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Estudo de caso: Gestão de Projetos e Execução de Habitação Unifamiliar Dezembro/2015
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/2015 dez/2015
Estudo de caso: Gestão de Projetos e Execução de Habitação
Unifamiliar
Denise Ribeiro de Souza Takeda
MBA Gestão de Projeto em Engenharias e Arquitetura
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Goiânia, GO, 24 de abril de 2015
Resumo
Esse artigo trata de um estudo de caso de projeto e execução da habitação unifamiliar e cria
um guia para o tema conforme o PMBOK. Muitos profissionais de arquitetura não
apresentam ao cliente as etapas, elaborações e entregas do projeto, gerando dúvidas e
conflitos. A hipótese foi de que, utilizando o guia PMBOK como base, é possível gerenciar
um projeto afim de que se aumentem as chances de sucesso, com o aumento da qualidade e
redução dos prazos e custos. Com o objetivo de criar um guia, ou escopo, para projeto e
execução de habitação unifamiliar, foi utilizada a metolodogia de pesquisas bibliográfias,
além do estudo de caso apresentado. Após as análises e a divisão das etapas foi criado o guia
para profissionais de arquitetura. Espera-se que o guia seja de real utilidade para esses
profissionais, e que traga a melhoria contínua aos processos.
Palavras-chave: Estudo de caso, projeto de arquitetura, execução de obras, gestão de
projetos
1. Introdução
O presente artigo trata de desenvolver, a partir da análise de um estudo de caso, um guia para
projeto de arquitetura e execução de habitação unifamiliar. Podendo assim a tarefa, que
parece ser simples, desfrutar dos benefícios do gerenciamento de projeto, que são: redução de
prazos, aumento da qualidade, aumento da lucratividade, entre outros, buscando sempre a boa
prática de projetos. “’Boa Prática’ significa que existe um acordo geral de que a aplicação dos
processos de gerenciamento de projetos pode aumentar as chances de sucesso em uma ampla
gama de projetos” (PMI, 2013:48). Outra vantagem é que o profissional normalmente executa
vários projetos ao mesmo tempo, assim, quanto mais organizado e controlado, mais eficaz e
eficiente serão as execuções dos projetos. Sendo assim o profissional desevnvolve o ofício de
gerenciador de portfólios, podendo agrupar os projetos nos seguintes grupos: residenciais,
comerciais e industriais. Segundo (MARQUES, 2011:2) “Os projetos são os vetores das
mudanças, da implementação das estratégias e das inovações, que trazem vantagens
competitivas para as empresas". Esse raciocínio implica que as análises e a priorização e
alocação de recursos são garantias para a aceitação das estratégias organizacionais.
O guia PMBOK será utilizado como um recurso de gerenciamento considerando a abordagem
e a metodologia do projeto. “Gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimentos,
habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir os seus
requisitos. A aplicação do conhecimento requer o gerenciamento eficaz dos processos.” (PMI,
2013:47). Processo é o conjunto de ações e atividades inter-relacionadas que são executadas
para criar um produto, serviço ou resultado pré-especificado.
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Cada processo é caracterizado por suas entradas, ferramentas e técnicas, que bem aplicadas
resultam na criação de vantagem competitiva. O PMI (2013:20) cita que: “As organizações
são arranjos sistemáticos de entidades (pessoas e/ou departamentos) que visam o alcance de
um objetivo, que pode envolver a realização de projetos”. É importante ressaltar que o escopo
de projeto deve ser adaptado para cada organização e cada profissional, porque cada uma
possui diferentes culturas e estilos organizacionais, que são desenvolvidos ao longo do tempo
e das experiências. Essa cultura única inclui as visões, valores, crenças, métodos,
procedimentos, tolerância a riscos, hierarquia, código de conduta, ética de trabalho, entre
outros. Assim sendo, um gerente de projetos deve entender os diversos estilos e culturas
organizacionais que podem afetar um projeto.
O estudo de caso foi doado por uma Arquiteta e Urbanista da cidade de Anápolis, em Goiás.
O referido projeto é uma habitação unifamiliar de dois pavimentos e aproximadamente 150
m², para uma família de quatro pessoas, na mesma cidade. Nomes não serão citados, a
arquiteta será referida como profissional e o dono da habitação, cliente. Um arquiteto pode
realizar o serviço de várias maneiras, podendo ou não participar da construção. Quando
participa pode ser apenas com visitas periódicas para orientação, ou com o gerenciamento da
obra, realizando as contratações, compras, acompanhamento financeiro e de cronograma. O
artigo apresenta o caso mais complexo, e caso seja um caso mais simples apenas se elimina as
etapas que não serão feitas.Para o cliente sempre existem dúvidas sobre as etapas, elaboração
e entregas do projeto. Por isso, cabe ao profissional, no caso o Arquiteto e Urbanista, deixar o
escopo bem claro para o cliente, para que o mesmo possa entender todas as etapas que
precisam ser percorridas e todas as entregas a serem feitas.
Quanto maior a organização do projeto maior a qualidade, pois a mesma começa no
planejamento. Sempre buscando a satisfação do cliente, ou seja, que os requisitos do mesmo
sejam sempre atendidos, ea melhoria contínua. O ciclo PDCA (Planejar, fazer, verificar e
agir) é a base para a melhoria da qualidade. Segundo o PMBOK (PMI, 2013) ciclo de vida do
projeto é a série de fases pelas quais um projeto passa, do início ao término, e são
determinadas pelas necessidades de gerenciamento. Para auxiliar na definição do ciclo de vida
do projeto do presente artigo foi consultado o manual de escopo de arquitetura e urbanismo da
ASBEA (2012), que resume as etapas de projeto de arquitetura e execução conforme listado a
seguir:
a) Concepção do produto: Constituída de levantamento de dados (LV), programa de ne-
cessidades (PN) e estudo de viabilidade (EV). É o conjunto de todos os dados e pre-
missas para o projeto, que podem determinar as restrições e possibilidades, como, por
exemplo, as leis aplicáveis, o orçamento disponível e o que se pretende construir;
b) Definição do produto: abrange estudo preliminar (EP), anteprojeto (AP) e projeto legal
(PL). Nessa fase é desenvolvido o partido arquitetônico até se formar o projeto legal,
pronto para aprovação;
c) Identificação e solução de interfaces: trata-se de uma compatibilização de todos os
projetos, possibilitando uma avaliação preliminar dos custos, métodos construtivos e
prazos de execução. O resultado desta fase é o Projeto Pré-Executivo (PP);
d) Projeto de detalhamento das especialidades: Detalhamentos de projeto que possam le-
var a uma perfeita caracterização dos serviços a serem executados, incluindo custos e
prazos;
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e) Pós-entrega do projeto (execução): agora acompanhamento da obra para garantir que
será executado conforme projetos; e
f) Pós-entrega da obra: garantir a correta utilização e manutenção do produto entregue.
O referido manual apresenta em cada etapa sub etapas detalhadas, com muito rigor, que po-
dem ser adaptadas para grandes empreendimentos e até mesmo em habitação unifamiliar, on-
de, não se utilizam sub etapas. Cada capítulo do presente artigo vai detalhar as sub etapas,
utilizando como base as etapas citadas acima, com entradas e saídas e com o que pode ser
aplicável do PMBOK.
2. Concepção do Produto – Estudo de Caso
Para a elaboração de um projeto de arquitetura é importante que se tenha uma clara definição
do escopo. Infelizmente, isso não acontece frequentemente, pois muitos projetos começam
com acordos mal elaborados entre contratado e contratante. O que resulta na desorganização
das etapas do projeto e na frustração das partes. Dúvidas sobre as etapas, elaboração e entre-
gas do projeto são comuns. Por isso, cabe ao profissional, no caso o Arquiteto e Urbanista,
deixar o escopo bem claro para que o cliente possa entender todas as etapas a serem percorri-
das e que as entregas sejam feitas nos prazos estabelecidos.
O estudo de caso do presente artigo começa com o encontro inicial entre o cliente e as partes
interessadas. Nesse primeiro encontro o cliente procura o profissional com o intuito de fazer o
projeto de construção de sua residência. O cliente explica tudo o que queria e o profissional
relata como serão as etapas e o valor do seu serviço no projeto. O profissional não apresenta
explicações detalhadas, foram realizados apenas contatos e conversas. Depois houve um se-
gundo encontro, no qual foram formalizadas as conversas por meio da assinatura de um con-
trato de serviço. Ainda nesta reunião foi desenvolvido o programa de necessidades, onde o
cliente e sua família relataram que a quantidade ideal, o tamanho dos ambientes, a área total e
a configuração estética seriam o resultados esperado na construção da residência.
Antes de iniciar os estudos do projeto o profissional precisou levantar vários dados relaciona-
dos a cidade de Anápolis, onde seria a construção. Os dados necessários foram: análise do
plano diretor, do código de edificações e do uso de solo do terreno (documento da prefeitura
que libera o terreno para o uso pretendido). De onde foram retiradas as informações de taxa
de ocupação, gabarito, recuos e área permeável. Também foi analisada a escritura, que deve
estar com os impostos quitados, para conferir as medidas e se existe construção pré-existente
que necessite de demolição (e para isso alvará de demolição).
Para o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás edificações de uso residencial exclusivamente
unifamiliar e quando no pavimento superior de edificação com acesso independente não pre-
cisam de aprovação de projeto de combate a incêndio. Mas é bom ressaltar que, dependendo
do estado, ou do uso do projeto, essa aprovação pode se fazer necessária, e isso deve ser ana-
lisado, pois influencia nas etapas do projeto. Também é necessário incluis a análise de apro-
vações nas esferas Estadual e Federal. Mesmo sendo raras se tratando de habitação unifamili-
ar, pode acontecer de ser uma edificação tombada, o que vai precisar de aprovação do IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), ou pode ser em área protegida ambi-
entalmente, o que pode precisar de autorização do IBAMA ou outro órgão de Meio Ambiente,
ou, ainda, pode ser em rodovia estadual ou federal, o que pode precisar de aprovação pelo
DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte).
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Após essa análise, o profissional concluiu que era possível a construção de uma residência
unifamiliar, como pretendido pelo cliente. E agora ele tinha em mãos todos os dados a serem
aplicados no projeto para sua aprovação pela Prefeitura de Anápolis. Podem ocorrer casos
que, após a análise, é concluída a inviabilidade do projeto. Para pequenos projetos é bem raro,
mas é necessário deixar claro na apresentação e no contrato o que vai ocorrer caso não seja
viável. Pode-se cancelar todo o projeto ou modificá-lo.
Depois de concluída a viabilidade do projeto o profissional partiu para a análise do terreno.
Com o endereço, ele visualizou a foto área do local, e topografia pelo mapa da cidade. Ou
seja, não fez uma visita no local. Nesse caso, não houve nenhum problema, mas isso não é
recomendado, pois pode haver peculiaridades que só podem ser reconhecidas em visita ao
local. Após essa análise, ele requereu um levantamento feito por topógrafo. No caso o terreno
não tinha muita declividade, e não foi feito o levantamento topográfico. Mas esse é um item
importante para compor a análise total. Com todos os dados citados em mãos, o profissional
pôde iniciar a definição do projeto, que são a segunda etapa.
3. Utilização do PMBOK
Agora que iniciamos nosso estudo de caso, vamos também começar a analisar como será
nosso passo a passo de organização e boas práticas. O guia PMBOK cita: “Projeto é um es-
forço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMI,
2013:3). Ou seja, com começo e fim. Para que não fique confuso o projeto será considerado
todoo projeto de arquitetura (sempre como esta nomenclatura) e a execução. O profissional de
arquitetura será o gerente de projetos (GP), cujo papel é alcançar os objetivos do projeto.
Para tanto deve ter a compreensão e aplicação do conhecimento, das ferramentas e técnicas
reconhecidas como boas práticas. É importante ressaltar que o GP deve ter boas relações
interpessoais, pois ele vai gerenciar várias partes interessadas no projeto. O PMI (2013)
ressalta que deve possuir também as seguintes habilidades interpessoais: liderança, construção
de equipes, motivação, comunicação, influência, tomada de decisões, consciência política e
cultura, negociação, ganho de confiança, gerenciamento de conflitos e coaching.
No PMBOK temos que existem 5 grupos de processo, para qualquer tipo de projeto, que são:
Iniciação;
Planejamento;
Execução;
Monitoramento e Controle; e
Encerramento.
Há uma extrema interação entre esses grupos de processos, pois são atividades sobrepostas e
interdependentes. Neste capítulo do estudo de caso temos o primeiro grupo de processo, o de
iniciação, onde são identificados os requisitos do projeto. Dentro da concepção do produto
teremos vários processos. Um processo é um conjunto de ações e atividades inter-
relacionadas que são executadas para criar um produto, serviço ou resultado pré-especificado.
Cada processo é caracterizado por suas entradas, ferramentas e técnicas que podem ser apli-
cadas, e as saídas resultantes. Onde a saída de um processo é, geralmente, a entrada do próxi-
mo.
O Guia PMBOK (2013) apresenta 10 áreas de conhecimento, contendo 47 processos de ge-
renciamento distintos. Na maioria dos projetos todas as áreas são utilizadas. Na tabela 1 estão
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definidos os aspectos importantes de cada área de conhecimento e como ela se integra com os
cinco grupos de processos. É importante conhecer todas as áreas e utilizá-las, mas para me-
lhor organização do escopo de projeto e execução desenvolvido no presente artigo a sequên-
cia será feita pelos grupos de processo, mas constam todas as áreas de conhecimento.
De acordo com o PMBOK (2013) o grupo de processo de iniciação consiste na definição de
um projeto, e da autorização para iniciá-lo. O objetivo principal deste grupo de processos é alinhar as expectativas das partes
interessadas com o objetivo do projeto, dar-lhes visibilidade sobre o escopo e
objetivos, e mostrar como a sua participação no projeto e em suas respectivas fases
pode assegurar a realização das suas expectativas. (PMBOK, 2013, p. 54).
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Tabela 1 – Áreas de conhecimento e sua integração com os grupos de processo.
Fonte: PMBOK, 2013:61
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4. Concepção do Produto pelo PMBOK
A primeira coisa a ser feita é redigir o documento chamado de termo de abertura. Este
documento inicia o projeto e deve conter todas as informações relevantes para o projeto. Deve
conter: data de início, dados do patrocinador (cliente), objetivo do projeto, escopo e que o não
é escopo, Stakeholders envolvidos, lições aprendidas (com antigos projetos do profissional),
prazo estimado, orçamento estimado, requisitos do cliente (o que ele busca), restrições e
premissas.
Pelo presente estudo de caso fica claro que só o termo de abertura não é suficiente, pois após
as reuniões iniciais, e feitas as definições, é necessário que as partes assinem um contrato de
serviço. Então temos na subetapa de reuniões inciais as entradas de dados do cliente (objetivo,
escopo, prazo, orçamento, restrições), e como saídas o termo de abertura de projeto e o
contrato de serviço. O mesmo deve ser também bem claro, e apresentar todas as etapas que
serão concluídas, objetivos, e a forma de pagamento, que não precisa ser padronizada aqui.
Todos os documentos gerados nas saídas dos processos devem ser tratados corretamente e
organizadamente. Deve ser padrão para todos os projetos, com papel timbrado. É importante
que todos tenham cópias e sejam acessíveis para todas as partes interessadas. Também deve
ser rastreáveis para qualquer consulta.
A próxima subetapa, ainda dentro do grupo de processo de iniciação, é o planejamento das
comunicações. O gerenciamento das comunicações do projeto inclui os processos necessários para
assegurar que as informações de projeto sejam planejadas, coletadas, criadas,
distribuídas, armazenadas, recuperadas, gerenciadas, controladas, monitoradas e
finalmente dispostas de maneira oportuna e apropriada (PMBOK, 2013:287).
O primeiro passo é identificar todas as partes interessadas. As mesmas pode até mudar ao
longo do projeto, mas, para um de pequeno porte como o apresentado, geralmente são poucas
e fixas. Temos como exemplos: Patrocinador, usuário, projetistas, vendedores (fornecedores).
O patrocinador e o usuário (cliente) podem ou não ser a mesma pessoa. O caso mais comum
que temos é que, em uma família, o patrocinador é o chefe da família, podendo ser o pai, a
mãe ou os dois. Enquanto os usuários são toda a família, e o interesse de cada um no projeto é
diferente por esse motivo. Por exemplo, o filho vai se preocupar com as suas necessidades
dentro do projeto, sem se preocupar com o orçamento.
Cria-se um documento do planejamento de comunicações. A primeira parte é uma lista das
partes interessadas. Após deve conter uma matriz de responsabilidades do projeto,
descrevendo todas as atividades, os interessados e a relação que cada um tem, ou seja, quem é
o responsável, quem valida, quem executa e quem deve ser apenas informado. Por último uma
Matriz de comunicações, que informa quais partes interessadas deve ser informada de que e
quando, periodicidade das informações e das reuniões. Conforme incluso no Anexo I.
Após é feito o levantamento de dados. Agora que o projeto foi oficialmente inicializado, o
cliente deve apresentar a escritura do terreno, e outros documentos que se façam necessário. O
profissional deve analisar este documento em conjunto com o plano diretor da cidade, código
de obras, uso do solo, normas pertinentes, entre outros. Essa análise feita pelo profissional
gera um relatório de dados legais, onde consta a viabilidade da construção, ou seja, se é
permitido pela prefeitura, e as restrições legais que se aplicam, como por exemplo: taxa de
ocupação, gabarito, recuos e área permeável. Este documento deve ficar disponível para o
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profissional e para o cliente e deve deixar claro todas as informações analisadas. É interessan-
te que cada profissional já tenha um documento padrão para este relatório.
Depois de esclarecer as restrições existentes a póxima subetapa é a de programa de
necessidades. A execução desta etapa pode variar para cada profissional, mas é importante
que a saída deste processo seja um documento contendo o programa, e que o cliente também
tenha uma cópia do mesmo. Para as entradas é preciso de reuniões com o cliente para
definições dos ambientes, formas e fachadas pretendidos, e do estudo antropomórfico feito
pelo arquiteto, onde são geradas as áreas para cada ambiente e o melhor layout. Este
programa gera a área construída aproximada, com este dado é possível verficiar a viabilidade
econômica aproximada, utilizando o CUB (custo unitário básico), fornecido pelo Sinduscon
de cada estado, que deve ser documentada corretamente.
A próxima subetapa é a de análise do local. Para isso o profissional deve visitar o local e fazer
as análises necessárias, como: entorno, acessos, insolação, ventilação e levantamento
topográfico, feito por um profissional capacitado. Novamente, esta etapa pode ser diferente
para cada profissional, é importante que ao final todos os dados sejam analisados e gerem um
relatório de análise do local. Com esta análise e as retrições do relatório de dados legais já é
possível criar um implantação esquemática, que deve ser documentada corretamente.
5. Definição do Projeto – Estudo de Caso
Iniciam-se os estudos de projeto de arquitetura, onde cada arquiteto e urbanista pode ter um
método diferente, não cabe aqui discuti-los. No estudo de caso o profissional criou três plan-
tas baixas diferentes, seguindo o programa de necessidades, e se reuniu com o cliente para
maiores definições, onde o mesmo escolheu uma das opções com algumas modificações. As-
sim o profissional tinha agora o Anteprojeto, cuja criação já envolvia as análises efetuadas no
levantamento de dados e a noção da concepção dos projetos complementares. Essa noção in-
cluía as melhores práticas, o que para o profissional só é possível a partir da experiência de
outros projetos e execuções.
A partir do anteprojeto o profissional criou soluções para as fachadas, coberturas e cortes,
todos demonstrados em desenhos técnicos. Após aprovação do cliente sobre estes itens, estava
finalizado o projeto legal. O mesmo, com as devidas RRTs (Registro de Responsabilidade
Técnica) de projeto e execução, documentos pessoais e o documento de uso do solo são ne-
cessários para dar entrada na aprovação do projeto na Prefeitura. Após essa aprovação é ex-
pedido o alvará de construção da Prefeitura, documento que libera o início da execução da
edificação. O processo demora em torno de 30 dias, se não houver nenhuma alteração a ser
feita no projeto.
Encerra assim a fase de definição do projeto, mas enquanto esperava o processo de aprovação
o profissional já começou a desenvolver outras atividades como: orçamentos para os projetos
complementares (estrutura, elétrico e hidrossanitário), escolha dos materiais a serem utiliza-
dos, projetos de detalhamentos, cronograma e orçamento.
6. Definição do Projeto pelo PMBOK
Agora veremos o segundo grupo de processo pelo PMBOK, que é o planejamento. Onde te-
mos o projeto de arquitetura, que é o plano de como será a edificação. O mesmo não nasce de
uma hora para outra, e é fruto de vários estudos, análises e reuniões com o cliente. Outros
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profissionais podem ter métodos diferentes do citado, o importante é que se tenham várias
etapas até o aperfeiçoamento do projeto de arquitetura e que as etapas sejam devidamente
documentadas e aprovadas pelo cliente.
Começamos com o estudo preliminar, onde o profissional analisa os documentos gerados até
o momento: termo de abertura, relatório de dados legais, análise do local, programa de neces-
sidades e implantação esquemática. E faz estudos da implantação, ambientação e volumetria
do projeto de arquitetura. Esse processo pode gerar um ou mais opções de plantas baixas. Es-
sas opções são o estudo preliminar, e devem ser documentadas, numeradas e impressas para
avaliação e aprovação pelo cliente.
Após o cliente avaliar o estudo preliminar e requerer alterações o profissional desenvolve o
anteprojeto. Que também deve ser documentado, numerado e impresso para avaliação e apro-
vação pelo cliente. Essa etapa pode ter várias revisões, dependendo dos requerimentos do cli-
ente. Cada revisão deve ser devidamente numerada para controle.
Após essas etapas de aperfeiçoamento do projeto o cliente terá o projeto esperado, conforme
as suas necessidades. Com isso, o profissional elabora o projeto legal, que contem detalhes
técnicos e legais para que o projeto seja enviado para a aprovação na Prefeitura ou órgão
competente.
Agora é possível dar entrada ao processo de aprovação de projeto e pedido de Alvará de
Construção, tendo em mãos o projeto legal, que apresenta todos os dados pertinentes às legis-
lações, e demais documentos requeridos pelo órgão, no caso, as prefeituras geralmente reque-
rem cópia de documentos pessoais do dono do terreno, RRT (Registro de Responsabilidade
Técnica) de projeto, RRT de execução e memorial descritivo. No aguardo destas aprovações
as etapas seguintes já podem começar a serem desenvolvidas, mas a construção só pode ser
iniciada após expedição do devido Alvará. Esse acompanhamento do processo pode ser efetu-
ado pelo cliente ou pelo profissional, e esse detalhe deve ficar claro desde o começo no con-
trato de serviço. Quando for aprovado e o profissional tiver em mãos o projeto legal aprovado
e o alvará de construção os mesmos devem ser devidamente documentados.
7. Compatibilização – Estudo de Caso
Quando o projeto foi aprovado pela Prefeitura e o profissional tinha em mãos o alvará de
construção, liberando o início da obra, que tem validade para o início no período de 12 meses.
Os projetos complementares já estavam em andamento. Os projetistas e o profissional que
prestou o serviço de entregar a casa com toda infraestrutura (estrutura, telhado, alvenaria, re-
vestimentos e instalações) foram escolhidos por experiências anteriores, indicação e preço
mais baixo. O profissional não fez documentação dos orçamentos para esses serviços.
Em dois meses o profissional já estava com todos os projetos complementares prontos e deu
início na obra. Fez também um cronograma e um orçamento esquemático para o acompanha-
mento da mesma, e uma compatibilização com todos os projetos, que foi rápida e sem consta-
tações de erros, por se tratar de um projeto pequeno.
8. Compatibilização pelo PMBOK
Esta etapa ainda se encontra no grupo de processo de planejamento, segundo o PMBOK.
Agora que o principal, que é o projeto de arquitetura, já está pronto e aprovado, se inicia as
outras etapas de planejamento.
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Primeiramente deve ser documentada uma Tabela de tecnologias. O profissional reúne os re-
quisitos do cliente e o orçamento estimado e organiza todas as tecnologias e materiais a serem
aplicados. Por exemplo, define-se: estrutura em concreto armado, alvenaria de bloco cerâmico
de 9 cm, telhado em estrutura de madeira, telhas de concreto, janelas em alumínio, pisos em
porcelanato. Nesta etapa não se define marcas ou detalhes, apenas os materiais. Após devida-
mente documentada esta Tabela de tecnologias deve ser aprovada pelo cliente, conforme
Anexo II.
8.2. Projeto Complementar
A próxima etapa é iniciar os projetos complementares. Geralmente uma residência de médio
padrão necessita de projetos de: estrutura e fundação, elétrico e hidrossanitário, mas, podem
haver outros. Para isso é necessário que sejam escolhidos os melhores fornecedores. Como os
mesmos necessitam de uma capacidade técnica, devem ser feitas as propostas de projeto, após
o profissional enviar uma solicitação de proposta, contendo o projeto legal e os dados perti-
nentes. “Os documentos de aquisição devem ser suficientes para assegurar respostas consis-
tentes e adequadas, mas flexíveis o bastante para permitir considerações e sugestões do forne-
cedor quanto a melhores formas de atender aos mesmos requisitos” (PMI, 2013:368). Com
pelo menos três propostas para cada projeto é a hora da avaliação, feita pelo profissional e
pelo cliente, de qual fornecedor escolher. Os critérios para seleção geralmente se limitam ao
valor da proposta, mas isso não demonstra a qualidade do serviço. Por isso, devem ser avalia-
dos outros critérios, como projetos anteriores, tempo de mercado, capacidade técnica, garan-
tia, referências, entre outros.
Com os fornecedores de serviços de projetos devidamente escolhidos, são feitos os contratos
de serviço, de preferência, padronizado pelo profissional de arquitetura. Então são enviados
os requisitos de projeto e o projeto legal para cada projetista. Cabe agora ao profissional
acompanhar o andamento dos mesmos, para que sejam entregues no prazo especificado. Os
projetos devem ser padronizados, mesmo arquivos, mesmas pranchas e layers.
Enquanto os projetos complementares estão sendo elaborados, o profissional deve pegar o
projeto legal, a tabela de tecnologias e outros requisitos que possam existir, e desenvolver o
projeto executivo. Este projeto apresenta detalhes técnicos de construção e de revestimentos.
Segundo a Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, Projeto Executivo é o conjunto dos elementos
necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes
da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Novamente, o projeto deve ser devi-
damente documentado.
8.3. Compatibilização do Projeto
Com o projeto executivo e os projetos complementares o profissional executa a compatibili-
zação de projetos. Que constitui em resolver previamente as interferências dos projetos, para
facilitar a execução da obra. “Compatibilizar projetos é verificar se os componentes dos sis-
temas ocupam espaços não conflitantes entre si e, além disso, garantir que os dados comparti-
lhados tenham consistência e confiabilidade até o final do projeto” (GRAZIANO, 2003).
Também é uma técnica que pode variar para cada profissional, mas geralmente, se sobrepõem
os desenhos dos projetos, dois a dois, por exemplo, estrutural e arquitetura, arquitetura e elé-
trico, estrutural e elétrico, e assim por diante, e se analisa cuidadosamente cada instalação.
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Com isso pode-se perceber interferências e gerar alterações nos projetos, até que todas sejam
feitas e os projetos estejam em perfeito alinhamento.
Com o projeto executivo, complementares, prazo e orçamento estimados e a tabela de tecno-
logias é possível saber sobre os quantitativos de todos os materiais e serviços que serão apli-
cados na obra. Com isso o profissional pode desenvolver o cronograma e o orçamento de
obra.
8.4. Cronograma e Orçamento
Para o cronograma utilizamos o Gerenciamento de Tempo do PMBOK. A metodologia mais
utilizada para elaboração de cronograma é o método do caminho crítico. Há também vários
modelos de representação de cronograma, o profissional geralmente, escolhe, após alguns
projetos, o modelo mais apropriado para si. Para desenvolver o mesmo é preciso seguir os
seguintes processos: definir atividades, sequenciar atividades, estimar recurso das atividades e
estimar duração das atividades.
Inicia-se definindo as atividades e marcos, geralmente, listando-as em uma tabela, que pode
ser utilizada também para o próximo passo. De acordo com o PMBOK marcos são eventos
significativos do projeto, que possuem duração igual à zero. O nível de detalhe das atividades
varia com a complexidade do projeto, para uma residência padrão médio não são necessários
tantos detalhes, por exemplo, podendo ser: escavações, fundações, vigas baldrames, alvenaria,
pilares de concreto armado, contra piso, e assim por diante. Se necessário pode-se contar com
opiniões especializadas como ferramenta para esta etapa. Com as atividades listadas e nume-
radas sequenciam-se as mesmas, listando as atividades precedentes de cada, suas relações e se
há espera entre elas. “Todas as atividades e marcos, com exceção do primeiro e do último,
devem ser conectados a pelo menos um predecessor com uma relação lógica de término para
início ou início para início e a pelo menos um sucessor com uma relação lógica de término
para início ou término para término” (PMBOK, 2013:154). O sequenciamento de atividades
deve ser feito em uma representação gráfica chamada de diagrama de rede, onde a sua visua-
lização se torna mais fácil, conforme exibido na Imagem 1. Pode ser produzido manualmente
ou por meio de softwares de gerenciamento de projetos.
Para cada atividade estimam-se os recursos e a duração. Estimar os recursos é o processo de
estimativa de tipos e quantidade de material, pessoas, equipamentos ou suprimentos que serão
necessários para completar cada atividade. Isso permite estimativa de custos e duração mais
exatos. Por exemplo, as vigas baldrames vão necessitar de três homens, betoneira e materiais
para fazer concreto e armações.
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Imagem 1 – Exemplo esquemático de diagrama de rede do cronograma do projeto.
Fonte: PMBOK, 2013:160
Depois, estima-se a duração de cada atividade, normalmente em dias úteis de trabalho. Lem-
brando que a duração está inversamente ligada aos recursos, pois quanto mais recursos, mais
rápido termina a atividade. Esta estimativa pode ser feita por 4 técnicas diferentes: opinião
especializada, estimativa análoga, estimativa paramétrica e estimativa de três pontos. A opini-
ão especializada é a estimativa de duração baseada em grande experiência e projetos anterio-
res, que pode ser definida com um profissional ou em grupo. A estimativa análoga usa dados
históricos de uma atividade ou projeto semelhante. Geralmente, é utilizada quando há menos
informações detalhadas sobre o projeto, e é menos dispendiosa e consome menos tempo que
as outras técnicas, mas é menos precisa. A estimativa paramétrica é uma técnica em que um
algoritmo é usado para calcular o custo e a duração com base em dados históricos e parâme-
tros do projeto, utilizando uma relação estatística, como por exemplo, metros quadrados da
construção. Pode ser uma técnica precisa dependendo do detalhamento dos dados. A estimati-
va de três pontos é uma técnica que utiliza o grau de incerteza e risco de cada atividade. Para
cada atividade são estimadas três durações: a mais provável, a otimista (melhor cenário) e a
pessimista (pior cenário). Após, são usadas a fórmula de distribuição triangular ou de distri-
buição beta para o cálculo (as mesmas podem ser encontradas na pág. 171 do PMBOK, 2013).
Essa técnica fornece a duração esperada com uma faixa de incerteza. Após definir qual técni-
ca utilizar em cada atividade, e estimar a duração de todas as atividades, pode-se também re-
lacionar o responsável pelas atividades, caso se faça necessário.
Com isso têm-se dados suficientes para elaborar o cronograma, adaptando atividades que pos-
sam ser feitas em paralelo, ou que precisem de mais ou menos recursos. O mesmo pode feito
manualmente ou com ajuda de softwares, como Microsoft Excel ou Project, podendo ter tam-
bém vários modelos de representação, conforme a Imagem 2.
Agora com o cronograma a obra deve ser controlada conforme o seu andamento. Cabe ao
profissional verificar se as atividades estão sendo concluídas conforme duração planejada, e
alterar o cronograma caso seja necessário para que o prazo seja cumprido.
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Após o término do cronograma é feito o orçamento. O PMBOK define o gerenciamento de
custos nas seguintes etapas: estimar os custos e determinar o orçamento. Na estimativa de
custos ficam definidos os recursos monetários para executar cada atividade do projeto. As
estimativas podem ser feitas por várias técnicas: opinião especializada, estimativa análoga,
estimativa paramétrica, estimativa de três pontos, estimativa bottom-up, análise de propostas
de fornecedores e tabelas de custos, como a SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos
e Índices da Construção Civil), divulgada anualmente pela Caixa Econômica Federal e pelo
IBGE. A estimativa bottom-up é um método onde os pacotes de trabalho tem o custo estimado
com o maior nível de detalhes especificados, ele então é resumido para níveis mais altos, e é
utilizado para projetos mais complexos. Também deve ser feita a análise de reservas, ou seja,
do orçamento disponível e o que deve ficar de contingência, para que o orçamento fique den-
tro do esperado pelo cliente.
Imagem 2 – Exemplos de apresentação do cronograma do projeto.
Fonte: PMBOK, 2013:183
Com os custos estimados o orçamento é gerado, e assim, é possível que o profissional possa
controlar os custos, para contratações e conforme o andamento da obra. Com esse controle de
cronograma e orçamento evitam-se muitos erros, atrasos e situações inesperadas.
9. Detalhamento do Projeto – Estudo de Caso
Com a execução iniciada e a compatibilização feita, o profissional terminou os detalhamentos
necessários: paginação de piso, detalhe de bancadas, projeto de gesso, luminotécnico e mapa
de pintura. Os projetos de detalhamento foram aprovados pelo cliente. Depois, o profissional
e o cliente foram em lojas especializadas para escolher os produtos a serem utilizados (piso,
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granito, luminárias, etc.). Fizeram alguns orçamentos em diferentes lojas, para depois adquiri-
rem os mais baratos.
10. Detalhamento do Projeto pelo PMBOK
Esta etapa ainda se encontra no grupo de processo de planejamento, segundo o PMBOK. No
estudo de caso apresentado escolhas de fornecedores ocorreram após o início da obra, o que
não é desejável. Pois, essa escolha é importante para o produto final, incluindo qualidade,
prazo e custo. Por isso a escolha dos fornecedores deve ser feita corretamente. O profissional
desenvolve os projetos de detalhamento necessário para a obra, geralmente são os de pagina-
ção dos pisos, detalhes de bancadas e forro de gesso. Juntando os requisitos do cliente o proje-
to é desenvolvido e alterado, se necessário, até aprovado pelo cliente.
10.1. Matriz de Serviços
Após os detalhamentos deve ser feita uma tabela, chamada aqui de matriz de serviços, que
mostra todos os fornecedores que serão necessários e a expectativa de cada um, pode conter
também o preço orçado para cada um. Pode conter vários serviços que serão executados por
uma pessoa, por exemplo, estrutura e alvenaria. E não contem materiais, apenas serviços, con-
forme exemplificado no Anexo III.
A partir dessa matriz se sabe todos os profissionais que serão contratados e com a tabela de
tecnologia e os projetos de detalhamento os materiais que serão necessários. Com isso o pro-
fissional e o cliente irão fazer os orçamentos dos materiais e propostas dos serviços. O profis-
sional é responsável por assegurar que todos os fornecedores vão atender as necessidades es-
pecificadas no projeto.
11. Execução do Projeto – Estudo de Caso
O profissional ainda precisava contratar alguns serviços que faltavam, como marmoraria, es-
quadrias e pintura, utilizando o mesmo critério utilizado antes: por experiências anteriores,
indicação e preço. Agora com todos os materiais e prestadores de serviço escolhidos o profis-
sional apenas acompanhou a obra, fazendo duas visitas por semana, verificando se os serviços
estavam sendo executados conforme projetos.
Houve alguns contratempos, pois o prestador de serviço de pintura não executou o serviço. O
profissional precisou procurar outro fornecedor, o que acarretou em um atraso no cronograma
da obra.
12. Execução do Projeto pelo PMBOK
Agora entramos nos terceiro e quarto grupos de processos pelo PMBOK, que são a execução,
o monitoramento e controle. Aqui, depois de todo o planejamento, é que se inicia a obra. De-
pois de ter todos os orçamentos e propostas em mão é hora da seleção dos fornecedores. Os
critérios para seleção podem se limitam ao valor da proposta, quando se tratar do preço de um
mesmo produto em diferentes lojas, por exemplo. Mas, são necessários critérios mais especí-
ficos como: entendimento da necessidade, custo geral, capacidade técnica, risco, abordagem
de gerenciamento, abordagem técnica, garantia, capacidade financeira, capacidade de produ-
ção, tamanho e tipo da empresa, desempenhos anteriores, referências e direitos de proprieda-
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des (PMI, 2013:369). Depois da seleção dos fornecedores é hora das contratações. As quais
devem ser feitas em reuniões, em conjunto com o cliente, e esclarecendo-se todas as dúvidas,
gerando os devidos contratos. Os contratos são importantes, pois, embora os outros documen-
tos apresentados anteriormente possam estar sujeitos a revisões e alterações, a natureza legal
do contrato torna as alterações difíceis.
12.1. Tipos de Contratos
Os tipos de contratos que existem são: de preço fixo, de custos reembolsáveis, por tempo e
material. O contrato de preço fixo é um tipo que se oferece um preço fixo total por um deter-
minado produto ou serviço, podem incorporar incentivos financeiros para quando excedidos
os objetivos. O contrato de custo reembolsável evolve pagar o fornecedor pelos custos reais
incorridos do trabalho acrescido do lucro, também podem ter cláusulas de incentivos financei-
ros. Os contratos por tempo e material são a mistura de custo reembolsável e de preço fixo,
costumam ser usados quando não se tem especificação do serviço. Para saber qual contrato
escolher é preciso saber quão clara é a definição do escopo, a quantidade de mudanças espe-
radas, a margem de lucros associados, os requisitos de prazo, qualidade e orçamento e as res-
trições legais, ambientais e técnicas.
Começam os primeiros serviços, como escavações e fundações. E com isso o profissional
deve visitar regularmente a obra, verificar e realizar as compras dos materiais, para que che-
guem a tempo para executar, ou para armazenar, se houver espaço disponível. E também veri-
ficar os serviços que são sendo executados, o orçamento e o prazo. Para os serviços de grade
duração, devem ser feitas as medições na obra, conforme definidos em contrato. É o profissi-
onal de arquitetura que deve assegurar que os contratos estão sendo seguidos.
13. Pós-entrega – Estudo de Caso
Após a finalização da obra o profissional ainda precisou dar entrada no documento “habite-
se” na prefeitura, que libera a ocupação da edificação. O processo demora em torno de 30
dias, e os fiscais da prefeitura visitam o local para verificar conformidade com o projeto
aprovado e com o código de edificações.
14. Pós-entrega pelo PMBOK
Encerramos com o quinto e último grupo de processos pelo PMBOK, o encerramento. Com a
obra concluída o profissional dá entrada ao processo de Habite-se. Com o mesmo o cliente já
pode ocupar a habitação. Enquanto isso o profissional desenvolve um manual de utilização,
constando todos os dados de projetos e os projetos desenvolvidos, para futuras consultas, to-
dos os materiais utilizados, com as respectivas garantias de fábrica e de loja, responsabilida-
des do proprietário e do profissional e a forma correta de manutenção da edificação.
O profissional depois realiza uma pesquisa de satisfação com o cliente. Que deve ser com um
formulário padrão do profissional e ter os dados tratados para gerarem dados consistentes que
ajudem o profissional a entender e avaliar como as expectativas do cliente foram atendidas.
Isso também ajuda a gerar um documento de lições aprendidas. Documento que deve conter
as causas de todas as variações e dificuldades encontradas e quais foram as ações corretivas.
Com isso cria-se um banco de dados históricos de projetos, para ajudar nos próximos.
O profissional também deve fazer uma avaliação dos fornecedores, com documentos padrão.
Onde será avaliado como foi o desempenho de cada um, também para criar um banco de da-
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dos para futuros projetos. E por último, após a obra pronta, entregues os últimos documentos
e feitas as últimas avaliações, pode ser feito uma contratação de profissional de fotografia
para registrar fotos da obra concluída para serem incluídas em portfólio do profissional.
15. Conclusão
Como já foi dito, dúvidas sobre as etapas, elaboração e entregas do projeto são comuns. Por
isso, cabe ao profissional, no caso o Arquiteto e Urbanista, deixar o escopo bem claro para o
cliente, para que o mesmo possa entender todas as etapas que precisam ser percorridas e todas
as entregas a serem feitas.
É importante que o profissional mantenha um portfólio dos projetos, selecionados por catego-
ria, onde ele pode sempre recorrer às lições aprendidas de cada um, ou há qualquer coisa que
possa auxiliar nos projetos futuros.Com a maior organização e controle dos seus processos, o
profissional de arquitetura pode agora buscar produzir melhore desempenho e melhores resul-
tados, gerando uma vantagem competitiva no mercado de trabalho.
Conforme esperado o estudo de caso gerou um escopo para projeto e execução de projeto ar-
quitetônico, conforme especificado no Anexo IV. Em vermelho os marcos, que são eventos
significativos do projeto, e marcam novas etapas. Espera-se que ajude os profissionais a orga-
nizar os projetos e que possa ser esclarecidos para os clientes também.
Referências
ASBEA. Manual de Escopo de Projetos e Serviços de Arquitetura e Urbanismo – 2ª edição.
2012. Disponível em: http://www.manuaisdeescopo.com.br/Manuais. Acesso em: 10 de
Março de 2015.
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e
documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
GRAZIANO, Francisco Paulo.Compatibilização de Projetos. Dissertação (Mestrado
Profissionalizante) - Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT). São Paulo, 2003.
MARQUES, Luiz José JR, PLONSKI, Guilherme Ary. Gestão de projetos em empresas no
Brasil: abordagem “tamanho único”?. Gest. Prod., São Carlos, v. 18, n. 1, p. 1-12, 2011.
PMI, Project Management Institute. Um guia do conhecimento em gerenciamento de
projetos (Guia PMBOK®), 5ª edição. Project Management Institute, 2013.
Anexos
Anexo I
Plano de Comunicações (Exemplo)
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Título do Projeto: Exemplo 1 Número do Projeto: 001/2015
1. Partes Interessadas:
a. Profissional de Arquitetura – Gerente de Projetos
b. Cliente - Patrocinador
c. Usuário
d. Projetistas
e. Fornecedores de Materiais
f. Fornecedores de Serviços
2. Matriz de Responsabilidades
Atividades
Responsável
GP Cliente Projetistas Fornecedores
de Materiais
Fornecedores
de Serviços
Termo de Abertura R , E V - - -
Levantamento de
Dados R , E V - - -
Análise do Local R , E V - - -
Ante Projeto R , E V - - -
Aprovação V R , E I - -
Detalhamento R , E V I I -
Contratação de
Fornecedores R , E V I I I
Acompanhamento R , E V - I I
Habite-se V R , E - - -
R = Responsável ; V = Valida ; E = Executa ; I = Informado
3. Matriz de Comunicações
Reunião Frequência Participantes Obs.
Definição de Programa de
Necessidades
Semanal Profissional e Cliente
Definição de Projeto de
Arquitetura
Semanal Profissional e Cliente
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Definição de Tecnologias Semanal Profissional e Cliente
Orçamento Única Profissional e Cliente
Seleção de Fornecedores Quando necessária Profissional, fornecedores e
Cliente (opcional)
Anexo II
Tabela de Tecnologias (Exemplo)
Título do Projeto: Exemplo 1 Número do Projeto: 001/2015
Atividade Ambiente Tecnologia Observações
Fundação Todos Estaca moldada in-loco
Estrutura Todos Concreto Armado
Vedações Todos Alvenaria em tijolo cerâmico
Esquadrias – Janelas Banheiros Janelas em Alumínio Vidro Fosco
Esquadrias – Janelas Todos exceto banheiros Janelas em Alumínio Vidro Liso
Esquadrias – Portas Todos Portas em Madeira
Piso Áreas Sociais Porcelanato
Piso Áreas Íntimas Piso Vinílico
Piso Banheiros Cerâmica
Revestimentos
Paredes Banheiros Cerâmica
Anexo III
Matriz de Serviços (Exemplo)
Título do Projeto: Exemplo 1 Número do Projeto: 001/2015
Serviço Profissional Necessário Tipo de
Contrato
Preço
Orçado
Prazo Observações
Fundação Mestre de Obras / Pedreiro Preço Fixo R$ 5.000 40 dias Ou empress
especializada
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Estrutura Mestre de Obras / Pedreiro Preço Fixo /
Medição R$ 12.000 40 dias
Estrutura -
Laje Empresa especializada Preço Fixo R$ 6.000 7 dias
Concreto pode ser
feito in loco ou
comprado em
empresa
especializada
Vedações Mestre de Obras / Pedreiro Preço Fixo R$ 15.000 40 dias
Esquadrias –
Janelas Comprar Janelas Prontas Preço Fixo R$ 6.000 7 dias Instalação: Pedreiro
Esquadrias –
Portas Mestre de Obras / Pedreiro Preço Fixo R$ 5.000 40 dias
Piso Mão de obra especializada Preço Fixo /
Medição R$ 10.000 20 dias
Anexo IV
Tabela de Etapas
Título do Projeto: Exemplo 1 Número do Projeto: 001/2015
Escopo para projeto de Arquitetura e Execução de Residência Unifamiliar
Plano de gerenciamento do Projeto
Etapa Sub etapa Dados (Entradas) Produto Gerado
(Saídas) Obs.
1. Concepção
1.1. Reunião Inicial
Objetivo do Cliente Termo de Abertura
Pode ocorrer
mais de 1 reu-
nião
Escopo
Contrato de Serviço
Prazo estimado
Orçamento estimado
Restrições
Especificações
Ativos de processos
organizacionais
1.2. Planejamento
das comunicações Escopo para projeto de
arquitetura e execução
Planejamento das
comunicações Anexo I
1.3. Levantamento
de Dados
Escritura
Relatório dos dados
legais
Plano Diretor
Código de Obras
Uso do Solo
Outros
1.4. Programa de
Necessidades Ambientes requeridos
Programa de Necessi-
dades Reuniões com
o cliente para
as definições Estudo antropomórfico Viabilidade econômi-
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Referências Projetuais ca desta subetapa
1.5. Análise do Lo-
cal
Visita ao local
Relatório de Análise
do Local
Levantamento topográ-
fico Implantação esquemá-
tica Entorno, Acessos
Insolação e Ventos
2. Definição
2.1. Estudo Prelimi-
nar
Relatório dos dados
legais
Estudo Preliminar Análise do Local
Programa de necessida-
des
2.2. Ante Projeto Estudo Preliminar
Ante Projeto Requerimentos do Cli-
ente
2.3. Projeto Legal Ante Projeto
Projeto Legal Requisitos do Cliente
2.4. Aprovação
Projeto Legal
Alvará de Construção
RRT de projeto
RRT de execução
Memorial Descritivo
3. Compatibilização
3.1. Tecnologias
Requerimentos do Cli-
ente Tabela de tecnologias Anexo II
Orçamento estimado
3.3. Projetos Com-
plementares
Requisitos para estrutu-
ra Projeto Estrutural
Requisitos para proj.
elétrico Projeto Elétrico
Requisitos para projeto
hidrssanitário
Projeto Hidrossanitá-
rio
Orçamentos de serviço Contratos de Serviço
Outros
3.4. Projeto Executi-
vo
Projeto Legal Projeto Executivo
Tabela de tecnologias
3.4. Compatibiliza-
ção
Projeto Executivo Compatibilização
Projetos Complementa-
res
Atualizações nos pro-
jetos
3.2. Cronograma
Projeto Executivo
Cronograma
Projetos Complementa-
res
Prazo estimado
Opiniões de especialis-
tas
3.3. Orçamento
Cronograma
Orçamento Projeto Executivo
Projetos Complementa-
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res
Custo estimado
SINAPI
4. Detalhamento
4.1. Detalhamento Tabela de materiais Projetos de Detalha-
mentos
Várias reuniões
com o cliente Requisitos do cliente
4.2. Matriz de Servi-
ços
Tabela de Materiais
Matriz de Serviços Anexo III Cronograma
Orçamento
4.3. Seleção de For-
necedores
Requisitos do Cliente
Orçamentos de Forne-
cedores
Matriz de Serviços
Tabela de tecnologias
Projetos de Detalhamen-
to
5. Execução
5.1. Contratação de
Fornecedores
Orçamentos de Forne-
cedores Contratos de serviços
e produtos
5.2. Acompanha-
mento
Contratos de serviço e
produtos Medições
Visitas ao local Obra Concluída
6. Pós-entrega
6.1. Habite-se Obra concluída
Habite-se
Memorial Descritivo
Final
6.2. Pesquisa de
Satisfação do Cliente Formulário de Pesquisa
Pesquisa de Satisfação
do Cliente Tratar os dados
6.3. Avaliação de
Fornecedores Desempenho de forne-
cedores
Avaliação de Fornece-
dores
6.4. Manual de utili-
zação
Projeto Legal
Manual de Utilização
Projetos Complementa-
res
Dados da obra
6.6. Lições aprendi-
das Todos documentos Lições aprendidas
6.5. Fotografias
Contrato com profissio-
nal de fotografia
Fotografias para Port-
fólio