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Parte 01 Pg 1 Estudo sobre o evangelho de Marcos O QUE É EVANGELHO? Não há um estilo literário fora da bíblia que seja igual aos evangelhos. Na época onde os evangelhos foram escritos existiam crônicas de relatos importantes sobre assuntos dignos de registro, tais como, conquistas militares, grandes poemas épicos, biografias, entre outros. O estilo que mais se assemelha a um evangelho é a biografia, porém seria um equívoco classificar qualquer um dos quartos evangelhos desta forma, já que estes recortam fatos específicos da vida de seu personagem principal com o objetivo de apresentá-lo ao leitor, com isso são desprezados vários fatos de sua vida. A palavra evangelho em si quer dizer boa notícia, com isso entendemos que o que está sendo anunciado é algo relevante e por isso mesmo está se tornando público. Isso implica que, se o termo evangélico tem relação com evangelho, quando alguém se intitula assim está se identificando com a boa notícia que a ele foi anunciada. Agora essa pessoa se apropria das verdades contidas nesse anúncio passando a viver em conformidade com ele e também se torna mais um integrante dessa rede de divulgação dessa notícia. Os Evangelhos Os evangelhos de Mateus, Marcos, e Lucas são conhecidos como Evangelhos Sinóticos por conterem uma grande quantidade de histórias em comum, na mesma sequência, e algumas vezes, utilizando exatamente a mesma estrutura de palavras. Tal grau de paralelismo relativo ao conteúdo, narrativa, linguagem e estruturas das frases, somente pode ocorrer em uma literatura interdependente. Muitos estudiosos acreditam que esses evangelhos compartilham o mesmo ponto de vista e são claramente ligados entre si. Já o quarto evangelho canônico, o evangelho de João, relata a história de Jesus de um modo substancialmente diferente, pelo que não se enquadra nos sinóticos. Cronologicamente, foi o último a ser escrito. A maior parte dos seus relatos é inédita em relação aos outros três evangelhos, o que sugere que o autor tivesse conhecimento do conteúdo deles ao escrever seu livro. Porém, Mais da metade desse evangelho é dedicado a eventos da vida de Jesus Cristo e a suas palavras durante seus últimos dias. O propósito de João foi inspirar nos leitores a fé em Jesus Cristo como o Filho de Deus. Dos três anos (três Páscoas) relatados por João, aproximadamente 20 dias estão contidos em seu evangelho. Desta forma vemos o cuidado em relatar aquilo que é indispensável para a revelação do messias prometido por Deus.

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Parte 01

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Estudo sobre o evangelho de Marcos

O QUE É EVANGELHO?

Não há um estilo literário fora da bíblia que seja igual aos evangelhos. Na época onde os evangelhos foram escritos existiam crônicas de relatos importantes sobre assuntos dignos de registro, tais como, conquistas militares, grandes poemas épicos, biografias, entre outros. O estilo que mais se assemelha a um evangelho é a biografia, porém seria um equívoco classificar qualquer um dos quartos evangelhos desta forma, já que estes recortam fatos específicos da vida de seu personagem principal com o objetivo de apresentá-lo ao leitor, com isso são desprezados vários fatos de sua vida.

A palavra evangelho em si quer dizer boa notícia, com isso entendemos que o que está sendo anunciado é algo relevante e por isso mesmo está se tornando público. Isso implica que, se o termo evangélico tem relação com evangelho, quando alguém se intitula assim está se identificando com a boa notícia que a ele foi anunciada. Agora essa pessoa se apropria das verdades contidas nesse anúncio passando a viver em conformidade com ele e também se torna mais um integrante dessa rede de divulgação dessa notícia. Os Evangelhos

Os evangelhos de Mateus, Marcos, e Lucas são conhecidos como Evangelhos Sinóticos por conterem uma grande quantidade de histórias em comum, na mesma sequência, e algumas vezes, utilizando exatamente a mesma estrutura de palavras. Tal grau de paralelismo relativo ao conteúdo, narrativa, linguagem e estruturas das frases, somente pode ocorrer em uma literatura interdependente. Muitos estudiosos acreditam que esses evangelhos compartilham o mesmo ponto de vista e são claramente ligados entre si.

Já o quarto evangelho canônico, o evangelho de João, relata a história de Jesus de um modo substancialmente diferente, pelo que não se enquadra nos sinóticos. Cronologicamente, foi o último a ser escrito.

A maior parte dos seus relatos é inédita em relação aos outros três evangelhos, o que sugere que o autor tivesse conhecimento do conteúdo deles ao escrever seu livro. Porém, Mais da metade desse evangelho é dedicado a eventos da vida de Jesus Cristo e a suas palavras durante seus últimos dias. O propósito de João foi inspirar nos leitores a fé em Jesus Cristo como o Filho de Deus.

Dos três anos (três Páscoas) relatados por João, aproximadamente 20 dias estão contidos em seu evangelho. Desta forma vemos o cuidado em relatar aquilo que é indispensável para a revelação do messias prometido por Deus.

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Lucas e João apresentam claramente os propósitos de suas narrativas com fatos que têm propósitos teológicos e o objetivo registrar a fé em Jesus. Há um julgamento dos fatos, escolhendo os mais relevantes buscando convencer o leitor sobre a confiança nele.

Os evangelhos Mateus, Lucas e João são caracterizados por relatarem alguns momentos em que Jesus passou a ensinar o povo (Mt 5-7; Jo 12-17), já no evangelho de Marcos temos longos períodos de narrativas onde o autor registra vários acontecimentos na vida de Jesus. Essa é uma importante diferença entre estes evangelhos, porém todos eles são de igual importância para que o senhor Jesus seja revelado.

UMA DEFINIÇÃO SIGNIFICATIVA

Oscar Cüllmam define evangelho da seguinte forma: “Os evangelhos são narrativas da morte de Jesus com uma grande introdução.”(Oscar Cüllmam)

Estilo literário que difere de qualquer outro existente, não há gênero literário na bíblia que se encaixe com os evangelhos.

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O propósito do evangelho

O evangelho é um livro que traz fatos selecionados a respeito da pessoa de Jesus com o propósito de fazer o leitor reconhecer quem ele é e confiar nele (Lc 1:1-4; Jo 20:30-31 e 21:25).

Apesar de Marcos e Mateus não se apresentarem desta forma, é possível perceber isto. Mateus é um livro de ensino por excelência, enquanto Marcos nos traz dois blocos de ensino nos capítulos 4 (parábolas) e 13 (princípio das dores e a grande tribulação) e em algumas outras partes percebemos narrativas argumentando e convencendo o leitor sobre o foco da mensagem, a pessoa de Jesus.

O evangelho de João, por sua vez, é muito diferente do evangelho de Marcos em sua estrutura, porém o propósito primário nos parece o mesmo, declarar Jesus como o Cristo e o filho de Deus. O versículo 1:1 de Marcos nos mostra isso e o relato que se segue nos leva até a confissão pública de Pedro no capítulo 8, verso 30. A partir daí percebemos uma mudança no foco do ensino que culminará na declaração do centurião romano ao reconhecer Jesus como Filho de Deus no capítulo 15, verso 39.

A narrativa depende da ligação das sentenças e dos blocos de narrativas, é isso que dá sentido além da superfície do texto. A narrativa só terá sentido se os fatos estiverem ligados uns nos outros para que o leitor perceba o movimento da passagem. A coisa que torna a narrativa algo interessante é a conclusão que tiramos dela e não as longas explicações que tornam o texto cansativo e prolixo. O alvo da narrativa é fazer com o leitor perceba o que o autor pretende expressar em seu texto e é através das ligações entre sentenças e blocos de narrativas que acontece a revelação do que é proposto pelo autor.

A primeira frase que o autor escreveu nesse evangelho é um exemplo disso. Podemos considera-la como o título de um livro por que expressa o que o autor passará a discorrer em sua obra. Nesse caso Marcos passará tentará convencer o leitor que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Tudo nesse evangelho tem a ver com essa afirmação.

Estudar narrativas cortando-as é terrível, isso acaba com a estrutura do texto e, possivelmente, nos afastará do propósito do autor. Se Marcos omite algum fato que Mateus ou Lucas não omitem, imaginamos que ele certamente tem uma razão para fazer isso e os outros de igual forma. Precisamos respeitar a palavra de Deus da forma que a temos.

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Parte 01

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O EVANGELHO DE MARCOS

Público alvo – A audiência gentílica é fácil notar quando detalhes conhecidos da cultura Judaica são explicados (Mc 7:1-5).

Quando foi escrito o Evangelho de Marcos?

Aproximadamente no ano 64, na época da perseguição da Igreja

Argumentos quanto a autoria

A igreja reconheceu Marcos como autor do livro por volta do ano 150 d.C. na época do Bispo Papias. Os principais pontos que se evidência a autoria de Marcos são: O fato de ele ter sido discípulo de Pedro (At 12:12; 1Pe 5:13); A passagem que narra o homem nu (Mc 14:51). Porque citar isso? A pregação de Pedro em Atos 10 tem uma estrutura muito semelhante à estrutura do evangelho de Marcos. Outra evidência é que, nas passagens em que o autor se coloca como testemunha ocular a pessoa de Pedro é citada. Parece o mesmo Pedro contando, só acrescentando “e Simão estava ali” (...). Ex.: Cura da Sogra de Pedro (2:29-31)

Mapas contendo as regiões citadas nas narrativas

Texto que contém João Marcos At 12:12 e 25 At 13:5 e 13 At 15:37 e 39 Cl 4:10; 2 Tm 4:11; Fm 24; 1 Pe 5:13

Narrado por João Marcos Mc 1:29-31

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Definição de Arco de Narrativa

Esse evangelho usa uma estrutura didática que podemos chamar de arco de narrativa; é uma estrutura que começa e termina com alguém ou algo, desenvolve-se em um tema e volta ao início fechando um ciclo com um sentido específico. Geralmente ocorre com um tipo de tensão no início e resolução no final. Para entender um arco de narrativa precisamos identificar a estrutura existente e nos prender no tema principal fixando nossa atenção nos protagonistas que fazem parte do arco. É importante salientar também, que dentro de um arco grande pode existir arcos menores que ajudam a construir uma estrutura comum.

Exemplo de Arcos de Narrativa:

1:21-28 Na sinagoga de Cafarnaum M Legenda

1:29-31 A sogra de Pedro M C Conflito

1:32-34 Final do dia em Cafarnaum R-M Milagres - Quem é este? CH Chave da História

1:35-39 A oração de Jesus CH Histórias de autoridade E Ensino

1:40-45 O leproso M M Milagre

2:1-12 O paralítico M-C R Resumo

Este é um exemplo de arco de narrativa dentro da grande estrutura do evangelho de Marcos, porém vale ressaltar que não passa de arco de narrativa composto de vários arcos menores que fecham uma ideia referente a identidade de Jesus, relacionada aos milagres que Ele vem efetuando.

No livro de Marcos encontramos dois grandes arcos de narrativa, são eles: 1:18:2915:39. Essa estrutura torna o evangelho de Marcos uma ferramenta muito prática para evangelizar, pois dentro dessa estrutura Marcos expõe sua teologia de forma ilustrativa e simples.

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ESTRUTURA DO LIVRO

Marcos usa o estilo de narrativas para expor o conhecimento de Jesus, contudo devemos obedecer a ordem das sentenças para um bom entendimento do conteúdo. Em Mc 1:1 o autor estrutura o livro: Jesus o Cristo e o Filho de Deus.

Temas do Livro

1º Parte – (1:14-8:29) Quem é Jesus. 2º Parte – (8:29-10:52) Cristo deve carregar sua cruz e os seus discípulos também. 3º Parte – (11:1-13:37) Jesus confronta o sistema religioso. 4º Parte – (14:1-15:47) Narrativa da Morte. 5º Parte – (16:1-8) História da ressurreição (Término apavorante).

Evangelho de Marcos (1ª Parte) - Quem é Jesus? Trecho Lembrança da passagem... Tipo Conteúdo do Trecho

1:1-15 As quatro proclamações CH Introdução e Três Proclamações 1:16-20 A chamada dos discípulos CH Chave Histórica 1:21-28 Na sinagoga de Cafarnaum M 1:29-31 A sogra de Pedro M 1:32-34 Final do dia em Cafarnaum R-M Milagres - Quem é este? 1:35-39 A oração de Jesus CH Autoridade 1:40-45 O leproso M 2:1-12 O paralítico M-C 2:13-17 Levi - Chamada e festa C 2:18-22 O jejum C Conflitos 2:23-28 O sábado C Autoridade 3:1-6 O homem com mãos atrofiadas M-C 3:7-12 O ministério de Jesus R Momento 3:13-19 A chamada dos doze CH Importante 3:20-35 A visita da família de Jesus e dos escribas E-C Ensino 4:1-34 As parábolas E 4:35-41 A tempestade M 5:1-20 Legião M 5:21-43 Uma filha morta e a mulher doente M 6:1-6a Na cidade de Jesus C Sanduíche 6:6b-13 Jesus envia os doze C M-C-M 6:14-29 A morte de João Batista C 6:30-44 Cinco mil homens com fome M 6:45-52 Jesus anda sobre as águas M 6:53-56 Em Genesaré R Ensino 7:1-23 A tradição Judaica C-E 7:24-30 Uma mulher grega M 7:31-37 Um homem surdo e gago M 8:1-10 Quatro mil homens com fome M Sanduíche 8:11-13 Os fariseus pedem um sinal C M-C-M 8:14-21 A conversa no barco (fermento) E 8:22-26 Um homem cego M 8:27-30 A confissão de Pedro CH Confissão de Pedro

No intervalo de 1:1 até 8:29 – Jesus o Cristo. No intervalo de 8:27 até 15:39 – Jesus o Filho de Deus.

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