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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EVOLUÇÃO CRUSTAL
E RECURSOS NATURAIS
Petrogênese/Depósitos Minerais/Gemologia
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO GEOQUÍMICO-MINERAL DAS FORMAÇÕES
FERRÍFERAS BANDADAS DO SINCLINAL GANDARELA,
QUADRILÁTERO FERRÍFERO (MG)
por
Denise Versiane Monteiro de Sousa
(Pós-graduanda)
Orientador:
Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Jr.
Ouro Preto - Janeiro/2016
i
ESTUDO GEOQUÍMICO-MINERAL DAS FORMAÇÕES
FERRÍFERAS BANDADAS DO SINCLINAL GANDARELA,
QUADRILÁTERO FERRÍFERO (MG)
ii
iii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
Marcone Jamilson Freitas Souza
Vice-Reitora
Célia Maria Fernandes Nunes
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Fábio Faversane
ESCOLA DE MINAS
Diretor
Issamu Endo
Vice-Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Antônio Luciano Gandini
iv
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS
v
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO GEOQUÍMICO-MINERAL DAS FORMAÇÕES
FERRÍFERAS BANDADAS DO SINCLINAL GANDARELA,
QUADRILÁTERO FERRÍFERO (MG)
Denise Versiane Monteiro de Sousa
Orientador
Hermínio Arias Nalini Jr.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos
Naturais do Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto
como Requisito Parcial para à obtenção do Título de Mestre em Ciências Naturais.
Área de Concentração: Petrogênese/Depósito Minerais/Gemologia.
vi
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: [email protected]
Os direitos de tradução e reprodução reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada
ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de
direito autoral.
ISSN:85-230-0108-6
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do
Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto
Catalogação: www.sisbin.ufop.br
Sousa, Denise Versiane Monteiro. Estudo geoquímico-mineral das formações ferríferas bandadas do Sinclinal
Gandarela, Quadrilátero Ferrífero(MG) [manuscrito] / Denise Versiane Monteiro Sousa. - 2016.
85f.: il.: color; grafs; tabs; mapas. (Contribuições as Ciências da Terra, Série M, v.75, n. 336)
Orientador: Prof. Dr. Hermínio Arias Nalini Jr..
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Geologia. Programa de Pós-graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais.
Área de Concentração: Petrogênese/Depósitos Minerais/Gemologia.
1. Geoquímica. 2. Rochas - Formação mineral. 3. Sinclinal Gandarela (MG). 4. Ciclo mineral (Biogeoquimica). I. Nalini Jr., Hermínio Arias. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Titulo.
CDU: 553.2:550.4
vii
Agradecimentos
O meu agradecimento a todos que me acompanharam direta ou indiretamente neste trabalho e
o tornaram possível;
Aos meus pais, meus exemplos, que sempre acreditaram nos meus sonhos e me deram força
para prosseguir;
Aos professores Hermínio Nalini Jr. e Jorge de Lena pela oportunidade de desenvolver esse
projeto de mestrado, pelos ensinamentos e por depositarem confiança em mim;
Ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do Departamento
de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) pela estrutura oferecida;
À VALE e à Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo projeto
RDP-00063-10 e todo apoio aos estudos referentes a ele;
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da
bolsa de pesquisa;
A colaboração dos funcionários dos laboratórios de Fluorescência de Raios-X, Laminação,
Preparação de amostras para geocronologia, de Microanálises, de Microscopia Óptica e em especial
aos integrantes do Laboratório de Geoquímica Ambiental do DEGEO-UFOP;
À Adriana Trópia, Geraldo Sampaio, Ana Alkmim e ao professor Cristiano Lana, todo
trabalho só foi possível pelos ensinamentos e toda a ajuda dedicada. Aos professores do Departamento
de Geologia, em especial, Edison Tazava e Ricardo Scholz. Ao Celso e ao Leonardo pela disposição e
conselhos nos trabalhos laboratoriais;
Ao Caio e a Bibiana pelo companheirismo, paciência e todo carinho dedicado.
viii
ix
Sumário
Agradecimentos vii
Sumário ix
Lista de figuras xi
Lista de tabelas xv
Resumo xvii
Abstract xix
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1
1.1- Natureza de Estudo 1
1.2- Objetivos e Metas 2
1.3- Área de Estudo 3
1.4- Estratégias de Ação 4
1.4.1- Revisão Bibliográfica 4
1.4.2- Amostragem 4
1.4.3- Trabalhos em Laboratório 5
Preparação de Amostras 5
Análises Geoquímicas 5
Microscopia Óptica de Luz Refletida (MOLR) 5
Microscopia Eletrônica de Varredura Acoplada a
Espectrômetro de Energia Dispersiva (MeV-EDS)
6
Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado
com Ablação a Laser (LA-ICP-MS)
6
1.4.4- Tratamento e Análise dos dados 10
CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA REGIONAL 11
2.1- O Quadrilátero Ferrífero 11
2.2- Formação Cauê 14
2.2.1- Estudos Prévios da Formação Ferrífera Cauê 14
2.3- Siclinal Gandarela 18
CAPÍTULO 3 - FORMAÇÕES FERRÍFERAS BANDADAS 21
3.1- Definição e Classificação 21
3.2- Composição Química e Mineralogia 24
3.2.1- Mineralogia e Composição Química de Elementos Maiores e
Menores
24
3.2.2- Geoquímica de Elementos-traços 26
3.3- Origem das Formações Ferríferas Bandadas 33
3.4- Diagênese e Metamorfismo 35
x
3.5- Gênese do Minério com ênfase no QF 37
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 41
4.1- Metodologia Desenvolvida para Determinação da Química-Mineral de Y-
ETR por LA-ICP-MS
41
4.1.1- Materiais de Referência 41
4.1.2- Preparação dos Padrões para as Curvas Analíticas e das Amostras 41
4.1.3- Otimização ds Condições Instrumentais 42
4.1.4- Curvas de Analíticas 44
4.1.5- Condições Analíticas do Método 45
Linearidade 45
Precisão 45
Exatidão 47
Limite de Detecção 47
4.2- Furo Estratigráfico FDMQ 0177 e Amostras 48
4.3- Caracterização Mineralógica 50
4.4- Geoquímica de Y-ETR de Óxidos/Hidróxido de Ferro e Celadonita das FFB
em Estudo
57
4.4.1- Espectros de Elementos Terras Raras + Y 57
Martita 58
Hematita Lamelar 59
Goethita 60
Celadonita 62
4.4.2- Comparação do Comportamento Geoquímico de Y-ETR das Fases
Minerais Estudadas
68
4.5- Discussão dos Resultados 72
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES 77
REFERÊNCIAS 79
xi
Lista de Figuras
Figura 1.1- Modelo topográfico da região escolhida (Sinclinal Gandarela) do Quadrilátero
Ferrífero, com destaque para o furo de sondagem em estudo (FDMQ 0177) 3
Figura 1.2- Mapa geológico indicando a área de interesse no Sinclinal Gandarela, com a
localização do furo FDMQ0177 e litologia presente na região, modificado de Hial Filho
(2013) 4
Figura 1.3- Fotografias dos equipamentos do Laboratório de Microanálises do
DEGEO/EM/UFOP utilizados na caracterização de fases mineralógicas estudadas: A) MeV-
EDS; B) evaporadora de carbono utilizada na metalização das lâminas estudadas 6
Figura 1.4- Esquema de um sistema LA-ICP-MS (Günther & Hattendorf 2005) 8
Figura 1.5- Fotografia do equipamento LA-ICP-MS do Laboratório de Geoquímica
Ambiental (DEGEO/EM/UFOP) 9
Figura 2.1- Mapa geológico do Quadrilátero Ferrífero (Amorim & Alkmim 2011) 11
Figura 2.2- Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero (Alkmim & Noce 2006) 13
Figura 2.3- Mapa geológico do Sinclinal Gandarela (QF), segundo Oliveira et al. (2005) 19
Figura 3.1- Média de componentes de elementos maiores (%) em análises de rocha total de
FF do Transvaal, África do Sul, Hammersley, Yilgarn, Carajás, Quadrilátero Ferrífero e
Maciço São José do Campestre. Figura retirada de Figueiredo (2012) 26
Figura 3.2- Distribuição dos depósitos de formações ferríferas pré-cambrianas ao longo do
tempo e sua abundância relativa comparada à Bacia Hamersley (Klein 2005) 34
Figura 3.3- Modelo de deposição ferrífera do Arqueano e Paleoproterozoico, Bekker et al.
(2010) 36
Figura 4.1- Seções polidas das amostras (diâmetro aproximado de 2,5 cm) preparadas para
utilização na câmara de ablação 42
Figura 4.2- Câmara de ablação com célula para padrões e amostras em forma de gota (a) e
com entrada do gás argônio para carreamento da amostra ablada, na entrada e saída da
câmara; Misturador de gases para melhor homegenização do material ablado antes da
entrada no ICP-MS. Modificado de Takenaka et al. (2015) 42
Figura 4.3- Fotos dos litotitpos encontrados no testemunho do furo FDMQ 0177: A) Canga,
B) Itabirito Goetítico, C) Itabirito silicoso contaminado friável, D) Itabirito silicoso semi-
compacto, E) Itabirito silicoso compacto, F) Quartzito, G) Filito (Alkmim 2014) 49
Figura 4.4- Fotomicrografias obtidas por Microscopia óptica. A: Cristais de hematita
lamelar (Hl) em meio a minerais translúcidos quartzo (Qz) e celadonita (Cel), sob luz
refletida; B: Martita em meio a cristais translúcidos sob luz refletida; C: Cristal de
magnetita e o início do processo de martitização, em meio a minerais translúcidos, quartzo e
goethita (Gt) sob luz refletida 51
xii
Figura 4.5- A: Cristais do filossilicato verde em meio a cristais de hematita e quartzo
(aumento 2,5x -polarizadores descruzados); B: Imagens de elétrons retro-espalhados de
cristais do filossilicato verde; C e D: Imagens de elétrons retro-espalhados de cristais do
filossilicato verde com lamelas de goethita intercrecidas 52
Figura 4.6- Diagrama da composição da celadonita, segundo Wise & Eugster (1964) e Li et
al. (1997) 52
Figura 4.7- Imagens de elétrons retro-espalhados e suas respectivas análises quantitativas
(EDS) da composição de cristais do sulfato de bário da amostra F1A30A 54
Figura 4.8- Imagens de elétrons retro-espalhados e a respectiva análise quantitativa (EDS)
da composição dos cristais de: (A) monazita e (B) xenotima 55
Figura 4.9- Espectros dos Y-ETR dos grãos de martita (Mt) de itabirito do Sinclinal
Gandarela (QF) e da rocha total (RT) (Alkmim 2014), com valores normalizados pelo
PAAS (McLennan 1989) 59
Figura 4.10- Espectros dos Y-ETR dos grãos de hematita lamelar (H) de itabiritios do
Sinclinal Gandarela (QF) e da rocha total (RT) (Alkmim 2014), com valores normalizados
pelo PAAS (McLennan 1989) 61
Figura 4.11- Espectros dos Y-ETR dos grãos de goethita (G) de itabiritios do Sinclinal
Gandarela e da rocha total (RT) (Alkmim 2014), com valores normalizados pelo PAAS
(McLennan 1989) 62
Figura 4.12- Espectros dos Y-ETR dos grãos de celadonita (C) de itabiritos do Sinclinal
Gandarela (QF), normalizados pelo Condrito (Evensen et al. 1978) 63
Figura 4.13- Diagrama binário (Ce/Ce*)PAAS versus (Pr/Pr*)PAAS para os
óxidos/hidróxido de ferro do Sinclinal Gadarela (QF), segundo Bau & Dulski (1996) 63
Figura 4.14- Diagrama binário (Eu/Sm)PAAS versus (Sm/Yb)PAAS para os
óxidos/hidróxido de ferro do Sinclinal Gadarela (QF), segundo Bau & Moller (1993) 66
Figura 4.15- Diagrama binário ilustrando as razões Y/Ho e anomalias de Eu
(Eu/Eu*PAAS) de óxidos/hidróxido de ferro do Sinclinal Gadarela (QF) (Bau & Dulski
1996) 66
Figura 4.16- Espectros dos Y-ETR dos óxidos/hidróxido de ferro (martita, hematita lamelar
e goethita) referentes à amostra F1A35 do Sinclinal Gandarela (QF), com valores
normalizados pelo PAAS (McLennan 1989) 69
Figura 4.17- Espectros dos Y-ETR dos grãso de hematita lamelar (A) e martita (B) da
amostra F1A35 de itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF), com valores normalizados por
Nakamura (1974) 70
Figura 4.18- Espectros de comparação do comportamento geoquímico dos Y-ETR entre
hematita lamelar (A) e goethita (B) de itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF) e martita,
hematitas granoblástica, microtabular e especular de vários depósitos do QF (Baú, Cauê,
Corrego Feijão, Esperança, Jangada, Mutuca, Pico, Retiro das Almas, Usiminas, Águas
Claras, Pau Branco e Conceição) e itabirito dolomítico de Águas Claras e itabirito quartzo
da Pedreira Socorro, segundo Hensler et al. (2015). Os espectros foram normalizados pelo
PAAS (McLennan 1989)
71
xiii
Figura 4.19- Espectros de comparação do comportamento geoquímico dos Y-ETR entre
hematita lamelar de itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF) e hematitas granulares (HG) e
especulares (Hespec) de itabirito dolomítico (ID) e minério de ferro de alto teor (HIO) do
depósito Esperança (QF), segundo Oliveira et al. (2015). Os espectros foram normalizados
pelo PAAS (McLennan 1989) 72
Figura 4.20- Espectros de comparação do comportamento geoquímico dos Y-ETR entre
hematita lamelar (A) e goethita (B) de itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF) e outras
formações ferríferas paleproterozoicas. Os espectros foram normalizados pelo PAAS
(McLennan 1989) 73
xiv
xv
Lista de Tabelas
Tabela 3.1- Classificação de formações ferríferas quanto ao depósito tipo, modificada de
Raposo (1996) 22
Tabela 3.2- Classificação das formações ferríferas, modificada de Kimberley (1978) 23
Tabela 3.3- Itabiritos da Formação Cauê, traduzido de Amorim & Alkmim (2011) 25
Tabela 3.4- Elementos Terras Raras, número atômico, massa atômica, valência e
distribuição eletrônica (Cornell 1993) 27
Tabela 4.1- Condições instrumentais utilizadas nas medições no ICP-MS e no Laser
Ablation 44
Tabela 4.2- Pontos das curvas de calibração de cada isótopo analisado 46
Tabela 4.3- Valores de fração em massa certificados e obtidos (média) com os respectivos
desvios-padrão, erro relativo (ER), Indíce |Z| e limite de detecção do método 48
Tabela 4.4– Amostras selecionadas para análise do furo FDMQ 0177, suas respectivas
profundidades e litologias 49
Tabela 4.5- Componentes (%) do filossilicato verde estudado (Análise de MeV-EDS) 53
Tabela 4.6- Dados médios obtidos pelo MeV-EDS normalizados para o filossilicato verde
das amostras em estudo 53
Tabela 4.7- Componentes (%) do sulfato rico em bário estudado (Análise de MeV-EDS) 55
Tabela 4.8- Componentes (%) do fosfato rico em La, Ce e Nd estudado (Análise de MeV-
EDS) 56
Tabela 4.9- Componentes (%) do fosfato rico em Y estudado (Análise de MeV-EDS) 57
Tabela 4.10- Composição geoquímica, concentrações em ppm, de Y-ETR dos grãos
minerais analisados 64
Tabela 4.11- Composição geoquímica das amostras de itabirito silicoso compacto e semi-
compacto do Sinclinal Gandarela (Alkmim 2014) 65
Tabela 4.12- Razões e anomalias de alguns Y-ETR para os grãos minerais analisados 67
xvi
xvii
Resumo
A composição química, principalmente de elementos-traços, das formações ferríferas bandadas (FFB)
e de suas fases minerais é uma ferramenta importante para entendermos a gênese e os processos
evolutivos pelos quais essas rochas passaram. As FFB constituem a principal fonte de minério de ferro
do mundo e podem auxiliar na compreensão da evolução atmosférica, da composição química dos
oceanos e da história evolutiva do planeta Terra. Porém, a baixa fração em massa de elementos-traços
nas fases minerais dessas formações, requer um método analítico que apresente baixo limite de
detecção. Com isso, foi necessário o desenvolvimento de uma metodologia através de curvas de
calibração para a determinação dos elementos-traços Y, La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er,
Tm, Yb e Lu em diferentes fases minerais, via LA-ICP-MS. A metodologia desenvolvida neste
trabalho apresentou-se aplicável ao estudo proposto, apresentando linearidade, precisão e acurácia.
Foram selecionadas para estudo 11 amostras de itabirito silicoso compacto e itabirito silicoso semi-
compacto do Sinclinal Gandarela, região centro-nordeste do Quadrilátero Ferrífero (MG). Essas
rochas apresentaram uma associação mineral composta por hematita lamelar, magnetita, goethita,
quartzo, martita (produto de transformação da oxidação da magnetita em hematita) e outros minerais
ganga, como celadonita, barita, monazita e xenotima. Foi determinada a química mineral de Y-ETR
em grãos de magnetita, martita, hematita lamelar, goethita e celadonita. A magnetita apresentou
valores de concentração desses elementos inferiores aos limites de detecção do método. De forma
geral, a hematita lamelare e goethita apresentaram assinaturas geoquímicas semelhantes: i)
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL; ii) anomalia positiva em Eu, que indica uma
contribuição hidrotermal na formação desses minerais; iii) anomalia negativa em Ce, que indica um
ambiente de formação oxidante; iv) anomalia positiva em Y, que indica condições de mares modernos
e refletem uma rápida precipitação dos óxidos de ferro favorecida pela migração de águas marinhas
redutoras e levemente ácida até ambientes rasos de águas mais alcalinas e oxidantes; v) anomalia
negativa em Nd; vi) ausência de contaminação clástica. Martita e celadonita apresentaram um padrão
geoquímico distinto dos demais minerais, exceto pela presença de um enriquecimento dos ETRP em
relação aos ETRL das martitas. Um enriquecimento do conteúdo de Y-ETR e da razão Y/Ho também
foi notado entre os óxidos/hidróxidos de ferro, relativo ao aumento do grau de oxidação deles, que
pode evidenciar uma mudança na composição do fluido e/ou um aumento na razão rocha/fluido,
favorecida pela fixação de elementos terras raras (principalmente de ETRP) e uma mobilização dos
elementos Y e Ho durante o processo de mineralização, respectivamente. A maioria dos grãos de
hematita lamelar e goethita apresentaram uma assinatura geoquímica similar ao itabirito hospedeiro,
indicando que há uma contribuição desses minerais para o padrão geoquímico dessas rochas.
xviii
xix
Abstract
The chemical composition, mainly in trace elements, of the banded iron formation (BIF) and its
mineral phases is an important tool to understand the genesis and the evolutionary processes by which
these rocks passed. The BIF are the main source of the world's iron ore and can help in understanding
of the Earth‟s atmospheric evolution, the chemical composition of the oceans and the Earth‟s
evolutionary history. However, the low mass fraction of traces elements in mineral phases of the rocks
requires an low detection limite analytical method. Thus, the development of a methodology using
calibration curves were required for the determination of traces elements Y, La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu,
Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, and Lu in diferents mineral phases, by LA-ICP-MS. The methodology
developed in this work is applicable to the proposed study, with linearity, precision and accuracy. It
was selected to study 11 samples of compact and semi-compact siliceous itabirites from Gandarela
Synclinal, center-north region of the Quaadrilátero Ferrífero (MG). This rocks showed a mineral
association composed of lamellar hematite, magnetite, goethite, quartz, martite (transformation
product of oxidation of magnetite to hematite) and other minerals gangue, as celadonite, barite,
monazite and xenotime. It was determined the mineral chemistry of Y-REE in magnetite, martite,
lamellar hematite, goethite and celadonita grains. The magnetite showed values of concentrations of
these elements below the detection limits. The lamellar hematite and goethite showed a similar
geochemical signature: i) enrichment of HREE relative to LREE; ii) positive Eu anomaly, suggesting a
hydrothermal contribution to the formation of these minerals; iii) negative Ce anomaly, which
indicates that the environment was oxidizing when the iron formations deposited; iv) positive Y
anormality, which indicates conditions of modern sea and reflect rapid precipitation of iron oxides
favored reducing the migration of seawater and mildly acidic to alkaline environments more shallow
and oxidizing water; v) negative Nd anomaly; vi) lack of clastic contamination. Martite and celadonite
presented a distinct geochemical pattern of other minerals, except for the presence of an enrichment of
HREE relative to LREE and negative Ce anomaly in some grains. An enrichment of the contents of
the Y-REE and the ratio Y/Ho were also noted between the iron oxides and hydroxides, relative to the
increase in the degree of their oxidation, which may reveal a change in fluid composition and/or an
increase in the ratio rock/fluid favored for fixing rare earth elements (principally HREE) and
mobilization of elements Y and Ho during the mineralization, respectively. Most lamellar hematite
and goethite grains presented a geochemical signature similar to the host itabirite, indicating a
contribution of these minerals to the geochemical pattern of these rocks.
xx
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1- NATUREZA DE ESTUDO
g nese de forma es ferr feras andadas FF proterozoicas tem despertado a atenção da
comunidade geocientífica de todo o mundo, por serem as principais fontes de minério de ferro (Spier
et al. 2007) e também pela sua importância na compreensão da evolução atmosférica, da composição
química dos oceanos e da história evolutiva da Terra (e.g. Pickard 2003; Pufahl & Hiatt 2012; Pufahl
et al. 2013). Essas rochas são essencialmente restritas ao Pré-Cambriano, cujas características
estruturais, texturais e composicionais refletem condições ambientais não usuais de deposição (e.g.
Pickard 2003).
Na região denominada Quadrilátero Ferrífero (QF), em Minas Gerais, localizada na borda sul
do Cráton São Francisco (Almeida 1977), essas FFB são consideradas como algumas das mais
importantes fontes de minério de ferro do mundo. As formações ferríferas bandadas com teor de
minério de ferro explorável da região encontram-se hospedadas na Formação Cauê.
A Formação Cauê situa-se na parte inferior do Grupo Itabira que, por sua vez, pertence ao
Supergrupo Minas, sendo o itabirito o litotipo principal dessa formação. As formações ferríferas do
Grupo Itabira sofreram ao longo de sua evolução geológica, alterações mineralógicas e modificações
texturais, dentre elas o desenvolvimento de orientação preferencial cristalográfica e morfológica de
seus constituintes minerais, sendo esses processos responsáveis pela dificuldade de identificação de
estruturas e processos pré-deformacionais (Rosière & Chemale Jr. 2001).
A mineralogia e geoquímica das formações ferríferas bandadas têm sido extensivamente
documentadas, porém estudos estratigráficos detalhados e também da gênese de tais formações são
temas ainda bastante debatidos e controvertidos. Alguns artigos têm sido publicados sobre a lito-
quimio-estratigrafia de FFB do QF (e.g. Klein & Ladeira 2000; Spier et al. 2007) e sobre a geoquímica
de elementos maiores, menores e traços (e.g. Alkmim 2014), e geoquímica isotópica dessas
formações. Porém, estudos sobre a geoquímica mineral de FFB do QF, principalmente de elementos-
traços, são escassos (Hensler et al. 2015; Oliveira et al. 2015).
Entre os elementos-traços, os elementos terras raras (ETR) são particularmente úteis, pois a
baixa solubilidade em relação aos outros elementos e menor mobilidade durante o metamorfismo de
baixo grau, alterações hidrotermais e intemperismo (Rollinson 1995), faz com que a assinatura desses
elementos em FFB reflita a presença deles na água do mar onde o ferro foi precipitado (Bekker 2010).
O európio, por exemplo, determina o papel da atividade hidrotermal em FFB (Derry & Jacobsen 1990)
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
2
e o cério determina a história de oxidação do oceano Pré-cambriano (Bau & Dulski 1996). Além disso,
o perfil dos ETR tem sido usado na determinação de controles deposicionais e paleoambientais sobre
as FFB (e.g. Kato et al. 1998; Frei et al. 2008). Devido à baixa fração em massa dos elementos terras
raras em formações ferríferas, complexidade da composição química, dificuldades com a digestão
ácida dessas rochas e completa solubilização dos elementos, e a limitada disponibilidade de materiais
de referência certificados de FF, há uma dificuldade na determinação desses elementos neste tipo de
matriz, o que requer uma metodologia analítica aplicável.
Sendo assim, os estudos mineralógicos e geoquímico-minerais a serem desenvolvidos no
presente trabalho fornecerão subsídios para uma melhor compreensão dos processos geológicos que
afetaram o QF e da origem das formações ferríferas bandadas de um modo geral, favorecendo também
critérios mais precisos para exploração mineral.
1.2- OBJETIVOS E METAS
Este projeto tem por objetivo geral contribuir, por meio de estudos geoquímico-mineralógicos
detalhados, para o entendimento da gênese (processos e fontes) das formações ferríferas bandadas
presentes na região do Sinclinal Gandarela, região centro-nordeste do Quadrilátero Ferrífero.
Como objetivos específicos pode-se citar:
i) Reconhecer e descrever os diferentes minerais presentes em amostras de formação ferrífera
bandada de um furo de sonda da região do Sinclinal Gandarela;
ii) desenvolver e implantar metodologia analítica adequada para análise de fases minerais de FFB
via LA-ICP-MS;
iii) obtenção da assinatura química-mineral para elementos terras raras (Y-ETR), dos principais
minerais dessas FFB do Sinclinal Gandarela;
iv) entender a relação entre as variações composicionais dos elementos terras raras nos óxidos e
hidróxidos de ferro analisados e buscar entender a contribuição dos diferentes minerais na
composição geoquímica total;
v) comparar os dados geoquímico-mineralógicos obtidos com outros estudos existentes de
química mineral em formações ferríferas;
vi) contribuir para o entendimento da gênese e dos processos geoquímicos que causaram o
enriquecimento supergênico das FFB;
vii) subsidiar a indústria do minério de ferro com informações que permitam entender a presença
de elementos-traços em minérios de ferro, os quais podem interferir no comportamento de tais
materiais nos processos metalúrgicos.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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1.3- ÁREA DE ESTUDO
O testemunho de furo de sonda selecionado para estudo foi amostrado no Sinclinal Gandarela
(figura 1.1), localizado na porção centro-leste de Minas Gerais e na porção centro-nordeste do
Quadrilátero Ferrífero, a cerca de 65 km de Belo Horizonte. A região está entre os municípios de Rio
Acima, Nova Lima, Caeté, Barão de Cocais e as cidades de Ouro Preto e Itabirito, sendo possível o
acesso pela MG-030, pelo município de Nova Lima e por Itabirito.
Figura 1.1- Modelo topográfico da região escolhida (Sinclinal Gandarela) do Quadrilátero Ferrífero, com
destaque para o furo de sondagem em estudo (FDMQ 0177).
Devido ao interesse da empresa VALE S.A. pelo minério de ferro presente na região e a
disponibilidade de acesso a testemunhos de furos de sondagem da própria empresa, a Formação
Ferrífera Cauê da região, foi escolhida para estudo mineralógico e geoquímico-mineral. O furo
escolhido foi FDMQ0177 (figura 1.1 e 1.2), que se encontra situado na porção sul da Serra do
Gandarela, coordenadas UTM X (637.862,11) e UTM Y (7.777.526,35) e Cota Z (1.617,42), em uma
área do flanco oeste, próxima à zona de charneira do sinclinal homônimo. Esse furo possui 337,85m
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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de profundidade e inicia-se na cobertura laterítica (canga) da serra, atravessa os itabiritos da Formação
Cauê, e vai até a camada de quartzito, associado à Formação Moeda. A escolha do furo foi
determinada pela presença de litotipos mais preservados da Formação Cauê, denominados de itabirito
silicoso compacto e semi-compacto, na porção média do furo (Alkmim 2014).
1.4- METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Para a realização deste trabalho foram feitos os seguintes estudos:
1.4.1- Revisão bibliográfica
Na etapa inicial foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre: i) formações ferríferas
bandadas proterozoicas e, em especial, sobre a Formação Cauê; ii) estudos in-situ em óxidos de ferro
de formações ferríferas via LA-ICP-MS.
Figura 1.2- Mapa geológico indicando a área de interesse no Sinclinal Gandarela, com a localização do furo
FDMQ0177 e litologia presente na região, modificado de Hial Filho (2013).
1.4.2- Amostragem
O testemunho de sondagem do furo estratigráfico FDMQ0177 (cerca de 300 m de
comprimento) foi disponibilizado pela VALE para este projeto e possui uma boa representatividade
dos litotipos, considerando a região em estudo. A descrição detalhada e amostragem foram realizadas,
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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tendo como base outros projetos em andamento na região (Alkmim 2014; Sampaio em prep.), a partir
da escolha adequada de litofácies características e homogêneas da Formação Cauê.
Por meio da descrição petrográfica e das análises químicas previamente realizadas por
Alkmim (2014), foram selecionadas 11 amostras e suas respectivas seções polidas delgadas para
estudos geoquímico-mineralógicos de detalhe, buscando a representação dos principais litotipos
presentes no testemunho. As amostras selecionadas correspondem a itabiritos silicosos semi-
compactos e compactos.
1.4.3- Trabalhos em laboratório
Esta etapa compreendeu duas fases: preparação de amostras e análises geoquímicas.
Preparação de amostras
As seções polidas delgadas das amostras selecionadas foram confeccionadas por outro
trabalho vinculado a este projeto (Alkmim 2014) e pastilhas contendo as amostras foram
confeccionadas e polidas no Laboratório de Preparação de Amostras para Geoquímica e
Geocronologia e Laboratório de Laminação do DEGEO/EM/UFOP.
Análises geoquímicas
Essa fase envolve análises mineralógicas e geoquímico-mineralógicas. As primeiras estão
relacionadas à caracterização mineralógica e petrográfica de amostras selecionadas utilizando técnicas
como Microscopia Óptica de Luz Refletida e Microscopia Eletrônica de Varredura Acoplada a
Espectrômetro de Energia Dispersiva (MeV-EDS) para determinação da mineralogia principal, bem
como outros minerais derivados dos processos de alteração.
Microscopia Óptica de Luz Refletida (MOLR)
Para a caracterização mineralógica das amostras selecionadas, foram descritas 11 lâminas
polidas delgadas através de um microscópio óptico de luz refletida. A técnica MOLR é tipicamente
utilizada na caracterização qualitativa de minérios de ferro, pois as fases minerais mais comuns
(hematita, magnetita, goethita e quartzo) podem ser visualmente identificadas ao microscópio óptico,
pois esses minerais apresentam refletâncias bem distintas. Por exemplo, a hematita quando submetida
à MOLR apresenta-se muito brilhante e branca, e a hematita se comparada a sulfetos amarelos e
especialmente ao ouro, apresenta-se embaçada e muito mais azul-acinzentada, do que dá a impressão
quando em contrastes normais. A magnetita apresenta reflexão interna, sendo que a primeira
impressão é a cor cinza com tonalidades variáveis de marrom claro. Já a goethita apresenta cores e
valores de refletividade bastante varáveis dependendo do polimento, porosidade, tamanho do grão e
etc, mas de modo geral apresenta a coloração cinza com anisotropia moderado (Carvalho 2010). As
análises foram realizadas em um microscópio do tipo Olimpus (Modelo BX41) utilizando-se objetivas
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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de 2, 10, 20 e 50 vezes e as microfotografias foram feitas em um microscópio Zeizz (Modelo Scope.
A1), no Laboratório de Microscopia da Pós-Graduação da Escola de Minas/DEGEO/UFOP.
Microscopia Eletrônica de Varredura Acoplada a Espectrômetro de Energia
Dispersiva (MeV-EDS)
Para a identificação das fases minerais que não puderam ser reconhecidas pela microscopia
óptica foi utilizada a técnica MeV-EDS. A técnica baseia-se na incidência de elétrons acelerados por
uma diferença de potencial na superfície mineral, esses elétrons são capazes de excitar os elétrons
mais externos de átomos ou íons presentes na região, que quando retornam ao estado fundamental
emitem energia. A transcodificação dessa energia emitida pelos elétrons gera imagens do mineral
analisado e a detecção dessa energia refere-se aos átomos ali presentes, possibilitando uma análise
semi-quantitativa/quantitativa e pontual. As análises em MeV-EDS foram realizadas no Laboratório de
Microanálises do DEGEO/EM/UFOP em um Microscópio Eletrônico de Varredura JEOL, modelo
JSM6510, com EDS acoplado. Foi realizado o recobrimento das lâminas com carbono em uma
evaporadora de carbono JEOL, modelo JEE-420 (figura 1.3). As análises quantitativas para
determinação da composição química de alguns minerais através do EDS foram realizadas utilizando
padrões com concentrações conhecidas dos analitos.
Figura 1.3- Fotografias dos equipamentos do Laboratório de Microanálises do DEGEO/EM/UFOP utilizados na
caracterização de fases mineralógicas estudadas: A) MeV-EDS; B) evaporadora de carbono utilizada na
metalização das lâminas estudadas.
Já as análises geoquímico-mineralógicas foram utilizadas para a determinação dos elementos
Y-ETR em diferentes fases minerais das FFB em estudo, pela técnica de Espectrometria de Massa com
Plasma Indutivamente Acoplado com Ablação a Laser (LA-ICP-MS).
Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado com Ablação a
Laser (LA-ICP-MS)
A B
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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Alguns métodos instrumentais são utilizados na determinação de ETR, como Análise
Instrumental por Ativação Neutrônica (INAA), Espectrometria de Fluorescência de Raios X (XRF),
Espectrometria de Absorção Atômica (AAS), Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma
Indutivamente Acoplado (ICP OES) e Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado
(ICP-MS). Apesar do alto custo da técnica ICP-MS, sua sofistificação e sensibilidade fazem com que
seja eficaz na determinação desses elementos e execução de análises de rotina em materiais geológicos
(Bayon et al. 2009; Allan et al. 2005).
A Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS) é uma técnica
baseada na diferenciação elementar a partir da massa atômica, que apresenta como vantagens a alta
sensibilidade, baixo limite de detecção e uma capacidade multielementar, tornando viável a
determinação de elementos-traços em amostras geológicas (Allan et al. 2005). O Sistema de Ablação
a Laser acoplado ao ICP-MS (LA-ICP-MS) engloba as características da técnica ICP-MS com a alta
resolução espacial do laser e favorece um menor consumo da amostra, rapidez nas análises (menos de
3 min em um ponto) e baixo background (Eggins & Shelley 2003).
O baixo limite de detecção do ICP-MS apresenta uma grande vantagem perante as outras
técnicas, pois uma das maiores dificuldades na determinação de elementos terras raras em formações
ferríferas é a baixa fração em massa desses analitos e a composição dessas amostras, que se
apresentam ricas em Si, Al, Fe, Ti, Mn, Mg, Ca, Na e K (Balaram 1996; Shariati et al. 2009), que por
sua vez podem gerar efeitos matriz significativos nas análises. O fato da matriz ser complexa, também
torna necessário uma alta sensibilidade analítica e robustez das condições de trabalho. Além disso, o
sistema LA-ICP-MS permite a utilização de amostras sólidas e consequentemente análises in-situ,
dispensando a digestão de amostras e os problemas associados a ela, como maior tempo de análise,
incompleta digestão de alguns minerais e baixa estabilidade de alguns elementos em soluções ácidas
(YongSheng et al. 2013).
Se tratando de uma técnica pontual, já que o sistema Laser Ablation incide uma radiação
pulsante por um sistema laser e arranca partículas da superfície da região selecionada da amostra e as
partículas são então misturadas a um gás inerte e, posteriormente, conduzidas ao plasma (Giné-Rosias
1999), é possível a determinação micro-geoquímica de elementos-traços, a composição isotópica e a
distribuição desses elementos em rochas e minerais, que requer uma alta resolução (YongSheng et al.
2013). Assim como fizeram Baldwin et al. (2011) ao determinar ETR, níquel e cromo em microbandas
de chert de formações ferríferas pré-selecionadas, Dare et al. (2015) que realizaram estudos
geoquímicos de elementos-traços em magnetita de fluxos de lava de depósitos do El Laco (Chile),
Hensler et al. (2015) e Oliveira et al. (2015) que determinaram elementos-traços em óxidos de ferro de
depósitos de minério de ferro do Quadrilátero Ferrífero (Brasil), Figueiredo e Silva (2009) que
determinou elementos-traços em óxidos de ferro de depósitos de Carajás (Brasil), Müller et al. (2003)
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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e Chung et al. (2015) que realizaram análises in-situ em magnetitas de formações ferríferas de Kiruna
(Suécia) e Labrador Trough (Canadá), respectivamente.
Em um típico sistema LA-ICP-MS (figura 1.4), a amostra é colocada em uma câmara de
ablação fechada e hermética, com um fluxo de gás carreador de argônio/hélio. Nessa câmara, um feixe
de laser é focado sobre a superfície da amostra e desde que a irradiação seja suficiente alta, o material
será ablado (gerando vapor, partículas e aglomerados) e, posteriormente, transportado para o plasma
do ICP-MS pelos gases carreadores presentes na câmara.
No plasma, essas partículas serão vaporizadas, atomizadas e ionizadas. Os íons formados
serão extraídos por uma interface a vácuo e guiados para dentro de um analisador de massas, que
no caso desse projeto foi usado um Quadrupolo, onde serão separados por uma razão massa/carga
e, finalmente, detectados e quantificados por um sistema de detecção (Günther & Hattendorf
2005). O detector do ICP-MS irá medir o número de „tiros‟ de uma determinada massa iônica em
um determinado período de tempo, convertendo-os em contagens por segundo (cps).
Figura 1.4- Esquema de um sistema LA-ICP-MS (Günther & Hattendorf 2005).
Alguns cuidados são necessários ao utilizar a técnica ICP-MS devido à comum formação de
interferentes poliatômicos (moléculas ionizadas de óxidos, hidróxidos e o argônio) no plasma (Linge
& Jarvis 2009), e à sobreposição de espécies formadas no plasma em relação aos elementos de
interesse que podem ocasionar medidas errôneas.
Diante das vantagens apresentadas, principalmente pelo fato de possuir um baixo limite de
detecção e por ser uma técnica pontual, o sistema LA-ICP-MS foi utilizado na determinação da
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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distribuição dos elementos Y-ETR nas diferentes fases minerais das FFB em estudo. Sendo assim, será
possível correlacionar a composição geoquímica desses minerais com a composição da rocha
hospedeira e com os processos de gênese e evolutivos pelos quais eles passaram.
Metodologias de análises minerais utilizando a técnica LA-ICP-MS tem sido desenvolvidas e
utilizadas por vários pesquisadores como Müller et al. (2003), Dare et al. (2015), Hensler et al. (2015),
Oliveira et al. (2015), Figueiredo e Silva (2009) e Chung et al. (2015), que utilizam programas como o
GLITTER e o MATLAB SILLS e o 57Fe como padrão interno para redução dos dados obtidos.
Porém, a determinação de Y-ETR em fases minerais de FF apresentam algumas dificuldades,
como a baixa concentração desses elementos neste tipo de matriz, na ordem de partes por milhão
(ppm), a complexidade na composição dessas rochas e a ausência de materiais de referência de
formações ferríferas com valores dos ETR certificados. No caso deste trabalho também não foi
possível utilizar o 57Fe como padrão interno, pois o background desse elemento mostrou-se muito alto,
influenciando a contagem dos elementos de interesse. Esse background elevado pode ter sido gerado
pelo tipo de matriz analisada, que por sua vez, é muito rica em Fe. O fato dos minerais analisados
serem ricos em ferro e este ser o único elemento de concentração conhecida, foi necessário o
desenvolvimento de outra metodologia aplicável, através de curvas analíticas.
Foram determinados 15 isótopos: 89Y, 139La, 140Ce, 141Pr, 146Nd, 147Sm, 151Eu, 157Gd, 159Tb,
162Yb,
163Dy,
165Ho,
166Er,
169Tm e
175Lu, através do ICP-MS com analisador de massa quadrupolo
(Agilent 7700x) acoplado ao laser Nd:YAG 213 nm (New Wave UP-213) (figura 1.5), em operação no
Laboratório de Geoquímica (LGqA), DEGEO/EM/UFOP.
Figura 1.5- Fotografia do equipamento LA-ICP-MS do Laboratório de Geoquímica Ambiental
(DEGEO/EM/UFOP).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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As curvas analíticas dos isótopos analisados foram preparadas utilizando os materiais de
referência e o branco como padrões. As contagens dos analitos, em certo período de tempo (cps),
obtidas pelo ICP-MS foram extraídas e tratadas pelo programa Microsoft Excel e assim
correlacionadas com a concentração obtida no certificado de cada material de referência para cada
isótopo medido, gerando as curvas de calibração.
Após a elaboração das curvas de calibração e a certificação de que o método desenvolvido era
aplicável, foram determinados os elementos Y-ETR nas fases minerais das FFB em estudo. Entre
análises de amostras, as condições analíticas das curvas foram avaliadas através de análises no
material NIST SRM 614. Assim como os padrões, as contagens dos elementos analisados de cada
grão, obtidas pelo ICP-MS, foram tratadas pelo programa Microsoft Excel e a concentração
determinada pelas curvas de calibração.
As etapas do desenvolvimento do método analítico e resultados obtidos estão descritos em
detalhe no capítulo 4.
1.4.4- Tratamento e análise dos dados
O tratamento dos dados obtidos foi realizado com o emprego dos softwares Microsoft Excel e
Glitter (GEMOC Laser ICP-MS Total Trace Element Reduction). Posteriormente esses dados foram
compilados e plotados em diagramas e histogramas específicos, com o objetivo de explicitar a
assinatura geoquímica dos diferentes tipos de minerais presentes nas amostras de FFB em estudo.
A fase final desse trabalho constitui na publicação e submissão de artigos, redação da
dissertação referente ao projeto de mestrado e trabalhos para congressos.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
CAPÍTULO 2
GEOLOGIA REGIONAL
2.1- O QUADRILÁTERO FERRÍFERO
O Quadrilátero Ferrífero (QF) (Dorr II 1969), Província Mineral do sudeste brasileiro, situado
na borda sul do Cráton São Francisco (Almeida 1977) é compreendido pelas cidades Belo Horizonte,
Santa Bárbara, Congonhas do Campo e Mariana.
A região é de grande importância pelo minério de ferro hospedado nas formações ferríferas
bandadas da Formação Cauê e pelas reservas auríferas em unidades arqueanas e proterozoicas.
Segundo Amorim & Alkmim (2011), são encontrados quatro tipos principais de minério de ferro na
região: hematita macia, hematita dura, itabirito friável e canga.
Geologicamente, o Quadrilátero Ferrífero (figura 2.1) apresenta cinco unidades
litoestratigráficas: embasamento arqueano, Supergrupo Rio das Velhas arqueano, Supergrupo Minas
paleproterozoico, Grupo Itacolomi e intrusões máficas (Amorim & Alkmim 2011).
Figura 2.1- Mapa geológico do Quadrilátero Ferrífero (Amorim & Alkmim 2011).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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O embasamento arqueano do QF é constituído por complexos de gnaisse e por diferentes
gerações de granitoides (Machado et al. 1992). O Supergrupo Rio das velhas (figura 2.2), nome dado
ao cinturão greenstone belt, divide-se nos Grupos Nova Lima e Maquiné (Baltazar & Zuchetti 2007).
O Grupo Nova Lima é constituído por basalto toleítico-komatitico, unidade vulcânica com
rochas sedimentares associadas, uma unidade vulcanoclática sobrejacente com vulcanismo félsico
associado e uma unidade clástica superior (Baltazar & Zuchetti 2007). Esse grupo apresenta a
mineralização de ouro hospedada, que por sua vez é controlada e está associada com alterações
hidrotermais (Lobato et al. 2001b). Já o Grupo Maquiné sobrepõe-se ao Grupo Nova Lima ao longo de
uma discordância angular e é composto pela Formação Casa Forte superior e Formação Palmital
inferior (Baltazar & Zuchetti 2007). A Formação Palmital é formada por quartzo-sericita-xistos, com
lentes e de grauvacas, quartzitos sericíticos e conglomerados. Já a Formação Casa Forte é composta
por, predominantemente, quartzitos, filitos e xistos (Dorr II 1969; Baltazar & Zuchetti 2007).
O Supergrupo Minas é uma sequência de rochas metassedimentares clásticas e químicas de
idade proterozoica que dispõe discordantemente sobre os granitos-gnaisses do embasamento e sobre o
Supergrupo Rio das Velhas (Machado et al. 1996; Chemale Jr. et al. 1992). Esse supergrupo é divido
em quatro grupos (da base para o topo): Caraça, Itabira, Piracicaba, Sabará. Além destes quatro grupos
principais há o grupo em contato com o Grupo Caraça, e é composto por unidades que apresentam
xistos, filitos, quartzitos e formaçãoes ferríferas bandadas (Simmons & Maxwell 1961). A estratigrafia
desse supergrupo pode ser divida em duas sequências: a primeira sequência entre fluvial deltaica e
marinha plataformal que é representada pelos grupos Caraça, Itabira e Piracicaba e a segunda
sequência que inclui os depósitos marinhos do Grupo Sabará (Rosière & Chemale Jr. 2001).
O Grupo Caraça essencialmente clástico, apresenta a Formação Moeda composta por
metaconglomerados, quartzitos, filitos, quartzitos de grãos finos a grosso com conteúdo variáreis de
sericita e muscovita e a Formação Batatal composta por filito sericítico e, subordinadamente, por
metachert, formação ferrífera e filito grafitoso (Dorr II 1969).
O Grupo Itabira é composto, predominantemente, por rochas químicas e caracterizado por
uma sequência, predominantemente, marinha e de ambiente raso. O grupo é divido entre formações
Cauê, inferior e Gandarela, superior. O contato da Formação Cauê com Batatal é gradacional e
apresenta itabirito, itabirito dolomítico, itabirito anfibolítico e pequenas lentes de xistos, filitos e
margas. Já a Formação Gandarela é constituída por margas, filito dolomítico, dolomito ferruginoso e
filitos (Dorr II 1969).
O Grupo Piracicaba, composto por rochas clásticas e químicas é dividido em: Formação
Cercadinho, composta por quartzitos, quartzitos ferruginosos, filitos ferruginosos e dolomíticos, e
dolomitos; Formação Fecho do Funil, composta por filitos dolomíticos, filitos e dolomitos impuros;
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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Formação Taboões, composta por ortoquartzitos finos e equigranulares e a Formação Barreiro, com
filitos e filitos grafitosos (Dorr II 1969).
O Grupo Sabará, composto por rochas sedimentares e vulcanogênicas intercaladas, apresenta
clorita e biotita-xistos, metagrauvacas, quartzitos, quartzitos feldspáticos, formações ferríferas,
itabiritos e mataconglomerados com matacões e seixos de dolomitos (Dorr II 1969).
O Grupo Itacolomi sobrepõe discordantemente o Grupo Sabará, apresenta características
fluviais e lacustre e é composto por meta-arenitos e metaconglomerados polimíticos contendo clastos
de formações ferríferas (Dorr II 1969).
Figura 2.2- Coluna estratigráfica do Quadrilátero Ferrífero (Alkmim & Noce 2006).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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A região do QF apresenta dois grupos de famílias de estruturas geradas em dois períodos
orogenéticos principais: o período Transamazônico que foi responsável pela geração de megadobras
da região, sob condição de metamorfismo regional e o período Brasiliano que foi responsável pelos
redobramentos e falhamentos além de sistemas de cavalgamentos, sob condição de metamorfismo
regional (Marshak & Alkmim 1989; Chemale Jr. et al. 1992).
Atualmente, o QF tem sido dividido em dois maiores domínios tectônicos, a região oriental
que é considerada como um domínio de alta tensão com desenvolvimento da zona de cisalhamento
generalizada e estruturas difundidas, e a região ocidental que apresenta um grau de deformação baixo
com sinclinais preservados e estruturas primárias reconhecíveis (Rosière et al. 2001). O grau de
metamorfismo também aumenta de oeste para leste e a assembleia mineral indica variação de 300 ºC e
3 Kbar no oeste para 600 ºC e 5 Kbar no leste (Pires 1995).
2.2- FORMAÇÃO CAUÊ
A Formação Cauê pertencente ao Grupo Itabira é conhecida como o gigante depósito de
minério de ferro hospedado do QF (Spier et al. 2007), sobrepõe a Formação Batatal e é sobreposto
pela Formação Gandarela, ambos em contato de natureza transicional (Dorr II 1969). Devido o
comportamento plástico das FFB da Formação Cauê durante o processo de deformação que afetou o
QF, a espessura dessa unidade em diversas partes do QF excede 1500 m (Amorin & Alkmim 2011).
A Formação Cauê (Dorr II 1958), é uma sequência composta por FFB do tipo Lago Superior
metamorfizadas de baixo a médio grau (itabiritos), hematita-filitos, filitos dolomíticos e mármores.
Segundo Amorin & Alkmim (2011), há quatro tipos de itabiritos hospedados na Formação Cauê:
silicoso, dolomítico, amfibolítico e magnetítico.
Os diferentes tipos de óxidos de ferro presentes nessa formação seguem uma sequência
paragénetica (do estágio mais velho para o mais novo): magnetita, kenomagnetita, martita, hematita
granoblástica recristalizada, hematita microtabular de granulometria fina e hematita especular
hospedada na zona de cisalhamento (Hensler 2013).
Mendes & Lagoeiro (2012), ao realizar estudos em formações ferríferas da região do QF
concluíram que no domínio oeste com menor grau de deformação e menores temperaturas, que as
fáceis óxido apresentam a magnetita como mineral predominante e que a medida que segue para os
domínios central e leste com maior grau de deformação e maiores temperaturas, a quantidade de
hematita e o tamanho desses grãos aumentam.
2.2.1- Estudos prévios da Formação Ferrífera Cauê
Estudos prévios foram realizados em amostras de formações ferríferas Cauê de diversas partes
do QF. O trabalho realizado por Klein & Ladeira (2000) em amostras das Minas de Águas Claras e
Mutuca, Serra da Piedade e Pico de Itabirito, revelaram que essas formações apresentam baixo grau de
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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metamorfismo e uma mineralogia dos óxidos presentes muito similar a maioria das formações
ferríferas arqueanas e paleproterozoicas estudadas na literatura. Apesar dessa similaridade, as
formações ferríferas Cauê apresentaram alto teor de Fe2O3 e baixo teor de FeO. Além disso, resultados
obtidos de padrões de ETR nas amostras de FF proterozoicas das minas de Mutuca e Águas Claras
apresentaram anomalias positivas bem definidas de Eu. Porém, as amostras da Serra da Piedade e do
Pico do Itabirito não apresentaram essas anomalias tão definidas.
As formações ferríferas bandadas do baixo-proterozoico das Minas de Águas Claras e do Pico
foram analisadas por Spier et al. (2003). Na mina de Águas Claras foram encontrados minério de ferro
de alto teor (média de 68,2% Fe) hospedados dentro de itabiritos dolomíticos e de caráter mais macio
(85% de minério macio e 15% de minério duro). Já na mina do Pico, o minério de ferro analisado
apresentou de baixo a alto teor (média de 67% Fe) e hospedado dentro do itabirito silicoso. O processo
de genêse do minério de ferro duro de alto teor ainda não é muito entendido, porém é relacionado com
processo hidrotermal durante a diagênese ou metamorfismo das FFB. O minério de ferro macio de alto
teor e o itabirito rico em ferro parecem ter sido formados por processo de supergênese. A presença de
carbonatos e estruturas que controlam a circulação de águas subterrâneas favorecem a lixiviação dos
minerais ganga por águas meteóricas, o que resulta no enriquecimento de ferro residual nessas rochas.
Amostras de itabirito dolomítico e silicoso da Mina de Águas Claras foram analisadas por
Spier et al. (2007), sendo essas formações ferríferas bandadas paleoproterozoicas contemporâneas das
FFB das bacias Hamersley e Transvaal. Os dois tipos de rochas apresentaram composição química
similar com Fe2O3, CaO, MgO, e LOI representando mais de 98% da composição média do itabirito
dolomítico e Fe2O3 e SiO2 representando mais que 98% da composição média do itabirito silicoso. Os
itabiritos se apresentaram altamente oxidados com razões Fe3+/(Fe2++Fe3+) acima de 0,98, muito maior
que a razão encontrada em outras FFB paleproterozoicas. A concentração de ETR é similar nos dois
tipos de itabiritos e apresenta-se muito pequena. O enriquecimento nos padrões ETRP exibidos pelos
dois tipos de itabiritos indicam uma assinatura de ETR de águas oceânicas modernas sobreposta por
uma assinatura hidrotermal representada pela anomalia positiva de Eu. A razão Y/Ho similar a de
águas marinhas e a assinatura de ETR e concentrações dos isótopos de C e O tipicamente de
carbonatos marinhos, reforçam a hipótese de origem sedimentar do itabirito dolomítico. Baixas
concentrações de Al2O3 e TiO2 e a forte correlação positiva entre eles apontam para poucos
componentes terrígenos em sedimentos marinhos precipitados da Formação Cauê. As diferenças entre
as assinaturas dos ETR dos itabiritos sugerem que essas rochas foram precipitadas de soluções aquosas
diferentes, sendo que o itabirito dolomítico recebeu uma contribuição maior de águas marinhas
superficiais, enquanto que o itabirito silicoso recebeu maior influência de águas marinhas profundas.
Segundo os mesmos autores, é possível que flutuações no nível do mar por transgressões-regressões
marinhas contribuíram para as mudanças na composição dos oceanos, sendo expressas pela
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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coexistência de itabirito dolomítico, silicoso e amfibolítico, os quais representam transições de fáceis
verticais e laterais de formações ferríferas carbonáticas, silicosas e argilosas, respectivamente.
Amostras de minério de ferro de alto teor friável e compacto da Mina de Águas Claras
também foram analisadas por Spier et al. (2008), apresentando mineralogia e composição química
bem simples. O minério da região é constituído quase que inteiramente por Fe2O3 com alta quantidade
de impurezas, principalmente MnO no minério friável. As amostras apresentam-se deficientes em
elementos-traços e o minério friável preserva padrões de Y-ETRPAAS similar ao de itabiritos
dolomíticos, sugerindo ser um produto de enriquecimento residual em ETR sem fracionamento. Há
evidências de dois processos de origem para o minério de alto teor da Mina de Águas Claras:
hipogênico, devido a presença de minério compacto dentro do itabirito dolomítico e supergênico,
devido a presença do minério friável indicado pela formação de ferrohidratos e óxidos de manganês
durante a dissolução de dolomita do itabirito dolomítico.
Selmi et al. (2009), analisaram algumas amostras de hematita de alto teor e itabirito de
diversas partes do QF. Essas amostras apresentaram concentrações de elementos-traços (V, Co, Ni,
Cu, Zi, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Ba, Hf e Ta) comparáveis aos dados encontrados por Klein & Ladeira
(2000) e Spier et al. (2007), e baixas concentrações comparado a formações ferríferas de outras partes
do mundo. O V foi o elemento-traço mais abundante, seguido do Co, Ni e Y. E em menores
quantidades os elementos Rb, Sr, Zr, Nb, Hf e Ta. As amostras coletadas no domínio leste do QF
mostraram-se bem distintas das amostras coletadas no domínio oeste, diferença identificada pelos
teores dos elementos V, Ni, Co, Y e Ba. A sistemática dos elementos terras raras nas formações
ferríferas do QF é similar à encontrada em outras partes do mundo, apresentando conteúdo total de
ETR relativamente baixo com fracionamento de ETRL em relação aos pesados, além da anomalia
levemente positiva de Eu.
Afloramentos da Formação Cauê na região Serra Azul no QF foram estudados por Amorim &
Alkmim (2011), sendo abordados: hematita e itabirito silicoso, itabirito magnetítico e formação
ferrífera argilosa. A hematita e o itabirito silicoso apresentaram dominância do minério compacto e
compacto duro. O itabirito compacto duro apresentou uma composição de cerca de 50% de
hematita/martita contendo de 30 - 40% de Fe, uma média de 47% de sílica oriunda do quartzo e em
menores quantidades outros componentes como fósforo, alumina e perda por ignição. O itabirito
magnetítico pouco abundante na parte ocidental do Serra Azul apresenta-se como uma rocha dura com
teor de ferro entre 25 - 35%. Os minerais de ferro são compostos por: hematita, magnetita, goethita e
grunerita, além desses minerais estão presente calcita, dolomita e quartzo. A presença de carbonatos
nessas rochas implica em alto teores de CaO, MgO e perdas por ignição. Já a formação ferrífera
argilosa encontrada na parte oriental do Serra Azul, apresenta-se como uma rocha macia e com teor de
cerca de 29% de Fe.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
17
Hial Filho (2013) ao estudar afloramentos da Formação Cauê na região do Sinclinal
Gandarela, determinou um percentual médio de 65,04 de Fe2O3 e 32,32 de SiO2 nas amostras
analisadas, sendo a soma de Fe e Si de 97,36%. A soma encontrada apresenta um valor elevado em
relação às outras FFB do mundo, aproximando-se da de Carajás (Macambira & Schrank 2002) que
chega próximo de 98%. O valor máximo 91,69% de Fe2O3 foi encontrado em itabirito compacto, onde
há basicamente óxido de ferro. Já o valor mínimo 21,08% de Fe2O3 foi encontrado no quartzito onde
SiO2 apresenta seu máximo de 85,5%. Segundo o autor Hial Filho (2013), o enriquecimento de Fe e o
baixo teor de Si encontrados nas amostras do topo da Formação Cauê, levam a entender que a região
sofre intemperismo, ocorrendo lixiviação da sílica e remobilização do Fe, gerando grandes
concentrações. Já os outros óxidos determinados MgO, CaO, MnO e TiO2, P2O5 e Al2O3 apresentaram
valores muito baixos e sem grandes variações, porém algumas dessas variações apresentaram-se
diretamente proporcionais e podem indicar o processo de lixiviação e permanência dos óxidos.
Alkmim (2014) realizou alguns estudos mineralógicos e geoquímicos em diferentes tipos de
itabiritos (itabirito goethítico friável, itabirito silicoso contaminado friável, itabirito silicoso semi-
compacto e itabirito silicoso compacto) da Formação Cauê, da região da Serra do Gandarela (QF). Ao
longo do perfil estudado foi observado que a concentração de SiO2 aumentava com o aumento da
profundidade e em contrapartida havia uma diminuição dos elementos-traços, inclusive dos ETR.
Como o itabirito silicoso compacto (ISC) e o itabirito silicoso semi-sompacto (ISSC) mostraram
mineralogia principal muito próxima (hematita, quartzo, martita, magnetita e celadonita), refletindo
em uma composição química da rocha total e assinaturas geoquímicas muito parecidas e por não
apresentarem características marcantes de intemperismo, esses litotipos foram usados para se
determinar a assinatura geoquímica do itabirito silicoso original da sucessão da Fazenda Gandarela. O
ISC apresentou uma composição química próxima de suas concentrações médias para os diferentes
elementos: Fe2O3 (56,02%), SiO2 (40,68%), FeO (0,36%), P2O5 (0,092%), Al2O3 (0,119%), MgO
(0,050%), Na2O (0,029%) e MnO (0,013%). De maneira geral, mostrou-se empobrecido em
elementos-traços, inclusive os ETR. Os perfis Y-ETRPAAS deste litotipo apresentaram enriquecimento
dos ETRP em relação aos ETRL, anomalias positivas em Eu e Y e anomalias negativas em Ce ou
anomalias positivas em La. Já o ISSC apresentou concentrações médias de 57,7% de Fe2O3, 39,39%
de SiO2, além de baixas concentrações dos óxidos de Al, P, Mn, Ca e Na e uma alta concentração de
MgO (0,103%). Apresentou também menores somatórios de ETR em relação as outras litologias
estudadas. Concentrações de Fe2O3 muito mais altas do que de FeO foram identificadas no ISSC, o
que é reflexo da maior concentração de martita em relação a magnetita e as concentrações de Al2O3 e
MgO refletem a presença dos minerais celadonita e muscovita. Assim como o itabirito silicoso
compacto, mostrou baixos teores de elementos-traços, com exceção dos elementos Rb e Cs. Há um
enriquecimento leve dos ETRP em relação aos ETRL, com anomalias de Eu e Y. Grande parte das
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
18
amostras de ISSC apresentaram anomalias positivas em La e algumas possuíram anomalias
verdadeiras de Ce e anomalia positiva deste elemento.
Para fins comparativos com os itabiritos da Serra do Gandarela, Alkmim (2014) e Alkmim et
al. (2015) realizaram análises geoquímicas em amostras de itabirito anfibolítico, silicoso e magnetítico
da Formação Cauê da Serra Azul, região oeste do QF. O itabirito magnetítico apresentou altas
concentrações de MnO, CaO, TiO2, MgO, FeO e dos elementos Cr, Sc, Rb, Sr, Zr, Hf, Th e Bi. O
itabirito anfibolítico apresentou altos teores de Al2O3, P2O5, Fe2O3 e de elementos-traços. Já o itabirito
silicoso apresentou baixas concentrações de Al2O3, MnO, TiO2 e de elementos-traços. A contaminação
detrital, analisada pela concentração dos elementos traços (Sc, Sr, Zr, Hf eTh), inferiu que o itabirito
magnetítico apresentou maior e o itabirito silicoso menor contaminação. As razões Y/Ho apresentaram
uma média de 38,67 para o itabirito magnetítico, 35,59 para o silicoso e 28,82 para o amfibolítico,
similar a razão de formações ferríferas paleprotorozoicas jovens e arqueanas jovens (Planavsky et al.
2010). Quanto ao padrão Y-ETR, os itabiritos analisados apresentaram anomalias positivas em Eu,
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL, razões (Sm/Yb)SN < 1 e (Eu/Sm)SN > 1 (Bau &
Möller 1993) e anomalias positivas em Y (exceto algumas amostras que apresentaram anomalias
negativas desse elemento). Os itabiritos silicosos da Serra do Gandarela e da Serra Azul apresentaram
grande semelhança na composição química, porém o itabirito silicoso original do Gandarela possui um
enriquecimento nos elementos Al, Ti, Mg, Fe3+, Sc, Ni, Cu, Ga, Rb, Sr, Zr, Nb, Cs, Ba, Hf, Bi, Th, U e
ETRL, o que pode estar relacionado a uma proximidade maior desta área com a fonte. Os autores
sugerem para os itabiritos da Formação Cauê: interação de fontes clásticas (relacionada a altas
concentrações dos elementos Sc, Sr, Zr, Hf e Th e a correlação entre os elementos U, Ni e Cu com o
Al2O3), hidrotermais (devido a presença de anomalias positivas em Eu e a fonte do ferro), e vulcânicas
(relacionada à presença de celadonita em itabiritos silicosos da região do Gandarela).
2.3- SINCLINAL GANDARELA
O Sinclinal Gandarela, localizado na porção centro-leste de Minas Gerais e na porção centro-
nordeste do Quadrilátero Ferrífero (figura 2.3), foi escolhido como área de estudo. Segundo Dorr II
(1969), a estrutura tectônica do Sinclinal Gandarela é seccionada pela falha do Fundão na sua porção
sudeste e central e com afloramentos dos grupos Itabira e Sabará. Apresenta metassedimentos do
Supergrupo Minas e está em contato com o Grupo Nova Lima, pertencente ao Supergrupo Rio das
Velhas, e com embasamento composto por rochas graníticas do Complexo Metamórfico Caeté (e. g.
Oliveira et al. 2005). O Sinclinal se orienta segundo a direção NE-SW, com estilos estruturais
diferentes a nordeste e sudoeste. No segmento sudoeste, o traço se bifurca para o sul com caimento
para norte e oeste. Já no outro segmento o outro caimento é para SW (Dorr II 1969).
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
19
A região apresenta grandes perspectivas para prospecção de minério de ferro (Oliveira et al.
2005), já que possui formações ferríferas hospedadas na Formação Cauê, que são objeto de estudo
desse projeto.
Figura 2.3- Mapa geológico do Sinclinal Gandarela (QF), segundo Oliveira et al. (2005).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
20
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
CAPÍTULO 3
FORMAÇÕES FERRÍFERAS BANDADAS
3.1- DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
As Formações Ferríferas Bandadas (Banded Iron Formation – BIF) são consideradas como a
mais importante fonte de minério de ferro do mundo, pois encontram-se em todos os continentes em
depósitos que atingem centenas de metros de espessura e uma extensão lateral de dezenas de km2
contendo 104 - 105 toneladas de ferro (Vilela 2001). Essas formações apresentam uma grande
variedade de nomenclaturas, devido à existência dessas rochas em diferentes regiões de forma
independente e isolada. Assim como uma variedade de classificações, devido à diversidade na
composição mineralógica das mesmas.
James (1954) definiu o termo iron-bearing formation como rochas de origem sedimentar
química finamente bandadas ou laminadas, contendo 15% ou mais de ferro sedimentar, podendo
conter camadas de chert. Segundo o mesmo autor, essas rochas são constituídas por lamas
hidrotermais onde os elementos são depositados por precipitação em ambiente subaquoso, por sua vez
esses elementos são oxidados por águas oceânicas. Ao realizar estudos sobre formações ferríferas do
Lago Superior (Canadá), classificou essas formações em quatro fáceis conforme a profundidade e
condições de pH e Eh das quais elas foram precipitadas: fáceis óxido, caracterizada pela presença de
hematita ou magnetita; fáceis silicato, pela presença de greenalita, minnesotaita e/ou stilpnomelana;
fáceis carbonato, pela presença de siderita e ankerita; fácies sulfeto, pela presença de pirita e outros
sulfetos.
Gross (1959) definiu o termo iron formation como unidades acamadadas, laminadas ou
bandadas que contém 15% ou mais de ferro, onde as bandas de minério de ferro estão intercaladas
com bandas de quartzo, chert e carbonatos e que apresentam a mesma morfologia e atitude de rochas
bandadas sedimentares, vulcânicas ou metassedimentos adjacentes.
De acordo com Dorr II & Barbosa (1963), o termo itabirito é dado às formações ferríferas de
fáceis óxido laminadas e metamórficas, em que o jaspe ou chert foram recristalizados em quartzo
granular e o ferro presente está na forma de hematita, magnetita e martita. Quando o itabirito apresenta
quantidades consideráveis de impurezas como dolomita ou calcita, argila e minerais metamórficos
derivados desses materiais, o termo itabirito deve ser distinguido por um nome do mineral qualificador
apropriado, como por exemplo, o itabirito dolomítico, no qual a dolomita substitui o quartzo de
maneira generalizada.
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
22
Gross (1965) propôs uma classificação baseada numa gama de parâmetros desde a litologia ao
modelo tecno-sedimentológico, dividindo em quatro tipos: Algoma, Superior, Clinton e Minette
(tabela 3.1).
Tabela 3.1- Classificação de formações ferríferas quanto ao depósito tipo, modificada de Raposo (1996).
Tipo Descrição Associações Dimensões e
ambientes
Posição nas
sequências e
idades
Lago superior e
Krivoy Rog
Rochas ricas em chert, finamente
bandadas com camadas ferríferas.
Grânulos e oólitos de chert e minerais
de ferro constituem característica
textural típica. Não apresentam material
clástico a não ser na zona de transição.
Notável a alternância de camadas ricas
e pobres em ferro e chert. O
bandamento pode ser interrompido por
lentes nodulares ou alongadas de chert
e jaspe ou por raras estratificações
cruzadas. Deformações ou micro
fraturamento aparecem em alguns grãos
de chert. Estilótilos são comuns.
Associações com
quartzitos, folhelhos
negros carbonáticos,
conglomerados,
dolomitos, chert
maciço, brecha de
chert e argilitos.
Rochas vulcânicas
não se encontram
comumente
associadas.
Camadas contínuas
se estendem por
centenas de
quilômetros com
espessuras de
dezenas a centenas
de metros ao longo
de margens de bacias
geossinclinais. De
águas rasas de
plataformas
continentais e bacias
miogeossinclinais.
Ocorre nos níveis
mais inferiores
da sequência qe
jaz discordante
sobre
embasamento
altamente
metamorfoseado.
De idade
proterozoica
inferior em quase
todo o mundo,
embora possa
ocorrer em outros
períodos.
Algoma e Lahn Dill
Tipicamente bandada com finas
intercalações de jaspe ou chert
ferruginoso cinza, hematita e magnetita.
Localmente siderita, carbonato, silicatos
e piritapirrotita. Texturas oolíticas
granulares são ausentes ou raras, exceto
nas ocorrências fanerozoicas.
Estreitamente
associadas a vários
tipos de rochas
vulcânicas, com
presença de lavas
almofadadas, tufos,
rochas piroclásticas e
derrames. Também
grauvacas, ardósias
cinzas e verdes e
folhelhos carbonosos
negros. Tufos e leitos
clásticos finos
occorem
intercalados.
Interpretadas como
de ambientes
eugeossinclinais.
Comumente no
Precambriano
Inferior, mas
também no
Fanerozoico.
Minette
Tipo mais comum e generalizado de
sedimentos ferruginosos oolíticos sem
chert. Cor amarronzada e verde escuro.
Composto principalmente de siderita e
silicatos de ferro como chamosita e
ferrocloritas, assim como de goethita-
siderita. A sílica, que em geral atinge
mais de 20%, se aloja na chamosita,
ferrossilicatos e, em menor proporção,
em grãos clásticos de chert. Teores de
ferro inferiores a 40% e teores de
fósforo superiores aos do tipo Lago
Superior e Algoma. Fáceis carbonática
e silicática prevalescem. Acamamento
mais lenticular e menos maciço que no
tipo Clinton.
Comumente
associado com
folhelhos carbonosos
negros, argilitos
sideríticos ou
chamosíticos e
arenitos. Citadas
sedimentares cíclicas:
siltitos calcários,
siltitos sideríticos,
carbonatos
sideríticos,
sedimentos oolíticos
calcários, goethíticos
ou chamosíticos.
Ambiente marinho
ou de águas salobras
em bacias raras.
Abundante em
sequências
mezozoicas e
terciárias da
Europa.
Clinton
Tipicamente em camadas maciças de
cor vermelho forte e púrpura, com
texturas oolíticas, compostas de uma
mistura de hematita, chamosita e
siderita. Diferem do tipo Lago Superior
pela ausência de chert, estando a sílica
principalmente em ferrosilicatos.
Assemelham-se ao tipo Minette do qual
se diferenciam por ter mais hematita
que chamosita ou carbonato como
principal mineral de ferro. O teor de Fe
é maior que 40% e o fósforo varia de
0,4% a 0,7%.
Associam-se a
folhelhos carbonosos,
folhelhos arenosos,
dolomitos e calcários.
Em áreas marginais,
camadas finas
intercalam-se com
folhelhos.
Desenvolvem-se em
margens continentais
ou partes rasas de
miogeossinclinais.
Comuns em
rochas do
Cambriano ao
Devoniano, mas
alguns tipos de
idade
precambriana se
encontram no
Transvaal,
África.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
23
Kimberley (1978) propôs que o termo iron formation fosse utilizado como parte de um nome
estratigráfico e ironstone para descrição litológica, sendo o último termo seria aplicado a rochas
sedimentares com mais de 15% de ferro que substituiria o termo iron-formation proposto por James
(1954). O mesmo autor classificou as formações ferríferas em seis tipos de acordo com o ambiente
sedimentar do qual foram geradas: SVOP-IF, MECS-IF, SCOS-IF, DWAT-IF, SOPS-IF e COSP-IF
(tabela 3.2). Pode-se comparar as formações ferríferas tipo Lago Superior de Gross (1965) com as do
tipo MECS-IF e as formações tipo Algoma com as do tipo SVOP-IF e ou DWAT-IF.
Tabela 3.2- Classificação das formações ferríferas, modificada de Kimberley (1978).
Acrônimo Nome Características
SVOP-IF Formações ferríferas da plataforma
vulcânica rasa.
Ricas em chert, predominantemente
arqueanas e paleozoicas.
MECS-IF
Formações ferríferas de plataforma
marinha aberta, ricas em sedimentos
químicos e pobres em metazoários.
Ricas em chert, bandadas, tipo mais
abundante no Proterozoico Inferior.
SCOS-IF Formações ferríferas arenosas, argilosas
e oolíticas de mar raso ponteado de ilhas.
Pobres em chert,
predominantemente arqueanas.
DWAT-IF Formações ferríferas de águas profundas. Ricas em chert, predominantemente
arqueanas.
SOPS-IF Formações ferríferas de mares rasos,
arenosas e pobres em oolitos.
Pobres em chert, ricas em
glauconita, somente no fanerozoico.
COSP-IF Formações ferríferas de pântanos
carbonosos.
Pobres em chert, não oolíticas,
somente no Fanerozoico.
Beukes (1980) propôs uma nomenclatura e classificação que contempla aspectos texturais,
estruturais e composicionais: formações ferríferas bandadas, granulares e intermediárias. Sendo que
esta classificação também incluía rochas metamórficas, para as quais introduziu o sufixo: “ irito” para
formações ferríferas metamórficas micro andadas, “fels” para formações ferríferas metamórficas
maciças e macroquartzo para bandas maciças de chert metamórfico. Com isso o termo itabirito
utilizado para formações ferríferas do QF passou também a ser considerados numa classificação geral
de formações ferríferas.
Clout & Simonson (2005) subdividiram as formações ferríferas que não foram obliteradas e
preservam as características deposicionais em dois tipos: BIF (Banded Iron Formation) e GIF
(Granular Iron Formation). Essa classificação foi feita com base no tamanho dos grãos originais,
sendo que é notável que as BIF foram depositadas como lâminas químicas e que as texturas dentríticas
das GIF são geralmente mantidas e consistem de areias bem selecionadas. Segundo os mesmos
autores, as BIF apresentam todas as fáceis designadas por James (1954) e as GIF apresentam apenas
fáceis óxido e silicato, sendo a última de ocorrência rara.
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
24
3.2- COMPOSIÇÃO QUÍMICA E MINERALOGIA
3.2.1- Mineralogia e composiçao química de elementos maiores e menores
Segundo James (1954), o ferro contido nos minérios de ferro das fomações ferríferas podem
estar na forma de magnetita, martita, especularita, hematita vermelha macia, limonita, siderita, clorita,
greenalita, minnesotaita, stilpnomelana, grunerita, fayalita ou pirita.
James (1966) realizou análises geoquímicas em FF de fáceis óxido e silicato. As formações de
fáceis óxido apresentam composição simples, constituídas principalmente de ferro e sílica. Já as de
fáceis silicato, apresentam silicatos primários de forma dominante, como a chamosita, greenalita e a
glaucconita somados a menores quantidades de minnesotaita, cloritas ricas em ferro ou stilpnomelana
(provavelmente de origem metamórfica). Foi detectado nas rochas de fáceis silicato um certo grau de
metamorfismo, sendo constituídas de camadas chert recristalizado alternadas com camadas de silicatos
que possuíam quantidades consideráveis de magnetita e siderita. Segundo o mesmo autor, essas rochas
apresentam baixos teores de elementos-traços.
No QF a sequência de itabiritos é relativamente monótona, sendo que o óxido predominante é
a hematita na forma de martita, hematita granoblástica e especularita, geradas em diferentes gerações e
com graus de metamorfismos e deformação bem esclarecidos (Rosière et al. 2001). Na região há
presença de quatro tipos de itabirito: silicoso, dolomítico, amfibolítico e magnetítico (tabela 3.3). O
itabirito silicoso é o tipo dominante nessa região, mas os outros tipos são encontrados dentro da
Formação Cauê (Amorin & Alkmim 2011).
Segundo Rosière & Chemale Jr. (2001), o metamorfismo em formações ferríferas bandadas
causam transformações mineralógicas notáveis nas frações impuras como o aumento de componentes
terrígenos, tais como a cristalização de anfibólios, cloritas e etc. Além de que a presença de fluidos
hidrotermais pode causar modificações na composição original e consequentemente podem extinguir
parcialmente ou totalmente as caracter sticas “primárias” da rocha.
Fernandes et al. (2004) estudou fáceis óxidos de formações ferríferas da região de Pium-hí
(MG), nas quais encontrou dois tipos: maciças e bandadas. As fáceis bandadas apresentaram hematita,
goethita, magnetita, quartzo e algumas apresentavam especularita, já as maciças apresentaram
especularita, magnetita, hematita e goethita.
A assembleia mineral pode evidenciar o grau de metamorfismo dessas rochas, sendo que a
presença de grunerita, hornblenda e hedenbergita, sugerem que essas rochas sofreram metamorfismo
de médio a alto grau (Klein 2005). Além disso, a presença de hematita e goethita indicam a ocorrência
de processos diagenéticos e/ou supergênicos.
A geoquímica das formações ferríferas bandadas é de extrema importância para o
entendimento do ambiente de deposição dessas formações e, consequentemente, do processo evolutivo
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
25
pelo qual elas passaram. A ocorrência de diversas FF do mundo apresenta similaridades modais, como
predominância composicional de SiO2 e Fe2O3. A composição dos elementos maiores e menores pode
representar a mistura complexa de diversas fontes como: água do mar, contribuições de materiais
clásticos, vulcânicos e fluídos hidrotermais (Figueiredo 2012).
Tabela 3.3- Itabiritos da Formação Cauê, traduzido de Amorim & Alkmim (2011).
Itabirito silicoso Itabirito dolomitico Itabirito anfibolitico Itabirito magnetitico
Componentes
maiores
Acessórios
Componentes
Maiores
Acessórios
Componentes
maiores
Acessórios
Componentes
Maiores
Acessórios
Min
eralo
gia
Banda
escura
hematita,
martita
mt, se, qz,
py, mnox
hematita,
martita
mt, qz, dl,
mnox
Hornblenda,
grunerita
hm, ma,
mt, qz, dl,
af
Magnetita,
hematita,
martita,
grunerita
Hm,ma,
qz, af, ca,
cl, bi, sp,
tc
Banda
clara
Quartzo
hm, ma, cl,
se, dl, py,
mnox
Dolomita
Hm, ma,
qz, py, tc,
mnox
tremolita,
actinolita
Hm, ma,
mt, qz, dl
quartzo,
carbonato
Mt, hm,
ma, qz, af,
ca, cl, bi,
sp, tc
Com
posi
ção q
uím
ica
típ
ica
Fe
30-40%
35%
35%
25-35%
SiO2
40-60%
<1% 45%
35-55%
CaO
<0,1%
15% <1%
2-10%
MgO
<0,1%
10% <1%
2-10%
LOI
1-2%
>5% 1-2%
>5%
* af = anfibólio, cl = clorita, dl = dolomita, hm = hematita, mt = magnetita, ma = martita, mnox = oxido de manganês, py =
pirofilito, qz = quartzo, se = sericita, tc = talco, ca = carbonato, sp = stilpnomelano, bi = biotita.
Segundo Klein (2005), FF pré-cambrianas de idade entre 3.8 – 1.8 Ga, apresentam 20 - 40
wt% de Fe total, 43 - 56 wt% de SiO2, 1,2 - 6,7 wt% de MgO e 1,75 - 9,0 wt% de CaO. Porém, as
concentrações de elementos menores são baixas < 3,5 wt%, assim como os teores de Al2O3 que variam
de 0,09 - 1,8 wt%. Figueiredo (2012) em seu trabalho sobre a gênese e geoquímica de formações
ferríferas do Maciço São José do Campestre, no estado do Rio Grande do Norte, comparou a
composição química de elementos maiores das formações ferríferas dessa região com outras
formações mundiais, inclusive as do Quadrilátero Ferrífero (figura 3.1). A presença dos elementos Al,
Ti, K e também de Rb nessas rochas refletem contribuições terrígenas (geralmente tufáceas)
(Lindenmayer et al. 2001).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
26
Figura 3.1- Média de componentes de elementos maiores (%) em análises de rocha total de FF do Transvaal,
África do Sul, Hammersley, Yilgarn, Carajás, Quadrilátero Ferrífero e Maciço São José do Campestre. 1- Spier
et al. (2007); FFB Kuruman tipo óxido (Klein & Beukes 1989). 2 - FFBs arqueanas associadas a sequências tipo
Greenstone belts (Beukes 1973); 2.1 - Unidade sedimentares (Grupo Ghoko) Rhodesia (Stowe 1968) e 2.2 -
Unidade sedimentar - Grupo Tree - Barbeton greenstone belt (Davies & Urie 1956). 3 - Dales Gorge (Taylor et
al. 2001). 4 - FF metamorfizadas em alto grau - Oeste da Austrália. Média dos valores obtidos (Gole 1981). 5 -
Serra Norte Carajás (Lindenmayer et al. 2001). 6 - Quadrilátero Ferrífero (Spier et al. 2007); 6.1 - Itabirito
dolomítico e 6.2 - Quartzo Itabirito. 7 - Média dos valores das FF da porção sul do MSJC (Figueiredo 2012).
Figura retirada de Figueiredo (2012).
Pires e Souza et al. (2014) ao estudar três tipos de itabirito (itabirito, itabirito semifriável e
itabirito friável) da Serra do Sapo em Conceição do Mato Dentro (MG), determinaram uma
composição química bastante similar para os itabiritos da região, com CaO ≤ 0,14 wt%, MgO ≤ 0,04
wt%, MnO ≤ 0,21 wt%, Al2O3 ≤ 0,94 wt%, K2O ≤ 0,27 wt%, TiO2 ≤ 0,05 wt% e P2O5 ≤ 0,11 wt% e
concontração mais elevada de Al2O3, MgO e K2O para o itabirito friável e semifriável e de P2O5 e CaO
para o itabirito.
3.2.2- Geoquímica de elementos-traços
A abundância e a distribuição relativa dos elementos-traços, principalmente dos elementos
terras raras (Kato et al. 1998), em rochas sedimentares é uma ferramenta poderosa para entender os
ambientes geológicos e processos ocorridos, inclusive em FFB (e.g. Frei et al. 2008). O termo
elementos terras raras (ETR) compreende os elementos da série dos lantanídeos (ln), que representam
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
27
os números atômicos de 57 a 71 (IUPAC 2005). O elemento promécio (Pm) dessa série não aparece
em estudos geoquímicos, pois não é encontrado na natureza, devido a rápida desintegração de seus
isótopos. Os Ln podem ser divididos em: elementos terras raras leves (ETRL), do La ao Sm, e
elementos terras raras pesados (ETRP), do Gd ao Lu. Os elementos Sc e Y são comumente incluídos
aos elementos terras raras por apresentar características físico-químicas semelhantes á eles. Algumas
propriedades desses elementos estão expressas na tabela 3.4.
Tabela 3.4- Elementos Terras Raras, número atômico, massa atômica, valência e distribuição eletrônica (Cornell
1993).
Divisão e comentários Número
atômico Elemento Símbolo
Massa
atômica Vâlencia
Distribuição
eletrônica
Terras raras leves
57 Lântanio La 138,9 3 [Xe] 5d1 6s2
58 Cério Ce 140,1 3ou 4 [Xe] 4f1 5d1 6s2
59 Praseodímio Pr 149,9 3 [Xe] 4f3 6s2
60 Neodímio Nd 144,3 3 [Xe] 4f346s2
61 Promécio Pm 146,9 3 [Xe] 4f5 6s2
62 Samário Sm 150,4 3 [Xe] 4f6 6s2
Intermediário 63 Európio Eu 152,0 2 ou 3 [Xe] 4f7 6s2
Terras raras pesados
64 Gadolínio Gd 157,3 3 [Xe] 4f7 5d1 6s2
65 Térbio Tb 158,9 3 [Xe] 4f9 6s2
66 Disprósio Dy 162,5 3 [Xe] 4f10 6s2
67 Hólmio Ho 164,9 3 [Xe] 4f11 6s2
68 Érbio Er 167,3 3 [Xe] 4f12 6s2
69 Túlio
Tm 168,9 3 [Xe] 4f13 6s2
70 Itérbio Yb 173,0 3 [Xe] 4f14 6s2
71
Lutécio Lu 175,0 3 [Xe] 4f14 5d1 6s2
Menor similaridade 21
Escândio Sc 44,96 3 [Ar] 3d1 4s2
Similiar ao Ho 39 Ítrio Y 88,91 3 [Kr] 4d1 5s2
A valência e as transições eletrônicas que ocorrem na camada interna de um elemento químico
são responsáveis pelo comportamento químico do mesmo. Sendo assim, a semelhança nas
propriedades físico-químicas dos ETR se dá pela configuração eletrônica, já que ocorre o
preenchimento crescente do sub-nível 4f (Henderson 1984).
Os elementos desta série apresentam o íon trivalente como forma iônica mais estável, com
exceção do Eu e Ce que podem apresentar um estado de oxidação distinto, II e IV respectivamente
(tabela 3.4). O aumento da carga do núcleo dos lantanídeos provoca uma contração dos vários
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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subníveis desses elementos, especialmente 5s e 5p, diminuindo assim o raio iônico (Figueiredo 1985;
Martins & Isolani 2005). A esse processo de diminuição do raio iônico com o número atômico se dá o
nome de contração lantanídica. Apesar das semelhanças no comportamento geoquímico, os processos
petrológicos e mineralógicos podem gerar um fracionamento destes elementos (Henderson 1984).
Há também uma variação natural na abundância relativa ao número atômico dos ETR, sendo
que os lantanídeos de número atômico par apresentam-se mais abundantes, devido maior estabilidade
de seus núcleos atômicos. Com essa variação, diagramas comuns de concentração desses elementos
em função do número atômico apresentam um padrão zig-zag. Esse efeito zig-zag pode ser evitado
normalizando as concentrações dos ETR em relação á uma referência (expresso na base logarítimica
10). Como referência utiliza-se geralmente um condrito que é um meteorito rochoso primário que
apresenta características mais próximas do magma (Formoso et al. 1989; Rollinson 1993).
Outra caracerística importante dos ETR é a baixa solubilidade em relação aos outros
elementos e, consequentemente, menor mobilidade durante o metamorfismo de baixo grau, alterações
hidrotermais e intemperismo, exceto se a razão fluido/rocha for muito elevada (Rollinson 1995). Por
isso a assinatura dos elementos terras raras em FFB está relacionada com a presença desses elementos
na água do mar onde o ferro foi precipitado (Bekker et al. 2010). De maior importância geológica,
destacam-se o Ce e o Eu, já que nesse grupo apenas esses elementos apresentam mudanças no estado
de oxidação em relação a condições de oxirredução em ambientes sedimentares/oceânicos.
Anomalias positivas do elemento Eu em formações ferríferas indicam que os oceanos eram
controlados por soluções hidrotermais (Kato et al. 1998; Derry & Jacobsen 1990), as quais são
consideradas fontes de ferro e de SiO2. O comportamento do Eu em fluidos hidrotermais está
vinculado a redução do Eu3+ para Eu2+ em condições de altas temperaturas (> 250 ºC) e baixo Eh
(Klinkhammer et al. 1983). Essas anomalias em Eu tendem a diminuir com o tempo, pois a
temperatura das soluções hidrotermais tendem a baixar como reflexo da queda da temperatura do
manto superior (Bau & Möller 1993). Enquanto essas anomalias positivas em Eu indicam proximidade
com a fonte, as anomalias negativas indicam a deposição em posições distais das fontes hidrotermais
ou fontes de temperaturas mais baixas (e.g. Filho 2012).
Já anomalias do elemento Ce, estão relacionadas com condições de oxirredução da água do
mar, necessitando de condições mais oxidantes do que o Eu para a sua oxidação de Ce3+ para Ce4+
(Bau & Dulski 1996). Anomalias negativas de Ce indicam que o teor de oxigênio na bacia de
deposição das formações ferríferas é alto o suficiente para a oxidação Ce, resultando em Ce4+ que é
insolúvel e facilmente incorporado aos sedimentos de fundo oceânico, principalmente em nódulos de
Mn (Filho 2012).
Anomalias de Ce em águas marinhas e em seus precipitados químicos podem ser mascaradas
em ambientes marinhos que apresentam abundância do elemento La (lantânio). Para determinar a real
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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anomalia de Ce em precipitados marinhos, Bau & Dulski (1996) combinaram valores de Ce/Ce* e
Pr/Pr*. Sendo que, anomalias positivas em Ce estão relacionadas a razão (Pr/Pr*) < 1 e anomalias
negativas em Ce estão relaciondas a razão (Pr/Pr*) > 1.
Segundo Klein (2005) e Alexander et al. (2009), as FFB arqueanas apresentam anomalias
positivas em Eu, enquanto que nas proterozoicas essas anomalias tendem a desaparecer e anomalias
em Ce tendem a ser pronunciadas.
Há trabalhos que relacionam o padrão dos ETR e a concentração do Y (ítrio) em FF com
períodos de tempo. Os elementos Y e Ho (hólmio) apresentam uma distribuição em águas oceânicas
muito próximas, porém o comportamento desses elementos na água do mar é distinto. Em ambientes
oxidantes a solubilidade do Y aumenta e o Ho é absorvido por partículas em suspensão gerando altas
razões Y/Ho, enquanto em águas anóxidas ou subanóxidas, a solubilidade do Ho aumenta e,
consequentemente, gera menores razões Y/Ho em FFB (Nozaki et al. 1997; Bau & Dulski 1996). Em
bacias anóxidas e subanóxidas do final do arqueano e início e paleoproterozoico, o aumento da
solubilidade do Y e a retenção de Ho em partículas em suspensão por oxidação microbial, geram
maiores valores de razão Y/Ho em FFB que estão em equilíbrio com a água do mar. Porém a ausência
de significativas anomalias negativas nessas formações indicam que o processo de oxidação microbial
responsável pelo aumento da solubilidade do Y, não foi suficiente para oxidar o Ce3+ em Ce4+, gerando
sedimentos sem depleção em Ce (Planavsky et al. 2010). Altas concentrações de Y evidenciam fontes
mais continentais e altas concentrações de Ho evidenciam maior influência mantélica (Fiqueiredo
2012).
As razões Ce/Ce* e Y/Ho são inversamente proporcionais e ajudam na determinação da
profundidade na qual ocorreu a deposição, sendo que valores de Ce/Ce* << 1 e Y/Ho > 30 evidenciam
uma maior profundidade de sedimentação e ambientes menos oxidantes, e valores de Ce/Ce* < 1 e
Y/Ho < 30 evidenciam uma menor profundidade de sedimentação, ou seja, ambientes mais rasos, e
ambientes mais oxidantes (Beukes & Klein 1990).
Bau (1996) estudou o comportamento Y/Ho em sistemas magmáticos e aquosos. Em um
sistema geoquímico CHArge-and-Radius Controlled (CHARAC) os elementos com semelhante carga
e raio, como Y e Ho, podem apresentar um comportamento consistente e preservar sua relação
condritica, com 24 < Y/Ho < 34. Já em sistemas aquosos esse comportamento não é observado, pois
há um fracionamento controlado por interações químicas com fluidos, gerando altos valores 44 <
Y/Ho < 74. No caso de águas marinhas, o fracionamento ocorre pela eliminação do elemento Ho por
materiais particulares.
Razões Y/Ho acima de 44 foram encontradas em martitas em estágio inicial de alguns
depósitos do QF: Águas Claras, Baú, Mutuca, Usiminas, Corrégo de Feijão e Cauê (Hensler et al.
2015). Esse mesmo comportamento foi identificado em itabiritos estudados por Bau (1996), Planavsky
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
30
et al. (2010), Spier et al. (2007) e Morgan et al. (2013). O alto valor de Y/Ho encontrado nessas
rochas e minerais refletem o enriquecimento em ETR dessas formações. Já razões Y/Ho menores que
34 foram encontradas em hematita microtabular e granoblástica recristalizada de estágio tardio dos
depósitos Usiminas, Conceição, Esperança e Pico (QF) e podem implicar no envolvimento de fluidos
hidrotermais e na restauração da assinatura de ETRP (Hensler et al. 2015).
FFB paleoproterozoicas primárias apresentam anomalias de Y e razões média de Y/Ho de 39,
refletindo condições químicas de oceanos antigos (Planavsky et al. 2010).
Anomalias negativas em Eu associadas com um empobrecimento em ETRL também
evidenciam intensos processos metamórficos e hidrotermais. Já anomalias positivas de Y em FF, são
comuns em águas dos mares modernos e refletem uma rápida precipitação do material ferrífero
favorecida pela migração de águas marinhas redutoras e levemente ácidas, até ambientes rasos de
águas mais alcalinas e oxidantes (Costa 2013).
Neri (2012) ao realizar estudos comparativos de FFB da Serra do Bom Sucesso (QF) com
Itabiritos da Formação Cauê (QF), determinou que essas formações apresentam anomalias positivas
em Eu, Y e La, ausência de anomalias negativas em Ce e enriquecimento relativo de ETRP.
Planavsky et al. (2010) em seu trabalho de comparação de diversas formações ferríferas
mundiais com carbonatos da Província Superior do Canadá, relataram diferentes perfis de Y-ETR de
formações ferríferas Arqueanas e Paleproterozoicas. No Arqueano, contribuições hidrotermais de
vents localizados no fundo dos oceanos dominavam, evidenciadas por maiores anomalias positivas em
Eu, enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL, condições anóxidas evidenciadas por anomalias
negativas em Ce, altas razões Y/Ho, ou seja, uma influência mantélica muito forte. Já no
Paleproterozoico há um enfraquecimento dessa influência mantélica e uma componente continental
detrítica é evidenciada.
A presença de minerais ricos em ETR em formações ferríferas podem influenciar
significativamente no conteúdo desses elementos na rocha total. Bowins & Crocket (2011)
identificaram através de análises em microssonda eletrônica a presença de minerais acessórios ricos
em ETR (xenotima e monazita) em FFB arqueanas nas Minas Sherman e Adams, Canadá. Durante
processos diagenéticos iniciais da formação ferrífera, provavelmente os ETR e os fosfatos formadores
dos grãos analisados acompanharam a deposição dos minerais óxidos, durante a liberação e
desidratação dos fluidos nos poros. O enriquecimento de ETRP em xenotima pode indicar um refluxo
de fluidos em poros de FFB sedimentares para coluna de água que se apresentam mais ricas nesses
elementos do que águas do mar original.
Atualmente, alguns trabalhos publicados envolvem a determinação de elementos-traços em
fases minerais (objetivo do presente trabalho) de FF (Müller et al. 2003; Figueiredo e Silva 2009;
Chung et al. 2015; Hensler et al. 2015; Oliveira et al. 2015), que assim como os resultados da rocha
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
31
total podem ajudar no entendimento dos processos de evolução desses minerais e consequentemente o
ambiente de gênese e deposição em que foram formados.
Müller et al. (2003) realizaram estudos in-situ em magnetitas de depósitos de ferro
Kiirunavaara, região norte da Suécia. Foram determinados 17 elementos-traços (V, Mn, Cu, Zn, Rb,
Sr, Mo, Ag, Cd, Sb, Ba, Ce, Tl, Pb, B, Th e U) através da técnica LA-ICP-MS, com o objetivo de
investigar diferenças entre a concentração desses elementos na superfície e no interior dos grãos de
magnetita, devido absorção desses elementos presentes nas águas marinhas. As duas regiões do grão
apresentaram uma similar concentração dos elementos analisados, apresentando uma maior
concentração de V (até 2300 ppm) e Mg (7850 ppm). Já os elementos Cu, Zn e Pb apresentam-se em
menor abundância nos grãos de magnetita.
A abundância de elementos-traços (Ti, V, Mn, Co, Ni, Cu, As, Sr, Y, Zr, Nb, Mo, Ba, W, Au,
Pb, Th, U e os ETR La, Ce, Nd, Sm, Eu, Gd, Dy, Er, Yb e Lu) foi determinada em grãos de martita,
hematita e magnetita de jaspilitos, hospedados em depósitos de minério de ferro da Serra do Norte,
(Província Mineral de Carajás, Pará). As análises minerais foram realizadas via LA-ICP-MS, com o
objetivo da determinação da geoquímica desses minerais para contribuição nos estudos da gênese
hidrotermal desse minério (Figueiredo e Silva 2009). Os cristais de magnetita hidrotermal
apresentaram valores de Co e Ni > 100 ppm, Zn entre 23 e 70 ppm, Cu e Pb abaixo de 10 ppm.
Hematitas microcristalinas apresentaram valores de Cu, Zn e Pb até 40 ppm e alto conteúdo de Cu (até
65 ppm) e Ni (até 33 ppm) quando comparado a outros tipos de hematita analisados. Já os cristais de
hematita anaédrica e tabular apresentam valores semelhantes para os elementos determinados, exceto
o Zn. Em relação aos ETR, os cristais de magnetita apresentaram baixa abundância desses elementos
(somatório até 3,8 ppm) e em seguida a martita com somatório até 9,2 ppm, sendo que ambos
apresentaram um significativo aumento de ETRL comparado a outros tipos de óxidos. Já os diferentes
tipos de hematita (tabular, microcristalina e anaédrica) apresentaram um somatório de ETR variando
de 4 a 40 ppm e um pequeno aumento dos ETRP quando comparados aos outros óxidos analisados.
Verificou-se através dos perfis dos ETR normalizados que o comportamento desses elementos em
hematitas tabulares é mais regular que os demais. A diminuição do conteúdo de Co e Ni da magnetita
comparado aos diferentes tipos de hematita e o pequeno aumento dos ETRP nos estágios mais tardios
de hematita em relação a magnetita e martita, foram relacionados a uma relativa regularidade nos
padrões dos ETR, ao processo de martitização e á precipitação de hematitas tabulares e
microcristalinas, que favorece o aumento desses elementos no fluido residual. A fixação desses ETRP
nos estágios mais tardios dos grãos de hematita também pode ser relacionada ao desvio na composição
do fluido.
Chung et al. (2015) realizaram análises in-situ em magnetitas de GIF da Formação Ferrífera
Sokoman (Canadá). Foram analisados alguns elementos-traços (Si, Ti, Al, Fe, Mn, Mg, Ca, Na, P, K,
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
32
Sc, V, Cr, Co, Ni, Cu, Zn, Ga, Ge, Rb, Sr, Y, Zr, Nb, Mo, Ag, Cd, In, Sn, Ba, Hf, Ta, W, Pb, Bi, Th e
U) em magnetita mais primária, alterada e vulcânica brechada, através da técnica LA-ICP-MS.
Através dos dados obtidos, observaram que os três tipos de magnetita apresentam diferentes
concentrações dos elementos analisados. A magnetita primária apresenta um conteúdo limitado dos
elementos-traços, com depleção em Ti, Pb, Mg e Al. O alto teor de Ti, Al, V, Mn, Mg, Zn, Cu e Pb da
magnetita vulcânica brechada, indica uma cristalização de magmas derivados do manto e a magnetita
alterada apresentou-se muito rica nos elementos analisados.
Hensler et al. (2015) realizaram alguns estudos in-situ em óxidos de ferro de diferentes
gerações de amostras de itabirito e minério de ferro de vários depósitos do QF (Esperança, Usiminas,
Pau Branco, Águas Claras e Conceição). Foram determinados nas fases minerais elementos-traços
(incluindo os ETR) através da técnica LA-ICP-MS. De uma maneira geral os óxidos apresentaram
uma variedade na abundância dos elementos-traços, como por exemplo, as hematitas apresentaram em
média 40 – 2200 ppm de Al, 1 – 930 ppm de Mg, 5 – 540 ppm de Mn, 3 – 500 ppm de Ti, 2 – 390
ppm de V, 1 – 98 ppm de Cr, 0,5 – 60 ppm de As. Quanto ao comportamento dos elementos Y-ETR,
os óxidos analisados dos diferentes depósitos apresentam uma assinatura geoquímica parecida, com
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL, exceto para a hematita granoblástica do depósito de
Conceição que apresentou baixo conteúdo de ETRP. Comparando os diferentes tipos de óxidos
analisados, há uma depleção no somatório de ETR dos estágios mais jovens para os estágios mais
tardios. Segundo Hensler et al. (2015), essa depleção da martita para hematita granoblástica ou
microcristalina pode estar associada á uma intensa interação entre fluído e rocha juntamente com uma
troca excessiva de ETR, havendo uma retirada desses elementos do óxido de ferro e uma possível
reprecipitação em outras fases minerais (xenotima, monazita e outros), durante o processo de
recristalização. As hematitas especulares também se apresentaram empobrecidas em ETR comparado
a outras gerações mais jovens de óxidos de ferro, o que implica que durante a reação de fluidos
hidrotermais com a rocha, esses elementos não foram acumulados. Anomalias positivas de La em
martitas e hematita granoblástica foram reportadas na maioria dos depósitos, exceto para martitas do
Pico e Jangada que apresentaram anomalia negativa em Ce e as martitas de Águas Claras e Baú que
apresentaram anomalias positivas em Ce. Anomalias positivas em Eu também foram verificadas na
maioria dos óxidos analisados, exceto para as martitas de Mutuca, Esperança e Retiro das Almas, e
hematita granoblástica do Retiro das almas e Casa da Pedra. As razões Y/Ho também variaram
largamente entre 12-85 entre as gerações de óxidos. Razões maiores de Y/Ho (> 44) foram detectados
em martitas mais jovens e razões menores (< 34) foram detectadas em óxidos mais tardios (hematita
microcristalina e granoblástica recristalizada), o que pode implicar para as fases mais tardias um
envolvimento com fluidos que retomam a assinatura de ETR. A hematita granoblástica
paragenéticamente tardia do minério de ferro da Mina de Conceição apresentou um fracionamento,
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
33
caracterizado pelo elevado teor de elementos terras raras médios (ETRM) em relação aos ETRP e
ETRL.
Oliveira et al. (2015) realizaram análises in-situ em óxidos de ferro (hematita granular e
especularita) de itabiritos dolomiticos e minério de ferro de alto teor hospedados no depósito
Esperança (QF), por LA-ICP-MS. De maneira geral, os grãos de hematita granular do itabirito e do
minério de ferro apresentaram maior concentração de praticamente todos os elementos-traços
analisados, inclusive os ETR, em relação as especularitas. Sendo que, o ∑ETR para as hematitas
granulares variou de 3 - 15 ppm e para as especularita mais jovem foi < 5 ppm. As hematitas
granulares do itabirito dolomítico apresentaram um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL,
evidenciado pelas razões (La/Yb)PAAS entre 0,19 e 1,13 e (Sm/Yb)PAAS entre 0,18 e 0,55, anomalias
positivas em Eu (0,90 - 2,72) e Y (1,43 - 3,48), anomalia negativa em Ce e razão Y/Ho entre 38 - 77
(próxima da água do mar). As hematitas granulares do minério de ferro de alto teor apresentaram altas
razões (La/Yb)PAAS entre 1,5 e 10,25 e (Sm/Yb)PAAS entre 0,18 e 0,55, pequenas anomalias em Eu (1,0
- 1,9) e Y (0,8 - 1,2), anomalia positiva ou ausente em Ce e razão Y/Ho entre 20 - 30 (próxima do
condrito). Segundo os autores, as anomalias positiva ou ausente em Ce, indicam que este elemento
estava disponível no fluido mineralizante e assim concentrado nesses minerais sob condições
oxidativas. Já as especularitas apresentaram menor conteúdo de ETR que as hematitas granulares,
anomalia positiva ou ausente em Ce e razões Y/Ho entre 6 - 47, próximas dos valores do condritio a
subcondrito. Segundo os autores, esse enriquecimento em ETR das hematitas granulares em relação às
especularitas sugere uma progressiva razão rocha/fluido, o que traz a assinatura do fluido
mineralizante. Foi observada uma progressiva diminuição na razão Y/Ho nas sucessivas gerações dos
óxidos de ferro do itabirito dolomítico para o os óxidos do minério de alto teor e por último para as
especularitas, o que pode indicar um progressivo fracionamento do Y e consequentemente uma
diminuição da razão Y/Ho do fluido mineralizante durante a percolação e subsequente precipitação
das diferentes gerações de especularita.
3.3- ORIGEM DAS FORMAÇÔES FERRÍFERAS BANDADAS
A deposição das FFB ocorreu desde o Paleoarqueano (mais velhas que 3.0 Ga) até o
Neoproterozoico (mais jovens que 1.8 Ga) (figura 3.2). O Paleoproterozoico (2.45 Ga) foi o período
de maior deposição dessas formações, constituindo aproximadamente 90% de todas as ocorrências de
deposição ocorridas no mundo, como os depósitos da região do Largo Superior (EUA), a Província do
Labrador (Canadá), Transvaal-Grinquatown (África do Sul), Quadrilátero Ferrífero (Brasil) e
Hamersley (Austrália), sendo esse processo interrompido por volta de 1.8 Ga (Trendall 2002).
Existem várias teorias sobre a origem das FFB, porém problemas como a fonte de ferro e
sílica, a origem do bandamento e modelos de gênese ainda são ainda bastantes discutidos. Em relação
à origem do bandamento rítmico dos minérios de ferro, sílica ou chert dessas formações, Cloud (1973)
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
34
propôs que seria produto de atividade orgânica e French (1973) propôs que seria produto de variações
sazonais.
Segundo Spier (2005), atualmente o que se tem em consenso é que o ambiente deposicional é
marinho, que a origem do ferro e da sílica é química e a fonte de origem dos minerais componentes é
hidrotermal, com lâmina de água superior a 100 m e estratificada. Há dois modelos básicos que são
aceitos atualmente para a deposição dessas formações: um relacionado a processos vulcanogênicos e
hidrotermais (efusivos e exalativos), e o outro ao processo sedimentar continental e lixiviação de
sedimentos do fundo do oceano.
Figura 3.2- Distribuição dos depósitos de formações ferríferas pré-cambrianas ao longo do tempo e sua
abundância relativa comparada à Bacia Hamersley (Klein 2005).
Segundo Kaufman et al. (2007), a deposição de FFB está relacionada com a evolução na
composição química da Terra, a partir de uma atmosfera anóxida composta por CO2 e CH4 que se
tornou parcialmente oxigenada e rica em CO2.
Bekker et al. (2010) relatam três tipos de deposição de FFB: oxidação de Fe2+ por O2
proveniente da fotossíntese de cianobactérias; oxidação metabólica do ferro; e foto-oxidação UV do
ferro (Figura 3.3). O primeiro caso é o modelo mais tradicional de deposição de FFB, que descreve a
liberação de oxigênio para a atmosfera por cianobactérias, a partir da fotossíntese aeróbica em oceanos
arqueanos (Figura 3.3A). Esses micro-organismos procarióticos se desenvolvem em zonas fóticas
próximo a águas costeiras, onde Fe2+ e outros nutrientes estavam disponíveis pela combinação do
intemperismo continental e afloramento das correntes profundas que contêm uma componente
hidrotermal (Cloud 1973). A equação 3.1, apresenta a reação envolvida nesse processo e a forma como
o Fe foi precipitado, que no caso é o hidróxido férrico.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
35
2Fe2+
+ 0,5O2 + 5H2O ←→ 2Fe(OH)3 + 4H+ Equação 3.1
A oxidação metabólica do ferro (Figura 3.3B), baseia-se na oxidação do Fe2+ por micro-
organismos microaerófilos utilizando O2, CO2 e H2O (Equação 3.2). Como exemplo desses micro-
organismos, tem-se as bactérias Leptothrix e Gallionella que são encontradas em lençóis freáticos e
águas doces. Alguns microaerófilos tem a capacidade de oxidar o Fe2+ pelo processo de fotossíntese
anoxigênica, em que o Fe2+ é usado com agente redutor, conforme apresentado na equação 3.3.
6Fe2+
+ 0,5O2 + CO2 + 16H2O ←→[CH2O] + 6Fe(OH)3 + 12H+ Equação 3.2
4Fe2+
+ 11H2O + CO2 ←→ [CH2O] + 4Fe(OH)3 + 8H+
Equação 3.3
Em contrapartida aos processos biológicos, Bekker et al. (2010) relataram também o processo
de oxidação do Fe2+ por radiação UV (figura 3.3C). Segundo Cairns-Smith (1978), um elevado fluxo
de fótons de raios UV teria alcançado a Terra antes mesmo da presença de O2 atmosférico e da
presença da camada de ozônio e teria foto-oxidado o ferro ferroso. A equação 3.4, mostra a reação
envolvida nesse processo.
2Fe2+
(aq) + 2H+ + hv → 2Fe
3+ (aq) + H2 Equação 3.4
Para Pufahl & Hiatt (2012), a origem das formações ferríferas paleproterozoicas está
relacionada ao evento GOE (Grande Evento de Oxidação da Terra) e a ação de bactérias Fe-oxidantes
(e.g. Cloud 1973). Durante o GOE, que ocorreu entre 2.4 e 2.3 Ga (Holland 2002), o aparecimento de
O2 se tornou evidente na atmosfera devido ao desenvolvimento de organismos fotossintéitcos, as
cianobactérias. Esse aumento da concentração de O2 na atmosfera promoveu a oxidação dos oceanos e
o Fe presente foi precipitado na forma de óxido e posteriormente sedimentado, formando-se assim as
formações ferríferas. Outro evento que originou algumas formações ferríferas foi durante o
Neoproterozoico (Período de Glaciação), quando o gelo que cobria a superfície oceânica começou a
derreter e o ambiente oceânico deixou de ser isento de oxigênio. Sendo assim, o oxigênio da atmosfera
em contato com os oceanos passou a sedimentar o Fe e gerar as formações ferríferas (Pufahl & Hiatt
2012).
3.4- DIAGÊNESE E METAMORFISMO
Durante a diagênese e metamorfismo há a alteração da composição mineralógica inicial das
FFB constituída por jaspe, chert ou quartzo e minérios de ferro de diferentes fáceis sedimentares como
óxidos, filossilicatos e sulfetos. Segundo James (1954), o aumento da temperatura promove o aumento
do tamanho dos cristais presentes na composição inicial. Esse aumento da temperatura, em condições
de alto grau metamórfico pode promover reações de carbonatos com quartzo e chert, gerando novos
silicatos como piroxênio ou ortopiroxênio, caracterizando assembleias anidras. Além do aumento da
temperatura, a compactação e consequentemente a perda de água eliminariam os hidróxidos de ferro,
sendo a goethita possivelmente transformada em magnetita (Klein & Beukes 1992, in Vilela 2001).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
36
Segundo Klein & Beukes 1992 (in Vilela 2001), o baixo grau metamórfico nas FFB é
caracterizado pela presença de chert ou quartzo, magnetita, hematita, siderita, calcita, membros da
série ankerita-dolomita, greenalita, stilplomelana, pirita e pirrotita. A transição de baixo para médio
grau é caracterizada por cummingtonita e anfibólios. Já o metamorfismo de alto grau é caracterizado
por assembleias anidras, pela presença de clinopiroxênio ou ortopiroxênio.
Figura 3.3- Modelo de deposição ferrífera do Arqueano e Paleoproterozoico, Bekker et al. (2010).
As transformações mineralógicas em FFB geradas pelo metamorfismo são notáveis nas fáceis
mais impuras, como o aumento de componentes terrígenos e cristalização de anfibólios, clorita e etc
(Rosière & Chemale Jr. 2001). No QF, os itabiritos sofreram tanto processos metamórficos,
evidenciado pela presença das associações mineralógicas dos silicatos, quanto processos oxidativos
intensos e alterações hidrotermais. Os processos citados anteriormente estão relacionados á
martitização da magnetita (Rosiére 1981), cristais de hematita com habitus e morfologia atípica,
dolomitização de quartzo-itabirios e transformação da dolomita em hematita, talcificação (Rosière &
Chemale Jr. 2001), presença de microestruturas que indicam a mobilização sintectônica do ferro
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
37
(Lagoeiro 1998), inclusões fluidas em cristais de hematita (Rosière et al. 2001b, no prelo) e veios de
hematita cortando o bandamento (Rosière & Chemale Jr. 2001).
O quartzo itabirito presente no QF são jaspilitos metamórficos e apresentam um
microbandamento de camadas silicosas e de óxidos de ferro (Trendall 1973), estruturas como pods e
ondulações, que são relacionados em rochas anquimetamórficas como produtos de diagênese e
compactação diferencial, e chert recristalizado em cristais de quartzo equidimencionais. Há também o
itabirito dolomitico, caracterizado por bandas de dolomita ferroana, quartzo e ferro, e que podem
conter ainda calcita, clorita e anfibólios. E o itabirito anfibolítico que apresenta em sua composição
anfibólios variado como idomórficos e hipidiomórficos (Rosière & Chemale Jr. 2001).
3.5- GÊNESE DO MINÉRIO COM ÊNFASE NO QF
O processo de gênese pelos quais foram gerados os minérios de ferro hospedados em
formações ferríferas bandadas é um assunto ainda bastante discutido. Na literatura há alguns modelos
e dentre eles estão os processos hidrotermais, supergênicos e hipogênicos (Rosière & Chemale Jr.
2001; Dorr II & Barbosa 1963).
No processo hidrotermal, os minérios de ferro são formados pela lixiviação da sílica e
oxidação dos minerais de ferro a partir da ascensão de águas quentes derivadas de magmas básicos. Os
corpos de hematita de alto teor de Itabira (QF/Brasil) apresentam origem hidrotermal e teriam sido
formados por substituição metassomática de itabiritos silicosos ou itabiritos dolomíticos, a partir da
mobilização da hematita que substitui o quartzo e carbonatos presentes nas formações ferríferas. Essa
substituição teria ocorrido durante os processos metamórficos e elevadas pressões e temperaturas, e os
fluidos estariam relacionados com gnáisses e granitos do embasamento (Dorr II & Barbosa 1963).
O enriquecimento supergênico ocorre pelo intemperismo químico, que ocasiona o
lixiviamento de minerais ganga, como quartzo e carbonatos e reprecipitação de minerais de Fe, como
hematita e goethita. Já o enriquecimento hipogênico está relacionado ao processo de percolação de
fluidos hidrotermais em zonas de fratura ou falha, causando a lixiviação de minerais e a reprecipitação
de outros (Ribeiro 2003).
As rochas da Formação Cauê sofreram, pelo menos, dois tipos de eventos tectônicos que
enriqueceram o minério de ferro de alto teor: intrusões de rochas máficas e graníticas e metamorfismo
de fáceis xisto-verde. Foram propostos modelos para explicar a origem de minérios de ferro de alto
teor a partir de formações ferríferas bandadas envolvendo dissolução hidrotermal da sílica e
introdução simultânea de Ca-Fe-Mg-carbonatos nas formações originais. Esses processos seriam
seguidos de lixiviação de carbonatos para a formação de minério de ferro de alto grau (Taylor et al.
2001; Thorne et al. 2008).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
38
Dorr II (1964) caracterizou a origem dos minérios friáveis do QF como supergênica e concluiu
que estes minérios foram formados pela lixiviação da sílica e dolomita (quando presente) por águas
meteóricas e enriquecimento residual do ferro. Pelo fato de não ter sido encontrado evidências de
silicificação na região, conclui-se que a sílica dissolvida foi carreada para fora do sistema e não foi
precipitada. Segundo o mesmo autor há quatro fatores que controlam o processo supergênico: a
fisiografia, que está relacionada a formação de ganga que protege o itabirito de processos erosivos; a
variação climática (os verões chuvosos e o inverno seco favorece a lixiviação do quartzo por águas
meteóricas); a granulometria do quartzo (o tamanho do grão interfere na sensibilidade aos processos
de lixiviação); e a composição das formações ferríferas (alguns itabiritos são mais susceptíveis a
lixiviação, como o itabirito dolomítico).
Segundo Rosière & Chemale Jr. (2001), no QF pode-se encontrar três tipos de mineralização:
não-tectônicos (hipogênicos e supergênicos) que são concocordantes ao bandamento e sem aparente
condicionamento genético à estrutura genética; sin-tectônicos (hipogênicos) com claro
condicionamento genético à estrutura tectônica; e pós-tectônico (supergênico) onde a estrutura é um
fator auxiliar à extensão da mineralização o que facilita a percolação de fluídos não havendo
condicionamento genético. A presença de corpos de grandes dimensões, altos teores e homogêneos,
como os encontrados na Mina de Águas Claras, são reflexos da incidência de dois ou três desses
processos.
Beukes et. al (2003) ao estudar os minérios hematíticos de alto teor de diversas partes do
mundo encontrou três tipos de processos de gênese: processo supergênico paleo em Sishen-Beeshoek
na África do sul, que ocorre imediatamente abaixo de uma grande discordância erosiva e em faixas
não mineralizadas das BIF; processo hidrotermal em distritos de Thabazimbi na África do sul, distritos
de Dalli-Rajhara na Índia e Província Hamersley na Austrália, que não estão associados a qualquer
tipo de discordância; processo supergênico com modificação hidrotermal no QF e distritos Carajás no
Brasil e Noamundi na Índia, esses minérios apresentam grandes volumes de minérios friáveis
saprolíticos que derivam de enriquecimentos supergênicos de alterações hidrotermais das FFB ao lado
de minério hematítico duro oriundos de processos hidrotermais.
Spier et al. (2003), ao analisarem formações ferríferas das Minas de Águas Claras e do Pico
sugerem que o minério de ferro de alto teor foi formado por processo hidrotermal e o macio por
processos supergênicos, sendo que no último caso a ganga teria sido lixiviada por fluidos
supergênicos.
Segundo Clout & Simonson (2005), os minérios de ferro hospedados em BIF e GIF podem ser
formações ferríferas não enriquecidas (30 - 45% de Fe em peso), os minérios que passaram por
processos supergênicos (minério martítico-goethítico com 56 - 63% de Fe em peso) e os minérios que
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
39
passaram por processos supergênicos com modificações hipogênicas ou metamórficas (minérios
hematíticos de alto teor com 60 - 68% de Fe em peso).
Spier et al. (2007) sugerem dois tipos de mineralização de minério de ferro de alto grau da
Mina de Águas Claras (QF): hipogênico e supergênico. Sugere o processo hipogênico, devido à
presença de minério compacto dentro do itabirito dolomítico e o processo supergênico, devido à
presença do minério friável indicado pela formação de ferrohidratos e óxidos de manganês durante a
dissolução de dolomita do itabirito dolomítico (Spier et al. 2008).
Segundo Amorim & Alkmim (2011), o minério de ferro do QF apresenta duas classes
genéricas: hipogênese e supergênese. A primeira classe compreende hematita compacta ou dura,
compreendendo corpos com teor de ferro > 66%, hematita maciça e corpos hematíticos foliados e
bandados. Já os minérios oriundos do processo de supergênese incluem hematita macia, itabirito
enriquecido e crosta laterítica. Sendo que processos morfotectônicos que atuaram no QF criaram
condições para uma circulação lateral e vertical de água dentro das camadas da Formação Cauê,
causando lixiviação da sílica e dolomita de itabiritos e assim formando os minérios supergênicos como
a hematita macia pura com teor de ferro > 64% e um enorme volume de itabiritos friáveis. Além
dessas classes de minérios de ferro existentes no QF, há também as rochas frescas ou FFB não
enriquecidas que compreendem itabirito compacto e itabirito compacto duro.
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1- METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA DETERMINAÇÃO DA QUÍMICA
MINERAL DE Y-ETR POR LA-ICP-MS
Como citado no capítulo 1, não foi possível utilizar métodos usuais para a determinação de
ETR em FFB via LA-ICP-MS, devido ao alto background do elemento Fe utilizado como padrão
interno para a redução dos dados. Portanto, foi necessário o desenvolvimento de uma nova
metodologia aplicável através de curvas de calibração. As etapas do desenvolvimento desta nova
metodologia e os resultados obtidos estão expressos abaixo.
4.1.1- Materiais de referência
Para o desenvolvimento do método analítico foram utilizados materiais de referência
certificados (MRC): BRP-1 (Basalto de Ribeirão Preto, UNICAMP, Brasil), BCR-2G (Basalto, USGS,
EUA), BHVO-2G (Basalto, USGS, EUA), WSE (Basalto, CRPG-CNRS, França), AN-G (Basalto,
CRPG-CNRS, França), GBW7405 (Solo, NRC-CRM, China), GBW7407 (Solo, NRC-CRM, China),
GBW7101 (Rocha ultrabásica, NRC-CRM, Reino Unido), GBW7102 (Rocha ultrabásica, NRC-CRM,
Reino Unido), GBW7309 (Sedimento de corrente, NRC-CRM, China) e os vidros sintéticos NIST
SRM 612 e 614, e materiais de referência de formações ferríferas: FER-1, FER-2, FER-3, FER-4
(CCRMP, CANMET-MMSL, Canadá) e IF-G (GIT-IWG, França).
O uso dessa variedade de matrizes (basalto, solo, sedimento, vidro sintético, formação
ferrífera e rocha ultrabásica) para execução das curvas analíticas é devido à escassez de MRC de
formações ferríferas que contenham, principalmente, valores certificados dos elementos terras raras.
4.1.2- Preparação dos padrões para as curvas analíticas e das amostras
Primeiramente, os materiais de referência, com exceção dos vidros sintéticos NIST SRM 612
e 614 que já estavam fundidos, foram preparados utilizando a metodologia de rotina para
determinação de elementos maiores por fluorescência de raios-x. Foram preparadas pastilhas fundidas
na proporção de 1 g do padrão para 6 g de fundente (tetra e metaborato de lítio 1:1) e 0,090 g de
brometo de lítio.
Os discos preparados foram quebrados e os fragmentos gerados foram montados em mosaicos
de resina. Posteriormente, as seções formadas (padrões + resina) foram polidas para obter superfícies
planas adequadas e usadas na câmara de ablação. Além dos padrões, foi preparado o branco que
corresponde ao material preparado apenas com o fundente utilizado na preparação das pastilhas pela
metodologia de fluorescência de raios-x, descrita acima.
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
42
As amostras foram cortadas de acordo com a região pré-selecionada pela microscopia óptica e
montadas em seções com resina, em seguida foram polidas (figura 4.1).
Figura 4.1- Seções polidas das amostras (diâmetro aproximado de 2,5 cm) preparadas para utilização na câmara
de ablação.
Acâmara de ablação utilizada foi customizada na Universidade de Stellenbosch (Lana et al.
2013; Romano et al. 2013) e apresenta uma célula em formato de gota, contendo dois compartimentos:
um compartimento de 1 cm de diâmetro para seções polidas com padrões e outro de 2,5 cm de
diâmentro para as seções polidas com amostras (figura 4.2a). Também foi utilizado entre a câmara de
ablação e o ICP-MS um misturador de gases, com 10 tubos de PTFE (politetrafluoretileno) de 3 mm
de diâmetro e 80 cm de comprimento, para melhor homogeneização do material ablado (figura 4.2b).
O misturador mantém um tempo curto de lavagem e produz um sinal suave, favorecendo a eliminação
de ruídos e melhores contagens médias de sinal (Takenaka et al. 2015).
Figura 4.2- Câmara de ablação com célula para padrões e amostras em forma de gota (a) e com entrada do gás
argônio para carreamento da amostra ablada, na entrada e saída da câmara; Misturador de gases para melhor
homegenização do material ablado antes da entrada no ICP-MS. Modificado de Takenaka et al. (2015).
4.1.3- Otimização das condições instrumentais
Os vidros sintéticos NIST SRM 612 e NIST SRM 614 foram utilizados para otimizar as
condições de análise do LA-ICP-MS.
O processo de otimização teve início com a escolha do modo de ablação pontual (spot) com
diâmetro de 30 μm, devido à pequena área dispon vel dos minerais de interesse presentes nas
amostras. Posteriormente, foram realizadas análises com os vidros sintéticos, variando um dos
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
43
parâmetros do ICP-MS de cada vez, a fim de obter maior intensidade para a região de interesse do
espectro de massas, utilizando as massas 45Sc, 93Nb, 175Lu, 207Pb e 238U. O mesmo procedimento foi
realizado com os parâmetros do Laser Ablation com o objetivo de aumentar a intensidade e a
estabilidade do sinal. A formação de óxidos no plasma foi monitorada pela razão ThO+/Th+ < 1.
As condições analíticas foram avaliadas através da exatidão e da precisão dos valores obtidos
dos elementos terras raras (89Y, 139La, 140Ce, 141Pr, 146Nd, 147Sm, 151Eu, 157Gd, 159Tb, 162Yb,163Dy, 165Ho,
166Er, 169Tm e 175Lu) nos vidros sintéticos. Para a otimização das condições operacionais do LA-ICP-
MS foi utilizado o 29Si como padrão interno e os resultados obtidos foram reduzidos com o programa
GLITTER e comparados aos valores certificados. A exatidão foi avaliada através do erro relativo
menor que 10% e a precisão avaliada pelo coeficiente de variação menor que 5% (item 4.1.4).
Devido o fato dos minerais analisados apresentarem uma concentração muito baixa em ETR e
o diâmetro do furo de ablação determinado ser muito pequeno, foi necessário o uso de uma energia e
fluência alta (80% e 15 J/cm2), para a retirada de uma quantidade maior de material, e
consequentemente o uso de um fluxo alto de gás carreador e do gás make up.
O uso de outros gases na câmara de ablação (hélio e nitrogênio) combinados ou não com o gás
argônio são sugeridos por alguns autores para aumento da sensibilidade de detecção. Günther &
Heinrich (1999) sugerem que o uso do gás hélio puro como gás carreador gera uma melhor
resposensibilidade e consequentemente um aumento do sinal, favorecido pelo melhor transporte do
material ablado e uma ausência da deposição do material particulado grosseiro ao redor da cratera
gerada pelo laser na amostra (evidência quando se usa o argônio). Horn & Günther (2003) ainda
reforçam que a melhoria do transporte se dá pelo fato da ablação em hélio gerar partículas
significantemente menores, que também facilita o processo de ionização no plasma. Koch et al. (2007
e 2008) ao realizar estudos com latão através do laser, chegaram a conclusão que o uso somente do Ar
como gás carreador gera um plasma mais denso sobre o alvo que bloqueia a radiação incidente sobre a
amostra e que em contrapartida o hélio gera um aumento no aerossol formado, resultando em uma
maior exatidão e precisão das análises. Os efeitos gerados pelo uso de gases na câmara de ablação
estão relacionados ao potencial de ionização e indiretamente com a massa atômica do gás. Sendo
assim, o gás mais indicado é o hélio que apresenta maior potencial de ionização (2372 kJ mol-1) e
menor massa (4 u), quando comparado ao gás argônio (Russo 2002; Leite 2006). Neste trabalho, foi
testado uma mistura dos gases He e Ar antes e depois da célula de colisão e o uso somente do gás Ar
para carreamento da amostra ablada. Os resultados envolvendo o gás hélio apresentaram um sinal de
análise ruim e baixas contagens dos analitos, em contrapartida, os resultados utilizando apenas o gás
argônio mostraram maior estabilidade do sinal e maiores contagens, fazendo com que fosse escolhido
como gás carreador da amostra até o ICP-MS (figura 4.2).
O tempo de ablação foi testado em várias fases minerais a fim de evitar que durante a análise
de um ponto fossem abladas fases minerais diferentes, sendo determinado um tempo de 30 ms.
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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As condições instrumentais otimizadas do ICP-MS e do Laser Ablation estão expressas na
tabela 4.1.
Tabela 4.1- Condições instrumentais utilizadas nas medições no ICP-MS e no Laser Ablation.
Condições instrumentais do ICP-MS
Potência do plasma 1550 W
Extração 170 V
Fluxo de gás do plasma 15 L/min
Fluxo do gás auxiliar 0,9 L/min
Fluxo de gás carreador da câmara de ablação
(carrier gas; Ar)
1,5 L/min
Fluxo de gás auxiliar da câmara de ablação
(make up gas; Ar)
0,6 L/min
Máxima produção de óxido ThO+/Th+ < 1
Extract 1 - 150 V
Extract 2 - 160 V
Sample depth 5.5 mm
Isótopos analisados
89Y, 139La, 140Ce, 141Pr, 143Nd, 151Eu, 157Gd, 159Tb, 163Dy, 165Ho, 166Er, 169Tm,
172Yb e 175 Lu.
Potencial da cela 170 V
Contagens mínimas (NIST SRM 612)
45Sc > 2208 cps, 93Nb > 1826 cps, 175Lu> 2680 cps, 207Pb > 937 cps e 238U > 4054
cps
Condições instrumentais do Laser Ablation
Frequência 10 Hz
Energia/Fluência 80% / ≅ 15 J/cm2
Diâmetro do furo (spot) 30μm
Dwell time 30 ms
4.1.4- Curvas analíticas
Curvas analíticas ou curvas de calibração tem como finalidade obter uma comparação analítica
para a quantificação. A quantificação requer que se conheça a dependência entre a reposta medida (ou
dados obtidos em um equipamento) e o valor certificado do analito (Inmetro 2003). A equação
matemática (equação 4.1) que relaciona essas duas variáveis pode ser obtida pela curva de calibração.
y = ax + b Equação 4.1
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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Onde:
y = resposta medida (contagens por segundo, absorbância, altura ou área do pico);
x = concentração;
a = inclinação da curva analítica;
b = interseção com o eixo y.
As curvas analíticas foram preparadas através da correlação entre contagens dos analitos dos
padrões ou branco em um certo período de tempo (cps) e a concentração obtida no certificado de cada
material de referência para cada isótopo medido. Os valores de concentração e contagens por segundo
de cada ponto da curva para os elementos analisados estão expressos na tabela 4.2.
4.1.5- Condições analíticas do método
Para certificar que as análises fornecem valores confiáveis e de qualidade é necessário realizar
alguns estudos sistemáticos de laboratório que irão avaliar se o método é adequado à finalidade e
atende algumas características, dentre elas: linearidade, precisão e exatidão, seletividade e
rastreabilidade, robustez, sensibilidade, limite de detecção e limite de quantificação (Inmetro 2003).
As condições analíticas das curvas de calibração foram checadas com análises realizadas com
o vidro sintético NIST SRM 614. Esse MRC foi escolhido por possuir os elementos de interesse na
mesma faixa de concentração esperada para as amostras de FFB e para verificar a influência da
utilização de uma matriz diferente dos materiais de referência das curvas.
Linearidade
A linearidade pode ser definida como a capacidade de um método analítico produzir, em uma
dada faixa de concentração, resultados equivalentes ou diretamente proporcionais à concentração do
analito. Essa capacidade pode ser determinada pelo coeficiente de correlação da reta (R2) gerado
através da curva analítica. Uma boa linearidade do método reflete em R2 igual ou superior a 0,99
(Inmetro 2003).
As curvas analíticas desenvolvidas apresentaram um R2 maior que 0,99 (tabela 4.3), o que
indica uma boa linearidade do método para todos os isótopos medidos.
Precisão
A precisão de um método equivale à dispersão dos resultados de ensaios independentes,
gerados a partir da mesma amostra sob as mesmas condições de análise (Inmetro 2003). A precisão de
um método pode ser avaliada através do coeficiente de variação (CV), conforme mostra a equação 4.2.
CV = (DP/CMD) x 100 Equação 4.2
Sendo:
DP = desvio-padrão;
CMD = concentração média determinada.
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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Tabela 4.2- Pontos das curvas de calibração de cada isótopo analisado.
Isótopo
Material
de
Referência
Valor
certificad
o
(ug/g)
Contagens
por
segundo
(cps)
Isótopo
Material
de
Referência
Valor
certificad
o
(ug/g)
Contagens
por
segundo
(cps)
Y89
Branco 0 0,911
Sm147
Branco 0 0,911
GBW 7101 0,14 1,244 AN-G 0,7 1,333
FER 3 3,6 13,089 FER 2 2,6 2,200
FER 4 7,8 30,067 GBW 7405 4 2,778
FER 2 12,3 39,578 BCR-2G 6,58 4,422
GBW 7309 26,6 77,134 GBW 7407 10,3 5,9778
BCR-2G 36,9 115,092 BRP-1 11,2 6,667
Pr141
Branco 0 1,356
Eu151
Branco 0 0,889
FER 3 0,28 2,267 GBW 7101 0,0043 0,667
GBW 7102 0,045 1,467 FER 3 0,26 1,289
GBW 7101 0,047 2,111 AN-G 0,37 1,422
AN-G 0,6 2,378 FER 4 0,76 2,667
FER 2 3 11,022 GBW 7405 0,82 2,711
BHVO 5,16 16,825 WSE 2,25 5,667
GBW 7407 11 33,244
La139
Branco 0 1,044
Ce140
Branco 0 1,089
GBW 7102 0,21 4,711 GBW 7101 0,34 2,244
FER 3 1,8 8,978 FER 3 2,3 10,689
IFG 2,8 12,222 IFG 4 20,155
FER 4 8,4 32,289 FER 1 8,2 36,978
BCR-2G 25,5 88,868 FER 4 14 55,600
Gd157
Branco 0 1,067
Yb162
Branco 0 1,178
GBW 7101 0,024 1,089 GBW 7101 0,02 1,244
GBW 7102 0,031 0,933 AN-G 0,8 1,978
AN-G 0,9 1,578 GBW 7407 2,4 4,622
FER 3 1,3 1,689 BRP-1 3,48 5,489
BCR-2G 6,74 5,133 BCR-2G 3,59 5,8
Tb159
Branco 0 1,289
Dy163
Branco 0 1,333
GBW 7101 0,0029 1,333 FER 3 0,42 1,600
FER 2 0,36 2,444 FER 4 1,1 2,311
GBW 7309 0,87 4,244 GBW 7406 3,3 3,711
BCR-2G 1,07 4,778 GBW 7407 6,6 6,067
Ho165
Branco 0 1,089
Er166
Branco 0 1,311
GBW 7102 0,0043 1,044 GBW 7102 0,012 1,244
GBW 7101 0,0049 1,266 FER 3 0,31 1,756
FER 2 0,098 1,489 FER 1 1,19 2,8
FER 3 0,49 2,755 GBW 7405 2,4 4,022
GBW 7309 0,96 3,933 GBW 7407 2,7 4,578
BRP-1 1,62 6,422 BRP-1 4,2 6
Tm169
Branco 0 0,978
Lu175
Branco 0 1,222
FER 3 0,043 1,267 FER 3 0,045 1,378
FER 1 0,153 1,955 FER 1 0,129 1,889
FER 2 0,21 2,2 WSE 0,37 2,800
BRP-1 0,57 3,822 BCR-2G 0,531 3,289
Nd146
Branco 0 1,178
GBW 7101 0,16 1
FER 3 1,6 2,044
FER 4 8,2 5,089
Outra maneira de se avaliar a precisão de um método e a qualidade dos resultados obtidos é
através do índice Z, conforme a equação 4.3, o edecendo a seguinte escala de pontua ão: |Z| ≤ 2 =
resultado satisfatório; 2 < |Z |≤ 3 = resultado questionável; |Z | > 3 = resultado insatisfatório (Inmetro
2003).
Z= (Xlab – Xv)/DP Equação 4.3
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
47
Sendo:
Xlab = valor obtido experimentalmente ou média aritmética de valores obtidos;
Xv = valor aceito como verdadeiro (valor certificado do MRC);
DP = desvio-padrão.
A precisão do método utilizado neste trabalho foi avaliada pelos dados obtidos nas análises do
NIST SRM 614. O método apresentou uma boa repetitividade, já que o CV apresentou valores
inferiores a 5% para a maioria dos elementos (exceção do Pr e Dy) e os resultados do índice Z (tabela
4.3) foram satisfatórios (menor que 2) para todos os analitos.
Exatidão
A exatidão de um método equivale à concordância dos resultados obtidos com o valor de
referência aceito como verdadeiro (Inmetro 2003) e pode ser avaliada a partir do erro relativo (ER),
expresso na equação 4.4.
ER = (Xlab – Xv)/ Xv Equação 4.4
Sendo:
Xlab = valor obtido experimentalmente ou média aritmética de valores obtidos;
Xv = valor aceito como verdadeiro (valor certificado do MRC).
Assim como a precisão, a exatidão do método em estudo foi avaliada pelos dados obtidos nas
análises do NIST SRM 614. Foram obtidos valores satisfatórios do ER, inferiores a 5% para a maioria
dos elementos (exceção do Pr, Dy e Er), demonstrando uma boa acurácia do método. As médias de
fração em massa determinadas apresentaram-se sistematicamente mais elevadas que os valores de
referência para a maioria dos elementos, com exceção do Ho (ER < -2,3).
Limite de detecção
O limite de detecção (LD) do método, definido como a concentração mínima ou massa isolada
do analito que pode ser determinada para certo intervalo de confiança (95 ou 99%) (Inmetro 2003), foi
determinado através de 10 análises do branco. O LD (tabela 4.3) foi calculado com base no BEC
(concentração equivalente ao sinal de fundo), que é definido como a concentração do analito que
produz um sinal igual ao background, como mostram as equações 4.5 e 4.6 (Froes 2009).
BEC = intensidade do sinal do branco / coeficiente angular da curva analítica Equação 4.5
LD = (3 x desvio padrão relativo do branco (n=10) x BEC) / 100 Equação 4.6
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
48
Tabela 4.3- Valores de fração em massa certificados e obtidos (média) com os respectivos desvios-padrão, erro
relativo (ER), Indíce |Z| e limite de detecção do método.
Elemento
Coeficiente
determinação
(R2)
Valor
certificado
NIST 614
(μg.g-1
)
Valor determinado
NIST 614
Média ± 1s (μg.g-1
)
(n=10)
Indíce |Z|
ER(%)
LD
(μg.g-1
)
(n=10)
89Y 0,9952 0,790 0,79 ± 0,01 0,15 0,2 0,0274
139La 0,9990 0,720 0,728 ± 0,005 1,59 1,1 0,0398
140Ce 0,9925 0,813 0,817 ± 0,005 0,74 0,5 0,0584
141Pr 0,9980 0,768 0,84 ± 0,06 1,24 9,1 0,0388
146Nd 0,9941 0,752 0,78 ± 0,03 0,94 3,6 0,00620
147Sm 0,9970 0,754 0,76± 0,01 0,64 0,8 0,00550
151Eu 0,9930 0,770 0,77 ± 0,01 0,04 0,1 0,0288
157Gd 0,9977 0,763 0,77 ± 0,01 0,74 1,1 0,0123
159Tb 0,9990 0,739 0,76 ± 0,03 0,67 2,9 0,0445
162Yb 0,9910 0,777 0,78 ± 0,03 0,03 0,1 0,0223
163Dy 0,9980 0,746 0,80 ± 0,09 0,59 6,8 0,0135
165Ho 0,9953 0,749 0,73 ± 0,02 0,72 -2,3 0,0383
166Er 0,9964 0,740 0,79 ± 0,04 1,20 6,2 0,0164
169Tm 0,9924 0,732 0,736 ± 0,009 0,43 0,5 0,0589
175Lu 0,9908 0,732 0,747 ± 0,006 0,99 2,1 0,0771
4.2- FURO ESTRATIGRÁFICO FDMQ 0177 E AMOSTRAS
O furo estratigráfico FDMQ 0177, que se localiza na borda sul da Serra do Gandarela, com as
coordenadas UTM 637.862,11 e 7.777.526,35; cota 1.617,42 m, apresenta 30,5% de sua espessura
composta de itabiritos da Formação Cauê. Sua profundidade é de 337,85 m e apresenta os seguintes
litotipos: canga, itabirito goethítico, itabirito silicoso contaminado friável, itabirito silicoso semi-
compacto, itabirito silicoso compacto, quartzito e filito (figura 4.3), segundo Alkmim (2014). Os
litotipos itabirito silicoso compacto (ISC) e itabirito silicoso semi-compacto (ISSC) deste testemunho
mostraram menor alteração por intemperismo e por isso foram escolhidos para um estudo mais
detalhado. Dentre as amostras que representavam esses litotipos foram selecionadas 11 (tabela 4.4) e
suas respectivas lâminas polidas delgadas. A escolha das amostras foi feita a partir dos estudos prévios
realizados por Alkmim (2014), já que apresentam características mais semelhantes ao itabirito
primitivo.
O “itabirito silicoso” é uma classificação dada ao itabirito, que corresponde ao produto de
metamorfismo de uma rocha que contém chert e óxidos de ferro (Dorr II 1964). Essa classificação
também corresponde ao “itabirito normal” ou itabirito comum de Rosière & Chemale Jr. (2001).
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
49
Figura 4.3– Fotos dos litotitpos encontrados no testemunho do furo FDMQ 0177: A) Canga, B) Itabirito
Goetítico, C) Itabirito silicoso contaminado friável, D) Itabirito silicoso semi-compacto, E) Itabirito silicoso
compacto, F) Quartzito, G) Filito (Alkmim 2014).
Tabela 4.4– Amostras selecionadas para análise do furo FDMQ 0177, suas respectivas profundidades e
litologias.
Amostra Profundidade (m) Litologia
F1A20A 137,20 Itabirito silicoso semi-compacto
F1A21A 141,00 Itabirito silicoso semi-compacto
F1A22A 143,35 Itabirito silicoso semi-compacto
F1A23A 146,55 Itabirito silicoso compacto
F1A24B 148,95 Itabirito silicoso compacto
F1A25A 149,75 Itabirito silicoso compacto
F1A30A 172,86 Itabirito silicoso semi-compacto
F1A31B 176,65 Itabirito silicoso semi-compacto
F1A34B 190,80 Itabirito silicoso semi-compacto
F1A35 208,25 Itabirito silicoso semi-compacto
F1A36B 214,45 Itabirito silicoso semi-compacto
O itabirito silicoso compacto e semi-compacto do Sinclinal Gandarela caracterizam-se por
rochas bandadas, de cor cinza e pouco magnéticas. Com bandas de ferro alternadas com bandas
A B C D
E G F
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
50
silicosas. Esses dois litotipos estudados pouco se diferem na mineralogia e composição química,
porém há uma diferença textural entre eles, sendo que o itabirito silicoso semi-compacto se desagrega
com mais facilidade.
4.3- CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA
As amostras de itabirito silicoso compacto e semi-compacto do Sinclinal Gandarela
mostraram-se frescas ou pouco intemperizadas, o que permitiu uma caracterização mineralógica pela
Microscopia Óptica e pela técnica MeV-EDS.
Tanto macroscopicamente quanto microscopicamente é notável a presença de bandas ricas em
minerais metálicos (óxidos/hidróxido de ferro) e de bandas ricas em minerais não metálicos (quartzo)
no itabirito silicoso compacto e semi-compacto. Nas bandas ricas em ferro foram identificados
microscopicamente hematita, magnetita, martita, goethita, filosssilicato verde, fosfato rico em Y,
fosfato rico em La, Ce e Nd e sulfato rico em Ba. Já as bandas ricas em quartzo apresentaram,
principalmente, esse mineral e o filossilicato verde. Os fosfatos, o sulfato e o filossilicato foram
analisados em detalhe através do MeV-EDS.
A hematita lamelar (figura 4.4A e B) aparece como mineral predominante em todas as
amostras. Os cristais de hematita vão de subédricos a anaédricos com tamanhos variando de 0,010 a
0,60 mm. A martita (produto de transformação da magnetita em hematita por oxidação seguindo
planos cristalográficos específicos da magnetita) aparece como cristais subédricos e na maioria das
vezes com aspecto poroso (figura 4.4B), com tamanhos variando de 0,27 a 0,59 mm. A magnetita foi
encontrada em algumas amostras como relictos nos centros dos cristais de hematita. Porém nas
amostras F1A23A e F1A35 esse mineral é predominante nas bandas de ferro, apresentando cristais
grossos (figura 4.4C), com tamanhos variando de 0,005 a 2,5 mm. O quartzo presente nas bandas
silicosas apresenta-se recristalizado e com contatos poligonais (0,018 – 0,270 mm), já nas bandas de
ferro esse mineral apresenta contatos pouco definidos. A goethita apresenta-se com a forma de
alteração de opacos e às vezes são encontradas como veios nas bandas de ferro, nas bandas silicosas e
intercrescidos nos critais do filossilicato verde (figura 4.5C e D).
Nas lâminas polidas delgadas, com exceção da amostra F1A25A, foi identificado um mineral
de hábito lamelar, forte pleocroísmo verde-verde garrafa, tamanho variando de 0,005 a 1,140 mm
(figura 4.5A). Esse mineral está presente tanto nas bandas de ferro quanto nas bandas silicosas, sendo
mais abundante nas amostras F1A20A, F1A22A, F1A34B e F1A36B (figura 4.5B). Lamelas de
goethita foram encontradas dentro de alguns cristais do filossilicato, conforme a figura 4.5C e D.
Foram realizadas análises de Microscopia óptica e MeV-EDS para caracterização deste mineral. Pelas
análises em lâmina foi possível observar cristais subédricos e euédricos, biaxial negativo, possuindo
extinção olho de passáro, sem orientação preferencial e em algumas amostras aparecem
perpendiculares ao bandamento. Pelas análises em MeV-EDS foi possível identificar que é um
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
51
filossilicato rico em ferro com teores próximos de 24% e com teores de Mg, K próximos de 6 e 10%,
respectivamente. Os teores de Al variaram entre 1 e 3%, conforme a tabela 4.5. Os dados obtidos pelo
MeV-EDS foram normalizados com 12 átomos de oxigênio para a determinação da fórmula química e
das razões Fe3+/(Fe3++Al) e Mg/(Mg+Fe2+) (Wise & Eugster 1964) para o filossilicato analisado,
conforme mostra a tabela 4.6. Pelos dados normalizados e pelas características microscópicas o
filossilicato encontrado foi definido como celadonita (Dana et al. 1997), do grupo das micas, cuja
fórmula é (K)Σ0,909(Mg0,629, Fe2+0,365)Σ0,994(Fe3+)Σ1,040(Si3,767, Al0,065)Σ3,832(OH)Σ2,331.
Figura 4.4- Fotomicrografias obtidas por Microscopia óptica. A: Cristais de hematita lamelar (Hl) em meio a
minerais translúcidos quartzo (Qz) e celadonita (Cel), sob luz refletida; B: Martita em meio a cristais
translúcidos sob luz refletida; C: Cristal de magnetita e o início do processo de martitização, em meio a minerais
translúcidos, quartzo e goethita (Gt) sob luz refletida.
Os cristais de celadonita encontrados nas FFB do Sinclinal Gandarela aproximam-se da
ferroceladonita, de acordo com o diagrama da composição da celadonita (figura 4.6), demonstrando
um baixo conteúdo de Al desses minerais, assim como as celadonitas descritas por Savko et al. (2003)
em FFB do depósito Kursk Magnetic Anomaly (KMA) na Rússia.
A
C
B
Mg
Gt
Qz
50 μm
50 μm 50 μm
Hl
Qz
Cel Mt
Qz
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
52
Figura 4.5- A: Cristais do filossilicato verde em meio a cristais de hematita e quartzo (aumento 2,5x -
polarizadores descruzados); B: Imagens de elétrons retro-espalhados de cristais do filossilicato verde; C e D:
Imagens de elétrons retro-espalhados de cristais do filossilicato verde com lamelas de goethita intercrecidas.
Figura 4.6- Diagrama da composição da celadonita, segundo Wise & Eugster (1964) e Li et al. (1997).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
00,10,20,30,40,50,60,70,80,91
Mg/
(Mg+
Fe2
+ )
Fe3+/(Fe3++Al)
Ferroceladonita
Fe3+ Fe2+ Ferroaluminoceladonita
Al Fe2+
Aluminoceladonita
Al Mg
Celadonita
Mg Fe3+
D C
A B 100 μm 100 μm
20 μm 50 μm
Quartzo
Celadonita
Hematita
Hematita
Goethita Celadonita
Quartzo
Goethita
Celadonita
Quartzo
Hematita
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
53
Tabela 4.5- Componentes (%) do filossilicato verde estudado (Análise de MeV-EDS)
PONTO MgO Al2O3 SiO4 K2O FeO PONTO MgO Al2O3 SiO4 K2O FeO
F1A20A-pt1 5,34 3,69 52,56 9,00 23,92 F1A24A-pt4 6,66 1,13 54,16 9,84 22,97
F1A20A-pt2 5,25 3,50 52,15 9,55 24,17 F1A24A-pt5 6,79 0,98 53,88 9,95 22,87
F1A20A-pt3 5,43 3,43 52,53 9,24 23,63 F1A24A-pt6 6,85 0,98 54,52 10,41 22,99
F1A20A-pt4 5,44 3,80 52,98 9,00 23,69 F1A25A-pt1 6,24 1,16 52,81 10,37 23,04
F1A20A-pt5 5,27 3,70 52,40 9,36 24,20 F1A25A-pt2 6,16 1,15 52,64 10,39 22,90
F1A20A-pt6 5,01 3,40 50,89 9,22 25,29 F1A25A-pt3 5,98 1,33 51,90 9,99 22,01
F1A21A-pt1 6,05 1,54 52,10 10,26 23,27 F1A25A-pt4 5,90 1,10 51,18 10,19 22,64
F1A21A-pt2 5,93 1,27 51,53 10,24 23,21 F1A25A-pt5 6,02 1,24 51,82 10,17 22,67
F1A21A-pt3 6,34 0,81 52,12 10,25 22,88 F1A25A-pt6 6,02 1,13 51,16 10,19 23,26
F1A21A-pt4 6,48 0,97 53,03 10,30 22,36 F1A31A-pt1 5,22 2,22 50,45 10,03 23,97
F1A21A-pt5 6,08 1,47 52,68 10,10 23,19 F1A31A-pt2 5,49 2,61 53,33 9,90 24,27
F1A22A-pt1 5,21 3,29 50,47 9,83 23,70 F1A31A-pt3 5,28 2,26 50,89 9,35 24,02
F1A22A-pt2 5,39 3,46 53,35 10,16 23,57 F1A31A-pt4 5,30 2,38 52,04 9,46 23,59
F1A22A-pt3 5,41 3,19 51,95 10,42 23,24 F1A31A-pt5 5,84 3,24 54,51 9,01 23,31
F1A22A-pt4 6,00 3,12 54,06 8,60 22,23 F1A31A-pt6 5,40 2,13 52,15 10,41 23,99
F1A22A-pt5 6,47 3,65 53,80 7,95 22,37 F1A34A-pt1 6,39 1,57 53,41 9,02 22,67
F1A22A-pt6 5,72 2,94 53,91 8,69 23,50 F1A34A-pt2 7,03 2,17 55,86 8,38 22,77
F1A23A-pt1 6,05 2,49 53,40 10,61 24,17 F1A34A-pt3 6,37 1,40 53,16 8,96 22,52
F1A23A-pt2 5,81 2,40 51,93 10,46 24,08 F1A34A-pt4 6,54 1,70 53,49 9,55 22,92
F1A23A-pt3 6,01 2,29 52,83 10,39 23,58 F1A34A-pt5 6,42 1,47 52,84 9,69 23,26
F1A23A-pt4 5,90 2,84 52,96 10,60 24,44 F1A34A-pt6 6,78 1,48 56,04 10,20 22,22
F1A23A-pt5 5,95 2,59 52,71 10,58 24,09 F1A36B-pt1 5,67 3,07 53,56 10,31 23,72
F1A23A-pt6 5,90 2,56 52,58 10,70 24,20 F1A36B-pt2 5,35 2,81 50,96 10,31 23,58
F1A23A-pt7 5,66 2,60 52,00 10,60 24,48 F1A36B-pt3 5,50 2,85 51,56 10,42 23,78
F1A23A-pt8 5,84 2,64 52,40 10,60 24,57 F1A36B-pt4 5,27 2,85 50,99 10,25 24,07
F1A23A-pt9 5,73 2,49 51,73 10,60 24,31 F1A36B-pt5 5,30 2,81 51,53 10,41 24,01
F1A23A-pt10 6,05 2,20 52,45 10,60 23,65 F1A36B-pt6 5,47 2,67 51,56 10,31 23,78
F1A23A-pt11 6,12 2,60 53,35 10,64 24,00 F1A36B-pt7 5,53 3,09 52,72 10,32 24,00
F1A23A-pt12 5,53 2,84 51,37 10,48 24,88 F1A36B-pt8 5,49 3,12 52,72 10,48 23,92
F1A24A-pt1 6,91 1,02 53,88 10,09 21,78 F1A36B-pt9 5,56 2,77 52,42 10,41 24,01
F1A24A-pt2 7,05 1,20 54,94 9,51 21,87 F1A36B-pt10 5,33 2,92 50,54 10,17 24,36
F1A24A-pt3 6,98 1,20 55,31 10,17 22,26
Tabela 4.6- Dados médios obtidos pelo MeV-EDS normalizados para o filossilicato verde das amostras em
estudo.
F1A20A F1A21A F1A22A F1A23A F1A24B F1A25A F1A31A F1A34B F1A36B
Fe2+
0,36 0,37 0,36 0,36 0,36 0,37 0,37 0,36 0,37
Fe3+
1,07 1,03 1,01 1,07 0,97 1,02 1,07 0,99 1,07
Al 0,10 0,03 0,09 0,07 0,03 0,03 0,07 0,04 0,08
Mg 0,56 0,67 0,60 0,62 0,73 0,66 0,58 0,70 0,58
Fe3+
/(Fe3+
+Al) 0,91 0,97 0,92 0,94 0,97 0,97 0,94 0,96 0,93
Mg/(Mg+Fe2+
) 0,61 0,64 0,62 0,63 0,67 0,64 0,61 0,66 0,61
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
54
Minerais anaédricos de hábito granular também foram identificados nas amostras F1A20A e
F1A30A através do MeV-EDS. Os cristais foram encontrados nas bandas de ferro e apresentam-se
muito finos, com tamanhos variando de 0,004 a 0,025 mm (figura 4.7). Pelo fato dos cristais serem
muito finos não foi possível identificá-los por microscopia óptica. Esses minerais apresentam uma
composição média de 34% de S, 68% de Ba e em menor proporção Fe, Si, e Ca, conforme a tabela 4.7.
Pelos resultados obtidos em MeV-EDS, sugere-se que o mineral seja a barita (Deer et al. 1992), da
classe dos sulfatos e apresenta fórmula BaSO4.
Figura 4.7- Imagens de elétrons retro-espalhados e suas respectivas análises quantitativas (EDS) da composição
de cristais do sulfato de bário da amostra F1A30A.
Outros cristais subédricos a euédricos foram identificados nas amostras F1A24B, F1A30A e
F1A36B. O tamanho desses cristais varia de 0,004 a 0,098 mm e pelo fato de serem muito finos não
foi possível identificá-los pela microscopia óptica (figura 4.8A). O mineral apresenta teores próximos
de 30% de P, 19% de La, 29% de Ce, 12% de Nd e outros elementos-traços (principalmente ETRL)
em menor proporção (tabela 4.8). Pelos resultados obtidos em MeV-EDS, sugere-se que o mineral
encontrado nas bandas de ferro seja um fosfato rico em La, Ce e Nd denominado monazita (Deer et al.
1992), com fórmula química (La, Ce, Nd)PO4.
Um outro mineral anaédrico de hábito granular também foi encontrado nas amostras F1A21A,
F1A23A, F1A24B e F1A30A. Os minerais encontrados apresentam-se muito finos com tamanhos
variando de 0,010 a 0,048 mm (figura 4.8B), não sendo possível analisá-los em microscópio óptico.
50 μm
50 μm
Quartzo
Hematita
Barita
Quartzo
Hematita
Barita
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
55
Esse mineral apresenta teores próximos de 37% de P, 51% de Y e outros elementos-traços
(principalmente ETRP) em menor proporção (tabela 4.9). Pelos resultados obtidos em MeV-EDS,
sugere-se que o mineral encontrado nas bandas de ferro seja um fostato rico em Y, definido como
xenotima (Deer et al. 1992), com fórmula química YPO4. A amostra F1A24B apresentou um número
maior e grãos maiores dos fosfatos de Y e de La, Ce e Nd, em relação as outras amostras.
Tabela 4.7- Componentes (%) do sulfato rico em bário estudado (Análise de MeV-EDS).
PONTO SiO4 SO3 FeO BaO CaO
F1A30A-B(1)-pt1 <0,10 34,20 0,92 68,76 <0,10
F1A30A-B(1)-pt2 0,51 34,75 1,12 68,47 <0,10
F1A30A-B(1)-pt3 0,70 35,81 1,28 69,04 <0,10
F1A30A-B(1)-pt4 1,12 33,77 1,27 67,65 <0,10
F1A30A-B(1)-pt5 <0,10 34,64 1,28 68,33 <0,10
F1A30A-B(1)-pt6 <0,10 34,32 1,07 68,40 <0,10
F1A30A-B(1)-pt7 <0,10 34,13 1,06 68,68 <0,10
F1A30A-B(2)-pt1 2,60 32,45 2,09 67,56 <0,10
F1A30A-B(2)-pt2 1,99 34,62 2,15 67,88 <0,10
F1A30A-B(2)-pt3 2,89 33,67 2,15 70,00 <0,10
F1A30A-B(2)-pt4 3,91 33,34 2,19 67,56 <0,10
F1A30A-B(2)-pt5 1,99 34,36 2,14 68,17 <0,10
F1A30A-B(2)-pt6 3,37 34,17 2,13 67,21 <0,10
F1A20A-B(3)-pt1 14,49 27,26 4,69 49,24 0,96
F1A20A-B(3)-pt2 8,59 31,1 2,99 57,32 0,51
F1A20A-B(3)-pt3 6,68 29,45 3,41 56,94 0,54
F1A20A-B(3)-pt4 14,03 27,28 3,71 48,01 0,82
* Limite de detecção aceitável pelo laboratório de Microanálies, DEGEO/UFOP = 0,10%
Figura 4.8- Imagens de elétrons retro-espalhados e a respectiva análise quantitativa (EDS) da composição dos
cristais de: (A) monazita e (B) xenotima.
A
B
20 μm
20 μm
Quartzo
Hematita
Monazita
Quartzo
Hematita
Goethita
Martita
Xenotima
So
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3
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2
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24B
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9
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3
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5
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17,8
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3
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0
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0
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0
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24B
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0
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12,3
2
1,3
4
<0,1
0
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0
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0
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F1A
24B
-M(1
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0
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1
0,1
3
2,3
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1,4
8
22,2
6
29,3
7
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6
12,5
8
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6
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9
F1A
24B
-M(2
)-pt1
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5
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5
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1,8
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1
0,9
5
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2
F1A
24B
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0
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F1A
24B
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6
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1
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4
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0
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0
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0
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24B
-M(2
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0,1
6
2,7
2
1,6
3
19,7
7
29,6
0
2,9
5
13,0
6
<0,1
0
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0
<0,1
0
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0
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2
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0
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7
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1
1,7
7
<0,1
0
<0,1
0
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0
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6
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0
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5
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2
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0
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0
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0
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4
F1A
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0,8
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0
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8
0,1
4
3,1
6
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5
19,4
8
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7
3,3
5
13,5
1
1,7
8
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0
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0
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3
19,4
6
29,5
2
3,2
3
13,9
1
1,8
9
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0
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0
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1
F1A
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1
29,9
7
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5
2,8
5
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0
19,8
2
29,3
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4
1,7
4
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0
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3
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0
F1A
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9
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2,8
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4
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F1A
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36
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0
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9
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8
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5
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9
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2
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4
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0
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5
F1A
36
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1
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4
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3
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0
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0
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0
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0
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36
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2
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2
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1
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9
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1
F1A
36
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3
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5
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4
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1
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6
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0
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6
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0
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0
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0
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0
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0
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4
F1A
36
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0
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1
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1
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3
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4
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0
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0
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0
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0
F1A
36
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0,1
0
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2
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0
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2
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1
21,1
6
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6
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6
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8
<0,1
0
<0,1
0
<0,1
0
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0
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0
F1A
36
-M(2
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0,1
0
0,6
3
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8
0,4
0
1,8
2
1,2
7
26,4
8
30,6
8
2,4
8
7,2
2
<0,1
0
<0,1
0
<0,1
0
<0,1
0
2,5
7
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
57
Tabela 4.9- Componentes (%) do fosfato rico em Y estudado (Análise de MeV-EDS).
PONTO P2O5 CaO FeO Y2O3 SmO2 Eu2O3 Gd2O3 Dy2O3 Ho2O3 Er2O3 Yb2O3 Lu2O3
F1A21A-X(1)-pt1 36,27 <0,10 0,50 50,91 <0,10 <0,10 1,66 3,16 0,85 2,87 3,30 <0,10
F1A21A-X(1)-pt2 36,64 <0,10 0,49 50,93 <0,10 <0,10 2,01 2,88 <0,10 3,07 3,70 <0,10
F1A21A-X(1)-pt3 36,17 <0,10 0,50 50,08 <0,10 <0,10 1,47 3,00 0,85 3,36 3,39 0,71
F1A21A-X(1)-pt4 35,83 0,70 0,76 47,88 <0,10 <0,10 1,74 3,45 1,16 3,40 4,09 0,84
F1A21A-X(1)-pt5 35,64 <0,10 0,69 50,04 <0,10 <0,10 1,05 2,51 0,98 3,56 3,65 0,89
F1A23A-X(1)-pt1 36,99 <0,10 1,63 50,74 <0,10 <0,10 1,68 3,25 0,87 3,51 3,73 0,69
F1A23A-X(1)-pt2 36,50 <0,10 1,57 50,52 <0,10 <0,10 1,61 3,45 1,02 3,27 3,47 <0,10
F1A23A-X(1)-pt3 36,56 <0,10 1,66 49,97 <0,10 <0,10 1,98 3,25 <0,10 3,28 3,73 <0,10
F1A23A-X(1)-pt4 37,14 <0,10 2,21 50,37 <0,10 <0,10 1,53 3,63 0,83 3,22 3,51 <0,10
F1A23A-X(2)-pt1 36,67 <0,10 0,69 50,08 2,06 3,26 <0,10 <0,10 <0,10 3,16 3,63 <0,10
F1A23A-X(2)-pt2 36,72 <0,10 1,04 50,46 1,73 3,15 0,92 <0,10 <0,10 3,54 3,82 <0,10
F1A23A-X(2)-pt3 36,71 <0,10 0,69 50,48 1,77 3,75 0,93 <0,10 <0,10 3,21 3,63 <0,10
F1A23A-X(2)-pt4 36,42 <0,10 0,76 49,70 1,86 3,15 0,96 <0,10 <0,10 3,05 3,29 <0,10
F1A24B-X(1)-pt1 35,86 <0,10 0,67 50,06 1,57 2,74 <0,10 <0,10 <0,10 2,82 3,35 <0,10
F1A24B-X(1)-pt2 35,99 0,20 0,95 51,96 1,20 2,81 0,87 <0,10 <0,10 2,73 1,77 <0,10
F1A24B-X(1)-pt3 36,92 <0,10 0,92 51,24 1,54 3,17 1,04 <0,10 <0,10 3,20 3,16 <0,10
F1A24B-X(1)-pt4 37,13 <0,10 0,98 51,11 1,55 2,90 0,90 <0,10 <0,10 3,19 3,29 <0,10
F1A30A-X(1)-pt1 36,87 <0,10 2,95 50,45 <0,10 <0,10 1,71 2,95 <0,10 2,83 3,18 <0,10
F1A30A-X(1)-pt2 36,32 <0,10 4,19 50,26 <0,10 <0,10 1,40 3,06 0,61 2,99 2,99 <0,10
F1A30A-X(1)-pt3 37,02 <0,10 2,23 50,85 <0,10 <0,10 1,64 3,31 0,77 3,26 3,25 <0,10
F1A30A-X(1)-pt4 36,57 <0,10 2,02 51,45 <0,10 <0,10 1,38 3,27 0,75 3,43 3,31 <0,10
F1A30A-X(1)-pt5 37,16 <0,10 2,22 51,09 <0,10 <0,10 1,57 3,25 0,86 2,97 3,24 <0,10
F1A30A-X(2)-pt1 37,79 <0,10 0,57 52,11 0,44 <0,10 1,70 3,37 0,99 3,27 3,11 <0,10
F1A30A-X(2)-pt2 36,73 <0,10 0,51 51,15 <0,10 <0,10 1,57 3,46 0,91 3,15 3,37 <0,10
F1A30A-X(2)-pt3 36,60 <0,10 0,53 50,80 <0,10 <0,10 1,55 3,49 1,12 3,33 3,17 <0,10
F1A30A-X(2)-pt4 35,82 <0,10 0,50 51,40 <0,10 <0,10 1,34 3,23 0,91 3,19 3,27 <0,10
* Limite de detecção aceitável pelo laboratório de Microanálies, DEGEO/UFOP = 0,10%
4.4- GEOQUÍMICA DE Y-ETR DE ÓXIDOS/HIDRÓXIDO DE FERRO E
CELADONITA DAS FFB EM ESTUDO
Neste item serão apresentados os dados geoquímicos de Y-ETR em fases minerais presentes
nas amostras estudadas, obtidos por análises em LA-ICP-MS. Os resultados mostram a distribuição
desses elementos nas fases minerais analisadas de cada amostra e serão comparados com os resultados
obtidos em rocha total (Alkmim 2014) e com outros trabalhos de química mineral em óxidos de ferro.
Os dados de concentração de Y-ETR referentes á rocha total foram obtidos pelo trabalho de Alkmim
(2014), que determinou a geoquímica de elementos terras raras dos itabiritos silicosos compacto e
semi-compacto do Sinclinal Gandarela (QF). As concentrações de Y-ETR de cada amostra encontram-
se na tabela 4.11.
4.4.1- Espectros de Elementos Terras Raras + Y
Das amostras selecionadas para este estudo apenas F1A20A, F1A21A, F1A22A, F1A23A,
F1A24B, F1A25A, F1A35 e F1A36B apresentaram grãos minerais com tamanhos suficientes para o
furo de ablação (> 30 μm . Dentre as fases minerais presentes nas amostras que apresentaram o
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
58
tamanho necessário para análise foram: magnetita, martita, hematita lamelar, goethita e celadonita.
Porém, os dados obtidos pelos grãos de magnetita foram menores que o limite de detecção do método.
Os resultados de fração em massa dos elementos analisados estão expressos na tabela 4.10,
assim como o somatório dos ETR em cada grão mineral analisado. A normalização dos resultados
obtidos pelos óxidos/hidróxido de ferro foi feita a partir do Post Archean Australian Shale Average,
(PAAS; McLennan 1989) e dos resultados obtidos pelos cristais de celadonita foi feita pelo condrito
(Evensen et al. 1978). Os resultados normalizados foram plotados em gráficos, conforme os espectros
das figuras 4.9-4.12.
Anomalias de Eu foram calculadas pela equação Eu/Eu*PAAS = (Eu/(0,66Sm+0,33Tb)) e
anomalias de Ce conforme a equação Ce/Ce*PAAS = (Ce/(0,5Pr+0,5La)), de acordo com Planavsky et
al. (2010). Anomalias de Pr foram calculadas conforme a equação Pr/Pr*PAAS = (Pr/(0,5Ce+0,5Nd)),
anomalias de Y pela equação Y/Y*PAAS = (Y/(0,5Gd+0,5Ho) e de Nd pela equação Nd/Nd*PAAS =
(Nd/(0,5Pr)+(0,5Sm)), conforme Bau & Dulski (1996). Já as anomalias de La foram calculadas pela
equação La/La*PAAS = (La/(3Pr–2Nd)), conforme Bolhar et al. (2004). A depleção de ETRL foi
calculada pela razão (Pr/Yb)PAAS, de acordo com Bolhar et al. (2004). As razões (Sm/Yb)PAAS e
(Eu/Sm)PAAS foram calculadas de acordo com Bau & Moller (1993) e a razão Y/Ho foi calculada de
acordo com Bolhar et al. (2004). As anomalias e razões obtidas para os minerais analisados estão
expressas na tabela 4.12.
Para certificação da veracidade das anomalias de Ce e La foi construído um diagrama binário
(Ce/Ce*)PAAS x (Pr/Pr*)PAAS, segundo Bau & Dulski (1996; figura 4.13). O diagrama binário
(Eu/Sm)PAAS x (Sm/Yb)PAAS (figura 4.14) foi construído para auxiliar na identificação dos cristais que
não apresentam contaminação clástica, ou seja apresentam as razões (Eu/Sm)PAAS > 1 e (Sm/Yb)PAAS <
1, segundo Bau & Moller (1993). Também foi construído um diagrama binário (Eu/Eu*)PAAS x Y/Ho
(figura 4.15), para além de identificar os grãos minerais que apresentam anomalia de Eu, determinar a
compatibilidade dos minerais com a assinatura condr tica “CH R C” ou com a água do mar
moderno, segundo Bau & Dulski (1996).
Martita
Apenas a amostra F1A35 apresentou cristais de martita com tamanho necessário para a análise
e valores de Y-ETR maiores que o LD do método. O somatório dos ETR referente a esses grãos
mostraram-se muito baixos, variando de 1,527 a 9,682 ppm (tabela 4.10).
Os espectros de Y-ETR dos grãos de martita, normalizados pelo PAAS (McLennan 1989),
variaram entre si, conforme a figura 4.9. Porém, todos os grãos apresentaram um enriquecimento dos
ETRP em relação aos ETRL (Pr/YbPAAS < 0,363; tabela 4.12). Os grãos F1A35-Mt1, F1A35-Mt2,
F1A35-Mt3, F1A35-Mt4, F1A35-Mt5 e F1A35-Mt8 apresentaram um padrão geoquímico mais
semelhante, com anomalia negativa em Y (0,247 - 0,822; tabela 4.12) e anomalia negativa em Ce.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
59
Pelo diagrama (Ce/Ce*)PAAS versus (Pr/Pr*)PAAS (Bau & Dulski 1996), a anomalia negativa em Ce foi
certificada como verdadeira para os grãos F1A35-Mt1, F1A35-Mt2, F1A35-Mt6, F1A35-Mt7, F1A35-
Mt8, F1A35-Mt9, e foi identificada anomalia positiva em La para os grãos F1A35-Mt3 e F1A35-Mt4,
conforme a figura 4.13.
Os valores da razão Y/Ho para os cristais de martita variaram de 7,200 a 37,220, sendo que
apenas os grãos F1A35-Mt6 e F1A35-Mt7 apresentaram uma semelhança com a assinatura condritica
“CH R C” Bau & Dulski 1996), conforme a figura 4.15. Pelo diagrama (Eu/Sm)PAAS versus
(Sm/Yb)PAAS (figura 4.14) observa-se que apenas os grãos F1A35-Mt1, F1A35-Mt2, F1A35-Mt3,
F1A35-Mt4 e F1A35-Mt9 apresentam as razões (Sm/Yb)PAAS < 1 e (Eu/Sm)PAAS > 1, segundo Bau &
Moller (1993).
Figura 4.9- Espectros dos Y-ETR dos grãos de martita (Mt) de itabirito do Sinclinal Gandarela (QF) e da rocha
total (RT) (Alkmim 2014), com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
Hematita Lamelar
Os cristais de hematita lamelar analisados apresentaram um somatório dos ETR de baixo a
médio (5,642 - 67,759 ppm), com exceção dos grãos F1A23A-H1 e F1A23A-H2 que apresentaram
este somatório alto, 256,734 e 112,758 ppm (tabela 4.10), respectivamente.
Os espectros de Y-ETR dos grãos de hematita lamelar, normalizados pelo PAAS (McLennan
1989), mostraram-se bem parecidos para as amostras F1A20A, F1A21A, F1A22A, F1A23A, F1A24B,
F1A25A, F1A35 e F1A36B, como podem ser vistos na figura 4.10. Sendo que os cristais de hematita
lamelar referentes à amostra F1A23A apresentaram um enriquecimento no conteúdo de Y-ETR em
relação demais grãos analisados.
É possível identificar em todos os grãos analisados um enriquecimento dos ETRP em relação
aos ETRL, com razões Pr/YbPAAS < 0,489 (tabela 4.12; figura 4.10). A maioria deles apresenta
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
Amostra F1A35 Mt1
Mt2
Mt3
Mt4
Mt5
Mt6
Mt7
Mt8
Mt9
RT
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
60
anomalia positiva de Eu (0,911 – 3,066), anomalia positiva de Y (0,983 - 2,228) e anomalia negativa
de Nd (0,380 - 1,000), conforme mostram a tabela 4.12 e a figura 4.10. Pelo diagrama (Ce/Ce*)PAAS
versus (Pr/Pr*)PAAS (figura 4.13), segundo Bau & Dulski (1996), é possível observar que a maioria dos
cristais de hematita lamelar apresentam anomalia negativa em Ce verdadeira, apenas um grão
apresentou anomalia positiva em Ce (F1A20A-H9) e um apresentou anomalia negativa em La
(F1A20A-H8).
Pelo diagrama (Eu/Sm)PAAS versus (Sm/Yb)PAAS (figura 4.14) observa-se que os grãos de
hematita lamelar apresentam (Sm/Yb)PAAS < 1 e (Eu/Sm)PAAS > 1 (Bau & Moller 1993), com exceção do
F1A35-H2. A razão Y/Ho apresentou valores entre 20,444 - 48,415 (tabela 4.12). Sendo que apenas a
composição dos cristais F1A20A-H3 e F1A20A-H7 são compatíveis com a assinatura da água do mar
moderno e a composição dos cristais da amostra F1A22A, e os cristais F1A20-H6, F1A20-H9,
F1A21A-H1, F1A23A-H2, F1A25-H8, F1A25-H9, F1A25-H10, F1A35-H2 e F1A36B-H1 são
compat veis com a assinatura condr tica “CH R C” Bau & Dulski 1996), conforme a figura 4.15.
Goethita
Apenas as amostras F1A21A, F1A23A, F1A25A, F1A35 e F1A36B apresentaram grãos de
goethita com tamanho necessário para análise e valores de Y-ETR maiores que o LD do método. O
somatório dos ETR para esses grãos variaram de baixo á muito alto, entre 5,195 e 226,238 ppm (tabela
4.10).
Pelos espectros de Y-ETR (figura 4.11), normalizados pelo PAAS (McLennan 1989), nota-se
que os grãos de goethita analisados apresentaram um padrão geoquímico bem semelhante, com
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL (Pr/YbPAAS < 0,307; tabela 4.12), anomalia positiva
de Y (1,099 - 3,141; tabela 4.12), anomalia negativa de Ce e Nd (0,518 - 0,731; tabela 4.12). As
anomalias negativas de Ce foram certificadas como verdadeiras pelo diagrama (Ce/Ce*)PAAS versus
(Pr/Pr*)PAAS (Bau & Dulski 1996), conforme a figura 4.13. Anomalias de Eu variaram de 0,636 - 1,830
(tabela 4.12), apresentando-se positiva na maioria dos grãos, exceto para F1A23A-G1, F1A35A-G1 e
F1A35A-G2 (figura 4.15).
Pelo diagrama (Eu/Sm)PAAS versus (Sm/Yb)PAAS (figura 4.14) observa-se que todas os cristais
de goethita analisados apresentam (Sm/Yb)PAAS < 1 e (Eu/Sm)PAAS > 1, segundo Bau & Moller (1993).
Os valores da razão Y/Ho variaram de 22,428 - 67,953. Apenas os cristais F1A21A-G3, F1A23A-G1e
F1A36B-G2 são compatíveis com o condrito “CH R C” e a composição do cristal F1A21A-G2 é
compatível com a assinatura da água do mar moderno (Bau & Dulski 1996), conforme a figura 4.15.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
61
Figura 4.10- Espectros dos Y-ETR dos grãos de hematita lamelar (H) de itabiritios do Sinclinal Gandarela (QF)
e da rocha total (RT) (Alkmim 2014), com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H1
H2
H3
H4
H5
H6
H7
H8
H9
H10
RT
Amostra F1A20A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H1
RT
Amostra F1A21A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H1
H2
H3
H4
H5
H6
H7
H8
RT
Amostra F1A22A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H1
H2
RT
Amostra F1A23A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H1
RT
Amostra F1A24B
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H1
H2
H3
H4
H5
H6
H7
H8
H9
H10
RT
Amostra F1A25A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H1
H2
RT
Amostra F1A35
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
H2
RT
Amostra F1A36B
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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Figura 4.11- Espectros dos Y-ETR dos grãos de goethita (G) de itabiritios do Sinclinal Gandarela e da rocha
total (RT) (Alkmim 2014), com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
Celadonita
Apenas as amostras F1A21A, F1A22A, F1A23A e F1A35A apresentaram grãos de celadonita
com tamanho necessário para análise e com valores de Y-ETR > LD do método. O somatório dos ETR
variou de 8,331 a 65,353 ppm (tabela 4.10).
Os espectros dos grãos de celadonita (figura 4.12), normalizados pelo condrito (Evensen et al.
1978), mostrou que esses minerais apresentaram uma assinatura geoquímica bem distinta entre si e
enriquecidos com relação ao condrito. Apenas o cristal F1A23A-C1 apresentou uma marcante
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
G1
G2
G3
RT
Amostra F1A21A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
G1
G2
RT
Amostra F1A23A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
G1
G2
RT
Amostra F1A25A
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
G1
G2
RT
Amostra F1A35
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
G1
G2
RT
Amostra F1A36B
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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anomalia positiva em Ce. E os cristais F1A23-C1 e F1A35-C1 apresentaram concentração de Eu e Sm,
respectivamente, próximas a do condrito. Os valores da razão Y/Ho para esses minerais variaram de
26,996 a 49,012 (tabela 4.12). Sendo que os cristais de celadonita F1A22A-C1, F1A23A-C1 e F1A35-
C1 são compatíveis com a assinatura condr tica “CH R C” 24 < Y/Ho < 34 , segundo Bau & Dulski
(1996).
Figura 4.12- Espectros dos Y-ETR dos grãos de celadonita (C) de itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF),
normalizados pelo Condrito (Evensen et al. 1978).
Figura 4.13- Diagrama binário (Ce/Ce*)PAAS versus (Pr/Pr*)PAAS para os óxidos/hidróxido de ferro do Sinclinal
Gadarela (QF), segundo Bau & Dulski (1996). I- Sem anomalias de Ce e La; IIa- Anomalia positiva de La
apenas; IIb: Anomalia negativa de La apenas; IIIa: Anomalia positiva de Ce apenas; IIIb: Anomalia negativa de
Ce.
0,1
1
10
100
1000
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
F1A21A-C1
F1A22A-C1
F1A23A-C1
F1A35A-C1
F1A23A-C2
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
0,95
1,00
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
1,30
1,35
1,40
0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 0,85 0,90 0,95 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40 1,45 1,50 1,55 1,60 1,65 1,70
(Ce/
Ce*
) PA
AS
(Pr/Pr*)PAAS
IIIa IIb
I
IIIb
IIa
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
64
Tabela 4.10- Composição geoquímica, concentrações em ppm, de Y-ETR dos grãos minerais analisados.
(Continua)
PONTO La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu ∑ETR
F1A20A-H1 1,090 2,644 0,402 1,336 0,500 0,215 1,017 0,159 1,645 15,558 0,408 1,435 0,190 1,589 0,264 12,895
F1A20A- H2 2,964 6,356 1,026 4,346 1,113 0,440 1,742 0,324 2,407 21,387 0,526 1,855 0,187 1,802 0,295 25,386
F1A20A-H3 2,071 3,451 0,742 2,487 0,695 0,247 1,443 0,212 2,210 19,681 0,414 1,472 0,135 1,218 0,183 16,981
F1A20A-H4 4,021 11,056 1,471 4,188 1,103 0,481 2,416 0,443 3,982 35,719 0,951 3,109 0,369 2,402 0,443 36,434
F1A20A-H5 4,426 12,921 1,734 5,213 1,921 0,583 2,689 0,484 4,364 39,440 1,112 3,398 0,368 2,890 0,438 42,542
F1A20A-H6 1,473 2,995 0,453 1,529 0,468 0,163 0,763 0,146 1,123 11,066 0,322 0,971 0,095 0,644 0,130 11,275
F1A20A-H7 2,266 6,668 0,874 3,192 0,916 0,250 1,561 0,321 2,532 20,681 0,543 1,884 0,205 1,589 0,211 23,014
F1A20A-H8 3,600 11,349 1,251 5,070 1,748 0,535 2,160 0,459 4,089 32,596 0,879 3,662 0,327 2,508 0,373 38,011
F1A20A-H9 3,453 10,093 1,035 4,172 1,025 0,389 1,681 0,403 3,699 27,599 0,812 2,292 0,293 1,952 0,297 31,594
F1A20A-H10 9,588 14,220 2,277 6,677 1,343 0,393 1,788 0,324 2,649 30,921 0,639 1,997 0,197 1,487 0,246 43,825
F1A21A-H1 0,749 1,620 0,340 0,956 0,610 0,406 0,882 0,282 2,526 14,879 0,476 1,798 0,371 2,792 0,662 14,471
F1A21A-G1 2,478 4,582 0,880 3,380 1,089 0,471 1,394 0,255 2,208 16,924 0,448 1,664 0,203 2,164 0,484 21,700
F1A21A-G2 0,601 1,235 0,218 0,674 0,187 0,090 0,285 0,060 0,492 7,015 0,103 0,344 0,072 0,650 0,183 5,195
F1A21A-G3 2,310 4,088 0,875 3,607 1,212 0,537 2,109 0,433 3,965 29,508 0,898 3,237 0,383 4,405 0,948 29,009
F1A21A-C1 1,275 2,113 0,448 1,603 0,822 0,259 1,159 0,198 1,898 18,773 0,409 1,338 0,183 1,492 0,275 13,473
F1A22A-H1 0,979 2,228 0,498 2,019 0,774 0,289 0,920 0,128 1,312 7,388 0,297 0,756 0,116 0,650 0,104 11,069
F1A22A-H2 1,261 3,070 0,786 2,604 1,026 0,335 1,144 0,156 1,364 7,292 0,301 0,878 0,084 0,593 0,088 13,690
F1A22A-H3 1,201 3,104 0,511 2,219 0,689 0,285 0,743 0,112 1,075 5,826 0,235 0,686 0,091 0,628 0,139 11,720
F1A22A-H4 1,301 3,103 0,596 2,128 0,730 0,265 0,944 0,176 1,240 7,607 0,232 0,741 0,088 0,657 0,122 12,325
F1A22A-H5 0,999 1,899 0,451 1,781 0,693 0,286 0,829 0,147 1,261 7,532 0,257 0,746 0,114 0,696 0,102 10,261
F1A22A-H6 1,402 3,577 0,655 2,298 0,758 0,353 1,021 0,237 1,345 8,121 0,301 0,873 0,107 0,648 0,130 13,706
F1A22A-H7 0,755 1,993 0,369 1,525 0,719 0,279 0,678 0,148 1,115 6,965 0,286 0,741 0,121 0,675 0,169 9,574
F1A22A-C1 1,009 2,478 0,384 1,743 0,771 0,218 0,851 0,239 1,540 7,956 0,295 0,977 0,146 0,902 0,195 11,748
F1A23A-H1 23,841 26,781 10,255 39,741 13,528 4,678 21,035 4,327 38,812 320,769 9,239 29,909 3,321 26,881 4,387 256,734
F1A23A-H2 11,927 17,769 5,225 18,581 5,558 2,000 10,125 1,742 14,878 111,449 3,383 9,924 1,044 9,326 1,275 112,758
F1A23A-G1 24,585 26,776 9,445 34,477 11,180 3,837 17,467 3,424 30,216 247,046 7,196 23,127 2,457 19,884 3,306 217,375
F1A23A-G2 2,361 4,613 1,069 4,514 2,181 0,800 3,100 0,525 4,411 39,007 1,059 3,166 0,361 3,821 0,854 32,835
F1A23A-C1 2,460 57,625 0,778 2,087 0,462 0,076 0,384 0,085 0,557 4,227 0,141 0,255 0,053 0,391 <0,077 65,353
F1A23A-C2 1,156 1,445 0,422 1,119 0,157 0,145 0,556 0,082 0,900 8,988 0,183 0,866 0,085 1,015 0,200 8,331
F1A24A-H1 0,785 1,396 0,223 0,974 0,479 0,240 0,363 0,085 1,084 4,360 0,197 0,546 0,095 0,882 0,144 7,496
F1A25A-H1 2,707 3,148 0,817 2,930 1,098 0,307 1,512 0,314 2,372 21,491 0,554 1,743 0,164 1,219 0,252 19,139
F1A25A-H2 2,074 2,727 0,681 6,893 1,019 0,330 1,367 0,231 1,634 17,822 0,460 1,448 0,144 1,107 0,177 20,293
F1A25A-H3 1,915 2,191 0,544 2,309 0,776 0,228 1,220 0,202 1,788 14,742 0,433 1,142 0,136 0,954 0,178 14,016
F1A25A-H4 2,308 2,518 0,640 2,382 0,890 0,294 1,194 0,275 1,778 17,160 0,449 1,410 0,159 1,029 0,225 15,551
F1A25A-H5 3,056 4,004 0,966 6,278 1,447 0,390 1,897 0,335 2,968 25,037 0,659 1,975 0,240 2,361 0,386 26,963
F1A25A-H6 3,777 5,022 1,555 5,206 1,376 0,560 2,559 0,526 4,478 39,262 1,090 4,141 0,468 4,091 0,669 35,521
F1A25A-H7 3,497 5,434 1,115 3,780 1,293 0,452 2,189 0,449 3,584 32,184 0,931 3,324 0,397 3,146 0,570 30,162
F1A25A-H8 4,666 6,383 1,357 5,244 1,551 0,514 2,426 0,538 4,603 39,303 1,199 4,053 0,482 4,290 0,737 38,042
F1A25A-H9 1,349 2,403 0,482 2,140 0,796 0,213 1,044 0,193 1,746 12,470 0,417 1,577 0,151 1,299 0,228 14,038
F1A25A-H10 7,910 11,625 2,317 6,677 2,318 0,970 3,774 0,830 8,635 69,089 2,219 7,150 0,920 10,245 2,169 67,759
F1A25A-G1 25,149 25,095 7,762 28,349 8,247 2,503 12,882 2,530 22,181 217,958 5,457 17,260 1,730 12,639 2,025 173,808
F1A25A-G2 20,551 23,256 7,451 27,113 9,112 3,090 13,789 3,084 27,454 246,135 6,491 22,619 2,483 21,623 3,570 191,686
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
65
Tabela 4.10- Composição geoquímica, concentrações em ppm, de Y-ETR dos grãos minerais analisados.
(Continuação)
PONTO La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu ∑ETR
F1A35A-H1 1,860 9,428 1,190 4,618 1,332 0,505 1,398 0,301 3,233 17,056 0,834 2,002 0,194 1,725 0,317 28,937
F1A35A-H2 1,251 5,501 0,840 3,418 1,420 0,195 1,398 0,291 2,719 14,829 0,519 1,855 0,160 1,351 0,197 21,115
F1A35A-Mt1 0,114 0,199 0,094 0,363 0,128 0,060 0,345 <0,044 0,212 0,247 <0,038 0,116 <0,059 0,082 <0,077 1,714
F1A35A-Mt2 0,179 0,444 0,132 0,499 0,216 0,085 0,309 0,095 0,337 2,093 0,121 0,448 <0,059 0,278 0,119 3,263
F1A35A-Mt3 0,061 0,086 0,054 0,363 0,194 0,064 0,164 0,053 0,228 0,415 0,048 0,110 <0,059 0,102 <0,077 1,527
F1A35A-Mt4 0,074 0,131 0,049 0,307 0,287 0,062 0,332 0,062 0,123 0,537 0,050 0,070 0,052 0,174 <0,077 1,772
F1A35A-Mt5 0,065 0,113 0,044 0,386 0,281 0,075 0,182 <0,044 0,337 0,373 0,052 0,165 0,075 0,099 <0,077 1,874
F1A35A-Mt6 0,257 0,443 0,101 0,437 0,408 0,081 0,303 0,069 0,241 2,488 0,072 0,219 0,063 0,198 <0,077 2,891
F1A35A-Mt7 0,134 0,297 0,087 0,380 0,385 0,070 0,200 0,062 0,232 1,464 0,053 0,138 <0,059 0,146 <0,077 2,185
F1A35A-Mt8 0,101 0,202 0,086 0,341 0,566 0,050 0,218 0,048 0,477 0,691 0,076 0,048 <0,059 0,168 <0,077 2,380
F1A35A-Mt9 1,343 1,644 0,508 1,714 0,772 0,194 0,730 0,141 0,882 9,644 0,259 0,708 0,217 0,569 <0,077 9,682
F1A35A-G1 15,438 38,746 8,571 30,557 10,694 3,400 14,562 3,088 28,573 278,625 7,007 25,147 3,222 31,397 5,835 226,238
F1A35A-G2 15,699 26,315 7,439 25,118 8,302 2,434 9,998 2,506 21,975 182,137 4,386 15,049 2,219 17,224 <0,077 158,664
F1A35A-C1 2,036 10,049 1,361 5,093 1,343 0,760 1,779 0,638 3,069 17,323 0,594 2,007 0,333 1,436 0,354 30,850
F1A36B-H2 0,586 1,558 0,208 0,906 0,260 0,170 0,400 0,048 0,508 3,783 0,145 0,351 <0,059 0,423 0,080 5,642
F1A36B-G1 7,105 19,747 5,282 21,851 10,241 4,405 14,989 3,665 35,058 185,345 8,264 27,799 3,317 34,337 6,126 202,186
F1A36B-G2 13,276 31,370 6,431 19,267 4,587 1,560 4,603 0,818 6,933 38,870 1,617 5,616 0,671 6,699 1,210 104,658
*Mt (martita); H (hematita lamelar); G (goethita); C (celadonita).
Tabela 4.11- Composição geoquímica das amostras de itabirito silicoso compacto e semi-compacto do Sinclinal Gandarela (Alkmim 2014)
Amostra La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu ∑ETR
F1A20A 0,773 1,21 0,179 0,855 0,191 0,079 0,292 0,049 0,357 4,051 0,095 0,331 0,053 0,38 0,067 4,911
F1A21A 1,241 2,045 0,288 1,166 0,242 0,083 0,261 0,04 0,278 2,857 0,067 0,235 0,036 0,263 0,048 6,293
F1A22A 1,342 1,756 0,266 1,063 0,211 0,086 0,27 0,044 0,322 3,196 0,081 0,285 0,045 0,323 0,059 6,153
F1A23A 1,735 2,73 0,399 1,753 0,356 0,137 0,466 0,074 0,502 5,056 0,127 0,412 0,062 0,402 0,068 9,223
F1A24B 1,064 1,454 0,198 0,84 0,144 0,05 0,156 0,029 0,151 2,031 0,038 0,134 0,02 0,164 0,03 4,472
F1A25A 1,62 2,246 0,391 1,911 0,484 0,216 0,79 0,133 0,965 11,101 0,256 0,883 0,138 0,956 0,167 11,156
F1A35 0,942 3,214 0,268 1,295 0,315 0,125 0,435 0,078 0,589 5,091 0,148 0,503 0,084 0,585 0,098 8,679
F1A36B 2,483 5,408 0,526 2,405 0,534 0,237 0,739 0,131 0,984 7,858 0,256 0,877 0,145 1,029 0,178 15,932
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
66
Figura 4.14- Diagrama binário (Eu/Sm)PAAS versus (Sm/Yb)PAAS para os óxidos/hidróxido de ferro do Sinclinal
Gadarela (QF). I- Região onde os minerais analisados apresentam (Eu/Sm)PAAS > 1 e (Sm/Yb)PAAS < 1, segundo
Bau & Moller (1993).
Figura 4.15- Diagrama binário ilustrando as razões Y/Ho e anomalias de Eu (Eu/Eu*PAAS) de óxidos/hidróxido
de ferro do Sinclinal Gadarela (QF). As áreas sombreadas definem o comportamento das razões Y/Ho da água
do mar moderno e semelhante ao condrito “CH R C” (Bau & Dulski 1996).
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0,5
1,0
1,5
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11
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5A
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14
2,0
32
0,1
82
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F1
A2
5A
-H2
1,3
92
0,5
21
0,6
49
-0,3
10
1,7
42
1,5
60
0,4
68
1,6
66
0,1
97
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,71
3
F1
A2
0A
-H3
1,3
18
0,6
27
1,4
39
0,5
15
2,0
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0,8
70
0,2
90
1,8
22
0,1
94
47
,48
2
F1
A2
5A
-H3
1,1
83
0,4
93
1,2
87
1,0
35
1,5
64
0,6
76
0,4
13
1,5
11
0,1
82
34
,07
3
F1
A2
0A
-H4
1,3
91
1,0
22
1,2
69
0,4
17
1,7
90
0,7
32
0,2
33
2,2
41
0,1
96
37
,57
1
F1
A2
5A
-H4
1,2
22
0,4
76
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0,7
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1,7
91
0,6
04
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40
1,6
99
0,1
99
38
,19
5
F1
A2
0A
-H5
1,2
40
1,0
40
1,2
42
0,4
11
1,7
19
0,6
05
0,3
38
1,5
59
0,1
92
35
,46
9
F1
A2
5A
-H5
1,1
47
0,5
31
0,9
29
-1,9
02
1,7
31
1,0
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0,3
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1,3
86
0,1
31
38
,01
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F1
A2
0A
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1,2
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0,8
37
1,2
42
0,6
04
1,6
78
0,7
40
0,3
69
1,7
89
0,2
25
34
,38
1
F1
A2
5A
-H6
1,3
37
0,4
59
1,6
26
0,4
47
1,7
63
0,7
24
0,1
71
2,0
92
0,1
21
36
,00
5
F1
A2
0A
-H7
0,9
43
1,0
58
1,1
13
0,5
46
1,7
34
0,7
57
0,2
93
1,4
04
0,1
76
38
,05
5
F1
A2
5A
-H7
1,2
13
0,6
27
1,4
05
0,5
87
1,6
92
0,6
21
0,2
09
1,7
97
0,1
13
34
,58
7
F1
A2
0A
-H8
1,2
28
1,2
09
0,9
70
0,7
49
1,7
88
0,6
55
0,3
54
1,5
73
0,1
59
37
,07
1
F1
A2
5A
-H8
1,1
49
0,5
81
1,3
09
0,8
05
1,6
82
0,7
14
0,1
84
1,7
01
0,1
01
32
,78
1
F1
A2
0A
-H9
1,2
26
1,2
22
0,9
38
0,8
57
1,7
32
0,7
90
0,2
67
1,9
50
0,1
69
33
,99
0
F1
A2
5A
-H9
1,1
13
0,6
72
1,1
70
0,9
42
1,4
32
0,6
38
0,3
11
1,3
74
0,1
18
29
,89
9
F1
A2
0A
-H10
1,2
20
0,7
02
1,3
73
0,6
61
2,2
28
0,9
36
0,4
59
1,5
03
0,4
89
48
,41
5
F1
A2
5A
-H10
1,4
27
0,6
22
1,5
30
0,5
27
1,6
78
0,5
79
0,1
15
2,1
51
0,0
72
31
,13
3
F1
A2
1A
-H1
1,9
52
0,7
01
1,5
84
0,3
32
1,6
45
0,3
80
0,1
11
3,4
23
0,0
39
31
,23
9
F1
A2
5A
-G1
1,1
25
0,4
10
1,5
27
0,6
83
1,9
52
0,7
07
0,3
32
1,5
60
0,1
96
39
,93
9
F1
A2
1A
-G1
1,8
30
0,7
00
1,2
67
0,6
52
1,6
68
0,6
74
0,2
56
2,2
21
0,1
30
37
,75
7
F1
A2
5A
-G2
1,1
93
0,4
23
1,5
46
0,5
77
1,9
17
0,6
44
0,2
14
1,7
42
0,1
10
37
,92
1
F1
A2
1A
-G2
1,7
50
0,7
67
1,3
95
0,4
59
3,1
41
0,6
82
0,1
46
2,4
89
0,1
07
67
,95
3
F1
A3
5A
-H1
1,2
98
1,2
91
1,0
58
0,3
69
1,1
07
0,7
27
0,3
92
1,9
49
0,2
20
20
,44
4
F1
A2
1A
-G3
1,5
11
0,6
44
1,2
56
0,7
16
1,6
08
0,6
70
0,1
40
2,2
75
0,0
63
32
,84
9
F1
A3
5A
-H2
0,5
53
1,0
81
1,1
19
0,3
91
1,3
33
0,5
75
0,5
34
0,7
07
0,1
99
28
,56
1
F1
A2
1A
-C1
- -
- -
- -
- -
- 4
5,9
24
F
1A
35
A-M
t1
2,2
45
0,3
68
1,6
05
0,2
86
0,2
47
0,6
36
0,7
91
2,4
19
0,3
63
-
F1
A2
2A
-H1
1,8
26
0,6
83
1,2
88
0,5
12
1,1
01
0,6
08
0,6
05
1,9
20
0,2
45
24
,88
7
F1
A3
5A
-Mt2
1
,357
0,5
69
1,4
70
0,3
06
0,8
22
0,5
47
0,3
94
2,0
32
0,1
51
17
,28
5
F1
A2
2A
-H2
1,6
47
0,6
32
1,5
44
0,2
90
0,9
83
0,5
61
0,8
79
1,6
79
0,4
24
24
,21
8
F1
A3
5A
-Mt3
1
,683
0,2
81
1,0
31
-0,5
03
0,3
66
0,5
23
0,9
63
1,6
88
0,1
68
8,5
82
F1
A2
2A
-H3
2,0
32
0,8
73
1,1
08
0,7
37
1,0
88
0,7
19
0,5
57
2,1
25
0,2
60
24
,81
2
F1
A3
5A
-Mt4
1
,047
0,4
39
1,0
37
-1,3
26
0,3
27
0,3
16
0,8
38
1,1
03
0,0
90
10
,71
6
F1
A2
2A
-H4
1,5
17
0,7
68
1,3
27
0,4
43
1,2
91
0,6
31
0,5
65
1,8
67
0,2
90
32
,80
8
F1
A3
5A
-Mt5
1
,546
0,4
23
0,7
82
-0,2
18
0,3
03
0,4
09
1,4
38
1,3
75
0,1
42
7,2
00
F1
A2
2A
-H5
1,8
28
0,6
18
1,3
37
0,5
43
1,2
77
0,5
97
0,5
06
2,1
22
0,2
07
29
,34
5
F1
A3
5A
-Mt6
1
,043
0,6
13
1,2
39
0,7
89
1,3
34
0,3
03
1,0
48
1,0
16
0,1
63
34
,36
4
F1
A2
2A
-H6
1,7
10
0,8
10
1,3
16
0,4
22
1,1
50
0,6
43
0,5
94
2,3
93
0,3
23
26
,97
0
F1
A3
5A
-Mt7
1
,035
0,5
58
1,3
18
0,4
94
1,1
28
0,2
83
1,3
39
0,9
38
0,1
90
27
,78
8
F1
A2
2A
-H7
1,7
35
0,8
14
1,1
94
0,5
58
1,1
88
0,5
25
0,5
41
1,9
90
0,1
75
24
,34
4
F1
A3
5A
-Mt8
0
,536
0,4
10
1,5
49
0,2
88
0,4
14
0,1
80
1,7
17
0,4
57
0,1
64
9,0
87
F1
A2
2A
-C1
- -
- -
- -
- -
- 2
6,9
96
F
1A
35
A-M
t9
1,1
35
0,4
45
1,6
17
0,4
91
1,7
09
0,5
14
0,6
89
1,2
93
0,2
85
37
,22
0
F1
A2
3A
-H1
0,9
11
0,3
77
1,5
40
0,5
48
1,7
17
0,6
51
0,2
56
1,7
77
0,1
22
34
,71
7
F1
A3
5A
-G1
0,6
36
0,7
08
1,3
99
0,3
64
2,0
24
0,6
22
0,1
73
1,6
34
0,0
87
39
,76
2
F1
A2
3A
-H2
1,0
57
0,4
94
1,5
34
0,4
60
1,4
78
0,6
88
0,3
03
1,8
49
0,1
79
32
,94
9
F1
A3
5A
-G2
0,7
51
0,5
27
1,5
73
0,3
93
2,0
53
0,6
34
0,2
45
1,5
07
0,1
38
41
,53
1
F1
A2
3A
-G1
0,9
72
0,3
93
1,5
81
0,5
48
1,6
62
0,6
60
0,2
86
1,7
64
0,1
52
34
,33
1
F1
A3
5A
-C1
- -
- -
- -
- -
- 2
9,1
80
F1
A2
3A
-G2
1,0
48
0,6
34
1,2
67
0,6
39
1,6
66
0,5
18
0,2
90
1,8
84
0,0
89
36
,82
3
F1
A3
6B
-H2
3,0
66
1,0
07
1,0
17
0,8
94
1,2
06
0,7
61
0,3
12
3,3
72
0,1
57
26
,03
4
F1
A2
3A
-C1
- -
- -
- -
- -
- 2
9,9
14
F
1A
36B
-G1
1,4
67
0,6
33
1,3
40
0,3
68
1,1
88
0,5
28
0,1
52
2,2
11
0,0
49
22
,42
8
F1
A2
3A
-C2
- -
- -
- -
- -
- 4
9,0
12
F
1A
36B
-G2
1,6
15
0,7
33
1,5
13
0,3
32
1,0
99
0,7
31
0,3
48
1,7
48
0,3
07
24
,04
2
F1
A2
4A
-H1
2,3
86
0,7
66
1,0
92
1,1
23
1,1
66
0,5
16
0,2
76
2,5
81
0,0
81
22
,10
6
* M
t (martita); H
(hem
atita lamelar); G
(goeth
ita); C (celad
onita).
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
68
4.4.2- Comparação do comportamento geoquímico de Y-ETR das fases minerais
estudadas
O comportamento geoquímico dos elementos Y-ETR nos minerais analisados foi comparado
com as demais fases minerais de uma mesma amostra, com os resultados da rocha total (Alkmim
2014; figuras 4.9-4.11), e com outros trabalhos de química mineral publicados.
Os grãos de hematita lamelar e goethita correspondentes as amostras F1A23A, F1A25A e
F1A36B apresentaram espectros Y-ETR, normalizados pelo PAAS (McLennan 1989), muito
semelhantes, com enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL, anomalias positivas em Eu e Y,
anomalias negativas em Ce e Nd. Já os espectros referentes aos óxidos/hidróxido de ferro (martita,
hematita lamelar e goethita) da amostra F1A35 apresentaram-se bem distintos, conforme a figura 4.16.
De maneira geral, os minerais óxidos/hidróxido analisados de uma mesma amostra apresentaram uma
assinatura geoquímica em Y-ETR parecida, com exceção da amostra F1A35.
Na maioria das amostras, os grãos de goethita apresentaram uma concentração média em Y-
ETR superior aos grãos de hematita lamelar, martita e celadonita. A diferença da concentração média
desses elementos entre hematita lamelar e goethita é de 32% para a amostra F1A23A, de 55% para a
amostra F1A25A e de 97% para a amostra F1A36B. A amostra F1A35 apresenta um enriquecimento
progressivo entre os óxidos/hidróxido de ferro, sendo que os grãos de martita apresentaram menor
conteúdo médio (cerca de 79% menor que a hematita), seguida dos grãos de hematita lamelar (cerca de
89% menor que a goethita) e por último os grãos de goethita mais enriquecidos, conforme mostra a
figura 4.16. Esses resultados mostram o enriquecimento em Y-ETR entre os óxidos/hidróxido de ferro
de uma mesma amostra, relacionado ao aumento do grau de oxidação deles.
Foi observado também um aumento progressivo da razão Y/Ho (tabela 4.12) dos minerais de
ferro analisados com o aumento do grau de oxidação deles, sendo menor razão apresentada pela
martita, seguida da hematita lamelar e por último a goethita, que apresenta maior razão.
Os resultados de Y-ETR da rocha total das amostras em estudo foram obtidos através do
trabalho de Alkmim (2014). Esses resultados foram normalizados pelo PAAS (McLennan 1989) e
plotados nos espectros dos óxidos/hidróxido de ferro correspondentes àquela amostra, conforme as
figuras 4.9-4.11. Os espectros Y-ETR indicam que os grãos de hematita lamelar das amostras
F1A20A, F1A24B, F1A25A, F1A36B e de goethita das amostras F1A21A, F1A35 e F1A36B refletem
a assinatura da rocha total, exceto pela presença de anomalia negativa em Nd desses minerais. Para os
grãos de hematita lamelar e goethita da amostra F1A23A e goethita da amostra F1A25A, há uma
diminuição nas anomalias de Y e Eu e um aumento na anomalia de Ce, em relação a rocha total. E
para a hematita lamelar da amostra F1A22A apenas diminuição na anomalia do elemento Y em
relação à rocha total. Já os cristais de hematita lamelar da amostra F1A21A e de hematita lamelar e
martita da amostra F1A35 exibiram um padrão de Y-ETR bem distinto da rocha total.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
69
Figura 4.16- Espectros dos Y-ETR dos óxidos/hidróxido de ferro (martita, hematita lamelar e goethita)
referentes à amostra F1A35 do Sinclinal Gandarela (QF), com valores normalizados pelo PAAS (McLennan
1989).
O comportamento geoquímico dos óxidos de ferro estudados neste trabalho também foi
comparado com outros trabalhos de química mineral publicados. Devido ao grande número de grãos
de hematita lamelar analisados foram escolhidos os grãos que apresentaram valores mais próximos do
valor médio das amostras, a fim de representá-las.
As análises em óxido de ferro realizadas por Figueiredo e Silva (2009) apresentaram uma
assinatura geoquímica em ETR diferente dos óxidos apresentados neste trabalho. Os espectros das
martitas analisadas por Figueiredo e Silva (2009), normalizados pelo Nakamura (1974), apresentam
um enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP, enquanto os espectros dos grãos de martita
analisados neste trabalho apresentam um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL e uma
anomalia positiva de Eu e negativa de Ce, conforme a figura 4.17B. E os espectros dos grãos de
hematita lamelar (figura 4.174A), normalizados pelo Nakamura (1974), também são bem distintos dos
diferentes tipos de hematita analisados por Figueiredo e Silva (2009).
As magnetitas analisadas por Hensler et al. (2015) apresentaram valores de Y-ETR muito
baixos, menor que o limite de detecção do método, assim como os grãos de magnetita analisados neste
trabalho. Pelos espectros da figura 4.18A, observa-se que no geral os grãos de hematita lamelar de
itabiritos do Sinclinal Gandarela apresentam um enriquecimento do conteúdo Y-ETR em relação aos
óxidos de ferro analisados por Hensler et al. (2015). Sendo que os cristais de hematita lamelar, com
exceção das hematitas das amostras F1A35 e F1A36B, apresentam uma assinatura geoquímica
parecida com as hematitas (exceção das hematitas microtabulares dos depósitos de Conceição e Pau
Branco e da hematita granoblástica de Conceição) estudadas por Hensler et al. (2015), com
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL e anomalia positiva em Eu e Y. Os grãos de martita
analisados neste trabalho apresentam uma assinatura geoquímica bem diferente das martitas, do
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
Martita
Hematita
Goethita
Amostra F1A35
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
70
itabirito dolomítico de Águas Claras e itabirito quartzo da Pedreira Socorro estudados por Hensler et
al. 2015 (figura 4.18B), apresentando uma depleção em alguns ETRL.
Figura 4.17- Espectros dos Y-ETR dos grãso de hematita lamelar (A) e martita (B) da amostra F1A35 de
itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF), com valores normalizados por Nakamura (1974).
Os espectros da figura 4.19, normalizados pelo PAAS (McLennan 1989), comparam o padrão
geoquímico dos valores médios de Y-ETR das hematitas granulares e especulares realizadas por
Oliveira et al. (2015) com os grãos de hematita lamelar analisados neste trabalho. Observando os
espectros, nota-se que os grãos de hematita lamelar analisados apresentam um conteúdo de ETR
superior (exceto a hematita da amostra F1A36B) às hematitas analisadas por Oliveira et al. (2015). O
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL é notável em todos os espectros. A hematita granular
do itabirito dolomítico apresenta uma assinatura geoquímica semelhante aos grãos de hematita lamelar
do Sinclinal Gandarela (QF), com exceção da hematita lamelar das amostras F1A35 e F1A36B.
0,1
1
10
100
1000
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
F1A20A-H17
F1A21A-H22
F1A22A-H8
F1A23A-H6
F1A23A-H7
F1A25A-H28
F1A35-H1
F1A35-H2
F1A36B-H2
A
0,0001
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu
Mt1
Mt2
Mt3
Mt4
Mt5
Mt6
Mt7
Mt8
Mt9
Amostra F1A35
B
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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Anomalias positivas em Eu presente na hematita granular do minério de ferro de alto teor 1 e na
hematita especular do itabirito dolomítico se assemelham às anomalias da hematita lamelar do
Sinclinal Gandarela (QF).
Figura 4.18- Espectros de comparação do comportamento geoquímico dos Y-ETR entre hematita lamelar (A) e
goethita (B) de itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF) e martita, hematitas granoblástica, microtabular e
especular de vários depósitos do QF (Baú, Cauê, Corrego Feijão, Esperança, Jangada, Mutuca, Pico, Retiro das
Almas, Usiminas, Águas Claras, Pau Branco e Conceição) e itabirito dolomítico de Águas Claras e itabirito
quartzo da Pedreira Socorro, segundo Hensler et al. (2015). Os espectros foram normalizados pelo PAAS
(McLennan 1989).
A
B
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
72
Figura 4.19- Espectros de comparação do comportamento geoquímico dos Y-ETR entre hematita lamelar de
itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF) e hematitas granulares (HG) e especulares (Hespec) de itabirito dolomítico
(ID) e minério de ferro de alto teor (HIO) do depósito Esperança (QF), segundo Oliveira et al. (2015). Os
espectros foram normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
Os padrões geoquímicos dos óxidos/hidróxido de ferro (hematita lamelar e goethita)
analisados neste trabalho também foram comparados com FF paleoproterozoicas mundiais mais
primitivas e do QF, conforme os espectros da figura 4.20, normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
A assinatura geoquímica tanto dos grãos de hematita lamelar (figura 4.20A) quanto de goethita (figura
4.20B), apresentam uma depleção significativa nos ETRL em relação às FF mais primitivas de Bau &
Duski (1996) e Pravanisky et al. (2010). Porém, bem parecidas com itabiritos de Spier et al. (2007),
Selmi et al. (2009) e Alkmim (2014).
4.5- DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A metodologia desenvolvida neste trabalho através de curvas analíticas mostrou-se aplicável
para a determinação de elementos terras raras (89Y, 139La, 140Ce, 141Pr, 146Nd, 147Sm, 151Eu, 157Gd, 159Tb,
162Yb,163Dy, 165Ho, 166Er, 169Tm e 175Lu) em fases minerais de formações ferríferas. O método analítico
apresentou um coeficiente de correlação de acima de 0,99 para todos os isótopos medidos, indicando
uma boa linearidade, boa precisão indicada pelo coeficiente de variação abaixo de 5% e o índice Z
menor que 2 para maioria dos isótopos, e uma boa precisão indicada pelo erro relativo menor que 5%
para maioria dos analitos.
Os dados geoquímicos obtidos através das curvas analíticas elaboradas mostraram o
comportamento geoquímico de Y-ETR em hematita lamelar, martita, goethita e celadonita de itabiritos
da Formação Ferrífera Cauê (QF).
0,001
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
F1A20A-H9
F1A21A-H1
F1A22A-H5
F1A23A-H1
F1A23A-H2
F1A25A-H7
F1A35A-H1
F1A35A-H2
F1A36B-H2
HG(ID)
HG(HIO1)
HG(HIO2)
Hespec(HIO2)
Hespec(ID)
Hespec(HIO1)
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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Figura 4.20- Espectros de comparação do comportamento geoquímico dos Y-ETR entre hematita lamelar (A) e
goethita (B) de itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF) e outras formações ferríferas paleproterozoicas. Os
espectros foram normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
De forma geral, os grãos de hematita lamelar e goethita analisados apresentam um padrão
geoquímico em Y-ETR similar, com enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL, demonstrado
pela razão (Pr/Yb)PAAS< 1 (Bolhar et al. 2004), anomalia positiva em Eu, sugerindo que os oceanos
eram controlados por soluções hidrotermais (Kato et al. 1998; Derry & Jacobsen 1990), anomalia
positiva em Y, que indica condições de mares modernos e refletem uma rápida precipitação dos
óxidos/hidróxidos de ferro favorecida pela migração de águas marinhas redutoras e levemente ácidas,
até ambientes rasos de águas mais alcalinas e oxidantes (Costa 2013) e anomalia negativa em Ce, que
sugere que o ambiente era oxidante no período de deposição das formações ferríferas (Bau & Dulski
1996). Além disso, em grande parte desses minerais óxidos/hidróxido analisados foi identificada uma
anomalia negativa em Nd. As razões (Eu/Sm)PAAS > 1 e (Sm/Yb)PAAS < 1, segundo Bau & Moller
(1993), também indicaram que a maioria dos cristais de hematita lamelar e goethita não apresentam
indícios de contaminação clástica. Os grãos de goethita também apresentam um aumento significativo
do conteúdo de Y-ETR em relação aos grãos de hematita lamelar de uma mesma amostra.
Os cristais de martita analisados apresentaram uma assinatura geoquímica em Y-ETR distinta
dos demais óxidos/hidróxido de ferro, com anomalia negativa em Y (quando normalizadas pelo
PAAS), porém também apresentam um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL e a maioria
apresenta uma anomalia negativa em Ce.
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
Formação Kurumn (Bau & Dulski 1996)
Formação BiwabiK (Planavsky et al. 2010)
Itabirito Dolomítico (Spier et al. 2007)
Itabirito (Selmi et al. 2009)
Itabirito Goethítico (Alkmim 2014)
Hematita lamelar do Sinclinal Gandarela (QF) A
0,01
0,1
1
10
100
La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
Formação Kurumn (Bau & Dulski 1996)
Formação BiwabiK (Planavsky et al. 2010)
Itabirito Dolomítico (Spier et al. 2007)
Itabirito (Selmi et al. 2009)
Itabirito Goethítico (Alkmim 2014)
Goethita do Sinclinal Gandarela (QF) B
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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O conteúdo de Y-ETR nas fases minerais óxidos/hidróxido foi crescente em relação ao grau de
oxidação, apresentando um conteúdo abaixo do limite de detecção para a magnetita, menor conteúdo
determinável para a martita, seguida a hematita lamelar e por último a goethita, sugerindo um
enriquecimento desses elementos durante o processo de oxidação. Segundo Figueiredo e Silva (2009),
esse comportamento pode indicar uma mudança na composição do fluido e/ou uma progressiva razão
rocha/fluido, resultando na fixação de elementos terras raras (principalmente dos ETRP).
As razões Y/Ho indicam que hematita lamelar, goethita e martita do Sinclinal Gandarela não
apresentam uma assinatura padrão semelhante ao condrito CHARAC ou com as águas marinhas
modernas (Bau & Dulski 1996). Porém, foi possível identificar um aumento da razão Y/Ho dos
óxidos/hidróxido de ferro com o aumento do grau oxidativo desses minerais, apresentando a martita
menor razão Y/Ho, seguida da hematita lamelar e por último a goethita com maior razão. Esse
aumento progressivo pode estar relacionado à mobilização dos elementos Y e Ho durante a
mineralização (Oliveira et al. 2015).
Em relação à rocha total, a maioria dos grãos de hematita lamelar e goethita apresentam uma
assinatura geoquímica bem parecida com os itabiritos hospedeiros (Alkmim 2014), demonstrando
enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL, anomalias positivas em Eu e Y e anomalias
negativas em Ce, indicando uma contribuição desses minerais para o perfil geoquímico de Y-ETR
dessas rochas. Já os grãos de martita apresentam um padrão geoquímico bem diferente da rocha total.
Essa similaridade do padrão geoquímico da hematita lamelar e goethita com o itabirito hospedeiro
também demonstra a confiabilidade do método adotado para a quantificação dos elementos terras
raras.
Em relação a outros trabalhos publicados de química mineral em óxidos de ferro, tem-se que
os grãos de martita do Sinclinal Gandarela (QF) apresentam um padrão geoquímico em Y-ETR
diferente das martitas analisadas por Hensler et al. (2015). De maneira geral, os grãos de hematita
lamelar do Sinclinal Gandarela apresentam um padrão geoquímico similar aos diferentes tipos de
hematita estudados por Hensler et al. (2015) (exceção das hematitas microtabulares dos depósitos de
Conceição e Pau Branco e da hematita granoblástica de Conceição), com enriquecimento dos ETRP
em relação aos ETRL e anomalias positivas em Eu e Y. Dentre os óxidos de ferro analisados por
Oliveira et al. (2015), a hematita granular do itabirito dolomítico apresenta maior semelhança com a
hematita lamelar do Sinclinal Gandarela, embora anomalias positivas em Eu presente na hematita
granular do minério de ferro de alto teor 1 e na hematita especular do itabirito dolomítico se
assemelham as anomalias da hematita lamelar dos itabiritos do Sinclinal Gandarela. Apesar da
semelhança no comportamento geoquímico desses trabalhos com os óxidos analisados, os grãos de
hematita lamelar do Sinclinal Gandarela apresentam um enriquecimento no conteúdo de Y-ETR em
relação a todos os óxidos comparados.
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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A coexistência de barita e hematita em amostras de FF pode indicar que o minério de ferro foi
precipitado em um ambiente oceânico relativamente oxidado. A barita presente em FFB pode ter sua
formação a partir da mistura de fluidos hidrotermais ricos em bário com ambiente marinho rico em
sulfato (Sun et al. 1998), onde a supersaturação é conseguida pela mistura dos dois fluidos, assim
como os cristais de barita estudados em formações ferríferas hematita-jaspe-barita pré-cambrianas do
depósito Jingtieshan, China (Sun et al. 1998). Porém, como a barita foi encontrada apenas localmente
(amostra F1A20A), são necessários estudos mais aprofundados para conhecer o processo de gênese
desse mineral.
O mineral celadonita pode ser encontrado em rochas vulcânicas máficas alteradas
hidrotermalmente e em rochas sedimentares, sendo que essas últimas geralmente com componentes
tufáceos ou vulcanogênicos sob condições diagenéticas ou metamórficas de baixo grau. A interação de
fluidos ricos em K e os componentes de formações ferríferas podem acarretar na formação de
celadonita, segundo a reação: Siderita+Quartzo+Magnetita+Hematita+H2O -> Celadonita+CO2 +H2O
(Sayko et al. 2003). Além disso, a baixa fugacidade de oxigênio durante o evento metamórfico, o
baixo conteúdo de Al2O3 e a presença de K também são responsáveis pela formação de filossilicatos
livres de Al, como a celadonita. As celadonitas do Sinclinal Gandarela apresentam um conteúdo de
SiO4, MgO, FeO e K2O similar aos resultados obtidos por Sayko & Proskryakova (2003) em
celadonitas de FFB paleprotorozoicas do depóstio Kursk Magnetic Anomaly (Rússia), porém o teor de
Al2O3 obtido neste trabalho apresentou-se maior. O diagrama de composição da celadonita (figura 5.3)
mostra que esses minerais apresentam um baixo teor de Al, pois se aproximam da ferroceladonita, e
próximo ao conteúdo do produto de decomposição das celadonitas em condições de temperatura de
650-750 ºC, tampão redox óxido de níquel-níquel (NiNiO) e 3 Kbar (Sayko et al. 2015). Apesar da
relação entre a presença de celadonita em FF com contribuições vulcânicas, não se deve descartar a
hipótese de uma contribuição hidrotermal para gênese deste mineral.
As imagens geradas pelo MeV-EDS de goethita intercrescida em cristais de celadonita (figura
4.5C e D), indicam que esse hidróxido de ferro é uma fase posterior e que cresceram nos pontos de
clivagem dos cristais de celadonita em ambiente relativamente oxidante. Em função da relação
textural, a goethita deve estar relacionada a fases mais tardias do processo hidrotermal.
Os grãos de celadonita apresentam uma assinatura geoquímica bem distinta entre si, sendo que
apenas uma amostra apresentou anomalia positiva pronunciada em Ce, normalizada pelo condrito
(Evensen et al. 1978). O comportamento geoquímico em relação à aproximação com a água do mar
moderno e com o condrito “CH R C” tam ém mostrou em distinto entre os cristais analisados.
A presença de minerais ricos em ETR (xenotima e monazita) em formações ferríferas pode
estar associada ao processo de liberação e desidratação dos fluidos nos poros, concomitantemente a
deposição dos óxidos de ferro, durante processos diagenéticos iniciais dessas rochas (Bowins &
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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Crocket 2011). Assim como a celadonita, não se deve descartar a possibilidade de uma origem
hidrotermal para os fosfatos ricos em ETR presentes nos itabiritos estudados do Sinclinal Gandarela
(QF).
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
- A metodologia desenvolvida para a determinação de elementos terras raras em fases minerais de FFB
através de curvas analíticas mostrou-se confiável e aplicável, apresentando boa linearidade, boa
precisão e acurácia dos resultados.
- As amostras de itabirito silicoso compacto e semi-compacto estudadas são formadas por uma
alternância de camadas de ferro e de sílica, sendo que as camadas de sílica apresentam essencialmente
quartzo e as camadas de ferro apresentam a hematita lamelar como óxido predominante na maioria das
amostras, magnetita, martita e goethita. Em algumas amostras também foi possível identificar a
presença de filossilicato verde nas camadas de sílica e de ferro, desulfato de bário, fosfato rico em La,
Ce e Nd e fosfato rico em Y nas camadas de ferro. Os dados obtidos em Microscópio óptico e MeV-
EDS levam a concluir que o filossilicato verde é a celadonita cuja fórmula é (K)Σ0,909(Mg0,629,
Fe2+0,365)Σ0,994(Fe3+) Σ1,040(Si3,767, Al0,065)Σ3,832(OH)Σ2,331, que o sulfato de Ba se trata da barita, que o
fosfato rico em La, Ce e Nd é monazita e que o fosfato rico em Y é xenotima.
- A presença desses minerais acessórios em formações ferríferas bandadas podem indicar alguns
processos pelos quais essas rochas passaram: a celadonita indica uma contribuição vulcânica e que o
ambiente de formação era empobrecido em Al e rico em K; os fosfatos indicam que durante os
processos diagenéticos, a deposição dos óxidos de ferro foi concomitante a liberação e desidratação
dos fluidos nos poros que promoveram a formação desses minerais. Além disso, não se deve descartar
a hipótese desses minerais serem oriundos de processos hidrotermais.
- O intercrescimento de goethita nos pontos de clivagem dos cristais de celadonita indica que a
formação do mineral hidróxido é posterior a formação da celadonita, e que o ambiente de formação
desses minerais era relativamente oxidante. A goethita também pode estar associada a fases tardias de
processos hidrotermais, pelos quais os itabiritos passaram.
- De forma geral a hematita lamelar e goethita dos itabiritos do Sinclinal Gandarela (QF) apresentam
um padrão geoquímico em Y-ETR semelhante, com: i) enriquecimento dos ETRP relativo aos ETRL;
ii) anomalia positiva em Eu, que indica uma contribuição hidrotermal para os minerais analisados e
anomalia positiva em Y; iii) anomalia negativa em Ce, que indica que o ambiente de formação desses
minerais era relativamente oxidante, e anomalia negativa em Nd; iv) ausência de contaminação
clástica indicada pela razão (Eu/Sm)SN > 1 e (Sm/Yb)SN < 1. Já a martita apresenta um padrão
geoquímico distinto dos outros minerais de ferro, exceto pela presença de um enriquecimento dos
ETRP em relação aos ETRL e anomalia negativa em Ce.
Sousa, D.V.M., 2016, Estudo Geoquímico-Mineral das Formações Ferríferas Bandadas do Sinclinal Gandarela...
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- Através das análises geoquímicas in-situ é possível identificar um progressivo enriquecimento em Y-
ETR e da razão Y/Ho das fases minerais óxidos/hidróxido com o aumento do grau de oxidação delas,
sendo que a magnetita possui menor concentração (abaixo do limite de detecção do método) e razão
Y/Ho, seguida da martita e hematita lamelar, e por último a goethita mais enriquecida em Y-ETR e
com maior razão Y/Ho. Esse aumento da concentração de ETR nas fases mais tardias da oxidação
pode indicar uma mudança na composição do fluido e/ou uma progressiva razão rocha/fluido,
favorecida pela fixação de elementos terras raras, principalmente os ETRP. Já o aumento progressivo
da razão Y/Ho pode estar relacionado a mobilização dos elementos Y e Ho durante a mineralização.
- Os espectros de hematita lamelar e goethita, normalizados pelo PAAS, mostram que esses minerais
refletem a assinatura geoquímica do itabirito hospedeiro (exceto pela anomalia negativa em Nd), e que
contribuem para o padrão geoquímico dessas rochas.
- O padrão de Y-ETR da hematita lamelar do Sinclinal Gandarela (QF) apresenta-se semelhante ao
padrão de outras hematitas hospedadas em FFB paleproterozoicas de vários depósitos do QF, como a
hematita granular do itabirito dolomítico do depósito Esperança, estudada por Oliveira et al. (2015), e
as hematitas especulares e granoblásticas (exceto a hematita granoblástica do depósito Conceição)
hospedadas em itabiritos dolomíticos e em minério de ferro dos depósitos Baú, Cauê, Corrégo de
Feijão, Esperança, Jangada, Mutuca, Pico, Retiro das Almas, Usiminas, Águas Claras, Pau Branco e
Conceição, estudadas por Hensler et al. (2015). A assinatura geoquímica em Y-ETR da hematita
lamelar e da goethita do Sinclinal Gandarela (QF) também é semelhante à assinatura dos itabiritos do
QF analisados por Spier et al. (2007), Selmi et al. (2009) e Alkmim (2014).
Contribuições às Ciências da Terra Série M (75), vol. 336, 85p.
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