Eles reagem
com o combustível redutor para formar um pó óxido fino, seco e geralmente
cristalino (JAIN; ADIGA; PAI-VERNEKER, 1981; BARROS, 2009). O pó
produzido pode ser composto por apenas uma fase, ou pela combinação de
óxidos metálicos, sendo necessário, neste caso, passar por tratamentos
térmicos para formação da fase desejada. A grande quantidade de gases
liberada durante a síntese resulta em uma chama que pode alcançar
temperaturas superiores a 1000°C (SOUSA et al., 1999; LIMA, 2010).
Outros combustíveis podem ser usados na síntese por combustão para
obtenção de óxidos puros e mistos, entre eles a glicina (C2H5NO2), hidrazina
maléica (C4H4N2O2), triazina tetraformol (C4H16N6O2), entre outros. Estes
combustíveis diferem na capacidade de redução do pó e na quantidade de
gases gerados, fatores que afetam as características do produto final.
Entre os combustíveis, a ureia tem a mais baixa capacidade redutora
(valência total 6+) e, produz um pequeno volume de gases. As vantagens de
usar a ureia são: disponibilidade comercial, baixo custo e o fato de gerar altas
temperaturas, as quais são necessárias para a formação da fase desejada
(SEGADÃES; MORELLI; KIMINAMI, 1998; BARROS, 2009; LIMA, 2010).
Segundo Kiminami et al., (2000), o uso da ureia em excesso na reação
faz com que os gases gerados sejam liberados mais rapidamente havendo
maior dissipação de energia, de modo que a formação de aglomerados duros
42
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
e/ou o crescimento das partículas é evitada. Quanto maior a quantidade de
gases gerados, maior será a dissipação de energia, e a energia disponível para
a sinterização e cristalização do material será menor.
Na química dos propelentes e explosivos, a mistura de combustão
composta pelo combustível e o oxidante é caracterizada pelos seguintes
parâmetros: razão de mistura Øm, razão equivalente Ø e a razão
estequiométrica Øs, onde:
(Equação 4)
(Equação 5)
A deficiência ou excesso de combustível na mistura é determinada pela
razão equivalente, que é definida pela expressão:
(Equação 6)
Para valores de Ø>1, a mistura é considerada deficiente em
combustível. Já para Ø<1, a mistura é rica em combustível, enquanto que para
Ø=1, os sistemas estão misturados estequiometricamente.
Para o cálculo das quantidades de reagentes necessários à reação de
combustão, Jain, Adiga & Pai-Verneker, (1981), propuseram um método
simples, aplicável também em sistemas com mais de dois componentes, para
determinação rápida de sua estequiometria. O método se baseia no cálculo da
valência total do combustível e do oxidante. A mistura é estequiométrica
quando o valor das respectivas valências for igual, ou seja, o valor total das
valências dos oxidantes for igual ao valor total das valências dos redutores,
como observado nas equações a seguir:
43
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
(Equação 7)
(Equação 8)
Os cálculos são feitos considerando as valências que os elementos
apresentam nos produtos gasosos da reação de combustão, que são CO2, H2O
e N2. O carbono e o hidrogênio são elementos redutores com valências
correspondentes 4+ e 1+, respectivamente. O oxigênio é um elemento oxidante
com valência 2- e, o nitrogênio tem valência zero. As valências dos cátions
metálicos são aquelas que terão nos óxidos finais.
2.8.1.1. Método de combustão assistido por micro-ondas
As micro-ondas são ondas eletromagnéticas confinadas a uma faixa do
espectro que se estende de 300 a 300.000 MHz. Tão larga faixa confere a
esses osciladores grande versatilidade de aplicação em função da frequência
selecionada. Radares de aviação civil, aparelhos de telefonia celular e fornos
de micro-ondas domésticos são exemplos de dispositivos que funcionam a
base de micro-ondas. Essa radiação não-ionizante causa migração de íons e
rotação de dipolos, mas não causa mudança na estrutura molecular (BARROS,
2009).
A aplicação da tecnologia de micro-ondas tem despertado grande
interesse na área da Química e da Ciência dos Materiais, por possibilitar a
síntese de uma variedade de compostos orgânicos e inorgânicos, e também
ser empregada no tratamento térmico de muitos materiais.
Nos últimos anos, houve um crescente aumento no número de
pesquisas envolvendo a preparação de óxidos cerâmicos usando a
autocombustão assistida por micro-ondas. A diferença entre a reação de
combustão convencional comparada à assistida por micro-ondas consiste no
fato de que o calor necessário para a ignição é fornecido pelo próprio material
quando submetido à incidência de micro-ondas. Ou seja, enquanto que nos
processos térmicos convencionais, a troca de calor se dá pela transferência de
44
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
energia devido a gradientes térmicos, a energia de micro-ondas é entregue
diretamente ao material por meio da interação molecular com o campo
eletromagnético.
O método de combustão assistido por micro-ondas vem se destacando
como uma técnica bastante promissora, pois permite a obtenção de materiais
com tempo curto para se atingir a temperatura de ignição e uniformidade na
distribuição de temperatura. Além disso, proporciona um maior controle das
condições de síntese, pois a intensidade das emissões de micro-ondas pode
ser interrompida, diminuída ou aumentada rapidamente, permitindo, deste
modo, a produção de materiais com características bastante específicas
(BARROS, 2009; LIMA, 2010).
45
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Neste capítulo serão descritos os reagentes utilizados, a metodologia
empregada na síntese do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50;
0,75 e 1), as técnicas e equipamentos usados para caracterização, bem como
as condições operacionais em que as análises foram submetidas.
3.1. Nomenclatura do sistema Mg1-XBXFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50;
0,75 e 1)
Para o sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas adotou-se as
nomenclaturas apresentadas na Tabela 2.
Tabela 2 – Nomenclatura do sistema Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1).
Sistemas Nomenclatura
MgFe2O4 MF
Mg0,75Ni0,25Fe2O4 MFN25
Mg0,5Ni0,50Fe2O4 MFN50
Mg0,25Ni0,75Fe2O4 MFN75
NiFe2O4 NF
Mg0,75Cu0,25Fe2O4 MFC25
Mg0,5Cu0,50Fe2O4 MFC50
Mg0,25Cu0,75Fe2O4 MFC75
CuFe2O4 CF
Fonte: Próprio autor.
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3.2. Materiais de partida
Os reagentes utilizados na preparação das ferritas através do método de
combustão assistido por micro-ondas são listados na Tabela 3.
Tabela 3 – Reagentes utilizados na síntese das ferritas.
Reagentes Marca Teor (%)
CH4N2O (Ureia) Vetec P.A
Mg(NO3)2.6H2O Vetec 98-102
Ni(NO3)2.6H2O Vetec 97
Cu(NO3)2.3H2O Vetec 98-102
Fe(NO3)3.9H2O Vetec 98-101
Fonte: Próprio autor.
3.3. Síntese dos sistemas Mg1-XBXFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e
1)
A síntese dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75
e 1) usando o método de combustão assistido por micro-ondas envolveu o
preparo de uma mistura redox contendo os nitratos metálicos de interesse
como agentes oxidantes e a ureia como combustível redutor. As quantidades
dos reagentes utilizadas na síntese foram previamente calculadas baseadas
nos conceitos da química dos propelentes e explosivos, como descrito no item
2.8. Para os cálculos, as valências dos elementos carbono, hidrogênio,
oxigênio, nitrogênio, magnésio, ferro, níquel e cobre foram 4+, 1+, 2-, 0, 2+, 3+,
2+ e 2+, respectivamente, a valência da ureia foi 6+.
O procedimento consistiu basicamente na mistura dos nitratos metálicos
e da ureia seguido pela dissolução dos mesmos em água destilada. Para
garantir a completa homogeneização da solução, esta foi aquecida diretamente
em uma placa de aquecimento à 70°C e mantida sob agitação constante. Em
47
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
seguida, a solução foi colocada em um forno de micro-ondas marca Brastemp
com potência máxima de 950W e frequência de 2450 MHz, até atingir a
autoignição. O tempo total da reação variou entre 3 e 5 minutos conforme o
material. Os pós obtidos após a combustão foram desaglomerados em
almofariz de ágata e calcinados a 600 °C, 800 °C e 1000°C a um patamar de
2h em forno mufla usando razão de aquecimento de 10°C/min, e atmosfera
oxidante e estática. O procedimento detalhado pode ser melhor no fluxograma,
representado pela Figura 6.
A preparação das ferritas envolveu reações na síntese de combustão
assistida por micro-ondas, tendo como precursores a ureia, os nitratos
metálicos e água. Como exemplo, a reação de combustão estudada para a
preparação da MgFe2O4, utilizando a equação 8, é exemplificada através da
equação 9, abaixo.
1[Mg(NO3)2.6H2O] + 2[Fe(NO3)3.9H2O] + n[CO(NH2)2] = 0 (Equação 9)
1(-10) + 2(-15) + n(6) = 0 (Equação 10)
-10 -30 +6n = 0 (Equação 11)
n = 6,67 mols de ureia (Equação 12)
Ureia: 6,67 mols.60,06 g.mol-1= 400,60g/60= 6,677g de ureia
Mg: 1 mol.256,41 g.mol-1= 256,41g/60= 4,273g de nitrato de magnésio
Fe: 2 mols.404 g.mol-1= 808g/60= 13,467g de nitrato de ferro
A seguir, na Figura 6 está ilustrado o fluxograma de atividades, é
possível melhor visualizar as etapas de obtenção e caracterização das
amostras.
48
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Figura 6 – Fluxograma das etapas para obtenção dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0;
0,25; 0,50; 0,75 e 1) através do método de combustão assistido por micro-ondas.
Fonte: Próprio autor.
49
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3.4. Caracterização dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25;
0,50; 0,75 e 1)
A caracterização do sistema foi feita através de difração de raios X
(DRX) e refinamento pelo método Rietveld, microscopia eletrônica de varredura
(MEV) e medidas magnéticas realizadas a temperatura ambiente em um
magnetômetro de amostra vibrante (MAV).
3.4.1. Análise termogravimétrica (ATG)
As curvas termogravimétricas dos pós precursores preparados através
do método de combustão assistido por micro-ondas foram obtidas no
Laboratório de Propriedades Físicas dos Materiais Cerâmicos (LaPFiMC)
usando uma termobalança modelo DTG-60 da Shimadzu. A análise foi
realizada na faixa de temperatura de 30 a 900°C sob atmosfera de argônio,
usando razão de aquecimento de 5°C/min e vazão de 50 mL/min. A massa das
amostras pesada em cadinho de alumina foi de aproximadamente 10 mg.
3.4.2. Difração de raios X (DRX)
A identificação das fases cristalinas presentes no sistema Mg1-xBxFe2O4
(B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) foi realizada através da análise de
difração de raios X pelo método do pó. Os difratogramas de raios X foram
obtidos em um difratômetro Miniflex II Rigaku utilizando CuKα como fonte de
radiação, filtro de níquel e 2θ na faixa de 10 a 80°, passo de 0,02 e tempo de
contagem por passo de 5°/min. As fases cristalinas foram identificadas usando
o banco de dados ICSD (Inorganic Crystal Structure Database). O percentual
das fases, o tamanho de cristalitos e os parâmetros de rede foram
determinados mediante refinamento pelo método Rietveld (RIETVELD, 1969),
usando o programa MAUD versão 2.46. O termo refinamento pelo método
50
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Rietveld refere-se ao processo de ajuste do modelo de parâmetros utilizados
no cálculo de um padrão de difração, o mais próximo possível do observado.
No intuito de se conseguir resultados melhores, o programa MAUD
também permite alterar a distribuição dos cátions na rede do padrão utilizado,
de modo que a distribuição se aproxime ainda mais da distribuição da amostra
refinada. Tal procedimento visa estimar a distribuição dos cátions na rede
cristalográfica da amostra.
3.4.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
A morfologia dos sistemas Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50;
0,75 e 1) foram observadas através de um microscópio eletrônico de varredura
da marca SHIMADZU, modelo SSX-550, utilizando um metalizador também da
marca SHIMADZU, modelo IC-50. Antes das análises as amostras foram
aderidas ao porta amostra por meio de uma fita de carbono fina.
3.4.4. Medidas magnéticas – Magnetômetro de amostra vibrante (MAV)
Um magnetômetro tem por finalidade medir a magnetização (intrínseca
ou induzida) de um material pela aplicação de um campo magnético externo.
Em geral, as medidas magnéticas à temperatura ambiente são realizadas em
um magnetômetro de amostra vibrante (MAV), cujo princípio de funcionamento
é baseado na lei de Faraday (FONER, 1959). O ciclo de histerese fornecido
pelo equipamento é de fundamental importância para a caracterização
magnética de materiais, pois através dele é possível obter informações sobre
parâmetros como o campo coercivo, a remanência e a magnetização de
saturação das amostras.
O processo de magnetização se inicia ao submeter a amostra a
vibrações nas proximidades de um conjunto de bobinas e sensores (campo
magnético que induzirá o momento magnético), sob um campo magnético
51
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
externo. Em seguida, faz-se uma medida comparativa da diferença entre as
forças eletromotrizes induzidas pela vibração da amostra e de um padrão.
Quanto maior a magnetização, maior será a corrente induzida. O sinal de
referência é previamente calibrado com um padrão específico, que possui
temperatura crítica acima da temperatura ambiente, tais como: Co, Fe e Ni. As
forças eletromotrizes são geradas e comparadas, a diferença entre os sinais de
saída do transdutor, usados como sinais de referência, são tratados em um
amplificador que faz uso de um programa em QBasic (MS-DOS) para a leitura
dos dados e apresentação direta dos mesmos em forma de gráfico na tela do
computador.
Todo o processo é controlado por um microcomputador, que é
gerenciado por um programa também responsável pela aquisição e registro
dos dados (GALVÃO, 2010).
As medidas magnéticas foram realizadas em um magnetômetro de
amostra vibrante da marca Lakeshore modelo EM4-HVA, Figura 7, no
Laboratório de Magnetismo e Materiais Magnéticos do Departamento de Física
Teórica e Experimental (DFTE) da UFRN. As curvas de histerese foram obtidas
a temperatura ambiente, usando aproximadamente 15 mg da amostra
aplicando-se campos de -15 a 15 KOe. A calibração do equipamento foi feita a
partir de uma amostra padrão de níquel.
Figura 7 – Magnetômetro de amostra vibrante Lakeshore modelo EM4-HVA.
Fonte: Catálogo da Lakeshore Cryotronics.
52
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo serão apresentadas as discussões referentes aos
resultados experimentais obtidos da caracterização dos sistemas Mg1-xBxFe2O4
(B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) sintetizados pelo método de combustão
assistido por micro-ondas.
4.1. Análise termogravimétrica (ATG)
A análise termogravimétrica dos pós precursores dos sistemas
Mg1-xBxFe2O4 (B= Ni; Cu; x = 0; 0,25; 0,50; 0,75 e 1) preparados pelo método
de combustão assistido por micro-ondas foi realizada com o objetivo de
selecionar a melhor faixa de temperatura para tratamento térmico com base no
comportamento térmico das amostras a fim de obter o óxido desejado.
As curvas termogravimétricas dos pós precursores do sistema Mg1-
xNixFe2O4 estão apresentadas nas Figuras 8 a 12. Para as amostras MF,
MFN25, MFN50 e MFN75, as curvas revelaram perfis semelhantes, sendo
observado que o processo total de perda de massa aconteceu basicamente em
dois eventos e na faixa de temperatura entre 30°C e 500°C. O primeiro evento
(30°C – 200°C) pode estar associado à eliminação da água de hidratação dos
compostos. O segundo (200°C – 500°C) pode ser relacionado com a
decomposição dos íons nitratos e perda de água estrutural remanescente, e
demais constituintes orgânicos provenientes da ureia, bem como de carbonatos
possivelmente gerados durante a reação de combustão. Nenhuma perda de
massa adicional foi verificada acima de 500°C, indicando a completa
decomposição dos componentes orgânicos e a formação do óxido metálico. No
caso da amostra NF, observou-se praticamente a formação do óxido, uma vez
que foi identificado uma única etapa de perda de massa, sendo esta atribuída à
uma pequena quantidade de matéria orgânica residual.
Hussein et al., (2015) prepararam nanopartículas de MgFe2O4 através
do método sol-gel usando EDTA, e verificaram que o processo de
decomposição dos mesmos ocorreu em três regiões diferentes. A primeira
região (23°C - 170°C) foi relacionada à evaporação da água coordenada. A
segunda, na faixa de temperatura entre 170°C e 240°C, os autores atribuíram à
53
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decomposição dos compostos orgânicos, no caso grupo C-H e grupo amino.
Por fim, a última região (240°C – 730°C) pode estar associada a completa
decomposição dos grupos carboxil e nitratos. A partir de 730°C não foram
observadas perdas de massa, sugerindo a ocorrência da formação do óxido do
metal.
Na Tabela 4 são mostrados os dados percentuais relativos ao processo
de decomposição térmica dos precursores Mg1-xNixFe2O4, extraídos a partir das
curvas obtidas experimentalmente. Pôde-se verificar que a formação do óxido
metálico ocorreu na temperatura de 500°C, aproximadamente. Deste modo, a
temperatura mínima escolhida para a realização do tratamento térmico foi de
600°C.
Figura 8 – Curva TG do pó precursor MF preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-16.909x100%
-22.661x100%
-39.569x100%
-0.39x100%/min86.07x100C
-0.84x100%/min-0.48x100%/min328.43x100C
-0.70x100%/min
Análise Térmica TG/DTA MgFe2O4 - C
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor
54
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Figura 9 – Curva TG do pó precursor MFN25 preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-10.978x100%
-15.769x100%199.95x100C
499.90x100C
-26.783x100%
-0.20x100%/min
55.20x100C
-0.84x100%/min-0.15x100%/min
262.75x100C
-0.42x100%/min
Análise Térmica TG/DTA MgNi0,25 - C
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor
Figura 10 – Curva TG do pó precursor MFN50 preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-8.895x100%
-10.221x100%
199.97x100C
499.94x100C
-19.115x100%
-0.30x100%/min
54.01x100C
-0.41x100%/min
Análise Térmica TG/DTA MgNi0,5 - C
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor
55
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 11 – Curva TG do pó precursor MFN75 preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-6.703x100%
-9.505x100%
-16.230x100%
199.92x100C
499.97x100C
-0.13x100%/min
71.33x100C
-0.33x100%/min
Análise Térmica TG/DTA MgNi0,75 - C
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor
Figura 12 – Curva TG do pó precursor NF preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-5.299x100%
Análise Térmica TG/DTA NiFe2O4
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor
56
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Na Figura 13 é possível comparar a perda de massa em relação à
temperatura, entre os espécimes estudados, é possível observar que a perda
de massa diminui gradativamente com o aumento da concentração de níquel.
Figura 13 – Curvas TG dos pós precursores MF, MFN25, MFN50, MFN75 e NF
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas.
0 200 400 600 800
60
70
80
90
100
Pe
rda
de
Ma
ssa
(%
)
Temperatura (°C)
MF
MFN25
MFN50
MFN75
NF
Fonte: Próprio autor.
Tabela 4 – Dados percentuais da decomposição térmica dos pós precursores do sistema Mg1-xNixFe2O4 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas.
Amostras Perda de massa total (%)
MF 39,6
MFN25 26,8
MFN50 19,1
MFN75 16,2
NF 5,3
Fonte: Próprio autor.
57
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
As curvas termogravimétricas para o sistema Mg1-xCuxFe2O4 são
mostradas nas Figuras 14 a 17. Um comportamento térmico semelhante ao
sistema Mg1-xNixFe2O4 foi observado, sendo verificado etapas de perda de
massa referentes inicialmente a perda de moléculas de água, primeira etapa, a
partir dos precursores. A segunda etapa pode ser associada à decomposição
dos nitratos e eliminação de resíduos de carbono proveniente da ureia, bem
como possíveis carbonatos que pode ter sido gerado durante a reação de
combustão. Conforme dito anteriormente, esta última etapa pode ser atribuída
ao início de cristalização do composto. A estabilização do composto e possível
formação do óxido proposto inicialmente na síntese ocorreu em 450°C para a
amostra MFC50 e em 400°C para as amostras MFC75, NF e CF. Estes
resultados sugerem que a reação de combustão favoreceu praticamente a
eliminação de quase toda a matéria orgânica, como pode ser constatado na
Tabela 5. Ou seja, a temperatura alcançada pela chama após o material sofrer
ignição foi suficiente para a formação do óxido desejado. No entanto, para as
amostras MF, MFN25, MFN50, MFN75 e MFC25, os percentuais de perda de
massa total foram de 39,6%, 26,8%, 19,1%, 16,2% e 20,7%, respectivamente.
Esses percentuais mostraram que as condições de processamento utilizada no
processo de síntese por reação de combustão não foram adequadas para a
formação dos mesmos, sendo necessário passarem por um tratamento térmico
posterior.
Na Tabela 5 são ilustrados os dados percentuais da decomposição
térmica dos pós precursores do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado
pela reação de combustão assistida por micro-ondas, os quais foram estimados
com base nas curvas experimentais.
58
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 14 – Curva TG do pó precursor MFC25 preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-7.176x100%
-13.523x100%
-20.699x100%
199.97x100C
499.97x100C
-0.19x100%/min253.00x100C
-0.26x100%/min-0.05x100%/min65.86x100C
-0.42x100%/min
Análise Térmica TG/DTA MgCu0,25 - C
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor.
Figura 15 – Curva TG do pó precursor MFC50 preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-2.320x100%-4.155x100%
-6.434x100%
149.94x100C
449.97x100C
Análise Térmica TG/DTA MgCu0,5 - C
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor.
59
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 16 – Curva TG do pó precursor MFC75 preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-1.630x100%
-3.302x100%
-4.926x100%
149.95x100C
399.99x100C
Análise Térmica TG/DTA MgCu0,75 - C
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor
Figura 17 – Curva TG do pó precursor CF preparado pela reação de combustão
assistida por micro-ondas.
-0.00 200.00 400.00 600.00 800.00Temp [C]
40.00
60.00
80.00
100.00
%TGA
-30.00
-20.00
-10.00
0.00
%/minDrTGA
-5.765x100%
Análise Térmica TG/DTA CuFe2O4
TGADrTGA
Fonte: Próprio autor.
60
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Quando comparamos a perda de massa em função temperatura, entre
as amostras estudadas, Figura 18, é possível observar que a perda de massa
decresce com o aumento da concentração de cobre.
Figura 18 – Curvas TG dos pós precursores MF, MFC25, MFC50, MFC75 e CF
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas.
0 200 400 600 800
60
70
80
90
100
Pe
rda
de
Ma
ssa
(%
)
Temperatura (°C)
MF
MFC25
MFC50
MFC75
CF
Fonte: Próprio autor.
Tabela 5 – Dados percentuais da decomposição térmica dos pós precursores do sistema Mg1-xCuxFe2O4 preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas.
Amostras Perda de massa total (%)
MF 39,6
MFC25 20,7
MFC50 6,4
MFC75 4,9
CF 5,8
Fonte: Próprio autor.
61
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4.2. Difração de raios X (DRX)
Os padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
tratado a 600°C por 2 horas estão ilustrados na Figura 19. De acordo com o
refinamento dos dados de difração pelo método Rietveld, os resultados
mostraram que ambos os sistemas possuem boa cristalinidade e simetria bem
definida. Reflexões características à fase espinélio de simetria cúbica do tipo
MgFe2O4 (76176-ICSD) foram observadas em todos os sistemas, com picos
principais situados em 2θ= 35,5° e 62,9°. Além da fase ferrita, uma pequena
quantidade da fase hematita α-Fe2O3 (88418- ICSD) também foi identificada
com picos em 2θ= 24,5°; 33,3°; 41,1° e 49,8°. Esta fase tende a aparecer
quando a amostra é submetida a uma temperatura superior a 500°C em um
ambiente rico em oxigênio. Além disso, a hematita apresenta propriedades
antiferromagnéticas que é indesejável. Uma forma de controlar o aparecimento
desta fase é através do controle da atmosfera de queima e temperatura
(BEZERRA, 2010). Aono et al., (2008) também observaram um pequeno teor
da fase correspondente à α-Fe2O3 para as amostras tratadas em baixas
temperaturas (600°C e 700°C), sintetizados pelo método dos precursores
poliméricos. Foi possível observar que, com a introdução do níquel na rede
cristalina da ferrita de magnésio, houve uma diminuição no teor da fase
α-Fe2O3 para as amostras MFN25 (4,4%) e MFN50 (3,2%) (Tabela 7).
Entretanto, para a amostra MFN75 ocorreu apenas a formação da fase cúbica
do tipo espinélio MgFe2O4 junto com a fase de simetria cúbica NiO. Para o
sistema contendo níquel, de forma geral, é possível verificar que houve um
aumento no teor da fase atribuída ao NiO à medida que a concentração de
níquel é aumentada, o que indica que na composição MFN75 (6% NiO) o ferro
encontra-se distribuído nos sítios tetraédricos e octaédricos dentro da estrutura
do espinélio, visto que não foi observado nenhum pico referente à fase α-
Fe2O3. Os espectros de difração e o refinamento apresentam boa concordância
entre os picos experimentais e o espectro calculado (teórico).
62
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 19 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h.
*= MgFe2O4 ○= Fe2O3
10 20 30 40 50 60 70 80
10000
20000
30000
40000
10000
20000
30000
40000
10000
20000
30000
40000
oooo
**
*
**
*
*
*
MFN25
2
Experimental
Refinamanto
*
oo
***
*
*
***
MFN50
Inte
nsid
ad
e (
cp
s)
Experimental
Refinamanto
**
*
**
*
*
*
**
MFN75
Experimental
Refinamento
Fonte: Próprio autor.
De acordo com os difratogramas acima, verificou-se que a adição do
níquel na rede cristalina da ferrita de magnésio causou um pequeno
deslocamento do pico principal da fase espinélio, indicando que o cátion foi
incorporado à estrutura do óxido original formando soluções sólidas do tipo
Mg1-xNixFe2O4. Tal afirmação pode ser comprovada através dos valores de 2θ
das amostras contendo magnésio, ferro e níquel (Tabela 6).
63
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 6 – Valores de 2θ do pico principal do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h.
Sistemas 2θ
MF 35,70
MFN25 35,67
MFN50 35,85
MFN75 35,60
NF 35,81
Fonte: Próprio autor.
Com o objetivo de confirmar a formação da fase espinélio e de possíveis
fases secundárias, assim como obter informações relacionadas o teor das
fases, tamanho de cristalito e parâmetros de rede, os dados dos padrões de
difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) e tratado a 600°C por
2h foram refinados mediante refinamento Rietveld (Tabela 7).
O refinamento das amostras foi feito usando o banco de dados ICSD.
Para a identificação das fases cristalinas MgFe2O4, NiFe2O4, CuFe2O4, Fe2O3,
NiO e CuO foram utilizadas as fichas-padrão 76176 ICSD, 28108 ICSD,
184951 ICSD, 88418 ICSD, 9866 ICSD e 87125 ICSD, respectivamente. Para
as amostras substituídas, utilizou-se a ficha padrão do MgFe2O4 que foi
modificada pela introdução do sítio de níquel ou cobre.
Com base nos dados do refinamento obtidos podemos constatar que a
célula unitária permaneceu com simetria cúbica e que a substituição do íon
Mg2+ por Ni2+, praticamente não alterou o parâmetro de rede, o que sugere a
estabilidade estrutural do sistema (Tabela 7).
64
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 7 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C
por 2h.
Amostras Fases Parâmetros de rede (Å)
Tamanho de cristalito (nm)
%
MF MgFe2O4
Fe2O3 8,394
16,6 100
93,4 6,6
MFN25 MgFe2O4
Fe2O3 NiO
8,373
4,186
21,3 99 99
93,9 4,4 1,7
MFN50 MgFe2O4
Fe2O3 NiO
8,366
4,178
24,1 98
100
94,9 3,2 1,9
MFN75 MgFe2O4
NiO 8,365 4,183
14 75
94 6
NF NiFe2O4 Fe2O3 NiO
8,340
4,175
38,9 100 100
96,4 1,4 2,2
Fonte: Próprio autor.
Na Figura 20 são ilustrados os difratogramas de raios X do sistema
Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) e tratado a 800°C por 2h. Os resultados mostraram
que a temperatura de calcinação proporcionou um aumento na cristalinidade
sem causar alteração na estrutura. Picos atribuídos à fase espinélio são
observadas para todas as composições. Entretanto, a segregação da fase
hematita como fase secundária foi evidenciada também em todas as dopagens
(Tabela 8).
65
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Figura 20 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h.
*= MgFe2O4 ○= Fe2O3
Fonte: Próprio autor.
10 20 30 40 50 60 70 80
0
50000
100000
1500000
50000
100000
1500000
50000
100000
150000
o* * *
**
**
*
*
MFN25
2
Experimental
Refinamanto
*
o o* * *
**
**
*
*
*
MFN50
Inte
nsid
ad
e (
cp
s)
Experimental
Refinamanto
o * * *
**
*
*
*
*
*
Experimental
Refinamento
MFN75
66
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Tabela 8 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pela reação de combustão assistida por micro-ondas e tratado a 800°C
por 2h.
Amostras Fases Parâmetros de rede (Å)
Tamanho de cristalito (nm)
%
MF MgFe2O4
Fe2O3 8,390
74,6 376
96 4
MFN25 MgFe2O4
Fe2O3 8,377
86
193
98 2
MFN50 MgFe2O4
Fe2O3 8,364
102 146
97,8 2,2
MFN75 MgFe2O4
Fe2O3 8,353
97
115
97 3
NF NiFe2O4 Fe2O3
8.340 115 83,4
96 4
Fonte: Próprio autor.
Com o intuito de investigar a estabilidade estrutural do sistema Mg-Ni-Fe
em elevadas temperaturas, este foi submetido a tratamento térmico em 1000°C
por 2h. Na Figura 21 têm-se os padrões de difração de raios X do sistema
Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) tratado a 1000°C por 2h. A análise dos resultados
mostraram a presença da fase espinélio do tipo MgFe2O4 de estrutura cúbica
além do aparecimento de uma segunda fase referente à hematita, com
exceção para a amostra MFN75 e NF que além desta fase foi indexada à fase
NiO (Tabela 9). Uma alta cristalinidade com melhor definição dos picos
referente à fase espinélio foi observada em todas as amostras.
Levando em consideração a dopagem do sistema Mg1-xNixFe2O4
(0 ≤ x ≤ 1), observou-se que a inserção de níquel provocou, de uma forma
geral, uma diminuição da fase hematita em todas as temperaturas de
tratamento térmico, com exceção das amostras MFN75 calcinada a 600°C
(100% MgFe2O4)
67
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 21 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h.
*= MgFe2O4 ○= Fe2O3
10 20 30 40 50 60 70 80
0
20000
40000
60000
80000
1000000
20000
40000
60000
80000
1000000
20000
40000
60000
80000
100000
oo **
**
**
*
*
*
MFN25
2
Experimental
Refinamanto
*
o o **
**
**
*
*
*
*
MFN50
Inte
nsid
ad
e (
cp
s)
Experimental
Refinamanto
o **
*
*
*
*
*
*
*
*
Experimental
Refinamento
MFN75
Fonte: Próprio autor.
68
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 9 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C
por 2h.
Amostras Fases Parâmetros de
rede (Å) Tamanho de
cristalito (nm) %
MF MgFe2O4
Fe2O3 8,393
171 977
95 5
MFN25 MgFe2O4
Fe2O3 8,377
146 107
97,3 2,7
MFN50 MgFe2O4
Fe2O3 8,366
238 104
96,3 3,7
MFN75 MgFe2O4
Fe2O3 NiO
8,362
4,194
191 103 106
91 0,7 8,3
NF NiFe2O4
NiO 8,343 4,176
230 146
87,5 12,5
Fonte: Próprio autor.
Na Figura 22 têm-se os padrões de difração de raios X do sistema
Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) tratado a 600°C por 2h.
De acordo com os difratogramas, reflexões referentes às fases espinélio
MgFe2O4, α-Fe2O3 foram observadas em todas as amostras. Entretanto, uma
pequena quantidade da fase CuO também foi identificada para as amostras
MFC50 e MFC75.
69
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 22 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h.
*= MgFe2O4 ○= Fe2O3 = CuO
10 20 30 40 50 60 70 80
0
20000
40000
60000
80000
100000
1200000
20000
40000
60000
80000
100000
1200000
20000
40000
60000
80000
100000
120000
*
***o*o
*
oo *
MFC25
2
Experimental
Refinamento
*
* *
*
*
*o
*
o*
*
oo
*
*
MFC50
Inte
nsid
ad
e (
cp
s) Experimental
Refinamento
*
**
*o*
o
*
oo
**
MFC75
Experimental
Refinamento
Fonte: Próprio autor.
A partir dos dados dos padrões de difração de raios X dos materiais,
percebeu-se que a substituição do magnésio pelo cobre na matriz MgFe2O4
causou um pequeno deslocamento do pico principal da fase espinélio,
sugerindo a incorporação do cátion na estrutura. Estes valores estão ilustrados
na Tabela 10.
70
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 10 – Valores de 2θ do pico principal do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h.
Sistemas 2θ
MF 35,70
MFC25 35,28
MFC50 35,52
MFC75 35,75
CF 35,68
Fonte: Próprio autor.
Na Tabela 11 encontram-se os resultados relativos à quantificação das
fases, tamanho de cristalitos e parâmetros de rede. Foi possível constatar que
a célula unitária permaneceu com simetria cúbica e que a substituição do
magnésio pelo cobre praticamente não afetou o parâmetro de rede. Isto pode
ser explicado pela pequena diferença do raio iônico do Mg2+ (0,72Å) com o raio
iônico do Cu2+ (0,73Å).
Tabela 11 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C
por 2h.
Amostras Fases Parâmetros de rede (Å)
Tamanho de cristalito (nm)
%
MF MgFe2O4
Fe2O3 8,394 16,6
100 93,4 6,6
MFC25 MgFe2O4
Fe2O3 8,375
13,6 99
94,5 5,5
MFC50
MgFe2O4 Fe2O3
CuO
8,376
31,3 99 99
90 7,7 2,3
MFC75
MgFe2O4 Fe2O3 CuO
8,379
32,9 99 93
87 7,5 5,5
CF
CuFe2O4 CuO
Fe2O3
8,370
36,6 99 99
6,5 6,0
87,5
Fonte: Próprio autor.
71
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
De acordo com os difratogramas da Figura 23, observou-se picos de
reflexões basais atribuídas à fase espinélio do tipo MgFe2O4, além da presença
de fases secundárias, como a hematita. Também houve o aparecimento de
traços referentes a fase CuO. Foi possível notar que, com o aumento do teor
de cobre na estrutura espinélio, ocorreu uma diminuição da fase hematita e,
consequentemente um aumento da fase relacionada ao CuO (Tabela 12).
Figura 23 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h.
*= MgFe2O4 ○= Fe2O3
10 20 30 40 50 60 70 80
0
20000
40000
60000
80000
100000
1200000
20000
40000
60000
80000
100000
1200000
20000
40000
60000
80000
100000
120000
oo * * *
*
*
o
*
*
*
MFC25
2
Experimental
Refinamento
*
o ** **
**
o
*
*
*
*
MFC50
Inte
nsid
ad
e (
cp
s) Experimental
Refinamento
o * * **
**
o
*
*
*
*
Experimental
Refinamento
MFC75
Fonte: Próprio autor.
72
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 12 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C
por 2h.
Amostras Fases Parâmetros de rede (Å)
Tamanho de cristalito (nm)
%
MF MgFe2O4
Fe2O3 8,390
74,6 376
96 4
MFC25 MgFe2O4
Fe2O3 8,377
87
106 97,5 2,5
MFC50 MgFe2O4
Fe2O3
8,384 152 122
97,3 2,7
MFC75
MgFe2O4 Fe2O3 CuO
8,356
55 100 105
94 2 4
CF
CuFe2O4 CuO Fe2O
8,314
58,6 99 99
14,7 1,8
83,5
Fonte: Próprio autor.
Figura 24 – Padrões de difração de raios X do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1)
preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h.
*= MgFe2O4 ○= Fe2O3 = CuO
10 20 30 40 50 60 70 80
0
50000
100000
150000
0
50000
100000
150000
0
50000
100000
150000
° °*
*
*
*** *
*
MFC25
2
Experimental
Refinamento
°° °*
**
*
**
*
Inte
nsid
ade (
cps)
MFC50
Experimental
Refinamento*
°° ° *
***
*
*
Experimental
RefinamentoMFC75
*
73
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 13 – Dados obtidos pelo refinamento pelo método Rietveld do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C
por 2h.
Amostras Fases Parâmetros de rede (Å)
Tamanho de cristalito (nm)
%
MF MgFe2O4
Fe2O3 8,390
171 977
95 5
MFC25 MgFe2O4
Fe2O3 8,379
215,1 242,2
65,7 34,3
MFC50 MgFe2O4
Fe2O3
8,360 328,5 242,4
47,9 52,1
MFC75
MgFe2O4 CuO
Fe2O3
8,375 328,5 99
242,4
42,2 2
55,9
CF
CuFe2O4 CuO Fe2O
8,314
76,2 99 99
23,7 1,7
74,6
Fonte: Próprio autor.
A análise destes resultados permite chegar à conclusão de que a
substituição parcial do magnésio pelo cobre ou níquel no composto MgFe2O4,
assim como a temperatura de tratamento térmico influenciam na estabilidade
estrutural da fase espinélio, tamanho médio de cristalitos, parâmetros de rede
que estão intimamente relacionados com as propriedades magnéticas exibidas
por estes materiais. No sistema. Mg1-xCuxFe2O4 a adição de cobre e o aumento
na temperatura de tratamento favoreceram a formação de fases secundaria.
4.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
Os aspectos morfológicos das amostras MF, NF e CF preparadas pelo
método de combustão assistido por micro-ondas e tratadas a 600°C e 1000°C
por 2h podem ser observados nas Figuras 25 a 30.
Com as micrografias, foi possível observar a presença de poros
intergranulares, morfologia irregular podendo indicar que a reação de
combustão foi intensa, além da formação de aglomerados, estes são
constituídos por finas partículas nanométricas, no qual estão em concordância
com o tamanho de cristalito obtido através do refinamento Rietveld. Verificou-
74
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
se que o aumento da temperatura tratamento térmico contribuiu para o
crescimento do tamanho das partículas. Para as amostras tratadas a 1000°C,
foi possível observar uma diminuição da porosidade, além de favorecer o início
do processo de sinterização dos materiais.
Figura 25 – Micrografia da amostra MF preparada pelo método de combustão assistido
por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
Figura 26 – Micrografia da amostra MF preparada pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
75
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 27 – Micrografia da amostra NF preparada pelo método de combustão assistido
por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h.
Fonte: Próprio autor
Figura 28 – Micrografia da amostra NF preparada pelo método de combustão assistido
por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
76
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 29 – Micrografia da amostra CF preparada pelo método de combustão assistido
por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
Figura 30 – Micrografia da amostra CF preparada pelo método de combustão assistido
por micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
77
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
A seguir nas Figuras 31 e 32 é mostrada a morfologia das amostras
MFN25 e MFC25 tratadas a 600 °C. Foi possível observar a formação de
aglomerados de partículas nanométricas de formato arredondado.
Figura 31 – Micrografia da amostra MFN25 preparada pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratada a 600°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
Figura 32 – Micrografia da amostra MFC25 preparada pelo método de combustão assistido por micro-ondas e tratada a 600°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
78
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Nas Figuras 33 a 36 são ilustradas as morfologias das amostras MFN75
e MFC75 tratadas a 800 e 1000°C por 2h. É possível observar porosidade
intergranular além de aglomerados. O aumento da concentração dos dopantes
favoreceu o crescimento do tamanho de cristalito.
Figura 33 – Micrografia da amostra MFN75 preparada pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratada a 800°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
Figura 34 – Micrografia da amostra MFN75 preparada pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
79
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 35 – Micrografia da amostra MFC75 preparada pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratada a 800°C por 2h.
Fonte: Próprio autor.
Figura 36 – Micrografia da amostra MFC75 preparada pelo método de combustão assistido por
micro-ondas e tratada a 1000°C por 2h.
Fonte: Próprio autor
80
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
As amostras com cobre mostraram morfologia mais irregular quando
comparadas com as de níquel e magnésio. Esta heterogeneidade pode está
relacionada com a quantidade de fase secundária formada nas amostras de
cobre.
4.4. Propriedades magnéticas (MAV)
Nas Figuras 37 a 44 estão ilustradas as curvas de magnetização em
função do campo magnético aplicado para as composições de ferritas MF,
MFN25, MFN50 e MFN75 e NF preparadas pelo método de combustão
assistido por micro-ondas e tratadas a 600°C, 800°C e 1000°C por 2h,
respectivamente. Por meio do laço de histerese, determinou-se os valores de
alguns parâmetros magnéticos, tais como: magnetização de saturação (Ms),
magnetização remanente (Mr) e campo coercivo (Hc).
Os resultados revelaram que as três composições de ferritas, na faixa de
temperatura de 600-1000°C, exibiram comportamento típico de material
magnético macio (fácil magnetização e desmagnetização), uma vez que os
ciclos de histerese apresentaram baixa perda de energia e baixas
coercividades.
A fim de investigar os efeitos da substituição de íons Mg2+ por Ni2+, as
três composições de ferritas foram analisadas na mesma temperatura de
tratamento térmico. Em todas as temperaturas (Figura 37 a 39), observou-se
um aumento de todos os parâmetros magnéticos com a introdução de níquel
comparado a composição MF.
A 800°C (Figura 38) e 1000°C (Figura 39), os parâmetros magnéticos
apresentaram comportamentos semelhantes em função da composição.
Verificou-se um aumento de todos os parâmetros magnéticos a 800°C e
1000°C à medida que susceptibilidade magnética (x) aumentou. Essas
variações observadas podem estar relacionadas ao tamanho de cristalitos e ao
regime de domínios que se encontram.
81
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 37 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo
método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Ma
gn
etiza
çã
o (
em
u/g
)
Campo (KEo)
MF
MFN25
MFN50
MFN75
NF
Fonte: Próprio autor.
Figura 38 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pela
reação assistida por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Ma
gn
etiza
çã
o (
em
u/g
)
Campo (KOe)
MF
MFN25
MFN50
MFN75
NF
Fonte: Próprio autor.
82
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 39 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pela
reação assistida por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
Ma
gn
etiza
çã
o (
em
u/g
)
Campo (KOe)
MF
MFN25
MFN50
MFN75
NF
Fonte: Próprio autor.
Nas Figuras 40 a 44 estão ilustradas as curvas de magnetização em
função do campo magnético aplicado para as ferritas de composição MFN25,
MFN50 e MFN75 tratadas em diferentes temperaturas, respectivamente. É
possível notar, para todas as composições estudadas, que os parâmetros
magnéticos mostraram uma relação de dependência com a temperatura. Um
aumento no valor de Ms, seguido por uma diminuição de Mr e Hc foi observado
quando as composições foram tratadas a 1000°C, para esta temperatura as
amostras atingiram a magnetização saturação em campos magnéticos
menores, quando comparados com as outras temperaturas. Este
comportamento pode estar relacionado ao crescimento do tamanho do cristalito
e ao fato destas encontrarem-se em regime de multidomínios. Na Tabela 14
são mostrados os parâmetros magnéticos das ferritas Mg1-xNixFe2O4.
83
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 40 – Curvas de histerese da composição MgFe2O4 tratada em diferentes
temperaturas.
.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Magne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600 °C
800 °C
1000 °C
Fonte: Próprio autor.
Figura 41 – Curvas de histerese da composição Mg0,75Ni0,25Fe2O4 tratada em diferentes
temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Magne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600 °C
800 °C
1000 °C
Fonte: Próprio autor.
84
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 42 – Curvas de histerese da composição Mg0,50Ni0,50Fe2O4 tratada em diferentes
temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Ma
gn
etiza
çã
o (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600 °C
800 °C
1000 °C
Fonte: Próprio autor
Figura 43 – Curvas de histerese da composição Mg0,25Ni0,75Fe2O4 tratada em diferentes
temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
Magne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600 °C
800 °C
1000 °C
Fonte: Próprio autor.
85
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 44 – Curvas de histerese da composição NiFe2O4 tratada em diferentes temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
Magne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600 °C
800 °C
1000 °C
Fonte: Próprio autor
De acordo com Pradeep, Priyadharsini & Chandrasekaran, 2008
encontraram valores de magnetização de saturação de 21,89 emu/g. Smit &
Wijn 1959 e Kulkarni & Joshi 1986 obtiveram valores de magnetização de
saturação para as ferritas de magnésio, em forma de bulk, de 27 emu/g. Os
autores concluíram que a diminuição da magnetização de saturação pode ser
atribuída ao efeito das nanopartículas. A diferença no valor de Ms pode ser
explicado em função da distribuição dos cátions (A e B) nos sítios tetraédricos
e octaédricos. Logo, qualquer alteração na concentração e na natureza das
partículas formadas deve causar magnetização resultante diferente dos valores
reportados na literatura.
86
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 14 – Parâmetros magnéticos do sistema Mg1-xNixFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado
pelo método de combustão assistido por micro-ondas.
Fonte: Próprio autor.
As curvas de magnetização em função do campo magnético aplicado
para as composições de ferritas MFC25, MFC50 e MFC75 tratadas a 600°C,
800°C e 1000°C por 2h são ilustradas nas Figuras 45 a 47, respectivamente.
De forma semelhante às ferritas de magnésio dopadas com níquel, as curvas
de histerese das amostras dopadas com íons Cu2+ exibiram comportamento
típico de material magnético mole (fácil magnetização e desmagnetização). A
600°C (Figura 45), um aumento de todos os parâmetros magnéticos foi
observado para todas as composições de ferritas. A 800°C (Figura 46) e a
1000°C (Figura 47), os parâmetros magnéticos mostraram uma tendência com
o aumento da concentração de cobre, sendo observado uma diminuição nos
Amostras Temperatura
(°C) Ms
(emu/g) Mr
(emu/g) Hc
(Oe) Mr/Ms
MF
600
800
1000
10,8
25,91
30,60
0,63
5,44
4,98
46,51
110,01
60,05
0,06
0,21
0,16
MFN25
600
800
1000
14,88
29,36
33,03
1,44
6,9
5,94
58,67
120,29
63,65
0,10
0,24
0,18
MFN50
600
800
1000
27,25
33,11
38,46
3,37
7,34
6,64
75,11
113,31
65,64
0,12
0,20
0,17
MFN75
600
800
1000
17,16
37,47
41,9
1,31
9,13
8,4
46,32
124,85
81,71
0,08
0,24
0,20
NF
600
800
1000
38,52
42,11
46,67
8,28
9,28
8,31
136,29
113,52
62,34
0,21
0,22
0,18
87
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
valores de Ms, seguido de um aumento nos valores de Mr e Hc quando x=0,75.
O aumento do campo coercivo para a composição MFC75 pode estar
relacionado a presença de tamanhos menores de cristalitos.
Figura 45 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo
método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 600°C por 2h.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
Ma
gn
etiza
çã
o (
em
u/g
)
Campo (KOe)
MF
MFC25
MFC50
MFC75
CF
Fonte: Próprio autor.
Figura 46 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo
método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 800°C por 2h.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Ma
gn
etiza
çã
o (
em
u/g
)
Campo (KOe)
MF
MFC25
MFC50
MFC75
CF
88
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Fonte: Próprio autor.
Figura 47 – Curvas de histerese do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo
método de combustão assistido por micro-ondas e tratado a 1000°C por 2h.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Magne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
MF
MFC25
MFC50
MFC75
CF
Fonte: Próprio autor
Nas Figuras 48 a 51 estão ilustradas as curvas de magnetização em
função do campo magnético aplicado para as ferritas de composição MFC25,
MFC50, MFC75 e CF tratadas em diferentes temperaturas, respectivamente.
Comportamento semelhante às ferritas de magnésio dopadas com níquel é
observado para todas as composições utilizando o cobre como dopante, onde
a temperatura contribuiu para o crescimento dos cristalitos. Em relação aos
parâmetros magnéticos, verificou-se que o aumento da temperatura de
tratamento térmico, independente da composição estudada, favoreceu o
aumento da magnetização de saturação. Entretanto, para os parâmetros Mr e
Hc observou-se, inicialmente, um aumento dos valores até 800°C, ocorrendo
uma diminuição após essa temperatura. As amostras tratadas a 1000°C
apresentaram um perfil de histerese diferente quando comparado com as
outras temperaturas, este comportamento pode está relacionado a quantidade
de fase secundaria (Fe2O3) presente nestas amostras. Na Tabela 15 são
mostrados os parâmetros magnéticos das ferritas Mg1-xCuxFe2O4.
89
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 48 – Curvas de histerese da composição Mg0,75Cu0,25Fe2O4 em diferentes
temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
M
agne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600°C
800°C
1000°C
Fonte: Próprio autor.
Figura 49 – Curvas de histerese da composição Mg0,5Cu0,5Fe2O4 em diferentes
temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
Magne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600°C
800°C
1000°C
Fonte: Próprio autor.
90
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Figura 50 – Curvas de histerese da composição Mg0,25Cu0,75Fe2O4 em diferentes
temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-30
-20
-10
0
10
20
30
Magne
tização (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600°C
800°C
1000°C
Fonte: Próprio autor.
Figura 51 – Curvas de histerese da composição CuFe2O4 em diferentes temperaturas.
-15 -10 -5 0 5 10 15
-30
-20
-10
0
10
20
30
Ma
gn
etiza
çã
o (
em
u/g
)
Campo (KOe)
600 °C
800 °C
1000 °C
Fonte: Próprio autor.
91
PPGCEM UFRN Antonio Carlos Silva da Costa
Tabela 15 – Parâmetros magnéticos do sistema Mg1-xCuxFe2O4 (0 ≤ x ≤ 1) preparado pelo
método de combustão assistido por micro-ondas.
Fonte: Próprio autor.
Amostras Temperatura
(°C) Ms
(emu/g) Mr
(emu/g) Hc (Oe) Mr/Ms
MF
600
800
1000
10,8
25,91
30,60
0,63
5,44
4,98
46,51
110,01
60,05
0,06
0,21
0,16
MFC25
600
800
1000
11,15
31,48
35,76
0,61
6,27
3,77
49,59
88,66
30,56
0,05
0,20
0,11
MFC50
600
800
1000
19,23
26,74
30,93
3,33
5,41
3,53
104,47
84,76
60,03
0,17
0,20
0,11
MFC75
600
800
1000
22,39
26,32
29,3
5,77
8,07
8,81
175,38
186,66
124,57
0,26
0,31
0,30
CF
600
800
1000
19,43
24,83
26,85
8,57
12,86
13,6
715,27
1093,33
552,59
0,44
0,52
0,51
92
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5. CONCLUSÕES
O método de combustão assistido por micro-ondas e as condições
empregadas no tratamento térmico favoreceram a obtenção de ferritas
nanocristalinas de magnésio dopadas com níquel e cobre.
Os padrões de difração de raios X dos sistemas estudados confirmaram
a formação da fase espinélio Mg1-xNixFe2O4 e Mg1-xCuxFe2O4 além das fases
secundárias αFe2O3, NiO e CuO. Em ambos os sistemas, a introdução dos
dopantes na rede cristalina da ferrita de magnésio não foi efetiva na obtenção
de cristalitos menores.
As imagens de MEV de ambos os sistemas, de um modo geral,
revelaram a formação de partículas com formatos irregulares e bastante
aglomeradas, sendo observada a formação de poros intergranulares. Para as
amostras tratadas a 1000°C foi possível notar regiões com início de
sinterização.
As curvas de histerese para as composições estudadas revelaram que a
propriedade magnética é influenciada tanto pelo teor de dopante quanto pelo
tratamento térmico empregado.
Os materiais apresentaram comportamento típico de material magnético
macio, sendo de fácil magnetização e desmagnetização. Em relação aos
parâmetros magnéticos, verificou-se uma relação de dependência com a
temperatura, para ambos os sistemas, onde um aumento no valor de Ms,
seguido por uma diminuição de Mr e Hc foram observados para as
composições tratadas a 1000°C. Foi também possível observar comportamento
diferenciado em função da composição, onde para as amostras contendo maior
concentração de níquel tratadas a 1000°C, verificou-se um aumento da
magnetização de saturação.
Com o aumento do teor de cobre pode se observar diminuição da
magnetização de saturação e um aumento dos demais parâmetros magnéticos.
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Os maiores valores de magnetização de saturação foram encontrados
para as amostras MFN75 à 1000°C (41,9 emu/g) do sistema Mg1-xNixFe2O4 e
MFC25 à 1000°C (35,76 emu/g) do sistema Mg1-xCuxFe2O4. MFN75 e MFC25
também apresentaram a menor quantidade de formação de fase secundaria
em cada sistema.
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