Upload
dinhtruc
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
PAULA MAEHLER
ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE – CASCAVEL
Cascavel 2003
PAULA MAEHLER
ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE – CASCAVEL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, para obtenção do Título de graduado em Fisioterapia. Orientador: Celeide A. Peres
Cascavel 2003
PAULA MAEHLER
ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO
PARANÁ – UNIOESTE DA CIDADE DE CASCAVEL
BANCA EXAMINADORA
............................................................................................
Profª. Mestre Celeide P. A. Peres – Orientadora
............................................................................................
Prof°. Mestre José Muhamed Vilagra
............................................................................................
Profª. Mestre Marilú Mattei Martins
Aprovada _______/______/______ em Cascavel.
“No nosso corpo estão as marcas da nossa história, do nosso esforço, de nossas perdas
e de nossas vitórias. Assim, o ser humano é o seu corpo e não apenas tem um corpo”.
“Os homens passam, as descobertas científicas permanecem e a história trata de
registrá-las”.
Munhoz.
Dedico este trabalho aos meus pais, Norivaldo Maehler e Edelzina Maehler que me
conduziram à vida com amor, dignidade e paciência.
Ao meu amigo Joel Basso que permeou este trabalho com carinho e incentivo.
Ao Dirceu Barbosa, uma pessoa especial.
As minhas colegas de estágios, principalmente a Grasiele Soares de Oliveira pelo
apoio e compreensão.
AGRADECIMENTOS
À Porfª. Celeide A. Peres, pela orientação na elaboração e conclusão deste trabalho.
Ao Diretor da Clínica de Odontologia da Unioeste e aos Professores do curso, pela
atenção e colaboração.
Aos Acadêmicos do 5° ano de graduação do curso de Odontologia da Unioeste, pelo
interesse e colaboração.
Aos Professores e acadêmicos do curso de Fisioterapia da Unioeste, que de alguma
forma contribuíram de maneira relevante à conclusão do trabalho.
RESUMO
TÍTULO: ESTUDO DAS SOBRECARGAS POSTURAIS EM ACADÊMICOS DE
ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ –
UNIOESTE – CASCAVEL
AUTORA: Paula Mehler. ORIENTADOR: Profª Celeide Aguiar Peres.
As dores e os problemas posturais sempre foram motivos de muitas reclamações
por parte dos cirurgiões-dentistas. Atualmente com os equipamentos mais
ergonômicos muitos dos problemas diminuíram, mas mesmo assim, ainda há
dificuldades de se evitar os problemas posturais. Pretendeu-se nesse estudo
verificar e descrever a prevalência de distúrbios posturais decorrentes da sobrecarga
de atendimento e postura que acometem os acadêmicos de graduação do curso de
Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, bem como
verificar as posturas mais constrangedoras e os procedimentos que causam maior
desconforto para o profissional desde a fase acadêmica, observar os locais das
dores ou desconfortos físicos referidos pelos acadêmicos, verificar os hábitos
posturais, assim como analisar as possíveis causas das algias referidas. A pesquisa
foi do tipo descritiva de campo e a população constitui-se de 21 acadêmicos de
odontologia que atuam na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste em Cascavel
(PR) e cursam o 5° ano de graduação. Como instrumento de estudo foi utilizado um
questionário contendo 43 questões abertas e fechadas aplicado individualmente aos
acadêmicos. Os dados foram tratados por estatística descritiva, com utilização de
tabelas de freqüência e gráficos. Constatou-se através da análise dos resultados
que todos os acadêmicos que participaram da pesquisa apresentam ou já
apresentaram algum desconforto decorrente da atividade profissional, que as dores
na maioria dos casos aparecem por volta do quarto ano de curso, sendo que a
coluna cervical é a região corporal mais acometida pelas algias e que a má postura é
a principal causa do desconforto na opinião dos acadêmicos.
Palavras-chave: postura corporal, sobrecarga postural, procedimentos odontológicos
ABSTRACT
TITLE: I STUDY OF THE SOBRECARGAS POSTURAIS IN ACADEMICS OF
DENTISTRY OF THE STATE UNIVERSITY OF THE WEST OF PARANÁ -
UNIOESTE – RATTLESNAKE
AUTHOR: Paula Mehler. GUIDING: Profª Celeide Aguiar Peres.
The pains and the problems posturais were always reasons of a lot of complaints on
the part of the surgeon-dentists. Now with the most ergonomic equipments many of
the problems decreased, but even so, there are still difficulties of avoiding the
problems postures. It was intended in that study to verify and to describe the prevail
of disturbances current postures of the service overload and posture that attack the
academics of graduation of the course of Dentistry of the State University of the West
of Paraná - Unioeste, as well as to verify the most constraining postures and the
procedures that cause larger discomfort for the professional from the academic
phase, to observe the places of the pains or physical discomforts referred by the
academics, to verify the habits postures, as well as analyzing the possible causes of
the referred pain. The research was of the type descriptive of field and the population
is constituted of 21 academic of dentistry that act at the Clinical School of Dentistry of
Unioeste in Rattlesnake (PR) and they study the 5° year of graduation. As study
instrument was used a questionnaire containing 43 open and closed subjects applied
the academics individually. The data were treated by descriptive statistics, with use of
frequency tables and graphs. It was verified through the analysis of the results that all
the academics that participated in the research present or they already presented
some discomfort due to the professional activity, that the pains in most of the cases
appear about the fourth year of course, and the cervical column is the corporal area
more attacked by the pain and that the bad posture is the main cause of the
discomfort in the academics' opinion.
Word-key: body posture, overload posture, procedures dentistry
SÚMARIO
RESUMO........................................................................................................................07
ABSTRACT....................................................................................................................08
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................11 LISTA DE TABELAS.......................................................................................................12 LISTA DE ANEXOS........................................................................................................13 LISTA DE ABREVEATURAS..........................................................................................14 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................15
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA.................................................................................17
1.3 OBJETIVOS..........................................................................................................19
1.3.1 GERAL ...........................................................................................................19
1.3.2 ESPECÍFICOS ...............................................................................................19
1.4 JUSTIFICATIVA....................................................................................................20
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ...............................................................................21
1.6 PERGUNTA..........................................................................................................21
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................22
2.1 POSTURA CORPORAL .......................................................................................22
2.1.1 POSTURA EM PÉ..........................................................................................23
2.1.2 POSTURA SENTADA....................................................................................24
2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DA POSTURA .....................................................25
2.2.1. ANATOMOFISIOLOGIA DA POSTURA SENTADA......................................26
2.2.1.1 MEMBROS SUPERIORES NA POSTURA SENTADO............................29
2.2.2 SOBRECARGAS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO
SENTADO...............................................................................................................31
2.2.3 DISTÚRBIOS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO....................32
2.2.3.1 DOR.........................................................................................................33
2.2.3.2 CERVICALGIA TENSIONAL ...................................................................36
2.2.3.3 LOMBALGIAS..........................................................................................36
2.2.4 POSTURAS ADOTADAS NO TRABALHO ODONTOLÓGICO......................38
2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL........................................40
3 METODOLOGIA..........................................................................................................42
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA....................................................................42
3.2 POPULAÇÃO .......................................................................................................43
3.3 AMOSTRA............................................................................................................43
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS...........................................................43
3.5 COLETA DE DADOS............................................................................................44
3.6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS..........................45
3.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO POSTURAL ............................................................45
3.7.1 MÉTODO MRI................................................................................................45
3.7.2 MÉTODO RULA.............................................................................................46
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................48
4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO QUESTIONÁRIO ..................................................48
4.2 ANÁLISE DO MÉTODO RULA .............................................................................54
CONCLUSÕES ..............................................................................................................56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................59
ANEXOS..........................................................................................................................62
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Lordose lombar na postura sentada e em pé........................................27
FIGURA 2 – Atrito entre tendão e ligamento pelo afastamento do braço..................29
FIGURA 3 – Conseqüências do afastamento do braço maior que 60°......................29
FIGURA 4 – Porcentagem de incidência de dor causada na postura de trabalho
sentada.......................................................................................................................33
FIGURA 5 – Esquema gráfico ISO/FDI......................................................................39
FIGURA 6 – Horas dispendidas ao atendimento na Clínica Escola de Odontologia da
Unioeste.....................................................................................................................48
FIGURA 7 – Procedimentos de maior queixa de desconforto....................................49
FIGURA 8 – Posturas adotadas pelos acadêmicos durante atendimento na Clínica
Escola de Odontologia da Unioeste...........................................................................50
FIGURA 9 – Posições mais adotadas pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste
durante atendimento segundo Classificação ISSO/FDI.............................................51
FIGURA 10 – Tipos de desconforto referido pelos acadêmicos de Odontologia da
Unioeste após atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste.............51
FIGURA 11 – Locais de dor e desconforto referido pelos acadêmicos relacionados
as atividades na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste....................................52
FIGURA 12 – Outras manifstações relatadas pelos academicos de Odontologia da
Unioeste.....................................................................................................................53
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Motivo da não utilização do encosto......................................................53
LISTA DE ANEXOS
ANEXO 1 – Requerimento de Autorização................................................................62
ANEXO 2 – Questionário............................................................................................62
ANEXO 3 – Solicitação de Avaliação Questionário....................................................67
ANEXO 4 – Questionário de Avaliação......................................................................68
ANEXO 5 – Tabela de Avaliação do Questionário.....................................................74
ANEXO 6 – Tabela do MRI........................................................................................75
ANEXO 7 – Planilha do RULA....................................................................................77
ANEXO 8 – Resultado Planilha do RULA..................................................................78
LISTA DE ABREVEATURAS
ISO – Inténacional Standard Organization FDI – Fedération Dentaire Internacionale
MRI – Método de Registro a Intervalos
SNC – Sistema Nervoso Central
RULA – Rapid Upper Limb Assessment (Análise Rápida do Membro Superior)
1 INTRODUÇÃO
A postura pode ser definida como uma posição ou atitude do corpo, o arranjo
relativo das partes do corpo para uma atividade específica, ou uma maneira
característica de alguém sustentar seu corpo (KISNER; COLBY, 1998).
A boa postura é imprescindível para o bem-estar do indivíduo. A estrutura e
função do corpo proporcionam todas as potencialidades para obter e manter a boa
postura (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 1995).
Os padrões culturais da civilização moderna e os avanços tecnológicos
associados às sobrecargas sobre as estruturas básicas do corpo humano para a
realização de atividades cada vez mais especializadas e limitadas, que incitam a
manutenção de posturas por longos períodos, fazem com que se torne necessárias
influências compensatórias de modo a obter a função ideal sob as condições
impostas por esse estilo de vida (KENDALL; McCREARY; PROVANCE, 1995).
Nesse aspecto, segundo Santos e Barreto (2001) a odontologia tem sido
considerada uma profissão “estressante”, sendo freqüentemente associada a
agravos à saúde, tanto de ordem física como psíquica.
A alta incidência de desconfortos posturais nessa classe profissional
relaciona-se com sua tendência para um padrão de atividade especializado e
repetitivo. Estudos sistemáticos sobre os distúrbios músculo-esqueléticos em
cirurgiões dentistas vêm sendo realizados desde a década de 50, e são
responsáveis pelas primeiras propostas de modificações nos processo de trabalho
dos dentistas, inclusive a mudança do trabalho da posição ortostática para a posição
sentada (SANTOS, 2001).
Entretanto, permanecer sentado durante horas a fio, mesmo em atividades
pouco exaustivas, pode causar fadiga, distúrbios circulatórios e dores físicas. E, com
a atenção voltada ao trabalho e concentração na tarefa realizada, cria-se tensões e,
conseqüentemente, fica fácil assumir, com o passar do tempo, posturas que serão
prejudiciais à saúde (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).
A correção dessas condições existentes depende da compreensão das
influências de fundo e da implementação de um programa de medidas educacionais
positivas e preventivas. Ambas requerem uma compreensão da mecânica do corpo
e sua resposta às sobrecargas e tensões impostas a ele (KENDALL; McCREARY;
PROVANCE, 1995).
As complexas relações funcionais entre as facetas articulares, articulações
intervertebrais, músculos e sistema nervoso no esqueleto axial constituem um
desafio para o terapeuta em termos de avaliação, análise dos problemas e
desenvolvimento de um programa de exercícios terapêuticos que trate dos mesmos
(KISNER; COLBY, 1998).
Por ser a odontologia uma profissão passível de distúrbios osteomusculares e
posturais, tornam-se de grande relevância o estudo e caracterização do perfil
profissional do odontólogo desde a fase de preparação para a profissão, para que se
possa orientá-los de maneira a prevenir e/ou minimizar os distúrbios posturais
osteomusculares decorrente do trabalho.
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA
Inicialmente, os cirurgiões-dentistas trabalhavam utilizando a posição em pé,
ao lado da cadeira com o paciente sentado. Os equipamentos utilizados não
permitiam um bom posicionamento. Os equipos eram fixos e ficavam longe forçando
os cirurgiões-dentistas a realizar inclinações e rotações que influenciavam o
posicionamento correto, levando a problemas de coluna e fadiga. O avanço
tecnológico e os estudos ergonômicos tornaram os equipamentos mais adequados
para a atuação desses profissionais. Com o surgimento do mocho (assento com
encosto destinado ao profissional da odontologia) o dentista passou a trabalhar
sentado, porém ainda de forma incorreta devido a falta de adaptações. As cadeiras
odontológicas antigas não baixavam o suficiente, não permitindo ao cirurgião uma
boa visão e acesso à boca do paciente; não lhes era possível posicionar os
membros inferiores embaixo do encosto, para aproximar-se do paciente; os braços
largos obrigavam os odontólogos a flexionar a coluna dorsal e aumentar a protusão
de cabeça para obter uma melhor visualização. (FLENK, 1989).
Com as mudanças da filosofia de trabalho, a prática odontológica teve grande
desenvolvimento, e o dentista passou da posição de pé ao lado da cadeira para uma
posição sentada. Com o avanço tecnológico, cadeiras mais apropriadas, o mocho
regulável e os equipos mais móveis e bem posicionados diminuíram os problemas,
no entanto, os cirurgiões-dentistas continuam sendo uma população alvo de muitas
dores articulares e musculares, decorrentes das más posturas (GENOVESE, 1991).
O fato de trabalhar sentado não é suficiente para diminuir o desgaste físico da
prática odontológica, pois os esforços do cirurgião-dentista na posição sentado
podem ser maiores, o que torna seus movimentos mais cansativos (GENOVESE,
1991).
Durante seu trabalho, o dentista utiliza grupamentos musculares específicos
para cada movimento. Com a manutenção da tensão nos mesmos, as repetições no
decorrer do trabalho, associado às posturas inadequadas e estresses emocionais,
ocorre fadiga e isquemia muscular localizada e, conseqüentemente, o recrutamento
de músculos acessórios para auxiliar na realização das tarefas, o que proporciona
um aumento do quadro álgico (OLIVEIRA, 1998).
Segundo Viel e Esnault (2000) as lombalgias e cervicalgias são conhecidas
pelas pessoas que permanecem longo tempo sentadas. Figlioli e Porto (1986)
referem que as dores nas costas, decorrentes da má postura sentada, são as
queixas de um grande número de cirurgiões-dentistas em todo o mundo. Estudos
sobre a sua incidência têm revelado que um terço dos profissionais em exercício,
sofrem de dores na região lombar e que um, entre dois dentistas, tem patologias na
coluna lombar relacionados com o trabalho.
Santos e Barreto (2001) referem em seu estudo que os profissionais
odontólogos estão entre os primeiros em afastamentos do trabalho por incapacidade
temporária ou permanente.
Para Figlioli (1987) no trabalho sentado, é fundamental que o dentista
mantenha a postura ergonomicamente correta, ou seja, deve trabalhar com as
costas relativamente retas e apoiadas no encosto do mocho; as coxas paralelas ao
chão e formando um ângulo de 90o (graus) com as pernas; os pés apoiados no
chão; manter os cotovelos junto ao corpo ou apoiados em local que esteja no
mesmo nível; a cabeça ligeiramente inclinada para frente; a distância entre os olhos
do dentista e a boca do paciente deve ser de aproximadamente 30 a 40cm e
posicionar o apoio de cabeça do paciente para baixo, nos trabalhos realizados na
maxila e para cima, na mandíbula.
De acordo com Kapandji (1980) pesquisas ortopédicas têm comprovado a
relação entre a postura sentada e o aumenta a pressão intradiscal, o que imprime
que esta postura está associada a um aumento do desconforto e alterações do disco
e da coluna. Estudos afirmam também que o mocho adequado deve ter um apoio
para as costas na região lombar. Ainda, as posturas corporais viciosas, pois no
exercício de sua profissão, o cirurgião-dentista adota uma mesma posição corporal
durante a maior parte da jornada de trabalho, normalmente a postura sentada, e as
exigências visuais, as posições rígidas das mãos e os esforços repetitivos que
implicam em posições contraídas, acarretam distúrbios posturais na porção superior
do corpo (pescoço, ombros, braços e mãos).
Dados obtidos por Santos (2001) em uma pesquisa realizada em Belo
Horizonte, Minas Gerais, investigando a atividade ocupacional e prevalência de dor
osteomuscular em Cirurgiões dentistas, constatou a prevalência de 58% de dor no
segmento superior, 22% no braço, 21% na coluna, 20% no pescoço e 17% no
ombro, sendo que 26% relataram dor diária e 40% moderada/forte.
Mesmo com o avanço tecnológico e ergonômico, que vem em socorro da
profissão, o exagero nas horas de trabalho e a predisposição idiopática de cada
indivíduo a certos tipos de degenerações esqueléticas que comprometem a coluna,
colocam esses profissionais em situações que geram desconforto. Por isso, torna-se
imprescindível uma melhor preparação dos mesmos para as sobrecargas físicas
diárias.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 GERAL
Verificar a incidência de sobrecargas posturais em acadêmicos de
odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) decorrentes
da prática de atividade clínica durante sua formação profissional, passíveis de
causar distúrbios álgicos.
1.3.2 ESPECÍFICOS
Identificar os procedimentos clínicos dos acadêmicos do curso de
odontologia da Unioeste que produzem maior incidência de dor.
Identificar as posturas constrangedoras na atividade prática
odontológica na posição sentada dos acadêmicos do curso de
odontologia da Unioeste.
Analisar os eventos posturais de maior freqüência na prática
odontológica que possam estar interferindo nas posturas dos
acadêmicos do curso de odontologia da Unioeste.
1.4 JUSTIFICATIVA
Hábitos posturais inadequados, como os impostos pela atividade estática e
prolongada do cirurgião-dentista, agindo sobre o organismo de forma repetitiva, são
capazes de levar a dor e, seus vários mecanismos de defesa, a ações
compensatórias (MUNHOZ, 1995).
Com a permanência numa mesma posição corporal, associada ao trabalho
sedentário, com a utilização exclusiva e sobrecarregada dos membros superiores,
podem gerar alterações significativas no alinhamento corporal, além de apresentar
dor ou desconforto na musculatura mais utilizada. Conseqüentemente há aquisição
de vícios posturais, além de outros problemas que, se não forem prevenidos ou
amenizados, afetam a médio e longo prazo o desempenho do cirurgião-dentista no
dia-a-dia e na saúde (OLIVEIRA, 1998).
Para Genovese e Lopes (1991) e Hamill e Kuntzen (1999) a boa postura
gasta menos energia, proporciona um melhor funcionamento das estruturas e
órgãos, proporcionando um mínimo desgaste das estruturas, seja em ortostatismo
ou sentado. A partir daí, pode-se inferir que estando o corpo, como um todo, em
perfeita harmonia com a força gravitacional, este corpo estará protegido dos
distúrbios que junto venham a prejudicar a sua postura. Conseqüentemente, o
odontólogo terá uma melhor prática da profissão, em virtude de seu bem estar diante
dos equipamentos.
Muitos estudos foram elaborados analisando as posturas e gestos do
profissional durante a realização de procedimentos odontológicos (FIGLIOLI, 1987;
PORTO, 1994). Entretanto, se faz necessário um aprimoramento destes estudos
também em acadêmicos para uma melhor conscientização preventiva, uma
educação precoce dos mesmos de modo a levá-los a novas condições posturais e
melhor desempenho profissional.
Sendo assim, observa-se a importância de se realizar tal estudo, objetivando
verificar os hábitos posturais dos acadêmicos de odontologia, as causas dos
desconfortos físicos e as regiões corporais mais acometidas, com auxílio dos
métodos de análise MRI (Método de Registro a Intervalos) e RULA (Rapid Upper
Limb Assessment – Análise Rápida do Membro Superior).
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Esta pesquisa delimitou-se em verificar a principais posturas constrangedoras
ocupacionais que acometem os odontólogos na fase acadêmica.
Utilizou-se um questionário com 43 questões, abertas e fechadas, aplicadas
individualmente. Foram questionados 21 acadêmicos de odontologia da Unioeste –
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, da cidade de Cascavel, de ambos os
sexos, que atuam na Clínica Escola de Odontologia da mesma, com idade que
variam de 22 a 24 anos.
Realizou-se também a análise das posturas adotadas durante a realização de
procedimentos dos acadêmicos na clínica de odontologia da Universidade. A
escolha dos acadêmicos foi aleatória.
Os dados de posturas foram analisados pelos métodos MRI e RULA.
1.6 PERGUNTA
Quais procedimentos na atividade clínica, durante a formação do acadêmico
de odontologia, levam a distúrbios posturais?
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 POSTURA CORPORAL
Postura é um termo geral definido como uma posição ou atitude do corpo no
espaço, não apenas na posição ereta. É a disposição relativa das partes do corpo
para uma atividade específica, uma maneira característica de sustentar o próprio
corpo (SMITH, WEISS; LEHMKUHL, 1997; MAFFAT; VICKERY, 2002; KISNER;
COLBY, 1998).
É um conceito dinâmico e não estático. Raramente o corpo permanece
parado mais do que alguns momentos e, com freqüência, ele realiza movimento de
grande variedade de extensão e direção. Dessa forma, a posição estática serve para
simplificar e explicar os mecanismos posturais. É considerada correta quando é
utilizada com máxima eficiência e mínimo esforço. Quando uma pessoa apresenta
uma postura não compatível, todo o sistema vertebral e tecidos correlacionados
estarão descompensados, iniciando assim a indução de uma dor e limitação de
movimento (CAILLIET, 1985; GENOVESE; LOPES, 1991).
Portanto, as posturas são usadas para realizar atividades com a menor
quantidade de energia. Assim, postura e movimento são intimamente associados; o
movimento começa em uma postura e pode terminar em outra. Na função normal, os
“pontos” e ajustes posturais são rápidos e automáticos (SMITH, WEISS; LEHMKUHL
1997).
Elas, ainda, têm importantes implicações na saúde e no bem-estar geral de
grande parte do corpo por determinar a quantidade e a distribuição do esforço sobre
os vários ossos, músculos, tendões, ligamentos e discos. A “boa postura” mantém o
esforço em seu mínimo, distribuindo-o para as estruturas mais aptas a suportá-lo. Já
a “má postura” tem efeito contrário, aumentando o estresse total, distribuindo-o para
estruturas menos capazes de suportá-lo (MAFFAT; VICKERY, 2002).
As costas e a região lombar são extremamente sensíveis a boa ou a má
postura. Qualquer má postura coloca as costas e o pescoço em risco de vários
distúrbios. Alguns tipos de má postura também deslocam a escápula, interferindo
com o livre movimento da articulação do ombro; pode provocar dor de curta duração
em uma ou mais áreas; exacerbar algum problema já existente; ser for continuada
ou repetida pode originar dor crônica e graves danos a longo prazo (MAFFAT;
VICKERY, 2002).
2.1.1 POSTURA EM PÉ
A postura correta é o alinhamento vertical do corpo, desde a parte de cima da
cabeça, passando pelo centro do corpo, até a sola dos pés. Pode-se passar uma
linha reta à frente e atrás, que o corpo será dividido ao meio desde a face inferior do
esterno até a metade da distância entre os joelhos e os pés. Na lateral, a linha reta
vai do lobo da orelha ao ombro, passando logo abaixo da articulação do quadril, ou
seja, levemente posterior ao centro da articulação, e na frente das articulações do
joelho e do tornozelo (MAFFAT; VICKERY, 2002).
Na postura ereta em pé, ocorre mais atividade nos eretores da espinha que
em uma atividade em pé relaxada. Na postura relaxada, a maior parte da
responsabilidade pela manutenção da postura é passada para os ligamentos e
cápsulas (HAMILL; KUNTZEN, 1999).
Uma postura relaxada ou inclinada para frente aumenta o estresse sobre os
discos vertebrais. Porém, uma postura totalmente ereta, com a região lombar para
frente, as escápulas para trás e a cabeça empurrada para trás exige atividade
excessiva de todos os músculos da coluna vertebral. Ambas as posturas podem
provocar dor, então, para manter uma posição neutra da coluna vertebral é
necessário conservar a cabeça ereta, com o queixo levemente empurrado para trás,
com um bom alinhamento do quadril, joelhos, tornozelos e pés (MAFFAT; VICKERY,
2002).
2.1.2 POSTURA SENTADA
O modo de vida atual impõe a necessidade de se passar uma grande parte da
jornada sentado em razão de se deslocar em automóveis, de permanecer sentado
durante o trabalho por longos períodos, durante uma parte do tempo de lazer e
todas as refeições. Todavia, a posição sentada foi identificada como um fator de
risco para a coluna vertebral e isto incitou certos terapeutas a aconselhar a “viver o
ritmo das posições sentadas”, interpondo períodos de repouso e marcha entre as
obrigações do trabalho sentado (VIEL; ESNAULT, 2000).
De acordo com os mesmos autores, a lombalgia e a cervicalgia, assim como
insônia e as dispepsias são consideradas “pequenos males” para os quais a
medicina não oferece um tratamento convincente. Por essa razão, saber proteger a
coluna é um conhecimento essencial.
A postura na posição sentada requer menor gasto de energia e impõe menor
carga sobre o membro inferior em comparação com a posição em pé. Contudo,
posições sentadas prolongadas podem ter efeitos prejudiciais sobre a coluna
lombar. Sentar sem suporte é similar a ficar em pé, já que ocorre maior atividade na
região torácica do tronco com poucos níveis de atividade nos músculos abdominais
e psoas (HAMILL; KUNTZEN, 1999).
De acordo com Viel e Esnault (2000) o simples fato de se sentar traz
conseqüências. Sentar-se em uma cadeira tradicional produz uma retificação
acentuada da lordose lombar. Isso provoca uma tensão nos ligamentos da porção
posterior, bem como das fibras posteriores dos discos intervertebrais. Desse modo,
o disco, a nível lombar, é deslocado e submetido à deformação. Já na porção
anterior, os discos se encontram esmagados e essa compressão desencadeia os
efeitos nocivos.
Portanto, a postura sentada correta deve permitir manter as curvaturas das
costas, com a cabeça ereta e o queixo puxado um pouco para trás. Deve-se evitar
uma curva torácica exagerada e queda da cabeça. O encosto deve ser duro,
principalmente se for permanecer por muito tempo nessa posição. Deve-se se
encostar para trás de forma que a região lombar apóie-se no encosto da cadeira. A
altura do assento deve permitir que os pés apóiem-se no solo e que os joelhos
fiquem logo abaixo do nível dos quadris (MAFFAT; VICKERY, 2002).
Ainda de acordo com os mesmos autores, numa visão geral, a postura
sentada poderia ser considerada vantajosa em relação a postura em pé, porque
cansa menos, exige menor gasto energético, diminui os movimentos das pernas,
entre outras vantagens. No entanto, ela sobrecarrega o corpo, principalmente
quando se permanece muito tempo nessa postura e em condições inadequadas.
Vários estudos indicam um aumento do risco de dores lombares e dorsalgias
em indivíduos que trabalham na posição sentada por causa da “fixação postural”, ou
seja, a manutenção da mesma postura por longos períodos de tempo, em que os
movimentos são limitados ou estereotipados (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,
2001).
Para compreender melhor o que acontece na postura sentada, é preciso
entender o que acontece com a coluna vertebral quando se senta.
2.2 ASPECTOS BIOMECÂNICOS DA POSTURA
A coluna vertebral, também conhecida como coluna dorsal, é uma estrutura
de ossos e cartilagens que se estende da base do crânio à pélvis. Ela protege a
medula espinhal, e dá sustentação e flexibilidade ao tronco e à cabeça. Ou seja,
garante a estabilização da postura ereta do homem e permite os movimentos
necessários do corpo. O maior movimento da coluna ocorre na parte cervical e
lombar (HAMILL; KUNTZEN, 1999).
Uma coluna vertebral bem alinhada passa pelo centro do corpo, desde de trás
da cabeça até o cóccix. Observada lateralmente, a coluna vertebral apresenta três
curvas naturais, possuindo o formato da letra S. A coluna funciona como uma
enorme mola flexível, que permite o movimento, e dura, para dar sustentação ao
corpo. Ela conta com 33 ossos ou vértebras. Os últimos 9 se dividem em dois grupos
que formam o sacro e o cóccix, ossos que formam a base da sua coluna vertebral. O
sacro é uma estrutura triangular formada por 5 vértebras soldadas que apóiam a
coluna e a liga a pélvis. O cóccix é formado por quatro vértebras e não possui função
específica (HAMILL; KUNTZEN, 1999; EMOKA, 2000).
O envelhecimento dos ossos pode levar a desgastes, e estes desgastes
causam alterações nos segmentos da coluna vertebral. A diminuição da qualidade
do tecido do disco intervertebral é provocada por posturas erradas, longos períodos
em pé ou sentado, posição forçada, trabalho com postura inclinada, levantar e
carregar cargas pesadas. A parte mais afetada por essas condutas incorretas é a
coluna lombar (EMOKA, 2000).
Segundo Barros (1991) na posição sentada, os músculos dorsais e ventrais
em maior grau, são os mais requisitados e a superfície de apoio propriamente dita,
são os ísquios, ossos que fazem parte da pelve e se localizam na região glútea.
A postura correta reduz sensivelmente a carga da coluna vertebral. Discos
intervertebrais, tendões, articulações e músculos das costas descarregam o peso
sobre a coluna vertebral, a qual recupera-se melhor na posição deitada. Nesta
posição, o sistema biológico do disco intervertebral relaxa e absorve líquido
aumentando seu volume e melhorando, assim, a sua função de defesa. Desse
modo, alternâncias entre cargas e descargas sobre os discos é a condição para a
saúde da coluna vertebral (HAMILL; KUNTZEN, 1999).
2.2.1. ANATOMOFISIOLOGIA DA POSTURA SENTADA
Em vista lateral, a coluna normal exibe curvaturas fisiológicas de
concavidades anterior (região torácica) e posterior (região cervical e lombar)
(KAPANDJI, 1980).
Na postura sentada, a parte inferior da coluna, a lordose lombar, é reduzida,
sofrendo uma diminuição ou eliminação de sua curvatura fisiológica, tornando-se
reta ou mesmo invertendo-se. Assim, diminui-se o espaço existente na parte da
frente das vértebras e aumenta-se o de trás, forçando o núcleo pulposo, que estava
no centro do disco, para trás (Figura 1) (COURY, 1995).
FIGURA 1 – Lordose lombar na postura sentada e em pé.
FONTE – COURY (1995)
Nessa postura a pressão dentro do disco aumenta em 35%, ocorre um
alongamento das estruturas posteriores da coluna, ligamentos e nervos,
especialmente o nervo espinhal, que submetido à tração, recebe menos sangue
para a sua nutrição, podendo sofrer alterações na sua função. Esse processo ocorre
quando a pelve é roda posteriormente em torno de 10° e a lordose lombar diminui
em média 38°, principalmente quando sem apoio lombar adequado. Quanto menor
for o ângulo entre o tronco e as coxas, maior tenderá a ser a pressão dentro do disco
(RODGHER, COURY; SANDE, 1996; CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).
As mensurações realizadas por Schoberth (apud VIEL; ESANULT, 2000, p.5)
demonstram que, quando sentado numa superfície horizontal (90°), não se
consegue obter 90° de flexão dos quadris, mas somente 60° e que os 30° restantes
devem ser realizados pela região lombar baixa, daí a retificação da lordose ou o
aparecimento de uma cifose lombar.
Esses fatores, ocasionados pela postura sentada e a ação de se inclinar para
a frente, aparentemente benigna, associados ao processo de envelhecimento e a
permanência na mesma posição por longos períodos de tempo, tem como
conseqüência a pressão intradiscal que pode levar a alterações do disco, como a
hérnia de disco causada por microtraumatismos repetidos, que levam a um aumento
nos elementos fibrosos do anel e uma diminuição do número relativo de elementos
elásticos (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997; VIEL; ESNAULT, 2000).
A hérnia de disco sempre foi uma lesão associada a trabalho pesado,
contudo, alguns estudos recentes têm relatado cada vez mais esse distúrbio em
indivíduos que trabalham na postura sentada (VIEL; ESNAULT, 2000).
Além disso, a permanência prolongada nessa postura tende a reduzir a
circulação de retorno dos membros inferiores, promover desconfortos na região do
pescoço, quando este permanecer estático, e nos membros superiores,
principalmente quando são executados movimentos repetitivos ou associados ao
uso de força (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN, 2001).
Coury (1995) aborda algumas conseqüências da postura sentada sobre as
pernas e membros superiores:
Quanto as pernas, o principal problema na postura sentada é a
dificuldade de retorno venoso, que com o passar do tempo leva a uma
diminuição da temperatura nas pernas, sensação de formigamento,
dormência, dor e inchaço. Um indivíduo (sem qualquer problema
circulatório) que trabalha 8 horas por dia, fazendo intervalos normais
para almoço e lanche, chega ao final da jornada de trabalho com um
aumento de até 5 a 7% no volume total de suas pernas.
Quanto aos membros superiores, a postura inadequada, ausência de
descanso, mobília e equipamentos mal projetados, repetição de
movimentos, uso de força excessiva nos movimentos, posturas fixas
por longos períodos, são as principais causas das dores e
desconfortos. Quando se trabalha sentado, existem dois movimentos
do braço que ocorrem com freqüência: o deslocamento do braço para
frente e o deslocamento do braço para o lado; esses movimentos são
prejudiciais quando forem amplos e freqüentes.
2.2.1.1 MEMBROS SUPERIORES NA POSTURA SENTADO
Com relação ao ombro, segundo Coury (1995) a contração muscular estática
prolongada torna os músculos doloridos ou mesmo inflamados, sobrecarregando os
tendões. Se o braço for afastado do corpo, o ligamento córaco-acromial se atrita aos
tendões do ombro que passam entre o osso e o ligamento (Figura 2).
FIGURA 2 – Atrito entre tendão e ligamento pelo afastamento do braço.
FONTE – COURY (1995)
Se o braço for afastado do corpo mais que 60°, num nível acima dos
cotovelos, resulta em abdução dos ombros, com aumento do estresse sobre estas
articulações, assim como sobre os músculos da região dos braços e pescoço. Esse
atrito facilita o aparecimento de tendinites, que podem acometer posteriormente as
bursas, ligamentos e a própria articulação, se os movimentos não cessarem. Os
nervos e vasos sangüíneos também podem ser afetados, dando a sensação de
formigamento e dor que podem ser sentidos localmente ou de forma referida nas
mãos, punhos e coluna (Figura 3). Recomenda-se um ângulo de abdução dos
ombros de 15° a 20° ou menos para trabalhos prolongados (CHAFFIN, ANDERSON;
MARTIN, 2001; COURY, 1995).
FIGURA 3 - Conseqüências do afastamento do braço maior que 60° .
FONTE – COURY (1995)
Os movimentos do cotovelo e punho, extensão ou flexão, particularmente os
do punho, são perigosos, principalmente quando maiores de 25°, por causar atrito
entre os tendões, ligamentos e ossos, que podem levar a dor, dormência,
formigamento e diminuição de movimento. Estes podem ser desencadeados
também pelos movimentos repetitivos de pinça (CHAFFIN, ANDERSON; MARTIN,
2001; COURY, 1995).
Saquy e Pécora (1996) recomendam como ideal, a inclinação média da
coluna vertebral no sentido anteroposterior, justificando que nesta posição é menor o
grau de exigência dos músculos de sustentação e conseqüentemente há menor
fadiga muscular.
Figlioli e Porto (1987) e Chaffin, Anderson e Martin (2001) recomendam que
os pés permaneçam completamente apoiados sobre o solo, distribuindo o peso
uniformemente, reduzindo a carga sobre as nádegas e sobre a região posterior das
coxas, além de manter a posição de equilíbrio. Pois, a pressão aplicada na região
poplítea pode levar a edema das pernas e pressão sobre o nervo ciático.
Aconselham, também, que as coxas devem estar paralelas ao chão e o
ângulo formado entre a perna e as coxas deve estar entre 90° e 120°, pois quanto
mais aumenta essa angulação, maior será a compressão da circulação venosa de
retorno, o que causa desconforto e favorece o aparecimento de varizes nos
membros inferiores. Referem, ainda, que a posição da cabeça do dentista deve ser
ligeiramente inclinada para frente e para baixo, evitando a curvatura excessiva do
pescoço, e a distância média recomendada entre os olhos do profissional e a boca
do paciente deve ser de 30 a 40 cm.
2.2.2 SOBRECARGAS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO SENTADO
Por melhor que seja o posicionamento sentado ele impõe carga biomecânica
significativa sobre os discos intervertebrais, principalmente lombares. Se o trabalho
proporciona pouca movimentação, uma carga estática sobre certos segmentos
corporais é produzida e, mesmo não sendo intensa, se for muito prolongada
associada à inércia músculo-ligamentar causa fadiga (BAÚ, 2002).
Para Chaffin, Anderson e Martin (2001) em geral, a postura de um indivíduo
sentado depende não somente do formato da cadeira, mas também dos hábitos
pessoais de postura e da tarefa a ser desenvolvida, pois, sentar-se corretamente
não é uma atitude contemplada pela nossa cultura e, quando um indivíduo
permanece nesta posição por mais de quatro horas diárias, sua postura poderá
afetar pescoço, ombros e costas, bem como membros inferiores. Além disso, a
altura e a inclinação do assento da cadeira, a posição, forma e inclinação do encosto
e a presença de outros tipos de apoio influenciam na postura. É relevante que a
cadeira permita alterações posturais, pois pequenas mudanças nas dimensões e na
organização do ambiente de trabalho podem mudar, consideravelmente, a postura
ideal e, além disso, não há uma única postura ideal e, mesmo uma postura de
repouso não pode ser mantida indefinidamente.
Um posicionamento que seria correto na posição sentada é a seguinte:
Pescoço com flexão até no máximo de 30o, sendo ideal o alinhamento
com 10o de flexão, onde a musculatura dos olhos está na posição de
menor exigência, evitando atividade lateralizada da cabeça e torções
(ocorre redução do espaço do forame de conjunção pela postura, no
lado da lateralização, provocando dores musculares e, com o tempo
possíveis lesões das articulações intervertebrais);
Ângulo tronco-coxa em torno de 100° a 110o, preferindo utilizar o
encosto do assento, onde reduz significativamente a sobrecarga dos
discos intervertebrais lombares e a tensão sobre cervical e cintura
escapular;
Ângulo coxa-perna em torno de 90° a 120°;
Braços na posição vertical, alinhados ao tronco, formando um ângulo
de 90° a 110o com antebraços, sendo para atividades leves de esforço;
Punho em alinhamento natural com antebraços, evitando flexão ou
extensão extrema, ou seja, variando de 0° a 20o, tanto para flexão
como para extensão – estudos relatam que o ponto neutro do túnel do
carpo é de 10o de flexão (BAÚ, 2002).
2.2.3 DISTÚRBIOS POSTURAIS RELACIONADOS AO TRABALHO
De acordo com Baú (2002) além da predisposição, o hábito de manter
posturas extremas e sua freqüência durante o trabalho levam o indivíduo a
desenvolver certas patologias músculo-esqueléticas, tais como:
Tendinite do Ombro – manutenção de ombros elevados e/ou abduzidos
acima de 45o, onde entra o esforço do músculo supra-espinhoso;
Tendinite do Ombro e Síndrome do Desfiladeiro Torácico – braços
mantidos acima do nível;
Tendinite do Bíceps – antebraços fletidos sobre os braços
acompanhado de posição supina dos antebraços;
Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo – extensão mantida
de punho;
Compressão do Nervo Mediano do Túnel do Carpo e Epicondilite
medial – extensão de punho associado à força;
Doença de DeQuervain – desvio do punho na direção ulnar;
Fadiga e Dor no Trapézio – braços mantidos em sustentação;
Tendinite da Face Ventral do Punho – flexão repetitiva dos dedos do
carpo;
Tendinite da Face Dorsal do Punho – extensão do carpo e dedos;
Tendinite dos Finos Tendões Flexores dos Dedos e Nódulos –
compressão mecânica na superfície ventral dos dedos ou carpo.
2.2.3.1 DOR
De acordo com Guyton (1993) a dor é um mecanismo protetor do corpo.
Ocorre sempre que qualquer tecido é lesado, e determina uma reação do indivíduo
para remover o estímulo doloroso.
Entretanto, não existem termos específicos que permitam descrever uma dor,
e a vítima de um desconforto sério é obrigada a lançar mão de analogias
freqüentemente descritivas: dor em queimação, picada, torcer, transfixante,
fulgurante, paralisante etc. sendo a descrição imprecisa (VIEL; ESNAULT, 2000).
Na Figura 4, anatomicamente, estão assinaladas as percentagens de
incidência das dores que afligem indivíduos que trabalham na postura sentada.
Nenhuma parte do corpo escapa de uma incidência menor ou maior de dor quando o
assento não proporciona o devido suporte à estrutura óssea e, associado à postura
incorreta, causa pressão indevida sobre os tecidos moles do corpo interferindo na
circulação sangüínea (VOTELLER, 2002).
FIGURA 4 – Porcentagem de incidência de dor causada na postura de trabalho sentada.
FONTE – Voteller, 2002
A dor é uma qualidade sensorial complexa, freqüentemente não relacionada
ao grau de lesão tecidual. A interpretação da sensação dolorosa envolve não
apenas os aspectos físico-químicas a nocicepção, mas também os componentes
sócio-culturais dos indivíduos e as particularidades do ambiente onde o fenômeno
nociceptivo é experimentado. Para que ocorra é preciso que haja a transformação
dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas
periféricas, são transferidos para o SNC (Sistema Nervoso Central) (TEIXEIRA,
1994; RANNEY, 2000).
A dor não é devida a estimulação excessiva de todos os nervos sensitivos
presentes, mas ao estímulo de fibras específicas para a dor (SELKURT, 1986).
Os receptores nociceptivos ou receptores da dor são representados por
terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas finas A-delta e
amielínicas C. De acordo com Ranney (2000) essas pequenas fibras C
desmielinizadas são sensíveis nos tecidos após trauma. Os nociceptores
relacionados com as fibras C respondem a estimulação mecânica, térmica e/ou
química de forma lenta e, os relacionados as fibras A-delta, a estimulação mecânica
e/ou térmica de forma rápida. A atividade dos receptores nociceptivos é modulada
pela ação de substâncias químicas algogênicas, neurotransmissores, (acetilcolina,
prostaglandinas, histamina, serotonina, bradicinina, substância P, entre outras)
liberadas nos tecidos, em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos e/ou
isquêmicos. Das substâncias químicas a bradicinina parece ser a mais dolorosa de
todas. Por esta razão, muitos pesquisadores sugeriram que a bradicinina poderia ser
o agente individual mais responsável por provocar o tipo de dor de lesão tecidual
(TEIXEIRA, 1994; RANNEY, 2000).
Ao chegarem a medula espinhal pelas raízes espinhais-dorsais, as fibras de
dor sobem e descem pelo feixe de Lissauer, onde as fibras projetam-se nas
unidades celulares do corno posterior da substância cinzenta na medula. Da medula
espinhal, os sinais de dor seguem por duas vias diferentes até o encéfalo. Pelo feixe
neoespinotalâmico, que conduz as fibras rápidas tipo A-delta, unilateral, mas que
cruza, terminando algumas fibras nas áreas reticulares do tronco cerebral e outras
no tálamo, terminando em sua maior parte no complexo ventrobasal, de aspectos
discriminativos. E, pelo feixe paleoespinotalâmico, que transmite a dor de forma
lenta através das fibras tipo C, trajeto bilateral que distribui amplamente a inflamação
álgica terminando difusamente no tronco cerebral e apenas um décimo das fibras
seguindo até o tálamo, terminando também em múltiplas áreas do bulbo, na ponte e
no mesencéfalo, relaciona-se com aspectos emocionais da dor. Ambos os feixes
cruzam para o lado oposto da medula pela comissura anterior e depois sobem ao
encéfalo pelas colunas ântero-laterais (GUYTON, 1993).
A informação para o cérebro não depende só do estímulo direcionador
aferente, mas também das influências moduladoras de neurotransmissores que
atuam sobre o sistema. Observou-se que o estresse emocional de indivíduos no
momento da lesão altera os sintomas. Registros indicam que durante a guerra ou em
catástrofes, os pacientes gravemente feridos não sentiam nenhuma dor no momento
da lesão, devido ao estresse ou à emoção. Isso indica que os impulsos neurais
descendentes, que se originam do cérebro e atuam sobre as células, na medula,
podem determinar quais os tipos de impulsos ascendentes alcançarão o cérebro
(SELKURT, 1986).
Se a transmissão do impulso nociceptivo pode ser modulada ao nível da
medula espinhal, a transmissão total da dor pode ser bloqueada (p. ex., a
administração intratecal de um anestésico local pode ser efetuada para o bloqueio
de todo impulso sensitivo). Embora os neurotransmissores preferenciais à medula
espinhal não sejam bem conhecidos, é bem sabido que opiáceos exógenos, como a
morfina, atuam preferencialmente nas fibras A-delta/C nos receptores de opiáceos, e
atuam no bloqueio da descarga dos impulsos da dor pelas fibras A-delta/C. Hoje já é
sabido que o corpo possui substâncias endógenas próprias denominadas endorfinas
que exercem a mesma ação que os alcalóides opiáceos exógenos no bloqueio da
atividade evocada pelas fibras A-delta/C inibindo seletivamente a dor (O’SULLIVAN;
SCHMITZ, 1993).
2.2.3.2 CERVICALGIA TENSIONAL
É uma desordem orgânica e funcional provocada pelo trabalho repetitivo,
aumentando a carga muscular estática, secundária a postos de trabalho
inadequados (Ex. flexão acentuada cervical ou extensão) ou falta de orientação
postural no trabalho (BAÚ, 2002).
O indivíduo sente dor na região cervical e ombros, cefaléia, fraqueza que é
mais evidente nas fibras superiores do músculo trapézio e fadiga muscular, além de
parestesia e tontura. Apresenta-se com contratura da musculatura cérvico-torácica
com “nódulos” (pontos gatilhos) dor a palpação, limitação da movimentação cervical
e redução da lordose cervical e ombros deprimidos (BAÚ, 2002).
2.2.3.3 LOMBALGIAS
A coluna vertebral é a estrutura que permite o amortecimento de cargas, tanto
aquelas decorrentes de pesos colocados sobre a cabeça ou carregados pelos
próprios membros superiores, como aquelas decorrentes de pancadas. Devido ao
fato dos músculos das costas estarem próximos ao centro de apoio (alavanca) na
hora de elevar um peso do chão com as costas dobradas (sem dobrar os joelhos) os
músculos têm que desenvolver uma força dezessete vezes maior que o peso da
carga que está sendo elevada. Os discos intervertebrais, que são 23, são estruturas
encarregadas de amortecer cargas e pressões ao longo da coluna vertebral, sendo o
mais importante o último disco (entre a quinta lombar e o osso sacro) onde a
sobrecarga é maior na hora do esforço (BAÚ, 2002).
Os movimentos mais agressivos para a coluna lombar são:
Abaixar-se e elevar-se com torção do tronco, isto aumenta imensamente a
pressão dentro do disco intervertebral e exige muito da musculatura,
causando dor;
Flexionar as costas para apanhar um objeto com os joelhos estendidos, os
joelhos devem ser dobrados na hora de elevar um objeto, para reduzir a
sobrecarga lombar;
Permanecer muito tempo em uma única posição, tanto sentado quanto em pé,
isto aumento a produção de ácido lático nos músculos, causando dor;
Elevar um peso longe do corpo. Todo peso deve ser elevado e transportado o
mais próximo possível do tronco e de maneira simétrica, distribuindo igual,
nunca só de um lado;
Movimentos amplos, quando o indivíduo apresenta encurtamento muscular,
por exemplo, não consegue alcançar as mãos até o chão com joelhos
estendidos, isto predispõe a distensões musculares por falta de alongamento,
aumentando o esforço nas alavancas da coluna vertebral.
Quando a carga do trabalho ultrapassa a capacidade aeróbica (boa
oxigenação dos tecidos) as pausas se tornam indispensável como forma de
prevenção da fadiga crônica. Quantos mais freqüentes as pausas, mesmo de curta
duração, permite ao indivíduo manter seu ritmo de trabalho por longo tempo com
melhor qualidade física e com uma quantidade total de trabalho bem maior do que
se a atividade fosse desenvolvida de forma contínua (BAÚ, 2002).
Índices demonstram que 80% da população é afetada por lombalgias entre os
30 e 40 anos. Associado a má posturas e manuseios ocupacionais inadequados,
elas aparecem precocemente, com casos de jovens de 20 anos de idade, que à
primeira instância são robusto e suportam um ritmo com maior cadência de trabalho,
porém como qualquer indivíduo, também têm limites e, acabam muito cedo com
danos precoces, como: desgaste intervertebral, levando a artrose, antes mesmo da
estabilização estrutural da coluna que ocorre por volta dos 25 anos de idade (BAÚ,
2002).
2.2.4 POSTURAS ADOTADAS NO TRABALHO ODONTOLÓGICO
O objetivo da ergonomia na odontologia é obter meios e sistemas para
prevenir fadiga, oferecer maior conforto e simplificação do trabalho, tanto para o
cirurgião-dentista quanto para o paciente, ou seja, racionalização do trabalho
odontológico, diminuído estresse físico e mental, prevenindo doenças relacionadas
com a prática odontológica (BARROS, 1991).
São preconizadas diversas posições e posturas para o cirurgião-dentista ter
melhor acesso e visibilidade. As posições de trabalho podem ser classificadas
numericamente de acordo com o esquema gráfico ISO (Inténacional Standard
Organization) e pela FDI (Fedération Dentaire Internacionale) que descrevem o
espaço físico de um consultório, onde o dentista deve trabalhar.
O esquema consiste no mostrador de um relógio imaginário colocado sobre a
cadeira odontológica, com o número 12 sobre o apoio da cabeça da mesma e o
número 6 sobre a outra extremidade, isto é, no local onde ficam os pés do paciente,
como demonstrado na Figura 5. Conforme o número do mostrador para o qual
estiver voltada a costa do dentista no momento de trabalho, será denominada a
posição de trabalho. Em torno do centro, a partir da boca do paciente na cadeira
odontológica, são traçados três círculos concêntricos de raios 0,5, 1,0 e 1,5 metros.
Assim, o eixo 6-12 horas divide a sala em duas áreas: à direita (área do dentista) e à
esquerda (área do auxiliar) (FLENK, 1989; IIDA, 1990).
De acordo com Iida (1990) a área limitada pelo círculo de 0,5 de raio ou 1,0
metro de diâmetro, corresponde a chamada área de transferência, onde tudo que se
transfere à boca do paciente deve estar situado nesse espaço, como os
instrumentos e as pontas do equipo. Também devem estar aí dois mochos para o
cirurgião e auxiliar. O círculo de 1,0 metro de raio limita a área útil de trabalho
(espaço máximo de pega) que pode ser alcançado com movimentos, com o membro
superior estendido. É onde devem estar localizadas as mesas auxiliares e o corpo
dos equipos. O círculo maior limita a área total do consultório, que não deve,
portanto, ter mais de 3 metros de largura para não ser anti-ergonômico, ou seja, com
espaço ocioso que impõe mobilização exagerada do cirurgião durante atendimento.
Nesta área ficam as pias e armários fixos, sendo que as gavetas desde quando
abertas devem cair dentro do segundo círculo (BARROS, 1993).
FIGURA 5 – Esquema gráfico ISO/FDI.
FONTE – FLENK, 1989
Vale salientar que o esquema gráfico descrito é válido para o cirurgião-
dentista que trabalha com auxiliar, para aqueles que trabalham sozinhos a área de
trabalho é diferente.
Segundo Saquy (1996) o dentista deve assumir uma posição de 7 a 12 horas,
sendo a posição de 11 horas a mais universal para se trabalhar em muitas áreas da
boca. Dessa forma, as posições de 7 e 9 horas são freqüentemente usadas para
trabalhar no segmento inferior posterior direito. A de 12 horas é usada geralmente
para trabalhar nos segmentos anteriores. Para odontólogos sinistros, a posição de 1
hora corresponde a 11 horas, e assim por diante.
Mondelli (1979) afirma que as posições de trabalho variam de acordo com o
arco dentário e região em que se trabalha. Nas regiões inferiores, trabalha-se com
visão direta, porém, nos dentes superiores trabalha-se com visão indireta nas faces
oclusivas e proximais, na posição de 12 horas.
Para Barros (1991) quando o paciente encontra-se totalmente reclinado na
cadeira, o dentista tem visão direta da mandíbula na posição de 9 horas. Também
pode ser usada para tratamento na maxila reclinando-se o apoio de cabeça e
levando a cabeça do paciente para baixo. Porém, nesta posição a cabeça do
paciente deve sempre estar voltada para o dentista e o auxiliar na posição de 1 a 3
horas.
Em estudo sobre os problemas relacionados com a postura, Figlioli (1987)
verificou que as posições mais vantajosas, na visão ergométrica, para o cirurgião-
dentista são as de 9 e 11 horas, movimentando-se o apoio da cabeça do paciente de
modo a oferecer máximo acesso, visibilidade e conforto para ambos.
Barros (1991) refere que a postura sentada dinâmica, a qual permite
alterações contínuas, auxilia na redução da fadiga, oferece estabilidade, maior
equilíbrio além de deixar livre os pés para controle dos pedais.
2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL
De acordo com Bautzer e Bautzer (1987) a profissão odontológica teve um
início modesto, preocupando-se, apenas, com o cuidado com o dente. Decorrido
algum tempo, sobreveio à compreensão de que o paciente é um todo e não apenas
um dente. Isto ampliou o campo de ação de seus profissionais, pois o dente esta
implantado em um osso e aderente à gengiva, relacionado a uma boca, língua e
todos os seus anexos, constitui parte indivisível de um organismo vivo.
Cabe a este profissional, não só o zelo pela saúde do seu paciente, bem
como, manter este nos padrões estéticos adequados socialmente, prevenir
processos patológicos através de orientação educativa, e acima de tudo, fornecer a
orientação referente a higienização bucal adequada, tudo em processos
individualizados, usando para isto técnicas adequadas para cada paciente, seja qual
for a sua especialidade.
Portanto, muitas vezes, o odontólogo constantemente encontra-se envolvido
com problemas que colocam o paciente e o profissional em condições
desconfortáveis e até mesmo dificultando sua atuação.
Apesar da evolução da tecnologia, esses profissionais continuam sendo uma
classe que apresenta grandes incidências de afastamento do trabalho. E um dos
motivos é a má postura, associado a repetição e manutenção dos mesmos
(SANTOS; BARRETO, 2001).
O acadêmico de odontologia também está sujeito a esses fatores. E,
associado a eles, tem-se, também, a falta de experiência, que favorece a fixação de
vícios posturais nessa classe.
3 METODOLOGIA
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA
Este trabalho caracteriza-se por ser uma pesquisa de campo de natureza
descritiva, na qual o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade, sem
nela interferir para modificá-la; interessa-se em descobrir e observar fenômenos e
procura descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (LAKATOS; MARKONI, 1990).
Foram seguidos os seguintes procedimentos:
Entrevista com o coordenador da clínica de Odontologia da Unioeste,
explicando-lhe os objetivos e finalidades da pesquisa e requerimento
de autorização do mesmo (Anexo 1);
Visita ao serviço da clínica odontológica da Unioeste para análise
ambiente;
Esclarecimento aos alunos do 5° ano do curso de odontologia da
Unioeste sobre os objetivos da pesquisa;
Elaboração e aplicação do questionário individual, com propósito de
caracterizar a população em estudo, conhecer as características do
trabalho, sintomas de dor, relação com o desconforto postural e a vida
atual;
Observações abertas e sistemáticas das atividades de trabalho dos
acadêmicos;
Registro das atividades para confirmação dos dados que foram
coletados nas observações abertas e sistemáticas;
Cronometragem do tempo realizado em certas posturas para análise
com o método MRI e RULA;
Avaliação dos dados coletados e elaboração do diagnóstico da
situação de trabalho;
3.2 POPULAÇÃO
A população foi composta por indivíduos de ambos os sexos, com idade
variando de 22 a 24 anos, devidamente matriculado e cursando o 5° ano de
graduação do curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.
3.3 AMOSTRA
A amostra analisada foi formada por acadêmicos do curso de Odontologia da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, que cursam o 5° ano de
graduação, na cidade de Cascavel – PR, e atuam na Clínica Escola de Odontologia
da Unioeste realizando atividades de clínica geral e que responderam ao
questionário.
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Utilizou-se inicialmente para a coleta de dados um questionário do tipo
padronizado, cujas “perguntas são apresentadas a todas as pessoas com as
mesmas palavras e na mesma ordem” (LAKATOS; MARKONI, 1990). Foram
abordados três módulos constituídos por questões abertas, fechadas e mistas
(Anexo 2).
Para validade e clareza, o questionário foi submetido à apreciação de cinco
fisioterapeutas e cinco acadêmicos de fisioterapia, que o analisaram-no a partir dos
critérios a seguir (Anexo 4):
INVÁLIDO POUCO VÁLIDO VÁLIDO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Na análise dos dados adotou-se os seguintes critérios: os módulos que
receberam nota de zero a quatro foram excluídos, os com nota entre cinco e sete
reformulados, e os com nota entre oito e dez mantidos com a redação original.
Obteve-se no questionário um índice de clareza e validade de 9,18 (Anexo 5).
Para avaliar a fidedignidade, o questionário foi entregue a dez acadêmicos de
Odontologia do 4° ano da Unioeste, os quais não fizeram parte da amostra do
estudo.
3.5 COLETA DE DADOS
A coleta de dados teve seu início com a revisão da literatura que foi realizada
através de revistas especializadas, artigos, dissertações e livros das áreas aqui
tratadas.
O questionário foi aplicado pela autora a cada acadêmico de Odontologia da
Unioeste individualmente. Os dados foram coletados no local de trabalho dos
acadêmicos (Clínica Escola de Odontologia da Unioeste) durante horário de
atendimento.
Os dados referentes a postura dos acadêmicos de Odontologia no momento
da realização dos procedimentos inerentes à profissão foram obtidos por meio de
observação direta e filmagem durante as visitas a Clínica Escola de Odontologia da
Unioeste.
3.6 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS
Os dados pessoais foram obtidos por meio de questionário. Para análise do
ambiente foi realizada observação visual direta e, com uma fita métrica, mensurou-
se o espaço disponível. Para registro dos dados referentes à postura do acadêmico
durante atendimento foi utilizado uma filmadora.
3.7 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO POSTURAL
3.7.1 MÉTODO MRI
De acordo com Fagundes (1983) MRI é um método de registro a intervalos.
Para efetuá-lo é necessário usar uma folha quadriculada ou uma folha comum,
dividida em caselas, as quais indicarão os intervalos de tempo, de duração sempre
igual. A escolha de duração é arbitrária. Os intervalos de 5 a 30 segundos são muito
utilizados, sendo mais comuns intervalos de 10 a 15 segundos (Anexo 6).
Em cada casela, anota-se a ocorrência (o comportamento ocorreu na casela)
ou não (o comportamento não ocorreu) e não a freqüência absoluta (quantas vezes
ocorreu, em uma casela).
Neste método, o observador olha para o sujeito durante todo o tempo, só
desviando o olhar nos momentos de indicar ou as ocorrências ou as não-
ocorrências, cuidando com atenção dos limites temporais dos intervalos. As não-
ocorrências devem ser indicadas com um sinal qualquer, para não se correr o risco
de pular alguma casela ou de se anotar uma ocorrência em casela errada.
3.7.2 MÉTODO RULA
É um método de estudo desenvolvido para ser usado em investigações
ergonômicas de postos de trabalho onde existe a possibilidade de desenvolvimento
de lesões por esforços repetitivos em membros superiores, ou seja, RULA é a
Análise Rápida dos Membros Superiores. Não precisa de equipamentos especiais
para ser realizado e oferece uma rápida análise das posturas de pescoço, tronco e
membros superiores junto com a função muscular e a carga externa recebida pelo
corpo (MCATAMNEY; CORLETT, 1993).
A planilha Rula (Anexo 7) usa diagramas de posturas do corpo e três tabelas
que avaliam o risco de exposição a fatores de risco como fatores de carga externos
que incluem:
1. Número de movimentos;
2. Postura estática;
3. Força;
4. Postura de trabalho determinada por equipamentos e mobiliários;
5. Tempo de trabalho e pausa;
O método foi desenvolvido para:
Focalizar de maneira rápida fatores de risco de uma população às
doenças dos membros superiores associados ao trabalho;
Identificar os esforços musculares relacionados a postura de trabalhos
estáticos ou repetitivos que possam contribuir para a fadiga muscular;
Fornecer resultados que permitem a avaliação epidemiológica, física,
mental, ambiental e dos fatores organizacionais.
Foi desenvolvida em três fases:
1. Coleta de dados relacionados as posturas adotadas no trabalho;
2. Desenvolvimento de um sistema de escore;
3. Desenvolvimento de uma escala de níveis de ação que permite a
elaboração de um guia para níveis de risco e a necessidade de uma
avaliação mais detalhada.
O corpo foi dividido em segmentos que forma dois grupos (A e B). No primeiro
estão incluídos os braços, antebraço e pulso, enquanto que no segundo, estão o
pescoço, o tronco e as pernas, o que assegura que todas as partes do corpo sejam
observadas.
A taxa de movimento para cada parte do corpo é dividida em sessões
numeradas, onde o número 1 é dado a postura de trabalho onde os fatores de risco
presentes são mínimos, sendo os números maiores para as posturas mais
constrangedoras, indicando um aumento dos fatores de risco.
O início da avaliação se dá com a observação do indivíduo durante vários
ciclos do trabalho com a finalidade de selecionar as tarefas e posturas a serem
avaliadas, que pode ser feita baseada na duração do procedimento ou no grau de
constrangimento, ou seja, selecionando a pior postura adotada pelo trabalhador no
ciclo observado.
Os dados são lançados numa planilha do método RULA. Cada parte do corpo
é avaliada e os resultados são levados a diversos quadros que fornecerão um
escore final.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO QUESTIONÁRIO
De acordo com os resultados obtidos do estudo, no que diz respeito ao
gênero e a idade, constatou-se que 42% dos acadêmicos de odontologia
questionados eram do sexo masculino e 58% do sexo feminino; sendo a amostra
constituída de 21 acadêmicos do curso de Odontologia da Unioeste. A faixa etária
variou entre 22 e 24 anos de idade, onde a média de idade é de 23 anos. Quanto à
lateralidade, 100% dos acadêmicos questionados tem dominância destra.
Todos os acadêmicos questionados cursavam o 5° ano de graduação do
curso de Odontologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Os
mesmos cumpriam uma carga horária de atendimento, na Clínica Escola de
Odontologia da Universidade, em média de 8,3 horas, onde dois (10%) acadêmicos
realizam 5 horas de atendimento por dia, dois (10%) realizam 6 horas, quatro (19%)
10 horas, e treze acadêmicos (61%) realizam 8 horas diárias de atendimento (Figura
6); cinco dias por semana com uma média de 6 pacientes por dia. Os atendimentos
eram realizados no período da manhã, tarde e noite.
FIGURA 6 – Horas dispendidas ao atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste
Fonte – Autora
10%
10%
61%
19%
Cinco horas Seis horas Oito horas Dez horas
Os acadêmicos realizam atividades de clínica geral (cirurgia, dentística,
periodontia, e outros) conforme necessidade do paciente. O maior relato de
desconforto é para a atividade de endodontia com 47,6% (dez acadêmicos) seguida
pela periodontia com 38,1% (oito acadêmicos) e dentística com 14,3% (três
acadêmicos) (Figura 7).
Figura 7 – Procedimentos de maior queixa de desconforto
FONTE - Autora
As posturas mais adotadas pelos acadêmicos durante o atendimento podem
ser visualizadas na Figura 8. As posições de maior desconforto são a manutenção
da abdução e elevação do ombro, com flexão de cotovelo e punho, anteriorização
exagerada e rotação de tronco.
Endodontia Periodontia Dentística
47,60%38,10%
14,30%
FIGURA 8 – Posturas adotadas pelos acadêmicos durante atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste
FONTE - Autora
Como pode ser observado, a maioria dos acadêmicos realizam as atividades
clínicas na postura sentada, com anteriorização de tronco, rotação cervical, flexão de
cotovelo e punho direito e esquerdo, mantidos e repetidos por longos períodos,
preferindo a posição, segundo a classificação ISO/FDI, de nove horas, para a
maioria dos procedimentos, e com o ângulo formado entre a região posterior da coxa
e da panturrilha entre 90° e 115° (Figura 9). Isso pode levar a desconfortos e
distúrbios posturais futuros para essa classe profissional. Os sintomas que os
acadêmicos já apresentam podem ser vistos na Figura 10, onde o principal
desconforto referido pelos mesmos é o cansaço muscular (vinte e um acadêmicos –
25%) e dor incaracterístico após período de atendimento (dezoito – 22%).
5
21 2120
1716
15
19
13
21
17
20
16
Em Pé SentadoSentado com Anteriorização Tronco Sentado com Rotação Troncocom Rotação Cervical Com Abdução Ombro DCom Abdução Ombro E Com Elevação Ombro DCom Elevação Ombro E Com Flexão Cotovelo DCom Flexão CotoveloE Com Flexão Punho DCom Flexão Punho E
FIGURA 9 – Posições mais adotadas pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste durante atendimento segundo Classificação ISSO/FDI
10
21
46
Sete horas Nove horas Onze horas Doze horas
FONTE - Autora
FIGURA 10 – Tipos de desconforto referido pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste após atendimento na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste
22%
10%
8%
19%
25%
8%8%
Dor incaracterístico Dor em queimaçãoFormigamento CãibrasCansaço muscular Perda de força MMSSLimitação de movimento MMSS
FONTE – Autora
O local mais freqüente da dor é a região cervical, com 24% (treze
acadêmicos) seguida da região dorsal com 19% (dez acadêmicos) a região lombar
com 17% (nove acadêmicos) ombros com 13% (sete acadêmicos) punho e mãos
com 11% (seis acadêmicos) tornozelos e pés com 9% (cinco acadêmicos) e, por
último, os joelhos com 7% (cinco acadêmicos) como demonstrado na Figura 11.
FIGURA 11 – Locais de dor e desconforto referido pelos acadêmicos relacionados às atividades na Clínica Escola de Odontologia da Unioeste
13
109
76
45
Cervical
Dorsal
Lombar
Ombros
Punhos/Mãos
Joelhos
Tornozelos/Pés
FONTE - Autora
Outros sintomas referidos são fadiga física, irritabilidade, nervosismo e
ansiedade, sendo até citada a falta de interesse pela atividade acadêmica e
depressão (Figura 12).
FIGURA 12 – Outras manifestações relatadas pelos acadêmicos de Odontologia da Unioeste
20 6 6 8 4 6 3 3
Fadiga FísicaAnsiedadeFadiga PsíquicaIrritabilidadeInsôniaNervosismoPerda de interesse pelas atividades acadêmicasDepressão
FONTE - Autora
Todos os acadêmicos questionados têm conhecimento dos equipos utilizados
e das vantagens ergonômicas dos mesmos para a postura, como por exemplo, o uso
encosto do mocho, entretanto, 47,6% dos entrevistados não utilizam o encosto
alegando que com a anteriorização do tronco tem-se um melhor acesso e
visibilidade do campo operatório. A Tabela 1 mostra outros motivos da não utilização
do encosto, dado pelos acadêmicos. Somado a isso, o tempo prolongado nesta
postura, sem apoio lombar, muitas vezes com a pelve rodada para frente, faz com
que a região lombo-sacra e os ílios sofram uma deformação, que juntamente com a
imobilidade prolongada, agrava as dores e leva a patologias dessa região (HUET;
MORAES, 2002).
Tabela 1 – Motivo da não utilização do encosto
MOTIVO Freqüência Porcentagem
Esquecimento 2 20%
Falta de Hábito 2 20%
Dificuldade para Visualização 6 60%
TOTAL 10 100%
Quando questionados com relação as prováveis causas de desconfortos,
todos são unânimes em afirmar que as posturas incorretas durante o atendimento,
juntamente com a manutenção por um longo período são as principais “vilãs”.
Entretanto, a grande maioria dos acadêmicos refere não fazer nada para mudar ou
aliviar sintomas (45%) alguns referem solicitar auxílio de outro acadêmico (18%) ou
até mesmo diminuir o tempo de cuidado com o paciente (17%) outros referem
procurar utilizar melhor a mecânica corporal (20%).
Dentre os acadêmicos questionados, apenas dois, ou seja, 9,5% procuraram
auxílio médico e fisioterapêutico por causa dos sintomas.
O tipo de visão utilizada pelos dentistas pode estar denotando a inter-relação
entre instrumentos de trabalho, modo de realização da atividade e esforço físico. A
visão indireta, isto é, utilizando-se o espelho durante os procedimentos, foi
associado a menores freqüências de dor no pescoço, possivelmente porque o
espelho facilita e ameniza os movimentos para exame da cavidade oral (SANTOS,
2001). Como poucos acadêmicos utilizam a visão indireta (33%, 8 acadêmicos) teve-
se nesta pesquisa uma alta incidência de dor cervical (24%). A associação inversa
entre queixa de dor no ombro e altura dos indivíduos pode ser explicada pelo menor
esforço dos acadêmicos mais altos para o alcance e manuseio dos instrumentos e
do paciente, o que confere com o questionário aplicado aos acadêmicos, pois os que
referiram dor na região do ombro apresentavam uma média de estatura de 1,70
metros de altura (65%).
4.2 ANÁLISE DO MÉTODO RULA
Os resultados do método RULA (Anexo 8) demonstraram que:
As posturas analisadas não são aceitáveis, pois todas atingiram
escores finais acima de 2;
As posturas adotadas durante o procedimento cirúrgico são as de
maior constrangimento, com escores acima de 6, tanto para lado direito
quanto esquerdo, com flexão e rotação de tronco, o que exige uma
orientação do acadêmico e correção imediata;
A revisão de prótese, apesar de ser um procedimento de pequena
duração, merece uma melhor investigação, para um posicionamento
mais correto do acadêmico. Por ser uma fase que não necessita uma
visualização perfeita, o acadêmico faz flexão de tronco e cervical
aceitáveis, porém os movimentos de alcance exagerados dos membros
superiores, que são prejudiciais, estão presente;
As posturas adotadas durante o procedimento de restauração
merecem ser melhor analisadas, para poder orientar sobre possíveis
mudanças posturais, pois se obteve um escore acima de 6, o que
indica necessidade de mudanças imediatas.
CONCLUSÕES
Através da análise dos resultados obtidos pela pesquisa e conforme os
objetivos propostos pelo estudo, pode-se concluir que os acadêmicos de odontologia
já apresentam sintomas de desconfortos ocupacionais que são relatados por
profissionais da área. Isso ocorre devido à manutenção ou repetição de posturas
incorretas durante atividades em clínica, as quais podem levar a muitos danos na
biomecânica corporal e a saúde em geral do individuo. Por isso é relevante para
uma boa saúde e bem estar do corpo, adotar, sempre que possível, uma boa
postura em todas as atividades da vida diária. Isso não significa evitar esforços e
outras atividades vigorosas que, no decorrer da ação, podem, ocasionalmente,
alterar a postura correta. Dentro dos limites, tais movimentos são até benéficos para
o corpo.
Observando-se o trabalho acadêmico, tem-se a impressão inicial de que a
região mais afetada seja a lombar, devido a postura adotada. Isso poderia contrariar
as incidências descritas por vários autores. Entretanto, as prevalências encontradas
nesta investigação são próximas aos achados da literatura, destacando-se os
sintomas cervical e dorsal. Os fatores associados a queixa de dor também foram
consistentes com aqueles encontrados em outros estudos, fatores ergônomico-
posturais, de produtividade associada à carga horária, características individuais,
como por exemplo, altura e psicossociais.
Estudos epidemiológicos recentes confirmam a relação dos movimentos de
esforço, repetição e sobrecarga estática na origem de muitos problemas músculo-
esqueléticos. Englobando como mecanismos fisiopatológicos as contrações
contínuas e aumento de pressão intramuscular, interrupção do aporte sangüíneo e
compressões de feixes nervosos, levando ao sofrimento muscular crônico.
Vale salientar que a maioria dos acadêmicos, independente da posição
adotada, não faz uso de posturas corretas, não realiza atividade física nem pausas
durante os atendimentos, o que facilita a instalação de distúrbios posturais.
Outrossim, a própria terapêutica odontológica leva, tanto o acadêmico quanto
o profissional, a adotar posturas, muitas vezes constrangedoras, para poder ter
melhor acesso e visibilidade do campo operatório. Geralmente colocam-se na
posição de 11 e 9 horas (ISO/FDI) ao lado do paciente o que exige durante o
atendimento que o operador faça muitas acomodações para chegar mais próximo do
campo operatório, isso provoca sobrecargas na coluna vertebral. Muitas vezes, o
acadêmico se coloca numa postura que mantém altura diferente de ombros, o que
leva a maior tensão e desconforto.
A posição de 9 horas, mais adotada pelos acadêmicos devido a falta de
experiência, exige uma inclinação para frente que, dependendo do grau pode ser
fisiologicamente aceitável, pois os braços podem ser mantidos mais próximos do
corpo, porém a perna direita fica impossibilitada de uma maior aproximação. Já na
posição de 11 horas a perna esquerda pode entrar por sob o encosto da cabeça e o
dentista tem acesso visual direto dos dentes inferiores e indireto dos superiores.
Com isso, conclui-se que devem ser feitas orientações aos acadêmicos dos
benefícios dessa posição em relação a de 9 horas.
Fica evidente, com a pesquisa, que os acadêmicos necessitam de orientação
e modificações urgentes quanto as posturas adotadas e aos métodos de
relaxamento e preparação corporal para as sobrecargas no trabalho odontológico a
fim de minimizar e/ou evitar as dores e os problemas posturais decorrentes da
profissão, e proporcionar uma melhor qualidade de vida no trabalho.
Orientações propostas:
Criar trabalhos que esclareçam, conscientizem e orientem os
acadêmicos, desde o início do curso, quanto aos hábitos posturais
corretos e a importância da ergonomia, para que aprendam a trabalhar
de forma a evitar problemas posturais futuros;
Orientar a importância de pequenas pausas entre os pacientes, os
quais permitem um relaxamento muscular, pois a movimentação e o
alongamento melhoram o aporte sangüíneo para as regiões tensas,
prevenindo desconfortos posturais;
Incentivar a prática de atividade esportiva, pois a permanência na
postura sentada a maior parte do dia agrava situações estressantes
inerentes a profissão;
Elaborar de um programa de exercícios e alongamentos que possa ser
executado pelos acadêmicos e profissionais no ambiente de trabalho;
Orientar a intercalação das várias posições de trabalho, de forma a
evitar as mesmas posturas por longos períodos; evitar posturas
estáticas por muito tempo e movimentos repetitivos; apoiar membros
superiores sempre que possível;
Orientar a utilização correta dos equipos, como o encosto do mocho,
regulação da altura, para uma melhor postura durante trabalho; evitar
rodar o tronco e pescoço e manter por longo período, prevenindo,
assim, os “encurtamentos“ musculares; utilizar rotação do mocho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, O. B. Ergonomia 1: A Eficiência ou Rendimento e a Filosofia Correta de Trabalho em Odontologia. São Paulo: Pancast, 1991.
BARROS, O. B. Ergonomia 3: O Ambiente Físico de Trabalho, a Produtividade e a Qualidade de Vida em Odontologia. São Paulo: Pancast, 1993.
BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia Reabilitação Legislação. Curitiba: Clãdosilva, 2002.
BAUTZER, R. E. S.; BAUTZER, M. S. S. Odontologia e as Terapias de Apoio. Curitiba: Lovise, 1987.
CAILLIET, A. J. Compreenda sua Dor de Coluna. São Paulo: Manole, 1985.
CHAFFIN, D. B.; ANDERSON, G. B. J.; MARTIN, B. J. Biomecânica Ocupacional. Belo Horizonte: Ergo, 2001.
COURY, H. G. Trabalho Sentado – Manual para Posturas Confortáveis. 2a. ed. São Carlos: Ufscar, 1995.
EMOKA, R. M. Bases Neuromecânicas da Cinesiologia. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2000.
FIFLIOLI, M.; PORTO, F. A. Postura de Trabalho em Odontologia. Publicações Científicas. V. 12, n. 10, nov/dez. São Paulo: 1986.
FIFLIOLI, M.; PORTO, F. A. Adequação do Consultório para Trabalho com Auxiliar. Publicações Científicas. V. 12, n. 10, nov/dez. São Paulo: 1987.
FLENK, M. et al. Prevenção de Cifoescoliose em Estudantes de Odontologia. Fisioterapia em Movimento. Ano 1, n.1, out. São Paulo: 1989.
GENOVESE, W. J.; LOPES, A. Doenças Profissionais do Cirurgião-Dentista. São Paulo: Pancast, 1991.
GYUTON, A. C. Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças. 5a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.
HAMILL, J.; KUNTZEN, K. M. Bases Biomecânicas do Movimento Humano. São Paulo: Manole, 1999.
HUET, M.; MORAES, A. Apoio Ergonômico para a Região Sacro-ílio-lombar na Posição sentada em Viagens de Longa Duração. Revista Fisioterapia Brasil. v. 3, n. 5, 2002
IÍDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Blucher, 1990.
KAPANDJI, J. A. Fisiologia Articular. São Paulo: Manole, 1980.
KENDALL, F. P.; McCREARY, E. K.; PROVANCE, P. G. Músculos Provas e Funções. 4a. ed. São Paulo: Manole, 1995.
KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios Terapêuticos Fundamentos e Técnicas. 3a. ed. São Paulo: Manole, 1998.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Técnicas de Pesquisa. 2ª ed São Paulo: Atlas, 1990.
MAFFAT, M.; VICKERY, S. Manual de Manutenção e Reeducação Postural. São Paulo: Artmed, 2002.
McATAMMEY, L.; CORLETT, E. N. Rula: a Survey Method for the Investigation of Work-Related Upper Limb Disorders. Revista Applied Ergonomics, 1993.
MONDELLI, J. et al. Dentística Pré-Clínica. São Paulo: Sarvier, 1979.
MUNHOZ, M. P.; BRENZIKOFER, R.; VILARTA, R. Análise postural tridimensional da coluna Vertebral diante da Aplicação de Sobrecarga Progressiva Unilateral. In: Anais de biomecânica VI. Brasília: FAP-DF, 1995.
OLIVEIRA, C. R. Manual Prático de LER. 2a. ed. Belo Horizonte: Health, 1998.
O’SULLIVAN, S. B., SCHIMITZ, T. J. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. 2a. ed. São Paulo: Manole, 1993.
PORTO, F. A. O Consultório Odontológico. São Carlos: Scritti, 1994.
RANNEY, D. Distúrbios Osteomusculares Crônicos Relacionados ao Trabalho. São Paulo: Rocca, 2000.
RODGHER, S.; COURY, H. G.; SANDE, L. A. P. Controle de Desconfortos Posturais em Indivíduos que Trabalham Sentados: Avaliação da Eficácia de um Programa Audio-visual. Revista Brasileira de Fisioterapia. v. 1, n. 1, 1996.
SANTOS, N.; FIALHO, F. Manual de Análise Ergonômica do Trabalho. Curitiba: Gênesis, 1997.
SANTOS, S. B. F.; BARRETO, S. M. Atividade e Prevalência de Dor Osteomuscular em Cirurgiões Dentistas de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: Contribuição ao Debate sobre os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Cad. Saúde Pública vol 17 no. 1 Rio de Janeiro Jan/Feb. 2001.
SAQUY, P. C.; PÉCORA, J. D. Orientação Profissional em Odontologia. São Paulo: Santos, 1996.
SELKURT, E. E. Fisiologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986.
SMITH, L. K.; WEISS, E. L.; LEHMKUHL, L. D. Cinesiologia Clínica de Brunnstrom. 5ª ed. São Paulo: Manole, 1997.
TEIXEIRA, M. J.; CORRÊA, C. F.; PIMENTA, C. A. Dor: Conceitos Cerais. São Paulo: Limay, 1994.
VERDUSSEN, R. Ergonomia, a Racionalização Humanizada do Trabalho. Técnico Científico. Rio de Janeiro: 1978.
VIEL, E.; ESNAULT, M. Lombalgias e Cervicalgias da Posição Sentada Conselhos e Exercícios. São Paulo: Manole, 2000. VOTELLER, A. A Importância da postura Correta no Local de Trabalho. Giroflex: Ergonomia e Trabalho, 2002. http://www.dipapel.com.br/giroflex/ergonomia.htm. Acessado em 28/09/02.
ANEXO 1 REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÃO
Cascavel, fevereiro de 2003.
Paula Maehler
Rua Londrina, 2448
Centro – Cvel – PR
Fone: (045)222-1244
Prezado Diretor da Clínica de Odontologia
Sou aluna da graduação em Fisioterapia, e atualmente estou desenvolvendo
trabalho de conclusão de curso, cujo tema é “Estudo das sobrecargas posturais em
acadêmicos de Odontologia da Unioeste”.
Por esta razão, venho através desta solicitar sua colaboração no sentido de
autorizar a filmagem dos acadêmicos durante o procedimento na clínica de
Odontologia da Unioeste, que constitui um instrumento de mensuração da pesquisa.
Outrossim, informo que será garantido anonimato dos acadêmicos e sigilo das
informações. Contando com a colaboração antecipadamente agradeço.
Atenciosamente
Paula Maehler
ANEXO 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
Trabalho de Conclusão de Curso
Questionário
A. Dados Pessoais: 1.1 Iniciais do nome:___________________________
1.2 Data de nascimento:___/___/___
1.3 Sexo:( )F ( )M Idade:___ Altura:___
Peso:___
1.4 Lateralidade: ( )Destro ( )Sinistro
1.5 Acadêmico: ( )3a série ( )4a série ( )5a série
B. Atuação Quanto Acadêmico; 2.1 Período de atividade prática na Clínica de Odontologia:
( )Manhã ( )Tarde ( )Noite
2.2 Quantas vezes por semana: ( )Uma ( )Duas ( )Três ( )Quatro ( )Cinco ( )Seis ( )Sete
2.3 Quantas horas por dia:___________________________
2.4 Qual número de atendimento/dia:__________________ 2.5 Que tipo de atividade desenvolve na Clínica Odontológica:
2.6 Qual postura você adota durante esta atividade: ( )Sentada(o) ( )Sentada com rotação do tronco ( )Com rotação Cervical
( )Sentada(o) com inclinação do tronco e região cervical para frente
( )Em pé ( )Elevação lateral do ombro D ( )Elevação lateral do ombro E
( )Com elevação anterior do ombro D ( )Com elevação anterior do ombro E
( )Com flexão do cotovelo D ( )Com flexão do cotovelo E
( )Com flexão do punho D ( )Com flexão do punho E
Outros:_______________________________________________________
2.7 Se você adota postura sentada(o) qual ângulo aproximado formado na articulação do joelho:
( )Menor que 90o ( )de 90 a 115o
( )Maior que 115o (afastando a perna da cadeira)
2.8 O mocho possui encosto: ( )Sim ( )Não
2.8.1 Você usa o encosto: ( )Sim ( )Não
2.8.2 Se não usa, qual o motivo:_______________________________
2.9 Qual o lado da cadeira odontológica você atua normalmente: ( )Direito ( )Esquerdo
2.10 Os equipamentos de manuseio e o mocho ficam a que distância,
aproximadamente, da cadeira odontológica:
( )Menos de um metro ( )Mais de um metro
2.11 Qual a visão adotada durante o atendimento:
( )Direta ( )Indireta
2.12 Realiza intervalos de descanso:( )Não ( )Sim
2.13.1 Qual tempo, freqüência e o que faz durante o intervalo:
_________________________________________________________
2.13 Imaginando um relógio, onde o centro é a boca do paciente, estando o paciente na horizontal, qual a posição adotada durante o trabalho:
( )Posição de sete horas
( )Posição de nove horas
( )Posição de onze horas
( )Posição de doze horas
( )Outra posição, qual:_______________________________________
2.14 Realiza alguma atividade física:( )Não ( )Sim
2.14.1 Qual(is) atividade(s):___________________________________
2.14.2 Com que freqüência: 2.14.3 Qual a duração da atividade: ( )1vez por semana ( )Menos de 15 minutos
( )2 vezes por semana ( )15 a 30 minutos
( )3 vezes por semana ( )Mais de 30 minutos
( )Todos os dias ( )Há quanto tempo pratica
C. Quanto à Saúde: 3.1 Sente alguma dor ou desconforto físico:( )Não ( )Sim
3.1.1 Onde:( )Coluna cervical ( )Coluna dorsal ( )Coluna lombar
( )Ombro ( )Cotovelo ( )Punho e mãos
( )Quadril ( )Joelho ( )Tornozelos e pés
( )Outros:______________________________________
3.1.2 Característica da dor:( )Leve ( )Moderada ( )Intensa
3.1.3 Há quanto tempo vem sentindo dor:______________________
3.2 Fatores que pioram a dor:___________________________________ 3.3 Fatores que melhoram a dor:_________________________________ 3.4 Já apresentou algum(s) dos sintomas a baixo: ( )Dor ( )Cansaço muscular ( )Formigamento
( )Alterações de sensibilidade ( )Queimação ( )Cãibras
( )Perda de força muscular, onde:_________________________________
( )Limitação nos movimentos, quais:_______________________________
Local:________________________________________________________
3.4.1 Quando eles se apresentam (sintomas):
( )Todos os dias ( )Meio da semana ( )Final de semana
( )Antes do trabalho( )Após o trabalho ( )Durante o trabalho
( )À noite ( )Contínuos ( )Intermitentes
3.5 Na sua opinião qual(is) a(s) causa(s) deste(s) sintoma(s): 3.6 Consultou algum médico por causa dos sintomas:( )Não ( )Sim
3.7 Se visitou, qual dos seguintes distúrbios foi diagnosticado:
( )Tendinite/Inflamação dos tendões
( )Tenossinovite/Inflamação dos tecidos que revestem os tendões
( )Miosite/Inflamação nos músculos
( )Bursite/Inflamação das bursas
( )Epicondilite/Inflamação das estruturas do cotovelo
( )Cervicobraquialgia/ Dor na região cervical, referindo-se para o braço
( )Ombro doloroso/Compressão de nervos e vasos na região do ombro
( )Síndrome do túnel do carpo/Comprometimento ao nível do punho
( )Outros:____________________________________________________
3.8 Consultou um fisioterapeuta por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim
3.9 Precisou parar com a atividade desenvolvida temporariamente por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim, quanto tempo:________________
3.10 Precisou alterar os hábitos de vida:( )Não ( )Sim
3.11 Precisou usar órteses (Talas, bandagens, etc.): ( )Não ( )Sim, qual:
3.12 Ocorrência de outras manifestações durante os sintomas do(s) distúrbio(s):( )Não ( )Sim, qual: ( )Depressão ( )Ansiedade ( )Nervosismo
( )Fadiga física ( )Fadiga psíquica ( )Irritabilidade
( )Insônia ( )Perda de interesse pela atividade acadêmica
3.13 Alterações nos hábitos de atendimento:( )Não ( )Sim
3.14 Em caso positivo, o que tem feito para modificar (marque quantas
forem necessárias):
( )Mudança de posição de atendimento freqüente
( )Solicita auxílio de outro acadêmico
( )Alteração na jornada de atendimento (redução de tempo de atividade)
( )Pára de atender quando os sintomas se agravam (quantos minutos:___)
( )Diminui o uso de técnicas manuais
( )Faz mais intervalos ou pausas durante a jornada da atividade prática
( )Utiliza melhor a sua mecânica corporal
( )Diminui o tempo de cuidado ao paciente
( )Faz ginástica laboral
( )Outros:____________________________________________________
3.15 No tempo livre, que tipo de atividade realiza: ( )Atividades manuais ( )Trabalhos domésticos leves ( )Tv/vídeo
( )Usa computador ( )Trabalhos domésticos pesados
( )Leitura/estudo ( )Outros:________________________________
ANEXO 3 SOLICITAÇÃO DE AVALIAÇÃO QUESTIONÁRIO
Cascavel, fevereiro de 2003.
Paula Maehler
Rua Londrina, 2448
Centro – Cvel – PR
Fone: (045)222-1244
Prezado Senhor
Sou aluna da graduação em Fisioterapia, e atualmente estou desenvolvendo
trabalho de conclusão de curso, cujo tema é “Estudo das sobrecargas posturais em
acadêmicos de Odontologia da Unioeste”.
Por esta razão, venho através desta solicitar sua colaboração para verificar a
validade do questionário em anexo, que se constitui um dos instrumentos de coleta
de dados dessa pesquisa. Solicito que avalie conforme a escala abaixo de cada
questão, colocando um X no número escolhido. Constando com a colaboração
antecipadamente agradeço.
Atenciosamente
Paula Maehler
ANEXO 4
Data:___/___/___
A. Dados Pessoais: 1.1 Iniciais do nome:___________________________
1.2 Data de nascimento:___/___/___
1.3 Sexo:( )F ( )M Idade:___ Altura:___
Peso:___
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
1.4 Lateralidade: ( )Destro ( )Sinistro
1.5 Acadêmico: ( )3a série ( )4a série ( )5a série
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
B. Atuação Quanto Acadêmico; 2.1 Período de atividade prática na Clínica de Odontologia:
( )Manhã ( )Tarde ( )Noite
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.2 Quantas vezes por semana: ( )Uma ( )Duas ( )Três ( )Quatro ( )Cinco ( )Seis ( )Sete
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.3 Quantas horas por dia:___________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.4 Qual número de atendimento/dia:__________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.5 Que tipo de atividade desenvolve na Clínica Odontológica:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.6 Qual postura adota durante esta atividade: ( )Sentada(o) ( )Sentada com rotação do tronco ( )Com rotação Cervical
( )Sentada(o) com inclinação do tronco e região cervical para frente
( )Em pé ( )Com abdução do ombro D ( )Com abdução do ombro E
( )Com elevação do ombro D ( )Com elevação do ombro E
( )Com flexão do cotovelo D ( )Com flexão do cotovelo E
( )Com flexão do punho D ( )Com flexão do punho E
Outros:_______________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.7 Se você adota postura sentada(o) qual ângulo aproximado formado na articulação do joelho:
( )Menor que 90o ( )de 90 a 115o ( )Maior que 115o
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.8 O mocho possui encosto: ( )Sim ( )Não
2.8.1 Você usa o encosto: ( )Sim ( )Não
2.8.2 Se não usa, qual o motivo:_____________________________
____________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.9 Qual o lado da cadeira odontológica você atua normalmente: ( )Direito ( )Esquerdo
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.10 Os equipamentos de manuseio e o mocho ficam a que distância,
aproximadamente, da cadeira odontológica:
( )Menos de um metro ( )Mais que um metro
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.11 Qual a visão adotada durante o atendimento:
( )Direta ( )Indireta
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.12 Realiza intervalos de descanso:( )Não ( )Sim
2.13.1 Qual tempo, freqüência e o que faz:_____________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.13 Imaginando um relógio, onde o centro é a boca do paciente, estando o paciente na horizontal, qual a posição adotada durante o trabalho:
( )Posição de sete horas
( )Posição de nove horas
( )Posição de onze horas
( )Posição de doze horas
( )Outra posição:________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.14 Realiza alguma atividade física:( )Não ( )Sim
2.14.1 Qual(is) atividade(s):_________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
2.14.2 Com que freqüência: 2.14.3 Qual a duração da atividade: ( )1vez por semana ( )Menos de 15 minutos
( )2 vezes por semana ( )15 a 30 minutos
( )3 vezes por semana ( )Mais de 30 minutos
( )Todos os dias ( )Há quanto tempo pratica
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
C. Quanto à Saúde: 3.1 Sente alguma dor ou desconforto físico:( )Não ( )Sim
3.1.1 Onde:( )Coluna cervical ( )Coluna dorsal ( )Coluna lombar
( )Ombro ( )Cotovelo ( )Punho e mãos
( )Quadril ( )Joelho ( )Tornozelos e pés
( )Outros:______________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.1.2 Característica da dor:( )Leve ( )Moderada ( )Intensa
3.1.3 Há quanto tempo as dores vêm aparecendo:_______________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.2 Fatores que pioram a dor:___________________________________ 3.3 Fatores que melhoram a dor:_________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.4 Já apresentou algum(s) dos sintomas a baixo: ( )Dor ( )Cansaço muscular ( )Formigamento
( )Alterações de sensibilidade ( )Queimação ( )Cãibras
( )Perda de força muscular, onde:_________________________________
( )Limitação nos movimentos, quais:_______________________________
Local:________________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.4.1 Quando eles se apresentam (sintomas):
( )Todos os dias ( )Meio da semana ( )Final de semana
( )Antes do trabalho ( )Após o trabalho ( )Durante o trabalho
( )À noite ( )Contínuos ( )Intermitentes
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.5 Na sua opinião qual(is) a(s) causa(s) deste(s) sintoma(s):
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.6 Consultou algum médico por causa dos sintomas:( )Não ( )Sim
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.7 Se visitou, qual dos seguintes distúrbios foi diagnosticado:
( )Tendinite/Inflamação dos tendões
( )Tenossinovite/Inflamação dos tecidos que revestem os tendões
( )Miosite/Inflamação nos músculos
( )Bursite/Inflamação das bursas
( )Epicondilite/Inflamação das estruturas do cotovelo
( )Cervicobraquialgia/ Dor na região cervical, referindo-se para o braço
( )Ombro doloroso/Compressão de nervos e vasos na região do ombro
( )Síndrome do túnel do carpo/Comprometimento ao nível do punho
( )Outros:____________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.8 Consultou um fisioterapeuta por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.9 Precisou parar com a atividade desenvolvida temporariamente por causa do distúrbio:( )Não ( )Sim
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.10 Precisou alterar os hábitos de vida:( )Não ( )Sim
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.11 Ocorrência de outras manifestações durante os sintomas do(s) distúrbio(s):( )Não ( )Sim
( )Depressão ( )Ansiedade ( )Nervosismo
( )Fadiga física ( )Fadiga psíquica ( )Irritabilidade
( )Insônia ( )Perda de interesse pela atividade acadêmica
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.12 Alterações nos hábitos de atendimento:( )Não ( )Sim
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.13 Em caso positivo, o que tem feito para modificar (marque quantas
forem necessárias):
( )Mudança de posição de atendimento freqüente
( )Solicita auxílio de outro acadêmico
( )Alteração na jornada de atendimento (redução de tempo de atividade)
( )Pára de atender quando os sintomas se agravam (quantos minutos:___)
( )Diminui o uso de técnicas manuais
( )Faz mais intervalos ou pausas durante a jornada da atividade prática
( )Utiliza melhor a sua mecânica corporal
( )Diminui o tempo de cuidado ao paciente
( )Faz ginástica laboral
( )Outros:____________________________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
3.14 No tempo livre, que tipo de atividade realiza: ( )Atividades manuais ( )Trabalhos domésticos leves ( )Tv/vídeo
( )Usa computador ( )Trabalhos domésticos pesados ( )Leitura/estudo
( )Outros:___________________________________
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
INVÁLIDA POUCO VÁLIDA VÁLIDA
ANEXO 6 TABELA MRI
Intervalos/Min Upper Arm Lower Arm Wrist Wrist Twist Neck Neck Twist
0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60
Intervalos/Min Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load
0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15 16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60 0 – 15
16 – 30 31 – 45 46 – 60
ANEXO 8 RESULTADO ANÁLISE RULA
RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 7/7
A score of one or two indicates that posture is acceptable if it is not maintained or repeated for
long periods.
A score of three or four indicates further investigation is needed and changes may be required.
A score of five or six indicates investigation and changes are required soon.
A score of seven or more indicates investigation and changes are required immediately.
PROCEDIMENTO – ENDODONTIA ABERTURA DE CANAL
+2 +1 0/0
Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load
1/0
Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load
+2 +1 0/0
Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load
RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 7/7
PROCEDIMENTO – DENTÍSTICA COLOCAÇÃO PRÓTESE
+2 +1 0/0 Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load
+2 +1 0/0 Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load
1/0 Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load
RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 7/7
PROCEDIMENTO – PERIODONTIA
+2 +1 0/0 Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load
+2 +1 0/0 Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load
1/0
Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load
RULA - Rapid Upper Limb Assessment Grand Score (right/left): 6/6
PROCEDIMENTO – DENTÍSTICA RESTAURAÇÃO
+2 +1 0/0 Upper Arm right Lower Arm right Wrist right Wrist Twist right Muscle Use / Force ; Load
+2 +1 0/0 Upper Arm left Lower Arm left Wrist left Wrist Twist left Muscle Use / Force ; Load
1/0 Neck Neck Twist Neck Sidebend Trunk Trunk Twist Trunk Sidebend Legs Muscle Use / Force ; Load