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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA Aliriane Almeida Carla Vieira Chaves Karin Lorien Menoncin Nalin Ferreira da Silveira Natália Gastaud de Oliveira ESTUDO DE USUÁRIOS DA BIBLIOTECA PAULO FRACO: Biblioteca da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul Relatório Porto Alegre 2010

Estudo de Usuários MPF

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Page 1: Estudo de Usuários MPF

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E COMUNICAÇÃO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

Aliriane Almeida Carla Vieira Chaves

Karin Lorien Menoncin Nalin Ferreira da Silveira

Natália Gastaud de Oliveira

ESTUDO DE USUÁRIOS DA BIBLIOTECA PAULO FRACO:

Biblioteca da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul

Relatório

Porto Alegre 2010

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Aliriane Almeida Carla Vieira Chaves

Karin Lorien Menoncin Nalin Ferreira da Silveira

Natália Gastaud de Oliveira

ESTUDO DE USUÁRIOS DA BIBLIOTECA PAULO FRACO:

Biblioteca da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul

Relatório

Relatório apresentado como pré-requisito para avaliação

parcial da disciplina BIB 03021 - Estudos de comunidades

e usuários, do curso de Biblioteconomia, da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ministrada pela prof. Dra. Ida R.C. Stumpf.

Porto Alegre 2010

Page 3: Estudo de Usuários MPF

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4

1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 4

1.2 CONTEXTO DO ESTUDO: A BIBLIOTECA PAULO FRANCO ................................. 5

1.2.1 Estrutura Organizacional ..................................................................................... 7

1.2.2 Objetivos e Finalidades ....................................................................................... 7

1.2.3. Recursos Institucionais ...................................................................................... 8

1.2.4 Recursos Financeiros .......................................................................................... 8

1.2.5 Recursos Humanos.............................................................................................. 9

1.2.6 Serviços Oferecidos ............................................................................................. 9

2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 11

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 11

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................... 11

2.3 DEFINIÇÃO E/OU OPERACIONALIZAÇÃO DOS TERMOS .................................. 12

3 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 13

3.1 MINISTÉRIO PÚBLICO ........................................................................................... 13

3.1.1 Competências ..................................................................................................... 14

3.1.2 Estrutura Organizacional ................................................................................... 15

3.2 BIBLIOTECA ESPECIALIZADA JURÍDICA ............................................................. 15

3.3 INFORMAÇÃO JURÍDICA ...................................................................................... 17

3.4 USUÁRIOS DA BIBLIOTECA JURÍDICA ................................................................ 21

3.4.1 Procurador da República ................................................................................... 22

3.4.2 Servidor Público ................................................................................................. 23

3.4.3 Estagiários .......................................................................................................... 24

3.5 SERVIÇOS PRESTADOS POR BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS ....................... 27

3.6 ESTUDO DE USUÁRIO .......................................................................................... 29

3.6 NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO........................................................................ 31

3.7 USO DA INFORMAÇÃO ......................................................................................... 33

4 METODOLOGIA ........................................................................................................ 35

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4.1 TIPO DE ESTUDO .................................................................................................. 35

4.2 SUJEITOS DO ESTUDO ........................................................................................ 35

4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................................. 36

4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS ...................................................... 38

4.5 TRATAMENTO DE DADOS .................................................................................... 39

4.6 ESTUDO-PILOTO ................................................................................................... 39

4.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .................................................................................... 40

5 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................. 41

5.1 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL ................................................................................. 41

5.2 FREQUÊNCIA......................................................................................................... 43

5.3 FINALIDADES DE USO DA BIBLIOTECA .............................................................. 44

5.4 CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DOS USUÁRIOS EM RELAÇÃO AOS

SERVIÇOS PRESTADOS PELA BIBLIOTECA ............................................................. 45

5.5 GRAU DE SATISFAÇÃO DESSES USUÁRIOS EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS

OFERECIDOS E AO ACERVO ..................................................................................... 47

5.6 TIPOS DE INFORMAÇÃO JURÍDICA MAIS UTILIZADAS ...................................... 49

5.7 OPINIÃO DOS USUÁRIOS QUANTO AO ATENDIMENTO PRESTADO PELA

BIBLIOTECA ................................................................................................................. 49

5.8 SUGESTÕES PARA MELHORIAS NA BIBLIOTECA .............................................. 51

6 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 52

REFERÊNCIAS: ........................................................................................................... 55

APÊNDICE A ................................................................................................................ 60

ANEXO A ..................................................................................................................... 64

ANEXO B ..................................................................................................................... 67

Page 5: Estudo de Usuários MPF

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1 INTRODUÇÃO

Estudos de usuário são necessários para identificar os usuários e necessidades

de uma determinada instituição a fim de aperfeiçoar os serviços prestados pela

mesma.

Na Biblioteca Paulo Franco (BPF), do Ministério Público Federal (MPF), sentiu-

se a necessidade de um estudo de usuários a fim de auxiliar a instituição a conhecer

as reais necessidades de seus usuários e o grau de satisfação em relação aos

serviços prestados. Este estudo servirá como um instrumento no planejamento de

futuras melhorias na unidade de informação.

1.1 JUSTIFICATIVA

A realização deste estudo fez-se necessária por ser requisito acadêmico como

parte da avaliação final da disciplina BIB 03021 – Estudos de Comunidade e Usuário,

ministrada pela Profª Drª. Ida Regina Chitto Stumpf.

A escolha da realização do estudo na BPF teve como motivo principal o fato de

uma integrante já ter realizado, e duas integrantes do grupo realizarem atualmente,

estágio não obrigatório na biblioteca. As próprias alunas apontaram que estudos deste

tipo nunca haviam sido realizados na instituição.

Além disso, uma biblioteca tem mais valor quando satisfaz as necessidades

informacionais de seus usuários. Para isso é fundamental que o bibliotecário conheça

seus usuários, o público da biblioteca em que exerce suas atividades, quanto aos

aspectos de necessidades, formas e fontes informacionais utilizadas por eles. Portanto

é necessário um diálogo entre as partes. Este estudo tem a intenção de recolher

informações quanto às necessidades dos usuários servindo de subsídio para futuros

aperfeiçoamentos nos serviços oferecidos pela biblioteca integrando o Relatório

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Anual1 enviado ao Procurador-chefe do Ministério Público Federal, no âmbito da

Procuradoria da República no Rio Grande do Sul.

1.2 CONTEXTO DO ESTUDO: A BIBLIOTECA PAULO FRANCO

A Biblioteca Paulo Franco localiza-se na Praça Rui Barbosa, 57, 11º andar,

Porto Alegre-RS, no prédio do Ministério Público Federal – Procuradoria da República

no Rio Grande do Sul. Está subordinada à Coordenadoria de Documentação e

Informação Jurídica do Ministério Público Federal. Integra uma rede de bibliotecas

constituída por bibliotecas de cinco grupos que compõem o quadro das Procuradorias

da República nos Estados dando suporte informacional à sede da Procuradoria em

Porto Alegre e às sedes distribuídas em 19 municípios gaúchos:

a) 1º grupo - Procuradorias da República nos Estados do Rio de Janeiro e São

Paulo;

b) 2º grupo - Procuradorias da República nos Estados da Bahia, Ceará, Distrito

Federal, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e

Santa Catarina;

c) 3º grupo - Procuradorias da República nos Estados do Acre, Alagoas,

Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe;

d) 4º grupo - Procuradoria da República no Estado de Tocantins;

e) 5º grupo - Procuradorias da República nos Estados de Amapá e Roraima.

Compõem a estrutura da Procuradoria da República no Estado do Rio Grande

do Sul (PR/RS):

I - Procurador-Chefe;

1 O relatório anual é uma síntese da atividade desenvolvida pela biblioteca ao final do ano entregue ao Procurador-chefe.

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II - Procurador Regional dos Direitos do Cidadão;

III - Procurador Regional Eleitoral;

IV - Procuradores da República;

V - Procuradorias da República em Municípios no Estado do Rio Grande do Sul;

VI - Gabinete do Procurador-Chefe;

VII - Gabinetes dos Procuradores da República;

VIII - Coordenadoria Jurídica:

a - Divisão de Registro e Acompanhamento de Feitos Cíveis e Criminais;

IX - Coordenadoria de Documentação e Informação Jurídica:

a - Divisão de Documentação e Informação;

b - Biblioteca;

X - Coordenadoria de Administração:

a - Seção de Material e Patrimônio;

b - Seção de Comunicações Administrativas;

c - Seção de Atividades Auxiliares;

d - Seção de Pessoal;

e - Seção de Execução Orçamentária e Financeira.

À Coordenadoria de Documentação e Informação Jurídica compete,

observadas as diretrizes (ANEXO A) e orientações técnicas da Secretaria de

Informática e da Coordenadoria de Documentação e Biblioteca: coordenar e executar

as ações de suporte às atividades da Procuradoria, através da pesquisa, catalogação,

classificação, registro e divulgação de textos jurídicos; coordenar e executar as

atividades de suporte nas áreas de organização e sistemas da Procuradoria.

À Divisão de Documentação e Informação compete: analisar, racionalizar,

implantar e avaliar estruturas, métodos, procedimentos e rotinas; racionalizar

formulários e impressos; desenvolver e implantar sistemas de informações e de

controle, de conformidade com os planos e programação para a área de informática;

coordenar as atividades de treinamento em processamento de dados em atividades

correlatas; manter registros e arquivos sistematizados dos trabalhos jurídicos e/ou

pareceres produzidos pelos Procuradores lotados no Estado; promover a divulgação,

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interna e externa, das publicações editadas pela Procuradoria Geral da República,

bem como de documentos jurídicos e trabalhos técnicos relacionados com a área de

atuação do MPF.

À Biblioteca compete: realizar pesquisas bibliográficas para dar suporte às

atividades dos Procuradores; promover a implantação de sistema de catalogação e

classificação que permita pronta identificação e localização de livros, periódicos,

relatórios, pareceres e outros tipos de documentos de interesse; manter permanente

entrosamento com as Bibliotecas da Procuradoria Geral da República, das

Procuradorias nos Estados, das Procuradorias Regionais e com entidades similares,

com vistas ao intercâmbio de publicações e ao aprimoramento dos serviços; instruir,

controlar, encaminhar processos de compra, intercâmbio, doação de livros, periódicos,

relatórios e outros tipos de documentos.

1.2.1 Estrutura Organizacional

A estrutura organizacional da Biblioteca Paulo Franco é composta:

a) pela Chefia;

b) pelo Setor de processamento técnico;

c) pelo Setor de pesquisa e referência;

d) pelo Setor de indexação de periódicos e jurisprudência;

e) pela Secretaria de apoio.

1.2.2 Objetivos e Finalidades

A Biblioteca Paulo Franco, da Procuradoria da República no Estado do Rio

Grande do Sul (a PR/RS) tem por finalidade:

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a) reunir, armazenar, conservar, disseminar e manter atualizado o acervo

bibliográfico e materiais especiais, necessários aos serviços da unidade;

b) disponibilizar serviços bibliográficos e de informação aos membros,

servidores e estagiários da Procuradoria, de forma a permitir o

desenvolvimento das atividades jurídicas;

c) atender às necessidades de informação dos Procuradores em seu trabalho e

pesquisas;

d) formar, desenvolver, avaliar e preservar o acervo documental, planejando,

coordenando, orientando, acompanhando e controlando as atividades de

Biblioteconomia e Documentação no âmbito desta instituição;

e) fornecer material bibliográfico necessário à consulta, ao estudo e à pesquisa;

f) executar os serviços pertinentes à área de Biblioteconomia e Documentação,

necessários ao desempenho das atividades fins nas diversas unidades da

PR/RS e dos seus respectivos serviços administrativos de estrutura, apoio e

coordenação.

1.2.3. Recursos Institucionais

A Biblioteca ocupa meio andar do prédio, este sendo dividido com o setor de

Informática do Ministério Público Federal. A área total ocupada pela biblioteca e por

seus setores é de 200 m². Foram destinados para os trabalhos na Biblioteca oito

computadores, além de mobiliário para comportar toda a equipe de trabalho e o

acervo.

1.2.4 Recursos Financeiros

Todo ano o MPF destina uma verba total de cerca de R$ 200.000,00 (duzentos

mil reais) para a compra de material bibliográfico. Metade desta verba é destinada à

Page 10: Estudo de Usuários MPF

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compra de livros para a sede da biblioteca e o restante é dividido entre as

Procuradorias Regionais Municipais. A compra de equipamentos e mobiliário é feita

com verba separada e anualmente é feita a troca, reposição ou nova compra, quando

se verifica a necessidade.

1.2.5 Recursos Humanos

A equipe da Biblioteca é composta por um total de 9 pessoas:

a) 2 bibliotecários;

b) 4 estagiários de Biblioteconomia;

c) 2 técnico-administrativos;

d) 1 auxiliar de serviços gerais.

1.2.6 Serviços Oferecidos

A Biblioteca oferece os seguintes serviços:

a) pesquisas;

b) atendimento e orientação bibliográfica;

c) serviço de empréstimo;

d) intercâmbio entre bibliotecas;

e) divulgação dos informativos eletrônicos do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

e Supremo Tribunal Federal (STF);

f) divulgação dos sumários dos periódicos correntes;

g) treinamento no uso do acervo, bases de dados e arquivos disponíveis em

meio eletrônico (ex.: artigos).

h) serviço de reprografia.

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A Biblioteca é responsável pela armazenagem de aproximadamente 7.000

volumes de livros, 4.500 fascículos de periódicos (considerando os últimos nove

anos), 830 folhetos e 70 itens de multimídia (Vitas VHS, CDs, e DVDs), além de

1.acórdãos.

Funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 19h. O maior fluxo de

usuários ocorre das 14h às 16h. O número de consultas locais é, em média, de 15

usuários por dia. Apesar de a biblioteca atender outros municípios no que diz respeito

às atividades do MPF, consideramos essas pequenas bibliotecas isoladas como parte

do acervo da Biblioteca Paulo Franco. Assim sendo, a unidade de informação a que

nos referiremos no presente trabalho trata-se da Biblioteca Paulo Franco, localizada

em Porto Alegre.

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2 OBJETIVOS

Nesta seção são apresentados os objetivos a que este estudo de usuários se

propõe. São divididos em geral e específicos. Logo após segue a definição de termos

para o desenvolvimento do estudo.

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a necessidade e o uso da informação, além do grau de satisfação dos

usuários da Biblioteca Paulo Franco, em relação aos serviços prestados.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Caracterizar o perfil dos usuários em relação a: ocupação/cargo na

instituição, tempo de vínculo com a instituição, núcleo ou gabinete que

trabalha;

b) Identificar a frequência de uso da biblioteca pelos usuários;

c) Identificar as finalidades de uso da biblioteca;

d) Verificar o conhecimento e utilização dos usuários em relação aos serviços

prestados pela biblioteca;

e) Identificar o grau de satisfação desses usuários em relação aos serviços

oferecidos;

g) Identificar a satisfação dos usuários em relação ao acervo;

f) Identificar os tipos de informação jurídica mais utilizadas;

i) Identificar a opinião dos usuários quanto ao atendimento prestado pela

biblioteca;

j) Coletar sugestões para melhorias na biblioteca.

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2.3 DEFINIÇÃO E/OU OPERACIONALIZAÇÃO DOS TERMOS

Neste ponto do trabalho justifica-se a operacionalização dos termos mais

usados com o objetivo de esclarecer a perspectiva tomada para a elaboração do

projeto em relação aos objetivos específicos.

a) Usuários: nesse contexto consideraremos os membros do Ministério Público

Federal, da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul, ou seja, os

Procuradores da República, servidores públicos e os estagiários de Direito

atualmente vinculados à Instituição, totalizando um universo de 249 usuários

potenciais;

b) Necessidade de informação: é uma lacuna no conhecimento identificada pelo

usuário, que impede o prosseguimento do seu trabalho. No caso,

consideraremos que os usuários percebem essa necessidade, e recorrem à

biblioteca para supri-la. No estudo, consideraremos apenas os usuários reais

da biblioteca;

c) Uso da informação: é a satisfação da demanda, ou seja, o resultado de uma

consulta a uma fonte de informação;

d) Frequência de uso: O termo refere-se à periodicidade com que o usuário

recorre à biblioteca e aos serviços que a mesma oferece.

e) Serviços oferecidos: utilizaremos o termo para nos referirmos ao apoio

bibliográfico e disseminação de informações, ambos ações desenvolvidas

pela biblioteca e disponibilizados aos usuários. Os serviços oferecidos pela

biblioteca devem satisfazer as necessidades informacionais dos usuários que

recorrem à biblioteca para sanar suas duvidas;

f) Acervo: o acervo da biblioteca é constituído por materiais informacionais

necessários ao desempenho das atividades dos usuários. Inclui livros,

periódicos, folhetos e multimídia;

g) Fontes de Informação: documentos que fornecem respostas específicas.

Dentre suas várias espécies, para fins desse estudo as utilizadas são:

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doutrina, jurisprudência e legislação.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Para realização deste estudo é necessário um embasamento teórico que

contribuirá elucidando alguns tópicos pertinentes ao trabalho, a fim de atingir os

objetivos inicialmente propostos.

3.1 MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público Federal (MPF)2 faz parte do Ministério Público da União,

que também é composto pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério Público

Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

As atribuições e os instrumentos de atuação do Ministério Público estão

previstos no artigo 129 da Constituição Federal, dentro do capítulo "Das funções

essenciais à Justiça". As funções e atribuições do MPU estão na Lei Complementar nº

75/93.

O MPF possui autonomia na estrutura do Estado, não pode ser extinto ou ter as

atribuições repassadas a outra instituição. Os procuradores e promotores podem tanto

defender os cidadãos contra eventuais abusos e omissões do Poder Público quanto

defender o patrimônio público contra ataques de particulares de má-fé.

Cabe ao Ministério Público Federal defender os direitos sociais e individuais dos

cidadãos perante o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça, os

tribunais regionais federais, os juízes federais e juízes eleitorais. O MPF atua nos

casos federais, regulamentados pela Constituição e pelas leis federais, sempre que a

questão envolver interesse público, seja em virtude das partes ou do assunto tratado.

Também cabe ao MPF fiscalizar o cumprimento das leis editadas no país e daquelas

decorrentes de tratados internacionais assinados pelo Brasil. Além disso, o MPF atua

2 Ministério Público Federal. Disponível em: <http://www.prr4.mpf.gov.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=6&Itemid=19 >. Acesso em: 3 maio 2010.

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como guardião da democracia, assegurando o respeito aos princípios e normas que

garantem a participação popular.

O MPF atua nos casos federais, regulamentados pela Constituição e pelas leis

federais, sempre que a questão envolver interesse público, seja em virtude das partes

ou do assunto tratado. Como objetivos podemos citar:

a) proteger os cidadãos contra eventuais abusos e omissões do Poder Público

e defender o patrimônio público contra ataques de particulares de má-fé;

b) defender os direitos sociais e individuais indisponíveis dos cidadãos perante

o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça, os tribunais

regionais federais, os juízes federais e juízes eleitorais;

c) fiscalizar o cumprimento das leis editadas no país e daquelas decorrentes de

tratados internacionais assinados pelo Brasil;

d) atuar como guardião da democracia, assegurando o respeito aos princípios e

normas que garantem a participação popular.

3.1.1 Competências

São competências institucionais do Ministério Público Federal:

a) instaurar inquérito civil e outros procedimentos administrativos correlatos;

b) requisitar diligências investigatórias e instauração de inquérito policial,

podendo acompanhá-los e apresentar provas;

c) solicitar à autoridade competente a instauração de procedimentos

administrativos, ressalvados os de natureza disciplinar, podendo

acompanhá-los e produzir provas;

d) exercer o controle externo da atividade das polícias federais, na forma do art.

9º;

e) participar dos Conselhos Penitenciários;

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f) integrar os órgãos colegiados previstos no § 2º do art. 6º, quando

componentes da estrutura administrativa da União;

g) fiscalizar a execução da pena, nos processos de competência da Justiça

Federal e da Justiça Eleitoral.

3.1.2 Estrutura Organizacional

O organograma abaixo demonstra a estrutura organizacional do Ministério

Público Federal.

Figura 1 – Estrutura Organizacional do MPF

3.2 BIBLIOTECA ESPECIALIZADA JURÍDICA

As bibliotecas, em uma definição sucinta, consistem em coleções ou acervos de

obras produzidas a partir do registro de informações. Para Araújo (2005, p. 29),

referindo-se a um conceito de biblioteca em um contexto geral, afirma que “a biblioteca

Page 17: Estudo de Usuários MPF

16

é um espaço de preservação dos conhecimentos gerados pela humanidade a partir de

diferentes sociedades”.

As bibliotecas especializadas são caracterizadas por possuírem o seu acervo

direcionado para um campo específico do conhecimento. Segundo Cezarino (1978,

p.238) “[...] elas são unidades pertencentes a instituições governamentais, particulares

ou associações formalmente organizadas com o objetivo de fornecer ao usuário a

informação relevante de que ele necessita, em um campo específico de assunto.”

Desse modo, os objetivos das bibliotecas especializadas estão relacionados

aos objetivos das instituições às quais estão vinculadas em vista de dar suporte

informacional para determinada instituição ou empresa. Dentre suas funções, Miranda

(2007, p. 88) destaca:

Fornecer informação de forma rápida e eficaz, centrada em uma área do conhecimento, buscando atender as necessidades dos usuários;

Realizar um tratamento exaustivo nos documentos, ampliando os recursos de recuperação da informação;

Disseminar seletivamente a informação;

Proporcionar o acesso a bases de dados especializadas na área de interesse da coleção da biblioteca;

Permitir a recuperação aprofundada de informações sobre assuntos específicos da área.

Como toda unidade de informação, a biblioteca especializada deve direcionar

seu funcionamento e suas atividades segundo as características de seus usuários, de

sua instituição mantenedora e da própria unidade de informação.

O usuário de uma biblioteca especializada é formador de um público que

necessita e busca informações muito específicas, constituindo-se em um público

específico. O público das bibliotecas especializadas é geralmente de formação

superior, abrangendo pesquisadores, funcionários da instituição e público em geral.

Para atender esse usuário, se faz necessária a frequente atualização do

acervo, que é caracterizado como um acervo de tamanho reduzido, destinado a um

assunto ou grupo de assuntos, ou assuntos relacionados ao assunto principal, com a

função de satisfazer as necessidades informacionais das instituições pelas quais são

mantidas. A causa de instituições manterem bibliotecas próprias refere-se exatamente

à demanda de informações identificadas como necessárias ao desenvolvimento de

Page 18: Estudo de Usuários MPF

17

suas atividades.

O perfil do bibliotecário da biblioteca especializada é bastante dinâmico e este

deve acompanhar os assuntos pertinentes a instituição. Além disso, uma característica

marcante do bibliotecário de bibliotecas especializadas é a de antecipar-se à

necessidade dos seus usuários e dessa forma garantir a inteligência competitiva da

instituição. (FIGUEIREDO, 1979, p. 11). Outro ponto importante referente ao

profissional da informação de bibliotecas especializadas jurídicas é o fato de estar

atento à rápida obsolescência do acervo.

A biblioteca especializada jurídica é uma unidade de informação especializada,

que objetiva disseminar a informação jurídica com a intenção de auxiliar seus usuários

em todo processo informacional, no cumprimento da justiça. Geralmente, provenientes

de instituições governamentais, universidades ou escritórios de advocacia (FULLIN,

2006).

Segundo a observação das características das bibliotecas especializadas, a

Biblioteca Paulo Franco, unidade de informação abordada neste trabalho, obviamente

se trata de uma biblioteca especializada jurídica. Sua atuação é mediada pelas

atividades referentes ao MPF-RS e seu acervo é composto por obras destinadas a

fornecer respostas e subsídios às demandas jurídicas e legais de informações.

3.3 INFORMAÇÃO JURÍDICA

Pode-se afirmar que tudo é informação? Pode-se definir informação? Existe

alguma definição categórica e tida como verdade absoluta sobre o que é informação?

A cada resposta surge um novo questionamento e assim seguem as discussões

e deliberações sobre essa palavra com significado tão complexo, no entanto, a

afirmação um tanto clichê de que “informação é poder” ainda é a de consenso entre

todos. Pode-se afirmar também que ela [informação] transcende os suportes. Eles

precisam existir, mas não como fim, e sim como meio para a transmissão da

informação.

Page 19: Estudo de Usuários MPF

18

O paradigma custodial, embora ainda encontre solo fértil em algumas

instituições e profissionais, se torna ultrapassado cada dia mais. Silva (2006) destaca

outras denominações para esse paradigma: historicista, empírico-patrimonialista,

tecnicista, custodial ou estático. Conforme o autor, algumas das principais

características são a valorização afetiva, estética e econômica do que é antigo e raro

com a supervalorização da custódia e conservação do suporte da informação como

base para as atividades dos bibliotecários e arquivistas, além da preservação da

cultura dita erudita menosprezando a cultura popular e a permanência do valor

patrimonial do documento em detrimento de seu valor informacional.

A partir desses pontos destacados pode-se perceber que realmente esse

paradigma vai de encontro com a Sociedade da Informação e seus preceitos.

Que preceitos são esses e a que informação as discussões se referem? A

Sociedade da Informação se consolida principalmente pelo surgimento dos

computadores e da internet, ferramentas através das quais a informação gira o mundo

em um segundo, ou menos, e se espalha, se dissemina com uma rapidez que deixaria

Gutenberg assombrado. Nessa Sociedade o foco não é mais a preservação de

acervos como tesouros intocáveis e sim o usuário, ele que irá agregar sentido e valor

à informação. Sanz Casado (1994) destaca que os conceitos de informação são

diversos, inclusive, porque cada pesquisador da área da Documentação tem dado a

sua definição. Entre as definições que apresenta em seu texto estão a de Wilson, que

vê a informação física ou fenômeno, um canal de comunicação através do qual são

transferidas as mensagens, o dado determinado empiricamente e apresentado em um

documento ou transmitido oralmente, e a de Faibisoff e Ely que mais

simplificadamente veem a informação como aquilo que reduz a incerteza. Para cada

conceito ainda existe um ou mais tipos de necessidades por parte do usuário e

também diversos tipos de usos dessa informação.

Uma mesma informação tem valores diferentes para cada pessoa e isso vai

depender de suas necessidades informacionais, o fato é que a informação é dinâmica

e é uma ferramenta para o conhecimento, para o desenvolvimento desse usuário,

além de ser dependente do fator humano para fazer sentido.

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Como Sanz Casado destacou, cada pesquisador traz a sua definição conforme

ela se adéque melhor à situação. Barreto3 (1999, apud PEREIRA, 2006) conceitua

informação como “conjuntos significantes com a competência e a intenção de gerar

conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou na sociedade”.

Tem-se até aqui as principais características da informação, embora esse termo

possa não ser o mais adequado: ela depende do fator humano, tem a intenção de

gerar conhecimento, reduzir incerteza e é um canal de comunicação. A significação

por parte do indivíduo é também identificada por Setzer (2001), para quem a

informação contém uma significação atrelada ao signo, uma caracterização que é

atribuída pelo usuário do termo ao símbolo.

Em seu uso, se usada de forma adequada, a informação cumpre o seu papel

como ferramenta para o conhecimento, e contribui como instrumento formador da

consciência crítica do indivíduo. Nessa etapa, a informação pode tanto o levar à

conquista do sucesso intelectual e profissional, como levá-lo ao fracasso e à própria

estagnação (FULLIN, 2006), já que, se o indivíduo não se satisfaz ou não consegue

por algum motivo usufruir da informação obtida ele pode retroceder no seu processo

de conhecimento, muitas vezes se decepcionando com o que encontrou.

Se a conceituação de informação se torna um leque gigantesco, dentro da

biblioteca jurídica ela se afunila. A informação, assim como a biblioteca, se torna mais

específica, assim tem-se a informação jurídica.

O princípio da sociedade se fundamenta na legalização e formalização do que

se refere a essa sociedade, além do que diz respeito à cidadania pois “para que o

indivíduo conquiste a cidadania é necessário que possa exercitar com plenitude seus

direitos civis, políticos e sociais [...].” (MACHADO, 2000).

Por essa razão, aos profissionais que atuam na área jurídica cabe assegurar

que as normas, legislações e regulamentos sejam o reflexo dos interesses dos

cidadãos e devidamente cumpridos.

A informação jurídica se torna base da pesquisa acadêmica do Direito, das leis

propriamente ditas e das decisões jurídicas baseadas nas leis, além obviamente de

influenciar diretamente o comportamento em sociedade onde a cidadania é exercida.

3 BARRETO, A. A. A oferta e a demanda da informação: condições técnicas, econômicas e políticas. Disponível

em: <http://www.e-iasi.org.br/cinfor/sensivel.htm>. Acesso em: 20 maio 2010.

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Assim, conforme Silveira4 (1999) e Alonso5 (1999, apud MACHADO, 2000; FULLIN,

2006) é dividida de acordo com três tipos de fontes:

a) Doutrina: trabalhos sobre a Ciência do Direito. A doutrina jurídica também

pode ser chamada de Direito Científico, e consiste nos estudos

desenvolvidos pelos vários juristas, que objetivam entender e explicar todos

os temas relativos ao Direito. Compreende o estudo aprofundado, a

atualização dos termos, e a sistematização e organização do conteúdo.

b) Legislação: normas, regulamentos e suas atualizações, diz respeito ao fato

social. A legislação é um “conjunto de leis de um Estado, na ordem

internacional ou na interna: legislação brasileira, legislação francesa,

legislação paulista, ou referente a certa matéria:legislação penal, legislação

fiscal.” (MAGALHÃES, 2007, p.705).

c) Jurisprudência: decisões dos juízes e tribunais. Modernamente, segundo o

Dicionário Jurídico Piragibe (MAGALHÃES, 2007, p. 685), “[...] significa o

conjunto de decisões judiciais a respeito de um determinado assunto”. Ou

seja, o hábito de interpretar e aplicar as leis aos fatos concretos, para que,

assim, se decidam as causas. Como exemplo temos as jurisprudências dos

Tribunais Superiores (STF e STJ). Qualquer pessoa pode ter acesso às

jurisprudências dos tribunais brasileiros, por meio de livros, revistas

especializadas, ou pela internet.

A jurisprudência consiste na decisão irrecorrível de um tribunal, ou um conjunto

de decisões dos tribunais ou a orientação que resulta de um conjunto de decisões

judiciais proferidas num mesmo sentido sobre uma dada matéria e proveniente de

tribunais da mesma instância ou de uma instância superior, indicando uma tendência a

ser seguida por outras decisões futuras.

4 SILVEIRA, Adriana Godoy, FERREIRA, Regina de Marco. Uso das tecnoloias de acesso à informação na área do Direito do Trabalho. In: JORNADA SUL-RIOGRANDENSE DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 14, E ENCONTRO REGIONAL DE USUÁRIOS DE MICROISIS, 2, Porto Alegre, 26-28 ago.1998. Anais ...Porto Alegre:

UFRGS, 1999. Disponível em: <http://orion.ufrgs.br/jornada/anais/temario2.html>. Acesso em: 15 maio 2010. 5 ALONSO, Cecilia Atienza . A informação jurídica face às comunidades da área do direito e dos fornecedores da informação jurídica. In: CIBERÉTICA, 1, Florianópolis, 1998. Anais ... Florianópolis: UFSC, 1999. Disponível em:

<http://www.ciberetica.iacess/com.br/anais/doc/ceciliaatienzaalonso.doc>. Acesso em: 15 maio 2010.

Page 22: Estudo de Usuários MPF

21

Súmula é jurisprudência que adquire força de lei após ser votada em instância

superior, como o STJ ou TST, a partir daí, se torna um entendimento obrigatório ao

qual todos os outros tribunais e juízes, bem como a Administração Pública, Direta e

Indireta, terão que seguir.

Esses três tipos de informação são produzidos em grande quantidade e se

renovam com frequência podendo ser encontrados em diários oficiais, relatórios, em

revistas, jornais, monografias, trabalhos em eventos, grupos informais de

comunicação, obras de referência, livros e principalmente na internet (FULLIN, 2006).

Essa última se torna mais acessível ao cidadão comum que pode se informar a

qualquer momento sobre a legislação através de sites, ou até mesmo entrar com

recursos e acompanhar online certos processos, sempre lembrando que é necessário

verificar a confiabilidade da fonte e sua atualização.

Conforme destaca Rezende (2003), as fontes de informações jurídicas dão

suporte às atividades, tanto do Poder Público, quanto da iniciativa privada. De acordo

com Passos (2001), os principais produtores de informação jurídica são: Senado

Federal, Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas, Tribunais, Câmaras

Legislativas, Prefeituras, Ministérios Públicos, entre outros. Também há organizações,

que são entidades comerciais e visam o lucro, como livrarias, editoras e escritórios e

consultorias jurídicas.

Como já foi dito, a maioria das informações já pode ser encontrada online, o

que facilita a comunicação. Esse avanço merece destaque pois, ainda mais importante

do que a própria informação, é fazer essa informação ser encontrada, caso contrário

ela não terá valor nenhum, perde seu sentido. Dessa forma fica claro onde entra o

papel do Bibliotecário, nesse caso o Bibliotecário Jurídico. Embora os profissionais da

área do Direito entendam sobre suas matérias, podem ter limitações sobre como

organizar e encontrar o seu conhecimento.

3.4 USUÁRIOS DA BIBLIOTECA JURÍDICA

Segundo Sanz Casado (1994, p. 19) “o usuário da informação define-se como

Page 23: Estudo de Usuários MPF

22

aquele indivíduo que necessita informação para o desenvolvimento de suas

atividades. Dividem-se em dois tipos, os usuários reais, e usuários potenciais. O

primeiro tipo é o indivíduo que tem consciência que necessita de uma informação, e

que a utiliza. O segundo tipo são os indivíduos que necessitam da informação, mas

não são conscientes disso, ou seja, não utilizam corretamente, ou não utilizam a

biblioteca.

Os usuários das bibliotecas especializadas são usuários que possuem um

objetivo específico e concreto, buscam nas bibliotecas especializadas um tipo de

informação sobre determinado assunto que necessitam para seu trabalho. Desse

modo o usuário da biblioteca especializada, neste caso, biblioteca jurídica, é um

usuário esporádico, porém não terá dúvidas em tornar a solicitar os serviços da

biblioteca cada vez que necessitar ajuda, se obtiver suas demandas satisfeitas.

(LATORRE ZACARÉS; SANCHIS PÉREZ, 1998).

Sanz Casado (1994) divide os tipos de usuários da informação em:

pesquisadores e docentes, a indústria, o cidadão comum e o administrador, o

planejador e o político. O autor menciona que esta última categoria de usuários

demanda informações elaboradas e precisam de rapidez e precisão na obtenção das

informações, pois estas informações irão ajudar a compreender as consequências

políticas, econômicas e sociais que envolvem uma decisão. Desse modo podem-se

enquadrar os usuários de bibliotecas jurídicas dentro desta última categoria.

Dentro deste estudo, estes usuários podem ser identificados como

Procuradores da República, Servidores Públicos e Estagiários, assim, seguem as

considerações sobre cada grupo de usuário.

3.4.1 Procurador da República

Sendo a Procuradoria da República a representação física do Ministério Público

Federal, esta é composta por Procuradores da República. Inicialmente o procurador

da República atua nos estados e municípios, verificando os assuntos que ferem os

direitos constitucionais e legais. Realizam atividades judiciais, mediante a propositura

Page 24: Estudo de Usuários MPF

23

de ações civis públicas e de outras ações coletivas; bem como atividades

extrajudiciais na defesa desses interesses coletivos e difusos, podendo, inclusive,

instaurar inquéritos civis públicos e expedir recomendações aos órgãos públicos, para

melhoria dos serviços públicos prestados e respeito aos interesses, direitos e bens

cuja defesa cabe ao Ministério Público promover. (MINISTÉRIO ..., 2010).

3.4.2 Servidor Público

Segundo a Lei Federal n. 8.112, de 11 de novembro de 1990,

Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. [..] Os cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. (BRASIL, 1990).

O serviço público é bastante diferente dos serviços comuns prestados pelas

empresas privadas ou pelos prestadores autônomos, vez que está subordinado

coletivo, portanto, um interesse maior que o interesse individual de cada cidadão.

Assim, o Estado, por critérios jurídicos, técnicos e econômicos, define e

estabelece quais os serviços deverão ser públicos ou de utilidade pública, e ainda se

estes serviços serão prestados diretamente pela estrutura oficial ou se serão

delegados a terceiros.

Naturalmente alguns serviços não poderão ser delegados a terceiros pela sua

complexidade ou vinculação direta com a administração pública, entretanto, outros

tipos de serviços não devem ser prestados diretamente e, por consequência, sempre

são transferidos à iniciativa privada, contudo, obedecidas certas condições e normas.

Os serviços públicos, propriamente ditos, são aqueles prestados diretamente à

comunidade pela Administração, depois de definida a sua essencialidade e

necessidade. Assim, são privativos do Poder Público, ou seja, só a Administração

Pública deve prestá-los, por exemplo, a preservação da saúde pública e os serviços

de polícia.

Page 25: Estudo de Usuários MPF

24

Outros serviços públicos, chamados de serviços de utilidade pública, são

aqueles que a Administração Pública reconhece a sua conveniência para a

coletividade prestando-os diretamente ou delegando-os a terceiros, nas condições

regulamentadas e sob o seu controle. Por exemplo, o transporte coletivo, a energia

elétrica, o serviço de telecomunicações e o fornecimento de água.

Os servidores públicos do MPF entram, normalmente, através de concurso ou

por cargo comissionados (CC), indicados pelos Procuradores.

3.4.3 Estagiários

Conforme a atual legislação, os estagiários desenvolvem atividades de

aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela

participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizadas na

comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob

responsabilidade e coordenação da instituição de ensino.

A primeira lei para regulamentação das atividades profissionais para estudantes

foi aprovada em 1977 e não previa alguns benefícios que agora a lei 11.788, de 2008

(ANEXO B) prevê como forma de proteger o estagiário da possível deturpação de

suas funções.

A Associação Brasileira dos Estagiários (ABRES) (2007) destaca algumas das

motivações que justificam a realização do estágio, entre elas: a contribuição para a

formação do futuro profissional porque permite ao estudante a aplicação prática de

seus conhecimentos teóricos, motivando seus estudos e possibilitando maior

assimilação das matérias curriculares; amenizar o impacto da passagem da vida

estudantil para o mundo do trabalho, proporcionando contato com o futuro meio

profissional; adquirir uma atitude de trabalho sistematizado, desenvolvendo a

consciência da produtividade, a observação e comunicação concisa de idéias e

experiências adquiridas e incentivando e estimulando o senso crítico e a criatividade;

definir-se em face de sua futura profissão, perceber eventuais deficiências e buscar

Page 26: Estudo de Usuários MPF

25

seu aprimoramento.

O Censo de 2008 do Inep/MEC6 mostrou que maioria dos estudantes de ensino

médio e superior estão matriculados no período noturno, o que, sabe-se, se torna

muito normal pois eles dão prioridade ao estágio durante o dia para poder arcar com

seus estudos à noite. Esse é um fator que pode modificar o viés e o objetivo do

estágio em seu cerne, que é ser uma porta de entrada para uma nova carreira através

das práticas de ensino, já que ele se torna apenas uma necessidade de sobrevivência

para os estudantes.

Pesquisa realizada pela ABRES7 revelou que o total de vagas de estágio no

Brasil antes da aprovação da Lei n° 11.788 era de 1,1 milhão, após a aprovação esse

número baixou para 900 mil. Isso pode ser efeito de uma maior proteção aos

estudantes por parte da lei que deixou o empresariado mais criterioso, preocupado

com possíveis complicações jurídicas por algum problema na contratação dos

estagiários. No entanto a ABRES vê como um período que antecede uma

estabilização e espera que esses números aumentem progressivamente.

Os estagiários ganham cada vez mais espaço dentro das Instituições,

comumente por se considerar mais mão-de-obra por menos investimento de

pagamentos.

O estágio, atividade primordialmente relevante na formação acadêmica, por motivos de diferentes ordens (econômicos, dificuldade de ser encontrado o profissional com o perfil adequado, ausência de um método satisfatório de ensino, etc.), tem sofrido diretamente, e até em maior intensidade, as mazelas da mercantilização do ensino. (MOTTA; STASIAK, 2004, p. 24)

No entanto, com a nova lei que condiciona a supervisão por um profissional da

área do estudante - caso contrário não é possível estabelecer o vínculo de

aprendizado a mercantilização que Motta e Stasiak (2004) destacaram começa a

perder terreno e o propósito do estágio começa a ser realmente o pedagógico, com a

prática do conhecimento acadêmico. O amparo legal para que as empresas não

acabem explorando o trabalho do estagiário como mão-de-obra barata, já que em uma

grande maioria de estabelecimentos o estagiário cumpre igual ou superior carga

6 Dados do censo disponíveis em http://www.inep.gov.br

7 Dados retirados do site da Associação Brasileira de Estagiários. Disponível em: http://www.abres.org.br/v01/stats/

Page 27: Estudo de Usuários MPF

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horária e recebe às vezes metade do que um profissional com vínculo empregatício -

se não menos - é o grande avanço da legislação.

O estágio especificamente na área do Direito deve visar o preparo para

atividades profissionais de advocacia, no ministério público, magistratura, soluções

extrajudiciais de controvérsias e demais profissões jurídicas. Sua legislação e

problemáticas se transformam conforme as leis do ensino se modificam também,

obviamente.

Motta e Stasiak (2004) trazem a Resolução CFE n° 3, de 25 de fevereiro de

1972, como marco na legislação do estágio pois deram à Prática caráter e natureza

disciplinar, evitando a sua natureza de mero apêndice do ensino da Teoria ou do

Processo. Posteriormente a mais significativa foi a Portaria n° 1.886, de 30 de

dezembro de 1994, que fixava as diretrizes curriculares e o conteúdo do curso jurídico

e, quanto ao estágio, solucionava as dúvidas e anomalias causadas pela Resolução

15/73 e Lei 5.842/72 relativas ao estágio profissionalizante. A Portaria n° 1886/94,

trouxe o estágio supervisionado como elemento curricular obrigatório e diferenciado na

formação do bacharel em Direito. Mesmo com essas vantagens, posteriormente a

portaria ainda foi considerada inadequada se confrontada com a Lei de Diretrizes de

Bases de 1996, por isso foi elaborado o Parecer 55/2004 que trata das novas

diretrizes curriculares para o curso de Direito.

Essas legislações tratam mais especificamente do aspecto pedagógico do

estágio, focando prioritariamente o estágio obrigatório, no entanto essas premissas se

adéquam também ao estágio não obrigatório pois não podem ser menosprezados, e

os dois devem estar de acordo com o projeto pedagógico curricular. Com relação às

questões da prática profissional a figura do estagiário de Direito também aparece na

Lei 8.906, de 1994 que dispõe sobre o estatuto da advocacia e da Ordem dos

Advogados do Brasil (OAB). Nessa lei federal fica claro que o estagiário não pode

atuar como parte na ação do processo assumindo a autoria do processo. Conforme o

art. 3º, § 2º da lei, o estagiário de advocacia, regularmente inscrito na OAB, pode

praticar: a postulação a órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais e as

atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

O estágio dos cursos de Direito também aparece na Resolução CNE/CES no

Page 28: Estudo de Usuários MPF

27

9/2004 no artigo 2º, parágrafo 1º, inciso IX, como um dos elementos estruturais do

projeto pedagógico; no artigo 5º, inciso III, que trata do eixo de formação prática; e no

artigo 7º e seus parágrafos que define o estágio sob responsabilidade do Núcleo de

Prática Jurídica (NPJ), devendo efetivar a “consolidação dos desempenhos

profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando” (caput do art. 7o) e abranger

os “domínios indispensáveis ao exercício das diversas carreiras contempladas pela

formação jurídica” (§ 2º do art. 7º.).

3.5 SERVIÇOS PRESTADOS POR BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS

A avaliação de qualidade está mais relacionada com serviços do que com

produtos e as bibliotecas são instituições que prestam serviços. Serviço deriva do

verbo servir, que pode ter o sentido de oferecer. Assim se “dá algo a quem não tem”,

esse é o princípio da oferta de serviços. (MILANESI, 1997).

A mudança de paradigma para o novo olhar sobre o usuário, entendendo sua

participação como ativa nos processos (ele não apenas pega um livro emprestado, lê

e devolve, mas também avalia, colabora na construção da Unidade, diz o que lhe

interessa ou não, vivência o serviço) faz com que a avaliação dos serviços seja motivo

de preocupação por parte das Instituições.

[...]o serviço está intimamente ligado à vivência do usuário, enquanto os bens manufaturados podem ser adquiridos. Portanto, os serviços não são palpáveis, e sim intangíveis e de difícil mensuração. Deste modo, a diferença principal entre bens e serviços está na participação do usuário, que vivencia a criação do serviço. (SANTOS; FARCHIN; VARVAKIS, 2003)

Assim, as bibliotecas elaboram e projetam seus serviços (ou deveriam) com

mais qualidade para atender essa nova postura, para poder disponibilizar informação

precisa aos seus usuários.

Como toda unidade de informação, a biblioteca especializada deve direcionar

seu funcionamento e suas atividades segundo as características de seus usuários, de

sua instituição mantenedora e da própria unidade de informação.

Page 29: Estudo de Usuários MPF

28

Os objetivos das bibliotecas especializadas estão relacionados aos objetivos

das instituições às quais estão vinculadas em vista de dar suporte informacional para

determinada instituição ou empresa.

Figueiredo (1979) enumera uma lista de funções das bibliotecas especializadas:

a) Desenvolvimento da coleção, de acordo com as necessidades da organização;

b) Manutenção de catálogos, índices e referências sobre assuntos especializados;

c) Disseminação da informação corrente através de: exposições, fornecimento de cópias, notificações pessoais, preparação e distribuição de listas de novas aquisições de boletins e publicações especiais, como cópia de sumários de periódicos;

d) Empréstimo de livros e circulação automática de periódicos; e) Indexação e resumo de relatórios internos e de correspondência técnica; f) Manutenção de serviço de referência para fornecimento de respostas a

questões rápidas ou que requeiram maior tempo e para a localização de material ou de informação em qualquer fonte ou em outra biblioteca;

g) Compilação de bibliografias e preparação de relatórios; h) Assistência editorial às publicações da organização; i) Serviços de tradução; j) Serviços personalizados de vários tipos: buscas na literatura, compilação

de dados, listas selecionadas com resumos de artigos de periódicos, serviços de alerta, etc;

k) Orientação em levantamentos da literatura e treinamento no uso da coleção. (FIGUEIREDO, 1979, p.11-12).

A maioria dos serviços prestados pelas bibliotecas especializadas são comuns

a outros tipos de bibliotecas respeitando suas características intrínsecas, porém cabe

ressaltar que o serviço de referência cumpre um papel primordial neste tipo de

biblioteca além da ser indispensável um sistema automatizado com serviços através

da internet.

Devido ao tipo de usuário que atende, tanto o atendimento presencial quanto a

divulgação de informações através, por exemplo, de boletins são de grande valia. A

educação de usuários também deve ser disponibilizada para que os usuários possam

ter maior autonomia na busca e uso da informação, sem perda de tempo

(VELLOSILLO GONZÁLEZ, 1999).

As tecnologias disponíveis, que possibilitam o usuário poder ter uma vivência

mais efetiva, interagindo com os sistemas de informação, por exemplo, trouxeram a

exigência de rapidez na recuperação da informação; o usuário quer retornos

imediatos. Essa exigência faz com que as Instituições repensem seus serviços de

Page 30: Estudo de Usuários MPF

29

modo mais ágil.

3.6 ESTUDO DE USUÁRIO

Capurro (2003) formulou três paradigmas que fundamentariam a Ciência da

Informação: o paradigma físico, o cognitivo e o social. A tendência é a evolução

destes, de acordo com os fundamentos de cada pesquisa, havendo uma adequação

com o paradigma, que seja a linha norteadora.

O primeiro paradigma “postula que há algo, um objeto físico, que um emissor

transmite a um receptor” (CAPURRO, 2003), voltado para o suporte físico da

informação e a gerência de informação (ordenar, organizar e controlar uma explosão

de informação). Porém, esta relação recebe diversas críticas, pois exclui o papel do

sujeito, do usuário.

Surge, então, o paradigma cognitivo, oposto ao físico, colocando o usuário

dentro do ciclo informacional, sendo, este alguém que necessita de alguma

informação, deixando de fora a condição e os processos sociais do ser humano. Este

processo prioriza a relação entre informação e conhecimento, o sujeito assimila a

informação, gerando conhecimento.

Para reverter esta situação, surge o paradigma social, que integra o usuário que

necessita informação a um contexto social, havendo, uma integração do paradigma

cognitivo a um contexto social, ou seja, o conhecimento interativo. O deslocamento do

foco da área para o usuário trouxe uma “humanização da área”. (RENAULT, 2007, p.

67).

Os estudos de usuários tornaram-se de extrema relevância com este último

paradigma, a fim de entendê-los e caracterizá-los, aplicando os resultados em

tomadas de decisões e melhorias na biblioteca.

Segundo Figueiredo (1994, p. 7)

Estudos de usuários são investigações que se fazem para saber o que os indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para saber se as

Page 31: Estudo de Usuários MPF

30

necessidades de informação por parte dos usuários de uma biblioteca ou de um centro de informação estão sendo satisfeitos de maneira adequada.

A autora (FIGUEIREDO, 1994) ainda enfatiza que os estudos de usuário são

um canal de comunicação entre biblioteca e a sua comunidade, pois por meio destes

estudos, os usuários podem comunicar suas necessidades, para que essas possam

ser atendidas pelas bibliotecas.

A Conferência da Royal Society, em 1948 e a Conferência Internacional de

Informação Científica, em Washington, 1958, foram marcos para os estudos de

usuários, pois foram apresentados trabalhos, nestes dois eventos, evidenciando a

preocupação de estudos voltados às necessidades de usuários. (FIGUEIREDO,

1994).

A importância dos estudos de usuários é mencionada por Figueiredo (1994, p.

10), pois os mesmos “[...] guiam a política de seleção de uma biblioteca para ser mais

de acordo com os interesses dos usuários, dinamizam [...] a organização total da

biblioteca propriamente dita [...]. De maneira especial, apontam as diretrizes para o

serviço de referência e de disseminação da informação, sob todas as formas”.

Dias e Pires (2004) enfatizam que os estudos de usuários são importantes para

conhecer as necessidades de informação dos usuários a fim de compreender os

motivos pelos quais as pessoas buscam a informação, pois a função mais importante

das unidades de informação é o modo como a informação disponibilizada modifica a

realização das atividades de seus usuários.

Durante a revisão de literatura foram encontrados poucos estudos sobre

bibliotecas jurídicas. Um destes estudos foi feito por Nascimento e Weschenfelder

(2006) que estudaram as necessidades dos vereadores de Florianópolis e o uso que

fazem da informação. As autoras constaram que os vereadores preferem os

documentos impressos, porém a Internet é utilizada no processo de pesquisa.

Outro estudo levantado foi feito na Biblioteca do Ministério da Saúde, por

Guimarães (2007), neste estudo a autora estudou usuários reais e potenciais e

verificou que os mesmos utilizam a Biblioteca Virtual em Saúde mais que os outros

serviços oferecidos pela Biblioteca e que os mesmos estão satisfeitos com a

biblioteca.

Page 32: Estudo de Usuários MPF

31

3.6 NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO

Conforme o modelo de criação de significação indicado por Dervin (1986 apud

CHOO, 2003, p. 85), o início do processo de busca da informação se dá a partir da

identificação de um vazio cognitivo, assim o usuário tenta preencher essa lacuna

através da busca da informação (CHOO, 2003). Figueiredo (1994, p. 34) explica que

necessidade é “o que o indivíduo deve ter para o seu trabalho, pesquisa, edificação,

recreação, entre outros, e exemplifica o caso do pesquisador, para ele “um item

necessário é aquele que levará adiante sua pesquisa” (FIGUEIREDO, 1994, p. 34).

Para Sanz Casado (1994, p. 24, tradução nossa) a necessidade é “a sensação

de carência de algo”. Essa lacuna identificada no conhecimento do pesquisador

precisa ser suprida para que o trabalho possa ter prosseguimento.

A análise apenas subjetiva das necessidades informacionais não dá resposta

quando se pergunta sobre categorias generalizáveis, assim o trabalho de Dervin e

Nilan (1986, apud CHOO, 2003)8 indica um modelo de necessidades cognitivas no

qual as pessoas vão dando sentido às coisas, vão criando significados através de

passos, uma analogia às suas experiências. Nessa caminhada elas identificam os

vazios cognitivos como já foi falado. Os estudos apresentados descobriram que a

forma como as pessoas percebem os seus vazios cognitivos e como desejam as

informações pode prever o comportamento delas na busca e no uso dessas

informações. Através dessa generalização pode se encontrar categorias universais

que se aplicam a diferentes grupos. Entre essas categorias está, por exemplo, a

parada de situação. Nessas paradas de situação o indivíduo identifica seu vazio

cognitivo como algo que o impede de seguir adiante sua caminhada, sua pesquisa.

Essa parada pode ter várias características como mostrar outros caminhos para

seguir, não mostrar caminho algum, mostrar caminhos nebulosamente e outros.

Além das necessidades cognitivas existem as reações emocionais nesse

processo de busca. Kuhlthau (1999) faz o estudo sobre essas reações pesquisando

8 Dervin, B.; Nilan, M. Information Needs and Uses. In: Williams, M. E. (org.). Annual Review of Information

Science and Technology (ARIST). 1986. apud CHOO, Chun Wu. Como ficamos sabendo: um modelo de uso da informação. In: ______. A Organização do Conhecimento. São Paulo: SENAC São Paulo, 2003. p. 63-120.

Page 33: Estudo de Usuários MPF

32

estudantes universitários e usuários de biblioteca O resultado entre os grupos

pesquisados mostrou padrões comuns para as reações emocionais e se configurou no

que ela chama de Princípio da Incerteza na busca de Informação. O processo é

dividido então em seis estágios (iniciação, seleção, exploração, formulação, coleta e

apresentação) e três campos (emocional, cognitivo e físico). A incerteza existe a partir

da iniciação e conforme o processo avança, a confiança do indivíduo cresce até

chegar ao estado de satisfação, no processo de apresentação.

Os estados emocionais motivam e vão moldar a maneira que esse indivíduo

processa e usa as informações. No entanto podem ocorrer fatos que façam a

incerteza aumentar ao invés de diminuir e no final do processo, juntamente com a

satisfação podem ser abertas também outras lacunas e haver outra incerteza, dando

início novamente aos estágios já que o modelo de Kuhlthau permite essa interrupção

ou reinicio conforme o ritmo de cada um. As dimensões situacionais de fora do

individuo irão influenciar no processo e são identificadas por Taylor (1986 apud

CHOO, 2003)9 como sendo: grupo de pessoas (profissionais, empresários, grupos de

interesse, grupos especiais), problemas típicos, ambientes de trabalho e solução de

problemas (percepções compartilhadas por um grupo como sendo a maneira de ver

seus problemas). No modelo de Choo a necessidade da informação parte da

consciência de uma necessidade, não esquecendo que essa necessidade nem

sempre leva à uma busca, mesmo sendo identificada.

Para Choo:

[...] as necessidades de informação são muitas vezes entendidas como as necessidades cognitivas de uma pessoa: falhas ou deficiências de conhecimento ou compreensão que podem ser expressas em perguntas ou tópicos colocados perante um sistema ou fonte de informação. Satisfazer uma necessidade cognitiva, então seria armazenar a informação que responde ao que se perguntou. (2003, p. 99).

O autor ainda salienta que as necessidades de informação podem crescer com

o tempo, evoluir: o que era apenas uma vaga sensação de incerteza pode

9 Taylor, R. S. Value-Added Processes in Information Systems. Norwood: Ablex Publishing, 1986. apud CHOO,

C. W. Como ficamos sabendo: um modelo de uso da informação. In: ______. A Organização do Conhecimento. São Paulo: SENAC São Paulo, 2003. p. 63-120.

Page 34: Estudo de Usuários MPF

33

transformar-se em uma necessidade e posterior busca da informação, como também

pode não suscitar questionamentos maiores, e desconsiderar o problema sem a busca

da informação. Essas considerações incluem o que, para Dervin é o vazio cognitivo e

o que Taylor identifica como estado visceral e consciente do processo (ele identifica

quatro níveis pelos quais passa a necessidade de informação: visceral, consciente,

formalizado e adaptado ), Belkin também irá denominar como estado anômalo do

conhecimento e Kuhlthau vê como a sensação de incerteza.(CHOO, 2003; LIRA,

2008).

A necessidade de informação é parte importante do processo de busca do

pesquisador, mas muitas vezes esta etapa é dificultada por ruído na comunicação

entre o usuário e o profissional da informação. Por vezes, o usuário não sabe o que

precisa, ou não sabe expressar essa necessidade corretamente, cabendo ao

profissional orientá-lo para que consiga verbalizar de forma clara. Em alguns casos, é

o próprio Bibliotecário que não tem conhecimento suficiente sobre o assunto

solicitado, ou a própria Unidade de Informação não dispõe do acervo necessário.

3.7 USO DA INFORMAÇÃO

Figueiredo (1994, p. 35) explica que o uso é:

O que o indivíduo realmente utiliza. Um uso pode ser uma demanda satisfeita, ou pode ser o resultado de uma leitura casual [...] ou acidental [...], isto é, uma informação reconhecida como uma necessidade ou desejo [...] apesar de não ter sido manifesta duma demanda.

O uso da informação é a satisfação da demanda, e vai depender do que a

Unidade de Informação pode oferecer, da disponibilidade e acessibilidade dessa

informação. A partir desse etapa, o Profissional não tem mais controle sobre a

informação, ou sobre a utilização dela pelo usuário.

Choo (2003, p. 107) considera que:

O resultado do uso da informação é uma mudança no estado de conhecimento do indivíduo ou de sua capacidade de agir. Portanto, o uso da informação envolve a seleção e o processamento da informação, de modo a

Page 35: Estudo de Usuários MPF

34

responder a uma pergunta, resolver um problema, tomar uma decisão, negociar uma posição ou entender uma situação.

Para González Teruel (2005, p. 75, tradução nossa) o uso é “o resultado, por

exemplo, da consulta a uma fonte de informação ou ainda uma conversa informal com

outra pessoa, onde determinada informação é recebida de forma casual e pode

satisfazer uma necessidade ou um desejo que previamente não havia dado lugar a

uma demanda”.

Os usos podem ser indicadores de demandas, as demandas de desejos, e os

desejos de necessidades.

Neste estágio, o indivíduo atua sobre a informação, tem-se a seleção e o

processamento da informação. Aqui existe a relação entre a relevância e o uso da

informação. Essa relevância é vista sob a perspectiva do sistema e do usuário. Na

primeira a informação é objetiva e um sistema pode, por exemplo, ser concebido para

computar os termos de uma pesquisa versus os termos que o usuário definiu para

suas buscas, através da análise do grau de proximidade dos dois se avalia a

relevância, no entanto, a apresentação de um documento pode revelar diferentes

conteúdos para pessoas diferentes, aqui a relevância fica prejudicada pela

objetividade, o que não acontece na perspectiva do usuário.

Retomando a afirmação inicial, o uso da informação é um processo confuso e

desordenado e no modelo multifacetado ele ocorre em ciclos recorrentes e interage

com elementos cognitivos, emocionais e situacionais.

No uso da informação não é mais algo que poderá mudar o estado de

conhecimento e sim algo que efetivamente muda. A busca e o uso são parte das

atividades de cada pessoa, a informação sempre se torna útil para alguém e o

processo todo depende sempre do contexto.

Page 36: Estudo de Usuários MPF

35

4 METODOLOGIA

A seguir são identificados o tipo de estudo, bem como outros procedimentos

metodológicos utilizados na realização deste estudo.

4.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo foi do tipo descritivo, baseado em uma abordagem quantitativa. A

pesquisa quantitativa baseou-se em análises estatísticas, já o estudo descritivo

interpretou as relações das variáveis envolvidas, sem necessariamente determinar

uma relação causa/efeito.

Para Marconi e Lakatos (2009) os estudos-descritivos são subdivididos em três

tipos: estudos de verificação de hipótese, estudos de avaliação de programa e estudos

de descrição de população. O presente estudo enquadra-se nesta última categoria. Os

mesmos autores definem como “[...] os estudos quantitativo-descritivos que possuem,

como função primordial, a exata descrição de certas características quantitativas de

populações como um todo, organizações ou outras coletividades específicas.”

(LAKATOS; MARCONI, 2009, p. 189).

4.2 SUJEITOS DO ESTUDO

O universo de usuários reais e potenciais da BPF é composto por 23

Procuradores da República, 159 servidores públicos, e 75 estagiários dos quais 45

são da área de Direito num total de 257. Para fins do estudo, excluiu-se os

funcionários da Biblioteca (quatro pessoas) e estagiários (quatro pessoas), o total da

população resultou em 249 usuários, portanto 155 servidores públicos (analistas e

técnicos), 71 estagiários e os mesmos 23 procuradores. Estes dados foram obtidos

Page 37: Estudo de Usuários MPF

36

através do setor de Recursos Humanos da Instituição.

Segundo Lakatos e Marconi (2009, p. 165) “[...] a amostra é uma parcela

convenientemente selecionada do universo (população) [...]”. Desse modo esperamos

uma resposta de no mínimo 20% de cada grupo de usuários, para que pudesse

representar o universo populacional.

A amostra foi formada por 52 usuários da biblioteca. Ainda sobre os sujeitos do

estudo, responderam ao questionário 31 servidores públicos (analistas e técnicos)

correspondendo a 20% do total de servidores; 3 procuradores correspondendo a 13%

do total e 18 estagiários correspondendo a 25% do total desse grupo. Apenas o

segmento de procuradores não atendeu às expectativas de 20% de respondentes,

para tornar a amostra válida.

4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Segundo Lakatos e Marconi (2009, p. 167) a coleta de dados é a “etapa da

pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas

selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos.”

Baptista e Cunha (2007) apontam o questionário como um dos métodos mais

utilizados em pesquisas quantitativas. Segundo eles o questionário “consiste numa

lista de questões formuladas pelo pesquisador a serem respondidas pelos sujeitos

pesquisados (BAPTISTA; CUNHA, 2007, p. 177).

Cunha (1982, p. 8-9) enumera como vantagens desse instrumento, o fato de ser

um método rápido em termos de tempo e barato. Com um questionário pode-se

atingir, ao mesmo tempo, uma grande população dispersa numa ampla região

geográfica, ele permite maior grau de liberdade e tempo ao respondente, e finalmente,

existe menor possibilidade de distorções nas respostas desde que o pesquisador não

influencie nas decisões do respondente. Neste caso específico, os questionários

podem ser enviados por email, sem custo algum, respondidos e reenviados ao

pesquisador sem grande esforço por parte do usuário.

O mesmo autor (CUNHA, 1982) aponta também que se, por um lado, a

Page 38: Estudo de Usuários MPF

37

distância entre pesquisador e respondente facilita, por outro, pode dificultar. O

respondente não tem a facilidade de esclarecer dúvidas em relação a perguntas mal

formuladas ou que contenham ambiguidade. Como muitas vezes as questões são

formuladas por bibliotecários, a terminologia usada pode não ser tão clara para o

usuário, além de que os bibliotecários tentam impor seus próprios julgamentos ou

hábitos a respeito dos caminhos pelos quais os usuários deveriam utilizar a

informação. Outra desvantagem é o índice de resposta, quase sempre baixo,

prejudicando enormemente a confiabilidade da amostragem. Os respondentes podem

não responder por falta de tempo ou de motivação. Geralmente estipula-se uma data

limite para entrega e os questionários com atraso deixam de ser computados na

tabulação.

Não há como saber se a resposta foi espontânea ou se sofreu a influência de

outras pessoas, principalmente se existe distância entre pesquisador e respondente.

Se o respondente tem acesso a todas as perguntas, sem controle por parte do

pesquisador, ele pode conhecer previamente todo o conteúdo do questionário,

podendo assim afetar ou direcionar suas respostas.

Segundo Selltiz (1965, apud MARKONI; LAKATOS 2009 p. 203) entre os

fatores que influenciam no retorno dos questionários estão: a forma atraente, a

extensão e as facilidades para seu preenchimento. Atendendo a esses quesitos, o

questionário do estudo foi elaborado utilizando a ferramenta Google Docs –

Formulário.

Outro fator que contribui para esta escolha foi a questão ambiental. Com a

facilidade do recurso online, foram poupadas aproximadamente 750 folhas, onde

seriam impressos os questionários.

Para o envio do questionário por email para todos os funcionários do prédio,

uma autorização foi solicitada pela bibliotecária chefe à Secretária Estadual da PR/RS,

autorizando a aplicação do questionário através da intranet. O pedido foi feito no dia 7

de junho e aprovado no dia 11 de junho. Tal demora na resposta se deu pela

necessidade de aprovação do Procurador-chefe.

A seguir é apresentado um quadro onde os objetivos são relacionados com as

questões do questionário.

Page 39: Estudo de Usuários MPF

38

OBJETIVOS QUESTÕES

Caracterizar o perfil dos usuários em relação a:

ocupação/cargo na instituição, tempo de vínculo com a

instituição, núcleo ou gabinete que trabalha;

1 a, 1 b e 1c

Identificar a freqüência de uso da biblioteca pelos usuários; 2

Identificar as finalidades de uso da biblioteca; 3

Verificar o conhecimento e utilização dos usuários em

relação aos serviços prestados pela biblioteca;

4 a

Identificar o grau de satisfação desses usuários em relação

aos serviços oferecidos;

4 b

Identificar a satisfação dos usuários em relação ao acervo; 4 b

Identificar os tipos de informação jurídica mais utilizadas; 4 d

Identificar a opinião dos usuários quanto ao atendimento

prestado pela biblioteca;

5 a e 5 b

Coletar sugestões para melhorias na biblioteca. 4 c

Quadro 1 – Objetivos específicos X Questões do instrumento de coleta de dados

A versão final do questionário pode ser encontrado no Apêndice A deste relatório.

4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS

O instrumento de coleta de dados foi aplicado durante uma semana (entre os

dias 15 a 24 de junho de 2010) através do email dos usuários, que informava o

endereço para resposta em um formulário eletrônico, elaborado com auxílio das

ferramentas do Google, utilizando o Google Formulário.

O convite para respondê-lo foi feito pela primeira vez no dia 16 de junho, e

repetido no dia 23 de junho, uma semana depois de enviado pela primeira vez. Ou

Page 40: Estudo de Usuários MPF

39

seja, o tempo de coleta de dados foi de 10 dias.

Percebemos que o maior número de respostas se dava no dia imediato ao

envio do formulário, e decaia durante a semana.

Esse tipo de questionário facilita aos usuários o preenchimento e devolução, na

medida que é respondido online e enviado imediatamente após ser respondido. Com

isso recebemos um retorno maior dentro do tempo previsto: 52 membros do MPF.

4.5 TRATAMENTO DE DADOS

Os dados coletados foram analisados e tabulados com ajuda da ferramenta

Google Docs. Ao serem trabalhados no programa Excel, alguns dados foram

relacionados. As perguntas abertas foram também tabuladas para facilitar a

visualização. Por fim gerou-se gráficos e tabelas para uma melhor visualização que

serão apresentados no próximo capítulo.

Lakatos e Marconi (2009) definem três passos a serem seguidos na

elaboração dos dados: seleção, codificação e tabulação. A seleção verificará

criticamente os dados coletados, detectando erros e evitando problemas na

codificação posteriormente. A codificação consiste na categorização dos dados que

possuem alguma relação entre si, podendo estes serem tabulados e contados . A

tabulação dispõe os dados em forma de tabelas, facilitando a visualização das

relações.

4.6 ESTUDO-PILOTO

Cabe salientar que o questionário passou pela aprovação das bibliotecárias da

instituição: Marta Roberti (CRB 10/652) e Adriana Nunes Dornelles (CRB 10/949).

Estas verificaram questões pertinentes à clareza, uso de linguagem adequada,

pertinência e ordem das questões e exaustividade do instrumento.

Page 41: Estudo de Usuários MPF

40

Foi feito um teste-preliminar em uma pequena parcela da população, a fim de

testar o instrumento de coleta de dados, com a intenção de averiguar possíveis

resultados equivocados, avaliar o tempo necessário para a realização da entrevista e

verificar a adequação das questões.

O estudo-piloto foi realizado com dois estagiários e uma funcionária da

Biblioteca Paulo Franco uma semana antes do envio aos usuários. Após sugestões

foram realizadas algumas alterações no questionário, a fim de dar maior clareza.

4.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

As limitações do estudo são quanto ao assunto, tempo, amostra e instrumento

de levantamento de dados. As especificações de cada um são:

a) assunto: o objetivo foi levantar alguns aspectos para compor o perfil do

usuário da biblioteca, além de diagnosticar a satisfação do usuário quanto

aos serviços oferecidos, sem pretensão de esgotar os assuntos, a escassez

de estudos de usuários em bibliotecas jurídicas foi um fator que interferiu na

concretização deste estudo, a título de comparações;

b) tempo: pouco tempo para coleta e análise dos dados;

d) amostra: a amostra ideal em um segmento não foi atingida;

e) instrumento: o número de itens foi limitado em cinco, para que a pesquisa

não fosse enfadonha.

Page 42: Estudo de Usuários MPF

41

5 ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo os dados coletados serão apresentados e analisados, uma vez

que dados isolados não são representativos. Lakatos e Marconi (2009, p. 167) vêm ao

encontro com a seguinte afirmativa “A importância dos dados está não em si mesmos,

mas em proporcionarem respostas às investigações.” Portanto os dados a seguir

buscam responder os objetivos propostos. Os resultados refletem as respostas da

população usuária da biblioteca. Esses resultados foram obtidos através de análises

das respostas de 52 usuários da BPF.

5.1 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL

Com relação aos cargos dos membros do MPF, que responderam ao

questionário, pode-se constatar que 38% são servidores técnicos, 35% são

estagiários, 21% são servidores analistas e apenas 6% são procuradores. Desse

modo, deduz-se que os procuradores não utilizam muito a biblioteca, delegando para

alguém: estagiários e/ou servidores realizarem as atividades de pesquisa em seu

lugar.

Page 43: Estudo de Usuários MPF

42

Gráfico 1 – Cargo dos usuários respondentes

Ainda podemos concluir que os locais onde há mais pesquisa são: o Núcleo

Criminal, o Núcleo do Consumidor e da Ordem Econômica e os Gabinetes em geral,

conforme mostra o Gráfico 2. O mesmo gráfico ilustra o cargo dos usuários que

pesquisam em cada Núcleo ou Gabinete.

Gráfico 2 – Núcleos que mais utilizam a biblioteca

Verificou-se o tempo de vínculo dos usuários do MPF e assim, foi observado

que os estagiários estão na maior parte concentrados no período de até um ano, já

Page 44: Estudo de Usuários MPF

43

que o tempo máximo de vínculo é de 2 anos; a maior parte dos servidores ficou

concentrada no período de 1 a 5 anos (16 servidores), 2 dos procuradores

respondentes estão concentrados no período de mais de 10 anos. O gráfico abaixo

mostra uma visão mais ampla do tempo de vínculo dos respondentes ao MPF.

Gráfico 3 – Tempo de vínculo ao MPF

5.2 FREQUÊNCIA

Verificou-se a freqüência que os usuários utilizam os serviços e materiais

disponíveis na BPF. As respostas demonstram que a maioria dos usuários

pesquisados utilizam a BPF rara e/ou esporadicamente (38%). Isto evidencia a

necessidade de uma melhor divulgação dos serviços aos usuários potenciais.

Gráfico 4 – Freqüência de uso

No cruzamento dos dados de freqüência e cargo obtivemos o resultado exposto

Page 45: Estudo de Usuários MPF

44

na tabela 1. Percebe-se que os estagiários e servidores técnicos utilizam a biblioteca

com mais freqüência, em relação aos servidores analistas e procuradores.

Tabela 1 – Cargo e Frequência

Cargo / Frequência Diariamente Semanalmente Mensalmente Rara/ Esporadicamente

Nunca

Estagiário 1 7 4 3 3

Procurador - - - 3 -

Servidor -Analista - - 6 4 1

Servidor - Técnico - 5 2 10 3

Um dado que chamou a atenção diz respeito a quantidade significativa de

respondentes que nunca frequentaram a biblioteca e mesmo assim responderam o

questionário. A tabela 2 foi elaborada apenas com as respostas dos usuários que não

utilizam a biblioteca. Os motivos que levam a não usarem a biblioteca foram tabelados

e expostos abaixo. Como alguns usuários apresentaram mais de um motivo para esta

pergunta, os valores abaixo não representam o total real de sete (7) respondentes.

Tabela 2 – Motivos que levam os usuários a não usarem a biblioteca

Motivo Usuários

Uso de outras bibliotecas 2

Desconhecimento de como usá-la 2

Falta de tempo disponível 1

Trabalha há pouco tempo no MPF 1

Desconhecimento do acervo 1

Revistas enviadas diretamente ao setor 1

Uso da Internet para pesquisas 1

Ausência de obras não técnicas 1

Nota: O total não representa o real número de usuários, pois alguns apresentaram mais de um motivo

5.3 FINALIDADES DE USO DA BIBLIOTECA

A identificação de uso da informação em bibliotecas permite ao bibliotecário

identificar quais os pontos fortes de utilização do acervo, e interpretar quais as

necessidades de informação dos seus usuários, conhecendo as características

Page 46: Estudo de Usuários MPF

45

relevantes o bibliotecário pode adequar os serviços e os produtos da unidade de

informação ao perfil do usuário.

Constatou-se que a biblioteca é mais utilizada para atividades relativas aos

serviços desenvolvidos no MPF. As atividades relatadas no item “outro” são relativas à

leitura de lazer: revistas e jornais.

Gráfico 5 – Finalidades de Uso Nota: Os usuários poderiam marcar mais de uma opção, portanto a soma ultrapassou os 100%.

5.4 CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DOS USUÁRIOS EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS PRESTADOS PELA BIBLIOTECA

O conhecimento dos serviços prestados pela biblioteca pode facilitar o

trabalho dos membros do MPF, tornando-o mais eficiente. Em contra partida, o

desconhecimento dos serviços oferecidos faz com que os usuários busquem em

outras unidades de informação ou mesmo, fiquem sem a informação desejada,

interferindo nos resultados do trabalho.

Pode-se constatar que o serviço de empréstimo possui o maior índice de

conhecimento e utilização por parte dos usuários (totalizando 33%). Em relação aos

menos conhecidos pode-se citar o treinamento de usuários na base de dados (56%),

Boletim IBCCrim ( 46%) e o Índice de Legislação (42%) . Já os conhecidos e pouco

Page 47: Estudo de Usuários MPF

46

utilizados são o Diário Oficial da União e Diário de Justiça (ambos 48%).

A BPF então, deve reavaliar a necessidade de se manter esses serviços,

caso esses demandem um trabalho que se considere superior ao grau de utilização, a

mão de obra empregada para disponibilização desses serviços poderá ser desviada

para outras funções.

Dados mais precisos são demonstrados na tabela 3 e no gráfico 6 abaixo:

Tabela 3 – Conhecimento e uso dos serviços e acervo

Conhecimento e utilização

Conheço e utilizo com frequencia

Conheço e utilizode vez em

quando Conheço e não utilizo Não conheço

Números Brutos

% Números Brutos

% Números Brutos

% Números Brutos

%

Pesquisas 7 13% 22 43% 8 15% 15 29%

Atendimento e orientação bibliográfica

6 12% 20 38% 14 27% 12 23%

Serviço de empréstimo 17 33% 16 31% 11 21% 8 15%

Intercâmbio entre bibliotecas

3 6% 13 25% 17 33% 19 37%

Divulgação dos Informativos eletrônicos STJ e STF

6 12% 14 27% 24 46% 8 15%

Divulgação dos sumários dos periódicos correntes

2 4% 10 19% 21 40% 19 37%

Treinamento no uso do acervo, bases de dados e arquivos disponíveis em meio eletrônico

3 6% 6 12% 14 27% 29 56%

Boletim IBCCrim 1 2% 5 10% 22 43% 24 46%

Índice de Legislação 2 4% 2 4% 26 50% 22 43%

Diário Oficial da União 3 6% 14 27% 25 48% 10 19%

Diário de Justiça 2 4% 12 23% 25 48% 13 25%

Site 7 13% 27 52% 12 23% 6 12%

Acervo 13 25% 22 43% 9 17% 8 15%

Page 48: Estudo de Usuários MPF

47

Gráfico 6 – Conhecimento e utilização dos serviços e acervo

5.5 GRAU DE SATISFAÇÃO DESSES USUÁRIOS EM RELAÇÃO AOS SERVIÇOS OFERECIDOS E AO ACERVO

A partir do conhecimento que os usuários demonstraram possuir a respeito dos

serviços oferecidos pela BPF, buscou-se conhecer a opinião deles em relação à

satisfação desses serviços. Desse modo, solicitou-se aos que conheciam avaliar os

serviços e o acervo.

Destacaram-se na avaliação como itens satisfatórios: o serviço de empréstimo

e o atendimento, já a divulgação dos sumários dos periódicos correntes; o treinamento

da base de dados e de usuários; o Boletim IBCCrim; o índice de legislação são

considerados pontos fracos da BPF. Estes serviços necessitam assim, uma maior

atenção e divulgação por parte da equipe e do gestor.

Page 49: Estudo de Usuários MPF

48

Tabela 4 – Grau de satisfação em relação aos serviços e acervo

Avaliação Ótimo Bom Médio Ruim

Pesquisas 41% 50% 9% 0%

Atendimento e orientação bibliográfica

51% 46% 3% 0%

Serviço de empréstimo 60% 34% 6% 0%

Intercâmbio entre bibliotecas 45% 41% 14% 0%

Divulgação dos Informativos eletrônicos STJ e STF

34% 42% 19% 5%

Divulgação dos sumários dos periódicos correntes

30% 50% 7% 13%

Treinamento no uso do acervo, bases de dados e arquivos disponíveis em meio eletrônico

19% 57% 10% 14%

Boletim IBCCrim 32% 37% 21% 10%

Índice de Legislação 22% 52% 17% 9%

Diário Oficial da União 28% 53% 19% 0%

Diário de Justiça 31% 46% 19% 4%

Site 29% 51% 17% 3%

Acervo 29% 49% 19% 3%

Gráfico 7 – Satisfação dos usuários em relação aos serviços e acervo

Page 50: Estudo de Usuários MPF

49

5.6 TIPOS DE INFORMAÇÃO JURÍDICA MAIS UTILIZADAS

Este dado possibilita ao bibliotecário fazer a alocação de recursos destinados

ao acervo de forma mais proveitosa para os usuários.

Verificou-se que a informação mais buscada na biblioteca é a doutrina.

Gráfico 8 – Tipos de Informação Nota: Os usuários poderiam marcar mais de uma opção, portanto a soma ultrapassou os 100%.

5.7 OPINIÃO DOS USUÁRIOS QUANTO AO ATENDIMENTO PRESTADO PELA BIBLIOTECA

Considerando o propósito principal deste trabalho, analisar o uso da informação

e o grau de satisfação dos usuários da Biblioteca Paulo Franco, julgou-se necessário

identificar mais precisamente os serviços prestados. Questões abertas foram

utilizadas para este propósito, ressaltando aspectos positivos e negativos da BPF.

Observou-se uma divergência no quesito atualização do acervo. Enquanto

alguns usuários consideram o acervo atualizado e satisfatório, outros o consideram

falho. Dependendo da área de atuação e ainda, do entendimento pessoal de cada

usuário.

Acredita-se que isso decorre do fato de áreas não relacionadas diretamente à

jurídica (ex.: informática e antropologia) não serem contempladas pela política da BPF.

Por isso, a necessidade de atualização da política de aquisição da biblioteca. Já o

atendimento é um aspecto positivo muito evidenciado e colocado como uma forma

Page 51: Estudo de Usuários MPF

50

eficiente de busca da informação solicitada.

Como as perguntas foram abertas pode-se elencar uma lista com os principais

termos relacionados, elaborando assim categorias para a tabulação. Os dados obtidos

dessa categorização podem ser conferidos nas tabelas 5 e 6. Cabe ressaltar que

estas questões não eram obrigatórias, portanto na Tabela 5 responderam 32 usuários,

destes, alguns listaram mais de um ponto positivo, já na Tabela 6, 19 usuários

responderam a questão, alguns também listaram mais de um ponto negativo.

Tabela 5 – Pontos positivos da BPF

Pontos positivos N.

Atendimento eficiente 15

Acervo atualizado 8

Integração com outras bibliotecas 2

Organização 2

Estagiárias 2

Local calmo 1

Limpeza 1

Simples acesso 1

Inexistência de multa 1

Amplo período de empréstimo 1

Tabela 6 – Pontos negativos da BPF

Pontos negativos N.

Acervo pequeno e pouco diversificado 6

Acervo desatualizado 5

Falta de divulgação de seus serviços e recursos 3

Livros em atraso e indisponíveis 2

Falta de divulgação de novas aquisições 1

Barulho excessivo 1

Dificuldade de acesso aos periódicos 1

Pouco treinamento de usuários 1

Falta de política para atualização dos suportes 1

Poucos periódicos 1

Poucos exemplares do mesmo livro 1

Impossibilidade de pesquisa por artigos de revistas 1

Espaço físico 1

Page 52: Estudo de Usuários MPF

51

5.8 SUGESTÕES PARA MELHORIAS NA BIBLIOTECA As sugestões para melhorias na biblioteca foram relatadas pelos usuários e

tabuladas abaixo, do total de 52 usuários, 26 sugeriram melhorias para a BPF.

Percebeu-se que a maioria das sugestões refere-se a melhorias no acervo, como

atualização e ampliação e a segunda maior incidência de sugestões foi para uma

melhor divulgação dos serviços prestados pela biblioteca. A ampliação do acervo não

se refere apenas a área do Direito, pois alguns usuários sugeriram a inclusão de

títulos da área de Antropologia - que embasariam os serviços do Núcleo de

Comunidades Indígenas e Minorias Étnicas - e Informática. Alguns usuários deram

mais de uma sugestão.

Assim como na análise anterior, devido à objetividade das respostas, pode-se

retirar palavras-chaves, termos que possibilitaram a categorização dos resultados para

uma melhor tabulação. Os dados são apresentados a seguir na tabela 7.

Tabela 7– Sugestões para melhorias na biblioteca

Sugestões Usuários

Ampliação/Atualização do acervo específico de Direito, e inclusão de livros de Antropologia e Informática

12

Maior divulgação dos serviços e acervo disponíveis 9

Possibilidade de sugestões de compras de livros e periódicos pelos usuários

2

Treinamento de usuários via EAD/ Tutorial 2

Atividades de incentivo à leitura 2

Melhor controle do empréstimo 1

Maior silêncio 1

Troca do aparelho de ar condicionado 1

Maior quantidade de exemplar dos livros mais utilizados

1

Indexação dos artigos das revistas jurídicas 1

Não apresentaram sugestões 26

Page 53: Estudo de Usuários MPF

52

6 CONCLUSÃO

Os estudos de usuários são um importante instrumento para a avaliação da

qualidade de uma Unidade de Informação. O presente estudo, realizado na Biblioteca

Paulo Franco, possibilitou verificar e corroborar vários aspectos já teorizados a

respeito dos estudos. No entanto, pode-se observar através da busca por referencial

teórico a escassez dos estudos de usuários na área jurídica, deixando a área carente

de maiores análises e interpretações e também restringindo este estudo para

possíveis comparações.

O Ministério Público Federal é hoje um órgão público de renome, sendo

considerado um dos mais atuantes. Os profissionais que trabalham nesses órgãos

atuam diretamente na Sociedade. As decisões tomadas por procuradores e juízes vão

influenciar a vida do cidadão comum. Os servidores também devem ter consciência de

que suas práticas de trabalho são orientados à população. Sendo assim, o

conhecimento que esses profissionais adquirem deve ser atualizado e de qualidade.

Todas as bibliotecas possuem um objetivo em comum: fornecer informação e

possibilitar a análise crítica por parte do usuário para que essa informação possa se

transformar em conhecimento. Essa nova concepção é conseqüência da mudança dos

paradigmas na área da Informação: do acervo para o usuário, da custódia de suportes

para a disseminação de informação. Esse é um processo pelo qual algumas

bibliotecas/bibliotecários ainda não passaram por isso ainda se encontram muitas

opiniões retrógradas.

A biblioteca jurídica, inserida dentro de uma Instituição, deve servir de base

para que a agregação de conhecimento ocorra constantemente, servindo aos

objetivos dessa Instituição. Para isso ela tem, além do objetivo comum, seus objetivos

específicos, intrínsecos a sua natureza. Entre os objetivos vistos estão: a

disseminação de informação jurídica, a manutenção de serviço de referência para

fornecer respostas de vários tipos ao público especializado que atende, orientar no

levantamento de literatura e serviços personalizados de busca nas fontes de

informação especializadas.

Page 54: Estudo de Usuários MPF

53

A Biblioteca Paulo Franco apresenta, entre seus objetivos específicos, tópicos

relacionados com a disponibilização de serviços bibliográficos e de informação aos

membros, servidores e estagiários da Procuradoria para que se efetue o

desenvolvimento das atividades jurídicas, também objetiva atender às necessidades

de informação dos Procuradores em seu trabalho e pesquisas; formar, desenvolver,

avaliar e preservar o acervo documental, planejando, coordenando, orientando,

acompanhando e controlando as atividades de Biblioteconomia e Documentação no

âmbito da instituição.

O total de respondentes foram 52, sendo que desses: 31 servidores públicos

(analistas e técnicos) correspondendo a 20% do total de servidores; 3 procuradores

correspondendo a 13% do total e 18 estagiários correspondendo a 25% do total desse

grupo. Foi estipulado que, para obter uma amostra significativa, deveria haver no

mínimo 20% de cada segmento. Conforme os pontos negativos, já destacados no

referencial teórico, sobre o instrumento de coleta questionário, o qual muitas vezes

não dá o retorno necessário, pode-se considerar que a amostra atingiu as

expectativas, apesar de o segmento de procuradores não atingir o mínimo estipulado.

Este dado é importante e merece uma maior atenção por parte da Biblioteca. Talvez

deva-se procurar um contato mais direcionado a esse segmento para verificar porque

eles não utilizam diretamente os serviços da Biblioteca e talvez enviem outras pessoas

em seu nome para efetuarem as pesquisas. Acredita-se que, de alguma forma, eles

devem efetuar suas pesquisas e de conhecimento desse dado a Biblioteca pode

planejar ações.

O estudo de usuário na Biblioteca foi realizado para analisar as necessidades e

uso de informação, além do grau de satisfação dos usuários da Biblioteca Paulo

Franco, em relação aos serviços prestados. Ao realizar essa análise, pode-se verificar

se os objetivos propostos pela Biblioteca estão de acordo.

Os resultados obtidos mostraram que o acervo da Biblioteca de um modo geral

supre as necessidades dos usuários, com alguns aspectos a serem melhorados, por

exemplo, na diversificação dos assuntos. O público parece estar desenvolvendo

atividades multi/interdisciplinares que exigem da Biblioteca um acervo com uma gama

maior de temas. Um exemplo prático são os núcleos que desenvolvem atividades

Page 55: Estudo de Usuários MPF

54

diferenciadas, como o Núcleo de Comunidades Indígenas e Minorias Étnicas.

Também foi identificado através dos resultados que existem ainda usuários a

serem alcançados, atraídos para serem reais usuários. A biblioteca pode, através

desses resultados, pensar em ações de marketing dentro da Instituição: comunicar

através da Intranet, ou de algum evento ou de atividades diretamente nos setores,

levando a Biblioteca aos usuários por todos os meios disponíveis.

Através desse tipo de estratégia de promoção se solucionará tanto a questão

dos usuários que não utilizam a biblioteca como também dos serviços desconhecidos

até mesmo por usuários que a freqüentam. Entende-se, também, que talvez os

usuários que responderam não utilizar a biblioteca seja exatamente por desconhecer

que ela possa lhe ser útil.

A Biblioteca forneceu todo o apoio necessário para que o estudo pudesse ser

bem abrangente e que os dados fossem consistentes para cumprir com seu objetivo.

Mostrou-se, dessa forma, interesse nos resultados obtidos tanto para reconhecer um

trabalho bem feito como para corrigir possíveis falhas nos processos de informação e

comunicação.

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APÊNDICE A

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ANEXO A

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ANEXO B

LEI Nº- 11.788, DE 25 DE SETEMBRO DE 2008

Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto- Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DA DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E RELAÇÕES DE ESTÁGIO Art. 1o Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. § 1o O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando. § 2o O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. Art. 2o O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, conforme determinação das diretrizes curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do curso. § 1o Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma. § 2o Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória. § 3o As atividades de extensão, de monitorias e de iniciação científica na educação superior, desenvolvidas pelo estudante, somente poderão ser equiparadas ao estágio em caso de previsão no projeto pedagógico do curso. Art. 3o O estágio, tanto na hipótese do § 1o do art. 2o desta Lei quanto na prevista no § 2o do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos: I - matrícula e freqüência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II - celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III - compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. § 1o O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7º desta Lei e por menção de aprovação final. § 2o O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Art. 4o A realização de estágios, nos termos desta Lei, aplica-se aos estudantes estrangeiros regularmente matriculados em cursos superiores no País, autorizados ou reconhecidos, observado o prazo do visto temporário de estudante, na forma da legislação aplicável. Art. 5o As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio podem, a seu critério, recorrer a serviços de agentes de integração públicos e privados, mediante condições acordadas em instrumento jurídico apropriado, devendo ser observada, no caso de contratação com recursos públicos, a legislação que estabelece as normas gerais de licitação. § 1o Cabe aos agentes de integração, como auxiliares no processo de aperfeiçoamento do instituto do estágio: I - identificar oportunidades de estágio; II - ajustar suas condições de realização; III - fazer o acompanhamento administrativo; IV - encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; V - cadastrar os estudantes. § 2o É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de remuneração pelos serviços referidos nos incisos deste artigo. § 3o Os agentes de integração serão responsabilizados civilmente se indicarem estagiários para a realização de atividades não compatíveis com a programação curricular estabelecida para cada curso, assim como estagiários matriculados em cursos ou instituições para as quais não há previsão de estágio curricular. Art. 6o O local de estágio pode ser selecionado a partir de cadastro de partes cedentes, organizado pelas

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instituições de ensino ou pelos agentes de integração. CAPÍTULO II DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO Art. 7o São obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus educandos: I - celebrar termo de compromisso com o educando ou com seu representante ou assistente legal, quando ele for absoluta ou relativamente incapaz, e com a parte concedente, indicando as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da formação escolar do estudante e ao horário e calendário escolar; II - avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e profissional do educando; III - indicar professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário; IV - exigir do educando a apresentação periódica, em prazo não superior a 6 (seis) meses, de relatório das atividades; V - zelar pelo cumprimento do termo de compromisso, reorientando o estagiário para outro local em caso de descumprimento de suas normas; VI - elaborar normas complementares e instrumentos de avaliação dos estágios de seus educandos; VII - comunicar à parte concedente do estágio, no início do período letivo, as datas de realização de avaliações escolares ou acadêmicas. Parágrafo único. O plano de atividades do estagiário, elaborado em acordo das 3 (três) partes a que se refere o inciso II do caput do art. 3o desta Lei, será incorporado ao termo de compromisso por meio de aditivos à medida que for avaliado, progressivamente, o desempenho do estudante. Art. 8o É facultado às instituições de ensino celebrar com entes públicos e privados convênio de concessão de estágio, nos quais se explicitem o processo educativo compreendido nas atividades programadas para seus educandos e as condições de que tratam os arts. 6o a 14 desta Lei. Parágrafo único. A celebração de convênio de concessão de estágio entre a instituição de ensino e a parte concedente não dispensa a celebração do termo de compromisso de que trata o inciso II do caput do art. 3o desta Lei. CAPÍTULO III DA PARTE CONCEDENTE Art. 9o As pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio, observadas as seguintes obrigações: I - celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando, zelando por seu cumprimento; II - ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural; III - indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente; IV - contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso; V - por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho; VI - manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio; VII - enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário. Parágrafo único. No caso de estágio obrigatório, a responsabilidade pela contratação do seguro de que trata o inciso IV do caput deste artigo poderá, alternativamente, ser assumida pela instituição de ensino. CAPÍTULO IV DO ESTAGIÁRIO Art. 10. A jornada de atividade em estágio será definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a parte concedente e o aluno estagiário ou seu representante legal, devendo constar do termo de compromisso ser compatível com as atividades escolares e não ultrapassar: I - 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos; II - 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular. § 1o O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino.

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§ 2o Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante. Art. 11. A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. Art. 12. O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio-transporte, na hipótese de estágio não obrigatório. § 1o A eventual concessão de benefícios relacionados a transporte, alimentação e saúde, entre outros, não caracteriza vínculo empregatício. § 2o Poderá o educando inscrever-se e contribuir como segurado facultativo do Regime Geral de Previdência Social. Art. 13. É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. § 1o O recesso de que trata este artigo deverá ser remunerado quando o estagiário receber bolsa ou outra forma de contraprestação. § 2o Os dias de recesso previstos neste artigo serão concedidos de maneira proporcional, nos casos de o estágio ter duração inferior a 1 (um) ano. Art. 14. Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio. CAPÍTULO V DA FISCALIZAÇÃO Art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. § 1o A instituição privada ou pública que reincidir na irregularidade de que trata este artigo ficará impedida de receber estagiários por 2 (dois) anos, contados da data da decisão definitiva do processo administrativo correspondente. § 2o A penalidade de que trata o § 1o deste artigo limita-se à filial ou agência em que for cometida a irregularidade. CAPÍTULO VI DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 16. O termo de compromisso deverá ser firmado pelo estagiário ou com seu representante ou assistente legal e pelos representantes legais da parte concedente e da instituição de ensino, vedada a atuação dos agentes de integração a que se refere o art. 5º desta Lei como representante de qualquer das partes. Art. 17. O número máximo de estagiários em relação ao quadro de pessoal das entidades concedentes de estágio deverá atender às seguintes proporções: I - de 1 (um) a 5 (cinco) empregados: 1 (um) estagiário; II - de 6 (seis) a 10 (dez) empregados: até 2 (dois) estagiários; III - de 11 (onze) a 25 (vinte e cinco) empregados: até 5 (cinco) estagiários; IV - acima de 25 (vinte e cinco) empregados: até 20% (vinte por cento) de estagiários. § 1o Para efeito desta Lei, considera-se quadro de pessoal o conjunto de trabalhadores empregados existentes no estabelecimento do estágio. § 2o Na hipótese de a parte concedente contar com várias filiais ou estabelecimentos, os quantitativos previstos nos incisos deste artigo serão aplicados a cada um deles. § 3o Quando o cálculo do percentual disposto no inciso IV do caput deste artigo resultar em fração, poderá ser arredondado para o número inteiro imediatamente superior. § 4o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos estágios de nível superior e de nível médio profissional. § 5o Fica assegurado às pessoas portadoras de deficiência o percentual de 10% (dez por cento) das vagas oferecidas pela parte concedente do estágio. Art. 18. A prorrogação dos estágios contratados antes do início da vigência Art. 19. O art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 428. ............................... .................................................. § 1o A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, matrícula e freqüência do aprendiz na escola, caso não haja concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. .......................................................................................................... § 3o O contrato de aprendizagem não poderá ser estipulado por mais de 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência. .......................................................................................................... § 7o Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio para o cumprimento do disposto no § 1o deste artigo, a contratação do aprendiz poderá ocorrer sem a freqüência à escola, desde que ele já tenha concluído o

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ensino fundamental." (NR) Art. 20. O art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria. Parágrafo único. (Revogado)." (NR) Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 22. Revogam-se as Leis nos 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6o da Medida Provisória no 2.164-41, de 24 de agosto de 2001. Brasília, 25 de setembro de 2008; 187o da Independência e 120o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Fernando Haddad André Peixoto Figueiredo Lima