Upload
duongdan
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
I
FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS
DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIAS APLICÁVEIS À
BIOENERGIA
JÚLIO MÁCIO SOARES DE OLIVEIRA
ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA PARA PRODUÇÃO DE
ETANOL EM PEQUENA PROPRIEDADE.
Salvador – 2011
II
ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA PARA PRODUÇÃO DE ETANOL EM PEQUENA PROPRIEDADE.
JÚLIO MÁCIO SOARES DE OLIVEIRA
Orientador: Prof. Me. Roberto Antonio Fortuna Carneiro
SALVADOR – 2011
Dissertação apresentada como pré-requisito à
obtenção do título de Mestre Profissional em
Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia do Curso
de Mestrado Profissional em Tecnologias
Aplicáveis à Bioenergia da Faculdade de
Tecnologia e Ciências de Salvador.
III
JÚLIO MÁCIO SOARES DE OLIVEIRA
ESTUDO DE VIABILIDADE FINANCEIRA PARA PRODUÇÃO DE ETANOL EM PEQUENA PROPRIEDADE.
Dissertação apresentada como pré-requisito à obtenção do título de Mestre
Profissional em Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia do Curso de Mestrado
Profissional Tecnologias Aplicáveis à Bioenergia da Faculdade de Tecnologia e
Ciências de Salvador
APROVADA EM: / /
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Me. Roberto A. F. Carneiro
Orientador – Faculdade de Tecnologia e Ciências / SEPLAN - BA
____________________________________________
Prof. Dr. Cleber Andre Cechinel
Faculdade de Tecnologia e Ciências
____________________________________________
Prof. Dr. Ildo Luís Sauer
Diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia / USP
Salvador - 2011
IV
RESUMO
A substituição gradativa dos combustíveis fósseis com o intuito de diminuir as
emissões de gases do efeito estufa é requerida pelo Protocolo de Quioto. O etanol mostra-se como uma fonte de energia para suprir a necessidade de consumo de energia do mercado nacional em longo prazo, pois tem um impacto expressivo na redução da emissão de CO2 em comparação à gasolina. A obtenção do etanol em pequena propriedade é uma opção para produção de bioenergia e alternativa de incremento na renda familiar do pequeno produtor rural. Para avaliar a produção de etanol em pequenas propriedades, foi desenvolvido o estudo da viabilidade financeira da produção de etanol em micro-usinas com base no modelo da Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil (COOPERBIO). Esse estudo prevê a adaptação do modelo às condições do Sul da Bahia e conjuga a produção de biocombustível, alimentos e preservação ambiental, bem como a geração de trabalho e renda planejados de forma sustentável. A análise é centrada na interferência das metodologias financeiras para a qual foram delineadas as demonstrações de resultado, partindo das estimativas de produção, receitas, custos fixos, variáveis e investimento fixo por um período de dez anos. A apreciação da viabilidade financeira é realizada por meio da análise de dados levantados durante visita feita à COOPERBIO. Os indicadores financeiros, Custo/Benefício, o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) mostram que o projeto é rentável e o Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) e a rentabilidade simples apontam valores positivos quando a comercialização é realizada, amparados pela legislação, através de ato cooperativo. O estudo aponta para a necessidade de inclusão do etanol em programa de produção de energia específico nos moldes do Selo Combustível Social, com a finalidade de estimular o incentivo à produção de etanol para os pequenos produtores de forma cooperativada de maneira a provocar o desenvolvimento e o incremento na pesquisa científica para a pequena indústria sucroalcooleira. Essas medidas poderão estimular a disseminação do modelo implantado pela COOPERBIO em Frederico Westphalen -RS para outras cidades com as devidas adequações promovendo a geração de energia com mão de obra familiar e diversificação da renda agrícola.
Palavras- chave: Etanol, micro-usina, viabilidade financeira, pequeno produtor rural, agroecologia.
V
ABSTRACT
Replacing gradual fossil fuels aiming decreasing emissions greenhouse gases is protocol demands Kyoto. Ethanol shows as one energy source for provide required energy market national long run because has an impact expressive in reducing CO2 emission compared gasoline representing one source less polluting renewable. Obtaining ethanol smallholding is one option for production bioenergy and alternative increment income familiar yeoman producer. The acquisition of ethanol on a small property is an option for production of bioenergy and alternative increase in family income of small farmers. To evaluate the ethanol production on small farms has been developed to study the financial viability of ethanol production in micro-power plants based on the model of Cooperative Production, Processing and Marketing of Biofuels in Brazil (COOPERBIO). This study provides for the adjustment of the model to conditions in southern Bahia and combines the production of biofuel, food and environmental preservation, as well as employment and income generation planned in a sustainable manner. The analysis is centered on the interference of financial methodologies for which were outlined in the statements of operations, from estimates of production, revenues, fixed and variable costs and fixed investment for a period of ten years. The assessment of financial viability is performed by analyzing data collected during visit to COOPERBIO. The financial indicators, Benefit/ Cost, Net Present Value and Internal Rate of Return shows that the project is profitable, and earnings before interest, taxes, depreciation and amortization and profitability simple point positive values when the marketing is done, protected by legislation, through cooperative acts. The study points to the need to include ethanol production program in specific energy along the lines of the Social Fuel Seal, in order to stimulate ethanol production incentive for small farmers in a cooperative in order to lead the development and enhancement in scientific research for the small ethanol industry. Such measures may encourage the spread of the approach taken by Frederick Cooperbio in other cities with the necessary adaptations to promote power generation using family labor and diversification of agricultural income.
Keywords: ethanol, small farmers, micro power plants, financial viability, agroecology.
VI
Saldo Negativo
Dói muito mais arrancar um cabelo de um europeu
que amputar uma perna, a frio, de um africano.
Passa mais fome um francês com três refeições por dia
que um sudanês com um rato por semana.
É muito mais doente um alemão com gripe
que um indiano com lepra.
Sofre muito mais uma americana com caspa
que uma iraquiana sem leite para os filhos.
É mais perverso cancelar o cartão de crédito de um belga
que roubar o pão da boca de um tailandês.
É muito mais grave jogar um papel ao chão na Suíça
que queimar uma floresta inteira no Brasil.
É muito mais intolerável o xador de uma muçulmana
que o drama de mil desempregados em Espanha.
É mais obscena a falta de papel higiênico num lar sueco
que a de água potável em dez aldeias do Sudão.
É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda
que a de insulina nas Honduras.
É mais revoltante um português sem celular
que um moçambicano sem livros para estudar.
É mais triste uma laranjeira seca num kibutz hebreu
que a demolição de um lar na Palestina.
Traumatiza mais a falta de uma Barbie de uma menina inglesa
que a visão do assassínio dos pais de um menino ugandês
e isto não são versos; isto são débitos
numa conta sem provisão do Ocidente.
Fernando Correia Pina, poeta português
VII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AGRINVEST Programa de Investimento para Modernização da
Agricultura
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis
BAHIABIO Programa Estadual de Bioenergia
BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento
BRIX (Bx) Escala numérica que mede a quantidade de sólidos
solúveis em uma solução de sacarose
CO2 Dióxido de Carbono
CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária
COOPERBIO Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e
Comercialização de Biocombustíveis do Brasil
DBO Demanda Biológica de Oxigênio
DESENVOLVE Programa de Desenvolvimento Industrial e de
Integração Econômica do Estado da Bahia
EBITDA Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and
Amortization. ( Lucro Antes dos Juros, Impostos,
Depreciação e Amortização)
EECM Estação Experimental de Combustíveis e Minérios
ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A
FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste
G.L. Gay Lussa – Unidade de Medida utilizada para medir
teor alcoólico das bebidas
Gwh Gigawatt-hora
IAA Instituto do Açúcar e do Álcool
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
Mtep Milhões de toneladas equivalentes de petróleo
oINPM Porcentagem de Álcool em Peso utilizado pelo
Instituto Nacional de Pesos e Medidas
OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo
VIII
PCH Pequenas Centrais Hidroelétricas
PH Potencial Hidrogeniônico
PNPB Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel
ppmv Partes por milhão por volume
PROÁLCOOL Programa Nacional do Álcool
PROGRAMA
BIOSUSTENTÁVEL.
Inclusão de agricultores familiares na base de
produção e de beneficiamento das culturas
fornecedoras de óleo para biodiesel
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar
SIN Sistema Elétrico Interligado Nacional
ÚNICA União da Indústria de Cana-de-açúcar
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Total de energia primária no mundo utilizada para combustível em 1973 e
2008 .......................................................................................................................... 17
Figura 2: Evolução mundial do fornecimento de energia primária para combustíveis
.................................................................................................................................. 17
Figura 3: Oferta Interna de Energia ........................................................................... 18
Figura 4: Evolução da Participação das fontes de energia no Brasil ......................... 19
Figura 5: Oferta Interna de Energia - Brasil ............................................................... 20
Figura 6: Produção e custo do etanol no Brasil - 1980 a 2005 .................................. 26
Figura 7: Produção histórica de produção de etanol no Brasil e projeção entre as
safras 2005/06 e 2015/16 .......................................................................................... 28
Figura 8: Produção de etanol no Brasil ..................................................................... 29
Figura 9: Curva de Keeling: Concentrações de CO2 Atmosférico medidas em Mauna
Loa, Havai Mauna Loa Observatory .......................................................................... 21
Figura 10: Estimativas de mudanças na temperatura Global .................................... 21
Figura 11: Elementos construtivos da agroecologia .................................................. 30
Figura 12: Evolução dos Consumos Setoriais de bioenergia no Brasil entre 1970 e
2007 .......................................................................................................................... 37
Figura 13: Processo produtivo e integração dos derivados da cana-de-açúcar ........ 44
Figura 14: Moenda Simples....................................................................................... 46
Figura 15: Decantador de caldo ................................................................................ 46
Figura 16: Destilação Contínua ................................................................................. 49
Figura 17: Estrutura da cana-de-açúcar .................................................................... 32
Figura 18: O Complexo Lignocelulósico. ................................................................... 34
Figura 19: Projeto de Validação Tecnológica de Produção de Álcool e Alimentos. .. 41
Figura 20: Localização geográfica de Frederico Westphalen .................................... 42
Figura 21: Dornas de fermentação (ao fundo) em micro-usina ................................. 56
Figura 22: Coluna de destilação de micro-usina ....................................................... 43
Figura 23: Análise de Rentabilidade Simples ............................................................ 66
Figura 24: Payback Simples ...................................................................................... 68
Figura 26: Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) .......................................................... 71
Figura 27: Cenários e Rentabilidades ....................................................................... 74
X
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Composição química em porcentagem da cana-de-açúcar madura ........ 32
Quadro 2: Composição química do vinhoto .............................................................. 35
Quadro 3: Composição média da Torta de filtro ........................................................ 36
Quadro 4: Levantamento custos ano 0 ..................................................................... 57
Quadro 5: Levantamento custos anos 1 a 5 .............................................................. 58
Quadro 6: Gastos produção cana-de-açúcar/ha/ano ................................................ 58
Quadro 7: Equipamentos e serviços para implantação de micro-usina 500 l/dia ...... 59
Quadro 8: Gastos fixos e variáveis ao ano ................................................................ 60
Quadro 9: Condições de Financiamento por porte de Empreendimento ................... 74
Quadro 10: Indicadores de Viabilidade econômica/ financeira .................................. 74
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Fluxo de Caixa Anual Estimado e Resumido (Cenário: 500 litros por dia) 69
Tabela 3: Ponto de Equilíbio Contábil ....................................................................... 72
Tabela 4: Gastos de Produção .................................................................................. 76
Tabela 5: EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) 78
XII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 14
1.1. Definição, problema e objetivo ............................................................................................ 14
1.2. Etanol e matriz energética no Mundo ................................................................................. 16
1.3. Etanol e matriz energética no Brasil ................................................................................... 17
1.4. Consumo energético e suas implicações sócio-ambientais ........................................... 20
1.5. A produção de etanol no Brasil ........................................................................................... 24
1.6. Perspectivas do etanol no Brasil - Mercado e Produção ................................................ 27
1.7. O etanol na Bahia .................................................................................................................. 28
1.8. Agroecologia e aproveitamento de subprodutos do etanol ............................................. 30
1.8.1.1. Cana de açúcar como fonte de biomassa .................................................................. 31
1.8.1.2. Ponta da Cana ................................................................................................................ 33
1.8.1.3. Bagaço ............................................................................................................................. 33
1.8.1.4. Vinhoto ............................................................................................................................. 34
1.8.1.5. Torta de Filtro .................................................................................................................. 36
1.8.1.6. Levedura .......................................................................................................................... 36
1.9. Biomassa como fonte energética ........................................................................................ 37
1.10. Programas de incentivo à produção de energia alternativa ........................................... 38
2. PRODUÇÃO DE ETANOL EM PEQUENA ESCALA: O CASO COOPERBIO ............ 40
2.1. COOPERBIO .......................................................................................................................... 40
2.2. Características do Etanol ..................................................................................................... 43
2.3. Descrição do processo de obtenção do etanol em micro-usina – Modelo
COOPERBIO. ..................................................................................................................................... 44
2.3.1. Plantio, colheita e preparo da cana-de-açúcar ................................................................. 45
2.3.2. Moagem .................................................................................................................................. 45
2.3.3. Tratamento do caldo ............................................................................................................. 46
2.3.4. Ajuste do Brix ......................................................................................................................... 47
2.3.5. Fermentação .......................................................................................................................... 47
2.3.6. Destilação ............................................................................................................................... 48
2.3.6.1. Processo de destilação .................................................................................................. 49
2.4. Regulamentação para produção e comercialização do etanol produzido em pequena
propriedade. ........................................................................................................................................ 50
XIII
2.5. Tributação do Etanol Hidratado ........................................................................................... 52
3. ANÁLISE E VIABILIDADE FINANCEIRA DA PRODUÇÃO DE ETANOL EM
PEQUENA ESCALA: O CASO COOPERBIO ............................................................................... 55
3.1. A unidade básica de observação e de análise ................................................................. 55
3.2. Coleta de dados ..................................................................................................................... 56
3.3. Análise de dados ................................................................................................................... 61
3.3.1. Custeio Pleno ......................................................................................................................... 63
3.3.2. Receitas .................................................................................................................................. 63
3.3.3. Estrutura de Capital ............................................................................................................... 63
3.3.4. Demonstrações Financeiras ................................................................................................ 64
3.3.5. Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE) ........................................................ 64
3.3.6. Fluxo de Caixa ....................................................................................................................... 65
3.3.7. Avaliação Econômica ............................................................................................................ 65
3.3.8. Rentabilidade Simples .......................................................................................................... 65
3.3.9. Valor Presente Líquido (VPL) .............................................................................................. 66
3.3.10. Taxa Interna de Retorno (TIR) ............................................................................................ 67
3.3.11. Payback ................................................................................................................................... 67
3.3.12. EBITDA ................................................................................................................................... 70
3.3.13. Ponto de Equilíbrio ................................................................................................................ 70
3.3.14. Análise de Sensibilidade ...................................................................................................... 73
3.4. Apresentação, discussão e análise dos resultados. ........................................................ 75
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ....................................................... 80
5. REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 83
ANEXO 1 ............................................................................................................................................. 91
14
1. INTRODUÇÃO
1.1. Definição, problema e objetivo
As projeções para o crescimento da população indicam um contingente de
207 milhões de pessoas em 2020 (IBGE, 2008), com o consumo final de energia
passando de 1,4 para 2,8 tep/hab/ano. A preocupação da sociedade com o uso de
combustíveis e tecnologias menos poluentes e a obrigação de reduzir os gases do
efeito estufa, contida no Protocolo de Quioto1, são aspectos que reforçam a
necessidade de diversificar a matriz energética e reduzir a importância do petróleo
no mundo, substituindo as fontes fósseis por renováveis (BNDES 2007). Por isso, a
produção e a utilização de energias renováveis adquirem grande valor quando
associam uma atividade ecologicamente correta e financeiramente viável, levando à
valorização da biomassa para esse fim.
A biomassa é uma das principais escolhas para a diminuição da dependência
dos combustíveis fósseis (BRASIL, 2003). O etanol produzido a partir da cana-de-
açúcar representa uma resposta eficiente à redução das emissões de gases do
efeito estufa, sendo que o etanol de micro-usina pode tornar-se uma importante
alternativa de incremento à produção de energia assim como à melhoria da renda
familiar do pequeno produtor.
Nesse sentido este estudo foi estruturado de forma a avaliar a viabilidade
financeira de uma micro-usina baseada na mão-de-obra familiar em pequena
propriedade rural tendo como modelo de produção a Cooperativa Mista de
Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil
(COOPERBIO). A micro-usina é definida como sendo uma planta de produção de
etanol entre 100 e 1000l/dia. Visto que não há na ANP uma classificação para usina
de etanol quanto ao volume de produção, é utilizada a definição proposta pelo prof.
1 O Protocolo de Quioto é um acordo internacional ligado às Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
A principal característica do Protocolo de Quioto é que estabelece metas obrigatórias para 37 países industrializados e a Comunidade Européia para reduzir gases de efeito estufa (GEE) Estes equivalem a uma média de cinco por cento face aos níveis de 1990 durante o período de cinco anos de 2008. - 2012. Disponível em:< http://unfccc.int/kyoto_protocol/items/2830.php> Acesso em: 18 mai 2011.
15
Enrique Ortega em seu trabalho A produção de etanol em micro e mini-destilarias
(ORTEGA, 2006).
A produção de etanol historicamente tem sido atividade desenvolvida por
grandes produtores, ou usineiros e observa-se que não há incentivo à produção de
etanol para os pequenos produtores. Questiona-se nesse projeto quais seriam as
ações necessárias para tornar viável financeiramente a produção de etanol em
pequenas propriedades?
Para responder a esta questão, definiu-se como objetivo geral investigar a
viabilidade financeira da produção de etanol em pequena propriedade transpondo a
realidade encontrada na COOPERBIO na região de Frederico Westphalen, Rio
Grande do Sul, para a mesorregião do sul da Bahia, com as adequações
necessárias por conta das diferenças de cultura, clima e solo.
Para atingir esse fim foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos:
Descrever o processo produtivo e a tecnologia utilizada pela COOPERBIO
para obtenção do etanol;
Inventariar os gastos relacionados ao processo de obtenção de etanol em
micro-usina no sul da Bahia;
Analisar as possibilidades de ganhos através de ato cooperativo.
O trabalho está estruturado em quatro capítulos, assim organizados:
Capítulo 1 - Descreve a motivação que levou ao desenvolvimento
deste trabalho, assim como seus objetivos. Apresenta uma revisão da
literatura definindo os conceitos básicos, o histórico da produção de
etanol no Brasil, a matriz energética mundial e as questões ambientais.
Capítulo 2 – Apresenta a COOPERBIO como modelo de estudo, os
programas de incentivo à biomassa, as matérias primas, os processos
de obtenção do etanol a partir do modelo em estudo e as normas da
ANP que regem a produção e comercialização desse produto. Elabora
a análise financeira a partir dos dados levantados no Sul da Bahia e
adaptados ao modelo observado na visita à COOPERBIO, análise do
custeio pleno, receitas, estrutura de capital, demonstrações financeiras,
fluxo de caixa, avaliação econômica, custo benefício, valor presente
16
liquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), payback, EBITDA, análise
de sensibilidade e de cenário
Capítulo 3 – Apresenta a avaliação e discussão dos resultados obtidos
na avaliação econômica a partir dos dados levantados no Sul da Bahia
e adaptados ao modelo observado na visita à COOPERBIO, incluindo
os índices financeiros, e da análise de sensibilidade em quatro
cenários distintos.
Capitulo 4 - Aborda as considerações finais do trabalho entre elas as
conclusões obtidas e as indicações de trabalhos futuros.
1.2. Etanol e matriz energética no Mundo
Matriz energética é uma representação quantitativa dos recursos energéticos
oferecidos por um país ou região. A análise da matriz energética, ao longo do tempo,
é essencial para nortear os programas do setor energético, que visam garantir a
produção, a distribuição e o uso adequados da energia, permitindo projeções futuras
(ELETROBRAS, 2010). Essas previsões são de grande valia devido à importância
da energia nas atividades do homem e a forte correlação entre consumo de energia
e produção industrial.
A maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do petróleo, do
carvão mineral e do gás natural. Juntas, essas fontes de carbono fóssil somam
aproximadamente 87% na participação da matriz energética mundial conforme se vê
na Figura 1.
17
Figura 1: Total de energia primária no mundo utilizada para combustível em 1973 e
2008.
Fonte: International Energy Agency, 2010
Apesar da oferta de energia passar de 6.115 para 12.267 Mtep entre 1973 e
2008 (Figura 1) e dos avanço tecnológicos na área da energia, ainda assim a matriz
se transformou muito pouco (Figura 2), continuando a depender em mais de 80%
das fontes de energia não renováveis.
Figura 2: Evolução mundial do fornecimento de energia primária para combustíveis
Fonte: Key World Energy Statistics, 2010
Conforme apresentado na Figura 2, historicamente, o petróleo, o gás e o
carvão mineral representam a maior parte da produção de energia primária do
mundo e o etanol entre os combustíveis renováveis e resíduos, ainda permanece
incipiente na matriz energética mundial (representado na cor laranja). Observa-se
que a produção de energia através de fontes renováveis continua sem
representatividade frente à produção mundial de energia primária.
1.3. Etanol e matriz energética no Brasil
A matriz energética no Brasil baseia-se na utilização de fontes de energias
renováveis, representando 47,3% da matriz (Figura 3). A matriz nacional é mais
18
limpa que a mundial pela importância que a hidroenergia, somada à Biomassa,
exerce (JANNUZZI, 1997). Destaca-se a produção de energia a partir dos produtos
da cana-de-açúcar, que contribuem com 18,1% do total.
Figura 3: Oferta Interna de Energia Fonte: BRASIL/EPE, 2010
Na Figura 3 nota-se a ocorrência de um processo de transição na utilização
da biomassa no Brasil com a maior inserção das fontes renováveis na matriz
nacional, especialmente se confrontadas com os dados representativos da matriz
mundial. Nos anos 70 havia a predominância da utilização da biomassa conhecida
como tradicional, formada pela lenha e carvão vegetal. Atualmente predomina o uso
da “biomassa moderna” que está relacionada ao uso das tecnologias utilizadas com
a finalidade de gerar energia na forma de eletricidade, calor para a indústria e
produção de combustíveis.
19
O grupo do etanol e bagaço de cana registrou maior variação positiva dentro do
histórico apresentado, como mostra a
Figura 4 o que justifica a consolidação da cana-de-açúcar como segunda
maior fonte primária para produção de energia no Brasil.
Figura 4: Evolução da Participação das fontes de energia no Brasil
Fonte: BRASIL, EPE, 2009
A ampliação da participação do etanol na matriz energética pode propiciar a
oportunidade de realizar políticas de cunho social, ambiental e econômico, além de
alinhar-se com ações de caráter estratégico no âmbito internacional (BRASIL, 2005).
Apesar do crescimento do etanol, o petróleo e derivados continua com a
participação majoritária de 37,8%.
20
A Oferta Interna de Energia (OIE) no Brasil, em 2009, foi de 243,9 milhões de
toneladas equivalentes de petróleo – Mtep, montante 272% superior ao de 1970 e
próximo a 2% da demanda mundial. Atualmente a indústria de energia no Brasil
responde pelo abastecimento de 92% do consumo nacional sendo os 8% restantes
importados, na forma de carvão mineral e derivados, gás natural, energia elétrica,
petróleo e seus derivados (BRASIL/EPE 2009; BRASIL/EPE 2010).
A Figura 5 apresenta o Balanço Energético Nacional de 2009, mostrando de
uma maneira geral que a tendência tem sido de aumento do consumo de energia.
Figura 5: Oferta Interna de Energia - Brasil
Fonte: BRASIL/EPE, 2009
1.4. Consumo energético e suas implicações sócio-ambientais
O crescimento rápido e mal planejado da produção e do consumo energético
causa impactos ambientais que podem comprometer o desenvolvimento tanto em
nações emergentes como nas industrializadas. Isto inclui poluição atmosférica,
sedimentação nas bacias dos rios, desmatamento e erosão do solo.
Do ponto de vista da poluição atmosférica, a queima dos derivados de
petróleo gera a emissão de gases como o CO2, CO, NOX e SOX. O setor de energia
é o mais representativo nos inventários de emissão de gás causadores do efeito
estufa contribuindo com 90% (noventa por cento) das emissões de CO2 e 75%
21
(setenta e cinco por cento) das emissões desses gases em países desenvolvidos
(IPCC, 2006).
A ação conjunta desses poluentes agrava o efeito estufa aumentando a
temperatura da terra e provocando graves implicações para a humanidade.
A “Curva de Keeling2” mostra a variação da concentração de CO2 na
atmosfera de Mauna Loa – Hawaii. As observações foram realizadas entre 1958 e
1997, constituindo-se no mais longo registro contínuo de concentração atmosférica
de CO2 (Figura 6). Os registros do Mauna Loa3 apontam um aumento de 15,2% na
concentração média, a partir de 315,83 partes por milhão por volume (ppmv) em
1959 até 363,82 ppmv em 1997 (Figura 6). Anualmente, a concentração atmosférica
de CO2 varia entre um valor alto no inverno, devido à respiração da biosfera e um
valor baixo no verão, por conseqüência do aumento da atividade de fotossíntese.
Assim, gera-se um padrão de onda em relação ao ano anterior com tendência de
crescimento.
Figura 6: Curva de Keeling: Concentrações de CO2 Atmosférico medidas em Mauna Loa, Havai Mauna Loa Observatory
Fonte: 40 Years of Mauna Loa CO2 Data from Keeling
2 Em 1958 o cientista David Keeling iniciou uma série de medições de dióxido de carbono
atmosférico, no observatório de Mauna Loa, no Hawai. A iniciativa deu origem a uma das mais polémicas descobertas científicas da segunda metade do século XX, a "curva de Keeling", que mostra o gradual aumento do teor de dióxido de carbono na atmosfera. 3 40 Years of Mauna Loa CO2 Data from Keeling. Disponível em
http://cdiac.ornl.gov/new/keel_page.html. Acesso em 10 ago. 2010.
22
Figura 7: Estimativas de mudanças na temperatura Global
Fonte: JONES, 2006
A série temporal apresentada na Figura 7 mostra os registros da temperatura
global desde 1850 até 2000. Nota-se claramente uma tendência de alta das médias
anuais de temperatura, ou seja, as indicações de variação de temperaturas
publicadas por Jones apontaram, a partir de 1910 até os dias de hoje, um aumento
médio de 0,90C na média de temperatura.
De acordo com o quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPPC, 2007), a temperatura média da Terra terá um aumento
médio de 1,8 a 4°C até 2100, que influenciará o regime de chuvas e secas afetando
plantações e florestas. Outro fator de risco é o derretimento das geleiras da
Antártida, que em ritmo acelerado aumentará o nível do mar e conseqüentemente
poderá inundar cidades à beira mar. Sendo assim, a utilização de combustíveis
fósseis derivados do petróleo gera um impacto expressivo na qualidade do meio
ambiente, determinando a procura por fontes renováveis e menos poluidoras.
Benefícios relacionados à geração de energia pela biomassa já foram
tratados em vários estudos, não somente reduzindo as emissões de poluentes, mas
também gerando vantagem em anular a emissão de CO2 através do balanço da
biomassa. A adição de álcool anidro à gasolina contribui com a diminuição do
percentual de chumbo tetraetila causando um efeito positivo na qualidade do ar.
Além disso, testes indicam que o veículo movido com etanol é menos poluente que o
carro à gasolina, principalmente no que se refere às emissões de monóxido de
carbono. Apesar de todos as evidencias das mudanças climáticas na Terra no último
século (Figura 7), até o momento observa-se que a adoção de biocombustíveis,
23
ainda são de pouca relevância na matriz energética mundial, não obstante todas as
vantagens para o meio ambiente.
A utilização do etanol combustível em função de suas características e
benefícios levou ao desenvolvimento no Brasil de motores movidos a etanol e
motores adaptáveis a qualquer proporção de mistura etanol/gasolina, conhecidos
como flex fuel. A entrada desses motores provocou uma conseqüência imediata na
melhora da qualidade do ar das grandes cidades e um dos motivos foi a redução de
aditivos como o chumbo à medida que o volume de etanol na gasolina aumentava.
Em 1992 o Brasil foi o primeiro país a eliminar totalmente o chumbo tetraetila de sua
matriz energética. A adição de etanol também elevou a octanagem da gasolina,
além de reduzir consideravelmente as emissões de monóxido de carbono,
hidrocarbonetos, compostos oxigenados e aldeídeos com a queima. Também os
hidrocarbonetos aromáticos como o benzeno, presentes na gasolina, foram
suprimidos (NEGRÃO & URBAN, 2005; PEREIRA JÚNIOR, 2008).
O etanol aumenta sua importância na matriz energética à medida que os
efeitos ambientais decorrentes da queima de hidrocarbonetos fósseis vêm criando
um conjunto de conseqüências negativas, que ameaçam desequilibrar o meio
ambiente, pelos impactos do aquecimento global (NEGRÃO & URBAN, 2005).
Deste modo, mais que os debates sobre o esgotamento das fontes de
combustíveis fósseis, especialmente o petróleo, a política dos países produtores e
os interesses corporativos da indústria petrolífera no mundo, o uso do etanol vem se
colocando como fator decisivo na redefinição da matriz energética em favor dos
combustíveis renováveis e ambientalmente limpos.
Diversos estudos foram feitos com esse fim e todos os resultados são
extremamente favoráveis, ou seja, para cada unidade de energia utilizada para
produzir etanol gera-se uma produção de energia de oito a dez vezes maior
(MACEDO, 2004). Isso mostra a grande capacidade desse sistema para economizar
energia fóssil, especialmente se comparando com o etanol de amido de milho
produzido nos Estados Unidos.
Diferentemente das inegáveis vantagens energéticas e ambientais do etanol
da cana-de-açúcar, do caráter de energia limpa e renovável que distingue o etanol
brasileiro e das promessas de redução das desigualdades de renda regionais e
individuais (GUARNIERI, 1992), o PROÁLCOOL transformou-se num programa que
24
beneficiou os grandes usineiros e empresas de equipamentos. Como conseqüência
negativa houve um aumento do número de empregos de baixa qualidade (bóias-
frias) no setor, práticas de trabalho escravo e infantil, a migração sazonal de
trabalhadores em várias regiões do Brasil (RICO, 2010) e a invasão de áreas antes
produtoras de grãos.
Atualmente as áreas produtoras de etanol apresentam ampla concentração
de terras. Nesses locais, a monocultura eliminou a agricultura familiar e ocupou-se
com trabalhadores informais, empregados somente durante as colheitas e
submetidos a condições de insalubridade e de injustiça social (ZHOURI, 2006). Isso
mostra que mesmo a produção de combustíveis renováveis, como o etanol, pode
provocar impactos sociais negativos, sem modelos de produção que propiciem a
inclusão social.
1.5. A produção de etanol no Brasil
Desde o período colonial a fabricação e o comércio de açúcar se mantiveram
como atividades fundamentais para assegurar a estabilidade econômica brasileira. O
modelo no qual o proprietário de engenho era também o das terras que cultivava se
manteve em expansão até meados do século XVII (CARVALHO, 1993). A partir
desse período, o Brasil passou a ter maior concorrência de outros países, o que
gerou grande variação na cotação internacional do açúcar.
Devido à estagnação do setor açucareiro gerada pela perda do mercado
externo que foi agravado com a Primeira Grande Guerra, a elite agrária do Nordeste,
inspirada nos conhecimentos adquiridos na França, Cuba, Austrália e Estados
Unidos, iniciou experimentos com álcool combustível a partir da segunda década do
século vinte. Em mensagem presidencial, Epitácio Pessoa em 1922 já se referia a
esses trabalhos, acentuando que "a importância deste problema ressalta, de um
lado, da colossal importação da gasolina no Brasil, e, de outro, do amparo que a sua
solução prestaria à nossa indústria açucareira" (CASTRO, 1981), com problemas de
superprodução e falta de mercado.
Num primeiro momento a promoção do álcool como combustível teve um
papel de redirecionar o excedente da produção da cana-de-açúcar para outro
25
produto e manter estável o preço do açúcar. O mais importante da diversificação era
assegurar os rendimentos dos produtores e protegê-los das flutuações do preço do
açúcar e não como instrumento de inovação tecnológica, ou a abertura de novas
fronteiras comerciais (RICO, 2010).
A partir dos resultados obtidos pela Estação Experimental de Combustíveis e
Minérios (EECM), o governo de Getúlio Vargas publicou o Decreto n. 19.717, de 20
de fevereiro de 1931 que estabelecia a obrigatoriedade da adição de um mínimo de
5% de álcool à gasolina importada. O decreto ainda instituía a isenção de impostos
de qualquer tipo sobre o álcool produzido no país, e tornava obrigatório o consumo
de álcool ou, na falta deste, carburante que contivesse álcool na proporção de 10%
para todos os veículos de propriedade pública (BRASIL, 1931). Com as medidas
adotadas para a inserção do álcool anidro para a mistura álcool-gasolina, abriu-se a
perspectiva de ampliação da capacidade produtiva dos grandes produtores de cana-
de-açúcar.
Em 1º de Junho de 1933, Vargas publicou o Decreto nº 22.789 que criava o
Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Este Instituto foi de grande valor para a
ampliação do uso do álcool automotivo4 e diversificação da indústria sucroalcooleira
no Brasil. Essa iniciativa do Governo Brasileiro assinala a defesa de interesses dos
grandes produtores de açúcar mantendo o preço do produto a um nível adequado e
direcionando o excedente da produção para o fabrico de etanol anidro. O IAA
também atuava como agente de fomento através de financiamento à instalação de
destilarias, isenção de taxas e impostos e controle dos preços de compra e venda do
etanol.
Após a Segunda Grande Guerra, o etanol tornou-se menos interessante
devido à queda nos preços do petróleo. Sendo assim, reduziu-se o percentual de
mistura do etanol à gasolina chegando a 2,9% no início dos anos 1970. Nesse
período houve uma nova reviravolta no panorama econômico mundial. O excesso de
produção de açúcar e a crise mundial de petróleo provocaram um enorme déficit na
balança comercial brasileira. A pressão dos usineiros que estavam à beira da
falência, a disponibilidade da tecnologia do carro movido a álcool sendo
aperfeiçoada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
e a possibilidade da diminuição da dependência do petróleo almejada pelo governo
4 A Resolução ANP nº 9, de 1º.4.2009 estabelece que o álcool etílico combustível para efeito de
regulamentação da ANP terá como nomenclatura obrigatória, etanol combustível.
26
militar criou um ambiente propício para criação do PROÁLCOOL, um programa que
previu transformar um subproduto do açúcar, num produto estratégico na economia
brasileira, aproveitando a capacidade ociosa das destilarias anexas às usinas
açucareiras e, conseqüentemente, diminuindo a dependência energética estrangeira
a partir do aperfeiçoamento e aprofundamento das políticas de incentivo que
estavam em vigor desde 1931 (RICO, 2010). Mais uma vez o Governo Brasileiro
operou para impulsionar a agroindústria canavieira no país.
Como benefícios adicionais do PROÁLCOOL pode-se citar a melhora na
qualidade do ar, em virtude da eliminação do chumbo tetraetila empregado para
aumentar o nível de octanagem da gasolina automotiva, maior flexibilidade na
produção de açúcar, desenvolvimento de uma tecnologia sucroalcooleira nacional,
acumulada a partir da sua implantação, além de ser uma fonte renovável e reduzir a
emissão de monóxido de carbono e particulados. Jannuzzi & Swisher (1997)
definem uma fonte de energia como renovável quando seu uso não causa uma
variação significativa em seus potenciais e sua reposição em curto prazo é
relativamente certa. Entre outros objetivos oficiais do PROÁLCOOL estavam a:
maior flexibilidade na produção de açúcar, redução das desigualdades regionais e
individuais de renda, aumento da renda interna, avanço da produção de bens de
capital e geração de postos de trabalho (BRASIL, 1975)
Passadas mais de três décadas restaram uma longa evolução tecnológica na
produção, introdução de novas variedades de cana, ganho de escala, uma estrutura
logística montada e a utilização dos subprodutos da cana-de-açúcar que
contribuíram para diminuição do custo (Figura 8) tornando-o competitivo quando
comparado à gasolina.
27
Figura 8: Produção e custo do etanol no Brasil - 1980 a 2005 Fonte: http://www.biodieselbr.com/energia/alcool/etanol.htm
Atualmente o etanol brasileiro apresenta o menor custo de produção do
mundo e esse bom desempenho é resultado de vários fatores tais como: baixo valor
da terra, da mão-de-obra agrícola e industrial; evolução tecnológica e gerencial das
empresas brasileiras (BRASIL, 2007), e o fato da cana-de-açúcar ser a matéria-
prima com maior riqueza em sacarose, o que garante maior produtividade. Por fim,
há a economia da energia utilizada no processo de fabricação do açúcar e do etanol,
tendo em vista que grande parte das usinas brasileiras utiliza energia própria,
cogerada a partir da queima do bagaço da cana em caldeiras.
A previsão de produção de etanol para a safra 2010/2011 é de 27 bilhões de
litros (BRASIL, 2011) em mais de 430 unidades produtivas. Atualmente o álcool é
exportado para os EUA, Japão, Jamaica, Nigéria, Coréia do Sul, Suécia, Países
Baixos, Costa Rica, El Salvador e México, além de países da União Européia num
volume que atinge cerca de 777 milhões de litros para estes países (BRASIL 2010).
A evolução tecnológica e incremento da produção de etanol no Brasil, ao
longo de sua história, são assinalados por estímulos governamentais em pesquisa e
incentivos fiscais marcadamente direcionados aos grandes produtores. O que por
um lado corrobora com o valor de estimular a utilização de combustíveis de fontes
renováveis, por outro aponta para a necessidade de impulsionar alternativas e
estratégias de produção do etanol como é o caso da sua produção em pequenas
propriedades.
28
1.6. Perspectivas do etanol no Brasil - Mercado e Produção
O desempenho do mercado mundial de etanol no futuro ainda não está
definido. Seu desenvolvimento e estabilização vão depender de cenários
geográficos, econômicos e políticos que se alteram, assim como de tecnologias de
produção e conversão, muitas delas ainda em desenvolvimento (MAPA, 2006 e
BNDES, 2008).
Atualmente o mercado internacional de etanol é incipiente frente ao petróleo e
precisa superar dificuldades, como segurança no fornecimento, falta de infra-
estrutura, padronização de normas técnicas que contenham especificações acerca
da qualidade e segurança e barreiras comerciais e políticas em algumas partes do
planeta. Ainda assim, o consumo mundial de etanol alcançou 91,1 bilhões de litros
em 2009 com previsão de chegar a aproximadamente 150 bilhões de litros em 2020
(ROCHA, 2010). Em 2011 o Brasil deve produzir cerca de 27 bilhões de litros de
etanol e exportar em torno de cinco bilhões de litros. Seguindo o mesmo raciocínio
(Figura 9), em 2015 a projeção é que a produção brasileira seja de trinta e seis
bilhões de litros, dos quais vinte e oito bilhões de litros para o mercado interno e
cerca de oito bilhões de litros para exportação, considerando-se uma produtividade
de 85 toneladas e 6.600 litros de etanol por hectare e um aumento de 6,45% na área
plantada (TORQUATO, 2005).
Figura 9: Produção histórica de produção de etanol no Brasil e projeção entre
as safras 2005/06 e 2015/16
Fonte: Torquato, 2005
29
O alcance de metas ambiciosas em biocombustíveis pressupõe fortes
investimentos em logística, uma política de atração e retenção de capitais
internacionais, condições para ampliação da oferta de matéria-prima e uma política
de Ciência e Tecnologia que consolide o Brasil na liderança em tecnologia de
biocombustíveis. Essas intervenções necessitam de um plano de ação bem
projetado, pois o alcance das metas em biocombustíveis ocorre no longo prazo.
1.7. O etanol na Bahia
Apesar de oferecer condições de clima e solo favoráveis ao plantio da cana-
de-açúcar, atualmente a Bahia não acompanha o crescimento na produção do
etanol que está ocorrendo no Brasil (Figura 10). A UNICA, maior organização
representativa do setor de açúcar e etanol do Brasil, registrou que a Bahia produziu
um total de 141 milhões de litros de etanol na safra de 2008/09, volume 0,67%
superior ao registrado no período entre 2007 e 2008 com produtividade no estado de
56,4 t/ha (IBGE, 2009) contra 85 t/ha da média do país. Esses valores são
inexpressivos frente à produção nacional de cerca de 27.513 bilhões de litros, como
resultado o estado importa 85% do etanol que consome (ANSELMI, 2007). O
crescimento desse setor na Bahia dependerá de investimentos governamentais, em
especial, da criação de um programa de infra-estrutura de irrigação para áreas de
novos plantios e logística de armazenamento e transporte.
Figura 10: Produção de etanol no Brasil
Elaborado pelo autor ( UNICA, 2010 b)
0
5.000.000
10.000.000
15.000.000
20.000.000
25.000.000
30.000.000
90/9
1
91/9
2
92/9
3
93/9
4
94/9
5
95/9
6
96/9
7
97/9
8
98/9
9
99/0
0
00/0
1
01/0
2
02/0
3
03/0
4
04/0
5
05/0
6
06/0
7
07/0
8
08/0
9
BAHIA
REGIÃO CENTRO-SUL
REGIÃO NORTE-NORDESTE
BRASIL
30
A fim de reverter esses números o governo da Bahia se prepara para atrair
empresas que investem no mercado de etanol melhorando a infra-estrutura logística
com a construção da ferrovia Oeste-Leste, passando pelo Oeste baiano e por
Caetité, na Chapada Diamantina, que terminará em Ilhéus, no Porto Sul, que
segundo o Governo da Bahia atenderá às necessidades dos produtores de minério
de ferro, grãos e também de açúcar e etanol dos cerrados do oeste baiano, porém
sabe-se que até o momento nada de concreto foi realizado com vistas à utilização
da ferrovia e porto para escoamento dos produtos derivados da cana-de-açúcar; Há
previsão de investimento em formação profissional como, por exemplo, a criação em
Porto Seguro do segundo curso de nível médio em biocombustível do país. Também
estão previstas ações direcionadas às pesquisas sobre o etanol com o apoio do
Programa Estadual de Bioenergia, aplicação dos benefícios previstos nos programas
AGRINVEST e DESENVOLVE assim como a implementação de incentivos
adicionais com redução de alíquotas de ICMS (BAHIA, 2006) até 2020. Com esse
conjunto de iniciativas a Bahia pretende chegar ao ano de 2013 com dois milhões de
hectares de cana-de-açúcar e 20 novas usinas produtoras de etanol, em dois pólos
produtivos para beneficiamento da cana-de-açúcar, no Oeste e no Sul do Estado
(Polo, 2008). Tendo em vista que a produção de etanol na Bahia ainda é
inexpressiva e que a ampliação da produção se encontra em fase embrionária, é
importante que se observe as implicações sócio-ambientais de sua produção.
1.8. Agroecologia e aproveitamento de subprodutos do etanol
Durante o último século, a modernização da agricultura implicou em elevado
aumento de produção. Essa profunda mudança foi apoiada por um enorme
investimento econômico em P&D e em inovações tecnológicas, advindos tanto da
indústria química, de maquinários, da genética, quanto das políticas regulatórias e
de fomento do governo (ORTEGA, 2002).
A agricultura convencional mostrou-se à primeira vista mais lucrativa nas
análises econômicas simples, porém quando se consideraram todos os custos
diretos e indiretos do novo sistema ela demonstrou não ser tão rentável quanto se
julgava, pois resultam grandes perdas do meio ambiente como: erosão e perda de
fertilidade do solo, eliminação da biodiversidade, êxodo rural, degradação das
fontes, assoreamento e contaminação dos fluxos de água (ELICHER, 2008).
31
A agroecologia recentemente se tornou mais popular, pois está preocupada
com os aspectos ecológicos e sociais da produção e sua sustentabilidade.
Considera a propriedade como um organismo onde as áreas preservadas, culturas
animais e vegetais interagem para construir um sistema diversificado, organizado
para ser sustentável (Figura 11).
Figura 11: Elementos construtivos da agroecologia
Fonte: www.agroecologia.inf.br
Assim, o uso do termo Agroecologia traz a idéia e a expectativa de uma nova
agricultura capaz de fazer bem ao homem promovendo a inclusão social e
proporcionando melhores condições econômicas aos agricultores e ao meio
ambiente (ELICHER, 2008). A agroecologia apresenta diversas características
presentes à realidade encontrada na COOPERBIO como: a) O emprego de técnicas
de produção de leite e biomassa de baixo custo e poupadoras de insumos
industriais; b) O aproveitamento de recursos naturais na produção de alimentos e
energia; c) A utilização de medicamentos fitoterápicos, possível de serem
produzidos pelas famílias com recursos presentes em suas propriedades em
substituição aos medicamentos sintéticos, naturalmente mais caros. Essas práticas
adotadas em Frederico Westphalen podem ser reproduzidas com as devidas
adaptações ao Sul da Bahia.
Na perspectiva agroecológica o aproveitamento dos resíduos da produção de
etanol têm se destacado por contribuir na diminuição dos gastos com insumos,
reaproveitamento na propriedade e pelo seu valor comercial. Devido à importância
32
adquirida, os resíduos no modelo COOPERBIO passaram a ser tratados como
subprodutos sendo os mais importantes: a ponta de cana, o bagaço, o vinhoto, a
torta de filtro e a levedura (LANZOTTI, 2000).
1.8.1.1. Cana de açúcar como fonte de biomassa
Desde o início do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil, pouca atenção foi
destinada ao aproveitamento de seus principais resíduos. Com o início do
PROÁLCOOL e, conseqüente aumento na produção de cana-de-açúcar e etanol,
tornou-se necessário cuidar dos resíduos. A solução encontrada foi a reciclagem
total dos resíduos para o campo.
A cana-de-açúcar é uma planta herbácea, cespitosa e perene, da família das
gramíneas do gênero Saccahrum com trinta e duas espécies catalogadas
(ANDRADE, 2004) e origem na Oceania ou Ásia a depender da espécie.
Possui tronco fino e comprido com folhas alongadas e verdes e alto teor de
açúcar (Figura 12). Precisa de solo com profundidade de 1m, precipitação
pluviométrica que varia de 1.000 a 3.000 mm anuais e temperaturas entre 20 e
30°C.
Figura 12: Estrutura da cana-de-açúcar
Fonte: Plano Nacional de Energia 2030, 2007
33
Na média, durante todo um ciclo da produção a produtividade varia de 50 a
100 t/ha.ano de acordo com as práticas agrícola que forem adotadas. No Brasil, a
cana-de-açúcar pode ser produzida em quase todas as partes do país, porém ela é
cultivada em menos de 1% das terras agricultáveis que produzem cerca de 570
milhões de toneladas de cana (ÚNICA, 2010) e geraram o equivalente a 44,1
milhões de tep em 2009 (BEN, 2010).
A composição química em porcentagem da cana-de-açúcar madura, normal e
sadia é a apresentada no Quadro 1:
Quadro 1: Composição química em porcentagem da cana-de-açúcar madura
ELEMENTO %
Água 74,50 (65 – 75%)
Acúcares 14,00 (12 – 18%)
Fibras 10 (8,0 – 14,0%)
Cinzas 0,50 (0,30 – 0,80)
Materiais Nitrogenados 0,40 (0,30 – 0,60)
Outros 0,60 Fonte: ANDRADE, 2004
O teor de fibra é muito importante para a manutenção energética das
indústrias que processam a cana-de-açúcar. Em média a cana-de-açúcar possui
10% de fibras e 14% de açúcares (Quadro 1). Quanto maior o teor de fibra maior o
gasto de energia e o desgaste das moendas para a extração de sacarose.
1.8.1.2. Ponta da Cana
A ponta da cana é a denominação popular para as partes “não colmos” da
cana-de-açúcar, ou seja, toda parte aérea da planta menos os colmos
industrializáveis. Sendo assim, trata-se de um resíduo agrícola composto de três
partes distintas: lâmina, bainha e uma quantidade variável de cana imatura.
Apresenta variações importantes em sua composição, em função do local de coleta
do material, condições climáticas no local, estágio de desenvolvimento vegetativo da
cultura, o que torna inviável a generalização da sua composição (CTC,2010).
Apresenta até 18% da produção total de cana, constituindo aproximadamente 19
t./ha de matéria verde, sendo suficiente para alimentar 15 bovinos de massa
corpórea média de 300 kg durante 120 dias (EVANGELISTA, 2004).
34
A ponta da cana constitui-se uma boa opção de volumoso quando usada
como alimento para bovinos de baixo custo e disponível nos períodos críticos de
alimentação animal propiciando estabilidade na produção leiteira, porém devido ao
baixo teor de proteína requer suplementação protéica.
1.8.1.3. Bagaço
O bagaço é o produto fibroso resultante da extração do caldo da cana-de-
açúcar após o esmagamento das moendas. Sua composição química pode variar
dependendo da variedade de cana da qual é obtido, época de corte e eficiência da
extração do caldo da cana.
As fibras do bagaço da cana contêm, como principais componentes, cerca de
40% de celulose, 35% de hemicelulose e 15% de lignina (TEIXEIRA, 2007), sendo
este último responsável pelo seu baixo aproveitamento na alimentação animal caso
seja oferecida in natura (Figura 13). O valor nutritivo desse resíduo lignocelulósico é
baixo quando usado para ração animal, devido às ligações que ocorrem na parede
celular entre a celulose, a hemicelulose e a lignina que impedem que as enzimas
tenham acesso às células de celulose (SOUZA, 2002). Também se pode usar o
bagaço como adubo orgânico, usando-se técnicas de compostagem em superfície.
Figura 13: O Complexo Lignocelulósico.
Fonte: PEREIRA Jr., 2007
O processo de moagem da cana-de-açúcar na indústria sucro-alcooleira, visa
à máxima extração do caldo rico em açúcar e modelos com quatro ternos de
moendas podem ultrapassar 96% de extração do açúcar. Para as pequenas
35
indústrias, as moendas utilizadas extraem entre 60 e 70% do açúcar total contido na
cana. Sendo assim, espera-se que o bagaço de cana proveniente de mini-destilarias
contenha um teor residual de açúcar alto e, conseqüentemente maior valor
energético para ruminantes (EVANGELISTA, 2004).
1.8.1.4. Vinhoto
Vinhoto é o resíduo da destilação do fermentado do caldo de cana de açúcar.
Quimicamente a composição do vinhoto varia de acordo com o tipo de solo, a
variedade da cana, o método de colheita, o processo empregado, o conteúdo sólido
e total e a acidez. Conforme afirma MACEDO (2002) cada litro de etanol produzido a
partir do mosto da cana-de-açúcar gera-se cerca de 10 a 15 litros de vinhoto como
subproduto do processo. Teixeira, apud Pupo (1982) descreve a composição do
vinhoto conforme Quadro 2.
Quadro 2: Composição química do vinhoto
Componentes Vinhoto
Água (%) 44,96
Matéria Seca (%) 47,88
Proteína Bruta (%) 4,92
Fosfato (%) 0,12
Magnésio (%) 0,46
Potássio (%) 1,66
Fonte: TEIXEIRA apud PUPO, 1982.
Geralmente o vinhoto apresenta uma cor marrom-clara e um baixo conteúdo
total de sólidos quando é obtido do caldo de cana. As substâncias nocivas presente
no vinhoto geram uma Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) muito alta, que varia
de 30.000 a 40.000 mg/l e um pH baixo, entre 4 e 5 por causa dos ácidos orgânicos
corrosivos presentes em sua composição (BRAUNBECK, 2005). O vinhoto contém
36
também açúcares não convertidos, carboidratos não fermentados, fermento inativo e
uma variedade de compostos inorgânicos que contribuem para a DBO.
Devido à sua alta DBO, a prática de descarte do vinhoto in natura nos rios
lagos e baixios foi proibida a partir de fevereiro de 1967 no governo Jânio Quadros
pelo Decreto Lei no303, buscando evitar sérios danos à vida aquática e ao meio
ambiente. Atualmente, as três principais tecnologias de aproveitamento do vinhoto
são as seguintes:
Fertirrigação: Método mais comum de recolhimento empregado no Brasil. O
método consiste em bombear ou transportar o vinhoto até as plantações de cana-de-
açúcar e aplicado por meio de canais abertos ou sistemas convencionais de
irrigação. O custo inicial é baixo e aproveita o potencial de fertilização do vinhoto. O
uso do vinhoto como adubo reduz fortemente a necessidade de fertilizantes
químicos para a produção agrícola da cana de açúcar e pode aumentar a
produtividade entre 5% e 10%. Apesar de ser considerado o seu uso como
substituto parcial na fertilização das áreas agrícolas e seu valor equivalente não foi
considerado nas despesas com adubação.
Ração animal: O vinhoto é diretamente usado como ração para animais,
geralmente para o gado.
Biodigestão: A geração de energia através da biodigestão do vinhoto tem a
vantagem de recolhimento nas próprias instalações das destilarias, ao mesmo
tempo em que se produz um bom fertilizante e se recupera energia por meio do
biogás. Esse método de aproveitamento do vinhoto é muito interessante do ponto de
vista da substituição de energia, pois a indústria da cana-de-açúcar produz uma
grande quantidade de vinhoto ao mesmo tempo em que depende da energia elétrica
para movimentar sua indústria e óleo diesel para os caminhões (ROBRA, 2009).
1.8.1.5. Torta de Filtro
A torta de filtro é um resíduo da agroindústria canavieira, obtida nos filtros
rotativos após separação da sacarose residual da borra. No início da década de
1980, a torta de filtro deixou de ser um resíduo industrial, e passou a ser empregada
como um fertilizante, pois contém cerca de 80% de matéria orgânica além de outros
nutrientes que trazem benefícios à cultura da cana-de-açúcar (CORTEZ, 1992).
37
Quadro 3: Composição média da Torta de filtro
Nutriente ( g.kg ⁻ ¹) N P K Ca Mg S
Média 6,8 1,9 5,7 4,3 3,9 0,9
Fonte: NARDIN, 2007
O Quadro 3 mostra que a composição média dos nutrientes da torta de filtro é
rica em cálcio (Ca), nitrogênio (N) e potássio (P). A composição química da torta de
filtro é variável, em função da variedade da cana, tipo de solo, maturação da cana,
processo de clarificação do caldo e outros (NARDIN, 2007).
1.8.1.6. Levedura
A levedura utilizada para a industrialização da cana-de-açúcar constitui uma
fonte de proteína, portanto, um resíduo de interesse na alimentação animal. A
composição química desse material pode variar em função do substrato utilizado nos
processos de fermentação, espécie da levedura, método de fermentação, idade das
células e processo de obtenção (lavagem das dornas).
Nas pequenas destilarias a lavagem das dornas ocorre normalmente no final
do período da safra e em quantidade relativamente pequena e freqüência de
obtenção desuniforme (EVANGELISTA, 2004). Devido à sua composição química
rica em proteínas e minerais a levedura úmida in natura tem sido usada em misturas
como material volumoso para alimentação de ruminantes ou como fertilizantes.
1.9. Biomassa como fonte energética
A biomassa é o resultado da fotossíntese e depende essencialmente da
energia solar e da presença de água e dióxido de carbono (CO2), que se combinam
para a formação de glicose e oxigênio. Essa energia acumulada na biomassa pode
ser convertida em combustíveis ou em eletricidade.
As fontes de energia oriundas da biomassa têm despertado grande interesse
por serem renováveis, terem grande potencial de geração de empregos (MAPA
2006) e admitirem um balanço energético mais sustentável devido à assimilação de
dióxido de carbono na fase agrícola, o que não ocorre com a energia gerada a partir
de combustíveis fósseis.
38
No Brasil o consumo da biomassa, que inclui o bagaço de cana, lenha e
carvão vegetal, etanol e outras fontes primárias renováveis, está distribuído entre o
setor industrial, com 70%, o setor de transportes com 14% e o residencial com cerca
de 13% (Figura 14). O alto acréscimo do uso industrial de biomassa, na primeira
metade da década de 80, ocorreu por conta do carvão vegetal, em substituição ao
óleo combustível; do bagaço de cana utilizado como fonte de calor na produção de
etanol e à expansão da siderurgia a carvão vegetal (BRASIL/EPE, 2008).
Figura 14: Evolução dos Consumos Setoriais de bioenergia no Brasil entre 1970 e 2007
Fonte: BRASIL/EPE 2008
O balanço da matriz energética brasileira entre fontes fósseis e renováveis
mostra-se positivo em relação ao balanço mundial. Segundo o Relatório do Balanço
Energético Nacional - 2010, as fontes renováveis representam mais de 47% da
matriz energética, sendo que as estimativas mais aceitas indicam que a média
mundial representa 13% do consumo de energia primária (BRASIL, 2009).
O Brasil utiliza largamente a biomassa na matriz energética e dispõe de
grande potencial para aumentar a geração de energias renováveis, pois aproveita
apenas 1% da área agricultável na produção de cana-de-açúcar, ou seja, existe uma
grande área disponível para a exploração agrícola, permitindo o plantio de diversos
insumos para a produção de biocombustível.
Percebe-se a possibilidade de ampliar o plantio de cana-de-açúcar e a
produção de etanol como alternativa de incremento do fornecimento energético em
um novo modelo visualizado na COOPERBIO e adaptado às condições do Sul da
Bahia.
39
1.10. Programas de incentivo à produção de energia alternativa
Para estimular o aproveitamento energético dos cultivos de biomassa e uso
de energias alternativas de modo a agregar a maior variedade de fontes energéticas
possível, o governo brasileiro criou alguns programas dentre eles, o Programa
Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).
O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é formado por
quatorze ministérios que tem como objetivo a produção e uso do biodiesel, com foco
na inclusão social e no desenvolvimento regional, através da criação de emprego e
geração de renda. O programa privilegia a participação da agricultura familiar,
estimulando a formação de cooperativas e consórcios entre produtores.
Para aumentar ainda mais o sucesso dos programas, o Governo Federal criou
o Selo Combustível Social, que é formado por diversas medidas para estimular a
inclusão social da agricultura na cadeia produtiva. O enquadramento social de
projetos ou empresas produtoras de biodiesel permite acesso a melhores condições
de financiamento junto ao BNDES e outras instituições financeiras, além de dar
direito de concorrência em leilões de compra de biodiesel. As indústrias produtoras
também terão direito a desoneração de alguns tributos, mas deverão garantir a
compra da matéria-prima, preços pré-estabelecidos, oferecendo segurança aos
agricultores familiares. Há, ainda, possibilidade dos agricultores familiares
participarem como sócios ou quotistas das indústrias extratoras de óleo ou de
produção de biodiesel, seja de forma direta, seja por meio de associações ou
cooperativas de produtores (BRASIL, 2004).
Na Bahia existem dois programas que têm por finalidade diversificar a matriz
energética do estado em substituição à energia de origem fóssil, O BAHIABIO e o
BIOSUSTENTÁVEL.
O Programa BIOSUSTENTÁVEL objetiva Inserir os agricultores familiares na
base de produção e de beneficiamento das culturas fornecedoras de óleos para fins
de biodiesel. O escopo do programa BAHIABIO é fomentar ações para o
desenvolvimento, através das aplicações, pesquisa e uso de biomassa. Para
alcançar esses objetivos o BAHIABIO prevê o desenvolvimento de oito pólos com
produção estimada em 6,2 milhões de m³ de etanol, implantação de um parque
40
industrial alcooleiro e de um parque de extração de óleo com produção de 1,24
milhão m³ de biodiesel e a exploração de 1,237 milhão de hectares de oleaginosas,
além do aproveitamento dos subprodutos oriundos do processo de industrialização
para co-geração de 3,6 mil GWh de energia elétrica. Essas metas permanecem em
um contexto sustentável que consolide a cadeia produtiva dos biocombustíveis com
desenvolvimento tecnológico e fortalecimento da agricultura familiar. Para a
implementação desse programa será necessário um investimento de
aproximadamente R$ 12,3 bilhões até o ano de 2012 (SEAGRI, 2008).
Apesar de diversos programas nacionais e estaduais de incentivo à produção
de energia elétrica e ao biodiesel apresentarem as vantagens da diversificação da
matriz energética, geração de empregos diretos, melhoria qualidade de vida e
fixação do homem ao campo até o momento os governos não apresentaram
qualquer programa de estímulo à produção de etanol para o pequeno produtor, ou
seja, todos esses benefícios apontados poderiam ser estendidos ao pequeno
produtor rural para a produção de etanol.
41
2. PRODUÇÃO DE ETANOL EM PEQUENA ESCALA: O CASO COOPERBIO
A produção de etanol em pequena escala, ou realizada por pequenos
produtores não tem tradição no Brasil. Embora seja conhecida a necessidade de
ampliar a geração de energia de fontes renováveis e que a produção de etanol é
uma opção viável, esta sempre se deu em grande escala e através de grandes
produtores. A fabricação de etanol em pequena escala é um projeto que se encontra
em implantação pela COOPERBIO.
2.1. COOPERBIO
As Cooperativas são organizações que surgiram ao mesmo tempo com os
Sindicatos, como resultado da Revolução Industrial, no fim do século XIX e são, por
natureza e princípios, organizações socialistas constituídas para prestar serviços
aos associados (art. 4º da Lei 5.764/76). Porém, podem ou não, na sua prática,
estarem vinculadas a um projeto socialista.
As cooperativas vêm respondendo à competitividade do mercado através da
ênfase na capitalização introduzindo novos métodos organizacionais e gerenciais,
investindo em inovações tecnológicas e na qualificação da mão-de-obra, buscando
parcerias e a conquista de novos mercados. A capacidade e agilidade das
cooperativas de implementar as mudanças tão necessárias no atual contexto de
globalização define o sucesso de suas práticas (SANCHES, 2002).
A Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de
Biocombustíveis do Brasil (COOPERBIO) foi fundada no dia 08 de setembro de
2005, em Palmeira das Missões, Rio Grande do Sul engloba 63 municípios do
noroeste gaúcho e representa aproximadamente 25 mil famílias de agricultores
dessa região. Tem por objetivo desenvolver um processo de validação tecnológica
de formatos de produção de álcool, dentro de um novo modelo tecnológico que
envolve os princípios de agroecologia, conjugando a produção de biocombustível,
alimentos e a preservação ambiental (Figura 15). Também objetiva a geração de
trabalho e renda planejados, que respondam à necessidade de socializar os
42
rendimentos e, venha a influenciar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental
da região de forma sustentável (LEAL, 2009). Este modelo de produção de
combustível tem diferenças significativas nas fases agrícolas, de produção e
distribuição em relação ao padrão tradicional.
O projeto das micro usinas foi implementado em parceria com a PETROBRAS
(ANEXO 1) que ofereceu consultoria para o desenvolvimento de projeto de validação
tecnológica de produção de biocombustíveis tendo como foco a descentralização da
produção e criação de oportunidades para a agricultura familiar de forma
cooperativada e integrada com a produção de alimentos. A parceria pretende
analisar a viabilidade de modelos produtivos com organização e tecnologia
alternativas, mais adequadas às características da agricultura familiar, que tem por
base as relações com a natureza e seus meios de produção.
Figura 15: Projeto de Validação Tecnológica de Produção de Álcool e Alimentos.
FONTE: LEAL, 2009
Dentre as metas do projeto encontra-se a implantação de nove micro-
destilarias em diversos municípios da região de Frederico Westphalen; Fomento à
produção de cana-de-açúcar e amiláceas consorciadas com a produção de cultivos
43
alimentícios de forma agroecológica; aumento da produção de leite à base de rações
alternativas feitas a partir de subprodutos da cana e criação de um novo sistema
logístico na cadeia produtiva do álcool e uma nova rota de insumos na região.
Foram localizadas apenas duas cooperativas no Brasil com o padrão de
produção com características que se aproximam aos objetivos do trabalho. Por este
motivo escolheu-se na região de Frederico Westphalen – RS para ser realizada a
coleta de dados. A COOPERBIO, por meio de seu Diretor Marcelo Leal,
disponibilizou o acesso aos dados que compõe esse estudo que foi desenvolvido
considerando os dados de implantação de uma micro usina de etanol construída e
que já teve produções experimentais, mas aguarda a liberação de licença ambiental
para entrar em operação. Até o momento não foram apontados elementos que
permitem afirmar que o modelo da COOPERBIO é viável financeiramente.
A micro usina, objeto deste estudo está localizada no município de Caiçaras,
região de Frederico Westphalen, localizada na região Noroeste do estado do Rio
Grande do Sul, a uma distância de 448 km da capital, Porto Alegre (Figura 16).
Figura 16: Localização geográfica de Frederico Westphalen Fonte: Google maps
A micro usina de etanol tem capacidade de produção de 500 litros por dia.
Implantada num conjunto de pequenas propriedades rurais, envolve cerca de 20
famílias cooperativadas, com plantio de menos de dois hectares de cana-de-açúcar
44
por família. A produção prevê a utilização de mão-de-obra familiar e aproveitamento
dos resíduos gerados durante o processo de produção de etanol, sob a forma de
adubação do solo e elaboração de rações alternativas.
Figura 17: Coluna de destilação de micro-usina
Fonte: acervo fotográfico do autor, 2010
2.2. Características do Etanol
O etanol é uma substância pura, incolor, volátil, inflamável, pode ser diluída
em água e é composta por um único tipo de molécula: C2H5OH. É considerado um
dos mais curiosos compostos orgânicos contendo oxigênio, dado suas propriedades
como solvente, germicida, anti-congelante, combustível, depressivo, componente de
bebidas, além de grande versatilidade como intermediário químico (KIRK, 1980).
Na produção industrial do etanol, o tipo hidratado é o que sai diretamente das
colunas de destilação. Para transformá-lo em anidro é necessário utilizar um
processo adicional que retira a maior parte da água presente.
Além do uso como combustível, o etanol pode ser usado como anti-séptico,
solvente, agente reservante e precipitador, óleos essenciais, drogas, ceras,
elaboração de bebidas alcoólicas entre outros (LANZOTTI, 2000).
45
Quando comparado à gasolina, pode-se afirmar que a combustão do etanol
puro em motores emite menores níveis de monóxido de carbono (CO), óxidos de
enxofre (SOx) e hidrocarbonetos. Porém, aldeídos e alguns óxidos de nitrogênio
(NOx) podem ser liberados em maior volume.
O etanol pode ser produzido a partir de diferentes variedades de plantas,
porém a cana-de-açúcar é a que proporciona melhor benefício energético e
econômico.
2.3. Descrição do processo de obtenção do etanol em micro-
usina – Modelo COOPERBIO.
Existem diversas tecnologias para a obtenção de etanol que diferem em
maquinário e tecnologias. Neste trabalho vamos abordar a destinada para micro-
usinas, referindo-se ao etanol produzido a partir da cana-de-açúcar com o processo
produtivo mais simples e iniciando-se a partir do plantio do canavial. Em seguida são
descritas as etapas subseqüentes do processo de obtenção do etanol como a
moagem, tratamento de caldo, ajuste do Brix, fermentação e destilação. Assim como
são apontados os possíveis aproveitamentos dos subprodutos e resíduos da
produção de etanol na perspectiva de agroecologia conforme ilustrado na Figura 18.
Fonte: CORTEZ, 1992
Figura 18: Processo produtivo e integração dos derivados da cana-de-açúcar
46
2.3.1. Plantio, colheita e preparo da cana-de-açúcar
Devem-se levar em consideração as variedades que mais se adéqüem às
características do solo e clima, a produtividade e teor de açúcar. Anualmente
surgem novas variedades, sempre com melhorias tecnológicas quando comparadas
àquelas que estão sendo cultivadas.
Para a indústria, a matéria-prima que interessa são os colmos de cana-de-
açúcar. O ponto de colheita interfere diretamente nas etapas seguintes, pois a
proporção entre as partes moles (internódios) e duras (nós e cascas) é que vai
determinar o rendimento na extração. Normalmente essa relação é de 3:1
(VEIGA,2004) e quanto maior a quantidade de partes moles, por apresentar menor
teor de fibras e oferecer menor resistência no esmagamento da cana-de-açúcar,
maior é a recuperação da sacarose.
Após a colheita e transporte para o local de moagem deve haver a lavagem e
o preparo da cana-de-açúcar que tem por função: destruir a resistência das partes
duras, romper os vasos celulares e aumentar a capacidade da moenda pelo
aumento da densidade da massa. Como vantagens o preparo proporciona um
aumento na eficiência das moendas com menor desgaste e melhora as condições
absortivas do bagaço.
2.3.2. Moagem
A extração do caldo de cana-de-açúcar por moagem é a operação que
permite dividir o colmo em duas frações: o caldo, rico em água e açúcar e o bagaço,
rico em fibras. Esta separação é alcançada fazendo a cana passar entre dois rolos,
submetidos à determinada pressão e rotação, sendo o volume gerado menor que o
volume da cana. O excesso volumétrico, desprezando-se o volume de caldo
reabsorvido pelo bagaço, deve ser deslocado, correspondendo, portanto, ao volume
de caldo extraído (CASTRO, 2006).
Fundamentalmente existem dois tipos de moenda: A de ternos múltiplos
usada principalmente pelos grandes usineiros e a moenda de apenas um terno,
usada pelos fabricantes de cachaça artesanal (Figura 19).
47
Figura 19: Moenda Simples
Fonte: MARQUES, 2007
A moenda simples é composta de base, castelos, engrenagens mancais,
rolos, bagaceira, reguladores de abertura dos rolos, transmissão e motor, (Figura
19).
2.3.3. Tratamento do caldo
Por mais criteriosa que seja a colheita, preparo e moagem para a cana-de-
açúcar é indispensável o tratamento do caldo através do uso de peneiras de malhas
finas e decantador para a retirada das impurezas conforme mostrado na Figura 20.
Figura 20: Decantador de caldo
Fonte: TERRA, 2005
48
As peneiras têm o objetivo de eliminar as impurezas grosseiras como
bagacilhos e areia que aumentam a deterioração dos equipamentos e as
incrustações, além de diminuírem a produção e inibirem a recuperação do fermento.
Em seguida o caldo atravessa o decantador que tem por objetivo maximizar a
eliminação de partículas coloidais. Essas partículas são responsáveis pela maior
formação de espuma e também por dificultarem a recuperação do fermento
(ALCARDE, 2010).
2.3.4. Ajuste do Brix
O ajuste no Brix ocorre antes de iniciar a fermentação nos tanques de
fermentação, conhecido como dornas. Esse procedimento justifica-se, pois a
fermentação ideal ocorre quando a concentração de açúcares esteja entre 14º e 16º
Bx. Acima dessa concentração a fermentação ocorre de maneira mais lenta e,
freqüentemente, mais incompleta e favorecem o acúmulo de glicogênio, acarretando
uma diminuição no rendimento alcoólico e perda de qualidade no produto final
(SCHWAN, 2004).
2.3.5. Fermentação
O termo fermentação é derivado do verbo latim fervere, que significa ferver,
que descreve a aparência da ação de leveduras no mosto durante a produção de
bebidas alcoólicas (STANBURY et al., 1994). Pode ser denominado como processo
em que microrganismos catalisam a conversão de uma substância num determinado
produto. Esse procedimento pode demandar ou não O2 e os próprios
microrganismos podem estar incluídos entre os produtos constituídos.
O processo de fermentação para produção de etanol é realizado em duas
etapas distintas. A primeira é a propagação do microorganismo, que é feita sob
intensa aeração e em caldo diluído com teores de açúcar próximo a 5º Bx, visto que
concentração mais alta prejudica a respiração da célula, que é indispensável para
crescimento eficiente. Na segunda etapa o mosto apresenta uma quantidade de O2
necessária para a multiplicação inicial das leveduras e observa-se somente o
crescimento do número de células do microorganismo.
49
Após a fermentação, que dura em média 24 horas, os substratos açucarados
passam a se chamar vinhos, com uma composição incerta, mas contendo sempre
substâncias gasosas, sólidas e líquidas. As primeiras representam-se principalmente
pelo dióxido de carbono, dissolvida em pequena proporção no vinho. Os sólidos São
representados pelas células de leveduras, bactérias, sais minerais, açúcares
infermentados e impurezas mecânicas em suspensão. Os principais líquidos são a
água (88-93%) e o etanol (12 – 7%) respectivamente nos vinhos comuns. Os álcoois
amílico, isoamílico, propílico, butílico, isobutilico, aldeídos, ácidos, furfural, glicerina,
ésteres e ácidos orgânicos constituem outra parcela de líquidos de pequeno volume,
(VICENZI, 2004).
Terminada a fermentação o vinho está pronto para ser destilado. Isto deverá
ser feito o quanto antes, pois nessas condições há maiores probabilidades de
contaminação que implica em perda de qualidade do levedo restante no fundo da
dorna.
2.3.6. Destilação
A destilação é um processo físico que permite separações químicas. Consiste
da passagem da fase liquida de uma substância ou mistura, sob aquecimento, ao
estado gasoso, que em seguida, retorna ao estado liquido por meio de resfriamento
(LIMA et al, 2001). É realizado para separar o álcool presente dos líquidos
fermentados. Através desse método, o líquido fermentado é aquecido até o álcool
entrar em ebulição. O vapor, uma vez condensado, forma um líquido de maior
concentração alcoólica.
Durante o aquecimento, a composição química dos vapores formados se
torna diferente da mistura inicial; são mais ricos em componentes mais voláteis da
mistura remanescente. Após a condensação dos vapores, o líquido final adquire
componentes voláteis mais concentrados do que na mistura original. Este é o
princípio da concentração por destilação (DIAS, 2004).
Quando o vinho é destilado, resultam duas frações chamadas de flegma e
vinhaça. A flegma é formada por uma mistura hidroalcoólica impura, cuja graduação
depende do tipo de destilador utilizado.
50
2.3.6.1. Processo de destilação
O processo de destilação do vinho pode ser realizado de duas maneiras:
Destilação simples e destilação contínua.
A destilação simples é utilizada para pequena produção resultando em um
flegma impuro de graduação entre 45ºC a 55ºC. O processo de destilação contínua
é possível obter-se um flegma de até 96º. Para esse processo de destilação
emprega-se uma coluna de destilação contínua que é mantida por um filete contínuo
de vinho que gera um fluxo ininterrupto de destilado e outro de vinhaça.
As colunas de destilação que produzem destilados com teores alcoólicos de
90 a 96°G.L. são compostas por cerca de 30 a 38 tanques de destilação
superpostos, que são chamados de pratos ou bandejas (NOGUEIRA, 2005). Cada
bandeja forma uma unidade de destilação que se superpõem dando ao conjunto a
aparência de uma coluna vertical com o nome de tronco de destilação (Figura 21).
Figura 21: Destilação Contínua
Fonte: TERRON, 2011
De forma resumida o vinho inicia o processo de destilação na parte superior
da coluna e desce de bandeja em bandeja liberando-se do etanol em forma de vapor
que percorre em sentido inverso, misturando-se em flegmas cada vez mais
alcoólicos, de menor ponto de ebulição, acumulando-se no topo da coluna.
51
2.4. Regulamentação para produção e comercialização do etanol produzido em pequena propriedade.
Na Constituição brasileira o artigo 22 dispõe acerca da competência privativa
da União para legislar, dentre outros casos, sobre energia, ou seja, todos os atos
normativos a serem editados relativos às atividades do petróleo, gás natural e dos
biocombustíveis, são de responsabilidade da União.
Para regular, contratar e fiscalizar as atividades econômicas relacionadas à
indústria do petróleo, gás natural e biocombustíveis, o presidente Fernando
Henrique Cardoso através da Lei nº 9.47819 de 6 de agosto de 1997 instituiu a
Agência Nacional do Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Entre outras
atribuições a ANP autoriza e fiscaliza as operações das empresas que distribuem e
revendem etanol e estabelece as especificações técnicas (características físico-
químicas) dos biocombustíveis e realiza permanentemente monitoramento da
qualidade desses produtos nos pontos-de-venda. Atualmente, a ANP regula apenas
a qualidade de produção do etanol e não tem fiscalização da produção nem metas
pré-estabelecidas, de modo que seu preço e oferta variam de acordo com sua
demanda.
Para que o fornecedor5 possa comercializar o etanol, é necessário que este
esteja cadastrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com a
finalidade de, posteriormente pleitear o Certificado de Cadastramento de Fornecedor
de Etanol Combustível para Fins Automotivos emitido pela ANP (Resolução ANP Nº
43/2009, art. 5º). Este documento habilita o fornecedor a iniciar a comercialização de
álcool etílico para fins automotivos. Ainda assim, o produto só poderá ser negociado
no mercado interno se o comprador for cadastrado, ou autorizado pela ANP. No
caso de cooperativa de produtores, juntamente com a ficha cadastral, deverão ser
entregues os seguintes documentos, conforme Resolução ANP Nº 43/2009, art. 3º
§6:
i) comprovação de que esse estabelecimento possui instalação de
armazenamento própria com cópia autenticada do Registro Geral de Imóveis,
contrato de arrendamento ou contrato de cessão de espaço com instalação de
armazenamento;
5 Resolução n º 43 art 2º Define fornecedor como “produtor com unidade fabril instalada no território
nacional, cooperativa de produtores de etanol ou empresa comercializadora de etanol”.
52
ii) comprovante de inscrição e de situação cadastral no Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica;
iii) comprovante da regular inscrição estadual.
A Resolução no 12, de 2007 da ANP, em vigor desde 1º de janeiro de 2008,
regulamenta a instalação, funcionamento e desativação do Ponto de Abastecimento.
Todo o processo de autorização e atualização cadastral é realizado através do
Sistema de Ponto de Abastecimento – SPA, disponível em
“https://www.anp.gov.br/SPA”.
O Ponto de Abastecimento é uma instalação dotada de sistemas destinados
ao armazenamento de combustíveis, com equipamento medidor de volume
submetido ao controle metrológico por parte do Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) para o abastecimento de veículos
automotores, dentre outros. Somente os Pontos de Abastecimento com capacidade
total de armazenagem de combustível de 15m3 ou acima necessitam de autorização
da ANP. A aquisição de combustíveis está prevista no art. 14 da Resolução no 12 e
estabelece que poderá adquirir combustíveis de fornecedor, dentre outros, podendo
o fornecedor ser uma cooperativa.
A oportunidade para o pequeno agricultor comercializar o etanol encontra-se
descrita no artigo 10 dessa Resolução.
“No caso de o detentor das instalações estar identificado em forma de
grupo fechado de pessoas físicas ou jurídicas, previamente associadas em
forma de cooperativa, poderão ser abastecidos na instalação do Ponto de
Abastecimento os veículos automotores terrestres, que estejam registrados em
nome das pessoas físicas ou jurídicas que o integram e em nome do próprio
grupo fechado.”
Ou seja, por esse artigo inserido na Resolução No 12, de 2007 todos os
cooperados, sejam pessoas físicas, ou jurídicas podem abastecer seus veículos no
Ponto de Abastecimento, desde que haja uma relação dos veículos cadastrados na
ANP com uma cópia no Ponto de Abastecimento.
A Resolução ANP nº 7, de 2011, institui em seu artigo 4º a obrigatoriedade de
envio, à ANP, de informações referentes aos testes laboratoriais cujos resultados
das análises compõem o certificado da qualidade para etanol hidratado combustível.
53
Todo produto disponibilizado no país deve estar especificado de acordo com a
Resolução ANP nº 7/2011. Cabe ao fornecedor de etanol hidratado combustível
encaminhar as amostras coletadas para os laboratórios habilitados pela ANP para
emitirem o certificado da qualidade do produto.
Após análise das Resoluções da ANP que tratam de etanol combustível,
verificou-se que não há qualquer referência aos pequenos produtores, ou alguma
regulamentação que flexibilize a comercialização e controle de qualidade para os
pequenos produtores, apenas o abastecimento em Ponto de Abastecimento para os
cooperados através de ato cooperativo.
2.5. Tributação do Etanol Hidratado
O refino, a distribuição e revenda do etanol combustível são passíveis de
tributação. Conforme definição constante no Código Tributário Nacional (Lei nº
5.172/1966), o imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, caracterizado por não ter sua
arrecadação com destino específico, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei, sendo destinado a atender as necessidades gerais da
administração pública, sem assegurar ao contribuinte qualquer proveito direto em
contraprestação à parcela que pagou (Brasil, 1966).
Os tributos atualmente incidentes sobre as operações envolvendo etanol
combustível são:
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e
sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS);
Contribuição para o Programa de Integração Social do Trabalhador e
de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP);
Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social
(COFINS);
O ICMS é um tributo de competência estadual cujas alíquotas, que podem ser
diferentes, incide sobre as atividades de refino, distribuição e revenda.
De forma geral o etanol possui tributação elevada devido às suas funções
sociais. O combustível é consumido por uma parcela da população que é
54
normalmente capaz de pagar algo a mais por possuir ou utilizar um meio de
locomoção particular (CAVALCANTE, 2011). Entretanto, bens com a mesma
finalidade social podem ter um patamar tributário diferenciado. Neste sentido, o
diferencial tributário favorável ao etanol produzido por pequeno agricultor pode ser
enquadrado com uma renúncia fiscal, uma vez que o Estado está “abrindo mão” de
arrecadação que teria com o etanol em favor da promoção de políticas sociais ou
setoriais e têm por objetivo principal o de diminuir desigualdades. A renúncia fiscal,
poderia então ocorrer para viabilizar um setor incipiente ou estratégico que por hora
não é competitivo (Ministério da Fazenda, 2000).
As operações econômicas do etanol em condições normais são tributadas,
porém quando realizadas no sistema de cooperativismo não há cobrança de ICMS e
COFINS. Neste sentido, o artigo 79 e parágrafo único, da Lei nº 5.764/71 que define
a Política Nacional de Cooperativismo traz o conceito legal do ato cooperativo. Ato
cooperativo são os atos praticados entre as cooperativas e seus associados sem
implicar operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou
mercadoria. Visto que o ato cooperativo não proporciona a transmissão de
propriedade de mercadoria, não gera faturamento nem receita e, conseqüentemente
não gera lucro, portanto não ocorre o fato gerador para a cobrança de ICMS e
incidência da COFINS. A isenção só inclui os atos tipicamente cooperativos, que são
aqueles correspondentes à atividade-fim das cooperativas (NISTA, 2004).
O Cooperativismo no Brasil é estimulado através de uma política de apoio
segundo prevê a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 174, § 2º, estabeleceu
uma política de apoio ao cooperativismo,
"§ 2º. A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de
associativismo."
Ainda, ao traçar as normas gerais sobre o sistema tributário nacional, o
constituinte, a fim de conferir maior estabilidade às operações praticadas pelas
cooperativas, em seu artigo 146, inciso III, alínea "c", estabeleceu "Art. 146. Cabe à
lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre: c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado
pelas sociedades cooperativas".
Para as cooperativas, como entidades sem fins lucrativos de que trata o art.
13 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001 a Contribuição para o PIS/PASEP é
55
calculada com base na folha de salários, à alíquota de 1%. Este estudo, para avaliar
a viabilidade financeira da produção de etanol em pequena propriedade, adotou
esse percentual prevendo que as operações econômicas do etanol serão realizadas
por meio de ato cooperativo.
56
3. ANÁLISE E VIABILIDADE FINANCEIRA DA PRODUÇÃO DE ETANOL EM PEQUENA ESCALA: O CASO COOPERBIO
O estudo e a construção de conhecimentos acerca da produção de etanol em
pequena escala no Brasil ainda é incipiente. Existem alguns trabalhos que apontam
a adequação de tecnologias e equipamentos para produção de etanol, porem carece
da análise de viabilidade financeira. A COOPERBIO em especial desenvolveu a
adaptação de tecnologias e equipamentos da qual surge um modelo de fabricação
que se caracteriza pela produção consorciada de alimentos e biocombustíveis
através da agricultura familiar, cuja mão-de-obra é dos integrantes da família.
Também prevê o aproveitamento dos resíduos ou subprodutos do processo de
produção de etanol, como a ponta de cana, o bagaço, o vinhoto, a torta de filtro e a
levedura, como adubo e/ou alimentação de animais, encerrando em seu escopo o
conceito de agroecologia, pois está preocupada com os aspectos ecológicos e
sociais da produção e sua sustentabilidade. Considera a propriedade como um
organismo onde as áreas preservadas, culturas animais e vegetais interagem para
construir um sistema diversificado, organizado para ser sustentável.
Este estudo objetiva investigar a viabilidade financeira da produção de etanol
em pequena propriedade transpondo a realidade encontrada na COOPERBIO na
região de Frederico Westphalen para a região do sul da Bahia. Foram considera as
diferenças culturais, de clima e solo entre essas regiões. Neste sentido, adota para
efeitos de análise, a produção por meio da agricultura familiar, e o sistema de
cooperativa. Tendo como foco específico inventariar os gastos relacionados ao
processo de obtenção de etanol em micro-usina para, a partir daí, analisar os gastos
e possibilidades de ganhos.
3.1. A unidade básica de observação e de análise
O foco principal das observações e análise foram os custos de implantação e
receitas da usina de produção de etanol;
57
3.2. Coleta de dados
Para coletar os dados referentes aos custos de produção da cana-de-açúcar
e etanol e implantação da micro-usina, foram utilizados/aplicados diferentes
instrumentos e técnicas:
a) Visita de observação, para avaliar e acompanhar os processos e práticas
específicas da implantação, produção e comercialização do etanol, as dificuldades e
perspectivas da Cooperativa; conhecer a planta e contato dos fornecedores (Figura
22 e Figura 17);
Figura 22: Dornas de fermentação (ao fundo) em micro-usina Fonte: acervo fotográfico do autor, 2010
b) Roteiro semi-estruturado para entrevistas;
c) Análise de documentos secundários, para levantamento de
informações de custos.
As fontes de informação, para obtenção dos dados, foram:
O projeto de implantação da usina de etanol, seus custos agrícolas, de
imobilizado, serviços de implantação e produção da usina de produção de etanol;
58
Os relatos de experiência da implantação do projeto da usina de
produção de etanol;
Planilhas com informações de preços de equipamentos, com ICMS da
Bahia e frete incluído.
Levantamento de dados
Os itens levantados durante visita à COOPERBIO referentes ao custo de
plantação da cana-de-açúcar foram relacionados no Quadro 4 e os preços revistos
para a realidade do sul da Bahia. Conforme mostra o quadro abaixo, para o ano 01
foi de R$ 4.272,00/ha. Para a análise financeira esse custo será dividido em cinco
anos, que é o tempo de vida do canavial.
Insumos Unidade Quant valor Unit Total
Mudas t/ha 11 R$ 50,00 R$ 550,00
Fertilizante Orgânico t/ha 2 R$ 160,00 R$ 320,00
Fertilizante Verde t/ha 60 R$ 3,00 R$ 180,00
Fosfato Natural t/ha 1,5 R$ 600,00 R$ 900,00
Calcário, t/ha 1 R$ 102,00 R$ 102,00
Herbicida L/ha 0 R$ 33,00 R$ 0,00
Preparação do solo
Distribuição de calcário h/trator/ha 2 R$ 60,00 R$ 120,00
Arado h/trator/ha 3 R$ 60,00 R$ 180,00
Gradagem h/trator/ha 1 R$ 60,00 R$ 60,00
Sulcamento Dia/homem/ha 1 R$ 25,00 R$ 25,00
Distribuição mudas h/trator/ha 1 R$ 60,00 R$ 60,00
Cobertura de mudas Dia/homem/ha 8 R$ 25,00 R$ 200,00
Tratos culturais.
Aplicação cobertura (mudas) Dia/homem/ha 1 R$ 25,00 R$ 25,00
Capina manual Dia/homem/ha 12 R$ 25,00 R$ 300,00
Colheita e transporte.
Corte Dia/homem/ha 23 R$ 25,00 R$ 575,00
Carregamento Dia/homem/ha 3 R$ 25,00 R$ 75,00
Transporte h/trator/ha 5 R$ 60,00 R$ 300,00
Aluguel da terra R$/ha 1 R$ 300,00 R$ 300,00
Total por hectare R$ 4.272,00
Quadro 4: Levantamento custos ano 0
Fonte: dados de pesquisa
59
Os elementos coletados durante visita à COOPERBIO referentes ao custo de
manutenção do canavial para os anos 01 a 05 e revistos para o sul da Bahia estão
relacionados no Quadro 5 com o gasto de R$ 1.727,50/ha/ano, com renovação do
canavial no sexto ano.
Insumos Unidade Quant valor Unit Total
Fertilizante Orgânico t/ha 1 R$ 160,00 R$ 160,00
Fertilizante Verde (Feijão de porco)
t/ha 60 R$ 3,00 R$ 180,00
Preparação do solo
Distribuição de adubo Dia/homem/ha 1 R$ 25,00 R$ 25,00
Distribuição de adubo verde
Dia/homem/ha 0,5 R$ 25,00 R$ 12,50
Aluguel da terra R$/ha 1 R$ 300,00 R$ 300,00
Tratos culturais.
Capina manual Dia/homem/ha 4 R$ 25,00 R$ 100,00
Colheita e transporte.
Corte Dia/homem/ha 23 R$ 25,00 R$ 575,00
Carregamento Dia/homem/ha 3 R$ 25,00 R$ 75,00
Transporte h/trator/ha 5 R$ 60,00 R$ 300,00
Total por hectare R$ 1.727,50
Quadro 5: Levantamento custos anos 1 a 5 Fonte: dados de pesquisa
Os gastos por hectare com o cultivo da cana-de-açúcar (plantio e
manutenção) são expressos no
Quadro 6 todos os custos com plantio e manutenção até o quinto ano.
Observa-se a utilização apenas de fertilizantes naturais e a ausência de gastos com
herbicidas, mostrando na prática a preocupação com as questões agroecológicas.
Gastos produção cana-de-açúcar/ha/ano ano 01 - 05 no Sul da Bahia
Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05 Acumulado/ha
Plantio 854,40 854,40 854,40 854,40 854,40 R$ 4.272,00
Manutenção
1727,50 1727,50 1727,50 1727,50 6.910,00
Total/ha/ano R$ 854,40 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 11.182,00
Gastos produção cana-de-açúcar/ha/ano ano 01 - 05 no Sul da Bahia
Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05 Acumulado/ha
Plantio 854,40 854,40 854,40 854,40 854,40 R$ 4.272,00
60
Quadro 6: Gastos produção cana-de-açúcar/ha/ano Fonte: dados de pesquisa
O valor para a implantação da micro-usina no Sul da Bahia, tendo como
modelo os equipamentos e instalações utilizados em Frederico Westphalen Quadro
7 foi de R$ 325.902,00. Esse montante incluiu a construção de galpão, serviços e
equipamentos com ICMS e frete para a Bahia.
Valores para Instalação de Micro-destilarias de Álcool Combustível SUL DA BAHIA
Equipamento Capac. Nominal Quant ICMS BA
Micro-destilaria 4ol/hora 40L/hora 1 86.000,00
Moenda Móvel de 01 Terno 10 x 14" 1,5 ton/hora 1 33.500,00
Decantador cinco estágios 1.000L/h 1 1.000,00
Dorna de Diluição (Polietileno) 1.000L 1 200,00
Dornas de Fermentação (Polietileno) 3.000 L 3 2.000,00
Piscina para Vinhoto (8 x 6 x 1,5 m) PEAD 2 mm 150 m2 1 1.275,00
Caldeira 300kg. vapor/h 1 20.000,00
Construção Civil 120 m2 1 30.000,00
Bomba alimentadora de Vinho 3/4 CV 1 746,00
Instalações Hidraulicas 0 1 950,00
Canos p/ Vinhoto 2' pol/16 mm 5 400,00
Cano Galvanizado (linha de vapor) 1' pol 1 570,00
Manta Isolante - Termica (linha de vapor) 200 °C * 200,00
Instalações Eletricas 0 * 1.500,00
Reservatorio Alcool (Tambores) 200 L 3 180,00
Reservatorio Álcool (Polietileno) 5000 L 1 1.220,00
Bomba p/ transferencia de álcool 3/4 CV 1 746,00
Transporte dos equipamentos - Frete 1300 km 1 3.250,00
Kit de trabalho (Alcoolmetro, Sacar., Termometro, pipeta) 0 1 650,00
Reservatório de H2O 3000 L 1 700,00
Trator 55 CV 55 CV 1 65.000,00
Carreta - Tanque (Transporte vinhoto) 4000 L 1 6.400,00
Carreta Agricola (Transporte cana/bagaço) 4000 L 1 4.100,00
Moto Bomba (Gasolina) 2,5 CV 1 1.400,00
Triturador/Picador de Forragem-Motor De 10 Hp Trifasico 10 Hp 1 915,00
Capital de Giro 0 1 20.000,00
Licenciamento ambiental (taxas, art's, mapas) - 1 3.000,00
Honorários técnico - - 10.000,00
Área p/ instalação (0,5 ha)* - - 0,00
Despesas Diversas (terraplanagem, Instalações,...) - - 30.000,00
TOTAL 325.902,00
Obs: * Valor não incluso. Quadro 7: Equipamentos e serviços para implantação de micro-usina 500 l/dia
Fonte: Dados de pesquisa
Manutenção
1727,50 1727,50 1727,50 1727,50 6.910,00
Total/ha/ano R$ 854,40 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 11.182,00
61
Os gastos Fixos e variáveis levantados para a micro-usina estão descritos no
Quadro 8 e totalizam R$ 13.510,00 ao ano.
Unidade Quant valor Unit Total
Assistência Técnica
1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Contratos externos
1 R$ 500,00 R$ 500,00
Água m3/ano 1400 R$ 1,35 R$ 1.890,00
Mão de obra sal/mes 2 R$ 900,00 R$ 1.800,00
Eletricidade Kwh/mes 8500 R$ 0,26 R$ 2.210,00
manutenção
12 R$ 300,00 R$ 3.600,00
Enzimas kg/mes 60 R$ 0,18 R$ 10,80
Transporte km/ano 1000 R$ 2,50 R$ 2.500,00
Total por ano R$ 13.510,80
Quadro 8 Gastos fixos e variáveis ao ano Fonte: dados de pesquisa
Este estudo faz a transposição analítica de um modelo de produção de etanol
em micro-usina com capacidade de produção de 500 l/dia de etanol a 940 GL
conforme capacidade do equipamento durante 190 dias, baseada em
cooperativismo e na mão-de-obra familiar na região de Frederico Westphalen para a
mesorregião de Ilhéus, no sul da Bahia. Para esse nível de produção, a destilaria
consome cerca de 520 litros/hora de vinho, material fermentado e pronto para
destilação, sendo este o referencial utilizado para definir a necessidade de produção
de cana-de-açúcar, considerando a produção de mosto por tonelada de produto e
produtividade por hectare cultivado, originando na combinação dos dados, a
necessidade de área de lavoura para o cultivo. Portanto para a produção anual de
95.000 litros de etanol é necessário uma área cultivada de 16 ha.
Para calcular a área de plantio verificou-se que a produtividade de cana-de-
açúcar da região de Ilhéus é de 65 t/ha, bem abaixo da média nacional que é de 85
t/ha. Cada tonelada de cana-de-açúcar rende cerca de 80 litros de etanol. Esse é um
valor médio, pois o rendimento muda conforme a variedade da cana, condições de
cultivo e climáticas e métodos colheita, além de eficiência no processo produtivo
como ajuste da moenda, fermentação e destilação.
62
A formação do preço do álcool sofre forte influência da colheita da cana-de-
açúcar no Brasil central, principalmente em São Paulo, maior produtor nacional, o
que causa uma flutuação sazonal típica dos preços pagos ao produtor, com
decréscimo no preço no segundo semestre do ano. Para este trabalho utilizou-se
como base referencial a média de preços praticados nos postos de Ilhéus em Junho
de 2011 no Estado da Bahia para se estipular o valor de venda de R$ 1,80. Bem
abaixo dos praticados nos postos em Junho de 2011, cerca de R$ 2,35 para o etanol
e inferior aos 70%, da gasolina. A diferença de tarifas entre o combustível produzido
de pequena propriedade rural e o vendido pelos postos de combustíveis é de R$
0,55 para o etanol e R$ 0,99 para a gasolina o que garante uma atratividade pelos
preços praticados pela cooperativa. Considerou-se que a produção do etanol será
comercializada no mês de produção, sem estocagem para venda na entressafra.
3.3. Análise de dados
Por dados entende-se cada um dos elementos de informação que se recolheu
durante o desenvolvimento da investigação e com base nos quais,
convenientemente sistematizados, poderão ser extraídas conclusões de relevância
em relação ao problema de investigação estabelecido. Neste estudo os dados
coletados foram tabulados usando-se o Microsoft Excel 2007 para seu
processamento e análise.
A partir dos resultados financeiros encontrados foi efetuada a análise de
sensibilidade para fixação dos parâmetros críticos e uma análise de cenários com
tais parâmetros para determinar se o investimento é atrativo ou não para seus
proprietários.
Um investimento é considerado atrativo quando vale mais no mercado do que
seu custo de aquisição. As decisões de investimento de um determinado projeto
devem ser baseadas em uma análise de viabilidade financeira, como forma de
instrumento de suporte no estabelecimento de prioridades; ou, até mesmo, na
determinação das rentabilidades inerentes a cada um dos participantes da estrutura
de financiamento do projeto.
O projeto foi avaliado para um horizonte de 10 anos, sem inflação. Foi
estipulado um Custo de Oportunidade de 10% ao ano, baseado na remuneração
63
garantida pelo governo Federal através da Poupança, que remunera o capital a 6%
ao ano mais a Taxa Referencial (TR), que repõe a inflação.
O custo da destilaria e dos equipamentos necessários para preparação da
matéria-prima (limpeza, moagem e trituração), bem como das instalações (galpão
pré-moldado de 120 m²), foram depreciados em 10 anos, sem valor residual. Quanto
às máquinas agrícolas necessárias ao cultivo da cana-de-açúcar, e a galpões para
abrigar a micro-usina ignorou-se a pré-existência dos mesmos na propriedade e seu
compartilhamento com outras atividades, sendo incluídas no montante de
investimento inicial.
Para efeito de análise deste trabalho considerou-se toda a mão-de-obra
envolvida na operacionalização das atividades como não existente na propriedade,
mesmo se tratando de uma pequena propriedade rural, gerando a necessidade da
existência de vínculos empregatícios no processo, sendo sua remuneração
procedente do rendimento do negócio. Após o levantamento dos custos de lavoura,
foi montado um fluxo de despesas agrícolas para o período de 10 anos, no qual se
agregou replantio da cana-de-açúcar no sexto ano. Para o custo de utilização da
terra foi utilizado o valor de 10% ao ano do valor de venda sendo remunerada
também pela receita negócio.
Outro aspecto importante é a existência de linhas de financiamento e seus
respectivos custos para viabilizar a implantação de projetos de maior envergadura
em relação ao fluxo financeiro da pequena propriedade rural. Para a pequena
propriedade, foi considerado o uso de linhas de crédito do FNE AGRIN - Programa
de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria do Nordeste com 10 anos de prazo,
3 anos de carência e juros de 5,% ao ano. O limite atual por família para esta linha
de crédito é de R$100.000,00 ao ano, o que requer a formação de associação
familiar ou cooperativa para a implantação do projeto, pois o valor total excede este
limite de investimento. Tal associação é permitida pelo sistema PRONAF, além de
ser benéfica ao atender a área agrícola necessária para a produção da cana-de-
açúcar, comprometendo apenas uma parte da terra de cada família com a cultura
destinada à produção de etanol e dividindo os custos e a implantação da micro-usina
em Ilhéus – Bahia. Foi considerada a linha de financiamento oferecida pelo Banco
do Nordeste do Brasil através do Fundo Constitucional de Financiamento do
64
Nordeste, este um importante instrumento de política de fomento para o
desenvolvimento do Nordeste.
A junção de todas as despesas operacionais permitiu a construção do fluxo
esperado de desembolso durante os 10 anos de avaliação. Este fluxo será composto
pelas despesas de depreciação, juros sobre investimento de capital externo, gastos
agrícolas, gastos fixos e variáveis além dos valores referentes aos salários,
compondo desta forma o total de despesas do projeto.
3.3.1. Custeio Pleno
Existem vários métodos de apropriação de custos, utilizaremos o modelo de
custeio pleno que, consiste no método em que todas as despesas tanto de
produção, agrícola, da administração, diretos e indiretos, fixos e variáveis são
rateadas, sem exceção (MARQUES, 2010).
3.3.2. Receitas
Receitas, segundo a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC T 1) são
aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de
entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultem
em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos
proprietários da entidade. Nesse caso será calculada a partir dos preços e
quantidades produzidas de etanol.
Na planilha de avaliação financeira foi utilizada a seguinte fórmula para
calcular a receita:
Receita = pd *dp * v
pd = produção diária
dp = dias de produção
v =valor etanol
65
No estudo a previsão de produção diária é de 500 litros/dia em 190 dias de
produção. O valor proposto para o etanol é de R$ 1,80. Substituindo os valores
temos que a Receita = 500 * 190 * 1,80 = R$ 171.000,00.
3.3.3. Estrutura de Capital
A estrutura de capital refere-se à combinação entre capital de terceiros e
capital próprio que a empresa utiliza para financiar suas atividades.
Participando como capital de terceiros, o Banco do Nordeste do Brasil através
do FNE financia a implantação, ampliação e reforma de projetos de geração de
energia a partir de fontes renováveis (BRASIL, 2010). Essa democratização de
investimentos contribui para a diminuição das diferenças sociais e regionais com a
correspondente geração de emprego e renda através do desenvolvimento de
empreendimentos e atividades econômicas que estimulem a preservação,
conservação e recuperação do meio ambiente, com foco na sustentabilidade e
competitividade das empresas e cadeias produtivas.
Regulamentado pela Lei nº 7.827/1989, o FNE é um instrumento de política
pública federal, com orçamento federal operado pelo Banco do Nordeste – BNB,
instituição financeira de caráter regional, importante instrumento de política de
fomento para o desenvolvimento do Nordeste.
O Banco do Nordeste financia até 100% do investimento com prazo de até
doze anos e quatro anos de carência. Para esse estudo o investimento começa a
ser amortizado no ano 1 e concluído no ano 10.
3.3.4. Demonstrações Financeiras
A demonstração financeira é um resumo da rentabilidade da empresa durante
um período de tempo, por exemplo, um ano. Esta apresenta as receitas, despesas e
impostos gerados durante o período e os lucros líquidos, que são a diferença entre
as receitas e despesas (BODIE, 2000).
3.3.5. Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE)
66
A demonstração dos resultados do exercício (DRE) afere o desempenho
durante um determinado período de tempo. O período mais conhecido é o anual que
é o obrigatório determinado pela legislação tanto comercial como fiscal No trabalho
atual foi estimado DRE de um ano (PADOVEZE, 2004).
Os componentes divulgados na demonstração de resultados são receitas,
despesas das atividades operacionais da empresa, depreciação, despesas
financeiras, impostos e o lucro líquido. É importante destacar com relação ao
conteúdo dessas demonstrações que os dados são apresentados de forma sintética,
ou seja, com características de grande agregação de valores, portanto não são
considerados analíticos.
3.3.6. Fluxo de Caixa
Fluxo de Caixa é um relatório gerado pelas operações da empresa, dos
investimentos e das atividades financeiras em determinado período (BODIE, 2002).
É um suplemento útil para a demonstração de resultado do exercício anterior porque
focaliza a atenção para o que está acontecendo com a posição de caixa da empresa
ao longo de um determinado período.
3.3.7. Avaliação Econômica
Para a análise de viabilidade econômica foram montadas planilhas usando
software Microsoft Excel 2007 e avaliados valor presente líquido (VPL), taxa interna
de retorno (TIR), rentabilidade simples, payback, ponto de equilíbrio e EBITDA.
Essas técnicas são utilizadas na avaliação de seus projetos de orçamento de
capital para tomada de decisão. Cada uma fornece informações próprias, possui
vantagens e desvantagens, de modo que o ideal é retirar o máximo de subsídios,
pela análise e comparação das técnicas aplicadas (BRIGHAM, 2007).
3.3.8. Rentabilidade Simples
Rentabilidade simples é o método mais comum para a avaliação de um
investimento, é a relação do lucro médio provável anual e o total do investimento
67
inicial que recebe o nome de rentabilidade simples. Possui este nome porque é de
fácil resolução, a partir do conhecimento do orçamento de receitas e custos
operacionais, econômicos e financeiros do empreendimento, num só ano
(PADOVEZE, 2004).
Para o cálculo da rentabilidade simples do projeto tomou-se como base o
resultado do Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) de cada ano e divido pelo
valor do investimento inicial.
Figura 23: Análise de Rentabilidade Simples Fonte: Dados da pesquisa
Calculando-se a rentabilidade simples do projeto tem-se a informação que
haverá retorno positivo logo a partir do primeiro ano, ou seja, a cada R$ 1,00
investido neste período o retorno será de R$ 1,34 ou 34% (Figura 23). A média
prevista para a rentabilidade simples nos dez primeiros anos do projeto é de 27%.
3.3.9. Valor Presente Líquido (VPL)
O Valor Presente Líquido (VPL) de um projeto é o montante com o qual se
espera aumentar a riqueza dos acionistas, ou proprietários ao final de toda a sua
vida útil, ou seja, representa o retorno líquido atualizado determinado pelo
empreendimento (FESS, 1999). Declarado como um critério de investimento para os
gestores da empresa é utilizado para tomar decisão em investimento em
determinado projeto caso o VPL proposto seja positivo. O VPL pode ser calculado
através da equação abaixo:
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Rentabilidade Simples %
Rentabilidade Simples %
68
P
Onde:
FCj - representa os valores dos fluxos de caixa de ordem "j", sendo j = 1, 2, 3,
..., n;
i - a taxa de juro da operação financeira
I - é o investimento inicial.
t - quantidade de tempo (em anos)
No presente projeto, considerou-se 10% o custo de oportunidade. Com
relação ao tempo, trabalhou-se com 10 anos.
O VPL encontrado durante o período estudado do projeto é de R$
742.686,07, ou seja, como o valor presente das entradas de caixa é maior do que o
valor presente das saídas de caixa existe a recomendação para investir no negócio.
3.3.10. Taxa Interna de Retorno (TIR)
A Taxa Interna de Retorno equivale ao percentual de desconto que iguala o
valor atual líquido dos fluxos de caixa de um projeto a zero. Como instrumento
utilizado na determinação do mérito do investimento, a taxa obtida deverá ser
confrontada à que representa o custo de oportunidade da empresa e só deverá
sinalizar a aceitação do projeto quando a sua taxa interna de retorno ultrapassar o
custo de oportunidade, significando que as aplicações do empreendimento estarão
rendendo mais que o custo dos recursos usados na empresa.
O chamado custo de oportunidade representa os benefícios ou suas
vantagens perdidas, resultantes de uma escolha de uma alternativa no lugar de
outra que poderia fornecer um retorno financeiro maior (DAVIS, 1999).
A TIR para esse projeto foi igual a 36,19%, ou seja, maior que o custo de
oportunidade do capital que nas planilhas financeiras deste estudo foi considerado
um custo de oportunidade de 10% ao ano. Portanto, nesta situação a técnica
recomenda que se aceite o projeto, o que significa que se tudo ocorrer conforme
69
planejado, o produtor terá uma rentabilidade maior que outros investimentos, como a
poupança.
3.3.11. Payback
Payback é o período necessário para reaver o capital investido inicialmente,
ou seja, consiste em dividir a somatória dos investimentos, custos e despesas pelo
total das receitas auferidas no projeto para saber quanto tempo se dá o retorno de
capital investido (PILÃO, 2003), ou seja, ocorre quando a somatória dos fluxos de
caixa de um investimento se iguala a seu custo.
A partir das informações contidas na Tabela 1 e resumidas na Figura 24
podemos concluir que o Payback simples do investimento deste estudo é de dois
anos e sete meses. Esta metodologia possui como fragilidade o critério de
recuperação do valor investido, pois não leva em conta a vida útil que possa ter o
projeto além do tempo necessário para o retorno. Como todo investimento é uma
permuta entre gastos recentes e ganhos futuros, uma comparação desse
intercâmbio exige a utilização da correção.
Figura 24: Payback Simples Fonte: dados de pesquisa
-R$ 400.000,00
-R$ 200.000,00
R$ 0,00
R$ 200.000,00
R$ 400.000,00
R$ 600.000,00
R$ 800.000,00
R$ 1.000.000,00
1 3 5 7 9 11
Fluxo de Caixa Acumulado
Ano
70
Tabela 1: Fluxo de Caixa Anual Estimado e Resumido (Cenário: 500 litros por dia)
Itens Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10 Acumulado
Receitas 0,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 171.000,00 R$ 1.710.000,00
Gastos 0,00 -61.400,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 -61.400,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 R$ (835.121,10)
Total Gastos -61.400,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 -61.400,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 -89.040,11 R$ (835.121,10)
LAIR 0,00 109.599,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89 109.599,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89 R$ 874.878,90
PIS/Pasep 1% 0,00 -210,94 -210,94 -210,94 -210,94 -210,94 -210,94 -210,94 -210,94 -210,94 -210,94 R$ (2.109,38)
Lucro Líquido 0,00 109.388,95 81.748,95 81.748,95 81.748,95 81.748,95 109.388,95 81.748,95 81.748,95 81.748,95 81.748,95 R$ 293.311,80
Amortização (+) 0,00 32.590,20 32.590,20 32.590,20 32.590,20 32.590,20 32.590,20 32.590,20 32.590,20 32.590,20 32.590,20 R$ 325.902,00
Investimento 325.902,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 R$ 325.902,00
Fluxo de Caixa -325.902,00 141.979,15 114.128,21 114.128,21 114.128,21 114.128,21 141.979,15 114.339,15 114.339,15 114.339,15 114.339,15 R$ 871.925,77
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10
71
3.3.12. EBITDA
EBITDA é o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
Representa a geração operacional de caixa da empresa, sem levar em conta o
capital de giro, os efeitos financeiros e de impostos, medindo com mais precisão a
produtividade e a eficiência do negócio (NETO, 2007). A Equação abaixo define a
fórmula do EBITDA.
EBITDA= R – I - C
Onde:
R - Receita de vendas;
I - imposto sobre a venda;
C - o custo operacional.
Esse indicador serve de parâmetro para conhecimento do valor da empresa.
Quanto maior o EBITDA em relação aos recursos investidos, melhor a qualidade da
gestão. Assim verifica-se na Erro! Fonte de referência não encontrada.que o
BITDA do empreendimento nos primeiros dez anos de atividade é de 35%.
3.3.13. Ponto de Equilíbrio
O ponto de equilíbrio é o indicador de segurança para as empresas. Indica em
que momento, a partir das projeções de vendas a empresa estará igualando suas
receitas e seus custos. A análise do ponto de equilíbrio é utilizada pelas empresas
para determinar o nível de operação necessário para cobrir todos os custos
operacionais aos vários níveis de vendas (GITMAN, 2006). O ponto de equilíbrio
operacional de uma empresa é o nível de vendas necessárias para cobrir os custos
operacionais.
72
Figura 25: Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC)
Fonte: dados de pesquisa
Observando-se os dados da Tabela 2, resumidas na Figura 25, verifica-se
que a produção e venda necessárias para cobrir os gastos no Ano 01 e 06 é de
34.111 litros de etanol enquanto nos demais anos é de 49.700 litros. A média de
produção por ano para atingir-se o ponto de equilíbrio durante os dez anos avaliados
é de 46.400 litros/ano. Este indicador demonstra até que volume a empresa pode
operar aquém de sua capacidade operacional sem pôr o empreendimento em risco.
-
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
100.000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
PEC (Litros)
Produção de etanol (litros)
73
Tabela 2: Ponto de Equilíbio Contábil
Ponto de Equilíbrio Contábil - PEC (com parcela de amortização do investimento)
Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05 Ano 6 Ano 7 Ano 8 Ano 9 Ano 10
Gastos Totais (R$) 61.400,11 89.040,11 89.040,11 89.040,11 89.040,11 61.400,11 89.040,11 89.040,11 89.040,11 89.040,11
Valor litro de etanol (R$) 1,80 1,80 1,80 1,80 1,80 1,80 1,80 1,80 1,80 1,80
(=) PEC (litros 34.111 49.467
49.467 49.467 49.467
34.111 49.467 49.467 49.467 49.467
Qtde. Litros produzido no ano 95.000,00 95.000,00 95.000,00 95.000,00 95.000,00
95.000,00 95.000,00 95.000,00 95.000,00 95.000,00
Déficit ou Superávit (em litros) 60.888,83 45.533,27 45.533,27 45.533,27 45.533,27
60.888,83 45.533,27 45.533,27 45.533,27 45.533,27
Déficit ou Superávit (em R$) 109.599,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89 109.599,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89 81.959,89
74
3.3.14. Análise de Sensibilidade
A análise de sensibilidade tem por fim avaliar o nível de risco do
empreendimento e demonstrar os efeitos que diferentes cenários podem ter sobre
os vários elementos que gerarão o fluxo de caixa de um projeto. Enquanto o cenário
busca determinar “o que poderia mudar”, a análise de sensibilidade pergunta “por
quanto?” (O DCORN, 1998). Essa técnica procura demonstrar o impacto sobre os
retornos do investimento, causados pela variação do faturamento gerado pelo
investimento durante sua vida útil. É feita manipulando-se algumas variáveis e
fixando as outras de forma a verificar quão sensível é a estimativa de VPL a
mudanças de valores dessa variável. Caso os parâmetros sejam críticos, ainda que
variem pouco, motivam grande transformação nos resultados da avaliação
financeira.
Para o cálculo da rentabilidade utiliza-se a formula: r = (R-C) / I
r = rentabilidade
R = Receita
C = Custo
I = Investimento.
Na
Figura 26 apresentam-se quatro cenários, a saber:
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1 2 3 4 5
Gastos e receitas previstos
+ 10% em gastos e receitas
- 10% nas receitas e + 10% nos gastos
Gastos previstos e preço de distribuidoras
75
1. Para o cenário onde as previsões de gastos e receitas se concretizam
representada pela linha azul, a rentabilidade será de 34% no primeiro
ano, e 25% nos anos seguintes.
2. Em um ambiente onde as variáveis de gastos e receitas são ampliadas
em 10%, desenhada pela linha vermelha, com o mesmo valor de
financiamento a rentabilidade percentual aumentou em torno de 03%
em relação ao “cenário previsto” ficando em 37% no primeiro ano e
28% nos anos seguintes.
Figura 26: Cenários e Rentabilidades
Fonte: dados de pesquisa
3. Na simulação de um cenário pessimista com a diminuição da receita e
aumento dos gastos apresentou uma redução de 10%, representada
pela linha verde, no valor das receitas totais e aumento em 10% nos
valores relativos aos gastos e investimentos a rentabilidade ficou
reduzida para 26% no primeiro ano e 17% nos anos seguintes.
4. Criou-se uma quarta visão, representada pela linha roxa, que mostra
os resultados caso o preço do etanol fosse vendido ao mesmo valor de
compra das distribuidoras de combustível em janeiro de 2011 que era
de R$ 1,10 o litro. Nesse quadro a rentabilidade foi de 13% no primeiro
ano e 5% nos anos seguintes.
Nesse último cenário os indicadores fixaram-se nos seguintes valores:
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
1 2 3 4 5
Gastos e receitas previstos
+ 10% em gastos e receitas
- 10% nas receitas e + 10% nos gastos
Gastos previstos e preço de distribuidoras
76
Indicadores de viabilidade
econômica/financeira
VP R$ 334.072,35
B/C 1,03 B/C maior que um - o projeto é rentável.
VPL R$ 8.170,35 VPL maior que zero - aceitar o projeto.
TIR 10,61% TIR maior que o Custo de Oportunidade - aceita-se o projeto.
Quadro 9: Indicadores de Viabilidade econômica/ financeira Fonte: dados da pesquisa
A análise de sensibilidade contribui para verificar as possibilidades de
modificação nos resultados caso ocorram alterações nos valores originais do projeto.
Verifica-se que nos quatro cenários montados a única que apresentou
indicadores que no limite do aceitável para recomendação do investimento foi o
quarto cenário, onde o valor de venda do etanol foi o mesmo praticado pelos
grandes produtores às distribuidoras.
3.4. Apresentação, discussão e análise dos resultados.
Nessa etapa são apresentados e discutidos os resultados do estudo de
viabilidade financeira do modelo em estudo aplicado à região de Ilhéus. Para isso,
inicialmente foram projetadas as demonstrações de resultado partindo das
estimativas de vendas, custos fixos e variáveis e investimento fixo.
A Tabela 3 sintetiza os gastos gerados para a produção do etanol:
Depreciação; Juros sobre investimento inicial; gastos agrícolas e Gastos fixos e
variáveis. O valor de R$ 325.902,00 é referente à implantação da micro-usina
discriminado no Quadro 7 e está dividido em dez parcelas de R$ 34.000,00,
juntamente com as parcelas dos juros para pequeno produtor de 5% a.a. que
equivalem a R$ 2.295,00. Os gastos agrícolas são decorrentes dos custos de plantio
e manutenção descritos no
Gastos produção cana-de-açúcar/ha/ano ano 01 - 05 no Sul da Bahia
Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05 Acumulado/ha
Plantio 854,40 854,40 854,40 854,40 854,40 R$ 4.272,00
Manutenção
1727,50 1727,50 1727,50 1727,50 6.910,00
Total/ha/ano R$ 854,40 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 2.581,90 R$ 11.182,00
77
Quadro 6 multiplicado pelos 16 ha da área a ser plantada. As despesas
agrícolas têm uma participação média de 38% nos gastos de produção, o que indica
que a eficiência agrícola é de suma importância para o sucesso financeiro devido ao
impacto no custo do etanol.
A produtividade do canavial sofre o efeito de sua idade, do acometimento de
pragas e doenças. Sendo assim, torna-se fundamental que no sexto ano seja
renovado o canavial. Os gastos agrícolas respondem por cerca de 46% do custo do
etanol. Esses valores mostram a importância dessa etapa do processo produtivo,
nesse sentido é importante estar atento para as alternativas que contribuem para a
diminuição desses custos, seja na busca das variedades de cana-de-açúcar mais
adequadas à região, ou na procura das melhores técnicas de plantio e colheita.
Outra alternativa para minimizar os valores despendidos na produção e melhorar a
atratividade do investimento é o reaproveitamento dos resíduos gerados durante o
processo como o vinhoto, o bagaço, a palha da cana-de-açúcar e a torta como
fertilizantes agrícola, mostrando sintonia com o modelo agroecológico utilizado pela
COOPERBIO e transformando resíduos em um elemento redutor dos custos de
produção.
78
Tabela 3: Gastos de Produção
Gasto de Produção ano 01 - 05
Ano 01 Ano 02 Ano 03 Ano 04 Ano 05
Depreciação R$ 32.590,20 R$ 32.590,20 R$ 32.590,20 R$ 32.590,20 R$ 32.590,20
Juros Inv Inicial R$ 1.629,51 R$ 1.629,51 R$ 1.629,51 R$ 1.629,51 R$ 1.629,51
Agrícolas (16 ha) R$ 13.670,40 R$ 13.670,40 R$ 13.670,40 R$ 13.670,40 R$ 13.670,40
Gasto Agrícola ano 01
R$ 27.640,00 R$ 27.640,00 R$ 27.640,00 R$ 27.640,00 Gasto Agrícola ano 02 a 05
Gastos Fixos R$ 13.510,00 R$ 13.510,00 R$ 13.510,00 R$ 13.510,00 R$ 13.510,00
Total R$ 61.400,11 R$ 89.040,11 R$ 89.040,11 R$ 89.040,11 R$ 89.040,11
Valor litro etanol
R$ 0,65 R$ 0,94 R$ 0,94 R$ 0,94 R$ 0,94
Gasto de Produção ano 06 - 10
Ano 06 Ano 07 Ano 08 Ano 09 Ano 10
Depreciação R$ 32.590,20 R$ 32.590,20 R$ 32.590,20 R$ 32.590,20 R$ 32.590,20
Juros Inv Inicial R$ 1.629,51 R$ 1.629,51 R$ 1.629,51 R$ 1.629,51 R$ 1.629,51
Agrícolas (16 ha) R$ 13.670,40 R$ 13.670,40 R$ 13.670,40 R$ 13.670,40 R$ 13.670,40
Gasto Agrícola ano 06
R$ 27.640,00 R$ 27.640,00 R$ 27.640,00 R$ 27.640,00 Gasto Agrícola ano 07 a 10
Gastos Fixos R$ 13.510,00 R$ 13.510,00 R$ 13.510,00 R$ 13.510,00 R$ 13.510,00
Total R$ 61.400,11 R$ 89.040,11 R$ 89.040,11 R$ 89.040,11 R$ 89.040,11
Valor litro etanol R$ 0,65 R$ 0,94 R$ 0,94 R$ 0,94 R$ 0,94
79
A partir da demonstração de resultados foi projetado o fluxo de caixa para o
projeto de micro-usina. Com as projeções de fluxo de caixa foram obtidos índices
para a avaliação econômica. O mais comum dentre eles, o Valor Presente Líquido
encontrado apresenta R$ 742.686,00. Como o projeto origina VPL positivo ao final
de 10 anos, indica que seu valor de mercado é superior ao seu custo, gerando valor
para os proprietários.
Na
Figura 24 foi apresentado o Payback com o objetivo de validar os resultados
encontrados. O Payback Simples mostrou que os fluxos de caixa se igualam ao
investimento total no segundo ano.
Pode-se ainda verificar que os valores de TIR encontra-se em concordância
com os resultados dos índices financeiros VPL e Payback já obtidos, confirmando a
indicação para a realização do projeto e atendendo à premissa do custo de
oportunidade a 10%. A TIR do processo de produção de etanol combustível supera
em 10% esse valor, ou seja, para cada unidade de real investido, obtém-se R$ 1,36
de retorno no processo.
-R$ 400.000,00
-R$ 200.000,00
R$ 0,00
R$ 200.000,00
R$ 400.000,00
R$ 600.000,00
R$ 800.000,00
R$ 1.000.000,00
1 3 5 7 9 11
Fluxo de Caixa Acumulado
Ano
-R$ 400.000,00
-R$ 200.000,00
R$ 0,00
R$ 200.000,00
R$ 400.000,00
R$ 600.000,00
R$ 800.000,00
R$ 1.000.000,00
1 3 5 7 9 11
Fluxo de Caixa Acumulado
Ano
80
O EBITDA é calculado a partir da diferença entre receitas, despesas somadas
com os impostos (Tabela 4). Sinaliza eficiência no projeto para a Mesorregião de
Ilhéus para o qual a geração operacional de caixa tem média de 35% durante os 10
anos de acompanhamento deste. Os resultados obtidos nesse estudo indicam a
viabilidade de realização do projeto.
81
Tabela 4: EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization)
EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization)
Anos (anos ) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Receitas R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00 R$ 171.000,00
(-) Despesas de Salários R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80) R$ (21.093,80)
(-) Desp. Deprec/ Amortiz R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20) R$ (32.590,20)
(-) Despesas Financeiras R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51) R$ (1.629,51)
(=) LAIR R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49 R$ 115.686,49
(-) PIS/PASEP (1%) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94) R$ (210,94)
(=) Lucro Líquído R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55 R$ 115.475,55
EBITDA % 35% 35% 35% 35% 35% 35% 35% 35% 35% 35%
82
Os tributos, PIS/PASEP colaboram com 1% na formação do preço do
combustível (Tabela 4), visto que o cooperativismo está isento da cobrança de ICMS
e COFINS. Subsídios ou renúncias fiscais para a produção de energias alternativas
voltados à população de mais baixa renda como o Programa Nacional de Produção
e Uso do Biodiesel (PNPB), o BIOSUSTENTÁVEL ou o BAHIABIO podem servir de
exemplo para um novo modelo aplicado à de produção de etanol em pequena
propriedade rural, pois haverá uma contribuição direta da renúncia fiscal à sociedade
em forma de aumento da demanda por mão de obra, produção de energia, como
também do aumento do investimento e inovação tecnológica em equipamentos e
processos produtivos, mais as vantagens ambientais. Estes efeitos justificariam os
benefícios diretos obtido pelos pequenos agricultores com relação aos incentivos
tributários.
83
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Durante o desenvolvimento deste estudo foram coletadas e apresentadas
informações que agora serão sistematizadas, retomando todo o trabalho de análise
realizado.
Apesar do grande desenvolvimento tecnológico da indústria sucroalcooleira e
da ampla difusão no conhecimento no processo de produção de etanol para grandes
usinas, ainda há poucos dados referentes a fabricantes de equipamentos de micro-
usinas o que representou uma limitação na realização deste estudo. Em
contraposição, encontra-se com facilidade produtores de grandes usinas, ou de
alambiques de cachaça que fabricam pequenas torres de destilação para
aproveitamento da cauda e cabeçada, destilado rejeitado da boa cachaça e que pelo
processo de redestilação pode ser transformado em etanol. Outra limitação foi a
ausência de um modelo produtivo como o da COOPERBIO no Estado da Bahia.
Considera-se que existam diferenças significativas de organização social, cultural,
climáticas e de solo, entre a região de Frederico Westphalen, onde está localizada a
COOPERBIO e a Mesorregião de Ilhéus. Assim foram adequados à Bahia os valores
dos equipamentos para instalação da micro usina, considerando-se as diferenças de
ICMS e frete, todos os demais custos que cercam a produção de etanol, como a
produtividade de cana-de-açúcar, revistos e ajustados à região, mantendo-se a
tecnologia envolvida no processo. Os demais fatores não foram objeto de análise
desse estudo, mas podem ser temas de estudos futuros e/ou para aprofundamento
de conhecimento nessa área.
Para pesquisar a viabilidade financeira da produção de etanol em pequena
propriedade com o modelo de produção adaptado da COOPERBIO, apresentou-se o
processo produtivo e a tecnologia que envolvem os princípios de agroecologia,
conjugando a produção de biocombustivel e alimentos com o objetivo de gerar
trabalho e renda. Foram arrolados os gastos com a implantação da micro usina,
plantio e manutenção do canavial pautados no processo da COOPERBIO realizando
as adaptações necessárias para o sul da Bahia com a finalidade de oferecer
informações para realizar a análise financeira. Para essa tarefa foram delineadas as
84
demonstrações de resultado, partindo das estimativas de produção, receitas, custos
fixos e variáveis e investimento fixo.
Do ponto de vista dos indicadores financeiros, o Custo/Benefício (B/C) foi
maior que um, o Valor Presente Líquido (VPL) positivo e a Taxa Interna de Retorno
(TIR) maior que o custo de oportunidade do capital mostrando que o projeto é
rentável. O Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (EBITDA)
com 35% e a Rentabilidade Simples de 27% também apontam valores positivos e
aconselham o investimento, desde que o produto seja negociado entre cooperados,
através de um ato cooperativo.
As possibilidades de ganhos com etanol mostrou-se real, pois além da
viabilidade financeira a comercialização está prevista na resolução número 12 de
2007 em que está previsto o fornecimento de combustíveis nos Postos de
Abastecimento para os veículos dos cooperados, configurando-se, portanto um ato
cooperativo.
Esses resultados reforçam que deve haver por parte do governo um programa
político específico que fomente e estimule a produção de etanol em pequena
propriedade, a exemplo do Selo Combustível Social para o pequeno produtor de
biodiesel, proporcione um conjunto de medidas equivalentes voltadas para o
pequeno produtor de etanol proveniente da cana-de-açúcar e de outras matérias
primas típicas da agricultura familiar. Esse programa estimulará o incentivo à
produção de etanol para os pequenos produtores de forma cooperativada de
maneira a provocar o desenvolvimento e o incremento na pesquisa científica para a
pequena indústria sucroalcooleira, como já houve para os grandes produtores de
açúcar e álcool.
As medidas adotadas com essa finalidade estimularão que o modelo
implantado pela COOPERBIO em Frederico Westphalen seja disseminado para
outras cidades com as devidas adequações promovendo a geração de energia com
mão de obra familiar e diversificação da renda agrícola.
Essas ações implementadas estimulariam cooperativas a adotarem atividade
agroindustrial de produção de energia renovável e alimentos. Os benefícios
minimizariam o impacto do aporte financeiro inicial elevado diminuindo os riscos,
melhorando as condições de competitividade das micro-usinas de etanol, e
conseqüente, aumento da atratividade para o investimento privado em etanol
85
combustível, de modo a permitir o ingresso e fortalecimento do pequeno produtor
rural no mercado de energia. Historicamente verifica-se que apenas grandes
produtores de cana-de-açúcar foram favorecidos com programas do governo.
Além de todos os benefícios associados à adoção de uma micro-usina de
etanol pelas cooperativas ela pode ser empregada como ferramenta de apoio e
estimulo à agroecologia promovendo conservação destas famílias no campo,
melhoria e diversificação na renda familiar, melhorias ao meio ambiente e
contribuindo para a ampliação dos combustíveis renováveis e ambientalmente
limpos na matriz energética brasileira.
86
5. REFERÊNCIAS
ALCARDE, André Ricardo. Tratamento do caldo. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01.104.22122006154841.html>. Acesso em 01 fev. 2010.
ANDRADE, Luiz Antônio de Bastos. Cardoso, Maurílio Barbosa. Cultura da
cana-de-açúcar. UFLA/FAEPE. Lavras, 2004. ANSELMI, Renato. Expansão canavieira atinge o Sul e Oeste da Bahia.
Jornalcana, São Paulo, Julho 2007. Setor em Destaque, p.94. AZEVEDO, Luze. Bahia faz acordo com Chineses e terá mais 20 usinas de
etanol. Disponível em: <http://www.pastoraldomigrante.org.br/novo.site/index2.php?option=com.content&do.pdf=1&id=789>. Acesso em: 12 fev. 2009.
BAHIA. Revista Bahia Invest v 04. nº7. junho 2006.Disponível em: http://www.seplan.ba.gov.br/bahiainvest/port/investimento2.php?find=versao0
07. Acesso em: 13 fev. 2009. BAHIA, Decreto nº 10.650 de 05 de Dezembro de 2007. Disponível em:
<http://www.bahia.ba.gov.br/segovdown/Decretos/Dec2007/Dec10650.zip>. Acesso em 28 ago. 2010. BARCELOS, A. F.; RESENDE, A.V. Aproveitamento dos resíduos de
destilaria de cachaça de alambique. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.23, n.217, p.74-77, 2002.
BNDES e CGEE. Bioetanol de cana-de-açúcar: energia para o
desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: BNDES, 2008. BODIE, Zvi; KANE, Alex; MARCUS, Alan J. Fundamentos de Investimentos.
Porto Alegre, RS.3 ed. Bookmark. 2000. BRASIL. Decreto lei no 19.717, de 20 de Fevereiro de 1931. Estabelece a
aquisição obrigatória de álcool, na proporção de 5% da gasolina importada, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, RJ, 13 mar. 1931. Seção 1, p. 3736
BRASIL. Decreto lei 22.789, de 1º de Junho de 1933. Cria o Instituto do
Açúcar e do Álcool e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Rio de Janeiro, RJ, 6 jun. 1933. Seção 1, p. 11195
BRASIL. Código Tributário Nacional: Lei nº 5.172/1966. Consolidada até a
Lei Complementar nº 104, de 10 de janeiro de 2001, Brasília, 1966.
87
BRASIL. Decreto lei nº 76.593 de 14 de novembro de 1975. Institui o Programa Nacional do Álcool e dá outras Providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 14 nov. 1975. Seção 1, p. 29514.
BRASIL. Decreto lei nº 8.629 de 25 de fevereiro de 1993. Dispõe sobre a
regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 26 fev. 1993.
BRASIL, ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica. Guia do
Empreendedor de Pequenas Centrais Hidrelétricas. – Brasília: ANEEL, 2003 BRASIL BRASIL. BIODIESEL. O NOVO COMBUSTÍVEL DO BRASIL, Brasília. DF:
MME, 2004 BRASIL, MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Cadeia
Produtiva da Agroenergia v3 Brasília, MAPA/SPA, 2007 BRASIL, EPE Empresa de Pesquisa energética. Balanço Energético
Nacional 2008 – Ano base 2007. Rio de Janeiro: EPE, 2008 BRASIL, ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica. Atlas de energia
elétrica do Brasil 3ª. ed. – Brasília: ANEEL, 2009 BRASIL EPE Empresa de Pesquisa energética. Balanço Energético
Nacional 2009 – Ano base 2008. Rio de Janeiro: EPE, 2009. BRASIL EPE Empresa de Pesquisa energética. Balanço Energético
Nacional 2010 – Ano base 2009: Resultados Preliminares. Rio de Janeiro: EPE, 2010.
BRASIL, MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Diretrizes de Política de Agroenergia 2006 – 2011. Out 2005. BRASIL. Economia. Matriz Energética. Etanol. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/matriz-energetica/etanol>. Acesso em: 16 fev 2011.
BRASIL 2, Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste.
Disponível em: <http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/sobre_nordeste/fne/docs/programacao_fne_2011.pdf> Acesso em 23 fev 2011.
BRASIL 3, MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Anuário Brasileiro de Estatística. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/arq.editor/file/Desenvolvimento.Sustentavel/Agroenergia/estatisticas/producao/atualizacao.14.02.2011/05.%20prod.etanol.br.pdf. Acesso em: 15 fev 2011.
88
BRAUNBECK, Oscar A.;CORTEZ, Luís A. B. O Cultivo da cana-de-açúcar e o
uso dos resíduos. In: Uso da Biomassa para produção de energia na indústria brasileira. Rosillo-Calle, Frank; Bajay Sergio V.; Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2005.
BRIGHAM, E.F.; EHRHARDT, M.C. Administração Financeira: Teoria e
Prática. Tradução da 10ª Edição norte-americana. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
CAVALCANTE, Marcelo Castello Branco Tributação relativa etanol-
gasolina no Brasil: competitividade dos combustíveis, arrecadação do estado e internalização de custos de carbono. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011. 248 p. Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de Planejamento Energético, Rio de Janeiro, 2011
CASTRO, Sebastião; ANDRADE, Samara. Engenharia e Tecnologia
Açucareira. Pernambuco, 2006. CASTRO, Maria Helena Magalhaes; Schwartzman, Simon. Tecnologia para
a Industria: A história do Instituto Nacional de Tecnologia. Centro Edelsteinde Pesquisas Sociais. Rio de Janeiro, 2008.
CARVALHO F. C et. al. Estudo da integração vertical da agroindústria
sucroalcooleira no Estado de São Paulo, 1970-92. Agricultura em São Paulo 1993. p.152-7
CORAZZA, Rosana Icassatti. Reflexões sobre o papel das políticas
ambientais e de ciência e tecnologia na modelagem de opções produtivas ´mais limpas´ numa perspectiva evolucionista: Um estudo sobre o problema da disposição da vinhaça. Disponível em <www.race.nuca.ie.ufrj.br/eco/trabalhos/mesa3/6.doc>. Acesso em: 08 ago. 2010
CORTEZ, L.; MAGALHÃES, P.; HAPPI, J. (1992). Principais subprodutos da
agroindústria canavieira e sua valorização. Revista Brasileira de Energia, Vol.2,
COSTA, Ricardo Cunha. PRATES, Cláudia Pimentel. O PAPEL DAS
FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA NO DESENVOLVIMENTO DO SETOR ENERGÉTICO E BARREIRAS À SUA PENETRAÇÃO NO MERCADO. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 21, p. 5-30, mar. 2005.
CTC (Centro de Tecnologia Canavieira). Bagaço e Palha de Cana Para Fins
Ener-géticos. Disponível em: <http://www.ctcanavieira.com.br/site/index.php?option=com.content&view=article&id=374&Itemid=1316>. Acesso em: 08 Nov. 2010.
DAVIS, Mark M; AQUILIANO, Nicholas J; CHASE, Richard B. Fundamentos
da Administração da Produção. Porto Alegre RS. ARTMED. 1999.
89
DIAS, Silvia M. B. C. Destilação. UFLA/FAEPE, Lavras, 2004. ELETROBRÁS. Na trilha da energia. Disponível em:
<http://www.eletrobras.gov.br/pesquisa.infanto.juvenil/energia.asp?menu=02&submenu=0207&conteudo=0207>. Acesso em: 29 Jul. 2010.
ELICHER, Maria J. A agroecologia como crítica ao modelo da “revolução
verde” Disponível em: < http://www.agroecologia.inf.br/conteudo.php?vidcont=149>. Acesso em 17 mai 2011.
EVANGELISTA, A. R.; PEREIRA, R. C. Aproveitamento de resíduos da
fabricação de aguardente. Lavras: UFLA/FAEPE. 2004. FESS, Philip E. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Thomson, 1999. IBGE. Projeção da População do Brasil por Sexo e Idade para o Período
1980-2050 - Revisão 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao.da.populacao/default.shtm>. Acesso em: 02 ago. 2010.
IBGE. Produção lavoura temporária no estado da Bahia em 2009.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=ba&tema=lavouratemporaria2009#>. Acesso em 02 mai, 2011.
IEA Global Gaps in Clean Energy Research, Development, and
Demonstration. France IEA, 2010. p.6. Disponível em: <http://www.iea.org/textbase/nppdf/free/2010/key_stats_2010.pdf >. Acesso em: 07 mai 2011.
IPPC, IPCC Fourth Assessment Report: Climate Change 2007. Disponível
em: < http://www.ipcc.ch/publications_and_data/ar4/syr/en/mains1.html> Acesso em: 28 jun 2011.
GITMAN, Lawrence J.Princípios de Administração Financeira: Essencial.
Porto Alegre: ARTMED, 2006. GOLDEMBERG, Jose; et al. O Energia, Primária, Final, Útil e Equivalente e
Atividade Econômica. Economia e Energia n° 16. Out 1999. Disponível em: <http://ecen.com/eee16/enerequi.htm>. Acesso em: 03 ago. 2010
GUARNIERI, Laura C; JANNUZZI, Gilberto de Martino. PROÁLCOOL:
Impactos Ambientais. Revista Brasileira de Energia Vol. 2. N° 2 1992. Disponível em: <http://www.sbpe.org.br/socios/download.php?id=46>. Acesso em: 06 de Agosto de 2010
JANNUZZI, G. M.; SWISHER J. N. P. Planejamento Integrado de recursos
Energéticos: Meio Ambiente, Conservação de Energia e Fontes Renováveis. Campinas – SP: Autores Associados, 1997.
90
JONES, Phil D.. et al. Uncertainty estimates in regional and global observed temperature changes: A new data set from 1850. Journal of Geophysical Research, vol. 111, p 21, United States. 2006.
JOSE, Phil. Global Temperature Record Disponível em
<http://www.cru.uea.ac.uk/cru/info/warming/>. Acesso em: 10 ago.2010 . Kirk, Othmer. Encyclopedia of Chemical Technology, third edition, vol.9; p
338, John Wiley & Sons: New York. 1980. LANZOTTI, Carla R. Uma Análise Emergética de Tendências do Setor
Sucroalcooleiro. Dissertação de Mestrado. São Paulo, 2000. LEAL, Marcelo. Projeto de Validação Tecnológica de Produção de Álcool
e Alimentos a partir da Agricultura Camponesa. Frederico Westphalen, 2009. Microsoft Power Point.
LIMA, U.A.; AQUARONE. E.;BORZONI. W. SCHIMIDELL. W. Produção de
etanol. In: Biotecnologia Industrial, São Paulo, 2001. v.3, p.1 – 39.Edgar Blucher. MACHADO, Alexandre; BRITO, Otanéa O.; OLIVEIRA, Júlio M. S.
Aproveiramento do Glicerol do Biodiesel: Esterificação. Revista Diálogos e Ciências nº 16. Dez 2008.
MACEDO, I. de C. Greenhouse gas emissions and energy balances in bio-
ethanol production and utilization in Brazil (1996). Biomass and Bioenergy, v. 14, n.1, p 77-81, 1998.
MACEDO, Isaias de Carvalho, et al. Balanço das emissões de gases do efeito estufa na produção e no uso do etanol no Brasil SÃO PAULO, 2004.
MACEDO, Isaias de Carvalho et al. A Energia da Cana-de-açúcar : Doze
estudos sobre a agroindústria da cana-de-açúcar no Brasil e a sua sustentabilidade. UNICA, 2005.
MAPA. Cadeia Produtiva da Agroenergia. Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Brasília: IICA: MAPA/SPA, 2007.
MARCOCCIA, Renato. A participação do etanol brasileiro em uma nova
perspectiva na matriz energética mundial. Dissertação (Mestrado). São Paulo, 2007. Disponível em:
<http://www.iee.usp.br/biblioteca/producao/2007/Teses/Dissertacao%20.%20Renato%20.%20Etanol.pdf>. Acesso em: 08 fev 2009.
MARQUES, Marcos Omir. Extração do Caldo. Apresentação. Campinas,
2007.
91
MARQUES, Wagner L. Formação de preço de vendas para micro e pequena empresas, utilizando análise de custos e métodos de tempos e movimentos. Paraná: Vera Cruz, 2010.
MILANEZ, Artur Y.; FAVERET FILHO, Paulo de Sá Campello; ROSA, Sergio
Eduardo Silveira da. Perspectivas Para o Etanol Brasileiro. BNDES Setorial, n. 27, p. 21-38, mar. Rio de Janeiro, 2008.
MINISTÉRIO DA FAZENDA (2000). Orçamento de Renúncias Fiscais e
Subsídios da União. Ministério da Fazenda, Secretaria de Política Econômica. Ddisponível em http://www.fazenda.gov.br/, acesso em dezembro de 2010, Brasília.
NARDIN, Ronie R.; Torta-de-filtro aplicada em argissolo e seus efeitos
agronômicos em duas variedades de cana-de-açúcar colhidas em duas épocas. Campinas, 2007.
NETO, Jocildo F. Correia; Excel para profissionais de finanças. São Paulo:
Elsevier Brazil, 2007. NISTA, Leonora Ferraro, Da inexigibilidade da COFINS sobre a prática de
atos cooperativos Disponível em < http://www.afseabra.com.br/revista1.html> . Acesso em 20 ago. 2011.
NOGUEIRA, Andressa M. P. VENTURINI, Waldemar P. Aguardente de cana.
Botucatu, 2005. ONU, Protocolo de Quioto à Convenção - Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima. Disponível em: <http://www.onu-brasil.org.br/doc.quioto.php>. Acesso em: 14 fev. 2009.
OLDCORN, Roger; PARKER, David. Decisão estratégica para
investidores. São Paulo: Ed. Nobel, 1998. ORTEGA, Henrique; POLIDORO, Heitor. Fatores a considerar na análise
emergética de projetos agroecológicos. Campinas, 2002. PADOVEZE, Clóvis Luis. Análise das Demonstrações Financeiras. São
Paulo: Cengage Learning, 2004. PASCOTE, Ricardo, MARTINS, Gilberto. Análise da Capacidade Produtiva
do Biocombustivel no Brasil. Anais do XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Foz do Iguaçu, PR. 09 a 11 out. 2007
PEREIRA JÚNIOR, Nei; et al. A Indústria Brasileira do Etanol: Origem e
Perspectivas. Revista Diálogos e Ciências nº 16. Dez 2008. PEREIRA JÚNIOR, Nei. Biomassas Residuais de Composição
Lignocelulósica para a Produção de Etanol e o Contexto de Biorrefinaria. Rio de janeiro: Escola de Química da UFRJ, 2007. 1 CD-ROM.
92
PILÃO, Nivaldo Elias; HUMMEL, Paulo Roberto Vampre. Matemática financeira e engenharia econômica: a teoria e a prática de análise de projetos de investimentos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
PNE Plano Nacional de Energia 2030. Rio de Janeiro: EPE, 2007. POLO, Érica, Bahia faz acordo com chineses e terá mais 20 usinas de etanol.
Página Rural, Bahia, 03 mar. 08. Disponível em: <http://www.paginarural.com.br/noticia/84438/bahia-faz-acordo-com-chineses-e-tera-mais-20-usinas-de-etanol>. Acesso em 03: set. 2010.
REVISTA Bahia Invest. v4 nº7 junho de 2006. Disponível em:
<http://www.seplan.ba.gov.br/bahiainvest/port/investimento2.php?find=versao007> Acesso em: 13 fev. 2009.
RICO, Julieta, MERCEDES, Sonia, SAUER, Ildo. Genesis and consolidation
of the Brazilian bioethanol: A review of policies and incentive mechanisms. Renew Sustain Energy, 2010.
ROCHA, André L. B. Lins. A importância da produção de veículos leves
flexfuel e os desafios para a indústria socruenergética. 2010. Disponível em: <
http://www.ie.ufrj.br/infosucro/III%20Workshop/a_importancia_da_producao_de_veiculos_leves_flexfuel_e_os_desafios_para_a_industria_socruenergetica.pps> Acesso em 21 mai 2011.
ROBRA, Sabine; et al. Tecnologia e potencial de produção de energia a partir
da biodigestão anaeróbia de resíduos orgânicos na Bahia. BAHIA ANÁLISE & DADOS. v. 18 n. 4 p. 621-634 Bahia, 2009.
SANCHES, M.B.B. Exportação como fator alternativo ao desenvolvimento de cooperativas e associações de pequenos produtores agrícolas: caso APAEB/Valente no semi-árido baiano, Badajoz. 2002. 167p. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Extremadura Espanã.
SOUZA, Onaldo; Santos, Izabelle. Aproveitamento do bagaço de cana-de-
açúcar pelos ruminantes. Comunicado Técnico ISSN 1678 – 1937. MAPA, Brasil. 2002.
STANBURY, P. F.;WHITAKER, A.; HALL,S. J. Principles of fermentation
technology. 2 ed. Great Britain: BCP Wheatons, 1994, Cap1, p 357. SEAGRI. Programa Estadual de Bioenergia – BAHIABIO. 2008. Disponível
em <http://www.seagri.ba.gov.br/bahiabio.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2010. SHWAN, Rosane Freitas et al. Processo fermentativo para produção de
cachaça. Lavras. FAEPE, 2004. TERRA, Victor Helder. Como construir ,montar e operar uma
microdestilaria de álcool combustível(etanol)de capacidade de 100 litros/dia. MG 2005.
93
TERRON, Luiz Roberto. Imagem.gif. 2011. Largura 300 pixels. Altura 400 pixels. 10,06KB. Formato GIF. Disponível em: <http://www.poli.usp.br/p/luiz.terron/destilacao/1.images.destilacao.bases/continua.gif>. Acesso em: 14 fev 2011.
TORQUATO, Sérgio Alves. Álcool: projeção da produção e exportação no
período 2005/06 a 2015/16. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=4010>. Acesso em: 11
fev. 2009. TORQUATO, Sérgio Alves. Álcool: projeção da produção e exportação no
período 2005/06 a 2015/16. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=4010>. Acesso em: 11 fev. 2009.
ÚNICA Uso de etanol em carros flex no Brasil já evitou a emissão de 45
milhões de toneladas de gases de efeito estufa desde 2003. Disponível em <http://www.unica.com.br/noticias/show.asp?nwsCode={0865F5BE-6897-4DA3-8F48-667ECEDD92C4}>. Acesso em: 14 mar. 2009.
UNICA: licenciamento de automóveis e comerciais leves por tipo de
combustível. Disponível em:
<http://www.unica.com.br/downloads/estatisticas/vendaveiculosbrasil.xls>.
Acesso em: 15 ago. 2010 (a).
UNICA CANA-DE-AÇÚCAR PROCESSADA PELAS USINAS
BRASILEIRAS. Disponível em
http://www.unica.com.br/downloads/estatisticas/PROCESSAMENTO%20DE%20CA
NA%20BRASIL.xls. Acesso em 04 nov 2010 (b).
VEIGA, Jonas Francisco. Equipamentos para a produção e controle de
operação da fábrica de cachaça. Lavras, MG: UFLA/FAEPE, 2004.
VICENZI, Raul. Apostila biotecnologia de alimentos, UNIJUÍ, RS. 2004.
VIEIRA, Maria Célia Azeredo, et al Setor Sucroalcooleiro Brasileiro: Evolução
e Perspectivas in Setor Sucroalcooleiro Brasileiro: Evolução e Perspectivas. Brasília. BNDES 2007.
ZOURI, Andrea. Infra-estrutura: Transporte e energia. in: CONFERÊNCIA
NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. 2006, Minas Gerais.
94
ANEXO 1