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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS HUMBERTO ARAKAKI JUNIOR ESTUDO DOS ESFORÇOS DE CORRENTEZA MARÍTIMA EM RISERS COM USO DE CFD CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

HUMBERTO ARAKAKI JUNIOR

ESTUDO DOS ESFORÇOS DE CORRENTEZA

MARÍTIMA EM RISERS COM USO DE CFD

CAMPINAS

2016

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos que contribuíram para a realização deste trabalho:

Ao meu orientador Prof. Dr. Celso K. Morooka por me permitir fazer parte deste grupo

de pesquisa e pelo aprendizado durante este período.

Ao Prof. Dr. José Roberto Nunhez, Prof. Dr. Renato Pavanello e Dr. Diener Volpin

Ribeiro Fontoura, pelas sugestões dadas durante a realização deste trabalho.

À toda minha família e amigos pelo apoio e incentivo durante este momento.

Ao apoio financeiro da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e do Ministério da Ciência e

Tecnologia (MCT), por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor

Petróleo e Gás (PRH-ANP/MCT) através da Petrobras.

Ao apoio do CENAPAD-SP para o desenvolvimento desta pesquisa e à Frade Japan

Petroleum Limited (FJPL).

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RESUMO

O petróleo e gás proveniente de campos marítimos são transportados do fundo

oceânico até as unidades de produção flutuantes e terminais marítimos através de risers ou

dutos submarinos.

Dutos submarinos, devido a irregularidades presentes no solo marinho ficam

expostos a vãos livres, fazendo com que ocorram variações de pressão ao redor de sua

superfície externa ao longo de seu comprimento, resultando vórtices.

Estes vórtices fazem surgir forças na seção transversal do tubo, sendo uma

paralela ao escoamento (força de arrasto) e outra transversal (força de sustentação), que fazem

vibrar a tubulação no fenômeno conhecido como VIV (Vibração Induzida por Vórtices),

resultando em fadiga precoce e reduzindo o tempo de vida útil.

A compreensão e estudo deste fenômeno são importantes no projeto de risers e

dutos submarinos, para garantir uma operação segura e reduzir o número de intervenções. O

grande número de pesquisas e experimentos relacionados a este tema também demonstra sua

importância.

Neste trabalho, o estudo de dutos submarinos na condição de vão livre com uso da

mecânica de fluidos computacional é o principal objetivo. O software OpenFOAM® é

utilizado para estimar os coeficientes das forças hidrodinâmicas e o escoamento ao redor de

dutos submarinos.

Simulações bidimensionais são realizadas utilizando-se um cilindro e uma parede

plana representando, respectivamente, uma seção transversal do duto e o solo marinho na

situação de vão livre. Inicialmente analisou-se um cilindro estacionário e posteriormente com

oscilações forçadas, em diferentes distâncias em relação à parede e diferentes frequências e

amplitudes de oscilação.

Os resultados das simulações são comparados com dados experimentais e

resultados numéricos disponíveis na literatura.

Palavras Chave: CFD, duto submarino, vão livre, Vibração Induzida por Vórtice,

cilindro circular.

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ABSTRACT

Oil and gas from offshore oilfields are transported from the seabed to floating

production and storage terminals through risers and submarine pipelines.

Pipelines are often laid in an uneven seabed and are exposed to free span portions,

which changes in pressure distribution on the outside surface along the length of the pipeline

and resulting in vortices.

These vortices give rise to forces: one parallel to the flow (drag force) and another

one transversal (lift force) to the flow, resulting in vibrations in a phenomenon known as VIV

(Vortex Induced Vibration). The consequences of the VIV are fatigue damage and reduced

lifetime of the pipeline.

The knowledge and study of this phenomenon are important when designing

pipelines and risers in order to make sure operations are safe and also to reduce interventions.

A great number of research, work and experimental data demonstrate the importance of

studying this subject.

In this work the Computational Fluid Dynamics (CFD) is used to study submarine

pipelines laid on uneven seabed and under free span condition. The OpenFOAM® software is

employed to investigate the characteristics of the flow and to estimate the hydrodynamics

forces.

Two kind of dimensional simulations were carried out with a cylinder and a plane

wall representing, respectively, a cross-section of a pipeline and the seabed under free span

condition. The first kind of simulation is for a stationary cylinder and the second is for an

oscillating cylinder. Flow is analyzed for several gap ratios, frequencies and amplitudes.

The computational results are compared with available experimental and

simulated data from literature.

Keywords: CFD, subsea pipeline, free span, VIV, circular cylinder

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ABREVIATURAS E SIGLAS

ALE Método Lagrangeano-Euleriano Arbitrário (Arbitrary Lagrangian-Eulerian Method)

CFD Dinâmica de Fluidos Computacional (Computational Fluid Dynamics)

DNS Simulação Numérica Direta (Direct Numerical Simulation)

FFT Transformada Rápida de Fourier (Fast Fourier Transformation)

LES Simulação de Grandes Escalas (Large Eddy Simulation)

MDF Método das Diferenças Finitas

MEF Método dos Elementos Finitos

MVF Método dos Volumes Finitos

RANS Equação de Navier-Stokes Média de Reynolds

VIV Vibração Induzida por Vórtices (Vortex Induced Vibration)

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NOMENCLATURAS

A Amplitude de oscilação

As Área da superfície

A/D Amplitude adimensional

CD

Coeficiente de arrasto médio

CL

Coeficiente de sustentação

Cf Coeficiente de cisalhamento

Co Número de Courant

Cμ Constante do modelo de turbulência

D Diâmetro

e Distância entre a base do cilindro e a parede

e/D Comprimento adimensional do vão livre

f Frequência de vibração adimensional

fosc Frequência de oscilação

fn Frequência natural

fv Frequência de desprendimento de vórtices

F Força de cisalhamento

FD Força de arrasto

FL

Força de sustentação

h Distância entre placas paralelas

I Intensidade da turbulência

J Jacobiano

k Energia cinética turbulenta

L Comprimento da região circular refinada ao redor do cilindro

l Escala de comprimento turbulento

N(ui) Operador de Navier-Stokes

O Ordem de magnitude

P Pressão

R Resíduo

Re Número de Reynolds

S Superfície

Sij Tensor da taxa de deformação média

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sij Tensor da taxa de deformação

St Número de Strohal

Termo fonte

T Tempo

T1 Período máximo de flutuações da velocidade

T2 Escala de tempo característica das variações mais lentas do escoamento

tij Tensor de tensão viscosa

ui Velocidade instantânea

U Velocidade do fluido

Ui Velocidade média

ui’ Velocidade flutuante

Ui

Média de tempo da velocidade média

ui′

Média de tempo da parte flutuante da velocidade

u* Velocidade de fricção

V Volume

Vp Volume de controle

y Distância entre placas

y+ Distância adimensional da parede

Γ Coeficiente de difusão

δ Espessura da camada limite

Δt Passo de tempo

Δx Tamanho da célula na direção da velocidade no eixo x

δy Tamanho da célula na direção da velocidade no eixo y

ε Taxa de dissipação turbulenta

μ Viscosidade dinâmica do fluido

ν Viscosidade cinemática do fluido

ρ Densidade do fluido

τ Tensão de cisalhamento

τij Tensor de tensão específico de Reynolds

Ø propriedade transportada

φ ângulo entre a normal exterior à área e a direção positiva do escoamento

ω Taxa de dissipação específica

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[A] Matriz quadrada

[B] Vetor de termos fontes

[x] Vetor coluna de variáveis dependentes

∇ Operador nabla

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1-1. Pipeline, flowline e riser (Bai e Bai, 2010). .......................................................... 19

Figura 1-2. Duto em vão livre (Abeele et al., 2013). ................................................................ 19

Figura 1-3. Duto sujeito à VIV. ................................................................................................ 20

Figura 1-4. Evolução da produção de petróleo no Brasil (ANP, 2015).................................... 21

Figura 2-1. Distribuição de velocidade entre duas placas planas paralelas. ............................. 25

Figura 2-2. Escoamento incompressível sobre uma esfera (Fox, 2006). .................................. 27

Figura 2-3. Regimes de escoamento ao redor de um cilindro (Sumer e Fredsøe, 2006). ......... 29

Figura 2-4. Camada limite. ....................................................................................................... 31

Figura 2-5. Camada cisalhante (Sumer e Fredsøe, 2006). ........................................................ 33

Figura 2-6. Desprendimento de vórtices (Sumer e Fredsøe, 2006). ......................................... 33

Figura 2-7. St para um cilindro circular liso (Sumer e Fredsøe, 2006). ................................... 34

Figura 2-8. Efeito da proximidade da parede (Sumer e Fredsøe, 2006). .................................. 35

Figura 2-9. Escoamento em torno do cilindro (a) livre e (b) próximo a uma parede. .............. 35

Figura 2-10. Medidas de pressão em diferentes razões e/D (Bearman e Zdravkovich, 1978). 36

Figura 2-11. Forças de arrasto e sustentação. ........................................................................... 37

Figura 2-12. Coeficiente de arrasto para cilindro próximo a parede. ....................................... 39

Figura 2-13. Coeficiente médio de sustentação para fluxo livre de cisalhamento com

104<Re<3×10

4 (Sumer e Fredsøe, 2006). ......................................................................... 40

Figura 2-14. Mapa das regiões de sincronização de vórtices (Willianson e Roshko, 1988). ... 41

Figura 2-15. Padrões de emissão de vórtices (Willianson e Roshko, 1988). ........................... 42

Figura 2-16. Métodos para geração de malhas dinâmicas (Houzeaux e Codina, 2003). .......... 43

Figura 3-1. Média de tempo para turbulência não estacionária (Wilcox, 1994). ..................... 51

Figura 4-1. Exemplo de malha híbrida (Çengel e Cimbala, 2006). .......................................... 61

Figura 4-2. Exemplo de malhas estruturadas e não estruturadas (Çengel e Cimbala, 2006). .. 62

Figura 4-3. Domínio computacional. ........................................................................................ 63

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Figura 4-4. Malha estruturada utilizada nas simulações........................................................... 64

Figura 4-5. Região de refinamento próximo ao cilindro. ......................................................... 64

Figura 4-6. Fronteiras e condições de contorno. ...................................................................... 66

Figura 5-1. Região de refino ao redor do cilindro. ................................................................... 68

Figura 5-2. Teste de independência da malha. ......................................................................... 71

Figura 5-3. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha contínua) e sustentação

(linha tracejada) para e/D=1. ............................................................................................ 74

Figura 5-4. FFT para coeficientes de arrasto (linha contínua) e sustentação (linha tracejada)

para e/D=1. ....................................................................................................................... 74

Figura 5-5. Campo de velocidades para e/D=1. ....................................................................... 75

Figura 5-6. Campo de velocidades para e/D=0,8. .................................................................... 75

Figura 5-7. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,8. .......................................................................................... 76

Figura 5-8. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,5. .......................................................................................... 77

Figura 5-9. FFT para e/D=0,5. .................................................................................................. 77

Figura 5-10. Campo de velocidades para e/D=0,5. .................................................................. 78

Figura 5-11. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,3. .......................................................................................... 78

Figura 5-12. FFT para e/D=0,3. ................................................................................................ 79

Figura 5-13. Campo de velocidades para e/D=0,3. .................................................................. 79

Figura 5-14. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,1. .......................................................................................... 80

Figura 5-15. Campo de velocidades para e/D=0,1. .................................................................. 81

Figura 5-16. Comparação entre o coeficiente de arrasto simulado e obtido da literatura. ....... 81

Figura 5-17. Comparação entre o coeficiente de sustentação simulado e obtido da literatura. 82

Figura 5-18. Cilindro em oscilação forçada. ............................................................................ 83

Figura 5-19. Resultados para coeficiente de arrasto para o cilindro oscilatório com e/D=1. ... 84

Figura 5-20. Resultados para coeficiente de sustentação para o cilindro oscilatório com e/D=1.

.......................................................................................................................................... 85

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Figura 5-21. Resultados para coeficiente de arrasto para o cilindro oscilatório com e/D=0,3. 87

Figura 5-22. Resultados para coeficiente de sustentação para o cilindro oscilatório com

e/D=0,3. ............................................................................................................................ 87

Figura 5-23. Resultados para coeficiente de arrasto para o cilindro oscilatório com e/D=0,1. 88

Figura 5-24. Resultados para coeficiente de sustentação para o cilindro oscilatório com

e/D=0,1. ............................................................................................................................ 89

Figura 5-25. Variação do coeficiente de arrasto com a frequência de oscilação F=fosc/fs

(Nobari e Naderan, 2006). ................................................................................................ 90

Figura 5-26. Coeficiente de arrasto em função da frequência para e/D=0,5 e A/D=0,3 e 0,45

(Chen et al., 2013). ........................................................................................................... 91

Figura 5-27. Coeficiente de sustentação em função da frequência para e/D=0,5 e A/D=0,3 e

0,45 (Chen et al., 2013). ................................................................................................... 91

Figura 5-28. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=1, A/D=0,1 e

f=0,2 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D). ................................................................................... 92

Figura 5-29. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=1, A/D=0,2 e

f=0,1 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D). ................................................................................... 93

Figura 5-30. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=0,3, A/D=0,05 e

f=0,2 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D). ................................................................................... 94

Figura 5-31. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=0,3, A/D=0,125 e

f=0,2 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D). ................................................................................... 95

Figura 5-32. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=0,1, A/D=0,05 e

f=0,5 (A) e (B) e f=1,24 (C) e (D). ................................................................................... 96

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4-1. Condições de contorno. ......................................................................................... 67

Tabela 5-1. Simulações variando a espessura da região ao redor da camada limite. ............... 69

Tabela 5-2. Resultados para comparação entre modelos de turbulência. ................................. 72

Tabela 5-3. Número de células e valores de y+ para cilindro estacionário. .............................. 73

Tabela 5-4. Simulações realizadas para e/D=1, cilindro oscilatório. ....................................... 84

Tabela 5-5. Simulações realizadas para e/D=0,3, cilindro oscilatório. .................................... 86

Tabela 5-6. Simulações realizadas para e/D=0,1, cilindro oscilatório. .................................... 88

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18

1.1. Motivação .......................................................................................................................... 21

1.2. Contexto ............................................................................................................................. 22

1.3. Objetivos ............................................................................................................................ 23

1.4. Descrição dos capítulos ..................................................................................................... 23

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 24

2.1. Viscosidade ........................................................................................................................ 25

2.2. Escoamento interno e externo ............................................................................................ 28

2.3. Escoamento compressível e incompressível ...................................................................... 28

2.4. Escoamento laminar e turbulento ...................................................................................... 28

2.5. Camada limite .................................................................................................................... 31

2.6. Desprendimento de vórtices e VIV .................................................................................... 32

2.7. Frequência de desprendimento .......................................................................................... 33

2.8. Efeito da proximidade da parede ....................................................................................... 35

2.9. Arrasto e Sustentação......................................................................................................... 37

2.10. Força de arrasto em cilindro próximo a parede ........................................................... 38

2.11. Força de sustentação para cilindro próximo a parede ................................................. 39

2.12. Cilindro oscilatório ...................................................................................................... 40

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 44

3.1. Discretização em volumes finitos no OpenFOAM®

.......................................................... 44

3.2. Discretização das equações ................................................................................................ 45

3.3. Métodos de solução do sistema de equações ..................................................................... 46

3.4. Turbulência ........................................................................................................................ 49

3.5. Modelo k-ε ......................................................................................................................... 54

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3.6. Modelo k- ω ....................................................................................................................... 55

3.7. Modelo SST ....................................................................................................................... 56

3.8. Acoplamento Pressão-Velocidade (P-V) ........................................................................... 58

3.9. Estabilidade numérica, convergência e precisão ............................................................... 58

4. METODOLOGIA ................................................................................................................ 61

4.1. Geração de malha............................................................................................................... 61

4.2. Condições de contorno....................................................................................................... 65

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................... 68

5.1. Geração da malha............................................................................................................... 68

5.2. Teste de independência da malha ...................................................................................... 70

5.3. Escoamento ao redor de um cilindro estacionário ............................................................. 71

5.4. Escoamento ao redor de um cilindro com oscilação forçada............................................. 83

6. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 97

REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 100

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18

1. INTRODUÇÃO

O primeiro duto para transporte de óleo foi construído na Pensilvânia em 1859 por

Edwin Drake, considerado o primeiro perfurador de poços de petróleo nos Estados Unidos e

em 1987 iniciou-se a exploração e produção marítima em Summerland na Califórnia, Estados

Unidos, onde foi construído também o primeiro duto submarino (Leffler et al., 2011).

Desde então os dutos submarinos tornaram-se meios eficientes para o transporte

de fluidos offshore, como água, óleo e gás. Estes dutos podem ser classificados como (Guo et

al., 2005):

Flowlines transportando óleo e/ou gás de poços submarinos satélites para

manifolds submarinos;

Flowlines transportando óleo e/ou gás de manifolds submarinos para as

facilidades de produção nas plataformas;

Flowlines internas (infield flowlines) transportando óleo e/ou gás entre as

facilidades de produção das plataformas;

Pipelines de exportação, transportando óleo e/ou gás das facilidades de produção

das plataformas para a costa;

Flowlines transportando água ou produtos químicos das facilidades de produção

das plataformas, através de manifolds para injeção na cabeça de poço.

Pipelines transportam óleo ou gás processados e também são chamados de “linhas

de exportação” e flowlines transportam fluidos não processados (crude oil ou gás), sendo

chamados também de “linhas de produção” ou “linhas de importação”. Geralmente o tamanho

do pipeline é maior do que o do flowline, com espessura da parede variando entre 3/8” e 1½”.

Um componente importante neste sistema de transporte marítimo são os risers de

produção, que são os dutos ou tubulações ligando a cabeça do poço no leito marinho à

plataforma de produção, sendo classificados como rígido, híbrido ou flexível, podendo

apresentar diversas configurações, dependendo da função que irá desempenhar, da lâmina

d’água, do tipo de plataforma de produção utilizada, entre outros (Franco, 2003).

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19

Figura 1-1. Pipeline, flowline e riser (Bai e Bai, 2010).

Com a crescente demanda por petróleo e consequente necessidade de descoberta

de novas reservas, a exploração em águas profundas e ultraprofundas tem aumentado,

principalmente no Brasil. Neste cenário, estes dutos submarinos estão submetidos a

carregamentos estáticos e dinâmicos devido à ação direta de ondas e correnteza, peso próprio,

movimentos induzidos pelas plataformas de produção e escoamento interno de fluidos.

Nos campos marítimos estes dutos submarinos frequentemente atravessam áreas

com solo irregular (Figura 1-2), podendo causar problemas de segurança estrutural à medida

que se formam vãos livres ao longo de seu comprimento, que podem ocorrer durante o

lançamento (instalação) e produção. A maior fonte de danos estruturais nestes dutos expostos

a vãos livres deve-se à ação da correnteza marítima.

Figura 1-2. Duto em vão livre (Abeele et al., 2013).

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20

Esta carga ambiental pode fazer com que os dutos oscilem nas direções paralela

(in-line) e transversal (cross-flow) ao escoamento. Esta oscilação é provocada por forças

oscilatórias, geradas pela Vibração Induzida por Vórtices (VIV) devido ao desprendimento de

vórtices. Cada vez que um vórtice se desprende, gera-se uma força em cada uma das direções

(paralela e transversal), como mostrado na Figura 1-3.

Um duto na situação de vão livre, ou seja, próximo ao leio marinho, interfere no

desprendimento de vórtices, podendo modificar e suprimir os vórtices e tende a reduzir as

forças na direção paralela e aumentar as forças na direção transversal, pois impede o

desenvolvimento completo da esteira de vórtices.

Figura 1-3. Duto sujeito à VIV.

O fenômeno da VIV deve ser compreendido para realizar projetos de dutos

submarinos, de forma a garantir uma operação segura, reduzir o número de intervenções e

reduzir custos. Dutos submarinos em vãos livres podem apresentar tensões extremas mesmo

durante o lançamento (instalação), podendo sofrer danos devido à fadiga quando submetidos a

correntes marítimas (Santos, 2015).

A sua importância deve-se também a altos investimentos e grande número de

pesquisas, com o objetivo de compreender o fenômeno. Um grande número de trabalhos e

experimentos relacionados à VIV estão relatados na literatura e simuladores computacionais

são utilizados para prever o comportamento dinâmico e auxiliar na elaboração de projetos e

pesquisas.

Neste trabalho, o estudo de dutos submarinos na condição de vão livre com uso da

mecânica de fluidos computacional é o principal objetivo. O software OpenFOAM® é

utilizado para estimar coeficientes hidrodinâmicos e o escoamento ao redor de dutos

submarinos. Este é um software de código aberto e amplamente utilizado em trabalhos

científicos em diversas áreas, podendo citar como exemplos, em Nebenführ (2010),

Engelbreth (2011), Fontoura (2013), entre outros.

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Para estas estimativas, o duto submarino e o solo marinho serão representados,

respectivamente, por um corte transversal de um cilindro e uma parede plana. Simulações

bidimensionais serão realizadas, considerando-se inicialmente o cilindro estacionário próximo

à parede plana, representando a condição de vão livre, e posteriormente, oscilando na direção

transversal ao fluxo, para diferentes amplitudes e frequências de oscilação.

1.1. Motivação

No Brasil, após a descoberta de petróleo na camada de pré-sal, a exploração e

produção marítima tendem a crescer cada vez mais. Atualmente são produzidos no pré-sal

mais de 715 mil barris de petróleo por dia (bbl/d) e 27 milhões de metros cúbicos de gás por

dia (m³/d), totalizando 885 mil barris de óleo equivalente por dia (Mboe/d) e a expectativa é

de alcançar 1,8 milhões de barris em 2020 (Petrobras, 2015). A Figura 1-4 apresenta a

evolução da produção de óleo no Brasil.

Figura 1-4. Evolução da produção de petróleo no Brasil (ANP, 2015).

O petróleo e gás proveniente destes campos são transportados do fundo oceânico

até a unidade de produção flutuante através de risers, que são tubulações ligando a cabeça do

poço no fundo do mar às plataformas e são considerados como uma das partes críticas no

processo de explotação marítima. Risers ficam sujeitos à corrosão devido ao ambiente externo

(mar), ao ataque interno de contaminantes do petróleo e gás produzido, como o CO2 e H2S, e

finalmente, sofrem a ação devido a interações mecânicas com as correntes marítimas,

movimento de plataformas devido a ondas, corrente e ventos, e da ação direta das ondas do

mar.

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Estas interações mecânicas do fluido água do mar com o tubo (riser ou duto

submarino) em trecho com vãos livres fazem com que ocorram variações de pressões ao redor

de sua superfície externa ao longo de todo o seu comprimento, resultando vórtices.

Estes vórtices fazem surgir forças na seção transversal do tubo: uma paralela ao

escoamento (força de arrasto - FD) e outra transversal (força transversal - FL), que fazem

vibrar a tubulação em um fenômeno conhecido como Vibração Induzida por Vórtices (VIV),

o que consequentemente, pode provocar uma fadiga precoce do riser, reduzindo o tempo de

vida útil.

1.2. Contexto

O estudo e compreensão do escoamento ao redor de uma seção circular são

fundamentais para modelos de esforços de correnteza marítima em risers e dutos submarinos

em trechos com vão livre, sendo determinantes na avaliação do comportamento estático e

dinâmico, e na estimativa de vida útil de risers e dutos submarinos responsáveis pelo

transporte da produção nos campos de petróleo, do fundo até as unidades de produção

flutuantes, e mesmo em processos de transferência de fluidos de um navio ou plataforma

flutuante de produção para um navio aliviador e terminal terrestre. Para análise e estimativa

deste escoamento existem duas principais abordagens: Dinâmica de Fluidos Computacional

(Computational Fluid Dynamics - CFD) e modelos semi empíricos.

Em 2009, o grupo de pesquisa do Laboratório de Sistemas Marítimos de Produção

e Risers da UNICAMP, desenvolveu a ferramenta RiserProd, um método semi empírico

capaz de analisar o comportamento estático e dinâmico de risers e dutos submarinos,

inclusive trechos com vãos livres, desde que fornecidos alguns parâmetros de entrada como as

dimensões, coeficientes de arrasto e sustentação e número de Strouhal.

Inúmeros trabalhos utilizando a Dinâmica de Fluidos Computacional envolvendo

cilindros estacionários próximos a superfícies planas estão relatados na literatura. Zampiron et

al. (2005) realizaram simulações com número de Reynolds igual a 300, Huang e Sung (2007)

utilizaram 200<Re<500, Dipankar e Sengupta (2005) utilizaram Re=1200, Neto e Wanderley

(2012) utilizaram Re=100, 180 e 7000 e Bimbato (2012) utilizou Re=105.

Saito e Morooka (2010, 2011) simularam o escoamento de fluidos ao redor de

dutos submarinos através da CFD, para diversos valores de Reynolds, considerando um

cilindro isolado liso de seção circular e bidimensional. Considerou-se tanto o cilindro fixo

quanto oscilando na direção transversal, comparando os coeficientes hidrodinâmicos de

arrasto, sustentação e o número de Strouhal obtidos com dados disponíveis na literatura.

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Desta maneira, o presente trabalho segue o contexto desta última abordagem,

porém, com inclusão do efeito provocado pela presença de uma parede plana no escoamento

ao redor de um cilindro estacionário (efeito solo) e com movimentos forçados na direção

transversal ao escoamento, utilizando um valor de Reynolds igual a 2×104.

1.3. Objetivos

O objetivo inicial é estudar o comportamento dinâmico de dutos submarinos em

trechos com vão livres, submetidos a forças de VIV e ao arrasto, oriundos da ação da

correnteza marítima. Para esta finalidade, pretende-se aplicar a Dinâmica de Fluidos

Computacional (CFD) para estimativa dos coeficientes hidrodinâmicos necessários para o

cálculo preditivo dos esforços, e prosseguir na análise do comportamento estrutural. A

interação solo-duto (efeito solo) e a proximidade de ambos são discutidas.

A principal abordagem nesta pesquisa é o problema hidrodinâmico de arrasto e

VIV em um duto submarino em trechos com vão livres com o uso da mecânica de fluidos

computacional. O software gratuito e de código aberto OpenFOAM® é utilizado para esta

finalidade, assim como o gerador de malhas Salome®. Os resultados obtidos por CFD, como

os coeficientes hidrodinâmicos de arrasto, sustentação e a frequência de desprendimento de

vórtices, são comparados com os resultados disponíveis na literatura para análise do

comportamento de um duto submarino devido ao VIV na situação de vão livre.

1.4. Descrição dos capítulos

A pesquisa desenvolvida resultou na elaboração de um texto constituído por seis

capítulos, de forma a atender os objetivos propostos. A introdução é apresentada neste

capítulo 1, juntamente com a motivação, contexto e objetivos deste trabalho.

No capítulo 2 é apresentada uma revisão da literatura, descrevendo brevemente

alguns dos principais trabalhos relacionados a este tema e conceitos relacionados ao

escoamento ao redor de um cilindro.

O capítulo 3 apresenta a fundamentação teórica, como a discretização de equações

e descrição de modelos de turbulência.

No capítulo 4 é descrita a metodologia utilizada neste trabalho, como a criação de

malhas e condições de contorno.

Os resultados e discussões para as simulações do cilindro estático e dinâmico são

apresentados no capítulo 5 e finalmente, o capítulo 6 apresenta as principais conclusões deste

trabalho e sugestões para futuros trabalhos.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Bearman e Zdravkovich (1978) – utilizando valores de Reynolds (Re) iguais a

2,5×104 e 4,5×10

4 mediram experimentalmente a distribuição de pressão média em torno de

um cilindro próximo a uma placa plana. Observaram que o desprendimento regular de

vórtices ocorre com mesmo número de Strouhal (St) para distâncias entre o cilindro e a placa

de até 0,3D, embora o arrasto, sustentação, pressão base e ponto de separação variem. Para

razões inferiores a 0,3D, verificaram que há um suprimento de vórtices.

Tanigushi e Miyakoshi (1990) – realizaram experimento em um túnel de vento

com um cilindro próximo a um plano horizontal, para estudar os efeitos da espessura

adimensional da camada limite (δ/D) e altura de separação nas flutuações do arrasto e

sustentação. O valor de Re=9,4×104 foi utilizado e os resultados mostraram que quando o vão

livre aumenta, ambas as forças flutuantes aumentam rapidamente até atingir um valor máximo

local e diminui acentuadamente, antes de atingir um segundo máximo, depois do qual o

coeficiente de arrasto varia pouco. A formação da esteira de Kàrman ocorreu quando a base

do cilindro entrou em contato com a camada externa da camada limite desenvolvida na parede

e a espessura da camada limite está relacionada com o comprimento crítico. O número de

Strouhal não variou com o comprimento do vão livre, para diferentes espessuras da camada

limite.

Buresti e Lanciotti (1992) - conduziram experimentos para medidas das forças

médias e flutuantes atuando em um cilindro circular em fluxo transversal colocado próximo a

uma superfície plana, com espessura relativa de camada limite entre 0,1D e 1,1D e número de

Reynolds baseado no diâmetro do cilindro igual a: 0,86; 1,4; 1,9; 2,35 e 2,76×105, com uma

corrente livre com turbulência de ~0,9%. O comprimento crítico encontrado foi de e/D=0,4

para camadas limites mais finas (δ/D≈0,1) e 0,3 para camadas limite mais espessas (δ/D≈0,45

e 1,1).

Lei et at. (1999) – realizaram uma investigação experimental em um túnel de

vento das forças hidrodinâmicas e desprendimento de vórtices de um cilindro circular imerso

em diferentes espessuras de camadas limite para Re=1,3×104 a 1,45×10

4. Os efeitos da

proximidade com o solo, espessura da camada limite, gradiente de velocidade da camada

limite e seu efeito na distribuição de pressão, forças hidrodinâmicas e comportamento do

desprendimento de vórtices foram examinados, e chegaram à conclusão que coeficientes de

arrasto e sustentação dependem fortemente do vão livre, mas também são afetados pela

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camada limite. Observaram também supressão de vórtices para uma razão entre vão livre e

diâmetro do cilindro entre 0,2-0,3, dependendo da espessura da camada limite. Em relação à

supressão de vórtices, verificaram que a força de desprendimento de vórtice torna-se mais

fraca conforme o vão livre diminui.

2.1. Viscosidade

A viscosidade pode ser definida como a resistência de um fluido ao movimento.

Para ilustrar o conceito de viscosidade considera-se, por exemplo, um escoamento entre duas

placas planas paralelas, na qual a placa superior move-se com uma velocidade constante U na

direção x, e a placa inferior está em repouso, conforme mostrado na Figura 2-1.

Figura 2-1. Distribuição de velocidade entre duas placas planas paralelas.

A distância entre placas é h e a pressão em todo o fluido é constante. O fluido

adere a ambas as placas e, portanto, a velocidade na placa inferior é nula enquanto que na

placa superior o fluido move-se com velocidade U. Considerando-se um fluido Newtoniano e

temperatura constante, a velocidade U(y) entre as placas é proporcional à distância y da placa

inferior, variando entre zero e U.

𝑈(𝑦) =𝑦

ℎ𝑈 (1)

Na placa superior uma força tangencial na direção do movimento deve existir para

manter o estado do movimento, mantendo a força de atrito do fluido em equilíbrio. A força,

proporcional a U/h, pode ser substituída por dU/dy. Esta força é chamada de tensão de

cisalhamento, τ. A constante de proporcionalidade entre τ e dU/dy depende da natureza do

fluido, sendo indicada por μ. A lei elementar do atrito do fluido é dada pela Equação (2).

𝜏 = 𝜇𝑑𝑈

𝑑𝑦 (2)

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A constante μ é chamada viscosidade e como a tensão de cisalhamento tem

unidades de N/m² e o gradiente de velocidade tem unidades de s-1

, μ tem unidade de Pa.s, no

Sistema Internacional.

Nos fluidos onde a força de atrito atua juntamente com a força inercial, é

importante considerarmos a relação entre viscosidade e densidade, chamada de viscosidade

cinemática (Equação 3).

𝜈 =𝜇

𝜌 [

𝑚2

𝑠] (3)

Quando a relação entre a tensão de cisalhamento τ e o gradiente de velocidade

(taxa de deformação) dU/dy é não linear, o fluido é chamado não Newtoniano como, por

exemplo, alguns lubrificantes e tintas. Todos os gases e líquidos como a água apresentam

comportamento Newtoniano.

A viscosidade é em geral, função da temperatura e pressão, sendo a primeira

considerada mais importante. Nos gases, quando a temperatura aumenta, a viscosidade

geralmente aumenta enquanto que nos líquidos a viscosidade diminui.

A força de cisalhamento é dada pela Equação (4).

𝐹 = 𝜏𝐴𝑠 = 𝜇𝐴𝑠

𝑑𝑢

𝑑𝑦 [𝑁] (4)

Para estimar se as forças viscosas são ou não desprezíveis em comparação com as

forças de pressão, utilizamos o número de Reynolds (Re), que para um cilindro é uma função

do diâmetro (D), velocidade do escoamento (U), densidade (ρ) e viscosidade do fluido (μ).

𝑅𝑒 =𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠

𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑎𝑠=

𝜌𝑈𝐷

𝜇=

𝑈𝐷

𝜈

(5)

Se o valor de Re for alto, os efeitos viscosos podem ser desprezíveis pelo menos

na maior parte do escoamento e se for pequeno, os efeitos viscosos são dominantes.

Em um escoamento sem atrito (escoamento não viscoso ou invíscido), temos a

formação de linhas de corrente simétricas como, por exemplo, as linhas ao redor de uma

esfera voando através do ar, mostrado na Figura 2-2 (Fox, 2006).

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27

Figura 2-2. Escoamento incompressível sobre uma esfera (Fox, 2006).

Observa-se que na Figura 2-2(a), as linhas de corrente são simétricas. Quando

duas linhas se afastam, a velocidade deve diminuir e vice-versa, ou seja, quando há uma

concentração maior em número de linhas a velocidade deve ser maior. Assim, nos pontos A e

C a velocidade deve ser menor do que no ponto B.

O ar fica em repousos nos pontos A e C, chamados de pontos de estagnação. A

pressão neste escoamento é inversamente proporcional à velocidade. No ponto B, a

velocidade é alta e, portanto, a pressão é baixa. A distribuição de pressão sobre a esfera é

simétrica da frente para trás, não existindo força líquida de arrasto devido à pressão, e como o

escoamento é não viscoso, também não há arrasto devido ao atrito.

No entanto, a condição de não deslizamento requer que a velocidade em todo

local sobre a superfície da esfera seja zero, ao contrário da teoria do escoamento não viscoso,

onde a velocidade em B é grande. Para altos valores de Reynolds sempre existirá uma camada

limite, na qual o atrito é significante e há um aumento de velocidade, indo de zero na

superfície do corpo até um valor previsto pela teoria do escoamento invíscido, conforme

mostrado na Figura 2-2(b), do ponto A ao ponto B.

A camada limite também faz com que os corpos produzam uma esteira, do

ponto D em diante no mesmo sentido do escoamento. O ponto D é o ponto de separação ou

descolamento. Conforme uma partícula se movimenta ao longo da superfície do ponto B ao C,

ela se desloca de uma região de baixa pressão e alta velocidade para uma região de alta

pressão (e baixa velocidade).

Gradientes de pressão no escoamento da camada-limite:

Um gradiente de pressão nulo significa que as partículas fluidas têm suas

velocidades reduzidas apenas por tensões de cisalhamento, resultando no crescimento da

camada limite.

Quando a pressão (p) diminui no sentido do escoamento (∂p/∂x<0), tendendo a

agir contra a redução de velocidade das partículas fluidas na camada limite, tem-se um

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gradiente de pressão favorável, e aparece quando a velocidade de corrente livre U está

aumentando com x como, por exemplo, em um campo de escoamento convergente. Neste

gradiente, também chamado de desejável, a camada limite é geralmente fina e permanece

próxima da parede, tendendo a manter-se junto a esta.

No gradiente adverso de pressão, a pressão cresce no sentido do escoamento

(∂p/∂x>0), quando a velocidade da corrente está diminuindo com x como, por exemplo, em

um campo de escoamento divergente. Desta maneira, contribui para a diminuição da

velocidade das partículas fluidas. Neste escoamento, também chamado de desfavorável, a

camada limite é maior e não permanece próxima da parede, tendendo a separar-se dela.

Se o gradiente adverso de pressão for elevado, as partículas fluidas da camada

limite são levadas ao repouso e quando isto ocorre, estas partículas afastam-se da superfície

do corpo (separação do escoamento), cedendo espaço para as partículas seguintes e resultando

em uma esteira, onde o escoamento é turbulento.

2.2. Escoamento interno e externo

Os escoamentos internos ou em dutos são aqueles que estão completamente

envoltos por superfícies sólidas, enquanto que escoamentos sobre corpos imersos num fluido

não contido são denominados escoamentos externos. Ambos podem ser: compressível ou

incompressível e laminar ou turbulento.

2.3. Escoamento compressível e incompressível

Um escoamento é definido como compressível quando a massa especifica varia

durante o escoamento. Quando variações na massa específica são nulas ou desprezíveis,

temos um escoamento incompressível. Nos líquidos, a temperatura tem pouca influência sobre

a massa específica. Em geral os líquidos podem ser considerados incompressíveis, exceto em

algumas situações onde os efeitos de compressibilidade (altas pressões) podem ser

importantes, como no caso da cavitação. Nos gases, a maioria dos escoamentos é

compressível, sendo considerado incompressível quando a relação entre a velocidade do

escoamento e a velocidade do som no fluido (número de Mach) é menor do que 0,3.

2.4. Escoamento laminar e turbulento

O movimento ordenado dos fluidos, no qual as partículas se movem em camadas

lisas (lâminas) é denominado laminar. Por outro lado, o movimento desordenado dos fluidos,

em altas velocidades e caracterizado por flutuações na velocidade é chamado de turbulento.

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Para determinar o regime do escoamento (laminar ou turbulento) utiliza-se o

número adimensional de Reynolds, definido anteriormente. Sumer e Fredsøe (2006)

apresentam uma divisão dos regimes de escoamento em nove categorias, apresentadas na

Figura 2-3.

Sem separação.

Escoamento lento. Re<5

Um par de vórtices simétricos. 5<Re<40

Esteira de vórtice laminar. 40<Re<200

Transição para turbulência na esteira 200<Re<300

Esteira completamente turbulenta.

A: Separação da camada limite laminar.

300<Re<3×105

Subcrítico

A: Separação da camada limite laminar.

B: Separação da camada limite turbulenta,

mas camada limite laminar.

3×105<Re<3,5×10

5

Crítico

(transição inferior)

B: Separação da camada limite turbulenta,

camada limite parcialmente laminar e

parcialmente turbulenta.

3,5×105<Re<1,5×10

6

Supercrítico

C: Camada limite completamente turbulenta

em um dos lados.

1,5×106<Re<4×10

6

Transição superior

C: Camada limite completamente turbulenta

nos dois lados.

4×106<Re

Transcrítico

Figura 2-3. Regimes de escoamento ao redor de um cilindro (Sumer e Fredsøe, 2006).

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Na primeira categoria temos um escoamento lento (creeping flow) ou escoamento

de Stokes (White, 1998). Não há separação da camada limite, o que ocorre quando Re>5.

Quando 5<Re<40 forma-se um par de vórtices simétricos com sentidos opostos na esteira do

cilindro, e que aumenta com o número de Reynolds, devido ao gradiente de pressão adverso.

A terceira categoria compreende a faixa de 40<Re<200. A esteira de vórtices é

laminar e o desprendimento é praticamente bidimensional. A transição para a turbulência na

região da esteira ocorre na categoria seguinte (200<Re<300) e torna-se completamente

turbulenta quando Re>300.

Apesar da região da esteira ser completamente turbulenta, a camada limite sobre a

superfície do cilindro permanece laminar até que Re<3×105. Esta categoria é chamada de

subcrítica.

A camada limite na região do cilindro tem um regime de transição para a

turbulência na faixa 3×105< Re<3,5×10

5, onde o descolamento da camada limite torna-se

turbulento, resultando em uma força de sustentação diferente de zero. Esta é a chamada região

crítica ou de transição inferior.

Na sétima categoria (supercrítica), entre 3,5×105<Re<1,5×10

6, a separação da

camada limite na região do cilindro torna-se turbulenta em ambos os lados, porém, a transição

para a turbulência ainda não é completa. A camada limite em um dos lados do cilindro torna-

se completamente turbulenta quando Re=1,5×106. Ocorre um aumento na frequência de

desprendimento de vórtices.

Para a faixa de transição superior, 1,5×106<Re<4×10

6, a camada limite é

completamente turbulenta em um dos lados do cilindro. Quando Re>4×106, a camada limite

sobre o cilindro é completamente turbulenta em ambos os lados e, portanto, o escoamento é

completamente turbulento.

Embora tenham sido apresentadas nove categorias de escoamento, não há um

consenso em relação ao número de categorias, a terminologia utilizada e as faixas de

Reynolds que ocorrem. O escoamento pode ser afetado, entre outros, pela rugosidade do

cilindro e turbulência no escoamento incidente. O primeiro diminui as faixas de transição e no

segundo, as pequenas escalas de turbulência interagem com a camada limite, de cisalhamento

e esteira.

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2.5. Camada limite

Os escoamentos viscosos podem ser analisados dividindo o escoamento em duas

regiões: perto das fronteiras sólidas e outra cobrindo o resto do escoamento. O efeito da

viscosidade é importante apenas em uma fina camada próxima a uma fronteira sólida,

denominada camada limite.

Na região fora da camada limite o efeito da viscosidade é desprezível e o fluido

pode ser tratado como não viscoso. Dentro da região da camada limite tanto as forças viscosas

quanto as forças de inércia são importantes e assim, o número de Reynolds é utilizado para

caracterizar os escoamentos na camada limite. Estes escoamentos (laminares ou turbulentos)

são afetados pelo gradiente de pressão, rugosidade, transferência de calor, forças de campo e

perturbações da corrente livre.

O caso mais simples de ser analisado é sobre uma placa plana infinita. Neste caso,

a velocidade fora da camada limite é constante e, portanto, a pressão também será constante,

considerando que essa região é invíscida, incompressível e em regime permanente. Esta

pressão constante é a pressão “sentida” pela camada limite e o escoamento possui um

gradiente de pressão zero.

A espessura da camada limite (δ) ou espessura de perturbação é definida como a

distância da superfície na qual a velocidade corresponde a u~0,99U (Figura 2-4).

Figura 2-4. Camada limite.

A solução exata para a camada limite laminar de uma placa plana em um

escoamento bidimensional, permanente, incompressível e com gradiente de pressão zero é

dada pela Equação (6), onde x é a distância entre os pontos inicial e final medidos no

escoamento.

δ ≈5,0x

√Rex

(6)

A tensão (𝜏𝑤) e o coeficiente de cisalhamento (𝐶𝑓) são calculados,

respectivamente, pelas Equações (7) e (8).

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32

τw =0,332ρU2

√Rex

(7)

Cf =0,664

√Rex

(8)

As equações obtidas por Blasius estão limitadas a escoamentos laminares em

placas planas (sem variação de pressão). Para obter equações que possam ser utilizadas em

qualquer escoamento (laminar ou turbulento) e com gradiente de pressão igual ou diferente de

zero, utiliza-se a formulação integral da quantidade de movimento (Fox, 2006).

Para um escoamento laminar, utiliza-se as Equações (9) e (10).

δ

x=

5,48

√Rex

(9)

Cf =0,730

√Rex

(10)

Em escoamento turbulento (5×105<Rex<10

7), utiliza-se as Equações (11) e (12).

δ

x=

0,382

Rex1/5

(11)

Cf =0,0594

Rex1/5

(12)

2.6. Desprendimento de vórtices e VIV

O desprendimento de vórtices em cilindros ocorre quando Re>40 e está

relacionado à separação ou descolamento da camada limite, devido ao gradiente de pressão

adverso na parte traseira do cilindro, provocada pela perda de energia cinética das partículas

do fluido devido ao atrito com o cilindro. Consequentemente, uma camada cisalhante é

formada, gerando uma região de recirculação.

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33

Figura 2-5. Camada cisalhante (Sumer e Fredsøe, 2006).

Na Figura 2-5 pode-se observar a formação da região de recirculação. Quando

Re>40, os vórtices formados são instáveis e um cresce mais rapidamente do que o outro.

Figura 2-6. Desprendimento de vórtices (Sumer e Fredsøe, 2006).

O vórtice A está no sentido horário e o vórtice B no sentido anti-horário. A

aproximação do vórtice B na parte superior faz com que o crescimento do vórtice A seja

interrompido e posteriormente liberado. Neste instante ocorre o desprendimento do vórtice A,

que é então transportado pelo fluido, na direção do escoamento.

Um novo vórtice (C) é formado após a liberação do vórtice A, e este novo vórtice

atua como o vórtice B citado acima, provocando seu desprendimento. Este procedimento

ocorre sucessivamente e de maneira alternada. A Figura 2-6 ilustra o mecanismo de

desprendimento de vórtices.

2.7. Frequência de desprendimento

A frequência de desprendimento de vórtices (fv) normalizada pela velocidade do

escoamento (U) e pelo diâmetro do cilindro (D) pode ser dada como uma função do número

de Reynolds, através do número de Strouhal (St).

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34

𝑆𝑡 = 𝑆𝑡(𝑅𝑒) =𝑓𝑣𝐷

𝑈 (13)

Como citado anteriormente, o desprendimento ocorre a partir de Re=40 e neste

caso, St≅0,1. O valor de St aumenta gradativamente para o valor de 0,2 até o valor de Re

atingir aproximadamente 300, e partir deste valor mantém-se praticamente constante até o

regime supercrítico, na faixa de 3< Re <3,5×105, quando St passa de 0,2 para 0,45.

Este valor de St mantém-se praticamente constante em uma ampla faixa e então

passa a diminuir gradativamente com o aumento de Re. O grande aumento de St no regime

supercrítico pode ser explicado pelo fato de a camada limite nos dois lados do cilindro tornar-

se turbulenta no ponto de separação. O desprendimento ocorre de maneira alternada e os

vórtices liberados não são tão fortes quanto no regime subcrítico, e a força de sustentação

induzida pelo desprendimento de vórtices é relativamente pequena neste intervalo de Re

(Sumer e Fredsøe, 2006).

O resultado desta turbulência gera um atraso na separação da camada limite de um

lado em relação ao outro e assim os vórtices interagem a uma taxa mais rápida do que no

regime subcrítico, levando consequentemente a um aumento em St.

Figura 2-7. St para um cilindro circular liso (Sumer e Fredsøe, 2006).

O número de Strouhal apresenta ainda outra descontinuidade quando Re atinge

o valor de 1,5×106, onde a transição para a turbulência em uma das camadas limite ocorreu

completamente e na outra se apresenta parcialmente laminar e parcialmente turbulenta.

Ocorre um desprendimento irregular e desordenado de vórtices. Quando Re>4,5×106, ou seja,

no regime transcrítico, o desprendimento de vórtices volta a ocorrer de maneira regular e St

passa a ter valores entre 0,25-0,30. A Figura 2-7 ilustra este comportamento.

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35

2.8. Efeito da proximidade da parede

Dutos submarinos quando colocados no fundo oceânico, podem estar sujeitos a

trechos com vãos livres, ou seja, sem contato com o solo, devido a fatores como:

irregularidade do solo, erosão e variações na topografia do leito marinho. Geralmente os vãos

livres ocorrem quando o tubo está suspenso em um pequeno intervalo, da ordem de 0,1D e

1D, fazendo com que ocorram quatro principais mudanças no escoamento ao seu redor

(Sumer e Fredsøe, 2006):

Figura 2-8. Efeito da proximidade da parede (Sumer e Fredsøe, 2006).

1) Supressão parcial ou completa dos vórtices, como observado na Figura 2-8

para os vãos livres (e/D) de 0,2 e 0,05, com Re=7×103.

Figura 2-9. Escoamento em torno do cilindro (a) livre e (b) próximo a uma parede.

2) Variação do ponto de estagnação para uma posição angular mais baixa, como

mostrado na Figura 2-9.

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36

3) Mudança na posição angular do ponto de separação, também mostrada na

Figura 2-9.

Figura 2-10. Medidas de pressão em diferentes razões e/D (Bearman e Zdravkovich, 1978).

4) Assimetria na distribuição de pressão (Figura 2-10).

O desprendimento de vórtices pode ser suprimido se o cilindro é colocado

próximo a uma parede devido à assimetria no desenvolvimento dos vórtices, já que o vórtice

no lado livre cresce mais e com maior força do que do lado oposto. Por este motivo, a

interação entre os dois vórtices é parcialmente ou totalmente inibido, no caso de pequenas

distâncias e/D, provocando alterações no desprendimento regular de vórtices. Esta distância é

chamada de razão crítica.

O ponto de estagnação move-se para uma posição angular mais baixa, como

observado na Figura 2-9. Isto é observado também na Figura 2-10, que mostra as distribuições

de pressão média em torno do cilindro para três diferentes razões e/D. O ponto de estagnação

está localizado em 0° quando e/D=1 e move-se para uma posição angular de

aproximadamente -40° quando e/D=0,1.

A posição angular do ponto de separação também muda, como observado na

Figura 2-9. No lado livre do cilindro o ponto de separação vai em direção a montante,

enquanto que do lado da parede move-se em direção a jusante do cilindro.

A sucção é maior no lado livre do cilindro do que no lado da parede, conforme

observado na Figura 2-10 para e/D=0,1 e e/D=0. Quando o cilindro está afastado da parede,

este efeito desaparece e a simetria é restabelecida, como no caso e/D=1.

Para as distâncias nas quais o desprendimento de vórtices ocorre, a frequência

no desprendimento tende a aumentar com a diminuição da distância, ainda que levemente,

conforme medidas experimentais realizadas por Grass et. al. (1983) e Raven et. al. (1985).

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37

Outros dados experimentais também podem ser citados, como o de Bearman e

Zdravkovich (1978) e Angrilli, Bergamaschi e Cossalter (1982). Os primeiros concluíram que

a frequência praticamente não muda no intervalo entre 0,3≤ 𝑒/𝐷 ≤3. Os últimos mostraram

que há um leve aumento sistemático frequência de desprendimento conforme diminui a razão

e/D, no intervalo 0,5≤ 𝑒/𝐷 ≤6.

Aparentemente, a frequência de desprendimento não é muito sensível à

variação da distância do cilindro à parede, embora resultados experimentais na literatura

concluam que há um leve aumento na frequência conforme se diminui a distância. Este fato

pode ser explicado, pois a presença da parede faz com que seu vórtice seja formado mais

próximo ao vórtice do lado livre, fazendo com que interajam a uma taxa maior e levando a um

aumento em St.

2.9. Arrasto e Sustentação

Um corpo imerso em um fluido irá experimentar uma força resultante �� sempre

que existir um movimento relativo entre este e o fluido que o circunda. Conforme o fluido

escoa em torno do corpo ele irá gerar tensões superficiais sobre cada elemento da superfície,

fazendo aparecer uma força resultante. As tensões podem ser tangenciais (devido à ação

viscosa) e normais (devido à pressão local).

Métodos experimentais podem determinar a força resultante, que é decomposta na

força de arrasto (FD), paralela à direção do movimento e na força de sustentação (FL), definida

como a componente da força perpendicular à direção do movimento.

Figura 2-11. Forças de arrasto e sustentação.

Considerando um cilindro como na Figura 2-11, as forças de pressão e

cisalhamento agindo sobre uma área infinitesimal dAs na superfície são PdAs e τwdAs,

respectivamente. Com isto, as forças de arrasto e sustentação são dadas pelas Equações (14) e

(15).

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38

dFD = −PdAscosφ + τwdAssenφ (14)

dFL = −PdAssenφ + τwdAscosφ (15)

Nas Equações (14) e (15), φ é o ângulo que a normal exterior a dAs faz com a

direção positiva do escoamento. Integrando Equações (14) e (15), obtemos as forças de

arrasto e sustentação agindo sobre o corpo (Equações 16 e 17).

FD = ∫ dFD

As

= ∫ (−Pcosφ + τWsenφ)dAs

As

(16)

FL = ∫ dFL

As

= − ∫ (Psenφ + τWcosφ)dAs

As

(17)

As forças de arrasto e sustentação dependem, entre outros parâmetros, do tamanho

do corpo (diâmetro), velocidade do fluido e viscosidade. Pelo Teorema Pi de Buckingham,

pode-se estabelecer uma relação adimensional entre estes parâmetros para representar as

características do arrasto e sustentação dos corpos - coeficiente de arrasto (CD) e sustentação

(CL), definidos como:

CD =FD

12 ρU2As

(18)

CL =FL

12 ρU²As

(19)

onde o valor ½ é inserido nas equações para formar a conhecida pressão dinâmica,

que representa o aumento de pressão quando o fluido em movimento é parado de forma

isentrópica.

2.10. Força de arrasto em cilindro próximo a parede

O coeficiente de arrasto médio é definido da mesma maneira da equação (20).

CD =FD

12 ρDU²

(20)

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39

A tendência geral é a diminuição do coeficiente com a diminuição da razão e/D,

de acordo com a distribuição de pressão mostrada na Figura 2-10.

Figura 2-12. Coeficiente de arrasto para cilindro próximo a parede.

Alguns resultados experimentais extraídos dos gráficos de Roshko et al. (1975) e

Zdravkovich (1985) são mostrados na Figura 2-12, para diversos valores de Re.

Como se pode observar, 𝐶�� aumenta com o aumento de e/D até determinado

valor, permanecendo constante para valores maiores de e/D.

Este comportamento, de acordo com Zdravkovich (1985), está relacionado com

a espessura da camada limite do fluxo que está se aproximando: a parte plana da curva ocorre

para razões nas quais o cilindro está incorporado totalmente na região de fluxo potencial,

enquanto que para valores menores de e/D, o cilindro está parcialmente incorporado na região

de fluxo potencial e parcialmente na região da camada limite do fluxo de entrada.

2.11. Força de sustentação para cilindro próximo a parede

O fluxo médio em torno do cilindro não é simétrico e, portanto, deve existir

uma força de sustentação média não nula, diferentemente do caso onde o cilindro está

afastado da parede. Isto pode ser visto na Figura 2-10, onde a distribuição média de pressão

em torno do cilindro é simétrica quando e/D=1, significando que praticamente não há

sustentação. Esta simetria desaparece quando e/D=0,1 ou e/D=0, resultando em uma

sustentação média diferente de zero e dirigida para fora da parede.

O coeficiente de sustentação médio é definido da mesma maneira da equação (20),

substituindo-se 𝐶�� e ��𝐷 por 𝐶�� e ��𝐿, respectivamente.

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40

Figura 2-13. Coeficiente médio de sustentação para fluxo livre de cisalhamento com

104<Re<3×10

4 (Sumer e Fredsøe, 2006).

Observando-se a Figura 2-13, obtida através de experimentos realizados por

Fredsøe et. al. (1985) e Fredsøe e Hansen (1987), o coeficiente médio de sustentação possui

baixos valores para e/D=0,2-0,3 e aumenta consideravelmente quando a distância é reduzida.

Isto ocorre devido à mudança do ponto de estagnação para posições angulares cada vez

menores quando o intervalo é reduzido e a maior sucção do lado livre do cilindro, que

aumenta com a redução do intervalo. A combinação destes dois efeitos resulta em uma

sustentação cada vez maior, conforme o cilindro se move em direção à parede.

2.12. Cilindro oscilatório

Na presença de um escoamento, o cilindro possui uma força de sustentação

oscilante na direção transversal ao fluxo, devido a uma assimetria na formação de vórtices e

resultando em vibração. Os parâmetros mais relevantes neste escoamento são o número de

Reynolds, amplitude de oscilação (A) e frequência de oscilação (fosc).

Dependendo da velocidade do escoamento, o cilindro pode vibrar em uma

frequência próxima de sua frequência natural, observando-se o fenômeno de sincronização

(lock-in), o que aumenta a amplitude de oscilação. Quando o cilindro é forçado a oscilar, as

forças atingem um pico (ressonância), em uma frequência um pouco menor do que a

frequência natural (fn).

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41

Conforme a frequência de oscilação aumenta, há um valor no qual a força de

sustentação cai abruptamente, pois o ângulo de fase entre a força de sustentação e o

movimento do cilindro varia, conforme observado por Bishop e Hassan (1964). Além disso,

se a fase muda abruptamente há uma mudança nas características da formação de vórtices.

Figura 2-14. Mapa das regiões de sincronização de vórtices (Willianson e Roshko, 1988).

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42

Figura 2-15. Padrões de emissão de vórtices (Willianson e Roshko, 1988).

Willianson e Roshko (1988) observaram experimentalmente diversos padrões na

emissão de vórtices em um cilindro com oscilação forçada, obtendo-se o mapa da Figura

2-14. Os diversos padrões na esteira são denominados por S (Single) quando há um único

vórtice e P (pair) quando há um par de vórtices. Assim, P+S significa um padrão no qual em

cada ciclo há um par de vórtices e um simples.

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43

Em um cilindro oscilatório o padrão de desprendimento de vórtices observado é

diferente, se comparado ao caso do cilindro estacionário. Este padrão muda do 2S, quando os

vórtices são liberados alternadamente nas faces superior e inferior do cilindro, para um outro

padrão, dependendo da amplitude e frequência de oscilação. Perto da região de sincronização,

os padrões geralmente observados são o 2S, 2P e P+S.

Quando a frequência de desprendimento de vórtices é próxima da frequência

natural do cilindro, observa-se a ocorrência de vibrações. A vibração na direção transversal ao

escoamento (VIV) ocorre devido a diferenças de pressão no topo e na base do cilindro, devido

à variação da velocidade do fluido passando pelo cilindro, de acordo com a equação de

Bernoulli.

Figura 2-16. Métodos para geração de malhas dinâmicas (Houzeaux e Codina, 2003).

Nos estudos utilizando CFD para o caso de um cilindro com movimentos forçados

na direção transversal ao escoamento, existem quatro principais alternativas possíveis para a

geração de malhas (Houzeaux e Codina, 2003), ilustradas na Figura 2-16:

1) Método Lagrangeano-Euleriano Arbitrário (ALE).

2) Método do Domínio Fictício.

3) Método das Malhas Deslizantes.

4) Método Quimera.

No método ALE, quando o cilindro oscila para cima ou para baixo, a malha se

adapta ao movimento, ou seja, é refeita para acomodar o corpo em sua nova configuração,

sendo que este método será utilizado neste trabalho.

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44

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Computational Fluid Dynamics (CFD) pode ser definida como um conjunto de

técnicas para a solução numérica de equações de conservação de massa, energia e momento,

incluindo outros fenômenos, como as reações químicas. Sua aplicação é bastante ampla,

envolvendo diversas áreas como aerodinâmica de carros e aviões, hidrodinâmica de navios,

engenharia de processos químicos, biomédica, marítima, entre outras.

Os códigos em CFD geralmente contêm três elementos: pré-processamento, solver

e pós-processamento. No primeiro define-se o domínio geométrico e a geração da malha, para

então determinar as equações a serem resolvidas e calcular o problema (solver). Por fim, o

pós-processamento apresenta além do domínio geométrico e a malha, gráficos, contornos,

dados e animações gráficas.

Para a resolução dos problemas são utilizados diversos métodos numéricos, como

o Método dos Elementos Finitos (MEF), Método das Diferenças Finitas (MDF) e o Método

dos Volumes Finitos (MVF). O software OpenFOAM®

utilizado neste trabalho faz uso do

Método dos Volumes Finitos para resolver numericamente sistemas de equações diferenciais

parciais, baseado na resolução de balanços de massa, energia e quantidade de movimento em

um determinado volume de controle.

3.1. Discretização em volumes finitos no OpenFOAM®

O MVF tem como princípio a forma integral das equações de conservação,

dividindo o domínio da solução em um número finito de elementos de controle. Este método

está intrinsecamente relacionado ao conceito de fluxo entre regiões (volumes) adjacentes.

O fluxo de uma determinada grandeza (massa, energia) é definido como a

quantidade que atravessa uma fronteira com área A, por unidade de tempo. Basicamente, os

fluxos podem ser de dois tipos (Fortuna, 2000):

- Fluxos convectivos, devido à velocidade do fluido e possuindo a forma geral

ρøV, onde ρ é o termo de densidade, ø a propriedade transportada e V o vetor velocidade do

fluido.

- Fluxos difusivos, devido a não uniformidade da distribuição espacial de ø e com

a forma geral Γ𝛻ø, onde Γ é o coeficiente de difusão e 𝛻 o operador nabla. Os fluxos

difusivos podem existir mesmo que não tenha escoamento, ou seja, mesmo que a velocidade

do fluido seja nula.

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Estes elementos, que são tridimensionais, são chamados de subdomínios ou

volumes de controle e discretizam (aproximam o problema em quantidades discretas) o

domínio do espaço para que seja aplicada a técnica de volumes finitos utilizada pelo software.

Tanto o MVF como outros métodos (MDF e MEF), discretizam o problema como

(OpenFOAM®

Programmer’s Guide, 2014):

- Discretização espacial - divide o domínio em um conjunto de subdomínios

(volumes de controle) conhecidos como células, conectadas entre si dividindo uma mesma

face ou conectados ao limite do domínio, ou seja, ao seu contorno, criando desta forma a

malha computacional.

- Discretização no domínio do tempo - utilizada em problemas transientes e obtida

pela divisão do espaço do tempo em um conjunto de intervalos de tempo (passos) δt. Estes

intervalos podem ser constantes ou variar durante a simulação numérica, obedecendo a

critérios de convergência pré-estabelecidos. O critério de convergência utilizado é baseado no

número de Courant (Co), que para o caso de uma simulação bidimensional é dado pela

Equação (21).

Co =δtUx

δx+

δtUy

δy (21)

Onde δx ou δy é o tamanho da célula na direção da velocidade no eixo x ou y, e

para a convergência deve-se garantir que Co<1 em todo o domínio (OpenFOAM® User’s

Guide, 2014).

- Discretização das equações - gera um sistema de equações algébricas em termos

de quantidades discretas definidas em locais específicos no domínio.

3.2. Discretização das equações

A discretização de equações converte as equações diferenciais parciais em um

sistema de equações algébricas expressas na forma de matrizes (Fontoura, 2013), como na

Equação (22).

[A][x] = [b] (22)

Onde [A] é uma matriz quadrada, [x] é um vetor coluna de variáveis dependentes

e [b] é o vetor de termos fontes.

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46

A solução do sistema da equação (22) se aproxima da solução para as equações

originais nos locais pré-determinados no espaço e no tempo. Considerando a forma genérica

da equação de transporte para uma determinada propriedade 𝜙, temos a Equação (23).

∂ρϕ

∂t+ ∇. (ρUϕ) = ∇. (Γ∇ϕ) + Sϕ(ϕ)

(23)

Onde ρ é a densidade do fluido, U a velocidade, Γ a difusividade e Sϕ(ϕ) o termo

fonte.

A equação (23) descreve: taxa de mudança por unidade de volume (derivada no

tempo) + fluxo convectivo por unidade de volume (termo convectivo) = taxa de transporte

devido à difusão (termo difusivo) + taxa de geração e/ou consumo por unidade de volume

(termo fonte).

A discretização em volumes finitos é obtida através da integração sobre o volume

de controle VP e o tempo.

∫ (∫∂ρϕ

∂tdV

VP

t+δt

t

+ ∫ ∇. (ρUϕ)dV

VP

) dt = ∫ (∫ ∇. (Γ∇ϕ)

VP

+ ∫ Sϕ(ϕ)

VP

)t+δt

t

dt (24)

As integrais em volume V são convertidas em integrais de superfície S no

contorno utilizando-se o teorema de Gauss, resultando na Equação (25).

∫ (∇. ϕ). dV = ∫ dS. ϕ

S

V

(25)

Cada termo da integral deve ser discretizado para posterior solução. Maiores

detalhes sobre este procedimento podem ser obtidos em diversas referências, como Versteeg e

Malalasekera (1995) e Ferziger e Peric (2002).

3.3. Métodos de solução do sistema de equações

Conforme o processo de discretização, um sistema de equações algébricas deve

ser resolvido para as incógnitas dos volumes de controle, ou grid points. O sistema pode ser

linear ou não linear, dependendo das equações e do procedimento de discretização.

O sistema encontrado pode ser expresso em notação matricial da forma da

equação (22), onde [A] é a matriz do sistema, x a variável do campo e {B} geralmente contêm

as condições de contorno ou os termos fonte.

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Sistemas não lineares:

Os termos convectivos nas equações do escoamento resultam em sistemas não

lineares onde a matriz é função das variáveis do escoamento, como na equação (26).

[A(x)]{x} = {B} (26)

Para resolver estes problemas diversos métodos podem ser utilizados, como o

método de Newton. Este método pode ser utilizado tanto em sistemas lineares quanto em não

lineares. Inicialmente, assume-se um “chute” inicial para a solução {x}, que é então

substituído na equação (26), resultando na Equação (27).

{R} = [A(x)]{x} − {B} (27)

O resíduo R surge porque geralmente o “chute” inicial não satisfaz a equação. O

método de Newton é um processo iterativo baseado na equação (27) e que pode ser escrito na

forma da Equação (28).

{xn+1} = {xn} − [Jn]−1{Rn} (28)

Na Equação (28), n é o tempo atual, n+1 o novo nível de interação e o Jacobiano

(J) é obtido da Equação (29).

J =∂R

∂x (29)

O sistema resultante da equação do método de Newton é um sistema linear que

ainda precisa ser resolvido. A vantagem do método de Newton é que ele acelera a

convergência de sistemas não lineares, especialmente se a solução inicial está próxima da

solução real. A maior parte do tempo computacional deve-se ao cálculo da inversa da matriz

Jacobiana.

Sistemas lineares:

Os sistemas lineares podem surgir a partir da discretização de equações lineares

(difusão, condução de calor) ou da linearização de sistemas não lineares, como os descritos

anteriormente. O sistema de equações algébricas também é da forma da equação (26).

Mas neste caso, [A] é independente das variáveis do escoamento. O método de

eliminação de Gauss pode ser utilizado para a solução deste sistema. O algoritmo irá depender

da natureza da matriz. Se tivermos uma matriz densa com poucos coeficientes nulos, por

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exemplo, a matriz pode ser decomposta pela chamada decomposição LU, onde a matriz é

fatorizada em matrizes triangulares superiores e inferiores, da forma da Equação (30).

[L][U] = [A] (30)

Na Equação (30), L e U são:

[L] = [x 0 0⋮ ⋱ 0x … x

] , [U] = [x … x0 ⋱ ⋮0 0 x

].

O sistema a ser resolvido é o da Equação (31).

[U]{x} = [L]−1{B} (31)

A maior parte do tempo computacional deve-se à fatorização e inversão da matriz

[L].

Métodos iterativos:

Métodos iterativos são processos que se iniciam com um “chute” inicial ou

solução inicial, geralmente obtida interpolando-se as condições de contorno em todos os nós

internos. A solução é sucessivamente modificada através das iterações até que se atinja a

convergência da solução, ou seja, até que a diferença da solução encontrada na atual iteração e

o valor anterior atinja uma tolerância pré-definida, e que não aumente com um numero maior

de iterações.

O primeiro método desenvolvido é de Jacobi. Considerando a equação

[A]{x}={B}, inicia-se assumindo uma estimativa inicial da solução xin, onde n é o passo de

tempo. O processo iterativo é montado de acordo com a Equação (32).

xin+1 =

Bi − (∑ Aijxjnn

j,j≠1 )

Aii (32)

Na equação (32), se o vetor Aijxjn é montado diretamente durante os cálculos não

há necessidade de armazenar a matriz. Dois vetores da solução precisam ser armazenados,

pois a solução no nível de iteração atual depende da solução do nível anterior. Este método

tem um alto custo computacional devido à necessidade de se realizar muitas iterações até

atingir a convergência da solução.

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49

O método de Gauss-Seidel apresenta uma melhora em relação ao método de

Jacobi, utilizando o vetor da solução xin+1

também no lado direito da equação, resultando na

Equação (33).

xin+1 =

Bi − (∑ Aijxjn+1i−1

j=1 ) − (∑ Aijxjnn

j=i+1 )

Aii (33)

Ambos os métodos irão convergir se a matriz A for diagonalmente dominante, ou

seja, se para todas as linhas da matriz, o módulo do valor na diagonal for maior que a soma

dos módulos de todos os demais valores da mesma linha. Este método é aproximadamente

duas vezes mais rápido que o anterior.

3.4. Turbulência

A turbulência ocorre quando os fluidos estão em um regime com alto número de

Reynolds e caracteriza-se por um movimento caótico e randômico (considerado aleatório,

para modelagem da turbulência) no qual velocidade, pressão e demais propriedades do fluido

mudam continuamente com o tempo (Wilcox, 1994).

Este fenômeno possui uma ampla variedade de escalas. Escalas de tempo e

comprimento são representadas por frequências e comprimentos de onda que são reveladas

por uma análise de Fourier em um histórico de tempo de um escoamento turbulento.

As simulações de CFD em um escoamento turbulento são muito mais complexas

do que no caso laminar, mesmo quando o campo de escoamento é permanente na média

(condição estacionária), pois as características de menor escala do campo do escoamento

turbulento sempre são temporárias e tridimensionais.

Para minimizar este problema, a técnica de simulação numérica direta (DNS)

pode ser empregada no CFD, onde se tenta resolver o movimento não estacionário de todas as

escalas do comprimento turbulento. Entretanto, a diferença de tamanho e da escala de tempo

entre os vórtices maiores e menores podem ter várias ordens de magnitude e estas diferenças

aumentam com Re. Assim, as malhas para uma solução DNS devem ser extremamente finas,

tridimensionais e exigem uma grande capacidade computacional, inviabilizando seu uso

(Çengel e Cimbala, 2006). A DNS somente é utilizada em baixos números de Reynolds,

devido ao alto número de operações, já que o número de pontos na malha é da ordem de Re³

(Asyikin, 2012).

Com isto, é necessário criar hipóteses de simplificação para simular campos de

escoamento complexos, com altos valores de Re e turbulência. A primeira é a simulação de

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50

grandes escalas (LES), onde os grandes recursos não permanentes dos vórtices turbulentos são

resolvidos e os menores são modelados. A base da hipótese é que os vórtices turbulentos

menores são isotrópicos, ou seja, não dependem da orientação do sistema de coordenadas e

comporta-se de maneira estatisticamente similar e previsível, qualquer que seja o campo do

escoamento turbulento.

O LES exige menos recursos computacionais que o DNS, já que não há

necessidade de resolver os vórtices menores do campo de escoamento, mas ainda assim

possui um grande custo computacional.

O próximo nível é o de modelar todos os vórtices turbulentos não permanentes –

modelos de turbulência. Nestes modelos, leva-se em conta a combinação aperfeiçoada e a

difusão causada por vórtices turbulentos. Quando se utiliza um modelo de turbulência, a

equação de Navier-Stokes é substituída pela equação de Navier-Stokes Média de Reynolds

(RANS).

As equações de Reynolds (conjunto de equações para a quantidade média do

escoamento) podem ser obtidas das equações de Navier-Stokes aplicando-se o operador de

média temporal, ou seja, as variáveis que aparecem nas equações de movimento (velocidade,

pressão, massa específica) são decompostas na soma das partes médias com as flutuantes e

depois é aplicado o operador de média temporal aos termos resultantes sobre um intervalo de

tempo finito.

Em um escoamento turbulento estacionário, como mostrado na Figura 3-1, temos

que a velocidade instantânea (ui) é a soma da velocidade média (Ui) com a flutuante (ui’).

ui(x, t) = Ui(x, t) + ui′(x, t) (34)

A velocidade média ou média de velocidade, Ui(x), é definida pela Equação (35).

Ui(x) = limT→∞

1

T∫ ui(x, t)dt

t+T

t

(35)

A média de tempo da velocidade média possui o mesmo valor da média de tempo.

Ui(x) = limT→∞

1

T∫ Ui(x)dt

t+T

t

= Ui(x) (36)

A média de tempo da parte flutuante da velocidade é zero e desta maneira, a

Equação (37) é obtida.

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51

u′i = limT→∞

1

T∫ [ui(x, t) − Ui(x)]dt

t+T

t

= Ui(x) − Ui(x) = 0 (37)

Fisicamente, não podemos fazer um tempo T infinito em um escoamento. No

entanto, pode-se escolher um tempo T que seja muito maior em relação ao período máximo de

flutuações da velocidade (T1), como mostrado na Equação (38).

Ui(x) = limT→∞

1

T∫ ui(x, t)dt

t+T

t

T1 ≪ T ≪ T2 (38)

Figura 3-1. Média de tempo para turbulência não estacionária (Wilcox, 1994).

Na Equação (38), T2 é a escala de tempo característica das variações mais lentas

do escoamento que não queremos considerar como pertencentes à turbulência. Isto é ilustrado

na Figura 3-1.

Equações de Navier-Stokes Média de Reynolds (RANS)

Para um escoamento incompressível, as equações de conservação de massa e

momento são dadas pelas Equações (39) e (40).

∂ui

∂xi= 0 (39)

ρ∂ui

∂t+ ρuj

∂ui

∂xj= −

∂p

∂xi+

∂tji

∂xj (40)

Nestas equações, os vetores ui e xi são velocidade e posição, t é o tempo, p a

pressão, ρ a densidade e tij o tensor de tensão viscosa, definido pela Equação (41).

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52

tij = 2μsij (41)

O tensor da taxa de deformação sij é dado pela Equação (42).

sij =1

2(

∂ui

∂xj+

∂uj

∂xi) (42)

O termo convectivo pode ser reescrito na forma conservativa, Equação (43).

uj

∂ui

∂xj=

∂xj(ujui) − ui

∂uj

∂xj=

∂xj(ujui) (43)

Desta maneira, temos a equação de Navier-Stokes na forma conservativa

(Equações 44 e 45).

∂Ui

∂xi= 0 (44)

ρ∂Ui

∂t+ ρ

∂xj(UjUi + u′

ju′i) = −

∂P

∂xi+

∂xj(2μSij) (45)

A equação (45) pode ser reescrita, utilizando o termo convectivo, como na

Equação (46).

ρ∂Ui

∂t+ ρUj

∂Ui

∂xj= −

∂P

∂xi+

∂xj(2μSij − ρu′

ju′

i) (46)

Esta é a conhecida Equação de Navier-Stokes Média de Reynolds (RANS –

Reynolds Averaged Navier-Stokes) e o problema fundamental da turbulência para a

engenharia consiste no cálculo de 𝜌𝑢′𝑗𝑢′

𝑖, chamado de tensor de tensão específico de

Reynolds, τij. Em coordenadas cartesianas, resulta na Equação (47).

τij,turbulento = − (u′² u′v′ u′w′

u′v′ v′² v′w′

u′w′ v′w′ w′²) (47)

Pode-se verificar que τij= τji e temos um tensor simétrico com seis componentes

independentes. Em escoamentos tridimensionais, temos quatro propriedades do fluxo

desconhecidas (pressão e as três componentes da velocidade), que somadas a estas seis

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53

provenientes da média de Reynolds, resultam em dez variáveis desconhecidas. O sistema

desta maneira não está fechado, pois temos quatro equações (conservação de massa) e dez

incógnitas.

Estas novas incógnitas são modeladas por diferentes maneiras pelos modelos de

turbulência (modelos algébricos, de uma equação, de duas equações e modelos de tensão de

Reynolds). Os modelos de turbulência de duas equações mais conhecidos são o k-ε e k-ω, que

adicionam duas outras equações de transporte e que devem ser resolvidas simultaneamente

com as equações de massa e momento e duas condições de contorno adicionais devem ser

especificadas para as propriedades da turbulência nas entradas e nas saídas.

No modelo k-ε, por exemplo, pode-se especificar k (energia cinética turbulenta) e

ε (taxa de dissipação turbulenta). Nem sempre estes valores são conhecidos e uma opção é

especificar a intensidade da turbulência I (relação entre velocidade de vórtice turbulenta e

velocidade de corrente livre) e a escala de comprimento turbulento l(escala de comprimento

característica dos vórtices turbulentos que contêm a energia).

Os modelos mais simples de turbulência são os algébricos, que utilizam a

aproximação (hipótese) de Boussinesq para calcular o tensor de tensão de Reynolds como um

produto entre a viscosidade turbulenta e a média do tensor de taxa de deformação.

Os modelos de turbulência de duas equações têm sido largamente utilizados nas

últimas décadas. Estes modelos fornecem não somente o cálculo de k, mas também o

comprimento de escala da turbulência ou seu equivalente. Com isso, os modelos de duas

equações são completos, ou seja, podem ser usados para prever as propriedades de um dado

escoamento turbulento sem a necessidade de se conhecer previamente a estrutura turbulenta.

Praticamente todos os modelos de duas equações partem da aproximação de

Boussinesq, mostrada na Equação (48).

τij = 2νTSij −2

3kδij (48)

E da equação de energia cinética turbulenta na forma da equação (49).

∂k

∂t+ Uj

∂k

∂xj= τij

∂Ui

∂xj− ε +

∂xj[(ν +

νT

σk)

∂k

∂xj] (49)

A maneira como é definida o comprimento de escala turbulento (l) e a escala de

velocidade, k1/2

é arbitrária. Uma segunda equação de transporte é necessária para calcular a

chamada taxa de dissipação específica, ω, que tem dimensões de [tempo-1

]. Na forma

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54

dimensional, viscosidade turbulenta, comprimento de escala da turbulência e dissipação

podem ser determinados de acordo com a Equação (50).

νT~k

ω ℓ~

k12

ω ε~ωk (50)

A viscosidade cinemática turbulenta e comprimento de escala turbulento podem

ser rearranjados da forma da Equação (51).

νT~k²

ϵ ℓ~

k32

ϵ ou νT~

k1/2

ℓ ε~

k32

ℓ (51)

3.5. Modelo k-ε

Este é o modelo de duas equações mais utilizado. Os primeiros desenvolvimentos

foram realizados na década de 40 e posteriormente nas décadas de 60 e 70, e inicia-se pelas

Equações (52) e (53).

τij = 2νTSij −2

3kδij (52)

∂k

∂t+ Uj

∂k

∂xj= τij

∂Ui

∂xj− ε +

∂xj[(ν +

νT

σk)

∂k

∂xj] (53)

A ideia na formulação deste modelo é derivar a equação exata para ε e encontrar

aproximações adequadas para a equação exata que rege seu comportamento, sendo ε

(dissipação por unidade de massa) definido pela Equação (54).

ε = ν∂ui′

∂xk

∂ui′

∂xk

(54)

A equação exata para ε é derivada utilizando-se o seguinte momento da equação

de Navier-Stokes, mostrado na Equação (55).

2ν∂ui′

∂xj

∂xjN(ui)

= 0 (55)

Na Equação (55) N(ui) é o operador de Navier-Stokes, definido pela Equação (56).

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55

N(ui) = ρ∂ui

∂t+ ρuk

∂ui

∂xk+

∂p

∂xi− μ

∂2ui

∂xk ∂xk (56)

Após algumas operações algébricas, chega-se ao resultado para ε, mostrado na

Equação (57).

∂ε

∂t+ Uj

∂ε

∂xj= −2ν[u′i,ku′j,k

+ u′k,iu′k,j ]

∂Ui

∂xj− 2νu′ku′i,j

∂2Ui

∂xk ∂xj− 2νu′i,ku′i,mu′k,m

− 2ν²u′i,kmu′i,km +

∂xj[ν

∂ε

∂xj− νu′ju′i,mu′i,m

− 2ν

ρp′,mu′j,m ]

(57)

Os termos do lado direito da Equação (57) são a produção da dissipação,

dissipação da dissipação e a soma da difusão molecular da dissipação e transporte turbulento

da dissipação, respectivamente. O modelo k-ε padrão é descrito pelas equações (58), (59) e

(60).

νT =Cμk²

ε (viscosidade cinemática turbulenta) (58)

∂k

∂t+ Uj

∂k

∂xj= τij

∂Ui

∂xj− ε +

∂xj[(ν +

νT

σk)

∂k

∂xj] (energia cinética turbulenta) (59)

∂ε

∂t+ Uj

∂ε

∂xj= Cε1

ε

kτij

∂Ui

∂xj− Cε2

ε²

k+

∂xj[(ν +

νT

σε)

∂ε

∂xj] (taxa de dissipação) (60)

Para a resolução das Equações (58), (59) e (60), necessita-se de algumas relações

auxiliares e coeficientes de balanço, apresentadas nas Equações (61) e (62).

Cε1 = 1,44, Cε2 = 1,92, Cμ = 0,09, σk = 1,0, σε = 1,3 (61)

ω =ε

Cμk e ℓ =

Cμk32

ε (62)

3.6. Modelo k- ω

O primeiro modelo de duas equações teve como um de seus parâmetros de

turbulência a energia cinética da turbulência (Wilcox, 1994). O segundo parâmetro foi a taxa

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56

de dissipação de energia em unidade de volume e tempo ou dissipação por unidade de energia

cinética turbulenta (ω), que satisfaz a equação diferencial de maneira similar à equação para k.

O inverso de ω é a escala de tempo na qual a dissipação da energia turbulenta

ocorre. Como o processo de dissipação ocorre nos menores turbilhões, a taxa de dissipação é

medida pela taxa de transferência da energia cinética turbulenta para estes pequenos

turbilhões.

Fazendo uma combinação entre significados físicos e análise dimensional, a

equação para ω é dada pela Equação (63).

ρ∂ω

∂t+ ρUj

∂ω

∂xj= −βρω² +

∂xj[σμT

∂ω

∂xj] (63)

No modelo k-ω descrito por Wilcox (1994), apresenta-se a Equação (64) para a

energia cinética turbulenta e a Equação (65) para a taxa de dissipação específica.

ρ∂k

∂t+ ρUj

∂k

∂xj= τij

∂Ui

∂xj− β∗ρkω +

∂xj[(μ + σ∗μT)

∂k

∂xj] (64)

ρ∂ω

∂t+ ρUj

∂ω

∂xj= α

ω

kτij

∂Ui

∂xj− βρω² +

∂xj[(μ + σμT)

∂ω

∂xj] (65)

Assim como no modelo k-ε, necessita-se de algumas relações adicionais e

coeficientes de balanço (fechamento) para a resolução das Equações (64) e (65), apresentadas

nas Equações (66) e (67).

μT =ρk

ω, α =

5

9 , β =

3

40, β∗ =

9

100, σ = σ∗ =

1

2 (66)

ε = β∗ωk ℓ =k1/2

ω

(67)

3.7. Modelo SST

O modelo SST foi apresentado por Menter (1993) como uma nova versão do

modelo k-ω, possuindo características deste modelo na região interna da camada limite e

características do modelo k-ε conforme se afasta da camada limite. A combinação entre os

modelos k-ω e k-ε é feito através de uma função F1.

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57

Este modelo é indicado para realizar com melhor precisão os escoamentos com

gradientes adversos de pressão e consome somente um pouco mais de tempo computacional,

em comparação com o modelo k-ω.

A formulação do modelo é dada pelas Equações (68) e (69).

𝐷𝜌𝑘

𝐷𝑡= 𝜏𝑖𝑗

𝜕𝑈𝑖

𝜕𝑥𝑗− 𝛽∗𝜌𝜔𝑘 +

𝜕

𝜕𝑥𝑗[(𝜇 + 𝜎𝑘𝜇𝑡)

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑗] (68)

𝐷𝜌𝜔

𝐷𝑡=

𝛾

𝜈𝑇𝜏𝑖𝑗

𝜕𝑈𝑖

𝜕𝑥𝑗− 𝛽𝜌𝜔² +

𝜕

𝜕𝑥𝑗[(𝜇 + 𝜎𝜔𝜇𝑡)

𝜕𝜔

𝜕𝑥𝑗] + 2(1 − 𝐹1)𝜌𝜎𝜔2

1

𝜔

𝜕𝑘

𝜕𝑥𝑗

𝜕𝜔

𝜕𝑥𝑗

(69)

As constantes ϕ deste modelo são calculadas pela Equação (70), a partir das

constantes ϕ1 e ϕ2,onde ϕ1 é uma constante qualquer do modelo k-ω original (ex: σk1) e ϕ2 é

uma constante do modelo k-ε (ex: σk2).

𝜙 = 𝐹1𝜙1 + (1 − 𝐹1)𝜙2 (70)

Dois conjuntos de valores para a Equação (70) são apresentados nas Equações

(71) e (72).

𝜎𝑘1 = 0,85 𝜎𝜔1 = 0,5 𝛽1 = 0,075 𝑎1 = 0,31

𝛽∗ = 0,09 𝜅 = 0,41 𝛾1 =𝛽1

𝛽∗−

𝜎𝜔1𝜅2

√𝛽∗

(71)

𝜎𝑘2 = 1 𝜎𝜔2 = 0,856 𝛽2 = 0,0828

𝛽∗ = 0,09 𝜅 = 0,41 𝛾2 =𝛽2

𝛽∗−

𝜎𝜔2𝜅2

√𝛽∗

(72)

Na Equação (69), o valor de F1 é um em regiões próximas a paredes e zero em

regiões externas a camadas limites, sendo calculada pela Equação (73).

𝐹1 = tanh {min [𝑚𝑎𝑥 (√𝑘

0,09𝜔𝑦;500𝜈

𝑦2𝜔) ;

4𝜎𝜔2𝑘

𝐶𝐷𝑘𝜔𝑦²]}

4

(73)

Para resolver a Equação (73), necessita-se do valor de 𝐶𝐷𝑘𝜔, que é calculado pela

Equação (74).

𝐶𝐷𝑘𝜔 = max (2ρσω2

1

ω

∂k

∂xj

∂ω

∂xj, 10−20) (74)

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58

A viscosidade turbulenta νT é definida de acordo com a Equação (75).

𝜈𝑇 =𝑎1𝑘

𝑚𝑎𝑥(𝑎1𝜔; ΩF2) (75)

Na Equação (75), Ω é o valor de absoluto de vorticidade e F2 é calculado de

acordo com a Equação (76).

𝐹2 = tanh [max (2√𝑘

0,09𝜔𝑦;500𝜐

𝑦2𝜔)]

2

(76)

3.8. Acoplamento Pressão-Velocidade (P-V)

As equações da continuidade e quantidade de movimento fornecem um sistema

com três equações e três incógnitas (duas para velocidade e uma para pressão), considerando-

se um escoamento bidimensional.

O campo de velocidade resultante das equações é dependente do gradiente de

pressão, ou seja, o campo de pressão quando substituído na equação da quantidade de

movimento deve resultar em velocidades que satisfaçam a equação da continuidade. Existem

diversos procedimentos para resolver esse acoplamento e o objetivo de todos eles é criar uma

equação para a pressão que permita que o processo avance, satisfazendo a equação da

conservação da massa. Desta maneira, a solução correta será obtida quando o campo de

pressões introduzidas nas equações de Navier-Stokes resultarem em velocidades que

satisfaçam a equação da conservação da massa.

Diversos métodos que solucionam este acoplamento podem ser encontrados na

literatura como, por exemplo, em Ferziger e Peric (2002) e Maliska (2004).

3.9. Estabilidade numérica, convergência e precisão

Consistência:

A discretização deve ser exata conforme os tamanhos dos elementos de uma

malha tendem a zero. A diferença entre a equação discretizada e a exata é conhecida como

erro de truncamento, geralmente estimado substituindo-se todos os valores nodais em uma

aproximação discreta por expansão em série de Taylor em torno de um único ponto. Para que

o método seja consistente, o erro de truncamento deve ser zero quando Δt→0 ou Δxi→0.

Entretanto, a solução discretizada nem sempre será exata nessas situações, pois para isto

ocorrer é necessário que seja também uma solução estável.

Estabilidade:

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59

A solução numérica é estável se os erros produzidos não provocarem um aumento

dos erros conforme o processo de solução numérica avança. Em problemas temporais, a

estabilidade irá garantir que a solução da equação exata é fechada. Para métodos iterativos,

um método estável é aquele que não diverge. A aproximação incorreta das condições de

contorno ou inicial e o acúmulo dos erros de arredondamento são exemplos dos erros que

podem ocorrer, sendo que os primeiros podem ser evitados discretizando-se corretamente as

condições auxiliares e o segundo pode apenas ser controlado. O acúmulo de erros pode ser

evitado seguindo-se critérios de estabilidade dos métodos numéricos, que podem ser

classificados em (Fortuna, 2000):

Condicionalmente estáveis - devem satisfazer uma condição de estabilidade para

fornecerem soluções numéricas estáveis. Geralmente, os métodos explícitos são deste tipo.

Incondicionalmente estáveis - não precisam satisfazer critérios de estabilidade

para fornecerem soluções numericamente estáveis. São geralmente métodos semi-implícitos e

implícitos.

Incondicionalmente instáveis – não fornecem soluções estáveis, independente de

∆t, e por isso não são utilizados.

Os métodos implícitos são mais estáveis que os explícitos, pois podem utilizar um

valor de ∆t maior, apesar de as formulações explícitas fornecerem equações lineares simples

de serem calculadas.

Convergência:

Um método numérico é convergente se a solução das equações discretizadas tende

à solução exata da equação diferencial, conforme o tempo e o tamanho dos elementos da

malha tendem a zero. Para problemas não lineares que são fortemente influenciados por

condições de contorno, a estabilidade e convergência de um método são difíceis de

demonstrar. Entretanto, a convergência pode ser verificada fazendo-se experimentos

numéricos, ou seja, repetindo-se os cálculos realizados em malhas sucessivamente mais

refinadas. A consistência é uma condição necessária para a convergência.

Precisão:

As soluções numéricas dos problemas de escoamento de fluidos e transferência de

calor são apenas soluções aproximadas, cujos erros podem ser divididos em três (Ferziger e

Peric, 1999): erros de modelagem, discretização e iteração.

Erro de modelagem – definidos como a diferença entre o escoamento real e a

solução exata do modelo matemático.

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60

Erros de discretização - diferença entre a solução exata das equações de

conservação e a solução exata do sistema algébrico de equações obtido pela discretização

destas equações

Erros de iteração – diferença entre a solução exata e iterativa do sistema de

equações algébrico. Também conhecidos como erros de convergência.

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61

4. METODOLOGIA

4.1. Geração de malha

A primeira etapa para obter uma solução através do uso do CFD é a geração de

uma malha que defina as células nas quais as variáveis de escoamento (pressão, velocidade,

etc.) serão calculadas, em todo o domínio computacional.

As malhas podem ser estruturadas ou não estruturadas. Uma malha estruturada em

casos bidimensionais possui células planares com quatro arestas ou células volumétricas com

seis faces, no caso tridimensional. Estas células podem ser retangulares ou podem ser

distorcidas e cada uma é numerada de acordo com índices (i, j,k) que não correspondem

necessariamente as coordenadas x, y e z.

As malhas não estruturadas possuem células de diversas formas, mas geralmente

utilizam-se triângulos ou quadriláteros em malhas bidimensionais e tetraedros ou hexaedros

em casos tridimensionais. No OpenFOAM®, não há limitação no número de faces limitando

cada célula, nem qualquer restrição no alinhamento de cada face – este tipo de malha é

conhecido como “arbitrariamente não estruturada” (OpenFOAM Programmer’s Guide, 2014).

Figura 4-1. Exemplo de malha híbrida (Çengel e Cimbala, 2006).

A combinação entre uma malha estruturada e não estruturada é chamada de malha

híbrida. Uma aplicação pratica deste tipo de malha é mostrado na Figura 4-1, onde temos um

bloco de malha estruturada perto da parede e um bloco de malha não estruturada fora da

região da camada limite.

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Figura 4-2. Exemplo de malhas estruturadas e não estruturadas (Çengel e Cimbala, 2006).

Para geometrias complexas, as malhas não estruturadas são mais fáceis de serem

criadas, no entanto, possuem geralmente mais células do que as malhas estruturadas, como se

pode observar na Figura 4-2, onde uma idêntica distribuição de nós (nove) e intervalos (oito)

são aplicados em cada um dos quatro lados de um mesmo domínio.

Na Figura 4-2(a), temos uma idêntica distribuição de nós com 32 células,

enquanto que na Figura 4-2(b) temos 76 células e na malha quadrilátera não estruturada,

Figura 4-2(c), 38 células. Todas as malhas possuem nove nós e oito intervalos nas arestas

superior e inferior e cinco nós com quatro intervalos nos lados direito e esquerdo.

Nas camadas limite as malhas estruturadas permitem uma resolução mais fina do

que as malhas não estruturadas para o mesmo numero de células.

Independente do tipo de malha (estruturada ou não), o fator mais crítico na

resolução é a qualidade da malha. Deve-se precaver para que as células individuais não sejam

extremamente inclinadas, pois isto pode levar a dificuldades de convergência e imprecisões na

solução numérica.

Na Figura 4-2 (b), a célula sombreada é um exemplo de célula com inclinação

moderadamente alta, devido ao afastamento da simetria, ou seja, pode-se observar que os

ângulos internos deste triângulo diferem bastante de 60°. No caso de células quadriláteras, a

simetria ocorre em 90° e quanto mais afastado os ângulos, maior a inclinação desta célula.

Malhas de alta qualidade são fundamentais para uma solução precisa, enquanto

que uma malha de baixa resolução ou qualidade pode levar a soluções incorretas. Para testar a

qualidade da malha, o usuário do CFD deve realizar o teste de independência da malha.

O método padrão para o teste de independência consiste em aumentar a resolução

da malha por um fator igual a dois em todas as direções e realizar novamente a simulação.

Caso o resultado obtido apresente uma variação muito grande, então a malha inicial não

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possui boa qualidade, enquanto que se o resultado não for muito diferente, então a malha

original provavelmente é adequada.

Em uma situação bidimensional, ao aumentar a resolução por um fator 2, o

número de células aumenta por um fator 4, aumentando o tempo de cálculo, o que pode fazer

com que a capacidade de processamento do computador seja ultrapassada. Quando não é

possível dobrar a resolução, uma boa alternativa é aumentar a resolução em intervalos de 20%

em todas as direções.

Neste trabalho, malhas finas estruturadas foram criadas devido à necessidade de

uma boa resolução da camada limite e otimização computacional, com menor número de

células possível. O fundo oceânico e riser são representados através geometrias simples,

como um retângulo e um cilindro. Para este fim, o software Salome® foi utilizado.

Este software permite não apenas a criação da geometria e geração da malha, mas

também possui ferramenta de importação/exportação para programas que utilizam outros

formatos de arquivo, como o OpenFOAM®.

Figura 4-3. Domínio computacional.

O tamanho do domínio (Figura 4-3) não deve influenciar no escoamento ao redor

do cilindro e na região da esteira, e ao mesmo tempo não deve ter grandes dimensões, pois

isto implicaria em maiores custos computacionais. Desta maneira, foi utilizada uma distância

igual a onze vezes o diâmetro do cilindro em relação à região de entrada (eixo x) e o dobro na

região de saída. Como a distância e foi variada nas simulações até um valor máximo de três

diâmetros, utilizou-se um comprimento total de 14 vezes o diâmetro do cilindro no eixo y.

Diversos autores, como Saito e Morooka (2010) e Silva (2013), entre outros,

também utilizaram valores semelhantes para que o tamanho do domínio não influencie na

região de interesse do escoamento.

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Figura 4-4. Malha estruturada utilizada nas simulações.

A malha utilizada em torno do cilindro é chamada O-grid, onde a região no

entorno tem formato circular (Figura 4-4), com número de células variando de acordo com a

simulação, ou seja, varia conforme se altera a relação e/D. Este tipo de malha permite também

determinar o tamanho do primeiro elemento da camada limite, assim como determinar um

fator de crescimento a partir deste elemento.

Figura 4-5. Região de refinamento próximo ao cilindro.

A Figura 4-5 apresenta uma vista mais próxima da região de refinamento da

camada ao redor do cilindro (a), (b) e da parede (c), e pode-se observar que os elementos mais

próximos das paredes possuem tamanho menor se comparado com os últimos, devido ao fator

de crescimento aplicado.

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4.2. Condições de contorno

As equações que governam o escoamento de um fluido são descritos pelas

equações da continuidade e de momento, independente do escoamento que pode ser, por

exemplo, sobre um avião, túnel de vento ou através de um moinho de vento. Entretanto, os

campos de escoamento são diferentes em cada um destes casos, embora as equações sejam as

mesmas. A diferença entre eles consiste nas condições de contorno e às vezes nas condições

iniciais (Anderson, 1995).

As condições de contorno são necessárias na obtenção de uma solução CFD exata

e dependem da interpretação do real comportamento do sistema físico. As mais importantes

são listadas a seguir:

Parede – é a condição mais simples. O fluido não pode ultrapassar uma parede e

então o componente normal da velocidade é zero com relação à parede ao longo de uma face

na qual a condição de contorno de parede é prescrita.

Entrada e saída – são as condições nas quais o fluido entra e sai do domínio

computacional, geralmente dividida em condições especificadas por velocidade ou por

pressão. Em uma entrada de velocidade, especifica-se a velocidade do escoamento na face de

entrada. Se as equações de turbulência ou energia devem ser resolvidas, as propriedades de

turbulência ou temperatura também devem ser especificadas na entrada. Em uma entrada de

pressão, especifica-se a pressão total ao longo da face de entrada. Em uma saída de pressão, o

fluido escoa para fora do domínio computacional e especificamos a pressão estática ao longo

da superfície externa. Temperatura e propriedades de turbulência também são especificadas

nas entradas e saídas de pressão.

A pressão não deve ser especificada em uma entrada de velocidade, pois isto

levaria a um excesso de especificação matemática, pois pressão e velocidade estão acopladas

nas equações de movimento. Em uma entrada de velocidade a pressão se ajusta para combinar

com o restante do campo de escoamento. Semelhantemente, em uma entrada ou saída de

pressão a velocidade não é especificada, pois levaria a um excesso de especificação.

Escoamento de saída – nenhuma propriedade do escoamento é especificada e

propriedades do escoamento (velocidade, quantidade de turbulência, temperatura) são

forçadas a terem gradientes nulos na direção normal à face do escoamento de saída. Um

exemplo para seu uso é quando a velocidade não muda na direção normal à face da saída,

como por exemplo, no escoamento em um duto suficientemente longo, onde escoamento é

completamente desenvolvido na saída.

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Simetria – nesta condição de contorno, as variáveis do campo de escoamento são

imagens espelhadas em relação a um plano de simetria. Os gradientes da maioria das variáveis

de campo de escoamento na direção normal ao plano de simetria são definidos como

igualadas a zero em todo o plano de simetria. Algumas variáveis são especificadas como pares

e outras como funções ímpares em uma condição de contorno de simetria. Esta condição de

contorno nos permite modelar apenas uma parte do domínio de um escoamento físico,

economizando assim recursos computacionais.

Internas – são as condições impostas às faces ou arestas que não fazem parte da

fronteira do domínio computacional, mas fazem parte do interior do domínio. Quando esta

condição é aplicada em uma face, o escoamento cruza esta face sem quaisquer modificações

forçadas pelo usuário, assim como cruzaria de uma célula para outra. Esta condição é

necessária quando o domínio computacional é dividido em blocos ou zonas separadas, assim

permite a comunicação entre os blocos ou zonas.

Neste trabalho, as condições de contorno utilizadas são as já existentes no

software OpenFOAM®

: patch (fixedValue ou fixedGradient), empty (utilizada nos planos

Frente e Traseira, devido a bidimensionalidade imposta no escoamento), symmetryPlane

(simetria) e wall (parede).

A condição patch nos permite estabelecer um valor constante (fixedValue) para a

variável do campo (P e U), um gradiente normal (fixedGradient ou zeroGradient) do campo

ou a determinação da pressão através da velocidade e vice-versa (calculated).

O OpenFOAM® sempre gera a geometria em três dimensões, porém, pode ser

instruído a resolver o problema em duas dimensões especificando-se a condição de contorno

empty em cada patch cujo plano seja normal à terceira dimensão, na qual a solução não é

desejada (CFD Direct, 2015).

Figura 4-6. Fronteiras e condições de contorno.

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As fronteiras e condições de contorno são mostradas, respectivamente, na Fig. 4-6

e Tab. 4-1.

Tabela 4-1. Condições de contorno.

Contorno Velocidade Pressão

Entrada (U 0 0) ∂P

∂n= 0

Saída ∂U

∂n= 0 0

Topo ∂U

∂n= 0

∂P

∂n= 0

Base ∂U

∂n= 0

∂P

∂n= 0

Cilindro (0 0 0) ∂P

∂n= 0

Frente Vazio Vazio

Traseira Vazio Vazio

.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos nos cálculos de CFD

(geração da malha, coeficientes de arrasto e sustentação), inicialmente para um cilindro

estacionário e por último para um cilindro oscilando com diferentes amplitudes e frequências.

Em ambos os casos variou-se a distância relativa entre a parte inferior do cilindro e a

superfície plana (e/D), de forma a analisar o comportamento do escoamento em torno do

cilindro.

5.1. Geração da malha

Malhas finas estruturadas foram utilizadas para obter uma alta resolução da

camada limite e otimização computacional. O fundo oceânico e o riser são representados por

geometrias simples (retangular e cilíndrica) através do software Salome®

e posteriormente a

malha é exportada para o OpenFOAM®

. A distância entre a parte inferior do cilindro e da

parede plana (e), representando a condição de vão livre, foi variada com razões entre

0,1<e/D<3.

As distâncias do cilindro em relação ao topo, entrada e saída são escolhidas de

forma a não interferir no escoamento da região de interesse, ou seja, entre o cilindro e a

parede e na região da esteira de vórtices.

Figura 5-1. Região de refino ao redor do cilindro.

Para avaliar o tamanho do domínio circular refinado ao redor do cilindro,

simulações foram realizadas utilizando diferentes espessuras da camada refinada, como

mostrado na Figura 5-1, onde L é o comprimento da região circular refinada ao redor do

cilindro. Na Figura 5-1(a), por exemplo, a espessura da região é de 0,15D e na Figura 5-1(b) é

de 0,05D.

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A espessura da região refinada na região ao redor do cilindro variou entre 0,05D e

0,85D, com fator de crescimento (relação entre o tamanho de duas células consecutivas)

variando entre 1 e 1,2, ou seja, elementos adjacentes tem o mesmo tamanho ou tem um

tamanho 20% superior. Este fator de crescimento não pode ser muito acentuado, pois isto

poderia resultar em uma imprecisão nos resultados.

O tamanho do primeiro elemento a partir da parede também é analisado através da

constante adimensional y+, definida pela Equação (77).

𝑦+ ≡𝑢∗𝑦

𝜈 (77)

Onde u* =(τw/ρ)1/2

é a velocidade de fricção (m/s) , ν a viscosidade cinemática

local do fluido (m²/s) e y a distância do primeiro elemento à parede.

O valor de y+ em CFD é utilizado na maioria dos modelos de turbulência que

necessitam da distância da parede para modelar a influência do tensor de tensão de Reynolds e

o seu valor só é obtido após as simulações, pois necessita do perfil da camada limite para o

seu cálculo.

O valor recomendado de y+ varia de acordo com o tipo de escoamento e com o

modelo de turbulência utilizado. Alguns softwares comerciais possuem em seu manual de

usuário alguns intervalos recomendados para diferentes modelos de turbulência.

A Tabela 5-1 mostra os resultados obtidos nesta análise:

Tabela 5-1. Simulações variando a espessura da região ao redor da camada limite.

Simulação Elementos na

camada limite

Espessura da

região refinada ao

redor do cilindro

Fator de

crescimento

y+

(cilindro)

y+

(base) 𝐶��

1 900 0,05D 1 0,61 2,74 1,65

2 600 0,05D 1 0,57 3,60 1,41

3 900 0,5D 1,2 1,25 0,20 1,32

4 7500 0,5D 1,2 0,23 3,52 1,80

5 2500 0,8D 1 8,76 1,87 1,65

6 5625 0,8D 1,03 2,83 0,37 1,74

7 25000 0,85D 1,04 0,06 0,04 1,33

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Pode-se observar que os valores médios do coeficiente de arrasto variam com a

espessura da região refinada ao redor do cilindro, inclusive para valores iguais e próximos,

como nas simulações 1 e 2 onde a espessura é de 0,05D, nas simulações 3 e 4 onde a

espessura é de 0,5D e nas simulações 5, 6 e 7 onde a espessura varia entre 0,8D e 0,85D.

Com relação aos valores de y+, observa-se que o valor do coeficiente de arrasto

médio converge para o valor de referencia de 1,28 (valor extraído de gráfico apresentado por

Roshko et al., 1975) quando seu valor é menor do que 1,25 no caso do cilindro e 0,20 na base.

Nestes casos, o valor de y+ apresentou uma maior influência nos resultados em comparação à

espessura da região refinada ao redor do cilindro.

A qualidade da malha deve ser também avaliada em relação à máxima razão de

aspecto (aspect ratio), assimetria (skewness) e ortogonalidade (orthogonality). Não há um

valor máximo para estes parâmetros, pois isto depende da geometria do problema a ser

resolvido. O ideal é que a máxima razão de aspecto seja igual a um enquanto que a assimetria

e ortogonalidade sejam iguais a zero. No OpenFOAM® estes parâmetros as verificados pela

ferramenta checkMesh, que informa ao usuário se os valores estão adequados. De maneira

geral, buscou-se evitar variações bruscas entre elementos adjacentes e para isto utilizou-se

fatores de crescimento suaves, entre 1 e 1,2 (0 e 20%).

5.2. Teste de independência da malha

Para cada uma das situações analisadas, geraram-se diferentes malhas e realizou-

se o teste de independência ou convergência da malha. Alguns autores, como Wilcox (2000)

sugerem que o teste seja feito repetindo-se os cálculos em uma malha com o dobro do número

de pontos (volumes). Caso não seja possível dobrar este número devido a limitações

computacionais, uma boa regra é aumentar em 20% o número em todas as direções (Çengel e

Cembala, 2006).

As soluções obtidas com as malhas cada vez mais refinadas são comparadas até

que se atinja uma tolerância especificada ou quando as soluções tendem a se manter

constante. Desta maneira, comparou-se o valor médio do coeficiente de arrasto para diferentes

razões e/D.

Foram realizadas, por exemplo, seis simulações para o vão livre de e/D=0,1 com

número de elementos iguais a 16600, 26400, 66400, 120400, 160400 e 210400. O valor

médio do coeficiente de arrasto obtido foi, respectivamente, 0,92, 0,93, 0,86, 0,89, 0,89 e

0,89. Assim, a malha utilizada para este caso possui 120400 elementos, pois a partir deste

valor o coeficiente de arrasto torna-se independente da malha.

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Houve uma maior dificuldade na criação da malha para o vão livre de e/D=0,1

embora tenha apresentado uma menor variação do coeficiente de arrasto entre as malhas

iniciais (com menor número de elementos) e as malhas após a convergência, acima de 120400

elementos. Isto se deve ao fato de que há uma maior distorção dos elementos conforme

diminui a distância entre a base do cilindro e a parede, o que deve ser evitado para obter uma

boa qualidade da malha.

Figura 5-2. Teste de independência da malha.

O teste de convergência ou independência da malha realizado para algumas razões

e/D (e/D=1, e/D=0,3 e e/D=0,1) é resumido na Figura 5-2.

5.3. Escoamento ao redor de um cilindro estacionário

Nesta etapa, as simulações foram realizadas com Re=2×104 em um cilindro

estacionário com diâmetro D=0,0635m, fluxo de entrada uniforme U=0,315 m/s e viscosidade

cinemática ν=10-6

m²/s.

As distâncias da parte inferior do cilindro à parede variaram entre 0,1<e/D<3. O

escoamento é simplificado para um cálculo 2D, utilizando os eixos x e y, devido aos custos

computacionais que seriam necessários em um cálculo 3D.

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Para escolha do modelo de turbulência, levam-se em consideração os modelos k-ε,

por ser o mais utilizado por pesquisadores e pela indústria e compara-se com o modelo k-ω

SST, que consegue resolver adequadamente fluxos com gradiente adverso de pressão sendo

um híbrido entre os modelos k-ε e k-ω, minimizando as deficiências de ambos. Basicamente,

este modelo utiliza o modelo k-ω nas regiões próximas a paredes e o k- ε no escoamento livre

de cisalhamento.

Os resultados foram obtidos considerando-se as mesmas condições iniciais e são

resumidos na Tabela 5-2, onde valores dos coeficientes médios de arrasto e sustentação para

os dois modelos são comparados com valores experimentais extraídos de gráficos de Roshko

et al. (1975), sendo o erro calculado pela equação (78).

Tabela 5-2. Resultados para comparação entre modelos de turbulência.

e/D

k-ε k-ω SST Roshko et al.

(1975)

𝐶�� Erro

(%) 𝐶��

Erro

(%) 𝐶��

Erro

(%) 𝐶��

Erro

(%) 𝐶�� 𝐶��

0,3 0,96 13 0,23 4,5 1,14 3,6 0,32 45 1,1 0,22

0,5 0,96 20 0,12 33 1,20 0 0,15 17 1,2 0,18

0,8 0,79 38 0,04 60 1,31 3,0 0,10 0 1,27 0,10

1 0,82 35 0,06 0 1,32 4,7 0,09 50 1,26 0,06

𝐸𝑟𝑟𝑜 (%) =𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙𝑥100 (78)

Embora alguns resultados para o coeficiente de sustentação obtidos com o modelo

de turbulência k-ε tenham sido mais próximos dos resultados experimentais, em comparação

com o modelo de turbulência k-ω SST, este último apresentou resultados mais próximos da

literatura na maioria dos casos simulados.

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Com base nestes resultados, as simulações a seguir serão feitas utilizando o

modelo k-ω SST. Além disso, conforme citado anteriormente, este modelo consegue resolver

adequadamente fluxos com gradientes adversos de pressão presentes no escoamento deste

estudo.

Não há um modelo universal que consiga descrever com precisão todos os

escoamentos turbulentos nos diversos valores de Reynolds. Entretanto, Akoz e Kirkgoz

(2009), por exemplo, investigaram os modelos k-ε, k- ω e SST para 1000<Re<7000 em um

escoamento ao redor de um cilindro bidimensional e encontraram bons resultados para CD e

CL para os modelos k- ω e k-ω SST. O modelo k-ε apresentou valores menores de CD e

maiores de CL, em relação a dados experimentais.

As diversas malhas foram geradas com um valor de y+<2 nas proximidades do

cilindro e da parede. Quando o vão livre diminui, a distância entre o cilindro e a parede

também diminuem, fazendo com que as células entre os dois elementos sejam menores,

resultando em malhas com valores menores de y+ na região do cilindro, como mostrado na

Tabela 5-3.

Tabela 5-3. Número de células e valores de y+ para cilindro estacionário.

e/D y+ cilindro y

+ parede Células

1 1,25 0,20 186000

0,8 1,90 0,03 170160

0,5 0,48 0,64 124800

0,3 0,28 0,07 147010

0,1 0,10 0,02 120400

Os efeitos da camada limite presente no escoamento devido ao atrito com a parede

não são considerados neste estudo, sendo que uma espessura da ordem de O (0,01D) foi

obtida, e, além disso, a razão de afastamento e/D domina as características do escoamento,

conforme discutido por Neto (2012).

Os resultados para alguns valores de e/D são mostrados a seguir:

e/D=1.

Nesta situação o escoamento em torno do cilindro comporta-se como no caso de

um cilindro isolado, ou seja, não sofre influência da proximidade com a parede plana. Desta

maneira, observa-se o desprendimento alternado de vórtices e formação da esteira, conforme

verificado experimentalmente por Roshko et al.(1975). O mesmo comportamento é observado

para razões maiores (e/D=2 e e/D=3) e, portanto, apenas os resultados para e/D=1 são

apresentados.

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Figura 5-3. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha contínua) e sustentação

(linha tracejada) para e/D=1.

Figura 5-4. FFT para coeficientes de arrasto (linha contínua) e sustentação (linha tracejada)

para e/D=1.

A Figura 5-3 mostra o histórico de tempo dos coeficientes de arrasto e sustentação

após a solução atingir um regime periódico, para a razão e/D=1. A frequência de

desprendimento de vórtices é determinada utilizando o histórico de tempo do coeficiente de

sustentação e realizando a FFT (Figura 5-4). A frequência dominante do arrasto é o dobro da

sustentação, indicando que há a emissão de um par de vórtices e onde se observa o pico é a

frequência de desprendimento de vórtice.

A frequência de desprendimento de vórtices é, portanto, a mesma do coeficiente

de sustentação, que neste caso é 1,4. O número de Strouhal obtido foi igual a 0,28.

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75

Figura 5-5. Campo de velocidades para e/D=1.

A visualização do escoamento permite observar que o desprendimento de vórtices

ocorre de maneira alternada, conforme previsto pela literatura. A Figura 5-5 é obtida pelo

software de pós-processamento ParaView®, presente no OpenFOAM

®. As regiões próximas

da cor azul são as que possuem menores velocidades e as regiões próximas da coloração

vermelha as maiores velocidades. Uma vista aproximada próxima à região da parede é

mostrada e pode-se observar que a velocidade nesta região é nula.

e/D=0,8

Figura 5-6. Campo de velocidades para e/D=0,8.

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76

Figura 5-7. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,8.

Assim como em e/D>1, o escoamento em torno do cilindro para e/D=0,8

praticamente não sofre influência da parede. Nesta distância espera-se que ocorra alguma

variação no escoamento devido à influência da parede. Entretanto, o valor de 𝐶�� permanece

praticamente constante, com apenas uma pequena redução no seu valor, como se pode

observar na Figura 5-6. Assim como no caso anterior, pode-se observar o desprendimento

alternado de vórtices e formação da esteira. Novamente a frequência da força de arrasto é

duas vezes a frequência da força de sustentação.

e/D=0,5

O desprendimento de vórtices ainda não é suprimido neste caso. A camada

cisalhante do lado da parede é menos desenvolvida do que no lado livre do cilindro, levando a

uma interação mais fraca entre as camadas conforme a distância da parede diminui. A redução

na região entre o cilindro e a parede enfraquece o vórtice inferior, como se pode observar

comparando as Figuras 5-7 e 5-10, resultando em uma mudança nos coeficientes de arrasto e

sustentação. Há uma redução no coeficiente médio de arrasto e aumento na sustentação.

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77

Figura 5-8. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,5.

Figura 5-9. FFT para e/D=0,5.

A frequência de desprendimento de vórtices, conforme de observa na Figura 5-9,

é de 1,6 resultando em um número de Strouhal igual a 0,32, ligeiramente superior aos valores

de 0,28 obtidos nas razões superiores a 0,5.

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78

Figura 5-10. Campo de velocidades para e/D=0,5.

e/D=0,3

As camadas limites da parte superior e inferior do cilindro interagem entre si,

suprimindo o desprendimento de vórtices da parte inferior do cilindro. As frequências obtidas

para os coeficientes de arrasto e sustentação foram as mesmas e indica que apenas um vórtice

é liberado. Price et al. (2002) observaram experimentalmente uma região de separação à

jusante do cilindro e visualizaram a região de separação para razões de e/D=0,25 e 0,375.

Figura 5-11. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,3.

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79

Figura 5-12. FFT para e/D=0,3.

Este comportamento pode ser concluído pelas Figuras 5-11 e 5-12. Além disso, a

frequência de desprendimento observada nestas simulações foi de 1,4 Hz e o valor de St foi de

0,28 quando e/D=1 e e/D=0,8, passando a 0,32 quando e/D=0,5 e novamente 0,28 quando

e/D=0,3. Bearman e Zdravkovich (1978) observaram que St permanece constante para

e/D>0,3 e diminui quando e/D<0,3. Desta maneira, os resultados obtidos para St quando

e/D>0,3 estão de acordo com as observações experimentais.

Para e/D=0,1 não se observou o desprendimento de vórtices, portanto, o

comprimento crítico para estas condições encontra-se na faixa 0,1<e/D<0,3. Para se

determinar o valor exato da razão crítica, diversas simulações devem ser realizadas dentro

deste intervalo.

Figura 5-13. Campo de velocidades para e/D=0,3.

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80

e/D=0,1

A interação entre as camadas limites do cilindro deixam de existir e o

desprendimento de vórtices é completamente suprimido. A Figura 5-15 mostra o contorno da

magnitude do campo de velocidade e indica que o desprendimento de vórtices é suprimido,

pois há um baixo fluxo de fluido na região abaixo do cilindro, criando um grande vórtice a

jusante do cilindro, conforme observação experimental de Price et al. (2002). Em alguns

casos, como Bearman e Zdravkovich (1978) que utilizaram Re=4,8×104, um vórtice com um

comprimento seis vezes maior que o diâmetro do cilindro pode ser observado. Neste estudo,

uma esteira com aproximadamente 12 vezes o diâmetro do cilindro foi observada. O número

de Reynolds e o refinamento mais grosseiro na região a jusante do cilindro e próximo à

fronteira de saída são as prováveis causas desta diferença.

Figura 5-14. Histórico de tempo para coeficiente de arrasto (linha tracejada) e sustentação

(linha contínua) para e/D=0,1.

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81

Figura 5-15. Campo de velocidades para e/D=0,1.

A Figura 5-14 mostra o histórico de tempo dos coeficientes de arrasto e

sustentação. Pode-se observar que não há uma oscilação dos coeficientes, e estes tendem a um

valor constante, o que é resultante da supressão de vórtices.

Validação dos resultados para coeficientes de arrasto e sustentação.

Os valores médios dos coeficientes de arrasto e sustentação obtidos são

comparados aos valores experimentais obtidos por Roshko et al. (1975), de forma a validar a

simulação numérica e o método utilizado. Os resultados para o coeficiente de arrasto

apresentam boa concordância com a literatura, assim como o coeficiente de sustentação.

Conforme se diminui a distancia do cilindro em relação à parede, o coeficiente de arrasto

tende a aumentar e o oposto ocorre com o coeficiente de sustentação.

Figura 5-16. Comparação entre o coeficiente de arrasto simulado e obtido da literatura.

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82

Figura 5-17. Comparação entre o coeficiente de sustentação simulado e obtido da literatura.

As Figuras 5-16 e 5-17 mostram os resultados das simulações e a comparação

com resultados experimentais obtidos da literatura. Nota-se a grande concordância com os

resultados de Roshko et al. (1975), que utilizaram o mesmo número de Reynolds. As curvas

de Zdravkovich (1985) mostram que para outros valores de Reynolds a tendência da curva é a

mesma, ou seja, na ausência do efeito solo o valor do coeficiente se mantém constante.

Embora tenham valores ligeiramente superiores aos experimentais, as tendências

das curvas obtidas nas simulações estão de acordo com a literatura. Sabe-se que para Re>180

ocorre uma transição para a turbulência nos vórtices formados na esteira, tornando o

escoamento tridimensional.

Além disso, a VIV é um fenômeno tridimensional, e as simulações bidimensionais

superestimam os valores dos coeficientes de arrasto e sustentação, enquanto que as

simulações tridimensionais conseguem predizer corretamente os valores (Mittal e

Balachandar, 1995). Entretanto, as simulações tridimensionais tem um alto custo

computacional e estão limitados a moderados valores de Re.

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83

5.4. Escoamento ao redor de um cilindro com oscilação forçada.

Figura 5-18. Cilindro em oscilação forçada.

Utilizando as mesmas condições iniciais e de contorno descritas nas simulações

com um cilindro estacionário, foram realizadas simulações considerando-se oscilações

forçadas para cada uma das razões e/D, conforme esquematizada na Figura 5-18. O valor

adimensional da amplitude de oscilação (A/D) foi variado entre 0,0125<A/D<0,2 e a

frequência de oscilação (fosc) entre 0,2 Hz<fosc<2,48 Hz (0,04<f<0,5), para o mesmo valor de

Reynolds (2×104) e para vãos livres de e/D=1, e/D=0,3 e e/D=0,1.

A frequência de oscilação adimensional (f) é utilizada para definir a condição do

cilindro em oscilações forçadas, sendo calculado pela Equação (79).

𝑓 =𝑓𝑜𝑠𝑐𝐷

𝑈

(79)

A força de sustentação, no caso de oscilações forçadas é dada por uma

combinação entre amplitude e frequência. Variações ocorrem também no coeficiente de

arrasto, como observado experimentalmente por Sarpkaya (1977).

A oscilação ou vibração de um cilindro provoca mudanças nas características da

camada limite, como por exemplo, a formação de uma bolha de separação e desprendimento

de vórtices (Koushan, 2009).

A malha utilizada no caso do cilindro estacionário foi testada nestas simulações,

entretanto, não houve convergência da solução, pois a máxima razão de aspecto (aspect ratio)

das células foi inadequada. Com isto, novas malhas foram geradas para avaliar o efeito da

oscilação (VIV) no cilindro. O modelo de turbulência utilizado foi o mesmo do caso anterior

e, portanto, adotou-se novamente o valor de y+<2 para a camada limite do cilindro e camada

limite da parede.

A Tabela 5-4 apresenta os casos simulados e resultados obtidos para e/D=1, com

amplitudes adimensionais A/D= 0,1 e 0,2 para diferentes frequências (f).

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Tabela 5-4. Simulações realizadas para e/D=1, cilindro oscilatório.

e/D A/D f 𝐶�� 𝐶��

1

0,1

0,04 0,64 -0,05

0,08 1,20 0,01

0,15 1,09 0,2

0,18 1,65 0,15

0,20 2 0

0,25 1,66 -0,01

0,30 1,37 0

0,35 1,15 -0,01

0,2

0,04 0,96 -0,02

0,08 1,36 0,15

0,15 1,76 0,23

0,18 2,24 0,21

0,20 1,78 0,13

0,25 1,84 0,07

0,30 1,55 -0,02

0,35 1,64 0

Os resultados da Tabela 5-4 para os valores de 𝐶�� e 𝐶�� são ilustrados nas Figuras

5-19 e 5-20.

Figura 5-19. Resultados para coeficiente de arrasto para o cilindro oscilatório com e/D=1.

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85

Figura 5-20. Resultados para coeficiente de sustentação para o cilindro oscilatório com e/D=1.

Conforme se observa no gráfico da Figura 5-19, para e/D=1 e A/D=0,2, o valor do

coeficiente de arrasto tem um valor próximo de um para a menor frequência e seu valor

aumenta até atingir o pico próximo à frequência de 0,2, sofrendo uma leve redução para

frequências maiores. Isto ocorre pois na região próxima da frequência 0,2 a frequência de

oscilação é próxima da frequência de Strouhal.

O mesmo comportamento é observado para a amplitude de oscilação A/D=0,1,

onde o valor do coeficiente de arrasto tem um valor de 0,64 para a frequência f=0,04 e atinge

um pico na frequência f=0,2.

Em relação ao coeficiente de sustentação, observa-se a mesma tendência dos

resultados para o coeficiente de arrasto: os valores crescem ate atingir um pico, próximo à

frequência de 0,2 e, posteriormente, sofrem uma redução no valor médio.

Comparando-se os resultados para a mesma frequência de oscilação e diferentes

amplitudes, observa-se que o valor dos coeficientes de arrasto e sustentação é maior para a

maior amplitude (A/D=0,2).

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86

Tabela 5-5. Simulações realizadas para e/D=0,3, cilindro oscilatório.

e/D A/D f CD CL

0,3

0,05

0,04 1,20 0,15

0,1 1,25 0,14

0,15 1,40 0,51

0,18 1,52 0,46

0,20 1,34 0,52

0,25 1,17 0,77

0,30 1,23 0,36

0,35 1,37 0,05

0,40 1,10 0,15

0,45 1,01 0,21

0,50 1,05 0,18

0,1

0,04 1,22 0,10

0,1 1,31 0,26

0,15 1,33 0,58

0,18 1,49 0,52

0,20 1,57 0,58

0,25 1,35 0,97

0,30 1,38 0,26

0,35 1,42 0,13

0,40 1,27 0,31

0,45 1,35 0,29

0,50 1,44 0,26

0,125

0,04 1,18 0,04

0,1 1,3 0,56

0,15 1,27 0,69

0,18 1,38 0,78

0,20 1,45 0,70

0,25 1,36 0,63

0,30 1,46 0,35

0,35 1,35 0,34

0,40 1,43 0,34

0,45 1,52 0,33

0,50 1,46 0,28

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Figura 5-21. Resultados para coeficiente de arrasto para o cilindro oscilatório com e/D=0,3.

Figura 5-22. Resultados para coeficiente de sustentação para o cilindro oscilatório com

e/D=0,3.

Os resultados obtidos para o caso e/D=0,3 com amplitudes de oscilação iguais a

0,05, 0,1 e 0,125 são apresentadas na Tabela 5-5 e ilustradas nas Figuras 5-21 e 5-22.

Nas Figuras 5-21 e 5-22, observa-se que, em geral, há um aumento nos

coeficientes de arrasto e sustentação até valores de frequência próximos a f=0,2 e

posteriormente, ocorre uma diminuição nestes valores.

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Para o caso do cilindro oscilatório em um vão livre de e/D=0,1 o mesmo

comportamento dos casos e/D=1 e e/D=0,3 é observado. Neste caso, um número menor de

casos foi simulado, devido ao pequeno espaçamento entre o cilindro e a parede, que

dificultam a garantia de parâmetros de qualidade da malha como, por exemplo, a razão de

aspecto.

Tabela 5-6. Simulações realizadas para e/D=0,1, cilindro oscilatório.

e/D A/D f CD CL

0,1

0,0125

0,10 0,93 0,22

0,15 0,94 0,21

0,20 1 0,06

0,25 0,95 0,28

0,05

0,10 0,94 0,22

0,15 1 0,16

0,20 1,04 0,18

0,25 0,97 0,64

Figura 5-23. Resultados para coeficiente de arrasto para o cilindro oscilatório com e/D=0,1.

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89

Figura 5-24. Resultados para coeficiente de sustentação para o cilindro oscilatório com

e/D=0,1.

Os resultados obtidos para o caso e/D=0,1 com amplitudes de oscilação iguais a

0,05 e 0,0125 são apresentadas na Tabela 5-6 e ilustradas nas Figuras 5-23 e 5-24.

Não foram encontrados na literatura dados experimentais utilizando cilindro com

oscilações forçadas nas proximidades de uma parede para este valor de Reynolds (2×104). Por

esta razão, compara-se qualitativamente os resultados numéricos obtidos por Plackzek et al.

(2009) e Nobari e Naderan (2006) e resultados experimentais de Chen et al. (2013),

apresentados nas Figuras 5-25, 5-26 e 5-27.

As forças de arrasto aumentam com a amplitude de oscilação, pois o cilindro ao

oscilar aparentemente aumenta a área projetada em relação escoamento, atingindo um

máximo na frequência adimensional entre 0,18 e 0,20, na região de sincronização (lock-in),

conforme observado experimentalmente por Sarpkaya (1977).

Conforme aumenta a amplitude de oscilação, o cilindro se aproxima mais da

parede, fazendo com que a velocidade no vão livre aumente, reduzindo a pressão, o que

resulta em um aumento no coeficiente de sustentação.

Placzek et al. (2009), utilizando Re=100 obtiveram numericamente um aumento

no coeficiente de arrasto médio na região de lock-in em diferentes frequências. Através da

densidade espectral (PSD) do coeficiente de sustentação mostrou que a frequência dominante

é aproximadamente igual a um, o que indica que as forças são governadas pela frequência

forçada, ao invés da frequência de Strouhal determinada para o cilindro fixo.

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90

Em relação ao coeficiente de arrasto, a frequência obtida foi aproximadamente

igual a dois, ou seja, a força de arrasto é controlada pela frequência forçada.

Figura 5-25. Variação do coeficiente de arrasto com a frequência de oscilação F=fosc/fs

(Nobari e Naderan, 2006).

Nobari e Naredan (2006) realizaram simulações numéricas com Re=100 e

definiram a região de lock-in como sendo aquela onde somente um pico é observado no

espectro de frequência do coeficiente de sustentação.

Quando o lock-in não ocorre, dois picos são observados, sendo um deles

correspondente à frequência de oscilação e outro à frequência de Strouhal. Para o coeficiente

de arrasto, concluíram que abaixo da frequência de Strouhal, o valor é praticamente o mesmo

do cilindro estacionário e um leve aumento é devido a uma maior velocidade incidente devido

ao movimento do cilindro.

O pico máximo ocorre na frequência de St e ultrapassando o limite superior da

região de lock-in o coeficiente começa a diminuir. Em relação à esteira de vórtices obtiveram

uma mudança no padrão, indo do 2S ao P+S conforme aumento na amplitude de oscilação.

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Figura 5-26. Coeficiente de arrasto em função da frequência para e/D=0,5 e A/D=0,3 e 0,45

(Chen et al., 2013).

Figura 5-27. Coeficiente de sustentação em função da frequência para e/D=0,5 e A/D=0,3 e

0,45 (Chen et al., 2013).

Chen et al. (2013) verificaram experimentalmente para Re=2×105 que há um

aumento no coeficiente de arrasto até atingir um valor de frequência adimensional próxima de

0,20 e diminui após este valor. Para o coeficiente de sustentação, o valor é praticamente

constante até f~0,16 e para frequências maiores segue a mesma tendência das curvas do

coeficiente de arrasto, para valores de 0,1<e/D<0,7. Em relação à amplitude de oscilação, há

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um aumento tanto no coeficiente de arrasto quanto no coeficiente de sustentação quando se

aumenta a amplitude de oscilação.

(A) (B)

(C) (D)

Figura 5-28. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=1, A/D=0,1

e f=0,2 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D).

Em relação à esteira de vórtices, Williamson e Roshko (1988) desenharam um

mapa dos padrões de desprendimento de vórtices, apresentado na Figura 2-14. Conforme

discutido na seção anterior, para o caso e/D=1 do cilindro estacionário há um desprendimento

alternado de acordo com o padrão 2S, que deve mudar devido à oscilação do cilindro. A

Figura 5-28 mostra o contorno de vorticidade em dois instantes de tempo diferentes, obtido na

simulação para e/D=1 com A/D=0,1 e 0,2 e f=0,2 e 2,49.

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(A) (B)

(C) (D)

Figura 5-29. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=1, A/D=0,2

e f=0,1 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D).

A Figura 5-29 apresenta o caso e/D=1 com amplitude de oscilação A/D=0,2 e

frequências 0,2 e 2,49, em dois instantes de tempo.

Na Figura 5-28, observa-se que o padrão de desprendimento de vórtices foi o 2S

para ambas as frequências na amplitude de oscilação A/D=0,1. Na amplitude A/D=0,2 e

frequência f=0,1 (Figura 5-29), o padrão observado também é o 2S, mas passa para P+S com

o aumento na frequência de oscilação. Williamson e Roshko (1988) concluíram que o padrão

passa do 2S para P+S ou 2P e posteriormente para 2P+2S, conforme aumenta a amplitude de

oscilação.

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(A) (B)

(C) (D)

Figura 5-30. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=0,3, A/D=0,05 e

f=0,2 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D).

O caso e/D=0,3 é mostrado nas Figuras 5-30 e 5-31, para as amplitudes de

oscilação A/D=0,05 e 0,125 nas frequências 0,2 e 2,49.

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(A) (B)

(C) (D)

Figura 5-31. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=0,3, A/D=0,125 e

f=0,2 (A) e (B) e f=2,49 (C) e (D).

O padrão observado na Figura 5-30 é o 2S para a menor frequência na amplitude

de oscilação 0,05. Na Figura 5-30 (C) e (D), referentes à maior frequência, obteve-se um

vórtice na parte traseira do cilindro com formato de uma asa quando o cilindro estava na

posição mais baixa de oscilação, devido à maior proximidade com a parede e a mudança no

padrão 2S para o P+S quando o cilindro passa pela posição mais alta de oscilação. Para a

amplitude de oscilação 0,125 (Figura 5-31) o padrão observado foi o 2S em todas as

frequências simuladas.

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(A) (B)

(C) (D)

Figura 5-32. Contornos de vorticidade em dois instantes de tempo para e/D=0,1, A/D=0,05 e

f=0,5 (A) e (B) e f=1,24 (C) e (D).

O terceiro caso analisado é o e/D=0,1, para amplitudes de oscilação A/D=0,05 e

0,0125 e nas frequências 0,5 e 1,24, mostrado na Figura 5-32.

Na Figura 5-32 (A) e (B) observa-se que para e/D=0,1 e A/D=0,05 na frequência

f=0,5 ocorre a formação de uma bolha de separação, como no caso do cilindro estacionário.

Conforme aumenta a frequência de oscilação, quando o cilindro se desloca para a posição

mais alta de seu movimento, um vórtice é liberado, devido ao maior afastamento da parede,

como observado na Figura 5-32 (C) e (D). Com a diminuição da amplitude de oscilação

(A/D=0,0125), observou-se um comportamento semelhante, mas com uma maior frequência

na liberação de vórtices.

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97

6. CONCLUSÕES

O escoamento ao redor de dutos submarinos representa uma parte crítica do

processo de explotação offshore e tem recebido bastante atenção por parte de pesquisadores e

da indústria, conforme se pode notar pelos diversos trabalhos publicados nesta área, como

artigos científicos, teses e normas como, por exemplo, a DNV-RP-F105.

Neste trabalho o objetivo foi estudar o comportamento de um duto na situação de

vão livre, que ocorre quando o duto fica suspenso próximo ao leito marinho, resultando em

danos estruturais, devido principalmente à ação da correnteza marítima e ao VIV.

A fluidodinâmica computacional foi utilizada para avaliar os coeficientes das

forças de arrasto e sustentação em um cilindro circular liso próximo a uma parede plana. Os

coeficientes de arrasto e sustentação em função do tempo foram obtidos e comparados com

resultados experimentais e numéricos disponíveis na literatura.

O valor do coeficiente de arrasto diminui conforme o cilindro se aproxima da

parede, indo de um valor médio de aproximadamente 1,2 quando o vão livre e/D>0,8 e

diminuindo para aproximadamente 0,8 quando está próximo da parede. Um comportamento

oposto é observado para o coeficiente de sustentação, ou seja, há um aumento no valor médio

do coeficiente conforme o cilindro se aproxima da parede.

A malha computacional utilizada tem uma grande influência nos resultados

obtidos para os coeficientes de arrasto e sustentação, particularmente as regiões próximas à

superfície do duto e do solo, representados respectivamente por um cilindro e uma parede

plana. Conforme apresentado na Tabela 5.1, variando-se a espessura da região de refino e o

fator de crescimento, os resultados também variam. O valor de y+ também foi analisado e

obteve-se que o valor ideal deve ser y+<2.

O modelo de turbulência utilizado (k-ω SST) mostrou-se mais adequado para o

presente estudo em comparação com o modelo de turbulência k-ε, sendo importante uma

investigação mais detalhada e extensiva a respeito dos diversos modelos de turbulência

existentes.

Para a escolha deste modelo de turbulência levou-se em consideração os valores

médios dos coeficientes de arrasto e sustentação e comparou-se com valores experimentais

obtidos da literatura. Além disto, o escoamento em estudo apresenta características que são

adequadas para a escolha para este modelo, como a presença de gradientes adversos de

pressão.

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No cilindro estacionário, ocorre uma supressão parcial de vórtices quando o vão

livre é de e/D=0,3 e há uma supressão completa de vórtices quando e/D=0,1. Desta maneira, o

comprimento crítico encontra-se na faixa 0,1<e/D<0,3.

Quando o cilindro está submetido a oscilações forçadas, geralmente ocorre um

aumento nos coeficientes de arrasto e sustentação, que atingem um valor máximo quando

submetidos a frequências próximas da frequência de Strouhal. A distância entre o cilindro e a

parede, que representa um duto em vão livre, também afeta os valores dos coeficientes, que

aumentam conforme aumenta a amplitude e frequência de oscilação.

De acordo com as simulações realizadas, estes valores foram aproximadamente

três vezes superiores para o coeficiente médio de arrasto e vinte vezes superiores para o

coeficiente médio de sustentação, comparando-se os maiores e menores valores para um

mesmo vão livre e mesma amplitude de oscilação, em diferentes frequências de oscilação.

Quando se compara um mesmo vão livre com a mesma frequência de oscilação e

diferentes amplitudes, observou-se um aumento de até 60% no coeficiente médio de arrasto e

para o coeficiente médio de sustentação observou-se que a relação pode chegar a ser 15 vezes

superior.

As situações onde e/D=1, e/D=0,3 e e/D=0,1 foram analisadas para diferentes

amplitudes de deslocamento em diferentes frequências, obtendo-se o mesmo padrão descrito

por Nobari e Naderan (2006), Chen et al. (2013) e Plackzek et al. (2014).

Os padrões de vórtices verificados nas simulações para o cilindro estacionário

estão de acordo com os padrões existentes na literatura (2S). De acordo com Williansom e

Roshko (1988) este padrão é alterado quando o cilindro está submetido a uma oscilação

forçada. A mudança depende da amplitude e frequência de oscilação, podendo ser

caracterizada pelo padrão 2P, 2S ou P+S.

Nas simulações realizadas foram observados os padrões 2S para as amplitudes de

0,05; 0,125; 0,1 e 0,2 nas frequências 0,2; 0,5 e 1,24, para os três valores de e/D (1, 0,3 e 0,1).

A mudança no padrão ocorreu em e/D=1 após aumento na amplitude e frequência de

oscilação (A/D=0,2 e f=2,49) e também para e/D=0,3 com amplitude de oscilação A/D=0,05 e

frequência f=2,49.

Com os resultados apresentados e comparados com a literatura, foi possível obter

uma boa correlação com os coeficientes das forças de arrasto e sustentação para o caso do

cilindro estacionário, sendo importante para avaliar a fadiga em risers e dutos submarinos

com trechos sujeitos a vão livre.

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Sugestões para trabalhos futuros

Este estudo realizou simulações bidimensionais e, portanto, um estudo para

realização de simulações tridimensionais (desde que exista disponibilidade computacional) é

sugerido, de forma a verificar se a estimativa para os coeficientes de arrasto e sustentação se

aproximam ainda mais dos valores experimentais, visto que uma superestimação destes

valores foi observada neste trabalho.

Simular um número maior de casos com maior variação de parâmetros, como o

número de Reynolds, amplitudes de oscilação, frequências de oscilação e comprimento do

duto (no caso de simulações tridimensionais). Além disso, pode-se analisar a oscilação do

duto na direção paralela à correnteza.

Cada simulação pode consumir um tempo computacional de aproximadamente

100 horas, e um estudo ou metodologia para otimização da malha ou decomposição da malha

para computação paralela deve ser realizado.

No OpenFOAM® existem cerca de 15 modelos de turbulência implementados e

uma investigação mais abrangente pode ser feita, além dos modelos k-ε e SST utilizados neste

trabalho. Sugere-se principalmente o modelo LES.

Devido à irregularidade do solo e de uma possível interação entre dutos, como no

escoamento ao redor de um conjunto de risers em plataformas, pode-se verificar a influência

de uma inclinação na parede ou da interação entre dois ou mais cilindros, verificando o efeito

provocado por esta configuração, como por exemplo, a vibração induzida pela interferência

na esteira de vórtices.

Conforme discutido no primeiro capítulo deste trabalho, a VIV é um fenômeno

indesejado no caso de dutos submarinos e, portanto pode-se propor um método para mitigação

da VIV. Alguns métodos têm sido utilizados na indústria como, por exemplo, a colocação de

suportes sob o duto, o uso de strakes, fairings e colocação de colchões.

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