128
 PROJECTO DE PESQUISA - ACÇÃO ADAPTAÇÃO DAS POLÍTICAS DE PESCA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA ÁFRICA OCIDENTAL APPECCAO/ CABO VERDE ANÁLISE DAS INSTITUIÇÕES E POLÍTICAS DE PESCA EM CABO VERDE  ABRIL, 2011

Estudo Sobre as Politicas de Pesca Versão Final

Embed Size (px)

Citation preview

  • PROJECTO DE PESQUISA - ACO

    ADAPTAO DAS POLTICAS DE PESCA S MUDANAS CLIMTICAS NA FRICA OCIDENTAL

    APPECCAO/ CABO VERDE

    ANLISE DAS INSTITUIES E POLTICAS DE PESCA EM CABO VERDE

    ABRIL, 2011

  • PROJECTO DE PESQUISA - ACO

    ADAPTAO DAS POLTICAS DE PESCA S MUDANAS CLIMTICAS NA FRICA OCIDENTAL

    APPECCAO/ CABO VERDE

    ANLISE DAS INSTITUIES E POLTICAS DE PESCA EM CABO VERDE

    Mindelo, Abril de 2011

  • APPECCAO/ CABO VERDE

    ANLISE DAS INSTITUIES E POLTICAS DE PESCA EM CABO VERDE

    Consultor

    Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas

    Preparado pela Equipa Tcnica:

    Alcides Varela Gestor INDP

    Armelinda Delgado Administradora INDP

    Elisia Cruz Sociloga INDP

    Ivone Lopes Tecnloga de Pescado DGP

    Maria Auxilia Correia Economista INDP

    Osvaldina Duarte Economista INDP (Coordenadora Nacional)

    Sandra Correia Biloga INDP

    Mindelo, Abril de 2011

    INDP (sede)

    C.p. 132 Mindelo - S.Vicente, Cabo Verde

    Telef. (+238) 232 1370/1373/1374

    Fax. (+238) 232 1616/1370

    Email www.indp.cv

  • AGRADECIMENTOS

    Agradecemos a todos os tcnicos da DGP, da DGA, do INMG e do INDP, pelos valiososcomentriosesugestesepelacolaboraoprestadaatravsdo fornecimentodedadoseoutrasinformaes.Aos operadores, instituies, autoridades centrais e locais, o nosso agradecimento pelasvaliosascontribuiesduranteasentrevistasereuniesrealizadas.Um especial agradecimento aos membros das comunidades piscatrias, que de algumaforma contriburam para a realizao deste estudo, especialmente aos actores da pescaartesanaldosstiosdepesquisadeSoPedro,PalmeiraeRinco.A todosaquelesquedirectamentee indirectamente contriburamparaa realizaodesteestudoumespecialobrigado.

  • RESUMOOpresente trabalho fazumaanlisedecoernciadas instituiesepolticasdepescaemCaboVerdecomrelaosmudanasclimticas,enquadradonoprojectodeadaptaodaspolticasdepescaasmudanas climticasnafricaOcidental (APPECCAO).O intuitodeanalisaros impactosdasalteraesclimticasnaspescas,facilitardilogospolticos, locais,nacionais e subregional, de forma a ajudar a melhorar as prticas e polticas de pesca,adaptandoas s mudanas climticas que vm acontecendo, com o apoio dos saberescientficoseendgenos.OsmodelosdopainelintergovernamentalprevemparaaregiodoAtlnticoTropicalOrientalaumentonas temperaturasmdias,diminuiodahumidadeeprecipitao, e ainda um aumento do nvel do mar. Com estas projeces tornaseimprescindvel conhecer as instituies e politicas de pescas existentes, para ummelhorplaneamento e adaptao as possveis alteraes ambientais causadas pelas mudanasclimticasedesenvolverpolticascoerentessustentveisdeusodosrecursos.Palavraschave:instituies,polticas,mudanasclimticas,pesca.

    ABSTRACTThisworkmakesananalysisof consistencyof the institutionsandpolicies for fisheries inCapeVerdewithrespect toclimatechange, framed inAPPECCAO, theproject for fisheriespoliciesadaptation inWestAfrica, inregardstoClimateChange.Goal istoanalyseclimatechange impacts inthefisheriessector,andcreateadialogueplatformforfisheriespoliciesonalocallevel,butalsonationalandsubregional,adaptthesepoliciestoimpactsofclimatechange,using localbutalsoscientificknowledge. Intergovernmentalclimatechangepanelspredicts for the tropicalAtlantic region, temperature raises,humiditydiminution and sealevelincreasing.Withthispredictions,itisofcrucialimportancetoknowexistentinstitutionsand policies related to fisheries, for better planning and proposals to face possibleenvironment changes, causedby climate change and at the same leveldevelop coherentpoliticsforthesustainableuseofmarineresources.KeyWord:Institutions,politics,climatechange,fisheries.

  • NDICE1.INTRODUO.....................................................................................................................................132.OBJECTIVODOESTUDO.....................................................................................................................163.METODOLOGIA..................................................................................................................................164.CARACTERIZAODAREADEESTUDO...........................................................................................17

    4.1CARACTERIZAOFSICA:GEOGRAFIA,CLIMAEOCEANOGRAFIA..............................................................174.2CARACTERIZAOSOCIOECONMICA...............................................................................................214.3CARACTERIZAODABIODIVERSIDADE.............................................................................................22

    5.CARACTERIZAODOSSECTORESDASPESCASEDOAMBIENTE.....................................................275.1OSECTORDASPESCAS.................................................................................................................275.2OSECTORDOAMBIENTE..............................................................................................................325.3ENQUADRAMENTOINSTITUCIONAL..................................................................................................33

    6.CARACTERIZAODASINSTITUIESCHAVES.................................................................................376.1DIRECOGERALDASPESCASDGP..............................................................................................396.2INSTITUTONACIONALDEDESENVOLVIMENTODASPESCASINDP..........................................................406.3DIRECOGERALDOAMBIENTEDGA...........................................................................................416.4INSTITUTOMARTIMOPORTURIOIMP.........................................................................................426.5COMANDODAGUARDACOSTEIRA..................................................................................................426.6INSTITUTONACIONALDEMETEOROLOGIAEGEOFSICAINMG.............................................................436.7FUNDODEDESENVOLVIMENTODASPESCAS,SAFDP,SA..................................................................44

    7.INSTITUIESTRANSVERSAIS...........................................................................................................457.1INSTITUIESNACIONAIS.............................................................................................................467.1.1DirecoGeraldoOrdenamentodoTerritrioeDesenvolvimentoUrbanoDGOTDU.....467.1.2InstituiesdeEnsino...........................................................................................................477.1.3PoderLocal...........................................................................................................................487.1.4InstitutoNacionaldeGestodosRecursosHdricosINGRH.............................................497.1.5DirecoGeraldeAgriculturaSilviculturaePecuriaDGASP...........................................49

  • 7.1.6DirecoGeraldosTransportesDGT.................................................................................527.1.7DirecoGeraldoTurismo...................................................................................................527.1.8ONGseAssociaes.............................................................................................................53

    7.2INSTITUIESINTERNACIONAIS......................................................................................................557.2.1FAO.......................................................................................................................................557.2.2AComissoSubRegionaldasPescasCSRP........................................................................567.2.3ProgramadasNaesUnidasparaoDesenvolvimentoPNUD..........................................567.2.4FundoMundialparaaNaturezaWWF..............................................................................57

    8.POLTICASDOAMBIENTEEDASPESCAS...........................................................................................578.1POLTICASDEPESCAS..................................................................................................................598.1.1LegislaoNacional..............................................................................................................598.1.2Convenes,Acordos,ProtocoloseCdigos.......................................................................62

    8.2POLTICASAMBIENTAIS...............................................................................................................648.2.1LegislaoNacional..............................................................................................................668.2.2Convenes,Acordos,ProtocoloseCdigos.......................................................................68

    8.3PROGRAMAS,PLANOSDOGOVERNO...............................................................................................709.PLANOSEPROJECTOSSECTORIAIS....................................................................................................75

    9.1SECTORDASPESCAS...................................................................................................................779.2SECTORDOAMBIENTE.................................................................................................................919.3OUTROSSECTORES.....................................................................................................................95

    10.ANLISEDECOERNCIADASPOLTICAS,PLANOSEPROGRAMAS.................................................9510.1PRINCIPAISEMISSORESDEGASESCOMEFEITODEESTUFAEQUEDESTROEMACAMADADEOZONOEMCABOVERDE..................................................................................................................................................9810.2ANALISEDASPOLTICASDOAMBIENTEEPESCA..............................................................................10010.2.1PercepodaLegislaodaPescapelosPescadoresdosStiosPesquisaaco..........106

    10.3ARTICULAODASPOLTICAS,ESTRATGIASEPLANOSSECTORIAIS.....................................................10711.CONCLUSES.................................................................................................................................111

  • 12.RECOMENDAES.........................................................................................................................113REFERNCIASBIBLIOGRFICAS...........................................................................................................114ANEXOS...............................................................................................................................................120

    AGUIODEENTREVISTA..............................................................................................................120BQUESTIONRIOPRTICASDEPESCA..............................................................................................121CLBUMDEFOTOS.....................................................................................................................127

  • LISTADEFIGURAS

    Tabela1Frequnciaobservadanosstiosdepesquisaaco.........................................................17

    Figura1MapadeCaboVerde...........................................................................................................18

    Tabela2ResumodasConvenesInternacionaisRatificadasporCaboVerde...............................69

    Tabela3AcordoseProtocolosRatificadosporCaboVerde............................................................70

    Figura2Grficodetemperatura......................................................................................................96

    Tabela4Cruzamentodoconhecimentodoplanodegestocomstiodepesquisa....................106

  • SIGLASEABREVIATURAS

    AC AutoridadeCompetenteACCA ProgramadeAdaptaosAlteraesClimticasemfricaANMCV AssociaoNacionaldosMunicpiosdeCaboVerdeAPPECCAO Projecto de Adaptao das Politicas de Pescas sMudanas Climticas em

    fricaOcidentalB.O BoletimOficialBAD BancoAfricanodeDesenvolvimentoCGS ComissodeGestoeSeguimentoCITES ConvenoInternacionaldeComerciodeEspciesdaFloraeFaunaSelvagemCLDP ComitLocaldeDilogoPolticoCM CorrentedeMauritniaCMS ConvenodeEspciesMigratriasCSRP ComissoSubRegionaldasPescasCVFZ ZonaFrontaldeCaboVerdeDECRP DocumentodeEstratgiadeCrescimentoEconmicoeReduodePobrezaDGA DirecoGeraldoAmbienteDGASP DirecoGeraldeAgriculturaSilviculturaePecuriaDGOTDU DirecoGeraldoOrdenamentodoTerritrioeDesenvolvimentoUrbanoDGP DirecoGeraldasPescasDGT DirecoGeraldoTurismoDGT DirecoGeraldosTransportesFAO OrganizaodasNaesUnidasparaaAgriculturaeAlimentaoFDP FundodeDesenvolvimentodasPescasGEF FundoMundialparaoAmbienteICCAT ComissoInternacionalparaaConservaodosTundeosdoAtlntico

  • ICCM InstitutoCanriodeCinciasMarinhasIDEPE InstitutodePromoodoDesenvolvimentodaPescaArtesanalIDRC CentrodePesquisaparaoDesenvolvimentoInternacionalIMP InstitutoMarinhoePorturioINDP InstitutoNacionaldeDesenvolvimentodasPescasINE InstitutoNacionaldeEstatsticaINGRH InstitutoNacionaldeGestodosRecursosHdricosINIP InstitutoNacionaldeInvestigaodasPescasINMG InstitutoNacionaldeMeteorologiaeGeofsicaINTERBASE EmpresadeComercializaodeProdutosdoMarIPCC PainelIntergovernamentalSobreMudanasClimticasLBOTPU LeideBasesdoOrdenamentodoTerritrioPlaneamentoUrbansticoNACW CentralNorteAtlnticaNAPA AcoNacionaldeAdaptaosMudanasClimticasNATG GiroSubtropicaldoAtlnticoNorteNATR NorthAtlanticTropicalGyralProvinceNEC CorrenteNorteEquatorialNECC ContraCorrenteNorteEquatorialOMM OrganizaoMeteorolgicaMundialOMZ ZonaMnimodeOxignioONGs OrganizaesNoGovernamentaisOSCs OrganizaesdeSociedadeCivilPAIS PlanosAmbientaisIntersectoriaisPAM PlanosAmbientaisMunicipaisPANLCD ProgramadeAcoNacionaldaLutacontraaDesertificaoeMitigaodos

    EfeitosdaSecaPANAII PlanodeAcoNacionalparaoAmbienteIIPESCAVE EmpresaEncarreguedeCaptura

  • PNUD ProgramadasNaesUnidasparaoDesenvolvimentoPRCM ProgramaRegionaldeConservaoMarinhaPROMOTOR ProjectodeMotorizaodaPescaArtesanalQUIBB QuestionrioUnificadodosIndicadoresdeBemestardaPopulaoREPAO RedesobreaPolticadasPescasnafricaOcidentalSACW CentralSulAtlnticaSCAPA SociedadedeComercializaoeApoioaPescaArtesanalSEP SecretariadeEstadodasPescasSEPA SecretariadoExecutivoparaoAmbienteSIAI SistemaIntegradodeApoioaoInvestimentoSAI SistemadeInformaoAmbientalSSQA SistemadeSeguimentodaQualidadeAmbientalWWF FundoMundialparaaNaturezaZCIT ZonadeConvergnciaInterTropicalZEE ZonaEconmicaExclusiva

  • 13

    1.INTRODUOAhistriatemdemonstradoqueoprocessodedesenvolvimentoeconmicoeagarantiadobemestarglobaldassociedadeshumanasestevesempreassentenumadependnciadirectaentreoHomemeoambiente.

    Desdeo seu surgimentona terra,ohomemvemprovocandodiferentes interfernciasnomeioambienteemquevive,queratravsdacriaodeanimais,daprticadaagricultura,daprticadaactividadepesqueira,daindstriaedeoutrasactividadesafins.

    Assim,aevoluoeaexpansoeconmicamundialconjugadascomosconstantesavanostecnolgicos,evidenciaramdiferentes formasde articulaoentreodesenvolvimentoe anatureza. Essa evoluo trouxe consigo um crescimento populacional que se assenta nosrecursos naturais para a produo de bens de consumo e servios, um crescenteurbanizao.Ousodescontroladodosrecursostrsconsequnciasgravesdesignadamenteapoluiodesolos,dagua,doareoesgotamentodeimportantesrecursosnaturaisquetemvindoainviabilizarodesenvolvimentosustentvel.

    EmCaboVerde,assimcomoemvriosoutrospasesdafricaOcidental,osectordaspescas tida como uma actividade multifuncional de grande importncia econmica, social eambiental,contribuindoparaoequilbriodabalanadepagamentosereceitadooramentodos Estados dos pases costeiros da subregio e, ainda, na segurana alimentar daspopulaes.OsectordaspescastambmumaimportantefontederendimentoetemumpapelfundamentalnareduododesempregonafricaOcidental.

    Todos os sectores ligados pesca em particular, e a economia no geral, bem como, asclassessociaissoafectadospelasmodificaesclimticaseutilizaodosrecursosnaturaisao longo dos anos. A necessidade de procurar um desenvolvimento sustentvel tornaseimprescindvel nos dias de hoje, para que se possa recuperar e/ou conservar abiodiversidade existente. E tudo isso tarefa do homem para que ele possa viver emharmoniacomoambiente.

    A afectao dos recursos pesqueiros induzida pelamudana climtica, manifestada naperdade importanteshabitats costeirosparaoecobiologiadasespcies,noaumentodatemperatura,nareduodaprodutividade,entreoutros(IPCC,2001). importanteparao

  • 14

    futuroteremcontaaspossveisalteraesambientaiscausadaspelasmudanasclimticasedesenvolverpolticascoerentessustentveisdeusodosrecursos.Estasquestesvmsendodiscutidasdesde1979,datadaprimeiraconfernciaclimticaorganizadapelaOrganizaoMeteorolgicaMundial(OMM).

    AsprojecesclimticasparaCaboVerde,de formamuitogeral,apontamparaum futuromais quente e seco. Dependendo dos modelos do Painel Intergovernamental sobre asalteraesclimticas,prevemseumaumentonastemperaturasmdiasdeat2,5CparaaregiodoAtlnticotropicaloriental,eumadiminuiodahumidadeeprecipitaode510%porano.Eainda,prevemsequeoaumentodonveldomarpodeatingirentre0,13e1,4m, at ao fim deste sculo.H previses de que os seus impactos venham impedir odesenvolvimentodeCaboVerde,consequentementeprovocandoumdesviodosobjectivosestratgicosdopas,deevoluirno sentidoda autosuficinciaem termosde alimentoseenergia. Por outro lado, atravs de medidas adequadas de adaptao e estratgiasresistentessmudanasclimticas,essesimpactospodemserreduzidos.

    De referir que a nvel nacional, ainda no existe conhecimentos, dados e informaessuficientesquepermitemintegrardeformaobjectivaosdesafiosimpostospelasmudanasclimticasnosistemadeplaneamento,porsernecessriosprocessos longosecustososderecolha, sistematizao, tratamento e anlise de informaes, que comportam vriosparmetrosparafazerprojecesconsistentes.Sopreocupaesqueestonaagendadosgovernantese instituiesquedeuma formaououtra tm responsabilidadenamatria.Tmprocuradomonitoraros fenmenosclimticosatravsdasoportunidadessurgidasnoquadrodecooperaesbilateraisemultilateraisafimdemobilizarrecursoseexperinciasparamaisconhecimentos.

    Nestecontexto,aREPAO(RedesobreapolticadaspescasnafricaOcidental),comoapoiodoIDRC(centrodepesquisaparaodesenvolvimentointernacional),iniciouumprogramadeadaptao s alteraes climticas em frica (ACCA) baseado na pesquisa aco paramelhorarosconhecimentoscientficoselocais,sobreoimpactodasalteraesclimticasnosector das pescas, bem como analisar e propor mecanismos de adaptao a nvel local,nacionalesubregional.

  • 15

    Assim, surgeoProjectodeAdaptaodasPoliticasdepescas smudanas climticasemfrica Ocidental (APPECCAO) com durao de 3 anos (Abril de 2008Junho de 2011). Oobjecto globalestudarde formaparticipativaos impactosdas alteraes climticasnaspescasefacilitardilogospolticoslocais,nacionaisesubregionais.Ainda,ajudaramelhoraraspraticasepoliticasdaspescas,adaptandoassmudanasclimticascomapoiodosabercientficoeendgeno.

    Oprojectoabrangeos sete (7)pasesdaComissoSubRegionaldasPescasCSRP (CaboVerde,Gmbia,Guin,GuinBissau,Senegal,SerraLeoaeMauritnia),masosestudosdepesquisaacosorealizadosapenasemCaboVerde,GuineSenegaleosresultadosseroextrapolados para os outros pases. A seleco dos pases foi com base em critriospreviamentedeterminados.

    NocasodeCaboVerdeasuaescolhabaseouessencialmentenasuaposiodeinsularidade,queexpeaszonascosteirasaosriscosrelacionadoscomelevaodosnveisdasguasdomar, aumento da salinidade dos solos, a fragilidade da biodiversidade, aos problemascrnicosdeacessogua,aosperodosdesecasprolongadaseinundaes.Vistoquecercade80%dapopulaocaboverdianaestconcentradanasreascosteiras,qualquerquesejaas mudanas ambientais afectaro a sustentabilidade a nvel econmico, humano,especialmente,apescaeaeconomiamartima.

    A nvel nacional, atravs de uma equipa pluridisciplinar, o Instituto Nacional deDesenvolvimento das Pescas tem a responsabilidade de materializar as actividadesconcernentesaoprojectoAPPECCAO.

    Paraimplementaodoprojecto,nocmputolocal,foiescolhido3stiosparaasacesdeinvestigao, a saber: a comunidade de So Pedro em So Vicente, a comunidade dePalmeirana ilhadoSaleacomunidadedeRincoemSantiago.Osstios foramescolhidossegundocritriospredefinidos:onveldeorganizao,avulnerabilidadeeaimportnciadapesca.Emcadastiofoiconstitudo1comit(comit localdedialogopolticoCLDP)que,almde facilitarodilogopolticoentreacomunidadeeosdecisores,tambm, facilitanoreconhecimento e valorizao das prticas, as polticas e os saberes tradicionais dascomunidadespiscatrias.

  • 16

    2.OBJECTIVODOESTUDOOpresenteestudoassentanoobjectivogeraldoprojectoAPPECCAO,quevisaanalisarosimpactosdasalteraesclimticasnaspescasefacilitardilogospolticoslocais,nacionaisesubregional,eainda,deajudaramelhorarasprticasepolticasdepesca,adaptandoassmudanas climticas. Especificamente visa elaborao de uma anlise de coerncia dosaspectosInstitucionaisedaspolticasdepescaemudanasclimticasemCaboVerde.

    Assim,oestudoabordaosaspectossobreaarticulaodasinstituies,dosprogramas,dosprojectosligadosaosectordaspescaseambiental,bemcomodetodooquadrojurdicodosmesmos.Ongulodoestudoproposto,incidenaanlisedaspolticasdosectoresuarelaocomasmudanas climticas, sejanoquadro institucional,dosprogramasedosprojectosdesenvolvidos,sejanoquadrolegalexistente,edemaispolticasnestamatria.

    3.METODOLOGIAParaaelaboraodesseestudoecomvistaaobtenodosresultadosesperados,houvequeassentarumametodologiadecarcterqualitativaequantitativa.Assim,primeiraetapaoobjectivofoirecolhertodaainformaopossveldasinstituies,dosprogramaseprojectosligadosaosectordapescacomalgumarelaocomalteraesclimticas.Aindafoifeitaarecolha e compilao da legislao caboverdiana emmatria de pesca e ambiente, bemcomo dos instrumentos jurdicos internacionais de que Cabo Verde faz parte, relativos matriaemestudo.

    Paraasinformaesdecarcterquantitativo,recolheuseinformaesjuntoaosactoresdapescaartesanaldosstiosdepesquisaacodoprojectoAPPECCAO.Assimforamefectuadosentrevistasindividuaiseemgrupo,aplicaodeuminquritoqueabordououtrostemasemestudonoprojecto.

  • 17

    A referida recolha de informaes abrange os actores da pesca artesanal das trscomunidadespiscatrias,SoPedronailhadeSoVicente,PalmeiranailhadoSaleRinconailhadeSantiago,totalizando97inquiridosaplicados,comaseguintedistribuio:

    Stiopesquisaaco Frequncia PercentagemPercentagemacumulada

    Palmeira 41 42.3% 42.3% Rinco 30 30.9% 73.2% SoPedro 26 26.8% 100.0% Total 97 100.0%

    Tabela1Frequnciaobservadanosstiospesquisaaco

    Porfim,fezseaanlisedecoernciadosdadosrecolhidoseformulaoderecomendaese concluses sobre a matria em estudo. Tal anlise ser apresentada nas diferentesinstituies ligadas a pesca e ao ambiente e incorporar as sugestes e recomendaesapresentadas no documento. Ainda, o documento ser apresentado, para validao, noConselhoNacionaldePesca.

    4.CARACTERIZAODAREADEESTUDO

    4.1 Caracterizao Fsica: geografia, clima e oceanografia

    OarquiplagodeCaboVerdeconstitudopordezilhasealgunsilhus,deorigemvulcnicaeficasituadoentre14501720de latitudeNortee,entre22402530de longitudeOeste, aproximadamente a600 kmda costaocidental africana,1.350milhasmartimas alestedoBrasilea2.750milhasaSWdaGrBretanha.As ilhasencontramsedivididasemdoisgruposdeterminadosdeacordocomaposiodosventosalsios,sendo:

    GrupodeBarlaventoqueintegra:SantoAnto,So.Vicente,SantaLuzia,So.Nicolau,SaleBoavistaeosilhusBrancoeRaso.

    GrupodeSotaventoqueintegra:Maio,Santiago,FogoeBravaeosilhusSecosouRombo.

  • 18

    Figura1MapadoArquiplagodeCaboVerde.Fonte:Internet

    RelevoAreatotaldopasde4.033km2.Assuasilhassodeorigemvulcnicaeissofazcomqueo relevo sejamuitoacidentadoecomumaspecto ressequidoerido.Namaiorpartedasilhaspredominapaisagensmontanhosasnointerior,sopraticamentedespidasdevegetao,evaialterando comvalesmaisexuberantes,ondeaagriculturapraticada.Olitoralescarpadoedeaparncia inacessvel.Algumas ilhascomoa ilhadaBoaVista,doMaio,edoSalconstituemumaexcepoaregra,poiselassoplanas,comlongaspraiasdeareiafina.

    Clima As ilhas, situamse numa faixa de climas ridas e semiridas, em plena zonasaheliana,nodomniodosventosalsiosdenordesteentreasaltaspressessubtropicaisdoAtlnticoeasbaixaspressesequatoriaisdafrenteintertropical.

    Figura1:MapadeCaboVerde1

  • 19

    Oclimatropicalseco,caracterizadoporumaestaosecaefrescadeDezembroMaro,uma estao de transio de Abril Maio e uma estao quente e hmida de Julho Novembro.A temperaturamdiadoarvariaentreos22Ce27Cnasestaes frescasequente respectivamente,comumaamplitudeque raramenteexcedeo10grau,devidoinflunciadooceano.

    Devidoasua localizao,nazonaSudanoSaheliana,oarquiplagodeCaboVerdemuitoinfluenciado pelos ventos que sopram do grande deserto continental, originando adenominada bruma, a poeira atmosfrica trazida pelo vento. Isto acontece, entre osmesesJaneiroeMaro.

    OceanografiaOarquiplagodeCaboVerdesituasenaProvnciaecobiogeogrficaNATR(NorthAtlanticTropicalGyralProvince).EncontrasebanhadapelacorrentefriadeCanriasque constitui o brao Este do Giro Subtropical do Atlntico Norte (NATG) e tambm oarquiplago encontrase sob a influncia das variaes sazonais da Corrente NorteEquatorial (NEC)edaContraCorrenteNorteEquatorial (NECC),que afectam a circulaosuperficial at 200 metros de profundidade. A fronteira entre as duas correntes podeestabelecerseaosuldoarquiplagodurantedeterminadosperodosdoano, influenciandooregimetrmiconoarquiplago.Relacionadocomisso,considerasequeocomportamentoestacionaldacirculaoocenicasuperficialnonordestedoAtlnticoTropicalrespostadadinmicaestacionaldosventosnazonaedadeslocaomeridionaldaZonadeConvergnciaInterTropicalZCIT(Fernandesetal.,2004).

    De Julho a Dezembro a ZCIT chega ao seu ponto mais norte, provocando uma fortevariao estacional naNECC entre os paralelos 5 e 10N (Stramma and Siedler, 1998).QuandoaNECCalcanaa costaafricana,umaparte sobepela costaemdireconorteeapareceumacorrenteclidadenominadaCorrentedeMauritnia (CM)quenosmesesdeinvernoeprimaverachegaaalcanaratoparalelo14NenosmesesdeVeroeOutonoeacompanhando o debilitadamente dos ventos costeiros alcana latitudes de at 20 N(Fernandesetal.,2004).

  • 20

    AsguasdaCorrentedeCanrias intensificamseaoatingiroarquiplagodeCaboVerdeesofrem efeitos hidrodinmicos complexos formando estruturas assimtricas de circulaoturbilhonariadepequenaescala, tantociclnicascomoanticiclnicas,principalmenteasuldas ilhas por causa do efeito ilha. Essas estruturas parecem desempenhar um papelimportante no apenas namistura das guas superficiais ao longo do arquiplago comotambm,no fluxodeguapara foradoarquiplago,quando tendememdegenerarsenadireco sul/sudeste. Estas estruturas fsicas esto associadas a processos biooceanogrficosrelacionados,entreoutros,comfenmenosderessurgnciaouafloramentoededinmicae fluxodematriasbiolgicas,emquenaltima instnciadeterminamosnveis de produo pesqueira da regio. Ainda relacionado a isto, o arquiplago situasepertodograndeupwellingdacostadaMauritnia,eestimasequefilamentosdessegrandesistema de afloramento alcanam as nossas costas o que provocam um aumento daproduoprimriaanveldoarquiplago.

    superfcie,atemperaturadomarvariaentre21e22Cnapocafriaeentre23e27Cnapocaquente.Entretantoataos100mexisteuma forteestratificaodadistribuiodatemperatura com a camada de mistura variando entre 25 e 40 m caracterizada comtemperaturasavoltados25.Apartirdestaprofundidade,estabeleceseatermoclinaondeo gradiente trmico de aproximadamente de 0,1 C/m at aos 100 m. Na base datermoclina,a temperatura caiparavaloresdecercade15e16C.Entre100e150m,ogradientedatemperaturadiminuisignificativamenteeatingevaloresde10Ca500mede6Ca1000m(Monteiroetal.,1997).

    Ainda,deentreoutros fenmenosoceanogrficosqueocorremnaszonasdeCaboVerde,destacamosasuldoparalelo20NZonaFrontaldeCaboVerde(CVFZ)queseoriginapeloencontrodeduasmassasdegua,aCentralNorteAtlntica(NACW)eaCentralSulAtlntica(SACW)(Zenk,1991)eaZonaMnimodeOxignio(OMZ)(Strammaetal.,2008).

  • 21

    4.2 Caracterizao socioeconmica

    Osdadosdocensorealizadoem2010,recentementepublicados,apontamqueem10anos,ataxadecrescimentodapopulaoresidentefoide1,2%,passandode434.625pessoas,em2000,para491.875,em2010.Tratasedeumapopulaorelativamentejovem,commaisde30%dos indivduosna faixaetria inferiora20anos.De referiraindaque,amaioriadosresidentes,50,5%,do sexo femininoeapredominnciadeconcentraopopulacionalnoscentrosurbanos.

    Os progressos registados nas reas da sade e da educao propiciam melhorias nosindicadores sociais, designadamente a esperanamdia de vida acima dos 70 anos, comtendnciadecrescenteda taxademortalidade infantil,melhoriada sadematernaeumataxadealfabetizaode85%.

    Contudo,prevaleceaindabolsasdepobrezaextrema,estimadaem26,6%dapopulao.Aelevadataxadedesempregorepresentaumoutroproblemaestruturantedopas.ConformedadosdorelatriodeexecuodoDECERPII,onmerodedesempregadosem2008erade35.745indivduosequivalenteaumataxade17,8%,consideradaelevadaparaadinmicadedesenvolvimentoquesequerimprimir.Contudodadosde2010apontamparaumareduosubstancial da taxa de desemprego estimado em 10%.O contexto de crise econmico efinanceiro internacional, conjugado com situaes de crise poltica em pases dos nossosrelacionamentos, de certa forma tem condicionado o processo interno de crescimento edesenvolvimento. Porem, avaliaes feitas por instituies competentes nacionais einternacionaisapontamparaumaevoluofavorveldaeconomiaCaboverdiana.

    DeacordocomoBancodeCaboVerde,opas tercrescidoem2010auma taxa realde5,6%,baseadoessencialmentenaprocura interna.Parao aumentodaproduonacionalcontribuiuprincipalmenteossectoresdaconstruoedosservios.Nosectordosserviosdestacaseaperformancedosserviosde transportesareos (cujovolumedepassageirosaumentoucercade35%),bemcomooaumentodaprocuraturstica(16%deacordocomo

  • 22

    INE).Registouse,em consequncia,uma recuperaodas receitasde turismo.Cresceram3,6%,depoisdeumaquebrade16%observadaem2009.

    Odesempenhodo sectorda construoem2010est intrinsecamente ligadoexecuodos projectos pblicos, no mbito do Programa Plurianual de Investimentos Pblicos.Dereferirtambmocontributopositivodaagricultura,noobstanteadesaceleraoocorridaem2010,queseguiuumcrescimentoemcercade46%em2009.

    A pesca, dentro das limitaes que condicionam o seu desenvolvimento deu o seucontributoparaodesenvolvimentodo sector real,no sno abastecimentodomercadonacional com produtos de boa qualidade, como tambm para as exportaes, tendocontribudoem2010comcercade80%dosprodutosexportados,conformedadosdo INE.Em2010 foramexportados12.196.357kgdeprodutosdepescadonovalorde2.830.930contos, representando um aumento de 21% em peso e 53% em valor relativamente sexportaesde2009.

    A inflao atingiu os 2,1%, mantendo em linha com as expectativas de evoluo desteindicador,tendoemcontaaevoluodospreosinternacionais.

    4.3 Caracterizao da Biodiversidade

    SegundooLivroBrancosobreoEstadodoAmbienteemCaboVerde,Dezembrode2004,grande parte da populao caboverdiana est consciente do estado de degradao dadiversidadebiolgicaanvelregionalenacional.ApercepodoestadodedegradaodosrecursosbiolgicospeloGovernoestreflectidanaLeideBasesdoAmbientequecontemplaa "preservao da fauna e flora de Cabo Verde", e pela publicao de alguns DecretosRegulamentares.Mesmoassim,adegradaodabiodiversidadecaboverdianacontnuadeforma acelerada. Esse grau de degradao est evidenciado em diversos documentos jproduzidos, nomeadamente a Primeira Lista Vermelha de Cabo Verde". Encontramse

  • 23

    ameaadasmaisde26%dasangiosprmicas,maisde40%dasbrifitas,maisde65%daspteridfitasemaisde29%doslquenesmaisde47%dasaves,25%dosrpteisterrestres,64%doscolepteros,maisde57%dosaracndeosemaisde59%dosmoluscosterrestres.

    Avulnerabilidadedasespciesmarinhascaboverdianas,sobretudoasdaszonascosteiras,tem aumentado, no obstante a existncia de medidas legislativas no sentido de seminimizarapressosobreelaseosseushabitats.Noobstanteaadopodessasmedidas,omeiomarinhotemexperimentadomudanascomoresultadodoaumentodepressodascapturasdospeixescomerciais,daextracodeareiasedadeposiode sedimentosnaszonas litorais como resultado das actividades realizadas no interior das ilhas. Os PlanosAmbientais InterSectoriais da Biodiversidade e das Pescas, elaborados de formaparticipativa, e os Planos Estratgicos de Gesto dos Recursos da Pesca e deDesenvolvimento da Agricultura, so, por excelncia, os instrumentos de gesto dabiodiversidade, capazes de contriburem para uma gesto optimizada dos recursosbiolgicosemCaboVerde.

    Deumaformageral,areduodabiodiversidadeemqualquerpas,deveseprincipalmenteaspressesantropognicas.NestesentidooGovernodeCaboVerdenopoupaesforosnosentido de honrar os compromissos assumidos com a ratificao da Conveno sobre aBiodiversidade, em 1995, desde da conservao das espcies, a utilizao sustentvel, apartilha justaeequitativadosbenefcios,ataoacessodessesrecursosedatransfernciadastecnologias.

    Floraefaunaterrestre

    O 4 relatrio sobre o estado da biodiversidade em CaboVerde, deNovembro de 2009,indica que muitos esforos tm sido feitos para um conhecimento mais amplo dadiversidadebiolgicadopas,mas,aindaafloraterrestreconstituiacomponentemaisbem

  • 24

    estudada e conhecida a nvel nacional. Indica que a flora caboverdiana relativamentepobre, constituda por cerca de 621 espcies, sendo, praticamente a metade, (42%)introduzidas(alctonas),13%endmicos,14%temumaampladistribuioe30%deorigemduvidosa. Esta pobreza na flora terrestre explicada pela grande instabilidade dasprecipitaes, caracterizada por largos perodos de escassez, podendo em algumas reasultrapassaros300mmdeprecipitaonas ilhasmaisaltas.Ainda,pelodescobrimentodasilhas, onde numerosas plantas foram introduzidas e cultivadas at os nossos dias,provocandoumgradualdesaparecimentoda floraoriginalautctonaamedidaquea floraalctonaaumentavasuaadaptaoeampliadoasuadistribuio.

    NosetemmuitasinformaesdafaunaterrestreemCaboVerde,comexcepodasaves,dosrpteisedosinsectossendopoucocomunsosanfbioseosmamferos.

    Noanode2005,registouseaexistnciade41espciesdeavesnidificantesemCaboVerdee aproximadamente 150 espcies migratrias, podendo muitas vezes, permanecer noarquiplago durante o inverno.Destes, cerca de 16 podem ser consideradas frequentes,principalmente,naszonashmidasdasilhasdeBoavista,SoVicente,SaleMaio.

    Areduzidadisponibilidadedealimento(pequenospelgicos,invertebrados)poderestarnaorigemdafracadiversidadedeavesemgeral,principalmentedasmarinhasemCaboVerde(9 espcies, cerca de 21%). Das 46,3% das espcies que reproduzem em Cabo Verde,incluindonoveespciesendmicas,estonalistadeespciesameaadasdeextinodevidoa caa, a degradao de habitat de nidificao, a predao por parte de espciesintroduzidasnasilhaseilhus(gatos,ratos,etc.).

    Quanto aos rpteis, incluem um grande nmero de endemismos por parte dos saurios(lagartos)eumagrandevariedadedeespciesquesereproduzemoualimentamnasguasdopascomoosquelnios(tartarugas).Dos28taxaderpteisterrestresexistentesemCabo

  • 25

    Verde, 25 so endmicos do Arquiplago, encontrados, na sua maioria no ilhus. Noentanto,25%dos28taxaestoextintosouameaadosdeextino.

    Alm desses, existem em Cabo Verde os mamferos domesticados como os bovinos,caprinos, sunos, equdeos, asininos e muares, etc., introduzidos desde o incio dopovoamentodasilhas.

    Dosinvertebradosconhecidosnopastemososartrpodes,representadospelosinsectosearacndeos,eosmoluscosextramarinhosdeguadoceedaszonasmaishmidas.

    Floraefaunamarinha

    A fracaprecipitaogeralmenteapontadacomoumadascausasresponsveispelabaixadensidadepopulacionaldeorganismosvivosmarinhos, limitandoacontribuiodasguascontinentais,que transportamuma grande riquezaem saisminerais favorecendo assim afotossnteseeodesenvolvimentodacadeiaalimentar.

    Cabo Verde possui uma plataforma continental reduzida e bastante acidentada,consequentemente a zona intermareal limitada. Esses factores fazem com que oarquiplagosejacaracterizadoporumabiodiversidademarinhapobreembiomassamasricaemvariabilidadegentica.Estavariabilidademanifestadaemaltosndicesdeendemismosparavariadosgrupostaxonmicos,principalmente,peixeseosinvertebradosmarinhos.

    Oisolamentoeocarcterocenicoporsuavez,proporcionamcondiesapropriadasparaapresenadeumamplolequedegrupostaxonmicosentreasespciesmigratriasmarinhas,tais como aves, cetceos e tartarugas. Varias dessas espcies esto mundialmenteprotegidas,includasnoapndiceIdaConvenoInternacionaldeComerciodeEspciesdaFlora e Fauna Selvagem (CITES) e da Conveno de EspciesMigratrias (CMS).Algumas

  • 26

    delassomuitorarasaonvelmundial,epormcomaltovalorcientfico,talcomoocetceoPeponocephalaElectra(falsaorca),espcieraranomundomasfrequentenasilhasdeCaboVerde.

    Em baas e enseadas muito especficas, podese observar, zonas cobertas por coraisrochosos formando habitat coralinos, como pequenos microclimas, que proporcionamcondies para o desenvolvimento de endemismos e diversidade biolgica. As reascoralinasmais importantesencontramsenas ilhasdo Sal,daBoavista,doMaioede SoVicenteepequenosspotspodemserencontradosemmdianasublitoral,dasilhasSantoAntoe Santa Luzia.Noentanto,os coraisesto ameaadospelapoluio costeiraeporcausasnaturaiscomoasedimentaodosfundoscosteirosresultadodaeroso.

    Anveldafloramarinha,hcercade80espciesdiferentesdealgasepibiticasecercade142espciesdemicroalgas.

    Dosinvertebradosmarinhosdepequenoportefazemparte:osEspongirios,asPolychaetes(minhocasmarinhas),asMedusas (aguaviva),asEstrelasdomar,osOurios,ospequenosCrustceos(Amfpodes,Coppodes)eospequenosMoluscosbivalvesfiltradores.

    Dos invertebrados marinhos de grande porte fazem parte os corais, os moluscos(cefalpodes, gastrpodes, bivalves) e os crustceos (camares, caranguejos, percebes elagostas).

    Os rpteismarinhos que ocorrem no pas so as tartarugasmarinhas.Das sete espciesexistentes no mundo cinco ocorrem nas guas de Cabo Verde, sendo que a Tartarugavermelha(Carettacaretta)anicaespcieanidificarnaspraiasdetodoopas.Actualmente,CaboVerderepresentaosegundomaiorpontodedesovanoAtlnticoNorte.

  • 27

    A ictiofauna (peixes)deCaboVerde,encontramse inventariadascercade570espciesdepeixes segundo Reiner (2005), onde muitas delas so comuns entre os arquiplagos damacaronsia.

    Hregistosde22espciesdemamferosmarinhos,entrebaleiasegolfinhos,nasguasdoarquiplago. Todas asespciesde cetceos soespciesmundialmenteprotegidas sendoalgumasdelasameaadasdeextino.EmCaboVerdeexistem importantesespciescomvaloreconmicoparaodesenvolvimentodoeco turismo, citandoaBaleiadeBossasqueutilizaasguasdoarquiplagoparasereproduzirecrescerao longodovero,assimnestapocasodesenvolvidasactividadesdeobservaodessesmamferosaolongodacosta.

    5. CARACTERIZAO DOS SECTORES DAS PESCAS E DOAMBIENTE

    5.1 O sector das pescas

    Em Cabo Verde as actividades da pesca funcionam como um factor de fixao daspopulaes,existindoao longodacostamuitascomunidades (78comunidadespiscatriasquevivemdirectamentedapescaINDP,2010),quetmnosectorasuaprincipalactividadeequeapresentamnotriasdificuldadesdereconversoe/oudiversificaoeemconseguirefectivasalternativasdeempregoviveisesustentveisaprazo.A istoacresceopotencialefeito gerador de emprego noutras actividades, a montante e a jusante das pescasextractivas e noutros sectores da economia, constituindo a indstria transformadora dapesca,oturismo,designadamenteoquesurgeassociadorestaurao,aconstruonaval,o fabricoderedeseapetrechosparaapescaeacomercializaodepescadoosexemplosmaissignificativos.

  • 28

    Ofinanciamentodasactividadesdapesca,ao longodosanos,foifeitoatravsderecursosprpriosdosoperadoresedecrditosreembolsveisouafundoperdido,concedidospelasinstituies financeirasnacionais,projectosdedesenvolvimentoeONGscomobjectivodeadquirirnovosembarcaes,motoresemateriaisdepesca,apreparaodecampanhasdepescaseaexpansodaindstriatransformadora.

    Como parte da sua importncia socioeconmica, a pesca emprega cerca de 2,1% dapopulao total e 5,2% da populao activa, contribuindo tambm para o equilbrio dabalana de pagamento, sendo que em 2010, representou o sector produtivo que maisexportou.

    Em1998,oconsumopercapitadepescado foide19kg, representandocercade73%dototaldeprotenaanimalconsumidanopas.Em2003e2004,esseconsumoelevousepara23e26,5kg/habitantesrespectivamente.Durantealtimadcada,avariaomdiaanualpositiva foide5.5%neste indicador,contraumaumentoanualpopulacionalestimadoem1,5%. Isso significa que a pesca tem sido, em parte, responsvel pela sustentao docrescimentopopulacionalemCaboVerde.

    Desalientarqueascompensaes recebidasnombitodosacordosdepescas,sejamdastransferncias bilaterais, seja das transferncias dos marinheiros caboverdianos quetrabalham nas embarcaes no quadro dos acordos, representam tambm contribuiesimportantesnosectorpesqueiroeparaaeconomiadopas.

    Osistemaestatsticodaspescasumdospilaresdosectorconsolidadoaolongodemuitosanos,apesarde,sernecessrioaindaalgunsreajustesporexemploasuaagregaoporilha,porto ou local do desembarque, espcies capturadas, zonas de pesca e a repartio doesforodepescadasembarcaeslicenciadaspelasdiferentespescariasezonasdepescaeaindacolectadeoutrosdadosdenaturezasocioeconmico.

  • 29

    Os principais recursos haliuticos so explorados por uma frota artesanal, composta por1.036 botes (74% motorizados) e 3.108 pescadores, sem contar com as vendedeirasambulantes,cercade893,segundoosdadosdoltimorecenseamentogeralem2005.Aindacontacomumafrotaindustrialousemiindustrial(cercade840pescadores84embarcaes)eumafrotaestrangeiraqueoperanaZEEdeCaboVerdeaoabrigodeacordosdepesca.

    O potencial haliutico de CaboVerde globalmente subexplorado, no obstante algunsrecursos haliuticos encontraremse num estado de sobre explorao ou de exploraointensa(PGRP,2003).

    A transformaoea comercializao so ramosdeactividadeque se situama jusantedacaptura.A indstria transformadoradepescadoemCaboVerdesofreudiversasevoluesaolongodotempo,masaindaenfrentammuitosconstrangimentos.

    Noplanodegestodosrecursosdapescaidentificaramtrspescariasindustriais:tundeoseafinscomlinha/vara,pequenospelgicoscomrededecercoelagostadeprofundidadecomcovos.Eainda,identificaramcincopescariasartesanais:apescalinhadepeixesdemersaise tundeos,aomergulhopara capturadedemersais, lagostas costeirasebzio,a rededecerco, de emalhar e de arrasto de praia para capturados dos pequenos pelgicos. Aindaexiste a pescaria de bzio com dragas ou rocegas, a pescaria de tubares, a pescaestrangeira (palangre de superfcie e cerco para grandes pelgicos e pescaria amadora(recreativaedesportiva).

    Oacessoaoutrasreasdepesca,conferidonombitodasrelaesdecooperaocomoutrospases,dealguns anos aestaparte, atravsde acordosdepesca.Neste contexto,existemacordosdereciprocidadecomoSenegal,aGuineaGuinBissau,masonicoquevemfuncionandooexistentecomoSenegal.

  • 30

    Segundo plano de gesto o potencial pesqueiro de 36.000 a 44.000 toneladas. Desdepotencial, 55 a 70% constitudo pelos atuns, basicamente de carctermigratrio, dosquais o gaiado (katsuwonus pelamis) e a albacora (Thunnus albacares) so os maiscapturados. Outros pelgicos ocenicos presentes nos desembarques so a serra(Acanthocybiumsolandri),opatudo(Thunnusobesus),amerma(Euthynnusalletteratus)eojudeuoucachorrinha(Auxispp).

    Do grupo dos pelgicos costeiros, as espcies mais capturadas so a cavala (Decapterusmacarellus),ochicharro(Selarcrumenophthalmus),acavalabranca(Decapteruspunstatus)eadobrada (Spicaramelanurus).Ainda sodesembarcadasoutrasespcies,comespecialrealceparaoutrasfamliasdosCrangdeos(Caranx,Seriolaeoutros).

    OsdemersaisdeCaboVerdesodivididosemdoisgrandesgrupos:osdefundosrochososeos de fundos arenosos. O primeiro grupo inclui espcies de Serrandeos (Cephalopholistaeniops, Serranus,Epinephelus,Mycteroperca,moreias (Murendeos), gorazes (Lutjanus),dobrado(Apsilusfuscus),bicaderocha(Spondyliosomacantharus),entreoutros.Deentreosdemersaisdeareias,asespciesmaisrepresentativassosargosemgeral(Lithognathusmormyrus,Diplodus),bard (Galeoidesdecadactylus),salmonete (Pseudupeneusprayensis),ftche (Mullus surmuletus), faolas (Priacantdeos), besugo (Pomadasys incisus), entreoutras.

    Deentreoscrustceosdestacamsealogostarosa(Palinuruscharlestoni,endmicadeCaboVerde, e as costeiras: Lagosta verde (Panulirus regius), lagosta castanha (Panulirusechinatus)elagostapedraoucarrasco(Scyllarideslatus).

    Existem outros recursos importantes, cujo potencial desconhecido, entre os quaisdestacamseoscorais,obziocabra(Stronbuslatus),algunscefalpodes,tubares,algumas

  • 31

    espciesdebico(Istioforideosexifdeos),olobooudourada(Coryphaemahippurus),entreoutros.

    A mdia anual dos desembarques nos ltimos dez anos (20002010) ronda as 10 miltoneladas, nos quais predominam os pequenos pelgicos, os atuns e afins. Os peixesdemersaiseas lagostasrepresentamuma fracorelativamentebaixa.Dosdesembarquesglobais,60%provmdaspescariasartesanais.

    Comparando os desembarques com o potencial estimado, de forma geral poderiaconsiderarsequeosrecursospesqueirosdeCaboverdeestosubexplorados.Noentanto, preciso ter em conta que mais da metade deste potencial corresponde tundeos,nomeadamenteogaiadoealbacora,peloqueapescadeatumaque,partida,apresentamaiorespotencialidadesdedesenvolvimento. Jparaosoutros recursos,aspossibilidadesde expanso das pescarias so limitadas, sobretudo para espcies demersais (lagostas,peixesde fundo,molusco),queestaroaserexploradaspertoou jparaalmdos limitessustentveisemgrandepartedoarquiplago.

    Apardosrecursospescadostradicionalmente,existemoutrospoucoounoexploradosquepoderiamseralternativosoucomplementares (Gonzlez&Tariche,2009),quepodemserencaradoscomoumanecessidadedeumaprioridadededesenvolvimento,quevisaaliviarapresso sobre determinados recursos, pela via de diversificao da pesca e doaproveitamentoplenodosrecursosmarinhos.

    As melhores infraestruturas de pesca (em termos de portos, instalaes de frio e detransformao) esto localizadas em So Vicente, Santiago e Sal. O pescado maioritariamente comercializado no mercado local, mas desde o ano transacto osoperadores de pescas tem conquistado mercados importantes quer na Europa como naAmricaquetemdinamizadoasexportaesdosprodutosdapesca.

  • 32

    5.2 O sector do Ambiente

    Conforme o Programa de Aco Nacional de Adaptao s Mudanas Climticas (NAPA2007),ascaractersticasgeomorfolgicaseclimticasfazemcomqueCaboVerdeapresentaum panorama ambiental que se diversifica de uma ilha para outra, de acordo com astipologiaseasinflunciasdirectasdoclima.Deummodonatural,osparmetrosclimticoseseusderivadoscondicionamoestadoambientaldosrecursosexistentesea formadevidadaspopulaes.Poroutro lado,asacesantrpicasdesmedidasassociadasscondiesnaturais frgeiscontribuemde formaseveraparaaperda,adegradaoediminuiodosrecursos fundamentais (recursoshdricos,biodiversidade, terrase recursosmarinhos)quegarantemasobrevivnciadosseresvivosnaterra.

    Noseiodosectordaspescas,apesardeexistir legislaoqueorientaparaumaexploraosustentveldos recursoshaliuticos,persiste ainda algumasprticasnocivas, tais como apesca de juvenis para comercializao, captura de espcies protegidas e em pocas dedefeso,utilizaodedinamitesemalgumaslocalidades,utilizaodeartespoucoselectivaseproibidas,etc.

    De acordo com o relatrio da qualidade do ambiente elaborado em 2009, com base noSistema de Seguimento da Qualidade Ambiental, o pastoreio livre, a sobrepopulao dogadoemrelaodisponibilidadedepastoeaextracodeinertesparaaconstruocivil,nomeadamente para dar resposta aos diversos empreendimentos tursticos, so asactividades que exercem maior presso sobre o solo e outros componentes ambientais.Relativamentepressodemogrficasobreoambienteondiceaindabastantebaixo,noentanto,apressosobreomeioelevada,devidofracacoberturadaredededrenagemde guas residuais eposterior tratamento,bem como a faltadedeposio e tratamentoadequadodosResduosSlidosUrbanos.

    NestemomentoestseaprocederrevisodoPANAIIdeformaaadequarasestratgias,acesemetasdeacordocomasituaoactual.

  • 33

    O quadro legislativo e regulamentar evoluiu muito nos ltimos anos, com a adeso sConvenes e Protocolos ambientais internacionais. de destacar a criao das reasprotegidas,aimplementaodosistemadeavaliaodosimpactosambientaisdosprojectospblicos e privados, a lei que probe a apanha de areia so algumas das medidas deprevenoeconservao institudasqueajudamnaadaptaoemitigaodo impactodasmudanasclimticas.

    5.3 Enquadramento Institucional

    A reduzida dimenso, a natureza insular, o isolamento o escassez de recursos quecaracterizam as ilhas de Cabo Verde desenham um perfil acentuado de vulnerabilidadeambiental, econmico e social. As questes relacionadas com o ambiente edesenvolvimento sustentvel da economia constituem preocupaes dos sucessivosGovernose,consagradasnaprpriaconstituiodarepblica.

    DuranteoperodoqueantecedeuaindependnciadeCaboVerde,aagriculturaposicionoucomo a actividade produtiva primria com maior potencialidade para ser desenvolvida,enquantoapescarepresentavaumaactividademarginalizada.Apsaquelemarcohistriconacional,aactividadepesqueiraassumiugrandeimportncianosprogramasdossucessivosGovernos.Emalgunscasosconsideradocomosectorestratgicodedesenvolvimento,paraumpascomoCaboVerde,comumavastaextensodareamartimaquesepensavaentoricaem recursoshaliuticos.Nestaperspectiva,oambiente institucionale legalvisandoodesenvolvimento sustentvel do sector das pescas foise desenhando e adaptando emfunodasnecessidadesedapercepodaconjunturaeconmicaesocialdopas.

    AprimeiraestruturaadministrativaparaaspescasfoiaDirecoNacionaldasPescasquefoidepois transformadanaDirecoGeraldasPescas,eque funcionaram juntoaoMinistrioda Economia. Em 1983 foi criada dentro do Ministrio da Economia uma Secretaria de

  • 34

    Estado das Pescas (SEP), que tinha como departamentos a DirecoGeral das Pescas, oGabinetedeEstudosePlaneamento, aDirecodos ServiosAdministrativos,os ServiosRegionaiseaDirecodeBiologiaMartima,estaltima comautonomiaadministrativaefinanceiraeencarregadadainvestigaonosector.

    ASEP, faziaocontroloadministrativoedosrecursos,prestavaassistnciatcnica,apoiavamaterialefinanceiramenteosoperadores,tutelavadirectamenteduasempresaspblicasaSCAPAqueactuavanombitodacomercializaodepescadoenofornecimentodearteseapetrechosdepesca;ea INTERBASEquededicavapescadoatum,exportaodeatumede lagostas para exterior e prestao de servios de frio na ilha de So Vicente. AindatutelavaoPROMOTORqueeraumprojectovocacionadoparaoapoioapesca.

    Em 1986, na sequncia de uma remodelao governamental, a SEP passou a integrar oMinistrio do Desenvolvimento Rural e Pescas. Em 1987 foram extintas a SCAPA e aINTERBASE. Em substituio desta ltima foram criadas duas empresas, a INTERBASE.EP,empresa de comercializao de produtos do mar, e a PESCAVE, empresa encarregue dacaptura.

    Nomesmo ano criouse o IDEPE, o Instituto de Promoo doDesenvolvimento da PescaArtesanal, e o INIP, o Instituto Nacional de Investigao das Pescas, em substituio daDireco de BiologiaMartima. Em 1991, com a II Repblica, a Secretaria de Estado dasPescasfoi integradanoMinistriodaAgriculturaePescas.ProcedeusenamesmaalturacriaodoINDP,oInstitutoNacionaldeDesenvolvimentodasPescas,queresultavadafusodo INIPedo IDEPE,eque foi sediadoem S.Vicente,numa tentativade aproximaodoquadro institucionaldosoperadoreseconmicos.Noano seguinteprocedeuseextinodaPESCAVEeafrotapblicapertencenteempresafoialienada.

  • 35

    Ulteriormente, querendose dar uma maior importncia ao sector das pescas, o antigoministriofoitransformadonoMinistriodasPescas,AgriculturaeAnimaoRural.Semprenessedesejodedaraomaro lugarque,achavase,deveriaocupardentrodaestratgiadedesenvolvimentodopas, foi criadoem1995oMinistriodoMarquedetinha sob a suaaladaosectordaspescaseosectordamarinhaeportos.Essemesmoministrioviriaasertransformadodepois,em1998,noMinistriodoTurismo,TransporteseMar.Achavasequeariquezaqueomarpoderiatrazerparaopasestariamaisligadaprestaodeserviosesobretudoaodesenvolvimentoturstico.

    ComamudanadeGovernonoanode2000,eaentradanaVI legislatura,os servioseinstituiesligadosaosectordaspescasregressaramaoMinistriodaAgriculturaePescas.EmFevereirode2002, comapublicaododiplomaorgnicodoMinistriodoAmbienteAgriculturaePescasaadministraopesqueirapassouparaestaestrutura.Nestaalturaquefoi criado o Conselho Nacional das Pescas, rgo de natureza consultiva, que tem porfinalidade assegurar a articulao de polticas e a cooperao entre as entidades eorganizaes pblicas ou privadas nacionais que, directa ou indirectamente intervm nodomniodaspescas.

    De20062011,navignciadaVIIlegislatura,aspescasexperimentaramduasmudanas.Aprimeiraocorreuem2006,logocomaconstituiodoGovernodestalegislatura,passandoosectorparaatuteladoMinistriodasInfraestruturas,TransporteeMar.AsegundamudanaocorreucomaremodelaogovernamentaldeJulhode2008,destafeitaosectorpassouaserinseridanoMinistriodoAmbientedoDesenvolvimentoRuraleRecursosMarinhos.

    Aps as eleies legislativas de 6 de Fevereiro de 2011, o novo Governo constitudo eempossado no ms seguinte remodelou as estruturas ministeriais, com o objectivo deadequarasnecessidadesinternasaosdesafiosdaconjunturainternacional.

  • 36

    Nesta VIII legislatura, o Governo de Cabo Verde escolheu a estratgia doclusterapproachpara potenciar o desenvolvimento da economia, tirando ento partido davantagemcompetitivaqueoPastememtermosdelocalizaoenos.Assim,umasriedeclusterseconmicosestnaforjaeaquestodomardecertezaumadasmaisfortesapostas e pode proporcionar um dosclustersmais completos e vantajosos, uma vez quepoder abordar vrias reas de actividades, desde a mais simples produo primria,passando por actividades mais complexas de conservao e processamento de produtosperecveis, indo at a exportao e reexportao de produtos e modeobra. Assim, overdadeirodesafiodoclusterdomar,queditouacriaodeumMinistrioquesededicaEconomiaMartima,bemcomoumaSecretariageralresponsvelpelosRecursosMarinhos, conseguir transformar um activo em enorme abundncia no arquiplago, portanto omar,emvantagemeconmicaecompetitiva.

    Relativamente a problemtica das mudanas climticas a sua dimenso transversal emultissectorial,constituindoumdosmaioresdesafiosdaactualidade,comparticularnfasenasquestessocioambientais.

    A rea do ambiente relativamente nova, o que reflecte nas lacunas existentes e naausncia de instrumentos consolidados. As consequncias desta situao tm maiordestaquenosserviosdaagricultura,dapesca,doordenamentodoterritriodoturismo,daindstria,daenergiaedostransportes(PANAII,2004).

    a partir da Cimeira da Terra realizada em 1992 no Rio de Janeiro, que as questesambientaisganharamumanovaabordagemnaagendapolticae institucionaldopas.Comefeitonadcadade90forampublicadosdiplomasimportantessobreapolticadoambienteeelaboradooPrimeiroPlanodeAcoNacionalparaoAmbientecomumhorizontededezanos(19942004).

    Em1995foiinstitucionalizadooSecretariadoExecutivoparaoAmbiente(SEPA),responsvelpela definio e implementao da poltica do ambiente.O SEPA inicialmente funcionou

  • 37

    juntodoMinistrioAdjuntoedaDefesa,seguidadoMinistriodaAgricultura,AmbienteeAlimentaoedoMinistriodaAgriculturaePesca.

    Em2002,oSEPAfoiextintoecriadoaDirecoGeraldoAmbiente(DGA),noMinistriodoAmbiente,AgriculturaePescas.Pelaprimeiraveze,atoinciodoanode2006osectordaspescaseambienteestiveramintegradosnamesmaestruturaorgnicadoGoverno.

    Em2004foiconcludaaelaboraodoSegundoPlanodeAcoNacionalparaoAmbientePANAIIparaoperodo20042014.Nestedocumentoestointegradosasestratgias,planosambientais intersectoriais (PAIS) e planos ambientaismunicipais (PAM), estudos de base,programas e projectos com definio das reas prioritrias de actuao. de destacar aformacomooPANAIIfoielaborado,comaparticipaodetodosossectores,municpiosesociedadecivilecombasenomtododeplanificaoambientalparticipativa(SEAN).

    ParaassegurarinformaesbsicasdameteorologiaedageofsicaexistiaoServioNacionalde Meteorologia e Geofsica que actuava sobretudo para assistir a aeronutica civil. Em2000, este servio extinto e criado o InstitutoNacional deMeteorologia eGeofsica(INMG) que foi integrado noMinistrio de Desenvolvimento Rural durantemuitos anos,agoraestinseridonoMinistriodoAmbiente,OrdenamentodoTerritrioeHabitao,

    NombitodassuascompetnciasoINMGtemrealizadoprojectosnodomniodoambiente,concretamente na monitorizao da qualidade do ar em parceria com a DGA, rede devigilnciaclimtica,projectoSICLIMADqueteveporobjectivodotarasestaesdevigilnciaclimticadeequipamentosmodernosparaoseufuncionamento.

    6.CARACTERIZAODASINSTITUIESCHAVESIndependentemente do enquadramento institucional das organizaes no sistema daAdministrao Pblica e Privada, existem vrias instituies em funcionamento que deforma directa ou indirecta participam na definio e implementao das orientaesestratgicas epolticasdos subsectores em anlise.As formasde intervenopodem ser

  • 38

    individuais ou globais. No primeiro caso, as instituies dentro das respectivas reasdesenvolvem actividades especficas, no entanto, h tendncia de cada vez maisintervenes globais, em estabelecer parcerias interinstitucionais e procurar formas deactuao conjunta e integrada em domnios de interesse comum. As instituies sochamadasparaintegrarosrgosnacionaisdedilogoededecisopoltica,comoexemplo,oConselhoNacionaldasPescas,oConselhoNacionaldoAmbiente,semprejuzodevriasreuniesdeparceiros,realizados.

    Desdeaindependncia,CaboVerdevemmantendorelaesdecooperaoanvelbilateralemultilateral no domnio das pescas e do ambiente, com vrios pases e instituies deapoioaodesenvolvimento.CaboVerdemembrodevriasorganizaes internacionaiseregionais, das quais se destacam a Organizao das naes Unidas para a Agricultura eAlimentao(FAO),aComissoSubregionaldasPescas(CSRP),aConfernciaHaliuticadosEstados Africanos Ribeirinhos do Oceano Atlntico e a Conferncia de MinistrosResponsveispelasPescas,aComisso InternacionalparaaConservaodosTundeosdoAtlntico(ICCAT).

    Ao longo desses anos a cooperao com outros pases foi desenvolvida por via doestabelecimentodeacordosdepesca(Senegal,Guin,GuinBissau,UnioEuropeia,Japo,etc.) e outros acordos de cooperao no domnio das pescas e reas a ela concernentesfirmadoscomAngola,Mauritnia,Senegal,PortugaleGuinBissau.

    O sector das pescas em Cabo Verde est actualmente sob tutela doMinistrio de Infraestrutura e EconomiaMartima.ADirecoGeral das Pescas (DGP) o responsvel pelaadministraodasPescas,ondetemcomoprincipaisatribuies,concepes,coordenaeseexecuesdaspolticasdaspescasedosrecursosmarinhos.

  • 39

    JuntocomaDGPoInstitutoMarinhoePorturio(IMP)atravsdasCapitaniasdosPortoseGuardaCosteiraNacional intervmna fiscalizaodaspraias,daszonascosteiras,daZonaEconmica Exclusiva e supervisionam a inscrio martima. Enquanto que, o InstitutoNacionaldeDesenvolvimentodasPescas(INDP)temcompetnciasespecficasnasreasdeinvestigao haliutica, na promoo do desenvolvimento das pescas e nos estudos eprojectose,oFundodeDesenvolvimentodasPescas (FDP)apoiaatravsdaconcessodeincentivosarealizaodeprojectoseempreendimentosquevisemodesenvolvimentodasPescas.

    Algumas entidades pblicas mais antigas tiveram um percurso institucional apinhado demudanas orgnicas inseridas em vrios Ministrios. Constatase contudo, que asatribuiesdealgunsdepartamentoseinstituiesapresentadasnosealteraramaolongodassucessivasremodelaessofridaspelosMinistriosdetutela.

    6.1 Direco Geral das Pescas DGP

    EstaDirecoGeral, criadano inciodosanos80,praticamenteno registoualteraesanveldasatribuies.Competelheaconcepo,acoordenaoeaexecuodaspolticasdaspescasedosrecursosmarinhos.Organizaseemduasdirecesdeservios,aDirecode Fomento e aDireco deAssuntos Jurdicos,Qualidade e Fiscalizao.ADGP apoia omembro do Governo na definio da Poltica Nacional das Pescas, designadamente emmatriadegestoeaproveitamentodosrecursosvivosmarinhos,coordenaaexecuodasfunes de fiscalizao e o controle do exerccio das actividades pesqueiras, assegura ocontrolo e a fiscalizao da qualidade dos produtos da pesca, bem como o controlo dasactividades pesqueiras do pas, em particular atravs da emisso de licenas de pesca aembarcaesnacionais,efomentaodesenvolvimentodasactividadesligadaspesca.

    ADGPtambmAutoridadeCompetente(AC)paraacertificaoecontrolodosprodutosdapesca,funcionandocomosservioscentraisnacidadedaPraiaeduasagnciasumaemS.VicenteeoutranoSal.

  • 40

    6.2 Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas INDP

    Como Organismo de Administrao Indirecta do Estado, o Instituto Nacional deDesenvolvimentodasPescas (INDP) foi criadopeloDecretoLein.33/92,de16deAbril,conjugando as grandes reas de actividades, nomeadamente a investigao dos recursosmarinhoseapromoododesenvolvimentoeconmicoesocialdosectordaspescas.

    O Instituto tem a sua sede na cidade do Mindelo e possui uma Direco Regional emSantiagoeduasrepresentaes,sendoumana ilhaSantoAntoeoutrana ilhadoSal.Emtodasasilhaspossuitcnicosprofissionaisquefazemarecolhadedadoseavulgarizao.OINDP uma pessoa colectiva de direito pblico, dotada de personalidade jurdica e deautonomia administrativa, financeira epatrimonial, goza ainda,de autonomia cientficaetcnica.

    Em 1995, o INDP passou por um processo de reforma e em 1998 foi publicada a novaorgnica, ainda em vigor. No quadro desse diploma, foram atribudas competnciasespecficas nas reas de investigao haliutica, de promoo do desenvolvimento daspescasedaaquacultura.Areestruturaodosprincipaisinstrumentosdegestoalargouosdomniosdeactuaodoinstitutoeasuamissoextravasadelongeaspectosrelacionadosexclusivamentecomaactividadedepesca.

    A suamissopode ser resumida conformeo seguinte: realizarestudosnosdomniosdaspescase cincias ligadasspescaseaomar,a fimdepropor recomendaeseexecutaracesdestinadasamelhorarosresultadossocioeconmicosproporcionadopelaspescariastendo em conta as polticas, planos e programas do Governo. Para alm de estudos,investigao e promoo do sector pesqueiro em si, o instituto contribui para oconhecimentoegestodadiversidadebiolgica,particularmentedoambientemarinho,docomportamento de fenmenos oceanogrficos e da dinmica das comunidades e zonascosteiras. No domnio da aquacultura o instituto intervm com aces de investigao

  • 41

    pontuais, que poder vir a ganhar algum dinamismo com a implementao de projectosespecficosapartirdesteano.

    OpapeldoINDPnareadoambienteconsistenaproduodeinstrumentosparaoauxlionaimplementaodepolticaambientaisedeconservao,fazendoaanlisedasituaoeoacompanhamentodadinmicaedodesenvolvimentoesustentabilidadedosector.

    6.3 Direco Geral do Ambiente - DGA

    ADirecoGeraldoAmbiente,criadaem2002,emsubstituiodaSEPA,oserviocentralque responde como autoridade ambiental e coordenao dos sistemas transversais comimpactonasustentabilidadeecolgicaeprotecodabiodiversidadenaturaldopas,comfunesde concepo,execuo e coordenaodaspolticasdoGoverno emmatriadeambiente.

    Asuaorgnica integratrsdirecesdeservio,sendoadeAssuntosJurdicoseAvaliaode Impactos Ambientais, a de informao e Seguimento daQualidade Ambiental e a deGesto dos Recursos Naturais. Conta ainda, com dois instrumentos de apoio,nomeadamenteoSistemadeSeguimentodaQualidadeAmbiental (SSQA)eoSistemadeinformaoAmbiental(SIA).

    Paraexecuodaspolticasedefiniodeacesprioritriasparaosectorambiental,aDGAcontacomasorientaesdo2PlanodeAcoNacionalparaoAmbiente,ferramentabasee primordial, elaborado em 2004 de forma transversal com a participao de todos ossectores,dasociedadeciviledosmunicpios.

    A elaboraodo LivroBranco sobreo estadodo ambiente emCaboVerde,de relatriossobreaimplementaodastrsgrandesconvenesambientaisinternacionais(CBD,LCDeUNFCCC),derelatriosdeimplementaodoPANAIIfazempartedasatribuiesdaDGA.

  • 42

    Tratase de uma instituio relativamente nova. Ao longo dos tempos da sua existncia,praticamente no se registou reestruturao a nvel da sua misso, embora, temseprocuradoadaptareorganizaremfunodosdesafiosdopas,procurandodarorientaesnosentidodeconjugarutilizaosustentveldosrecursosepreservaodomeioambiente.

    6.4 Instituto Martimo Porturio - IMP

    O InstitutoMartimo Porturio IMP, criado emmeados da dcada de 2000, herdou asatribuiesefunesdaextintaDirecoGeraldaMarinhaedosPortos.OIMPintegraduasCapitanias, a de Barlavento e a de Sotavento e ainda varias Delegaes Marinhaspraticamenteemtodasasilhas.

    Com esta estrutura, o IMP exerce atribuies relevantes como a proteco do meioambiente marinho, a preveno e combate poluio dos mares e a salvaguarda dosrecursosdoleitodomar,dosubsolomarinhoedopatrimnioculturalsubaqutico.

    Fiscalizatodaazonacosteiraeodomniopblicomartimo.Aindatemaresponsabilidadedeconcedereemitiras licenasdeextracoeexploraodeareianasdunas,naspraias,nasguas interiorese certificaracesde formao formalparaosagentesdomar sejaparamarinhamercantesejaparaosectordaspescas.

    6.5 Comando da Guarda Costeira

    O Comando da Guarda Costeira, sob tutela do Ministrio que responde pela defesa esegurana nacional, complementa as atribuies de outras instituies comresponsabilidadenafiscalizaodoambientemarinho,designadamenteaDGPeIMP.Destaforma, tem como responsabilidades especficas o patrulhamento das guas e do espaoareo sob a jurisdio nacional, incluindo a zona econmica exclusiva; o combate da

  • 43

    piratariamartima;empreenderaperseguio,aabordagemeoapresamentodenavioseembarcaes,emcasodeviolaodas leisemvigor,designadamente,fraudese infracesfiscaiseaduaneiras.

    Ainda, tem a responsabilidade de coordenar as operaes de busca e salvamento, semprejuzodascompetnciasatribudasaoutras instituies;decooperarcomasautoridadesnacionaiscompetentesemacesdefiscalizaoecontrolodasactividadespiscatrias;deprevenir,controlarecombaterapoluiodomeiomartimo,emcolaboraocomasdemaisautoridades e de cooperar com autoridade de outros pases em aces de fiscalizao,controloerepressodasactividadesilcitas,nombitodosacordosetratadosestabelecidos.

    6.6 Instituto Nacional de Meteorologia e Geofsica INMG

    O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofsica, INMG, uma pessoa colectiva comautonomiaadministrativa,financeiraepatrimonial,criadaatravsdaResoluon54/2000do Conselho deMinistros, de 21 de Agosto. Veio substituir o ento ServioNacional deMeteorologiaeGeofsica,quefoiextintopelamesmaresoluoeasuasuperintendnciaexercidapelomembrodogovernoresponsveldareademeteorologiaegeofsica.

    AmissodoINMGconsistenapromoo,coordenaoeexecuodasmedidaseacesdapolticagovernamentalnodomniodameteorologiaedageofsica,especificamenteefectuaravigilnciameteorolgicae climtica,amonitorizao ssmica combasenas informaesnacionais e internacionais, de forma a assegurar o fornecimento de informaes populao,aosdecisorespolticoseeconmicos,orientadosparaasalvaguardadepessoasebens.

    Osserviosdemeteorologiaegeofsicaassistiramao longodos temposumprogressodosmeiosdeobservaoedosmeiosdemonitorizaoclimatolgicaessmica,acompanhado

  • 44

    porumautilizaocadavezmais sistemticadaobservao,doprocessamento,anliseeprevisoedemetodologiascientficas.

    Actualmente, pretendese que o INMG, continua a ocuparse grandemente da protecometeorolgica da navegao area, se preocupe paralelamente com outros campos daactividade humana, repercutindo a sua actividade, entre outros, no apoio s actividadesagrcolas,indstria,aostransportes,gestoderecursoshdricos,economiadeenergia,spescas,protecodoambienteeprotecocivil.

    Comefeito,oINMGoPontoFocaldasmudanasclimticasemCaboVerdeeelaborouoPlano de AcoNacional de Adaptao sMudanas Climticas, a primeira e a segundacomunicaosobreatemticaetemexecutadodiversosprojectosnestedomnio.

    6.7 Fundo de Desenvolvimento das Pescas, SA FDP, SA

    O FDP foi criado em 1994, tinha como atribuies, promover o fomento e odesenvolvimento das pescas, apoiar atravs da concesso de incentivos a realizao deprojectos e empreendimentos que visavam o desenvolvimento do sector e gerir o SIAI(SistemaIntegradodeApoioaoInvestimento).

    Atmeadosde2009,OFDPfoiadministradoporumconselhodeadministrao,presididopelopresidentedoINDPporinernciadefunes.Nesteperodo,agestodiriadoFDPfoiconfiadaaumdirectorexecutivoquecontavacomacolaboraode2ou3administrativoseno dispunha de quadro tcnico prprio apesar das complexas tarefas que lhe eramatribudas.OFDPenfrentavaproblemasdeinsuficinciademeioshumanosefinanceiros,dedeficinciaorgnicaefuncional,semautonomia,quelimitavaoseufuncionamentonormaleautofinanciamento,razopelaqualnoterconseguidoalcanarosobjectivosinicialmenteproposto.

  • 45

    DepoisdeumprocessodeavaliaodoFundo,deusepassosnosentidodeoreestruturar,visando adaptar a estrutura jurdica do FDP nova realidade da pesca nacional, tornalomais eficiente no que respeita prossecuo do seu objectivo principal, que o depromoverofomentoeodesenvolvimentodosectordaspescasnopas.Assim,em2009oFDPfoitransformadonumainstituiodecrditovocacionadoparafinanciamentodosectordaspescascomfigurinojurdicodeinstituioespecialdecrdito,denominadodeFundodeDesenvolvimentodasPescas,SA.

    O FDP, SA, uma sociedade annima de capitais exclusivamente pblicos criada emconformidadecomoDecretoLein35/2009,de28deSetembro.Onovofigurino jurdico,ousejainstituioespecialdecrdito,permitelheflexibilidadenaconstruodeumsistemade crdito e de financiamento, em geral, aos operadores do sector que seja melhoradaptado s respectivasnecessidades, recorrendo a instrumentos financeiros e fontesdefinanciamento que lhe estavam vedados com o figurino at ento vigente, para alm decontinuarageriroSIAI.

    OsrgosdoFDP,SAforamempossadosnoanode2010.Ainstituioencontraseaindanafasedeinstalaoeorganizaointerna.ApsestaetapaacreditasequeoFDP,SAterumpapelcrucialnoprocessododesenvolvimentodosectordaspescasatravsdaconcessodecrditos de curto, mdio e longo prazo, direccionados quer ao sector das pescaspropriamentedita,queraquaculturaqueaindaestnafaseembrionriaedeoutrasreascorrelacionadas.

    7.INSTITUIESTRANSVERSAISDe forma transversal,outras instituies actuamna gestopesqueira e,por inernciaderesponsabilidade,tardeoucedoacabamporlidarcomaproblemticaambientalnogeralemudanasclimticas,emparticular.

  • 46

    7.1 Instituies Nacionais

    7.1.1DirecoGeraldoOrdenamentodoTerritrioeDesenvolvimentoUrbanoDGOTDUOordenamentodoterritrio,pelasuanaturezaintrnsecadesectorabrangenteehorizontalepeloescopodeprincpios,objectivosecompetnciasqui,semelhanadoambiente,umdossectoresquemaissearticulacomossectoresdedesenvolvimento.

    OPANAIInocaptulo2,ponto3.,referenteaproblemticaambiental,destacacomoumasdas causas principais dos problemas o insuficiente ordenamento do territrio. Estainsuficincia tem como consequnciaumagrande concentraodapopulao (80%)edeinfraestruturasnaszonascosteiras,oquelevaaumaexploraodesenfreadadosrecursoscosteiros(apanhadeareia),conflitosentreutilizadorescomgravesconsequnciasnosectordaspescasenoambiente.

    ADGOTDUumserviocentraldoMinistriodoAmbiente,HabitaoeOrdenamentodoTerritrio responsvel pela definio e implementao da poltica do ordenamento doterritrioedahabitao.ParaalmdessastemcomoprincipaisatribuiesaelaboraodaLeideBasesdoOrdenamentodoTerritrioPlaneamentoUrbansticoLBOTPU,daDirectivaNacional de Ordenamento do Territrio, dos esquemas regionais de ordenamento doterritrio,criaoegestodocadastronacional,entreoutras.

    De1997at2001aDirecoGeraldoOrdenamentodeTerritriotinhasidoextintatendoreiniciadoassuasactividadescomaVIlegislatura.

    A LeideBasesdoOrdenamentodo Territrio ePlaneamentoUrbanstico LBOTPU foipublicada em 1993 e actualizada em 2008, foram ainda elaborados e aprovados o

  • 47

    regulamento do ordenamento do territrio, do plano urbanstico e est em fase deaprovaoaDirectivaNacionaldeOrdenamentodoTerritrio.

    OrdenamentodoTerritrioestseaafirmaremCaboVerdecomoumsectordeintervenoperfeitamentehorizontalecobrindootodonacional.

    OSesquemasRegionaisdeOrdenamentodoTerritriodeSantiago,SantoAntoeFogo jForamaprovados,estandoodeSoNicolauemfasedefinalizao.

    Na lei de base foram contemplados os planos de ordenamento sectoriais, onde seenquadramasreasprotegidasoordenamentodebaciashidrogrficas,etc.

    7.1.2InstituiesdeEnsinoDe modo geral, nos diferentes nveis de ensino em Cabo Verde, registam uma certasensibilidadeporquestes ambientais.Doensinobsico integrado,passandopeloensinosecundrio at as instituies superiores os planos curriculares integram disciplinas ouacesdeeducao ambientalepontualmenteorganizam seminriosepalestras sobre atemtica.Noobstante,noseiodapopulaoemgeral,ocorremuitaspraticasnocivasaoambientemotivadaspor faltade conscincia e/oudanecessidadede exercer actividadeseconmicasedesubsistncia.

    Taisprticas constituemdesafiospara todaa sociedade,emparticulardas instituiesdeensinoquetmresponsabilidadesacrescidasdeeducar,transmitirconhecimentosecultivarvalores e bons hbitos. A aposta na capacitao tcnica e desenvolvimento de linhas deinvestigao especficas em vrios domnios constituem desafios as instituies, emparticularasdeensinosuperior,paraodesenvolvimentoharmoniosodopas.

    DerealarqueosistemauniversitrioedeensinosuperioremCaboVerde,salvocasosbemidentificados,iniciounadcadade2000.Osistemamuitorecenteenaturalquenohajaainda uma capacidade cientfica desenvolvida e uma cultura pela investigao interna.

  • 48

    bomque sedigaque,ao longodos tempos,principalmenteapsa independncia,vrioscaboverdianos tiveram oportunidades para uma formao superior no exterior. Muitostrouxeram ao pas contribuies valiosas, carecia contudo, um ambiente favorvel econdiesparaumaintervenointegrada,sistematizadaerealcapacidadedeinvestigao.

    7.1.3PoderLocalExistem22municpiosemCaboVerdequeestoorganizadosnaAssociaoNacionaldosMunicpios de Cabo Verde (ANMCV). As diferenas entre os municpios em termos depopulao,caractersticasambientais,capacidadeshumanas,etc.soconsiderveis.

    Opoder localhojevistopelaspopulaescomooresponsvelpelaresoluodamaioriadosproblemasqueafectamaspopulaeseaslocalidadeseexercemnarealidadeumpapelde presso sobre as autoridades centrais. Ele pode exercer um papel importante naimplementaodaspolticasambientaisemCaboVerde.Umacaracterstica importantedopoderlocalasuasensibilidadeaosciclospolticoseeleitorais.

    Segundo o Estatuto dos Municpios, aos Municpios esto conferidos atribuies no querespeita a administrao de bens, planeamento, saneamento bsico, sade, urbanismo ehabitao, transporte rodovirio, educao, promoo social, cultura, desporto, turismo,ambiente,comrciointerno,protecocivil,empregoeformaoprofissional.

    Em2004,osMunicpiosforamdotadosdePlanosAmbientaisMunicipais(PAM),nombitodo PANA II, planos esses que ainda esto em execuo. OS PAMs apresentam umdiagnsticodasituaoambientaldomunicpio,visoestratgica,planoseprojectos.A existncia dos PAMs, implementados pelas Cmaras Municipais, contribui para umamelhor gesto ambiental, uma vez que a actuao do poder local mais prximo dascomunidadesdoqueadopodercentral.

  • 49

    7.1.4InstitutoNacionaldeGestodosRecursosHdricosINGRHOINGRH,uminstitutopblicocomautonomiafinanceira,queaolongodosanospertenciaaoMinistrioque tutelavaodesenvolvimento ruralequenestaVIII legislatura tuteladopeloMinistriodoAmbiente,HabitaoeOrdenamentodoTerritrio,temporatribuioagesto de guas subterrneas e superficiais, desenvolver actividades nos domnios daprospecoeexploraodeguaseocontrolodaqualidadedasaguas.

    O INGRHsecretariaoConselhoNacionaldeguasCNAG,queorgo interministerialquedependedirectamentedoConselhodeMinistrose temcompetnciasoberanaparaaadministraodosrecursoshdricos.

    O INGRH tem realizado vrios trabalhos de proteco e mobilizao de gua (pequenasbarragens, barragens subterrneas). Tem em curso o projecto Mobilizao e GestoIntegradadosRecursosHdricos,priorizadonombitodoPlanodeAcodeAdaptaosMudanasClimticas,financiadopeloGEFeGovernodeCaboVerde.

    7.1.5DirecoGeraldeAgriculturaSilviculturaePecuriaDGASPA DGASP o servio central do Ministrio de Desenvolvimento Rural, com funes deconcepo execuo coordenao nos domnios da agricultura, silvicultura, pecuria,engenhariaeextensorural.CompeteaoDGASPentreoutrasatribuies,concorrerparaadefiniodapolticanacionaldaagriculturaedesenvolvimentorural;coordenareparticiparna execuo de programas de extenso rural e desenvolvimento comunitrio a nvelnacional; propor medidas legislativas regulamentares e administrativas relativas asactividadesdaagricultura,silviculturaepecuria.

    O instrumento orientador para o desenvolvimento rural o Plano Estratgico deDesenvolvimento Agrcola, que tem um prazo vigncia de dez anos (20052015), este implementadoatravsdeplanosdeAcotrienais.

  • 50

    OutrosinstrumentosdegestodisponveissooPlanoDirectordeIrrigao,oProgramadeAcoNacionaldeLutacontraaDesertificao,PlanodeFloresta.

    A existncia significativa de quadros qualificados no sector da agricultura, silvicultura epecuriapermiteinvestirnainvestigao,formaoeintroduodenovastecnologias.

    Apecuriaconsideradacomoumsectormuito importantedaeconomiadomsticarural,representandocercade25%dos rendimentosdapopulao rural.Estimasequecercade35%doterritrionacionaltenhavocaopastorilesilvopastoril(LivroBranco2004).

    Ocensoagrcola, realizadoem2004 (actualizar),apontaparaoaumentodosefectivosdebovinos, sunos, caprinos e ovinos que so os animais que representam os maioresrendimentosparaosagregadosfamiliares.

    Trabalhos de informao e formao tm sido realizados junto dos criadores visando aintroduode raasmelhoradaseamudanadepastoreio livreparacriaoemcurraiseestbulos,evitandoadegradaodesolosprovocadapelogado.

    Os serviosdeproteco vegetaldaDGASP fazemo controlo sistemticodeentradasdeespciesnopas,antesdasuaintroduo.Essecontrolofeitoatravsdeanlisesderiscosparasedetectarpotenciaisdoenase/oupragasantesdaentrada.

    O sucesso do processo de reflorestao no apenas indicado pela rea coberta comotambmpelonmerodeplantas introduzidasnopas.Deumasuperfcie florestada inicial3.000 em 1975, passouse para uma superfcie superior 85.934 em 2004, tendo sidofixadasnoterreno,at2003cercade36.142.133deplantas.Esteprocessodereflorestao

  • 51

    temseconcentradoessencialmentena ilhadeSantiagoeSantoAnto, (13%dasuperfciereflorestadaDGASP,2003).

    No contexto da luta contra a desertificao, a floresta tem dado grande contributo,nomeadamente na recomposio do coberto vegetal, na satisfao das necessidadesenergticas e forrageiras e no desenvolvimento da produo agrosilvopastoril. Alm decontribuir para uma mudana significativa da paisagem do pas, tem um contributosignificativona capturadodixidode carbono, contribuindoparadiminuiodegasesdeefeitoestufanaatmosferaenamitigaodeprovvelaumentodonveldaguadomardevidoaoaquecimentoglobal.

    A lei florestal protege, de um modo geral, as espcies florestais, particularmente osendemismos. Por outro lado, h um conjunto de iniciativas no sentido de se reproduzirplantas endmicas e/ou ameaadas de extino, em viveiros florestais e sua fixao nospermetros florestais e ou nos espaos naturais protegidos, o que assegura asustentabilidadedosrecursosfitogenticos.Asflorestasqueseencontramdentrodasreasprotegidasdotadasdeplanosdegestoencontramseemmelhorestadodeconservao.

    SegundooQuestionrioUnificadodos Indicadoresdebemestardapopulao (QUIBB)de2007,houveumaligeirareduonautilizaodalenhacomofontedeenergiaparacozinharde35,1%(2006)para32,9%(2007),sendoapossvelcausaoaumentodoconsumodogsbutanosobretudonomeiorural.

    Apanha descontrolada de lenha um factor que pode por em causa todo o trabalho dereflorestaorealizado.

    O CO2 o gs que mais contribui para o aquecimento global. O gs carbnico emitidopermanecenaatmosferaporumlongotempo(cercade100anos).

  • 52

    7.1.6DirecoGeraldosTransportesDGTInserido no Ministrio de Administrao Interna, a DGT possui um quadro legal eregulamentarqueincluidispositivos,quedesincentivamaimportaodeviaturascommaisdedezanosdefabrico,incentivosfiscaisparaveculosdemenosdecincoanos.Existeaindalegislaosobreinspeco.

    Osectordostransportes,apesardeoparqueautomvelemCaboVerdenoseraindamuitogrande(onmerodeveculopercapitanoano20080,09,segundoorelatriodoestadoda qualidade do ambiente de 2009), considerado um sector que contribuisignificativamente para a emisso de gases de efeito de estufa sobretudo nos centrosurbanos. Cerca de 63% das viaturas existentes em Cabo Verde encontramse na ilha deSantiagoeconcentramsenascidadesdaPraiaeAssomada.

    Onmerodeveculosem circulaoemCaboVerdeaumentouem cercade217%,entre2000e2008,comumcrescimentoaproximadode3062viaturas/ano.

    SegundooInventrioNacionaldasEmissesdeGasescomEfeitodeEstufa,noano2000osubsectordostransportescontribuiucom44,5%dasemissesdeDixidodeCarbono(CO2)nopas,tendoaumentadorelativamenteasemissesem1995em27,8%.

    7.1.7DirecoGeraldoTurismoSector do turismo um dos sectores quemais utiliza os recursos costeiros emartimos,tendoemcontaqueoturismodesolepraiaumdosmaisexploradosemCaboVerde.NaVIILegislaturaoturismofoiconsideradoosectorchaveparaodesenvolvimentoeconmicodopas.

    ADGTestaenquadradanoMinistriodoTurismo IndustriaeEnergia,etemasfunesdeconcepo,execuoeavaliaodapoliticasdeturismoedepromoverodesenvolvimentodoturismoemCaboVerde.

  • 53

    Um dos principais instrumentos orientadores deste sector o Plano Estratgico dedesenvolvimentodoturismoparaoperodo20102013,ondesedefineavisodosectorcomo Turismo sustentvel e de Alto valor acrescentado, com o envolvimento dascomunidadeslocais,quernoprocessoprodutivo,quernoacessoaosseusbenefcios

    Oplanoestratgicocontmtrseixos:

    1Aumentaracompetitividade;

    2Maximizarainteriorizaodosbenefciosdoturismo

    3Ganharasustentabilidade

    Nesteeixo3prevseumamaiordiversificaodosprodutostursticos,visandoincrementaroturismoruraleoecolgico.

    7.1.8ONGseAssociaesAsOrganizaesNoGovernamentais,pelasuanatureza,representaminstituiesparceirasfundamentais no quadro da preveno emitigao dos efeitos dasMudanasClimticas.Caracterizamse pela excelente capacidade de interveno local com vasta experinciasacumuladasemmatriade implementaodeprojectosde luta contraadesertificaoepreservaodomeioambiente.

    AsONGs caboverdianas estoorganizadas e amaioriapertence aPlataformadasONGs,distinguindose algumas pelo papel que desempenham na proteco do ambiente e nodesenvolvimentodaspescas:ADAD,AmigosdaNatureza,GaraVermelha,MORABI,OMCV,CITIHABITAT,SolEVento,BiosferaI,AtelierMar,entreoutros.

    Em matria das associaes, a sociedade caboverdiana sempre apresentou, um grandedinamismo,motivadopelanecessidadede,ecomaparticipaodaspopulaes,promover

  • 54

    e construir uma vida melhor para todos. A vida associativa tem evoludo muito, eactualmente,paraalmdasONGs,opas jcontacom inmerasOSCsOrganizaesdeSociedadeCivil,sobformadeassociaes,organizaessocioprofissionais,ligas,fundaes,federaes,redes,cooperativas,entreoutros.

    No sectorpesqueiroasprimeirasassociaes surgiramnos finaisdadcadade80,comopropsitodepromoveraclassedospescadores,fortalecerassuascapacidadesorganizativaseasuasintoniacomosoutrosactoresintervenientes.EntidadeseInstituiesresponsveispelosectorvmnapromoodoassociativismocomoformadeorganizarascomunidadespiscatrias e considerado uma das estratgias principais no combate e reduo dapobreza, na promoo de melhores oportunidades e melhor qualidade de vida dasComunidades.

    Das78comunidadespiscatriaexistentesemCaboVerde,hojeencontramos26associaestodas juridicamente reconhecidos, e tm realizado um trabalho extraordinrio nas suascomunidadesabrindooportunidadesdedesenvolvimentodosector,promovendoacoesodosoperadoresdapescae tm sabidodar respostasnecessidadesdos indivduosedascomunidades,designadamenteatravsdasuaformacaractersticaeprpriadeactuar.

    7.1.9SectorEmpresarial

    Sector empresarial em Cabo Verde integra na suamaioria entidades privadas. Existe umnmero reduzido de empresas pblicas, mas algumas com dimenses importantes naeconomiadopas.

    Osobjectivosdasempresas,principalmenteosdecurtoprazo,desolveroscompromissose gerar recursos que lhes permitam ganhar e reinvestirno futuro, quemuitas vezes noconjugamcomosobjectivosdeconservaoepreservaoambiental.

  • 55

    Anvelnacional,deacordocomoPANAII,deformageralaclasseempresarialnotemumaviso elaborada sobre o ambiente. Os empresrios consideram geralmente o ambientecomo um factor de custo adicional, de restrio das suas actividades provocada porinstrumentos legaisedecomplicaoenocomoumaoportunidade.Asuasensibilidadeapenasreactivaaosaspectoslegais.

    Tal facto demonstra necessidade de aces sistemticas de sensibilizao, de maisconcertaoentreasactividadesde conservaoepreservaoambientaleos interessesempresariais, para uma actuao equilibrada de ambas as partes. fundamental aparticipaodeprivadosnosprocessosdeplanificaoededecisonosdomniospblicosetersistemasdecomunicao,dilogoeinformaofuncionais.

    Actualmenteexistemais sensibilidadeparaasquestesambientaisno sectorempresarial,registandose a utilizao de novas tecnologias na construo civil que utilizam menosinertes.

    7.2 Instituies Internacionais

    7.2.1FAOEsteorganismoparticipadaelaboraodasConvenes,CdigoseLeisparaaconservaoeagestodurveldosrecursosbiolgicosdetodosospasesdomundo.

    Em Cabo Verde, tem contribudo para a elaborao e a execuo de vrios projectos eprogramasdedesenvolvimentoemmatriadaspescas.Aindaintervmnareadaavaliaodos recursos haliuticos e estabelecimento das regras para uma melhor gesto destesrecursos.

  • 56

    7.2.2AComissoSubRegionaldasPescasCSRPAComissoSubregionaldaspescasumaorganizao intergovernamentaldecooperaohaliuticaentreospasesdasubregiooesteafricana (CaboVerde,Gmbia,Guin,GuinBissau,Mauritnia,SenegaleSerraLeoa).

    Ela tem comoobjectivo: i)harmonizao a longoprazodaspolticasdepescadospasesmembros, ii) o reforo da cooperao ao proveito do bemestar das populaes, iii) apromooeelaboraodeumapolticacoordenadaeharmoniosaderegulaodeacessoealocaodosdireitosdapesca.

    7.2.3ProgramadasNaesUnidasparaoDesenvolvimentoPNUDOPNUDaredemundialdasNaesUnidasparaoDesenvolvimentoeestpresenteem166 pases. Instalado em Cabo Verde h muitos anos, um dos principais parceiros naimplementaodeprojectosemvriasreas,sobretudonodomniodoambiente.

    Est inseridonoEscritrioComumdoprogramadasNaesUnidasemCaboVerde juntocomoFNUAPeUNICEF.

    Do Programanico dasNaesUnidas para 2008 a 2011, em Cabo Verde, constam dezsubprogramas, entre os quais o domeio ambiente que inclui os domnios do ambiente,energia,prevenoerespostaadesastresnaturais.

    O PNUD funciona tanto como entidade financiadora de projectos, como agncia deexecuodefundosdoFundoMundialparaoAmbiente(GEF).

    NosltimosanosmuitosprojectosforamexecutadospeloPNUD, juntocomas instituiesnacionais, tanto como financiador, como agncia de execuo, dos quais destacamos:elaboraodoNAPA ;CriaoeGestoParticipativadereasProtegidasemCaboVerde:implementao do Sistema de Informao sobre a gua (SINAGUA), avaliao da

  • 57

    vulnerabilidade s mudanas climticas; subprograma Ambiente, Energia, Preveno eRespostasaosDesastres;AdaptaomudanadoClimaRespostamudanadolitoralessuasdimenseshumanasnafricaOcidental(ACCC).

    OsprojectosConsolidaodoSistemadereasProtegidasemCaboVerdeeReforodascapacidadesdeadaptaoeresilinciasmudanasclimticas,nosectordosrecursoshdricos esto na fase inicial e esto previstos ainda os projectos Proteco eGestoIntegradadasZonasCosteiras,Mobilizaoegesto integradadosrecursoshdricoseModernizaoediversificaodaproduoagrcolaparamelhoraraseguranaalimentar.

    7.2.4FundoMundialparaaNaturezaWWFOWWFumainstituiocomlargaexperinciaanvelmundialnodomniodaconservaodabiodiversidadeedosecossistemasmarinhos.Em2006oWWFcriouumarepresentaoemCaboVerde.

    ExecutouoprojectodasreasmarinhasprotegidasdaBaadaMurdeiraedeSantaLuziaeilhus.Promoveuvriasacesnombitodapreservaoeeducaoambientalemdiversasilhas.

    8.POLTICASDOAMBIENTEEDASPESCASDevidoassuasvulnerabilidades,desdesempresorelevantesaspreocupaesambientaisem Cabo verde. Tambm, sempre houve uma vocao orientada para agricultura,dificuldades no desenvolvimento da pesca e uma certa preocupao no que concerne conservaoambiental,incluindoapreservaodeespcieshaliuticasdevalorcomercial.

    Apartirda independncia,registaramsevriasactividadesdeconservaoeprotecodoambiente, o que demonstra a preocupao dos sucessivos governos com a questo da

  • 58

    preservaodosecossistemasecomoenquadramentodosorganismosvocacionadosparaagestoambiental.

    Em 1975 iniciou a produo de uma legislao especfica que incorpora vrias medidaslegislativasvisandoapreservaodosrecursosnaturais.Apartirde1993CaboVerdepassoua dispor de leis ordinrias (lei da criao das reas protegidas, lei sobre a importao,comercializaoeusodepesticidasemCaboVerde)

    ApartirdaConfernciaMundialdoAmbientequetevelugarnacidadedoRiodeJaneiroemJunho de 1992, Cabo Verde aderiu aos princpios de desenvolvimento sustentvelenunciadosnaAgenda21e,nestecontexto,elaborouumPrimeiroPlanodeAcoNacionalparaoAmbienteem1994.

    Com a adopo e implementao das trs Convenes do Rio (Conveno Quadro dasNaesUnidas sobre asMudanasClimticas,Conveno sobre aDiversidadeBiolgicaeConvenodalutacontraadesertificaonospasesgravementeafectadospelasecae/ouadesertificao)foramaprovadosnoano2000oProgramadeAcoNacionaldaLutacontraaDesertificaoeMitigaodosEfeitosdaSeca(PANLCD),aEstratgiaePlanodeAcosobreaBiodiversidade.

    Em1999foielaboradaaEstratgiaeoPlanodeAcosobreMudanasClimticasemCaboVerde(NAPA)e,em2004,oSegundoPlanodeAcoNacionalparaoAmbientePANA II,queincluiPlanosIntersectoriais,PlanosAmbientaisMunicipais,e4estudosdebaseentreosquaisoPlanodeGestodosRecursosdaPesca.

  • 59

    8.1 Polticas de Pescas

    AZonaEconmicaExclusiva (ZEE)deCaboVerdeestimadaem734265km2.Apesardeestar localizadonumazonadeproduoprimriarelativamentealta,opotencialhaliuticoconhecido est entre 36.000 a 44.000 toneladas. Sendo Cabo Verde um pas insular desituao geoeconmicaprivilegiada, apescaumdos sectores considerados importantepara o desenvolvimento econmico do pas, fornecendo protenas de origem animal spopulaes,constituindoumaimportantefontedeempregoecontribuindoparaoequilbriodabalanadepagamentosatravsdasexportaes.

    Assimsendo,desdeoperododaIndependncia,atravsdevriosinstrumentos,oGovernotem defin