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 Faculdade de Odontologia de Araraquara Universidade Estadual Paulista UNESP ESTUDO I N V IVO DA FORMAÇÃO DE BARREIRA DE TECIDO DURO APÓS PULPOTOMIA COM DIFERENTES MATERIAIS EMPREGANDO VARIADOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Eduardo Galia Reston Araraquara - 2004 Tese de Doutorado Área de Concentração DENTÍSTICA

Estudo in Vivo Da Formação de Barreira de Tecido Duro- Mestrado

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ESTUDO IN VIVO DA FORMAÇÃO DE BARREIRA DE TECIDO DURO- MESTRADO

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  • Faculdade de Odontologia de Araraquara

    Universidade Estadual Paulista UNESP

    ESTUDO IN VIVO DA FORMAO DE

    BARREIRA DE TECIDO DURO APS

    PULPOTOMIA COM DIFERENTES

    MATERIAIS EMPREGANDO VARIADOS

    MTODOS DE AVALIAO

    Eduardo Galia Reston

    Araraquara - 2004

    Tese de Doutorado rea de Concentrao DENTSTICA

  • 2

    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JLIO DE MESQUITA FILHO

    FACULDADE DE ODONTOLOGIA

    Campus de Araraquara

    EDUARDO GALIA RESTON

    ESTUDO IN VIVO DA FORMAO DE BARREIRA DE TECIDO DURO APS PULPOTOMIA COM DIFERENTES MATERIAIS EMPREGANDO VARIADOS MTODOS DE

    AVALIAO

    Tese apresentada Faculdade de Odontologia de

    Araraquara, da Universidade Estadual Paulista Jlio

    de Mesquita Filho, para obteno do ttulo de Doutor

    em Dentstica.

    Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto de Souza Costa

    Araraquara - S. P.

    2004

  • Reston, Eduardo Galia

    Estudo in vivo da formao de barreira de tecido duro aps pulpotomia com diferentes materiais empregando variados mtodos de avaliao / Eduardo Galia Reston. Araraquara : [s.n.], 2004.

    182 f. ; 30 cm. Tese (Doutorado) Universidade Estadual Paulista,

    Faculdade de Odontologia.

    Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto de Souza Costa

    1. Pulpotomia 2. Hidrxido de clcio 3. Capeamento da polpa dentria 4. Microscopia eletrnica de varredura 5. Agregado

    de trixido mineral I. Ttulo

    Ficha catalogrfica elaborada pela Bibliotecria Marley Cristina Chiusoli Montagnoli CRB 8/5646

    Servio de Biblioteca e Documentao da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP

  • 3

    Eduardo Galia Reston

    ESTUDO IN VIVO DA FORMAO DE BARREIRA DE

    TECIDO DURO APS PULPOTOMIA COM

    DIFERENTES MATERIAIS EMPREGANDO

    VARIADOS MTODOS DE AVALIAO

    Comisso Julgadora

    Tese para Obteno do Grau de Doutor

    Presidente e Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto de Souza Costa

    2. Examinador: Prof. Dr. Osmir Batista de Oliveira Jnior

    3. Examinador: Prof. Dr. Maria Salete Machado Cndido

    4. Examinador: Prof. Dr. Alcebades Nunes Barbosa

    5. Examinador: Prof. Dr. Adair Luiz Stefanello Busato

    Araraquara, 1o de Dezembro de 2004.

  • 4

    DADOS CURRICULARES

    Eduardo Galia Reston

    Nascimento 24 de Setembro de 1966, Alegrete -RS

    Filiao Danilo Juri Reston

    Maria Galia Reston

    1984/1987 Curso de Graduao em Odontologia pela

    Faculdade de Odontologia da Universidade Federal

    Rio Grande do Sul UFRGS.

    1989/1991 Curso de Especializao em Dentstica Operatria

    pela Universidade de Indiana, Indianapolis, Estados

    Unidos da Amrica.

    1989/1991 Curso de Mestrado em Dentstica Operatria pela

    Universidade de Indiana, Indianapolis, Estados

    Unidos da Amrica.

    1992 Professor Adjunto de Dentstica do Curso de

    Odontologia da Universidade Luterana do Brasil

    ULBRA, Canoas RS.

    2003/2004 Curso de Ps-Graduao em Odontologia, nvel de

    Doutorado, rea de Dentstica na Faculdade de

    Odontologia de Araraquara UNESP.

  • 5

    DEDICATRIA

    Aos meus pais, Danilo e Maria, por me darem a vida, por viverem comigo

    todos meus momentos alegres e angustiantes, por vezes distantes dos

    olhos, mas sempre juntos em sentimentos. Suas vidas so meus

    exemplos de dignidade, idoneidade, amor e verdadeiro relacionamento. O

    caminho trilhado at aqui no teria sido possvel sem ter assimilado os

    seus ensinamentos e suas virtudes, e jamais teria alcanado este e outros

    objetivos sem o seu insistente estmulo e motivao.

    minha esposa Luciane, por me aceitar incondicionalmente, por trazer

    alento nos momentos de insegurana, por ser luz na escurido, me dando

    suporte quando as minhas idias no surgiam e sendo companheira

    desde o incio desta jornada. Lu, apesar de tudo isto, tu no te

    contentaste. Trouxeste vida o Arthur, pequeno tesouro ainda, mas de

    incomensurvel valor, fruto de um relacionamento algumas vezes difcil,

    mas sempre maduro, honesto, transparente e prazeroso.

    Meu pequeno Arthur, a ti dedico linhas que s irs entender daqui h

    anos, mas temos tempo para isto. Tu s o smbolo do amor dos teus pais,

    e a ti s posso desejar um futuro digno, construdo com personalidade,

    carter, luta e dignidade.

  • 6

    AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

    Ao Prof. Dr. Carlos Alberto de Souza Costa, por ter me aceito como

    orientado seu e me transformado em seu amigo. BETO, a tua trajetria

    construda sobre pilares slidos de dedicao acadmica e cientfica,

    somados a um conhecimento inquestionvel. Estas palavras adquirem um

    verdadeiro sentido quando te vejo como pessoa; humilde, simples, sincero

    e COMPANHEIRO. Como se no bastasse minha gratido por todas as

    palavras e ensinamentos, tenho por ti uma profunda admirao e pessoal.

    Prof. Dra. Maria Antonieta Lopes de Souza, pelo incentivo e orientao

    nos momentos iniciais e incertos, desde a minha graduao at este

    doutorado. Pelo carinho e pacincia sempre demonstrados, e por me

    fazer entender que este estudo ofereceria crescimento, qualificao e

    diferenciao na minha formao acadmica, mesmo que o caminho

    fosse rduo.

  • 7

    Ao Prof. Dr. Adair Luiz Stefanello Busato, pelo empenho em possibilitar

    que eu chegasse at aqui, por estimular o desejo cientfico, por ensinar a

    pensar de forma acadmica, por aceitar nossas diferenas sem

    julgamentos, e por me colocar diante de verdadeiros educadores que

    foram sublimes ao provocar longos perodos de reflexo em minha mente.

    Aos amigos e colegas de doutorado e docncia, Ricardo Prates Macedo e

    Pedro Antonio Hernandez Gonzalez, por terem feito este momento

    chegar, sendo amigos ao perseverarem na luta, crticos construtivos de

    nossos trabalhos, e parceiros em todos os momentos que vivemos

    durante este curso.

  • 8

    AGRADECIMENTOS

    Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara da Universidade

    Estadual Paulista - UNESP, nas pessoas da Profa. Dra. Rosemary

    Adriana Chierici Marcantonio (Diretora) e do Prof. Dr. Jos Cludio

    Martins Segalla (Vice-diretor).

    Aos docentes do Departamento de Dentstica da Faculdade de

    Odontologia de Araraquara UNESP, Prof. Dr. Jos Roberto Cury Saad

    (Coordenador do Programa de Ps-Graduao em Dentstica

    Restauradora), Prof. Dr. Marcelo Ferrarezi de Andrade, Prof. Dr. Osmir

    Batista de Oliveira Junior, Prof. Dr. Sillas Luiz Lordello Duarte Junior,

    Profa. Dra. Maria Salete Machado Candido e Prof. Dr. Welingtom Dinelli,

    pela oportunidade do convvio e a confiana depositada na minha pessoa.

    Aos funcionrios do Departamento de Dentstica da FOAr/UNESP, por

    estarem sempre prontos a ajudar e esclarecer dvidas, sendo sempre

    educados e cordiais.

  • 9

    Aos colegas do curso de doutorado em Dentstica, pelos momentos de

    companheirismo e pela construo de novas amizades.

    Aos colegas de doutorado Saturnino Calabrez Filho, Roberto Elias

    Campos e Ricardo Faria pela parceria e amizade, pelas conversas

    profcuas e agradveis que sempre tivemos e pelo crescimento cientfico.

    Ao Departamento de Patologia da Faculdade de Odontologia de

    Araraquara UNESP, ao me acolher e permitir a possibilidade de

    realizao deste trabalho em seus laboratrios.

    Ao tcnico do departamento de Patologia, Jos Antnio Sampaio Zuanon,

    pelas grandes idias e apoio na leitura das amostras.

    Aos funcionrios da Comisso dos Cursos de Ps-Graduao da

    Faculdade de Odontologia de Araraquara UNESP, Mara, Vera,

    Rosngela e Slvia, pelo profissionalismo sempre envolvido em

    disponibilidade, presteza e carinho.

  • 10

    Aos funcionrios da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de

    Araraquara UNESP, na pessoa de Maria Helena Matsumoto K. Leves,

    por toda ajuda e ateno que sempre colocaram disposio.

    Ao Laboratrio de Endodontia da Universidade Federal de Santa

    Catarina, nas pessoas dos Professores Wilson Felippe e Mara Felippe, e

    toda a equipe de trabalho, pela inestimvel contribuio durante as etapas

    clnicas deste trabalho.

    Universidade Luterana do Brasil, na pessoa do seu Magnfico Reitor

    Ruben Eugen Becker, por me acolher ao longo destes anos, por

    incentivar o meu crescimento cientfico, e por permitir o livre-pensar, mola-

    mestra do desenvolvimento acadmico.

    A todos os integrantes do Laboratrio de Microscopia Eletrnica da

    ULBRA, em especial professor Coiro e funcionrios Carlos e Leandro, por

    sua inestimvel ajuda em todos os momentos, dedicao incansvel na

    busca por melhores resultados, e pela descontrao quando tudo parecia

    no sair como esperado.

  • 11

    Aos professores Csar Victora, Luiz Facchini e Cleoni Fernandes pelos

    magnficos ensinamentos nos momentos iniciais deste doutoramento, os

    quais so empregados no exerccio dirio da docncia e da cincia.

    A todos os colegas da Dentstica da ULBRA, sem exceo, com os quais

    espero desenvolver inmeros projetos docentes, pelos quais tenho

    profundo respeito e que tiveram pacincia com as minhas dificuldades

    durante todas estes anos.

    Aos colegas Alcebades Barbosa, Alcione Luiz Scur, Fernando Bizzi e

    Victor Wolwacz, por toda a colaborao junto ao Curso de Especializao,

    pela forma franca e sincera com que sempre nos relacionamos, e pelas

    provas de amizade ao longo de tantos anos.

    Ao Prof. Dr. Fernando Barletta, por possibilitar a execuo da parte

    clnica-experimental, no medindo esforos para que eu contasse com o

    apoio e a infra-estrutura necessria.

  • 12

    Aos Profs. Drs. Rui Vicente Opperman, Cassiano Rsing e Jos Antnio

    Poli de Figueiredo, pela amizade crtica, incentivo criterioso, e pelo padro

    de excelncia cientfica que serve como guia para meu crescimento

    cientfico.

    Ao colega e aluno do mestrado em Dentstica da ULBRA Guilherme

    Arossi, e acadmica de Odontologia Cristiane Rocha, por seu carinho e

    inestimvel contribuio na concluso deste trabalho.

    s funcionrias do Curso de Odontologia da ULBRA, em especial a Rose,

    Carla e Mal, por todas as pequenas, mas importantes conversas que

    tivemos e temos ao longo de todos estes anos. Extensivo a todo o corpo

    de funcionrios.

    Aos alunos de graduao do Curso de Odontologia da ULBRA, que por

    mais de uma dcada vm me ensinando lies de vida, talvez em maior

    volume do que eu lhes ensino Odontologia.

  • 13

    Aos meus alunos de ps-graduao da ULBRA, que compreenderam a

    minha ausncia em alguns momentos, sempre me apoiaram durante esta

    jornada e entenderam a importncia deste caminho para meu

    desempenho docente.

    Aos alunos de graduao da FOAr / UNESP, que possibilitaram um

    convvio construtivo, onde as diferenas enriqueceram e as semelhanas

    aproximaram as pessoas.

    Prof. Dra. Dalva Padilha e CD Ana Corso pelo apoio na preparao

    das peas, disponibilizando seu tempo e a infra-estrutura para o corte das

    peas, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    s minhas colegas de trabalho, Milene Machado Fraga e Vanessa

    Monteiro de Espndola, por seus esforos em manter o ritmo de trabalho,

    mesmo nas condies de adversidade que minha ausncia causou, e

    pelas provas de amizade sempre demonstrada.

  • 14

    A todos os meus amigos, pela compreenso da minha ausncia, pela

    tolerncia dos meus estresses, e ainda assim continuam sendo meus

    amigos.

    Aos meus pacientes, pela compreenso quando estive ausente, pelas

    palavras de estmulo e motivao, por acreditarem que tudo o que fao

    acreditando no juramento de Hipcrates.

    A todos aqueles que porventura no tenham sido mencionados

    nominalmente, saibam que cada um ao seu modo teve a sua importncia

    para que eu atingisse esta meta, e que o esquecimento no significa

    desprezo, mas fadiga da minha mente.

    s pessoas queridas da minha vida, que j passaram para a outra

    dimenso, saibam que sinto suas ausncias, contudo no fico triste

    sabendo que um dia iremos nos encontrar. A saudade nos mantm

    ligados em alma e esprito. A saudade um sentimento maravilhoso que

    s existe quando os relacionamentos foram francos e construtivos e que

    permite entender a transitoriedade da vida.

  • 15

    Ao Prof. Jorge Perdigo, pelas inmeras manifestaes de apoio e

    ensinamentos transmitidos ao longo destes anos.

    Ao Prof. Mohamoud Torabinejad, da Universidade de Loma Linda EUA

    e Tulsa / Dentsply pela ateno dedicada minha pessoa, e provimento

    do MTA e do PROROOT MTA empregados neste trabalho.

    Finalmente, aos animais utilizados nesta pesquisa, deixo meu profundo

    agradecimento, pois sem vocs eu no teria conseguido. Tenho a

    convico de que, em nenhum momento, lhes faltei com o respeito, com o

    carinho e com a tica, necessrios entre ns, seres vivos.

  • 16

    SUMRIO

    1 Introduo 18 2 Reviso da literatura 23 2.1 Hidrxido de Clcio 24 2.2 Agregado de Trixido Mineral (MTA e PROROOT) 48 3 Proposio 75 4 Material e Mtodo 77 4.1 Amostragem e Procedimento Operatrio 78 4.2 Mtodos de Anlise dos Dados Obtidos 89 4.3 Anlise Estatstica 92 5 Resultado 93

    5.1 Hidrxido de Clcio 94 5.2 Agregado de Trixido Mineral (MTA) 95 5.3 PROROOT MTA 96 5.4 Mtodos de Avaliao 102 5.4.1 Avaliao por Mtodo 102 5.4.2 Avaliao por Material 105

    5.4.2.1 Hidrxido de Clcio 105 5.4.2.2 Agregado de Trixido

    Mineral (MTA) 106 5.4.2.3 PROROOT MTA 106

    5.5 Anlise Estatstica 109 5.5.1 Anlise Estatstica dos Dados da Morfologia 109 5.5.2 Anlise Estatstica dos Dados da Localizao 111 5.5.3 Anlise Estatstica dos Mtodos de Avaliao 112

    5.5.3.1 Por Mtodo 112 5.5.3.2 Por Material 114

  • 17

    6 Discusso 120

    6.1 Metodologia 121 6.2 Agentes Capeadores e Resultados 137 6.3 Mtodos de Avaliao 147

    7 Concluso 150 8 Referncias bibliogrficas 153 9 Anexos 172 10 Resumo 176 11 Abstract 179 12 Autorizao para Reproduo 182

  • 19

    1- INTRODUO

    A preveno e o controle das doenas so as pilastras principais

    da Odontologia contempornea, o que nos faz compreender que mesmo

    diante do desequilbrio no processo sade-doena, no possvel

    desconsiderar o termo Preveno. O professor Arden Christensen, do

    Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitria da Universidade

    de Indiana, j mencionava que a preveno abrangente, e podemos

    pensar que diante de uma leso extensa de crie, podemos prevenir uma

    exposio pulpar. Levando adiante o raciocnio, frente a uma exposio

    pulpar, podemos prevenir o tratamento endodntico, atravs de uma

    pulpotomia.

    Muito se tem discutido sobre a diminuio da necessidade

    intervencionista, haja vista que em diversos pases o ndice de cries vem

    sendo reduzido drasticamente ao longo dos anos. Entretanto, mesmo

    diante desta reduo, inmeros dentes ainda so perdidos por falta de

    tratamento adequado, seja por tcnica ou por impossibilidade financeira94.

    A manuteno da vitalidade pulpar um fator importante na

    longevidade da pea dentria, uma vez que a remoo do tecido pulpar

    pode ocasionar reduo significante na hidratao interna da dentina,

    resultando na limitao de sua flexibilidade. Este fato, associado ao

    desgaste da estrutura dentria durante a instrumentao dos condutos

    podem, em conjunto, aumentar dramaticamente o risco de fratura. A

  • 20

    compreenso do termo complexo dentino-pulpar decisiva para a

    preservao da vitalidade, pois indica que os procedimentos operatrios

    realizados no esmalte/dentina tm repercusso sobre a dinmica do

    tecido conjuntivo pulpar.

    Diante da exposio da polpa, quando da remoo da camada de

    dentina que a envolvia, seja por crie ou acidentalmente, estamos frente a

    um tecido conjuntivo especializado, o qual deve receber um tratamento

    adequado e cuidadoso, cujos objetivos principais so manter a viabilidade

    da matriz extracelular e assegurar a vitalidade das clulas pulpares.

    Vrias tcnicas de tratamento de polpas expostas, bem como diferentes

    materiais capeadores esto sendo avaliados h muitas dcadas. A

    literatura cientfica apresenta diversos estudos envolvendo a manuteno

    da viabilidade pulpar atravs de capeamentos e pulpotomias,

    empregando-se cimento de hidrxido de clcio, cimento de xido de

    zinco, eugenol, condicionamento cido e sistemas adesivos, e mais

    recentemente, o agregado de trixido mineral (MTA) 1,13,14,15,16,17,18, 20, 23,24,

    25, 31,32,33,41,44,48,69,81,86,91,108,111,114,115.

    Destes materiais, o hidrxido de clcio e o agregado de trixido

    mineral apresentam similaridade no mecanismo de ao sobre o tecido

    pulpar 20,24,25,86,115. O hidrxido de clcio e suas propriedades indutoras na

    formao de barreiras de tecido calcificado foram descritos pela primeira

    vez em 1920, por Hermann35. Este pesquisador apresentou comunidade

    cientfica um produto base de hidrxido de clcio, chamado de Calxyl,

  • 21

    o qual apresentava efeitos estimuladores para reparao de polpas

    expostas. Diversos estudos 23,29,42,83,84,95,96,107,114 seguiram o trabalho de

    Hermann35, a maioria deles comprovando os efeitos benficos do

    hidrxido de clcio, tal como seus efeitos bactericida e bacteriosttico

    resultantes do elevado pH do material. Teuscher & Zander (1938)96 e

    Zander (1939)114 mostraram em seus estudos que o hidrxido de clcio

    apresentava a propriedade de estimular o rgo pulpar a formar um tecido

    duro de reparao em resposta agresso sofrida. Os autores

    demonstraram que a vitalidade pulpar poderia ser mantida em dentes com

    rizognese incompleta, permitindo a continuidade do processo de

    formao natural das razes.

    A inexistncia de processo inflamatrio pulpar um fator

    importante para a ao do hidrxido de clcio no tratamento conservador

    da polpa (SOARES, 1996)86. Schrder (1985) 81 e Tronstad & Mjr

    (1972)107 mostraram que o hidrxido de clcio no tem capacidade de

    produzir efeito reparador na polpa quando esta se encontra em estado

    inflamatrio. Durante mais de meio sculo este material permaneceu

    soberano como a principal opo para aplicao como agentes

    capeadores pulpares em pulpotomias

    Em 1993, dois trabalhos de pesquisas realizados por Lee 57 e

    Torabinejad 97 chamaram a ateno da comunidade cientfica para a

    utilizao de um - at ento novo material - chamado Agregado de

    Trixido Mineral (Mineral Trioxide Aggregate - MTA). Desenvolvido em

  • 22

    Loma Linda School of Dentistry pelo professor Mahmoud Torabinejad, o

    MTA foi inicialmente empregado com o objetivo de selar perfuraes

    radiculares, sendo os resultados in vivo estimuladores quanto s

    propriedades seladoras e reparadoras do material. Semelhante ao

    hidrxido de clcio, o agregado de trixido mineral tambm apresenta um

    pH elevado, o que sugere que esta seja uma das principais caractersticas

    que um novo produto ou agente capeador deva apresentar para induzir,

    estimular ou permitir a reparao do tecido pulpar exposto.

    A reviso de literatura que segue tem o objetivo de detalhar os

    principais trabalhos j publicados sobre os materiais hidrxido de clcio e

    agregado de trixido mineral, e as tcnicas de capeamento pulpar e

    pulpotomia empregadas nas diferentes pesquisas in vitro e in vivo, com

    especial ateno para aquelas realizadas em dentes de seres vivos.

    Desde que a reparao pulpar completa caracterizada pela

    formao de barreira de tecido duro, associada manuteno das

    caractersticas histolgicas de normalidade do tecido pulpar

    remanescente, a proposta da presente pesquisa foi obter dados

    cientficos com relao ao processo de formao de barreira de tecido

    duro em polpas de dentes de ces submetidos tcnica da pulpotomia.

  • 24

    2 Reviso da Literatura

    Esta reviso de literatura foi preparada de maneira que os assuntos

    envolvidos na pesquisa fossem divididos e descritos em ordem

    cronolgica crescente, buscando oferecer uma leitura mais agradvel e

    uma melhor compreenso dos fatos. Desta forma, esta reviso encontra-

    se dividida em item 2.1 para o hidrxido de clcio e 2.2 para o agregado

    de trixido mineral (MTA) e sua formulao comercial (PROROOT

    MTA).

    2.1 Hidrxido de Clcio

    A remoo da polpa vital remonta o ano de 1851, em um trabalho

    de CODMAN, citado por ZANDER 114, o qual tambm citou outros autores

    pioneiros na tcnica, como Cutler, Sangster e Hopewell-Smith ainda no

    sculo XIX. Com o passar dos anos vrias tcnicas foram projetadas na

    literatura cientfica. O conceito de tratamento conservador da polpa tem

    no ano de 1920 um referencial histrico. Neste ano, Hermann35 introduz o

    hidrxido de clcio comunidade clnico-cientfica. Inicialmente na forma

    de uma pasta chamada de Calxyl , o composto consistia de hidrxido de

    clcio, cloreto e carbonato de sdio, cloreto de clcio, entre outros

  • 25

    materiais. O material demonstrou compatibilidade com o tecido pulpar,

    promovendo a reparao da rea exposta atravs da estimulao de

    formao de um tecido endurecido, denominado como ponte de dentina.

    Quase vinte anos mais tarde, em 1939, Zander114 baseando-se no

    fato de que o componente inorgnico da dentina o fosfato triclcio

    hidratado e que o sangue contm altas concentraes de clcio e fosfato,

    sugere que qualquer aumento nas concentraes destes produtos ir

    resultar em uma precipitao de sais de clcio. Em seu estudo clnico

    relata um sucesso de 71% em casos de pulpotomias, ao longo de dois

    anos de avaliao, tendo por base o resultado dos exames radiogrficos.

    Cento e cinqenta dentes foram avaliados, sendo Calxyl empregado em

    60 casos e hidrxido de clcio em 90 casos. Os dentes tratados no estudo

    apresentavam rizogneses incompletas ou eram dentes decduos em

    processo de reabsoro radicular. Alm da avaliao clnica e

    radiogrfica, ZANDER114 realizou uma anlise histolgica em alguns

    dentes, constatando a presena de um tecido mineralizado, com

    caractersticas amorfas. Naquele momento, o autor sugeriu que o

    processo de formao de dentina reparadora acontecia em dentes com

    polpas saudveis e aqueles que apresentavam reaes inflamatrias,

    sendo diferentes apenas na forma de reparao.

    Seltzer & Bender (1958)84 afirmaram que diversos estudos

    mostraram que a polpa em humanos e animais tem a capacidade de

    autocicatrizao. Em seu estudo avaliaram a influncia de frmacos,

  • 26

    alcalinidade, tempo e formao do cogulo na reparao pulpar. Trs

    ces e cinqenta e dois dentes foram utilizados e os animais foram

    sacrificados em intervalos de uma semana, 30 e 90 dias. Os autores

    concluram que o hidrxido de clcio era o nico sal testado capaz de

    estimular a polpa a produzir dentina reparadora. Tambm perceberam

    que a ponte de dentina se formou mesmo na ausncia de frmacos, e que

    a presena de lascas ou fragmentos levados para dentro da polpa

    estimularam a formao de material reparador.

    O clcio radioativo foi utilizado para avaliar se a ponte de dentina

    formada em exposies da polpa continha clcio proveniente do hidrxido

    de clcio usado como revestimento ou era proveniente da circulao

    pulpar (SCIAKY & PISANTI, 1960)82, (SCIAKY & PISANTI, 1964)83.

    Quarenta e dois dentes em dois ces foram submetidos ao tratamento. A

    avaliao ocorreu aps um perodo de aguardo de no mnimo trs

    semanas, e foi possvel perceber atravs de radioautografias que o clcio

    presente nas barreiras de tecido reparador no era proveniente do

    revestimento de hidrxido de clcio colocado. Os autores concluram que

    o clcio presente na dentina reparadora formada era oriundo da

    circulao sangnea pulpar.

    Kalnins & Frisbie (1960)53 concluram que os fragmentos de dentina

    influenciaram negativamente no processo de cicatrizao pulpar. Foram

    observados processos inflamatrios de vrios graus. Os fragmentos ou

    lascas acabaram encapsulados como corpos estranhos, e os autores

  • 27

    concluram que estes fragmentos devem ser removidos, pois interferem

    no processo reparador de polpas inflamadas ou no.

    Eda21 em 1961 conduziu uma investigao com o propsito de

    estudar o mecanismo de formao de dentina na polpa, estudando os

    dentes de trinta ces, e avaliando em diferentes perodos de tempo,

    variando de 30 minutos a 60 dias. O estudo consistia na observao

    histoqumica da reao dos tecidos frente ao de quatro frmacos na

    consistncia de pasta, a saber: hidrxido de clcio, xido de magnsio,

    triozinco e fluoreto de clcio. O autor pde verificar que, mesmo em um

    curto perodo de aguardo, o hidrxido de clcio j estava presente na

    camada necrtica formada pela polpa. Com o passar do tempo, camada

    foi se tornando mais espessa e distinta das demais camadas. O autor

    conclui que o ponto de partida para a formao de dentina reparadora no

    a camada necrtica criada pelo contato direto do hidrxido de clcio,

    mas a camada imediatamente seguinte onde clulas se diferenciaram em

    odontoblastos e iniciaram a formao de um novo tecido dentinrio

    mineralizado gradualmente.

    O hidrxido utilizado com propsito de estimular a formao de

    tecido duro vai alm os dentes vitalizados. Estudo de Heithersay34 em

    1975 mostrou que o hidrxido de clcio, empregado em dentes

    desvitalizados com situaes de leses periapicais extensas, perfuraes

    radiculares, fraturas tranversais radiculares, reabsores internas e

    tratamento endodntico com rizognese incompleta, pode ser usado com

  • 28

    finalidades teraputicas. O estudo clnico envolveu a utilizao de uma

    pasta de hidrxido de clcio, e foi observado o efeito do pH do frmaco

    sobre a polpa inflamada e sobre bactrias, levando a formao de

    barreira de tecido duro graas ao papel dos ons clcios dentro dos

    capilares e seu envolvimento com os sistemas enzimticos responsveis

    pelo processo de calcificao, as quais so clcio-dependentes.

    A importncia do agente selador de cavidades aps pulpotomias foi

    avaliada in vitro e in vivo no estudo de Ogawa et al.66 (1974). Dentes

    humanos recm-extrados foram usados para o estudo in vitro e dentes

    anteriores de ces compuseram o grupo dos dentes in vivo. Os dentes

    humanos foram mantidos em cmara mida imediatamente aps o

    procedimento e os ces foram sacrificados trinta dias aps o experimento.

    Os materiais empregados para o selamento das cavidades foram o

    cimento de xido de zinco e eugenol, o cimento de fosfato de zinco,

    cimento de xido de zinco e eugenol contendo acetato de zinco, e

    cimento de fosfato de zinco e amlgama de prata. Estes materiais foram

    colocados sobre o hidrxido de clcio em contato com a polpa radicular.

    Os autores concluram que o hidrxido de clcio no foi afetado pela

    presena qumica dos materiais, permitindo agir em seu papel de

    estimulador da reparao tecidual. Alm disto, os autores afirmaram que a

    tcnica operatria decisiva para o sucesso do tratamento, uma vez que

    define o ntimo contato do hidrxido de clcio com o tecido pulpar.

  • 29

    A inflamao pulpar definida como pulpite, e considera-se uma

    leso com certo grau de reversibilidade. Entretanto, segundo Souza &

    Holland90 (1974), a recuperao se d de acordo com a complexidade e

    intensidade do processo inflamatrio, sendo este um fator decisivo para o

    sucesso do tratamento conservador pulpar. Quanto mais difcil for a

    hemostasia e maior a inflamao pulpar, menores as chances de

    recuperao.

    Souza & Holland90 em 1974 afirmaram que dentre os materiais

    adequados para serem colocados sobre a polpa encontramos o hidrxido

    de clcio, o xido de zinco e eugenol, corticosterides e antibiticos. A

    deciso por um destes materiais deve se basear na capacidade de

    estimular a regenerao pulpar. Entende-se por regenerao pulpar a

    capacidade de formao de uma barreira mineralizada, adjacente a um

    tecido conjuntivo pulpar isento de infiltrado inflamatrio. O hidrxido de

    clcio foi o nico material que atendeu estas exigncias e seu mecanismo

    de ao provoca uma necrose superficial, seguida de uma precipitao de

    grnulos de maior porte junto ao material, e uma segunda camada com

    grnulos menores junto ao tecido vivo. Esta camada reparadora foi vista

    como de contornos irregulares, e no foram percebidas diferenas entre

    as camadas produzidas por hidrxido de clcio ou o cimento Dycal. Os

    autores sugeriram que a tcnica de pulpotomia obedea aos seguintes

    passos operatrios: 1- anestesia e isolamento absoluto do campo, 2-

    abertura coronria, 3- remoo da polpa coronria com curetas afiadas,

  • 30

    evitando-se o uso de brocas para no produzir lascas, 4- irrigao da

    cmara pulpar com soro fisiolgico, 5- secagem com bolinhas de algodo

    autoclavadas, 6- curetagem da superfcie remanescente evitando a

    permanncia de detritos, 7- examinar visualmente a viabilidade da polpa,

    8- aplicao de corticosteride, 9- selamento da cavidade com guta-

    percha e cimento de xido de zinco e eugenol por 48 horas, 10- remoo

    do selamento e aplicao do hidrxido de clcio com leve compresso,

    11- limpeza e remoo do hidrxido de clcio das paredes cavitrias, e

    12- selamento com cimento de xido de zinco e eugenol. Aps um

    perodo de 40 dias, o profissional pode avaliar se a polpa conseguiu se

    recuperar realizando trs testes, a saber: a) teste de vitalidade pulpar,

    embora a ausncia de sintomatologia no represente a falncia do rgo,

    b) exame clnico-visual da barreira, se constituindo o exame mais segura

    quanto ao diagnstico, entretanto expe o operador ao risco de nova

    exposio, e c) exame radiogrfico que permite ver com relativa clareza

    os dentes anteriores e com alguma limitao os dentes posteriores.

    Holland et al.43 (1978) pesquisaram a influncia das lascas ou

    restos de dentina no processo de cicatrizao pulpar, em tratamentos

    conservadores da polpa. Vinte dentes anteriores de dois ces adultos

    jovens foram utilizados neste estudo. Aps a anestesia e o isolamento

    absoluto e anti-sepsia do campo, parte das coroas foram removidas em

    Alta velocidade com o objetivo de produzir as lascas e restos de dentina

    necessrios para o estudo. Aps o acesso cmara pulpar, corte da

  • 31

    polpa coronria, abundante irrigao e hemostasia, pedaos de dentina

    anteriormente colhidos foram colocados sobre o tecido pulpar exposto, e

    as cavidades seladas com cimento de xido de zinco e eugenol. Aps 30

    dias os animais foram sacrificados e as peas processadas para

    avaliaes histolgicas. A segunda etapa do trabalho envolveu a

    avaliao de outros 38 cortes seriados de experimentos anteriores, onde

    havia sido feita a pulpotomia convencional com hidrxido de clcio e a

    anlise microscpica permitiu identificar fragmentos de dentina. Os

    autores mostraram resultados onde a primeira etapa do estudo, sem a

    presena do hidrxido de clcio e tendo as lascas de dentina recobrindo a

    polpa, apresentou resultados desfavorveis, havendo infiltrado

    inflamatrio de intensidade varivel. A segunda etapa (peas processadas

    anteriormente) mostrou que as lascas de dentina formavam

    agrupamentos de tecido duro de cicatrizao, por vezes descontnuos,

    irregulares e polpas dentais inflamadas. Em concluso, os autores

    afirmaram que a cicatrizao pulpar no estimulada pela presena de

    lascas de dentina, e ainda, a formao da barreira de tecido duro

    reparador prejudicada quando em presena de restos dentinrio.

    O uso de corticosteride sobre a polpa exposta por 10 minutos foi

    estudado por Holland et al.42 (1978) com o intuito de verificar o efeito da

    do frmaco sobre a cicatrizao pulpar.

    Um total de oito ces (cento e vinte dentes) foi utilizado no estudo.

    As polpas foram expostas ao meio bucal por 24 horas antes do

  • 32

    recobrimento. Aps este perodo os dentes foram submetidos

    pulpotomia e curetagem pulpar, com aplicao tpica de corticosteride

    ou agregando ao hidrxido de clcio. Os animais foram sacrificados trinta

    dias aps o tratamento e as amostras avaliadas em cortes histolgicos.

    Os autores concluram que a tcnica da pulpotomia oferece melhores

    resultados quanto formao de barreira de tecido duro do que a tcnica

    da curetagem. O uso do corticosteride no influenciou nos resultados do

    trabalho, tornando-se desnecessria sua aplicao.

    Holland et al. (1978)41 avaliaram dois cimentos de hidrxido de

    clcio quando sua capacidade de regenerao pulpar. Dycal e MPC

    foram empregados, variando a proporo das pastas, em comparao

    com o hidrxido de clcio em p. Cinco ces foram empregados no

    estudo, que consistiu na exposio das polpas e seu recobrimento com os

    materiais acima, divididos em sete grupos, sendo um grupo controle com

    hidrxido de clcio, dois grupos com cada um dos cimentos manipulados

    de acordo com as instrues do fabricante, dois grupos com cada um dos

    cimentos tendo sido manipulados com aproximadamente duas pores de

    pasta base e uma de catalisador, e dois grupos com duas pores de

    catalisador e uma de pasta base. O hidrxido de clcio produziu

    resultados favorveis em todos os casos, enquanto que o MPC no

    apresentou reparo de tecido duro em nenhuma das amostras. O Dycal,

    por conter hidrxido de clcio na pasta catalisadora somente, apresentou

    resultados satisfatrios quando foi empregado nas propores indicadas

  • 33

    pelo fabricante ou quando o catalisador estava em maior quantidade.

    Quando a pasta base foi utilizada em maior quantidade os resultados no

    foram favorveis.

    Holland et al.44 (1979) avaliou o grau de permeabilidade da barreira

    de tecido em pulpotomias e capeamentos pulpares em dentes

    monorradiculares de cinco macacos adultos. Aps o perodo de aguardo

    de trinta dias, os sessenta dentes selados foram reabertos. Estes dentes

    tiveram o hidrxido de clcio removido, as cavidades lavadas com soluo

    salina. Vinte dentes foram deixados abertos, vinte dentes receberam um

    selamento com cimento de fosfato de zinco e os restantes vinte dentes

    foram selados com cimento de silicato de zinco. Os animais foram

    sacrificados sessenta dias aps a interveno inicial e os resultados

    mostraram que as barreiras completas de tecido duro formadas foram

    capazes de proteger a polpa de forma satisfatria. Quando as barreiras

    eram incompletas, os autores concluram que os dentes poderiam

    apresentar alguns problemas, uma vez que no haveria uma proteo

    adequada diante de agresses, representada por um quadro de

    inflamao crnica no tecido pulpar remanescente.

    Pereira et al.69 (1980) investigaram a possibilidade de existir

    diferentes respostas pulpares quando o hidrxido de clcio era aplicado

    na forma de p ou pasta. Setenta dentes de ces foram empregados no

    estudo, sendo produzidas cavidades com exposies pulpares, as quais

    foram capeadas com p ou paste de hidrxido de clcio, cobertas com

  • 34

    cimento de hidrxido de clcio e restauradas com verniz e amlgama. As

    avaliaes foram feitas em intervalos de dois, trinta, setenta e cento e

    vinte dias, atravs de cortes histolgicos. Os autores concluram que no

    havia diferenas nas respostas pulpares ao capeamento feito com p ou

    pasta de hidrxido de clcio. Alm disto afirmaram que somente foi

    possvel observar a barreira de tecido duro no intervalo de 120 dias, e

    ainda assim esta era incompleta e irregular. Estas barreiras, muitas vezes

    presentes nos exames radiogrficos, no se confirmaram no estudo

    histolgico.

    Goldberg et al.29 (1984) avaliaram em microscopia eletrnica de

    varredura (MEV) a formao de tecido duro aps pulpotomias e

    recobrimento com hidrxido de clcio, na forma de pasta, com

    componentes canforados e paramonoclorofenlicos. Treze pr-molares

    jovens foram empregados no estudo, sendo que a barreira foi observado

    sob o ngulo da parede pulpar e da parede oclusal. A superfcie coronria

    apresentava cristas de diferentes formas e tamanhos, enquanto a parede

    voltada para a polpa mostrava a coalescncia de calcosferitos, com

    diversos orifcios circulares e ovais. Estes orifcios apresentavam um

    dimetro variando de 20 a 250 m de dimetro e indicavam a

    permeabilidade da barreira, comprovado com o uso de corante azul de

    metileno a 2%. Foi possvel concluir que a poro pulpar da barreira

    dentinria permevel, em contraste com a camada voltada para o

  • 35

    assoalho da cavidade, a qual se mostrava com uma estrutura irregular

    contendo inmeros cristais.

    Frantz et al.27 (1984) desenvolveram um estudo em microscopia

    eletrnica de varredura avaliando a ultraestrutura da barreira de dentina

    formada em capeamentos pulpares e sua adeso s paredes de dentina

    do conduto. Exposies pulpares foram provocadas em 20 pr-molares e

    terceiros molares e, em seguida, capeadas com uma pasta de hidrxido

    de clcio. Aps um perodo de 4 a 15 semanas os dentes foram extrados

    e processados para microscopia eletrnica. Os resultados mostraram a

    formao de barreira de tecido duro, a qual aumentava de espessura

    quanto mais longo foi o perodo de aguardo. As amostras com mais de 6

    semanas mostraram a presena de camadas distintas, sendo que a

    poro superior se mostrava formada por dentina amorfa. A poro

    intermediria apresentava a formao de fibras identificadas como

    fibrodentina e a poro mais interna exibia caractersticas tubulares.

    Schrder81 (1985) descreveu o mecanismo de ao do hidrxido

    em detalhes. Inicialmente o efeito de uma formao de uma necrose

    superficial em trs camadas. Ocorre uma zona de firme necrose contra a

    parede pulpar, causando uma pequena irritao e estimulando a polpa a

    se defender e reparao. Esta reao esperada quando um tecido

    conjuntivo agredido, iniciando um processo de revascularizao,

    migrao celular inflamatria e proliferao, de modo a controlar e

    eliminar o agente agressor. O processo de reparo inclui a migrao e

  • 36

    proliferao de clulas mesenquimais e endoteliais pulpares, e formao

    do colgeno. Uma vez que a polpa sente-se protegida do agente

    agressor, as clulas odontoblsticas se diferenciam e comeam a produzir

    um tecido dentinide, normalizando a funo pulpar. A mineralizao do

    colgeno tem seu incio na calcificao distrfica da zona de necrose

    firme e das clulas degradadas do tecido adjacente, conduzindo

    deposio de material mineral no colgeno recm formado. A presena de

    ons de clcio estimula a formao de um precipitado de carbonato de

    clcio, contribuindo para o incio da mineralizao. O uso de cimentos

    contendo hidrxido de clcio em sua formulao apresentou uma menor

    agresso inicial ao tecido pulpar em comparao com as formulaes de

    p ou pasta. Da mesma forma, as reaes dos cimentos foram diferentes

    de fabricante para fabricante, fato este explicado pelo tempo e forma de

    liberao de ons hidroxila e clcio, e pelo pH inicial. Alguns componentes

    dos cimentos podem ter um efeito deletrio na participao do clcio

    como reparador, ou ainda, causar injria ao tecido conjuntivo pulpar,

    dificultando ou impedindo a sua recuperao. O autor observou ainda que

    a recuperao da viabilidade da polpa est decisivamente relacionada

    com fatores como o grau de infiltrado inflamatrio, o tempo da irritao e

    infeco, e a localizao da rea exposta, entretanto salientou que o

    hidrxido de clcio no pode ser includo entre estes fatores. A

    reabsoro dentinria interna, observada em dentes decduos

    pulpotomizados e tratados com hidrxido de clcio, ocorreu quando em

  • 37

    presena de tecido inflamado crnico quando do tratamento, o que

    provocava uma incorreta cicatrizao. Finalmente, o autor relatou que a

    adio de corticosterides ao hidrxido de clcio no produziu efeitos

    histolgicos adicionais aos encontrados com o hidrxido de clcio

    atuando sozinho.

    O hidrxido de clcio foi comparado ao cimento de xido de zinco e

    eugenol contendo formocresol e glutaraldedo em sua composio (GIRO

    et al.28 1991). Dentes decduos de ces foram submetidos tcnica de

    pulpotomia e revestidos com hidrxido de clcio e cimento de xido de

    zinco e eugenol com formocresol e glutaraldedo. Aps quinze, trinta e

    quarenta e cinco dias os animais foram sacrificados e os dentes

    preparados em cortes histolgicos. Os autores concluram que h

    diversos fatores que provocam mudanas na resposta tecidual, alm de

    que os materiais testados foram agressivos ao tecido conjuntivo pulpar,

    criando reas de necrose por coagulao e reaes inflamatrias crnicas

    e agudas, podendo causar reabsoro dentinria interna e externa. Por

    outro lado, o hidrxido de clcio foi o nico material capaz de promover a

    formao de barreira mineralizada, ainda que esta fosse incompleta e

    irregular.

    Jaber et al.51 (1991) avaliaram a ao osteognica da hidroxiapatita

    em capeamentos pulpares em molares de rato. O hidrxido de clcio foi

    utilizado como grupo controle e aps a realizao dos capeamentos, os

    dentes foram restaurados com amlgama de prata e coras de ao para

  • 38

    pediatria, devidamente ajustadas aos dentes. As amostras foram

    avaliadas em microscopia eletrnica de varredura e aps 28 dias o

    hidrxido de clcio foi capaz de induzir a formao de barreira de tecido

    duro, entretanto a hidroxiapatita tambm promoveu a formao de um

    tecido dentinrio, porm de aspecto mais globular r de distribuio

    irregular. Os autores concluram que a hidroxiapatita no se presta para

    esta finalidade, pois os processos de calcificao observados podem

    dificultar um futuro tratamento endodntico.

    Kirk & Meyer55 (1992) estudaram a resposta pulpar em exposies

    capeadas com cimento de xido de zinco e eugenol e com um cimento

    contendo antibiticos, em comparao com uma pasta de hidrxido de

    clcio. Ao final de sete dias os dentes foram extrados e preparados para

    microscopia eletrnica de varredura. Os resultados mostraram que o

    hidrxido de clcio foi capaz de produzir um reparo completo, com uma

    notvel presena de calcosferitos. Por sua vez os outros dois cimentos

    inibiram formao de tecido reparador nas reas das perfuraes.

    Subay et al.92 (1995) desenvolveu uma investigao em dentes

    humanos, empregando vinte dentes permanentes os quais foram

    submetidos pulpotomia parcial e recobertos com dois produtos base

    de hidrxido de clcio: Dycal e Pulpdent Multi-Cal . Aps quatro meses

    os dentes foram extrados e submetidos ao exame histolgico, mostrando

    que o Dycal foi capaz de produzir reparao tecidual pulpar e formao

    de ponte dentinria em todos os dez casos. O Pulp-dent Multi-Cal

  • 39

    apresentou resultados satisfatrios para seis dentes, enquanto os quatro

    dentes restantes apresentaram inflamao severa e necrose, devido

    penetrao bacteriana na polpa. Destes quatro dentes, um apresentou

    dor intensa de origem pulpar e foi extrado no intervalo de noventa dias.

    Os autores concluram que a polpa dos dentes permanentes em humanos

    tem a capacidade de cicatrizao, desde que no haja contaminao

    bacteriana.

    As condies da polpa dental e sua influncia na capacidade de

    reparao tecidual foram estudadas por Estrela et al.22 (1996). Os autores

    utilizaram quarenta molares permanentes, superiores e inferiores com

    espessamento do ligamento periodontal de origem pulpar, devido a

    processos inflamatrios. Os pacientes foram anestesiados, e a pulpotomia

    foi realizada em duas sesses. A polpa coronria foi removida com

    curetas afiadas, seguida de irrigao abundante e controle da hemostasia

    com bolinhas de algodo autoclavadas. As condies pulpares foram

    observadas quanto ao tipo de sangramento e a consistncia do tecido. O

    tecido pulpar foi medicado com corticosteride por 48 horas, tendo sido as

    cavidades seladas com guta percha e cimento de xido de zinco e

    eugenol. Aps este perodo de tempo, os dentes foram reabertos,

    irrigados com soro fisiolgico e a polpa recoberta com uma pasta de

    hidrxido de clcio. A pasta recebeu uma cobertura com cimento de

    hidrxido de clcio, cimento de xido e eugenol e cimento de ionmero de

    vidro. Aps sessenta dias, os dentes foram submetidos ao exame

  • 40

    radiogrfico e reabertos para verificar as caractersticas do reparo. Aps

    cento e oitenta dias, a avaliao foi repetida, onde alm de verificar as

    caractersticas clnicas, os autores examinaram a integridade da lmina

    dura. O estudo permitiu concluir que o reparo atravs da pulpotomia

    independe da condio pulpar existente, porm est intimamente

    relacionado com a correta anlise clnica-visual do remanescente pulpar,

    da tcnica operatria, e do adequado selamento da cavidade.

    Higashi & Okamoto38 (1996) estudaram a importncia da rea de

    degenerao sob a rea necrtica no que tange formao de dentina

    reparadora em caninos e pr-molares. Quarenta dentes de ces adultos

    jovens foram submetidos pulpotomia e capeados com hidrxido de

    clcio por um perodo de quatorze dias. Apenas um dia aps a exposio

    da polpa e da pulpotomia, corpos esfricos eletro-densos foram

    encontrados sob a rea necrtica. O exame radiogrfico atravs de

    energia dispersiva possibilitou encontrar traos de clcio e fsforo na

    rea. Aos quatorze dias do experimento, as amostras apresentavam uma

    zona uniforme von Kossa-positiva, com a uma diferenciao rpida de

    odontoblastos e formao de dentina tubular. Os resultados mostraram

    que a zona degenerativa possui um importante papel no processo de

    reparao tecidual aps a pulpotomia.

    A presena de defeitos e tneis nas pontes de dentina formadas

    em capeamentos pulpares foi estudada por Cox et al.18 (1996), realizando

    235 casos em dentes de macacos Rhesus. Dois cimentos de hidrxido de

  • 41

    clcio foram empregados, e os dentes avaliados em perodos de quatorze

    dias, cinco semanas, doze e vinte quatro meses. Foi possvel observar

    vrias reparaes apresentam tneis ou defeitos de continuidade,

    causando uma falha no selamento hermtico da polpa adjacente,

    deixando esta desprotegida de uma possvel agresso causada pelos

    processos de infiltrao. Apesar de no terem sido observados casos de

    reabsoro dentinria, os autores ressaltam a importncia do selamento

    marginal como forma de prevenir a deteriorao da base protetora, o que

    poderia conduzir ao fracasso da manuteno da viabilidade pulpar.

    Inoue et al.50 (1997) investigaram a relao entre a inervao

    pulpar e a diferenciao de clulas em pr-odontoblastos e odontoblastos

    durante o perodo de reparao tecido pulpar aps uma exposio do tipo

    pulpotomia. Aps a abertura coronria, toda a polpa foi removida da

    cmara pulpar, e as entradas dos condutos capeadas com hidrxido de

    clcio. Os dentes foram extrados em perodos que variam entre 5, 7 , 10,

    15, 20 , 30 , 40 , 50, e 60 dias, e as avaliaes ultra-estruturais mostraram

    um ntimo contato entre clulas pulpares e terminaes nervosas com

    vesculas abundantes. Isto permitiu aos autores sugerir que h relao

    entre os nervos e as clulas, atravs da conduo do processo de

    diferenciao ou funo celular.

    A hidroxiapatita foi testada como substituta do hidrxido de clcio

    em pulpotomias no estudo de Perillo et al.71 (1998). Vinte e quatro pr-

    molares humanos divididos em trs grupos de oito dentes, foram

  • 42

    submetidos pulpotomia e capeados com hidrxido de clcio e soro

    fisiolgico (grupo 1), hidroxiapatita e soro fisiolgico (grupo 2), e

    hidroxiapatita e glicerina (grupo 3). Ao final de 40 dias de aguardo, os

    dentes foram extrados, submetidos fixao, radiografados e levados

    avaliao histopatolgica. Os autores puderam observar que a

    hidroxiapatita no apresentou propriedades que estimulassem a

    regenerao do tecido pulpar, enquanto que o grupo do hidrxido de

    clcio confirmou seu uso preferencial sobre a polpa de dentes capeados.

    Exposies pulpares que foram capeadas com um determinado

    sistema adesivo e comparadas com aquelas capeadas com hidrxido de

    clcio no apresentaram qualquer forma de reparo (Hebling et al.32,1999).

    Em verdade, nas exposies tratadas com sistema adesivo, no perodo de

    sete dias, foi observada uma camada de infiltrado de neutrfilos e a morte

    da camada adjacente de odontoblastos. Com o passar do tempo, esta

    reao foi substituda pela proliferao de fibroblastos e a presena

    macrfagos e clulas gigantes englobando partculas de adesivo, gerando

    um quadro de inflamao crnica que impediu a formao de barreira

    mineralizada. O hidrxido de clcio, por sua vez, mostraram uma camada

    de clulas odontoblastides organizada abaixo da camada de necrose, no

    perodo de sete dias. Ao final dos sessenta dias de avaliao, somente o

    hidrxido de clcio apresentou amostras com a formao completa de

    barreira de dentina.

  • 43

    Hebling et al.33 (1999) realizaram um estudo onde a presena um

    sistema adesivo - aplicado diretamente sobre a parede dentinria com e

    sem contaminao bacteriana, e com a proteo de hidrxido foi

    avaliada em relao resposta inflamatria da polpa. Os autores

    concluram que menores reaes inflamatrias ocorreram quanto maior

    fosse a espessura de dentina remanescente. Entre os grupos testados, a

    resposta inflamatria foi menor quando o hidrxido de clcio foi

    empregado antes do condicionamento cido e do sistema adesivo.

    Costa et al.11 (1999) avaliaram a biocompatibilidade de um sistema

    adesivo e um componente de resina composta (HEMA) quando

    implantados na regio dorsal, no tecido conjuntivo de ratos. Aps

    intervalos de 7, 15, 30 e 60 dias os animais foram sacrificados e os

    tecidos avaliados. Os autores perceberam que ao final de 7 dias havia

    uma intensa resposta inflamatria, associada com a presena de

    neutrfilos e macrfagos. Com o passar do tempo foi observada uma

    intensa proliferao de fibroblastos, associada aos macrfagos e s

    clulas gigantes. O processo inflamatrio considerado moderado e

    persistente foi mais evidente para o HEMA do que para o sistema

    adesivo, muito embora ambos no se mostraram biocompatveis quando

    em contato com o tecido conjuntivo de ratos.

    Costa et al.12 (1999) avaliaram a citotoxicidade de 3 sistemas

    adesivos sobre um meio de cultura de clulas MDPC-23. As clulas foram

    cultivadas em meios de cultura, e os sistemas adesivos foram colocados

  • 44

    sobre elas antes da polimerizao, simulando o efeito da aplicao

    clnica. Os sistemas adesivos tambm foram polimerizados na forma de

    pequenos crculos e colocados em contato com as clulas. A contagem

    das clulas foi feita no microscpio de luz invertida e sua morfologia

    avaliada no microscpio eletrnico de varredura. Os autores concluram

    que os sistemas adesivos antes da polimerizao apresentaram potencial

    citotxico maior do que aps a polimerizao, e que os componentes

    cidos e no-cidos dos adesivos so citotxicos sobre clulas

    odontoblastides.

    Atravs de uma reviso da literatura, Costa et al.13 (2000),

    observaram que a maior parte dos trabalhos sobre sistemas adesivos

    avaliara a espessura da camada hbrida e a capacidade de selamento

    marginal. Entretanto apenas poucos estudos in vivo vinham sendo

    conduzidos no intuito de avaliar a biocompatibilidade destes sistemas

    adesivos em cavidades profundas ou sobre exposies do tecido pulpar.

    Os autores mostraram que poucos eram os trabalhos que apresentavam

    um acompanhamento radiogrfico que demonstrasse o sucesso da

    aplicao de sistemas adesivos sobre a polpa. Aps a sua anlise, os

    autores concluram que os sistemas adesivos podem ser usados em

    dentina, entretanto h grande probabilidade de ocorrncia de reaes

    inflamatrias crnicas, retardo no processo de cicatrizao e ausncia da

    formao de barreira mineralizada quando estes sistemas foram

    empregados diretamente sobre a polpa. Alm disto, afirmaram que os

  • 45

    resultados obtidos em animais no devem ser absolutamente

    relacionados com possveis resultados em humanos, contra-indicando o

    uso de sistemas adesivos e condicionamento cido sobre a polpa.

    Pereira et al.70 (2000) conduziram um estudo clnico em humanos,

    utilizando 51 pr-molares com extrao indicada por motivos ortodnticos.

    Os cornos pulpares foram expostos com uma ponta diamantada e as

    exposies lavadas com soro fisiolgico. As exposies pulpares foram

    recobertas diretamente com o sistema adesivo ou receberam o hidrxido

    de clcio previamente ao sistema adesivo, e depois as cavidades foram

    restauradas com resina composta. Os dentes foram extrados em dois

    perodos de tempo, 9 a 12 dias e 53-204 dias, e examinados no

    microscpio de luz. O sistema adesivo no promoveu a formao de

    barreira de tecido duro nos intervalos mais longos de tempo, e nos

    intervalos mais curtos provocou uma reao inflamatria com dilatao e

    congesto dos vasos sangneos. Por sua vez, o hidrxido de clcio

    estimulou o reparo inicial e promoveu a formao de barreira de tecido

    duro nas amostras com maiores perodos de observao.

    Costa et al.14 (2000) compararam os efeitos de implantes de

    hidrxido de clcio e dois sistemas adesivos no tecido conjuntivo da

    regio dorsal de ratos. Aps intervalos de 7, 30 e 60 dias os animais

    foram sacrificados e as amostras preparadas para anlise histolgica. Os

    autores observaram que somente o hidrxido de clcio conseguiu

  • 46

    promover uma cicatrizao completa, sendo menos irritante que os

    sistemas adesivos, e mais bem tolerado pelo tecido conjuntivo de ratos.

    Moimaz et al.61 (2000) afirma que a pulpectomia apresenta um grau

    de 40% de sucesso quando realizada por um clnico geral, enquanto que

    a pulpotomia atinge ndices de 85% quando realizadas pelos mesmos

    profissionais. A pulpotomia foi apresentada como tendo uma relao

    direta com a Odontologia Preventiva e Social, pois se trata de uma

    metodologia mais eficiente, econmica e segura no tratamento e

    manuteno da polpa dental, contribuindo para a manuteno do

    elemento dentrio em boca, onde no h as melhores condies para a

    realizao da endodontia, e evitando a sua extrao. Os resultados do

    estudo mostraram um ndice de sucesso da pulpotomia acima de setenta

    por cento. Os autores afirmam que a tcnica pode ser facilmente

    executada pelos clnicos gerais, sendo de menor custo que o tratamento

    de canal tradicional, e possibilitando seu emprego nos diversos locais

    pblicos de atendimento odontolgico.

    Costa et al.16 (2001) avaliaram o potencial citotxico de 3 solues

    empregadas para irrigao de exposies pulpares. Perxido de

    hidrognio a 3%, hipoclorito de sdio a 6% e uma soluo de hidrxido de

    clcio foram testados sobre clulas odontoblastides em um meio de

    cultura. Como grupos controle positivo e negativo foram empregados um

    sistema adesivo e uma soluo salina tamponada, respectivamente. Aps

    um perodo de incubao de duas horas, as clulas foram contadas e sua

  • 47

    morfologia avaliada m microscopia eletrnica de varredura. Os autores

    perceberam que o perxido de hidrognio, o hipoclorito de sdio e o

    sistema adesivo diminuram consideravelmente a atividade enzimtica

    das clulas. Enquanto isto, o hidrxido de clcio e a soluo salina

    promoveram mnimas alteraes na atividade celular e tampouco na

    morfologia destas estruturas.

    Em 2003, Costa et al.17 investigaram a resposta pulpar em

    restauraes cervicais profundas, onde a dentina foi condicionada com

    cido fosfrico a 32% seguido da aplicao do sistema adesivo, ou em

    outro grupo, previamente ao condicionamento cido, a dentina foi

    recoberta com um cimento de ionmero de vidro fotoativado ou hidrxido

    de clcio. Ao final de 5 e 30 dias os dentes foram preparados para a

    avaliao microscpica, e os resultados mostraram que o sistema adesivo

    aplicado sobre cavidades profundas no deve ser recomendado na

    prtica odontolgica. Os autores recomendaram a proteo do complexo

    dentino-pulpar com uma camada de ionmero de vidro ou hidrxido de

    clcio antes do condicionamento cido.

    Dickens et al.19 (2004) avaliou o emprego de um cimento de fosfato

    de clcio em comparao com o cimento de hidrxido de clcio

    fotoativado como agente capeadores e materiais para base de

    restauraes. As amostras foram avaliadas quanto resistncia ao

    cisalhamento e microinfiltrao e tambm, atravs da microscopia

    eletrnica de varredura, quanto morfologia da interface com a estrutura

  • 48

    dentria. O hidrxido de clcio foi empregado como grupo controle,

    enquanto o material testado foi dividido em dois grupos, sendo o grupo A

    sem condicionamento cido e o grupo B com condicionamento, seguidos

    das restauraes com o cimento de fosfato de clcio. Aps uma semana

    de armazenagem os dentes foram submetidos aos testes, e os grupos

    restaurados com o cimento de fosfato de clcio apresentaram os menores

    ndices de infiltrao e os maiores valores de resistncia ao cisalhamento,

    quando comparados com o grupo controle do cimento de hidrxido de

    clcio fotoativado.

    2.2 Agregado de Trixido Mineral (MTA)

    Em 1993, o agregado de trixido mineral, conhecido por sua

    abreviatura em idioma Ingls MTA (mineral trioxide aggregate), surge para

    a Odontologia desenvolvido pelo professor Mahmoud Torabinejad da

    Universidade de Loma Linda(LLU), nos Estados Unidas da Amrica.

    A reviso de literatura a seguir mostra que o MTA apresentava,

    inicialmente, indicaes de uso em obturaes retrgradas e no

    tratamento de perfuraes radiculares. Com o passar dos anos e a

    compreenso da sua composio, propriedades fsico-mecnicas e

    mecanismo de ao, passou a ser indicado o seu uso em capeamentos

    pulpares, pulpotomias e perfuraes na rea de furcas.

  • 49

    Em 1993, Higa & Torabinejad 37 avaliaram o efeito da umidade na

    infiltrao apical em obturaes retrgradas. Oitenta dentes extrados

    foram empregados para avaliar em campo seco e mido a capacidade

    seladora do amlgama de prata, do Super EBA, do cimento de xido de

    zinco e eugenol (IRM) e do agregado de trixido mineral. Os dentes

    receberam instrumentao e obturao endodntica, tiveram seus pices

    cortados em dois a trs milmetros, e cavidades padronizadas foram feitas

    para obturao retrgrada. As cavidades apicais foram divididas em

    quatro grupos de vinte dentes, destes, dez dentes de cada grupo foram

    secos e os outros dez mantidos midos. O corante azul de metileno foi

    empregado, mantendo os dentes imersos por setenta e duas horas,

    sendo posteriormente avaliados. A presena ou ausncia de umidade no

    influenciou nos resultados, entretanto foi observada uma diferena

    significativa na capacidade de selamento dos materiais. O MTA

    apresentou os melhores valores de selamento dos quatro materiais

    testados.

    Soluti et al.88 em 1993, avaliaram a capacidade de selamento do

    MTA em perfuraes laterais usando cinqenta molares humanos

    superiores e inferiores extrados. Na raiz mesial de cada dente foi feita

    uma perfurao em um ngulo de quarenta e cinco graus com o longo

    eixo. Trs grupos de quinze dentes cada tiveram suas perfuraes

    restauradas com amlgama de prata, cimento de xido de zinco e

    eugenol (IRM) e MTA, e foram mantidos em um ambiente com 100% de

  • 50

    umidade por quatro semanas. O corante azul de metileno foi utilizado

    ,mantendo os dentes imersos por quarenta e oito horas, sendo o grau de

    penetrao medido no sentido linear. Os resultados mostraram que o

    MTA apresentava menos infiltrao que os outros dois materiais testados.

    Alm disto, o MTA apresentou a menor tendncia de sobre-

    preenchimento, enquanto o IRM apresentou a menor tendncia de sub-

    preenchimento.

    Hong et al.48 (1993) avaliaram os efeitos antibacterianos dos

    materiais empregados para obturaes retrgradas. Cilindros de 1,0 cm

    de dimetro por 5 mm altura foram confeccionados com amlgama, Super

    EBA e MTA. Os materiais foram colocados em meio de cultura contendo

    cinco tipos de bactrias facultativas presentes na cavidade oral, a saber:

    Lactobacillus sp (Ls), Streptococcus fecalis (SF), Streptococcus mitis

    (Smi), Streptoccocus mutans (SMU), e Streptoccocus salivanus (Ss). As

    amostras foram mantidas em uma incubadora por vinte e quatro horas, a

    uma temperatura de 37 graus centgrados. O efeito antibacteriano foi

    medido pelo halo de inibio de crescimento das bactrias ao redor dos

    cilindros feitos com os materiais testados. O Super EBA mostrou uma

    pequena capacidade antibacteriana sobre o (Smi) e (Ss), e nenhum

    efeitos sobre as demais bactrias. O amlgama no foi capaz de inibir o

    crescimento bacteriano. O MTA, por sua vez, apresentou propriedades

    antibacterianas sobre todas as bactrias testadas, sendo menos eficiente

    com o Strepctococcus fecalis.

  • 51

    Pitt-Ford et al.72 (1993) testaram o a biocompatibilidade do

    MTA, do amlgama e o Super EBA quando em contato com clulas L929

    de ratos. O teste da citotoxicidade a principal forma de avaliao in vitro

    do potencial de biocompatibilidade de materiais odontolgicos. Meios de

    cultura de clulas L929 foram mantidos em incubadora a 37 graus

    centgrados at formarem uma camada uniforme, sendo ento recobertos

    por 0,6% de meio gar contendo 0,1% de corante vermelho vital neutro.

    Os materiais testados foram preparados, de acordo com as instrues dos

    fabricantes, em forma cilndricas de 1,0 cm de dimetro por 5,0 mm de

    altura, sendo colocados no centro do meio de cultura de clulas. O

    dimetro da rea de mortificao celular foi medido em microscpio com

    aumento de 40 X e analisado pelo mtodo ANOVA. Os resultados

    mostraram que o amlgama no apresenta efeitos txicos sobre as

    clulas, enquanto o EBA foi o material mais citotxico. Aps tomar presa o

    MTA no apresentou ndices de citotoxicidade, porm quando recm

    manipulado, ainda na fase de gel, ele apresentou um pequeno halo de

    mortificao de clulas.

    Ainda em 1993, Lee et al.57 descreveram o MTA e avaliaram

    sua capacidade de selamento de perfuraes radiculares. Segundo os

    autores, o MTA composto por diferentes produtos, entre eles: silicato

    triclcio, aluminato triclcio, xido triclcio e xido de silicato. Alm dos

    trixidos, possvel encontrar traos de outros xidos em bem menor

    quantidade, mas que exercem um papel nas propriedades fsico-qumicas

  • 52

    do MTA. O p do MTA composto de partculas hidroflicas muito finas,

    as quais em contato com gua, resultam em um gel coloidal, tomando

    presa e endurecendo em menos de quatro horas. As propriedades e

    caractersticas do MTA so influenciadas pelo tamanho das partculas do

    p, proporo p-lquido, temperatura e umidade. A avaliao da

    capacidade seladora do MTA, em comparao com o IRM e o

    amlgama, mostrou que o agregado de trixido mineral apresentava

    menor infiltrao marginal que os outros dois materiais testados.

    Torabinejad et al.97 (1993) estudaram a capacidade seladora

    de materiais empregados para obturao retrgrada, comparando com o

    MTA. Trinta canais de dentes monorradiculares foram instrumentados,

    obturados, e tiveram seus pices cortados em 3 mm. As razes foram

    randomicamente divididas em trs grupos, e cavidades padronizadas

    foram confeccionadas na regio apical e restauradas com amlgama de

    prata, super EBA e MTA. Os dentes foram corados com Rodamina B

    fluorescente por vinte e quatro horas, e depois de lavados, foram

    seccionados no sentido longitudinal, e o grau de penetrao do corante foi

    medido em um microscpio confocal. A anlise estatstica mostrou que o

    MTA apresentava o menor grau de infiltrao marginal, em comparao

    com o amlgama e o super EBA.

    Torabinejad et al.98 (1994) investigaram a influncia da

    contaminao por sangue na infiltrao de quatro materiais usados para

    selamento de obturaes retrgradas. Aps a remoo da poro

  • 53

    coronria de noventa dentes humanos extrados, seus condutos foram

    instrumentados e obturados. O corte apical foi feito em uma altura de 2,0

    a 3,0 mm, e os dentes divididos em quatro grupos de vinte dentes, sendo

    feitas cavidades apicais, restauradas com amlgama, Super EBA, IRM e

    MTA. Os dez dentes restantes foram divididos em dois grupos de cinco

    dentes, sendo o primeiro preenchido com guta percha sem selador e o

    segundo com cera pegajosa, servindo de controle positivo e negativo.

    Aps o banho em corante de azul de metileno a 1% por 72 horas, os

    dentes foram abundantemente lavados e seccionados ao meio no seu

    longo eixo para avaliao da penetrao do corante. Os resultados

    mostraram que o MTA apresentava a menor infiltrao marginal entre os

    materiais testados, com ou sem a presena de sangue.

    Em Abril de 1994 durante o 51. Encontro Anual da

    Associao Americana de Endodontia, Pitt Ford et al.73 apresentaram os

    primeiros resultados dos testes in vivo do MTA. At ento, os trabalhos

    publicados na literatura eram relatos de estudos in vitro. O estudo foi

    conduzido com o objetivo de avaliar a resposta tecidual do tecido

    perirradicular de ces, frente ao MTA e ao amlgama de prata. Foram

    criadas leses radiculares em vinte e quatro dentes de trs ces Beagle,

    sendo necessrio o tratamento endodnticos destas peas. Aps o

    tratamento, foram realizadas cirurgias de apicotomia com obturao

    retrgrada feita com os dois materiais. Aps 10 a 8 semanas a resposta

    do tecido perirradicular foi avaliada histologicamente, mostrando que o

  • 54

    MTA apresentava uma menor reao inflamatria na rea e houve ainda

    uma maior deposio de osso nas reas adjacentes ao material, quando

    comparado ao amlgama. Os autores, fundamentados nos resultados,

    concluram que o MTA pode ser utilizado como material para obturao

    retrgrada.

    Hong et al.48 (1994), testaram o MTA em reparos de

    perfuraes experimentais na regio de furca de dentes de ces. O

    agregado de trixido mineral foi comparado ao amlgama de prata quanto

    resposta tecidual do ligamento periodontal em contato com este dois

    produtos. Trinta e dois dentes, entre terceiros e quartos molares, foram

    instrumentados, criando-se uma perfurao com uma broca esfrica 4.

    Em metade destes dentes a perfurao foi deixada exposta ao meio por

    quatro semanas, e depois restaurada com MTA e amlgama. Os outros

    dezesseis dentes foram selados imediatamente, tambm com amlgama

    e MTA. Aps o perodo de quatro meses, blocos com os dentes foram

    removidos e processados para anlise histomorfomtrica. Duas furcas

    no perfuradas foram usadas como controle. A anlise estatstica ANOVA

    mostrou que o MTA apresentou maior capacidade de cicatrizao tecidual

    e menor grau de inflamao associada presena do material, do que o

    amlgama de prata.

    No ano de 1995 Torabinejad et al.99 investigaram o tempo

    necessrio penetrao bacteriana do Staphyloccocus epidermidis (Se)

    em obturaes retrgradas de 3 mm de espessura, confeccionadas com

  • 55

    amlgama de prata, Super EBA, IRM e MTA. O perodo completo do

    estudo foi de noventa dias, e neste intervalo de tempo o MTA no

    apresentou sinais de infiltrao do Se, entretanto os outros materiais

    testados apresentaram variados graus de infiltrao em perodos que

    variaram de 6 a 57 dias. A avaliao estatstica no mostrou diferenas

    entre o amlgama, o Super EBA e o IRM, porm o MTA apresentou

    diferenas considerveis em relao aos trs materiais.

    Torabinejad et al.103 (1995) avaliaram a adaptao marginal

    do MTA, empregado como material de preenchimento em cavidades de

    obturao retrgrada, comparando-o com os materiais comumente

    empregados, como amlgama de prata, Super EBA e IRM. Oitenta e

    oito dentes humanos, monorradiculares, recentemente extrados foram

    utilizados, tendo sido limpos, instrumentados e obturados com guta

    percha. Aps a obturao retrograda, os dentes foram seccionados em

    metades longitudinais, sendo feitas rplicas para avaliao em

    microscopia eletrnica de varredura. A anlise estatstica dos dados

    obtidos pela medio das fendas entre a o material obturador e as

    paredes de dentina, permitiram concluir que o MTA apresentava a melhor

    adaptao marginal em comparao com os demais materiais testados.

    Pitt Ford et al.74 (1995) estudaram a resposta histolgica

    perfurao intencional na regio de furca em vinte e oito pr-molares de

    sete ces. Os dentes foram avaliados quatro meses aps a interveno, a

  • 56

    resposta tecidual foi medida, e o MTA apresentou os menores ndices de

    infiltrado inflamatrio em comparao com o amlgama de prata.

    Torabinejad et al.101 em 1995, avaliaram as propriedades

    fsicas e qumicas e radiopacidade do MTA. Neste estudo tambm foi

    possvel comparar a resistncia compresso, o tempo de presa e a

    solubilidade do MTA em relao ao amlgama, o Super EBA e o IRM.

    Um espectmetro de raios-X que mede a energia dispersa e um

    microscpio eletrnico de varredura foram utilizados para avaliar

    composio do MTA, e o pH foi medido atravs do uso de um eletrodo de

    temperatura compensada. A radiopacidade foi avaliada segundo os

    padres da International Organization for Standardization; o tempo de

    presa e a resistncia compresso foram determinados de acordo com

    os mtodos da British Standards Institution; e finalmente, o grau de

    solubilidade foi medido segundo as especificaes da American Dental

    Association. Os resultados mostraram que os principais componentes do

    MTA so ons de clcio e fsforo. Seu pH inicial foi medido em 10.2,

    aumento gradualmente at 12.5 trs horas aps a manipulao. A

    radiopacidade do MTA superior a do Super EBA e IRM, enquanto que

    o tempo de presa do amlgama de prata o menor de todos e o do MTA

    o mais longo. A resistncia compresso inicial do MTA foi a menor entre

    os quatro materiais testados, porm aumenta consideravelmente em 21

    dias, atingindo 67 MPa. Concluindo, com exceo do IRM, nenhum dos

    materiais apresentou solubilidade durante as medies do estudo.

  • 57

    Em 1995, Torabinejad et al.100 conduziram um estudo sobre a

    toxicidade do MTA, aps a obteno de resultados favorveis com o

    material em medidas de adaptao marginal e reduo da infiltrao em

    obturaes retrgradas. Neste estudo, o MTA foi comparado ao

    amlgama, Super EBA e ao IRM, e os resultados apontaram o MTA

    como o menos txico dos materiais avaliados, assegurando o potencial do

    material em estudos in vivo.

    Kettering & Torabinejad54 (1995) estudaram as alteraes

    mutagnicas de trs materiais: MTA, IRM e Super-EBA, utilizando

    cadeias de Salmonella typhimurium (St) LT-2. Para este estudo foi

    utilizado o Teste de Mutagenicidade de Ames, desenhado para avaliar

    uma potencial atividade carcinognica. A bactria St extremamente

    sensvel a vrios produtos, e no tem capacidade de crescimento em

    ambientes sem a presena de histidina. Admite-se que, se um material

    provoca alteraes mutagnicas nestas bactrias, estas produziram

    cepas que apresentam crescimento em ambiente sem histina, e os

    materiais tem mais de 90% de probabilidade de produzir mutagenicidade

    em mamferos. Este estudo mostrou que nenhum dos trs materiais tem

    potencial mutagnico.

    Torabinejad et al.102 (1995) avaliaram a resposta tecidual de

    implantes de Super-EBA e MTA colocados em mandbulas de porcos. Os

    animais foram submetidos anestesia, e o procedimento cirrgico

    consistiu da abertura de um retalho e confeco de duas lojas cirrgicas

  • 58

    no osso, onde foram colocadas duas taas de Teflon contendo os

    materiais testados e outras duas lojas cirrgicas sem qualquer estrutura

    no seu interior. As lojas vazias foram deixadas cicatrizao e foram

    utilizadas como controles negativos. A resposta inflamatria, tipo celular

    predominante e espessura do tecido conjuntivo fibroso adjacente foram

    tomadas como medidas de compatibilidade tecidual. Baseados nos

    resultados, os autores concluram que ambos materiais so

    biocompatveis.

    Torabinejad et al.104 (1995) afirmaram que diversos materiais

    tm sido empregados nas obturaes retrgradas, e fundamentados nos

    testes in vitro e em testes de implantao intra-sseos, decidiram conduzir

    esta investigao sobre a resposta dos tecidos perirradiculares em

    presena do MTA e do amlgama de prata. Seis ces da raa Beagle

    foram utilizados no experimento, sendo criadas leses nas reas

    perirradiculares de quarenta e seis razes. Vinte e trs razes tiveram seus

    canais instrumentados e obturados com guta percha e selador, e as

    cavidades de acesso foram fechadas com MTA. Os demais vinte e trs

    dentes foram instrumentados e obturados com guta percha sem selador.

    As cavidades de acesso destes dentes foram deixadas abertas ao meio

    bucal, e aps a resseco radicular, metade das cavidades foi restaurada

    com amlgama e a outra metade com MTA. A resposta do tecido foi

    medida histologicamente em intervalos de 2 a 5 semanas e 10 a 18

    semanas aps a cirurgia perirradicular. A anlise estatstica mostrou

  • 59

    menor resposta inflamatria e maior presena de cpsulas fibrosas na

    rea adjacente ao MTA, comparativamente ao amlgama. Alm disto, a

    presena de cemento na superfcie do MTA foi freqente, mostrando que

    o MTA pode ser usado como material para obturaes retrgradas.

    Abedi & Ingle1 (1995) fizeram um levantamento da literatura

    cientfica sobre os materiais comumente usados em Endodontia. Em

    algumas situaes os autores perceberam a necessidade de materiais

    que possibilitassem seu emprego em reas de perfuraes radiculares e

    obturaes retrgradas, porm estes materiais ditos ideais ainda

    constituem uma iluso. Os autores relataram que o MTA aparece como

    um material promissor, pois alm de promover o selamento adequado,

    oferece pela primeira vez a possibilidade de regenerao, alm de

    simplesmente o reparo mecnico da rea.

    Bates et al.5 (1996) estudaram a habilidade de selamento do

    MTA empregado em obturaes retrgradas realizadas em setenta e seis

    dentes humanos monorradiculares extrados. Os materiais obturadores

    empregados foram o amlgama de prata com forrador cavitrio, o Super-

    EBA e o MTA, os quais foram avaliados em perodos de 24 horas, 72

    horas, 2 semanas, 4 semanas, oito semanas e doze semanas. Em

    concluso, os autores afirmaram que o MTA foi comparvel ao Super-

    EBA e superior ao amlgama no papel de material obturador retrgrado.

    Myers et al.62 em 1996 realizaram um estudo sobre a ao do

    MTA em dentes de ces com mnimas exposies pulpares. Preparos

  • 60

    cavitrios de classe I e V foram realizados com broca no. 2 at quase

    provocar a exposio da polpa. As exposies foram cuidadosamente

    provocadas com um instrumento endodntico, sendo em seguida

    aplicados o MTA e o Dycal sobre a rea. As cavidades foram seladas

    com amlgama de prata, e aps noventa dias, a viabilidade pulpar foi

    avaliada. Dezesseis exposies cobertas com MTA e quinze com Dycal

    foram analisadas histologicamente, enquanto nove dentes capeados com

    MTA e onze com hidrxido de clcio foram estudados quanto extenso

    e qualidade da ponte de dentina. Os autores concluram que ambos os

    materiais testados tiveram um comportamento adequado como

    capeadores pulpares, sendo biocompatveis com os tecidos pulpares e

    estimuladores da formao de barreira dentinria em mnimas

    exposies.

    Abedi et al.2 (1996) avaliaram a capacidade do MTA em

    promover reparao tecidual em dentes de ces. O propsito do seu

    estudo foi comparar o MTA e o hidrxido de clcio como capeadores

    pulpares, aplicando os agentes sobre exposies pulpares padronizadas,

    executadas nos caninos de seis ces Beagle e nos incisivos inferiores de

    quatro macacos Rhesus. As exposies foram imediatamente cobertas

    com MTA e hidrxido de clcio e os animais sacrificados em um perodo

    de tempo variando entre dois e cinco meses. A coroa de cada dente foi

    removida e fixada com formalina a 10%, depois descalcificada com EDTA,

    e seccionada longitudinalmente em cortes de 5m. Atravs de uma

  • 61

    avaliao histomtrica computadorizada, a quantidade de tecido duro

    formada e o grau de inflamao foram registrados. Os resultados

    mostraram uma barreira de tecido duro mais calcificada e menos reao

    inflamatria para o grupo do MTA do que para o hidrxido de clcio,

    permitindo aos autores concluir que o MTA pode ser usado como agente

    de capeamento pulpar.

    Pitt Ford et al.75 (1996) investigaram a capacidade do MTA em

    estimular a formao de barreira de tecido duro reparador em reas de

    exposies pulpares em macacos, quando comparado ao hidrxido de

    clcio. Doze incisivos mandibulares tiveram suas polpas expostas com

    uma broca esfrica no. 1, sendo metade capeados com hidrxido de clcio

    e a outra metade com MTA. Os dentes capeados com MTA

    apresentaram-se mais de 85% livres de inflamao, e tiveram formao

    de ponte de dentina em todos os casos. Por outro lado, o hidrxido de

    clcio apresentou resposta inflamatria em todos os casos e apenas duas

    pontes de dentina foram formadas. De acordo com estes resultados, os

    autores concluram que o MTA pode ser empregado como material de

    proteo pulpar direta.

    Soares86 em 1996, utilizou trs ces da raa Beagle, com oito

    meses de idade, e realizou pulpotomias nos terceiros incisivos, caninos,

    segundos, terceiros ou quartos pr-molares em ambas arcadas em um

    total de dezesseis dentes em cada animal. Os ces foram preparados

    para o procedimento recebendo uma injeo de Rompum e Ketalar

  • 62

    para promover a sedao e relaxamento muscular. Aps isto, os ces

    foram anestesiados com uma soluo de Thionembutal a 5%,

    endovenosa, na proporo de 0,2 ml por quilograma de peso. Durante o

    procedimento, os animais eram monitorados e a anestesia completada

    sempre que necessrio. Os dentes foram radiografados e limpos,

    previamente ao procedimento, sendo a seguir procedido o isolamento

    absoluto do campo operatrio. As bordas incisais foram desgastadas com

    pontas diamantadas, em alta velocidade com abundante refrigerao. A

    seguir, com brocas esfricas no. 2, cavidades foram preparadas at a

    remoo do teto da cmara pulpar e exposio do tecido. Aps

    abundante irrigao com soro fisiolgico, as polpas coronrias foram

    removidas com curetas novas e afiadas, seguindo-se de irrigao e

    hemostasia com bolinhas de algodo autoclavadas. O tecido pulpar foi

    recoberto com hidrxido de clcio pr-anlise em dezesseis dentes e com

    MTA os demais dezesseis dentes. Sobre os agentes capeadores foi

    aplicada uma camada de cimento de hidrxido de clcio (Dycal) e as

    cavidades restauradas com amlgama de prata. Os animais foram

    mantidos em cativeiro, com gua abundante e alimentao pastosa, tendo

    peso e condies de sade acompanhados por um veterinrio. Aps

    noventa dias, os animais foram sacrificados, mediante sobre dosagem

    anestsica, e submetidos perfuso, de onde foram obtidas as peas

    para o estudo histolgico. Aps a anlise das peas, a autora concluiu

    que havia formao de barreira de tecido reparador em 91,66% dos casos

  • 63

    de hidrxido de clcio e 96,43% dos casos de MTA. Este percentual

    diminuiu quando alm da barreira de tecido duro, foi verificado o nmero

    de polpas em condies de normalidade. Nesta situao, foram

    encontradas 66,66% das amostras do hidrxido de clcio e 82,14% do

    MTA. No houve diferenas estatsticas significativas entre os materiais

    testados, e foi sugerido o emprego do MTA em estudos clnicos.

    Amlgama de prata e MTA foram avaliados por Torabinejad et

    al.105 (1997) quanto resposta tecidual provocada por estes materiais

    quando em contato com o tecido periapical aps obturaes retrgradas.

    Doze dentes de trs macacos saudveis de quatro anos de idade foram

    utilizados no estudo, sendo sacrificados 5 meses aps o experimento. Os

    dentes foram preparados em cortes histolgicos e a interpretao dos

    resultados mostrou que o MTA apresentou inflamao em apenas uma

    das seis amostras, enquanto para o amlgama de prata todas as

    amostras apresentavam resposta inflamatria.

    Tang et al.95 (1997) estudaram a capacidade de quatro

    materiais em reduzir ou evitar a infiltrao marginal de bactrias na regio

    do peripice, quando realizadas obturaes retrgradas. Cento e quatro

    razes foram empregadas no estudo e aps a fase de preparo e obturao

    dos canais, as cavidades foram preenchidas com amlgama de prata,

    Super-EBA, IRM e MTA. As amostras foram avaliadas em perodos de

    tempo que variaram entre 1, 2, 6 e 12 semanas. Ao final da avaliao os

    autores concluram que o MTA mostrou-se mais eficaz, em todas as

  • 64

    avaliaes, na preveno da infiltrao em obturaes retrgradas

    quando comparado ao amlgama e ao IRM; e ao Super-EBA nas

    avaliaes feitas em 2 e 12 semanas.

    Osrio et al.67 (1998) estudaram in vitro o efeito citotxico de

    materiais empregados em retrobturaes e em obturaes endodnticas.

    Os materiais obturadores de canal testados foram o Endomet, CRCS e

    o AH26; e os materiais retrobturadores foram MTA, amlgama de prata,

    Gallium GF2, Ketac Silver e Super EBA. A atividade enzimtica

    mitocondrial de fibroblastos gengivais humanos foi o parmetro escolhido

    para avaliar o potencial citotxico. Dentre os materiais de obturao

    endodntica, o CRCS foi o menos txico, e entre os materiais de

    retrobturao o MTA apresentou a menor citotoxicidade.

    Nakata et al.63 (1998) utilizaram quarenta e dois molares

    humanos para realizar um estudo sobre a capacidade seladora do MTA e

    do amlgama de prata, em casos de perfuraes laterais. Em trinta e

    nove amostras foram feitas perfuraes com brocas e as comunicaes

    restauradas com os materiais do estudo. Os demais dentes serviram

    como controle. As amostras foram armazenadas em uma cmara que

    simulava o meio de cultura bacteriana contendo Fusobacterium

    nucleatum. Aps quarenta e cinco dias, os resultados mostraram que 8

    das 18 amostras de amlgama apresentavam penetrao bacteriana,

    enquanto o MTA no apresentou infiltrao em nenhuma amostra.

  • 65

    Fischer et al.26 (1998) analisaram a penetrao bacteriana

    (Serratia marcescens) em peripices que foram submetidos tcnica da

    apicotomia com obturao retrgrada, com MTA, amlgama, Super-EBA

    e IRM . Os resultados foram dados pela quantidade tempo necessria

    para ocorrer infiltrao bacteriana, sendo que para o amlgama o perodo

    foi 21 a 73 dias, para o IRM de 28 a 91 dias e para o Super-EBA 42 a

    101 dias. O MTA apresentou infiltrao ao final de 49 dias, entretanto ao

    final dos 120 dias avaliados, quatro amostras no apresentam qualquer

    trao de infiltrao.

    Em 1998, Junn et al.52 estudaram a resposta da polpa em

    procedimentos de capeamento pulpar direto, empregando-se MTA e

    hidrxido de clcio. Quatro ces foram utilizados neste estudo e um total

    de sessenta e trs dentes foram empregados neste estudo. Os materiais

    restauradores empregados foram o amlgama de prata para o grupo do

    hidrxido de clcio e o prprio MTA foi usado como restaurador quando

    utilizado como agente capeador. Ao final do estudo, os autores

    concluram que o MTA produziu menor nmero e intensidade de resposta

    inflamatria do que o hidrxido de clcio, e que a barreira de tecido

    mineralizado formou-se mais rpida com o MTA do que com o hidrxido

    de clcio.

    Koh et al.56 (1998), estudaram a capacidade do IRM e do

    MTA em produzir estimulao celular em odontoblastos humanos. Depois

    de manipulados os materiais foram colocados em contato com meios de

  • 66

    cultura com odontoblastos, e permaneceram l por um perodo de um a

    sete dias. Em microscopia eletrnica de varredura a morfologia celular foi

    classificada como: 1) clulas planas, 2) clulas parcialmente redondas, 3)

    clulas redondas, e 4) morte celular. Ao final do estudo foi possvel

    observar que os odontoblastos cultivados em contato com o MTA

    produziram citoquinas e apresentavam morfologia plana, permitindo

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