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ESTUDO DE AVALIAÇÃO INTERCALAR DO PROGRAMA OPERACIONAL FATORES DE COMPETITIVIDADE (COMPETE) Relatório Final Novembro | 2013

estudo de avaliação intercalar do programa operacional fatores de

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  • Avaliao Intercalar do COMPETE | 1

    ESTUDO DE AVALIAO INTERCALAR DO PROGRAMA

    OPERACIONAL FATORES DE

    COMPETITIVIDADE (COMPETE)

    Relatrio Final

    Novembro | 2013

  • Ficha tcnica

    Ttulo ESTUDO DE AVALIAO INTERCALAR DO PROGRAMA OPERACIONAL FATORES DE COMPETITIVIDADE

    (COMPETE) Relatrio Final

    Relatrio | Novembro 2013

    Promotor

    Programa Operacional Fatores de Competitividade COMPETE

    Autoria

    Augusto Mateus & Associados e PwC Portugal

    Coordenao global Augusto Mateus

    Equipa de avaliao

    Vtor Escria Sandra Primitivo

    Manuel Carrilho Dias Gonalo Caetano

    Hermano Rodrigues

    Ana Paula Africano Ana Margarida Silva

    Dalila Farinha Cristina Cabral

    Filipa Lopes Joo Lima Curral

    Jorge Moreira Rui Matos

    Rui Ferreira Susana Gouveia

    Vera Oliveira

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | i

    Sumrio Executivo

    INTRODUO

    O sumrio executivo do presente relatrio de avaliao do Programa COMPETE apresenta de forma

    sistematizada mas muita sinttica as grandes concluses e recomendaes dela resultantes. A plena

    apropriao dos contributos deste exerccio de avaliao no dispensa um esforo de aprofundamento que

    permita uma explorao completa do corpo do relatrio e dos seus anexos.

    A apresentao das concluses e recomendaes precedida de um conjunto de breves notas que situam os

    contornos do programa, a evoluo do seu contexto de conceo e execuo, a dimenso global alcanada e a

    prpria natureza do exerccio de avaliao intercalar.

    Os contornos do Programa COMPETE

    O Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) um programa operacional no mbito do

    QREN 2007-2013 que visa a melhoria sustentada da competitividade da economia portuguesa, intervindo sobre

    dimenses consideradas estratgicas, como a inovao, o desenvolvimento cientfico e tecnolgico, a

    internacionalizao, o empreendedorismo e a modernizao da Administrao Pblica.

    O Programa, com uma dotao global de 3,2 mil milhes de euros, incide sobre as trs regies de convergncia

    do Continente (Norte, Centro e Alentejo) e dispe de cinco instrumentos para prosseguir os seus objetivos: os

    Sistemas de Incentivos s empresas (SI), o Sistema de Apoio ao Financiamento e Partilha de Risco da Inovao

    (SAFPRI), o Sistema de Apoio a Entidades do Sistema Cientfico e Tecnolgico Nacional (SAESCTN), o Sistema

    de Apoios Modernizao Administrativa (SAMA) e o Sistema de Apoio s Aes Coletivas (SIAC).

    O COMPETE assume ainda um papel especfico, no mbito dos sistemas de incentivos s empresas, uma vez

    que, tendo em conta que os PO Regionais integram nos seus objetivos a melhoria da competitividade

    empresarial das respetivas regies, ficou estabelecido que apoiaria as mdias e grandes empresas daquelas

    trs regies e os projetos que envolvem investimentos empresariais em mais do que uma regio convergncia.

    O afastamento dos contextos de preparao e de operacionalizao do Programa

    O perodo de operacionalizao do COMPETE, abarcado pela presente avaliao intercalar que se reporta data

    de 31/12/2012, ficou marcado por uma alterao substantiva do seu contexto com impactos significativos quer

    sobre a envolvente macroeconmica, quer sobre os comportamentos e expetativas dos agentes econmicos,

    quer, portanto, sobre as condies da sua prpria sua execuo.

    O Programa foi desenhado num contexto macroeconmico marcado por uma perspetiva de manuteno de um

    ritmo sustentado no crescimento econmico e no comrcio internacional, escala mundial, por uma perspetiva

    de crescimento e criao de emprego, escala europeia, e por uma perspetiva de relanamento da

    convergncia no espao europeu, escala nacional.

    O contexto efetivo de execuo do programa veio a ser, no entanto, marcado decisivamente, nomeadamente a

    partir do segundo semestre de 2008, por uma crise econmica e financeira mundial de relevante dimenso, em

    especial nas economias mais avanadas, por uma importante reduo do ritmo de crescimento do potencial de

    criao de riqueza nas economias europeias que gerou grandes dificuldades na gesto dos oramentos pblicos

    na maioria dos Estados membros e, em Portugal, na sequncia da crise no seu financiamento externo, por uma

    conjuntura de duro ajustamento financeiro, apoiada em medidas fiscais e oramentais de forte conteno dos

    rendimentos e da procura interna, que se traduziu no mais longo e intenso perodo de recesso da atividade

    econmica e do consumo privado da sua histria mais recente.

    O afastamento muito substancial verificado entre os contextos de preparao e de execuo do Programa, que

    se traduziu em mudanas significativas do seu prprio quadro de necessidades, comportamentos e desafios da

    "populao-alvo", foi no s determinante para os desenvolvimentos registados na implementao do PO como

    tem que ser considerado, de forma relevante, na anlise dos seus resultados.

    A profunda alterao do contexto econmico e financeiro verificada na operacionalizao do COMPETE teve

    reflexos decisivos no nvel e na composio do investimento empresarial, que no pode deixar de ser

    considerada a sua varivel chave, seja ao nvel das condies de financiamento, seja ao nvel das condies de

    mercado. Os efeitos principais desta alterao de contexto colocam-se em dois planos, ao nvel do alongamento

    do ciclo de execuo dos projetos e ao nvel do retardamento da produo dos respetivos impactos, que se

    combinam para reduzir o campo de anlise no que respeita ao nmero dos projetos encerrados e para dificultar

    a medio completa dos impactos produzidos.

  • ii | Relatrio Final

    Grfico O contraste entre os contextos da atividade econmica e do investimento na execuo dos ciclos de programao estrutural 2000-2006 e 2007-2013

    Fonte: Equipa de Avaliao com base em INE e Banco de Portugal.

    A presente avaliao intercalar do programa COMPETE, centrada necessariamente na anlise das realizaes e

    dos resultados das intervenes apoiadas e do seu contributo para os objetivos do Programa, deve ser lida com

    os cuidados necessrios para valorizar adequadamente esta especificidade, nomeadamente no que respeita a

    comparaes com experincias anteriores de programas orientados para a promoo da competitividade.

    A dimenso assumida pelo Programa

    A leitura dos resultados e impactos no pode deixar de ter em conta a dimenso relativa do Programa.

    Os investimentos executados at 31/12/2012 alcanaram um valor total na ordem dos 4,3 mil milhes de

    euros, tendo sido objeto de incentivos e apoios que ascenderam a cerca de 1,6 mil milhes de euros. O volume

    dos investimentos concretizados no quadro do programa, bem relevante em termos absolutos, representa, no

    entanto, apenas 2,6% do total da Formao Bruta de Capital Fixo (FBCF) realizada em Portugal entre 2008 e

    2012.

    Os investimentos empresariais executados sob o enquadramento do COMPETE, no mesmo perodo de anlise,

    tero alcanado um valor total na ordem dos 3,6 mil milhes de euros, acedido a incentivos e apoios que

    ascenderam a cerca de 1,2 mil milhes de euros, e representado cerca de 3,7% do total da FBCF empresarial

    realizada em Portugal entre 2008 e 2012.

    O investimento mdio anual executado com apoio do COMPETE nas regies convergncia entre 2008 e 2012

    representou cerca de 4,2% da mdia anual do investimento total nessas regies entre 2008 e 2010 e o

    investimento mdio anual empresarial executado com apoio do COMPETE nas regies convergncia representou

    cerca de 5,3% da mdia anual do investimento empresarial total nessas regies entre 2008 e 2010.

    Os investimentos empresariais apoiados pelo COMPETE nas regies convergncia tero certamente

    representado menos de 10% do investimento empresarial realizado naquelas regies, mesmo atendendo a que

    em 2011 e 2012, anos para os quais no existe informao da FBCF regionalizada, se assistiu a uma reduo

    significativa do investimento.

    A natureza desta avaliao intercalar

    O presente estudo de avaliao intercalar responde a 15 questes suscitadas no Caderno de Encargos que

    suporta o presente estudo e que se encontram reunidas em quatro grandes grupos: questes globais e

    questes especficas, visando analisar o desempenho do COMPETE face s suas prioridades e objetivos,

    questes temticas, de aprofundamento sobre os instrumentos SAESCTN, SIAC, SAFPRI e sobre a poltica de

    comunicao, e questes de programao, em torno da anlise de efeitos transversais ao Programa.

    O Programa COMPETE comporta uma significativa complexidade, com uma multiplicidade de tipologias de

    interveno e universos de beneficirios muito diversificados, o que se traduziu, necessariamente, no processo

    de avaliao, implicando a mobilizao de vrias e diversificadas metodologias e a recolha e organizao de

    mltiplas informaes e dados, para tentar produzir uma leitura to completa e objetiva quanto possvel dos

    resultados e impactos que o mesmo est a ter.

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | iii

    A necessidade de analisar os resultados e impactos efetivos, num contexto em que data de reporte da

    avaliao apenas 7% dos projetos se encontravam formalmente encerrados (25% se adicionarmos os com

    execuo financeira acima dos 75%) constituiu outro grande desafio para a avaliao, nomeadamente tendo

    em conta a impossibilidade de aceder de forma sistemtica e atualizada informao econmica e financeira

    das unidades empresariais apoiadas.

    Os estudos de avaliao de um programa como o COMPETE implicam sempre desafios muito relevantes, seja

    no que respeita medio quantitativa dos seus efeitos, seja no que respeita identificao da sua influncia

    no comportamento das populaes-alvo a que se dirigem. As avaliaes tm, assim, sempre limitaes

    decorrentes quer das limitaes das metodologias quer das dificuldades em aceder informao necessria

    para a aplicao dessas metodologias que s parcialmente podem ser mitigadas por uma adequada formulao

    e estudo de hipteses de investigao suportadas por instrumentos de inquirio especficos.

    O presente estudo de avaliao lidou, neste terreno, com um problema adicional particularmente relevante,

    uma vez que no s muitos projetos ainda se encontram em implementao, como uma parte substancial dos

    os seus efeitos ainda no se ter materializado de forma plena.

    A metodologia adotada, para fazer face a este desafio, assumiu a necessidade de atribuir uma particular

    relevncia e ateno, nos trabalhos de avaliao, aos procedimentos de auscultao de inmeros atores

    (destacando-se a equipa do COMPETE, as agncias pblicas com interveno na anlise de candidaturas e

    acompanhamento dos projetos, os promotores dos projetos e os destinatrios das intervenes), tendo sido

    realizadas cerca de 50 entrevistas, 2750 inquritos, 11 workshops, 12 estudos de caso sobre projetos apoiados

    e 2 anlises de benchmarking internacional.

    O presente exerccio de avaliao pode, tambm, beneficiar da colaborao da autoridade estatstica nacional

    na criao de condies para a concretizao anlises comparativas entre universos empresariais acolhidos no

    COMPETE e universos empresariais de controlo, por um lado, e da existncia de um vasto repositrio de dados

    disponvel no sistema de informao do Programa, mas foi limitado pela impossibilidade de acesso a informao

    sobre as unidades apoiadas, o que impediu a utilizao plena de algumas abordagens microeconmicas de

    anlise de efeitos, por outro lado.

    AS PRINCIPAIS CONCLUSES

    As principais concluses sobre o desempenho do programa so apresentadas combinando as diferentes

    questes e perspetivas de avaliao de forma a permitir uma leitura equilibrada entre as dimenses mais

    globais e as dimenses mais especficas, por um lado, e entre as caractersticas da prossecuo dos

    instrumentos de poltica e dos prprios promotores e/ou beneficirios envolvidos, por outro lado.

    Um desempenho genericamente positivo com uma maturao longa dos seus efeitos

    O COMPETE, tendo em conta o que os resultados do presente estudo de avaliao permitem concluir, est a

    ter, enquanto instrumento de promoo dos fatores de competitividade da economia portuguesa, um

    desempenho genericamente positivo.

    A transmisso completa desse desempenho positivo economia portuguesa necessitar, no entanto, de um

    perodo de maturao relativamente longo.

    Com efeito, o potencial de transformao estrutural e de desempenho econmico, que resulta no s da

    concretizao dos objetivos do programa, como do facto de o COMPETE intervir sobre um segmento mais

    qualificado da estrutura produtiva portuguesa, est a ser claramente condicionado, na plena materializao dos

    seus efeitos, pela situao adversa da conjuntura econmica, pelo que, provavelmente, s depois da

    recuperao econmica e durante o prximo ciclo de expanso que essa materializao ocorrer.

    A avaliao efetuada aponta globalmente, tendo em considerao os objetivos do programa, no sentido da

    existncia de resultados significativos das intervenes ao nvel da capacidade do tecido empresarial, com

    evidncia ao nvel do upgrading do perfil de especializao produtiva da economia portuguesa e da qualificao

    das estratgias prosseguidas e dos recursos que as suportam, bem como da prpria renovao dos modelos de

    negcio empresariais.

    A avaliao efetuada aponta, tambm, para resultados significativos ao nvel da internacionalizao e do

    reforo das exportaes, quer pela magnitude dos apoios afetos especificamente ao objetivo da promoo

    internacional, quer pelos impactos esperados e efetivos identificados no contexto dos projetos apoiados,

    designadamente em atividades de maior intensidade tecnolgica.

    Os resultados ao nvel da promoo de uma economia baseada no conhecimento e na inovao parecem ser,

    tambm, relevantes com efeitos significativos no incentivo I&D empresarial e articulao entre empresas e

    centros de saber.

    Os resultados no que respeita qualificao da Administrao Publica e eficincia da ao do Estado parecem,

    pelo seu lado, ter sido mais moderados, justificando-se este desempenho pela conjugao das fortes restries

    oramentais e dos, no menos relevantes, condicionalismos administrativos e burocrticos que caracterizaram

    a atividade da Administrao Pblica, potenciados e agravados pelas alteraes de governao e organizao

    funcional, durante o perodo de implementao do Programa.

  • iv | Relatrio Final

    As empresas apoiadas pelo COMPETE so melhores que o universo empresarial portugus

    comparvel e prosseguem motivaes e estratgias focalizadas nos principais desafios competitivos

    A avaliao da eficcia de um programa como o COMPETE exige uma ateno especfica na combinao dos

    elementos analticos relativos s empresas e aos projetos uma vez que as primeiras, pelas suas caractersticas,

    mas, tambm, pelas suas motivaes e estratgias, constituem o corpo onde os segundos ganham realidade

    e produzem resultados na sua interao com as dinmicas concorrenciais nos mercados.

    As caractersticas das empresas incentivadas, na sua aproximao ou diferenciao, seja do universo das

    empresas que se candidataram, seja do universo empresarial potencialmente elegvel na economia portuguesa

    em funo das condies de acesso aos incentivos do programa constituem, tambm, um elemento relevante

    de avaliao do potencial de produo de efeitos convergentes com os grandes objetivos do programa.

    O universo de unidades empresariais apoiadas pelo COMPETE compara positivamente com o universo

    empresarial portugus de referncia, sinalizando que o Programa est a intervir sobre as unidades mais

    dinmicas e de melhor qualidade da economia portuguesa e que estas se articularam com o programa com

    base em motivaes e estratgias claramente convergentes com processos e fatores focalizados com os

    principais desafios competitivos colocados economia portuguesa, isto , pertinentes.

    Os apoios dos sistemas de incentivos tm incidido de forma mais intensa nos setores da indstria

    transformadora e dos servios empresariais. No caso da indstria destaque para a incidncia dos apoios nas

    indstrias mecnicas e eletrnicas, de material de transporte, qumicas, metlicas, de madeira, cortia e

    mobilirio e de materiais de construo, salientando-se ainda uma menor incidncia nos txteis, vesturio e

    calado. A insero nos sistemas de incentivos mais expressiva nos segmentos empresariais de mdia-alta

    tecnologia. Os segmentos de mdia-baixa e alta tecnologia registam, tambm, uma maior representatividade

    no programa, ao contrrio do segmento de baixa tecnologia que surge, de forma muito clara, com uma muito

    menor representatividade no programa do que na economia nacional comparvel. As atividades centradas em

    economias de escala lideram a expresso do programa em matria de fatores chave de competitividade onde a

    valorizao dos recursos naturais tambm se destaca.

    A identificao das motivaes e objetivos das empresas promotoras permite relevar o peso assumido pela

    promoo da I&D e/ou da inovao, pela valorizao do conhecimento e da propriedade industrial, bem como

    pelo desenvolvimento dos fatores competitivos associados diferenciao do produto (qualidade, design,

    marca, nomeadamente), no foco estratgico prosseguido pelas empresas no momento de apresentao dos

    projetos aos sistemas de incentivos.

    Os projetos apoiados pelos sistemas de incentivos s empresas enquadram-se mais expressivamente nas

    estratgias mais intensivas na I&D, diferenciao de produto, associadas competitividade valor/no-custo.

    Nos vetores de orientao estratgica assumem muita relevncia a introduo de novos produtos/servios, a

    diferenciao de produtos/servios e a inovao nos produtos/servios j existentes e so considerados

    relevantes pelos promotores a modernizao tecnolgica e inovao nos processos e a expanso da capacidade

    produtiva.

    Grfico A diferenciao da estrutura dos universos empresariais COMPETE e potencialmente elegvel por atividades e nveis tecnolgicos (varivel emprego)

    Fonte: Equipa de Avaliao com base no Sistema de Informao COMPETE e INE.

    Extractivas

    Alimentares

    Txtil, Vest. E Calado

    Madeira, Cortia e Mobilirio

    Papel e Publicaes

    Qumicas

    Metlicas

    Mecnicas e Electrnicas

    Material de Transporte

    Material de Construo

    Construo

    Energia, gua e Saneam.

    Transp., Logstica e Comunic.

    Distribuio e Comrcio

    Servios Empresariais

    Hotelaria e Restaurao

    Educao, Sade e Cultura

    -15 -10 -5 0 5 10 15

    (pontos percentuais)

    Alta

    Mdia-Alta

    Mdia-Baixa

    Baixa

    -20 -10 0 10 20

    (pontos percentuais)

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | v

    O esforo prprio de I&D e inovao, o acesso ao conhecimento e tecnologia e o marketing, comercializao e

    distribuio so valorizados como mais relevantes na seleo dos fatores competitivos prioritrios. Uma

    percentagem considervel do investimento elegvel apoiado est associada a projetos dominados pela inovao

    e a I&D ou projetos de modernizao tecnolgica.

    A anlise mais fina e detalhada das despesas de investimento, tendo em conta a sua natureza e potencial de

    melhoria competitiva (aplicaes com relao direta e impacto na melhoria qualitativa dos modelos de negcio

    e/ou fatores competitivos), permite destacar, ainda, que 61% do investimento elegvel apoiado classificado

    nesse tipo de despesa, isto , com um contributo potencial significativo para a melhoria da competitividade e

    internacionalizao da empresa.

    Os resultados potenciais globais dos projetos apoiados sendo bastante expressivos e positivos

    comportam desequilbrios qualitativos que importa aprofundar e corrigir

    As caractersticas dos projetos apoiados pelo programa, na sua diversidade de enquadramento nos diferentes

    instrumentos de poltica pblica e na sua diversidade de combinao de elementos estratgicos, fatores

    competitivos e tipologias de investimento, constituem, tambm, um elemento de relevante de avaliao dos

    impactos expectveis resultantes da execuo do COMPETE.

    Os trabalhos de avaliao foram, assim, conduzidos, com uma preocupao de medir com rigor, atravs de um

    conjunto restrito de indicadores, o desempenho empresarial relativo, no perodo de tempo possvel em funo

    da disponibilidade de informao (2007-2011), do universo empresarial apoiado pelo COMPETE em confronto

    com o grupo de controlo de referncia constitudo pelas empresas que poderiam ser elegveis para apoio pelo

    programa. Os resultados deste relevante estudo comparativo so muito pertinentes para situar o alcance do

    programa e a dimenso esperada dos seus resultados.

    O alcance do programa, medido pelo peso relativo das empresas apoiadas no universo empresarial total

    considerado (grupo COMPETE e grupo de controlo), particularmente expressivo no terreno da I&D onde o

    universo COMPETE alcana cerca de 3/4 do nmero total de investigadores (ETI) e 2/3 das despesas totais em

    I&D. O alcance do programa tem tambm uma expresso quantitativa relevante nas exportaes, com mais de

    1/3 do total, expresso que se reduz significativamente em matria de valor acrescentado, com pouco mais de

    1/4 do total e, sobretudo, de emprego onde no chega a alcanar 1/6 do total.

    A anlise efetuada quanto dimenso dos resultados dos projetos apoiados revela que as unidades apoiadas

    pelo COMPETE apresentam, em termos agregados, uma evoluo claramente melhor que a registada pelo

    universo de referncia no que respeita s exportaes, ao emprego, ao VAB e s despesas de I&D, registando-

    se as diferenas mais significativas em termos de exportaes (cerca de 17 pontos percentuais melhor o

    comportamento no grupo COMPETE), emprego (15 p.p.) e VAB (12 p.p.) e, tambm, de despesa total em I&D

    (7 p.p.).

    A mesma anlise indicia que os resultados dos projetos apoiados so menos expressivos em matria de

    variao do nmero de investigadores, inferior verificada no grupo de controlo (o que explicvel, em grande

    parte, pela forte penetrao do programa neste terreno) e so muito menos interessantes em matria de

    variao da orientao exportadora e variao da produtividade onde se registam ligeiras evolues negativas

    em contraste com ligeiras variaes positivas no grupo de controlo.

    Quadro Evoluo dos principais indicadores no desempenho empresarial

    Intensidade e sentido da variao

    dos indicadores entre 2007 e 2011

    Universo COMPETE analisado Grupo de Controlo

    Valor de partida

    (2007)

    Variao

    2007-2011 (%)

    Valor de

    partida (2007)

    variao

    2007-2011 (%)

    VAB 7 897 a + 4,5 % 22 219

    a - 7,5 %

    Emprego 196 580 b + 7,1 % 1 055 955

    b - 7,9 %

    Produtividade mdia [39 941] c - 2,1 % [21 294]

    c + 1,3 %

    Exportaes 8 408 a + 15,3 % 14 657

    a - 1,6 %

    Orientao exportadora mdia (29,1 %) - 0,7 p.p. (15,1 %) + 0,7 p.p.

    Despesa total em I&D 76,3 a + 49,1 % 36,2

    a + 42,4 %

    N investigadores em ETI 13 156 b + 81,7 % 4 513

    b + 129, 4 %

    Legenda: a Milhes de euros; b Unidades; c Valor mdio em milhares de euros

    Fonte: Equipa de avaliao, com base nos apuramentos desenvolvidos pelo INE e pela DGEEC.

    O presente estudo de avaliao permite, assim, evidenciar a existncia de alguns desequilbrios na prossecuo

    dos caminhos da competitividade e da internacionalizao, onde ainda no ter a fora necessria a articulao

    virtuosa entre produtividade e exportao, e na prossecuo dos caminhos da investigao e da inovao, onde

    parece estar a ser mais fcil obter uma consolidao centrada nos resultados j alcanados do que um

    alargamento e aprofundamento desses mesmos resultados.

  • vi | Relatrio Final

    Os projetos apoiados comportam uma dimenso de forte impacto nas empresas apoiadas

    Os projetos de investimento integrados apoiados pelo COMPETE parecem ter, de acordo com os resultados da

    avaliao, um impacto forte nas empresas promotoras.

    O peso dos projetos com impacto estruturante nas empresas promotoras (projetos de raiz ou projetos com

    impacto forte ou radical na dimenso da empresa promotora) representa, com efeito, 27% dos promotores e

    53% do investimento total apoiado. Os projetos que podem ter um impacto pelos menos relevante nas

    empresas promotoras (projetos com um impacto superior a 50% do volume de negcios da empresa

    promotora) representam mais de 1/3 dos projetos apoiados e cerca de 2/3 do investimento apoiado

    configurando-se, no entanto, globalmente, como projetos especialmente intensivos em capital e tecnologia.

    O confronto das anlises realizadas em matria de eficincia individual e coletiva permitem, tambm,

    evidenciar a necessidade e interesse de uma ainda maior coerncia na execuo dos diferentes instrumentos de

    poltica. O instrumento SIAC poderia, a ttulo de exemplo, ter sido objeto de uma mais explcita articulao com

    algumas das EEC que se dirigem potencialmente a setores de maior intensidade tecnolgica e, ao mesmo

    tempo, com um impacto potencial relevante no upgrading do perfil de especializao (por exemplo, EEC da

    Sade, das Indstrias da Mobilidade, das TICE, das Tecnologias de Produo e do Engineering e Tooling).

    Os projetos apoiados nos sistemas de incentivos do COMPETE apresentavam em sede de candidatura projees

    muito favorveis para a evoluo da generalidade das variveis e indicadores considerados (Volume de

    Negcios, Volume de Negcios Internacional, VAB, Emprego, Emprego Qualificado, VBP, Resultado Operacional,

    Ativo Total, Capital Prprio, Resultado Lquido, Orientao Exportadora, Produtividade, Peso do Emprego

    Qualificado, Grau de Transformao da Produo, Rendibilidade Lquida das Vendas, Rendibilidade Bruta das

    Vendas, Rendibilidade do Capital Prprio, Autonomia Financeira.

    Quadro Impacto dos projetos no desempenho das empresas apoiadas

    (Variaes entre os anos

    pr/ps-projeto em %) SI I&DT SI Inovao SI QPME Total

    Volume de Negcios

    Total 15,1 18,9 19,9 16,9

    Internacional 42,2 31,9 35,7 36,3

    Novos Produtos e/ou servios 90,4 745,8 110,5 248,6

    Emprego 4,7 14,5 7,3 9,0

    Emprego Qualificado 30,3 34,2 28,4 31,2

    Produtividade 26,5 40,6 21,6 30,7

    Despesas em I&D 25,2 37,0 86,1 28,4

    Fonte: Equipa de Avaliao, com base nos Inquritos aos Promotores

    Os resultados efetivos ou quase efetivos apurados a partir do exerccio de inquirio mostram uma evoluo

    positiva da generalidade dos indicadores, se bem que em menor grau do que o esperado no momento da

    candidatura.

    Os resultados apurados, ainda que devendo ser sujeitos a posterior confirmao num lgica de avaliao ex-

    post, so importantes e expressivos, seja em termos globais, seja em termos do papel diferenciado de cada

    instrumento de poltica pblica, sugerindo, nomeadamente, quer a confirmao das hipteses tericas

    associadas s vantagens da internacionalizao para alimentar processos de investigao e desenvolvimento

    tecnolgico mais relevantes, quer a existncia de uma base de PME com capacidade para articular

    dinamicamente a qualificao do capital humano e o esforo de I&D+I com reflexos relevantes em matria de

    crescimento do volume de negcios liderado pela expanso internacional.

    O contributo do programa para o reforo da orientao exportadora da economia portuguesa

    inequvoco tendo-se afirmado sob o primado do aprofundamento da atual base exportadora

    O COMPETE contribuiu para um reforo da orientao exportadora das atividades transacionveis industriais

    portuguesas em sintonia com a concentrao neste objetivo de uma parte relevante dos seus recursos.

    O programa vinculou grande parte dos apoios produo transacionvel e s empresas exportadoras,

    priorizando desta forma ainda mais o objetivo da internacionalizao, e, ao faz-lo, induziu uma seleo de

    projetos e de promotores em forte convergncia com este objetivo estratgico estabelecido pelo Programa. Em

    termos de aes mais focalizadas, os sistemas de incentivos viram 7% dos apoios serem focados em

    investimentos empresariais especficos de promoo internacional, tal como, no caso do SIAC, 55% do apoio foi

    focado em temticas relacionadas com a internacionalizao.

    A comparao de indicadores entre os anos pr e ps-projeto revela uma evoluo significativa e favorvel do

    indicador de orientao exportadora permitindo um afastamento mais claro dos nveis de extroverso dos

    promotores de projetos apoiados COMPETE que, partida, j se situava acima dos valores de referncia em

    termos setoriais, regionais e dimensionais.

    A mdia da variao efetiva das exportaes entre os anos pr e ps-projeto nas entidades apoiadas pelos

    sistemas de incentivos , tambm, positiva apesar de ficar aqum do previsto em sede de candidatura (os

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | vii

    promotores previam em mdia um aumento de 62,9% das exportaes tendo-se verificado uma subida de

    36%).

    Os apoios do COMPETE parecem ter tido efeitos significativos de internacionalizao dos negcios,

    nomeadamente nas reas do marketing e da comercializao. Os trabalhos de avaliao tambm indiciam que

    p programa ter contribudo para apoiar a entrada em novos mercados extra-UE, no quadro mais geral da

    diversificao de mercados e de resposta perda de dinamismo das economias europeias, tal como ter

    contribudo para aumentar a capacidade de enfrentar a maior complexidade na abordagem aos mercados e

    para alargar a base exportadora nacional.

    A respeito especificamente do aumento do valor acrescentado nacional nas exportaes, identificam-se

    contributos potenciais especialmente elevados nos projetos apoiados pelo programa ligados construo, s

    indstrias mecnicas e eletrnicas, ao material de transporte, aos servios empresariais e s indstrias da

    moda, ao passo que em matria de substituio de importaes no se identificam efeitos relevantes do

    programa, o que sugere a necessidade de aprofundamentos na operacionalizao dos conceitos de

    internacionalizao e valor acrescentado nacional exportado e, tambm, na operacionalizao da classificao

    de atividades transacionveis.

    As intervenes de natureza mais coletiva, atravs das figuras do SIAC e dos Projetos Conjuntos, centram-se,

    fundamentalmente, em sectores com trajetrias mais longas de atividade exportadora, menos intensivos em

    tecnologia e conhecimento, mas cada vez mais penetrados pela criatividade, pela inovao e pela diferenciao,

    apresentando efeitos e resultados potenciais muito positivos em matria de crescimento das exportaes e da

    orientao exportadora, nomeadamente em empresas de menor dimenso e menor experincia de

    internacionalizao o que conduziria, a concretizar-se, a um alargamento da prpria base exportao no tecido

    das PME. Este resultado sugere o interesse do aprofundamento da explorao da articulao entre I&D,

    inovao e diferenciao, que se faz de formas muito diferenciadas nas diversas atividades transacionveis, at

    como forma de superar a estril e perigosa oposio entre setores ditos modernos e setores ditos tradicionais.

    A anlise detalhada realizada sobre as caractersticas dos projetos apoiados com relevncia para a

    internacionalizao e o reforo das exportaes permite proceder a um balano da articulao registada entre

    os dois processos que conduzem a progressos naqueles domnios, isto , o aumento da intensidade exportadora

    nas empresas que j possuem uma clara orientao para os mercados externos (deepening) e o alargamento

    da base de empresas que se orientam para a exportao (widening).

    Contributo dos sistemas de incentivos para a internacionalizao e o reforo

    das exportaes: a articulao entre o aprofundamento e o alargamento da base exportadora

    Fonte: Equipa de Avaliao com base no Sistema de Informao COMPETE.

    Os resultados obtidos so claros e apontam para um primado, em todos os instrumentos de poltica

    considerados, dos processos de aprofundamento sobre os processos de alargamento da base exportadora

    nacional que, no entanto, sendo menos intenso em termos de investimento elegvel, indicia que os projetos de

    alargamento apresentam um nvel mdio mais elevado, isto , que o primado do aprofundamento

    contrabalanado pela dimenso dos projetos de alargamento. Trata-se de matria que requer estudos mais

    aprofundados para, nomeadamente no prximo ciclo de programao estrutural se poder fundamentar uma

    opo eficaz na articulao entre estes dois processos de reforo da internacionalizao da economia

    portuguesa.

    WideningDeepeningTotalWideningDeepeningTotalWideningDeepeningTotal

    Qualificao PMEInovaoI&DT

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    N de Projetos

    WideningDeepeningTotalWideningDeepeningTotalWideningDeepeningTotal

    Qualificao PMEInovaoI&DT

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    Investimento Elegvel

  • viii | Relatrio Final

    As intervenes ao nvel dos custos de contexto tero dado um contributo mais funcional e

    localizado centrado em melhorias de eficincia

    No domnio da diminuio dos custos de contexto, qualidade dos servios pblicos e aumento da eficincia e

    racionalizao de custos no mbito da Administrao Pblica a anlise efetuada sugere que se ter verificado

    um maior contributo ao nvel do aumento da eficincia e racionalizao de custos no mbito da Administrao

    Pblica, do que dos objetivos de diminuio dos custos de contexto e melhoria da qualidade dos servios

    pblicos. A promoo do uso intensivo das tecnologias de informao e comunicao, permitindo uma

    administrao em rede um dos objetivos onde o contributo dos projetos tem revelado maior eficcia.

    Os projetos apoiados no mbito do SAMA assumem maior relevncia nos setores Justia e Administrao

    Interna, Cincia, Tecnologia e Ensino Superior e em projetos transversais de modernizao da Administrao

    Pblica. A maioria dos projetos enquadra-se nos domnios das operaes de racionalizao do modelo de

    organizao e gesto da Administrao Pblica e localiza-se na regio de Lisboa mas produz efeitos nas regies

    de convergncia abrangidas pelo COMPETE. Este Eixo IV do COMPETE caracteriza-se, face ao desempenho

    global do COMPETE, por uma evoluo restrita quer dos nveis de compromisso quer da execuo dos projetos

    aprovados. No entanto os indicadores fsicos do Programa devero ser cumpridos, em termos potenciais (com

    base nos indicadores previstos em sede de candidatura), na sua totalidade.

    Este instrumento apoiou um conjunto de projetos que pela sua natureza estruturante e pela evoluo disruptiva

    que promovem so sustentveis em termos de resultados no futuro. Trata-se de intervenes promotoras de

    externalidades positivas junto dos cidados e empresas, cujos benefcios do ponto de vista econmico, superam

    os custos de manuteno e atualizao tcnica e tecnolgica associados aos projetos.

    O contributo do programa para a promoo da economia baseada no conhecimento, sendo

    indiscutvel e muito relevante em certas reas, nomeadamente numa maior aproximao entre as

    empresas e os centros de saber, no ter alcanado a dinmica e amplitude necessrias para

    catalisar mudanas estruturais irreversveis

    O objetivo estratgico de promoo da economia baseada no conhecimento e na inovao em Portugal

    concentrou importantes apoios do COMPETE, nomeadamente ao nvel da I&D, em particular de base

    empresarial, que tero contribudo para o aumento acentuado do investimento das empresas neste importante

    fator dinmico de competitividade, mas tambm da promoo da articulao entre as empresas e os centros de

    saber e da inovao de produto/processo.

    As temticas da articulao entre empresas e centros de saber e da difuso, transferncia e utilizao de

    tecnologias, conhecimento e resultados de I&DT por parte das empresas contaram com um impulso sem

    precedentes do COMPETE, em particular do SI I&DT, pois esto praticamente ausentes no mbito do SAESCTN.

    Os apoios do COMPETE foram ainda muito relevantes em matria da criao de novos produtos e processos,

    dado o apoio concedido a 539 projetos focados neste objetivo, representativos de um investimento elegvel que

    se estima em 3,5 mil milhes de euros. Neste domnio, o empreendedorismo qualificado e a criao e

    desenvolvimento de novas empresas inovadoras em domnios de risco tecnolgico materializam uma rea de

    interveno do COMPETE cujos resultados analisados se mostram relativamente modestos, sobretudo em

    resultado do atraso com que foram operacionalizados os apoios a business angels e a capital de risco.

    Em termos de resultados agregados verificou-se entre 2007 e 2011 uma evoluo do indicador de despesa de

    I&D nas entidades apoiadas 7 p.p. superior verificada no universo de referncia. Os efeitos dos apoios em

    termos do incremento do investimento das empresas em I&D parecem ter-se concentrado essencialmente na

    regio Norte do pas.

    Ao nvel da poltica de Cincia e Tecnologia, o SAESCTN demonstrou uma elevada eficcia em termos de

    consolidao do sistema de C&T nas trs regies Convergncia do Continente, em particular no Norte e no

    Centro, abrangendo a generalidade das grandes reas cientficas, com destaque para as cincias tecnolgicas.

    Essa consolidao incide massivamente no setor institucional Ensino Superior e, em particular, em quatro

    universidades pblicas (Porto, Coimbra, Aveiro, Minho). As outras IES, nomeadamente os Institutos

    Politcnicos, tm um acesso muito reduzido, resultante da elevada seletividade seguida na avaliao das

    candidaturas.

    O efeito de incentivo muito relevante em termos de realizao dos projetos e, consequentemente, na

    obteno dos outputs respetivos. Os promotores veem no SAESCTN um instrumento para reforar as

    competncias internas de investigao, aprofundando ou iniciando linhas de investigao e visando

    essencialmente outputs cientficos materializados em publicaes referenciadas internacionalmente. Confirma-

    se que o contributo do SAESCTN para a produo cientfica nacional em termos de publicaes foi relevante,

    inserindo-se e potenciando uma dinmica no apenas de convergncia com os pases mais avanados, em

    termos de produo cientfica, mas tambm de consolidao de um sistema cientfico bem inserido em

    plataformas e redes de conhecimento internacionais. Mais limitado o contributo direto do SAESCTN em

    termos de valorizao econmica direta dos resultados. Tambm a cooperao com empresas no tem sido um

    objetivo muito valorizado no quadro de projetos SAESCTN e a transferncia de tecnologia para empresas tem

    sido um output aparentemente pouco frequente.

    A anlise efetuada relativamente a este objetivo estratgico, e no obstante tudo o que correu bem ao longo da

    implementao do Programa, permite antecipar que os impactos que o mesmo est a gerar no sero

    suficientes para induzir a mudana substantiva ambicionada na estrutura da economia, necessria

    consolidao de uma verdadeira economia baseada no conhecimento e na inovao em Portugal.

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | ix

    O programa COMPETE, enquanto instrumento de articulao entre polticas pblicas nacionais e fundos

    estruturais enquadrados em lgicas de coeso e convergncia, no pode ser olhado como o nico instrumento

    e, em muitas reas, como o principal instrumento com suporte financeiro, nacional e comunitrio, na

    promoo da economia baseada no conhecimento na economia portuguesa. O seu papel , no entanto,

    especialmente relevante na dinamizao da aproximao e colaborao entre o mundo empresarial e o mundo

    da cincia e da tecnologia.

    A concluso do presente estudo de avaliao deve ser tida, por isso, em considerao, muito mais como um

    incentivo a uma continuao e reforo das lies de experincia positivas evidenciadas, do que como uma

    crtica negativa ao desempenho do programa.

    A articulao entre eficincia e eficcia no desempenho do programa

    Para alm da anlise do contributo do Programa para a concretizao dos seus objetivos, foram consideradas

    na avaliao outras preocupaes de natureza temtica e programtica com relevncia para a eficcia e

    eficincia das intervenes.

    O efeito de incentivo

    Qualquer estudo de avaliao de polticas pblicas comporta preocupaes relevantes em matria de medio e

    tratamento do efeito incentivo das intervenes.

    A anlise desenvolvida sinaliza a existncia de nveis de incentivo significativos por parte do COMPETE, ou seja,

    boa parte das intervenes no teriam tido lugar na ausncia do apoio do Programa.

    A anlise efetuada permitiu verificar no que diz respeito aos trs sistemas de incentivos de base empresarial

    (SI I&DT, SI Inovao e SI Qualificao e Internacionalizao de PME) a existncia de elevados efeitos

    catalisadores, amplificadores, aceleradores e facilitadores de investimento. No se verificam efeitos

    significativos ao nvel da localizao mas verificam-se efeitos ao nvel da criao de emprego.

    A diferenciao encontrada entre os nveis de adicionalidade por instrumentos de poltica pblica correspondem

    ao que seria de esperar, isto , mais baixas nos sistemas de incentivos e, dentro destes menos elevadas no SI

    Inovao. Igualmente relevante o resultado de o incentivo de investimento novo ser mais elevado no SI

    Inovao.

    Os resultados da avaliao do efeito de incentivo levantam duas questes que merecem uma reflexo

    aprofundada com eventual expresso ao nvel da conceo e execuo de prximos programas com objetivos

    comparveis.

    A primeira reflexo corresponde ao nvel de adicionalidade no instrumento SIAC, que surge, potencialmente,

    excessivamente elevado, podendo haver vantagens em termos de eficcia num quadro de montagem de

    projetos onde os custos e os riscos possam ser objeto de uma partilha mais completa e equilibrada entre os

    diferentes parceiros pblicos e privados, incluindo nestes as prprias empresas beneficirias, ainda que

    indiretamente.

    A segunda reflexo corresponde ao claro predomnio do efeito de incentivo centrado no investimento

    aumentado que se observa no instrumento SI QPME, podendo haver vantagens em termos de eficcia numa

    separao deste tipo de instrumento em dois grandes segmentos diferenciados um primeiro instrumento,

    fortemente simplificado, para estimular este tipo de adicionalidade (fazer mais e mais depressa) e um segundo

    instrumento, mais exigente e seletivo, para potenciar o efeito de incentivo centrado no investimento novo

    (fazer melhor), isto , no que arrasta maior potencial de mudana estrutural.

    Avaliao do efeito incentivo por instrumento de poltica pblica no COMPETE

    Instrumento de Poltica Nvel de Adicionalidade Investimento Novo (a) Investimento Aumentado (b)

    [1=2+3] [2] [3]

    Sistemas de Incentivos 40,8% 17,2% 23,6%

    SI I&DT 50,2% 16,9% 33,3%

    SI Inovao 34,9% 18,0% 16,9%

    SI QPME 78,7% 9,5% 69,2%

    SAESCTN 87,7% 70,4% 17,3%

    SAMA 82,1% 30,5% 51,6%

    SIAC 91,2% 17,1% 74,1%

    (a) Investimento que no teria sido realizado sem o apoio do COMPETE

    (b) Investimento cuja dimenso foiincrementada pelo apoio do do COMPETE

    Fonte: Equipa de avaliao, com base nas respostas aos inquritos

  • x | Relatrio Final

    O efeito spill-over

    A anlise de verificao dos efeitos produzidos nas regies de convergncia pelos projetos, com apoios

    previstos para entidades localizadas nas regies no convergncia, no caos dos projetos de modernizao da

    administrao, aponta no sentido de esse efeito de spill-over associado a esta tipologia de projetos estar

    claramente presente e, adicionalmente, no se afastar de forma significativa da regra de elegibilidade que,

    recorde-se, estabelece que 68,5%, correspondentes ao peso da populao, dos efeitos dos projetos realizados

    em Lisboa ou no Algarve, se materializem nas Regies Convergncia.

    A complementaridade interna

    A articulao entre diferentes tipologias de interveno constitui outra preocupao relevante na presente

    avaliao intercalar.

    O programa parece evidenciar a este nvel uma vasta zona de conforto onde a experincia e conhecimento

    acumulados se converteram em melhorias substanciais, ao nvel da programao e da execuo, na

    comparao com anteriores ciclos de programao estrutural. O programa evidencia, tambm, algumas zonas

    onde existem sinais de a complementaridade interna no ter sido plenamente conseguida, seja pelo novo

    desafio de uma conjuntura especialmente adversa, seja pelas alteraes comportamentais e concorrenciais

    induzidas pela acelerao da globalizao e pelo alargamento da UE.

    A articulao entre apoios s empresas, estratgias de eficincia coletiva e financiamento de capital de risco

    surge como o terreno onde esta limitao na complementaridade interna do programa mais se ter feito sentir.

    Tambm a ligao entre apoios ao capital humano e I&D e inovao orientada para o mercado parece ter sido

    mais relevante apenas nos casos das empresas j mais competitivas.

    O universo tocado pelos instrumentos de capital de risco tambm claramente diferente do universo apoiado

    pelos sistemas de incentivos, misturando-se os sinais da maturao qualitativa e diferenciao dos operadores

    do capital de risco e da alguma limitao na sua utilizao. Tambm aqui se conjugam diversos fatores

    explicativos como as condicionantes iniciais de lanamento destes instrumentos e a sua articulao com a forte

    desalavancagem do crdito s PME ao longo do desenvolvimento da crise de financiamento da economia

    portuguesa. No obstante, o futuro exige um novo paradigma de financiamento dos investimentos apoiados

    pelos fundos estruturais, nomeadamente em Portugal, pelo que importar, tambm aqui, produzir

    conhecimento e inovao para alcanar resultados satisfatrios em matria de polticas pblicas.

    O modelo dos incentivos financeiros

    O COMPETE contempla, nos seus diversos instrumentos e medidas, diversos modelos de financiamento, sendo

    importante avaliar em que medida os modelos de financiamento adotados (incentivo reembolsvel, incentivo

    no reembolsvel e engenharia financeira) esto adequados aos instrumentos de apoio.

    O modelo de financiamento baseado em incentivos no reembolsveis adequa-se a sistemas como o SI I&DT e

    o SI QPME nas reas da I&D, nomeadamente naquilo que diz respeito a tarefas no rotineiras de I&D e a

    algumas estratgias de inovao que envolvem maior risco tecnolgico, e s aes de prospeo e promoo

    internacional. O modelo de financiamento baseado em incentivos reembolsveis com possibilidade de prmio de

    execuo e desempenho adequa-se a sistemas como o SI Inovao, com possibilidade de converso em

    reservas e, portanto, em capital prprio em funo da execuo do investimento nos montantes e prazos

    previstos nas candidaturas e do desempenho atingido. Os critrios de acesso a um prmio de execuo, bem

    como a fixao dos seus limites so, no entanto, questes em aberto que, uma vez mais, justificariam um olhar

    (ex-post) suficiente desfasado do tempo de mera execuo dos projetos at para poder valorizar a questo da

    sustentabilidade dos resultados.

    O modelo de financiamento baseado em emprstimos de mdio prazo parece adequar-se aos business angels

    considerando-se ainda que este instrumento deve ser articulado com o capital de risco para que medida que

    os projetos apoiados pelos business angels forem ganhando msculo, transitem para as fases early-stages do

    capital de risco. O modelo de financiamento baseado em incentivos no reembolsveis adequa-se ainda aos

    SIAC desde que seja comprovada a sua utilidade para a comunidade.

    A anlise desenvolvida pelos trabalhos de avaliao permite, tambm, concluir que far sentido estabelecer

    modalidades de incentivo (reembolsvel ou no reembolsvel) idnticas para cada uma das diferentes

    tipologias de despesa elegvel nos vrios sistemas de incentivos operacionalizados evitando comportamentos de

    arbitragem entre sistemas de incentivo.

    A anlise desenvolvida pelos trabalhos de avaliao permite, ainda, concluir que, em matria de taxas de juro e

    de prazos de carncia e reembolso, se deve aprofundar o contributo de programas deste tipo para a

    aproximao das condies de financiamento entre Portugal e os seus parceiros europeus, nomeadamente nos

    projetos de maior potencial de inovao. Considera-se, tambm, que as condies de entrada e de sada nos

    fundos de capital de risco apoiados, em termos de maturidade, se devero aproximar o mais possvel das

    condies ajustadas dos emprstimos de mdio e longo prazo, com um prmio de risco ligeiramente mais

    elevado, face s caractersticas de maior compromisso exigidas pelo instrumento.

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | xi

    O financiamento e partilha de risco no COMPETE

    A problemtica do financiamento e partilha de risco constituiu outra das preocupaes do COMPETE, que

    ganhou relevncia com a crise financeira. A anlise efetuada permite verificar que o Programa desempenhou

    um papel importante ao nvel do acesso e custo do financiamento para as PME que, com insuficiente

    capitalizao e liquidez, enfrentaram um processo de desalavancagem por parte da banca que se traduziu em

    importantes restries concesso de crdito.

    O contributo do capital de risco e dos business angels para cobrir falhas de mercado no contexto financeiro e

    empresarial portugus e para a criao e desenvolvimento de empresas em reas de elevada intensidade

    tecnolgica e de conhecimento no ter sido muito significativo, existindo um nmero reduzido de operaes

    (ao longo de seis anos de execuo do Programa, apenas foram apoiadas 105 intervenes em 77 empresas -

    35 projetos em 20 empresas por fundos de capital de risco (19,4 milhes de euros de financiamento) e 70

    projetos em 57 empresas por sociedades de business angels (9,2 milhes de euros de financiamento)). de

    destacar no entanto a elevada adeso registada a estes instrumentos por parte dos promotores de fundos de

    capital de risco e das sociedades de business angels e o sucesso relativo destes ltimos, particularmente tendo

    em conta a juventude do instrumento, junto do tecido empresarial, no financiamento, acompanhamento e

    montagem de novos negcios, a maior parte dos quais intensivos em tecnologia e conhecimento, que medida

    que forem ganhando msculo iro transitar para as fases early-stages do capital de risco.

    O alcance das novas tipologias e instrumentos no COMPETE

    O Programa integrou novas tipologias de interveno. Uma delas, o Sistema de Apoio a Aes Coletivas (SIAC),

    explorou as lgicas de eficincia coletiva. Insere-se numa linha de descentralizao da poltica de

    competitividade, em que a proviso dos bens e servios pblicos em causa parcialmente assegurada por

    entidades terceiras, com competncias especializadas e/ou mais prximas dos universos de destinatrios finais.

    Analisando o padro de descentralizao induzido pelo SIAC verifica-se que houve um nmero muito reduzido

    de projetos promovidos por Agncias Pblicas, com exceo notvel do Turismo de Portugal e, com menor

    expresso, da AICEP.

    O fomento do empreendedorismo, da inovao ou da eficincia energtica surgem, por exemplo, como

    domnios onde se evidencia uma quase total ausncia de operaes relevantes promovidas pelas agncias

    governamentais.

    Os projetos SIAC, nomeadamente quando direcionados para as atividades de bens e servios transacionveis,

    surgem alinhados com os objetivos gerais do COMPETE. Sobretudo com base nos estudos de caso realizados,

    os quais no constituem uma amostra representativa do universo de projetos, verificou-se uma eficcia elevada

    em termos de gerao de outputs e dos meios de difuso utilizados, sendo mais difcil de avaliar com rigor o

    impacto final em matria de competitividade das empresas alvo, seja porque o universo das empresas alvo

    corresponde em muitos casos totalidade das empresas do setor, seja porque verificamos no existir, de

    forma sistemtica e padronizada, informao que permita medir esses impactos.

    Ainda no que respeita s tipologias de interveno, so considerados relevantes os resultados obtidos com

    instrumentos simplificados como os vales pelo que os mesmos se devem manter enquanto instrumentos

    simplificados (na avaliao, contratualizao e acompanhamento) de acesso a competncias (I&D, inovao,

    internacionalizao, formao, empreendedorismo, qualificao empresarial, etc.) para apoio a pequenas

    iniciativas empresariais.

    A poltica de comunicao do programa

    A Poltica de Comunicao e a capacidade de a mesma chegar aos potenciais beneficirios condiciona tambm a

    eficcia do Programa.

    A anlise efetuada permitiu verificar que apesar das restries financeiras e administrativas observadas durante

    o perodo de programao, que condicionaram o cumprimento de alguns indicadores de acompanhamento da

    poltica de comunicao, foi implementada uma poltica de comunicao multicanal consistente e com recurso a

    meios tecnolgicos atuais e adequados, mas com espao para evoluir no futuro, atravs de um posicionamento

    mais efetivo junto dos meios de comunicao social. A insgnia FEDER apresenta um nvel muito alto de

    reconhecimento geral por parte das entidades beneficirias. Tambm a marca COMPETE apresenta um nvel

    elevado de reconhecimento e notoriedade junto da generalidade dos beneficirios, sendo os valores de marca

    melhor percecionados a Inovao e a Seletividade. A marca COMPETE no contudo percecionada de igual

    forma pelos promotores e destinatrios nos diferentes sistemas de apoio, em particular no que refere aos

    valores da marca e aos seus objetivos de apoio. Considera-se que o site do COMPETE apelativo em termos de

    imagem, apesar de algumas pginas possurem muita informao, existindo margem de evoluo em termos

    da sua estrutura e navegabilidade. A informao disponibilizada a adequada, no entanto, na verso inglesa do

    site, a informao muito diminuta face verso portuguesa.

  • xii | Relatrio Final

    AS PRINCIPAIS RECOMENDAES

    Os trabalhos de avaliao desenvolvidos permitem, igualmente, tendo em conta as concluses anteriores e as

    grandes questes/desafios para o perodo 2014-2020, avanar algumas recomendaes visando assegurar

    maior eficcia e eficincia das intervenes de poltica pblica focadas na promoo da competitividade da

    economia portuguesa para o perodo remanescente de implementao do COMPETE mas, fundamentalmente,

    face ao momento em que as mesmas esto a ser formuladas, j muito prximo do encerramento do atual

    perodo de programao, para as futuras intervenes estruturais no perodo de programao 2014-2020.

    A apresentao das recomendaes faz-se sob a forma de uma listagem onde, questo a questo, se explicitam

    as principais recomendaes numa sequncia que parte da dimenso transversal, mais centrada nas

    preocupaes globais das intervenes, prossegue pela dimenso programtica, mais relacionada com a

    configurao dos instrumentos includos nas intervenes e na respetiva articulao, e termina na dimenso

    operacional, mais focadas nos aspetos relativos implementao das intervenes, de forma a simplificar a sua

    compreenso e apropriao pelos respetivos destinatrios.

    Os grandes desafios estratgicos do ciclo 2014-2020 para a economia portuguesa nos domnios da

    competitividade e da internacionalizao

    A programao estrutural 2014-2020 enfrenta, com uma indiscutvel clareza, a imperiosa necessidade de

    promover a transio para um novo paradigma competitivo, marcada, decisivamente, por trs reas crticas de

    ao onde se ganha, ou se perde, o sucesso na superao da crise estrutural de competitividade da economia

    portuguesa.

    A primeira corresponde ao aumento cumulativo da produtividade-valor (primado do melhor sobre o mais)

    reconhecendo que as principais dificuldades competitivas da economia portuguesa no correspondem tanto a

    problemas de produtividade fsica nas operaes de transformao e produo (eficincia) mas, sobretudo, a

    problemas de posicionamento nas atividades com maior relevncia nas cadeias de valor de satisfao de

    procuras de empresas e de consumidores em mercados concorrenciais (eficcia).

    A segunda corresponde ao desenvolvimento de novos fatores competitivos no terreno da competitividade no-

    custo (combinao especfica de processos de inovao e de diferenciao indutores de maior valor

    acrescentado) reconhecendo que importa alargar e sistematizar organicamente um vasto conjunto de iniciativas

    colaborativas de adoo, adaptao e desenvolvimento tecnolgico, mais liderantes ou mais seguidistas, nas

    diferentes e complexas atividades que permitem mobilizar conhecimento, cultura e criatividade para produzir

    bens e servios transacionveis e que, por ora, so ainda incipientes e fragmentadas na economia portuguesa.

    A terceira corresponde intensificao de uma ativa participao na globalizao reequilibrando o balano de

    ameaas e oportunidades (afetao prioritria de recursos s atividades de bens e servios transacionveis com

    uma reduo do contedo importado das exportaes e um aumento da capacidade nacional de satisfao da

    procura interna) reconhecendo que a reorientao da economia portuguesa para fora, mas a partir de dentro,

    que constitui uma prioridade decisiva para favorecer as condies de crescimento a prazo da economia

    portuguesa, exige uma mudana global na afetao dos recursos.

    Entender o tempo concreto do ciclo 2014-2020

    O quadro prospetivo da promoo da competitividade e da internacionalizao da economia portuguesa

    comporta, assim, dois elementos distintivos em relao preparao dos anteriores quadros de utilizao de

    fundos estruturais e de investimento comunitrios.

    Em primeiro lugar o tempo do ciclo 2014-2020 surge como um tempo de reestruturao e mudana e no

    como um tempo de adaptao e modernizao, isto , um tempo em que as polticas pblicas precisam de ser

    formuladas de forma mais aberta e experimental priorizando, com clareza, as motivaes de transformao

    estrutural sobre as motivaes de adeso ao tecido econmico vigente.

    Em segundo lugar o ponto de partida do ciclo 2014-2020 surge marcado por uma situao econmica e social

    de retrocesso em relao aos nveis de emprego, crescimento, investimento alcanados, pela economia

    portuguesa, durante o perodo em que efetivamente convergiu no espao da Unio Europeia, isto , uma

    situao onde importa construir uma estratgia de recuperao.

    A promoo da competitividade s poder ter sucesso se for estreitamente articulada com a promoo do

    reforo da internacionalizao da economia portuguesa. O ciclo de programao estrutural 2014-2020 no

    pode, por isso, deixar de incorporar um objetivo de reequilbrio estrutural da de balana de bens e servios em

    articulao com um aumento significativo do valor acrescentado lquido exportado arrastado pelo progressivo

    ganho de peso das atividades diretas e indiretas de exportao e substituio de importaes.

    Garantir a coerncia temtica e territorial de uma agenda integrada de promoo da

    competitividade e da internacionalizao

    O sucesso do pleno aproveitamento em Portugal das oportunidades abertas pela renovao da poltica de

    coeso europeia deve seguir e concretizar os principais elementos de inovao e melhoria que elas comportam

    elegendo, em matria de competitividade e internacionalizao, quatro direes principais.

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | xiii

    Em primeiro lugar situa-se a produo de um novo equilbrio entre uma agenda temtica e vrias agendas

    estratgicas territoriais diferenciadas, combinando o contributo da agenda temtica para a sustentao da

    resposta ao "como?" e o contributo das agendas estratgicas territoriais para a sustentao das respostas ao

    "onde?".

    A valorizao de uma agenda temtica integradora dos esforos nacionais de promoo da competitividade,

    sobre a pulverizao de mltiplas procuras setoriais e regionais, a valorizao de agendas territoriais mais

    responsveis e autnomas e, tambm, mais diversas nos caminhos e objetivos escolhidos, onde a promoo da

    competitividade se articula com os objetivos de coeso social e de sustentabilidade para garantir a

    convergncia e a reinveno da configurao dos programas operacionais regionais que devem passar a

    desempenhar uma funo insubstituvel de charneira entre "tema" e "territrio" constituem as trs direes

    principais de construo daquele novo equilbrio.

    Em segundo lugar surge a produo de uma nova orientao prioritria dos instrumentos de poltica para os

    processos competitivos, para garantir maior eficcia na obteno de resultados e evitar o surgimento de

    paradoxos relativos debilidade do retorno estrutural dos investimentos induzidos.

    Este novo equilbrio deve corresponder a um claro movimento de secundarizao dos elementos de orientao

    para as condies potenciais de competitividade (a envolvente, as infraestruturas e os equipamentos) que tm

    prevalecido na gesto dos fundos estruturais, a favor de uma clara emergncia e afirmao dos elementos de

    orientao que permitam consagrar definitivamente a eleio dos resultados na melhoria sustentada da

    produtividade geradora de riqueza como o grande objetivo em matria de competitividade.

    Em terceiro lugar importa valorizar as empresas como protagonistas dos processos de melhoria da

    produtividade e da competitividade com consequncias significativas, em termos oramentais, no aumento dos

    recursos disponibilizados para as iniciativas e aes com envolvimento direto das empresas, num quadro de

    redistribuio favorvel aos projetos cooperativos e desfavorvel aos projetos estritamente individuais.

    No se trata apenas de reconhecer que so as empresas e no os projetos que concorrem nos mercados. Trata-

    se de reconhecer que a maior ou menor qualidade, orgnica e estratgica, das empresas portadoras dos

    projetos uma das principais condies crticas de sucesso dos investimentos e aes incentivados.

    Em quarto e ltimo lugar perfila-se a necessidade de adotar uma perspetiva global da sustentabilidade, em

    linha com os objetivos do crescimento sustentvel escala europeia e com os esforos polarizados pela

    abordagem do desenvolvimento sustentvel escala internacional, superando as limitaes de uma perspetiva

    estritamente ambiental.

    Esta inflexo no s produziria nveis muito mais satisfatrios de proteo e conservao da natureza e da

    biodiversidade como, sobretudo, permitiria ligar muito mais solidamente, a promoo da competitividade com a

    renovao dos modelos energticos e de mobilidade (em direo a uma muito menor dependncia do carbono)

    e com a regenerao urbana (em direo a centros mais dinmicos e periferias mais qualificadas).

    Assegurar um governo mais eficiente e, sobretudo, mais eficaz dos fundos europeus estruturais e

    de investimento afetados promoo da competitividade e da internacionalizao

    Sucessivos e diversificados estudos de avaliao, incluindo o presente, tm chamado a ateno para a

    importncia da qualidade do modelo de governo (articulao entre deciso, gesto e implementao), sem a

    qual, qualquer estratgia de programao, por melhor que seja, no poder ter sucesso. Os nveis de eficincia

    e de eficcia na utilizao dos fundos estruturais dependem decisivamente de uma efetiva articulao entre

    polticas pblicas mais vastas e programas operacionais mais precisos e focalizados, por um lado, e de uma

    adequada formulao de objetivos e de processos prprios e especficos na sua prossecuo, por outro lado.

    Um guio de resposta rigorosa a esta questo comporta, pelo menos, cinco reas muito relevantes de ao.

    A primeira rea centra-se na melhoria da pertinncia na dimenso estratgica dos instrumentos de poltica

    pblica de promoo da competitividade.

    Esta pertinncia obtm-se dando prioridade s respostas nos mercados aos novos desafios da globalizao e da

    construo europeia onde se destaca o primado das aes estruturais (mudana qualitativa) com foco na

    competitividade no custo, a promoo a inovao e a diferenciao como fatores chave de deciso, reforar

    mesmo a colaborao entre o mundo da cincia e o mundo das empresas na resposta s exigncias dos

    mercados (produtos, tecnologias, materiais, a orientao dos incentivos para a exportao de recursos

    endgenos valorizados e de valor acrescentado em detrimento das exportaes brutas e o reforo nos critrios

    de deciso a presena ativa nos mercados globalizados e a continuidade/ritmo das aes valorizando a

    internacionalizao sobre a simples exportao.

    A segunda rea centra-se numa viragem efetiva do modelo de programao, aumentando a sustentabilidade e

    reduzindo as possibilidades de captura.

    Esta viragem, programar para resultados em vez de programar para condies, programar para iniciativas em

    vez de programar para destinatrios, traduz-se num maior rigor nas decises de seleo atravs de uma

    melhor articulao entre a exigncia no acesso (as condies de entrada) e a solidez na garantia de resultados

    (a definio de metas contratuais), na montagem de plataformas efetivas de convergncia e colaborao

    permanente entre agentes mobilizao do conhecimento e da criatividade para responder s necessidades

    identificadas nos mercados e superar o paradoxo da inovao.

  • xiv | Relatrio Final

    A reformulao global dos mecanismos de prmio (prmios apenas em caso de superao dos objetivos

    contratualizados e tanto mais relevantes quanto o nvel dessa superao) poderia assumir nesta rea um papel

    muito importante.

    A terceira rea centra-se na otimizao da relevncia das aes, antecipando e integrando a natureza da

    conjuntura de execuo. Esta otimizao ganharia com a articulao entre a programao estrutural com as

    trajetrias de recuperao econmica depois da concluso do Programa de Auxlio Econmico e Financeiro a

    Portugal, nomeadamente atravs da compatibilizao do arranque dos programas com medidas especficas

    (fiscalidade, contratao, formao, concorrncia) destinadas capitalizar as empresas, em especial as PME

    inseridas na internacionalizao, e a recuperar a capacidade de investimento empresarial.

    A quarta rea centra-se na melhoria da eficincia na dimenso operacional, utilizando as lies de experincia

    do COMPETE para montar processos que aumentem drasticamente a probabilidade de sucesso.

    Esta melhoria beneficiaria com a manuteno e reforo da rede colaborativa de competncias tcnicas

    operacionalizada ao longo dos dois ltimos perodos de programao, independentemente da configurao

    concreta dos modelos de gesto no novo ciclo 2014-2020, bem como com o reforo da capacidade de induo e

    facilitao de iniciativas qualificadas em articulao com a permanncia de uma lgica de concursos orientados

    em janelas temporais limitadas.

    A incorporao das tendncias prevalecentes na evoluo da economia mundial, nomeadamente as lgicas de

    cadeia de valor fragmentada e de valor partilhado, permitiria, tambm alcanar nveis mais elevados de

    eficincia aprofundando experincias como as dos polos competitivos e clusters, desbravando novos

    instrumentos simplificados de demonstrao e de ao coletiva colaborativa com fortes efeitos de spill-over.

    A quinta e ltima rea centra-se na melhoria da eficcia na dimenso operacional visando garantir a coerncia

    global das dimenses territoriais na dimenso temtica e privilegiar a lgica do mrito sobre a lgica da

    quantidade.

    Esta melhoria depende, em primeiro lugar, de uma adequada articulao entre a promoo dos objetivos

    temticos (competitividade e internacionalizao) e a prossecuo dos objetivos territoriais (convergncia),

    sem os confundir, nomeadamente, com opes de afetao de fundos ou critrios de poder de deciso, isto ,

    valorizando a descentralizao territorial diversificada como fator identitrio de desenvolvimento e promovendo

    a centralizao temtica como fator crtico de sucesso na globalizao.

    Esta melhoria depende, em segundo lugar, do reconhecimento da relevncia da descentralizao territorial,

    muito em especial, para as iniciativas de valorizao de recursos endgenos, para os projetos de investimento

    onde o patrimnio, a cultura e a criatividade tm um papel determinante (turismo e no s) e para os projetos

    onde as lgicas de eficincia coletiva tenham adquirido ou possam adquirir forte sustentabilidade.

    Esta melhoria depende, em terceiro lugar (last but not least), do princpio da disputa concorrencial dos recursos

    afetos, quer pelo setor privado, quer pelo setor pblico, em condies de efetiva transparncia e adequada

    combinao da verificao do cumprimento das condies objetivas de acesso e das condies de mrito

    absoluto indispensveis para qualquer projeto (viabilidade econmica e financeira, incorporao suficiente do

    estado da arte nos atributos de contedo) com a determinao do respetivo mrito relativo no contributo para

    a prossecuo dos objetivos de poltica pblica e dos objetivos especficos das estratgias que os acolhem. O

    reforo da seletividade justifica-se como suporte da eficcia das aes e projetos e esta s pode ser medida

    pelo contributo para objetivos de poltica pblica e/ou estratgias temticas ou territoriais partilhadas por

    agentes pblicos, privados e sociais.

    Recomendaes transversais

    Cuidar da plena concretizao do potencial dos projetos apoiados pelo COMPETE

    Em termos genricos e tendo em conta a constatao de que, face conjuntura, os efeitos do COMPETE no se

    tero materializado de forma plena, importa contemplar no perodo remanescente do COMPETE mas,

    fundamentalmente, no prximo perodo de programao, instrumentos de apoio que permitam o

    acompanhamento aos promotores apoiados pelo COMPETE para que o potencial de transformao estrutural e

    de desempenho presente nos projetos apoiados no seja perdido.

    Estimular as sinergias entre as aes desenvolvidas dentro e fora das regies de convergncia

    para ampliar os efeitos indiretos e induzidos e aproveitar as competncias disponveis

    O chamado efeito de spillover no esgota a relao entre regies convergncia e regies no convergncia nos

    efeitos dos projetos. Os projetos com apoios previstos para entidades localizadas nas regies no convergncia

    devem poder continuar a contar com a demonstrao desse efeito de forma rigorosa e excecional, mas devem

    ser perspetivadas novas formas de colaborao, nomeadamente na relao entre instituies de cincia e

    tecnologia e entre centros de saber, e de ambos com o mundo empresarial, em parcerias e/ou aquisies de

    servios que permitam uma pleno aproveitamento dos recursos das regies no convergncia, sobretudo

    quando nelas se aglomeram competncias muito relevantes para o desenvolvimento dos projetos.

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | xv

    Induzir procuras mais qualificadas

    Para aumentar o impacto das intervenes, fundamental assegurar a induo de "procuras" mais qualificadas

    e um maior foco nos setores identificados como centrais no quadro das estratgias de especializao

    inteligente. tambm importante o reforo da seletividade - a concretizar, ao nvel dos regulamentos e,

    sobretudo, dos Avisos de Abertura de Concurso, pela utilizao de critrios mais rigorosos e restritivos de

    elegibilidade, seleo e hierarquizao de candidaturas em matria de privilgio s atividades intensivas em

    tecnologia e conhecimento, ao negcio internacional e aos sectores transacionveis, substituio de

    importaes e ao enquadramento dos projetos em polos de competitividade e/ou clusters de base territorial j

    constitudos ou a constituir, numa lgica virtuosa bottom-up, em funo de dinmicas prprias, massa crtica e

    capacidade de iniciativa e investimento existentes "no terreno" -, ou uma maior concentrao dos apoios nas

    fases iniciais do ciclo de vida dos projetos, acompanhando mais de perto os promotores no desenvolvimento

    das ideias e na configurao e desenvolvimento estratgico dos projetos.

    Melhorar a complementaridade dos instrumentos para aumentar os efeitos estruturais

    Tambm a questo da complementaridade interna dos diversos instrumentos deve ser mais acautelada no

    prximo perodo de programao, nomeadamente promovendo a ligao da I&D e da Inovao com o mercado

    ou contemplando um papel mais ativo para instrumentos como a engenharia financeira ligando-os s

    prioridades estratgicas de transformao estrutural.

    Recomendaes programticas

    Favorecer uma maior articulao entre as lgicas de empresa e de projeto

    Tendo em vista maximizar a eficcia e a eficincia dos apoios pblicos neste domnio, deve ser ponderada em

    termos de conceo do programa a possibilidade de dar maior relevncia lgica de empresa enquanto

    entidade destinatria das intervenes. Se em termos operacionais o projeto poder ser a unidade de anlise

    dos apoios, a capacidade dos instrumentos de poltica acompanharem os ciclos de investimento dos promotores

    pode contribuir para aumentar a eficcia das intervenes.

    Nesse sentido devem ser criados mecanismos que promovam articulao mais efetiva entre os esforos de

    capacitao das pessoas e empresas, via FSE, e os investimentos integrados de qualificao, I+D+I e

    internacionalizao, via FEDER, e a possibilidade de mobilizao de diversos instrumentos em fases diversas

    dos ciclos de investimento das empresas, dando corpo lgica plurifundo dos novos Programas Operacionais -

    o "casamento" da experincia dos vales, enquanto instrumento simplificado de acesso a competncias (I&D,

    inovao, internacionalizao, formao, empreendedorismo, etc.), com os projetos de investimento , neste

    contexto, particularmente enriquecedor. O carcter simplificado deste tipo de instrumento, a par dos baixos

    montantes de apoio que lhe esto associados, permite fazer intervenes muito alargadas, sem dotaes nem

    custos burocrticos e administrativos significativos.

    Reforar a orientao para os fatores competitivos mais avanados aumentando a seletividade

    O COMPETE j orientou, em termos de foco, a procura dirigida ao sistema para as lgicas de interveno mais

    interessantes, importante agora seria aumentar a seletividade e contemplar, para alm de instrumentos que

    apoiem a intensificao da explorao dos fatores competitivos avanados por parte das unidades mais

    dinmicas, tambm os que promovam a adoo dessas estratgias por parte de empresas que ainda no o

    fazem, sendo que a natureza dos instrumentos mais eficazes para cada um dos objetivos frequentemente

    distinta.

    Alargar significativamente a insero do tecido empresarial na economia baseada no conhecimento

    A problemtica da promoo de uma economia baseada no conhecimento e na inovao, por via do estmulo ao

    desenvolvimento cientfico e tecnolgico e do fomento do empreendedorismo deve continuar a constituir uma

    aposta com a magnitude e a ambio significativas verificadas no COMPETE. Em matria de aumento da I&D

    empresarial, o sucesso desta aposta exige um esforo futuro redobrado de induo de mudana estrutural

    nestas regies, seja pela via da promoo mais voluntarista do empreendedorismo qualificado seja pela

    instigao de investimentos produtivos com significado (incluindo IDE) em setores de atividade mais intensivos

    em tecnologia ou conhecimento.

    A simplificao do instrumento Vales e uma maior generalizao do seu uso nos domnios da investigao e

    da transferncia de tecnologia, associando-lhe um processo de financiamento muito simples e de curto prazo

    (6-12 meses), dirigido a projetos orientados para a experimentao de novos conceitos e ideias

    (designadamente provas de conceito, prottipos e anlises de mercado), exigindo que os mesmos sejam

    contratualizados com parceiros tecnolgicos de referncia e devidamente qualificados, so instrumentos a

    privilegiar. Ainda em matria de I&D, sugere-se a continuidade de uma forte priorizao I&D em co-promoo

    e a induo de uma maior ambio nos projetos mobilizadores, dirigindo-os sobretudo para o apoio de projetos

    arriscados e voluntaristas, que comportem elevado potencial para induzir mudanas estruturais no perfil de

    especializao da economia e que sejam capazes de atrair e envolver atores (nacionais ou estrangeiros) que

    ocupem posies estratgicas de relevo em cadeias de valor globais intensivas em tecnologia e conhecimento.

  • xvi | Relatrio Final

    O maior voluntarismo proposto deve ser levado a cabo sob o chapu de uma nova lgica de promoo da

    eficincia empresarial coletiva que procure a emergncia de novos sectores ou a assuno de riscos fora do

    alinhamento tradicional dos sectores de especializao tradicional da nossa economia, em forte consonncia

    com as estratgias de especializao inteligente que vierem a ser estabilizadas no contexto do prximo perodo

    de programao.

    A respeito do empreendedorismo qualificado, impe-se tambm uma maior ambio do Programa, sobretudo

    pelo alargamento e aprofundamento das vias polarizadas no capital de risco e nos business angels. Ao nvel da

    promoo inovao de produto e de processo, impem-se para o futuro uma maior seletividade nos apoios a

    conceder em torno de atividades mais intensivas em tecnologia e conhecimento, portadoras de uma forte

    orientao para os mercados internacionais e de uma elevada incorporao de valor acrescentado nacional nas

    exportaes.

    Continuar a apoiar os esforos no domnio da Cincia e da Tecnologia melhorando o seu contributo

    para a competitividade empresarial estrutural

    No domnio do apoio a Entidades do Sistema Cientfico e Tecnolgico quer para o perodo restante de vigncia

    do COMPETE quer para o prximo perodo de programao, fundamental a manuteno de um instrumento

    do tipo SAESCTN com uma dotao financeira adequada, a fim de no se interromper a trajetria de

    consolidao do subsistema de Cincia e Tecnologia em Portugal e, em particular, nas regies de convergncia.

    Embora no seja de encerrar a oportunidade para concursos em todas as reas cientficas e para projetos de

    pequena dimenso, entende-se como necessrio, por um lado, evitar a excessiva fragmentao dos apoios

    investigao e, por outro lado, aumentar a oportunidade para concursos temticos e de maior orientao

    estratgica.

    A exemplo do j observado nos Projetos de IC&DT Estratgicos e de Interesse Pblico e do previsto na

    tipologia Programas Integrados de IC&DT (esta ltima com um concurso nos PO regionais), deve ser dada

    uma maior expresso a tipologias que permitam a formatao de projetos por linha de investigao, de maior

    dimenso financeira e horizonte temporal mais alargado, reduzindo-se os custos de transao gerados por um

    muito elevado nmero de candidaturas.

    Por outro lado, existe ainda uma elevada margem para aumentar a orientao estratgica induzida pelos

    concursos, contrariando uma excessiva lgica bottom up. Para alm da manuteno de concursos temticos

    dirigidos a projetos enquadrados em acordos de cooperao entre Portugal e centros de conhecimento de

    referncia mundial, considera-se desejvel a definio de prioridades a consensualizar entre o Governo / FCT

    e as principais organizaes do subsistema de C&T articuladas tanto quanto possvel com as prioridades das

    estratgias de especializao inteligente a nvel nacional e a nvel regional, bem como com as EEC relacionadas

    com as referidas estratgias.

    Ainda que no parea desejvel alimentar uma expectativa imediatista quanto apropriao de resultados, por

    parte da economia, decorrentes das atividades de C&T de matriz acadmica (sendo que existem outros

    instrumentos mais formatados para promoverem essa articulao, tais como o SI I&DT em co-promoo e os

    projetos mobilizadores), as estratgias de especializao inteligente sendo consensualizadas e assumidas

    pelos diferentes agentes do sistema de inovao podero igualmente ser o quadro gerador de uma maior

    articulao entre o subsistema de C&T e o sistema de inovao como um todo.

    Estimular os projetos e aes de colaborao entre empresas e entidades e servios de suporte

    Uma abordagem global problemtica da competitividade deve valorizar lgicas coletivas, envolvendo

    empresas, pessoas, profissionais, entidades prestadoras de servios avanados de suporte e entidades do

    Sistema Cientfico e Tecnolgico Nacional - de que so exemplo os projetos conjuntos, os projetos em co-

    promoo, os projetos mobilizadores e demonstradores, os vales alargados, que permitem, no essencial,

    entrosar empresas com infraestruturas de suporte competitividade empresarial, colmatar as falhas em

    recursos, particularmente das PME, criar um mercado de servios tcnicos, tecnolgicos e de formao para as

    entidades prestadoras de servios avanados competitividade e para as entidades do SCTN e promover, de

    forma mais efetiva, projetos de valorizao econmica de I&D realizada e de transferncia de tecnologia.

    Nesta matria, importa ainda acarinhar e promover, ao nvel do desenho dos diferentes instrumentos de

    poltica pblica, as atividades de disseminao e demonstrao tecnolgica, que se revelam cada vez mais

    importantes a nvel internacional e europeu, havendo, a este propsito, que recuperar e repensar a figura das

    antigas aes de demonstrao.

    Aumentar a eficcia da utilizao dos fundos estruturais na captao de IDE estruturante

    Dada a relevncia que o IDE pode assumir na promoo da competitividade e internacionalizao, uma grande

    nfase deve ser colocada na necessidade de melhorar a eficcia da utilizao dos fundos estruturais na

    captao de IDE de natureza estruturante, com escala e reprodutivo, com fortes efeitos de arrastamento

    noutros setores de atividade e na competitividade e internacionalizao de PME. Neste contexto dever ser

    reforado o objetivo estratgico da reduo dos custos de contexto, enquanto fator fundamental na captao de

    investimento, para o que importa definir prioridades de poltica pblica dirigidas a setores de interveno

    crticos, como so exemplos a Justia e a Educao, Cincia e Tecnologia.

  • Avaliao Intercalar do COMPETE | xvii

    Equilibrar as dinmicas de aprofundamento e alargamento na internacionalizao, melhorando o

    perfil de especializao e fomentando a diversificao de mercados

    Nas abordagens s questes da internacionalizao um maior enfoque deve tambm ser colocado em

    intervenes de natureza mais coletiva (particularmente importantes em aes de widening), envolvendo,

    numa lgica valorizadora de estratgias de eficincia coletiva, dado que nesse mbito o processo de

    aprendizagem pode ser muito facilitado e potenciado. Esta ateno s lgicas widening no deve limitar a

    manuteno da promoo da internacionalizao das empresas por vias diretas e individualizadas seguindo

    uma lgica deepening no caso das empresas com alguma experincia nos mercados externos.

    Os elevados impactos potenciais e efetivos identificados em matria de reforo da orientao para os mercados

    internacionais associados a projetos apoiados em sectores intensivos em tecnologia, inovao e criatividade

    torna recomendvel que no futuro se foquem os apoios neste tipo de atividades, mas sempre atravs de uma

    particular ateno s atividades com maior valor acrescentado nacional nas exportaes e, eventualmente, a

    atividades com algum carter estratgico e emergente ou onde o grau de penetrao das importaes seja

    significativo. Deve ser tambm explorada a utilizao destes instrumentos de apoio para a reorientao para

    mercados internacionais de setores onde o mercado domstico tenha perdido duradouramente parte do seu

    dinamismo (como na cadeia de valor da construo) ou para o desenvolvimento de projetos de investimento

    em Portugal em novos segmentos da procura domstica que contribuam para novos objetivos estratgicos

    (reabilitao urbana e prossecuo de objetivos no referencial das cidades criativas e inteligentes).

    As agncias pblicas com responsabilidade na internacionalizao da economia portuguesa podem potenciar o

    seu papel com reforo da participao nos instrumentos de natureza coletiva, quer em termos de participao

    direta atravs de projetos prprios no domnio em apreo quer de envolvimento em projetos liderados por

    outras entidades, designadamente associaes empresariais e entidades representativas de polos/clusters.

    Conceber instrumentos pertinentes, adequados e eficazes

    Na conceo dos instrumentos deve ser dada particular ateno s necessidades dos agentes e s condies do

    mercado para evitar desenhar instrumentos que ou no respondem a necessidades ou no so competitivos e

    por isso no so depois mobilizados. Nomeadamente em instrumentos do tipo do INVESTE QREN importante

    que as condies sejam aproximadas s de instrumentos pblicos ou privados similares sob pena de o mesmo

    no ser competitivo.

    Na conceo das intervenes deve tambm ser dada ateno dimenso financeira, contemplando um

    conjunto desejavelmente mais articulado e integrado de mecanismos de apoio ao investimento de base

    empresarial, envolvendo sistemas de incentivos financeiros, capitais de risco, garantias, contragarantias e

    caucionamento mtuo, na facilitao do acesso ao capital alheio, e incentivos fiscais, tendo em considerao

    que a melhoria do desempenho competitivo da economia nacional passar, necessariamente, pelo aumento

    significativo da produtividade e inovao nas empresas e por nveis acrescidos de integrao e orientao para

    os mercados internacionais e pela correo das atuais dificuldades em matria de financiamento do

    investimento empresarial (seja ao nvel de capitais prprios, de acesso competitivo aos capitais alheios, seja

    ainda de alguma desadequao dos instrumentos de engenharia financeira disponveis, sobretudo para

    financiamento de projetos de expanso e consolidao de posies nos mercados internacionais).

    Promover uma reviso sensvel dos modelos de financiamento dos projetos

    A programao 2014-2020 deve assentar numa reviso sensvel dos modelos de financiamento que suportam

    as diferentes polticas pblicas plurifundo, privilegiando-se, cada vez mais, lgicas articuladas e sinrgicas de

    capital de risco, business angels, crdito bonifica