86
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Larissa Caroline Vogt ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO Santa Cruz do Sul 2019

ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

  • Upload
    others

  • View
    20

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Larissa Caroline Vogt

ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA

PARA PAVIMENTAÇÃO

Santa Cruz do Sul

2019

Page 2: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

Larissa Caroline Vogt

ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA

PARA PAVIMENTAÇÃO

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Engenharia Civil da Universidade de Santa Cruz do Sul para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Ms. Marco Antonio Pozzobon

Santa Cruz do Sul

2019

Page 3: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela saúde e luz que me proporcionou.

Aos meus pais, Paulo e Luciane, por me incentivarem incansavelmente nesta

caminhada e a ir em busca dos meus sonhos e objetivos.

Ao meu namorado, Lucas, pela paciência, preocupação e por me acompanhar

durante toda esta trajetória acadêmica, me auxiliando e acompanhando em todos os

momentos que precisei.

Ao meu orientador Prof. Ms. Marco Antonio Pozzobon, por todos os

ensinamentos, assessoramentos, paciência e dedicação no desenvolvimento desta

pesquisa. Seus ensinamentos foram essenciais para a construção e realização deste

trabalho.

A todos os mestres que colaboraram na minha formação, em especial ao

coordenador do curso de Engenharia Civil, Prof. Dr. Leandro Olivio Nervis, por me

incentivar a participar de projetos de iniciação científica, despertando o interesse pela

área da pesquisa dentro da engenharia.

Aos colegas e amigos que fiz durante a minha trajetória, por todo o apoio.

À universidade, laboratoristas, bolsistas e funcionários que direta ou

indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

À empresa Conpasul, pela doação do material utilizado no estudo,

especialmente ao Jaime e ao Flávio pela atenção e auxílio prestado.

A todos, meus sinceros agradecimentos.

Page 4: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

RESUMO

O processo de urbanização e desenvolvimento urbano acelerado vem causando

diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento das

áreas com superfície impermeável e o consequente impacto nos processos

hidrológicos. A impermeabilização do solo é uma das responsáveis pela ocorrência

de picos de cheias e enchentes nos centros urbanos, então como medida para

amenizar o escoamento da água e provocar a infiltração, surgem os pavimentos

permeáveis. O presente trabalho buscou definir um procedimento de dosagem de

concreto permeável para utilização em vias com tráfego de veículos pesados, a partir

do estudo de diferentes misturas. Primeiramente, foram moldados corpos de prova

com diferentes proporções de teores de agregado miúdo no traço, sendo eles 0%, 5%,

10%, 15%, 20% e 25%, buscando a melhor relação entre permeabilidade e

resistência. A partir dos ensaios de caracterização do concreto chegou-se à conclusão

de que a mistura com 20% de agregado miúdo apresentou os resultados mais

satisfatórios para continuar a pesquisa. A partir dela então, criou-se mais quatro

traços, desta vez com variações apenas no consumo de cimento, a fim de comparar

somente os parâmetros de resistência mecânica e definir um traço que atendesse às

resistências mínimas para utilização em pavimentos. Foram moldados corpos de

prova para os traços com a relação cimento:agregado de 1:5,0, 1:4,5, 1:4,0 e 1:3,5.

Quanto à resistência à compressão axial todos foram satisfatórios e se mostraram

acima do mínimo prescrito na normalização brasileira, já quanto à resistência à tração

na flexão apenas o traço 1:3,5 não apresentou resultado satisfatório para utilização

como pavimento rígido de concreto em áreas de tráfego pesado. Chegou-se à

conclusão de que o procedimento de dosagem é válido e se houverem boas condições

de compactação é possível a execução de um pavimento permeável de concreto que

atenda os parâmetros mínimos de permeabilidade e resistência para o tráfego de

veículos leves e pesados.

Palavras-chave: Concreto permeável. Dosagem. Resistência. Permeabilidade.

Page 5: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Inundações em grandes centros urbanos no Brasil 14

Figura 2 – Hidrograma - Bacias de área urbanizada e área não urbanizada 16

Figura 3 – Concreto permeável 21

Figura 4 – Curvas granulométricas possíveis de utilizar em misturas de

concreto permeável 25

Figura 5 – Resistência à compressão (dividido por 10) e resistência à tração

na flexão em função da variação do índice de vazios 31

Figura 6 – Estrutura de um pavimento permeável 33

Figura 7 – Execução de pavimento em concreto permeável com

compactação por rolo metálico 38

Figura 8 – Execução de junta por corte das placas 38

Figura 9 – Consistência ideal para a mistura de concreto permeável 48

Figura 10 – Corpos de prova cilíndricos após a moldagem 49

Figura 11 – Corpos de prova prismáticos após a moldagem 50

Figura 12 – Corpos de prova prismáticos embalados em filme plástico 50

Figura 13 – Placas para ensaio de permeabilidade 51

Figura 14 – Equipamento para medição da massa seca, submersa e

saturada 53

Figura 15 – Ensaio de resistência à compressão axial 54

Figura 16 – Disposição do corpo de prova 55

Figura 17 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral 56

Figura 18 – Posicionamento do corpo de prova no equipamento 57

Figura 19 – Ensaio de resistência à tração na flexão 57

Figura 20 – Esquema para medição do coeficiente de permeabilidade 59

Figura 21 – Placas e cilindros posicionados para o ensaio de

permeabilidade 60

Figura 22 – Curva granulométrica da brita 0 61

Figura 23 – Curva granulométrica da areia natural 62

Figura 24 – Curva granulométrica da areia industrial 63

Figura 25 – Resultados dos ensaios químicos do cimento 64

Figura 26 – Resultados dos ensaios físicos do cimento 64

Page 6: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

Figura 27 – Resultados obtidos para o índice de vazios 66

Figura 28 – Gráfico de resultados obtidos para o coeficiente de

permeabilidade, em cm/s 67

Figura 29 – Relação entre coeficiente de permeabilidade e índice de vazios 68

Figura 30 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à compressão

axial, em MPa 69

Figura 31 – Resistência à compressão axial X Índice de vazios 70

Figura 32 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração por

compressão diametral, em MPa 71

Figura 33 – Resistência à tração por compressão diametral X Índice de

vazios 72

Figura 34 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração na flexão,

em MPa 73

Figura 35 – Resistência à tração na flexão X Índice de vazios 74

Figura 36 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à compressão

axial do estudo definitivo, em MPa 75

Figura 37 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração por

compressão diametral do estudo definitivo, em MPa 77

Figura 38 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração na flexão

do estudo definitivo, em MPa 78

Page 7: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Causas e efeitos da urbanização 15

Tabela 2 – Valores de coeficiente de escoamento adotados pela Prefeitura

Municipal de São Paulo 19

Tabela 3 – Coeficiente de escoamento para superfícies impermeáveis 20

Tabela 4 – Proporções típicas de materiais utilizados nas dosagens de

concreto permeável 23

Tabela 5 – Traços utilizados no estudo comparativo de permeabilidade 46

Tabela 6 – Traços utilizados no estudo comparativo de resistência 47

Tabela 7 – Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo 62

Tabela 8 – Propriedades químicas da cinza mineral leve 65

Tabela 9 – Propriedades físicas da cinza mineral leve 65

Tabela 10 – Resultados obtidos no ensaio de permeabilidade 67

Tabela 11 – Resultados do ensaio de resistência à compressão axial, em

MPa 69

Tabela 12 – Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão

diametral, em MPa 71

Tabela 13 – Resultados obtidos no ensaio de resistência à tração na flexão,

em MPa 73

Tabela 14 – Resultados do ensaio de resistência à compressão axial do

estudo definitivo, em MPa 75

Tabela 15 – Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão

diametral do estudo definitivo, em MPa 76

Tabela 16 – Resultados do ensaio de resistência à tração na flexão do estudo

definitivo, em MPa 77

Page 8: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

a/c Água/cimento

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI American Concrete Institute

cm Centímetros

cm/s Centímetros por segundo

cm²/g Centímetros quadrados por grama

CP ll-F Cimento Portland Composto com Fíler

CP V-ARI Cimento Portland de Alta Resistência Inicial

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EUA Estados Unidos da América

g/cm³ Gramas por centímetros cúbicos

kg Quilograma

kg/m³ Quilogramas por metro cúbico

km² Quilômetros quadrados

kN Quilonewton

l/m²/min Litros por metro quadrado por minuto

m/s Metros por segundo

m³ Metros cúbicos

m³/s Metros cúbicos por segundo

mm Milímetros

mm/h Milímetros por hora

MPa Megapascal

N Newton

NBR Norma Brasileira

NPCA National Pervious Concrete Association

PVC Policloreto de Vinil

s Segundos

UNISC Universidade de Santa Cruz do Sul

Page 9: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 11

1.1 Área e limitação do tema ................................................................... 12

1.2 Objetivos ............................................................................................. 12

1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................... 12

1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................ 12

1.3 Justificativa ........................................................................................ 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 14

2.1 Drenagem urbana ............................................................................... 14

2.1.1 Coeficiente de escoamento ............................................................... 17

2.2 Concreto permeável ........................................................................... 20

2.2.1 Materiais que compõem o concreto permeável .............................. 22

2.2.1.1 Aglomerantes ..................................................................................... 24

2.2.1.2 Agregados .......................................................................................... 24

2.2.1.3 Aditivos ............................................................................................... 26

2.2.2 Características do concreto permeável ........................................... 26

2.2.2.1 Massa específica e índice de vazios ................................................. 27

2.2.2.2 Textura ................................................................................................ 27

2.2.2.3 Permeabilidade ................................................................................... 28

2.2.2.4 Resistência ......................................................................................... 29

2.2.2.5 Durabilidade ....................................................................................... 32

2.3 Métodos de construção de pavimentos de concreto permeável ... 32

2.3.1 Preparação do subleito ...................................................................... 35

2.3.2 Dosagem e mistura ............................................................................ 36

2.3.3 Transporte .......................................................................................... 36

2.3.4 Lançamento e consolidação ............................................................. 37

2.3.5 Acabamento superficial ..................................................................... 39

2.4 Métodos de dosagem de pavimentos permeáveis .......................... 39

3 METODOLOGIA .................................................................................. 42

3.1 Caracterização da pesquisa .............................................................. 42

3.2 Materiais utilizados ............................................................................ 42

Page 10: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

3.2.1 Agregados .......................................................................................... 42

3.2.1.1 Agregado graúdo ............................................................................... 43

3.2.1.2 Agregado miúdo ................................................................................. 44

3.2.2 Cimento Portland ............................................................................... 44

3.2.3 Material pozolânico ............................................................................ 44

3.2.4 Água .................................................................................................... 45

3.2.5 Aditivos ............................................................................................... 45

3.3 Dosagem ............................................................................................. 45

3.3.1 Estudo preliminar – comparativo de permeabilidade ..................... 45

3.3.2 Estudo definitivo – comparativo de resistência .............................. 46

3.4 Moldagem dos corpos de prova ....................................................... 47

3.5 Propriedades do concreto no estado endurecido ........................... 51

3.5.1 Ensaio de massa específica aparente seca e índice de vazios ...... 52

3.5.2 Ensaio de resistência à compressão axial ....................................... 53

3.5.3 Ensaio de resistência à tração por compressão diametral ............ 54

3.5.4 Ensaio de resistência à tração na flexão ......................................... 56

3.5.5 Ensaio de permeabilidade ................................................................. 58

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................... 61

4.1 Caracterização dos materiais constituintes do concreto ............... 61

4.1.1 Brita 0 .................................................................................................. 61

4.1.2 Areia natural ....................................................................................... 62

4.1.3 Areia industrial ................................................................................... 63

4.1.4 Cimento Portland ............................................................................... 63

4.1.5 Material pozolânico ............................................................................ 64

4.2 Caracterização do concreto moldado no estudo preliminar .......... 65

4.2.1 Massa específica aparente seca e índice de vazios ....................... 65

4.2.2 Permeabilidade ................................................................................... 67

4.2.3 Resistência à compressão axial ....................................................... 69

4.2.4 Resistência à tração por compressão diametral ............................. 71

4.2.5 Resistência à tração na flexão .......................................................... 72

4.3 Caracterização do concreto moldado no estudo definitivo ........... 74

4.3.1 Resistência à compressão axial ....................................................... 75

4.3.2 Resistência à tração por compressão diametral ............................. 76

Page 11: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

4.3.3 Resistência à tração na flexão .......................................................... 77

5 CONCLUSÕES .................................................................................... 79

5.1 Conclusão do trabalho ...................................................................... 79

5.2 Sugestões para trabalhos futuros .................................................... 80

REFERÊNCIAS ................................................................................... 81

ANEXO A - Resultados dos ensaios realizados no estudo ........... 85

Page 12: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

11

1 INTRODUÇÃO

Desde o princípio da civilização o homem interfere na natureza a fim de garantir

subsistência e segurança, causando diversos e diferentes impactos ambientais. Com

o passar dos anos e com os avanços tecnológicos a população passou a ocupar uma

parcela maior dos territórios, transformando-os em grandes núcleos urbanos e

consequentemente ocasionando mudanças no solo, alterações em cursos d’água e

desmatamento. As alterações e moldagens do meio ambiente permitiram o

desenvolvimento, mas em consequência perturbaram em diversos aspectos o

equilíbrio natural (HÖLTZ, 2011).

Este desenvolvimento urbano acelerado tem causado diversos impactos nos

processos hidrológicos, sendo que um dos principais está relacionado ao crescimento

das áreas com superfícies impermeáveis, juntamente à ocupação inadequada das

margens de rios e córregos. Tais fatores contribuem para o aumento da ocorrência de

picos de cheias, agravando assim os problemas relativos às enchentes dos rios e

inundações nas cidades (BATEZINI, 2013).

Conforme Tucci (2005), as inundações resultantes da urbanização ocorrem

devido à impermeabilização do solo, canalização do escoamento ou obstrução ao

escoamento, por meio de aterros, pontes, drenagens inadequadas e assoreamento.

Problemas decorrentes da geração de resíduos sólidos também influenciam, uma vez

que o lixo gerado pela população chega aos dispositivos de drenagem e impede o

escoamento da água precipitada.

É necessário que novos dispositivos de drenagem sejam desenvolvidos e

medidas sejam tomadas para facilitar que a água seja conduzida e escoe sem causar

perturbações como enchentes e alagamentos em áreas urbanas. Desta forma, o uso

de pavimentos em concreto permeável pode contribuir significativamente para o

acréscimo de infiltração e retardo do escoamento.

Os concretos permeáveis, segundo cita Lamb (2014), atuam como reservatórios

e permitem a infiltração de água no subleito, contribuindo na drenagem subsuperficial

e evitando alagamentos. Trata-se de um material com elevado percentual de vazios,

que permitem a infiltração da água, diferenciando-se dos concretos convencionais,

onde o objetivo é alcançar a maior densidade possível e manter-se impermeável.

Ainda conforme o autor, pouco se aplica este material no Brasil, enquanto em

outros países várias pesquisas têm sido feitas para avaliar o seu comportamento,

Page 13: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

12

eficiência e durabilidade. O grande foco de utilização no Brasil é o concreto permeável

destinado ao tráfego de pedestres e veículos leves, sendo utilizado em calçadas,

passeios e estacionamentos de automóveis.

O uso destes concretos para pavimentação de vias de tráfego de veículos foi

pouco desenvolvido e conforme Batezini (2013), o número de publicações

encontradas sobre este tema é escasso. Trata-se de um material com vantagens

ambientais para utilização como revestimento de pavimentos, que necessita de

pesquisas mais detalhadas em âmbito nacional.

1.1 Área e limitação do tema

O trabalho foi desenvolvido na área de materiais de construção civil, em concreto

permeável, tendo por finalidade o estudo de dosagem de concretos permeáveis de

alta resistência para pavimentação de vias com tráfego pesado.

1.2 Objetivos

Neste item são abordados os principais objetivos a serem alcançados com o

desenvolvimento do presente trabalho. De maneira geral, o item 1.2.1 descreve os

objetivos vislumbrados com a conclusão do trabalho, enquanto o item 1.2.2, trata os

objetivos de uma forma detalhada e específica, demonstrando os itens a serem

pesquisados e mensurados no desenvolvimento do trabalho.

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é definir um procedimento de dosagem de

concreto permeável para uso em pavimentação de vias com tráfego de veículos

pesados, que atenda aos parâmetros de permeabilidade e resistência prescritos na

normalização brasileira.

1.2.2 Objetivos específicos

Determinar diferentes teores de argamassa para que a composição de um

concreto estrutural para pavimentação seja permeável;

Page 14: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

13

Determinar características mecânicas a partir de ensaios de resistência à

compressão axial, resistência à tração por compressão diametral e

resistência à tração na flexão das diferentes misturas;

Determinar as características de índices de vazios e permeabilidade dos

traços de concreto permeável; e

Avaliar os resultados obtidos nos ensaios, validando o procedimento

adotado para dosagem.

1.3 Justificativa

O estudo de dosagem de concreto permeável, com o objetivo de atingir elevadas

resistências e possibilitar a pavimentação de vias com tráfego de veículos pesados,

tem grande importância por se tratar de uma área pouco explorada no Brasil.

Atualmente, o uso desta tecnologia se dá principalmente para pavimentação de áreas

com tráfego de pessoas, como calçadas, praças, parques e estacionamento de

veículos leves, apresentando boa permeabilidade, porém baixa resistência.

A sua utilização para pavimentação de vias com grandes fluxos de veículos em

áreas urbanas pode reduzir o problema de enchentes e alagamentos, frequentes nos

municípios brasileiros, já que praticamente toda a água precipitada infiltra no

pavimento ao invés de escoar. A partir de dispositivos de drenagem adequados, a

água pode ser conduzida a locais específicos pela base do pavimento, permitindo a

sua reutilização e abastecimento do lençol freático. Assim, evita-se o acúmulo de água

sobre a pista, reduzindo as vazões de pico e consequentemente as inundações.

Para ser considerado um concreto drenante, é necessário que este seja poroso,

ou seja, tenha um elevado índice de vazios, permitindo que a água percole por sua

estrutura. Ao mesmo tempo, necessita de compactação e resistência adequadas para

utilização em pavimentos, logo, é necessário que haja uma dosagem correta dos

materiais que o integram, de modo a torná-lo satisfatoriamente resistente e permeável.

Desta forma, o trabalho propõe uma investigação através do estudo de um

procedimento de dosagem para construção de um pavimento permeável que atenda

aos requisitos de permeabilidade e resistência, possibilitando o tráfego de veículos

pesados. Por meio desse, busca-se uma alternativa sustentável para amenizar

problemas gerados a partir da urbanização, colaborando com as pesquisas

desenvolvidas nesta área no país.

Page 15: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo são apresentados os itens necessários para fundamentar a

pesquisa, apresentando a teoria base para o conhecimento do tema proposto.

2.1 Drenagem urbana

Com o desenvolvimento acelerado após a segunda metade do século vinte, a

população concentrou-se em pequenos espaços, impactando os ecossistemas e a

própria população com inundações, doenças e perda de qualidade de vida. Tais

problemas são oriundos da falta de controle do espaço urbano, que por sua vez, afeta

a infraestrutura e a drenagem urbana das cidades (TUCCI, 2005).

Conforme Tucci (2005), o processo de crescimento urbano nos países

desenvolvidos tem sido realizado de forma insustentável, deteriorando o meio

ambiente e a qualidade de vida. Na América Latina, o problema mostra-se muito

significativo, onde existem cidades com população superior a um milhão de

habitantes, estando quatro cidades brasileiras entre as nove maiores desta região.

Ainda conforme o autor, dentre os problemas gerados pela urbanização

encontram-se as frequentes inundações, ocasionadas por drenagem urbana

inadequada, ocupação desordenada do solo e aumento da impermeabilização. Na

Figura 1 é possível observar o problema, frequente em diversos municípios brasileiros.

Figura 1 – Inundações em grandes centros urbanos no Brasil

Fonte: Disponível em: www.azevedoambiental.com.br

Page 16: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

15

Com relação à urbanização, Spin (1995) afirma que em conjunto as atividades

urbanas, a forma como são desenvolvidas e os materiais que as constituem, bem

como a sua relação com a drenagem natural, o projeto dos sistemas de drenagem e

os descontroles das enchentes, produzem um regime hídrico característico. Onde o

escoamento superficial excessivo e rápido de temporais e chuvas fortes, resulta em

vazões de água muito altas durante e logo após as chuvas.

Os problemas resultantes dessas atividades são em decorrência do mau uso e

aproveitamento dos recursos hídricos, controle da poluição e principalmente falta de

planejamento urbano e estrutural das cidades, que crescem de forma desordenada.

Tucci et al. (1993), exemplifica na Tabela 1 as atividades urbanas que interferem no

sistema de drenagem e a relação entre a causa e o efeito das mesmas.

Tabela 1 – Causas e efeitos da urbanização

Fonte: Autor (2019). Adaptado de Tucci et al. (1993).

Ciria (1996, apud ACIOLI, 2005, p.3) também cita algumas das principais

consequências dos processos de urbanização, dentre eles:

Aumento no volume do escoamento superficial;

Aumento da frequência de inundações, assim como de sua intensidade;

Redução da umidade do solo, que leva a uma redução do lençol freático;

Diminuição do escoamento de base de rios;

Redução do armazenamento potencial, e da capacidade de transporte dos

vales dos rios; e

Lixos

Redes de esgoto deficientes

Desmatamento e desenvolvimento

indisciplinado

Ocupação das várzeas

Maiores prejuízos;

Maiores picos;

Degradação da qualidade da água;

Entupimento de bueiros e galerias.

Degradação da qualidade da água;

Moléstias de veiculação hídrica;

Inundações: Consequências mais sérias.

Maiores picos e volumes;

Mais erosão;

Assoreamento em canais e galerias.

Maiores custos de utilidades públicas.

Maiores picos e vazões.

Maiores picos a jusante.

EFEITOSCAUSAS

Impermeabilização

Redes de drenagem

Page 17: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

16

Aumento na carga de poluentes decorrente da rede pluvial ou do

escoamento superficial.

Para Pinto (2011), a impermeabilização do solo se encontra diretamente ligada

à urbanização e de acordo com o autor, está presente nas vias pavimentadas, nos

estacionamentos e em telhados, causando a diminuição da infiltração de água no solo

e da evapotranspiração. Ao chover, a contribuição se transforma em escoamento

superficial e em consequência, aumentam os volumes escoados, as vazões de pico e

a redução do tempo de concentração da bacia, elevando os picos dos hidrogramas

de cheias.

O hidrograma apresentado na Figura 2 compara o escoamento em bacias não

urbanizadas e bacias urbanizadas, em função da vazão e do tempo de concentração,

mostrando que a vazão de pico ocorre mais cedo em uma bacia urbanizada, onde a

quantidade de água escoada é significativamente maior. Isto ocorre, pois onde antes

as águas pluviais percolavam naturalmente no solo, há uma nova superfície

impermeável, causando transtornos em alguns locais mais baixos (HÖLTZ, 2011).

Figura 2 – Hidrograma - Bacias de área urbanizada e área não urbanizada

Fonte: Disponível em: www.fontehidrica.blogspot.com

Os pontos de detenção natural e a capacidade das plantas de ajudar a reter parte

da água percolada perdem a sua função com a crescente impermeabilização das

bacias, sendo necessário o uso de tubulações, retificações de rios e revestimento de

canais para o gerenciamento das águas (TUCCI, 1995).

Page 18: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

17

De acordo com Höltz (2011), a sobrecarga da drenagem secundária, ou seja,

dos condutos, gera alagamentos e afeta as vias de tráfego. Por outro lado, a rápida

descarga das águas pluviais em riachos e canais, responsáveis por escoar grande

parte das áreas metropolitanas, também pode se tornar um problema caso estes

tenham tendência para a formação de enchentes.

Assim, como medida para reduzir o impacto gerado pela população urbana e

garantir um melhor funcionamento do sistema de drenagem das cidades, está o

controle na fonte da geração do escoamento superficial, que pode se dar por medidas

estruturais ou não estruturais. Suderhsa (2002) sugere algumas medidas de controle

estruturais que podem ser tomadas a fim de alterar o resultado do hidrograma das

áreas urbanizadas, dentre elas está a infiltração e percolação, utilizando o

armazenamento e o fluxo subterrâneo para retardar o escoamento superficial.

Os principais dispositivos para criar maior infiltração são os planos de infiltração,

ou seja, áreas gramadas que recebem águas pluviais oriundas de áreas

impermeabilizadas e as valas de infiltração, dispositivos de drenagem lateral,

utilizadas paralelamente às ruas. Ainda, estradas, estacionamentos e os pavimentos

permeáveis, utilizados principalmente em passeios, estacionamentos, quadras

esportivas e ruas de pouco tráfego (SUDERHSA, 2002).

Estas alternativas de infiltração, detenção e retenção, procuram minimizar as

consequências da alteração dos processos hidrológicos durante a urbanização,

buscando compensar tais efeitos antes que a água chegue à rede de drenagem.

Conforme Acioli (2005), tais estruturas de infiltração colaboram na redução das

vazões máximas e dos volumes escoados, podendo ainda colaborar com a remoção

e controle de poluentes no escoamento superficial, recuperando de forma mais efetiva

as condições de pré-ocupação.

2.1.1 Coeficiente de escoamento

O comportamento natural da água quanto as suas ocorrências, transformações

e relações com a vida humana é bem caracterizado através do conceito de ciclo

hidrológico, que inicia com a evaporação da água dos oceanos, conforme explicam

Villela e Mattos (1975, p.1):

Page 19: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

18

O vapor resultante é transportado pelo movimento das massas de ar. Sob determinadas condições, o vapor é condensado, formando as nuvens que por sua vez podem resultar em precipitação. A precipitação que ocorre sobre a terra é dispersada de várias formas. A maior parte fica temporariamente retida no solo próximo de onde caiu e finalmente retorna à atmosfera por evaporação e transpiração das plantas. Uma parte da água restante escoa sobre a superfície do solo, ou através do solo para os rios, enquanto que a outra parte, penetrando profundamente no solo, vai suprir o lençol d’água subterrâneo.

O escoamento superficial é o segmento do ciclo hidrológico que estuda o

deslocamento da água na superfície da terra, e conforme Villela e Mattos (1975), tem

origem nas precipitações, constituindo a fase mais importante deste ciclo.

Para que se possa dimensionar um sistema de drenagem, é necessária uma

variável chamada de coeficiente de escoamento ou runoff, utilizada no cálculo da

vazão máxima de contribuição de uma bacia através do Método Racional.

De acordo com Nunes (2007), o Método Racional é um dos mais consagrados

de estimativa de vazão máxima, através da transformação da chuva em vazão,

englobando todos os processos em apenas um coeficiente. É um método amplamente

utilizado para bacias hidrográficas pequenas e de pouca complexidade, onde a vazão

é determinada a partir da Equação 1, em função da precipitação e das características

do recobrimento da bacia.

𝑄𝑝 =𝐶 . 𝑖 . 𝐴

3,6 (1)

Onde:

Qp = vazão de pico, em m³/s;

i = intensidade máxima da chuva, para tempo de duração igual ao tempo de

concentração da bacia, em mm/h;

C = coeficiente de escoamento superficial ou de deflúvio, adimensional;

A = área da bacia, em km².

Para bacias maiores é recomendando que se adote a equação sugerida por

Euclydes e Piccolo (1987 apud NUNES, 2007, p.17), onde introduziu-se um

coeficiente, denominado coeficiente de retardo, que reflete o efeito de armazenamento

da bacia. Tal parâmetro procura compensar o fato do escoamento superficial sofrer

um retardo em relação ao início da chuva, o que não é levado em consideração no

Page 20: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

19

Método Racional apresentado anteriormente. O coeficiente é utilizado na Equação 2

e obtido a partir da Equação 3.

𝑄𝑝 =𝐶 . 𝑖 . 𝐴 . 𝜑

3,6 (2)

𝜑 = 0,278 − 0,00034 . 𝐴 (3)

Onde:

𝜑 = coeficiente de retardamento, adimensional.

De acordo com Tucci (2000), o coeficiente de escoamento de uma bacia

representa a quantidade de água de escoamento gerada pela bacia em eventos

chuvosos, variando à medida que ocorre a urbanização da mesma. Este coeficiente

varia com a intensidade da precipitação, pois à medida que o volume de chuva

aumenta, a capacidade de infiltração é atendida, resultando em um aumento do

escoamento superficial.

Este coeficiente de escoamento superficial pode ser obtido através de tabelas

encontradas na literatura, que relacionam o coeficiente com as diversas zonas

encontradas em uma bacia e dependem de características como: tipo de solo,

cobertura, tipo de ocupação, tempo de retorno e intensidade da precipitação. Alguns

valores de referência são apresentados na Tabela 2, elaborada para a cidade de São

Paulo e reproduzidos por Tucci et al (1995):

Tabela 2 – Valores de coeficiente de escoamento adotados pela Prefeitura Municipal de São Paulo

Fonte: Autor (2019). Adaptado de Tucci et al (1995).

De subúrbios com alguma edificação: subúrbios com pequena densidade de

construção

De matas, parques e campos de esporte: partes rurais, áreas verdes, superfícies

arborizadas, parques com jardins e campos de esporte não pavimentados.

ZONAS COEFICIENTE DE ESCOAMENTO

0,70 - 0,95

0,60 - 0,70

0,50 - 0,60

0,25 - 0,50

0,10 - 0,25

0,05 - 0,20

De edificação muito densa: partes centrais, densamente construídas, cidades com

ruas e calçadas pavimentadas.

De edificação não muito densa: partes adjacentes ao centro, de menor densidade de

habitação, mas com ruas e calçadas pavimentadas.

De edificações com poucas superfícies livres: partes residenciais com ruas

pavimentadas.

De edificações com muitas superfícies livres: partes residenciais com ruas

pavimentadas.

Page 21: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

20

Tucci (2000), estudou a relação do coeficiente de escoamento de bacias urbanas

brasileiras em função da área impermeável e a vazão máxima correspondente,

conforme apresentado na Tabela 3.

Tabela 3 – Coeficiente de escoamento para superfícies impermeáveis

Fonte: Autor (2019). Adaptado de Tucci (2000).

Os coeficientes de escoamento apresentados nas Tabelas 2 e 3 mostram que

em áreas urbanizadas, 95% da água da chuva irá gerar escoamento superficial,

enquanto áreas pouco edificadas podem apresentar apenas 10% de escoamento da

água total precipitada. Os pavimentos permeáveis, conforme Tucci (2000), podem

apresentar um coeficiente igual ou inferior ao de matas e parques, e mantém a área

útil do local, sendo este o principal objetivo deste tipo de pavimento: reduzir o

coeficiente de escoamento.

2.2 Concreto permeável

O concreto permeável, concreto drenante ou concreto poroso, é caracterizado

por possuir propriedades como porosidade e boa drenabilidade, dependendo de sua

composição. Através de sua estrutura porosa, permite que a água percole por seus

vazios e quando bem dimensionado e projetado, pode influenciar significativamente

nas vazões de pico que ocorrem durante as chuvas intensas (BATEZINI, 2013).

É um concreto com elevado percentual de vazios interligados entre si, que

permitem a fácil passagem de fluidos, proporcionando elevada permeabilidade. A

mistura é composta por água, cimento e agregado graúdo, sendo empregado muito

pouco ou nada de agregado miúdo, o que resulta em um material com índice de vazios

na ordem de 18% a 35%. Sua capacidade de percolação irá variar conforme o

tamanho do agregado e a densidade da mistura, ficando geralmente na ordem de 200

Concreto e asfalto poroso

Solo compacto

0,90 - 0,95

0,58 - 0,81

0,70 - 0,89

0,05

0,59 - 0,79

TIPO DE SUPERFÍCIE COEFICIENTE DE ESCOAMENTO

Cimento e asfalto

Paralelepípedo

Blockets

Page 22: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

21

l/m²/min, enquanto a resistência à compressão pode variar de 2,8 a 28 MPa (ACI,

2006).

Ferguson (2005) define pavimento permeável como aquele onde há espaços

livres em sua estrutura por onde a água possa escoar, infiltrando no solo ou sendo

conduzida através de sistemas de drenagem. É um tipo de pavimento que busca

reduzir o volume de água escoada, e consequentemente, reduzir a solicitação do

sistema de drenagem urbana. Ainda de acordo com o autor, este tipo de pavimento

melhora a qualidade da água, por carrear menos poluição difusa.

Pode-se observar um exemplo de concreto permeável na Figura 3.

Figura 3 – Concreto permeável

Fonte: Disponível em: www.archdaily.com

De acordo com a revisão do histórico de desenvolvimento e aplicações do

concreto com elevado número de vazios feita por Höltz (2011), os primeiros registros

de utilização de um concreto poroso datam do século XIX, na Europa. O material

consistia apenas em agregado graúdo e cimento e foi utilizado para a construção de

duas casas no Reino Unido. Após, o mesmo só voltou a ser mencionado por volta de

1923, quando cinquenta casas foram construídas com agregado à base de clínquer

na Escócia.

Nas décadas de 30 e 40, o concreto poroso foi amplamente utilizado para a

construção de residências, sendo empregado nas paredes por se tratar de um material

leve, com eficiente isolamento térmico e baixo custo. Com o caos gerado pela

Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, a Europa necessitou de um grande número

Page 23: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

22

de reconstrução de habitações, incentivando o desenvolvimento de novos métodos

de construção civil. Aliado à escassez de materiais de construção, como por exemplo

os tijolos, o uso do concreto poroso destacou-se dentre os métodos que surgiram

neste período (ACI, 2006).

Nos Estados Unidos da América (EUA), não houve problemas de escassez de

matéria prima para construção e por isso os primeiros usos do concreto permeável

foram registrados por volta de 1970. O problema encontrado neste país era em relação

ao excessivo escoamento de água nas áreas recém construídas, devido à

impermeabilização e o desenvolvimento urbano, resultando em um elevado

escoamento superficial (LAMB, 2014).

Conforme Mulligan (2005, apud HÖLTZ, 2011, p.39), nos EUA os primeiros usos

de concreto permeável como material drenante foram nos estados da Flórida, Utah e

Novo México, fazendo com que a tecnologia se espalhasse pelo país após resultados

satisfatórios. O crescente interesse pelo assunto resultou na fundação de uma

associação, a National Pervious Concrete Association (NPCA), enquanto o American

Concrete Institute (ACI) instituiu uma competição anual na qual estimula estudantes

de graduação a produzir concretos permeáveis simples ou com adição de fibras,

buscando disseminar a tecnologia.

De acordo com Lamb (2014), embora o uso de concretos sem agregado miúdo

e com grandes quantidades de vazios já tenha os primeiros registros datando do

século XIX, o seu emprego como material para auxiliar na drenagem urbana, retendo

água na fonte e reduzindo enchentes, ainda é recente. Os EUA, Japão e França são

os países onde a sua utilização é mais disseminada e em decorrência disso, há

poucos trabalhos publicados e poucos exemplos práticos de sua aplicação no Brasil.

2.2.1 Materiais que compõem o concreto permeável

Segundo Dellate e Clearly (2006, apud BATEZINI, 2013, p.26), existem três tipos

de concretos permeáveis que podem ser caracterizados pelo nível de resistência e

drenabilidade. O primeiro consiste em um material de baixa resistência e alta

permeabilidade, é conhecido por concreto permeável hidráulico e utilizado para

aplicações não estruturais. O segundo caracteriza-se por possuir resistência e

permeabilidade intermediárias e pode ser utilizado para pavimentação de

estacionamentos e calçadas, sendo conhecido por concreto permeável normal. Por

Page 24: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

23

fim, existe o concreto permeável estrutural, caracterizado pela adição de materiais de

granulometria reduzida. Este possui elevada resistência mecânica, porém baixa

permeabilidade e pode ser utilizado em estacionamentos e pavimentação de ruas e

avenidas que possuam tráfego de veículos pesados.

De acordo com o ACI (2006), o concreto permeável é composto principalmente

de cimento Portland, agregado graúdo de tamanho uniforme e água. Esta combinação

forma uma aglomeração de agregados graúdos envoltos por uma camada de pasta

de cimento endurecida, resultando em grandes vazios entre os agregados e

permitindo que a água infiltre por entre eles.

Assim, com o propósito de se obter uma pasta que forme uma capa espessa ao

redor das partículas dos agregados, as quantidades de água e ligante hidráulico

empregados na composição do material devem ser cuidadosamente controlados. O

alto índice de vazios, que confere a permeabilidade, ocorre pela ausência ou por

pequenas quantidades de agregado miúdo na mistura (BATEZINI, 2013).

A dosagem correta da mistura e o emprego dos materiais adequados conferem

as propriedades necessárias ao concreto em seu estado endurecido, porém resultam

em uma mistura que requer muita atenção durante o processo construtivo. Em fatores

como compactação, adensamento e cura, por exemplo, há necessidade de um

controle rígido de todos os materiais presentes para que se obtenha o resultado

desejado (TENNIS et al., 2004).

Tennis et al. (2004), apresenta na Tabela 4 faixas típicas de consumo e

proporções de materiais utilizados nas misturas de concreto permeável, sendo que

tais proporções podem variar conforme os insumos disponíveis em cada região.

Tabela 4 – Proporções típicas de materiais utilizados nas dosagens de concreto permeável

Fonte: Autor (2019). Adaptado de Tennis et al. (2004).

As quantidades de agregado graúdo, areia, cimento e água variam conforme a

resistência que se busca alcançar no concreto, logo quanto maior a resistência, menor

Relação água/cimento (a/c) em massa 0,27 a 0,34

Relação cimento/agregado em massa 1:4 a 1:4,5

Relação agregado miúdo/agregado graúdo em massa 0 a 1:1

MATERIAIS CONSUMO/PROPORÇÃO

Ligante hidráulico (kg/m³) 270 a 415

Agregado graúdo (kg/m³) 1.190 a 1.700

Page 25: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

24

será a permeabilidade. Para maior permeabilidade, menor o número de vazios e,

portanto, menos resistência (LAMB, 2014).

A resistência à compressão, permeabilidade e porosidade de um concreto

permeável, são diretamente afetadas pela graduação, tamanho das partículas e pela

relação massa de agregados por massa de cimento (HUANG et al., 2009). Entretanto,

segundo o ACI (2006), a relação água/cimento (a/c) em conjunto com a energia de

compactação na moldagem do corpo de prova são os fatores que mais interferem na

resistência mecânica do material, pois afetam diretamente as suas características.

2.2.1.1 Aglomerantes

Assim como nos concretos convencionais o Cimento Portland é o principal

aglomerante utilizado na confecção de um concreto permeável. Cinza volante, escória

granulada de alto forno moída e sílica ativa, também são materiais que podem ser

usados, entretanto é recomendado que estes sejam previamente ensaiados em

laboratório. A partir dos ensaios, propriedades que possam ser importantes ao

desempenho da mistura, como resistência, porosidade, permeabilidade, entre outras,

podem ser determinadas, possibilitando a dosagem adequada do material (ACI, 2006;

BATEZINI, 2013; TENNIS et al., 2004).

2.2.1.2 Agregados

A granulometria influencia tanto a resistência quanto a permeabilidade do

concreto endurecido. O agregado é responsável por exercer grande influência nas

propriedades do concreto, como massa unitária, módulo de elasticidade e estabilidade

dimensional do concreto, sendo que essas propriedades dependem principalmente da

densidade e resistência do agregado (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

Tennis et al. (2004) afirmam que as curvas granulométricas de agregados

utilizadas nas misturas são normalmente uniformes, ou seja, possuem um único

diâmetro, onde o máximo utilizado é de 19 mm. Para curvas descontínuas, onde há

variação do diâmetro do agregado, as graduações variam de 19 mm a 4,8 mm, 9,5

mm a 2.4 mm e 9,5 mm a 1,2 mm.

Page 26: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

25

Li (2009, apud BATEZINI, 2013, p.29), apresenta três curvas granulométricas

com o diâmetro máximo de agregado empregado igual a 19 mm. Tais curvas já foram

empregadas na produção de concretos permeáveis e são apresentadas na Figura 4.

Figura 4 – Curvas granulométricas possíveis de utilizar em misturas de concreto permeável

Fonte: Li (2009, apud BATEZINI, 2013, p.29)

Uma graduação estreita é uma interessante característica a ser observada, de

acordo com Tennis et al. (2004), pois agregados maiores fornecem uma superfície

mais áspera. Como o concreto permeável vem sendo amplamente utilizado em

estacionamentos, pavimentos e passarelas de pedestres, recomenda-se procurar o

menor agregado possível por razões estéticas e de conforto dos usuários.

Ainda conforme os autores, melhores resistências são alcançadas com

agregados arredondados, embora agregados angulares também sejam utilizados.

Assim como no concreto convencional, o concreto permeável exige que os agregados

estejam perto de uma condição de superfície seca ou monitoramento rigoroso da

umidade. O controle da água é importante em tais misturas, pois a água absorvida da

mistura pelos agregados que são muito secos pode levar a misturas com dificuldades

de compactação.

Apesar de ser conhecido como um concreto sem finos, a presença do agregado

fino na mistura é importante, pois aumenta a resistência na zona da interface entre o

agregado graúdo e a pasta. De acordo com Yang et al (2008, apud MONTEIRO, 2010,

p.14), ao aumentar a quantidade de finos, consequentemente há um aumento da

Page 27: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

26

resistência a compressão, devido ao preenchimento dos espaços entre os agregados

graúdos e a pasta de cimento, melhorando a ligação entre os agregados. Entretanto,

ao aumentar a quantidade de material fino, diminui-se os vazios e a permeabilidade,

principal característica desse material.

2.2.1.3 Aditivos

As adições minerais são eficazes para aumentar a resistência à compressão e

tração no concreto, enquanto as químicas modificam resistências de pega e

endurecimento da pasta, influenciando na taxa de hidratação do cimento (METHA e

MONTEIRO, 2008).

Assim como no concreto convencional, os aditivos químicos são utilizados na

dosagem do concreto permeável a fim de se obter características especiais. Devido

ao tempo de pega que, no caso do concreto permeável ocorre rápido, retardadores

ou aditivos estabilizadores de hidratação são comumente utilizados (PERVIOUS

PAVEMENT, 2011)

A utilização de plastificantes segundo Ferguson (2005), pode reduzir a água de

amassamento com ganho na trabalhabilidade e aumentar o abatimento sem causar

perda da pasta de cimento do agregado. Por esta razão, aditivos retardadores são

utilizados durante o transporte de concretos porosos moldados in loco, atrasando o

tempo de pega do cimento e evitando a necessidade de um alto fator a/c.

De acordo com o Manual de Pavimentos Rígidos do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes - DNIT (2005) o uso de aditivos nos concretos

destinados à pavimentação é recomendável, sendo geralmente empregados aditivos

dos tipos redutor de água e incorporador de ar.

2.2.2 Características do concreto permeável

O concreto permeável possui características em seu estado fresco e em seu

estado endurecido. Pode-se citar no estado fresco elevada consistência, ou seja,

baixa trabalhabilidade, ao se comparar com o concreto convencional, sendo o

abatimento da mistura, normalmente, menos que 20 mm (ACI, 2006). Sendo assim, o

ACI (2008), sugere que o tempo de trabalho útil após o processo de mistura não

Page 28: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

27

ultrapasse 60 minutos para misturas sem o uso de aditivos, e 90 minutos para misturas

com aditivos retardadores de pega.

No estado endurecido as principais propriedades deste tipo de concreto dizem

respeito a massa específica, índice de vazios, textura, permeabilidade, resistência e

durabilidade.

2.2.2.1 Massa específica e índice de vazios

A massa especifica e o índice de vazios dependem das propriedades e

proporções dos materiais utilizados na mistura e do grau de compactação utilizado no

processo de moldagem. As massas específicas aparentes variam de 1600 kg/m³ a

2000 kg/m³, para o concreto poroso no estado fresco (TENNIS et al., 2004).

O índice de vazios é a porcentagem de ar existente na mistura, sendo

diretamente relacionado à massa específica de uma determinada mistura de concreto

permeável. Depende de fatores como: agregados, granulometria, porcentagem de

material cimentício e compactação (ACI, 2006).

Batezini (2013), afirma que o índice de vazios afeta diretamente as

características de resistência mecânica. Entende-se que o material possui baixa

porosidade quando possui índice de vazios menor que 15%, sendo necessário que se

obtenha no mínimo 30% para que o concreto seja considerado de alta porosidade.

Para Tennis et al. (2004), pode-se adotar valores na ordem de 20% para o índice de

vazios, garantindo assim que o material possua boa resistência em conjunto com a

permeabilidade. Para os autores quando o concreto estiver curado o índice de vazios

varia entre 15% e 25% e o fluxo de água gira em torno de 200 l/m²/min.

2.2.2.2 Textura

Com relação à textura do concreto permeável, de acordo com Batezini (2013,

p.31):

O concreto permeável é caracterizado por apresentar uma textura superficial diferenciada quando comparado ao concreto convencional. Esta diferença está associada a pequena ou nula quantidade de agregados miúdos na sua composição, o que proporciona uma superfície mais rugosa, elevando o coeficiente de atrito. Este tipo de textura pode trazer benefícios relativos à segurança do usuário, principalmente em períodos chuvosos ou em

Page 29: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

28

ocorrências de neve e gelo na pista, uma vez que, além do maior coeficiente de atrito atribuído à estrutura mais rugosa, a condição permeável do concreto pode ser bastante efetiva na diminuição dos riscos de hidroplanagem. Isso ocorre porque a água proveniente das intempéries percola pelo revestimento permeável do pavimento não permanecendo na sua superfície, o que evita a formação de poças d’água e diminui a ocorrência do fenômeno de spray.

De acordo com a American Concrete Pavement Association (2006), devido à

textura do concreto, este pode ser utilizado como material de revestimento, pois reduz

a aquaplanagem e minimiza o ruído dos pneus no pavimento.

2.2.2.3 Permeabilidade

A condutividade hidráulica, também conhecida como coeficiente de

permeabilidade, é um dos parâmetros mais importantes do concreto permeável e pode

ser definida como a taxa de infiltração de água através de sua estrutura. Conforme

Tennis et al. (2004), são considerados valores típicos de coeficiente de

permeabilidade a variação entre 0,21 cm/s e 0,54 cm/s, valores relativamente

superiores à capacidade de infiltração da maioria dos solos (LAMB, 2014). De acordo

com Bean et al. (2007, apud BATEZINI, 2013, p.31), valores em campo podem variar

de 0,07 cm/s a 0,77 cm/s.

O coeficiente de permeabilidade indica a velocidade de infiltração de água no

solo (PINTO, 2002). Esta informação é importante para o dimensionamento do

sistema na fase de projeto e também após a execução, possibilitando o

acompanhamento do pavimento ao longo da sua vida útil (MARCHIONI e SILVA,

2013).

De acordo com Marchioni e Silva (2013), o coeficiente de permeabilidade pode

ser determinado em laboratório por meio de permeâmetros de carga constante ou

variável, a depender do tipo de material. Batezini (2013) observa que este tipo de

ensaio é utilizado em laboratório devido à sua praticidade, mas que é possível

determinar o parâmetro de condutividade hidráulica de diversas maneiras.

Segundo a Norma Brasileira (NBR) 16416 (ABNT,2015), que trata quanto aos

requisitos mínimos exigíveis ao projeto, especificação, execução e manutenção dos

pavimentos permeáveis, o pavimento permeável, independentemente do tipo de

revestimento adotado, deve apresentar, quando recém construído, coeficiente de

permeabilidade maior que 10-3 m/s. A avaliação do coeficiente em laboratório serve

Page 30: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

29

apenas para a aprovação preliminar dos materiais de revestimento e simulação das

condições de permeabilidade do pavimento, a aprovação final deve ser realizada em

campo, após a execução da estrutura.

Desta forma, a avaliação do coeficiente de permeabilidade deve ser feita também

em pavimentos permeáveis já executados, e em placas de concreto permeável de

pistas experimentais. Nesse processo é apoiado um cilindro de policloreto de vinil

(PVC) sobre a superfície da placa e adicionado água, com o objetivo de avaliar a

infiltração. Tal procedimento reduz discrepâncias de resultados que possam ocorrer

nos ensaios de corpos de prova cilíndricos executados em laboratório, servindo ainda,

para aprovação do pavimento após a sua execução e no monitoramento ao longo da

utilização do pavimento. A necessidade de manutenção e limpeza do pavimento

também pode ser avaliada a partir deste ensaio (BATEZINI, 2013; MARCHIONI E

SILVA, 2013).

Como um dos principais problemas encontrados com relação à drenabilidade

deste tipo de pavimento está a selagem da superfície da camada de revestimento.

Esse tipo de situação é comum quando há excesso de compactação da superfície durante as etapas do processo construtivo. Quando a superfície está selada, os vazios ficam entupidos e, consequentemente, toda a camada de revestimento se torna impermeável. Esta condição pode ser determinada por meio de uma avaliação visual de condição de superfície do pavimento acabado, quando se verifica a existência de poças d’água, por exemplo. A permeabilidade pode ser alterada ao longo do tempo, geralmente decorrente da incrustação de partículas de areia ou solo nos poros do revestimento de concreto permeável. (HENDERSON et al., 2009 apud BATEZINI, 2013, p.33).

2.2.2.4 Resistência

As misturas de concreto permeável de acordo com a norma americana ACI

(2006), tendem a desenvolver resistências a compressão entre 2,8 e 28 MPa.

Entretanto, Polastre e Santos (2006) afirmam que em média, os concretos produzidos

possuem resistência de aproximadamente 25 MPa. Assim, Höltz (2011) garante que

apesar da tendência ser a alta porosidade diminuir a resistência da mistura, se bem

dosado, o concreto pode garantir uma boa resistência.

Assim como nos concretos convencionais, as propriedades e proporções dos

materiais utilizados na mistura, bem como as técnicas de execução e as condições

ambientais em que o pavimento é executado irão influenciar no valor da resistência

(TENNIS et al., 2004).

Page 31: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

30

Para que o concreto permeável possa ser utilizado como pavimento, algumas

características de comportamento estrutural são importantes, como a resistência

mecânica, principalmente de tração na flexão e as propriedades elásticas. Estas

características podem ser influenciadas por diversos fatores, por isso deve-se dar

atenção especial principalmente ao índice de vazios da mistura.

Em função da irregularidade observada nos corpos de prova, a execução deste

tipo de ensaio em laboratório torna-se difícil, e devido a isso, o que se observa é uma

escassez de resultados quanto a estes parâmetros. Assim, o mais comum são

estudos referentes a resistência à compressão e às condições de permeabilidade das

misturas (BATEZINI, 2013).

Kevern et al. (2009, apud BATEZINI, 2013, p.38), em sua revisão bibliográfica,

observou que as misturas de concretos permeáveis compostas basicamente de

agregado graúdo com distribuição granulométrica uniforme, e elevada condutividade

hidráulica, apresentavam baixas resistências à compressão (6,5 MPa e 17,5 MPa).

Em consequência, ao final da década de 90, 75% dos pavimentos porosos dos EUA

apresentavam problemas, em função das baixas resistências e elevado índice de

vazios.

Comparando os dados dos EUA à outras regiões do mundo, Beeldens (2001),

afirma que em países como Japão, Austrália e na Europa, as misturas de concreto

permeável conseguiam chegar a resistências à compressão na ordem de 32 MPa,

porém com taxas de infiltração menores quando comparadas aos traços americanos.

Os efeitos da energia de compactação, observados por Schaefer et al. (2006),

onde o autor testou resistência à compressão e resistência à tração por compressão

diametral, demostram que em geral, os resultados obtidos para compactação regular

se correlacionam melhor do que os resultados obtidos para energia de compactação

baixa. O que permite afirmar que, quanto menor a energia de compactação maior será

a dispersão dos resultados para estes parâmetros.

Devido à estas discrepâncias de resultados percebe-se a necessidade de

aprofundar os estudos para melhor compreensão da relação entre permeabilidade e

resistência, uma vez que o material precisa das duas características funcionando

juntas para permitir o tráfego e a percolação das águas pluviais. Somente assim, pode-

se definir as proporções e os tipos de materiais adequados a serem utilizados no

processo de dosagem (BATEZINI, 2013).

Page 32: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

31

Dellate et al. (2009 apud BATEZINI, 2013, p.39), observou e ensaiou corpos de

prova retirados de vinte pistas diferentes revestidas com concreto permeável nos

EUA. Com os ensaios, percebeu que as resistências à compressão e à tração na

flexão, são inversamente proporcionais ao volume de vazios existente, ou seja, quanto

maior o volume de vazios, menor a resistência mecânica. Tais resultados podem ser

observados na Figura 5.

Figura 5 – Resistência à compressão (dividido por 10) e resistência à tração na flexão em função da variação do índice de vazios

Fonte: Batezini (2013). Adaptado de Dellate et al. (2009)

A NBR 16416 (ABNT,2015) estabelece que para pavimentos de concreto

permeável moldados in loco a resistência à tração na flexão deve atingir no mínimo

1,0 MPa e 2,0 MPa para que este possa ser utilizado para tráfego de pedestres e de

veículos leves, respectivamente. O recomendado, segundo Batezini (2013), é que o

concreto permeável atinja resistência média à tração entre 4,0 MPa e 5,0 MPa para

ser utilizado em tráfego de veículos pesados.

De acordo com o Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT (2005), o concreto

empregado na execução de pavimentos deve apresentar a resistência característica

à tração na flexão na ordem de 4,5 MPa, sendo este o principal resultado para o

dimensionamento do pavimento. Já a resistência característica à compressão axial

deve se manter em torno de 35 MPa para pavimentos rígidos de concreto simples.

Page 33: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

32

2.2.2.5 Durabilidade

A durabilidade do pavimento de concreto permeável refere-se à vida útil sob

determinadas condições ambientais. Efeitos físicos, como temperaturas extremas e

efeitos químicos, como ataques de sulfatos e ácidos, influenciam negativamente a

durabilidade do concreto (ACI, 2006).

Com relação à durabilidade dos pavimentos de concreto permeável, Tennis et

al. (2004) exemplifica alguns dos fatores que podem reduzir a durabilidade do

pavimento, sendo eles:

Resistência ao sulfato: Produtos agressivos presentes no solo ou na água

tais como ácidos e sulfatos, são prejudiciais para o concreto permeável,

assim como para o concreto convencional. No entanto, devido à estrutura

aberta do concreto permeável, este se torna mais suscetível a ataques, os

quais ocorrem em uma área relativamente maior. Desta forma, o pavimento

pode ser usado em solos com alto teor de sulfatos, desde que possua

isolamento e a camada de base seja dimensionada adequadamente; e

Resistência à abrasão: Devido à sua estrutura aberta e a textura mais

áspera, a abrasão pode ser um problema neste tipo de pavimento. Desta

forma, é importante que seja executado um acabamento superficial antes

da abertura para o tráfego, assim como compactação e cura adequadas

durante a execução. Assim, evita-se que os agregados se soltem do

pavimento devido às cargas do tráfego.

Em geral, a manutenção do pavimento consiste em evitar que os poros fiquem

obstruídos, para isso é fundamental que sejam tomados os devidos cuidados nas

etapas de construção, evitando problemas futuros e garantindo maior durabilidade à

estrutura.

2.3 Métodos de construção de pavimentos de concreto permeável

Conforme mencionado anteriormente, o concreto permeável é composto de

Cimento Portland, agregado graúdo, pouco ou nada de agregado miúdo, água e pode

ou não possuir aditivos. O revestimento deve permitir a passagem rápida da água,

garantindo que 100% da água superficial infiltre e fique armazenada na estrutura do

Page 34: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

33

pavimento até escoar, funcionando como uma caixa de retardo (MARCHIONI E

SILVA, 2013).

A estrutura do pavimento, conforme Marchioni e Silva (2013), deve ser

dimensionada considerando-se a precipitação do local e as características do subleito,

além das condições de tráfego às quais o pavimento estará sujeito. Deve-se ter

atenção aos materiais utilizados na camada de base, onde o volume de vazios dos

agregados deve ser superior a 30%.

Com relação aos critérios de projeto, dois fatores determinam a espessura dos

pavimentos permeáveis: as propriedades hidráulicas, como permeabilidade e número

de vazios, e as propriedades mecânicas, como resistência e rigidez. O concreto da

camada superior deve ser projetado para suportar as cargas provenientes do tráfego

e ao mesmo tempo contribuir positivamente no gerenciamento das águas pluviais.

Logo, o projetista deve analisar as duas condições separadamente e determinar a

espessura do pavimento conforme a pior situação de projeto (PERVIOUS

PAVEMENT, 2011).

A estrutura típica de um pavimento permeável pode ser observada na Figura 6.

A primeira camada é composta pelo revestimento, utilizando concreto permeável, em

seguida tem-se uma camada de base apoiada no subleito, composta de agregados e

que servirá de reservatório de acumulação de água. A tubulação de drenagem pode

ser adicionada a camada de base, conforme a necessidade.

Figura 6 – Estrutura de um pavimento permeável

Fonte: Marchioni e Silva (2013)

Page 35: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

34

De acordo com a NBR 16416 (ABNT, 2015), os pavimentos permeáveis podem

ser classificados em três tipos: os pavimentos de infiltração total, onde toda a água

precipitada chega ao subleito e se infiltra; de infiltração parcial, onde parte da água

precipitada alcança o subleito e se infiltra e outra parte fica armazenada

temporariamente na estrutura, sendo depois removida pelo dreno; e sem infiltração,

onde toda a água precipitada fica temporariamente armazenada na estrutura, sem

infiltrar no subleito, sendo depois removida pelo dreno.

De acordo com Batezini (2013), os procedimentos de dosagem, controle

tecnológico em obra e produção do revestimento em concreto permeável, ainda são

realizados empiricamente, uma vez que as definições metodológicas e técnicas para

a realização dos serviços de dosagem e execução ainda estão sendo estudadas e

adaptadas.

Segundo a American Concrete Pavement Association (2006), há cinco passos

fundamentais que precisam ser seguidos na concepção de um pavimento permeável,

sendo eles:

Pré-tratamento: Em pavimentos de concreto permeável, o próprio

pavimento atua como um pré-tratamento da água para o reservatório de

acumulação;

Tratamento: O reservatório de pedra drenante abaixo da superfície do

pavimento deve ser dimensionado para atenuar fluxos de tempestade,

armazenando a água precipitada nos vazios gerados entre os agregados

graúdos na camada de base;

Transporte: A água precipitada chega ao reservatório através da superfície

do pavimento e se infiltra no subleito. É indicado que sejam utilizadas

mantas geotêxteis entre o solo e o reservatório, para evitar a exsudação do

solo. Outra forma de transportar a água acumulada no reservatório é por

meio de dispositivos de drenagem, que desviam o fluxo de água para áreas

de captação ou redes de drenagem;

Redução de manutenção: Para que o sistema funcione adequadamente é

necessário que se façam as devidas manutenções. Para isso, é

recomendado que sejam feitas periodicamente aspirações ou lavagem sob

pressão para limpeza dos poros; e

Page 36: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

35

Paisagismo: É importante que sejam tomados os devidos cuidados com

relação ao entorno do pavimento permeável, como por exemplo, evitar que

hajam materiais em zonas mais altas que possam vir a sedimentar sobre o

pavimento e causar o entupimento dos poros, fazendo com que o sistema

perca sua funcionalidade.

A seguir são apresentadas as principais fases de execução de um pavimento

permeável segundo Batezini (2013), sendo elas: preparação do subleito, mistura,

transporte, lançamento e acabamento superficial.

2.3.1 Preparação do subleito

A uniformidade do subleito é extremamente importe para a execução do

pavimento permeável. O subleito deve ser adequadamente compactado após a

remoção de irregularidades para que possa absorver os esforços gerados pelo tráfego

dos veículos. O grau de compactação sugerido por Tennis et al. (2004), varia de 90%

a 95% com relação a massa específica aparente seca teórica de laboratório.

Devido ao elevado número de vazios e baixa relação a/c do concreto permeável,

deve-se tomar cuidado para que não ocorra a perda de água prematura do pavimento.

Dessa maneira, Batezini (2013) recomenda que,

o subleito necessita estar pré-umedecido (evitando excesso de água) para que a água da superfície inferior do concreto não seja removida rapidamente de sua estrutura, prejudicando o processo de hidratação do cimento (consideração para quando o concreto for apoiado diretamente sobre o subleito). Este procedimento é considerado importante quando da execução de pavimentos convencionais, porém é ainda mais importante para o caso do concreto permeável, uma vez que este possui índice de vazios elevado, facilitando a fuga da água através de sua estrutura porosa, o que pode causar redução de sua resistência mecânica e durabilidade.

De acordo com o ACI (2006), além da uniformidade é importante que o subleito

não apresente formação de lama e nem esteja saturado para o início da concretagem.

Recomenda-se ainda, que acima do subleito seja executada uma camada de material

granular, com no mínimo 15 cm de espessura e sem a presença de material fino.

Page 37: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

36

2.3.2 Dosagem e mistura

Conforme Tennis et al. (2004), o controle dos materiais utilizados na dosagem e

a água na preparação da mistura são fundamentais para definir as propriedades do

concreto. A água deve ser adicionada em um intervalo estreito para que a resistência

e a permeabilidade sejam adequadas e não ocorra o desprendimento dos agregados

da pasta, evitando assim, a obstrução dos poros.

O nível de umidade do agregado deve ser cuidadosamente monitorado, já que

tanto a água absorvida por ele, quanto o excesso de umidade fornecido pelo

agregado, podem ser prejudiciais para a mistura. Em algumas ocasiões, pequenos

ajustes no teor de água da mistura podem ser necessários para obter a consistência

adequada. No entanto, tal alteração deve ser rigorosamente controlada, pois adições

de água no local de trabalho podem ser difíceis de controlar (PERVIOUS PAVEMENT,

2011).

Ainda de acordo com o Pervious Pavement (2011), é necessário que seja feito

um ensaio de peso unitário para garantir que os materiais estejam nas proporções

corretas. Se este estiver entre 1600 kg/m³ e 2000 kg/m³ é provável que a mistura tenha

sido feita corretamente. As proporções de agregado e cimento utilizados na mistura

devem ser estabelecidas por meio de testes e pela experiência com os materiais

disponíveis próximo ao local de aplicação.

2.3.3 Transporte

Devido à baixa quantidade de água na mistura deve-se ter cuidado especial com

relação ao transporte do concreto permeável à obra, quando este for industrializado,

devendo ser completamente descarregado em no máximo uma hora após o início do

processo de mistura, evitando assim alterações em sua consistência. Consegue-se

prolongar este tempo de transporte utilizando aditivos retardadores de pega. Outro

cuidado importante diz respeito ao tempo útil de utilização da mistura em locais que

possuam temperaturas ambientais altas e velocidade do vento elevadas, já que a

mistura pode secar precocemente (BATEZINI, 2013).

Page 38: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

37

2.3.4 Lançamento e consolidação

Assim como na construção de pavimentos convencionais de concreto, há uma

variedade de técnicas que podem ser utilizadas, as quais são desenvolvidas para se

adequarem às condições específicas do canteiro de obras (PERVIOUS PAVEMENT,

2011).

De acordo com Batezini (2013), o método mais comum para lançamento de

concreto permeável é manual, com instalação de formas laterais. Devem ser previstos

os acessos de caminhões até a pista de lançamento, uma vez que este tipo de material

não pode ser bombeado e necessita ser descarregado próximo ao local de aplicação.

Após descarregado, o material pode ser espalhado manualmente no interior das

formas.

O lançamento do concreto deve ocorrer de forma bastante rápida, já que pode

ocorrer a secagem da fina camada da pasta de cimento, resultando num efeito

negativo de perda de resistência (BROOK, 1982).

Como método de controle, todas as cargas de concreto permeável devem ser

inspecionadas visualmente para verificação de consistência e da condição de abertura

dos agregados. Para este tipo de material o ensaio de abatimento de cone,

usualmente empregado para controle tecnológico de concretos convencionais, não é

empregável, devido à baixa relação a/c do concreto permeável. (BATEZINI, 2013).

Como método de compactação podem ser utilizadas placas espaçadoras de 2,5

a 5,0 cm no topo das formas e realizar o nivelamento do concreto com régua vibratória.

Após, remove-se a placa e compacta-se a superfície com um rolo de metal leve,

conforme demonstra a Figura 7. O rolo de metal compacta a superfície até o nível das

formas, sendo recomendado que o procedimento seja realizado em até 15 minutos,

devido ao rápido endurecimento, altas taxas de evaporação e atrasos na

consolidação, que podem causar problemas no pavimento (BATEZINI, 2013;

PERVIOUS PAVEMENT, 2011; TENNIS et al., 2004).

Após todo o processo de lançamento, compactação e nivelamento do pavimento,

é necessário que sejam feitas juntas de dilatação, assim como no concreto

convencional. Entretanto, como a retração no concreto permeável é menor do que no

concreto convencional, a distância entre as juntas pode ser maior, sendo

recomendado espaçamento entre juntas de 6 metros (TENNIS et al., 2004).

Page 39: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

38

Na Figura 8 observa-se a execução da junta logo após a consolidação, utilizando

o procedimento de corte das placas, que deve ser realizado antes do início de pega.

Figura 7 – Execução de pavimento em concreto permeável com compactação por rolo metálico

Fonte: www.perviouspavement.org

Figura 8 – Execução de junta por corte das placas

Fonte: Batezini (2013). Adaptado de Youngs (2005)

Page 40: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

39

Outra maneira de executar a junta é pelo posicionamento de formas previamente

ao lançamento do concreto, sendo esta a opção preferida por evitar possíveis quebras

nas juntas que podem vir a ocorrer durante o processo de corte (BATEZINI, 2013).

O processo de cura do concreto permeável é maior do que o tempo de cura do

concreto convencional, sendo recomendado ao fim da concretagem cobrir o material

com uma lona plástica pelo período de sete dias. A lona auxilia no processo de cura

e evita que ocorra perda de água da mistura por evaporação. Após o período de sete

dias, o pavimento pode ser aberto ao tráfego (ACI, 2006; TENNIS et al., 2004).

2.3.5 Acabamento superficial

Tennis et al. (2004) afirmam que normalmente os pavimentos de concreto

permeável não possuem o mesmo acabamento superficial dado aos pavimentos de

concreto convencionais, já que tais procedimentos podem vir a fechar os poros do

concreto, fazendo-o perder sua funcionalidade.

Assim, o concreto permeável recebe o acabamento por meio de compactação,

deixando a superfície mais áspera, porém melhorando a tração e não prejudicando o

tráfego. Algumas técnicas recentes compactam o material e deixam sua superfície

mais lisa, evitando o desconfortando do usuário ao trafegar pelo pavimento.

2.4 Métodos de dosagem de pavimentos permeáveis

O processo de dosagem do concreto permeável ainda é feito de forma empírica

no Brasil, pois não há uma norma específica que recomende os parâmetros de

dosagem adequados, como ocorre com os concretos convencionais. Sabe-se que,

para o concreto possuir permeabilidade é necessário que haja uma porcentagem

adequada de vazios na mistura, permitindo a percolação da água.

Sendo assim, para que tal propriedade seja eficiente, é necessário que não haja

a presença de agregado miúdo na mistura, ou que este seja adicionado em pequenas

proporções. Entretanto, quanto maior for o índice de vazios, menor será a resistência

da mistura, resultando em um material mais frágil.

De acordo com o Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT (2005) o concreto

utilizado para pavimentação deve apresentar baixa variação volumétrica,

trabalhabilidade compatível com o equipamento que irá espalhar a mistura,

Page 41: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

40

adensamento e acabamento que garantam maior durabilidade e um consumo de

cimento maior ou igual a 320 kg/m³.

Para que tais condições sejam alcançadas, é necessário estudar

cuidadosamente o traço do concreto, levando em conta o tipo e a eficiência do

cimento, conteúdo de água, temperatura do concreto e dos materiais, tipos de aditivos

e métodos de cura, devendo ao fim do processo ser verificadas as propriedades do

concreto.

Höltz (2011) realizou um estudo com diferentes traços de concreto permeável,

onde desenvolveu estudos de resistência e permeabilidade. Primeiramente o autor

utilizou 12 traços, variando a proporção cimento/agregado e a relação a/c e usando

brita 1 e Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V – ARI) na mistura.

A maior resistência à compressão encontrada para os traços testados nesta

etapa foi de 9,05 MPa, com o traço 1:5 (cimento:agregado) e a relação a/c igual a

0,35. Para dar continuidade a sua pesquisa, Höltz (2011) decidiu verificar a influência

da adição de brita 0 e areia na mistura utilizando o traço 1:4 e relação a/c de 0,30.

Através dos resultados obtidos pelo autor em suas diferentes misturas, constata-

se que a areia favoreceu a resistência dos traços com brita 1, entretanto os traços

com brita 0 se mostraram mais resistentes devido ao melhor encaixe dos agregados.

Com relação ao tipo de vibração, o referido autor verificou a sua interferência em

três formas de compactação: sem vibrar, com uso de vibrador tipo agulha com

diâmetro de 25 mm e com mesa vibratória (10 segundos por camada). De acordo com

os resultados, o meio de compactação que se mostrou mais eficiente foi por mesa

vibratória, onde é empregado um tempo de vibração pequeno para que não haja

segregação dos materiais presentes no concreto.

Batezini (2013) realizou seu estudo com o foco voltado para a influência do

tamanho dos agregados utilizados na mistura, verificando que para uma proporção

cimento/agregado de 1:4,44 e relação a/c de 0,30, não há muita variação nos

resultados de resistência à compressão dos corpos de prova ao variar proporções de

agregados com tamanhos entre 4,8 mm e 9,5 mm.

As amostras estudadas foram compactadas conforme sugestão de Suleiman et

al. (2006), onde os autores verificaram melhoras na resistência mecânica do material

após a cura e sem comprometer a sua condutividade hidráulica. Para tal, as amostras

foram moldadas com 15 golpes de bastão metálico em cada uma das três camadas

do corpo de prova cilíndrico e posterior vibração por 10 segundos em mesa vibratória.

Page 42: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

41

Os corpos de prova prismáticos foram compactados em duas camadas iguais, com

25 golpes de bastão por camada e posterior vibração igual à utilizada para os corpos

de prova cilíndricos.

O autor verificou ainda que para o traço estudado as misturas apresentaram

boas propriedades drenantes, sugerindo que para tal traço a adição de certa

quantidade de agregado miúdo, bem como de aditivos, pode melhorar sua resistência

mecânica, mantendo a condutividade hidráulica compatível com aquelas utilizadas na

prática. Conforme descrito anteriormente, segundo o autor o recomendado seria uma

resistência média a tração entre 4,0 e 5,0 MPa para o tráfego de veículos pesados.

Rison et al (2018), também avaliou a influência da distribuição granulométrica do

agregado graúdo nas propriedades do concreto permeável, utilizando seis

granulometrias distintas de agregado, 9,5, 12,5 e 19,0 mm, contínua e descontínua.

Foram avaliadas várias propriedades e concluiu-se que com o uso da menor

granulometria foi obtida a maior resistência à compressão e flexão, para o traço 1:3,26,

devido a melhor acomodação dos grãos e menor índice de vazios na mistura.

O autor observou ainda que, com relação a granulometria, houve uma variação

significativa do índice de vazios, sendo que a contínua apresentou menores valores

que a descontínua. Já com relação à resistência à compressão e flexão, a

granulometria contínua apresentou valores superiores aos da granulometria

descontínua.

Segundo estudo realizado por Lian e Zhuge (2010), onde os autores avaliaram

a resistência à compressão e a permeabilidade para diferentes tipos de agregados e

graduações, o uso do agregado de um único tamanho favoreceu a permeabilidade. O

agregado com partículas variando entre 9,5 mm e 4,8 mm produziu um aumento da

resistência à compressão e diminuiu a permeabilidade, enquanto o agregado bem

graduado causou a diminuição da resistência à compressão axial e tração na flexão

do concreto poroso.

A utilização de outros materiais na mistura, como sílica ativa em conjunto com

superplastificantes leva a um aumento da resistência à compressão, conforme Lian e

Zhuge (2010). Isto se deve ao fato de as partículas de sílica ativa serem distribuídas

uniformemente e preencherem os capilares da pasta de cimento sem perda da

permeabilidade. Entretanto, foi verificado que para ser eficiente, a proporção de sílica

ativa deve ser de 7%, utilizada em conjunto com o superplastificante na proporção de

0,8%.

Page 43: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

42

3 METODOLOGIA

Neste capítulo é apresentada a metodologia seguida na pesquisa, indicando os

procedimentos adotados na realização do trabalho, por meio da descrição dos estudos

preliminares e definitivos, caracterização dos materiais a serem utilizados na mistura,

métodos de dosagem, moldagem dos corpos de prova e ensaios realizados.

3.1 Caracterização da pesquisa

A presente pesquisa teve o objetivo de estudar a dosagem e definir um traço de

concreto permeável de alta resistência para utilização em pavimentos com tráfego de

veículos pesados, que atendesse simultaneamente aos parâmetros de resistência e

permeabilidade exigidos na normalização brasileira. Para tanto, buscou-se

primeiramente analisar os materiais constituintes dos traços estudados, definindo as

proporções a serem utilizadas na mistura, bem como as características e propriedades

resultantes da união de tais materiais, a partir de ensaios de caracterização e de

resistência mecânica. Desta forma, a pesquisa pode ser classificada como descritiva,

de caráter quantitativo, englobando coleta de dados, análise e interpretação de

resultados e comparando-os por meio de cálculos a uma base de referência.

3.2 Materiais utilizados

Foram desenvolvidos diferentes traços de concreto permeável com o objetivo de

criar uma curva de resistência em função da compactação e permeabilidade,

buscando definir um traço que atingisse alta resistência e fosse permeável. Para a

moldagem dos corpos de prova ensaiados foram utilizados: agregado graúdo,

agregado miúdo, Cimento Portland, material pozolânico, água e aditivos.

3.2.1 Agregados

Como ensaios de caracterização foram realizadas as análises granulométricas

dos agregados miúdos e graúdos e o ensaio de massa específica dos agregados

miúdos.

Page 44: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

43

O ensaio especificado pela norma NBR NM 248 (ABNT, 2003) tem como objetivo

a determinação da curva granulométrica dos agregados graúdos e miúdos utilizados

no concreto. Tal ensaio consiste basicamente no peneiramento de uma determinada

amostra representativa seguindo os procedimentos descritos na norma.

3.2.1.1 Agregado graúdo

O agregado graúdo utilizado na dosagem do concreto permeável foi rocha

basáltica, classificada como brita 0. Conforme a NBR 7211 (ABNT, 2009), define-se

como agregado graúdo os grãos que passam pela peneira com abertura de malha de

75 mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 4,75 mm.

Para a execução do ensaio, a brita foi primeiramente seca em estufa e em

seguida foram pesadas duas amostras de material, as quais passou-se

separadamente nas peneiras de malha 25 mm a 1,18 mm. Optou-se por utilizar as

peneiras de malha 2,4 mm e 1,18 mm além das peneiras especificadas em norma, a

fim de obter-se uma curva granulométrica mais precisa. As peneiras foram encaixadas

com abertura de malhas em ordem crescente da base ao topo e em seguida agitadas

manualmente por tempo superior a 2 minutos.

Após, o material retido em cada uma das peneiras foi pesado utilizando uma

balança digital para determinação da massa do mesmo. Com os valores da massa,

obtiveram-se as porcentagens retidas em cada peneira e a curva granulométrica do

agregado.

O módulo de finura do agregado e a dimensão máxima característica foram

determinadas conforme a NBR 7211 (ABNT, 2009). O módulo de finura corresponde

a soma das porcentagens retidas acumuladas do agregado em cada uma das

peneiras da série normal, sendo esta dividida por 100, enquanto a dimensão máxima

característica corresponde a dimensão da abertura da peneira da série normal ou

intermediária na qual fica retida acumulada uma porcentagem igual ou imediatamente

inferior a 5% da massa total do agregado.

A massa específica do agregado graúdo foi obtida conforme a NBR NM 53

(ABNT, 2009) e o teor de material pulverulento pela norma NBR NM 46 (ABNT, 2003).

Page 45: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

44

3.2.1.2 Agregado miúdo

Os agregados miúdos utilizados na dosagem do concreto poroso foram a areia

natural média e a areia industrial média grossa, obtida a partir da britagem de rochas

basálticas. Conforme a NBR 7211 (ABNT, 2009), agregado miúdo é aquele cujos

grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm e ficam retidos na

peneira de malha 0,15 mm. O procedimento de ensaio segue o mesmo processo

apresentado no ensaio de agregados graúdos, porém neste ensaio utilizaram-se as

peneiras de malha 4,75 mm até 0,15 mm, já que por definição o agregado miúdo tem

partículas menores que 4,75 mm.

Após a realização do procedimento traçou-se a curva granulométrica dos dois

tipos de areia e determinou-se o módulo de finura e a dimensão máxima característica.

O ensaio de massa específica dos agregados miúdos foi realizado conforme os

procedimentos descritos na NBR NM 52 (ABNT, 2009) e o ensaio para definir o teor

de material pulverulento conforme NBR NM 46 (ABNT, 2003).

3.2.2 Cimento Portland

O cimento utilizado nos ensaios foi fornecido pela empresa Conpasul, localizada

na cidade de Santa Cruz do Sul, sendo coletado diretamente no silo de

armazenamento da empresa e transportado em tonéis plásticos devidamente

vedados, evitando a entrada de umidade. O cimento existente na empresa é do tipo

Cimento Portland Composto com Fíler (CP II F-40), da marca Itambé e os resultados

dos ensaios químicos e físicos do material foram fornecidos pela empresa que doou

o cimento para a pesquisa.

3.2.3 Material pozolânico

Na dosagem do concreto permeável foi realizada adição de material pozolânico

sendo este uma cinza mineral leve. A cinza também foi fornecida para o estudo pela

empresa Conpasul na forma a granel, coletada diretamente no silo de armazenagem

e transportada em tonéis plásticos vedados a fim de se manter a amostra em estado

seco. Os ensaios de determinação das propriedades físicas e químicas deste material

foram realizados pela própria empresa e fornecidos para o presente estudo.

Page 46: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

45

3.2.4 Água

A água utilizada para a moldagem do concreto foi proveniente da rede de

abastecimento da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC).

3.2.5 Aditivos

O aditivo utilizado durante a execução do trabalho foi o aditivo Eucon® DC 56

da empresa Viapol. Este produto, conforme o fabricante, é um aditivo híbrido

composto por policarboxilatos de altíssimo desempenho e outros componentes que

atuam proporcionando maior eficiência para produção de concreto semi-seco. Ele

auxilia na compactação e incorpora ar na mistura, melhora o acabamento das bordas

e quinas das peças, reduzindo falhas e é compatível com todos os tipos de cimento

Portland.

O Eucon® DC 56 atende aos requisitos da NBR 11768 (ABNT, 2011) e possui

algumas vantagens, como:

Maior facilidade de extrusão e moldagem;

Aumenta a coesão do concreto, reduzindo “desmoronamentos” dos

alvéolos;

Altíssima resistência mecânica inicial e alta resistência mecânica final;

Baixa manutenção de trabalhabilidade (tempo de pega acelerado);

Alta redução da água de amassamento;

Redução do potencial de retração e a formação de fissuras;

Aumento da durabilidade das peças concretadas; e

Aumento da vida útil.

3.3 Dosagem

3.3.1 Estudo preliminar – comparativo de permeabilidade

O processo de dosagem ocorreu em duas etapas, o estudo preliminar consistiu

na elaboração de seis traços de concreto permeável, variando as proporções de

agregado miúdo na mistura. Nesta etapa, o foco foi realizar um comparativo de

Page 47: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

46

permeabilidade do material em função das adições de agregado miúdo e correlacionar

com a resistência mecânica, a fim de definir qual dos traços possuía melhores

características mecânicas em conjunto com a porosidade.

No primeiro traço 100% do agregado utilizado no concreto foi o graúdo, sendo

este apenas a brita 0. A partir deste, aumentou-se a proporção de agregado miúdo,

sendo eles a areia natural média e a areia industrial média grossa. A proporção de

agregado miúdo utilizada nos traços seguintes foi de 5%, 10%, 15%, 20% e 25%, do

total de agregado utilizado no concreto, sendo tal proporção dividida entre os dois

tipos de areia.

Foi mantido nos traços um teor de aglomerantes, ou seja, cimento e material

pozolânico, de 425 kg/m³, sendo que o aditivo foi dosado em 0,3% sobre a massa de

aglomerantes. Os seis traços utilizados nesta etapa encontram-se na Tabela 5.

Tabela 5 – Traços utilizados no estudo comparativo de permeabilidade

Fonte: Autor (2019).

Houveram variações no fator a/c conforme o traço, tendo este se mantido entre

0,35 e 0,43. Iniciou-se a moldagem com o fator a/c igual 0,30, porém constatou-se a

necessidade de a água ser ajustada a fim de alcançar a consistência ideal da mistura,

conforme demostra a Figura 9. A verificação da trabalhabilidade pelo ensaio de

abatimento de tronco de cone, slump-test não se aplica para este tipo de concreto.

3.3.2 Estudo definitivo – comparativo de resistência

Após a realização dos ensaios de caracterização apresentados posteriormente

no item 3.5 escolheu-se a composição com comportamento de permeabilidade e

resistência satisfatórios para dar continuidade aos estudos, onde o foco então, foi

TRAÇO CIMENTO POZOLANA

AREIA

INDUSTRIAL

GROSSA

AREIA

NATURAL

MÉDIA

BRITA 0 FATOR A/C

TEOR DE

ARGAMASSA

(%)

T0 0,905 0,095 - - 4,813 0,398 17,2

T5 0,905 0,095 0,118 0,118 4,513 0,350 21,5

T10 0,905 0,095 0,235 0,235 4,215 0,385 25,9

T15 0,905 0,095 0,353 0,353 3,915 0,390 30,4

T20 0,905 0,095 0,471 0,471 3,615 0,380 35,0

T25 0,905 0,095 0,588 0,588 3,318 0,430 39,6

Page 48: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

47

realizar um comparativo de resistência, variando dentro do mesmo traço apenas o

consumo de cimento.

A partir deste, foram elaborados mais quatro traços, porém nesta etapa variou-

se o teor de agregados para os aglomerantes (M), variando em busca de se criar uma

curva de dosagem, ou seja, um traço com diferentes consumos de cimento e

pozolana. Para tal, manteve-se o teor de aditivo em 0,3% sobre a massa de

aglomerantes e o teor de argamassa fixou-se em 35%, correspondente ao traço T20

do estudo preliminar, teor que se mostrou adequado na etapa de verificação da

permeabilidade.

Os quatro traços elaborados para o estudo comparativo de resistência

encontram-se na Tabela 6.

Tabela 6 – Traços utilizados no estudo comparativo de resistência

Fonte: Autor (2019).

3.4 Moldagem dos corpos de prova

O processo de mistura para a moldagem dos corpos de prova ensaiados seguiu

o utilizado por Batezini (2013) e criado por Schaefer et al. (2006). Segundo os estudos,

a ordem de mistura dos componentes altera as características do produto final, assim,

tal procedimento gera um ganho de resistência mecânica e condutividade hidráulica

ao material. O procedimento de mistura adotado foi como o apresentado a seguir:

Adicionou-se todo o agregado na betoneira com mais 5% do peso total do

cimento;

Misturou-se por 1 minuto;

Adicionou-se o restante dos materiais;

Misturou-se por 3 minutos;

Deixou-se a mistura em repouso por 3 minutos;

Misturou-se por mais 2 minutos.

TRAÇO

(1:M)CIMENTO POZOLANA

AREIA

INDUSTRIAL

GROSSA

AREIA

NATURAL

MÉDIA

BRITA 0FATOR

A/C

CONSUMO

DE CIMENTO

(kg/m³)

TEOR DE

ARGAMASSA

(%)

1:5,0 0,900 0,100 0,550 0,550 3,900 0,420 392

1:4,5 0,900 0,100 0,463 0,463 3,575 0,385 438

1:4,0 0,900 0,100 0,375 0,375 3,250 0,350 471

1:3,5 0,900 0,100 0,288 0,288 2,925 0,315 524

35,0

Page 49: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

48

O controle da mistura foi por análise tátil-visual, onde a quantidade de água ideal

foi acertada aos poucos. Iniciou-se com determinada quantidade de água estimada e

foi-se adicionando água gradualmente até que os materiais estivessem envoltos em

uma pasta de cimento brilhosa (Figura 9). A consistência ideal foi alcançada quando

ao pegar o concreto na mão, este formou uma bola, sem desmoronar nem fluir pelos

vazios, conforme recomendado por Tennis et al. (2004).

Figura 9 – Consistência ideal para a mistura de concreto permeável

Fonte: Autor (2019).

Os corpos de prova cilíndricos moldados para os ensaios de resistência à

compressão axial e resistência à tração por compressão diametral, seguiram o

estabelecido pela NBR 5738 (ABNT, 2016) no que diz respeito às dimensões das

amostras. Desta forma, para tais amostras foram utilizadas as dimensões de 100 mm

de diâmetro por 200 mm de altura, respeitando-se com isso a relação altura/diâmetro

de 2.

A compactação do concreto permeável nos moldes cilíndricos ocorreu em três

camadas, onde cada camada foi compactada com 15 golpes utilizando o soquete

Marshall. Este método para compactação e adensamento dos corpos de prova, de

acordo com a bibliografia, proporciona melhores resultados de resistência mecânica

após a cura, sem comprometer a condutividade hidráulica do material. Os corpos de

prova foram desmoldados após 24 horas e permaneceram em processo de cura

úmida por imersão em água até a idade dos ensaios.

Page 50: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

49

Na etapa de estudo preliminar, para cada um dos seis traços, foram moldados 8

corpos de prova cilíndricos, sendo 4 destes para o ensaio de resistência à compressão

axial e 4 para o ensaio de resistência à tração por compressão diametral. Já na

segunda etapa, de determinação dos traços que compõem a curva de resistência,

foram moldados 12 corpos de prova para cada um dos quatro traços, com 6

destinados a cada ensaio. Ao todo, foram moldados um total de 96 corpos de prova

cilíndricos iguais aos apresentados na Figura 10.

Figura 10 – Corpos de prova cilíndricos após a moldagem

Fonte: Autor (2019).

Os corpos de prova prismáticos utilizados para o ensaio de resistência à tração

na flexão foram moldados conforme recomendações da NBR 16416 (ABNT, 2015),

que estabelece as dimensões dos prismas de 100 mm x 100 mm x 400 mm. Foram

moldados 4 corpos de prova prismáticos para cada traço estudado, em ambas etapas

do estudo, resultando em um total de 40 corpos de prova.

O adensamento foi feito de modo a simular o adensamento previsto em campo,

buscando atingir em laboratório um índice de vazios e massa específica próximos aos

valores reais obtidos em campo. Para tal simulação, as amostras foram moldadas em

duas camadas com 25 golpes por camada, utilizando o soquete Marshall assim como

nos moldes cilíndricos.

Page 51: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

50

Nas formas os corpos de prova foram cobertos com lona plástica por 24 horas

(Figura 11) e após a desforma permaneceram em processo de cura úmida até a idade

do ensaio. A fim de simular a cura em campo, os mesmos foram embalados em filme

plástico, conforme Figura 12.

Figura 11 – Corpos de prova prismáticos após a moldagem

Fonte: Autor (2019).

Figura 12 – Corpos de prova prismáticos embalados em filme plástico

Fonte: Autor (2019).

As placas utilizadas para o ensaio de permeabilidade foram moldadas com

dimensões de 400 mm x 400 mm x 60 mm, definidas em função da espessura mínima

Page 52: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

51

prevista na NBR 16416 (ABNT, 2015). Moldou-se uma placa para cada traço ensaiado

no estudo preliminar, onde a compactação ocorreu em duas camadas, com 25 golpes

por camada utilizando o soquete Marshall, assim como nos corpos de prova moldados

para o ensaio de resistência à tração na flexão. Ao todo foram moldadas 6 placas para

o ensaio de permeabilidade.

Optou-se pela compactação da placa com o soquete, simulando a compactação

de campo feita com rolo metálico, conforme prescreve a norma americana 522R-06

(ACI, 2006) e sugere a bibliografia. As 6 placas moldadas para o ensaio de

permeabilidade encontram-se na Figura 13.

Figura 13 – Placas para ensaio de permeabilidade

Fonte: Autor (2019).

3.5 Propriedades do concreto no estado endurecido

Os ensaios realizados para verificar as propriedades dos concretos elaborados

para o presente estudo no estado endurecido foram: determinação do índice de vazios

e massa específica, ensaio de resistência à compressão axial, ensaio de resistência

à tração por compressão diametral, ensaio de resistência à tração na flexão e ensaio

de permeabilidade. Todos os ensaios descritos seguiram recomendações das normas

brasileiras e foram executados no laboratório do curso de Engenharia Civil da UNISC.

Page 53: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

52

3.5.1 Ensaio de massa específica aparente seca e índice de vazios

O índice de vazios dos corpos de prova foi determinado em laboratório a partir

da obtenção da massa seca e da massa submersa das amostras, conforme Equação

4, enquanto a massa específica aparente seca foi determinada conforme Equação 5.

𝑉𝑟 = 1 − (𝑚𝑠 − 𝑚𝑠𝑢𝑏

𝜌𝑤. 𝑣𝑜𝑙) (4)

Onde:

𝑉𝑟 = índice de vazios;

𝑚𝑠 = massa seca (kg);

𝑚𝑠𝑢𝑏 = massa submersa (kg);

𝑉𝑜𝑙 = volume da amostra (m³);

𝜌𝑤 = massa específica da água (kg/m³).

𝜌𝑠 = (𝑚𝑠

𝑚𝑠𝑎𝑡−𝑚𝑠𝑢𝑏) (5)

Onde:

𝜌𝑠 = massa específica aparente seca (kg/m³);

𝑚𝑠 = massa seca (kg);

𝑚𝑠𝑢𝑏 = massa submersa (kg);

𝑚𝑠𝑎𝑡 = massa saturada (kg);

No ensaio as amostras foram pesadas secas, saturadas e submersas para a

obtenção dos valores utilizados nos cálculos. Foi tomado o devido cuidado no

manuseio das amostras, pois os corpos de prova de concreto permeável tendem a

perder agregados facilmente de sua superfície, principalmente nas bordas. Por este

motivo, Batezini (2013) recomenda que se deve considerar a possibilidade de

dispersão dos resultados de índice de vazios e da massa específica aparente seca, já

que tais parâmetros dependem tanto do volume quando da massa de cada amostra.

O equipamento utilizado para a obtenção das massas dos corpos de prova pode

ser visto na Figura 14, onde estava sendo feita a leitura da massa submersa.

Page 54: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

53

Figura 14 – Equipamento para medição da massa seca, submersa e saturada

Fonte: Autor (2019).

3.5.2 Ensaio de resistência à compressão axial

A partir do ensaio de resistência à compressão axial obtêm-se a resistência à

compressão da amostra de concreto, mediante aplicação de uma carga axial. O

ensaio foi executado conforme a norma NBR 5739 (ABNT, 2018), que estabelece o

método pelo qual devem ser ensaiados os corpos de prova cilíndricos de concreto.

Os corpos de prova permaneceram no molde por 24 horas e após em processo

de cura úmida. Foram ensaiados 2 corpos de prova para cada traço do estudo

preliminar, nas idades de 7 e 14 dias, para os traços executados posteriormente foram

ensaiados 3 corpos de prova para cada idade, sendo elas 7 e 28 dias.

Antes da realização do ensaio as faces de aplicação de carga dos corpos de

prova foram devidamente capeadas com pasta de cimento e retificadas, com o

objetivo de regularizar a superfície de aplicação de carga. Para a execução do ensaio

o corpo de prova foi posicionado corretamente na prensa e verificaram-se as faces

dos pratos de carga e do corpo de prova, a fim de assegurar que estas se encontravam

limpas e secas antes do início do ensaio.

A Figura 15 demonstra a realização do ensaio de resistência à compressão axial,

executado em uma prensa da marca Emic modelo DL30000N com capacidade de

carga de compressão de 2000 kN.

Page 55: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

54

Figura 15 – Ensaio de resistência à compressão axial

Fonte: Autor (2019).

Posteriormente ao ensaio, pode-se calcular a tensão de ruptura a partir da

Equação 6:

𝑓𝑐 =𝐹

(𝜋. 𝐷2

4 ) (6)

Onde:

𝑓𝑐 = tensão de ruptura à compressão (MPa);

𝐹 = carga de ruptura (N);

𝐷 = diâmetro do corpo de prova (mm).

3.5.3 Ensaio de resistência à tração por compressão diametral

O ensaio de resistência à tração por compressão diametral seguiu os

procedimentos prescritos na NBR 7222 (ABNT, 2011), que estabelece os métodos de

execução do ensaio.

Page 56: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

55

Assim como para o ensaio de resistência à compressão, foram ensaiados 2

corpos de prova para cada traço do estudo preliminar, nas idades de 7 e 14 dias. Na

segunda etapa do estudo foram ensaiados 3 corpos de prova para as idades de 7 e

28 dias. Os corpos de prova permaneceram em processo de cura úmida por imersão

em água, desde o período de desmolda até a idade de ruptura.

Para o procedimento de ensaio, a norma recomenda que sejam posicionadas

chapas de madeira entre a amostra e a prensa, para uma melhor distribuição das

forças ao longo do corpo de prova, facilitando assim o posicionamento deste no

aparelho utilizado, conforme observa-se nas Figuras 16 e 17.

Após o ensaio, a resistência à tração por compressão diametral pode ser

calculada a partir da Equação 7:

𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 =2𝐹

𝜋. 𝐷. 𝐿 (7)

Onde:

𝑓𝑐𝑡,𝑠𝑝 = resistência à tração por compressão diametral (MPa);

𝐹 = carga de ruptura (N);

𝐷 = diâmetro do corpo de prova (mm);

𝐿 = altura média do corpo de prova (mm).

Figura 16 – Disposição do corpo de prova

Fonte: NBR 7222 (ABNT, 2011)

Page 57: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

56

Figura 17 – Ensaio de resistência à tração por compressão diametral

Fonte: Autor (2019).

3.5.4 Ensaio de resistência à tração na flexão

Ao considerar o concreto permeável como sendo utilizado para pavimentação, o

ensaio de resistência à tração na flexão torna-se indispensável, uma vez que a NBR

16416 (ABNT, 2015) estabelece valores mínimos de resistência para utilização do

material.

Desta forma, foram ensaiados 2 corpos de prova para cada traço elaborado no

estudo e seus resultados correlacionados com os resultados obtidos para o índice de

vazios do concreto. Os corpos de prova do estudo preliminar foram ensaiados após 7

e 14 dias em processo de cura úmida e os corpos de prova executados posteriormente

foram ensaiados aos 7 e 28 dias.

Como sugere a NBR 16416 (ABNT, 2015), o ensaio de resistência à tração na

flexão deve seguir o prescrito na NBR 12142 (ABNT, 2010). O ensaio consiste em um

corpo de prova de seção prismática submetido à flexão, com carregamento em duas

seções simétricas, até a ruptura. Para o procedimento, coloca-se o corpo de prova

com seu lado maior paralelo ao seu eixo longitudinal, centralizado sobre os apoios,

sendo que as faces laterais com relação à posição de moldagem devem ficar em

Page 58: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

57

contato com os elementos de aplicação de força e os apoios, conforme Figuras 18 e

19.

Figura 18 – Posicionamento do corpo de prova no equipamento

Fonte: NBR 12142 (ABNT, 2010)

Figura 19 – Ensaio de resistência à tração na flexão

Fonte: Autor (2019).

Page 59: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

58

Após a realização do ensaio, mediu-se o corpo de prova em sua seção de ruptura

para determinação da largura e altura médias, com precisão de 1 mm. Estas medidas

foram o resultado da média de três determinações. Com tais valores, pode-se calcular

a resistência à tração na flexão pela Equação 8.

𝑓𝑐𝑡,𝑓 =𝐹 . 𝑙

𝑏 . 𝑑² (8)

Onde:

𝑓𝑐𝑡,𝑓 = resistência à tração na flexão (MPa);

𝐹 = carga de ruptura (N);

𝑑 = altura média do corpo de prova (mm);

𝑙 = dimensão do vão entre apoios (mm);

𝑏 = largura média do corpo de prova (mm).

3.5.5 Ensaio de permeabilidade

Após a moldagem das placas, estas foram cobertas com lona plástica, em

temperatura ambiente. Após 24h elas puderam ser desmoldadas e permaneceram em

processo de cura úmida por 14 dias.

O ensaio de permeabilidade seguiu o procedimento prescrito na NBR 16416

(ABNT, 2015). O método utiliza um cilindro com diâmetro de 30 cm que deve ser

posicionado na superfície do pavimento permeável. As laterais do cilindro foram

fechadas com massa de calafetar para evitar a perda de água.

O ensaio consistiu em molhar a placa previamente com 3,6 kg ± 0,05 kg de água,

caso o tempo de molhagem fosse inferior a 30 segundos, utilizava-se 18 kg ± 0,05 kg

de água no ensaio, ou então, 3,6 kg ± 0,05 kg de água se o tempo fosse superior a 30

segundos.

O volume de água de pré-molhagem despejado no interior do anel de infiltração

permaneceu com velocidade suficiente para manter o nível da água entre as duas

marcações feitas no anel, 10 mm e 15 mm. Marcou-se o intervalo de tempo acionando

o cronômetro assim que a água atingiu a superfície do pavimento permeável e parou-

se o cronômetro quando não havia mais água na superfície do mesmo, registrando o

tempo com precisão de 0,1 segundos.

Page 60: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

59

Utilizou-se 18 kg de água para as seis placas, pois em todas o tempo de

molhagem foi inferior aos 30 segundos indicados na norma.

Após definido o tempo de pré-molhagem e o volume de água a ser utilizado, o

ensaio iniciou em até 2 minutos, repetindo-se o procedimento anterior, conforme

demonstrado na Figura 20.

Figura 20 – Esquema para medição do coeficiente de permeabilidade

Fonte: Marchioni e Silva (2013)

Page 61: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

60

A Figura 21 demostra as placas utilizadas para o ensaio com os cilindros

posicionados e perfeitamente vedados, antes da execução do ensaio.

Figura 21 – Placas e cilindros posicionados para o ensaio de permeabilidade

Fonte: Autor (2019).

Após o ensaio pode-se obter o coeficiente de permeabilidade (k) a partir da

Equação 9.

𝑘 =𝐶 . 𝑚

(𝑑2. 𝑡) (9)

Onde:

𝑘 = coeficiente de permeabilidade (mm/h);

𝑚 = massa de água infiltrada (kg);

𝑑 = diâmetro interno do cilindro de infiltração (mm);

𝑡 = tempo necessário para toda a água percolar (s);

𝑐 = fator de conversão de unidades do Sistema Internacional, com valor igual a

4.583.666.000

Page 62: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

61

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir são apresentados todos os resultados dos ensaios de caracterização

dos materiais empregados na composição do traço dos concretos permeáveis

estudados e os resultados dos ensaios de caracterização dos concretos resultantes

do procedimento de dosagem do estudo preliminar e do estudo definitivo.

4.1 Caracterização dos materiais constituintes do concreto

4.1.1 Brita 0

Com o ensaio de granulometria foi possível traçar a curva granulométrica

indicada na Figura 22. Observou-se que a concentração dos grãos ficou muito próxima

da zona de classificação da brita 0, predominando a granulometria entre 9,50 mm e

4,75 mm. O módulo de finura obtido foi igual a 5,56% e a dimensão máxima

característica foi igual a 9,50 mm.

A massa específica obtida para a brita 0 foi de 2,50 g/cm³ e o teor de material

pulverulento foi de 0,9%.

Figura 22 – Curva granulométrica da brita 0

Fonte: Autor (2019).

Page 63: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

62

4.1.2 Areia natural

A partir do ensaio de granulometria traçou-se a curva para a areia natural, que

pode ser classificada como areia natural média (Figura 23), ficando na zona dos limites

utilizáveis, conforme Tabela 7, apresentada pela NBR 7211 (ABNT, 2009) e podendo

então ser utilizada na dosagem do concreto. O módulo de finura obtido foi de 2,17%,

a dimensão máxima característica foi de 4,75 mm, a massa específica encontrada

com o ensaio foi de 2,63 g/cm³ e o teor de material pulverulento foi de 1,3%.

Figura 23 – Curva granulométrica da areia natural

Fonte: Autor (2019).

Tabela 7 – Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo

Fonte: NBR 7211 (ABNT, 2009)

Page 64: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

63

4.1.3 Areia industrial

A partir do ensaio de granulometria traçou-se a curva para a areia industrial, que

pode ser classificada como areia industrial média grossa (Figura 24), permanecendo

na zona utilizável, conforme Tabela 7. O módulo de finura obtido foi de 2,49%, a

dimensão máxima característica foi de 4,75 mm, a massa específica encontrada com

o ensaio foi de 2,79 g/cm³ e o teor de material pulverulento foi de 12,9%.

Figura 24 – Curva granulométrica da areia industrial

Fonte: Autor (2019).

4.1.4 Cimento Portland

Os resultados de ensaio do cimento utilizado na dosagem dos corpos de prova

foram realizados pelo fabricante do material e fornecidos pela empresa que o doou,

estes são referentes ao mês de março do ano de 2019 e encontram-se nas Figuras

25 e 26. A Figura 25 apresenta os resultados dos ensaios químicos do cimento,

enquanto a Figura 26 apresenta os resultados dos ensaios físicos.

Page 65: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

64

Figura 25 – Resultados dos ensaios químicos do cimento

Fonte: Itambé (2019).

Figura 26 – Resultados dos ensaios físicos do cimento

Fonte: Itambé (2019).

4.1.5 Material pozolânico

Os resultados dos ensaios de propriedade químicas e físicas da cinza mineral

leve foram fornecidas pela empresa que doou o material e encontram-se nas Tabelas

8 e 9, respectivamente.

Page 66: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

65

Tabela 8 – Propriedades químicas da cinza mineral leve

Fonte: Autor (2019). Adaptado dos dados fornecidos pela Conpasul.

Tabela 9 – Propriedades físicas da cinza mineral leve

Fonte: Autor (2019). Adaptado dos dados fornecidos pela Conpasul.

4.2 Caracterização do concreto moldado no estudo preliminar

A seguir são apresentados e discutidos os resultados obtidos com os ensaios de

caracterização do concreto no estado endurecido para os seis traços executados no

estudo preliminar. Nesta etapa realizaram-se os ensaios de determinação de índice

de vazios e massa específica, ensaio de permeabilidade, ensaio de resistência à

compressão axial, ensaio de resistência à tração por compressão diametral e ensaio

de resistência à tração na flexão.

4.2.1 Massa específica aparente seca e índice de vazios

Os resultados para a massa específica aparente seca dos corpos de prova

moldados se mantiveram em uma média de aproximadamente 2200 kg/m³, ficando

acima do usual citado na bibliografia. O procedimento de compactação com o soquete

%

59,93

27,77

4,28

3,00

1,16

0,50

<0,03

0,17

1,02

0,34

DETERMINAÇÃO

Óxido de silício (SiO2)

Óxido de alumínio (Al2O3)

Óxido de cálcio (CaO)

Óxido de fósforo (P2O5)

Óxido de ferro (Fe2O3)

Óxido de potássio (K2O)

Óxido de magnésio(MgO)

Óxido de sódio(Na2O)

Óxido de titânio (TiO2)

Óxido de enxofre (SO3)

2,25 g/cm³

5260 cm²/g

8,28 MPa

1,80%

Índice de pozolanicidade com Cal

Perda ao fogo

PROPRIEDADES FÍSICAS

Massa específica

Superfície específica "Blaine"

Page 67: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

66

Marshall confere maior adensamento, portanto está diretamente ligado ao aumento

de densidade do material.

Com os resultados de índice de vazios apresentados na Figura 27 é possível

concluir que o traço que apresentou o maior índice de vazios é o que corresponde à

adição de 5% de agregado miúdo (traço T5), mostrando que a adição nessa proporção

favoreceu a ligação e acomodou os materiais de forma a proporcionar um aumento

de vazios quando comparado ao traço que possui somente agregados graúdos.

Do traço T10 ao traço T25 houve redução do número de vazios quando

comparado aos dois primeiros, comprovando o apresentado na bibliografia e

mostrando que ao aumentar a proporção de agregados miúdos da mistura, reduz-se

a quantidade de vazios no concreto, diminuído assim a sua porosidade.

Figura 27 – Resultados obtidos para o índice de vazios

Fonte: Autor (2019).

Conforme a bibliografia, o concreto para ser considerado permeável precisa

apresentar um índice de vazios acima de 0,15, deste modo, os traços T10 e T25 não

seriam considerados permeáveis por este critério, enquanto os demais se mantiveram

acima do valor limite.

Tanto o índice de vazios quanto a massa específica aparente seca do concreto,

podem variar conforme os tipos de materiais utilizados na mistura e o procedimento

empregado para compactação e adensamento. Dessa forma, o baixo índice de vazios

Page 68: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

67

obtido para o traço T10 pode estar relacionado principalmente ao procedimento de

compactação na moldagem dos corpos de prova e não diretamente à adição de 10%

de agregado miúdo.

4.2.2 Permeabilidade

Os resultados obtidos no ensaio de permeabilidade das placas para os traços

estudos no trabalho, encontram-se na Tabela 10 e na Figura 28, onde estão

apresentados o tempo necessário para a água infiltrar totalmente no pavimento e os

respectivos coeficientes de permeabilidade (k), em mm/h e em cm/s.

Tabela 10 – Resultados obtidos no ensaio de permeabilidade

Fonte: Autor (2019).

Figura 28 – Gráfico de resultados obtidos para o coeficiente de permeabilidade, em cm/s

Fonte: Autor (2019).

TRAÇO ÁGUA (kg) TEMPO DE MOLHAGEM (s) k (mm/h) k(cm/s)

T0 18 36,5 25109 0,70

T5 18 28,0 32740 0,91

T10 18 70,7 12959 0,36

T15 18 44,7 20513 0,57

T20 18 84,8 10812 0,30

T25 18 161,7 5670 0,16

Page 69: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

68

Para a análise do coeficiente de permeabilidade realizou-se um comparativo

entre o valor mínimo estabelecido em norma para que o pavimento seja considerado

permeável e os valores resultantes do ensaio realizado.

A partir dos resultados de coeficiente de permeabilidade verificou-se que todos

ficaram acima do limite estabelecido pela NBR 16416 (ABNT,2015), que é de 0,1 cm/s.

Desta forma, pelos critérios da norma os seis traços apresentaram resultados

satisfatórios para utilização como pavimentos permeáveis.

Analisando individualmente cada traço, verificou-se que a adição de 5% de

agregado miúdo favoreceu a permeabilidade em relação ao traço composto apenas

por agregado graúdo, proporcionando uma melhor interface entre os agregados e a

pasta de cimento na placa moldada, enquanto a adição de 10% (traço T10) diminuiu

consideravelmente a permeabilidade em relação ao traço T5. Tais relações ocorreram

também na análise do índice de vazios, provando assim que a permeabilidade está

diretamente relacionada aos vazios existentes no material, conforme demostra a

Figura 29.

Os traços T20 e T25, com adição de 20% e 25% de agregado miúdo,

respectivamente, foram os traços que apresentaram as menores permeabilidades

com relação aos demais, mas ainda assim, foram considerados permeáveis pelos

critérios da norma.

Figura 29 – Relação entre coeficiente de permeabilidade e índice de vazios

Fonte: Autor (2019).

Page 70: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

69

4.2.3 Resistência à compressão axial

Os ensaios de resistência à compressão axial foram feitos em 7 e 14 dias após

a moldagem dos corpos de prova. Optou-se por romper os corpos de prova com 14

dias, pois devido ao tipo de cimento utilizado, CP ll F-40, já se conseguiria ter uma

previsão de qual das misturas apresentaria os melhores resultados aos 28 dias.

Os resultados do ensaio de resistência à compressão axial para os seis primeiros

traços estudos no trabalho, rompidos aos 14 dias encontram-se na Tabela 11, extraída

do Anexo A, onde constam todos os resultados do estudo, e na Figura 30.

Tabela 11 – Resultados do ensaio de resistência à compressão axial, em MPa

Fonte: Autor (2019).

Figura 30 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à compressão axial, em MPa

Fonte: Autor (2019).

TRAÇO 14 DIAS

T0 20,2

T5 11,4

T10 21,5

T15 21,3

T20 32,9

T25 25,0

Page 71: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

70

Analisando os resultados percebe-se que a adição do agregado miúdo resultou

em um aumento da resistência à compressão do concreto. O traço que apresentou a

maior permeabilidade (traço T5) também apresentou a menor resistência à

compressão, o que confirma o citado anteriormente na bibliografia, de que quanto

maior o número de vazios, menor a resistência mecânica.

O traço que apresentou a melhor resistência à compressão foi o traço T20,

atingindo 32,9 MPa em 14 dias e chegando próximo ao valor de 35 MPa recomendado

como resistência mínima para pavimentos rígidos de concreto simples que receberão

tráfego de veículos pesados.

Na Figura 31 correlacionou-se os resultados do ensaio de resistência à

compressão axial com os resultados de índice de vazios, chegando-se a conclusão

de que quanto maior o índice de vazios, menor é a resistência à compressão axial.

Figura 31 – Resistência à compressão axial X Índice de vazios

Fonte: Autor (2019).

Nota-se que o traço T20 não se comporta como os demais, nesse caso há a

possibilidade de a compactação ter resultado em um arranjo dos aglomerantes e

agregados que favoreceu o crescimento da resistência, apesar do índice de vazios

elevado.

Page 72: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

71

4.2.4 Resistência à tração por compressão diametral

Os ensaios de resistência à tração por compressão diametral também foram

realizados em 7 e 14 dias após a moldagem dos corpos de prova. Os resultados

obtidos no ensaio aos 14 dias, para os seis primeiros traços estudos no trabalho,

encontram-se na Tabela 12, extraída do Anexo A, e na Figura 32.

Tabela 12 – Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral, em MPa

Fonte: Autor (2019).

Figura 32 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral, em

MPa

Fonte: Autor (2019).

Os corpos de prova rompidos no ensaio de resistência à tração por compressão

diametral se comportaram da mesma forma que os rompidos na compressão axial,

TRAÇO 14 DIAS

T0 2,45

T5 1,89

T10 1,07

T15 2,11

T20 2,83

T25 1,89

Page 73: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

72

com exceção do traço T10, que teve uma resistência inferior ao traço T5. Esta baixa

resistência pode estar relacionada com alguma falha no processo de moldagem ou de

compactação deste corpo de prova em especial. A Figura 33 demonstra a relação

entre o índice de vazios e a resistência à tração por compressão diametral obtida com

os ensaios, mostrando que com exceção do traço T10, os demais seguem o mesmo

comportamento observado na Figura 31.

Figura 33 – Resistência à tração por compressão diametral X Índice de vazios

Fonte: Autor (2019).

4.2.5 Resistência à tração na flexão

Os corpos de prova prismáticos ensaiados para definição da resistência à tração

na flexão também foram rompidos com 7 e 14 dias após a data de moldagem. Os

resultados obtidos no ensaio para os seis primeiros traços estudos no trabalho,

encontram-se na Tabela 13, extraída do Anexo A, e na Figura 34.

Para a resistência à tração na flexão o menor resultado foi para o traço T5, de

maior permeabilidade, enquanto a melhor resistência obtida foi para o traço T25, com

a maior proporção de agregado miúdo e a menor permeabilidade. Por este ensaio

pode-se perceber que com relação à flexão, a resistência ficou superior ao traço sem

agregados miúdos apenas para os traços T20 e T25.

Page 74: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

73

Tabela 13 – Resultados obtidos no ensaio de resistência à tração na flexão, em MPa

Fonte: Autor (2019).

Figura 34 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração na flexão, em MPa

Fonte: Autor (2019).

A NBR 16416 (ABNT,2015) estabelece a resistência mínima à tração na flexão

como 2,0 MPa para utilização do pavimento permeável em áreas com tráfego de

veículos leves, mas não normatiza quanto ao tráfego de veículos pesados. Assim,

levou-se em consideração os parâmetros do Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT

(2005), que estabelece a resistência de 4,5 MPa para utilização do material em áreas

com tráfego de veículos pesados.

Neste caso, todos os traços poderiam ser usados para pavimentação em áreas

de tráfego de veículos leves, porém somente o traço T25 mostrou-se com resistência

satisfatória para utilização como pavimento em áreas de tráfego pesado aos 14 dias,

ficando acima dos 4,5 MPa.

TRAÇO 14 DIAS

T0 2,84

T5 2,28

T10 2,53

T15 2,64

T20 3,39

T25 4,64

Page 75: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

74

A Figura 35 demonstra a relação entre o índice de vazios e a resistência à tração

na flexão obtida com os ensaios.

Figura 35 – Resistência à tração na flexão X Índice de vazios

Fonte: Autor (2019).

4.3 Caracterização do concreto moldado no estudo definitivo

A seguir são apresentados e discutidos os resultados dos ensaios de

caracterização do concreto no estado endurecido para os quatro traços executados

no estudo definitivo. Nesta etapa escolheu-se a composição com comportamento de

permeabilidade e resistência satisfatórios para dar continuidade aos estudos,

realizando um comparativo de resistência a partir da variação apenas do consumo de

cimento dentro do mesmo traço.

O traço escolhido para dar continuidade na pesquisa foi o traço T20,

correspondente à adição de 20% de agregado miúdo, por apresentar a melhor

resistência à compressão axial com 14 dias, atingindo próximo ao mínimo necessário

para utilização em pavimentos com alto tráfego. Além disso, este traço resultou em

um índice de vazios de 0,18, permanecendo acima do limite de 0,15 citado na

bibliografia e coeficiente de permeabilidade igual a 0,30 cm/s, ficando três vezes

acima do mínimo estabelecido pela NBR 16416 (ABNT,2015).

Page 76: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

75

Nesta etapa realizaram-se apenas os ensaios de resistência mecânica, sendo

eles: ensaio de resistência à compressão axial, ensaio de resistência à tração por

compressão diametral e ensaio de resistência à tração na flexão. Não foram

realizados os ensaios de índice de vazios, massa específica aparente seca e

permeabilidade, pois as variações de consumo de cimento foram feitas dentro do

mesmo traço, partindo do princípio de que tais parâmetros não iriam mudar

drasticamente por conta da variação no consumo de cimento.

4.3.1 Resistência à compressão axial

Os ensaios para determinação da resistência à compressão axial ocorreram

após 7 e 28 dias da moldagem dos corpos de prova e encontram-se na Tabela 14,

extraída do Anexo A, e na Figura 36.

Tabela 14 – Resultados do ensaio de resistência à compressão axial do estudo definitivo, em MPa

Fonte: Autor (2019).

Figura 36 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à compressão axial do estudo definitivo,

em MPa

Fonte: Autor (2019).

TRAÇO 7 DIAS 28 DIAS

1:5,0 36,5 39,4

1:4,5 43,6 45,0

1:4,0 32,7 40,7

1:3,5 42,4 57,1

Page 77: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

76

Observa-se que para os quatro traços moldados no estudo definitivo a

resistência à compressão axial atingiu valores superiores aos 35 MPa recomendados

para pavimentos com alto tráfego. Logo, conclui-se que com relação à resistência à

compressão axial os quatro traços podem ser utilizados como pavimento rígido em

áreas de circulação de veículos pesados, tanto em vias de tráfego, quanto em

estacionamentos.

O traço 1:5,0 com o consumo de cimento de 392 kg/m³ foi o que apresentou a

menor resistência atingindo 39,4 MPa enquanto a maior resistência alcançada foi a

do traço 1:3,5, com consumo de cimento de 524kg/m³. Mostrando que ao aumentar o

consumo de cimento consequentemente aumenta a resistência à compressão axial

do material. Conclui-se ainda que com o menor consumo de cimento já é possível

alcançar uma resistência satisfatória para o uso desejado.

4.3.2 Resistência à tração por compressão diametral

Os ensaios para determinação da resistência à tração por compressão diametral

ocorreram após 7 e 28 dias da moldagem dos corpos de prova e encontram-se na

Tabela 15, extraída do Anexo A, e na Figura 37.

Os resultados demostram um aumento na resistência do traço com o menor

consumo de cimento (1:5,0), ao traço com o maior consumo de cimento (1:3,5), sendo

o maior resultado alcançado neste ensaio de 4,53 MPa. O material se comportou de

forma similar aos resultados do ensaio de resistência à compressão axial,

aumentando a resistência mecânica conforme o aumento do consumo de cimento.

Tabela 15 – Resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral do estudo

definitivo, em MPa

Fonte: Autor (2019).

TRAÇO 7 DIAS 28 DIAS

1:5,0 3,71 3,86

1:4,5 3,22 4,32

1:4,0 3,42 4,45

1:3,5 3,55 4,53

Page 78: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

77

Figura 37 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração por compressão diametral do

estudo definitivo, em MPa

Fonte: Autor (2019).

4.3.3 Resistência à tração na flexão

Assim como os demais ensaios, os corpos de prova utilizados no ensaio de

resistência à tração na flexão foram rompidos com 7 e 28 dias e seus resultados

encontram-se na Tabela 16, extraída do Anexo A, e na Figura 38.

Tabela 16 – Resultados do ensaio de resistência à tração na flexão do estudo definitivo, em MPa

Fonte: Autor (2019).

TRAÇO 7 DIAS 28 DIAS

1:5,0 4,40 5,18

1:4,5 4,72 4,79

1:4,0 3,56 5,06

1:3,5 4,17 4,28

Page 79: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

78

Figura 38 – Gráfico de resultados do ensaio de resistência à tração na flexão do estudo definitivo,

em MPa

Fonte: Autor (2019).

Nos resultados de resistência à tração na flexão observou-se um comportamento

diferente do concreto. O melhor resultado foi correspondente ao traço 1:5,0, que

apresentou a menor resistência à compressão axial e à tração por compressão

diametral, enquanto o menor resultado de 4,28 MPa, foi do traço que apresentou as

melhores resistências nos ensaios anteriores. Estas variações podem ser explicadas

pelo processo de compactação dos corpos de prova, uma vez que os corpos de prova

cilíndricos e prismáticos são compactados com números de golpes e camadas

diferentes.

O mínimo de resistência de acordo com o Manual de Pavimentos Rígidos do

DNIT (2005), de 4,5 MPa, foi atingido apenas pelos traços 1:5,0, 1:4,5 e 1:4,0.

Entretanto, chegou-se em traços que podem ser utilizados tanto em estacionamentos

de carga pesada, onde o recomendado é 3,2 MPa, quanto em áreas com grande

tráfego de veículos pesados, onde o exigido é de 4,5 MPa a 5,0 MPa.

Os resultados mostram que o concreto permeável correspondente aos traços

citados acima pode ser usado como revestimento em áreas de tráfego pesado, pois

se manteve acima dos parâmetros mínimos estabelecidos em norma para

dimensionamento de pavimentos rígidos de concreto simples, sendo este o principal

parâmetro levado em conta no dimensionamento.

Page 80: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

79

5 CONCLUSÕES

5.1 Conclusão do trabalho

A partir do estudo realizado para definição de um procedimento de dosagem de

concreto permeável para uso em pavimentação de vias com tráfego de veículos

pesados verificou-se que quanto à resistência mecânica e à permeabilidade, o

concreto correspondente aos traços 1:5,0, 1:4,5 e 1:4,0 do estudo definitivo, superou

os valores mínimos exigidos na normalização brasileira, mostrando que o

procedimento é válido. Porém, por se tratar de um pavimento moldado in loco devem

ser tomados os devidos cuidados durante a sua execução, seguindo as normas

vigentes e garantindo a compactação adequada, para que assim mantenha sua

função de resistir às solicitações e permitir a infiltração de água.

Com relação ao estudo preliminar, pode-se concluir que a adição de agregado

miúdo em até 25% do teor de agregados na mistura reduz o número de vazios

existentes no material, porém não compromete a permeabilidade do pavimento. Pela

NBR 16416 (ABNT,2015) todos os traços do estudo preliminar foram considerados

permeáveis, apresentando um coeficiente de permeabilidade maior que 0,1 cm/s,

estabelecido na norma. Concluiu-se ainda que a adição de agregado miúdo ao traço,

proporciona um ganho de resistência mecânica devido ao preenchimento dos espaços

entre os agregados graúdos e a pasta de cimento, melhorando a ligação entre os

agregados.

O traço que se mostrou mais satisfatório com relação à resistência mecânica e

permeabilidade no estudo preliminar, onde houve a variação somente no teor de

agregados miúdos, foi correspondente à adição de 20% (traço T20). Nesta etapa, o

coeficiente de permeabilidade se manteve três vezes superior ao mínimo de norma,

enquanto a resistência à compressão axial aos 14 dias apresentou resultado próximo

aos 35 MPa, recomendados para pavimentos rígidos. Aos 14 dias, apenas a

resistência à tração na flexão não se mostrou suficiente para utilização em áreas de

tráfego de veículos pesados, não atingindo o resultado de 4,5 MPa recomendados

pelo Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT (2005).

Quanto aos traços moldados no estudo definitivo, onde se variou apenas o

consumo de cimento para o traço T20, que se mostrou o mais satisfatório para

continuar o estudo, é possível concluir que quanto aos parâmetros de resistência,

Page 81: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

80

todos apresentaram resistência à compressão axial superiores ao mínimo de norma,

variando de 39,4 MPa para o menor consumo de cimento, até 57,1 MPa, para o maior

consumo de cimento. Com relação à resistência à tração na flexão, apenas o traço

1:3,5 não atingiu o mínimo de norma, enquanto os demais apresentaram resultados

superiores, entre 4,79 MPa e 5,18 MPa.

Como esperado, o aumento do consumo de cimento no traço proporcionou

ganhos significativos na resistência mecânica do material. Logo, conclui-se que o

procedimento de dosagem estudado é válido e os traços 1:5,0, 1:4,5 e 1:4,0 podem

ser utilizados para pavimentação tanto de estacionamentos, quanto de vias com

tráfego de veículos pesados, pois estes alcançaram resultados de resistência

mecânica superiores aos estabelecidos em norma e foram considerados aptos para

utilização como pavimentos permeáveis.

5.2 Sugestões para trabalhos futuros

O presente trabalho foi limitado a definição de um procedimento de dosagem de

concreto permeável utilizando como agregado graúdo somente brita 0 e variações na

proporção de agregado miúdo até o limite de 25% e, posteriormente, variando o

consumo de cimento.

Para trabalhos futuros sugere-se:

Utilizar diferentes proporções de agregado graúdo na dosagem, por

exemplo brita 0 e brita 1;

Adicionar materiais que possam melhorar a resistência à tração na flexão,

como por exemplo as fibras.

Comparar métodos de compactação, como soquete Marshall,

compactação com mesa vibratória e compactação por rolo metálico;

Realizar ensaios de módulo de elasticidade do concreto;

Avaliar o comportamento do concreto permeável quanto à fadiga;

Construção de uma pista experimental, para estudo das propriedades

mecânicas, hidráulicas e durabilidade do material quando submetido à

carregamentos reais; e

Dimensionar um pavimento rígido de concreto permeável utilizando o

método mecanístico-empírico.

Page 82: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

81

REFERÊNCIAS

ACIOLI, Laura Albuquerque. Estudo experimental de pavimentos permeáveis para o controle do escoamento superficial na fonte. 2005. 145 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Mestrado em Engenharia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. AMERICAN CONCRETE INSTITUTE Committee 522, Specification for Pervious Concrete, 522.1-08, American Concrete Institute, Farmington Hills, Michigan, 7p., 2008. ______. Committee 522, Pervious Concrete, 522R-06, American Concrete Institute, Farmington Hills, Michigan, 25p., 2006.

AMERICAN CONCRETE PAVEMENT ASSOCIATION. Stormwater management with pervious concrete pavement. Concrete Information, Skokis, 2006. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2018. ______. NBR 5738: Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpo de prova. Rio de Janeiro, 2016. ______. NBR 16416 Pavimentos permeáveis de concreto – Requisitos e procedimentos. Rio de Janeiro, 2015. ______. NBR 7222: Concreto e argamassa – Determinação da resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2011. ______. NBR 11768: Aditivos químicos para concreto de cimento Portland – Requisitos. Rio de Janeiro, 2011. ______. NBR 12142: Concreto – Determinação da resistência à tração na flexão de corpos de prova prismáticos. Rio de Janeiro, 2010. ______. NBR 7211: Agregados para concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 2009. ______. NBR NM 52: Agregado miúdo - Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2009. ______. NBR NM 53: Agregado graúdo - Determinação da massa específica, massa específica aparente e absorção de água. Rio de Janeiro, 2009. ______. NBR NM 248: Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR NM 46: Agregados - Determinação do material fino que passa através da peneira 75 um, por lavagem. Rio de Janeiro, 2003.

Page 83: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

82

BATEZINI, Rafael. Estudo preliminar de concretos permeáveis como revestimento de pavimentos para área de veículos leves. 2013. 133 f. Dissertação. (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

BEELDENS, A. Behaviour of Porous PCC Under Freeze Thaw Cycling. Tenth International Congress on Polymers in Concrete, Honolulu, Hawaii, 2001. BRASIL. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento e Pesquisa. Coordenação geral de estudos e pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Manual de pavimentos rígidos. 2 ed. – Rio de Janeiro, 2005. 234 p. BROOK, K.M. No-fines concrete. London, 1982. 27 p. Concreto Permeable. Disponível em: <https://www.archdaily.co/catalog/co/products/8344/concreto-permeable-argos>Acesso em: 26 set. 2018 Enchentes e alagamentos da cidade de Belém (A estratégia da padaria). Disponível em: <http://azevedoambiental.com.br/enchentes-e-alagamentos-da-cidade-de-belem-a-estrategia-da-padaria/> Acesso em: 15 set. 2018

FERGUSON, Bruce. K., Porous pavements. Integrative Studies in Water Management and Land Development, Florida, 2005.

HÖLTZ, Fabiano da Costa. Uso de concreto permeável na drenagem urbana: análise da viabilidade técnica e do impacto ambiental. 2011. 139 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

HUANG, B. WU, H. SHU, X. BURDETTE E.G. Laboratory evaluation of permeability and strength of polymer-modified pervious concrete. Elsevier Journal. Construction and Building Materials, 2009. Impactos da urbanização em bacias hidrográficas. Disponível em <http://fontehidrica.blogspot.com/2011/11/> Acesso em: 15 set. 2018 Influência do dano na resposta de geogrelhas submetidas ao arranchamento. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-44672008000400017> Acesso em: 02 out. 2018.

LAMB, Gisele Santoro. Desenvolvimento e análise do desempenho de elementos de drenagem fabricados em concreto permeável. 2014. 150 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.

Page 84: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

83

LIAN, C; ZHUGE, Y. Optimum mix design of enhanced permable concrete – Na experimental investigation. Elsevier Journal. Construction and Building Materials, 2009. MARCHIONI, M. L; SILVA, C. O. Conceitos e requisitos para pavimento de concreto permeável (Práticas Recomendadas). ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland. São Paulo, 2013.

MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. 3ª Ed. Ibracon, São Paulo, 2008.

MONTEIRO, Anna Carolina Neves. Concreto poroso: Dosagem e desempenho. 36 f. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Goiás, 2010.

NUNES, Fabrizia Gioppo. A influência do uso e ocupação do solo nas vazões de pico na bacia hidrográfica do Rio Atuba. 2007. 175 f. Tese (Pós-Graduação em Geologia, Setor de Ciências da Terra - Doutorado em Geologia Ambiental) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.

PERVIOUS PAVEMENT. Disponível em: <http://www.perviouspavement.org> Acesso em: 03 out. 2018

PINTO, Carlos de Souza. Curso básico de mecânica dos solos. Oficina de textos. 2ª edição. São Paulo, 2002.

PINTO, Liliane Lopes Costa Alves. O desempenho de pavimentos permeáveis como medida mitigadora da impermeabilização do solo urbano. 2011. 255 f. Tese (Doutorado em Engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. POLASTRE, B.; SANTOS, L.D. Concreto Permeável. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006. RISON, A. C. et al. Influência da distribuição granulométrica do agregado graúdo nas propriedades do concreto permeável. In: CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 60, 2018, Foz do Iguaçu. Anais do 60º Congresso Brasileiro do Concreto. Foz do Iguaçu, 2018. SCHAEFER, V. et al. Mix Design Development for Pervious Concrete in Cold Weather Climates. Final Report, Civil Engineering, Iowa State University, 2006. SPIN, Anne Whiston. O Jardim de Granito: A Natureza no Desenho da Cidade. Tradução de Paulo Renato Mesquita Pellegrino. 1ª ed. São Paulo - SP, Editora da Universidade Federal de São Paulo, 1995. SUDERHSA – SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HÍDRICO E SANEMAENTO AMBINELA E SEMA – SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS. Plano Diretor de Drenagem para a Bacia do Rio Iguaçu na Região Metropolitana de Curitiba. Vol 3. Curitiba, 2002.

Page 85: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

84

SULEIMAN, M. T. et al. Effect of Compaction Energy on Pervious Concrete Properties. Proceeding of Concrete Technology Forum: Focus on Pervious Concrete, Nashville, 2006. TENNIS, P.D. et al. Pervious Concrete Pavements. EB302, Portland Cement Association, Skokie, Illinois, 2004. Disponível em: <http://myscmap.sc.gov/marine/NERR/pdf/PerviousConcrete_pavements.pdf> Acesso em: 17 set. 2018.

TUCCI, C. E. M. et al. Hidrologia: Ciência Aplicação. 1ª ed. Porto Alegre - RS, Editora da UFRGS, ABRH, EDUSP, 1993. TUCCI, C. E. M. et al. Drenagem Urbana 1ª ed. Porto Alegre - RS, Editora da UFRGS, 1995. TUCCI, Carlos Eduardo Morelli. Coeficiente de escoamento e vazão máxima de bacias urbanas. RBRH - Revista Brasileira de Recursos Hídricos. ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, vol. 05. n. 1, p. 61-68, jan/mar. 2000. TUCCI Carlos Eduardo Morelli. Gestão de águas pluviais urbanas. 4ª ed. Brasília, Ministério das Cidades, 2005.

VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. 1ªed. São Paulo – SP, Editora McGrow-Hill, 1975.

Page 86: ESTUDO DE DOSAGEM DE CONCRETO PERMEÁVEL DE ALTA RESISTÊNCIA PARA PAVIMENTAÇÃO · 2019. 8. 30. · diversos e diferentes impactos ambientais, dentre eles encontra-se o crescimento

85

ANEXO A – Resultados dos ensaios realizados no estudo

Fonte: Autor (2019).

TR

O

CO

EFIC

IEN

TE

DE

PE

RM

EA

BIL

IDA

DE

(cm

/s)

ÍND

ICE

DE

VA

ZIO

S

CO

RP

O D

E

PR

OV

AT

RA

ÇO

CO

RP

O D

E

PR

OV

A

7 D

IAS

14

DIA

S7

DIA

S1

4 D

IAS

7 D

IAS

14

DIA

S7

DIA

S2

8 D

IAS

7 D

IAS

28

DIA

S7

DIA

S2

8 D

IAS

CP

01

13

,51

1,7

1,8

21

,87

3,0

02

,84

CP

01

32

,63

5,7

3,0

22

,95

4,4

04

,17

CP

02

11

,32

0,2

1,9

62

,45

2,3

92

,68

CP

02

36

,53

5,2

3,1

63

,86

3,3

25

,18

CP

01

10

,61

0,4

1,2

11

,61

2,2

52

,28

CP

03

33

,23

9,4

3,7

13

,70

--

CP

02

10

,51

1, 4

1,4

61

,89

2,1

71

,95

CP

01

40

,74

2,6

3,0

43

,11

4,7

24

,73

CP

01

12

,01

2,3

1,3

31

,07

3,1

22

,53

CP

02

43

,64

5,0

2,8

52

,51

4,2

64

,79

CP

02

19

,52

1,5

1,6

2-

2,9

92

,50

CP

03

39

,44

0,3

3,2

24

,32

--

CP

01

17

,92

1,3

1,6

22

,11

2,3

82

,61

CP

01

31

,93

1,0

3,3

43

,64

3,5

65

,06

CP

02

16

,81

9,6

1,9

51

,84

2,6

32

,64

CP

02

30

,13

5,5

3,4

24

,45

3,8

24

,67

CP

01

21

,92

5,4

1,7

72

,13

2,4

53

,26

CP

03

32

,74

0,7

3,1

83

,42

--

CP

02

22

,33

2,9

2,5

82

,83

3,3

13

,39

CP

01

32

,74

9,9

3,4

32

,79

4,1

74

,28

CP

01

20

,41

9, 8

5

2,5

91

,76

3,0

92

,97

CP

02

33

,75

7,1

3,5

54

,53

3,1

64

,06

CP

02

19

,32

5,0

2,0

51

,89

3,1

14

,64

CP

03

42

,44

7,9

3,4

64

,26

--

0,2

1

0,1

8

0,1

1

0,7

0,9

1

0,3

6

0,5

7

0,3

0,1

6

0,3

3

0,3

8

0,1

3

RE

SIS

NC

IA À

CO

MP

RE

SS

ÃO

AX

IAL

(M

Pa

)

RE

SIS

NC

IA À

TR

ÃO

PO

R

CO

MP

RE

SS

ÃO

DIA

ME

TR

AL

(M

Pa

)

RE

SIS

NC

IA À

TR

ÃO

NA

FL

EX

ÃO

(MP

a)

ES

TU

DO

DE

FIN

ITIV

OE

ST

UD

O P

RE

LIM

INA

R

1:5

,0

1:4

,5

1:4

,0

1:3

,5

RE

SIS

NC

IA À

CO

MP

RE

SS

ÃO

AX

IAL

(M

Pa

)

RE

SIS

NC

IA À

TR

ÃO

PO

R

CO

MP

RE

SS

ÃO

DIA

ME

TR

AL

(M

Pa

)

RE

SIS

NC

IA À

TR

ÃO

NA

FL

EX

ÃO

(MP

a)

T2

5

T0

T5

T1

0

T1

5

T2

0