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ALEXANDRIA Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.4, n.1, p.199-220, maio 2011 ISSN 1982-5153 Estudo de Caso do Programa de Educação Ambiental Fruto da Terra: contextualização e não disciplinarização em um projeto na educação fundamental SHEILA CECCON 1 ; MAURÍCIO COMPIANI 2 ; JOÃO LUIZ DE MORAES HOEFFEL 3 1 Instituto Paulo Freire/ Casa da Cidadania Planetária. [email protected] 2 Instituto de Geociências/ Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciências da Terra / UNICAMP [email protected] 3 Centro de Estudos Ambientais - Sociedades e Naturezas/ Universidade São Francisco [email protected] Resumo. A pesquisa aqui relatada é um Estudo de Caso sobre as metodologias de formação de professores e de ensino desenvolvidas pelo Programa de Educação Ambiental Fruto da Terra, junto a 17 escolas de 1.º ao 5.º anos do ensino fundamental da rede pública municipal de Atibaia-SP, de 2003 a 2008. Como metodologia de formação de professores tem sido adotada a pesquisa participante, através da ação-reflexão-ação, realização de cursos e oficinas, estudos periódicos em HTPCs (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo) e produção de registro reflexivo para a ampla socialização de experiências de sucesso. Como metodologia de ensino a opção do Programa foi pela Pedagogia de Projetos como instrumento de educação ambiental. A concepção de educação adotada é a das correntes Humanista, Crítica e da Ecoeducação. No período estudado é possível constatar a transformação do fazer educativo de muitos educadores e a construção de uma postura profissional de produtores e disseminadores de conhecimento. Como um exemplo de prática pedagógica desenvolvida são apresentados dados do projeto Meio Ambiente: Uma questão de Educação, aplicado junto a uma quarta série do ensino fundamental. Abstract. The research reported here is a Case Study on methodologies of teachers and students learning processes developed by the Environmental Education Program Fruit of the Earth, with 17 schools, from de 1st to 5th years of elementary education of the municipal schools located in Atibaia SP, from 2003 to 2008. As a methodology for teacher education has been adopted a participatory approach, that uses a action-reflection-action methodology, courses and workshops, regular studies in HTPCs, (Collective Pedagogical Work ) records of learning process and extensive socialization of success experiences. As methodology of learning process the Pedagogy of Projects was adopted as a tool for environmental education. The environmental education perspectives adopted were Humanist, Critic and Ecoeducation. In the period studied is possible to see the transformation of the educational action of many educators and the upbringing of a posture of producers of knowledge. As an example of the teaching practice developed data from the project Environment: An Educational Question, applied in one class of primary education, are presented. Palavras chave: currículo local, formação de professores, pedagogia de projetos Keywords: place curriculum, teacher learning process, pedagogy of projects Introdução A presente pesquisa é parte de trabalho de mestrado no Programa de Pós- graduação em Ensino e História de Ciência da Terra no Instituto de Geociências da UNICAMP- SP. Trata-se da análise de um programa de educação ambiental realizado nos anos As partes referentes ao histórico, metodologia de pesquisa, metodologia de formação de professores e de ensino, constam de trabalho apresentado no VII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências - 2009. Já, o projeto analisado no presente texto é diferente.

Estudo de Caso Do Programa de Educação Ambiental Fruto Da Terra Contextualização e Não Disciplinarização Em Um Projeto Na Educação Fundamental

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A pesquisa aqui relatada é um Estudo de Caso sobre as metodologias de formação de professores e de ensino desenvolvidas pelo Programa de Educação Ambiental Fruto da Terra, junto a 17 escolas de 1.º ao 5.º anos do ensino fundamental da rede pública municipal de Atibaia-SP, de 2003 a 2008. Como metodologia de formação de professores tem sido adotada a pesquisa participante, através da ação-reflexão-ação, realização de cursos e oficinas, estudos periódicos em HTPCs (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo) e produção de registro reflexivo para a ampla socialização de experiências de sucesso. Como metodologia de ensino a opção do Programa foi pela Pedagogia de Projetos como instrumento de educação ambiental. A concepção de educação adotada é a das correntes Humanista, Crítica e da Ecoeducação. No período estudado é possível constatar a transformação do fazer educativo de muitos educadores e a construção de uma postura profissional de produtores e disseminadores de conhecimento. Como um exemplo de prática pedagógica desenvolvida são apresentados dados do projeto Meio Ambiente: Uma questão de Educação, aplicado junto a uma quarta série do ensino fundamental.

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  • ALEXANDRIA Revista de Educao em Cincia e Tecnologia, v.4, n.1, p.199-220, maio 2011 ISSN 1982-5153

    Estudo de Caso do Programa de Educao Ambiental Fruto

    da Terra: contextualizao e no disciplinarizao em um

    projeto na educao fundamental

    SHEILA CECCON1; MAURCIO COMPIANI

    2; JOO LUIZ DE MORAES

    HOEFFEL3

    1Instituto Paulo Freire/ Casa da Cidadania Planetria. [email protected] 2Instituto de Geocincias/ Programa de Ps-Graduao em Ensino e Histria de Cincias da

    Terra / UNICAMP [email protected] 3Centro de Estudos Ambientais - Sociedades e Naturezas/ Universidade So Francisco

    [email protected]

    Resumo. A pesquisa aqui relatada um Estudo de Caso sobre as metodologias de formao de

    professores e de ensino desenvolvidas pelo Programa de Educao Ambiental Fruto da Terra, junto a 17

    escolas de 1. ao 5. anos do ensino fundamental da rede pblica municipal de Atibaia-SP, de 2003 a

    2008. Como metodologia de formao de professores tem sido adotada a pesquisa participante, atravs da

    ao-reflexo-ao, realizao de cursos e oficinas, estudos peridicos em HTPCs (Horrio de Trabalho

    Pedaggico Coletivo) e produo de registro reflexivo para a ampla socializao de experincias de

    sucesso. Como metodologia de ensino a opo do Programa foi pela Pedagogia de Projetos como

    instrumento de educao ambiental. A concepo de educao adotada a das correntes Humanista,

    Crtica e da Ecoeducao. No perodo estudado possvel constatar a transformao do fazer educativo

    de muitos educadores e a construo de uma postura profissional de produtores e disseminadores de

    conhecimento. Como um exemplo de prtica pedaggica desenvolvida so apresentados dados do projeto

    Meio Ambiente: Uma questo de Educao, aplicado junto a uma quarta srie do ensino fundamental.

    Abstract. The research reported here is a Case Study on methodologies of teachers and students learning

    processes developed by the Environmental Education Program Fruit of the Earth, with 17 schools, from

    de 1st to 5th years of elementary education of the municipal schools located in Atibaia SP, from 2003 to

    2008. As a methodology for teacher education has been adopted a participatory approach, that uses a

    action-reflection-action methodology, courses and workshops, regular studies in HTPCs, (Collective

    Pedagogical Work ) records of learning process and extensive socialization of success experiences. As

    methodology of learning process the Pedagogy of Projects was adopted as a tool for environmental

    education. The environmental education perspectives adopted were Humanist, Critic and Ecoeducation.

    In the period studied is possible to see the transformation of the educational action of many educators and

    the upbringing of a posture of producers of knowledge. As an example of the teaching practice developed

    data from the project Environment: An Educational Question, applied in one class of primary education,

    are presented.

    Palavras chave: currculo local, formao de professores, pedagogia de projetos

    Keywords: place curriculum, teacher learning process, pedagogy of projects

    Introduo

    A presente pesquisa parte de trabalho de mestrado no Programa de Ps- graduao

    em Ensino e Histria de Cincia da Terra no Instituto de Geocincias da UNICAMP-

    SP. Trata-se da anlise de um programa de educao ambiental realizado nos anos

    As partes referentes ao histrico, metodologia de pesquisa, metodologia de formao de

    professores e de ensino, constam de trabalho apresentado no VII Encontro Nacional de Pesquisa

    em Educao em Cincias - 2009. J, o projeto analisado no presente texto diferente.

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

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    iniciais do ensino fundamental, tendo como referncia o processo desenvolvido de 2003

    a 2008 na rede pblica municipal de Atibaia-SP.

    Nesta pesquisa nosso estudo foi dirigido a educadores e alunos de 1 4 sries de

    2003 a 2006 e 1 ao 5 anos em 2007 e 2008, pois nestes dois ltimos anos as crianas

    de seis anos passaram a fazer parte do Ensino Fundamental. Em 2008 a rede pblica

    municipal possua 220 educadores e 7.369 crianas que cursavam os anos iniciais do

    ensino fundamental, em 17 escolas da cidade.

    Nossa ateno neste relato est centrada na metodologia de formao de educadores

    desenvolvida pelo Programa e nos resultados observados em suas prticas pedaggicas,

    especialmente no que diz respeito contextualizao e no disciplinarizao, aspectos

    fundamentais da concepo de educao ambiental adotada.

    Esto descritos e analisados a seguir, alm de um diagnstico e da definio das

    correntes de educao ambiental que embasaram o trabalho a partir de ento, a

    metodologia de pesquisa, de formao de professores e de ensino praticadas ao longo

    dos seis anos estudados.

    Metodologia da pesquisa

    O mtodo utilizado para esta pesquisa o Estudo de Caso. Segundo Yin (2003), a

    essncia deste mtodo a tentativa de esclarecer uma deciso ou um conjunto de

    decises: por que foram tomadas, como foram implementadas e quais os resultados

    alcanados (Yin, 2003). considerado adequado para a investigao de um fenmeno

    contemporneo dentro de seu contexto real e utiliza mltiplas fontes de evidncias.

    Pesquisa qualitativa compreendida aqui como um conjunto de diferentes tcnicas

    interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema

    complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos

    fenmenos do mundo social; trata-se de reduzir a distncia entre indicador e indicado,

    entre teoria e dados, entre contexto e ao (Maanem, 1979 apud Neves, 1996).

    O Estudo de Caso do Programa de Educao Ambiental Fruto da Terra foi

    desenvolvido com a realizao de quatro atividades de naturezas diferentes: (a) pesquisa

    documental; (b) relatos, observao; (c) levantamento de referenciais tericos e (d)

    produo de um sistema de evidncias.

    Pesquisa documental

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    201

    Envolveu a anlise dos seguintes registros:

    a. Contedos abordados nos principais cursos, oficinas e vivncias oferecidas aos

    educadores;

    b. Avaliaes individuais produzidas aps a realizao dos cursos Pedagogia de

    Projetos e Educao Ambiental e Interdisciplinaridade.

    c. Avaliaes produzidas voluntariamente por educadores aps a realizao de oito

    grandes Encontros e seis Exposies Municipais de Educao Ambiental.

    Levantamento de referenciais tericos:

    Envolveu a reviso de textos de diferentes autores que foram estudados pelo grupo

    ao longo destes seis anos e fundamentaram a construo do processo, e a relao entre

    as prticas adotadas pelo Programa e os respectivos referenciais tericos.

    Relatos e observaes:

    Foram analisados neste momento dois projetos desenvolvidos por educadoras que

    participaram de todo o processo de formao oferecido pelo Programa Fruto da Terra.

    Para o estudo dos projetos foi estabelecido um padro de observao, de forma que

    ambos fossem analisados sob os mesmos aspectos. Foram escolhidos os aspectos

    listados abaixo, considerados relevantes no desenvolvimento da educao ambiental

    crtica:

    1. Contextualizao

    2. Enfoque disciplinar

    3. Motivao confrontao de hipteses, ao trabalho em equipe e atitudes solidrias

    e ticas.

    4. Criao de condies de interferncia concreta das crianas no meio.

    5. Concepo de meio ambiente construda atravs do projeto.

    No presente trabalho nossa reflexo est centrada no processo de formao de

    professores e na metodologia de ensino dele resultante, no que diz respeito

    especialmente abordagem dos contedos de forma no disciplinar e importncia do

    estudo do local nas prticas pedaggicas desenvolvidas pelos educadores.

    Produo de um sistema de evidncias:

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

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    A anlise de todo o processo de estudo levou ento a uma criteriosa reflexo sobre as

    evidncias. Considerando as metodologias de formao de educadores e de ensino

    desenvolvidas ao longo dos seis anos estudados possvel fazer algumas afirmaes

    quanto pertinncia ou no das opes feitas, tendo como foco as contribuies do

    estudo do local de vida das crianas e a no disciplinarizao na realizao de uma

    educao ambiental crtica e emancipatria.

    Diagnstico e concepo de educao ambiental adotada

    As aes do Programa de educao ambiental estudado foram planejadas a partir de

    um diagnstico construdo atravs da relao direta com diretoras das dezessete escolas

    envolvidas, coordenadoras pedaggicas de cada uma delas e educadores presentes em

    diferentes grupos de estudo e formao, durante um perodo de 18 meses.

    Em sua maioria, as educadoras tinham concepes de educao ambiental baseadas

    nas correntes Naturalista, Conservacionista/Recursista e Resolutiva, de educao

    ambiental, segundo a cartografia das correntes de educao ambiental publicada em

    Sato e Carvalho (2005). A natureza e o ser humano eram percebidos, via de regra, de

    forma dissociada. Alguns depoimentos demonstravam que a natureza era vista como

    modelo e motivo de inspirao, outros tratavam o meio ambiente como fonte exclusiva

    de recursos e alguns o descreviam como uma grande teia de problemas a serem

    resolvidos para o bem estar humano.

    A dissociao entre ser humano e natureza e a percepo antropocntrica do mundo

    efetivamente no contribuam para a formao dos sujeitos to frequentemente descritos

    nos Projetos Politicopedaggicos elaborados por estes mesmos educadores. A funo

    social da escola com enorme freqncia est associada formao de cidados

    autnomos, ticos, crticos e participativo, mas autonomia, tica, criticidade e

    participao social eram pouco praticadas.

    Foi constatado que apesar de todos serem professores polivalentes, ou seja,

    responsabilizarem-se pelo ensino de todas as reas de conhecimento, o contedo era

    abordado com forte enfoque disciplinar, uma rea de conhecimento no dialogava com

    a outra e o conhecimento abordado no estabelecia necessariamente relao com o

    mundo real vivido pelas crianas. O conhecimento no era colocado a servio da

    compreenso do mundo, mas, em sentido oposto, exemplos da realidade eram citados

    para ilustrar o tema abordado. O foco era sempre o contedo do livro didtico, na

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    203

    seqncia por ele imposta, e no o contexto vivido pelas crianas e a gama de saberes

    que permeiam este territrio. O currculo era centrado nas disciplinas, sendo o contexto

    vivido pelas crianas, quando muito, utilizado para ilustrar o texto estudado, sem que

    fosse estabelecida relao entre uma disciplina e outra. Histria, por exemplo, era

    abordada como algo distante, imutvel, j construdo. A histria no se fazia no

    presente, era algo dado, e acontecia em um territrio imaginrio, onde as caractersticas

    geogrficas no estavam presentes. Por outro lado quando as aulas de geografia eram

    dadas, histria e cincias eram esquecidas. Nenhuma referncia era feita a vida silvestre

    existente nos espaos geogrficos, por exemplo, afinal ecossistemas so contedos de

    cincias. Enfim, a fragmentao efetivamente comprometia a compreenso do todo.

    Educao ambiental era compreendida como a relao do ser humano com plantas e

    animais e com o meio fsico, estando as relaes humanas de forma geral excludas

    deste contexto. Ao mesmo tempo havia grande desconhecimento dos educadores em

    relao prpria cidade: de onde vem a gua que bebem, para onde vai quando sai da

    escola e de suas casas, para onde vai o lixo produzido, quanto lixo produzido, etc.

    O cenrio educativo encontrado estava em sintonia com o apontado por Compiani

    (2005): as aulas tradicionais e o livro didtico predominantes nas escolas eram

    descontextualizados e centrados no enciclopedismo das definies. Ensinavam-se

    repertrios e definies, informaes, de modo geral, trabalhadas por educadores de

    maneira isolada e fragmentada, refletindo a organizao das informaes divididas nas

    unidades e sub-unidades dos livros didticos. A escola, de certo modo, ignorava a vida,

    pois idealizava um aluno abstrato, sem tempo e sem espao. O aluno real, em seu

    contexto, com sua experincia social e individual em sua localidade, era ignorado. Por

    no ter um interlocutor real, a escola era incapaz de ocupar seu lugar de produtora de

    conhecimentos gerados na interao entre o mundo cotidiano e o cientfico.

    O desafio enfrentado pelo Programa durante os seis anos analisados foi construir

    junto a este grupo de educadores uma concepo de educao ambiental mais centrada

    nas correntes Humanista, Crtica e da Ecoeducao, segundo Sato e Carvalho (2005), e

    na concepo freireana de educao.

    Educao Ambiental Crtica compreendida como aquela que busca promover

    ambientes educativos de mobilizao de processos de interveno sobre a realidade e

    seus problemas socioambientais; trabalha na perspectiva da construo do

    conhecimento contextualizado para alm da mera transmisso; promove a percepo de

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

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    que o processo educativo no se restringe ao aprendizado individualizado dos contedos

    escolares, mas na relao do um com o outro, do um com o mundo, reafirmando que a

    educao se d na relao (Guimares, 2004).

    Sendo assim, a fragmentao do conhecimento compromete a compreenso da

    realidade e contribui para o imobilismo, na medida em que provoca um estilhaamento

    no entendimento dos seres humanos, da natureza e da sociedade. Neste sentido Alves e

    Garcia (1999) afirmam que preciso que partamos da idia de que estar no mundo e

    querer mud-lo exige um trabalho intelectual de questionar os prprios problemas, na

    lgica mesma com que surgem para todos os sujeitos que os criam e os sofrem, o que

    pouco tem de disciplinar.

    A no disciplinarizao e o estudo do local, juntos, promovem rupturas importantes

    na forma de conceber e vivenciar a escola (Rodrigues e Garzn, 2006 apud Garcia e

    Moreira, 2006). Uma delas a eliminao da tradicional separao entre escola e vida.

    Antes de tudo, a escola um lugar de vida e para a vida, e por isso devem ser

    enfraquecidas as fronteiras entre o mundo que rodeia a escola, seu entorno, e a atividade

    escolar. Nesse enfraquecimento fundamenta-se a formulao e organizao do currculo

    a partir de fenmenos da vida real dos atores (professores e alunos). A vida local passa a

    entrar na sala de aula mediada pelos imaginrios de crianas e professores sobre ela e se

    converte em discurso que permite tematizar a realidade (Freire, 1996, 1971 apud Garcia

    e Moreira, 2006). Paralelamente entrada da vida cotidiana, das realidades locais,

    entram os saberes locais para dialogar com os saberes que possuem carta de cidadania

    antiga na sala de aula (matemtica, cincias). Outorgar carta de cidadania aos saberes

    locais, implica reconhecer seu valor na formao de identidades e na conservao e

    recriao de nossas culturas.

    A consolidao de uma cultura escolar que promovesse a compreenso do mundo e

    motivasse a interveno no meio, fundamentou a atuao do Programa de educao

    ambiental nos seis anos estudados.

    Metodologia da formao de professores

    Como metodologias de formao de professores foram realizadas quatro principais

    aes: (1) o oferecimento de cursos, oficinas, vivncias e palestras como estratgia de

    formao continuada de educadores, (2) a utilizao dos Horrios de Trabalho

    Pedaggico Coletivos (HTPCs) para estudo das equipes docentes, (3) a realizao de

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    205

    um registro reflexivo de todo o caminhar do programa e o incentivo produo de

    registros por parte dos professores, e (4) uma ampla socializao das experincias de

    sucesso resultantes de todo o processo.

    O objetivo principal da metodologia foi a formao de profissionais com uma viso

    ampla de meio ambiente e de educao ambiental, conhecedores de diferentes

    concepes e estratgias de ensino na rea, capazes de construir projetos de educao

    ambiental a partir de seus contextos especficos de atuao e fundamentar suas opes

    pedaggicas. Durante os seis anos analisados todos os coordenadores pedaggicos

    participaram de encontros peridicos para estudo, reflexo, orientaes e planejamento

    do desenvolvimento da educao ambiental nas escolas. Estes encontros tinham 4 horas

    de durao e eram inicialmente quinzenais, depois passaram a ser mensais. Os estudos e

    reflexes realizados nestes encontros eram incorporados aos HTPCs (horrios de

    trabalho pedaggico coletivo) realizados semanalmente pelos coordenadores junto s

    suas equipes de educadores. As equipes escolares contaram tambm com assessoria

    individualizada sempre que solicitada, prestada pela coordenao do Programa. Existem

    registros de diversas visitas s escolas para participao em HTPCs ou para dilogo com

    um ou mais educadores, buscando dar suporte a atuaes especficas em projetos de

    educao ambiental por eles desenvolvidos. A formao de professores foi fundamental

    para a gesto do projeto. Paralelamente a este processo de permanente estudo,

    planejamento e acompanhamento, foram oferecidos cursos, vivncias, oficinas e

    palestras, com participao de educadores, coordenadores pedaggicos e diretores de

    escola. Algumas das aes mais relevantes foram os cursos Pedagogia de Projetos como

    Instrumento de Educao Ambiental, Educao Ambiental e Interdisciplinaridade e

    Educomunicao como Instrumento de Educao Ambiental, alm de vivncias em

    diferentes remanescentes de mata atlntica do municpio, buscando motivar os

    educadores a realizarem atividades semelhantes com seus alunos e alunas, exercitando a

    ampliao dos espaos tradicionalmente utilizados para a prtica pedaggica.

    As aes desenvolvidas junto aos educadores passaram a produzir resultados

    concretos no fazer educativo dos mesmos, o que motivou a intensificao de estratgias

    de disseminao de experincias de sucesso. Neste sentido, foram realizados oito

    grandes Encontros de Educao Ambiental com apresentao de relatos de experincias

    em seis deles. Foram socializadas prticas de educao ambiental atravs de quinze

    edies do Jornal Fruto da Terra, com 14.000 exemplares cada uma, e foram ainda

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

    206

    realizadas seis Exposies Municipais de Educao Ambiental, no ms de novembro de

    cada ano, de 2003 a 2008.

    A sistematizao do Programa Fruto da Terra est descrita na Tabela 1 a seguir.

    Reunies c/ Estudos Cursos de

    coordenadoras em HTPCs Formao Encontros Jornais Exposies

    fevereiro X X

    maro X X X

    abril X X X X

    maio X X X

    junho X X

    agosto X X X X

    setembro X X

    outubro X X

    novembro X X X X

    Horas/ano 36 13,5 38 10,6 9

    Horas/6 anos 216 81 228 64 54

    Tabela 1 - Sistematizao do Programa de Educao Ambiental Fruto da Terra:

    periodicidade com que as atividades foram desenvolvidas anualmente e carga horria de

    cada uma.

    Metodologia do ensino

    A importncia de uma educao contextualizada consenso nos discursos mas ainda

    no realidade nas escolas. Acredita-se que preciso situar informaes e dados em seu

    contexto para que adquiram sentido, mas preciso ir alm. O desafio da educao

    ambiental vai alm da associao de dados com a realidade vivida. preciso englobar

    emoes e conhecimentos, valores e comportamentos, de forma sistmica, circular,

    onde emoes, conhecimentos, valores e comportamentos reforcem-se uns aos outros.

    Deste ponto de vista da educao ambiental, o meio ambiente j no necessariamente

    o natural, preservado, por conservar, nem tampouco aquele to distante que o indivduo

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    207

    no possa intervir. O meio ambiente o ambiente prximo, cotidiano, aquele em que

    pequenas iniciativas podem comear a modificar atitudes, modos de atuar e formas de

    compreender o mundo (Mayer, 1998 apud Edwards et al, 2004).

    AbSaber afirma que a educao ambiental uma ao, talvez utpica, destinada a

    reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcanados.

    Para o autor um processo de educao que garante um compromisso com o futuro,

    envolvendo uma nova filosofia de vida e um novo iderio comportamental, tanto em

    mbito individual, quanto em escala coletiva (AbSaber, 1994 apud Sato e Carvalho,

    2005). No possvel recuperar realidades sem compreender o mundo mais prximo.

    Quando o contedo estudado em sala de aula promove uma maior compreenso do

    contexto vivido pelas crianas - do ambiente dentro e fora da escola, do bairro, cidade,

    regio o conhecimento adquire sentido, ganha vida, transforma o modo como as

    crianas percebem e se relacionam com o mundo. Passa ento a existir uma maior

    possibilidade de reformular comportamentos e recriar valores.

    Acreditamos que a educao ambiental implica em mudanas nos contedos

    educacionais que vo alm de uma melhor integrao das diversas disciplinas contidas

    nos programas curriculares tradicionais. A educao ambiental exige a criao de um

    saber ambiental e sua assimilao transformadora s disciplinas deve gerar os contedos

    concretos de novas temticas ambientais (Leff, 2001).

    Neste sentido, a opo escolhida pelo Programa em estudo para tornar realidade suas

    concepes de educao ambiental foi a Pedagogia de Projetos.

    O conhecimento proporcionado pela escola passou ento, em certa medida, a incluir

    a anlise crtica das informaes ou situaes e a possibilidade de interveno na

    realidade. Aliar o comprometimento dos profissionais da educao transformao de

    prticas dirias em relao ao ambiente e ampliar o olhar do grupo quanto ao universo

    de conhecimento disposio da escola, foi um objetivo constantemente perseguido

    pelo Programa. Atravs da metodologia adotada a relao dos alunos com o meio onde

    esto inseridos passou a nortear a organizao curricular de um nmero crescente

    educadores.

    A prtica pedaggica organizada atravs de projetos deu maior sentido ao

    conhecimento e favoreceu a construo de estratgias para abordar e pesquisar

    problemas que foram alm da compartimentalizao disciplinar. A disposio do grupo

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

    208

    em compreender melhor determinado aspecto de sua realidade provocou o dilogo com

    profissionais de diferentes reas, caminhadas pelo bairro, aulas-passeio para estudo do

    ambiente e entrevistas. Assim o universo de conhecimento se ampliou, fazendo com que

    o livro didtico fosse um dos importantes instrumentos de busca de informaes, mas

    no o nico.

    Acreditamos que fundamental que uma educao ambiental que se pretende crtica

    e transformadora procure reduzir a distncia existente entre o que ensinado nas escolas

    e a cultura da comunidade onde est inserida, ou seja, o conjunto de valores, crenas e

    significaes que os alunos utilizam para dar sentido ao mundo em que vivem

    (Hernndez, 1998). A opo pela Pedagogia de Projetos aliou a compreenso do meio

    com a interveno na realidade e organizou o fazer pedaggico de forma a partir da

    realidade concreta, da vida cotidiana dos prprios participantes em suas diferentes

    dimenses e interaes.

    A liberdade na construo de prticas de educao ambiental partindo do olhar atento

    do educador aos seus alunos, sua histria e cultura, em um primeiro momento causou

    insegurana. Insegurana em abandonar a seqncia de temas proposta pelos livros

    didticos e participar da construo de um novo caminho de ensino-aprendizagem que

    buscasse relacionar o ambiente - fsico e social - dentro e fora dos muros da escola, com

    a escolha de temas e problemas a serem estudados e/ou solucionados. O curso de

    pedagogia de projetos oferecido aos profissionais da rede municipal deu pistas, mas no

    receitas. Era preciso que educadores e educandos partilhassem interesses, dvidas e

    solues, definissem e construssem contedos e caminhos, reaprendessem a aprender.

    As transformaes observadas nos projetos elaborados pelos educadores comprovam

    resultados conquistados ao longo da histria do Programa. A dissociao entre os

    contedos estudados e a realidade vivida pelas crianas passou a dar lugar a prticas

    pedaggicas mais contextualizadas.

    De 2003 a 2006 houve avanos, mas o processo de ao- reflexo- ao praticado

    pelos gestores do Programa levou busca por estratgias que contribussem para o

    rompimento do olhar disciplinar. O contexto vivido vinha sendo inserido no contedo

    estudado e aes de interferncia na realidade vinham sendo, aos poucos, includas no

    fazer educativo de um nmero crescente de educadores. Mas o conhecimento

    permanecia compartimentado nas gavetas-disciplinas. Histria, geografia e cincias

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    209

    dialogavam em momentos especficos dos projetos, mas na maior parte do tempo

    permaneciam estanques. Histria do homem e histria da Terra andavam lado a lado.

    O curso Educao Ambiental e Interdisciplinaridade, oferecido em 2007 e 2008,

    contribuiu para a percepo da uma unidade no conhecimento humano, para a

    percepo da existncia de uma nica histria, planetria. Segundo Charlot, no se pode

    pensar a natureza nem o ser humano sem pensar a ao humana sobre a natureza. H

    uma identidade entre o ser humano e a natureza. Isso no apenas uma simples

    frmula. Por um lado, a ao humana sobre a natureza uma ao coletiva portanto

    na natureza, tal como nos aparece em uma dada poca, podemos ler as formas de

    organizaes sociais do ser humano, sendo as relaes com a natureza condicionadas

    pela forma da sociedade e vice-versa. Por outro lado esta ao coletiva de

    transformao da natureza transforma os prprios seres humanos (Charlot, 2005 apud

    Sato e Carvalho, 2005),

    Como instrumento facilitador da organizao curricular no disciplinar foi proposta a

    utilizao das Matrizes Referenciais Curriculares do Saeb (Sistema de Avaliao do

    Ensino Bsico), publicadas pelo MEC. Uma vez elaborados os Projetos de Educao

    Ambiental, os educadores foram incentivados a buscar nos Descritores do Saeb os

    contedos considerados possveis de serem abordados, de forma contextualizada e

    significativa, a partir do tema estudado.

    Como um exemplo de prtica pedaggica desenvolvida, apontamos o projeto Meio

    Ambiente: Uma questo de Educao, desenvolvido pela professora Maria Imaculada

    dos Santos Foreze, de agosto a novembro de 2008, junto a uma quarta srie da EMEF

    Prof. Serafina de Luca Cherfen, escola localizada em rea urbana prxima regio

    central de Atibaia. A escolha do tema do projeto teve origem na naturalizao da

    realidade no entorno da escola, tornando-a aparentemente imperceptvel pela

    comunidade escolar. As crianas eram indiferentes, por exemplo, poluio do rio

    existente a cerca de dez metros da escola e grande quantidade de lixo jogado nas ruas

    do bairro. Como justificativa da escolha do tema a professora registrou a importncia

    da contribuio da escola na construo de uma nova relao das crianas com o meio

    onde vivem e com a sociedade a que pertencem. As primeiras estratgias realizadas

    foram o estudo da verso infantil da Carta da Terra e a produo de uma carta coletiva

    de Compromissos em prol da sade do Planeta. A leitura da Carta da Terra e a

    produo da carta-compromisso criaram o ambiente propcio para a realizao da

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

    210

    atividade seguinte: percorrer as ruas no entorno da escola observando como o meio

    ambiente estava sendo tratado. No retorno sala de aula a professora pediu que as

    crianas registrassem o que haviam percebido, o que haviam descoberto: ns vimos

    muito lixo no entorno da escola como sacolinhas de plstico, copinhos de Danone,

    chinelos de dedos, pedaos de mveis, papis de bala, varetas de pipa, potinhos de

    creme, pote de sorvete, colheres descartveis, caixa de isopor, etc. (aluno R.)

    As observaes da aula-passeio foram compartilhadas entre os colegas e a professora

    incentivou a discusso sobre o assunto. A partir desta atividade, provocadas pela

    educadora, as crianas decidiram fazer um questionrio para saber quais as posturas dos

    alunos das outras salas da escola em relao ao ambiente, se eles eram amigos da

    natureza. Definiram coletivamente quais as perguntas a serem feitas, coletaram as

    informaes e depois tabularam os dados e produziram grficos referentes a cada sala.

    As informaes levantadas foram motivo de tantas discusses e reflexes, que o grupo

    decidiu afixar os grficos no corredor da escola para que colegas de outras salas

    tambm pudessem estud-los.

    No decorrer do projeto a professora incentivou a leitura de diversos livros sobre o

    assunto e, uma vez motivadas, as prprias crianas passaram a buscar ttulos

    relacionados ao tema. Foram tantas as informaes novas que tinham estreita relao

    com as atitudes dirias de cada um, que o grupo decidiu que era preciso compartilhar

    com outros colegas da escola o que estava descobrindo. Com este objetivo as crianas

    iniciaram ento a produo de cartazes e de programas para a rdio-escola, que passou a

    ser utilizada pela classe todas as semanas com o objetivo de sensibilizar os colegas em

    relao aos cuidados necessrios com o meio ambiente. A professora relata que as

    crianas produziram dicas quanto ao desperdcio de comida, falaram sobre a

    importncia de fechar a torneira, entre outros assuntos que julgaram pertinentes.

    Divididos em grupos os alunos conversaram com todas as crianas da escola, tanto

    do perodo da manh quanto da tarde. Segundo a educadora a idia de atuar junto

    totalidade dos alunos da escola partiu das prprias crianas e a cada 20 dias,

    aproximadamente, um grupo se responsabilizava em conversar com as crianas do

    perodo contrrio.

    A educadora desenvolveu ainda vrias outras atividades que contriburam para

    ampliar o repertrio das crianas em relao ao tema e possibilitaram a abordagem de

    diferentes contedos curriculares. Entre elas destacam-se a reflexo sobre o consumo de

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    211

    gua na cidade, sobre a produo de esgoto e lixo no bairro, e o cultivo de uma horta

    orgnica na escola,

    Durante as discusses provocadas pelo Projeto tornou-se recorrente a curiosidade das

    crianas em saber como o meio ambiente era cuidado em outros lugares, em outras

    cidades e regies. Estimulados ento pela professora a encontrarem uma forma de obter

    estas informaes, optaram pelo envio de cartas para todas as capitais do Brasil e para

    algumas cidades do Estado de So Paulo que fazem parte de mesma bacia hidrogrfica

    de Atibaia. Foram enviadas 30 cartas, e destas, 15 foram respondidas. A cada resposta

    recebida o estado correspondente era pintado em um mapa afixado na parede da sala de

    aula.

    Outra atividade proposta pela professora foi uma pesquisa com parentes idosos

    buscando resgatar a histria recente da cidade e as transformaes no ambiente

    ocorridas nas ltimas dcadas. As crianas procuraram descobrir o que existia onde

    esto hoje ruas e praas, e quais as conquistas e as perdas trazidas pelo desenvolvimento

    da cidade. Os relatos obtidos foram ento compartilhados e discutidos com colegas da

    classe.

    Semanalmente os alunos assistiam aos telejornais e anotavam o que era falado com

    relao ao tema, o que resultou na produo de muitos cartazes que foram distribudos

    pela escola. As informaes sobre o impacto ambiental provocado pelo consumo

    irresponsvel provocaram interesse em descobrir qual o consumo de sacolas plsticas

    nos grandes supermercados de Atibaia. Ao seguinte: alguns alunos visitaram

    supermercados da cidade e levantaram quantidade de sacos plsticos distribuda

    diariamente. Constataram que um dos supermercados visitados distribua 10.000

    saquinhos/dia.

    Figura 1: Quadro dos supermercados

    As crianas propuseram aes aos comerciantes, conforme relataram: (...)

    perguntamos se eles pensam em dar sacolas retornveis de brinde para quem fizer uma

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

    212

    compra acima de R$50,00 para evitar a poluio nos lixes.; (...) falamos da idia que

    tivemos de dar um desconto para quem levar as sacolas retornveis.

    Ao final do Projeto foi solicitado que as crianas produzissem uma relao de

    conseqncias do desenvolvimento econmico observadas na cidade de Atibaia, em

    especial aquelas que provocam impacto ambiental. O resultado foi: crescimento do

    lixo; maior consumo de gua; maior quantidade de esgoto; desmatamento (para

    construir e plantar); poluio sonora; poluio visual; matam mais animais para

    alimentar a populao; mais recursos materiais retirados do meio ambiente; mais gastos

    com combustveis; mais doenas.

    O Projeto foi concludo com a produo de uma pea de teatro apresentada pelas

    crianas aos seus familiares, que foram ento presenteados com sacolas retornveis

    decoradas pelos alunos.

    O desenvolvimento do projeto Meio Ambiente: uma questo de educao

    provocou a transformao da postura das crianas: a postura passiva em relao

    realidade, observada inicialmente, deu lugar a atitudes concretas em busca de solues

    para alguns problemas ambientais encontrados. Aspectos do lugar onde moram, como

    lixo, qualidade e disponibilidade de gua e desperdcio de recursos, que antes do projeto

    no eram nem mesmo notados pelas crianas, a partir do trabalho desenvolvido

    passaram a incomodar os alunos. As crianas estudaram sobre o assunto, construram

    solues e colocaram-nas em prtica, intervindo na realidade.

    A dissociao entre os contedos estudados e a realidade vivida pelas crianas

    passou a dar lugar a prticas pedaggicas mais contextualizadas. As crianas

    apropriaram-se do conhecimento e passaram a intervir no mundo: no ambiente mais

    prximo, a comunidade escolar, e no ambiente mais amplo, a cidade. Na comunidade

    escolar atuaram atravs da rdio escola e de mini palestras aos colegas de outras salas.

    Na cidade atuaram levando aos gerentes de dois grandes supermercados da cidade

    propostas para reduo no consumo de sacolinhas plsticas.

    O desenvolvimento do Projeto ampliou o conhecimento das crianas sobre a relao

    da sociedade e da natureza e fez com que se sentissem capazes de construir e propor

    intervenes na realidade. O quadro abaixo descreve conceitos abordados e

    procedimentos e atitudes resultantes da metodologia adotada.

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    213

    Figura 2: Quadro dos contedos, procedimentos e atitudes

    Conhecimento e transformao de atitudes, conscincia de problemas ambientais e

    construo de solues em benefcio da coletividade, caminharam lado a lado no

    decorrer do projeto. O que mobilizou a aprendizagem das crianas foi a necessidade de

    compreenso dos problemas ambientais e a construo de uma atitude de interveno na

    realidade. A partir deste objetivo foram realizadas entrevistas, pesquisas em livros e

    jornais, aula-passeio, foi oferecida palestra com policial ambiental, os alunos

    produziram grficos e tabelas, enviaram cartas para todas as capitais brasileiras para

    saber quais as aes de outros estados em busca da preservao do meio ambiente,

    realizaram pea de teatro, programas de rdio. Todas as estratgias dialogaram entre si,

    e com o objetivo central do Projeto.

    A elaborao de projetos de educao ambiental faz com que a escolha dos

    contedos a serem estudados se d a partir do contexto vivido pelo grupo. O

    conhecimento produzido pela humanidade colocado a servio da compreenso e

    transformao do mundo, sem que seja necessariamente apresentado s crianas como

    pertencendo a esta ou aquela disciplina. Buscando solucionar problemas ou

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

    214

    compreender a realidade, diversos contedos so mobilizados, conforme o esquema a

    seguir.

    Figura 3: Relao da pedagogia de projetos com a sala de aula.

    Os cinco aspectos que compem o padro de observao deste Estudo de Caso,

    considerados relevantes para o desenvolvimento da educao ambiental crtica, foram

    contemplados pelo projeto Meio Ambiente: uma questo de educao conforme

    destacado a seguir.

    1. Contextualizao: o contedo estudado pelas crianas esteve em intenso dilogo

    com a realidade. Durante todo o desenvolvimento do projeto a observao do bairro

    onde a escola se localiza despertou a curiosidade das crianas, provocou reflexes,

    estudos e pesquisas.

    2. Enfoque disciplinar: Estudos sobre a realidade local no presente e no passado

    mobilizaram contedos previstos em histria, geografia, cincias, lngua portuguesa,

    matemtica e artes sem que as barreiras entre as disciplinas fossem explicitadas.

    3. Motivao confrontao de hipteses, ao trabalho em equipe e atitudes solidrias

    e ticas: A professora no se colocou como detentora do conhecimento, mas como

    efetiva mediadora de sua construo. A observao de fatos e atitudes levou as crianas

    a construrem seus prprios pontos de vista. Mais do que receberem informaes

    possvel afirmar que construram conhecimento atravs de um intenso processo de

    observao, reflexo, discusso, pesquisa e ao.

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    215

    4. Criao de condies de interferncia concreta das crianas no meio: O estudo

    motivou a interveno na realidade. As crianas contriburam com a transformao de

    percepes e de atitudes de colegas de todas as salas da escola atravs de mini palestras

    e programas de rdio, motivaram a transformao de atitudes de familiares em relao

    produo e destinao de resduos, provocaram o comrcio local no que diz respeito

    importncia de reduo do volume de sacolinhas plsticas distribudas.

    5. Concepo de meio ambiente construda atravs do projeto: As aes no foram

    motivadas por interesses prprios ou para obteno de vantagens especficas. Durante

    todo o processo foi trabalhada a relao de interdependncia entre todos os seres vivos e

    o ambiente. O respeito vida, de forma ampla, foi o que motivou os estudos e as aes.

    Consideraes finais

    A partir da pedagogia de projetos o horizonte trabalhado pela escola se ampliou e as

    barreiras entre as disciplinas puderam ser mais facilmente rompidas. O exerccio de

    reflexo sobre as crianas reais com as quais o educador est interagindo, somado ao

    desafio de definio de temas e problemas a serem compreendidos ou resolvidos, so

    prticas que contribuem para a descompartimentalizao do saber escolar, imposta

    pelas grades curriculares.

    As concepes de saber presentes nos contedos transmitidos pelos livros didticos

    e pelos educadores muitas vezes ignoram que o que mais marca o aluno o cotidiano da

    escola, ou as formas sutis como as concepes de saber so materializadas no

    funcionamento e na organizao do trabalho escolar. A submisso do educador uma

    grade curricular rgida, muitas vezes com uma visvel desproporo na distribuio do

    tempo escolar entre as disciplinas, leva percepo de que alguns saberes so nobres

    e outros vulgares, menos importantes (Arroyo, 1988).Atravs da pedagogia de

    projetos o universo de conhecimento estudado na escola se expande. No mais a grade

    curricular que determina o contedo a ser estudado, mas o interesse da classe que leva o

    educador a construir caminhos que promovam a ampliao de conhecimentos, previstos

    ou no no rol de disciplinas. A curiosidade das crianas define muitas vezes os

    contedos a serem estudados. Morin (2003) defende a importncia de se religarem os

    conhecimentos. Afirma que estes, se noutro tempo, divididos e subdivididos

    contriburam para o aprofundamento e ampliao, agora clamam por se reaproximarem

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

    216

    de modo a dar conta dos desafios que o real lhes apresenta e que cada um, isolado em

    suas fronteiras, se mostra incapaz de resolver.

    O estudo dos seis anos de desenvolvimento do Programa Fruto da Terra nos permite

    afirmar que a prtica da pedagogia de projetos como instrumento de educao ambiental

    contribui para a formao de crianas mais participativas, mais atentas coerncia ou

    no entre o que estudado e o que praticado, mais crticas e mais autnomas, com

    maior conhecimento sobre o ambiente em que vivem.

    Freire (2000, p.42) contribui com esta reflexo, conforme destacado a seguir:

    (...) o exerccio constante da leitura de mundo, demanda necessariamente a

    compreenso crtica da realidade, envolve, de um lado, sua denncia, de outro, o

    anncio do que ainda no existe. A experincia da leitura do mundo que o toma

    como um texto a ser lido e reescrito no na verdade uma perda de tempo,

    um bl-bl-bl ideolgico, sacrificador do tempo que se deve usar, sofregamente,

    na transparncia ou na transmisso dos contedos, como dizem educadores

    reacionariamente pragmticos. Pelo contrrio, feita com rigor metdico, a

    leitura do mundo que se funda na possibilidade que mulheres e homens ao longo

    de sua histria criaram de inteligir a concretude e de comunicar o inteligido

    se constitui como fator indiscutvel de aprimoramento da linguagem. A prtica de

    constatar, de encontrar a ou as razes de ser do constatado, a prtica de

    denunciar a realidade constatada e de anunciar a sua superao, que fazem

    parte do processo da leitura do mundo, do lugar experincia da conjectura, da

    suposio, da opinio a que falta porm fundamento preciso. Com a metodizao

    da curiosidade, a leitura do mundo pode ensejar a ultrapassagem da pura

    conjectura para o projeto de mundo. (...) O projeto a conjectura que se define

    com clareza, o sonho possvel a ser viabilizado pela ao poltica.

    O projeto analisado neste Estudo foi desenvolvido a partir da realidade encontrada no

    contexto de vida das crianas, conduziu compreenso de diferentes contedos,

    reflexo e ao posicionamento em relao ao que observaram e concluram,

    transformao de atitudes e ao concreta no meio. Alm da aprendizagem dos

    contedos curriculares, o mtodo adotado contribuiu para a construo da crena de que

    possvel interferir na realidade, mudar o mundo, ainda que no espao mais prximo.

    Os contedos disciplinares foram abordados como algo importante para compreender a

    realidade, o mundo, e tornar possvel a interveno nele.

  • EDUCAO AMBIENTAL: CONTEXTUALIZAO E NO DISCIPLINARIZAO

    217

    Enquanto o conhecimento fragmentado contribui para um estilhaamento no

    entendimento dos seres humanos, da natureza e da sociedade, a pedagogia de projetos

    como instrumento de educao ambiental contribui para a re-ligao destes

    conhecimentos e construo de diferentes possibilidades de interferncia na realidade.

    Os projetos trabalham com contedos conceituais, de procedimentos e de atitudes. As

    informaes no so simplesmente aceitas, memorizadas. Os contedos estudados

    passam por um processo de reflexo, observao da realidade e confrontao de

    diferentes fontes de informao e pesquisa, o que leva as crianas a apropriarem-se do

    conhecimento produzido pelo grupo e construrem seus prprios pontos de vista a

    respeito do tema ou problema objeto do projeto.

    O conhecimento foi apresentado s crianas como algo amplo e interligado, no

    sendo estabelecidas necessariamente fronteiras entre as disciplinas. No houve

    interdisciplinaridade, portanto, na medida em que as disciplinas no foram

    apresentadas como tais. Especialmente nos anos iniciais do ensino fundamental, onde

    atuam professores polivalentes, no h sentido em forjarmos barreiras entre reas de

    conhecimento naturalmente integradas. O mundo interligado e interdependente e o

    conhecimento sobre ele naturalmente interligado e interdependente. A fragmentao

    do conhecimento dificulta a compreenso da natureza e da sociedade, contribui para o

    imobilismo frente realidade e age, portanto, na contramo da educao.

    Um dos primeiros obstculos na educao das crianas, e certamente um dos mais

    difceis de serem transpostos, a percepo intuitiva e muitas vezes inconsciente da

    multiplicidade do real, que elas precisam abstrair para assimilar a compartimentalizao

    de saberes que lhes imposta pela escola (Gallo, 1999 apud Alves e Garcia, 1999)

    A experincia do Programa de educao ambiental estudado evidencia que nas sries

    iniciais do Ensino Fundamental possvel uma prtica no disciplinar. O esquema

    apresentado no captulo anterior compartilha uma, entre outras formas possveis de real

    ruptura das gavetas-disciplinas e das barreiras por elas impostas.

    O presente estudo evidencia que foi possvel na rede pblica municipal analisada

    o desenvolvimento de uma prtica pedaggica contextualizada, que motivou a

    confrontao de hipteses e o trabalho em equipe, exercitou a tica e a solidariedade,

    provocou reais intervenes no meio e contribuiu para a construo de uma percepo

    de mundo menos limitada, mais socioambiental.

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

    218

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    SHEILA CECCON possui graduao em Agronomia pela Faculdade de Agronomia e

    Zootecnia Manoel Carlos Gonalves (1983), especializao de Horticultura pela

    Universidade de Pisa- Itlia (1986), mestrado em Ensino e Histria de Cincias da Terra

    pela Universidade Estadual de Campinas (2010). Tem experincia na rea de Educao,

    com nfase em educao socioambiental, atuando principalmente nos seguintes temas:

    formao continuada de professores, ensino fundamental, educao ambiental crtica e

    estudo do lugar/ambiente. Elaborou e coordenou os projetos Crianas da Paz I e II,

    apoiados pela Fundao Abrinq pelos Direitos da Criana e Petrobrs (2000 a 2003), e

    elaborou e coordenou o Programa de Educao Ambiental Fruto da Terra, em Atibaia-

    SP (2004 a 2010), transformado em poltica pblica municipal em 2008. Os trs

    projetos tiveram em comum a formao de educadores na perspectiva da educao

    ambiental crtica, do estudo do lugar e da no disciplinarizao do conhecimento.

    Atualmente responsvel pela coordenao da Casa da Cidadania Planetria, no

    Instituto Paulo Freire SP, atuando nos Programas de Mobilizao Social, Educao para Cidadania Planetria e Municpio que Educa.

    MAURCIO COMPIANI possui graduao em Geologia pela Universidade de So

    Paulo (1981), mestrado em Educao pela Universidade Estadual de Campinas (1988),

    Doutorado em Educa0 pela Universidade Estadual de Campinas (1996). livre-

    docente pela Universidade Estadual de Campinas (2003) e professor titular (2010) daa

    Universidade Estadual de Campinas. Tem experincia na rea de Educao, com nfase

    em ensino de cincias e educao ambiental, atuando principalmente nos seguintes

    temas: ensino fundamental, ensino de geocincias, ensino-aprendizagem, investigaes

  • SHEILA CECCON; MAURCIO COMPIANI; JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL

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    em sala de aula, formao continuada de professores, discursos em sala de aula e

    educao crtica do lugar/ambiente. Foi coordenador de graduao do Instituto de

    Geocincias. Desde 2004 lder do Grupo de Pesquisa de Educao Aplicada s

    Geocincias e desde 2007 e coordenador do Programa de Ps-graduao em Ensino e

    Histria de Cincias da Terra. De 2007 a 2010 coordenou o projeto Ribeiro Anhumas na Escola sobre o tema conhecimentos escolares relacionados cincia, sociedade e ao ambiente em microbacia urbana, com apoio da FAPESP Ensino Pblico

    (2006/1558-1) e do Programa Petrobras Ambiental.

    JOO LUIZ DE MORAES HOEFFEL possui graduao em Farmcia e Bioqumica

    pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1976), mestrado em Cincias dos

    Alimentos pela Universidade de So Paulo (1981), doutorado em Cincias Sociais pela

    Universidade Estadual de Campinas (1999) e ps-doutorado pela Universidade de So

    Paulo (ESALQ/USP). Atualmente Professor Associado na Universidade So

    Francisco, onde atua como Pesquisador e Coordenador do Centro de Estudos

    Ambientais/Sociedades e Naturezas, Professor Doutor nas Faculdades Atibaia (FAAT)

    onde coordena o Curso de Ps-Graduao em Gesto Ambiental Empresarial e

    Orientador em curso de Ps-Graduao na Universidade de So Paulo. Tem experincia

    na rea de Educao, Planejamento e Sociologia, com nfase em Estudos Ambientais,

    atuando principalmente nos seguintes temas: Educao, Planejamento e Sociologia

    Ambiental, Gesto de Recursos Hdricos e Bacia Hidrogrfica do Rio Piracicaba. De

    2004 a 2011 tem coordenado projetos de pesquisa nas Bacias Hidrogrficas dos Rios

    Atibaia e Jaguary que envolvem anlises sobre Gesto de Unidades de Conservao,

    Percepo Ambiental e Turismo com apoio da FAPESP (2003/08432-5, 2006/61505-9 e

    2008/10631-0) que resultaram em 2010 na publicao do Livro Sustentabilidade,

    Qualidade de Vida e Identidade Local Olhares sobre as APAs Cantareira/SP e Ferno Dias/MG pela Editora RiMa.