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AUCIMAIA DE OLIVEIRA TOURINHO ESTUDO HISTÓRICO E SÓCIO-AMBIENTAL DAS PRINCIPAIS FONTES PÚBLICAS DE SALVADOR Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana, da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia como requisito à obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana. Orientador: Prof a . Dr a . Magda Beretta Salvador 2008

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AUCIMAIA DE OLIVEIRA TOURINHO

ESTUDO HISTÓRICO E SÓCIO-AMBIENTAL DAS PRINCIPAIS FONTES PÚBLICAS DE SALVADOR

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Engenharia Ambiental Urbana, da Escola Politécnica da

Universidade Federal da Bahia como requisito à obtenção

do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.

Orientador: Profa. Dra. Magda Beretta

Salvador 2008

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À minha família,

especialmente aos meus queridos filhos.

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AGRADECIMENTOS

Ao Criador. Sem Ele seria impossível que este trabalho estivesse sendo lido agora.

Aproveito este espaço para dedicar a todas as pessoas que me aconselharam, motivaram,

auxiliaram e colaboraram ao longo deste trabalho e que diretamente contribuíram para que

esta pesquisa tivesse êxito.

A professora Magda Beretta, orientadora desta dissertação, agradeço o compromisso

assumido, os níveis de exigência e o apoio que disponibilizou, com isto encontrei nela uma

companheira e amiga.

Aos técnicos do Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental (LABDEA): Telma,

Rita Vinagre, Ednildes e Percílio. Pela participação na análise dos parâmetros físico-químicos

e bacteriológicos;

A Francisco Negrão pela atenção e orientação no capítulo 4 dos aspectos físicos naturais,

considero que sua contribuição foi inestimável visto ser sua área de atuação.

A Adriano Mascarenhas pelo o apoio no mapa de distribuição das fontes, esta contribuição

enriqueceu muito este trabalho.

Ao prof. Sergio Nascimento pela explicação sobre a geologia de Salvador e pelo fornecimento

dos dados de sua pesquisa.

Agradecimento especial a Fernando Mota, químico do Laboratório de Química Analítica

Ambiental da UFBA (LAQUAM), que com simpatia, boa vontade e presteza fez as análises

dos compostos voláteis.

Aos professores Maurício Fiúza, Luis Roberto Moraes e Iara Brandão por darem excelentes

contribuições na defesa do projeto e que ajudaram a direcionar esta dissertação.

A todos os professores do Mestrado, pois contribuíram direta e indiretamente para conclusão

deste trabalho.

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Aqui incluo os meus amigos do Grupo de Recursos Hídricos (GRH) uma caminhada longa, e

por estarem me apoiando tornaram os momentos difícies deste processo mais agradáveis.

A prof. Yvonilde Medeiros, sempre presente em minha caminhada profissional e acadêmica.

À Astor de Lima pelas informações, pela disposição e atenção dispensada em sua residência.

Aos meus colegas do Colégio Zilma Gomes, pois os considero companheiros na jornada pela

educação.

Aos professores da banca de defesa final: Arisvaldo Mello, Sergio Nascimento, Maria

Elisabete Pereira e Viviana Zanta, cada um em sua área de atuação, trouxe pertinentes

contribuições para melhoria do trabalho final.

Incluo, de forma especial, meu esposo Rodrigo Albuquerque pela aliança, confiança e

principalmente pela disponibilidade nas saídas de campo, auxiliando, protegendo, por ser as

fontes uma área com deficiência de segurança...acredito que sem este apoio, eu teria até

mudado de tema.

A todos que se debruçaram no estudo sobre as fontes de Salvador, infelizmente poucos, mas

que foram muito importantes para o desenvolvimento desta pesquisa.

E... Especialmente aos meus pais, pelo total apoio e por serem meus primeiros mestres,

ensinando-me valores fundamentais para a formação do meu caráter. A eles as palavras

sempre serão poucas. Eu os amo.

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Para eruditos e investigadores

existe um belo tema de pesquisa e indagação:

As fontes da Bahia!

(PEIXOTO, 1946).

Escondidas em recantos históricos, as muitas fontes da Bahia são documentos do tempo em

que abastecer a cidade de água era trabalho feito com amor, arte, algumas lendas e muita

poesia. (DÓREA, 1974)

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APRESENTAÇÃO

O Interesse pelo presente trabalho surgiu aproximadamente, em 1998, no término do curso de

graduação em geografia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), embora já estivesse

envolvida com pesquisas em Recursos Hídricos desde aquela época não havia acontecido um

momento oportuno para desenvolver este tema. Contudo, em 2005, ingressando como aluna

regular do Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana (MEAU) meu objeto de estudo estava

estabelecido: “As Fontes de Água de Salvador”. Estudar as fontes foi enigmático, ao mesmo

tempo em que impressionava, decepcionava.

Vale ressaltar que foi uma pesquisa desgastante, pois não existe um órgão responsável pelo

acompanhamento, manutenção e que concentrasse todas informações necessárias. Assim, foi

preciso listar as fontes a partir de pesquisa em livros, monografias, jornais antigos e fontes

orais. Durante o desenvolvimento sempre estava buscando quem conhecesse uma fonte, com

isso, o número das catalogadas foi aumentando com o decorrer do trabalho. E acredito ainda

não ter alcançado a sua totalidade.

Para introduzir o estudo foi preciso entender um pouco da história, tanto de Salvador quantos

das fontes e do desenvolvimento do sistema de abastecimento de água até os dias atuais.

Também foi necessário levantar referências que fundamentassem a pesquisa e ao mesmo

tempo apresentar questões que justificassem o interesse pelo trabalho.

Entender as fontes a partir do líquido que flui na superfície não é suficiente, foi necessário

compreender processos internos. Por isto o Capítulo 03 aborda sobre a geologia, solo,

topografia da área de estudo, objetivando entender como estes aspectos físicos naturais

contribuíram para o surgimento das mesmas.

Depois, mais detalhadamente, conhecer as fontes distribuídas na cidade de Salvador, para isto

foi incluído fotos atuais, informações de localização geográfica, endereços, características

físicas, situação atual, dados históricos e apoio legal para a sua preservação, neste capítulo

também foi apresentado todos os trabalhos desenvolvidos sobre fontes, tanto os de órgãos

públicos quanto pela academia. Estas informações estão concentradas no capítulo 05.

Quando se propõe conhecer a qualidade de água de um determinado corpo hídrico, dependerá

sempre das análises de laboratório. Por isso o Capítulo 06 é dedicado a apresentar os índices

obtidos em campo através das análises dos dados e gráficos, assim como o Capítulo 07 a

proposta da rede de monitoramento, objetivo específico desta pesquisa.

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Para finalizar o documento o Capítulo 08 corresponde às considerações finais e

recomendações do trabalho.

Não acredito ter reunido aqui um documento completo, pois é um tema que limita as ações de

quem se propõe a estudar, mas acredito ter produzido um documento amplo de pesquisa

exploratória, que propõe o controle da qualidade da água, mas acima de tudo um documento

de denuncias, pois é o objetivo contribuir para preservação de monumentos tão importantes

em uma cidade tão bonita e agradável, mas que está despercebida dos valores históricos.

Conforme relata Boccanera Júnior (1921), “não são dignos de ter história, os povos que

desamam a história” e também ninguém ama o que não conhece, e não preserva o que não

ama.

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RESUMO

A necessidade de monitorar a qualidade de água das fontes de Salvador é de fato um assunto

importante na busca da qualidade ambiental urbana. A pesquisa ganhou maior relevância

quando o objeto de estudo envolve a água em seu uso mais nobre: o consumo humano. Nesta

pesquisa foi feito um extenso levantamento histórico em diversos órgãos e diferentes fontes

de informação, incluindo as entrevistas pessoais. Foram realizadas visitas a campo para

caracterização, georreferenciamento e coleta de água para análise físico, química e

bacteriológica. A primeira campanha de campo aconteceu em 29 de junho de 2005 e a última

em 19 de abril de 2007, demonstrando que os trabalhos de campo foram, também, muito

extensos, neste período foram catalogadas 54 fontes. Avaliada a partir da seleção de 40

parâmetros e objetivando identificar as suas condições atuais, a água assumiu papel prioritário

no desenvolvimento desta pesquisa, pois através dela foi possível ter conhecimento da

qualidade consumida pela população usuária. Os dados foram obtidos por meio de coleta de

amostras de água em 22 fontes distribuídas na cidade. Além de se ter concluído um

diagnóstico sobre as condições históricas e atuais das fontes, se obteve um mapa síntese que

propõe uma rede de monitoramento, visando, a priori, o controle das condições ambientais de

suas águas. Ao final da pesquisa foi possível confirmar que maioria das fontes não estão

apropriadas para determinados usos e completamente abandonadas, e se não houver uma

intervenção urgente do poder público, para reverter esta situação, num futuro próximo serão

apenas registros na história, o que é uma perda irreparável para a cidade.

Palavras-chave: Salvador, fontes de água, qualidade da água.

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ABSTRACT

The need to monitor Salvador’s water fountains’ water quality is in fact a very important topic

in the urban water quality achievement. This topic got more relevance when the human water

ingestion started to be the main concern. This research performed a significant historic study

in various segments using diverse information sectors such as personal interviews. Field

characterization visits, georeferencing, water collection for physical, chemical and

bacteriologic analysis were also performed. The first site assessment happened in June 20th,

2005 and the last one in April 10th, 2007 which demonstrated that the field work was

substantial. On that time, 53 water fountains in Salvador were registered. Based on 40

specific parameters, and prioritizing the identification of actual water conditions, the water

itself began to be the main objective of this study development due to its importance in

determination of the water quality used by the population. The data were obtained from 22

water fountains’ samples distributed on the city. Besides the fountains’ historic and actual

conditions concluded, a map production is proposed for the creation of a monitoring system,

which will provide a better water quality control. After this study it was possible to affirm that

the majority of water fountains are not appropriate for human use and they are also in a

complete abandon stage. If nothing is being done by the government authorities to change that

situation, in a close future those fountains will be only history which is a huge lost for the

city.

Key words: Salvador, water fountains, water quality.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fonte no Largo Dois de Julho (BAHIA, 2003)

Figura 2 - Companhia de Água do Queimado (BAHIA, 2003)

Figura 3 - Casa de vender água (SAMPAIO, 2005)

Figura 4 - Aguadeiros (BAHIA, 2003)

Figura 5 - Localização da cidade de Salvador em relação à América Sul e ao Brasil.

Figura 6 - Fontes de: a) vale, b)contato e c) fratura (Lima, 2005).

Figura 7 - Distribuição espacial dos pontos de amostragem (Malha de Limites Municipais, CONDER, 2003) e coleta de dados.

Figura 8 - Fonte Banheiro dos Jesuítas: a) Banheiro dos Jesuítas atualmente , b) Banheiro,(BAHIA,1974), c) Vista panorâmica e d) detalhe dos Banheiros

Figura 9 - Fonte da Graça: a) fonte em 2005; b) Visão geral, fonte reformada.

Figura 10 - Fonte Chapéu de Couro: a) vista geral; b) detalhe do espelho d’água

Figura 11 - Fonte do Conj. Bahia: a) fachada da fonte; b) detalhe da bica

Figura 12 - Fonte da Bica: a) visão geral e usos: b) detalhe da bica e bacia de recolhimento.

Figura 13 - Fonte Nova: a) detalhe das Bicas; b) tipo de uso

Figura 14 - Fonte das Pedreiras: a) visão geral; b) visão das bicas e tipos de usos.

Figura 15 - Fonte da Pedra Furada: a) visão geral; b) detalhe do poço

Figura 16 - Fonte das Pedras: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento após acidente de outubro de 2006

Figura 17 - Fonte Davi: a) área de recolhimento; b) visão da vegetação entorno.

Figura 18 - Fonte do Instituto de Biologia

Figura 19 - Fonte de Sta. Luzia, a) fiel recolhendo água, b) Igreja e c) fiéis na fila

Figura 20 - Fonte do Baluarte, a) fachada da fonte; b) área alagadiça e com lixo

Figura 21 - Fonte do Buraquinho.

Figura 22 - Fonte do Chega Nego: a) fachada da fonte; b) bica

Figura 23 - Fonte do Coqueirinho, (BAHIA, 1997)

Figura 24 - Fonte Dique do Tororó: a) vista geral das cúpulas; b) poço.

Figura 25 - Fonte do Gueto: a) fachada da fonte; b) detalhe da bica e vazão.

Figura 26 - Fonte do Mugunga: a) visão geral;) detalhe do frontispício

Figura 27 - Fonte Redenção do Pelourinho.

Figura 28 - Fonte do Pereira: a) tipos de uso; b) visão geral.

Figura 29 - Fonte do Queimado: a) detalhe da bica e b) visão geral

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Figura 30 - Fonte dos Perdões: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento

Figura 31 - Fonte do Zoológico: a) vista geral da fonte, b) detalhe do poço

Figura 32 - Fonte da Estica: a) visão geral; b) tipo de uso

Figura 33 - Fonte do Gabriel: a) visão geral e b) uso da fonte por lavadeiras

Figura 34 - Fonte do Gravatá: a) Vista geral; b) detalhe da vazão da água

Figura 35 - Fonte da Mãe d’água: a) local exato da fonte; b) detalhe do frontispício (FALCÂO, 1940).

Figura 36 - Fonte das Pedreiras ou Preguiça: a) visão geral; b) detalhe da bica e vazão de água.

Figura 37 - Fonte Sto Antonio do Cabula: a) bicas em detalhe; b) visão geral, tipo de uso.

Figura 38 - Fonte São Pedro: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento

Figura 39 - Fonte do Taboão: a) visão da fonte anteriormente (Acervo Fund. Gregório de Mattos) e b) situação atual.

Figura 40 - Fonte Solar do Unhão: a) fachada da fonte; b) detalhe da bacia de recolhimento

Figura 41 - Fonte Vale do Tororó: a) Fonte em 2005, b) foto em processo de ocupação e c) foto atual em Abril de 2008.

Figura 42 - Fonte Visconde de Mauá: a) fachada da fonte; b) ponto de lixo

Figura 43 - Fonte Vista Alegre de Baixo: a) fachada da fonte; b) visão geral com área entorno e c) tipo de uso

Figura 44 - Gráfico da análise de pH

Figura 45 - Gráfico da análise de OD

Figura 46 - Gráfico da análise de DQO

Figura 47 - Gráfico da análise de DBO

Figura 48 - Gráfico da análise de Turbidez

Figura 49 - Gráfico da análise de Cor

Figura 50 - Gráfico da análise de Cloreto

Figura 51 - Gráfico da análise de Fósforo

Figura 52 - Gráfico da análise de N.Nitrato

Figura 53 - Gráfico da análise de Ferro

Figura 54 - Gráfico da análise de Coliformes Termotolerantes

Figura 55 - Coleta de água para o laboratório do SENAI/SETIND

Figura 56 - Distribuição espacial das fontes propostas para a rede de monitoramento

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Representação dos Domínios Geológicos de Salvador, segundo diversos autores. Adaptado de Silva (2005)

Quadro 2 - Fontes catalogadas com destaque para as visitadas

Quadro 3 - Pontos de amostragem para análise de qualidade da água das fontes e Salvador

Quadro 4 - Indicação dos parâmetros de qualidade de água e dos laboratórios de análise em cada campanha de amostragem nas fontes de água de Salvador.

Quadro 5 - Identificação dos pontos de amostragem selecionados.

Quadro 6 - Numeração dos pontos de amostragem.

Quadro 7 - Resumo das principais características das fontes, informações oriundas do levantamento em campo e análises de água.

Quadro 8 - Relação de parâmetros propostos a serem utilizados nas avaliações de água.

Quadro 9 - Relação das fontes selecionadas para compor a rede de monitoramento

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Medidas de vazões de fontes com saída de água através de bicas. Adaptado de Lima (2005).

Tabela 2 - Resultados analíticos de parâmetros físicos, químicos e coliforme termotolerantes encontrados nas análises realizadas pelo LABDEA.

Tabela 3 - Comparação dos resultados analíticos da pesquisa apresentada por Azevedo (1992), Guerra e Nascimento (1999 e 2002), Lima et al (2003) apud Lima (2005) e pela presente pesquisa.

Tabela 4 - Cálculo da relação DQO/DBO.

Tabela 5 - Resultados analíticos de COV’s encontrados nas análises realizadas pelo LAQUAM.

Tabela 6 - Teores de metais encontrados nas análises realizadas pelo SENAI / SETIND (arsênio, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio e níquel).

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia

CEMAB Centro de Memória da Água na Bahia

CETIND Centro de Tecnologia Industrial

COVs Compostos Orgânicos Voláteis

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento

FGM Fundação Gregório de Mattos

GPS Sistema de Posição Geográfica

GRH Grupo de Recursos Hídricos

IPAC Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia

IPHAN Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

LABDEA Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental

LAQUAM Laboratório de Química Analítica Ambiental

LDM Limite de Detecção do Método

LMT Limite Máximo Tolerável

MEAU Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana

mg/L Miligrama por Litro

NEHMA Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e de Meio Ambiente

OCEPLAN Órgão Central de Planejamento

OD Oxigênio Dissolvido

OMS Organização Mundial da Saúde

PDE Pano Diretor de Encostas

PDU Plano Diretor Urbano

Ph Potencial Hidrogeniônico

PMS Prefeitura Municipal de Salvador

PVC Poli Cloreto de Vinila

RBC Rede Brasileira de Calibração

RMS Região Metropolitana de Salvador

SAER Superintendência de Água e Esgotos do Recôncavo

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SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SEPLAM Superintendência Municipal de Meio Ambiente

SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

SRH Superintendência de Recursos Hídricos

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNEB Universidade do Estado da Bahia

μg/L Microgramas por Litro

VMP Valores Máximos Permitidos

IGEO Instituto de Geociências

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE QUADROS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1 INTRODUÇÃO 17

1.1 JUSTIFICATIVA 23

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 24

1.3 OBJETIVOS 24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26

3 ÁREA DE ESTUDO 33

3.1 ASPECTOS FÍSICOS NATURAIS 34

3.1.1 Solos 37

3.1.2 Geologia 38

3.1.3 Hidrogeologia 42

3.1.4 Geomorfologia 43

4 METODOLOGIA 44

4.1 ETAPAS METODOLÓGICAS 44

5 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E SITUAÇÃO DAS FONTES 55

5.1 FONTES 60

5.1.1 Fontes na cidade de Salvador 61

5.1.2 Outras fontes 103

6 QUALIDADE DA ÁGUA E ANÁLISE DOS DADOS 104

7 RECOMENDAÇÃO PARA MONITORAMENTO 131

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 135

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 138

APÊNDICE

ANEXO

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1 INTRODUÇÃO

Salvador é a cidade das fontes d’águas. Bochicchio (2003) afirma que Thomé de Souza não

pensou duas vezes quando achou o porto ideal, devido à água, para fundação da cidade.

Na escolha do local para a Cidade de Salvador o problema da água teria forçosamente que ser

considerado. Tanto Azevedo (1969), quanto Falcão, (1949) relatam que, efetivamente, o rei

no regimento que deu a Thomé de Souza, recomendava a mesma circunstância de ressalva

para instalação da cidade de Salvador: “... espero que este seja e deve ser em sítio sadio e de

bons ares, e que tenha abastança de águas, e porto em que bem possam amarrar os navios e

vararem-se quando cumprir, porque todas estas qualidades ou as mais delas puderem ser,

cumpre que tenha dita fortaleza e povoação”.

Segundo Carneiro (1980), Nóbrega relatava que a cidade se encontrava “em local de muitas

fontes” e que Gabriel Soares contava que um dos motivos da escolha do sítio da cidade foi em

haver, defronte do porto a que se recolhera a armada, uma fonte perene, a fonte das Pedreiras.

Ora, além desta fonte, um degredado deu seu nome a outra que explorava, a Fonte do Pereira,

na parte baixa do caminho que ligava a praia à cidade, pelo norte, a Ladeira da Misericórdia.

Os mananciais existentes ao longo das praias e nas encostas de Salvador foram responsáveis

pelo abastecimento de toda a cidade no período da instalação de Salvador, de acordo com

Carneiro (1993), havia aproximadamente 150 fontes e 16 chafarizes.

Dos tempos de Thomé de Souza aos dias atuais a importância das fontes foi minimizada e o

recurso natural vem se degradando ao longo do tempo sem que nenhuma gestão venha sendo

praticada.

Gerenciar os recursos naturais disponíveis no ambiente constitui-se num grande desafio para

as sociedades organizadas. A tarefa torna-se mais complexa quando o assunto é recursos

hídricos, devendo-se levar em consideração que é um recurso escasso e cada dia mais

fragilizado na relação com as sociedades. Quando se trata de água potável mais delicado ainda

se torna o assunto, pois ao olho nu não se pode fazer referência à sua qualidade.

Portanto, abordar este tema para Salvador não é uma tarefa fácil, pois a cidade não tem

conhecimento oficial e regular das condições químicas e bacteriológicas que suas águas

subterrâneas e superficiais têm, agregado a isto vem registrando nas últimas décadas um

significativo crescimento populacional, e que diretamente tem atingido os recursos naturais,

como os rios, lagos e fontes e conseqüentemente as águas subterrâneas.

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A necessidade de se contemplar os recursos hídricos na implementação de ações é urgente. As

nascentes da água e as estruturas físicas construídas devem ser levados em consideração, pois

o próprio monumento registra o passado e a história.

Pouco se tem escrito sobre a existência das fontes que surgiram em Salvador. O que se

desenvolveu foram algumas lendas a respeito delas e isto ocorre devido à escassez de registro

histórico e bibliográfico. Sabe-se, porém, que conservar as fontes resgata o passado e

transmite valores de um período.

Ao se analisar as fontes de Salvador, nota-se que, em geral, estes monumentos se diferenciam

da arquitetura contemporânea, e tem-se a sensação de estar voltando a um passado distante,

que não corresponde ao momento vivenciado atualmente.

As antigas fontes foram construídas para facilitar o acesso da população à água e assim

abastecer a cidade, conforme pode ser visto na Figura 1. Existem desde a época das capitanias

hereditárias e representaram, durante longos anos, fator de real importância para a população.

Hoje a maioria delas, parcial ou totalmente destruídas, encontra-se abandonadas, servindo de

sanitário público ou depósito de lixo. Lentamente, sem que a população se desse conta elas

foram sendo colocadas à margem da necessidade diária, aos poucos os aguadeiros e mulheres

com lata d’água na cabeça foram sendo situações pouco vistas no cotidiano.

Figura 1: Fonte no Largo Dois de Julho (BAHIA, 2003)

As fontes de Salvador têm histórias interessantes de suas origens, algumas documentadas por

historiadores e outras contadas pela “boca do povo”.

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Salvador fora construída num “sítio sadio e de bons ares”, com água abundante e magnífico

porto, conforme a Coroa Portuguesa ordenara a Thomé de Sousa, mas ainda fez mais:

construiu-a num alto e longo promontório [cabo formado de rochas elevadas], cercado de

águas por todos os lados. Mesmo ao norte, onde a terra buscava o continente, havia rios e

mananciais em abundância (SAMPAIO, 2005).

Devido ao seu valor socioeconômico, alguns procedimentos foram estabelecidos para o

convívio com as fontes. Conforme descrito no repertório de fontes sobre a escravidão,

existente no arquivo municipal de Salvador, em 1696 a casa da Câmara de Salvador proibiu

que qualquer pessoa lavasse roupa ou permitisse que suas escravas o fizessem debaixo das

bicas das fontes da cidade, pois teriam uma pena de seis mil réis (BAHIA, 1988). Embora

fosse sabido que o tumulto entre aguadeiro e soldados era comum nas fontes, conforme

Vilhena (1969) apud Sampaio (2005), alguns escravos quebravam-se mutuamente as cabeças

e os braços. A violência se agravava com a insolência dos insubordinados soldados, que

obrigavam os escravos a levar água para onde bem quisessem. Se não obedecessem

apanhavam bastante e muitos escravos ficavam aleijados ou morriam.

Assim, o Livro das Águas, elaborado pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa),

cita que os chafarizes e as fontes públicas existentes na primeira metade do século XIX já não

atendiam a demanda da comunidade e nem às aspirações de progresso da época. Em 1800,

com o aumento da população e o alargamento progressivo da cidade, o número de fontes

havia também crescido. Ressalta Carneiro (1980), que na cidade de Salvador, na coroa da

colina, havia muitas fontes, embora em fins do século XVIII, segundo Vilhena (1969), não

havia dentro da cidade uma única fonte cuja água se podia beber.

Segundo Azevedo (1969), é interessante como a administração municipal, já em 1785,

cogitava o aproveitamento, para consumo dos moradores da cidade, de rios, que depois

vieram a ser utilizados pela moderna engenharia sanitária na rede projetada para servir

Salvador e também como eram tratados os problemas de saneamento desses mananciais.

Sampaio (2005) afirma que, com objetivo de colaborar com a salubridade pública na parte que

toca a higiene das águas potáveis, o diretor do Imperial Corpo de Engenheiros, tenente

coronel João Blöem, encaminhou, em 1848, um programa de trabalho, citando que o estado

presente em que estavam as fontes públicas era lastimoso. Pela má construção havia

infiltração de água impura e um efetivo mau cheiro pelos ciscos podres que se observam

nelas.

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Em 1850, Salvador, com 60 mil habitantes, carecia de um sistema de abastecimento de água,

pois os aguadeiros distribuíam a água captada em minadouros, utilizando barris de até 80

litros transportados nos lombos dos animais, cobrando preços que variavam de acordo com os

períodos de estação chuvosa ou de secas (BAHIA, 2003). Resolveu-se neste período,

estabelecer um serviço de canalização pelo qual a província contribuiria com 150 contos de

réis.

Sampaio (2005) relata que nas casas e nos escritórios, a água era armazenada em tanques,

talhas, potes e moringas. Construíram-se chafarizes, cisternas e cacimbas por todos os lados.

No entanto, à medida que a população crescia, a água diminuía. Tornou-se urgente prover a

cidade com um sistema de abastecimento constante, sobretudo quando se provou que a

propagação da famigerada peste de 1850, que dizimara grande parte da população, estava

ligada às precárias condições de higiene da capital.

Em 1852 houve um incentivo para construção de mais fontes e chafarizes em virtude da Lei

nº 451, de 17 de junho de 1852, que criou o serviço de abastecimento de água potável para

cidade (BOCCANERA JÚNIOR, 1921). Este incentivo resultou na criação da Companhia de

Água do Queimado (Figura 2).

Figura 2: Companhia de Água do Queimado (BAHIA, 2003)

Afinal, a 7 de janeiro de 1853 começaram a funcionar 21 chafarizes, nos principais pontos da

cidade, vendendo a água aos aguadeiros que, por sua vez, a revendiam com algum lucro às

famílias e casas de negócio (AZEVEDO, 1969; BAHIA, 2003). A companhia vendia água à

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população ao preço de 20 réis (uma pequena moeda de cobre) por barril. O manancial era o

rio do Queimado, uma das nascentes do rio Camurugipe; nele se construiu uma barragem que

produzia em torno de 1.000m3 de água por dia (SAMPAIO, 2005). Mesmo assim logo é

modificado o contrato, e a Companhia obtém o “privilégio” de aumentar o serviço, utilizando-

se de outros mananciais, como, por exemplo, das barragens de Mata Escura e da Prata, mas os

hábitos da população de recorrer às fontes, não deram à Companhia meios para melhorar e

desenvolver os seus serviços (BAHIA, 1966).

Em 1870, renova-se o contrato e prorroga-se o privilégio, com a condição da empresa

executar novas obras (BAHIA, 1966). Com esta exigência, e para complementar a água dos

chafarizes insuficientes para o consumo da cidade, a Companhia organizou a distribuição do

líquido em diversas casas, conhecidas como casas de vender água (Figura 3). Por terem sido

instaladas ao término da Guerra do Paraguai, março de 1870, foram designadas com os nomes

de locais onde houvera vitórias do exército brasileiro – Curuzu, Humaitá etc. Essas casas

tinham apenas uma porta, que dava entrada a minúsculo espaço, no qual havia uma torneira

instalada pela Companhia. A quantidade de água correspondia ao valor da moeda de cobre

(10, 20, 40 e 60 réis) que era depositada (SAMPAIO, 2005).

Figura 3: Casa de vender água (SAMPAIO, 2005)

Todo o esforço era feito para poupar o precioso líquido, principalmente nos períodos com

falta d’água, como em 1891-92, cuja ação destrutiva foi comparada à da seca que havia

devastado a Província, dez anos antes. Havia nesta época muitas queixas contra a Companhia

(SAMPAIO, 2005).

Começa um novo século. Salvador tinha em torno de 250 mil habitantes e um consumo per

capita de 35 litros de água por dia: 20% do necessário. Com a constante falta de água, a venda

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nas fontes sobe de 5 para 25 réis o litro, o cargueiro, de 400 para até 2.000 réis. O preço da

pena d’água sobe de 9 para 12 mil réis mensais. A Companhia de Água do Queimado, sem

recursos, não teve perspectivas de novos investimentos no sistema (BAHIA, 2003).

Em 1904 contratou-se o engenheiro Teodoro Sampaio, que estimou que dentro de 20 anos a

população aumentaria em 50 por cento.

Em 1907 as obras para implantação do sistema estão parcialmente concluídas e finalmente,

em 1910, Salvador estava abastecida com um novo sistema de água que chegava aos

“subúrbios” da Barra, Rio Vermelho, Brotas, Boa Vista, Pitangueiras, Castro Neves e Tororó.

Nessa época, toda a rede de distribuição da cidade tinha 89 quilômetros, com tubulações

variando de 3 a 18 polegadas de diâmetro (BAHIA , 2003).

De acordo com Pereira (1994), mesmo com a distribuição de água encanada já implantada em

meados do século XIX, o serviço não conseguiu satisfazer a necessidade de toda a população

da cidade. Por isso, ainda se recorriam aos aguadeiros (Figura 4), que faziam um serviço de

distribuição paralelo, através das principais fontes.

Figura 4: Aguadeiros (BAHIA, 2003)

A evolução dos tempos transformou o rudimentar sistema de abastecimento de água. Quando

os governos incluíram o saneamento nos seus planos de trabalho a população passou a contar

com água encanada.

A mudança do uso de fontes públicas para sistema de abastecimento por canalização foi

bastante demorada, primeiro porque a população estava habituada a usar as fontes e teve

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resistência, e segundo, implantar um sistema com tecnologia diferente requer um investimento

grande, e não foi possível que a alteração ocorresse imediatamente.

Depois da implantação do Sistema de Abastecimento de Água, as fontes, aos poucos, foram

perdendo sua real importância, sendo abandonadas e colocadas em plano inferior ao seu

verdadeiro valor. Com o passar dos dias a situação foi se agravando, contudo foram resistindo

ao tempo e ao descaso, como afirma Felix (1982), não é por outro motivo que várias fontes

enfrentam os séculos com uma imponência que assombra. Elas eram obras feitas para

durarem. E cada uma delas tinham uma história particular. Felix (1982), ainda afirma:

“Algumas fontes, pobrezinhas, já nem choram. Outras, entretanto, velhinhas, ainda resistem

ao tempo e um fio de água continua escorrendo, fininho, fininho, parecendo lágrima”.

Levando em consideração a condição em que se encontravam, no final do século XX os

órgãos públicos e estudantes voltaram sua atenção às fontes de água naturais, com propósito

de resgatá-las de uma situação que continuamente vem se agravando.

O olhar que este trabalho direcionou às fontes foi do ponto de vista histórico e sócio-

ambiental. Sem a pretensão de esquecer a importância histórica, foi focalizado o momento

atual das fontes, que é de fornecer água para alguns usos, conforme ainda pode ser visto ao

visitá-las. Trata-se, portanto, de um estudo interdisciplinar, de caráter humano e físico.

Esta pesquisa teve origem frente à necessidade de buscar respostas e disponibilizar dados que

resulte na sustentabilidade ambiental deste recurso natural.

1.1 JUSTIFICATIVA

Este projeto tem sua justificativa apoiada em duas razões: uma de natureza científica e outra

de natureza social.

De natureza científica porque é a primeira pesquisa a caracterizar a historia e as condições

atuais de um maior número de fontes estudadas, assim como a varredura de 40 parâmetros

para qualidade da água. Com esta investigação passa-se a ter conhecimento da situação, não

só da qualidade hidroquímica, mas da qualidade ambiental da água para uso de contato

primário ou secundário.

Vale ressaltar que estão ainda incluídas as indicações dos trabalhos realizados sobre fontes,

tanto os desenvolvidos por órgãos quanto os de caráter acadêmico. Em se tratando deste

assunto esta contribuição também é inédita.

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De natureza social por se tratar de uma pesquisa que será de utilidade pública, pois é

propósito ser encaminhado à Prefeitura e ao Governo do Estado, responsável pela manutenção

e preservação das fontes, uma proposta de rede de monitoramento para acompanhamento da

qualidade da água, visando atender a população atual e futuras gerações.

Os resultados deste trabalho constituem um apoio científico importante para subsidiar a

tomada de decisão no sentido de superar o estado degradação instalado.

Baseado nestas características é relevante obter em um único documento dados que

subsidiarão a gestão urbana da cidade voltados aos recursos hídricos, sendo, então, um

instrumento eficaz de gerenciamento e tomada de decisão. Não se pode promover a

preservação das fontes se não estudarmos a sua história, sua geografia, ou seja, os meios pelos

quais se poderá aproximar da situação de interesse.

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Considerando que as fontes são monumentos muito antigos, excluídos do processo de

preservação e expostos a toda ação de vândalos e do próprio tempo, e que a qualidade da água

tem uma relação estreita com a falta de políticas públicas urbanas, com o crescimento

populacional acelerado e com as atividades sócio-econômicas desenvolvidas no substrato,

acredita-se que as fontes da cidade estão com problemas relacionados à qualidade de suas

águas e de estruturas físicas (principalmente as históricas). Surgem assim algumas

interrogações, comuns quando se trata deste assunto: Porque a maioria das fontes está

sucateadas, se elas representam a história da nossa cidade? Qual o grau de comprometimento

da qualidade da água das fontes? Que interferência há de atividades, como, proximidade a

postos de gasolina, cemitérios, e curtumes, por exemplo, expondo aos poluentes e substancias

danosas? Que usos são mais constantes por parte da população? Que ações podem ser

realizadas para a revitalização das fontes? Assim, pode-se levantar uma hipótese:

Provavelmente a falta de preservação, manutenção e conscientização por parte dos usuários e

principalmente do poder público têm trazido prejuízos inestimáveis, tanto na qualidade de

água quanto na fonte enquanto monumento.

1.3 OBJETIVOS

O principal objetivo desta dissertação é realizar um diagnóstico das fontes públicas

distribuídas na cidade de Salvador. Terá como foco os aspectos físicos e históricos, bem como

a análise da qualidade da água, visando disponibilizar uma ferramenta que poderá ser

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utilizada tanto por gestores públicos quanto por pesquisadores e organizações da sociedade

civil na preservação deste patrimônio local.

Têm-se como objetivos específicos: conhecer o histórico das fontes; verificar a qualidade da

água observando sua evolução a partir de estudos realizados anteriormente, verificar a vazão

de água das mesmas, identificar a situação atual e propor uma rede de monitoramento aos

órgãos competentes: a Superintendência Municipal de Meio Ambiente (SEPLAM), à

Gregório de Mattos (FGM) ambos da Prefeitura Municipal e ao Instituto do Patrimônio

Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão do Governo do Estado, visando que sua

preservação e manutenção seja efetivada.

Para que o objetivo principal desta pesquisa fosse alcançado, foi necessário se debruçar no

estudo de várias situações: o social, envolvendo a história e a relação atual que estas fontes

têm com os usuários; o físico, relacionado ao entendimento do mecanismo interno e externo

do surgimento das fontes, por meio das informações de geologia, geomorfologia, solos e por

fim a avaliação da qualidade físico-química e bacteriológica da água, como o meio mais

direto para a análise da situação instalada.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Abordar sobre fontes públicas em uma cidade como Salvador possibilita tratar de questões

que estão atreladas à temática, como, por exemplo, urbanização, sociedade e políticas

públicas, e aqui é válido analisar até que ponto eles têm interferido na degeneração dos

aspectos históricos e ambientais destes monumentos. É oportuno salientar que em outras

localidades ou em outros países, os monumentos e a natureza estão mais preservados,

considerando que o crescimento populacional é semelhante ou mesmo em maior velocidade.

Com isto permite-se reportar a uma análise conceitual da questão política, especificamente

das políticas públicas, da urbanização e dos atores sociais envolvidos.

Segundo Gonçalves, (2002) a palavra política origina-se do grego e significa limite. Dava-se o

nome de polis ao muro que delimitava a cidade do campo; só depois se passou a designar

polis o que estava contido no interior dos limites do muro. O resgate desse significado, como

limite, talvez ajude a entender o verdadeiro significado da política, que é a arte de definir os

limites, ou seja, o que é o bem comum.

Assim, política é acima de tudo, arte, pois articula as relações humanas, é o ambiente para o

exercício da cidadania, o espaço para argumentação, salienta-se a importância da política,

como meio de expressão e espaço apropriado para as discussões. Conforme a abordagem de

Pereira (2007), a vida em sociedade é complexa e envolve adversidade. Para tornar possível a

convivência, é necessário se estabelecer ações que visem a uniformidade dos direitos.

É comum, portanto, nas sociedades estabelecidas que ocorram os problemas, os conflitos, os

entraves, etc... Contudo neste momento o papel da política é imprescindível, principalmente

no que tange à resolução de conflitos. Surge, assim a terminologia mais apropriada para a

situação, que são as políticas públicas. Políticas públicas, segundo Guareschi et al (2004), “é

o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um

compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas.

Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço

público”, e ainda, como destaca Bucci (2002), “são programas de ação governamental visando

coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de

objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados”.

O Brasil das últimas décadas convergiu para uma grande concentração urbana, gerando várias

metrópoles com mais de um milhão de habitantes, além de um grande número de cidades

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médias que agem como pólos de desenvolvimento em diferentes regiões do país. Esta grande

concentração da população, numa sociedade com grandes diferenças sociais e sem

planejamento, tem provocado uma piora ainda maior da qualidade de vida, mesmo apesar do

crescimento econômico percapita. (BRASIL, 1998). Os efeitos desta realidade fazem-se sentir

sobre todo aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao

transporte e ao tratamento de esgotos.

Contudo, o uso do solo urbano sem um maior planejamento tem sido o maior agente dos

problemas atuais. Apesar da existência do Plano Diretor Urbano (PDU) em grande parte das

cidades, os loteamentos clandestinos, as favelas e a falta de obediência política da legislação

urbana têm produzido uma grande deterioração dos espaços, incluindo o da bacia urbana.

Como conseqüência, algumas endemias retornaram como cólera e a dengue, os rios urbanos

estão totalmente assoreados e poluídos e escoam basicamente esgoto cloacal, mesmo

existindo rede de esgotos em algumas cidades.

A ausência de políticas públicas no processo de crescimento da maioria das cidades brasileiras

vem trazendo inúmeros problemas para a população que nelas residem. Uma das

conseqüências do crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial,

criando condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de doenças,

poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da água subterrânea, entre

outros problemas.

A urbanização tem relação direta na preservação ou degradação dos mananciais. Para Mota

(1995) a qualidade da água de um manancial, além dos seus usos, depende das atividades que

se desenvolvem nas suas margens. Pode-se dizer que a mesma está intimamente relacionada

com o uso que se faz do solo ao seu redor.

O crescimento urbano é, igualmente, responsável por elevados consumos de água, sendo

muitos destes gastos, excessivos e desnecessários. A poluição provocada pelo lançamento dos

esgotos domésticos nos rios contribuiu, para um esbanjamento de recursos que são vitais para

o homem e para todos os seres existentes. Um exemplo dessa poluição é o caso dos resíduos

hospitalares, ricos em nitratos, que são relativamente inofensivos nos campos, mas no corpo

humano são capazes de provocar danos irreversíveis, e estes são lançados negligentemente

Neste contexto, pode-se perceber que não é somente um aspecto que tem proporcionado a

degradação das fontes, de suas águas e de outros monumentos públicos, mas pelo menos a

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combinação de duas situações: a sociedade com seu crescimento populacional e o governo

enquanto poder público, no momento que não assume seu papel na garantia dos direitos

sociais e de ações devidamente planejadas. Provavelmente, se a política fosse menos poder e

mais serviço à coletividade, se estaria mais próximo da democracia e do “governo do povo”.

Conforme Pereira (2007), demandas por políticas e ações políticas são geradas pelos

interesses de diversos atores. Estes atores são: a sociedade civil, os representantes do povo, as

ONG’s, as instituições, o poder público, etc. Contudo os usuários das fontes, atores apontados

nesta pesquisa, estão associados à pobreza e a marginalidade, o que provavelmente tenha

contribuído na pouca atenção governamental, visto que as políticas públicas desenvolvidas

são bastante elitistas. Deve-se, no entanto, ressaltar que os usuários também são formadores

da sociedade soteropolitana e têm uma estreita relação com a cidade, enquanto ambiente de

convivência, e com a água.

Para Carneiro e Costa (2003) a exclusão é algo vinculado ao cenário contemporâneo, e

consiste na impossibilidade ou dificuldade intensa de se ter acesso aos mecanismos de

desenvolvimento pessoal e à inserção sócio comunitária.

Segundo o artigo 182 da Constituição Federal, marco regulatório das políticas públicas

urbanas explicita que “a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público

municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno

desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes”.

Dois termos são destaques no artigo acima citado, cidade e bem estar dos habitantes. De

acordo com Silva (2004) é importante identificar o espaço privilegiado de atuação dessas

políticas. O espaço geográfico, objeto das políticas públicas é a cidade, e que as políticas

públicas têm como desafio alcançar a sustentabilidade urbana para o pleno exercício da

cidadania, assegurando uma vida harmônica do homem em seu meio ambiente.

A sociedade já se encontra majoritariamente instalada em cidades, e as questões

socioambientais têm e terão cada vez mais um papel predominante na determinação das

políticas públicas no meio ambiente urbano. Trata-se de assegurar condições dignas de vida

urbana a todos, buscando um equilíbrio social e ambiental do planeta. (SILVA, 2004).

Conforme Lefebvre (2002), em seu conceito de direito à cidade, aponta, que deverá haver um

conjunto de exigências legítimas para a existência de condições de vida satisfatórias, dignas e

seguras nas cidades.

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A visão de sustentabilidade para cidade, associada ao meio ambiente, ao acesso a serviços

dignos, e aos atores sociais exclusos, remonta, provavelmente à questão de uma nova forma

política, tendo em vista a participação, pois, ao menos, eles teriam conhecimento da

importância deste ambiente e de opinar sobre a realidade em que eles vivem. Seria a

participação o caminho para solução dos problemas citados e dos conflitos, em busca de uma

cidade mais equilibrada?

É válido salientar que as fontes são de propriedades da PMS exceto à fonte Redenção do

Pelourinho que é de propriedade do Governo do Estado, assim sendo, os atores sociais

responsáveis pelas políticas públicas de manutenção e restauração das fontes são os poderes

público municipal e estadual. Considera-se como municipal a SEPLAM e a FGM e estadual o

IPAC. De fato eles deveriam propor um plano com ações estratégicas e articuladas com o

governo para preservação e manutenção dos bens públicos, com vista à valorização e a

ressocialização.

A SEPLAM engloba maiores atribuições quanto às fontes, pois está responsável pela política

ambiental do município. Segundo seu regimento interno (Consolidação dos Decretos n°

11.981/98 e n° 12.057/98), ela tem por finalidade exercer as funções de planejamento urbano,

política ambiental e promover o desenvolvimento econômico do Município, tem, entre outras,

as seguintes áreas de competência:

• Definição, coordenação e execução das políticas, diretrizes e metas relacionadas com o planejamento urbano;

• Promoção de medidas para prevenir e corrigir a alterações do meio ambiente natural, rural e insular;

• Promoção de ações de educação ambiental em articulação com a Secretaria Municipal da Educação e Cultura, bem como campanhas e eventos voltados para a comunidade;

• Estabelecimento de diretrizes e políticas de preservação e proteção da fauna e da flora, bem como para o reflorestamento;

• Promoção e execução de projetos e atividades voltadas para a garantia de padrões adequados de qualidade ambiental do Município;

• Controle do ordenamento e do uso e ocupação do solo e preservação do meio ambiente;

• Definição da política de uso e ocupação do solo e aplicações das normas de ordenamento correspondentes, bem como da administração e fiscalização do cumprimento das normas sobre publicidade em logradouros públicos;

Tem, ainda, como missão planejar e regulamentar o desenvolvimento urbano-ambiental de

Salvador, de forma efetiva e participativa. E como visão, ser reconhecida, pelo cidadão, como

referência em planejamento municipal participativo, disponibilizando informações acessíveis,

na construção de uma cidade mais legalizada e igualitária.

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A FGM e o IPAC têm por responsabilidade a política de educação patrimonial, cabe a estes a

preservação das fontes enquanto monumento, e principalmente porque são bens tombados.

Segundo a lei nº 3.601/86 de 19 de fevereiro de 1986, a FGM foi criada em 1986 sob a forma

de fundação, dotada de autonomia administrativa e financeira, patrimônio próprio, vinculada à

Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Tem como diretriz a construção de políticas

culturais para Salvador.

Conforme Resolução nº 016/03 de 31 de julho de 2003, que aprova o regimento interno do

IPAC, este Instituto estadual tem por finalidade executar a política de preservação do

patrimônio cultural da Bahia.

Ao IPAC, compete:

• I - promover, por todos os meios legais, a preservação dos bens de cultura do Estado; • II - pesquisar, documentar, restaurar e promover a produção técnica e científica

necessária à preservação dos bens de cultura; • III - colaborar na formulação da política de educação patrimonial, juntamente com

órgãos afins na área educacional; • IV - exercer, de modo sistemático, a fiscalização dos bens protegidos, orientando as

intervenções no acervo patrimonial, nos limites da lei; • V - examinar projetos de intervenção em bens protegidos, emitindo parecer

conclusivo; • VI - colaborar com as municipalidades na elaboração de políticas públicas que digam

respeito à preservação, tombamento, normas de proteção e critérios de uso dos bens de cultura;

Para consecução de sua finalidade, poderá o IPAC:

I - celebrar convênios, contratos, acordos e outros ajustes de cooperação técnica ou financeira com instituições públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais; II - contrair empréstimos e financiamentos junto a instituições públicas e privadas; III - praticar outros atos que se enquadrem na finalidade da Autarquia.

Além da reflexão quanto ao dever do poder público, do papel da sociedade civil, e

identificado os responsáveis pela preservação de tais monumentos é importante ressaltar a

base legal relativa à preservação do monumento e da qualidade ambiental das fontes, com isto

algumas leis foram levadas em consideração neste capítulo.

Nesta abordagem as legislações foram divididas em 3 blocos distintos, relacionados com: 1)

preservação dos monumentos; 2) a água vista como um recurso natural necessitando de

preservação e por fim 3) as legislações relacionadas aos limites de parâmetros para as análises

de qualidade de água. Os parágrafos estão dispostos nesta seqüência apresentada.

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1) Relacionando legislação à questão das políticas públicas referentes aos bens culturais têm

como marco importante a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(SPHAN). Na idéia de preservação da obra construída, seja de qualquer natureza, aliam-se

também as idéias de cidadania. O Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, estabelece

a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, e o tombamento para obras de

interesse histórico, (BRASIL 1937). Ainda neste sentido a legislação estadual por meio da Lei

nº 3.660, de 8 de junho 1978 que dispõem sobre o tombamento dos bens de valor cultural e dá

outras providências, em anexo neste trabalho (Anexo A). O Decreto nº 26.319, de 23 de

agosto de 1978 e o Decreto nº 28.398, de 10 de novembro de 1981 formalizaram o

tombamento de fontes como a do Baluarte, fonte do Dique, a fontes dos Padres e a fonte

Mugunga.

2) Relacionado ao bem natural, as legislações federais e estaduais, são enfáticas em abordar o

tema de qualidade ambiental, degradação ambiental e poluição. Partindo desta premissa, as

fontes, objetivo de estudo desta pesquisa, não deveriam e nem poderiam estar nas condições

que se encontram.

A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que institui a Política Nacional do Meio

Ambiente, tem por objetivo, segundo o art. 2º, a preservação, melhoria e recuperação da

qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao

desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da

dignidade da vida humana, atendidos a princípios como proteção dos ecossistemas, com a

preservação de áreas representativas e recuperação de áreas degradadas.

A Legislação Estadual, mais precisamente a Lei 7. 799, de 07 de fevereiro de 2001, estabelece

a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais e tem por objetivo assegurar o

desenvolvimento sustentável e a manutenção do ambiente propício à vida em todas as suas

formas. Aborda, no art 1º que a qualidade ambiental deve ser assegurada para uso das

gerações presentes e futuras, devendo ser observadas e adotadas medidas no sentido de

garantir seu aproveitamento e uso continuado, mediante a adoção de práticas que aumentem a

eficiência do uso da água, do solo, da fauna e da flora e de outros recursos naturais, e que o

meio ambiente deve ser protegido, visando à garantia da qualidade de vida, que se traduz na

segurança, saúde, igualdade, dignidade da pessoa humana e bem estar social, considerando-se

os recursos ambientais como bens indivisíveis, que devem ser acessíveis a todos, importando,

o seu dano irreversível, na inviabilidade do exercício dos direitos garantidos.

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3) Com relação à qualidade de água, a principal intervenção para a efetivação de seu controle

aconteceu com a implementação de algumas legislações que serão muito citadas nesta

pesquisa no capítulo da análise de dados, entre elas: a) a Resolução do Conselho Nacional de

Meio Ambiente (Conama) n° 357 de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação

dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as

condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências; b) a Resolução

Conama n° 274 de 29 de novembro de 2000, que trata sobre a balneabilidade das águas,

considerando que a saúde e o bem-estar humano podem ser afetados por estas condições e por

fim; c) a Portaria do Ministério da Saúde nº 518, de 25 de março de 2004, que estabelece os

procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água

para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Esta portaria foi definida pelo Ministério

da Saúde e é importante para esta pesquisa, pois as fontes, quase em sua totalidade, são

utilizadas para consumo humano.

Os padrões adotados nestas legislações, de um modo geral, são Valores Máximos Permitidos

(VMP) de concentração para uma série de substâncias e componentes presentes na água. Os

padrões de potabilidade para as águas destinadas ao abastecimento humano são estabelecidos

segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que define como água potável

àquela que apresenta aspecto límpido e transparente; não apresenta cheiro ou gosto objetável;

não contém nenhum tipo de microrganismo que possa causar doença; e não contém nenhuma

substância em concentrações que possam causar qualquer tipo de prejuízo à saúde.

A NBR 9.896/87 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) preconiza que os

padrões de qualidade são constituídos por um conjunto de parâmetros e respectivos limites, e

são estabelecidos com base em critérios científicos que avaliam o risco para uma dada vítima

e os danos causados pela exposição a uma dose conhecida de um determinado poluente

(PROENÇA, 2004).

O discurso e a prática na gestão das águas veio com a sanção da Lei Federal nº 9.433, de 8 de

janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, tendo como um dos

fundamentos gerir tais recursos, proporcionando uso múltiplo, em consonância com objetivos

que assegurem “à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões

de qualidade adequados aos respectivos usos”.

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3 ÁREA DE ESTUDO

A área onde foi desenvolvida a pesquisa, a cidade de Salvador tem forma triangular e está

cercada pelo mar (Figura 5). Segundo IBGE (2001) a capital baiana conta com uma população

de 2.440.886 habitantes, sendo estimada em 2007 em 2.892.625 habitantes. A cidade

inicialmente se instalou sobre um planalto, protegida de um lado por vales profundos e do

outro por uma escarpa, hoje seu vetor de crescimento está direcionado ao norte-nordeste. É

uma cidade que no contexto nacional tem grande importância histórica, turística e social. Sua

área é de aproximadamente 324 km2, ou seja, 32.400,00 ha.

Figura 5: Localização da cidade de Salvador em relação à América Sul e ao Brasil.

A temperatura é elevada durante o ano, com média máxima de 28,1ºC e mínima 22,5ºC, e

média anual de 25.3ºC (BAHIA, 1994).

A posição litorânea assegura ao município uma umidade relativa da ordem de 80%, a

precipitação pluviométrica média varia entre 50 a 350mm ao mês, resultantes da chuva

frontais e pseudos-frontais de leste, tornando-o a zona mais irrigada do Estado (BAHIA,

1994). Com relação à precipitação, 63,8% das chuvas caem no período de outono-inverno,

correspondendo à estação chuvosa e detém 60% dos dias de chuva corrida durante todo o ano.

Segundo Köppen (1948) o clima é tropical chuvoso de floresta (af) e segundo a classificação

Thornthwaite (1948) é úmido (B2rA’a’), com uma média de 2.220 horas de exposição anual

ao sol.

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Segundo Bahia (1994) a vegetação do município é Floresta ombrófila densa e Formações

pioneiras com influencia marinha (restinga) arbórea.

As fontes públicas se encontram distribuídas neste espaço geográfico apresentado e estão

mais concentradas a sudoeste do município, principalmente próximo à falha geológica da

Cidade.

Para compreensão do surgimento destes mananciais de água, será apresentada a condição

físico-natural em que se encontram estas fontes.

3.1 ASPECTOS FÍSICOS NATURAIS

As fontes naturais são surgências das águas subterrâneas armazenadas em reservatórios no

subsolo. Os reservatórios de águas subterrâneos ou aqüíferos acumulam-se através de anos ou

mesmo de séculos, sendo que o seu reabastecimento é feito através das chuvas de modo

contínuo e natural.

As fontes existentes na cidade de Salvador são, em sua grande maioria, proveniente das águas

que drenam as terras do município formando diversas bacias que se distribuem em duas

vertentes: a do Atlântico e a Baía de Todos os Santos. Convergem diretamente para o

Atlântico mais de 80% das chuvas que se precipitam sobre o município. Essa vertente

apresenta longos cursos d’água que vão aumentando de importância na direção NE (BAHIA,

1985b).

A grande quantidade de surgências ou fontes identificadas na cidade foi notada pelos

historiadores que escreviam sobre a incidência desses mananciais.

De acordo com A Tarde (1999), historiadores afirmavam que os lendários subterrâneos da

capital baiana não seriam outra coisa senão galerias de captação e drenagem de água que

partia ou chegava a estas fontes.

Segundo Azevedo (1969) todas as fontes eram na baixa de grandes ladeiras, e que sem dúvida

seriam procedentes das fraturas das rochas.

Vilhena (1969) escreveu: “ tenho, meu amigo, observado que são aqui as terras em extremo

rotas, motivo por que as surgentes das águas, todas saem junto à superfície da terra nas baixas

à falda dos montes.... Toda a montanha na sua falda geme água, e poucas são as casas, que

não tenham sua poça, em que se aproveitam, toda porém é salobra”.

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De acordo com Azevedo (1991) as fontes surgem da água contida nas porosidades das rochas.

Diferencia os tipos de fontes, apresentado a classificação de Bryan, segundo o autor existem

quatro tipos de fontes naturais: as de vale, de contato, de falhas (artesianas) e de fraturas,

sendo este último tipo o predominante nas fontes de Salvador, principalmente naquelas

localizadas na parte central da cidade, pois nestas são encontradas rochas de embasamento

cristalino que permitem o armazenamento das águas infiltradas provenientes das chuvas nas

fraturas internas existentes neste tipo de rocha.

Lima (2005) apresenta a definição para cada tipo de fonte classificada por Azevedo (1991)

assim como sua representação gráfica. (Figura 6).

Figura 6: Fontes de: a) vale, b)contato e c) fratura (Lima, 2005).

A fonte tipo Contato ocorre quando a superfície do terreno intercepta o contato de uma

camada permeável sobreposta a uma impermeável, podendo ser chamada de fixas. Em

Salvador geralmente o contato dá-se entre rocha alterada e rocha sã.

A fonte tipo Vale ocorre quando o talvegue de um vale intercepta o nível hidrostático, sendo

caracterizado pela modalidade de seu ponto e surgência, a depender da variação sazonal da

altura que o aqüífero aflora.

E a fonte tipo Fratura ocorre normalmente, em rochas cristalinas e em calcários (cárstico) em

decorrência de fraturas interligadas e que interceptam a superfície do terreno.

A captação das fontes naturais no município de Salvador sofriam interferências de infra-

estrutura para garantia de vazão e fornecimento de água, segundo o jornal Tribuna da Bahia

(1976) elas geralmente eram construídas por quatro sistema básicos: o de captação e

a) VALE b) CONTATO c) FRATURA

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transporte da água, o de armazenamento e decantação, o de distribuição e o de

transporte e absorção da água servida.

As fontes de captação, oriundas de água de percolação, na escarpa da falha de Salvador era

um tipo muito comum na cidade baixa. São jorros espontâneos que ainda hoje podem ser

vistos nas muralhas da ladeira da montanha. A fim de tornar possível a coleta de maior

volume de água, muitas dessas fontes avançavam em galerias horizontais para dentro da

montanha, cada qual captando diferentes mananciais, (BAHIA, 1983). Para recolherem maior

volume de água algumas dessas fontes foram dotadas de galerias que coletavam água de

muitas fissuras da rocha.

O armazenamento da água das fontes era feito em reservatórios, que serviam para regularizar

o fluxo das nascentes e decantar a água. A distribuição fazia-se por meio de bicas ou

chafarizes. Finalmente, a água servida era conduzida através de galerias e lançado em riacho,

encosta ou poço de absorção (BAHIA, 1974).

Dórea (1974) considerou que algumas fontes, podiam ser vistas como verdadeiras obras de

arte, com suas galerias trabalhadas, estendendo-se montanha adentro até a escondida nascente

das águas. Solidamente construídas para canalizar o líquido, essas galerias formavam

conjuntos de túneis, algumas vezes chegando a ter dezenas de metros.

Segundo Nascimento (2002) a caracterização físico-química das águas subterrâneas no seu

estado natural, sem a interferência de fatores antrópicos, está diretamente subordinada às

condições geológicas, litológicas e climáticas reinantes em uma determinada região.

Assim sendo, os aspectos físicos naturais são propiciadores da qualidade da água e também se

pode afirmar que são determinantes no surgimento das fontes na cidade de Salvador,

principalmente no que diz respeito à geologia e hidrogeologia.

Em Salvador, a geografia local, a ação do clima e as características geológicas apresenta um

quadro propício para surgimento das fontes naturais. O clima caracterizado por uma

temperatura sempre elevada e a intensa pluviosidade distribuída pelos 12 meses do ano, age

poderosamente sobre a vegetação, o solo e pela disponibilidade da água subterrânea.

Ainda segundo Mattoso (1992. p. 155),

“Há água em toda a parte da cidade. Com efeito, o Embasamento Cristalino do horst é impermeável, mas a espessa camada oriunda de sua decomposição é extremamente porosa, servindo de reservatório

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sendo as águas sempre renovadas nesse clima úmido. A porosidade do solo é de cerca de 20% (cada metro cúbico é capaz de conter duzentos litros de água) e sua espessura média é de vinte metros (freqüentemente atinge mais de 30 metros). É fácil imaginar o enorme reservatório representado pelo solo da cidade alta: é só cavar para ter um poço. Basta um afloramento, ao contato com a rocha matriz e com seu solo em decomposição, para ver jorrar uma nascente. Os mananciais e as fontes estão em toda a parte em Salvador, na base do horst como nas trilhas de menor fratura, do menor deslocamento de terreno, do mais insignificante vale. São águas cristalinas, filtradas naturalmente, ricas em sais minerais. Salvador é a cidade das mil fontes”.

Ainda segundo (Mattoso apud Ufba, 1998) “Salvador é uma cidade úmida, onde o grau

hidrométrico do ar pode subir até 100%, sítio cujo equilíbrio ecológico natural permitiu, em

1549, a fácil e perene fixação de seus primeiros habitantes.

Além da espessa camada de regolito que recobre o Embassamento Cristalino, a topografia da

cidade de Salvador também propicia o surgimento dessas fontes, isto devido à falha geológica

que separa cidade alta da cidade baixa. Essa feição estrutural foi resultado do afundamento

durante o cretáceo, de uma bacia de subsidência já existente no fim do triássico-jurássico. Os

deslocamentos que ocorreram nesta época provocaram fraturamentos e cisalhamentos intensos

nas rochas em várias direções. Eles podem explicar o caminho para penetração da água a

partir do fraturamento da rocha da região. Geralmente estas águas percolam pelas fraturas

aflorando na encosta através das fontes. São classificadas como do tipo gravitacional,

formadas por correntes ou veios d’água subterrâneas que minam na superfície, ou seja, o

fluxo de d’água interno da rocha flui de um ponto mais alto para outro mais baixo pela

atuação da força da gravidade.

3.1.1 Solos

Segundo o Mapa Exploratório de Reconhecimento de Solos (EMBRAPA-SUDENE, 1976)

predomina para a Cidade de Salvador o LVd 35 - Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico +

Podzol Vermelho Amarelo Tb. Ainda em pequena representação o Pv1 - Podzol Vermelho

Amarelo Tb +Ta Podzólico Vermelho Amarelo, AMd2 - Areias Quartzosas Marinhas

Distróficas (DUNAS).

Conforme o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (EMBRAPA, 1999) os Latossolos,

solo predominante na área de estudo, são de avançado estágio de intemperização, muito

evoluídos, em resultado de enérgicas transformações no material. São normalmente muito

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profundo, sendo a espessura do solum raramente inferior a um metro. São típicos de regiões

equatoriais e tropicais.

Azevedo (1991) relata que são caracteristicamente permeáveis e autóctones o que facilita a

infiltração da água nestes e destes para o sistema de fraturas nas rochas.

Também conforme Bahia (1985b) os solos encontrados no município são em sua maioria

ácidos, bastante porosos, profundos, comportando-se como solos bem drenados, formados por

Latossolos Vermelho-Amarelo, Areias Quartzosas Marinhas Distróficas e associações de

Podzol, Areias Quartzosas Distróficas e Solos Holomórficos indiscriminados.

3.1.2 Geologia

A história geológica antiga, que provavelmente começou no arqueano/paleoproterozóico e foi

até meados do cenozóico, marca profundamente o sítio de Salvador.

De acordo com Barbosa e Dominguez (2004) a cidade de Salvador é caracterizada por um

conjunto litológico representado por três domínios principais:

i) a Bacia Sedimentar do Recôncavo, que faz parte do contexto do Rift Recôncavo,

representados pela Formação Salvador e, arenitos e folhelhos, representados pela Formação

Pojuca do Grupo Ilhas;

ii) o Alto de Salvador, Planalto ou Maciço de Salvador, representado por rochas

metamorfizadas, graníticas e basálticas do embasamento cristalino arqueano-

paleoproterozóico; e

iii) a Planície Litorânea ou Margem Costeira Atlântica, faixa plana, onde se destacam

pequenos morros arredondados, modelados por flutuações climáticas e do nível do mar,

formada por depósitos sedimentares Terciários da Formação Barreiras e depósitos

inconsolidados do Quaternário.

Lima (1995 apud Santos, 2003) caracteriza a Região Metropolitana de Salvador (RMS) por

cinco domínios geológicos distintos, quais sejam: Alto Cristalino de Salvador, parte da Bacia

Sedimentar do Recôncavo, Zona da Falha de Salvador, Baía de Todos os Santos e Planície

Costeira Quaternária.

Segundo Silva (2005) definiram-se os seguintes domínios geológicos para Salvador a partir

do Plano Diretor de Encostas (PDE), elaborado em 2004: Rochas Sedimentares do Rift do

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Recôncavo Sul, Complexo Cristalino do Embasamento, Escarpa da Falha de Salvador,

Cobertura Continental do Terciário e Depósitos Inconsolidados do Quaternário.

Para Ribeiro (1991) a geologia da cidade de Salvador é constituída por duas partes distintas

divididas pela escarpa de linhas de falha de Salvador. Na cidade baixa afloram sedimentos do

Grupo ilhas, enquanto na cidade alta, rochas de alto grau de metamorfismo da face granulíto,

que constitui o embasamento cristalino, além da presença da Formação Barreiras.

De modo geral, a cidade de Salvador é caracterizada por rochas pré-cambrianas do

embasamento cristalino parcialmente recobertas pelos sedimentos cretácicos da Formação

Barreiras que repousa discordantemente sobre rochas cristalinas (SANTOS, 2003).

Segundo Santos (2003) num contexto tectônico, as unidades litológicas, caracterizam o Alto

Cristalino e a Bacia Sedimentar do Recôncavo. Separando esses dois domínios, se tem uma

zona de deformação subvertical denominada de Falha de Salvador, que corresponde ao limite

tectônico oriental da bacia sedimentar do Recôncavo e representa um dos marcos da distensão

continental que produziu a referida bacia. A Falha de Salvador tem direção geral

aproximadamente N45oE, e acumula um rejeito total do embasamento superior a 4000 m.

Elbacha (1992) relata que a cidade possui sua maior área sobre o “horst” dessa depressão, e

apenas uma pequena extensão fica no bloco deprimido, onde está localizada a Cidade Baixa.

A maior parte do sítio localiza-se assentada sobre um planalto constituído por rochas

silicatadas do embassamento pré-cambriano, os sedimentos cretácicos da Bacia do Recôncavo

que afloram na Cidade baixa são constituídos por uma seqüência de arenitos, siltitos,

folhelhos e por conglomerados aflorantes em Monte Serrat e Bonfim.

O substrato rochoso é formado por rochas metamórficas e ígneas recobertas parcialmente por

sedimentos recentes de siltes e argila. Essas rochas se alteram profundamente formando a

enorme massa de material que encobre as encostas.

Visando facilitar a compreensão quanto a geologia de Salvador, segundo as colocações dos

autores aqui discutidas, foi elaborado uma representação dos domínios geológicos segundo

estes autores e demonstrado no Quadro 1 esta divisão foi relacionada a três domínios maiores,

que de acordo com Barbosa e Domingues (1996) é representado pela Bacia Sedimentar do

Recôncavo, Alto de Salvador e Margem Costeira Atlântica, a partir desta divisão é notório

que todas elas fazem relação entre si, embora esteja mais detalhadas ou generalizadas ou

tenham nomenclatura um pouco diferenciada.

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Quadro 1: Representação dos Domínios Geológicos de Salvador segundo diversos autores. Adaptado de Silva (2005)

ERAS/ períodos

Barbosa e Domingues

(1996) Ribeiro (1991) Elbacha (1992)

Lima (1995 apud Santos, 2003) Santos (2003)

PDE (Salvador, 2004)

-- --

CEN

OZÓ

IC

O

Qua

tern

ári

o

Margem Costeira Atlântica

-- Planície Costeira Quaternária.

-- Depósitos inconsolidados do Quaternário

CEN

OZÓ

IC

O

Terc

iário

Formação Barreiras

Cobertura Continental do Terciário

Sedimentos Cretácicos da Bacia do Recôncavo

Bacia Sedimentar do Recôncavo

Bacia Sedimentar do Recôncavo

Rochas Sedimentares do Rift do Recôncavo Sul

MES

OZÓ

ICO

C

retá

ceo

Bacia Sedimentar do Recôncavo Sedimento da

Formação Ilhas Baía de Todos os Santos

Embasamento Cristalino

Embasamento pré-cambriano

Alto Cristalino de Salvador

Alto Cristalino

Complexo Cristalino do Embasamento

PALE

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EAN

O D

OM

ÍNIO

S G

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OS

Alto de

Salvador Escarpa de Falha de Salvador --

Zona da Falha de Salvador

-- Escarpa da Falha de Salvador

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Considerando que as duas tipologias mais marcantes na cidade de Salvador são o

Embassamento Cristalino e a Formação Barreiras, estas formações serão detalhadas para

maior entendimento.

Embasamento cristalino

As rochas que compõem o embasamento cristalino apresentam um índice de fraturamento

moderado a alto, com predomínio de fraturas com mergulhos elevados e, quando expostas

apresentam maior potencialidade para ruptura em cunha de pequenos blocos (SILVA, 2005).

Segundo Santos (2003), as rochas do cristalino geralmente são encobertas por sedimentos

terciários da Formação Barreiras, por sedimentos recentes ou por espesso manto de alteração

de mais de 20 m de espessura. O desenvolvimento de aqüíferos nessas unidades se deve,

principalmente, ao elevado grau de deformação e fraturamento a que essas rochas foram

submetidas.

Cavalcanti (1999) considera o embasamento como uma única unidade designada de complexo

cristalino. As rochas granulíticas que ocorrem na área incluem gnaisses, magmatitos, corpos

granitóides e anfibolitos.

O sistema de fraturamento do embasamento cristalino também facilitou a alteração das

rochas, servindo como canais de percolação das águas de chuva, como conseqüência, o

intemperismo físico e químico dessas rochas juntamente com os processos de erosão, resultou

na formação dos vales e depressões que servem de percursos para a drenagem fluvial

existente (SACRAMENTO, 1975 apud NASCIMENTO, 2002).

Formação Barreiras

A Formação Barreiras engloba quase a maior parte dos sedimentos terciários em território

baiano e cobre extensa área da RMS. Corresponde basicamente a um pacote de sedimentos

continentais pouco litificados e de cores variegadas, que se constituem de argilas, areias e

cascalhos, com estratificação irregular, normalmente indistintas (BARBOSA e

DOMINGUES, 1996 apud CAVALCANTI, 1999).

De idade Pliocênica, a Formação Barreiras tem a forma de um extenso tabuleiro apresentando

ligeira inclinação em direção à costa, repousando discordantemente sobre as rochas das bacias

sedimentares mesozóicas e do embasamento cristalino. De composição e granulometria

variada, esta formação é caracterizada por arenitos finos a grossos, argilitos cinza

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avermelhados, roxos e amarelados e arenitos grossos a conglomeráticos com matriz caulínica.

Esse material evolui para solos residuais arenosos e areno-siltosos de cor acinzentada

(SILVA, 2005).

Geomorfologicamente, os sedimentos do Barreiras, na forma de tabuleiros ligeiramente

inclinados em direção à costa, constituem os testemunhos de leques aluviais pliocênicos que

foram depositados discordantemente sobre o substrato cristalino em altitudes superiores a

50m, podendo ultrapassar a cota de 80m. Em direção ao topo, predominam espessas camadas

de arenitos de granulação média a fina, com matriz argilosa e coloração amarelo-

esbranquiçada, cuja espessura máxima chega a alcançar 20 m (SANTOS, 2003).

3.1.3 Hidrogeologia

Na cidade de Salvador os aqüíferos em grande parte são rasos e de elevada vulnerabilidade,

conforme assinalaram Guerra e Nascimento (1999)

Segundo Lima (1994; Bahia, 1996 apud Cavalcanti, 2001) a RMS, compreende basicamente

dois sistemas aqüíferos: (i) o aqüífero granular múltiplo, semi-confinado, ou sistema do

recôncavo e (ii) o aqüífero freático, consistindo do embasamento cristalino acoplado à

Formação Barreiras ou às areias quaternárias. O sistema livre é definido por uma única

superfície freática com alimentação natural por infiltração direta de águas pluviais.

Detalhando os dois sistemas, e ainda segundo Cavalcanti (1999) o Sistema Aqüífero do

Recôncavo é semi confinado. Para o sistema Cristalino, as características mais importantes

são a densidade e o tipo de fraturamento, e a espessura e natureza do manto de alteração, pois

as possibilidades de aproveitamento das suas águas subterrâneas estão condicionadas à

presença de fraturas abertas, já que se trata de rochas extremamente compactas e não

permeáveis.

Santos (2003) indica que aspectos importantes desses sistemas aqüíferos naturalmente

derivam de suas características geológicas. Por exemplo, as características mais importantes

da parte cristalina do aqüífero livre são as densidades de fraturas e o tipo de fraturamento, e a

espessura e natureza do manto de alteração. As possibilidades de aproveitamento das águas

subterrâneas nesse setor estão restritas à presença de fraturas abertas ou fissuras, pelo fato de

serem rochas extremamente não permeáveis (SANTOS, 2003)

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Para Oliveira (1997), o sistema aqüífero cristalino do Alto de Salvador, que corresponde a

maior parte do município, é do tipo livre ou freático, a variação da profundidade corresponde

a menos de 1 metro de profundidade na zona de praia até mais de 20 metros nas elevações.

A vazão dos poços em aqüíferos cristalinos é normalmente baixa, se comparada à de outros

aqüíferos, no caso do aqüífero cristalino da cidade de Salvador, o mesmo vem sendo

explorado, de forma não controlada, para abastecimento de bairros e comunidades da região

costeira, bem como para atender o suprimento parcial de edifícios, condomínios e

estabelecimentos comerciais da cidade.

Ainda conforme Oliveira (1997) e fazendo referência às duas tipologias marcantes de

Salvador, o cristalino e o sedimentar indicam que grande parte do contato entre estes sistemas

aqüíferos parece ser impermeável. Entretanto ao longo de zonas fraturadas, pode haver em

profundidade, transferência de muita água entre os dois sistemas, ampliando, portanto, a

reserva hídrica do sistema aqüífero cristalino.

3.1.4 Geomorfologia

Segundo Gonçalves apud Silva (2005), as feições geomorfológicas de Salvador resultaram do

profundo intemperismo das rochas do embasamento cristalino, o “horst” de Salvador,

entalhado por uma densa rede hidrográfica, que deu origem a um relevo movimentado, com

níveis altimétricos situados entre 30 e pouco mais de 100 metros, poucas vezes chegando até

150 metros, e com vertentes de inclinações variáveis com ângulos suaves a subverticais.

Segundo o Órgão Central de Planejamento (Oceplan), Oceplan (1980 apud Elbacha, 1992) a

geomorfologia apresenta três compartimentos topográficos principais em Salvador:

a) Planalto – onde se encontra localizada a Cidade Alta;

b) Planícies a beira mar – onde se encontra localizada a Cidade Baixa;

c) Planície Litorânea – compreendida pela orla marítima.

Podendo-se corresponder as seguintes seções da cidade:

Planície a beira mar: a Cidade Baixa se apresenta plana com 2 elevações: Bonfim e Mont

Serrat;

Planície litorânea: delimitada pela escarpa da Falha de Salvador indo do Porto da Barra para

além do limite norte da cidade;

E o planalto: correlacionável aos espigões elevados com topos planos separados por vales;

Os vales geralmente são achatados com largura de até 200m.

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4 METODOLOGIA

A realização de um bom trabalho de pesquisa requer do pesquisador buscar soluções sérias e

métodos apropriados ao trato do problema estudado. Para desenvolvimento da pesquisa em

questão foi analisado o procedimento pelos quais os objetivos deveriam ser alcançados. Como

0o trabalho realizado precisou se apoiar em análises quantitativas e qualitativas, foi necessário

utilizar estas duas técnicas de análise para desenvolvimento da dissertação. Quanto a análise

quantitativa se restringiu a medir e comparar os valores obtidos no trabalho de campo

referentes à análise de água e o tratamento estatístico dos dados. Foi notório, em campanha de

campo, a necessidade de entrevistas para melhor compreensão da situação, com isto foi

estabelecida a primeira técnica qualitativa a ser utilizada, a entrevista. É valido salientar que

nesta pesquisa a análise qualitativa se sobrepôs à quantitativa.

Haguette (1992) afirma que a ação individual é uma construção realizada pelo indivíduo por

meio da interpretação das características das situações nas quais ele atua. Isso indica que a

consideração das falas dos usuários da área de estudo é importante como representação da

realidade local. A percepção em campo torna-se uma componente imprescindível na pesquisa

qualitativa pelo fato do pesquisador captar uma gama de situações ou fenômenos emergentes

do ambiente no cotidiano.

Para as entrevistas foi construído um roteiro estruturado sob forma de questionário (Apêndice

A), na perspectiva de realizar uma "conversa" que permitisse construir o ponto de vista dos

atores sociais a respeito da situação e usos das fontes de água. A população entrevistada

foram os usuários e consumidores de água das fontes.

A partir das entrevistas foi possível fazer o reconhecimento, a identificação e registro das

fontes existentes, permitiu também um primeiro olhar, sob o ponto de vista dos usuários, pois

eles foram os atores de maior proximidade devido ao convívio intenso. Assim, as entrevistas

se mostraram um instrumento importante para traçar a realidade de cada fonte estudada, e

propiciaram várias interpretações no decorrer do documento.

4.1 ETAPAS METODOLÓGICAS

O procedimento metodológico foi dividido em algumas etapas:

1) A etapa inicial contemplou o levantamento documental e bibliográfico, em fontes

secundárias, como: livros antigos, jornais, monografias e dissertações. Este levantamento foi

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realizado na FGM com leitura de artigos de jornais, que datam do inicio do século passado até

o presente momento, no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, na Faculdade de Filosofia

e Ciências Humanas, na Biblioteca Central da UFBA, na Biblioteca Central do Estado da

Bahia onde foram identificados trechos de literatura antiga relacionada às fontes. Foi também

realizado levantamento no Instituto de Biologia e no Instituto de Geociências da UFBA

visando identificar bibliografia referente às fontes, à geologia e geomorfologia da Cidade. O

mesmo aconteceu em alguns órgãos públicos que têm ligação direta com a manutenção,

restauração e reformas das fontes: o IPAC e o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (Iphan-Bahia).

Ainda nesta etapa ocorreu o levantamento de bases cartográficas referente à cidade de

Salvador com o objetivo de criar mapas temáticos das fontes. Mapa de localização das fontes,

relevo, uso do solo, geologia, e por fim o da proposta de monitoramento. O programa para a

criação e edição dos mapas foi o Arc View 3.2, com apoio do MicroStation 8.0.

2) A segunda etapa correspondeu às campanhas de campo. Estas campanhas foram dividas em

três momentos, de acordo com o tipo de parâmetros e laboratório a que foram destinadas.

Também neste período foi levantada as vazões de água para as fontes que foram apresentadas

por Lima (2005).

A partir da pesquisa bibliográfica realizada, especialmente em jornais antigos, livros antigos,

monografias e fontes orais, foram catalogadas 54 fontes, sendo que destas, 34 foram visitadas

e estão destacadas em negrito no Quadro 2. Em muitos casos não foi possível identificar a

localidade, pois são desconhecidas e a informação do endereço, que constavam nas fontes

bibliográficas, não foi o suficiente

A identificação (ID) para cada fonte definida neste quadro será mesma em todo trabalho, isto

com objetivo de criar identidade para cada uma delas.

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Quadro 2: Fontes catalogadas com destaque para as visitadas

ID NOMENCLATURA LOCALIZAÇÃO

01 Fonte Água de Meninos Água de Meninos

02 Fonte Banheiro dos Jesuítas Colégio dos órfãos em São Joaquim

03 Fonte Bx dos Sapateiros Baixa dos Sapateiros

04 Fonte Catarina ou da Graça Travessa da Rua Esperanto Graça

05 Fonte Cemitério Campo Santos Cemitério Campo Santo

06 Fonte Chapéu de Couro Alto de Ondina

07 Fonte Conj. Bahia Conjunto Bahia - Santa Mônica

08 Fonte Convento de Santa Tereza Local não identificado

09 Fonte da Alegria Bonfim

10 Fonte da Bica São Caetano

11 Fonte Nova Início da Ladeira dos Galés

12 Fonte da Matança – Perto do matadouro Retiro

13 Fonte das Pedreiras Cidade Nova

14 Fonte da Vovó 7 portas

15 Fonte da Pedra Furada Pedra Furada

16 Fonte das Pedras Fonte Nova

17 Fonte Davi Brotas

18 Fonte de Biologia Campus da Federação UFBA

19 Fonte de Sta Luzia Igreja de Sta Luzia

20 Fonte do Baluarte Ladeira de Água Brusca

21 Fonte do Beco da Água de Gasto Local não identificado

22 Fonte do Buraquinho Pedra Furada

23 Fonte do Cabuçu Rio Vermelho

24 Fonte do Chega Nego Praia da Onda - Ondina

25 Fonte do Coqueiro ou Vila Velha Av. Vale dos Barris, atrás do Conv.da Lapa

26 Fonte do Dique do Tororó ou do Barril Dique do Tororó

27 Fonte do Dr. Carvalho Local não identificado

28 Fonte do Gueto Brotas

29 Fonte do Goldinho Nazaré

30 Fonte do Mungunga Av. Jequitaia, próx. a feira de São Joaquim

31 Fonte Redenção do Pelourinho Pelourinho

32 Fonte do Pereira Ladeira da Misericórdia

33 Fonte do Queimado Vale do Queimado

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34 Fonte do Segredo Brotas

35 Fonte do Xixi 7 portas

36 Fonte dos Aflitos Gabriel Torres

37 Fonte dos Perdões ou Sto Antonio Rua dos Perdões ou Santo Antonio

38 Fonte do Zoológico Jardim Zoológico

39 Fonte Estica Liberdade

40 Fonte Gabriel Próximo ao Largo 2 de Julho

41 Fonte Gamboa das Pedras Atrás do Convento do Desterro

42 Fonte Gravatá Rua Gravatá e Rua da Independência

43 Fonte Iemanjá Farol da Barra

44 Fonte Pedreira ou Preguiça Avenida Contorno

45 Fonte Rio Vermelho Atrás do Mercado do Rio Vermelho

46 Fonte Santo Antonio do Cabula Av. Luis Eduardo Magalhães

47 Fonte São Felipe Néri Cidade Baixa

48 Fonte São Miguel ou Quibungo Maciel de Baixo com São Miguel

49 Fonte São Pedro Lad. de São Pedro- Prox. Concha Acústica

50 Fonte Taboão ou dos Padres Ladeira do Taboão: Rua do Julião

51 Fonte Unhão Solar do Unhão

52 Fonte Vale do Tororó Tororó

53 Fonte Visconde de Mauá Fundo Museu de Arte Sacra

54 Fonte Vista Alegre de Baixo Vista Alegre

A distribuição espacial das fontes para a cidade em estudo pode ser visualizada na Figura 7.

Os pontos de amostragem em azul referem-se aos que apresentam vazão e foram analisados,

os verdes não foram analisados e os vermelhos estão sem vazão, entupidos ou destruídos.

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Figura 7: Distribuição espacial dos pontos de amostragem (CONDER, 2003) e coleta de dados.

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Oriundo do Quadro 2 foram selecionadas 22 fontes para serem os pontos de amostragem,

tendo em vista as coletas de água para análise. Como algumas já não existiam, outras estavam

entupidas ou danificadas, foi considerando nesta seleção, como prioridade, aquelas que

tivessem vazão de água ao longo do ano ou tivessem com algum tipo de uso. As escolhidas

estão apresentadas no Quadro 3.

Quadro 3: Pontos de amostragem para análise de qualidade da água das fontes e Salvador

ID FONTE LOCALIZAÇÃO

04 Graça Travessa da Rua Esperanto Graça

07 Fonte Conj. Bahia Conjunto Bahia - Santa Mônica

10 Fonte da Bica São Caetano

11 Fonte Nova Ladeira dos Galés

13 Fonte das Pedreiras Cidade Nova

15 Fonte da Pedra Furada Pedra Furada

16 Fonte das Pedras Fonte Nova

17 Fonte Davi Brotas

19 Fonte de Sta Luzia Igreja de Santa Luzia (Pilar)

22 Fonte do Buraquinho Pedra Furada

24 Fonte do Chega Nego Ondina

26 Fonte do Dique do Tororó Dique do Tororó

28 Fonte do Gueto Brotas (Gueto)

33 Fonte do Queimado Vale do Queimado

37 Fonte dos Perdões ou Sto Antonio Rua dos Perdões

39 Fonte da Estica Liberdade

42 Fonte Gravatá Rua da Independência

44 Fonte da Preguiça ou da Pedreira Avenida Contorno

46 Fonte Sto Antonio do Cabula Cabula

49 Fonte São Pedro Ladeira de São Pedro - Atrás do TCA

51 Fonte Unhão Solar do Unhão

54 Fonte Vista Alegre de Baixo Vista Alegre de Baixo

Selecionada as fontes passou-se à etapa correspondente às análises de água. A partir do

Quadro 4 é possível visualizar os laboratórios utilizados, os parâmetros e fontes selecionadas

para cada campanha.

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Quadro 4: Indicação dos parâmetros de qualidade de água e dos laboratórios de análise em cada campanha de amostragem nas fontes de água de Salvador.

1ª. campanha 2ª. campanha 3ª. campanha

LABORATÓRIO

Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental (LABDEA). UFBA – Escola Politécnica.

Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUAM) UFBA – Instituto de Química.

SENAI/CETIND Programa de Ensaios de Proficiência em Águas.

Físico-químico e bacteriológico Voláteis Metais

PARÂMETROS

• Cor, • pH, • Cloreto, • DQO, • DBO, • N nitrato, • OD, • Turbidez, • Ferro Total • Fósforo Total • Coliformes

termotolerantes.

• 1,1 Dicloroeteno, • Diclorometano, • Dissulfeto de Carbono, • 1,2 Dicloroeteno (trans), • 1,1 Dicloroetano • 1,2 Dicloroeteno (Cis), • Clorofórmio, • 1,1,1 Tricloroetano, • 1,2 Dicloroetano, • Benzeno, • Tetracloreto, de Carbono, • Tricloroetileno, • Bromodiclorometano, • Tolueno, • 1,1,2 –Tricloroetano, • Dibromoclorometano, • Tetracloroetileno, • Monoclorobenzeno, • Etilbenzeno, • (m+p) – Xilenos, • Estireno, • O-Xileno, Bromofórmio

• Cádmio Total, • Mercúrio Total, • Chumbo Total, • Arsênio Total, • Níquel Total, • Cromo Total

FONTES

Fonte V. Alegre de Baixo Fonte da Graça Fonte Conj. Bahia Fonte da Bica Fonte das Pedreiras Fonte das Pedras Fonte Davi Fonte de Sta Luzia Fonte do Buraquinho Fonte do Chega Nego Fonte do Dique do Tororó Fonte do Gravatá Fonte do Gueto Fonte do Queimado Fonte dos Perdões Fonte da Estica Fonte da Pedra Furada Fonte Nova Fonte da Preguiça Fonte Sto Ant. do Cabula Fonte São Pedro Fonte Unhão

- Fonte da Graça Fonte Conj. Bahia - Fonte das Pedreiras Fonte das Pedras Fonte Davi Fonte de Sta Luzia - Fonte do Chega Nego - Fonte do Gravatá Fonte do Gueto Fonte do Queimado Fonte dos Perdões Fonte da Estica - Fonte Nova Fonte da Preguiça - Fonte São Pedro Fonte Unhão

- - - Fonte da Bica Fonte das Pedreiras - - - - - - Fonte do Gravatá Fonte do Gueto - - Fonte da Estica - - - - - -

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Com relação às coletas de amostras de água para as análises físico-químicas e bacteriológicas,

destinadas ao LABDEA, foi realizada a primeira saída em 29/06/2005 e as fontes visitadas

foram: da Preguiça/Contorno; Solar do Unhão/Contorno; da Fonte Nova/Ladeira dos Galés e

do Dique/Dique; a segunda saída foi realizada em 07/07/2005 e as fontes visitadas foram: da

Graça na Graça; dos Perdões no Barbalho e Queimado na Lapinha, a terceira saída foi em

10/03/2007 as fontes contempladas foram: Santo Antonio do Cabula/Av Luiz Eduardo

Magalhães; da Bica/ São Caetano; Conjunto Bahia/ IAPI; das Pedreiras/Cidade Nova; do

Gueto/Brotas e Davi/Brotas. A última saída desta campanha ocorreu em 19/04/2007 e foram

visitadas as seguintes fontes: de Santa Luzia/Pilar; da Estica/Liberdade; Vista Alegre de

Baixo/Coutos; da Pedra Furada/Pedra Furada; Biologia/Ufba-Federação e Chega

Nego/Ondina.

Embora se recomende amostragem num só período a diferença nos períodos das campanhas

se deu, principalmente, porque ao longo do trabalho a mestranda foi obtendo informações

sobre novas fontes que iam sendo adicionadas à pesquisa e conseguintes o aumento na relação

de fontes a terem suas águas analisadas. A última a ser incorporada foi a da Bica no São

Caetano, encontrada em março de 2007.

Para esta campanha os parâmetros analisados foram: cor, Potencial Hidrogeniônico (pH),

cloreto, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO),

nitrato, Oxigênio Dissolvido (OD), fosfato, turbidez, coliformes termotolerantes.

Para a coleta de água foram seguidas as recomendações das normas nacionais que disciplinam

a matéria, referente a edição mais recente da publicação Standard Methods for the

Examination of Water and Wasterwater (APH ASSOCIATION, 1998), que contém

informações quanto à forma adequada de coleta, quanto aos tipos de frascos utilizados,

lavagem do frasco, reagentes para preservação e tempo máximo de armazenamento conforme

apresenta no Anexo B. Após as coletas de água bruta, as amostras foram encaminhadas para o

Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental (Labdea) da Escola Politécnica na

UFBA.

Visando não comprometer a integridade das amostras foram tomados mais alguns cuidados:

- Os frascos utilizados foram disponibilizados pelo próprio laboratório responsável pela

análise. Para Coliformes termotolerantes foi necessário para reagir, 15% de

Etilenodiaminotetracético (EDT), pois reduz o efeito de metais pesados e 10% de Diossufato

de sódio que elimina o efeito do cloro;

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- No acondicionamento das amostras foi importante colocar os recipientes em sacos plásticos

para evitar contato com água de degelo;

- O transporte foi realizado em procedimento exigido pelas normas, em condições adequadas

de temperatura.

A segunda campanha foi realizada para a coleta de água dos compostos orgânicos voláteis e

semi-voláteis no Laboratório de Química Analítica Ambiental (Laquam) da Faculdade de

Química na UFBA. Os parâmetros analisados foram: Diclorometano, 1,1 Dicloroeteno,

Dissulfeto de Carbono, 1,2 Dicloroeteno (trans), 1,1 Dicloroetano, 1,2 Dicloroeteno (Cis),

Clorofórmio, 1,1,1 Tricloroetano, 1,2 Dicloroetano, Benzeno, Tetracloreto, de Carbono,

Tricloroetileno, Bromodiclorometano, Tolueno, 1,1,2 – Tricloroetano, Dibromoclorometano,

Tetracloroetileno, Monoclorobenzeno, Etilbenzeno, (m+p) – Xilenos, Estireno, O-Xileno e

Bromofórmio.

Visando também a integridade da amostra a ser enviada ao laboratório e evitar perdas dos

Compostos Orgânicos Voláteis (COVs), alguns procedimentos foram importantes:

- O frasco utilizado foi disponibilizado pelo próprio laboratório responsável pela análise;

- As etiquetas foram anotadas anteriormente para diminuir o manuseio durante a coleta;

- As amostras foram identificadas com etiqueta autocolante, escritas a lápis, pois caneta ou

outro tipo de tinta poderia expor a prováveis contaminantes orgânicos voláteis;

- O recipiente foi fechado e lacrado com aparelho próprio disponibilizado pelo laboratório;

- No acondicionamento das amostras foi indispensável o uso de carvão ativado, para que não

fossem absorvidas substâncias presentes no ambiente, funcionando como um filtro, também

foi importante acondicionar os recipientes em sacos plásticos para evitar contato com água de

degelo;

- O transporte foi realizado em procedimento exigido pelas normas, em condições adequadas

de temperatura, submetidos a um processo de resfriamento.

Esta campanha foi realizada em 25 de setembro de 2006, a facilidade de realização de 16

fontes em uma única saída foi em função do tamanho do recipiente, de 20ml, possibilitando o

acondicionamento mais facilitado e única colocação no aparelho para medição.

Após esta data estava programada uma segunda saída para conclusão da campanha, mas o

aparelho de análise do Laquam apresentou defeito e até ao fechamento desta pesquisa não foi

possível finalizar.

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A terceira e última campanha de coleta de água foi realizada em 19 de abril de 2007 referente

a análise dos metais, o Laboratório responsável foi o SENAI-CETIND – pelo Programa de

Ensaios de Proficiência em Águas (PEP), os parâmetros analisados foram: Cádmio Total,

Mercúrio Total, Chumbo Total, Arsênio Total, Níquel Total e Cromo Total.

As amostras não foram filtradas para análise, pois visualmente não tinham material

particulado em suspensão.

Devido a limitação financeira foram escolhidas 5 fontes das 22 selecionadas como pontos de

amostragem. Nesta escolha foi considerada a fonte que tivesse seu jorro oriundo diretamente

das rochas e são consideradas fontes de fraturas e que também apresentasse indicativo de

comprometimento da qualidade da água, de interferências como: proximidade a postos de

gasolina, cemitérios e concentração populacional, e que também mantivessem uma certa

distância entre si, para abranger uma maior área e assim obter informação de diversos pontos

da cidade.

As amostras de água foram preparadas no SENAI-CETIND por formulação gravimétrica, sob

condições ambientais controladas e utilizando equipamentos calibrados na Rede Brasileira de

Calibração (RBC). A preparação foi realizada utilizando materiais de referência certificados

no National Institute of Standard & Technology (NIST), água ultra-pura e reagentes de grau

suprapuros.

Em cada amostra teste utilizada no PEP foram realizados testes de estabilidade e

homogeneidade da amostra, mesmo para aquelas amostras consideradas estáveis e

homogêneas.

Com relação à medida de vazão de água utilizada nesta pesquisa, o método selecionado foi o

Método Tambor, ele é aplicável a pequenos cursos d’águas e bicas, consiste em colocar um

tambor ou balde, com volume conhecido em baixo da saída da água, e medir o tempo, em

segundos, que o tambor demora a encher. A seguir dividir o volume do tambor pelo tempo de

enchimento, o resultado é a vazão em litros por segundo. Para encontrar a vazão por hora

multiplica este valor por 3.600 segundos, que neste caso específico equivale aos resultados

encontrados neste trabalho.

Durantes as campanhas ocorreram registro fotográfico, as entrevistas com a população local,

aplicação de questionário, observação “in loco” como meio de perceber a situação e os usos

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atuais. A obtenção das coordenadas geográficas foi através do Sistema de Posição Geográfica

(GPS).

3) Depois das campanhas aconteceu a última etapa metodológica que foi a análise e tabulação

de dados obtidos em planilha Excel, para a criação de gráficos e posterior análise, assim como

seleção das fotos e criação dos mapas temáticos. Por fim a proposta de rede de monitoramento

visando monitorar a qualidade da água.

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5 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E SITUAÇÃO DAS FONTES

Segundo historiadores baianos, o material bibliográfico específico sobre as fontes,

encontrados em livros e relatos não podia desassociar do cotidiano da cidade, sendo elas

lembradas em bibliografia mais antiga e esquecidas na mais recente. Dos livros pesquisados,

alguns se sobressaíram pelo destaque que eles deram às fontes públicas nos seus escritos.

Destacam-se como cronistas mais antigos Gabriel Soares Souza e José Domingos Rebello,

que descreveram sobre a situação da cidade no inicio da povoação, o cenário na escolha do

sítio para instalação da cidade de Salvador e comentaram sobre as fontes históricas, sempre

salientando que as mesmas foram muito importantes num período da história em que o

abastecimento de água na cidade era realizado, exclusivamente, pelas fontes, por meio de

latas d’água transportadas por animais ou por aguadeiros. Eles são citados em Bocanera

Júnior (1921), Carneiro (1980), Carvalho (1997) e Coelho Filho (2004).

Em 1952, a Prefeitura Municipal de Salvador publicou o Roteiro Turístico da Cidade do

Salvador, que entre outros temas populares destaca um capítulo para descrição das fontes: do

Pereira, dos Padres, do Gravatá, da Mugunga, Baixa dos Sapateiros, da Vila Velha, Água de

Meninos, do Gabriel e fonte Nova (BAHIA, 1952).

Os trabalhos desenvolvidos até o momento, em relação a este tema, compreende de relatórios

de alguns órgãos públicos, pesquisa de iniciação científica ou monografia de final de curso.

Não é conhecida nenhuma dissertação de mestrado ou tese de doutorado neste assunto. A

maior parte da bibliografia consultada é de diagnóstico e num único documento é proposto

um plano de recuperação que não foi implementado. As pesquisas estão a seguir

discriminadas.

A Superintendência de Água e Esgotos do Recôncavo (SAER) atualmente extinta, elaborou

em 1966, um estudo intitulado: Das fontes públicas à “solução Joanes”. Um trabalho

elaborado pela Assessoria de Relações Públicas e Divulgação da SAER. Retrata a evolução

do sistema de abastecimento de água, propondo a adução do rio Joanes por aqueduto ao longo

da praia, até o local da Bolandeira. Aborda sobre o rio Joanes e apresenta o projeto de autoria

do Engenheiro Azevedo Neto (BAHIA, 1966).

A Secretaria da Indústria e Comércio do Estado da Bahia, com o Programa de Preservação e

Aproveitamento do Patrimônio Monumental de Salvador elaborou uma Proposta de

Valorização de Três Monumentos Baianos, entre eles um monumento popularmente

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conhecido como o “Banheiro dos Jesuítas”, (Figura 8) fonte privada existente no fundo da

Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim, no sopé da falha que divide Salvador nas

Cidades Alta e Baixa. Pretendeu-se com este Programa, converter o movimento turístico em

impulso capaz de revitalizar monumentos e setores urbanos tradicionais de Salvador,

assegurando, deste modo, a sua sobrevivência e valorização, ou, em outras palavras, induzir o

seu desenvolvimento. Os três projetos apresentados nesta publicação resultaram dos estudos e

projetos que foram elaborados dentro deste Programa, sendo os primeiros que tiveram

divulgação para um público maior. Além de histórico detalhado de sua construção, compõe

este trabalho, fotos da época, planta baixa e mapa de localização (BAHIA, 1974).

A Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia e o Instituto do Patrimônio Artístico e

Cultural da Bahia (IPAC) publicaram, em 1975, o primeiro volume de Inventário de

Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Este foi o primeiro órgão a chamar a atenção para

as fontes e tratá-las como monumentos. A proposta deste inventário é que estas fontes fossem

tombadas pelo IPHAN e que o levantamento realizado revelasse a verdadeira significação, o

estado de cada monumento ou sítio e identificar todas as vinculações do mesmo com o

contexto físico e sócio-cultural, reunindo, simplesmente, os elementos necessários e

suficientes a uma precisa identificação dos bens culturais e do seu estado de conservação e

uso, tendo em vista a sua salvaguarda. Foram inventariadas as fontes das Pedreiras, dos

Padres ou do Taboão, do Gravatá, do Coqueiro, do Mugunga, do Baluarte e do Dique. Cada

ficha apresenta diversas informações, tais como, estado de preservação, condições higiênicas,

proteção existente, proteção proposta, utilização atual, e dados complementares como: dados

tipológicos, dados cronológicos e dados técnicos. Também apresenta um pequeno croqui de

localização do monumento (BAHIA, 1997).

A Secretaria de Indústria e Comércio do Estado da Bahia, em 1982, propôs um Estudo de

Restauração e Reutilização das Fontes e Chafarizes de Salvador. Considerando que esta

Secretaria já havia realizado o 1º inventário e proposta de tombamento, foi focado neste

estudo a preservação. Tendo como objetivo maior revitalizar o Centro Histórico da Cidade do

Salvador. O estudo também levanta uma questão importante: que a responsabilidade de

administração das fontes não estava claramente definida, pois elas não são consideradas nem

integrantes do sistema de distribuição de água potável, nem dos parques e jardins, nem das

edificações públicas. Para que se pudesse implementar o programa proposto era necessário

que este ponto fosse esclarecido. Outro ponto fundamental era a celebração de convênios

entre a Prefeitura e a Embasa para controle da qualidade da água e eventual fornecimento de

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água potável, no caso em que os mananciais não oferecessem segurança necessária. Igual

convênio deveria ser feito com a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba)

para a instalação de um sistema especial de iluminação das mesmas. Várias fontes foram

contempladas neste estudo, entre elas a fonte dos Padres, das Pedreiras, do Baluarte, do

Gabriel, Santo Antonio, da Graça, São Pedro, do Tororó, da Mugunga, das Pedras, do Gravatá

e do Queimado. Em cada fonte constavam a localização, utilização, trabalhos a executar,

instalações e custo aproximado, assim como foto com feição atual da época e planta baixa

(BAHIA, 1982).

A Fundação Gregório de Matos (FGM), em 1985 elaborou um Catálogo de Estudos e

Projetos de Restauração. Devido aos inúmeros projetos desenvolvidos por esta Fundação e à

inexistência de recursos específicos para as obras (por isso não executada), foi tomada a

iniciativa de realização do catálogo, que tem como um dos principais objetivos permitir uma

visão global do trabalho e também uma visão mais particularizada de cada caso estudado. O

catálogo foi estruturado com base numa ficha resumo, elaborada de modo a permitir uma

leitura completa, porém sucinta, dos dados existentes sobre os monumentos escolhidos. Além

de dados sobre o histórico, a importância, características físico-arquitetônicas, custos de

intervenção, tiveram a preocupação de utilizar ilustrações dos monumentos, dando uma idéia

dos seus aspectos mais pitorescos. Neste estudo foram contempladas as fontes das Pedreiras,

do Gabriel, de São Pedro e do Queimado e apresentados a importância do monumento, sua

localização, descrição, proposta de uso, proprietário, área construída, estágio do projeto e

estimativa de custo. Nem todos os itens foram preenchidos, denotando falta de informação

detalhada e precisa sobre as fontes. Também consta um desenho a mãos de cada fonte, com

identificação do desenhista (BAHIA, 1985a).

Em 1991, Caroline Told de Azevedo apresentou monografia de conclusão de curso de

bacharelado em ciências biológicas do Instituto de Biologia da UFBA, com o título “As

fontes e suas águas na cidade de Salvador” com o objetivo de estudar a qualidade da água

de 25 fontes, sob o ponto de vista dos parâmetros físico-químicos, temperatura, condutividade

elétrica, pH, nitrito, dureza e cloro, os quais conjuntamente possibilitariam a caracterização

destas fontes quanto à sua possibilidade de uso pela população. A metodologia utilizada

constou, inicialmente, de entrevistas com investigadores relacionados ao tema, leitura de

artigos de jornais, trechos de literatura antiga e observação visual (AZEVEDO, 1991).

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Em 1992, Eliane Andrade Guimarães apresentou monografia de conclusão de curso de

bacharelado em ciências biológicas do Instituto de Biologia da UFBA, com o título

“Bacteriologia das águas das fontes da cidade de Salvador”. Embora estivesse catalogado,

o relatório de pesquisa não foi encontrado, nem na faculdade de origem e nem na Biblioteca

Central da UFBA. O objetivo deste trabalho foi realizar análises quantitativas de coliformes

totais e termotolerantes em 25 fontes já estudadas por Azevedo (1991), sob o ponto de vista

da análise químico-físico (GUIMARÃES, 1992).

Segundo Carneiro (1993) e Pereira (2001), o artista plástico Astor de Lima presidente da

ONG, Centro de Memória da Água na Bahia (CEMAB), elaborou um livro intitulado “Fontes

e Chafarizes em Salvador – Roteiro histórico das águas em quatro séculos e meio”. Em

entrevista realizada em 26/08/2007 o autor declarou que este trabalho ainda não foi publicado

por falta de patrocínio, e que houveram várias tentativas, mas nenhuma foi finalizada ao ponto

de haver a publicação, contudo ainda tem esperança que aconteça a publicação deste trabalho

que exigiu muita pesquisa e horas de trabalho para sua elaboração.

Em 1989, Astor de Lima fundou o Centro de Memória da Água motivado pela sua

determinação na preservação das fontes. Segundo ele era um projeto que deveria ter avançado

mesmo com todas as dificuldades e ainda “a falta de uma política de educação ambiental que

oriente a população para a importância da água é a principal causa do descaso com que são

tratadas as fontes e os monumentos que a cercam”. Com o slogan: “aplique seu imposto na

fonte” o Cemab tentou sensibilizar a iniciativa privada para investir nas fontes e nos

chafarizes da cidade. Atualmente o Centro está desativado e o acervo inacessível. Segundo

Lima (2006) em resposta ao editorial publicado no dia 21 de outubro de 2006 no Jornal A

Tarde referente a denúncia com relação ao sumiço do acervo do museu, Astor informou que

foi responsabilidade da Embasa o destino ignorado do material do Cemab, depois a Embasa se

pronunciou informando que estão localizadas na Expô Embasa no rio Vermelho.

A UFBA em convênio com a Embasa desenvolveu duas pesquisas em 1999 e 2002 relativas à

qualidade da água nas bacias dos rios Camurugipe e Lucaia. Nesta análise foram

contempladas sete fontes que estão relacionadas na presente pesquisa e que apoiaram a

discussão dos dados.

Em 1999, Ari Medeiros Guerra e Sergio Augusto de Morais Nascimento, professores do

Instituto de Geociências (IGEO) – UFBA, desenvolveram uma pesquisa intitulada de

“Diagnóstico do grau de comprometimento das águas do aqüífero freático de Salvador

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causado por vazamentos em postos de gasolina”, contou com o apoio financeiro da

Superintendência de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Secretaria do

Planejamento Ciência e Tecnologia (CADCT) do Estado da Bahia, e da Embasa. O estudo

teve por objetivo avaliar o grau de comprometimento, em nível de diagnóstico, da qualidade

das águas subterrâneas do aqüífero freático da cidade de Salvador, e apresentou como estudo

de caso a bacia do rio Camarujipe (GUERRA E NASCIMENTO, 1999). Nesta pesquisa

foram contempladas quatro dos setenta e quatro pontos analisados (fonte do Conj. Bahia,

Pedreiras, Queimado e Santo Antonio do Cabula). Sergio Augusto de Morais Nascimento

desenvolveu outra pesquisa em 2002 o trabalho teve o título de “Estudo da qualidade da

água do aqüífero freático nas bacias dos rios Lucaia e baixo Camarujipe” e seu objetivo

principal foi a caracterização hidroquímica, assim como avaliar o grau de comprometimento

ambiental do aqüífero freático, relativo à presença de metais pesados e bactérias do grupo dos

coliformes e heterotróficas. Dos quarenta pontos analisados três foram de fontes naturais de

água (a fonte do Gueto, Dique do Tororó e Biologia), o projeto contou com a cooperação

técnica e financeira fornecida pela Embasa (0NASCIMENTO, 2002).

Em 2003, a Embasa publicou o Livro das Águas - História do Abastecimento de Água em

Salvador, apresentando informações, curiosidades e fatos que marcaram a história do

abastecimento de água em Salvador, desde o descobrimento do Brasil, com depoimentos de

historiadores e pesquisas sobre trabalhos de engenheiros, até a época atual. Foi reunido um

acervo de ilustrações e fotos, com depoimentos de historiadores, técnicos e engenheiros. A

intenção do livro foi promover um registro compacto de texto, privilegiando a documentação

fotográfica, em uma publicação que comemorou os trinta e um anos de fundação da Embasa e

o período que se costumou denominar de “Década do Saneamento na Bahia”. Foi abordados

temas como: as fontes, água no império, a crise no século XX e alternativas para o

abastecimento (BAHIA, 2003).

Em 2003, Maurício Bochicchio apresentou, à Universidade do Estado da Bahia (Uneb),

monografia como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Urbanismo, intitulada: “As

fontes da cidade de Salvador: histórico e situação atual”, o trabalho teve o objetivo

apresentar um relato atualizado sobre a conservação em que se encontravam as fontes da

cidade naquela data, seguido de um diagnóstico onde destacava os aspectos físicos, higiênico

e social (BOCHICCHIO, 2003).

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O último trabalho elaborado sobre as fontes de água foi uma pesquisa de Iniciação Científica

– CNPq realizada pelo Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e de Meio Ambiente (Nehma),

com o título de Geologia, hidrogeologia e aspectos ambientais das fontes de águas

naturais da cidade de Salvador (Lima et al, 2003), proporcionando subsídio ao trabalho de

monografia intitulado de Caracterização Hidrogeológica e Ambiental das Fontes Naturais

da Cidade Alta de Salvador, que teve como objetivo principal avaliar as potencialidades

(vazões), os tipos e a qualidade das águas das fontes naturais do alto cristalino de Salvador.

Para tanto foi efetuado um cadastro georreferenciado, caracterização geológica,

geomorfológica, hidrogeológica e hidrogeoquímica, em 17 fontes, avaliando “in-situ” as

condições higiênicas e sanitárias no entorno desses locais (LIMA, 2005).

5.1 FONTES

As fontes de água são mananciais que se encontram espalhadas em todo o mundo, a depender

da geologia, topografia e solo elas surgem com maior ou menor freqüência. A sua

conservação irá depender do compromisso do governo, da educação ambiental e do papel de

cada cidadão. Países mais antigos que o Brasil, e que tiveram uma história parecida quanto à

necessidade de águas das fontes para abastecimento urbano, têm políticas urbanas

diferenciadas quanto a preservação do monumento, assim como no cuidado com a qualidade

da água. Em Portugal é notório a valorização que estes monumentos possuem, tanto por parte

da população local quanto dos turistas que visitam e consomem com confiança as águas das

fontes, sendo até mais valorizadas do que as vendidas em mercados. Portugal é referência

neste trabalho, pois Salvador foi uma das primeiras cidades a ser colonizada e a primeira

capital do país e que teve uma relação estreita quanto o modo de vida da metrópole para a

colônia.

No Brasil a valorização correspondente aos monumentos históricos e aos recursos naturais é

diversificada ao longo do território nacional. Foram localizadas algumas fontes que estão

distribuídas no Brasil. Nada comparado à quantidade de Fontes de Minas Gerais,

especificamente, Ouro Preto e principalmente Salvador.

É perceptível a importância turística das fontes de água de Ouro preto, fazendo parte do

Roteiro Turístico da Cidade. Entre acervos, museus, igrejas e praças, destacam-se a

localização dos chafarizes e seu histórico.

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As fontes de Ouro Preto desempenhavam função essencial e estratégica na antiga e populosa

Vila. Segundo Righi e Carvalho, (2006, p.12) “Os chafarizes representam elemento

urbanístico de grande importância. As casas de Vila Rica nos séculos XVIII e XIX não

possuíam rede de água encanada, situação que obrigava a construção dos chafarizes, fontes

públicas de água potável. Felizmente diversos chafarizes foram poupados e preservados,

apesar de terem perdido a muito tempo a sua função primordial. Em alguns casos foram até

recuperados e restaurados e constituem verdadeiras obras de arte”.

As fontes foram construídas num período entre 1753 e 1846. Num levantamento bibliográfico

foi constatado que existem 13 fontes preservadas, configurando até hoje importantes

mananciais para a região.

5.1.1 Fontes na cidade de Salvador

Na Bahia, especificamente em Salvador, as fontes têm sido foco de atenção, não pela

preservação de suas águas ou conservação de seus monumentos, mas pelas denuncias de seu

estado atual e do descaso em que se encontram.

A pesquisa histórica em relação às fontes foi um trabalho que constou de extensiva pesquisa

bibliográfica.

Das 54 fontes catalogadas e apresentadas na metodologia 40 estão detalhadas neste capítulo,

pois foram passíveis, a partir do levantamento bibliográfico, de dar informações referentes a

cada uma delas, sendo muitas visitadas e acrescidas de dados recentes.. As fontes, tantos as

históricas quanto as mais modernas, estão apresentadas por ordem alfabética e indicando o ID.

As que estão sendo consideradas modernas não apresentam estrutura ornamental trabalhada

para a saída ou recolhimento de água. Quando a fonte é considerada recente foram suprimidos

os itens de dados históricos e apoio legal.

Neste capítulo serão apresentadas a localização geográfica, dados históricos, situação e

utilização atual, os dados foram obtidos a partir das observações feitas “in loco” e

enriquecidas com fotos atuais. As fontes desaparecidas ou destruídas não terão informações

de situação atual e localização geográfica e somente as tombadas terão a informação de apoio

legal.

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FONTE ÁGUA DE MENINOS - ID N° 01

Endereço: local desconhecido

Situação Atual: fonte não existente.

Dados Históricos: a Fonte de Água de Meninos foi doação de Thomé de Souza. Fonte

preciosa para engenho e fazenda, doada aos “meninos” órfãos, que vieram de Lisboa para a

fundação do Colégio dos Padres (PEIXOTO, 1946).

Nasceu depois que se constatou que das rochas descia um pequeno riacho. Fez-se então, uma

pequena concha, que foi colocada numa parede de aproximadamente dois metros de altura e

vinte centímetros de espessura. Na galeria feita de tijolos e pedaços de pedras foi utilizado o

óleo de baleia e tinha vinte metros de cumprimento (FARIAS JÚNIOR, 1970).

Quando os jesuítas vieram de Portugal para o Brasil trouxeram sete meninos já instruídos para

que captassem a simpatia das pessoas que porventura aqui existissem. No lugar onde

moravam, existia uma rica nascente d’água que, correndo até bem perto do mar, formavam

uma lagoa, onde um grande número de crianças costumava tomar banho. Daí o termo água de

meninos. Segundo Peixoto (1946) em 1752 foi captada, canalizada e restaurada em 1876.

De acordo com Rebello (1829) a fonte tinha 3 chafarizes abundantes, que também fornecia

água para as embarcações do porto e conforme Sampaio (2005) esta fonte foi aterrada em

1890.

FONTE BANHEIRO DOS JESUITAS - ID N° 02

Endereço: Avenida Frederico Pontes, 375 - Calçada. Fundo da Casa Pia e Colégio dos Órfãos

de São Joaquim.

Localização UTM: 554347.22, 8568392.43

Situação Atual: dos monumentos que resistiram ao tempo este é o mais depedrado e

abandonado, o acesso é dificultado pelo caminho de barro e pela distância, no período de

chuva a situação se agrava, toda construção está escondida pelos matos e seu interior se

encontra cheio de lixo. Em seu entorno, acima do monumento e na encosta existem muitas

construções de moradia de população de baixa renda (Figura 8c) Na época de utilização era

destinado para uso da fonte e banhos, detalhe dos banheiros na Figura 8d. Verificando as fotos

recentes em relação à antiga (Figura 8b) percebe-se que há algum tempo o monumento está

abandonado.

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Características Físicas: a construção consiste num monumento que mede 13,5 metros de

comprimento por 7,5 m de largura e 6,0 m de altura (Figura 8a). Um dos lados serve de

arrimo ao morro vizinho e nos demais se contam oito arcos-plenos, de 1,70 m de vão

(BAHIA, 1974).

Dados Históricos: provavelmente por se tratar de fonte particular, as referências históricas a

seu respeito são escassas.

A Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim é a antiga residência do bandeirante

Domingos Afonso Sertão, conquistador do Piauí. As obras foram iniciadas em 1709, sob a

orientação de Padre José Aires, e foi inaugurado em 1825, função que até hoje mantém o

edifício. O projeto original do banheiro e fonte dos Jesuítas foi construído no século XVIII,

com aproveitamento das correntes ou veios de água subterrânea que minavam da encosta do

morro. Uma roldana do século passado, localizada na cavidade de onde saiam às águas,

mostra os métodos usados pelos jesuítas para utilizar a fonte. Aproveitando as ruínas, o

Localização do Banheiro em relação às edificações em torno

Tourinho, 2007 Bahia, 1974

Tourinho, 2007

Figura 8: Fonte Banheiro dos Jesuítas: a) Banheiro dos Jesuítas atualmente , b) Banheiro, (BAHIA,1974), c) Vista panorâmica e d) detalhe dos Banheiros

a) b)

c) d)

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banheiro foi totalmente restaurado pelo Patrimônio em meados da década de 70 no século

XX, que gastou com as obras Cr$ 70 mil, voltando a apresentar o mesmo aspecto de quando

fora usado pelos jesuítas e alunos do colégio, guardando inclusive marcas do de seu uso, pelos

religiosos, nas pedras gastas pelo tempo (SANTOS, 1978).

Apoio Legal: Não é protegido por lei.

FONTE DA BAIXA DOS SAPATEIROS - ID N° 03

Endereço: fonte desaparecida

Dados Históricos: a fonte da Baixa dos Sapateiros foi construída em 1628, custou $30.000

(em dinheiro da época), preço pelo qual arrematou a obra o pedreiro Pedro Gonçalves Matos

(AZEVEDO, 1969). A ordem de construção veio do Senado da Câmara (A TARDE, 1974).

Segundo Sampaio (1949) “A Fonte da Baixa dos Sapateiros tinha muitos olhos d’água de que

o povo se utilizava, nas cabaceiras do ribeiro era por detrás do atual Convento de S. Bento”.

FONTE DA GRAÇA - ID N° 04

Endereço: Rua Almirante Japiaçu, s/n° - Graça

Localização UTM: 551460.95 , 8563305.67

Situação Atual: a fonte é gradeada, mas não é fechada, em 2005 visitando o local foi visto

que o aspecto da pintura era muito antigo, em entrevista aos usuários foi notório que não

havia manutenção por parte do órgão competente. A identificação da fonte estava colocada

em um painel de azulejo, visto na Figura 9a, o uso de maior freqüência é para lavagem de

carro, sendo que todos os dias usam suas águas neste objetivo, e são justamente os lavadores,

numa forma precária, que cuidam da manutenção da fonte. Considerando que a população que

vive próxima à fonte é de classe média alta, não há outros tipos de uso por parte dos

moradores, como acontece nas outras fontes visitadas. Sua deterioração foi acelerada

aproximadamente no final da década de 60 do século XX, tendo por principais motivos a

construção da Avenida do Vale do Canela e também das ruas próximas.

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Figura 9: Fonte da Graça: a) fonte em 2005; b) Visão geral, fonte reformada.

Conforme pode ser verificado na Figura 9b, a fonte e área em torno estavam revitalizadas,

com reforma da fonte e pavimentação da área ao redor, parquinho para crianças, obras

executadas pela SETIN, SURCAP, órgãos da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS).

Características Físicas: a fonte foi bastante modificada. Não possui bicas e apresenta bacia

de recolhimento semelhante a da fonte das Pedras e dos Perdões. Suas dimensões:

comprimento = 4,50m e largura = 3,85m. Gradil = altura 0,85m.

Dados Históricos: uma das mais antigas fontes, construída em 1500 por Caramuru e,

conforme a lenda, a índia Catarina Paraguaçu nela se banhava. A fonte servia também para

abastecer os barcos que aportavam na cidade e para piqueniques de famílias tradicionais. Ela

foi construída de modo a aproveitar correntes ou veios de águas subterrâneas, através de um

sistema de galerias (SANTOS, 1978).

Conforme Bochicchio (2003) sua feição atual data de 1913.

Apoio Legal: sem apoio legal.

FONTE CHAPÉU DE COURO - ID N° 06

Endereço: Alto de Ondina, próximo à entrada do Jardim Zoológico, com acesso também pela

praia da Onda.

Localização UTM: 553803.76 , 8561700.93

Situação Atual: apresenta águas transparentes, localizada em ambiente com muita vegetação,

os usuários a utilizam para beber, tomar banhos e como local de refúgio. Segundo moradores

da localidade a população usuária é caracterizada por mendigos e delinqüentes que furtam em

a)

Aspecto da fonte e área em 2005

Fonte

Tourinho, 2005 Tourinho, 2007

Praça reforma

b)

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Ondina e sobem morro acima em busca de esconderijo no local onde ela está localizada. Em

função disto ela não é utilizada pela população que vive em torno, e por esta condição de

pouco uso suas águas são límpidas, se comparada com outras (Figura 10b). Conforme

documento encontrado no IPHAN, em 22 de setembro de 2005 a Associação de Federação

Baiana de Culto Afro solicitou a esta Instituição uma reforma na fonte.

Figura 10: Fonte Chapéu de Couro: a) vista geral; b) detalhe do espelho d’água

Características Físicas: fonte rústica, construída em pedras. Conforme seta indicativa na

Figura 10a, existe a construção de um banco em continuidade da fonte.

FONTE DO CONJUNTO BAHIA - ID N° 07

Endereço: Rua Blumenau, s/n° - Conjunto Bahia. Santa Mônica

Localização UTM: 556181.11 , 8568236.50

Situação Atual: a fonte localiza-se em um condomínio fechado, corre água todo o ano,

considerando que a vazão de água é baixa, os moradores a usam para enchimento de garrafas

e garrafões para serem usadas como água mineral no uso diário, quando há falta de água

encanada ela é mais procurada. De acordo com Lima (2005) das dez fontes analisadas em sua

pesquisa esta é a que apresenta uma das menores vazões, com uma média de 63 L/h de vazão

de água. A fonte está situada no sopé do morro com muita vegetação e rochas expostas. Ainda

segundo Lima (2005) trata-se de uma fonte de vale.

Banco

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

a) b)

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Características Físicas: fonte com uma bica (Figura 11b), estrutura modelada com azulejos

(Figura 11a), caracterizando um estilo contemporâneo. A obra de estrutura presente foi

realizada pelos moradores do condomínio, tem uma aparência sem atrativo e descuidada.

Figura 11: Fonte do Conj. Bahia, a) fachada da fonte; b) detalhe da bica

FONTE DA BICA - ID N° 10

Endereço: Ladeira Fonte da Bica – São Caetano

Localização UTM: 557097.65 , 8570385.32

Situação Atual: basicamente usada pelos moradores da circunvizinhança para lavagem de

roupas (Figura 12a) e carros, abastecimento e banhos no local. Em uma das visitas realizada

era muito forte o odor característico de peixe, indicando que também é usada em variados

propósitos, inclusive este, limpeza de frutos do mar. Está encravada em área densamente

povoada e com muitas edificações, localidade de topografia menos elevada em comparação

com a área em torno. Foi registrada a presença de um posto de gasolina nas proximidades.

Figura 12: Fonte da Bica, a) visão geral e usos: b) detalhe da bica e bacia de recolhimento.

a) b)

Tourinho, 2007 Tourinho, 2007

a) b)

Tourinho, 2007 Tourinho, 2007

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Características Físicas: a água brotas das pedras e existe um beneficiamento muito simples,

com cimentação em torno da mesma, pequena bacia de recolhimento, bica de cano de Poli

Cloreto de Vinila (PVC) (Figura 12b). A canalização das águas servidas é direcionada ao

esgotamento sanitário da rua.

FONTE NOVA - ID N° 11

Endereço: Av. Vasco da Gama, s/n. próximo à subida da Ladeira dos Galés.

Localização UTM: 554116.93 , 8565359.46

Situação Atual: conforme pôde ser percebida em visita a campo e podendo ser confirmado

na Figura 13a fonte tem o aspecto ruim, a estrutura física está intacta, porém com muito limo

e sujeiras. Seu principal uso é lavagem de caro, roupa e banhos (Figura 13b). Os moradores

em torno a usam quando há falta de água encanada. A vazão local é alta.

Figura 13: Fonte Nova: a) detalhe das Bicas; b) tipo de uso

Características Físicas: possui duas bicas e pequena bacia de recolhimento.

Dados Históricos: em 1977 abastecia os moradores circunvizinhos. Com sinais de reforma

efetuados no início século XX, seu maior problema era a ausência de esgoto para escoamento,

o que transformou toda a região circunvizinha num charco, dificultando o acesso (JORNAL

DA BAHIA, 1977).

A fonte Nova, segundo Azevedo (1969) em 1800 apesar de ser a água “grossa” e “pesada”,

ela servia para beber.

Apoio Legal: sem referência legal

Tourinho, 2006

a) b)

Tourinho, 2006

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FONTE DAS PEDREIRAS - ID N° 13

Endereço: Rua Osório Vilas Boas, s/n° - Cidade Nova

Localização UTM: 555506.11 , 8567050.65

Situação Atual: usada com freqüência pela comunidade local. Os principais usos são para

lavagem de roupas, carros, banhos e para uso doméstico. As crianças a utilizam como lazer.

Na Figura 14b é percebido três tipos de usos realizados comintantemente, a) lazer: onde as

crianças tomavam banho, b) para consumo humano: um usuário enchia um garrafão e c)

lavagem de roupa, especificamente um tapete. Próximo à fonte tem um ponto de lixo. A noite

é iluminada por um holofote para manter boa luminosidade no período noturno. A

concentração populacional é alta assim como a quantidade de edificações em seu entorno.

Características Físicas: a água sai espontaneamente das pedras em duas bicas de cano PVC,

apontados na Figura 14b. Foi beneficiada com um telhado de zinco para proteger e amenizar

incidência do sol sobre as lavadeiras de roupas, pois elas, além de outros usuários utilizam a

fonte com muita freqüência, Figura 14a.

Figura 14: Fonte das Pedreiras: a) visão geral; b) visão das bicas e tipos de usos.

FONTE DA PEDRA FURADA - ID N° 15

Endereço: Avenida Constelação, s/n° - Monte Serrat.

Localização UTM: 552878.39 , 8571302.72

Situação Atual: a fonte (Figura 15) é bastante usada por moradores da circunvizinhança,

principalmente pelos moradores de uma invasão que fica nas proximidades e que não tem

acesso a água encanada, fazendo o seu transporte por balde para lavagem de roupa, banhos e

limpeza de casa. É comum que garotos usem a água para lavagem de carros dos usuários nos

a) b)

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

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bares que ficam nas proximidades. Considerando que a água é doce também é usada por

banhista que se lavam quando retornam do banho de mar. Aparentemente a quantidade de

água é grande e seu acesso se dar através de baldes que é elevado até a superfície por cordas.

Segundo os moradores, por segurança a noite é colocado um tampão.

Figura 15: Fonte da Pedra Furada: a) visão geral; b) detalhe do poço

Características Físicas: fonte tipo cacimba com acesso ao poço por uma parede de tijolos

(Figura 15b)

FONTE DAS PEDRAS - ID N° 16

Endereço: Ladeira Fonte das Pedras, s/n°

Localização UTM: 553939.02 , 8565401.04

Característica física: a fonte possui galeria de captação de água, frontispício com brasão da

cidade de Salvador e bacia de recolhimento de águas servidas em nível inferior ao da rua.

(BAHIA, 1982). Conforme Jornal A Tarde (1984) possui quatro saídas de água.

Situação Atual: sua estrutura física está muito comprometida, o muro que cercava a fonte

está caído. Em fotos mais antigas (Falcão, 1940), é possível verificar que a fonte possuía

frontispício trabalhado e uma entrada com grade de ferro. A situação de descaso se tornou

mais agrave quando em outubro de 2006 um carro se chocou contra o monumento deixando-o

bastante danificado (Figura 16a). comprometendo o monumento como um todo, devido as

fissuras na estrutura. Vale lembrar que a fonte é tombada pelo Estado, e neste caso, segundo o

Decreto-Lei n° 25/1937 art. 17 “as coisas tombadas não poderão, em nenhum caso, ser

a)

b)

Tourinho, 2006

Tourinho, 2006

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destruídas, demolidas ou mutiladas... sob pena de multa de cinqüenta por cento do dano

causado” (BRASIL, 1937).

Figura 16: Fonte das Pedras: a) detalhe da bacia de recolhimento após acidente de outubro de 2006, b) fonte restaurada.

Em outubro de 2007 iniciou a reforma da fonte, atualmente se encontra completamente

restaurada, ao finalizar este trabalho ela se apresentava conforme Figura 16b, com seus

aspecto iniciais preservados, exceto a grande de entrada.

A fonte é abundante em água por todo o ano e muito usada para lavagem de carros, roupa e

banhos, em caso de falta de água, na região, os moradores locais se abastecem da fonte.

Limpeza e pintura, manutenção em geral são realizadas pelos usuários, principalmente

lavadores de carros, de forma descomprometida e precária.

Dados Históricos: a fonte das Pedras é caracterizada como uma das mais antigas, citada por

Domingos Rebello na sua Corografia do Império do Brasil, de 1829 (BAHIA, 1982).

Segundo Bochicchio (2003) ela foi citada por Vilhena em 1801 e conforme Azevedo (1969)

em 1800 apesar de ser a água “grossa” e “pesada”, ela servia para beber.

Apoio Legal: a fonte foi tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.

FONTE DAVI - ID N° 17

Endereço: Rua Emília Couto, s/n° - Brotas, próximo ao Hospital Aristides Maltêz.

Localização UTM: 555612.26 , 8564046.05

Situação Atual: fonte sem nome, com infra-estrutura rudimentar (Figura 17) localizada em

área particular, pouco conhecida na redondeza e localizada numa área com muita vegetação

a) Monumento atingido pelo acidente

Tourinho, 2007

tacto

b)

Tourinho, 2008

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nas proximidades, conforme pode ser visto na Figura 17. Foi denominada de “Fonte Davi”

por Lima (2005) e adotado nesta pesquisa para unificar a terminologia dada a fonte e facilitar

a identificação para trabalhos futuros. Água mina em grande quantidade e a população

próxima a utiliza para banhos e abastecimentos domésticos. A área em torno tem poucas

edificações, pouco habitada e vegetação em abundância, o que deve facilitar a recarga de água

subterrânea. O acesso é dificultado pela topografia íngrime declinada. Está localizado em

local sem pavimentação e muito barro, tornando escorregadio em período de chuva.

Figura 17: Fonte Davi: a) área de recolhimento; b) visão da vegetação entorno.

Características Físicas: apresenta pequena estrutura física, bastante rudimentar.

FONTE DE BIOLOGIA - UFBA - ID N° 18

Endereço: Campus de Ondina da UFBA. Localizada ao lado do Instituto de Biologia

Localização UTM: 553357.02 , 8562762.50

Situação Atual: sem uso, está desprezada e completamente encoberta por vegetação no local

onde flui a água (Figura 18). O ambiente se apresenta muito úmido devido a não haver

escoamento da água que transborda da fonte.

Local onde mina água

Direção da fonte

Tourinho, 2006

Tourinho, 2006

a)

b)

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Figura 18: Fonte do Instituto de Biologia

Características Físicas: mina do solo, sem estrutura física.

FONTE DE SANTA LUZIA - ID N° 19

Endereço: Rua do Pilar, 55B – Comércio.

Localização UTM: 553362.33 , 8566368.49

Situação Atual: a fonte está localizada no interior da igreja (Figura 19b), a água corre todo o

ano e as águas servidas são desviadas para um córrego ao lado da parede externa. A igreja

abre somente aos domingos pela manhã e no dia 13 de cada mês para celebração de uma

missa às 9:00h, a data faz referência a data de comemoração à santa, dia 13 de dezembro. Há

neste dia de comemoração grande manifestação religiosa. A busca por suas águas é constante

por todo o ano, havendo um aumento nesta procura durante os festejos, podendo ser

confirmada na Figura 19a e 19c. Devido à crença o uso é exclusivo para lavar os olhos ou

beber, visando à cura milagrosa.

Tourinho, 2007

Tourinho, 2006

Bica

Tourinho, 2006

a) b)

b)

c)

Figura 19: Fonte de Sta. Luzia: a) fiel recolhendo água, b) Igreja e c) fiéis na fila

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Características Físicas: apresenta três bicas de saída de água, a vazão é percebida com mais

intensidade na bica que está à direita diminuindo até à mais fraca que está à esquerda, a

fachada é toda trabalhada em pedras.

Dados Históricos: guarda a tradição de que suas águas são milagrosas para a cura das

enfermidades dos olhos. Porém foi verificado alto teor de contaminação bacteriológica, a

partir da análise da água. Segundo Vasconcelos (1998, p. 5) “Num estudo realizado em 1994,

pelo Instituto de Biologia da UFBA, foi verificado o alto teor de contaminação bacteriológica

de algumas nascentes de Salvador, entre elas a de Santa Luzia, onde as pessoas, geralmente

lavam os olhos”.

Apoio Legal: sem apoio legal.

FONTE DO BALUARTE - ID N° 20

Endereço: Ladeira de Água Brusca, s/n° - Santo Antonio além do Carmo.

Localização UTM: 554042.71 , 8567122.71

Situação Atual: até 2005 servia de moradia a um homem, conforme consta em Bochicchio

(2003) vivia no local há aproximadamente 5 anos; como a evasão ocorreu em 2005,

provavelmente morou por 7 anos na fonte. Devido a esta situação a fonte anteriormente estava

isolada por madeirite. Conforme Figura 20a a fonte está abandonada atualmente e não corre

água pelas bicas, contudo o local é alagadiço, demonstrando que ainda há saída de água, esta

situação pode ser comprovada na indicação da seta na Figura 20b. Com relação ao seu

monumento está muito depedrado e com muito lixo. No entorno da fonte existe uma oficina e

algumas edificações que não ambientalizam com o estilo arquitetônico do monumento.

Figura 20: Fonte do Baluarte: a) fachada da fonte; b) área alagadiça e com lixo

Área alagada e lixo

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

a) b)

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Características Físicas: suas bicas encontram-se dentro de dois compartimentos cobertos e

fechados por portas. Seus vãos são emoldurados por cercaduras e seu frontispício possui

frontão em voluta, de forma semelhante às igrejas baianas no estilo barroco do século XVIII

(BAHIA, 1982).

Dados Históricos: segundo Bahia (1983), embora sejam escassas as referências sobre a fonte

do Baluarte, a sua existência é bem antiga, e possivelmente se tratasse de fonte privada, o que

explica o silêncio dos historiadores. Situada em uma encosta e construída em alvenaria de

pedra, é dotada de galerias horizontais que penetram o lençol freático. Os chafarizes

localizam-se no interior de pequeno compartimento, cujo ingresso é controlado por portas, o

que faz supor tratar-se, originalmente, de fonte privada. Não há notícias sobre a exploração de

suas galerias.

A ladeira em que ela está localizada é artificial, foi construída porque ali havia um barranco

por onde as águas caíam. Daí o nome Ladeira da “Água brusca”. Segundo Sampaio (2005) a

ladeira foi denominada assim devido a força com que jorravam as águas da fonte.

Em letreiro local consta que ela foi restaurada em março de 1984 pelo Governo do Estado da

Bahia.

Conforme BAHIA (1997), por motivo de proteção, em 1975 foi proposta que o IPHAN

tombasse a fonte.

Apoio Legal: foi tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660,

de 8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78. (BAHIA, 1983).

FONTE DO BURAQUINHO - ID N° 22

Endereço: Rua Rio Negro, s/n° - Monte Serrat

Localização UTM: 552827.07 , 8571276.91

Situação Atual: localizada no quintal de algumas casas, é utilizada para uso doméstico

(lavagem de roupa, de casa, banhos, etc), assim como para beber e cozinhar alimentos. Esta

fonte, juntamente com a fonte da Pedra Furada (fonte catalogada com numeração 15), tem

uma distância aproximada entre elas em torno de 100 metros, são utilizadas pela população

local com grande freqüência, principalmente em período de falta d’água, estão localizadas

numa região aterrada, o que provavelmente justifique o aparecimento destes mananciais. D.

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Norma, pessoa que vive numa casa próxima a fonte, garante que há uma fonte similar na

proximidade.

Características Físicas: a água flui diretamente de uma grande rocha. Nela foi esculpida uma

pequena bacia de recolhimento, lhe dando uma característica rústica e foi acrescentado um

pequeno muro para que segurasse a água descartada, e pode se verificado na Figura 21, onde

há indicações na foto.

Figura 21: Fonte do Buraquinho.

Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica.

FONTE DO CHEGA NEGO - ID N° 24

Endereço: Av Oceânica, s/nº - Ondina, em frente à praia da Onda.

Localização UTM: 553810.53 , 8561651.09

Situação Atual: a fonte está em boa conservação em sua estrutura física, a vazão de água é

muito baixa ao longo de todo o ano, chegando em alguns períodos a ser suspensa, os maiores

usuários são os freqüentadores da praia da Onda e transeunte da rua que a usam

principalmente para beber e lavar os pés. Segundo Lima (2005) das 10 fontes analisadas esta

apresentava vazão média de 37 L/h de água. Não existem edificações em seu entorno. A fonte

está situada no sopé do morro em cujo alto se desenvolve o bairro de Alto de Ondina e onde

também está localizada a fonte do Chapéu de Couro.

Características Físicas: fonte de porte pequeno (Figura 22a) tem apenas uma bica de saída

de água e uma pequena bacia de recolhimento (Figura 22b).

muro

Tourinho, 2007

bica

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Figura 22: Fonte do Chega Nego: a) fachada da fonte; b) bica

Dados Históricos: é um monumento dos anos 20 do século XX, construída quando o

governador José Joaquim Seabra fez uma das maiores intervenções na cidade, abrindo

avenidas (A TARDE, 1999).

Apoio Legal: Sem proteção legal

FONTE DO COQUEIRO OU VILA VELHA - ID N° 25

Endereço: Av Vale dos Barris, no fundo do Convento da Lapa.

Situação Atual: destruída para construção da Estação da Lapa.

Características Físicas: segundo Bahia (1997) a fonte era um elemento de notável mérito

histórico-urbanístico e possuía cinco bicas. Como a maioria das fontes baianas, apresentava

bacia de recolhimento de águas servidas em nível inferior à rua. Seu frontispício era

emoldurado por duas pilastras jônicas (Figura 23). Estava secionada à meia altura por uma

pequena moldura. Suas extensas galerias se dirigiam em direção SW no fundo do vale que

separa os bairros da Piedade e Barris.

a) b)

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

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Figura 23: Fonte do Coqueirinho, (BAHIA, 1997)

Dados Históricos: não se sabe exatamente a data de construção desta fonte, pois, conforme

alguns autores teria sido chamada “Fonte do Caminho Velho ou Fonte da Vila Velha”, por

estar situada à margem do caminho que conduzia ao núcleo criado por Diogo Álvares Correa

(BAHIA, 1997). Depois de abandonada ficou conhecida como “Fonte do Coqueiro da

Piedade” (JORNAL DA BAHIA, 1970a).

Lia-se em pequena placa de mármore fixada em seu frontispício: “Feita em 1711 e reedificada

em 1895”. Deve-se, porém, admitir que ela já existisse em 1711, tendo sido melhorada neste

ano. Em 1887 a Câmara Municipal mandou inspecionar, limpar e restaurar e em 1895 foi

reformada ou reedificada, segundo placa que existia no local. (BAHIA, 1997). Foi

redescoberta em junho de 1974, quando um trator que trabalhava na construção da Av. Vale

dos Barris fazia escavações. O professor e historiador Frederico Edelweiss afirmou que a

fonte é tão velha que foi citada nas Cartas de Viena. Foi uma das fontes mais importantes da

cidade, pois servia para abastecer todo o centro de Salvador. O bairro tem o nome de Barris

indiretamente por causa da fonte, pois o povo descia a rua General Labatut para ir buscar água

nesta fonte levando barris e depois subiam a outra ladeira que vai dar na Lapa. E como havia

um grande movimento de barris subindo e descendo por aquelas ruas, o bairro ficou com este

nome. A propósito desta fonte, o professor Edelweiss escreveu um artigo denominado “Fontes

dos Barris” para a revista Rotaria, em 1940. Ele afirmava que por toda aquela redondeza,

Barris, Tororó, existiam muitas fontes semelhantes que, foram se perdendo depois da água

encanada e do progresso da cidade (TRIBUNA DA BAHIA, 1974).

De acordo com Azevedo (1969) em Vila Velha existia uma fonte pública, merecia freqüentes

medidas de conservação por parte dos vereadores. Em 1630 gastou-se 4$600 réis no concerto

Bahia, 1997

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do manancial; em 1635 e 1940, novos reparos se fizeram. Por ocasião do último, os oficiais

do senado foram pessoalmente verificar que as obras eram necessárias. Em 1800 a qualidade

da água era considerada medíocre.

Segundo o jornal A Tarde (1987) registra a perda da Fonte dos Coqueiros quando relata que

ela foi soterrada para a construção da Estação da Lapa, no Governo Mário Kertz.

Apoio Legal: sem proteção legal

FONTE DO DIQUE DO TORORÓ - ID N° 26

Endereço: Av. Presidente Costa e Silva, s/n°, às margens do Dique do Tororó.

Localização UTM: 553415.54 , 8564608.85

Situação Atual: esta seria um exemplo de “modelo de fonte” para cidade de Salvador,

localizada em praça pública supervisionada, a Praça Mário Brasil, fechada nos horários em

que não há funcionário presente. Local limpo e fonte bem conservada, o jardim tem vários

equipamentos como: bancos, brinquedos e material de ginástica. A fonte integra um pequeno

parque infantil e dá acesso a Superintendência de Manutenção e Conservação da Cidade,

órgão da PMS. Segundo Lima (2005) trata-se de uma fonte de vale.

Características Físicas: fonte estilo cacimba. Composta por dois poços verticais de tijolos

(Figura 24b), geminados, executados em alvenaria de pedra, conforme apresenta Figura 24a

com cúpula em tijolo encimadas por pináculos. Suas dimensões são: Objerto1: altura = 4,60m

e diâmetro = 3,50m. Objeto 2: altura = 4,00m e diâmetro = 3,50m.

Figura 24: Fonte Dique do Tororó: a) vista geral das cúpulas; b) poço.

a) b)

Tourinho, 2005Tourinho, 2005

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Dados Históricos: foi construída pelo Engenheiro Antonio Lacerda com a ajuda de seu irmão

Antonio Frederico Lacerda, quando mordomo do Asilo dos Expostos, no período de 1871-

1875. Inaugurada em 1885 funcionou até a instalação da rede de distribuição de água na

Avenida Joana Angélica, no começo do século passado. (BAHIA, 1983).

Em lugar de ser elevada por balde suspenso em roldana, como é comum em fontes desse tipo,

foi desde o início instalado um sistema de bomba manual que recalcava a água encosta acima

até o asilo. Tal sistema possibilitou, dentre outras vantagens, manter a fonte fechada só se

abrindo seus postigos para limpeza e reparo, (BAHIA, 1997). Atualmente o acesso da água à

superfície, quando necessário, se dá através de baldes suspenso por cordas.

Apoio Legal: tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660, de

8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78 (BAHIA, 1983). O sítio é tombado pelo

IPHAN (GP-1) BAHIA (1997).

FONTE DO GUETO - ID N° 28

Endereço: Rua 18 de Março, s/n° - Praça da Bica

Localização UTM: 556319.02 , 8563360.95

Situação Atual: está encravada em localidade com grande concentração populacional e

muitas edificações em torno. Com projeto de urbanização e benfeitorias realizadas no local, a

fonte sofreu pequeno deslocamento depois da mudança, ela ficou estrategicamente mais

posicionada, no centro de uma pracinha onde está localizada. Usada pela comunidade para

banho, limpeza de casa, lavagem de carros, para beber e ambiente de lazer de crianças, ela

tem importância social relevante. Antigamente era conhecida como “Fonte de Seu Júlio”, em

alusão à pessoa que tinha o cuidado de mantê-la sempre limpa. Depois foi reconhecida pelo

nome do lugar onde está instalada: Gueto.

Características Físicas: fonte com uma bica, é elevada a quantidade de vazão percebida em

todo o ano (Figura 25b). Ao contrário de outras fontes, como das Pedras, São Pedro e

Perdões tem bacia de recolhimento de pequena dimensão. Conforme Figura 25a no entorno

foi desenvolvido trabalho artístico com montagens de azulejos quebrados. Destaque para a

face de leão em alto relevo na localização da bica. A decoração da fonte ambientaliza com o

local, área de elevado valor artístico em referência aos trabalhos desenvolvidos por Carlinhos

Brown.

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Figura 25: Fonte do Gueto: a) fachada da fonte; b) detalhe da bica e vazão.

Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica.

FONTE DO GODINHO - ID N° 29

Endereço: Rua da Misericórdia, nº 06 – Misericórdia. Esta fonte existiu nos fundos do

hospital Santa Isabel.

Situação Atual: fonte não existente.

Dados Históricos: a fonte do Godinho era mineral, considerada uma obra de arte, e, sobre ser

obra de arte, um monumento histórico de beleza rara, mas de valor desconhecido. Não foram

encontrados registros em livros antigos sobre a existência da fonte. Do ponto de vista

histórico nada se apurou, apenas que o lençol de água foi descoberto pelos jesuítas. Foi

constatado que suas águas eram medicinais. Era uma fonte muito usada para banhos e para

beber. Segundo análises realizadas observou-se ser a mesma ácida e ferruginosa,

principalmente sem contar com os outros sais minerais existentes. Tinha-se, portanto, no

coração da cidade, um monumento histórico, com potencial científico, que valia, quando

nada, a exploração e conhecimento (O DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 1940).

FONTE DO MUGUNGA - ID N° 30

Endereço: Av. Frederico Pontes, s/n° - São Joaquim

Localização UTM: 554169.86 , 8568044.84

Situação Atual: fonte entupida e sua área em volta serve de depósito de lixo (Figura 26a). O

veio d’água mina em um paredão próximo a fonte abandonada. Os moradores do entorno não

sabem o nome da fonte e nem reconhecem a importância deste monumento, principalmente

Tourinho, 2006

a)

Tourinho, 2006

b)

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do período da história quando não havia água encanada em Salvador. A fonte do Mugunga

está situada no sopé da montanha em cujo alto se desenvolve o bairro da Liberdade.

Características Físicas: segundo Bahia (1997) originalmente esta fonte deve ter sido

formada pelo corpo central em cantaria e dois lances simétricos, de arrimos terminados em

voluta que continham as terras da montanha. Um desses lances teria sido destruído para

construção de um sobrado. O frontispício do corpo central é formado por duas robustas

pilastras toscanas, recobertas por frontão curvo (Figura 26b). No centro desta composição

existe uma pequena pia (bastante depedrada), de desenho rococó, com uma única bica que não

funciona. Suas Dimensões: Frontispício :(4,17 x 3,00m).

Figura 26: Fonte do Mugunga: a) visão geral;) detalhe do frontispício

Dados Históricos: as duas datas (1746 e 1800) gravadas em cartela emoldurada com ornatos

florais, no centro do frontão que encima o corpo central do muro da fonte, devem referir-se,

provavelmente, a construção e alguma reforma. (BAHIA, 1983). Em 1829 foi citada por

Domingos Rebelo, no livro Corografia do Império do Brasil. Esta fonte funcionou até 1952

(BAHIA, 1982).

Ainda segundo Bahia (1997) até pelo menos, 1952, funcionava, fornecendo água para os

feirantes de Água de Meninos e saveiros que ancoravam na enseada vizinha. E por motivo de

proteção, em 1975 foi proposto que o IPHAN tombasse a fonte.

Apoio Legal: tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660, de

8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78. (BAHIA, 1983).

FONTE REDENÇÃO DO PELOURINHO - ID N° 31

Endereço: Pátio das Artes - Centro Histórico, trecho baixa dos Sapateiros.

a) b)

Fonte

Lixo Local onde deveria estar a bica

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

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Localização UTM: 553406.87 , 8565683.15

Situação Atual: a fonte está localizada em um pátio policiado, atualmente a água jorra

através de um sistema de bombeamento que é ligado nos horários de maior freqüência de

visitantes e turistas. Embora não seja fonte natural é apresentada nesta pesquisa em função do

seu valor histórico.

Segundo a FGM o monumento representa o pilori, coluna de pedra de cantaria onde se

amarravam os condenados a açoites nos tempos coloniais. Como num memorial, a tentativa

foi resgatar o objeto do esquecimento desde o século XVIII, o pilori, nosso olhar ao

humanizá-lo não esconde que essa pedra sangrou.

Características Físicas: atualmente (não há referência de sua forma anterior) construída em

alvenaria de tijolo e barro, com estrutura de cantaria e pedra trabalhada (Figura 27), possui

cerca de 6 metros de profundidade.

Figura 27: Fonte Redenção do Pelourinho.

Dados Históricos: técnicos contratados pelo IPAC descobriram esta fonte em 22 de março de

1998, é considerada de grande valor histórico, cuja origem remonta ao século XVIII. Hoje faz

parte do projeto integrante do Quarteirão Cultural Provavelmente a fonte foi usada até a

década de 30 do século XX (A TARDE,1998).

Apoio Legal: sem proteção legal

FONTE DO PEREIRA - ID N° 32

Endereço: Ladeira da Misericórdia, próxima a Ladeira da Montanha

Localização UTM: 553030.88 , 8565882.19

Tourinho, 2007

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Situação Atual: localizada em ambiente de pessoa de baixa renda e voltado à zona

prostituição. A fonte não existe, conforme seta na Figura 28b, mina água num paredão de

pedras onde provavelmente seria o lugar onde estava localizada a antiga fonte do Pereira.

Existe uma bacia de recolhimento de água, não sabendo se explicar a quem pertence a obra, e

se o objetivo principal era de recolher as água que flui da encosta. Existem usos específicos

para a fonte, como lavagem de roupa, bem perceptível na Figura 28a, lavagem de carro,

banhos e outros.

Figura 28: Fonte do Pereira: a) tipos de uso; b) visão geral.

Características Físicas: segundo Azevedo (1969) a fonte tinha duas bicas de pedra forradas

de cobre com seis bocais de metal, instalada em 1636. Atualmente tem pequena bacia de

recolhimento construída com pedras.

Dados Históricos: a fonte do Pereira, a que alude Gabriel Soares, foi descoberta por um dos

400 degradados que vieram, com Thomé de Souza, de sobrenome Pereira, junto da qual se

estabeleceu para vender água à marinhagem (BOCCANERA JUNIOR, 1921).

Gabriel Soares afirmou: “Tem nesta cidade grandes desembarcadouros com três fontes na

praia, ao pé dela, em as quais os mercantes fazem sua aguada bem à borda do mar, das quais

se serve também muita parte da cidade por serem estas fontes de muita boa água”. Conforme

Edelweiss, estas três fontes eram: a do Pereira, na baixa Misericórdia, a das Pedreiras, na

Preguiça e a dos Padres na subida do Taboão (BAHIA, 1997).

a)

b)

Atual saída de água

Tourinho, 2007

Tourinho, 2007

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Segundo Sampaio (1949) localizava-se na ladeira da Misericórdia. Ainda conforme Sampaio

(1949) depois dos primeiros desembarques se achou defronte da cidade aguada excelente bem

à borda do mar que na época denominou de Naus, mais tarde de Pereira. E de acordo com

Azevedo (1969) foi reformada em 1636, serviço grande e caro, que o empreiteiro Domingos

Fernandes, pedreiro, pensava necessitar de dois meses para concluir, cobrando a elevada

quantia de 25$000 réis.

“Esta fonte foi descaracterizada pela construção da ladeira da Montanha, que lhe cortou o

acesso direto à área comercial, a fonte do Pereira continua jorrar água em abundância,

permitindo que pobres e marginais, habitantes e freqüentadores da ladeira da Misericórdia, ali

se banhem e lavem suas roupa, corroborando as palavras de Vilhena quando escreveu que

essas fontes só serviam para o gasto” (SAMPAIO, 2005, p. 105).

Segundo Bahia (2003) a fonte desapareceu no começo do século XX.

FONTE DO QUEIMADO - ID N° 33

Endereço: Rua do Queimado, s/n° - próximo ao Largo do Queimado.

Localização UTM: 554524.25 , 8567727.11

Situação Atual: fonte abaixo do nível da rua e afastada da mesma, muito freqüentada pelos

moradores do bairro. Portão de acesso em ferro que fica diariamente aberto (Figura 29b) e

ainda conforme poderá ser visto na Figura 29a são seis saídas de água dos quais apenas três

estão em funcionamento. A fonte apresenta grande escadaria para acesso da mesma.

Figura 29: Fonte do Queimado: a) detalhe da bica e b) visão geral.

a) b)

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

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Características Físicas: em comparação com as outras fontes visitadas é maior em tamanho

na estrutura e área, formada por galerias de captação de água, frontispício com revestimento

imitando pedra e frontão triangular (BAHIA, 1985a)

Dados Históricos: foi construída em 1801 e contou, em 1859, com a visita histórica de Dom

Pedro II, da imperatriz e das princesas. Era comum aos ilustres da época a visita às fontes e

chafarizes para conferir a qualidade da água (SANTANA, 2002).

Domingos Rebello em sua Corografia do Império do Brasil relacionou esta fonte como uma

das que se situava na Freguesia de Santo Antonio Além do Carmo, juntamente com a de Santo

Antonio (dos Perdões) e muitas outras particulares (BAHIA, 1982).

De acordo com Azevedo (1969) e Vilhena (1969) em 1800 a fonte do Queimado tinha

excelente água para beber onde parte da cidade e muita gente da praia iam buscar água. Ainda

segundo Vilhena (1969) a Fonte do Queimado ficava na parte alta da cidade.

Em placa afixada no local, consta que foi restaurada em 1992 pelo Governo do Estado.

Apoio Legal: conforme BAHIA (1985) a fonte é tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de

10 de maio de 1984 e conforme Bochicchio (2003) o conjunto arquitetônico onde se localiza,

foi tombado pelo IPHAN registrado no Livro Histórico de 14/02/1997.

FONTE DO SEGREDO - ID N° 34

Endereço: Candeal de Brotas

Situação Atual: fonte não existente.

Dados Históricos: segundo Jornal da Bahia (1970b) os moradores do Candeal Pequeno, em

Brotas, no final de 1970 estavam atravessando uma verdadeira seca desde que a Fonte do

Segredo que abastecia aquela zona foi desativada, pois canalizavam os esgotos do conjunto D.

João VI e do Colégio Luis Viana com seu minadouro, inutilizando-a. Até 1969 a velha fonte

do Segredo de Nossa Senhora de Brotas abastecia toda a zona onde moravam cerca de 100

famílias. A fonte foi restaurada em fevereiro de 1952, mas sua origem se perdeu no tempo.

Foi construída na administração de Osvaldo Gordilho, prefeito da cidade. Gordilho iniciou a

execução do Plano Geral da Cidade, uma espécie de Plano Diretor, concebido pelo Escritório

de Planejamento Urbano de Salvador.

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FONTE DOS PERDÕES OU DO SANTO ANTONIO - ID N° 37

Endereço: Rua Vital Rego e esquina com a Rua dos Perdões, s/n° - Barbalho.

Localização UTM: 554086.41 , 8566860.79

Situação Atual: convertida em poço de água desprezada e suja é aparentemente poluída,

apresentando muito lixo e camada de limo. Esta situação deplorante é vista na Figura 30b,

percebe-se, assim, o alto grau de eutrofização. Quanto à estrutura física construída está bem

conservada (Figura 30a), o portão que dá acesso tem cadeado e não foi identificado algum

tipo de uso. A prefeitura realiza limpeza em 2 de julho de cada ano, na ocasião do trabalho de

campo 2005 a 2006 morava um doente mental no local. Segundo Bochicchio (2003) tem

difícil integração social por estar entre ruas e edificações.

Figura 30: Fonte dos Perdões: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento

Em oficio interno do IPHAN de 31.03.99 (Informação Técnica 163/99) o restaurador Huides

Cunha apresentou a situação da Fonte dos Perdões ao Superintendente do IPHAN Eduardo

Furtado Simas. O superintendente respondeu ao oficio interno informando que a fonte não era

tombada pelo IPHAN.

Características Físicas: estrutura semelhante à fonte de São Pedro e das Pedras.

Dados Históricos: foi citada por Domingos Rebello em sua Corografia do Império do Brasil,

em 1829. Conforme placa existente foi reedificada em 1889 pela municipalidade, sob a

direção de Dr. Monteiro (BAHIA 1982).

Apoio Legal: tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

a) b) a) b)

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FONTE DO ZOOLÓGICO - ID N° 38

Endereço: Parque Zoobotânico Getúlio Vargas - Alto de Ondina s/n° - Ondina.

Localização UTM: 553477.62 , 8562133.04

Situação Atual: localizado parque Zoobotânico Getúlio Vargas, mais conhecido como Jardim

Zoológico. A área é de proteção ambiental, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos (SEMARH).

Por estar localizado em uma área com policiamento e cercada por uma grade de ferro está

relativamente protegida. Conforme pode ser visto na Figura 31a a sujeira encontrada no local

é oriunda das folhagens que caem da vegetação, que no local é vista em abundância. Não há

uso específico por parte da comunidade que freqüenta o local, mas, de acordo com vigia local

a fonte é conhecida como “Fonte dos Desejos” e é comum que os visitantes lancem moedas

para que seus pedidos sejam atendidos e com isto pode-se observar que não está apropriada

para consumo humano.

Características Físicas: de acordo com a Figura 31b a fonte é de estilo cacimba, composta

por um poço vertical de tijolos, executados em alvenaria de pedra.

Figura 31: Fonte do Zoológico: a) vista geral da fonte, b) detalhe do poço

FONTE DA ESTICA - ID N° 39

Endereço: Rua Coronel Tupy Caldas. s/n° - Liberdade

Localização UTM: 555113.64 , 8568839.32

Situação Atual: conforme Figura 32a a estrutura da fonte está em nível mais baixo que a rua,

assim como sua área entorno está localizada em área de topografia mais baixa que o conjunto

Tourinho, 2007 Tourinho, 2007

a) b)

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como um todo, o ambiente é densamente povoado, onde a concentração de edificação é muito

acentuada, a fonte é bastante usada pela comunidade para banhos, lavagem de carros e roupas,

para beber e lazer para as crianças da redondeza (Figura 32b). A água corre todo o ano. Há

nas proximidades um posto de gasolina. Não há indício que exista limpeza por parte dos

usuários, pois há muito limo e aspecto de sujeita no ambiente.

Figura 32: Fonte da Estica: a) visão geral; b) tipo de uso

Características Físicas: fonte de estrutura abaixo do nível da rua, com uma bica de saída de

água em cano de PVC. Tem estrutura física simples e moderna, principalmente depois que foi

revestida de azulejos e cercada com corrimão de ferro. Suas dimensões: largura: 3,50m,

comprimento: 5,50m, altura total: 1,70m.

Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica.

FONTE DO GABRIEL - ID N° 40

Endereço: Esquina da Rua Augusto França e a Rua do Gabriel, próximo ao Lgo 2 de Julho.

Localização UTM: 552322.79 , 8564791.40

Situação Atual: a entrada está completamente descaracterizada, o muro foi revestido com o

azulejo da casa vizinha. Onde anteriormente era a entrada da fonte hoje é um ponto de lixo,

indicado com uma seta na Figura 33a. Atualmente ela é o quintal de uma casa, pois foi aberta

uma saída ligando diretamente à fonte. Não existe uma entrada pública. A área de

recolhimento de água mantém o mesmo espaço. Segundo Bochicchio (2003) no período de

Tourinho, 2006

a) b)

Tourinho, 2006

Tourinho, 2006

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sua pesquisa o mato tinha tomando conta do recinto, dificultando sua visualização, via-se

apenas uma calha cheia de água de péssimo aspecto. Com isto se conclui que os quatros anos

antes não havia a ligação da casa vizinha com a fonte. Considerando que é tombada por um

Decreto Estadual e que segundo o Decreto-Lei n° 25/1937 art. 18 “sem prévia autorização do

SPHAN, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou

reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios e cartazes, sob pena de ser mandada destruir

a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso multa de cinqüenta por cento do mesmo

objeto”, é perceptível a afronta em que este bem público se encontra, como extensão de uma

propriedade particular.

Figura 33: Fonte do Gabriel: a) visão geral e b) uso da fonte por lavadeiras

Características Físicas: situada em um nível bem abaixo da rua, é constituída de um olho

d’água de onde o líquido segue por uma vala de 9 metros de comprimento por 1,20 metros de

largura, sendo eliminado por uma galeria que deságua, provavelmente, na encosta. Toda

cercada por muros possui um portão que dá para a escadaria de acesso à fonte [não existe a

entrada] (BAHIA, 1985a).

Dados Históricos: esta é uma das mais antigas fontes da cidade, a Figura 33b retrata um

período muito anterior ao que vivemos no momento, em que a fonte era usada por lavadeiras e

moradores da região. A fonte do Gabriel recebeu este nome porque o terreno onde foi

construída pertenceu a Gabriel Soares e foi propriedade do mosteiro de São Bento.

Possivelmente os subterrâneos partem do Unhão e do Hospício de Jerusalém. É conhecida

também por Fonte do Unhão (A TARDE, 1974).

a) b)

Fonte

Antiga entrada

Lixo Tourinho, 2006

Acervo Gregório de Matos

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Conforme Bahia (1982) em 1584, Gabriel Soares de Souza doou aquela área, por testamento,

aos Beneditinos. Um século mais tarde pertencia ao Desembargador Pedro de Unhão Castelo

Branco. Domingo Rebello em Corografia do Império do Brasil (1829), relacionou esta fonte

como uma das que se situava na Freguesia de São Pedro, ao lado Barris, Coqueiro, Tororó e

São Pedro.

Esta fonte era muito procurada porque se dizia que as suas águas curavam doenças

SAMPAIO (2005).

Apoio Legal: tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.

FONTE DO GRAVATÁ - ID N° 42

Endereço: Rua do Gravatá, s/n° - Nazaré.

Localização UTM: 553255.31 , 8565371.41

Situação Atual: a fonte permanece sempre fechada e com cadeado (Figura 34a), mesmo

assim não impedem o acesso por parte de alguns usuários, principalmente homens que pulam

a grade de ferro. O uso prioritário é para beber, a comunidade local usa a água em período de

não abastecimento. A vazão é grande, conforme demonstra a Figura 34b, contudo se

apresenta com lixo e muito limo na sua bacia de recolhimento, com aspecto de desprezo. Seu

entorno é cercado por um conjunto de casa e sobrados do século XIX de grande valor

histórico.

a)

b)

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

Figura 34: Fonte do Gravatá: a) Vista geral; b) detalhe da vazão da água

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Em oficio interno do IPHAN de 1.02.99, o restaurador deste Instituto, Huides Cunha,

denuncia ao Superintendente do IPHAN Sr. Eduardo Furtado Simas, que o Bloco da Alvorada

usava a fonte do Gravatá como depósito de equipamentos de show, colocando telhas de zinco,

andaimes de ferro, patamares de madeirite, etc.

Em ofício interno de 31.03.99 (Informação Técnica 164/99) o restaurador do IPHAN Huides

Cunha apresenta a situação da fonte do Gravatá ao Superintendente do IPHAN Eduardo

Furtado Simas, situação de precariedade decepcionante e página de desespero ao patrimônio

histórico, um caso de saúde publica.

O superintendente respondeu aos ofícios internos informando que a fonte não era tombada

pelo IPHAN.

Características Físicas: trata-se de uma fonte de sopé de encosta, com galerias horizontais de

captação de água que possibilitam a passagem de um homem em pé, possui reservatório de

decantação, frontispício com duas bicas e bacia de recolhimento de águas servidas em nível

inferior ao da rua (BAHIA, 1982). Não se sabe onde se inicia as galerias de captação, mas são

tão profundas que em certo ponto cruzam por baixo da galeria de esgotos que desce a rua da

Independência (TRIBUNA DA BAHIA, 1976).

Dados Históricos: não há registro preciso sobre a data de construção, embora seu frontispício

sugira século XVIII. Em 1724, o senado da Câmara desapropriou terrenos necessários à

construção de um acesso à fonte.

Em 1801, Vilhena comenta: “Dentro da cidade, um pouco da igreja e freguesia de Santana

Ana fica a fonte do Gravatá, a mais imunda e pior de todas; é, porém a mais freqüentada por

ser a única pública que há dentro da cidade...” (BAHIA, 1987. p 184).

Em 1829 Domingos Rebello, na Corografia do Império do Brasil faz referência a esta fonte;

relatando que as águas dos rios das Tripas enriquecia-se com as águas da fonte do Gravatá.

Em 1846 a Santa Casa de Misericórdia perde a questão contra a Câmara Municipal, a qual

reclamava a propriedade dos terrenos onde se localizava a fonte (REBELLO, 1829).

As galerias, ou grandes condutos, que levam água ao depósito eram notáveis construções

(BAHIA, 1952).

Segundo Bahia (1997) por motivo de proteção, em 1975 foi proposto que o IPHAN tombasse

a fonte.

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Apoio Legal: a fonte foi tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.

FONTE IEMANJÁ OU MÃE D´ÁGUA - ID N° 43

Endereço: Farol da Barra

Localização UTM: 550698.30 , 8561759.25

Situação Atual: fonte desaparecida. Segundo funcionários do farol da Barra, quando o forte é

visto de frente, a fonte localizava-se ao seu lado esquerdo (Figura 35a).

Dados Históricos: a fonte da Mãe d’água é a que guarda um maior número de lendas. A festa

de Iemanjá, por exemplo, antes de ser realizada no Rio Vermelho, era na Barra. Pescadores e

outras pessoas costumavam ir reverenciar a “rainha do mar”. Presente e flores saíam das

proximidades do Forte de Santo Antonio da Barra mar afora. De volta, os fiéis se reuniam em

redor da fonte da mãe d’água, (Figura 35b) dando início ao samba de roda (JORNAL DA

BAHIA, 1970a).

Figura 35: Fonte da Mãe d’água: a) local exato da fonte; b) detalhe do frontispício (FALCÃO, 1940).

FONTE PEDREIRA OU DA PREGUIÇA - ID N° 44

Endereço: à margem da Avenida do Contorno, no bairro da Preguiça.

Localização UTM: 552369.52 , 8565130.69

a) b)

Provável local da fonte

Tourinho, 2006 Falcão, 1940

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Situação Atual: muito freqüentada, por moradores da circunvizinhança, para banhos,

lavagem de roupas, carros e para abastecimento residencial. Segundo Lima (2005) das 10

fontes analisadas, no período da pesquisa, esta é a que apresentava maior vazão (Figura 36b),

com uma média de 6.479,8 L/h de água. Contudo o monumento está muito pichado,

abandonado, descuidado, com lixo e muito limo (Figura 36a).

Figura 36: Fonte das Pedreiras ou Preguiça: a) visão geral; b) detalhe da bica e vazão de água.

Conforme documento encontrado no IPHAN, em 29 de nov de 2000 foi solicitado por

Francisco Sena, presidente da Fundação Gregório de Mattos ao IPHAN 7ª. SR a recuperação

e restauração desta fonte.

Em 20 de dez de 2000 o IPHAN respondeu ao ofício informando que a fonte localiza-se em

área de proteção rigorosa, conforme lei municipal 3289/83. E constatando que o monumento

encontra-se em estado de degradação avançado, recomendou-se que os projetos de

urbanização das áreas em entorno bem com propostas arquitetônicas de restauração da fonte

fossem encaminhadas ao IPAC para análise e apreciação.

Características Físicas: seu reservatório é de planta retangular com cobertura de duas águas,

onde existem bacias para ventilação. Sua galeria foi inspecionada no final do século XIX, por

Inocêncio Góes e Braz Amaral (BAHIA, 1997).

Seu frontispício é formado por dois cunhais apilastrados que suportam frontão triangular

clássico, em cujo triângulo existe uma placa de mármore com detalhes dos melhoramentos

introduzidos em 1851 (PEREIRA FILHO, 1977).

a)

b)

Tourinho, 2005

Tourinho, 2005

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Dados Históricos: uma das fontes mais antigas da cidade, também citada por Gabriel Soares

de Souza (1587). Está assinada na planta do “Livro de Razão do Estado do Brasil”, de 1612.

Foi citada por Vilhena em 1801 e aparece também na Corografia do Império do Brasil, de

Domingos Rebello, de 1829. Sofreu reforma em 1851, segunda placa fixada em seu

frontispício, quando deve ter sido construído seu frontão triangular neoclássico.

Em meados da década de 1970 a fonte das Pedreiras servia a rua Ribeira do Góes e à

Preguiça, o nome desta fonte não aparece nos primeiros escritos, só em 1631, Tamoyo de

Vargas a ela se refere como a “fonte de famosa água” (PEREIRA FILHO, 1977).

Uma das mais antigas fontes, sendo anteriormente chamada de Naus. Forneceu água para

armada de Thomé de Souza, há registro que em 1636 foi reformada. (A TARDE, 1974).

Apoio Legal: segundo BAHIA (1997) a fonte integra a área tombada pelo IPHAN (GP-1) do

subdistrito da Conceição da Praia e foi proposto que o IPHAN tombasse a fonte.

Conforme BAHIA (1985) a fonte é tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio

de 1984.

FONTE SANTO ANTONIO DO CABULA - ID N° 46

Endereço: Av. Luis Eduardo Magalhães, s/n° - próximo ao túnel localizado nesta avenida.

Localização UTM: 557954.11 , 8567464.01

Situação Atual: os moradores a utilizam para abastecimento doméstico, principalmente para

beber, conforme figura 37b eles trazem garrafões para serem cheios na fonte e afirmam que

água tem excelente qualidade, sendo vantajoso vir de longe para transportá-la.

Figura 37: Fonte Sto Antonio do Cabula: a) bicas em detalhe; b) visão geral, tipo de uso.

Tourinho, 2006Tourinho, 2006

Vasilhames de água

a) b)

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Características Físicas: localizada nas rochas e com três saídas de água em cano de PVC,

Figura 37a.

Dados Históricos: foi descoberta na construção da Avenida Luis Eduardo Magalhães.

FONTE SÃO PEDRO - ID N° 49

Endereço: Ladeira da Fonte, próximo a Concha Acústica.

Localização UTM: 552275.38 , 8564168.0

Situação Atual: está abandonada, sem uso por parte da comunidade, a limpeza é realizada

pelos moradores que vivem próximo a fonte com receio de proliferação do mosquito vetor da

dengue. Presença de muitos peixes em sua bacia de recolhimento. Em seu entorno há muitas

edificações, ficando descaracterizada com o ambiente ao redor (Figura 38a).

Características Físicas: a visualização da fonte São Pedro é prejudicada devido à sua

localização, de costa para a rua. É composta de galerias de captação de água, frontispício com

detalhes neoclássicos e bacia de recolhimento de água, semelhante à fonte dos Perdões e das

Pedras (Figura 38b).

Figura 38: Fonte São Pedro: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento

Dados Históricos: “em 1800 a fonte era de todas a melhor quanto à qualidade da água, desta

bebiam todos os que ficavam mais próximos e muitos ainda dos que moravam distantes, e

tinha escravos que lha carregavam, sendo esta preferível a todas as mais águas” (AZEVEDO,

1969).

Segundo Bahia (1982), Braz do Amaral citou-a em seu livro “História do Brasil, do Império à

República” como sendo a melhor fonte de água potável de Salvador. Ainda conforme Rebello

(1829) a fonte de São Pedro fazia a abundância de todos os moradores da vizinhança.

a) b)

Tourinho, 2006Tourinho, 2006

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Apoio Legal: tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.

FONTES TABOÃO OU DOS PADRES - ID N° 50

Endereço: Rua Conselheiro Lafayete, s/n° - Tabuão.

Localização UTM: 553199.22 , 8566081.53

Situação Atual: embora esteja em sítio tombado é uma das mais depredadas, no período da

pesquisa foram registradas várias fotos que confirmam a evolução do descaso. Atualmente

está entupida e totalmente descaracterizada do modelo original, (poderá ser comparada às

Figuras 39a e 39b) isto se deve ao alto nível de degradação. Usada como sanitário público,

está com muito entulho e lixo.

Figura 39: Fonte do Taboão: a) visão da fonte anteriormente (Acervo Fund. Gregório de Mattos) e b) situação atual.

Conforme documento encontrado no IPHAN, foi solicitado em 29 de novembro de 2000 por

Francisco Sena presidente da Fundação Gregório de Mattos ao IPHAN 7ª. SR a recuperação e

restauração da fonte dos Padres.

Em 20/12/2000 IPHAN responde informando que a fonte localiza-se em área de proteção

rigorosa, segundo lei municipal 3289/83, e, também em área tombada federalmente através do

processo nº 1093T. Sendo verificado que o monumento encontra-se em estado de degradação

avançado e totalmente abandonado, recomendou-se que os projetos de urbanização das áreas

em entorno, bem com as propostas arquitetônicas de restauração da fonte fossem

encaminhadas ao IPAC para análise e apreciação.

Acervo Gregório de Matos Tourinho, 2005

a) b)

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Características Físicas: até cerca de quarenta e cinco anos atrás tinha a forma de um nicho

recoberto por abóboda de berço no fundo do qual existia um chafariz em forma de carranca

cujas águas jorravam sobre uma bacia situada ligeiramente acima do nível da rua. A carranca

não existe mais e o nicho foi revestido de grandes pedras irregulares, imitando uma gruta (A

TARDE, 1981).

Braz do Amaral e Inocêncio Galvão, no fim do século XIX exploraram em toda a sua

extensão suas galerias com quatro metros montanha adentro e que do meio para o fim

espalharam-se em cinco braços, cada qual captando diferentes mananciais (PEREIRA FILHO,

1977).

Dados Históricos: a fonte dos Padres era elemento de notável mérito histórico urbanístico. É

uma das três mais antigas fonte da cidade de Salvador, citada por Gabriel Soares de Souza,

1587. Foi assinalada, em 1612, na planta ilustrativa do “Livro de Razão do Estado do Brasil”

(BRASIL, 1982)

Existia uma lenda em que os padres carmelitas recorriam a esta fonte em torno das 18 horas,

quando o sol se punha, para tomar banhos despidos, e justamente tem esse nome porque foi

construída em terrenos dos Jesuítas (JORNAL DA BAHIA, 1970a).

Em 1612, a fonte dos padres é assinalada na Planta de Salvador, que ilustra o “Livro da Razão

do Estado do Brasil” (A TARDE, 1981).

De acordo com Azevedo (1969) a fonte dos Padres foi remodelada em 1628 com a colocação

de duas bicas novas de pedra de mármore, trabalho que o pedreiro pantaleão Braz arrematou

pela quantia de 13$000 réis. Para acabar com o costume que tinham as lavadeiras de trazer as

suas roupas e lavar ali, foi preciso fazer-se uma postura municipal expressa. Segundo Jornal

da Bahia, (1970a) esta proibição durou por toda sua vida útil.

Comparando uma fotografia reproduzida em Falcão (1940), no livro Relíquias da Bahia,

percebe-se que atualmente a fonte foi muito alterada, o nicho do chafariz foi revestido de

pedras irregulares e o chafariz substituído por tubo de plástico.

Segundo Bahia (1997) por motivo de proteção, em 1975 foi proposto que o IPHAN tombasse

a fonte.

Apoio Legal: tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660, de

8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78, (BAHIA,1983).

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FONTE UNHÃO - ID N° 51

Endereço: Avenida Contorno, s/n° - Solar do Unhão.

Localização UTM: 552070.94 , 8564775.46

Situação Atual: analisando a Figura 40a percebe-se que a fonte está conservada e limpa.

Aparentemente sem algum tipo de uso, assim como a fonte do Dique do Tororó seria um

exemplo adequado para modelo ideal, devido a sua conservação, precisaria, contudo que fosse

adequada e aberta ao uso público. Local muito freqüentado por turistas e por moradores,

justamente porque a área mescla cultura e lazer.

Características Físicas: tem estilo diferenciado das demais fontes. A água que mina tem

descarga através de uma válvula de saída (ladrão de água) numa bacia de recolhimento que

fica ao lado externo (Figura 40b).

Figura 40: Fonte Solar do Unhão: a) fachada da fonte; b) detalhe da bacia de recolhimento

Dados Históricos: foi construída no século XVII e se situa em dos mais importantes

conjuntos arquitetônicos do Estado, guardando todas as características do passado (SANTOS,

1978).

O Solar do Unhão está localizado em um sítio histórico do século XVI, era na sua origem um

complexo agro-industrial de produção de açúcar e possuía casa grande e capela. Devido a

paisagem deslumbrante o Solar do Unhão se transformou em um dos cartões-postais da cidade

mais bonitos.

Apoio Legal: sem apoio legal.

a) b)

Tourinho, 2005 Tourinho, 2005

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FONTE VALE DO TORORÓ - ID N° 52

Endereço: Rua Monsenhor Rubens Mesquita, s/n° - Tororó

Localização UTM: 553179.93 , 564746,02

Situação Atual: em completo abandono, quase totalmente soterrada e encoberta pela pista

que passa em nível mais elevado que a fonte, no início da pesquisa, em 2005, estava

localizada num matagal, as crianças usavam para beber água, tomar banho e como ambiente

de lazer. Conforme Figura 41a a algumas crianças brincavam com água que corria externo à

cúpula. Atualmente tem sido desenvolvida uma invasão, a área encontra-se com pouca

vegetação e muitas casas edificadas ao redor, pode perceber a retirada de vegetação para este

objetivo através do comparativo entre as Figuras 41a e 41b. O minadouro flui ao lado da

fonte, com isso o entorno se apresenta úmido. Devido ao assentamento desordenado e sem

licença que está acontecendo em torno da fonte (juntamente com a falta de informação por

parte dos invasores), não é descartada que ela seja destruída para construção de alguma

edificação. A Figura 41c representa o quanto o assentamento desordenado tem crescido.

Figura 41: Fonte Vale do Tororó: a) Fonte em 2005, b) foto em processo de ocupação e c) foto atual em Abril de 2008.

Tourinho, 2005 Tourinho, 2007

a)

Tourinho, 2008

c)

Fonte

b)

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Características Físicas: a fonte data do século XIX, tipo cacimba, composta por um poço

vertical de tijolos, executada em alvenaria de pedra, recoberta por cúpula culminada por

coruchéus. Idêntica às fontes do Dique do Tororó.

Dados Históricos: não foram encontradas referências históricas sobre a mesma. Segundo

Bahia (1982) trata-se, provavelmente, de construção do ultimo terço do século XIX.

Apoio Legal: tombada em nível estadual pelo Decreto n° 30.483 de 10 de maio de 1984.

FONTE VISCONDE DE MAUÁ - ID N° 53

Endereço: Rua Visconde de Mauá, s/n°. Detrás do Museu de Arte Sacra.

Localização UTM: 552439.02 , 8565179.65

Situação Atual: estabelecida em local estratégico, próximo ao Largo Dois de Julho, à

Contorno, à Praça Castro Alves e da fonte das Pedreiras, contudo se apresenta abandonada e

sem uso, a bica de saída de água está entupida, conforme seta na Figura 42b. Localizada em

rua pouco movimentada e poucas casas na proximidade, em frente da fonte existe um local

que apresenta muito lixo, indicando o grau de desprezo e pouco caso, este detalhe pode ser

visto na Figura 42a, é notório que é usada como sanitário público.

Características Físicas: surge da encosta, vestida em pedras com pequena escadaria de

acesso, um pouco recuada em relação ao paredão, é visível que havia três bicas, contudo,

todas entupidas.

Figura 42: Fonte Visconde de Mauá: a) ponto de lixo; b) fachada da fonte

a) Saídas entupidas

Tourinho, 2007

b) Lixos e entulhos

Tourinho, 2007

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Dados Históricos: segundo Bochicchio (2003) o Jornal da Bahia de 14/07/1977 afirma que

na época de uso fornecia água aos moradores da Preguiça, Rocinha do Marinheiro e

adjacências.

Apoio Legal: sem apoio legal.

FONTE VISTA ALEGRE DE BAIXO - ID N° 54

Endereço: Rua Topázio, s/n° - Vista Alegre de Baixo.

Situação Atual: 558709.67 , 8579158.20

Características Físicas: verificando a Figura 43a percebe-se que foi realizado um

beneficiamento estrutural com cimentação no chão e parede de bloco revestida no local onde

saem as duas bicas de água. Devido à localidade ser de material arenoso, possibilita um

melhor acesso. Conforme Figura 43b a área em torno da fonte não há edificações, o solo é

revestido de grama propiciando a recarga e alimento do aqüífero local. A comunidade a utiliza

principalmente para beber, é muito comum encontrar moradores com vasilhames de pet 2

litros ou de 20 litros de água mineral para suprir o abastecimento residencial, (Figura 43c).

Tourinho, 2006 Tourinho, 2006

Tourinho, 2005

a) b)

c)

Figura 43: Fonte Vista Alegre de Baixo: a) fachada da fonte; b) visão geral com área entorno e c) tipo de uso

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Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica. A partir desta pesquisa a

fonte está sendo denominada de “Fonte Vista Alegre de Baixo”, fazendo relação ao bairro

onde está localizada, pois a população usuária e local consultada apenas a conhecem como

bica.

5.1.2 Outras fontes

Outras fontes foram citadas em jornais, livros, mas não foram passíveis de serem inseridas

neste capítulo, pois são fontes desaparecidas e não tinham informações suficientes. Foram

catalogadas as seguintes fontes: fonte Cemitério do Campo Santo, fonte Convento de Santa

Tereza, fonte da Alegria, fonte da Vovó, fonte do Cabuçu, fonte do Xixi, fonte dos Aflitos,

fonte Gamboa das Pedras, fonte Rio Vermelho, fonte São Felipe Néri, fonte São Joaquim e

fonte São Miguel ou Quibungo. Outras fontes foram citadas por Bochicchio (2003) como:

fonte Bambu, fonte do Brasil, fonte do Espargal, fonte do Pilar, fonte da Rua da Mulher das

Cartas e fonte de Itacaranha e também por Azevedo (1991), como: fonte Galpão, fonte

Gouveia, fonte Lobato, fonte Milagres, fonte Pereira II e fonte do Arquivo Público.

Para o professor de história, Cid Teixeira, a recuperação das fontes deve ser feita, não apenas

como atração turística, mas, sobretudo porque refletem uma realidade de época.

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6 QUALIDADE DA ÁGUA E ANÁLISE DOS DADOS

Tradicionalmente, a qualidade da água tem sido avaliada e mesmo monitorada através da

análise de parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos. De uma maneira geral, as

características físicas são analisadas sob o ponto de vista de sólidos (suspensos e dissolvidos

na água). As características químicas, nos aspectos de substâncias orgânicas e inorgânicas e as

biológicas.

Considerando a preocupação na qualidade da água utilizada, e em destaque a qualidade da

água das fontes naturais em questão, Proença (2004) recomenda que sejam obrigatoriamente

monitorizados aqueles parâmetros que têm seus resultados facilmente relacionados com fonte

de poluição. Os coliformes termotolerantes, independente das condições do local a ser

amostrado, devem ser monitorizados, uma vez que estão diretamente relacionados ao uso

mais prioritário da água, o abastecimento humano. Esta situação é justamente a que mais

ocorre com a maioria das fontes analisadas.

Neste capítulo estarão em foco informações de vazões, as análises dos parâmetros e a

proposta da rede de monitoramento. Tendo em vista atender os objetivos desta dissertação.

Em campo foi verificado que o uso preponderante das águas da fonte são utilizadas para

consumo humano, com isto foi estabelecido nesta pesquisa que os limites desejáveis estejam

dentro do padrão da normalidade da Resolução Conama 357 para água doce - Classe 1.

A Resolução 357/05 “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais

para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de

efluentes“ e define para água doce, em classe 1 o seguinte uso:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho.

Os itens a e c são contemplados na realidade da área de estudo deste trabalho, sendo o item a

bastante relevante, a avaliação também será feita à luz da Portaria 518/04.

Nos limites para água classe1 é proposto que haja necessidade de tratamento simplificado,

contudo é notório que este procedimento não é possível nas fontes em estudo, pois a maioria

dos usuários que utilizam a água para beber faz diretamente no local. A possibilidade de

tratamento poderia ocorrer somente em suas residências.

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É valido salientar que para a Portaria 518/04 é considerado água potável – água para consumo

humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão

de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde.

Em campo foi verificado que as fontes caracterizam-se por grande discrepância nos níveis de

vazão de água, umas têm apenas uma bica, enquanto outras chegam até seis bicas. Umas têm

vazão bastante volumosa enquanto outras apenas gotejam. Esta é considerada uma

característica física marcante nas fontes de Salvador. Contudo o mesmo não ocorre com os

usos, havendo bastante similaridade entre eles. Sendo os prioritários para lavagem de carro,

consumo humano e banhos, listados em ordem de freqüência de uso.

Lima (2005) apresenta informações de medidas de vazão, para 10 fontes da cidade e

correspondem a medidas realizadas em outubro de 1981, outubro de 2002 e outubro de 2003,

as informações foram transcritas abaixo (Tabela 1) e acrescidas com medidas realizadas em

abril de 2007 pela presente pesquisa.

Tabela1: Medidas de vazões de fontes com saída de água através de bicas. Adaptado de Lima (2005).

Fontes OUT 81

(L/h) OUT 02

(L/h) OUT 03

(L/h) ABR 07

(L/h)

Chega Nego 41 22 37 20

Conj. Bahia - 55 63 61

Davi - 2805 3934 3600

Estica - - - 1694

Gueto - 3056 2122 3495

Nova 2793 1827 1698 1039

Pedreira ou Preguiça 10590 5482 7228 1823/1580*

Pedreiras - - 3433 1811

Queimado - 4426 2770 1001

Sta Luzia 871 799 - 480

Sto. Antonio do Cabula - 3034 2160 154

Vista Alegre de Baixo - - - 224

* Primeira e segunda medida referidas no trabalho.

Para uniformizar as informações de Lima (2005) esta pesquisa adotou a medida de L/h para

representação dos dados encontrados.

É de suma importância ressaltar que, para haver conclusões mais seguras é necessário utilizar

uma série histórica maior, inclusive, é preciso que as estações do ano estejam coincidindo,

pois há diferenças naturais entre períodos secos e úmidos. Contudo não foi possível obedecer

Datas

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ao mesmo período do ano devido a necessidade de finalizar as pesquisas de campo e

levantamento de dados.

Contudo se fará alguns comentários. O que pode ser percebido é relativo à sensível

diminuição da vazão ao longo do tempo da maioria das fontes, principalmente quando

consideradas aquelas que tiveram medidas a partir de 1981, as situações mais alarmantes são

as fontes da Pedreira e a do Santo Antonio do Cabula. Na fonte da Preguiça foi percebida a

necessidade de tornar a verificar a vazão, devido a grande discrepância, e assim foi

confirmado que os números antes encontrados estavam corretos, de fato a vazão desta fonte

sofreu uma diminuição muito significativa. Esta diminuição não foi igual à da fonte Nova que

ocorreu gradativamente, ela apresentou uma redução brusca, neste aspecto se assemelha à

Santo Antonio do Cabula.

As fontes do Conjunto Bahia e do Chega Nego tem baixa vazão, contudo se mantêm estáveis.

Porém em visitação anterior e posterior à data das medidas, a do Chega Nego se apresentou

quase sem vazão de água.

A única situação inversa, do conjunto como um todo, é a fonte do Gueto que apresentou um

aumento significativo tanto em relação a 2003 quanto em relação a 2002.

Em algumas fontes já chegaram a desaparecer por completo o fluxo de água. A fonte do

Chega Nego, por exemplo, na maior parte do ano tem vazão bem reduzida, chegando a ser em

gotejamento ou pequeno fio d’água que escorre pela parede do frontispício. Para o

agravamento desta situação é importante relatar que a retirada da vegetação, assentamento

urbano e a cimentação do solo são aspectos que diretamente tem contribuído para o quadro

que está se instalando.

É importante lembrar que as legislações vigentes relacionados à potabilidade, balneabilidade e

classificação dos corpos d’água serão referenciadas para analisar os índices encontrados e

embasar os comentários.

Os níveis de qualidade da água, avaliados por parâmetros físico, químico e bacteriológicos

analisados no LABDEA estão apresentados na Tabela 2. Serão destacados nesta tabela todos

os índices fora do limite recomendados pela Resolução Conama 357/05, 274/00 e a Portaria

518/04.

A Tabela 3 apresenta os resultados analíticos encontrados por Azevedo (1992), Guerra e

Nascimento (1999), Nascimento (2002), Lima et al (2003) e por esta pesquisa, estão

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destacados os valores que também apresentaram desconformidade com os limites aceitáveis

pela Resolução Conama 357/05 e Portaria 518/04. Esta tabela tem o objetivo principal de

comparar os dados obtidos nesta pesquisa com as pesquisas realizadas pelos autores citados

acima, com isto alguns resultados de parâmetros disponíveis na Tabela 2 estarão repetidos na

Tabela 3. E conforme citado no referencial teórico a pesquisa de Guerra e Nascimento (1999)

contemplou as fontes do Conj. Bahia, Pedreiras, Queimado e Santo Antonio do Cabula

enquanto que o trabalho de Nascimento (2002) contemplou as fontes do Gueto, Dique do

Tororó e Biologia.

Os dados oriundos das pesquisas referidas nas discussões estão disponíveis, na íntegra, em

anexo (Anexo C, D e E).

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Tabela 2: Resultados analíticos de parâmetros físicos, químicos e coliforme termotolerantes encontrados nas análises realizadas pelo LABDEA

ID Fontes Cloreto Cor DBO DQO Ferro T.

Fósforo T.

N. Ni- trato

OD pH Turbi- dez

Col Ter N° de parâmetros

fora do limite Limite Conama 274/00 <250 Limite Portaria MS 518/04 <250 15 - - 0,3 - <10 - - 5 UT Ausência Limite Conama 357/05 <250 <15 <3 - <0,3 <0,02 <10 >6 6-9 40UNT - Unidade mg/L UH mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L - - UFC/100mL

04 Graça 141,00 10 2 18 0,53 <0,01 8,55 1,99 6,49 7,11 930 03 06 Bica 87,40 0 <2 32,0 <0,01 - 19,0 1,49 5,64 1,01 08 03 07 Conjunto Bahia 64,60 0 <2 28,0 <0,01 -- 14,2 3,59 5,12 0,96 <01 03 11 Nova 55,60 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 5,96 7,54 7,19 0,85 02 01 13 Pedreiras 64,10 0 <2 24,0 <0,01 16,0 1,51 5,17 1,00 < 01 03 16 Pedras 53,70 < 5 <2 <10 <0,01 14,6 3,61 3,61 6,08 1,60 49 01 17 Davi 71,50 0 <2 16,0 <0,01 13,5 4,26 6,20 1,23 46 02 18 Biologia 41,70 30 5,60 19,0 3,64 0,08 0,04 0,95 7,31 44,2 500 07 19 Santa Luzia 158,00 0 <2 15,0 <0,01 0,06 9,60 6,46 7,45 1,08 5 03 22 Buraquinho 91,40 0 1,00 19,0 <0,01 <0,01 5,20 7,30 5,84 1,24 <01 03 24 Chega Nego 234,00 <5 2,75 22,9 1,62 <0,01 4,14 16,6 7,14 120 10 04 26 Dique Tororó 61,50 < 5 <2 11 0,1 <0,01 16,6 2,69 5,72 1,67 120 04 28 Gueto 56,60 0 <2 32,0 <0,01 - 14,2 1,79 5,61 1,99 14.500,00 04 33 Queimado 49,50 < 5 2 28,8 0,01 0,04 13,5 3,72 6,16 0,30 30 03 37 Perdões 55,40 < 5 2,5 28,8 0,25 <0,01 13,7 4,86 6,72 3,40 7400 03 39 Estica 76,50 0 1,00 15,2 <0,01 <0,01 19,5 6,95 5,90 1,18 03 04 42 Gravatá 64,60 0 <2 <10 <0,01 <0,01 13,8 5,55 6,78 1,03 280 02 44 Preguiça ou Pedreira 68,60 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 14,2 6,84 6,35 0,83 48 02 46 Santo Antonio do Cabula 38,70 0 <2 12,0 <0,01 - 6,40 3,23 5,20 2,45 05 02 49 São Pedro 46,70 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 4,16 6,09 6,28 1,53 40 01 51 Unhão 52,70 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 14,5 7,60 7,40 0,87 1400 03 54 Vista Alegre de Baixo 42,20 0 1,12 15,2 <0,01 <0,01 8,20 10,3 5,97 1,79 <01 03

Valores fora dos limites recomendados pelo Conama 357/05, Portaria do MS 518//04 e Conama 247/00.

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Tabela 3: Comparação dos resultados analíticos da pesquisa apresentada por Azevedo (1992), Guerra e Nascimento (1999 e 2002), Lima et al (2003) apud Lima (2005) e pela presente pesquisa.

Parâmetros pH OD Turbidez Cor Cloreto Ferro Coliformes

Autores 1 2 3 4 2 3 4 2 4 2 4 2 4 2 4 2 4

Ano da coleta 1991 1999 2002

2003 2006 2007

1999 2002

2003 2006 2007

1999 2002

2006 2007

1999 2002

2006 2007

1999 2002

2006 2007

1999 2002

2006 2007

1999 2002

2006 2007

Limite 6-9 >6 <40 <15 <250 <0,30 Ausência Unidade mg/L mg/L mg/L mg/L Col/100ml Biologia - 5,8 - 7,3 0,6 0,9 9,3 44,2 12,5 30 49,1 41,7 1,7 3,64 20.000,0* 500,0** Graça 6,0 - 6,0 6,5 1,8 2,0 Chega Nego 5,9 - 6,4 7,1 4,35 16,6 Conjunto Bahia - 4,6 4,9 5,1 3,6 3,0 3,6 0,2 0,96 <5 0 64,0 64,6 0,04 <0,01 Dique do Tororó - 5,4 - 5,7 3,1 2,7 0,3 1,67 <5 <5 60,4 61,5 0,04 0,1 2.000,0* 120,0** Estica 5,3 - - 5,9 Gravatá 6,3 - - 6,8 Gueto - 5,6 5,3 5,6 1,7 1,5 1,8 0,2 1,99 <5 0 57,7 56,6 0,02 <0,01 20.000,0* 14.500,0** Nova 5,9 - 5,8 7,2 2,5 7,5 Pedreiras - 5,3 5,4 5,2 2,45 1,5 0,2 1,00 <5 0 54,0 64,1 0,35 <0,01 Preguiça/Pedreira - - 6,3 6,3 4,3 6,8 Perdões - - 6,5 6,7 1,5 4,9 Queimado 6,0 5,7 - 6,2 2,0 3,7 1,3 0,30 5,0 <5 55,0 49,5 0,09 0,01 Santa Luzia 8,1 - 7,8 7,4 18 6,5 Sto Antonio Cabula - 4,8 5,0 5,2 4,2 4,0 3,2 1,1 2,45 <5 0 50,0 38,7 0,04 <0,01 São Pedro 5,8 - 5,9 6,3 2,7 6,1

1 – Azevedo, (1992). *Totais ** Termotolerantes. 2 - Guerra e Nascimento, (1999) e Nascimento, (2002). 3 - Lima et al, (2003) apud Lima, (2005). 4 - pesquisa atual.

Valores fora do limite recomendados pelo Conama 357/05, 274/00 e Portaria MS 518/04

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O Quadro 5 apresenta a indicação das fontes que constam nos gráficos de análise de água, está

ainda indicado no quadro o ID de cada fonte.

Quadro 5: Identificação dos pontos de amostragem selecionados.

Também para facilitar a leitura e análise dos gráficos os limites sugeridos por cada legislação

terão cores diferenciadas entre si. Com isto foi estabelecido no gráfico, vermelho para o limite

Resolução Conama 357/05, magenta para o limite da Portaria 518/04 e verde para o limite da

Conama 274/00, quando houve coincidência nos valores entre as legislações mesclou-se as

cores para denotar equivalência.

Serão discutidos os parâmetros conforme discriminados na metodologia.

- pH

Analisando os parâmetros apresentados na Tabela 2 sabe-se que o pH define o caráter ácido,

básico ou neutro de uma solução. A solubilidade de diversas substâncias é influenciada pelo

pH, bem como a forma química que eles se apresentam, livre ou associado. A escala de pH

varia de 0 a 14, os quais denotam vários graus de acidez ou alcalinidade. Valores abaixo de 7

ID Fonte 04 Graça 06 Bica 07 Conj Bahia 11 Nova 13 Pedreiras 16 Pedras 17 Davi 18 Biologia 19 Sta Luzia 22 Buraquinho 24 Chega Nego 26 Dique Tororó 28 Gueto 33 Queimado 37 Perdões 39 Estica 42 Gravatá 44 Preguiça 46 Sto A. Cabula 49 São Pedro 51 Unhão 54 Vista Alegre

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e próximos de zero indicam aumento de acidez, enquanto valores de 7 a 14 indicam aumento

da basicidade.

A Figura 44 apresenta os valores encontrados relativos ao pH de cada fonte estudada.

Segundo a Resolução Conama 357/05 para água doce classe 1 o pH deverá estar entre 6,00 a

9,00.

pH

5,645,12

7,19

5,17

6,2

7,31 7,457,14

5,726,16

6,72

5,9

6,786,35

5,2

6,28 6,08

7,4

5,975,615,846,49

012

3456

78

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

pH Limite Min. Conama 357/05

Figura 44: Gráfico da análise de pH

O gráfico mostra que das 22 fontes analisadas apenas oito estão abaixo do limite inferior,

embora todas estejam com valores maiores do que 5. Como o pH é uma função logaritmo

base 10, cada unidade representa uma variação de 10 vezes na concentração de íons H+.

Na pesquisa realizada por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002), (Tabela 3) das

sete fontes analisadas e coincidentes neste trabalho, todas apresentaram níveis de pH abaixo

do limite aceitável. Com relação à desenvolvida por Azevedo (1992) as condições do pH se

mostraram com valores melhores, contudo algumas estavam piores na época, como Fonte

Nova, Chega Nego e São Pedro.

Os pontos de análise na pesquisa de Lima et al (2003) todas também contempladas no

presente trabalho e conforme podem ser observados na Tabela 3 eles tiveram resultados

semelhantes, somente a fonte Nova e São Pedro tiveram valor diferenciado.

- OD

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O Oxigênio Dissolvido (OD) é uma variável extremamente importante, pois é necessário para

a vida aquática. Geralmente o OD se reduz, quando a água recebe grandes quantidades de

substâncias orgânicas biodegradáveis, encontradas, por exemplo, no esgoto doméstico e em

certos resíduos industriais (DEBERDT, 2004).

A redução de OD ocorre em águas estagnadas (ambientes lênticos) e mais profundas,

inviabilizando a sua renovação onde o processo de aeração é mais lento, na presença de

matéria orgânica de origem biológica (plantas mortas e restos de animais que utilizam de 02

dissolvido em água), (BAIRD, 2002).

A Figura 45 representa os valores encontrados relativos a OD e nota-se que a maioria deles

estão em desconformidade com o limite mínimo estipulado pelo Conama 357/05 para classe 1

que em qualquer amostra, não deve ser inferior a 6 mg/L. Apenas 18%, ou seja, 8 fontes estão

com o limite correspondente a esta resolução. Deve-se, contudo, considerar que águas

subterrâneas quase sempre apresentam valores de OD inferiores a 6,0, provavelmente o

motivo por haver 12 fontes com valores inferiores a 6,0, visto que muitas delas são águas

vindas do substrato.

Em contrapartida, é provável que tenha havido oxigenação na água durante o procedimento da

coleta, os pontos identificados nesta situação foram as fontes Vista Alegre de Baixo e Chega

Nego.

OD

1,49

3,59

7,54

1,51

4,26

0,95

6,46

16,6

2,693,72

6,955,55

6,84

3,23

6,09

3,61

7,6

10,3

4,86

1,79

7,3

1,99

02468

1012141618

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

mg/

L

OD Limite Min. Conama 357/05

Figura 45: Gráfico da análise de OD

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Com relação ao OD, todos os resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e

Nascimento (2002) estão abaixo do limite aceitável (Tabela 3). Semelhante a esta pesquisa a

fonte de Biologia apresentou o maior índice. Quanto aos dados encontrados por Lima et al

(2003) 91% estavam abaixo do limite aceitável, embora 4 fontes que anteriormente estavam

em desconformidade, atualmente estão com valores acima do estabelecido, a saber: fonte do

Chega Nego, Nova, Preguiça e Santa Luzia, contudo essa oscilação é natural.

- DQO/DBO

O teste de Demanda Química de Oxigênio (DQO) analisa a existência e concentração da

matéria orgânica biodegradável ou não, a parcela avaliada pela DBO é a matéria orgãnica

biodegradável. A relação DQO/DBO indica quanto a matéria orgânica oxidável não

biodegradável existe na água.

A Figura 46 demonstra a situação real quanto aos índices de DQO encontrados nos pontos de

amostragem. Diferentemente dos outros parâmetros este não tem limite estabelecido pelo

Conama 357/05, pode-se, contudo, perceber que em 6 pontos o valor foi de tal forma baixo

que não foi possível sua detecção pelo método utilizado e que nos demais 16 pontos teve uma

maior concentração entre o intervalo de 15,0 mg/L a 25 mg/L. Sendo que os maiores índices

registrados estão nas fontes do Gueto e da Bica com 32,0 mg/L cada uma delas.

Como a DQO representa certo grau de comprometimento da qualidade da água, os valores

encontrados devem ser avaliados cuidadosamente para uma conclusão mais completa.

DQO

32

28

24

16

19

15

22,9

11

28,8 28,8

15,2

12

15,2

32

1918

0

5

10

15

20

25

30

35

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

mg/

L

DQO

Figura 46: Gráfico da análise de DQO

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A DBO é o indicador que determina, indiretamente, a concentração de matéria orgânica

biodegradável através da demanda de oxigênio exercida por microrganismos por meio da

respiração (VALENTE, et al, 1997).

A DBO é uma medida empírica da qualidade de oxigênio consumido por microorganismos,

na decomposição da matéria orgânica presente na água. Para sua análise, amostras de água

são incubadas no escuro, sob temperatura controlada (20°C), em um determinado tempo. O

consumo de oxigênio é determinado pela diferença entre as concentrações medidas de OD

(mg/L) antes e após o período de incubação. Sistemas aquáticos que não estão poluídos têm

valores de DBO de até 2,0 mg/L, enquanto aqueles sujeitos a grandes cargas de matéria

orgânica podem apresentar valores superiores a 10 mg/L (HERMES e SILVA, 2004).

O Conama 357/05 recomenda que para classe 1 deverá ser menor ou igual 3 mg/L. Segundo a

Figura 47 pode-se considerar que os pontos analisados estão em conformidade com a

legislação em vigência. Aproximadamente 65% não tiveram detecção pelo método utilizado e

dos oito pontos detectados apenas um está acima do limite.

DBO

0 0 0 0 0

5,6

0

2,75

0

2

1

0 0 0 0 0 0

1,12

2,5

2

1

0

0

1

2

3

4

5

6

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

mg/

L

DBO Limite Max. Conama 357/05

Figura 47: Gráfico da análise de DBO

A fonte de Biologia foi a única que apresentou valor muito superior ao estabelecido e assim

como em outros parâmetros ela vem confirmando o seu estado de contaminação.

Para um dado efluente, se a relação DQO/DBO < 2,5 o mesmo é facilmente biodegradável. Se

a relação for 5,0 < DQO/DBO < 2,5 este efluente irá exigir cuidados na escolha do processo

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biológico, e se DQO/DBO > 5, então o processo biológico tem pouca chance de sucesso

(JARDIM e CANELA, 2004).

A relação DQO/DBO foi calculada para todas as fontes e está representada na Tabela 4. Nos

pontos que foram possíveis estimar a relação é percebido que grande parte estão com valor

superior a 5,0, exceto para a fonte de Biologia. Este resultado é permitido fazer uma leitura de

que caracteriza pontos com interferências de esgotos e que o processo na destruição da carga

orgânica presente é mais dificultado.

Tabela 4: Calculo da relação DQO/DBO

ID Fonte DQO DBO Resultado

04 Graça 18 2 9,00 07 Conjunto Bahia 28,0 <ldm - 10 Bica 32,0 <ldm - 11 Nova <ldm <ldm - 13 Pedreiras 24,0 <ldm - 16 Pedras <ldm <ldm - 17 Davi 16,0 <ldm - 18 Biologia 19,0 5,60 3,40 19 Santa Luzia 15,0 <ldm - 22 Buraquinho 19,0 1,00 19,00 24 Chega Nego 22,9 2,75 8,33 26 Dique do Tororó 11 <ldm - 28 Gueto 32,0 <ldm - 33 Queimado 28,8 2 14,40 37 Perdões 28,8 2,5 11,52 39 Estica 15,2 1,00 15,2 42 Gravatá <ldm <ldm - 44 Pedreira ou Preguiça <ldm <ldm - 46 Santo A. do Cabula 12,0 <ldm - 49 São Pedro <ldm <ldm - 51 Unhão <ldm <ldm - 54 Vista Alegre 15,2 1,12 13,60

- Turbidez

A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água,

conferindo uma aparência turva à mesma e constituída pelos sólidos em suspensão. Refere-se

ao índice de clareza da água e se mede em Unidade de Turbidez Nefelométrica (NTU),

(GUIMARÃES, 2004).

A turbidez tem importância sanitária (afeta a filtrabilidade e dificulta a desinfecção) e

ecológica (reduz a zona eufótica e aumenta a tensão superficial).

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Sua origem natural provém de partículas de rocha, argila e silte ou algas e outros

microorganismos. Além da ocorrência de origem natural a turbidez pode também ser causada

por lançamento de esgotos domésticos e industriais.

O Conama 357/05 recomenda que para classe 1 a água deverá ter até 40 Unidades

Nefelométrica de Turbidez (UNT) e a Portaria 518/04 indica, mais restritivamente, que

deverá ser até 5 Unidade de Turbidez (UN). Para facilitar a análise os dois limites estão

destacados na Figura 48. Com isto percebe-se que a maioria das fontes estão dentro dos

padrões estabelecidos pelas duas legislações e é confirmado em campo pelas transparências

das águas. Especificamente pode-se indicar que dois pontos estão em desconformidade com o

Conama e três pontos com a Portaria. Sendo que os maiores destaques estão para a fonte

Biologia e Chega Nego respectivamente. Contudo uma fonte se sobressai do conjunto, a fonte

do Chega Nego com 120,0 UNT, demonstrando que suas águas estão com pouquíssima

transparência.

Turbidez

44,2

0,33,4 1,790,871,61,532,450,831,031,181,671,081,2310,850,961,01 1,991,24

7,11

05

101520253035404550

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

UN

T

Turbidez Limite Max. Conama 357/05 Limite Portaria MS 518/04

Figura 48: Gráfico da análise de Turbidez

Para turbidez os resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento

(2002), (Tabela 3) estão em conformidade com a Conama 357/05 e 3 em desconformidade

com a Portaria 518/04. O valor mais elevado foi a fonte de Biologia, contudo não atinge o

limite estabelecido pelo Conama, mas ultrapassa o da Portaria.

120

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- Cor aparente

Como as amostras não foram filtradas no ato da coleta ou no laboratório a cor considerada é

aparente, caso contrário seria cor real.

A resolução Conama 357/05 não determina o limite máximo para cor relativo à Classe 1,

indicando que o corpo de água deverá ter cor natural. De acordo com a Portaria 518/04 do

Ministério da Saúde o valor máximo permissível de cor na água para potabilidade é de 15 mg

Pt–Co/L, sendo, então, a referência usada para análise neste parâmetro.

Assim como a turbidez, a cor é um parâmetro de aspecto estético de aceitação ou rejeição do

produto. A cor indica a presença de substâncias dissolvidas ou finamente divididas que

transmitem coloração específica à água. Muitas vezes a cor indica se há interferência de

fenômenos naturais ou agressão antrópica.

A Figura 49 representa os índices encontrados com relação à cor e apenas o ponto 3 - Fonte

de Biologia está em desconformidade com a norma para consumo humano e potabilidade. Em

nove pontos os valores encontrados foram menores que 5 pt-Co/L, valor abaixo do limite de

detecção pelo método adotado e onze pontos foram encontrados valor igual a zero.

Cor

5

30

5 5 5 5 5 5 5 5

10

05

101520253035

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

oGue

to

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

Pontos de amostragem

pt-C

o/L

Cor Limite Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04

Figura 49: Gráfico da análise de Cor

< < < < < < < < <

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Acredita-se que o ponto de amostragem detectado com valor de 30 pt-Co/L foi agravado pelo

fato da coleta d’água ter acontecido em suas bacias de recolhimento o que favorece em muito

que tenha valores elevados neste parâmetro.

Relacionado aos valores apresentados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002)

todos estão abaixo de 15 pt-Co/L. Mesmo estando no limite aceitável a fonte Biologia

também apresenta o maior resultado com 12,5 pt-Co/L.

Com isto foi confirmado em laboratório os resultados percebidos em campo, pois na maioria

dos casos ela estava isenta de contato com elementos externos, visto saírem diretamente da

rocha para os usos, apresentando-se incolor e translúcida.

- Cloreto

Altas concentrações do íon cloreto na água podem trazer restrições ao sabor da água e, desta

maneira, levar o consumidor a procurar outras fontes de suprimento. Aumento do teor do íon

cloreto evidencia um somatório de contaminações antrópicas provenientes de esgotos

domésticos, sanitários, industriais, aterros sanitários (lixões).

Segundo a Figura 50 os teores de cloreto estão em conformidade com a legislação referência,

a Conama 357/05, que indica o Limite Máximo Tolerável (LMT) de 250mg/L. A fonte do

Chega Nego apresentou o maior índice, contudo não chega a atingir o limite estabelecido, é

provável que a proximidade ao mar tenha interferência no valor encontrado. Nota-se que 85%

dos pontos de amostragem estão entre 40mg/L e 100 mg/L, configurando boas condições com

relação a este parâmetro.

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Cloreto

87,4

64,6 55,6 64,1 71,5

41,7

158

61,549,5 55,4

76,564,6 68,6

38,7 46,7 53,7 52,742,2

234

56,6

91,4

141

0

50

100

150

200

250

300

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

mg/

L

Cloreto Limite Max. Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04

Figura 50: Gráfico da análise de Cloreto

Com relação aos resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento

(2002) todos estão muito abaixo de 250mg/L, isto é, dentro do limite exigido pela legislação

Conama 357/05 para Classe 1 e pela Portaria 518/04. Neste aspecto também se assemelha

com esta pesquisa.

- Fósforo

Os fosfatos são encontrados nas águas superficiais e subterrâneas como resultados da

lixiviação dos minerais, dos processos naturais de degradação ou da drenagem da agricultura,

dos produtos da decomposição da matéria orgânica, dos resíduos industriais ou dos

constituintes das águas de refrigeração que os recebe em seu tratamento.

Segundo Resende (2007) do ponto de vista de saúde, o enriquecimento da água em fósforo

não traz maiores problemas, já que se trata de um elemento requerido em elevadas

quantidades pelos animais em geral. Entretanto, este enriquecimento pode trazer sérios

problemas em termos de desequilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

Conforme a Figura 51 o fósforo foi encontrado, acima do LMT, em somente 4 pontos de

amostragem, nos demais os valores estavam abaixo do Limite de Detecção do Método

(LDM), que é <0,01mg/L. Contudo, os índices encontrados estão todos acima do limite

estabelecido pela Resolução Conama 357/05 para classe 1, valendo ressaltar que a fonte das

Pedras apresentou 14,60 mg/L, teor extremamente elevado se comparado ao limite mínimo

LMT

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que é de 0,02 mg/L. Segundo Nascimento (2002) o fósforo pode estar associado a produtos de

limpeza, tais como, sabões e saponáceos. É provável, então, que esta seja a causa do valor

encontrado para a fonte das Pedras, pois suas águas são utilizadas para lavagem de carro,

estando sempre exposta a contato com este tipo de produto.

Fósforo

0,08

0,06

0,04

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

oGue

to

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

Pontos de amostragem

mg/

L

Fósforo Limite Max. Conama 357/05

Figura 51: Gráfico da análise de Fósforo

- Nitrato

O Nitrato é a principal forma de nitrogênio encontrada nas águas, sendo o último estágio da

oxidação da matéria orgânica. Concentrações superiores a 10mg/L demonstram condições

sanitárias inadequadas, pois a fonte principal de nitrato são despejos humanos e animais.

Segundo Nascimento (2002) o nitrato é normalmente o contaminante de ocorrência mais

comum nos grandes centros urbanos, devido principalmente às fossas domésticas e as latrinas.

Conforme Resende (2007) da mesma forma que ocorre para o fósforo, o enriquecimento

excessivo de águas superficiais em nitrato leva à eutrofização dos mananciais, também o

nitrato é a principal forma de nitrogênio associada à contaminação da água pelas atividades

agropecuárias.

O nitrito e o nitrato estão associados a dois efeitos adversos à saúde: a indução à

metemoglobinemia e a formação potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas

(ALABURDA e NISHIHARA, 1998).

14,60

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A Figura 52 demonstra os valores encontrados para N.Nitrato a partir das análises realizadas

em laboratório, destas, 55% estão fora do limite estabelecido pela Resolução Conama 357/05

para classe 1 e pela Portaria 518/04. Também em desconformidade com os limites adotados

pela a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa) e outras entidades ligadas

ao monitoramento e proteção ambiental em que a concentração de nitrato na água para

consumo humano não deve exceder 10 mg de N-NO3-/L, tanto para esta legislação quanto

para o Conama e a Portaria.

Nitrato19

14,2

5,96

16

13,5

0,04

9,6

4,14

16,6

13,5 13,7

19,5

13,8 14,2

6,4

4,16 3,61

14,5

8,28,55

5,2

14,2

0

4

8

12

16

20

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

mg/

L

Nitrato Limite Max. Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04

Figura 52: Gráfico da análise de N.Nitrato

É possível visualizar que a situação mais grave em relação ao nitrato é a fonte da Estica com

19,5 mg/L e da Bica com 19,0 mg/L, logo a fonte do Dique do Tororó com 16,6 mg/L e a

fonte das Pedreiras com 16,0 mg/L, estes pontos representam os dados mais críticos em

relação aos 12 que apresentaram valores superiores ao permitido pelo Conama 357/05 e pela

Portaria 518/04.

Estes valores muito acima do permitido é uma situação bastante preocupante, principalmente

se for considerado que são fontes utilizadas para consumo humano.

Na análise realiza por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002) referente a Nitrato,

das três fontes analisadas em 2002 duas apresentaram valores acima do limite, foi a fonte do

Gueto e a do Tororó.

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Considerando que as condições sanitárias das fontes são as piores possíveis, é de se esperar

valores de H-NO3 tão elevados.

- Ferro

De acordo com a Cetesb (2007), o ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz

diversos problemas para o abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água,

provocando manchas em roupas e utensílios sanitários. Também traz o problema do

desenvolvimento de depósitos em canalizações e de ferro-bactérias, provocando a

contaminação biológica da água na própria rede de distribuição. Por estes motivos, o ferro

constitui-se em padrão de potabilidade, tendo sido estabelecida a mesma concentração limite

de 0,3 mg/L pela Portaria 518/04 e pela Resolução Conama 357/05.

A Figura 53 mostra que a maioria dos valores encontrados está abaixo do limite para as duas

legislações citadas. 16 pontos tiveram valores tão baixos que não foi possível detectá-los pelo

método utilizado. Porém, dos cinco pontos analisados com presença deste metal, três estão em

desconformidade, chegando a até 3,64mg/L, valor excessivamente alto. As duas fontes que se

encontram nesta condição é a de Biologia com 3,64mg/L, do Chega Nego com 1,62 mg/L e

ainda da Graça com 0,53 mg/L, valor baixo, contudo bem acima do aceitável que é de 0,3

mg/L.

Ferro

1,62

0,10,25

3,64

0,01

0,53

00,5

11,5

22,5

33,5

4

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

oGue

to

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

Pontos de amostragem

mg/

L

Ferro Limite Max. Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04

Figura 53: Gráfico da análise de Ferro

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Segundo Nascimento (2002) em suas análises realizadas, a fonte de Biologia apresentou

1,7mg/L, sendo o maior valor encontrado na pesquisa para este parâmetro, se assemelhando,

assim, aos resultados encontrados neste trabalho. Ainda conforme Nascimento (2002) Os altos

teores de ferro não são tão preocupantes, pois em terrenos formados por solos ferralíticos

(latossolos), é comum e natural, a existência de elevados teores desse metal na água,

principalmente em regiões tropicais, como é o caso de Salvador.

- Coliformes Termotolerantes

A respeito do limite aceitável para coliformes termotolerantes e de acordo com a resolução

Conama 357/05 deverá ser obedecido os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na

Resolução Conama n° 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite

de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros. Com relação à potabilidade deverá ser

considerado a Portaria 518/04.

Os coliformes termotolerantes são bactérias que residem no intestino de animais de sangue

quente e são eliminadas pelas fezes do homem e de animais, em média 50 milhões por grama.

Esgoto doméstico bruto, geralmente contém mais de 3 milhões de coliformes por 100 ml. As

bactérias e vírus patogênicos causadores de doenças ao homem origina na mesma fonte, ou

seja, descargas fecais de pessoas contaminadas, logo, a água contaminada por poluição fecal é

identificada como sendo potencialmente perigosa pela presença de coliformes (HAMMER

apud MACÊDO, 2000).

Quanto à balneabilidade, os corpos d’água contaminados por esgotos domésticos podem

expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários, com isto as pessoas poder vir a

desenvolver doenças ou infecções após banho nestas águas.

Segundo a Resolução Conama 274/00 no Art. 2o as águas doces, salobras e salinas destinadas

à balneabilidade (recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias

própria e imprópria.

As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias:

a) Excelente, (no máximo, 250 coliformes termotolerantes ou 200 Escherichia coli ou 25

enterococos por l00 mililitros);

b) Muito Boa: (no máximo, 500 coliformes termotolerantes ou 400 Escherichia coli ou 50

enterococos por 100 mililitros);

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c) Satisfatória: (no máximo 1.000 coliformes termotolerantes ou 800 Escherichia coli ou

100 enterococos por 100 mililitros).

De acordo com a Portaria 518/04 a amostra deverá ter ausência total para 100/mL.

Conforme Figura 54 os pontos de amostragem retratam as condições atuais de qualidade da

água em relação aos coliformes termotolerantes para abastecimento e balneabilidade. Foi

utilizado para critério de avaliação o limite mais restritivo, que foi condição de potabilidade

onde estabelece ausência em 100/mL e para balneabilidade a condição excelente: quando

houver, no máximo, 250 coliformes termotolerantes.

No conjunto é verdadeiro afirmar que a maioria das fontes é considerada própria para banho.

Na condição de categoria excelente estão incluídas (17) dezessete, na categoria muito boa

está incluída uma e na satisfatória mais uma, três fontes não são aptas para balneabilidade

(Gueto, Perdões ou Santo Antonio e Unhão). Para consumo humano a situação é bastante

delicada, pois sua maioria está desaconselhável, observa-se que das 22 analisadas 18

acusaram presença de bactérias, e considerando que para potabilidade é exigido pela Portaria

que haja ausência de tais organismos vivos, é necessário considerar esta informação muito

relevante. Percebe-se, contudo, que a fonte do Buraquinho, Pedreiras, Conj. Bahia e Vista

Alegre de Baixo têm valor inferior a 01 UFC/100 mL.

Coliformes Termotolerantes

8 246

500

5 10

12030 3

280

485 40 49

930

0

200

400

600

800

1000

1200

Bica

Conj. B

ahia

Nova

Pedrei

ras Davi

Biolog

ia

Sta Lu

zia

Buraqu

inho

Chega

Neg

o

Gueto

Queim

ado

Estica

Sto A.C

abula

Pedras

Vista A

legre

P o nto s de amo stragem

UFC

/100

mL

Coliformes Termotolerantes Limite Min. Conama 274/00

Figura 54: Gráfico da análise de Coliformes Termotolerantes

14.500 7.400 1.400

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Observa-se também que 3 fontes apresentam valores exorbitantes, apontada como um vetor de

comprometimento para saúde pública local, para estas o valor está indicado na Figura 54. A

situação mais alarmante é a do Gueto com 14.500 UFC/100mL, a dos Perdões com 7.400

UFC/100mL e a da Unhão com 1.400 UFC/100mL.

Convêm frisar que as coletas de água da fonte do Unhão e dos Perdões já completaram mais

de um ano e é provável que este panorama já tenha mudado, possivelmente para pior.

Conforme os resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002),

(Tabela 3) em suas análises também a fonte do Gueto e de Biologia apresentaram valores

altíssimo com 20.000 UFC/100mL de coliformes totais cada uma delas e também Dique do

Tororó com 2.000,00 UFC/100mL.

Os nitratos e os coliformes termotolerantes são os parâmetros em desconformidade mais

comum nas fontes e é, sem dúvida, as que melhor expressam o estágio de abandono delas.

Em um segundo momento de campanha de campo e conforme metodologia descrita no

referido capítulo, nas análises realizadas no LAQUAM foi constatado os índices referentes

aos paramentos de compostos orgânicos voláteis e semivoláteis, uma ferramenta importante

para determinar a qualidade ambiental da água utilizada.

Os Compostos Orgânicos Voláteis (COV’s) são compostos provavelmente cancerígenos para

humanos, assim qualquer alteração encontrada em análises poderá retratar um grande perigo

para a saúde daqueles que a utilizam.

Alguns COV’s são prejudiciais ao meio ambiente direta e indiretamente. Dentre os problemas

causados diretamente, destacam-se os efeitos tóxicos, como irritação da mucosa e problemas

hematológicos, hepáticos, renais e neurológicos. Nos compostos analisados, destaca-se o

reconhecido potencial cancerígeno do benzeno em humanos (JUNQUEIRA e

ALBUQUERQUE, 2005).

Por meio da Tabela 5 é possível verificar os resultados encontrados para os COV’s e perceber

que não será necessário gerar gráficos e discutir os dados, pois das 368 análises (16 pontos de

amostragem x 23 parâmetros) realizadas, somente um teve valor significativo e preocupante.

Assim é verdadeiro afirmar que 99,99% das análises estão dentro da conformidade das

legislações pertinentes, a Resolução Conama 357/05 e a Portaria 518/04. Contudo é oportuno

ressaltar que Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002) concluíram que só se encontra

valores altos nas proximidades de postos de gasolinas, garagem de ônibus e caminhões,

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oficinas mecânicas, retífica de motores, etc, sempre à jusante dos pontos de contaminação

devido ao fluxo subterrâneo.

Nem todos os limites estão indicados nas legislações que são referências, o exemplo disto é o

Dissulfeto de Carbono, Tricloroetano, Bromodiclorometano, entre outros, exatamente os que

não tem indicação de limite na Tabela 5.

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Tabela 5: Resultados analíticos de COVs encontrados nas análises realizadas pelo LAQUAM.

ID UNID 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Limite Conama 357/05 0,003 0,02 - - - - - - 0,01 0,005 0,002 - - 2,0 - - - - 90,0 - 0,02 - -

Unidade do Limite mg/L mg/L

- - - - - - mg/L mg/L mg/L - - µg/L - - - - µg/L - mg/L - -

Graça 04 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Conj. Bahia 07 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Nova 11 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Pedreiras 13 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Pedras 16 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Davi 17 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Sta Luzia 19 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Chega Nego 24 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Gueto 28 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 5,0 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Queimado 33 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Perdões 37 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Estica 39 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Gravatá 42 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Preguiça/Pedreira 44 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

São Pedro 49 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

Unhão 51 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2

(1)-1,1 Dicloroeteno, (2)-Diclorometano, (3)-Dissulfeto de Carbono, (4)-1,2 Dicloroeteno (trans), (5)-1,1 Dicloroetano, (6)-1,2 Dicloroeteno (Cis), (7)-Clorofórmio, (8)-1,1,1 Tricloroetano, (9)-1,2 Dicloroetano, (10)- Benzeno, (11)-Tetracloreto, de Carbono, (12)-Tricloroetileno, (13)-Bromodiclorometano, (14)-Tolueno, (15)-1,1,2 –Tricloroetano, (16)-Dibromoclorometano, (17)-Tetracloroetileno, (18)-Monoclorobenzeno, (19)-Etilbenzeno, (20)- (m+p) – Xilenos, (21)-Estireno, (22)-O-Xileno, (23)-Bromofórmio.

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Os valores obtidos foram de tal maneira baixos que não foi possível detecção pelo método

utilizado, considerando os valores encontrados e o número de pontos que foram analisadas

(16 fontes) e as que deveriam ser analisadas (22 fontes) se percebeu que não haveria

necessidade de completar esta campanha de análise para COV’s, pois a possibilidade que as

06 restantes dessem valores tão baixos quantos os da Tabela 5 seria esperado, e em proporção

inversa estaria o custo financeiro que seria elevado, contudo um dado vale ser ressaltado nesta

discussão, o índice obtido para o único valor encontrado nestas análises, o clorofórmio

relativo à Fonte do Gueto, neste ponto de amostragem foi encontrado 5,0 µg/L, não há limites

estabelecidos pela legislação Conama 357/05 e nem pela Portaria 518/04, mas em posse desse

resultado é oportuno afirmar que este valor está muito elevado. Pois segundo o Guidelines for

Drinking-water Quality o valor máximo para clorofórmio é de 0,3 µg/L. Não se descarta a

possibilidade que tenha havido contaminação de amostragem ou no laboratório, o ideal seria a

repetição de análise.

Por fim, e conforme descrito na metodologia, a Tabela 6 apresenta os dados encontrados na

análise realizada pelo Laboratório do SENAI/SETIND.

Tabela 6: Teores de metais encontrados nas análises realizadas pelo SENAI/SETIND (arsênio, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio e níquel)

Arsênio Cádmio Chumbo Cromo Mercúrio

Níquel

Unidade das legislações mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L

Portaria MS 518/04 0,01 0,005 0,01 0,05 0,001 -

Conama 357/05 0,01 0,001 0,01 0,05 0,0002 0,025 USEPA, 1991 - 0,005 0,08 1,00 0,001 0,160

Limite de Detecção do Método (LDM) 2,0 µg/L 0,5 µg/L 3 µg/L 0,02 mg/L 0,2 µg/L 7 µg/L

Bica <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L 0,2 µg/L <7 µg/L Estica <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L 0,2 µg/L <7 µg/L Gueto <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L <0,2 µg/L <7 µg/L

Pedreiras <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L <0,2 µg/L <7 µg/L Vista Alegre de Baixo <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L <0,2 µg/L <7 µg/L

Os metais pesados apresentam efeitos acumulativos e provocam lesões cerebrais, pois a

definição mais difundida de metais pesados é justamente aquela relacionada com a saúde

pública, apresentando efeitos adversos à saúde humana. Os metais surgem nas águas naturais

devido, basicamente, aos lançamentos de efluentes industriais.

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Esta campanha foi relativa a seis parâmetros de metais pesados (arsênio, cádmio, chumbo,

cromo, mercúrio e níquel) para 5 pontos de amostragem selecionados. A Figura 55 representa

a coleta realizada em campo para estes parâmetros.

Figura 55: Coleta de água para o laboratório do SENAI/SETIND.

É possível observar na Tabela 6 que 94% dos valores encontrados foram baixo do LDM,

induzindo que, em relação a estes parâmetros, as fontes encontra-se em conformidade.

As quantidades encontradas de mercúrio na fonte da Estica e na fonte da Bica estão no limite

de tolerância e provavelmente só apareceram porque as amostradas não foram filtradas.

Contudo é importante estar atento a estes valores, pois a concentração se iguala ao limite

estabelecido pelo Conama (0,0002mg/L).

Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002) realizou análise para chumbo e mercúrio,

mas, das sete fontes apresentadas por eles somente há coincidência com este trabalho a fonte

do Gueto, e assim como nesta análise, este ponto de amostragem apresentou valores no limite

de aceitação.

Também conforme a situação anterior o número de fontes foi reduzido em função dos valores

obtidos terem sido baixos e principalmente pela limitação financeira que a pesquisa em

questão apresentou.

Para sintetizar as informações apresentadas e propiciar o entendimento particular e geral das

fontes foi elaborado o Quadro 7, nele está relacionado o resumo das principais características.

Estas informações foram originadas das entrevistas, das observações in loco e das análises

realizadas nos laboratórios. Com relação aos parâmetros o destaque foram aqueles que

apresentavam valores fora dos limites estabelecidos pelas legislações.

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Quadro 7: Resumo das principais características das fontes, informações oriundas do levantamento em campo e análises de água.

Parâmetros fora do limite das legislações ID

Nomencla- tura Localização UTM

Estru- tura

Física

Cond. Sani-

tárias**

Proteção Existente:

Tombamento Usos*

Conama 274/00

(Balnea- bilidade)

Conama 357/05

Port. 518/04 Ou- tros

04 Graça Graça 551460.95,8563305.67 Boa Adequada Não Lav. carro Satisfatória DQO e Fe Coli. Termot. 06 Bica São Caetano 557097.65,8570385.32 Ruim Inadequada Não Lav. roupa Excelente DQO, Nit., pH Coli. Termot. 07 Conj. Bahia IAPI 556181.11,8568236.50 Ruim Inadequada Não Beber Excelente DQO, Nit., pH - 11 Nova Fonte Nova 554116.93,8565359.46 Ruim Inadequada Não Diversos Excelente OD Coli. Termot. 13 Pedreiras Cidade Nova 555506.11,8567050.65 Não tem Inadequada Não Diversos Excelente DQO, Nit e pH - 16 Pedras Fonte Nova 553939.02,8565401.04 Boa Regular Dec.30.483/84 Diversos Excelente P Coli. Termot. 17 Davi Brotas 555612.26,8564046.05 Não tem Inadequada Não Diversos Excelente DQO e Nitrato Coli. Termot.

18 Biologia Ondina 553357.02,8562762.50 Não tem Inadequada Não Sem uso Muito boa Cor, DBO, P, Fe, DQO, Turb Coli. Termot.

19 Sta. Luzia Pilar 553362.33,8566368.49 Regular Adequada Não Lavar olhos Excelente DQO, OD e P Coli. Termot. 22 Buraquinho Monte Serrat 552827.07,8571276.91 Ruim Inadequada Não Diversos Excelente DQO, OD e pH - 24 Chega Nego Ondina 553810.53,8561651.09 Regular Inadequada Não beber Excelente DQO, Fe e OD Coli. Termot. Clorof 26 Diq. Tororó Dique 553415.54,8564608.85 Boa Adequada Dec.28.398/81 Sem uso Excelente DQO, Nit., pH Coli. Termot. 28 Gueto Brotas 556319.02,8563360.95 Regular Regular Não Diversos > q padrão DQO, Nit., pH Coli. Termot. 33 Queimado Queimado 554524.25,8567727.11 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Diversos Excelente DQO, Nit., P Coli. Termot. 37 Perdões Barbalho 554086.41,8566860.79 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Sem uso > q padrão DQO e Nitrato Coli. Termot.

39 Estica Liberdade 555113.64,8568839.32 Ruim Inadequada Não Diversos Excelente DQO, Nit., pH e OD Coli. Termot.

42 Gravatá Nazaré 553255.31,8565371.41 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 beber Muito boa Nitrato Coli. Termot. 44 Preguiça Contorno 552369.52,8565130.69 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Diversos Excelente Nitrato e OD Coli. Termot.

46 Sto Antonio nio Cabula

Av. Luis Eduar do Magalhães 557954.11,8567464.01 Não tem Regular Não beber Excelente DQO e pH Coli. Termot.

49 São Pedro Campo Grande 552275.38,8564168.00 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Sem uso Excelente OD Coli. Termot. 51 Unhão Contorno 552070.94,8564775.46 Regular Adequada Não Sem uso > q padrão OD e Nitrato Coli. Termot. 54 Vista Alegre V. A. de Baixo 558709.67,8579158.20 Ruim Inadequada Não beber Excelente DQO, OD e pH -

LEGENDA: * USOS: foi considerado “Diversos” quando a fonte é usada para vários usos, como: beber, banhos, lavagem de carros, roupas, entre outros ** COND. SANITÁRIAS: foi considerada “Inadequada” quando havia presença de lixo, limo, água empoçada, mato, etc.

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7 RECOMENDAÇÃO PARA MONITORAMENTO

Monitorar o meio ambiente é uma atividade importante para orientar ações de proteção

ambiental. A qualidade das águas das fontes de Salvador é uma das principais referências das

suas condições naturais.

Esta proposta de monitoramento, produto de investigação científica, é direcionada à

comunidade acadêmica interessada em pensar estratégias de preservação e, principalmente, a

gestores públicos, tanto da esfera estadual quanto municipal.

Ela vem sugerir que determinadas fontes em Salvador tenham uma constante avaliação e

acompanhamento, tendo em vista conhecimento da qualidade da água contínua e ao mesmo

tempo dispensar segurança aos habituais usuários das mesmas.

Foram considerados nesta proposta os parâmetros apontados como grupo de parâmetros

essenciais, em função das análises realizadas anteriormente, dos dados encontrados nesta

pesquisa e do conhecimento da realidade local percebido nas visitas “in loco”. A proposta de

parâmetros está disposta no Quadro 8, a seguir:

Quadro 8: Relação de parâmetros propostos a serem utilizados nas avaliações de água.

ANÁLISE PARÂMETRO SUGERIDO

LABORATÓRIO VALOR (R$)

Físico

• Cor, • pH, • DQO, • DBO, • OD, • Turbidez,

LABDEA 76,00

Bacteriológico Coliformes termotolerantes LABDEA 21,00

• Ferro Total • Fósforo Total • Cloreto, • N nitrato, • Manganês

LABDEA 72,00

Químicos • Cádmio Total, • Mercúrio Total, • Chumbo Total, • Arsênio Total, • Níquel Total, • Cromo Total.

SENAI/SETIND 184,00

TOTAL 353,00

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Sabendo-se que o custo referente às análises de água em geral são altas, se proporá aquele que

são relacionados diretamente a potabilidade. Foi, ainda, incluído o manganês, por ser um

parâmetro muito encontrado nas águas de Salvador. Assim, foi estabelecido que dos 40

parâmetros analisados neste trabalho 18 fossem indicados para continuarem sendo

monitorados, em função da realidade encontrada nas fontes. Sugere-se que este

monitoramento seja realizado bimestralmente, abrangendo, assim, períodos secos e úmidos.

Devido à larga distribuição territorial das fontes na cidade, se poderão ter dados da qualidade

da água de diversos pontos. Para a escolha destas fontes, que futuramente poderão ser

periodicamente monitoradas, três critérios foram estabelecidos para a seleção desta rede de

amostragem:

1. Que fossem mais utilizadas pela população, principalmente aquelas voltadas para

higiene pessoal, beber e cozinhar;

2. Que fossem mananciais com fluxo diretamente da rocha, evitando-se a coleta na bacia

de recolhimento, porque a probabilidade que haja contaminação em águas paradas é

maior;

3. Que fossem prioritariamente escolhidos aqueles pontos de amostragem que

trouxessem em suas análises valores considerados acima do limite de tolerância,

sugerindo, assim, que devessem ser monitorados com mais freqüência.

Assim o Quadro 9, relaciona as fontes escolhidas e os motivos pelo qual foram sugeridas.

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Quadro 9: Relação das fontes selecionadas para compor a rede de monitoramento

ID FONTE MOTIVO DA ESCOLHA

28 Fonte do Gueto

Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber e banhos; Índices superiores ao estabelecidos para classe1: Nitrito, DQO e pH Coliformes termotolerantes (muito elevado)

06 Fonte da Bica

Manancial jorra da rocha Índices superiores ao estabelecidos para classe1: DQO e pH N. Nitrato muito elevado Presença de mercúrio (mesmo que no limite)

07 Fonte do Conjunto

Bahia Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber

39 Fonte Estica Manancial jorra da rocha Presença de mercúrio (mesmo que no limite) Índices superiores ao estabelecidos para classe 1 com relação ao Nitrato

54 Fonte Vista Alegre Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber

22 Fonte do Buraquinho Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber e banhos

19 Fonte de Santa Luzia Manancial jorra da rocha Usada para banhar os olhos e beber

13 Fonte das Pedreiras Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber e banhos; N. Nitrato muito elevado

33 Fonte do Queimado Manancial jorra da rocha Muito usada para beber e banhos

46 Fonte Santo Antonio

do Cabula Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber

A Figura 56 representa a distribuição espacial das fontes que deverão compor esta rede de

monitoramento, enfatizando a necessidade da constante averiguação.

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Figura 56: Distribuição espacial das fontes com destaque nas indicadas para a rede de monitoramento.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao desenvolver este tema o foco principal foi contribuir para a melhoria da qualidade

ambiental do município, voltado à preservação dos recursos hídricos e das fontes históricas.

Relacionado à questão histórica, o estudo mostrou, que existe uma distância entre o valor das

fontes e o sentimento das pessoas em relação a sua importância. Observou-se ser um

problema de caráter político-social, pois o cidadão soteropolitano não foi despertado para esta

valorização, haja visto ser um problema enfrentado desde a época que estas eram utilizadas

como sistemas de abastecimento exclusivos e que também outros monumentos espalhados na

cidade enfrentam a mesma condições de menosprezo. Percebe-se que em outras localidades,

principalmente fora dos limites nacionais, existe um diferencial acentuado na questão da

representação histórica de monumentos como estes.

Dado o exposto, também foi observado em visitas “in locum” e confirmadas em conversas

com a população, que as fontes agregam problemas de natureza diversas, como falta de

manutenção, de reformas, de disciplina no uso e de conscientização por parte da comunidade,

aliado a isto a comprovação que são ambientes relacionados à pobreza, sujeira e exclusão

social. Estes aspectos são resultantes, em sua maioria, da ausência de compromisso e do

descaso político, como foi analisado no corpo do trabalho a maior parte das ações

governamentais é apenas paliativos, como pintura próxima às festividades cívicas, limpeza

decorrente de alguma campanha, etc... Nada que configure uma manutenção contínua e eficaz.

Devido à convivência com este ambiente durante as pesquisas de campo, o que notoriamente

se pode afirmar, é que mesmo estando abandonadas ou mal cuidadas, os usuários afirmam, em

decorrência do seu aspecto límpido, que suas águas são puras e confiáveis, entende-se que o

grau de confiabilidade que eles têm, independente da responsabilidade governamental, está na

idéia que as fontes são minerais, e é justamente este conceito que vem propiciando seu uso,

ainda que marginalizado.

Levando em conta o que foi verificado sobre as análises de qualidade de água é oportuno

ressaltar que estamos diante de um problema de natureza social e de saúde pública, pois

observando o que está estipulado pelas resoluções Conama n° 357/05, n° 274/00 e a Portaria

n° 518/04, legislações brasileira vigentes, em sua grande maioria as fontes estão em

desconformidade para alguns usos realizados pela comunidade. Ressalta-se que alguns

parâmetros se destacam gerando preocupação, como o nitrato e os coliformes termotolerantes,

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onde seus elevados teores foram percebido em várias fontes da cidade. Vale relembrar que o

nitrato está associado a dois efeitos adversos à saúde: a indução à metemoglobinemia e a

formação potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas. Portanto, o aumento deste

teor implica na necessidade de um alerta em relação a exposição em que os usuários se

encontram.

Neste contexto de qualidade da água merecem destaque duas fontes, a de Biologia e a do

Gueto, pois apresentaram mais parâmetros fora da conformidade com a legislação referência.

Este alerta é mais apropriada para a do Gueto, pois ela é comumente usada pelas pessoas para

diversos fins, inclusive beber e tomar banhos. Enquanto que a de Biologia não há qualquer

tipo de uso, e se mostra totalmente abandonada.

Assim, das 22 fontes analisadas, pode-se concluir que, 2 (duas) estão em perfeita condições de

potabilidade, a saber: fonte do Buraquinho, na Pedra Furada, e Vista Alegre de Baixo, no

Subúrbio, e que 17 (dezessete) estão em padrão excelente de balneabilidade, visto que 9

(nove) fontes apresentam um valor igual ou menor que 10 UFC/100mL para coliformes

termotolerantes.

A proposta da rede de monitoramento, resultado deste estudo é indicada como uma adequada

ferramenta para controle e conservação da qualidade da água e mesmo recuperação dos

monumentos, pois eles estarão sempre em foco a partir deste acompanhamento sugerido.

Com base nas conclusões acima estabelecidas podem-se tecer as seguintes recomendações:

- é necessário que seja incluído um programa de manutenção de limpeza, considerando a

necessidade particular de cada uma, estabelecido de maneira periódica, cabendo ao poder

público tal ação e que não seja delegado aos usuários que não têm recursos e instrumentos

adequados;

- é importante que seja desenvolvido estudos relacionados à arquitetura dos monumentos,

tendo como objetivo central a reforma de alguns deles e proposta de monumento para outras

fontes, principalmente as descoberta recentemente. Se houvesse um estudo visando os

aspectos arquitetônicos seria de grande valia e se juntaria a este trabalho e aos demais já

desenvolvido com vistas à preservação.

- é salutar que seja afixado uma placa com os dados obtidos de qualidade de água, tendo o

cuidado de usar terminologias claras ao entendimento dos usuários das fontes, indicando que

tipo de uso é possível a partir da análise realizada. Para aqueles que levam a água para suas

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casas outras informações devem ser adicionadas, como, por exemplo, o esclarecimento da

necessidade de desinfecção para consumo.

- é importante revitalizar o uso social, tornando-as ambiente de lazer, área de contemplação,

diversão de crianças e, sobretudo um local diferenciado frente às texturas de concreto e asfalto

de uma grande metrópole;

E por fim acreditar que a proposta de monitoramento, quanto à qualidade de água, seja de fato

efetivada ou aproveitada de alguma forma pelo poder competente, pois o investimento

sugerido é considerado um valor ínfimo em relação ao seu retorno social–ambiental, histórico

e turístico.

Considerando que provavelmente não haverá uma intervenção em curto prazo, recomenda-se,

ainda, que a população usuária e do seu entorno seja orientada por meio de programas de

educação relacionados ao manejo, projetos sociais e cartilhas, abordando sobre a situação das

fontes, seus aspectos gerais e também sobre os usos mais adequados.

Ao finalizar este documento acredita-se que o propósito inicial tenha sido alcançado e espera-

se que seja uma contribuição real para superação da situação analisada, pois socializando os

dados apresentados se poderão embasar ações e maximizar benefícios. Sabe-se, contudo, que

preservar não é apenas guardar conservar, e sim, também, utilizar contínua e adequadamente,

assegurando a sua funcionalidade futura.

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APÊNDICE

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APENDICE A - Questionário aplicado em campo

Fonte: ___________________________Coordenada geográfica:_____________________

Data:______/____/____

Nome da fonte: _____________________________________________________________

Registro de existência da fonte: ________________________________________________

__________________________________________________________________________

Década de implantação: ______________________________________________________

Restauração?_______________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Usuários: Tipo:__________________________________

Quantidade: ____________________________

Tem vazão?_________ Como se comporta durante o ano?___________________________

__________________________________________________________________________

Usos: _____________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Há quanto tempo utiliza a fonte? _______________________________________________

__________________________________________________________________________

E com que freqüência? _______________________________________________________

__________________________________________________________________________

Em geral, para que uso ela é destinada por parte da comunidade? ______________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Você percebe período com escassez de água? _____________________________________

__________________________________________________________________________

Existe manutenção por parte do órgão competente? _________________________________

Existe participação dos usuários na manutenção? ___________________________________

A comunidade de entorno a utiliza? ______________________________________________

___________________________________________________________________________

OBSERVAÇÃO_____________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

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ANEXOS

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ANEXO A - Lei n° 3.660, de 08 de junho de 1978.

Dispõe sobre o tombamento, pelo Estado, de bens de valor cultural. D.0., 09.06.1978.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1° - O tombamento dos bens móveis e imóveis pertencentes às pessoas naturais, ou às pessoas

jurídicas, no Estado da Bahia, se regerá pelas disposições da presente lei. Art. 2° - O Estado promoverá o tombamento dos documentos, das obras, dos monumentos e dos locais

de valor histórico ou artístico, dos sítios e paisagens naturais notáveis, bem como das jazidas arqueol6gicas, que não estejam tombados pela União.

Art. 3° - O tombamento de bens pertencentes ao Estado, aos Municípios e suas autarquias, far-se-á de

ofício e o das demais pessoas naturais, voluntária ou compulsoriamente, segundo as modalidades, os critérios e os prazos estabelecidos em Regulamento.

Parágrafo único - O proprietário do bem tombado terá o prazo de 30 (trinta) dias, a partir do recebimento

da notificação, para manifestar sua anuência ao tombamento ou impugná-lo. Art. 4° - O tombamento estadual acarretará aos bens tombados os mesmos efeitos, inclusive quanto às

sanções e à alienação onerosa previstos pela legislação federal de tombamento por parte da União e será averbado, gratuitamente, no Cartório do Registro de Imóveis ou no Cartório de Títulos e Documentos.

Art. 5° - O Estado agirá, para a execução desta lei, na forma e por Intermédio dos órgãos e entidades

indicados em regulamento. Art. 6° - Não se poderá na vizinhança da coisa tombada, sem prévia autorização do 6rgi'o ou entidade

competente do Estado, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandado demolir a obra ou retirado o objeto, além da imposição de multa de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da obra ou do objeto.

Art. 7° - Haverá no Estado livros para tombamento de bens móveis e de bens imóveis de sua

propriedade, dos Municípios e de pessoas jurídicas de direito público e para tombamento de bens móveis e de bens imóveis de propriedade de pessoas de direito privado e de pessoas naturais.

Art. 8° - O cancelamento do tombamento far-se-á mediante decreto nos casos e segundo os critérios

estabelecidos em Regulamento. Art. 9° - O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 60 dias contados após sua

publicação. Art. 10° - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 08 de junho de 1978.

ROBERTO FIGUEIRA SANTOS – Edvaldo Pereira de Brito.

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ANEXO B - Guia técnico de coleta de amostras de água

Item Determinação Tipo de Frasco

Preservação daAmostra

Prazo de Análise

Lavagem do Frasco

Obs.

4 Cloreto 1 3 2 --- --- 6 Cor 1 1 3 --- --- 7 D.B.O 1 1 3 --- 2 8 D.Q.O 1 4 2 --- ---

11 Ferro Total 1 2 1 1 1 13 Fósforo Total 2 1 2 2 3 18 Nitrato 1 5 3 --- 3 23 O. D 3 6 4 --- 4 24 PH 1 --- --- --- --- 32 Turbidez 1 7 3 --- ---

Fonte: cedido pelo LABDEA-UFBA LEGENDA:

I) Tipo de Frasco: 1 2 3

Vidro, polietileno, polipropileno;

Vidro

Vidro neutro, boca estreita, tampa esmerilhada, cap. Aproximadamente 300ml com selo d´água

II) Preservação da Amostra

1. Refrigerar a 4º C 2. Adicionar HNO3 conc. até pH < 2, usar pipeta e papel indicador de pH 3. Não é necessária; 4. Adicionar a amostra H2SO4 conc. até < pH usar pipeta e papel indicador de pH; 5. Adicionar H2SO4 conc. até pH < 2, usar pipeta , usar papel indicador de pH, refrigerar a 4º C; 6. Adicionar à amostra 2 ml de sulfato manganoso e 2 ml de iodeto alcalino azida, tendo o cuidado de imergir a ponta

da pipeta no líquido do frasco. Fechar bem o frasco sem deixar bolhas de ar no interior e agitar e deixar o precipitado decantar até aproximadamente a metade do volume e agitar novamente;

7. Evitar luz.

III) Prazo para Análise 1 2 3 4

6 meses 7 dias 24 horas 4 a 8 horas

IV) Lavagem do Frasco 1. Lavar com HNO3 1:1, depois com água destilada ou deionizada; 2. Lavar com HCl diluído e quente. Não lavar com detergente.

V) Observações

1) A pipeta empregada para adição do ácido também deve ser lavada com ácido nítrico 1:1 e lavada posteriormente com água destilada ou deionizada; O ácido empregado na preservação da amostra deve ser fornecido pelo laboratório de análises. Na impossibilidade de se obter o ácido da entidade analisadora, fornecer à mesma 50 ml do ácido empregado na preservação; 2) Para D.B. O de vários dias, o volume necessário é de 5 litros; 3) O cloreto de mercúrio pode ser usado como uma alternativa de preservação na concentração de 40 mg/l, especialmente se o prazo requerido é desencorajado sempre que possível. 4) O frasco deve ser cheio até transbordar Coletar a amostra sempre com o auxílio de equipamento adequado garrafa de O. D., fazendo-o imergir cerca de 20 cm abaixo da superfície do líquido a ser amostrado e permitir que se escape todo o ar do conjunto, antes de retirar a amostra; No caso de não se dispor de equipamento, usar apenas o frasco, tendo o cuidado de derramar vária vezes o seu próprio volume antes de retirar a amostra; Coletar a amostra em profundidade com garrafas de Kemmerer ou similar. A porção da amostra para a determinação de O. D é a primeira a ser retirada da garrafa de Kemmerer e é imediatamente transferida para o frasco de D.B. O, sem turbulência ou agitação. A transferência é feita empregando tubo de látex que se adapta ao local apropriado da garrafa de Kemmerer. Deixar o frasco transbordar várias vezes o seu próprio volume antes de fechá-lo.

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ANEXO C - Tabela 1: Parâmetro físico-químicos em águas de Fontes da Cidade de Salvador (AZEVEDO, 1992)

FONTE Temp.

°C pH Dureza

Condutiv µSi.cm-1

Cloro NO2

µg at/1

Arquivo Público 26.2 6.3 3 351 A 0.13

Fonte dos Padres 27.0 5.8 6 381 + 0.10

Dique 26.4 5.4 5 424 + 0.21

Dique I 28.0 6.9 2 156 + 0.21

Estica 27.1 5.3 7 564 + 0.12

Fonte Nova 28.3 5.9 6 240 + 0.12

Galpão 26.2 6.1 8 598 A 0.26

Gravatá 26.2 6.3 9 571 + 0.52

Gouveia 27.1 5.2 4 213 + 0.12

Lobato 28.3 6.8 7 488 +++ 1.16

Marina 29.6 6.8 10 610 A 0.32

Milagres 26.8 7.1 15 859 + 0.17

Muganga 30.1 7.2 6 389 +++ 0.19

N. Sra. Da Graça 27.1 6.0 5 410 A 0.48

Praia da Onda 25.1 5.9 7 906 + 0.10

Pedreiras 27.5 6.0 6 319 ++ 0.11

Pedreira de Brotas 26.5 5.3 3 200 + 0.12

Pereira I 26.8 6.8 17 903 +++ 0.0

Pereira II 27.4 6.7 18 781 ++ 0.09

Queimado 26.8 6.0 7 492 A 0.64

Santa Luzia 26.8 8.1 14 812 + 1.18

São Pedro 27.1 5.8 7 484 + 0.56

Três Bicas 26.8 6.5 8 614 A 0.24

Unhão 27.6 6.2 6 284 + 0.10

Zoológico 26.2 5.6 2 233 A 0.17

A= Ausência.

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ANEXO D - Tabela 2: Resultados analíticos das águas das fontes naturais (Lima, 2005).

Parâmetro Unidade Sto. A. Cabula

Conj. Bahia

Queima- do Pedreira Gueto D.Tororó I.Biologia VMP

Ph - 4,8 4,6 5,7 5,3 5,6 5,4 5,8 6,5–8,5

Temp. °C 27,7 27,5 27,6 -

STD ms/cm 279,0 425,0 496,0 542,0 338,0 370,0 340,0 1.250,0

OD mg/L 140,0 266,0 248,0 270,0 151,0 166,0 136,0 1.000,0

Cor mh <5,0 <5,0 5,0 <5,0 <5,0 <5,0 12,5 15,0

Turbidez mg/L 1,1 0,2 1,3 0,2 0,2 0,30 9,3 5,0

Dureza mg/L 54,0 73,0 145,0 115,0 - 93,0 103,0 500,0

Ca mg/L 36,0 48,0 112,0 88,0 8,1 43,0 29,3 200,0

Mg mg/L 4,4 6,1 8,0 6,6 12,9 12,2 17,9 50,0

Na mg/L 23,0 38,0 32,0 39,0 36,9 33,0 23,1 200,0

K mg/L 3,4 3,9 9,5 11,0 4,2 6,2 2,8 10,0

HCO3 mg/L 7,0 3,5 40,5 17,0 12,4 11,5 69,9 500,0

SO4 mg/L 2,7 14,4 47,0 48,0 26,6 23,0 19,9 250,0

Cl mg/L 50,0 64,0 55,0 54,0 57,7 60,4 49,1 250,0

NH3 mg/L - - - - 0,12 0,10 0,19 1,5

NO2 mg/L <0,0010 <0,010 <0,010 <0,010 <0,008 <0,005 0,054 1,0

NO3 mg/L 15,0 15,0 1,3 10,0

PO4 mg/L <0,003 <0,003 <0,003 0,006 <0,003 <0,003 <0,003 <0,025

Fe mg/L 0,04 0,04 0,09 0,35 0,024 0,04 1,7 0,30

Pb mg/L 0,005 0,005 0,005 0,02 <0,001 <0,001 <0,001 0,01

Hg mg/L 0,0008 0,0011 0,0005 0,0005 <0,002 <0,001 <0,002 0,001

Mn mg/L 0,2 0,014 0,086 0,01

Col.fecais Col/100ml - - 720,0 - 4.000,0 2,0 56,0 -

Col. totais Col/100ml - - 800,0 - 20.000,0 2.000,0 20.000,0 -

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ANEXO E - Tabela 3: Fontes de Água natural da Cidade de Salvador (Lima, 2005).

ANÁLISESFÍSICO-QUÍMICOS – 01/02/2003 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICOS – 04/01/2003 FONTE LOCALIZAÇÃO TIPO

pH T °C C Sal STD OD pH T °C C Sal STD OD

Unidade km - - °C (µs) mg/L mg/L mg/L - °C (µs) mg/L mg/L mg/L Zoológico 553808,8561630 Contato 5,7 26,1 247 0 116,09 6 Ondina 553808,8561630 Fratura 6,21 26,3 898 0,2 422,1 5,4 6,4 26,3 993 0,3 466,71 4,35 I. Biologia 553292,8562729 Contato Sto. A. do Cabula 554033,8566830 Contato 4,97 27,8 255 0 119,85 4,4 5 28,7 255 0 119,85 4 Conj. Bahia 556180,8568190 Fratura 4,7 27,5 419 0 196,9 3,8 4,9 28,1 410 0 192,7 3 Queimado 554466,856760X Contato Sto. A. Barbalho 554033,8566830 Contato 6,5 28,3 596 0 280,12 1,5 Sta. Luzi do Pilar 553522,8566586 Fratura 7,8 27,4 879 0,2 413,13 18 Contorno 552430,8565290 Fratura 6,1 28,3 582 0 273,5 5,1 6,3 27,7 525 0 246,7 4,3 N. Senhora da Graça 551653,8563112 Vale 6 28,3 485 0 227,95 1,8 São Pedro 552224,8564134 Contato 5,9 27,9 420 0 197,4 2,7 D. do Tororó 553396,8564603 Vale Nova I 554080,8565310 Contato 6,9 28,3 568 0 267 5,6 Nova II 553885,8565358 Contato 5,8 27,3 478 0 224,66 2,5 Davi 556480,8564072 Contato 5,7 26,9 460 0 216,2 3,5 Gueto 556170,8563370 Vale 5,7 27,5 391 0 183,77 1,4 5,3 29 386 0 181,42 1,5 Pedreira 555496,8567078 Contato 5,4 27,1 485 0 228 2,15 5,4 27,5 493 0 231,71 2,45

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