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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS Maria Aparecida Domingues Dias Estudos de Inclusões Fluidas em Veios de Quartzo Associados ao Granito Nhandu no Depósito de Ouro Trairão - Província Aurífera Alta Floresta MT Orientador Prof. Dr. Francisco Egídio C. Pinho CUIABÁ 2012

Estudos de Inclusões Fluidas em Veios de Quartzo ...ii UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT Reitora Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder Vice-Reitor Prof. Dr. Francisco José

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS

Maria Aparecida Domingues Dias

Estudos de Inclusões Fluidas em Veios de Quartzo Associados ao Granito Nhandu no Depósito de Ouro Trairão - Província Aurífera

Alta Floresta – MT

Orientador

Prof. Dr. Francisco Egídio C. Pinho

CUIABÁ

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

Reitora

Profª. Drª. Maria Lucia Cavalli Neder

Vice-Reitor

Prof. Dr. Francisco José Dutra Solto

Pró-Reitora de Pós-Graduação

Profª. Drª. Leny CaselliAnzai

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – ICET

Diretor do Instituto de Ciências Exatas e da Terra

Prof. Dr. Edinaldo de Castro e Silva

DEPARTAMENTO DE RECURSOS MINERAIS - DRM

Chefe do Programa de Pós-Graduação em Geociências

Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa

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Universidade Federal de Mato Grosso – www.ufmt.br

Instituto de Ciências Exatas e da Terra – www.ufmt.br

Curso de Graduação em Geologia – [email protected] Departamento de Recursos Minerais – www.ufmt.br

Programa de Pós-Graduação em Geociências – [email protected]

Campus Cuiabá – Avenida Fernando Corrêa, s/nº - Coxipó

78.060-900 – Cuiabá, Mato Grosso. Fone: (65) 3615-8000

Os direitos de tradução e reprodução são reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada

ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos, ou utilizada sem a observância das normas de

direito autoral.

A. FICHA CATALOGRÁFICA

D541e Dias, Maria Aparecida Domingues.

Estudos de inclusões fluidas em veios de quartzo

associados ao granito Nhandu no depósito de Ouro Trairão – Província Aurífera Alta Floresta - MT / Maria

Aparecida Domingues Dias. – 2012.

xiv, 90 f. : il. color.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Egídio C. Pinho.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Mato Grosso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Departamento de Recursos Minerais, Pós-Graduação em

Geociências, Área de Concentração: Geologia Regional e

Recursos Minerais, 2012.

Bibliografia: f. 89-90.

1. Recursos minerais – Mato Grosso. 2. Depósito de ouro Trairão – Mato Grosso. 3. Granito Nhandu –

Depósitos minerais. 4. Província aurífera – Alta Floresta

(MT). I. Título.

CDU – 553.04(817.2)

Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn –

CRB-1/931

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CONTRIBUIÇÕES ÁS CIÊNCIAS DA TERRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

N° 39

Estudos de Inclusões Fluidas em Veios de Quartzo Associados ao

Granito Nhandu no Depósito de Ouro Trairão - Província

Aurífera Alta Floresta MT

Maria Aparecida Domingues Dias

Orientador

Prof. Dr. Francisco Egídio C. Pinho

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Geociências do Instituto de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade

Federal de Mato Grosso como Requisito para a

Obtenção do Título de Mestre na Área de

Concentração: Geologia Regional e Recursos

Minerais.

CUIABÁ

2012

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MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Francisco Egídio C. Pinho.

__________________________________________________________________

1º Examinador: Prof. Dr. Mauro César Geraldes

(Examinador Externo UERG)

________________________________________________________________

2º Examinador: Prof. Dr. Élzio Barboza

(Examinador Interno ICET/UFMT)

Data da Aprovação: 04/ 12/ 2012.

CUIABÁ

2012

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Dedico,

Ao Senhor Deus por ter me dado à honra de confiar no seu poder e permitir que eu caminhe pelas

estradas da vida acreditando que vale a pena insistir para conquistar vitórias. E pela coragem e

esperança transmitidas nos momentos de solidão e tempestades e pelo socorro ao trazer amigos

para estarem comigo.

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Agradecimentos

Ao meu orientador professor Dr. Francisco Egídio C. Pinho pela paciência, confiança e a

oportunidade ao abrir as portas na área de pesquisa em metalogênese para a realização desta

dissertação de mestrado. Ao Prof. Dr. Elzio Barboza pelas sugestões e gentilezas oferecidas desde a

minha época de graduação.

Aos meus saudosos pais Ciro Domingues e Sebastiana Pires Domingues (falecidos) - Que a

importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós

(Manoel de Barros). Meus pais souberam me encantar ao valorizar o amor, o respeito, a dignidade!

Aos meus filhos Leandro Domingues e Daniele Domingues e as netas queridas Bruna, Juliana

e Maria Clara por existirem na minha vida. A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout.

Eles mesmos fazem a arte-final (Luis Fernando Veríssimo). Ao professor Dr. Roberto Xavier do

Instituto de geociências da UNICAMP pela paciência e competência ao me fazer compreender o

fascinante e complexo universo das Inclusões fluidas. E também aos técnicos e secretarias pelo

suporte durante minha estadia na UNICAMP. Agradeço aos professores e técnicos do instituto de

geociências da UFMT, que de forma direta e/ou indireta contribuíram na minha formação. Aos

professores doutores Maria Zélia e Kurt pelas cartas de apresentação, obrigada pela confiança. Ao

Prof. Dr. Denis pela excelência de um grande mestre em sala de aula, sua gentileza e carinho. Ao

prof. Dr. Amarildo Ruiz pela maestria em boa educação, gentileza e pelos momentos de apoio.As

amigas e amigos que a Ciência geológica me presenteou: Ezenildes (linda Flor do Cráton Amazônico),

Mariarosa, Dalila, Ana lídia, Débora, Brena, Jovana, Ivani, Raelita, Bárbara Becker e Fernanda

Rodrigues. E aos amigos Marcelo Galé pela amizade, companheirismo e auxílio no tratamento dos

dados desta dissertação, Danilo Queiroz, Renan Grilaud, Newton Diego (Tchun-Tchun) por serem

amigos solícitos e grandes colaboradores, os quais me aturaram com elegância nas fases de

aborrecimentos. A amiga Eline registro meus agradecimentos pela sua amizade, confiança e

solidariedade. A amiga Dra. Alane pela amizade e o bom convívio e apoio na UNICAMP/CAMPINAS. A

especial e querida Claudia Tokashik (doutoranda/USP). Obrigada amiga por tudo que você representa

na minha vida!Obrigada Rafael Assis pelo grande e novo amigo que você se tornou. Grande ser

humano! E será um dos mais prósperos e brilhantes cientistas na área da geologia. Muito bom

quando recebo seus emails cheios de palavras lindas, carinhosas e sempre dizendo:

coragem!Também agradeço as professoras Rúbia e Gislaine pelo carinho e atenção de sempre!

Professoras, que Deus as protejam em todos os seus caminhos! A CAPES e ao

PROCAD/UFMT/UNICAMP (68/2010 nº 23038. 000675/2010-75) pelo auxílio financeiro. Obrigada!

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A maior riqueza do homem

é a sua incompletude.

Nesse ponto sou abastado.

Palavras que me aceitam como

sou - eu não aceito.

Não aguento ser apenas um

sujeito que abre

portas, que puxa válvulas,

que olha o relógio, que

compra pão às 6 horas da tarde,

que vai lá fora,

que aponta lápis,

que vê a uva etc. etc.

Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.

Eu penso renovar o homem

usando borboletas.

(Manoel de Barros – Poeta Pantaneiro)

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CAPÍTULO I

1.0- Introdução

1.1-Objetivo do Trabalho

1.2-Justificativa da Pesquisa

1.3-Localização Geográfica e Acesso a Área de Serviço

1.4-Materiais e Métodos

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CAPÍTULO II

2.0- Contexto Geotectônico - Geológico

2.1-Cráton Amazônico

2.2-Província Aurífera Alta Floresta (PAAF)

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CAPÍTULO III

3.0- Unidades Litológicas no Contexto Geológico Regional da Área de

Estudo

3.1-Complexo Cuiú – Cuiú

3.2-Suíte Intrusiva Juruena

3.3-Suíte Intrusiva Paranaíta

3.4-Granito Nhandu

3.5-Grupo Colíder

3.6-Grupo Beneficente

3.7-Depósitos Aluvionares

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CAPITULO IV

4.0- Área de Depósito Trairão

4.1-Introdução

4.2-Características Levantadas na Área do Garimpo Trairão

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CAPÍTULO V

5.0- Alteração Hidrotermal do Depósito de Ouro Trairão

5.1-Minerais Minérios

5. 2-Alteração hidrotermal

5.3-Descrição das Analises Petrográficas em Amostras da Rocha

Encaixante Mostrando os Aspectos da Alteração Hidrotermal do Depósito

Trairão

5.3.1-Afloramento 1 - Amostra 1

5.3.2-Afloramento 3 - Amostra 2

5.3.3-Afloramento 3 - Amostra 4

5.3.4- Afloramento 3 - Amostra 5

5.3.5- Afloramento 3 - Amostra 6

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CAPÍTULO VI

6.0- Caracterizações Petrográficas e Microtermométricas de Inclusões

Fluídas Primárias do Depósito Trairão

6.1-Introdução

6.2-Métodos e Equipamentos

6.2.1-Amostragem de veios de Quartzo

6.2.2-Microscopia Convencional das Inclusões Fluidas

6.2.1.1-Classificação tipo I - Monofásica Líquida

6.2.1.2-Classificação tipo II - Monofásica Vapor

6.2.1.3-Classificação tipo III - Bifásicas (L + V)

6.2.1.4-Classificação tipo IV - Trifásicas Saturadas ( L +V + S)

6.2.1.5-Classificação tipo V - Multifásicas (L + V+ SSS)

6.2.1.6-Classificação tipo VI – Trifásicas Aquocarbônicas ( LH2O + LCO2 +

VCO2 )

6.3–Microtermométria das Inclusões Fluidas

6.3.1-Apresentação Descritiva dos Histogramas das Inclusões Fluidas dos

tipos III e IV.

6.3.1.1-Inclusão tipo III

6.3.1.2-Inclusão Tipo IV

6.3.1.3–Diagramas de Dispersão para Inclusões Fluidas tipo III e IV

6.3.2-Demonstrações de Regimes Fluidos Responsáveis pela Gênese de

Vários Depósitos Auríferos Estudados na Província Alta Floresta Servindo

como Termo de Comparação aos Regimes Fluidos do Depósito Estudado

6.3.2.1-Garimpos Estudados por Assis (2006)

6.3.2.2-Garimpos Estudados por Silva et al. (2008)

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CAPÍTULO VII

7.0–CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO VIII

8.0 - Anexo

8.1-ARTIGO SUBMETIDO PARA PUBLICAÇÃO

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Sumário

Resumo

Abstract

CAPÍTULO I ..................................................................................................................................15

1.0 - Introdução.................................................................................................................................16

1. 1 - Objetivo do Trabalho ...........................................................................................................17

1.2 - Justificativa da Pesquisa ........................................................................................................18

1 . 3 - Localização Geográfica e Acesso à Área de Trabalho ..........................................................18

1.4 - Materiais e Métodos..............................................................................................................19

CAPÍTULO II .................................................................................................................................21

2.0- Contexto Geotectônico - Geológico. ...........................................................................................22

2. 1 – Craton Amazônico ..............................................................................................................22

2. 2. Província Aurífera Alta Floresta (PAAF) ..............................................................................23

CAPÍTULO III ...............................................................................................................................26

3.0- Unidades Litológicas no Contexto Geológico Regional da Área de Estudo. ................................27

3. 1 - Complexo Cuiú-Cuiú ...........................................................................................................27

3. 2 - Suíte Intrusiva Juruena .........................................................................................................28

3. 3 - Suíte Intrusiva Paranaíta ......................................................................................................29

3. 4 - Granito Nhandu ...................................................................................................................29

3. 5 - Grupo Colíder ......................................................................................................................30

3. 6 - Grupo Beneficente ...............................................................................................................31

3.7 - Depósitos Aluvionares ..........................................................................................................31

CAPITULO IV ................................................................................................................................32

4.0- Área Do Depósito Aurífero Trairão ............................................................................................33

4.1 - Introdução ............................................................................................................................33

4.2 – Características Levantadas na Área do Garimpo Trairão .......................................................33

CAPÍTULO V .................................................................................................................................39

5. 0 - Alteração Hidrotemal do Depósito de Ouro Trairão. .................................................................40

5.1 – Minerais inérios ...................................................................................................................40

5. 2 - Alteração Hidrotermal ..............................................................................................................41

5. 3 - Descrição das Análises Petrográficas em Amostras da Rocha Encaixante Mostrando os Aspectos da Alteração Hidrotermal do Depósito Trairão. .................................................................................43

5. 3. 1 - Afloramento 1 - Amostra 1...............................................................................................43

5. 3. 2 - Afloramento 3 - Amostra 2. ..............................................................................................44

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5. 3. 3 - Afloramento 3 – amostra 4. ..............................................................................................45

5. 3. 4 - Afloramento 3 - amostra 5 ................................................................................................46

5. 3. 5 - Afloramento 3 - Amostra 6...............................................................................................47

CAPÍTULO VI ................................................................................................................................48

6. 0 - Caracterizações Petrográficas e Microtermométricas de Inclusões Fluidas Primárias do Depósito

Trairão. .............................................................................................................................................49

6. 1 - Introdução ................................................................................................................................49

6.2 - Métodos e Equipamentos ..........................................................................................................50

6. 3 - Microtermometria das Inclusões Fluidas Tipo III e IV ..............................................................52

CAPÍTULO VII ..............................................................................................................................65

Conclusões e Considerações Finais ...............................................................................................66

Referências Bibliográficas ............................................................................................................69

CAPÍTULO VIII .............................................................................................................................72

Anexo ...........................................................................................................................................73

8.1 – ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE GEOCIÊNCIAS EM 13/11/12 .....73

8.1.2- Resumo ..............................................................................................................................73

8.1.3- Abstract ..............................................................................................................................73

8.1.4- INTRODUÇÃO ..................................................................................................................74

8.1.5- MÉTODOS ANALÍTICOS .................................................................................................75

8.1.6- CONTEXTO GEOLÓGICO - GEOTECTÔNICO REGIONAL ..........................................76

8.1.7- DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................................................78

8.1.8- RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS ESTUDOS DE INCLUSÕES FLUIDAS DO

DEPÓSITO AURÍFERO TRAIRÃO. ...........................................................................................81

8.1.9- CONCLUSÕES ..................................................................................................................87

8.1.10- AGRADECIMENTOS ......................................................................................................88

8.1.11- REFERÊNCIAS ...............................................................................................................88

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Lista de Figuras da Dissertação

Figura 1.1: Mapa de Localização da Área de estudo no Norte de Mato Grosso e vias de Acesso....................................................................................................................... ..............................19

Figura 2.2: Compartimentação dos Modelos Geotectônicos e Geocronológicos do Cráton Amazônico

Propostos Segundo Tassinari & Macambira (1999) em (A) e Santos et al., (2000) em (B)..................23

Figura 2.3: Feição Fisiográfica da Província Aurífera Alta Floresta com seus Domínios Geológicos, Modificado e Simplificado de Lacerda Filho et al. (2004) e Marcelo Galé et al. (201l)......................25

Figura 3.4: Mapa Geológico Indicando as Unidades Litoestratigráficas Envolvendo a Área de Estudo

na Província Aurífera Alta Floresta - MT...............................................................................................27

Figura 4.5: Representação de Frente de Lavra do Garimpo Trairão em Avançado Processo de

Alteração Intempérica.............................................................................................................................33

Figura 4.6: Feições Observadas na Área de Estudo. A) - Amostra Capeada por uma Crosta de

Oxidação Exibindo Fratura Extensional Preenchida com Grãos de Quartzo. B) - Brecha Hidrotermal Englobando Veios de Quartzo. C) - Granito Nhandu Mostrando Estrias de Falha. D) - Veio de Quartzo

com Sulfeto de Pirita, Associado ao Granito Nhandu Hidrotermalizado. E) - Dique Fraturado Cortando

o Granito. F) - Vista Parcial da Principal Frente de Lavra do Depósito AuríferoTrairão......................34

Figura 4.7: Dados Petrográficos e o Diagrama com a Composição Normativa Qtz - Fk – Pl para

Amostras dos Diques Básicos na Área de Entorno do Garimpo Trairão......................................35

Figura 4.8: Amostras de Mão Colhidas na Área do Garimpo Trairão. (A) Amostra com Textura Deformada. (B) Veio de Quartzo com Presença de Sombra de Pirita. (C) Fragmentos de Veios de

Quartzo Alterados e Oxidados. (D, E, F,G) Amostras Alteradas da Rocha de Coloração Acinzentada a

Avermelhada Mostrando em (E) Presença de Pirita Disseminada e em (G) uma Fina Capa de Óxido de

Ferro, Característico na Área. Em (H) Amostras de Dique que Corta o Granito Nhandu.....................37

Figura 5.9: Microfotografia Exibindo Modo de Ocorrência da Pirita. (A) Cristal de Pirita Isolado na

(Parte Esquerda Inferior) nas Proximidades de Fratura em Cristal de Quartzo. (B) Pirita com Textura

Corroída e Preenchida com Inclusões de Quartzo. (C) Cristais de Piritas Associados a uma Massa Sericítica Fina.........................................................................................................................................39

Figura 5.10: Fotomicrografia mostrando o Intenso estilo de alteração hidrotermal (Seritização) da

Rocha Hospedeira Granito Nhandu na Área do Garimpo Trairão..........................................................41

Figura 6.11: Fotomicrografia de Inclusões Fluidas Hospedadas em Cristal de Quarzto. A-a1) Inclusão

com feição de Estrangulamento. B-b1) Inclusão Trifásica Saturada de Contorno Irregular e Relevo

Proeminente e B-b2) Inclusão Bifásica Subarredondada Fase Vapor Escura. C-c1) Inclusão Bifásica

Isolada Subtriangular e C-c2- Inclusão Monofásica de Forma Irregular Ocorrência Isolada. D) Fratura Intragrão Oxidada. E) Fratura Intragranular Preenchida por Inclusões Fluidas Tardias. F-f1) Inclusão

Fluida Trifásica Saturada em Arranjo Planar e F-f2) Trilha de Inclusões Intra Grãos Cortando

Obliquamente Fratura Descontínua........................................................................................................50

Figura 6.12: Platina de Aquecimento/Resfriamento Chaixmeca e Aparelho LIKAM THMS/600, com

Controlador de Temperatura Acoplado ao Microscópio Petrográfico Jenapol Carl Zeiss Jena (foto

compilada de Marcelo Galé, 2012).........................................................................................................52

Figura 6. 13: Histograma das Inclusões Fluidas do tipo III Indicando a Relação Frequência Versus: A) - Tfg°C; B) - Te°C; D) - Salinidade % Equiv. em peso de NaCl e D) - Tht°C......................................54

Figura 6.14: Histogramas Mostrando a Distribuição de Frequência das Propriedades

Microtermométricas das Inclusões Fluidas Saturadas doTipo IV entre: A) - Tfg°C; B) - Te°C; C) - Salinidade % peso de NaCl - D) - Th °C................................................................................................55

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Figura 6.15: Diagrama de correlação Temperatura de Homogeneização Total x Salinidade para as

Inclusões Tipo Bifásicas Tipo III (Thtot(L)) e Tipo IV Trifásicas Saturadas (Thtot(s)). B - Diagrama de

valores de Te°C x Thtotv de Inclusões Bifásicas e Te°C x Thtots das Trifásicas Saturadas.....................57

Lista de Figuras do Artigo

Figura 1.1: Mapa Contendo os Domínios Geológicos da Província Aurífera Alta Floresta (Modificado

de Lacerda Filho et al. 2004 e Marcelo Galé 2011)................................................................................74

Figura 2: Mapa Geológico Simplificado da Área de Entorno do Depósito Trairão..............................77

Figura 3: A e B) - Aspecto Geral Destacando Intenso Grau de Alteração nas Frentes de Lavras a Céu

Aberto. C) - Bloco da Rocha Encaixante Assumindo Feições de Alteração: D) - Detalhe de Veios

Cisalhados Cortando o Granito Nhandu Alterado..................................................................................78

Figura 4: (A) Veio de Quartzo com Textura em Pente: B) Brecha Hidrotermal: C) Dique Básico Cortando o Granito Nhandu no Garimpo Trairão e em D) Blocos de Granitos com Estrias de

Falhas......................................................................................................................................................79

Figura 5: Veios de Quartzo com Presença de Pirita..............................................................................80

Figura 6: Fotomicrografias. A - a1) Inclusão com feição de Estrangulamento; B - b1 e b2) Inclusões

Bifásicas Ocorrendo Paralelamente a Fraturas Internas Cicatrizadas; C - c1 e c2) Inclusões de

Ocorrência Isolada Bifásica e Monofásica, Respectivamente; D) Fratura Intragranular Oxidada Bordejada por Inclusões; E) Inclusões Decorando e Seccionando Fratura Curta Intragrão; F) Fratura

Intragranular Cortada por Trilha de Inclusões e Trifásica Saturada em f1.............................................81

Figura 7: Histograma das Inclusões Fluidas Indicando a Relação Frequência Versus: A) - Tfg°C; B)

- Te°C; C) - Salinidade % equiv. em peso de NaCl e D) - Tht°C.....................................................83

Figura 8: Histogramas Mostrando a Distribuição de Frequência das Propriedades Microtermométricas

das Inclusões Fluidas Saturadas entre: A) - Tfg°C; B) - Te°C; C) – Salinidade % peso de NaCl; D) Th

(°C).............................................................................................................................. ...........................84

Figura 9: A) - Diagrama de correlação Temperatura de Homogeneização Total x Salinidade para as

Inclusões Tipo Bifásicas (Thtot(L)) e Tipo IV Trifásicas Saturadas (Thtot(s)). (B) - Diagrama de valores de

Te°C x Thtotv de Inclusões Bifásicas e Te°C x Thtots das Trifásicas Saturadas......................................85

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Lista de Tabelas do Trabalho de Dissertação

Tabela 6.1: Síntese dos Resultados advindos de Análises Microtermométricas para Inclusões Fluidas dos Veios de Quartzo Encaixados no Granito Nhandu..........................................................................56

Tabela 6.2:Variações de Temperaturas do Eutético (Te°C) com Correspondências Aproximadas ás

das Inclusões Analisadas no Garimpo Trairão. Borinseko (1977) e em parêntese, Crawford (1981)......................................................................................................................................................56

Lista de Tabela do Artigo

Tabela 1: Dados referentes às temperaturas eutéticas (°C) dos respectivos sistemas de Borisenko

(1977) correspondendo aproximadamente às encontrados nos estudos com inclusões fluidas dos veios

de quartzo do granito Nhandu – Depósito Trairão.................................................................................81

Tabela 2 - Dados referentes ás temperaturas eutéticas (°C) dos respectivos sistemas de Borisenko

(1977) correspondendo aproximadamente aos encontrados nos estudos com inclusões fluidas dos veios

de quartzo do granito Nhandu – depósito Trairão........................................................................82

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Resumo

A pesquisa aborda dados de campo, geoquímicos e de hidrotermalismo da rocha hospedeira com foco

na microtermometria das inclusões fluidas em veios de quartzo do granito Nhandu na parte central da

Província Aurífera Alta Floresta. O Alvo Trairão apresenta evidências de intensa alteração hidrotermal

sericítica (sericita fina) obliterando totalmente a textura primária da rocha encaixante. Os estudos

permitiram o reconhecimento da sequência de estágios de alteração hidrotermal e da evolução

paragenética: silicificação pervasiva; muscovita fina pervasiva; muscovita grossa pervasiva;

silicificação fissural (veios e vênulas tardias de quartzo). Com base nas características petrográficas as

inclusões fluidas analisadas foram classificadas em tipos: Tipo I compreendendo monofásicas líquidas,

tipo II monofásicas vapor, tipo III bifásicas (L+V), Tipo IV trifásicas saturadas (L+V+S) e tipo V

trifásicas aquo-carbônicas (LH2O+LCO2+VCO2), raras. As inclusões fluidas inseridas no tipo III e IV,

de caráter primário, ocorrendo em todas as amostras analisadas. As Inclusões Fluidas foram levadas a

estudos microtermométricos para obtenção de medidas de fusão e de homogeneização das fases. A

partir de dados microtermométricos identificou inclusões fluidas pertencentes aos sistemas: a) -

H2O+NaCl+ CaCL2; H2O-NaCl (Tipo III - bifásicas) distribuídas em grupos de baixa salinidade,

intermediária e alta salinidades com (Thtot(v)) entre 50°C a 180°C e moda de 80°C a 90°C: b) -

H2O+NaCl+ CaCL2; H2O-MgCl2 (Tipo IV- trifásicas saturadas) mostrando grupo de alta salinidade de

(Thtot(s)) )) de 120 a 240°C e frequência modal entre 170°C a 240°C. Esta distribuição pode ser

interpretada como mistura de fluidos de composições diferentes, onde inclusões de baixa salinidade

representam fluido meteórico, as Inclusões intermediárias como misturam de fluidos meteórico e

magmático, enquanto os de alta salinidade definem fluidos de origem magmática com diminuição de

temperatura durante seu caminho de ascensão.

Palavras Chave: Depósito de Ouro Trairão - Inclusões fluídas - Província Alta Floresta.

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Abstract

The research focuses on field data, geochemical and hydrothermal host rock with a focus aimed at

microthermometric studies of fluid inclusions in quartz veins in granite Nhandu central part of the Alta

Floresta gold province. The Target Trairão shows evidence of intense sericitic alteration (sericite fine)

completely obliterating the texture of the primary rocks. The studies allowed the recognition of the

following stages of hydrothermal alteration and paragenetic evolution: pervasive silicification,

pervasive muscovite fine, coarse muscovite pervasive; silicification fissure (late veins and veinlets of

quartz). Based on the petrographic characteristics of fluid inclusions were classified into types such as

single-phase liquid comprising type I, type II single-phase vapor, biphasic type III (L + V), Type IV

saturated three-phase (L + V + S) and three-phase type IV aqueous-carbonic (LH2O LCO2 + +

VCO2), rare. The fluid inclusions placed on the type III and IV, a primary, occurring in all samples,

microthermometric studies were carried out in a platinum cooling / heating Chaixmec, apparatus Likan

THMS/600, from -180 ° C to 600 ° C , respectively, for obtaining measurements of melting and

homogenization of the phases. Platinum is coupled to a model microscrospio petrographic JENA Phol,

which allows observation of the blade shaft bipolidas samples in all steps of the assay. From data

microthermometric identified fluid inclusions belonging to the systems: a) - H2O + NaCl + CaCl2

H2O-NaCl (Type III - biphasic) distributed in groups of low salinity, intermediate and high salinities

with (Thtot (v)) between 50 ° C to 180 ° C and fashion of 80 ° C to 90 ° C, b) - H 2 O + NaCl + CaCl

2, H 2 O, MgCl 2 (Type IV-three-phase saturated) showing a group of high salinity (Thtot (s)))) 120

240 ° C and modal frequency between 170 ° C to 240 ° C. This distribution can be interpreted as a

mixture of fluids of different compositions, which represent inclusions of low salinity meteoric fluid

inclusions intermediate as a mixture of meteoric and magmatic fluids, while the high salinity is

defined as magmatic origin with decreasing temperature during its way ascension.

Keywords: Deposit Gold Trairão - Fluids Inclusions - Province Alta Floresta.

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CAPÍTULO I

1.0- Introdução

1.1-Objetivo do Trabalho

1.2-Justificativa da Pesquisa

1.3-Localização Geográfica e Acesso a Área de Serviço

1.4-Materiais e Métodos

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1.0 - Introdução

A dissertação de mestrado em pauta foi realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em

Geociências da Universidade Federal de Mato Grosso, denominada de “Estudos de Inclusões Fluidas em

Veios de Quartzo Associados ao Granito Nhandu, no Depósito de Ouro Trairão - Província Aurífera Alta

Floresta MT”, na qual faz parte do convênio PROCAD UFMT/UNICAMP N° 23038.000675/201015.

Dentro do projeto maior “Estudos das Mineralizações de Au e Cu Associados ás Rochas Graníticas da

Província Alta floresta”.

A Província Aurífera Alta Floresta é conhecida como importante região metalogenética,

principalmente por sustentar ricos e produtivos garimpos de ouro extraídos principalmente de depósitos

secundários (aluviões, eluvios/colúvios e de perfil saprolítico) e após quase exaustão destes, mineralizações

primarias passaram a ser alvo de exploração.

Entre as décadas de 1970 e 1990, esta região essencialmente aurífera, teve uma produção entre 200

e 300 toneladas de ouro (Dardene & Schobbenhaus, 2003) tornandou-se assim uma grande produtora no

Brasil expressa pela presença de centenas de depósitos com mineralizações na forma de veios, sistemas de

veios ou disseminadas. A Província aurífera Alta Floresta é atualmente uma área de grande potencial

exploratório para depósitos de ouro do tipo primário.

A descoberta de novos depósitos de ouro bem como avaliação econômica dos já existentes depende

de um conjunto de dados de informações geológicas como princípios básicos para subsidiar

antecipadamente possíveis investimentos.

Neste contexto a partir de estudo no Depósito Trairão (inserido na região do distrito Peixoto de

Azevedo-Novo Mundo), objetivou caracterizar a natureza das soluções que transportaram o minério de

ouro bem como conhecer os parâmetros físico-químicos responsáveis pela deposição deste, a partir de

Inclusões Fluidas em veios de quartzo.

A seleção da área de estudo foi definida, já que se tratando do Garimpo Trairão ainda há

deficiência de dados com maior consistência sobre a sua gênese, e levando em consideração também que

quando se trata de pesquisas desenvolvidas a partir de inclusões fluidas estas são vistas como importantes

fontes geradoras de dados permitindo levantar consideráveis conclusões sobre a natureza do fluido portador

do metal, elucidando as condições de precipitação da mineralização.

Até anos atrás esse depósito vinha sendo explorado por atividade garimpeira em material de

aluvionar e com frentes de lavra a céu aberto e com infraestrutura rústica. Atualmente paralisado, este vem

sendo alvo de pesquisas por parte de pesquisadores das universidades e de empresas de exploração mineral.

Na área do garimpo se distingue uma unidade ígnea, paleoproterozóica, denominada granito

Nhandu, tipo I, oxidado. Toda esta unidade sofreu localmente intrusões de diques de natureza básica,

vênulas e veios tipo padrão stockswork. As zonas de sulfetação são encontradas associadas aos veios de

quartzo em zonas de cisalhamento com avançado grau de alteração hidrotermal.

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Estudos em depósitos minerais realizados com Inclusões Fluidas (IFs), procurando caracterizar os

fluidos mineralizadores dos depósitos, tem como foco primordial buscar um modelo de gênese e que

segundo Bates & Jackson, (1987) trata-se de uma hipótese de trabalho ou simulação precisa, por meio de

descrição, dados estatísticos ou analogia de um processo que não pode ser ou que dificilmente poderia ser

observado de forma direta. E que em tese constitui excelente ferramenta na prospecção (Ronchi et al.,

2003).

Fuzikawa (1985) ressalta a importância de pesquisas com essas micro amostras de fluidos que

revela as condições físico-química reinantes no período da cristalização e da recristalização do mineral que

as contém ou ainda, marcando o processo de eventos posteriores impostos a formação destes minerais.

Estudo de inclusões fluidas tem ganhado notoriedade expressiva nos últimos anos, principalmente

para o esclarecimento dos processos que envolvem a formação de um depósito mineral de ouro. Segundo

Costa Neto (1998) não apenas do ponto de vista acadêmico, mas também de grande auxílio na definição de

estratégias de exploração de regiões potenciais para mineralizações auríferas.

Segundo Faleiros (2009) a partir da caracterização dos fluidos de diferentes gerações podem ser

estabelecidas relações entre as mineralizações e as soluções responsáveis pela sua formação. E entre estas

etapas, segundo os mesmos autores, e os principais eventos geológicos da área, proporcionando,

adicionalmente, uma escolha mais criteriosa de novas áreas de prospecção ou mesmo uma pesquisa mais

consciente das extensões de um dado depósito.

Desta forma, as pesquisas com inclusões fluidas para o depósito Trairão permitiram em tese definir

os sistemas fluidos mineralizadores a partir de características tais como composições, salinidades e as

condições mínimas de temperaturas do ambiente de deposição do minério. A partir daí, sendo permitido

traçar uma linha de similaridade e homogeneidade entre os resultados do garimpo estudado com dados de

inclusões fluidas obtidos por outros estudiosos em vários depósitos de ouro na província Aurífera Alta

Floresta.

1. 1 - Objetivo do Trabalho

O objetivo deste trabalho de dissertação de mestrado é fazer uma caracterização das propriedades

físico-químicas dos sistemas fluidos mineralizadores a partir de inclusões fluidas em veios de quartzo

associados ao granito Nhandu por meio do estudo analítico de microtermométria, com intuito de definir um

modelo de gênese para o depósito de ouro do Trairão.

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1.2 - Justificativa da Pesquisa

Ainda existem muitas dúvidas e problemas relacionados à gênese, idade, composição dos fluidos

associados à formação de minérios, mecanismos de transporte e deposição das mineralizações dos

depósitos. Advindo deste fato, o atual estágio de conhecimento a cerca dos aspectos metalogenéticos a

respeito das jazidas de ouro na Província Alta floresta são ainda fragmentados e insuficientes para a

caracterização dos parâmetros geológicos responsáveis pela formação dos depósitos auríferos da região.

Este problema, via de regra, tem envolvido principalmente o garimpo pesquisado pela escassez de

trabalhos científicos vindo esta pesquisa fomentar mais dados aos já obtidos por poucos pesquisadores com

Inclusões Fluidas nos veios de quartzo no local, oportunizando melhor avaliação sobre a origem dessa

mineralização aurífera.

1 . 3 - Localização Geográfica e Acesso à Área de Trabalho

A área de estudo depósito de ouro Trairão (figura 1.1) localiza-se no norte do estado de Mato

Grosso na região do alto curso do rio Trairão afluente do Rio Teles Pires. Encontra-se na sua totalidade

inserida na porção central da Província Aurífera Alta Floresta expressa na folha topográfica Alta floresta

(SC.21-X-C) entre os Paralelos 09°00’ e 10°00’ S e Meridianos 55°30’ e 57°0’ W.

O acesso ao local estudado é feito de início pela capital Cuiabá via BR 364 (Eixo Norte/Sul –

Cuiabá - Santarém) passando pelos principais municípios de Sorriso, Lucas do Rio Verde e Sinop seguindo

até Nova Santa Helena.

A partir desta última, indo pelas MT 320 e MT 280 respectivamente até a Cidade de Carlinda, esta

há aproximados 40 km do Garimpo Trairão. O trajeto a partir de Carlinda ate o local de pesquisa se faz por

estrada de terra até a balsa D4 no Rio Teles Pires. Após travessia do rio uma estrada vicinal não

pavimentada facilita o acesso ao local pesquisado, tendo nas suas imediações como ponto de referência a

fazenda Cinco Irmãos.

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Figura 1.1: Mapa de Localização da Área de Estudo no Norte de Mato Grosso e Vias de Acesso.

1.4 - Materiais e Métodos

Neste item visando os objetivos propostos são apresentados os procedimentos para o

desenvolvimento do trabalho desta pesquisa. Parte dos métodos encontra-se desenvolvida com maiores

detalhes em capítulos específicos.

1. 4. 1 - Revisões de bibliografias: constituíram na primeira etapa de trabalho enfocando um levantamento

geral de dados geológico regional e local e sobre o tema específico inclusões fluidas. Cabendo ressaltar que

estas foram apoiadas em diversos tipos de publicações como dissertações de mestrado, teses de doutorado,

livros didáticos e em artigos em revistas especializadas.

1. 4. 2 - Trabalho de Campo: Foi realizada uma etapa técnica de campo consistindo em levantamento das

feições estruturais e geológicas da área, permitindo esta etapa na coleta sistemática de veios de quartzo e da

rocha encaixante.

1. 4. 3 - Petrografia: Caracterização petrográfica da mineralogia hidrotermal do Granito Nhandu para

definição do tipo de alteração e da paragênese do minério com os quais o ouro pode estar associado.

1. 4. 4 - Petrografia e Microtermometria: Análises petrográfica e microtermométrica das Inclusões

Fluidas dos Veios de quartzo do Granito Nhandu, realizadas no laboratório do instituto de Geociências da

Universidade de Campinas. Com isso, caracterizando a natureza e evolução dos fluidos mineralizantes

para o entendimento de mecanismo envolvendo a origem e deposição do minério.

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1. 4. 5 - Organização dos Dados: Na sistematização e tratamento dos dados e confecções de figuras,

tabelas e histogramas inseridos neste trabalho teve como suporte o auxílio de softwares como programa

Flincor, arcGIS, Corel Draw versão X5, Microsoft Oficce Excel 2007 e o Oficce Word 2003.

1. 4. 6- Fechamento da Dissertação: Para a finalização deste trabalho dados de campo e laboratório foram

tratados, consolidados e interpretados, arregimentadas discussões elucidativas para melhor compreensão na

modelagem metalogénetica para o depósito pesquisado, dando respaldo para o fechamento desta

dissertação de mestrado de forma impressa.

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CAPÍTULO II

2.0 – Contexto Geotectônico - Geológico

2.1-Cráton Amazônico

2.2-Província Aurífera Alta Floresta (PAAF)

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2.0- Contexto Geotectônico - Geológico.

2. 1 – Craton Amazônico

O Craton Amazônico localizado na região norte da América do Sul, contido predominantemente

em território brasileiro, segundo Brito Neves (2005) é o mais completo e legítimo descendente do

supercontinente Rodínia, pela forma notória e incomum como preservou o registro da evolução crustal, de

embasamento e de coberturas, do Arqueano e do Proterozóico.

Para explicar a evolução do Cráton Amazônico existem modelos similares considerando um núcleo

mais antigo sobre o qual foram acrescidos vários arcos magmáticos. De gênese e evolução controversas,

várias compartimentações foram adotadas para a evolução deste Cráton, onde trabalhos de âmbito

geocronológico-geotectônico como de Tassinari & Macambira (1999) e Santos et al (2000) (Fig.2.2) são

exemplos de modelos revistos e províncias redefinidas. Segundo Tassinari & Macambira (1999) este

seguimento crustal trata-se de uma das maiores áreas Cratônicas do mundo (4,3 x 105

km2), ficando assim

dividido: Província Amazônica (>2,3 Ga); Maroni-Itacaiunas (2,2 - 1,9 Ga); Ventuari-Tapajós (1,95 - 1,80

Ga); Rio Negro-Juruena (1,80-1,55 Ga); Rondoniano-San Ignáceo (1,55-1,30 Ga) e Sunsás (1,25-1,0 Ga).

Santos et al. (2000) propuseram uma subdivisão do Cráton Amazônico com base em datações pelos

métodos Sm-Nd e U-Pb em zircões. Desta maneira, foi proposta a seguinte compartimentação de

províncias geocronológicas: Carajás-Imataca (3,10 a 2,53 Ga); Transamazônica (2,25 a 2,0 Ga); Tapajós-

Parima (2,01 a 1,87 Ga); Amazônia Central (1,88 a 1,70); Rio Negro (1,86 a 1,52 Ga); Rondônia - Juruena

(1,76 a 1,47) k’Mudku (1,10 a 1,33 Ga) e província Sunsás (1,33 a 0,99 Ga).

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Figura 2.2: Compartimentação dos Modelos Geotectônicos e Geocronológicos do Cráton Amazônico Propostos

Segundo Tassinari & Macambira (1999) em (A) e Santos et al., (2000) em (B).

2. 2. Província Aurífera Alta Floresta (PAAF)

Na porção norte de Mato Grosso a Província Aurífera Alta Floresta (PAAF) apresenta-se

distribuída na forma de uma extensa faixa alongada de direção W-NW com vários domínios geológicos

(fig. 2.3) e fisiograficamente delimitada ao norte pelas bordas do Grabén do Cachimbo separando-a da

Província Aurífera Tapajós e no limite sul pela Serra dos Caiabis.

O embasamento desta província aurífera ora denominado de Cuiú-Cuiú por Moreton & Martins

(2001) é composto por granitóides de composição granítica a monzogranítica, incluindo gnaisses graníticos

a tonalíticos e presença de xistos, rochas máficas, ultramáficas, além da presença de bifes e migmatitos

(Dardene & Schobbenhaus, 2001).

De acordo com compartimentação geocronológica-geotectônica do Craton Amazonas de Santos et

al. (2000), esta província (PAAF) engloba partes das faixas Tapajós-Parima (2,03 a 1,88 Ga) e Rondônia-

Juruena (1,82 a 1,54 Ga), enquanto no modelo criado por Tassinari & Macambira (1999) encontra-se

inserida entre os limites das províncias Ventuari-Tapajós (1,95 - 1,8 Ga) e Rio Negro-Juruena (1,8 - 1,55

Ga).

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Concepções de Tassinari & Macambira (1999) retratam estas províncias como extensas porções de

crosta continental juvenil, originadas de rochas do manto, acrescidas de sucessivos arcos magmáticos,

possivelmente gerados por subducção de litosfera oceânica sob a Província Amazônica Central,

acompanhada pelo choque de massas continentais.

A área de trabalho inserida na parte central da Província Alta Floresta abrange parte do domínio

geocronológico-geotectônico Rondônia - Juruena no domínio Juruena denominado este de Arco

Magmático Juruena (Lacerda et al. 2001).

A Província Rondônia - Juruena representa um segmento crustal formado no intervalo de 1,8 Ga a

1,72 Ga sendo constituída de terrenos granitóides e vulcanossedimentares evoluídos em sistemas de arcos

magmáticos (Scandalorra et al. 1999; Santos et al, 2000). Lacerda Filho et al. (2004) ao redefinirem a

Província Rondônia – Juruena propuseram a existência de três domínios: Juruena (1,85-1,72 Ga),

Rossevelt-Aripuanã (1,76-1,74 Ga) e Jauru (1,79 – 1,72 Ga).

O domínio Juruena ou Arco Juruena segundo dados de Lacerda Filho et al, (2004) encontra-se

representado por rochas plutônicas e vulcânicas felsicas de filiação cálcio-alcalino e alto potássio, onde

Souza et al, (2004) descreveram para este domínio dois tipos de terrenos: um ao norte plutono-vulcânico,

pós - colisional, deformado em regime rúptil a rúptil-dúctil representados pelas unidades suítes Juruena,

Paranaíta, Colíder, Matupá, Flor da Serra e Granito Nhandu. O outro, um terreno acrescionário de médio a

alto grau metamórfico, granítico-gnáissico, deformado em regime dúctil é formados pelo complexo Bacaerí

- Mogno e Nova Monte Verde, Suíte Intrusiva Vitória e granitos São Pedro, São Romão e Apiacás. A

região de Peixoto de Azevedo-Pólo Novo Mundo constitui parte do terreno plutonovulcânico.

Dentro deste contexto geotectônico a Província Alta Floresta (PAAF) eminentemente aurífera tem

dentro dos seus limites a região de Peixoto de Azevedo – Novo Mundo, estabelecido este como o principal

produtor de ouro desta província e que segundo Barros (2007) as ocorrências e depósitos desta região

aurífera refletem um alinhamento na direção NW, refletindo o traçado de zonas de cisalhamento,

principalmente, onde essas estruturas interceptam terrenos granito-gnaíssico.

Os autores supracitados citam que as mineralizações deste distrito são representadas em filões

sinuosos (extensos localizados nas zonas de cisalhamento dúcteis onde muito destas disseminadas nos

granitos Novo Mundo e Santa Helena e em veios e vênulas de quartzo e Stocwork alojados em granitos do

tipo Nhandu e Peixoto.

Trabalho de Coutinho et al. (1998) em referência as mineralizações a ouro da Província Mineral

Alta Floresta, de caráter primário, principalmente as hospedadas na suítes graníticas de idade

Paleoproterozóica, tem sido descritas como silmilares a do tipo Cu-Au pórfiro e Orogenético ou lode

mesotermal (Paes de Barros 1994).

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Figura 2.3: Feição Fisiográfica da Província Aurífera Alta Floresta com seus Domínios Geológicos, Modificado e

Simplificado de Lacerda Filho et al. (2004) e Marcelo Galé et al. (201l).

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CAPÍTULO III

3.0- Unidades Litológicas no Contexto Geológico Regional da Área de Estudo

3.1-Complexo Cuiú – Cuiú

3.2-Suíte Intrusiva Juruena

3.3-Suíte Intrusiva Paranaíta

3.4-Granito Nhandu

3.5-Grupo Colíder

3.6-Grupo Beneficente

3.7-Depósitos Aluvionares

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3.0- Unidades Litológicas no Contexto Geológico Regional da Área de Estudo.

Neste capítulo o mapa geológico simplificado mostra a distribuição da complexa variação

litoestratigráfica da Província Alta floresta limitando o Granito Nhandu no qual se insere a área pesquisada

no Norte de Mato Grosso (Figura 3.4). A seguir é mostrada resumidamente a caracterização dessas

unidades a partir de revisão bibliográfica.

Figura 3.4: Mapa Geológico Indicando as Unidades Litoestratigráficas Envolvendo a Área de Estudo na Província

Aurífera Alta Floresta - MT.

3. 1 - Complexo Cuiú-Cuiú

O complexo Cuiú-Cuiú admitido como o embasamento da região, esta relacionado à idade modelo

datado em U-Pb SHRIMP em zircão de 1992±7 Ma (Souza et al., 2004), compatível com as idades U-Pb

SHRIMP (2005± 7 Ma) obtidas por Santos et al. (1997) e (Klein et al., 2000) em granitóides e rochas

gnaisses deste complexo aflorante na província Tapajós.

Esta unidade segundo Moreton & Martins (2005) compreende uma associação de rochas

representadas por granitóides de composição granítica a monzogranítica, incluindo gnaisses graníticos a

tonalíticos, parcialmente migmatizados e presença de xistos, rochas máficas, ultramáficas, além de bifes e

migmatitos (Dardene & Schobbenhaus, 2001). Dados de Silva & Abram (2008) apresentam para estas

rochas um bandamento composicional, milimétrico a centimétrico, trazendo alternância de faixas quartzo-

feldspática e máficas, caracterizadas por biotita e hornblenda.

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Paes de Barros (2007) ao discriminar as raras ocorrências do embasamento granito gnáissico na

região de Peixoto de Azevedo-Novo Mundo, descreveu estas poucas manifestações como granitóides

cálcio-alcalinos, metaluminosos a francamente peraluminosos, de composição quartzo diorítica, tonalítica a

granodiorítica.

Estudos realizados por Klein et al., (2000) apontam para estas rochas um quimismo cálcio-alcalino

de baixo potássio, com termos de meta a peraluminosos, com características de formação em ambiente de

arco vulcânico.

3. 2 - Suíte Intrusiva Juruena

Denominação esta dada por Silva et al. (1974) a um conjunto de rochas graníticas na região norte

de Mato Grosso, ocorrendo segundo um trend NW-SE, sob a forma de blocos, ou em lajedos maciços,

compondo batólitos aglutinados e amalgamados.

Amostras estudadas pelo JICA/MMAJ (2000) ao norte da folha Vila Guarita, fora da área de

abrangência do projeto Alta Floresta, permitiram o cálculo de idades U – Pb em zircão 1.848 ± 17 Ma;

1.823 ± 35 Ma e 1.817 ± Ga, atribuídas a idades de cristalização desta unidade. Dados de Silva & Abram

(2008) demonstram idade de 1817± 12 Ma, em amostras datadas pelo método U-Pb em zircão, onde os

mesmos autores retratam que estudos isotópicos de Sm-Nd demonstraram uma idade de 1999 Ma, com

valor de εNd(t) de + 1, 93.

Esta suíte intrusiva de acordo com Souza et al (2005) é representada de biotita granitos, com

monzonitos, granodioritos e monzonito subordinados. Possuem estrutura homogênea e textura granular fina

a grossa. Segundo Souza et al (2005) não foram observadas deformações ou transformadas relacionadas ao

metamorfismo regional.

Estudos petrográficos realizados por Oliveira & Albuquerque (2005) apontam uma composição

mineralógica composta por feldspato potássico, plagioclásio, quartzo e biotita, acompanhados geralmente

por produtos de alteração hidrotermal, epidoto, sericita, clorita, muscovita, carbonato e argilo minerais e

acessórios como titanita, allanita, apatita, opacos e zircão.

Resultados litogeoguímicos de Souza et al. (2004) apontam para esta suíte magmatismo de série

cálcioalcalina, alto potássio, metaluminosa a peraluminosa, com características similares as rochas

graníticas formadas em ambiente de arco magmático de margem continental ativa.

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3. 3 - Suíte Intrusiva Paranaíta

Esta suíte apresenta a partir de dados geocronológicos obtidos por Silva & Abram (2008) idade de

referência U-Pb de 1808±14 Ma, interpretadas como de cristalização de zircão, sendo compatível com

dados de Santos (2000) pelo método U-Pb reportada a cristalização de zircão, revelando idades de 1.793±6

Ma; 1.803±16 Ma; 1.801±7,8 Ma e 1816±57 Ma. Análises isotópicas Sm-Nd durante o projeto Alta

Floresta mostraram idade modelo de 2.221 Ma, com εNd(t) de -1,25 (silva & Abram, 2008).

O termo Suíte Intrusiva Paranaíta inicialmente usado por Oliveira & Albuquerque (2003) foi

caracterizada por Santos et al. (2005) por extensos corpos batolíticos, portadores de mineralizações

auríferas e quartzo azulado, revelando posicionamento crustal de meso a epizonal, com enclaves, foliações

confinadas e feldspatos pertíticos.

Oliveira & Albuquerque (2005) apresenta para esta suíte um clã de rocha, constituído por

monzogranitos, biotita-quartzo monzogranitos, biotita granitos, hornblenda-biotita granitos e magnetita-

biotita granito, de textura porfirítica a equigranular, estrutura homogênea e isotrópica, trazendo uma

composição à base de feldspato potássico, plagioclásio, quartzo, biotita e, ás vezes hornblenda geralmente

acompanhada por epidoto±sericita±clorita±argilominerais±carbonatos, produtos de alteração hidrotermal, e

minerais acessórios como magnetita, ilmenita, apatita e outros.

Dados litoquímicos de Souza et al. (2004) traduzem uma natureza de caráter calcioalcalino de

médio a alto potássio, metaluminosa a levemente peraluminosa de quimismo compatível a granitos

relacionados a arcos vulcânicos, similares ás intrusões encontradas em margens continentais ativas.

3. 4 - Granito Nhandu

Souza et al (1979) introduziram o termo Granito Nhandu para rochas aflorantes a leste de Alta

Floresta, médio curso do rio homônimo.) A idade deste granito se estabelece entre 1,889 ± 17 Ga a 1,879 ±

5,5 Ga, concordantes, interpretadas como de cristalização (Silva e Abram, 2008). Segundo Moreton &

Martins (2003; 2005) o Granito Nhandu é representado por magnetita-biotita monzogranito e sienogranito,

além de uma fácies subvulcânica com granito e monzogranito, fino porfirítico, com presença de enclaves e

sills de gabro e diorito, indicativo de atividade magmática bimodal. Para Souza et al. (2005) as fácies

subvulcânicas, principalmente os monzonitos finos porfiríticos e granofíricos e os monzogranitos

microporfiríticos, mostram evidências de interação com fluidos hidrotermais, com disseminação de sulfetos

e de magnetita.

Paes de Barros (2007) estudando garimpos do distrito aurífero Peixoto de Azevedo Novo - Mundo

norte de Mato descreveu o Granito Nhandu como um monzogranito a granodiorito de cor cinza, de

tonalidade creme a róseo, isotrópico, leucocrático, equigranular grosseiro a localmente porfirítico,

mostrando fenocristais de feldspato alcalino subeuhedrais, zonados, com inclusões de plagioclásios e

biotita, textura pseudo rapakivi e biotita fina disseminada, parcialmente cloritizada.

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Lacerda et al. (2004) definiram o Granito Nhandu com um granito de caráter calcioalcalino de alto

potássio, do tipo I oxidado composto por magnetita-biotita granito, de coloração vermelha. Segundo Paes

de Barros (2007) trata-se de um granito metaluminoso a peraluminoso, álcali-cálcico a cálcio alcalino de

médio potássio e enriquecido em FeOtot.

Estudos de Paes de Barros (2007) baseado em diagramas, por exemplo, Rb versus Y+Nb,

indicativo de ambiente geotectônico, o granito Nhandu estende-se entre os campos dos granitos de arco

magmático e dos intraplaca, mas dentro do limite propostos para os corpos pós colisionais e no diagrama

(Hf – Rb/30 - Ta3٭), indicativo de fonte do magma em sistemas colisionais, esse granito se alinhou com os

do tipo I, intrusões cálcio-lcalino, précolisionais. Já no diagrama (k2O+Na2O)/CAO x Zr+Nb+CE+Y

mostra-se relativamente alinhado com o campo dos granitos tipo A.

3. 5 - Grupo Colíder

O grupo Colíder se caracteriza por uma diversidade de rochas subvulcânicas, vulcânicas (lavas e

piroclásticas), piroclásticas e epiclásticas de composição intermediária a ácida em menor proporção (Silva

& Abram, 2008).

Os termos subvulcânicos de acordo com dados de Moreton & Martins (2005) são essencialmente

representados por microgranitos, micro-quartzo monzonitos, micromonzonitos, micromonzogranitos e

granófiros, todos associados a derrames de riolitos, dacitos porfiríticos e andesitos localmente.

Quanto aos termos vulcanocláticos este são compostos por sedimentos areno-conglomeráticos, por

vezes intercalados por lentes conglomeráticas e sedimentos arenosos (Souza et al., 2005).

Para Silva & Abram, (2008) dentre as vulcânicas destacam-se corpos andesíticos, ricos em

magnetita, possuindo estrutura maciça trazendo texturas microlítica fluidal, porfirítica a microfirítica, com

fenocristais euédricos de plagioclásio e raros fenocristais de quartzo com golfos de corrosão.

Ainda os autores supacitados, riolitos também ocorrem, com textura de fluxo bem desenvolvida,

com fenocristais euédricos de feldspato potássico e de quartzo de alta temperatura. Intercalações de lavas

andesíticas e riolíticas, com rochas piroclásticas e epiclásticas, foram encontradas.

Pimentel (2001) datando riolitos pórfiros, atribuído a suíte Colíder pelo método U-PB em zircão,

obteve idade entre 1.785 ± 8 Ga. E idade modelo Tdm de 2.344 Ma com End (T) de -3,75, revelando uma

fonte geradora híbrida, mantélica, com contaminação crustal.

Souza et al. (2005) apresentam esta unidade como erigida entre 1,85 a 1,75 Ga, ligada ao Arco

Magmático Juruena, incluindo rochas vulcânicas de afinidade cálcio-alcalina alto potássio, de composição

ácida a intermediária e com evolução vinculada ás suítes Juruena, Paranaíta e Granito Nhandu.

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3. 6 - Grupo Beneficente

Citação dada por Almeida & Nogueira (1959) para caracterizar uma sequência litoestratigráfica

sedimentar representada por duas litofácies, uma inferior quartizítica próximo ao povoado Beneficente e

outra superior predominantemente pelítica aflorando no baixo curso do rio Igarapé das Pedras. Autores

como Silva et al., (1980) e outros usam esta mesma denominação para os sedimentos encontrados desde o

Rio Sucunduri até a rodovia BR-163 que liga Cuiabá a Santarém na região da Serra do Cachimbo.

Se tratando de idades obtidas como mínimas para este grupo se pautam em estudos obtidos por

Tassinari et al. (1978) em siltitos aflorantes a sul da Base Aérea da Serra do Cachimbo, de 1.485±32Ma –

Rb-Sr em rocha total e 1.331±28Ma – Rb-Sr ( em fração fina). Enquanto Leite & Saes, (2002) obtiveram

por datação de referência Pb-Pb em populações de zircões detríticos mais jovens da base conglomerática

para uma idade de deposição de 1,74 Ga para esta unidade.

Carvalho & Figueiredo (1982) estudando este grupo na região de Pedra Preta no vale do Rio

Sucunduri, observaram que este repousa transgressivamente sobre rochas vulcânicas constituindo uma

sequência transgressivo-regressiva.

Carvalho & Figueiredo (1982) ao mapear esta unidade e subdividi-la em seis unidades, os autores a

caracterizam como essencialmente marinha, composta de quartzo-arenito, siltitos, quartzo-arenito, calcários

dolomíticos, conglomerados, folhelhos, dolarenitos e brechas intraformacionais.

Quanto a sua deposição segundo Ribeiro & Villas Boas (2005) inicia por uma sequência clástica

cuja base é um conglomerado assentado sobre um substrato formado de rochas vulcânicas. Sobreposto a

este conglomerado ocorrem quartzitos brancos recobertos de modo concordante por uma sequência pelítica

composta por ardósias e metassiltitos de baixo grau metamórfico.

3.7 - Depósitos Aluvionares

Os sedimentos aluvionares que compõem estes depósitos ocorrem com características variadas em

diferentes dimensões ao longo do curso do rio principal Teles Pires e de seus afluentes.

No contexto da região em estudo as coberturas aluvionares compostas por materiais inconsolidados

e semiconsolidados, caracterizados como sub-recentes e recentes, são essencialmente representadas por

materiais arenosos e argilosos, com níveis de cascalhos associados (Oliveira & Albuquerque, 2005).

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CAPITULO IV

4.0 – Área do Deposito Tairão

4.1-Introdução

4.2-Características Levantadas na Área do Garimpo Trairão

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4.0- Área Do Depósito Aurífero Trairão

4.1 - Introdução

O Garimpo Trairão compreende uma associação de características marcantes encontrando-se

inserido no âmbito da Província Alta Floresta, porção nordeste da Folha Alta Floresta (SC.21-X-C)). É

caracterizado por frentes de lavras a céu aberto, abandonado marcado por intenso grau de alteração

intempérica. O trabalho de campo no local permitiu observações do controle estrutural, litológico, texturais,

alteração hidrotermal e morfologia.

4.2 – Características Levantadas na Área do Garimpo Trairão

Na geologia da área, o Granito Nhandu hidrotermalizado representa a rocha encaixante dos veios

de quartzo mineralizados. Esse granito ocorre aflorante no local da pesquisa em forma de pequenos

morrotes em terreno de topografia suave à plana expostos por processo erosional em meio a material

aluvionar, material este recobrindo praticamente toda a área circunscrita pesquisada.

Segundo dados de Abram et al. (2007) observa-se neste local que estas rochas foram submetidas a

alteração hipogênica (cor esverdeada) e supergênica (amarelo avermelhado). Por quase todo o garimpo a

alteração é tão avançada que não é mais possível distinguir a rocha encaixante (Figura 4.5).

As amostras de mão da rocha menos intemperizadas presentes no depósito Trairão (Figura 4.8 - D,

E, F e G) em termos texturais são granulares a inequigranulares, estrutura maciça, granulometria de média

a fina apresentando coloração cinza esverdeado a avermelhadas fortemente oxidadas.

Figura 4.5: Representação de Frente de Lavra do Garimpo Trairão em Avançado Processo de Alteração Intempérica.

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Conforme descrito por Souza et al. (2005) as rochas do granito Nhandu do ponto de vista

petrográfico, são compostas por biotita monzogranitos, biotita monzogranitos finos, granofíricos a

microporfiríticos e biotita-hornblenda monzogranitos isotrópicos e magnéticos.

A composição mineralógica segundo Abram et al. (2008) é dada pela presença de feldspato

potássico, normalmente ortoclásio (parcialmente microclinizado), quartzo, biotita e por vezes, hornblenda (

em torno de 5%), e como minerais acessórios, presença de magnetita, titanita, apatita e allanita.

Na área do garimpo foram avaliadas várias feições (Figura 4.6), entre elas uma grande quantidade

de veios de quartzo leitoso apresentando espessuras variadas de milimétricas a centimétricas, chegando a

20 cm de largura, muitos deles preenchendo fraturas, marcadas muitas vezes por textura em pente,

indicativo de características extensionais (Figura 4.6A), presença de cavidades drusiformes e geodos de

quartzo.

Os veios de direções variadas caracterizando o estilo do depósito como um sistema stockwork são

por vezes revelados por feições de brechas hidrotermais (Figura 4.6B). Pirita e calcopirita inclusa na pirita

encontram-se alinhadas paralelamente aos limites e dentro dos veios, vistas a olho nu, marcando as zonas

de sulfetação (Figura 4.6D) cavidades drusiformes e geodos de quartzo.

Figura 4.6: Feições Observadas na Área de Estudo. A) - Amostra Capeada por uma Crosta de Oxidação Exibindo

Fratura Extensional Preenchida com Grãos de Quartzo. B) – Brecha Hidrotermal Englobando Veios de Quartzo.

C) - Granito Nhandu Mostrando Estrias de Falha. D) - Veio de Quartzo com Sulfeto de Pirita, Associado ao

Granito Nhandu Hidrotermalizado. E) - Dique Fraturado Cortando o Granito. F) - Vista Parcial da Principal Frente de Lavra do Depósito AuríferoTrairão.Os veios encaixados no granito Nhandu em afloramentos secionados por

falhas apresentam textura deformada, mas com baixa alteração (Figura 4.7A), enquanto que a maioria dos

restantes são altamente fraturados, extremanente alterados pela ação intempérica (Figura 4.7C) e oxidados,

normalmente apresentando expressivas sombras de piritas oxidadas (Figura 7B).

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Nas frentes de lavras, características peculiares, porém restritas, revelaram pelo menos dois tipos de

famílias ou sistemas, posicionando-se em tal situação estrutural veios mais finos subparalelos (de baixo

ângulo com atitude N81E/ 22SE) cortados subverticalmente por veios mais espessos (de alto ângulo de

atitude N98W/46NE).

De modo localizado, em afloramento mais preservado da ação do intemperismo (Figura 4.6F) foi

verificada a presença de diques básicos fraturados (Figura 4.6E) com direções (N20W/70NE, N50-60W/75-

90SW e N82E/38NW) de espessuras centimétricas a métricas, coloração cinza esverdeada, de textura fina

(Figura 4.7H).

Figura 4.7: Amostras de Mão Colhidas na Área do Garimpo Trairão. (A) Amostra com Textura Deformada. (B) Veio

de Quartzo com Presença de Sombra de Pirita. (C) Fragmentos de Veios de Quartzo Alterados e Oxidados. (D, E,

F,G) Amostras Alteradas da Rocha de Coloração Acinzentada a Avermelhada Mostrando em (E) Presença de Pirita

Disseminada e em (G) uma Fina Capa de Óxido de Ferro, Característico na Área. Em (H) Amostras de Dique Básico

que Corta o Granito Nhandu.

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Foi observada a ocorrência de rochas básicas na entrada de acesso ao garimpo. Esse dique de 12

metros de expessura apresenta a mesma orientação dos que ocorrem dentro do garimpo, porém sem

alteração expressiva. A composição modal desta rocha básica concentra-se no campo no campo dos

basaltos toleíticos, conforme diagrama STRECHEISEM (fig. 4.8).

A descrição petrográfica deste dique básico definiu uma rocha de granulação fina, holocristalina,

de textura sub-ofítica, porfirítica, por calçamento e intersticial. A matriz exibe textura panidiomórfica

(automórfica) em que os cristais estão justapostos (calçamento). Uma sutil textura fluida, conferida pela iso

orientação das ripas de plagioclásio observada na trama da rocha.

A matriz é composta essencialmente por plagioclásio euédrico (raramente anédrico) e raras

ocorrências de piroxênio anédrico, enquanto que os fenocristais, que perfazem aproximados 15-20% do

volume da rocha, são representados por cristais de piroxênio e eventual plagioclásio.

A rocha é composta por plagioclásio (65%), clinopiroxênio (21%), quartzo (2%) e feldspato

alcalino (<1%). Magnetita (~3%) e rutilo ocorrem como fases acessórias enquanto que clorita, epídoto,

hematita e pirita como minerais hidrotermais.

O plagioclásio corresponde ao mineral dominante, restringindo-se quase que exclusivamente a

matriz, embora raros fenocristais euédricos a sub-euédricos possam ser observados. Ocorre como cristais

ripiformes que na matriz não excedem os 1,3 mm. O quartzo ocorre nos interstícios do plagioclásio e

apresenta granulação muito fina a fina.

Augita corresponde ao piroxênio dominante, sendo representada essencialmente por cristais

anédricos, embora formas sub-euédricas também possam ser observadas. É comum a augita englobar

parcialmente o plagioclásio. Magnetita ocorre como cristais de granulação fina e de formatos euédrico a

anédrico, embora os sub-euédricos sejam dominantes.

São observados dois tipos de alteração hidrotermal que ocorrem em estilo pervasivo e que são

temporalmente representados por: (i) alteração sericítica e (ii) cloritização.

A alteração sericítica é representada por uma paragênese dominada por sericita que substitui

essencialmente o plagioclásio. No entanto, essa alteração é pouco desenvolvida na rocha, e suas relações

petrográficas nem sempre estão claras. Por outro lado, a cloritização corresponde a alteração melhor

desenvolvida e representada pela paragênese clorita ± epídoto ± calcita ± hematita que afeta essencialmente

a matriz ígnea. Duas variedades composicionais de clorita foram observadas: (i) clorita anômala, rica em

ferro (clorita ferrífera, chamosita), e (ii) clorita com birrefringência bege-dourada, rica em magnésio

(clorita magnesiana, clinocloro), geralmente associada à calcita. A primeira variedade composicional é

dominante, enquanto que a segunda é de ocorrência mais restrita. Hematita ocorre como produto de

oxidação da magnetita, especialmente daquelas afetadas pela alteração clorítica.

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Figura 4.8: Dados Petrográficos e o Diagrama com a Composição Normativa Qtz - Fk – Pl para Amostras dos

Diques Básicos na Área de Entorno do Garimpo Trairão.

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O levantamento estrutural na área não foi suficiente para um entendimento da complexidade das

estruturas geológicas apresentadas na superfície das cavas do garimpo. Parros (1998) reconhece nessa área

uma estruturação N65ºE com presença de estruturas de direção E-W. Dados coletados por Silva et al.

(2008) apontam para a existência de uma estruturação de direção NE-SW, mostrando esta, por vezes,

truncada por uma estrutura de direção NW. Ainda Silva et al. (2008), nesse garimpo determinados veios de

quartzo dispõem preferencialmente com atitudes N 45ºW/57/SW.

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CAPÍTULO V

5.0-Alteração Hidrotermal do Depósito de Ouro Trairão

5.1-Minerais Minérios

5. 2-Alteração hidrotermal

5.3-Descrição das Analises Petrográficas em Amostras da Rocha Encaixante

Mostrando os Aspectos da Alteração Hidrotermal do Depósito Trairão

5.3.1-Afloramento 1 - Amostra 1

5.3.2-Afloramento 3 - Amostra 2

5.3.3-Afloramento 3 - Amostra 4

5.3.4- Afloramento 3 - Amostra 5

5.3.5- Afloramento 3 - Amostra 6

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5. 0 - Alteração Hidrotemal do Depósito de Ouro Trairão.

5.1 – Minerais Minérios

O Granito Nhandu no Garimpo Trairão e seus veios de quartzo de natureza stockwork minerais

opacos diversos: pirita, hematita, calcopirita, rutilo, digenita, covelita e galena. Estes minerais têm formas e

tamanhos variados, onde alguns deles são substituídos nas suas partes internas e nas suas bordas por outros.

A Pirita, predominante, geralmente, de modo isolado, pode estar presentes nas proximidades de

fraturas em cristais de quartzo (figura5.9A). Muitas vezes, estes possuem uma textura corroída, possuindo

inclusões de quartzo bem como de sericita fina (Figura 5.9B). Em determinados pontos a ocorrência da

pirita é de modo isolado, aglomerado disseminado e alinhado dentro e nas bordas das fraturas e vênulas de

quartzo, bem como distribuída em matriz sericítica (Figura 5.9C). A Pirita apresenta granulação fina, média

e grossa. Alguns desses cristais de Pirita são caracterizados pelas formas anédrica, euédrica e subédrica,

mostrando mais comumente o intercrescimento gráfico e raramente os dos tipos simples (manchado) e em

forma de gotículas.

Figura 5.9: Microfotografia Exibindo Modo de Ocorrência da Pirita. (A) Cristal de Pirita Isolado na (Parte Esquerda

Inferior) nas Proximidades de Fratura em Cristal de Quartzo. (B) Pirita com Textura Corroída e Preenchida com

Inclusões de Quartzo. (C) Cristais de Piritas Associados a uma Massa Sericítica Fina.

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Grãos de calcopirita de forma subédrica estão inclusos na Pirita, enquanto a hematita de granulação

fina é representada por cristais anédricos e subédricos ocorrendo inclusa na pirita e muscovita grossa. A

covelita anédrica, de granulação fina, aparece substituindo a hematita, isto é, associada à alteração da

hematita e subordinadamente a alteração da pirita. Normalmente a covelita apresenta-se bordejando os

limites dos cristais de pirita tanto como ao longo dos planos de fraturas interceptando a pirita, evidenciando

ser o produto da sua alteração.

Inclusões muito pequenas de digenita ocorrem raramente na pirita e na calcopirita. O rutilo, sob a

forma de finos cristais, é observado incluso nos grãos de quartzo.

5. 2 - Alteração Hidrotermal

A alteração hidrotermal expressiva e desenvolvida nas porções internas do garimpo (Figura 5.10) é

representada por seritização (sericita fina) mascarando a textura da rocha. Observa-se (figura 5.10A)

muscovita grossa dobrada espacialmente em contato com cristais de quartzo. Os grãos de quartzo se

apresentam com fraturas tardias (figura 5.10B) preenchidas por sericita fina, apresentando contatos

irregulares e dispersos numa massa sericítica (figura 5.10 C e D) corroídos no centro e preenchidos por

halo sericítico (figura 5.10 E).

Nota-se cristal de muscovita grossa em palheta em associação com pirita numa massa composta de

sericita fina (figura 5.10F). Por vezes vênulas tardia de pirita (figura (5.10G) ocorrem envolvidas por

sericita fina, onde esta conferindo um estilo hidrotermal engolfando cristais de quartzo recristalizados

(Figura 5.10H).

Com base em estudos petrográficos em lâminas delgadas polidas da rocha encaixante alterada

observando as reações ocorridas foi possível reconhecer a partir de uma sequência paragenética os

principais tipos de estágios hidrotermais representados em ordem temporal, ou seja, do primeiro para o

último, da seguinte forma: (i) silicificação pervasiva; (ii) muscovita fina pervasiva; (iii) muscovita grossa

pervasiva; (iv) silicificação fissural(veios e vênulas tardias de quartzo).

Estes estágios em lâmina são indicados pela obliteração da alteração anterior pela nova, onde a

muscovita grossa pervasiva substitui a muscovita fina, também pervasiva. E tudo isso ainda é cortado por

veios e vênulas tardias de quartzo. Neste contexto, a alteração com muscovita (fina e grossa) é muito

intensa no depósito aurífero Trairão. O minério está espacial e geneticamente relacionado à alteração com

muscovita fina (chamada de alteração sericítica).

O inicio do processo de alteração hidrotermal ocorreu com elevada injeção de sílica do sistema.

Esta fase é representada pela grande quantidade de quartzo hidrotermal. Posteriormente, o fluido tornou-se

mais quente e ácido, propiciando a estabilidade da muscovita, com geração, inicialmente de muscovita fina

(sericita) e depois, de muscovita grossa.

Temporalmente associado a este estágio ocorreu a sulfetação, dominada por pirita. Contudo, dentro

da alteração com muscovita, a sulfetação está relacionada ao seu momento mais precoce, ou seja, na

alteração com muscovita fina.

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O sistema (fluido) torna-se mais frio e alcalino, com a geração de grande quantidade de veios e

vênulas de quartzo hidrotermal.

Figura 5.10: Fotomicrografia mostrando o Intenso estilo de alteração hidrotermal (Seritização) da Rocha Hospedeira

Granito Nhandu na Área do Garimpo Trairão.

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5. 3 - Descrição das Análises Petrográficas em Amostras da Rocha Encaixante

Mostrando os Aspectos da Alteração Hidrotermal do Depósito Trairão.

5. 3. 1 - Afloramento 1 - Amostra 1

Sulfetos ocorrem de forma disseminada, perfazendo aproximadamente de 1 a 3% do

volume da rocha, predominando a pirita, exibindo granulação muito fina a fina. Por vezes ocorrem

concentrados nas bordas de pequenos bolsões irregulares de quartzo leitoso. Pequenas vênulas de

quartzo truncam a rocha. A estas vênulas podem estar associados pirita fina e muito fina.

Petrograficamente a rocha não preserva mais as feições ígneas (primárias) devido à intensidade da

alteração hidrotermal. São reconhecidos pelo menos quatro tipos de alterações hidrotermais nesta

amostra.

Silicificação Pervasiva: representada por Quartzo de granulação fina a grossa, com

heterogeneidade quanto à forma. O quartzo exibe contatos recortados (irregulares). Nas porções

de granulação mais grossa, o quartzo por vezes apresenta textura pente (Comb-texture). Os cristais

de quartzo exibem forte a moderada extinção ondulante. O quartzo não é recristalizado, os cristais

exibem dominantemente, contatos suturados entre si.

Muscovita Fina Pervasiva: Representada por muscovita + sericita + pirita + quartzo onde

a muscovita perfaz aproximadamente 70 - 80% da alteração. A muscovita fina é fibrosa, raramente

radial. A alteração do feldspato oblitera o estágio anterior (silicificação fissural), causando a

substituição do quartzo e também de sua irregularidade quanto à forma. Por vezes, pequenas

fraturas truncam esta zona alterada. Contudo parece se tratar de fraturas de fechamento, não

havendo geração de fases minerais nestes locais.

Muscovita Fina Grossa Pervasiva: este estágio é marcado por muscovita + sericita (mais

abundante nesta lâmina do que do afloramento 1). A muscovita tende a ser ligeiramente mais grossa,

exibindo texturas fibro-radiais, de granulação fina a média, placóide exibindo por vezes textura radial.

Alguns pontos são semelhantes com outros depósitos das Províncias: Novo Mundo (Pães de Barros, 2007);

Pé Quente (Assis, 2011).

Muscovita Grossa Pervasiva: estágio idêntico a da lâmina do afloramento 1. Presença de

muscovita média a grossa, sub-euhédrica a euhédrica, às vezes dobrada (Fig. 5.10A) e fraturada.

Sulfetação disseminada associada aos estágios (muscovita Fina pervasiva e muscovita grossa pervasiva). A

Paragênese mineral é composta por Py±cpy±gn±hem. A hematita não ocorre apenas inclusa na Py, mas

também inclusa e disseminada na Muscovita Grossa. Sulfetos perfazem aproximadamente de 2% a 5% do

volume da rocha, onde o domínio é da Pirita, aproximadamente 98%.

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Muscovita Grossa Pervasiva: representada por muscovita grossa euhédrica, que se

sobrepõe ao estágio anterior (muscovita fina pervasiva). A birrefringência desta muscovita mostra

o fenômeno de iridescência, apresentando esta, um pleucroísmo de fraco a médio. Uma

característica comum e interessante desta alteração é à geração e preservação de kink-bands na

muscovita, e também de cristais fraturados. Estes possivelmente correspondam em lâminas

delgadas, ao indício mais claro e direto da atuação de um regime rúptil-dúctil na hospedeira.Este

regime rúptil-dúctil afetou o minério, mas possivelmente não tenha sido responsável pela sua

precipitação, pois não é verificada a presença de sulfetos nas fraturas. O minério, disseminado,

associado predominantemente a alteração do tipo muscovita fina pervasiva é representado pela

pirita, a qual ocorre como cristais anédricos a subeuhédricos de granulação fina a grossa. A

paragênese mineral é representada por Py ± Cpy ± Gn ± Hem. Os demais minerais da paragênese

ocorrem como pequenas inclusões na pirita. A ordem de abundância é representada por Py >>>

Cpy > hem ≥ Gn. O minério fissural é extremamente restrito, associado à silifissificação Fissural.

Silicificação Fissural: corresponde a vênulas submilimétricas com quartzo ± pirita que

truncam todas as alterações anteriores. Os minerais geralmente exibem granulação fina a média.

A análise petrográfica aponta para a seguinte sequencia paragenética

Tipo/estágio: (1) (2) (3) (4)

Quartzo ----------- -----

Musc. Fina --------------

Musc. Grossa ----------

Pirita ------------ --

Galena --- ---

Hematita ---

Calcopirita ---

5. 3. 2 - Afloramento 3 - Amostra 2.

Alteração hidrotermal intensa obliterando a textura ígnea. Quatro estágios hidrotermais foram

reconhecidos na amostra:

Vênulas de Quartzo: são de ocorrência restrita na amostra, e sem associação com a fase sulfetada.

Este estágio parece ser recorrente na evolução do sistema hidrotermal do depósito Trairão, pois estas

vênulas ocorrem aleatoriamente dispersas entre os padrões de alteração.

Silicificação Pervasiva: semelhante ao processo da lâmina do Afloramento um (1), menos intenso.

O quartzo se apresenta com extinção ondulante de moderada a forte.

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Evolução Paragenética:

Tipo/Estágio (1) (2) (3) (4)

Quartzo -----------------

Muscovita Grossa ---------------------------

Sericita -----------

Pirita -------

Hematita ------

5. 3. 3 - Afloramento 3 – amostra 4.

Três estágios hidrotermais, com a seguinte ordem temporal: silicificação pervasiva, muscovita fina

pervasiva e muscovita grossa pervasiva. Em relação aos estágios da alteração hidrotermal, as relações

petrográficas são as mesmas das lâminas do afloramento 1 e afloramento 3 amostra 2.

A Sulfetação, dominada por Pirita ocorre restrita a alteração a base de muscovita fina. Por vezes,

vênulas de sulfetos milimétricas, descontínuas podem estar presentes.

Esta amostra é marcada pela paragênese pirita ± hematita ± rutilo ± calcopirita ± rutilo,

apresentando uma assembléia de minérios representada por pirita, hematita, covelita, galena, calcopirita e

rutilo. A pirita apresenta cristais de granulação média, sub euhédricos a anédricos.

Hematita é representada por cristais de granulação fina, anédricos a sub heuédricos, que ocorrem

predominantemente disseminados na matriz. Contudo, também podem ocorrer como pequenas inclusões

anédricos na Pirita. Por vezes a Hematita acicular também está presente.

Covelita de ocorrência muito restrita a interstícios exibe granulação fina a habito anédrico. A

calcopirita corresponde a pequenas inclusões anédricas na pirita. O Rutilo de ocorrência restrita ocorre

como pequenas inclusões na pirita. No caso da galena encontra-se restrita a grandes inclusões na pirita.

Evolução Paragenética:

Tipo/Estágio (1) (2) (3) (4)

Quartzo --------

Musc. --------------------

Sericita -----------

Pirita ------------

Calcopirita ----

Hematita -------

Rutilo ---

Covelita ------------

Galena -----

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5. 3. 4 - Afloramento 3 - amostra 5

Em análise petrográfica a rocha encontra-se intensamente hidrotermalizada, onde a matriz é

constituída basicamente por Quartzo. Uma observação feita sugere indícios de que houve plagioclásio, pois

há pseudomorfos do mineral intensamente sericitizado.

Em termos de alteração hidrotermal três estágios são temporalmente observados.

Silicificação Pervasiva: representada dominantemente por quartzo anédrico de granulação fina a

grossa. Não Há sulfetos associados a este estágio hidrotermal (estágio estéril). O contato entre os grãos é

suturado, com predomínio dos cristais de granulação grossa.

Sericitização Pervasiva: composta por sericita ± muscovita, correspondendo a um amplo estilo

hidrotermal ao quais os sulfetos estão associados. Trata-se de um estilo amplo, pois nas outras lâminas há

ocorrência preferencial de muscovita fina, e não de sericita.

Esta lâmina representa os estágios iniciais da alteração hidrotermal, marcada por sericita ±

muscovita. Os estágios mais tardios corresponderiam aqueles onde a muscovita fina é bem dominante do

que sericita. Associado este estilo ocorrem “vugs” (espaços), onde estes estão associados tanto a pirita

quanto as zonas intensamente sericitizada. Esta Sericitização se sobrepõe a silicificação, cominuindo o

quartzo, (Figura 5.10H).

Muscovita Grossa: de ocorrência pervasiva se sobrepõe a alteração sericítica. Demais

observações/características: idem as outras lâminas. O minério encontra-se disseminado em zona sericítica,

dominado por pirita. A covelita aparece substituindo a hematita. A paragênese do minério é dada por pirita

± hematita ± calcopirita.

Evolução Paragenética:

Tipo/estágio (1) (2) (3) (4)

Quartzo ----------

Sericita ------------

Musc. Grossa ----------------

Pirita -----------

Hematita ------------

Calcopirita ---

Covelita ------------

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5. 3. 5 - Afloramento 3 - Amostra 6

Em termos petrográficos no que se refere às alterações hidrotermais observa-se os seguintes

estágios: silicificação pervasiva, muscovita fina pervasiva, muscovita grossa pervasiva e silicificação

fissural, estilos estes idênticos as das lâminas descritas anteriormente, sendo relevantes algumas diferenças

observadas.

Na silicificação fissural há ocorrência de sulfetos ao longo de pequenas vênulas discretas e

irregulares. O rutilo muito fino ocorre como diminutas inclusões nos cristais de quartzo. A presença de

quartzo de aspecto estriado e de granulação média a grossa é relativamente comum. O minério caracteriza-

se por dois estilos principais:

(a) estilo disseminado - ocorrência principal,está registrado pela paragênese pirita ± calcopirita ±

hematita ± galena ± rutilo que ocorrem em setor de alteração a base de muscovita fina. A covelita aparece

associada principalmente a alteração da hematita e subordinadamente a pirita, chegando a formar pequenas

auréolas nesta. A calcopirita ocorre como inclusões de pequenas a médias dimensões na pirita por vezes

substituídas por covelita, no entanto, isto não é uma característica comum. Embora incomum, a galena

ocorre como pequenas inclusões na pirita.

(b) estilo fissural – concentrado nas vênulas de quartzo corresponde a um estilo mais restrito do

minério, apresentado uma paragênese conferida por pirita ± calcopirita ± hematita ± galena ± digenita. A

covelita por sua vez aparece substituindo a hematita e a digenita, de ocorrência extremamente subordinada

está associada às pequenas inclusões de pirita e calcopirita. Como no estilo anterior, a calcopirita e a galena

ocorrem inclusas na pirita.

Nos cristais maiores de pirita nota-se uma borda fina de covelita, sendo esta feição também

observada ao longo dos planos de fraturas que interceptam a pirita, indicando a substituição da pirita por

covelita.

Evolução Paragenética:

Tipo/estágio (1) (2) (3) (4) (V)

Quartzo ------------ ----------

Muscovita Fina ---------------------

Sericita ---------

Muscovita Grossa ---------------------

Pirita ----------------------- -----------

Hematita ----------- ----

Calcopirita ----- ---

Rutilo ----- --

Digenita ----

Covelita -----------------

Galena ----------- ----

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CAPÍTULO VI

6.0-Caracterizações Petrográficas e Microtermométricas de Inclusões Fluidas

Primárias do Depósito Trairão

6.1-Introdução

6.2-Métodos e Equipamentos

6.2.1-Amostragem de veios de Quartzo

6.2.2-Microscopia Convencional das Inclusões Fluidas

6.2.1.1-Classificação tipo I - Monofásica Líquida

6.2.1.2-Classificação tipo II - Monofásica Vapor

6.2.1.3-Classificação tipo III - Bifásicas (L + V)

6.2.1.4-Classificação tipo IV - Trifásicas Saturadas ( L +V + S)

6.2.1.5-Classificação tipo V - Multifásicas (L + V+ SSS)

6.2.1.6-Classificação tipo VI – Trifásicas Aquocarbônicas (LH2O + LCO2 + VCO2 )

6.3–Microtermométria das Inclusões Fluidas

6.3.1-Apresentação Descritiva dos Histogramas das Inclusões Fluidas dos tipos

III e IV.

6.3.1.1-Inclusão tipo III

6.3.1.2-Inclusão Tipo IV

6.3.1.3–Diagramas de Dispersão para Inclusões Fluidas tipo III e IV

6.3.2-Demonstrações de Regimes Fluidos Responsáveis pela Gênese de Vários

Depósitos Auríferos Estudados na Província Alta Floresta Servindo como

Termo de Comparação aos Regimes Fluidos do Depósito Estudado

6.3.2.1-Garimpos Estudados por Assis (2006)

6.3.2.2-Garimpos Estudados por Silva et al. (2008)

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6. 0 - Caracterizações Petrográficas e Microtermométricas de Inclusões Fluidas

Primárias do Depósito Trairão.

6. 1 - Introdução

Pesquisas envolvendo Inclusões Fluidas (IFs) tem dado importante contribuição para

compreensão do caráter, origem e evolução dos fluidos hidrotermais, bem como a formação dos

bens minerais. O estudo destas segundo Shepher et al., (1985) é tão digno como o principal

componente mineralógico e químico da própria rocha.

Em relação aos depósitos minerais de acordo com informações de Faleiros (2009), antes do

desenvolvimento desses estudos, assumia-se que os fluidos formadores de determinado mineral

eram apenas enriquecidos nos constituintes presentes nos minerais observados petrograficamente.

Segundo Faleiros (2009) no momento em que dados geológicos foram integrados a

resultados obtidos da análise de inclusões fluidas, sendo estas as verdadeiras amostras dos fluidos

mineralizadores, observou-se que estas soluções possuíam componentes adicionais como

compostos voláteis e sais solúveis, os quais não estão presentes no mineral propriamente dito.

Segundo (Fusikawa, 1985) os dados gerados a partir destas inclusões oportunizam de

modo geral conhecer as condições físico-químicas reinantes durante ou após a cristalização e/ou

recristalização do mineral hospedeiro, fomentado informações sobre os processos que estão

relacionados á formação ou a eventos superimpostos a este mineral.

O conhecimento sobre os fluidos geológicos exige muito cuidado, paciência e perspicácia

por parte dos pesquisadores ao analisarem estas gotículas de líquido. Segundo Araújo et al.,

(1994) trata-se de paleolíquidos trapeados em cristais de minerais de rochas, que na verdade são as

verdadeiras amostras dos fluidos responsáveis pelas mineralizações. E que segundo Roedder

(1976) colaboram significativamente na construção de modelos metalogenéticos favorecendo a

descoberta de novas reservas com melhor potencial exploratório.

Como método aplicativo em centenas e milhares de depósitos e ocorrências minerais

espalhadas pela crosta terrestre o resultado destes estudos tem sido amplamente utilizado tais

como:

- na exploração de depósitos minerais, já que a partir dos líquidos mineralizantes é possível

verificar as impressões digitais dos fluidos formadores de minérios bem como definir áreas ondes

estes fluidos mineralizadores são mais susceptíveis de ocorrer. Além de proporcionar um

entendimento mais claro dos vários processos deposicionais das mineralizações (Roedder, 1982).

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- na exploração de petróleo é outra área onde os estudos com inclusões fluidas podem ser

aplicados com sucesso na obtenção de dados sobre a abundância e distribuição de hidrocarbonetos

ou gás em rochas sedimentares (Burruss, 1981), assim como a possibilidade de identificar os

caminhos e episódios de migração do petróleo até a rocha reservatório bem como seu

preenchimento.

- outra aplicação importante é o uso destas inclusões como marcadores para a definição da

proveniência de minerais para fins de estudos sedimentológicos (Shepherd, 1977).

- outro uso, aplicado segundo Shepherd e Darbyshire (1981) é na cronometragem de

processos hidrotermais, onde esta abordagem oferece grande alcance para datar minerais

hidrotermais.

- segundo Araújo et al., ( 1994), tem sido utilizados, na determinação de paleotemperatura,

densidade e composições fluídicas, possibilitando diversos estudos em bacias sedimentares, por

exemplo, avaliação da história termal e de soterramento de bacias petrolíferas.

Desta forma, dados e resultados auferidos a partir de estudos com IFs, como por exemplo,

de salinidade, densidade e os parâmetros das condições físico-químicos (PT) tornam-se

fundamentais na avaliação e/ou reavaliação da evolução do ambiente de deposição de um depósito

mineral, tendo como consequência uma modelagem genética, permitindo apresentar de maneira

mais funcionalizada, sistemática e descritiva os aspectos potenciais de exploração dos depósitos

minerais.

6.2 - Métodos e Equipamentos

6. 2. 1 - Amostragem de Veios de Quartzo

Foi realizada uma única viagem de campo centrada na busca de amostragem para a execução deste

trabalho. Nesta etapa foram coletas dentro da área do garimpo Trairão amostras de veios de quartzo

objetivando o estudo petrográfico, microtermométrico das Inclusões Fluidas. Vinte e Três amostras de

veios de quarzto sulfetados foram coletadas em campo, destas oito foram aproveitadas para fabricação das

lâminas bipolidas devido a alteração intempérica.

6. 2. 2 - Microscopia Convencional das Inclusões Fluidas

Para o estudo das Inclusões Fluidas as observações feitas em temperatura ambiente (± 25°C) foram

realizadas em oito lâminas bipolidas confeccionadas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ.

No mapeamento petrográfico foi identificado uma população variada de Inclusões Fluidas (Figura

6.11), com predomínio de inclusões bifásicas, sendo observado que existe uma similaridade petrográfica

envolvendo todos os grupos de inclusões.

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Figura 6.11: Fotomicrografia de Inclusões Fluidas Hospedadas em Cristal de Quarzto. A-a1) Inclusão com feição de

Estrangulamento. B-b1) Inclusão Trifásica Saturada de Contorno Irregular e Relevo Proeminente e B-b2) Inclusão

Bifásica Subarredondada Fase Vapor Escura. C-c1) Inclusão Bifásica Isolada Subtriangular e C-c2- Inclusão Monofásica de Forma Irregular Ocorrência Isolada. D) Fratura Intragrão Oxidada. E) Fratura Intragranular Preenchida

por Inclusões Fluidas Tardias. F-f1) Inclusão Fluida Trifásica Saturada em Arranjo Planar e F-f2) Trilha de Inclusões

Intra Grãos Cortando Obliquamente Fratura Descontínua.

Nesta etapa de petrografia utilizou-se como estudo preliminar o laboratório de microtermometria

do IG/UNICAMP (Campinas/São Paulo) fazendo uso do microscópio de luz transmitida e refletida modelo

JENA PHOL, ZEISS Axiophoto e Leica DM-EP, equipados com objetiva de 40x.

Com base na caracterização microscópica foi possível traçar as características das inclusões fluidas

pautadas na ocorrência espacial, morfologia, relações cogenéticas, distinção quanto à origem (primárias,

secundárias e pseudosecundárias) bem como mensurando suas dimensões. Sendo estas agrupadas em

grupos de acordo com número de fases em:

6. 2. 1.1 - Classificação Tipo I - Monofásicas Líquidas: ocorrem de forma isolada (primárias), formando

agrupamentos e nuvens planares. Podendo formar trilhas curtas intragranulares, ditas como pseudo-

secundárias. Apresentam relevo de intermediário a alto, cor predominantemente clara e em certas regiões

de aspectos sujo, trazem contornos irregulares, às vezes alongadas, angulares a subangulares e

subarredondadas. Em alguns locais das seções bipolidas, ocorrem com volume bastante considerável, em

torno de 40% do total da lâmina. Não muito raramente estas inclusões mostram o fenômeno de “leakage”,

crepitação e estrangulamento. As inclusões maiores podem atingir em torno de 12μm onde a maioria ocorre

em tamanhos de dimensões bem reduzidas.

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6. 2. 1.2 - Classificação Tipo II - Monofásicas Vapor: estes tipos de inclusões são pouco comuns, ficando

seus estudos restritos as observações microscópicas. O grau de preenchimento da fase vapor destas é de

cem por cento, ocorrem esporadicamente isoladas ou em trilhas junto a outros tipos de inclusões. Existe

uma similaridade entre estas e as anteriores, quanto à forma, ocorrência, relevo e tamanho.

6. 2. 1.3 - Classificação Tipo III: Bifásicas (Líquido + Vapor): estas inclusões ocorrem isoladas (tidas

como primárias), agrupadas, em forma de planos intragranulares e bordejando limites de grãos

(pseudossecundárias). Possuem relevo intermediário a alto, líquido claro (pouco comuns as de aspecto

sujo). Apresentam diâmetro variando entre 9μm e 12 µm, com formas irregulares, desde alongadas,

angulares, subangulares e menos comum as subarredondadas. No seu conjunto apresenta de forma

homogênea a fase vapor com volume de 5% da superfície da Inclusão, a fase gasosa forma uma bolha

escura.

6. 2. 1. 4 - Classificação Tipo IV: Trifásicas Saturadas (Líquido+Vapor+Sólido): ocorrem de formas

isoladas e caóticas, em nuvens dispersas, em trilhas intragranular e também alinhadas aos limites de grãos.

Estas inclusões apresentam a fase vapor escura com volume 5%, raramente atingindo 10% e a área da fase

sólida homogeneamente volume de 5% e esporadicamente aparecendo em torno de 10% a 15%. O sólido

apresenta hábito cúbico (podendo ser considerados provavelmente halita e silvita) e às vezes presença de

outro sólido com forma subarredondada. Possuem líquido incolor, trazendo às vezes o líquido com aspecto

sujo. Possuem dimensões homogêneas, na mesma proporção das bifásicas, entre 6μm e aproximados 12µm.

6. 2. 1. 5 - Classificação Tipo V: Multifásicas (Líquido+Vapor+SSS): ficaram restritas à análise

petrográfica em consequência da rara presença, ocorrendo de forma isolada e associada aos grupos variados

de inclusões. Com presença de três a quatro sólidos de hábito subarredondado e cúbico (possivelmente

cubo de halita e Silvita). Possuem as mesmas características de cor, forma, relevo e diâmetro dos tipos

anteriores.

6. 2. 1. 6 - Classificação Tipo VI: Trifásicas Aquocarbônicas (Líquido + LíquidoCO2 + VaporcO2: estas

inclusões de ocorrência isolada e dispersa, as vezes bordejando os limites de fraturas estando associadas a

todos tipos de Inclusões. Pela raridade bem como a má qualidade das características como cor na maioria

das vezes de aspecto sujo, imperfeição na morfologia externa e interna, ficaram restritas as observações

petrográficas, são inclusões sem muita variação de diâmetro, em torno de 9µm.

6. 3 - Microtermometria das Inclusões Fluidas Tipo III e IV

Os estudos microtermométricos foram realizados em 545 inclusões supostamente de caráter

primário, descartando aquelas com suspeitas de processo de alteração pós-aprisionamento. Os dados de

microtermometria realizados no instituto de Geociências da Unicamp foram obtidos em platina de

aquecimento-refriamento Chaixmeca e aparelho LINKAM THMS/600, com controlador de temperatura

acoplado ao microscópio petrográfico Jenapol - Carl Zeiss Jena (Figura 6.12).

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Para a calibração instrumental contou-se com o apoio de um técnico do Instituto de Geociências da

UNICAMP/Campinas/SP, tendo sido usado os seguintes padrões sintéticos de inclusões fluidas: ponto de

fusão do gelo CO2 puro (TfCO2/ -56,6°C); temperatura do eutético (Te H2O-NaCl/-21,2°C); temperatura

do eutético (Te H2O-KCl/-10,7/C); ponto de fusão do gelo (Tfg H2O-gelo/0°C) e a temperatura crítica de

homogeneização/ou padrão de aquecimento de H2O pura ( T média de +383,1°C).

Esta fase objetivou a obtenção de medidas referentes aos valores das temperaturas de transição das

fases adquiridas no intervalo de -180°C e 600°C. Durante o resfriamento foram obtidos dados de

temperatura da fusão do gelo (Tfg°C) e a temperatura do eutético (Te°C).

Estas temperaturas foram usadas respectivamente para calcular a salinidade e a composição das

inclusões. Posteriormente as Inclusões Fluidas foram aquecidas, obtendo-se a temperatura de

homogeneização, indicando a temperatura mínima de cristalização do mineral.

Figura 6.12: Platina de Aquecimento/Resfriamento Chaixmeca e Aparelho LIKAM THMS/600, com Controlador de

Temperatura Acoplado ao Microscópio Petrográfico Jenapol Carl Zeiss Jena (foto compilada de Marcelo Galé, 2012).

6. 3. 1 - Apresentação Descritiva dos Histogramas das Inclusões Fluidas dos Tipos III e IV.

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Estes tipos ocorrem em constante associação espacial onde as do tipo III são predominantes em

volume de ocorrência em relação as do tipo IV. Por apresentarem resultados de microtermometria

diferentes, tais dados serão discorridos separadamente. Para os dois grupos, durante ensaios

microtermométricos a obtenção das temperaturas do eutético (Te°C) foi muito trabalhosa, com

visualizações imprecisas e de difícil análise em consequência da formação das texturas típicas de ruptura

de derretimento dos primeiros cristais do gelo raramente serem observáveis.

Goldstein & Reynolds (1994) consideram estas texturas conhecidas como “casca de laranja,

difíceis de ser observadas, e este nível de dificuldade aumenta consideravelmente quando para inclusões

fluidas poucos salinas (<5% de NaCl) bem como para inclusões com medidas menores que 10µm . Para

Biondi et al. (2009) a variação de temperaturas do eutético (Te °C) se deve em consequência da dificuldade

em observar o início da fusão do gelo.

Para que tivesse certeza das medidas da Te°C, fez-se necessário a observação de um volume

expressivo de inclusões fluidas. Inclusões com diâmetros maiores e com contornos mais finos e menos

escuros mostraram-se mais didáticas para a observação do eutético. As principais características destas

Inclusões estão nos textos descritivos abaixo e compactados na tabela 6.1.

6. 3. 1. 1 - Inclusão Tipo III (Figura 6.13): as temperaturas de fusão do gelo variaram entre -18°C a -

0,75°C com moda -19,5°C a -18,1°C (Figura 6.13A). No diagrama da as temperaturas do eutético (Te°C)

foram registradas nas faixas -50,6°C a -30°C e -28,5°/C a -20,0°C, com moda de maior frequência nos

intervalos de -43,5°C a -42,5°C e -21,5/C a -20,0°C (Figura 6.13B). Os picos de concentrações dos

eutéticos estabelecem os sistema H2O -NaCl - CaCl2 e H2O - NaCl.

Os valores de salinidades deste grupo situam na faixa de 2,5% a 26% NaCl equiv., com picos

máximos entre 20,8% a 22,3% equiv. peso de NaCl (Figura 6.13C). As temperaturas de homogeneização

variaram entre 50°C a 140°C, com moda entre 80°C e 90°C (Figura 6.13D). A homogeneização total

(vapor) ocorre sempre para a fase líquida.

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Figura 6.13: Histograma das Inclusões Fluidas do tipo III Indicando a Relação Frequência Versus: A) - Tfg°C; B) -

Te°C; D) - Salinidade % Equiv. em peso de NaCl e D) - Tht°C.

6. 3. 1.2. - Inclusão Tipo IV (Figura 6.14): para este tipo de inclusões fluidas as medidas da fusão de gelo

(Tfg°C) permitiram estabelecer temperaturas que variam entre -26°C a -6°C, com moda de maior

frequência entre -20°C a -18°C (Figura 6.14A). As medidas das temperaturas do eutético (Figura 6.14B)

correspondem ao intervalo de -49,7°C a -39,0°C e -36,4°C a -31,5°C com respectivas modas nos intervalos

de -45,0°C a -43,5°C e -33,0°C a -31,5°C temperaturas estas obtidas para fluidos de H2O-CaCl2 e H2O-

MgCl2 respectivamente.

Os resultados das medidas de salinidade constam no histograma variando numa faixa de 28,5% a

35,0% com moda equivalente variando de 29% a 29,5% em peso de NaCl (Figura 6.14 C). A

homogeneização total (dissolução da fase sólida se deu após o desaparecimento da bolha escura de vapor)

ocorreu para líquido a temperaturas entre 120°C a 240°C com valores modais entre 170°C a 180°C (Figura

6.14D).

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Figura 6.14: Histogramas Mostrando a Distribuição de Frequência das Propriedades Microtermométricas das Inclusões Fluidas Saturadas doTipo IV entre: A) - Tfg°C; B) - Te°C; C) – Salinidade % peso de NaCl - D) - Th °C.

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Tabela 6.1 - Síntese dos Resultados advindos de Análises Microtermométricas para Inclusões Fluidas dos Veios de Quartzo Encaixados no Granito Nhandu.

Grupo Natureza Tfg°C Moda Te°C Moda ThtV (L) Moda Salinidade Equiv.

% peso NaCl. Moda Sistemas

Bifásica

(L+V) Primária

-18,5 a -

0, 75°C

-19,5 a -

18,1°C

-50,6 a -30°C e -

28,5 a - 20°C

-43,5 a -42,5°C

e -21.5 a -

20°zC

50 a 140°C 80 a

90°C 2,5% a 26,0% 20,5 a 22,3%

H2O- NaCl-

CaCl2 e

H2O-NaCl

Grupo Natureza Tfg°C Moda Te°C Moda (Te °C) ThtS (L) Moda Salinidade Equiv.

% peso NaCl. Moda Sistemas

Trifásica Primária -26 a ---24C e

-22 a -6/C

-20 a -

18°C

-49,7 a -39°C

e -36,4 a -

31,5°C

-45 a -43,5°C e

-33 a -31,5°C

120 a 260°C 170 a

180°C 28,5 a 35.0% 29,0 a 29,5%

H2O-NaCl-

CaCl2 e

H2O-

MgCl2

Tabela 6.2 -Variações de Temperaturas do Eutético (Te°C) com Correspondências Aproximadas ás das Inclusões Analisadas no Garimpo Trairão. Borinseko (1977) e em

parêntese, Crawford (1981).

Te°C

Sistema Te°C Sistema Te°C Sistema Te°C Sistema

(-20,8) /-21,2

H2O-NaCL -21,8 H2O-NaCL-NHCO3 -37,0 H2O-NaCl-FeCl2 -52,2 H2O-MgCl2-CaCl2

-21,4

H2O-NaCl- Na2CO3

H2O-NaCl-NaSO4

-33,6 H2O-MgCl2 -49,8 H2O-CaCl2 (-52,0) /-55 H2O-NaCL-CaCl2

-35,0 H2O-NaCl-MgCl2 e H2O-FeCl2 -50,5 H2O-KCL-CaCl2

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6. 3. 1. 3 - Diagramas de Dispresão para Inclusões Tipo III e IV (Figura 6.15): c) – Diagramas de

Dispersão para Inclusões Tipo Bifásica e Trifásica Saturada: na Figura (6.15 A) observa-se a presença

de um “trend” denominado curva de saturação representado para grupos de salinidades alta. Mostra

este trend que as inclusões trifásicas saturadas (L+V+S) sofrem um decréscimo na salinidade com a

queda da temperatura até 125 °C. Trend este similar aos discutidos em trabalhos de Shepherd et al.

(1985); Barr (1990); Almada & Villas (1999); Weber et al. ( 2008); Silva et al. (2008). As inclusões

bifásicas (L+V) de salinidade variada (figura 6.15 A) apresentam um decréscimo de salinidade dentro

de uma faixa com intervalos de temperatura definidos entre 50°C e aproximados 150 °C.

Na (Figura 6.15B) se percebe a diferenciação entre as inclusões bifásicas (Tipo III) e trifásicas (Tipo

IV) que se homogeneizam em diferentes temperaturas (Th°C) mostrando sistemas fluidos em campos

distintos em consequência dos padrões de Te°C sintetizando a entrada de íons como Ca2+, Cl-, Na+,

Mg+ e outros componente como KCl e FeCl2.

Na figura (Figura 6.15B) observa-se a diferenciação entre as inclusões bifásicas (Tipo III) e

trifásicas (Tipo IV) que se homogeneizam em diferentes temperaturas (Th°C) mostrando sistemas

fluidos em campos distintos em consequência dos padrões de Te°C.

Figura 6.15: A - Diagrama de correlação Temperatura de Homogeneização Total x Salinidade para as Inclusões

Tipo Bifásicas Tipo III (Thtot(L)) e Tipo IV Trifásicas Saturadas (Thtot(s)). B - Diagrama de valores de Te°C x Thtotv

de Inclusões Bifásicas e Te°C x Thtots das Trifásicas Saturadas.

6. 3. 2 - Demonstrações de Regimes Fluidos Responsáveis pela Gênese de Vários Depósitos

Auríferos Estudados na Província Alta Floresta servindo como Termo de Comparação ao

Regime Fluido do Depósito Estudado

Assis (2006): Silva et al. (2008) em pesquisas voltadas para o entendimento metalogenético da

Província Aurífera Alta Floresta – PAAF com inclusões fluidas revelaram informações úteis para o

esclarecimento da evolução dos fluidos mineralizantes responsáveis pela formação de vários depósitos

de ouro da região.

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6. 3. 2. 1 - Garimpos Estudados por Assis (2006)

Assis (2006) estudando Inclusões fluidas trapeadas nos veios de quartzo dos depósitos Paraíba

e Novo Mundo demonstra que a história genética dessas áreas mineralizadas a ouro se pautam nas

seguintes prerrogativas:

- Garimpo Paraíba: estudos petrográficos e microtermométricos de inclusões fluidas

revelaram grupos distintos de inclusões caracterizados segundo critérios de (Bodnar, 2003) como do

tipo I, II, III. Nesse depósito as inclusões fluidas estudadas de natureza primária foram caracterizadas

como bifásicas, monofásicas, carbônicas, trifásicas saturadas e aquo-carbônica.

Petrograficamente, essas inclusões se distribuem aleatoriamente, possuindo formas sub-

arredondadas a sub-angulares com tamanhos entre 7 a 15 µm. Os dados de microtermometria para os

dois grupos tipos I e II respectivamente são: temperaturas do eutético total entre -48,4°C a 43,8°C e -

46,8°C a -43,8°C correspondendo ao sistema fluido H2O-NaCl-CaCl2. As temperaturas para a fusão do

gelo para as inclusões estão em -6,7°C (I); -8,3°C tipo II com salinidade correspondendo a 10% de

NaCl (I) e 40,3% de NaCl (II). As temperaturas de homogeneização total para o tipo I situam-se entre

78,7°C e 234,3°C variando principalmente entre 145°C a 150,0°C. Nas Inclusões tipo II as

temperaturas de homogeneização total foram registradas entre 285,5°C e 362,1°C.

Para as Inclusões do tipo III (aquo-carbônicas) as temperaturas de homogeneização total (Tht)

variam entre 159°C e 315°C com valor modal em 285°C, com a maioria delas ocorreu crepitação nos

intervalos de 295°C e 310°C.

As conclusões preliminares de Assis (2006) para o depósito Paraíba se pautam nas seguintes

argumentações e indagações: os fluidos ricos em CO2 no depósito Paraíba coexistindo com fluidos

aquosos de alta salinidade possivelmente demonstram um sistema em imiscibilidade que interagiu

progressivamente com fluidos aquosos mais diluídos (seriam de origem metamórfica ou magmática?).

- Garimpo Novo Mundo: petrograficamente as inclusões fluidas em veios de quartzo do

granito hidrotermalizado desse depósito foram definidas como tipo I (aquo-salinas bifásicas) e tipo II

(aquo-salinas saturadas). Ambos os tipos se distribuem aleatoriamente, classificadas como primárias,

tamanhos entre 0,5 a 7,5µm, apresentando formatos alongados, irregulares, sub-angulares a sub-

arredondados. As do tipo I e II ocupam um Vg (proporção L/V) entre 10% a 20% e 10% a 30%

respectivamente.

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Os resultados de microtermometria para o grupo I apresentam temperatura de homogeneização

total num campo de 60,9°C e 185°C com moda de 129°C. A temperatura eutética ocorre entre -82,9°C

e 39,1°C com valor modal em 62,5°C e salinidade 5,67°C de NaCl e temperatura de fusão do gelo de -

9,7°C a -1,3°C . As inclusões do tipo II possuem temperatura do eutético variando de -80°C a -39,1°C

com moda em -64,6°C e temperatura de fusão do gelo entre -6,1°C e 0,7°C com pico de concentração

em -2,63°C. Possuem salinidade de 33,61% em NaCl. A temperatura de homogeneização do sal se deu

por volta de 230,8°C e a homogeneização da bolha se deu em 130°C.

Quanto aos dados do depósito Novo Mundo, estes refletem um regime puramente aquoso

trazendo fluidos de alta salinidade (magmático?) que tendem a se misturar com fluidos de mais baixa

temperatura de origem externa (meteóricos?) (Assis 2006).

6. 3. 2. 2- Garimpos Estudados por Silva et al. (2008)

Silva et al. (2008) realizaram estudos em inclusões Fluidas em veios de Quartzos em seis

depósitos auríferos situados na PAAF - Norte de Mato Grosso: garimpos Paraíba; Trairão; Pé de Fora;

Edu, Tapajós e Fabinho. Nesses depósitos variadas populações de inclusões fluidas em cristais de

quartzo apresentam com as mesmas características petrográficas, com formas arredondadas, contornos

irregulares, alongadas, com feições de estrangulamento e com dimensões variando dentro de uma

faixa de 3 a 20 µm, com VG (volume de vapor variável) dentro de uma faixa numérica de 5% a 90%.

As inclusões fluidas de veios de quartzo petrograficamente analisadas por esses autores nesses

depósitos são primárias e secundárias e em função do número de fases composicionais foram

agrupadas em quatro tipos: 1, 2, 3, 4 em cinco subtipos 1c, 3a, 3b e 4a e 4b. Compreendem no geral,

inclusões monofásicas (LCO2), bifásicas (LCO2+VCO2) aquosas bifásicas (LH2O+VH2O), trifásicas

saturadas (LH2O+VH2O+S), multifásicas (LH2O+VH2O+SSS) e as aquo-carbônicas trifásicas

(LH2O+LCO2+VCO2). No geral, apresentam grau de preenchimento (VG) entre 5% e 40%.

- Garimpo Paraíba - A) Tipo 1: monofásicas (LCO2) e bifásicas (LCO2) carbônicas raras,

apresentam dados de homogeneização (Th) para líquido entre 30,1°C e 31,1°C, temperatura de fusão

de CO2 entre -57,9°C e -56,6°C, sistema CO2 ± N2 ± CH4. B) Tipo 2: aquo-carbônicas trifásicas

(LH2O + LCO2 + VCO2) e bifásicas (LH2O + LCO2), primárias, TfCO2 entre -58,6°C e -56,6°C

temperaturas de fusão do clatrato (Tfclat) de -12°C a 7,6°C, com concentração modal de 0°C a 6°C.

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O Th do CO2 (homogeniza tanto para L e V) entre 9,1°C a 31,1°C com moda em 28°C. A

homogeneização total (Tht) para líquido entre 230°C a 320°C com moda em 270°C a 320°C. A

eutética ocorre em média a 42°C, sistema H2O-NaCl-CaCl2-CO2(±N2±CH4). C) Tipo 3: bifásicas

(LH2O+VH2O), primárias, temperatura de fusão do gelo (Tfg) -2,6/C a -0,6°C, Tht(L) 200°C a 340°C

e moda em 230°C e temperatura do eutético de -52,0°C a -44,2°C, sistema H2O-NaCl-CaCl2. D)

Subtipos 4a e 4b: as primeiras secundárias, bifásicas (4ª) (LH2O+VH2O) com Tfg -26,0°C a -9,2°C,

Tht (L) 103°C a 207°C, eutético (Te) de -53,4°C a -42,0°C. As segundas aquosas trifásicas (L+V+S)

apresentam Tfg de -27,2°C a -18,3°C, o Tht (L) vai de 153°C a 200°C e Te variando de -53°C a -

43,0°C, o sistema para ambos os casos é o H2O+NaCl+ CaCL2.

As inclusões analisadas nos veios de quartzo desse filão mostram evidências de fluidos

predominantemente aquocarbônico, com salinidade variando entre < 5 % a 25% em peso equiv. de

NaCl, resultando num sistema H2O-NaCl-CaCl2-CO2(±N2±CH4).

Silva et al. (2008) concluíram que as inclusões analisadas nos veios de quartzo nesse filão

mostram evidências como:

- Fluidos são predominantemente aquocarbônico, modelando um sistema H2O-NaCl-CaCl2-

CO2(±N2±CH4).

- Presença de fluidos aquosos quentes, de baixa salinidade (< 5% de NaCl) ocorrendo de forma

restrita, contemporâneos a esses fluidos aquocarbônico.

- Fluidos aquosos mais salinos (13% a 28% de NaCl) , Tht < 200°C, tardios, permitiram

determinar sistema H2O+NaCl+ CaCL2, possivelmente sofrendo influência externa (água meteórica).

-Os fluidos com variada salinidade e altas temperaturas provavelmente foram os responsáveis

pela geração do minério, se concluí, que tal minério teve sua origem a partir de fluidos relacionados a

granitos de ambiente de arco magmático.

- Características, mesmo subordinadas, desses fluidos, são parecidas as de fluidos relacionados

a depósitos alojados em veios de regiões de colisão continental (depósito de caráter orogênico) onde

há predomínio de fluidos aquocarbônico de salinidade baixa, < de 5% em NaCl, e presença dominante

de voláteis como N2 e/ou CH4. Tal processo pode ser visto como uma mistura de fluidos, assim como

da superposição de processos metamórfico-hidrotermal no depósito.

- Garimpo Trairão - A) Tipo 1: primárias, aquo-carbônicas trifásicas (LH2O+LCO2+VCO2)

e bifásicas (LH2O+VCO2) mostram dados com as seguintes variações: TfCO2 -58,5°C a -56,6°C,

Tfclat de -13,2 a 9,6°C com maior frequência em8,4°C, salinidade entre 0,8% e 26,2% de NaCl.

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O Th do CO2 (L/V) vai de -9,4 a 30,9°C com moda em 28°C e Tht(L) e crepitação numa faixa

de 176°C a 301°C e moda de 270°C, sistema H2O-NaCl-CaCl2-CO2(±N2±CH4. B) Tipo 2: bifásicas

(LH2O+VH2O) primárias, Tfg -12,2°C e -1,1°C salinidade em valores de 1,9% a 16,1%, Tht (L)

248°C a 353°C. O eutético de -53,0°C a -49,3°C, sistema H2O – NaCl – CaCl2. C) Tipo 3a: aquosas

bifásicas, (LH2O+VH2O), secundárias, com Tfg -15,8°C a -0,2°C, Tht (L) 101°C a 222°C, Te -53,6°C

a -44,5°C, sistema H2O - NaCl - CaCL2. D) Tipo 3b: trifásicas (LH2O+VH2O+S) a multifásicas

(LH2O+VH2O+SSS) secundárias, Tfg ocorrem no intervalo de -24,7°C a -22,7°C, salinidade com

intervalos de 28,5% a 34,4% de NaCl. A temperatura do eutético vai de -52,7°C a -42,6°C, sugerindo

sistema H2O - NaCl - CaCL2.

No tocante a esse garimpo os dados sugerem para os fluidos as seguintes considerações feitas

pelos autores citados:

- Presença de fluidos, supostamente primários, aquocarbônico aquosos marcando sistemas

H2O-NaCl-CaCl2-CO2(±N2±CH4) e H2O - NaCl - CaCL2 respectivamente, com salinidade em peso

equiv. entre 0 a 20% e (Th) entre 250°c e 350°C são os responsáveis pela mineralização do depósito.

- Fluidos tardios (sistema H2O - NaCl - CaCL2), provavelmente sem relações com o fluido

mieralizante de mais altas temperaturas, encontram-se aprisionados em fraturas dos cristais de quartzo

da rocha mineralizada.

- Os fluidos mineralizadores tem relevante contribuição magmática, coerentes com dados de

outros depósitos da região, indicando que as mineralizações estão relacionadas á evolução de granitos

de arco magmático.

- Garimpo Pé de Fora - A) Tipo 1: primárias, bifásicas (LH2O+ LCO2) e aquo-carbônicas

Trifásicas (LH2O+LCO2) com valores de TfCO2 de -59,9°C a -57,0°C, Tfclat -5,7°C a 8,5°C, Th (L)

do CO2 com valores de 12,7°C a 30,8°C, salinidade de 3% a 22% de NaCl. O Tht (L) é de 210°C a

44°C, modelando o sistema H2O-NaCl-CaCl2-CO2(±N2±CH4. B) Tipo 2: primárias, bifásicas

(LH2O+VH2O), temperaturas de fusão do gelo (Tfg) situadas num intervalo de -14,0°C a -11,5°C,

salinidade de 15% a 8% de NaCl, Tht (V) indo de 360°C a 382°C, com eutético entre -51,8°C a -

50,4°c, indicando sistema H2O - NaCl - CaCL2. C) Tipo 3: compreende inclusões bifásicas

monofásicas (LH2O) e bifásicas (LH2O +VH2O), secundárias, com Tfg em torno de -5,2°C a -0,2°C,

valores de salinidade entre 0,4% a 8,1%. O Tht (L) variaram de 163°C a 188°C, Te de -51,8°C a -

48,8°C indicando um sistema fluido H2O - NaCl - CaCL2.

Os dados acima citados a respeito do Garimpo Pé de Fora demonstram que:

- Fluidos predominantemente aquocarbônico, representados pelo sistema H2O-CO2-NaCl-

CaCl2(±N2±CH4, indicando salinidade entre 3% a 22% de NaCl, aprisionados em temperaturas

aproximadamente entre 200°C e 350°C.

- Fluidos aquosos, quentes, ricos em vapor e de salinidade intermediária, aparecem em locais

restritos dos grãos de quartzo, espacialmente com as inclusões aquocarbônicas.

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- Fluidos aquosos, pouco salinos, homogeneização entre 160°C e 180°C são tidos como

tardios.

- Os dados mostram similaridade com um fluido hidrotermal de alta temperatura,

provavelmente de contribuição magmática, contaminado por fluidos meteóricos.

- Os fluidos responsáveis pela mineralização nesse depósito possuem características

semelhantes ás de depósitos auríferos em veios de quartzo geneticamente a granitos de arco vulcânico.

- Garimpo do Edu - A) Tipo 1: inclusões primárias, carbônicas raras, monofásicas mostram

temperaturas de fusão do CO2 de -65,3°C a -62,0°C e homogeneização total (Tht-L) de 26,6°C a

29,3°C, fluido modelado pelo sistema CO2±N2±CH4. B) Tipo 2: inclusões primárias, aquosas

carbônicas, bifásicas (LH2O+LCO2) e trifásicas (LH2O+LCO2+VCO2) com TfCO2 -63,4°C a -62,0°C,

Tfclat indo de -1,4°C a 2,1°C, Th do CO2 (L) ocorrendo entre 10,6/C a -0,6°C, salinidade de 13% a

17% de NaCl, com Tht(L) 229°C a 326°C, sistema (H2O-CO2-NaCl-CaCl2(±N2±CH4). C) Tipo 3:

secundárias, temperatura de fusão do gelo (Tfg°C) -10,2 a -0,6°C, salinidade de 1,1% a 14,1% peso

equiv. De NaCl com Tht (L) situando num intervalo de 115°C a 237°C e Te numa faixa de -52,7°C a -

49,9°C, fluido revelado pelo sistema H2O - NaCl - CaCL2.

A mensuração das medidas microtermométricas das inclusões fluidas para esse depósito

aurífero determinam que:

- Os fluidos tidos como primários nesse garimpo são carbônicos e aquocarbônico, e que TfCO2

são as mais baixas dentre os depósitos pesquisados, demonstrando uma provável contribuição de N2,

na fase não-aquosa.

- Fluidos de mais alta temperaturas de homogeneização modelam o sistema H2O-CO2-NaCl-

CaCl2(±N2±CH4) com salinidade de 13% a 17% de NaCl e presença de CaCl2 no sistema indica

contribuição magmática.

- Sem influência na mineralização, com salinidade baixa a moderada e homegeneização indo

de 200°C a 250°C, provavelmente tardios, são os fluidos modelados pelo sistema H2O - NaCl - CaCL2.

- Os dados mostram coerência com os fluidos mineralizadores parecidos aos dos depósitos

hospedados em veios geneticamente associados a magmatismo granítico.

- Tapajós - A) Tipo 1: são inclusões primárias, aquocarbônicas bifásicas (LH2O+LCO2),

sugerem TfCO2 -61,1°C a -57,7°C, a Tfclat ocorre de -11,6°C a 5,1°C, apresentando Th do CO2 (L) -

3,7°C a 17,7°C, salinidade 8,8% a 22,6%, com homogeneização total (Tht) (L) 299°C a 314°C,

sistema H2O - CO2 - NaCl - CaCl2 ( ±N2 ± CH4). B) Tipo 2: aquosas bifásicas (LH2O + VH2O),

primárias, Tfg°C -2,5°C a 0,1°C, salinidade 0,2% a 4,2%. O Tht (L) ocorre de 325°C a 368°C com Te

-52,0°C a -50,1°C, portanto, sistema H2O - NaCl - CaCL2. Tipo 3: inclusões bifásicas (LH2O+VCO2),

secundárias com Tfg entre -18,1°C a -0,4°C com moda em -2,5°C e salinidade entre 0,6% a 21%. O

Tht (L) concentrou-se entre 95°C e 231°C com eutético entre -52,8°C e -48,1°C, sustentando o sistema

fluido H2O - NaCl - CaCL2.

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A integração dos dados para esse depósito possibilitou traçar as características dos fluidos

mineralizadores da seguinte forma:

- Fluidos aquocarbônico com temperaturas mínimas de aprisionamento de 300°C com

salinidades entre 8,8% a 22,6 % e fluidos modelados pelo sistema H2O - NaCl - CaCL2, são os

prováveis responsáveis pela mineralização do depósito.

- Fluidos aquosos de temperaturas de homogeneização < de 200°C com salinidade variada são

tidos tardios.

-Fluidos primários de alta salinidade e as referidas temperaturas de homogeneização sugerem

que os fluidos que deram origem ás mineralizações de ouro tem sua gênese ligada ao magmatismo

granítico.

- Garimpo do Fabinho: estudos de inclusões fluidas em veios de quartzo nesse depósito

revelaram serem bifásicas (LH2O+VCO2) e monofásicas líquidas (LH2O+VCO2). A Tfg varia de -

3,6°C a 0°C com valor modal entre -0,5°C a 0°C e salinidade de 0% a 6% em peso equivalente de

NaCl. A homogeneização total com temperaturas de 88°C a 358°C e moda entre 300°C e 360°C.

Inclusões com feições de estrangulamento decrepitaram com temperatura acima de 300°C.

Para definir a natureza do fluido mineralizador desse garimpo os dados acima descritos

revelam que:

- O Fluido aquoso, de composição homogênea, baixíssimos valores de salinidade modela o

sistema H2O - NaCl - CaCL2.

- Os valores baixos da salinidade são condizentes com ausência de contribuição magmática na

composição dos fluidos aprisionados nos veios de quartzo estudados.

- Valores variados da temperatura de homogeneização total (Thtot) podem ser causados pela

mistura de fluidos com níveis diferentes de temperaturas, ou seja, mistura de fluidos externos

(meteóricos) com fluidos metamórficos profundos.

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CAPÍTULO VII

7.0–CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONCLUSÕES E CONDISERAÇÕES FINAIS

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Conclusões e Considerações Finais

Neste capítulo são apresentadas as conclusões relevantes obtidas neste trabalho de pesquisa,

onde:

I - Foram identificados, com base em análises microtermométricas de inclusões fluidas três

tipos de fluidos no sistema hidrotermal do depósito aurífero Trairão quimicamente definidos como:

a) - H2O+NaCl+ CaCL2; H2O-NaCl (Tipo III - bifásicas)

b) - H2O+NaCl+ CaCL2; H2O-MgCl2 (Tipo IV- trifásicas saturadas).

II - As Inclusões fluidas analisadas apresentaram salinidades distribuídas em grupos distintos,

classificação baseada em Zuchetti (2007).

a) - Para as Inclusões Bifásicas (L+V) com temperaturas de homogeneização (Th(Tot)) entre

50°C a 180°C e moda de 80°C a 90°C estas mostram grupos de salinidade baixa: com valores entre

2,55% a <10,0%; salinidade intermediária: de > 10% a ~ 20%; salinidade alta: numa faixa de > de

20% a 26% em equivalência de NaCl.

b) - As trifásicas saturadas (L+V+S) implicam grupo de salinidade alta > 26% a 29,5% com

temperatura de homogeneização (Th(Tots)) 120 a 240°C e picos de frequência entre 170°C a 240°C.

III - A variação apresentada para as salinidades das inclusões pode ser vista como consequência da mistura de fluidos onde:

a) - inclusões de baixa salinidade representam um fluido mais frio, externo (água

meteórica), com aumento de temperatura durante sua descida ao percolar as fraturas da rocha

daí tornando-se um fluido meteórico transformado.

b) - inclusões fluidas com salinidade intermediária são representadas como resultados

da mistura de dois produtos distintos, um fluido aquoso meteórico (baixa salinidade) tende a

se misturar com um fluido de natureza magmática (alta salinidade).

c) - inclusões fluidas com valores de salinidade alta são caracterizadas como de

filiação magmática que durante a trajetória de sua ascensão passou por decréscimo de

temperatura.

d) - os resultados mostram que o regime de fluido no depósito Trairão é tipicamente

aquoso onde fluidos de mais alta temperaturas e salinidades dos sistemas H2O + NaCl + CaCL2; H2O -

MgCl2 e em peso equiv. de NaCl tendem a se misturar com fluidos de fonte externa ( águas

meteóricos) de baixas temperaturas e salinidades.

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IV - Os valores do eutético, compreendidos numa ampla faixa de temperaturas, e por não

mostrarem uma concentração de valores de frequência em torno de valores exatos permitindo uma

clara definição dos sistemas, além da presença de íons de NaCl, CaCl2 e MgCl2, os fluidos das

inclusões tipo III e IV, apresentam também temperaturas indicativas de entrada de íons de FeCl2 e

KCl.

V - As condições mínimas de temperaturas que prevaleceram durante o aprisionamento dos

fluidos mineralizadores para este depósito foram estimadas entre 50°C a 140°C para bifásicas tipo III e

120°C a 260°C para trifásicas saturadas tipo IV.

VI - Pode-se considerar que os sistemas fluidos de alta salinidade representariam a solução

mineralizante no depósito aurífero Trairão. De acordo com estudos em inclusões fluidas no garimpo

Tapajós pertecentes ao sistema H2O - NaCl - CaCl2 - inclusão tipo 3, Tfg °C de -18, 1 a - 0,4°C; Th (L)

de 95°C a 231°C e Te°C -52°C a -48,1°C (além do fluido aquocarbônico sistema H2O - CO2 - NaCl -

CaCl2 (± N2 ± CH4 - Inclusão tipo 1), provavelmente ser um dos fluidos mineralizadores ( Silva et al.,

2008).

VII - Muitos dos dados dos sistemas fluidos somados obtidos para o garimpo estudado quando

relacionados a alguns depósitos auríferos na província verifica-se que há certa similaridade

favorecendo assim, deduzir que as semelhanças apontam fortes indicativos de que o Depósito Trairão

em estudo pertence à categoria de depósito com sua gênese em ambiente de arco magmático.

VIII - Por outro lado, os resultados microtermométricos das inclusões fluidas estudadas em

veios de quartzo dos demais depósitos da Província Aurífera Alta Floresta denota as seguintes

conclusões:

a) - Que há predomínio de inclusões aquocarbônicas, modelando o sistema fluido H2O -

NaCl - CaCl2 - CO2 (±N2 ± CH4), excetuando o garimpo Novo Mundo e do Fabinho, com fluidos

composicionalmente pertinente ao sistema H2O -NaCl – CaCl2.

b) - Em conjunto, para esses depósitos, os dados em geral demonstram que os fluidos

mineralizadores são aquocarbônicos, sistema H2O - NaCl - CaCl2 CO2 (±N2 ± CH4) de mais altas

temperaturas e os fluidos aquosos (H2O -NaCl – CaCl2) com mistura de fluidos de mais baixa

temperatura.

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IX - Em se tratando de um depósito hidrotermal, de uma forma geral a alteração intempérica

sobre o material que compõe a área do garimpo Trairão é muito intensa, destruindo totalmente a

textura original da rocha hospedeira, sendo o principal tipo de alteração a sericitização (caracterizada

por sericita fina).

X - Estágios de alteração hidrotermal foram evidenciados e representados em ordem temporal:

silicificação pervasiva; sericita pervasiva; muscovita grossa pervasiva; silicificação fissural (veios e

vênulas tardias de quartzo).

XI - O principal mineral de minério é a pirita que ocorre associada à calcopirita, hematita,

rutilo, digenita, covelita e galena. Em geral a calcopirita ocorre inclusa na pirita. Em forma de filetes

finos a covelita ocorre ao longo das bordas da pirita, evidenciando ser o produto de alteração da pirita.

A digenita, subordinadamente, ocorre associada às pequenas inclusões de pirita e calcopirita, enquanto

o rutilo é observado incluso em cristais de quartzo.

XII – Fundamentado, no objetivo fixado na etapa inicial da pesquisa foi possível atingir com

êxito a elaboração do trabalho de mestrado com estudo de inclusões fluidas em veios de quartzo do

Granito Nhandu na área do Garimpo Trairão. E assim concluir que uma das principais questões que

surgem a partir de qualquer modelo de depósito mineral é a sua capacidade de estabelecer parâmetros

que possam distinguir as zonas potencialmente mineralizas e, consequentemente, definir estratégias

exploratórias.

Com base nos resultados obtidos ao longo do desenvolvimento da pesquisa, concluiu-se um

documento que reuniu um conjunto de informações capazes de subsidiar a continuidade de outros

estudos sobre o assunto em pauta. Já que na região da PAAF existem muitas dúvidas relacionadas aos

aspectos genéticos desses depósitos tanto no que se refere á idade, origem, composição dos fluidos

mineralizantes, assim como os mecanismos de transporte e deposição do ouro na região.

De antemão, a essas informações sobre os dados obtidos na área do garimpo Trairão, com

destaque para os de Inclusões Fluidas permite sugerir a realização de mais estudos na área em questão,

com intuito de comprovar a existência de outros sistemas, por exemplo, H2O - NaCl - CaCl2 - CO2 (±

N2 ± CH4) e CO2 ± N2 ± CH4 não identificados durante esta pesquisa, porém sistemas estes

reconhecidos nos demais garimpos investigados por outros autores dentro da Província Aurífera Alta

Floresta.

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CAPÍTULO VIII

8.0 - Anexo

8.1 - Artigo Submetido à Publicação

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Anexo

8.1 - ARTIGO SUBMETIDO À REVISTA BRASILEIRA DE

GEOCIÊNCIAS EM 13/11/12

Estudos de Inclusões Fluidas em Veios de Quartzo Associados ao Granito

Nhandu no Depósito de Ouro Trairão - Província Aurífera Alta Floresta -

MT

Maria Aparecida Domingues Dias1 & Francisco Egídio Pinho

2

Resumo

Do estudo com Inclusões Fluidas primárias em cristais de quartzo obteve-se dados de temperaturas de

formação, composição e salinidade usadas no conhecimento do processo físico-químico responsáveis

pela deposição do ouro no Garimpo Trairão. Baseado nos valores da temperatura do eutético foi

definido três sistemas aquosalinos: H2O-NaCl e H2O-NaCl-CaCl2 para bifásicas e H2O-MgCl2-CaCl e

H2O-NaCl-CaCl2 para trifásicas saturadas. Os dados têm consideráveis semelhanças com os fluidos

responsáveis pela formação de outros depósitos na província Alta Floresta, sendo compatíveis com

fluidos de baixa, moderada a alta salinidade. Dados Interpretados como associação de fluidos quentes

e salinos sofrendo influência de fluidos frios, pouco salinos de origem meteórica. Considerando aqui,

os fluidos altamente salinos, de derivação granítica em ambiente de arco magmático como geradores

do ouro no alvo Trairão.

Palavras-chave: depósito ouro Trairão inclusões fluidas, província Alta Floresta.

Abstract

The primary study of Fluid Inclusions in quartz crystals were obtained temperature data of formation,

composition and salinity used in the knowledge of the physic-chemical process responsible for gold

deposition. Based on the values of the eutectic temperature was set aquosalinos three systems: H2O-

NaCl and H2O-NaCl-CaCl2 for biphasic and H2O-MgCl2-CaCl2 and H2O-NaCl-CaCl2 saturated to

three-phase. The data has considerable similarities with the fluids responsible for formation of other

deposits in the province Alta Floresta and is compatible with fluids of low salinity, moderate to high.

Data Interpreted as an association of hot fluids and saline fluids being influenced cold, slightly saline

meteoric origin. Whereas here, the hot, highly saline fluids, granitic derivation of a magmatic arc as

generators of gold in the target Trairão.

Keywords: deposit gold Trairão, fluids inclusions, province Alta Floresta.

1 Programa de Pós Graduação em Geociências, Universidade Federal de Mato Grosso, [email protected] 2 Departamento de Recursos Minerais UFMT, Programa PROCAD N° 23038.000675/201015

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INTRODUÇÃO

A Província Aurífera Alta Floresta é uma faixa de terrenos paleoproterozóicos no Norte do

estado de Mato Grosso e Sudoeste do Pará na porção sul do Cráton Amazônico. Configura como uma

área extensa e alongada na direção W-E e SE-NW limitada ao sul pelo Graben dos Caiabis e a norte

pela borda do Graben do Cachimbo que a separada da Província Aurífera Tapajós (Figura 1).

A província Alta Floresta é conhecida como importante região metalogenética, principalmente

por sustentar ricos e produtivos garimpos de ouro extraídos inicialmente de depósitos tidos

secundários e após quase exaustão destes, de mineralizações primarias. Atualmente a província é

também um importante alvo para empresas de exploração mineral de várias nacionalidades.

A descoberta de novos depósitos de ouro bem como a avaliação econômica dos já existentes

depende de um conjunto de dados de informações geológicas como princípios básicos para subsidiar

possíveis investimentos. O estudo com populações de inclusões Fluidas é um método bastante usado

para caracterizar fluidos mineralizantes em depósitos de ouro, essencial para o estabelecimento de um

modelo metalogenético definindo adequadamente áreas de melhor potencial exploratório (Banks et al.,

2002).

As Inclusões fluidas significam pequenas amostras de líquidos trapeadas dentro dos minerais.

Podendo estas, segundo Roedder (1984) conter restos da fase ou fases (líquidas e/ou gasosa).

Representam assim, as inclusões fluidas um meio importante de estudo das características dos fluidos

que de certa maneira estão intrínsecos na história de formação dos ambientes das rochas e minerais

(Noronha, 1999).

Embora existam trabalhos com inclusões fluidas nos veios de quartzo no garimpo Trairão a

sua gênese é praticamente desconhecida, o que torna de suma importância à ampliação desse

conhecimento. Neste contexto a pesquisa desenvolvida no local tem como objetivo o da caracterização

petrografica e microtermométrica das inclusões fluidas buscando melhor entendimento da natureza das

soluções que transportam o minério de ouro vindo a conhecer os parâmetros físico-químicos do

ambiente responsável pela deposição do minério no depósito.

Neste trabalho os dados adquiridos a partir do estudo das inclusões fluidas foram confrontados

com os de outros depósitos na Província Alta Floresta vindo a contribuir para melhor avaliação da

história evolutiva da concentração do ouro nesta província. A partir daí, foi permitido traçar uma linha

de similaridade e homogeneidade entre os resultados obtidos para o alvo estudado com os dados de

inclusões fluidas adquiridos por outros pesquisadores em vários depósitos de ouro da província.

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Figura 1: Mapa contendo os domínios geológicos da província aurífera Alta Floresta (Modificado de Lacerda

Filho et al. 2004 e Marcelo Galé et al. 2011).

MÉTODOS ANALÍTICOS

Para a caracterização das inclusões fluidas foram utilizados amostras de veios de quartzo

selecionadas do sistema de stock work associado ao Granito Nhandu na área do depósito de ouro

Trairão. Destas amostras, foram preparadas 11 seções bipolidas para caracterização petrográfica e

microtermométrica.

A petrográfia das inclusões foi feita em microscópio de luz transmitida e refletida modelo

JENA PHOL, ZEISS Axiophoto e Leica DM-EP, com objetiva de 40x. Os dados microtermométricos

foram obtidos através de uma platina CHAIXMECA, modelo LINKAM THMS/600, que possibilita o

resfriamento das amostras de inclusões até -180°C e posterior aquecimento até 600°C.

As atividades foram conduzidas no laboratório de microtermométria do Instituto de

Geociências da UNICAMP/CAMPINAS, cujo desenvolvimento constituiu de duas etapas: a primeira,

de investigação petrográfica preliminar detalhada estabelecendo a caracterização das inclusões quanto

à morfologia, número de fases á temperatura ambiente forma de ocorrência e classificação em

primárias, secundárias e pseudosecundárias.

Na segunda etapa, foram efetuadas as análises microtermométricas das temperaturas de fusão

do gelo (Tfg °C), ponto do eutético (Te °C), e de homogeneização (Th °C) buscando as características

dos aspectos físico-químicos das inclusões fluidas como de salinidade, composição total da fase

aquosa e consequentemente a especificação dos tipos de sistemas salinos. Para o processamento das

informações das análises micotermométricas fez-se o uso do software FLINCOR.

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A calibração instrumental contou com o apoio de um técnico do Instituto de Geociências da

UNICAMP/Campinas/SP, tendo sido usado os seguintes padrões sintéticos de inclusões fluidas: ponto

de fusão do gelo CO2 puro (TfCO2/ -56,6°C); temperatura do eutético (Te H2O-NaCl/-21,2°C);

temperatura do eutético (Te H2O-KCl/-10,7/C); ponto de fusão do gelo (Tfg H2O-gelo/0°C) e a

temperatura crítica de homogeneização/ou padrão de aquecimento de H2O pura ( T média de

+383,1°C).

CONTEXTO GEOLÓGICO - GEOTECTÔNICO REGIONAL

A área de estudo encontra-se inserida na Província Mineral Alta Floresta (Souza et al. 2005)

e/ou Juruena-Teles Pires (Moura, 1998), setor centro norte do estado do Mato Grosso. Localizada na

porção Sul do Craton Amazônico a Província aurífera Alta Floresta (PAAF) se estende entre as

províncias Geocronológicas Ventuari-Tapajós (1,95 – 1,8 Ga) e Rio Negro Juruena (1,8 Ga – 1,95 Ga)

(Dardene & Schobbenhaus, 2001: Tassinari & Macambira, 1999). Dados sobre esta compartimentação

(PAAF) com relevante enfoque sobre suas características geológicas e registros de exploração e

produção de ouro poderão ser consultados em Coutinho (1998); Santos et al. (2000); Lacerda Filho et

al. (2004); Paes de Barros (2007) e Assis (2010). Detalhes envolvendo a gênese, evolução e

compartimentações Cráton podem ser obtidas e correlacionadas através de trabalhos de Brito Neves

(2005); Tassinari & Macambira (1999); Santos et al., (2000) e Ruiz (2005).

A Figura 2 mostra as distintas unidades litológicas e seus aspectos geológicos da área de

entorno do depósito Trairão, sendo assim resumidas: (1) Complexo Cuiu-Cuiu: admitido como

embasamento da Província Alta Floresta, idade modelo datado em U-Pb SHRIP em zircão de 1992±7

Ma (Souza et al., 2004), constituído de granitóides cálcio-alcalinos, metaluminosos a francamente

peraluminosos, de composição quartzo diorítica, tonalítica a granodiorítica (Paes de Barros, 2007): (2)

Suíte Intrusiva Juruena: idades modelo entre os períodos 1.848 ± 17 Ma; 1.823 ± 35 Ma e 1.817 ±

Ma., foram atribuídas a idades de cristalização U-Pb em zircão (JICA/MMA, J. 2000) para esta

unidade. De acordo com Souza et al, (2005) é representada de biotita granitos, monzonitos,

granodioritos e monzonito subordinados, estrutura homogênea e textura granular fina a grossa.

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(3) Suíte intrusiva Paranaíta: através de análise Sm-Nd mostra idade modelo de 2.221 Ma, com εNd(t)

de -1,25 (silva & Abram, 2008). Oliveira & Albuquerque (2005) apresenta para esta suíte um clã de

rochas monzograniticas, biotita-quartzo monzograniticas, biotita granitos, hornblenda-biotita granitos

e magnetita-biotita granito. (4) Granito Nhandu: Souza et al. (1979) introduziu o termo Granito

Nhandu para rochas aflorantes a leste de Alta Floresta, médio curso do Rio homônimo. A idade do

granito Nhandu se estabelece entre 1,889±17 Ga a 1,879±5,5Ga concordantes, interpretadas como de

cristalização (Silva e Abram, 2008), sendo este representado segundo Moreton & Martins (2003;

2005) por magnetita-biotita monzogranito e sienogranito, além de uma fácies subvulcânica com

granito e monzogranito, fino porfirítico, com presença de enclaves e sills de gabro e diorito, indicativo

de atividade magmática modal.

Para Souza et al. (2005) as fácies subvulcânicas, principalmente os monzonitos finos

porfiríticos e granofíricos e os monzogranitos microporfiríticos, mostram evidências de interação com

fluidos hidrotermais, com disseminação de sulfetos e de magnetita.

Lacerda Filho et al. (2004) definiram o Granito Nhandu como um granito de caráter

calcioalcalino de alto potássio, do tipo I oxidado composto por magnetita-biotita granito, de coloração

vermelha. Segundo dados dos autores supracitados, granito Nhandu estende-se entre os campos dos

granitos de arco magmático e dos intraplacas, mas dentro do limite propostos para os corpos pós-

colisionais. Para Paes de Barros (2007) esse granito se alinha com os do tipo I, intrusões cálcio-

lcalino, mostrando-se relativamente alinhado com o campo dos granitos tipo A. (5) Grupo Colíder:

Pimentel (2001) datando riolitos pórfiros, pelo método U-PB em zircão, obteve para esse grupo idade

entre 1.785 ± 8 Ga. E idade modelo Tdm de 2.344 Ma com End (T) de -3,75, revelando uma fonte

geradora híbrida, mantélica, com contaminação crustal. Segundo Silva & Abram, (2008) caracteriza

por uma diversidade de rochas subvulcânicas, vulcânicas (lavas e piroclásticas), piroclásticas e

epiclásticas de composição intermediária a ácida em menor proporção.

Os termos subvulcânicos para Moreton & Martins (2005) são representados por microgranitos,

micro-quartzo monzonitos, micromonzonitos, micromonzogranitos e granófiros, todos associados a

derrames de riolitos, dacitos porfiríticos e andesitos localmente. Os vulcanocláticos são compostos

por sedimentos areno-conglomeráticos, por vezes intercalados por lentes conglomeráticas e

sedimentos arenosos (Souza et al., 2005). (6) Grupo Beneficente: datação feita por Tassinari et al.,

(1978) em siltitos confirmam idades de 1.485±32Ma – Rb-Sr em rocha total e 1.331±28Ma – Rb-Sr (

em fração fina). Enquanto Leite & Saes, (2000) obtiveram por datação de referência Pb-Pb em

populações de zircões detríticos mais jovens da base conglomerática para uma idade de deposição de

1,74 Ga para esta unidade.

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Carvalho & Figueiredo, (1982) mapearam o grupo Beneficente como tipicamente marinha,

composta de quartzo-arenito, siltitos, quartzo-arenito, calcários dolomíticos, conglomerados,

folhelhos, dolarenitos e brechas intraformacionais. Quanto à deposição deste grupo inicia por uma

sequência clástica cuja base é um conglomerado assentado sobre um substrato formado de rochas

vulcânicas (Ribeiro & Villas Boas, 2005). Sobreposto a este conglomerado ocorrem quartzitos brancos

recobertos de modo concordante por uma sequência pelítica composta por ardósias e metassiltitos de

baixo grau metamórfico.

(7) - Depósitos Aluvionares:

No contexto da região em estudo as coberturas aluvionares compostas por materiais

inconsolidados e semiconsolidados, caracterizados como sub-recentes e recentes, são essencialmente

representadas por materiais arenosos e argilosos, com níveis de cascalhos associados (Oliveira &

Albuquerque, 2005). Os sedimentos aluvionares que compõem estes depósitos ocorrem em diferentes

dimensões ao longo do curso do rio principal Teles Pires e do aporte dos seus afluentes.

Figura 2: Mapa Geológico simplificado da área de entorno do depósito Trairão.

DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O Garimpo Trairão encontra-se inserido no âmbito da Província Alta Floresta, porção

nordeste da Folha Alta Floresta (S C.21-X-C)). Atualmente desativado, compreende uma associação

de características marcantes com frentes de lavras e bloco de rocha mostrando avançado grau de

intemperismo (Figura 3).

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Figura 3: A e B) - Aspecto geral destacando intenso grau de intemperismo nas frentes de lavras a céu aberto. C)

- Bloco da rocha encaixante assumindo feições de alteração: D) - Detalhe de veios fraturados cortando o granito

Nhandu alterado.

No âmbito da área, o Granito Nhandu representa a rocha encaixante dos veios quartzosos,

ocorrendo aflorante em meio a material aluvionar em forma de pequenos morrotes em terreno de

topografia suave à plana. Observa-se que todo o material rochoso dentro do garimpo foi submetido por

intensa alteração hidrotermal dando as rochas uma coloração avermelhada e tons cinza esverdeados.

Considerando que a alteração no local obliterou a textura primária da rocha hospedeira, não

permitindo assim o estudo das características petrográficas. Portanto, estudos de Souza et al. (2005)

demonstram que as rochas menos alteradas desse granito no depósito do ponto de vista petrográfico,

são compostas por biotita monzogranitos, biotita monzogranitos finos, granofíricos a microporfiríticos

e biotita-hornblenda monzogranitos isotrópicos e magnéticos.

A composição mineralógica é dada segundo Abram et al. (2008) pela presença de feldspato

potássico, normalmente ortoclásio (parcialmente microclinizado), quartzo, biotita e por vezes,

hornblenda porcentuais em torno de 5%, e pela presença de magnetita, titanita, apatita e allanita como

componentes acessórios.

As intrusões quartzosas representado pela formação de veios, vênulas e bolsões, de aspecto

leitoso multidirecionais descrevem um estilo stockwork, material este cisalhados (Fig. 3D) com

espessuras variáveis preenchendo fraturas, marcadas às vezes por textura em pente (Fig. 4A)

marcando características extensionais, além disso, podendo também revelar feições de brechas

hidrotermais (Figura 4B) cavidades drusiformes e geodos de quartzo.

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Em campo foi observado que esta unidade granítica além das intrusões de veios quartzosos

sofreu intrusões de diquesbásicos tipicamente alterados e fraturados (Fig. 4C) com direções

(N20W/70NE, N50-60W/75-90SW e N82E/38NW). Estrias de falhas próximas aos diques básicos

(Fig 4D) sugerem cavalgamento com deslocamento de topo para o norte. No conjunto de estruturas

apresentadas em uma frente de lavra na área chama atenção para dois tipos de sistemas revelando

veios de espessura mais fina subparalelos (de baixo ângulo N81E/ 22SE) cortados subverticalmente

por veios mais espessos (de alto ângulo N98W/46NE).

Figura 4: (A) Veio de quartzo com textura em pente: B) Brecha hidrotermal: C) Dique básico cortando o granito

Nhandu no garimpo Trairão e em D) Blocos de granitos com estrias de falhas.

O sulfeto predominante na área do garimpo é a pirita ocorrendo associada aos veios de quartzo

(fig. 5) e na rocha encaixante alterada hidrotermalmente. Subordinadamente ocorre calcopirita (inclusa

nos grãos de pirita), hematita, digenita, rutilo e galena. A covelita em geral ocorre em filetes nas

bordas da pirita evidenciando ser o produto de alteração da pirita.

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Figura 5: Veios de quartzo com pirita.

RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS ESTUDOS DE INCLUSÕES FLUIDAS DO DEPÓSITO

AURÍFERO TRAIRÃO.

- A petrografia das inclusões fluidas permitiram identificar inclusões classificadas quanto a

forma de ocorrência em primárias, pseudosecundárias e secundárias (fig.6) e quanto ao número de

fases presentes: monofásicas líquida (Tipo I); monofásica vapor (Tipo II); bifásicas (tipo III), trifásicas

saturadas (Tipo IV); multifásicas saturadas (V) e trifásicas aquocarbônicas (VI). Estes seis tipos de

inclusões ocorrem em todas as amostras de forma homogênea, dentro dos cristais de quartzo

bordejando paralelamente limites de grãos, em trilhas, dentro de fraturas cicatrizadas curtas, também

de modo isoladas, aleatoriamente, em arranjo planar e em grupos coexistindo entre sí. Em

determinados pontos das lâminas mapeadas as inclusões monofásicas predominam em relação às

bifásicas que ocorrem em maior volume em todas as amostras estudadas.

Quanto à morfologia apresentam no geral formas irregulares, alongadas, angulares,

subangulares, subarredondadas e às vezes ovoides. As dimensões variam entre 6µm e aproximados

12µm. Algumas destas inclusões com formas irregulares sugerindo processos de estrangulamento e

crepitação. A fase vapor ocupa cerca de 5% esporadicamente chega a 15%.

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Figura 6: Fotomicrografias. A - a1) Inclusão com feição de estrangulamento; B - b1 e b2) Inclusões bifásicas

ocorrendo paralelamente a fraturas Internas cicatrizadas; C - c1 e c2) Inclusões de ocorrência isolada bifásica e

monofásica, respectivamente; D) Fratura intragranular oxidada bordejada por inclusões; E) Inclusões decorando

e seccionando fratura curta intragrão; F) Fratura intragranular cortada por trilha de inclusões e trifásica saturada

em f1.

- Os Dados microtermométricos foram obtidos nas Inclusões Bifásicas Tipo III (fase L+V) e Trifásicas

saturadas Tipo IV (fase L+V+S) com características tipicamente primárias. Elas ocorrem em grupos e

tem comportamento semelhante quando submetidas a microtermométria. O resultado trazendo dados

microtermométricos( tabela 1) levou a caracterização de três tipos de sistemas (aquosos salinos): H2O

- NaCl ; H2O - NaCl - CaCl2 e H2O-MgCl2 com correspondência aos de Borinseko 1977 adotados

como parâmetros para o desenvolvimento desta pesquisa (Tabela 2).

Tabela 1 - Síntese dos resultados advindos de análises microtermométricas das inclusões fluidas dos

veios de quartzo encaixados no granito Nhandu.

Grupo Natureza Tfg°C Moda Te°C Moda ThtV

(L) Moda

Salinidade

Equiv. %

peso

NaCl.

Moda Sistemas

Bifásica

(L+V) Primária

-18,5

a -

0,

75°C

-19,5 a

-

18,1°C

-50,6 a

-30°C

e -28,5

a -

20°C

-43,5 a

-

42,5°C

e -21.5

a -

20°zC

50 a

140°C

80 a

90°C

2,5% a

26,0%

20,5 a

22,3%

H2O-

NaCl-

CaCl2 e

H2O-

NaCl

Grupo Natureza Tfg°C Moda Te°C

Moda

(Te

°C)

ThtS

(L) Moda

Salinidade

Equiv. %

peso

NaCl.

Moda Sistemas

Trifásica Primária

-26 a

---

24C e

-22 a

-6/C

-20 a -

18°C

-49,7 a

-39°C

e -36,4

a -

31,5°C

-45 a -

43,5°C

e -33 a

-

31,5°C

120 a

260°C

170 a

180°C

28,5 a

35.0%

29,0 a

29,5%

H2O-

NaCl-

CaCl2 e

H2O-

MgCl2

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Tabela 2 - Dados referentes ás temperaturas eutéticas (°C) dos respectivos

sistemas de Borisenko (1977) correspondendo aproximadamente aos encontrados nos estudos com inclusões fluidas dos veios de quartzo do granito Nhandu –

depósito Trairão.

Te°C Sistema Te°C Sistema Te°C Sistema Te°C Sistema

(-20,8)

/-21,2

H2O-

NaCl

-21,8 H2O-NaCl-

NHCO3

-37,0 H2O-NaCl-

FeCl2

-52,2 H2O-

MgCl2-

CaCl2

-21,4 H2O-

NaCl-

Na2CO3

H2O-NaCl-

NaSO4

-33,6 H2O-MgCl2 -49,8 H2O-CaCl2 (-

52,0)

/-55

H2O-

NaCl-

CaCl2

-35,0 H2O-NaCl-

MgCl2 e H2O-FeCl2

-50,5 H2O-KCl-

CaCl2

Durante os ensaios microtermométricos a obtenção das temperaturas do eutético (Te°C) foi de

difícil análise em consequência da formação das texturas típicas de ruptura de derretimento dos

primeiros cristais do gelo raramente serem visualizados.

Segundo Biondi et al. (2009) a variação de temperaturas do eutético (Te °C) é consequência

da dificuldade em observar o início da fusão do gelo. Isso se potencializa quando as inclusões fluidas

tem baixa salinidade (<5% de NaCl) e dimensões inferiores a 10µm (Goldstein & Reynolds,1994).

Portanto a temperatura do eutético das inclusões dos veios do Granito Nhandu, indicam um intervalo

preferencial que sugere a presença de íons NaCl, CaCl2 e MgCl porém íons de KCl e FeCl2 também

podem estar presentes.

a - Inclusões Bifásicas do Tipo III: Nestas inclusões a temperatura de fusão de gelo ocorreu entre -

18°C a -0,75°C com moda -19,5°C a -18,1°C (figura 7A). Os valores de salinidade (Figura 7C) variam

de 2,5% a 26% NaCl equiv., com picos máximos entre 20,8% a 22,3% equiv. peso de NaCl.

As temperaturas do eutético (Te °C) (figura 7B) variam entre -50,6 °C a -30 °C e -28,5 °C a -

20,0 °C, com moda nos intervalos de -43,5°C a -42,5°C e -21,5 °C a 20,0 °C. Os picos de

concentrações dos eutéticos estabelecem os sistema H2O -NaCl - CaCl2 e H2O - NaCl respectivamente

neste tipo de inclusão (conforme parâmetros da tab. 1). A homogeneização total (Thtv) (Figura 7D)

ocorre sempre para a fase líquida entre 50 °C e 140 °C, com pico modal entre 80 °C 90 °C.

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Figura 7: Histograma dos dados microtermométricos: A) - Temperatura de fusão do gelo Tfg °C; B) -

temperatura do eutético Te °C; C) - Salinidade % equiv. em peso de NaCl e D) - Tht°C.

b - Inclusões Trifásicas Saturadas Tipo IV: a fusão de gelo (Tfg °C) ocorreu entre -26 °C a -6 °C,

com moda entre -20 °C a -18 °C (fig. 8A). A salinidade obtida a partir da fusão do sólido de saturação

varia de 28,5% a 35,0% com moda entre 29% a 29,5% em peso de NaCl (Figura 8C).

As medidas das temperaturas do eutético correspondem ao intervalo de -49,7 °C a -39,0°C e -36,4 °C

a -31,5°C com respectivas modas nos intervalos de -45,0 °C a -43,5 °C e -33,0 °C a -31,5 °C (Figura

8B), temperaturas estas obtidas para fluidos de H2O- NaCl-CaCl2 que representam maior volume

analisado e H2O- MgCl2 respectivamente.

A homogeneização total ocorre para líquido a temperaturas entre 120 °C a 240 °C com valores modais

entre 170 °C a 180 °C (Figura 8D).

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Figura 8: Histogramas mostrando a distribuição de frequência das propriedades microtermométricas das inclusões fluidas saturadas entre: A) - Tfg °C; B) - Te °C; C) - Salinidade % peso de NaCl; D) Th (°C).

c) – Diagramas de Dispersão para Inclusões Tipo Bifásica e Trifásica Saturada: na Figura 9A

observa-se a presença de um “trend” denominado curva de saturação representada por grupos de

salinidade alta. Mostra este trend que as inclusões trifásicas saturadas (L+V+S) sofrem um decréscimo

na salinidade com a queda da temperatura até 125 °C. Trend este similar aos discutidos em trabalhos

de Shepherd et al. (1985); Barr (1990); Almada & Villas (1999); Weber et al. ( 2008); Silva et al.

(2008). As inclusões bifásicas (L+V) de salinidade variada (figura 9A) apresentam um decréscimo de

salinidade dentro de uma faixa com intervalos de temperatura definidos entre 50°C e aproximados 150

°C..

Na (Figura 9B) se percebe a diferenciação entre as inclusões bifásicas (Tipo III) e trifásicas

(Tipo IV) que se homogeneizam em diferentes temperaturas (Th°C) mostrando sistemas fluidos em

campos distintos em consequência dos padrões de Te°C sintetizando a entrada de íons como Ca2+

, Cl-,

Na+, Mg

+ e outros componente como KCl e FeCl2.

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Figura 9: A) - Diagrama de correlação temperatura de homogeneização total x salinidade para as inclusões tipo

bifásicas (Thtot(L)) e tipo IV trifásicas saturadas (Thtot(s)). (B) - Diagrama de valores de Te°C x Thtotv de inclusões

bifásicas e Te°C x Thtots das trifásicas saturadas.

- Estudos com inclusões fluidas de outros depósitos de ouro na Província Alta Floresta

como termo de comparação ao regime fluido do depósito estudado:

Trabalhos desenvolvidos por Assis (2006) e por Silva et al. (2008) com inclusões fluidas em

veios de quartzo em depósitos auríferos dentro da Província Aurífera Alta Floresta revelaram dados

microtermométricos de inclusões primárias, que por via de regra, estariam relacionadas com os fluidos

mineralizantes das áreas investigadas.

No distrito aurífero Alta Floresta, os depósitos investigados por Assis (2006) são

representados pelos garimpos Paraíba, Novo Mundo, e por Silva et al (2008) Pé - de - Fora, Edu,

Trairão, Paraíba, Fabinho e Tapajós.Depósitos que ocorrem na forma de veios, vênulas e sistemas

stockwork ou disseminados em rochas de composição graníticas.

O enfoque destes trabalhos corresponde à caracterização dos parâmetros físico-químicos das

inclusões fluidas, tais como: salinidade, composição e temperaturas mínimas dos sistemas

relacionados com o processo responsável de formação da mineralização depositada.

No que se refere aos depósitos estudados por Assis (2006) os dados de microtermometria

mostraram inclusões para o garimpo Paraíba como de sistemas fluidos aquossalinos distintos e fluidos

ricos em CO2 em coexistência com fluidos aquosos de salinidade alta caracterizando um sistema em

imiscibilidade, progressivamente misturando com fluidos aquosos mais diluídos. Se tratando do

depósito Novo Mundo, ainda o mesmo autor, obteve um sistema fluido é puramente aquoso, de

salinidade alta em 33% de NaCl, envolvido com fluidos de mais baixa temperatura, de natureza

externa (meteórica).

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Com relação aos trabalhos de Silva et al. (2008) na interpretação de dados obtidos em

medidas de microtermométria de inclusões fluidas em veios de quartzo dos garimpos nessa província

aurífera, demonstraram no geral, serem em temperatura ambiente, bifásicas (LH2O +VH2O); trifásicas

saturadas (LH2O + VH2O + S); multifásicas (LH2O + VH2O + SSS); trifásicas aquocarbônicas (LH2O + LCO2 +

VCO2) e mais raramente as carbônicas.

De acordo com Silva et al. (2008) os valores do eutético (variando -53°C e -42°C) e

temperatura de fusão do CO2 ( numa faixa de -63,0ºC a -53,3°C), estariam relacionados distintamente

para sistema de natureza aquosa compostos de H2O - NaCl – CaCl2 e sistemas fluidos

predominantemente aquocabônicos CO2 ± N2 ± CH4; H2O - NaCl - CaCl2 - CO2 (± N2 ± CH4),

respectivamente. A gênese desses depósitos pode estar atribuída conforme os dados sugerem uma

contribuição magmática, indicando que as mineralizações na província estão relacionadas á evolução

de granitos de arco magmático.

CONCLUSÕES

Os sistemas fluidos envolvidos no processo hidrotermal do Garimpo Trairão foram

identificados a partir do estudo de inclusões fluidas (tipo III e IV) de caráter primário, aquosas salinas

trapeadas em veios de quartzo associados ao granito Nhandu.

Considerando os dados de temperatura eutética o grupo III constituindo a maioria das

inclusões fluidas estudadas apresentou dois grupos distintos do T°C, com valores de entre -43,5°C a -

42,5°C e -21,5°C a -20,0°C indicando respectivamente a presença dos sistemas salinos H2O - NaCl -

CaCl2 e H2O – NaCl e h2O - NaCl com salinidades entre de 2,5% a 26% NaCl equiv., e Th (Tot) entre

50°C a 180°C.

O grupo IV aparece com menor frequência indicando sistemas H2O - NaC l- CaCl2 (Te°C= -

45,0°C a -43,5°C) e sistema H2O- MgCl2 ( Te°C= -33,0°C a -31,5°C) . Este grupo de inclusões

trifásicas saturadas apresentam salinidades mais altas indicando um mínimo de 28% e um máximo de

35,% peso equiv. de NaCl, com (Th(tots)) oscilando entre 120ºC a 240°C.

A variação apresentada para as salinidades das inclusões pode ser vista como resultado da

mistura de fluidos de diferentes composições. Com base nesta premissa inclusões de baixa salinidade

representam um fluido frio de origem externa, águas de chuva/meteórica com aumento da sua

temperatura durante sua descida ao infiltrar as fraturas da rocha.

No caso da salinidade intermediária os dados demonstram serem resultados da junção de dois

produtos distintos, um fluido de natureza meteórica (baixa salinidade) com um fluído de origem

magmática (alta salinidade). Enquanto os resultados das salinidades altas estariam vinculados à

filiação magmática que durante a trajetória de sua ascensão passou por queda de temperatura.

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Com base nos dados adquiridos do depósito Trairão por meio de resultados

microtermométricos fez-se possível estabelecer diferenças e semelhanças de composições e

temperaturas com as dos demais modelos metalogenéticos em diversos depósitos da província aurífera

Alta Floresta. Dentre os exemplos nesta província assemelha-se principalmente ao Depósito Novo

Mundo, de regime fluido essencialmente aquoso, o qual teria sofrido mistura de fluidos muito salinos

de possível origem magmática, com pouco salinos, externos, meteóricos e de baixa temperatura.

De antemão, a essas informações sobre os dados obtidos na área do garimpo Trairão, com

destaque para os de Inclusões Fluidas permite sugerir a realização de mais estudos na área em questão,

com intuito de comprovar a existência de outros sistemas, por exemplo, H2O - NaCl - CaCl2 - CO2 (±

N2 ± CH4) e CO2 ± N2 ± CH4 não identificados durante esta pesquisa, porém sistemas estes

reconhecidos nos demais garimpos investigados por outros autores dentro da Província Aurífera Alta

Floresta.

AGRADECIMENTOS

Ao apoio da CAPES, pelo subsídio dado através de bolsa de pesquisa, PROCAD

UFMT/UNICAMP processo n° 23038.000675/201015 e aos revisores pelas críticas e sugestões

colocadas.

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