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Estudo de caso IRC 1. INTRODUÇÃO Os rins humanos são formados a partir de um conjunto de néfrons contidos por uma cápsula. Cada néfron é uma unidade funcional autônoma, composta de um glomérulo, túbulos e dutos coletores. Os glomérulos, esquematicamente, são constituídos por um enovelado de capilares envoltos pela cápsula de Browman. Cabe a eles a tarefa de filtrar os cerca de 180L de fluidos que circulam no organismo todos os dias. A partir daí, segmentos distintos dos túbulos, denominados túbulo proximal, alça de Henle e túbulo distal, são responsáveis por modificar o ultrafiltrado glomerular e gerar urina, cuja composição e volume sejam adequados à ingestão diária de água e solutos. Aparentemente, somos dotados de mais néfrons do que seria necessário para manter a homeostasia. Por isso, um indivíduo que perde até 75% de sua função renal permanece assintomático. Os sintomas mais evidentes de uremia só aparecem quando a taxa de filtração glomerular é menor que 15% do valor normal, insuficiente para excretar a sobrecarga diária de água e solutos. Na DRC, uma lesão renal inicial (de causas variadas, conforme exposto anteriormente) desencadeia um processo de perda progressiva e irreversível da função renal. Durante esse processo, ocorrem várias adaptações estruturais e funcionais que, em última análise, caracterizam a DRC. Inicialmente, em resposta a uma redução de seu número, os néfrons aumentam de tamanho, o que é chamado de hiperplasia renal. A partir daí, ocorre um aumento nas taxas de filtração e perfusão do rim. Os glomérulos sofrem adaptações hemodinâmicas que resultam em hipertensão glomerulare, posteriormente, perda seletiva, que é a capacidade de restringir a passagem

Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

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Estudo de caso IRC

1. INTRODUÇÃO

Os rins humanos são formados a partir de um conjunto de néfrons contidos por

uma cápsula. Cada néfron é uma unidade funcional autônoma, composta de um

glomérulo, túbulos e dutos coletores. Os glomérulos, esquematicamente, são constituídos

por um enovelado de capilares envoltos pela cápsula de Browman. Cabe a eles a tarefa

de filtrar os cerca de 180L de fluidos que circulam no organismo todos os dias. A partir

daí, segmentos distintos dos túbulos, denominados túbulo proximal, alça de Henle e

túbulo distal, são responsáveis por modificar o ultrafiltrado glomerular e gerar urina, cuja

composição e volume sejam adequados à ingestão diária de água e solutos.

Aparentemente, somos dotados de mais néfrons do que seria necessário para

manter a homeostasia. Por isso, um indivíduo que perde até 75% de sua função renal

permanece assintomático. Os sintomas mais evidentes de uremia só aparecem quando a

taxa de filtração glomerular é menor que 15% do valor normal, insuficiente para excretar

a sobrecarga diária de água e solutos.

Na DRC, uma lesão renal inicial (de causas variadas, conforme exposto

anteriormente) desencadeia um processo de perda progressiva e irreversível da função

renal. Durante esse processo, ocorrem várias adaptações estruturais e funcionais que,

em última análise, caracterizam a DRC.

Inicialmente, em resposta a uma redução de seu número, os néfrons aumentam

de tamanho, o que é chamado de hiperplasia renal. A partir daí, ocorre um aumento nas

taxas de filtração e perfusão do rim. Os glomérulos sofrem adaptações hemodinâmicas

que resultam em hipertensão glomerulare, posteriormente, perda seletiva, que é a

capacidade de restringir a passagem de macromoléculas para a urina. Esse aumento da

permeabilidade glomerular às proteínas é uma resposta à redução do número de néfrons.

Os túbulos também sofrem alterações estruturais e funcionais com a DRC. Há um

aumento do tamanho do túbulo proximal e de sua capacidade reabsortiva, de forma a

preservar o balanço tubuloglomerular. Observa-se, também, um aumento da reabsorção

no ramo ascendente espesso da alça de Henle, que é diretamente proporcional à taxa de

filtração glomerular. Além disso, a redução no número de néfrons é acompanhada de

aumento da secreção de potássio e da reabsorção de sódio no túbulo distal.

Page 2: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

Os sintomas que caracterizam a doença renal aparecem quando são atingidos os

limites desse sistema de adaptação.

A doença renal crônica (DRC) é uma síndrome clínica, caracterizada pela perda

lenta e progressiva das funções renais. Independente do insulto inicial provocado pela

doença de base, a lesão progride com esclerose glomerular e fibrose interticial,

resultando em insuficiência renal crônica. Devido ao seu caráter irreversível, a grande

maioria dos pacientes evolui para estágios mais avançados, nos quais se fazem

necessários o emprego de uma terapia substitutiva dos rins, a diálise ou transplante

renal2. O número de indivíduos dependentes de diálise vem crescendo substancialmente

no mundo. No censo mais recente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, realizado em

2007, registrou uma prevalência de 383pacientes/milhão de habitantes, sendo a

hemodiálise a modalidade de diálise predominante (90,7%).

A nefropatia em estágio terminal pode resultar de uma grande variedade de

diferentes nefropatias. Atualmente, 50% dos pacientes que evoluem para nefropatia em

estágio terminal: 1. diabetes melitus; 2. glomerulonefrite; ou 3. hipertensão crônica. Com

a nefropatia em estágio terminal vem uma série de problemas relacionados com a

incapacidade do rim de excretar os produtos de excreção, manter o balanço de líquido e

eletrólito e produzir hormônios. Conforme a insuficiência progride, o nível de produtos de

excreção circulantes eventualmente leva aos sintomas de uremia. Sendo está definida

como a Síndrome clínica de mal-estar, fraqueza, náusea e vômito, cãibras muscular e

prurido, gosto metálico na boca e – com freqüência – comprometimento neurológico que

é ocasionado por um nível inaceitável de excreções nitrogenadas no corpo. As

manifestações são um pouco não específicas e variam nos pacientes. Nenhum parâmetro

laboratorial confiável corresponde diretamente ao início dos sintomas.

Pacientes com DRC apresentam não apenas uma perda progressiva e irreversível

da função renal, mas uma complexa síndrome com diversos efeitos nos sistemas

cardiovascular, nervoso, respiratório, músculo-esquelético, imunológico e endócrino-

metabólico. O sistema respiratório é especificamente afetado tanto pela doença como

pelo tratamento dialítico. Pacientes com DRC também apresentam diminuição da

endurance e força muscular respiratória quando comparados a indivíduos saudáveis.

Além da redução da função pulmonar e da força muscular respiratória, pacientes com

DRC submetidos à hemodiálise apresentam variação de peso devido à sobrecarga de

Page 3: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

líquido corporal no período interdialítico. Essa sobrecarga em associação com um possível

aumento da permeabilidade capilar pulmonar pode resultar em edema pulmonar e

efusão pleural, alterações que poderiam explicar, pelo menos em parte, a redução da

função pulmonar.

A diálise é uma terapêutica que remove resíduos metabólicos, excesso de líquido

corporal, e também retira aminoácidos, peptídeos e vitaminas hidrossolúveis do paciente.

O acompanhamento médico e nutricional é extremamente importante, uma vez que

algum sinal de depleção nutricional está presente em pacientes mantidos em diálise,

variando de 10 a 70% naqueles em hemodiálise e 18 a 51% na diálise peritoneal.

Apesar dos benefícios dessa terapêutica, que permite prolongar a vida dos

pacientes com DRC, as condições impostas pela doença e pelo próprio tratamento

dialítico resultam em uma série de alterações sistêmicas, metabólicas e hormonais que

podem afetar adversamente a condição nutricional desses pacientes. De fato, a

desnutrição energético-protéica é uma condição freqüente e apresenta uma estreita

relação com a morbidade e mortalidade nos pacientes com DRC.

Além da diminuição do consumo alimentar, dos distúrbios hormonais e das

alterações no metabolismo de proteínas e de energia, que podem contribuir para o

desenvolvimento da desnutrição nessa população, recentemente, o estado inflamatório

tem sido destacado como um fator fortemente associado com a condição nutricional

desses pacientes.

De forma geral, a desnutrição energético-proteíca nos pacientes com DRC parece

ser decorrente tanto de ingestão alimentar reduzida, quanto do aumento do catabolismo

protéico e também do gasto energético.

A desnutrição é um problema comum aos pacientes em programas de diálise

crônica. As causas da desnutrição são múltiplas, como:

- Perdas de aminoácidos (em hemodiálise), de proteínas (em diálise peritoneal) e de

vitaminas hidrossolúveis;

- Alteração do metabolismo de nutrientes, em virtude da uremia e devido às alterações

hidroeletrolíticas, ácido-básicas e hormonais. A intolerância à glicose e a resistência

periférica à insulina, por exemplo, alteram o metabolismo normal de carboidratos e de

proteínas;

Page 4: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

- Manifestações gastrintestinais, como gastroparesia, conduzindo às náuseas e aos

vômitos; paladar metalizado e hálito urêmico; alteração da motilidade intestinal

(obstipação ou diarréia), entre outros;

- Interações e competição entre fármacos e nutrientes;

- Depressão e outros distúrbios psicológicos. Estes são problemas constantes nos

pacientes em diálise, e interferem diretamente na quantidade e tipo de nutrientes

ingeridos;

- Anorexia, que pode ocorrer em virtude de alterações físicas (uremia, inflamação,

infecções, sensação de fadiga/cansaço) e psicológicas;

- Doenças intercorrentes e freqüentes, como as infecções, já que a condição imune está

deprimida pela uremia e pela desnutrição;

- Hospitalizações freqüentes, alterando a rotina de vida e alimentar do indivíduo;

- Idade avançada, associada à menor ingestão alimentar;

- Condição sócia econômica baixa;

- Escolaridade; e

- Problemas de dentição e alterações no paladar.

Aos altos níveis de marcadores inflamatórios (PCR e citoquinas), também estão

associados à diminuição do apetite.

2. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

IMC = 62 = 23,13 Kg/m² Eutrófica

(1,64)²

CB = 21,7 cm

De acordo com Frisancho (1990) a medida está abaixo do p5.

A porcentagem de adequação da CB (Blackbum e Thornton, 1979) é de 73,8% que

a enquadra em desnutrição moderada.

Cálculo: Adequação da CB (%) = CB obtida (cm) x 100/ CB percentil 50

CMB = CB – (DCT x 0,314) = 21,7 – (13 x 0,314) = 17,62 cm

Paciente encontra-se abaixo do percentil 5 (Frisancho, 1981)

Pela porcentagem de adequação da CMB a paciente encontra-se em desnutrição

leve (Blackbum e Thornton, 1979)

Page 5: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

Cálculo: Adequação da CMB (%) = CMB obtida (cm) x 100/ CMB percentil 50

Dobra Cutânea Triciptal (DCT)

De acordo com Frisancho (1981) a DCT da paciente que é de 13,0mm encontra-se

no percentil 10.

A porcentagem de adequação a enquadra como desnutrida grave pois está muito

abaixo de 70%, pois o valor obtido foi de 55,32% (Blackbum e Thornton, 1979).

Cálculo: Adequação da DCT (%) = DCT obtida (mm) x 100/ DCT percentil 50

Área Muscular do Braço corrigida (AMBc) sem osso

Esse parâmetro teve resultado de 18,2 cm2 ficando abaixo do percentil 5,

caracterizando como desnutrição grave de acordo com Frisancho (1990), Blackbum e

Thornton (1979).

Cálculo: AMBc = [CB - x DCT /10] 2 - 6,5

4

Área de gordura do braço (AGB)

A área de gordura do braço da paciente ficou entre o percentil 5 e o percentil 10

conforme a tabela do autor Frisancho (1990), pois obteve como resultado 12,71 cm2.

Cálculo: AGB = CMB x [DCT/10] - X [DCT/10] 2

2 4

Avaliação Bioquímica:

Valores

verificados

Valores de

referência

Avaliação de

acordo c/ as

referências

Proteínas totais 5,6 g/dL 6,3 – 8,1 g/ml

Albumina 1,4 g/ml 3,2 – 4,5 g/dL

Globulina 4,2 g/ml 2,8 – 3,5 g/dL

Colesterol 280 mg/dL < 200 mg/dL

LDL – C 150,0 mg/dL < 130 mg/dL

HDL – C 30,0 mg/dL > 40 mg/dL

Uréia 50 mg/dL 10 – 45 mg/dL

Page 6: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

Creatinina 4,0 mg/dL 0,6 – 1 mg/dL

TG 200 mg/d < 150 mg/dL

Glicose 164,0 mg/dL 75 – 99 mg/dL

Leucócitos 1840.000

cél/mm3

4500 – 11000

cél/mm3

Hemoglobina 9,5 g/dl 12 -16 g/dL

Contagem total de

linfócitos

< 1200/mm3 1500 – 5000/mm3

PCR (Proteína C Reativa) 2,50 mg/dL < 0,8 mg/dL

O Hipotiroidismo altera os lipídios sanguíneos principalmente triglicérides e LDL.

As alterações do perfil lipídico é um fator de risco severo para pacientes com IRC.

Na DRC ocorrem alterações do metabolismo de lipídios. Os lípides circulam no

plasma incorporado a lipoproteínas. Estas últimas são hidrossolúveis e contém um núcleo

lipídico envolto por proteínas específicas (apolipoproteínas), colesterol esterificado e

fosfolípides. Os mecanismos pelos quais a DRC afeta o metabolismo das lipoproteínas

ainda não são bem compreendidos. A alteração quantitativa mais freqüente observada é

a hipertrigliceridemia, decorrente de uma redução da lipólise de lipoproteínas ricas em

triacilgliceróis. Frequentemente também se observa redução do HDL e aumento das

lipoproteínas de densidade intermediária (IDL). Além disso, há alterações na distribuição

de várias apoproteínas.

Geralmente a globulina está aumentada no LES e a hemoglobina diminuída.

Os valores da albumina e da proteína total estam diminuídas como era esperado

na IRC, mas não podemos usar como indicadores do estado nutricional, pois

frequentemente estão alterados por outros fatores como inflamação, infecção e

hidratação.

A uréia reflete a quebra protéica endógena (catabolisada) ou exógena (ingerida).

Pode indicar estado de hidratação. Sofre mais influência do catabolismo protéico do que a

creatinina. Está aumentada na insuficiência renal.

A creatinina é útil na avaliação da função renal. Aumenta na medida em que

diminui o ritmo da filtração glomerular. Diminui com o aumento da filtração glomerular.

Page 7: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

Sofre menos influência da dieta do que a uréia e, neste aspecto, é melhor índice de

função renal do que a última. Reflete a soma da ingestão de alimentos ricos em

creatinina (ex. carnes) e produção endógena de creatinina (músculo esquelético). Está

aumentada na IRC.

A glicose no caso de pacientes com IRC pode estar elevada devido à intolerância à

glicose, como provavelmente é o caso. Outros fatores podem ser a pancreatite e a

desnutrição crônica.

A contagem de linfócitos está diminuída como ocorre no LES e na IRC. Na

desnutrição energético-protéica encontra-se diminuída, porém em pacientes dialíticos o

resultado é mascarado, pois ocorre redução da atividade dos linfócitos.

A contagem total de linfócitos também reflete o estado nutricional, porém

aumentam nas infecções aguadas, virais, doenças colagenosas, e diminui nas doenças

relacionadas à deficiência do sistema imunológico e com o uso de corticóides. Valores

menores que 1200 mm3 podem ser significativos na doença renal, como é o caso.

A dosagem de PCR pode ser usada como marcador indireto de subnutrição. Na

doença renal, os altos níveis dessa proteína, são independentes dos baixos níveis de

albumina e presença de doenças cardiovasculares. Entretanto, o processo inflamatório

pode ter papel relevante no desenvolvimento de subnutrição e doenças cardiovasculares

nos estágios iniciais da doença renal. Sendo assim, poderia ser incluído na avaliação

nutricional. Porém o PCR deve ser considerado uma das principais proteínas de fase

aguada, podendo aumentar de 10 a 100 vezes nas primeiras 12h, em processos

inflamatórios, infecciosos, infarto do miocárdio e neoplasias.

Exame Físico

Foi observado queda de cabelo e ressecamento que são ocasionados pela

desnutrição protéico-calórica.

O edema ocorre pela incapacidade do rim (IRC) e também pela baixa quantidade

de proteínas verificadas no exame bioquímico de proteínas totais e de albumina.

A dor à palpação pode ser pela pancreatite diagnosticada.

Sintomas Gastrointestinais

Page 8: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

A paciente apresenta náuseas. A principal causa é a uremia, pois a sua toxicidade

causa esse sintoma levando a anorexia na maioria dos casos.

A anorexia também pode ser causada pela deficiência de zinco provocando

disgeusia.

Apesar da paciente está com o IMC dentro da faixa de normalidade ela está com

depleção da massa magra e da massa gorda, pois em todos os outros parâmetros

antropométricos avaliados ela encontra-se abaixo do percentil 10. Sendo classificado

como desnutrição grave.

3. REQUERIMENTOS NUTRICIONAIS ENERGÉTICOS

Peso ideal = 67 kg = IMC 24,9 kg/m2

Calorias: 35 kcal/PI/dia = 35 x 67 = 2345 kcal/dia

Proteínas: 1,2 g/PI/dia.

Lipídios: 25% a 30% do VCT , evitando as gorduras saturadas e trans por causa da

Dislipidemia.

Carboidratos: 55% a 60% do VCT, evitando carboidratos simples por causa do

triglicérides elevado e da glicose também elevada.

Fibras: 20 – 35g

Líquidos: 500 ml + volume urinário de 24 horas = 500 + 800 ml = 1300 ml/dia

Sódio: 1 a 3 g/dia

Potássio: Hipecalemia severa = 1,5 g/ dia

Hipercalemia leve = 2 a 3 g/dia

A quantidade ideal vai depender da freqüência de diálise, volume urinário e do

tamanho corporal do paciente.

Ferro: Recomendações 200 mg ou a quantidade necessária para manter a ferritina

sérica > 10 mg.

Cálcio: 800 a 1500 mg/dia

Page 9: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

Fósforo: 800 a 1200 mg/dia

Zinco: 12 -15 mg/dia

Ácido fólico: 1,0 – 5,0 mcg/dia

Vitamina B6: 10 – 50 mcg/dia

Riboflavina: 1,1 – 1,3 mg/dia

Biotina: 30 mcg/dia

Vitamina B12: 2,4 mcg

Tiamina: 1,1 a 1,2 mg

Vitamina D: 0,25 – 0,5 mcg

RECOMENDAÇÃO DIÁRIA DE SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINAS EM DIALISADOS:

Vitamina A e K: não suplementar

Vitamina E (UI): 400 – 800

Vitamina B6 (mg): 10

Vitamina B12 (μg): 2,4

Vitamina C (mg): 75 – 90

Ácido fólico (mg): 1 (aumentar a dose em até 10 mg em casos de hiper-

homocisteinemia)

Niacina (mg): 14 – 16

Biotina (mg): 30

Ácido pantotênico (mg): 5

O paciente com doença renal pode apresentar deficiência de vitaminas

hidrossolúveis, por restrição de alimentos-fonte de fósforo e potássio, e também por

serem vitaminas dialisáveis. A necessidade de suplementação deve ser avaliada de

forma individualizada e depende da avaliação nutricional periódica.

Para melhor adesão da paciente faria recordatório alimentar dos últimos três dias,

freqüência alimentar e verificaria a dieta usual. Assim poderei direcionar o plano

alimentar também para suas preferências pessoais.

Dependendo de suas medicações poderíamos fazer outros tipos de modificações.

Page 10: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

4. PLANO ALIMENTAR

Café da manhã:- 165 ml Leite Integral- 9g Achocolatado diet- 35g Queijo Minas- 2 und Pão de forma de Centeio- 16g Requeijão- Banana Colação:- 1 und. Barrra Cereal Diet- 170ml Iogurte de frutas vermelhas diet

Almoço:- 1 Esc M CH Arroz- 1 Co M R Feijão- 2 und. Almôndegas - 1 Esc M CH picada de abóbora cozida- 2 fl G Acelga- 1 Col S CH tiras de Tomate- 165 ml Suco de Laranja- 12g Pudim de Baunilha Diet

Lanche da Tarde- 2 und. Pão forma Integral- 40g ricota- 200ml Iogurte natural desnatado

Jantar:- 150g Arroz integral cozido- 1 Co M R Feijão Carioca Cozido- 4 col. S C couve-flor cozida- 8 col S C Alface lisa crua- 4 col S ralada de Beterraba- 100g Cação em posta cozida- 200ml Suco de Laranja- 70g Chocolate ao Leite diet

Ceia- 200ml Chá Matte- 2 und Biscoito Cream Cracker

6. BALANCEAMENTO DOS NUTRIENTES

Qtde CHO (g) 340,52 x 4 = 1.362,08 Kcal

Qtde PTN (g) 109,01 x 4 = 436,04 Kcal

Qtde LIP (g) 71,56 x 9 = 644,04 Kcal

Page 11: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

Valor Calórico Total Real (VCT real) = CHO(kcal) + PTN(kcal) + LIP(kcal)

VCT real = 2.442,16

CHO (55 a 60%)

VCT real = 2442,16 = 100%

1362,08 = X

X = 55,77%

PTN (10 a 15%)

VCT real = 2442,16 = 100%

436,04 = X

X = 17,85%

LIP (25 a 30%)

VCT real = 2442,16 = 100%

644,04 = X

X = 26,37%

Balanceamento de nutrients = 99,99% 100%

7. PRESCRIÇÃO E CONDUTA DIETOTERÁPICA

As metas da terapia nutricional no controle de nefropatia em estágio terminal são

as seguintes:

- Prevenir a deficiência e manter o bom estado nutricional por meio da ingestão

adequada de proteína, energia, vitamina e mineral;

- Controlar o edema e desequilíbrio de eletrólito pelo controle da ingestão de sódio,

potássio e líquido;

- Prevenir ou retardar o desenvolvimento de osteodistrofia renal pelo controle da ingestão

de cálcio, fósforo e vitamina D;

Page 12: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

- Capacitar o paciente a ingerir uma dieta palatável, atraente e adequada ao seu estilo de

vida o máximo possível; e

- Para a terapia nutricional ser efetiva em pacientes não internados devemos fazer uma

educação muito mais intensa e freqüente pois o próprio será responsável por sua

alimentação.

A dieta será para a recuperação do estado nutricional, seguindo as características

exigidas para a paciente com IRC em diálise. Como a paciente está com anorexia

iniciaremos a dieta para manutenção do peso, isto é, para ela parar de emagrecer de

acordo com a sua aceitação vamos evoluindo a dieta.

Dieta hipercalórica, hiperproteíca, normolípidica e para controle da glicemia.

FONTES ALIMENTARES QUE DEVEM SER CONSUMIDAS, EVITADAS E

CONTROLADAS

PROIBIDO O CONSUMO DE:

- carambola;

- as especiarias como canela, coentro, cominho, cravo da índia, manjericão, manjerona e

páprica;

- conservas e defumados em geral;

- legumes secos;

- molhos e temperos comerciais (caldo Knorr, maggi, sopas de envelope, ajinomoto);

- condimentos salgados (mostarda, alcaparras, pepinos em conserva, azeitonas, etc.)

- bebidas gasosas, sodas;

- bebidas alcoólicas;

- pastilhas digestivas;

- pastilhas contra tosse;

- chocolate;

- frutas secas.

TEOR DE POTÁSSIO EM PORÇÕES USUAIS DE ALGUNS ALIMENTOS

Alimentos com pequena e média quantidade de potássio (< emEq/porção):

- 1 laranja lima média

- 1 banana maçã média

- 1 caqui médio

Page 13: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

- 2 pires de jabuticaba

- 1 fatia média de abacaxi

- 10 morangos

- 1 fatia de melancia

- 1/2 manga média

- 1 pêra média

- 1 pêssego médio

- 1 ameixa fresca média

- 1/2 copo de suco de limão

- 1/2 copo de suco de uva

- 5 folhas de alface

- 2 pires (chá) de agrião

- 1/2 pepino pequeno

- 1 pires (chá) de repolho

- 3 rabanetes médios

- 1 pimentão médio

- 1 tomate pequeno

- 1/2 cenoura média

- 1 pires (chá) de escarola crua

Alimentos com elevada quantidade de potássio ( > 5,1 mEq/porção):

- 1 banana nanica ou prata média

- 1 fatia média de melão

- 1 laranja média

- 1 kiwi médio

- 1/2 abacate médio

- 1 mexerica

- 1/2 copo de água de coco

- 1 fatia média de mamão

- 1 pires (chá) de acelga crua

- 1 pires (chá) de couve crua

- 3 colheres (sopa) de beterraba crua

Page 14: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

- 1 pires (chá) de batata frita

- 2 colheres (sopa) de massa de tomate

- 1 concha pequena de feijão

- 1 concha pequena de lentilha

Hortaliças como couve-flor, espinafre, berinjela, vagem, quiabo, brócolis, abobrinha,

batata, mandioquinha e abóbora devem ser cozidas em água e esta deve ser desprezada.

Outros alimentos com elevada quantidade de potássio:

Frutas secas, tomate, extrato de tomate, caldo de cana, oleaginosas (amendoim,

castanha etc.), chocolate, caldas de compotas de frutas, sucos concentrados e

especiarias.

8. ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS

- Seguir corretamente as refeições, as quantidades e os horários prescritos em sua

dieta;

- Fazer as refeições em local tranqüilo, sentado à mesa e mastigando bem os

alimentos, pois facilitará a digestão dos alimentos;

- Doces, bolos, biscoitos recheados, chocolates, balas, mel, açúcar, enfim, todos os

alimentos que contêm açúcar devem ser evitados;

- Alimentos gordurosos como: bacon, toucinho, banha, pele, frituras, carnes

gordurosas, também devem ser evitados, porque estes possibilitam que apareçam

doenças das veias e do coração. Prefira carnes magras, assadas, cozidas ou bifes

grelhados. Dê preferência às carnes brancas (frango) e peixe;

- Use uma colher de sopa de azeite na salada de seu almoço diariamente. Este ajuda

o corpo a formar o “colesterol bom”, mas CUIDADO!!! Não consuma além do que está

prescrito em sua dieta;

- Toda a alimentação deve ser preparada sem sal. Para melhorar o sabor, use: cebola,

cheiro verde, alho e limão. Quando permitido o sal, coloque-o no prato na hora de

servir (1 tampa de caneta BIC equivale a 1g de sal);

- Mortadela, salame, salsicha, presunto e alimentos em conserva devem ser evitados

porque são ricos em gordura e sal;

Page 15: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

- Lembre-se: os vegetais (verduras) são seus grandes aliados, porque além de

controlar a velocidade com que o açúcar vai para o sangue, também ajudam no

funcionamento do intestino (evitam que o “intestino fique preso”). No entanto,

LIVRES: berinjela, pepino, agrião, pimentão, mostarda, abóbora d'água, quiabo,

abobrinha, brócolis, jiló, couve-flor, alface, repolho, cebola.

PODEM SER USADOS EM PEQUENAS QUANTIDADES: chuchu, moranga, ervilha

(natural, não enlatada), vagem.

DEVEM SER EVITADOS (SÃO RICOS EM POTÁSSIO): almeirão, couve, cenoura,

batata inglesa, mandioca, chicória, beterraba, feijão, lentilha, cará, serralha, acelga,

palmito, ervilha enlatada, tomate, espinafre, batata doce, nabo.

- As frutas também contêm fibras que ajudam a diminuir a velocidade com que a

glicose vai para o sangue. No entanto, algumas são ricas em fósforo e potássio e

devem ser evitadas ou consumidas em pequenas quantidades. Preste ATENÇÃO nas

frutas permitidas e nas que devem ser evitadas pelo paciente com insuficiência

renal crônica e diabetes, não esquecendo de seguir as quantidades prescritas:

LIVRES: abacaxi, lima, maçã, melancia, tangerina, manga espada.

PODEM SER USADAS EM PEQUENAS QUANTIDADES: laranja serra d'água, figo,

mamão, caqui, morango, goiaba, caju, pêra, ameixa amarela.

DEVEM SER EVITADAS (SÃO RICAS EM POTÁSSIO): banana, abacate, ameixa

preta.

- O paciente submetido à hemodiálise deve estar atento ao controle do sódio,

potássio, fósforo e líquidos de sua dieta;

- Use adoçante para adoçar bebidas, mas não abuse, pois este pode deixar um gosto

amargo nos alimentos. Sempre conte as gotas quando usa-lo;

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- Os alimentos ricos em potássio devem ser cozidos em uma boa quantidade de água

e a mesma deve ser trocada várias vezes. Após o cozimento a água deve ser

desprezada. Mesmo depois desse procedimento seguir as quantidades

recomendadas;

- Carambola é proibida, pois é tóxica para pacientes com doença renal crônico;

- Tomar cuidado a ingestão de sopas, por causa do controle hídrico e por causa do

potássio (devemos cozinhar os legumes antes de consumi-los e desprezar a água do

cozimento);

- Cuidado com o consumo de refrigerantes ou bebidas em geral, principalmente por

causa da restrição hídrica, e lembre-se que algumas bebidas têm alto teor de

fósforo;

- Não fique muito tempo sem se alimentar. Procure comer algo de 3 em 3 horas;e

- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.

Page 17: Estudo de Caso Insuficiência Renal Crônica

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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