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Estudos Bíblicos 1 APRESENTAÇÃO A Igreja de Cristo no Bra- sil (ICB) aprovou quatorze itens que compõem as Bases de Fé e Doutrina Bíblica no Concílio Nacional, até então, hoje Conse- lho Nacional, realizado em 1978 em Mossoró – RN; tendo como presidente o pastor João Vicente de Queiroz e Secretário o pastor Gidel Dantas Queiroz. O irmão Adalto Pinho Faria (SP) em 1997 elaborou toda a base de fé e doutrina bí- blica da Igreja de Cristo no Bra- sil em um compêndio. Todo este conteúdo foi revisado pelo pas- tor Djalma Pereira (SP) e pelo presbítero Davis de Queiroz Pereira (SP) que depois foi resu- mido em 13 estudos bíblicos que apresentamos regionalmente de uma forma de resgate. “Querendo o aperfeiçoamen- to dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Efésios 4.12) Igreja de Cristo – Cidade Verde – Parnamirim – RN 16 de agosto de 2012 Otoniel Marcelino de Medeiros Estudos Bíblicos ALUNO

Estudos Bíblicos - igrejadecristonobrasil.org.brigrejadecristonobrasil.org.br/Arquivos/REVISTA EBD ICB.pdf · em Natal-RN, de 05 a 10 de setembro de 1930, o elegera para o cargo

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APRESENTAÇÃO

A Igreja de Cristo no Bra-sil (ICB) aprovou quatorze itens que compõem as Bases de Fé e Doutrina Bíblica no Concílio Nacional, até então, hoje Conse-lho Nacional, realizado em 1978 em Mossoró – RN; tendo como presidente o pastor João Vicente de Queiroz e Secretário o pastor Gidel Dantas Queiroz.

O irmão Adalto Pinho

Faria (SP) em 1997 elaborou toda a base de fé e doutrina bí-blica da Igreja de Cristo no Bra-sil em um compêndio. Todo este conteúdo foi revisado pelo pas-tor Djalma Pereira (SP) e pelo presbítero Davis de Queiroz Pereira (SP) que depois foi resu-mido em 13 estudos bíblicos que apresentamos regionalmente de uma forma de resgate.

“Querendo o aperfeiçoamen-to dos santos, para a obra do

ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Efésios 4.12)

Igreja de Cristo – Cidade Verde – Parnamirim – RN16 de agosto de 2012

Otoniel Marcelino de Medeiros

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ALUNO

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RESUMO HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL

A IGREJA DE CRISTO NO BRASIL teve início no Nordeste, na cidade de Mossoró - RN. Sua organização ocorreu em 13 de dezembro 1932 por membros oriundos da Assembléia de Deus naquela mesma localidade, os quais, voluntariamente, entrega-ram suas credenciais de Ministros àquela Igreja irmã, motivados por divergências doutrinárias fundamentais.

Seus líderes, por ocasião da organização, foram os seguintes:

• Pastores: Manoel Higino de Souza, João Vicente de Queiroz, Gumercindo Medeiros e Eustáquio Lopes da Silva• Presbíteros: Cândido Barreto e Tomaz Benvindo • Evangelistas: João Morais,Domingos Barreto e Francisco Alves DOUTRINAS QUE MOTIVARAM A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO NO BRASIL

Salvação Eterna do Crente Genuíno:

Os pioneiros compreenderam, pela meditação, oração e estudo da Palavra de Deus, que a salvação eterna do crente genuíno é concedida pela Graça de DEUS, sem levar em conta méritos pessoais. Ef.2:8-10; Rm.5:1-2; 8:1-2, 31-39.

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ALUNOComentário: Pr. Otoniel Marcelino

Índice Apresentação, ................................................................... 1Resumo histórico e expressão de fé da ICB, .............. 2Estudo 1 – Bases de fé e doutrina da ICB, .................. 9Estudo 2 – Como Cremos, .............................................. 15Estudo 3 – Um só Deus, ................................................... 23Estudo 4 – O pecado, ...................................................... 31Estudo 5 – A justificação pela fé, .............................. 37Estudo 6 - Jesus o único redentor, ............................. 43 Estudo 7 – Jesus ressurreto, ........................................ 51Estudo 8 – O Espírito Santo, ........................................ 61Estudo 9 – Uma única igreja, ....................................... 67Estudo 10 – Os dons espirituais, ................................. 75Estudo 11 – Governo teocrático e congregacional da igreja ........................................................................... 85Estudo 12 – A soberania de Deus, ............................... 93Estudo 13 – A segunda vinda do Senhor Jesus, ........ 99

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Em entrevista do Pr.João Vicente de Queiroz, concedida ao Pr.David Marroque Tei-xeira, editada no Boletim Informativo da Região Oeste - RN., nº 09 de fevereiro de 1985, ele afirmou que houve uma divergência doutrinária entre dois Missionários da Assembléia de Deus no Nordeste: Samuel Nysrtron e Gunnar Vingren, com respeito a salvação de graça por meio da fé, sem o concurso dos méritos próprios, e a segurança eterna do crente genuíno; mencionando em seu testemunho: “...vindo, posteriormente, a se separarem, indo Gunnar Vingren morar em Petrópolis - RJ., e lá fundou o jornal Som Alegre e um hinário com o nome de Saltério. A partir daí, então, passou a existir dois jornais e dois hinários, sendo: no Rio de Janeiro, o jornal Som Alegre e o hinário Saltério; no Nordeste, o jornal Boa Semente e o hinário a Harpa Cristã.”

Dando continuidade a sua entrevista, o Pr.João Vicente de Queiroz afirmou: ...”Nós aqui no Nordeste cantávamos no Saltério e na Harpa Cristã e líamos o jornal Boa Semente e Som Alegre, sem nada percebermos, pois para nós não havia nenhuma divergência, devido o assunto ainda estar encoberto”.

Na convenção das Assembléia de Deus, realizada em Natal-RN no início da déca-da de 30, foi dado o primeiro passo histórico que evidenciou a divergência doutrinária já existente. Nas palavras do Pr.João Queiroz: “...tentando acabar essa questão...”, até então não claramente percebida pelos demais irmãos.

No entanto, após esta convenção desapareceram os jornais Boa Semente, Som Ale-gre e o hinário Saltério, continuando a ser usado a Harpa Cristã e o jornal Mensageiro de Paz, que, posteriormente, passou a ser chamado de Mensageiro da Paz, permanecendo com esta denominação até hoje.

Aconteceu que, em certa ocasião, saíram no referido jornal (“Mensageiro de Paz” – 1ª Edição) duas publicações absolutamente contraditórias: “A primeira (continua o Pr.João Queiroz) bastante inspirada do irmão JOSÉ BEZERRA DE MENEZES que defendia com base na Bíblia, a doutrina da justificação pela fé e a salvação eterna do crente genuíno, ci-tando Ef.2:8-9, que diz: “de graça sois salvos mediante a fé, isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras para que ninguém se glorie”. A segunda, de autoria do missionário Nils Kastberg, que em contradição disse: “Que os irmãos trouxessem os dízimos ao tesouro da Igreja, porque é um dever de cada crente, e tomassem cuidado, porque muitos crentes já estavam no inferno, por não pagarem os dízimos do Senhor”. Sendo assim, segundo Nils Kastberg, a salvação estaria condicionada até mesmo ao dízimo !!

Este fato, conforme testifica o Pr.João Queiroz, ocasionou um grande impacto entre os irmãos pioneiros que já possuíam a convicção na doutrina da salvação eterna do crente genuíno, pela graça, mediante a fé justificadora, em Jesus Cristo (Rm. 3:21-28; 5:1-2; Gl.2:16).

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Foi, então, que aquele grupo de irmãos passou a se reunir com frequência, para se dedicar à oração e ao estudo da Palavra, buscando conhecer a Vontade de Deus sobre o ocor-rido. Desta forma, DEUS mostrou-lhes, através de sua Palavra, que uma vez salvo, salvo para sempre, e quem é filho de Deus é para sempre filho e morre como filho de Deus. (Jo.1:11-13; 10:27-29; Rm.8:1-2; 31-39).

Em outro episódio semelhante, ocorreu a mesma contradição doutrinária, eviden-ciada na própria Harpa Cristã, em sua 4ª edição de janeiro de 1932, entre

os hinos 138 e 418, a saber:

Hino 138 - Autor: José Felinto - Neste hino está claro a salvação eterna do crente genuíno em Jesus Cristo, vejamos:

1ª Estrofe Coro“Do céu à terra veio Jesus, Não é condenado quem nele crerEm meu lugar morrer na cruz; A morte eterna não irá sofrer;Tudo sofreu para me salvar; Já livre pode cantar o louvor;Junto a Ele quero estar. A Jesus, seu Salvador; Hino 418 - Autor: John Sorheim - Neste hino, na última estrofe, fica admitida a possibili-dade de se perder a salvação, contrariando a mensagem expressa no hino anterior, acerca da segurança eterna. vejamos:

“ Oh! Aleluia! Já está perto;O dia da restauração.

Alerta, Alerta, irmãos queridos,P’ra não perderdes a salvação

Jesus nas nuvens voltaráE para Si nos levará”.

“Isto causou um grande choque entre os irmãos que pediram uma explicação...” (Pr.João Queiroz).

Por causa destes acontecimentos, um grupo de irmãos liderados pelos obreiros e membros pioneiros da IGREJA DE CRISTO NO BRASIL decidiu encaminhar uma carta ao missionário Nils Kastberg, pedindo-lhe para marcar uma convenção, em local de sua pre-ferência, a fim de que, de acordo com as palavras do saudoso Pr.João Queiroz, “estudassem esses pontos doutrinários, para que nenhum crente nosso viesse a errar quanto a essa doutri-na.”

Elegeram à frente do movimento o Pr.Manoel Higino de Souza. Ele era líder re-conhecido pela própria Assembléia de Deus, que em sua 1ª Convenção Nacional, realizada em Natal-RN, de 05 a 10 de setembro de 1930, o elegera para o cargo de Secretário da Mesa Diretora — conforme publicação recente no Órgão de divulgação da Assembléia de Deus “Bom Semeador”, Ano XIX - nº 01 Fev./Abril –1997, Natal-RN).

Enviaram, então, a carta solicitando a realização da referida convenção, mas a res-

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posta, que demorou cerca de 6 meses a chegar, foi negativa. Todos os irmãos que aguardavam aquela resposta e comungavam de uma mesma convicção doutrinária, permaneceram estu-dando o assunto nas Escrituras Sagradas, com jejuns e orações, desde o dia 20 de maio até 13 de dezembro de 1932, aguardando uma resposta no Senhor.

Nesta última data, chegou a resposta da carta negando a realização da pleiteada convenção. Contrariando a expectativa de todos, o missionário Nils Kastberg disse, confor-me testemunho ocular do Pr.João Queiroz: “...estar de acordo com os ensinos da salvação condicional, e quem estivesse aborrecido que saíssem para onde quisesse...” .

Diante desse impasse e por não ter outra alternativa, todos os líderes acima men-cionados, devolveram voluntariamente suas credenciais de Obreiros — de Pastores, Presbíte-ros e Evangelistas, respectivamente — à liderança da Assembléia de Deus.

Assim sendo, no dia 13 de dezembro de 1932, tomaram a decisão histórica de defi-nitivamente organizarem o trabalho da Igreja de Cristo, na cidade de Mossoró-RN. Conforme citação do Pr. João Queiroz, “...um dos irmãos (pioneiros), mesmo na ausência de todos, para juntar e combinar, ele colocou o nome na casa de oração de Assembléia de Cristo”. Porém, com base mais precisa na doutrina pura do Evangelho, orando e estudando os textos bíblicos de Mt.16:17,18; Mc 17:11; At.4:11; Sl 122:1; Rm.9:33; 16:16; 1Cor.3:11, compreenderam que o único nome a ser colocado nos templos era: “Casa de Oração”, seguido, da expressão “Igreja de Cristo”, indicando assim, como fundador da igreja, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Em seu testemunho, declarou o Pr.João Queiroz: “...pois quando fizemos o primeiro templo (cerca de 2 anos após — grifo nosso), que foi inaugurado no dia 24 de janeiro de 1934, foi colocado na frente do prédio a inscrição de “Casa de Oração da Igreja de Cristo...”.

Deste modo, para não confundir a Igreja de Cristo, que é o Seu corpo e templo do Espírito Santo, com o prédio e a organização institucional (conforme Mc.11:17a; Is.56:7; At.17:24b), por revelação da Palavra de Deus, decidiram transcrever, à frente dos prédios nos locais onde se reúnem os irmãos de cada Igreja local, a expressão: “CASA DE ORAÇÃO DA IGREJA DE CRISTO”, em obediência ao que está expresso na Palavra de Deus, como ensi-nou Jesus: “E os ensinava dizendo: Não esta escrito? A minha Casa será chamada por todas as nações CASA DE ORAÇÀO?”.

Fica evidente que os irmãos pioneiros obtiveram de DEUS uma revelação, estu-dando a Palavra, pois como disse Jesus: “Não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas MEU PAI que está no céu” (Mt.16:16-18).

IGREJA DE CRISTO NO BRASILEXPRESSÃO DE FÉ

01-Doutrina da justificação pela fé, salvação eterna do crente , sem concurso do mérito pró-prio. A justificação do pecador é somente pela graça de Deus, na suficiência do sangue remi-dor de Jesus Cristo, com eterna segurança. Jo 10:27-29; Rm 8:1-2, v.31-39 e Ef 2:1-9.

02-Governo Congregacional-Teocrático, o governo que emana de Deus, sendo Cristo a cabe-

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ça soberana da Sua Igreja que é o Seu Corpo, e de todo principado e potestade, porque é tudo em todos, para que tudo tenha a preeminência. Cl 1:16-20; Ef 2:20-22; Ef 4:11-16, 5:23-24; I Co 3:11, 12:12-31 e I Pe 2:6.

03-A existência de um só Deus Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, Um em essência e Triuno em Pessoa. Mt 28:19; Jo 14:8-11, v.16-17, 16:13-15 e I Jo 5:5-8.

04-A suficiência inspiração divina, veracidade e integridade da Bíblia, tal como foi original-mente, com sua suprema autoridade em matéria de fé e conduta prática. Mt 24:35 e Hb 4:12.

05-Pecaminosidade universal e a culpabilidade de todos homens, desde a queda de Adão, inicio da ira de Deus e a condenação de todos os homens. Gn 2:16-17, 3:1-24; Rm 3:9-23, 5:12-21, 6:23 e Hb 9:27.

06-A redenção da culpa, pena, domínio e presença do pecado, somente por meio da morte expiatória do Senhor Jesus Cristo, no sangue do Unigênito Filho encarnado de Deus, nosso representante e substituto. Rm 3:24, 4:25, 5:6-10; I Co 1:30 e 15:50-57.

07-A ressurreição corporal do Senhor Jesus Cristo e Sua gloriosa ascensão à direita de Deus Pai. Jo 20:1-29; At 1:9-11 e Rm 4:25.

08-A missão soberana e pessoal do Espírito Santo, no arrependimento, na regeneração e na santificação dos genuínos cristãos. Jo 3:3-7, 16:7-11; II Co 5:17; Ef 1:13-14 e Tt 3:5.

09-A intercessão de Jesus Cristo, como único mediador e Salvador entre Deus e os homens. Jo 14:6-13; I Tm 2:5 e At 4:11-12.

10-Uma única Igreja de Cristo, invisível, santa e universal, que é o Corpo de Cristo, à qual pertencem todos os cristãos, que serão ressuscitados, transformados, trasladados e arrebata-dos, na vinda de Jesus, com IGREJA TRIUNFANTE, e que na terra se manifesta nas Igrejas locais, como IGREJAS MILITANTES. Mt 16:18; I Co 12:12-13; Ef 4:1-16; Cl 4:15; Rm 16:4-5,16; Ap 2:1,8,12,18 e 3:1,7,14.

11-A soberania de Deus na criação, revelação, redenção, governos e nos grandes julgamen-tos:

a) Dos crentes no Tribunal de Cristo, para receber os galardões, após o arrebata-mento. I Co 3:11-15; II Co 5:10; Rm 14:10 e Ap 22:12. b) Das nações vivas na Sua vinda gloriosa. Mt 25:31-46 e Ap 1:7.c) Dos incrédulos e condenados no juízo final após o Milênio. Ap 20:11-15, 21:8; Mt 16:16b e Hb 9:27.

12-A certeza da segunda vinda do Senhor Jesus Cristo em corpo glorificado, juntamente com os cristãos ressuscitados, após o arrebatamento de SUA IGREJA TRIUNFANTE, e a consumação do Seu reino milenar após a grande tribulação. Ap 20:1-6; Mt 24,25; Mc 13; Lc 21:5-36; I Ts 4:13-18 e 5:1-11.

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13-A ressurreição dos mortos, a vida eterna dos salvos e a condenação eterna dos injustos que não aceitaram Cristo Jesus como Salvador. Dn 12:2; Jo 5:28-29; At 17:31, 24:15; Hb 9:27-28 e Ap 20:11-15. 14-Vigência no exercício dos Dons Ministeriais, do Dom e Dons do Espírito Santo, tal qual se encontram na Palavra de Deus. Mc 16:17-20; At 2:1-13, v.38-39, 10:44-47; Rm 12:3-8; I Co 13, 14 e Ef 4:11.

Desde seu início a IGREJA DE CRISTO tem estado à disposição do SENHOR da Igreja, trabalhando ininterruptamente na propagação do Evangelho de JESUS CRISTO, levando assim milhares de almas ao arrependimento e a fé no FILHO DE DEUS.

A IGREJA DE CRISTO NO BRASIL é uma obra genuinamente brasileira. Nossos vínculos eclesiásticos fora e dentro do Brasil, são apenas de ordem espiritual com todas as demais Igrejas reconhecidamente evangélicas.

Ministérios Reconhecidos e Adotados Pela Igreja de Cristo no Brasil:

• PASTOR - Pastoreia uma ou mais Igrejas locais;• PRESBÍTERO - Administra os negócios da Igreja local e se dedica ao ensino da Palavra de Deus. • EVANGELISTA -Trabalha na evangelização local e extra-local da Igreja.• DIÁCONO/DIACONISA - Cuida, principalmente, da ação social da Igreja e participa da ministração da Ceia do Senhor.• MISSIONÁRIO - No campo missionário trabalha na implantação de novas Igrejas.

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Meditando Diariamente na Palavra:

Segunda-feira - Dt.6:1-9; Mt.28:16-20Terça-feira - Rm.16:17-20Quarta-feira - Cl.2:4-8Quinta-feira - I Tm.4:1-16Sexta-feira - 2 Tm.4:1-5Sábado - Tt.2:1,7,8

Estudo 01

BASES DE FÉ E DOUTRINA

DA ICBTexto Áureo: “Se alguém ensina ou-tra doutrina, e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino que é segundo a pieda-de, é orgulhoso e nada entende” (I Tm.6:3, 4a).

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I – INTRODUÇÃO:

Iniciaremos, neste trimestre, o impor-tante estudo das bases de fé e doutrina da Igreja de Cristo no Brasil. Isso se torna es-pecialmente relevante, quando se sabe que vivemos em uma época, na qual o mundo tem rejeitado a noção de verdade absoluta, preferindo acreditar no “relativismo”, ou em diversas “verdades” condicionadas à sua própria subjetividade, ao pragmatis-mo e à conveniência do homem moderno.

Assim sendo, têm surgido várias formu-lações doutrinárias equivocadas, contrá-rias às Sagradas Escrituras. Cremos que se ficarmos alheios e indiferentes a estes conceitos anti-bíblicos, correremos o ris-co de assistirmos o surgimento de uma nova geração, que estará completamente descompromissada com a verdade e, por conseguinte, será facilmente conduzida ao engano.

Faz-se necessário, portanto, reafirmar-mos, com toda a clareza possível, a sã dou-trina que temos recebido, crido, confessa-do e ensinado, conforme está baseada nas Sagradas Escrituras, para que a Igreja de Cristo, na sua inteireza, não venha a ficar à mercê de todo o “vento de doutrina” que Surja (Ef.4:14,15).

II – ORIGEM NAS ESCRITURAS DAS BASES DE FÉ E DOUTRINA DA IGRE-JA:

A confissão é um elemento essencial da fé. Philip Melanchton, um dos mais desta-cados líderes da “Reforma Protestante”, foi quem disse: “Nenhuma fé é firme se não é mostrada em confissão. Uma fé sem dog-ma, sem confissão, está continuamente em perigo de não saber no que realmente crê e, portanto, em perigo de se tornar uma mera religiosidade...”.

Nas páginas do Novo Testamento en-contra-se o início das formulações escritas

das confissões doutrinárias, como expres-são formal daquilo que já estava presente nos corações dos apóstolos e discípulos do Senhor Jesus. Exemplos:

1. O Senhor Jesus ensinou a necessidade da confissão de fé: Mt.10:32,33; 16:13-16. Todos nós somos chamados a confessar quem Ele é, o que Ele representa para nós, à luz da Revelação de Deus.

2. Nos escritos dos apóstolos encontra-mos o mesmo princípio: Em Rm.10:9,10 o apóstolo Paulo enfatiza a necessidade da confissão. Judas, nos versos 3 e 20, fala da fé que permanece inabalável diante das ameaças heréticas dos falsos mestres, o que pressupõe a existência de um corpo de doutrinas cridas e confessadas pelos cristãos naquela época. Vemos o mesmo princípio em ITm.1:3; 6:3. Paulo exorta a Timóteo (e a Tito) para a guarda da “sã doutrina” (ITm.1:10; 4:6; 2Tm.4:3; Tt.2:1), que ele devia ensinar (2Tm.4:2,3), e pela qual deveria zelar (ITm.4:16; 6:1). A pre-gação da “palavra fiel” deve ser “segundo a doutrina” (Tt.1:9), e a doutrina deve ser “ornada” pela santa conduta cristã (Tt.2:10).

3. Formas sucintas de doutrinas funda--mentais no Novo Testamento: Textos como: Rm.1:3-5; 8:34; ICo.8:6; ITm.3:16; 6:13,14; IPe.3:18-22, são alguns pontos essenciais da doutrina cristã expostos suscintamente. Paulo afirma isso e utili-za outros sinônimos para “doutrina”, em passagens como: Gl.1:23; Fp.1:27; Cl.2:7; 1Tm.1:19,20; Tt.1:13; usa a palavra “tradi-ção”, significando a verdade que permane-ce (ICo.11:2,23; 15:3; IITs.2:15); a expres-são “padrão das sãs palavras” (2Tm.1:13); do “bom depósito” (ITm.6:20; 2Tm.1:14). Escrevendo aos Hebreus, fala dos “prin-cípios elementares da doutrina de Cristo” (Hb.6:1-3), e expressa a sua preocupação com a entrada de “doutrinas várias e es-tranhas” nas igrejas (Hb.13:9). O apóstolo João fala da importância de permanece-

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rem na doutrina ensinada pelo Senhor Je-sus Cristo (2 Jo.8-11).

III – ORIGEM HISTÓRICA DAS BASES DE FÉ E DOUTRINA NA IGREJA:

1. Definição: Uma confissão ou regra de fé e doutrina é uma afirmação concisa daquilo em que se crê como verdade abso-luta, subordinada à Palavra de Deus. Uma confissão de fé procura apresentar seus conceitos doutrinários de forma elaborada e sistematizada.

2. Importância e Origem Histórica: As confissões têm servido à Igreja de Cristo desde o seu início. Para a Igreja dos pri-meiros séculos, os credos e confissões de fé foram absolutamente necessários para a defesa da doutrina e da prática de uma vida cristã separada do mundo. Os credos e as confissões foram resultado direto das controvérsias vigentes àquela época, pos-suindo, assim, raízes históricas. O primei-ro credo conhecido na história da Igreja foi o chamado “Credo dos Apóstolos” (séc.II d.C.) muito utilizado pela Igreja antiga para o ensino aos novos convertidos e as-pirantes ao batismo. Depois, no ano 325, cerca de 300 bispos formularam o “Credo de Nicéia”, na Ásia Menor, que tratou das controvérsias cristológicas relacionadas à doutrina da trindade, condenando as he-resias de Ário. Um terceiro credo surgiu em 381 d.C., chamado de “Credo de Cons-tantinopla”, elaborado por 150 bispos, rea-firmando o que o concílio de Nicéia havia dito, porém acentuando a plena divindade do Espírito Santo. O quarto credo foi o de Calcedônia (451 d.C.), que tratou particu-larmente das duas naturezas existentes em Cristo Jesus: a divina e a humana.

A confissão de fé e doutrina deve ser a expressão exterior daquilo em que se crê interiormente, no coração. Assim sendo, quanto mais rica for a expressão dessa fé e doutrina, sob a orientação do Espírito

Santo, tanto mais ficará demonstrada sua sólida posição no decorrer da história.

3. A Chamada Reforma Protestante e as Confissões de Fé: Somente bem mais tarde na história da Igreja, a partir do séc.XVI, no período da reforma protestante - devido ao claro desvio da Igreja Católica Romana dos fundamentos doutrinários da Palavra de Deus, enfatizando mais a tradi-ção do que a bíblia - é que surgiram, em meio às crises sociais e religiosas do final da Idade Média, as seguintes principais confissões de fé e doutrina:

na Alemanha, Martinho Lutero afixou na porta da catedral da Igreja em Wit-tenberg, “As 95 Teses”, de 1517, que fo-ram mais uma denúncia contra a prática da venda de indulgências, como meio de penitência e salvação dos mortos, do que propriamente uma confissão de fé. Mas, em 1529, publicou seu “Catecismo Menor”, destacando os princípios fundamentais da chamada “Reforma Protestante”;

na Suíça, Ulrich Zuínglio, a partir de 1523, supervisionou a publicação de qua-tro documentos de confissão doutrinária, dos quais o mais importante foi a “Confis-são de Augsburgo”, de 1530, de tradição da Igreja Luterana;

na Suíça, Heinrich Bullinger - com a posterior anuência de João Calvino - ela-borou a “Confissão Helvética”, de 1534 (oficialmente aceita em 1566), sendo con-siderada a primeira “de cunho calvinista”;

na Escócia, a “Confissão Escocesa”, de 1560, também calvinista; e

na Inglaterra, a “Confissão de Fé de Westminster”, de 1646, considerada a últi-ma das grandes confissões e, certamente, a que veio apresentar as definições mais precisas da doutrina reformada.

4. Breve Histórico das Bases de Fé da Igreja de Cristo no Brasil:

Evidentemente, a Igreja de Cristo no Brasil, como Igreja Militante, surgiu muito

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tempo depois desses acontecimentos. Ela foi organizada e reconhecida estatutária e juridicamente, na forma da lei, em 13 de dezembro de 1932, em Mossoró-RN. Historicamente, é uma Igreja de origem pentecostal, vinda da Assembléia de Deus, tendo como princípios fundamentais dou-trinários a “justificação pela fé, salvação eterna do crente genuíno, sem o concurso do mérito próprio e do governo Teocrá-tico Congregacional” - conforme consta do registro oficial dos Estatutos da Igreja de Cristo no Brasil, no Capítulo I, Art. 1º, parágrafo primeiro - juntamente com a menção feita no Capítulo VII, Art. 35, dos mesmos Estatutos, das “...normas básicas, as quais serão observadas como princípio de fé e doutrina em que se apóia a Igreja de Cristo, no Brasil, como Igreja Militante...”, que serão objeto do nosso estudo na EBD, ao longo das próximas lições.

É bom que se saiba que os Estatutos da Igreja de Cristo no Brasil, em sua forma original, foram registrados em Órgão Ofi-cial no Estado do Rio Grande do Norte, em 6 de fevereiro de 1937, na cidade de Natal (RN). Entretanto, verificou-se, posterior-mente, a necessidade de serem melhor esclarecidos alguns pontos doutrinários fundamentais da Igreja, bem como serem feitas melhorias técnicas na exposição do texto, os quais levaram a Igreja a realizar, ainda, duas reformas em seus Estatutos:

A primeira, aprovada em “Assembléia Geral das Igrejas de Cristo” realizada na cidade de Natal (RN), tendo sido publi-cada no Diário Oficial do Estado, em 31 de outubro de 1951. O pastor Eustáquio Lopes da Silva presidiu aquela assembléia, sendo o pastor João Vicente de Queiroz o vice-presidente - ambos pioneiros da Obra e que já se encontram na glória com o Se-nhor Jesus; e

A Segunda, aprovada pelo “Concílio das Igrejas de Cristo”, reunido em Mossoró

(RN), de 6 a 8 de janeiro de 1978, presidido pelo pastor João Vicente de Queiroz, tendo como 1º Secretário o pastor Gidel Dantas Queiroz, foi publicada no Diário Oficial do Estado, datado de 24 de julho de 1978, em Fortaleza (CE).

Essa última reforma (mais extensa) teve o seu início no Concílio realizado em Na-tal (RN), de 9 a 11 de janeiro de 1976. Por proposta de iniciativa do presbítero Gidel Dantas Queiroz (hoje pastor), aceita pelo plenário, foi eleita uma comissão para tra-tar do assunto, composta, na ocasião, pelos pastores: José Dantas Filho, José Jerônimo e Antônio Andrade; pelos presbíteros: Gi-del Dantas Queiroz e Walfredo Ferreira de Medeiros; e pelos evangelistas Djalma Pereira e Gineton Dantas Queiroz. Após 2 anos de trabalhos, a comissão concluiu sua tarefa e a reforma dos Estatutos da Igreja de Cristo no Brasil foi aprovada. Conforme relatou um dos membros daquela comis-são, o agora pastor Djalma Pereira, “...as Bases de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo têm conceitos doutrinários peculiares, mas seguem de perto os princípios fundamen-tais da Confissão de Fé de Westminster”, fazendo referência à assembléia que reuniu 121 ministros da Igreja na Inglaterra, em 1646, para tratar das doutrinas e teologia reformadas.

IV – A IMPORTÂNCIA DAS BASES DE FÉ PARA A IGREJA DE CRISTO:

A história eclesiástica recente, depois da Reforma, mostrou que as igrejas têm bus-cado estabelecer uma “identidade” doutri-nária e teológica, por algumas razões, tais como:

1. Devido à própria natureza da Igreja, que deve ser caracterizada por sua UNI-DADE constituída por Deus, conforme Ef.4:1-16, e não parecer ser uma “colcha de retalhos”, sem um claro posicionamento

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doutrinário comprometido com a Palavra de Deus.

2. Tendo em vista o ataque dos falsos en-sinos e doutrinas. Onde quer que a Igreja do Senhor Jesus Cristo tem professado a sã doutrina, ela tem encontrado oposição. Quanto mais definida em sua doutrina, mais oposição ela sofre. A Igreja do Se-nhor tem que possuir firmeza na verda-de, não podendo permanecer neutra em questões doutrinárias, espirituais, éticas e morais, mas combatendo e condenando todo ensino e doutrina falsos, “destruí-mos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo...” (2 Co.10:5).

3. Por causa da apostasia e do espírito da nova era. Vivemos na época do ecumenis-mo e sincretismo religioso, que tenta cons-truir um “ambiente teológico” pluralista e tolerante, no qual as pessoas não contes-tam, nem reivindicam suas posições dou-trinárias, mas, pelo contrário, fogem da verdade absoluta afirmada objetivamente. As Escrituras são tratadas e interpretadas por óticas diferentes, sendo chamadas de “cosmovisões” diversas da bíblia, que oca-sionam entendimentos bastante diferentes entre si e, não raro, em frontal desacordo com a totalidade das Escrituras Sagradas. Não há, portanto, paradigmas confiáveis e absolutos. O resultado lastimável disso é que as igrejas evangélicas no mundo têm se tornado uma “babel” de doutrinas di-vergentes, que confundem as pessoas, di-ficultando o conhecimento de Deus, pela vivência da sã doutrina.

V – DUAS CONSIDERAÇÕES FINAIS IMPORTANTES:

1. A relação entre as Bases de Fé e Dou-trina da Igreja e a própria Palavra de Deus. Há pelo menos dois modos de relaciona-

mento entre ambas:Considerar que a primeira é tão (ou

mais) importante que a Segunda - como defende a Igreja Católica Romana que reivindica “infabilidade” às suas decisões conciliares e pronunciamentos papais (di-tos “ex cátedra”), e coloca a tradição “dog-mática” como revelação direta de Deus à Igreja, podendo ser considerada igual (ou até acima) da própria Palavra de Deus. Este conceito errôneo tem conduzido a Igreja de Roma (e não de Cristo) a toda espécie de erro doutrinário, heresias e, por que não dizer, de blasfêmias contra Deus!

(b) Considerar que a primeira deve ser aceita e observada pela Igreja, na medida em que ela se conforma com a Segunda - como fazem as Igrejas de Cristo (ditas protestantes) que, embora reconheçam o Credo dos Apóstolos e decisões concilia-res da Igreja Primitiva, submete a todos ao crivo da Palavra de Deus, que sempre, em todo e qualquer caso, prevalecerá sobre os demais.

As Bases de Fé podem sofrer alterações? Qual o critério a ser usado?

Sim, podem sofrer alterações, uma vez que os dogmas e as confissões de fé e dou-trina sempre devem permanecer sujeitos às Sagradas Escrituras, e quando isto não ocorrer, em um ou outro ponto, ou se sua interpretação doutrinária não estiver em consonância com a totalidade das Escri-turas, faz-se necessária a sua correção - quando o erro for doutrinário - ou atu-alização - quando o erro for de deficiên-cia e falta de clareza na interpretação da doutrina.

V – CONCLUSÃO:

Atualmente, temos presenciado uma queda acentuada no nível de comprome-timento com Deus e com sua Palavra,

Estudos Bíblicos 14

por grande parte do cristianismo. Mui-tos “cristãos” e “ministros da Palavra” prometem, verbalmente, fidelidade aos padrões doutrinários bíblicos, mas logo se afastam deles por razões convenientes a eles mesmos ou ao grupo a que estão vinculados. Ao mesmo tempo, prolifera no mundo um número cada vez maior de opções doutrinárias falsas, capaz de atender aos mais variados anseios, os quais têm levado as pessoas que não es-tão firmadas na Palavra, a terem sérias dificuldades em permanecerem fiéis à sã doutrina, sendo levadas, e deixando-se levar, por todo tipo de ensinamento.

No entanto, o Espírito Santo tem cum-prido a sua missão de guiar a Igreja de Cristo a toda verdade, conforme se en-contra na Palavra de Deus (Jo.14:16,17; 16:13). Devemos, portanto, ser fiéis à doutrina santa do evangelho, tal qual se encontra exposta nas Sagradas Escritu-ras.

A partir da nossa próxima lição, es-tudaremos cada um dos pontos funda-mentais das Bases de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo no Brasil. Rogamos ao Senhor nosso Deus que nos dirija nesta desafiante e frutífera tarefa. A Ele toda glória! Amém.

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Estudo 02

COMO CREMOS

Texto Áureo: “Toda Escritura é ins-pirada por Deus e útil para o ensi-no, para a repreensão, para a corre-ção e para a instrução na justiça” (2 Tm.3:16).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Sl.1:1-6; 19:7,8; 119:105; Terça-feira - Is.8:20; Lc.16:19,31; 2Tm.3:15-17Quarta-feira - Jo.16:13,14; 1 Co.2:10-12Quinta-feira - 2Tm.3:16; 2 Pe.1:19-21; Hb.4:12Sexta-feira - Jo.6:45; Gl.1:8,9; 1 Co.11:13,14; 14:26,40Sábado - Sl.119:130; At.15:15,16; 2 Pe.3:16

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I – INTRODUÇÃO:

Nessa lição estudaremos o item das bases de fé e doutrina da Igreja de Cris-to que trata das Escrituras Sagradas. Obviamente, não será abrangida toda a bibliologia (parte da teologia que estuda as Escrituras), mas somente os aspec-tos explícitos naquele item. A palavra “bíblia” vem do grego “βιβλιa”, que quer dizer “livros”. O mais antigo uso cristão dessa expressão na história da Igreja, se encontra em 2 Clemente 2:14: “os livros (τa βιβλιa) e os apóstolos declaram que a Igreja...” (150 d.C.). Mas, qual é a grande importância da Bíblia? De fato é impossí-vel descrever a sua importância de modo completo. No entanto, sabemos que ela é a Palavra de Deus! Nela Deus se revela de um modo especial - sua natureza, seus atributos, seu eterno propósito, seu rela-cionamento com a criação, com o mundo visível e invisível, etc. Ela é sobrenatu-ralmente inspirada por Deus, e em todo o processo de sua formação histórica, até à reunião de todos os seus 66 livros, Deus esteve presente garantindo a sua integridade e infabilidade originais. Sem ela seria impossível ao homem saber do plano de salvação, em Cristo; do mundo vindouro; da história da redenção; do fim de todas as coisas; enfim, sem ela o ho-mem andaria “cego”, sem conhecimento da verdade e sem esperança (Sl.119:105).

II - A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍ-BLIA:

Muitas pessoas pensam que a Bíblia é uma coletânea de livros concebidos pela inteligência de homens especiais. Outros acreditam que ela foi ditada por Deus a alguns homens, os quais iam escrevendo mecanicamente o que ouviam. Como, afinal, devemos definir adequadamente o

conceito bíblico de “Inspiração”, sem cair num daqueles extremos?

Resposta: “Foi o processo misterioso em que Deus manifestou-se a homens escolhidos e, como resultado, eles escre-veram, exatamente, o que Deus queria; nem mais, nem menos.” (Ted Limpic - “De Onde Veio a Bíblia?”, p.9,10). Quase todos os cristãos concordam que a Bíblia é “inspirada” por Deus. Eles concordam, em sua maioria, que a Bíblia é a Palavra de Deus. Porém, há diferentes opiniões quanto a maneira em que ela foi inspira-da. A questão é: O que foi inspirado? O coração? A mente? A memória? O voca-bulário usado? As traduções que temos hoje?

1 . Conceitos Inadequados Sobre a Ins-piração das Escrituras:

(a) Teoria Dinâmica - os escritores teriam recebido “as ideias” do Espírito Santo, mas seriam eles mesmos os res-ponsáveis pela produção do texto bíblico. Isto explicaria os diversos estilos dife-renciados entre os autores, as aparentes contradições, as citações imprecisas do Antigo Testamento, etc. Entretanto, esta teoria se apresenta inadequada por duas razões principais: a linguística e a teológi-ca. Quanto à razão linguística, não pode haver transmissão de “ideias”, sem sua verbalização. O homem só compreende e transmite um conceito, quando este é explicitado em palavras. Assim sendo, di-zer-se que o Espírito concedeu “as ideias” e que os escritores as vestiram com suas palavras é bastante questionável. A se-gunda razão, a teológica, é que o conceito de que a contribuição do Espírito Santo, tenha sido reduzida à ideias transmitidas a homens, torna as Escrituras um livro eminentemente humano, sendo escon-dido o seu caráter divino, para não dizer

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que ele é, de fato, negado. Mas esse con-ceito é rejeitado pela própria Palavra de Deus, em 2 Pe.1:20,21.

(b) Teoria da Testemunha - Deus teria agido, mas os homens é que fizeram suas reflexões sobre a ação de Deus e as regis-traram nas Escrituras. Novamente, como na teoria dinâmica, esta teoria torna a Bíblia um livro essencialmente humano. Nem as ideias, nem as palavras são dadas ao Espírito Santo. Deus age, mas não fala. O homem é que interpreta as ações de Deus. Deste modo, estaríamos diante de um livro, no qual não haveria garantias de que as interpretações humanas fossem infalíveis e, muito menos, que elas cor-responderiam ao verdadeiro intento de Deus.

(c) Teoria do Ditado - esta teoria afir-ma que os autores das Escrituras foram meros instrumentos copistas, coagidos a servirem aos interesses de Deus. Sob este ponto de vista, o estilo literário é o do próprio Espírito Santo, com afirmações de que até a gramática estaria livre de erros, por ser “a gramática de Deus”. En-tretanto, isso é atribuir a Deus a violação da personalidade de cada um daqueles servos de Deus, como vemos acontecer, por exemplo, nos casos de “psicografia” no espiritismo, em que há a influência e violação das personalidades é efetuada pela presença demoníaca.

3. A Inspiração das Escrituras é Ple-nário-Verbal - O versículo chave para a compreensão do conceito de Inspiração da Bíblia, se encontra em 2 Tm.3:16, que nos apresenta três aspectos fundamentais: (1) ela é definida pela palavra grega “the-opneustos” (literalmente, “soprado para dentro por Deus”), cuja expressão indica que Deus agiu ativa, soberana e podero-samente na transmissão de Sua Palavra. Esta expressão encontramos em Gn.2:7; (2) Ela é plenária, expressão que nasce

da palavra grega “pleroma” - que quer di-zer: plenitude, encher, completo - ou seja, toda a Escritura é plenamente inspirada por Deus; e (3) Ela é verbal - novamente do grego “logos”, que quer dizer: palavra dita ou escrita, mas traz consigo o sentido metafísico (o Verbo) - Desta forma, todas as palavras e relacionamentos sintáticos utilizados original-mente são inspirados por Deus. Nas palavras do teólogo Ian S. Rennie, a inspiração Plenário-Verbal é o “inexplicável poder - assim não pode ser totalmente compreendida - que o Espí-rito de Deus estendeu antigamente aos autores das Sagradas Escrituras - sendo, portanto, limitada aos autores dos livros da Bíblia; excluindo-se todos os demais livros (inclusive apócrifos); negando au-toridade maior às tradições, aos concílios da igreja, aos dogmas e credos; à lideran-ça eclesiástica; etc - para que fossem di-rigidos mesmo no emprego das palavras que usaram, e para preservá-los de qual-quer engano ou omissão...”- isto é, o Es-pírito Santo supervisionou a seleção dos materiais usados, as palavras empregadas e escritas, preservando, ao mesmo tempo, os autores de todos os erros e omissões. Quando afirmamos que a Bíblia é a Pa-lavra de Deus, verbal e plenamente ins-pirada pelo Espírito Santo, estamos afir-mando que tal inspiração alcança todas as partes da Bíblia, conforme foram es-critas nos seus autógrafos originais. Isso que dizer que as ideias a serem escritas foram suscitadas pelo Espírito de Deus, já verbalizadas no estilo e linguagem dos próprios escritores. Para se evitar a ideia de “psicografia”, devemos reconhecer que quando o Espírito ajudou os autores a verbalizarem a Revelação de Deus, Ele respeitou a realidade e a vida dos mes-mos (cultura, vocabulário, estilo literário, etc). Mas, concomitantemente, o Espíri-to Santo os guardou de todo e qualquer

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erro, ao mesmo tempo que lhes permitia as expressões individuais de suas perso-nalidades.

4. Provas da Inspiração das Escri-turas - John Caldwell Thiessen, em seu livro Introductory Lectures in Systematic Theology, aponta dois fundamentos so-bre os quais podemos basear o conceito de Inspiração Plenário-Verbal das Escri-turas:

(a) A Natureza de Deus: Ele é um Deus pessoal, triúno, todo-poderoso, santo e amoroso. É de se esperar que Ele venha em socorro de Suas criaturas, como fica evidenciado através de Sua provisão das necessidades materiais e temporais de todo o ser vivo existente no mundo. Mas o homem tem, também, necessidades espirituais e eternas. Ele tem o problema do pecado e se sente sob condenação. Nada existe nele que o pos-sa livrar de sua situação. Desta forma, entende-se que Deus se deu a conhecer ao homem, revelando-lhe Seus padrões divinos e Seu plano de salvação. Thiessen argumenta: “...e se os deu a conhecer (aos homens), será que Ele vai deixar tudo isso por conta do subjetivismo e de ex-pressões falhas e incertas deles?” E acres-centa: “Verdades tão profundas quanto a trindade, a encarnação, expiação vicária, etc, requerem a supervisão e direção de um Espírito infalível para conseguir um enunciado que não dê margem a mal--entendidos...”

(b) A Natureza e Afirmações da Pró-pria Bíblia: O segundo argumento é que a Bíblia é superior a todos os outros li-vros religiosos, quanto a tudo o que diz. Ela revela os mais altos conceitos éticos, exige a mais absoluta obediência e fide-lidade a Deus, da forma mais coerente e pura possíveis, ao mesmo tempo em que denuncia todo o tipo de pecado, po-

rém mostrando a todo o homem como poderá alcançar sua reconciliação com Deus, por meio do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Como seria possível que estes escritores dos livros da Bíblia, em diferentes épocas e circunstâncias, e de modo tão coerente e perfeito, escreve-rem os seus 66 livros, sem incorrerem em qualquer tipo de engano, se não fosse a ação poderosa e inspiradora do Espí-rito Santo de Deus sobre eles? A Bíblia demonstra UMA UNIDADE extraordi-nária que, na verdade, nos leva à conclu-são de que o seu Autor é único, e é Deus! Como Moisés poderia ter escrito, por si mesmo, sobre todo o sistema sacrificial e cerimonial da Lei, tão esplendidamen-te detalhado, sem conhecer todo o seu significado, ou a sua finalidade última, que foi revelada somente cerca de 1450 anos depois, nas páginas do Novo Testa-mento? A Lei e Graça estão presentes nas páginas das Escrituras (VT e NT), mas quem as compreendeu no seu tempo e em sua inteireza? Quanto à doutrina da justificação pela fé, Abraão teria com-preendido o Evangelho quando creu, tal qual o ensinou Paulo aos gálatas (Gl.3:8), quando nem mesmo os próprios gálatas o compreendiam? A resposta é uma só: uma só Mente está atuando em toda a Bíblia. Que Unidade! Quão sabiamente estão dispostas as doutrinas nela con-tidas! Em tudo há um Plano e um Pro-pósito eternos, que se complementam e nunca se contradizem!

A Bíblia afirma ser a Palavra de Deus. Encontramos nela expressões, tais como: “Assim diz o Senhor”, “disse o Senhor a...”, “veio a Palavra do Senhor a...”, etc. Vários escritos reivindicam perfeição e autoridade absoluta da lei e do teste-munho (Dt.27:26; 2 Re.17:13; Sl.19:7; 33:4; 119:89; Is.8:20; Gl.3:10; 1 Pe.2:23).

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Um livro reconhece que outro livro fala com absoluta verdade (Js.1:7,8; 8:31,32; Ed.3:2; Ne.8:1; Dn.9:1,2,11,13; Zc.7:12; Ml.4:4;At.1:16; 28:25; 1 Pe.1:10,11). O apóstolo Pedro atribui às cartas de Pau-lo a mesma autoridade das demais Es-crituras (2 Pe.3:15,16 - compare com 2 Tm.3:16 e 2 Pe.1:20,21). Além disso, o próprio Senhor Jesus afirmou que “a Es-critura é infalível” (Jo.10:34,35); que as Escrituras testificavam dEle (Lc.24:44); que Ele veio para cumpri-las (Mt.5:17); fazendo referência a todo o Velho Testa-mento (Mt.7:12; 11:13; 22:40; Lc.16:16; Jo.1:45; At.13:15; Rm.3:21). O Senhor Jesus indica o próprio conceito divino de inspiração das Escrituras, quando de-clarou: “Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” (Mt.5:18). As-sim, Ele demonstra a inspiração verbal da “Lei”. Afirma que as Escrituras ainda não estavam concluídas, mas que teriam continuidade com os apóstolos e discípu-los (Lc.1:1-4; Jo.14:26; 16:12,13; 20:31,31; 21:24; At.1:1; 9:15-17; 1 Co.2:10-13; Ap.1:1-3,19) e, assim, falaram sob Sua influência e Autoridade (At.2:4; 4:8,31; 13:9; 1 Co.2:13; 14:37; Gl.1:1,12; 1 Ts.2:13; 4:2,8; 1 Pe.1:12; 1 Jo.5:10,11; Ap.21:5; 22:6,18,19).

V - DIVINA DAS ESCRITURAS: – IM-PLICAÇÕES DA INSPIRAÇÃO

1. A Sua Veracidade - Em Dn.10:21, lemos: “Mas eu te declararei o que está escrito na Escritura da verdade”. E, em Jo.17:17, o Senhor Jesus afirmou: “Santi-fica-os na verdade; a tua Palavra é a ver-dade.” A Bíblia é inteiramente verdadeira em tudo quanto afirma. Quando aplica-mos este substantivo (veracidade) às Sa-gradas Escrituras estamos fazendo justiça ao que ela é de fato. A Palavra de DEUS

deve estar sempre acima de qualquer sus-peita. Dizer que a Bíblia contém a Palavra de Deus não é a forma mais correta de se expressar, devemos dizer que “A Bíblia é a Palavra de DEUS”. Ela evidentemen-te não é toda a Palavra de DEUS, mas toda ela é a Palavra de DEUS. Na Bíblia Deus revelou o essencial para o homem (Dt.29:29; 1 Co.13:12). Paulo, escrevendo a Tito (Tt.1:2), disse que “Deus não pode mentir”. Isto é uma promessa firme, por-quanto descansa sobre a fidelidade abso-luta de Deus e, assim como ELE não pode deixar de cumprir com suas promessas, também não pode faltar com sua Palavra (Mt.24:35)!

A verdade bíblica existe independen--temente da mente humana e é superior a ela. Quando muito, a mente humana a descobre. Em Is.40:8, lemos: “Seca-se a erva e caem as flores, mas a Palavra de nosso Deus subsiste eternamente”. Isto revela a posição eterna, imutável e uni-versal das verdades bíblicas, pois são elas palavras do Deus eterno e imutável, “...em quem não há mudança, nem sobra de variação” (Tg.1:17).

2. Sua Integridade: O que torna os escritos da Bíblia íntegros, imparciais e retos é o seu Autor. Homens ímpios ja-mais iriam produzir um livro que sempre os está condenando. Por outro lado, ho-mens religiosos, como os judeus, guardi-ões da Bíblia, jamais poderiam ser os au-tores da mesma, pois ela sempre condena suas transgressões, pondo tudo a desco-berto. Sim, a Palavra de Deus é íntegra, fornecendo-nos inúmeros ensinamentos: (1) ensina-nos a fidelidade e a santifica-ção; (2) torna-nos valorosos em defesa da justiça, e nos fortalece nas adversidades e aflições; (3) não há quem amplie mais nossa visão, fortaleça nossa fé, eleve os nossos pensamentos, corrija-nos do erro, fortaleça-nos o caráter, do que a santa

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Palavra de Deus; (4) de todos os livros, nenhum contém lições tão instrutivas, preceitos tão puros, nem tão grandio-sas promessas, quanto a Bíblia Sagrada (Êx.34:7; Sl.119:9; Pv.30:5; Rm.2:11).

3. Sua Suprema Autoridade: a nature-za da autoridade bíblica é verificada pela sua “inerrância” (sem erro, verdadeira) e “infabilidade” (jamais falha). A própria Bíblia afirma ser infalível e inerrante: (1) Deus é o Seu Autor e, portanto, ela retra-ta o caráter infalível de Deus (Nm.23:19; 1 Sm.15:29; 2 Tm.3:16; Tt.1:2; Hb.6:18); (2) uma qualidade da mensagem divina é a sua veracidade absoluta (Dt.13:1-5; 18:20-22); (3) o Senhor Jesus deu tes-temunho da autoridade das Escrituras (Mt.5:17-20; Jo.10:34,35).

4. Sua Suprema Autoridade em Ma-téria de Fé e Conduta Prática: Embora esta afirmação, que está em nossa Base de Fé, tenha sido chamada de “o prin-cípio formal da Reforma Protestante do século XVI”, na verdade já se encontrava presente desde o século II d.C. Em latim, a expressão “sola scriptura” (pelas Escri-turas somente) usada por Lutero, Zuín-glio, João Calvino e outros reformadores, significava que a Bíblia era a única auto-ridade, como Palavra infalível de Deus, à qual os cristãos deveriam recorrer, acima de toda opinião humana e tradição ecle-siástica - alusão à igreja católica romana, que ensinava que a tradição tinha tanta (ou mais) autoridade do que a Bíblia. Eugene M. Osterhaven, professor de te-ologia sistemática, em Michigan (USA), escreveu sobre o significado histórico da expressão “regra de fé e conduta prática”, o seguinte: “Esta expressão já era usada na teologia da Igreja no último quarto do século II, e significava a doutrina segura da fé cristã. Expressões sinônimas eram “cânon da verdade”, “regra da verdade”, “o cânon da Igreja”, e o “o cânon eclesiás-

tico”. O “cânon da verdade” significava o ensino oficial da Igreja que está de acor-do com as Escrituras. A Igreja, “coluna e baluarte da verdade” (1 Tm.3:15), ensi-nava uma doutrina viva, que era tanto o “cânon da verdade”, quanto doutrina que está em total harmonia com as Escritu-ras, das quais foi tirada. Em Tertuliano (155-220 d.C.), a doutrina da Igreja “é a regra de fé”, que estando em harmonia com as Escrituras, é um resumo claro daquilo que os cristãos devem crer. Ela ajuda na exegese correta das Escrituras e no discernimento da sua unidade e con-sistência.”

VI – CONCLUSÃO:

A palavra conduta vem do latim “com ducere”, que significa “maneira de agir”, “de conduzir-se”. A conduta da vida cristã deve ser dirigida à obediência da Palavra de Deus. E assim, em sendo a Bíblia o nosso “manual de conduta prá-tica”, torna-se fundamental o seu conhe--cimento. Como posso embasar a minha vida sobre princípios que eu desconhe-ço? Nossa atitude para com ela, mostra a nossa atitude para com Deus. Certo autor, declarou: “A Bíblia é Deus falando ao homem; é Deus falando, através do homem; é Deus falando com o homem; é Deus falando a favor dos homens; mas é sempre DEUS falando!”.

O Senhor Jesus proferiu uma bem--aventurança sobre os que ouvem e guar-dam a Palavra de Deus (Lc.11:28; Ap.1:3). Os bereanos foram louvados neste parti-cular (At.17:11), e Paulo recomendou a Timóteo que era necessário manejar bem a Palavra da verdade (2 Tm.2:15). Deve-mos ser praticantes da Palavra de Deus, e não somente ouvintes dela (Tg.1:22-25). (1) Conheça o seu Autor. Ninguém pode explicar melhor um livro do que o seu

Estudos Bíblicos 21

próprio autor (I Co.2:10-13); (2) Leia a Bíblia diariamente (Dt.17:19). É dever dos pais, praticarem o “culto doméstico”, como sacerdotes do lar e chefes de suas famílias (Dt.6:4-8); (3) leia a Bíblia em oração (Sl.119:18; Ef.1:16,17). Devemos orar pedindo esclarecimento espiritual para entendermos a Bíblia (Sl.119:18). Na presença do Senhor, em oração, mui-tos servos de Deus no passado encon-traram respostas às suas mais profundas indagações da verdade; (4) leia a Bíblia, aplicando-a a si mesmo (Js.5:14ss); (5) leia a Bíblia toda (Dt.29:29). O estudo das Sagradas Escrituras deve ser de uma forma sistemática e gradativa. Consagre ao Senhor um horário para a leitura da Palavra e oração. Pouco adiantará uma leitura apressada ou preguiçosa; (5) Se as Escrituras são usadas de todas estas maneiras, então se tornam “úteis para o ensino” - como fortaleza da sã doutrina - “para a repreensão” - isto é, para refutar o erro, o engano e o pecado - “para a cor-reção” - isto é, para desviar os homens do seus maus caminhos, reconduzindo--os para o caminho da verdade - “para a educação na justiça” - que significa o crescimento integral do crente no co-nhecimento e prática de uma vida cristã autêntica - com o objetivo final de que “o homem de Deus seja perfeito e per-feitamente habilitado para toda a boa obra”. Este exercício espiritual na prática constante da Palavra de Deus, tornará cada cristão perfeitamente adaptado ao cumprimento de suas responsabilidades na Igreja de Cristo e no mundo.

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Estudo 03

UM SÓ DEUS VERSÍCULO BÁSICO: “Há um só Espírito...um só Senhor...um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos” (Ef.4:4-6).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Gn.1:1,26; 11:7; Gl.3:20 Terça-feira - Jo.1:1-3,14,18; 14:8-17 Quarta-feira - Mt.3:16,17; 28:19; Rm.15:30Quinta-feira - Dt.6:4; 1Co.8:6; Cl.2:9 Sexta-feira - Jo.16:13-15; 15:26; 17:1,5 Sábado - Hb.11:6; Tg.2:19; 1Jo.5:5-8

Estudos Bíblicos 24

I – INTRODUÇÃO:

Nessa lição estudaremos a Doutrina de Deus, em relação a Sua Existência e a Sua Natureza (Essência e “Triunidade”). Deus existe e se Auto-revela em sua criação, em Sua Palavra, mas, principalmente, por meio de Seu Filho encarnado: Jesus Cristo.

Deus se dá a conhecer na criação, mas o homem não conseguiu se relacionar com Ele por essa via (Rm.1:18-20). Deus, então, enviou seu Filho Unigênito, o qual se fez homem e O revelou aos que crê-em nEle. Jesus Cristo é verdadeiro Deus, verdadeiro homem; o Verbo eterno, a Pa-lavra viva, conforme dão testemunho as Santas Escrituras (2Co.4:4-6; Cl.2:2,3,9).

Ninguém conhece a Deus, a não o Seu Filho e aquele a quem Ele O quiser revelar (Mt.11:27; Jo.1:18; 5:37-39; 6:46; 7:28,29; 8:19; 10:15). Assim sendo, embora Deus tenha Se dado a conhecer ao homem, em tudo o que fez e faz por meio do Seu Fi-lho, o homem, por sua vez, é incapaz de conhecer a Deus, por si mesmo.

I – A EXISTÊNCIA DE DEUS:

Não haverá sentido em tudo o que exis-te (visível ou invisível), nem muito menos em se falar do “conhecimento de Deus”, se não admitirmos que Deus existe.

De fato, há um Deus pessoal, auto--consciente, auto-existente, que é a ori-gem de todas as coisas e que transcende toda a criação, mas, ao mesmo tempo, é imanente em toda ela. Vejamos alguns dos argumentos de Sua existência:

(a) Ela é Universal e Necessária: Tanto as Escrituras quanto a própria história afirmam que é universal a con-vicção de que Deus existe (Rm.1:19-21). A história do homem prova que ele tem

buscado a Deus, em todas as eras e cul-turas, seja através da religião, seja por sua filosofia e razão.

A convicção da existência de Deus é, igualmente, necessária, pois não se pode negá-la sem que se prive a própria natu-reza do homem de sua intuição. Intuitiva-mente, qualquer homem “sabe” que Deus existe.

(b) Ela é Confirmada nas Escritu-ras: É interessante observar que a Bíblia - que é a Palavra de Deus inspirada - não “tenta provar” a existência de Deus, pelo simples fato de que o próprio Deus não necessita provar Sua existência. Ele é o “Eu Sou” (Êx.3:14), eterno e imutável.

A Bíblia, já em seu primeiro livro (Gê-nesis), começa com a afirmação de que: “No princípio criou Deus...” e, até o fim, afirma a Sua existência (Ap.22:16-21). Entretanto, apesar disso, a verdade da existência de Deus só pode ser confirma-da, plenamente, pela fé (Hb.11:6), e não pela razão humana (1Co.1:20,21).

II - A DOUTRINA DA TRINDADE:

1.Origem Histórica: Quase tão antiga quanto o estabelecimento do cânon do Novo Testamento, esta doutrina só ficou conhecida formalmente pela Igreja, no Concílio realizado em Constantinopla, em 382 d.C. Até aquela data, surgiram muitos erros de interpretação a respei-to do que as Escrituras ensinam sobre a Trindade Santa. Não havia uma doutrina sistematizada sobre a Trindade, e quando alguns tentavam explicá-la racionalmen-te, incorriam em deficiências e imperfei-ções. A dificuldade de compreensão desta doutrina decorre da limitação humana em compreender a Natureza divina.

A palavra “Trindade” nem sequer aparece nas Escrituras, embora estives-

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se implícita em várias passagens, não só no Velho Testamento, mas, também, no Novo. Não se encontra nos escritos dos primeiros discípulos e cristãos do Sécu-lo I e início do Século II d.C. nenhuma menção à doutrina da Trindade. Somen-te na última década do segundo século, é que Tertuliano faz referência a ela e, ao mesmo tempo, busca formular uma doutrina. Porém, é somente no Século IV d.C. que a igreja chega a uma formulação doutrinária mais completa. Tal tem-po de reflexão, entretanto, foi frutífero e necessário, uma vez que se trata de uma revelação de Deus em Sua Palavra, fun-damental para uma melhor compreensão da natureza de Deus, de seu Ser em sua Essência e de suas formas de relacionar--se com toda a criação.

2.O Ponto de Vista Judaico: Os judeus no Antigo Testamento, e mesmo na era cristã, davam muita ênfase à unidade de Deus, isto é, eles viam apenas UMA PES-SOA em Deus. O resultado foi que alguns eliminaram completamente as distinções pessoais da Divindade, dando pouca im-portância à Segunda e Terceira Pessoas da Trindade Santa.

3. O Desenvolvimento Histórico da Doutrina: Tertuliano (155-220 d.C.), como mencionado a pouco, foi o primei-ro a empregar a palavra “Trindade” e a formular a doutrina, mas a sua formula-ção foi deficiente, pois ele indicou haver uma certa subordinação hierárquica im-plícita na própria Essência Divina e entre as Pessoas da Trindade. Orígenes (185-254 d.C.) foi mais longe e explícito ainda, quando afirmou que “o Filho é subordi-nado ao Pai quanto à essência, e que o Espírito Santo é subordinado até mesmo ao Filho.” No decorrer dos anos, muitos buscaram compreender, através das Es-crituras, a interpretação doutrinária cor-reta da revelação de Deus de Si mesmo.

Surgiram, no entanto, os “arianos” - devido ao nome de Ário, que foi um notável defensor de uma heresia, no fi-nal do séc.III d.C.- os quais negavam a divindade do Filho e do Espírito Santo, apresentando o Filho como primeiro ser criado pelo Pai, e o Espírito Santo como o primeiro a ser criado pelo Filho. Desta maneira, a consubstancialidade - ter uma só substância em comum - do Filho e do Espírito Santo com o Pai, ficou sacrifica-da, preservando-se, apenas, sua unidade. O equívoco de interpretação agravou-se ainda mais, quando se afirmou que ha-via diferentes graus de dignidade entre as três Pessoas da Divindade. Por outro lado, também houve alguns que a tal ponto perderam de vista a unidade em Deus, que acabaram pregando o “triteís-mo”, afirmando que havia em Deus, não somente três Pessoas, mas, também, três essências distintas entre si, três substân-cias distintas, ou seja, três Deuses; o que, obviamente, era (e é) uma heresia!

Além do arianismo, ainda surgiu uma outra corrente doutrinária denominada monarquianismo (ou sabelianismo), que de um lado (o chamado monarquismo dinâmico), via Jesus apenas como ho-mem e ao Espírito Santo como somen-te uma “influência divina” presente na criação, enquanto que, por outro lado (o chamado monarquismo modalista), con-siderava o Pai, o Filho e o Espírito Santo meramente como três modos sucessivos e distintos de manifestação do mesmo Deus.

A Igreja enfrentou essas e outras difi-culdades semelhantes, até encontrar uma doutrina baseada unicamente na revela-ção concedida por Deus, em sua Palavra. O Concílio de Nicéia (325 d.C.) declarou que o Filho possui uma mesma essência com o Pai (co-essencial ao Pai), enquanto que o Concílio de Constantinopla (381

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d.C.) afirmou a divindade do Espírito, no entanto sem a mesma precisão com que afirmara a do Filho.

Finalmente, chegamos ao “Credo de Atanásio” (296-373 d.C.) notável bispo da igreja em Alexandria, que comba-teu com rigor o arianismo, tendo sido a sua intervenção na história considerada como um marco fundamental para o aprimora-mento da doutrina da trinda-de, sem o qual “a Igreja provavelmente teria caído nas mãos dos arianos” (Har-nack, em seu livro “History of Dogma”). Devido a sua importância, transcrevê-lo--emos, a seguir:

“A fé universal é esta: Adoramos um Deus em trindade, e a trindade em uni-dade. Não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância. Pois a pessoa do Pai é uma, a do Filho outra, e a do Espí-rito Santo, outra. Mas, no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma divindade, gló-ria igual e majestade coeterna. Tal qual é o Pai, o mesmo são o Filho e o Espírito Santo. O Pai é incriado, o Filho incriado, o Espírito Santo incriado. O Pai é imen-surável, o Filho imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é eterno, o Fi-lho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, não obstante, não há três eternos, mas sim um eterno. Da mesma forma não há três incriados, nem três imensuráveis, mas um incriado e um imensurável. Da mesma maneira o Pai é onipotente. No entanto, não há três seres onipotentes, mas sim um Onipotente. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No en-tanto, não há três Deuses, mas um Deus. Assim, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor. Todavia, não há três Senhores, mas um Senhor. Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada Pessoa individualmente como sendo Deus e Senhor, assim também

ficamos privados de dizer que haja três Deuses ou Senhores. O Pai não foi feito de coisa alguma, nem criado, nem gerado. O Filho procede do Pai somente, não foi feito, nem criado, mas gerado. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não foi feito, nem criado, nem gerado, mas pro-cedente. Há, portanto, um Pai, não três Pais; um Filho, não três Filhos; um Espíri-to Santo, não três Espíritos Santos. E nesta trindade não existe primeiro nem último; maior nem menor. Mas as três Pessoas co-eternas são iguais entre si mesmas; de sor-te que por meio de todas, como acima foi dito, tanto a unidade na trindade como a trindade na unidade devem ser adoradas.”

4. A Natureza de Deus: Sua Essência

A expressão “essência” indica o aspec-to básico da natureza de Deus, ou seja, se não houvesse essência, não poderia haver atributos em Deus (Ele é Santo, Justo, Eterno, etc), mas Ele seria apenas “uma ideia” ou “pensamento” humano. Como, então, nos é revelada a essência de Deus? O teólogo escocês James Orr disse o seguinte, quanto a isso: “Não podemos conhecer a Deus nas profundezas do Seu Ser absoluto. Mas podemos, ao menos, conhecê-lo até onde Ele se revela em Sua relação conosco. A questão, portan-to, não é quanto à possibilidade de um conhecimento de Deus na impenetrabi-lidade do Seu Ser, mas é esta: Podemos conhecer a Deus procurando saber como Ele revelou a Si próprio, supremamente, em Jesus Cristo...” (“O Conceito Cristão de Deus e do Mundo”, p.11. 1893). O que encontramos, então, revelado nas Escri-turas quanto a Essência de Deus?

(a) Deus é Espírito: Deus não é, em “essência”, qualquer substância material, mas sim espiritual (Jo.4:24). Ele é Imate-

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rial e Incorpóreo (Lc.24:39).(b) Deus é Invisível: As Escrituras

afirmam isso, quando os israelitas não viram “aparência nenhuma” do Senhor no monte Horebe (Dt.4:15-19). O pró-prio Deus o disse a Moisés (Êx.33:20); e os apóstolos João e Paulo o reafirmaram (Jo.1:18; Rm.1:20; Cl.1:15; 1Tm.1:17; 6:16).

(c) Ele é Vivo: Deus age, sente, traba-lha, exerce Seu poder, ou seja, Ele não é algo “inanimado”, mas é vivo (Js.3:10; Sl.84:2), bem como é a fonte eterna de toda a vida (Jo.5:26; Sl.36:9).

(d) Possui Personalidade: As Escri-turas revelam que Ele tem Autoconsci--ência e Autodeterminação (Êx.3:14; Is.45:5; Jo.23:13; Rm.9:11); Inteligência (Gn.18:19; Êx.3:7; At.15:18); sensibi-lidade (Gn.6:6; Sl.103:8-13); vontade (Gn.3:15; Sl.115:3; Jo.6:38); Ele fala (Gn.1:3); vê (Sl.94:9); tem zelo (Êx.20:5); é compassivo (Sl.111:4); etc.

(e) É Auto-existente: Isto é Ele, em Sua própria natureza, existe em Si mes-mo, pois não depende de coisa alguma fora de Si para existir (Êx.3:14). Assim sendo, Ele não tem origem em nada, e nunca deixará de Ser, isto é, nunca terá fim.

(f) É Infinito: Deus não está limitado por nada: nem pelo espaço, nem pelo tempo (1Re.8:27; 2Cr.2:6; Sl.139:7ss). Deus é imanente, ou seja, nada que existe está separado de Sua presença. Por outro lado, Ele é transcendente, isto é, não se confunde com universo criado (visível e invisível), mas está além dele, e sobre to-das as coisas exerce Seu domínio.

(g) É Eterno: Isto é, nunca teve início e jamais deixará de existir (Gn.21:33; Sl.90:2; 102:27; 1Tm.1:17). Nesse sentido, entendemos que Deus, diferentemente

de nós, não está sujeito ao espaço-tempo (para Ele tudo é um eterno agora), em-bora, ao mesmo tempo, Ele se relacione com toda a criação no espaço e no tempo (passado, presente e futuro).

(h) É Onipresente: Se Deus é infini-to, também está presente em toda parte (Sl.139:7-12; At.17:27,28).

(i) É Onisciente: Ele conhece a Si próprio, e apenas Ele conhece a Si mes-mo (1Co.2:11), mas também conhece a todas as coisas, quer sejam reais ou apenas “possíveis”, quer sejam passadas, presentes ou futuras, e as conhece perfei-tamente e por toda a eternidade, de ma-neira imediata, simultânea, completa e verdadeira (Sl.19:1-6; 33:13-15; 139:1-10; 147:5; Pv.15:3,11; Is.46:9,10; Jr.23:23-25; Hb.4:13).

(j) É Onipotente: Ele pode fazer o que desejar, mas como Sua vontade é limita-da por Sua natureza, isto significa que Ele não pode fazer algumas coisas: (1) as que são contrárias à Sua natureza, como “ver o mal” (Hab.1:13; Tg.1:13); (2) negar--se a Si mesmo (2 Tm.2:13); (3) mentir (Hb.6:18). As Escrituras afirmam a Sua onipotência (Gn.17:1; Jó 42:2; Jr.32:17,27; Mt.19:26; Lc.1:37).

(k) É Imutável: Tudo o que muda, muda para melhor, ou para pior. Mas Deus, não pode mudar para melhor, porque é absolutamente perfeito; nem para pior, pelo mesmo motivo. A Pa-lavra de Deus revela a Sua imutabi-lidade (Sl.102:26,27; Is.46:10; Ml.3:6; Rm.4:20,21; 2Co.1:20; Tg.1:17).

(l) É Santo: Denota a perfeição de Deus em tudo o que Ele é, e em tudo o que Ele faz. É maravilhoso pensarmos que a própria vontade de Deus é a expres-são de Sua natureza, que é Santa! Deste modo, “o bem” não existe porque Deus

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anteriormente desejou que ele existisse, mas porque é um atributo necessário pertencente à Sua própria essência e na-tureza: Deus é Santo! Por isso deseja que sejamos santos, como Ele o é. A santida-de de Deus é a base sobre a qual está es-tabelecido o Seu trono de glória (Sl.47:8; 89:14; 97:2). As Escrituras exaltam este atributo de Deus (Lv.11:44,45; Js.2:19; 1Sm.6:20; Sl.22:3; Is.40:23; Jo.17:11; Hb.12:10; 1Pe.1:15,16; Ap.4:8).

(m) É Justo: É a retidão revelada em Deus no Seu relacionamento com toda a criação. Ele age com justiça, atribuin-do responsabilidades, castigando toda a desobediência e ação contrária à Sua santidade e natureza, estabelecendo Sua Lei para ser cumprida, requeren-do o castigo para a sua transgressão, ou aceitando o sacrifício vicário de Cristo, como cumprimento de Sua justiça so-bre o pecado (Sl.9:16; 11:7; 33:5; 119:75; Is.42:1; Jr.33:16; Rm.1:16,17; 3:22; 5:16-18; 8:4; 2Co.5:21; 1Jo.2:29; 3:7,10; Ap.19:8).

(n) É Bom: Nada há em Deus que não expresse Sua bondade. Ela está presente em todos os Seus atributos (Sua santida-de, amor, verdade, misericórdia, graça, etc), pelos quais Se relaciona com toda a criação. Nesse sentido, não há ninguém bom, senão Ele mesmo (Mc.10:18). O Senhor Jesus enfatizou este atributo de Deus, em Mt.5:45-48). As demais Escri-turas também o afirmam (Sl.25:8; 100:5; 145:9,15,16; Jo.3:16; At.14:17; Ef.2:4; Tg.1:17; 1Pe.2:3).

5. A Natureza de Deus: Ele é Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo.

A forma original da personalida-de não está no homem, mas em Deus. Aquilo que aparece imperfeito no ho-

mem, existe com infinita perfeição em Deus. A grande diferença entre ambos é que o homem é um ser unipessoal, enquanto Deus é tripessoal. Quando meditamos na relação existente entre as três Pessoas da Trindade, quanto à Es-sência de Deus, concluímos que todo o esforço de compreensão humana falha, e ficamos profundamente conscientes de que a Trindade é um mistério que ul-trapassa a nossa possibilidade de com-preensão.

Cada uma das pessoas da trindade divina, por serem uma só Essência, têm os mesmos atributos e características. Todas as Pessoas da Trindade são co--eternas, oniscientes, onipotentes, oni-presentes, etc. Assim sendo, Eles tra-balham em comum acordo, como UM SÓ, em tudo o que realizam (Lc.3:21,22; Jo.14:8-11). Não existe nenhuma pos-sibilidade de uma ação isolada (sepa-rada) de qualquer uma dessas Pessoas da Trindade. Resumidamente, com base nas Escrituras, pode-se concluir da doutrina da Trindade, os seguintes pontos-chave:

(a) Há, em Deus, apenas uma Es-sência Indivisível. Deus é um em Seu ser essencial, ou seja, em Sua natureza constitucional. Essa proposição doutri-nária concernente à unidade de Deus baseia-se em passagens como: (Dt.6:4; Jo.10:30; 14:8-10; 17:21-23; Ef.4:6; 1Tm.2:5; Tg.2:19). Toda a indivisível essência de Deus pertence igualmente a cada uma das três Pessoas. Quer dizer que a essência não está dividida entre as três Pessoas. Ela (a essência Divina) não tem existência à parte e fora das três Pessoas.

(b) Neste único Ser Divino há três Pessoas individuais, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Isto é ressaltado pelo

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fato de que as auto-distinções do Ser Di-vino implicam em distinções de Pessoas (“Eu”, “Ele”, “Tu” - Jo.17), que assumem relações pessoais uns para com os ou-tros (Mt.3:16; 4:1; Jo.1:18; 3:16; 5:20-22; Jo.14:26; 15:26; 16:13-15).

(c) Não há subordinação de uma Pessoa da Trindade a Outra, no que diz respeito ao Ser Divino, e, portanto ne-nhuma distinção de dignidade ou grau na divindade. “A única subordinação de que podemos falar é uma subordinação quanto à ordem e ao relacionamento. Quanto à subsistência pessoal o Pai é a primeira pessoa, o Filho é a segunda, e o Espírito Santo é a terceira (Mt.28:19). O Pai não é gerado por nenhuma das outras duas pessoas, nem delas procede; o Filho é eternamente gerado pelo Pai (Sl.2:7; Hb.1:5; 5:5), e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho desde toda a eternidade (Jo.14:16,17)”.

A Escritura indica claramente uma ordem existente na Trindade essencial, relativa às obras externas ao Ser Essen-cial, que se atribuem mais particular-mente a cada uma das pessoas. Ela (a ordem) é mencionada para expressar a ideia de que todas as coisas provém do Pai, mediante o Filho, e no Espírito San-to...” (compare com: 1Co.8:6; Cl.1:15-17; Hb.13:20,21; Mc.13:11; Lc.4:14, 18; 1Co.2:9-13; Fp.2:13). Há certos atribu-tos pessoais pelos quais se distinguem as três pessoas: são operações pessoais, não realizadas pelas três pessoas juntas, e são incomunicáveis. A geração é um ato do Pai; a filiação pertence exclusivamente ao Filho; e a processão (procedência) só pode ser atribuída ao Espírito Santo...O ato da justificação é primariamente do Pai; o da redenção do Filho; e o da santificação do Espírito Santo...” (Louis Berkhof).

III - CONCLUSÃO:

A doutrina da Trindade é essencial-mente uma revelação de Deus em Sua Palavra, e não pode ser compreendida inteiramente pela lógica racional huma-na.

Sabemos, porém, que as Escrituras ressaltam em Deus a Unidade da Es-sência e Trindade das Pessoas; que cada uma dessas três Pessoas possui a Essên-cia toda e, nessa proporção, é idêntica a cada uma das outras duas Pessoas; que uma Pessoa nunca está, e nunca pode estar, sem as Outras duas; que a Essência divina pertence a cada uma das Pessoas, em conformidade com o seguinte: o Pai é o “gerador”, o Filho é “gerado”, e o Es-pírito Santo é “procedente” do Pai e do Filho. Por fim, cabe ressaltar; que as três Pessoas são iguais e co-eternas; que não há três Deuses, mas um só e único Deus Santo, Vivo, Eterno, Imutável, Onipo-tente, Onipresente, Onisciente, Justo, Verda-deiro, Criador e Sustentador de todas as coisas, visíveis e invisíveis, que é imanente e transcendente; que em Si mesmo tem a vida, é auto-existente e auto-suficiente, sendo a fonte de toda a existência: de quem, através de quem e para quem são todas as coisas. “A Ele, pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm.11:36).

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Estudo 04

O PecadoVERSÍCULO BÁSICO: “Como está escrito: Não há nenhum justo, nem um sequer; pois todos pecaram e es-tão destituídos da glória de Deus.” (Rm.3:10,23).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Gn.3:1,26-27 Terça-feira - Rm 3.9-23; 5.12-21; 6.23. Quarta-feira - Mt.3:16,17; 28:19; Rm.15:30Quinta-feira - Cl.2:9 ; Tg 1.12-16; 3.11-12.Sexta-feira - Jo.15:26; 17:1,5; 1ª 1.5-9; 2.1-2. Sábado - Pv 28.13; I Cor 5; 6.12-20; 7.1.

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I – INTRODUÇÃO:

O homem ocupa um lugar importante nas Escrituras, pois não é somente a “co-roa da criação”, mas também é objeto do eterno amor de Deus. O estudo da dou-trina do homem é geralmente colocado posteriormente ao estudo de Deus, dado que o conhecimento da Natureza divina é pressuposto fundamental para a compre-ensão das demais doutrinas bíblicas. Em nossa revista do estudo das Bases de Fé e Doutrina da Igreja de Cristo, adotamos o mesmo entendimento.

Assim sendo, nesta lição, que trata es-pecialmente da culpabilidade do homem e de seu estado pecaminoso, veremos como isso ocorreu e quais as suas conse-quências, em relação a Deus e ao próprio homem.

II – A ORIGEM DO HOMEM:

Reconhecemos a veracidade e autori-dade das Escrituras como fonte singular da verdade revelada por Deus, e não re-conhecemos outra proposta, dita “cien-tífica”, que tenta explicar a origem e a natureza do homem, sem a intervenção direta de Deus, mas como obra do acaso, tal como a “teoria da evolução” o faz.

1. O Relato Bíblico da Origem do Ho-mem (Gn.1:26,27; 2:7,21-23): A Palavra de Deus afirma que foi Ele mesmo quem “criou” o homem (Gn.1:27;5:1,2;6:7; Dt.4:32; Sl.104:30; Is.45:12; 1Co.11:9); que, quanto à constituição corporal do homem, Ele o “formou do pó da terra” (Gn.1:26; Sl.100:3; 103:14; 1Tm.2:13) e, quanto a sua natureza imaterial (espiri-tual), o homem foi feito pelo “sopro de Deus” (Gn.2:7; Jó 33:4,5; Ec.12:7). Este verdadeiro ensino da Palavra de Deus confere ao homem uma dignidade em sua constituição e natureza espiritual,

que nenhum outro ensino ou teoria lhe fornece.

2. A Natureza do Homem:

Com as palavras ditas por Deus: “Faça-mos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, a bíblia demonstra a condição original do homem, isto é, ele foi criado por um Ato direto de Deus, e de maneira distinta dos outros seres vi-vos, os quais foram criados “cada um, segundo a sua espécie” (Gn.1:12,21,25).

Em Gn.2:7, distinguem-se, claramente, os dois diferentes elementos da natureza humana: material e espiritual, ou seja, corpo, alma e espírito. O corpo foi for-mado “do pó da terra”, mas a alma pelo “sopro de Deus”. Compreendemos, deste modo, que Deus utilizou material pree-xistente na formação do corpo (o pó da terra), mas na criação da alma e do espí-rito, o Senhor Deus “lhe soprou nas nari-nas o fólego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”. Outras passagens das Escrituras testificam desta dupla nature-za do homem (Ec.12:7; Mt.10:28; Lc.8:55; 2Co.5:1-8; 1 Ts.5:23; Hb.4:12).

A importância desta dupla natureza no homem reside no fato de que ele, assim como Deus é espírito, o homem é um ser espiritual, “alma vivente”. Os atributos es-senciais da alma são: capacidade de racio-cínio (inteligência), consciência e vontade. O homem, assim, difere de todos os outros seres vivos, possuindo a capacidade de governar (Gn.1:28), liberdade de escolha consciente (Gn.2:15-17) e possibilidade de se relacionar com Deus (Gn.3:8-11).

III – A DOUTRINA DO PECADO NAS ESCRITURAS:

Pecar significa, literalmente, “errar o

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alvo”; “fracassar” (do grego “hamarthia”). Pecar é afastar-se daquilo que Deus pla-nejou para o homem, por meio da prática de ações contrárias à Sua natureza divina.

O Novo Testamento descreve o pe-cado sob boa variedade de expressões, cada uma delas com significado peculiar: (a)“anomia” (I Jo.3:4) – desregramento, desvio da verdade conhecida, da retidão moral; (b)”asebeia” (II Pe.2:6) – opo-sição a Deus, em autêntica rebelião da alma; (c) “parabates” (Mt.6:14; Tg.2:11) – transgressão contra princípios piedosos reconhecidos; (d) “paranomia” (At.23:3; II Pe.2:16) – a quebra da lei, o afasta-mento da lei moral; “paraptoma” (Ef.2:1) – passos em falso; desvio proposital pela tangente; etc. Seja como for, seja qual for o termo usado, uma coisa é certa: “o pe-cado tem sempre relação com Deus”. A expressão que melhor define o pecado é: “desobediência ou rebelião contra Deus”.

1. Pecaminosidade Universal

Ainda que muitos tenham opiniões di-ferentes quanto ao caráter do pecado e o modo como o mesmo se originou, bem poucos se inclinam a negar o fato de que o pecado é um tormento no coração do homem, em todos os quadrantes da terra. A própria história das religiões pagãs tes-tifica a universalidade do pecado. A per-gunta de Jó, escrita em Jó.25:4 - “Como seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce de mu-lher?” - é feita tanto por aqueles que co-nhecem a revelação de Deus, quanto por aqueles que a ignoram.

A voz da consciência acusa o homem diante do seu fracasso em alcançar o ideal da vida perfeita, dizendo que ele está con-denado aos olhos de alguém que possui um poder superior. O apóstolo Paulo fala

disto, em Rm.2:12-16.Os altares banhados de sangue e as fre-

quentes confissões de agravo, feitas por pessoas que buscam se livrar do mal, apon-tam em conjunto para o conhecimento do pecado e da gravidade do mesmo.

A universalidade do pecado está regis-trada, entre muitas outras, nas seguintes passagens da Bíblia: Gn.6:5; I Re.8:46; Sl.51:5; 53:3; 143:2; Pv.20:9; Ec.7:20; Is.53:6; 64:6; Rm.3:9-12,19,20,23; 5:12-21.

2. Culpabilidade de Todos os Homens (Rm 3:9,23; 5:12):

Algumas pessoas acreditam que o con-ceito de pecado é inerente a cada ser hu-mano, ou seja, é relativo a cada indivíduo. Cada um terá o seu próprio código de conduta, uma espécie de “lista particular” do que considera certo ou errado. Mas o que a Palavra de Deus ensina a respeito do pecado? Vejamos:a) A Origem do Pecado

No ambiente do Jardim do Éden en-contramos a figura da serpente, que é Satanás, a qual enganou Eva com a sua astúcia e a fez transgredir o mandamen-to de Deus. De onde se originou tanta malignidade? Tanta mentira? Tamanha arrogância contra Deus? Encontramos as respostas a essas questões na Palavra de Deus. O pecado originou-se no mun-do angelical, nas hostes celestiais. Em Gn.1:1-31, lemos que Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há, e viu que tudo o que fizera era bom, mas quando lemos Is.14:12-20 e Ez.28:11-19 compre-endemos que o mal se originou em Lúci-fer, o querubim protetor, que é também a antiga serpente, o diabo e Satanás. A ter-ça parte dos anjos que o segui foi expulsa do “Monte Santo de Deus”, e habitaram

Estudos Bíblicos 34

as regiões celestiais. Isso será assim, até aquele dia da grande batalha que será travada nos céus, conforme Ap.12:3-9. Mas, em que momento ocorreu a rebe-lião de Satanás? O momento exato não está revelado nas Escrituras, mas o Se-nhor Jesus nos diz, em Jo.8:44, que ele peca desde o princípio. b) A Origem do Pecado para o Homem:

A narrativa de Gn.3 nos ensina que o pecado surgiu para a humanidade pela transgressão de Adão e Eva. Com seu ato de desobediência a Deus, o homem pas-sou a ser escravo do pecado e da morte, e “a morte passou a todos os homens, por que todos pecaram” (Rm.5:12). Adão pecou e como pai da raça humana tor-nou-se seu representante, transmitindo a todos os seus descendentes a sua “na-tureza pecaminosa” e, portanto, a culpa do pecado é contabilizada para todos os que descendem dele, estando todos sujeitos à morte e escravizados pelo pe-cado (Jo.8:32-36). Deus considera todos os homens pecadores à semelhança de Adão e providenciou a salvação unica-mente por meio do Senhor Jesus Cristo (Rm.3:10-18,23; 5:14-21). c) O Caráter Essencial do Pecado:

A essência do pecado do homem está no fato de que ele se colocou em oposi-ção a Deus e O desobedeceu. Recusou-se a se sujeitar à vontade de Deus de modo que Deus determinasse o curso da sua vida, vivesse em inteira dependência de Deus e nEle confiasse. No entanto, o ho-mem creu na mentira de Satanás, deso-bedeceu a Deus e ensoberbeceu-se.d) O Pecado Tem Caráter Absoluto:

Não há condição neutra entre o bem e o mal. As Escrituras não ensinam ne-nhuma posição de que o pecado pode conviver com a Santidade de Deus. Ou o homem será “árvore boa”, ou será “árvo-

re má”; ou será “filho de Deus”, ou “filho do diabo”. Não há um estado interme-diário, um meio termo. Nesse aspecto, não se pode dar “um jeitinho”. (Mt.3:10; 7:17; 12:33; Lc.6:43; 11:23; 13:23-30; Tg.3:11,12).d) O Pecado Tem Caráter Absoluto:

Não há condição neutra entre o bem e o mal. As Escrituras não ensinam ne-nhuma posição de que o pecado pode conviver com a Santidade de Deus. Ou o homem será “árvore boa”, ou será “árvo-re má”; ou será “filho de Deus”, ou “filho do diabo”. Não há um estado interme-diário, um meio termo. Nesse aspecto, não se pode dar “um jeitinho”. (Mt.3:10; 7:17; 12:33; Lc.6:43; 11:23; 13:23-30; Tg.3:11,12

3. Deus sabia que o homem haveria de pecar?

Evidentemente, Deus sabia que o ho-mem haveria de pecar, pois Ele é onis-ciente. Porém, isto não é a mesma coisa que dizer que o homem foi abandonado ao pecado por Deus. O pecado já existia antes mesmo da queda, e quando o ho-mem o abraçou não o fez como se essa fosse a única opção que tinha. Pecar, ou não pecar, era uma escolha do homem. Toda a situação era favorável a Adão, mas, assim mesmo, ele desobedeceu ao Senhor.

Deus não fez o homem para pecar. Porém, diferentemente dos animais, que seguem apenas seus instintos, Deus con-cedeu ao homem a dádiva do livre arbí-trio, isto é, deu-lhe a capacidade de esco-lher entre o certo e o errado (Gn.1:26-30; 2:16,17), porque não pode existir criatu-ra moral, sem capacidade de escolha. En-tretanto, de modo algum Deus desejou que o homem pecasse, visto que “Deus

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não pode ser tentado pelo mal, e a nin-guém tenta” (Tg.1:13-15).

4. Consequências do pecado:

O homem tornou-se escravo do pe-cado. Ele não pode, pela sua própria vontade, e contra o impulso firme de sua natureza pecaminosa, obedecer a Deus em tudo, por que ele se tor-nou escravo do pecado (Jo.8:34,44; Rm.3:23).

Na verdade, o pecado está no ho-mem, independentemente de sua vontade própria. Ele já nasce pecador, antes mesmo de praticar qualquer ação (Sl.51:5). Por causa do ato de desobedi-ência de Adão, é que todos os que nas-ceram dele pecaram. É uma questão de natureza, e não de livre escolha.

Assim sendo, o caráter pecaminoso no homem determina o seu destino: “a lei do pecado e da morte” (Rm.7:15-21; 8:2).

5. Haverá perdão após a morte?

Não haverá perdão após a morte, para o pecador que não creu em Je-sus, como seu suficiente salvador. A Palavra de Deus afirma, em Jo.3:18: “...mas quem não crer já está condenado; porquanto não creu no nome do Uni-gênito Filho de Deus”. E, também, em Jo.3:36b:”... mas quem não crer no Fi-lho... a ira de Deus sobre ele permane-ce”. Em Hb. 9:27, diz-se que: “...depois da morte, segue-se o juízo”. E ainda, em Mc. 16:l6: “...quem não crer será conde-nado”. Assim, o pecador já está “morto em ofensas e pecados” e no momento da morte física ele entra no mundo in-

visível na mesma condição, conforme se pode perceber claramente na pará-bola do rico e Lázaro (Lc.16:19-31).

6. A morte nas Escrituras:

Como vimos, a morte é a setença de Deus contra o pecado. As Escrituras destacam três aspectos para a morte:

a) a morte espiritual, na qual o ho-mem ainda vive fisicamente, mas está separado (morto) de Deus (Rm.3:23; Ef.2:1; 1Tm.5:6);

b) a morte física, na qual há a se-paração da alma e espírito, do corpo (Lc.16:22,23; 23:42-46; Hb.9:27);

c) a morte eterna ou a segunda mor-te, na qual ocorre a separação eterna e definitiva de Deus. Então, no dia do juízo final, diante do trono branco e do Juiz de toda a terra, aquele, cujo nome que não for achado escrito no Livro da Vida, receberá a sentença da segunda morte, que é a separação eter-na de Deus. (Mt.25:41,46; Jo.5:28,29; 2 Ts.1:8,9; Ap.21:8).

IV – O cristão e o pecado:

1. É possível o crente pecar? Mt.6:12; 14-15; 18:21-35; I Jo.1:8-2:2.

Para muitos crentes, a descoberta de que, após terem aceitado a Jesus como Salvador, ainda estavam sujeitos ao pecado, foi tão extraordinária quanto o próprio fato de agora saberem que eram novas criaturas.

Que é possível o crente pecar é as-sunto que se salienta em toda a Es-critura. Só no Novo Testamento, há capítulos inteiros, como por exemplo

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Romanos 7 e 8, que mostram o conflito interior do crente entre a natureza divi-na que nele habita, e a natureza humana, mostrando a possibilidade do crente vir a pecar. A diferença está em que o crente recebe a remissão dos pecados, no San-gue de Jesus, o qual é a “propiciação pe-los nossos pecados”, diferentemente do descrente.

2. Qual a causa do pecado do crente?

A Palavra de Deus aponta algumas causas para que isso ocorra:

a) A presença do pecado em nosso corpo mortal (Rm.7:14-25; Tg.1:12-16);

b) amar o sistema mundano, que está sob o domínio de Satanás (I Jo 2:15-17);

c) não andar segundo a Vontade de Deus e direção do Espírito Santo (Gl.5:16-25);

d) falta de oração, vigilância e obe-diência à Palavra de Deus (Mt.26:41; Jo.17:14-17);

e) falta da armadura de Deus (Ef.6:10-15).O crente que relaxa o hábito da oração

e da leitura e estudo da Bíblia, está incor-rendo em sérios riscos espirituais, po-dendo se tornar presa fácil do adversário. Entretanto, não podemos nos esquecer de que, ninguém que afirme ser cristão, vive na prática do pecado (IJo.3:4-6).

3. Quais as consequências do pecado na vida do crente?

Dentre as muitas consequências do pecado na vida do crente, temos:

a) Perda da comunhão com Deus (I Jo 1:5-7);

b) os inimigos encontram oportu-

nidade de blasfemar contra Deus (2 Sm.12:14);

c) morte prematura (At.5:1-11; I Co.11:30; IJo.5:16);

d) causar escândalo e tropeço (Rm.14:13-21; ICo.8:9-13).

4. Como o crente deve tratar o pecado?A bíblia recomenda que o crente deve

reconhecer o seu erro (Sl 51:3); evitá-lo (ITm.5:22; II Co.6:14-18; 7:1); detestá--lo (Jd23); resisti-lo (Tg.4:4-8); confes-sá-lo (IJo.1:9; Tg. 5:16); abandoná-lo (Pv.28:13).

V – CONCLUSÃO:

Em Gn.2:16,17 encontramos a orde-nança de Deus ao homem, cuja trans-gressão trouxe a entrada do pecado e da morte ao mundo. As Escrituras nos afirmam que Deus não pratica o erro (Jó.34:10); que Deus é Santo (Is.6:3); que não há nEle injustiça (Dt.32:4; Sl.89:14); que Ele não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta (Tg.1:13); que Ele aborrece o pecado (Dt.25:16; Sl.5:4; 11:5; Zc.8:17); e que o pecado é de intei-ra responsabilidade de quem o pratica (Ez.18:20; Tg.1:14,15).

Quando Deus criou o homem, criou--o conforme a Sua imagem e semelhan-ça, sem pecado, para que ele vivesse para a glória de Deus. Em Cristo Jesus, Deus providenciou a restauração deste Seu plano original para os que crêem nEle, como o seu único e suficiente Senhor e Salvador.

Você já foi libertado de uma vida es-cravizada pelo pecado? Sua vida agora é dedicada à glória de Deus?

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Estudo 05A

JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

VERSÍCULO BÁSICO: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm.5:1).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira -Is.53; 1 Pe.2:24Terça-feira - Jó 25:4; Rm.3:24; 5:1,2,9,18-21Quarta-feira - Sl.143:2; Rm.8:1,2,31-39Quinta-feira - Sl.32:2; At.13:38,39Sexta-feira - Jo.10:27-29; Ef.2:8,9,14-17 Sábado - Rm.4:6; 2 Co.5:19-21

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I – INTRODUÇÃO:

Estudaremos, a partir desta lição, uma das mais importantes doutrinas da Igre-ja: a doutrina da salvação. Os teólogos a chamam de “soteriologia”, que é a parte da teologia que estuda a doutrina da sal-vação. A expressão soteriologia vem do grego sõteria, que significa “salvar”; “salva-dor” ou “libertador” encontrada em textos como: Lc.2:11; Ef.1:13; Hb.7:25).

Quase a totalidade dos grupos religio-sos atuais, não pregam a certeza de sal-vação. Alguns sequer cogitam disso, nem crêem na possibilidade da salvação, como os espíritas, por exemplo. Já os católicos romanos pensam que a salvação só é pos-sível com o concurso das obras, e ninguém (senão Deus) pode saber quem é salvo, ou não. Por isso, praticam missas em sufrágio das almas, acrescidas das indulgências, vo-tos e penitências aos santos, na tentativa de “colaborar com Deus” para a salvação de seus entes queridos falecidos.

Entre os evangélicos, há os que defen-dem a predestinação determinista, isto é, Deus já teria determinado os que serão salvos e perdidos, independetemente de qualquer atitude ou manifestação da von-tade deles. Por outro lado, há quem ensine a perda da salvação, ou seja, a salvação es-taria condicionada a certos pré-requisitos que, se não cumpridos, sujeitaria ao trans-gressor à perda da salvação. Há, ainda, os que anunciam o evangelho da prosperi-dade, do “aqui e agora” e, nem ao menos falam em salvação, estando mais interes-sados em lucros, domínio, posição eclesi-ástica e outros assuntos.

A Igreja de Cristo no Brasil crê, à seme-lhança de grande parte das igrejas evan-gélicas tradicionais, no que a Palavra de Deus ensina, a qual nos mostra, com ab-soluta clareza, que se alguém é salvo, está salvo para sempre, conforme Jo.10:27-30;

Rm.5:1-2; 8:1-2, 31-39; 1Jo.5:1-13.Não há como aceitar a perda da salva-

ção, à luz das Escrituras. As decisões e pro-pósitos divinos são imutáveis (Rm.11:29). Deus não está sujeito às incertezas do pro-ceder humano, e tão pouco age diante de méritos humanos.

II – A DOUTRINA DA SALVAÇÃO:

Adotaremos aqui a mesma divisão uti-lizada por Myer Pearlman, em seu livro “Conhecendo as Doutrinas da Bíblia”, para o estudo da doutrina da salvação. Ela a subdividiu em três aspectos: justificação, regeneração e santificação, como partes integrantes e inseparáveis de uma mesma verdade.

1. Justificação - é o ato de Deus pelo qual Ele declara justo aquele que crê em Jesus Cristo. O homem, que era culpado e condenado perante Deus, agora é absol-vido e declarado justo pelo próprio Deus (justificado), por meio de Jesus Cristo (Rm.5:1). Nos que estão em Cristo, a jus-tiça de Deus é manifestada (2Co.5:21) e por Ele obtemos o perdão dos pecados (Ef.1:7).

2. Regeneração e Adoção – regenerar significa gerar de novo. O homem, morto em transgressões e ofensas, precisa de uma nova vida em Cristo, sendo esta concedi-da pelo ato divino do novo nascimento (Jo.1:12,13; 3:3-5). Sugere uma cena fami-liar. O crente é um com Cristo, em virtude de sua morte expiatória e do Seu Espírito vivificante. Nele somos feitos novas cria-turas, com uma nova vida (2Co.5:17). O novo homem, em Cristo, torna-se her-deiro de Deus e membro de Sua família (Rm.8:14-17).

3. Santificação – a salvação é um pro-cesso que se inicia na conversão e termina na ressurreição de nossos corpos, na dia da vinda do Senhor Jesus Cristo. Assim,

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a “santificação”, como parte da salvação, está relacionada à separação da proprie-dade exclusiva de Deus (que somos nós) para uma vida que O glorifique (Rm.12:1-2). Tendo paz com Deus, e tendo recebi-do uma nova vida, o novo homem, des-sa hora em diante, dedica-se ao serviço de Deus. Comprado por elevado preço (1Pe.1:14-19), já não é dono de si mesmo; não mais vive na prática do pecado, mas serve a Deus de dia e de noite (Lc.2:37). Tal pessoa é santificada por Deus e, por sua própria vontade, entrega-se a Ele para viver em santificação e em novidade de vida. Somos santificados (1Co.1:2), e Ele é feito para nós santificação (1Co.1:30). Ele é o autor da salvação eterna (Hb.12:2).

O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com Deus, foi ado-tada na família divina, e agora dedica-se a servi-Lo. Em outras palavras, sua experi-ência da salvação, ou seu estado de graça, consiste em “justificação, regeneração, adoção e santificação. Sendo justificado, ele pertence aos justos; sendo regenerado, ele é filho de Deus; sendo santificado, ele é santo, literalmente uma pessoa santa” Hb. 12:14.

III – SALVAÇÃO NECESSITADA:

Por que falamos de salvação? Será que todo homem necessita de salvação? A ne-cessidade da salvação do homem vinda da parte de Deus se deve a dois fatos que cada pessoa tem que enfrentar:

a) O fato da pecaminosidade do ho-mem (Rm.3:23) - todo homem é pecador (Sl.51:5; 1Jo.1:8-10);

b) Deus é justo e santo (Sl.89:14; 36:6) - Deus condena o pecado, sendo Ele mes-mo Juiz contra todos aqueles que morrem em seus pecados (Jo.3:36); a sentença é o afastamento eterno da sua presença

(Jo.8:21-24; Ap.20:11-15). A Bíblia é muito clara sobre este fato: O

homem está perdido e precisa ser achado (Lc.19:10); está condenado e precisa de absolvição (Is.53:6); está espiritualmente morto e precisa de vida (Ef.2:1); está em trevas e necessita de luz (Jo.1:4,5,9); está doente e necessita de médico (Mt.9:12); é culpado e necessita de justificação (Rm.3:21-23); é pecador e necessita de perdão (Rm.5:12-19); é um escravo e precisa de libertação (Jo.8:32); é abso-lutamente incapaz de salvar a si mesmo (Is.64:6).

IV – SALVAÇÃO PROVIDENCIADA:

Deus tomou a iniciativa na salvação do pecador. Foi Ele quem providenciou o meio para que o pecador se aproximasse dele (Jo.3:16; 16:8; Rm.10:8-17; Ef.2:8,9); a Graça nos foi concedida pelo Senhor e até a fé salvadora, vem pelo ouvir, o ou-vir a Palavra de Deus (Jo.1:16-17; Ef. 4:7; Rm.10:17).

1. Cristo veio para ser o salvador (Mt.1:21):

O Unigênito do Pai se fez carne a fim de providenciar a salvação da humanida-de (Jo.1:1,14; 3:16,17).

2. A vida, morte e ressurreição de Cristo, satisfizeram plenamente todas as exigências de Deus Pai (ICo.15:14; Rm.4:25).

Deus demonstrou sua plena aceitação do sacrifício de Cristo, pelo fato de res-suscitá-lo dentre os mortos e assentá-lo à sua destra, acima de todo o poder e auto-ridade (At.5:31,32; Fp.2:8-11; Hb.1:3, 13; 8:1; 10:12; 12:12).

Quando Cristo, voluntariamente, foi a cruz, morreu como sacrifício (oferta) de substituição em favor dos pecadores. O castigo de Deus contra o pecado caiu so-

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bre Ele (Is.53; Rm.5:6-11; 1Pe.2:24), satis-fazendo toda a justiça divina. Agora, Deus Pai não aceita outro mediador, entre Ele e os homens (At.4:12; ITm.2:5).

O que deve fazer então o homem ago-ra? A resposta se encontra em At.16:30,31, onde se pergunta: “o que devo fazer para ser salvo”? Cuja resposta foi: “Crê no Se-nhor Jesus Cristo e serás salvo...”!

V – SALVAÇÃO ACEITA:

Aceitar a salvação gratuita de Deus, o favor imerecido, é preciso:

1. Arrepender-se de seus pecados (Mc.1:15; Lc.13:3; At.2:37,38).

O arrependimento consiste em uma mudança de direção, uma mudança de atitude com relação ao pecado, mudança de comportamento, mudança de coração e mente (2 Co.7:10). A indiferença do pe-cador é substituída por um desejo sincero de salvação; a sua auto-suficiência, por uma franca confissão de incapacidade espiritual; o seu orgulho, por humildade.

2. Crer em Jesus Cristo, como seu úni-co e suficiente Salvador (Ef.1:13;2:8-9; 1Jo.5:9-12; Mc.1:15; 16:15,16).

Crer no testemunho de Deus com respeito à pessoa e obra de seu Filho (1Jo.5:9-13). Sendo um pecador, culpa-do e perdido, ele deve crer no fato de que Cristo morreu por ele, levou os seus pecados, tomou o seu lugar na cruz, re-alizou uma obra perfeita, fazendo tudo o que era necessário para a sua salvação. (Hb.10:10,14-20; 1Jo. 5:13).

3. Confessar a Jesus Cristo como Se-nhor e Salvador de sua vida (Rm.10:9,10).

Este é um passo importante e decisi-vo, por que é um ato definido de vonta-de. Como saber se alguém creu, ou não,

em Jesus? Se alguém não crer nele, como irá confessá-lo? Confessá-lo como úni-co e suficiente Salvador e Senhor de sua vida, significa entregar-se totalmente a Ele. Crer, neste caso, também é obedecer (Mt.7:21-29; Lc.6:46; 1Jo.2:4; At.16:30,31).

VI – A CERTEZA DE SALVAÇÃO:

Como posso ter certeza de salvação? Resposta: Deus o declarou expressamente pela Sua Palavra! Ele afirma clara e cate-goricamente que toda pessoa que confia sua vida a Cristo, é perdoada e salva, rece-be a vida eterna e está segura para sempre (Jo.3:16; 5:24; 10:27-30; Rm.8:1-2, 31-39; 10:9,10).

VII - SALVAÇÃO ETERNA:

A salvação do crente genuíno é um ato irrevogável! uma vez salvo, salvo para sempre! uma vez filho de Deus, é filho para sempre, e não bastardo (Jo.1:11-13; Rm.11:29; Hb.12:6-8; 1Jo.3:1,2).

A doutrina da salvação eterna do crente genuíno tira o medo e a dúvida do coração do homem, infundindo nele a confiança e a esperança; elimina os nocivos “ventos de doutrina”, fornecendo-lhe a segurança e fortaleza no conhecimento da verdade.

Leiamos alguns textos bíblicos que nos ensinam a segurança eterna do cristão:

1. “O qual também nos selou e nos deu como penhor o Espírito em nossos cora-ções” (2Co.1:22). Deus, em Jesus Cristo, nos deu do seu Espírito (v.21). O ato de selar é uma forma de segurança contra a abertura de documentos. Assim, os que estão em Cristo, têm este selo do Espírito Santo que garante a sua propriedade di-vina. Seu destino final é a nossa morada nos céus (Dn.6:17; Ef.1:13-14). A palavra “penhor” significa “garantia; segurança” (2 Co.5:5; Ef 1:14), isto é, garantia de tudo

Estudos Bíblicos 41

quanto está envolvido na salvação. Pelo selo do Espírito Santo, no espírito e alma do homem regenerado, há uma transfor-mação interior, mudando-o “de um ímpio pecador, em um santo adorador”. Ele ga-rantiu possessão final e completa de tudo o que a vida eterna significa.

2. “Porque eu sei em quem tenho crido e estou bem certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia”. 2 Tm. 1:12. O apóstolo está convicto, não tem dúvidas, não tem receio, tem fé! Sabe que Ele é poderoso e tem toda autorida-de nos céus e na terra (Mt.28:18). A vida que é entregue a Deus está segura em suas mãos. Deus é quem a está guardando e este depósito, ninguém o pode confiscar. A ex-pressão “até aquele dia” é muito séria, e nos faz lembrar das palavras de Jesus aos seus discípulos: “Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus” (Lc. 10:20). Alegrai-vos! é a ordem do Senhor! O que nos resta fazer? Exultar! Portanto, exultem cidadãos do céu! No céu não tem borracha, nem apagadores, nem revisores de texto. Se o seu nome foi escrito no céu, no livro da vida do cordeiro (Ap. 21:27), você já está relacionado como um morador da Nova Jerusalém, e ninguém pode mudar este fato!

VIII - CONCLUSÃO:

A salvação é um Dom de Deus (Ef.2:8) e nos vem pela graça divina. Em relação à justificação, Deus é o Juiz e Cristo é o nos-so advogado de defesa; o pecado do ho-mem é sua frontal desobediência e agravo contra Deus, cuja penalidade é a morte; a expiação no sangue de Jesus é o cumpri-mento da exigência divina expressada em sua Lei, reveladora de Sua justiça e santi-dade; o arrependimento e a fé representam a convicção e aceitação da Obra expiató-

ria de Cristo na cruz, trazendo a remissão dos pecados; o Espírito Santo testifica do perdão concedido, em Cristo, e realiza o novo nascimento; a vida cristã é obediên-cia; e sua perfeição é o cumprimento da lei da justiça, no homem nascido de Deus (Rm.5:1,2).

Deus, através do Espírito Santo, forma em nós a imagem de seu Filho (Rm.8:29). Toda essa realização está muito acima das possibilidades humanas. Tudo nos vem pela graça e méritos de Jesus Cristo (Rm.3:23-28; 6:23; Ef.2:8-10). A Deus de-mos glória! Amém!

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Estudo 06JESUS O ÚNICO

REDENTORVERSÍCULO BÁSICO: “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co.1:30).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Êx.13:2,11-16; Rm.3:24,25; Terça-feira - 1Co.6:20; 15:56,57Quarta-feira - Lc.1:68; 2:38; 1Pe.1:18,19Quinta-feira - Jo.3:14-16; 8:32-36Sexta-feira - 1Tm.2:5,6; Hb.9:22-28Sábado - At.2:24; Ap.1:5;5:2,9

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I – INTRODUÇÃO:

Na lição anterior, iniciamos o estudo da doutrina da salvação. Agora, iremos considerar, mais detidamente, os aspec-tos da doutrina relacionados ao significa-do e à importância da redenção em Cris-to Jesus, segundo a revelação de Deus em sua Palavra.

II – A DOUTRINA DA REDENÇÃO EM CRISTO:

Definida pelo dicionário Aurélio, a pa-lavra resgate é “o ato de livrar do cativeiro, ou de dívida, por meio de pagamento em dinheiro ou outro valor; remir; libertar”. Já a palavra redenção, é definida como sen-do “o ato capaz de livrar ou salvar alguém de situação aflitiva ou perigosa; e, em sen-tido religioso, é a salvação oferecida por Je-sus Cristo na cruz, com ênfase no aspecto da libertação da escravidão do pecado.”

De modo semelhante, a Palavra de Deus nos revela o significado dessas pa-lavras, relacionando-as ao projeto eterno de Deus, em Cristo Jesus. No Antigo Tes-tamento a palavra redimir é tradução de duas palavras hebraicas. A primeira era usada para indicar o pagamento em di-nheiro, exigido por lei, para a redenção dos primogênitos (Êx.13:2,11-16), ou seja, o resgate que isentava aos israelitas da obrigação de que cada primogênito, homem ou animal, fosse separado para Deus (Nm.3:46-49; 18:15ss). A segunda era usada para indicar o livramento de pessoas da servidão (Êx.21:8; Lv.25:47-49). Indicava, ainda, a recuperação de propriedades que houvessem passado para outras mãos (Lv.26:26; Rt.4:4ss), bem como a comutação de um voto (Lv.27:13,15,19,20), ou de um dízimo (Lv.27:31). Em um caso de homicídio,

um parente tinha o direito de redimir (vingar) o sangue da vítima (Nm.5:8; 1Re.16:11).

Um aspecto interessante do significado destas palavras, está relacionado com o ano do jubileu. Quando alguma família perdesse o direito de usufruir de um ter-reno, por causa de dívida, por exemplo, este lhe deveria ser devolvido no ano do jubileu, a cada cinquenta anos (Lv.25:8-17). Para isso, antes desse ano, um pa-rente mais próximo tinha o direito e a responsabilidade de remir a proprieda-de, liquidando a dívida e restaurando-a a seus donos originais (25:23ss). Noemi chamou o filho nascido a Boaz e Rute de Obede (redentor), porque a livrara do opróbrio de não ter herdeiro masculino sobrevivente (Rt.4:14). Todos esses fatos têm relação direta com o Senhor Jesus Cristo. Vejamos, agora, em que, estas ver-dades da Palavra de Deus, se aplicam aos que estão em Cristo:

1. REDENÇÃO DA CULPA PELO PECADO:

Todo pecado envolve culpa, porque, em alguma medida, uma lei ou norma de conduta foi violada (Rm.2:11-15). Ser culpado equivale a merecer a justa puni-ção pelos pecados cometidos (Rm.3:23). Em Lv.4:13; 5:2, lemos que a quebra de qualquer dos mandamentos de Deus, in-corria em culpa. A passagem de Tg.2:10, afirma que quebrar um só mandamento da lei, apesar dos demais estarem sen-do obedecidos, resulta em culpa. Assim sendo, o homem pecador necessita de redenção e resgate, pois se encontra, por sua própria culpa e pecado, submetido ao poder do pecado e da morte.

Os homens, de fato, são escravos do pe-cado, e não podem ser livres, se não houver

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a interferência de alguém a seu favor, que pague o preço de sua dívida pelo pecado, bem como lhe restitua aquilo que ele havia perdido. A Palavra de Deus nos afirma que, somente Jesus tem esse poder (Jo.8:32-36).

Aspecto da salvação da culpa do pe-cado: Deus interveio a favor dos homens para a salvação, por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Jo.4:42; At.5:31; Rm.1:16; Ef.1:13; 1Co.1:21; Fp.3:20; 1Tm.1:15; Hb.2:10; 5:9; 7:25; 1Pe.1:15). A obra redentora de Cristo Jesus, na cruz do Calvário, é perfeita e eficaz, feita uma só vez, para a purificação de nossos pe-cados no seu sangue (1Co.6:20; 1Pe.1:18; 1Jo.1:7; Ap.1:5; 5:9). Desta forma, somos libertos de uma consciência culpada diante de Deus, tendo livre acesso a sua presença (Hb.10:10,14,18-23).

2. REDENÇÃO DA PENA DO PECA-DO:

A morte expiatória de Cristo Jesus na

cruz foi o preço pago pelos nossos peca-dos. Ele assumiu o castigo que deveria cair sobre nós e nos reconciliou com Deus (Is,53:4-10; Rm.3:24-26; 4:25; 5:6-10; 8:1-4; 1Co.6:20; Ef.1:7; Cl.1:14). Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, pagou um alto preço para a nossa redenção, quitando nossa dívida, diante de Deus (Hb.9:27,28).

O Deus Unigênito se fez carne, mor-reu e ressuscitou, vencendo a morte e ao império das trevas e a Satanás. Cristo venceu o pecado e a morte, sendo glo-rificado à direta de Deus Pai (Rm.8:1-4; Ap.1:17,18). E o que é a morte agora para o crente? A própria morte é nossa, diz o apóstolo Paulo, como também nossa são todas as coisas, em Cristo (1Co.3:21-23). Devido ao Bendito Salvador, ter entrado por mim na morte, e também no julga-mento, ele se tornou para mim a reden-

ção da morte (pena), tornando-se assim a minha salvação. O pecado que tem por salário a morte, foi eliminado pela sua própria morte. O julgamento foi sofrido por mim ali na cruz do calvário, quando eu fui “mergulhado” nele (Rm.6:3-6). A vida eterna, não pode ser adquirida pelo esforço do homem, mas precisa ser re-cebida pela fé no doador da vida, isto é, Jesus Cristo (Ef.2:8,9).

3. REDENÇÃO DO DOMÍNIO DO PE-CADO:

Após a experiência do novo nascimen-to, tendo sido “mergulhado” (batizado) em Cristo, em sua morte e ressurreição, tendo sido selado com o Espírito Santo, o novo homem em Cristo passa a ser li-vre do domínio do pecado em sua vida (Rm.6:12-18).

É na prática o domínio do novo homem em Cristo sobre o velho homem adâmico. É a vivência prática, autêntica e verdadeira de um testemunho vivo do novo nascimento, que se processou interiormente, e que se reflete na maneira comportamental de ser, da nova criatura em Cristo, pelo poder do Espírito Santo e da Palavra de Deus, do interior para o exterior do cristão genuíno (Rm.6:1,2,17,18; Gl.2:20; 5:16,24).

A maneira de ser do novo homem em Cristo, revela quem o domina: se a carne ou o Espírito Santo; se o “eu” carnal, ou Cristo. Certamente distingue o verdadei-ro crente, do falso; o “nominal-teórico”, do “genuíno-prático”. Isto só pode ser conhecido pelas nossas ações diárias. Se somos luz e sal da terra, então, os homens “verão” as nossas boas obras e glorifica-rão a Deus (Mt.5:13-16). Sua vida reflete essa verdade bíblica, diante dos homens?

O apóstolo Paulo definiu o verda-

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deiro testemunho cristão, em Ef.4:24 e Rm.12:1-2. O crente fiel, que apresenta o seu corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, separando-se do mundo ímpio e corrompido pelo peca-do, ele, por inteiro, oferece-se em consa-gração ao serviço do seu Senhor, como ressurreto dentre os mortos, no altar da graça (Cl.3:1-17). A vontade de Deus é que a imagem santa de seu Filho seja re-fletida em nossas vidas (2 Co.3:18).

4. REDENÇÃO DA PRESENÇA DO PECADO:

É chamada, também, de “redenção final”, pois ocorrerá quando formos libertado da presença do pecado e da morte física no nosso corpo, o qual será transformado, glorificado e imortalizado, à semelhança do corpo glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo, quando de sua vinda para arrebatar a sua Igreja Triunfante (Rm.8:19-25; 1Co.15:35-58; 1Ts.4:13-18; Fp.3:20,21; 1Jo.3:1-3). Isso é realmente maravilhoso, por que seremos semelhantes ao Senhor Jesus, pois não teremos mais a presença do pecado em nossos corpos, não mais morreremos e seremos glorificados! Será assim mesmo, quando Deus transformará nossos corpos completamente, para nós nos apresentaremos diante dele, com nossos corpos transformados «santos e irre-preensíveis diante dele...”, e não nos en-vergonharmos dele na sua vinda. Leia 1Ts.5:23 e 1Jo.2:28.

5. REDENÇÃO DA MALDIÇÃO DA LEI:

Visto que a redenção livra da servi-

dão ao pecado, seu alcance é tão amplo como o escopo do pecado e do mal a ele inerente. Este livramento envolve, também, a redenção da maldição da lei (Gl.3:10-14), e da exigência da obediên-cia à lei, como um meio de alcançar a salvação (Gl.2:16-19; Fl.3:9).

Observe atentamente o que isso signi-fica, pois não está dito que “o crente não deve guardar a lei” - como muitos acre-ditam e ensinam - mas que “ele não deve obediência à lei, como meio de salvação”. Por acreditarem naquele ensino, muitos têm desprezado a Palavra de Deus, es-pecialmente o Antigo Testamento, por acreditarem que aqueles mandamentos não se aplicam a eles, mas somente aos israelitas. Eis um grande equívoco, que necessita ser esclarecido. Que o Senhor nos ajude a amar a sua Palavra toda - medite em todo o Sl.119; mas, agora, leia apenas os versículos 11, 97, 105 e 160 - nunca desprezando qualquer par-te dela. Em relação a esta compreensão, muito nos auxiliará o estudo profundo das epístolas aos Gálatas, Romanos, Co-lossenses e Hebreus.

Jesus e a Lei (Mt.5:17-20) - De fato, as declarações de Jesus acerca da lei ul-trapassam em muito a teologia judaica comum. Por exemplo: Jesus reconheceu a autoridade vigente da lei de Moisés (Mt.5:17); mas, rejeitou a hipocrisia dos fariseus na observância da mesma lei (Mt.23;23,25,26); recomendou às mul-tidões que fizessem aquilo que era en-sinado pelos escribas e fariseus, embo-ra não devessem praticar as suas obras (Mt.23:1-3); Ele deu o sentido verdadei-ro de interpretação da lei (Mt.5:21ss). A lei do sábado, para exemplificar, ilustra esse ponto: Jesus fazia coisas, nesse dia, que os fariseus condenavam (Mc.2:23,24), pois sua visão era lega-

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lista e orgulhosa, mas Jesus lhes trouxe o verdadeiro sentido do mandamento (2:25-28). Não havia nada de errado com o mandamento (como muitos pensam), mas a interpretação era carnal e pecami-nosa. Quanto um certo indivíduo inda-gou o que teria de fazer, a fim de herdar a vida eterna, Jesus lhe disse: “...guarde os mandamentos”! Essa é a verdade! Não há aqui nenhuma “segunda intenção” de Jesus. Ele está sendo absolutamente sin-cero, e fala exatamente do que sabe ser correto! O interessante no texto, é que o homem acredita que já pratica essa ver-dade! Porém, quando Jesus lhe mostra o verdadeiro sentido da Lei, mandando-lhe vender tudo o que tivesse, para dá-lo aos pobres, e depois vir a Jesus e segui-Lo, o que aconteceu? Ele ficou extremamente decepcionado consigo mesmo! Onde es-tava o problema: na Lei, ou no homem que quer agradar a Deus pela Lei?

Paulo e a Lei - Paulo ensina que a lei é o “aio” (guia) que nos conduz a Cristo. A lei demonstra a justiça de Deus, sen-do, portanto, santa, pura e perfeita. Mas, ao mesmo tempo, revela ao homem sua completa impossibilidade de alcançar aquele padrão divino de justiça, através de seus méritos ou esforços pessoais.

A lei mostra ao homem a sua verda-deira natureza pecaminosa, levando-o a buscar em Cristo, escape do juízo de Deus, porque somente Jesus cumpriu toda a justiça da Lei, concedendo-a, gratuitamente, àqueles que nEle crêem. Ora, sermos livres do juízo de Deus por que haviamos transgredido a sua lei e a sua justiça - o qual foi derrama-do sobre o justo Senhor e Salvador Jesus Cristo, não nos dá o direito de abusar-mos da graça de Deus, ou de desprezar-mos a sua Palavra, sob pretexto de ser-mos “livres da lei”.

O que a Palavra de Deus ensina é que, quem está na carne, não pode, jamais, cumprir a Lei, por causa do pecado; pois a lei é santa, espiritual, justa e boa (Rm.6:14,15), mas o homem sem Cristo é escravo do pecado. Porém, aquele que está em Cristo, já não está mais na carne, mas no Espírito (Rm.8:5-14) e alcançou maior justiça (que é a de Cristo), do que a dos escribas e fariseus.

Agora, o novo homem em Cristo deve andar no Espírito (Gl.5:16), cumprindo a Lei de Cristo (Gl.6:2), através do amor, que é, no final das contas, o próprio cumprimento da Lei de Moisés e de toda a Escritura!!! (Rm.13:8-10; Gl.5:13-15). Vemos, assim, que a lei se cumpre em nós, não para a salvação, mas porque so-mos salvos e amamos a Deus e guarda-mos os seus mandamentos, por meio da-quele que nos amou, o Senhor e Salvador Jesus Cristo e da atuação poderosa de seu Espírito Santo, no homem interior!

O homem não deve, e não pode, bus-car estabelecer a sua justiça pelo cum-primento da lei, pois ele, fatalmente, se colocará debaixo da maldição da lei (Gl.3:10-12). Então, o que era impossí-vel a nós, Cristo fez nos libertando dessa maldição (Gl.3:13,14). Então, o objetivo da lei, que era o de servir de “mestre--guia” ou “aio”, até que Cristo viesse, foi cumprido (Gl.3:21-24). Uma vez unidos a Cristo, pelo novo nascimento, e sendo participantes da justiça de Cristo, o ob-jetivo da lei é cumprido (Gl.3:26,27), e o homem é declarado justo, pela fé em Je-sus Cristo (Rm.10:1-11).

REAFIRMANDO O ENSINO:

1 - Paulo rejeitava qualquer possibili-dade de que a salvação pudesse ser obti-da mediante a guarda da lei, mas somen-

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te pela justificação pela fé, em Cristo Jesus (Rm.3:20-28; 4:13; Gl.3:11).

2 - Não é por causa da lei que o ho-mem não é salvo (Lv.18:5; Gl.3:12), mas porque o homem natural jamais pode-rá cumpri-La, por causa de sua nature-za pecaminosa (Rm.3:20; 7:7,8).

3 - Isso conduz o homem a procurar outra solução, que se encontra na graça divina, em Jesus Cristo (Gl.3:12; Rm.7:11).

4 - A própria lei é boa. Nada há de errado com a qualidade moral da lei (Rm.7:12,14). Mas, apesar da lei mos-trar o que é bom, e condenar o que é mau, ela não tem qualquer poder para ajudar o homem a seguir a bondade e evitar a maldade. O sétimo capítulo de Romanos demonstra isso claramente. O principio do pecado inerente ao ho-mem, é forte demais para ele. Se qui-ser ser salvo, terá de socorrer-se em Cristo e no poder do Espírito Santo (Rm.7:24,25; 8:1ss).

5 – Entretanto, o plano de Deus é que a sua lei se cumpra em nós, que temos sido alcançados pela sua graça e misericórdia (Rm.8:3-17), enalte-cendo o papel singular operado pelo Espírito Santo.

6 - deste modo, o Espírito San-to nos guia à vida de santificação e à prática da Lei de Cristo: que é o amor! Todas as obrigações morais da lei cumprem-se no amor ao próximo (Rm.13:8ss).

7 - Paulo nunca ensinou que a lei dei-xou de existir, ou perdeu qualquer sig-nificado para nós (Rm.3:31). Mas, pelo contrário, vemos que o apóstolo ensina que ela tem seu cumprimento em nós, no amor de Cristo (Rm.13:8-10), se-guindo o exemplo do próprio Senhor Jesus Cristo (Mt.5:17-20). Esse é o pro-pósito de Deus (Jr.31:31-34).

III – A EXPIAÇÃO NO SANGUE DE JESUS CRISTO:

Expiação significa, segundo o dicio-nário Aurélio: “remir (a culpa), cum-prindo uma pena; purificar através de sacrifício; tornar puro, sofrendo as con-sequências disto.” De fato, a obra reden-tora de Cristo está estreitamente ligada à expiação 1Jo.1:7. Sem ela, não haveria salvação! Ela é o único modo pelo qual Deus poderia perdoar o pecador e, ao mesmo tempo, satisfazer a sua justiça. No latim, “expiação” é composta de duas palavras: “ex” (completamente) e “piare” (aplacar; purificar). Segundo Cl.1:20, a expiação produz paz com Deus e reconciliação.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS DA EXPIAÇÃO: A expiação é aplica-da (Rm.5:8-11; 2 Co.5:18,19; Gl.1:4; 1Jo.2:2; 4:10); foi preordenada por Deus (Gn.3:15; Rm 3:25; I Pe.1:11,20; Ap.13:8); ela é universal - veja o pa-rágrafo seguinte- porém, Deus exige que seja concedida somente a todo aquele que crê e for batizado em Jesus (Mt.7:13,14; Mc.16:16; Lc.13:23,24; Jo.3:16-19;5:24-29; At.16:30,31; 1Tm.2:4-6); foi predita (Sl.22; 69:20,21; Is.7:14; 53:4-12; Zc.13:1,7); foi efetuada por CRISTO (Jo.1:29,36; At.4:10,12; 1Ts.1:10; 1Tm.2:5,6; Hb.2:9; 1Pe.2:24); voluntariamente (Sl.40:6-8; Hb.10:5-9; Jo.10:11-18); a Expiação exibe a gra-ça e a misericórdia de Deus (Rm.8:32; Ef.2:4-7; 1Tm.2:4; Hb.2:9); o amor de Deus Pai (Rm.5:8; 1Jo.4:9,10); o amor de Jesus (Jo.15:13; Gl.2:20; Ef 5:2,25).

Em 1Jo.2:2 lemos: “Ele (Jesus) é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo”. Isto significa

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que o sacrifício de Jesus Cristo foi feito por todos, não, porém, que todos tenham sido salvos por ele (o sacrifício). Tanto é verdade, que o próprio Senhor Jesus previu a morte e condenação para mui-tos. A extensão da expiação, da salvação, das bênçãos espirituais, não é universal, mas alcança somente aos que nascerem de novo, tendo sido feitos filhos de Deus (Jo.1:12-14; 3:16-19; 5:24-29; 1Tm.2:4-6). O apóstolo Paulo confirma isto, em 2 Ts.3:2b, dizendo: “...pois a fé não é de todos”. E, Jo.3:36b, diz: “...mas todo aquele que rejeita o Filho não verá a vida, pois sobre ele permanece a ira de Deus”.

A expiação é um ato de Deus, pois Ele apresentou a Jesus para propiciação, pela fé, no seu sangue (Rm.3:25). E, mais adiante, afirma: “porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm.5:6). Lemos em Ef.1:7: “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados”; e, em Ef.5:2: “Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave”. Citamos, ainda: Ef.2:13,16; Cl.1:14,20,22; 1Tm.2:6; Tt.2:14; Hb.9:27; 10:10; 1Pe.1:18,19; Ap.5:9).

IV–JESUS NOSSO REPRESENTANTE E SUBSTITUTO:

Jesus é o nosso substituto porque tomou o nosso lugar, enquanto que, como repre-sentante, Ele agiu (e age) em nosso favor, fazendo-se presente em nosso lugar diante de Deus, visto que não poderíamos compa-recer perante Ele, em defesa própria.

Cristo é o nosso representante diante de Deus. Ele é o cabeça da geração eleita, a geração dos remidos (Rm.5:12ss). É o nosso irmão mais velho, em cuja imagem moral e metafísica estamos sendo trans-formados (Rm.8:29 2Co.3:18). E isso

significa, finalmente, que participaremos plenamente da natureza divina, da mes-ma maneira que Ele veio participar de nossa natureza humana (2 Pe.1:4). Ele tornou-se o representante daquilo que os remidos haverão de ser, mediante a re-denção e a transformação à sua imagem.

Por outro lado, Cristo é o representan-te de Deus Pai, entre os homens (Jo.1:16-18; 8:28,29; 14:9).

Jesus é o nosso substituto. Nele foram satisfeitas as justas exigências de Deus contra o pecado e, por conseguinte, em seu valor supremo, o Senhor Jesus cum-priu toda a justiça de Deus. A “satisfação” dada a Deus pelo sangue de Jesus, se re-veste de valor infinito e imutável. Jesus nos substituiu na cruz do calvário, por-tanto, sejamos gratos a Ele e aceitemos todos, sem demora, esta maravilhosa manifestação do amor de Deus!

V. CONCLUSÃO:

Na redenção, Deus demonstra a sua graça e o seu amor para conosco, tendo dado o seu próprio Filho como preço do resgate de nossas vidas. Esse Plano de Deus é eterno e tem Cristo como centro (Ef.1:4,5; 1Tm.2:5). Ele é a Palavra Eterna, a revelação de Deus para toda criação. Esta revelação inclui a nossa redenção (Jo.1:1-14; Ef.1:3-14); Ele como o único mediador entre Deus e os homens (1Tm.2:5); único Salvador (Jo.3:16; At.4:12); o caminho, a verdade e a vida (João 14:6).

Liberdade! Esse é um dos resulta-dos da redenção, em Cristo (Gl.5:1). Essa liberdade da escravidão do pecado (Rm.6), no entanto, não nos deve condu-zir ao pecado (Gl.5:13), mas à prática da lei de Cristo, que é o amor (Rm.13:8-14; 1Co.9:19-22; Gl.5:14-6:2).

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Estudo 07

JESUS RESSURRETO

VERSÍCULO BÁSICO: “Porque, se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm.10.9)

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Jo.14:6-13; 20:1-29Terça-feira - At.1:9-11; 2:22-36Quarta-feira - Rm.4:22-25; 10:9Quinta-feira - 1Co.15 Sexta-feira - 2 Co.4:14; Ef.2:6; Hb.10:12Sábado - I Tm 2:5; Ap.1:7,17,18

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I – INTRODUÇÃO:

A ressurreição de Jesus Cristo e a sua glorificação à direita de Deus Pai é o pon-to central da doutrina do evangelho. Ela tem implicações eternas para a vida de milhões de pessoas que depositaram a sua fé no Filho de Deus, e que aguardam nEle a sua salvação eterna, pela transformação de seus corpos mortais à semelhança do corpo imaculado do Senhor Jesus Cristo. Sem a ressurreição de Cristo, não haveria nenhuma esperança para o homem.

II – A IMPORTÂNCIA DA RESSUR-REIÇÃO DE CRISTO:

De acordo com as Escrituras, a fé na ressurreição de Cristo é essencial para a salvação (Rm.10:9,10). a) É a doutrina fundamental do cristianismo (1 Co.15). O apóstolo Paulo nos mostra que a pregação do evangelho depende da certeza desta doutrina (v.14); sem ela a fé é vã (v.14); os apóstolos seriam falsas testemunhas (v.15); os cristãos permaneceriam em seus pecados (v.17); os que dormiram em Cris-to pereceriam (v.18); os cristãos seriam os mais infelizes de todos os homens (v.19). No livro de Atos dos Apóstolos encontra-mos relatos de pregações dos apóstolos e discípulos do Senhor, os quais enfatizavam a importância da ressurreição (At.2:24,32; 3:15,26; 4:10; 10:40; 13:30-37; 17:31). Nas epístolas também encontraremos a mes-ma ênfase (Rm.4:24,25; 6:4-7; 7:4; 8:11; 10:9; I Co.6:14; II Co.4:14; Gl.1:1; Ef.1:20; Cl.2:12; I Ts.1:10; II Tm.2:8; I Pe.1:21). b) É fundamental para a salvação. Por causa do perdão dos pecados (1Co.15:17); da justificação (Rm.4:25; 8:32-34); da nos-sa esperança (ICo.15:19); da eficácia da pregação (1Co.15:14); da eficácia da fé

(1Co.15:14,17); da nossa ressurreição em corpos gloriosos, tendo sido feitos parti-cipantes da natureza divina (1Co.15:49-57; 1Jo.3:2); para provar que Ele é o Filho de Deus (Sl.2:7; At 13:33; Rm.1:4). Deus ressuscitou ao Senhor Jesus Cristo dentre os mortos e O exaltou à Sua direita nos céus, para que Ele fosse o cabeça da Igre-ja (Ef.1:19-23); o Senhor de todas as coi-sas, nos céus, na terra e debaixo da terra (Fp.2:9-11); para conceder o Espírito San-to aos que nEle cressem (Jo.1:33; 15:26; 16:7; At.2:32,33); a remissão dos pecados (At.5:31); os dons ministeriais à Igreja (Ef.4:8-13); Ele ressurgiu para que fôsse-mos aperfeiçoados nEle para a salvação (Rm.5:8-10). Essa confissão não consiste de mera aceitação do fato histórico da res-surreição. Os soldados que estavam guar-dando o túmulo de Jesus creram nessa realidade - ainda que, mentindo, a negas-sem posteriormente - mas nem por isso se converteram. É evidente, pois, que a salva-ção nada tem a ver com formulas verbais e doutrinárias. Ela vem da expressa con-fissão verbal de um coração sincero que creu na mensagem do evangelho; c) para os santos ela significa que eles são gerados para uma viva esperança (1Pe.3:21); que desejam conhecer o seu poder (Fp.3:10); que ressuscitarão à semelhança de Cristo (Rm.6:5; 1Co.15:49; Fp.3:21); e que é o emblema do novo nascimento (Rm.6:4; Cl.2:12).

III – A RESSURREIÇÃO FOI PREVIS-TA NAS ESCRITURAS E COMPROVA-DA PELA HISTÓRIA:

A ressurreição de Jesus Cristo é o gran-de alicerce histórico da Igreja Cristã, sen-do o elemento do qual se origina uma das principais diferenças da doutrina cristã, quando contrastada com outras religiões,

Estudos Bíblicos 53

cujos fundadores jamais puderam prever quando morreriam e que ao terceiro dia ressuscitariam, nem puderam se apresen-tar aos seus discípulos, como ressurretos dentre os mortos e, após inúmeras provas de suas ressurreições, serem glorificados à direita de Deus, o qual testificasse desse fato! O único foi o Senhor Jesus!

Os quatro evangelhos testificam desse fato (Mt.28; Mc.16; Lc.24; Jo.20). Paulo afirma que mais de quinhentos irmãos ti-nham visto Jesus, após a sua ressurreição (I Co.15:6). Teria sido fácil verificar o tes-temunho dessa gente, quando Paulo fez tal declaração.

As Escrituras, também, previram esse notável acontecimento: a) foi predito pelos profetas (Sl.16:10; At.2:22-36;13:34,35). Foi tipificada no sacrifício de Isaque (Gn.22:13; Hb.11:19); em Jonas (Jn.2:10; Mt.12:40); b) prevista pelo próprio Senhor Jesus (Mt.20:17-19; Mc.9:9,10; 14:28; Jo.2:19-22); c) O Senhor Jesus deu muitas provas infalíveis de sua ressurreição (Mt.28:110; Lc.24:35-43; Jo.20:20,27; 21:4-25; At.1:3,6-11); d) A ressurreição foi confirmada pe-los anjos (Mt.28:5-7; Lc.24:4-7, 23); pelos apóstolos (At.1:22; 2:32; 3:15; 4:33); pelos seus inimigos (Mt.28:11-15); pelos após-tolos (At.25:19; 26:23); e) ela foi efetuada pelo poder de Deus (At.2:24; 3:15; Rm.8:11; Ef.1:20); pelo Seu próprio poder (Jo.2:19-21; 10:17,18; 11:25-26); pelo poder do Es-pírito Santo (I Pe.3:18); no primeiro dia da semana (Mc.16:9); no terceiro dia após a sua morte (Lc.24:46; At.10:40-41; I Co 15:4).

IV - A RESSURREIÇÃO NA PREGA-ÇÃO DA IGREJA:

Em At.2:24, o apóstolo Pedro testifica, dizendo: “ao qual (Jesus) Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não

era possível que fosse retido por ela”. Era impossível pelo fato de ser Ele o Filho de Deus e, na qualidade de Filho do homem, foi-lhe outorgada a verdadeira imortalida-de por parte de Deus Pai (Jo.5:25-27; 6:57; 11:25,26). Eis a nossa esperança! O mes-mo tipo de vida é prometido a todos os que estão nEle. Por conseguinte, também é impossível que a morte possa reter qual-quer remido pelo sangue do Senhor Jesus, porquanto todos eles são verdadeiramente filhos de Deus.

Também, era impossível essa retenção de Cristo pela morte, pois Ele era o Ver-bo de Deus encarnado, Ele é o Príncipe da Vida, o Pai da Eternidade, razão pela qual a morte não poderia jamais caracterizá-lo (Is.9:6; Jo.1:1-5). Porquanto era da vontade do Pai que Ele ressurgisse dentre os mortos, como prova completa da autenticação de Sua Pessoa e de Sua missão divina, salien-tando o fato de ser Ele as primícias dos que dormem, mas que, finalmente, haverão de ressuscitar triunfalmente (1Co.15:19-21).

Jesus Cristo nunca pecou e, portanto, não podia ser retido pela morte, mas, pelo sacrifício de Si mesmo aniquilou o que ti-nha o império da morte, isto é, o Diabo (Hb.2:9-15; 4:14,15).

V – CONSEQUÊNCIAS TEOLÓGICAS DA DOUTRINA DA RESSURREIÇÃO:

1) A ressurreição de Cristo o confirmou como o Senhor da vida. Ele é Aquele que tem a vida em Si mesmo, e pode concedê--la a quem quer;

2) A ressurreição de Cristo declarou a sua divindade, conforme Rm.1:4;

3) A salvação em sua inteireza, do prin-cípio ao fim, depende da ressurreição de Cristo. A justificação é garantida nela (Rm.4:25). Mas, agora, a vida depende

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da «vida que nos foi dada, através da res-surreição de Cristo». Podem os remidos, compartilhar de sua vida eterna (Rm.5:10; 1Co.15:12,17,20).

4) Fomos regenerados para uma viva es-perança: a conversão original, a regenera-ção, a transformação progressiva segundo a imagem de Cristo, haverão de ser com-partilhadas por nós, mediante a graça de Deus em Cristo (Jo.5:25,26; 6:57; 2Co.4:14; 1Pe.1:3,4).

5) Devido a ressurreição de Cristo, O corpo dos remidos ressurrectos não se-rão compostos dessa carne e sangue, visto que “a carne e sangue não podem herdar o reino de Deus” (ICo.15:50). Antes, será semelhante ao corpo de Cristo (Fp.3:21; 1Jo.3:2).

VI – A RESSURREIÇÃO DO SENHOR JESUS CRISTO:

Ladd, em Teologia do Novo Testamento, sugere a seguinte ordem dos acontecimen-tos, baseando-se em Mt.28.1-20; Mc.16.1-8; Lc.24.1-53; Jo.20.1-21.25:

1) As mulheres: Maria Madalena, Maria mãe de Salomé, Maria mãe de Tiago, Joana e “outra Maria” dirigiram-se ao sepulcro, no domingo de madrugada, levando espe-ciarias para ungir o corpo de Jesus;

2) pouco antes, descera um anjo de Deus (ou anjos) e removera a pedra do sepulcro, causando grande temor entre os guardas, que caem como mortos. Houve um terre-moto e eles fugiram;

3) pouco depois disso, chegaram as mu-lheres. Elas encontram a pedra revolvida. Dois anjos falaram com elas a respeito da ressurreição de Jesus, e mandam-lhes compartilhá-la com os apóstolos e discípu-los, e dizer-lhes que Ele iria adiante deles

para a Galiléia;4) Pedro e João, ao receberem a notícia,

vão ao túmulo e nada encontram, a não ser os lençóis enrolados;

5) Pedro e João examinam o túmulo e vão embora (Jo.20:11-18);

6) Maria Madalena volta à cena da res-surreição, chorando, ainda duvidosa; então vê os dois anjos e o próprio Senhor Jesus (Jo.20:11-18). Em seguida, Maria Mada-lena vai contar tudo aos outros discípulos;

7) Maria, mãe de Tiago, retornou com as outras mulheres ao sepulcro; as mulheres vêem os dois anjos (Lc.24:4,5; Mc.16:5), e ao receberem a mensagem angelical saem à procura dos discípulos, mas ao encontro delas sai o próprio Senhor Jesus (Mt.28:8-10);

8) Jesus aparece aos dez apóstolos (Tomé não estava) e aos discípulos, dentro da casa onde eles estavam;

9) Jesus aparece aos dois discípulos no caminho de Emaús e entra em sua casa. Após dar graças pelo alimento, desaparece. Eles, deixando tudo, correm à Jerusalém para avisá-los aos apóstolos

10) Oito dias depois, Jesus reaparece aos discípulos, estando Tomé entre eles, que o adora como Deus e Senhor;

11) Jesus aparece aos apóstolos, junto ao mar da Galiléia, em Tiberíades;

12) A grande comissão;13) a ascensão, próximo à Betânia.

As tradições que envolvem a ressurrei-ção, até mesmo aquelas preservadas nos evangelhos sinópticos, diferem muito quanto à ordem das manifestações e ao seu número. Mas, são unânimes na narrativa do grande fato da ressurreição.

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VII – A ASCENSÃO DE CRISTO (AT.1:6-11):

Esta breve seção é a principal fonte in-formativa sobre esse acontecimento funda-mental da fé cristã. O evangelho de Lucas encerra essa mesma narrativa, em forma abreviada (Lc.24:49-51). Mas, o que ela representa?

Como Filho do Homem, o Senhor Jesus Cristo venceu todas as coisas e assentou--se à direita do Pai. Ninguém, senão Ele só, tem esse direito. A maravilha está em que Ele deseja compartilhar isto com seus irmãos!. Somos feitos filhos de Deus, por adoção, para que tenhamos acesso a esta graça. Brevemente, Ele virá nos arrebatar para Si mesmo, a fim de que onde Ele este-ja, estejamos nós também (Jo.14:1-4).

A ascensão significou para Cristo, como Filho do homem, ser glorificado à direita do Pai (Jo.17:1-5), não somente no que diz respeito à sua posição, acima de todo principado e potestade (Ef.1:20-23), mas também no tocante à real transformação de seu próprio ser, que nunca mais experi-mentará a morte (Rm.6:9,10; Ap.1:17,18).

A ascensão foi uma prova mais de suas reivindicações messiânicas, porquanto so-mente o grande Sumo-Sacerdote, que era o Logos eterno, poderia ter entrado assim até à própria presença de Deus Pai, tendo ele recebido esta exaltação (Hb.7:21-8:2; 9:11-28).

A ascensão assinalou a inauguração do ofício de Cristo, como o único mediador, entre Deus e os homens (Rm.8; 1Tm.2:5,6).

A ascensão era necessária como condi-ção da descida do Espírito Santo para estar na Igreja (Jo.16:7; At.1:4,8,9; 2:1-4).

A ascensão é a garantia de nossa participa-ção na glória do Pai, tal como a Sua ressur-reição é garantia de nossa participação em

sua vida ressurrecta. Nele, fomos feitos par-ticipantes de todas essas coisas e, finalmente, iremos para onde ELE entrou como nosso precursor. Participaremos da mesma trans-formação e da mesma vida que Ele desfruta atualmente. (Ef.1:19-23; 2Co.3:18; Cl.2:8,9).

Agora, Cristo está assentado à mão direita de Deus, até que todos os seus inimigos lhe fiquem sujeitos (Sl.110:1; 1Co.15:27,28; Fp.2:9-11). Ele está à direita do Pai para, finalmente, dar entrada aos re-midos, por igual modo. Hb.2:12-13; 6:16-20; 7:1-28.

VIII – JESUS CRISTO: O ÚNICO ME-DIADOR ENTRE DEUS E OS HOMENS:

Jesus é o Sumo-Sacerdote, segundo a or-dem de Melquisedeque (Hb.6:19,20), que intercede pelos pecadores (Is.53:12); pela Igreja (Jo.7:9; Rm.8:34; Hb.7:25).

Nas passagens de Lv.9; Hb.5:1-4; 7:25 encontramos as principais características do ofício sacerdotal, as quais destacamos a seguir:

a) sacerdote é tomado dentre os homens para ser o seu representante;

b) Ele é constituído por Deus, con-forme o versículo Hb.5:4;

c ) Ele age como mediador entre Deus e os homens, buscando os interes-ses dos homens nas coisas pertencentes a Deus;

d) Sua tarefa especial consiste em oferecer a Deus sacrifícios pelos pecados;

e ) Ele fazia intercessão pelo povo e os abençoava, conforme Lv.9:22.

A Palavra de Deus, ainda no Velho Tes-

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tamento, prediz e apresenta o Sacerdote Eterno e o Sacerdócio do Redentor que haveria de vir. Há claras referências a isto em Gn.14:18-20; Sl.110; Zc.6:13. Cristo Jesus é o Sacerdote Eterno, segundo a or-dem de Melquisedeque.

No Novo Testamento, há várias pas-sagens que se referem à Obra sacerdotal de Cristo Jesus, mas somente na epístola aos Hebreus é que encontramos uma ex-posição mais clara e completa sobre este importantíssimo tema. Ele o nosso único, verdadeiro, eterno e perfeito Sumo-Sacer-dote, constituído por Deus, que assumiu, substitutivamente, o nosso lugar e, pelo sacrifício de Si mesmo, obteve uma perfei-ta redenção (Rm.3:24,25; 5:6-8; 1Co.5:7; 15:3; Ef.5:2; Hb.3:1; 4:14; 5:1-10; 6:19,20; 7:1-28; 8:1-13; 9:11-15, 24-28; 10:11-14; I Jo.2:2; 4:10).

A OBRA SACRIFICIAL DE CRISTO JE-SUS TEM OS SEGUINTES ASPECTOS PRINCIPAIS:

1) Possui natureza expiatória e substituti-va:

As Sagradas Escrituras testificam o fato de que os sacrifícios de animais, insti-tuídos na Lei dada a Moisés, como nas ofertas pelo pecado e pelas transgressões, tinham o caráter expiatório (Lv.1:4; 4:29-35; 5:10): no ato da imposição de mãos que simbolizava a transferência do pe-cado e da culpa, para a vítima, como em Lv.16:21,22; no derramamento e aspersão do sangue sobre o Altar de Bronze (pelos sacerdotes levitas) e sobre o Propiciatório (pelo Sumo-Sacerdote uma vez ao ano, no Dia da Expiação), como em Lv.16 e 17; no perdão das ofensas cometidas daquele que trazia sua oferta pelos pecados: Lv.4:26-

31.

2) Possui Natureza Profética: Os sacrifícios ordenados por Deus ti-

nham um caráter profético, e se destina-vam a prefigurar os sofrimentos vicários do Senhor Jesus Cristo e a Sua morte ex-piatória na cruz. No Salmo 40:6-8, o Mes-sias é apresentado como aquele que subs-titui os sacrifícios previstos na Lei, pelo Seu próprio Sacrifício, conforme consta-tamos ao lermos Hb.10:5-10.

Há claras indicações no Novo Testa-mento de que os sacrifícios previstos na Lei prefiguravam Cristo e Seu sacrifício vicário, como em Hb.9:19-24; 10:1; 13:10-13. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo.1:29), em cumpri-mento a Êx.12 e Is.53; Ele é o “Cordeiro sem defeito e sem mácula” (IPe.1:19); e “nosso Cordeiro Pascal”, que foi imolado por nós (I Co.5:7).

3) Seu Propósito:

Os sacrifícios previstos na Lei não po-diam expiar os pecados, mas eram figuras do verdadeiro sacrifício vicário de Cristo, ainda por vir (Hb.9:1-14). Em Hb.10, le-mos que aqueles sacrifícios não podiam aperfeiçoar o ofertante (v.1); não podiam remover pecados (v.4). Na verdade, eles somente tinham significação real de sal-vação para Deus, quando realizados com verdadeira fé e arrependimento, na medi-da em que levavam a atenção do ofertante a fixar-se no Redentor vindouro e na Re-denção prometida.

Importante é compreender que Cristo é o Sumo Sacerdote, não somente terreno, mas também, e especialmente, celestial. Ele é, mesmo quando assentado à destra

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de Deus, com majestade celeste, “minis-tro do santuário e do verdadeiro taberná-culo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb.8:2).

Em Hb.8:5, lemos: “...como Moisés foi divinamente avisado, estando já para aca-bar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se mostrou”. Ele é o Sacerdote verdadeiro (o Sacerdote segundo a ordem de Melqui-sedeque - Hb.5:1-11); o Sumo-Sacerdote de fato e de direito, conforme o Decreto irrevogável de Deus Pai (Sl.110:4); a servir no verdadeiro santuário, do qual o taber-náculo de Israel era apenas uma sombra imperfeita (e transitória). Ele exerce o Su-mo-Sacerdócio diante do Trono de Deus, no Tabernáculo não feito por mãos huma-nas, apresentando-se a Si Mesmo, pelos que nEle crêem, como Sacrifício Vivo e Eterno, ao PAI. Assim sendo, Ele é nosso intercessor junto ao Pai (Sl.110:5).

Cristo, como o nosso Advogado, in-tercede por nós junto ao Pai e contra Sa-tanás, o nosso acusador - Hb.7:25; 1Jo.2:1; Ap.12:10. Outros textos neotestamentários que falam da obra intercessória do Se-nhor Jesus Cristo acham-se em Rm.8:24; Hb.7:25; 9:24.

4) A natureza da Obra intercessória de Cristo:

É impossível dissociar a obra intercessória de Cristo de Seu sacrifício expiatório na cruz. Este é apenas um aspecto da obra sacerdotal de Cristo. No entanto, como afirma L.Berkhof:

«A essência da Intercessão é a Expiação de Cristo. A Expiação é real - um sacrifício e uma oferta reais, e não um mero sofri-mento passivo - porque, em sua própria na-tureza, é uma intercessão ativa e infalível;

ao passo que, por outro lado, a Intercessão é uma Intercessão judicial, representativa e sacerdotal, e não uma mera influência a favor de alguém - porque é essencial que haja Expiação, ou seja, uma oblação subs-titutiva, feita uma vez por todas no Cal-vário, agora apresentada perpetuamente e usufruindo perpétua aceitação no céu.” Hb.10:9-14.

Exatamente como o sumo sacerdo-te, no grande dia da Expiação, entrava no lugar santíssimo, isto é, no Santo dos Santos, com o sacrifício consumado, para apresentá-lo a Deus, assim Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, entrou no Lugar Santíssimo, isto é, no Tabernáculo Celes-tial, pelo sacrifício de Si mesmo, santo, perfeito, imaculado, insubstituível, único e imutável. Hb.9:24.

Há também um elemento judicial na in-tercessão, precisamente como na expiação. Mediante a expiação, Cristo Jesus satisfez as justas exigências da lei, de modo que ne-nhuma acusação legal pode, com justiça, ser feita contra aqueles pelos quais Ele pagou o preço. Contudo, Satanás, o acusador, sem-pre está a lançar acusações contra os eleitos e remidos; mas o Senhor e Salvador Jesus Cristo nos justifica pela apresentação de Seu próprio Sangue e Obra Expiatórios, diante de Deus.

O apóstolo Paulo, em Rm.8:33,34, afir-ma: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também interce-de por nós”. Aí está o elemento judicial presente claramente.

Um outro ponto relativo à Obra inter-cessória de Cristo, é que ela está relacio-nada com a nossa santificação completa, integral (posicional, vivencial ou prática--progressiva e final). Quando nos dirigi-

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mos ao Pai, em nome de Cristo (Mt.18:18-20; Jo.14:13), as nossas orações imperfeitas são aperfeiçoadas nEle; os nossos pecados são perdoados por Ele; as nossas limitações humanas e materiais são plenamente su-plantadas e superadas pela Sua divindade eterna. Aleluia! Leia-se: Hb.2:17,18; 3:1-6; 4:15;1Pe.2:4,5.

5) Por quem ele intercede?

O Senhor Jesus Cristo intercede por to-dos aqueles por quem Ele fez expiação, e somente por estes. Pode-se inferir disto do caráter limitado da expiação - somente os que crêem, os que são nascidos de novo, é que são beneficiados por ela, embora o Sa-crifício de Cristo tenha sido feito por todos (Mt.10:32,33; Mc.16:16; 1Jo.2:1,2).

Em passagens como Rm.8:1,2,34; Hb.7:25,26 e 9:24, a palavra “nós” se refere somente aos salvos. Além disso, na oração sacerdotal registrada em Jo.17, o Senhor Jesus Cristo diz ao Pai que ora por Seus discípulos que ali estão e “por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra” (v.9,20).

No versículo 9, do mesmo capítulo, Ele faz uma declaração sumária a respeito do caráter restritivo de Sua intercessão, quando diz: “É por eles que Eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste”. E o versículo 20, nos ensina que Ele não intercede somente pelos discípulos presentes, mas por todos os que ainda haveriam de ser salvos.

Neste sentido, o Senhor Jesus Cristo está posto como Sumo Sacerdote dos que são declarados filhos de Deus, por meio dELE. Não significa, no entanto, que Ele nunca interceda pelos que não são salvos, como lemos em Lc.23:33, pois aqui o vemos como Filho do Homem, em seu estado de humilhação. Agora, porém, não O vemos

desta forma, mas como Aquele que está à direita de Deus Pai, glorificado e que in-tercede por nós: “o Sumo Sacerdote dos bens futuros”. Leia-se, ainda, Jo.17:17,24; Hb.4:14-16; 10:21,22; 1Pe.2:5.

A oração intercessória de Cristo é uma oração que nunca falha. Junto ao túmulo de Lázaro o Senhor Jesus expressou a cer-teza de que o Pai sempre O ouve, Jo.11:42. Suas orações intercessórias em favor do Seu povo estão baseadas em Sua obra ex-piatória. Os remidos de Deus podem au-ferir consolo e fortaleza do fato de contar com um intercessor tão eficaz junto ao Pai!IX – JESUS CRISTO, HOMEM:

A Encarnação do Filho de Deus já esta-va prevista nas Escrituras (Gn.3:15; Is.7:14; 9:6,7; 11:1-5). Sob esse tema, vários pontos merecem nossa atenção:

1 ) Deus Filho se fez carne:

Não foi o Deus Triúno, mas a segunda Pessoa da Trindade que assumiu a natureza humana. Desta forma, é melhor dizer que “o Verbo se fez carne” (Jo.1:1-14; 6:38). Ao mesmo tempo, vemos que a Trindade agiu na encarnação (Mt.1:20; Lc.1:35; Jo.1:14; At.2:30; Rm.8:3; Gl.4:4); que Cristo Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem (Fp.2:5-11; Cl.1:13-22; 2:9; Tt.2:13,14; IJo.4:1-3).

Para ser Mediador entre Deus e os ho-mens era absolutamente necessário que Jesus Cristo fosse feito homem, sem par-ticipar da natureza pecaminosa (Rm.8:3). Destacamos, a seguir, os aspectos humanos encontrados nEle, necessários para a nossa redenção:

a) nasceu de uma virgem e viveu sob o jugo da Lei (Gl.4:4,5);

b) cumpriu toda a Justiça, sendo obediente (Mt.3:13-15; Rm.5:18);

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c ) morreu por nossas transgressões para nos reconciliar com Deus (Rm.4:25; 5:10);

d) ressurgiu para ser garantia da nossa ressurreição e redenção (I Co.15:17).

2) Jesus Cristo: “o último adão”.

Esta expressão encontramos somente nas epístolas de Paulo. Em Rm.5:11-21, encontramos a origem do conceito bíblico:

a) Em Adão, o pecado gerou a mor-te e a justificação não se alcançou pelas obras da Lei;

b) Jesus Cristo, “o último adão”, pelo Seu Ato de Justiça venceu o pecado e a morte; a justificação veio pela fé; e a vida eterna por meio dEle.

Comparação quanto à origem (I Co.15:45-49):

Adão é: Cristo é:ser vivente homem terreno homem celestialfeito do pó da terra veio do céu

Trouxemos a imagem do primeiro, tra-remos a imagem do último (v.49). Somos participantes das primícias (Ef.2:6).

Quanto às consequências de seus Atos (Rm.5:11-21):

Em Adão: Em Cristo:o pecado trouxe o Ato Justo trouxea morte justiça e vidaa morte reinou quem O recebe reinará em vidasua desobediência Sua obediência gerou gerou pecadores justos

Ambos são representantes e, portanto,

carregam em si e em seus atos todos os que são nascidos deles.

A missão do último Adão foi a de vencer a morte, trazendo a vida; condenar o peca-do na carne (Rm.8:3); salvar os pecadores (2Tm.1:9; Gl.4:4,5). Como vencer o pecado pela humanidade se Ele mesmo não o ven-cesse em Sua vida? Somente vencendo o pecado pôde Ele comunicar aos que crêem nEle a Sua própria Justiça! Jesus cumpriu toda a lei (Gl.4:4,5. Mt.5:17,18), a si mes-mo se entregou (Hb.7:26,27), sacrificou-se por todos nós (1Co.15:3).

X – CONCLUSÃO:

Em Jesus Cristo, vemos revelados os pro-pósitos de Deus para os santos. Ele tomou sobre si mesmo a natureza humana, a fim de elevar-nos de nossa triste condição hu-mana à condição de Filhos de Deus. Sua vida tornou-se padrão da nossa, não só moralmente, mas, também, no aspecto me-tafísico, porquanto não só procuramos imi-tar sua vida, mas, também, seremos um dia transformados segundo a Sua própria ima-gem, assumindo a sua essência. Essa é a mais alta promessa do Evangelho (Ef.1:23; I Co 15:49; I Jo 3:3).

Cabe-nos, então, buscar, incessantemen-te, crescermos na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo (2Pe.3:18). Consi-deremos as palavras do apóstolo Pedro: “Antes santificai a CRISTO em vossos cora-ções, e estai sempre preparados, para respon-der com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe.3:15).

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Estudo 08

O ESPÍRITO SANTO

VERSÍCULO BÁSICO: “Os que obe-decem à sua natureza pecaminosa não podem agradar a Deus. Porém, vós não viveis como manda a carne, mas como o Espírito de Deus quer, se é que de fato o Espírito de Deus vive em vós. Quem não tem o Espírito de Cristo não per-tence a Ele” (Rm.8.8,9).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Jo.3:3-7; 14:16,26; 16:5-11Terça-feira - Jl.2:28-32; At.2:39; 4:31; 9:31Quarta-feira - Rm.5:5; 8:9,14; 1Co.6:19Quinta-feira - 2 Co.5:17 Ef.1:13,14; 2:18-22 Sexta-feira - Gl.5:22-25; 1Ts.4:7,8; Tt.3:5 Sábado - Hb.12:14; 1 Pe.1:14-17

Estudos Bíblicos 62

I – INTRODUÇÃO:

O Deus Espírito Santo, a terceira Pes-soa da Trindade, tem importância cen-tral na salvação do homem. Ele é quem realiza em nós essa salvação e, sem Ele, nenhuma das Promessas de Deus pode-ria ser realizada em nós. As Escrituras o apresentam através de símbolos, que nos ajudam na compreensão de suas realiza-ções, ainda que a compreendamos limita-damente. Ele é apresentado como:

a) azeite (Êx.30:22-33): Sua composição: “pura mirra” ® uma espécie de resina aromática originária da haste e dos ramos de uma árvore baixa dos de-sertos da Arábia e norte da África – fala do caráter permanente do Espírito na-quele sobre quem Ele é derramado – A resina se assemelha à cera pegajosa; “ca-nela aromática” ® fala do doce aroma pro-duzido, que é um tipo de Cristo e da nova natureza santificada para Deus. Segundo Êx.40:9-15, era imprescindível para o exercício de todo o ofício sacerdotal na tenda da congregação, isto implica que, sem a santa Unção do Espírito de Deus é impossível servi-Lo na Sua Obra. Em Sl.45:6-8, lemos que, por meio dEle, par-tilhamos do gozo do Espírito. Em Zc.4:2-6, Ele fala da autoridade concedida pelo Espírito de Deus. Já em Jo.3:34, o Ungido de Deus, Cristo Jesus, recebeu o Espíri-to sem medida. E, em Hb.1:8,9, o vemos como o óleo da alegria.

b) água (Sl.46:4): O Espírito é tipifi-cado como as correntezas de um rio que está na Cidade de Deus. Em Jo.7:37-39, Ele aparece como um rio de águas vivas dentro do ser; em Jo.6:63; 13:10 e 15:3, é tipificado como a Palavra de Deus que nos purifica; em Tt.3:5,6, Ele está presen-te no batismo da regeneração e no novo nascimento; em Ap.22:1, como o rio puro

da água da vida.c) vento (Jo.3:8): Sua operação é

inacessível à lógica e padrões humanos. Aquele que é guiado por Ele não sabe, por si mesmo, o que lhe espera, e cami-nha pela fé nEle; em Atos, vemos que a Igreja primitiva aprendeu cedo a depen-der da direção e do poder do Espírito Santo para fazer a Vontade de Deus.

d) fogo (Êx.25:31-40; Is.6:5-7; At 2:3; Ap.3:1): Tipifica a presença maravilhosa da Glória de Deus, que consome toda impureza e santifica àqueles que são tocados por ele. Estava presente na Tenda da Congregação, está na Igreja de Cristo e está na Glória dos Céus, na presença de Deus.

e) pomba (Mt.3:16): O Espírito age com simplicidade como as pombas são simples - Mt.10:16; bem como é muito sensível como fica expressamente de-monstrado no gemido delas. Compare com Rm.8:26,27.

f) selo (Ef.1:13): É o carimbo da pro-priedade e possessão de Deus. Ninguém poderá tocar nela sem a Sua permissão. Deus é o seu remetente e o seu destino também é seguro e certo: as moradas ce-lestiais.

g) garantia (Ef.1:14): O Espírito San-to é Deus e Ele é quem garante a nossa redenção e nos assegura uma eterna vida em Cristo Jesus.

II – MISSÃO SOBERANA DO ESPÍRI-TO SANTO

O Espírito Santo é aquele que convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo de Deus sobre todos. Ele controla o mal que há no mundo e convence aos homens do pecado, atuando sobre todos os ho-mens, através de sua influência, persona-

Estudos Bíblicos 63

lidade e presença (Jo.16:7-11). Podemos supor que o mundo seria intoleravelmen-te mau, não fora a influência do Espírito Santo, que constrange a iniquidade ine-rente nos homens.

Por ser criador (Gn.1:1,2,26,27), o Es-pírito Santo também é capaz de realizar criações espirituais (2 Co.5:17) e, assim sendo, Ele produz transformação de vida (Gl.5:22;23), a começar pela conversão (Jo.3:3). Ele dirige ativamente os mi-nistros do evangelho e santifica àqueles que se convertem (At.13:1-4,16:6,7,10; Rm.15:16). Ele é o mestre supremo (Jo.14:26), glorifica ao SENHOR JESUS CRITO e promove a sua causa, (Jo.15:16). Ele habita nos santos (Ef.2:20), que são propriedades de Deus (1Co.6:19,20). Ele nos ajuda em nossas fraquezas (Rm.8:26).

III – O ESPÍRITO SANTO E O ARRE-PENDIMENTO:

O verdadeiro arrependimento do pe-cador precede a sua conversão. É um ato ocorrido, inicialmente, em sua consciên-cia, pela presença do Espírito Santo, que o convence do erro, condenando as ações erradas e pecaminosas (Jo.8:7-9). Faz parte das atuações do Espírito Santo con-vencer os homens acerca do mal moral e dos requisitos espirituais (Jo.16:8).

A verdadeira conversão envolve a fé e o arrependimento (At.3:19; 26:18). Um exemplo radical de conversão é o caso de Paulo (At 9:1-18). A conversão pode vir de súbito, mas, normalmente, tem um longo tempo de preparação. A conversão consiste no exercício do arrependimento e da fé. O arrependimento é uma mudan-ça de mente, de coração e comportamen-to para com Deus (Mt.5:13-16, 7:15-29; Tg.2:14-26).

a) O arrependimento nasce da prega-ção do Evangelho e da Palavra de Deus (Mc.1:15); b) por causa da paciência e longanimidade de Deus (2 Pe.3:9); c) pela manifestação da Glória de Deus (Jo.11:39-45; 12:9-11); d) através da ma-nifestação do juízo divino (Zc.12:10); e) a tristeza segundo Deus conduz ao arre-pendimento (2 Co 7:9,10), bem como a Sua bondade (Rm.2:4-8); f) é ensinado por Deus (At.17:30,31; 2Tm.2:25); g) foi ensinado por Cristo (Ap.2:5,16; 3:3); h) é uma operação do Espírito Santo (Zc.12:10-13:2); i) é o começo do proces-so da santificação (At.2:37-39).

IV – O ESPÍRITO SANTO E A REGE-NERAÇÃO:

Segundo J.I.Packer, “a regeneração, ou o novo nascimento, é uma nova criação interior, em lugar da natureza humana caída, mediante a ação soberana graciosa do Espírito Santo” (Jo.3.5-8).

A natureza da regeneração, especifi-camente, é a seguinte: a) Ela começa na conversão (arrependimento e fé); b) en-contra fruição na santificação; c) e visto que a glorificação é um processo eterno, que vai aumentando sempre em poder e glória, os regenerados passarão de um estágio a outro de glória, até a estatura completa de Cristo, a varão Perfeito (2 Co 3:18).

O termo “regeneração” aparece ape-nas duas vezes no Novo Testamento (Mt.19:28; Tt.3:5). No evangelho de Ma-teus, tem um sentido escatológico, refe-rindo-se à restauração de todas as coisas. Certamente a renovação do indivíduo faz parte da restauração universal. Na epís-tola de Tito, tem um sentido individual e fala da renovação de cada pessoa, bem como da transformação da personalida-

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de humana. Porém, em ambos os casos o agente dessa transformação, é o Espírito Santo.

Noutros trechos bíblicos, a ideia de regeneração é expressa por palavras que significam “gerar” ou “dar nascimen-to a”, como lemos em: Jo.1:12-13; 3:3-8; 1Jo.2:29; 3:9-10; 4:7; 5:1,4,18 e 1Pe.1:23. A nova criação, que novamente expres-sa a ideia de regeneração, pode ser vista nas passagens de 2Co.5:17 e Gl.6:15. A expressão “novo homem, em Cristo”, que tem o mesmo sentido, pode ser vista em passagens como: Ef.2:15; 4:24.

O encontro de nosso Senhor Jesus Cristo com Nicodemos (Jo.3:1ss) pro-porciona um excelente fundo histórico para o estudo deste tópico. A declaração de Jesus (v.3), apontou a necessidade mais profunda e universal de todos os homens: a mudança radical e completa da natureza e caráter do homem, em sua totalidade.

Toda natureza do homem ficou defor-mada pelo pecado, a herança da queda. Essa deformação moral se reflete em sua conduta e em todas as suas relações. An-tes que o homem possa ter uma vida que agrade a Deus, sua natureza precisa ser mudada (1Co.15:42-49; Cl.3:1-4).

Os meios por Deus empregados para efe-tivar o novo nascimento são: o Espírito San-to (Jo.3:3-8) e a Palavra de Deus (Ef.1:12-14; 1 Pe.1:23; Tg.1:18). Na regeneração, a iniciativa é atribuída a Deus (Jo.1:13), sen-do proveniente do alto (Jo.3:3,7), e efetuada pelo Espírito Santo (Jo.3:5,8).

Adam Clarke, igualmente, acrescenta que o novo nascimento “compreende não somente aquilo que se chama de justifica-ção ou perdão, mas também aquilo que se chama de santificação e consagração. Portanto, o pecado deve ter sido perdo-ado, e a impureza desse coração deve ter

sido lavada, antes que a alma possa en-trar no reino de Deus. Posto que o novo nascimento subtende a renovação da alma inteira, em retidão e santidade au-têntica, não se trata de uma questão que possamos desprezar facilmente: o céu é um lugar de santidade, e nada que lhe seja diferente jamais poderá entrar ali” (grifo nosso).

A presença habitadora do Espírito San-to, nos genuínos crentes, é sempre contí-nua e perpétua (Jo.14:16). Essa presença habitadora produz frutos no crente, se-melhantes à natureza moral positiva de Deus (Gl.5:22,23). O alvo da implanta-ção do fruto do Espírito, nos seus vários aspectos, bem como de todas as suas operações na alma, é o de transformar os crentes segundo a imagem de Cristo, nos termos mais literais possíveis, de tal modo que estes venham a compartilhar da natureza moral e metafísica essencial de Cristo, conforme Rm.8:29; Ef.1:23; 2Co 3:18.

V – O ESPÍRITO SANTO E A SANTI-FICAÇÃO:

A santificação é identificada com o processo que leva o cristão a ser trans-formado numa pessoa identificada com a natureza santa de Deus. Esse processo de santificação se inicia no novo nascimento e prossegue durante toda a vida do cris-tão, até quando ele receber um corpo glo-rificado à semelhante ao de Cristo.

Para uma melhor compreensão de cada aspecto desse processo, dividiremos este tema em três aspectos: santificação posicional, vivencial ou Prática e Final.

1) A santificação posicional:É aquela que alcançamos diante de

Deus, mediante o valor eterno e imutável

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da obra redentora de Cristo Jesus na Cruz do Calvário, isto é, a purificação dos nossos pecados no sangue de Jesus (Hb.10:14,18; 1Jo.l:7; Ap.1:5; 5:9) - este é o aspecto da salvação da culpa do pecado - siginifica a posição da santificação ab-soluta e eterna do crente genuíno diante de Deus, através da redenção em Cris-to Jesus, feita de uma só vez por todas (1Co.1:2; 6:11; Hb.10:10,14).

Ao chamar os crentes em Corinto de santificados, apesar de haverem conten-das e pecados entre eles, o apóstolo Paulo estava dando ênfase à posição em Cristo, em face da remissão dos pecados deles, mediante o valor do sangue de Jesus. Foram justificados em Cristo Jesus. Por conseguinte, foram comprados e separa-dos (santificados) para servirem a Deus.

Esta santificação, diante de Deus, é o resultado da Obra salvadora de Cristo, que nos comprou e nos separou para si mesmo como sua propriedade exclusiva e povo santo, tirando-nos (airó) para fora do sistema mundano de Satanás (kos-mos), e nos transportando para o “reino do Filho do seu amor” (Cl.1:13). Este é exatamente o significado da palavra Igre-ja (ek+klesia – Igreja – literalmente: “a assembléia dos tirados para fora de”).

Aos olhos de Deus, já fomos separa-dos (santificados) eternamente, e somos dEle por direito de compra, cujo preço foi o sangue se Jesus Cristo (Ef.5:25,26; 1Pe.1:18,19).

2) Santificação vivencial ou prática:É a vivência prática, autêntica e

verdadeira de um genuíno cristão, que possui uma nova natureza em Cristo. É o testemunho vivo do novo nascimento que se processou interiormente no cristão, e que se reflete exteriormente, em seu comportamento e maneira de viver, como nova criatura, pelo poder do

Espírito Santo e da Palavra de Deus. Esta transformação visível surge ex-

teriormente, a partir da transformação interior (Mt.5:3-16; Jo.3:1-21; 1Jo.1:5-2:17). Este é o aspecto da salvação do domínio do pecado. Através dela, é ma-nifestada a diferença entre o verdadeiro e o falso cristão; entre o “nominal-teórico” e o “verdadeiro-prático”; pois, como dis-se Jesus, em Mt.7:15-27: “por seus frutos os conhecereis”. Isto fica evidenciado nos atos praticado diariamente, se somos (ou não) luz e sal da terra, diante do mundo, através do nosso testemunho, o que já somos, de fato e em verdade, em Cristo (2Co.3:18; 5:14,15).

O novo homem interior é refletido na imagem exterior, em virtude de que uma coisa está, necessária e intimamente, vin-culada a outra, isto é, a causa da nossa santificação exterior - “em toda nossa maneira de viver” - é a nossa santificação integral: espírito, alma e corpo (1Ts.5:23). A sua maneira de ser atesta, dá prova ca-bal, de sua fé, através de seu testemunho (Ez.23:25-30; At.1:8; Ap.19:8).

O apóstolo Paulo definiu o verdadei-ro testemunho, em Ef.4:24. Também lemos, na carta de Paulo aos Romanos, a exortação do apóstolo a que apresen-temos os nossos corpos em sacrifício vivo e santo, que é o nosso culto racio-nal, e que não nos conformemos - tomar a mesma forma de; imitar; modelar-se a; identificar-se - com este mundo, mas transformemo-nos (dar nova forma), pela renovação do nosso entendimento (a mente de Cristo), para que experi-menteis (vivenciar na prática), qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade Deus (Rm.12:1-2).

A consequência natural dessa entrega total ao poder do Espírito Santo, é a libertação do domínio do pecado na vida

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diária (Rm.6:14-18, 22). A vontade de Deus é que se produza em nós, através da santificação diária, a imagem santa de seu Filho, como embaixadores do seu reino santo. O Espírito Santo de Deus é quem opera em nós, progressivamente, aquela transformação à semelhança de Jesus Cristo, refletindo como luz num espelho, a imagem do seu caráter santo, em nossas vidas.

Por isso mesmo, está escrito em Fp.2:12-15: «...assim também efetuais a vossa salvação com temor e tremor... para que sejais irrepreensíveis e since-ros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo».

.3) A santificação final:A santificação final se dará somente

no dia da nossa redenção (na primeira ressurreição) quando formos libertados, definitivamente, da presença do pecado e da morte física do nosso corpo, o qual será transformado, glorificado e imorta-lizado, à semelhança do corpo glorioso de nosso Senhor Jesus Cristo, na Sua vin-da para arrebatar a Sua Igreja Triunfante (1Co.15:35-58; 1Ts.4:13-18; Fp.3:20-21). Este é o aspecto da salvação da presença do pecado.

Trata-se da libertação total da presença do pecado, quando, através da ressurrei-ção, o nosso corpo será transformado, glorificado e imortalizado à semelhança do de Cristo Jesus. ICo.15:51-54. É a re-moção total da presença do pecado do corpo do crente genuíno. Isto significa que fomos salvos da culpa e do domí-nio do pecado, na esperança de sermos salvos da presença do pecado, no dia da “manifestação da glória dos Filhos de Deus”, na ressurreição dos nossos corpos. (Rm 8:18-24).

O apóstolo João afirma esta mesma verdade, em 1Jo.3:2-3. Em outras pala-vras, significa que seremos semelhantes a Ele, pois não estaremos mais na pre-sença do pecado, não mais morreremos e os nossos corpos serão imortalizados e glorificados.

VI – CONCLUSÃO:

A santificação completa é operada pelo Espírito Santo no crente, em três aspec-tos, abrangendo todo o seu ser: espírito, alma e corpo; de dentro para fora, diante de Deus e dos homens, como luz e sal da terra, interagindo, no ser como um todo, de maneira tal que possamos, como em-baixadores do Rei e nosso Senhor Jesus Cristo, refletirmos a Sua mesma imagem, pura e santa, verdadeiramente, em toda a nossa maneira de viver; quer na Igreja, quer perante o mundo.

Os meios e provisões para isto, já fo-ram providenciados por Deus, que são aqueles três: o sangue de Jesus, que nos purifica de todo pecado; o Espírito Santo, que nos regenerou e nos guia, e a Pala-vra de Deus, que nos santifica e purifica, lavando por dentro e por fora, operando até a divisão da alma e do espirito.

Assim o cristão deve, naturalmente, ser e viver como santo de acordo com a Palavra de Deus, como disse o apóstolo Pedro: “como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências, que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos cha-mou, sede santos em toda vossa manei-ra de viver; porquanto, escrito está: sede santos, porque eu sou santo” (1Pe.1.14-16).

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Estudo 09

UMA ÚNICA IGREJA

VERSÍCULO BÁSICO: “Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entre-gou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da la-vagem de água pela Palavra, para apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, sem ruga, nem coisa se-melhante, porém santa e sem defeito” (Ef.5:25b-27).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Mt.16:18; 18:20 Terça-feira - Rm.16:4,5,16Quarta-feira - 1Co.12:12,13; 15:20,51,52Quinta-feira - Ef.4:1-16; 5:25-32Sexta-feira - Cl.4:15; 1Ts.4:15-17Sábado - Ap.2:1,8,12,18; 3:1,7,14.9

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I – INTRODUÇÃO:

A palavra Igreja apareceu pela primeira vez no Novo Testamento, em Mt 16:18, e é tradução do termo grego ekklesia, que significa, literalmente: “assembléia dos que são chamados para fora”. No contex-to do Novo Testamento, significa os que foram chamados para deixarem o mundo e a pertencerem a Deus, em Cristo Jesus (Mt.16:16-18; Jo.15:19; 17:14-16; At 15:14; 20:28; Gl.6:14). Indica, também, a união no Corpo de Cristo de todos os cristãos, em todas as épocas e lugares, que aceita-ram a Cristo como seu Salvador e Senhor de suas vidas. Esta igreja é considera-da como o organismo vivo e santo, que tem Cristo por cabeça e todos os filhos de Deus, como seus membros (Rm.12:5; 1Co.12:27).

A Igreja nunca deve servir como indi-cação de templo ou edificação, onde acon-tecem as reuniões dos cristãos (“vamos para a igreja”), nem tão pouco como pro-priedade particular (“qual é a sua igreja?”, ou “a igreja de fulano é...”), como indica a Palavra de Deus (Mt.16:18; Rm 16:16; 1Co.14:4,28,35). Nestes textos, quando se faz referência à Igreja, não se está repor-tando ao prédio, mas sim, às pessoas que oravam, ouviam as profecias, que, pelo Espírito Santo, interpretavam as línguas e ensinavam a Palavra. Da mesma forma, em Mt.18:17-20, Jesus está se referindo aos seus discípulos na Igreja local, e não ao prédio. E, para fazer essa distinção, é que Ele ensinou: “Não está escrito: “a mi-nha casa será chamada, por todas as na-ções, casa de oração?” (Mc.11.17 – citação a Is.56:7).

II – A IGREJA UNIVERSAL:

A Igreja só pôde ser revelada quando o Verbo de Deus (Logos) se fez carne e ha-bitou entre nós, para poder morrer, derra-mar seu sangue expiatório, redimindo-nos de nossos pecados, ressuscitar gloriosa-mente e assentar-se à direita de Deus Pai para nossa justificação (Jo.1:1,14; Hb.7:22-25; 9:22-28; 10:10,14; 1Pe.1:18,19; Ap.1:5; 5:6-9).

Quando o próprio Senhor Jesus disse (Mt.16.18) que iria edificar Sua Igreja so-bre a (petra) “Rocha” principal de esquina, foi revelado, pela primeira vez na Bíblia, de quem era a Igreja, quem a edificaria, qual seria o nome da Igreja e qual o seu único fundamento. Esta revelação, dada por Deus Pai a Simão Pedro, com relação ao Seu Filho, é inédita, imutável, insubs-tituível, irrevogável e eterna, porque, sem Cristo, não poderia existir a Sua Igreja (At 4:11; 20:28; Rm.16:16; 1Co.3:11).

Portanto, esta única Igreja universal, não tem limite de tempo e espaço, e só tem um único dono e Senhor, um único Esposo e nome, dado graciosamente, que é o de Cristo. O apóstolo Paulo exortava aos bispos da igreja em Eféso (At.20:17), para pastorearem a Igreja que Cristo Jesus tinha resgatado com seu próprio sangue. Fica claro quem é o dono e Senhor da igre-ja, quando nos ordena a zelar e pastorear a propriedade (Igreja) do Senhor, e manter o nome de Cristo, como uma expressão visível da nossa aceitação. Isto se verifica, também, em Rm.16:16. Nosso dever é manter sempre o nome do legítimo dono e Senhor da Igreja: Cristo.

À esta única Igreja pertencem todos os genuínos cristãos, salvos, sem limitação de tempo ou espaço, todos quantos são redimidos pelo sangue derramado na cruz do calvário por Jesus Cristo, e nasceram de novo (regeneração) pela operação do Espírito Santo. Sem dúvida alguma, esta

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é a Igreja Universal, invisível, que estava oculta no coração de Deus e que foi revelada aos homens: o corpo de Cristo (Jo.1:11-13; 3:1-7; Rm.5:1-2; Ef.1:12-14; Tt.3:4,5; 1Co.12:12,13; 1Pe.1:18,19, 23).

III – AS IGREJAS MILITANTES:

Como essa Igreja única, indivisível pas-sou a ser chamada de “Igrejas de Cristo” no plural (Rm.16.16)? A resposta simples é: porque aquela Igreja única, invisível, agora se manifesta visivelmente em cada localidade, mesmo sendo com dois ou três, reunidos no nome de Jesus (Mt.18:20).

Estas Igrejas tem a marca histórica do toque da mão humana, com todas as suas virtudes e seus defeitos. É como Jesus ex-plicou na parábola do “joio e do trigo”. Ele é quem vai fazer a limpeza e a separação final naquele grande dia (Mt.13:40-43)

Convém observar que em Mt.16:18, a Igreja é espiritual, invisível e única, porém, em Mt.18:17, esta Igreja local trata de pro-blemas, pode ser ouvida, tocada, exortada e disciplinada e, até mesmo, diferenciada de acordo com as suas peculiaridades e neces-sidades.

Em Apocalipse 2 e 3, o Senhor Jesus se dirige a cada Igreja, através do anjo de cada Igreja, sempre considerando a ne-cessidade de cada localidade, e termina advertindo-as que ouçam o que o Espírito diz as igrejas (no plural) – Ap.2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13 e 22. Note-se que essa é a mes-ma expressão que Jesus usou na parábola do joio e do trigo, em Mt.13:43b. Então, a exortação é feita às Igrejas no plural, e não à Igreja no singular. Resta-nos ouvir o Espírito Santo, a Palavra de Deus, e por em prática.

Watchman Nee, em seu livro “A vida normal da igreja”, escreveu: “Temos entre

nós, dois aspectos da Igreja claramente di-ferentes: a Igreja e as Igrejas, a Igreja Uni-versal e as Igrejas locais. A Igreja é invisível; as Igrejas (locais) são visíveis. A Igreja não tem organização; as Igrejas são organiza-das. A Igreja é espiritual; as Igrejas são es-pirituais e, também, físicas. A Igreja é pura-mente um organismo (o corpo místico de Cristo); as Igrejas são um organismo, mas, ao mesmo tempo, são organizadas, o que se vê pelo fato de que os presbíteros e os di-áconos desempenham ofícios ali...todas as dificuldades da Igreja surgem em conexão com as Igrejas locais, não com a Igreja uni-versal. Esta é invisível e espiritual, portanto, além do alcance humano, enquanto aquelas (locais) são visíveis e organizadas, portanto, ainda sujeitas ao toque da mão humana... estando tão próximas de nós que, se sur-girem problemas, nós os sentimos aguda-mente” .

O Senhor Jesus ensinou que os mem-bros visíveis de Seu Corpo, a Igreja, quan-do congregados em qualquer lugar, até mesmo numa casa familiar, seria a expres-são da vida, da glória e da santidade de Seu Corpo místico, em qualquer espaço físico (At.12:5,12; Rm.16:5; Cl.4:15; Fm.1:2).

Portanto, a Igreja universal é a esposa do Cordeiro de Deus: Cristo (Ap.19:7-9; 21:9-27), e será revelada somente após a primeira ressurreição, quando todos os que fazem parte dela serão, ressuscitados, transformados, e arrebatados na Segunda vinda de Jesus Cristo, como Igreja Triun-fante (1Ts.4:13-18), e que na terra se mani-festa visivelmente, como igrejas de Cristo militantes, no processo de sua peregrina-ção e história, expressando a imagem, a glória e a vida do Filho de Deus, assim como Jesus expressou a imagem exata do Pai celestial aqui na terra, como Filho do Homem (Jo.14:8-9; Mt.5:13-16, 7:15-23; 2Co.3:18; Cl.1:15; Hb.1:3; Ap.22:17).

Estudos Bíblicos 70

IV – O ARREBATAMENTO DA IGREJA DE CRISTO:

1) Seu significado para a Igreja:De acordo com 1Co.15:51,52, os que fo-

rem encontrados vivos receberão um cor-po incorruptível de glória, e não experi-mentarão a morte física (1Co.15:20,35,40), enquanto, os que morreram em Cristo serão transformados primeiro, participan-do da mesma dádiva divina dos demais (1Ts.4.13-18).

Para todo cristão genuíno, isso signifi-cará o recebimento da natureza de Cristo, de maneira real e vital, pois receberemos um corpo ressurrecto, à semelhança do Senhor Jesus Cristo; e, então, se cumprirá a Palavra de Deus, prevista em 1Jo.3:1,2.

O projeto de Deus em Cristo é ainda mais extraordinário, quando imaginamos que a nenhum dos anjos Ele chamou de “filho”, nem ao mais glorioso entre eles. Mas a nós, menores do que eles em digni-dade e poder, anteriormente escravizados pelo pecado e destinados à morte, sim, a nós miseráveis homens, pelo glorioso sa-crifício de Cristo, nos tem prometido essas coisas.

Que gloriosa promessa! Os filhos de Deus, transformados, na imagem de Cris-to, serão elevados muito acima de todos os outros seres angelicais, pela imensa graça de Deus e seu poder (Fp.3:20-21; 2 Pe.1.3,4).

Essa é uma das mais profundas reve-lações do evangelho, mas que tem sido objeto de descaso ou ignorância por parte da igreja. A salvação tem sido reduzida ao mero perdão dos pecados e a uma futura “mudança de endereço para os céus”, e não tem causado qualquer impacto de mudan-ça de conduta e postura de vida cristã au-

têntica, para a obediência e entrega total ao senhorio de Cristo.

2) Quando ele ocorrerá?O Senhor Jesus nos ensinou o princípio

que rege todo estudo da escatologia: “não vos compete saber a ocasião ou o dia que o Pai marcou pela sua própria autoridade” (At.1:7). Então, permaneçamos somente naquilo que o próprio Senhor Deus nos revela em Sua Palavra. Por exemplo: a pas-sagem de 1Ts.4:15-17, nos indica que Pau-lo esperava estar vivo para a vinda de Cris-to, ressaltando, assim, a sua iminência.

A palavra utilizada no texto, traduzida do grego, pode significar “arrebatar, furtar, levar”. Deriva-se de “arparks”, isto é, “la-drão”, e descreve quão repentinamente se dará o arrebatamento da Igreja, o qual virá como um laço sobre os moradores da terra (1Ts.5:1-3).

A bem aventurança futura implica tanto a nossa reunião com Cristo, quanto, tam-bém, uns com os outros. Indica a conexão íntima entre a transformação dos crentes vivos e a ressurreição dos crentes falecidos, com bem pouco tempo intermediário, de tal modo que ambos os acontecimentos são reputados como virtualmente simultâneos. Assim, se cumprirá a promessa feita pelo próprio Senhor Jesus, em Jo.14:3 e 17:24. Sim, ficaremos para sempre em companhia do Senhor, como indicação de que essa co-munhão caracterizará o estado eterno da Igreja.

Após o julgamento no Tribunal de Cris-to (Rm.14:10; 1Co.3:11-15; 2Co.5:8-10), os remidos entrarão na sua glória, sendo co-herdeiros com Cristo (Rm.8:17,30). Não haverá mais despedidas, não haverá mais partidas (Ap.3:21).

3) Antes, ou depois, da tribulação?

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Esse é um ponto de difícil interpre-tação, merecendo um estudo profundo, em várias partes das Escrituras, impossí-vel de ser contemplado aqui. Entretanto, nos restringiremos a apresentar a posição doutrinária da Igreja de Cristo, que crê no arrebatamento antes da tribulação (posi-ção “pré-tribulacionista”). Existem, ainda, o “midi-tribulacionismo” (no meio da tri-bulação) e o “pós-tribulacionismo” (após a tribulação).

Utiliza-se a expressão “a vinda de Cris-to” para designar o arrebatamento da Igreja, como um rapto, invisível para o mundo, ao passo que a expressão “a vol-ta de Cristo” é uniformemente usada em alusão ao retorno visível de Cristo à terra, a fim de estabelecer o seu reino milenar.

John F. Walvoord, presidente do Dallas Theological Seminary, no Texas (USA), defende o arrebatamento antes da tribula-ção, apontando os seguintes argumentos:

a) Natureza da grande tribulação:A grande tribulação é o tempo de

preparo para a restauração da nação de Israel (Dt.4:29,30; Jr.30:4-11). O propó-sito da tribulação não é preparar a Igreja para a glória. Nenhuma das passagens do AT sobre a tribulação menciona a Igreja (Dn.9:24-27; 12:1,2) - observe-se, porém, que a Igreja, como vimos, era um misté-rio que somente foi revelado por Cristo, e não podia existir sem Cristo ter morri-do, derramado seu sangue para expiação do pecado, ressuscitado, subido à direita de Deus Pai, para interceder e nos jus-tificar perante Ele (Rm.4:25; Ef.1.9-11; Cl.1:26,27; 2:2,3; 1Tm.2:5) - Igualmente, nenhuma das passagens do NT sobre a tribulação menciona a Igreja (MT.24:15-31; 2Ts.1:9,10; 5:4-9).

b) Natureza da Igreja:A Igreja não está destinada à ira

(Rm.5:9; 1Ts.1:9,10). Portanto, a Igreja não poderá entrar no grande dia da ira de Deus (Ap.6:17). A Igreja não será sur-preendida pelo dia do Senhor, conforme 1Ts.5:1-9, o que inclui a tribulação.

A possibilidade do crente escapar da tribulação é mencionada em Lc.21:36. À Igreja em Filadélfia foi prometido livra-mento da “hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra” (Ap.3:10).

É uma das características da maneira divina de agir: livrar aos crentes antes de qualquer juízo divino ser infligido contra o mundo, conforme é ilustrado nos livramentos de Noé, Ló, Raabe, do povo de Israel no Egito, etc (2 Pe.2:6-9).

Ao tempo do arrebatamento da Igreja, todos os crentes irão para a casa de Deus Pai (Jo.14:3), e não retornarão imediata-mente à terra, após o encontro com Cristo nos ares, conforme ensinam os pós-tribu-lacionistas.

As Escrituras ensinam claramente que a Igreja inteira, e não apenas uma parte dela, será arrebatada quando da vinda de Cristo para a sua Igreja (1Co.15:51,52). Isto é para a Igreja Triunfante, composta de todos os genuínos filhos de Deus, em todo tempo e lugar, que será tirada, como o trigo do meio do joio, de todas as Igre-jas Militante locais, na vinda de Jesus para os seus santos (Lc.22:24-37; 1Ts.4:13-18; 5:1-11).

c) Doutrina da iminência:A posição pré-tribulacional é o único

ponto de vista que ensina que o retorno de Cristo é realmente iminente. A exorta-ção para nos consolarmos ante a vinda do Senhor (1Ts.4:18), só é significativa para

Estudos Bíblicos 72

o ponto de vista pré-tribulacional, sendo contradita especialmente pelo pós-tribu-lacionismo.

A exortação para esperarmos pela glo-riosa manifestação de Cristo, em favor dos que lhe pertencem (Tt.2:13), perde sua significação se a tribulação deve ocor-rer antes disso. A exortação para nos pu-rificarmos, em face do retorno do Senhor, se reveste de maior significação se a vinda de Cristo for iminente (1Jo.3:2,3).

A Igreja é uniformemente exortada a esperar a vinda do Senhor, ao passo que os crentes que estiverem vivos durante o período da tribulação se recomenda que aguardem sinais da volta de Cristo (Ap. 7:9-17; 14:1-5; 20:-4-6).

d) A obra do Espírito Santo:Espírito Santo, na qualidade de “res-

tringidor do mal”, não poderá ser retirado do mundo a menos que a Igreja, na qual habita o Espírito, for retirado ao mesmo tempo. A tribulação não poderá começar enquanto essa restrição não for suspensa. O Espírito Santo, na qualidade de “res-tringidor”, será retirado do mundo antes de revelar-se o iníquo, que dominará o mundo durante o período da tribulação (2 Ts.2:1-8).

4) A necessidade de um intervalo entre o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo:

De acordo com 2 Co.5:10, todos os crentes da deverão comparecer perante o tribunal de Cristo. Este evento, jamais é mencionado nas narrativas detalhadas concernentes à segunda vida de Cristo à terra.

A presença dos 24 anciãos glorificados e coroados nos céus (Ap.4:1; 5:14), repre-sentando os patriarcas de Israel e os doze

apóstolos de Cristo, indica que o arrebata-mento da Igreja ocorrerá antes do início da tribulação.

A vinda de Cristo para buscar sua noi-va deverá ter lugar antes da segunda vin-da de Cristo à terra, para a festa nupcial (Ap.19:7-10).

Se o arrebatamento tivesse lugar ao mesmo tempo que a segunda vinda de Cristo à terra, não haveria nenhuma ne-cessidade de separar as ovelhas dos bodes, como algo ocorrido em um julgamento subsequente, mas a separação teria lu-gar no próprio ato do arrebatamento dos crentes, antes de Cristo realmente estabe-lecer o seu trono à face da terra (Mt.25:31-46). Além disso, não haveria tempo para o Tribunal de Cristo, julgamento dos san-tos, distribuição dos galardões, a fim de que fossem distribuídas responsabilida-des no Reino milenial de Cristo.

5) Contrastes entre o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo:

Ao tempo do arrebatamento, os santos se encontrarão com Cristo nos ares, ao passo que, na segunda vinda, Cristo retor-nará ao monte das Oliveiras, vindo assim ao encontro dos santos na terra.

Ao tempo do arrebatamento, o monte das Oliveiras ficará intocado, ao passo que o tempo da segunda vinda será for-mado um grande vale a leste de Jerusalém (Zc.14:4,5).

Quando do arrebatamento, os santos vivos serão arrebatados, ao passo que ne-nhum crente será arrebatado em conexão com a segunda vinda de Cristo à terra.

Ao tempo do arrebatamento, o mundo continuará sem julgamento e prosseguirá em seus caminhos pecaminosos, ao passo que na segunda vinda de Cristo o mundo

Estudos Bíblicos 73

será julgado e a justiça será estabelecida neste mundo.

O arrebatamento diz respeito exclusiva-mente aos salvos, ao passo que a segunda vinda de Cristo envolve tanto os salvos como os perdidos.

Quando do arrebatamento, Satanás não será amarrado, ao passo que por ocasião da segunda vinda de Cristo, Satanás será amarrado e lançado no abismo.

6) A Parousia (1Ts.4:13-15):

A “parousia” ou segunda vida de Cristo, será:

a) Uma série de acontecimentos, come-çando com o Armagedon (Ap.16:15,16), estendendo-se até à destruição final da velha terra (2Pe.3:4-12). O tempo do as-pecto da parousia que acontecerá antes do milênio é desconhecido (Mt.24:6);

b) Um período de refrigério ou descan-so, vindo da parte do Senhor (At.3:19);

c) significará a restauração de todas as coisas (Ef 1:10). O “mistério da vontade de Des” será cumprido. O apóstolo Pedro (2 Pe.3:4-13) nos mostra que até o julga-mento final e a destruição do velho siste-ma cósmico fazem parte da parousia, no seu sentido mais amplo;

d) consistirá da manifestação, apa-recimento e revelação de Jesus Cristo (1Pe.1:7,13). Será o dia de nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (1Co.1:8; Tt.2:13; 2 Pe.3:12).

e) é um acontecimento predito nas pági-nas do AT (Dn.7;13), e é muito frequente-mente no NT (Jd.14; Mt.25:31; Jo.14:3; At 3:20; 1Tm 6:14).

f) esse acontecimento será precedido

por certos sinais:

Será nas nuvens (Mt.24:30).

Na glória de Deus Pai (Mt.16:27).

Na glória de CRISTO (Mt.25:31).

Uma verdade literal (At.1:9-11).

Acompanhando pelos anjos (Mt.16:27).

Em companhia dos crentes (I Ts.4:14)

Repentino (Mc.13:36).

Como se fora um ladrão que as-salta à noite (I Ts.5:2).

Será como um relâmpago (Mt.24:27).

g) Seu propósito:

A glorificação dos santos (2Ts.1:10).

Não será para efeito de expiação (Hb.9:28; Rm.6:9,10).

Visará a própria glória de Cristo (2Ts.1:10).

Visará o julgamento das nações vivas e as 12 tribos de Israel, tanto aos salvos quanto aos perdidos (Mt.19:27-28; 25:31-46).

h) Em relação aos crentes:

Os crentes devem amar a vinda do Senhor (2 Tm.4:8).

Devem esperar por Ele (Fp.3:20; Tt.2:13).

Estudos Bíblicos 74

Devem aguardar a Cristo (1Co.1:7; 1Ts.1:10).

Devem apressar a vinda de Cristo (2Pe.3:12).

Devem orar para o seu desenla-ce (Ap.22:20).

Devem estar preparados para esse dia (Mt.24:44; Lc.12:40).

Devem vigiar a respeito (Mt.24:42; 25:1-13; Lc.12:36-48).

i) Em relação aos incrédulos:

A segunda vinda de Cristo é motivo de zombaria (1Pe.3:3,4).

Presumem de sua ocorrência tardia (Mt.24:48).

Serão surpreendidos por seu súbito desenlace (Mt.24:37-51).

Serão castigados quando hou-ver tal ocorrência (2Ts.1:8,9).

V – CONCLUSÃO:

Reconhecemos que esse tema é de difí-cil interpretação, e foi nosso objetivo aqui apenas ressaltar alguns aspectos dele e despertar a todos para uma reflexão mais profunda sobre o tema.

O Senhor Jesus, entretanto, exortou a Igreja, por diversas vezes e ocasiões, à vi-gilância constante em relação à sua vinda (Mt.24.32,33). Devemos, portanto, aceitar a exortação do Senhor e estarmos desper-tados, alertas, preparados, ativos na Obra do Senhor, para não sermos surpreendi-dos por Sua vinda (1Jo.2:28).

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Estudos Bíblicos 75

Estudo 10

OS DONS ESPIRITUAIS

TEXTO BÁSICO: Atos 08:01-17

VERSÍCULO BÁSICO: “Há dife-rentes tipos de dons espirituais, mas um mesmo Espírito; e há diferentes tipos de ministérios, mas um mesmo Senhor; e há diferentes tipos de opera-ções, mas um mesmo Deus opera to-das elas em todos” (1Co.12:4-6).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Mc.16.17,18; At 2:1-13Terça-feira - At.5.12-16; 10:44-47Quarta-feira - Rm.12:3-8Quinta-feira - 1Co.12 e 13Sexta-feira - 1Co.14Sábado - Ef 4:11-16

Estudos Bíblicos 76

I – INTRODUÇÃO:

Frequentemente, o assunto dos dons espirituais quase nunca é abordado nos trabalhos de teologia sistemática, nem no capítulo que trata da Pneumatologia (estudo da doutrina do Espírito Santo), nem em Eclesiologia (estudo da doutri-na da Igreja). Entretanto, quando ele é abordado, o é de um modo “rápido” - dando a impressão de superficialidade - ou de forma “homogênea” - como se a diversidade dos dons fosse uma expres-são múltipla de sinônimos, com pouco esclarecimento de suas peculiaridades - e “não prático” - como se, de fato, não houvesse qualquer vínculo com a vida da Igreja, ou, afinal, como se os dons não fossem vigentes ou essenciais para a Ela.

O ponto fundamental, quando se pro-cura a orientação da Palavra de Deus, é que não se pode, nem se deve, negar a vigência dos dons espirituais na Igre-ja. Precisamos, por um lado, renunciar todo preconceito contra as legítimas manifestações do Espírito Santo, espe-cialmente relacionadas com os dons da-dos por Deus à Igreja, e, por outro lado, buscar o discernimento, fundamentado nas Escrituras, a fim de compreender-mos melhor as diversas funções e pro-pósitos dos dons e ministérios, para o crescimento harmonioso e equilibrado da Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Lembramo-nos, aqui, da exorta-ção do próprio Senhor, em Mt.22:29, e da orientação do apóstolo Paulo, em 1Ts.5.19-21, para reiterarmos o fato de que a Igreja não deve negar ou resistir às manifestações do poder de Deus, mas, pelo contrário, deve buscar exercê-los, segundo o soberano propósito de Deus para a Igreja.

II – A NATUREZA DOS DONS ESPIRI-TUAIS:

1 ) Quanto à sua origem:Em 1 Co.12.4-6, o apóstolo Paulo ensi-

na que os dons e ministérios têm sua ori-gem em Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. À cada Pessoa da Trindade é atribuída a concessão de dons específicos. Veremos, adiante, a classificação desses dons.

Devemos tomar o cuidado em reco-nhecer o princípio da Unidade na Trinda-de (Lição 3), isto é, apesar de haver dons específicos concedidos por cada Pessoa da Trindade, há uma única atividade de Deus nesse processo. Assim é que, por exemplo, sem a participação do Deus Filho, não haveria a concessão do “Dom do Pai”: o Espírito Santo; ou, sem a participação de Deus Pai, não haveria o Dom da vida eter-na, em Cristo Jesus, etc.

2) Quanto à sua durabilidade:O apóstolo Paulo nos ensina, em sua

carta aos Romanos, que “os dons e a voca-ção de Deus são irrevogáveis” (Rm.11:29). Isso indica que ninguém recebe um dom de Deus e, depois, o perde. O princípio que norteia essa concessão divina é aquele que se encontra em Ec.3:14, bem como na parábola dos talentos, em Mt.25; ou seja, os dons são de Deus, concedidos gratui-tamente para o uso em favor dos interes-ses de Deus (e não particulares), porém, permanecem com aqueles a quem Deus os concedeu, até ao dia da prestação de contas.

Ora, se admitíssemos a possibilidade da perda dos dons, ou, como mais moder-namente pensam alguns, na possibilidade de exercermos um dom num momento e, posteriormente, deixarmos de exercê--lo, para nos dedicarmos a outro dom,

Estudos Bíblicos 77

como se o dom fosse nosso, então, porque Deus pediria contas deles? Afinal, Deus concede um dom aleatoriamente, ou Ele tem um propósito eterno com isso? Em outras palavras, Deus sabe o que faz, ou Ele não tem um objetivo claro definido, e vai seguindo para onde as circunstâncias indicarem? (Rm 11:29)

3) Quanto ao exercício dos dons:Encontramos em 1Co.12:1-14 e 14:40

o problema da natureza e da origem dos dons e manifestações espirituais. Era estranho o paradoxo que aquilo que os crentes em Corinto imaginavam que os distinguia, acima de tudo, como uma co-munidade espiritual de elevada qualida-de, era a sua abundante possessão e uso dos dons espirituais. No entanto, é valen-do-se justamente disso que Paulo mostra a carnalidade deles, visto que abusavam dos seus poderes.

Myer Pearlman, em “Conhecendo as doutrinas da Bíblia”, escreveu a esse respeito: “Em 1Co.12, Paulo revelou os grandiosos recursos espirituais de poder disponível para a Igreja. No capítulo 14, porém, ele mostra como este poder deve ser regulado para a edificação da Igreja, em lugar de destruir a Igreja - e, entre os dois capítulos (cap.13), ele mostra o modo como isso deve ser praticado pela Igreja: pelo amor! - A instrução era neces-sária, pois uma leitura cuidadosa do con-texto demonstrará que a desordem havia reinado em algumas reuniões, devido à falta de conhecimento das manifestações espirituais”.

Essas palavras, ditas pelo servo de Deus, nos parecem sábias. Acreditamos que muitos das atuações genuínas de Deus na Igreja, através das manifestações espirituais dos dons, têm sido mal com-preendidas e mal administradas. Muitos

têm errado por falta de sabedoria; outros, por falta de humildade; outros, pela falta de disciplina; outros, por causa da incre-dulidade; mas, quase, senão todos, pela falta de amor!

É importante ressaltarmos o propósito de Deus, que, acima de qualquer interesse particular, pode ser traduzido nas palavras do apóstolo Paulo: “visando a um fim proveitoso” (v.7b); ou, “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos... para a edificação do Corpo de Cristo” (Ef.4.12).

III – CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS DONS:

Na Palavra de Deus encontramos os se-guintes dons específicos:

1) O Dom de Deus: – que é a vida eter-na em, e através do, Filho de Deus en-carnado: Jesus Cristo, conforme: Jo.3:16; 4:10; 5:21, 26, 27; Rm.6:23. É o próprio Filho de Deus, e aos que estão nEle, a vida eterna.

2) Os Dons de Deus: São variados e incontáveis e concedidos, indistintamen-te, a todo homem. Assim, temos: “Toda a criação”; “A terra, e tudo o que nela há”; “A vida a todos os animais e plantas”; “O espírito e alma do homem”; etc (Gn.1:1-2-25; Sl.148:5; Is.40:26; Hb.11:3; Ap.4:11). Lemos, ainda: “A inteligência, sabedoria, riquezas e honra” (2Cr.1:7-12; Jó 1:3, 9, 10; Sl.94:10; Tg.1:5); “o alimento, o trabalho e os benefícios provenientes dele” (Ec.3:13; Mt.6:24-34); “diversos dons e operações especiais (Êx.35:30-36:1; 2Re.4:1-7; 6:1-7; Dn.1:17; At.8:39,40; 17:24-29a; 1Co.12:6).

3) O Dom do Pai – é o Espírito Santo concedido, a pedido do Filho, para habi-tação eterna no crente nascido de novo (Lc.24:49; Jo.14:16-18; Rm.5:5; 8:9,14-16;

Estudos Bíblicos 78

1Co.6:19-20; Ef 1:13,14). Este fato, já se cumpriu no dia de pentecostes.

4) O Dom de Cristo – é o dom da justiça e a graça salvadora, concedidas aos que crêem nEle - são declarados justificados diante de Deus, por meio da fé no sacrifício perfeito de Jesus Cristo na Cruz (Rm.5:15-17; 3:26; 5:1,2,2 2Co.5:21; Ef.2:8,9; Fp.3:9).

5) Os Dons de Cristo – são os Dons Ministeriais: Apóstolos (missionários), profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4:11; I Co.12:28). Em Ef.4:11 é dito que o Senhor Jesus, depois de sua as-censão aos céus, deu dons aos homens, concedendo-lhes ministérios específicos: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. É interessante observar que to-dos esses ministérios foram atribuídos ao próprio Senhor Jesus (Apóstolo: Jo.20:21; Hb.3:1; Profeta: Dt.18:15,18; Lc.1:76; 7:16; Evangelista: Mt.4:23; Mc.1:15; Lc.4:17,18; Pastor: Jo.10.11, 14; Hb.13:20; e Mestre: Mt.23:8,10; Jo.13:13. Esses dons estavam presentes na Igreja primitiva (At.11:22-28; 13:1,2; 16:6,7; Gl.1:1; entre outros).

a) Apóstolos:O termo apóstolo vem do grego “após-

tolos”, cujo significado mais comum é simplesmente delegado, enviado, mensa-geiro. “O verdadeiro apóstolo é sempre aquele que recebe uma comissão, não me-ramente o que vai, e, sim, o que é enviado” (Donald Gee, “Os dons do ministério de Cristo).

No Novo Testamento, primeiramente se refere à designação dos doze apósto-los de Cristo (Lc.6:12-16; Jo.20:21). Eles foram constituídos pelo Senhor, como base de sustentação da Igreja (Ef.2:20). Os apóstolos andavam em obediência à orientação divina (ver At.16:7,8). Seu ob-jetivo principal era o de pregar o Evange-

lho e estabelecer novas Igrejas locais.Além dos apóstolos de Cristo, outros

missionários cristãos que levaram a men-sagem para lugares que nunca a tinham recebido, também foram reconhecidos como apóstolos (Rm.16:7; I Co.15:5-7; I Ts.2:6-7). Barnabé (At.14:14); Matias, escolhido para ocupar o lugar de Judas, o traidor (At.1:26), etc.

Paulo dá a entender que aos vários apóstolos foram determinadas áreas es-pecíficas de atuação. Tiago, Pedro e João tinham um ministério entre os judeus, e Paulo entre os gentios (2Tm.1:11). Os doze foram removidos de Jerusalém devi-do às perseguições e o alcance do minis-tério deles expandiu-se, por causa disso (Gl.2:7-10; At.8:1;10:9-48;14:4,14).

b) Profetas: Jr.6:17; Ez.3:17; At.21:8-11; Ef.4:11.

No Antigo Testamento, os profetas eram os anunciadores das mensagens de Deus, por meio do Espírito Santo. No Novo Testa-mento, a palavra “profeta” aparece em cen-to e quarenta e nove vezes, com o mesmo significado. Devido a sua importância para a Igreja, o apóstolo Paulo, em 1Co.14:1-3,24,25,29-32, faz recomendações solenes. Considere, ainda: At.11:27-28;15:31-32; 21:10-11; 2Pe.1:20,21.

Porque razão seria esse dom consi-derado o mais importante, depois dos apóstolos (1Co.12:28)? Porque tem sido tão perseguido e rejeitado? Por causa das falsas profecias e dos falsos profetas? Em parte, talvez, mas não se deve rejeitar um benefício, ordenado por Deus, por causa de um malefício, induzido por Satanás. De qualquer modo, devemos submeter os nossos posicionamentos pessoais, à luz da soberana vontade de Deus, revelada em Sua Palavra.

Estudos Bíblicos 79

Algumas vezes, a profecia cumpre a importante função de predizer o futuro, como uma “visão estratégica” da Obra, dada por Deus aos seus servos, às vezes até contrária à lógica humana, como em At.16:6,7. Veja, também At.11:27,28; 13:1-3; 20:22,23).

A profecia visa a edificação, a exorta-ção e a consolação da Igreja (1Co.14:3). Ela não suplanta ou supre a pregação ou o ensino das Escrituras, mas, pelo con-trário, deve estar de acordo com elas. En-tretanto, deve-se reconhecer que ela tem um aspecto sobrenatural diferenciado de outros ministérios, inclusive com a sur-preendente manifestação “das intenções dos corações”, para um fim proveitoso (1Co.14:24,25,31-33).

O Senhor Deus é o mesmo e continua agindo da mesma maneira hoje. Sempre que se fizer necessário, Ele se manifestará, através de seus servos, os profetas. Isto é fato, e fato inquestionável nas Escrituras (Pv.29:18; Am.3:7,8; 1Co.14:6,39,40).

c) Evangelistas:Os evangelistas também têm uma visão

extra-local, e efetuam a missão evangeli-zadora da Igreja, de lugar em lugar, esta-belecendo novas congregações locais, em cooperação com os apóstolos (missio-nários), conduzindo os homens à fé em Cristo (At.8:1-14,26-40).

Alguém já afirmou que “os evangelis-tas lançam uma trilha que, em seguida, transforma-se em auto-estrada, mediante o trabalho dos pastores e dos mestres”. Eles são ministros especiais do evangelho, aos quais Deus tem dotado com poder do Espírito e manifestações de milagres e maravilhas. Como exemplos bíblicos, cita-mos Filipe e Timóteo (At.21:8; 1Tm.4:14; 2Tm.1:6; 4:5).

É responsabilidade de todo cristão evangelizar, mas o Senhor Jesus designou “uns para evangelistas”, o que significa haver uma clara distinção desse ministério, com o da “grande comissão”, em Mc.16:15.

.d) Pastores:No seu sentido literal, um pastor é al-

guém que cuida do rebanho de ovelhas. Os pastores alimentavam e protegiam os rebanhos (Jr.31:10; Ez.34:2); procuravam as ovelhas perdidas (Ez.34:12); livravam as ovelhas dos animais ferozes (Am.3:12). Jacó assim se dirigiu a Deus (Gn.49:24b), bem como Davi (Sl.23:1) e Asafe Sl.80:1). Deus foi descrito como “o Pastor que ali-menta o povo de Israel” (Is.40:11); como “o Pastor que protege ao seu rebanho” (Jr.31:10); e como “o Pastor que busca as ovelhas de seu rebanho” (Ez.34:12).

Por outro lado, a Palavra de Deus faz sé-rias advertências aos pastores que haviam desencaminhado o rebanho de Deus, ou que haviam enganado as ovelhas (Jr.2:8; 10:21; 23:1ss.; Ez.34:2ss).

As qualificações necessárias para o de-sempenho desse importantíssimo minis-tério, estão relacionadas em textos como: 1Tm.3:1-7; Tt.2:1,6,7-10; 1 Pe.5:1-4. O pastor recebeu do Senhor autoridade espi-ritual para apascentar o Seu rebanho, com todas as implicações desse termo. Ele deve ter, como um de seus principais alvos, o aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:12), mostrando-se espiritualmente aler-ta (Hb.13:17; 2Tm.4:5), sendo capaz de exortar, advertir, consolar e orientar com amor e autoridade (Jo.13:15; 1Co.4:14,15; 2Tm.2:23-26).

Nenhuma ambição pessoal pode tomar o coração do pastor. É o Espírito San-to que o torna “supervisor” (bispos) do

Estudos Bíblicos 80

rebanho de Deus (At.20:28), e é Deus quem estabelece o governo na Igreja (1Co.12:28). Por outro lado, Deus não chama um homem a realizar uma tarefa, para a qual não o tenha dotado de dons adequados, ou das necessárias qualifica-ções (Mt.25:15; 1Tm.3:1-7; Tt.1:5-9).

e) Mestre (doutor):Comparando-se At.13:1 com Rm.12:7;

2Tm.1:11 e Tg.3:1, percebemos que esse não costuma ser um dom isolado. Havia na Igreja mestres que exerciam seu dom, juntamente com os apóstolos, profetas, evangelistas e pastores. Em especial, o pastor deve possuir o dom de mestre. Daí a expressão de Paulo “pastores e mestres” (Ef.4:11), correlacionando estes dois mi-nistérios.

Na maioria das vezes, ensinavam em congregações locais já estabelecidas. Dentro do círculo apostólico, o grande mestre dos gentios foi o apóstolo Paulo (1Tm.2:7). A tarefa dos mestres é a de transmitir o conhecimento espiritual, inspirar aos crentes com a verdade reve-lada nas Escrituras, e, através da instru-ção geral conferida à igreja, contribuir para levar aos crentes à varonilidade de Cristo (1Co.1:25-29; 2:1-8; Ef.4:13,14). Ele deve se dedicar ao estudo e ao ensino (At.17:11; Rm.12:7; 2Tm.2:15 – note que Timóteo era, ao mesmo tempo, evange-lista e mestre).

e.1 – Algumas considerações impor-tantes:

Não devemos confundir os dons mi-nisteriais de Cristo, com as funções mi-nisteriais de Presbítero e de Diácono, nas igrejas locais. Aqueles primeiros são dons concedidos para o crescimento da Igreja e, portanto, que possui uma ênfa-se e visão extra local. É óbvio que eles só podem ser exercidos numa determinada

localidade, mas o que aqui se enfatiza é que os dons ministeriais não estão res-tritos à localidade. Já as funções minis-teriais de presbítero e diácono são de ca-ráter local, a serviço das igrejas locais, no cuidado do governo, da administração e do serviço.

Na verdade, a palavra “presbítero” é uma transliteração da palavra grega “presbyteros”, que significa “aquele que preside, governa”, ou “ancião”. Por outro lado, não existe, no texto bíblico original, a expressão “bispo”, que é uma tradução posterior da palavra “epískopos”, que sig-nifica: “guardião”; “vigia”; “supervisor”; “superintendente”; denotando mais uma função ministerial, do que propriamente um título.

Por exemplo: Quando o apóstolo Pau-lo mandou chamar os “presbyteros” da Igreja em Éfeso (At.20:17), dirigiu-se a eles como sobre quem o Espírito Santo os havia constituído “episkopoi” (20:28), enfatizando a função pastoral. Em outras palavras, quando Paulo os chamou, o fez referindo-se ao título ministerial, pelo qual eram reconhecidos no governo das igrejas locais, isto é, “presbyteros”, mas, quando lhes falou pessoalmente, enfan-tizou-lhes o ministério pastoral, como “guardiães” responsáveis pelo cuidado do rebanho de Deus.

Precisamos reconhecer, entretanto, que, embora aqui os termos sejam in-tercambiáveis, a história da Igreja dei-xou evidências de que, já por volta do ano 100 d.C., começou-se associar o dom ministerial com o título, surgindo uma distinção entre o ofício ministerial de presbítero e o de bispo (o “pastor” dos tempos modernos). Assim sendo, a Igreja primitiva reconhecia três ofícios ministeriais, em seu governo nas igrejas locais: os “bispos” (pastores), “presbíte-

Estudos Bíblicos 81

ros” e “diáconos”. O apóstolo Pedro, quando falou a res-

peito do Senhor Jesus Cristo, associa, cla-ramente, a expressão “epíscopos” com a função pastoral, quando afirma que Jesus é o “poiména” (“pastor”) e “epíscopos” (“guardião” – a melhor tradução – me-lhor do que “bispo”, no sentido atual) “das vossas almas” (1Pe.2.25), o que reforça, ainda mais, o que foi dito anteriormente.

Nessa perspectiva bíblica, um presbí-tero ou um diácono pode ser, ao mesmo tempo, um apóstolo, ou um evangelista, ou um profeta, ou um pastor e mestre, ou possuir todos os dons ministeriais. Pedro, quando escreve às diversas igre-jas na Ásia Menor, se dirige a elas na qualidade de “apóstolo de Jesus Cristo” (1Pe.1:1), mas quando fala, especifica-mente, às lideranças locais, não se sente “constrangido” em dirigir-se a elas como um “presbítero” (1Pe.5:1), simplesmente, porque apóstolo não era um título ou cargo nas igrejas, mas uma função (dom) ministerial, ligada à Obra extra local, po-rém, “presbítero” era, de fato, um título ministerial, ligado às igrejas locais.

Paulo nunca foi conhecido como um presbítero, ou “bispo”, ou diácono, porque dedicou toda a sua vida ao exercício de seus dons ministeriais de apóstolo, profe-ta e mestre na Obra extra local (At.13.1; 2Tm.1:11). Porém, ele sabia da importân-cia daqueles ministérios nas igrejas locais (At.14:23; 1Tm.3:1; 5:17; Tt.1:5,7).

Portanto, um presbítero pode receber (ou não) do Senhor Jesus dons minis-teriais de apóstolo (missionário), pro-feta, evangelista, pastor e mestre. De igual modo, um diácono, tal como Filipe (At.6:5; 8:26-40; 21:8), por exemplo, pode receber o dom ministerial de evangelista, sem deixar de ser diácono. Uma coisa não deve ser confundida com a outra, mas, na

prática, isso frequentemente ocorre.No decorrer da história da Igreja,

porém, começou-se a dar ênfase à hie-rarquia clerical, o que ocasionou uma crescente adoção de títulos e cargos eclesiásticos, atribuindo-se a eles a no-menclatura bíblica dos dons ministeriais, gerando uma grande confusão.

6) O Dom do Espírito Santo – é o “re-vestimento de poder”, ou “batismo com o dom de línguas”, que só o crente genu-íno recebe, após a plenitude do Espírito Santo (Mt.3:11; Lc.24:49; At.1:4-8; 2:1-4, 38,39; 10:44-46; 19:5-7). Não deve ser confundido com a salvação, ou batismo no Espírito Santo, no momento em que cremos (1Co.12:13; Tt.3:5), do qual todo cristão genuíno participa, pois “se al-guém não tem o Espírito de Cristo, este tal não é dele” (Rm 8:9).

Citando o pastor Djalma Pereira: “Não se deve confundir o Deus Espírito Santo, que é uma Pessoa, com o dom do Espírito Santo, ou o dom de línguas, que é uma dádiva do mesmo. Pois o que é “do”, é de alguém, e o que é “O”, é a própria pes-soa – o Espírito Santo – e que concede o dom. E só é concedido, após o crente pas-sar pela “plenitude” ou “enchimento” do Espírito Santo”. É o derramar do Espírito, cujo sinal é dom de línguas, assim como, o copo (vaso) já cheio d’água, se continu-ar recebendo água, transborda ou der-rama. Assim afirma a Palavra de Deus, em At.2:4;10:44-45. Observe que todos já tinham o Espírito Santo, já eram sela-dos com o mesmo, inclusive os apósto-los, pois, todos já tinham crido em Jesus, mas só agora é que receberam o dom de línguas, que é o “dom do Espírito Santo”.

No evangelho de Marcos (16:17), o Se-nhor Jesus afirmou, profeticamente: “Em meu nome expulsarão os demônios; fa-

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larão novas linguas” (glossolalia). A pri-meira e a mais clara manifestação desse dom, está em At.2:1-11, entre os aconte-cimentos que assinalaram o dia de pen-tecostes e a fundação virtual da igreja. É evidente que o dom de línguas, nessa oportunidade, manifestou-se de maneira diferente daquilo que vemos em todas as outras ocasiões em que ele é descrito ou explicado. Paulo diz que aquele que fala em línguas “ninguém o entende, e em es-pírito fala mistérios”, assim, não edifica a Igreja (1Co.14:2). Por isso é que afirma: “...porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas (glossolalia), a não ser que também interprete para que a Igreja receba edificação” (vv.5,13). Como se trata de um dom do Espírito Santo, o mesmo contexto (v.13), ensina--nos, dizendo: “...O que fala língua estra-nha, ore para a que a possa interpretar”.

7) Os Dons do Espírito Santo: São para o aperfeiçoamento dos membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja (I Co 12:1-11). Podem ser classificados em:

a) Dons de “Inspiração” ou “sa-ber sobrenaturalmente” (vv.7,8):

“a palavra a sabedoria”: Aqui é focalizada a habilidade de compreender e de transmitir o sentido mais profundo de algo que o Espírito de Deus quer dar a conhecer (Rm.11:33). É provável que também esteja em foco a aplicação da sabedoria a circunstancias particulares, em que são resolvidos problemas difí-ceis, mediante a aplicação de sabedoria espiritual. Nesse sentido, Salomão era supremamente possuidor desse dom. Não há razão para pensarmos que o discernimento intuitivo, nos problemas da igreja e dos crentes individuais, não

esteja incluso nesse dom da sabedoria. “A palavra da sabedoria qualifica o pre-gador, a palavra da ciência, o mestre. É o poder que torna o sermão em pregação inspirada, revestindo as palavras de irre-sistível poder, capaz de quebrar as bar-reiras de incredulidade no coração do pecador e levá-lo à regeneração.” (José Rego do Nascimento – Livro: Calvário de Pentecostes). É muito útil na evange-lização e no ministério da Palavra, e nos relacionamentos interpessoais, na Obra de Deus (Gn.41:38-39; 1Re.3:16-28; Mt.21:25; Lc.20:1-8,19-26; 21:15; At.6:8-10; 1Co.2:1-10; Ef 1:17-18).

“A palavra da ciência” (v.8b): O conhecimento deve aplicar-se tanto ao “acolhimento” como à “compreen-são” do que é dito e ensinado na igreja, e, sobrenaturalmente, através do Espírito Santo. Mas, igualmente, inclui a trans-missão desse conhecimento. O mestre se mostra supremamente dotado em ambas essas categorias (aprender e ensinar). A palavra da ciência qualifica o mestre, para o conhecimento das verdades reve-ladas por Deus na Sua Palavra. (Lc.2:46, 47; At.13:1; Ef.3:1-8; 4:11; 1Tm.4:13-16; Tt.1:9; 2:1,7,8; 2 Pe.3:15,16).

“Discernimento de espíritos” (v.10): é o poder de distinguir entre as operações do Espírito Santo e as opera-ções de espíritos malignos e enganadores (1Tm.4:1; 1Jo.4:1).Muito útil para o alerta contra a investida do inimigo - na maio-ria das vezes “sorrateira” (Mt.16:21-23; Lc.6:6-11; At.5:1-11; 8:17-23; 16:16-18).

b) Dons de “Agir So-brenaturalmente” (v.9,10): “A fé”: Muito útil na ocor-

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rência de provações, curas, milagres e dificuldades. Esta é a chamada “fé de milagres”, para diferenciar da “fé salva-dora” (Mt.17:14-20; At.3:4-7; 27:20-25; Tg.5:15-18).

“os Dons de curar”: Note-se a forma no plural denotadora da multi-plicidade das manifestações deste dom. Deve ser executado em nome do Senhor Jesus (Mc.16:15-18; Lc.4:18,19; At.3:6-9; 8:5-8, 9:32-35; Tg.5:13-16).

“Operação de Maravilhas”: é um acontecimento extraordinário re-alizado por Deus, geralmente associa-do à suplantação de toda expectativa e lógica humanas (Mt.9:18-26; 14:13-36; Lc.7:11-17; Jo.11:43, 44; At.5:12-16).

c ) Dons de “Falar sobrenaturalmen-te”:

“A profecia: Este é consi-derado pelo Apóstolo Paulo, como o principal dos dons do Espírito Santo (1Co.14:1). Devida a sua importância, é o único sobre o qual se recomenda, explicitamente, que deva ser imediata-mente julgado pela Igreja presente (a profecia, não o profeta – 14:29; compare com Nm.23:19,20 e Dt.18:20-22). Deve--se considerar, ainda, que nenhuma profecia deverá exceder aos limites da verdade revelada na Palavra de Deus, principalmente contrariando a doutrina do Evangelho (1Jo.2:26,27; 2Jo.9,10). A profecia é uma evidência da presença de Deus no meio do seu povo (14:24,25), além de abordar necessidades específi-cas na Obra de Deus (At.13:1,2), ou que envolvam questões de “pecado oculto”, que pessoas, mesmo preparadas, não sa-

beriam resolver com sucesso, mas que o Espírito revela para não ser prejudicada a Obra de Deus (Pv.29:18; At.5:1-11). Considerando-se o dom de profecia sob esse prisma, esse é um dom altamente desejável na igreja cristã moderna, ain-da mais quando atentamos para o tes-temunho que Deus dá dele (Am.3:7,8).

a variedade de linguas: o apóstolo Paulo possuia esse Dom (1Co.14:18), o qual está intimamente ligado ao Dom do Espírito Santo, mas, diferentemente deste, ele se caracteriza pela “variedade de línguas”, indicando uma concessão especial do Espírito Santo no falar diretamente com Deus, em mistérios. Por isso Paulo agradece a Deus. Porém, reconhece que, na Igreja, ele deve ser acompanhado do Dom de interpretação de línguas (vv.12-19).

e a interpretação de linguas»: À primeira vista, a descrição do segundo capítulo de Atos parece não deixar mar-gem a qualquer mal entendido. Todos os crentes reunidos foram cheios do Espíri-to Santo e começaram a falar, sobrenatu-ralmente, em outras línguas (glossolalia) que os discípulos nunca haviam estuda-do, embora compreensíveis para os pe-regrinos judeus, reunidos em multidão, que tinham vindo de vários países, visi-tar Jerusalém. Lemos no sexto versículo daquele capítulo: “...cada um os ouvia falar na sua própria língua”. Isto aconte-ceu porque foi concedido, também, pela primeira vez, o “Dom de interpretação de línguas” (1Co.14:5b,13, 26b).

d) Outros Dons Comple-mentares ao Ministério: (Rm.12:7,8; 1Co.12:28).

IV – CONCLUSÃO:

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Vimos como Deus supriu à Igreja de Cristo de todos os dons, cada qual em atendendo à necessidades específicas para o crescimento harmonioso e equilibrado do Corpo de Cristo.

Cabe-nos, zelosamente, buscarmos os melhores dons para o serviço mútuo, sob a poderosa soberania e presença de Deus.

A Igreja é o “Corpo de Cristo” e a “Casa espiritual, onde Deus habita”, sendo natu-ral que haja nela as manifestações sobre-naturais do poder de Deus.

O caminho para o amadurecimento cristão, nessa área, não passa pelo comba-te às manifestações desses dons na Igreja hoje, mas pelo seu exercício, de forma equilibrada (sem priorizarmos uns, em detrimento de outros), no poder do Espí-rito Santo e no amor, que é o vínculo da perfeição. Amém.

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Estudo 11O GOVERNO

TEOCRÁTICO E CONGREGACIONAL

DA IGREJAVERSÍCULO BÁSICO: “Deus sujei-tou a Cristo todas as coisas, e sobre to-das as coisas o constituiu como cabeça da Igreja. Pois a Igreja é o corpo de Cristo; a plenitude daquele que cum-pre tudo em todos” (Ef.1:22,23).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Mt.9:37,38;16:15-18; At.1:15-26Terça-feira - At.13:1-4;14:23; Cl.1:16-20Quarta-feira - Rm.12:4-8; Ef.4:11-16; 5:23,24Quinta-feira - I Co.12:12-31; I Pe.2:6-9Sexta-feira - I Tm 3:1-13, 5:17-18Sábado - Tt.1:5-9; Ap.1:8,16-20.

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I – INTRODUÇÃO:

A forma bíblica de governo na Igreja é a do governo “teocrático-congregacio-nal”, tendo a Cristo como o único Senhor e Cabeça de Seu Corpo, que é a Igreja. Toda atividade realizada nela deve ser exercida no nome de Jesus, pelos mem-bros do Corpo que têm o Espírito Santo, aos quais Ele dotou de dons e ministérios, tanto nas Igrejas militantes locais, quanto na Obra Missionária, extra local.

II – FORMAS DE GOVERNO ECLESI-ÁSTICO:

Há, pelo menos, três formas de go-verno eclesiástico, fruto de tradições, concepções e interpretações, ao longo da história da Igreja: o monárquico, o oli-gárquico e o democrático. Porém, enten-demos haver uma quarta forma possível de governo, fundamentada na Palavra de Deus, denominado “teocrático-congre-gacional”.

Por razões de ética cristã, não men-cionaremos, a título de exemplificação, o nome de instituições ecleciásticas, nas quais essas formas de governo podem ser encontradas. Não tencionamos julgar se “a” ou “b” está certo, ou errado, mas, ten-tar descobrir, à luz da Palavra de Deus, o que ela nos ensina a respeito.

a) Monárquico: é o governo de uma só pessoa, que centraliza toda a au-toridade sobre uma igreja, quer numa localidade, quer numa região, país ou mesmo no plano internacional.

O grau de autoridade da liderança na Igreja é confundido com o título do ofício ministerial recebido, ocorrendo uma for-

te hierarquia clerical centralizada. De uma forma geral, quando se pensa

nessa Igreja, a primeira imagem que se tem é a de uma pessoa, ou do nome de seu líder maior. Os membros da igreja não exercem, livremente, dons e minis-térios dados por Deus, mas suas partici-pações são “monitoradas”, e se tornam, muitas vezes, apenas espectadores ou ouvintes, ao invés de instrumentos nas mãos de Deus, pelos quais Deus abenço-aria toda a Igreja.

a) Oligárquico: é o governo de uma minoria, por meio da qual alguns oficiais da igreja gerem tudo (ou qua-se tudo) nela. À semelhança do sistema monárquico, o grau de autoridade da liderança é confundido com o título do ofício ministerial recebido, ocorrendo, também, uma hierarquia clerical centra-lizada.

De uma forma geral, quando se pensa nessa igreja, a primeira imagem que vem à nossa mente, é a de um grupo ministe-rial atuante, com o qual a igreja é confun-dida e se identifica. Entretanto, aos mem-bros da igreja é permitido o exercício de “alguns” dons e ministérios, de acordo com critérios e conveniência da própria liderança. A liderança não permitirá ser questionada, ou perder o seu poder de controle sobre a Igreja.

b) Democrático: por definição, este é “o governo que emana do povo, e em seu nome deve ser exercido”. Decide--se qualquer assunto em assembléia, pela maioria dos votos. Há uma tendência à descentralização, e a autoridade da lide-rança não está, unicamente, vinculada ao título ministerial, mas provém de sua legitimidade e conduta à frente do reba-

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nho, de acordo com os modelos que a própria igreja estabelece, formal ou in-formalmente.

Os membros da Igreja, reunidos em as-sembléia, detêm a autoridade para nome-ar ou remover, por vontade da maioria, toda a liderança.

De uma forma geral, quando se pensa nessa Igreja, a primeira imagem que se tem é a da diversidade, às vezes contradi-tória em si mesma. O critério de decisão pelo voto, reflete o perfil da comunidade participante, entretanto, é preciso que se reconheça, que “a voz do povo” não é “a voz de Deus”.

Há, ainda, uma tendência à relativiza-ção dos valores, à mutabilidade e multi-plicidade das formas e relações, e à auto-nomia eclesiástica.

Antes de olharmos para o quarto modelo de governo eclesiástico, isto é, o governo “teocrático-congregacional”, precisamos enfatizar alguns conceitos importantes da Palavra de Deus:

1) O princípio da autoridade es-piritual na Igreja:

(a) Cristo é a Cabeça do Corpo (a Igreja), acima de todo Principado e Po-testade:

Em Cl.1:16-20, aprendemos que tudo foi feito por meio de Cristo, para Ele, depende Dele, e por Ele subsiste. Tudo, indica: todos os seres criados e o univer-so. Isto é: Não há nada que esteja fora do Seu poder e autoridade. Qualquer espécie de reino, governo e potestade, nos céus e na terra, está sujeito à autoridade do Se-nhor Jesus Cristo, porque Deus quis que assim fosse (Mt.16:16-18; Mc.16:15,16; Ef.1:22;4:15; 5:23; Cl.1:15-18; 2:10).

Em relação à Igreja, não é diferente. Cristo é a Cabeça soberana da Igreja, que é o Seu corpo (Ef.1:22,23). A Igreja Lhe está sujeita e Lhe deve obediência e sub-missão irrestritas. Ele tem a primazia em tudo, sendo o Senhor absoluto da Igre-ja (1Co.12:12-31; Ef.4:15,16). Portanto, nenhuma atividade no corpo de Cristo poderá ser exercida sem o Seu consenti-mento e aprovação, sob pena de ilegitimi-dade, nulidade e usurpação!

O propósito eterno de Deus é o de fa-zer convergir em Cristo Jesus, todas as coisas. Por meio do Senhor Jesus, Deus “reconciliou consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”, indicando que não há qualquer poder capaz de impedi-Lo em Seu propósito. Jesus Cristo venceu, eficazmente, todos os principados e potestades espirituais do mal, tornando-os sujeitos a Si mesmo, debaixo do Seu poder (Cl.2:15). Todas as hostes espirituais da maldade, chefia-das por Satanás, foram derrotadas por Cristo, através de Sua obra redentora na cruz, por meio da qual desmascarou-as publicamente, e triunfou sobre elas em Si mesmo, revelando a todos o caráter re-provável deles, por terem sido, anterior-mente, usurpadores e rebeldes contra a Autoridade de Deus nos céus.

De que modo o Senhor Jesus agiu, a fim de estabelecer a Sua vitória sobre Sa-tanás e suas hostes do mal? Nos parece importante destacarmos dois aspectos importantes ligados a Sua Obra redento-ra na cruz, que estão diretamente ligados ao governo de Deus na Igreja:

a) Jesus venceu o Diabo, os seus anjos e o sistema mundano, pela obediência e submissão incondicional ao Pai, em con-traposição à desobediência e rebeldia de Adão, incitada por Satanás (Rm.5:19;

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Fp.2:5-11; Hb.5:8). Isto nos conduz a uma reflexão séria se estamos, ou não, de fato, seguindo esse mesmo exemplo de Cristo, em relação às nossas atividades no Reino de Deus; e,

b) O Senhor Jesus nunca dependeu de Si mesmo, ou se apoiou em sua própria natureza Divina, no cumprimento de sua missão. Pelo contrário, sua inteira depen-dência do Pai foi a marca do seu minis-tério (Jo.4:34; 5:19,30; 6:38; 7:16; 8:28,29). Isto nos leva à seguinte reflexão: A nos-sa conduta, motivação e propósitos, no exercício das funções eclesiásticas, têm sido marcadas por esse mesmo paradig-ma de Cristo? Temos buscado agirmos fundamentados em nós mesmos, ou no poder de Deus em nós, através da atuação do Espírito Santo? Medite em Fp.2:12,13 (à luz do contexto), e em: Rm.15:17-19; 2Co.1:9-12; 3:4,5; 10:4,5.

Na Igreja, é Deus: Pai, Filho e Espírito Santo quem realiza, por meio dos dons espirituais e ministeriais dos membros do Corpo de Cristo, Sua Obra e Vonta-de (Rm.12:6-8). Lendo-se outros textos, como: Mt.9:37,38; Lc.10:1,2; At.6:2-6; 13:1-4; 14:23; 20:28; Ef.4:11; 1Tm.4:14; 2Tm.1:6; Tt.1:5, percebe-se o mesmo princípio: o governo é de Deus; o poder é de Deus; as normas e leis emanam de Deus; o ensino é de Deus; a doutrina é de Deus e permanece para sempre. Quem se atreveria a mudá-lo ou ignorá-lo?

2) O princípio da unidade pela obediência e submissão:

Watchman Nee, em seu livro “Autori-dade Espiritual”, considera que não ha-verá unidade no corpo (de Cristo), sem a obediência ao princípio da autoridade da Cabeça. Disse ele: “Para que a unidade se

realize, é preciso que seja exercida a au-toridade da Cabeça no governo do corpo. Todos os membros do corpo deveriam se sujeitar uns aos outros. Quando isto acon-tece, o corpo é unido em si mesmo e com a Cabeça. Quando a autoridade da Cabe-ça prevalece, a vontade de Deus se realiza. Assim, a igreja se torna o reino de Deus”.

O Senhor Jesus ensinou aos seus discí-pulos, em Mt.20:20-28, que o governo em Sua Igreja não deve ser caracterizado pela dominação ou posição hierárquica, mas pelo serviço e pela submissão. O maior é o menor de todos, e quem governa o servo de todos! O Senhor chamou-lhes a aten-ção para o Seu próprio exemplo e teste-munho. Nesse mesmo sentido, o apóstolo Pedro fala aos presbíteros das igrejas na Ásia (1Pe.5:1-4).

Deus, sendo Ele mesmo Auto-suficien-te e Todo-poderoso, poderia governar so-zinho, mas não o faz! Nos céus e na terra Ele estabeleceu tronos, dominações, prin-cipados e potestades, e as hostes celestiais participam do Seu governo (Gn.28:10-13; Mt.1:20-24; 4:11; Jo.1:51; At.10:1-7; 12:6-12; Cl.1:16-20; Hb.1:6,7; Ap.2:1,8,12).

Por outro lado, Deus rejeitou àqueles que foram insubordinados e rebeldes, ou tentaram exercer autoridade, sem se-rem obedientes, submissos e tementes à Sua Palavra e vontade (1Sm.13:13,14; Rm.16:17,18; 2Pe.2:4,10,11; 3Jo.9,10; Jd.8,9).

IV– O GOVERNO TEOCRÁTICO--CONGREGACIONAL (TC):

O governo eclesiástico, segundo os princípios que vimos na Palavra de Deus, está sujeito e ligado à Cabeça (Cristo), pela atuação de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo na distribuição de dons e ministé-rios aos membros do Corpo de Cristo.

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Nesse sentido, ele é um governo “teocrá-tico”, pois é Deus quem governa e age so-beranamente.

Entretanto, esse mesmo governo tem a participação ativa dos membros do Corpo, no exercício dos mesmos dons e ministé-rios concedidos por Deus e, nesse sentido, ele é um governo “congregacional” (e não “democrático”), pois a atuação é originária em Deus (e não no povo), embora seja re-alizada por meio de cada membro do Cor-po (1Co.10:31; Fp.2:13; Cl.3:17).

Assim, na Igreja do Senhor Jesus Cristo ninguém deve trabalhar para si mesmo, ou buscar os seus próprios interesses. Qual-quer ato realizado nela que foge aos prin-cípios vistos anteriormente, não tem valor eterno. Será considerado como “palha, feno ou madeira”, no Tribunal de Cristo (1Co.3:12-15; 2Co.5:10; Hb.13:8; Ap.2:1-3:22; 19:7,8).

Como, então, o governo TC é exercido na Igreja, segundo as Escrituras? Há duas linhas de atuação: uma local, ligada às igrejas locais e a outra extra-local, ligada à “Obra” de edificação, crescimento e ex-pansão do Corpo de Cristo.

1) Conceituando as duas linhas de atuação do governo TC:

Ressaltaremos, nesse ponto, as distin-ções peculiares a cada uma das linhas.

a) A linha “extra local” que é composta pelos vocacionados e co-missionados para a “Obra”: São os que receberam os dons ministeriais de Cristo, isto é: os apóstolos (missionários), profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef.4:11).

Esta primeira linha do governo TC da

Igreja é a que o Espírito Santo chamou de “Obra” (At.13:2). Ela atua na expansão e crescimento do Corpo, visando a implan-tação e edificação de novas igrejas (cap.13 e 14). Nela, a Obra missionária tem um ca-ráter primordial, mas também estão pre-sentes e atuantes os ministérios profético, evangelístico, pastoral e do ensino.

b) A linha “das igrejas militantes locais” que é composta pelos vocaciona-dos e comissionados para o governo das igrejas: São eles: Os pastores - recorde as “considerações importantes” da lição an-terior, item III, alínea “e.1” - presbíteros e diáconos (At.14:23; 20:17,28; Fp.1:1; 1Tm.3:1,2; 5:17-20).

Nesta linha segunda de ação do gover-no TC, o Ministério está voltado especial-mente para o governo das igrejas locais, que já mencionamos acima (Fp.1:1; At.6:3-6; 14:23; 1Tm.3:1-13; 5:17-20; Tt.1:5-10).

2) O paralelismo existente entre as duas linhas e o crescimento do Corpo:

Pela Palavra de Deus, compreendemos que as duas linhas não são convergentes, nem se confundem, mas são paralelas e unidas numa mesma direção.

Para uma melhor compreensão desse aspecto, precisamos recorrer a duas “re-velações” feitas por Deus: uma no An-tigo Testamento (dada a Jacó) e a outra no Novo Testamento (dada por Jesus). Trata-se da visão de uma “escada” ascen-dente até os céus, apoiada sobre o “Filho do homem”, conforme a revelação de Jesus dada a Natanael (Jo.1:49-51) e a visão dada a Jacó (Gn.28:10-22) - note-se que Jacó apoiou a sua cabeça (antítipo de Cristo) sobre a Rocha (antítipo de Cristo).

Estudos Bíblicos 90

O apóstolo Paulo reafirma o mes-mo princípio, quando nos ensina, em Ef.2:20-22, que a Igreja está sendo edifi-cada sobre “o fundamento dos apóstolos e profetas, do qual Cristo é a Rocha prin-cipal de esquina”.

Observando-se pelas Escrituras a atuação de Deus na Igreja - de acordo com Atos capítulos: 8, 10, 11, 12, 13 e 14; Ef.4:1-16; 1Co.3:4-16; 12:1-31, entre outros - percebe-se que o seu crescimen-to e expansão se dão nessas duas linhas paralelas bem definidas, ajustadas e liga-das ao comando da Cabeça, que é Cris-to, por meio do Espírito Santo. A seguir, um breve esboço desse desenvolvimento paralelo:

(a) O Espírito Santo chama, den-tre as igrejas locais, os que têm ministé-rios de apóstolos (missionários), profe-tas, evangelistas, pastores e mestres, e os envia, a partir das próprias igrejas, para a “Obra” de implantação e edificação de novas igrejas (At.13:1-4);

(b) Durante essa fase de implan-tação, há uma perfeita cooperação, coe-xistência e unidade entre a “Obra” e as “igrejas locais”. Este é o ponto em que a linha da “Obra” tangencia a linha das “igrejas militantes”, mas, na verdade, está agindo, paralelamente, na edifica-ção e crescimento dessas novas igre-jas (At.8:5,14,25; 11:1-4,12-14,19-30; 12:24,25; 13:4,5,13,14,44,50,52; 14:1,6, 7,19-28);

(c ) Terminada a fase de implan-tação, as igrejas locais tornam-se “autô-nomas”, buscando o seu próprio desen-volvimento e crescimento, em direção à varonilidade de Cristo. Nelas são eleitos “presbíteros”, que cuidarão do reba-nho de Deus e da administração ecle-siástica local, seguida pelos “diáconos”,

como aconteceu na igreja em Jerusalém (At.6:1-6), e com as demais igrejas no NT (At.16:11,12; compare com Fp.1:1; e At.20:1-5,16 com At 14:23; 1Tm.1:1-3; 3:1,8; Tt.1:5);

(d) Devemos nos lembrar de que a Igreja é o Corpo de Cristo, vivo e san-to. Portanto, Deus continua agindo nas novas igrejas, através de dons e ministé-rios concedidos a qualquer membro do Corpo, segundo a Sua soberana vontade. Essa fase de desenvolvimento e cresci-mento da igreja local prossegue até ao ponto em que ela está preparada para enviar outros para a “Obra”.

(e ) Quando a igreja se desenvolve espiritualmente, inicia-se a fase madu-ra, e está pronta para que Deus chame e envie outros, a partir dela mesma, para serem integrantes da “Obra”, reiniciando o ciclo de crescimento do Corpo. Está última, é a fase do chamado e envio para a “Obra”. Foi o que ocorreu com a Igreja de Cristo em Jerusalém, da qual mui-tos (inclusive os próprios 12 apóstolos) foram enviados para a “Obra”; e, poste-riormente, com a Igreja em Antioquia.

♦ Em resumo: Imaginando-se o perfil de uma figura da escada que se ele-va até os céus (descrita anteriormente), apoiada sobre o fundamento dos após-tolos e profetas, do qual Cristo é a Rocha principal de esquina, temos:

1. Fase de implantação – é repre-sentada pelo vértice superior de cada de-grau da escada, os quais representam as novas “igrejas locais”, implantadas pelos que estão na “Obra” (Ef.4:11,12);

2. Fase de desenvolvimento e crescimento – é representada pelo de-

Estudos Bíblicos 91

grau da escada, sobre o qual se apoiam os pés. Nessa fase a linha percorre o sentido horizontal, a partir do vértice superior. É a igreja em pleno crescimento, tanto quantitativo quanto qualitativo, em dire-ção à varonilidade de Cristo. Deve haver pleno uso de dons e ministérios, os quais Deus distribui a cada membro do Cor-po como Ele quer, e para o que for útil (Ef.4:14-16).

3. Fase madura – é representada pelo vértice inferior de cada degrau da escada. A igreja está pronta para apoiar o surgimento e crescimento de novas igre-jas (Ef.4:13);

4. Fase do chamado de Deus e o envio para a “Obra” – é representada pela linha vertical, que sobe a partir do vértice inferior da escada, ligando-se ao vértice superior do próximo degrau da escada. Representa o momento em que Deus envia alguns para a “Obra”, a partir da igreja local, para a implantação de no-vas igrejas, reiniciando-se o ciclo de cres-cimento do Corpo (At.13:1-4); Aleluia!

5. A linha da “Obra” tangencia todos os vértices superiores da escada, que representam as igrejas em fase de implantação. A linha das “igrejas locais” é a união de todos os vértices inferiores da escada, que representam as igrejas em fase madura. Ambas as linhas andam paralelamente entre si, estando unidas numa mesma direção e, mutuamente, se complementam e interagem para o cres-cimento da Igreja.

V – CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O crescimento e a expansão da Igreja depende, primordialmente, do coman-do a partir da Cabeça, que é Cristo, e da obediente cooperação conjunta de seus ministros, ordenados e vocacionados

pelo Espírito Santo, tanto para a Obra quanto para o serviço das igrejas locais.

A “Obra” edifica as igrejas, mas por elas é sustentada, assim como, na esca-da, cada degrau se apoia no anterior. As “igrejas maduras” devem estar compro-metidas em custear, apoiar e suportar todo o peso das novas igrejas irmãs, em fase de implantação, sempre depen-dendo e confiando no Senhor da Obra, que supre todas as nossas necessidades (Fl.4:19). Caso contrário, a “Obra” se tornará grandemente prejudicada, e as igrejas não crescerão, ficando fadadas à estagnação, a uma religiosidade formal, voltadas para dentro de si mesmas.

Nada está limitado para Deus. Ele pode todas as coisas. Por isso, tanto os dons ministeriais, quanto os dons espi-rituais têm suas funções no âmbito da Igreja como um todo, pela atuação do Espírito Santo, tanto na “Obra” quanto nas “igrejas locais”. No entanto, devemos compreender, pela graça de Deus, as fun-ções e aplicações dos diversos dons e mi-nistérios, para evitarmos distorções que ocorrem pela interferência humana na resistência ao governo TC, que prejudica o desenvolvimento do Corpo, segundo os parâmetros da Palavra de Deus.

O perfeito entrosamento entre essas duas linhas Ministeriais, com enten-dimento, cooperação e submissão ao Senhor, em amor, é que impulsiona e sustenta o crescimento da Igreja como Corpo de Cristo, e promove a edificação das Igrejas locais Militantes, como ex-pressão visível desse mesmo Corpo invi-sível (At.9:31; 15:41). Veja o exemplo dos apóstolos, Paulo e Barnabé, que quando terminaram a sua missão na Obra, retor-naram à igreja em Antioquia, a qual os havia enviado, conforme ordenança do Espírito Santo, prestando relatório de sua missão à igreja, e todos se alegraram ven-

Estudos Bíblicos 92

do o que o Senhor havia feito (At.14:26-28; 15:35).

VI – CONCLUSÃO:

O governo da Igreja, por princípio e revelação da Palavra de Deus, não pode ser norteado por modelos humanos, nem em princípios que governam este mundo (kosmos), cujo príncipe e usurpador é Sa-tanás, inimigo de Deus. São modelos ins-pirados em valores humanos seculares, materiais, egoístas, injustos, soberbos, corruptos, imorais e idólatras. É impres-cindível, portanto, que a Igreja reconhe-ça, de forma pragmática, que o único que tem a legitimidade dessa autoridade e go-verno é o Senhor Jesus Cristo (Jo.12:31; Ef.2:1-3; 1Jo.5:19; Ap.11:15-17), que o re-aliza por meio do Espírito Santo na Igreja.

As decisões na Igreja, efetuadas por meio de eleição e votação, são legítimas, desde que estejam de acordo com o que ensinam as Sagradas Escrituras, e base-adas nos princípios da Palavra de Deus e Sua vontade (At.1:20-26; 6:1-6; 14:23; Tt.1:5-9). Isso não tem nada haver com “democracia”, como alguns ensinam. Ob-serve que nestes textos, houve a concor-dância do Espírito Santo e a consulta das Escrituras e, portanto, não ferindo o prin-cípio do governo TC, que emana de Deus.

As igrejas locais são autônomas, sem a interferência de um governo clerical centralizado e hierarquizado. Cada con-gregação toma as suas decisões, traça seus planos, buscando, entretanto, deve bus-car, em tudo, preservar a unidade do Cor-po de Cristo, na obediência ao princípio do governo teocrático-congregacional.

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Estudos Bíblicos 93

Estudo 12

A SOBERANIA DE DEUS

VERSÍCULO BÁSICO: “Foi precisa-mente para esse fim que Cristo mor-reu e ressurgiu; para ser Senhor, tanto de mortos como de vivos” (Rm.14:9).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Mt.9:37,38;16:15-18; At.1:15-26Terça-feira - At.13:1-4;14:23; Cl.1:16-20Quarta-feira - Rm.12:4-8; Ef.4:11-16; 5:23,24Quinta-feira - I Co.12:12-31; I Pe.2:6-9Sexta-feira - I Tm 3:1-13, 5:17-18Sábado - Tt.1:5-9; Ap.1:8,16-20.

Estudos Bíblicos 94

I – INTRODUÇÃO:

Nas últimas duas lições, trataremos do estudo da “escatologia”, ou “doutrina das últimas coisas”. Nesta lição, veremos a doutrina da soberania de Deus sobre to-das as coisas, bem como, o arrebatamento da Igreja e os três grandes julgamentos de Deus: (1) da Igreja, no tribunal de Cristo; (2) das nações, durante o milênio; e (3) dos mortos, diante daquele que se assenta no “grande trono branco”.

II – A SOBERANIA DE DEUS NA CRIAÇÃO, REVELAÇÃO, REDENÇÃO E GOVERNOS:

A Palavra de Deus ensina que Ele é o Senhor Soberano sobre todas as coisas, tanto nos céus (Sl.103:19), quanto na terra (1Cr.29:11; Dn.4:17,25,34,35; 5:21; 7:14).

Sua Soberania abrange tudo: a história, pois ele tem poder para intervir sobre as nações (At.14:15-17; 17:24-28); abrange toda a criação, pois Ele fez os céus e a ter-ra (Gn.1:1); tudo subsiste pelo Seu poder (Cl.1:16,17), e nada é considerado difícil para Ele (Jr.32:17-23); abrange a Obra da redenção (Ef.1:3-11). A própria crucifi-cação de Cristo se encontrava debaixo da Soberania de Deus (Jo.2:19-22; 10:17,18; 19:10,11; At.2:22-24; 4:27,28; Ef.3:9-11). Para Deus, “tudo é possível” (Mc.10:27; 14:23; Lc.1:37).

Deus é dono absoluto de tudo! (1Cr.29:11). Engana-se aquele que pensa que Ele é dono somente dos eleitos e es-colhidos, e que as demais pessoas não são dele (Sl.24:1; Is.45:9; Ez.18:4). Entretanto, é justamente pelo fato de que todos per-tencem a Ele, que terão de prestar contas a Deus de tudo o que fizeram.

Por outro lado, a soberania de Deus não

é arbitrária ou determinista. Pelo contrá-rio, ela é caracterizada pelos demais atri-butos de Deus, em Sua natureza divina, isto é, com a Sua justiça, santidade, amor, misericórdia, etc. Desta maneira, Deus é absolutamente capaz para usar os meios humanos na história, a fim de realizar a Sua soberana vontade e propósito, sem coagir ou forçar o homem a fazer o que Ele quer. Como Deus faz isso, está além da nossa capacidade de compreensão (Gn.45:4-8; 50:19,20). O homem atua como um ser livre, mas sempre dentro dos limites estabelecidos pela soberania divina.

A soberania de Deus na Criação, enfati-za a Sua magnificência e o poder infinitos (Sl.19:1-4; Rm.1:19,20). A Sua bondade e fidelidade ficam demonstradas em todas os seres criados, e o mais elevado Poder do universo é, também, o mais misericor-dioso e altruísta, pois o mesmo que criou todas as coisas, é, também, Aquele que “amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eter-na” (Jo.3:16).

A história, também, manifesta a Sobe-rania de Deus. Não haveria fé salvadora em Cristo, por exemplo, sem a existên-cia histórica de Jesus. “O Verbo se fez carne”, significou o supremo ato revela-dor de Deus na história da humanidade (Gn.3:15; Rm.1:3,16; 1Co.15:1-4; Gl.4:4; Hb.1:1,2; Ap.1:17,18a). A revelação de Deus na história culmina em Jesus Cris-to, mas prossegue até o tempo do fim (Ap.21:1-8).

Finalmente, Deus é Soberano sobre os que exercem autoridade e governam (Rm.13:1). Em Mt.28:18, lemos que todo o poder foi dado ao Senhor Jesus, não somente na terra, mas também nos céus. Os poderes temporais derivam sua autori-dade de Deus, e estão sujeitos ao governo

Estudos Bíblicos 95

divino (Jo.19:11). Precisam ser reconhe-cidos, mas quando saem da submissão a Deus, são rejeitados (At.5:28,29).

O texto de 1Tm.2:1-4 recomenda que oremos por todos os homens, especial-mente pelos governantes. Eles são “mi-nistros enviados por Deus para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem” (1Pe.2:13,14). Sujeitos ao poder Soberano de Deus, eles precisam de orientação da parte de Deus, a fim de que o evangelho seja anunciado por todo o mundo, visto que Deus deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao ple-no conhecimento da verdade.

Por outro lado, as próprias autorida-des civis devem reconhecer a origem de sua autoridade, em Deus, governando em conformidade com a justiça, no temor do Senhor. Sabendo que, se assim não agi-rem, sofrerão severo julgamento.

III – A SOBERANIA DE DEUS NOS TRÊS GRANDES JULGAMENTOS:

1) Dos crentes, no Tribunal de Cristo:

O julgamento dos crentes no Tribunal de Cristo se dará logo após o arrebatamen-to da Igreja. A Igreja arrebatada estará nos céus com Cristo, enquanto na terra haverá a Grande Tribulação e manifestação da ira de Deus. Importa que o julgamento come-ce pela Casa de Deus (1Pe.4:17), e é, em cumprimento dessa Palavra de Deus, que ele se dará antes de todos os outros julga-mentos.

Quando lemos o relato bíblico, em tex-tos como: Rm.14:9,10; 1 Co.3:10-15; 2 Co.5:10; 2Jo.8, e outros que estudaremos mais adiante, devemos considerar que:

a) “Todos nós compareceremos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba, segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” . Isto sig-nifica que o Senhor Jesus fará uma justa avaliação de toda a nossa vida e ações. Ele recompensará aos que Lhe foram fiéis com galardões, enquanto aos infiéis restará a perda de parte, ou totalidade dos galar-dões. Isto significa que o que fazemos nes-ta vida tem implicações eternas muito sé-rias. Prestaremos contas de todas as nossas ações, o que nos conduz a um sentimento de “temor do Senhor”.

b) Todos os que estão diante do tri-bunal de Cristo são salvos, cuja salvação não é proveniente das obras, mas da fé em Jesus (Rm.8:1; Ef.2:8). Não há, no texto, distinção entre salvos e perdidos, mas en-tre os que têm edificado bem e os que têm edificado mal sobre o único fundamento, que é Cristo. (I Co 5:10).

c ) Há uma variedade de tipos de materiais sendo utilizados na construção do edifício. Qualquer construção que fos-se levantada com materiais, como: “feno, palha ou madeira”, seria extremamente frágil, pobre e tenderia ao desmorona-mento. Por isso, diante do tribunal de Cristo, serão obras “queimadas” pelo rigor do fogo do julgamento do Senhor Jesus. O objetivo é o da purificação, a fim de que seja apresentado a Ele um perfeito edifí-cio, que O dignifique e O glorifique. Em contraste, materiais como o “ouro, prata e pedras preciosas”, formariam um edifício belo e mais parecido com o seu “funda-mento”, e, por esta razão, resistirão à prova do fogo, recebendo os seus galardões.

d) O próprio Senhor Jesus estabe-leceu o exemplo inigualável de vida santa

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e produtiva, como modelo a ser seguido, embora, devamos reconhecer, que nunca poderá ser igualado, mas, somente, “imi-tado” (1Co.11:1; Ef.5:1). Seu exemplo foi perfeito (Hb.7:26), e Ele nos convida a segui-Lo (Mt.10:37-42; 11:29,30; 16:24-27; Lc.14:25-35; Jo.12:23-26). A esse res-peito, o apóstolo Paulo nos dá excelentes orientações (Fp.3:7-21). Se seguirmos es-tes exemplos, seremos considerados fiéis naquele grande dia, e não sofreremos uma grande (senão a maior) vergonha de nos-sas vidas, diante do nosso Senhor e Salva-dor Jesus Cristo, diante de toda a Igreja, diante dos anjos fiéis e perante o próprio Pai (1Jo.2:28).

e) Os galardões têm repercussões no Reino de Deus e do Senhor Jesus Cristo, quanto ao recebimento de autoridade e de glória (Mt.25:14-30; 1Co.15:35,40,41,42; Ap.2:26-29; 22:10-17).

f) A Palavra de Deus menciona alguns tipos de coroas e galardões. Não podemos restringi-los a apenas estes, que mencionaremos a seguir, pois o próprio Senhor Jesus ensinou, em Mt.10:41,42, que um simples copo com água, dado a um profeta, na qualidade de profeta, gera “galardão de profeta”. Da mesma forma, ocorre com o justo, gerando “galardão de justo”, e assim sucessivamente. Portanto, a pequena lista abaixo é, somente, exem-plificadora e restrita aos tipos de coroas mencionadas na Palavra de Deus.

A coroa incorruptível (I

Co.9:25). Essa coroa é dada em recom-pensa aos servos fieis que renunciaram tudo na vida presente, santificando-se e consagrando-se, negando-se a si mes-mo, tomando a cruz de Cristo cada dia

(1Co.9:27), a fim de cumprirem as suas missões, dons e vocações no Reino de Deus. Aquele que não tiver uma vida san-ta, consagrada e exemplar no evangelho, está reprovado para receber esta coroa.

A coroa da justiça (2Tm.4:8). É a recompensa para o servo que recebeu talentos, dons e vocações ministeriais e foi fiel (2Tm.4:7). Quem puser a mão no arado e olhar para trás, não é apto para o reino de Deus, isto é, não será coroado no reino de Cristo (Lc.9:62).

A coroa da vida (Mt.5:10-12; Tg.1:12; Ap.2:10). Esta coroa é para os mártires fieis, que sacrificaram suas vidas, não negaram o nome de Jesus, foram fiéis, apesar de todas as ameaças e provações, tendo sido, por isso mesmo, mortos por amor ao Senhor Jesus.

A coroa incorruptível de glória (I Pe.5:1-4) Esta coroa é para os ministros fieis que apascentam o rebanho de Deus, conforme o padrão ensinado nas Escri-turas. Os Pastores que só trabalham se houver bom salário, boa casa, bom carro, boa posição eclesiástica; ou for em uma boa cidade, que tenha boas escolas para seus filhos, etc, não receberão esta coroa. Mas, aqueles que deixaram tudo por amor ao Senhor e ao rebanho, pregando o ver-dadeiro evangelho, estes receberão o seu galardão (Mt.25:21-29).

Em Ap.3:11, o Senhor Jesus chama a atenção para a possibilidade de perda do galardão. Em seu livro “O Novo Testa-mento interpretado versículo por versícu-lo”, Russel Norman Champlin chega a afir-mar o seguinte, a respeito daquele, diante do Tribunal de Cristo: “Compreenderei,

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então, quão justo será o meu julgamento, e não poderei proferir uma única sílaba, em defesa própria. Talvez, então, eu pen-se: “Oxalá pudesse eu recuperar os anos desperdiçados!”. Que Deus nos conceda a graça de cumprirmos, com amor e fi-delidade, a Sua soberana vontade para as nossas vidas. Amém.

2) Das Nações Vivas (Mt.25:31-46):

Cristo situou esse julgamento no tem-po de sua segunda vinda, isto é, no início de Seu Reino milenial, após o período da Grande Tribulação. Estudaremos, na pró-xima lição, os aspectos referentes ao Rei-no milenial de Cristo, na qual falaremos sobre a presença dessas “nações vivas”, durante o milênio. Por enquanto, focali-zaremos o episódio do julgamento em si. Qual a razão desse grande julgamento?

O próprio texto indica que haverá uma separação das “ovelhas” (os justos) dos “cabritos” (os injustos). Não é a melhor interpretação, aquela que atribui aos que são chamados de “meus irmãos” (25:40), aos da própria nação de Israel. E inter-pretam, erroneamente, o texto, como se o julgamento fosse tratar do quão justo, ou injusto, foi o modo como as nações trataram a nação de Israel. Isso tem o seu “espaço” no justo julgamento divino, mas não é o que o texto ensina. Juntamente com esse erro de interpretação, está o que ensina que a salvação aqui, vem pelas obras de justiça que eles praticaram. Ora, isso seria negar a própria redenção pelo sacrifício de Cristo na cruz. Mas, então, como devemos interpretar o texto?

Quanto a expressão “meus irmãos”, o próprio Senhor Jesus afirmou que “eles” eram os que faziam a vontade do Pai

(Mt.12:46-50); os que ouviam a Palavra de Deus e a praticavam (Lc.8:19-21); os seus discípulos (Mt.28:10; Jo.20:17; Rm.8:29). Além disso, “as ovelhas” não são salvas porque trataram com compaixão e amor aos “irmãos do Senhor”, mas porque a sua fé é viva, e praticante de boas obras e do amor sacrificial. A base da salvação é a mesma (somente pela fé), mas, a fé que não é fé viva, mas morta, é inútil.

O texto não trata de salvação, pois in-clusive a própria fé já deixou de ter a sua eficácia, uma vez que o Senhor está pre-sente, e aquele que vê não necessita de fé. O que o texto enfatiza é que a volta de Cristo para o Reino milenial e o Seu jul-gamento das nações vivas marcará a justa retribuição dos que, dizendo ser uma coi-sa, na verdade são outra. Daí, a ênfase nas obras. Tais “falsos cristãos”, “lobos disfar-çados de ovelhas”, serão desmascarados diante do Senhor de toda glória.

3) Dos incrédulos, diante do Grande Trono Branco (Ap.20:11-15):

Após o milênio, haverá a ressurrei-ção dos mortos para o julgamento final, diante do Grande Trono Branco. Este julgamento é absolutamente necessário e imprescindível.

Deus fará prevalecer a Sua justiça! Todos serão julgados, individualmente, segundo as coisas que estiverem escritas “nos livros” (em memória), segundo as suas obras. Isto é, cada um receberá a gra-duação da pena eterna segundo às suas obras pecaminosas (vv.12,13).

Todo homem irá colher o que semeou (Gl.6:7,8). Entretanto, como ele escapará das consequências dos seus pecados, sem Cristo? É por essa razão que haverá um

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último (e desesperadamente terrível) ape-lo, para que seja aberto “o Livro da vida” para que seja manifesto se o seu nome está ali, ou não! Quão angustiante, diante de Deus, não será esse momento!

Deus ressuscita os mortos, que não foram incluídos na primeira ressur-reição, com seus corpos naturais (não transformados), a fim de que sejam se-lados os seus destinos, apresentando-se diante do Senhor dos céus e da terra. Muitos o negaram em vida. Agora, ele os negará pela morte! Muitos amaram as suas próprias vidas, desprezando o evangelho santo e a cruz de Cristo. Agora perderão tudo! Nada lhes resta-rá, senão a agonia do “lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte”.

Quão terrível é este lugar, “prepara-do para o Diabo e os seus anjos”. Lá já foram lançados o anticristo e o falso profeta (Ap.19:20);

Satanás, o príncipe das trevas e o en-ganador de todo o mundo (Ap.20:10); a morte e o Hades serão lançados no lago de fogo (Ap.20:14); e os homens ímpios, que se recusarem ouvir a Pa-lavra de Deus e o Seu testemunho, e não se arrependeram das suas obras (Ap.20:15).

Na expressão do apóstolo João, o Trono é Grande, significando a gran-deza da glória de Deus e do Seu grande poder em submeter a Si mesmo todas as coisas. É, também, “branco”, indi-cando que Aquele que nele se assenta é absolutamente puro e santo, que reali-za a justiça, exerce o juízo, retribuindo a cada um o que fez, tanto aos homens, quanto aos anjos que hão de ser julga-dos, igualmente. Diante do Senhor, os céus e a terra fugirão da Sua presença! Aleluia! (2Pe.3:13 e Ap.21:1).

IV – CONCLUSÃO:

Estamos todos descobertos diante do Senhor dos céus e da terra. Nosso senti-mento é, ao mesmo tempo, de temor e de confiança. De “temor”, porque Ele é ma-ravilhosamente Santo e nada pode per-manecer diante de Sua presença de forma imperfeita, ou incompleta, ou indigna do Seu nome. Mas, também, de “confiança” em Seu sublime eterno Amor, pelo qual Ele nos chamou e vocacionou para ser-mos participantes do Corpo de Cristo, a Igreja, a esposa do Cordeiro.

Que as nossas vidas e toda o nosso ser, alma e espírito, glorifiquem a Deus, por ações, intenções e pensamentos, do modo mais puro e mais próximo possível, da-quilo o próprio Senhor Jesus praticou e ensinou. A Ele toda glória! Amém!

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Estudo 13A SEGUNDA

VINDA DO SENHOR JESUS CRISTO

VERSÍCULO BÁSICO: “Bem-aven-turado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele os mil anos” (Ap.20:6).

Meditando Diariamentena Palavra:

Segunda-feira - Mt.19:27-30; 24:29-44Terça-feira - Mt.25:21,23; Jo.14:1-3; At.1:9-11Quarta-feira - 1Co.15:23-28; 1Ts.3:13Quinta-feira - 1Ts.4:13-5:11Sexta-feira - 2Ts.2:1-12; Hb.9:28Sábado - Ap.1:5-7; 20:1-15

Estudos Bíblicos 100

I – INTRODUÇÃO:

Já iniciamos, na lição anterior, o estu-do da escatologia, nos concentrando mais nos três grandes julgamentos. Agora, ire-mos estudar, embora não de uma forma aprofundada, outros eventos importantes, como o arrebatamento da Igreja, o milênio e o estado eterno dos que são salvos em Cristo, e dos que não creram nem recebe-ram a verdade, que está em Jesus.

II – A CERTEZA DA “PAROUSIA”:

Um dos termos mais frequentes no NT, usados para indicar a vinda de Cris-to, é a palavra grega ”parousia”, que possui dois significados: “presença” (1Co.16:17; 2Co.10:10; Fp.2:12) e “vinda” (a mais co-mum no NT).

A primeira vinda de Cristo à terra vi-sou a redenção dos homens (Mc.10:45; Rm.8:3). Sua segunda vinda, porém, ob-jetiva a implantação do Seu reino mile-nial, em glória, com os seus escolhidos (Ap.20:6). Será a continuação da redenção de toda a criação, iniciada pela Igreja, e de-pois continuada pela restauração da nação de Israel, bem como o reinado de Cristo sobre todas as demais nações (durante o milênio), tudo isso, em direção à restaura-ção de todas as coisas, inclusive da própria criação, ao “Projeto, Plano e Vontade” de Deus no princípio (Ef.1:9,10; Cl.1:16-19).

a) A visão da Igreja, no século I d.C.:

O conhecido documento da Igreja (“Di-daquê”), escrito no final do século I d.C., traz, de forma resumida, as principais dou-trinas dos apóstolos, traduzidas em 16 te-mas de instrução. Destacamos, a seguir, o item XVI do documento, que traz a visão

que aqueles primeiros cristãos tinham so-bre a ordem escatológica dos acontecimen-tos ligados à “parousia”:

“Vigiem sobre a vida de vocês. Não dei-xem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins. Fiquem prepara-dos, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar. Reunam-se com frequência para procurarem o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês viverem a fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos. De fato, nos últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio. Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então, aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo. Então, aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.·Ressurreição sim, mas não de todos”, conforme foi dito: “O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele” (Jd.14). Então, o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu.”

Como vemos, a Igreja possuía uma fir-me doutrina sobre as últimas coisas e, em linhas gerais, conhecia a ordem escatoló-gica dos acontecimentos. Porém, Deus concedeu à Igreja uma revelação adicio-nal, através do último dos apóstolos vivos: João. Vejamos:

b) A visão escatológica, em Apoca-lipse:

Devemos nos lembrar que o apóstolo João recebeu a revelação dada por Deus,

Estudos Bíblicos 101

e escrita no livro do Apocalipse, enquanto estava exilado na ilha de Patmos, ao final do século I d.C. Portanto, era necessário que houvesse essa revelação, senão, Deus não a teria dado aos seus servos.

Para entendermos melhor a ordem es-catológica do livro de Apocalipse, é preciso considerar a divisão que se encontra, em Ap.1:19.

1) “As coisas que tens visto”: Alguns comentaristas acreditam que isso faz refe-rência direta ao evangelho de João, no qual ele deixou registrado o seu testemunho do que “viu”, em sua convivência com Jesus. Portanto, trataria do tempo que vai desde o batismo de Jesus no rio Jordão, até a Sua ascensão aos céus (Jo.1:6,15ss; Jo.21:24,25; At 1:10). Entretanto, há duas considera-ções importantes: (a) quanto a finalidade para a qual o livro foi escrito; e (b) a data em que foi escrito é anterior ao livro do Apocalipse (escrito durante a perseguição do imperador Domiciano, cerca do ano 96 d.C.). Quanto a sua finalidade, sabemos que o evangelho de João foi escrito para demonstrar aos seus leitores que Jesus era o Cristo, “o Filho de Deus” (Jo.20:30,31), especialmente devido à influência que o movimento gnóstico já apresentava na-quela ocasião, tentando negar a divindade de Jesus e a encarnação do Logos eterno (Jo.1:1,14; 1Jo.4:1-3). Assim sendo, deve-mos encontrar no próprio texto de Apoca-lipse, a resposta à nossa indagação: o que são “as coisas que tens visto”? Cremos que se refira ao próprio capítulo primeiro, no qual João vê ao Senhor Jesus no meio dos sete candeeiros de ouro e recebe a ordem para escrever a visão, bem como a sua in-terpretação (v.19,20).

2) “As que são”: Compreende aque-la revelação que, a partir desse momento,

o Senhor passaria a lhe mostrar, isto é, capítulos 2 e 3, no qual fala às sete igre-jas, que estavam na Ásia. Evidentemente, não cremos que a mensagem tenha se res-tringido ao ambiente vigente à época do apóstolo, tendo em vista o próprio propó-sito escatológico de toda a Revelação. Por-tanto, cremos que a visão das sete igrejas corresponda a todo o período histórico da Igreja militante ou à dispensação da graça de Deus, a qual se iniciou no dia de Pente-costes, e vai até ao arrebatamento da Igreja Triunfante (At.2:1-4; 1Ts.4:13-18).

3) “As coisas que depois destas hão de acontecer”: Refere-se às revelações con-tidas a partir do capítulo quatro (4:1ss), nos quais encontraremos a visão dos céus e, posteriormente, a visão do que estará ocor-rendo na terra. Certamente que o arreba-tamento da Igreja, as bordas do Cordeiro, a grande tribulação, o julgamento das na-ções, o milênio, o juízo do trono Branco, a recriação de todas coisas, a nova Jerusalém, e o dia da eternidade, são eventos relevan-tes dessa revelação.

Na visão dada a João às sete igrejas, foi prometido aos vencedores que eles reina-riam com Cristo (Ap.1:6; 2:7,11,17,26-28; 3:5,12,21; 20:6). Quando isso se dará? Du-rante o milênio, os vencedores e fiéis re-ceberão autoridade dada pelo Senhor dos senhores e Rei dos reis, Jesus Cristo. (1º.) Autoridade para julgar (Ap.20:4); (2º.) au-toridade para reinar (Ap.2:26,27). Os tre-chos de Mt.20:22,23 e Lc.22:28-30, também mostram que poderes mais elevados serão conferidos àqueles que tiverem sofrido por amor a Cristo.

III–A ORDEM DOS ACONTECIMEN-TOS ESCATOLÓGICOS:

Estudos Bíblicos 102

Para termos uma visão geral dos acon-tecimentos escatológicos, transcrevemos, a seguir, um quadro-resumo concedido pela ETADE aos seus alunos de teologia, encon-trada na Bíblia (versão pentecostal), que estão de acordo com a doutrina ensinada pela Igreja de Cristo, no Brasil.

I – Sinais proféticos dos últimos dias – “o princípio de dores”:

1. Aumento dos falsos profetas e da transigência religiosa dentro das Igrejas (Mt.24.4,5,10,11,24; Lc.18.8; 2 Ts.2.3;1Tm.4.1; 2Tm 3.1-7; 13; 4:3,4; 2Pe.2.1-3; 3:3,4);

2. Aumento do crime e desrespeito à Lei de Deus (Mt.24.12,37-39; Lc.17.26-30; 18.8; 1Tm.4:1; 2 Tm.3:1-8);

3. Aumento de guerras, fomes e terremotes (Mt.24.6-8; Mc.13.7,8; Lc.21.9);

4. Diminuição do amor e da afeição no lar (Mt.10.21; 24.12;Mc.13.12; 2Tm.3.1-3);

5. Perseguição mais severa ao povo de Deus (Mt.10.22,23; 24.9,10; Mc.13.13; Jo.15:19, 20; 16.33; At.14.22; Rm.5:3);

6. Os salvos permanecerão firmes (Mt.24.13; Mc.13.13);

7. O evangelho será pregado a toda nação (Mt.24:14; Mc.13:10);

8. O Espírito será derramado sobre o povo de Deus (Jl.2.28-29; At 2.15-21,38,39);

II – O ARREBATAMENTO:

1. Os crentes devem estar prontos e esperar constantemente por esse evento iminente (Mt 24.36-51; 25.1-13; Mc.13.33-37; Lc.12:35-48; 21.19,34-36; Rm.13.11-14; Fp.4.5; 1Ts.1.10; 4.16-18; 5.6-11; 2Tm 4.8; Tt.2.13);

2. Jesus Cristo virá de modo ines-perado, posto que o momento exato não poderá ser calculado (Mt 24.36,42,44; 25.5-7,13; Mc.13.22-37; Lc.12.35-46);

3. Cristo virá arrebatar os crentes genuínos que viverem na terra nessa oca-sião (Is.26.19; Lc.21,36; Jo 14.3; 1Ts.1:10; 4.14-17; 2Ts.2.1; 1Co.15.51-57; Ap.3.10,11);

4. Os crentes genuínos serão livra-dos da ira vindoura (Lc.21.36; 1Ts.1.10; 5.2-9; Ap.3.10);

5. Os crentes que morreram antes desse evento ressuscitarão e serão arre-batados com Cristo nas nuvens dos céus (1Co.15.50-55; 1Ts.4.16.17);

6. Todos os crentes genuínos ar-rebatados serão julgados no tribunal de Cristo segundo as suas obras (Jo 5.22; Rm.14.10,12; 1Co 3.12-15; 4.5; 2Co.5.10; Ef 6:8; Cl.3.23-25; 2Tm.4.8);

7. Os crentes arrebatados após se-rem julgados receberão seus galardões segundo as suas obras (Ec.12.14; Mt 5.11-12; 25.14-30; Lc.19.12-27; 1Co.3.10-15; 9.25-27; 2Co.5.10; 2Tm.4.7-8; I Pe.5.1-4; Ap.2.10; 14.13; 22.12);

8. Os crentes não fieis não serão condenados, porém não receberão galar-dões (1Co.3:15; 2Co.5:10; 1Jo.2:28; 2Jo.8).

III – A TRIBULAÇÃO:

1. Os crentes fieis nas igrejas de Cristo serão preservados do tempo da ira vindora ou da tribulação (Lc.21:36; Jo.5:24; 14.1-4; 2.Co.5:2,4; 1Ts.1:10; 4.16-18; 5.8-10; Ap.3:10);

2. Começará depois que O que o detém for removido do caminho (2Ts.2:6-8);

3. Começará depois de intensi-ficar-se o poder secreto da iniquidade

Estudos Bíblicos 103

(2Ts.2:7,8);4. Começará depois de ocorrer uma

grande rebelião contra a fé (2Ts.2:3)5. Anticristo (o homem da iniquida-

de) aparecerá (Dn.7:24-26; 9.26b,27; 12.11; Mt.24:15; 2Ts.2.3-10; Ap.11:7; 12:3,13-17; 13:1-18; 16.2; 17.7-18; 19.19,20);

6. Começará com a abertura dos 7 selos (Ap.6:1);

7. Um tempo de aflição em escala mundial (Mt.24:21,22; Ap.6-19);

8. Durará sete anos (Dn.9.27; Ap.11.3; 12:6,14);

9. Falsos profetas realizarão gran-des sinais e maravilhas (Mt.24:24; 2Ts 2:8-10; Ap.13:13; 16:14; 19:20);

10. Evangelho será pregado por an-jos e judeus convertidos (Mt.24:14; Ap.7:1-14; 11:3-13; 14:6,7);

11. Pessoas serão salvas durante esses dias (Dt.4.29-31; Ap.7:9-17; 14:6,7; 11:3,13);

12. Muitos judeus se converterão a Cristo (Rm.11:25,26; Ap.7:1-8);

13. Aqueles que tiveram oportuni-dade de crer em Jesus e não creram, antes creram na “operação do erro e na mentira e eficácia de Satanás”, não terão mais nenhu-ma oportunidade de salvação (Mt.25.1-12; Lc.12:45,46; 2Ts.2:9-12);

14. Será um tempo de perseguição para todos os fieis que creram em Jesus (Dn.12:10; Mt.24:15-22; Ap 6.9-11; 7.7-17; 12.12,17; 13.7,15-17; 14.6.13; 17.6; 18.24; 20.4);

IV – A GRANDE TRIBULAÇÃO:

1. Últimos três anos e meio de “A Tribulação” (Dn.9.27; Ap 11,2; 12.6; 13.5-7);

2. Começará com abominação de-soladora no lugar santo (templo em Jerusa-lém) - Dn.9.27; 12.11; Mt.24.15; Mc.13:14; 2Ts.2.4; Ap 13,14,15;

3. A atividade demoníaca aumenta-rá grandemente (2Ts.2.9-12; Ap 9.3-11; 14-21; 13.5-8; 11-18; 16.12-14);

4. A feitiçaria e a bruxaria aumenta-rão grandemente (1Tm.4.1; Ap.9:21; 18.23; 22.15);

5. Ocorrerão eventos cósmi-cos relacionados com o sol, a lua e as es-trelas (Is.13.9-11; 24.20,23; Mt.24.29; Mc.13.24,25; Lc.21.25; Ap.6.12-14; 8.10,12; 9.2);

6. Engano religioso será generaliza-do (Mt.24.24; Mc.13.6,21,22; 2 Ts.2.9-11);

7. Tempo de sofrimento terrí-vel para os judeus (Jr.30.5-7; Dn.12:1, 7; Ap.11.2; 12.12-17);

8. Período de aflição mundial mais terrível e mais intenso de toda a história universal (Dn.12.1; Mt 24.21; Mc13.15-19; 2 Pe 3.7-12; Ap 6.9-17; 9.1-21; 16.1-21);

9. Deus derramará a sua ira sobre os ímpios (Is.26.20,21; 13.6-13; Jr.30.4-11; Dn.12.1; Zc.14.1-4; Ap.3.10; 6.17; 9.1-6,18-21; 14.9-11; 19-15);

10. A igreja apóstata será destruída (Mt 24.9-13; 2Ts.2.3; I Tm 4.1; Ap 17.16-17);

11. Duas testemunhas que pregavam o evangelho que foram mortas, ressuscita-ram (Ap.11:11,12);

12. Fim da grande tribulação po-derá ser conhecido por sinais específicos (Mt.24:15-29,32,33; Mc.13:38,39; Lc.22:28);

13. Terminará na ocasião da bata-lha de Armagedom e da plena ira de Deus contra os ímpios (Jr.25:29-38; Ez.29:17-20; Jl.3.2,9-17; Sf.3.8; Zc.14.2-5; Ap.14.9-11,14-20; 16.12-21; 19.17,18);

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14. Cristo triunfará sobre o Anti-cristo e os seus exércitos (Mt.24.30,31; 1Ts.1.7-10; 2.Ts.2.8; 2Pe.3.10-13; Ap.19:11-21).

V – O ANTICRISTO:

1. Governa durante a tribulação, o qual controlará o mundo inteiro (Dn.7.2-7,24-27; 8.4; 11.36; Mt.24.15-22; Ap.13.1-18; 17.11-17);

2. Uma pessoa incrivelmente ma-ligna, um “homem do pecado” e da ini-quidade (Dn.9.27; 2Ts.2.3; Ap.13.12);

3. Descrito como uma besta (Ap.13.1-18; 17.3,8,16; 19.19,20; 20.10);

4. Fará uma imagem no templo e exigirá adoração (Dn.7.8,25; 11.31,36; 12.11; Mt.24.15; Mc.13.14; 2Ts.2,3,4; Ap.13.4,8,12,14, 15; 14.9; 16.2);

5. Operará milagres mediante o poder de Satanás (Mt.24:24; 2Ts.2.9,10; Ap.13.3,12-14; 16.14; 16.14; 17.8);

6. Terá a capacidade de enganar as nações (2Ts.2.9,10; 1 Jo 2.18,19; Ap 20.3);

7. Será ajudado pelo falso profeta (a besta que emergiu da terra) – Ap.13.11-18; 16.13; 19.20; 20.10;

8. Matará as duas testemunhas que profetizarão por 1.260 dias (Ap.11.3-10);

9. Procurará matar todos aqueles que não possuírem a marca da besta (666) – Ap.6.9; 13.15-18; 14.12,13;

10. Acabará destruindo o sis-tema religioso com o qual se aliará (Ap.17.16.17);

11. Será derrotado por Cristo quando Ele voltar à terra para estabelecer seu reino (Dn.2.44,45; 7.26,27; 2Ts.2.8; Ap.16.16; 19.15-21);

VI – O GLORIOSO APARECIMENTO DE CRISTO NO CÉU PARA IMPLAN-TAÇÃO DO SEU REINO:

1. Cristo Jesus voltará com os crentes glorificados e com os seus anjos (Zc.14.5b; 2Ts.1.7-10; Jd.14,15; Ap 19.14);

2. Cristo Jesus reunirá os santos da tribulação (Mt.24.31; 25.31-40,46; Mc 13.27; Ap 20.4);

3. Os incrédulos serão excluídos na vinda de Jesus (Mt 24.38,39,43; Ap 20.5);

4. Cristo julgará e separará as na-ções vivas na terra (Mt.13.40,41,47-50; 25.31-46);

5. As nações ficarão enfurecidas diante desse evento (Ap.11.17,18, 16.21);

6. Os santos vitoriosos se regozija-rão diante desse evento (Ap 19.1-9);

7. Cristo julgará e condenará os ímpios, inclusive o Anticristo, o falso pro-feta e Satanás (Is.13.6-12; Ez 20.34-38;Mt 13.41-50; 24.30; 25.41-46; Lc.19.11-17; 1Ts.5.1-11; 2Ts.2.7-10,12; Ap.6.16,17; 11.18; 17.14; 18.1-24; 19.11-20.3);

8. Os mártires da tribulação rece-berão galardões (Ap 20.4);

9. Os santos da tribulação com-partilharão da glória de Cristo e de Seu reino (Mt 25.31-40; Ap 20.4).

VII – O MILÊNIO:

1. Satanás será marrado por mil anos (Ap 20.2,3);

2. Os santos da tribulação ressus-citarão dentre os mortos (Ap 20.4,5);

3. A igreja e todos os santos mar-tirizados na tribulação reinarão com Cris-to (Ap.1.6; 2.26,27; 3.21; 5.9,10;11.15-18; 20.4-6);

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4. Cristo reinará na terra sobre os santos da tribulação que estiverem vivos na Sua vinda (Is.9.6.7; Mq.4.1-8; Dn.2.44,45; Zc.14.6-9; Ap.5.10; 11.15-18; 20.4-6);

5. A duração o do reino será de mil anos (Ap.20.4-7);

6. Os filhos de Deus terão descanso (2Ts.1.7; Ap.14.13);

7. A criação será restaurada à sua ordem e perfeição original (Sl.96.10-13; 98.7-9; Is.14.7,8; 35.1,2,6,7, 10; 51.3; 55.12,13; Ez 34,25-27; Rm 8.18-23);

8. Satanás será solto por um breve tempo no fim do milênio e sairá a seduzir as nações (Ap 20.7-9);

9. Desceu fogo do céu e os consu-miu (Ap.20.9);

10. Diabo, o sedutor deles, foi lança-do dentro do lago de fogo e enxofre, para ser atormentado pelos séculos dos séculos (Ap 20.10);

11. Terminará quando Cristo, o Filho de Deus entregar o reino ao Pai (1Co.15.24-26).

VIII – O JUÍZO FINAL:

1. Batalha final de Gogue e Mago-gue (Ap 20.7-9);

2. Todos os ímpios serão ressuscita-dos dentre os mortos para enfrentar o juízo final (Is.26.19-21; Dn 12.2; Jo 5.28,29; Ap 20.11-15);

3. Julgamento do grande trono branco (Ap.20.11-15);

4. Todos os inimigos de Deus serão condenados e lançados no lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte (2Ts.2.9; Ap 20.10,12-15; 21.8).

IX – OS NOVOS CÉUS E A NOVA TERRA:

1. Deus purificará a terra com fogo e toda obra que o homem fez sob o peca-do (Sl.102.25,26; Is 34.4; 51.6; Ag 2.6; Hb 12.26-28; 2 Pe.3.7-12);

2. Deus criará novos céus e nova terra (Is.51,6; 65.17; 66.22; Rm.8.19-21; 2 Pe.3.10-13; Ap.21.1-22.6);

3. Deus removerá todos os efeitos do pecado (2Pe.3.13; Ap 21.1-4; 22.3,15);

4. A nova terra será o quartel-gene-ral de Deus (Ap.21.1-13).

IV – CONCLUSÃO:

O estudo comparativo dos livros de Da-niel, Apocalipse, Zacarias, Joel, ou de tex-tos como: 1Ts.4:1-18; 5:1-10; 2Ts.2:1-1; 2Pe.3:1-15, e capítulos 24 e 25 de Mateus, Ezequiel 38 e 39, nos dão uma visão pano-râmica dos eventos que estão para aconte-cer, a partir do arrebatamento (“rapto”) da Igreja para o céu.

Não se pode ser dogmático nesse assun-to, como donos exclusivos da verdade. Mui-tas passagens escatológicas são de difícil harmonia e interpretação, mesmo para os mais abalizados no assunto.

O estudo aqui apresentado não é final, nem completo no campo escatológico, pelas razões acima expostas. Maiores estudos e maior iluminação do Espírito Santo, através da palavra profética, adicionarão novos de-talhes que enriquecerão tal conhecimento.

Nossa intenção foi a de lançar o funda-mento, com base na Palavra de Deus, e orar a Ele para que desperte em todos nós, não somente o desejo de compreendermos a Sua Doutrina santa, mas também para que a proclamemos aos que precisam conhecer ao Autor e Consumador da nossa fé: Jesus. A Deus toda glória! Amém!