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WWW.CONTEUDOJURIDICO.COM.BR Trabalho publicado em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.29647&seo=1 Página 1 FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE Curso de Bacharel em Direito Turma A – Unidade: Tatuapé Ana Maria de Paschoa Geraldo Paz de Santana Johnson Pontes de Moura “Estudo Dirigido para a Avaliação Regimental da Disciplina Introdução ao Estudo Do Direito (II)” São Paulo Novembro – 2010

“Estudo Dirigido para a Avaliação Regimental da Disciplina ... · Avaliação Regimental da Disciplina Introdução ao Estudo do Direito (II), ministrada pelo Professor M.Sc.Rodrigo

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FACULDADE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Curso de Bacharel em Direito

Turma A ndash Unidade Tatuapeacute

Ana Maria de Paschoa

Geraldo Paz de Santana

Johnson Pontes de Moura

ldquoEstudo Dirigido para a Avaliaccedilatildeo Regimental da

Disciplina Introduccedilatildeo ao Estudo Do Direito (II)rdquo

Satildeo Paulo

Novembro ndash 2010

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Ana Maria de Paschoa

Geraldo Paz de Santana

Johnson Pontes de Moura

Trabalho apresentado agrave Unidade Curricular Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito (II) do curso de Bacharel em Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade sob a orientaccedilatildeo do Professor MSc Rodrigo Frota

Satildeo Paulo

Novembro ndash 2010

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CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Este trabalho acadecircmico visa contribuir na Aplicaccedilatildeo dos conceitos da

Ciecircncia do Direito A funccedilatildeo simboacutelica da liacutengua diferenciaccedilatildeo entre interpretaccedilatildeo autecircntica

de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica os tipos de

interpretaccedilatildeo a integraccedilatildeo no Direito a diferenciaccedilatildeo entre analogia e equidade o papel do

conflito na decisatildeo juriacutedica a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma e a correlaccedilatildeo entre prova e

linguagem elencando Questotildees analiacutetico-expositivas propostas neste estudo dirigido para a

Avaliaccedilatildeo Regimental da Disciplina Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito (II) ministrada pelo

Professor MScRodrigo Frota na Faculdade Carlos Drummond de Andrade

As questotildees que foram realizadas neste trabalho sob um enfoque analiacutetico-

expositivo a explicitaacute-las a seguir

Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

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Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

QUESTAtildeO (06)

Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

DOGMAacuteTICA HERMENEcircUTICA OU A CIEcircNCIA DO DIREITO COMO TEORIA DA INTERPRETACcedilAtildeO 1 O problema da interpretaccedilatildeo - Ao disciplinar a conduta humana as normas juriacutedicas usam palavras signos linguumliacutesticos que devem expressar o sentido daquilo que deve ser Este uso oscila entre o aspecto a) onomasioloacutegico da palavra isto eacute o uso corrente para a designaccedilatildeo de um fato b) semasioloacutegico isto eacute a sua significaccedilatildeo normativa Os dois aspectos podem coincidir mas nem sempre isto ocorre O legislador usa vocaacutebulos que tira da linguagem cotidiana mas frequumlentemente lhe atribui um sentido teacutecnico e apropriado agrave disciplina desejada Ex o art 1591 CC ao estabelecer a relaccedilatildeo de parentesco fala de parentes em linha reta como as pessoas que estatildeo ligadas umas as outras numa relaccedilatildeo de ascendentes e descendentes No art 1592 fala de parente em linha colateral como as pessoas que provecircm ateacute o quarto grau de um soacute tronco sem descenderem uma das outra Assim observa-se que o uso comum da palavra parente natildeo coincide com a legal na medida em que vulgarmente natildeo se faz a limitaccedilatildeo do art 1592 O mesmo se diga quando se designa vulgarmente a palavra parente agraves relaccedilotildees de afinidade como a do genro e sogro nora e sogra onde o CC no art 1595 natildeo usa a expressatildeo parente mas de vinculo de afinidade Apesar destas diferenccedilas e oscilaccedilotildees eacute de se entender a importacircncia do exato conhecimento do sentido destas relaccedilotildees uma vez que tecircm consequumlecircncias para a distribuiccedilatildeo de direitos obrigaccedilotildees e restriccedilotildees - A determinaccedilatildeo do sentido das normas o correto entendimento do significado dos seus textos e intenccedilotildees tendo em vista a decidibilidade de conflitos constitui a tarefa da dogmaacutetica hermenecircutica O propoacutesito baacutesico do jurista natildeo eacute simplesmente compreender um texto mas tambeacutem lhe determinar a forccedila e o alcance pondo o texto normativo em presenccedila dos dados atuais de um problema Ex quando uma constituiccedilatildeo garante a todos os cidadatildeos a liberdade e a igualdade de trabalho O que se deve entender ou o significado que deve ser atribuiacutedo agrave expressatildeo cidadatildeo 2 A funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

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- Para o autor Signo eacute um ente que se caracteriza por sua mediatidade aponta para algo distinto de si mesmo Significar eacute apontar para algo ou estar em lugar de algo A funccedilatildeo significativa pode ser exercida por emblemas roupas distintivos e outros Os signos linguumliacutesticos tecircm por base sons e fonemas O fonema eacute um som que num determinado contexto se distingue ex CA-SA A junccedilatildeo dos fonemas eacute base em portuguecircs para um signo O signo natildeo se confunde com a base foneacutetica embora seja sempre necessaacuterio que haja uma base mateacuteria Isto eacute observado quando utilizamos por exemplo a base foneacutetica MAN-GA que serve tanto para o signo-fruta quanto para o signo-parte do vestuaacuterio Por outro lado dois signos mesmo que haja a abstraccedilatildeo de sua base foneacutetica podem ter a mesma ou semelhante significaccedilatildeo Ex MO-RA-DI-A CA-SA embora tenham bases foneacuteticas diferentes pode-se verificar que os signos tecircm significaccedilotildees semelhantes - Os siacutembolos tomados isoladamente nada significam Assim mesa significa quando usada Para que um siacutembolo se torne tal ele tem de aparecer num ato humano o ato de falar Falar eacute atribuir siacutembolos a algo ldquoIsto eacute uma mesardquo Uma liacutengua assim eacute um repertoacuterio de siacutembolos inter-relacionados numa estrutura (as regras de uso) Haacute uma distinccedilatildeo entre liacutengua e fala (ou discurso) A liacutengua eacute um sistema de siacutembolos e relaccedilotildees A fala se refere ao uso atual da liacutengua - Como os siacutembolos isoladamente nada significam percebemos desde jaacute que natildeo tem nenhum sentido a pergunta que eacute a mesa em si A resposta deve ser depende do uso ou seja do discurso Neste caso poderiacuteamos dizer o presidente da mesa ficou furioso naquela famiacutelia a mesa eacute farta e etc - Assim diante destas premissas que devemos entender por interpretaccedilatildeo Dissemos que a fala se refere ao uso atual da liacutengua Falar eacute dar a entender alguma coisa a algueacutem mediante siacutembolos linguumliacutesticos A fala portanto eacute um fenocircmeno comunicativo Exige um emissor um receptor e a troca de mensagens Exige a fala agrave ocorrecircncia do entendimento este nem sempre corresponde agrave mensagem emanada ou seja quem envia a mensagem comunica um complexo simboacutelico que eacute selecionado pelo ouvinte e que pode natildeo coincidir com a seletividade do emissor Podemos chamar esta seletividade de interpretar Interpretar portanto eacute selecionar possibilidades comunicativas da complexidade discursiva Para interpretar eacute necessaacuterio decodificar os siacutembolos no seu uso e isto significa conhecer-lhes as regras semacircnticas as regras sintaacuteticas e as regras pragmaacuteticas

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Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

1 Interpretaccedilatildeo Autecircntica e Doutrinaacuteria - Segundo o autor a ideacuteia de que interpretar juridicamente eacute decodificar conforme regras de uso eacute muito simples para ser aceita desta maneira Cita como exemplo de dificuldade a obra de Hans Kelsen sobre a Interpretaccedilatildeo contida na parte final de sua obra Teoria Pura do Direito e especificamente sobre a interpretaccedilatildeo autecircntica e a doutrinaacuteria e a frustraccedilatildeo deixada por Kelsen em relaccedilatildeo aos objetivos fundamentais do saber dogmaacutetico desde que ele foi configurado como um conhecimento racional do direito e tambeacutem faz algumas observaccedilotildees como a de que ele natildeo explica a diferenccedila entre a mera opiniatildeo natildeo teacutecnica sobre o conteuacutedo de uma lei exarada por algueacutem que sequer tenha estudado Direito e a opiniatildeo do doutrinador que busca com os meios da razatildeo juriacutedica o sentido da norma 2 Voluntas Legis ou Voluntas Legislatoris - O autor estuda as duas correntes doutrinaacuterias sobre a interpretaccedilatildeo da Lei a primeira denominada subjetiva sustenta a prevalecircncia da vontade do legislador (voluntas legislatoris) a segunda chamada objetiva sustenta a vontade da lei (voluntas legis) Assim a subjetiva tem que na interpretaccedilatildeo deveraacute ser compreendido o pensamento do legislador portanto interpretaccedilatildeo ex tunc desde entatildeo isto eacute desde o aparecimento da norma pela positivaccedilatildeo da vontade do legislador sendo preponderante o aspecto geneacutetico e das teacutecnicas que lhe satildeo apropriadas (meacutetodo histoacuterico) Jaacute para a doutrina objetivista a norma goza de um sentido proacuteprio determinado por fatores objetivos (arbiacutetrio social) independentes ateacute certo ponto do sentido que lhe tenha dado o legislador portanto uma interpretaccedilatildeo com uma compreensatildeo ex

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Ana Maria de Paschoa

Geraldo Paz de Santana

Johnson Pontes de Moura

Trabalho apresentado agrave Unidade Curricular Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito (II) do curso de Bacharel em Direito da Faculdade Carlos Drummond de Andrade sob a orientaccedilatildeo do Professor MSc Rodrigo Frota

Satildeo Paulo

Novembro ndash 2010

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CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Este trabalho acadecircmico visa contribuir na Aplicaccedilatildeo dos conceitos da

Ciecircncia do Direito A funccedilatildeo simboacutelica da liacutengua diferenciaccedilatildeo entre interpretaccedilatildeo autecircntica

de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica os tipos de

interpretaccedilatildeo a integraccedilatildeo no Direito a diferenciaccedilatildeo entre analogia e equidade o papel do

conflito na decisatildeo juriacutedica a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma e a correlaccedilatildeo entre prova e

linguagem elencando Questotildees analiacutetico-expositivas propostas neste estudo dirigido para a

Avaliaccedilatildeo Regimental da Disciplina Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito (II) ministrada pelo

Professor MScRodrigo Frota na Faculdade Carlos Drummond de Andrade

As questotildees que foram realizadas neste trabalho sob um enfoque analiacutetico-

expositivo a explicitaacute-las a seguir

Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

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Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

QUESTAtildeO (06)

Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

DOGMAacuteTICA HERMENEcircUTICA OU A CIEcircNCIA DO DIREITO COMO TEORIA DA INTERPRETACcedilAtildeO 1 O problema da interpretaccedilatildeo - Ao disciplinar a conduta humana as normas juriacutedicas usam palavras signos linguumliacutesticos que devem expressar o sentido daquilo que deve ser Este uso oscila entre o aspecto a) onomasioloacutegico da palavra isto eacute o uso corrente para a designaccedilatildeo de um fato b) semasioloacutegico isto eacute a sua significaccedilatildeo normativa Os dois aspectos podem coincidir mas nem sempre isto ocorre O legislador usa vocaacutebulos que tira da linguagem cotidiana mas frequumlentemente lhe atribui um sentido teacutecnico e apropriado agrave disciplina desejada Ex o art 1591 CC ao estabelecer a relaccedilatildeo de parentesco fala de parentes em linha reta como as pessoas que estatildeo ligadas umas as outras numa relaccedilatildeo de ascendentes e descendentes No art 1592 fala de parente em linha colateral como as pessoas que provecircm ateacute o quarto grau de um soacute tronco sem descenderem uma das outra Assim observa-se que o uso comum da palavra parente natildeo coincide com a legal na medida em que vulgarmente natildeo se faz a limitaccedilatildeo do art 1592 O mesmo se diga quando se designa vulgarmente a palavra parente agraves relaccedilotildees de afinidade como a do genro e sogro nora e sogra onde o CC no art 1595 natildeo usa a expressatildeo parente mas de vinculo de afinidade Apesar destas diferenccedilas e oscilaccedilotildees eacute de se entender a importacircncia do exato conhecimento do sentido destas relaccedilotildees uma vez que tecircm consequumlecircncias para a distribuiccedilatildeo de direitos obrigaccedilotildees e restriccedilotildees - A determinaccedilatildeo do sentido das normas o correto entendimento do significado dos seus textos e intenccedilotildees tendo em vista a decidibilidade de conflitos constitui a tarefa da dogmaacutetica hermenecircutica O propoacutesito baacutesico do jurista natildeo eacute simplesmente compreender um texto mas tambeacutem lhe determinar a forccedila e o alcance pondo o texto normativo em presenccedila dos dados atuais de um problema Ex quando uma constituiccedilatildeo garante a todos os cidadatildeos a liberdade e a igualdade de trabalho O que se deve entender ou o significado que deve ser atribuiacutedo agrave expressatildeo cidadatildeo 2 A funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

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- Para o autor Signo eacute um ente que se caracteriza por sua mediatidade aponta para algo distinto de si mesmo Significar eacute apontar para algo ou estar em lugar de algo A funccedilatildeo significativa pode ser exercida por emblemas roupas distintivos e outros Os signos linguumliacutesticos tecircm por base sons e fonemas O fonema eacute um som que num determinado contexto se distingue ex CA-SA A junccedilatildeo dos fonemas eacute base em portuguecircs para um signo O signo natildeo se confunde com a base foneacutetica embora seja sempre necessaacuterio que haja uma base mateacuteria Isto eacute observado quando utilizamos por exemplo a base foneacutetica MAN-GA que serve tanto para o signo-fruta quanto para o signo-parte do vestuaacuterio Por outro lado dois signos mesmo que haja a abstraccedilatildeo de sua base foneacutetica podem ter a mesma ou semelhante significaccedilatildeo Ex MO-RA-DI-A CA-SA embora tenham bases foneacuteticas diferentes pode-se verificar que os signos tecircm significaccedilotildees semelhantes - Os siacutembolos tomados isoladamente nada significam Assim mesa significa quando usada Para que um siacutembolo se torne tal ele tem de aparecer num ato humano o ato de falar Falar eacute atribuir siacutembolos a algo ldquoIsto eacute uma mesardquo Uma liacutengua assim eacute um repertoacuterio de siacutembolos inter-relacionados numa estrutura (as regras de uso) Haacute uma distinccedilatildeo entre liacutengua e fala (ou discurso) A liacutengua eacute um sistema de siacutembolos e relaccedilotildees A fala se refere ao uso atual da liacutengua - Como os siacutembolos isoladamente nada significam percebemos desde jaacute que natildeo tem nenhum sentido a pergunta que eacute a mesa em si A resposta deve ser depende do uso ou seja do discurso Neste caso poderiacuteamos dizer o presidente da mesa ficou furioso naquela famiacutelia a mesa eacute farta e etc - Assim diante destas premissas que devemos entender por interpretaccedilatildeo Dissemos que a fala se refere ao uso atual da liacutengua Falar eacute dar a entender alguma coisa a algueacutem mediante siacutembolos linguumliacutesticos A fala portanto eacute um fenocircmeno comunicativo Exige um emissor um receptor e a troca de mensagens Exige a fala agrave ocorrecircncia do entendimento este nem sempre corresponde agrave mensagem emanada ou seja quem envia a mensagem comunica um complexo simboacutelico que eacute selecionado pelo ouvinte e que pode natildeo coincidir com a seletividade do emissor Podemos chamar esta seletividade de interpretar Interpretar portanto eacute selecionar possibilidades comunicativas da complexidade discursiva Para interpretar eacute necessaacuterio decodificar os siacutembolos no seu uso e isto significa conhecer-lhes as regras semacircnticas as regras sintaacuteticas e as regras pragmaacuteticas

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Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

1 Interpretaccedilatildeo Autecircntica e Doutrinaacuteria - Segundo o autor a ideacuteia de que interpretar juridicamente eacute decodificar conforme regras de uso eacute muito simples para ser aceita desta maneira Cita como exemplo de dificuldade a obra de Hans Kelsen sobre a Interpretaccedilatildeo contida na parte final de sua obra Teoria Pura do Direito e especificamente sobre a interpretaccedilatildeo autecircntica e a doutrinaacuteria e a frustraccedilatildeo deixada por Kelsen em relaccedilatildeo aos objetivos fundamentais do saber dogmaacutetico desde que ele foi configurado como um conhecimento racional do direito e tambeacutem faz algumas observaccedilotildees como a de que ele natildeo explica a diferenccedila entre a mera opiniatildeo natildeo teacutecnica sobre o conteuacutedo de uma lei exarada por algueacutem que sequer tenha estudado Direito e a opiniatildeo do doutrinador que busca com os meios da razatildeo juriacutedica o sentido da norma 2 Voluntas Legis ou Voluntas Legislatoris - O autor estuda as duas correntes doutrinaacuterias sobre a interpretaccedilatildeo da Lei a primeira denominada subjetiva sustenta a prevalecircncia da vontade do legislador (voluntas legislatoris) a segunda chamada objetiva sustenta a vontade da lei (voluntas legis) Assim a subjetiva tem que na interpretaccedilatildeo deveraacute ser compreendido o pensamento do legislador portanto interpretaccedilatildeo ex tunc desde entatildeo isto eacute desde o aparecimento da norma pela positivaccedilatildeo da vontade do legislador sendo preponderante o aspecto geneacutetico e das teacutecnicas que lhe satildeo apropriadas (meacutetodo histoacuterico) Jaacute para a doutrina objetivista a norma goza de um sentido proacuteprio determinado por fatores objetivos (arbiacutetrio social) independentes ateacute certo ponto do sentido que lhe tenha dado o legislador portanto uma interpretaccedilatildeo com uma compreensatildeo ex

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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CONSIDERACcedilOtildeES INICIAIS

Este trabalho acadecircmico visa contribuir na Aplicaccedilatildeo dos conceitos da

Ciecircncia do Direito A funccedilatildeo simboacutelica da liacutengua diferenciaccedilatildeo entre interpretaccedilatildeo autecircntica

de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica os tipos de

interpretaccedilatildeo a integraccedilatildeo no Direito a diferenciaccedilatildeo entre analogia e equidade o papel do

conflito na decisatildeo juriacutedica a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma e a correlaccedilatildeo entre prova e

linguagem elencando Questotildees analiacutetico-expositivas propostas neste estudo dirigido para a

Avaliaccedilatildeo Regimental da Disciplina Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito (II) ministrada pelo

Professor MScRodrigo Frota na Faculdade Carlos Drummond de Andrade

As questotildees que foram realizadas neste trabalho sob um enfoque analiacutetico-

expositivo a explicitaacute-las a seguir

Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

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Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

QUESTAtildeO (06)

Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

DOGMAacuteTICA HERMENEcircUTICA OU A CIEcircNCIA DO DIREITO COMO TEORIA DA INTERPRETACcedilAtildeO 1 O problema da interpretaccedilatildeo - Ao disciplinar a conduta humana as normas juriacutedicas usam palavras signos linguumliacutesticos que devem expressar o sentido daquilo que deve ser Este uso oscila entre o aspecto a) onomasioloacutegico da palavra isto eacute o uso corrente para a designaccedilatildeo de um fato b) semasioloacutegico isto eacute a sua significaccedilatildeo normativa Os dois aspectos podem coincidir mas nem sempre isto ocorre O legislador usa vocaacutebulos que tira da linguagem cotidiana mas frequumlentemente lhe atribui um sentido teacutecnico e apropriado agrave disciplina desejada Ex o art 1591 CC ao estabelecer a relaccedilatildeo de parentesco fala de parentes em linha reta como as pessoas que estatildeo ligadas umas as outras numa relaccedilatildeo de ascendentes e descendentes No art 1592 fala de parente em linha colateral como as pessoas que provecircm ateacute o quarto grau de um soacute tronco sem descenderem uma das outra Assim observa-se que o uso comum da palavra parente natildeo coincide com a legal na medida em que vulgarmente natildeo se faz a limitaccedilatildeo do art 1592 O mesmo se diga quando se designa vulgarmente a palavra parente agraves relaccedilotildees de afinidade como a do genro e sogro nora e sogra onde o CC no art 1595 natildeo usa a expressatildeo parente mas de vinculo de afinidade Apesar destas diferenccedilas e oscilaccedilotildees eacute de se entender a importacircncia do exato conhecimento do sentido destas relaccedilotildees uma vez que tecircm consequumlecircncias para a distribuiccedilatildeo de direitos obrigaccedilotildees e restriccedilotildees - A determinaccedilatildeo do sentido das normas o correto entendimento do significado dos seus textos e intenccedilotildees tendo em vista a decidibilidade de conflitos constitui a tarefa da dogmaacutetica hermenecircutica O propoacutesito baacutesico do jurista natildeo eacute simplesmente compreender um texto mas tambeacutem lhe determinar a forccedila e o alcance pondo o texto normativo em presenccedila dos dados atuais de um problema Ex quando uma constituiccedilatildeo garante a todos os cidadatildeos a liberdade e a igualdade de trabalho O que se deve entender ou o significado que deve ser atribuiacutedo agrave expressatildeo cidadatildeo 2 A funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

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- Para o autor Signo eacute um ente que se caracteriza por sua mediatidade aponta para algo distinto de si mesmo Significar eacute apontar para algo ou estar em lugar de algo A funccedilatildeo significativa pode ser exercida por emblemas roupas distintivos e outros Os signos linguumliacutesticos tecircm por base sons e fonemas O fonema eacute um som que num determinado contexto se distingue ex CA-SA A junccedilatildeo dos fonemas eacute base em portuguecircs para um signo O signo natildeo se confunde com a base foneacutetica embora seja sempre necessaacuterio que haja uma base mateacuteria Isto eacute observado quando utilizamos por exemplo a base foneacutetica MAN-GA que serve tanto para o signo-fruta quanto para o signo-parte do vestuaacuterio Por outro lado dois signos mesmo que haja a abstraccedilatildeo de sua base foneacutetica podem ter a mesma ou semelhante significaccedilatildeo Ex MO-RA-DI-A CA-SA embora tenham bases foneacuteticas diferentes pode-se verificar que os signos tecircm significaccedilotildees semelhantes - Os siacutembolos tomados isoladamente nada significam Assim mesa significa quando usada Para que um siacutembolo se torne tal ele tem de aparecer num ato humano o ato de falar Falar eacute atribuir siacutembolos a algo ldquoIsto eacute uma mesardquo Uma liacutengua assim eacute um repertoacuterio de siacutembolos inter-relacionados numa estrutura (as regras de uso) Haacute uma distinccedilatildeo entre liacutengua e fala (ou discurso) A liacutengua eacute um sistema de siacutembolos e relaccedilotildees A fala se refere ao uso atual da liacutengua - Como os siacutembolos isoladamente nada significam percebemos desde jaacute que natildeo tem nenhum sentido a pergunta que eacute a mesa em si A resposta deve ser depende do uso ou seja do discurso Neste caso poderiacuteamos dizer o presidente da mesa ficou furioso naquela famiacutelia a mesa eacute farta e etc - Assim diante destas premissas que devemos entender por interpretaccedilatildeo Dissemos que a fala se refere ao uso atual da liacutengua Falar eacute dar a entender alguma coisa a algueacutem mediante siacutembolos linguumliacutesticos A fala portanto eacute um fenocircmeno comunicativo Exige um emissor um receptor e a troca de mensagens Exige a fala agrave ocorrecircncia do entendimento este nem sempre corresponde agrave mensagem emanada ou seja quem envia a mensagem comunica um complexo simboacutelico que eacute selecionado pelo ouvinte e que pode natildeo coincidir com a seletividade do emissor Podemos chamar esta seletividade de interpretar Interpretar portanto eacute selecionar possibilidades comunicativas da complexidade discursiva Para interpretar eacute necessaacuterio decodificar os siacutembolos no seu uso e isto significa conhecer-lhes as regras semacircnticas as regras sintaacuteticas e as regras pragmaacuteticas

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Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

1 Interpretaccedilatildeo Autecircntica e Doutrinaacuteria - Segundo o autor a ideacuteia de que interpretar juridicamente eacute decodificar conforme regras de uso eacute muito simples para ser aceita desta maneira Cita como exemplo de dificuldade a obra de Hans Kelsen sobre a Interpretaccedilatildeo contida na parte final de sua obra Teoria Pura do Direito e especificamente sobre a interpretaccedilatildeo autecircntica e a doutrinaacuteria e a frustraccedilatildeo deixada por Kelsen em relaccedilatildeo aos objetivos fundamentais do saber dogmaacutetico desde que ele foi configurado como um conhecimento racional do direito e tambeacutem faz algumas observaccedilotildees como a de que ele natildeo explica a diferenccedila entre a mera opiniatildeo natildeo teacutecnica sobre o conteuacutedo de uma lei exarada por algueacutem que sequer tenha estudado Direito e a opiniatildeo do doutrinador que busca com os meios da razatildeo juriacutedica o sentido da norma 2 Voluntas Legis ou Voluntas Legislatoris - O autor estuda as duas correntes doutrinaacuterias sobre a interpretaccedilatildeo da Lei a primeira denominada subjetiva sustenta a prevalecircncia da vontade do legislador (voluntas legislatoris) a segunda chamada objetiva sustenta a vontade da lei (voluntas legis) Assim a subjetiva tem que na interpretaccedilatildeo deveraacute ser compreendido o pensamento do legislador portanto interpretaccedilatildeo ex tunc desde entatildeo isto eacute desde o aparecimento da norma pela positivaccedilatildeo da vontade do legislador sendo preponderante o aspecto geneacutetico e das teacutecnicas que lhe satildeo apropriadas (meacutetodo histoacuterico) Jaacute para a doutrina objetivista a norma goza de um sentido proacuteprio determinado por fatores objetivos (arbiacutetrio social) independentes ateacute certo ponto do sentido que lhe tenha dado o legislador portanto uma interpretaccedilatildeo com uma compreensatildeo ex

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

QUESTAtildeO (06)

Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

DOGMAacuteTICA HERMENEcircUTICA OU A CIEcircNCIA DO DIREITO COMO TEORIA DA INTERPRETACcedilAtildeO 1 O problema da interpretaccedilatildeo - Ao disciplinar a conduta humana as normas juriacutedicas usam palavras signos linguumliacutesticos que devem expressar o sentido daquilo que deve ser Este uso oscila entre o aspecto a) onomasioloacutegico da palavra isto eacute o uso corrente para a designaccedilatildeo de um fato b) semasioloacutegico isto eacute a sua significaccedilatildeo normativa Os dois aspectos podem coincidir mas nem sempre isto ocorre O legislador usa vocaacutebulos que tira da linguagem cotidiana mas frequumlentemente lhe atribui um sentido teacutecnico e apropriado agrave disciplina desejada Ex o art 1591 CC ao estabelecer a relaccedilatildeo de parentesco fala de parentes em linha reta como as pessoas que estatildeo ligadas umas as outras numa relaccedilatildeo de ascendentes e descendentes No art 1592 fala de parente em linha colateral como as pessoas que provecircm ateacute o quarto grau de um soacute tronco sem descenderem uma das outra Assim observa-se que o uso comum da palavra parente natildeo coincide com a legal na medida em que vulgarmente natildeo se faz a limitaccedilatildeo do art 1592 O mesmo se diga quando se designa vulgarmente a palavra parente agraves relaccedilotildees de afinidade como a do genro e sogro nora e sogra onde o CC no art 1595 natildeo usa a expressatildeo parente mas de vinculo de afinidade Apesar destas diferenccedilas e oscilaccedilotildees eacute de se entender a importacircncia do exato conhecimento do sentido destas relaccedilotildees uma vez que tecircm consequumlecircncias para a distribuiccedilatildeo de direitos obrigaccedilotildees e restriccedilotildees - A determinaccedilatildeo do sentido das normas o correto entendimento do significado dos seus textos e intenccedilotildees tendo em vista a decidibilidade de conflitos constitui a tarefa da dogmaacutetica hermenecircutica O propoacutesito baacutesico do jurista natildeo eacute simplesmente compreender um texto mas tambeacutem lhe determinar a forccedila e o alcance pondo o texto normativo em presenccedila dos dados atuais de um problema Ex quando uma constituiccedilatildeo garante a todos os cidadatildeos a liberdade e a igualdade de trabalho O que se deve entender ou o significado que deve ser atribuiacutedo agrave expressatildeo cidadatildeo 2 A funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

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- Para o autor Signo eacute um ente que se caracteriza por sua mediatidade aponta para algo distinto de si mesmo Significar eacute apontar para algo ou estar em lugar de algo A funccedilatildeo significativa pode ser exercida por emblemas roupas distintivos e outros Os signos linguumliacutesticos tecircm por base sons e fonemas O fonema eacute um som que num determinado contexto se distingue ex CA-SA A junccedilatildeo dos fonemas eacute base em portuguecircs para um signo O signo natildeo se confunde com a base foneacutetica embora seja sempre necessaacuterio que haja uma base mateacuteria Isto eacute observado quando utilizamos por exemplo a base foneacutetica MAN-GA que serve tanto para o signo-fruta quanto para o signo-parte do vestuaacuterio Por outro lado dois signos mesmo que haja a abstraccedilatildeo de sua base foneacutetica podem ter a mesma ou semelhante significaccedilatildeo Ex MO-RA-DI-A CA-SA embora tenham bases foneacuteticas diferentes pode-se verificar que os signos tecircm significaccedilotildees semelhantes - Os siacutembolos tomados isoladamente nada significam Assim mesa significa quando usada Para que um siacutembolo se torne tal ele tem de aparecer num ato humano o ato de falar Falar eacute atribuir siacutembolos a algo ldquoIsto eacute uma mesardquo Uma liacutengua assim eacute um repertoacuterio de siacutembolos inter-relacionados numa estrutura (as regras de uso) Haacute uma distinccedilatildeo entre liacutengua e fala (ou discurso) A liacutengua eacute um sistema de siacutembolos e relaccedilotildees A fala se refere ao uso atual da liacutengua - Como os siacutembolos isoladamente nada significam percebemos desde jaacute que natildeo tem nenhum sentido a pergunta que eacute a mesa em si A resposta deve ser depende do uso ou seja do discurso Neste caso poderiacuteamos dizer o presidente da mesa ficou furioso naquela famiacutelia a mesa eacute farta e etc - Assim diante destas premissas que devemos entender por interpretaccedilatildeo Dissemos que a fala se refere ao uso atual da liacutengua Falar eacute dar a entender alguma coisa a algueacutem mediante siacutembolos linguumliacutesticos A fala portanto eacute um fenocircmeno comunicativo Exige um emissor um receptor e a troca de mensagens Exige a fala agrave ocorrecircncia do entendimento este nem sempre corresponde agrave mensagem emanada ou seja quem envia a mensagem comunica um complexo simboacutelico que eacute selecionado pelo ouvinte e que pode natildeo coincidir com a seletividade do emissor Podemos chamar esta seletividade de interpretar Interpretar portanto eacute selecionar possibilidades comunicativas da complexidade discursiva Para interpretar eacute necessaacuterio decodificar os siacutembolos no seu uso e isto significa conhecer-lhes as regras semacircnticas as regras sintaacuteticas e as regras pragmaacuteticas

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Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

1 Interpretaccedilatildeo Autecircntica e Doutrinaacuteria - Segundo o autor a ideacuteia de que interpretar juridicamente eacute decodificar conforme regras de uso eacute muito simples para ser aceita desta maneira Cita como exemplo de dificuldade a obra de Hans Kelsen sobre a Interpretaccedilatildeo contida na parte final de sua obra Teoria Pura do Direito e especificamente sobre a interpretaccedilatildeo autecircntica e a doutrinaacuteria e a frustraccedilatildeo deixada por Kelsen em relaccedilatildeo aos objetivos fundamentais do saber dogmaacutetico desde que ele foi configurado como um conhecimento racional do direito e tambeacutem faz algumas observaccedilotildees como a de que ele natildeo explica a diferenccedila entre a mera opiniatildeo natildeo teacutecnica sobre o conteuacutedo de uma lei exarada por algueacutem que sequer tenha estudado Direito e a opiniatildeo do doutrinador que busca com os meios da razatildeo juriacutedica o sentido da norma 2 Voluntas Legis ou Voluntas Legislatoris - O autor estuda as duas correntes doutrinaacuterias sobre a interpretaccedilatildeo da Lei a primeira denominada subjetiva sustenta a prevalecircncia da vontade do legislador (voluntas legislatoris) a segunda chamada objetiva sustenta a vontade da lei (voluntas legis) Assim a subjetiva tem que na interpretaccedilatildeo deveraacute ser compreendido o pensamento do legislador portanto interpretaccedilatildeo ex tunc desde entatildeo isto eacute desde o aparecimento da norma pela positivaccedilatildeo da vontade do legislador sendo preponderante o aspecto geneacutetico e das teacutecnicas que lhe satildeo apropriadas (meacutetodo histoacuterico) Jaacute para a doutrina objetivista a norma goza de um sentido proacuteprio determinado por fatores objetivos (arbiacutetrio social) independentes ateacute certo ponto do sentido que lhe tenha dado o legislador portanto uma interpretaccedilatildeo com uma compreensatildeo ex

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Explique a funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

QUESTAtildeO (01)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

DOGMAacuteTICA HERMENEcircUTICA OU A CIEcircNCIA DO DIREITO COMO TEORIA DA INTERPRETACcedilAtildeO 1 O problema da interpretaccedilatildeo - Ao disciplinar a conduta humana as normas juriacutedicas usam palavras signos linguumliacutesticos que devem expressar o sentido daquilo que deve ser Este uso oscila entre o aspecto a) onomasioloacutegico da palavra isto eacute o uso corrente para a designaccedilatildeo de um fato b) semasioloacutegico isto eacute a sua significaccedilatildeo normativa Os dois aspectos podem coincidir mas nem sempre isto ocorre O legislador usa vocaacutebulos que tira da linguagem cotidiana mas frequumlentemente lhe atribui um sentido teacutecnico e apropriado agrave disciplina desejada Ex o art 1591 CC ao estabelecer a relaccedilatildeo de parentesco fala de parentes em linha reta como as pessoas que estatildeo ligadas umas as outras numa relaccedilatildeo de ascendentes e descendentes No art 1592 fala de parente em linha colateral como as pessoas que provecircm ateacute o quarto grau de um soacute tronco sem descenderem uma das outra Assim observa-se que o uso comum da palavra parente natildeo coincide com a legal na medida em que vulgarmente natildeo se faz a limitaccedilatildeo do art 1592 O mesmo se diga quando se designa vulgarmente a palavra parente agraves relaccedilotildees de afinidade como a do genro e sogro nora e sogra onde o CC no art 1595 natildeo usa a expressatildeo parente mas de vinculo de afinidade Apesar destas diferenccedilas e oscilaccedilotildees eacute de se entender a importacircncia do exato conhecimento do sentido destas relaccedilotildees uma vez que tecircm consequumlecircncias para a distribuiccedilatildeo de direitos obrigaccedilotildees e restriccedilotildees - A determinaccedilatildeo do sentido das normas o correto entendimento do significado dos seus textos e intenccedilotildees tendo em vista a decidibilidade de conflitos constitui a tarefa da dogmaacutetica hermenecircutica O propoacutesito baacutesico do jurista natildeo eacute simplesmente compreender um texto mas tambeacutem lhe determinar a forccedila e o alcance pondo o texto normativo em presenccedila dos dados atuais de um problema Ex quando uma constituiccedilatildeo garante a todos os cidadatildeos a liberdade e a igualdade de trabalho O que se deve entender ou o significado que deve ser atribuiacutedo agrave expressatildeo cidadatildeo 2 A funccedilatildeo simboacutelica da Liacutengua

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- Para o autor Signo eacute um ente que se caracteriza por sua mediatidade aponta para algo distinto de si mesmo Significar eacute apontar para algo ou estar em lugar de algo A funccedilatildeo significativa pode ser exercida por emblemas roupas distintivos e outros Os signos linguumliacutesticos tecircm por base sons e fonemas O fonema eacute um som que num determinado contexto se distingue ex CA-SA A junccedilatildeo dos fonemas eacute base em portuguecircs para um signo O signo natildeo se confunde com a base foneacutetica embora seja sempre necessaacuterio que haja uma base mateacuteria Isto eacute observado quando utilizamos por exemplo a base foneacutetica MAN-GA que serve tanto para o signo-fruta quanto para o signo-parte do vestuaacuterio Por outro lado dois signos mesmo que haja a abstraccedilatildeo de sua base foneacutetica podem ter a mesma ou semelhante significaccedilatildeo Ex MO-RA-DI-A CA-SA embora tenham bases foneacuteticas diferentes pode-se verificar que os signos tecircm significaccedilotildees semelhantes - Os siacutembolos tomados isoladamente nada significam Assim mesa significa quando usada Para que um siacutembolo se torne tal ele tem de aparecer num ato humano o ato de falar Falar eacute atribuir siacutembolos a algo ldquoIsto eacute uma mesardquo Uma liacutengua assim eacute um repertoacuterio de siacutembolos inter-relacionados numa estrutura (as regras de uso) Haacute uma distinccedilatildeo entre liacutengua e fala (ou discurso) A liacutengua eacute um sistema de siacutembolos e relaccedilotildees A fala se refere ao uso atual da liacutengua - Como os siacutembolos isoladamente nada significam percebemos desde jaacute que natildeo tem nenhum sentido a pergunta que eacute a mesa em si A resposta deve ser depende do uso ou seja do discurso Neste caso poderiacuteamos dizer o presidente da mesa ficou furioso naquela famiacutelia a mesa eacute farta e etc - Assim diante destas premissas que devemos entender por interpretaccedilatildeo Dissemos que a fala se refere ao uso atual da liacutengua Falar eacute dar a entender alguma coisa a algueacutem mediante siacutembolos linguumliacutesticos A fala portanto eacute um fenocircmeno comunicativo Exige um emissor um receptor e a troca de mensagens Exige a fala agrave ocorrecircncia do entendimento este nem sempre corresponde agrave mensagem emanada ou seja quem envia a mensagem comunica um complexo simboacutelico que eacute selecionado pelo ouvinte e que pode natildeo coincidir com a seletividade do emissor Podemos chamar esta seletividade de interpretar Interpretar portanto eacute selecionar possibilidades comunicativas da complexidade discursiva Para interpretar eacute necessaacuterio decodificar os siacutembolos no seu uso e isto significa conhecer-lhes as regras semacircnticas as regras sintaacuteticas e as regras pragmaacuteticas

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Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

1 Interpretaccedilatildeo Autecircntica e Doutrinaacuteria - Segundo o autor a ideacuteia de que interpretar juridicamente eacute decodificar conforme regras de uso eacute muito simples para ser aceita desta maneira Cita como exemplo de dificuldade a obra de Hans Kelsen sobre a Interpretaccedilatildeo contida na parte final de sua obra Teoria Pura do Direito e especificamente sobre a interpretaccedilatildeo autecircntica e a doutrinaacuteria e a frustraccedilatildeo deixada por Kelsen em relaccedilatildeo aos objetivos fundamentais do saber dogmaacutetico desde que ele foi configurado como um conhecimento racional do direito e tambeacutem faz algumas observaccedilotildees como a de que ele natildeo explica a diferenccedila entre a mera opiniatildeo natildeo teacutecnica sobre o conteuacutedo de uma lei exarada por algueacutem que sequer tenha estudado Direito e a opiniatildeo do doutrinador que busca com os meios da razatildeo juriacutedica o sentido da norma 2 Voluntas Legis ou Voluntas Legislatoris - O autor estuda as duas correntes doutrinaacuterias sobre a interpretaccedilatildeo da Lei a primeira denominada subjetiva sustenta a prevalecircncia da vontade do legislador (voluntas legislatoris) a segunda chamada objetiva sustenta a vontade da lei (voluntas legis) Assim a subjetiva tem que na interpretaccedilatildeo deveraacute ser compreendido o pensamento do legislador portanto interpretaccedilatildeo ex tunc desde entatildeo isto eacute desde o aparecimento da norma pela positivaccedilatildeo da vontade do legislador sendo preponderante o aspecto geneacutetico e das teacutecnicas que lhe satildeo apropriadas (meacutetodo histoacuterico) Jaacute para a doutrina objetivista a norma goza de um sentido proacuteprio determinado por fatores objetivos (arbiacutetrio social) independentes ateacute certo ponto do sentido que lhe tenha dado o legislador portanto uma interpretaccedilatildeo com uma compreensatildeo ex

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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- Para o autor Signo eacute um ente que se caracteriza por sua mediatidade aponta para algo distinto de si mesmo Significar eacute apontar para algo ou estar em lugar de algo A funccedilatildeo significativa pode ser exercida por emblemas roupas distintivos e outros Os signos linguumliacutesticos tecircm por base sons e fonemas O fonema eacute um som que num determinado contexto se distingue ex CA-SA A junccedilatildeo dos fonemas eacute base em portuguecircs para um signo O signo natildeo se confunde com a base foneacutetica embora seja sempre necessaacuterio que haja uma base mateacuteria Isto eacute observado quando utilizamos por exemplo a base foneacutetica MAN-GA que serve tanto para o signo-fruta quanto para o signo-parte do vestuaacuterio Por outro lado dois signos mesmo que haja a abstraccedilatildeo de sua base foneacutetica podem ter a mesma ou semelhante significaccedilatildeo Ex MO-RA-DI-A CA-SA embora tenham bases foneacuteticas diferentes pode-se verificar que os signos tecircm significaccedilotildees semelhantes - Os siacutembolos tomados isoladamente nada significam Assim mesa significa quando usada Para que um siacutembolo se torne tal ele tem de aparecer num ato humano o ato de falar Falar eacute atribuir siacutembolos a algo ldquoIsto eacute uma mesardquo Uma liacutengua assim eacute um repertoacuterio de siacutembolos inter-relacionados numa estrutura (as regras de uso) Haacute uma distinccedilatildeo entre liacutengua e fala (ou discurso) A liacutengua eacute um sistema de siacutembolos e relaccedilotildees A fala se refere ao uso atual da liacutengua - Como os siacutembolos isoladamente nada significam percebemos desde jaacute que natildeo tem nenhum sentido a pergunta que eacute a mesa em si A resposta deve ser depende do uso ou seja do discurso Neste caso poderiacuteamos dizer o presidente da mesa ficou furioso naquela famiacutelia a mesa eacute farta e etc - Assim diante destas premissas que devemos entender por interpretaccedilatildeo Dissemos que a fala se refere ao uso atual da liacutengua Falar eacute dar a entender alguma coisa a algueacutem mediante siacutembolos linguumliacutesticos A fala portanto eacute um fenocircmeno comunicativo Exige um emissor um receptor e a troca de mensagens Exige a fala agrave ocorrecircncia do entendimento este nem sempre corresponde agrave mensagem emanada ou seja quem envia a mensagem comunica um complexo simboacutelico que eacute selecionado pelo ouvinte e que pode natildeo coincidir com a seletividade do emissor Podemos chamar esta seletividade de interpretar Interpretar portanto eacute selecionar possibilidades comunicativas da complexidade discursiva Para interpretar eacute necessaacuterio decodificar os siacutembolos no seu uso e isto significa conhecer-lhes as regras semacircnticas as regras sintaacuteticas e as regras pragmaacuteticas

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Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

1 Interpretaccedilatildeo Autecircntica e Doutrinaacuteria - Segundo o autor a ideacuteia de que interpretar juridicamente eacute decodificar conforme regras de uso eacute muito simples para ser aceita desta maneira Cita como exemplo de dificuldade a obra de Hans Kelsen sobre a Interpretaccedilatildeo contida na parte final de sua obra Teoria Pura do Direito e especificamente sobre a interpretaccedilatildeo autecircntica e a doutrinaacuteria e a frustraccedilatildeo deixada por Kelsen em relaccedilatildeo aos objetivos fundamentais do saber dogmaacutetico desde que ele foi configurado como um conhecimento racional do direito e tambeacutem faz algumas observaccedilotildees como a de que ele natildeo explica a diferenccedila entre a mera opiniatildeo natildeo teacutecnica sobre o conteuacutedo de uma lei exarada por algueacutem que sequer tenha estudado Direito e a opiniatildeo do doutrinador que busca com os meios da razatildeo juriacutedica o sentido da norma 2 Voluntas Legis ou Voluntas Legislatoris - O autor estuda as duas correntes doutrinaacuterias sobre a interpretaccedilatildeo da Lei a primeira denominada subjetiva sustenta a prevalecircncia da vontade do legislador (voluntas legislatoris) a segunda chamada objetiva sustenta a vontade da lei (voluntas legis) Assim a subjetiva tem que na interpretaccedilatildeo deveraacute ser compreendido o pensamento do legislador portanto interpretaccedilatildeo ex tunc desde entatildeo isto eacute desde o aparecimento da norma pela positivaccedilatildeo da vontade do legislador sendo preponderante o aspecto geneacutetico e das teacutecnicas que lhe satildeo apropriadas (meacutetodo histoacuterico) Jaacute para a doutrina objetivista a norma goza de um sentido proacuteprio determinado por fatores objetivos (arbiacutetrio social) independentes ateacute certo ponto do sentido que lhe tenha dado o legislador portanto uma interpretaccedilatildeo com uma compreensatildeo ex

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Diferencie interpretaccedilatildeo autecircntica de interpretaccedilatildeo doutrinaacuteria

QUESTAtildeO (02)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

1 Interpretaccedilatildeo Autecircntica e Doutrinaacuteria - Segundo o autor a ideacuteia de que interpretar juridicamente eacute decodificar conforme regras de uso eacute muito simples para ser aceita desta maneira Cita como exemplo de dificuldade a obra de Hans Kelsen sobre a Interpretaccedilatildeo contida na parte final de sua obra Teoria Pura do Direito e especificamente sobre a interpretaccedilatildeo autecircntica e a doutrinaacuteria e a frustraccedilatildeo deixada por Kelsen em relaccedilatildeo aos objetivos fundamentais do saber dogmaacutetico desde que ele foi configurado como um conhecimento racional do direito e tambeacutem faz algumas observaccedilotildees como a de que ele natildeo explica a diferenccedila entre a mera opiniatildeo natildeo teacutecnica sobre o conteuacutedo de uma lei exarada por algueacutem que sequer tenha estudado Direito e a opiniatildeo do doutrinador que busca com os meios da razatildeo juriacutedica o sentido da norma 2 Voluntas Legis ou Voluntas Legislatoris - O autor estuda as duas correntes doutrinaacuterias sobre a interpretaccedilatildeo da Lei a primeira denominada subjetiva sustenta a prevalecircncia da vontade do legislador (voluntas legislatoris) a segunda chamada objetiva sustenta a vontade da lei (voluntas legis) Assim a subjetiva tem que na interpretaccedilatildeo deveraacute ser compreendido o pensamento do legislador portanto interpretaccedilatildeo ex tunc desde entatildeo isto eacute desde o aparecimento da norma pela positivaccedilatildeo da vontade do legislador sendo preponderante o aspecto geneacutetico e das teacutecnicas que lhe satildeo apropriadas (meacutetodo histoacuterico) Jaacute para a doutrina objetivista a norma goza de um sentido proacuteprio determinado por fatores objetivos (arbiacutetrio social) independentes ateacute certo ponto do sentido que lhe tenha dado o legislador portanto uma interpretaccedilatildeo com uma compreensatildeo ex

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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nunc desde agora ou seja tendo em vista agrave situaccedilatildeo e o momento atual de sua vigecircncia ressaltando-se o papel preponderante dos aspectos estruturais em que a mesma ocorre e as teacutecnicas apropriadas agrave sua captaccedilatildeo (meacutetodo socioloacutegico) - Os objetivistas contestam os subjetivistas dentre os vaacuterios argumentos com o a) da vontade afirmando que uma vontade do legislador eacute mera ficccedilatildeo pois o mesmo eacute raramente uma pessoa identificaacutevel b) b) da integraccedilatildeo pelo qual soacute a concepccedilatildeo que leva em conta os fatores objetivos na sua continua mutaccedilatildeo social explica a complementaccedilatildeo e ateacute mesmo a criaccedilatildeo do direito pela jurisprudecircncia - Por sua vez o subjetivistas contestam dizendo dentre os vaacuterios argumentos que o a) recurso agrave teacutecnica de interpretaccedilatildeo aos documentos e agraves discussotildees preliminares dos responsaacuteveis pela positivaccedilatildeo da norma eacute imprescindiacutevel donde a impossibilidade de se ignorar o legislador originaacuterio b) os fatores (objetivos) que eventualmente determinassem a chamada vontade objetiva da lei (voluntas legis) tambeacutem estatildeo sujeitos a duacutevidas interpretativas com isso os objetivistas criaram no fundo um subjetivismo que potildee a vontade do interprete acima da vontade do legislador tornando aquele natildeo apenas mais saacutebio que este mas tambeacutem mais saacutebio que a proacutepria norma legislada c) haveria um desvirtuamento do Direito em termos de seguranccedila e de certeza pois ficariacuteamos sujeitos agrave opiniatildeo do interprete - Ambas as correntes na opiniatildeo do autor podem levar a extremos O subjetivismo a certo autoritarismo personalista a privilegiar a figura do legislador pondo a sua vontade em relevo Ex a exigecircncia na eacutepoca do nazismo de que as normas fossem interpretadas em ultima anaacutelise segundo a vontade do Fuumlher O objetivismo favorece certo anarquismo uma vez que estabelece o predomiacutenio de uma equidade duvidosa dos interpretes sobre a proacutepria norma ou desloca a responsabilidade do legislador na elaboraccedilatildeo do direito pra os interpretes ainda que legalmente constituiacutedos

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Explique a funccedilatildeo racionalizadora da Hermenecircutica

QUESTAtildeO (03)

I INTRODUCcedilAtildeO

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

A mateacuteria objeto do presente eacute a Hermenecircutica Juriacutedica e suas funccedilotildees A anaacutelise do tema proposto demanda preliminarmente a fixaccedilatildeo de determinados conceitos gerais como cultura sentido valor linguagem e a correspondente dialeacutetica destes com o Direito Desta inferecircncia jaacute poderemos ter uma primeira aproximaccedilatildeo com as funccedilotildees da Hermenecircutica Juriacutedica Em seguida veremos a intelecccedilatildeo doutrinaacuteria sobre as noccedilotildees de hermenecircutica e interpretaccedilatildeo e contextualizaremos as normas postas no ordenamento brasileiro sobre a mateacuteria O contato ainda que sucinto sobre as regras hermenecircuticas e as espeacutecies de interpretaccedilatildeo eacute obrigatoacuterio para os fins que se pretende A perquiriccedilatildeo dos momentos histoacuterico-filosoacuteficos nos quais surgiram os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica tambeacutem contribui para a revelaccedilatildeo das funccedilotildees e fins da interpretaccedilatildeo juriacutedica Por fim passaremos em revista as correntes modernas de interpretaccedilatildeo com o escopo de verificar as funccedilotildees por elas aceitas da ciecircncia hermenecircutica

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Alertamos que natildeo haacute aqui pretensatildeo de esgotamento da mateacuteria em termos de pesquisa bibliograacutefica nem de abarcamento da discussatildeo de todos os assuntos e polecircmicas relativos ao objeto de estudo menos ainda de todas as implicaccedilotildees decorrentes do tema A bibliografia indicada ao final utilizada para a elaboraccedilatildeo deste poderaacute fornecer o detalhamento para as questotildees natildeo abordadas no presente Como indicado pelo proacuteprio tiacutetulo este texto deve ser lido tatildeo somente como um ensaio uma tentativa de articulaccedilatildeo de ideacuteias acerca de um tema tatildeo rico e denso como a Hermenecircutica Juriacutedica INTERPRETAR eacute descobrir o sentido e alcance da norma procurando a

significaccedilatildeo dos conceitos juriacutedicos Eacute explicar esclarecer dar o verdadeiro significado do

vocaacutebulo extrair da norma tudo o que nela se conteacutem revelando seu sentido apropriado para

a vida real e conducente a uma decisatildeo

A interpretaccedilatildeo acrescenta Miguel Reale eacute um momento de intersubjetividade o

ato interpretativo do juiz procurando captar e trazer a ele o ato de outrem no sentido de se

apoderar de um significado objetivamente vaacutelido O ato interpretativo implicaria uma

duplicidade onde sujeito e objeto estatildeo colocados um diante do outro

Eacute a hermenecircutica que conteacutem regras bem ordenadas que fixam os criteacuterios e

princiacutepios que deveratildeo nortear a interpretaccedilatildeo A hermenecircutica eacute a teoria cientiacutefica da arte de

interpretar mas natildeo esgota o campo da interpretaccedilatildeo juriacutedica por ser apenas um instrumento

para sua realizaccedilatildeo

Eacute tarefa do interprete enquanto jurista apenas determinar mediante ato de

conhecimento natildeo soacute o sentido exato e a extensatildeo da formula normativa mas tambeacutem

fornecer ao aplicador o conteuacutedo e o alcance dos conceitos juriacutedicos

Ao se interpretar a norma deve-se procurar compreendecirc-la em atenccedilatildeo aos seus fins

sociais e aos valores que pretende garantir O ato interpretativo natildeo se resume portanto em

simples operaccedilatildeo mental reduzida a meras interferecircncias loacutegicas a partir de normas pois o

inteacuterprete deve levar em conta o coeficiente axioloacutegico e social nela contido baseado no

momento histoacuterico em que esta vivendo Portanto na funccedilatildeo racionalizadora da

Hermenecircutica haacute uma funccedilatildeo organizada interna do sistema atraveacutes do inteacuterprete e

deve haver uma previsibilidade de consequumlecircncia

I1 Conceitos Gerais Cultura Valor Sentido e Linguagem e suas implicaccedilotildees com a Ciecircncia do Direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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O Direito eacute uma ciecircncia social como tal eacute necessariamente uma ciecircncia cultural[1] A palavra cultura carrega em si diversas acepccedilotildees Dentre seus sentidos comuns inferimos a noccedilatildeo de ldquoacervo intelectual ou espiritualrdquo ou ldquoconjunto de conhecimentos que enriquecem o espiacuterito apuram o gosto e o espiacuterito criacuteticordquo[2] O sentido para a palavra cultura retro utilizado encontra seu ponto de convergecircncia com as acepccedilotildees comuns mencionadas apenas no plano eacutetico De fato a referecircncia que se faz ao termo no campo juriacutedico quer significar a cultura como ldquosistema orgacircnico de bens de diversa natureza nos quais se concretizam atraveacutes da histoacuteria os valores em razatildeo dos quais a vida humana adquire sentido e significadordquo[3] ou ainda como ldquoaquilo que os membros de uma sociedade concreta aprendem de seus antepassados e de seus contemporacircneos nessa sociedade e o que acrescentam e modificam Eacute a heranccedila social utilizada revivida e modificadardquo[4] A fim de bem compreender o conceito de cultura e suas implicaccedilotildees com e para a Ciecircncia do Direito importa neste passo discorrer sobre valor Raimundo Bezerra Falcatildeo conceitua valor da seguinte forma

ldquoO valor eacute efetivamente toda forccedila que partida do homem eacute capaz de gerar no homem a preferecircncia por algo Aquilo que natildeo obstante nascido no espiacuterito humano eacute apto a acionar nesses mesmo espiacuterito como que de reveacutes e quase simultaneamente os mecanismos admiraacuteveis da adesatildeo do aplauso da aceitaccedilatildeo ou do afeiccediloamento () () poderiacuteamos asseverar sem muita elegacircncia estiliacutestica que valor eacute aquele objeto do conhecimento que provoca a objetivaccedilatildeo do bem este tambeacutem visto como objeto do conhecimento ou ainda no sentido de criaccedilatildeo do conhecimento que valorardquo[5]

No exerciacutecio diuturno de viver a liberdade e a racionalidade impelem o homem a escolher a optar As escolhas satildeo indubitavelmente condicionadas por limitaccedilotildees de vaacuterias ordens mas em essecircncia encontram-se fundadas em valoraccedilotildees As condutas humanas livres satildeo pois pressupostas em valores em outras palavras a conduta livre eacute axioloacutegica O valor essencial que unifica o homem em sociedade e promove o seu desenvolvimento eacute o da pessoa humana Ao redor deste valor central gravitam outros valores - constantemente transformados excluiacutedos eou renovados ndash que integram a cultura de determinado povo e satildeo concretizados mediante atuaccedilatildeo de vaacuterias forccedilas das quais o Direito eacute uma A realizaccedilatildeo dos valores de determinada cultura quer de ordem poliacutetica econocircmica esteacutetica social moral e quaisquer outros deve dar-se de forma harmoniosa e complementar com resguardo aos imperativos de continuidade e coerecircncia

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Eacute reservado ao Direito papel especial no ato de concretizaccedilatildeo de tais valores posto que a ele cabe uma funccedilatildeo estabilizadora movimentadora e renovadora dos mesmos[6] Coloca-se como decorrecircncia necessaacuteria do asseverado ateacute o momento a questatildeo de como se daacute a efetivaccedilatildeo de tais atribuiccedilotildees pelo Direito [7] Recuperemos com vistas a elucidar tal indagaccedilatildeo a afirmaccedilatildeo inicialmente feita de que o Direito eacute uma ciecircncia cultural Com efeito o objeto de estudo da Ciecircncia do Direito eacute uma construccedilatildeo cultural a norma juriacutedica E como todo objeto cultural a norma eacute a criaccedilatildeo de determinada sociedade criaccedilatildeo esta imantada dos valores e demais complexos de fatores faacuteticos (e outros culturais) que influem na vida social Os valores que uma sociedade atribui a certa coisa ato ou fato do mundo do ser fazem com que esta coisa ato ou fato seja considerado um bem O Direito concretiza a coisa ato ou fato valorado e tido como bem no momento em que estes ingressam no mundo do dever ser juriacutedico sob o manto de proteccedilatildeo da proposiccedilatildeo normativa dos princiacutepios dos costumes ou da equidade por ato do legislador Cabe aqui melhor ilustrar tal assertiva trazendo agrave colaccedilatildeo a liccedilatildeo do mestre Karl Larenz a respeito

ldquoO legislador que estatui uma norma ou mais precisamente que intenta regular um determinado sector da vida por meio de normas deixa-se nesse plano guiar por certas intenccedilotildees de regulaccedilatildeo e por consideraccedilotildees de justiccedila ou de oportunidade agraves quais subjazem em uacuteltima instacircncia determinadas valoraccedilotildees Estas valoraccedilotildees manifestam-se no fato de que a lei confere proteccedilatildeo absoluta a certos bens deixa outros sem protecccedilatildeo ou protege-os em menor escala ()rdquo[8]

Mas o papel do Direito natildeo se esgota na concretizaccedilatildeo no processo da nomogecircnese Como o objeto da Ciecircncia do Direito eacute um bem cultural e portanto imanado de valores na aplicaccedilatildeo da norma ao caso concreto haacute uma atividade valorativa impliacutecita e necessaacuteria

ldquo lsquocompreenderrsquo uma norma juriacutedica requer o desvendar da valoraccedilatildeo nela imposta e o seu alcance A sua aplicaccedilatildeo requer o valorar do caso a julgar em conformidade a ela ou dito de outro modo acolher de modo adequado a valoraccedilatildeo contida na norma ao lsquojulgarrsquo o casordquo[9] ldquoo jurista haacute de ter sempre diante dos olhos o escopo da lei quer dizer o resultado praacutetico que ela se propotildee conseguir A lei eacute um ordenamento de relaccedilotildees que mira a satisfazer certas necessidades e deve interpretar-se no sentido que melhor responda a esta finalidade e portanto em toda a plenitude que assegure tal tutelardquo[10]

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Quando se fala em aplicaccedilatildeo pois natildeo se quer dizer meras e simples subsunccedilotildees isentas de substrato filosoacutefico e preocupaccedilotildees de toda ordem Ao contraacuterio quer-se dizer a realizaccedilatildeo a concreccedilatildeo efetiva dos valores e bens resguardados pelo ordenamento juriacutedico Poreacutem aleacutem de revelar os valores existentes eacute tambeacutem parte do dever do aplicador do Direito garantir que os valores de determinada sociedade sejam movimentados e renovados atualizados de forma coerente e sem prejuiacutezo da estabilidade do ordenamento A renovaccedilatildeo dos valores eacute uma exigecircncia social decorrente da culturalidade do objeto da Ciecircncia Juriacutedica Isto pois o ser cognoscente como parte da sociedade formadora e herdeira de cultura tambeacutem influencia e eacute influenciado por outros objetos assim os objetos culturais existentes necessariamente se renovam e tecircm seu conteuacutedo constantemente alterado[11] Em que pese a extensatildeo do trecho passamos a palavra novamente ao mestre Raimundo Bezerra Falcatildeo

ldquoOs objetos satildeo submetidos a um processo de revivescecircncia modificando-se agrave luz do espiacuterito de cada ser humano ou de cada novo ser humano que na condiccedilatildeo de sujeito cognoscente mira-os interpretando-os Tal ser humano contudo natildeo eacute somente espiacuterito subjetivo Eacute espiacuterito objetivo tambeacutem em face de sua historiciedade em funccedilatildeo de sua culturalidade E ao revivescerem os objetos se atualizam e desse modo vatildeo mantendo sua significaccedilatildeo para o presente sem se fecharem para o passado assegurada esta abertura para o preteacuterito pela tradiccedilatildeo cultural e mantida a utilidade significativa para o presente em razatildeo dos quadros soacutecio-culturais do momento Atualizaccedilatildeo pois sem descontrole E estabilidade em decorrecircncia sem ranccedilos imutaacuteveis Eacute a cultura fertilizando a inesgotabilidade do sentidordquo[12]

Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14]

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica

Quais os meacutetodos hermenecircuticos Explique cada um

QUESTAtildeO (04)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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I Meacutetodos Hermenecircuticos A Hermenecircutica eacute uma teoria dogmaacutetica Logo ela natildeo visa explicar como eacute o sentido do Direito mas sim como este deve ser interpretado Os designados meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo pois que regras cujo escopo eacute a soluccedilatildeo de problemas de ordem sintaacutetica semacircntica e pragmaacutetica[27] Os meacutetodos tradicionalmente conhecidos de hermenecircutica podem ser mais facilmente compreendidos se inseridos em sua contextualizaccedilatildeo histoacuterica e filosoacutefica Esta foi a opccedilatildeo feita como se demonstraraacute nas linhas que seguem

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico

estabelecendo alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas

neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O

inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como

adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo

ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da

mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo

apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa

sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua

opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute

a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos Disto se infere que

a interpretaccedilatildeo aleacutem de argumentativa e dialeacutetica eacute ideoloacutegica

A decisatildeo do juiz natildeo eacute incondicionada pois as suas valorizaccedilotildees natildeo satildeo

projeccedilotildees do criteacuterio avaliativo pessoal do magistrado uma vez que ele emprega as pautas

axioloacutegicas consagradas na ordem juriacutedica interpretando-as em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees fatiacutedicas

que deve solucionar Toda sentenccedila pressupotildee uma certeza objetiva do sistema juriacutedico

entendido em seus subconjuntos de normas de fatos e de valores em que se apoiou

acrescentando o juiz agrave ordem juriacutedica a norma individual que edita ao julgar o caso

inspirando-se nesse mesmo ordenamento

Ensina-nos Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que nenhuma das duas teorias da

interpretaccedilatildeo resolve de modo satisfatoacuterio a questatildeo de saber se eacute a mens legis ou se eacute a mens

legislatoris que deve servir de guia ao inteacuterprete A subjetiva favorece em certa medida o

autoritarismo por preconizar a preponderacircncia da vontade do legislador a objetiva ao dar

posiccedilatildeo de destaque agrave equidade do inteacuterprete deslocando a responsabilidade do legislador no

que atina agrave criaccedilatildeo da norma para o inteacuterprete favorece o anarquismo Trata-se de uma

polecircmica insoluacutevel mas que nos aponta alguns pressupostos hermenecircuticos se interpretar eacute

compreender uma outra interpretaccedilatildeo afixada na norma haacute dois atos o que daacute agrave norma seu

sentido e o que tenta captaacute-lo e a norma deve ser vista como um dogma logo um dos

pressupostos da hermenecircutica juriacutedica eacute o caraacuteter dogmaacutetico de seu ponto de partida

A hermenecircutica estabelece alternativas de decisatildeo possiacutevel por meio de construccedilotildees dogmaacuteticas neutralizando a pressatildeo exercida pelos problemas de distribuiccedilatildeo de poder de recursos etc O inteacuterprete deve interrogar o texto normativo destacando tudo que neles se conteacutem como adequado agravequela finalidade praacutetica ajustando-o agrave atual situaccedilatildeo mediante uma avaliaccedilatildeo ideoloacutegica ao determinar os fins e objetivos da norma permitindo assim um controle da mens legis e sua interpretaccedilatildeo O inteacuterprete procura apreender o sentido do texto normativo apresentando vaacuterias soluccedilotildees possiacuteveis atendendo agraves pautas valorativas vigentes numa sociedade em certo momento com isso afasta-se de suas preferecircncias pessoais de sua opiniatildeo de seu querer ou vontade A interpretaccedilatildeo juriacutedica assume um compromisso com a

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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tomada de decisotildees ou com a soluccedilatildeo de possiacuteveis conflitos A funccedilatildeo da dogmaacutetica juriacutedica eacute a construccedilatildeo das condiccedilotildees do juridicamente possiacutevel em termos de decidibilidade ou seja a determinaccedilatildeo das possibilidades de construccedilatildeo juriacutedica de casos juriacutedicos I1 Interpretaccedilatildeo gramatical e loacutegico-sistemaacutetica No direito romano acreditava-se na suficiecircncia da interpretaccedilatildeo puramente literal[28] Esta ideacuteia foi seguida pelos ldquoglosadoresrdquo que ignorando os fatos e os momentos sociais a eles consentacircneos limitavam-se a comentar as normas dentro dos estritos limites da gramaacutetica e da sintaxe Na mesma esteira seguiu a Escola da Exegese e a Escola Racionalista ou Legalista Veja-se o momentos histoacutericos O Coacutedigo Napoleatildeo (ou Coacutedigo Civil dos Franceses) promulgado em 1804 representa ndash nas palavras de Miguel Reale ndash ldquoo marco inicial da Ciecircncia Juriacutedica modernardquo[29] ou ldquoum monumento da ordenaccedilatildeo da vida civilrdquo[30] Com base nos ideais da Revoluccedilatildeo Francesa de 1789 citada norma consolidou o plexo de valores e fatos vigentes agrave eacutepoca unindo as conquistas da burguesia (liberdade-propriedade) ao nascimento da sociedade capitalista industrial O paradigma desta como das demais codificaccedilotildees que a seguiram baseado no racionalismo e no iluminismo foi o de que ldquoo que eacute racional eacute natural e o que eacute natural eacute racionalrdquo[31] Pretendia-se que todas as implicaccedilotildees da vida social estivessem previstas na ldquoConstituiccedilatildeo do Indiviacuteduordquo razatildeo pela qual o Coacutedigo Napoleatildeo revogou todas as normas a ele anteriores bem como os usos e costumes entatildeo vigentes Tal pretensatildeo visava ademais dar seguranccedila agrave sociedade burguesa que no periacuteodo preacute revoluccedilatildeo ficava agrave mercecirc de decisotildees judiciais instaacuteveis movidas pelo poder da forccedila Visando reprimir a repeticcedilatildeo de tais situaccedilotildees o novo texto legal alicerccedilava-se na lsquoigualdade perante a leirsquo representada pela lsquovontade geralrsquo fixada na lei escrita Surge o monismo das fontes passando a lei a ser a uacutenica matriz criadora Como decorrecircncia de tal criaccedilatildeo adveacutem o dogma da completude passando o Direito a ser entendido como um sistema fechado no qual inexistem lacunas Neste contexto aos juristas operadores e inteacuterpretes do Direito cabia apenas interpretar a lei segundo determinados processos Nasce a Escola da Exegese[32] Em consonacircncia com o panorama de pensamento dominante da eacutepoca a Escola da Exegese pregava que nas leis (especialmente no Codigo Napoleatildeo) havia previsatildeo normativa para toda e qualquer situaccedilatildeo da vida humana

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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O Direito residia nas leis Bastava a anaacutelise da estrutura leacutexica e gramatical da norma a ordem das palavras e o modo como elas eram conectadas para se inferir seu correto significado O ldquofetichismo legalistardquo foi aos seus extremos a ponto de renomados juristas declararem que natildeo conheciam Direito Civil lsquoapenas ensinavam o Coacutedigo Napoleatildeorsquo outros asseguravam que todo o direito estava escrito nos textos da lei Assim era a tiacutetulo de exemplo a liccedilatildeo de Laurent

ldquoOs coacutedigos nada deixam ao arbiacutetrio do inteacuterprete este natildeo tem por missatildeo fazer o direito que jaacute estaacute feito Natildeo haacute mais incertezas o direito estaacute escrito em textos autecircnticosrdquo (sic)[33]

Como decorrecircncia de tal modo de pensar a interpretaccedilatildeo gramatical ou literal ganha especial relevo Os juristas debruccedilam-se sobre anaacutelises sintaacuteticas morfoloacutegicas e gramaticais dos textos legais no intento de revelar a vontade do legislador pelo exame gramatical da letra da lei Concomitantemente procuraram requintar cientificamente a interpretaccedilatildeo pelo meacutetodo loacutegico-sistemaacutetico Esta forma de interpretaccedilatildeo analisa um texto legal situando-o no ordenamento juriacutedico em correlaccedilatildeo com os demais preceitos Note-se que todo este esforccedilo tinha por escopo resguardar a lsquointenccedilatildeo do legisladorrsquo Este objetivo advinha de uma acepccedilatildeo extremada e distorcida do princiacutepio da divisatildeo dos poderes para o qual a alteraccedilatildeo da intenccedilatildeo do legislador pela do inteacuterprete significava a invasatildeo da competecircncia do Legislativo Estas formas interpretativas aproximaram-se do seu esgotamento na medida em que as relaccedilotildees e estruturas sociais jaacute natildeo mais correspondiam agraves previsotildees normativas O Direito poderia representar engessado como estava um entrave para o desenvolvimento social Evidenciou-se pois a necessidade de formas alternativas de interpretaccedilatildeo I2 A interpretaccedilatildeo histoacuterica socioloacutegica e evolutiva O desenvolvimento da sociedade com correspondentes novos valores exigia soluccedilotildees que para frustraccedilatildeo dos exegetas natildeo se encontrava nos Coacutedigos A vida havia reagido sobre o direito e os fatos haviam se revoltado contra o Coacutedigo Nas palavras de Miguel Reale

ldquoa todo instante apareciam problemas de que os legisladores do Coacutedigo Civil natildeo haviam cogitado Por mais que os inteacuterpretes forcejassem em extrair dos textos uma soluccedilatildeo para a vida a vida sempre deixava um resto Foi preciso entatildeo excogitar outras formas de adequaccedilatildeo da lei agrave existecircncia concretardquo[34]

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Com Savigny nos trabalhos de sua Escola Histoacuterica desenvolve-se o iniacutecio dos trabalhos da interpretaccedilatildeo histoacuterica Para esta corrente o direito natildeo pode ser encontrado de forma homogecircnea em civilizaccedilotildees distintas vez que eacute o produto cultural de um povo Defendia Savigny tambeacutem que o direito natildeo eacute puro produto da razatildeo humana mas que nasce do sentimento de justiccedila do homem e eacute plasmado com esta noccedilatildeo de justo e injusto nas instituiccedilotildees juriacutedicas Outra caracteriacutestica dos partidaacuterios desta escola foi a tentativa de resgate do antigo direito germacircnico com vistas a revivecirc-lo Cite-se por fim que a Escola Histoacuteria valorizava o costume como a solidificada tradiccedilatildeo juriacutedica da sociedade e manifestaccedilatildeo do sentimento e espiacuterito do povo (Volksgeist) A Escola dos Pandectistas na Alemanha e seu representante na Franccedila Gabriel Saleilles fixaram a teoria histoacuterico-evolutiva de interpretaccedilatildeo Para esta escola o inteacuterprete deveria perquirir as condiccedilotildees existentes na eacutepoca da elaboraccedilatildeo da lei e a conclusatildeo a que chegou o legislador O inteacuterprete deveria pois considerado o desenvolvimento social havido tentar verificar qual seria a conclusatildeo do legislador face agraves condiccedilotildees vigentes no momento da anaacutelise O Coacutedigo entatildeo lsquoganharia vidarsquo e assim o Coacutedigo Napoleatildeo (se bem que bastante alterado) ainda hoje estaacute em vigor Para o pandectista Windscheid a ldquointenccedilatildeo possiacutevel do legisladorrdquo deveria ser procurada na eacutepoca em que o inteacuterprete se encontra e natildeo na eacutepoca da emanaccedilatildeo da lei A norma no entender desta escola a partir de seu nascimento descola-se da pessoa do legislador e aceita mutaccedilotildees em seu significado de acordo com as aspiraccedilotildees e fatos sociais do momento do inteacuterprete Defendia assim posiccedilatildeo intermeacutedia entre a vontade do povo e o apego ao texto legal Em que pese a interpretaccedilatildeo mais elaacutestica ao texto legal e uma maior aceitaccedilatildeo dos usos e costumes feitos por esta Escola esta natildeo se afasta tal qual a Escola da Exegese do primado da norma legal As dificuldades com relaccedilatildeo a esta teoria apresentaram-se quando restaram claras as fronteiras da elasticidade do texto legal cuja adaptaccedilatildeo ou atualizaccedilatildeo resultavam de claras artimanhas interpretativas I3 A Escola da Livre Pesquisa do Direito e o Direito Livre Para as escolas ateacute entatildeo desenvolvidas prevalecia o dogma da completude do ordenamento A funccedilatildeo do inteacuterprete era somente ndash em maior ou menor grau - revelar a intenccedilatildeo do legislador

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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As escolas que se seguem como a da Livre Pesquisa do Direito e do Direito Livre atacam justamente tais premissas asseverando a existecircncia das lacunas e atribuindo ao juiz o poder de criar aleacutem e fora dos quadrantes normativos Com efeito no intuito de superar as dificuldades que se colocavam para as teorias interpretativas vigentes Franccedilois Geny lanccedila as bases da Escola da Livre Pesquisa do Direito (Libre Recherche du Droit) Esta escola aceitava a inovaccedilatildeo do ordenamento desde que tal inovaccedilatildeo tivesse por escopo integraacute-lo ou completaacute-lo e desde que seu significado fundamental natildeo fosse alterado Nestes termos Geny aceita as premissas da Escola da Exegese na medida em que crecirc que o inteacuterprete deve se manter fiel agrave intenccedilatildeo do legislador no momento da criaccedilatildeo da lei e que esta natildeo deve ser deformada por trabalhos interpretativos Todavia Geny afasta-se de tal escola ao defender que natildeo sendo possiacutevel uma soluccedilatildeo com base na intenccedilatildeo do legislador deve-se reconhecer a existecircncia de lacunas e apelar para os costumes e analogia como formas de soluccedilatildeo do caso concreto O Direito possui uma base de pressupostos decorrentes da proacutepria existecircncia humana naturais ou sociais ou ainda de outras naturezas (econocircmico poliacuteticas etc) que condicionam a nomogecircnese Eacute o dado (donnet) O legislador subordina os fatos por ele escolhidos como relevantes e determinantes para alcanccedilar certos fins construindo portanto o substrato normativo Eacute o construiacutedo (le construit) Natildeo sendo possiacutevel ao juiz utilizar-se dos costumes e da analogia deve o magistrado dirigir seus esforccedilos para a livre pesquisa do Direito tomando por referecircncia os fatos sociais (o donnet) Para Geny os fatos sociais trazem em si uma regra juriacutedica apropriada que pode ser revelada atraveacutes da anaacutelise de tais fatos[35] O inteacuterprete pois deve realizar o le construit Dialogando com Geny no que tange ao reconhecimento das lacunas Zitelmann paralelamente provava a existecircncia de lacunas e ao mesmo tempo afirmava que as lacunas natildeo poderiam existir Reconhecendo as lacunas da lei Zitelmann aconselha a busca fora da lei para o preenchimento das lacunas nas demais fontes normativas[36] Eugen Erlich lanccedila as bases da corrente designada ldquoLivre Indagaccedilatildeo do Direitordquo (Freies Recht) em sua obra lsquoA Loacutegica dos Juristasrsquo Erlich insurgindo-se contra o monismo das fontes no Direito sustentava que o juiz poderia dar a soluccedilatildeo que entendesse apropriada caso a lei natildeo previsse uma soluccedilatildeo adequada e justa A soluccedilatildeo dada pelo juiz deveria ter por base estudos socioloacutegicos que justificassem tal decisatildeo

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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No mesmo compasso Rudolf Stammler defende a exigecircncia de que o Direito seja justo A partir desta escola o juiz pode efetivamente exercer seu poder criador posto que natildeo mais se encontrava atrelado ao texto da lei Hermann Kantorowicz em sua obra ldquoA luta pela Ciecircncia do Direitordquo radicaliza as teorias de Zitelmann Erlich e Stammler A teoria de Kantorowicz arguia que o juiz deve ser independente da lei e deve julgar conforme sua proacutepria consciecircncia para alcanccedilar um resultado justo ainda que praeter legem ou contra legem Para tanto o juiz deveria receber uma preparaccedilatildeo especial I Hermenecircutica Estrutural Miguel Reale repele a inseguranccedila da corrente hermenecircutica do Direito Livre e propotildee a denominada Hermenecircutica Estrutural Para ele o fim social da norma deve ser o buscado pelo inteacuterprete O trabalho interpretativo deve ser criador de uma construccedilatildeo axioloacutegica observada a estrutura loacutegico-sistemaacutetica do ordenamento As diretrizes desta corrente podem ser assim sumarizadas a) Unidade do processo hermenecircutico

ndash as formas de interpretaccedilatildeo se implicam natildeo havendo ordem necessaacuteria para o inteacuterprete as formas sim satildeo momentos necessaacuterios do processo hermenecircutico

b) Natureza axioloacutegica do ato interpretativo

ndash ldquovaloraccedilatildeo objetiva das proposiccedilotildees normativasrdquo

c) Natureza integrada do ato interpretativo

ndash toda interpretaccedilatildeo deve ser feita tendo-se em conta a estrutura geral do ordenamento no qual a norma se insere

d) Natureza histoacuterico-concreta do ato interpretativo

ndash reconhecimento das condicionantes histoacutericas deve ser considerada a intencionalidade original do legislador e os determinantes axioloacutegicos e faacuteticos posteriores

e) Natureza racional do ato interpretativo

ndash conversatildeo de exigecircncias axioloacutegicas em determinaccedilotildees teleoloacutegicas

f) Natureza econocircmica do processo hermenecircutico

ndash deve-se buscar conciliar ao maacuteximo possiacutevel o modelo juriacutedico com as normas superiores do ordenamento

g) Destinaccedilatildeo eacutetica do processo interpretativo

ndash entre mais de uma interpretaccedilatildeo possiacutevel deve-se escolher a que melhor se adeque aos valores eacuteticos da pessoa e da convivecircncia social

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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h) Limites objetivos do processo hermenecircutico

ndash significaccedilatildeo unitaacuteria e congruente dos modelos positivos ndash compreensatildeo retrospectiva (de fontes) e prospectiva (de modelos)

i) Problematicismo e razoabilidade do processo hermenecircutico

ndash a interpretaccedilatildeo natildeo pode se resumir a criteacuterios de Loacutegica Formal ou a anaacutelises linguiacutesticas

V Outras Correntes Hermenecircuticas Contemporacircneas Cumpre mencionar a existecircncia de correntes contemporacircneas de hermenecircutica chamadas ldquodoutrinas de pensamento problemaacuteticasrdquo Citadas correntes seguem a linha de Geny ao privilegiar a investigaccedilatildeo das circunstacircncias concretas e problemaacuteticas do caso em anaacutelise Inovam todavia ao enfatizar a linguagem Tais correntes e seus respectivos autores intelectuais ou defensores satildeo nomeadamente

ldquo lsquoloacutegica do concreto da controveacutersia do provaacutevelrsquo (Perelman) lsquoloacutegica do razoaacutevelrsquo (Recaseacutens Siches) lsquotoacutepicarsquo (do grego lsquotoposrsquo lugar situaccedilatildeo) (Viehweg) lsquozeteacuteticarsquo () nova retoacuterica anaacutelise semioloacutegica linguiacutestica pragmaacutetica em que se destacam Olivercrona Ross Carrioacute e no Brasil Teacutercio Ferraz Warat Fernando Coelho e muitos outrosrdquo[37]

VI Conclusatildeo Para noacutes de fato a Hermenecircutica tem funccedilatildeo social relevante deve ser um instrumento da sociedade para o desenvolvimento e progresso do homem e do seu bem estar social O Direito neste contexto deve funcionar concomitantemente como catalisador desta evoluccedilatildeo como estabilizador das relaccedilotildees sociais e como realizador dos valores almejados Tal funccedilatildeo deve ser especialmente destacada no Direito Brasileiro no qual grande parte das normas encontra-se ainda alicerccedilada sob a eacutegide de postulados do seacuteculo XIX sob princiacutepios e paradigmas cuja revisatildeo se impotildeem para o alcance de miacutenima justiccedila na sociedade atual globalizada massificada despersonalizada e complexa A dignidade da pessoa humana e os direitos humanos devem ser os lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo a ratio e a telos do processo interpretativo juriacutedico A visatildeo retrospectiva das teorias e correntes sobre a hermenecircutica situadas em seus respectivos momentos histoacutericos e poliacuteticos deve servir de liccedilatildeo e estiacutemulo para o inteacuterprete hodierno

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Liccedilatildeo ao demonstrar o jaacute tatildeo repisado descompasso temporal e (por que natildeo) eacutetico entre o direito posto e os reclamos da vida social o imperativo de flexibilizaccedilatildeo das normas agrave vida com seus novos ou revivescidos valores a distacircncia entre o processo de nomogecircnese tal qual os ditames ideais no plano teoacuterico e o que se efetiva na vida praacutetica mediante os lobbies e trocas de favores poliacuteticos o (mau) uso do Direito e das normas para defesa de interesses egoiacutesticos ou de teorias poliacuteticas totalitaacuterias Estiacutemulo ao se reconhecer na Hermenecircutica o dever de prospecccedilatildeo o instrumental para ajuste reconhecimento e concreccedilatildeo dos valores efetivos e contemporacircneos do grupo social o elemento da vida social reativo sob o influxo (e influenciando) a sociedade no qual se insere no momento presente com vistas ao futuro O inteacuterprete deve ser pois o difusor o elemento ampliador da pobre letra da lei aquele cuja funccedilatildeo seraacute perquirir se a realizabilidade do Direito estaacute consoante a concreccedilatildeo do seu fim de justiccedila e equidade

Quais os tipos de interpretaccedilatildeo Explique cada um

QUESTAtildeO (05)

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I Hermenecircutica e Interpretaccedilatildeo Encontram-se diversas definiccedilotildees de hermenecircutica nas obras a respeito desta mateacuteria A tiacutetulo de exemplo

ldquoA Hermenecircutica tem por objetivo investigar e coordenar por modo sistemaacutetico os princiacutepios cientiacuteficos e leis decorrentes que disciplinam a apuraccedilatildeo do conteuacutedo do sentido e dos fins das normas juriacutedicas e a restauraccedilatildeo do conceito orgacircnico do direito para o efeito de sua aplicaccedilatildeordquo[15]

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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ldquoO termo hermenecircutica tem sido utilizado na doutrina juriacutedica sem suficiente consciecircncia de suas relaccedilotildees (e distinccedilatildeo) em face da noccedilatildeo de interpretar Em nosso entender a hermenecircutica tem um sentido mais geneacuterico e mais preso ao plano teoacuterico (talvez se possa afinal aceitar sua conceituaccedilatildeo como ldquoteoria dos fundamentos do interpretarrdquo)rdquo[16]

Jaacute interpretaccedilatildeo vem definida como

ldquomeio de regras ou processos especiais que procura realizar praticamente estes princiacutepios e estas leis cientiacuteficas (da Hermenecircutica)rdquo[17] ldquoagrave ideacuteia de uma adequada lsquointeligecircnciarsquo dos textos legaisrdquo[18] ldquointerpretar eacute escolher dentre as muitas significaccedilotildees que a palavra oferecer a justa e convenienterdquo (sic)[19] Correntemente nos livros sobre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo haacute uma equiparaccedilatildeo

entre os termos na medida em que a interpretaccedilatildeo seria sinocircnimo de hermenecircutica no seu sentido amplo Haacute tambeacutem uma distinccedilatildeo conquanto a interpretaccedilatildeo seria a traduccedilatildeo da vontade social contida na norma e a hermenecircutica a teoria a doutrina da interpretaccedilatildeo[20]

Miguel Reale natildeo aceita a distinccedilatildeo feita Critica-a por ser ldquode um escolasticismo abstrato que natildeo atende agrave natureza necessariamente concreta do ato interpretativo inseparaacutevel dos meios dialeticamente ordenados para o consecuccedilatildeo dos finsrdquo[21] De fato natildeo nos parece haver qualquer razatildeo ou utilidade cientiacutefica ou praacutetica na distinccedilatildeo entre hermenecircutica e interpretaccedilatildeo razatildeo pela qual os termos satildeo usados de forma intercambiante no presente trabalho I1 Problemas de Interpretaccedilatildeo De haacute muito natildeo se sustenta mais a assertiva de que in claris cessat interpretatio Jaacute se viu que a norma eacute um objeto cultural e como tal composta de valores veiculados via linguagem escrita e captados via sentido de cada indiviacuteduo cognoscente A obtenccedilatildeo do sentido a fixaccedilatildeo da extensatildeo e do alcance do conteuacutedo normativo natildeo satildeo procedimentos simples Mesmo a conclusatildeo de que uma norma eacute clara jaacute eacute resultado do processo interpretativo Assim a necessidade de interpretar as normas juriacutedicas eacute um fato de difiacutecil questionamento I2 Interpretaccedilatildeo no Direito Brasileiro

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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No Direito Brasileiro o juiz natildeo pode se omitir de julgar sob quaisquer pretextos O proacuteprio ordenamento juriacutedico fornece-lhe elementos ou fontes para as quais recorrer Assim no ordenamento paacutetrio haacute normatizaccedilatildeo quanto a conduta a ser seguida pelo inteacuterprete Confira-se

ldquoArtigo 4ordm Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direitordquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil) ldquoArtigo 126 O juiz natildeo se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei No julgamento da lide caber-lhe-aacute aplicar as normas legais nas as havendo recorreraacute agrave analogia aos costumes e aos princiacutepios gerais de direitordquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro) ldquoArtigo 127 O juiz soacute decidiraacute por equidade nos casos previstos em leirdquo (Coacutedigo de Processo Civil Brasileiro)

Natildeo nos parece haver duacutevida tambeacutem na funccedilatildeo a ser perseguida pelo inteacuterprete ao aplicar o Direito ao caso concreto Para os que ainda duvidam do fim visado posto que aferrados ao texto da lei o que melhor que a proacutepria para demonstraacute-lo Veja-se

ldquoArtigo 5ordm Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comumrdquo (Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil)

Para alguns autores o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico foi lsquoorsquo consagrado no Direito Brasileiro Veja-se neste passo os entendimentos de Orozimbo Nonato e Aliacutepio Silveira respectivamente

ldquoVecirc-se no dispositivo traccedilo do meacutetodo teleoloacutegico de Ihering inculcando o legislador ao juiz a necessidade de na adaptaccedilatildeo da norma ao fato atender agraves imposiccedilotildees do fim e da realidade do Direitordquo E a invocaccedilatildeo do bem comum eacute indicativo de tendecircncias frenadoras dos abusos do individualismo ao qual se opotildeem os imperativos de democracia socialrdquo ldquoAssim o artigo 5ordm da Lei de Introduccedilatildeo veio significar dentre outras coisas 1 o decliacutenio da interpretaccedilatildeo puramente literal e silogiacutestica e o conexo repuacutedio agrave

aplicaccedilatildeo mecacircnica do texto legal 2 a rejeiccedilatildeo do predomiacutenio da pesquisa da intenccedilatildeo ou vontade do legislador de

cunho objetivista e com frequecircncia fantasioso substituiacuteda pela procura da vontade da lei e especialmente pela finalidade da lei de caraacuteter objetivista

3 a prevalecircncia do caraacuteter valorativo eacutetico e poliacutetico-social da interpretaccedilatildeo juriacutedica e consequente alargamento desta uacuteltima no sentido do desenvolvimento dos textos de quase uma segunda criaccedilatildeo da regra estabelecida pelo legisladorrdquo[22]

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Aceitamos integralmente que como finalidades da interpretaccedilatildeo estatildeo os seus fins nesta medida aceitamos que subjaz o meacutetodo teleoloacutegico ou axioloacutegico em todo processo hermenecircutico Todavia natildeo nos filiamos integralmente agrave ideacuteia defendida por Orozimbo Nonato e por Aliacutepio Silveira por crer na esteira de Miguel Reale que todos os meacutetodos hermenecircuticos nada mais satildeo que momentos no processo hermenecircutico que eacute uno que natildeo haacute prevalecircncia de um meacutetodo sobre o outro e que no curso do processo natildeo se pode prescindir de qualquer de suas etapas[23] Vale recordar ademais que aacuterduos tecircm sido os trabalhos doutrinaacuterios com vistas a fixar a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos como lsquopostulados-guias hermenecircuticos de todo o ordenamento juriacutedico poliacuteticorsquo Em nosso humilde entendimento este deve ser o principal norte no processo interpretativo[24] concomitantemente sua ratio e sua telos I3 Regras de Interpretaccedilatildeo Alguns conselhos e regras de interpretaccedilatildeo ainda que datem de mais de um seacuteculo atraacutes conformam-se com as ideacuteias de interpretaccedilatildeo modernas constantes neste trabalho Outrossim possuem uma modernidade que justifica a menccedilatildeo dos mesmos no presente como recomendaccedilotildees baacutesicas ao inteacuterprete Reproduzimos tais regras elaboradas por Alexandre Alvares constantes nas liccedilotildees de Cloacutevis Bevilacqua

ldquo1ordm Quanto aos institutos inalterados deve o interprete aplicar as regras juriacutedicas tais quais o legislador as ditou e seguir o processo tradicional da interpretaccedilatildeo mas respeitando o texto legal deve dar-lhe o sentido mais conforme aacutes exigecircncias atuais 2ordm Quanto aos institutos parcialmente modificados a interpretaccedilatildeo deve seguir a nova tendecircncia que neles se manifesta e que se revela claramente nos fatos 3ordm Se o instituto se transformou inteiramente as relaccedilotildees juriacutedicas devem ser interpretadas segundo sua feiccedilatildeo atual 4ordm Se o instituto foi criado apoacutes o aparecimento de uma determinada lei ou de um coacutedigo natildeo deve ser explicado aacute luz de uma ou de outro mas sim aacute luz dos princiacutepios contemporacircneosrdquo (sic) [25]

II4 Classificaccedilatildeo das Espeacutecies de Interpretaccedilatildeo As classificaccedilotildees claacutessicas acerca das espeacutecies de interpretaccedilatildeo dividem-se quanto (a) a fonte ou origem (b) ao resultado e (c) a extensatildeo ou compreensatildeo No que tange a fonte ou origem a interpretaccedilatildeo eacute autecircntica quando emana do proacuteprio legislador judicial quando proveacutem do Poder Judiciaacuterio e doutrinaacuteria se adveacutem de juristas

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Jaacute no que se refere ao resultado divide-se em especificadora ou declarativa restritiva e extensiva A interpretaccedilatildeo eacute declarativa ldquoquando se limita a declarar o pensamento expresso na lei sem ter necessidade de estendecirc-la a casos natildeo previstos ou restringi-la mediante a exclusatildeo de casos inadmissiacuteveisrdquo[26] Dir-se-aacute restritiva quando se concluir que o alcance eacute menor que o da letra da lei (minus scripsit quam voluit) e ampliativa quando maior for seu alcance (plus scripsit quam voluit) Quanto a extensatildeo classifica-se em gramatical loacutegico-sistemaacutetica e histoacuterico-evolutiva Esta classificaccedilatildeo por sua complexidade e importacircncia teacutecnico-juriacutedica seraacute discorrida com mais profundidade no capiacutetulo que se segue

QUESTAtildeO (06)

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Como se daacute a integraccedilatildeo do Direito

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I-Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso

por haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

II O SISTEMA JURIacuteDICO

Sistema eacute uma construccedilatildeo cientifica composta por um conjunto de

elementos que se inter-relacionam mediante regras Essas regras que determinam as relaccedilotildees

entre os elementos do sistema formam sua estrutura

No sistema juriacutedico os elementos satildeo as normas juriacutedicas e sua estrutura eacute

formada pela hierarquia pela coesatildeo e pela unidade a hierarquia vai permitir que a norma

juriacutedica fundamental (a Constituiccedilatildeo Federal) determine a validade de todas as demais normas

juriacutedicas de hierarquia inferior

A coesatildeo demonstra a uniatildeo iacutentima dos elementos (normas juriacutedicas) com

o todo (o sistema juriacutedico) apontando por conexatildeo para ampla harmonia e importando em

coerecircncia a unidade daacute um fechamento no sistema juriacutedico como um todo que natildeo pode ser

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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dividido qualquer elemento interno (norma juriacutedica) eacute sempre conhecido por referecircncia ao

todo unitaacuterio (o sistema juriacutedico)

III- As lacunas nas normas juriacutedicas

Na realidade por mais que as normas juriacutedicas ndash e os legisladores ndash

queiram elas natildeo conseguem acompanhar a dinacircmica de transformaccedilotildees da realidade social

No sistema juriacutedico brasileiro a proacutepria LICC em seu art 4ordm dispotildee que

ldquoquando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a analogia os costumes e os

princiacutepios gerais do direitordquo isto eacute no Brasil o proacuteprio ordenamento juriacutedico jaacute antevendo

sua eventual omissatildeo estipulou regra visando a sanaacute-la

IV- Os meios de integraccedilatildeo A constataccedilatildeo e o preenchimento das

lacunas

Quando o inteacuterprete ao procurar no sistema juriacutedico a norma a ser

aplicada encontra apenas o costume juriacutedico natildeo haacute lacuna pois o costume eacute norma proacutepria

do ordenamento juriacutedico e como tal um elemento que faz parte do sistema Se natildeo haacute lei

mas haacute costume juriacutedico natildeo haacute lacuna

A analogia eacute tratada via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do

raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos

particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral

chega a um particular)

Satildeo exemplos dos princiacutepios gerais do Direito no Brasil a Justiccedila a

dignidade do homem a isonomia a anterioridade para fins de cobranccedila de impostos o

sistema republicano etc Os princiacutepios gerais do Direito satildeo o penuacuteltimo reduto de onde o

inteacuterprete deve retirar a resposta para o problema da lacuna

Caso ele aiacute natildeo a encontre cabe-lhe entatildeo recorrer agrave equidade como

forma uacuteltima de preenchimento da lacuna

Equidade eacute uma colmataccedilatildeo justa da falha do ordenamento juriacutedico

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Diferencie analogia de equidade

QUESTAtildeO (07)

Magalhatildees Noronha (Direito penal v 1 Satildeo Paulo Saraiva 1965 p 83) e Aniacutebal Bruno (Direito penal t 1 Rio de Janeiro Nacional de Direito 1956 p 221) entendem que a interpretaccedilatildeo analoacutegica constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva A rigor no entanto a exegese se denomina extensiva apenas quando se observa em relaccedilatildeo ao texto um conteuacutedo mais amplo A exegese analoacutegica por sua vez natildeo toma este nome em razatildeo de confronto entre a letra e o espiacuterito Pode ateacute ocorrer uma perfeita harmonia entre ambos pois eacute o proacuteprio texto que autoriza a aplicaccedilatildeo analoacutegica a hipoacuteteses tipicamente previstas Veja-se por exemplo a hipoacutetese de homiciacutedio qualificado porque cometido agrave traiccedilatildeo de emboscada ou mediante dissimulaccedilatildeo ou outro recurso que dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido (Coacutedigo Penal art 121 sect 2ordm IV) Como tantas outras traduz uma analogia visivelmente prevista e determinada em texto especiacutefico outro recurso que agrave semelhanccedila do que se passa com a traiccedilatildeo emboscada ou dissimulaccedilatildeo dificulte ou torne impossiacutevel a defesa do ofendido Analogia pode ser conceitualmente definida por

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

I) A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei

II) A analogia difere por seu proacuteprio objeto e finalidade da interpretaccedilatildeo analoacutegica e da interpretaccedilatildeo extensiva

III) A interpretaccedilatildeo analoacutegica natildeo constitui espeacutecie de interpretaccedilatildeo extensiva tendo em vista que natildeo implica necessariamente maior amplitude do espiacuterito da lei em relaccedilatildeo agrave foacutermula empregada Eacute o proacuteprio texto que a indica e a permite Logo natildeo faz sentido falar-se no caso em interpretaccedilatildeo extensiva

IV) A interpretaccedilatildeo analoacutegica e a interpretaccedilatildeo extensiva satildeo perfeitamente vaacutelidas no direito penal brasileiro Extensiva declarativa ou restritiva a exegese aliaacutes eacute sempre legiacutetima a menos que se pretenda amputaacute-la desfigurar-lhe a substacircncia

V) O princiacutepio do in dubio pro reo natildeo se acomoda ao processo interpretativo propriamente dito Natildeo vale como guia ou ponto de partida Ao inteacuterprete eacute defeso inclusive

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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no direito penal servir-se de conceitos aprioriacutesticos que possam obliterar mesmo eventualmente a descoberta da verdade

VI) A analogia in malam partem eacute terminantemente vedada no direito penal brasileiro Impedem-na o Coacutedigo (art 1ordm ) e a Constituiccedilatildeo (art 5ordm XXXIX) que consagram o princiacutepio da reserva legal reflexo de comprovada maturidade poliacutetico-juriacutedica dos nacionais

VII) A analogia in bonam partem a) natildeo estaacute proibida pela Constituiccedilatildeo nem pelo Coacutedigo Penal b) eacute expressamente permitida pelo artigo 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil estendiacutevel ao direito penal paacutetrio em face do silecircncio do respectivo Estatuto c) impotildee-se como medida indispensaacutevel destinada a conciliar a lei com a equumlidade em atenccedilatildeo agrave justiccedila e aos reclamos da moral social

(1ordm) A verdade eacute que em todos os tempos se opina e se decide eventualmente contra a lei em determinadas mateacuterias mesmo em prejuiacutezo do acusado Por exemplo excelentes penalistas dispensam a ocorrecircncia de perigo concreto de dano (dano potencial) na hipoacutetese do crime de embriaguez ao volante in verbis Conduzir veiacuteculo automotor na via puacuteblica sob a influecircncia de aacutelcool ou substacircncia de efeitos anaacutelogos expondo a dano potencial a incolumidade de outrem [ grifei] Penas mdash detenccedilatildeo de 6 (seis) meses a 3 (trecircs) anos multa e suspensatildeo ou proibiccedilatildeo de se obter a permissatildeo ou a habilitaccedilatildeo para dirigir veiacuteculo automotor (Coacutedigo de Tracircnsito Brasileiro art 306) Contentam-se com a direccedilatildeo irregular na via puacuteblica independentemente de existir ou natildeo nas proximidades em estradas vazias uma uacutenica pessoa sequer (outrem na expressatildeo da lei) Transformam iliacutecitos administrativos em crimes de tracircnsito apesar de negarem em tese a possibilidade juriacutedica de crimes de perigo abstrato E haacute os que mais radicais ainda em prejuiacutezo do reacuteu falam justamente em perigo abstrato associado ao simples fato de se dirigir veiacuteculo automotor na via puacuteblica em estado de embriaguez Haveria crime mesmo se natildeo se percebesse aleacutem da proacutepria embriaguez qualquer outra conduta indicativa de infraccedilatildeo de tracircnsito Nessa hipoacutetese e muitas outras como jaacute tive a oportunidade de lembrar institucionalizou-se a anarquia exegeacutetica E sem nenhuma surpresa para os que guardam para si um miacutenimo de espiacuterito criacutetico (Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999)

EXEMPLOS

(2ordm) A lei menciona o emprego de arma em uma das formas de roubo qualificado (CP art 157 sect 2o I) Nada obstante em homenagem agrave subjetividade (temor) da viacutetima era comum reconhecer a mesmiacutessima figura delituosa se o agente se servia de meio fraudulento (arma de brinquedo) para intimidar o ofendido A mateacuteria chegou a constar da suacutemula 174 do Superior Tribunal de Justiccedila in verbis No crime de roubo a intimidaccedilatildeo feita com arma de brinquedo autoriza o aumento da pena A suacutemula foi cancelada em novembro de 2001 Natildeo eacute difiacutecil perceber no entanto a enorme diferenccedila que existe entre a lei penal como projeto de direito e a realidade juriacutedica efetiva e contraditoriamente construiacuteda pelos operadores do sistema

(3ordm) Outro exemplo a lei soacute admite infanticiacutedio (CP art 123) se a conduta visando agrave morte do filho ocorre durante o parto ou logo apoacutes Ainda assim muitos criminalistas dispensam o logo apoacutes e acomodam o delito a qualquer momento apoacutes o parto desde que haja influecircncia

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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do estado puerperal Percebe-se no caso benefiacutecio para a matildee Esta no entanto eacute flagrantemente prejudicada quando procede com simples imprudecircncia ou negligecircncia Parte da doutrina lhe aponta a praacutetica do crime de homiciacutedio culposo em detrimento do princiacutepio da reserva legal Ora admitida essa possibilidade teriacuteamos que imputar-lhe igualmente a lesatildeo corporal seguida de morte com pena de reclusatildeo de quatro a doze anos (CP art 129 sect 3ordm) E o infanticiacutedio que soacute existe na forma dolosa (dolo de matar CP art 123 cc art 18 paraacutegrafo uacutenico) aleacutem da pena de detenccedilatildeo tem limites bem menores de dois a seis anos Conclusatildeo a visatildeo loacutegico-sistemaacutetica do Coacutedigo Penal em parceria e consonacircncia com o meacutetodo hermenecircutico da ponderaccedilatildeo dos bens e valores ou da loacutegica do razoaacutevel soacute poderia nos indicar a visiacutevel atipicidade do homiciacutedio culposo eventualmente cometido sob a influecircncia do estado puerperal

(4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4deg da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento de honoraacuterios (art 20 sect 4deg da lei processual) de jurisdiccedilatildeo voluntaacuteria (art 1109 do Coacutedigo de Processo Civil) e ateacute mesmo implicitamente no arbitramento dos danos (art 51553 do Coacutedigo Civil)

Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do bem comum (art 6deg da Lei ndeg 909995) tal julgamento por equumlidade evidentemente por forccedila de determinaccedilatildeo constante no art 93 IX da Constituiccedilatildeo natildeo dispensa a fundamentaccedilatildeo que o legitima como ato de poder

Como jaacute foi comentado nesta atividade avaliativa a analogia eacute tratada

via de regra pelos loacutegicos dentro do campo do raciociacutenio indutivo A induccedilatildeo como se

sabe eacute o raciociacutenio que partindo de casos particulares chega a uma conclusatildeo geral (ao

contraacuterio da deduccedilatildeo que partindo do geral chega a um particular)

Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um

caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o

limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se

tratando como chegar o conteuacutedo da norma a Lei brasileira utiliza de vaacuterios

instrumentos de integraccedilatildeo como eacute este caso especiacutefico do ldquoQuase-Loacutegicordquo- ou seja eacute

utilizado a partir do bom senso por exemplo uma Analogia do mariacutetimo para o

aeronaacuteutico O mariacutetimo trata de uma forma diferente das condiccedilotildees para a criaccedilatildeo da

norma em relaccedilatildeo ao aeronaacuteutico portanto eacute quase-loacutegico pois estatildeo sendo utilizadas

analogias para situaccedilotildees muito proacuteximas

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra

juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo

do direito onde opera como elemento supletivo da lei

Qual o papel do conflito na decisatildeo juriacutedica

QUESTAtildeO (08)

81 Ciecircncia do Direito e Decicibilidade

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

O problema central da ciecircncia juriacutedica eacute a decidibilidade pois de seus

enunciados decorrem consequumlecircncias programaacuteticas de decisotildees legislativas judiciaacuterias

administrativas contratuais por criar criteacuterios para a aplicaccedilatildeo do direito Em suas

investigaccedilotildees nos problemas que requerem uma soluccedilatildeo a ciecircncia juriacutedica utiliza-se da

argumentaccedilatildeo toacutepica

Segundo Teacutercio Ferraz Juacutenior a institucionalizaccedilatildeo do conflito e do

procedimento decisoacuterio confere aos conflitos juriacutedicos uma qualidade especial eles terminam

Ou seja a decisatildeo juriacutedica eacute aquela capaz de lhes pocircr um fim natildeo no sentido de que os

elimina mas que impede sua continuaccedilatildeo Ela natildeo os termina por meio de uma dissoluccedilatildeo

mas os soluciona pondo-lhes um fim (cf Ballweg 1970105)

Pode-se realizar uma generalizaccedilatildeo que conforme Teacutercio Ferraz Juacutenior o

problema dogmaacutetico do controle na correlaccedilatildeo entre conflito e decisatildeo nos aponta para dois

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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aspectos distintos mas relacionados o interno e o externo O primeiro encara a decisatildeo

juriacutedica como controle com base nos proacuteprios instrumentos que o sistema normativo oferece

(controle-disciplina) O segundo refere-se a instrumentos para a retoacuterica juriacutedica traz para o

sistema (controle-dominaccedilatildeo) Esses dois aspectos satildeo uma projeccedilatildeo da distinccedilatildeo entre

respectivamente poder de direito e poder de fato De um lado tem-se a teoria dogmaacutetica da

aplicaccedilatildeo do direito (aspecto interno) e de outro a teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica

(aspecto externo) Portanto por essas consideraccedilotildees sobre a relevacircncia do conflito na decisatildeo

juriacutedica pode-se afirmar que uma concepccedilatildeo geral da decisatildeo juriacutedica eacute correlata de uma

concepccedilatildeo de conflito juriacutedico e por sua vez os conflitos juriacutedicos tecircm a ver com a

possibilidade de exigecircncia da emissatildeo ou recepccedilatildeo de mensagens caracterizando pois o

conflito juriacutedico a qualidade institucionalizada

Ao encarar a questatildeo da decidibilidade a ciecircncia juriacutedica se articula na

liccedilatildeo de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr em modelos teoacutericos

a) O analiacutetico que vecirc a decidibilidade como uma relaccedilatildeo hipoteacutetica entre

conflito hipoteacutetico e uma decisatildeo hipoteacutetica daiacute ter funccedilatildeo heuriacutestica principalmente

organizadora por criar condiccedilotildees para classificar tipificar e sistematizar fatos relevantes

embora tenha ainda a avaliativa e a de previsatildeo

b) O hermenecircutico que encara a decicibilidade do acircngulo de sua relevacircncia

significativa tendo uma funccedilatildeo heuriacutestica mas primordialmente avaliativa apesar de ter

tambeacutem a organizatoacuteria e a de previsatildeo

c) O empiacuterico que vecirc na decidibilidade uma busca de condiccedilatildeo de

possibilidade de uma decisatildeo hipoteacutetica para um conflito hipoteacutetico Eis porque aleacutem de ter

funccedilatildeo heuriacutestica sobreleva a funccedilatildeo de previsatildeo englobando ainda a organizatoacuteria e a

avaliativa

Haacute portanto uma teacutecnica cientifica A ciecircncia juriacutedica constitui uma

arquitetocircnica de modelos natildeo sendo poreacutem uma mera teacutecnica juriacutedica que corresponde ao

trabalho dos advogados juiacutezes promotores legisladores pareceristas etc que estaacute ligada agrave

criaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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O jurista coloca problemas propondo uma soluccedilatildeo possiacutevel e viaacutevel Isto eacute

assim porque a interpretaccedilatildeo do estudioso do direito pode ser mais ou menos justa ou

adequada agrave pacificaccedilatildeo social mais ou menos eficiente sob acircngulo econocircmico mais ou menos

repudiada pelos doutrinadores e aplicadores do direito que se valem do conhecimento

juriacutedico apesar de suas contrariedades Se tal interpretaccedilatildeo for razoavelmente convincente

diz Faacutebio Ulhoa Coelho utilizando-se de recursos argumentativos aceitos pela comunidade

juriacutedica o jurista construiu um conhecer tecnoloacutegico

O ideal dos juristas eacute descobrir o que estaacute impliacutecito no ordenamento

reformulando-o apresentando-o como um todo coerente e adequando-o agraves valoraccedilotildees sociais

vigentes

82 A funccedilatildeo sistemaacutetica da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia juriacutedica articulada no modelo teoacuterico analiacutetico analisa as figuras

juriacutedicas encadeando-as num sistema para obtenccedilatildeo de decisotildees possiacuteveis preocupando-se

com as questotildees da

a) Procura da norma vigente

b) Validade constitucional faacutetica ideal e eacutetica

c) Estrutura hipoteacutetica da norma

d) Sistematizaccedilatildeo juriacutedica

83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito

A ciecircncia do direito articulada no modelo teoacuterico hermenecircutico surge

como uma teoria hermenecircutica por ter a tarefa de

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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a) O ato interpretativo tem um sentido problemaacutetico de modo que eacute

pressuposto de hermenecircutica juriacutedica a liberdade do inteacuterprete na escolha das muacuteltiplas vias

interpretativas pois deve haver uma interpretaccedilatildeo e um sentido que prepondere pondo um

fim praacutetico agrave cadeia das varias possibilidades interpretativas criando condiccedilotildees para uma

decisatildeo possiacutevel

b) Verificar a existecircncia da lacuna juriacutedica constatando-a e indicando os

instrumentos integradores que levem a uma decisatildeo possiacutevel mais favoraacutevel

c) Afastar contradiccedilotildees ou antinomias juriacutedicas indicando os criteacuterios

idocircneos para solucionaacute-las

84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica

A ciecircncia do direito aparece como teoria da decisatildeo ao assumir o modelo

teoacuterico empiacuterico visto ser o pensamento juriacutedico um sistema explicativo do comportamento

humano regulado normativamente sendo uma investigaccedilatildeo dos instrumentos juriacutedicos de

controle de conduta

Explique a aplicaccedilatildeo e a subsunccedilatildeo da norma

QUESTAtildeO (09)

91- Consideraccedilotildees Iniciais

Os magistrados usam da doutrina juriacutedica ao prolatar suas decisotildees para

justificaacute-las ao dar soluccedilatildeo razoaacutevel aos problemas que lhe satildeo apresentados sempre baseados

no criteacuterio de justiccedila A escolha da norma aplicada pelos oacutergatildeos judicante eacute indicada na

RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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maioria das vezes por ensinamentos doutrinaacuterio-juriacutedicos transmitidos por juristas de

prestiacutegio em seus comentaacuterios ao direito positivo onde apresentam suas interpretaccedilotildees e a

sistematizaccedilatildeo juriacutedica Por tal razatildeo a doutrina eacute sem duvida um ponto de apoio ao

Judiciaacuterio em sua funccedilatildeo de distribuir a justiccedila visto que todo juiz procura dar sentenccedilas bem

fundamentadas e justas para que natildeo venham a sofrer ulterior modificaccedilatildeo ou reforma na

segunda instacircncia

Agrave luz dos argumentos teoacutericos supracitados o Juiz escolheraacute o fato como

uma Interpretaccedilatildeo do evento a decisatildeo parte de uma consciecircncia de informaccedilatildeo e o

sofrimento leva a um momento de decisatildeo e por sua vez a emissatildeo da imagem

Na Teoria Claacutessica eacute de acordo como o fato se encaixava na norma (se

Joatildeo num ato de fuacuteria e sumiu com o corpo e com todos os vestiacutegios) caso seja comprovado

o homiciacutedio segundo a Constituiccedilatildeo Federal logo ocorreraacute Pena de cinco a seis anos neste

caso especiacutefico no qual Joatildeo sumiu com o corpo e todos os vestiacutegios que comprovariam a

morte de sua esposa o Direito na Teoria Claacutessica achava-se Deus pela simples ocorrecircncia do

mundo faacutetico

O problema da Teoria Claacutessica eacute que o Direito era onisciente onipresente

Comeccedilou-se a Interpretar soacute a subsunccedilatildeo da norma se haacute um relato em

Linguagem Apropriada (provas do homiciacutedio inqueacuterito autos de infraccedilatildeo) A decisatildeo ateacute

chegar a emissatildeo para trabalhar com a norma em Linguagem apropriada com elementos do

tipo local onde aconteceu a jurisprudecircncia para o juiz saber em que direccedilatildeo iraacute aplicar a

norma corretamente

92- Aplicaccedilatildeo do direito

Eacute a aplicaccedilatildeo da norma geral ao caso individual A tarefa da subsunccedilatildeo

apresenta duas dificuldades

a) A falta de informaccedilatildeo sobre os fatos do caso que eacute solucionada por

presunccedilotildees legais e pelo ocircnus probandi

b) Indeterminaccedilatildeo semacircntica dos conceitos gerais contido na norma

resolvida pela introduccedilatildeo de definiccedilotildees explicitas Daiacute a necessidade da interpretaccedilatildeo para

saber qual a norma que incide sobre o caso sub judice

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Integraccedilatildeo

- se oacutergatildeo judicante natildeo encontra a norma aplicaacutevel ao caso por

haver lacuna deveraacute aplicar os arts 4ordm e 5ordm da Lei de introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil para

preenchecirc-la Trata-se de da integraccedilatildeo que eacute um desenvolvimento aberto do direito dirigido

metodicamente

Art 4o Quando a lei for omissa o juiz decidiraacute o caso de acordo com a

analogia os costumes e os princiacutepios gerais de direito

Art 5o Na aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se

dirige e agraves exigecircncias do bem comum

Correccedilatildeo

- Se o magistrado natildeo pode subsumir o fato a nenhuma norma

por haver incoerecircncia no sistema ante existecircncia de vaacuterias soluccedilotildees incompatiacuteveis ou seja de

antinomia deve lanccedilar matildeo de uma interpretaccedilatildeo corretiva

A doutrina tradicional analisa a decisatildeo juriacutedica atendendo agrave questatildeo da

construccedilatildeo do juiacutezo deliberativo pelo juiz ou autoridade nela vislumbrando uma operaccedilatildeo

dedutiva ou construccedilatildeo silogiacutestica onde a norma geral seria a premissa maior o caso conflito

a premissa menor e a conclusatildeo a decisatildeo

Trata-se do problema da subsunccedilatildeo onde a grande dificuldade seria

segundo Engisch encontrar a premissa maior ante o fato de haver normas que se

completam ou se excluem

Sob esse aspecto na decisatildeo juriacutedica haveraacute dois problemas o da

qualificaccedilatildeo juriacutedica e o das regras decisoacuterias

a) Da qualificaccedilatildeo juriacutedica que natildeo eacute faacutecil ante 1) a vaguidade e

ambiguumlidade dos conceitos gerais contidos na norma que por tal razatildeo requerem o emprego

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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de conceitos teacutecnicos introduzidos por meio de definiccedilotildees explicativas 2) a falta de

informaccedilatildeo sobre os fatos do caso remediada pelas presunccedilotildees legais e onus probandi

b) Das regras decisoacuterias pois a decisatildeo natildeo surge arbitraria e

automaticamente ante a imprescindibilidade da prova a existecircncia de teacutecnica probatoacuteria a

proibiccedilatildeo do non liquet e o principio da legalidade que vincula o decididor agrave lei e ao direito

mas como haacute casos em que o aplicador pode decidir mediante avaliaccedilotildees proacuteprias a teoria

juriacutedica procura delinear os conceitos indeterminados normativos e discricionaacuterios dando-

lhes o conteuacutedo estimativo atendo-se agrave valoraccedilatildeo positiva vigente na sociedade

Portanto a Funccedilatildeo do Direito segundo Teacutercio Sampaio Ferraz Juacutenior o

Direito eacute o conteuacutedo da linguagem O Direito eacute fundamentado como uma decisatildeo justa de ser

aplicada e a seguranccedila possiacutevel juriacutedica que esta se baseia nas decisotildees para ser justo A

Justiccedila e a seguranccedila precisam uma da outra e para uma delas atuar a outra tambeacutem deve

atuar- o inteacuterprete deve se basear o que jaacute foi interpretado e o inteacuterprete deve ser livre para

interpretar caso contraacuterio estariacuteamos em situaccedilotildees passadas

Prova e Linguagem Relacione

QUESTAtildeO (10)

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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RESPOSTA ANALIacuteTICO-EXPOSITIVA

PRIMEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE SEMAcircNTICA I - Introduccedilatildeo Dois dos ramos mais importantes da linguumliacutestica tratam diretamente das palavras a etimologia que eacute o estudo da origem das palavras e a semacircntica que eacute o estudo do significado das palavras Das duas a etimologia eacute uma disciplina jaacute enraizada e haacute muito difundida enquanto que a semacircntica eacute relativamente recente A especulaccedilatildeo feita em torno da origem das palavras teve especial importacircncia na antiga filosofia grega em particular a importante contribuiccedilatildeo de Platatildeo em seus estudos intitulados Craacutetilo Havia duas escolas de pensamento rivais os naturalistas que acreditavam existir uma relaccedilatildeo intriacutenseca entre o som e o sentido e os convencionalistas que sustentavam ser a relaccedilatildeo puramente arbitraacuteria Quando no seacuteculo I antes de Cristo Varratildeo codificou a gramaacutetica latina considerou a etimologia como uma das trecircs principais divisotildees dos estudos linguumliacutesticos ao lado da morfologia e da sintaxe Sendo certo que os meacutetodos etimoloacutegicos ateacute ao seacuteculo XIX continuaram a natildeo ser cientiacuteficos mas o proacuteprio contributo etimoloacutegico manteve sempre uma posiccedilatildeo chave no estudo da linguagem Ateacute muito mais tarde natildeo se sentiu a necessidade de uma ciecircncia autocircnoma do significado foi apenas no seacuteculo XIX que a semacircntica como uma divisatildeo importante da linguumliacutestica surgiu e recebeu seu nome moderno Natildeo significa contudo dizer que os Antigos fossem indiferentes aos problemas do significado Fizeram vaacuterias observaccedilotildees acerca do emprego e do sentido das palavras e mencionaram diversos aspectos fundamentais da mudanccedila semacircntica O estudo moderno da linguagem (1) tendo por meta os niacuteveis de investigaccedilatildeo necessariamente passa pela abordagem dos signos linguumliacutesticos que como menor unidade de qualquer sistema de linguagem corresponde agrave base do trabalho de hermenecircutica Os signos como unidades de qualquer sistema linguumliacutestico estatildeo presentes independentemente da forma pela qual se expressa a comunicaccedilatildeo Na linguagem do direito enquanto normas de conduta posto natildeo ser admitido em nosso sistema a constituiccedilatildeo de regras juriacutedicas atraveacutes da simples verbalizaccedilatildeo se apresentam na maioria das vezes na forma escrita representando pelas leis latu sensu e pelas decisotildees judiciais Enquanto considerado natildeo soacute como regras de conduta mas em toda sua amplitude incluindo-se neste particular os atos praticados com respaldo na faculdade de agir conferida pela lei ou para dirimir a soluccedilatildeo dos conflitos os signos linguumliacutesticos tambeacutem se apresentam

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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verbalmente fatos que ocorrem com maior frequumlecircncia no direito processual atraveacutes da sustentaccedilatildeo oral dos advogados nos tribunais da inquiriccedilatildeo das testemunhas no apregoamento das partes para ter iniacutecio a audiecircncia e em muitos outros atos praticados no decorrer do processo e que exteriorizados satildeo registrados para fins de prova sua concretizaccedilatildeo Por outro lado em que pese a semelhanccedila dos signos com a palavra escrita ou verbal este natildeo corresponde e natildeo se confunde com esta tendo em vista que corresponde a menor unidade de um sistema de linguagem estando presente em qualquer meio de comunicaccedilatildeo mesmo atraveacutes da miacutemica onde o diaacutelogo eacute mantido atraveacutes de gestos efetuados entre os interlocutores correspondendo a verbalizaccedilatildeo ou escrituraccedilatildeo as formas possiacuteveis que se revestem Para a completa compreensatildeo dos signos na estrutura da linguagem deve-se ter em mente que eacute uma entidade loacutegica dotada de suporte fiacutesico correspondente a mateacuteria concreta pela qual se exterioriza um significado que eacute o seu equivalente no mundo exterior e uma significaccedilatildeo que eacute a ideacuteia ou noccedilatildeo que elaboramos em nossa mente do objeto representado Quanto ao significado este encontra-se intimamente unido ao suporte fiacutesico sendo seu correspondente no mundo exterior tomando-se por base direito como sistema de linguagem enquanto ciecircncia natildeo se restringe este apenas ao texto da lei mas a todo estudo tendo por temaacutetica a interaccedilatildeo do homem na sociedade correspondendo a todo e qualquer objeto de existecircncia concreta ou imaginaacuteria presente ou passado de produccedilatildeo natural ou artificial II - Anaacutelise Semacircntica A semioacutetica distingue trecircs planos de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos a anaacutelise semacircntica a sintaacutetica e a pragmaacutetica Na anaacutelise semacircntica o campo de estudo eacute o viacutenculo do signo com a realidade que exprime onde o objetivo da investigaccedilatildeo eacute procurar destacar dentre diversos possiacuteveis o significado correto dos signos distinguindo e eliminando os demais que a ele se encontram associados procurando extrair ao maacuteximo toda a imprecisatildeo natural dos termos na maior parte oriundos da linguagem natural Desta forma a anaacutelise semacircntica de qualquer dispositivo legal implica na busca de sua conotaccedilatildeo e denotaccedilatildeo primeiramente para estabelecer a relaccedilatildeo dos termos por ela empregados alcanccedilando o conjunto de objetos que representa ou seja delimitando sua extensatildeo A denotaccedilatildeo por sua vez surge posteriormente agrave conotaccedilatildeo agrave medida que passamos a predicar a determinado termo conjunto de propriedades que o distingue dos demais Sob o aspecto semacircntico as palavras (termos ou expressotildees linguumliacutesticos) satildeo consideradas em sua dimensatildeo de referecircncia agrave realidade busca-se assim o sentido ou significado dos siacutembolos Ou seja investiga-se a parcela da realidade representada pelas

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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palavras Nesse contexto o termo mesa significa determinado objeto plano a certa altura do chatildeo As imprecisotildees naturais acima descritas podem como jaacute foi dito estar relacionadas agrave conotaccedilatildeo (2) (ambiguumlidade) ou agrave denotaccedilatildeo (3) (vagueza) Considerando-se que as normas juriacutedicas satildeo expressas atraveacutes de oraccedilotildees ou enunciados na atividade interpretativa das mesmas eacute rariacutessimo deparar-se com ambiguumlidades porquanto os termos juriacutedicos (palavras ou expressotildees) viratildeo sempre contextualizados (4) Por outro lado a interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo poucas vezes enfrenta termos e expressotildees vagos ou seja depara-se com palavras denotativamente imprecisas Cabe lembrar tambeacutem que os principais trabalhos exclusivamente semacircnticos na linguagem do direito satildeo dicionaacuterios teacutecnicos que procuram estabelecer o significado dos signos linguumliacutesticos informando os diversos significados que estatildeo agregados aos termos juriacutedicos Contudo evidente que a semacircntica na linguagem do direito natildeo se restringe apenas a dicionaacuterios teacutecnicos juriacutedicos podendo-se ateacute afirmar que trabalhos dessa natureza decorrem da dinacircmica do direito representando pela constante instituiccedilatildeo de leis e com estas novos termos para representar os fatos sociais e os objetos juriacutedicos tutelados bem como pela proacutepria jurisprudecircncia que progressivamente vai estabelecendo a definiccedilatildeo de determinados termos integrados a linguagem do direito Natildeo raro observa-se que determinados textos legais procuram definir o significado dos signos linguumliacutesticos empregados realizando a proacutepria lei um trabalho semacircntico praacutetica que embora seja defendida por alguns outros de forma veemente condenam por entender que a partir do momento em que o texto normativo passa a definir o alcance dos signos utilizados estaraacute restringindo sua extensatildeo natildeo soacute no espaccedilo como tambeacutem no tempo restringindo o exerciacutecio de interpretaccedilatildeo Face agraves consideraccedilotildees de ordem interpretativa interessante e oportuna a menccedilatildeo ao campo de aplicaccedilatildeo dentro do direito Com a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil Francecircs tambeacutem conhecido como Coacutedigo Napoleocircnico em 1804 a aplicaccedilatildeo do direito passou a ser vista como um procedimento loacutegico-formal Trata-se da continuidade de uma tradiccedilatildeo dos seacuteculos XVI XVII e XVIII a ideacuteia de sistema como um meacutetodo como um instrumento metoacutedico do pensamento sistemaacutetico do direito A esta caracteriacutestica eacute que se liga segundo o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr o chamado procedimento-construtivo e o dogma da subsunccedilatildeo (5) As limitaccedilotildees do positivismo juriacutedico do seacuteculo XIX revelam-se poreacutem quanto a dois aspectos baacutesicos Primeiramente quanto agrave insuficiecircncia de estudos puramente sistemaacuteticos e normativos no ensino juriacutedico tradicional eis que a aplicaccedilatildeo do direito exige conforme fez anotar Genaro R Carrioacute o conhecimento de pautas de valores fundados na Economia Sociologia Poliacutetica e Antropologia para mencionar apenas os ramos mais importantes das ciecircncias sociais vinculadas ao Direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Por outro lado a aplicaccedilatildeo do direito enquanto decisatildeo juriacutedica de conflitos sociais natildeo pressupotildee apenas um raciociacutenio de iacutendole formalista fundado na Loacutegica Claacutessica ao contraacuterio o mesmo encontra-se intimamente vinculado a discursos que articulem valores que natildeo se confundem com evidecircncias racionais ou empiacutericas (pressupostos baacutesicos da aplicaccedilatildeo do raciociacutenio silogiacutestico dedutivo ou indutivo) Para o Professor PhDTeacutercio Ferraz Juacutenior a prova juriacutedica traz consigo inevitavelmente seu caraacuteter eacutetico e por sua vez o problema da prova dos fatos relaciona-se a difiacutecil e discutida questatildeo da causalidade no Direito (cf Vilanova 1985) A questatildeo proposta oculta uma tese sobre a proacutepria liacutengua e sua relaccedilatildeo designativa que se discute ao falar dos problemas do fundamento da traduccedilatildeo e da interpretaccedilatildeo Pela carga cultural-axioloacutegica da Ciecircncia do Direito contida nas normas postas (ou pressupostas) a revelaccedilatildeo de seu conteuacutedo e alcance natildeo eacute de faacutecil realizaccedilatildeo Questotildees outras como o sentido e a linguagem ganham relevacircncia no processo revelatoacuterio Dada a carga e experiecircncia individuais e diversas de cada ser cognoscente o espiacuterito humano ao buscar captar o sentido de determinado objeto cultural poderaacute concluir de forma natildeo coincidente quanto ao seu conteuacutedo ou alcance do mesmo Outrossim pela imbricaccedilatildeo e retroalimentaccedilatildeo entre cultura e sentido conclui-se de forma acertada em nossa opiniatildeo que o sentido eacute inesgotaacutevel[13] A linguagem como veiacuteculo de comunicaccedilatildeo e vetor de sentido(s) tem de ser utilizada pelo Direito Em que pesem as boas intenccedilotildees a linguagem utilizada no objeto da Ciecircncia do Direito eacute polissecircmica e estaacute eivada de imprecisotildees sendo mais um fator de dificuldade na compreensatildeo da norma juriacutedica[14] Do exposto vecirc-se que o objeto cultural da Ciecircncia do Direito eacute denso rico e complexo em seus elementos intriacutensecos e extriacutensecos bem como no todo assim considerado O papel do Direito pois eacute fator de evoluccedilatildeo social cabendo nesta atuaccedilatildeo funccedilatildeo altamente importante para a hermenecircutica III - Conclusatildeo A conclusatildeo finalmente eacute de que na anaacutelise semacircntica deve-se considerar cada objeto de estudo como um signo integrante da linguagem do direito quer corresponda a um termo juriacutedico a um dispositivo de lei ao texto legal ou a todo ordenamento juriacutedico em sua totalidade Natildeo obstante tal fato a anaacutelise semacircntica seja qual for o signo que tenha por objeto jamais pode ser efetuada isoladamente do contexto e sua importacircncia reside na possibilidade de eliminar a ambiguumlidade e imprecisatildeo que os termos de uma norma juriacutedica podem apresentar permitindo alcanccedilar a exatidatildeo que deve corresponder o direito enquanto sistema normativo constituindo em um dos instrumentos que podem possibilitar o alcance da certeza que deve residir na aplicaccedilatildeo da lei

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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-------------------------------------------------------------------------------- SEGUNDA PARTE ndash ANAacuteLISE SINTAacuteTICA I - Introduccedilatildeo A anaacutelise sintaacutetica ao lado da semacircntica e da pragmaacutetica corresponde a outro plano de investigaccedilatildeo dos signos linguumliacutesticos onde o ponto central de observaccedilatildeo eacute sua relaccedilatildeo com os demais que integram o sistema Assim tendo em vista o significado linguumliacutestico contido em determinado signo ou seja seu conceito atraveacutes da anaacutelise semacircntica a investigaccedilatildeo desloca-se para a relaccedilatildeo formal como os demais integrantes do sistema onde se encontra situado imperando nesse particular as regras de sintaxe representadas sobretudo pela gramaacutetica A razatildeo fundamental eacute que os signos linguumliacutesticos natildeo satildeo utilizados ao acaso e de acordo com a conveniecircncia do emissor mas devem ser obedecidas as regras convencionalmente estabelecidas para que dispostos com observacircncia delas seja possiacutevel natildeo soacute ao emissor formular sua mensagem como tambeacutem ao receptor decodificar e apreender seu conteuacutedo Nesse sentido pode-se afirmar que a anaacutelise sintaacutetica no trabalho da interpretaccedilatildeo tem seu campo restrito agrave relaccedilatildeo dos signos entre si sem se preocupar com o significado situando-se apenas no plano formal do sistema de linguagem Tendo em vista que na linguagem do direito a expressatildeo oral eacute feita atraveacutes da escrita as regras a serem observadas satildeo as provenientes da gramaacutetica procurando a investigaccedilatildeo verificar se corretamente foram empregados os termos dentro de uma proposiccedilatildeo a niacutevel de concordacircncia entre sujeitos objeto predicado adveacuterbios e assim por diante de acordo com as regras vigentes para o idioma nacional Nota-se portanto que a semacircntica prescinde da sintaacutetica agrave medida que o emprego incorreto dos termos natildeo soacute apresentam-se como erro esteacutetico como tambeacutem impossibilitaraacute a adequada interpretaccedilatildeo do texto distanciando o emissor involuntariamente do sentido da mensagem que pretendia transmitir II - Anaacutelise Sintaacutetica A anaacutelise sintaacutetica desmembra os elementos componentes de uma frase examinando sua estrutura dividindo periacuteodo em oraccedilotildees e estas nos seus termos essenciais integrantes e acessoacuterios Assim toda frase deve conter uma correta justaposiccedilatildeo de vocaacutebulos uma perfeita construccedilatildeo sintaacutetica para que cumpra seu papel de comunicaccedilatildeo

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Sob o aspecto sintaacutetico investigam-se os siacutembolos linguumliacutesticos formalmente considerados quer em si mesmos quer nas relaccedilotildees entre si Por exemplo na frase A mesa eacute de madeira do ponto de vista da sintaxe interessa identificar morfologicamente cada palavra (a eacute um artigo mesa eacute um substantivo eacute eacute um verbo e assim por diante) Aleacutem disso eacute nesse contexto que se coloca a gramaacutetica enquanto regras formais a serem observadas na fala Conforme jaacute dito a respeito dos planos de investigaccedilotildees baacutesicos da semioacutetica (sintaxe semacircntica e pragmaacutetica) tais partes natildeo se excluem sendo separadas apenas sob o aspecto didaacutetico Esta regra serve tambeacutem com relaccedilatildeo agrave sintaxe e a lexicologia Eacute da anaacutelise dos padrotildees frasais que trata a parte da gramaacutetica tradicionalmente chamada Sintaxe ao lado da Morfologia que depreende os morfemas gramaticais e a sua integraccedilatildeo nas unidades fixas chamadas vocaacutebulos Haacute que se ressaltar a importacircncia do estudo da forma das frases que conforme o Prof Paulo de Barros Carvalho (6) se daacute basicamente nos quadros da sintaxe podendo ser distribuiacuteda por trecircs sub-capiacutetulos sintaxe de concordacircncia de subordinaccedilatildeo ou regecircncia e de colocaccedilatildeo Alguns autores apresentam seis classes de frases segundo sua forma quais sejam frases declarativas interrogativas exclamativas (abrangendo as optativas e imprecativas) e as imperativas Contudo deve-se observar que nem sempre existe correspondecircncia entre as formas de frase e diversas funccedilotildees que cumprem na comunicaccedilatildeo humana pois estas natildeo se prendem a formas determinadas A importacircncia da sintaxe no discurso juriacutedico pode ser destacada a partir da elementar interpretaccedilatildeo do conceito ldquodireito A interpretaccedilatildeo juriacutedica que natildeo se confunde com o mero conhecimento sintaacutetico do texto legal vez que dela se utiliza para o conhecimento inicial do texto e consequentemente uma perfeita determinaccedilatildeo do sentido ou dos vaacuterios sentidos e alcance das expressotildees do direito faz-se necessaacuteria natildeo somente aos textos obscuros defeituosos duvidosos ambiacuteguos envolvendo meacutetodos cientiacuteficos Nas disposiccedilotildees cujo sentido eacute o expresso na lei o trabalho eacute menor mas existe sempre Ateacute porque a verificaccedilatildeo de sua clareza pressupotildee o uso preliminar da exegese Ademais o alcance de um artigo de lei se percebe do confrontamento com outros artigos isto eacute se faz uso do meacutetodo sistemaacutetico Nota-se portanto que a sintaxe como os demais niacuteveis de investigaccedilatildeo da linguagem (semacircntica e pragmaacutetica) eacute ferramenta valorosa na interpretaccedilatildeo das proposiccedilotildees juriacutedicas normativas maacutexime em si mesmas (principalmente atraveacutes do meacutetodo gramatical) ou entre elas (basicamente pelo meacutetodo sistemaacutetico em sentido amplo abrangendo proposiccedilotildees normativas de um mesmo diploma ou de outros diplomas sempre dentro de um mesmo sistema juriacutedico)

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Segundo o Eminente Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr (7) que inclui de certa forma parte da lexicologia (8) no tema da sintaxe os problemas sintaacuteticos referem-se a questotildees de conexatildeo das palavras nas sentenccedilas questotildees leacutexicas agrave conexatildeo de uma expressatildeo com outras expressotildees dentro de um contexto questotildees loacutegicas e agrave conexatildeo das sentenccedilas num todo orgacircnico questotildees sistemaacuteticas Quanto agrave questatildeo leacutexica o ilustre professor acima mencionado afirma que se parte do pressuposto de que a ordem das palavras e o modo como elas estatildeo conectadas satildeo importantes para obter o correto significado da norma muito embora por se tratar de uma linguagem natural duacutevidas podem surgir Assim a interpretaccedilatildeo gramatical (9) eacute apenas o ponto de partida o instrumento de que se utiliza o jurista para a demonstraccedilatildeo do problema e natildeo para resolvecirc-lo Ressalte-se a importacircncia de determinadas partiacuteculas que servem para interligar as proposiccedilotildees normativas e as partes constituintes de uma proposiccedilatildeo Segundo o Prof Lourival Vilanova (10) as partiacuteculas loacutegicas e ou se natildeo se referem a nenhum objeto do mundo Seu papel eacute puramente sintaacutetico o de relacionar proposiccedilotildees Nem todas as partiacuteculas gramaticais que tecircm papel sintaacutetico-gramatical tecircm relevacircncia formal Agraves vezes satildeo ambiacuteguas outras abrigam vaacuterias funccedilotildees de acordo com a estrutura gramatical ou diferindo vocabularmente tecircm significado equivalente (satildeo permutaacuteveis por sinoniacutemia) Quanto agrave questatildeo dos problemas loacutegicos que exigem interpretaccedilatildeo loacutegica entende o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr que se parte do pressuposto de que a conexatildeo de uma expressatildeo normativa com as demais do contexto eacute importante para a obtenccedilatildeo do significado correto embora possa ocorrer o descumprimento do princiacutepio loacutegico da identidade quando num mesmo diploma legal usa-se o mesmo termo em normas distintas com consequumlecircncias diferentes As questotildees relativas agrave constitucionalidade das normas infraconstitucionais satildeo de ordem sintaacutetica pois se referem agrave compatibilidade de normas juriacutedicas dentro do sistema juriacutedico Observe-se entretanto que a atividade interpretativa natildeo se limita a extrair o sentido e o alcance da norma mas eleger qual dos sentidos ou das possiacuteveis soluccedilotildees eacute a mais adequada uacutetil ou justa para a vida social o que evidentemente pressupotildee aleacutem de uma anaacutelise sintaacutetica uma semacircntica e uma pragmaacutetica do texto normativo Nesse sentido merece destaque conforme Anamaria Loumlwenthal (11) seguindo M Pecirccheux que as palavras expressotildees proposiccedilotildees mudam de sentido em referecircncia a essas posiccedilotildees isto eacute em referecircncia agraves formaccedilotildees ideoloacutegicas em que se inscrevem Portanto o jurista natildeo pode assumir um papel meramente sintaacutetico na interpretaccedilatildeo dos textos normativos Natildeo haacute no nosso entendimento um jurista sintaacutetico um semacircntico e outro pragmaacutetico porque a sintaxe encontra seu complemento necessaacuterio na semacircntica e esta na pragmaacutetica Satildeo facetas de uma mesma realidade

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Ademais deve-se ressaltar que o direito natildeo se resume a proposiccedilotildees normativas como artigos de lei contratos e sentenccedilas sendo a sintaxe um instrumento uacutetil tambeacutem para analisar as proposiccedilotildees descritivas do direito Finalmente outro aspecto que merece algum relevo eacute o que trata da anaacutelise sintaacutetica das proposiccedilotildees juriacutedicas Diz respeito agrave forma em que estas se apresentam (imperativas declarativas) muito embora como afirmado anteriormente as formas nem sempre correspondem agraves verdadeiras funccedilotildees da linguagem fornecendo apenas precaacuterios indiacutecios sobre estas III - Conclusatildeo Do acima exposto conclui-se que a anaacutelise puramente sintaacutetica dos signos da linguagem do direito somente ocorre quando se tem por base determinado termo de uma norma juriacutedica onde se pode simplesmente analisaacute-la tendo por criteacuterio as regras da gramaacutetica A partir desse plano ao pretender-se efetuar anaacutelise mais abrangente tendo por campo de investigaccedilatildeo uma norma em relaccedilatildeo agrave lei ou esta em face do ordenamento a anaacutelise puramente sintaacutetica eacute extremamente difiacutecil uma vez que eacute impossiacutevel a investigaccedilatildeo da relaccedilatildeo de uma norma com outra sem que sejam primeiramente estabelecidos os significados destas Nesse sentido coloca-se a teoria de Kelsen (12) somente ocorrendo anaacutelise sintaacutetica se considerarmos que um signo da linguagem do direito estaraacute sintaticamente adequado com outro do sistema quando este for seu fundamento de validade enquanto observados os procedimentos nele estabelecidos para instituiccedilatildeo daquele e enquanto integrado ao sistema atraveacutes de autoridade com competecircncia por ele delegada Finalmente isso natildeo quer dizer que basta que a norma tenha correspondecircncia material com as que lhe satildeo superiores para ter validade mas acima de tudo que sua validade reside tambeacutem na observacircncia tanto da semacircntica quanto da sintaacutetica para que seja capaz de integrar o ordenamento impondo rejeiccedilatildeo da norma natildeo soacute quando formalmente natildeo possua pressuposto de validade (anaacutelise sintaacutetica) quando tambeacutem seja contraacuteria aos valores juridicamente tutelados (anaacutelise semacircntica) -------------------------------------------------------------------------------- TERCEIRA PARTE ndash ANAacuteLISE PRAGMAacuteTICA I - Introduccedilatildeo Hodiernamente o tema da anaacutelise pragmaacutetica eacute de grande relevacircncia tendo em vista agravess raacutepidas transformaccedilotildees sociais nas relaccedilotildees juriacutedicas e o acesso a informaccedilatildeo mundial via

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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internet entre outras pois sua finalidade eacute fazer com que apoacutes emitida uma mensagem em determinada linguagem seja recebida e consequumlentemente entendida pelo destinataacuterio A anaacutelise pragmaacutetica se utiliza basicamente da relaccedilatildeo existente entre os signos e as pessoas que deles se utilizam Eacute essencial para que a comunicaccedilatildeo possa surtir os efeitos desejados ou seja que o destinataacuterio compreenda como jaacute foi dito a mensagem e tendo compreendido possa repeti-la nos exatos termos sem que haja um desvio de sua real intenccedilatildeo II - Anaacutelise Pragmaacutetica Pragmaacutetica cuja origem eacute grega pragmatikoacutes significa a relaccedilatildeo existente entre os sinais estudados pela semioacutetica ou semiologia com as pessoas que se utilizam desses sinais Eacute a relaccedilatildeo entre a pessoa que fala e o que ela estaacute falando Eacute na verdade o proacuteprio uso da linguagem (13) O Prof Paulo de Barros Carvalho (14) interpretando Pierce e Charles Morris quando tratam de Signo Linguagem e Conduta destaca planos na investigaccedilatildeo dos sistemas siacutegnicos dentre eles o pragmaacutetico no qual se examina a relaccedilatildeo do signo como os utentes da linguagem (emissor e destinataacuterio) E continua o plano pragmaacutetico que eacute de extrema fecundidade sendo infinitas as formas de utilizaccedilatildeo dos signos pelos sujeitos da comunicaccedilatildeo em termos de produzir mensagens Segundo o Prof Teacutercio (15) a anaacutelise pragmaacutetica eacute como definimos o uso do termo tendo em vista a relaccedilatildeo do termo por quem e para quem o uso Sob o aspecto pragmaacutetico interessam os efeitos interacionais que o uso da linguagem produz entre os membros de uma comunidade linguumliacutestica vale dizer estudam-se as relaccedilotildees sociais que se instauram atraveacutes do uso concreto da linguagem Portanto ressaltando-se a importacircncia dos aspectos pragmaacuteticos da linguagem juriacutedica torna-se fundamental afirmar que diante de textos normativos denotativamente imprecisos (vagos) torna-se necessaacuterio o recurso agrave argumentaccedilatildeo (16) enquanto raciociacutenio que visa agrave aplicaccedilatildeo das normas juriacutedicas aos casos concretos Deste modo a aplicaccedilatildeo do direito natildeo se procede mediante demonstraccedilatildeo (raciociacutenio tipicamente loacutegico formal que pressupotildee que o direito articule evidecircncias empiacutericas ou racionais) mas atraveacutes de argumentaccedilatildeo Nesse sentido o processo argumentativo natildeo tem como ponto de partida evidecircncias (juiacutezos de realidade) mas sim juiacutezos de valor que satildeo resgatados atraveacutes das normas juriacutedicas A argumentaccedilatildeo no direito pressupotildee a articulaccedilatildeo de um discurso (17) com vistas a persuadir o oacutergatildeo responsaacutevel pela decisatildeo ou ainda o oacutergatildeo responsaacutevel por eventual revisatildeo da decisatildeo a aderir agrave interpretaccedilatildeo que se quer ter como vinculante para o caso concreto (conflito social que exige decisatildeo juriacutedica) Haacute que se destacar os aspectos pragmaacuteticos da linguagem neste particular em virtude de que os discursos que intentam fazer prevalecer uma determinada interpretaccedilatildeo das normas juriacutedicas natildeo possuem apenas um uso ou funccedilatildeo informativos (enquanto meras descriccedilotildees das

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

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BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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normas juriacutedicas) mas surgem como explicitamente diretivos e expressivos porquanto destinados a influir na decisatildeo a ser tomada pelo oacutergatildeo competente e tambeacutem porque envolvem natildeo apenas aspectos racionais mas tambeacutem emotivos (face agrave carga emocional dos termos e expressotildees invocados em sustentaccedilatildeo a uma determinada interpretaccedilatildeo) (18) A retoacuterica assume nesse contexto papel primordial enquanto processo argumentativo que ao articular discursivamente valores tem por objetivo a persuasatildeo dos destinataacuterios da decisatildeo juriacutedica quanto agrave razoabilidade da interpretaccedilatildeo prevalecente (19) Ateacute o presente momento embora de modo natildeo expliacutecito deu-se maior ecircnfase ao caraacuteter vago da expressatildeo linguumliacutestica de normas juriacutedicas descritivas de situaccedilatildeo de fato (regras juriacutedicas) Dispositivos constitucionais e legais revelam a presenccedila na linguagem das normas juriacutedicas de termos e expressotildees vagos Tal circunstacircncia torna a atividade de interpretaccedilatildeo e aplicaccedilatildeo do direito bastante implicada com os valores morais culturais econocircmicos sociais e poliacuteticos de uma comunidade Para exemplificar a relaccedilatildeo entre prova e linguagem seraacute explicitado o seguinte exemplo considere uma foto de um indiviacuteduo cometendo adulteacuterio e sua esposa utilize esta foto como prova processual Neste caso especiacutefico tem-se a utilizaccedilatildeo da imagem (que eacute um tipo de linguagem) ou seja eacute uma forma devidamente estabelecida com o uso de uma linguagem apropriada na produccedilatildeo normativa III - Conclusatildeo Portanto conclui-se que a anaacutelise pragmaacutetica destina-se a deixar assente a relaccedilatildeo e consequumlente comunicaccedilatildeo por intermeacutedio de signos que se instala entre o emissor e aquele ao qual a mensagem estaacute sendo dirigida isto eacute o destinataacuterio Dessa forma tem-se a medida de recepccedilatildeo e compreensatildeo que alcanccedilou o destinataacuterio da mensagem quando de sua decodificaccedilatildeo levando-se em conta o conjunto de signos do qual o receptor da mensagem eacute conhecedor Sendo certo que a anaacutelise pragmaacutetica tem por objetivo fazer com que o texto legal seja de plano assimilado pelo cidadatildeo que eacute o destinataacuterio final da norma e consequumlentemente compreendendo a norma posta dessa forma estaraacute atendido o objeto da anaacutelise pragmaacutetica --------------------------------------------------------------------------------

NOTAS

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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Antes que sejam apreciados os principais aspectos da linguagem das normas juriacutedicas no tocante agrave interpretaccedilatildeo e sua aplicaccedilatildeo no campo do direito eacute importantiacutessimo fazerem-se algumas consideraccedilotildees acerca da chamada linguagem natural Inicialmente haacute que se fazer uma distinccedilatildeo entre signo e siacutembolo Enquanto o signo expressa uma representaccedilatildeo natural da realidade (por exemplo as poccedilas de aacutegua representam naturalmente ter chovido num determinado lugar) os siacutembolos expressam uma representaccedilatildeo cultural da realidade Ou seja o seu respectivo sentido natildeo se extrai atraveacutes de uma relaccedilatildeo de causalidade existente na proacutepria natureza mas sim a partir de usos ou convenccedilotildees sociais A linguagem consiste pois no sistema de siacutembolos articulados por uma comunidade para representar a sua respectiva realidade A linguagem natural eacute aquela de que os usuaacuterios se servem na comunicaccedilatildeo normal e cotidiana Por outro lado linguagem cientiacutefica eacute aquela elaborada teoricamente para fins de compreensatildeo rigorosa de uma determinada realidade As imprecisotildees conotativas satildeo denominadas ambiguumlidades A ambiguumlidade se verifica quando natildeo eacute possiacutevel desde logo precisar quais satildeo as propriedades em funccedilatildeo das quais um termo deve ser aplicado a um determinado conjunto de objetos As imprecisotildees denotativas denominam-se vaguezas A vagueza se verifica quando ocorre duacutevida acerca da inclusatildeo ou natildeo de um ou mais objetos dentro da classe de objetos aos quais um determinado termo se aplica Ou ainda quando ocorre incerteza sobre determinado termo Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 86 Em que pese tal observaccedilatildeo Carlos Santiago Nino in Introduccioacuten al anaacutelisis del derecho ed Astrea de Alfredo Y Ricardo Depalma Buenos Aires 1988 aponta alguns exemplos de ambiguumlidades na redaccedilatildeo das normas juriacutedicas pp 260 a 264 De um modo geral pelo procedimento construtivo as regras juriacutedicas satildeo referidas a um princiacutepio ou a um pequeno nuacutemero de princiacutepios e daiacute deduzidas Pelo dogma da subsunccedilatildeo segundo o modelo da loacutegica claacutessica o raciociacutenio juriacutedico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior a qual conteria a diretiva legal geneacuterica quanto da premissa menor que expressaria o caso concreto sendo a conclusatildeo a manifestaccedilatildeo do juiacutezo concreto ou decisatildeo in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito paacuteg 83 Artigo utilizado nas aulas de mestrado cujo tiacutetulo eacute Liacutengua e Linguagem in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ed Atlas Satildeo Paulo 1991 Natildeo se deve confundir o estudo da sintaxe com a lexicologia (do grego lexis ou seja palavra) Esta corresponde a um ramo da linguumliacutestica destinado ao estudo das palavras sob vaacuterios aspectos maacutexime a respeito dos morfemas que a compotildeem Preliminarmente se pode partir de uma caracterizaccedilatildeo meramente informal do conceito de gramaacutetica No plano intuitivo a linguagem parece inserir-se entre outras em duas dimensotildees distintas uma fiacutesica definiacutevel por exemplo como uma sequecircncia focircnica e a outra da significaccedilatildeo deixando-se este termo totalmente em aberto (quer dizer nesse niacutevel natildeo eacute necessaacuterio pronunciar-se sobre o tipo de entidades que ele deveria denotar) Diz-se entatildeo que uma gramaacutetica eacute um dispositivo que permite associar sons e significados Portanto a caracterizaccedilatildeo da Gramaacutetica deveraacute prever (ao menos) trecircs niacuteveis de representaccedilatildeo seraacute necessaacuteria uma especificaccedilatildeo suficientemente adequada do componente foneacutetico (tarefa avocada pela anaacutelise fonoloacutegica reduccedilatildeo do continuum sonoro constituiacutedo pela emissatildeo verbal a uma entidade tornada discreta pela introduccedilatildeo por exemplo de traccedilos distintivos) do componente significado (cuja tematizaccedilatildeo cabe agrave anaacutelise semacircntica E por fim do

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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componente sintaacutetico (o que equivale a individuar as modalidades segundo as quais certos constituintea se combinam para formar os enunciados de uma liacutengua) in Estruturas Loacutegicas e o Sistema do Direito Positivo ed Revista dos Tribunais Satildeo Paulo 1977 Sujeito de Direito a pessoa natural como sujeito de direitos e o tracejamento de seu perfil pela linguagem juriacutedica Dissertaccedilatildeo apresentada como exigecircncia parcial para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Filosofia do Direito na PUCSP in Teoria Pura do Direito ed Martins Fontes Satildeo Paulo 1994 in Apostila do curso de Mestrado da PUCSP Andreacute Franco Montoro in ob cit in op cit paacuteg 39 Para Perelman e Tyteca a finalidade da argumentaccedilatildeo eacute provocar ou acrescer a adesatildeo dos espiacuteritos agraves teses que se apresentam ao seu assentimento Deste modo a discussatildeo passa a organizar-se primordialmente do acircngulo do orador aparecendo como um processo cuja finalidade primaacuteria eacute a conquista da adesatildeo e com ela do consenso das partes implicadas Isto reduz a fundamentaccedilatildeo de cada accedilatildeo linguumliacutestica agrave estrateacutegia do consenso onde desponta o ideal romacircntico da verdade da justiccedila da beleza etc como eterna discussatildeo e do concesso universal como criteacuterio de legitimaccedilatildeo Para o Prof Teacutercio Sampaio Ferraz Jr Todo discurso ocorrendo numa situaccedilatildeo comunicativa constitui uma discussatildeo mas nem por isso todo discurso deve ser considerado dialoacutegico Aquele discurso onde o ouvinte aparece como natildeo habilitado para uma intervenccedilatildeo ou como natildeo interessado ativamente nela revela-se como monoloacutegico A presenccedila passiva do ouvinte na discussatildeo modifica profundamente o comportamento do orador e em consequumlecircncia as caracteriacutesticas do proacuteprio discurso Faz-se mister analisar o monoacutelogo em funccedilatildeo dos componentes a ele pertinentes Eacute preciso nesse sentido estabelecer o que significa a passividade do ouvinte qual influecircncia do seu comportamento no que diz respeito ao orador e finalmente qual a significaccedilatildeo da relaccedilatildeo orador-ouvinte na qualificaccedilatildeo do objeto do discurso e na determinaccedilatildeo da sua estrutura O discurso monoloacutegico tem funccedilatildeo de sinal diferente A atitude passiva do ouvinte natildeo significa eacute verdade que ele natildeo esteja ali que natildeo exista ouvinte mas o seu comportamento natildeo se reveste das mesmas qualidades ativas de que ele goza no discurso dialoacutegico Sua atitude eacute em princiacutepio a de theoroacutes isto eacute daquele que assiste ao espetaacuteculo sagrado Neste sentido modifica-se tambeacutem a funccedilatildeo estimativa do discurso pois o ouvinte tem afinal alguma coisa a dizer o espetaacuteculo pode agradaacute-lo ou desagradaacute-lo mas ele natildeo interfere na proacutepria accedilatildeo representada O seu comportamento para usarmos uma imagem da tradiccedilatildeo filosoacutefica resume-se em ver a ordem cosmoloacutegica sem poder em princiacutepio equiparar-se agrave medida do cosmos sem poder reproduzi-la em si proacuteprio A posiccedilatildeo do ouvinte no discurso monoloacutegico tendo em vista a situaccedilatildeo comunicativa e em oposiccedilatildeo ao diaacutelogo pode ser considerada como abstrata isto eacute a sua subjetividade desaparece enquanto individualidade a sua adesatildeo ao discurso parece suspensa natildeo existe expectativa de reaccedilatildeo ativa Por isso sua presenccedila pode ser abstraiacuteda no sentido de que o ouvinte se desfaz na universalidade do auditoacuterio Para um exame profundo e detalhado da dogmaacutetica da decisatildeo ou teoria dogmaacutetica da argumentaccedilatildeo juriacutedica in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito de Teacutercio Sampaio Ferraz Jr capiacutetulo 6 paacutegs 282 a 317 Apud do texto Direito Cidadania e Justiccedila cujos coordenadores satildeo Beatriz di Giorgi Celso Fernandes Campilongo e Flaacutevia Piovesan paacuteg 90 A importacircncia da retoacuterica para o

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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raciociacutenio juriacutedico eacute assinalada por Chaim Peralman em sua obra La Loacutegica Juriacutedica e y la Nueva Retoacuterica Editorial Civitas SA 1988

BIBLIOGRAFIA(1)

1 Sampaio Ferraz Jr Teacutercio in Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito atlas Satildeo Paulo 1991

2 Reale Miguel in Fontes e modelos do Direito saraiva Satildeo Paulo 1994 3 Vilanova Lourival in Teoria das formas sintaacuteticas revista estudos universitaacuterios 1969 4 Ullmann Stephen traduccedilatildeo de Mateus J A Osoacuterio in Uma introduccedilatildeo agrave ciecircncia do significado 5ordf ed Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian 5 Giorgi di Beatriz e outros in ldquoDireito cidadania e justiccedila Satildeo Paulo RT 1995 6 Bonomi A e Usberti G in Sintaxe e semacircntica na gramaacutetica transformacional ed Perspectiva

BIBLIOGRAFIA(2)

AMARAL FRANCISCO Direito Civil ndash Introduccedilatildeo 3ordf e Rio de Janeiro Renovar 2000 ANDRADE MANUEL A DOMINGUES DE Ensaio sobre a Teoria da Interpretaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 ASCENCcedilAtildeO JOSEacute DE OLIVEIRA O Direito ndash Introduccedilatildeo e Teoria Geral 2ordf e Rio de Janeiro Renovar 2001 AZEVEDO PLAUTO FARACO Criacutetica agrave Dogmaacutetica e Hermenecircutica Juriacutedica Porto Alegre Sergio Antonio Fabris BASTOS Joatildeo Joseacute Caldeira Interpretaccedilatildeo e analogia em face da lei penal brasileira visatildeo teoacuterico-dogmaacutetica e criacutetico-metodoloacutegica Jus Navigandi Teresina ano 11 n 1474 15 jul 2007 Disponiacutevel em lthttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=10130gt Acesso em 15 nov 2010

BERGEL JEAN-LOUIS Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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BEVILACQUA CLOVIS Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves BIDART CAMPOS GERMAacuteN J Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 BOBBIO NORBERTO O Positivismo Juriacutedico ndash Liccedilotildees de Filosofia do Direito Satildeo Paulo Iacutecone 1995 CAMARGO Margarida Maria Lacombe Hermenecircutica e argumentaccedilatildeo uma contribuiccedilatildeo ao estudo do direito Rio de Janeiro Renovar 2001

CANARIS CLAUS-WILHELM Pensamento Sistemaacutetico e Conceito de Sistema na Ciecircncia do Direito 2ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian 1996 CARNELUTTI FRANCESCO Teoria Geral do Direito Satildeo Paulo Lejus 1999 CARVALHO ORLANDO DE Para um novo paradigma interpretativo o projecto social global Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra v 73 p 1-17 1997 COSTA DIVANIR JOSEacute Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 Crimes de tracircnsito interpretaccedilatildeo e criacutetica Revista Brasileira de Ciecircncias Criminais nordm 25 Satildeo Paulo RT 1999

DANTAS SAN TIAGO Programa de Direito Civil Rio de Janeiro Ed Rio 1979 DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 DWORKIN RONALD O Impeacuterio do Direito Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ________ Uma questatildeo de princiacutepio Satildeo Paulo Martins Fontes 2000 ECO HUMBERTO Interpretaccedilatildeo e Superinterpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 ENGISH KARL Introduccedilatildeo ao pensamento juriacutedico 6ordf e Lisboa Calouste Gulbenkian ESPIacuteNOLA EDUARDO Sistema do Direito Civil Brasileiro Rio de Janeiro Ed Rio 1977 ENNECERUS KIPP y WOLF Tratado de Derecho Civil T I segunda parte v II Barcelona Bosch 1981

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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FALCAtildeO RAIMUNDO BEZERRA Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 FACHIN LUIZ EDSON Teoria Criacutetica do Direito do Direito Civil Rio de Janeiro Renovar 2000 FERRARA FRANCESCO Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 FERRAZ JUacuteNIOR TEacuteRCIO SAMPAIO A ciecircncia do Direito 2ordf ed Satildeo Paulo Atlas 1995 ________ Funccedilatildeo Social da Dogmaacutetica Juriacutedica Satildeo Paulo Max Limonad 1998 ________ Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 FRANCO MONTORO ANDREacute Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 GENY FRANCcedilOIS Meacutetodo de Interpretacioacuten y Fuentes en Derecho Privado Positivo Granada Comares 2000 GRAU EROS ROBERTO O Direito Posto e o Direito Pressuposto 2ordf e Satildeo Paulo Malheiros 1998 LARENZ KARL Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 MARMOR ANDREI (ed) e Interpretaccedilatildeo Satildeo Paulo Martins Fontes 2001 MATA MACHADO EDGARD Elementos de Teoria Geral do Direito ndash Introduccedilatildeo ao Direito Belo Horizonte Ed UFMG 1995 MAXIMILIANO Carlos Hermenecircutica e aplicaccedilatildeo do direito Rio de Janeiro Freitas Bastos 1941

MAXIMILIANO CARLOS Hermenecircutica e Aplicaccedilatildeo do Direito 17ordf e Rio de Janeiro Forense 1998 PASQUALINI ALEXANDRE Hermenecircutica e Sistema Juriacutedico - Uma Introduccedilatildeo agrave interpretaccedilatildeo sistemaacutetica do Direito Porto Alegre Liv do Advogado 1999 PERLINGIERI PIETRO Perfis do Direito Civil ndash Introduccedilatildeo ao Direito Civil Constitucional 1ordf e Rio de Janeiro Renovar 1999

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 RAacuteO VICENTE O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 REALE MIGUEL Fontes e Modelos do Direito ndash Para um novo paradigma hermenecircutico 1ordf e Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 ________ Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2001 ________ O Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 ________ Teoria Tridimensional do Direito 5ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 Revista Brasileira de Criminologia e Direito Penal Universidade do Estado da Guanabara Notas e informaccedilotildees Ano I nova fase Rio de Janeiro 1964

ROSS ALF Direito e Justiccedila 1ordf e Satildeo Paulo Edipro 2000 SALDANHA NELSON Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 SANTORO-PASSARELLI FRANCESCO Dottrine Generali del Diritto Civile 9ordf e Napoli Eugenio Jovene 1997 STRECK LENIO LUIZ Hermenecircutica Juriacutedica e(m) crise ndash Uma exploraccedilatildeo hermenecircutica da construccedilatildeo do Direito Porto Alegre Livraria do Advogado 1999 TRABUCCHI ALBERTO Istituzioni di Diritto Civile 39ordf e Padova CEDAM 1999 Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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REFEREcircNCIAS

[1] O cultural ora mencionado vem em oposiccedilatildeo ao natural Entendemos que o presente estudo natildeo comporta que se discorra sobre as teorias e correntes sobre ciecircncias naturais e culturais Fica apenas e tatildeo somente o registro [2] Grande Dicionaacuterio Larousse Cultural da Liacutengua Portuguesa Ed Nova Cultural 1999 p 293 Da mesma forma The New International Websteracutes Comprehensive Dictionary of the English Language - Deluxe Encyclopedic Edition Trident Press International 1996 e p 314 [3] MIGUEL REALE Direito e Cultura in Horizontes do Direito e da Histoacuteria 3ordf e Satildeo Paulo Saraiva 2000 p 293 [4] Apud de Recaseacutens Siches por RAIMUNDO BEZERRA FALCAtildeO Hermenecircutica Satildeo Paulo Malheiros 1997 p 47 [5]Op cit p 20 e 21 [6]A respeito Miguel Reale assim se expressou ldquoo Direito eacute a ciecircncia que dentre todos os produtos histoacutericos e os bens socialmente acumulados eacute aquele que se destina por excelecircncia agrave salvaguarda e agrave garantia dos valores realizados assim como agrave realizaccedilatildeo ordenada de novos valoresrdquo (op cit p 294) [7] O papel lsquodo Direitorsquo ora referido deve ser compreendido por oacutebvio em termos de consecuccedilatildeo de seus fins mediante exerciacutecio dos operadores e cientistas bem como do legislador [8] Metodologia da Ciecircncia do Direito 6ordf e reformulada Lisboa Calouste Gulbenkian 1997 p 297 e 298 [9] KARL LARENZ op cit p 298 [10] FRANCESCO Ferrara Interpretaccedilatildeo e Aplicaccedilatildeo das Leis 4ordf e Coimbra Armeacutenio Amado 1987 p 137 [11] Cabe neste passo observar que o ritmo acelerado das vicissitudes sociais causado pela Revoluccedilatildeo Industrial e mais recentemente pela Revoluccedilatildeo Tecnoloacutegica faz com que os valores de sociedades geograficamente distantes sejam exportados ou importados conhecidos e absorvidos com uma rapidez nunca dantes experimentada A funccedilatildeo estabilizadora e renovado do Direito ganha pois especial importacircncia [12] Op cit p 46 [13] Eacute o ensinamento de Raimundo Bezerra Falcatildeo na obra citada [14] ldquoA lei poreacutem natildeo se identifica com a letra da lei Esta eacute apenas um meio de comunicaccedilatildeo as palavras satildeo siacutembolos e portadores de pensamento mas podem ser defeituosasrdquo FRANCESCO FERRARA op cit p 128 [15] VICENTE RAacuteO O Direito e a Vida dos Direitos 5ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1999 p 456 [16] NELSON SALDANHA Ordem e Hermenecircutica ndash Sobre as relaccedilotildees entre as formas de organizaccedilatildeo e o pensamento interpretativo principalmente no Direito Rio de Janeiro Renovar 1992 p 246 [17] VICENTE RAacuteO op cit p 246 [18] NELSON SALDANHA op cit p 245 [19] Apud de Kohler por CLOVIS BEVILACQUA Theoria Geral do Direito Civil Rio de Janeiro Francisco Alves p 54

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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Trabalho publicado em httpwwwconteudojuridicocombrartigosampver=229647ampseo=1 Paacutegina 58

  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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[20] Neste sentido exemplificativamente eacute a posiccedilatildeo de Francesco Ferrara Clovis Bevilacqua Carlos Maximiliano e Divanir Joseacute da Costa [21] Problemas de Hermenecircutica Juriacutedica in Direito Como Experiecircncia 2ordf e fac-similar Satildeo Paulo Saraiva 1999 p 238 [22] DIVANIR JOSEacute DA COSTA Curso de Hermenecircutica Juriacutedica Belo Horizonte Ed Del Rey 1997 p 142 a 144 [23] Esta teoria seraacute doravante tratada sob o tiacutetulo lsquohermenecircutica estruturalrsquo [24] Dentre outros Germaacuten J Bidart Campos in Teoria General de los Derechos Humanos Buenos Aires Astrea 1991 p 61 [25] Op cit p 58 e 59 [26] ANDREacute FRANCO MONTORO Introduccedilatildeo agrave Ciecircncia do Direito 21ordf e Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 1993 p 374 [27] Esta eacute a definiccedilatildeo dada por Teacutercio Sampaio de Ferraz Juacutenior em Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito ndash Teacutecnica Decisatildeo Dominaccedilatildeo 2ordf e Satildeo Paulo Atlas 1994 p 286 [28] In principio erat verbum [29] Significaccedilatildeo Histoacuterica do Coacutedigo Civil Francecircs (prefaacutecio) Coacutedigo Napoleatildeo ou Coacutedigo Civil dos Franceses (texto integral) trad Souza Diniz Rio de Janeiro Record 1962 [30] Liccedilotildees Preliminares de Direito 25ordf ed Satildeo Paulo Saraiva 2001 p 279 [31] DE CICCO CLAacuteUDIO Direito Tradiccedilatildeo e Modernidade 2ordf e Satildeo Paulo Iacutecone 1995 p 138 [32] O prof De Cicco em mais uma ilaccedilatildeo perspicaz volta nossos olhos para o emprego do nome ldquode Exegeserdquo Os exegetas lembra o professor foram os inteacuterpretes da Biacuteblia Os exegetas do Coacutedigo Napoleatildeo tal qual os exegetas da Biacuteblia posicionavam-se perante o objeto examinado de forma reverencial aferrando-se agrave lsquoescriturarsquo de forma excessiva ambos buscando a intenccedilatildeo daquele que foi o autor final dos textos (Op cit p 140) [33] Apud por CLOVIS BEVILACQUA op cit p 50 e 51 [34] Op cit p 283 [35] Miguel Reale assim sintetiza a posiccedilatildeo de Geny ldquoCada fenocircmeno social ndash diz Geny ndash jaacute traz em si mesmo no seu proacuteprio desenvolvimento a razatildeo de ser de sua norma O social no seu bojo conteacutem em esboccedilo a soluccedilatildeo juriacutedica que lhe eacute proacutepria A regra de Direito natildeo eacute algo arbitraacuterio imposto pelo legislador mas ao contraacuterio algo que obedece uma ratio juris o que quer dizer agrave razatildeo natural das cousas A natureza das cousas implica a apreciaccedilatildeo de vaacuterios elementos demograacuteficos econocircmicos histoacutericos morais religiosos ect O jurista quando a lacuna eacute evidente transforma-se dessa forma em um pesquisador do Direito para determinar a norma proacutepria concernente ao caso concreto de conformidade com a ordem geral dos fatosrdquo (grifos do autor) Op cit p 287 [36] A plenitude do ordenamento juriacutedico eacute um imperativo de ordem praacutetica que se encontra normatizado no Direito Brasileiro (v art 4ordm da Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo Civil e art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) [37] Andreacute Franco Montoro op cit p 379 [38] RADBRUCH GUSTAV Introduccioacuten a la Filosofiacutea del Derecho 7ordf e Meacutexico DF Fondo de Cultura Econoacutemica 1998 p 96 e 97

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito

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  • II O SISTEMA JURIacuteDICO
  • III- As lacunas nas normas juriacutedicas
    • (4ordm) Somente se autorizado por lei pode o juiz brasileiro julgar por equumlidade como se vecirc no art 4 da Lei de Introduccedilatildeo do Coacutedigo Civil e no art 127 do Coacutedigo de Processo Civil incidindo tal julgamento por exemplo para os casos de arbitramento d
    • Julgar por equumlidade eacute o juiz decidir sem apego ao princiacutepio da legalidade (art 126 do Coacutedigo de Processo Civil) e adotar em cada caso a decisatildeo que reputar mais justa e equumlacircnime atendendo aos fins sociais da lei e agraves e
      • Neste contexto a Interpretaccedilatildeo que se aplica a uma Lei mariacutetima a um caso aeronaacuteutico quando este for omisso pocircde-se concluir que o limite do Direito eacute o limite de sua produccedilatildeo de Linguagem ou seja eacute de acordo com seu Coacutedigo Estaacute se tratando com
      • A analogia eacute o processo loacutegico que autoriza a criaccedilatildeo de uma regra juriacutedica derivada da lei aplicaacutevel a um fato omisso Situa-se pois no setor de aplicaccedilatildeo do direito onde opera como elemento supletivo da lei
      • 83 Funccedilatildeo hermenecircutica da ciecircncia do direito
      • 84 Funccedilatildeo decisoacuteria da ciecircncia juriacutedica
      • 91- Consideraccedilotildees Iniciais
      • 92- Aplicaccedilatildeo do direito