6
REVISTA DO PROFESSOR, jan./mar. 2003 31 (73): Porto Alegre, 19 31-35, CLASSE MULTISSERIADA Estudo dirigido Técnica pode ser usada em sala de aula e fora do espaço escolar Inúmeros autores têm-nos en- sinado que os melhores professo- res talvez não sejam aqueles que tenham completo domínio das técnicas de ensino mais refinadas, nem os que se utilizam dos recur- sos mais sofisticados da atuali- dade, mas os que entram na sala de aula cheios de entusiasmo, boa vontade, uma grande dose de criatividade para comunicar e sa- bedoria para ouvir e aprender. Especialmente às classes mul- tisseriadas, se adapta o perfil des- se mestre. No entanto, nunca é demais a ele saber aplicar algumas estratégias de ensino que facili- tem o seu trabalho e oportunizem aos alunos uma aprendizagem de qualidade. Uma das estratégias que mais convêm ao trabalho docente e aos alunos, nessas classes, é aquela que conhecemos como Estudo Dirigido. O estudo dirigido é uma técni- ca fundamentada no princípio di- dático de que o professor não en- sina: ele é o agilizador da aprendi- zagem, ajuda o aluno a aprender. É o incentivador e o ativador do aprender. De maneira especial, essa técnica põe em evidência o modo como o aluno aprende. Pode atender, com vantagens, às exigên- cias do processo de aprender, uma vez que, utilizando-se de dados re- ais contidos nas diferentes áreas do conhecimento, incentiva a ativida- de intelectual do aluno, força-o à descoberta de seus próprios recur- sos mentais, facilitando-lhe o de- senvolvimento das habilidades e operações de pensamento signifi- cativas – identificar, selecionar, comparar, experimentar, analisar, •NORA CECÍLIA BOCACCIO CINEL Especialista em Lingüística e em Supervisão de Sistemas Educacionais. Porto Alegre/RS. concluir, solucionar problemas, aplicando o que apren- deu – e pos- sibilitando- lhe ajustar- se às tarefas que deve executar para alcançar o previsto nos objetivos. O estudo dirigido predispõe o aluno à criatividade, uma vez que a sua finalidade principal está vol- tada à atividade da reflexão, e o pensamento reflexivo, de acordo com as circunstâncias do indiví- duo, provoca a necessidade de in- ventar, buscar modos pessoais de operar com inteligência e resol- ver o que lhe foi proposto. O produto do trabalho do alu- no pode adquirir, desse modo, forte cunho de autenticidade e pessoalidade. Para aplicar essa técnica, o professor solicita ao aluno uma determinada tarefa, fornecendo- lhe instruções de como realizá- la. Principalmente nas séries das classes multisseriadas (1 a à4 a ou 5 a ), essas instruções devem ser claras e simples. Sua aplicação parte de um incentivo comum: um texto, por exemplo, ou um cartaz ou a observação de um ambiente ou cena. A partir desse incenti- vo, o professor deverá elaborar inúmeras e diversificadas tarefas ou questões para que o aluno as resolva. Um estudo dirigido pode ser desenvolvido em sala de aula para, entre outros objetivos: • oportunizar situações para o alu- no aprender por meio de sua pró- pria atividade, de acordo com seu ritmo pessoal; • facilitar o atendimento das dife- renças individuais, pelo professor; • favorecer o desenvolvimento do sentido de independência e de se- gurança do aluno; • possibilitar a criação, a correção e o aperfeiçoamento de hábitos de estudo, a fixação, a integração e a ampliação da aprendizagem. Um estudo dirigido pode ser realizado em sala de aula ou como tarefa para casa. Porém, em sala de aula, com a presença do docen- te para esclarecer dúvidas e orien- tar quando necessário, a técnica pode revestir-se de mais eficácia e tornar-se mais eficiente para a aprendizagem de qualquer área do conhecimento. É importante que o professor acompanhe o trabalho em todas as suas fases: na execu- ção, na correção e na avaliação. O texto incentivador ou qual- quer outro recurso que desenca- deie a tarefa deve ser abrangente, na simplicidade, enfocando as- pectos relevantes à área do conhe- cimento em estudo, proporcional aos diferentes níveis apresentados por uma classe multisseriada, com questões que exijam do aluno o raciocínio e a criatividade e que oportunizem o desenvolvimento das suas capacidades de análise, síntese, interpretação, ordenação, avaliação e conclusão. Para exemplificar um traba- lho com a técnica do estudo di- rigido, podemos buscar orienta- ções nos Parâmetros Curricula- res Nacionais, relacionados aos 1 o e2 o ciclos, usando o tema transversal Meio Ambiente co- mo conteúdo a ser desenvolvi- do numa classe multisseriada, em diferentes níveis. Inicialmente, é preciso que o professor ( ou a professora) es- teja bem informado sobre a prin- cipal função de um trabalho com o tema Meio Ambiente: contri- buir para a formação de cida- C L A S S E M U L T I S S E R I A D A Sem título-2 01/06/2006, 17:57 31 Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer

Estudo dirigido

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Estudo dirigido

REVISTA DO PROFESSOR, jan./mar. 200331

(73):Porto Alegre, 19 31-35,

CLASSE MULTISSERIADA

Estudo dirigidoTécnica pode ser usada em sala de aula e fora do espaço escolar

Inúmeros autores têm-nos en-sinado que os melhores professo-res talvez não sejam aqueles quetenham completo domínio dastécnicas de ensino mais refinadas,nem os que se utilizam dos recur-sos mais sofisticados da atuali-dade, mas os que entram na salade aula cheios de entusiasmo, boavontade, uma grande dose decriatividade para comunicar e sa-bedoria para ouvir e aprender.

Especialmente às classes mul-tisseriadas, se adapta o perfil des-se mestre. No entanto, nunca édemais a ele saber aplicar algumasestratégias de ensino que facili-tem o seu trabalho e oportunizemaos alunos uma aprendizagem dequalidade.

Uma das estratégias que maisconvêm ao trabalho docente e aosalunos, nessas classes, é aquelaque conhecemos como EstudoDirigido.

O estudo dirigido é uma técni-ca fundamentada no princípio di-dático de que o professor não en-sina: ele é o agilizador da aprendi-zagem, ajuda o aluno a aprender. Éo incentivador e o ativador doaprender. De maneira especial,essa técnica põe em evidência omodo como o aluno aprende. Podeatender, com vantagens, às exigên-cias do processo de aprender, umavez que, utilizando-se de dados re-ais contidos nas diferentes áreas doconhecimento, incentiva a ativida-de intelectual do aluno, força-o àdescoberta de seus próprios recur-sos mentais, facilitando-lhe o de-senvolvimento das habilidades eoperações de pensamento signifi-cativas – identificar, selecionar,comparar, experimentar, analisar,

•NORA CECÍLIA BOCACCIO CINELEspecialista em Lingüística e emSupervisão de Sistemas Educacionais.Porto Alegre/RS.

c o n c l u i r ,solucionarproblemas,aplicando oque apren-deu – e pos-sibilitando-lhe ajustar-se às tarefas

que deve executar para alcançar oprevisto nos objetivos.

O estudo dirigido predispõe oaluno à criatividade, uma vez quea sua finalidade principal está vol-tada à atividade da reflexão, e opensamento reflexivo, de acordocom as circunstâncias do indiví-duo, provoca a necessidade de in-ventar, buscar modos pessoais deoperar com inteligência e resol-ver o que lhe foi proposto.

O produto do trabalho do alu-no pode adquirir, desse modo,forte cunho de autenticidade epessoalidade.

Para aplicar essa técnica, oprofessor solicita ao aluno umadeterminada tarefa, fornecendo-lhe instruções de como realizá-la. Principalmente nas séries dasclasses multisseriadas (1a à 4a ou5a), essas instruções devem serclaras e simples. Sua aplicaçãoparte de um incentivo comum: umtexto, por exemplo, ou um cartazou a observação de um ambienteou cena. A partir desse incenti-vo, o professor deverá elaborarinúmeras e diversificadas tarefasou questões para que o aluno asresolva.

Um estudo dirigido pode serdesenvolvido em sala de aula para,entre outros objetivos:• oportunizar situações para o alu-no aprender por meio de sua pró-pria atividade, de acordo com seuritmo pessoal;• facilitar o atendimento das dife-renças individuais, pelo professor;

• favorecer o desenvolvimento dosentido de independência e de se-gurança do aluno;• possibilitar a criação, a correçãoe o aperfeiçoamento de hábitos deestudo, a fixação, a integração e aampliação da aprendizagem.

Um estudo dirigido pode serrealizado em sala de aula ou comotarefa para casa. Porém, em salade aula, com a presença do docen-te para esclarecer dúvidas e orien-tar quando necessário, a técnicapode revestir-se de mais eficáciae tornar-se mais eficiente para aaprendizagem de qualquer área doconhecimento. É importante queo professor acompanhe o trabalhoem todas as suas fases: na execu-ção, na correção e na avaliação.

O texto incentivador ou qual-quer outro recurso que desenca-deie a tarefa deve ser abrangente,na simplicidade, enfocando as-pectos relevantes à área do conhe-cimento em estudo, proporcionalaos diferentes níveis apresentadospor uma classe multisseriada, comquestões que exijam do aluno oraciocínio e a criatividade e queoportunizem o desenvolvimentodas suas capacidades de análise,síntese, interpretação, ordenação,avaliação e conclusão.

Para exemplificar um traba-lho com a técnica do estudo di-rigido, podemos buscar orienta-ções nos Parâmetros Curricula-res Nacionais, relacionados aos1o e 2o ciclos, usando o tematransversal Meio Ambiente co-mo conteúdo a ser desenvolvi-do numa classe multisseriada,em diferentes níveis.

Inicialmente, é preciso que oprofessor ( ou a professora) es-teja bem informado sobre a prin-cipal função de um trabalho como tema Meio Ambiente: contri-buir para a formação de cida-

CLASSE

MULTISSERIADA

Sem título-2 01/06/2006, 17:5731Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer

Page 2: Estudo dirigido

REVISTA DO PROFESSOR, jan./mar. 2003(73):Porto Alegre, 19 31-35,32

CLASSE MULTISSERIADA

dãos conscientes, aptos para de-cidirem e atuarem na realidadesocioambiental de um modocomprometido com a vida, como bem-estar de cada um e da so-ciedade, local e global. Para queisso aconteça, é necessário que aescola se preocupe mais com otrabalho relacionado a atitudes,formação de valores, ensino eaprendizagem de habilidades eprocedimentos ambientalmentecorretos, na prática diária: gestossolidários, hábitos de higiene pes-soal e ambiental e participaçãoativa em tarefas de valorização epreservação da natureza e do mun-do que nos rodeia.

Explorar o tema Meio Ambien-te, segundo os PCN, requer co-nhecimento e informação por par-te da escola. Isso não quer dizerque todos os professores deverãosaber tudo sobre o assunto, masque deverão dispor-se a aprendera aprender e a ensinar seus alu-nos, num verdadeiro e constanteprocesso de construção e de pro-dução de conhecimento (aluno/professor).

Esse trabalho deve servir paraauxiliar os alunos a construíremuma consciência global das ques-tões relacionadas ao meio e a as-sumirem posições compatíveiscom valores que se referem a suaproteção e à melhoria de suas con-dições de vida.

Sem dúvida, o trabalho com arealidade local pode oferecer umuniverso acessível e conhecido, aser explorado: sua casa, sua co-munidade, sua região.

Como tema transversal, oMeio Ambiente apresenta umconjunto de conteúdos que pode-rão ser tratados nas mais diversasáreas do conhecimento. Ciências,História, Geografia, Língua Por-tuguesa, Matemática e Arte pare-cem ser, conforme os PCN, asprincipais parceiras para o de-senvolvimento dos conteúdos,pela própria natureza dos seus ob-jetivos de estudo e por constituí-rem instrumentos básicos de

construção do saber e de expres-são do conhecimento construído.

A técnica do estudo dirigidopresta-se aos propósitos expres-sos nas orientações didáticas re-lativas ao Meio Ambiente (PCN),especialmente a que define a ne-cessidade de estabelecer, para osalunos de todas as idades, umarelação entre a sensibilização aomeio ambiente, a aquisição deconhecimentos, a atitude pararesolver os problemas e a clari-ficação de valores, procurando,principalmente, sensibilizar osmais jovens para os problemasambientais existentes na suaprópria comunidade.

As três sugestões de estudodirigido que apresentamos a se-guir podem auxiliar o professorou a professora no desenvolvi-mento de seu trabalho, numa salade aula de classe multisseriada.Poderão, também, ser adaptadas àssituações de classes de ensino porciclos (1a e 2a ; 3a e 4a séries), noEnsino Fundamental.

ESTUDODIRIGIDO1(1O CICLO)

n De onde vêm os alimentos

Conteúdos conceituais• Identificar os alimentos consu-midos em casa e na escola.

• Identificar a procedência e a ori-gem dos alimentos.• Desenvolver habilidades de ob-servação, identificação, compara-ção, classificação, descrição orale produção textual.

Conteúdos procedimentais• Um grande cartaz com diferen-tes gravuras de alimentos e peque-nas frases significativas podeconstituir-se no incentivo ao de-senvolvimento de uma tarefa bemvariada e rica em informações so-bre os alimentos e a alimentação,em geral.• A partir da exploração do cartaz,em sala de aula, o professor soli-citará aos alunos que façam umalista dos alimentos que são con-sumidos ou usados normalmenteem suas casas e, depois, os da es-cola. Num grande pedaço de pa-pel pardo ou em folhas de ofício(acritério do professor), os alunosserão orientados a representaremcom desenhos ou, então, com gra-vuras coladas, seus alimentos pre-feridos e o que costumam consu-mir habitualmente, formando umpainel.• A partir desse momento, os alu-nos devem ser incentivados a es-creverem frases ou palavras (con-forme o nível do grupo) relacio-nadas aos desenhos e às gravuras

Figoédoce?

Mamão = saúde

Melancia gostosa!

Cenoura faz bem.

Sem título-2 01/06/2006, 17:5732Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer

Page 3: Estudo dirigido

REVISTA DO PROFESSOR, jan./mar. 200333

(73):Porto Alegre, 19 31-35,

CLASSE MULTISSERIADA

do painel. Essas frases ou palavrasdeverão ser coladas no local con-veniente (abaixo do desenho, aolado da gravura, etc.).• Em seguida, concluída essa eta-pa, o professor, no quadro-de-giz,listará todos os alimentos repre-sentados, incentivando os alunosa se expressarem sobre aqueles deque mais gostam, os de que me-nos gostam, como costumam co-mer (se fritos, assados, cozidosno molho, refogados, etc.), explo-rando os termos e explicando oque for necessário.• Familiarizados com a variedadee a diversidade dos alimentos, odocente lançará um problema: Osalunos devem descobrir de ondevêm os alimentos. Do mercado?Da horta? Do galinheiro? Dopomar? Da fábrica? Do campo?Da padaria?...• Os alunos deverão procurar asrespostas entrevistando pessoas,observando seu meio ambiente,o local onde vivem; verificandode onde seus familiares trazemos alimentos para casa, isto é, de-terminando a procedência dosalimentos.• A partir das respostas dos alu-nos, competirá ao professor ou àprofessora estabelecer as dife-renças entre os alimentos manu-faturados e os alimentos consu-midos in natura, propondo, en-tão, a organização de uma classi-ficação dos alimentos conformea sua procedência, num quadro deduas colunas. O professor nãodeve esquecer de aguardar as res-postas de seus alunos, a cada ta-refa proposta, verificando a apren-dizagem, reforçando conteúdos,retomando noções, sempre quenecessário.• Vencida mais essa etapa, maisuma tarefa deverá ser proposta:Qual é a origem dos alimentos queconhecemos e que consumimoshabitualmente? A couve, porexemplo: é de origem animal, ve-getal ou mineral? A água? O lei-te? A carne? Os alunos deverãoprocurar as respostas determinan-

do as origens de todos os alimen-tos indicados até esse momento(os do quadro de incentivo, os dopainel construído e outros suge-ridos por eles).• Ao professor competirá escla-recer o significado dos termosorigem animal, vegetal, minerale procedência e acompanhar aten-tamente a realização da tarefa, es-clarecendo dúvidas, respondendoàs perguntas. Nessa etapa, será ne-cessário esclarecer aos alunos adiferença entre a origem (vaca,por exemplo) e os seus produtosderivados (carne, leite, manteiga,couro, etc.), incentivando-os àbusca de informações em mate-riais que estiverem ao seu alcan-ce (desde simples jornais ou re-vistas até a internet, se possível),para construírem suas respostas.• Depois de bem exploradas asinformações sobre a origem dosalimentos, poderá ser propostaaos alunos a elaboração de umquadro como o que sugerimos aseguir (Figura 1).• Neste quadro, os alunos estarãoelaborando uma classificação dosalimentos.• De posse de todas as informa-ções coletadas e dos conhecimen-tos construídos ao longo do estu-do dirigido, o professor poderáenriquecer o trabalho, propondoaos alunos a exploração de no-ções, tais como:Û a banana é um alimento que é

um fruto;Û a couve é um alimento, identi-ficado como folha e conhecidocomo uma dentre outras verduras;Û o charque é um alimento, pre-parado como carne seca e retira-do de uma rês (gado bovino);Û o toucinho é um alimento,identificado como gordura retira-da do porco;Û a cenoura é um alimento, éuma raiz e é conhecida como umdentre outros legumes, etc.

Conteúdos atitudinais• Participar com responsabilida-de na realização de todas as tare-fas propostas.• Realizar corretamente todas astarefas.

ESTUDODIRIGIDO2(2O CICLO)

n Vida no sítio

Conteúdos conceituais• Identificar elementos do meio.• Estabelecer relações entre oselementos do meio.• Construir noções de ecossiste-ma.• Concluir que existe interde-pendência entre os seres vivose brutos.• Desenvolver as habilidades deobservação, identificação, es-tabelecimento de relações,conclusão.• Desenvolver o raciocínio lógico.

FIGURA 1ORIGEM DOS ALIMENTOS

Nome Desenho Nome Desenho Nome Desenho

Vegetal Animal Mineral

...

Sem título-2 01/06/2006, 17:5733Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer

Page 4: Estudo dirigido

REVISTA DO PROFESSOR, jan./mar. 2003(73):Porto Alegre, 19 31-35,34

CLASSE MULTISSERIADAConteúdos procedimentais• Para desencadear esse estudodirigido, o professor pode optarentre duas alternativas, dependen-do da localização da escola e daspossibilidades dos envolvidos notrabalho: ou propor a observaçãominuciosa, detalhada do ambien-te que circunda o estabelecimen-to de ensino (se estiver localiza-do em área rural) ou confeccio-nar um painel com riqueza de de-talhes, em partes destacáveis,como sugerimos na Figura 2,que represente um sítio, e apre-sentá-lo aos alunos para a ativi-dade de observação. Qualqueruma das opções poderá consti-tuir-se em incentivo para a reali-zação do trabalho, mas para a 2a

tarefa do estudo dirigido o pai-nel será necessário.• A primeira tarefa a ser propos-ta aos alunos será: permanecerem silêncio durante alguns mi-

nutos e observar atentamen-te a cena (do ambiente natu-ral ou do painel) procurandofixar o maior número de de-talhes possível.• A seguir, o professor coloca-rá, no quadro-de-giz, um con-junto de perguntas que deverãoser respondidas pelos alunosdentro de um tempo previamen-te determinado, de acordo como ritmo do grupo. Tais pergun-tas poderão ser, por exemplo:

– Que elementos são vistosna paisagem?

– Que materiais existemnela?

– Que seres vivos aparecemno ambiente?

– Existe alguma fonte deenergia na paisagem?

– Que elementos da paisa-gem precisam de ar? De á-gua? De sol? De terra?

– Que elementos da paisa-

gem necessitam das plantas? Dosanimais? Do homem?

– A paisagem é natural? Foitransformada? Por quem? Como?Em quê?

– Que seres brutos aparecem napaisagem?

Muitas outrasperguntas poderão sercolocadas no quadro-de-giz para queos alunos as respondam, por escrito,em folhas de papel ofício ou de outromodo, a critério do docente.• Terminado o tempo marcado, asrespostas serão recolhidas pelo pro-fessor ou pela professora que, ime-diatamente, proporá um jogo de faz-de-conta de raciocínio, utilizando aspartes destacáveis do painel, incen-tivando os alunos a pensarem e a par-ticiparem ativamente, orientando-osa refletirem e a responderem, oral-mente, a cada questão formulada.Por exemplo:

– Se retirarmos o milharal da pai-sagem, quem ficará prejudicado?

FIGURA 2

Sem título-2 01/06/2006, 17:5734Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer

Page 5: Estudo dirigido

REVISTA DO PROFESSOR, jan./mar. 200335

(73):Porto Alegre, 19 31-35,

CLASSE MULTISSERIADA

– Repondo o milharal no seulugar e retirando o pasto, quemsai perdendo?

– Repondo o pasto e tirandoas alfaces da horta, quem ficasem a verdura?

– Se não houvesse um rio, se-ria possível a vida?

– Agora, façam de conta queo ar que existe no sítio sumiu. Oque acontecerá?

– As galinhas e as vacas su-miram. O que poderá acontecer?

– Todas as pessoas foram em-bora. Como ficará o sítio?

– Como as pessoas modifica-ram a paisagem?

– Se as árvores frutíferas dopomar morressem, os passari-nhos teriam o que comer?

O professor (ou a professora)poderá incentivar, também, os alu-nos a proporem um sem-númerode perguntas e vai orientando-osa analisarem o painel, procurandoexplorar as mais variadas situa-ções, de tal sorte que eles sejamlevados a considerarem as rela-ções entre os elementos do meio,a interdependência entre os dife-rentes seres e entendendo em queconsiste um ecossistema.

Conteúdos atitudinais• Participar atenta e comprometi-damente das tarefas propostas.• Empenhar-se em realizá-las ade-quada e corretamente.

ESTUDODIRIGIDO3(2OCICLO)

n Cidade em crise!

Conteúdos conceituais• Identificar problemas apresen-tados numa situação hipotética.• Identificar possíveis causas dosproblemas.• Apresentar possíveis soluçõespara os problemas identificados.• Apontar os profissionais e o tipode trabalho a ser realizado parasolucionar os problemas.• Desenvolver a atenção e as habi-lidades de identificar, estabelecerrelações, solucionar problemas.

Conteúdos procedimentais• Para iniciar o estudo dirigido, oprofessor proporá aos alunos umasituação hipotética, uma históriade faz-de-conta, focalizando umacidade cheia de problemas que de-verão ser examinados, entendidos,resolvidos, envolvendo diferentesatitudes e diferentes profissões edecisões.• A história poderá ser apresentadaoralmente ou por escrito. A segun-da alternativa (por escrito) será amais adequada porque oferecerá aoaluno a oportunidade mais signifi-cativa de refletir sobre as situaçõese buscar soluções que visem sanaros problemas ou as dificuldades.

Na história poderão constar si-tuações simuladas de necessida-des econômicas de uma cidadeque esteja em crise, como porexemplo:

– Vários produtos de alimen-tação como leite, arroz, farinhade trigo, feijão, ovos, entre ou-tros, estão escassos:

– Houve falta de produção?– Por que isso estaria ocor-

rendo?– Que providências precisam

ser tomadas?– O que pode ocorrer se con-

tinuar a faltar produtos?– Resolver os problemas da

cidade é competência somente dapopulação ou o governo deveauxiliar ou tomar sozinho a res-ponsabilidade de consertar a si-tuação?

– De que modo as pessoas e ogoverno podem auxiliar na so-lução dos problemas?

– Que tipo de trabalho deve-rá ser feito?

– Quem deverá fazê-lo?– Que profissões estarão en-

volvidas? etc.• Aos alunos será dada a oportuni-dade de realizarem outras questõesque julgarem necessárias. Todosdeverão procurar responder aosquestionamentos e oferecer solu-ções para os problemas apresen-tados. Os alunos poderão formarduplas ou trios para expressar, por

escrito, suas idéias e opiniões, comvistas à solução dos problemas, en-tregando-as ao professor.• Junto com os alunos, o profes-sor fará um levantamento das res-postas que apontam explicaçõessobre os acontecimentos na cida-de e as possíveis soluções, com-patibilizando-as, comentando, ana-lisando e fazendo uma síntese aser colocada no quadro-de-giz.• Todos os alunos deverão registrá-las em seus cadernos para realiza-rem a próxima tarefa: escolher, den-tre as soluções apresentadas, aquelaque, no seu ponto de vista, seria amais significativa e, portanto, a pri-meira a ser providenciada; escrevê-la em seu caderno; justificar sua op-ção e identificar o tipo de trabalhoe de profissional necessários ao in-cremento da solução.• Cada aluno, posteriormente, apre-sentará sua escolha, oralmente, jus-tificando-a. Nesse momento, o pro-fessor ou a professora poderá de-sencadear um debate que torne evi-dente a atenção e a criatividade dosalunos em relação ao tema. Para fi-nalizar, poderá ser sugerida aos alu-nos a criação de um painel com osproblemas solucionados.

Conteúdos atitudinais• Participar comprometidamentedo trabalho.• Realizar adequadamente as tare-fas propostas.

CONCLUSÃOQualquer uma dessas sugestões

de estudo dirigido representa umtrabalho a ser desenvolvido emvários momentos, com cuidado,para que os alunos possam retirardessas oportunidades as melhorese mais significativas aprendiza-gens que elas podem oferecer.

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Ministério da Educação e do Despor-to. Secretaria deEducação Fundamental. Parâme-tros curriculares nacionais: meio ambiente, saú-de: 1a a 4a séries. Brasília, 1997. v. 9.

SANT'ANNA, Flávia M. Microensino e habi-lidades técnicas do professor. 2. ed. Porto Ale-gre: Bels, 1975.

Sem título-2 01/06/2006, 17:5735Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer

Page 6: Estudo dirigido

Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer