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Indústrias Culturais e CriativasThink Tank Fazendo1

1E-mail: [email protected] | Blog: http://thinktankfazendo.blogspot.com | Endereço: Rua Rogério Gonçal-ves no 18, 9900-146 Horta, Açores

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Conteúdo1 Introdução 2

2 Nota Histórica 2

3 Factos 3

4 Jardinagem da Criatividade: a visão do Fazendo 7

5 Propostas Concretas ao Livro Verde 95.1 Criação de Meios Adequados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

5.1.1 Novos espaços para experimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95.1.2 Parcerias entre escolas de arte e empresas . . . . . . . . . . . . . . . . . 95.1.3 Tutoria por pares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105.1.4 Acesso ao financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

5.2 Desenvolvimento Local e Regional como base para o Sucesso Mundial . . . . . . 115.2.1 Dimensão local e regional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115.2.2 A mobilidade e a circulação das obras de arte e criativas . . . . . . . . . 115.2.3 Trocas entre as ICC da EU e os países terceiros . . . . . . . . . . . . . . 12

5.3 Para uma economia criativa: os efeitos positivos das ICC’s . . . . . . . . . . . . . 125.3.1 O impacto dos efeitos das ICC nas indústrias e na sociedade . . . . . . . 125.3.2 Os intermediários entre as ICC e as empresas/escolas . . . . . . . . . . . 12

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1 IntroduçãoLivro Verde é o nome dado a um documento elaborado pela Comissão Europeia com o intuito depromover a discussão e o debate sobre um determinado tópico, incentivando qualquer indivíduo eorganização a contribuir e participar. Do Livro Verde resultará eventualmente a elaboração de umLivro Branco – um documento oficial de conclusões onde figura a matriz ideológica de onde deverápartir o incremento de leis e programas adequados ao desenvolvimento comunitário.

Com o objectivo de desenvolver o potencial das Indústrias Culturais e Criativas (ICC) surgiu umLivro Verde, publicado em Abril de 2010, que pretende encontrar as melhores medidas e estratégiascom vista à realização prática desse potencial económico. As várias questões levantadas preten-dem, por exemplo, averiguar quais são as melhores formas das ICC obterem financiamento ou comopoderão estas servir de intermediárias entre as comunidades artísticas e criativas e a sociedade.

No âmbito do Livro Verde para as Indústrias Culturais Criativas realizou-se no dia 15 de Ju-nho de 2010 , no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, aconsulta pública “Potenciar as Indústrias Criativas” organizada pela Direcção Regional da Cultura,onde a Associação Cultural Fazendo, representada por Pedro Lucas, apresentou diferentes pro-postas concretas aos vários desafios levantados. Este documento, que acompanha um curto video(dísponível online) da apresentação feita no dia 15 de Junho de 2010, pretende explanar de formamais exaustiva as várias ideias expostas assim como as principais conclusões de um breve estudolevado a cabo pela Associação Cultural Fazendo sobre a Criatividade e as ICC à luz de algumasdas mais relevantes visões actuais sobre o tema, nomeadamente as teorias de Richard Florida, RoyVan Dalm ou Charles Leadbeater.

Apesar da opção por uma abordagem mais genérica a este premente tema, as várias ideias apresen-tadas contém, no nosso entender, algumas bases e fundamentos conceptuais que poderão servir deponto de partida para o desenvolvimento de políticas económicas e culturais aplicadas ao contextoregional e local açoriano.

2 Nota HistóricaA criatividade é um atributo transversal a todos os homens e não se trata propriamente de umfenómeno surgido nos últimos vinte anos. O ímpeto criativo esteve presente em todas as revoluções

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sociais e económicas operadas ao longo da história da humanidade, desde a sua génese, quer estasse operassem sobre recursos naturais, meios de transporte, fontes de energia ou novos paradigmasculturais e ideológicos. A grande diferença que caracteriza as transformações sócio-económicas aque assistimos actualmente reside no facto da criatividade não se manifestar somente no impulsoque gera a mudança, como também se assumir como a própria matéria prima sobre a qual essasmudanças se operam.

No fim do século XIX a economia do mundo ocidental estava estabelecida como uma economiaagrícola, não só o sector agrícola produzia o maior retorno monetário como também providenciavao maior número de empregos. Com o desenvolvimento dos meios tecnológicos a Revolução Indus-trial deu origem a uma mudança gradual de uma economia agrícola a uma economia industrial,de procura de mão de obra capaz de lavrar a terra à procura de mão de obra capaz de operaruma máquina, economia esta que se encontrava efectivamente estabelecida após a segunda GuerraMundial. Contudo, nos últimos vinte anos temos assistido a uma nova mudança, agora de umaeconomia industrial a uma economia criativa. Enquanto que no sector agrícola ou industrial ocapital tomava a forma física de três sacos de batatas ou dez latas de atum, no sector criativo (queinclui as áreas de investigação, inovação, ciência, artes, cultura, etc...) o capital é maioritariamenteintangível: o produto toma a forma de uma ideia.

Como lidar com estes novos dados, e como optimizar e seguir rumo a uma realização plenado seu potencial, é uma das grandes questões do Livro Verde.

3 Factos(1) Um ambiente estimulante leva à formação de redes neuronais mais complexas e mais estáveis(Susan Greenfield et al [1]).

Os avanços recentes na área da neurociência, em particular devido à descoberta da ressonânciamagnética, permitiram conduzir uma série de experiências que têm vindo lentamente a desmistificarconceitos como a consciência, a mente e a criatividade que outrora julgavam-se impossíveis deserem estudados recorrendo ao método científico.

Hoje em dia sabe-se que a mente é uma construção única de cada indivíduo que depende datotalidade da sua experiência pessoal. Um ambiente estimulante faz com que as células cerebrais

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cresçam e criem mais ligações com outras células dando origem a diversos circuitos associativosque tomam o nome de redes neuronais.

A criatividade é a capacidade humana que permite criar novas ligações entre diferentes redes,que ainda não tinham sido estabelecidas, ou seja, por outras palavras, permite ver uma determi-nada coisa de uma forma diferente.

(2) Não são as pessoas que vão atrás dos empregos, são as empresas que vão atrás do capi-tal humano.

Até há pouco menos de 20 anos atrás a estratégia para o crescimento económico de uma ci-dade ou comunidade ensinada numa qualquer universidade baseava-se na construção de postosde trabalho, no desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia e na criação de parcerias entreas empresas e as universidades. De facto, pensava-se que assim que estas condições estivessempresentes dever-se-ia observar um aumento de população devido à atractividade ecnonómica dacidade ou comunidade. No entanto estas condições, apesar de necessárias, revelaram-se não seremsuficientes.

Richard Florida, professor em estudos urbanos, relata-nos o caso da empresa Lycos 2 que aoinvés de tentar atrair mão de obra de outras zonas do país para Pittsburg, decidiu sediar-se emBoston onde a facilidade de aquisição de mão de obra talentosa e criativa era maior apesar doscustos de manutenção empresarial serem superiores. Note-se que é em Boston onde se encontramduas das melhores universidades a nível mundial: Harvard e MIT.

Um estudo conduzido por Richard Florida et al [2] confirmou que a escolha da cidade ondeum indivíduo, independentemente do género, raça, religião ou ideologia, quer viver tem maioritaria-mente em consideração a qualidade do estilo de vida (jardins públicos, espaços abertos, espaços derecreio, museus, exposições, concertos...) e a abertura da cidade à diversidade (religiosa, ideológica,de raça, de sexualidade...). Isto é, a escolha da cidade precede a procura de emprego. Por estarazão as empresas tendem a deslocar-se para as cidades onde se encontra a mão de obra criativae inovadora.

(3) Existe uma correlação entre a desenvoltura cultural e o desenvolvimento económico.2Lycos foi uma das primeiras empresas a criar um motor de busca na internet.

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Durante o século XX e em particular durante a segunda Guerra Mundial, a América recebeuemigrantes de todas as partes do mundo, nomes como Albert Einstein, Enrico Fermi e Niels Bohr,responsáveis pela fundação da ciência contemporânea, Nikola Tesla, Andrew Carnegie e AndrewGrove que desenvolveram em grande parte o sector industrial americano e muitos outros emigrantesindianos e chineses que contribuíram para o estabelecimento de Silicon Valley. A política quetornou este crescimento económico possível foi uma política de abertura a outras culturas, raças ereligiões.

"One cannot build an economy if the city cannot allow for its people to express themselves."

Richard Florida emPalestra dada em Carnegie Mellon University [3]

Acontece que uma cidade que não se rege por uma política deste género não é capaz de provi-denciar aos seus habitantes um elevado grau de satisfação pessoal, pois todo e qualquer indivíduosente a necessidade de se expressar. Esta abertura não só permite a satisfação destas necessidadescomo também contribui para o crescimento de uma vida cultural activa.

Através de outro estudo conduzido por Richard Florida et al [4] concluiu-se que as cidades comuma economia em ascensão são culturalmente ricas, por outras palavras, estas cidade têm umaelevada concentração de membros da classe criativa (ou um elevado bohemian index).

(4) A confiança e o sentido comunitário, caso presentes nas empresas, conduzem à elaboraçãode soluções criativas.

Um estudo levado a cabo pelo sociólogo Manuel Castells et al [5] a equipas de sucesso deinovação como as da Nokia, Google ou iPhone concluiu que aquilo que estas têm em comum foi oque denominaram de cultura criativa.

Esta cultura criativa é caracterizada por ser uma cultura baseada em confiança, espírito co-munitário e criatividade. A confiança entre os vários membros de uma equipa leva a uma maiortroca de ideias e de informação enquanto que o sentido comunitário, a inter-ajuda e a partilhade objectivos comuns permitem uma combinação de esforços mais eficiente e enriquecedor. Destaforma a criatividade pode florescer e ser canalizada para a resolução de problemas.

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(5) A mão de obra criativa mostra um comportamento económico irracional.

Dan Pink, numa das suas palestras sobre ciência comportamental [6], relata-nos um estudo levadoa cabo pelo MIT que concluiu que se escolhermos um qualquer indivíduo e oferecermos uma renu-meração monetária extra em troca de maior produção, ou melhor qualidade de trabalho, em médiaobservaremos o seguinte: se o trabalho for mecânico a renumeração leva a melhores resultados,se o trabalho envolver um mínimo de capacidade criativa a renumeração leva a piores resultados.Este estudo revelou-se chocante pois contrariou aquilo que até então era considerado um princípioeconómico inabalável: quanto mais dinheiro se oferecer maior será o estímulo e logo maior será aprodução.

De certa forma, todas as pessoas exibem um comportamento irracional do ponto de vista eco-nómico quando por exemplo tocam guitarra ao fim de semana - é uma acção que não lhes dádinheiro nem estatuto profissional. Outro exemplo de um comportamento irracional é aquele pra-ticado pela comunidade da wikipedia. A wikipedia é uma enciclopédia online em que os seusutilizadores são os próprios criadores, ou seja, o seu funcionamento é garantido porque há umelevado número de pessoas com empregos e carreiras profissionais variadas não relacionadas coma wikipedia a trabalhar sem qualquer retorno monetário para a manutenção desta plataforma.

A classe criativa é movida por autonomia, possibilidade de aperfeiçoamento das suas capacidades epor uma noção de objectivo – um propósito. A título de exemplo note-se a estratégia implementadapela empresa de software australiana Atlassian: uma vez por semana dá a oportunidade aos seusempregados de desenvolverem as ideias que quiserem. Deste ’um dia’ de autonomia total surgiramdiversas ideias para novos produtos.

(6) A reinvenção do método escolar com base na abordagem a problemas reais e a envolvên-cia das comunidades no sistema de ensino levam a um ambiente capaz de providenciar aos alunosum maior desenvolvimento das suas capacidades criativas [7].

O sistema educacional estabelecido e praticado nos países desenvolvidos tem as suas origensno sistema alemão bismarckiano do século XIX, em que as competências que visam ser transmiti-das aos estudantes primam a aquisição de conhecimento e um currículo. No entanto este sistemaexige um exagerado número de professores (uma grande dificuldade de encontrar por exemplo nos

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países subdesenvolvidos) e não é capaz de satisfazer as necessidades imediatas da população poiso tempo de formação é em média de 10 anos para além de não providenciar formas de ensinocativantes para os alunos - é um sistema que funciona por ’empurrão’.

Charles Leadbeater, consultor económico e educacional, após ter estudado métodos revolucio-nários de ensino desenvolvidos nas favelas do Brasil e nos guetos da Indía, Venezuela e do Kénia,concluiu que ambientes informais e criativos ou que usem a tecnologia como ferramenta levam auma rápida aprendizagem e acima de tudo conseguem cativar os alunos a participarem. O projectodesenvolvido pela escola El Sistema na Venezuela, um projecto de educação musical baseado emvoluntariado, é um exemplo bem sucedido da aplicação destes métodos. O seu sucesso deve-senão só ao facto do ensino ser feito entre pares e envolver a comunidade mas também ao facto daprópria actividade - o de tocar música - ser capaz de despertar o interesse nos alunos - é umsistema que "puxa".

4 Jardinagem da Criatividade: a visão do FazendoFazendo uso de uma metáfora de Roy Van Dalm [5], consultor de desenvolvimento urbano holan-dês, a melhor forma de estimular a criatividade é observada na jardinagem. Explicamos: assimcomo o jardineiro não consegue fazer a sua planta crescer exclusivamente a partir da semente (amanipulação dos factores envolventes como o solo, luz, humidade, parasitas, etc, desempenhará umpapel fundamental no desenvolvimento dessa planta), também os vários agentes responsáveis porestimular a criatividade numa determinada sociedade não o poderão fazer senão pela criação decondições favoráveis ao seu florescimento.

Assim, os factos apresentados no ponto anterior (3) devem ser tomados como pilares para o de-senvolvimento de ferramentas, estruturas e estratégias necessárias para que surja um ambientepropício à criatividade num determinado sítio. Não será desapropriado notar que terão de sersimultaneamente criados canais que permitam o escoamento dessa criatividade.

De forma mais concreta essas linhas de acção deverão ir no sentido da fomentação de um cadavez maior espírito comunitário e de cooperação em rede. O mundo digital já provou o enormepotencial das plataformas em rede e são cada vez mais os casos de sucesso na extrapolação dessasexperiências para um contexto físico e do uso integrado de ferramentas digitais num ambientede interacção humana, quer seja no desenvolvimento, comunicação ou venda de produtos, ou na

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elaboração e implementação dos mais variados tipos de acções sociais ou culturais.

“. . . According to Florida, the driving force in the knowledge economy is the “creative class” (. . . )It is where the members of this class chose to settle that decides where regional growth is takingplace. . . ”

Hans Westlund & Federica Calidoni-Lundberg emThe creative class and social capital: civil society,

regional development and High-Tech Industry in Japan

As cidades devem-se assumir como clusters do sector criativo, elaborando estratégias adequadasà sua dimensão que sejam atractivos ao capital criativo3 e permitam a sua fixação. A criação deuma boa rede de transportes, facilidade de habitação no centro, acesso a redes wi-fi, possibilidadede optar por um estilo de vida “verde”, proximidade de pólos universitários e de formação, o acessoà cultura, a existência de “cena artística” vibrante e de espaços de encontro entre a comunidadeartística e criativa e a sociedade são alguns dos factores fundamentais a ter em conta na criaçãode uma estratégia de desenvolvimento urbano. Outro factor fundamental e por demais referenci-ado a merecer uma atenção especial, nomeadamente no contexto Açoriano, é a de necessidade decriação de uma identidade própria – cultural, arquitectónica, social - capaz de se distinguir pelasua autenticidade.

A educação é outro pilar fundamental sobre o qual se deverão elaborar estratégias que visemnão só a fomentação do espírito criativo mas que permitam um desenvolvimento social orientadopara a coesão, para a tolerância e para a adquirição de saberes práticos. Neste sentido deveser valorizado o combate ao neo-analfabetismo, isto é, a dotação dos educandos de ferramentas ecompetências que lhes permitam lidar da melhor forma com a sociedade de informação.

3Capital Criativo – Richard Florida distingue “Capital Humano” (número de pessoas com formação superior) de“Capital Criativo” (número de pessoas com talento comprovado no sector criativo).

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5 Propostas Concretas ao Livro Verde

5.1 Criação de Meios Adequados5.1.1 Novos espaços para experimentação

Como criar mais espaços e melhor apoio para a experimentação, a inovação e o espírito empresarialnas ICC? Mais particularmente, como melhorar o acesso aos serviços TIC em/para as actividadesculturais e criativas e como melhorar a utilização dos seus conteúdos culturais? Como podem asTIC tornar-se forças motrizes para novos modelos de actividade em algumas ICC?

Para além da optimização da utilização das ferramentas digitais na promoção e distribuição dosprodutos desenvolvidos nas ICC’s:

- Criar maior interacção entre profissionais criativos e profissionais ligados a economia/gestão/marketing.Uma possibilidade seria a criação de uma plataforma digital de profissionais de ambos os sectoresque permita facilmente o contacto. Esta plataforma poderia ter incluido um serviço de registo depatentes que salvaguardasse os produtores.

- A nível municipal, como forma de promover a cidade e simultaneamente a experimentação dasindustrias criativas podem-se disponiblizar espaços desocupados para o desenvolvimento de pro-jectos.

5.1.2 Parcerias entre escolas de arte e empresas

Como promover parcerias entre as escolas de arte e design e as empresas, como forma de promovera incubação, a criação de novas empresas e o espírito empresarial, bem como o desenvolvimentode cibercompetências?

Para além de estágios profissionais/incubadoras/facilidade de crédito às ICC’s:

- Criar programas universitários que juntem alunos dos pólos de arte e de investigação comalunos de economia/marketing/gestão visando o desenvolvimento de projectos virtuais. Devem-setambém criar concursos que possibilitem a efectiva realização prática desses projectos.

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- À semelhança do que se faz com a investigação científica, devem-se criar formas de comer-cializar as ideias desenvolvidas nos pólos artísticos a nível universitário e criar pólos que permitamo desenvolvimentos dessas mesmas ideias.

5.1.3 Tutoria por pares

Como pode a «tutoria por pares» nas ICC ser incentivada a nível da União Europeia?

Para além dos actuais programas de estágio como a inovarte para profissionais criativos no es-trangeiro:

- Criação de eventos a nível nacional/regional/europeu - poderão ser colóquios, conferências oufeiras - que juntem ICC’s e estimulem a troca de know-how. As feiras deverão também incluirpotenciais financiadores.

5.1.4 Acesso ao financiamento

Como estimular o investimento privado e melhorar o acesso das ICC ao financiamento? Existevalor acrescentado para que os instrumentos financeiros a nível da UE apoiem e complementem osesforços feitos aos níveis nacional e regional? Em caso afirmativo, como? Como melhorar o acessoao investimento das empresas das ICC? Que medidas específicas podem ser tomadas e a que nível(regional, nacional, europeu)?

- Criação de um site europeu que congregue regulamentos e programas de financiamento à culturae às ICC’s e que tenha uma base de dados de mecenas culturais (tanto a nível nacional comoeuropeu). Poderá ter um registo padrão para as ICC’s que permita a candidatura directa a essesprogramas e ao financiamento por parte dos mecenas.

- Criação de micro-crédito a médio e longo prazo com taxa de juros mínimas (apenas tendoem consideração a taxa de inflação).

- Criação de uma comissão nacional em cada país portadora do conhecimento sobre as necessi-dades nacionais e regionais e que seja responsável pela repartição dos recursos financeiros pelasdiferentes ICC’s.

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- Criar mecanismos que tornem possível a utilização de patentes como garantia bancária.

5.2 Desenvolvimento Local e Regional como base para o Sucesso Mundial5.2.1 Dimensão local e regional

Como reforçar a integração das ICC no desenvolvimento estratégico regional/local? Que ferramen-tas e que parcerias são necessárias para uma abordagem integrada?

- Adjudicação de competências por parte do poder local a instituições civis através da criaçãode protocolos (um exemplo faialense: o Festival de Teatro foi entregue ao Teatro de Giz, etc...).

- A aposta por parte do poder local nas ICC’s leva à promoção da inovação na própria regiãotornando-a mais apelativa para turistas e para profissionais qualificados. A construção de uma ci-dade inovadora, criativa e activa não só leva ao aumento da atractividade como também ao aumentodas condições que retraem a mobilização dos habitantes para o exterior da região. É uma situaçãoque leva a vantagens para ambas as partes: tanto para a região como para as ICC’s. Não háexemplo de nenhuma cidade que não tenha tido um forte desenvolvimento cultural em simultâneocom um forte desenvolvimento da sua estabilidade e crescimento económicos.

5.2.2 A mobilidade e a circulação das obras de arte e criativas

Quais os novos instrumentos que devem ser mobilizados para promover a diversidade culturalatravés da mobilidade das obras culturais e criativas, dos artistas e dos profissionais da cultura,dentro e fora da União Europeia? Em que medida podem a mobilidade virtual e o acesso em linhacontribuir para esses objectivos?

- Criação de redes europeias de divulgação artística à semelhança da rede de Cinema Euro-peu.

- Criação de comunidades online nas diversas áreas (e porque não globais?).

- O acesso online e a mobilidade virtual contribuem para divulgação e promoção (mas são apenasum instrumento).

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5.2.3 Trocas entre as ICC da EU e os países terceiros

Que instrumentos devem ser previstos ou reforçados a nível da UE para promover a cooperação, ointercâmbio e as trocas comerciais entre as ICC da UE e os países terceiros?

- Reforçar o papel das embaixadas e consulados a nível da promoção local da cultura europeia.

5.3 Para uma economia criativa: os efeitos positivos das ICC’s5.3.1 O impacto dos efeitos das ICC nas indústrias e na sociedade

Como acelerar os efeitos positivos das ICC nas outras indústrias e na sociedade em geral? Comose podem desenvolver e pôr em prática mecanismos eficazes para essa divulgação de conhecimentos?

- Sensibilizar a classe política sobre o potencial das ICC’s. Criar conferências e acções deformação para a classe política (câmara, vereador da cultura...).

- Promover a integração cultural e interculturalidade. Promover a tolerância.

- Encontrar métodos de envolver a sociedade nos projectos das ICC’s (transformar os utiliza-dores em criadores - exemplos: open source (linux), wikis, Fazendo, etc...).

- Criação de wikis físicos (exemplo Faialsense: abrir Semana do Mar a vários grupos civis autoreguladores, etc...).

- Instituições escolares devem criar janelas para a comunidade como forma de simultaneamentepromover a cultura e fornecer um estímulo prático aos estudantes.

5.3.2 Os intermediários entre as ICC e as empresas/escolas

Como apoiar uma melhor utilização dos actuais intermediários e o desenvolvimento de uma vastagama de intermediários que actuem como interface entre as comunidades artísticas e criativas e asICC, por um lado, e as instituições de ensino/empresas e órgãos da administração pública, por outro?

- Promover as estruturas culturais/governamentais/privadas especializadas na interacção entre osvários membros. (Associações culturais, museus, bibliotecas, empresas de consultoria criativa...)

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Referências[1] Susan Greenfield, "The Private Life of the Brain”, Penguin Press Science, 2000.

[2] Richard Florida, "The Rise of the Creative Class”, Basic Books, 2002.

[3] Richard Florida, Palestra dada na Carnegie Mellon University

[4] Richard Florida, "Who’s your City?”, Basic Books, 2008.

[5] Estudo ainda não publicado, os resultados podem ser consultados na palestra de Roy VanDalm, Triple A Cities

[6] Dan Pink, Palestra sobre ciência comportamental

[7] Charles Leadbeater, "Learning from the Extremes", 2010. Website