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ESTUDO HIDROLÓGICO COMPARATIVO A REGIÃO SERRAA SUL BRASILEIRA Pedro Luiz Borges Chaffe Masato Kobiyama Este trabalho foi apresentado no programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais – Edição 2006 que ocorreu em parceria com a UNEP. Foi um dos quatro trabalhos selecionados e representou o Brasil no Encontro Internacional de Jovens Embaixadores Ambientais na Alemanha em novembro de 2006. Publicado em: UFSC/CTC/ENS/LABHIDRO FLORIAÓPOLIS, SC, BRASIL 2006

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ESTUDO HIDROLÓGICO COMPARATIVO �A REGIÃO SERRA�A SUL BRASILEIRA

Pedro Luiz Borges Chaffe

Masato Kobiyama

Este trabalho foi apresentado no programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais – Edição 2006 que ocorreu em parceria com a UNEP. Foi um dos quatro trabalhos selecionados e representou o Brasil no Encontro Internacional de Jovens Embaixadores Ambientais na Alemanha em novembro de 2006.

Publicado em: UFSC/CTC/ENS/LABHIDRO

FLORIA�ÓPOLIS, SC, BRASIL

2006

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RESUMO

Atualmente existe uma grande preocupação mundial com relação à disponibilidade e

preservação dos recursos naturais a fim de garantir a sobrevivência do homem. Dentre estes

recursos, água e florestas são considerados indispensáveis. A substituição da vegetação

original da região serrana sul brasileira (Floresta Ombrófila Mista) por cultivos agropecuários

e florestais (principalmente reflorestamento de pinus) foi muito intensiva no último século.

Devido a esta situação existem inúmeras críticas com relação ao reflorestamento com pinus

alegando a deterioração da qualidade da água e redução da sua quantidade, principalmente

quando ele ocupa grandes extensões. Por isso, comunidades e ambientalistas em Santa

Catarina solicitam a transformação das áreas de pinus em Floresta Ombrófila Mista sem levar

em conta que o setor florestal ocupa o segundo lugar na economia do estado. Somente com os

dados obtidos por estudos hidrológicos em bacias experimentais representativas podem ser

comprovadas cientificamente influências hidrológicas da vegetação. Então, o objetivo do

presente trabalho foi avaliar influências da vegetação nativa (Floresta Ombrófila Mista) e

reflorestamento com pinus sobre os processos hidrológicos, através de monitoramento e

modelagem hidrológica, em pequenas bacias hidrográficas no município de Rio Negrinho,

Estado de Santa Catarina, Brasil. Foram implantadas três bacias experimentais neste

município, sendo uma caracterizada por Floresta Ombrófila Mista (Bacia 3) e as outras duas

(Bacia 1 e 2) reflorestadas com Pinus sp. O corte do pinus da Bacia 1 foi feito em janeiro de

2004 após um ano de monitoramento e o replantio feito em seguida. O regime climático da

região foi estudado e com os dados obtidos estimou-se a evapotranspiração potencial (ETP)

pelo método de Thornthwaite. Foi realizada uma descrição detalhada dos solos das bacias.

Através das leituras das calhas Parshall e de um pluviômetro instalados nas bacias, mediu-se a

chuva e a vazão. Com o modelo HYCYMODEL estes dados de chuva e vazão foram

analisados para a identificação das principais características do comportamento hidrológico

das bacias. Amostras de água das três bacias foram coletadas mensalmente para análise da

qualidade da água. Os resultados mostram que a temperatura média anual na região é de 18,3

ºC e a precipitação média anual é de 1.572 mm/ano. A ETP anual é de 54,6% da precipitação

e a vazão representa 45,4% da precipitação. As principais classes de solo encontradas nas três

bacias foram CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico “Profundo”, CAMBISSOLO HÁPLICO

Distrófico, GLEISSOLO MELÂNICO Distrófico e NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico. A

vazão média da Bacia 3 foi a maior de todas, vindo em seguida a da Bacia 1 e 2. Com o corte

do talhão da Bacia 1 houve um aumento significativo da vazão. Foram verificadas poucas

diferenças significativas com relação à qualidade da água entre as Bacias 1, 2 e 3.

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ABSTRACT Nowadays there is a worldwide concern about the availability and preservation of natural

resources in order to guarantee mankind survival. Among them, water and forests are

considered essential. In the southern Brazilian mountainous region, the substitution of the

original vegetation (Subtropical Ombrophilous Forest) for agriculture, cattle breeding and

reforestation (mainly with pine) was very intensive in the last century. In spite of this

situation, many critics against pine reforestation have been made especially when it occupies

extensive areas. Because of it, communities and environmentalists in Santa Catarina State,

Brazil, have appealed that the reforested areas should be transformed to the Subtropical

Ombrophilous Forest, without taking into account that pine industry is very important for the

regional economy. Only by using the hydrological data obtained with representative

experimental catchments, hydrological effects of vegetation can be scientifically proved. The

main objective of this study was, therefore, to analyze the influences of native vegetation

(Subtropical Ombrophilous Forest) and pine reforestation on the hydrological processes,

through monitoring and hydrological modeling in small experimental catchments in Rio

Negrinho city, Santa Catarina State. Three experimental catchments were established in this

city, one characterized by Subtropical Ombrophilous Forest (Catchment 3) and the other two

(Catchment 1 e 2) by Pinus sp. reforestation. The total cutting of the Catchment 1 was carried

out in January 2004 after one year of calibration period, and subsequently pine seedlings were

planted again. The regional climatic regime was studied and potential evapotranspiration

(ETP) was estimated by the Thorthwaite method. A soil classification in the catchments was

detailed described. Discharge and rainfall were measured with the Parshall flume and a

rainfall gauge, respectively. These obtained data were analyzed with the HYCYMODEL to

identify the hydrological characteristics for each catchment. Water samples were monthly

collected for the water quality analysis. The results show that the regional mean annual

temperature was 18.3oC and the mean precipitation was 1,572 mm/year. The annual ETP and

runoff were 54.6% and 45.4% of the precipitation, respectively. The predominant soils in the

three catchments are Inceptisol and Entisol. The highest mean discharge was of the

Catchment 3, followed by the Catchment 1 and 2. With the deforestation of Catchment 1, the

significant increase in the discharge was observed. Significant differences in water quality

between the catchments were not verified statistically.

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1. JUSTIFICATIVA

O crescimento econômico e tecnológico descontrolado pelo o qual a humanidade

passou no último século gerou diversos desequilíbrios ambientais que se refletem na

qualidade de vida da população. Por isso, atualmente, há uma grande preocupação mundial

com relação à disponibilidade e preservação dos recursos naturais a fim de garantir a

sobrevivência do homem no planeta. Dentre estes recursos, água e florestas são considerados

essenciais para a garantia do desenvolvimento sustentável.

A região sul brasileira, especificamente região serrana, originalmente era caracterizada

por Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária). Entretanto, esta floresta nativa vem

sendo substituída por cultivos agrícolas, atividades pecuárias e florestais (principalmente

reflorestamento de pinus), remanescendo apenas 1 a 2% da sua área original. Devido a esta

situação, atualmente, no sul do Brasil existem inúmeras críticas com relação ao

reflorestamento com pinus alegando a deterioração da qualidade da água e redução da sua

quantidade, principalmente quando ele ocupa grandes extensões (A NOTÍCIA, 2002). Por

isso, comunidades e ambientalistas em Santa Catarina solicitam a transformação das áreas de

pinus em Floresta Ombrófila Mista sem levar em conta que o setor florestal ocupa o segundo

lugar na economia do estado.

Somente conhecendo detalhadamente a influência da floresta nativa e reflorestamento

de pinus sobre o ciclo hidrológico, é que órgãos gestores de recursos hídricos e de prevenção

de desastres naturais tais como prefeituras e comitês de bacias, poderão tomar as decisões

mais adequadas para explorar os recursos naturais de forma sustentável na região. Portanto, há

a necessidade de estudos hidrológicos em bacias hidrográficas experimentais a fim de se

verificar cientificamente os efeitos do tipo da floresta sobre os processos hidrológicos.

A realização desses estudos deve ser feita por meio de uso de bacias hidrográficas

experimentais, pois elas são consideradas unidades ideais para gerenciamento de recursos

naturais. Além disso, para obter melhores resultados, é necessário realizar atividades de

monitoramento e modelagem simultaneamente.

O presente trabalho, por tratar de bacias caracterizadas pelos diferentes tipos de

floresta em questão, faz uma ponte importante entre os recursos hídricos e os recursos

florestais. Os conhecimentos gerados são muito úteis para a gestão de mananciais, podendo

contribuir para o desenvolvimento sustentável da região.

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2. OBJETIVO

O objetivo principal do estudo foi avaliar influências da vegetação nativa (Floresta

Ombrófila Mista) e reflorestamento com pinus sobre os processos hidrológicos, através de

monitoramento e modelagem hidrológica, em três pequenas bacias hidrográficas no município

de Rio Negrinho, Estado de Santa Catarina, Brasil.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. REGIÃO DE ESTUDO – NORTE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

3.1.1. Geografia física

O Estado de Santa Catarina situa-se na Região Sul do Brasil, da qual fazem parte

Paraná e Rio Grande do Sul. Está localizado nos hemisférios Sul e Ocidental, entre as

latitudes 26o e 29o, com área total de 95.318,30 km2 (BETTES Jr, 2001).

Os municípios de Rio Negrinho, São Bento do Sul, Mafra, Campo Alegre, etc. (região

norte do Estado) consistem em Patamar de Mafra. Este patamar é uma continuação da Serra

do Mar paranaense, tendo altitude elevada e relevo acidentado.

Esta região pertence à Bacia do rio Iguaçu, sendo caracterizada como banhados. É

constituída basicamente por terrenos sedimentares paleozóicos e formação pré-cambriana. O

clima é, segundo a classificação de Köppen, do tipo Cfb (mesotérmico úmido, sem estação

seca, verão brando).

Segundo EMBRAPA (1984), na área de estudo predominam as classes de solo

Cambissolo álico, Terra Bruna Estrutura álica e Solos Litólicos. O horizonte A nestas classes,

na maior parte das vezes, é proeminente e a textura é argilosa. Apresentam capacidade de

troca catiônica alta no horizonte A, devido aos valores elevados de Carbono. São solos

bastante susceptíveis à erosão, em relevo forte ondulado e moderadamente susceptíveis,

quando o relevo é ondulado ou suave ondulado.

3.1.2. Problemas ambientais

Os mananciais estão bastante comprometidos por desmatamento, as queimadas e o

crescimento urbano desordenado. O desmatamento é ocasionado por atividades agrícolas;

reflorestamento com espécies exóticas; formação de pastagens; entre outros (BETTES JR,

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2001). Nesta região, a crítica sobre pinus vem tornando–se cada vez mais forte (A NOTÍCIA,

2002).

3.2. FLORESTA OMBRÓFILA MISTA

3.2.1. Área de ocorrência

De acordo com a classificação de IBGE (1993), dentre os tipos de Regiões

Fitoecológicas florestais que compõem os Estados do Sul do Brasil - Paraná, Santa Catarina e

Rio Grande do Sul, encontramos a Floresta Ombrófila Mista, (VELOSO, et al., 1991), região

fitoecólogia característica destes estados. Ocorre na latitude de 19o15’S a 31o30’S e longitude

de 41o30’W até 54o30’L (GOLFARI, 1971).

A Floresta Ombrófila Mista também conhecida como floresta com araucária ou

pinheiral é um tipo de vegetação do planalto meridional brasileiro (VELOSO, et al., 1991).

Sua área original representava cerca de 40% da superfície do Estado do Paraná; 31% do

Estado de Santa Catarina e 25% do Rio Grande do Sul. Os pinheirais dominaram a paisagem

no sul do Brasil, provavelmente desde a última glaciação até o final do século (CARVALHO,

1994).

Em 1978, o “Inventário do Pinheiro no Sul do Brasil” estimou em 565.418 ha de

Floresta Ombrófila Mista remanescentes nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande

do Sul, o que correspondia a cerca de 2,8% da área original. Desse total apenas 120.776 ha

eram de florestas primárias, ou apenas, 0,6% do original (FUPEF, 1978), principalmente

devido a acelerada devastação ocorrida nas últimas décadas para a implantação de agricultura,

pasto e reflorestamento.

De acordo com dados de imagens de satélite que fazem parte do Atlas da Evolução

dos Remanescentes e Ecossistemas Associados no Domínio da Mata Atlântica de 1990 a

1995, no Estado de Santa Catarina a Floresta Ombrófila Mista é a mais próxima da extinção,

enquanto que a mais protegida em parques e estações é a Ombrófila Densa ou Floresta

Atlântica (A NOTÍCIA, 1998).

O que comprova que a diversidade da Floresta Ombrófila Mista está comprometida é o

fato de que as espécies mais representativas desta região fitoecológica - Araucaria

angustifolia (Bert) O Ktze (pinheiro-do-paraná), Ocotea porosa (Nees & Martius) Liberato

Barroso (Imbuia), Ocotea odorifera (Vellozo) Rohwer (canela-sassafrás) e Dicksonia

sellowiana (Presl.) Book (xaxim) - encontram-se na lista de espécies em extinção, (BRASIL,

1992).

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Mas, não é apenas no Brasil que a situação da Floresta Ombrófila Mista é crítica. No

Paraguai, a única área de ocorrência natural da A. angustifolia, foi declarada em 1971 uma

Reserva Nacional (LOPEZ et al., 1987).

Segundo REITZ & KLEIN (1966), a araucária é uma espécie pioneira e heliófita,

avançando e irradiando-se sobre os campos de modo a formar continuamente novos capões

cuja composição varia de acordo com as condições edáficas e climáticas.

Os Latossolos Roxos do oeste e sudoeste do Paraná e do oeste de Santa Catarina,

especialmente aqueles em que a floresta nativa foi recentemente derrubada, e com pH menor

que 6, são particularmente adequados para o seu plantio, assim como solos com boa

capacidade de retenção de água e de textura média a argilosa (DE HOOGH, 1981).

Devido a configuração geológica de origem basáltica do 3o Planalto Paranaense é nele

que se encontram as maiores reservas florestais de araucaria, principalmente nas regiões de

União da Vitória, General Carneiro, Bituruna e Palmas. Em Santa Catarina a espécie é

encontrada sobre solos de origem basáltica e sedimentar (MATOS, 1972).

3.3. INFLUÊNCIA DA COBERTURA VEGETAL SOBRE OS PROCESSOS

HIDROLÓGICOS

As atividades biológicas influenciam os processos hidrológicos, em qualidade e

quantidade. Em Hubbart Brook Experimenal Forest nos EUA, a biogeoquímica no

ecossistema tem sido estudada desde a década de 60, relacionando os fluxos de nutrientes,

água e outros com a atividade biológica e o desmatamento (LIKENS & BORMANN, 1995).

Os mesmos autores concluíram que o desmatamento aumentou drasticamente a perda de

nitrato da bacia de 0,12 km2. Entretanto, VITOUSEK & MELILLO (1979) confirmaram outro

aspecto: de que a quantidade da perda do nitrato da bacia devido ao desmatamento é variável,

sendo muito elevada em algumas bacias. Segundo SUNDBORG (1983), o sedimento da água

no rio é também muito influenciado pelos usos da terra. Devido a estas divergências, até hoje,

os efeitos do tipo de vegetação e da fase do crescimento sobre a qualidade da água estão

sendo discutidos.

Em pequenas bacias rurais, as características da água são determinadas por fatores

biológicos e geológicos. Os geológicos influenciam as características bem mais do que os

biológicos. Entretanto, as mudanças intensivas e extensivas da vegetação (reflorestamento,

desmatamento, entre outros) alteram fortemente os comportamentos quantitativos e

qualitativos da vazão do rio (JOHNSTON, 1991).

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SWANK e CROSSLEY (1988) revisaram os trabalhos feitos na Estação Experimental

em Coweeta, EUA, observando que: i) no caso de ocorrência de invasão vegetal depois do

desmatamento, o escoamento anual total aumentou em 360 mm no ano do desmatamento,

com recessão exponencial, e mesmo após 20 anos o escoamento anual foi maior do que antes

do desmatamento; ii) o escoamento anual diminuiu em cerca de 300 mm após 20 anos de

reflorestamento com coníferas, depois da retirada de floresta latifoliada.

Analisando dados obtidos em estações florestais experimentais do mundo inteiro,

BOSCH & HEWLETT (1982) mostraram que: i) no ano do desmatamento o escoamento total

anual aumentou proporcionalmente à taxa da área desmatada; ii) este aumento foi maior em

área de floresta conífera do que em área de floresta latifoliada, que por sua vez apresentou um

aumento maior do que a área de cerrado; iii) o escoamento total anual cresce com o aumento

da precipitação anual.

Na Ásia, também existem diversos estudos. PANDEY et al. (1983) mostraram que, no

Himalaia, bacias com média de 100 m2 sem florestas, tiveram perdas de água, sedimento e

nutrientes maiores do que as com floresta. No Japão, HAIBARA e AIBA (1990) mostraram

que as atividades florestais (desmatamento, poda, entre outros) aumentaram a vazão e as

perdas de nutrientes em bacias com áreas de 0,013 e 0,018 km2.

No Brasil há várias pesquisas de monitoramento da qualidade da água e sedimentos

nos rios. No Estado de São Paulo, LIMA et al. (1996) monitoraram uma bacia de 0,682 km2,

realizando o balanço hídrico e de nutrientes. Também o IPEF (1997), mostrou um estudo

semelhante em uma bacia de 0,007 km2 no Estado de São Paulo. Além disso, o grupo do

Instituto Florestal de São Paulo vem realizando estudos de balanço hídrico com bacias

experimentais na região de Mata Atlântica (CICCO & FUJIEDA, 1992; CICCO et al., 1993;

ARCOVA & CICCO, 1997; ARCOVA et al., 1998a e 1998b). No Estado de Minas Gerais e

Rio de Janeiro, análises de interceptação na mata nativa em montanha foram realizadas por

SANTANA e CASTRO et al. (1983) e COELHO NETTO et al. (1986).

Na região do Amazonas, HODNETT et al. (1995) verificaram que a floresta tropical

possui a maior evapotranspiração do que o pasto.

No Estado do Rio Grande do Sul, CANALI (1981) observou altíssima produção de

sedimento em uma bacia de 0,920 km2 com área agrícola, comparando com o mesmo

parâmetro, em uma bacia de 0,812 km2 com floresta nativa. Usando as mesmas bacias, GENZ

(1996) mostrou que a área agrícola possui um pico de hidrograma maior do que a área de

floresta nativa.

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No Estado do Espirito Santo, SOARES & ALMEIDA (1997 e 2001) e ALMEIDA &

SOARES (1997) realizaram um estudo em escala unidimensional para avariar influências

hidrológicas do eucalipto através de monitoramento e modelagem.

Na região de ocorrência da Floresta Ombrófila Mista não há, até hoje, nenhum

trabalho que trate de cada processo hidrológico, nem mesmo da ciclagem biogeoquímica. Na

região de ocorrência, KOBIYAMA et al. (2001, 2002) e SAGARA (2001) realizaram um

estudo hidrológico com a instalação de um bacia experimental caracterizada com pinus.

Embora estes estudos visaram a hidrologia comparativa com bacias da Floresta Ombrófila

Mista, até hoje não foi realizado este tipo de ensaio. Enfim, pode-se concluir que não há

nenhuma pesquisa sobre a influência da Floresta Ombrófila Mista sobre a qualidade e a

quantidade da água e nem sobre as possíveis alterações que podem ocorrer com a mudança de

tipologia florestal.

3.3.1. Pinus

A preocupação do reflorestamento de pinus está não somente no Brasil mas também

em vários países no mundo. Na Espanha, áreas abandonada de plantação de pinus vêm sendo

substituídas com plantação de carvalho. Por causa disso, influências de pinus sobre solo e

processo hidrológicos estão sendo investigados (MERINO et al., 1998; COVELO

&GALLARDO, 2002; LLORENS et al., 1995). A degradação do solo, especialmente a

acidificação devido ao pinus deve ser uma dos sérios problemas ambientais na Europa

(WADE et al., 2001). Na Nova Zelândia o pinus está sendo cultivado com uma técnica de

monocultura e a área de resflorestamento de pinus chega a 7% da área do país. Então, o

impacto desta cultura não pode ser ignorado e está sendo investigado (GROENENDIJK et al.,

2002). FAHEY e JACKSON (1997) compararam a substituição de florestas nativas por pinus.

O corte aumentou as vazões de enchente especialmente para chuvas de pequena e média

intensidade.

Estudos feitos na África do Sul por SCOTT e LESCH (1997) demonstraram que há

uma queda na vazão com o reflorestamento e que após o corte a vazão pode demorar até cinco

anos para voltar ao normal. A redução da área basal ou corte total de florestas de pinus pode

ocasionar um aumento na vazão total, de base e capacidade de recarga do aqüífero das bacias

hidrográficas (BENT 2001).

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Aspectos meteorológicos também devem ser analisados. Pode haver diminuição na

quantidade de chuva líquida das bacias com o corte, principalmente devido à condensação de

neblina na forma de gota dentro da floresta (ABOAL et al 2000).

3.4. MODELOS HIDROLÓGICOS

3.4.1. Geral

Os modelos hidrológicos, que são normalmente matemáticos podem ser classificados

de diversas maneiras, conforme a: distribuição dos parâmetros utilizados (distribuídos), base

física (conceitual), linearidade, número de componentes, determinação do valor, entre outros.

O método racional é um exemplo de modelo simples que foi criado no século XIX. Embora o

método calcule apenas a vazão máxima de uma bacia, ele ainda é o método mais utilizado

para dimensionamento de obras de enchente (LINSLEY, 1986).

Como foi mencionado anteriormente, os modelos podem ser classificados em

concentrados (lumped) e distribuídos. Nos modelos concentrados, as variáveis são

consideradas homogêneas no sistema. Nos modelos distribuídos as variáveis são consideradas

como funções de cada espaço, sendo que os processos hidrológicos ocorrem em diversos

pontos (ou áreas) dentro do sistema. Com avanço da tecnologia, especialmente na área de

geoprocessamento, vários modelos distribuídos vêm sendo propostos, como exemplo pode-se

citar o modelo TOPMODEL (BEVEN, 1997) e TOPOG (O’LOUGHLIN, 1986).

Existe uma maneira de classificar modelos em base física (conceitual) e não-física

(empírica). O modelo empírico corresponde ao modelo de caixa preta (black box), enquanto o

modelo físico, de caixa branca (white Box). Entretanto, HINO (1989) não concorda e faz

críticas a classificação mencionada. Segundo o autor, qualquer modelo simples baseia-se na

física, quando o modelo ajusta-se bem aos processos de chuva-vazão. Sem base física, é

impossível um modelo simular os processos hidrológicos.

O conceito de linearidade também é usado para classificação dos modelos. Os

processos hidrológicos são fortemente não-lineares, e sendo assim, os modelos não lineares

podem ser melhores que os lineares. Entretanto, modelos lineares tais como o método de

hidrograma unitário (SHERMAN, 1932) e o modelo de Stanford (CRAWFOLD e LINSLEY,

1962), também podem realizar bom ajuste com fenômenos hidrológicos monitorados.

O fato de a vazão total possuir vários componentes (vários tipos de escoamentos) é

necessário a separação dos seus componentes em um hidrograma. No caso de modelos uni-

componente, por exemplo o método de hidrograma unitário (SHERMAN, 1932), não é

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possível estimar cada um dos componentes da vazão, entretanto, isso é possível utilizando

modelos de multi-componentes, tais como o modelo de tanque (SUGAWARA, 1961 e

SUGAWARA et al., 1983) e o modelo auto-regressivo de separação de filtro (HINO e

HASEBE, 1981, 1984, 1986).

Nas simulações hidrológicas que consideram variáveis como o tempo e espaço, e que

introduz conceitos probabilísticos, são denominados estocásticos (um valor de entrada que

gera valores de saída ao acaso). Nos modelos onde a natureza probabilística não é

considerada, são denominados modelos determinísticos, como um valor de entrada gerando

sempre um mesmo valor de saída (CHOW et al., 1988).

3.4.2. HYCYMODEL

FUKUSHIMA e SUZUKI (1986) e FUKUSHIMA (1988) apresentaram o

HYCYMODEL com base no monitoramento hidrológico de uma pequena bacia hidrográfica

(0,0599 km2) durante 10 anos no Japão. O modelo necessita de nove parâmetros e pode

estimar a evaporação, transpiração, escoamento direto e de base, com intervalo de tempo

diário ou horário. Pelas diversas classificações, o HYCYMODEL pode ser considerado como

determinístico, concentrado, conceitual, de multi-componentes, e não linear.

Através de simulação do modelo HYCYMODEL, FUKUSHIMA (1987) verificou a

influência da floresta sobre a vazão no período de 100 anos e mostrou esquematicamente a

alteração nas taxas de evaporação, transpiração, e escoamentos direto e de base no contexto

de balanço hidrológico.

FUKUSHIMA et al. (1988) fizeram comparação entre valores monitorados e

simulados pelo HYCYMODEL nos processos chuva-vazão em uma bacia de floresta com

área de 0,237 km2 e outra de grama com área de 0,538 km2. Obtendo como resultado um bom

desempenho na simulação, os autores concluíram que a porcentagem do escoamento direto

sobre o escoamento total na bacia contendo grama foi maior. Aplicando o modelo

HYCYMODEL em duas bacias com diferentes geologias com área de 0,7 km2 e 0,0406 km2,

FUKUSHIMA et al. (1989) verificaram efeito da geologia sobre a hidrologia.

FUKUSHIMA et al. (1991) modificou o HYCYMODEL para adaptá-lo na condição

glacial e aplicou a versão modificada em uma bacia na região de Nepal (333 km2), onde foi

possível avaliar o efeito glacial.

KUBOTA et al. (1996) aplicaram o HYCYMODEL para quatro bacias (10,88 km2,

10,6 km2, 10,4 km2, e 90,6 km2) localizadas em áreas vulcânicas no Japão e na Indonésia,

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onde foi possível demonstrar a peculiaridade da região vulcânica. Usando a equação de

PRIESTLY e TAYER (1972), TANAKA et al. (1998) aplicou o HYCYMODEL para três

pequenas bacias chinesas (área média 0,1 km2) e obtiveram como resultado um bom ajuste.

Vários trabalhos vêm mostrando a aplicabilidade do modelo hidrológico para

pequenas bacias aplicadas à diferentes condições climáticas, geológicas e vegetativa.

Recentemente, MA et al. (1999) propuseram e mostraram a aplicabilidade de um modelo

fazendo a combinação entre o modelo SVAT (Soil-Vegetation-Atmosfere-Transfer) criado por

MA et al. (1998), e a versão modificada do HYCYMODEL. Em uma outra modificação, MA

et al. (2000) inseriram o modelo SVAT-HYCYMODEL em um sistema de geoprocessamento

para gerar um novo modelo distribuído para possibilitar a simulação do processo chuva-vazão

em uma grande bacia (2.488.000 km2). Os autores obtiveram como resultado um bom ajuste

do modelo.

ARIYAKANON (2000) reprogramou, com o auxilio do programa FORTRAN90, o

modelo HYCYMODEL com o objetivo de determinar parâmetros de maneira objetiva

(automática), e avaliou influência florestal na hidrologia com método de tendência

paramétrica.

KOBIYAMA & DUARTE (1997) e KOBIYAMA et al. (1999) mostraram um bom

ajuste do HYCYMODEL para processo chuva-vazão de bacia nos estados de Santa Catarina e

Paraná, respectivamente. KOBIYAMA et al. (1996) modificou este modelo, considerando a

evapotranspiração da área de pastagem.

Este modelo consiste basicamente em expressar quantitativamente o ciclo hidrológico,

podendo simular os hidrogramas em função da precipitação ocorrida. Sua estrutura é

composta por tanques que representam dois sistemas: de canal e de encosta. A precipitação é

distribuída para o escoamento total e para a evapotranspiração através de subsistemas

individuais de evaporação e transpiração.

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13

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. ÁREA DE ESTUDO

O presente projeto trata de três bacias hidrográficas localizadas no município de Rio

Negrinho, Estado de Santa Catarina, Brasil (Figura 1). Elas pertencem à Bacia do rio Iguaçu.

O município de Rio Negrinho está situado no Alto Vale do Rio Negro, a aproximadamente

790m de altitude, entre as coordenadas 26º15'16" S e 49º31'06" W. A sua distância com

relação a Florianópolis é de 270km e com relação a Curitiba é de 113km.

Uma das bacias hidrográficas experimentais é caracterizada por Floresta de Araucária

(nativa, Bacia 3) e outras duas (1 e 2) por reflorestamento de Pinus sp. As áreas das bacias 1,

2 e 3 são 29,7 ha, 32,5 ha e 52,5 ha, respectivamente. O corte do pinus da Bacia 1 foi feito em

janeiro de 2004 após um ano de monitoramento (Figura 2) e o replantio feito em seguida. A

área de preservação permanente (APP) da Bacia 1 foi mantida.

Figura 1 Localização (esquemática) das 3 Bacias experimentais no Município de Rio Negrinho, Estado de Santa Catarina, Brasil.

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Bacia 1

Bacia 2

Bacia 3

Bacia 1

Bacia 2

Bacia 3

Figura 2 Bacia 1 após o corte do pinus e manutenção da APP; à direita Bacia 2 (pinus) e ao fundo Bacia 3 (Floresta Ombrófila Mista).

4.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DAS BACIAS

4.2.1. Levantamento de solos

O solo tem considerável interferência no comportamento da água em bacias

hidrográficas. Além do solo propriamente dito, a existência ou não de cobertura vegetal viva

ou morta sobre sua superfície também influencia no comportamento da água, desde o

primeiro contato da gota de chuva com o solo, até sua infiltração ou escorrimento superficial e

a continuação de seu fluxo, podendo ser superficial, sub-superficial ou subterrâneo. Isso dará

origem ao escoamento de base e escoamento direto, que são importantes componentes do

ciclo hidrológico ao nível de bacias hidrográficas.

Desta maneira, um levantamento detalhado de solos foi realizado em campo. As

análises químicas do solo foram realizadas no Laboratório de Química do Solo no

Departamento de Solos e Engenharia Agrícola - Universidade Federal do Paraná.

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4.3. ANÁLISE CLIMATOLÓGICA

O clima da região é um fator que influencia o comportamento dos processos que

compõe o ciclo hidrológico. Sendo assim, conhecer mesmo que de maneira simplificada, o

comportamento climático da região onde se situam as bacias hidrográficas experimentais, é

muito importante e útil.

O presente trabalho estimou a evapotranspiração potencial (ETp) com o método de

Thornthwaite, pois este método exige apenas dados de temperatura média mensal do local e a

localização geográfica da estação de coleta destes dados. O método é o seguinte:

Etp=16[10(Ti/I)]a (1)

onde ETp é a evapotranspiração potencial mensal; Ti é a temperatura média mensal; I é o

Índice da equação; a é o parâmetro da equação. O índice I da equação 1, é calculado pela

seguinte equação:

514,112

1 )2,0( TiI ⋅Σ= (2)

O parâmetro “a” da equação 1, é calculado pela equação:

a = 6,75 * 10-7 * I 3 - 7,71 * 10-5 * I 2 + 1,79 * 10-2 * I + 0,49239 (3)

O valor estimado na equação (1) foi corrigido devido à localização (latitude) e também ao

número total dos dias de cada mês.

Depois de estimada a evapotranspiração potencial e de posse dos dados de

precipitação (medidos), por diferença é obtida a vazão estimada, de forma simplificada com a

seguinte equação:

Q = P – ETp (4)

onde Q é a vazão (mm/mês); P é a precipitação (mm/mês); ETp é a evapotranspiração

potencial mensal corrigida (mm/mês).

Para isso, os dados diários de temperatura obtidos na Estação Meteorológica

localizada na empresa Battistella (26°14'25,5''S e 49°35'7,2''O) no período de 1990 a 1998

foram utilizados para calcular seus valores médios mensais, mínimos e máximos.

Quanto à precipitação, os dados utilizados são do período de 1980 a 1997, vindos da

estação Corredeira, situada no município de Rio Negrinho, (Código: 0264955; Latitude

26º26´00´´; Longitude 49º34´00´´; Altitude 750m) e foram obtidos da Rede Nacional de

Agrometeorologia (RNA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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4.4. MONITORAMENTO NAS BACIAS EXPERIMENTAIS

Uma forma relativamente fácil e de baixo custo para obterem-se dados do processo

chuva-vazão em bacias hidrográficas é medir a chuva (entrada de água) e a vazão superficial

(saída de água). Esta metodologia permite que se tenham dados reais que por sua vez podem

ser utilizados em modelos matemáticos adequados, para que sejam estimados os demais

fatores que influenciam o comportamento hidrológico da bacia.

A chuva foi medida por um pluviômetro (Figura 3) a quinhentos metros das bacias.

Este instrumento possui uma superfície de captação da água da chuva. É feita uma relação

entre o volume coletado e a superfície de captação e obtém-se a precipitação, normalmente

em milímetros por dia.

Figura 3 Pluviômetro próximo as Bacias experimentais

Para medir a vazão em cada bacia experimental, calhas Parshall foram dimensionadas

e instaladas nas mesmas (Figura 4). Os tamanhos das calhas são W = 9´´, 9´´, e 1´ para Bacia

1, 2 e 3, respectivamente. Para calcular a vazão Q [m3/s] com a leitura da altura do nível da

água na calha H [m], utilizou-se:

530,1535,0 HQ ⋅= para Bacias 1 e 2 (5)

522,1690,0 HQ ⋅= para Bacia 3 (6)

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17

(a) (b)

(c)

Figura 4. Calhas Parshall instaladas nas bacias experimentais. (a) Bacia 1, (b) Bacia 2 e (c) Bacia 3.

Além disto amostras de água das três bacias foram coletadas em intervalos mensais

para análise dos seguintes parâmetros de qualidade da água: pH, condutividade elétrica (CE),

sólidos totais dissolvidos (STD), turbidez, cor, cloretos e alcalinidade total, no período de

janeiro de 2004 a maio de 2006. Análises de variância foram realizadas para verificar se

existem diferenças significativas entre os valores observados em cada bacia.

4.5. MODELAGEM HIDROLÓGICA

A análise de chuva-vazão foi feita também com modelo matemático HYCYMODEL.

O modelo HYCYMODEL consiste basicamente em expressar quantitativamente o ciclo

hidrológico, podendo simular os hidrogramas em função da precipitação ocorrida. Sua

estrutura é composta por 5 tanques que representam dois sistemas: de canal, e de encosta

(Figura 5). Tanques retangulares implicam em fenômenos lineares e os tanques não-

retangulares, abertos na parte superior, implicam em fenômenos não-lineares.

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18

A precipitação R(t) é dividida em precipitação de canal Rc(t), e chuva grossa Rg(t) com

a taxa de área impermeável, ou seja, canal C, onde t é o tempo. O Tanque I representa o

processo de interceptação que é definido a seguir:

Rn(t) = AG⋅Rg(t) - AI (7)

onde Rn(t) é a chuva líquida e AG e AI são os parâmetros da interceptação. A diferença entre

Rn(t) e Rg(t) é a interceptação Ei(t).

Define-se D16 e D50 como as profundidades efetivas do solo superficial em que as

taxas de área de contribuição ao escoamento subsuperficial são 16% e 50%, respectivamente.

Daí pode-se definir a chuva efetiva Re(t) com o armazenamento do Tanque II, representado

por Su(t). Então assume-se que a desvio padrão é:

)log(16

50

D

D=σ (8)

A variável ξ é:

[ ]

σξ

+−

= 50

)()1(log

D

tRtS nu

(9)

A taxa da área de contribuição m é:

m d= −

−∞∫

1

2 2

2

πξ

ξξ

exp (10)

Finalmente, Re(t) = m⋅Rn(t) (11)

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Escoamento

Direto de Canal

Qc(t)

Escoamento

Direto de Rampa

Qh(t)

Escoamento Direto Grosso Qd(t)

Chuva Efetiva Re(t)

Precipitação de Canais Rc(t)

Chuva Líquida Rn(t)

Chuva Grossa Rg(t)

Transpiração Et(t)

Evaporação de

Canais Ec(t)

Evaporação de

Interceptação Ei(t)

Precipitação R(t) Evapotranspiração E(t)

Escoamento Total (rio) Q(t)

Escoamento

Direto de Canal

Qc(t)

Escoamento

Direto de Rampa

Qh(t)

Escoamento Direto Grosso Qd(t)

Chuva Efetiva Re(t)

Precipitação de Canais Rc(t)

Chuva Líquida Rn(t)

Chuva Grossa Rg(t)

Transpiração Et(t)

Evaporação de

Canais Ec(t)

Evaporação de

Interceptação Ei(t)

Precipitação R(t) Evapotranspiração E(t)

Escoamento

Direto de Canal

Qc(t)

Escoamento

Direto de Rampa

Qh(t)

Escoamento Direto Grosso Qd(t)

Chuva Efetiva Re(t)

Precipitação de Canais Rc(t)

Chuva Líquida Rn(t)

Chuva Grossa Rg(t)

Transpiração Et(t)

Evaporação de

Canais Ec(t)

Evaporação de

Interceptação Ei(t)

Precipitação R(t) Evapotranspiração E(t)

Escoamento Total (rio) Q(t)

Figura 5. Fluxograma do HYCYMODEL

O Tanque III é o sistema do escoamento da água subterrânea que calcula o escoamento

de base Qb(t). O Tanque IV representa o sistema do escoamento subsuperficial que calcula o

fluxo em encosta Qh(t). O Tanque V representa o sistema do escoamento em canal que calcula

o escoamento direto de canal Qc(t). Nos Tanques II, III, IV e V, a relação entre o

armazenamento S e a vazão Q é expressa como a função do armazenamento, ou seja:

S = KQP (12)

onde K e P são parâmetros para a função de armazenamento. Para o Tanque II, III, IV e V, os

parâmetros K e P são definidos como Ku e Pu, Kb e Pb, Kh e Ph, Kc e Pc, respectivamente.

Como os Tanques IV e V formam o escoamento direto, os valores de Ph e Pc são iguais a 0,6.

Como o Tanque II possui o sistema linear, o valor de Pu é igual a 1,0.

A taxa de transpiração é definida como:

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Et(t) = Delta{Pta + Ptb⋅sen[30º -(I-IG)]} (13)

onde Delta, Pta, Ptb e IG são parâmetros, e I é o número do mês (1 a 12) correspondendo aos

meses de janeiro a dezembro. A transpiração durante a seca diminui quando o armazenamento

do Tanque II fica menor que Sbc. A vazão crítica para a transpiração Qbc corresponde ao Sbc. A

soma de Ei(t), Et(t) e evaporação do canal Ec(t) é igual a evapotranspiração E(t).

A calibração foi realizada de maneira que possibilitasse fazer uma comparação entre

as vazões calculadas (Qcalc) no modelo, com as vazões medidas (Qobs) em campo. Para isso

dois tipos de índice de erro foram implementados na estrutura do modelo:

F

Q Q

Q

n

obs calc

obsi

n

1 1=

=∑

(14)

F

Q Q

Q

obs

i

n

calc

i

n

obs

i

n2 1 1

1

=−

= =

=

∑ ∑

∑ (15)

Devido a existência de falhas de dados observados, o modelo foi implementado para

não computar estes dias no cálculo de erro. Através dos índices de erro avaliou-se o ajuste do

modelo. O ajuste foi considerado melhor quando os valores de F1 e F2 aproximaram-se de

zero, através da alteração dos parâmetros do modelo individualmente, isto é, análise de

sensibilidade.

Os valores dos parâmetros para iniciar o ajuste (calibração) no presente experimento

foram os mesmos utilizados por FUKUSHIMA (1988).

Por se tratar de pequenas bacias com tempos de concentração muito menores que o

intervalo de medição, optou-se por fazer o ajuste do modelo através do cálculo de erro entre a

vazão de base simulada e a vazão total observada e também através de análise visual. Os

dados de vazão obtidos através da simulação de melhor ajuste foram empregados para

completar as falhas.

Os dados utilizados para esta simulação foram aqueles monitorados diariamente de

precipitação e vazão no período do dia 01 de janeiro de 2003 até o dia 31 de outubro de 2005.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CLIMA REGIONAL

Os dados de temperatura mínima, média e máxima mensais da região de Rio Negrinho

– SC para o período de 1990 a 1998 são apresentados na Figura 6. Neste período, a

temperatura média anual da região foi de 18,3 ºC, sendo que a média mensal variou de 8,2 a

27,7ºC. A região encontra-se sob influência do clima Cfb (segundo Köppen) - Mesotérmico,

subtropical úmido, com verões frescos, sem estação seca e com geadas severas frequentes. A

temperatura média do mês mais quente é sempre inferior a 23ºC

5

10

15

20

25

30

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Mês

Temperatura (ºC)

Máxima

Média

Mínima

Figura 6. Temperaturas mínimas, médias e máximas mensais na região de Rio Negrinho-SC, no período de 1990

a 1998.

Ainda com relação ao clima regional, foram obtidos e analisados os dados de

precipitação média mensal para o período de 1980 a 1997. A precipitação média anual na

região de Rio Negrinho foi de 1.572 (mm/ano). Nos meses de abril e agosto ocorrem menos

chuvas (abaixo de 90 mm/mês). Já no mês de janeiro a precipitação chegou próximo a 200

mm/mês. Estes dados são apresentados juntamente com o comportamento mensal da

evapotranspiração potencial e da vazão estimada (Figura 7).

A evapotranspiração potencial representa em média durante o ano 54,6% da

precipitação, tendo um valor mínimo de 26,8% em julho e um máximo de 87,2% em março, o

restante é vazão, que em média é de 45,4% da precipitação. Porém, do início do mês de maio

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até o final da primeira quinzena de outubro, a vazão é maior que a evapotranspiração, para o

restante do ano o comportamento é inverso.

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Mês

ETp, Precipitação, Vazão (mm/mês)

ETp

Precipitação

Vazão Estimada

Figura 7. Comportamento mensal da evapotranspiração potencial, precipitação e vazão estimada, para a região

de Rio Negrinho – SC.

5.2. AVALIAÇÕES NAS BACIAS HIDROGRÁFICAS

5.2.1. Solos

Os resultados obtidos com o levantamento de solos realizado nas três bacias

hidrográficas experimentais está colocado separadamente para cada área em termos de área

(ha) e percentual de cada classe de solo na bacia. A classificação está de acordo com o

Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999).

A Tabela 1 apresenta as classes de solo que foram encontradas na Bacia 1. Nota-se que

mais de 57% da área é representada pela classe CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico

“Profundo”. O termo “Profundo” não faz parte da simbologia padrão, usada pela EMBRAPA

e foi utilizado aqui apenas para diferenciar uma característica física que foi observada no

campo e que tem grande importância nos processos hidrológicos a nível de solo. Esta área tem

uma capacidade de armazenamento de água maior do que as demais classes encontradas na

Bacia. Outra classe de solo encontrada na área foi o CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico

representa pouco mais de 36% da área da Bacia. Esta classe de solo é a mesma daquela

apresentada anteriormente, porém, apresenta menor profundidade efetiva e conseqüentemente,

menor capacidade de armazenamento de água no perfil. A última classe encontrada foi o

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GLEISSOLO MELÂNICO Distrófico que se encontra principalmente nas áreas marginais ao

canal de drenagem.

A distribuição espacial das classes de solo encontradas na Bacia 1 estão representadas

na Figura 8. A simbologia apresentada na legenda está descrita na Tabela 1.

Na Tabela 2 estão as informações relativas às classes de solo encontradas na Bacia 2.

Diferentemente da Bacia 1, a principal classe encontrada nesta área foi o NEOSSOLO

REGOLÍTICO Distrófico, que representa quase 50% da área. Como este solo tem pequena

profundidade efetiva, isso pode explicar o fato desta bacia ter um escoamento de base menor.

Ou seja, em períodos de recessão, a vazão desta Bacia 2 é menor do que a apresentada na

Bacia 1, que possui área territorial semelhante. Possivelmente, a vazão de pico (durante ou

logo após o término da chuva) é maior na Bacia 2, já que com a predominância deste solo, sua

capacidade de armazenar a água, é menor.

Outra classe encontrada foi o CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico “Profundo”, que

representa menos de 20% da área da bacia. O CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico (menos

profundo que o anterior) representa quase 30% da área. Nesta bacia também existe o

GLEISSOLO MELÂNICO Distrófico que representa menos de 6 % da área. A distribuição

espacial dos solos da Bacia 2 estão representados na Figura 9.

Na Bacia 3, as classes de solo predominantes são o CAMBISSOLO HÁPLICO

Distrófico e o NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico. O primeiro representa quase 60% da

área e o segundo aproximadamente 40% (Tabela 3). Em alguns locais o CAMBISSOLO

poderia ser considerado “profundo”, como ocorreu nas Bacias 1 e 2. Porém, como a

topografia da Bacia 3 é mais movimentada, estas áreas de ocorrência são pequenas e isoladas.

Sendo assim, considerou-se apenas as duas classes aqui apresentadas. Outra observação é que

o NEOSSOLO encontrado nesta bacia, em vários pontos é mais profundo do que aquele

encontrado na Bacia 2. Também foram constatadas algumas ocorrências pontuais de

NEOSSOLO LITÓLICO, classe que apresenta características físicas semelhantes ao

NEOSSOLO REGOLÍTICO e por isso foi colocada como uma classe representativa da área.

A distribuição espacial das classes de solo encontradas na Bacia 3 estão dispostas na Figura

10.

Com relação aos solos encontrados nas três bacias hidrográficas experimentais, vale

enfatizar que as classes aqui descritas são aquelas predominantes nas áreas, não foram

discriminadas associações de solos e outras formas de ocorrência, devido a sua pequena

representação. Porém, é bom lembrar que certamente, em menor proporção, ocorrem estas

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24

manifestações de solos nas áreas, bem como, outras classes, como é o caso (já citado), do

NEOSSOLO LITÓLICO.

SOLO Simbologia Área (ha) Percentual (%)

CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico “Profundo” CXvd_P 17,200 57,86

CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico CXvd 10,784 36,27

GLEISSOLO MELÂNICO Distrófico GMd 1,744 5,87

TOTAL - 29,728 100,00

Tabela 1. Solos da Bacia 1.

Figura 8. Mapa de Solos Bacia Experimental 1.

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Tabela 2. Solos da Bacia 2.

Figura 9. Mapa de Solos Bacia Experimental 2.

Tabela 3. Solos da Bacia 3

SOLO Simbologia Área (ha) Percentual (%)

CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico “Profundo” CXvd_P 6,060 18,66

CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico CXvd 8,923 27,47

GLEISSOLO MELÂNICO Distrófico GMd 1,916 5,90

NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico RRd 15,581 47,97

TOTAL - 32,480 100,00

SOLO Simbologia Área (ha) Percentual (%)

CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico CXvd 30,728 58,54

NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico RRd 21,763 41,46

TOTAL - 52,491 100,00

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Figura 10. Mapa de Solos Bacia Experimental 3.

5.2.2. Monitoramento do Processo Chuva – Vazão

As Figuras 11 a 19 mostram os gráficos com a vazão calculada (QC) pelo

HYCYMODEL, vazão observada (QO) e precipitação observada para cada uma das bacias

nos anos de 2003, 2004 e 2005. Os piores ajustes do modelo foram os obtidos para a Bacia 2.

Ela também apresentou a menor vazão média em todos os anos, a segunda foi a da Bacia 1 e a

maior vazão média foi da Bacia 3.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 50 100 150 200 250 300 350Dias

Vazão (m

m)

0

20

40

60

80

100

120

140

Pre

cip

itação (m

m)

QC

QO

Precipitação

Figura 11. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia

1, ano de 2003.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 50 100 150 200 250 300 350

Dias

Vazão (m

m)

0

20

40

60

80

100

120

140

Pre

cip

itação (m

m)

QC

QO

Precipitação

Figura 12. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia 1,

ano de 2004.

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27

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 50 100 150 200 250 300

Dias

Vazão (m

m)

0

20

40

60

80

100

120

140

Pre

cip

itação (m

m)

QC

QO

Precipitação

Figura 13. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia

1, ano de 2005.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

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Figura 14. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia 2, ano

de 2003.

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Figura 15. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia

2, ano de 2004.

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Precipitação

Figura 16. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia 2, ano

de 2005.

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Precipitação

Figura 17. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia

3, ano de 2003.

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Figura 18. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia 3, ano

de 2004.

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m)QC

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Precipitação

Figura 19. Gráfico QC, QO e Precipitação na Bacia 3, ano de 2005.

A porcentagem correspondente da vazão sobre a precipitação total (Q/P) das bacias foi

calculada com base no balanço hídrico para cada estação ao longo dos anos (Figura 20). Este

cálculo mostrou um aumento de 270% da vazão da Bacia 1 em relação a Bacia 3 após o corte

do talhão (janeiro de 2004). O aumento significativo aconteceu no outono de 2004, ou seja,

uma estação após o corte. Isso pode ser um indício de que existe um tempo necessário para a

estabilização da vazão, ela não é recuperada imediatamente.

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Q/P

Bacia 1

Bacia 2

Bacia 3

Figura 20 Vazão sobre Precipitação (Q/P) obtido através de balanço hídrico sazonal.

5.2.3 Monitoramento mensal da qualidade da água

As médias e coeficientes de variação das séries analisadas dos parâmetros (pH, CE,

STD, turbidez, cor, cloretos e alcalinidade total) e os grupos homogêneos encontrados através

de análise de variância estão na Tabela 5. O pH da Bacia 1 foi o que apresentou menor valor.

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As séries das outras duas bacias não apresentaram diferença significativa entre elas. O corte

da floresta pode ter afetado o pH da Bacia 1.

Os valores de CE e de STD da Bacia 2 foram os maiores, seguidos da Bacia 1 e 3

respectivamente. Todas as séries apresentaram diferenças significativas entre si. Esses valores

podem indicar que há maior perda de sais e sedimentos na Bacia 2 o que se esperaria que

acontecesse na Bacia 1 que foi cortada. Pode ser que o maior percentual de solo raso da Bacia

2 esteja ligado a esse fato.

Os valores de cloretos medidos tanto quanto os de turbidez não apresentaram

diferenças significativas para as 3 bacias experimentais.

A manutenção da área de preservação permanente ou a maior profundidade do solo

pode estar relacionado com o menor valor de cor da Bacia 1. Não houve diferença

significativa entre as Bacias 2 e 3.

O maior valor de alcalinidade total média foi o da Bacia 2 seguida da 3 e 1

respectivamente. A análise de variância mostrou homogeneidade entre as Bacias 1 e 3 e entre

as Bacias 3 e 2.

Média CV (%) Grupo Média CV (%) Grupo Média CV (%) Grupo Média CV (%) Grupo Média CV (%) Grupo Média CV (%) Grupo Média CV (%) Grupo

Bacia 1 5.5 10.5 A 37.7 26.1 A 17.8 26.3 A 2.8 137.8 A 15.0 93.8 A 7.1 62.3 A 19.6 27.4 A

Bacia 2 5.8 10.9 B 45.4 18.4 B 21.4 18.6 B 5.3 119.0 A 39.0 114.0 B 9.2 71.2 A 24.8 29.7 B

Bacia 3 6.1 8.4 B 23.4 19.9 C 11.0 19.5 C 5.7 170.2 A 34.2 133.2 B 7.0 68.3 A 22.1 31.0 A, B

pH CE (µS/cm) STD (mg/L) Turbidez (FAU) Cor (PtCO) Cloretos (mg/L) Alcalinidade Total (mg/L)

Tabela 5. Médias, coeficientes de variação (CV) e grupos homogêneos dos parâmetros de qualidade da água

analisados das bacias

6. CO�CLUSÃO

Com objetivo de avaliar influências hidrológicas da Floresta Ombrofila Mista e do

reflorestamento de pinus na região serrana sul brasileira, o presente trabalho realizou

monitoramento e modelagem hidrológica em três bacias representativas experimentais no

município de Rio Negrinho, Estado de Santa Catarina, Brasil.

Os resultados da análise climatológica mostraram que a temperatura média anual na

região é de 18,3 ºC e a precipitação média anual é de 1.572 mm/ano. A ETP anual e a vazão

são 54,6% e 45,4% da precipitação anual, respectivametne.

As principais classes de solo encontradas nas três bacias foram CAMBISSOLO

HÁPLICO Distrófico “Profundo”, CAMBISSOLO HÁPLICO Distrófico, GLEISSOLO

MELÂNICO Distrófico e NEOSSOLO REGOLÍTICO Distrófico.

A vazão média da Bacia 3 foi a maior de todas, vindo em seguida a da Bacia 1 e 2.

Com o corte do talhão da Bacia 1 houve um aumento significativo da vazão. Este aumento foi

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gradual e demorou aproximadamente três meses. Análises de variância demonstraram poucas

diferenças significativas com relação à qualidade da água entre as Bacias. O maior percentual

de solo raso da Bacia 2 pode estar relacionado com os maiores valores de STD e CE

encontrados.

Os dados gerados com o presente trabalho, por tratarem de bacias hidrográficas

representativas dos diferentes usos de solo da região norte de Santa Catarina, podem ser

bastante úteis para o estado. Além de auxiliar na tomada de decisão regional, essas bacias

experimentais poderão ser utilizadas em cursos de capacitação de profissionais atuantes na

área ambiental e na área de educação despertando-os para a necessidade de proteção dos

recursos hídricos na nossa sociedade. Assim sendo, elas tornariam-se bacias escola. Portanto,

o presente trabalho pode servir como modelo piloto para o estado.

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