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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESTUDO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM OBRAS DE CONSTRUÇÃO DE POSTOS DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS GIULIA CAVICCHINI BRAGA 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESTUDO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM OBRAS DE

CONSTRUÇÃO DE POSTOS DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS

GIULIA CAVICCHINI BRAGA

2018

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ESTUDO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM OBRAS DE

CONSTRUÇÃO DE POSTOS DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS

GIULIA CAVICCHINI BRAGA

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Jorge dos Santos

RIO DE JANEIRO

Setembro de 2018

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ESTUDO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM OBRAS DE

CONSTRUÇÃO DE POSTOS DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS

Giulia Cavicchini Braga

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO

DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

______________________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc., Orientador

______________________________________________

Profª. Alessandra Conde de Freitas, D.Sc.

______________________________________________

Profª. Amanda Pereira Vieira, M.Sc.

______________________________________________

Profª. Isabeth Mello, M.Sc.

______________________________________________

Prof. Oscar A. M. Reale, D.Sc.

______________________________________________

Profª. Vivian Karla C. B. L. Machado

Balthar, D.Sc.

______________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

Setembro de 2018

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Braga, Giulia Cavicchini

Estudo dos impactos ambientais no setor de abastecimento

de combustíveis de empresa de transporte rodoviário e das

obras de recuperação para implantação das ações corretivas/

Giulia Cavicchini Braga – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola

Politécnica, 2018.

xiii, 117 p.:il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 109-115

1.Introdução 2.Aspectos e Impactos Ambientais na

Construção Civil 3.Aspectos e Impactos Ambientais no setor

de Abastecimento de Combustível 4.Estudo de Caso 5.

Conclusão 6. Referências Bibliográficas

I. Santos, Jorge dos; II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Estudo da metodologia de fiscalização de obras em tanques de

armazenamento de combustíveis.

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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos

não é senão uma gota de água no mar,

Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”

Madre Teresa de Calcutá

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Dedico este trabalho a minha mãe e a minha avó,

Maria Inês Cavichini e Guiomar Cavichini.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS EM OBRAS DE

CONSTRUÇÃO DE POSTOS DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS

Giulia Cavicchini Braga

Setembro de 2018

Orientador: Jorge dos Santos

Diante de um cenário de desenvolvimento e de mudanças na consciência ecológica, os

órgãos governamentais e a sociedade estão cada vez mais exigindo atitudes conscientes

no que se refere ao meio ambiente por parte das indústrias, comércio e prestadores de

serviços.

As atividades de abastecimento e armazenamento de combustível, podem causar alguns

impactos bastante nocivos ao meio ambiente tais como: contaminação do solo, de

aquíferos e contaminação humana através do contato direto com os combustíveis tóxicos.

Esse trabalho avalia alguns impactos ambientais causados pelo setor de abastecimento de

combustíveis de empresas de transporte rodoviário e apresenta iniciativas a serem

tomadas para mitigar os problemas encontrados.

Usando conceitos de gestão ambiental, é feito um estudo sobre os impactos causados ao

meio ambiente pelo vazamento de tanques de armazenamento de óleo diesel e pela obra

de recuperação em uma garagem de ônibus sediada na cidade do Rio de Janeiro.

Palavras-chave: Impactos Ambientais; Combustíveis; Gestão Ambiental; Obras de

Recuperação.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment

of the requirements for the degree of Engineer.

STUDY OF ENVIRONMENTAL ASPECTS AND IMPACTS IN CONSTRUCTION

WORKS OF FUEL SUPPLY POSTS

Giulia Cavicchini Braga

September 2018

Adviser: Jorge dos Santos

Faced with a scenario of development and changes in ecological awareness, government

agencies and society are increasingly demanding environmentally conscious attitudes

from industries, commerce and service providers.

Fuel supply and storage activities can cause some very harmful impacts to the

environment such as: contamination of soil, aquifers and human contamination through

direct contact with toxic fuels.

This paper assesses some environmental impacts caused by the fuel supply sector of road

transport companies and presents initiatives to be taken to mitigate the problems

encountered. Using environmental management concepts, a study is made of the impacts

caused to the environment by the leakage of diesel storage tanks and the recovery work in

a bus garage located in the city of Rio de Janeiro.

Keywords: Environmental Impacts; Fuels; Environmental management; Recovery Works.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 2.1 - IMPACTO AMBIENTAL (FONTE: SIMONETTI, 2010) ................................................................................ 18

FIGURA 2.2 - SURGIMENTO DOS GRUPOS DE PESQUISAS AMBIENTAS NA USP. (FONTE: UEHARA ET AL., 2010) .................... 21

FIGURA 2.3 - VISTA AÉREA DO CTR – GERICINÓ (FONTE: PMGIRS) ............................................................................ 28

FIGURA 2.4 - IMPACTOS AMBIENTAIS DA CADEIA DA CC (FONTE: ROTH E GARCIAS, 2009) ............................................. 31

FIGURA 2.5 - DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA PARA EXTRAÇÃO DE MADEIRA (FONTE: ROTH E GARCIAS, 2009) .................. 32

FIGURA 2.6 - MARGEM SOFRENDO DESMATAMENTO E EROSÃO NA EXTRAÇÃO DE AREIA (FONTE: INPE, 2007)..................... 34

FIGURA 2.7 - PROCESSO EXTRATIVO DE MATÉRIAS-PRIMAS DO CIMENTO (FONTE: LARUCCIA, 2014) .................................. 34

FIGURA 2.8 - PRODUÇÃO DE CIMENTO NO BRASIL (FONTE: SNIC, 2006) ..................................................................... 35

FIGURA 2.9 - EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUDA DA INDÚSTRIA DO CIMENTO (FONTE: ADAPTADO DO WBCSD, 2002)... 36

FIGURA 2.10 - DISTRIBUIÇÃO DE EMISSÕES ANUAIS DE CO2 DA INDÚSTRIA DO CIMENTO NOS ANOS 1990 (FONTE: VAN OSS E

PADOVANI, 2002) .................................................................................................................................... 36

FIGURA 2.11 - IMPACTOS AMBIENTAIS DA INDÚSTRIA DO CIMENTO (FONTE: MARIA BEATRIZ MAURY, 2007) ..................... 38

FIGURA 2.12 - CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS (FONTE: NBR 10.004 - ABNT, 2004) ........................... 42

FIGURA 2.13 - ESPELHO D'ÁGUA DA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU (FONTE: WIKIPÉDIA, 2018) ............................................... 45

FIGURA 2.14 - PONTE RIO-NITERÓI (FONTE: SOS MARICA, 2018) ............................................................................. 46

FIGURA 2.15 - BASE METÁLICA DA PONTE RIO-NITERÓI (FONTE: PORTAL PUC-RIO DIGITAL) ............................................ 47

FIGURA 3.1 - CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS EM 2016 (MIL BARRIS/DIA) FONTE: ANP,2017 ............................................ 48

FIGURA 3.2 - CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO SETOR DO TRANSPORTE (MIL TONELADAS) FONTE: ANP, 2017 .................... 49

FIGURA 3.3 - VARIAÇÃO DE VENDAS DE COMBUSTÍVEIS E PIB (FONTE: ANP, 2017) ....................................................... 49

FIGURA 3.4 - CADEIA DO MERCADO DE COMBUSTÍVEIS (FONTE: CADE, 2018) .............................................................. 50

FIGURA 3.5 - CONSUMO DE COMBUSTÍVEL NO BRASIL POR PRODUTO (FONTE: ANP) ...................................................... 51

FIGURA 3.6 - VARIAÇÃO LÍQUIDA DO QUANTITATIVO DE AGENTES 2015/2106 (FONTE: ANP) ......................................... 52

FIGURA 3.7 - ESQUEMA DE UM PR (FONTE: LORENZETT ET AL., 2010) ........................................................................ 53

FIGURA 3.8 - CONTAMINAÇÃO DO MEIO AMBIENTE EM POSTOS DE COMBUSTÍVEL (FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS

EMPRESAS DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O MERCADO DE COMBUSTÍVEIS E CONVENIÊNCIA – ABIEPS, 2009) . 55

FIGURA 3.9 - CAMINHO POTENCIAIS DO VAZAMENTO DE COMBUSTÍVEL (FONTE: ABIEPS, 2009) ..................................... 57

FIGURA 3.10 - TIPOS DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS (FONTE: ABIEPS, 2016) ............................................................... 61

FIGURA 3.11 - LICENÇAS E SUAS FUNÇÕES (FONTE: ABIEPS, 2016)............................................................................ 62

FIGURA 3.12 - FORMULÁRIO DE CONTROLE DE ESTOQUE (FONTE: NBR 13787 - ABNT, 2013) ....................................... 64

FIGURA 3.13 - LISTA DE VERIFICAÇÃO (FONTE: NBR - ABNT, 14606) ........................................................................ 66

FIGURA 3.14 - DEMONSTRAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA (FONTE: SINDICOMBUSTÍVEIS – DF) ..... 68

FIGURA 3.15 - BOMBAS DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL (FONTE: ABIEPS, 2016) ................................................ 69

FIGURA 3.16 - VÁLVULAS DE RETENÇÃO DE COMBUSTÍVEL (FONTE: ABIEPS, 2016) ....................................................... 69

FIGURA 3.17 - DESCARGA SELADA (FONTE: ABIEPS, 2016) ...................................................................................... 70

FIGURA 3.18 - CANALETAS DA BACIA DE CONTENÇÃO EM UMA PISTA DE ABASTECIMENTO (FONTE: ABIEPS, 2016) ............. 71

FIGURA 3.19 - DOCUMENTOS PARA AC (FONTE: ANP 42) ........................................................................................ 74

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FIGURA 3.20 - NÚMERO DE ACIDENTES AMBIENTAIS EM POSTOS DE COMBUSTÍVEIS (FONTE: ABIEPS, 2016) ..................... 75

FIGURA 3.21 - CAUSAS DOS ACIDENTES EM POSTOS DE COMBUSTÍVEIS EM SP (FONTE: CETESB) ........................................ 76

FIGURA 3.22 - INCÊNDIO NOS TANQUES DA ULTRAPAR (FONTE: REPORTAGEM G1) ........................................................ 78

FIGURA 3.23 - VISIBILIDADE DA FUMAÇA NAS CIDADES VIZINHAS AO INCÊNDIO ULTRACARGO (FONTE: REPORTAGEM G1) ...... 78

FIGURA 4.1 - LOCALIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DA UNIDADE FRANÇA LTDA (FONTE: GOOGLE MAPS) ................................ 80

FIGURA 4.2 - INSTALAÇÕES DA UNIDADE EM ESTUDO (FONTE: ADAPTAÇÃO DE PLANTA FORNECIDA PELO ESTABELECIMENTO) .. 81

FIGURA 4.3 - PLANTA DA ÁREA DE ABASTECIMENTO E ARMAZENAMENTO (FONTE: AUTORIA PRÓPRIA) ............................... 82

FIGURA 4.4 - ISOLAMENTO DA ÁREA DE ABASTECIMENTO ........................................................................................... 83

FIGURA 4.5 - INÍCIO DA ESCAVAÇÃO COM DEMOLIÇÃO ............................................................................................... 84

FIGURA 4.6 - CARREGAMENTO E DESTINAÇÃO DO CONCRETO DEMOLIDO ...................................................................... 84

FIGURA 4.7 - ÁREA DE ARMAZENAMENTO DO SOLO IMPACTADO ................................................................................. 84

FIGURA 4.8 - INÍCIO DE REMOÇÃO DO SOLO ............................................................................................................. 85

FIGURA 4.9 - REMOÇÃO DE 2 M DE SOLO CONTAMINADO .......................................................................................... 85

FIGURA 4.10 - SOLO IMPACTADO PARA DESCARTE COMO RESÍDUO CLASSE 1 .................................................................. 85

FIGURA 4.11 - CAVA NIVELADA ............................................................................................................................. 86

FIGURA 4.12 - DESCARREGAMENTO E ESPALHAMENTO DO PÓ DE BRITA ........................................................................ 86

FIGURA 4.13 - FINALIZAÇÃO DO NIVELAMENTO DO PÓ DE PEDRA ................................................................................. 87

FIGURA 4.14 - PROCESSO DE COMPACTAÇÃO FINALIZADO .......................................................................................... 87

FIGURA 4.15 - CARREGAMENTO DO SOLO IMPACTADO .............................................................................................. 87

FIGURA 4.16 - ÁREA DE INTERMEDIAÇÃO LIMPA ....................................................................................................... 88

FIGURA 4.17 - MODELO DE PLANILHA DE LEVANTAMENTO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ..................................................... 88

FIGURA 4.18 – ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE CONSTRUÇÃO DA CAVA ................................................ 90

FIGURA 4.19 - ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE RECONSTITUIÇÃO DA CAVA (FONTE: AUTORIA PRÓPRIA) ..... 90

FIGURA 4.20 – RELEVÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE CONSTRUÇÃO DA CAVA ......................................... 93

FIGURA 4.21 - RELEVÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE RECONSTITUIÇÃO DA CAVA ..................................... 93

FIGURA 4.22 – GRAU DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE CONSTRUÇÃO DA CAVA .................................................. 95

FIGURA 4.23 – GRAU DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE RECONSTITUIÇÃO DA CAVA ............................................. 95

FIGURA 4.24 – IMPORTÂNCIA DA INCIDÊNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE CONSTRUÇÃO DA CAVA .................. 97

FIGURA 4.25 – IMPORTÂNCIA DA INCIDÊNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE RECONSTITUIÇÃO DA CAVA ............. 97

FIGURA 4.26 - SIGNIFICÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE CONSTRUÇÃO DA CAVA ..................................... 100

FIGURA 4.27- SIGNIFICÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DA ETAPA DE RECONSTITUIÇÃO DA CAVA ................................. 100

FIGURA 4.28 - MEDIÇÃO DE VOC (FONTE: FORNECIDO PELA DIA CONSTRUTORA LTDA, 2017) ...................................... 101

FIGURA 4.29 - CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO (FONTE: FORNECIDO PELA DIA CONSTRUTORA LTDA, 20 ............................. 102

FIGURA 4.30 - RELATÓRIO DE RECEBIMENTO DE AMOSTRAS ..................................................................................... 103

FIGURA 4.31 - MTR DO SOLO CONTAMINADO (FONTE: FORNECIDO PELA DIA CONSTRUTORA LTDA, 2017) ...................... 105

FIGURA 4.32 - MTR DO CONCRETO ARMADO ........................................................................................................ 105

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 2.1 - IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................................................................................... 18

QUADRO 2.2 - CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS .......................................................................................... 19

QUADRO 2.3 - CLASSIFICAÇÃO DO DANO AMBIENTAL ............................................................................................... 19

QUADRO 2.4 - EXEMPLOS DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................... 22

QUADRO 2.5 - ESTRUTURA SISNAMA .................................................................................................................. 24

QUADRO 2.6 - OBJETIVOS DA RUMO ..................................................................................................................... 37

QUADRO 2.7 - ÁREAS DO PLANO DE AÇÃO DA RUMO ............................................................................................... 39

QUADRO 2.8 - CLASSIFICAÇÃO DOS RCD (FONTE: ADAPTADO DA CONAMA) .............................................................. 43

QUADRO 3.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS GASTOS RELACIONADOS ÀS MEDIDAS DE GESTÃO AMBIENTAL (FONTE: ADAPTADO DE GODOY

ET AL. 2013) ........................................................................................................................................... 56

QUADRO 4.1 - ASPECTOS E SEUS RESPECTIVOS IMPACTOS AMBIENTAIS ......................................................................... 89

QUADRO 4.2 - CLASSIFICAÇÃO DOS ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................................................ 91

QUADRO 4.3 - AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE DO IMPACTO AMBIENTAL ........................................................................... 91

QUADRO 4.4 - MÉTODO DE CÁLCULO DA RELEVÂNCIA DO IMPACTO AMBIENTAL ............................................................. 92

QUADRO 4.5 - MATRIZ DE CÁLCULO 1 DO GRAU DO IMPACTO AMBIENTAL..................................................................... 94

QUADRO 4.6 – MATRIZ DE CÁLCULO 2 DO GRAU DO IMPACTO AMBIENTAL .................................................................... 94

QUADRO 4.7 - ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA DA INCIDÊNCIA DO IMPACTO AMBIENTAL ........................................................ 96

QUADRO 4.8 - MATRIZ DE ANÁLISE DA SIGNIFICÂNCIA DO IMPACTO AMBIENTAL ............................................................. 98

QUADRO 4.9 - CONTROLES A SEREM IMPLEMENTADOS DE ACORDO COM A SIGNIFICÂNCIA DO IMPACTO AMBIENTAL .............. 98

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LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO ............................................... 41

TABELA 3.1 - QUANTITATIVO DOS PRINCIPAIS AGENTES DE ABASTECIMENTO EM 2016 .................................................... 50

TABELA 4.1 - RESULTADOS DE VOCS NA SONDAGEM REALIZADA EM MAIO DE 2017 ..................................................... 102

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIEPS - Associação Brasileira das Empresas de Equip. e Serv. para o Mercado

de Comb. e Convêniencia

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists

ANP – Agência Nacional do Petróleo.

API - Petroleum Institute

ASME - American Society of Mechanical Engineers

BTEX – Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos

CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica

COMLURB - Companhia Municipal de Limpeza Urbana

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CSI – Iniciativa para Sustentabilidade do Cimento

DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito

DOU – Diário Oficial da União

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EPI´s – Equipamento de Proteção Individual

GLP – Gás Liquefeito de Petróleo

GNV – Gás Natural Veicular

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IOLM - International Organization of Legal Metrology

IPEM - Instituto Estadual de Pesos e Medidas

ISO - International Organization for Standardization (Organização Internacional

para Padronização)

LO – Licença Operacional

LP – Licença Prévia

NBR – Norma Brasileira

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PGRCC – Plano de gerencimaneto dos Resíduos da Construção Civil

PIB – Produto Interno Bruto

PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

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PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos

Ppm – Partículas por Minuto

PVC - Policloreto de vinila

RCC – Resíduos da Construção Civil

RCD – Resíduos de Construção e Demolição

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SMAC - Secretaria Municipal de Meio Ambiente

SNIC - Sindicato Nacional da Indústria do Cimento

TRR – Transportador Revendedor Retalhista

WBCSD - World Business Council for Sustainable Development

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...................................................................................................................... 9

LISTA DE QUADROS............................................................................................................................. 11

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................. 12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................................. 13

SUMÁRIO ................................................................................................................................................. 15

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 13

1.1 A IMPORTÂNCIA DO TEMA EM ESTUDO ............................................................................................................. 13

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................................................. 14

1.3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................................. 15

1.4 METODOLOGIA ............................................................................................................................................ 15

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ........................................................................................................................ 15

2 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................ 17

2.1 CONCEITOS ................................................................................................................................................. 17

2.1.1 Aspectos Ambientais ............................................................................................ 17

2.1.2 Impactos Ambientais ............................................................................................ 17

2.1.3 Gestão Ambiental ................................................................................................. 21

2.2 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS ............................................................................................................................... 23

2.2.1 Aspectos Gerais .................................................................................................... 23

2.2.2 Lei Federal ............................................................................................................ 24

2.2.3 CONAMA n° 307/2002 ........................................................................................ 25

2.2.4 Lei Estadual do Rio de Janeiro ............................................................................. 27

2.2.5 Lei Municipal do Rio de Janeiro .......................................................................... 27

2.3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA GESTÃO AMBIENTAL ................................................................................................. 29

2.4 PECULIARIDADES DA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................................................................................................... 31

2.4.1 A Extração de Matéria-Prima ............................................................................... 32

2.4.2 A Produção dos Materiais e o Processo Construtivo ............................................ 35

2.4.3 A Geração de Resíduos......................................................................................... 40

2.5 OBRAS BRASILEIRAS HISTÓRICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS.............................................. 44

3 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS NO SETOR DE ABASTECIMENTO DE

COMBUSTÍVEIS ..................................................................................................................................... 48

3.1 O SETOR DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL ................................................................................................ 48

3.2 PECULIARIDADES DOS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS ............................................................................................... 52

3.3 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS ............................................................................................................................... 58

3.3.1 Lei Nº 9.605 – Lei Dos Crimes Ambientais ......................................................... 58

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3.3.2 Lei Nº 9.433 – Política Nacional De Recursos Hídricos ...................................... 59

3.3.3 Conama Nº 273 – Licenciamento Ambiental ....................................................... 60

3.4 NORMAS TÉCNICAS ...................................................................................................................................... 63

3.4.1 Associação Brasileira De Normas Técnicas (ABNT) .......................................... 63

3.4.2 Agência Nacional Do Petróleo, Gás Natural E Biocombustíveis (ANP) ............. 71

3.5 IMPACTOS AMBIENTAIS HISTÓRICOS DECORRENTES DO SETOR DE ABASTECIMENTO .................................................. 74

4 ESTUDO DE CASO ....................................................................................................................... 79

4.1 A EMPRESA ................................................................................................................................................. 79

4.2 AS INSTALAÇÕES .......................................................................................................................................... 79

4.3 A OBRA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................................ 82

4.4 OS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS .............................................................................................................. 88

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO DE CASO .................................................................................................. 106

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 107

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 108

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13

1 INTRODUÇÃO

1.1 A IMPORTÂNCIA DO TEMA EM ESTUDO

Cada vez mais a população vem se conscientizando da importância de medidas

ambientalmente responsáveis, dos malefícios de utilização de recursos naturais esgotáveis

sem compensações, de como a saúde e bem-estar das pessoas estão ligados diretamente a

qualidade do ar que respiram e da água que bebem, por exemplo. Essa conscientização fez

com que a sociedade se tornasse mais exigente em relação as empresas e suas formas de

gestão, surgindo assim o termo gestão ambiental.

A gestão ambiental nada mais é do que uma soma de medidas que permitem reduzir e

controlar os impactos ambientais de uma atividade ou empreendimento ao meio ambiente. De

acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (1986), impacto ambiental

é qualquer alteração do meio ambiente causada por atividades humanas que afetam a saúde, a

segurança e bem-estar da população e a qualidade dos recursos ambientais.

A gasolina e óleo diesel são misturas complexas de mais de 200 hidrocarbonetos,

obtidos da destilação e craqueamento do petróleo. A gasolina é constituída por

hidrocarbonetos mais leves (cadeias com 5 a 12 átomos de carbono) enquanto o óleo diesel

contém uma proporção maior de hidrocarbonetos um pouco mais pesados (6 a 22 átomos de

carbono). Dos hidrocarbonetos constituintes da gasolina e do óleo diesel os que causam maior

preocupação são os compostos aromáticos, principalmente o benzeno, o tolueno, o

Etilbenzeno e os xilenos por serem eles os mais solúveis e os mais tóxicos entre os demais.

Esses compostos (comumente denominados BTEX - Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e

Xilenos) são poderosos depressores do sistema nervoso central humano, apresentando

toxicidade crônica, mesmo em pequenas concentrações (da ordem de ppb – parte por bilhão) e

são extremamente prejudiciais ao meio ambiente, podendo inviabilizar a exploração de

aquíferos por eles contaminados e ocasionar consequências no ciclo hidrológico de uma

região.

Tendo em vista a periculosidade de contaminação ambiental por meio de

combustíveis, a partir da década de 80 as questões ambientais começaram a ter destaque para

o setor de abastecimento, surgindo normas e leis para reger uma gestão ambiental das

atividades de abastecimento e armazenamento de combustíveis exercidas por exemplo tanto

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nos Postos Revendedores Varejistas quanto nos Postos de Abastecimento (instalação que

possui atividade de armazenamento e abastecimento de combustíveis cujos produtos sejam

destinados exclusivamente ao uso do detentor das instalações, como por exemplo, garagens de

ônibus). Ambos, representam empreendimentos potencialmente poluidores por conta de suas

atividades de armazenamento de combustível, troca de óleo, abastecimento, etc.

Um outro setor que causa grandes impactos ambientais é o setor da construção civil.

As consequências ao meio ambiente se iniciam no processo de extração de matéria prima para

a produção de matérias como cimento, areia, pedras, blocos cerâmicos e etc, que é feita, em

sua maioria, de forma inconsciente ambientalmente por conta do baixo valor agregado dos

produtos. A produção dos materiais também é grande poluente, como por exemplo a indústria

do cimento, é responsável por aproximadamente 3% das emissões mundiais de gases de efeito

estufa e por aproximadamente 5% das emissões de CO2.

Durante a etapa de execução da obra alguns impactos como interferência e mudança

do meio físico de seu entorno (obras de barragens podem levar a degradação e inundação de

milhões de hectares), consumo elevado de água para a execução das etapas de concretagem,

por exemplo, geração de resíduos de demolição (concreto, ferros, vidros, etc) e até mesmo a

disposição de forma incorreta desses resíduos (alguns deles podem ser tóxicos como as tintas

e óleos solventes). No decorrer da existência do canteiro de obra, alguns impactos na

vizinhança também podem ser observados como ruídos e mudanças nas vias de transito de

automóveis.

Nesse contexto, o setor da construção civil se viu obrigado a apostar em medidas de

gestão ambiental para atender as exigências da sociedade, ao surgimento de normas e a

evolução da legislação ambiental brasileira, que tem como objetivo, a preservação do meio

ambiente e responsabilização dos principais geradores de impactos.

1.2 OBJETIVOS

A presente monografia possui como objetivo identificar e analisar os aspectos e os

impactos ambientais causados por falhas do setor de abastecimento de combustíveis em

postos de abastecimento (empresa de transporte), assim como pelas suas respectivas obras de

recuperação para implementação das ações corretivas.

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1.3 JUSTIFICATIVA

O contexto econômico atual caracteriza-se por uma rígida postura dos clientes, voltada

à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional

no mercado, e que atuem de forma ecologicamente responsável. (TACHIZAWA apud

HEUSER, 2007).

Diante da complexidade encontrada na discussão de sustentabilidade no setor de

abastecimento de combustíveis e da construção civil, releva-se a importância de um estudo

sobre os impactos ambientais decorrentes de falha no setor de abastecimento (postos de

combustível) e das etapas das suas respectivas obras de remediação, visando controlar e

mitigar os impactos finais.

1.4 METODOLOGIA

Foram realizadas consultas a monografias, dissertações, teses, artigos técnicos

específicos, normas técnicas, leis e livros, afim de identificar conceitos ligados a aspectos e

impactos ambientais causados pelo setor de abastecimento de combustíveis e pelo setor da

construção civil. Essa fundamentação teórica teve como base principal buscas virtuais.

Foi feito um estudo para identificação dos aspectos e impactos ambientais em uma

obra de recuperação de um posto de abastecimento (garagem de ônibus de transporte de

passageiros) por conta de um vazamento de combustível. O estudo avalia na prática a

aplicação da fundamentação teórica com base nos dados disponibilizados pela empresa de

consultoria ambiental, a qual realizou a obra.

As conclusões e observações analisadas no estudo de caso são válidas apenas para a

empresa e o empreendimento em estudo, pois o sistema de gestão ambiental é único para cada

organização e os impactos ambientais dependem do meio em que estão ocorrendo não

perdendo de vista a diversidade e a função social do mesmo.

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

No primeiro capítulo observa-se a introdução da monografia, contendo o tema de

estudo com sua devida importância descrita, os objetivos deste trabalho, a motivação do

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estudo, a metodologia adotada para o desenvolvimento do trabalho e a estrutura da

monografia.

No segundo capítulo foi realizado um levantamento bibliográfico com a

contextualização sobre aspectos e impactos ambientais na construção civil contendo

conceitos, legislações aplicáveis aspectos históricos da gestão ambiental, peculiaridades da

construção civil e obras históricas e seus respectivos impactos ambientais.

No terceiro capítulo também é apresentado um levantamento bibliográfico, porém este

é sobre aspectos e impactos ambientais no setor de abastecimento de combustível contendo

um panorama geral do setor de abastecimento de combustíveis no Brasil, peculiaridades dos

postos de combustíveis, legislações e normas aplicáveis e os impactos ambientais históricos

do setor.

O quarto capítulo, é destinado a um estudo de caso com os dados de uma obra de

recuperação em uma garagem de ônibus (PA). A empresa e a instalação é descrita de forma

detalhada. Foram usados todos os conceitos discutidos nos capítulos 2 e 3 para a compreensão

dos impactos ambientais causados pelo vazamento de combustível e pela obra.

No quinto capítulo é dedicado a conclusão acerca das questões levantadas e discutidas

nesta monografia.

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2 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 CONCEITOS

2.1.1 Aspectos Ambientais

"O aspecto ambiental é o elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma

organização que pode interagir com o meio ambiente” Norma Brasileira (NBR) ISO 14001

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT, 2015), o qual tem o

poder de gerar um impacto ambiental significativo. Para Rios (2014), os aspectos ambientais

são as causas controláveis pela organização como, por exemplo, certos processos de produção

ou produtos. Ainda segundo a NBR ISO 14001 (ABNT, 2015):

“NOTA 1 - Um aspecto ambiental pode causar impacto(s)

ambiental(is). Um aspecto ambiental significativo é aquele que tem ou

pode ter um ou mais impactos ambientais significativos.

NOTA 2 - Aspectos ambientais significativos são determinados pela

organização, aplicando um ou mais critérios.”

De acordo com Santos (2005), são exemplos de aspectos ambientais as emissões de

gases, resíduos sólidos gerados, matéria prima consumida, efluentes e combustível

consumido.

Na construção civil, pode-se exemplificar com a atividade de execução de formas de

madeira para uma obra de muro de contenção de encostas. Alguns aspectos gerados por essa

atividade são: o consumo de recursos naturais (a madeira); o consumo de energia elétrica e a

geração de resíduos (serragem e pedaços de madeira).

2.1.2 Impactos Ambientais

Segundo o Artigo 1° da Resolução CONAMA, de 23 de janeiro de 1986, considera-se

impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

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ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas que, direta ou indiretamente, afetam os seguintes itens indicados no Quadro 2.1:

Quadro 2.1 - Impactos Ambientais

I A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II As atividades sociais e econômicas;

III A biota;

IV As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V A qualidade dos recursos ambientais

Fonte: CONAMA

Para Santos (2005), “São considerados impactos ambientais os resultados da interação

dos aspectos ambientais com o meio ambiente”.

Já Simonetti (2010), define o impacto ambiental como a variação de um parâmetro no

ambiente, em função da ação humana como ilustrado na Figura 2.1. Em outras palavras, são

os efeitos no meio ambiente causados isoladamente ou não, por exemplo, na forma

contaminação do lençol freático, poluição do solo, da atmosfera ou existência de riscos.

Figura 2.1 - Impacto Ambiental (Fonte: Simonetti, 2010)

Para possibilitar a avaliação do potencial de contribuição e a dimensão do dano

ambiental em um ambiente na ocorrência de impactos, as características dos recursos naturais

podem ser classificadas segundo Kaskantzis (2010) como apontado no Quadro 2.2:

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Quadro 2.2 - Classificação dos Recursos Naturais

Classificação Conceituação

a) Escala

Representa a magnitude do efeito sobre o recurso natural em

função do espaço e do tempo, sendo dimensionada em macro (em

km), meso (em ha) e micro (em m). Para exemplificar, no que diz a

respeito à escala, o impacto do derramamento de óleo em um rio

será maior do que o mesmo derramamento no terreno de uma

indústria.

b) Elasticidade

Representa a capacidade do recurso natural de se recuperar após a

ocorrência de impacto ambiental (renovação). A ocorrência de

derramamento de óleo em um rio tem impacto ambiental menor do

que o mesmo derramamento de óleo em uma lagoa. O rio em

função das correntezas tem renovabilidade maior do que a lagoa

com águas paradas.

c) Complexidade

Representa o grau de causas que o meio gera e a incidência de

consequências que afetam o meio. O impacto ambiental de um

vazamento de produto químico de uma indústria localizada as

margens do rio Paraíba do Sul têm complexidade maior que o

mesmo vazamento em uma lagoa. Neste caso, ao contrário da

elasticidade (renovação) a complexidade do impacto é maior por

conta das causas que o meio pode gerar ao longo do rio.

d) Componente chave

Representa os elementos dominantes de um ecossistema e seus

efeitos nos demais elementos dependentes que habitam o mesmo

ecossistema. Quando um impacto ambiental destrói uma

determinada espécie outras que dependem da mesma tendem

também a desaparecer pela destruição da sua condição de

subsistência.

e) Representatividade

Representa a singularidade do elemento afetado pelo impacto

ambiental e a sua influência no meio em que está inserido ou no

momento em que ocorre o impacto ambiental.

Fonte: Kaskantzis, 2010.

Leite (2012) estabelece os critérios descritos na Quadro 2.3 para a classificação do

dano ambiental e consequentemente para a determinação do potencial ecológico de

contribuição para o equilíbrio ambiental.

Quadro 2.3 - Classificação do Dano Ambiental

Levando em consideração Significados Espécie de dano

1) A amplitude do bem 1) Conceitos restrito, amplo a) Dano ecológico puro

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protegido e parcial do bem ambiental (restrito);

b) Dano ambiental(amplo);

c) Dano ambiental individual

ou reflexo (parcial).

2) A reparabilidade e o

interesse envolvido

2) Obrigação de reparar

diretamente ao interessado

ou indiretamente ao bem

ambiental protegido.

Relativamente ao interesse

do proprietário do bem, ou

concernente ao interesse

difuso da coletividade na

proteção do bem ambiental.

a) Dano de reparabilidade

direta;

b) Dano de reparabilidade

indireta.

3) A extensão do dano 3) Considerando lesividade

verificada no bem ambiental

a) Dano ambiental

patrimonial;

b) Dano ambiental

extrapatrimonial ou moral

4) Os interesses objetivados

4) Considerando os

interesses objetivados na

tutela jurisdicional

pretendida.

a) Dano ambiental de

interesse da coletividade;

b) Dano ambiental de

interesse subjetivo

fundamental;

c) Dano ambiental de

interesse individual.

Fonte: Leite, 2012.

No contexto da construção civil, segundo Spadotto et al. (2011):

“Algumas obras podem causar impactos que influenciam o

ecossistema podendo alterá-lo drasticamente ou até provocar sua

extinção, por meio de inundação de grandes áreas, corte de

vegetações, impermeabilização do solo e a sua fase de construção que

acaba gerando ruídos, resíduos, etc.

Os impactos, além de ambientais, também influenciam o meio social,

econômico e visual. Como pode valorizar uma área, pode também

desvalorizar, mediante poluição visual, sonora, sombreamento de área

que necessita de insolação, empecilho para a ventilação, entre outros.”

Os impactos ambientais causados pelo setor da construção podem ser observados em

todas as etapas da sua cadeia produtiva, tendo início na extração de matéria-prima onde ocorre

grande degradação ambiental, seguindo pela elaboração de materiais de construção como, por

exemplo, emissão de CO2 na produção de cimento e na etapa de execução onde ocorre a

geração de resíduos como entulhos de demolições e pontas de ferro utilizados na montagem

das armaduras para concreto armado. Todas essas peculiaridades do setor da construção são

melhor explicados no item 2.4.

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2.1.3 Gestão Ambiental

De acordo com Valle (2002), a Gestão Ambiental consiste em um conjunto de

medidas e procedimentos bem definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e

controlar os impactos produzidos por um empreendimento ao meio ambiente. Para Uerhara et

al. (2010), a gestão ambiental ocupa-se dos aspectos “políticos”, “Administrar conflitos e

compreender como os humanos interagem com o ambiente e entre eles mesmos traduzem o

núcleo da gestão ambiental que, à diferença da Ciência Ambiental, é amplamente situada nas

Ciências Sociais.”. Em outras palavras, ela visa ordenar as atividades humanas de forma a

utilizar de maneira racional os recursos naturais, visando a sustentabilidade

Após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento em

1992 (ECO 92), que segundo Raynaut, Lana e Zanoni (2000), “[...]foi uma expressão da

importância que o tema já tinha assumido para a classe política brasileira, bem como um

incentivo para uma mobilização ainda maior dos interesses públicos e privados nesse

domínio.” e a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (Rio+10) realizada em 2002 com objetivo principal de discutir soluções propostas

pela Agenda 21, cada vez mais a sociedade passou a exigir das indústrias cuidados na

preservação dos recursos naturais e o respeito ao Código Florestal, que impõe regras mais

rígidas no uso da terra.

Uehara et al. (2010) mostra na Figura 2.2 o crescimento no surgimento dos grupos de

pesquisa e eventos ambientais na Universidade de São Paulo após 1992 como exemplificação

da conscientização da população em relação a importância da Gestão Ambiental.

Figura 2.2 - Surgimento dos grupos de pesquisas ambientas na USP. (Fonte: Uehara et al., 2010)

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A existência de um Sistema de Gestão Ambiental em uma empresa geralmente conduz

a melhoria em desempenho ambiental e em custos diretos (diminuição do desperdício de

matérias-primas e de recursos cada vez mais escassos, como água e energia) e indiretos

(representados por sanções e indenizações relacionadas a danos ao meio ambiente ou à saúde

de funcionários e da população). “Quando metas e objetivos são estabelecidos dentro do

sistema administrativo, e pessoas e organização são avaliadas por completo para verificar se

esses objetivos e metas foram alcançados, o resultado é uma melhoria” (HARRINGTON,

2001).

De acordo com Novis (2014), a ISO 14001 é a única norma do conjunto ISO 14000

que certifica ambientalmente uma organização. Ela tem como propósito prover às

organizações os elementos de um Sistema de Gestão Ambiental competente, susceptível a

integração com os demais objetivos da organização e com capacidade de ser aplicado a todos

os tipos e partes de organizações, independente e suas condições geográficas, culturais e

sociais. A ISO 14004 especifica os princípios e elementos integrantes de um Sistema de

Gestão Ambiental, mas é destinada somente para uso interno na organização, servindo como

guia para a implementação da Gestão Ambiental, sem aguardar por certificação.

Segundo a ABNT NBR ISO 14004 (ABNT, 2004), existe um processo de avaliação

para determinar a significância dos aspectos e impactos ambientais (conceitos abordados

anteriormente nos tópicos 2.1.1 e 2.1.2) que deve conter as etapas de Seleção de uma

atividade, produto ou serviço; Identificação de aspectos ambientais; Identificação de impactos

ambientais e Avaliação da importância dos impactos. No Quadro 2.4, estão exemplificados

possíveis aspectos e impactos oriundos de algumas atividades comuns na construção civil.

Quadro 2.4 - Exemplos de Aspectos e Impactos Ambientais da Construção Civil

Atividade, produto ou serviço Aspecto Impacto

Atividade - Manuseio de materiais

perigosos

Possibilidade de vazamento

para o meio ambiente

Contaminação do solo

ou da água

Produto - Projeto de edificação

comercial

Uso de matérias-primas

esgotáveis (água, metais,

plásticos)

Esgotamento de

recursos naturais

Serviços - Operação de caminhões

de transporte

Emissões de gases pelo

escapamento Contaminação do ar

Fonte: Autoria própria.

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A ISO 14004, complementa a ISO 14001 e, assim como ela, existem outras normais

complementares: ISO 14020 do grupo de normas que lidam com selos ambientais; ISO

14031que é basicamente um guia para avaliar o desempenho ambiental; ISO 14040 que

conduz análises do ciclo de vida de produtos e serviços (a qual será abordada no tópico 2.1.4);

ISO 14063 que trata de comunicação ambiental por parte das empresas; ISO 14064 que

auxilia na contabilização e verificação de emissões de gases de efeito estufa para suportar

projetos de redução de emissões; ISO 14065 a qual complementa a ISO 14064 especificando

os requisitos para certificar ou reconhecer instituições que farão validação ou verificação da

norma ISO 14064 ou outras especificações importantes.

2.2 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS

2.2.1 Aspectos Gerais

A preocupação com o meio ambiente acompanha os principais movimentos políticos

no mundo. A legislação ambiental brasileira, antes da atual Constituição, era regida pela

Política Nacional do Meio Ambiente, instituída em 31 de agosto de 1981 pela Lei 6.938 que,

entretanto, demorou cinco anos para produzir um primeiro efeito normativo, a Resolução nº

01 do CONAMA de 05.01.86. Nessa Resolução foi definido Impacto Ambiental e a

necessidade de se ter um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para qualquer tipo de

licenciamento, obra ou intervenção no meio ambiente.

Já no início dos anos 90 houve um processo preparatório da Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente, a RIO 92, na qual foi aprofundado a questão do

Desenvolvimento Sustentável, resultando na “Agenda 21” que seguiu com um despertar sobre

a sociedade (SANTOS, 2015).

Seguindo o exemplo dos outros países, o Brasil vem evoluindo em sua legislação

ambiental com o objetivo de preservação do meio ambiente e responsabilização dos principais

geradores. Este ítem 2.2 mostra a evolução da legislação ambiental brasileira a níveis federal,

estadual e municipal tomando como referência o estado e o município do Rio de Janeiro.

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2.2.2 Lei Federal

A lei federal nº 6.938/81, nomeado como Política Nacional do Meio Ambiente, busca

a preservação, melhora e recuperação do Meio Ambiente Nacional. De acordo com Rodrigues

(2018), ela foi o marco inicial que cuidou do meio ambiente como um direito próprio e

autônomo. “Antes disso, a proteção do meio ambiente era feita de modo mediato, indireto e

reflexo, na medida em que ocorria apenas quando se prestava tutela a outros direitos, tais

como o direito de vizinhança, propriedade, regras urbanas de ocupação do solo, etc.".

Para alcançar o objetivo de melhora do meio ambiente, segundo Santos (2015), essa

lei instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), que representa o conjunto de

órgãos, entidades e normas de todos os entes federativos da União, estados, Distrito Federal e

municípios, responsáveis pela gestão ambiental. O SISNAMA, cuja estrutura é disposta no

Quadro 2.5, estabelece princípios e conceitos fundamentais para a proteção ambiental, bem

como objetivos e instrumentos até então inexistentes na legislação pátria.

Quadro 2.5 - Estrutura SISNAMA

Estrutura do SISNAMA

Órgão superior: O Conselho de Governo

Órgão consultivo O Conselho Nacional do Meio Ambiente -

CONAMA

Órgão central: O Ministério do Meio Ambiente - MMA

Órgão executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

dos Recursos Naturais Renováveis -

IBAMA

Órgãos Seccionais:

os órgãos ou entidades estaduais

responsáveis pela execução de programas,

projetos e pelo controle e fiscalização de

atividades capazes de provocar a

degradação ambiental;

Órgãos Locais:

os órgãos ou entidades municipais,

responsáveis pelo controle e fiscalização

dessas atividades, nas suas respectivas

jurisdições;

Fonte: SISNAMA

A partir da Lei 12.305, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Nela, a responsabilidade pela gestão dos Resíduos de Construção e Demolição (RCD)

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estendeu-se aos Municípios e ao Distrito Federal, visando a reciclagem de lixo e o correto

manejo dos produtos usados com alto potencial de contaminação.

De acordo com Santos (2015), nesta lei está inclusa a criação da logística reversa para

determinados materiais como agrotóxicos, pilhas, baterias, eletroeletrônicos, pneus, lâmpadas

e óleos lubrificantes. Além de estimular de que cidadãos separem o lixo doméstico nas

cidades onde existe coleta seletiva, a lei prevê subsídios da União para catadores de lixo e a

indústria da reciclagem. Também está contemplada nesta lei, a proibição da criação de lixões

onde os resíduos são despejados a céu aberto assim como moradia e criação de animais nesses

locais.

2.2.3 CONAMA n° 307/2002

Em 1986, segundo Santos (2015), na Resolução n° 001 da CONAMA é definido

Impacto Ambiental e a necessidade de se ter um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

para qualquer tipo de licenciamento, obra ou intervenção no meio ambiente.

Por causa do crescente aumento de RCD e os impactos causados no meio-ambiente, o

CONAMA formulou a Resolução nº 307 (CONAMA, 2002), que responsabiliza os geradores

de resíduos pela destinação final dos mesmos. “Sua vigência começou a partir de julho de

2002, e estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da

construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos

ambientais.” (GONÇALVES, 2016).

No Art. 2º, temos a definição de resíduos da construção civil segundo a Resolução

307:

Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções,

reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os

resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como:

tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,

resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa,

gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação

elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou

metralha.

Além de diretrizes, ela estabelece que os geradores devam ter como objetivo

prioritário a não geração de resíduos e, como secundário, devem buscar reduzi-lo, reutilizá-lo,

reciclá-lo e cuidar para que a destinação final seja correta, uma vez que não é possível sua

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disposição em aterros domiciliares, área de “bota fora”, em encostas, corpos d’agua, lotes

vagos e em áreas protegidas por Lei. A responsabilidade pelo entulho gerado é do gerador,

sendo a Prefeitura corresponsável por pequenas quantidades, geralmente menos que 50 kg ou

100 lts. (LARUCCIA, 2014)

A Resolução 307 também determina que o instrumento para a gestão dos resíduos da

construção civil, o Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, seja

elaborado pelos municípios e pelo Distrito Federal e este plano deve conter diretrizes, técnicas

e procedimentos para o Programa de Gerenciamento e Projetos de Resíduos da Construção

Civil, e define formas de disposição dos resíduos segundo sua classificação.

Segundo a Resolução nº 448 (CONAMA, 2012), que é uma alteração da resolução

307/02, a elaboração de um plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos deve

contemplar:

a) A situação dos resíduos sólidos gerados, contendo a origem, o volume, a

caracterização e as formas de destinação e disposição final;

b) Identificação das áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada;

c) Possíveis soluções compartilhadas com outro município;

d) Identificação dos geradores sujeitos ao plano de gerenciamento específico;

e) Procedimentos operacionais e especificações a serem adotadas nos serviços

públicos do manejo de resíduos sólidos;

f) Indicadores de desempenho operacional do manejo sólidos;

g) Regras para o transporte e de outras etapas do gerenciamento dos resíduos sólidos;

h) Programas e ações de capacitação técnica, voltados para sua implementação e

operacionalização;

i) Programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a

redução, a reutilização e a reciclagem de resíduos sólidos;

j) Metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com

vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final

ambientalmente adequada;

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2.2.4 Lei Estadual do Rio de Janeiro

A Resolução 307/02 da CONAMA, é reforçada pela lei n°4.191 de 30 de setembro de

2003 no Estado do Rio de Janeiro. Essa lei considera que qualquer atividade geradora de

resíduos deve obedecer a todas as obrigatoriedades contidas na legislação, portanto, ela não

contempla apenas o setor da construção civil.

Segundo o Art. 8°:

“As atividades geradoras de resíduos sólidos e executores, de qualquer

natureza, são responsáveis pelo seu acondicionamento,

armazenamento, coleta, transporte, tratamento, disposição final, pelo

passivo ambiental oriundo da desativação de sua fonte geradora, bem

como pela recuperação de áreas degradadas.”

Os instrumentos da Política Estadual de Resíduos Sólidos são estabelecidos e,

dentre eles, estão as auditorias ambientais, os programas de incentivo à adoção de sistemas de

gestão ambiental pelas empresas e a certificação ambiental de produtos e serviços.

Nela, o Estado reforça que Caso contrário, as responsáveis estão sujeitas a penalidades

previstas que vão desde multas simples, perda de crédito, embargo de obras e cassação de

licença ambiental.

“Art. 18 - Constitui infração, para efeito desta Lei, toda ação ou

omissão que importe a inobservância de preceitos nela estabelecidos e

na desobediência a determinações dos regulamentos ou normas dela

decorrentes.

Parágrafo único - O descumprimento das determinações a que se

refere o caput deste artigo sujeitará os infratores às penas de

advertência por escrito, multa simples, multa diária, interdição e

demais penalidades previstas na Lei Estadual nº 3467Controle de Leis,

de 14 de dezembro de 2000, independentemente de outras sanções

administrativas.” (LEI N°4.191, 2003).

2.2.5 Lei Municipal do Rio de Janeiro

No contexto Municipal do Rio de Janeiro, é respeitado o decreto n°42605 de 25 de

novembro de 2016 que institui o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos -

PMGIRS da Cidade do Rio de Janeiro (2017-2020). Ele considera a determinação da Lei

Federal nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos, estabelecendo em seus arts. 18 e 55 que a elaboração do PMGIRS é condição para os

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municípios terem acesso a recursos da União destinados à limpeza urbana e ao manejo de

resíduos sólidos;

Conforme o PMGIRS (2017-2020), podemos observar número significativo dos

resíduos da construção civil no Município do Rio de Janeiro destinados a Gericinó vide

Figura 2.3:

“93,2 % do fluxo de resíduos sólidos gerados na cidade é destinado ao

ctr-rio, em Seropédica, após passar pelas estações de transferência de

resíduos - Etrs. Para o ctr-gericinó são destinados 6,3% do fluxo, que

são os resíduos da construção civil e o restante 0,5% compreende o

fluxo da coleta seletiva.”

Figura 2.3 - Vista aérea do CTR – Gericinó (Fonte: PMGIRS)

O PMGIRS define que para maiores quantidades de Resíduos da Construção Civil -

RCC de responsabilidade do gerador, enquadrado como gerador de lixo extraordinário

(Grande Gerador de RCC é aquele que gera volume superior a 2 m³/semana de acordo com o

inciso VII, art. 3º do Decreto Municipal nº 27.078/2006), a COMLURB (Companhia

Municipal de Limpeza Urbana) disponibiliza em seu site a “relação de empresas credenciadas

para a coleta e o transporte” e a SMAC (Secretaria Municipal de Meio Ambiente)

disponibiliza em seu site a “listagem de empresas licenciadas para o beneficiamento ou

destinação final ambientalmente adequada de RCC”.

Para a remoção de RCC de pequenas obras residenciais, desde que os resíduos estejam

acondicionados em sacos plásticos de 20 litros, pode ser solicitado o apoio do município no

recolhimento de até 150 sacos a cada 10 dias, através do Serviço de Remoção Gratuita da

COMLURB.

A recente Resolução SMAC nº 604/2015 estabelece que os Planos de Gerenciamento

de RCC – PGRCC deverão ser elaborados de forma a privilegiar as alternativas de

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reaproveitamento e de reciclagem de RCC na própria obra ou em unidades de beneficiamento

devidamente licenciadas.

Cabe registrar que o licenciamento ambiental municipal vem exigindo o atendimento à

legislação em vigor, com o reaproveitamento dos diferentes resíduos de demolição e

construção, diretamente nos próprios locais de geração ou indiretamente em outras obras

licenciadas. As obras sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Urbano da

Região do Porto da Cidade do Rio de Janeiro – CDURP é exemplo de expressivo

reaproveitamento de RCC.

Decreto Municipal nº 33.971, de 13.06.2011, dispõe sobre a obrigatoriedade da

utilização de agregados reciclados, oriundos de resíduos da construção civil - RCC em obras e

serviços de engenharia realizados pelo Município do Rio de Janeiro e dá outras providências e

revoga os artigos 35 e 36 do Decreto nº 27.078, de 27.09.2006.

2.3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA GESTÃO AMBIENTAL

Segundo Novis (2014), até a década de 50, a natureza não era considerada como foco

principal em qualquer discussão que abordasse a atividade humana e suas relações com o

meio. “Acreditava-se que a natureza existia para ser compreendida, explorada e catalogada,

desde que utilizada em benefício da humanidade. Por outro lado, o avanço da tecnologia no

pós-guerra, dava sinais que não existiriam problemas que não pudessem ser resolvidos.”

Nos anos 70, o início dos movimentos sociais representou um marco na humanidade e

em particular para a formação de uma consciência da importância da preservação

fundamentada nos princípios do equilíbrio com a natureza. A palavra ecologia passa a ser um

termo muito utilizado (SCHENINI et al, 2004).

Havia uma divisão bem clara entre pessoas ditas ecologistas (defensores da natureza) e

pessoas que pregavam a exploração irrestrita do meio ambiente. Porém com surgimento

recente do termo “desenvolvimento sustentável”, ocorreu consequentemente o aparecimento

de profissionais com um perfil que seria um meio termo, ou seja, profissionais com visão

ambientalista que agregam esse conhecimento à exploração dos recursos naturais, tornando-a

mais racional.

De acordo com Roth e Garci (2009), nos anos 70 houve o início da implementação de

medidas para atenuar os impactos ambientais procedentes das atividades do setor da

construção civil nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

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Econômico - OCDE. Primeiramente foram desenvolvidas ações para a economia de energia,

para o enfrentamento da crise do petróleo e para o desenvolvimento da eficiência energética

do setor.

Nos anos 80, por conta da escassez de áreas para a disposição final de resíduos sólidos

no setor da construção civil na Europa, a reciclagem e a minimização de resíduos passaram a

ser motivo de foco especial nesse setor e diversas políticas públicas foram introduzidas com

este objetivo.

Santos (2015) relata que no final dos anos 80 e início dos anos 90 houve um processo

preparatório da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a RIO 92, na qual foi

aprofundado a questão do Desenvolvimento Sustentável. Nesse evento foi feito o documento

intitulado de “Agenda 21”, que resultou de um despertar sobre a consciência ambiental, a

importância da conservação da natureza para o bem-estar da sociedade.

O documento alvidrava que a sociedade assumisse uma atitude ética entre a

conservação ambiental e o desenvolvimento. Evidenciava a forma desperdiçadora com que

até então eram tratados os recursos naturais e propunha uma sociedade justa e

economicamente responsável, produtora e produto do desenvolvimento sustentável. Em

março de 1993 instalou-se o ISO/TC-207, comitê técnico com a função de elaborar uma série

de normas, batizadas de série ISO 14.000.

No Brasil, segundo Schenini et al. (2004), a inexistência de uma consciência ecológica

na indústria da construção civil resultou em danos ambientais irreparáveis, que foram

agravados pelo maciço processo de migração ocorrido na segunda metade do século passado,

que ocasionou uma enorme demanda por novas habitações.

Atualmente, o modelo de construção civil praticado no Brasil, em toda a sua cadeia de

produção, ocasiona vários prejuízos ambientais, pois, além de utilizar, amplamente, matéria-

prima não renovável da natureza e consumir elevadas quantidades de energia, tanto na

extração quanto no transporte e processamento dos insumos, é também perdulário no uso dos

materiais e considerado grande fonte geradora de resíduos dentro da sociedade. Tais impactos

acabam provocando a formação de áreas degradadas que ocorrem em três etapas do processo

construtivo: na aquisição de materiais, considerando a retirada de matéria-prima natural e o

fabrico de produtos, na etapa de execução das obras civis, propriamente dita, e na fase de

disposição final dos resíduos gerados pela construção.

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2.4 PECULIARIDADES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Segundo Barreto (2005), a construção civil é uma indústria que produz grandes

impactos ambientais, desde a extração das matérias-primas necessárias à produção de

materiais, que tem como consequência imediata o esgotamento de recursos, passando pela

execução dos serviços nos canteiros de obra até a destinação final dada aos resíduos gerados,

ocasionando grandes alterações na paisagem urbana, acompanhada de áreas degradadas como

esquematizado na Figura 2.4 (ROTH E GARCIAS, 2009).

No entanto, outros impactos ambientais podem ser identificados, tais como: emissão

de gases poluentes e gasto de energia, seja durante a extração, fabricação ou transporte do

recurso; contaminação da água por lavagem de matéria prima extraída e por processos

industriais; consumo de energia e água, entre outros insumos, para manter a produção

(SANTOS, 2015).

Figura 2.4 - Impactos Ambientais da Cadeia da CC (Fonte: Roth e Garcias, 2009)

Segundo Lima (1999), a construção de edificações, em especial, é o setor que apresenta

maiores atrasos devido à falta de qualidade dos serviços e por apresentar grande quantidade

de retrabalho, perdas, baixa produtividade e enorme resistência a mudanças. O que provoca

estes fatos é uma falta de fiscalização das sequências das atividades, a mão de obra intensa e

desqualificada, a falta de definição de atividades, a resistência a mudanças e produção não

planejada por parte dos responsáveis.

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2.4.1 A Extração de Matéria-Prima

Segundo Mesquita (2012), no Brasil, a construção civil é responsável por cerca de

14% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Mas, mesmo sendo um setor que contribui

positivamente para o desenvolvimento do país, ele também gera muitos problemas.

De acordo com John, Oliveira e Lima (2007), “a construção de edificações consome

até 75% dos recursos extraídos da natureza, com o agravante que a maior parte destes

recursos não é renovável”. Estima-se que 220 milhões de toneladas de agregados naturais são

consumidos apenas na produção de concreto e argamassa no Brasil e cerca de 2/3 da madeira

natural extraída é para uso dessa atividade, sendo que a grande maioria das florestas não são

manejadas de maneira adequada causando desmatamentos em massa.

Para Roth e Garcias (2009), a formação de áreas degradadas tem início já na fase de

extração de recursos naturais:

“A retirada de matéria-prima pode resultar na extinção e escassez de

fontes e jazidas, alterações na flora e fauna do entorno destes locais de

exploração, reconfiguração das superfícies topográficas, aceleração do

processo erosivo, modificações de cursos d´água, interceptação do

lençol freático, aumento da emissão de gases e partículas em

suspensão no ar, aumento de ruídos e propagações de vibrações no

solo, tudo isto resultando em áreas degradadas”

A exploração, que pode ser realizada de inúmeras maneiras, tendo em vista técnicas

primitivas e menos complexas até as modernas e tecnologicamente superiores, traz consigo

fatores que levam à perda de qualidade ambiental da área explorada como pode-se observar

na Figura 2.5 em uma área degradada pelo processo de extração de madeira.

Figura 2.5 - Desmatamento na Amazônia para extração de madeira (Fonte: Roth e Garcias, 2009)

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A lei 9605/98, que entre outras providencias “dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente”, em seu artigo

55:

“Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a

competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em

desacordo com a obtida: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e

multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de

recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização,

permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.”

De acordo com a constituição federal de 88, artigo 225, parágrafo 2º: “Aquele que

explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo

com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”.

E ainda, conforme instituído pelo Decreto Federal 97.632, de 1989, em seu artigo

primeiro: “Os empreendimentos que se destinam à exploração dos recursos minerais deverão,

quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impacto

Ambiental - RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental competente, plano de

recuperação de áreas degradas.”

A diminuição das jazidas disponíveis para o atendimento das demandas das principais

regiões do país, em especial no Sul e Sudeste, vem sendo fruto da mineração de materiais de

uso imediato na construção civil, como areia, brita e argila, associada a outras formas de uso e

ocupação do solo. Segundo John (2000), em São Paulo, por exemplo, o esgotamento das

reservas próximas da capital faz com que a areia natural já esteja sendo transportada de

distâncias superiores a 100 km, resultando em significativo aumento no consumo de energia e

geração de poluição.

De acordo com o portal Ambiente Brasil (2007), o volume das áreas degradadas

depende do tipo de mineração, da quantidade de materiais retirados e dos rejeitos produzidos.

Na Figura 2.6 observa-se um local de extração de areia causando desmatamento da margem e

assoreamento na área. Quando se trata dos recursos minerais, o setor minerário é um dos

maiores usuários de energia, o que contribui para a poluição do ar e o aquecimento global

(Brasil, 2007).

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Figura 2.6 - Margem sofrendo desmatamento e erosão na extração de areia (Fonte: Inpe, 2007)

O cimento tem como principais matérias-primas o calcário e a argila. A Figura 2.7

mostra as fases do processo do processo extrativo dessas matérias. Nas minas de calcário, o

processo se inicia na extração da rocha que pode ser realizada a céu aberto ou de maneira

subterrânea. Segundo Laruccia (2014), “No Brasil, a lavra a céu aberto é mais comumente

encontrada, e o desmonte da rocha é realizado por meio de explosivos.” Os explosivos são

dispostos em locais predeterminados por estudos geológicos existentes da área levando em

consideração a quantidade de rocha e a granulometria desejadas planejando a qualidade do

produto final e o aproveitamento adequado da jazida.

Figura 2.7 - Processo extrativo de matérias-primas do cimento (Fonte: Laruccia, 2014)

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2.4.2 A Produção dos Materiais e o Processo Construtivo

A fase de fabricação de materiais de construção também provoca impactos negativos.

A indústria do cimento é responsável por aproximadamente 3% das emissões mundiais de

gases de efeito estufa e por aproximadamente 5% das emissões de CO2 e, no Brasil, é

responsável pela geração de mais de 6% do total de CO2 gerado. A figura 2.8 demonstra a

evolução da produção de cimento no Brasil de acordo com Sindicato Nacional da Indústria do

Cimento - SNIC (2006).

Figura 2.8 - Produção de cimento no Brasil (Fonte: SNIC, 2006)

De acordo com Maury e Blumenschein (2012), a queima de combustíveis fósseis

contabiliza cerca de 54%, o desmatamento por queimadas 9% e outros emissores de gases de

efeito estufa 14,8%. Nas emissões específicas da indústria do cimento, aproximadamente 50%

referem-se ao processo produtivo, cerca de 5% ao transporte, 5% ao uso da eletricidade e os

outros 40% ao processo de clinquerização (World Business Council for Sustainable

Development - WBCSD, 2002), como mostra a Figura 2.9.

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Figura 2.9 - Emissões de gases de efeito estuda da indústria do cimento (Fonte: Adaptado do WBCSD, 2002)

A Figura 2.10 traça a distribuição mundial do potencial de emissões anual de CO2

pela indústria de cimento nos anos 1990 segundo Van Oss e Padovani (2002). Sem dúvida, o

maior potencial de emissões está na Ásia, China, Japão e Índia. No Brasil, o potencial de

emissão é considerado mediano.

Figura 2.10 - Distribuição de emissões anuais de CO2 da indústria do cimento nos anos 1990 (Fonte: Van Oss e

Padovani, 2002)

Pode-se observar na Figura 2.11 os impactos gerados no decorrer do processo

produtivo do cimento, mostrando seus aspectos sociais e ambientais resumidos por Maria

Beatriz Maury, 2007.

Segundo Maury e Blumenschein (2012), a indústria do cimento ciente de todas as

questões ambientais apontadas em âmbito mundial, em 1999, lançou a Iniciativa para a

Sustentabilidade do Cimento (CSI), onde dez importantes empresas de cimento, em conjunto

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com o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), se uniram com o

intuito de investir na sustentabilidade para o setor. Esta iniciativa desenvolveu um programa

de investigação e de consulta das partes interessadas (stakeholders), que culminou com a

publicação, em março de 2002, do relatório independente do Batelle Memorial Institute,

denominado de Rumo a uma Indústria Cimenteira Sustentável (Toward a Sustainable Cement

Industry), entre outros estudos e documentos sobre a sustentabilidade da indústria cimenteira.

“O relatório Rumo a uma Indústria Cimenteira Sustentável (WBCSD,

2002) apresenta recomendações chave destinadas a promover uma

evolução da indústria pela via do desenvolvimento sustentável

nomeadamente nas áreas da proteção climática, produtividade dos

recursos, redução das emissões de gases poluentes, bem-estar dos

colaboradores, gestão ambiental, desenvolvimento regional,

integração industrial, inovação e cooperação industrial." (MAURY E

BLUMENSCHEIN, 2012)

Os objetivos da Iniciativa para a Sustentabilidade do Cimento são apresentados no

Quadro2.7:

Quadro 2.6 - Objetivos da Rumo

1 Avaliar o que significa o desenvolvimento sustentável para a

indústria cimenteira;

2

Identificar e promover ações suscetíveis de serem levadas a cabo

pelas empresas, individualmente ou em grupo, as quais acelerem

o processo de desenvolvimento sustentável;

3 Criar uma estrutura operacional que permita a participação de

outras empresas do setor;

4 Criar uma estrutura operacional que estimule o envolvimento de

stakeholders.

Fonte: Maury e Blumenschein, 2012

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Figura 2.11 - Impactos ambientais da indústria do cimento (Fonte: Maria Beatriz Maury, 2007)

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De acordo com a Iniciativa para a Sustentabilidade do Cimento (WBCSD, 2002), seis

áreas chave formam a base do Plano de Ação que estabelece o programa de trabalho da Rumo

a uma Indústria Cimenteira Sustentável conforme o Quadro2.7. A sexta área de intervenção

trata de processos empresariais internos que incidem transversalmente nas outras cinco áreas.

Quadro 2.7 - Áreas do Plano de Ação da Rumo

1 Proteção climática;

2 Combustíveis e matérias-primas;

3 Saúde e segurança dos

colaboradores;

4 Redução de emissões.

5 Impactos a nível local.

6 Processos empresariais internos.

Fonte: Maury e Blumenschein, 2012

Na etapa de execução das obras de construção civil vários impactos também são

provocados, como os consequentes da perda de materiais, os referentes à interferência no

entorno da obra e nos meios biótico, físico e antrópico do local da edificação (ROTH E

GARCIAS, 2009). Segundo a Seplan (2007), nesta fase o ar é afetado pelas partículas em

suspensão, pelos ruídos e gases emitidos por máquinas, veículos e equipamentos; o solo e

subsolo são atingidos pela retirada de vegetação, cortes e escavações do terreno, aterros e

terraplanagem; e as águas são contaminadas pelo lixo, dejetos humanos e petróleo utilizado na

operação de máquinas.

Durante a etapa de construção, apesar da água não ser considerada propriamente como

um material de construção, o seu consumo atinge níveis consideráveis. Para a confecção de

um metro cúbico de concreto, segundo Santos (2005), se gasta em média de 160 a 200 litros e,

na compactação de um metro cúbico de aterro, podem ser consumidos até 300 litros de água.

Algumas etapas como teste de impermeabilização, teste de instalações hidráulicas, limpeza

dos apartamentos em fase final de entrega e até mesmo durante o processo de cura do

concreto onde as peças ou laje são molhadas para não ocorrer rachaduras, ocorrem picos de

gastos com o consumo da água nas construções.

A construção civil aparece como uma das atividades que mais interferem no ciclo da

água, seja diretamente, em obras de infraestrutura, como barragens e transposições, ou

indiretamente, criando superfícies impermeáveis que alteram o escoamento superficial e a

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drenagem. Outro forte agravante são os resíduos de tintas e solventes que são descartados sem

tratamento em locais inapropriados e acabam percolando e contaminando os lençóis freáticos.

O canteiro de obra provisório é um outro fator peculiar da construção civil. Nele,

ocorre a formação de uma área degradada sazonal, ou seja, seu período de existência é o

mesmo do período da construção. No decorrer da sua existência, ele causa impactos no

transito ao entorno devida a movimentação de caminhões com cargas pesadas, depreciação de

imóveis vizinhos pelo excesso de ruídos, partículas e gases no ar e alterações que causam

impacto visual pela depreciação da região.

2.4.3 A Geração de Resíduos

Um outro problema ambiental gerado pelo ramo da construção civil são os Resíduos

de Construção e Demolição (RCD). Esse não se restringe apenas a tijolos quebrados,

argamassa desperdiçada, ferragens e madeiras como muitos consideram. Eles começam a ser

gerados já no processo preparatório do terreno (pré-obra) em decorrência de corte de terra,

remoção de vegetação e árvores e demolições de construções já existentes no local.

Estes resíduos, quando dispostos de maneira inadequada em lixões, áreas próximas a

rios e córregos, em vias públicas e até mesmo em aterros controlados, trazem problemas à

saúde e ao meio ambiente, provocando o surgimento de vários pontos de áreas degradadas

espalhados pelos centros urbanos (ROTH e GARCIA, 2009).

No Brasil, a geração de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) foi estimada em

65 milhões de toneladas por ano. Estimativas revelam que no Brasil são gerados de 230 a 760

Kg/hab por ano que corresponde de 41 a 70% da massa de lixo urbano do país (PINTO apud

JOHN, 2001). Esses números geram custos para a coleta, transporte e deposição destes

resíduos, pois a construção civil usa, em sua maioria, materiais não renováveis.

Conforme apresentado por Laruccia (2014) e tomando como exemplo a Região

Metropolitana de São Paulo, cerca de 4,8 milhões toneladas de RCD são gerados,

correspondendo à cerca de 70% da massa dos Resíduos Sólidos Urbanos. Estudos realizados

em diversas cidades da região metropolitana de São Paulo, têm apontado os seguintes

números, vide Tabela 2.1.

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Tabela 2.1 – Resíduos Sólidos Urbanos da Região Metropolitana de São Paulo

Município Fonte Geração

Diária em ton.

Participação em Relação aos Resíduos

Sólidos Urbanos

São Paulo I&T -2003 17.240 55%

Guarulhos I&T -2001 1.308 50%

Diadema I&T -2001 458 57%

Campinas I&T -1996 1.800 64%

Piracicaba I&T -2001 620 67%

São José dos Campos I&T -1995 733 67%

Ribeirão Preto I&T -1995 1.043 70%

Jundiaí I&T -1997 712 62%

São José do Rio Preto I&T -1997 687 58%

Santo André I&T -1997 1.013 54%

Fonte: Laruccia, 2014

Pinto (2005) constatou que cerca de 75% dos Resíduos de Construção Civil (RCC) dos

municípios vêm de obras informais. Se os resíduos forem dispostos de maneira incorreta por

conta da inexistência ou falta de eficiência das políticas públicas, juntamente com a falta de

compromisso dos geradores, algumas resultantes consideradas são:

“...a degradação das áreas de manancial e de proteção permanente; a

proliferação de agentes transmissores de doenças; o assoreamento de

rios e córregos; a obstrução dos sistemas de drenagem, tais como

“piscinões”, galerias, sarjetas; a ocupação de vias e logradouros

públicos por resíduos, com prejuízo à circulação de pessoas e

veículos; a degradação da paisagem urbana; além da existência e

acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua periculosidade.”

(ROTH E GARCIAS, 2009).

Para um melhor controle dos RCD, em 2002 entrou em vigor a resolução 307 do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que estabelece critérios e diretrizes para

procedimentos de gestão de resíduos da construção civil, e em 2010 a Lei nº 12.305, que

institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituindo a responsabilidade

compartilhada dos geradores de resíduos e tornando obrigatória a criação de Planos

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Integrados de Gerenciamento dos Resíduos nos municípios, incluindo a questão dos resíduos

de construção civil e demolição. (GOLÇALVES, 2016)

A norma NBR 10.004 (ABNT, 2004), classifica os resíduos sólidos quanto aos seus

riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados

adequadamente como mostra a Figura 2.12. Segundo ela, “a classificação de resíduos envolve

a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem e de seus constituintes e

características e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e substâncias

cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.”

Figura 2.12 - Caracterização e classificação de resíduos (Fonte: NBR 10.004 - ABNT, 2004)

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Os resíduos da construção civil são classificados na classe II b – Inertes pela norma

NBR 10.004 (ABNT, 2004), e são definidos como:

“Quaisquer resíduos que, quando amostrados de forma representativa,

submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou

deionizada, à temperatura ambiente, conforme teste de solubilização,

não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados em

concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,

excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor. Como

exemplo destes materiais, podem-se citar rochas, tijolos, vidros e

certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente.”

NBR 10.004 (ABNT, 2004).

Porém, a resolução nº 307 (CONAMA, 2002) e a Lei 12.305 (BRASIL, 2010),

definem os RCD como materiais provenientes de construções, reformas, reparos, demolições

e escavações ou preparação de terrenos de obras de construção civil, denominados como

entulhos de obras.

A gestão dos RCD deve ser de responsabilidade do município e do setor gerador. Para

saber a disposição final dos resíduos, bem como o gerenciamento do mesmo, é preciso saber a

sua classificação. De acordo com as resoluções nº 432 e nº 448 (CONAMA, 2011 e 2012), os

RCD são classificados da seguinte forma:

Quadro 2.8 - Classificação dos RCD (Fonte: Adaptado da CONAMA)

Classe A

São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,

componentes cerâmicos, argamassa e concreto. Deposição:

deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados,

ou encaminhados aterros de resíduos onde possam ser

reservados para utilização futura;

Classe B

São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais

como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e

gessos. Deposição: deverão ser reutilizados, reciclados ou

encaminhados a áreas de armazenamentos temporários, sendo

dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem

futura.

Classe C

São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que

permitam a sua reciclagem/recuperação. Deposição: deverão

ser armazenados, transportados e destinados em

conformidade com normas técnicas específicas;

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Classe D

São os resíduos perigosos como tintas, solventes, óleos ou

aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde. Deposição:

deverão ser armazenados, transportados, e destinados em

conformidade com normas técnicas.

Com o adensamento urbano das grandes cidades metrópoles já existem diversas

soluções para a valorização dos entulhos da construção civil. Equipamentos portáteis podem

ser levados nas obras, triturando os entulhos selecionados, gerando agregados para serem

utilizados em concretos não estruturais (FERREIRA, 2012).

Na cidade do Rio de Janeiro, o Centro de Tratamento de Resíduos CTR-Rio, em

Seropédica, inaugurado em 20 de abril de 2011 com uma área de 220 hectares, recebe os

resíduos gerados no município. No decorrer de 2014, esta unidade recebeu, em média, 9.227

toneladas de lixo por dia do município do Rio de Janeiro, sendo desse total 857 t/dia são

resíduos da construção civil.

2.5 OBRAS BRASILEIRAS HISTÓRICAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SEUS

IMPACTOS AMBIENTAIS

Segundo Spadotto et al. (2011) “algumas obras podem causar impactos que

influenciam o ecossistema podendo alterá-lo drasticamente ou até provocar sua extinção, por

meio de inundação de grandes áreas, corte de vegetações, impermeabilização do solo e a sua

fase de construção que acaba gerando ruídos, resíduos, etc.” Além de ambientais, os impactos

também influenciam no meio social, econômico e visual.

Uma obra de suma importância para o Brasil na década de 70 foi a construção da

Usina Hidrelétrica de Itaipu. Com inícios das obras em 1975 e inauguração em 1982, essa

hidrelétrica é considerada a segunda maior do mundo em potência instalada (14.000MW),

perdendo apenas para a Três Gargantas da China (22.400MW).

Para a construção de Itaipu foi necessária a modificação de todo o conjunto do

patrimônio natural do rio Paraná para a construção do canal de desvio (foi consumido cerca de

50 milhões de toneladas de rocha e terra para formar o desvio), da barragem (a quantidade de

concreto usado para construir a barragem seria suficiente para construir 210 estádios do

tamanho do Maracanã) e do reservatório de 1.350km² em uma extensão de 170 km ao longo

do rio. O ferro e o aço utilizados permitiriam a construção de 380 Torres Eiffel e o volume de

escavação de terra e rocha em Itaipu é 8,5 vezes maior que o do Eurotúnel.

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De acordo com os dados da Itaipu (1994), a implantação da hidrelétrica trouxe para

esta região um grande prejuízo ambiental, com o alagamento de aproximadamente 1.500 km²

de florestas e terras agriculturáveis. Houve então a desapropriação de 42.444 pessoas, das

quais 38.440 eram trabalhadores do campo, o que gerou inúmeros problemas sociais. Parte

dessas famílias viviam às margens do Rio Paraná e foram desalojadas, a fim de abrir caminho

para a represa. Algumas se refugiaram nas cidades vizinhas e outras famílias vieram,

eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

O espelho d'água da usina, o qual podemos observar na Figura 2.13, alagou diversas

propriedades de moradores do extremo oeste do Estado do Paraná. As indenizações foram

suficientes para que os agricultores comprassem novas terras no Brasil. Sendo as terras no

Paraguai mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o fenômeno social dos

brasiguaios - brasileiros e seus familiares que residem em terras paraguaias na fronteira com o

Brasil.

Figura 2.13 - Espelho d'água da hidrelétrica de Itaipu (Fonte: Wikipédia, 2018)

A cidade de Foz do Iguaçu, que se encontra nas redondezas do reservatório, também

sofreu um grande impacto devido a construção de Itaipu. A cidade recebeu uma população de

aproximadamente 40.000 operários com suas respectivas famílias, vinda de vários estados do

país para a construção da hidrelétrica. Aliado à vinda desses operários, novas estradas,

hospitais, escolas, condomínios residenciais, estabelecimentos comerciais, mudança de

hábitos e costumes diferentes da população local. Foz não estava devidamente preparada para

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receber tamanha demanda de uma vez só, era uma cidade com cerca de 20.000 habitantes e

em dez anos a população aumentou para 101.447 habitantes.

Como uma das medidas ambientalmente preventivas, semanas antes do preenchimento

do reservatório, foi realizada uma operação de salvamento dos animais selvagens,

denominada Mymba kuera (que em guarani quer dizer "pega-bicho"). Equipes de voluntários

conseguiram capturar mais de 4.500 bichos, entre macacos, lagartos, porcos-espinhos,

roedores, aranhas, tartarugas e diversas espécies. Esses animais foram levados para as regiões

vizinhas protegidas da água.

Outra obra de considerável impacto socioambiental foi a construção da Ponte Rio-

Niterói (oficialmente chamada de Presidente Costa e Silva) que teve seu projeto iniciado em

1875. Essa obra teve o objetivo de interligar os municípios de Niterói e Rio de Janeiro pela

Baía de Guanabara sem a necessidade de percorrer 100 Km terrestres como mostra a Figura

2.14.

Figura 2.14 - Ponte Rio-Niterói (Fonte: SOS Marica, 2018)

O projeto foi idealizado por Mário Andreazza, então Ministro de Transporte, e

assinado pelo presidente Costa e Silva no ano de 1968. As obras tiveram início em 1969, onde

foi feita uma estrutura de aço para apoiar a de concreto e o asfalto (Figura 2.15), que veio em

blocos da Inglaterra. A ponte ficou pronta em 1974 medindo 72m de altura e 13.290m de

comprimento.

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Figura 2.15 - Base metálica da ponte Rio-Niterói (Fonte: Portal Puc-Rio Digital)

Para imaginar a quantidade de material usado, se pegássemos todo o concreto da

Ponte, daria para fazer oito estádios do Maracanã. E, se as vigas de ferro fossem alinhadas,

dariam a volta na Terra. A etapa mais complexa, foram os 9 quilômetros erguidos sobre o

mar, o que exigiu a perfuração do subsolo oceânico na busca por um terreno rochoso que

aguentasse a estrutura da ponte. Além do longo trecho sobre a água, vários quilômetros de

rampas e viadutos de acesso precisaram ser feitos para integrar a ponte ao sistema de tráfego

local. Com isso, a extensão total da obra chegou aos 13 quilômetros.

Alguns dos inúmeros impactos causados pela obra dessa ponte foram: desmatamento

para a construção dos alojamentos dos operários; Aumento de ruído na área e afugentamento

da fauna terrestre e aquática; Dano da paisagem visual para o homem; Poluição do ar para o

transporte dos materiais e peças; Morte de operários durante as concretagens.

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3 ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS NO SETOR DE ABASTECIMENTO

DE COMBUSTÍVEIS

3.1 O SETOR DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEL

Segundo o Panorama do Abastecimento de Combustíveis da Agência Nacional do

Petróleo - ANP (2017), o Brasil, com uma população estimada de 206 milhões de habitantes e

um território de 8,5 milhões de km², figurou como sétimo maior consumidor de combustíveis

e derivados do mundo em 2016, chegando a 3 milhões de barris/dia. Regionalmente, o País

representou 43,3% do total consumido das Américas do Sul e Central (Figura 3.1). Em 2017,

ele ocupou o terceiro lugar com o consumo de combustíveis no setor de transporte, ficando

atrás apenas da China e dos Estados Unidos como mostra a Figura 3.2.

Figura 3.1 - Consumo de combustíveis em 2016 (mil barris/dia) Fonte: ANP,2017

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Figura 3.2 - Consumo de combustíveis no setor do transporte (mil toneladas) Fonte: ANP, 2017

Segundo o Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN (2016), existem

91.178.065 veículos no Brasil o que nos mostra uma estatística de um veículo a cada duas

pessoas e, ainda devemos considerar, as pessoas que não possuem veículo próprio e fazem

uso do transporte público para se locomoverem.

Na Figura 3.3, verifica-se por dados da ANP (2017) “...que as vendas de combustíveis

cresceram em 10 anos cerca de 49,4%, enquanto o PIB cresceu 21,8%. Isto representa um

crescimento de 3,7% ao ano para as vendas de combustíveis e crescimento de 1,2% em

relação ao PIB.” Em resumo, podemos certificar que o crescimento do mercado de

combustíveis é maior que o dobro do PIB brasileiro, o que salienta a importância desse

mercado para o país.

Figura 3.3 - Variação de vendas de combustíveis e PIB (Fonte: ANP, 2017)

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De acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE (2018), a

cadeia de combustíveis automotivos no Brasil é complexa e formada segundo a Figura 3.4. Os

agentes do setor de abastecimento de combustíveis e derivados podem ser divididos nas

seguintes classificações:

(a) fornecedores, que incluem produtores de derivados, de biocombustíveis, de

lubrificantes, importadores e exportadores de petróleo e derivados;

(b) distribuidores de combustíveis líquidos, de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), de

solventes, de asfaltos e de combustíveis de aviação;

(c) revendedores, varejistas de combustíveis líquidos, de GLP, de aviação,

transportador-revendedor- retalhista (TRR);

(d) pontos de abastecimento para consumidores.

Figura 3.4 - Cadeia do mercado de combustíveis (Fonte: CADE, 2018)

Para um entendimento numérico do mercado, a Tabela 3.1 ilustra o quantitativo do

setor em 2016.

Tabela 3.1 - Quantitativo dos principais agentes de abastecimento em 2016

Fornecedores N

Refinarias de Petróleo 18

Usinas de Etanol 383

Importadores e Exportadores de Petróleo e Derivados 379

Produtores de Biodiesel 49

Distribuidores

Distribuidores de Combustíveis Líquidos 164

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Distribuidores de GLP 20

Distribuidores de Combustíveis de Aviação 6

Revendedores

Revendedores Varejistas de Combustíveis Líquidos 41.689

Consumidores

Pontos de Abastecimento (Instalações) 16.343

Fonte: CADE, 2018

Esse trabalho tem como foco principal o setor de revendedores varejista (os

postos de combustíveis revendedores - PR) e os consumidores (pontos de combustíveis de

abastecimento – PA) que abrangem todas as empresas transportadoras, de cargas ou pessoas,

com tanque próprio. Em sua maioria, essas empresas fazem a gestão de frota de caminhões ou

ônibus, os quais são abastecidos por diesel que é o combustível de maior consumo no Brasil

segundo a ANP (2017) na Figura 3.5.

Figura 3.5 - Consumo de combustível no Brasil por produto (Fonte: ANP)

Esse setor, por seu funcionamento ter como insumo básico o combustível (segunda

maior despesa das empresas, ficando atrás apenas da folha de pagamento), possuem

instalações de pontos de abastecimento de combustível em seus próprios estabelecimentos.

Comprando das distribuidoras e armazenando o combustível, a gestão do abastecimento de

frotas facilita e, basicamente, passam a exercer a mesma operação de um posto de

combustível convencional porem, sem o abastecimento de combustível para terceiros e sim

para sua própria frota.

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Visto essa particularidade operacional, esses estabelecimentos comerciais devem

seguir normas e especificações rigorosas (que serão aprofundadas em tópicos a frente), assim

como os postos de combustíveis, pelo grau de periculosidade do manejo de combustíveis para

o meio ambiente e para a população. A figura 3.6 mostra o aumento no setor Consumidores

em 2.935 para os Pontos de Abastecimento e de +795 para os revendedores varejistas entre

2015 e 2016.

Figura 3.6 - Variação líquida do quantitativo de agentes 2015/2106 (Fonte: ANP)

3.2 PECULIARIDADES DOS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS

Como podem ser observados na Figura 3.7, os postos de combustíveis possuem

basicamente as seguintes instalações: a unidade de abastecimento de veículos (bomba de

gasolina), os tanques de combustíveis (geralmente enterrados), os pontos de descarga de

combustíveis, onde os caminhões tanques fazem o reabastecimento dos postos, o tanque para

recolhimento e guarda de óleo lubrificante usado (geralmente enterrados), as tubulações

enterradas que comunicam o ponto de descarga com o reservatório e este com as bombas de

abastecimento, as edificações para escritório e arquivo morto, a loja de conveniência, o centro

de lubrificação e o centro de lavagem, a unidade de filtragem de diesel, o sistema de

drenagens oleosas e fluviais e os equipamentos de proteção e controle de derrames e

vazamentos de combustíveis, bem como de segurança quanto a incêndios e explosões. Para os

PA, podemos considerar o mesmo esquema de instalação, desconsiderando apenas a loja de

conveniência (LORENZETT ET AL., 2010)

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Figura 3.7 - Esquema de um PR (Fonte: Lorenzett et al., 2010)

Para Santos (2005), as atividades mais frequentes em um posto de combustíveis (PR e

PA) são as seguintes:

a) Recebimento de produto, via caminhões-tanques de combustíveis: os

caminhões podem ser desde truck a bi trem, dependendo do espaço para

manobra no local de abastecimento;

b) Armazenamento dos combustíveis em tanques enterrados ou aéreos (comuns

em PA): esses tanques geralmente possuem mais de 30 mil litros cada, podem

ser bi compartimentados para armazenarem mais de um tipo de combustível e

são feitos de chapa de aço-carbono, onde se utiliza duas paredes desse material

para evitar corrosão e vazamento. Os tanques tem vida útil de 20 anos;

c) Abastecimento dos veículos: para seu desenvolvimento, são utilizadas as

chamadas bombas de abastecimento eletrônicas que contabilizam o volume de

combustível. Elas geralmente possuem em seus bicos, um sensor que aciona

quando da presença de calor excessivo ou do contato com o combustível,

quando o tanque encontra-se cheio, impedindo assim o derrame de combustível

e também possíveis explosões. Contam ainda, com um sistema interno que

impede a volta de combustível para a bomba, impedindo, em caso de incêndio,

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que o fogo atinja maiores proporções, reduzindo a probabilidade de explosões.

É comum o uso de uma flanela para realizar o abastecimento, com a qual o

responsável deve limpar o bico da bomba quando retira do veículo no término

do abastecimento, para evitar gotejamento de combustível tanto no veículo

como no piso do estabelecimento. A pista de abastecimento deve ser toda

cercada por canaletas direcionadas a caixa separadora, evitando assim

contaminação do solo no caso de vazamentos;

d) Lavagens de veículos: o local de lavagem deve ser todo cercado por canaletas,

que conduzem a água da lavagem diretamente para uma caixa separadora, onde

os resíduos químicos são separados da água. Alguns postos constroem

reservatório de captação de água de chuva para reaproveitamento dessa água na

lavagem dos veículos.

e) Troca de óleo lubrificante dos motores dos veículos: geralmente a condução do

óleo queimado, proveniente da atividade de troca de óleo, é realizada através

de tubulações, sendo, portanto, encaminhado do local de troca até o tanque

reservatório de forma canalizada, como manda a legislação. Este local, onde

são realizadas tais atividades, deve ficar dentro de um perímetro maior, todo

cercado pelas mesmas canaletas encontradas na área de lavagem, que irá

conduzir os resíduos líquidos a já mencionada caixa separadora, ao passo que

os resíduos sólidos e as embalagens de lubrificantes deverão ser armazenados e

passar, de preferência, pelo processo de logística reversa;

f) Operação de loja / escritórios / almoxarifado / oficinas.

Uma peculiaridade interessante dos PR, ainda conforme Santos (2005), é que o ramo

de postos revendedores pode ser dividido em duas categorias: a de postos cidade e a de postos

estrada, em função das atividades neles desenvolvidas. O primeiro é mais voltado para atender

às necessidades da população urbana, enquanto o segundo seria mais voltado a atender às

necessidades dos viajantes e dos caminhoneiros. Isso implica diretamente na disposição do

estabelecimento, pois enquanto o primeiro localiza-se em perímetro urbano e possui estruturas

menores, o segundo concentra-se geralmente junto às estradas e possui uma estrutura

relativamente maior em função até da disponibilização de estacionamentos para que os

caminhoneiros possam pernoitar. Já os PA possuem uma gama de categorias: empresas de

ônibus urbano municipal, que variam desde de garagens pequenas a muito grandes e se

concentram geralmente nos bairros de periferia; empresas de ônibus intermunicipais que

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possuem suas garagens geralmente próximas a rodovias; empresas de transporte de

passageiros por frete que geralmente possuem garagens menores; empresas transportadoras de

cargas que geralmente encontram-se em rodovias por conta da facilidade da localização com a

rota; empresas varejistas que possuem sua frota própria de entregas de mercadorias.

As empresas, perante uma população que clama por sustentabilidade, estão tentando se

adequar, principalmente no que diz respeito à questão dos resíduos e efluentes gerados por

suas atividades. Nesse sentido, as empresas atuantes no segmento de abastecimento de

combustíveis, se comprometem com essa questão, para garantir a continuidade de seus

negócios empresariais, tendo a gestão de resíduos como uma ferramenta para obtenção do

sucesso no caminho a sustentabilidade, através de seus mecanismos para o controle,

preservação e recuperação ambiental. (REVISTA GESTÃO AMBIENTAL V.06, 2010)

O segmento empresarial de postos de combustíveis vem investindo em proteção

ambiental e tentando se adequar de forma a tornar essa atividade menos agressiva ao meio

ambiente. A Figura 3.8, nos mostra alguns itens que podem causar contaminação ao meio

ambiente.

Figura 3.8 - Contaminação do meio ambiente em postos de combustível (Fonte: Associação Brasileira das

Empresas de Equipamentos e Serviços para o Mercado de Combustíveis e Conveniência – ABIEPS, 2009)

De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes –

FECOMBUSTÍVEIS, a questão ambiental ganha cada vez mais importância no dia a dia dos

postos revendedores, que precisam atender às exigências da Resolução do CONAMA nº. 273

e de legislações estaduais específicas. Dessa forma, não estão apenas evitando multas e outras

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punições, mas também fazendo sua parte na preservação do meio ambiente e evitando gastos

futuros com problemas de passivo ambiental.

As medidas de gestão ambiental adotadas são basicamente medidas de controle e

prevenção ambiental, e em geral estão intimamente relacionadas às atividades desenvolvidas

no posto de combustível. Godoy et al. (2013) classifica os gastos relacionados às medidas de

gestão ambiental em um PA ou PR (Quadro 3.1), os quais devem ser vistas como gastos

preventivos.

Quadro 3.1 - Classificação dos gastos relacionados às medidas de gestão ambiental (Fonte: adaptado de Godoy et

al. 2013)

No Brasil, é relativamente recente o conceito de áreas contaminadas. A contaminação

do solo envolve riscos à saúde pública e aos ecossistemas. Observa-se, com muita

preocupação, o setor petrolífero, principalmente por vazamentos de tanques de

armazenamento subterrâneos em postos de combustíveis. No ano de 2010, foram listadas 439

áreas contaminadas no Estado de Minas Gerais, das quais 80% estavam relacionadas com as

atividades de postos de abastecimento e em São Paulo, os dados mostram que os vazamentos

em postos de combustíveis (Figura 3.9) foram responsáveis por cerca de 80% dos casos de

áreas contaminadas. Na Figura 3.10 podemos observar o crescimento do número de áreas

contaminadas em São Paulo por postos de combustíveis. (BRITO E VASCONCELOS, 2012)

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Figura 3.9 - Caminho potenciais do vazamento de combustível (Fonte: ABIEPS, 2009)

Um grupo de poluentes altamente preocupantes e presentes nos derivados de petróleo

são os hidrocarbonetos monoaromáticos, tais como benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos,

conhecidos como BTEX. São excessivamente tóxicos e seus constituintes têm maior

solubilidade em água, portanto, são os poluentes com maior potencial de contaminar o lençol

freático (MARIANO, 2006). A presença dos hidrocarbonetos aromáticos no ambiente é um

perigo tanto para a saúde pública quanto para o ecossistema, devido a sua toxicidade

(Tiburtius, 2004). Os compostos BTEX são classificados como poluentes ambientais

primários, pois são substâncias depressoras do sistema nervoso central, mutagênicas e

carcinogênicas (Baird, 2002). Os efluentes líquidos gerados nas atividades dos postos são

usualmente tratados em uma caixa separadora de água e óleo e, nesse tratamento, são

removidos da água os resíduos de combustíveis e lubrificantes, restando no final do processo

uma água barrenta, imprópria para reutilização, que é lançada no esgoto comum. Os resíduos

retirados da água compõem uma espécie de lodo tóxico, que é recolhido por uma empresa

especializada, que fará a correta disposição final desse resíduo.

Com relação aos vapores tóxicos, por falta de legislação que regulamente e até por

falta de tecnologias específicas, os gases emitidos pelos suspiros dos tanques reservatórios de

combustível são geralmente liberados diretamente na atmosfera, sem que haja o devido

tratamento.

As flanelas e estopas contaminadas, assim como os filtros usados são regularmente

armazenados pelo posto para serem recolhidos, posteriormente, por empresa especializada,

que fará a correta disposição final desse resíduo. Já as embalagens de lubrificantes são

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armazenadas para posterior coleta pelo fabricante do produto, para que se possa proceder a

reciclagem desses materiais. (LORENZETT ET AL., 2010)

Estes processos de gestão ambiental fazem parte da administração global de toda e

qualquer empresa, que prima, um mínimo possível, pelo equilíbrio ambiental. Assim, o

processo de excelência na gestão de resíduos, torna-se mais completo a partir do

desenvolvimento de medidas de gestão ambiental que conduzem a qualidade do meio

ambiente, proporcionando maior qualidade da gestão organizacional.

3.3 LEGISLAÇÕES APLICÁVEIS

3.3.1 Lei Nº 9.605 – Lei Dos Crimes Ambientais

O mundo convive hoje com a possibilidade de uma grande modificação geoclimática e

nunca houve tantas informações sobre o que gera a degradação e sobre a necessidade da

conservação ambiental. Por isso, a decisão de agredir o meio ambiente é ainda mais séria e

deve ser punida com maior rigor. Aquele que, deliberadamente, atua em interesse próprio,

contra a natureza, ou, melhor dizendo, contra a própria humanidade, é muito mais responsável

pelos seus atos do que há dez anos atrás.

A lei n° 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras

providências. É importante conhecê-la desde antes da construção do posto de combustível ou

estabelecimento de consumo e considerá-la sempre, mesmo após a entrada em operação.

Alguns atos como causar poluição em níveis que possam resultar em danos à saúde

humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora e

destruição significativa da biodiversidade; Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer

funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou

autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e

regulamentares pertinentes, ou promover construção em solo não edificável, podem levar

sanções de detenção ou multa.

“Art. 73. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local

especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial,

em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico,

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histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou

monumental, sem autorização da autoridade competente ou em

desacordo com a concedida: Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a

R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).”

Conforme o artigo 64, armazenar ou usar produtos ou substância tóxica, perigosas à

saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou

em seus regulamentos, pode levar a uma multa de R$ 500,00 a R$ 2.000.000,00. E, conforme

o artigo 81, “deixar de apresentar relatórios ou informações ambientais nos prazos exigidos

pela legislação ou, quando aplicável, naquele determinado pela autoridade ambiental: Multa

de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).”

3.3.2 Lei Nº 9.433 – Política Nacional De Recursos Hídricos

A lei n° 9.433 de 8 de janeiro de 1997, institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Postos de

combustíveis (PA ou PR) que fazem uso de poço artesiano, como fonte alternativa de água,

devem estar afinados com esta lei visto a toxidade dos combustíveis manuseados e estocados

no local.

A lei, no artigo 1º, elenca os principais fundamentos da Política Nacional. Ali há a

compreensão de que a água é um bem público (não pode ser controlada por particulares) e

recurso natural limitado, dotado de valor econômico, mas que deve priorizar o consumo

humano e de animais, em especial em situações de escassez. A água deve ser gerida de forma

a proporcionar usos múltiplos (abastecimento, energia, irrigação, indústria) e sustentáveis, e

esta gestão deve se dar de forma descentralizada, com participação de usuários, da sociedade

civil e do governo.

Um dos objetivos da Política Nacional é assegurar, à atual e às futuras gerações, a

necessária disponibilidade de água em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos.

Ela constitui como infração das normas de utilização de recursos hídricos, superficiais ou

subterrâneos, utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva outorga de

direito de uso; Iniciar a implantação de empreendimento relacionado a utilização de recursos

hídricos, que implique alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem

autorização dos órgãos ou entidades competentes; Perfurar poços para extração de água

subterrânea ou operá-los sem a devida autorização; Fraudar as medições dos volumes de água

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utilizados ou declarar valores diferentes dos medidos; Dificultar a ação fiscalizadora das

autoridades competentes no exercício de suas funções.

Segundo o artigo 12, estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos

seguintes usos de recursos hídricos:

“I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo

de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou

insumo de processo produtivo; II - extração de água de aquífero

subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III -

lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos

ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou

disposição final;” (LEI N° 9.433, 19917)

3.3.3 Conama Nº 273 – Licenciamento Ambiental

Segundo Brito e Vasconcelos (2012), a resolução Conama nº 237/1997 dispõe sobre a

revisão e complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento

ambiental. O art. 1º desta resolução define que empreendimentos e atividades consideradas

efetivas ou potencialmente poluidoras necessitam de licença decretada pelo órgão ambiental

competente para a instalação, ampliação e a operação. Devido ao intenso potencial poluidor

de postos de combustíveis, foi criada em 2000, a Resolução nº 273 do Conama, que dispõe

especificamente sobre a instalação e operação de postos de combustíveis, que são

identificados na Figura 3.7 e classificados como:

“I - Posto Revendedor-PR: Instalação onde se exerça a atividade de

revenda varejista de combustíveis líquidos derivados de petróleo,

álcool combustível e outros combustíveis automotivos, dispondo de

equipamentos e sistemas para armazenamento de combustíveis

automotivos e equipamentos medidores.

II - Posto de Abastecimento-PA: Instalação que possua equipamentos

e sistemas para o armazenamento de combustível automotivo... para o

abastecimento de equipamentos móveis, veículos automotores; e cujos

produtos sejam destinados exclusivamente ao uso do detentor das

instalações ...” (CONAMA, 2000)

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Figura 3.10 - Tipos de postos de combustíveis (Fonte: ABIEPS, 2016)

A Resolução nº 273/2000 considera que toda instalação e sistemas de armazenamento

de derivados de petróleo e outros combustíveis, configuram-se como empreendimentos

potencialmente ou parcialmente poluidores e geradores de acidentes ambientais. Para tal,

considera que os vazamentos de derivados de petróleo e outros combustíveis podem causar

contaminação de corpos d'água subterrâneos e superficiais, do solo e do ar; considera os

riscos de incêndio e explosões, decorrentes desses vazamentos; considera que a ocorrência de

vazamentos vem aumentando significativamente nos últimos anos em decorrência da

manutenção inadequada e da obsolescência do sistema; e considera a insuficiência e ineficácia

de capacidade de resposta frente a essas ocorrências.

Devido a tais considerações, o art. 1º define que a localização, construção, instalação e

operação de postos de combustíveis (PA e PR), dependerão de prévio licenciamento do órgão

ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis. E ainda, define

que todos os projetos de construção, modificação e ampliação dos empreendimentos deverão

ser realizados segundas as normas técnicas da ABNT.

De acordo com Medeiros et al (2004), os órgãos ambientais estaduais, através da

resolução 273, fazem uma série de exigências quanto aos documentos necessários para o

funcionamento, equipamentos específicos destinados ao armazenamento e a distribuição de

combustíveis automotivos e suas conformidades quanto ao Sistema Brasileiro de Certificação

e licenças ambientais. O licenciamento representa uma etapa inicial de normalização

ambiental para um empreendimento, é um processo decisório definido pelo órgão competente.

A concessão de licenças ambientais denota que a empresa atuará de acordo com os preceitos

de controle e proteção do meio ambiente, minimizando os impactos ambientais, e protegendo

a saúde e o bem-estar da população. Assim, o licenciamento pode ser entendido como a

grande salvaguarda da qualidade e da conservação ambiental.

“Art. 4º O órgão ambiental exigirá as seguintes licenças ambientais: I

- Licença Prévia-LP: concedida na fase preliminar do planejamento do

empreendimento aprovando sua localização e concepção... viabilidade

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ambiental... ; II - Licença de Instalação-LI: autoriza a instalação do

empreendimento com as especificações constantes dos planos...

aprovados, incluindo medidas de controle ambiental... ; III - Licença

de Operação -LO: autoriza a operação da atividade, após a verificação

do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores...”

(CONAMA, 2000)

O esquema da Figura 3.11 demostra de forma resumida quais são as três licenças

descritas pela Conama no parágrafo anterior e quais são suas respectivas funções.

Figura 3.11 - Licenças e suas funções (Fonte: ABIEPS, 2016)

Segundo o Art. 8º, em caso de acidentes ou vazamentos que representem situações de

perigo ao meio ambiente ou a pessoas, os responsáveis pelo estabelecimento, pelos

equipamentos, pelos sistemas e os fornecedores de combustível que abastecem, responderão

solidariamente, pela adoção de medidas para controle da situação emergencial, e para o

saneamento das áreas impactadas, de acordo com as exigências formuladas pelo órgão

ambiental licenciador.

As ações de mitigação destes impactos são: comunicação ao órgão ambiental local

para inspeção, contratação de empresa especializada para a descontaminação das águas

subterrâneas quando as mesmas apresentarem índices altos de contaminação por

hidrocarbonetos e na maioria das vezes pagamentos de multas devido ao impacto ambiental

causado, remoção dos tanques subterrâneos que apresentaram vazamento, entre outras

medidas. (MEDEIROS ET AL, 2004).

Portanto, é de fundamental importância que os proprietários dos postos de distribuição

de combustíveis sigam as normas ambientais, visto que, os impactos causados são

extremamente nocivos ao meio ambiente e a população como um todo. Os custos associados

com a remediação são altos, podendo até fechar estabelecimentos.

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3.4 NORMAS TÉCNICAS

3.4.1 Associação Brasileira De Normas Técnicas (ABNT)

As NBR da ABNT que dispõe sobre a gestão de resíduos gerados pela atividade de

posto de abastecimento de combustível são: NBR 12235 (ABNT, 1992) e NBR 10004

(ABNT, 2004), a primeira normatiza a forma de armazenamento dos resíduos gerados na

atividade e a segunda dispõe sobre as embalagens de produtos consideradas como resíduos

perigosos e sua obrigatoriedade de devolução ao fornecedor destes produtos.

De acordo com a NBR 10004 (ABNT, 2004), os resíduos dos postos de serviços são

definidos como classe I que são os resíduos perigosos e, portanto, necessitam de cuidados

especiais quanto ao seu armazenamento e destinação de forma a evitar potenciais impactos

ambientais. Para o armazenamento é recomendado o uso e EPI´s (Equipamentos de proteção

individual), tais como: luvas de Policloreto de vinila (PVC), para o manuseio de resíduos e

calçado com solado de borracha, sem a presença de pregos ou partes metálicas e quanto aos

recipientes para armazenamentos devem ser tomados alguns cuidados como: os recipientes

deverão ser metálicos e com tampas e permanecer sempre tampados, não poderão apresentar

furos ou qualquer possibilidades de vazamentos, resíduos diferentes não podem ser

misturados e entre outros. No posto deve haver uma área específica para armazenagem e com

algumas exigências: o piso deve ser cimentado, ao redor dos recipientes deve ter uma mureta

de forma a conter qualquer vazamento que possa ocorrer, instalações elétricas específicas a

prova de explosão, acesso exclusivos de pessoas autorizadas, entre outros.

Já as NBR da ABNT que dispõe sobre o armazenamento de líquidos inflamáveis e

combustíveis pela atividade de posto de abastecimento são, dentre algumas, a NBR 13787

(ABNT, 1997) e NBR 14606 (ABNT, 2013). A primeira normatiza a forma de controle de

estoque dos tanques de armazenamento de combustível (SASC) e a segunda dispõe sobre

entrada em espaço confinado de tanques subterrâneos e em tanques de superfície para

limpeza, reparos e inspeção.

A ABNT NBR 13787 (ABNT, 2013) é a norma que trata exclusivamente do controle

de estoque através de medição do volume de combustível do tanque (com régua ou qualquer

outro equipamento de medição calibrado) e tabela de arqueação do tanque. Este controle

fornecerá subsídios para avaliação de perdas e vazamentos, evitando assim possíveis impactos

ambientais.

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Segundo a NBR 13787 (ABNT, 2013), toda régua usada nas medições deve possuir

um certificado de aferição do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (INMETRO). Obrigatoriamente, a escala inicia pelo zero, é legível, em relevo e

com marcações em metros, centímetros e milímetros. Já o tanque, deve possuir tabela de

arqueação própria, fornecida pelo fabricante, ou elaborada por técnico. Esta precisa ser

adequada à sua geometria e permitir a conversão direta da medida obtida com a régua em

volume de combustível existente no tanque. Neste caso, na tabela devem constar o nome, a

assinatura e o número do CREA do referido técnico. Para efetuar as medições com régua,

ainda é necessário uso de pasta de combustível (Pasta que, em contato com o combustível em

estado líquido, identifica a sua presença com a mudança de cor.), pasta de água (Pasta que, em

contato com a água em estado líquido, identifica a sua presença com a mudança de cor.) e

formulário específico conforme Figura 3.12.

Figura 3.12 - Formulário de controle de estoque (Fonte: NBR 13787 - ABNT, 2013)

Durante o procedimento de medição, o combustível armazenado não pode ser

movimentado, isto é, as unidades abastecedoras ligadas ao tanque não podem operar. É

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recomendado que a medição do tanque seja executada no início e no fim do dia. Havendo

variação entre o fechamento anterior e a abertura inicial, verificar a causa da diferença de

volume do combustível. Para facilitar a leitura, espalhar uma fina camada de pasta de

combustível sobre a faixa da régua onde espera-se encontrar o nível do combustível. Na

medição de tanque com óleo diesel ou com gasolina, para identificar a presença de água, usar

pasta de água na extremidade da régua que toca o fundo do tanque. A régua deve ser

introduzida perpendicular e lentamente pelo tubo de carga do tanque, tocando o fundo de

forma suave. Assim que tocar o fundo, retirar rapidamente para que a marcação obtida não

seja alterada, devido às oscilações da superfície do combustível. Ao ser verificada a altura do

nível de combustível, é necessário somar a altura da chapa de desgaste à leitura de régua.

Ainda conforme a NBR 13787 (ABNT, 2013), o tanque precisa ser medido antes e

depois do recebimento do combustível e remenda-se aguardar o tempo suficiente para que o

combustível se estabilize no interior do tanque. Para um melhor acompanhamento, fazer as

análises contínuas das “variações diárias” e “acumuladas no mês”, de cada tanque ou sistema

sendo, a análise das variações diárias, a diferença entre o “estoque físico” e o “estoque

contábil final” representada pela seguinte equação:

𝐸𝑐𝑓 = 𝐸𝑐 ± 𝐴𝑗 ∆𝐸 = 𝐸𝑓 − 𝐸𝑐𝑓

Ecf é o estoque contábil final; Ec é o estoque contábil;

Aj é o ajuste;

∆E é a variação diária de estoque;

Ef é o estoque físico.

A medição do nível de combustível deve ser feita a mesma hora, preferencialmente no

início do dia, ou na mudança dos turnos, quando o posto de serviço operar em regime de 24

horas. As variações diárias de estoque serão usadas nas avaliações da estanqueidade do

SASC. Importante ressaltar que o método utilizado para o controle é em função dos

equipamentos adotados e que variações acumuladas de estoque acima de 0,6% devem ser

investigadas. Caso não seja identificada a causa, recomenda-se executar o ensaio de

estanqueidade no SASC.

A ABNT NBR 14606 (ABNT, 2013) normatiza a entrada em espaço confinado em

tanques subterrâneos e em tanques de superfície para limpezas, serviços de inspeção ou obras.

Segundo essa norma, para preparo de abertura do tanque, deve ser criada uma área de

segurança em torno da região de acesso ao tanque de no mínimo 7 metros de raio, tomando-se

como centro os bocais do tanque. Essa área precisa ser isolada por fita e suportes, placas de

advertência ostensivas a intervalos regulares de modo visível em todas as direções

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informando a proibição de produzir chama ou centelha, de fumar e de acesso a pessoas não

autorizadas. Importante destacar a necessidade de, em intervalos regulares, dispor de dois

extintores de incêndio de pó químico de 12 kg e, dentro da área de segurança, enquanto

houver a possibilidade de presença de vapores inflamáveis o sistema elétrico deve estar

desligado e os equipamentos desconectados de seus cabos de alimentação. Todos os

equipamentos elétricos devem ter etiquetas de advertência (não ligar o equipamento) nas suas

chaves elétricas, exceto os adequados para áreas classificadas e que serão utilizados no

serviço. Enquanto o tanque estiver aberto, não devem ser permitidas:

a) A presença de produto na fase líquida em seu interior;

b) A descarga de combustível em qualquer tanque no posto de serviço.

A lista de verificação conforme Figura 3.13, lista os principais itens a serem atendidos

conforme especificado na norma.

Figura 3.13 - Lista de verificação (Fonte: NBR - ABNT, 14606)

Ainda conforme a NBR 14606 (ABNT, 2013), para esvaziar o tanque, o combustível

deve ser recolhido por meio de bomba apropriada, de modo que no interior do tanque não

restem mais que 5 litros, aproximadamente. Em seguida, é necessário retirar o restante do

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combustível. Pode ser utilizado ar, água no estado líquido ou vapor. No caso de utilizar água

no estado líquido, deve-se ter o máximo cuidado para que o combustível não extravase o

tanque. O descarte da água contaminada deve ser aprovado pelo órgão ambiental local.

Durante toda a operação é obrigatório o monitoramento da presença de gases ou vapores

inflamáveis (explosividade) na área de segurança.

No momento de abertura do tanque (abertura da boca-de-visita), a NBR 14606 (ABNT, 2000)

destaca a obrigatoriedade de desconectar tomadas, linha e demais equipamentos, e abrir a

tampa do tubo de descarga. Através destas aberturas deve ser processada a desgaseificação do

tanque. O tanque deve ser considerado liberado para trabalho a frio, quando a medição da

atmosfera no seu interior tiver uma concentração de vapores inflamáveis igual ou inferior a

10% do limite inferior de explosividade (LIE). A abertura da boca-de-visita somente pode ser

feita após o tanque estar desgaseificado. Após a abertura insuflar ar com uma vazão mínima

de 0,5 m³/s, mantendo esta insuflação permanente até a conclusão dos serviços no interior do

tanque. Monitorar a explosividade e a concentração de O2, garantindo no mínimo 19,5% em

volume, até a conclusão dos serviços. Importante frisar que a entrada no interior do tanque

para execução de qualquer serviço deve ser restrita a uma pessoa, sendo obrigatório a

presença de outra (vigia) na parte externa, acompanhando o serviço.

A NBR 15594-3 (ABNT, 2009) é de grande importância para os postos de

combustíveis estabelecendo os procedimentos mínimos de uma manutenção segura e

ambientalmente adequada. Para efeito desta norma, aplicam-se termos como Manutenção

Operacional, Manutenção Técnica, Manutenção Preventiva e Manutenção Corretiva.

É na manutenção operacional é que o processo de manutenção de um posto tem início.

Essa manutenção deverá ser com rotinas e frequência que assegura que os equipamentos e

áreas, que compõem sua operação, estejam limpos e adequadamente inspecionados para a

identificar toda necessidade de manutenção técnica, que deve ser acionada sempre que

necessário. A manutenção operacional independe de capacidade técnica especializada,

devendo ser realizada pela própria equipe técnica do posto devidamente treinada. A

manutenção técnica é realizada através de profissionais especializados e objetivando garantir

o restabelecimento da operação de forma segura e ambientalmente correta. A manutenção

preventiva é realizada com periodicidade previamente definida e atendendo a esta parte da

NBR 15594 (ABNT, 2007) e as orientações dos fabricantes dos respectivos equipamentos,

objetivando garantir uma operação contínua, segura e ambientalmente correta conforme

mostra Figura 3.14. Por fim, temos a manutenção corretiva que são serviços e reparos

necessários ao perfeito funcionamento dos equipamentos em período intermediário à

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manutenção preventiva. Esta manutenção é aplicável quando da paralisação do equipamento

ou quando da necessidade de reparos em virtude de danos provocados por acidentes, atos de

vandalismo ou intempéries. Esses serviços são realizados por profissionais especializados.

Figura 3.14 - Demonstração de procedimentos de manutenção preventiva (Fonte: Sindicombustíveis – DF)

De acordo com a NBR 15594-3 (ABNT, 2007), os equipamentos que devem sofrer

inspeção e manutenção obrigatória para garantir o funcionamento seguro do posto são:

a) Bicos, mangueiras, válvulas de segurança, filtros transparentes e visores de fluxo:

Estes equipamentos devem ser verificados diariamente quanto a possíveis vazamentos,

funcionamento e deformações, devendo ser solicitado a manutenção técnica caso seja

identificado algumas dessas anormalidades.

b) Unidade abastecedora conforme Figura 3.15: Para as unidades abastecedoras temos as

verificações e/ou manutenções exteriores e interiores. A exterior destina-se,

diariamente, verificar visualmente os teclados, vidros, iluminação, densímetros e selos

nos lacres, assim como semanalmente deve-se aferir com a medida padrão aprovada

pelo INMETRO. Havendo divergências na aferição paralisar a operação da unidade

abastecedora e chamar a assistência técnica. A interior visa, diariamente, verificar

visualmente possíveis vazamentos e componentes danificados e, havendo qualquer

irregularidade, é necessário solicitar a assistência técnica.

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Figura 3.15 - Bombas de abastecimento de combustível (Fonte: ABIEPS, 2016)

c) Tanques: Constantemente verificar a presença de água (drenando sempre que isso

ocorrer), possíveis vazamentos visuais, limpeza, conservação, deformações das

câmaras de contenção e sinalização da identificação de produto, devendo ser solicitado

a manutenção técnica caso seja identificado algumas dessas anormalidades.

Importante frisar que no caso de suspeita de vazamento no SASC, deve ser solicitado

ensaio de estanqueidade a ser executado por empresa especializada e sempre que for

necessário a transferência de combustíveis entre tanques, esse serviço deve ser

realizado por empresa especializada.

d) Válvulas de retenção (Figura 3.16): A finalidade da válvula de retenção é manter a

linha de sucção da unidade abastecedora ou de filtragem preenchida com produto.

Indícios de vazamentos ou problemas nas válvulas podem ser constatados através

fluxo inconstante indicando presença de ar ou constantes descarregamentos nas linhas

de sucção, pois na ocorrência de perda de estanqueidade da linha, o produto retorna ao

tanque evitando o vazamento de produto ao meio ambiente em caso de vazamentos.

Deve-se verificar constantemente a saída do respiro observando se existe algum objeto

obstruindo a saída dos gases durante a descarga do auto tanque, uma descarga lenta

pode ser indicio de respiro obstruído.

Figura 3.16 - Válvulas de retenção de combustível (Fonte: ABIEPS, 2016)

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e) Câmaras de contenção (tanques/bombas/filtros): É necessária a verificação

constantemente do interior das câmaras mantendo limpas da presença de água ou

produto, da integridade (quebras, trincas, rachaduras ou empenamentos) do corpo, das

tampas das câmaras de contenção e da tampa do dispositivo de descarga selada

(dispositivo utilizado para selar o bocal do engate da mangueira de descarga no tanque

de combustível conforme Figura 3.17).

Figura 3.17 - Descarga selada (Fonte: ABIEPS, 2016)

f) Filtros de diesel: Em especial para o diesel, deve verificar se ocorre funcionamento

sem que haja abastecimento, pois é um indicio de vazamento na linha de produto.

Verificar a integridade dos selos de lacres (filtro e eliminador de ar) e da caixa a prova

de explosão (se necessário, solicitar técnico credenciado pelo Instituto Estadual de

Pesos e Medidas – IPEM e INMETRO para o reparo). Verificar possíveis vazamentos

na bomba de engrenagem e o perfeito funcionamento do manômetro. É obrigatória a

troca de todos os elementos filtrantes sempre que o manômetro de controle indicar

pressão acima da recomendada ou de acordo com o especificado pelo fabricante ou a

cada 50.000 litros de diesel filtrado. Verificar se há resíduos no interior da caixa

filtrante e efetuar a limpeza completa sempre que for feita a drenagem do reservatório.

g) Coletores de água / canaletas periféricas (Figura 3.18): a norma estabelece realizar

limpeza constante do ralos, canaletas e caixas de passagem, retirando todos os detritos

que possam provocar obstrução do sistema.

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Figura 3.18 - Canaletas da bacia de contenção em uma pista de abastecimento (Fonte: ABIEPS, 2016)

h) Separador de água e óleo – SAO (Caixa separadora): Semanalmente é necessário

realizar a limpeza e manter limpo o pré-filtro/caixa de areia da presença de resíduos

sólidos, mantendo nível interno de água da SAO. Verificar o nível de óleo no interior

da caixa separadora e, se necessário, fazer a remoção do óleo separado para

reservatório adequado. Bimestralmente, a norma recomenda verificar a integridade

(trincas, rachaduras, quebras) do corpo e dos componentes internos da SAO e de seus

periféricos.

3.4.2 Agência Nacional Do Petróleo, Gás Natural E Biocombustíveis (ANP)

A ANP é o órgão regulador das atividades que integram a indústria do petróleo e gás

natural e a dos bicombustíveis no Brasil. Foram publicadas por ela diversas resoluções que

regulamentam os estabelecimentos de postos de combustíveis (PA e PR). Dentre essas

normas, destaco as Resoluções ANP 41 (2013), ANP 42 (2011) e ANP12 (2007). Desde que

cumpridas todas as etapas legais, a ANP emite o Certificado Da Agencia Nacional De

Petróleo que permite os postos atuarem.

A ANP 12 (2007), considerando a necessidade de estabelecer critérios técnicos para a

operação e a desativação de instalações de armazenamento e abastecimento de combustíveis,

em face da periculosidade desses produtos e considerando a necessidade de compatibilização

da regulamentação do setor de combustíveis com diretrizes ambientais, estabelece a

regulamentação para operação e desativação das instalações de Ponto de Abastecimento e os

requisitos necessários à sua autorização. Conforme o Art. 3º, “O funcionamento da instalação

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do Ponto de Abastecimento depende de autorização de operação na ANP, a ser efetivada

mediante o preenchimento e aprovação pela ANP da Ficha Cadastral de instalação de PA.”

“Art. 6º O projeto das instalações para construção ou ampliação da

Instalação de Ponto de Abastecimento deverá obedecer às normas da

Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, às de segurança

das instalações, ao código de postura municipal, às do corpo de

bombeiros e às exigências do órgão ambiental competente.

Art. 7º A construção das Instalações do Ponto de Abastecimento

deverá obedecer, rigorosamente, às especificações do projeto

aprovado pelos órgãos competentes.” (ANP 12, 2007)

Resolução ANP 41 (2013), regulamenta a atividade de revenda de combustíveis,

definindo como é feito o requerimento para o exercício da atividade junto à ANP, assim como

as regras para aquisição e comercialização dos combustíveis. Nessa norma também estão

relacionados os dispositivos legais a serem observados pelos postos de combustíveis

automotivos que, conforme Art. 4° “compreende etanol hidratado combustível; etanol

hidratado combustível Premium; gasolina comum tipo C; gasolina Premium tipo C; óleo

diesel B S500; óleo diesel B S10; óleo diesel marítimo A; ou gás natural veicular (GNV).”

De acordo com o Art. 10°, a ANP outorgará a autorização para o exercício da atividade

de revenda varejista de combustíveis automotivos para cada estabelecimento da pessoa

jurídica requerente que atender às exigências estabelecidas na Resolução 41, publicando-a no

Diário Oficial da União (DOU).

Art. 22° expões como, umas das obrigações do revendedor varejista, fornecer

combustível automotivo somente por intermédio de equipamento medidor, denominado

bomba medidora para combustíveis líquidos, aferido e certificado pelo Inmetro ou por pessoa

jurídica por ele credenciada; manter em perfeito estado de funcionamento e conservação os

equipamentos medidores e tanques de armazenamento de sua propriedade, bem como os de

terceiros cuja manutenção seja de sua responsabilidade; notificar o distribuidor de

combustíveis proprietário de bomba medidora e tanques de armazenamento, quando houver

necessidade de manutenção dos mesmos; identificar em cada bomba medidora de combustível

de forma destacada, visível e de fácil identificação para o consumidor, o combustível

comercializado, podendo ser utilizada, adicionalmente, a marca comercial ou nome fantasia

do produto.

Ainda conforme a ANP 41, estão sujeitos a penalidade aqueles que operarem bombas de

abastecimento por meio de dispositivos remotos que possibilitem a alteração de volume de

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73

produtos adquiridos por consumidor e operar instalações por meio de dispositivo que induza a

erro o agente de fiscalização quanto à qualidade do combustível.

A Resolução ANP 42 (2011) estabelece os requisitos necessários à concessão de

autorizações de construção e de operação de instalação de combustíveis líquidos automotivos,

bem como à alteração de titularidade da autorização e à homologação de contratos de cessão

de espaço ou de carregamento rodoviário.

“§ 2º Deverão ser observadas, além do disposto nesta Resolução e nas

legislações vigentes no âmbito federal, estadual e municipal, as

normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as

normas do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (INMETRO), as normas da International

Organization of Standardization (ISO), as recomendações da

International Organization of Legal Metrology (IOLM), da American

Society of Mechanical Engineers (ASME), do American Petroleum

Institute (API) e demais normas que se fizerem necessárias para a

análise dos pedidos de autorização de construção ou de

operação.”(ANP 42, 2011)

O Art. 4º cita que a Autorização de Construção deverá ser requerida nos casos de

construção de nova instalação, alteração da capacidade de armazenamento de instalação

existente, alteração do arranjo físico de instalação que afete a área de armazenamento,

carregamento ou descarregamento de produtos ou transferência de titularidade.

O Anexo 1 da ANP 42, dispõe dos documentos necessários para a Autorização de

Construção (AC) conforme Figura 3.19.

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74

Figura 3.19 - Documentos para AC (Fonte: ANP 42)

3.5 IMPACTOS AMBIENTAIS HISTÓRICOS DECORRENTES DO SETOR DE

ABASTECIMENTO

Os acidentes mais comuns ligados aos postos de combustíveis podem ser divididos em

três classificações:

a) Contato direto / vazamento de gases: a contaminação humana pode ocorrer

pela via dermal, via respiratória e via oral. De acordo com o portal Brasil

Postos (2015), os funcionários de postos de serviços que trabalham em contato

com os combustíveis, formam um grupo de risco devido a algumas

características dos produtos, ou seja, estão susceptíveis a adquirir doenças na

pele (dermatites) e conforme a natureza de alguns componentes serem

classificados como carcinogênicos podem causar modificações citogenéticas e

levá-los a câncer e leucemia.

b) Vazamentos / Derrames: os impactos ambientais que as atividades dos postos

de serviços podem ocasionar é a contaminação do solo através de

derramamentos de combustíveis e mais grave quando ocorrem vazamentos dos

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75

tanques de armazenamento de combustível enterrados no solo, que dependendo

da gravidade e da característica do solo podem atingir os lençóis freáticos

ocasionando a contaminação da vizinhança através dos poços, que na maioria

das vezes são usados como fonte da abastecimento de água das pessoas.

c) Incêndio: um dos impactos ambientais causados pelas atividades dos postos de

distribuição de combustíveis são os efeitos causados pelos incêndios, que

quando ocorrem são bastante prejudiciais aos funcionários, clientes,

proprietários, e vizinhança e podem causar vítimas fatais. Diante destes

perigos, alguns cuidados devem ser tomados no manuseio dos produtos de

petróleo, visando evitar incêndios e riscos às pessoas.

Através da Figura 3.20 nota-se a evolução do número de acidentes em postos de

combustíveis ao longo de 10 anos e como as normas e leis ambientais ajudaram a diminuir

esse número.

Figura 3.20 - Número de acidentes ambientais em postos de combustíveis (Fonte: ABIEPS, 2016)

Na Figura 3.21, demonstra as principais causas dos acidentes em postos de

combustíveis no estado de São Paulo segundo a Cetesb. Essas, variam entre derramamentos

durante operações de carga e descarga, transbordamento, vazamento no sistema (corrosão dos

tanques / tubulações subterrâneas), falhas estruturais, instalações inadequadas, etc.

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Figura 3.21 - Causas dos acidentes em postos de combustíveis em SP (Fonte: Cetesb)

As consequências a saúde humana dos vazamentos de combustíveis em postos estão

associadas a danos graves. A principal exposição humana ocorre na volatilização de vários

compostos presentes nos combustíveis, principalmente gasolina e óleo diesel que podem ser

inalados. A American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH estabelece

o valor de TLV – TWA (Média Ponderada pelo Tempo) para gasolina de 300 partículas por

minuto (ppm) para se evitar irritação do trato respiratório superior e ocular e como limite de

exposição de curta duração (STEL) 500 ppm para se evitar depressão do sistema nervoso

central (Fernícola et al, 2001).

Um estudo com voluntários, expostos por 30 minutos às concentrações de cerca de

200, 500 e 1000 ppm (~ 600, 1500 e 3000 mg/m3) de vapores de gasolina no ar, demonstrou

somente irritação aos olhos (UNEP, 2003) que é um efeito, em geral, temporário. Nos casos

atendidos pela equipe de emergência da CETESB, em que houve a liberação de vapores de

gasolina ou de óleo diesel para o interior de residências, pelo sistema hidráulico, ou fissuras

no piso e ainda poços freáticos, entre outros, os sintomas relatados pela população foram de

dores de cabeça, irritação nos olhos e nas vias aéreas superiores.

Uma investigação de possíveis focos de contaminação e análise da qualidade da água

ingerida pela população, principalmente a oriunda de poços, é necessário em casos de

acidentes. Caso se constate a contaminação da água, deve-se impedir o seu consumo. Nesses

casos, a atuação deve envolver o setor saúde, ou por meio da vigilância sanitária, ou da

vigilância em saúde ambiental. (GOUVEIA E NARDOCCI, 2007)

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Um dos primeiros acidentes ambientais de vazamento de combustível que marcou o

Brasil foi em Vila Socó (atual Vila São José), Cubatão. Por volta das 22h30 do dia

24/02/1984 moradores perceberam o vazamento de gasolina em um dos oleodutos da

Petrobrás que ligava a Refinaria Presidente Bernardes ao Terminal de Alemoa. A tubulação

passava em região alagadiça, em frente à vila constituída por palafitas. Na noite do dia 24, um

operador alinhou inadequadamente e iniciou a transferência de gasolina para uma tubulação

(falha operacional) que se encontrava fechada, gerando sobre pressão e ruptura da mesma,

espalhando cerca de 700 mil litros de gasolina pelo mangue. Muitos moradores visando

conseguir algum dinheiro com a venda de combustível, coletaram e armazenaram parte do

produto vazado em suas residências. Com a movimentação das marés o produto inflamável

espalhou-se pela região alagada e cerca de 2 horas após o vazamento, aconteceu a ignição

seguida de incêndio. O fogo se alastrou por toda a área alagadiça superficialmente coberta

pela gasolina, incendiando as palafitas. O número oficial de mortos é de 93, porém algumas

fontes citam um número extraoficial superior a 500 vítimas fatais (baseado no número de

alunos que deixou de comparecer à escola e a morte de famílias inteiras sem que ninguém

reclamasse os corpos), dezenas de feridos e a destruição parcial da vila.

Em 2000, cerca de 4 milhões de litros de óleo cru vazaram por duas horas da Repar

(Refinaria Presidente Getúlio Vargas), em Araucária (PR), causando um dos maiores

acidentes ambientais envolvendo a Petrobras. A maior parte do óleo vazou durante 2 horas

sem a percepção da empresa e percorreu um trajeto de 2.800 metros dentro da área da

refinaria chegando ao rio Barigui e, em seguida, ao rio Iguaçu. A causa do incidente foi

inicialmente humana, onde um operador que estava sozinho no turno não abriu uma válvula

que permitia a entrada do produto nos tanques, mas observa-se falhas operacionais

preventivas de acidentes no processo. A Petrobras foi condenada pela Justiça Federal a pagar

cerca de R$600 milhões de indenização, R$ 168 milhões ao Ibama e a recuperar toda a área

atingida pelo vazamento e monitorar a qualidade do ar, água e solo no entorno.

Em 2015 um incêndio nos tanques da Ultracargo (maior empresa brasileira de

armazenagem de granéis líquidos, operando principalmente com estocagem de produtos

químicos, petroquímicos, biocombustíveis e óleo vegetal) no terminal de Santos começou por

volta das 10h do dia 2 de abril e foi extinguido no dia 9 de abril de 2015. A Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) multou a empresa em R$ 22,5 milhões pelo

incêndio e a Prefeitura de Santos aplicou multa de R$ 2,8 milhões. No início do incêndio, a

temperatura chegou a 800°C e foi necessária ajuda do Governo Federal e importação de

produtos de combate às chamas para cessa-las. O local onde ocorreu o incêndio abrigava 175

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tanques de capacidade de até 10 mil m³, cada um, em uma área de 183.871 m². Desses 175, 6

foram atingidos com capacidade de 6 milhões de litros cada (Figura 3.22).

Figura 3.22 - Incêndio nos tanques da Ultrapar (Fonte: Reportagem G1)

Das consequências e impactos ambientais desse acidente podemos enfatizar o

ferimento leve de 15 pessoas por meio de inalação de fumaça (que puderem ser vistas de

cinco cidades próximas conforme Figura 3.23), mais de 8,5 toneladas de peixes morreram por

contaminação do canal do estuário de Santos que causou queda de oxigenação e temperatura

elevada da água e, também, chuva ácida. A causa do acidente foi mecânica, onde válvulas

ligadas a uma bomba estavam fechadas, causando um excesso de pressão e explosão.

Figura 3.23 - Visibilidade da fumaça nas cidades vizinhas ao incêndio Ultracargo (Fonte: Reportagem G1)

Em 2017, houve um acidente de menor dimensão em Governador Valadares (MG).

Conforme o relato do administrador, um cliente, ao manobrar seu veículo, teria colidido com

um equipamento que realizava o procedimento de retirada do combustível da bomba. Por

conta da batida, o óleo diesel vazou e atingiu a rede pluvial por meio de um bueiro. Não

houveram vítimas mas ocorreu a interrupção da captação de água na cidade por prevenção.

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4 ESTUDO DE CASO

De forma a aplicar toda a teoria vista até então nos capítulos anteriores, foi feito um

estudo de caso em uma obra de remediação ambiental realizada no terreno de uma empresa de

ônibus interestadual situada no Rio de Janeiro. Por razões de sigilo e ética profissional, foi

adotado o nome fantasia Dia Construtora Ltda, para a empresa que prestou a consultoria

ambiental e obras de remediação, e o nome Transportes FRANÇA Ltda para a empresa de

ônibus em questão.

4.1 A EMPRESA

A empresa Transportes FRANÇA Ltda é uma empresa do ramo de transporte rodoviário

de passageiros do Brasil fundada em 1950 com sede na cidade de Juiz de Fora, MG. Sua área

de atuação compreende os estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São

Paulo e Distrito Federal.

A empresa transporta mensalmente cerca de 120 mil passageiros, interligando os seus

estados de atuação, emprega diretamente 450 pessoas e possui uma frota de 134 ônibus, que

percorre mensalmente cerca de 1,25 milhão de quilômetros.

4.2 AS INSTALAÇÕES

Dentre as muitas unidades da Transportes FRANÇA Ltda, o foco desse estudo é uma

unidade (garagem de ônibus) situada na cidade do Rio de Janeiro no bairro de Curicica como

mostra a localização da Figura 4.1.

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Figura 4.1 - Localização das instalações da unidade FRANÇA Ltda (Fonte: Google Maps)

O empreendimento possui área total de aproximadamente 15.000 m². Na unidade, é

feito o estacionamento, abastecimento e gestão da sua frota de ônibus, sendo o combustível

usado o óleo diesel. A unidade apresenta as seguintes áreas e serviços para a frota:

a) Área de abastecimento e armazenagem de combustível;

b) Área de estacionamento e circulação dos ônibus;

c) Oficina para troca de óleo, troca de pneus, consertos e manutenções mecânicas;

d) Área de lavagem dos veículos;

e) Cabine de pintura para manutenção da aparência visual dos veículos;

f) Prédio da administração e portaria.

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Os efluentes gerados nas operações realizadas na pista de abastecimento, área de

tancagem, lavagem e troca de óleos são direcionados pelas canaletas (delimitam as bacias de

contenção) para a caixa separadora de água e óleo (CSAO), que é limpa periodicamente. O

sistema de abastecimento é composto por 03 tanques aéreos de armazenamento de

combustíveis, sendo 02 plenos com capacidade de 30 m³ (diesel S10) e 01 tanque pleno com

capacidade de 30 m³ (diesel S500) conforme mostra a Figura 4.2 com a planta arquitetônica

da unidade.

Figura 4.2 - Instalações da unidade em estudo (Fonte: Adaptação de planta fornecida pelo estabelecimento)

A Figura 4.3 ilustra a disposição da área de abastecimento e armazenamento de forma

detalhada para uma melhor compreensão dessa atividade, que é a de foco principal do estudo.

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Figura 4.3 - Planta da área de abastecimento e armazenamento (Fonte: Autoria própria)

4.3 A OBRA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

O incidente de vazamento de um dos três tanques de armazenamento de combustível

da unidade, por conta da oxidação da chapa de aço externa, ocasionou em vazamento de cerca

de 10.000 L de óleo diesel, extravasando a capacidade de contenção da caixa de separação e

contaminando o solo no entorno da bacia de contenção.

Decorrente o acontecimento, o trabalho desenvolvido em campo teve como principal

objetivo a escavação para remoção do solo contaminado no perímetro do dique de contenção

que comportava os três tanques aéreos de armazenamento de diesel, a verificação das

características da cava e impactos ambientais do acidente por meio da retirada de amostras de

solo, a segregação do material removido através do critério de presença ou ausência de VOCs

(Compostos Orgânicos Voláteis) medidas em campo e a recomposição da cava para que

pudesse abrigar acomodação dos novos tanques a serem instalados.

As normas e legislação aplicadas para cada etapa do trabalho desenvolvido estão

contidas nos tópicos 2.2 e 3.3 desse trabalho. Cabe ressaltar que o acompanhamento do

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processo de escavação, fornece a oportunidade de avaliar a área potencialmente passível de

contaminação, considerando as dimensões da escavação e volume de solo movimentado.

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 30 de maio a 02 de junho de

2017. A atividade de escavação foi executada por uma empresa de terraplanagem. A Dia

Construtora Ltda ficou responsável pelo transporte e destinação do solo contaminado

segregado e pela formulação do relatório técnico de impacto ambiental.

Durante a obra, foram removidos 170 m³ de solo até a profundidade de 2,5 metros. O

volume de solo contaminado segregado para destinação foi disposto em uma pilha (90 m³),

devidamente coberto com lona para destinação cujo transporte ocorreu no dia 02 de junho de

2018. O critério utilizado para segregação do material foi definido pela presença na medição

de VOCs (Compostos Orgânicos Voláteis) onde, havendo nulidade, foi devolvido a cava e

leitura de presença direcionado a descarte como resíduo classe I.

Conforme as figuras seguintes, podemos observar o passo a passo desenvolvido na

obra de remediação ambiental. A Figura 4.4 mostra o isolamento do entorno área de

abastecimento, conforme normas de segurança, antes do início das obras; A Figura 4.5 mostra

o início da escavação do concreto da bacia de contenção, na pista de abastecimento, por meio

de escavadeiras; A Figura 4.6 ilustra o carregamento e destinação dos resíduos de demolição

do concreto; A Figura 4.7 indica a área de armazenamento do solo escavado impactado com

isolamento por lona e cones para evitar o contato com outras partes; As Figuras 4.8 e 4.9

exibem o processo de remoção do solo contaminado com escavadeira que seguiram por 2

metros de profundidade em toda a área; Por fim do primeiro processo, a Figura 4.10 indica o

solo contaminado separado para descarte como resíduo classe 1 em local isolado.

Figura 4.4 - Isolamento da área de abastecimento

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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Figura 4.5 - Início da escavação com demolição

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.6 - Carregamento e destinação do concreto demolido

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.7 - Área de armazenamento do solo impactado

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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Figura 4.8 - Início de remoção do solo

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.9 - Remoção de 2 m de solo contaminado

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.10 - Solo impactado para descarte como resíduo classe 1

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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No dia 31 de maio de 2017, foi realizada a recomposição da cava com parte de solo

não contaminado (leitura de VOCs apurada em campo igual a zero) e o restante com material

inerte (pó de pedra). Na Figura 4.11, a imagem da cava nivelada pronta para iniciar a

compactação do solo do 2° metro é indicada; A Figura 4.12 mostra o 2° metro já compactado

e o derramamento e espalhamento do pó de pedra para iniciar a compactação do 1° metro; A

Figura 4.13 exibi a finalização do espalhamento e nivelamento do pó de pedra na superfície

do terreno e a Figura 4.14 evidencia o processo de compactação finalizado; A Figura 4.15

mostra o início do carregamento de 4 caminhões com o solo contaminado para despejo em

local específico conforme as normas de segurança; Na Figura 4.16 observa-se a área da obra

já limpa e sendo organizada para volta da operação de abastecimento.

Figura 4.11 - Cava nivelada

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.12 - Descarregamento e espalhamento do pó de brita

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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Figura 4.13 - Finalização do nivelamento do pó de pedra

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.14 - Processo de compactação finalizado

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.15 - Carregamento do solo impactado

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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Figura 4.16 - Área de intermediação limpa

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

4.4 OS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS

A NBR ISO 14001 (ABNT, 2015), citada no tópico 2.1, não estabelece metodologia

específica para a identificação de aspectos e impactos ambientais decorrentes de uma obra.

Portando, no presente estudo de caso, foi adotado o modelo de planilha de levantamento

ilustrado pela Figura 4.17. O Anexo I mostra de forma geral o resultado dos impactos

causados pela obra de recuperação, citada no tópico 4.3, na etapa de remoção do solo e o

Anexo II na etapa de recomposição da cava, mas os resultados dos Anexos serão

demonstrados em cada etapa.

Figura 4.17 - Modelo de planilha de levantamento de impactos ambientais

Fonte: Santos, 2017.

Foi feito um levantamento das atividades exercidas durante a obra de recuperação e

utilizado como base para a identificação dos aspectos e impactos ambientais a listagem

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apresentada na Quadro 4.1. A Figura 4.18 mostra os aspectos e impactos da etapa de

escavação da cava e a Figura 4.19 da etapa de reconstituição da cava.

Quadro 4.1 - Aspectos e seus respectivos impactos ambientais

Fonte: Santos, 2017.

ASPECTOS IMPACTOS

Consumo de água Redução de recursos naturais

Consumo de combustíveis Redução de recursos naturais

Consumo de energia elétrica Redução de recursos naturais

Consumo de papel Redução de recursos naturais

Emissões atmosféricas Alteração da qualidade do ar

Emissão de fumaça preta Poluição atmosférica

Geração de efluentes líquidos Alteração / contaminação do solo

Alteração / contaminação da água

Geração de efluentes líquidos sanitários Contaminação do solo

Contaminação da água

Vazamento de óleo Contaminação do solo

Contaminação da água

Geração de resíduos sólidos não perigosos (plástico, papel,

etc.)

Sobrecarga de aterros

Descarte de resíduos perigosos (contaminados com óleo

e/ou demais produtos químicos).

Sobrecarga de aterros industriais.

Contaminação do solo.

Contaminação da água.

Emissão de ruído Poluição sonora

Geração de resíduos sólidos (matéria orgânica).

Proliferação de vetores de doenças.

Sobrecarga de aterros industriais.

Contaminação do solo.

Contaminação da água.

Descarte de resíduos perigosos (baterias, pilhas, toners,

cartuchos de impressoras, lâmpadas fluorescentes,

embalagens contaminadas)

Contaminação de solo.

Contaminação da água.

Sobrecarga de aterros industriais.

Consumo de madeira. Esgotamento de recursos naturais.

Descarte de resíduos perigosos (latas de tinta e solventes,

pincéis usados, estopas)

Sobrecarga de aterro industrial.

Contaminação do solo.

Contaminação da água.

Vibrações e ruídos

Poluição sonora.

Abalo de construções.

Fuga de fauna nativa.

Supressão de vegetação nativa

Perda de vegetação e de habitats

Degradação do ecossistema natural

Desequilíbrio ecológico pela indução de novas

espécies

Interferência na estabilidade geotécnica de taludes Processos erosivos.

Assoreamento de drenagem e cursos de água.

Perda de solo.

Emissão de poeira. Poluição atmosférica.

Acúmulo de água parada. Proliferação de vetores de doenças.

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Movimentação de terra / rocha.

Erosão e assoreamentos.

Processos erosivos.

Assoreamento de drenagem e cursos de água.

Perda de solo.

Incêndio / explosão. Poluição atmosférica.

Figura 4.18 – Aspectos e Impactos Ambientais da etapa de construção da cava

(Fonte: Autoria própria)

Figura 4.19 - Aspectos e Impactos Ambientais da etapa de reconstituição da cava (Fonte: Autoria própria)

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Para preenchimento dos itens de Incidência, Frequência, Probabilidade e Abrangência,

foram considerados os itens descritos no Quadro 4.2 e para o cálculo da Severidade foi

considerado o tipo de impacto e a descrição da classe apresentadas no Quadro 4.3.

Quadro 4.2 - Classificação dos aspectos e impactos ambientais

Fonte: Santos, 2017.

Item Classificação Descrição

Incidência

Direta (D) O aspecto está associado às atividades executadas

pela CONSTRUTORA XYZ.

Indireta (I)

O aspecto está associado às atividades executadas

por fornecedores/prestadores que atuam no canteiro

de obras ou nas instalações da CONSTRUTORA

XYZ.

Frequência

1 Baixa frequência na ocorrência do impacto.

Ocorreu uma vez ou nunca ocorreu.

2 Média frequência na ocorrência do impacto. Ocorre

de uma a três vezes ao ano.

3 Alta frequência na ocorrência do impacto. Ocorre

frequentemente. Acima de três vezes no ano.

Probabilidade

1 Baixa probabilidade de ocorrer o impacto.

2 Média probabilidade de ocorrer o impacto.

3 Alta probabilidade de ocorrer o impacto.

Abrangência

1 Pequena: o impacto é restrito ao setor no qual a

atividade é desenvolvida.

2 Média: o impacto é restrito a área da

CONSTRUTORA XYZ (escritórios, obras, oficina,

depósitos e usina).

3 Grande: o impacto extrapola a área da

CONSTRUTORA XYZ (afeta a área de influência

e as partes interessadas).

Quadro 4.3 - Avaliação da severidade do impacto ambiental

Fonte: Santos, 2017.

AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE

Tipo de

Impacto Grau Descrição

Contaminação

do solo.

3 (alta) Resíduos classificados como perigosos.

2 (média) Resíduos classificados como não perigosos (podendo equivaler a não

inerte).

1 (baixa) Resíduos classificados como não perigosos (inertes).

Contaminação 3 (alta) Presença de metais e/ou óleos e graxas ou efluentes que precisam

passar por tratamento.

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92

da água. 2 (média) Efluente intermediário entre os classificados como alta e baixa.

1 (baixa) Águas passíveis de descarte sem passar por tratamento.

Contaminação

da atmosfera.

3 (alta)

Emissões que dependem de algum sistema de tratamento por conter

elevado teor de material particulado/SOx ou emissões em grande

quantidade e que contêm elementos altamente prejudiciais ao meio

ambiente

2 (média)

Emissões que já passam por sistemas de tratamento e que contêm

teor moderado de material particulado/SOx ou emissões em

quantidade moderada e que contêm elementos prejudiciais ao meio

ambiente.

1 (baixa)

Emissões que passam por sistemas de tratamento e/ou contêm baixo

teor de material particulado/SOx ou emissões em qualquer

quantidade e que contêm elementos não prejudiciais ao meio

ambiente ou emissões em pequena quantidade e que contêm

elementos levemente prejudiciais ao meio ambiente

Ruído.

3 (alta) Ruído de nível presumivelmente elevado, percebido inclusive fora

das instalações da empresa.

2 (média) Ruído de nível presumivelmente médio, percebido dentro da

empresa, porém em outras áreas além da geradora.

1 (baixa) Ruído presumivelmente baixo, percebido somente na área geradora.

Esgotamento

de recursos

naturais.

3 (alta) Consumo elevado de recursos e/ou que estão vinculados aos

objetivos e metas ambientais. (Ex: Aqueles que dependem de

quantificação ou liberação pelo orgão ambiental)

2 (média) Consumo moderado de recursos

1 (baixa) Consumo baixo de recursos.(Quantidades consideradas pequenas ou

ocorrem de forma isolada em algum processo)

O cálculo da relevância foi obtido através da soma dos graus atribuídos para a

frequência, probabilidade, abrangência e severidade conforme ilustra o Quadro 4.5.

Quadro 4.4 - Método de cálculo da relevância do impacto ambiental

Fonte: Santos, 2017.

Cálculo da Relevância

Somatório Sigla Classificação

11 ou 12 MR Muito Relevante

7, 8, 9 ou 10 R Relevante

4, 5 e 6 NR Não Relevante

Os resultados obtidos para obtenção do cálculo da relevância são ilustrados nas

Figuras 4.20 e Figura 4.21.

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93

Figura 4.20 – Relevância dos Impactos Ambientais da etapa de construção da cava

(Fonte: Autoria própria)

Figura 4.21 - Relevância dos Impactos Ambientais da etapa de reconstituição da cava

(Fonte: Autoria própria)

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94

Para o cálculo do grau do impacto ambiental foi feito um cruzamento da frequência

com a probabilidade mediante a utilização da matriz a seguir apresentada no Quadro 4.5.

Quadro 4.5 - Matriz de cálculo 1 do grau do impacto ambiental

Fonte: Santos, 2017.

Frequência Probabilidade

1 2 3

1 FxP = 2 FxP = 3 FxP = 4

2 FxP = 2 FxP = 4 FxP = 6

3 FxP = 3 FxP = 6 FxP = 9

Com o resultado do cruzamento da matriz Frequência x Probabilidade foi realizado o

cruzamento da frequência/probabilidade com a severidade, mediante a aplicação da matriz

apresentada pelo Quadro 4.7.

Quadro 4.6 – Matriz de cálculo 2 do grau do impacto ambiental

Fonte: Santos, 2017.

Frequência /

Probabilidade

Severidade

1 2 3

2 GI = 3

(trivial = T)

GI = 4

(trivial = T)

GI = 5

(moderado = M)

3 GI = 4

(trivial = T)

GI = 5

(moderado = M)

GI = 6

(moderado = M)

4 GI = 5

(moderado= M)

GI = 6

(moderado= M)

GI = 7

(substancial = S)

5 GI = 6

(moderado = m)

GI = 7

(substancial = S)

GI = 8

(substancial = S)

6 GI = 7

(substancial = S)

GI = 8

(substancial = S)

GI = 9

(intolerável = I)

Os resultados obtidos para o grau de cada impacto da etapa de construção da cava são

apresentados na Figura 4.22 e para a etapa de reconstituição na Figura 4.23.

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Figura 4.22 – Grau dos Impactos Ambientais da etapa de construção da cava

(Fonte: Autoria própria)

Figura 4.23 – Grau dos Impactos Ambientais da etapa de reconstituição da cava

(Fonte: Autoria própria)

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96

Para a análise da importância da incidência foi considerado o Quadro 4.7 a partir das

respostas das seguintes perguntas:

a) Há incidência direta?

b) O grau do impacto ambiental resultou em moderado, substancial ou intolerável?

c) Há legislação ou outros requisitos aplicados (regulamentos ambientais municipais,

estaduais, federais e internacionais e/ou normas técnicas associadas, além de licenças e

autorizações)?

d) Há demandas das partes interessadas (reclamações, carta ou declaração de

princípios ou outras exigências de organismos não governamentais)?

e) Há na Política Ambiental referência ao impacto na forma de declaração de

princípios sobre sistemas de gestão?

Quadro 4.7 - Análise da importância da incidência do impacto ambiental

Fonte: Santos, 2017.

Importância da Incidência Análise

(NI) Não importante Se apenas um for sim.

(I) Importante

Se pelo menos duas das

respostas forem sim.

(MI) Muito Importante Se todas as respostas forem sim.

A Figura 4.24 ilustra as importâncias de cada impacto da etapa de construção da cava

e a Figura 4.25 da etapa de restituição da cava.

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Figura 4.24 – Importância da Incidência dos Impactos Ambientais da etapa de construção da cava

(Fonte: Autoria própria)

Figura 4.25 – Importância da Incidência dos Impactos Ambientais da etapa de reconstituição da cava

(Fonte: Autoria própria)

Para investigação da significância do impacto ambiental, foi utilizada a matriz

ilustrada no Quadro 4.8 que considera como filtro o cruzamento do grau do impacto com a

importância da incidência.

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98

Quadro 4.8 - Matriz de análise da significância do impacto ambiental

Fonte: Santos, 2017.

Grau do

Impacto

Importância da Incidência

Não Importante Importante Muito

Importante

Trivial (NS) Não

Significante

(NS) Não

Significante

(MS)

Moderadamente

Significante

Moderado

(MS)

Moderadamente

Significante

(MS)

Moderadamente

Significante

(S) Significante

Substancial (S) Significante (S) Significante (S) Significante

Intolerável

(SS)

Substancialmente

Significante

(SS)

Substancialmente

Significante

(SS)

Substancialmente

Significante

Após o término da análise da significância para cada aspecto e impacto ambiental, foi

considerado o Quadro 4.9 para as conclusões dos controles a serem implementados e suas

respectivas observações.

Quadro 4.9 - Controles a serem implementados de acordo com a significância do impacto ambiental

Fonte: Santos, 2017.

Significância Controles a serem implantados Observações

NS – Não

Significante

Não são requeridos controles

operacionais. Devem ser feitas

considerações sobre uma solução de custo

mais eficaz ou melhorias que não

imponham uma carga de custos adicionais.

É requerido monitoramento para assegurar

que os controles são mantidos. Porém caso

existam controles operacionais que

contribuam para manter estes aspectos

como não significativos, os mesmos

devem ser citados na coluna

“Comentários/Controles” da planilha.

Para os impactos com situação

operacional de emergência, se as

situações de emergência puderem

ser controladas com recursos da

própria área, podem ser previstas

ações/medidas mitigadoras em

procedimentos específicos, caso

contrário as mesmas deverão ser

incluídas no plano de atendimento a

emergências.

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99

MS –

Moderadamente

Significante

Impacto ambiental que foi reduzido ou se

encontra a um nível que pode ser

suportado pela empresa, porém são

requeridas medidas de controle, tais como

procedimentos operacionais,

monitoramento e medição, ordem de

serviço, procedimentos para atendimento

às emergências. Os critérios operacionais

devem ser definidos em procedimentos

escritos.

Para perigos com situação

operacional de emergência, devem

ser previstas, obrigatoriamente,

ações/medidas mitigadoras em um

plano de atendimento a emergência.

S - Significante

Impacto que foi reduzido ou se encontra a

um nível que pode ser suportado pela

empresa, porém são requeridas medidas de

controle. Os impactos devem ser

anualmente analisados para verificar a

necessidade de ações complementares

com a finalidade de melhorar as condições

do local de trabalho a serem controladas

no sistema.

É obrigatório o estabelecimento de

controles operacionais. Devem ser

feitos esforços para reduzir o

impacto e os riscos emergenciais.

As ações de controle podem

requerer investimentos com custos

de prevenção significativos. As

medidas para a redução do risco

devem ser implementadas dentro de

um período definido (planos de

ação).

Para perigos com situação

operacional de emergência, devem

ser previstas, obrigatoriamente,

ações/medidas mitigadoras em um

plano de atendimento a emergência.

SS –

Substancialmente

Significante.

A atividade não deve ser iniciada ou

continuada até que o aspecto/impacto

tenha sido reduzido. Se não é possível

reduzir o impacto, o trabalho tem que

permanecer proibido de ser executado.

Estes aspectos/impactos ambientais

devem ser consideradas

“Inaceitáveis”, devendo ser tomadas

medidas preventivas ou tomadas

providências urgentes para redução

da significância do aspecto/impacto

ambiental. Tais ações devem estar

incluídas em planos de ação

específicos, no plano de

atendimento a emergência e ser

indicadas na coluna

“Comentários/Controles” da

planilha.

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100

A Figura 4.26 e a Figura 4.27 mostram os resultados encontrados para cada impacto da

obra de recuperação do solo.

Figura 4.26 - Significância dos Impactos Ambientais da etapa de construção da cava

(Fonte: Autoria própria)

Figura 4.27- Significância dos Impactos Ambientais da etapa de reconstituição da cava

(Fonte: Autoria própria)

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101

Para análise dos impactos ambientais decorrentes do vazamento de combustível, foi

feito um relatório técnico pela Dia Construtora Ltda que apresenta as informações referentes

ao processo de avaliação ambiental conduzido durante a obra de remediação com remoção do

solo contaminado no perímetro que comportava os tanques aéreos de armazenamento de

diesel.

Durante a escavação, amostras de solo foram retiradas, no qual efetuou-se a medição

de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs) para confirmar a presença ou não de vapores “in

situ”. As medições foram realizadas conforme exibe a Figura 4.28, com o equipamento da

marca “Gastech” modelo “Innova-SV”, com exclusão da via gás metano, cujo certificado de

calibração do equipamento é apresentado na Figura 4.29.

O Thermogastech usa um sensor catalítico de compensação que oxida o gás no ar e

libera calor. A resistência do filamentode platina aumenta proporcionalmente ao calor da

oxidação. É um método confiável e de baixo custo para detecção de presença de gases, além

disso o sensor é indicado para monitoramento geral de gases e vapores combustíveis. A

Tabela 4.1 apresenta as concentrações máximas de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs),

medidas em cada metro da escavação realizada no dia 31 de maio de 2017. Foram constatadas

concentrações de vapores orgânicos nas medições das amostras de solo retiradas.

Figura 4.28 - Medição de VOC (Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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102

Figura 4.29 - Certificado de calibração (Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 20

Tabela 4.1 - Resultados de VOCs na sondagem realizada em maio de 2017

Ponto VOCs (ppm)

1,0m VOCs (ppm)

2,0m P1 0 - P2 - 220 P3 0 - P4 - 140 P5 20 - P6 - 380 P7 0 - P8 - 200

P9 0 320 P10 - - P11 60 160 P12 -

De acordo com as instruções ABNT pertinentes, as amostras de solo retiradas e

avaliadas foram divididas em duas alíquotas:

a) Alíquota 01: acondicionada em saco plástico impermeável auto selante, com

volume de um litro, a qual foi homogeneizada manualmente e posteriormente

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103

agitada, mantida em repouso e revolvida novamente, para então ser submetida

a medição de VOCs por meio de equipamento detector de gases “Gastech”

(Innova - SV);

b) Alíquota 02: acondicionada em frasco de vidro de boca larga com tampa de

teflon devidamente identificado, a qual foi mantida sob refrigeração a 4°C ± 2

e, posteriormente, enviada ao laboratório para análises químicas dos

parâmetros BTEX, PAHs e TPH.

No dia 31 de maio de 2017, foram retiradas 06 (seis) amostras denominadas TQ01,

TQ02, TQ03 (apresentaram leitura de VOCs), AT_NC01, AT_NC02 e AT_NC03 (indicaram

nulidade de VOCs) para análises químicas dos parâmetros BTEX, PAHs e TPH. A Figura

4.30, ilustra o formulário do sistema de qualidade para recebimento das amostras de solo,

indicando se as amostras foram recebidas conforme descrito pelas normas para não ocorrer

distorção dos resultados.

Figura 4.30 - Relatório de recebimento de amostras

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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104

O acompanhamento para avaliação ambiental ficou sob responsabilidade da Dia

Construtora Ltda (medições em campo, amostragem de solo, segregação do material

impactado e elaboração de relatório). Não foi verificada a ocorrência de nenhum fato atípico

que pudesse prejudicar os serviços. Como resultados das atividades desenvolvidas na área do

imóvel, observou-se os seguintes impactos ambientais:

a) Houve afloramento do lençol freático na cava aberta cujos efluentes foram

direcionados a caixa separadora do empreendimento;

b) Verificou-se a presença de produto adsorvido no solo.

Para conhecimento, os resultados das análises químicas foram comparados aos

seguintes valores de referência:

a) Valores Orientadores de Intervenção para Solo e Água Subterrânea no Estado

de São Paulo, estabelecidos pela CETESB (artigo 1º da Decisão de Diretoria nº

256/2016, de 22 de novembro de 2016), para os parâmetros BTEX e PAHs;

b) Decisão da Diretoria nº 010-2006-C de 26 de janeiro de 2006, estabelecida pela

CETESB para o parâmetro TPH;

c) Valores Orientadores da Resolução CONAMA 420/2009 e Norma Operacional

do INEA (NOP 06 – 10/05/2013) para os parâmetros BTEX, PAHs e TPH;

Com resultado, foi detectada concentração superior ao valor limite estabelecido pela

legislação vigente para o parâmetro TPH (1.000 mg/Kg) e para leitura VOCs em 03 amostras.

O solo da região dessas amostras, foi segregado para descarte como resíduo classe I. Na

Figura 4.31 observa-se o Manifesto de Transporte de Resíduos - MTR (obrigatório por lei)

para transporte do solo descartado até a empresa de reciclagem Recitec. A Figura 4.32 mostra

o MTR do concreto demolido na área de abastecimento para escavação da cava. Alguns dados

foram sublinhados por motivo de ética profissional.

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105

Figura 4.31 - MTR do solo contaminado (Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

Figura 4.32 - MTR do concreto armado

(Fonte: Fornecido pela Dia Construtora Ltda, 2017)

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106

Já o solo das amostras que não apresentaram leitura de VOCs, retornaram a cava (esses

tiveram os dados emitidos pelo laboratório com inferioridade aos valores limites de

intervenção para todas as SQIs analisadas). Essas informações mostram a eficiência do

procedimento adotado, determinando que os materiais segregados para destinação como

resíduo classe I e retorno a cava foram corretamente separados e proporcionaram condição de

melhora no cenário ambiental, aliado ao descarte do volume de material realmente necessário.

4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO DE CASO

As informações apresentadas pelo Relatório Técnico da Dia Construtora Ltda

comprovam que houve uma preocupação ambiental em regularização do local, após o

vazamento de diesel, perante as normas técnicas, leis e resoluções CONAMA citadas nos

tópicos 2.2 e 3.3.

Pelas análises químicas realizadas no solo escavado, conclui-se que houve poluição de

um total de 90m³. Esse volume foi classificado como resíduo classe I conforme a NBR 10.004

(ABNT, 2004), devidamente isolado e destinado à uma empresa de reciclagem que possui

licença para recebimento de resíduos perigosos. As Figuras 4.31 e 4.32, demonstram as MTR

dos resíduos da obra, conforme solicitado pela CONAMA, para o monitoramento da forma de

transporte e controle da destinação final dos mesmos.

Observa-se a preocupação com o gerenciamento de resíduos e mitigação do impacto

ambiental final, conforme a Resolução 307 da CONAMA, a partir da medida de

reaproveitamento do solo não contaminado na recomposição da cava. Pela profundidade da

mancha de contaminação no solo, comprovada pelos testes toxicológicos, a empresa constatou

que não houve contaminação do lençol freático.

Para realização dos testes, os equipamentos foram devidamente aferidos, conforme

solicitado pelas NBR, atestando a obtenção de resultados verídicos. A Figura 4.29 mostra o

certificado de calibração do aparelho de medição de VOCs como exemplo.

Os resultados obtidos no Anexo I e no Anexo II mostram que, a maioria dos impactos

ambientais gerados pelas etapas da obra de remediação, foram Não Significantes. Portanto,

para essa classificação, é requerido monitoramento dos aspectos, para assegurar que os

controles foram mantidos. O monitoramento foi atendido conforme exposto pelos dados do

Relatório Técnico citados no tópico 4.4.

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107

5 CONCLUSÃO

A apresentação do panorama geral do setor da construção civil e do setor de

abastecimento de combustível, demostra a importância do crescimento de ambos para a

economia do país. A análise preliminar dos possíveis aspectos e impactos ambientais que

podem ser causados pelos dois setores, mostra que, em suas ocorrências, contribuem de forma

significativa para alterações do meio ambiente provando assim a importância de medidas

mitigadoras e preventivas. Mesmo após uma conscientização ambiental dos setores na década

de 80 no Brasil, a adoção de estratégias sustentáveis vem sendo absorvidas aos poucos pelas

empresas.

Através desse trabalho pode-se concluir que o posto de abastecimento em estudo

cumpre a legislação aplicável à atividade de armazenamento e abastecimento de

combustíveis, uma vez que possui todas as licenças e alvarás necessários (Licença Ambiental,

Autorização da ANP, Alvará de Corpo de Bombeiros), além de possuir os planos, programas

e procedimentos estabelecidos pelas Normas Regulamentadoras aplicáveis.

Também se conclui que os impactos de maior significância identificados decorrentes

do vazamento de combustível, tiveram ações de controle implementadas. Esse fato mostra que

o posto de abastecimento encontra-se bem instalado e a obra de remediação foi realizada

conforme as normas e leis vigentes, pois não foi avaliado nenhum aspecto com classificação

Substancialmente Significante.

Mesmos com a inexistência de aspectos e impactos Substancialmente Significantes,

podemos concluir que há uma real necessidade de elaboração do controle da emissão de

ruídos e das emissões atmosféricas, que foram impactos classificados com magnitude

Significante. Esses não foram devidamente analisados por falta do fornecimento de dados pela

DIA Construtora Ltda. O fato da omissão de controle desses impactos leva a conclusão da

falha do plano de gestão ambiental da obra de recuperação.

Como sugestão de melhoria da gestão ambiental para próximas obras de recuperação,

a construtora poderia elaborar relatórios das emissões de gases poluentes decorrentes do uso

das máquinas à combustão nos canteiros e dos meios de transporte utilizados para transportar

matérias-primas e resíduos gerados. Para o monitoramento de ruídos e vibrações, a

construtora poderia instalar sismógrafos com objetivo de mensurar os níveis de velocidade de

vibração de partícula e de pressão acústica que estariam chegando às estruturas localizadas no

entorno da área onde se realizam as obras e verificar se tais níveis estão dentro dos limites

preconizados pela NBR 9653 (ABNT, 2005).

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108

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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109

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petróleo (GLP), óleo combustível, querosene iluminante e asfaltos, bem como à alteração de

titularidade da autorização e à homologação de contratos de cessão de espaço ou de

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115

ANEXO I

Etapa da Obra/Serviço Remoção do solo contaminado

IDENTIFICAÇÃO

Incid

ên

cia

Freq

uên

cia

(a

)

Pro

ba

bil

ida

de

(b)

Ab

ra

ngên

cia ©

Sev

erid

ad

e (d

)

a +

b +

c +

d

Rele

ncia

Gra

u d

o

imp

acto

Imp

ortâ

nci

a d

a

incid

ên

cia

Sig

nif

icâ

nci

a

COMENTÁRIOS/CONTROLES Atividade/Tarefa Aspectos Impactos

Isolamento da área

contaminada com lonas

plásticas, cones e telas;

Uso de martelo elétrico

demolidor para início da

demolição da laje em concreto

da área de abastecimento;

Uso de escavadeira hidráulica

para retirada de resíduos da

demolição;

Separação dos resíduos de

concreto da demolição e

carregamento de caminhões

para destinação de local

autorizado para reciclagem;

Isolamento de área com lona

para recebimento do solo

contaminado escavado;

Uso de escavadeira para

remoção do 1° metro de solo;

Uso de escavadeira para

remoção do 2° metro de solo;

Isolamento do solo

contaminado para descarte

com lonas e sinalizações;

Carregamento dos caminhões

com solo contaminado;

Transporte do solo para local

de descarte.

Consumo de energia. Redução de recursos naturais. D 1 1 1 1 4 NR T NI NS Monitorar o indicador específico e o atendimento a

meta de redução de consumo.

Consumo de combustíveis Redução de recursos naturais. D 2 1 3 2 8 R T NI NS Monitorar o indicador específico e o atendimento a

meta de redução de consumo.

Emissões atmosféricas Alteração da qualidade do ar. D 2 3 3 1 9 R S I S Monitorar o indicador específico e o atendimento a

meta de redução de emissões. Verificar a necessidade

de ações complementares com a finalidade de

melhorar as condições do local.

Descarte de resíduos perigosos

(resíduos contaminados com óleo

e/ou demais produtos químicos;

embalagens contaminadas)

Contaminação de solo e águas e/ou

sobrecarga de aterro industrial.

D 1 3 3 3 10 R S MI S Observar diretrizes do Plano de Gerenciamento de

Resíduos. Monitorar o indicador específico e o

atendimento a meta de redução de geração. Verificar a

necessidade de ações complementares com a

finalidade de melhorar as condições do transporte ou

local de despejo.

Descarte de sucata metálica. Sobrecarga de aterro. D 1 1 3 1 6 NR T NI NS Observar diretrizes do Plano de Gerenciamento de

Resíduos. Monitorar o indicador específico e o

atendimento a meta de redução de geração.

Emissão de poeira. Poluição atmosférica. D 2 2 3 1 8 R M I MS Monitoramento e medição do indicador específico e

atendimento a meta de redução de geração.

Geração de resíduos sólidos não

perigos (plástico, etc)

Sobrecarga de aterros. D 2 1 3 1 7 R T NI NS Observar diretrizes do Plano de Gerenciamento de

Resíduos. Monitorar o indicador específico e o

atendimento a meta de redução de geração.

Movimentação de terra / rocha. Erosão e assoreamentos.

Assoreamento de drenagem e cursos

de água. Perda de solo.

D 1 1 1 1 4 NR T NI NS Monitorar o indicador específico e o atendimento a

meta de redução de consumo e reaproveitamento do

solo.

Vibrações e ruídos Perda de vegetação e de habitats

Degradação do ecossistema natural

D 2 1 3 3 9 R M I MS Realizar o monitoramento de áreas verdes próximas a

obra e realizar relatório de impactos á vizinhança com

fotos comparativas do antes e depois.

Emissão de fumaça preta Poluição atmosférica D 2 2 3 2 9 R M I MS Realizar o monitoramento de todos os veículos e

equipamentos à óleo diesel.

Simbologia: (Incidência: D=direta ou I=indireta); (Freqüência: 1=baixa ou 2=média ou 3=alta); (Probabilidade: 1=baixa ou 2=média ou 3=alta); (abrangência: 1=pequena ou 2=média ou nde); (severidade:

1=baixa; 2=média ou 3=alta); (Relevância=incidência+freqüência+probabilidade+abrangência)

Elaborado por: Giulia Braga Aprovado por:

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14

ANEXO II

Etapa da Obra/Serviço Recomposição da cava

IDENTIFICAÇÃO

Incid

ên

cia

Freq

uên

cia

(a

)

Pro

ba

bil

ida

de

(b)

Ab

ra

ngên

cia (

c)

Sev

erid

ad

e (d

)

a +

b +

c +

d

Rele

ncia

Gra

u d

o

imp

acto

Imp

ortâ

nci

a d

a

incid

ên

cia

Sig

nif

icâ

nci

a

COMENTÁRIOS/CO

NTROLES Atividade/Tarefa Aspectos Impactos

Uso de máquina para nivelamento

do fundo da cava;

Uso da escavadeira para

descarregamento e espalhamento

do pó de brita

Nivelamento do pó de pedra com

uso de máquina;

Compactação da cava nivelada;

Limpeza de área de intermediação;

Consumo de água Redução dos recursos naturais D 1 1 1 1 4 NR T NI NS Monitorar o indicador

específico e o atendimento a

meta de redução de consumo.

Consumo de combustível Redução dos recursos naturais D 1 1 1 1 4 NR T NI NS Monitorar o indicador

específico e o atendimento a

meta de redução de consumo.

Consumo de energia elétrica Redução dos recursos naturais D 1 1 1 1 4 NR T NI NS Monitorar o indicador

específico e o atendimento a

meta de redução de consumo.

Emissões atmosféricas Alteração da qualidade do ar D 1 2 3 1 7 R T NI NS Monitorar o indicador

específico e o atendimento a

meta de redução de consumo.

Emissão de ruído Poluição sonora D 1 3 3 3 10 R S I S Monitorar o indicador

específico e o atendimento a

meta de redução de emissão.

Verificar a necessidade de

ações complementares com a

finalidade de melhorar as

condições do local.

Emissão de poeira. Poluição atmosférica. D 1 2 3 1 7 R T NI NS Monitorar o indicador

específico e o atendimento a

meta de redução de consumo.

Movimentação de terra / rocha. Erosão e assoreamentos.

Perda de solo.

D 1 2 1 2 6 NR M NI MS Monitorar o indicador

específico e o atendimento a

meta de redução de consumo e

reaproveitamento do solo.

Simbologia: (Incidência: D=direta ou I=indireta); (Freqüência: 1=baixa ou 2=média ou 3=alta); (Probabilidade: 1=baixa ou 2=média ou 3=alta); (abrangência: 1=pequena ou 2=média ou 3=grande); (severidade: 1=baixa;

2=média ou 3=alta); (Relevância=incidência+freqüência+probabilidade+abrangência)

Elaborado por: Giulia Braga Aprovado por: