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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS - MG ALESSANDRA GIORDANI ANDERSON MAIDA SIQUEIRA OLIVEIRA ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS PRODUZIDAS A PARTIR DE BIOPLÁSTICO (PLÁSTICO VERDE) Poços de Caldas - MG 2014

estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

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Page 1: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS - MG

ALESSANDRA GIORDANI ANDERSON MAIDA SIQUEIRA OLIVEIRA

ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS PRODUZIDAS A

PARTIR DE BIOPLÁSTICO (PLÁSTICO VERDE)

Poços de Caldas - MG 2014

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ALESSANDRA GIORDANI ANDERSON MAIDA SIQUEIRA OLIVEIRA

ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS PRODUZIDAS A

PARTIR DE BIOPLÁSTICO (PLÁSTICO VERDE)

Trabalho apresentado à disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso I do curso de Engenharia Química da Universidade Federal de Alfenas – campus Poços de Caldas, sob a orientação da professora Doutora Maria Gabriela Nogueira Campos.

Poços de Caldas – MG 2014

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecemos à Deus por ser nossa fonte de força e amparo,

permitindo a realização de mais um sonho.

Gostaríamos de dedicar este trabalho às nossas famílias, que sempre nos

incentivaram para a realização de nossos ideais, encorajando-nos a enfrentar todos

os momentos de dificuldade da vida.

Aproveitamos ainda para agradecer aos amigos, professores, profissionais da

M&G fibras Brasil S/A envolvidos e, em especial, à Professora Dra. Maria Gabriela

Nogueira Campos pela inestimável ajuda prestada à nós durante a realização deste

trabalho.

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RESUMO

As diversas propriedades dos materiais plásticos permitem a sua utilização

em praticamente todas as atividades industriais. Além disso, o fato de que o plástico

contribuiu significantemente para o nível de desenvolvimento presenciado nos dias

atuais, principalmente, com relação à saúde e sobrevivência da população, resulta

no elevado consumo deste polímero.

Desta forma, problemas como o esgotamento de matéria-prima não renovável

e o acúmulo de resíduos de difícil degradabilidade são observados. Neste contexto,

a utilização do plástico verde, proveniente de uma fonte renovável, pode coloborar

para a solução destes problemas.

Diante disto, analisou-se as embalagens plásticas de água e refrigerante, cuja

composição contém 30% de bioplástico (plástico verde), de acordo com a norma

ASTM D6400, para avaliar a sua biodegradação em solo. Caracterizou-se também,

quanto à granulometria, o solo em que as amostras foram enterradas, obtendo que o

mesmo classificava-se como solo arenoso, o qual mostrou-se adequado para avaliar

a biodegradação de plásticos.

Entretanto, encontrou-se resultados semelhantes para o PET verde e o PET

comum durante o ensaio, tanto para as garrafas de água quanto para as garrafas de

refrigerante, concluindo-se que as embalagens de PET verde não são

biodegradáveis.

Palavras chave: bioplásticos, plásticos biodegradáveis, plástico verde,

biodegradação

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ABSTRACT

The many properties of plastics materials allow them to be used in almost all

industrial activities. Furthermore, the fact that the plastic has significantly contributed

to the level of development seen nowadays especially when referring to health and

population survival, results in high consumption of this polymer.

Therefore, problems such as depletion of non-renewable raw materials and

accumulation of difficult degradability residues are observed. In this context, the use

of green plastic, from a renewable source, can collaborate to solve these problems.

Given this, we analyzed the plastic packaging which composition contains

30% bioplastic (green plastic), in accordance with ASTM D6400 to evaluate

biodegradation in soil. It was characterized too, regarding granulometry, the soil

where the samples were buried, getting that it was classified as sandy soil, which

proves to be adequate to assess the biodegradation of plastics.

However, we found similar results for Green PET and common PET during the

test, both for water bottles as for soft drinking bottles, noticing that packages of green

PET are not biodegradable.

Key words: Bioplastics, biodegradable plastics, green plastic, biodegradation.

Page 7: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 8

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 9

3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 10

3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 10

3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 10

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 10

4.1 Bioplásticos .............................................................................................................. 10

4.2 Plásticos Biodegradáveis ....................................................................................... 11

4.3 Influência da composição granulométrica do solo na biodegradação ............ 13

4.4 Polietileno verde (PE verde) .................................................................................. 13

4.5 PlantBottleTM (PET verde) ...................................................................................... 15

5 METODOLOGIA ............................................................................................................ 17

5.1 Análise Térmica das Amostras (DSC) ................................................................. 17

5.2 Análise Granulométrica do Solo ........................................................................... 17

5.2.1 Peneiramento grosso ...................................................................................... 18

5.2.2 Peneiramento fino ............................................................................................ 18

5.2.3 Determinação da umidade higroscópica da amostra................................. 18

5.2.4 Construção da Curva Granulométrica do Solo ........................................... 19

5.3 Avaliação da Biodegradação a partir de Medidas de Massa ........................... 21

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................. 23

6.1 Análise Térmica (DSC) ........................................................................................... 23

6.2 Análise Granulométrica do Solo ........................................................................... 25

6.2.1 Peneiramento grosso ...................................................................................... 26

6.2.2 Peneiramento Fino .......................................................................................... 27

6.2.3 Umidade higroscópica ..................................................................................... 27

6.2.4 Construção da Curva Granulométrica do Solo ........................................... 28

6.3 Avaliação da Biodegradação a partir de Medidas de Massa ........................... 31

7 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 34

8 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 35

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1 INTRODUÇÃO

Os plásticos consistem em materiais orgânicos compostos por

macromoléculas, sendo sintetizados principalmente por meio de derivados do

petróleo (GONÇALVES, 2007). As diversas propriedades destes materiais, tais

como, baixa densidade, baixa condutividade térmica e elétrica, resistência ao

impacto sem que ocorra deformação definitiva, alta resistência à corrosão, baixa

taxa de degradação, durabilidade, fácil processamento e baixo custo de produção,

tornaram sua utilização viável em quase todas as atividades industriais.

A indústria de produtos plásticos vem crescendo continuamente desde a

segunda metade do século XX, alcançando 280 milhões de toneladas em 2011, o

que representa um aumento de cerca de 9% ao ano desde 1950, quando a

produção era de apenas 1,5 milhões de toneladas (PLASTICS EUROPE, 2012). A

produção brasileira representa 2% da produção mundial de plásticos, tendo

produzido 6 milhões de toneladas em 2011 (ABIPLAST, 2012).

O crescimento explosivo no consumo de plásticos pode ser explicado pelo

fato de que estes materiais representam um dos alicerces do nível de

desenvolvimento observado atualmente, principalmente em relação à saúde e

sobrevivência da população. Neste contexto, acredita-se que a demanda por estes

materiais continue aumentando no século XXI, principalmente devido ao aumento no

consumo de plásticos pelos países em desenvolvimento (INNOCENTNI-MEI;

MARIANI, 2005).

Desta forma, apesar dos inúmeros benefícios provenientes destes materiais,

a sua utilização acarreta dois grandes problemas, o esgotamento de matéria-prima

não renovável e o acúmulo de resíduos de difícil degradabilidade. Além disso, estes

materiais podem causar danos à saúde dos seres humanos e animais,

principalmente devido aos aditivos e outros produtos químicos utilizados durante a

sua fabricação (OLIVEIRA, 2012). Com isso, diferentes soluções para o

gerenciamento de resíduos plásticos produzidos em sociedade são propostas,

dentre elas encontram-se a reciclagem, incineração ou uso de polímeros

biodegradáveis.

O processo de reciclagem de plásticos tem apresentado um crescimento nos

últimos anos, entretanto, sua taxa de reciclagem ainda é baixa em comparação a

quantidade de resíduos produzidos por estes materiais. Isto ocorre, pois a complexa

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composição dos plásticos, bem como a contaminação que geralmente ocorre

durante o seu uso, torna a utilização de aterros sanitários mais viável

economicamente do que a reciclagem. Além disso, a reciclagem pode modificar as

propriedades apresentadas pelos plásticos, limitando posteriores aplicações destes

materiais (LOPES, 2010).

Já, o processo de incineração, apresenta como principal problema a

possibilidade de mistura imperfeita do ar com o combustível, o que pode causar a

emissão de produtos provenientes da combustão incompleta (MACHADO, 2012).

Sendo assim, este procedimento além de caro, pode mostrar-se perigoso.

Desta forma, torna-se imprescindível a produção de substitutos

ambientalmente sustentáveis, os plásticos biodegradáveis, materiais importantes no

gerenciamento de resíduos, uma vez que conseguem retornar rapidamente para o

meio ambiente, podendo ser degradados por microorganismos presentes no próprio

meio, e transformando-se totalmente em gás carbônico e água, sem que ocorra a

geração de resíduos tóxicos (MACHADO, 2012).

Neste trabalho, buscou-se avaliar a biodegradação do plástico verde, de

forma a demonstrar as vantagens de utilização deste biopolímero, que inauguram

uma nova fase na cadeia produtiva do plástico, trazendo inovação e novas soluções

sustentáveis (BRASKEM, 2012).

2 JUSTIFICATIVA

O crescimento explosivo no consumo de plásticos gera como principais

problemas o esgotamento de matéria-prima não renovável e o acúmulo de resíduos

de difícil degradabilidade. Neste contexto, o plástico verde mostra-se como uma

importante alternativa para solucionar estes problemas, uma vez que é um

biopolímero proveniente de uma fonte renovável, cuja produção, ao invés de liberar

gás carbônico para atmosfera, contribui para absorção do mesmo através do cultivo

da cana de açúcar.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho foi avaliar a biodegradação em solo de embalagens

PET comum e PET verde, de acordo com a norma ASTM D6400.

3.2 Objetivos Específicos

Compreender os métodos de síntese e processamento dos bioplásticos, bem

como suas propriedades e particularidades.

Caracterizar, quanto à granulometria, o solo em que as amostras serão

enterradas.

Avaliar a variação de massa das amostras enterradas a cada 30 dias.

Comparar a morfologia das amostras antes e depois do processo de

degradação em solo.

Caracterizar, com relação às propriedades térmicas das amostras virgens, as

embalagens de PET e PET verde.

Avaliar o processo de degradação o qual as amostras foram submetidas.

Avaliar o efeito da espessura da embalagem em sua biodegração.

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Bioplásticos

O termo bioplástico pode ser definido segundo dois conceitos: plásticos

produzidos utilizando matérias primas renováveis, as quais podem ser convertidas

em produtos biodegradáveis ou não biodegradáveis, bem como, plásticos

biodegradáveis produzidos a partir de matérias primas renováveis ou fósseis

(SECOM, 2007).

Para produção destes plásticos, pode-se utilizar diversos tipos de matérias

primas renováveis, tais como, milho, batata, cana de açúcar, madeira, entre outras,

que possibilitem a extração do açúcar e do amido, uma vez que estes são

imprescindíveis para transformação destes componentes em bioplásticos.

Entretanto, cabe salientar que a utilização de matérias primas renováveis não

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implicam na biodegradabilidade do plástico, pois esta depende da estrutura química

que necessita ser compatível com processos de decomposição (SECOM, 2007).

Segundo European bioplastics (2014), os bioplásticos estão impulsionando a

evolução dos plásticos, tendo vantagens em relação aos plásticos convencionais, já

que economizam recursos fósseis, através da utilização de biomassa com

capacidade de regeneração e apresentam o potencial de neutralidade do carbono.

4.2 Plásticos Biodegradáveis

Os plásticos biodegradáveis consistem em materiais poliméricos, obtidos por

rotas sintéticas, que sob a influência de fatores ambientais sofrem alterações

químicas, bem como uma completa assimilação microbiana dos produtos

provenientes da degradação, resultando apenas, em gás carbônico e água

(INNOCENTNI-MEI; MARIANI, 2005).

Estes plásticos apresentam propriedades físicas e químicas semelhantes às do

plástico comum, entretanto, enquanto o plástico biodegradável pode levar de 6 a 12

meses para se degradar, um plástico não biodegradável como o PET comum, por

exemplo, pode demorar até 200 anos (RAMALHO, 2009).

Desta forma, a degrabilidade consiste em uma propriedade fundamental

destes polímeros, sendo causada pelas condições ambientais e pelos organismos

vivos. Esta degradação deve ser completa, apresentando como produtos somente

dióxido de carbono, água e outros produtos bioassimiláveis, e ocorrer em um

período determinado (Figura 1).

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Figura 1: Ilustração da Degradação de uma cadeia polimérica.

FONTE: INNOCENTNI-MEI, L.H.; MARIANI, P.D.S.C, 2013

Tem-se duas vias de degradação polimérica, a fragmentação e a

mineralização. Sendo assim, na primeira etapa os plásticos biodegradáveis são

degradados em partículas pequenas, cujo tamanho seja suficiente para a posterior

utilização como nutrientes para os microorganismos, acarretando no

desaparecimento visual deste polímero. A fragmentação deve resultar em produtos

de peso molecular em torno de 1000 daltons (INNOCENTNI-MEI; MARIANI, 2005).

Já na mineralização, os produtos fragmentados são digeridos pelos

microorganismos, visto que utilizam a energia armazenada nestas moléculas para

seu crescimento. Esta etapa, acarreta a produção de gás carbônico, água e uma

pequena quantidade de outros produtos de degradação biocompatíveis

(INNOCENTNI-MEI; MARIANI, 2005).

Vale ressaltar que vários fatores ambientais podem causar a degradação

polimérica e, de acordo com o fator ambientalmente ativo, pode-se classificar a

mesma em categorias, tais como, foto-degradação, causada pela luz solar, termo-

degradação, acarretada pela temparatura, biodegradação, ocasionada por

microorganismos, hidrólise, causada pela presença de água, e degradação

oxidativa, acarretada pela presença de oxigênio. Dessa forma, a biodegradação não

consiste na única forma de decomposição polimérica, podendo estar associada ou

não às outras categorias de degradação.

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4.3 Influência da composição granulométrica do solo na biodegradação

A composição granulométrica do solo afeta diretamente as condições de

biodegradação, pois o tamanho das partículas presentes no mesmo influenciam a

quantidade de água presente no solo, a difusão de gás na superfície do solo, a

transferência de calor e a porosidade, fatores primordiais para o crescimento de

microrganismos (BASTIOLI, 2005).

Estes fatores variam de acordo com a classificação e consequente

características do solo. Assim, os solos arenosos permitem uma difusão de gás

facilitada, o que acarreta a presença de microrganismos aeróbicos, como fungos, os

quais apresentam uma elevada contribuição na biodegradação. Já, em solos

argilosos, a formação de blocos dificulta o crescimento de microrganismos

aeróbicos, pois prejudica a aeração do solo. Ou seja, quanto menor o tamanho dos

grãos presentes no solo e quanto menor for sua porosidade, mais lenta será a troca

de gases em seu interior (BASTIOLI, 2005).

Uma vez que as condições aeróbicas são geralmente favoráveis para

biodegradações rápidas de plástico, é importante salientar que estas são

favorecidas por baixos teores de água, enquanto que condições anaeróbicas são

estabelecidas em solos irrigados por inundação (BASTIOLI, 2005).

Vale ressaltar que o crescimento dos microrganismos depende também de

outras condições do solo, como composição química, fatores geográficos, pH e

temperatura, capacidade de retenção de água no solo, as quais também exercem

influência nas atividades de biodegradação (BASTIOLI, 2005).

4.4 Polietileno verde (PE verde)

Convencionalmente, a produção de polietileno se dá a partir do etileno (C2H4),

encontrado na forma de um gás incolor, extremamente inflamável, de odor etéreo,

levemente adocicado, que se liquefaz a -103°C e solidifica a -169°C. (SOLOMONS,

1996)

Existem 4 métodos mais usuais para a produção de etileno, os quais são:

1) Destilação Seca da hulha: A hulha é aquecida por uma corrente de ar a

1000°C/1300°C obtendo-se uma fração gasosa que contém entre 3% a 5% de

etileno.

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2) Desidrogenação do etano: Industrialmente, retira-se dois átomos de hidrogênio da

molécula de etano com o auxílio de catalisadores como óxido de crômio, de

molibdênio, de vanádio e de urânio suspensos em alumina (SHREVE et. al, 1997).

3) Craqueamento do petróleo: O craqueamento térmico é um processo no qual as

macromoléculas são quebradas por aquecimento a altas temperaturas, formando

uma mistura de compostos químicos (SOLOMONS, 1996). A fração gasosa formada

no craqueamento do petróleo contém na sua composição etileno, que pode ser

separado e utilizado como precursor de plásticos.

4) Desidratação do álcool etílico: Método, segundo Nehmi (1996) catalisado

por ácido sulfúrico ou alumina e utilizando altas temperaturas, por meio do qual

promove-se a retirada de uma molécula de água da molécula de álcool etílico,

obtendo-se o etileno.

Este último consiste no método industrial proposto para fabricação

de “plástico verde” ou ecológico.

O processo inicia-se com obtenção do álcool hidratado a partir de uma fonte

de matéria prima renovável (cana-de-açúcar) e termina com desidratação do mesmo

e conversão em etileno. Segundo a Braskem (2009), a remoção dos contaminantes

gerados neste processo é feita através de sistemas adequados para a purificação e

como subprodutos tem-se a geração apenas de água e uma pequena quantidade de

compostos oxigenados. A pureza do eteno produzido é adequada para qualquer

processo de polimerização e qualquer tipo de polietileno pode ser obtido a partir do

mesmo.

O polietileno produzido por este método (PE verde) pode ser empregado na

fabricação de insumos para a produção de outros plásticos, como é o caso do

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polietileno-glicol, utilizado na síntese do PET. O PET fabricado dessa maneira

recebe o nome de PET verde e é ele o objeto de estudo do presente trabalho,

conforme consta no item 5 - Metodologia.

O cultivo da cana para a produção de plásticos verdes, além de reduzir a

dependência de matérias primas de origem fóssil, promove a absorção de

quantidades significativas de CO2 da atmosfera. Para cada tonelada de PE verde

produzida, 2,5 toneladas, em média, de CO2 são removidas da atmosfera ao invés

de se ter 2,5 toneladas do gás liberadas para a mesma, como ocorreria no processo

de produção de um polietileno comum, produzido a partir da nafta petroquímica, por

exemplo (BRASKEM, 2009).

Neste contexto, a demanda do mercado por plásticos de origem vegetal tem

crescido, não só por estes se apresentarem como uma alternativa à exploração dos

recursos energéticos fósseis, como também por atuarem na redução das emissões

de CO2, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para a redução do efeito

estufa.

Figura 2: Geração de emissão neutra de carbono no ciclo de produção de PE verde.

FONTE: ABIPLAST, 2013.

4.5 PlantBottleTM (PET verde)

A metodologia do presente trabalho prevê o estudo e a caracterização de

amostras de um bioplástico revolucionário, produzido a partir da tecnologia

PlantBottleTM.

Trata-se de uma embalagem plástica, desenvolvida pela Coca-Cola Company,

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16

na qual parte do petróleo utilizado como insumo para produção do polímero PET é

substituído por etanol proveniente da cana-de-açúcar.

Segundo a Coca-Cola Company (2012), a garrafa PlantBottleTM é sintetizada

a partir da reação de dois componentes: o MEG (monoetileno glicol) e o PTA (ácido

politereftálico). O MEG, o qual constitui 30% em massa do material da garrafa tem

origem vegetal, sendo os outros 70% ainda de origem fóssil. Assim sendo, a garrafa

é dita 30% à base de planta.

Figura 3: Infográfico da fabricação da garrafa PlantBottle.

FONTE: THE COCA-COLA COMPANY, 2013.

Segundo a Coca-Cola Company (2012), a troca dos insumos fósseis por

material de origem vegetal não compromete o desempenho, tão pouco a reciclagem

da garrafa. A garrafa PET PlantBottle tem a mesma cor, peso e aparência que o PET

comum, além de também ser 100% reciclável.

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5 METODOLOGIA

Para estudo a cerca da possibilidade de biodegradação do PET verde, foram

selecionadas garrafas de material com parte de origem vegetal (PlantBottleTM) e

garrafas comuns, para a realização de ensaios e posteriores análises comparativas.

Segundo a Norma ASTM D6400, um material só pode ser considerado

biodegradável quando atinge uma razão satisfatória de conversão do carbono em

gás carbônico em um período de 180 dias.

Assim sendo, 18 amostras finas de área aproximada de 4,0 cm² de 4 garrafas

PET de diferentes tipos foram preparadas para, posteriormente, serem submetidas a

ensaios para a avaliação da biodegradação em solo. O número de amostras foi

definido com o objetivo de retirar triplicatas, a cada mês, no decorrer de 6 meses,

para então se realizar-se a avaliação da perda de massa.

Os referidos testes consistiram na pesagem das amostras, para fins de

avaliação da quantidade de plástico biodegradado, observando-se também a

morfologia das mesmas antes e depois do experimento. Além disso, realizou-se uma

análise térmica DSC, a fim de caracterizar o material em estudo quanto a sua

composição.

5.1 Análise Térmica das Amostras (DSC)

Para confirmar a composição do material de estudo, foi realizada uma análise

térmica utilizando a técnica de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC - do inglês

"Differential Scanning Calorimetry"), a qual permite a identificação da temperatura de

fusão (Tm) e da entalpia de fusão (∆Hm) dos corpos de prova.

Esta técnica termoanalítica foi realizada na M&G Fibras e Resinas, em Poços de

Caldas - MG, e as curvas DSC foram obtidas em um módulo calorimétrico

exploratório diferencial DSC da marca TA – Instruments, modelo Q-100.

Nos ensaios, foram utilizadas cerca de 7mg de amostras de cada uma das 4

garrafas, antes do teste de biodegradação e adotou-se uma taxa de aquecimento de

10°C/min e uma rampa de temperatura de 30 a 300°C

5.2 Análise Granulométrica do Solo

Determinou-se a massa da amostra a ser ensaiada de acordo com a NBR

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6457/1986 - ABNT. Assim, através de uma observação visual, identificou-se que a

dimensão dos grãos maiores contidos na mesma, era inferior a 5mm, necessitando-

se assim, de uma quantidade de amostra de aproximadamente 1 Kg.

Para identificar os procedimentos necessários para análise granulométrica do

solo, utilizou-se a NBR 7181/1984 - ABNT. Desta forma, primeiramente, secou-se a

amostra ao ar e os torrões foram desmanchados. Mediu-se então, a massa desta

amostra, denominada como 𝑀𝑡 .

Este material foi passado na peneira de 2 mm, e o que ficou retido foi lavado,

de forma a eliminar o material fino aderente, e em seguida, este foi seco em estufa à

aproximadamente 110ºC até atingir a constância de massa, período este de 16

horas. Pesou-se esta amostra e anotou-se sua massa como 𝑀𝑔.

Além disso, tomou-se aproximadamente 120g do material passado na peneira

de 2,0 mm. Este foi pesado, anotou-se sua massa como 𝑀ℎ, e em seguida, lavou-se

esta amostra na peneira de 0,075mm, vertendo-se água a baixa pressão.

Já, para identificar a umidade higroscópica do solo, que consiste no teor de

umidade do solo após secagem prévia ao ar livre, por tempo suficiente para não

possuir água livre ou capilar, de acordo com a NBR 6457/1986 - ABNT, pesou-se

cerca de 100g do material que passou na peneira de 2 mm.

5.2.1 Peneiramento grosso

Utilizando um agitador mecânico, passou-se o material retido na peneira de

2mm, em peneiras de 50,0; 38,0; 25,0; 19,0; 9,5 e 4,8 mm, pesando-se as massas

retidas em cada peneira.

5.2.2 Peneiramento fino

O material retido na peneira de 0,075 mm foi seco em estufa, à temperatura

de aproximadamente 110ºC, até a massa ficar constante, por um período de 16

horas, e através do agitador mecânico, passou-se a amostra nas peneiras de 1,2,

0,6, 0,42, 0,25, 0,15, 0,075 mm.

5.2.3 Determinação da umidade higroscópica da amostra

Para determinar a umidade higroscópica da amostra de acordo com os

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passos indicados na NBR 6457/1986 - ABNT, primeiramente pesou-se três béqueres

de 100mL. Em seguida, adicionou-se aproximadamente 30g do material que passou

pela peneira de 2 mm em cada béquer, pesando-os, e anotando esta massa.

Posteriormente, adicionou-se os béqueres em estufa, a uma temperatura de

aproximadamente 110ºC, e estes permaneceram por um período de 20 horas.

Ao atingir massa constante, os béqueres foram transferidos para o

dessecador até que a temperatura ambiente fosse atingida, e por fim, foram

pesados.

Segundo a NBR 6457/1986 – ABNT, a seguinte equação deve ser utilizada

para calcular a umidade higroscópica do solo:

ℎ =𝑀1 − 𝑀2

𝑀2− 𝑀3 , (Equação 1)

onde, ℎ, representa a umidade higroscópica do solo, 𝑀1 corresponde a massa do

recipiente contendo solo úmido, 𝑀2, a massa do recipiente contendo solo seco, e

𝑀3 , a massa do recipiente.

Como a norma determina que se deve efetuar no mínimo, três determinações

do teor de umidade por amostra de solo, a umidade higroscópica foi considerada

como a média dos valores obtidos, assim:

ℎℎ𝑖𝑔 =∑ ℎ𝑖

𝑖, (Equação 2)

onde, ℎℎ𝑖𝑔 é a umidade higroscópica da amostra e ℎ𝑖, corresponde a umidade

higroscópica de cada determinação feita e 𝑖 o número de determinações.

5.2.4 Construção da Curva Granulométrica do Solo

Segundo a NBR 7181/19864 – ABNT, para construir a curva granulométrica

do solo, primeiramente, é necessário calcular a massa total da amostra seca,

através da Equação 3 abaixo:

𝑀𝑠 = 𝑀𝑡−𝑀𝑔

(100+ℎℎ𝑖𝑔) 𝑥100 + 𝑀𝑔, (Equação 3)

onde: 𝑀𝑠: massa total da amostra seca;

𝑀𝑡: massa da amostra seca ao ar;

𝑀𝑔:massa do material seco retido na peneira de 2 mm;

Em seguida, deve-se determinar a porcentagem de materiais que passam nas

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peneiras de 50, 38, 25, 19, 9,5, 4,8, 2,0 (peneiramento grosso), utilizando a Equação

4.

𝑄𝑔 = 𝑀𝑠− 𝑀𝑖

𝑀𝑠𝑥100, (Equação 4)

onde:

𝑄𝑔: porcentagem de material passado em cada peneira;

𝑀𝑖: massa de material retido acumulado em cada peneira.

Já, para obter a porcentagem de materiais que passam nas peneiras de 1,2,

0,6, 0,42, 0,25,0,15,0,075, (peneiramento fino), deve-se empregar a seguinte

equação:

𝑄𝑓 = 𝑀ℎ𝑥100 − 𝑀𝑖 (100+ℎℎ𝑖𝑔)

𝑀ℎ𝑥100𝑥 𝑁, (Equação 5)

onde:

𝑄𝑓: porcentagem de material passado em cada peneira;

𝑀ℎ: massa de material úmido submetido ao peneiramento fino;

𝑁: porcentagem de material que passa na peneira de 2,0 mm.

Figura 6: Fluxograma da metodologia para análise granulométrica do solo.

Page 21: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

21

5.3 Avaliação da Biodegradação a partir de Medidas de Massa

A ASTM D6400 é uma norma americana intitulada “Especificação Padrão para

Plásticos Compostáveis” a qual descreve um conjunto de critérios para que se possa

considerar um material plástico “compostável”. O padrão da norma ASTM D6400

determina quais são os procedimentos experimentais a serem realizados para que

se certifique que o material plástico estudado se biodegradará em instalações de

compostagem aeróbica durante o período de 180 dias.

Vale ressaltar que a norma ASTM D6400 exige uma taxa de 60% de

biodegradação no prazo de 180 dias. Este requisito é semelhante aos requisitos da

norma ISO 14855 e DIN V49000.

Dessa forma, foi realizado um experimento que consistiu em enterrar amostras

de PET verde e PET comum no solo descrito e analisado no item anterior do

presente trabalho, por durante um período de 180 dias e avaliar, através da variação

de massa de tais amostras, se os materiais em questão podem ser considerados

como compostáveis ou biodegradáveis de acordo com a norma ASTM D6400.

Portanto, foram feitas 6 triplicatas de amostras finas de área superficial de

aproximadamente 4cm² de 4 garrafas plásticas diferentes:

A) Garrafa de água Crystal PlantBottleTM - 30% PET verde.

B) Garra de água Bioleve - PET comum.

C) Garrafa de Coca-Cola - PlantBottleTM - 30% PET verde.

D) Garra de Coca-Cola - PET comum.

A intenção de se pegar garrafas de água e refrigerante foi de avaliar se a

espessura interferiria em alguma etapa do processo de biodegradação, uma vez

que as garrafas de refrigerante são mais espessas devido a necessidade de

uma barragem de gases.

As amostras foram todas lavadas com água e álcool, a fim de retirar

quaisquer impurezas presentes nas mesmas, colocadas em dessecador por um

período de 24 horas para eliminar os efeitos da umidade do ar e depois pesadas

e catalogadas. Dessa forma, tomou-se as massas iniciais de cada amostra, as

quais foram levadas para o terreiro onde as foram enterradas, sob uma camada

Page 22: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

22

de solo de aproximadamente 3cm de altura.

Figura 5: Amostras utilizadas no ensaio de biodegradação em solo.

A cada 30 dias, uma triplicata de cada um dos tipos de garrafa foi retirada do

solo onde as mesmas encontravam-se enterradas, lavada com água e álcool,

repetindo o procedimento inicial, deixada em dessecador por cerca de 24 horas

e pesada em balança analítica, a fim de determinar a variação de massa em

relação à massa inicial de cada amostra.

Figura 6: Fluxograma da metodologia para avaliação da biodegradação em solo.

Page 23: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

23

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Análise Térmica (DSC)

Os resultados obtidos através da análise térmica realizada constam na

tabela seguinte:

PET A1 PET B1 PET C1 PET D1

DSC

t (°C) ∆H

(J/g) t (°C)

∆H (J/g)

t (°C) ∆H (J/g) t (°C) ∆H (J/g)

Tal qual - Tg (°C)

- - - - - - - -

Tal qual - Tc (°C)

- - - - - - - -

Tal qual - Tm (°C)

243,59 40,21 250,38 43,41 246,51 36,39 246,72 33,89

Pós-quench - Tg (°C)

79,30 - 80,22 - 80,67 - 80,63 -

Pós-quench - Tc (°C)

160,34 31,20 139,50 31,05 158,81 31,71 156,95 31,05

Pós-quench - Tm (°C)

242,77 31,15 248,48 34,18 245,95 28,60 246,27 30,30

Tabela 1: Resultados da análise térmica, DSC.

Já, os termogramas obtidos com o DSC realizado nas amostras de PET antes

do tratamento térmico (tal qual), seguem abaixo:

Figura 7: Termogramas DSC para as amostras A e B tal qual, respectivamente.

Page 24: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

24

Figura 8: Termogramas DSC para as amostras C e D antes do tratamento térmico, respectivamente.

Os termogramas acima demonstram a cristalinidade das garrafas PET, tanto

de refrigerante verde e comum, quanto de água verde e comum, visto que apenas

um pico endotérmico de fusão é observado em todos os casos, com valores de

temperaturas bem próximas (Tabela 1). Esta cristalinidade já era esperada, visto que

a garrafa PET caracteriza-se como um polímero semi-cristalino.

Após a realização do tratamento térmico, encontrou-se os seguintes

termogramas para as análises DSC das amostras de PET:

Figura 9: Termogramas DSC para as amostras A e B após resfriamento, respectivamente.

Page 25: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

25

Figura 10: Termogramas DSC para as amostras C e D após o resfriamento, respectivamente.

Através dos termogramas das Figuras 9 e 10, nota-se que um resfriamento

rápido foi realizado, visto que o primeiro evento a ser observado é a transição vítrea,

a qual ocorre, pois não há tempo suficiente para acomodação completa das cadeias

poliméricas. Vale ressaltar que a transição vítrea, corresponde a uma transição de 2ª

ordem, caracterizando-se como um deslocamento da linha de base, visto que

apenas uma variação na capacidade calorífica é observado. Esta alteração na

capacidade calorífica ocorre, pois ao aquecer as cadeias poliméricas que

encontram-se na fase amorfa, estas adquirem certo grau de liberdade e movimenta-

se.

O segundo evento observado, corresponde a um pico exotérmico, a

temperatura de cristalização. Devido ao rápido resfriamento, não há tempo de

ocorrer a ordenação da cadeia polimérica, e com isso, apenas uma grande

quantidade de núcleos cristalinos são originados, porém seu crescimento é

desprezível. Assim, com o aquecimento, os núcleos começam a crescer a uma taxa

elevada, ocorrendo um processo de cristalização rápida, e devido a isto, a

temperatura de cristalização é inferior à temperatura de fusão.

Já o terceiro evento corresponde a um pico de fusão endotérmico. Vale

ressaltar que os picos ocorrem devido à variação na entalpia.

6.2 Análise Granulométrica do Solo

Na primeira etapa da análise granulométrica, utilizou-se uma massa de

1000,30 g de amostra previamente seca ao ar, como já definido na metodologia,

para identificar o quanto de material passaria na peneira de 2 mm, e os resultados

Page 26: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

26

constam na tabela que segue:

Material Massa (g)

Seco ao ar (𝑀𝑡) 1000,30

Retido na peneira de 2mm (𝑀𝑔) 84,65

Passado na peneira de 2mm (𝑀ℎ) 120,90

Tabela 2 – Massas dos materiais na primeira etapa da análise granulométrica.

Desta forma, foi possível classificar o material que seria submetido ao

peneiramento grosso (retido na peneira de 2mm), e qual seria submetido ao

peneiramento fino (passado na peneira de 2mm). Vale ressaltar que a maior parcela

do material passou pela peneira de 2mm, entretanto, utilizou-se somente 120,90 g

deste material, como determina a norma NBR 7181/1984 – ABNT.

6.2.1 Peneiramento grosso

Ao realizar o peneiramento grosso, utilizando uma massa de 84,65g de

amostra, a qual ficou retida na peneira de 2mm (Tabela 2), os seguintes resultados

foram obtidos:

Peneira (mm) Massa retida (g)

50,00 0

38,00 0

25,00 0

19,00 0

9,50 0

4,76 8,26

2,00 76,39

Tabela 3 – Massas retidas durante o peneiramento grosso.

A tabela acima demonstra que a maior parte do material presente na amostra

submetida ao peneiramento grosso, apresenta diâmetro de 2mm, visto que 76,39g

de material ficou retida nesta peneira. O restante da amostra apresenta diâmetro de

4,76g. Portanto, não encontrou-se nenhuma parcela de material no solo com

Page 27: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

27

diâmetros de 9,50, 19,00, 25,00, 38,00 e 50,00mm.

6.2.2 Peneiramento Fino

Os resultados encontrados ao realizar-se o peneiramento fino, utilizando uma

quantidade de amostra de 120,90g, a qual corresponde a uma parcela do material

que passou pela peneira de 2mm (Tabela 2), constam na seguinte tabela:

Peneira (mm) Massa retida (g)

1,180 20,44

0,600 33,20

0,420 15,58

0,250 13,41

0,150 11,21

0,075 6,68

Tabela 4 – Massas retidas durante o peneiramento fino.

Através da tabela 4, consegue-se identificar os diâmetros das partículas

presentes no solo, submetidas ao peneiramento fino, uma vez que este corresponde

ao diâmetro da peneira na qual a amostra de solo ficou retida. Pode-se notar

também, que a maior parcela das partículas desta amostra de solo, apresenta

diâmetro de 0,600 mm.

6.2.3 Umidade higroscópica

Para cada determinação do teor de umidade higroscópica obteve-se os

seguintes resultados ao medir-se a massa para solo úmido e solo seco em estufa:

Número do

béquer

Massa béquer

100mL (g)

Massa béquer

100mL contendo

solo úmido (g)

Massa béquer

100mL contendo

solo seco (g)

1 57,34 90,39 88,91

2 58,42 92,55 90,87

3 54,55 87,07 85,36

Tabela 5: Valores obtidos medindo-se a massa para solo úmido e solo seco em estufa.

Page 28: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

28

Assim, através das massas obtidas acima, pode-se calcular a umidade

higroscópica de cada determinação feita, através da Equação 1, e os valores obtidos

constam na Tabela 6.

Número de béquer Umidade Higroscópica, 𝒉 (%)

1 4,69

2 5,18

3 5,55

Tabela 6: Umidade higroscópica de cada determinação feita.

Pode-se então obter a umidade higroscópica da amostra (ℎℎ𝑖𝑔) de 5,14%,

através da média das três determinações realizadas (Equação 2). Este resultado

demonstra que o solo analisado apresenta um baixo teor de água, o que favorece as

condições aeróbicas, e colabora para a viabilidade do mesmo com relação a

biodegradações rápidas de plástico.

6.2.4 Construção da Curva Granulométrica do Solo

Para construir a curva granulométrica do solo, primeiramente calculou-se a

massa total da amostra seca 𝑀𝑠, de 955, 55 g através da Equação 3. Em seguida,

determinou-se a porcentagem de material passado em cada peneira, durante o

peneiramento grosso, através da Tabela 2, e utilizando a Equação 4, obtendo-se os

seguintes resultados:

Peneira (mm) Massa retida acumulada,

𝑴𝒊 (g)

Porcentagem de material

passando, 𝑸𝒈 (%)

50,00 0 100

38,00 0 100

25,00 0 100

19,00 0 100

9,50 0 100

4,75 8,26 99,14

2,00 84,65 91,14

Tabela 7 – Massa de material retido acumulado, e porcentagem de material passado em cada

peneira, durante o peneiramento grosso.

Page 29: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

29

Por fim, para obter a porcentagem de material passado em cada peneira

durante o peneiramento fino, utilizou-se a Tabela 4, e a Equação 5, obtendo os

resultados presentes na Tabela 8.

Peneira (mm) Massa retida acumulada,

𝑴𝒊 (g)

Porcentagem de material

passando, 𝑸𝒇 (%)

1,180 20,44 74,94

0,600 53,64 48,63

0,420 69,22 36,28

0,250 82,63 25,65

0,150 93,84 16,76

0,075 100,52 11,47

Tabela 8 – Massa de material retido acumulado, e porcentagem de material passado em cada

peneira, durante o peneiramento fino.

Utilizando os resultados de porcentagem de material que passa nas peneiras,

presentes nas tabelas 7 e 8, pode-se obter a curva granulométrica do solo, sendo

que, de acordo com NBR 7181/1984 – ABNT, deve-se dispor no eixo das abscissas

os diâmetros das partículas em escala logarítmica, obtido através do diâmetro de

cada peneira, bem como, as porcentagens das partículas menores que os diâmetros

considerados (porcentagem de partículas passantes em cada peneira) no eixo das

ordenadas, em escala aritmética. A curva obtida segue no Gráfico 1 abaixo:

Page 30: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

30

Gráfico 1: Curva Granulométrica do Solo Analisado.

Segundo a norma NBR 7181/1984 – ABNT deve-se realizar também o ensaio

de sedimentação, com o intuito de caracterizar as partículas mais finas presentes no

mesmo. Entretanto, como apenas 11,47% das partículas do solo passaram pela

peneira de 0,075 (Tabela 8), conclui-se que somente a realização do peneiramento

seria suficiente para classificar o solo analisado.

Além disso, observou-se também que 80% da composição do solo consiste

em areia, o que permite afirmar que este classifica-se como solo arenoso. Na tabela

seguinte (Tabela 9), encontra-se a composição granulométrica do solo, obtida

através da curva granulométrica do solo.

Classificação Porcentagem em massa (%)

Pedregulho 9%

Areia

Fina 10%

Média 32%

Grossa 28%

Silte e Argila 11%

Tabela 9: Composição Granulométrica do solo analisado

Page 31: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

31

6.3 Avaliação da Biodegradação a partir de Medidas de Massa

Os resultados das pesagens das amostras até o período atual encontram-se nas

Tabelas 10 e 11 que seguem:

A

(verde) Início Após 1 mês

B

(comum) Início Após 1 mês

1 0,0789 0,0794 1 0,0869 0,0867

2 0,0619 0,0621 2 0,0654 0,0658

3 0,0663 0,0651 3 0,0935 0,0933

Após 2 meses Após 2 meses

4 0,0852 0,0844 4 0,0878 0,0875

5 0,0620 0,0610 5 0,0988 0,0988

6 0,0688 0,0681 6 0,0845 0,0834

Após 3 meses Após 3 meses

7 0,0672 0,0670 7 0,0666 0,0662

8 0,0672 0,0698 8 0,0682 0,0684

9 0,0557 0,0560 9 0,0815 0,0814

Após 4 meses Após 4 meses

10 0,0552 0,0550 10 0,0956 0,0930

11 0,0818 0,0819 11 0,0832 0,0836

12 0,0796 0,0790 12 0,0689 0,0689

Após 5 meses Após 5 meses

13 0,0711 0,0716 13 0,0665 0,0664

14 0,0610 0,0606 14 0,0856 0,0850

15 0,0692 0,0691 15 0,0761 0,0763

Após 6 meses Após 6 meses

16 0,0682 16 0,0675

17 0,0814 17 0,0949

18 0,0755 18 0,0825

Tabela 10: Massa em g das amostras de garrafas PET de água antes e depois dos períodos de

experimento. ± 0,0001g (incerteza da balança).

Page 32: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

32

C(verde) Massa (g) Após 1 mês D

(comum) Massa (g) Após 1 mês

1 0,1116 0,1115 1 0,1147 0,1149

2 0,1067 0,1071 2 0,1215 0,1224

3 0,1082 0,1088 3 0,1203 0,1210

Após 2 meses Após 2 meses

4 0,1146 0,1150 4 0,1193 0,1196

5 0,1165 0,1173 5 0,1163 0,1164

6 0,1138 0,1140 6 0,1174 0,1170

Após 3 meses Após 3 meses

7 0,1155 0,1158 7 0,1264 0,1267

8 0,1136 0,1132 8 0,1290 0,1294

9 0,1026 0,1029 9 0,1183 0,1180

Após 4 meses Após 4 meses

10 0,1141 0,1145 10 0,1126 0,1122

11 0,1210 0,1203 11 0,1278 0,1283

12 0,0953 0,0960 12 0,1238 0,1246

Após 5 meses Após 5 meses

13 0,1200 0,1205 13 0,1155 0,1155

14 0,1174 0,1174 14 0,1280 0,1300

15 0,1077 0,1078 15 0,1191 0,1190

Após 6 meses Após 6 meses

16 0,1139 16 0,1139

17 0,1057 17 0,1195

18 0,1079 18 0,1211

Tabela 11: Massa em g das amostras de garrafas PET de refrigerante antes e depois dos períodos de

experimento. ± 0,0001g (incerteza da balança).

Com os dados das Tabelas 10 e 11, calculou-se a média da variação de

massa para cada tipo de garrafa em cada período de tempo, para então avaliar

o processo de degradação de cada garrafa.

Page 33: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

33

Período de degradação Média da variação de massa (g)

A B C D

1 mês -0,00017 ±

0,00091 0 ± 0,00035

+0,00030 ±

0,00036

+0,00060 ±

0,00036

2 meses -0,00083 ±

0,00015

-0,00063 ±

0,00057

+0,00047 ±

0,00031 0 ± 0,00036

3 meses -0,00090 ±

0,00149

-0,00010 ±

0,0003

+0,00007 ±

0,00040

+0,00013 ±

0,00038

4 meses -0,00023 ±

0,00035

-0,00073 ±

0,00163

+0,00013 ±

0,00074

+0,00030 ±

0,00062

5 meses 0 ± 0,00046 -0,00016 ±

0,00040

+0,00020 ±

0,00026

+0,00095 ±

0,00118

6 meses

Tabela 12: Médias das variações de massa das amostras para cada período de análise.

Vale ressaltar que os dados referentes ai mês 6 não foram apresentados pois

este ainda não ocorreu, no entanto, os resultados até aqui obtidos já podem ser

considerados, de certa forma, conclusivos.

Conforme pode-se observar, houve casos em que a massa das amostras obteve

um acréscimo (garrafas de refrigerante) e casos em que a mesma obteve um

discreto decréscimo (garrafas de água).

O acréscimo na massa das amostras C e D pode ser explicado pelo fato de as

condições de umidade do solo terem propiciado a incorporação de moléculas de

água à estrutura das mesmas, que são mais espessas que as garrafas A e B, pois

servem para armazenamento de refrigerante, enquanto que as outras duas

armazenam água.

Já o pequeno decréscimo nas amostras A e B não pode ser atribuído à

biodegradação de acordo com a Norma ASTM D6400, uma vez que em relação às

massas iniciais as variações apresentam valores bastante distantes de 60% para

todos os casos. Tais variações podem ser atribuídas à outros tipos de degradação

pelos quais as amostras podem ter passado, no entanto, estes processos são muito

mais lentos do que o processo de biodegradação, por isso os valores tão baixos

para os períodos de tempo de análise. Dessa forma, pode-se aferir que ambos os

materiais de análise não são biodegradáveis ou compostáveis.

Do ponto de vista comparativo, o PET verde e o PET comum apresentaram

Page 34: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

34

resultados semelhantes para ensaio, tanto nas garrafas de água quanto nas garrafas

de refrigerante, constatando portanto que a única coisa que os difere é, de fato, a

matéria prima de origem.

Vale ressaltar que as medições foram passíveis de erros experimentais os quais

podem estar relacionados ao mau uso da balança, lavagem inadequada das

amostras e tempo de residência no dessecador.

Do ponto de vista morfológico, as amostras apresentaram pouquíssima

diferença em relação ao estado inicial, estando mais opacas e apresentando

pequenas ranhuras em sua superfície a cada período de análise.

7 CONCLUSÃO

A análise granulométrica do solo permitiu constatar que este classifica-se como

solo arenoso, no qual a difusão de gás é facilitada, permitindo o crescimento de

microorganismos aeróbicos, como fungos. Além disso, o baixo teor de água obtido

para o solo analisado, também favorece as condições aeróbicas, as quais são

favoráveis para biodegradações rápidas de plástico, como já descrito anteriormente.

Isto nos leva a afirmar que o solo apresentava condições adequadas para que a

biodegradação ocorresse.

Conforme mostra o teste de bidegradação em solo, não ocorreu à degradação

do PET para todos os tipos de PET analisados, o que leva à conclusão de que,

mesmo sendo sintetizado a partir de fonte renovável, o PET verde continua não

sendo biodegradável. Este resultado encontra-se dentro do esperado, uma vez que

era previsto que o PET não é um polímero biodegradável.

Por fim, ressalta-se que embora a problemática da degradação lenta do PET no

ambiente seja a mesma para ambos os PET’s, o PET verde é uma alternativa de

grande potencial do ponto de vista ambiental pois sua produção reduz as emissões

de CO2, além de impulsionar o setor sucroenergético do país.

Page 35: estudo e caracterização de embalagens plásticas produzidas a

35

8 REFERÊNCIAS

ABIPLAST. Perfil 2012. Indústria Brasileira de Transformação de Material Plástico. 2012. Disponível em: <http://file.abiplast.org.br/download/estatistica/ perfil2012_versao_eletronica.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2013. BASTIOLI, C. Handbook of Biodegradable Polymers. Reino Unido: Rapra Technology Limited, 2005. BRASKEM. Polietileno verde I’m green. Disponível em: <http://www.braskem.com.br/site.aspx/plasticoverde>. Acesso em: 05/18/2013. EUROPEANBIOPLASTICS. Bioplastics: What differentiates bioplastics from conventional plastics?. Disponível em: <http://en.european-bioplastics.org/bioplastics/>. Acesso em: 05/01/2014. GONÇALVES, C.K. Pirólise e Combustão de Resíduos Plásticos. 2007. 60f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

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14 ago. 2013. LOPES, M.S.G. Produção de Plásticos Biodegradáveis utilizando hidrolisado hemicelulósico de bagaço de cana de açúcar. 2010. 68f. Tese (Doutorado) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. MACHADO,L.C.M. Estudo das Propriedades Mecânicas e Térmicas do Polímero Biodegradável Poli-3-Hidroxibutirato (PHB) e de Compósitos PHB/Pó de Madeira. 2008. 134f. Tese (Doutorado) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. MENDES, F.M. Produção e Caracterização de Bioplásticos a partir do Amido de Batata. 2009. 198f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009. NEHMI, V. A. Química: Volume único. São Paulo: Editora Ática, 1996. OLIVEIRA, M.C.B.R. Gestão de Resíduos Plásticos Pós-Consumo: Perspectivas para a Reciclagem no Brasil. 2012. 91f. Dissertação (Mestrado) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. PLASTICSEUROPE. Plastics – The Facts 2012. An analisys of European production, demand and waste data for 2011. 2012

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