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ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS SILVIPASTORIL E REFORMA DE PASTAGEM EM PROPRIEDADES DE LEITE TÍPICAS AUTORES: Daniel Marcelo Velazco Bedoya Mauro Osaki Paulo Moraes Ozaki Thiago Bernardino de Carvalho Sérgio de Zen Centro de Pesquisas em Economia Aplicada – CEPEA/ESALQ Piracicaba, 30 de outubro de 2012

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA IMPLANTAÇÃO … · Para o estudo de viabilidade econômica das práticas sustentáveis contempladas pelo Programa ABC, bem como sua comparação

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ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA NA IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS SILVIPASTORIL E REFORMA DE PASTAGEM EM PROPRIEDADES DE LEITE

TÍPICAS

AUTORES:

Daniel Marcelo Velazco Bedoya

Mauro Osaki

Paulo Moraes Ozaki

Thiago Bernardino de Carvalho

Sérgio de Zen

Centro de Pesquisas em Economia Aplicada – CEPEA/ESALQ

Piracicaba, 30 de outubro de 2012

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CONTEÚDO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

1.1. Emissões da pecuária leiteira brasileira ............................................................. 3

1.2. Técnicas mitigadoras de GEE do Programa ABC ............................................. 3

2. METODOLOGIA ..................................................................................................... 4

2.1. Fazendas típicas ................................................................................................. 5

2.2. Análise econômica............................................................................................. 5

2.2.1. Custo Operacional Efetivo (COE).............................................................. 5

2.2.2. Custo Operacional Total (COT) ................................................................. 6

2.2.3. Custo Total (CT)......................................................................................... 6

2.3. Análise financeira .............................................................................................. 6

2.3.1. Valor Presente Líquido (VPL).................................................................... 6

2.3.2. Taxa Interna de Retorno (TIR) ................................................................... 7

2.3.3. Payback....................................................................................................... 7

2.3.4. Return on Investment (ROI) ....................................................................... 7

2.4. Regiões............................................................................................................... 7

2.5. Recuperação de áreas degradadas...................................................................... 7

2.5.1. Reforma de pastagens................................................................................. 7

2.6. Integração lavoura-pecuária-floresta ................................................................. 9

2.6.1. Sistema silvipastoril.................................................................................... 9

3. RESULTADOS....................................................................................................... 12

3.1. Reforma de pastagens ...................................................................................... 12

3.2. Sistema silvipastoril ......................................................................................... 14

3.3. Indicadores técnicos......................................................................................... 15

3.4. Indicadores econômicos................................................................................... 16

3.5. Análise financeira ............................................................................................ 20

4. NOVAS PRÁTICAS............................................................................................... 24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 26

6. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................... 27

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Emissões da pecuária leiteira brasileira

Dentre as atividades que possuem potencial de emissão de gases do efeito estufa (GEE) no

Brasil, a agricultura tem uma importância considerável. Nesse âmbito, a pecuária é

representativa. Segundo Ferreira e Rocha (2004), a pecuária de corte e leite são responsáveis

por 42,5% das emissões brasileiras de GEE (isso sem considerar as emissões geradas pela

mudança de uso do solo – composta basicamente por queimadas), sendo somente a pecuária

de leite responsável por 6,6%, o que totaliza um montante de 40,40 Tg de CO2 equivalente.

Essa situação têm proporcionado ao Brasil críticas quanto ao impacto da atividade

pecuária em relação às mudanças climáticas. Segundo EMBRAPA (2011), a ineficiência

produtiva do modelo de exploração atual, atrelado ao uso de pastagens degradadas ou pouco

produtivas, geram maiores quantidades de GEE por litro de leite produzido. Esta situação

juntamente à tendência da necessidade de mitigar as emissões de GEE acarretará num

processo natural de melhora da eficiência dos sistemas de produção atuais.

Dentre os GEE mais significativos em termos de aquecimento global, o metano (CH4) é

significativo, pois apresenta um potencial 25 vezes maior em relação ao dióxido de carbono

(CO2). Entre os meios que emitem o metano, a pecuária de leite contribui de dois modos: a

fermentação entérica e dejetos dos animais, sendo o primeiro responsável por

aproximadamente 90% das emissões da pecuária leiteira (EMBRAPA, 2011).

Sabendo disso, as principais pesquisas sobre técnicas mitigadoras de emissão de GEE têm

sido voltadas à melhor eficiência do sistema produtivo, através da produção de alimentos de

melhor qualidade e técnicas de nutrição que favoreçam uma melhor digestão da fibra e

consequente aumento de produtividade, amenizando as emissões de GEE por litro de leite

produzido. Outros estudos também destacam o potencial de sequestro de carbono (C) por

parte das pastagens, sistemas agrosilvipastoris e o tratamento de resíduos dos animais para

geração de energia e/ou reaproveitamento de nutrientes para produção de volumosos.

1.2. Técnicas mitigadoras de GEE do Programa ABC

O Programa de Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC) consiste na

disponibilização de linhas de crédito que incentiva o uso de técnicas de baixa emissão de

gases do efeito estufa (GEE), por parte dos produtores agropecuários brasileiros. As técnicas

financiáveis pelo Programa, que remetem a uma agricultura sustentável são: plantio direto na

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palha, recuperação de áreas degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, plantio de

florestas comerciais, fixação biológica de nitrogênio e tratamento de resíduos animais.

Dessas técnicas contempladas pelo Programa ABC, a pecuária leiteira pode contar com

três, sendo 1) recuperação de áreas degradadas, que consiste em recuperar/reformar as áreas

de pastagens degradadas; 2) integração lavoura-pecuária-floresta, que é o cultivo

concomitante ou sequencial de lavouras (soja, milho, etc), florestas comerciais (eucalipto,

pinus, etc.) e pastagem e; 3) tratamento de dejetos, que estimula a construção de instalações

que visam produzir energia e composto orgânico. Este último, apesar de sua aplicabilidade à

pecuária de leite, possui maior aproveitamento para a suinocultura, não entrando no rol de

práticas mitigadoras para a pecuária de leite do presente trabalho.

2. METODOLOGIA

Para o estudo de viabilidade econômica das práticas sustentáveis contempladas pelo

Programa ABC, bem como sua comparação com sistemas de produção convencionais, foram

utilizadas como base as planilhas eletrônicas dos painéis de custo de produção de leite

realizados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria

com a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que caracterizam as fazendas

típicas da região de estudo, ilustrando com bastante realidade os sistemas de produção de leite

da mesma.

Das três práticas do Programa ABC aplicáveis à pecuária de leite foram avaliadas duas, a

recuperação de áreas degradadas e a integração lavoura-pecuária-floresta. Na primeira foi

feita uma simulação de reforma da pastagem, e posterior manutenção da mesma, capaz de

suprir a lotação do rebanho bem como aumentar o número de vacas em lactação mediante

compra de animais. Em relação à segunda técnica, devido às características das propriedades

leiteiras e seus sistemas de produção, que em sua maioria já possuem o cultivo de lavouras,

principalmente de milho e sorgo, para produção de silagem, optou-se por implantar o sistema

silvipastoril, que agrega a produção de florestas comerciais de eucalipto à produção animal.

Dessa forma, pela importância e representatividade na produção de leite brasileira, o

estado de Minas Gerais foi escolhido para a realização das simulações das técnicas

sustentáveis. Além disso, a localização geográfica e a adequação do estado à realidade

proposta pelo programa ABC, também foram fatores importantes para a escolha do estado.

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2.1. Fazendas típicas

A obtenção precisa dos dados de cada propriedade e de seu sistema de produção é uma

tarefa bastante complexa do ponto de vista dos custos envolvidos. As propriedades leiteiras,

bem como todas as propriedades rurais, no geral caracterizam-se por apresentar um nível

bastante heterogêneo em relação à área física, tamanho do rebanho, sistema de produção,

nível de tecnificação, existência de outras atividades na propriedade e forma de

gerenciamento. Sendo assim, para contornar essa questão e, ao mesmo tempo, aproximar a

análise da realidade, torna-se necessária a definição de uma propriedade que melhor

represente as existentes na região. Essas propriedades, chamadas de “típicas”, geralmente,

possuem tamanhos médios e sistemas de produção mais comuns, situando-se dentro de

padrões modais do universo considerado, resultando, dessa maneira, em um conjunto de

informações consistentes e úteis para avaliação técnica e econômica de sistemas de produção

de leite da região.

A coleta dos dados da fazenda típica é feita pela metodologia de “painel” (Plaxico e

Tweeten, 1963). Apesar da dificuldade de caracterizar uma única propriedade e um sistema de

produção que seja representativo do município em estudo, o método busca, através da

experiência dos produtores participantes, caracterizar a propriedade que seja mais comumente

encontrada na região. Em algumas áreas, a impossibilidade de determinar essa tipicidade faz

com que mais de uma propriedade ou sistemas de produção representados sejam

estabelecidos.

2.2. Análise econômica

A grande variabilidade de métodos empregados nos cálculos de custos de produção

dificulta a comparação dos diversos estudos que se relacionam com esse tema, por isso são

apresentados os principais itens que compõem os custos. O cálculo do custo de produção na

pecuária foi com base nos conceitos obtidos através do trabalho de Matsunaga et al (1976).

2.2.1. Custo Operacional Efetivo (COE)

Refere-se a todos os gastos assumidos pela propriedade ao longo de um ano e que serão

consumidos neste mesmo intervalo de tempo. Este item contém os custos chamados de

variáveis – custos que variam conforme a quantidade produzida, por exemplo: medicamentos,

suplementação mineral, concentrado, manutenção de benfeitorias, máquinas e forrageiras

perenes, entre outros. No caso da utilização de máquinas e implementos em operações como a

manutenção de culturas perenes e pastagem, os valores da hora-máquina e hora-implemento

6

também são determinados, além de alguns custos fixos como impostos e contribuições, que

são caracterizados também como desembolso pelo produtor.

2.2.2. Custo Operacional Total (COT)

Refere-se à soma do COE com o valor das depreciações de benfeitorias, máquinas e

implementos, animais de serviço e forrageiras perenes. Neste item também há também a

inclusão do pró-labore, referente à retirada mensal do produtor de acordo com sua

participação no processo produtivo da propriedade.

2.2.2.1. Cálculo das depreciações

A depreciação das máquinas e dos implementos utilizados nesta planilha é igual aos

cálculos das depreciações de construções, benfeitorias e equipamentos. Todos levam em

consideração a depreciação linear, utilizando apenas o valor unitário, o valor residual e o

tempo de vida útil em anos de cada bem.

2.2.3. Custo Total (CT)

Refere-se à soma do COT com a remuneração sobre o capital investido em benfeitorias,

máquinas, implementos, equipamentos, utilitários, animais e forrageiras perenes, utilizando-se

da taxa de 6%, referente à aplicação financeira em poupança, sobre o montante aplicado

nesses itens. Além da remuneração sobre o capital investido, há também o custo de

oportunidade da terra, que acrescenta o valor do arrendamento mais utilizado na região (ex:

sacas de soja, arroba de boi, etc.), na área utilizada pela pecuária leiteira.

2.3. Análise financeira

Para a análise financeira dos sistemas de produção propostos para a propriedade

representativa de Uberlândia foram utilizadas as seguintes ferramentas para avaliação de

projeto propostas por Buarque (1984) que são Taxa interna de retorno (TIR), Valor Presente

Líquido e payback. Além dessas, também foi feita a análise do Retorno do Investimento

(ROI) num horizonte de 21 anos de cada um dos fluxos de caixa elaborados. A taxa de juros

assumida foi de 5% a.a (Selic).

2.3.1. Valor Presente Líquido (VPL)

Representa o valor atual de um determinado montante a obter-se no futuro. Assim, para

saber o quanto o dinheiro do amanhã vale hoje, utiliza-se a taxa de desconto. Essa taxa de

desconto simboliza o custo do capital para o investidor do projeto.

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2.3.2. Taxa Interna de Retorno (TIR)

É a taxa necessária para igualar o valor de um investimento (valor presente) com os seus

respectivos retornos futuros ou saldos de caixa.

2.3.3. Payback

Representa o intervalo de tempo que será necessário para que o investidor recupere o

capital investido.

2.3.4. Return on Investment (ROI)

É um método usado para quantificar a eficiência de um investimento ou então para avaliar

eficiência de uma série de diferentes investimentos. Em outras palavras é o capital ganho ou

perdido através de um investimento, e o montante de capital investido. Para se calcular o ROI,

basta subtrair do “Investimento ganho” o “Custo do investimento” e dividir esse produto pelo

“Custo do investimento”.

ROI = (Retorno do Investimento–Custo do Investimento)/Custo do Invest.

2.4. Região

Para a realização do estudo, considerou-se a região de Uberlândia. A determinação da

propriedade típica seguiu a metodologia de painel, que leva em conta a moda da produção, ou

seja, a propriedade típica descrita é aquela que representa a maioria da produção de leite do

município. Esta abordagem remete aos produtores que investem na produção e pretendem

obter retorno financeiro.

Os estudos para implantação de sistemas silvipastoris e a reforma de pastagens foram

consideradas no universo regional de Uberlândia, fazendo o comparativo com situação atual

identificada no painel de custo de produção.

2.5. Recuperação de áreas degradadas

2.5.1. Reforma de pastagens

Para a reforma de pastagens foram consideradas as operações já existentes no painel de

Uberlândia, adicionada de adubação de cobertura parcelada em três vezes, detalhadas na

Tabela 1.

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Tabela 1. Operações de formação da pastagem.

Operações Rend. Operacional

Calagem 2 horas/ha

Gradagem Pesada 2 horas/ha

Gradagem Pesada 1 horas/ha

Gradagem Niveladora 3 horas/ha

Semeadura/Adubação 2 horas/ha

Gradagem Niveladora (incorporação) 1 horas/ha

Adubação de cobertura 3 horas/ha

Fonte: Cepea

Já a adubação foi baseada na extração de nutrientes do solo por parte da planta, no caso a

Brachiaria brizantha, de acordo com Corsi e Martha Júnior (1997). Os insumos utilizados

estão descritos na Tabela 2. É importante ressaltar que esta adubação é referente somente ao

estabelecimento da pastagem, no primeiro ano do projeto.

Tabela 2. Insumos utilizados para a formação da pastagem.

Insumos Quantidade

Semente "braquiarão" (40 VC) 15 kg/ha

Calcário 2 t/ha

Super Simples 317 kg/ha

Uréia 680 kg/ha

Cloreto de Potássio 530 kg/ha

Fonte: Cepea

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Dessa forma, a vida útil da pastagem foi aumentada para 30 anos, porque além da

formação adequada, foi adotado um sistema de manejo intensivo da pastagem por meio de uso

de pastejo rotacionado. A necessidade de forragem, baseada no consumo de matéria seca

(MS), levou em consideração o consumo de 1,8% do peso vivo (PV) do animal, um pouco

abaixo de 2,37% proposto por Lima et al (2001) em pastagens de capim Tanzânia e dentro dos

parâmetros de consumo de 1,0 a 2,8% do PV de vacas em pastagens tropicais e ainda uma

eficiência de pastejo de 70%, que fica dentro dos padrões de eficiência de pastejo das

pastagens tropicais como descrito por Braga et al (2007). Os animais foram suplementados

com concentrado de acordo com a produção de leite.

Com base nisso foi feito o planejamento do dispêndio para a formação da pastagem,

aumento da área de silagem de milho para uso na entressafra, compra de concentrado

equivalente ao aumento do rebanho, construção de benfeitorias, e aquisição de equipamentos

e animais. A linha de financiamento do Programa ABC limita o uso do investimento em 40%

para a compra de animais e 30% para custeio, como compra de concentrado e formação de

silagem. Além disso, para a implantação do projeto e acompanhamento da propriedade foi

considerado gastos com assistência técnica.

2.6. Integração lavoura-pecuária-floresta

2.6.1. Sistema silvipastoril

Para a implantação do sistema silvipastoril utilizou-se a área de pastagem extensiva que

somava 60 ha. A pastagem, antes manejada de modo extensivo, passou a ser adubada,

considerando o mesmo padrão de extração de nutrientes descrito anteriormente, e manejada

de maneira intensiva por meio de rotação de piquetes, já que 36% dessa área, ou 22 ha, serão

ocupados com o cultivo do eucalipto, necessitando de uma maior produção de forragem capaz

de dar suporte a uma maior quantidade de animais. Dessa forma, na análise não foi

considerada a reforma da pastagem, mas somente a sua manutenção anual baseada na

reposição dos nutrientes por meio de adubação e colheita da forragem no período ideal, ou

seja, quando a interceptação de luz pelo dossel forrageiro alcança 95% (Da Silva, 2008),

explícito na Tabela 3. Baseado nestes conceitos, a vida útil dessa pastagem também foi

aumentada para 30 anos.

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Tabela 3. Operações e insumos utilizados para a manutenção da pastagem.

Operação/Insumo Rend. Operacional/Quantidade

Adubação da pastagem (6 operações) 4 horas/ha

Uréia 500 kg/ha

Super simples 235 kg/ha

Cloreto de potássio 240 kg/ha

Fonte: Cepea.

Com relação à implantação da cultura florestal, trabalhos realizados pelo Cepea

relacionados aos sistemas de integração pecuária-floresta, constataram a usualidade da

configuração de lances de três linhas com espaçamento de 3,0 x 1,7 m divididos por 14 m de

pasto, como na Figura 1.

Figura 1. Disposição do sistema silvipastoril.

Fonte: Cepea.

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Com essa disposição é possível obter 840 m³ de madeira/ha, somando a produção aos 7,

14 e 21 anos da floresta. No entanto para que a produção chegue aos valores citados, é

necessário executar uma boa formação e condução da floresta. As operações de formação

estão descritas na Tabela 4.

Tabela 4. Operações de formação da floresta.

Operações Rend. Operacional

Calagem 0,2 horas/ha

Aplicação de herbicida pós-emergente 0,4 horas/ha

Combate as formigas (M.O. diarista) 2,4 horas/ha

Subsolagem e Adub. de base 1,4 horas/ha

Aplicação de Gesso 0,2 horas/ha

Plantio (M.O. disrista) 4,0 horas/ha

Aux. Plantio 1,3 horas/ha

Irrigação 5,0 horas/ha

Aux. Irrigacao (M.O. diarista) 1,0 horas/ha

Replantio (1%) 0,6 horas/ha

Aux. Replantio (irrigacao) (M.O. diarista) 0,5 horas/ha

Coroamento 1,0 horas/ha

Aplicação de Herbicida pré-emergente (M.O. diarista) 0,5 horas/ha

Segunda Aplicação de Herbicida pré-emergente 0,5 horas/ha

Adubação de cobertura (3 meses) 5,5 horas/ha

Segunda adubação de cobertura (12 meses) 0,7 horas/ha

Combate as formigas (ronda) (M.O. diarista) 2,4 horas/ha

Fonte: Cepea.

Já os insumos utilizados estão descritos na Tabela 5.

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Tabela 5. Insumos utilizados na formação da floresta.

Insumos Quantidade

Calcário Dolomítico 2 t/ha

Glifosato 2,5 litros/ha

Iscas para formigas 2,5 kg/ha

Adubo 10-27-10 260,0 kg/ha

Gesso agrícola 500,0 kg/ha

Plantio (mudas) 1313,0 mudas/ha

Gel hidratado 1,9 kg/ha

Replantio (mudas) 15,0 mudas/ha

Herbicida em pó 0,1 kg/ha

Adubo 15-00-30 + Micronutrientes 310,0 kg/ha

Cerca elétrica 3,0 km

Fonte: Cepea.

Além disso, considerou-se também uma manutenção anual da floresta. O valor anual

refere-se à diluição do valor total ao longo dos 21 anos de vida útil, que soma R$ 279,77/ha

ao ano.

3. RESULTADOS

3.1. Reforma de pastagens

A propriedade modal da região de Uberlândia possui área total de 107 ha, sendo 66 ha

destinados a pastagens. Desse total 60 ha são de Brachiaria decumbens, em um sistema de

manejo extensivo, e 6 ha de Panicum maximum cv. Mombaça, utilizados de maneira

intensiva. A pastagem é a principal fonte de volumoso para o rebanho da propriedade. Como

volumoso de uso estratégico, é utilizada somente a silagem de milho, ocupando 15 ha. Do

restante da propriedade, 25 ha são de reserva e 1 ha destinado a benfeitorias. Com a nova

disposição da área após a reforma do pasto, a propriedade passou a contar com 48 ha de pasto

intensificado (somando os 6 ha já existentes mais 42 ha após a reforma do pasto). Através da

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adubação e do manejo, a pastagem é capaz de suportar 232,4 UA durante 8 meses do ano,

correspondente ao período chuvoso da região e foi necessário aumentar a área de silagem de

milho de 15 ha para 33 ha, com o intuito de suportar a nova carga animal durante os 4 meses

de entressafra, considerando um aumento na produtividade da lavoura de milho de 30 t/ha de

matéria verde para 35 t/ha

Figura 2. Configuração da propriedade típica de Uberlândia antes e depois da

implantação do projeto.

1 ha 1 ha

25 ha 25 ha

60 ha

6 ha

48 ha

15 ha

33 ha

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Ubl-Atual Ubl-RAD

Área de benfeitorias Área reserva Pasto extensivo

Pasto intensificado Silagem de Milho

Fonte: Dados da pesquisa.

Sob o ponto de vista gerencial, a implantação desse sistema é compreensível, pois o

produtor já possui uma parte da área intensificada de modo que a adaptação ao sistema

intensivo de manejo da pastagem é facilitada. Sendo assim, optou-se por reformar 42 ha

utilizados anteriormente de forma extensiva, e disponibilizar 48 ha de pastagem de qualidade,

para utilização de maneira intensiva. A nova disposição de área e oferta de alimentos, além de

impactar positivamente nos indicadores técnicos, também foi capaz de aumentar o rebanho

por meio de compra de vacas em lactação, e dar respaldo para a consequente estabilização do

rebanho, como foi considerado no presente estudo.

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3.2. Sistema silvipastoril

O sistema silvipastoril implantado possui algumas características particulares. Com a

inclusão da cultura florestal, no caso o eucalipto, a propriedade passou a contar com 40 ha de

pasto intensificado (somando os 6 ha já existentes mais 34 ha após a recuperação do pasto).

Através da adubação e do manejo, a pastagem é capaz de suportar 141,6 UA durante 8 meses

do ano, correspondente ao período chuvoso da região e foi necessário aumentar a área de

silagem de milho de 15 ha para 19 ha, com o intuito de suportar a nova carga animal durante

os 4 meses de entressafra, considerando um aumento na produtividade do milho de 30 t/ha de

matéria verde para 35 t/ha.

Figura 3. Configuração da propriedade típica de Uberlândia antes e depois da

implantação do projeto silvipastoril.

1 ha 1,0 ha

25 ha 25,0 ha

60 ha

6 ha

40,0 ha

15 ha

19,0 ha

22,0 ha

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Ubl-Atual Ubl-SVP

Área de benfeitorias Área reserva Pasto extensivo

Pasto intensificado Silagem de Milho Floresta

Fonte: Dados da pesquisa.

Devido à área disponível de pastagem utilizada de modo extensivo, o sistema silvipastoril,

do ponto de vista da implantação, possui viabilidade técnica. No entanto, a diminuição da área

de pastagem em 36% demanda eficiência técnica e gerencial por parte do produtor, pois o

manejo da forrageira e do rebanho tende a mudar significativamente. A adubação para

reposição de nutrientes e o manejo intensivo tendem a aumentar a oferta de forragem e

15

melhorar a qualidade nutricional, refletindo em um aumento de produtividade refletido nos

indicadores técnicos.

3.3. Indicadores técnicos

Em ambas as situações, tanto na reforma de pastagens como na implantação do sistema

silvipastoril, devido ao aumento da produtividade da pastagem e consequentemente da

qualidade da mesma, os indicadores técnicos foram melhorados significativamente à medida

que o novo manejo foi implantado e o rebanho melhor estruturado. A melhoria dos

indicadores técnicos pode ser analisada na Tabela 6.

Tabela 6. Comparativo dos indicadores técnicos no sistema atual e após a implantação

dos projetos de reforma de pastagem e do sistema silvipastoril.

Indicadores Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

Intervalo entre partos (meses) 16 13 13

Idade ao primeiro parto (meses) 36 26 26

Período de lactação (meses) 11 11 11

Produção Diária (litros) 800 1980 1200

Produção Vaca/Dia (litros) 15 15 15

Vacas em Lactação (cabeças) 53 132 80

Total de Vacas (cabeças) 78 156 95

Rebanho total (cabeças) 126 325 197

Total de UA 113 232 142

Lotação - Pasto (UA/ha) 1,7 4,9 3,6

Lotação - Área total (UA/ha) 1,1 2,2 1,3

Vacas/ha (cabeças) 1,2 3,3 2,4

Produção por vaca (litros/ano) 5032,5 5032,5 5032,5

Produção mão de obra (litros/homem.dia) 266,7 495,0 400,0

Produtividade (litros/ha.ano) 3604,9 8922,2 7423,7

Ubl-Atual: Sist. de prod. atual; Ubl-RAD: Ref. de pastagem; Ubl-SVP: Sist. Silvopastoril.

Fonte: Dados da pesquisa.

A mudança de manejo teve grande impacto na produtividade da propriedade típica de

Uberlândia para ambos os projetos (Ubl-RAD e Ubl-SVP). Mesmo com o aumento do

rebanho por meio de compra de vacas em lactação e evolução do rebanho, a adubação da

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pastagem proposta é capaz de suportar a carga animal extra e aumentar a produtividade da

propriedade, já que a mesma passou a produzir mais leite por hectare em função do maior

número de vacas em produção por área. A melhora dos índices zootécnicos, principalmente

do intervalo entre partos e redução da idade da novilha no primeiro parto, teve grande

influência na melhor estruturação do rebanho, ou seja, a propriedade passou a dispor de mais

vacas em lactação em relação ao total de animais. Com isso, a produtividade se elevou

bastante, passando de cerca de 3600 litros/ha.ano para quase 9000 litros/ha.ano para a reforma

de pastagens e 7400 litros/ha.ano no sistema silvipastoril, considerando vacas de mesma

produção. Da mesma maneira, a produtividade da mão de obra também se elevou,

melhorando seu uso ao longo do ano.

3.4. Indicadores econômicos

Do ponto de vista econômico, analisando os custos de produção e a receita obtida com a

venda de leite, venda de animais e venda de madeira (caso do sistema silvipastoril), a

propriedade cujo sistema de reforma de pastagens foi implantado, apresentou melhor retorno

econômico, sendo a margem líquida/área R$ 1.622,06/ha. No sistema silvipastoril o

retorno/área foi R$ 914,27/ha.

De acordo com a metodologia de custos (item 2.2), em ambos os sistemas, a receita da

atividade foi capaz de cobrir o CT, ou seja, a propriedade honrou os desembolsos correntes da

atividade (COE), depreciou seus bens de produção e pagou o pró-labore do produtor de leite

(COT) e remunerou todo o capital investido e o custo de oportunidade da terra (CT). Nesse

caso, a propriedade cuja reforma de pastagens foi implantada, a taxa de remuneração foi

7,7%, valor acima do investimento em poupança (6%), já a remuneração do sistema

silvipastoril foi 5,4%, um pouco abaixo do investimento em poupança, mas ainda assim muito

melhor que o sistema atual, em que a receita bruta não era capaz de abater nem o COT.

17

Figura 4. COE, COT, CT e RB por hectare.

R$ -

R$ 1.000,00

R$ 2.000,00

R$ 3.000,00

R$ 4.000,00

R$ 5.000,00

R$ 6.000,00

R$ 7.000,00

R$ 8.000,00

R$ 9.000,00

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

R$

/h

a

COE/ha COT/ha CT/ha RB/haFonte

: Dados da pesquisa.

Figura 5. Margem líquida por hectare (área útil utilizada).

-R$ 200,00

R$ -

R$ 200,00

R$ 400,00

R$ 600,00

R$ 800,00

R$ 1.000,00

R$ 1.200,00

R$ 1.400,00

R$ 1.600,00

R$ 1.800,00

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

R$

/ha

Fonte: Dados da pesquisa.

18

Figura 6. Estrutura de custos e receita antes e após implantação dos sistemas.

R$ -

R$ 100.000,00

R$ 200.000,00

R$ 300.000,00

R$ 400.000,00

R$ 500.000,00

R$ 600.000,00

R$ 700.000,00

R$ 800.000,00

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

Custo Operacional Efetivo (COE) Custo Operacional Total (COT)

Custo Total (CT) Renda Bruta

Fonte: Cepea.

Figura 7. Estrutura de custos e receita unitários antes e após implantação dos sistemas.

R$ -

R$ 0,20

R$ 0,40

R$ 0,60

R$ 0,80

R$ 1,00

R$ 1,20

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

Custo Operacional Efetivo (COE) Custo Operacional Total (COT)

Custo Total (CT) Renda Bruta

Fonte: Cepea.

19

Figura 8. Rentabilidade de Uberlândia antes e depois da implantação dos sistemas.

-R$ 100.000,00

-R$ 50.000,00

R$ -

R$ 50.000,00

R$ 100.000,00

R$ 150.000,00

R$ 200.000,00

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

Margem Bruta (RB-COE) Margem Líquida (RB-COT) Lucro (RB-CT)

Fonte: Cepea.

Figura 9. Retorno sobre real investido dos dois sistemas.

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

Renda Bruta/COE R$ 1,14 R$ 1,32 R$ 1,31

Renda Bruta/COT R$ 0,99 R$ 1,23 R$ 1,19

R$ 1,14

R$ 1,32 R$ 1,31

R$ 0,99

R$ 1,23 R$ 1,19

R$ -

R$ 0,20

R$ 0,40

R$ 0,60

R$ 0,80

R$ 1,00

R$ 1,20

R$ 1,40

Fonte: Cepea.

20

Figura 10. Taxa de remuneração do capital dos dois sistemas.

-0,17%

7,7%

5,4%

-1,00%

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%

7,00%

8,00%

9,00%

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

Fonte: Cepea.

3.5. Análise financeira

O montante necessário que deve ser financiado pelo Programa ABC para a implantação de

cada um dos sistemas apresentados estão descritos na Tabela 7.

Tabela 7. Financiamento para implantação dos sistemas de reforma de pastagem e silvipastoril.

Descrição Ubl-RAD Ubl-SVP

I. Infraestrutura R$ 82.000,00 R$ 35.000,00

Benfeitorias R$ 19.000,00 R$ 19.000,00

Equipamentos R$ 63.000,00 R$ 16.000,00

II. Rebanho R$ 237.000,00 R$ 81.000,00

Vacas em lactação R$ 237.000,00 R$ 81.000,00

III. Pastagem R$ 101.947,72 R$ 47.977,70

Reforma de Pastagem R$ 101.947,72 R$ -

Recuperação de Pastagem R$ - R$ 47.977,70

IV. Floresta R$ - R$ 53.008,34

Floresta R$ - R$ 53.008,34

V. Custeio R$ 173.947,94 R$ 91.653,83

Silagem de Milho R$ 92.531,45 R$ 53.275,68

Concentrado R$ 81.416,49 R$ 38.378,14

Total do Financiamento R$ 594.895,66 R$ 308.639,87

Ubl-RAD: Ref. de pastagem; Ubl-SVP: Sist. Silvopastoril

Fonte: Dados da pesquisa.

21

O total do investimento, considerando todos os bens de produção estão descritos na tabela 8.

Tabela 8. Investimento em bens e capitais para os sistemas apresentados.

Descrição Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

I. Terra R$ - R$ - R$ -

Terra R$ - R$ - R$ -

II. Infraestrutura R$ 491.666,67 R$ 547.666,67 R$ 518.666,67

Benfeitorias R$ 305.166,67 R$ 316.166,67 R$ 316.166,67

Máquinas R$ 85.000,00 R$ 85.000,00 R$ 85.000,00

Implementos R$ 24.500,00 R$ 24.500,00 R$ 24.500,00

Equipamentos R$ 65.000,00 R$ 110.000,00 R$ 81.000,00

Utilitário R$ 12.000,00 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00

III. Rebanho R$ 322.235,71 R$ 775.744,36 R$ 472.163,25

Animais R$ 322.235,71 R$ 775.744,36 R$ 472.163,25

IV. Pastagem R$ 47.393,15 R$ 108.907,37 R$ 29.871,97

Pastagem R$ 47.393,15 R$ 108.907,37 R$ 29.871,97

V. Floresta R$ - R$ - R$ 53.008,34

Floresta R$ - R$ - R$ 53.008,34

Total de investimento R$ 861.295,53 R$ 1.432.318,40 R$ 1.073.710,23

Ubl-Atual: Painel atual; Ubl-RAD: Ref. de pastagem; Ubl-SVP: Sist. Silvopastoril

Fonte: Dados da pesquisa.

Para a análise de viabilidade econômica da implantação de cada um dos sistemas de

produção apresentados, utilizou-se das ferramentas de Valor Presente Líquido (VPL), Taxa

Interna de Retorno (TIR), payback e Retorno do Investimento (ROI) num horizonte de 21

anos, com uma taxa de juros de 5% a.a. (Selic), como descrito no item 2.3.

Na análise de viabilidade econômica realizada para os dois sistemas de produção

implantados (Ubl-RAD e Ubl-SVP), o VPL foi positivo para a reforma de pastagens e para o

sistema silvopastorril (Figura 12), conferindo viabilidade econômica de implantação para

ambos os projetos. A TIR para os quadros Ubl-RAD e Ubl-SVP foram 8,3% e 7,5%

respectivamente (Figura 13). O ROI para os mesmos sistemas foi de R$ 0,38 e R$ 0,30

(Figura 14), ou seja, para cada Real investido no sistema Ubl-RAD ganhou-se 38 centavos, e

para o sistema Ubl-SVP ganhou-se 30 centavos. O resultado positivo demonstra a viabilidade

22

econômica para a implantação dos projetos. Já na análise do payback, o sistema silvipastoril

recuperou o investimento no ano 14, enquanto o sistema de reforma de pastagem no ano 13. A

análise de viabilidade não considerou apenas os recursos necessários para as tecnologias do

Programa ABC, mas sim o investimento total da atividade (Tabela 8).

Figura 11. Fluxo de caixa dos sistemas de produção propostos.

-R$ 2.000.000,00

-R$ 1.500.000,00

-R$ 1.000.000,00

-R$ 500.000,00

R$ -

R$ 500.000,00

R$ 1.000.000,00

R$ 1.500.000,00

R$ 2.000.000,00

R$ 2.500.000,00

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 12. Valor Presente Líquido (VPL) dos sistemas de produção propostos.

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

VPL -R$ 328.067,77 R$ 566.702,96 R$ 322.125,50

-R$ 400.000,00

-R$ 300.000,00

-R$ 200.000,00

-R$ 100.000,00

R$ 0,00

R$ 100.000,00

R$ 200.000,00

R$ 300.000,00

R$ 400.000,00

R$ 500.000,00

R$ 600.000,00

R$ 700.000,00

Fonte: Cepea.

23

Figura 13. Taxa Interna de Retorno (TIR) dos sistemas de produção.

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

TIR 1,2% 8,3% 7,5%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

8,0%

9,0%

Fonte: Cepea.

Figura 14. Retorno do Investimento (ROI) dos sistemas de produção.

Ubl-Atual Ubl-RAD Ubl-SVP

ROI -R$ 0,39 R$ 0,38 R$ 0,30

-R$ 0,50

-R$ 0,40

-R$ 0,30

-R$ 0,20

-R$ 0,10

R$ 0,00

R$ 0,10

R$ 0,20

R$ 0,30

R$ 0,40

R$ 0,50

Fonte: Cepea.

É importante ressaltar que a implantação de técnicas mitigadoras de GEE, como é o caso

da reforma de pastagens (Ubl-RAD) e a integração pecuária-floresta (Ubl-SVP), devem ser

evoluídas juntamente a práticas de manejo que viabilizem a manutenção dos sistemas de

24

produção no longo prazo, como a melhor utilização dos alimentos disponíveis (pasto, cana-

de-açúcar, silagem, sal mineral, concentrado, etc.) e mão de obra, de modo que além do ganho

ambiental, haja também o retorno financeiro, como demonstrado na análise de investimento.

4. NOVAS PRÁTICAS

A nova tecnologia proposta para incorporação do Programa ABC é o confinamento de

bovinos. Esta prática, não é contemplada no ABC devido à elevada produção de dejetos dos

animais, segundo gestores do Programa.

A principal característica desse sistema é a alta produtividade por área e por animal, fator

que contribui para a redução das emissões de GEE por unidade produzida de leite, no caso,

justificando sua inclusão no Programa ABC. Segundo Capper (2009), numa comparação entre

os anos de 1944 e 2007 nos Estados Unidos, a quantidade de CO2 eq. emitida aumentou de 13,5

kg para 27,8 kg, ou seja, a emissão de GEE mais que dobrou ao longo dos 63 anos da

pesquisa. No entanto, considerando o aumento da produtividade daquele país no mesmo

espaço de tempo, a quantidade de CO2 eq. emitida por kg de leite produzido reduziu quase

65%, passando de 3,7 kg para 1,3 kg CO2 eq./kg de leite, em 1944 e 2007, respectivamente.

Com a intensificação da produção de leite em função da concentração dos animais no

confinamento há uma melhora no grau de utilização da terra. Nesse contexto, o confinamento

pode ser uma tecnologia incorporada ao Programa ABC desde que associado ao tratamento

dos dejetos dos animais.

25

Tabela 9. Novas práticas a serem incluídas no rol de tecnologias mitigadoras de GEE.

Cultura Tecnologia Prática Descrição da nova

prática Vantagem Mitigação de Co2 Respaldo técnico e

bibliográfico

Pecuária de leite

Confinamento

Construção de benfeitorias (estábulo, cochos, bebedouros e tratamento de resíduos), compra de animais, produção de alimentos de qualidade e aquisição de equipamentos para implantação de sistema confinado de produção de leite.

No sistema de confinamento os animais são estabulados recebendo toda a alimentação diretamente no cocho. Com o controle das interferências do clima, há um maior conforto térmico para os animais, o que permite expressar todo o seu potencial produtivo. O sistema requer animais especializados para a produção de leite e bom manejo alimentar e sanitário.

Aumento da produtividade do rebanho leiteiro em função do maior controle da alimentação e melhor ambiência dos animais;

Melhor aproveitamento da terra para produção de alimentos e utilização do resíduo dos animais como fertilizantes nas lavouras.

- Menor emissão por quilo de leite produzido1;

- Substituição do fertilizante químico pelo biofertilizante (427.170 Gg CO2 eq.)2;

- Biodigestão anaeróbia (564.122 Gg de CO2 eq.)3;

- Mudanças no uso da terra4;

- Maior eficiência alimentar.

BEAUCHEMIN (2001);

CAPPER (2009);

JOHNSON (2002);

VILELA (1996);

KRUG (2001); PALERMO (2011);

SANTOS & NOGUEIRA (2012);

DE GOUVELLO (2010);

EMBRAPA (2011).

Fonte: Elaborado pelos autores.

1 Nesse caso, a quantidade emitida de GEE em relação à quantidade de leite produzida é menor. 2 Rebanho bovino brasileiro: considera-se o rebanho de corte e de leite. 3 Idem 1. 4 Devido ao aumento de produtividade e consequente diminuição de ampliação de área.

26

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entre os sistemas propostos para o Programa ABC no presente trabalho (reforma de

pastagem e sistema silvipastoril), o resultado econômico foi satisfatório para ambos, assim

como a viabilidade econômica de implantação do projeto refletida no VPL positivo ao longo

dos 21 anos. Isso demonstra que alcançando os níveis técnicos propostos, é possível obter

retorno econômico no longo prazo. Dessa forma, é importante ressaltar que na comparação

com o sistema de produção atual, o produtor pode obter resultados financeiros muito

superiores e maior margem na atividade.

Sendo assim, não restam dúvidas de que os sistemas apresentados contribuem para a

mitigação de gases do efeito estufa e ao aumento da produtividade da pecuária, de modo que o

incentivo e o acesso a essas práticas conservacionistas devem ser difundidos.

27

6. BIBLIOGRAFIA

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