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Associação Rural de Ajuda Mútua – ORAM Delegação de Nampula Estudo sobre Monitoria de Parcerias de Comunidades Locais com Investimentos Nacionais e Estrangeiros na Província de Nampula RELATÓRIO FINAL (Versão executiva) Elaborado por: TOWANI, Consultoria e Serviços, Lda Nampula, Julho 2017 Parceria:

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Associação Rural de Ajuda Mútua – ORAM

Delegação de Nampula

Estudo sobre

Monitoria de Parcerias de Comunidades

Locais com Investimentos Nacionais e

Estrangeiros na

Província de Nampula

RELATÓRIO FINAL

(Versão executiva)

Elaborado por:

TOWANI, Consultoria e Serviços, Lda

Nampula, Julho 2017

Parceria:

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 2

FICHA TÉCNICA

Título:

Estudo de Monitoria de Parcerias das Comunidades Locais e Investidores

Nacionais e Estrangeiros na Província de Nampula

Elaborado por:

TOWANI, consultoria e Serviços

Equipa técnica:

António Muagerene

António Lagres José

Propriedade:

Associação Rural de Ajuda Mútua (ORAM) – Delegação de Nampula

Parceria:

Local e Data:

Nampula, Fevereiro de 2017.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 3

ÍNDICE

ABREVIATURAS ........................................................................ 4

SUMÁRIO EXECUTIVO .............................................................. 5

1. INTRODUÇÃO ..................................................................... 9

2. ÂMBITO DO ESTUDO ......................................................... 11

3. METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................... 12

4. OPERACIONALIZAÇÃO DOS CONCEITOS DA PESQUISA ....... 14

5. CONTEXTO DO ESTUDO ..................................................... 16

6. CONCLUSÕES DO ESTUDO ................................................. 17

7. RECOMENDAÇÕES ............................................................ 22

8. BIBLIOGRAFIA ................................................................... 26

9. ANEXOS ............................................................................ 28

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 4

ABREVIATURAS

BCI Banco Comercial de Investimentos

BIM Banco Internacional de Moçambique

CaVaTeCo Cadeia de Valor das Terras Comunitárias

Co. Company

CDM Cervejas de Moçambique

CRM Constituição da República de Moçambique

DNTF Direcção Nacional de Terras e Florestas

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

HMMC Haiyu (Mozambique) Mining Company. Lda

IAM Instituto de Algodão de Moçambique

IFDC International Fertilizer Developing Center

IIAM Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique

ORAM - N Associação Rural de Ajuda Mútua – Delegação Norte

OSC Organizações da Sociedade Civil

PEP - 2020 Plano Estratégico da Província de Nampula 2010-2020

PA Posto Administrativo

PLC Public Limited Company

RARN Rede de Agricultura e Recursos Naturais

SAFA Sustainability Assessment of Food and Agriculture Systems - Avaliação

da Sustentabilidade dos Sistemas de Agricultura e Alimentação

SDAE Serviços Distritais de Actividades Económicas

DPRME Direcção Provincial de Recursos Minerais e Energia

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 5

SUMÁRIO EXECUTIVO

1) As políticas públicas económicas nacionais e a legislação correspondente

estabelecem que a realização dos investimentos visa a promoção do

desenvolvimento económico, social e ambiental sustentável, mormente no meio

rural onde vive a maioria das populações. As parcerias entre as comunidades locais

com direitos adquiridos sobre os recursos naturais e os investidores nacionais e

estrangeiros é a forma mais adequada de promoção do desenvolvimento rural. O

Plano Estratégico da Província de Nampula 2020 igualmente estabeleceu a sua

missão de criação da riqueza através da maximização das parcerias público-privado

e comunitário.

2) Considerando esta oportunidade a ORAM-N definiu no seu Plano Estratégico 2015-

2017 a abordagem programática e de intervenção através da promoção de acções no

âmbito da Cadeia de Valor das Terras Comunitárias (CaVaTaCo). Esta abordagem

considera os direitos adquiridos das comunidades no uso e gestão da terra e recursos

naturais como ponto de partida da cadeia de valor que a ORAM – N pretende

transformar em benefícios reais que resultem em rendimentos e riqueza para os

membros das comunidades, numa situação em que as comunidades podem ser

parceiras dos investidores nacionais ou estrangeiros, usando as terras comunitárias

delimitadas como capital de contraparte.

3) O estudo tem por objectivo geral de examinar as parcerias criadas pelos

investimentos nacionais e estrangeiros com as comunidades locais da Província de

Nampula nos aspectos da sua governação, transparência, qualidade dos acordos,

sustentabilidade para derivar casos de sucesso e desafios bem como as lições

aprendidas para delas sugerir recomendações para acções futuras na assistência às

comunidades locais. Pretende-se com este estudo ter um instrumento que sirva de

evidência para acções de advocacia na defesa dos direitos adquiridos pelas

comunidades locais bem como na promoção, facilitação e monitoria das parcerias

entre estas e os investidores.

4) A metodologia do estudo de monitoria sobre as parcerias das comunidades locais e

investidores compreendeu a consulta bibliográfica, visitas aos locais de realização

dos investimentos para observação, entrevistas quer com os dirigentes

governamentais, empresariais como de líderes comunitários e informadores

relevantes. Para análise dos achados foi usada a abordagem da FAO, Análise dos

Sistemas de Segurança alimentar (SAFA) – um instrumento compreensivo útil para

análise de sectores cujas dimensões incluem a resiliência económica, a integridade

ambiental, boa governação e o bem-estar social. Estas dimensões estão alinhadas

com as dos pilares do PEP – 2020 que por consequência progressos nas parcerias

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 6

entre comunidades locais e investidores contribuem na realização deste instrumento

estratégico provincial.

5) O estudo de monitoria das parcerias entre as comunidades locais e investidores

nacionais e estrangeiros na província de Nampula foi realizado nos seguintes

distritos conforme o ramo de actividades e respectivas empresas: a) Ramo de

exploração mineira distritos de Angoche (empresa Haiyu Mozambique Mining

company) e Moma/Larde (empresa Kenmare Moma Mining, plc); b) Ramo de

plantações florestais, distrito de Mecuburi (empresa Green Lúrio Resources); c)

Ramo de agronegócios, nos distritos de Malema (Sociedade Algodoeira de Mutuali,

Lda), Murrupula (Empresa DADTCO) e Ribáue (Mtharia Investimentos, Lda.).

6) O quadro de achados do estudo sobre as parcerias entre as comunidades locais e os

investimentos nacionais e estrangeiros na Província de Nampula é de uma maneira

geral o seguinte:

a. Perfil das empresas pesquisadas: O estudo examinou as parcerias entre as

comunidades locais e investimentos de capitais nacionais no ramo de

agronegócios (SAM, Lda e Matharia Investimentos, Lda) e de capitais

estrangeiras nos ramos de exploração mineira (Haiyu Mozambique Mining

Company e a Kenmare Mining, plc), do sector de plantações florestais (Lúrio

Green Resources) e do ramo de agronegócio (DADTCO).

b. Situação das comunidades locais que hospedam os investimentos examinados:

Todos os investimentos examinados são do ramo extractivo de recursos naturais

e se realizam em comunidades rurais que têm na terra como o seu principal

recurso de identidade, cultura e de sustento. As comunidades hospedeiras dos

investimentos, são caracterizadas, duma maneira geral, por elevadas taxas de

pobreza, na sua multidimensionalidade caracterizando-se por inúmeras carências

e necessidades sobretudo as de infraestruturas básicas, amenidades sociais até a

liderança das autoridades recebendo pouca assistência justificando-se as

elevadas expectativas criadas pelos investimentos. Em nenhuma das

comunidades examinadas foi possível verificar a transparência do processo de

transferência de direitos das comunidades para o DUAT das empresas

investidoras não se verifica em nenhuma das parcerias examinadas, sendo

marcadas por assimetria do acesso à informação sobre os investimentos quer dos

governos locais como das comunidades e por consequência má qualidade das

parcerias estabelecidas traduzidas em tensão e conflitualidade o que não

contribui para fortalecimento das relações das partes muito menos para

benefícios mútuos.

7) Avaliadas as parcerias segundo as quatro dimensões do SAFA (resiliência

económica, nem a integridade ambiental, nem a boa governação e muito menos o

bem-estar social) os achados demonstram o seguinte quadro:

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 7

a) Integridade ambiental: ambos investimentos do ramo de exploração mineira

extraem do solo recursos não renováveis (areias pesadas: rutilo, titânio e

zircão) causam a desintegração dos solos, ecossistemas, poluição e

desestruturação do meio ambiente. Nenhuma delas apresenta mecanismos e

formas de recuperação dos solos pós-exploração. As explorações de

plantações que substituindo a floresta natural por plantas exóticas igualmente

alteram as condições do meio ambiente e perturbam os ecossistemas. As

perspectivas de expansão para novas áreas conflictuam com as necessidades

de subsistência das comunidades por requererem áreas de exploração das

famílias locais. Finalmente os investimentos no agronegócios cujo impacto é

mediano porquanto as produções envolvem pequenas explorações familiares

e com limitado uso de agro-químicos por exploração.

b) Resiliência económica: Os investimentos têm limitada capacidade de gerar

empregos para os membros das comunidades hospedeiras, maioritariamente

sazonais e precários. Todos os investimentos examinados têm poucas ou

nenhumas ligações às actividades produtivas das comunidades. As acções de

responsabilidade social corporativa das empresas mineiras têm efeito

limitado nas comunidades por falta de transparência da sua gestão. As

actividades domésticas e de subsistência familiar sobrecarregam a mulher

que não pode aceder ao emprego nas unidades instaladas.

c) Bem-estar das comunidades: limitado pelo alcance das acções reclamadas

como responsabilidade social corporativa nas explorações mineiras

inexistentes para além do círculo das famílias que participam dos poucos

empregos sazonais.

d) Boa governação: Os investimentos examinados despertaram expectativas nas

comunidades de implementação, as formas e mecanismos de parcerias

estabelecidas são de difícil operacionalização ou parcialmente

implementados; falta de informação e mediação leva a desconfianças,

tensões e conflitos. Quando estabelecidos a liderança dos processos está nas

mãos da empresa.

8) O estudo conclui que, das parcerias examinadas nos sectores mineiro, florestal e de

agronegócios, apresentam diferentes padrões de realização das parcerias e formas de

interacção entre comunidades locais e investidores. A área económica de mineração

tem legislação e políticas mais claras sobre as parcerias e as acções de

responsabilidade social. As áreas de florestas e agronegócios, baseando-se na Lei de

Terras as parcerias são no âmbito da consulta comunitária no acto da transferência

dos direitos adquiridos das comunidades para o DUAT dos investimentos. No ramo

de agronegócio são práticas comuns de regulação das parcerias através dos contratos

de produção e comercialização. No entanto, todas essas formas de parcerias são

marcadas por debilidades nos mecanismos de sua operacionalização que resultam

em diferentes percepções e grau de satisfação das expectativas dos benefícios das

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 8

partes, desconfianças, insegurança e conflitos que fazem com que as parcerias não

garantam nem a resiliência económica, nem a integridade ambiental, nem a boa

governação e muito menos o bem-estar social sobretudo dos membros das

comunidades que alojam os investimentos. Por outro lado, o estudo mostra que as

relações entre os parceiros são invariavelmente informais, não apresentam garantias

nem rotinas estabelecidas tornando-se difíceis de monitorar; não há relação de

igualdade entre os pares e evidencia parcialidade do regulador, nos casos em que foi

estabelecido. Desta forma, se conclui que as parcerias entre as comunidades locais e

os investimentos nacionais e estrangeiros oferecem um quadro de limitada

efectividade na promoção do desenvolvimento sustentável o coloca reservas em

relação ao sucesso da implementação do Plano Estratégico Provincial que tem nas

parcerias púbico-privado e comunidades como sua missão para a presente década.

9) O estudo recomenda que acções sejam tomadas no sentido de melhorar e aprimorar

a legislação, adequando-a às práticas internacionais de parcerias entre as

comunidades locais e investimentos que incluam as acções de cidadania

empresarial, responsabilidade social, mecanismos e instrumentos de

estabelecimentos de parcerias e rotinas de sua monitoria, de modo a tornar mais

operacional a implementação de parcerias e o desenvolvimento de capacidades de

todos os actores (governos locais, investidores, organizações da sociedade civil e

comunidades). A promoção de acções de desenvolvimento sustentável deverá incidir

em acções que promovam as dimensões SAFA e permitir a integridade ambiental,

boa governação, a resiliência económica das comunidades, e o bem-estar social. O

estudo recomenda, igualmente, a integração das acções de parcerias entre

comunidades locais e investidores nacionais e estrangeiras nos planos de

desenvolvimento locais (distritais) de modo a permitir a monitoria activa e inclusão

dos resultados das parcerias nos relatórios de desempenho do desenvolvimento

local.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 9

1. INTRODUÇÃO O estudo sobre parcerias entre comunidades locais e investidores nacionais e

estrangeiros na Província de Nampula enquadra-se na operacionalização da abordagem

de cadeia de valor das terras comunitárias (CaVaTeCo) definida no Plano Estratégico da

ORAM da Associação Rural de Ajuda Mútua (ORAM) – Delegação de Nampula, para

o triénio 2015-2017.

No presente estudo iremos considerar parcerias como uma relação entre dois ou mais

actores onde cada um reconhece o seu papel e contribui para o ganho mútuo (win-win).

As parcerias entre os actores de desenvolvimento (governo-sector privado e

comunidades) são igualmente definidas como estratégia de promoção do

desenvolvimento sustentável na missão do Plano Estratégico da Província de Nampula

2010-2020 (PEP).

O presente estudo tem por objectivo geral examinar as parcerias criadas pelos

investimentos nacionais e estrangeiros com as comunidades locais nos distritos de

Angoche, Moma/Larde, Malema, Mecuburi, Murrupula e Ribáue. Estes distritos

abrangem os sectores económicos de actividades mineiras, plantações florestais e

agronegócios. Pretende-se com este estudo ter um instrumento que sirva de evidência

para acções de advocacia na defesa dos direitos adquiridos pelas comunidades locais

bem como na promoção, facilitação e monitoria das parcerias entre estas e os

investidores e mostrar a necessidade de construção e melhoria de relações entre actores

(parceiros).

A metodologia do estudo de monitoria sobre as parcerias das comunidades locais e

investidores compreendeu a consulta bibliográfica quer da legislação bem como da

documentação disponível sobre a matéria, seguida de visitas aos locais de interacção das

comunidades e investimentos para observação, entrevistas quer com os dirigentes

governamentais, empresariais como de líderes comunitários e informadores relevantes.

Para análise dos achados foi usada a abordagem da FAO, Análise dos Sistemas de

Segurança Alimentar (SAFA) – um instrumento compreensivo útil para análise de

sectores cujas dimensões incluem a resiliência económica, a integridade ambiental, boa

governação e o bem-estar social. Estas dimensões coincidem com as dos pilares do PEP

– 2020 que por consequência progressos nas parcerias entre comunidades locais e

investidores contribuem na realização deste instrumento estratégico provincial e

permitem alinhar aos objectivos do presente estudo.

O estudo conclui que, das parcerias examinadas nos sectores mineiro, florestal e de

agronegócios, por um lado, se reconhecem diferentes formas de interacção entre

comunidades locais e investidores. No entanto, todas essas formas de parcerias são

marcadas por debilidades nos mecanismos de sua operacionalização que resultam em

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 10

diferentes percepções e grau de satisfação das expectativas dos benefícios das partes,

desconfianças, insegurança e conflitos que fazem com que as parcerias não garantam

nem a resiliência económica, nem a integridade ambiental, nem a boa governação e

muito menos o bem-estar social sobretudo dos membros das comunidades que alojam

os investimentos. Por outro lado, o estudo mostra que as relações entre os parceiros são

invariavelmente informais, não apresentam garantias nem rotinas estabelecidas

tornando-se difíceis de monitorar; não há relação de igualdade entre os pares e

evidencia parcialidade do regulador, nos casos em que foi estabelecido.

O estudo igualmente recomenda que acções sejam tomadas no sentido de melhor

aprimoramento da legislação de modo a tornar mais operacional na implementação de

parcerias e desenvolvimento de capacidades de todos os actores (governos locais,

investidores, organizações da sociedade civil e comunidades) de modo a que seja

possível o estabelecimento de parcerias efectivas e que promovam o desenvolvimento

sustentável; reexame dos mecanismos de implementação de parcerias entre

investimentos e as comunidades locais de modo a permitir melhor governação; e

integração das acções de parcerias entre comunidades locais e investidores nos planos

de desenvolvimento locais de modo a permitir monitoria e inclusão dos resultados das

parcerias nos relatórios de desempenho do desenvolvimento local.

O documento do estudo consta de sete partes. A primeira é a introdução seguida do

âmbito estratégico do estudo sobre as parcerias entre as comunidades locais e os

investimentos. A terceira parte apresenta a metodologia de recolha, análise e

interpretação dos resultados com ênfase para a base da abordagem de Avaliação dos

Sistemas de Agricultura e Alimentação (SAFA) da FAO usada na análise dos dados e

informações recolhidas ao longo da pesquisa. A quarta parte do documento apresenta o

contexto e perfil do estudo aos níveis nacional, provincial, distrital e das empresas

envolvidas. A quinta secção apresenta e analisa os achados da pesquisa. A sexta

apresenta as principais conclusões gerais e, a sétima e última parte apresenta as

recomendações globais do estudo.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 11

2. ÂMBITO DO ESTUDO

A Associação Rural de Ajuda Mútua – Delegação Norte (ORAM - N) definiu no seu

Plano Estratégico de 2015 – 17 a Missão de:

“Defender os direitos e interesses dos camponeses, contribuindo para o desenvolvimento

associativo e comunitário, com vista a posse e o uso sustentáveis da terra e dos recursos

naturais nas comunidades rurais”.

Considerando as oportunidades do contexto nacional a ORAM-N definiu no seu Plano

Estratégico a abordagem programática da Cadeia de Valor das Terras Comunitárias

(CaVaTaCo) como base da sua intervenção. A abordagem CaVaTaCo considera os

direitos adquiridos das comunidades no uso e gestão da terra e recursos naturais como

ponto de partida da cadeia de valor que a ORAM – N pretende transformar em

benefícios reais que resultem em rendimentos e riqueza para os membros das

comunidades, numa situação em que as comunidades podem ser parceiras dos

investidores nacionais ou estrangeiros, usando as suas terras delimitadas e/não como

capital. Com efeito, três componentes programáticas são definidas nas suas

intervenções:

1. A criação de capacidades institucional que estimule o conhecimento dos direitos

adquiridos e gestão comunitária dos recursos naturais bem como o respectivo

registo formal.

2. O processo de identificação da visão e gestão da terra e dos recursos naturais que

resulte num plano de uso e gestão comunitária.

3. Assistência e acompanhamento contínuos do exercício dos direitos pelas

comunidades que resultem no estabelecimento de parcerias com o sector público

e privado ou realização de actividades de desenvolvimento das comunidades.

Esta última componente de intervenção estratégica e táctica e da ORAM – N justifica a

realização de um estudo de levantamento do ponto de situação e análise das actuais

ligações entre as comunidades locais e os investimentos nacionais e estrangeiros em

curso na província de Nampula.

Com efeito, o estudo tem por objectivo geral de examinar as parcerias criadas pelos

investimentos nacionais e estrangeiros com as comunidades locais nos distritos de

Angoche, Moma, Malema, Mecuburi, Murrupula e Ribáue. Estes distritos abrangem as

áreas de actividades mineiras, florestal de plantações e agronegócios.

A ORAM – N comissionou a TOWANI, Consultoria e Serviços para a realização da

consultoria cujos resultados constituem o presente documento.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 12

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia de pesquisa usada no Estudo de Monitoria de Parcerias de Comunidades

Locais com Investimentos Nacionais e Estrangeiros na Província de Nampula incluiu a

consulta bibliográfica e documental, visita aos locais de implementação dos

investimentos; entrevistas aos informadores-chave. A análise dos resultados foi feita

com base na abordagem SAFA, desenvolvida e implementada pela Organização das

Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

A consulta documental estabeleceu a meta-análise da temática de parcerias entre

investidores e comunidades locais e foi baseada na recolha análise e sistematização da

principal bibliografia da área e seu alinhamento com a documentação estratégica e

táctica da ORAM - N.

O trabalho de campo incluiu a realização de entrevistas a diversos níveis com recurso

aos instrumentos de recolha de documentos, dados e informações seguintes aos níveis

provincial, distrital e comunitário com contactos com os actores governamentais,

empresariais das áreas económicas relevantes, nomeadamente mineira, florestal, e de

agronegócios.

Análise dos resultados: Partindo do princípio que as parcerias visam assegurar

benefícios reais dos direitos adquiridos pelas comunidades locais pela realização dos

investimentos que promovem o uso e gestão sustentável dos recursos naturais, a análise

dos dados do estudo adopta o instrumento da FAO para a Avaliação da sustentabilidade

dos sistemas de agricultura e alimentação (SAFA).

A SAFA é uma abordagem holística de avaliação da sustentabilidade das cadeias de

valor de agricultura e alimentação. A abordagem do SAFA estabelece a referência

internacional de avaliação das complementaridades e sinergias das quatro dimensões de

sustentabilidade, nomeadamente a ambiental, a social, económica e de governação.

Permite que todos os intervenientes da cadeia possam ter clara percepção sobre as suas

forças, concentrar-se nas fraquezas e progredir em direcção a sustentabilidade. Esta

abordagem que consiste num conjunto de indicadores altamente relevantes e práticos

para avaliar o desempenho dos actores da cadeia de valor permite igualmente o

seguimento das boas práticas de parcerias.

O mérito da abordagem SAFA reside no facto de permitir que seja usada de forma

cruzada pelos sectores e actores, reside nos temas que conduzem ao bom desempenho

da sustentabilidade, nomeadamente a volta das quatro dimensões: boa governação,

integridade ambiental, resiliência económica e o bem-estar social. A escolha da

abordagem metodológica do SAFA deve-se à facilidade de alinhamento com as áreas de

trabalho da ORAM (governação da terra e recursos naturais), com os pilares do Plano

Estratégico da Província de Nampula 2020 e por ser adequada para análise dos

resultados da presente pesquisa.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 13

Cada uma destas dimensões de desenvolvimento sustentável do SAFA é avaliada com

uma pontuação, que varia de 1 a 3, com a seguinte classificação 1 = inaceitável

(vermelho), 2 = limitado (amarelo) e 3 = bom (verde), adaptada para o presente estudo e

estabelecidas as respectivas ilações e sugestões. Para a análise e discussão de resultados

foi desenvolvida a escala proporcional de avaliação (de 1 a 5)1, e, de 0 a 202 para a

análise.

Os dados recolhidos foram processados, analisados e partilhados com a ORAM – N

donde se obteve os necessários comentários e recomendações que foram objecto de

consideração na compilação do presente relatório do estudo.

Limitações da pesquisa: As principais limitações da pesquisa incluíram:

a) Período adverso de realização da pesquisa por coincidir com os últimos meses

do fim do ano: actores e informadores relevantes se mostraram indisponíveis por

estarem sob pressão do tempo de fecho de suas actividades e do ano; houve

adiamentos e cancelamento de entrevistas previamente marcadas por parte de

alguns actores, sobretudo os governamentais.

b) Relutância das entidades governamentais e de empresas em conceder entrevistas

e dispor de dados de desempenho das suas actividades: obtivemos respostas

bloqueadoras de contacto e entrevistas como as de solicitar envio prévio dos

termos de referência e do questionário da pesquisa. Alegação de não autorização

para prestar informações relevantes. A consultoria teve que recorrer a métodos

indirectos de recolha de informações e dados através de fontes secundárias.

c) Disponibilidade de representantes das empresas: relutância de se expor a riscos

de entrevistas sobre o desempenho da empresa e promessa não cumprida de

posterior partilha e envio de relatórios de desempenho e dados.

A seguir são considerados os conceitos operativos do presente estudo nas suas

definições, âmbitos de utilização e variáveis-chave de cada um deles.

1 Critérios de avaliação: 1 – péssimo; 2 – mau; 3 – neutro; 4 – suficiente e 5 – Bom. 2 Critérios de análise: 1 – 4: péssimo; 5 – 8: mau; 9 – 12: neutro; 13 – 16: suficiente e 17 – 20: bom.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 14

4. OPERACIONALIZAÇÃO DOS CONCEITOS DA PESQUISA

O presente estudo tem como conceitos operacionais (1) as comunidades locais e o seu

enquadramento no contexto legal nacional; (2) a legislação sobre os investimentos

nacionais e estrangeiros e (3) parcerias entre comunidades locais e investidores

nacionais e estrangeiros.

4.1. Comunidades locais e o reconhecimento dos direitos

adquiridos

Nesta secção é discutido o conceito de comunidade local à luz da Lei nº 19/97 – Lei de

Terras define a Comunidade local donde resulta o reconhecimento da personalidade

jurídica pelos direitos adquiridos mormente no uso e aproveitamento e gestão da terra e

dos recursos naturais e a garantia do direito de acesso a estes recursos como condição

para o seu bem-estar.

O DUAT das comunidades têm características específicas como segue: a) o DUAT

adquirido por ocupação existente independente da apresentação de um título3; b) a

ausência do registo não prejudica a existência do DUAT adquirido por ocupação4; c)

esse direito pode ser comprovado por prova testemunhal dos membros da comunidade

local5; d) transmissão por herança6; e e) prazo ilimitado7.

Considerando o exposto, a salvaguardar os direitos adquiridos pelas comunidades ou

transmitidos pelas práticas costumeiras das comunidades locais, é um imperativo

legalmente garantido para permitir que estas usem as suas terras como colateral durante

a negociação ao longo da realização de consultas comunitárias para o estabelecimento

das parcerias.

Nesta secção igualmente se apresenta o processo de consulta comunitária, uma prática

prevista na legislação atinente aos investimentos em áreas de exploração de recursos

naturais. A Consulta comunitária abre o caminho para a etapa de negociação entre a

comunidade local e o investidor, que pode culminar na celebração de um contrato de

parceria, prevendo responsabilidades e benefícios mútuos bem como a delimitação das

acções de responsabilidade social corporativa da qual resulta na segurança jurídica das

comunidades e eventuais benefícios no contexto do desenvolvimento local.

3 Alínea b), art.º 12, Lei nº 19/97, de 1 de Outubro, Lei de Terras. 4 Idem, nº 2, Art.º 14, Lei nº 19/97. 5 Ibidem, alínea b), art.º 21, Decreto nº 66/98. 6 Ibidem, número 2, art.º 16, Lei nº 19/97. 7 Idem, número 2, art.º 17, Lei nº 19/97.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 15

4.2. Investimentos nacionais e estrangeiros:

A realização dos investimentos em Moçambique concorre para a realização da política

económica do estado moçambicano que visa a construção das bases económicas do

desenvolvimento, melhoria das condições de vida do povo e o reforço da soberania do

Estado, nos termos definidos pela CRM, 2004. A Lei nº 3/93, de 24 de Julho - Lei de

investimentos.

Nesta conformidade, ocorre a legislação específica para as actividades mineiras e

regulamentos específicos para plantações florestais e o agronegócio do algodão. Com

efeito, a actividade mineira é regulada pela Lei nº 20/2014, de 18 de Agosto - a nova

Lei de minas que é baseada nas boas práticas mineiras gerais da indústria mineira

segundo os padrões internacionais que incluem os Princípios de Investimento

Responsável padronizados pelos sectores económicos e que constituem uma orientação

para os investimentos – também designados Social Corporate Investment (SCI).

A propósito, Moçambique adoptou a Política de Responsabilidade Social para a

Indústria Extractiva (PERSIE). Esta política define as acções de responsabilidade social

corporativa que decorre dos impactos sociais, ambientais e económicos das suas

actividades e realiza-se com acções formuladas com base no imperativo da lei, da ética

dos seus colaboradores, da missão, valores e de normas internacionais.

Os investimentos no sector agrário realizam-se nos termos estabelecidos pela Lei nº

3/93, de 24 de Julho - Lei de investimentos obedecendo, porém, as especificidades das

culturas onde recai o investimento como as florestas e o agronegócio que têm legislação

e regulamentação específica com base no Plano Estratégico do Sector Agrário 2011 –

2020 (PEDSA) e do Plano Nacional de Investimentos do Sector Agrário (PNISA).

4.3. Parcerias - entre Comunidades locais e Investidores

Esta secção apresenta as parcerias entre os governos, sector privado, comunidades e

sociedade civil como uma estratégia de promoção do desenvolvimento sustentável. as

parcerias representam uma oportunidade de cada actor dispor das suas competências na

busca de soluções para o bem comum. Quando bem-sucedidas as parcerias reconhecem

a diversidade dos actores quanto as suas prioridades, valores, atributos, competências,

aspirações e estilos operacionais que uma vez coordenadas se alcançam os objectivos

comuns.

As parcerias têm desafios a considerar como: 1) desequilíbrio de poder das partes; 2)

agendas escondidas pelas partes; 3) procura de ganhos unilaterais “a todo o custo” e

incumprimento deliberado dos acordos. A legislação de exploração de recursos naturais

vê uma oportunidade para as comunidades locais celebrarem acordos de parcerias com

os investidores (nacionais e estrangeiros) através das negociações das consultas

comunitárias para acesso aos direitos de uso e aproveitamento da terra e dos recursos

naturais.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 16

5. CONTEXTO DO ESTUDO

5.1. Contexto Nacional, regional e provincial

Moçambique tem sustentado nas últimas duas décadas um crescimento económico

sustentado com a média de PIB de 7% ao ano resultante da atracção de investimentos

directos estrangeiro (IDE) sobretudo para os ramos de mineração e hidrocarbonetos,

agro-indústria, agricultura, energia, turismo, pescas. No entanto, Moçambique apresenta

ainda inúmeros desafios que mantém a maioria das populações a viver abaixo da linha

da pobreza.

A província de Nampula faz parte da grande estratégia de corredor de desenvolvimento

espacial de Nacala que integra as Províncias de Tete, Zambézia, Nampula, Cabo

Delgado e Niassa pelo Projecto da Estratégia de Desenvolvimento Económico do

Corredor de Nacala (PEDEC).

A principal estratégia do desenvolvimento de agricultura do PEDEC é o programa

trilateral do Brasil, Japão e Moçambique de desenvolvimento das savanas tropicais

(ProSAVANA) desenhado e a ser implementado com base no programa do Cerrado

Brasileiro para ser implementado ao longo do corredor de Nacala.

O Plano Estratégico da Província de Nampula (PEP 2010 – 2020) é o principal

instrumento de planificação estratégica do desenvolvimento provincial. O PEP – 2020

define como missão: “Colocar a província de Nampula nos escalões mais altos de

criação de riqueza, com epicentro no distrito, maximizando as parcerias público-

privado e comunitário”8. O sublinhado é da autoria do estudo.

O PEP-2020 define quatro pilares de operacionalização da gestão do desenvolvimento

com os respectivos programas estruturantes com uma implementação integrada,

nomeadamente: Pilar 1: Crescimento económico: Pilar 2: Governação participativa:

Pilar 3: Infraestruturas e promoção do meio ambiente: Pilar 4: Desenvolvimento do

capital humano. Estes pilares do PEP 2020 estão alinhados com as dimensões do SAFA

usadas na análise do presente Estudo.

A pesquisa apresenta os perfis dos distritos de Angoche, Malema, Mecuburi, Moma,

Murrupula e Ribáue e das empresas examinadas pelo estudo.

8 GOVERNO DA PROVINCIA DE NAMPULA (2010) – Plano Estratégico da Província de Nampula “2010-2020” (PEP-2020). Nampula: UCODIN. pg. 23.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 17

6. CONCLUSÕES DO ESTUDO

Do estudo sobre a monitoria das parcerias entre as comunidades locais e os

investimentos nacionais e estrangeiros na Província de Nampula, tendo presente os

achados se conclui o seguinte:

1. Perfil das empresas pesquisadas: O estudo examinou com a metodologia das

dimensões de desenvolvimento sustentável dos SAFA, os investimentos nas

áreas Mineira (pelas empresas Haiyu Mozambique Mining Co. e a Kenmare

Moma Mining, plc) ambas de capitais estrangeiros, do sector de plantações

florestais (Lúrio Green Resources com capitais estrangeiros) e do ramo de

agronegócio (SAM, Lda e Matharia Investimentos, Lda. – ambas com capital

nacional) e a DADTCO com capital estrangeiro. Todos os investimentos

examinados são do ramo extrativo de recursos naturais.

2. Situação geral das comunidades locais que hospedam os investimentos

examinados: as comunidades rurais hospedeiras, em geral, são caracterizadas

por serem remotas, com inúmeras necessidades e que têm na terra como o seu

principal recurso de identidade, cultura e de sustento.

3. A legislação de exploração da terra e de recursos naturais criou a figura de

Consulta Comunitária como mecanismo de mediação da cedência dos direitos

adquiridos pelas comunidades para os investimentos através do DUAT. O estudo

constatou que em todas as comunidades visitadas foram expressas expectativas

não satisfeitas que ficaram expressas ao longo do processo de consultas

comunitárias testemunhadas pelos governos locais e a empresa. Essas

expectativas não constam das actas da consulta comunitária nem estão

depositadas nas comunidades locais conforme a legislação. Actualmente as

comunidades ficaram mais carentes por estarem privadas dos recursos básicos de

sustento, dado o limitado acesso as áreas concedidas ao investimento. Nos casos

de mineração foram expressos os efeitos de poluição das (aérea e águas) e

destruição da biodiversidade e remoção de terras e dunas de difícil recuperação.

4. A transparência do processo de obtenção de DUAT pelas Empresas investidoras

pela transferência de direitos das comunidades não se verifica em nenhuma das

parcerias examinadas pelo estudo. Nos investimentos de exploração de recursos

naturais como o de mineração e florestas as parcerias examinadas a transferência

de direitos de uso e aproveitamento da terra das comunidades locais para os

investimentos está envolta de tensões, desconfianças e conflitualidade pela

consciência crescente dos membros das comunidades que na altura das consultas

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 18

não tiveram preparação e informação sobre os projectos para a tomada de

decisão de cedência dos seus direitos. Nestes casos, as negociações entre as

comunidades e investidores foram feitas após atribuição e formalização dos

DUAT das terras pretendidas pelas empresas, ficando o processo negocial

apenas para legitimar nos termos da lei. Em cada parceria examinada foi

expressa a intenção de renegociação dos termos de cedência de direitos das

comunidades pelo facto que as expectativas levantadas ao longo das consultas

não foram satisfeitas.

5. Acesso à informação dos acordos e monitoria de parceria: as parcerias

examinadas são caracterizadas pela assimetria do acesso a informação sobre os

investimentos quer dos governos locais como das comunidades hospedeiras.

Todos podem falar do que foi feito como infraestruturas construídas, alocação de

recursos mas ninguém sabe em que consiste o acordo de parceria e os

mecanismos de como se monitora e como os resultados e sobretudo as lições

aprendidas são incorporadas para crescimento da parceria e benefício mútuo das

partes. Em todas as parcerias examinadas falta a comunicação estratégica aos

níveis das empresas, governos locais e as comunidades.

6. Qualidade de parcerias estabelecidas: em todos os casos examinados pela

pesquisa as parcerias estabelecidas são precárias, inefectivas ou inexistentes

denotando falta de informação, má intensão e falta de liderança das partes. Cada

uma das partes tem dedo acusador nos outros actores:

a. As empresas acusam governo local de faltarem as suas responsabilidades

com as comunidades e de acharem que as suas necessidades e das

comunidades devem ser resolvidas pelas empresas, assim como acusam

as comunidades de não saberem limitar os seus benefícios e acusam de

terem no seu seio agitadores – incluindo aos activistas das ONG e

Sociedade Civil que se fazem as comunidades para divulgação da

legislação.

b. Os governos locais apontam a sua eventual falta de liderança como sendo

derivada por receberem pacotes de investimentos já autorizados

centralmente cabendo-lhes apenas o papel de viabilizar a sua

implementação e faltando espaço de manobra.

c. As comunidades locais acusam a todos. Aos governos locais de não se

importarem com a segurança dos seus direitos e contra as empresas de

estarem congeminadas com o governo para prejuízo das comunidades e

usurpação das suas terras bem como a desintegração das comunidades e

as OSC por não capacitarem e mediarem as relações de parceria.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 19

d. A sociedade civil de nível provincial e as Associações e grupos cívicos

de nível distritos entendem que não há espaço para se falar de parcerias

entre comunidades locais e investidores pelas relações desiguais.

Portanto a qualidade de parcerias é a indesejável e não contribui para

fortalecimento das relações das partes muito menos para benefícios

mútuos.

7. Sustentabilidade das parcerias examinada pelas quatro dimensões do SAFA: A

percepção de que as parcerias estabelecidas têm inúmeras limitações que não

permitem estabelecer o efeito de causa e efeito sobre o desenvolvimento

sustentável nas regiões de implementação dos investimentos em curso. As

dimensões do desenvolvimento sustentável, do SAFA, aplicados os

investimentos examinados de forma global oferecem o seguinte quadro:

e) Integridade ambiental: as empresas do ramo mineiro que extraindo recursos

não renováveis do solo e subsolo, causam a desintegração dos ecossistemas,

poluição e desestruturação do meio ambiente sem acções concretas de

reposição. As explorações de plantações que substituindo a floresta natural

por plantas exóticas igualmente alteram as condições do meio ambiente e

perturbam os ecossistemas. O carácter invasivo das plantações representa

risco para a segurança alimentar das comunidades. Os investimentos no

agronegócios cujo impacto actual é mediano porquanto as produções

envolvem pequenas explorações familiares e com limitado uso de agro-

químicos, podem representar risco a longo prazo com as práticas de culturas

esgotantes do solo.

f) Resiliência económica: os poucos empregos fixos e sazonais reclamados são

precários e de baixos salários. Os grandes investimentos de capital intensivo

não apresentam ligações com as actividades produtivas das comunidades

hospedeiras constituindo, desta forma, uma limitante de promoção de

desenvolvimento das comunidades. As acções de responsabilidade social

corporativa das empresas mineiras têm efeito limitado nas comunidades por

falta de transparência da sua gestão e desvios de sua aplicação para acções

fora das do interesse directo das comunidades hospedeiras.

g) Bem-estar das comunidades: as possibilidades de bem-estar das poucas

famílias que beneficiam dos empregos directos dos empreendimentos estão

limitadas às famílias envolvidas no emprego sazonal. Alguma infraestrutura

estabelecida no âmbito da responsabilidade social serve apenas para minorar

de forma incompleta as necessidades das comunidades que se viram privadas

do acesso aos recursos do seu sustento pelas terras e recursos ora em poder

dos empreendimentos que sistemática e gradualmente se degradam. As

mulheres no seu papel doméstico são as mais afectadas porquanto limitadas

de acesso ao emprego, aos recursos e nos casos de emprego dos maridos a

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 20

única provedora do sustento da família. A concentração da mão-de-obra

proveniente de diversas partes levou a desestruturação social das

comunidades com lideranças locais a perderem a legitimidade no seio das

comunidades ao surgimento e a prevalência de enfermidades crónicas como

o HIV/SIDA, a Tuberculose, DTS, etc.

h) Boa governação: Os investimentos pesquisados em geral despertaram

expectativas nas comunidades hospedeiras que não tendo mecanismos de

satisfação, monitoria e mediação através das parcerias mantém altas as

demandas das comunidades sobre os empreendimentos; a falta de

informação sobre o potencial de benefícios a obter dos empreendimentos

levou a desconfianças, tensões e conflitos. Quando estabelecidos

mecanismos de governação, invariavelmente a liderança dos processos está

nas mãos da empresa.

Portanto, as dimensões de SAFA demonstram a insustentabilidade das parcerias

examinadas e a dificuldade de encontrar factores nos quais possa assentar o

desenvolvimento sustentável motivado pela instalação de um investimento em

determinada comunidade hospedeira.

8. Casos de sucesso de parcerias: os investimentos examinados ainda não oferecem

casos de sucesso de parcerias que mereçam menção. Elementos estruturantes

limitam a possibilidade de ter parcerias de sucesso tais como: consultas não

realizadas nos termos legalmente estabelecidos, expectativas levantadas não

devidamente mediadas e resolvidas, invisibilidade pelas comunidades ao que são

os resultados de acções de responsabilidade social corporativa, mecanismos de

monitoria das parcerias não funcionais, fraca comunicação entre as partes das

parcerias; persistência da pobreza nas comunidades hospedeiras. Estes e outros

factores criaram condições para a perda da confiança entre os actores e difícil

engajamento em parcerias efectivas e de sucesso.

9. Casos de conflitualidade: as parcerias examinadas mostram que os factores de

conflitualidade estão presentes tais como: falta de comunicação efectiva na

operacionalização dos mecanismos de mediação, limitados benefícios

percebidos, carências persistentes nas comunidades, governos locais com

comunicação e liderança incoerente; comunidades cada vez mais conscientes

dos seus direitos em resultado das acções de advocacia das OSC; evidências de

más parcerias postas pela imprensa de outros investimentos pelo país,

constituem elementos que mantém a tensão que pode escalar em conflito aberto.

No passado já se testemunharam bloqueios, barricadas de vias por membros das

comunidades. A suturação que se criou na globalidade das parcerias dos

investimentos e comunidades locais é de desconfiança das partes. Cada um dos

actores cristalizou a sua visão segundo a posição relativa: as empresas a visão de

que estão para fazer negócio; o Governo local: a ideia de facilitar as empresas

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 21

uma vez que a concessão foi estabelecida pelo Governo Central; as comunidades

locais com a visão de que as terras que ocupam devem defender para respeito

dos seus direitos adquiridos. Desta forma, cada uma das partes contribuem para

o bloqueio de parcerias efectivas e das quais resultem lições de sucesso a serem

partilhadas.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 22

7. RECOMENDAÇÕES

7.1. Recomendações gerais

7.1.1. Instituições governamentais de nível central:

O estudo sugere as seguintes recomendações gerais às instituições de nível central,

responsáveis pela definição de políticas e legislação.

1) Actualizar a legislação conforme as práticas globais, mormente a que diz

respeito a responsabilidade social corporativa e compatibilizar a legislação

avulsa para melhorar o acesso e sua operacionalização.

2) Criar instrumentos e modelos de implementação da legislação bem como

materiais de capacitação básica para os governos locais e as comunidades.

3) Reexaminar e aprimorar os mecanismos de encaminhamento das taxas e

benefícios das comunidades locais derivados de exploração dos recursos

naturais.

4) Desenvolver e implementar mecanismos de estabelecimento, operacionalização

e rotinas de parcerias através de uma boa governação e transparência entre as

partes envolvidas em parcerias.

5) Melhorar a negociação das parcerias e investimentos de modo a incluir acções

generosas de responsabilidade social corporativa para o desenvolvimento

inclusivo das zonas rurais.

6) Assumir a responsabilidade e o papel de promotor, fiscalizador, intermediário e

facilitador.

7) Fiscalizar o relatório de avaliação ambiental das empresas de exploração dos

recursos naturais e tomar medidas preventivas.

8) Avaliar a meio termo o PEO 2020, uma vez que assume a criação da riqueza

através das parcerias público-privado e comunitárias.

7.1.2. Recomendações aos Governos Locais:

1) Capacitação na legislação aplicável aos direitos da Terra e Recursos Naturais

bem como os mecanismos de sua governação e participação comunitária para o

domínio das autoridades locais.

2) Divulgar ainda mais a Nova Lei de Terra, Lei de Minas, Lei de Ambiente e outra

legislação atinentes aos recursos naturais.

3) Melhorar a coordenação e as relações entre o governo distrital, autoridades

municipais, empresa, OSCs, Comunidades e DPRME de Nampula.

4) Disponibilizar as actas de consulta às comunidades e contractos de exploração

florestal às comunidades locais.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 23

5) Assumir a responsabilidade e o papel de promotor, fiscalizador, intermediário e

facilitador.

6) Acompanhar a evolução dos empreendimentos, partilhar a informação e prestar

contas às comunidades sobre as acções de investimentos que decorrem nos

respectivos territórios e o papel das comunidades como hospedeiras dos

investimentos.

7) Estruturar mecanismos inclusivos de participação das comunidades (associações,

fóruns, comités e conselhos de participação produtiva e de governação) e

operacionalizar formas de monitoria e acompanhamento das actividades de

responsabilidade social corporativa.

8) Promover infraestruturas básicas para as comunidades locais que permitam a

participação na governação das parcerias, a ligação dos empreendimentos com

as actividades económicas das comunidades, mitigação dos efeitos da

exploração dos recursos naturais sobre o meio ambiente e o bem-estar das

populações.

9) Respeitar as decisões das comunidades e negociar directamente com as

comunidades sob mediação imparcial do governo e das OSC.

10) Criar uma comissão, OSCs, comunidade e governo para a gestão dos 2,75% -

FUNDO COMUNITÁRIO, que gradualmente vai treinando as comunidades e

transferir poderes às comunidades.

11) Estabelecer um mecanismo multissectorial de parcerias (governo, empresas,

OSCs e Comunidades) de governação sectorial para partilha de lições,

experiências e boas práticas de parcerias.

7.1.3. Recomendações aos investimentos em curso e futuros

Às Empresas actuais e futuras se recomenda o quanto segue:

1) Actuação ética nos negócios com base nas referências de boas práticas de

investimentos do sector, Princípios de investimento responsável, e cumprir as

directivas de adesão voluntária, acções de cidadania corporativa considerando

que estes investimentos decorrem num contexto de comunidades carenciadas.

2) Cumprimento da legislação para os investimentos como base no papel do

investimento previsto nas políticas públicas nacionais.

3) Buscar a construção de parcerias com as comunidades locais baseadas no

respeito mútuo, transparência, partilha de informação, fortalecimento das

comunidades e mecanismos e rotinas de parcerias previsíveis pelas partes.

4) Evitar envolver-se em práticas corruptas, fraudulentas e imorais no

relacionamento com os governos aos níveis central, local e comunitário.

5) Respeito as práticas culturais locais, lideranças comunitárias e aos membros das

comunidades hospedeiras dos investimentos.

6) Lidar com as comunidades de forma franca, compreendendo as suas

necessidades e na medida possível buscando as possibilidades de suporte. Esta

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 24

abordagem sistémica do investimento permite que as partes se orgulhem de ter o

empreendimento nos seus territórios.

7) Cumprir com as promessas feitas durante as consultas comunitárias criando

mecanismos claros de monitoria e resolução de conflitos.

8) Respeitar as decisões das comunidades e negociar directamente com as

comunidades sob mediação imparcial do governo e das OSC.

9) Melhorar a qualidades das obras construídas quer no âmbito de reassentamento

como das acções de responsabilidade social corporativa.

10) Promover empregos estáveis, que permitem desenvolvimento de carreira na área

de exploração dos empreendimentos bem como a formação em serviço, sistemas

de bolsas de estudos.

11) Os acordos com as comunidades devem ser simples e claros, com uma

linguagem jurídica simplificada, incluir as penalidades e responsabilidades da

empresa em caso do não cumprimento.

12) Promover relações justas e de confiança com os stackeholders bem como

relações de mercado de ganhos mútuos promovendo fortalecimento dos actores

da cadeia de valor.

7.1.4. Recomendações às Comunidades Locais

O estudo recomenda as comunidades locais que hospedam investimentos e as que

potencialmente poderão ser envolvidas em parcerias as seguintes acções gerais:

1) Organizar-se e fortalecer as lideranças comunitárias através de participação em

associações, comités, conselhos comunitários que melhoram o debate da vida

comunitária e a criação de consensos sobre o desenvolvimento das comunidades.

2) Capacitar-se sobre os direitos adquiridos dos membros das comunidades e o

aproveitamento produtivo dos recursos existentes para derivar sustento e renda

necessária ao bem-estar das famílias.

3) Delimitar as terras comunitárias e obter o respectivo DUAT comunitário bem

como capacitar-se em negociação de parcerias para benefícios mútuos.

4) Capacitar-se no Conceito de comunidade local de modo a manter os laços

culturais, de proximidade e partilha de visão comum do desenvolvimento da

comunidade visto como um sistema no qual os aspectos de governação, meio

ambiente, actividades económicas e forte liderança contribuem para o bem-estar

de todos.

5) As comunidades devem se capacitar para negociar os seus direitos depois que

conhecem claramente os propósitos e benefícios e fazem consentimento

previamente informado e consciente.

6) Treinar os seus membros para adopção de práticas agronómicas sustentáveis

(entre elas a agricultura de conservação), acções de segurança alimentar e

melhoramento da nutrição, planificação da produção e comercialização, bem

como saúde preventiva e gestão das unidades familiares.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 25

7) Realizar trocas de experiências, diálogo e construção de alianças, plataformas e

visões comuns com outras comunidades em benefício dos seus membros.

8) Os fundos comunitários devem ser usados para acções estruturantes do

desenvolvimento comunitário (investimentos comunitários) que permitam o

desenvolvimento da comunidade mesmo depois que os investimentos cessarem,

e, não destinados apenas ao consumo imediato ou para financiar obras que

outros actores têm responsabilidade de prover.

7.1.5. Organizações da Sociedade Civil/ORAM

Duma maneira geral o Estudo recomenda às OSC o seguinte:

1) Para assessorar as comunidades sobre os seus direitos mormente no quadro da

exploração da terra e dos recursos naturais;

2) Promover acções de desenvolvimento de capacidades ao nível das comunidades;

3) Engajar junto ao governo, OSCs, empresas e comunidades de modo a criar

sinergias que possam promover o desenvolvimento de parcerias efectivas para o

desenvolvimento sustentável das comunidades;

4) Continuar a realizar capacitações e acções de delimitação e demarcação de terras

comunitárias bem como para negociar com as empresas;

5) Treinar os membros das comunidades em técnicas de produção e

comercialização bem como saúde preventiva, nutrição e economia da família;

6) Promover a o estabelecimento, treinamento e legalização de associações,

comités e conselhos locais que reflectem sobre as acções de desenvolvimento

comunitário e que servem de base de reforço das lideranças locais;

7) Fortalecer o papel dos paralegais de modo que assegurem os direitos dos

membros das comunidades locais;

8) Estabelecer redes e alianças de advocacia e acção para os interesses e direitos

das comunidades ao desenvolvimento, aos níveis distrital, provincial, nacional e

internacional;

9) Capacitar formas de participação das comunidades previstas na diversa

legislação nacional e internacional (enfase para os direitos humanos);

10) Organizar campanhas, movimentos e acção afirmativa das comunidades com

exposição de casos de sucesso mas também de insucesso como conflitos e

práticas antiéticas.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 26

8. BIBLIOGRAFIA

8.1. Bibliografia Geral

1. Castel-BRANCO (2010) – Economia Extractiva e Desafios da Industrialização

em Moçambique. Cadernos Ideias. Maputo: IESE

2. Dicionário Moderno da Língua Portuguesa (2011). Lobito-Angola: Escolar

Editora.

3. FONSECA, Madalena Pires (2003) – Os corredores de desenvolvimento em

Moçambique. In: AFRICANA STUDIA, Nº 6, 2003, Edição da Faculdade da

Universidade do Porto.

4. GOVERNO DA PROVÍNCIA DE NAMPULA (2010) – Plano Estratégico da

Província de Nampula “2010-2020”. Nampula: UCODIN.

5. GOVERNO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE e HAIYU

(MOZAMBIQUE) MINING CO. LDA (2011) – Memorando de Entendimento

para a Implementação dos Projectos Sociais. Maputo.

6. LEXTERRA (2016) – O Avanço das plantações florestais sobre territórios dos

camponeses no corredor de Nacala: O caso da Green Resources Management.

Maputo, JÁ, Livaningo e UNAC.

7. MEF & JICA (2015), Sumário da Estratégias de Desenvolvimento Económico

do Corredor de Nacala na República de Moçambique, Relatório Final de Estudo

do PEDEC Nacala.

8. MINISTÉRIO DE AGRICULTURA (2011) – Plano Estratégico de

Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA). Maputo.

9. MINISTÉRIO DE ECONOMIA E FINANÇAS (2016) – Pobreza e Bem-Estar

em Moçambique (2014-2015). Quarta Avaliação Nacional – Inquérito ao

orçamento familiar –IOF 2014-2015. Maputo.

10. ORAM – Delegação de Nampula (2015) – Plano estratégico 2015-2017.

Nampula.

11. SERRA, Carlos Manuel (2014) SERRA, Carlos Manuel (2014) – O estado,

Pluralismo Jurídico e Recursos Naturais: Avanços e recuos na construção do

Direito moçambicano. Lisboa: Escolar Editora.

8.2. Legislação consultada

1. Constituição da República (2004). Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique.

2. Decreto 12/2002, de 06 de Junho - Regulamento da Lei de Florestas e Fauna

Bravia.

3. Decreto nº 66/98, de 8 de Dezembro – Regulamento da Lei de Terras.

ORAM – N: Estudo de Monitoria de Parcerias entre comunidades Locais e Investimentos 27

4. Decreto nº 91/2014, de 29 de Junho - Regulamento para a Cultura do Algodão.

Decreto nº 66/98, de 8 de Dezembro – Regulamento da Lei de Terras. Maputo:

Imprensa Nacional de Moçambique.

5. Lei nº 10/99 - Lei nº 10/99, de 7 de Julho – Lei de Florestas e Fauna Bravia.

6. Lei nº 19/97, de 1 de Outubro – Lei de terras.

7. Lei nº 20/2014, de 18 de Agosto - a nova Lei de Minas.

8. Lei nº 3/93, de 24 de Julho – Lei de Investimentos.

9. SOCIEDADE ALGODOEIRA DE MUTUALI, Lda (SAM). Boletim da

República, 22 de Junho de 2015, III Serie – Nº 59. Pgs. 2177 – 2179

8.3. Bibliografia consultada da Internet

1. TONNYSON, Ros (2011) – The partnership toolkit: essential guide to cross

sector partnering. Site: http://thepartneringinitiative.org/wp-

content/uploads/2014/08/Partnering-Toolbook-en-20113.pdf (15/12/2016).

2. GERMAN, L.; CAVANE, E.; SITOE, A.; BRAGA, C. (2014) – Sistematização

das experiências da Iniciativa de Terras comunitárias na Delimitação e

Demarcação de terras Comunitárias e Parcerias no âmbito da implementação

da Lei de Terras: relatório Sintético para o Tema Parcerias. iTC. Maputo. Site:

www.itc.co.mz (26/11/2016).

3. CENTRO DE PROMOÇÃO DE INVESTIMENTOS - Relatórios anuais 2011,

2012, 2013, 2014, 2015. Site: www.cpi.co.mz (20/12/2016).

4. Banco Mundial (2016) – Moçambique: aspectos gerais.

www.worldbank.or/country/Mozambique. (28/12/2016).

5. FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (2015) – República de

Moçambique: Relatório do FMI nº 16/10. Washington D.C. site: www:imf.org.

(04/01/2017).

6. Japão anuncia donativo a Moçambique. http://www.dw.com/pt-002/japão-

anuncia-quase-500-milhões-de-euros-de-apoio-a-moçambique/a-17358415

(27/12/2016).

7. ProSAVANA. http://www.prosavana.gov.mz/o-que-e-o-prosavana/?lang=pt-pt

(31/01/2017).

8. MAE (2005) – Perfil dos distritos de Angoche, Malema, Mecuburi, Moma,

Murrupula e Ribáue: Província de Nampula. Site www.mae.gov.mz

(27/12/2016).

9. ANEXOS

Foto 1: Pormenor de uma Extractora de areias

pesadas de Haiyu Mining Company, em Morua,

Distrito de Angoche.

Foto 2: Dunas resultantes da exploração de

areias pesadas em Morua, Distrito de Angoche

Foto 3: Uma das unidades do mosaico de

plantações da Lurio Green Resources,

Intatapila, Distrito de Mecuburi

Foto 4: Zonas de conflito: limites das

machambas da comunidade de Napai e

plantações de eucaliptos da LGR

Foto 5. Carta da comunidade de Napai II

submetida ao Administrador do Distrito de

Meuburi pelos membros da Comunidade a

pedir reposição da terras.