Estudo Do Compósito Fe-cu-nb-diamante Para Uso Em Ferramentas de Corte Em Rochas Ornamentais

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Pérolas diamantadas.

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    UENF- Universidade Estadual do Norte Fluminense/IFPI Campus Paulistana Doutoramento CAPES- Coordenao de Aperfeioamento de Pessoas de Nvel Superior Engenharia e Cincias dos Materiais

    Estudo do compsito Fe-Cu-Nb-diamante para uso em ferramentas de corte em rochas

    ornamentais.

    CSSIO SANTOS DE CARVALHO

    VALDENIR MOREIRA JUNIOR

    ZUMIRA ALICE SOARES GUIMARAES

    RENAM SOARES GUIMARES

    MARCELLO FILGUEIRA

    Resumo

    As ferramentas diamantadas podem ser utilizadas no corte de materiais no metlicos frgeis e

    duros, tais como cermicos, rochas e concretos. Nestas ferramentas, so utilizados gros

    abrasivos de diamantes, que so responsveis pela ao de corte, embebidos numa matriz

    metlica. O presente trabalho estudou a caracterizao microestrutural do compsito

    diamantado 25%Fe-50%Cu-25%Nb e cristais de diamantes de alta qualidade com tamanho de

    gro mdio de 425m. Os ps metlicos foram misturados e prensados a quente a

    800C/35MPa/3 minutos - sendo esta a condio de prensagem a quente utilizada na indstria

    para produo de ferramentas diamantadas. Os resultados so favorveis a esta liga, indicando

    boa interao entre os elementos e diamante.

    Palavras chave: Ferramentas de corte; sinterizao; liga diamantada.

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    UENF- Universidade Estadual do Norte Fluminense/IFPI Campus Paulistana Doutoramento CAPES- Coordenao de Aperfeioamento de Pessoas de Nvel Superior Engenharia e Cincias dos Materiais

    1- Introduo

    Os compsitos diamantados so normalmente produzidos em grande escala pelas tcnicas da

    Metalurgia do P e, abrange uma gama de aplicaes, como corte de rochas, engenharia civil,

    entre outras.

    To importante quanto a escolha dos diamantes, a seleo adequada dos ligantes metlicos

    para estas ferramentas, a qual est fortemente relacionada com o nvel de abrasividade do

    material a ser cortado. A eficincia da ferramenta de cortante depende da capacidade da matriz

    de reter os diamantes, pois a unio entre matriz e diamante determina a vida til do mesmo bem

    como caractersticas microestruturais. O cobalto vem sendo utilizado e, funciona como um

    ligante nas ferramentas diamantadas, pois combina perfeita compatibilidade qumica com o

    diamante nas temperaturas de processamento, uma adequada reteno do diamante e excelente

    resistncia ao desgaste aps processamento ou operao de corte (Del villar et al, 2001: 82-90;

    Oliveira e Filgueira, 2007: 15-20). Neste panorama o cobalto (Co) caro, trs problemas

    ambientais, e o Brasil no um pas produtor deste metal. Portanto, este trabalho faz parte do

    esforo de grupos em substituir o Co por nibio (Nb), sendo este ltimo metade do preo do

    Co, e o Brasil o maior produtor mundial deste metal (Nb). Este estudo tambm investigar o

    mecanismo de desgaste do novo composto de diamante 25% Fe-50% Cu-25% Nb + diamante,

    comparativamente com aliga comercial DIABSIO-V21, ao longo do tempo, obtido pela

    tcnica industrial de prensagem a quente.

    2. Materiais e Mtodo

    Para este trabalho utilizou-se, p de ferro com tamanho mdio de partcula de 50 m, cobre

    com tamanho mdio de partcula de 67 m, nibio com tamanho mdio de partcula de 60 m

    e diamante tamanho entre 300 e 425 m. Estes ps foram misturados nas seguintes

    concentraes.

    50%Cu 25%Fe 25%Nb-Diamante

    61%Fe 21,2%Cu 12,5%Co 2,6%Sn - 1,8%P 0,6%S Diamante (Diabase-V21)

    Aps a mistura, os compsitos foram prensados e sinterizados simultaneamente, seguindo os

    seguintes parmetros: Temperatura de 850C; presso de 35 Mpa, durante 3 minutos.

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    3. Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV)

    Onde observa-se detalhes da morfologia das amostras processadas e selecionadas aps a

    Microscopia tica, avaliando a efetividade da sinterizao, da rea exposta, definio dos

    modos de falha e distribuio dos cristais de diamante, entre outros, em um aumento

    aproximado de 35, 100 e 200x.

    4. Teste de compresso

    O ensaio de resistncia compresso verifica algumas propriedades mecnicas importantes

    (OLIVEIRA, 2010). Este ensaio verifica a resistncia ao escoamento e o mdulo de elasticidade

    dos compsitos diamantados. O ensaio de compresso ser feito em uma mquina universal de

    ensaios mecnicos INSTRON, marca 5582 - 100 KN de capacidade, utilizando uma velocidade

    de 1 milmetro/minuto, as amostras testadas tm a finalidade de observar as microestruturas das

    superfcies de fratura por (MEV), em aumento de 50 a 100x, sem qualquer tratamento

    superficial.

    5. Teste de Desagaste

    Os compsitos metlicos foram conduzidos ao desgaste mecnico, a fim de verificar a

    resistncia a abraso seguindo os respectivos tempos acumulados de 2, 6, minutos. Para tal usou

    um Abrasmetro Amsler modificado, fabricado pela CONTENCO com um disco abrasivo de

    granito cinza acoplado. As amostras foram montadas verticalmente sobre o disco de granito em

    um suporte fixo. Onde utiliza uma rotao de 20 rpm e uma fora vertical de cerca de 2 kgf.

    6. Resultados e discusso

    6.1 Teste de Compresso

    Os resultados de compresso esto dentro aceitvel no que diz respeito s propriedades

    elsticas, uma vez que a deformao plstica constante para os dois compostos, apenas liga

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    liga a base de Nb mostraram ruptura frgil em cerca de 35000 N fora (Del Villar et al., 2001:

    80-92), Figura 1 comprovando que durante a etapa de compactao e sinterizao, devido

    baixa tenso cedida das partculas de Cu e o efeito da concentrao de tenso produzido pela

    presena de uma segunda fase dura CuFe, o Cu pode alcanar deformao plstica significante

    e consequentemente um mdulo de elasticidade elevada. O Diabsio-V21, atingiu o limite da

    Instron com 80.000 N de fora e no quebrou, Figura 2.

    O compsito Diabase-v21 apresentou valores de p, e e E superior a matriz a base de

    Nb. Os valores superiores de p, e pode estar relacionada resistncia do material a

    deformao plstica, uma vez que esta matriz composta por Fe-Cu-Co-Sn. Provavelmente a

    presena do cobre com teor aproximado de 21%, responsvel pela formao de fazes mais

    dctil na liga Diabase-V21. Diferente do corrido na liga Fe-Cu-Nb, com 50% de cobre, onde o

    mesmo tem baixa solubilidade com Fe e Nb, (Junior,2013).

    0,0 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    p = 120 MPa

    Te

    nso

    (M

    Pa

    )

    Extenso (mm/mm)

    Fe-Cu-Nb

    e = 139 MPa

    E = 1,42 GPa

    Figura 1: Curva de Fora versus Deformao para o compsito diamantado Fe-cu-Nb.

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    0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    E = 1,60 GPa

    e = 475 MPa

    p = 381 MPa

    Te

    nso

    (M

    Pa

    )

    Extenso mm/mm)

    Diabase-V21

    Figura 2: Curva de Fora versus Deformao para o compsito diamantado Diabase-V21.

    6.2 Teste de desgaste

    Na Figura 3, observa-se que ambos os compostos diamantados exibem o mesmo

    comportamento na resistncia a Abraso, a uma pequena variao mas de modo geral o

    mesmo comportamento.

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

    0,00

    0,25

    0,50

    0,75

    1,00

    1,25

    1,50

    1,75

    2,00

    2,25

    Tempo (minutos)

    Fe-Cu-Nb

    Diabase-V21

    Re

    sis

    ten

    cia

    A

    bra

    so

    (%

    )

    Figura 3: Grfico da Resistncia abraso versus Tempo em minutos dos compsitos

    diamantados, obtidos por prensagem a quente a 800c.

    Durante o ensaio de 2 minutos, o desgaste acentuado para os dois compsitos diamantados

    para expor os cristais de diamante, deixando prontos para o trabalho de corte, (Barbosa, 2008)..

    A Figura 4.a e 4.b mostram estes gros de diamantes emergidos da matriz, onde ambas as ligas

    apresentam similaridades.

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    Figure 4: Microestrutura do compsito diamantado Fe-Cu-Nb (a) e DiabaseV-21 (b), aps 2

    minutos de teste ao desgaste.

    Para o tempo de 6 minutos onde h estabilidade na resistncia ao desgaste, Figura 3, onde

    podemos afirmar que os diamantes expostos estro exercendo o seu poder de corte, protegendo

    a matriz contra o desgaste, e a matriz est exercendo o seu papel de reter os diamantes, (Oliveira

    et al, 2007: 328-335). Podemos tambm observar que mesmos os gros de diamantes quebrados

    devido as grandes foras de trabalho, Figura 5 e 4b, no se desprenderam da matriz,

    demostrando eficincia na reteno dos gros abrasivos.

    Figure 5: Microestrutura do compsito diamantado Fe-Cu-Nb (a) e DiabaseV-21 (b), aps 6

    minutos de teste ao desgaste.

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    Concluso

    - Os resultados mostraram claramente um nvel satisfatrio de aderncia entre matriz

    ligante e diamante. Sendo assim, pode-se utilizar materiais disponvel no mercado nacional,

    baseado no sistema Ferro cobre em ferramentas de corte.

    - Na anlise estrutural do compsito diamantado por Microscopia Confocal (MC)

    Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV) a liga mostrou-se eficiente na reteno dos cristais

    de diamante devido a sua excelente molhabilidade e ancoragem;

    - Em termos gerais, o mecanismo de desgaste dos compsitos diamantados, seguiu o

    padro clssico de desgaste de uma ferramenta de corte impregnada.

    Agradecimentos

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior.

    UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense.

    IFPI Instituto Federal do Piau Campus Paulistana

    Referencias

    1. Barbosa, A.P (2008). Estudo da imfluencia da composio Fe-Cu-Nb sobre o

    comportamento me ligas usadas na fabricao de ferramentas diamantadas via

    metalurgia do P. Tese (Doutorado em Cincia e Engenharia de Materiais) Campos

    dos Goytacazes RJ, Universidade Estadual do Norte Fluminense. UENF.

    2. Del Villar, M.; Muro, P.; Snchez, J.M.; Iturriza, I.; Castro, F. (2001).

    Consolidation of diamond tools using Cu-Co-Fe based alloys as metallic binders.

    Powder Metallurgy. n.1. v.44. p. 82-90.

    3. Oliveira, L.J.; Filgueira, M. (2007). Aplicao de ligas de Fe-Cu-SiC como matriz

    ligante em ferramentas diamantadas. Revista Brasileira de Aplicaes de Vcuo. n.1,

    v.26. p.15-20.

    4. Junior, V. M. (2013). Processamento e caracterizao de Prolas de Fios Diamantados.

    Dissertao (Mestrado em Cincia e Engenharia de Materiais) Campos dos

    Goytacazes RJ, Universidade Estadual do Norte Fluminense. UENF.

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    5. Oliveira, L.J.; Bobrovnitchii, G.S.; Filgueira, M. (2007) Processing and

    Characterization of Impregnated Diamond Cutting Tools Using a Ferrous Metal

    Matrix. International Journal Refractory Metals and Hard Materials. v.25. p.328-335.