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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Croton nepetaefolius Croton nepetaefolius Croton nepetaefolius Croton nepetaefolius Baill. sobre Baill. sobre Baill. sobre Baill. sobre os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio celíaco celíaco celíaco celíaco PEDRO EDRO EDRO EDRO JORGE ORGE ORGE ORGE CALDAS ALDAS ALDAS ALDAS MAGALHÃES AGALHÃES AGALHÃES AGALHÃES Fortaleza-CE 2002

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA

Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Croton nepetaefoliusCroton nepetaefoliusCroton nepetaefoliusCroton nepetaefolius

Baill. sobreBaill. sobreBaill. sobreBaill. sobre os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as

propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio

celíacocelíacocelíacocelíaco

PPPPEDRO EDRO EDRO EDRO JJJJORGE ORGE ORGE ORGE CCCCALDAS ALDAS ALDAS ALDAS MMMMAGALHÃESAGALHÃESAGALHÃESAGALHÃES

Fortaleza-CE 2002

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA

TESE DE DOUTORADO

Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Estudo farmacológico do óleo essencial do Croton nepetaefoliusCroton nepetaefoliusCroton nepetaefoliusCroton nepetaefolius Baill. Baill. Baill. Baill.

sobre os músculos lisos traqueal e vascular esobre os músculos lisos traqueal e vascular esobre os músculos lisos traqueal e vascular esobre os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as propriedades sobre as propriedades sobre as propriedades sobre as propriedades

eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio celíacoeletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio celíacoeletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio celíacoeletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio celíaco

Pedro Jorge Caldas MagalhãesPedro Jorge Caldas MagalhãesPedro Jorge Caldas MagalhãesPedro Jorge Caldas Magalhães

Tese apresentada ao Curso de Pós-graduação em Farmacologia como requisito parcial para a obtenção

do título de Doutor em Farmacologia

Fortaleza-CE, julho de 2002

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3

Sessão pública de defesa em: 12 de julho de 2002

Estudo farmacológico do óleo essencial do Croton nepetaefolius Baill. sobre os

músculos lisos traqueal e vascular e sobre as propriedades eletrofisiológicas de

neurônios fásicos de gânglio celíaco

Pedro Jorge Caldas MagalhãesPedro Jorge Caldas MagalhãesPedro Jorge Caldas MagalhãesPedro Jorge Caldas Magalhães

Prof. Orientador: José Henrique Leal-Cardoso

Banca examinadora:

Prof. Dr. José Henrique LealProf. Dr. José Henrique LealProf. Dr. José Henrique LealProf. Dr. José Henrique Leal----CardosoCardosoCardosoCardoso Prof. Titular de Fisiologia Humana da Universidade Estadual do Ceará - UECE

Prof. Dr. FranciscProf. Dr. FranciscProf. Dr. FranciscProf. Dr. Francisco Ruy Capazo Ruy Capazo Ruy Capazo Ruy Capaz Prof. Adjunto de Farmacologia da Universidade Federal do Ceará - UFC

Prof. Dr. Saad LahlouProf. Dr. Saad LahlouProf. Dr. Saad LahlouProf. Dr. Saad Lahlou Prof. Visitante da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Prof. Dr. Armênio Aguiar dos SantosProf. Dr. Armênio Aguiar dos SantosProf. Dr. Armênio Aguiar dos SantosProf. Dr. Armênio Aguiar dos Santos Prof. Adjunto de Fisiologia da Universidade Federal do Ceará - UFC

ProfProfProfProfaaaa. Dr. Dr. Dr. Draaaa. Andrelina Noronha Coelho de Souza. Andrelina Noronha Coelho de Souza. Andrelina Noronha Coelho de Souza. Andrelina Noronha Coelho de Souza Profa. Adjunta de Biofísica da Universidade Estadual do Ceará - UECE

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4

AAAAgradecimentos

Prof. José Henrique Leal CardosoProf. José Henrique Leal CardosoProf. José Henrique Leal CardosoProf. José Henrique Leal Cardoso, meu mestre que, com sabedoria e

maturidade, tornou-me eternamente grato pelo despertar de minha vocação pela ciência e pelo ensino e pela minha formação acadêmica em todos esses anos

Márcia Andréa Vasconcelos dos SantosMárcia Andréa Vasconcelos dos SantosMárcia Andréa Vasconcelos dos SantosMárcia Andréa Vasconcelos dos Santos, Tatiana Leite Tatiana Leite Tatiana Leite Tatiana Leite PradinesPradinesPradinesPradines e Lívia Noronha Coelho de SouzaLívia Noronha Coelho de SouzaLívia Noronha Coelho de SouzaLívia Noronha Coelho de Souza pela dedicação e

entusiasmo com os quais me ajudaram a desenvolver este trabalho

Profs. Saad LahlouProfs. Saad LahlouProfs. Saad LahlouProfs. Saad Lahlou e Roberto Oscar BrasilRoberto Oscar BrasilRoberto Oscar BrasilRoberto Oscar Brasil pelo companheirismo e incentivo

PatríciaPatríciaPatríciaPatrícia, esposa e companheira, com quem dividi todos os momentos durante esse percurso

AlessandroAlessandroAlessandroAlessandro e BeatrizBeatrizBeatrizBeatriz, por quem mais vale o labor

Francisco Francisco Francisco Francisco Evanir LimaEvanir LimaEvanir LimaEvanir Lima, Sílvia LimaSílvia LimaSílvia LimaSílvia Lima, Aura Aura Aura Aura Rhanes YidaRhanes YidaRhanes YidaRhanes Yida, Joana Barbosa Joana Barbosa Joana Barbosa Joana Barbosa, Rejane Teixeira Rejane Teixeira Rejane Teixeira Rejane Teixeira, Marta Marta Marta Marta

FreitasFreitasFreitasFreitas, Rose Ferreira Rose Ferreira Rose Ferreira Rose Ferreira, Vilani Bastos Vilani Bastos Vilani Bastos Vilani Bastos, Artemísia Portela Artemísia Portela Artemísia Portela Artemísia Portela, Bento OliveiraBento OliveiraBento OliveiraBento Oliveira

Aos colegas do Departemento de Fisiologia e Farmacologia pela colaboração com as tarefas didáticas nesse período

FUNCAPFUNCAPFUNCAPFUNCAP

GerardoGerardoGerardoGerardo, pai e exemplo, a quem dedico este trabalho

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SSSSUMÁRIO

PÁGINA

Lista de Figuras 8

Lista de Tabelas 11

Lista de abreviaturas 12

Resumo 14

Abstract 15

INTRODUÇÃO 16

OBJETIVOS 40

METODOLOGIA 42

Animais e tecidos 42

Vasos sangüíneos 42

Traquéia 43

Gânglio celíaco 45

Medidas eletrofisiológicas 49

Imunização dos cobaios com ovalbumina 50

Tratamento dos ratos com acetato de deoxicorticosterona (DOCA)-sal 50

Medida da pressão arterial 51

Estudo dos efeitos do OECN sobre a frequência cardíaca, respiratória e sobre os parâmetros gasométricos

52

Soluções e drogas 52

Protocolos experimentais 54

Análise estatística 55

RESULTADOS

Ações do OECN sobre o músculo liso traqueal de cobaio

• Efeito do OECN no tônus basal da traquéia isolada de cobaio 57

• Efeito do OECN na contraçao da traquéia isolada de cobaio induzida pela ovalbumina 57

• Efeito de uma segunda exposição da traquéia de cobaio a ovalbumina na ausência e na presença 57

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6

de OECN e cromoglicato

• Efeito da pirilamina sobre as contrações induzidas pela ovalbumina e pela histamina em traquéia isolada de cobaio

58

• Efeito inibitório do OECN na contração mantida da histamina e prostaglandina F2α em traquéia isolada de cobaio

58

• Efeitos inibitórios do OECN nas contrações submaximais induzidas por histamina, KCl e carbacol na traquéia isolada de cobaio

59

• Comparação do potencial transmembrana da traquéia isolada de cobaio na presença e ausência do OECN

59

Ações do OECN na pressão arterial, frequências cardíaca e respiratória e gasometria de ratos anestesiados

• Pressão arterial média (PAM) 67

• Frequência cardíaca 67

• Frequência respiratória 67

• Gasometria 67

Ações do OECN sobre o músculo liso vascular isolado de cobaio

• Reversão da contratura K+ em aorta isolada e influência do endotélio e L-NAME no efeito do OECN

72

• Reversão da contratura induzida pelo éster do forbol em aorta isolada 72

• Inibição da curva concentração-efeito do dibutirato de forbol em aorta isolada 72

• Sobre a contração da aorta isolada induzida por solução de K+ hiperosmolar 73

• Sobre o potencial transmembrana da aorta isolada 73

• Sobre o potencial transmembrana de vasos mesentéricos isolados 74

Ações do OECN sobre o músculo liso vascular isolado de rato

• Reversão da contratura K+ e influência do endotélio e L-NAME no efeito do OECN 80

• Reversão da contratura K+ pelo 1,8 cineol, metil-eugenol e terpineol 80

• Influência do azul de metileno no relaxamento induzido pelo OECN na aorta de rato contraída com 0,3 µM de norepinefrina

80

• Sobre as contrações induzidas por fenilefrina em aorta de ratos uninefrectomizados e DOCA-sal 81

Efeitos na circulação mesentérica ex vivo de ratos

• Sobre o fluxo no leito vascular mesentérico 86

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7

• Influência do L-NAME e D-NAME no efeito relaxante do OECN sobre o fluxo mesentérico 86

• Efeitos dos principais constituintes 1,8-cineol, metil-eugenol e terpineol sobre o fluxo no leito vascular mesentérico

88

Sobre a contração induzida por solução de K+ hiperosmolar em útero isolado de ratas estrogenizadas

88

Estudos eletrofisiológicos em neurônios fásicos do gânglio celíaco

• Propriedades elétricas passivas e ativas dos neurônios do gânglio celíaco 96

Ações da histamina sobre as propriedades passivas e ativas dos neurônios e efeitos do OECN sobre as respostas dos neurônios à histamina

• Sobre o potencial de repouso e a resistência de entrada da membrana 97

• Sobre o limiar de corrente para ativação neuronal 99

• Sobre o overshoot e a amplitude dos potenciais de ação 99

• Sobre a duração dos potenciais de ação 100

• Sobre o número de potenciais de ação 100

• Sobre a excitabilidade neuronal 101

DISCUSSÃO

• Efeitos no músculo liso traqueal 115

• Efeitos no músculo liso vascular 119

• Estudos eletrofisiológicos 123

• Considerações Finais 130

CONCLUSÕES 132

REFERÊNCIAS 134

TABELAS I a IV 157-160

Legendas das Figuras 161

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8

LISTA DE FIGURAS

FIGURA PÁGINA

1. Croton nepetaefolius Baill (ramos floridos) 19

2. Sistema de registro das contrações em músculo liso 44

3. Dissecção do gânglio celíaco de cobaio 46

4. Sistema para os experimentos de registro intracelular e de aquisição de dados eletrofisiológicos

48

5. Sistema de registro da pressão arterial 53

6. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre o tônus basal da traquéia de cobaio

60

7. Reversão da contração mantida por solução despolarizante contendo 60mM de K+ pelo óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) e metil-eugenol em traquéia isolada de cobaio

61

8. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) e cromoglicato na contração induzida pela apresentação do antígeno sensibilizante em traquéia de cobaio

62

9. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração mantida da histamina na traquéia isolada de cobaio

63

10. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração mantida da prostaglandina F2α na traquéia isolada de cobaio

64

11. Efeito inibitório do óleo essncial do Croton nepetaefolius (OECN) nas contrações induzidas pela histamina, carbacol e KCl na traquéia de cobaio

65

12. Medida do potencial transmembrana do músculo liso traqueal de cobaio 66

13. Efeito hipotensor do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) OECN em ratos anestesiados nefrectomizados e DOCA-sal

69

14. Avaliação da frequência respiratória de ratos anestesiados nefrectomizados e DOCA-sal

70

15. Avaliação do efeito do tratamento agudo com óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) em parâmetros gasométricos sanguíneos de ratos anestesiados apenas nefrectomizados ou, após a nefrectomia, tratados com DOCA-sal

71

16. Efeito relaxante do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre a contração do músculo liso de anéis de aorta de cobaio, mantidos em 60 mM de K+

75

17. Reversão pelo óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) da contratura induzida pelo dibutirato de forbol em aorta de cobaio

76

18. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na curva concentração- 77

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9

efeito do dibutirato de forbol na aorta isolada de cobaio

19. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração induzida pelo K+ hipertônico em aorta isolada de cobaio

78

20. Medida do potencial transmembrana do músculo liso vascular de cobaio 79

21. Efeito relaxante do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) no músculo liso de anéis de aorta de rato contraídos com solução despolarizante contendo 60 mM de K+

82

22. Efeito relaxante do 1,8-cineol, metil-eugenol e terpineol, constituintes do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) no músculo liso de anéis de aorta de rato

83

23. Efeito do azul de metileno na atividade relaxante do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) no músculo liso de anéis de aorta de rato contraídos com norepinefrina

84

24. Bloqueio, promovido pelo óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN), das contrações induzidas pela fenilefrina em aorta de ratos nefrectomizados e DOCA-sal

85

25. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre o fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato ex vivo

89

26. Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN), da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato, produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de L-NAME.

90

27. Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN), da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato, produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de D-NAME

91

28. Avaliação da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato, produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de cineol

92

29. Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes de metil-eugenol, da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato, produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+, na ausência e presença de L-NAME

93

30. Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes de terpineol, da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato, produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de L-NAME

94

31. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração induzida pelo K+ hipertônico em útero isolado de rata estrogenizada

95

32. Tipos de neurônios encontrados nos experimentos com gânglio celíaco de cobaio 103

33. Histogramas de distribuição de frequência das principais características elétricas das células utilizadas neste estudo, o potencial de repouso e a resistência de entrada

104

v

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10

34. Efeito da histamina sobre o potencial transmembrana de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN)

105

35. Efeito da histamina sobre a resistência de entrada da membrana de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN)

106

36. Efeito da histamina sobre o limiar de corrente para ativação de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN)

107

37. Efeito da histamina sobre o overshoot dos potenciais de ação de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN)

108

38. Efeito da histamina sobre a amplitude dos potenciais de ação de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN)

109

39. Efeito da histamina sobre a duração dos potenciais de ação de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN)

110

40. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre as alterações produzidas pela histamina em neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio

111

41. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre as alterações produzidas pela histamina no número de potenciais de ação em neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio

112

42. Efeito da histamina sobre a excitabilidade de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio

113

43. Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre o efeito da histamina na excitabilidade de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio

114

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11

LISTA DE TABELAS

TABELA PÁGINA

I. Valores (em mV) da diferença de potencial transmembrana registrado pela técnica do microeletrodo intracelular em vários tecidos de cobaio na presença e ausência de OECN

157

II. Concentração efetiva 50% (CE50) e concentração limiar de OECN (limiar) para a reversão da contratura induzida por 60 mM de K+ em aorta de cobaio e rato em diferentes condições

158

III. Comparação das propriedades elétricas dos neurônios apresentados neste estudo e em outros trabalhos encontrados na literatura, através de registros intracelulares de gânglios nervosos intactos de cobaio in vitro

159

IV. Efeito da pirilamina sobre as ações promovidas pela histamina em gânglio celíaco de cobaio

160

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACh Acetilcolina

ADP Difosfato de adenosina

AMPc Adenosina monofosfato cíclico

ANOVA Análise de variância

ATP Trifosfato de adenosina

CI50 Concentração inibitória capaz de produzir 50 % do efeito máximo

DAG Diacilglicerol

DBF Dibutirato de forbol

DOCA Acetato de deoxicorticosterona

E.P.M. Erro padrão da média

EGTA Ácido etileno-bis(β-amino-etil-éter)-N,N,N´,N´-tetracético

Em Potencial transmembrana

GMPc Guanosina monofosfato cíclico

HA Histamina

IP3 Trifosfato de inositol

K60 Solução nutridora contendo 60 mM de K+

L-NAME l-nitro-arginina-metil-éster

LT Leucotrieno

MLC Cadeia leve de miosina

MLCK Quinase de cadeia leve de miosina

NO Óxido nítrico

OECN Óleo essencial do Croton nepetaefolius

PAM Pressão arterial média

PG Prostaglandina

Pi Fosfato inorgânico

PKC Proteína quinase C

Ri Resistência de entrada da membrana

TEA Tetraetilamônio

TTX Tetrodotoxina

Tx Tromboxano

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ntão, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua.

Nesta, ao menos, o viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva de planuras francas. Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama epinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura da flora agonizante...

Embora esta não tenha as espécies reduzidas dos desertos – mimosas tolhiças ou eufórbias ásperas sobre o tapete das gramíneas murchas – e se afigure farta de vegetais distintos, as suas árvores, vistas em conjunto, semelham uma só família de poucos gêneros, quase reduzida a uma espécie invariável, divergindo apenas no tamanho, tendo todas a mesma conformação, a mesma aparência de vegetais morrendo, quase sem troncos, em esgalhos logo ao irromper do chão. É que por um efeito explicável de adaptação às condições estreitas do meio ingrato, evolvendo penosamente em círculos estreitos, aquelas mesmo que tanto se diversificam nas matas ali se talham por um molde único. Transmudam-se, e em lenta metamorfose vão tendendo para limitadíssimo número de tipos caracterizados pelos atributos dos que possuem maior capacidade de resistência.

Esta impõe-se, tenaz e inflexível. ~

Trecho sobre a caatinga nordestina retirado do

livro “Os sertões”, escrito por Euclides da

Cunha entre 1898 e 1901, época em que

trabalhou como correspondente do jornal ‘O

Estado de São Paulo’, para cobrir os

acontecimentos em Canudos.

“E

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14

RESUMO Estudo farmacológico do óleo essencial de Croton nepetaefolius Baill. sobre o músculo liso

traqueal e vascular e sobre as propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio

celíaco. Pedro Jorge Caldas Magalhães, Tese de Doutorado em Farmacologia, UFC, 2002.

Croton nepetaefolius Baill é um arbusto aromático do Nordeste brasileiro, conhecido como “marmeleiro

sabiá”, utilizado na medicina popular como antiespasmódico e carminativo. Os principais constituintes do

seu óleo essencial são 1,8-cineol, metil-eugenol, xantoxilina e terpineol. Recentemente, demonstraram-se

propriedades antiespasmódica intestinal, hipotensiva, antiinflamatória e analgésica para o óleo essencial

do Croton nepetaefolius (OECN). Neste trabalho, caracterizamos os efeitos farmacológicos do OECN

sobre o músculo liso respiratório e vascular de rato e cobaio e sobre o funcionamento elétrico de neurônios

de gânglio celíaco de cobaio. Usamos preparações in vitro de vasos sanguíneos de ratos e cobaios

machos (aorta e vasos mesentéricos) e anéis de traquéia, mantidos em solução nutridora, aerada, pH 7,4,

a 37 oC, para registro isométrico das contrações musculares. Usamos também gânglios celíacos intactos

de cobaios, mantidos em temperatura ambiente in vitro, para os registros eletrofisiológicos pela técnica do

microeletrodo intracelular. In vivo, avaliamos as ações do OECN sobre a pressão arterial média e alguns

parâmetros cardíacos, respiratórios e hematológicos em ratos. O OECN (0,1 - 1000 µg/ml) relaxou o

tônus basal (5 mM [K+]) e o tônus aumentado por K+ (60 mM) em traquéia de cobaio, de maneira

dependente de concentração (CE50 de 4 e 63 µg/ml, respectivamente). Em tecidos de cobaios

previamente sensibilizados, o OECN (300 e 600 µg/ml), reduziu a contração induzida pela apresentação

do antígeno sensibilizante (ovalbumina). Na faixa de concentração de 100 a 400 µg/ml, bloqueou as

contrações induzidas por histamina e PGF2α. O OECN inibiu as contrações induzidas por histamina,

carbacol e KCl com CI50 na faixa de 100 - 130 µg/ml. Em aorta de rato e cobaio, relaxou a contração

induzida por 60 mM de K+ (CI50 de 32 e 200 µg/ml, respectivamente). Em rato, mas não em cobaio, este

relaxamento foi parcialmente inibido pela retirada do endotélio vascular ou pela adição de 100 µM de L-

NAME. Em aorta de cobaio, o OECN inibiu as contrações independentes de Ca2+, induzidas por dibutirato

de forbol e por K+ hiperosmolar na solução nutridora. O OECN diminuiu preferencialmente a pressão

arterial em ratos DOCA-sal do que em ratos nefrectomizados e, bloqueou mais potentemente as

contrações induzidas pela fenilefrina em aorta de rato DOCA do que dos animais nefrectomizados. O

OECN, metil-eugenol e terpineol, aumentam o fluxo de líquido pela circulação mesentérica de rato, sendo

este efeito parcialmente inibido pela presença de L-NAME. Em nenhuma dessas preparações o OECN

produziu hiperpolarização do potencial transmembrana. Em neurônios fásicos de gânglio celíaco de

cobaio, o OECN diminuiu significativamente o aumento da excitabilidade produzido pela histamina sem

alterar as propriedades passivas e ativas dos neurônios. Em conclusão, o OECN relaxa o músculo liso

das vias aéreas, é um agente hipotensor e vasorelaxante e diminui a excitabilidade induzida por histamina

em neurônios autonômicos. Seus efeitos são, provavelmente, intracelulares ou mediados por proteína

quinase C.

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ABSTRACT

Pharmacological study of the essential oil of Croton nepetaefolius Baill. on tracheal and vascular

smooth muscle and on electrophysiological properties of celiac ganglion phasic neurons. Pedro

Jorge Caldas Magalhães, Tese de Doutorado em Farmacologia, UFC, 2002.

Croton nepetaefolius is an aromatic bush found in brazilian Northeast region, called “marmeleiro sabiá”,

and it is used in folk medicine as an antispasmodic and carminative agent. Its essential oil is comprised of

1,8-cineole, methyl-eugenol, xanthoxylin, terpineol and others constituents. Recent studies showed some

pharmacological activities of the essential oil of Croton nepetaefolius (EOCN) as an intestinal

antispasmodic, hypotensive, anti-inflammatory and analgesic agent. Our aim in this work was to evaluate

the effects of EOCN on airway and vascular smooth muscle and also on autonomic neurons. We used in

vitro models of rat and guinea-pig isolated vessels and guinea-pig tracheal rings for isometric recording of

the smooth muscle contractions. Guinea-pig celiac ganglion, was used for intracellular microelectrode

recording of electricophysiological signals. Moreover, mean arterial pressure, cardiovascular, respiratory

and hematologic parameters were measured in vivo in rats. EOCN (0,1 – 1000 µg/ml) relaxed basal and

K+-increased guinea-pig tracheal tonus (EC50 = 4 and 63 µg/ml, respectively), in a concentratation-

dependent manner. In ovalbumin-sensitized guinea-pig tissues, EOCN inhibited the antigen-induced

contraction. EOCN (100 - 400 µg/ml) blocked the histamine- and PGF2α-induced contractions. The

contractions induced by histamine, carbacol and KCl were inhibited by EOCN with IC50s between 100-130

µg/ml. In rat and guinea-pig aortic rings, EOCN relaxed the 60 mM K+-induced contractions (IC50 = 32 and

200 µg/ml, respectively). Only in rat tissues, this EOCN-induced relaxation was partially inhibited by both

L-NAME (100µM) or endothelium lack. In guinea-pig aortic rings, EOCN inhibited the Ca2+-independent

phorbol esther- and hyperosmotic K+- induced contractions. EOCN, preferably, diminished the mean

arterial pressure and inhibited the aortic rings phenylephrine-induced contractions in DOCA-salt treated rats

rather than uninephrectomized rats. Both EOCN, methyl-eugenol and terpineol increased the flow through

rat mesenteric bed. This effect was partially blocked by L-NAME (50 µM). EOCN did not produce

hyperpolarization of the transmembrane potential. In celiac ganglion phasic neurons, EOCN signicantly

inhibited the histamine-induced increase of the neuronal excitability. In conclusion, EOCN is an airway

smooth muscle relaxant, hypotensor and vasorelaxant agent, and it is a blocker of the stimulant histamine

activity on autonomic neurons. Its effects are, probably, mediated by an intracellular action or protein C

kinase modulation.

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[INTRODUÇÃO

Na cultura ocidental, todas as informações referentes a medicamentos e a seu uso foram

chamadas de materia medica desde que o conhecimento farmacêutico e médico foi sendo organizado.

No início do século XIX, a materia medica passou a ser dividida em disciplinas especializadas como a

farmacologia e a farmacognosia e, a partir do final do século XIX, a química farmacêutica, com o

advento das técnicas de sínteses de novos compostos (Robbers et al., 1997). Nas ciências médicas

diversas substâncias importantes são derivadas de produtos naturais como a nicotina, morfina,

atropina, hioscina, quinina, pilocarpina, glicosídios digitálicos entre outras que, na maior parte dos

casos são obtidas de diferentes espécies de plantas. Mesmo que muitas delas não sejam utilizadas

terapeuticamente, apresentam-se como valiosas ferramentas para exploração farmacológica de

mecanismos celulares como a rianodina, um alcalóide isolado das raízes de Ryania speciosa,

substância útil no estudo dos mecanismos de contração muscular e liberação de íons cálcio do retículo

sarcoplasmático (Meissner, 1986; Drummond e Hughes, 1987; Sutko et al., 1997), os ésteres do forbol

(como por exemplo, o dibutirato de forbol), extraídos de partes do Croton tiglium, agentes promotores

de tumor e ativadores de proteína quinase C (Drummond e Hughes, 1987), a tapsigargina, isolada de

Thapsia garganica, que mimetiza as ações dos segundos mensageiros intracelulares trifosfato de

inositol e diacilglicerol (Thastrup et al., 1987; Drummond e Hughes, 1987).

Estima-se que aproximadamente 25% de todos os medicamentos modernos sejam direta

ou indiretamente derivados de plantas. Em casos particulares como os de medicamentos utilizados

para o tratamento de câncer e os antimicrobianos, aproximadamente 60% dos medicamentos

atualmente disponíveis no mercado e aqueles nos últimos estágios de testes clínicos sejam derivados

de produtos naturais, principalmente de plantas (Calixto, 2000). Dentre estas substâncias, muitas não

são isoladas diretamente de plantas superiores, mas são produzidas a partir de precursores obtidos

desta fonte. Vários narcóticos utilizados como analgésicos são classificados como oriundos de

modificações químicas da molécula da morfina. O taxol pode ser sintetizado a partir da bacatina III,

que é relativamente abundante nas folhas de várias espécies de teixo, enquanto o próprio taxol é

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encontrado apenas na casca do teixo raro do Pacífico. A hidrocortisona ou corticosteróides afins

podem ser obtidos pelo tratamento do estigmasterol que existe em abundância no óleo de soja

(Robers et al., 1997).

OS ÓLEOS ESSENCIAIS

Dentre os agentes terapêuticos provenientes de plantas, com uso medicinal popular e

científico, destacam-se os óleos essenciais. Esses óleos, também conhecidos como essências, são

princípios ativos oleosos e voláteis, responsáveis pelo aroma característico das chamadas plantas

aromáticas (produtoras de óleos essenciais), muitos deles inclusive possuindo propriedades ativas em

sistemas biológicos, o que os tornam, portanto, de interesse científico. Constituem-se em complexas

misturas de componentes classificados quimicamente em diversos grupos (terpenos, fenóis, etc) e,

geralmente, é possível atribuir a um ou mais constituintes as ações dos óleos essenciais sobre estes

sistemas. Apresentam uma grande importância econômica e são largamente utilizados na indústria

com os mais diversos fins como aromatizantes, repelentes de insetos, em perfumaria, na composição

de desinfetantes e cosméticos, na preparação de alimentos e licores (Freise, 1935; Jacobs, 1948;

Craveiro et al. 1977; Itokawa et al., 1980). Na medicina popular são utilizados, na forma de chás e

infusatos, como sedativos, estomáquicos, antiespasmódicos, antidiarréicos, antiparasitários,

antimicrobianos, analgésicos, diuréticos e hipotensores, antimaláricos, anti-hemorroidários, anti-

sifilíticos e no tratamento de rinite alérgica (Freise, 1935; Itokawa et al., 1981; Luz et al., 1984;

Klayman, 1985; Mendonça et al., 1991; Kiuchi et al., 1992).

O estudo dos efeitos dos óleos essenciais de plantas comumente encontradas em nossa

região sobre tecidos animais e, particularmente, sobre as células musculares tem se tornado rotineiro

nos últimos anos e têm demonstrado atividades farmacológicas coerentes com a sua utilização na

medicina popular (Leal-Cardoso e Fonteles, 1999). Por exemplo, o óleo essencial de Croton

zehntneri, espécie mais conhecida como “canela-de-cunhã”, mostrou-se possuidor de interessantes

propriedades farmacológicas sobre o músculo esquelético e sobre o músculo liso intestinal. No

primeiro, o óleo essencial de C. zehntneri e seus principais constituintes anetol e estragol inibiram

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contrações induzidas pela estimulação elétrica direta no nervo e pela acetilcolina enquanto que

potencializaram as contrações produzidas pela cafeína (Albuquerque et al., 1995). No músculo liso

seus efeitos são predominantemente antiespasmódicos e são atribuídos, pelo menos parcialmente, ao

estragol (Coelho-de-Souza et al., 1997). Ao mesmo tempo, em concentrações maiores que 10 µg/ml,

também produz contrações rítmicas em íleo e aumenta a amplitude e a freqüência das contrações

espontâneas da bexiga de cobaio (Coelho-de-Souza et al., 1998), sugerindo que este óleo essencial

pode exercer efeitos moduladores diferenciais na contratilidade de vários músculos lisos.

Outro óleo essencial farmacologicamente ativo em células musculares lisas e

esqueléticas é o da Mentha x villosa, conhecida popularmente como “hortelã-rasteira”, cuja atividade

hipotensora foi descrita recentemente (Lahlou et al, 2001). Em músculo sartório de sapo este óleo

essencial também apresenta uma atividade inibitória sobre contrações induzidas por soluções

contendo 80 mM de K+ e potencializa as contrações induzidas pela cafeína. Por outro lado, em

concentrações maiores que 1 mg/ml produz contrações que são bloqueadas pela procaína (Fogaça et

al., 1997). O principal constituinte do hidrolato obtido na extração do óleo essencial da M. villosa, o

óxido de piperitenona, também se mostrou ativo sobre diversas preparações biológicas inclusive sobre

o músculo liso intestinal de cobaio com efeitos antiespasmódicos (Sousa et al., 1997). O óleo

essencial da Alpinia speciosa, planta conhecida popularmente como “colônia”, apresentou efeito

relaxante e antiespasmódico sobre preparações intestinais de íleo de rato (Bezerra et al., 2000, Lahlou

et al., 2002).

O ÓLEO ESSENCIAL DO Croton nepetaefolius

Croton nepetaefolius Baill é a denominação científica de um tipo de arbusto comum no

Nordeste brasileiro popularmente conhecido como “marmeleiro sabiá” (Fig. 1). É um exemplar da

família Euphorbiaceae e do gênero Croton, um dos mais bem representados na flora nordestina,

encontrado nos cerrados, matas litorâneas e principalmente nas caatingas (Ducke, 1959). De acordo

com citações populares, as plantas representantes deste gênero, nativas da região Nordeste do Brasil,

podem ser agrupadas em quatro categorias distintas, três delas com características bem definidas

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Fig. 1 – Croton nepetaefolius Baill (ramo florido)

Folhas com limbo triangular, palmatinérvico, oval, agudo, de base cordato-subtruncado ou levemente cordado, provida de glândulas estipitadas e de margens duplamente serradas; na página superior são viloso-pubescente, tornando-se depois hirto-pubescente. As flores são pequenas, reunidas em inflorescência do tipo cacho. Os frutos, de poucos a numerosos, são cápsulas tricocas.

Fotografia da coleção do Prof. José Henrique Leal-Cardoso, de amostras de “marmeleiro sabiá”, obtidas no município de Viçosa do Ceará (CE), no momento de sua coleta em maio de 2002.

Atrofiam as raízes mestras batendo contra o subsolo impenetrável e substituem-nas pela expansão irradiante das radículas secundárias, ganglionando-as em tubérculos

túmidos de seiva. Amiúdam as folhas. Fitam-nas rijamente, duras como cisalhas, à ponta dos galhos para diminuírem o campo da insolação. Revestem de

um indumento protetor os frutos, rígidos, às vezes, como estróbilos. Dão-lhes na deiscência perfeita com que as vagens se abrem, estalando como se houvessem molas de

aço, admiráveis aparelhos para propagação das sementes, espalhando-as profusamente pelo chão. ~

Euclides da Cunha, em “Os sertões”

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e que recebem a denominação de marmeleiros, canelas silvestres e velames. A quarta categoria, de

características mais difusas, é constituída pelas outras espécies do gênero Croton. O C.

nepetaefolius, como o nome popular indica é uma das espécies pertencente à categoria dos

marmeleiros que, assim como outras plantas deste gênero, é produtor de óleo essencial com aroma

agradável e característico. Um espécime desta planta encontra-se depositado no Herbário Prisco

Viana do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), sob o número 3.185,

tendo sido identificado pelo Dr. Afrânio Fernandes, professor daquele Departamento.

O Departamento de Química Orgânica e Inorgânica e o Laboratório de Produtos Naturais

da Universidade Federal do Ceará, bem como o Laboratório de Química da Universidade Estadual do

Ceará, têm estudado a composição química dos óleos essenciais de plantas do Nordeste do Brasil,

inclusive do C. nepetaefolius. Tem-se feito a identificação destes constituintes através de técnicas

como a cromatografia gasosa e a espectrometria de massa (GC/MS) em amostras de óleo extraídas

por arraste de vapor d´água. A constituição química do óleo essencial do C. nepetaefolius como

documentada pelo Departamento de Química Orgânica da UFC depende da região geográfica onde a

planta é colhida. Os principais contituintes são 1,8-cineol (conhecido também como eucaliptol), metil-

eugenol, α-terpineol, β-cariofileno e xantoxilina, entre outros de menor importância na sua contribuição

percentual.

Algumas ações farmacológicas do óleo essencial do Croton nepetaefolius (aqui

denominado simplesmente de OECN) têm sido demonstradas nos últimos anos. Recentemente,

Abdon (2001) descreveu algumas características farmacológicas deste óleo essencial. Administrado

por via oral, o OECN apresentou uma DL50 acima de 3 g/Kg de peso corporal, caracterizando sua

baixa toxicidade aguda. Além disso, por esta mesma via de administração, o OECN apresentou uma

atividade antiedematogênica nos modelos de edema de pata induzidos por dextrana, histamina e

carragenina, em doses relativamente baixas (10 – 300 mg/Kg), e uma atividade analgésica em

modelos de nocicepção induzida por ácido acético, formalina e estímulo térmico (30 – 300 mg/Kg).

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Entretanto, na medicina popular, a planta é utilizada contra distúrbios gastrintestinais

como antiespasmódica e carminativa (Craveiro et al., 1980). O estudo de suas atividades em músculo

liso intestinal in vitro demonstrou as propriedades miorelaxantes do OECN (Magalhães, 1997 e

Magalhães et al., 1998). Em camundongos, a administração intragástrica de OECN (10-100 mg/Kg)

aumentou o trânsito intestinal do marcador de carvão depositado no estômago. Este mesmo efeito

também foi observado em animais que tiveram o trânsito intestinal aumentado com o tratamento prévio

com o óleo de rícino. Em preparações isoladas o OECN diminuiu o tônus basal e reduziu a amplitude

das contrações espontâneas de segmentos de íleo e dos esfíncteres gastro-esofágico, pilórico e íleo-

cecal de cobaios e cujas CE50 situaram-se em uma faixa de concentração de 0,9 a 16 e 8 a 150 µg/ml,

respectivamente. Em íleo, o OECN e seus constituintes cineol, metil-eugenol e terpineol produziram

uma diminuição do tônus basal com valores de CE50 correspondentes a 16, 322, 9 e 71 µg/ml,

respectivamente e bloquearam as contrações induzidas por soluções contendo 60 mM de K+ com CI50

de 18, 419, 12 e 95 µg/ml, respectivamente (Magalhães et al., 1998). Estes dados demonstram que o

OECN possui propriedades miorelaxantes e antiespasmódicas in vitro, que é consistente com o uso de

preparações da planta na medicina popular como um antiespasmódico intestinal (Dantas, 1979;

Craveiro et al., 1980).

No intestino de cobaio seu efeito não foi inibido por L-NAME (100 µM), um inibidor da NO-

sintase (Moncada et al., 1991), pela indometacina, inibidor da ciclooxigenase (Wennmalm, 1978), pelo

hexametônio, bloqueador nicotínico neuro-neuronal (Kosterlitz e Lees, 1964) e pela tetrodotoxina

(TTX), clássico bloqueador de canais rápidos de sódio (Narahashi et al., 1964), o que sugere que pelo

menos em intestino, o efeito relaxante deste óleo essencial não envolve a mediação colinérgica dos

plexos intramurais, nem a ação de derivados do ácido araquidônico e do óxido nítrico (Magalhães,

1997).

Alguns dos principais constituintes do OECN possuem atividades farmacológicas diversas

e não menos interessantes. O 1,8-cineol, também conhecido como eucaliptol, é um terpeno

encontrado no óleo essencial de muitas outras plantas como o eucalipto e o araçá. Tradicionalmente

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é utilizado pela indústria farmacêutica por suas propriedades descongestionantes e antitussígenas

(Laude et al., 1994). Por administração oral, o cineol demonstrou possuir atividades gastroprotetoras

ao reduzir os danos gástricos induzidos por etanol e inibir o volume e a acidez do suco gástrico em

ratos (Santos e Rao, 2001). Também foram relatados efeitos inibitórios do cineol sobre edema de pata

induzido pela carragenina, sobre a nocicepção induzida pela formalina e ácido acético e apresentou

efeitos depressores do sistema nervoso central (Santos e Rao, 2000). O terpineol, por outro lado,

apresentou atividade anestésica local em nervo ciático (Moreira et al., 2001) e em preparações

frênico/diafragma de rato assim como no teste de reflexo da conjuntiva de coelho (Ghelardini et al.,

2001).

Frente a estes efeitos produzidos pelo OECN e seus constituintes e, considerada

promissora a sua utilização do ponto de vista terapêutico, tornou-se imperativo o estudo de suas

propriedades farmacológicas em outros tecidos. No presente trabalho, estudamos os efeitos do OECN

em músculo liso respiratório e vascular, bem como em neurônios do sistema nervoso autônomo, para

um melhor entendimento dos seus efeitos sistêmicos e seu mecanismo de ação. Antes, porém,

faremos algumas considerações sobre o funcionamento e as interações das células musculares lisas

vasculares e das vias aéreas e também dos gânglios pré-vertebrais do sistema nervoso autônomo.

A maquinaria muscular lisa e o seu funcionamento

As células musculares lisas das paredes de muitos órgãos são vitais para diversas

funções do organismo e seu funcionamento anormal contribui para muitas doenças (Somlyo e Somlyo,

1994 e 2000). A atividade uterina durante o parto, o sibilo e a dificuldade da respiração na asma e o

espasmo das artérias coronárias são produtos da contração de células musculares lisas que estão

presentes em diversos órgãos e sistemas como no útero, nas vias aéreas, nos vasos sanguíneos, no

estômago e intestinos, na bexiga, entre outros.

As células musculares lisas de vasos e das vias aéreas apresentam aspecto fusiforme e

dimensões que variam aproximadamente de 40 a 600 µm de comprimento e 2 a 10 µm de diâmetro,

em seu comprimento ótimo para geração de força (Berne e Levy, 1998). Na maior parte dos vasos, as

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células musculares estão arranjadas circunferencialmente, de forma que sua contração reduz o

diâmetro do tubo. Nas vias aéreas, estão arranjadas em feixes (em média de 300 a 400 células)

separados por espaços interfasciculares de dimensões variadas que contém colágeno, elastina,

fibroblastos, axônios, vasos sanguíneos e mastócitos (Stephens, 1988). A contração tanto de vasos

quanto das vias aéreas produz aumento da resistência à passagem de sangue e do ar, mas tem pouco

efeito no comprimento do órgão (Berne e Levy, 1998). O sarcolema no músculo liso representa algo

em torno de 2 a 6% do volume celular e possui uma bicamada lipídica com elementos protéicos

inseridos. O retículo sarcoplasmático existe como uma estrutura tubular embora não apresente a

organização do retículo encontrado no músculo esquelético. Não há um sarcômero bem definido. Por

outro lado, encontramos os chamados “corpos densos”, considerados análogos dos discos Z dos

músculos estriados. São estruturas que servem para transmitir forças mecânicas e proporcionar

acoplamento entre miofilamentos e o estroma do tecido conectivo (Gabella, 1976, Somlyo et al., 1980).

A contração e o relaxamento no músculo liso acontecem, em última análise,

principalmente por um aumento e uma diminuição na concentração de Ca2+ livre no interior da célula,

respectivamente (Bolton et al., 1990; Somlyo e Somlyo, 1994 e 2000; Word e Kamm, 1997). Para

isso, o acoplamento excitação-contração acontece por mecanismos que envolvem a alteração do

potencial transmembrana (evento chamado de acoplamento eletromecânico), ou por mecanismos que

independem da diferença de potencial elétrico entre os lados interno e externo da membrana como,

por exemplo, pela ativação de receptores celulares por seus agonistas. A contração muscular pode

ocorrer também por uma combinação destes dois mecanismos (Rasmussen et al., 1987; Somlyo e

Somlyo, 1990). A despolarização da membrana da célula muscular, portanto, pode ocorrer tanto por

estimulação elétrica direta quanto por ligação de agonistas, como neurotransmissores, autacóides ou

hormônios a receptores residentes na superfície da membrana citoplasmática. Esta ativação dos

receptores, processo também chamado de acoplamento farmacomecânico, pode ter como

conseqüência a liberação de Ca2+ do retículo sarcoplasmático, a abertura de canais de Ca2+

dependentes e independentes de voltagem que aumentam o influxo de Ca2+ para o citoplasma além

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do esperado para um certo grau de despolarização da membrana e o aumento da sensibilidade das

proteínas contráteis ao Ca2+ (Rembold, 1996). Portanto, as substâncias que produzem contração das

células musculares lisas o fazem por algum desses mecanismos ou por uma combinação deles. Por

outro lado, aquelas substâncias que produzem relaxamento muscular liso, podem fazê-lo também por

interferir nestes mesmos mecanismos ou em outros adicionais, como o aumento do efluxo de Ca2+ ou

seqüestro de Ca2+ em organelas intracelulares.

O potencial transmembrana (Em) das células do músculo liso varia entre –40 a –70 mV e

alteração desse potencial a valores menos negativos (despolarização) pode abrir canais de Ca2+

dependentes de voltagem, causando influxo de Ca2+ que produz aumento da [Ca2+] intracelular e início

da contração (Somlyo e Somlyo, 1994 e 2000). Em 1948, Bozler demonstrou que as contrações do

ureter, assim como no coração, foram propagadas e estão associadas com uma alteração elétrica, o

potencial de ação. Se os potenciais de ação forem iniciados pela estimulação elétrica ocorre

contração. Portanto, contrações espontâneas resultam de descargas espontâneas de potenciais de

ação (Bolton et al., 1990). As despolarizações provocadas, por exemplo, por potenciais de ação ou

alterações na [K+] extracelular produzem aumento da [Ca2+] citoplasmática primariamente por ativação

de canais de Ca2+ do tipo L (Bolton, 1979; Hermsmeyer et al., 1988). Na maior parte, mas não em

todos os músculos lisos, contrações induzidas por altas [K+] são completamente dependentes do Ca2+

extracelular e bloqueadores de canais lentos de Ca2+ (como a nifedipina e verapamil) inibem esta

contração (D´Ocon et al., 1991). Por outro lado, em alguns músculos lisos, soluções com alto K+

também podem liberar Ca2+ de seus estoques intracelulares direta e indiretamente (Munro e Wendt,

1994).

Existem muitos trabalhos demonstrando que substâncias como ATP e carbacol também

são capazes de produzir despolarização e abrir canais inespecíficos para cátions, promovendo influxo

de Na+ que ativam, por sua vez, canais L de Ca2+ e produzir contração (Sims, 1992). Outros agonistas

como angiotensina II, TEA e ACh inibem atividade de canais de K+ em células musculares lisas, o que

também leva a despolarização e influxo de Ca2+ (Bolton, 1979; Miyoshi e Nakaya, 1991). A liberação

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de Ca2+ por alguns agonistas também pode levar a ativação de canais de Cl- o que pode despolarizar

a célula (Hogg et al., 1994).

Em várias células, a contração muscular é precedida por pequenas despolarizações do

potencial transmembrana e essas variações na atividade elétrica da membrana estão relacionadas às

funções dos tecidos. Por exemplo, as células musculares lisas da traquéia de cobaio apresentam

oscilações espontâneas do potencial transmembrana conhecidas como “ondas lentas” que podem ser

disparadas continuamente ou periodicamente em uma freqüência de aproximadamente 0,7 a 1,6 Hz.

O potencial transmembrana oscila espontaneamente devido a uma diminuição gradual na

permeabilidade da membrana aos íons K+ e quando é alcançado um limiar para ativar canais de Ca2+

um potencial de ação se inicia (Moss e Hofmann, 1992). Aumentos na freqüência das ondas lentas

estão associados com alterações no tônus muscular da traquéia, como espasmos evocados em

traquéia de cobaio pelo LTD4 (McCaig e Rodger, 1988) ou por baixas concentrações de acetilcolina ou

histamina (McCaig e Souhrada, 1980; Ahmed et al., 1984).

Algumas substâncias também podem produzir contração por mecanismos independentes

de alterações no potencial transmembrana através de alterações na [Ca2+] intracelular ou alterando as

respostas celulares ao Ca2+. No primeiro caso, as alterações da [Ca2+] no citoplasma mediadas por

receptores e, independentes das alterações do Em, podem ser alcançadas por mecanismos que

envolvem a ativação de receptores acoplados ao sistema de proteínas G e ativação da fosfolipase Cβ1

com produção de IP3 e liberação de Ca2+ dos seus estoques internos (por exemplos, receptor α1-

adrenérgico na ativação por norepinefrina e receptor H1 para histamina; Bárány e Bárány, 1996).

Outra forma pode ser através de alterações no influxo de Ca2+ mediado por receptor. Contrações

sustentadas do músculo liso são dependentes do Ca2+ extracelular (Deth e van Breemen, 1977) e sem

Ca2+ na solução extracelular as contrações induzidas por agonistas rapidamente relaxam à medida

que existe um esvaziamento dos estoques internos (Bozler, 1969). A elevação do Ca2+ intracelular em

uma contração mantida está relacionada a um maior influxo de Ca2+ para o interior da célula (Rembold

e Murphy, 1988b). Substâncias como ATP e carbacol podem ativar canais iônicos inespecíficos e

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operados por receptor em alguns músculos lisos, aumentando diretamente o influxo de Ca2+ (Bolton,

1979; Benham e Tsien, 1987; Ganitkevich e Isenberg, 1990).

Pode-se obter força muscular por alteração da resposta celular ao Ca2+, como por

exemplo, na alteração da sensibilidade ao Ca2+ intracelular na modulação da fosforilação da cadeia

leve da miosina. Através de medidas da [Ca2+] intracelular simultâneas às medidas de força, muitos

pesquisadores demonstraram que a sensibilidade ao Ca2+ depende do estímulo (Morgan e Morgan,

1984; Bruschi et al., 1988; Karaki et al, 1988). A ativação da proteína quinase C (PKC) produz

contração sustentada e de desenvolvimento lento no músculo liso arterial, o que demonstra que esta

proteína pode estar envolvida na regulação da contratilidade do músculo liso ou em alguma outra

resposta celular como a modulação por feedback do metabolismo de fosfatidilinositídeos. Os

estímulos produzidos por angiotensina II, norepinefrina e endotelina causam aumento no conteúdo de

diacilglicerol (DAG), um ativador lipídico e endógeno da PKC (Lee e Severson, 1994). Contrações

sustentadas em músculo liso arterial e traqueal são caracterizadas por altos níveis de ativação de

pontes cruzadas com baixos níveis de Ca2+ intracelular, baixos níveis de fosforilação da cadeia leve de

miosina e baixas velocidades de encurtamento (Singer, 1996). Este exemplo serve para demonstrar

que a sensibilidade dos elementos contráteis ao Ca2+ é fator importante no processo contrátil.

Os ésteres de forbol, ativadores de proteína quinase C contraem o músculo liso e

aumentam a sensibilidade ao Ca2+ intracelular tanto em relação ao desenvolvimento de força como em

relação a fosforilação da miosina (Chatterjee e Tejada, 1986; Rembold e Murphy, 1988a; Nishimura et

al., 1990). Entretanto, a compreensão da real participação da PKC torna-se de maior complexidade

visto que já foram identificados mais de uma dezena de isoenzimas com diferentes genes relacionados

e classificadas de acordo com suas estruturas e seus domínios regulatórios e catalíticos. A maior

parte delas apresenta um domínio regulatório denominado C1 onde está localizado o sítio de ligação

para o DAG e também para os ésteres do forbol. Dentre estas, algumas são dependentes de Ca2+ e

outras não (Singer, 1996). Há relatos de que as contrações induzidas por K+ hiperosmolar em aorta

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de rato e cobaio foram independentes de Ca2+ e mediadas parcialmente pela ativação de proteína

quinase C (Low et al., 1994).

A fosforilação da tirosina também pode ser importante na regulação da sensibilidade ao

Ca2+ intracelular, visto que algumas substâncias inibidoras de tirosina quinase (geldanomocina,

tirfostina e genisteina) diminuíram respostas contráteis induzidas por agonistas em músculo liso intacto

e em preparações desnudadas de músculo liso longitudinal de íleo de cobaio (Di Salvo et al., 1993). A

tirfostina, por outro lado não teve efeito em contrações induzidas por altas concentrações de K+ em

vasos intactos (Di Salvo et al., 1993). Ausina et al. (1996) descreveram que a adição hiperosmolar de

K+ em útero de rata produz contrações que são pouco influenciadas pela alteração de volume celular

devido ao estresse osmótico, são independentes de Ca2+ intra ou extracelular e de despolarização da

membrana, e que não parecem ser mediadas pela ativação de PKC, quinases dependentes de

Ca2+/calmodulina ou tirosina quinases. Entretanto, envolvem a participação de alguma quinase

sensível a estaurosporina.

Independentemente de os mecanismos iniciadores da contração serem relacionados às

alterações do Em, à ativação de canais operados por receptor, ao deslocamento de Ca2+ de estoques

intracelulares ou a uma combinação destes fatores, dentre outros, podemos considerar que as bases

bioquímicas e estruturais da contração muscular lisa apresentam uma grande similaridade com os

mecanismos conhecidos para a célula muscular estriada. Existem estruturas no músculo liso, os

corpos densos que são análogos das linhas Z nos músculos estriados e ambos são constituídos de α-

actinina e servem de pontos de ligação para os filamentos de actina (Somlyo e Somlyo, 1994). A

miosina nos dois tipos de células musculares é hexamérica formada por duas cadeias pesadas e

quatro cadeias leves (MLC20 e LC17, duas de cada). A atividade ATPasica é específica e

espacialmente localizada sendo desencadeada pela fosforilação da MLC20 no aminoácido Ser19 pela

MLCK dependente de Ca2+-calmodulina. É geralmente aceito que este é o mecanismo primário para

iniciar a contração no músculo liso (Sobieszek, 1977; de Lanerolle e Paul, 1991; Stull et al., 1991). O

Ca2+ é um segundo mensageiro chave envolvido em muitos processos de sinalização celular. No

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músculo liso, a sua complexação com a calmodulina permite a sua interação com a MLC20 resultando

em sua isomerização a uma forma ativa (Stull et al., 1996).

A curva comprimento-tensão, a relação força-velocidade, a bioquímica e as alterações

mecânicas do músculo liso são consistentes com a teoria dos filamentos deslizantes da contração na

qual o ciclo das pontes cruzadas gera força e encurtamento (Arner et al., 1987; Fuglsang et al., 1993).

A ativação das pontes cruzadas se dá por ligação de alta afinidade da miosina à actina na ausência do

nucleotídeo, que se separam após a ligação do ATP e sua posterior hidrólise, seguida pela liberação

de Pi e transição para estados geradores de força terminados pela liberação de ADP, ligação de ATP e

repetição do ciclo (Somlyo e Somlyo, 1994).

Estabelecida uma contração, o relaxamento das células musculares lisas pode acontecer

por vários tipos de processos que, na maior parte dos casos, passa por redução da [Ca2+] no interior

da célula. Substâncias como o fator relaxante derivado do endotélio (FRDE, óxido nítrico) e fator

natriurético atrial aumentam GMPc e relaxam o músculo liso vascular por atenuação do aumento da

[Ca2+] intracelular em células isoladas e tecidos intactos (Rapoport et al., 1985; Karaki et al, 1988;

Word et al., 1991; Mc Daniel et al., 1992). A redução na [Ca2+] citoplasmática mediada pelo GMPc

pode ser produzida por alguns mecanismos como: abertura de canais de K+ que produzirá

hiperpolarização da célula e posterior diminuição do influxo de Ca2+ pelos canais L (Thornbury et al.,

1991,; Robertson et al., 1993); diminuição direta do influxo de Ca2+ através de canais do tipo L de

forma independente das alterações do Em como os efeitos do 8-bromo-GMPc em células musculares

vasculares como avaliado através da técnica de patch-clamp (Ishikawa et al., 1993); ativação da

bomba Ca2+-ATPase do retículo sarcoplasmático e da membrana plasmática, dependentes de GMPc

com conseqüente diminuição do Ca2+ livre no citoplasma (Popescu et al., 1985; Twort e van Breemen,

1988); aumento da atividade trocadora Na+/Ca2+ como evidenciado em aorta de rato isolada (Itoh et

al., 1983).

Também pode ocorrer relaxamento muscular liso por hiperpolarização celular devida a

aumento da probabilidade de abertura de canais KCa e KATP mediada por aumento da [AMPc] (Anwer

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et al., 1992; Quayle et al., 1994). A estimulação β-adrenérgica em miométrio de rata e o efeito do

peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (PRGC) em artérias mesentéricas de coelho demonstram

haver abertura de canais de K+ ativados por Ca2+ e por ATP, respectivamente. Entretanto, assim

como o GMPc, o AMPc também pode ser considerado capaz de diminuir a [Ca2+] intracelular por

diminuição do influxo de Ca2+ tanto por alteração do potencial transmembrana como por apresentar

efeitos diretos sobre os canais de Ca2+ do tipo L (Rembold, 1996). O mecanismo primário para a

diminuição da [Ca2+] intracelular provocada pela elevação do AMPc é a ativação da proteína quinase G

(GMPc-dependente) (Lincoln et al., 1990). Estímulos fisiológicos que aumentam AMPc incluem

agonistas que ativam receptores adrenégicos β2, purinérgicos P1 ou receptores PRGC. Outra ação do

AMPc pode ser a diminuição da sensibilidade ao Ca2+ intracelular. A ativação de proteínas quinases

dependentes de AMPc produz fosforilação da quinase de cadeia leve da miosina em determinados

sítios in vitro e isso pode diminuir sua sensibilidade ao Ca2+. O forskolin, um ativador específico da

adenililciclase, induziu relaxamento da carótida de suínos por diminuir a [Ca2+] intracelular sem alterar

a fosforilação da quinase de cadeia leve da miosina (McDaniel et al., 1991). Este mesmo efeito foi

visto no relaxamento da traquéia de bovino produzido pelo isoproterenol (Stull et al., 1990).

Especialmente em músculo liso vascular, o relaxamento produzido por algumas

substâncias como ADP/ATP, adenosina, histamina, trombina e acetilcolina são mediadas pelo

endotélio vascular através da liberação de NO ou do chamado fator hiperpolarizante derivado do

endotélio (FHDE, o qual pode ser um produto do citocromo P450) (Rapoport et al., 1984; Feletou e

Vanhoutte, 1988; Brayden, 1991; Arnal et al., 1999). Em 1980, Furchgott e Zawadzki foram os

primeiros a demonstrar que o relaxamento das células musculares lisas de vasos era dependente da

integridade anatômica do endotélio em resposta a acetilcolina. O endotélio também é o responsável

pela produção de outros vasodilatadores como a prostaciclina (PGI2) a qual relaxa o músculo liso

vascular pela ativação da adenilato ciclase e formação de AMPc (Arnal et al., 1999). Como um efeito

paradoxal e, em determinadas circunstâncias como anóxia e hipertensão, o endotélio também pode

ser o responsável pela liberação de substâncias vasoconstritoras como a PGH2, ânion superóxido (O2-)

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e endotelina (Lüscher et al., 1993). Além de funções vasomotoras o endotélio também participa de

outros processos fisiológicos muito importantes pela liberação de NO e PGs como no controle da

agregação plaquetária (Radomski et al., 1991).

Como vimos anteriormente, a fosforilação da MLC20 pode ser considerada como iniciador

do processo contrátil. Existe uma aceitação geral também de que o relaxamento do músculo liso

contraído está associado com a desfosforilação da MLC20 (Stull et al., 1991; Somlyo e Somlyo, 1994 e

2000), onde a atividade da miosina fosfatase é necessária para reverter a ativação da miosina pela

fosforilação da sua cadeia leve regulatória. A medida que há diminuição na [Ca2+] intracelular, ocorre

inativação da MLCK dependente de Ca2+, desviando o balanço de atividade quinase para fosfatase, o

que resultará em desfosforilação da cadeia leve da miosina e relaxamento muscular (Word e Kamm,

1997). As fosfatases de serina e treonina são classificadas em quatro categorias gerais (tipos 1, 2A,

2B e 2C) de acordo com ativadores e inibidores específicos. A responsável pela desfosforilação da

miosina no músculo liso é a proteína fosfatase do tipo 1 (PP1), e a subunidade catalítica desta enzima

também está associada com o aparelho contrátil em músculo esquelético e cardíaco (Word e Kamm,

1997). Entretanto, em preparações de útero desnudado de rata contraído com solução fisiológica

saturada com Ca2+ e calmodulina, houve relaxamento relacionado a uma significativa, mas não

completa, desfosforilação da MLC20, pela adição à solução fisiológica da subunidade catalítica de uma

fosfatase do tipo 2 (Haeberly et al., 1985).

A dependência direta entre a força e a quantidade de miosina fosforilada não descreve

adequadamente todos os processos fisiológicos e celulares envolvidos na contração do músculo liso, e

este é um dos aspectos da fisiologia muscular que ainda encontra-se no início de sua compreensão.

Os baixos níveis de fosforilação da MLC20 estão associados com um forte aspecto do funcionamento

do músculo liso que é a sua capacidade de desenvolver força a um baixo consumo de energia (ATP)

(Siegman et al., 1980; Rembold e Murphy, 1993). Ainda não se conhece o mecanismo responsável

para este estado, num misto de alta força, baixa fosforilação e baixo consumo de energia, chamado de

“latch state”, mas acredita-se que envolva um aumento na proporção das pontes cruzadas

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ativadas/desativadas, ou mesmo uma separação temporal entre a velocidade de desfosforilação e a

velocidade de desacoplamento entre actina e miosina ou mesmo uma lentificação da liberação de ADP

pelas pontes cruzadas, mantendo desta forma a força por mais tempo (Khromov et al., 1995). Pode

haver também um estado de cooperatividade onde pontes cruzadas fosforiladas promovem a ativação

de outras pontes não fosforiladas (Vyas et al., 1992). Relaxamento muscular liso sem desfoforilação

da MLC20 pode ser iniciado quando o músculo é contraído com agonistas e relaxado com agentes

ainda na presença de agonistas (por exemplo: histamina ou norepinefrina + papaverina em músculo

arterial de suíno).

Em resumo, o músculo liso envolve uma diversidade de mecanismos para a regulação de

sua contração ou seu relaxamento. Estes mecanismos incluem muitas formas da própria regulação do

Ca2+ intracelular bem como alguns aspectos das respostas celulares às alterações da [Ca2+]

citoplasmática. Como pontos principais dos processos celulares temos a ativação da quinase de

cadeia leve da miosina que leva a fosforilação da cadeia leve da miosina na posição da serina 19.

Esta fosforilação está associada com a atividade lítica de ATP da miosina ativada pela actina. Em

estímulos fisiológicos o desenvolvimento de força depende do aumento da quantidade de miosina

fosforilada, mas existem exemplos de eventos que não associam força e fosforilação da miosina. Isto

sugere que outros mecanismos regulatórios também podem modular a força contrátil em alguns

músculos. Teleologicamente, essa diversidade de mecanismos pode permitir ao músculo liso a

manutenção de suas funções normais como uma compensação de alguma deficiência genética, algum

estado patofisiológico ou terapia farmacológica.

O músculo liso das vias aéreas e sua interação com reações antigênicas

Já está bem estabelecido que a asma envolve uma fase inicialmente broncoconstritora e

uma fase tardia inflamatória (Barnes, 1989). Nesta, uma das características é a hipersensibilidade das

vias aéreas a vários estímulos físicos químicos e farmacológicos (Boushey et al., 1980; O’Byrne e

Manning, 1992). Vários componentes da árvore respiratória podem contribuir para a

hiperresponsividade das vias aéreas como a musculatura lisa, o epitélio brônquico, mecanismos

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neuro-humorais e as ligações mecânicas entre o parênquima pulmonar e as vias aéreas (Ingram,

1991). A resposta anormal da musculatura lisa das vias aéreas tem sido sugerida para definir a

hiperrreatividade brônquica e tem sido objeto de várias investigações, embora também sejam

importantes as participações de eventos como a regulação da secreção de muco, a tosse e o tônus

vasomotor (Cockroft et al., 1977; Boushey et al., 1980).

A histamina tem um papel fisiológico importante. Esta substância é um dos mediadores

produzidos e estocados nos mastócitos e sua liberação se dá pela interação do antígeno com

anticorpos IgE na superfície dos mastócitos, desempenhando um papel fundamental nas reações de

hipersensibilidade imediata e nas respostas alérgicas. A liberação de histamina pode produzir efeitos

locais ou gerais principalmente na musculatura lisa através de sua ligação com receptores H1, cuja

ativação, por exemplo, provoca broncoconstrição (Ash e Schild, 1966). Apesar de os mastócitos

serem de provável importância em respostas broncoconstritoras agudas a alérgenos, seu papel na

asma crônica, particularmente nas respostas tardias a não está totalmente compreendido (Oates e

Wood, 1989). Isto tem importantes consequências terapêuticas visto que agonistas β e drogas que

estabilizam mastócitos (tipo oxatomida e loperamida), as quais previnem a liberação de mediadores

dos mastócitos são efetivas em prevenir a resposta broncoconstritora a alérgenos, como esperado,

mas não são efetivos em prevenir a hiperrreatividade brônquica subsequente. Por outro lado, os

corticosteróides os quais não são efetivos em prevenir a liberação de mediadores dos mastócitos,

inibem efetivamente a resposta tardia e previnem ou reduzem a hiperreatividade brônquica (Schleimer

et al., 1983; Cockroft e Murdock, 1987).

A liberação de histamina durante a reação anafilática já tem sido demonstrada em várias

espécies e tecidos mas, já há muito tempo, sabe-se que ela não é responsável sozinha por todos os

efeitos na musculatura lisa observados após a apresentação do estímulo desencadeador da reação de

hipersensibilidade (Brocklehurst, 1960). Em meados do século passado, foi sugerida a importância da

Substância Anafilática de Reação Lenta (SRS-A), nos eventos que ocorrem após estímulo imunológico

dos pulmões (Kellaway e Trethewil, 1940). A SRS-A foi caracterizada como um potente constritor da

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musculatura lisa das vias aéreas com uma maior duração de ação que a histamina, sabendo-se

atualmente tratar-se este efeito da produção de leucotrienos, principalmente LTC4, LTD4 e LTE4 (Lewis

e Austen, 1984), liberados por algumas células presentes nas vias aéreas, incluindo mastócitos, que

estão envolvidas com a reação com o alérgeno (Dahlen et al., 1980 e 1983).

Produtos da ciclooxigenase também estão relacionados com os fenômenos da resposta

asmática imediata (Fish et al., 1981) e tardia (Fairfax, 1983). Os candidatos mais prováveis são as

prostaglandinas estimulatórias PGD2, PGF2α e o TxA2. A PGD2 contrai as vias aéreas produzindo

broncoconstrição diretamente por estimulação de receptores específicos e indiretamente por meio de

ação pré-sináptica com liberação de acetilcolina de nervos colinérgicos das vias aéreas (Tamaoki et

al., 1987). Assim como a PGD2 a PGF2α também é importante na indução da broncoconstrição e

hiperresponsividade das vias aéreas após inalação de alérgenos a organismos sensibilizados (O’Byrne

e Manning, 1992). O TxA2, um potente constritor da musculatura lisa, também tem sido implicado na

hipersensibilidade asmática em cães (Aizawa et al., 1985; Kleeberger et al., 1987) e em humanos

(Shephard et al., 1985).

Interações entre Sistema Imunológico e Sistema Nervoso Autônomo

Podemos exemplificar alguns eventos que ilustram a complexa relação entre sistema

imunológico e sistema nervoso autônomo. Nas vias aéreas, de uma maneira geral, há uma

concordância de que a inervação para a musculatura, vasos sanguíneos e glândulas é dupla: uma

excitatória e uma inibitória. A estimulação vagal contrai as vias aéreas, aumenta a secreção glandular

e dilata os vasos pulmonares (Hahn et al., 1978). Estes efeitos são bloqueados pela atropina

sugerindo que são mediados pela ativação dos receptores muscarínicos para a acetilcolina

(Widdicombe, 1963). Em animais, a estimulação simpática produz, ao contrário da parassimpática,

relaxamento da musculatura das vias aéreas, contrai os vasos sanguíneos e inibe as secreções

glandulares (Cabezas et al., 1971; Kadowitz et al., 1976).

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Além dos eventos mecânicos e celulares que são importantes nas alterações do

funcionamento do músculo liso respiratório, também temos a participação de eventos mediados por

neurônios localizados na árvore respiratória ou distantes dela. Em camundongos, a exposição ao

alérgeno associada ao desenvolvimento de uma resposta mediada por IgE pode levar a uma alteração

do controle neural das vias aéreas com liberação aumentada de ACh de terminais neurais (Larsen et

al., 1994). Efeito semelhante foi registrado em cobaios, onde este aumento da neurotransmissão

colinérgica talvez seja mediado por uma down-regulation dos receptores muscarínicos pré-juncionais

inibitórios (Elbon et al., 1995). A liberação local de taquicininas por fibras C sensoriais também pode

ser importante na patofisiologia da inflamação brônquica e na hiperresponsividade relacionada com a

asma (Frossard e Advenier, 1991). Por outro lado, Greene et al (1988) demonstraram que a

estimulação imunológica in vitro dos mastócitos pulmonares produz secreção de fatores que excitam

neurônios sensoriais vagais. Entretanto, estes fenômenos não são exclusivos do músculo respiratório.

Nos dias atuais, portanto, é possível a compreensão das interações entre o sistema

imunológico e sistema nervoso e muitos estudos comprovaram que o sistema nervoso pode influenciar

o sistema imune, assim como o contrário também é provável acontecer (Livnat et al., 1987). O sistema

nervoso autônomo, em particular, deve exercer algum controle fisiológico sobre processos

imunológicos visto que fibras nervosas autonômicas contendo catecolaminas estão presentes em

áreas próximas a tecidos linfóides e linfócitos expressam receptores para neurotransmissores e

peptídeos neuromoduladores que são liberados por estes nervos (Williams et al., 1981; Livnat et al.,

1985).

Existem interações parácrinas entre mastócitos e o plexo submucoso que constituem

fatores das reações de hipersensibilidade do tipo 1 associadas com modelos de sensibilização a

antígenos específicos (Frieling et al., 1994a e 1994b). O comportamento do intestino imunizado

quando estimulado com o antígeno sensibilizante é influenciado pela maior atividade de neurônios

submucosos secretomotores do sistema nervoso entérico (Perdue e Gall, 1986; Wang et al., 1991). A

estimulação antigênica envolve secreção mucosa aumentada e incremento nos movimentos

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propulsivos que são dependentes das funções integrativas do sistema nervoso entérico. Portanto, a

sinalização entre os mastócitos da mucosa intestinal e os neurônios entéricos está envolvida nas

respostas anafiláticas ao antígeno sensibilizante e a histamina é um dos prováveis sinais desta

comunicação (Frieling et al., 1994b). Entretanto, ainda são poucos os estudos a respeito do

funcionamento dos microcircuitos integrados em intestino sensibilizado durante a nova exposição ao

antígeno sensibilizante e é pequeno o nosso conhecimento sobre os efeitos neurofisiológicos da

ativação de mastócitos em diferentes tecidos.

Os gânglios autonômicos são de particular interesse pois apresentam uma população

considerável de mastócitos (Torp, 1961; Weinreich, 1985) e porque estão envolvidos na regulação do

tônus autonômico para a periferia (Weinreich, 1985). O gânglio nodoso, por exemplo, que apresenta

aproximadamente 95% de suas células classificadas como do tipo C e inerva regiões como o esôfago,

traquéia, brônquios e outras estruturas viscerais torácicas e abdominais, tem sua excitabilidade

alterada, em geral por despolarizações subliminares da membrana e por modulação da sua

intensidade de descargas, em resposta à presença de muitos autacóides como serotonina, histamina,

alguns prostanóides, leucotrienos e bradicinina (Undem et al., 1993; Undem e Weinreich, 1993; Leal-

Cardoso et al., 1993). A estimulação antigênica e a liberação de mediadores específicos durante a

reação de hipersensibilidade imediata nos pulmões estimulam a formação de impulsos em fibras

aferentes vagais em suas proximidades, enquanto que a destruição de fibras C pela capsaicina diminui

a resposta pulmonar induzida pelo antígeno (Coleridge et al., 1989; Matsuse et al., 1991). Está bem

documentado por Albuquerque et al. (1996) que o gânglio cervical superior, que também participa na

fase tardia da inflamação pulmonar subsequente à indução de uma reação anafilática, apresentou uma

potenciação sustentada, de longa duração (A-LTP, do inglês antigen-induced long term potentiation),

do potencial de ação composto e um aumento efetivo na liberação de histamina após a apresentação

do antígeno e, que as células imunes e os mediadores responsáveis pela A-LTP estão presentes no

próprio gânglio simpático.

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Entretanto, relativamente pouca atenção tem sido dada a possíveis interações entre

mastócitos, antígenos e autacóides com outros gânglios autonômicos como os pré-vertebrais, embora

eles apresentem vantagens em seu estudo pela existência de arcos reflexos periféricos, riqueza de

tipos de potenciais sinápticos e dos tipos de neurônios (Leal-Cardoso, 1993). Os gânglios pré-

vertebrais abdominais como os gânglios celíaco direito e esquerdo, o mesentérico superior e o

mesentérico inferior são estruturas que desempenham importantes funções fisiológicas visto que é

através deles que o trato gastrintestinal recebe sua inervação simpática inibitória. O plexo celíaco

(gânglio celíaco direito e esquerdo e gânglio mesentérico superior) inerva grande parte do sistema

gastrintestinal e dá origem a um grande número de troncos nervosos que o ligam à maior parte dos

órgãos abdominais (Kreulen e Szurszewski, 1979a). Além da clássica descrição de vias aferentes e

eferentes que comunicam os neurônios centrais e periféricos, o plexo celíaco também está envolvido

com reflexos locais independentes da participação do sistema nervoso central. Em 1941, Kuntz e van

Buskirk demonstraram respostas inibitórias no sistema biliar e no segmento proximal do intestino que

envolviam indubitavelmente vias reflexas mediadas pelo plexo celíaco. A existência de reflexos

mediados por gânglios simpáticos pré-vertebrais foi confirmada por outros autores (Harris, 1943;

Semba, 1954), inclusive com a demonstração in vitro entre dois segmentos de cólon conectados

apenas por vias nervosas do gânglio celíaco e mesentérico inferior (Crowcroft et al., 1971; Kreulen e

Szurszewski, 1979b). Em 1993, o trabalho de Mazet et al nos mostra que a distensão gástrica inibe a

motilidade duodenal via reflexo nervoso, mediado pelo plexo celíaco, e que estes eventos não

dependem de mecanismos nicotínicos e ativação de canais de Na+ ou de Ca2+.

Leal-Cardoso (1993) descreveu que a apresentação do antígeno produziu desgranulação

de mastócitos, liberação significativa de histamina, maior formação de produtos da ciclooxigenase

(como PGD2 e TXB2) em gânglio celíaco e mesentérico inferior de cobaio ativa e previamente

sensibilizados ao antígeno. As propriedades elétricas dos neurônios também foram alteradas pela

apresentação ao antígeno, o que levou a uma despolarização, aumento da resistência de entrada da

membrana, aumento do número de potenciais de ação num pulso de corrente supraliminar, indução de

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automatismo, bloqueio da pós-hiperpolarização lenta e uma corrente similar à corrente M de K+. As

respostas da apresentação do antígeno em relação ao potencial transmembrana e resistência de

entrada foram correlacionadas positivamente às ações da histamina adicionada exogenamente. Estes

dados demonstram a utilidade destas gânglios como modelo para o estudo das interações entre os

sistemas nervoso autônomo e imunológico.

Estudos relacionados às ações da histamina no sistema nervoso

O interesse pelo estudo das ações da histamina é proveniente das descobertas ocorridas

na primeira metade do século XX com os estudos sobre reações anafiláticas, a comprovação da

presença de histamina em muitos tecidos e a demonstração de que ela é uma das substâncias

liberadas pelos mastócitos em reações antígeno anticorpo. No sistema nervoso central de mamíferos

apresenta distribuição variada e existem fortes evidências de que ela possa ter um papel como um

neurotransmissor ou um neuromodulador (Adam e Hye, 1966; Hill, 1990). Os receptores para

histamina são divididos em três subtipos principais denominados H1, H2 e H3, baseados em estudos

quantitativos in vitro em tecidos periféricos e centrais. Em 1966, Ash e Schild introduziram o termo H1

para definir a classe de receptores histaminérgicos que foram sensíveis à inibição por baixas

concentrações de antihistamínicos clássicos como a prometazina e mepiramina. Estes receptores

estão classicamente relacionados com as contrações de muitos músculos lisos viscerais como a

traquéia, útero e íleo de cobaio. Os receptores H2, que participam da estimulação da secreção ácida

no estômago entre outros efeitos, foram identificados com o desenvolvimento da burimamida (Black et

al., 1972). A existência do receptor H3 foi sugerida em 1983 na tentativa de entender os efeitos da

histamina em regular sua própria liberação em fatias de cérebro de rato (Arrang et al., 1983).

No sistema nervoso autônomo, a histamina desempenha um papel muito relevante nas

alterações elétricas e funcionais promovidas por reações antígeno-anticorpo. Desde 1943, com o

trabalho de Kwiatkowsky sabemos da existência de histamina no sistema nervoso autônomo periférico

de mamíferos, sendo os mastócitos o seu principal local de armazenamento nos gânglios autonômicos

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(Weinreich, 1985). Ela é o mediador inflamatório prototípico liberado de mastócitos nas proximidades

das terminações sensoriais periféricas, podendo inclusive estimular neurônios vagais do tipo C

(Coleridge e Coleridge, 1977; Wasserman, 1994). Nos gânglios simpáticos, alguns dos seus efeitos

parecem ser mediados por receptores H1 e H2 que, pelo menos em gânglio cervical superior de coelho,

são os responsáveis pela facilitação da transmissão sináptica e pela depressão ganglionar,

respectivamente (Brimble e Wallis, 1973). No rato, agonistas de receptor H1 foram ineficazes

enquanto que os de agonistas do receptor H2 produziram inibição da transmissão ganglionar, através

da diminuição dose-dependente da amplitude do potencial de ação composto pré- e pós-sináptico

(Lindl, 1983; Snow e Weinreich, 1987). Em 1989, Christian et al relataram que em gânglio cervical

superior de cobaio (assim como em gânglio celíaco e mesentérico inferior, vide acima), os efeitos da

aplicação exógena de histamina apresentaram correlação positiva com os da estimulação com o

antígeno e que ambos foram inibidos por antagonistas de receptor H1, não sendo alterados por

antagonistas de receptor H2 ou H3.

Os mecanismos de transdução do sinal através da ativação dos receptores

histaminérgicos em neurônios ainda são pouco compreendidos mas incluem alterações em correntes

iônicas como as correntes de K+. Em neurônios aferentes vagais do furão, pequeno mamífero

carnívoro da família dos mustelídeos, a despolarização e o conseqüente aumento da excitabilidade

produzido pela histamina foi provocado pela interferência nas correntes de K+ denominadas IK(rest),

ativa em condições de repouso, e a IAHP, corrente hiperpolarizante de K+ pós-potencial de ação,

podendo existir no mesmo neurônio e envolver a ativação do mesmo receptor H1 (Jafri et al., 1997).

Em neurônios entéricos tipo AHP (do inglês after hyperpolarization, assim classificado por apresentar

uma pós-hiperpolarização) de cobaio, a histamina produz efeitos estimulatórios que mimetizam

potenciais pós-sinápticos excitatórios lentos (Nemeth et al., 1984; Frieling et al., 1993). Diversos

autores relatam que a histamina produz despolarização, aumento da resistência de entrada da

membrana e diminuição da duração da pós-hiperpolarização lenta de neurônios AHP e que essas

alterações refletiriam as conseqüentes alterações da excitabilidade encontradas em muitos tecidos

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(Nemeth et al., 1984; Christian et al., 1989; Weinreich et al., 1992; Hemming et al., 2000).

Aparentemente, a transdução de sinais sinápticos lentos envolve a ativação da adenilato ciclase e

produção de AMPc como segundo mensageiro (Palmer et al., 1986 e 1987). Recentemente, Starodub

e Wood (2000) descreveram a participação diferencial dos receptores H2 na produção de potenciais de

ação repetitivos que ocorre na estimulação induzida pela histamina em neurônios mioentéricos de

cobaio.

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40

OBJETIVOS

Caracterizar os efeitos farmacológicos do OECN sobre o músculo liso respiratório e vascular

Muitas espécies de plantas produtoras de óleos essenciais, que são encontradas na

região Nordeste do Brasil são largamente utilizadas na medicina popular seja por tradição ou seja pelo

alto preço dos medicamentos cobrados pelas indústrias farmacêuticas. Atualmente, estas mesmas

indústrias têm demonstrado renovado interesse na investigação de plantas como fontes para novas

estruturas e para o desenvolvimento de agentes fitoterápicos de eficácia comprovada, segurança e

qualidade. Este interesse é justificado de certa forma pela existência de leis que regulamentam as

patentes para produtos de origem vegetal que já vêm sendo usado tradicionalmente. Muitas indústrias

farmacêuticas já assinaram acordos de cooperação com pessoas físicas ou órgãos públicos para a

investigação de plantas medicinais menos conhecidas em alguns países entre eles Brasil, Costa Rica,

China, México e até mesmo Samoa (Robbers et al., 1997). Além disso, segundo a OMS (Organização

Mundial da Saúde) aproximadamente 65 a 80% da população mundial depende essencialmente de

plantas como forma de tratamento primário de saúde (Calixto, 2000). E, para a grande maioria destas

plantas, ainda não existem dados farmacológicos que confirmem cientificamente a sua utilidade

terapêutica e muito menos a identificação dos seus possíveis efeitos tóxicos ou indesejáveis.

Como mencionamos anteriormente, em experimentos realizados no Laboratório de

Eletrofisiologia, o óleo essencial do Croton nepetaefolius apresentou efeitos farmacologicamente

interessantes. Ele se mostrou capaz de relaxar o músculo liso intestinal e vascular e também de

diminuir a pressão arterial sendo que foi mais potente em reduzir a pressão arterial dos ratos

hipertensos do que dos ratos normotensos. Sendo o músculo liso respiratório uma estrutura

importante na fisiopatologia das doenças respiratórias como a asma, torna-se de grande necessidade

a descoberta de novas substâncias ativas e mais seletivas neste músculo para uma possível utilização

como fármacos. Pelos nossos dados preliminares o OECN é capaz de produzir relaxamento do

músculo liso traqueal o que lhe dá uma potencialidade de exploração farmacológica significativa.

Esses fatos mostram a importância do estudo das ações do OECN sobre o músculo liso das vias

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aéreas. Por outro lado, muitas revistas científicas importantes têm dedicado mais espaço para

publicações básicas e clínicas para estudos com medicamentos obtidos de plantas.

Avaliar a ação do óleo essencial do Croton nepetaefolius sobre o funcionamento de neurônios de

gânglios autonômicos

Na literatura é muito difícil encontrar estudos relacionados à ação de óleos essenciais

sobre o sistema nervoso, a não ser através de técnicas que visam avaliar parâmetros como

comportamento, analgesia e/ou inflamação que compreendam mecanismos neurais. Além do mais,

quase não existem relatos dos efeitos de óleos essenciais com experimentos que utilizam o registro

intracelular da atividade de neurônios. Para este propósito, este estudo também contribui para um

melhor entendimento do funcionamento do gânglio celíaco frente à histamina e uma possível

participação sua em eventos de cunho imunológico.

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42

METODOLOGIA

Animais e tecidos

Neste estudo foram usados ratos (Ratus norvegicus) Wistar, adultos, machos,

(200–350 g), provenientes do Biotério do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de

Medicina da Universidade Federal do Ceará. Utilizaram-se também cobaios (Cavia porcellus) adultos,

machos (400-600g), provenientes do Biotério do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do

Ceará (HEMOCE). Os animais foram sacrificados por concussão cerebral ou deslocamento cervical.

Vasos sangüíneos

Segmentos de aorta foram retirados, após a abertura da caixa torácica, através de

uma incisão paralela ao esterno, rompendo-se as estruturas costais, permitindo a visualização de

todos os órgãos intratorácicos. Continuando-se a incisão a partir do apêndice xifóide até a região

inguinal, nos cobaios, foi possível a retirada de segmentos de vasos mesentéricos nas proximidades

das alças intestinais delgadas. No caso dos ratos, foi feita a identificação e a canulação da artéria

mesentérica, a partir da qual se fez a dissecação do leito vascular mesentérico.

A aorta e os vasos mesentéricos, após remoção, foram rapidamente colocados em

uma placa de Petri contendo solução nutridora de Tyrode modificada (nas [K+] e [Ca2+] – valores

originais 2,68 e 1,8 mM, respectivamente), para a retirada dos tecidos adjacentes e, no caso da aorta,

a remoção cuidadosa do sangue presente no interior de sua luz através da utilização de pinças para

cirurgia oftálmica. A solução fisiológica de Tyrode modificada tinha a seguinte composição expressa

em mM: NaCl 136,0, KCl 5,0, MgCl2 0,98, CaCl2 2,0, NaH2PO4 0,36, NaHCO3 11,9 e glicose 5,5.

A fixação da aorta foi feita após o corte transversal do tecido em pequenos anéis,

através de peças triangulares manufaturados com fios de aço inoxidável para cirurgia óssea. As

preparações foram colocadas em câmaras para órgão isolado contendo 10 ml de solução fisiológica

aquecida a 37ºC, pH 7,4 e oxigenadas por borbulhamento de ar. Os tecidos foram atados a um ponto

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fixo, na câmara, e a uma unidade transdutora de força (Grass, modelo FT03, Quincy, Mass., EUA)

apropriada para registro isométrico das contrações, conectada a um polígrafo (Grass, modelo 5D). Os

sinais gerados pelo transdutor de força também foram condicionados e registrados em um sistema de

aquisição computadorizado (DATAQ, EUA, vide esquema simplificado na figura 2). A tensão de

repouso aplicada à preparação foi de 1 g e o tempo de equilíbrio com as condições artificiais do banho

foi de 1 h. A retirada do endotélio foi feita através de raspagem leve da superfície luminal dos

segmentos vasculares com pequenos pedaços de metal e foi confirmada pelo não relaxamento das

contrações de potássio ou norepinefrina na presença de acetilcolina, conforme descrito por Furchgott e

Zawadski (1980).

Para os registros elétricos intracelulares, a aorta e os vasos mesentéricos de

cobaio foram montados abertos (através de cortes longitudinais nos segmentos retirados), com a sua

face serosa voltada para cima, por onde foi feita a introdução do microeletrodo. A fixação do tecido foi

realizada com a utilização de microalfinetes inoxidáveis em câmaras horizontais de acrílico

preenchidas com polímero Silgard™. Todas as preparações usadas para os registros

eletrofisiológicos foram continuamente superperfundidas com solução fisiológica sob um fluxo de

aproximandamente 1 ml/min.

Os experimentos com o leito vascular mesentérico de ratos foram executados

através da perfusão de solução fisiológica (Tyrode modificado, pH 7,4 mantida a 37ºC) a partir da

artéria mesentérica. O tecido foi mantido a uma pressão hidrostática constante sob uma coluna líquida

de 53cm de H2O. As alterações da contratilidade vascular foram avaliadas de forma indireta pela

quantificação do fluxo de líquido através do leito vascular. Demais detalhes dos procedimentos

experimentais constam mais adiante na seção de resultados.

Traquéia

A montagem das preparações utilizando-se traquéia de cobaio ocorreu após a

abertura da face ventral do pescoço por uma incisão longitudinal da pele e afastamento das glândulas

parótidas e dos músculos hioideu e esterno-cleido-mastoideu. A traquéia foi retirada e transferida para

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44

POSITIONFILTER

SENSITIVITYBALANCE

INPUT BRIDGE DC AMPGND

FULL SCALE

PM - 1000

ATTEN

PULLON

OUTPUT

0 X1

0

1mV

2

10

20100200

1V

2

10

1

10

50 100500

5K

LOW LEVEL

PRE AMPLIFIER

BALANCE VOLTAGE FILTERSENSITIVITY

D.C.

BAT TESTCAL

- +BRIDGE

INPUT

IN

GRASS POLIGRAPH DC DRIVER AMPLIFIER

POSITIONSENSIT

POLARITY

LOW LEVEL

PRE AMPLIFIER

BALANCE VOLTAGE FILTERSENSITIVITY

D.C.

BAT TESTCAL

- +BRIDGE

INPUT

IN

GRASS POLIGRAPH DC DRIVER AMPLIFIER

POSITIONSENSIT

POLARITY

LOW LEVEL

PRE AMPLIFIER

BALANCE V OLTAGE FILTERSENSITIVITY

D.C.

BAT TESTCAL

- +BRIDGE

INPUT

IN

GR ASS POL IGRAP H DC DRIV ER A MPLI FIE R

POSITIONSENSIT

POLARITY

LOW LEVEL

PRE AMPLIFIER

BALANCE VOLTAGEFILTERSENSITIVITY

D.C.

BAT TEST CAL- +

BRIDGE

INPUT

IN

GRASS POLIGRAPH DC DRIVER AMPLIFIER

POSITIONSENSIT

POLARITY

LOW LEVEL

PRE AMPLIFIER

BALANCE VOLTAGEFILTER

SENSITIVITY

D.C.

BAT TEST CAL- +

BRIDGE

INPUT

IN

GRASS POLIGRAPH DC DRIVER AMPLIFIER

POSITIONSENSIT

POLARITY

LOW LEVEL

PRE AMPLIFIER

BALANCE VOLTAGEFILTER

SENSITIVITY

D.C.

BAT TEST CAL- +

BRIDGE

INPUT

IN

GRASS POLIGRAPH DC DRIVER AMPLIFIER

POSITIONSENSIT

POLARITY

2

1

3

4

6 5

Page 45: Estudo farmacológico do óleo essencial do Croton ... · Prof. Titular de Fisiologia Humana da ... • Comparação do potencial transmembrana da traquéia ... • Sobre o overshoot

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uma placa de Petri com solução fisiológica e manuseada nas mesmas condições que os tecidos

vasculares conforme descrito anteriormente. Os tecidos anexos foram eliminados e a traquéia foi

cortada transversalmente em pequenos anéis que foram atados com fios de algodão (conforme em

Castillo e De Beer, 1947) e montados em câmaras de 10 ml contendo solução de Tyrode modificada,

aerada continuamente, mantida a 37oC. A preparação foi conectada a um transdutor de força (Grass,

FT03) e a um fisiógrafo (vide seção anterior de vasos sanguíneos) para registro isométrico das

contrações. O tempo de equilíbrio da preparação com as condições do banho foi de 1 h e a tensão de

repouso foi de 1 g. Para os registros eletrofisiológicos, um ou dois anéis da traquéia foram abertos

pela sua porção cartilaginosa e fixados em câmaras com fundo de Silgard™ com a sua face luminal

voltada para cima, por onde foi feita a introdução do microeletrodo. Antes do registro dos potenciais

transmembrana foi feita uma sutil raspagem da região central do anel já fixado, com a utilização de

uma haste envolvida com algodão umedecido com solução fisiológica para a retirada do epitélio

respiratório.

Gânglio celíaco

Para a montagem das preparações de gânglio celíaco de cobaios, após o sacrifício

do animal, foi feita a abertura do abdômen através de uma incisão mediana (figura 3). O tubo

gastrintestinal foi seccionado em dois pontos para descarte: um, mais proximal, próximo ao esfíncter

gastro-esofagiano e outro, mais distal, próximo ao ceco. Com a exposição da região retroperitoneal,

constantemente umidificada com solução de Locke refrigerada (4-8°C; composição em mM: NaCl 140,

KCl 5,6, CaCl2 2,2, Trishidroximetilaminometano 10, glicose 10), os rins direito e esquerdo foram

retirados através de cortes adjacentes à sua face côncava no hilo renal. A aorta foi seccionada em um

ponto imediatamente acima do diafragma que também foi descartado e, em outro logo acima da artéria

mesentérica inferior. A região próxima à aorta entre estes dois pontos foi cuidadosamente

retirada incluindo aí parte da artéria celíaca, artéria mesentérica superior, gânglio celíaco,

gânglio mesentérico superior e glândulas supra-renais. No decorrer deste processo os nervos

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NERVO ESPLÂNICO MAIOR

GÂNGLIO CELÍACO

ARTÉRIA MESENTÉRICASUPERIOR

ESÔFAGO

SUPRA-RENAL

RIM

TECIDO ADIPOSO

LINFONODO

RETO

BAÇO

ESTÔMAGO

PÂNCREAS

DUODENO

ÍLEO

AORTA

ARTÉRIACELÍACA

ARTÉRIAMESENTÉRICA

SUPERIOR

ARTÉRIAMESENTÉRICA

INFERIOR

GÂNGLIOMESENTÉRICOSUPERIOR

GÂNGLIOMESENTÉRICOINFERIOR

GÂNGLIOCELÍACOESQUERDO

GÂNGLIOCELÍACODIREITO

NERVOINTERMESENTÉRICO

NERVO ESPLÂNICOMAIOR ESQUERDO

NERVO ESPLÂNICOMENOR ESQUERDO

1

2

3

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esplânicos direito e esquerdo foram identificados servindo de referencial para a dissecção do gânglio

celíaco durante a remoção da gordura e dos tecidos adjacentes. O gânglio foi utilizado em

experimentos no mesmo dia ou mantidos sob refrigeração (≈ 5ºC) por um período não superior a 24h.

A avaliação dos parâmetros elétricos demonstrou que a manutenção do tecido nestas condições não

alterou suas características elétricas ou farmacológicas.

Após o isolamento e limpeza do tecido, o gânglio foi medial e cuidadosamente

seccionado com lâmina de aço inoxidável separando-o em duas metades uma das quais utilizada para

experimento e a outra mantida refrigerada para utilização posterior. A primeira foi transferida para uma

câmara de acrílico com fundo Silgard™, especialmente desenhada para permitir a superperfusão do

tecido por meio de fluxo por gravidade, onde foi feita sua fixação no fundo da câmara com

microalfinetes inoxidáveis. A superperfusão do tecido foi realizada com solução de Locke mantida em

temperatura ambiente e oxigenada com mistura carbogênica (95% O2 e 5% CO2) em um fluxo de

aproximadamente 1 ml/min. O nível líquido acima da superfície do gânglio foi controlado na menor

altura possível para minimizar o aumento de capacitância do eletrodo originado da sua imersão no

banho. A câmara foi montada sobre um microscópio com objetiva de longa distância para visualizar

diretamente o gânglio e proceder os impalamentos. A movimentação do eletrodo para o impalamento

dos neurônios foi feita através de um micromanipulador hidráulico (Narishige, Japão). Todas as

soluções foram preparadas no dia do experimento a partir de alíquotas estoques de soluções mais

concentradas que foram conservadas em freezer. As soluções de superperfusão foram colocadas em

frascos Mariote conectados por meio de válvulas three-way que permitiam proceder-se a troca das

soluções com rapidez e sem descontinuidade de fluxo. Com este procedimento houve um retardo de

aproximadamente 15 a 20 segundos entre a abertura da válvula e o início da exposição do tecido a um

dado fármaco. Após cada troca de solução, os registros elétricos foram feitos somente após um

período mínimo de 1 minuto depois da abertura da válvula trocadora do reservatório de soluções.

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0 1 2

3 4 5

10 2 3 4 5 6 7

8 9 10 11 12 13 14 15

0

1

ANALOG OUT

Digidata1200INTERFACE

ANALOG IN DIGITAL OUT TRIGGER IN

1 2

3

4

5

6

7

8

9

10 11

I

I

V

V

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Medidas eletrofisiológicas

Para os registros eletrofisiológicos, foi utilizada a técnica do microeletrodo

intracelular (vide esquema simplificado na figura 4). Os potenciais transmembrana foram medidos

através de micropipetas (resistência de 70 - 120 MΩ, quando confeccionadas com vidro de

borossilicato com 1 e 0.5 mm de diâmetro externo e interno, respectivamente, ou resistência de 25 –

35 MΩ, quando confeccionadas em vidro de silicato de alumínio com 1 e 0.68 mm de diâmetro externo

e interno, respectivamente. Os microeletrodos foram preparados por um puxador de microeletrodos

resfriado com nitrogênio (Sutter Instruments, San Francisco, CA, USA). As micropipetas foram

preenchidas com uma solução de 95% de cloreto de K+ 3 M e 5% de citrato de K+ 1M, conectadas,

através de fio de prata, a um eletrômetro (Axoclamp 2B, Axon Instruments, Foster City, CA, USA). O

monitoramento do sinal foi realizado com um osciloscópio (Tektronix, modelo 5111A, Beaverton, OR,

USA). A aquisição dos registros eletrofisiológicos foi feita através de uma interface Digidata 1200

(Axon Instruments). A análise dos dados foi feita com os softwares Clampex (versão 6.0.1) e Clampfit

(versão 6.0.3, Axon Instruments, EUA). O potencial transmembrana foi considerado como a deflecção

de voltagem durante o impalamento (considerando-se a diferença do potencial zero (terra) do meio

extracelular como referencial). Do valor medido diretamente subtraiu-se o potencial de ponta do

eletrodo. Ao final de cada série de medidas foi feita a retirada proposital do eletrodo para confirmação

do valor obtido quando do impalamento. Com a estabilização da célula após o impalamento

(aproximadamente 5 minutos) o neurônio foi considerado nas estatísticas deste trabalho somente se o

potencial de repouso fosse mais negativo que –40 mV, a resistência de membrana > que 40 MΩ e o

overshoot dos potenciais de ação (acima do 0 mV) >10 mV. Caso as células não apresentassem

essas características, não foram consideradas nas estatísticas do presente trabalho. Para o

monitoramento das medidas de resistência de membrana, consideradas como a magnitude das

variações eletrotônicas de voltagem produzidas pela aplicação de pulsos de corrente hiperpolarizante

(duração de 1 segundo) de 100 pA, o sinal foi registrado ora pelo modo bridge (frequência de corte

3KHz) ora pelo modo descontínuo (discontinuos current clamping (DCC), velocidade de amostragem

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de 1 a 1,5 KHz). A conversão dos valores de voltagem da resposta eletrotônica para unidade de

resistência (Ω) foi obtida através da lei de Ohm (V=IxR).

Imunização dos cobaios com ovalbumina

Para este estudo foram utilizados cobaios machos (400-500g) que foram

imunizados ativamente através de injeções intraperitoneais de ovalbumina (chicken egg albumin,

grade II, Sigma, EUA, 10 mg/Kg) em solução de NaCl 0,9% nos dias 1, 3 e 5. Os animais foram

sacrificados por concussão cerebral ou deslocamento cervical 21 a 50 dias após a última injeção.

Tratamento dos ratos com acetato de deoxicorticosterona (DOCA)-sal

Ratos Wistar, adultos, machos (200 – 350 g) foram mantidos em condições

constantes de temperatura (23 ± 2 ºC), com um ciclo dia/noite padrão (12 h claro / 12 h escuro), tendo

acesso à comida e água ad libitum. Os ratos foram anestesiados usando-se uma combinação de

ketamina / xylazina (na proporção de 90 / 10 mg/Kg de peso corporal, respectivamente, de acordo com

o trabalho de Flecknell, 1993), oportunidade em que foi realizado o procedimento de nefrectomia

esquerda, deixando-se intactos o rim direito e as duas supra-renais. O animal foi colocado em

decúbito dorsal e, através de uma incisão medial no abdômen, penetrando-se na cavidade peritoneal,

foi feito o deslocamento cuidadoso das alças intestinais, para a visualização do rim esquerdo. Expôs-

se o pedículo renal, isolando-se a artéria renal que foi obliterada com uma ligadura única feita com fio

resistente, envolvendo todas as estruturas do pedículo, por 3 ligações consecutivas, seccionando

distalmente à segunda ligadura. Desprezou-se o rim retirado e fechou-se a incisão por sutura

seguindo os planos anatômicos. Após um período de uma semana para recuperação da cirurgia, os

animais foram divididos em dois grupos: ratos do grupo 1 (grupo de ratos hipertensos DOCA-sal) que

foram tratados semanalmente com a aplicação subcutânea de uma suspensão de DOCA (25 mg/Kg

por 4 semanas, perfazendo um total de 100 mg/Kg durante todo o tratamento) dissolvida em óleo

comestível de girassol e com uma solução contendo 1 % de NaCl que substituiu a água ad libitum;

ratos do grupo 2 (grupo controle uninefrectomizado) aos quais foi permitido livre acesso à água e

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também receberam injeções subcutâneas semanais de mesmo volume apenas do veículo. O

sacrifício do animal se deu 4 semanas após o início do tratamento com o hormônio ou com o veículo.

Medida da pressão arterial

Neste estudo foram utilizados ratos Wistar, machos, adultos (200-350g). Os

animais foram anestesiados com uma associação ketamina / xylazina na proporção de 90 / 10 mg/Kg

de peso corporal, respectivamente, por via intraperitoneal. Após entrar em estado de anestesia

cirúrgica, o animal foi colocado em decúbito dorsal em uma prancha de madeira revestida com

camada de borracha, onde foi realizada a fixação da cabeça e das patas, através de fios de algodão e

pinos metálicos (conforme descrito por Carlini em 1973, vide figura 5). Para manter a temperatura

corporal em valores relativamente constantes entre 36 e 37oC, foi utilizada uma lâmpada

incandescente próxima ao corpo do animal. O procedimento cirúrgico consistiu em localizar e isolar a

veia ilíaca externa na região inguinal direita e introduzir um cateter (PE 60) com uma ponta de agulha

(30 x 8) preenchidos com solução salina heparinizada, via esta utilizada para administrar-se o OECN

(Fig. 5 – painéis 3 e 4). Após este procedimento foi feita uma incisão medial na região cervical por

onde foram localizados os músculos esterno-cleido-mastoideu e hioideu e as glândulas salivares

parótidas (Fig. 5 – painel 1). Afastando-se cuidadosamente estas estruturas foi possível a visualização

do conjunto nervo vago-artéria carótida, sendo esta última cuidadosamente isolada do nervo vago com

a utilização de pequenas hastes de vidro, mantendo-o intacto. A artéria foi, então, clampeada com

uma linha de algodão em uma extremidade mais cefálica e com uma pinça tipo bulldog na extremidade

mais caudal. No espaço entre os dois clampeamentos, o vaso foi cortado em V para introdução da

cânula com a abertura em bisel na direção contrária ao fluxo sanguíneo e conectado a um manômetro

de mercúrio, tipo Condon, regulado para uma pressão de aproximadamente 100 mmHg. Depois da

fixação da cânula que fora previamente heparinizada, procedeu-se a liberação da pinça hemostática

para que se pudesse registrar os níveis pressóricos do animal. Após um período de 10 minutos para

estabilização da pressão arterial média (PAM), o OECN foi injetado na forma de bolus, nas doses de 1,

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5, 10, 20 e 50 mg/Kg. As injeções foram realizadas em intervalos de aproximadamente 1 minuto,

sendo que o volume total administrado nunca foi superior a 0,3 ml para se evitar alteração da PAM

provocada por hipervolemia. O registro das alterações da PAM foi feito em quimógrafo e expresso

como variação da pressão arterial em relação à pressão arterial controle.

Estudo dos efeitos do OECN sobre a frequência cardíaca, respiratória e sobre os parâmetros hematológicos e gasométricos

Nos animais usados para a medida da pressão arterial também foram analisados

os efeitos da aplicação endovenosa do OECN sobre a frequência cardíaca através da utilização de

eletrodos subcutâneos posicionados nas regiões axilar e inguinal direita e esquerda conectados a um

eletrocardiógrafo (modelo ECG-4, FUNBEC, São Paulo, Brasil). A frequência respiratória foi

monitorada visualmente após cada aplicação do OECN pelo número de incursões respiratórias durante

o período de 1 minuto. Após a injeção da última dose de OECN, foi retirada uma amostra de sangue

arterial através da cânula implantada na artéria carótida, a qual foi imediatamente analisada através de

um aparelho de gasometria (modelo COMPACT 1 Blood Gas Analyser AVL).

Soluções e drogas

O OECN empregado neste trabalho foi gentilmente cedido pelo Departamento de

Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará (UFC), e foi extraído de plantas

coletadas da região de Ipu, no interior do estado do Ceará, em maio de 1994. O óleo foi obtido das

folhas da planta pela técnica de arraste com vapor d’água e analisado por meio de cromatografia

gasosa e espectrometria de massa (Hewllet-Packard 6971 GC/MS), constatando-se a seguinte

composição química da amostra (em % do peso do óleo): 1,8-cineol (25.4%), metil-eugenol (14.9%),

xantoxilina (10.1%), β-cariofileno (9.66%), sabineno (5.2%), α-terpineol (4.96%) e outros constituintes

de menor importância em termos percentuais (vide Magalhães, 1997). A classificação botânica da

planta foi confirmada pelo Dr. Afrânio Fernandes, e uma amostra deste espécime consta do acervo do

Herbário Prisco Bezerra do Departamento de Biologia da UFC, exsicata número 3.185.

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53

PINÇABULLDOG

MÚSCULOESTERNO-CLEIDO-MASTOIDEU

MÚSCULOHIOIDEU

CARÓTIDACÂNULA

LINHA

EPIGÁSTRICA

FEMURAL

ILÍACAEXTERNA

CÂNULA

1 2

3

4

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54

Nas soluções utilizadas neste estudo, em que concentrações de K+ foram aumentadas, diminuiu-se a

concentração de Na+ de maneira a manter-se a mesma osmolaridade, exceto nos experimentos com

soluções hipertônicas, nos quais o K+ foi adicionado à solução sem diminuir-se a concentração de

qualquer outro íon. O 12,13-dibutirato de forbol foi dissolvido em dimetilsulfóxido (DMSO), levando-se

em consideração que a máxima concentração final de DMSO utilizada no banho foi <0,1%. Soluções

sem Ca2+ foram preparadas pela simples omissão de CaCl2 e pela adição de 2 mM de ácido etileno-bis

(β-amino-etil-éter-N,N,N’,N’-tetracético) (EGTA).

As soluções de histamina, cloreto de carbamilcolina (carbacol), pirilamina,

cromoglicato (Sigma, EUA) e outras substâncias foram preparadas pela adição da substância pura

diretamente na solução fisiológica e armazenadas em freezer em concentrações 100 a 1000 vezes

maiores que aquelas usadas na câmara durante os experimentos. As soluções de OECN utilizadas

foram preparadas frescas e sonicadas imediatamente antes do uso. Alguns experimentos foram

realizados usando Tween 0,5% como solvente.

Protocolos experimentais

Na maioria dos experimentos, após o período de equilíbrio (tempo necessário para

a adaptação da preparação às novas condições), foram evocadas contrações através da substituição

da solução fisiológica com baixa concentração de K+ (5 mM), por outra contendo 60 mM de K+, e

assim sucessivamente, até que se obtivesse pelo menos duas respostas contráteis iguais (este

período durou aproximadamente 30 a 60 minutos além do tempo necessário para o equilíbrio da

preparação). A maior parte dos dados aqui apresentados são normalizados como um percentual da

média dessas duas últimas contrações.

As curvas concentração-efeito para determinar os efeitos do OECN ou outras

substâncias foram obtidas pela exposição da preparação a concentrações crescentes, cumulativas ou

não, adicionadas ao banho pelo período aproximado de 5 minutos para cada concentração ou, quando

necessário, 10 minutos para observar a resposta platô. Para medir o relaxamento do tônus muscular

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55

aumentado, dois segmentos adjacentes do tecido foram montados paralelamente e somente um foi

exposto ao óleo. Neste caso, o relaxamento foi considerado ser a diferença entre a linha de base da

preparação experimental e aquela da preparação controle. Para quantificar a inibição da contração

muscular, as preparações foram expostas ao OECN por 5 minutos e, então, foram estimuladas com o

agente indutor de contração adequado, ainda na presença do OECN.

Para verificar se o processo de imunização foi satisfatório, a ovalbumina (10 µg/ml)

foi adicionada ao banho em alguns anéis de traquéia. Se surgissem contrações imediatas após a

adição de ovalbumina o animal era considerado sensibilizado à ovalbumina. Como controle negativo,

anéis provenientes do mesmo animal foram expostos à ovalbumina à temperatura ambiente. Para

outros anéis, foram adicionados 10 µg/ml de soroalbumina bovina em uma temperatura de 37ºC.

Devido ao fato dos experimentos com respostas contráteis à ovalbumina terem sido realizados apenas

uma vez em cada tecido (exceto nos experimentos com cromoglicato de sódio, ver abaixo) os efeitos

do OECN e outras substâncias foram analisados de forma pareada.

Para os experimentos com aorta de ratos tratados com DOCA-sal e seu respectivo

grupo controle, utilizamos a fenilefrina como agonista, na concentração de 10 µM (resposta

submaximal, correspondente a ~80% da máxima).

Análise estatística

Os resultados são apresentados como média ± erro padrão da média (E.P.M),

onde n representa o número de experimentos. São considerados estatisticamente significantes os

resultados que apresentaram probabilidade de ocorrência da hipótese nula menor que 5 % (p < 0,05).

Para comparação de dois grupos usamos o teste t pareado ou não pareado. Para comparação de

mais de dois grupos experimentais foram utilizados ANOVA e testes de múltipla comparação, citados

apropriadamente na seção de resultados e/ou nas legendas das figuras. As CE50s e CI50s foram

calculadas por interpolação semilogarítmica, sendo consideradas neste trabalho como a concentração

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56

da substância capaz de produzir 50% do seu efeito máximo e, foram calculadas individualmente para

cada experimento. Para comparação de tratamentos foi utilizada ANOVA de duas variáveis.

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57

RESULTADOS

AÇÕES DO OECN SOBRE O MÚSCULO LISO TRAQUEAL DE COBAIO Efeito do OECN no tônus basal da traquéia isolada de cobaio

OECN (0,1-1000 µg/ml) produziu um relaxamento do tônus basal da traquéia

isolada de cobaio mantida em solução com 5 mM de K+, de maneira dependente de concentração (p <

0,001, ANOVA), com uma CE50 igual a 4,3 ± 0,8 µg/ml. A magnitude do relaxamento máximo induzido

pelo OECN não foi significativamente diferente do relaxamento produzido pela aminofilina e alcançou

um efeito máximo correspondente a 200,7 ± 25,6 % (n = 24) da contração induzida por 60 mM de K+

(Fig 6). Em tecidos contraídos com soluções com 60 mM de K+ o OECN relaxou as preparações com

CI50 de 63,3 ± 23,6 µg/ml (n = 10, Fig 7). Este valor foi estatisticamente diferente daquele obtido com

5 mM de K+ extracelular (p < 0,05, teste t não pareado). O efeito relaxante do OECN foi reversível

pela remoção do óleo através de lavagens sucessivas da preparação com solução fisiológica. O metil-

eugenol produziu um relaxamento semelhante ao OECN com CI50 de 57,1 ± 26,5 µg/ml (n = 4, Fig

7B).

Efeito do OECN na contração da traquéia isolada de cobaio induzida pela ovalbumina

A estimulação antigênica com a ovalbumina induziu contração que atingiu um pico

equivalente a 227,2 ± 21,7 % (n = 29) da contração induzida por 60 mM de K+. A prévia incubação do

tecido por 5 minutos com 300 e 600 µg/ml de OECN reduziu a contração para 82,5 ± 32,1 (n = 11) e

35,4 ± 9,6 % (n = 10) da contração induzida por 60 mM de K+ (Fig 8), respectivamente.

Efeito de uma segunda exposição da traquéia de cobaio a ovalbumina na ausência e na presença de OECN e cromoglicato

Na presença de 100 µM de cromoglicato de sódio (n = 20), adicionado previamente

por 5 minutos, a contração induzida pela apresentação do antígeno foi reduzida para 135,0 ± 26,5 %

da resposta controle induzida por 60 mM de K+ (Fig. 8B - 1a). Entretanto, em 9 dos 20 experimentos, a

adição subseqüente do antígeno à solução de banho, após a lavagem da preparação por 10 minutos

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58

com solução fisiológica para a retirada tanto do OECN como do cromoglicato, induziu uma segunda

contração correspondente a 35,4 ± 15,2 % da contração induzida por 60 mM de K+ apenas para os

tecidos em contato com o cromoglicato (Fig. 8B – 2a). Por outro lado, uma segunda exposição à

ovalbumina não produziu contração nem nos tecidos dos animais controles (n = 6) nem nos tecidos

dos animais experimentais (300 ou 600 µg/ml EOCN) (n = 10), mas que não tiveram contato com o

cromoglicato (Fig. 8A e 8B).

Efeito da pirilamina sobre as contrações induzidas pela ovalbumina e pela histamina em traquéia isolada de cobaio

Em outro grupo de experimentos, a apresentação ao antígeno provocou uma

contração correspondente a 187,8 ± 28,2 % da contração induzida por 60 mM de K+ (n = 8, Fig. 8C).

Na presença de pirilamina (5 µM) a adição de ovalbumina à solução produziu contrações de

aproximadamente 74,6 ± 31,0 % da contração potássica. Quando comparado com o controle, este foi

estatisticamente diferente (p < 0,05, teste t pareado). A histamina (20 µM) produziu contrações

correspondentes a 177,4 ± 34,7 % (n = 10) da contração induzida por K60 e na presença de pirilamina

esta resposta foi significativamente reduzida para 7,5 ± 3,9 % da contração controle (p < 0,001, teste t

pareado, Fig 8C).

Efeito inibitório do OECN na contração mantida da histamina e prostaglandina F2αααα em traquéia isolada de cobaio

O OECN usado nas concentrações de 100 e 300 µg/ml, reduziu significativamente

a amplitude máxima da curva concentração-efeito induzida pela histamina para 72,6 ± 6,5 e 20,2 ± 2,2

% da resposta obtida na presença 30 µM de histamina, respectivamente (Fig 9B). Na presença de

OECN, o aumento da concentração de histamina a valores maiores que a concentração capaz de

saturar a resposta contrátil no controle não foi capaz de reverter o bloqueio e a tensão máxima foi

diminuída (Fig 9A). A CE50 para a histamina passou de 1,7 ± 0,4 µM (n = 10) no controle, para 4,3 ±

1,9 (n = 5) e 27,7 ± 2,3 µM, nas concentrações de 100 e 300 µg/ml, respectivamente, havendo

diferença significativa em relação ao controle apenas na concentração de 300 µg/ml (p < 0,05, teste

de Dunnett). Por outro lado, a força máxima induzida pela PGF2α foi alterada pelo OECN apenas na

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59

concentração de 400 µg/ml (Fig. 10). A força produzida por 30 µM de PGF2α foi correspondente a

88,2 ± 4,8, 84,8 ± 18,9 e 22,4 ± 4,0 % da sua contração máxima, na ausência e presença de 200 e

400 µg/ml de OECN, respectivamente (Fig. 10B). A CE50 foi de 2,4 ± 0,4, 6,3 ± 0,7 e 14,9 ± 5,3 µM

na ausência e presença de 200 e 400 µg/ml de OECN, sendo diferente do controle apenas esta última

(p < 0,05, teste de Dunnett).

Efeitos inibitórios do OECN nas contrações submaximais induzidas por histamina, KCl e carbacol na traquéia isolada de cobaio

A exposição prévia da preparação a uma dada concentração de OECN por 5

minutos diminuiu as contrações subseqüentes induzidas por K+, histamina e carbacol (o primeiro

aplicado na concentração de 60 mM enquanto que os demais em concentrações que promovem

respostas submaximais em suas respectivas curvas concentração-efeito (dados não mostrados), Fig.

11), com valores de CI50 correspondentes a 123,9 ± 15,7 (n = 8), 102,5 ± 17,8 (n = 8) e 128,8 ± 32,5

µg/ml (n = 8), respectivamente. Foram realizados alguns experimentos utilizando um solubilizante

(Tween 0,5 %) no protocolo do bloqueio da contratura K+ pelo OECN (dados não mostrados). A

presença do solubilizante não alterou o efeito produzido pelo OECN.

Comparação do potencial transmembrana da traquéia isolada de cobaio na presença e ausência do OECN

O potencial transmembrana da traquéia isolada de cobaio foi medido em solução

normal contendo 5 mM de K+ e correspondeu a −46,7 ± 1,7 mV e em solução despolarizante cuja

concentração de K+ foi de 80 mM e foi de −17,9 ± 1,1 mV (Fig 12). O OECN (200 µg/ml) não alterou

significativamente estas medidas do potencial eletroquímico entre os lados externo e interno da

membrana que corresponderam respectivamente a −51,2 ± 1,6 mV e −19,3 ± 1,1 mV, nas

concentrações extracelulares de 5 e 80 mM de K+, respectivamente. O número de experimentos

encontra-se registrado na tabela I.

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60

Concentração (µg/ml)

0 0 1 10 100 1000 10000

Rel

axam

ento

( % c

ontr

ação

K60

)

0

50

100

150

200

250

OECN Aminofilina

A

B

OECN ( g/ml)µ

20' 60'

0,1 1 10100

1000

300 mg

2 min

K60

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61

Concentração (µg/ml)

0,1 1 10 100 1000

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

-60

0

60

120OECN

METIL-EUGENOL

A

B

1 10 30 100 300

600

K60

OECN ( g/ml)µ

3 min

500 mg

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62

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

0

100

200

300

**

**

OVA23

oC

SAB37

oC

CONTROLEOECN 300OECN 600

****

OVA37

oC

1a

2a

CRG 100

*

OVA10 g/mlµ

K60

K60

OVA10 g/mlµ

OECN 600 g/mlµ

OVA10 g/mlµ

OVA10 g/mlµ

300 mg

2 min

A

B

C

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

0

100

200

300OVAOVA+PIR

HAHA+PIR

*

***

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63

K60 HAMµ

0,1 0,3 1 3 10 30

0,1 0,3 1 3 10 30 100

a

b

300mg

2 min

HA (µM)

1 10 100

Con

traç

ão(%

da

resp

osta

máx

ima)

0

40

80

120

* *

*

**

*

CONTROLEOECN 100OECN 300

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64

K60

400mg

2min

PGF2M

α

(µ )1 3 10 30

1 3 10 30

1 3 10 30

a

b

c

PGF2α (µM)1 10 100

Con

traç

ão(%

da

resp

osta

máx

ima)

0

40

80

120

CONTROLEOECN 200OECN 400

**

**

*

B

A

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65

OECN (µg/ml)

0,1 1 10 100 1000

Con

traç

ão(%

da

resp

osta

con

trol

e)

0

20

40

60

80

100

120

HA CChK+ (60mM)

B

HA3 Mµ

1 10 100 300

OECN ( g/ml)µ

HA3 Mµ

HA3 Mµ

HA3 Mµ

HA3 Mµ

HA3 Mµ

2 min

500 mg

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66

Pot

enci

al tr

ansm

embr

ana

(mV

)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

CONTROLEOECN 200

5 mM K+

80 mM K+

Traquéia

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67

Ações do OECN na pressão arterial, frequências cardíaca e respiratória e na

gasometria de ratos anestesiados

Pressão Arterial Média (PAM): a PAM do grupo controle (nefrectomizado) foi de 74,9 ± 6,4 mmHg (n

= 7). Para os animais tratados com DOCA-sal a PAM foi significativamente diferente (p < 0,05, teste t

não pareado) e correspondeu a 105,0 ± 6,1 mmHg (n = 4). A injeção de veículo correspondente

àquele usado para injeção da maior dose de OECN não produziu alteração detectável na PAM. O

OECN reduziu a PAM de forma dose-dependente nos dois grupos de animais a partir da dose de 10

mg/Kg. Por outro lado, o OECN mostrou-se mais eficaz nos animais DOCA-sal do que nos animais

uninefrectomizados (p < 0,05, ANOVA de duas variáveis) (Fig. 13A).

Frequência cardíaca: a frequência cardíaca basal foi de 264,3 ± 10,7 b.p.m. (n = 7) e 233,3 ± 8,3

b.p.m. (n = 3) para os grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente; a aplicação endovenosa

do OECN produziu uma bradicardia significativa nas doses de 20 e 50 mg/Kg nos animais

uninefrectomizados e na dose de 50 mg/Kg nos animais DOCA (p < 0,05, teste de Dunnett) (Fig. 13B e

C). A recuperação da frequência cardíaca foi apenas parcial.

Frequência respiratória: a frequência respiratória basal foi de 52,0 ± 3,5 c.p.m. (n = 7) e 47,6 ± 5,7

c.p.m. (n = 5) para os grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente; o OECN não produziu

alterações significativas na frequência respiratória dos animais dos dois grupos estudados (Fig. 14A e

B).

Gasometria:

Em amostras de sangue colhidas após a administração da maior dose de OECN (50 mg/Kg),

determinaram-se:

pH: o pH foi de 7,3 ± 0,0 (n = 5) e 7,3 ± 0,0 (n = 4) para os grupos nefrectomizado e

DOCA-sal, respectivamente;

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68

Hematócrito: o hematócrito foi de 40,0 ± 1,5 % (n = 5) e 40,4 ± 0,5 % (n = 4) para os

grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente;

HCO3-: a concentração plasmática de HCO3- foi 25,0 ± 1,6 mmol/l (n = 5) e 24,4 ± 3,1

mmol/l (n = 4) para os grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente;

O2 sat: a saturação de O2 plasmática foi de 94,8 ± 1,9 % (n = 5) e 97,8 ± 0,3 % (n = 4)

para os grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente;

Hemoglobina: a hemoglobina plasmática foi de 12,9 ± 0,5 g/dl (n = 5) e 13,0 ± 0,1 g/dl

(n = 4) para os grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente;

pO2: a pO2 plasmática foi de 97,4 ± 16,4 mmHg (n = 5) e 110,4 ± 3,3 mmHg (n = 4) para

os grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente;

pCO2: a pCO2 plasmática foi de 48,8 ± 4,3 mmHg (n = 5) e 43,3 ± 8,6 mmHg (n = 4)

para os grupos nefrectomizado e DOCA-sal, respectivamente.

A comparação dos animais uninefrectomizados e DOCA-sal após a injeção da dose de 50 mg/Kg de

OECN demonstra não haver diferença significativa entre estes grupos em nenhum dos parâmetros

apresentados (p > 0,05, teste t não pareado, Fig 15).

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69

A

B

C

OECN (mg/Kg)

0 10 20 30 40 50

∆P

A (

%)

-50

-40

-30

-20

-10

0

*

*

*

*

*

**

F

requ

ênci

a ca

rdía

ca(b

.p.m

.)

160

200

240

280

Fre

quên

cia

card

íaca

(b.p

.m.)

200

220

240

260

280

* *

*

CO

NT 1 5 10 20 50

OECN (mg/Kg) RE

C

Uninefrectomizados

DOCA-sal

CO

NT 1 5 10 20 50

OECN (mg/Kg) RE

C

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70

Fre

quên

cia

resp

irató

ria(c

.p.m

.)

0

20

40

60

80

CO

NT 1 5 10 20 50

OECN (mg/Kg)

DOCA-sal

Fre

quên

cia

resp

irató

ria(c

.p.m

.)

0

20

40

60

80Uninefrectomizado

CO

NT 1 5 10 20 50

OECN (mg/Kg)

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71

pH

7,2

7,4

7,6

mm

Hg

0

40

80

120

pO2 pCO2

O2

sat (

%)

0

40

80

120

HC

O3- (

mM

)

0

10

20

30

40

Hem

atóc

rito

(%)

0

20

40

60

Hem

oglo

bina

(g/

dl)

0

5

10

15

20

Uninefrectomizado DOCA-sal

A D

C F

E B

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72

AÇÕES DO OECN SOBRE O MÚSCULO LISO VASCULAR ISOLADO DE COBAIO

Reversão da contratura K+ em aorta isolada e influência do endotélio e L-NAME no efeito do OECN

Ao ser adicionado no platô da contratura induzida por 60 mM de K+, o OECN (1 – 600 µg/ml)

produziu, na aorta de cobaio, um relaxamento dependente de concentração (p < 0,001, ANOVA), com

uma CI50 de 200,5 ± 40,3 µg/ml (n = 6, Fig. 16). O relaxamento foi significante a partir da

concentração de 100 µg/ml (teste de Dunnett, p < 0,05). Com a retirada do endotélio a CI50 foi 168,6 ±

16,1 µg/ml (n = 5). Em preparações com o endotélio intacto e na presença de L-NAME (100 µM),

adicionado cerca de 20 minutos antes da adição do OECN, a CI50 para a reversão da contração foi

252,8 ± 57,0 µg/ml (n = 5). Não houve diferença significativa entre as CI50 (p > 0,05, ANOVA). Os

valores das CI50 e das concentrações limiares encontram-se na tabela II.

Reversão da contratura induzida pelo éster do forbol em aorta isolada

Em preparações de aorta de cobaio mantidas em meio com baixa concentração de Ca2+

extracelular (solução fisiológica sem CaCl2 e adicionada de 2 mM de EGTA) o dibutirato de forbol (1

µM; DBF) produziu uma contração caracteristicamente tônica correspondendo a 58,2 ± 8,6 % da

contração induzida por 60 mM de K+ e que atingiu o seu pico em aproximadamente 30 minutos (Fig.

17A). A adição do OECN (10 – 1000 µg/ml) sobre o platô da contração produziu um efeito relaxante

da preparação que foi dependente de concentração e que diferiu significativamente do perfil da

contração de preparações controle que não receberam o OECN (Fig 17C). O relaxamento produzido

pelo óleo essencial foi significante a partir da concentração de 400 µg/ml (p < 0.05, teste de Dunnett) e

a CI50 do OECN correspondeu a 477,2 ± 81,9 µg/ml (n = 8, Fig. 17B).

Inibição da curva concentração-efeito do dibutirato de forbol em aorta isolada

A adição prévia de OECN por 5 minutos antes da adição de dibutirato de forbol em meio sem

Ca2+ e com EGTA também alterou significativamente o padrão da curva concentração-efeito do

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73

dibutirato de forbol (Fig 18). Na ausência do OECN o dibutirato de forbol produziu uma contração que

foi dependente de concentração com uma CE50 igual a 0,4 ± 0,1 µM (n = 4) e efeito máximo

equivalente a 110,2 ± 4,2 % da contração induzida por 60 mM de K+ na concentração de 10 µM. Na

presença de 200 µg/ml de OECN, houve um aumento do valor numérico da CE50 para 3,2 ± 1,1 µM

que não atingiu significância (p = 0,073, teste t pareado), mas houve redução significativa do efeito

contrátil máximo induzido pelo DBF para 63,2 ± 4,5 % (p < 0,01, teste t pareado) do valor controle

(ausência de OECN).

Sobre a contração da aorta isolada induzida por solução de K+ hiperosmolar

A adição de KCl diretamente à solução nutridora com baixo teor de Ca2+ (solução sem adição

de Ca2+ e com 2 mM de EGTA) para uma concentração final de K+ de 300 mM produz uma contração

na aorta de cobaio cuja amplitude correspondeu a 66,9 ± 8,6 % (n = 6) da contração induzida por 60

mM de K+ na situação controle (Fig. 19). Na presença de OECN (400 µg/ml) a resposta à adição

hipertônica de K+ foi significativamente menor e correspondeu a 30,1 ± 8,3 % da contração K60 (p <

0,05, teste de Dunnett). Por outro lado, a adição de sucrose (600 mM) produziu uma contração de

77,1 ± 12,5 % (n = 4) da contração K+ e na presença do OECN esta contração foi de 75,9 ± 15,0 % da

contração K+.

Sobre o potencial transmembrana da aorta isolada

O potencial transmembrana da aorta isolada de cobaio foi medido na ausência e presença de

200 µg/ml de OECN em duas condições em relação à concentração extracelular de K+: uma com a

solução normal contendo 5 mM e outra com uma solução despolarizante contendo 80 mM (Fig. 20A).

Nestas duas situações, a presença do OECN não alterou significativamente a diferença de potencial

elétrico entre os dois lados da membrana que corresponderam respectivamente a −51,1 ± 1,6 mV sem

OECN e −48,2 ± 1,2 mV com OECN e −16,8 ± 0,8 mV e −14,3 ± 1,2 mV na ausência e presença de

OECN, respectivamente. O número de experimentos encontra-se registrado na tabela I.

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74

Sobre o potencial transmembrana de vasos mesentéricos isolados

O potencial transmembrana de vasos mesentéricos isolados de cobaio também foi medido na

ausência e presença de 200 µg/ml de OECN em duas condições em relação à concentração

extracelular de K+: uma com a solução normal contendo 5 mM e outra com uma solução

despolarizante contendo 80 mM (Fig. 20B). Nestas duas situações, a presença do OECN não alterou

significativamente os potenciais transmembrana que corresponderam a −47,0 ± 1,6 mV (n = 29) e

−50,2 ± 1,8 mV (n = 29) na ausência e presença de OECN com 5 mM de K+ no meio extracelular,

respectivamente. Em presença de 80 mM de K+ o potencial transmembrana correspondeu a −13,4 ±

0,7 mV (n = 27) e −13,9 ± 1,0 mV (n = 27) na ausência e presença de OECN, respectivamente.

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75

B

A

1 3 10 30 100 200 300500 600

1 3 10 30 100200

300

500

600

K60

K60

400 mg

5 min

600 mg

5 min

OECN ( g/ml)µ

OECN ( g/ml)µ

CONTROLE

COM L-NAME 100

OECN (µg/ml)

1 10 100 1000

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

0

20

40

60

80

100

120

L-NAME 100µMCONTROLE

SEM ENDOTÉLIO

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76

OECN (µg/ml)

10 100 1000

Con

traç

ão(%

do

cont

role

)

0

40

80

120

*

100 200 300 400 600 800 1000

K60DBF1 Mµ

Ca0 (2 mM EGTA)

OECN ( g/ml)µ

5 min

500 mg

Tempo (min)

0 20 40 60 80 100 120

% d

a co

ntra

ção

K60

0

40

80

120sem OECNcom OECN

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77

0,01

K60

Ca0 (2 mM EGTA) + OECN 200 g/mlµ 5 min

500 mg

K60

Ca0 (2 mM EGTA)

0,03 0,1 0,31

3 10

10310,30,10,030,01

DBF ( M)µ

DBF ( M)µ

DBF (µM)

0,01 0,10 1,00 10,00

% d

a K

60

0

40

80

120 DBFDBF + OECN 200

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78

A

B

500mg

2min

K60

Ca 0 (2 mM EGTA)

OECN 400 g/mlµ

K300 K300 SUC600 SUC600

OECN 400 g/mlµ

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

0

20

40

60

80

100

K300 K 300OECN 400

SUC600

SUC 600OECN 400

*

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79

Pot

enci

al tr

ansm

embr

ana

(mV

)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

CONTROLEOECN 200

5 mM K+

80 mM K+

Aorta

Pot

enci

al tr

ansm

embr

ana

(mV

)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

CONTROLEOECN 200

Vasos mesentéricos

80 mM K+

5 mM K+

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80

AÇÕES DO OECN SOBRE O MÚSCULO LISO VASCULAR DE RATO

EFEITOS NA AORTA ISOLADA DE RATO

Reversão da contratura K+ e influência do endotélio e L-NAME no efeito do OECN

Assim como na aorta de cobaio, ao ser adicionado no platô da contratura induzida por 60 mM

de K+, o OECN (1 – 300 µg/ml) produziu um relaxamento dependente de concentração (p < 0,001,

ANOVA) da aorta de rato nas quais o endotélio foi mantido intacto (Fig. 21). A CI50 para o relaxamento

da contratura potássica foi de 32,2 ± 6,70 µg/ml (n = 8) e o relaxamento foi significativo a partir da

concentração de 3 µg/ml (teste de Dunnett, p < 0,05). Com a retirada do endotélio a CI50 foi

significativamente aumentada para 106,2 ± 5,7 µg/ml (n = 5; p < 0,05, teste de Dunnett). Em

preparações com o endotélio intacto e na presença de L-NAME (100 µM, Fig 21 B), adicionado cerca

de 20 minutos antes da adição do OECN, a CI50 para a reversão da contração foi significativamente

aumentada para 67,5 ± 5,6 µg/ml (n = 5, p < 0,05, teste de Dunnett). Os valores das CI50 e

concentrações limiares encontram-se na tabela II.

Reversão da contratura K+ pelo 1,8-cineol, metil-eugenol e terpineol A adição dos constituintes do OECN 1,8-cineol (1 – 400 µg/ml), metil-eugenol (1 – 300 µg/ml) e

terpineol (1 – 300 µg/ml), isoladamente, produziu um relaxamento da contratura K+ de forma

dependente de concentração (Fig. 22). A CI50 para cada constituinte foi 168,8 ± 18,1, 18,7 ± 6,4 e

41,0 ± 5,2 µg/ml, respectivamente. Quando comparadas em relação ao OECN, apenas o cineol

apresentou uma CE50 significativamente maior (p < 0,05, teste de Dunnett).

Influência do azul de metileno no relaxamento induzido pelo OECN na aorta de rato contraída com 0,3 µµµµM de norepinefrina

O relaxamento da aorta de rato (pré-contraída com 0,3 µM de norepinefrina e com o endotélio

intacto) produzido pelo OECN foi significativamente alterado pelo azul de metileno, um conhecido

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81

inibidor da guanilato ciclase (Rapoport et al., 1985), adicionado na concentração de 10 µM cerca de 20

minutos antes da adição de norepinefrina (Fig. 23A). Nas concentrações de 10, 100 e 200 µg/ml o

OECN produziu um efeito relaxante correspondente a 33,8 ± 9,6, 71,4 ± 9,7 e 82,8 ± 7,1 % da

contração induzida por 0,3 µM de norepinefrina (Fig. 23B). O efeito relaxante do OECN na presença

de azul de metileno foi significativamente reduzido nas concentrações de 10 e 100 µg/ml mas não na

de 200 µg/ml (p < 0,05, teste t pareado) e correspondeu a 13,3 ± 4,7, 46,7 ± 4,1 e 67,4 ± 4,4 % da

contração controle de norepinefrina, respectivamente.

Sobre as contrações induzidas por fenilefrina em aorta de ratos uninefrectomizados e DOCA-sal

A exposição prévia da preparação a uma dada concentração de OECN (1 – 300 µg/ml) por 5

minutos diminuiu significativamente as contrações subseqüentes induzidas por fenilefrina utilizada em

concentrações que produziram efeitos contráteis submaximais (Fig. 24), com valores de CI50

correspondentes a 112,9 ± 23,4 (n = 5) para os animais uninefrectomizados e 16,4 ± 3,6 µg/ml (n = 7)

para os animais DOCA-sal. A comparação dos efeitos do OECN demonstrou haver diferença

significante entre os tecidos dos animais uninefrectomizados em relação aos dos animais DOCA-sal (p

< 0,001, two-way ANOVA).

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82

A

B

400 mg

5 min

300 mg

5 min

1 3 10 30 100

200

300

13 10

30

100

200300

K60

K60

OECN ( g/ml)µ

OECN ( g/ml)µCOM ENDOTÉLIO

SEM ENDOTÉLIO

OECN (µg/ml)1 10 100 1000

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

0

40

80

120SEM ENDOTÉLIO

CONTROLEL-NAME 100

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83

A

B

K60

1 3 10 30 100200

300

400

5 min

200 mg

CINEOL ( g/ml)µ

K60

1 310 30

100

200300

METIL-EUGENOL ( g/ml)µ

200 mg

5 min

Concentração (µg/ml)

1 10 100 1000

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

0

40

80

120

TERPINEOLCINEOL

MET EUG

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84

B

A

K60 NE0,3

AM10

NE0,3

OECN ( g/ml)µ 10 100

200

10

100

200

OECN ( g/ml)µ

5 min

200 mg

.

Rel

axam

ento

indu

zido

pel

o O

EC

N(%

da

cont

raçã

o N

E 0

.3 µ

M)

0

20

40

60

80

100

*

*

10 100 200

OECN (µg/ml)

CONTROLE

AM 10

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85

OECN (µg/ml)

1 10 100 1000

Con

traç

ão(%

do

cont

role

)

0

40

80

120DOCA-sal

Nefrectomizado

*

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86

AÇÕES DO OECN SOBRE A CIRCULAÇÃO MESENTÉRICA ex vivo DE RATOS Sobre o fluxo no leito vascular mesentérico

Sob pressão constante, o fluxo de líquido fisiológico (com concentração extracelular de K+

correspondente a 5 mM) pelo leito vascular mesentérico foi de 2,9 ± 0,4 ml/min (n = 7). O aumento da

concentração de K+ para 60 mM no líquido de perfusão produziu uma diminuição significante (p < 0,01,

teste t pareado) do fluxo através dos vasos para 1,8 ± 0,3 ml/min. A partir daí, a diminuição do fluxo

permaneceu estável por todo o período em que a preparação esteve perfundida com a solução

despolarizante, etapa que durou aproximadamente 60 minutos. Após este período, com a reperfusão

do tecido com solução normal ([K+] 5 mM), o fluxo retornou a valores semelhantes aqueles observados

no período controle (Fig. 25A).

Após a estabilização do fluxo com solução despolarizante (~10 minutos após a troca de

solução), foi adicionado o OECN nas concentrações de 1, 10 100 e 300 µg/ml (Fig. 25B), mantendo-se

alta a concentração extracelular de K+. O tempo de perfusão para cada concentração foi de 5 minutos,

exceto para a concentração de 300 µg/ml, que foi de 10 minutos, durante os quais foram feitas duas

medidas, uma com cinco e outra com 10 minutos de perfusão. A presença do OECN aumentou o fluxo

mesentérico nas concentrações de 100 e 300 µg/ml, embora apenas na concentração de 300 µg/ml

este aumento tenha sido significativo (p < 0,05, teste de Dunnett). Ao final da segunda leitura do fluxo

com a solução de 300 µg/ml o OECN foi lavado pela perfusão da preparação com solução contendo

60 mM de K+, o que reduziu novamente o fluxo do líquido pelos vasos mesentéricos para os mesmos

níveis vistos antes da adição do óleo. Ao final, o tecido vascular foi novamente perfundido com

solução de Tyrode modificado e o fluxo retornou a valores próximos ao período controle.

Influência do L-NAME e D-NAME no efeito relaxante do OECN sobre o fluxo mesentérico

Na presença de L-NAME (50 µM) o fluxo basal no período controle (solução com 5 mM de K+)

foi de 2,8 ± 0,3 ml/min (n = 5), não diferindo dos experimentos sem a adição do L-NAME. Por outro

lado, com a troca pela solução despolarizante o fluxo vascular passou a ser a 0,9 ± 0,1 ml/min (p <

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87

0,01, teste t pareado). Nesta situação, o OECN 1, 10 e 100 µg/ml foi ineficaz em reverter a diminuição

do fluxo mesentérico, enquanto que na concentração de 300 µg/ml este efeito mostrou uma tendência,

embora não significativa, ao final dos 10 minutos de contato (Fig. 26).

Na presença de 50 µM de D-NAME o fluxo basal no período controle (solução com 5 mM de

K+) foi de 3,2 ± 0,2 ml/min (n = 4), não diferindo dos experimentos sem a adição do D-NAME. A troca

da solução normal pela despolarizante reduziu o fluxo para 2,2 ± 0,2 ml/min também não diferindo dos

experimentos sem D-NAME. Nesta situação, o OECN nas concentrações de 1 e 10 µg/ml não

alteraram a diminuição do fluxo, enquanto que na concentração de 100 e 300 µg/ml foi observado um

aumento significante do fluxo mesentérico (p < 0,05, teste de Dunnett) (Fig. 27).

Efeitos dos principais constituintes 1,8-cineol, metil-eugenol e terpineol sobre o fluxo no leito vascular mesentérico

Após a estabilização do fluxo com solução despolarizante e mantendo-se alta a concentração

extracelular de K+, foram realizados experimentos adicionando-se isoladamente os principais

constituintes do OECN nas mesmas concentrações utilizadas para o óleo. O tempo de perfusão para

cada concentração também foi de 5 minutos e, para a concentração de 300 µg/ml, foram mantidas as

duas medidas, uma com cinco e outra com 10 minutos de perfusão. A presença do 1,8-cineol durante

a perfusão do leito com solução despolarizante produziu uma tendência a aumentar o fluxo

mesentérico apenas na concentração de 300 µg/ml, embora este aumento não tenha sido significativo.

A adição de L-NAME à solução aboliu essa tendência do 1,8-cineol a produzir aumento do fluxo (Fig.

28). Por outro lado, o metil-eugenol aumentou significativamente o fluxo nas concentrações de 100 e

300 µg/ml. Na presença de L-NAME (50 µM) apenas na concentração de 300 µg/ml foi significativo

(Fig. 29). O aumento do fluxo pelo terpineol foi significativo apenas na concentração de 300 µg/ml.

Na presença de L-NAME esta mesma concentração só produziu aumento significativo do fluxo com 10

minutos de perfusão (Fig. 30). Todas estas alterações produzidas pelos constituintes do OECN foram

reversíveis com a lavagem do tecido apenas com solução fisiológica.

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88

Sobre a contração induzida por solução de K+ hiperosmolar em útero isolado de ratas estrogenizadas

A adição hipertônica de KCl diretamente à solução nutridora com baixa concentração de Ca2+

(solução contendo 2 mM de EGTA) para um teor final de K+ de 300 mM produz uma contração no

útero de ratas estrogenizadas com dietilestilbestrol. A amplitude da contração induzida por K300 foi

correspondente a 12,9 ± 1,4 % da contração induzida por 60 mM de K+ em meio com 2 mM de Ca2+

(Fig. 31A e B). Na presença de OECN (400 µg/ml) a resposta do K+ hipertônico não foi

significativamente alterada e correspondeu a 12,0 ± 1,0 % da contração K60. A adição de sucrose

(600 mM) nas mesmas condições produziu uma contração de 7,1 ± 2,2 % da contração K+ e o OECN

também não alterou esta resposta. Em preparações pré-contraídas com 60 mM de K+, o OECN

também produziu reversão da contração com CE50 de 52,6 ± 12,2 µg/ml (Fig. 31C)

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89

Tempo (min)

0 20 40 60 80 100

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

40

60

80

100

120K60

OECN

110

100

300300´

Tempo (min)

0 20 40 60 80

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

40

60

80

100

120K60

A

B

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90

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100K60

OECN 100OECN 300

OECN 300´

**

CONTROLE L-NAME (50µM)

Tempo (min)

0 40 80

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

120K60

110

100

300

300´

OECN

OECN + L-NAME

A

B

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91

Tempo (min)

0 20 40 60 80 100

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

40

60

80

100

120K60

OECN + D-NAME

1 10

100

300300´

OECN

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

K60OECN 100OECN 300

OECN 300´

**

CONTROLE D-NAME (50µM)

***

A

B

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92

CONTROLE L-NAME (50µM)

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

120

K60ME 100

ME 300 5´ME 10´

***

*

*

Tempo (min)

0 20 40 60 80 100

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

120

140K60ME

ME + L-NAME

1 10

100

300

300´

A

B

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93

Tempo (min)

0 20 40 60 80 100

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

120

140K60

TERP

TERP + L-NAME (50µM)

1 10

100

300

300´

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

120

* *

*

CONTROLE L-NAME (50µM)

K60TERP 100

TERP 300 5´TERP 300 10´

A

B

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94

Tempo (min)

0 20 40 60 80 100

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

120

1

10 100

300´

300

K60

CIN + L-NAME

CIN

CONTROLE L-NAME (50µM)

Flu

xo (

% d

o co

ntro

le)

0

20

40

60

80

100

K60CIN 100

CIN 300 5´CIN 300 10´

A

B

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95

K300 SUC 600

Con

traç

ão (

% d

o K

60)

0

4

8

12

16CONTROLEOECN 400

*

A

B

C

1g

2 minCa 0 (2 mM EGTA)

OECN 400 OECN 400

K60K300 K300 SUC600 SUC600

OECN (µg/ml)0,1 1 10 100 1000

Con

traç

ão (

% d

a K

60)

0

40

80

120

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96

ESTUDOS ELETROFISIOLÓGICOS EM NEURÔNIOS FÁSICOS DO GÂNGLIO CELÍACO

Propriedades elétricas passivas e ativas dos neurônios do gânglio celíaco

Para os estudos eletrofisiológicos utilizamos a técnica do microeletrodo em preparações de

gânglio celíaco intacto. Algumas propriedades elétricas dos neurônios foram examinadas pelo registro

intracelular de suas respostas frente a pulsos quadrados constantes de corrente de 1 segundo de

duração a cada um ou dois segundos, ora hiperpolarizante para acompanhamento da resistência de

membrana, ora despolarizante para estudo dos potenciais de ação. As amplitudes dos pulsos

variaram de 0,02 a 0,5 nA e não houve injeção de corrente para a manutenção do potencial

transmembrana em nenhum experimento.

Com relação ao número de potenciais de ação evocados, a grande maioria dos neurônios

respondeu com um único potencial de ação no início do pulso limiar de corrente despolarizante. O

aumento da amplitude do pulso de corrente injetado acima de duas vezes o limiar de corrente para

geração do potencial de ação normalmente não produziu maior número de potenciais de ação.

Ocasionalmente, ocorria o surgimento de um ou dois potenciais de ação adicionais, mas sempre na

fase inicial, tornando-se o neurônio quiescente muito antes do final do pulso. Células com estas

características nós classificamos como fásicas (Fig. 32, traçado superior).

Obtivemos também, embora em menor número, registros de alguns neurônios que

responderam com apenas um (eventualmente dois ou mais) potencial de ação no limiar,

caracteristicamente com um retardo maior que os neurônios fásicos e que, com pequenos aumentos

na intensidade do pulso acima do limiar de corrente, iniciaram potenciais de ação adicionais. Um

aumento maior na intensidade do estímulo produziu o surgimento de um trem de potenciais de ação

que perdurou por todo o pulso despolarizante. A altura do pico do potencial de ação não foi alterada

ou teve pouca alteração durante o trem de potenciais de ação. Estas células nós classificamos como

neurônios tônicos (Fig. 32, traçado inferior). Neste estudo, por obtermos um maior número de

observações, consideramos apenas os dados obtidos em neurônios fásicos.

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97

Após o período de estabilização da célula, o potencial de repouso para as células fásicas,

considerado como a deflecção de voltagem durante o impalamento foi de –54,5 ± 1,4 mV (n = 21) já

incluído neste valor a correção dos potenciais de ponta dos microeletrodos. Para alguns experimentos

acrescemos a esta medida o valor do potencial de ponta do eletrodo obtido com a retirada deste do

espaço intracelular ao final do registro. Os neurônios que apresentaram potencial de repouso mais

negativo que – 40 mV foram considerados como aceitáveis para este estudo (Fig. 33A).

A resistência de entrada da membrana foi quantificada pela amplitude das variações

eletrotônicas de voltagem produzidas pela aplicação de pulsos quadrados hiperpolarizantes (0,1 nA,

por 1 segundo) e correspondeu a 82,4 ± 6,1 MΩ (n = 21). A medida de resistência foi considerada

válida somente se as leituras fossem coincidentes tanto pelo modo bridge como pelo modo DCC (do

Inglês discontinuous current clamping). Quando as duas medidas eram desiguais, procedia-se o

balanceamento da ponte do circuito a fim de igualar as duas medidas, tomando este valor como o

correto para a resistência de entrada da membrana. Neste trabalho, as células somente foram

consideradas nas estatísticas se apresentassem resistência igual ou superior a 40 MΩ (Fig. 33B).

Os valores do limiar de corrente para ativação da célula situaram-se normalmente entre 0,04

e 0,18 nA (n = 21). A amplitude média dos potenciais de ação obtidos foi de 79,3 ± 0,1 mV (n = 89) e

o overshoot variou de 10,6 a 46,4 mV. Os valores médios destes e de outros parâmetros

eletrofisiológicos encontram-se distribuídos na tabela III.

Ações da histamina sobre as propriedades passivas e ativas dos neurônios e efeitos do OECN sobre as respostas dos neurônios à histamina

• Sobre o potencial de repouso e a resistência de entrada da membrana

A presença de histamina (10 µM) produziu alterações significativas em alguns parâmetros

elétricos enquanto que outros não foram afetados. Por exemplo, em relação ao potencial de repouso,

o efeito da histamina foi examinado em 12 neurônios, dos quais 91,7 % (11 dos 12 neurônios)

responderam com uma despolarização significativa e reversível em 5 preparações. Nestas, o

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98

potencial transmembrana passou de –56,6 ± 1,8 mV no controle, para –52,9 ± 2,0 mV na presença de

histamina (10 µM, p < 0,01, teste t pareado). A histamina não produziu nenhum efeito no potencial

transmembrana em 1 dos 12 neurônios. A amplitude média da despolarização foi 3,5 ± 0,7 mV

(variação de 1 a 9 mV) (Fig. 34A).

A histamina produziu um aumento significativo da resistência de entrada da membrana em

58,3 % das células (7 de 12) de 88,6 ± 11,4 MΩ no controle, para 108,6 ± 11,0 MΩ na presença de

10 µM de histamina (p < 0,001, teste t pareado, Fig. 35A). Em 16,7 % (2 de 12 neurônios) não houve

alteração e nos 25 % restantes (3 de 12) a histamina produziu diminuição da resistência (não

significativo, p > 0,05, teste t pareado).

Em outra série de experimentos, o OECN (200 µg/ml) foi adicionado previamente à histamina.

O potencial de repouso no período controle foi de – 52,4 ± 2,2 mV (n = 8) e não foi significativamente

alterado pela presença de OECN (Em= – 52,7 ± 2,4 mV, p > 0,05, ANOVA). A adição de histamina (10

µM) produziu uma despolarização significativa em 8 dos 9 neurônios considerados neste estudo (p <

0,05, ANOVA). A despolarização média foi de 4,5 ± 1,0 mV (1 a 9 mV) e o potencial de repouso ficou

em torno de – 48,2 ± 1,8 mV (Fig. 34B). Apenas em uma célula a histamina não produziu alteração no

potencial transmembrana.

Na resistência de entrada da membrana, o OECN não produziu alteração significativa (72,9 ±

10,2 MΩ e 78,6 ± 11,0 MΩ, no controle e na presença de 200 µg/ml de OECN, respectivamente). Na

presença de histamina (10 µM) e OECN, das 9 células estudadas, 7 apresentaram uma resistência de

membrana maior que no período controle (72,9 ± 10,2 MΩ vs 101,4 ± 16,2 MΩ, p < 0,05, teste de

Dunnett), 1 não sofreu alteração e em 1 a histamina produziu diminuição da resistência (Fig. 35B).

As propriedades elétricas dos neurônios do gânglio celíaco que foram alteradas pela histamina

quais sejam: despolarização do potencial transmembrana, aumento da resistência de entrada,

diminuição do limiar de corrente para excitação celular e o aumento do número de potenciais de ação

em pulsos de corrente correspondentes ao dobro do limiar, foram significativamente alteradas pela

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99

prévia exposição da preparação a 1 µM de pirilamina, um antagonista dos receptores H1 para a

histamina, bloqueando as alterações induzidas por esse autacóide (Tabela IV).

• Sobre o limiar de corrente para ativação neuronal

A histamina produziu uma diminuição no limiar de corrente em 91,7 % (11 de 12) nos

neurônios estudados, sendo ineficaz em apenas 1 neurônio. O limiar de corrente no período controle

foi de 105,4 ± 11,1 pA e na presença de 10 µM de histamina foi significativamente diminuído para 67,3

± 8,2 pA (n = 11, p < 0,001, teste t pareado). A redução média foi da ordem de 38,2 ± 6,3 pA (Fig.

36A).

No grupo de células em que o OECN fora adicionado antes da histamina, o limiar de corrente

despolarizante para a ativação neuronal foi, no período controle, de 120,0 ± 13,3 pA (n = 9) e este não

foi alterado nem pela solução de 200 µg/ml de OECN, nem pela solução de OECN + histamina (10

µM). Na primeira, o limiar de corrente correspondeu a 128,9 ± 14,6 pA (n = 9), enquanto que na

segunda, foi de 106,7 ± 17,9 pA (n = 9), não diferindo significativamente do período controle em

nenhuma das duas situações (p > 0,05, ANOVA, Fig. 36B).

• Sobre o overshoot e a amplitude dos potenciais de ação

No período em que a histamina esteve presente em solução, o overshoot dos potenciais de

ação foi 23,7 ± 1,1 mV (variação de 13,4 a 44,9, n = 53), não sendo estatisticamente diferente (p >

0,05, teste t pareado) do período controle (23,7 ± 1,2 mV, variação de 10,6 a 46,4) (Fig. 37A).

Naqueles experimentos com a adição prévia de OECN o overshoot foi de 24,9 ± 1,7 mV (n = 22) no

período controle. Nem com OECN 200 µg/ml nem com OECN + histamina houve alteração

significativa dos valores do overshoot que corresponderam a 22,6 ± 1,3 e 22,4 ± 1,2 mV,

respectivamente (p > 0, 05, ANOVA) (Fig. 37B).

Com relação à amplitude dos potenciais de ação, no período controle, o valor médio

correspondeu a 79,3 ± 1,1 mV (n = 60). A adição de histamina ao meio produziu uma redução

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100

significativa da amplitude para 75,9 ± 1,0 mV (p < 0,001, teste t pareado) (Fig. 38A). Nos

experimentos com OECN as amplitudes médias foram 76,7 ± 1,9, 74,1 ± 1,9 e 68,4 ± 1,8 mV (n =

30), para as situações controle, com OECN 200 µg/ml e OECN 200 + histamina (10 µM) (Fig. 38B).

Comparando estes valores, somente o último foi estatisticamente diferente do controle (p < 0,01, teste

de Dunnett).

• Sobre a duração dos potenciais de ação

A duração média dos potenciais de ação dos neurônios que foram testados apenas com

histamina foi 3,8 ± 0,1 ms no período controle e 3,9 ± 0,1 ms na presença de 10 µM de histamina (n =

60). Não houve diferença estatística entre estas duas situações (p > 0,05, teste t pareado) (Fig. 39A).

Para os experimentos com OECN, no período controle a duração média dos potenciais de ação foi 4,0

± 0,2 ms (n = 28), na presença de OECN foi 4,2 ± 0,2 ms e na presença de OECN + histamina 10 µM

foi 4,9 ± 0,4 ms, não havendo diferença significativa entre nenhum deles (p > 0,05, ANOVA) (Fig 39B).

• Sobre o número de potenciais de ação

O número de potenciais de ação foi apreciado de duas formas distintas. Em uma delas não

levamos em consideração o valor nominal do pulso de corrente, considerando apenas o número de

potenciais ocorridos nos pulsos correspondentes a 1 vez, 1,5 vezes e 2 vezes o valor do limiar de

corrente (Figs. 40 e 41). Neste caso, a presença da histamina provocou um aumento significativo do

número de potenciais de ação nos pulsos de 1,5 e 2 vezes acima do limiar para ativação do neurônio

(Fig 40A). Com pulsos correspondentes a 1,5 vezes o limiar, a célula respondeu com uma média de

1,4 ± 0,1 potenciais no controle e, na presença de histamina, este valor aumentou para 4,6 ± 1,2

potenciais (p < 0,05, teste t pareado) (Fig. 41A). No dobro do limiar, a célula passou de 2,6 ± 0,4

potenciais no controle, para 6,2 ± 1,2 potenciais (p < 0,01, teste t pareado). Na presença do OECN a

histamina não produziu os efeitos vistos no controle em relação ao número de potenciais de ação (Fig.

41B).

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101

Na outra situação nós consideramos o número de potenciais de ação de acordo com o pulso

de corrente aplicado (variação em etapas de 20; faixa de variação: 20 a 200 pA), independente do

valor correspondente ao limiar ou seus múltiplos. Na comparação de todos os tratamentos entre si, o

perfil de alterações produzidos pela histamina diferiu dos demais, incluindo o período controle (p <

0,05, teste de Bonferroni). Por outro lado, o número de potenciais de ação ocorrido no controle não

diferiu estatisticamente dos períodos em que as células estavam em contato com o OECN 200 µg/ml

ou com OECN + histamina 10 µM (p > 0,05, teste de Bonferroni) (Fig 41C).

• Sobre a excitabilidade neuronal

Avaliamos a excitabilidade neuronal através das alterações sobre o limiar de corrente e da

latência para o surgimento do potencial de ação em função do estímulo despolarizante aplicado. Esta

última medida foi feita através da distância temporal (latência) entre o início do estímulo (tempo zero) e

o pico positivo do potencial de ação. Sob estes aspectos, aplicamos uma série de estímulos de

corrente desde sub- até supraliminares na ausência e presença de histamina, ou OECN, ou dos dois.

O número de pulsos despolarizantes crescentes necessários para alcançar o limiar de ativação celular

foi maior no controle do que na presença de 10 µM de histamina (Fig. 42B). Como vimos

anteriormente (Fig 36), no período controle, o estímulo mínimo para que fosse iniciado um potencial de

ação foi em média 112,4 ± 8,1 pA (n = 21, considerando todas as células usadas para avaliar o limiar

de corrente). Na presença de histamina 10 µM o estímulo inicial médio foi 73,3 ± 9,6 pA (n = 12). Na

presença do OECN e em meio com OECN + histamina (10 µM) foi de 134,0 ± 14,0 e 110,0 ± 16,4 pA

(n = 10). Quando comparados em relação ao controle, a única diferença significante foi a do período

em que a preparação ficou exposta apenas à histamina (p < 0,05, teste de Dunnett).

O tempo para se atingir o pico do potencial de ação para cada célula nos diferentes

tratamentos também foi avaliado. Por exemplo, para pulsos despolarizantes de 100 pA o pico do

potencial de ação foi atingido após 115,5 ± 6,5 ms (n = 10) a partir do início do estímulo no período

controle (Fig. 42A). Na presença de histamina, OECN (200 µg/ml) e OECN + histamina (10 µM), para

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102

este mesmo pulso, os tempos para se atingir o pico foram de 96,2 ± 10,18, 119,6 ± 4,44 e 122,5 ±

7,28 ms, respectivamente. Com pulsos de 180 pA, o pico do potencial de ação aconteceu com 97,7 ±

6,7, 71,3 ± 2,4, 112,6 ± 7,1 e 96,8 ± 1,4 ms, para o período controle, na presença de histamina,

OECN e OECN + histamina, respectivamente (Fig. 43).

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103

Fásica

Tônica

1x 2x1,5x

20 mV

400 ms

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104

Número de observações

0 2 4 6 8 10

-40 -44

-45 -49

-50 -54

-55 -59

-60 -64

-65 -69

Potencial de m

embrana (m

V)

Número de observações

0 2 4 6 8

40-59

60-79

80-99

100-119

120-139

140-159

Resistência de m

embrana (M

Ω)

A

B

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105

Pot

enci

al tr

ansm

embr

ana

(mV

)

-80

-60

-40

-20

0

Pot

enci

al tr

ansm

embr

ana

(mV

)

-80

-60

-40

-20

0

**

CONTROLE HA 10µM

*

CONTROLEOECN200

+HA 10µM

OECN200

N.S.

A

B

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106

Res

istê

ncia

(M

Ω)

0

20

40

60

80

100

120

140

Res

istê

ncia

(M

Ω)

0

20

40

60

80

100

120

140

CONTROLE HA 10µM

CONTROLEOECN 200

+HA 10µM

OECN200

***

N.S.

*

A

B

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107

A

B

Est

ímul

o (p

A)

0

40

80

120

160

CONTROLE HA 10µM

***

Est

ímul

o (p

A)

0

40

80

120

160

CONTROLE OECN200

OECN+

HA 10µM

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108

Ove

rsho

ot (

mV

)

0

5

10

15

20

25

30

OECN200

OECN200+

HA10µMCONTROLE

Ove

rsho

ot (

mV

)

0

5

10

15

20

25

30

CONTROLE HA 10µM

A

B

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109

Am

plitu

de (

mV

)

0

20

40

60

80

100

Am

plitu

de (

mV

)

0

20

40

60

80

100

CONTROLE HA 10µM

OECN200

CONTROLEOECN200

+HA 10µM

***

**N.S.

A

B

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110

Dur

ação

(m

s)

0

1

2

3

4

5

6D

uraç

ão (

ms)

0

1

2

3

4

5

6

CONTROLE HA 10µM

OECN200

CONTROLEOECN200

+HA 10µM

A

B

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111

20 mV

400 ms

-60 mV

CONTROLE

HA 10µM

1x 1,5x 2x

1x 1,5x 2x

20 mV

400 ms

-57 mV

CONTROLE

OECN 200

OECN 200 + HA 10 µM

A

B

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112

Núm

ero

méd

io d

e P

A

0

2

4

6

8

1,5x 2x1x

CONTROLEOECN 200OECN200 + HA 10µM

Limiar de corrente

Estímulo (pA)

0 40 80 120 160 200

Núm

ero

méd

io d

e P

A

0

2

4

6CONTROLEHA 10 µM

HA 10 µM + OECN 200OECN 200

A

B

C

Núm

ero

méd

io d

e P

A0

2

4

6

8

Limiar de corrente1,5x 2x1x

*

**HA 10 µMCONTROLE

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113

Tempo (ms)

60 80 100 120

20

406080

100120140160180200

20

406080

100120140160180200

Est

ímul

o (p

A)

CONTROLE

HA 10 µM

Estímulo (pA)

80 120 160 200

Latê

ncia

(m

s)

60

80

100

120

140CONTROLE

HA 10 µM

*

A

B

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114

CONTROLE

OECN 200

Tempo (ms)

60 80 100 120 140 160

Est

ímul

o (p

A)

OECN 200+

HA 10 µM

20406080

100120140160180200

20406080

100120140160180200

20406080

100120140160180200

Estímulo (pA)

80 120 160 200

Latê

ncia

(m

s)

60

80

100

120

140

160CONTROLE

OECN 200 + HA 10OECN 200

A

B

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115

DISCUSSÃO

Efeitos no músculo liso traqueal

Este estudo demonstra que o OECN (0,1-1000µg/ml) induz efeitos relaxantes no

músculo liso da traquéia de cobaio in vitro, com uma CE50 de 4,3µg/ml e uma amplitude máxima de

relaxamento semelhante à produzida pela aminofilina, uma metilxantina inibidora de fosfodiesterase

largamente usada como relaxante do músculo liso respiratório (Brackett et al., 1990). Esses

resultados demonstram coerência entre os efeitos induzidos pelo OECN em músculo respiratório com

aqueles previamente descritos em intestino (Magalhães et al., 1998) e artérias (vide abaixo e em

Lahlou et al., 2000).

O efeito miorelaxante intestinal foi, em certas doses, associado com aumento do

trânsito intestinal (Magalhães et al., 1998). O OECN também demonstrou ter efeito hipotensor (Lahlou

et al., 2000). Portanto, o OECN tem demonstrado possuir múltiplos efeitos no intestino, sistemas

circulatório e respiratório que podem conceitualmente ser vantajosos em algumas circunstâncias,

como em patologias compostas nas quais são requeridos agentes broncodilatadores, procinéticos

intestinais ou antihipertensivos. A atividade miorelaxante foi mais potente no músculo liso respiratório

e intestinal (Magalhães et al., 1998) do que no músculo liso circulatório (Lahlou et al., 2000). Serão

necessários estudos adicionais para determinar se essas diferentes potências in vitro também irão

ocorrer in vivo e se o OECN será eficaz em baixas doses como visto em órgão isolados. O óleo

essencial do Croton zehntneri tem demonstrado potências in vitro semelhantes para relaxamento de

músculos lisos.

O modelo do cobaio sensibilzado à ovalbumina aproxima-se da broncoconstrição

induzida por alérgenos em humanos (Wills-Karp e Gilmour, 1993). Os resultados apresentados no

presente trabalho demonstram sensibilização ativa e específica via injeções intraperitoneais de

ovalbumina, visto que nem a ovalbumina em temperatura ambiente nem soroalbumina bovina a 37ºC

produziram respostas contráteis no músculo liso traqueal dos animais tratados. Além disso, sob

desafio antigênico específico, o antígeno liga-se à IgE ligada aos mastócitos, promovendo a liberação

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de mediadores como histamina, leucotrienos e prostaglandinas que promovem contração do músculo

liso respiratório (Iwagoe et al., 1996). Neste estudo, nós presumimos que tenha havido uma

degranulação de mastócitos apreciável visto que uma exposição subseqüente ao antígeno não foi

capaz de produzir contrações adicionais.

A contração induzida pelo estímulo antigênico foi reduzida pelo cromoglicato de

sódio, um inibidor da degranulação de mastócitos (Horan et al., 1990) para 135 % da resposta

controle. Entretanto, uma segunda exposição do tecido à ovalbumina na ausência do cromoglicato

produziu uma segunda contração induzida por antígeno em aproximadamente 45% dos experimentos.

Esse resultado serve para ilustrar a eficácia do cromoglicato em prevenir a degranulação de

mastócitos e a conseqüente liberação de autacóides. OECN (300 e 600µg/ml) inibiu parcial, mas

significativamente, a contração da traquéia induzida pelo antígeno. Após a lavagem da preparação

com solução fisiológica para remover tanto o óleo como a ovalbumina, um segundo estímulo

antigênico não foi capaz de induzir contração do músculo liso traqueal. Portanto, parece improvável

que o efeito do OECN seja indireto, devido a uma inibição da liberação de mediadores pelos

mastócitos. Além disso, na presença de OECN, foram necessárias maiores concentrações de

histamina para se alcançar uma dada intensidade de contração e a tensão máxima foi diminuída. Isso

indica que a inibição da contração induzida pela ovalbumina ocorreu após a liberação dos mediadores.

Vale ressaltar que os efeitos do OECN em músculo liso traqueal isolado diferiram

daqueles vistos em músculo liso intestinal. Neste tecido, o OECN também teve um efeito relaxante e

uma ação inibitória sobre as contrações induzidas por K+. Entretanto, existiu uma proximidade entre

as CE50s para relaxamento do tônus basal e para o bloqueio da contratura potássica em íleo, as quais

foram semelhantes em magnitude (15,7 ± 4,3 e 18,2 ± 2,3 µg/ml, respectivamente). Neste estudo,

estes valores diferiram significativamente (4,3 ± 0,78 e 123,9 ± 15,7 µg/ml, respectivamente), o que

sugere que, pelo menos no músculo liso traqueal, diferentes mecanismos modulam o relaxamento do

tônus basal e tônus aumentado por alto K+. Além disso, em comparação com a resposta controle

induzida por 60 mM de K+, a amplitude do relaxamento traqueal foi maior que aquele observado no

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músculo liso intestinal (200,7 ± 25,62 versus 34,3 ± 5,5 % da contração induzida por 60 mM de K+,

respectivamente (Magalhães et al., 1998)).

O presente trabalho confirma que a histamina é uma das grandes responsáveis

pela contração do músculo liso traqueal induzida pela ovalbumina, visto que a pirilamina, um

antagonista de receptores H1 para histamina (Chen et al., 1998), reduziu um pouco mais de 50% da

resposta contrátil pelo estímulo antigênico. Este também é um indício de que a contração induzida

pelo antígeno é mediada pela liberação de outras substâncias (e.g. leucotrienos e prostaglandinas)

(Mitchell et al., 1993; Iwagoe et al., 1996). Esta conclusão é possível porque: 1) a concentração de

pirilamina utilizada (5 µM) é suficiente para bloquear totalmente a contração do músculo liso traqueal

induzida pela histamina em concentração maximal aplicada exogenamente e, 2) OECN nas

concentrações de 300 e 600 µg/ml diminuiu a resposta contrátil induzida pela histamina para valores

correspondentes a aproximadamente 10 e 2 % da contração controle, enquanto que a contração

induzida pela ovalbumina foi reduzida apenas para valores próximos a 82 e 35 % da contração

induzida por 60mM de K+, respectivamente. Tornam-se razoáveis também as hipóteses de que ou a

contração induzida pela apresentação do antígeno é resultante de uma potencialização de seus

mediadores, o que torna a resposta contrátil maior ou mais potente que a de seus componentes

isolados ou, por outro lado, que deva existir dentre estes mediadores, alguns cuja resposta do músculo

liso traqueal não seja tão potentemente inibida pela presença do OECN como a contração induzida

pela histamina.

A PGF2α é uma das substâncias que podem ser liberadas após a estimulação

antigênica (Leal-Cardoso, 1993; Albuquerque, 1996 e 1997). Em comparação com a histamina, o

OECN apresentou um efeito distinto em relação àquele produzido sobre as ações da PGF2α. Na

concentração de 200 µg/ml, que na maior parte dos tecidos inibe praticamente todas as contrações, o

OECN reduziu a contração induzida apenas por pequenas concentrações de PGF2α não interferindo

com a resposta máxima do tecido ao prostanóide. Com 100 µg/ml, já havia reduzido a resposta

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máxima da histamina. Isto demonstra que o OECN possui uma certa especificidade de efeito que

requer maiores estudos.

É improvável também uma inibição competitiva direta do receptor da histamina no

músculo liso traqueal pela presença do OECN visto que um grande aumento na concentração

exógena de histamina não foi capaz de reverter o bloqueio promovido pelo óleo. Além disso, para

agonistas diferentes como histamina, carbacol e K+, não ocorreu diferença significante entre os valores

de CI50 para inibição das contrações induzidas por agonistas, indicando uma ação inespecífica em

relação a receptores de neurotransmissores ou autacóides. Do mesmo modo, OECN relaxou

preparações pré-contraídas pela manutenção de alta concentração de K+. Isto elimina um mecanismo

de ação indireto (via liberação de mediadores dos terminais nervosos, visto que os nervos estão

despolarizados e, nesta situação, inativados (Quast, 1993)). Estes dados também estão de acordo

com aqueles previamente encontrados para o íleo de cobaio onde o efeito relaxante do OECN não foi

alterado pela presença da tetrodotoxina, um conhecido bloqueador de canais de sódio (Magalhães,

1997). Por outro lado, o relaxamento de preparações contraídas com 60mM de K+, também elimina a

possibilidade de o OECN atuar por promover uma hiperpolarização da diferença de potencial elétrico

entre os lados intra e extracelular, por ativação de canais de K+ e conseqüente efluxo deste íon, visto

que, conceitualmente, o potencial transmembrana, nesta situação, aproxima-se bastante do potencial

de equilíbrio para o K+ (Quast, 1993), previsto pela equação de Nernst. Através das medidas do

potencial transmembrana, pode-se comprovar que a presença do OECN não é capaz de produzir

despolarização ou hiperpolarização, tanto no íleo (dados não mostrados) como na traquéia ou na aorta

de cobaio (vide adiante), mantidos em solução normal e despolarizante, o que comprova a nossa

hipótese.

Em conclusão, OECN é caracterizado como um relaxante de músculo liso,

corroborando estudos anteriores e o uso do Croton nepetaefolius como um antiespasmódico na

medicina popular. Provavelmente o OECN atue como um antiespasmódico através do antagonismo de

Ca2+, ou seja, inibição de mobilização de Ca2+ operada por receptor, bloqueio da liberação de Ca2+ de

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organelas citoplasmáticas e/ou diminuição da sensibilidade das proteínas contráteis à concentração de

Ca2+ intracelular.

Efeitos no músculo liso vascular

Os resultados do OECN sobre o sistema circulatório e sobre preparações isoladas

de vasos demonstram que este óleo essencial causa uma diminuição da PAM em ratos anestesiados

(sem alterações agudas significativas em alguns parâmetros sangüíneos relacionados com o equilíbrio

ácido-básico e transporte de gases respiratórios), provavelmente como uma conseqüência dos efeitos

relaxantes sobre o músculo liso vascular, pois, em aorta pré-contraída e na circulação mesentérica de

rato perfundida com solução de K+ 60 mM, o OECN produziu um efeito relaxante de maneira

dependente de concentração.

A diminuição da PAM foi significativa a partir da dose de 10 mg/Kg, enquanto que a

bradicardia produzida pelo OECN foi estatisticamente significante apenas nas doses de 20 e 50 mg/Kg

para os animais uninefrectomizados e apenas na dose de 50 mg/Kg nos animais DOCA-sal. Portanto,

a diminuição da PAM deve ser mediada primariamente por um efeito vasodilatador que se segue por

um cronotropismo e talvez por um inotropismo negativo. A eficácia do OECN parece estar relacionada

com o nível pressórico do animal tanto in vivo como in vitro, visto que o óleo produziu maior

hipotensão em animais DOCA-sal do que nos animais uninefrectomizados. Esta mesma diferença

também foi visualizada para o bloqueio das contrações induzidas pela fenilefrina na aorta isolada

destes animais. Estes dados confirmam observações obtidas em estudos anteriores nos quais o

OECN apresentou efeitos relaxantes e antiespasmódicos em músculo liso, bem como uma atividade

anti-hipertensiva em ratos, com um componente de sua ação mediada por um efeito vasodilatador

(Magalhães et al, 1998; Lahlou et al, 1999 e 2000) e requerem maiores estudos para elucidar estas

diferenças em sua eficácia.

Em comum com estes trabalhos, aqui os efeitos inibitórios e relaxantes do OECN

foram dependentes de concentração e totalmente reversíveis com a lavagem da preparação e,

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portanto, não indicam uma depressão inespecífica da função contrátil do músculo liso, mas sugerem

ações mais específicas. Neste aspecto em particular, chamam a nossa atenção os diferentes efeitos

encontrados para o OECN em aorta isolada de ratos e cobaios. Em aorta de rato a CE50 para o

relaxamento da contratura K+ foi significativamente menor do que a encontrada para a aorta de cobaio

(32 vs. 200 µg/ml, p < 0,001, teste t não pareado), assim como o efeito relaxante do OECN foi

parcialmente reduzido pela presença do L-NAME, um inibidor da liberação de NO pelas células

endoteliais (Rees et al., 1990; Arnal et al., 1999) e pela retirada do endotélio vascular. Na aorta de

cobaio, a adição de L-NAME e a retirada do endotélio não produziram efeitos significativos na resposta

do OECN em relação aos experimentos controle. Estas dados são um forte indício de que existe uma

certa especificidade no mecanismo de ação do OECN e que, pelo menos na aorta de rato, a liberação

de NO pelo endotélio vascular é fator importante para o efeito relaxante do óleo.

Esta observação foi confirmada nos experimentos realizados com a perfusão da

circulação mesentérica de ratos onde o OECN aumentou significativamente o fluxo de líquido pelo leito

mesentérico perfundido ex vivo com solução despolarizante contendo 60 mM de K+. Da mesma forma

que na aorta isolada, a presença de L-NAME produziu uma inibição parcial do efeito relaxante do

OECN sobre a circulação mesentérica. A presença do D-NAME, um isômero inativo do L-NAME

(Ward et al., 1993), não alterou a resposta vasodilatadora do OECN. Estes efeitos foram apenas

parciais porque a ação relaxante do OECN não foi totalmente abolida. Em concentrações mais altas

(>100 µg/ml), tanto em aorta como na circulação mesentérica, houve reversão da contração e da

diminuição do fluxo mesentérico, respectivamente, pelo OECN, independente da ausência ou

presença do L-NAME e da retirada do endotélio nos tecidos in vitro. Já nas concentrações mais

baixas (1 a 100 µg/ml) a retirada do endotélio ou a adição inibidor da NO sintase diminuiu ou, pelo

menos retardou, o aparecimento do efeito relaxante promovido pelo OECN. Isto sugere que, em ratos,

o OECN apresenta um mecanismo para o relaxamento do músculo liso vascular que é parcialmente

dependente da liberação de NO endotelial.

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Fica evidenciado também que o efeito vasodilatador do OECN pode ser explicado

pela ação conjunta de seus constituintes visto que a utilização isolada de alguns deles (1,8-cineol,

metil-eugenol e terpineol), tanto em aorta como em leito mesentérico, produziu os mesmos efeitos do

óleo essencial, embora com diferentes características, sendo o metil-eugenol o mais potente deles,

seguido de perto pelo terpineol (suas CE50s não diferiram entre si, p > 0,05, teste student-Neuman-

Keuls) e o 1,8-cineol como o menos potente. Estas observações são possíveis porque seguiram o

mesmo padrão observado para estas substâncias em íleo de cobaio (Magalhães et al., 1998). Nesta

preparação o metil-eugenol, terpineol e 1,8-cineol apresentaram CI50s para inibição da contratura K+

correspondentes a 12, 95 e 418 µg/ml, respectivamente. No presente trabalho estas substâncias

apresentaram valores de 18, 41 e 168 µg/ml.

A inibição do efeito relaxante do OECN também ficou evidenciada pelo uso do azul

de metileno, um inibidor da ativação da enzima guanilato ciclase (Katsuki et al., 1977; Rapoport e

Murad, 1983). De modo semelhante ao ocorrido com a utilização do L-NAME, a redução do efeito foi

mais evidente em baixas concentrações (10 e 100 µg/ml) do que em concentrações mais altas (200

µg/ml) sugerindo mais uma vez que o OECN pode atuar em diferentes locais ou etapas da cascata de

eventos que levam à contração muscular. A seguir explicitaremos outras evidências que nos levam a

esta conclusão.

Primeiramente, da mesma forma como visto no músculo liso traqueal e,

adicionalmente também observado em células nervosas do gânglio celíaco, o efeito relaxante do

OECN não parece ser proveniente de hiperpolarização por abertura de canais iônicos da membrana

com conseqüentes alterações do potencial eletroquímico, visto que não houve alteração do potencial

transmembrana nem na aorta e em vasos mesentéricos, bem como em traquéia ou neurônios

simpáticos. Outro fato que nos leva a descartar este mecanismo, como já foi discutido anteriormente

(vide seção de músculo liso traqueal), é a capacidade que tem o OECN em relaxar preparações pré-

contraídas com solução despolarizante.

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De modo interessante, o OECN reduziu a força máxima induzida pelo éster do

forbol e relaxou a contração do dibutirato de forbol (1 µM) em aorta de cobaio mantida em solução

com baixo teor de Ca2+. Existe uma série de evidências disponíveis na literatura que sugerem que o

alvo celular para os ésteres de forbol é a proteína quinase C, o que produz aumento da sensibilidade

dos elementos contráteis ao Ca2+ (Drummond e Hughes, 1987; Somlyo e Somlyo, 1994 e 2000). Além

disso, a contração induzida pelo dibutirato de forbol é independente da liberação de Ca2+ dos estoques

internos (Orton et al., 1990; Savineau et al., 1991) e em nosso estudo ocorreu em uma condição onde

a concentração extracelular de Ca2+ foi mantida muito baixa (~10-9 M) pela utilização de uma solução

contendo 2 mM de EGTA, um conhecido quelante de Ca2+, o que sugere também ser uma contração

independente do influxo de Ca2+ do meio externo. A possibilidade de que o relaxamento da contração

mantida pelo éster do forbol seja devido a um declínio natural da preparação é improvável visto que a

comparação do curso temporal da resposta contrátil ao dibutirato de forbol na ausência e presença do

OECN mostrou-se estatisticamente significante na comparação em todos os tempos arrolados.

Adicionalmente, estudos recentes têm demonstrado que a adição hiperosmolar de

KCl causa contração independente de Ca2+ na aorta de cobaio e de ratos, a qual é mediada, pelo

menos parcialmente, pela ativação de proteína quinase C (Low et al., 1994). Por outro lado, Ausina et

al. (1996) demonstraram que as respostas contráteis evocadas por KCl hiperosmótico no útero de

ratas não é mediada pela ativação da proteína quinase C, mas envolve a ativação de uma proteína

quinase sensível a estaurosporina. Os resultados aqui apresentados demonstram que, em solução

sem Ca2+ (com 2mM de EGTA), o K+ hiperosmolar promove uma pequena contração quando

comparada à contração controle produzida por solução isosmótica de 60mM de K+ (com 2 mM de

Ca2+). Em útero de ratas, uma diminuição do volume celular como conseqüência de um estresse

hiperosmótico não explicaria o desenvolvimento desta contração visto que soluções hiperosmóticas de

glicose produziram contrações significativamente menores.

Em nosso estudo, o OECN produziu uma inibição da contração induzida por

300mM de K+ em aorta de cobaio e relaxou as contrações induzidas pelo dibutirato de forbol em

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concentração extracelular de Ca2+ mantida baixa. Isto sugere que o OECN é capaz de diminuir uma

contração iniciada intracelularmente, visto que existe uma hipótese bem estabelecida de que os

ésteres de forbol penetram facilmente as células musculares lisas, ligam-se e ativam a proteína

quinase C (Kikkawa et al., 1983). Portanto, de acordo com a literatura, essas duas condições iniciais

representam uma presumível resposta da ativação da proteína quinase C. Por outro lado, na

contração não influenciada pela proteína quinase C (por exemplo, contração induzida pelo K+

hiperosmótico em útero de ratas) o OECN não produziu efeito.

A proteína quinase C tem assumido uma posição de importância nos modelos

atuais de sinalização intracelular e, por isso, tem sido objeto de muitas pesquisas (Singer, 1996). Há

um consenso atualmente que a proteína quinase C é, na realidade, uma grande família de proteínas

quinases relacionadas. Algumas proteínas quinases (incluindo a PKC) fosforilam diferentes resíduos

de serina localizados no domínio regulatório da NO sintase constitutiva (Murthy et al., 1994). Significa

dizer que agentes que estimulam a hidrólise de fosfoinositídeos podem exercer efeitos opostos na

atividade da NO sintase. Por outro lado, contrações de artéria pulmonar de rato mediadas pela

proteína quinase C podem ser inibidas por outros compostos que aumentam o conteúdo intracelular de

nucleotídeos cíclicos (Savineau, et al., 1993). Não é difícil encontrar na literatura relatos de

substâncias extraídas de plantas como flavonóides e antraquinonas que apresentam a propriedade de

inibir proteína quinase C (Larkin et al., 1993). Estas relações demonstram que é possível que o OECN

atue por um mecanismo comum e específico sobre as contrações nas quais a cascata inclui a ativação

de atividade enzimática de nucleotídeos cíclicos e alguma isoforma de proteína quinase que pode ser

a proteína quinase C.

Estudos eletrofisiológicos

A dissecção dos tecidos abdominais para obtenção do gânglio celíaco, utilizando

os métodos descritos anteriormente, consistiu em uma das tarefas mais exigentes desta tese, pelas

características peculiares da região que apresenta bastante tecido adiposo, inúmeras estruturas de

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dimensões reduzidas e consistência muito semelhante à dos tecidos nervosos. Entretanto, tanto

morfológica quanto funcionalmente, as características das estruturas encontradas e das células

registradas neste estudo corroboram a descrição feita por vários autores encontrados na literatura

especializada.

A forma, disposição, localização e as conexões dos gânglios pré-vertebrais

utilizados neste estudo estão de acordo com os relatos feitos por Kreulen e Szurszewski (1979a),

sendo o gânglio celíaco encontrado em uma posição ventral à aorta abdominal logo abaixo da artéria

celíaca. Na maior parte das vezes, o gânglio encontrava-se dividido em dois grandes lobos (um direito

e um esquerdo) unidos por uma comissura central de espessura variável em cada animal, chegando

em alguns casos a ter uma espessura semelhante à dos lobos principais, aparentando ser uma massa

única de tecido, enquanto que em outros, a conexão entre ambos tornava-se mais tênue.

Quanto às características funcionais, os neurônios arrolados neste estudo foram

classificados em células fásicas e tônicas, de acordo com suas características de disparo de

potenciais de ação durante uma despolarização mantida conforme classificação anterior (Weems e

Szurszewski 1978; Kreulen e Szurszewski 1979a; Cassel et al. 1986;). As primeiras responderam com

a geração de potenciais de ação apenas no início do pulso despolarizante e permaneceram

quiescentes no decorrer do estímulo. As segundas responderam com a geração de potenciais de

ação durante todo o pulso de corrente. A ocorrência de células consideradas como fásicas neste

estudo foi de 91% enquanto que as células tônicas corresponderam a somente 9%. A frequência de

registros eletrofisiológicos entre células fásicas e tônicas apresenta grande variabilidade na literatura.

Por exemplo, Ma e Wu (1988) descreveram 75 % dos neurônios registrados em suas preparações

como tônicos e os 25% restantes como fásicos. Os resultados encontrados por Kreulen e Szurszewski

(1979a) sugerem que há uma proporção de 52 % para as fásicas e 48 % para as tônicas em gânglio

celíaco de cobaio. Em ratos, 58% dos neurônios do gânglio celíaco foram tônicos e 42 % foram

classificados como fásicos (Wang e McKinnon, 1995). Por outro lado, Cassel e McLachlan

encontraram uma distribuição de mais de 75 % de neurônios impalados nos lobos proximal e mediano

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disparando fasicamente. Dector e Weems (1983) descreveram em gânglio celíaco de gatos uma

proporção de 63 % de neurônios fásicos e 32 % de neurônios tônicos. Recentemente, além destas

duas classes de neurônios, foram classificadas as células do tipo pós-hiperpolrização lenta (PHPL).

São células que após poucos potenciais de ação iniciais apresentam uma hiperpolarização que dura

vários segundos e inibe a geração de outros potenciais de ação (Christian e Weinreich, 1988; Cassel

e McLachlan, 1987). Entretanto, não consideramos em nossos registros este terceiro tipo de célula

visto que, em resposta a um estímulo supra-liminar de corrente constante de longa duração (e. g.,

1000 ms), as células PHPL respondem de maneira semelhante aos neurônios fásicos.

As propriedades elétricas das células deste estudo como as medidas de potencial

de repouso e resistência de membrana, estão situadas em uma faixa próxima aos valores descritos

por diversos autores em outras preparações de gânglio celíaco e de neurônios de outros gânglios pré-

vertebrais de cobaios ou outros mamíferos, conforme demonstrado na tabela III. A comparação com

valores controle já publicados anteriormente nos serve de confirmação das condições experimentais e

integridade fisiológica dos neurônios relacionados no presente trabalho, limitando possíveis

interferências danosas nas características do potencial de ação quando as células encontram-se com

diferenças de potencial situadas em uma faixa mais distante entre –50 e –80 mV.

As ações farmacológicas de óleos essenciais sobre determinadas funções

nervosas vem sendo estudadas com maior frequência nas últimas quatro décadas. A condução do

potencial de ação em nervo frênico, por exemplo, é bloqueada pelo eugenol, substância encontrada

comumente em óleos essenciais de diversas plantas. Também foram descritas ações depressoras do

sistema nervoso central para o eugenol e seus análogos químicos (Ozeki, 1975; Dallmeier e Carlini,

1981; Brodin e Roed, 1984). Substâncias semelhantes também encontradas em essências naturais

como o estragol e anetol têm descritas atividades depressoras do sistema nervoso central (Le Bourhis,

1968; Le Bourhis e Soenen, 1973). Recentemente foram descritas atividades de óleos essenciais

sobre a participação autonômica no controle do fluxo sanguíneo na pele (Saeki, 2000). Apesar disso,

pouco se sabe ainda sobre as ações farmacológicas desses óleos essenciais no funcionamento de

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neurônios. Este estudo focalizou as ações do OECN sobre os efeitos da histamina em neurônios

fásicos encontrados no gânglio celíaco de cobaio.

Há muito se sabe que a histamina é encontrada no sistema nervoso autônomo de

mamíferos (Kwiatkowski, 1943). Em ratos, há a demonstração de que a histamina está presente em

fibras nervosas e neurônios motores, sensoriais e autonômicos ainda na fase embrionária (Häppölä et

al., 1991). O papel fisiológico e as quantidades liberadas nas proximidades dos receptores

histaminérgicos têm sido objeto de estudos nos últimos anos (Lindl, 1983; Nemeth et al., 1984; Snow e

Weinreich, 1987; Weinreich e Undem, 1987; Christian et al., 1989; Leal-Cardoso, 1993; Albuquerque et

al, 1997). Nos gânglios autonômicos, o principal local de armazenamento de histamina são os

mastócitos (Weinreich, 1985), transparecendo desta forma uma das mais importantes vias de

sinalização entre o sistema nervoso e sistema imunológico. Em determinadas circunstâncias, a

ativação dos mastócitos por mecanismos específicos pode levar à liberação de muitos mediadores,

entre eles a histamina, e consequentemente às alterações na excitabilidade neuronal e eficácia

sináptica através da ativação de subtipos de receptores histaminérgicos (Christian et al., 1989;

Weinreich et al, 1992; Leal-Cardoso, 1993; Frieling et al., 1994a e b).

Os efeitos da aplicação da histamina sobre as propriedades elétricas analisadas

estão de acordo com o que tradicionalmente se conhece. Em mais de 90 % das células consideradas

neste estudo, a histamina produziu despolarização do potencial transmembrana, aproximando-o do

limiar de ativação neuronal. A despolarização média de aproximadamente 4mV produzida por

histamina (10 µM) pode ser considerada semelhante àquela encontrada por Christian et al. (1989) e

Haas (1984) em gânglio cervical superior e neurônios hipocampais, respectivamente, embora tenha

sido menor que a despolarização de aproximadamente 10 mV descrita por Jafri et al. (1997) em

neurônios aferentes vagais de furão.

Em mais de 54 % destas células a despolarização provocada pela histamina, foi

acompanhada por um aumento na resistência de entrada, provavelmente como um reflexo da

diminuição da condutância de membrana. Existem evidências de que a despolarização induzida pela

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histamina pode ser produzida por bloqueio de várias correntes iônicas, incluindo a de uma

subpopulação de canais de K+ que estão normalmente abertos quando a célula encontra-se em

valores próximos ao seu potencial de repouso. Esta corrente seria designada como IK(rest) (Jafri et al.,

1997) e tem sido demonstrada em diversas preparações de neurônios periféricos (Higashi et al., 1982

Christian et al., 1989; Leal-Cardoso et al., 1993) e centrais (McCormick e Williamson, 1991; Munakata

e Akaike, 1994). Sabe-se também que a histamina pode produzir inibição de condutância ao K+

dependentes de Ca2+ (Haas, 1984). Por outro lado, algumas células não apresentaram qualquer

alteração ou tiveram diminuição da resistência de entrada da membrana. Nestes casos, há a

possibilidade de a histamina produzir interferência em dois ou mais mecanismos iônicos distintos,

alterando a condutância destas correntes, que se somariam para determinar o efeito final da histamina

nesta célula. Há ainda a possibilidade da histamina atuar em canais iônicos cuja faixa de atuação não

inclui o potencial de repouso e valores mais negativos, como o canal M de K+ (Adams e Brown, 1982).

Não é surpresa, portanto, que uma única substância neuroativa afete condutâncias iônicas múltiplas

em neurônios ganglionares conforme descrito em preparações simpáticas de anfíbios (Tsuji et al.,

1987) e de mamíferos (Minota et al., 1981).

A presença do OECN não produziu alterações per si sobre as propriedades

elétricas da membrana neuronal. Não houve alteração do potencial de repouso (–52,4 ± 2,18

versus –52,7 ± 2,38 mV no controle e na presença do OECN, respectivamente) e da resistência de

entrada da membrana (72,9 ± 10,17 versus 78,6 ± 11,00 MΩ, no controle e na presença de OECN,

respectivamente). Do mesmo modo, o OECN não impediu a despolarização e o aumento da

resistência da membrana provocado pela adição de histamina ao meio. A despolarização média

produzida pela histamina foi algo em torno de 4 mV tanto nos experimentos sem OECN como

naqueles em que houve a adição do óleo. Se as alterações produzidas pela histamina sobre estes

parâmetros são devidas a sua interferência na condutância da membrana principalmente aos íons K+,

é aceitável supor que o OECN não interfere em correntes de K+ nesses neurônios, exceto para a

corrente M de K+, cuja faixa de ativação se situa entre –55 e –30 mV. Estes dados estão de acordo

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com outras evidências que demonstram ser as ações do OECN independentes da abertura de canais

de K+ da membrana.

Como visto anteriormente nos experimentos com preparações de músculo liso

respiratório e vascular, o OECN é capaz de relaxar uma contração induzida por alta concentração de

K+. É improvável ocorrer uma hiperpolarização do potencial da membrana (e isso foi demonstrado

pelos experimentos eletrofisiológicos em músculo liso), pois um aumento da [K+] para valores acima de

40 mM aumenta a condutância ao K+ e, nesta situação, o potencial transmembrana tem valores

próximos do potencial de equilíbrio para o K+ de acordo com a equação de Nernst (Quast, 1993).

Além disso, as medidas do potencial transmembrana em 60 e 80 mM de [K+], assumem valores muito

próximos ao previsto pela equação de Nernst e muito positivos (–20 a –15 mV) quando as

preparações de músculo liso ou neurônios entraram em contato ou não com o OECN, o que reforça

esta hipótese.

Outra observação interessante é a de que as alterações produzidas tanto pela

histamina como pelo OECN parecem ser restritas a mudanças na excitabilidade neuronal sem alterar

as características básicas do potencial de ação. Para demonstrar isto, faremos algumas

considerações: primeiro, no presente estudo, as características básicas dos potenciais de ação como

a duração, a amplitude e o overshoot estão dentro da faixa normalmente demonstrada por outros

autores conforme demonstrado na tabela III. Segundo, a histamina produziu despolarização do

potencial transmembrana e não alterou a duração e o overshoot, embora tenha provocado uma

diminuição significativa da amplitude do potencial de ação. A presença do OECN também não

produziu alterações significativas em nenhum destes parâmetros, nem impediu a diminuição da

amplitude quando as células foram expostas à histamina. Terceiro, apesar de ter sido observada uma

diminuição significativa da amplitude (de 79,3 mV no controle para 75,9 mV na presença de

histamina), esta não parece refletir qualquer alteração nos mecanismos intrínsecos de geração do

potencial de ação, visto que corresponde a uma combinação entre a despolarização do potencial

transmembrana que foi de aproximadamente 3,5 mV e a não alteração do overshoot. Quarto, apesar

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de não termos caracterizado de maneira irrefutável (apoiando-se em uma significância estatística), o

OECN apresentou, em alguns experimentos, uma tendência a aumentar o limiar de corrente para

excitação celular (v. traçado original na Fig. 40B – OECN 200), enquanto que a histamina claramente o

diminui (v. Figs. 36A e 40A – HA 10 µM). Esta hipótese é reforçada pelo número de potenciais de

ação ocorridos em pulsos 1x, 1,5x e 2x o limiar de corrente, na presença de histamina e OECN

isoladamente e em combinação (v. Fig. 41A e B). Nesses dados podemos observar que a histamina

isoladamente, aumentou conspicuamente a excitabilidade neuronal e o OECN bloqueou este aumento

da excitabilidade induzido pela histamina. Cabe ainda notar a tendência do OECN aplicado

isoladamente em reduzir a excitabilidade neuronal (Fig. 41B – 1x).

Além de diminuir o limiar de corrente, outro fator que sugere alteração da

excitabilidade neuronal são as variações da latência para o surgimento do potencial de ação. Na

presença de histamina, a despolarização e a diminuição na condutância poderiam estar relacionadas

com o aumento da excitabilidade neuronal por aproximar o potencial de repouso do limiar de ativação

da célula, aumentando a responsividade do neurônio a um pulso quadrado despolarizante. De acordo

com os nossos resultados, a intensidade de corrente despolarizante aplicada ao neurônio para a

geração de um potencial de ação é menor quando esta célula está na presença de histamina do que

na situação controle. Para um dado pulso de corrente, o tempo para se atingir o pico do potencial de

ação também é menor na presença de histamina do que na sua ausência. Entretanto, na presença do

OECN, o tempo de pico do potencial de ação quando foi adicionada a histamina não foi diminuído em

relação ao controle como aconteceu quando somente o autacóide estava presente, embora a

despolarização provocada pela histamina não tenha sido impedida pelo óleo. Com isso podemos

supor que é improvável que seja uma aproximação do potencial transmembrana do limiar de ativação

um fator determinante do aumento da excitabilidade neuronal. Adicionalmente, é razoável supor –se

que existam mecanismos distintos que determinam, de maneira independente, as alterações

produzidas pela histamina como a despolarização e o aumento na responsividade do neurônio, sendo

que o OECN atua em apenas um deles.

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Tanto a apresentação de antígenos, a tecidos de animais previamente

sensibilizados, quanto a adição de histamina tendem a produzir alterações no padrão de disparos de

potenciais de ação de neurônios simpáticos de fásicos para tônicos (Frieling et al., 1994; Leal-

Cardoso, 1993). No presente trabalho, fica claro este efeito da histamina que tende a transformar uma

célula de padrão caracteristicamente fásico para um padrão tônico, aumentando o número de

potenciais de ação evocados desde o seu limiar de ativação até em relação a valores mais altos de

estímulos. Tudo leva a crer que, fisiologicamente, esta alteração de comportamento da célula seja de

extrema importância visto que pode refletir em um aumento do volume de informações transferidas

pelos neurônios ganglionares sem alterar as características funcionais do potencial de ação que se

relacionam ao seu disparo e a sua propagação.

O efeito da histamina acima descrito talvez tenha sido aquele sobre o qual foi mais

evidente a ação do OECN. Sob este aspecto, a presença de OECN tende a produzir uma diminuição

da excitabilidade celular quando o neurônio entra em contato com a histamina. Neste estudo realizado

em gânglio celíaco assim como em outros tecidos, os efeitos da histamina foram mediados pela

ativação de receptores H1 pois um de seus antagonistas clássicos, a pirilamina, inibiu praticamente

todas as suas alterações mensuradas neste trabalho. Por outro lado, a cimetidina, um antagonista de

receptores H2, teve pouca influência sobre estes mesmos parâmetros. Entretanto, pela diversidade de

substâncias encontradas na constituição química do OECN e por outras evidências descritas em

seções anteriores como as CI50s próximas em relação a vários agentes contraturantes não

acreditamos que este efeito do OECN se deva a uma competição com algum receptor histaminérgico e

sim que a ação do OECN aconteça em algum ponto da cadeia de eventos que ocorrem após a

ativação do receptor para histamina, talvez envolvendo receptores intracelulares desta cadeia.

Considerações finais

Este trabalho confirma que os óleos essenciais, obtidos de plantas do Nordeste

brasileiro, são produtos farmacologicamente ativos com uma variedade de efeitos com potencial

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exploração na busca de norvos fármacos. Especificamente sobre o óleo essencial do Croton

nepetaefolius, contribui desde a possibilidade de oferecer um maior conhecimento dos efeitos desta

planta sobre o funcionamento básico do músculo liso traqueal e vascular e sobre a atividade elétrica

de neurônios constituintes do sistema nervoso simpático. Neste último caso, passa a ser um ponto de

partida para estudos futuros dos efeitos de óleos essenciais utilizando técnicas eletrofisiológicas,

principalmente sobre estruturas autonômicas (e provavelmente centrais também), um campo ainda

totalmente aberto e com muitas perspectivas.

A mistura de conceitos e sistemas fisiológicos neste estudo, indo de contratilidade

do músculo liso de diversos órgãos, passando por eventos puramente mediados pelo sistema

imunológico e chegando até o funcionamento de neurônios, poderia sugerir um grau de complexidade

do efeito do OECN maior do que realmente o é. Observe-se, contudo, que os dados aqui obtidos

apresentam um certo grau de homogeneidade em relação ao mecanismo apresentado nestas diversas

preparações. Em todas elas, o OECN teve um efeito depressor que, em músculo, diminuiu a

contratilidade e, em neurônios, a excitabilidade. Os efeitos em músculo liso sugerem uma ação

intracelular, provavelmente envolvendo a redução da sensibilidade da maquinaria contrátil à [Ca2+]

intracelular e/ou alteração da compartimentalização do Ca2+ intracelular, levando à diminuição da

[Ca2+] citoplasmática. Em alguns tecidos, esta ação pode ser influenciada pela produção de óxido

nítrico ou ativação da guanilato ciclase. Como a [Ca2+] intracelular é um fator importante na

modulação da ativação de canais de K+, inclusive do canal M (Adams e Brown, 1982), é possível

sugerir-se que o mecanismo de ação esteja relacionado ao controle desse parâmetro intracelular.

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CONCLUSÕES

O OECN relaxa a musculatura lisa da traquéia de cobaio e inibe a resposta anafilática inicial de

uma exposição de um tecido frente a um antígeno, muito provavelmente por interferir no processo

contrátil do que na liberação de mediadores pelas células envolvidas com o processo imunológico;

O efeito inibitório do OECN nas contrações induzidas pela apresentação do antígeno se dá, em

grande parte, pela inibição dos efeitos da histamina liberada pelos mastócitos teciduais;

Existe uma certa especificidade para os efeitos miorelaxantes do OECN no músclo liso traqueal

visto que, em determinadas concentrações, inibe preferencialmente a histamina à PGF2α, embora

ele tenha se mostrado um agente inibidor inespecífico para determinados agonistas como a

histamina e o carbacol;

O OECN apresenta efeito miorelaxante em vasos, sendo mais potente em relaxar a contração

induzida por K+ em aorta de rato do que em aorta de cobaio;

O efeito hipotensor do OECN pode ser explicado, pelo menos parcialmente, pela propriedade

vasodilatadora do OECN;

Em rato, mas não em cobaio, o efeito inibitório do OECN é parcialmente dependente da via de

produção/liberação de NO, e requer a integridade do endotélio vascular;

Pelo menos em relação aos componentes estudados isoladamente, os efeitos miorelaxantes do

OECN podem ser atribuídos parcialmente à influência conjunta de seus constituintes pela ordem

de importância: metil-eugenol e terpineol e o 1,8-cineol;

O efeito relaxante do OECN não se deve à abertura de canais de K+ e hiperpolarização do

potencial transmembrana em nenhum dos tecidos musculares estudados;

O OECN possui um efeito inibitório da excitabilidade em neurônios do sistema nervoso autônomo

quando estes estão em contato com agonistas como a histamina;

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A especificidade dos efeitos do OECN verifica-se também em relação aos parâmetros

eletrofisiológicos neuronais pelo seu efeito seletivo em diminuir determinados efeitos da histamina

em neurônios simpáticos, como o aumento do número de potenciais de ação, enquanto que não

interfere em outros efeitos como a despolarização produzida por esse autacóide;

Os dados sugerem que as ações do OECN são provavelmente derivadas de sua atuação em

mecanismos intracelulares que envolvam a ativação de proteínas quinases.

h

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134

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157

TABELA I – Valores (em mV) da diferença de potencial transmembrana registrado pela técnica do

microeletrodo intracelular em vários tecidos de cobaio na presença e ausência de OECN

[K+] extracelular

5 mM K+ 80 mM K+

Tecido Controle OECN

200 µµµµg/ml Controle

OECN

200 µµµµg/ml

Traquéia -46,7±1,67

n=24

-51,2±1,56

n=20

-17,9±1,09

n=24

-19,3±1,13

n=24

Aorta -51,1±1,65

n=34

-48,2±1,18

n=25

-16,8±0,85

n=22

-14,3±1,20

n=21

Vasos mesentéricos

-47,0±1,60

n=29

-50,2±1,78

n=29

-13,4±0,74

n=27

-13,9±1,04

n=27

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TABELA II – Concentração efetiva 50% (CE50) e concentração limiar de OECN (limiar) para a

reversão da contratura induzida por 60 mM de K+ em aorta de cobaio e rato em diferentes

condições. Valores em µµµµg/ml

COBAIO RATO

CE50 Limiar CE50 Limiar

Endotélio intacto 200,5±40,28 100 32,2±6,69a 3

Sem endotélio 168,6±16,10ns 100 106,2±5,66b 30b

Endotélio intacto + L-NAME (100µµµµM)

252,8±57,02ns 100 67,5±5,59b 3ns

a, significativamente diferente quando comparado com o mesmo tratamento nas duas espécies (teste t

não pareado)

b, significativamente diferente do controle (com endotélio intacto na mesma espécie, teste de Dunett)

ns, não significativo nas comparação para a mesma espécie

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TABELA III – Comparação das propriedades elétricas dos neurônios apresentados neste estudo

e em outros trabalhos encontrados na literatura, através de registros intracelulares de gânglios

nervosos intactos de cobaio in vitro

Em (mV)

Ri (MΩΩΩΩ)

Amplitude (mV)

Overshoot (mV)

Duração (ms)

Presente trabalho –54,5±1,39 82,4±6,09 79,3±0,99 21,5±0,95 3,9±0,10

Ma e Wu, 1988 -59,3±5,6 53,7±19,8 68±15,3 11,7±4,6 2,7±0,6

Leal-Cardoso, 1993 -57,4±1,6 80±5,3 - 24±3,4 1,2±0,03

Kreulen e Szurszewski, 1979

-54±0,9 26±2,5 - - -

Cassel e McLachlan, 1987 -61±1 101,9±9,3 - - -

McLachlan e Meckler, 1989

-59,8±1,2 156,9±19,5 - - -

Stebbing e Bornstein, 1993 -57±1,2 90±10 - - -

* Coggan et al., 1991 -53±0,8 47±8,6 - - -

**Leal-Cardoso et al., 1993 -59±0,6 80±5,3 79±1,2 21±1,0 5,2±0,1

*** Undem et al., 1993 -60±1 48,4±4 - - -

**** King e Szurszewski, 1984

-54 a -47 10,9 a 41,7 81 a 82 - -

*, experimentos realizados com neurônios dissociados de gânglio celíaco de cobaio e mantidos em cultura primária (Coggan, JS, Gruener, R e Kreulen, DL. Electrophysiological properties and cholinergic responses in guinea-pig celiac ganglion neurons in primary culture. J Auton Nerv System 34:147-156, 1991)

**, experimentos realizados em gânglio nodoso de coelho (vide lista de referências, p. 131) ***, experimentos realizados em gânglio nodoso de cobaio (vide lista de referências, p. 140) ****, experimentos realizados em gânglios pré-vertebrais (King, BF e Szurszewski, JH. Mechanoreceptor pathways from

the distal colon to the autonomic nervous system in the guinea-pig. J Physiol (Lond) 350:93-107, 1984)

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160

Tabela IV – Efeito da pirilamina sobre as ações promovidas pela histamina em gânglio celíaco

de cobaio

Controle Histamina Pirilamina

Histamina +

Pirilamina

Em (mV) -59,7±1,40a -55,6±2,18a,* -51,0±3,12 -51,5±3,64

Ri (MΩΩΩΩ) 87,1±11,28b 107,1±10,17b,*** 103,3±7,60 106,6±13,58

Limiar I (pA) 115,0±13,06 81,7±14,45* 103,3±22,1 88,3±13,27

Amplitude (mV) 68,7±3,49 70,2±2,60 70,4±5,06 69,4±4,13

Overshoot (mV) 24,9±2,30 27,7±2,81 30,0±4,64 27,9±3,81

Nº de PA no dobro do limiar I

3,1±0,46 6,9±1,14* 3,3±0,61 3,7±0,56

A histamina foi usada na concentração de 10 µM e a pirilamina na concentração de 1 µM;

As comparações foram feitas entre o grupo controle vs. histamina (n=12) e entre o grupo pirilamina vs. pirilamina+histamina (n=6);

a, n=10 de 12 células (1 sem alteração e 1 com hiperpolarização)

b, n=7 de 12 células (3 sem alteração e 2 com diminuição da resistência)

*, significativamente diferente (p<0,05, teste t pareado)

***, significativamente diferente (p<0,0001, teste t pareado)

Em, potencial transmembrana; Ri, resistência de entrada da membrana; Limiar I, limiar de corrente; PA, potenciais de ação

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Fig. 2 – Sitema de registro das contrações em músculo liso

Esquema simplificado do sistema de montagem das preparações de músculo liso e registro isométrico

das contrações. Após a preparação, os tecidos musculares eram montados em câmaras de vidro (2)

de capacidade para 10mL de solução fisiológica, aerada e com temperatura de 37ºC mantida

constante pela cirulação de água proveniente de banho-maria com propulsão (3). Uma das

extremidades dos tecidos era fixada a um transdutor de força (1), conectado a um pré-amplificador.

Parte dos experimentos deste estudo foram realizados através de polígrafo Grass (6) e parte através

de um sistema de aquisição de dados computadorizado da DATAQ (4 e 5).

Fig. 3 – Dissecção do gânglio celíaco de cobaio

A dissecção e retirada do gânglio celíaco de cobaio foi realizada através de incisão abdominal

mediana para visualização dos órgãos internos, que removidos para uma posição mais lateralizada

para mostrar a região de tecido adiposo onde se encontra o gânglio celíaco, aparecem como no painel

superior (1). Na primeira etapa, foi descartada grande extensão das visceras intestinais desde o

esfíncter gastro-esofágico até o ceco para melhor visualização (2). Realizamos também a retirada dos

dois rins através de cortes pelo hilo renal com preservação das supra-renais. Toda a massa tecidual

próxima à aorta, que foi seccionada acima da artéria celíaca e abaixo da artéria mesentérica, foi

retirada e mantida em solução fisiológica refrigerada (~4-5ºC), a partir da qual, em câmara apropriada

com fundo de Silgard™, foi possível a completa limpeza e identificação do gânglio celíaco, cujas

conexões nervosas e relações anatômicas importantes com artérias são mostradas no painel inferior

(3).

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162

Fig. 4 – Sistema para os experimentos de registro intracelular e de aquisição de dados

eletrofisiológicos

Esquema simplificado do sistema de registro e aquisição de dados eletrofisiológicos utilizados para a

musculatura lisa e para os neurônios do gânglio celíaco de cobaio. Após a limpeza adequada, os

tecidos foram fixados a uma câmara de superperfusão preparada sobre a mesa de um microscópio

ótico (4), por onde fluia constantemente (~ 1ml/min) solução fisiológica (1). O posicionamento do

microeletrodo intracelular, preparado na hora dos experimentos em borossilicato ou silicato de

alumínio e preenchidos com 95% de solução cloreto de K+ 3M e 5% de citrato de K+ 1M, foi alcançado

através da utilização de micromanipulador hidráulico (2). O microeletrodo foi fixado em um holder

apropriado que consistia no primeiro estágio de amplificação (headstage, 3) e conectado ao

eletrômetro Axoclamp 2A (7). Os pulsos de corrente foram aplicados através da utilização de um

trigger (5) e um estimulador (6) capaz de controlar a voltagem, a duração e a frequência do pulso

aplicado. As respostas de corrente (I) e voltagem (V) foram transferidos a um computador contendo o

software pClamp6 (8) através de um interface Digidata (9). O acompanhamento dos experimentos e

da frequência de amostragem do sinal foi realizado através da utilização de dois osciloscópios (10 e

11).

Fig. 5 – Sistema de registro da pressão arterial

Esquema simplificado do sistema de registro da pressão arterial de ratos. O animal foi anestesiado

com ketamina/xylazina (90 / 10 mg/Kg, respectivamente) e colocado em decúbito dorsal em uma

prancha de madeira recoberta com camada de borracha, com fixação da cabeça e das patas

(adaptado de Carlini, EA, Farmacologia prática sem aparelhagem, São Paulo, Sarvier, 1973). Foi

localizada e isolada a veia ilíaca externa na região inguinal direita e introduzido um tubo de polietileno

(PE, no 60) com uma ponta de agulha (30 x 8) preenchidos com solução salina heparinizada, via esta

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163

utilizada para introduzir-se o OECN (4). Por uma incisão medial na região cervical foi possível a

visualização do conjunto nervo vago-artéria carótida, sendo esta última isolada do nervo vago,

mantendo-o intacto. A artéria foi, então, clampeada com uma linha de algodão em uma extremidade

mais cefálica e com uma pinça tipo bulldog na extremidade mais caudal (1), cortada para introdução

da cânula e, conectado a um manômetro de mercúrio, tipo Condon, regulado para uma pressão de

aproximadamente 100 mmHg (2). O OECN foi injetado por seringa (3) em bolus (para detalhes de

protocolo, vide texto). O registro das alterações da PAM foi feito em quimógrafo e expresso como

variação % da pressão arterial média (PAM) em relação à pressão arterial controle.

Fig. 6 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre o tônus basal da

traquéia de cobaio

A, traçado poligráfico original da contração isométrica induzida por 60 mM de K+ (K60) seguida pela

adição de concentrações crescentes de OECN conforme indicado em µg/ml por pontos acima do

traçado. As preparações controle que não receberam a adição de OECN (não mostradas) mantiveram

seu tônus por igual período das preparações experimentais. ∆, lavagem. Observe a boa recuperação

do tônus basal após a lavagem da preparação.

B, gráfico das alterações médias induzidas pelo OECN e pela aminofilina sobre o tônus do músculo

liso traqueal.

Pontos e barras verticais representam a média e erro padrão da média (E.P.M.), respectivamente.

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Fig. 7 – Reversão da contração mantida por solução despolarizante contendo 60 mM de K+ pelo

óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) e metil-eugenol em traquéia isolada de cobaio

A, traçado de um experimento típico mostrando o efeito relaxante do OECN sobre uma contração

mantida do músculo liso traqueal induzida por solução contendo 60 mM de K+ (K60). A adição do

OECN foi feita após a estabilização da contração em seu platô e as concentrações usadas estão

representadas por pontos acima do traçado, mantendo-se alta a concentração do K+ por todo o

experimento. B, gráfico das alterações médias produzidas pelo OECN e metil-eugenol, usados

separadamente, sobre o tônus aumentado do músculo traqueal pelo K+.

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

Fig. 8 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) e do cromoglicato na

contração induzida pela apresentação do antígeno sensibilizante em traquéia de cobaio

A, registros em polígrafo das respostas contráteis de segmentos adjacentes de músculo liso traqueal à

apresentação do antígeno sensibilizante (Ovalbumina (OVA); 10 µg/ml, adicionada à solução

fisiológica), na ausência (traçado superior) e presença (traçado inferior) de 600 µg/ml de OECN. Após

a lavagem a preparação foi novamente exposta à OVA sem desenvolvimento de resposta contrátil.

B, gráfico das alterações médias produzidas pela primeira exposição (1ª) à OVA na ausência (controle)

e presença de 300 e 600 µg/ml de OECN (OECN 300 e OECN 600, respectivamente) e 100 µM de

cromoglicato (CRG 100). A segunda exposição (2ª), desta vez somente à OVA e sem OECN, em

todos os tecidos produziu contrações apenas naqueles que foram anteriormente expostos ao

cromoglicato (♣, p < 0,02 teste de Fisher). Em outro grupo de experimentos, a primeira exposição do

tecido traqueal de animais sensibilizados, mantido em solução à temperatura ambiente, à OVA (OVA

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23 ºC) e à tecidos mantidos em solução à 37 ºC e expostos à soroalbumina bovina (SAB 37 ºC) não

apresentou resposta contrátil. **, p < 0,01, teste de Dunn.

C, respostas contráteis dos experimentos em que as preparações foram expostos à OVA na ausência

(OVA) e presença de 5 µM de pirilamina (OVA + PIR). Também foram comparadas as respostas da

preparação apenas à histamina (HA, 20 µM) ou à HA na presença de 5 µM de pirilamina (HA + PIR).

*, p < 0,05 e ***, p < 0,001, teste t pareado.

Barras com linhas verticais no topo representam a média e o e.p.m., respectivamente.

Fig. 9 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração mantida da

histamina na traquéia isolada de cobaio

A, cópia de traçado original de um mesmo experimento onde a preparação foi inicialmente exposta à

concentrações crescentes de histamina (HA) na ausência (traçado a) e na presença de 300 µg/ml de

OECN (traçado b). As concentrações de HA utilizadas e o momento da aplicação são ilustrados por

pontos abaixo de cada traçado. Note que mesmo a adição de 100 µM de HA não houve

desenvolvimento de força na mesma intensidade vista no controle. B, comparação das respostas

contráteis da traquéia de cobaio à HA na ausência (controle) e presença de 100 e 300 µg/ml de OECN

(OECN 100 e OECN 300, respectivamente). As contrações foram normalizadas em função da

resposta máxima da HA obtida na ausência de OECN.

Pontos e barras verticais representam a média e o E.P.M., respectivamente.

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166

Fig. 10 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração mantida da

prostaglandina F2αααα na traquéia isolada de cobaio

A, cópia de traçado original de um mesmo experimento onde a preparação foi inicialmente exposta à

concentrações crescentes de prostaglendina F2α (PGF2α) na ausência (traçado a) e na presença de

200 (traçado b) e 400 (traçado c) µg/ml de OECN. As concentrações de PGF2α utilizadas e o

momento da aplicação são demonstradas por pontos abaixo de cada traçado. B, comparação das

respostas contráteis da traquéia de cobaio à PGF2α na ausência (controle) e presença de 200 e 400

µg/ml de OECN (OECN 200 e OECN 400, respectivamente). As contrações foram normalizadas em

função da resposta máxima da PGF2α obtida na ausência de OECN.

Pontos e barras verticais representam a média e o E.P.M., respectivamente.

Fig. 11 – Efeito inibitório do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) nas contrações

induzidas pela histamina, carbacol e KCl na traquéia de cobaio

A, traçado típico mostrando a inibição da resposta contrátil à histamina pela exposição prévia da

preparação ao OECN por um período de 5 min à adição do agonista. Após cada contração a

preparação foi lavada para nova exposição ao OECN em concentrações crescentes (0,1 a 600 µg/ml).

A histamina foi utilizada em concentrações (3 – 10 µM) que produziram respostas submaximais (~

70% da resposta máxima); esta concentração foi determinada em cada experimento e mantida fixa em

um dado experimento. Ao final, com a retirada do OECN após lavagens sucessivas da preparação, a

resposta contrátil à histamina foi restaurada.

B, curvas concentração-efeito do OECN sobre as respostas contráteis da traquéia de cobaio a

concentrações submaximais de histamina (HA), carbacol (10-100 nM, CCh) e K+ (60 mM). As

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contrações foram expressas como % da resposta obtida pelo agente contraturante ainda na ausência

do OECN.

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

Fig. 12 – Medida do potencial transmembrana do músculo liso traqueal de cobaio

Medidas do potencial transmembrana do tecido traqueal isolado mantido em solução de Tyrode

modificado (5 mM K+) e em solução despolarizante contendo 80 mM de K+ (80 mM K+) na ausência

(controle) e presença de 200 µg/ml de OECN (OECN 200).

Gráficos de caixa representando valores estatísticos: mediana (traço interno), percentil 25% (limite

inferior da caixa), o percentil 75% (limite superior da caixa), intervalo de confiança 90 % (barras

verticais), intervalo de confiança 95 % (pontos).

Fig. 13 – Efeito hipotensor do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) em ratos

anestesiados uninefrectomizados e DOCA-sal

A, diminuição máxima na pressão arterial média (PAM) induzida pela injeção em bolus (1 - 50 mg/Kg,

iv) do OECN em ratos anestesiados uninefrectomizados (, n = 7) e DOCA-sal (, n = 4). Os valores

representam a média das alterações como um percentual da linha de base. As barras verticais

representam o E.P.M.. A hipotensão foi significante a partir de 10 mg/Kg em ambos os grupos. O

tratamento com DOCA-sal aumentou significativamente a hipotensão (p < 0,05, two way ANOVA, *).

B e C, variação da frequência cardíaca induzida pelo OECN em animais uninefrectomizados (B) e

DOCA-sal (C). REC, medida da frequência cardíaca do animal 10 minutos após a última dose

aplicada do OECN.

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168

Pontos e barras verticais (A) e barras com linhas verticais no topo (B e C) representam a média e o

E.P.M., respectivamente.

Fig. 14 – Avaliação da frequência respiratória de ratos anestesiados nefrectomizados e DOCA-

sal tratados com OECN

Frequência respiratória de ratos anestesiados em função da dose de OECN administrada por via

intravenosa em ratos uninefrectomizados (A) e tratados com DOCA-sal (B). A administração não

produziu alterações significativas neste parâmetro em nenhum dos grupos.

c.p.m., ciclos respiratórios por minuto.

Barras com linhas verticais no topo representam a média dos ciclos respiratórios e o E.P.M.,

respectivamente.

Fig. 15 – Avaliação do tratamento agudo com óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN)

em parâmetros gasométricos sanguíneos de ratos anestesiados apenas uninefrectomizados ou,

após a nefrectomia, tratados com DOCA-sal

A administração endovenosa de OECN não produziu efeito significativo em nenhum dos parâmetros

avaliados em animais uninefrectomizados e nem em animais DOCA-sal. A amostra de sangue foi

retirada ao final do experimento, após o período de recuperação do animal. Todas as amostras foram

de sangue arterial, retirado pela canulação da carótida usada para registro da pressão arterial.

Gráficos de caixa (A) representando valores estatísticos: mediana (traço interno), percentil 25% (limite

inferior da caixa), o percentil 75% (limite superior da caixa), intervalo de confiança 90 % (barras

verticais).

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169

Barras e linhas verticais no topo (B a F) representam a média e E.P.M., respectivamente.

Fig. 16 – Efeito relaxante do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre a contração

do músculo liso de anéis de aorta de cobaio, mantidos em 60 mM de K+

A, traçado original mostrando o efeito relaxante da adição cumulativa de concentrações crescentes

(indicadas pelos pontos acima dos traçados) do OECN em anés de aorta na ausência (controle) e

presença (com L-NAME 100) de 100 µM de L-NAME.

B, gráfico mostrando a curva concentração-efeito para o efeito relaxante do OECN em aorta de cobaio

com endotélio intacto e ausência de L-NAME (controle), na presença de 100µM de L-NAME (L-NAME

100µM) e na ausência de L-NAME e sem endotélio (sem endotélio).

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

Fig. 17 – Reversão pelo óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) da contratura induzida

pelo dibutirato de forbol em aorta de cobaio

A, traçado original representando o efeito da adição cumulativa de OECN sobre uma contração

induzida pelo dibutirato de forbol (DBF) em aorta de cobaio mantida em solução sem Ca2+ e com a

adição de EGTA (Ca0 2 mM EGTA).

B, gráfico mostrando a curva concentração-efeito para o efeito relaxante do OECN em aorta de cobaio

contraída pelo DBF. *, concentração a partir da qual o efeito foi significativo (p < 0,05, teste de

Dunnett).

C, comparação da força desenvolvida pelo tecido em função do tempo de decaimento da preparação

na ausência (•) e na presença do OECN (ο). A adição do OECN aconteceu no tempo 20 minutos.

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170

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

Fig. 18 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na curva concentração-efeito

do dibutirato de forbol na aorta isolada de cobaio

A, traçado original de um mesmo experimento onde dois segmentos vizinhos de uma aorta de cobaio,

mantidos em solução sem Ca2+ e acrescida de 2 mM de EGTA, foram expostos a concentrações

crescentes de dibutirato de forbol (DBF) na ausência (traçado superior) e na presença de 200 µg/ml de

OECN (traçado inferior). As concentrações de DBF utilizadas e o momento da aplicação são

demonstrados por pontos acima de cada traçado.

B, comparação das respostas contráteis da aorta de cobaio ao DBF na ausência e presença de 200

µg/ml de OECN (DBF + OECN 200). As contrações foram normalizadas em função da resposta à

solução com 60 mM de K+.

Pontos e barras verticais representam a média e e.p.m., respectivamente.

Fig. 19 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração induzida pelo

K+ hipertônico em aorta isolada de cobaio

A, cópia de traçado original de um experimento com aorta de cobaio, mantida em solução sem Ca2+ e

com 2 mM de EGTA, estimulada pela adição hipertônica de 300 mM de K+ (K300) à solução nutriente

na ausência e na presença de 400 µg/ml de OECN. Para verificar a influência do choque osmótico na

preparação, foi adicionada solução de sucrose 600 mM (SUC600) também na ausência e presença do

OECN.

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171

B, gráfico das médias das respostas contráteis da aorta de cobaio em função da solução hipertônica

de K+. *, significativamente diferente de K300 (p < 0,05, teste t pareado).

Barras verticais no topo das colunas, E.P.M..

Fig. 20 – Medida do potencial transmembrana do músculo liso vascular de cobaio

Medidas do potencial transmembrana da aorta (A) e de vasos mesentéricos (B) isolados de cobaio e

mantidos em solução de Tyrode modificado (5 mM K+) e em solução despolarizante (solução nutridora

contendo 80 mM de K+ (80 mM K+)), na ausência (controle) e presença de 200 µg/ml de OECN

(OECN 200).

Gráficos de caixa representando valores estatísticos: mediana (traço interno), percentil 25% (limite

inferior da caixa), o percentil 75% (limite superior da caixa), intervalo de confiança 90 % (barras

verticais), intervalo de confiança 95 % (pontos).

Fig. 21 - Efeito relaxante do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) no músculo liso de

anéis de aorta de rato contraídos com solução despolarizante contendo 60 mM de K+

A, traçado original mostrando o efeito relaxante da adição cumulativa de concentrações crescentes

(representadas por pontos e números acima dos traçados) do OECN em anés de aorta na ausência

(controle) e presença (com L-NAME) de 100 µM de L-NAME.

B, gráfico mostrando a curva concentração-efeito para a atividade relaxante do OECN em aorta de

rato com endotélio intacto e ausência de L-NAME (controle), na presença de 100 µM de L-NAME (L-

NAME 100 µM) e na ausência de L-NAME e sem endotélio (sem endotélio).

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

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172

Fig. 22 – Efeito relaxante do 1,8-cineol, metil-eugenol e αααα-terpineol, constituintes do óleo

essencial do Croton nepetaefolius (OECN) no músculo liso de anéis de aorta de rato

A, traçado original mostrando o efeito relaxante da adição cumulativa de concentrações crescentes

(mostradas por pontos e números acima dos traçados de cineol (traçado superior) e metil-eugenol

(traçado inferior) em anéis de aorta de rato contraídos com 60 mM de K+.

B, gráfico mostrando a curva concentração-efeito para o efeito relaxante dos constituintes do OECN

em aorta de rato com endotélio.

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

Fig. 23 – Efeito do azul de metileno na atividade relaxante do óleo essencial do Croton

nepetaefolius (OECN) no músculo liso de anéis de aorta de rato contraídos com norepinefrina

A, traçado original mostrando o efeito relaxante do OECN (10, 100 e 200 µg/ml) sobre contrações

induzidas por 0,3 µM de norepinefrina (NE 0,3) em anés de aorta de rato. O azul de metileno (AM) foi

utilizado na concentração de 10 µM e adicionado cerca de 20 minutos antes da adição da NE.

B, gráfico mostrando as alterações médias do relaxamento induzido pelo OECN na ausência e na

presença do azul de metileno em aorta de rato com endotélio intacto. *, significativo em relação à

mesma concentração na ausência do AM (p < 0,05, teste t pareado).

Barras e linhas verticais no topo representam a média e E.P.M., respectivamente.

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Fig. 24 – Bloqueio, promovido pelo óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN), das

contrações induzidas pela fenilefrina em aorta de ratos uninefrectomizados e DOCA-sal

Gráfico mostrando o efeito inibitório da adição de concentrações crescentes de OECN sobre a

contração da aorta de ratos uninefrectomizados e tratados com DOCA-sal, induzida por concentrações

submaximais de fenilefrina. *, tratamento significativamente diferente (p < 0,05, two way ANOVA).

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

Fig. 25 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre o fluxo de líquido na

circulação mesentérica de rato ex vivo

A, Gráfico mostrando a redução do fluxo mesentérico produzido pela solução despolarizante contendo

60 mM de K+ por um período de aproximadamente 1 hora.

B, reversão da diminuição do fluxo produzida pela solução despolarizante pela adição de

concentrações crescentes de OECN (10, 100 e 300 µg/ml). O tempo de exposição a cada

concentração de OECN foi de 5 minutos, exceto na concentração de 300 µg/ml, na qual o fluxo foi

medido após 5 (300) e 10 minutos (300’) de exposição a esta concentração. O valor de uma dada

concentração de OECN e o início da exposição a ela são mostrados pelos números ao lado dos

pontos do gráfico.

Pontos e barras verticais representam a média e E.P.M., respectivamente.

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Fig. 26 – Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes do óleo essencial do

Croton nepetaefolius (OECN), da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de

rato, produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de

L-NAME

A, gráfico mostrando que, após a estabilização da diminuição do fluxo induzida por 60 mM de K+

(K60), o OECN reverteu o fluxo, para valores próximos aos obtidos no controle (período pré K60) na

ausência mas não na presença de 50 µM de L-NAME. O valor de uma dada concentração de OECN e

o início da exposição a ela são mostrados pelos números entre os pontos do gráfico.

B, histograma mostrando a reversão máxima da diminuição do fluxo induzida pela exposição da

preparação durante 5 minutos a 100 e 300 µg/ml de OECN (OECN 100 e OECN 300,

respectivamente), e 10 min a 300 µg/ml (OECN 300´) na ausência e presença de L-NAME. Média ±

E.P.M., n = 6. *, significativamente diferente de K60 (p < 0,05, teste de Dunnett).

Pontos e barras verticais (A) e barras com linhas verticais no topo (B) representam a média e E.P.M.,

respectivamente.

Fig. 27 – Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes do óleo essencial do

Croton nepetaefolius (OECN), da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de

rato, produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de

D-NAME

A, gráfico mostrando que, após a estabilização da diminuição do fluxo induzida por 60 mM de K+ (K60),

o OECN reverteu o fluxo, para valores próximos aos obtidos no controle (período pré K60) tanto na

ausência como na presença de 50 µM de D-NAME. O valor de uma dada concentração de OECN e o

início da exposição a ela são mostrados pelos números entre os pontos do gráfico.

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B, histograma mostrando a reversão máxima da diminuição do fluxo induzida pela exposição da

preparação durante 5 minutos a 100 e 300 µg/ml de OECN (OECN 100 e OECN 300,

respectivamente), e 10 min a 300 µg/ml (OECN 300´) na ausência e presença de D-NAME. Média ±

E.P.M., n = 6. *, significativamente diferente de K60 (p < 0,05, teste de Dunnett).

Pontos e barras verticais (A) e barras com linhas verticais no topo (B) representam a média e E.P.M.,

respectivamente.

Fig. 28 – Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes de metil-eugenol, da

diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato, produzida pela solução

despolarizante contendo 60 mM de K+, na ausência e presença de L-NAME

A, gráfico mostrando que, após a estabilização da diminuição do fluxo induzida por 60mM de K+(K60),

o metil-eugenol reverteu o fluxo, de maneira dependente de concentração, para os mesmos valores

obtidos no controle (período pré K60) na ausência e na presença de 50 µM de L-NAME. O valor de

uma dada concentração de cineol e o início da exposição a ela são mostrados pelos números entre os

pontos do gráfico.

B, histograma mostrando a reversão máxima da diminuição do fluxo induzida pela exposição da

preparação durante 5 minutos a 100 e 300 µg/ml de metil-eugenol (ME 100 e ME 300,

respectivamente), e 10 min a 300 µg/ml (ME 300´) na ausência e presença de L-NAME. *,

significativamente diferente de K60 (p < 0,05, teste de Dunnett).

Pontos e barras verticais (A) e barras com linhas verticais no topo (B) representam a média e E.P.M.,

respectivamente.

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176

Fig. 29 – Reversão, induzida pela adição de concentrações crescentes de terpineol, da

diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato, produzida pela solução

despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de L-NAME

A, gráfico mostrando que, após a estabilização da diminuição do fluxo induzida por 60 mM de K+ (K60),

o terpineol reverteu o fluxo, de maneira dependente de concentração, para os mesmos valores obtidos

no controle (período pré K60) na ausência mas não na presença de 50 µM de L-NAME. O valor de

uma dada concentração de cineol e o início da exposição a ela são mostrados pelos números entre os

pontos do gráfico.

B, histograma mostrando a reversão máxima da diminuição do fluxo induzida pela exposição da

preparação durante 5 minutos a 100 e 300 µg/ml de terpineol (TERP 100 e TERP 300,

respectivamente), e 10 min a 300 µg/ml (TERP 300´) na ausência e presença de L-NAME. *,

significativamente diferente de K60 (p < 0,05, teste de Dunnett).

Pontos e barras verticais (A) e barras com linhas verticais no topo (B) representam a média e E.P.M.,

respectivamente.

Fig. 30 – Avaliação da diminuição do fluxo de líquido na circulação mesentérica de rato,

produzida pela solução despolarizante contendo 60 mM de K+ na ausência e presença de cineol

A, gráfico mostrando que, após a estabilização da diminuição do fluxo induzida por 60mM de K+ (K60),

o cineol apresentou uma tendência de reversão (não significativa, p > 0,05, ANOVA) da redução do

fluxo para o valor controle. Na presença de 50 µM de L-NAME, esta tendência foi abolida. O valor de

uma dada concentração de cineol e o início da exposição a ela são mostrados pelos números entre os

pontos do gráfico.

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177

B, histograma mostrando a reversão máxima da diminuição do fluxo induzida pela exposição da

preparação durante 5 minutos a 100 e 300 µg/ml de cineol (CIN 100 e CIN 300, respectivamente), e

10 min a 300 µg/ml (CIN 300´) na ausência e presença de L-NAME. *, significativamente diferente de

K60 (p < 0,05, teste de Dunnett).

Pontos e barras verticais (A) e barras com linhas verticais no topo (B) representam a média e E.P.M.,

respectivamente.

Fig. 31 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) na contração induzida pelo

K+ hipertônico em útero isolado de rata estrogenizada

A, traçado original de um experimento com útero isolada de rata estrogenizada com dietilestilbestrol,

mantida em solução sem Ca2+ e com 2 mM de EGTA, estimulada pela adição hipertônica de 300 mM

de K+ (K300) à solução nutriente na ausência e na presença de 400 µg/ml de OECN. Para verificar a

influência do choque osmótico na preparação, essa foi também exposta a uma solução de 600 mM de

sucrose (SUC600) também na ausência e presença do OECN.

B, histograma das variações médias das respostas contráteis do útero de rata em função da solução

hipertônica de K+. *, significativamente diferente de K300 controle (p < 0,05, teste t pareado)

C, gráfico mostrando a quantificação da reversão da contração induzida por 60 mM de K+ em útero de

rata pelo OECN.

Barras com linhas verticais no topo (B) e pontos e barras verticais (C) representam a média e o E.P.M.,

respectivamente.

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Fig. 32 – Tipos de neurônios encontrados nos experimentos com gânglio celíaco de cobaio

Traçados de potenciais de ação registrados intracelularmente de gânglio celíaco intacto de cobaio e

classicamente conhecidos como oriundos de célula fásica e tônica. O tecido foi mantido a temperatura

ambiente e, estimulado com pulsos quadrados de corrente despolarizante de 1000ms de duração,

correspondentes ao limiar de excitabilidade (1x), 50% mais de corrente do que no limiar (1,5x) e no

dobro da corrente necessária para a ativação neuronal (2x).

Fig. 33 – Histogramas de distribuição de freqüência das principais características elétricas das

células utilizadas neste estudo, o potencial de repouso e a resistência de entrada

A, ocorrência de células de acordo com o valor do potencial transmembrana em condições controle,

recebendo apenas pulsos de corrente hiperpolarizante para monitoramento da resistência de entrada

da membrana.

B, ocorrência de células com diferentes valores de resistência de entrada de membrana. Para este

estudo, só foram aceitas células com potencial transmembrana mais negativo que –40 mV e com

resistência de entrada maior que 40 MΩ.

Fig. 34 – Efeito da histamina sobre o potencial transmembrana de neurônios fásicos do gânglio

celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton nepetaefolius

(OECN)

A, gráfico mostrando os valores de potencial transmembrana dos neurônios do gânglio celíaco de

cobaio na ausência (controle) e na presença de 10 µM de histamina (HA 10 µM).

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B, gráfico mostrando as variações do Em em função da adição de 200 µg/ml de OECN e de 10 µM de

histamina.

**, p < 0,01, teste t pareado

*, p < 0,05, teste de Dunnett

N.S., não significativo, p > 0,05, ANOVA

Gráficos de caixa representando valores estatísticos: mediana (traço interno), percentil 25% (limite

inferior da caixa), o percentil 75% (limite superior da caixa), intervalo de confiança 90 % (barras

verticais), intervalo de confiança 95 % (pontos).

Fig. 35 – Efeito da histamina sobre a resistência de entrada da membrana de neurônios fásicos

do gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton

nepetaefolius (OECN)

A, gráfico mostrando os valores da resistência de entrada dos neurônios do gânglio celíaco de cobaio

na ausência (controle) e na presença de 10 µM de histamina (HA 10 µM).

B, gráfico mostrando as variações de Ri em função da adição de 200 µg/ml de OECN e de 10 µM de

histamina.

***, p < 0,001, teste t pareado

*, p < 0,05, teste de Dunnett

N.S., não significativo, p > 0,05, ANOVA

Barras com linhas verticais no topo representam a média e o E.P.M., respectivamente.

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Fig. 36 – Efeito da histamina sobre o limiar de corrente para ativação de neurônios fásicos do

gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton

nepetaefolius (OECN)

A, gráfico mostrando os valores médios dos pulsos de corrente despolarizante de amplitude mínima

necessária para a ativação de potenciais de ação nos neurônios do gânglio celíaco de cobaio na

ausência (controle) e na presença de 10 µM de histamina (HA 10 µM).

B, gráfico mostrando as variações do limiar de corrente em função da adição de 200 µg/ml de OECN e

de 10 µM de histamina.

***, p < 0,001, teste t pareado

Barras com linhas verticais no topo representam a média e o E.P.M., respectivamente.

Fig. 37 – Efeito da histamina sobre o overshoot dos potenciais de ação de neurônios fásicos do

gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton

nepetaefolius (OECN)

A, gráfico mostrando os valores médios da amplitude do overshoot dos potenciais de ação nos

neurônios do gânglio celíaco de cobaio na ausência (controle) e na presença de 10 µM de histamina

(HA 10 µM).

B, gráfico mostrando as medidas médias do overshoot em função da adição de 200 µg/ml de OECN e

de 10 µM de histamina.

Barras com linhas verticais no topo representam a média e o E.P.M., respectivamente.

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181

Fig. 38 – Efeito da histamina sobre a amplitude dos potenciais de ação de neurônios fásicos do

gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton

nepetaefolius (OECN)

A, gráfico mostrando os valores médios da amplitude dos potenciais de ação nos neurônios do gânglio

celíaco de cobaio na ausência (controle) e na presença de 10 µM de histamina (HA 10 µM).

B, gráfico mostrando as variações da amplitude dos potenciais de ação em função da adição de 200

µg/ml de OECN e de 10 µM de histamina.

***, p < 0,001, teste t pareado

*, p < 0,05, teste de Dunnett

N.S., não significativo, p > 0,05, ANOVA

Barras com linhas verticais no topo representam a média e o E.P.M., respectivamente.

Fig. 39 – Efeito da histamina sobre a duração dos potenciais de ação de neurônios fásicos do

gânglio celíaco de cobaio mantidos na ausência e presença do óleo essencial do Croton

nepetaefolius (OECN)

A, gráfico mostrando os valores médios da duração dos potenciais de ação nos neurônios do gânglio

celíaco de cobaio na ausência (controle) e na presença de 10 µM de histamina (HA 10 µM).

B, gráfico mostrando as variações da duração dos potenciais de ação em função da adição de 200

µg/ml de OECN e de 10 µM de histamina.

Barras com linhas verticais no topo representam a média e o E.P.M., respectivamente.

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Fig. 40 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre as alterações

produzidas pela histamina em neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio

A, registro intracelular de potenciais de ação em neurônios do gânglio celíaco de cobaio estimulados

com pulsos de corrente despolarizante correspondentes a 1, 1,5 e 2 vezes o limiar de ativação

neuronal, na ausência (controle, traçado superior) e presença (HA 10 µM, traçado inferior) de

histamina.

B, registro intracelular de potenciais de ação em neurônios do gânglio celíaco de cobaio estimulados

com pulsos de corrente despolarizante correspondentes a 1, 1,5 e 2 vezes o limiar de ativação

neuronal, na ausência (controle, traçado superior) e presença de 200 µg/ml de OECN (OECN 200,

traçado intermediário) e OECN + histamina (OECN 200 + HA 10 µM, traçado inferior).

Fig. 41 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre as alterações

produzidas pela histamina no número de potenciais de ação em neurônios fásicos do gânglio

celíaco de cobaio

A, gráfico mostrando o número médio de potenciais de ação em neurônios do gânglio celíaco de

cobaio estimulados com pulsos de corrente despolarizante correspondentes a 1, 1,5 e 2 vezes o limiar

de ativação neuronal, na ausência (controle) e presença (HA 10 µM) de histamina. * e **, p < 0,05 e p

< 0,01, respectivamente, teste t pareado.

B, gráfico do número médio de potenciais de ação em neurônios do gânglio celíaco de cobaio

estimulados com pulsos de corrente despolarizante correspondentes a 1, 1,5 e 2 vezes o limiar de

ativação neuronal, na ausência (controle) e presença de 200 µg/ml de OECN (OECN 200) e OECN +

histamina (OECN 200 + HA 10 µM).

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C, gráfico mostrando a curva de regressão linear de 2ª ordem do número médio de potenciais de ação

em função do pulso de corrente despolarizante aplicado na ausência (controle) e na presença de

histamina (HA 10 µM), 200 µg/ml de OECN (OECN 200) e histamina + OECN (HA 10 µM + OECN

200). ♣, significativamente diferente do controle, p < 0,05, teste de Bonferroni).

Barras com linhas verticais no topo (A e B) representam a média e o E.P.M., respectivamente.

Fig. 42 – Efeito da histamina sobre a excitabilidade de neurônios fásicos do gânglio celíaco de

cobaio

A, traçado original mostrando o tempo de latência para ocorrência dos picos dos potenciais de ação

em função do pulso de corrente despolarizante aplicado na ausência (controle) e na presença de 10

µM de histamina (HA 10 µM), na geração de potenciais de ação em neurônio fásico do gânglio celíaco

de cobaio.

B, gráfico do tempo médio do pico dos potenciais de ação em neurônios fásicos do gânglio celíaco de

cobaio estimulados com pulsos de corrente despolarizante na ausência (controle) e presença de 10

µM de histamina (HA 10 µM). *, significativamente diferente do controle, p < 0,05, two way ANOVA de

duas variáveis.

Pontos com linhas verticais representam a média e o E.P.M., respectivamente.

Fig. 43 – Efeito do óleo essencial do Croton nepetaefolius (OECN) sobre o efeito da histamina

na excitabilidade de neurônios fásicos do gânglio celíaco de cobaio

A, traçado original mostrando o tempo de latência para ocorrência dos picos dos potenciais de ação

em função do pulso de corrente despolarizante aplicado na ausência (controle), na presença de 200

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µg/ml de OECN (OECN 200) e na presença de 10 µM de histamina + 200 µg/ml de OECN (OECN 200

+ HA 10 µM), na geração de potenciais de ação em neurônio fásico do gânglio celíaco de cobaio.

B, gráfico do tempo médio do pico dos potenciais de ação em neurônios fásicos do gânglio celíaco de

cobaio estimulados com pulsos de corrente despolarizante na ausência (controle) na presença de 200

µg/ml de OECN (OECN 200) e na presença de 10 µM de histamina + 200 µg/ml de OECN (OECN 200

+ HA 10 µM).

Pontos com linhas verticais representam a média e o E.P.M., respectivamente.

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M168e Magalhães, Pedro Jorge Caldas Estudo farmacológico do óleo essencial do Croton

nepetaefolius Baill. Sobre os músculos lisos traqueal e vascular e sobre as propriedades eletrofisiológicas de neurônios fásicos de gânglio celíaco / Pedro Jorge Caldas Magalhães. – Fortaleza, 2002.

145f. : il. Orientador: Prof. Dr. José Henrique Leal Cardoso. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Ceará.

Departamento de Fisiologia e Farmacologia. 1. Óleos voláteis – Farmacologia. 2. Plantas

medicinais – Croton nepetaefolius. 3. Músculo liso. 4. Liberação de histamina. 5. Neurônios fásicos. I.Título

CDD : 615.32