Estudo Prospectivo Aeronáutico

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Estudo Prospectivo

AeronuticoSrie Cadernos da Indstria ABDI Volume XIV

Braslia, 2009

2009 Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABDI Srie Cadernos da Indstria ABDI Volume XIV Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. ABDI Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial

Superviso Maria Luisa Campos Machado Leal Equipe da ABDI Evando Mirra de Paula e Silva - Gerente de Tecnologia e Inovao Rosane Argou Marques - Coordenadora de Inovao Maria Olvia de Souza Brando - Tcnica Bruce Ferreira - Tcnico Equipe tcnica do CGEE Marcio Miranda santos - Diretor Llio Fellows Filho - Assessor

Regina Maria Silverio - Coordenadora Cristiane Pamplona - Tcnica Cludio Chauke Nehme - Consultor Mauricio Pazini Brando - Consultor Elyas Ferreira de Medeiros - Consultor Reviso de texto Ronaldo Conde Aguiar Fotos Arquivo da Embraer e Via Braslia Projeto Grfico e Diagramao Via Braslia Editora

Ficha CatalogrficaAGNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Estudo prospectivo areonutico: relatrio geral. / Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial, Braslia: Associao Brasileira de Desenvolvimento Industrial, 2009. 216p.: il.; graf.; tab. (Srie Cadernos da indstria ABDI, v.XII.) 978-85-61323-17-2 1 Setor aeronutico, aeronaves regionais, tecnologia aeronutica CDD 681.761

ABDI Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial Setor Bancrio Norte Quadra 1 - Bloco B - Ed. CNC 70041-902 - Braslia - DF Tel.: (61) 3962-8700 www.abdi.com.br

CGEE Centro de Gesto e Estudos Estratgicos Setor Comercial Norte Quadra 2 - Bloco A Ed. Corporate Financial Center - Sala 1102 70712-900 - Braslia - DF Tel.: (61) 34249607 www.cgee.org.br

Repblica Federativa do BrasilLuiz Incio Lula da Silva Presidente Miguel Jorge Ministro

Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior

Agncia Brasileira de Desenvolvimento IndustrialReginaldo Braga Arcuri Presidente Clayton Campanhola Diretor Maria Luisa Campos Machado Leal Diretora Tnia Arantes Chefe de Gabinete Fbio Estorti Gerente Administrativo-Financeiro Evando Mirra de Paula Silva Gerente de Tecnologia e Inovao Rosane Argou Marques Coordenadora de Inovao

Comit Gestor do Estudo Prospectivo AeronuticoMinistrio do Desenvolvimento, da Indstria e do Comrcio MDIC Secretaria de Desenvolvimento ProdutivoCarlos Eduardo Macedo Coordenador-Geral das Indstrias de Transporte Areo, Aeroespacial e Naval Mrcio Nobre Migon Gerente da rea de Comrcio Exterior Cludio Passos Simo Diretor Walter Bartels Presidente

Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BNDES Agncia Nacional de Aviao Civil ANAC

Associao das Indstrias Aeroespaciais do Brasil AIAB

Empresa Brasileira de Aeronutica S.A. EmbraerHugo Borelli Resende Gerente de Anlise da Indstria, Aviao Comercial Urbano C. de Fleury Arajo Membro do Conselho de Administrao Evando Mirra de Paula e Silva Gerente de Tecnologia e Inovao Rosane Argou Marques Coordenadora de Inovao

Consrcio High Technology Aeronautics HTA

Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI

Centro de Gesto e Estudos Estratgicos - CGEEMrcio Miranda Diretor Regina Silvrio Coordenadora Elyas Medeiros Consultor

Sumrio

Lista de siglas ..................................................................................................... 16 Apresentao ..................................................................................................... 20 Sumrio executivo .............................................................................................. 23 Introduo .......................................................................................................... 35 1. Panorama da indstria aeronutica ............................................................... 411.1 Mercado aeronutico .................................................................................................... 42 1.2 Desafios e solues tecnolgicas .................................................................................... 46 1.3 Exemplos e necessidades de infraestrutura ...................................................................... 48 1.4 Desafios em RH de engenharia ...................................................................................... 50 1.5 Necessidades de financiamento ..................................................................................... 51 1.6 Necessidades do ambiente poltico-institucional .............................................................. 51

2. Roadmap estratgico ...................................................................................... 552.1 Aes para o fortalecimento do ambiente poltico-Institucional ......................................... 57 2.2 Aes para o fortalecimento da cadeia produtiva ............................................................ 60 2.3 Aes para PD&I de tecnologias competitivas .................................................................. 64

3. Agenda de tecnologias para a competitividade P&D ...................................... 693.1 Introduo, contexto e objetivos ..................................................................................... 70 3.2 Macrodesafios para as tecnologias aeronuticas ............................................................. 74 3.2.1 Macrodesafio da competitividade industrial............................................................ 75 3.2.2 Macrodesafio da segurana de operaes ............................................................. 76 3.2.3 Macrodesafio da atividade de aviao e seus efeitos na sociedade.......................... 77 3.3 Desafios da competitividade industrial ............................................................................ 79 3.3.1 Desafio da minimizao dos custos operacionais ................................................... 79 3.3.1.1 Minimizao dos custos de aquisio da aeronave........................................ 79 3.3.1.2 Minimizao dos custos de manuteno ....................................................... 81 9

Sumrio

Lista de quadros e figuras .................................................................................. 14

Estudo Prospectivo Aeronutico

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3.3.1.3 Minimizao dos custos de tripulao .......................................................... 82 3.3.1.4 Minimizao dos custos dos combustveis ..................................................... 82 3.3.1.5 Minimizao dos custos referentes s taxas e encargos .................................. 83 3.3.2 Desafio da atratividade ao usurio para a competitividade ..................................... 83 3.3.2.1 Conforto como fator de atratividade ............................................................ 84 3.3.2.2 Servios de bordo como fator de atratividade ............................................... 84 3.3.2.3 Tempo de voo e de viagem como fatores de atratividade ............................... 84 3.3.2.4 Ambiente de trabalho da tripulao como fator de atratividade ...................... 84 3.3.3 Desafio do ciclo de vida da aeronave para a competitividade ................................. 85 3.3.3.1 Desenvolvimento de produtos15 sob a tica dos custos e da atratividade ......... 85 3.3.3.2 Envelhecimento da aeronave sob a tica dos custos e da atratividade ............ 85 3.3.3.3 Reconfiguraes da aeronave sob a tica dos custos e da atratividade ........... 85 3.3.3.4 Cadeia de suprimentos sob a tica dos custos e da atratividade..................... 86 3.4 Desafios da segurana de operaes dos produtos .......................................................... 86 3.4.1 Desafios da segurana na cabine de comando ...................................................... 86 3.4.1.1 Eliminao do CFIT .................................................................................... 86 3.4.1.2 Zero Human failure .................................................................................... 87 3.4.1.3 Zero Machine failure.................................................................................. 87 3.4.1.4 Integrao homem-mquina ....................................................................... 87 3.4.1.5 Pousos e decolagens seguros ...................................................................... 87 3.4.2 Desafios das operaes areas no sculo XXI ......................................................... 87 3.4.2.1 Voos em quaisquer condies climticas ...................................................... 88 3.4.2.2 Safe-separation............................................................................................. 88 3.4.2.3 SESAR21 NGATS22 SATS .......................................................................... 88 3.4.2.4 Segurana nas operaes em solo ............................................................... 88 3.4.2.5 Free-flight no sculo XXI .............................................................................. 89 3.4.2.6 Antiterrorismo............................................................................................. 89 3.4.3 Desafios para mitigar consequncias ..................................................................... 89 3.4.3.1 Crash worthiness ........................................................................................... 90 3.4.3.2 Evacuao ................................................................................................. 90 3.5 Desafios da atividade de aviao e seus efeitos na sociedade .............................. 90 3.5.1 Desafios para operao verde .............................................................................. 91 3.5.1.1 Emisses de poluentes ................................................................................ 91

3.5.1.2 Rudo externo ............................................................................................. 92 3.5.1.3 Procedimentos de operao ........................................................................ 93 3.5.2 Desafio de preservao para as futuras geraes ................................................... 94 3.5.2.1 Descarte de aeronaves ................................................................................ 94 3.5.2.2 Substncias txicas, manufatura e manuteno ............................................. 95 3.6 Linhas de pesquisa tecnolgica ...................................................................................... 95 3.6.1 Competitividade industrial (MD) ............................................................................ 97 3.6.1.1 Custos operacionais (D/DD) ........................................................................ 97 3.6.1.2 Atratividade ao usurio (D/DD) ................................................................... 98 3.6.1.3 Ciclo de vida28 (D/DD) ................................................................................ 99 3.6.2 Segurana dos produtos (MD)............................................................................... 99 3.6.2.1 Cabine de comando (D/DD) ....................................................................... 99 3.6.2.2 Operaes areas no Sculo XXI (D/DD) .................................................... 100 3.6.2.3 Mitigao das consequncias (D/DD) ........................................................ 100 3.6.3 Atividade de aviao e seus efeitos na sociedade (MD) ......................................... 100 3.7 Resultados da agenda tecnolgica de P&D ................................................................... 101 3.8 Recomendaes sobre a agenda de P&D ...................................................................... 103

4. Consideraes finais .................................................................................... 107 5. Anexos ......................................................................................................... 111Anexo I P&D Pr-competitivo da cadeia produtiva ............................................................. 112 I.1 Estruturas leves ............................................................................................................ 117 I.1.1 Estruturas leves e eficientes .................................................................................. 117 I.1.2 Manufatura avanada ......................................................................................... 117 I.1.3 Tecnologias para maximizar as possibilidades de sobrevivncia em caso de acidentes ................................................................................................ 117 I.1.4 Tcnicas e processos para reduzir o impacto ambiental da produo e descarte de aeronaves ....................................................................................... 117 I.2 Sistemas embarcados ................................................................................................... 118 I.2.1 Sistemas embarcados e equipamentos .................................................................. 118 I.2.2 Sensoriamento e sade da aeronave .................................................................... 118 I.2.3 Integrao de sistemas e software embarcado ....................................................... 118 11

Sumrio

Estudo Prospectivo Aeronutico

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I.2.4 Motores aeronuticos de baixa potncia ............................................................... 119 I.2.5 Combustveis alternativos na aviao ................................................................... 119 I.2.6 Tecnologias para um ambiente de cabine diferenciado .......................................... 119 I.2.7 Tecnologias para prevenir e evitar acidentes .......................................................... 120 I.2.8 Integrao de tecnologias embarcadas para CNS/ATM (Communication Navigation Surveillance/Air Traffic Management) ........................... 120 I.2.9 Tecnologias CNS/ATM ........................................................................................ 120 I.2.9.1 Novos sistemas para navegao area........................................................ 120 I.2.9.2 Sistemas de comunicao VHF/UHF digitais ................................................ 121 I.2.9.3 Sistemas de enlaces de dados digitais ......................................................... 121 I.2.9.4 Sistemas de vigilncia automtica dependente (ADS) .................................... 121 I.2.9.5 Sistemas de gerenciamento de trfego areo ............................................... 121 I.3 Modelagem virtual ....................................................................................................... 121 I.3.1 Eficincia aerodinmica e baixo consumo ............................................................. 121 I.3.2 Aeroacstica....................................................................................................... 122 I.3.3 Avanadas ferramentas de engenharia e simulao ............................................... 122 I.3.4 Otimizao do projeto aeronutico ...................................................................... 122 I.3.5 Mtodos, ferramentas e processos em Engenharia de Sistemas (Systems Engineering) ........................................................................ 123 Anexo II Diretrizes (Fatores crticos de sucesso) .................................................................. 125 II.1 Diretrizes: Financiamento (DF) ...................................................................................... 126 II.2 Diretrizes: Infraestrutura (DIE) ....................................................................................... 127 II.3 Diretrizes: Mercado (DM) ............................................................................................. 129 II.4 Diretrizes: Poltico-Institucional (DPI) .............................................................................. 130 II.5 Diretrizes: Recursos Humanos (DRH) ............................................................................. 132 II.6 Diretrizes: Tecnologia (DT) ............................................................................................ 134 Anexo III Caractersticas industriais marcantes da aeronutica no Brasil .............................. 138 Anexo IV Caractersticas institucionais marcantes da indstria aeronutica no Brasil ............ 153 IV.1 A Indstria aeronutica inserida no poder nacional ....................................................... 153 IV.2 Polticas pblicas do setor aeronutico.......................................................................... 155 IV.3 Justificativas para priorizar a indstria aeronutica nas polticas pblicas......................... 157 IV.4 Benefcios da priorizao da indstria aeronutica nas polticas pblicas ........................ 163 Anexo V Reflexes de base ao estudo sobre a indstria aeronutica brasileira ..................... 166

V.1 O Setor industrial aeronutico ...................................................................................... 166 V.2 A problemtica ............................................................................................................ 169 V.3 As necessidades........................................................................................................... 171 V.4 A construo do programa estratgico .......................................................................... 177

Bibliografia ...................................................................................................... 181

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Sumrio

Lista de quadros e figuras

Figura 1 Fortalecimento poltico-institucional............................................................................. 59 Figura 2 Fortalecimento da cadeia produtiva ............................................................................ 62 Figura 3 Fortalecimento da base de PD&I ................................................................................. 67 Figura 4 Diagrama das interrelaes da indstria no setor de transporte areo ............................ 72 Figura 5 Agenda de P&D para a competitividade no horizonte 2023 .......................................... 73 Figura 6 Macrodesafios da competitividade industrial ................................................................ 76 Figura 7 Macrodesafios da segurana de operaes ................................................................. 77 Figura 8 Atividades aeronuticas e efeitos na sociedade ............................................................ 78 Figura 9 Determinao da ao especfica dos poluentes .......................................................... 92 Figura 10 Fontes de rudo em uma aeronave ............................................................................ 93 Figura 11 Reduo de rudo por tcnicas de aproximao ......................................................... 94 Figura 12 Legenda: Como as informaes na agenda devem ser lidas ....................................... 97 Figura 13 Escoamento laminar para reduo de arrasto aerodinmico ....................................... 97 Figura 14 Fsica da gerao e propagao do som ................................................................... 98 Figura 15 Avio cargueiro ....................................................................................................... 98 Figura 16 Cabine de passageiros de nova gerao ................................................................... 99 Figura 17 Segurana de operaes ....................................................................................... 100 Figura 18 Aviao e sociedade .............................................................................................. 101 Figura 19 P&D Pr-competitivo da cadeia produtiva para o horizonte de 2012 ......................... 113 Figura 19 Marechal-do-Ar Casimiro Montenegro Filho, 1904-2000 ......................................... 167 Figura 20 Instituto Tecnolgico de Aeronutica (ITA). ............................................................... 168 Figura 21 Regio em estudo para o Parque Tecnolgico de So Jos dos Campos .................... 179

QUADROSQuadro 1 Estudo prospectivo aeronutico CGEE Aes estratgicas para a elaborao de planos de ao em 2008 ............................................................... 28 Quadro 2 Dados do panorama da indstria aeronutica mundial .............................................. 42 Quadro 3 Investimento para impulsionar a competitividade via o P&D pr-competitivo (em R$ 1 milho) .................................................................................................. 124

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Lista de Quadros e Figuras

FIGURAS

Lista de siglas

ABDI Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial AIAB Associao das Indstrias Aeroespaciais do Brasil ANAC Agncia Nacional de Aviao Civil APEX-BRASIL Agncia Brasileira de Promoo de Exportaes e Investimentos AVIC Aviation Industry Corporation of China BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social BNDESPAR BNDES Participaes S.A. CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CREDN Comisso de Relaes Exteriores e de Defesa Nacional CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CGEE Centro de Gesto e Estudos Estratgicos CRE Comisso de Relaes Exteriores e Defesa Nacional CTA Centro Tcnico Aeroespacial EUA Estados Unidos da Amrica FAA Federal Aviation Administration FAPs Fundaes e Entidades de Amparo Pesquisa FGPC Fundo de Garantia para a Promoo da Competitividade FINEP Financiadora de Estudos e Projetos GT3 Grupo de Trabalho Tributrio Aeronutico HTA High Technology Aeronautics ICAO International Civil Aviation Organization ICTs Instituies de Cincia e Tecnologia IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ITA Instituto Tecnolgico de Aeronutica JIT Just in time MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia MD Ministrio da Defesa MDIC Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior MPE Micro e Pequena Empresa

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Lista de Siglas

Apresentao

O setor aeronutico brasileiro um dos mais competitivos do mundo, disputando a terceira posio na produo de aeronaves comerciais para transporte de at 108 passageiros. Em 2007, o setor representou 3,2% do total das exportaes brasileiras, equivalente a U$5.204 milhes FOB de um total exportado de U$160.549 milhes FOB. Ele um dos setores contemplados no Programa para Consolidar e Expandir a Liderana da Poltica de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lanada pelo Governo Federal em maio de 2008. A PDP - Indstria Aeronutica contempla os desafios, metas, instrumentos e aes para o fortalecimento da competitividade internacional, medida pela participao nas exportaes brasileiras e pela participao no mercado global na rea especfica de atuao. A Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) participa da Secretaria Executiva da PDP, ao lado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) e do Ministrio da Fazenda. O BNDES o coordenador do Programa para Consolidar e Expandir a Liderana e gestor do Comit Executivo da PDP. A PDP resultado da articulao pblico-privada realizada pela ABDI e pelas instituies parceiras. As quatro metas para 2010, definidas na PDP desta indstria, so: sustentar a terceira posio no mercado mundial de aeronaves comerciais; ampliar a participao no mercado mundial de aeronaves executivas; aumentar as exportaes de helicpteros para a Amrica do Sul; e aumentar a produtividade das empresas produtoras de aeropeas. Desde 2006, a ABDI desenvolve o Programa de Competitividade Setorial cujo objetivo contribuir para a articulao, construo, coordenao, monitoramento e avaliao de uma estratgia para elevar a competitividade e inovao nos setores da economia e tambm pela construo de uma viso de longo prazo acordada com os representantes pblico e privados. A Indstria Aeronutica um dos setores contemplados pelo Programa de Competitividade, para o qual foi elaborado um Estudo Prospectivo Setorial em 2006-2007. A viso de 19

Estudo Prospectivo Aeronutico

futuro construda, bem como os mapas estratgicos e tecnolgicos, apoiaram na construo da PDP - Indstria Aeronutica. Para a elaborao desse estudo prospectivo, a ABDI contratou o Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE), rgo ligado ao Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT), especializado na elaborao de estudos e pesquisas prospectivas na rea de Cincia e Tecnologia. A metodologia empregada pelo CGEE envolveu a constituio de um Comit Gestor que teve participao ativa na delimitao e construo das rotas tecnolgicas e estratgicas, da viso e da misso da Indstria Aeronutica Brasileira. As instituies privadas que compuseram o Comit Gestor foram: a Associao das Indstrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), a Empresa Brasileira de Aeronutica S.A. (Embraer) e o Consrcio High Technology Aeronautics (HTA). Os representantes do governo foram: a Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), o Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) e a Agncia Nacional de Aviao Civil (ANAC). Agradecemos a participao e colaborao dos membros dos comits e dos especialistas que participaram das oficinas de trabalho realizadas representando a iniciativa privada, rgos pblicos, instituies de apoio, as universidades e as instituies de pesquisa de diferentes regies do Brasil.

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MRE Ministrio das Relaes Exteriores NASA National Aeronautics and Space Administration OSCIPs Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico PCS Programa de Competitividade Setorial PDP Poltica de Desenvolvimento Produtivo PD&I Pesquisa, Desenvolvimento & Inovao PES Programa Estratgico Setorial PITCE Poltica Industrial, Tecnolgica e de Comrcio Exterior P&D Pesquisa & Desenvolvimento PME Pequena e Mdia Empresa PUC RS Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul RJU Regime Jurdico nico RHAE Programa de Capacitao de Recursos Humanos para Atividades Estratgicas UFMG Universidade Federal de Minas Gerais VHF Very High Frequency UHF Ultra High Frequency SisCTID Sistema de C,T&I de interesse da Defesa Nacional

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Estudo Prospectivo Aeronutico

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Sumrio executivo Xxxxxx

Estudo Prospectivo Aeronutico

A construo da viso de futuro, dos pilares estratgicos e dos mapas tecnolgicos e estratgicos considerou acordos geopolticos multilaterais para a participao das empresas da indstria aeronutica em cooperao tecnolgica internacional e em programas multinacionais de desenvolvimento e produo, sob a coordenao do MDIC, MCT, MRE, AIAB, ABDI e CGEE. A viso de futuro considera, ainda, a priorizao do setor na poltica industrial, atual Poltica de Desenvolvimento Produtivo, pela sua participao no Programa de Competitividade Setorial da ABDI e a garantia do acesso aos fundos de investimentos pblicos e privados para as empresas da cadeia aeronutica, com a reviso de normas e estatutos para adequao as caractersticas prprias desta indstria. A viso de futuro (2008-2023) da indstria aeronutica tem a seguinte formulao-sntese: ampliar a participao no mercado mundial de aeronaves, com simultnea dinamizao, atualizao tecnolgica e uma maior insero internacional da cadeia produtiva do Brasil. Definida por profissionais brasileiros de diversas reas e setores do governo, da indstria e da universidade, ela se sustenta em trs pilares estratgicos: 1. Fortalecimento da base de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovao (PD&I) 2. Aperfeioamento do ambiente institucional 3. Fortalecimento da cadeia produtiva Esses pilares estratgicos, definidos para um setor de alto valor agregado e superavitrio nas transaes externas brasileiras, significam: 1. Fortalecer o parque de cincia e tecnologia aeronutico na oferta de produtos e servios certificados, com potencial de incorporao pelas empresas no curto (cinco anos), mdio (dez anos) e longo prazo (quinze anos).

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A atuao deve se concentrar prioritariamente em PD&I das tecnologias aeronuticas pr-competitivas de curto prazo, mediante: a) especializao e reteno de talentos; b) fomento aos programas mobilizadores de interesse da defesa e da aviao comercial; c) ampliao de financiamento pela utilizao dos mecanismos da Lei n 10.973, de 2 de dezembro de 2004, regulamentada pelo decreto n 5.563, de 11 de outubro de 2005 e regulamentaes posteriores, conhecida como Lei de Inovao, e da Lei n 11.196, de 21 de novembro de 2005, e regulamentaes posteriores, conhecida como Lei do Bem; d) consolidao da aplicao de clusulas de compensao tecnolgica (offsets) nas compras governamentais. 2. Aperfeioar o ambiente institucional da indstria aeronutica, o que implica na definio de mecanismos para a consolidao das compras governamentais, simplificao aduaneira, isonomia tributria e oferta de crdito, compatveis com as caractersticas das empresas que compe essa indstria. Sugere-se, para tanto, a construo de planos de longo prazo para o aparelhamento, revitalizao e manuteno da Fora Area, da Marinha e do Exrcito Brasileiros, alm da modernizao da poltica de transporte areo. A simplificao da regulamentao da logstica de importao e exportao permitir a insero das pequenas e mdias empresas fornecedoras em cadeias globais just in time, por exemplo, pela flexibilizao da Linha Azul. A reviso da legislao para a criao de um regime tributrio isonmico em relao s empresas competidoras estrangeiras ir, tambm, auxiliar na internacionalizao da PMEs fornecedoras. Alm disso, o aperfeioamento do ambiente financeiro, particularmente a reviso e flexibilizao dos mecanismos de garantia de crdito exigidos nos contratos com as empresas do setor, por exemplo, o FGPC, Bid Bonds e Performance Bonds, so aes de polticas pblicas complementares importantes. 25

Estudo Prospectivo Aeronutico

3. Fortalecer a cadeia produtiva aeronutica com o objetivo de adensar o nmero de empresas e a agregao de valor no Brasil, o que pressupe a utilizao de mecanismos de financiamento para o desenvolvimento tecnolgico, o fortalecimento da qualificao dos recursos humanos e o desenvolvimento de competncias em gesto para apoiar as empresas fornecedoras e a ampliar a participao destas na agregao de valor dos itens integrados s aeronaves. O adensamento da cadeia produtiva aeronutica implica na utilizao de mecanismos de financiamento para o desenvolvimento tecnolgico, no fortalecimento da qualificao dos recursos humanos e no desenvolvimento da gesto, com vistas a apoiar as empresas que participam da cadeia de fornecimento e a ampliar a participao de empresas brasileiras na agregao de valor dos itens integrados s aeronaves. 26 As medidas e aes devem mobilizar a cadeia produtiva aeronutica na execuo da agenda de tecnologias pr-competitivas no mdio e longo prazo (indicadas neste estudo com meta de 2010 e 2023), observando as tendncias de consumo de produtos e servios aeronuticos internacional com foco no mercado consumidor. Para tanto, ser importante a mobilizao da cadeia produtiva aeronutica na execuo da agenda de tecnologias pr-competitivas (indicadas neste estudo com a meta de 2010), observando as tendncias de consumo de produtos e servios aeronuticos dos demais clientes globais. E, ainda, mobiliz-la para os desafios tecnolgicos e as linhas correspondentes de pesquisa tecnolgica (indicadas neste estudo para o horizonte at 2023) de interesse e desafio da atividade aeronutica no mundo.

A viso de futuro considera ainda a utilizao do Programa ABDI/PCS, de forma a dar prioridade ao setor na poltica industrial e garantir s empresas da cadeia aeronutica o acesso aos fundos de investimentos pblicos e privados, com a reviso de normas e estatutos. Destaca-se tambm a necessidade de se priorizar e institucionalizar uma poltica de atrao de investimentos externos (via APEX, MRE, MD, MDIC e mecanismos prprios dos governos estaduais), por meio da transparncia de regras e incentivos fiscais, desburocratizao da logstica de importao e exportao, disponibilidade de recursos humanos especializados de baixo custo e demanda do mercado local. Considera-se essencial a ampliao do financiamento para o crescimento e modernizao da capacidade produtiva das empresas do setor, mediante a oferta de recursos financeiros adequados (BNDES, FINEP e fundos de participao) e pela reviso da legislao tributria relativa a similares nacionais de bens de capital, os quais tm especificao diferenciada. Os representantes da indstria enfatizam a necessidade da constituio de um programa PME (de insero das Pequenas e Mdias Empresas no e-Business global), mediante financiamento e mecanismos que facilitem a sua incluso nas redes Aero Chain (Embraer), Boost Aero (Airbus) e Exostar (Boeing), disponibilizando-o, possivelmente, no Parque Tecnolgico de So Jos dos Campos, sob a coordenao da AIAB e com apoio da FINEP e do BNDES

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Sumrio executivo

A realizao da viso de futuro ocorrer com base em acordos geopolticos multilaterais que levem participao das empresas do setor em cooperaes tecnolgicas internacionais em programas multinacionais de desenvolvimento e produo, por meio da coordenao do MDIC, MCT, MRE, AIAB, ABDI e CGEE.

Estudo Prospectivo Aeronutico

As recomendaes apresentadas para o setor aeronutico esto detalhadas no Captulo 2 e sumarizadas no Quadro 1.

Quadro 1 Estudo prospectivo aeronutico CGEE Aes estratgicas para a elaborao de planos de ao em 2008 Segmento da Estratgia Fortalecimento da Institucionalidade Ao Estratgica Desburocratizar e flexibilizar a regulamentao aduaneira de forma a permitir a insero de empresas do setor em cadeias just in time; Meios / Recursos Flexibilizao da Linha Azul para o setor; insero em cadeias JIT; Desburocratizao e flexibilizao da regulamentao aduaneira para o setor.

Criar regime tributrio isonmico em Reviso da legislao para estender relao aos competidores internacionais incentivos tributrios cadeia produtiva; com incentivos tributrios do Fortalecer a atuao do grupo GT31. exportador principal estendidos aos fornecedores na cadeia produtiva;

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Revisar e flexibilizar os mecanismos de garantia de crdito das empresas do setor; Exercer o poder de compras pblicas de qualidade favorecendo o desenvolvimento industrial; Fortalecimento da Cadeia Produtiva Institucionalizar a incluso do setor em acordos geopolticos multilaterais, para cooperao tecnolgica internacional, e em programas para desenvolvimento e produo; Priorizar o setor na Poltica de Desenvolvimento Industrial, de forma a gozar de incentivos semelhantes aos setores constantes da PITCE; Quadro 1 Continuao

FGPC (BNDES, FINEP, FAPs); BID BOND; Performance BOND, reviso e flexibilizao da regulamentao com a participao do setor. PITCE, Agenda Poltica; Fortalecimento da Institucionalidade MD + AIAB + Frente Parlamentar (CREDN/Cmara, CRE/Senado e MRFA). Cooperao tecnolgica; desenvolvimento e produo (programas multinacionais); incluso do setor nos acordos multilaterais; implementao por meio da coordenao entre MDIC/MCT/MRE/AIAB/ABDI/CGEE. Priorizao do setor na Poltica de Desenvolvimento Industrial/ABDI (Programa PES). Continua

Fomentar fundos de investimentos pblicos e privados para participao com aes em empresas do setor; Ampliar financiamento para o crescimento e modernizao da capacidade produtiva das empresas; Fortalecimento da base de P&D Priorizar recursos financeiros no reforo da gesto de PD&I, na multidisciplinaridade, na integrao de tecnologias, em plataformas tecnolgicas e em programas planejados de pequeno, mdio e grande porte; Instituir programas mobilizadores, priorizando o planejamento de PD&I;

Financiamento ou Equit - BNDES/PAR + FINEP + Fundos Pblico/Privado/Reestruturao das normas aplicveis, estatutos. Captao de recursos mais competitivos; reviso do similar nacional de bens de capital para o Setor/BNDES; Fundos de participao (venture capital). Reforar a gesto de P&D; multidisciplinaridade; integrao de tecnologias; plataformas tecnolgicas; programas de pequeno, mdio e grande porte/FINEP e FAPs; Fundos Setoriais com representante da AIAB. Planejamento de P&D; multidisciplinaridade; integrao de tecnologias; plataformas tecnolgicas; programas de pequeno, mdio e grande porte; fortalecimento do SisCT&I de Interesse da Defesa (MD e MCT) e da Rede Nacional de P&D de interesse da Aviao Civil (ANAC) com engajamento do MDIC e AIAB; Investir R$660 milhes no P&D Pr-competitivo da cadeia produtiva em 5 anos. Finep e FAPs; CNPq/ Capes/RHAE; fundos setoriais; financiamento privado com compensaes; fundaes de apoio; OSCIPs; remoo de gargalos legais para atuao de funcionrios RJU; Lei de Inovao/ Fortalecimento da institucionalidade MD + AIAB + Frente Parlamentar (CREDN/Cmara, CRE/Senado, entre outros). FINEP/Inovar; Fundos de Angel Capital/Seed money; Lei de Inovao; qualificao aeronutica/revisar/implantar regulamentao e mecanismos de facilitao. Offsets; contrato de longo prazo; direcionamento para subcontratao no pas; rgos gerenciadores.

Fomentar recursos humanos (talentos) buscando remover gargalos pela Lei de Inovao para atuao empreendedora de funcionrios pblicos;

Fomentar o empreendedorismo por meio de recursos financeiros competitivos priorizando a qualificao aeronutica; Impor contrapartidas s compras pblicas, priorizando a subcontratao no pas para fomentar tecnologias;Fonte: Oficina setor aeronutico - CGEE, 2007

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Sumrio executivo

Estudo Prospectivo Aeronutico

Este relatrio descreve, portanto, as orientaes estratgicas que permitiro materializar a viso de futuro. Elas esto registradas no captulo do roadmap estratgico, de tal forma que os tomadores de deciso no s podero identificar as aes estratgicas como os meios, metas e diretrizes necessrias formulao de planos de ao. Essas diretrizes, definidas pela viso de futuro, pela misso social, econmica e poltica da atividade aeronutica e pelos valores institucionais e histricos do setor, auxiliaro os gestores da cadeia industrial a identificar as oportunidades e a elaborar os planos de ao em sintonia com o negcio de aeronutica, mediante atitudes proativas. Para tanto, as diretrizes estratgicas, contidas no Anexo II, foram distribudas nas seis dimenses (ou seis fatores crticos de sucesso) que causam impactos na atividade industrial aeronutica. Estes fatores crticos so: mercado, financiamento, tecnologia, recursos humanos, infraestrutura fsica e fator poltico-institucional. Ainda com base nas dimenses de anlise e de suporte deciso, o presente relatrio fornece, no Captulo 1, sntese do relatrio Panorama Aeronutico (parte integrante do estudo prospectivo). Neste captulo podemos identificar os aspectos comparativos que caracterizam a competitividade do Brasil e dos concorrentes mundiais nas janelas de oportunidades de mercado, de financiamento, de tecnologia, de recursos humanos, de infraestrutura fsica e da conjuntura poltico-institucional. Aps o captulo do roadmap estratgico, este documento apresenta uma agenda de linhas de pesquisa tecnolgica estratgicas, em lugar do convencional roadmap tecnolgico. O estudo seguiu a linha do observador externo s empresas de base tecnolgica. A exemplo de estudos realizados em pases concorrentes ao Brasil (Anexo V; o Programa Quadro da Comunidade Europeia, e os programas dos EUA, Canad, entre outros pases), o estudo decidiu por apontar a cadeia de empresas brasileiras e as principais linhas de desenvolvimento tecnolgico com potencial de competitividade global. A indicao do conjunto de possibilidades de sucesso cadeia aeronutica teve por fundamento o mapeamento dos desafios tecnolgicos do setor no mundo.

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O conhecimento tecnolgico multidisciplinar. Ele se acha em estgios diferenciados de maturao, da pesquisa bsica ao mais elevado, o de uso generalizado. O relatrio tenta indicar os estgios de maturidade dos conhecimentos no Brasil e nos mercados concorrentes. Com isso, procurou-se desenvolver um modelo de enquadramento das tecnologias aeronuticas que permitisse s empresas da cadeia produtiva e ao governo conciliar os planos de investimento pblico-privado s estratgias de PD&I de tecnologias competitivas ou de suprimento das tecnologias essenciais de curtssimo prazo (2010 a 2012). Um exemplo das tecnologias essenciais sobrevivncia e promoo da cadeia aeronutica brasileira, a partir do modelo desenvolvido para abrigar os desafios tecnolgicos, encontra-se no Anexo I P&D Pr-competitivo da Cadeia Produtiva. Nele, so indicadas as linhas ou reas de pesquisa tecnolgica (e seus assuntos tecnolgicos derivados) que as empresas devem dominar para permanecer no mercado em curto prazo. Com base nas informaes, documentos e oficinas de trabalho, indicaram-se os seguintes produtos de mobilizao da cadeia aeronutica brasileira: estruturas leves; e sistemas embarcados e modelagem virtual. Estas so indicaes perceptveis ao pblico especializado. Portanto, constituem apostas de financiamento e fomento que o pas necessita fazer com urgncia e com elevado grau de acerto. Superada a fase emergencial de permanncia no mercado por iniciativas estratgicas de mbito poltico-institucional e de fortalecimento da cadeia produtiva com base nas tecnologias pr-competitivas, a agenda de linhas de pesquisa tecnolgica estar apta a referenciar os desafios tecnolgicos de interesse em mdio e longo prazo (aps

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Sumrio executivo

Como os desafios tecnolgicos so variados, complexos e interdependentes, procurou-se definir as linhas de pesquisa tecnolgica a partir do desdobramento dos macrodesafios tecnolgicos. Em seguida, os desafios foram desmembrados em linhas de pesquisa tecnolgica estratgica e essas em assuntos tecnolgicos de interesse atual.

Estudo Prospectivo Aeronutico

2023). A agenda poder servir ainda para a confeco de roadmaps tecnolgicos especficos das empresas. Ressalta-se ainda ser imprescindvel que documentos executivos sejam produzidos por organismos institucionais, priorizando e planificando as aes estratgicas de maior sustentabilidade em P&D pr-competitivo da cadeia produtiva aeronutica brasileira. O Estudo Prospectivo Setorial Aeronutico identificou estratgias voltadas para o aumento da participao do Brasil no mercado mundial de produtos aeronuticos, alm de extrair algumas lies das anlises poltico-institucional, das tecnologias competitivas, do mercado e da estrutura de suporte atividade. Quatro observaes, contudo, precisam ser destacadas, de modo a subsidiar setores governamentais e indstrias na escolha das rotas de desenvolvimento competitivo da cadeia produtiva, nos horizontes de curto (2010) e de longo prazos (2023). So elas: 32 1) H no setor aeronutico do pas uma marca de brasilidade cara sociedade. De 1709, com a primeira demonstrao do balo de ar quente realizada pelo brasileiro Bartolomeu de Gusmo s vendas internacionais dos modernos jatos Embraer 195, passando por SantosDumont e pelo marechal Montenegro, o Brasil percorreu um caminho de alto valor estratgico, poltico e econmico. O fortalecimento das instituies do setor, a formao de um parque tecnolgico aeronutico de ponta e a formulao de polticas adequadas cadeia produtiva so os elementos que permitiro manter aquela marca, cujos dividendos vo alm dos supervits comerciais e alcanam o prprio orgulho nacional. 2) H no setor aeronutico do pas um percentual de poder econmico a expandir. Na carteira de clientes da Embraer constam 70 companhias areas e bandeiras comerciais de 43 pases. Ela responsvel por 2,4% das exportaes gerais no pas, vendendo produtos de alta e mdio-alta intensidade tecnolgica. O mercado aeronutico cresce globalmente a

taxas anuais de 5%, superior em mdia aos PIBs internacionais. O Brasil o segundo maior mercado de helicpteros do planeta. Conta com cerca de 950 aparelhos de todos os tipos. Pas de dimenses continentais, mas carente de outros meios de transporte, a taxa de crescimento do modal areo brasileiro praticamente o dobro da taxa mundial, o que demonstra a existncia de uma demanda reprimida. Contudo, o faturamento do setor aeroespacial brasileiro representa apenas cerca de 2% do faturamento mundial, excludo o bloco asitico2. Portanto, est no fortalecimento das instituies do setor, na formao de um parque tecnolgico aeronutico de ponta e na definio de polticas adequadas cadeia produtiva, (tais como, a desregulamentao da logstica de importao e exportao; um regime tributrio isonmico; garantias de crdito as empresas, o uso estratgico do poder de compras e demais aes dos roadmap do estudo), o aumento do faturamento do setor pela elevao do nvel de competitividade das empresas brasileiras. 3) H no setor aeronutico do pas um grau de urgncia que requer imediata mobilizao dos rgos, empresas e instituies pblicas e privadas. O estoque de tecnologias pr-competitivas para a prxima gerao de aeronaves pode ser considerado esgotado por falta de um empreendimento colaborativo de P&D aeronutico entre o governo brasileiro e as empresas. Quase todos os governos das naes desenvolvidas tm ampliado seu apoio P&D colaborativa e prcomercial. Os EUA tm mantido uma legislao federal importante de apoio P&D colaborativa desde os anos de 1980. O Japo e a Unio Europeia tm incentivos at mais fortes. A partir da dcada de 1990, 80% do oramento de governo japons para P&D so alocados para projetos que envolvem a colaborao de consrcios de indstrias, associaes de pesquisa, universidades e centros de pesquisa gerenciados por grupos de empresas. A americana Boeing tem centros de P&D que ultrapassam as fronteiras norte-americanas (na Espanha, Rssia, Austrlia e Reino Unido). Da mesma forma, a europeia Airbus mantm centros de P&D nos EUA, na Rssia e China.

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Sumrio executivo

Estudo Prospectivo Aeronutico

A canadense Bombardier, na Irlanda do Norte e na ndia3,4,5,6. A brasileira Embraer e as demais indstrias aeronuticas, necessitam, no curtssimo prazo, da cooperao dos governos municipal, estadual e federal para o desenvolvimento das tecnologias pr-competitivas ligadas a estruturas leves e eficientes, sistemas embarcados e modelagem virtual. Passo seguinte s aes estratgicas e de P&D emergenciais, caber um trabalho coordenado (empresas e governo), de modo a traar sua sustentabilidade frente aos novos entrantes (concorrentes diretos) e garantir a viabilidade de parcerias oportunas com os que detm bases fortes de P&D aeronutico. 4) O setor aeronutico brasileiro necessita de uma liderana polticoinstitucional explcita. Temos todos os componentes polticoinstitucionais (AIAB, ABDI, MD, MDIC) de atendimento ao setor, mas falta a todos eles um plano de desenvolvimento da indstria aeronutica que articule e coordene os interesses do Estado (economia, defesa, social), do setor empresarial e da Universidade, apoiados nos parques tecnolgicos, ICTs e bases industriais de P&D. Os roadmaps do estudo, ao ensejarem planos especficos de ao, podem oferecer uma plataforma emergencial que permita o exerccio de liderana formalmente expresso e anunciado ao pas e ao exterior. Para tanto, este documento oferece recomendaes gerais para a construo dos Planos Executivos que se seguiro ao Estudo Prospectivo.

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NOTAS1 2 3 4 5 6

Grupo de trabalho tributrio composto por membros do BNDES, MDIC, AIAB e Consrcio HTA Embraer Airline Market Overview. Disponvel em http://www.embraer.com Ilan Oshri, Boeing Corporation: Strategic Challenges Facing the Future of Flight, Rotterdam School of Management, Erasmus University, 2005. Flight International Online http://www.flightinternational.com Aerospace Enginering at IIt Bombay. Apresentao Microsoft Powerpoint elaborada por A. Chatterjee. Commission on the Future of the United States Aerospace Industry Final Report.

Introduo

Estudo Prospectivo Aeronutico

Este documento a verso consolidada dos relatrios referentes ao Estudo Prospectivo do Setor Aeronutico, contratado pela ABDI em 2006 e executado pelo CGEE no perodo 2006-2007. Os relatrios apresentados dissertam sobre o panorama aeronutico no Brasil e no mundo, as perspectivas histricas, industriais e poltico-institucionais e prospeces de estratgias e tecnologias para o fortalecimento da competitividade das empresas do setor. Sob a coordenao tcnica do CGEE foram organizadas oficinas de trabalho, seminrios e reunies para a validao de dados e de informaes e a construo do Estudo. Participaram do debate organizado nesses eventos engenheiros aeronuticos, economistas, pesquisadores e executivos da academia, da indstria e do governo brasileiro com destacado conhecimento e experincia no setor aeronutico. A indstria aeronutica brasileira considerada como modelo internacional para a construo de polticas de desenvolvimento industrial pelos pases de industrializao recente, tais como a China, a ndia e a frica do Sul, alm de outros. Particularmente, a Empresa Brasileira de Aeronutica S. A. (Embraer), disputa a terceira posio no mercado aeronutico comercial com a canadense Bombardier, ficando atrs, apenas, da Boeing e da Airbus. A Bombardier um dos principais competidores da Embraer no mercado de aeronaves regionais com capacidade para transportar at 108 passageiros. A Embraer , de fato, a nica empresa de sucesso nesse mercado do Hemisfrio Sul1. O mercado aeronutico comercial caracterizado pela concentrao da produo de aeronaves em poucas empresas, grande concentrao de empresas fornecendo sistemas, baixa escala comparado com outros setores produtores de bens de transporte, produto de alto valor agregado, necessidade de investimentos constantes e elevados em pesquisa e desenvolvimento, entre outros. Ele tem um importante papel para o desenvolvimento da competitividade industrial pelo seu potencial na difuso de novas tecnologias e efeito multiplicador na

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modernizao industrial. Alm disso, o valor agregado de uma aeronave de U$ 1.300,00 U$ 2.000,00 por 1kg2, tendo um impacto positivo na balana comercial. Em 2007 o setor aeronutico representou 3,2% do total das exportaes brasileiras, equivalentes a US$ 5.204 milhes FOB de um total exportado de US$160.549 milhes FOB3. Diante do exposto, o Governo Brasileiro est implantando medidas especficas para a consolidao e expanso da liderana mundial do setor aeronutico a partir do lanamento da Poltica de Desenvolvimento Produtivo em 12 de maio de 20084. Historicamente, diversas aes para o desenvolvimento desse setor foram implantadas durante o sculo XX pelo esforo conjunto do governo brasileiro, das Foras Armadas, da indstria e da comunidade. Inicialmente, esforos de jovens empreendedores, representados por Santos Dumont e por Casimiro Montenegro Filho, e a criao do Departamento de Aviao Civil em 19325 foram o "motor" para a consolidao da importncia da aeronutica para um pas continental como o Brasil. Durante a II Guerra Mundial, o papel da Fora Area foi claramente identificado como estratgico, tanto para as misses da guerra, quanto para o transporte de passageiros e dos correios. A importncia do setor para a soberania nacional ficou mais clara para o governo brasileiro a partir da Segunda Guerra Mundial. Desde ento, esforos para o desenvolvimento de competncias nacionais foram realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo S. A. (IPT) e pela criao do Instituto Tecnolgico de Aeronutica (ITA), ComandoGeral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), alm de outras instituies responsveis pela formao de engenheiros e realizao de pesquisas aeroespaciais. Resultado dos esforos para o desenvolvimento de um avio nacional, a Embraer foi fundada em 1969 como um spin-off do CTA. Desde ento, o Brasil passou a produzir aeronaves de maior porte, ou seja, do transporte de 2-4 passageiros pela Neiva (Industria Aeronutica), a

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Introduo

Estudo Prospectivo Aeronutico

Embraer passou a produzir aeronaves para transporte de at 15 passageiros. Isso representou um salto significativo na capacidade de integrao e produo da indstria aeronutica nacional, caracterizado pelo aumento na complexidade dos sistemas de propulso e aerodinmica, alm dos outros componentes. A Embraer tornou-se a principal empresa produtora de aeronaves brasileira, sendo a nica produtora de avies para transporte de 35 passageiros at 108 passageiros. Ela consolidou-se pela conquista de mercados externos, tais como os Estados Unidos da Amrica e pases da Unio Europeia e sia, e pelo desenvolvimento de competncias estratgicas nesse segmento, tais como gesto logstica, produo, marketing, atendimento ao cliente e pesquisa e desenvolvimento, entre outras. Considerando o sucesso da Embraer, o Governo Brasileiro identificou algumas oportunidades para promover a consolidao e a expanso da liderana mundial desse segmento industrial pelo fortalecimento do ambiente poltico-institucional, adensamento da cadeia produtiva e o fortalecimento das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Brasil. O estudo conclui que a viso no horizonte 2008-2023 do setor aeronutico brasileiro : ampliar a participao no mercado mundial de aeronaves, com simultnea dinamizao, atualizao tecnolgica e uma maior insero internacional da cadeia produtiva do Brasil.

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1

Esse estudo considerou o segmento de produo de aeronaves comerciais de asas fixas, de transporte regional de 35 at 108 passageiros. Informao fornecida pela Associao das Indstrias Aeroespaciais Brasileira (AIAB) em apresentao realizada na ABDI no dia 10/10/2007. Fonte: SECEX/Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comercio Exterior >http://www2.desenvolvimento.gov.br/ arquivo/ascom/imprensa/Exp_Intens_Tecno_Out_2007_resu.xls< 13.10.08 s 12:30 A ntegra da Poltica de Desenvolvimento Produtivo est disponvel no endereo web http://www.desenvolvimento.gov.br.

2

3

4

5 Malagutti, Antnio Osller. Evoluo da Aviao Civil, no Brasil. Estudo. Consultoria Legislativa. Agosto de 2001. Braslia: Cmara dos Deputados. http://apache.camara.gov.br/portal/arquivos/Camara/internet/publicacoes/estnottec/pdf/109712.pdf, acesso em 13.10.2008, 17h48.

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Introduo

NOTAS

1. Panorama da indstria Xxxxxx aeronutica

Estudo Prospectivo Aeronutico

O presente captulo foi produzido com base no relatrio sobre o Panorama da Indstria Aeronutica Mundial, publicado em outubro de 2007. As informaes esto seccionadas e comentadas segundo a sua dimenso de anlise, ou seja, mercado, tecnologia, infraestrutura, talentos, financiamento e poltico-institucional. Importa lembrar que essas dimenses balizaram todo o referido relatrio e constituem fatores crticos de sucesso definidos como os que mais causam impacto e definem o ambiente da indstria aeronutica. As informaes contidas oferecem, sobretudo, um encadeamento para o processo de anlise e, posteriormente, devero ser objeto de referncia aos Planos de Aes que se sucedero.

1.1 Mercado aeronuticoQuadro 2 Dados do panorama da indstria aeronutica mundial Comparativo Mundo Brasil

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Para o exemplo; a Boeing Airbus pa- A Embraer pagaria mensalmente por parFinanciamento1,2 Exemplo: uma aeronave de garia parcelas mensais de US$ 227 cela US$ 246 mil (9% a mais). US$ 28 milhes, com 85% mil. financiado, no prazo de 12, seguro de crdito de 2%. Exportao3,4,5,6. Nos ltimos 10 anos (1997-2006) a indstria aeronutica mundial entregou ao mercado, 32.103 aeronaves, a um preo total de US$ 920,5 bilhes. Para a prxima dcada (2007-2016), a expectativa que haver produo de 44.364 aeronaves (um acrscimo de 38,2%), com um faturamento bruto de US$ 1,3 trilho (um acrscimo de 41,2%). Portanto, alm do mercado crescente de aeronaves, h agregao de valor por aeronave, j que o faturamento maior que o nmero de aeronaves no mesmo perodo. O setor aeroespacial brasileiro exportou, em 2006, US$ 3,9 bilhes, equivalente a 3,1% das exportaes brasileiras de produtos industrializados. O faturamento das indstrias aeroespaciais do pas inferior a 2% do faturamento do mundo ocidental (excludos China, ndia e Rssia).

Continua Quadro 2 Continua

Cadeia Produtiva Aeronutica7,8,9,10

Tem sido observada uma trajetria solidria ao processo de globalizao das cadeias de fornecimento das empresas integradoras em sistemas produtivos regionais de inovao. Muitas das cadeias esto localizadas em centros de excelncia (produtivos e de servios) organizados em torno de uma empresa-ncora. So exemplos: o caso de Seattle (EUA), base produtiva da Boeing, e Montreal (Canad), base da Bombardier.

Vrios fornecedores internacionais da Embraer se instalaram no Brasil para dar apoio cadeia de produo dos novos avies 170/190 e tambm foram atrados por outras boas condies do pas, como mo-de-obra qualificada e de custo relativamente modesto. O 2o nvel da cadeia brasileira constitudo de um conjunto de 155 PMEs, grande parte das quais tem na empresa-ncora seu principal mercado. Essas empresas atuam em quatro segmentos de mercado: bens industriais, ferramental, processos industriais e servios tcnicos e de engenharia. So empresas majoritariamente de pequeno porte, com faturamento abaixo de R$ 9 milhes e que tm, por essa razo, limitada capacidade de autofinanciamento e de fomento financeiro. A Embraer a 3a maior empresa integradora de aeronaves civis do planeta, atrs da Bombardier, Boeing e Airbus. O faturamento modesto (24 no ranking de 2006).

Embraer11,12 A integradora brasileira Embraer (empresa ncora da indstria aeronutica brasileira) tem 70 empresas areas clientes e est presente em 43 pases.

Novos entrantes concorrentes diretos da Embraer e da canadense Bombardier: Sukhoi/Alenia (parceria Rssia/Itlia); Avic I (China); Mitsubishi (Japo), no nicho de aeronaves regionais.

Tendncia do mercado13, 14, As estratgias de pases como a Chi- A Embraer prev vender 7.950 aeronaves 15 na, Coria do Sul e Japo tm se con- entre 2006-2025, US$180 bilhes; desse, H tendncia para aeronaves de cretizado atravs de programas de 4.230 aos EUA, Canad e Caribe. maior capacidade, na faixa de cooperao, polticas agressivas de 61-120 assentos, compondo offset e parcerias de risco com em74% da frota no segmento de presas lderes desde o segmento de 30-120 passageiros em 2025. avies regionais assim como com os Este segmento de mercado est fabricantes de aeronaves de longo alatraindo o interesse de vrios cance, notadamente Boeing e Airbus. pases e novos produtos esto A China criou dois programas: o AVIC programados para disput-lo I, que prev a produo local de um (China, Rssia, Japo). modelo estrangeiro j desenvolvido na faixa dos 100 assentos, e o AVIC II, para avies de 50 passageiros. Continua Quadro 2 Continuao

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1. Panorama da indstria aeronutica

Estudo Prospectivo Aeronutico

Crescimento do mercado16. A indstria aeronutica mundial regida, em maior parcela, pelo mercado do transporte areo. Esse mercado est crescendo globalmente com taxas anuais por volta de 5%, superior ao crescimento dos PIB nacionais, o que est acontecendo na ordem de 3% ao ano. No Brasil, a taxa de crescimento do modal areo praticamente o dobro da mundial, demonstrando haver uma demanda reprimida neste setor. A perspectiva de todos os fabricantes de aeronaves de que o crescimento mundial do transporte areo continue acontecendo nas prximas dcadas.

O FAA prev o crescimento da frota de aeronaves comerciais de 7.836 em 2005 para 10.677 em 2017 um crescimento mdio anual de 2,6% ou de 237 aeronaves-ano. A frota comercial cresce de 154 em 2006 e 188 em 2007; e, a maior parte desse crescimento ocorre entre os grandes jatos de passageiros (acima de 90 assentos). Nos 10 anos seguintes da previso, o crescimento esperado de 137 aeronavesano, atingindo 5.481 em 2017.

Aps 2008, a aviao regional dever crescer 80 aeronaves (2,3%) anualmente alcanando 3.851 aeronaves em 2017. O nmero de jatos regionais (de 90 assentos ou menos) estimado crescer de 1.758 em 2005 para 2.819 em 2017, um crescimento mdio anual de 4,0%. Quase todo o crescimento da aviao regional ocorrer nas aeronaves de 70 a 90 assentos.

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VANTs - Veculos areos no- Distribuio: EUA (34%), Inglaterra O Brasil tem 1% do mercado com a Aerotripulados17: mais de 9.000 (10%), Israel (9%), Frana (6%), Chi- mot e Aeroeletrnica. sero comercializados apenas na (5%) e outros pases (13%). nos EUA at 2017. Investimento anual neste mercado de US$ 250 milhes ano. Estima-se em 2015, de US$18 bilhes. Recursos Humanos Faltam recursos humanos especializados na cadeia de indstrias aeronuticas brasileira. H emprego: nos ltimos dez anos, somente a Embraer contratou 3.600 profissionais para trabalhos de desenvolvimento e engenharia. 62 escolas de engenharia aeronutica nos EUA - duas exclusivamente militares; as escolas do Reino Unido graduam mais de 250 engenheiros aeronuticos/ano; Quadro semelhante se repete na Frana. ITA (23 engenheiros aeronuticos por ano); Nos ltimos anos, ocorreu, em funo da demanda, a criao de outros cursos de engenharia aeronutica no Brasil: USP campus de So Carlos; UFMG. Cursos de Bacharelado e de Tecnologia em Cincias Aeronuticas, dentre os quais da PUC-RS, em Porto Alegre, e o da Universidade Braz Cubas (UBC), em Mogi das Cruzes.

Avies brasileiros3. O nmero de aeronaves de transporte, na faixa de 37-120 assentos, de fabricao nacional, operados por empresas areas domsticas, zero. Em agosto de 2007, a BRA Transportes Areos (atualmente fora do mercado) fez um pedido firme de 20 aeronaves Embraer-195 e mais 20 opes de compra com financiamento do BNDES. Seria a primeira empresa nacional a fazer pedido dos E-Jets. Para tal, trabalhou-se na eliminao de uma srie de assimetrias tributrias que favoreciam a importao de aeronaves desse tipo. Isto representaria um avano considervel em relao ao fornecimento do ERJ-145 a Rio-Sul - Linhas Areas, pois estas aeronaves foram inicialmente exportadas e, subsequentemente, importadas de modo a evitar a significativa carga tributria ento existente sobre aeronaves fabricadas no pas. Novos entrantes4. O mercado na faixa de 60-120 assentos nos prximos 20 anos expressivo, mas estar sendo disputado por vrios novos entrantes. No uma situao inusitada, pois a Embraer disputou com outras empresas o mercado regional de aeronaves de 30-34 assentos. Posteriormente, vrios novos entrantes chegaram ao mercado: o Dornier 328 e o Jetstream 41. Apesar de a Embraer ter se mantido na segunda posio em vendas com o EMB-120 Braslia, os novos entrantes foram capazes de fazer vendas significativas. Tendncia5,6. Em face do elevado preo do barril de petrleo, da reduo

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1. Panorama da indstria aeronutica

Cadeia produtiva1,2. Se a cadeia de fornecedores de partes, componentes e servios de engenharia aeronutica no Brasil e os integradores de aeronaves (avies, helicpteros, vants) no se capacitarem adequadamente, correm o risco de alijamento do mercado. H carncia de produtos nacionais na aviao agrcola, na geral e na de asas rotativas. Na aviao executiva, onde o Brasil o segundo maior mercado do mundo, a Embraer est desenvolvendo vrios novos produtos, que certamente tero boa aceitao no pas.

Estudo Prospectivo Aeronutico

de salrio dos pilotos de aeronaves de grande porte e das equipes de terra (manuteno), h uma maior atratividade para aeronaves de maior capacidade. Assim, a Bombardier fechou a linha de montagem do CRJ200. A Embraer produz o ERJ-145 apenas na China. Contudo, dentro de 10 anos haver necessidade de substituio das aeronaves de 50 ou menos assentos, movidas a jato. Certamente, a nova gerao desse tipo de aeronaves dever sofrer considervel reduo do custo direto operacional, relativos ao CRJ-200 e s aeronaves da famlia 145.

1.2 Desafios e solues tecnolgicasInfraestrutura de PD&I7. O parque tecnolgico brasileiro encontrase desatualizado e as pesquisas sofreram cortes com o processo de conteno dos gastos governamentais. Tal fato preocupante principalmente em relao ao futuro do setor aeroespacial e aeronutico. necessrio definir um novo modelo de infraestrutura de PD&I com viso de futuro. Pesquisas, laboratrios e formao da mode-obra no Centro Tecnolgico da Aeronutica e nas universidades paulistas foram, e continuam sendo, fundamentais para a consolidao do setor aeronutico no Brasil e a manuteno da sua competitividade no mercado mundial. Contudo, tal sistema possui enormes carncias, o que dificulta o seu poder de competio na vanguarda mundial das tecnologias aeronuticas. Ambiente institucional8,9. A falta de um projeto para as empresas brasileiras ou para as instituies que geram externalidades dinmicas para o setor aeronutico, constituem bices para a manuteno da competitividade futura ou a prpria apropriao pela sociedade brasileira da tecnologia gerada pela Embraer. Recorda-se que, ao contrrio dos ambientes dos concorrentes internacionais, o setor aeronutico no Brasil pouco nacionalizado e pouco integrado ao sistema industrial e de servios. Uma poltica de capacitao local ou de fortalecimento da cadeia produtiva brasileira essencial. Linhas de

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Desafio das integradoras, soluo estratgica10,11. As passagens areas tm os seus preos constantemente reduzidos, o que obriga as operadoras de transporte areo a trabalharem com margens de lucro reduzidas que, por sua vez, obrigam os fabricantes a dar grandes descontos nas vendas de aeronaves. Por sua vez, os equipamentos, os avinicos e os investimentos em segurana, exigem grandes investimentos e tornam caro os preos finais dos avies, o que fora as empresas fabricantes a adotarem polticas agressivas de reduo de custo. Com isso, sobram poucos recursos para os gastos internos em PD&I. Aqui entram estrategicamente os governos das concorrentes. Arranjos globais12,13. Como em qualquer estudo de interesse da humanidade, os desafios e metas das pesquisas tornam-se mais e mais complexos, como o so, por exemplo, os estudos sobre o efeito estufa, o genoma humano e, mesmo, o projeto de uma aeronave. Com isso, a necessidade de inteligncia coletiva e PD&I global aumentam em importncia. Os cientistas so movidos mais pela curiosidade intelectual que por recompensas financeiras. Contudo, os avanos atuais provocados pela globalizao e pelo uso extensivo da internet esto permitindo oportunidades de colaborao sem precedentes entre a comunidade cientfica, as universidades, agncias de governo e sociedades annimas de todos os portes. Convergncia de interesses. Se ocorrer progresso permanente nos mecanismos de colaborao (limites organizacionais flexveis, integrao regional, facilidade de comunicao, aceitaes culturais) haver necessidade de uma maior competncia na administrao

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1. Panorama da indstria aeronutica

financiamento ou alianas para investimentos em PD&I tambm sero fatores cruciais, uma vez que as margens de rentabilidade do setor so cada vez menores.

Estudo Prospectivo Aeronutico

da complexidade, da ambiguidade, do risco, da propriedade compartilhada, do desenvolvimento de uma infraestrutura de comunicaes apropriada, que ajude a conectar as inteligncias espalhadas por todo o globo. Roadmap aeronutico14,15,16. necessrio que o governo federal, articulado com a comunidade aeronutica, esteja solidrio com a viso de futuro do setor e efetive uma agenda (ou roadmap) para atingir os seus objetivos. Recomenda-se que seja adotado, como referncia, o modelo do Advisory Council for Aeronautical in Europe (ACARE) e sejam estabelecidos quadros de desenvolvimento tecnolgico, em especial para o setor aeronutico.

1.3 Exemplos e necessidades de infraestrutura48 Offset de tecnologias17. Os gastos globais na rea de defesa esto associados a mecanismos de compensao tecnolgica. Esses mecanismos de offset injetam PD&I na indstria aeronutica de outros pases concorrentes. O offset tecnolgico ainda um excelente e poderoso mecanismo de induo da indstria aeronutica que , no Brasil, minimamente beneficiada por ele. A estratgia tecnonacionalista da China emblemtica. Ela combina as expectativas internacionais de crescimento do seu mercado interno de transporte areo e as vantagens relacionadas aos baixos custos operacionais em seu territrio, de modo a atrair investimentos. Com o poder de barganha governamental das suas empresas nacionais aeronuticas, a China adotou polticas informais de offset para transferncia de tecnologia, capacidade produtiva e acesso a mercados globais. De outro lado, conferiu alta prioridade e investiu maciamente na construo de infraestrutura e capacitao tecnolgica em aeronutica. MPME e Clusters18,19. Criao e fortalecimento de centros regionais

A organizao e o funcionamento de MPMEs (micro, pequenas e mdias empresas) do segmento aeronutico em sistemas produtivos inovadores, a exemplo do que foi feito em Toulouse (Frana), Seattle (Estados Unidos) e Montreal (Canad), mostrou-se um caminho fundamental para a consolidao dessas indstrias. Evidncias histricas internacionais demonstram, ainda, ser necessrio construir as etapas posteriores, que compreendem trajetrias de internacionalizao e inovao. Contudo, as MPMEs mantm uma relao de dependncia ou influncia gerada pelas estratgias das empresas-ncoras desses espaos produtivos. Ainda assim, como a Frana, os Estados Unidos e o Canad possuem estruturas produtivas mais encadeadas (clusters) e com forte presena dos setores de alta tecnologia, empresas locais desenvolvem relaes mais densas e diversificadas, o que atenua a situao de dependncia econmica, em alguns casos, at com relativa autonomia. Infraestrutura aeroporturia20,21. O crescimento do trfego areo no Brasil est limitado pelos investimentos insuficientes em aeroportos e nos problemas do controle de trfego areo. O transporte areo poderia ter no Brasil uma participao muito maior do que apresenta atualmente. Naturalmente, este um fator limitante para venda de aeronaves e equipamentos nacionais no mercado interno. Compras pblicas22,23. O perfil dos produtos da principal integradora

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1. Panorama da indstria aeronutica

especializados e/ou sistemas produtivos regionais de inovao. A experincia internacional demonstra que a organizao das indstrias e dos servios organizados em sistemas produtivos regionais de inovao ou parques tecnolgicos especializados em P&D produz inmeros resultados positivos, como: especializao tecnolgica e produtiva; economias de escala; e aprendizado dinmico, com o aproveitamento de P&D colaborativa e a prpria criao de uma marca tecnolgica internacional.

Estudo Prospectivo Aeronutico

brasileira no foi acompanhado pela cadeia produtiva nacional, o que impediu que ela crescesse (tanto do ponto de vista estratgico quanto do volume de negcios) a um nvel satisfatrio de competitividade. Portanto, faz-se necessrio um plano de encomendas cadeia produtiva, que tambm seja de interesse da integradora e da empresa ncora. Exceo foi o Programa AMX que contemplou o desenvolvimento e o estabelecimento da cadeia de fornecedores qualificados no Brasil.

1.4 Desafios em RH de engenhariaOs recursos humanos so flexveis e de qualidade. Os profissionais formados no Brasil conseguem colocao em empresas estrangeiras (Airbus, Bombardier e Boeing, por exemplo). Para aprimorar o ensino de engenharia no Brasil ser necessrio: 1. Modernizar e adequar os currculos de escolas de engenharia e de instituies de ensino e pesquisa; 2. Coordenar os trabalhos de vrias universidades; 3. Identificar as competncias e divulgar para a comunidade; 4. Fortalecer a ps-graduao para ampliar o nmero de profissionais formados. Existe a urgncia em diminuir o descompasso entre a pesquisa brasileira e os outros pases, por exemplo EUA, China e Coria do Sul; 5. Implantar efetivamente a cultura empreendedora entre os alunos e professores universitrios e de nvel secundrio; 6. Premiar a inovao ou o esprito inovador. Pode-se, tambm, fazer isto por meio de competies ao estilo do Aerodesign que organizado pela Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE); 7. Valorizar os profissionais voltados para criao e inovao nas empresas nacionais; 8. Melhorar o processo seletivo dos estudantes pelas instituies privadas, o qual eficiente nas universidades pblicas; 9. Fortalecer o compromisso com a qualidade na maioria das

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1.5 Necessidades de financiamento1. Assegurar linhas de financiamento s Micro, MPMEs de modo a garantir crdito de exportao e assegurar linhas especficas, com juros menores, para bens de capital, giro e leasing. 2. Criar mecanismos facilitadores de importao de mquinas, equipamentos e outros bens de capital. 3. Fortalecer mecanismos no-reembolsveis, tornando disponveis recursos mais significativos para projetos pr-competitivos. 4. Desenvolver mecanismos de garantia ao crdito, criando uma gesto integrada do suporte, assim como tornar flexvel e gil o processo de anlise e contratao dos recursos, incluindo a questo de garantias reais. 5. Criar fundos de capital de risco e de recebveis. 6. Elevar o nvel de atividade industrial das MPMEs mediante apoio de uma poltica operacional especfica do BNDES.

1.6 Necessidades do ambiente polticoinstitucional24,25,261. Viabilizar compras de governo prioritariamente de produtos nacionais e de produtos importados somente com arranjos inteligentes de offset com vistas absoro de novas tecnologias. 2. Criar uma poltica especfica para o setor aeronutico, tratando-o como estratgico e prioritrio. 3. Fortalecer a estrutura de certificao da Agncia Nacional de Aviao Civil (ANAC), possibilitando operaes na fronteira 51

1. Panorama da indstria aeronutica

universidades privadas; 10. Fortalecer a qualidade nos cursos tcnicos e de nvel mdio. 11. Melhorar o apoio administrativo e reduzir a burocracia para ampliar a participao dos professores universitrios em projetos de pesquisa financiados por indstrias ou agncias de fomento.

Estudo Prospectivo Aeronutico

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6. 7.

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9. 52 10.

tecnolgica por meio de mecanismos adequados de sustentao. Estabelecer mecanismos institucionais para integrar os esforos das ICTs nas atividades de PD&I consideradas estratgicas. Conceber, aperfeioar e disseminar instrumentos de apoio inovao, de modo a fortalecer todas as etapas do desenvolvimento tecnolgico das empresas e identificar as instituies responsveis em cada uma dessas etapas. Tornar simples e geis os processos aduaneiros. Fortalecer e estruturar uma entidade para realizar a gesto de acordos de compensao (offset) aplicveis aviao civil em coordenao com a indstria e atualizar a legislao pertinente. Estabelecer isonomia tributria de toda a cadeia produtiva, promovendo a desonerao de modo a garantir a competitividade com os fornecedores estrangeiros desde a importao da matriaprima. Criar legislao diferenciada para aquisies governamentais no setor de CT&I. Buscar mecanismos para fortalecer a engenharia da aeronutica nacional.

NOTAS1

Evando Braga de Oliveira, MRO Aeronutico, Gerando Riquezas para o Brasil O Adensamento da Cadeia Produtiva na Indstria Aeronutica Brasileira, VARIG Engenharia e Manuteno, 2004 Helibrs Helicpteros do Brasil - http://www.helibras.com.br/mercado.asp Agncia Nacional de Aviao Civil - http://www.anac.gov.br/estatistica/estat26.asp Airline Market & Embraer Programs Overview A Perspective from 30-120 Market Segment http://www.embraer.com Embraer, Regra 70-110 - http://www.embraer.com.br/portugues/content/imprensa/press_releases_detalhe.asp?id=603 50-Seat RJ Market Implodes, Aerospace America Magazine, 2006 Mauro Arruda, Roberto Vermulm e Sandra Hollanda, Inovao Tecnolgica no Brasil: A indstria em busca da competitividade global, ANPEI, 2006

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8 Roberto Bernardes, Passive Inovation system and local Learning: a case study of Embraer in Brazil, Conferncia Internacional Sobre Sistemas de Inovao e Estratgias de Desenvolvimento Para o Terceiro Milnio, novembro de 2003

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John Robison-Berry, Oliver Leslie, & Fred Taylor, Small Business Innovation Research (SBIR) and Historical Black Colleges & Universities/ Minority Institutions (HBCU/MI) Initiatives, Boeing Co., 2007 Jean-Paul Rodrigues, The Geography of Transport Systems, Hofstra University, NY, 2007 Liam Breslin, The European Strategic Agenda for Aeronautics Research and the 7th FP of the European Commission, European Commission Aeronautics, 2005 McPherson, A. & Pritchard, D., The International Decentralization of US Commercial Aircraft Production: Implications for US Employment and Trade, United States Trade Center, Department of Geography, Buffalo, N.Y., 2002 Pritchard, D. e McPherson, A., Industrial Subsidies and the Politics of World Trade: the Case of the Boeing 7E7, The Industrial Geographer, Vol. 1, Issue 2, pp. 57-73, 2004 Advisory Council for Aeronautics Research in Europe (ACARE) - http://www.acare4europe.org/ European Aeronautics A Vision for 2020 Meeting Societys Needs and Winning Global Leadership, Report of a Group of Personalities Liam Breslin, The European Strategic Agenda for Aeronautics Research and the 7th FP of the European Commission, European Commission Aeronautics, 2005 Sam Perlo Freeman, Offsets and the Development of the Brazilian Arms Industry, Middlesex University, September 2002. Perfil do Parque Tecnolgico de So Jos dos Campos - A construo de um Cluster Aeroespacial e de Defesa em So Jos dos Campos, Macrotempo Kaiser Associates, 2007. Dziomba, B., Technology Acquisition of European Aeronautical SMEs, Dziomba Aeronautical Consultant. Crise do Setor Areo Brasileiro, Wikipdia Relatrio Preliminar do Tribunal de Contas da Unio Sobre o Apago Areo, 2007 Franko-Jpnes, P. M., The Brazilian Defence Industry. Boulder: Westview Press. Roberto Portela Bertazzo, A Crise da Indstria Aeronutica Brasileira 1945-1968, Universidade Federal de Juiz de Fora, 2003 GOVERNMENT of CANADA, National Aerospace and Defense Strategic Framework, 2005 NEVEN, D. e Seabright, European industrial policy: the Airbus Case, Economic Policy, Vol. 21, pp. 313-344, 1995 Pritchard, D. e McPherson, A., Industrial Subsidies and the Politics of World Trade: the Case of the Boeing 7E7, The Industrial Geographer, Vol. 1, Issue 2, pp. 57-73, 2004

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1. Panorama da indstria aeronutica

2. Roadmap estratgico Xxxxxx

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As aes estratgicas esto agrupadas nos seus respectivos segmentos: 1. Fortalecimento da base de P&D. 2. Aperfeioamento da institucionalidade setorial. 3. Adensamento da cadeia industrial aeronutica. Para cada ao so apontados os meios e a meta. So informaes sugestivas ao trato mais aprofundado de elaborao dos Planos de Ao em etapa posterior ao estudo. Os planos necessitam ser efetivados celeremente nas instituies da indstria aeronutica: ABDI, AIAB e instituies congneres. Maiores informaes sobre o processo de obteno dos resultados deste captulo esto contidas no Relatrio Prospectivo Setorial Aeronutico, concludo pelo CGEE em agosto de 2007. As diretrizes vinculantes de cada ao aos fatores crticos de sucesso (polticoinstitucional, financiamento, infraestrutura, recursos humanos, e tecnologia) so reapresentadas no Anexo II. As diretrizes da dimenso mercado no vinculam diretamente uma ao estratgica. Elas mesmas deram origem macroestratgia expressa nos segmentos acima relacionados.

2.1 Aes para o fortalecimento do ambiente poltico-InstitucionalAs aes voltadas para fortalecimento e adequao do apoio do ambiente poltico-institucional, hoje implcito, geram uma sinergia de 57

2. Roadmap estratgico

O estudo enfatiza as medidas propostas que permitam aos tomadores de deciso, do governo e da indstria, providncias prioritrias e urgentes sobre o conjunto de aes produzidas. As medidas surgiram em extensos e criteriosos debates entre especialistas e executivos do setor aeronutico industrial.

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movimentao da situao atual (volatilidade do apoio polticoinstitucional) para a situao futura, explcita, de apoio polticoinstitucional (institucionalidade adequada) como mostra a Figura 1. Conforme a atividade industrial venha se adequar ao ambiente de competitividade internacional torna-se necessrio a execuo criteriosa e completa do conjunto de aes at 2016 (preferencialmente at 2008, conforme as metas mais conservadoras). A efetividade de todas as aes est ligada s dimenses poltico-institucional; e dimenso financiamento, nas aes garantia de crdito e priorizao de compras pblicas com contrapartidas de desenvolvimento.

AO 1 Desregulamentao da logstica da importao e exportao - Desburocratizar e tornar exvel a regulamentao aduaneira aplicvel ao setor, de forma a permitir a insero de empresas em cadeias globais just-in-time (JIT). 58 Meios JIT Cadeia. Recursos Desburocratizao/exibilizao da regulamentao aduaneira setorial. Meta em aberto. Diretrizes Poltico-institucionais 2, 4-7, 9-10.

AO 2 Regime tributrio isonmico em relao aos competidores internacionais/cadeia produtiva - Revisar a legislao de forma a criar um regime tributrio especial para o setor, onde os incentivos tributrios do exportador principal sejam estendidos aos seus fornecedores que compem a cadeia produtiva. Meios Reviso da legislao para estender incentivos tributrios cadeia produtiva. Recursos Fortalecer a atuao do grupo GT3. Meta 2008. Diretrizes Poltico-institucionais 1-2, 4-6, 9-10.

Garantia de crdito Revisar e exibilizar os mecanismos de garantia de crdito das empresas do setor, por meio de FGPC (BNDES, FINEP FAPs), Bid Bonds e Performance Bonds. Fortalecer a , participao da representatividade do setor. Meios FGPC (BNDES, FINEP, FAPs); Bid Bond1; Performance Bond2. Recursos Reviso/exibilizao da regulamentao; participao dos representantes setoriais. Meta 2008. Diretrizes Poltico-institucionais 2, 4-8. Diretrizes de Financiamento 1-8. AO 4 Poder de compras pblicas Priorizar compras pblicas de qualidade incluindo desenvolvimento, por meio da insero do setor na agenda poltica de desenvolvimento industrial. Meios PITCE, Agenda Poltica. Recursos Fortalecimento da Institucionalidade MD, AIAB e Frente Parlamentar (CREDN/ Cmara, CRE/Senado e MRFA). Meta 2008. Diretrizes Poltico-institucionais 1-2, 4-9. Diretrizes de Financiamento 1-8.

Figura 1 Fortalecimento poltico-institucional

Fonte: Oficina setor aeronutico - CGEE, 2007

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2. Roadmap estratgico

AO 3

Estudo Prospectivo Aeronutico

Apesar de todas serem emergenciais e simultneas em relao ao seu incio, a garantia de crdito e a priorizao de compras pblicas com contrapartidas tm nvel de prioridade mais elevada que as demais.

2.2 Aes para o fortalecimento da cadeia produtivaAO 5 Acordos internacionais Institucionalizar a incluso do setor em acordos geopolticos multilaterais, fomentando a participao das empresas em cooperao tecnolgica internacional e em programas multinacionais de desenvolvimento e produo. Meios Cooperao tecnolgica; desenvolvimento e produo (programas multinacionais); incluso do setor nos acordos multilaterais. Recursos Adoo por meio de coordenao entre MDIC/MCT/MRE/AIAB/ABDI/CGEE. Meta 2007. Diretrizes Poltico-institucionais 2, 6-7, 10. 60

AO 6 PITCE (Poltica Industrial, Tecnolgica e de Comrcio Exterior) Utilizar o Programa PES, da ABDI, para fomentar a priorizao do setor na poltica de desenvolvimento industrial, de forma a gozar de incentivos semelhantes aos setores constantes da PITCE. Meios Priorizao do setor na poltica de desenvolvimento industrial. Recursos ABDI (Programa PES). Meta 2007. Diretrizes Poltico-institucionais 2, 4-10. Diretrizes de Financiamento 2, 7-8.

AO 7 Participao em empresas Fomentar fundos de investimentos pblicos e privados a participarem como acionistas de empresas do setor, a partir da reestruturao, regulamentao e implementao de normas e estatutos aplicveis. Meios Financiamento ou investimento, por exemplo, venture capital e private equity: BNDESPAR; FINEP; Fundos Pblico/Privado. Recursos Reestruturao das normas aplicveis; estatutos; regulamentar e instituir. Meta 2008. Diretrizes Poltico-institucionais 2, 5-7, 9. Diretrizes de Financiamento 1-8. AO 8 Atrao de investimentos externos Dar prioridade e institucionalizar a poltica e a promoo comercial pela APEX, MRE, MD, MDIC e os governos estaduais, para atrair investimentos externos no setor, por meio da transparncia de regras e incentivos scais, desburocratizao da logstica de importao/exportao, disponibilidade de recursos humanos especializados de baixo custo e demanda do mercado local. Meios Incentivos scais; desburocratizao da logstica de importao e exportao; RH especializado de baixo custo; Demanda do mercado local; promoo externa da poltica e transparncia das regras. Recursos Priorizao/institucionalizao da poltica pela APEX; MRE; MD; MDIC; governos estaduais. Meta em aberto. Diretrizes Poltico-institucionais 1-10. Diretrizes de Financiamento 1-8. Diretrizes de Infraestrutura 1-5. AO 09 Capacidade produtiva Ampliao do nanciamento para o crescimento e modernizao da capacidade produtiva das empresas do setor, por meio da captao de recursos nanceiros mais competitivos e sua disponibilizao pelo BNDES e fundos de participao; e pela reviso da legislao tributria relativa a similares nacionais de bens de capital, os quais tm especicao diferenciada para o setor. Meios Captao de recursos mais competitivos; reviso do similar nacional de bens de capital para o Setor. Recursos BNDES; Fundos de participao (venture capital). Meta 2008. Diretrizes Poltico-institucionais 1-10. Diretrizes de Financiamento 1-8. Diretrizes de Infraestrutura 1-5. 61

2. Roadmap estratgico

Estudo Prospectivo Aeronutico

AO 10 ePME (insero das Pequenas e Mdias Empresas no e-Business Global) Institucionalizao de um programa ePME para insero das pequenas e mdias empresas do setor no ebusiness global, por meio do nanciamento e de mecanismos de facilitao para suas incluses nas redes Aero chain (Embraer), Boost Aero (Airbus) e Exostar (Boeing), a ser disponibilizado no Parque Tecnolgico de So Jos dos Campos, sob a coordenao da AIAB e com apoio de FINEP e BNDES. Meios Aero chain; Boost aero; Exostar. Recursos AIAB; FINEP; BNDES; Parque Tecnolgico de So Jos dos Campos. Meta 2009. Diretrizes Poltico-institucionais 1-8. Diretrizes de Financiamento 1-5. Diretrizes de Infraestrutura 1-17.

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Figura 2 Fortalecimento da cadeia produtiva

Fonte: Oficina setor aeronutico - CGEE, 2007

Contudo, para o setor criar seu diferencial de competitividade no mercado global, alm de necessitar de uma institucionalidade fortalecida adequada (Figura 1), todas as aes desse segmento devem obter total xito at 2016 (preferencialmente at 2009, meta mais conservadora). Observa-se na figura 2 que a dimenso poltico-institucional influencia quase todas as aes, excetuando-se a ao intitulada ePME. Desenvolver este quadro de aes depende de atuao conjunta nas quatro dimenses: poltico-institucional, financiamento, infraestrutura e tecnologia. A dimenso financiamento fundamental para o fortalecimento da cadeia produtiva, excetuando-se a ao sobre acordos internacionais. A dimenso infraestrutura influencia de forma mais direta as aes que tratam da atrao de investimentos externos, da capacidade produtiva e da ePME. E, por ltimo, a dimenso tecnologia influencia diretamente a ao de ePME. Todas as aes so emergenciais e devero ser iniciadas de imediato e simultaneamente. Contudo h uma escala de prioridade entre elas, destacada na representao de cores. Elas ocupam trs nveis de prioridade. As aes de cores mais rubras e escuras so mais prioritrias que as aes de cores mais claras: Ao 9 Capacidade produtiva; Ao 5 Acordos Internacionais.

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2. Roadmap estratgico

As aes para o fortalecimento da cadeia produtiva aeronutica geram uma sinergia de movimentao da situao atual de fragilidade da cadeia produtiva da indstria aeronutica brasileira para a situao desejada, traduzida por uma cadeia de adensamento da cadeia produtiva da indstria aeronutica brasileira (Figura 2).

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2.3 Aes para PD&I de tecnologias competitivasAO 11 Premiaes ao esprito inovador Criao de premiaes que estimulem: (a) o esprito inovador, com prioridade em solues de arquiteturas abertas reutilizveis, assim como tecnologias especiais selecionadas para cada edio; e (b) a atuao cooperativa em relao indstria, mediante o uso de critrios de avaliao pertinentes ao impacto resultante do incremento de novos produtos e servios. Meios Solues abertas; concursos; pesquisador do ano (produtividades com relao indstria); tecnologias selecionadas para premiao; premiao de patentes. Recursos FINEP; FAPs; ABDI. Meta 2008. Diretrizes Poltico-institucionais 1-8. Diretrizes de Financiamento 1-11. Diretrizes de Infraestrutura 1-17.

64 AO 12 Pesquisa e desenvolvimento Dar prioridade aplicao dos recursos nanceiros da FINEP, Fundaes de Amparo Pesquisa e Fundos Setoriais na realizao de projetos tecnolgicos alinhados com a agenda de P&D, assim como o desenvolvimento de novos produtos, por meio do fortalecimento da representao do setor pela AIAB. Meios Reforar a gesto de P&D; multidisciplinaridade; integrao de tecnologias; plataformas tecnolgicas; programas de pequeno, mdio e grande porte. Recursos FINEP; FAPs; Fundos Setoriais; Representante AIAB. Meta 2009. Diretrizes Poltico-institucionais 1-3, 6-10. Diretrizes de Financiamento 4, 7-8. Diretrizes de Infraestrutura 1-5. Diretrizes de Recursos Humanos 1-11. Diretrizes de Tecnologia 1-17.

Programas mobilizadores Instituio de programas mobilizadores, com prioridade