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ESTUDOS PARA A IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO VEHICLE TO GRID NA REDE ELÉTRICA DO CT/UFRJ Lúcio Mascarenhas Fernandes Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing. Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

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ESTUDOS PARA A IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO VEHICLE TO GRID NA REDE

ELÉTRICA DO CT/UFRJ

Lúcio Mascarenhas Fernandes

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

ii

ESTUDOS PARA A IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO VEHICLE TO GRID NA REDE

ELÉTRICA DO CT/UFRJ

Lúcio Mascarenhas Fernandes

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA

Examinada por:

_____________________________________________

Prof. Walter Issamu Suemitsu, Dr.Ing.

(Orientador)

_____________________________________________

Prof. Robson Francisco da Silva Dias, D.Sc.

.

_____________________________________________

Prof. Sergio Sami Hazan, PhD.

RIO DE JANEIRO, RJ -BRASIL

FEVEREIRO DE 2017

iii

Mascarenhas Fernandes, Lúcio

Estudos para a implantação do conceito vehicleto grid na

Rede Elétrica do CT/UFRJ/Lúcio Mascarenhas Fernandes. –

Rio de Janeiro:UFRJ/EscolaPolitécnica,2017.

XIII,86p.:il.;29,7cm.

Orientador:WalterIssamu Suemitsu, Dr. Ing.

ProjetodeGraduação-

UFRJ/EscolaPolitécnica/CursodeEngenhariaElétrica,2017.

ReferênciasBibliográficas:p.61-66.

1. Introdução. 2. Rede Elétrica Inteligente. 3.

Impactos dos veículos elétricos na rede. 4.

Simulação do Impacto de uma frota de veículos

elétricos na rede de distribuição do CT I. Walter

Issamu Suemitsu. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, UFRJ, Engenharia Elétrica. III.

Estudos para Implantação do conceito Vehicle to

grid na Rede Elétrica do CT/UFRJ.

iv

AGRADECIMENTOS

Nada nessa existência se constrói sozinho, toda conquista é fruto do apoio de

pessoas que se confraternizam para a felicidade da outra, portanto a conclusão deste

projeto teve a ajuda de várias pessoas, que vou ter a honra de citá-las a seguir.

Agradeço à minha família, minha mãe Edicléa Mascarenhas Fernandes, que

sempre foi um exemplo pra mim de liderança, altruísmo e trabalho e me mostrou a

importância do amor pelo próximo, muito obrigado mãe, ao meu pai José dos Santos

Fernandes, que nunca conteve esforços pra me ajudar e estar do meu lado, aos meus avós

Cléa e Edson que sempre estiveram presentes na minha vida e me ensinaram os mais

nobres valores, ao meu irmão Leandro que com afeto e companheirismo sempre buscou o

meu melhor, ao meu sobrinho Breno Fernandes que desde que veio ao mundo foi um

grande amigo, à minha cunhada Carol Carvalho que sempre cuidou do meu irmão e do

meu sobrinho, à amiga mais especial da minha família Maria de Lurdes que sempre

esteve disposta em nos ajudar.

À minha namorada Karen Suelen que foi minha companheira durante toda essa

caminhada e nos momentos difíceis sempre foi o meu refúgio e com amor sempre me

amparou.

Ao professor Walter que sempre se manteve disponível para auxiliar na conclusão

deste trabalho, ao professor Heloi José que serviu como inspiração durante essa trajetória

acadêmica, ao engenheiro Douglas do escritório de planejamento do CT que

disponibilizou os dados necessários para realização deste trabalho à secretária do DEE

Kátia que com muito carinho e bom humor sempre auxiliou os estudantes desse

departamento.

Ao Ramo Estudantil IEEE da UFRJ que foi uma família durante todo esse tempo.

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

ESTUDOS PARA IMPLANTAÇÃO DO CONCEITO VEHICLE TO GRID NA REDE

ELÉTRICA DO CT/UFRJ

Lúcio Mascarenhas Fernandes

Fevereiro/2017

Orientador: Walter Issamu Suemitsu

Curso: Engenharia Elétrica

Diante de ações e empreendimentos que visam diminuir os impactos no meio ambiente,

os veículos elétricos (VEs) surgem como uma opção para o desenvolvimento

sustentável.Porém, as redes elétricas convencionais não foram projetadas para um

carregamento de uma frota de VEs. O presente trabalho busca mostrar os principais temas

que relacionam a interação dos VEs com a rede elétrica, sendo que uma dessas interações

é a utilização da energia armazenada pelo veículo para oferecer suporte à rede. Esse

conceito é definido como “vehicle-to-grid” (V2G) eé estudado no projeto, através de

uma simulação realizada no software Open Distribution System Simulator (OPENDSS).

O modelo padrão de rede IEEE 13 barras foi utilizado para simular a rede elétrica do

Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, com os dados da demanda de potência diária. Com

os resultados obtidos na simulação, buscou-se analisar a viabilidade para implantação do

conceito V2G no CT da UFRJ.

Palavras-chave: Veículos elétricos, V2G, redes elétricas inteligentes.

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

STUDIES FOR IMPLEMENTATION OF THE VEHICLE TO GRID’S

CONCEPT IN THE ELECTRICAL GRID OF CT/UFRJ

Lúcio Mascarenhas Fernandes

Fevereiro2017

Advisor: Walter Issamu Suemitsu

Course: Electrical Engineering

Due to the actions and initiatives that aim to reduce the impacts in environment, the

electrical vehicles (EV)comes up like an option for sustainable development, although the

conventional grids wasn’t designed to support the charge of EVs,. The present project

intends to show the main topics about the interaction between EVs with the grid. One

such interaction is the use of the energy stored by the vehicle to support the grid. This

concept is defined as “vehicle-to-grid” (V2G),and it is studied in this project by a

simulation on the OPENDSS software. The standard IEEE 13 bus was used to simulate

the electrical grid of the Center of Technology of UFRJ, with the data of the dailypower

demand. The results obtained by the simulation were used to analyze the feasibility for

implementation of the V2G concept in the CT of UFRJ.

Keywords: Electrical vehicles, V2G, smart grids

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 –Emissão de CO2 por tonelada .......................................................................... 1

Figura 2 – Emissão de CO2 por setores ........................................................................... 2

Figura 3 – O aumento no número de veículos elétricos a bateria e híbridos “plug-in” ... 3

Figura 4 – Número de veículos elétricos a bateria e híbridos “plug-in” .......................... 3

Figura 5 – Pontos de recarga de veículos elétricos ........................................................... 4

Figura 6 - Arquitetura de uma rede elétrica convencional .............................................. 7

Figura 7 – Hierarquia dos participantes do fornecimento de energia elétrica .................. 7

Figura 8 – Arquitetura da rede elétrica inteligente ........................................................... 9

Figura 9 – Representação dos atores envolvidos no desenvolvimento da REI no

Brasil................................................................................................................................10

Figura 10 – Sistema híbrido misto .................................................................................. 13

Figura 11 – Sistema híbrido série ................................................................................... 14

Figura 12 – Sistema híbrido paralelo .............................................................................. 14

Figura 13 –Veículo elétrico a célula combustível .......................................................... 16

Figura 14 – Arquitetura do modelo de VEB .................................................................. 17

Figura 15 – Conector do tipo 1 recargas lentas .............................................................. 20

Figura 16 – Circuito de carregamento rápido em CC ..................................................... 21

Figura 17 – Posto de recarga rápida na USP .................................................................. 22

Figura 18 – Esquema mostrando os conceitos de G2V, V2G e V2H ............................. 27

Figura 19 – Modo de operação V4G;(a) produzindo potência reativa, (b) compensando

harmônicos na corrente ................................................................................................... 28

Figura 20 – Separação entre produtor e serviço ............................................................. 30

Figura 21 – Administração dos serviços anciliares ........................................................ 31

Figura 22 – Conversor bidirecional que permite o modo de operação V2G .................. 36

Figura 23 – Curvas de demanda média entre os meses de mar/2014 a out/2014 ........... 39

Figura 24 – Curvas de demanda média entre os meses de nov/2014 a mar/2015 .......... 40

Figura 25 – Curva de consumo médio projetado para o mês de mar/2017 .................... 41

Figura 26 – Modelo elétrico VEB Nissan Leaf .............................................................. 42

Figura 27 – Modelo elétrico VHEP Mitsubishi Outlander PHEV ................................. 42

Figura 28 – Curva de demanda de potência no OPENDSS sem a frota de VEs ............ 46

Figura 29 – Tensão de fase no barramento da carga sem a frota de VEs ....................... 47

Figura 30 – Curva de demanda de potência para o caso 1 ............................................. 48

Figura 31 – Tensão de fase no barramento da cargapara o caso 1 ................................. 49

viii

Figura 32 – Curva de demanda de potência para o caso 2 ............................................. 50

Figura 33 – Tensão de faseno barramento da carga para o caso 2 ................................. 51

Figura 34 – Curva de demanda de potência para o caso 3 ............................................. 52

Figura 35 – Tensão de faseno barramento da carga no caso 3 ....................................... 53

Figura 36 – As curvas de demanda de potência apresentadas em um mesmo gráfico ... 54

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparação entre o modelo convencional de energia elétrica e a REI ......... 8

Tabela 2 – Principais características e diferenças entre os tipos de veículos elétricos .. 18

Tabela 3 – Diferentes tipos de recarga de VEs na Europa ............................................. 19

Tabela 4 – Diferentes tipos de recarga classificados na norma SAE J1772-20 ............. 20

Tabela 5 – Características das baterias recarregáveis disponíveis no mercado .............. 25

Tabela 6 – Especificações da bateria e do carregamento do Nissan Leaf ...................... 42

Tabela 7 – Especificações da bateria e do carregamento do Mitsubishi Outlander

PHEV............ .................................................................................................................. 43

Tabela 8 – Estratégia para os modos de operação G2V e V2G para o caso 1 ................ 47

Tabela 9 – Estratégia para os modos de operação G2V e V2G para o caso 2 ................ 50

Tabela 10 – Estratégia para os modos de operação G2V e V2G para o caso 3 .............. 52

x

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1

1.1 Objetivo ...................................................................................................................... 5

1.2 Estrutura dos capítulos ............................................................................................... 5

CAPÍTULO 2: REDE ELÉTRICA INTELIGENTE ....................................................... 6

2.1 Conceito e características da Rede elétrica inteligente ............................................... 7

2.2Motivadores para a implantação da REI no Brasil.....................................................10

2.3 Conceito de veículo elétrico ..................................................................................... 11

2.4 VHE .......................................................................................................................... 12

2.5 VHEP ........................................................................................................................ 13

2.6 VECC ....................................................................................................................... 15

2.7 VEB .......................................................................................................................... 16

2.8 Modos e postos de recarga de veículos elétricos ...................................................... 18

2.8.1 Postos de recarga de veículos elétricos no Brasil .................................................. 21

2.9 Baterias ..................................................................................................................... 22

2.9.1 Baterias Íon Lítio ................................................................................................... 24

CAPÍTULO 3: IMPACTOS DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS NA REDE .................... 26

3.1 O conceito ................................................................................................................. 26

3.2 Serviços Anciliares ................................................................................................... 29

3.3 Veículos elétricos e os serviços anciliares ................................................................ 33

3.4 Dispositivos para a implantação do V2G ................................................................. 33

3.4.1 Medidores Inteligentes .......................................................................................... 34

3.4.2 Interruptor Horário Programável (IHP) ................................................................. 34

3.4.3 Conversor bidirecional .......................................................................................... 35

CAPÍTULO 4: SIMULAÇÃO DO IMPACTO DA INTERAÇÃO DE UMA FROTA

DE VEÍCULOS ELÉTRICOS COM A REDE DE DISTRIBUIÇÃO DO CT .............. 37

4.1 Conceituação ............................................................................................................ 37

xi

4.2 Curvas de demanda de potência do CT .................................................................... 38

4.3 Rede de distribuição elétrica do CT ......................................................................... 41

4.4 Veículos elétricos utilizados na simulação ............................................................... 41

4.5 O software OPENDSS .............................................................................................. 43

4.6 A simulação .............................................................................................................. 44

4.6.1 Caso 1 .................................................................................................................... 45

4.6.2 Caso 2 .................................................................................................................... 49

4.6.3 Caso 3 .................................................................................................................... 51

4.7 Considerações finais sobre o projeto ........................................................................ 53

CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO ....................................................................................... 55

5.1 Sugestões para trabalhos futuro ................................................................................ 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 57

Anexo1 ........................................................................................................................... 63

xii

LISTA DE SÍMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABVE Associação Brasileira de Veículos Elétricos

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

CA Corrente Alternada

CAG Controle Automático de Geração

CC Corrente Contínua

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CPSA Contrato Prestado de Serviços Anciliares

DoD DepthofDischarge

EDP Energias de Portugal

G2V Grid-to-Vehicle

IEA International Energy Agency

IEAUSP Institutos de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo

IEC InternationalElectrotechnicalCommission

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers

IHP Interruptor Horário Programável

IPI Imposto sobre Produto Industrializado

NOS Operador Nacional do Sistema

REI Rede Elétrica Inteligente

SAE SocietyofAutomotiveEngineers

SoC Stateof Charge

SIN Sistema Interligado Nacional

THD Total HarmonicDistortion

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

USP Universidade de São Paulo

VE Veículo Elétrico

VEB Veículo Elétrico a Bateria

VECC Veículo Elétrico a Célula Combustível

VHE Veículo Híbrido Elétrico

VHEP Veículo Híbrido Elétrico Plug-in

V2B Vehicle-to-Building

V2G Vehicle-to-Grid

V2H Vehicle-to-Home

V4G Vehicle-for-Grid

xiii

“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade

muda”

-Paulo Freire

1

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios do nosso século é o desenvolvimento sustentável,

buscar o crescimento econômico, tecnológico e social causando menos impacto ao meio

ambiente. Entretanto, todas as ações geradas pelo ser humano que são parâmetros para o

progresso de um país como por exemplo, geração de energia, crescimento das

indústrias, mobilidade urbana entre outras, causam consequências negativas ao meio

ambiente. Como solução para essa situação, novas tecnologias estão sendo

desenvolvidas e aplicadas, tais como a geração a partir de fontes renováveis, como a

solar e a eólica, a modernização das redes elétricas de distribuição e o desenvolvimento

de veículos elétricos.

Um dos maiores impactos causados pelo ser humano é a intensificação do

fenômeno natural conhecido como aquecimento global, sendo que a emissão de gases

como o gás carbônico (CO2) e o gás metano (CH4) são os maiores responsáveis por essa

ação, a figura 1mostra o aumento das emissões de CO2 por tonelada ao longo dos anos.

Figura 1- Emissão de CO2 por tonelada [1]

Grande parcela dessas emissões são causadas por atividades industriais, geração

de energia elétrica e combustão de combustíveis fósseis dos veículos automotores. A

figura 2mostra o percentual de emissão de CO2 por atividade.

2

Figura 2- Emissões de CO2 por setores [1]

As emissões causadas por veículos com motor a combustão interna representam

23% do total, e portanto o desenvolvimento de veículos com motor elétrico é uma das

soluções para diminuir o percentual de emissões.

A inserção de veículos elétricos no mercado automobilístico vem crescendo de

maneira expressiva com o passar dos anos, sendo que de acordo com a Internacional

Energy Agency (IEA) até 2025 serão vendidos aproximadamente 30 milhões de veículos

elétricos e até 2040 aproximadamente 150 milhões. Esse aumento nas vendas de

veículos elétricos proporcionará uma redução na demanda por petróleo de

aproximadamente 1,3 MB/D (Milhões de Barris por Dia) [2].

Um aspecto que proporcionou o aumento na venda de veículos elétricos foi a

redução no preço das baterias e o desenvolvimento de baterias mais sofisticadas, como é

o caso da bateria de Íon Lítio que apresenta uma densidade de energia muito maior que

as convencionais, e que será apresentada no capítulo 2 do presente trabalho. De acordo

com [3] a venda de veículos elétricos cresceu aproximadamente 70% entre 2014 e 2015

com 550.000 veículos vendidos em 2015.

3

Figura 3- O aumento no número de veículos elétricos a bateria e híbridos “plug-in” [3]

Figura 4- Número de veículos elétricos a bateria e híbridos “plug-in” [3]

Como apresentado na figura 3, o número de veículos elétricos aumentou cerca

de um milhão e quatrocentos mil no período de 5 anos entre 2010 a 2015, com os

Estados Unidos e a China liderando no número de veículos elétricos em seus territórios,

a figura 4 mostra o número de veículos elétricos separados em veículos elétricos a

bateria e veículos híbridos elétricos plug-in. O Brasil possui uma parcela muito pequena

na frota de veículos elétricos mundiais, e portanto será necessário o desenvolvimento de

projetos que busquem a implantação das condições necessárias para o crescimento da

frota de veículos elétricos no Brasil para não ficar mais atrasado em relação aos outros

países nesse avanço tecnológico.

A implantação dos veículos elétricos na mobilidade urbana necessita de uma

estrutura particular, que são os postos de recarga, A figura 5 apresenta o número de

pontos de recarga lenta e rápida no mundo; os Estados Unidos e a China apresentam o

4

maior número, em razão de possuírem mais veículos elétricos. Portanto, sem o

investimento necessário nessa infraestrutura, os veículos elétricos não serão atrativos ao

consumidor e ao mercado.

Por isso, é de grande importância que o governo crie subsídios e projetos de lei

que garantam esse investimento. No Brasil existem projetos de lei que buscam esse

objetivo, como o projeto de lei do Senado número 174 de 2014 que isenta do Imposto

sobre o Produto Industrializado (IPI) os automóveis elétricos abateria ou híbridos a

etanol [4] e o projeto de lei da Câmara número 65 de 2014, que institui a

obrigatoriedade de instalação de pontos de recarga para veículos elétricos em vias

públicas e ambientes residenciais e comerciais, obrigando as concessionárias de energia

elétrica a instalar pontos de recarga em estacionamentos públicos e ao poder público

desenvolver mecanismos que tornem possível a instalação [5].

Figura 5- Pontos de recarga de veículos elétricos [3]

A modernização da rede elétrica de distribuição é um ponto importante, assim

como a instalação de postos de recarga para eletrificação da mobilidade. Como será

apresentado no capítulo 3 deste trabalho, a recarga de veículos elétricos causa impactos

na rede, pois a mesma não foi projetada para suprir essa demanda, de modo que a

implantação da Rede Elétrica Inteligente, que será apresentada no capítulo 2, auxiliará

na interação do veículo elétrico com a rede de distribuição.

Diante desses desafios, existem projetos no Brasil que buscam desenvolver

alternativas para resolvê-los. Por exemplo, a Associação Brasileira de Veículos

Elétricos (ABVE) busca promover e participar de estudos e pesquisas em tecnologia

veicular elétrica, auxiliando na tomada de decisões que incentivem o desenvolvimento e

utilização de veículos elétricos [6].

5

1.1 Objetivo

O primeiro objetivo é apresentar os principais temas que relacionam as

interações dos veículos elétricos com a rede elétrica; dentre esses temas estão o conceito

de rede elétrica inteligente, os diferentes tipos de veículos elétricos, os serviços

anciliares e os dispositivos necessários para a implantação do fluxo bidirecional de

potência entre o veículo elétrico e a rede.

O segundo objetivo é a realização de uma simulação com o software Open

Distribution System Simulator (OPENDSS) sobre o impacto de uma frota de veículos

elétricos a bateria e híbridos plug-in na rede de distribuição elétrica do Centro de

Tecnologia da UFRJ, utilizando o modelo de rede IEEE 13 barras, presente no software,

para simular a rede elétrica de distribuição, com o propósito de analisar as alterações no

consumo durante as operações “Grid-to-Vehicle” e “Vehicle-to-Grid”.

1.2 Estrutura do Trabalho

O trabalho é estruturado em 5 capítulos, sendo que este primeiro capítulo

apresenta a introdução, os objetivos e a estrutura do trabalho.

No capítulo 2 são apresentados os conceitos e vantagens da Rede Elétrica

Inteligente, assim como os projetos que estão sendo desenvolvidos no Brasil e a função

dos agentes privados e públicos do setor de energia elétrica dentro desse conceito. São

mostrados também os diferentes tipos de veículos elétricos e suas características,

normas técnicas para o carregamento dos mesmos e os parâmetros que definem o

funcionamento de uma bateria.

No capítulo 3 são apresentados os impactos que os veículos elétricos causam na

rede elétrica, definindo os diferentes conceitos entre essas interações,“Grid-to-

Vehicle”(G2V),“Vehicle-to-Grid”(V2G),“Vehicle-to-Home”(V2H),“Vehicle-to-

Building”(V2B) e o “Vehicle-for-Grid” (V4G). Mostra-se ainda como o veículo elétrico

pode servir como um agente que disponibiliza serviços anciliares para a rede elétrica e

os dispositivos necessários para permitir a bidirecionalidade do fluxo de potência.

No capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos na simulação da rede

elétrica de distribuição do Centro de Tecnologia abastecendo e recebendo energia de

uma frota de veículos elétricos a bateria e híbridos plug-in.

No capítulo 5 são apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.

6

CAPÍTULO 2:REDE ELÉTRICA INTELIGENTE

O tema de Rede Elétrica Inteligente (REI) está sendo discutido amplamente no

cenário mundial de tecnologia, devido à necessidade de um novo funcionamento da rede

elétrica, onde o consumidor não seja apenas um coadjuvante, mas tenha autonomia no

processo de consumo da energia elétrica.

A REI pode ser entendida como um conjunto de inovações tecnológicas, que tem

como objetivo monitorar, gerenciar e garantir o transporte de energia elétrica em tempo

real para o consumidor final, de maneira eficiente e segura.

Na estrutura atual de energia elétrica, o sistema elétrico de potência é composto

de geração, redes de transmissão, redes de distribuição e consumidores de energia

elétrica. A forma como a rede elétrica convencional é estruturada é mostrada na figura

6.

Figura 6 – Arquitetura de uma rede elétrica convencional [7]

Na hierarquia dos atuais sistemas de potência, os agentes geradores de energia

elétrica fornecem energia aos consumidores finais, passando pelas redes de transmissão

e distribuição. A figura 7 mostra de forma simples a hierarquia dos participantes do

fornecimento de energia elétrica.

7

Figura 7- Hierarquia dos participantes do fornecimento de energia elétrica

O modelo convencional cria obstáculos para a integração das fontes renováveis

de energia com a rede de distribuição e focado na geração centralizada. O consumidor

final possui pouca autonomia no processo de fornecimento de energia elétrica, por isso

são agentes meramente passivos na cadeia produtiva de energia elétrica.

Deve ficar claro que a simples presença de geração distribuída não transforma

uma rede convencional em REI. As características principais da REI são a presença de

medidores inteligentes, a comunicação em rede e a possibilidade de controle

descentralizado. A geração descentralizada é importante na REI porque permite uma

maior flexibilidade de operação.

2.1 Conceito e características da REI

Com o consumo de energia crescendo a uma taxa de aproximadamente 0,9% ao

ano no Brasil [8] e 1,7% ao ano no mundo [9], os governos buscam alternativas que

atendam essa demanda com segurança e estabilidade. Algumas soluções são promover

um sistema que permita a maior participação do consumidor, inserir fontes alternativas

e renováveis de energia, para obter maior confiança e estabilidade e melhorar o

desempenho na operação para reduzir as perdas técnicas.

Uma inovação tecnológica presente no conjunto que compõe a REI é a

integração mais eficiente das fontes renováveis de energia com a rede elétrica,

permitindo que consumidores que possuam tecnologia de geração participem do

processo de produção de energia elétrica, fazendo que o mercado de energia elétrica

faça uso de ambos, criando um novo agente o “prossumidor”[7].

8

Tabela 1- Comparação entre o modelo convencional de energia elétrica e a REI [10]

Comparação entre a Rede Elétrica Atual e a Rede Elétrica Inteligente

Principais

características Rede Elétrica Atual Rede Elétrica Inteligente

Participação ativa do

consumidor

Consumidores não

são informados e não

participam

Consumidores informados e envolvidos

no processo, resposta a demanda e

fontes de energia distribuídas

Acomodação de toda

a geração e opções de

armazenamento

Dominado pela

geração centralizada,

muitos obstáculos

existentes para fontes

de energia distribuída

e interconexão

Muitas fontes de energia distribuída

com plug-e-play e focado em fontes

renováveis

Novos produtos,

serviços e mercados

Limitado, integração

fraca com o mercado,

oportunidades

limitadas para os

consumidores

Integração forte com o mercado,

crescimento de um novo mercado de

eletricidade para consumidores

Garantir qualidade de

potência para uma

economia digital

Focado em

interrupções, resposta

demorada com

problemas na

qualidade da energia

Qualidade de energia como prioridade

com variações nas opções de preço e

qualidade, rápida resolução de

problemas

Otimização de ativos

e operação eficiente

Pouca integração de

dados operacionais

com gerenciamento

de ativos

Ótima expansão de aquisição de dados

dos parâmetros da rede, focado na

prevenção e minimização de impactos

aos consumidores

Antecipar respostas de

distúrbios do sistema

Prevenção de dados

futuros, focado em

proteger ativos

seguidos de uma falta

Detecção automática e respostas aos

problemas, focado na prevenção

Resiliência contra

ataques cibernéticos e

desastres naturais

Vulnerável para

ações maliciosas de

terrorismo e desastres

naturais, resposta

lenta

Resiliente a ataques cibernéticos e

desastres naturais, rápida capacidade de

restruturação

9

Os principais atributos que definem a REI:

Avaliar a situação da rede em tempo real;

Prever comportamentos;

Adaptar-se às novas tecnologias como fontes distribuídas e fontes renováveis de

energia;

Resistir a uma demanda estocástica e responder com aplicações inteligentes;

Prover autocorreção, reconfiguração e restauração;

Resistir a uma variação aleatória de cargas em tempo real.

Uma arquitetura representativa está apresentada na figura 8, que é dividida em nove

áreas: transmissão automatizada, coordenação acessível da situação do sistema,

operações do sistema, distribuição automatizada, integração de energias renováveis,

eficiência energética, geração distribuída e armazenamento, participação na demanda,

equipamentos inteligentes, veículos elétricos e híbridos.

Figura 8- Arquitetura da Rede Elétrica Inteligente [10]

10

2.2 Motivadores para a implantação da REI no Brasil

A implantação da REI irá gerar oportunidades de investimento e empregos em

diversas áreas. No caso do Brasil a representação dos atores envolvidos no

desenvolvimento da REI é mostrado na figura 9. As principais motivações sob o ponto

de vista das concessionárias, dos consumidores e do agente regulador são:

Reduzir as perdas técnicas e comerciais (fraudes).

Melhorar a qualidade do serviço prestado pelas distribuidoras.

Reduzir os custos operacionais.

Melhorar o planejamento da expansão da rede.

Melhorar a gestão de ativos.

Promover a eficiência energética.

Fomentar a inovação e a indústria tecnológica.

Figura 9- Representação dos atores envolvidos no desenvolvimento da REI no Brasil [7]

11

No Brasil há iniciativas públicas e privadas para a implantação da REI, sendo

que as principais empresas de energia elétrica possuem projetos para a estruturação da

REI dentro do contexto nacional.

A ANEEL desenvolveu uma resolução, onde especifica as atribuições dos

consumidores e dos distribuidores em aspectos da REI, como microgeração,

minigeração, geração distribuída e medidores eletrônicos inteligentes [11].

A CEMIG, uma das maiores distribuidoras do Brasil, possui um projeto

chamado Cidades do Futuro, que tem como objetivo validar em escala adequada os

processos que estruturam a arquitetura da REI, analisar a viabilidade técnica e

econômica da cadeia de valor, e contribuir para o processo de transformação da

concessionária para a implantação da arquitetura da REI [12].

A concessionária Enel (antiga AMPLA) possui um projeto na cidade de

Armação dos Búzios, “Projeto Cidade Inteligente de Búzios”, que consiste em estruturar

uma rede elétrica totalmente automatizada, flexível e integrada, possuindo programas na

área de gerenciamento de energia, sistema de armazenamento de energia, iluminação

pública inteligente e geração inteligente de energia [13].

2.3 Conceito de veículo elétrico

O conceito de veículo elétrico não é recente, pois os primeiros veículos elétricos

surgiram no século XIX. Em 1900 três tecnologias de automóveis concorriam no

mercado, o carro elétrico, a vapor e o com motor de combustão interna a gasolina. O

desenvolvimento do sistema de produção em série de Henry Ford, que permitiu que o

preço final do veículo a gasolina caísse bastante, os problemas que os veículos elétricos

apresentavam na época como a dificuldade de percorrer longas distâncias a uma

velocidade razoável e a falta de conhecimento em baterias contribuíram para a

decadência do veículo elétrico [14].

O grande aumento na emissão de gases que intensificam o aquecimento global

provocado pela queima de combustíveis fósseis, a variação no preço e no mercado do

petróleo e o aumento no incentivo de tecnologias que proporcionem uma sociedade

mais sustentável e que causem menos impactos negativos ao meio ambiente são os

motivos principais para o resgate da indústria do veículo elétrico.

12

Nesta seção serão apresentados os diferentes tipos de veículos elétricos e suas

principais características, veículos híbridos elétricos (VHE), veículos híbridos elétricos

plug-in (VHEP), veículos elétricos a células a combustível (VECC) e os veículos

elétricos a bateria (VEB).

2.4 VHE

Os veículos híbridos elétricos são automóveis, que por definição, possuem mais

de um tipo de motor de propulsão, os VHEs podem funcionar com o motor de

combustão interna que utiliza combustível e o motor elétrico que é movido pela energia

armazenada na bateria.

A máquina elétrica pode funcionar como motor ou como gerador. Ela opera

como motor quando o motor de combustão interna tem baixo desempenho energético,

nas situações de baixas rotações, e funciona como gerador nos momentos de frenagem,

em que a energia cinética que seria desperdiçada pelo carro é recuperada, esse processo

é chamado de frenagem regenerativa [15].

No sistema híbrido há basicamente três tipos de sistemas:

i) O sistema híbrido em série, em que o motor elétrico é responsável pela tração do

veículo, o motor a combustão interna tem a função de gerar a energia necessária para o

funcionamento do motor elétrico, por meio de um gerador que converte a energia

mecânica em energia elétrica. Portanto, nessa configuração, são necessárias duas

máquinas elétricas, uma para operar como motor de tração e outra como gerador.

ii) O sistema híbrido em paralelo, em que o motor elétrico e o motor de combustão

interna atuam de forma independente, o funcionamento dos motores varia segundo a

solicitação de carga do veículo.

iii) O sistema híbrido misto combina os funcionamentos do sistema em série e paralelo,

é possível utilizar somente o sistema elétrico ou os dois motores atuando de forma

simultânea [14].

13

2.5 VHEP

O VHEP difere do VHE pelo fato de possuir uma bateria com maior capacidade

de armazenamento e pela bateria poder ser carregada diretamente da rede elétrica

através de uma tomada (plug).

O VHEP, assim como o VHE, possui três diferentes tipos de sistemas híbridos,

série, paralelo e misto. As diferentes arquiteturas para os três sistemas de um VHEP

serão apresentadas nas figuras 10, 11 e 12.

Figura 10- Sistema híbrido misto[16].

No sistema híbrido misto apresentado na figura 10, o veículo pode operar nas

configurações série e paralelo, o gerador converte a energia mecânica proveniente do

motor de combustão interna, através do acoplamento mecânico, em energia elétrica para

o funcionamento do motor elétrico, que produz a tração do veículo, caracterizando a

configuração série.Os motores elétrico e de combustão interna estão conectados ao

acoplamento mecânico, possibilitando a operação em paralelo.

14

Figura 11- Sistema híbrido série [16].

No sistema híbrido série mostrado na figura 11, o combustível alimenta o motor

de combustão interna que transfere a potência para o gerador que carrega a bateria, a

qual fornecerá potência elétrica para o motor elétrico, que por sua vez entregará

potência ao eixo das rodas por meio da transmissão mecânica.

Figura 12- Sistema híbrido paralelo [16].

No sistema híbrido paralelo apresentado na figura 12 o acoplamento mecânico

está conectado ao motor elétrico e ao motor de combustão interna, permitindo o

funcionamento dos dois simultaneamente. Nesta configuração pode se optar pela

utilização do combustível ou pela utilização da bateria para fornecer potência ao eixo

das rodas.

15

O Toyota Hybrid é um modelo de automóvel híbrido de configuração série que

possui um sistema inteligente de eficiência de energia, onde o motor elétrico fornece

toda a potência necessária para o funcionamento do automóvel, o motor de combustão

interna só é acionado quando há necessidade de mais potência, por exemplo

emsituações de alta aceleração [17].

O Honda Insight também é um modelo de automóvel híbrido, que possui um

motor de corrente contínua sem escovas como motor elétrico, apresentando um sistema

inteligente, como o Toyota Hybrid, para controle da potência [18].

2.6 VECC

Atualmente muitas pesquisas estão sendo realizadas para implantar a utilização

de células combustível no veículo elétrico, proporcionando uma integração entre a

engenharia automotiva, engenharia de célula combustível e a engenharia elétrica.

Segundo [19], a célula combustível é uma fonte de energia confiável, eficiente e que

possui um custo razoável comparado com o tempo de duração. Além disso outros

dispositivos como a bateria de Íon Lítio, que será apresentada na seção 2.9.1 e o

ultracapacitor podem ser usados em conjunto com a célula combustível para melhorar o

seu desempenho.

A arquitetura do VECC está representada na figura 13. A montadora de veículos

Honda desenvolveu um modelo de veículo elétrico a célula combustível, o Honda FCX,

que recebeu certificações de órgãos ambientais, um deles da Agência de Proteção ao

Ambiente da sigla inglês EPA, e foi o primeiro veículo a célula combustível aprovado

para uso comercial [19].

16

Figura 13 – Veículo elétrico a célula a combustível

Na figura 13 está apresentada a arquitetura do VECC, o sistema é semelhante ao

sistema em série do VHEP. A célula a combustível produz a energia mecânica que é

convertida em elétrica pelo gerador, sendo utilizada pelo motor elétrico para realizar a

tração do veículo, ou armazenada pela bateria.

2.7 VEB

O VEB difere do VHEP e do VECC, pois possui como única fonte de energia as

baterias, que fornecem potência elétrica para o motor elétrico. As vantagens de um VEB

comparado com um automóvel com motor de combustão interna são a menor

complexidade do mecanismo de funcionamento e o rendimento do motor. O VEB,

assim como o VHEP e o VECC, possui o sistema de aproveitamento da energia cinética

durante as frenagens.

A arquitetura de um VEB é apresentada na figura 14.

17

Figura 14- Arquitetura do modelo de VEB [16].

Como mencionado anteriormente a única fonte de energia do VEB é a bateria,

como mostrado na figura 14, onde não há a presença do gerador para converter a

energia proveniente de outro motor em energia elétrica e nem a presença de outro tipo

de motor. Por simplicidade, de ora em diante o VEB será denominado Veículo Elétrico

(VE).

A empresa Itaipu Binacional, em parceria com a fundação KWO, desenvolveu o

projeto VE, que consistiu no desenvolvimento de três veículos elétricos a bateria, uma

palio weekend, um modelo de caminhonete daily elétrico e um mini ônibus, com o

objetivo de estudar a eficiência e autonomia dos veículos elétricos. Os maiores desafios

encontrados foram o desenvolvimento de baterias avançadas, o motor elétrico e o

módulo inversor. O motor utilizado foi um motor de corrente alternada, então houve a

necessidade de um inversor para converter a tensão em corrente contínua da bateria para

tensão em corrente alternada para alimentar o motor [20].

O Nissan Leaf é um modelo de VEB desenvolvido pela montadora de

automóveis Nissan, que possui um motor elétrico síncrono em corrente alternada, as

baterias são de Íon Lítio laminado, e possui um inversor para converter a tensão CA da

rede em tensão CC, no processo de carregamento da bateria [21].

A Tabela 2 foi adaptada do modelo da referência [19], mostra as principais

características e diferenças entre os tipos de veículos elétricos apresentados neste

capítulo.

18

Tabela 2- Principais características e diferenças entre os tipos de veículos elétricos [19]

2.8 Modos e postos de recarga de veículos elétricos

Um dos grandes desafios para inserção de VEs na mobilidade urbana é a

implantação da infraestrutura dos postos de recarga. Esse é um dos pontos que mais

necessita de incentivos do governo como apresentado em [5], pela simples lógica do

mercado, pois não faz sentido as montadoras e companhias de eletricidade investirem

em postos de recarga se não houver um número suficiente de VEs e não faz sentido aos

consumidores comprarem um VE se não houver um número suficiente de postos de

recargas..

Existem diferentes tipos de recarga de VEs que são classificados conforme o

valor da tensão, da potência, da corrente ou da conexão em corrente contínua (CC) ou

corrente alternada (CA), sendo que as classificações são feitas por normas definidas por

instituições, comissões ou associações de normas técnicas.

19

Na Europa os tipos de recarga são classificados pela norma IEC-61851. A

Tabela 3 apresenta os tipos de recarga pela norma citada.

Tabela 3- Diferentes tipos de Recarga de VEs na Europa. [22].

Como mostrado na Tabela 3, os tipos de recarga são divididos em três categorias

de potência: normal, média e alta, sendo a última em CC ou CA. Dependendo do tipo de

recarga, ela pode ser feita no próprio local onde reside o proprietário do veículo, e neste

caso o método de recarga é o de potência normal, que se caracteriza por um longo

período de duração. Os outros métodos de recarga são mais rápidos e em sua grande

maioria são realizados em postos públicos ou em estabelecimentos privados, como

shoppings, supermercados, etc.

A norma IEC 61851 estabelece quatro tipos de modos de recarga modo-1,

recarga lenta com conectores comuns de residência; modo-2, recarga lenta com

conectores comuns de residência com um dispositivo de proteção CA; modo-3, recarga

lenta ou rápida utilizando um conector específico do VE com funções de controle e

proteção em CA e modo-4, recarga rápida utilizando carregador externo em CC [22].

Na América do Norte é utilizada a norma SAE J1772, que na sua última versão

estabelece três tipos de sistema de recarga, que são apresentados na Tabela 4.

20

Tabela 4- Diferentes modos de recarga classificado na norma SAE J1772 [22].

A figura 15 mostra o conector utilizado em recargas lentas que podem ser

realizadas na residência ou no trabalho, com uma tomada com tensão de 120V.

Figura 15- Conector do tipo-1 para recargas lentas [22].

No Brasil utiliza-se a norma ABNT NBR IEC 61851-1:2013 – Sistema de

recarga condutiva para veículos elétricos que possui os requisitos gerais para o sistema

de recarga para VEs [23]. Como apresentado nos diferentes tipos de normas, a recarga

rápida em CC permite que a bateria do VE seja carregada na maioria dos casos em

menos de uma hora. Esse tipo de recarga permite que o VE tenha potencial para

competir com o veículo com motor de combustão interna e seja um atrativo para a

compra de VEs. Diante da importância desse tipo de recarga para o aumento da frota de

VEs, foi desenvolvido um protocolo para recarga rápida conhecido como CHAdeMO,

que possui uma plataforma de colaboração para o desenvolvimento do mesmo

adaptando as necessidades do mercado e a disseminação dos seus benefícios.

21

CHAdeMO além de permitir a recarga rápida do VE, também possibilita a troca de

informações entre o carregador e o VE [24].

O esquema representativo do carregamento rápido em CC é apresentado na

figura 16, onde estão presentes os circuitos de potência que realiza a recarga da bateria e

o circuito de controle que proporciona a transferência de dados entre o VE e uma central

de operação da rede [24].

Figura 16- Circuito do carregamento rápido em CC[24]

Em grande parcela dos países europeus, no Japão e na América do Norte, os

postos de recarga rápida já possuem um grande número de instalações [24], o que

justifica a concentração de grande parcela da frota mundial de VEs nessas regiões, como

mostrado na figura 4.

2.8.1 Postos de recarga de veículos elétricos no Brasil

O Brasil, comparado aos países da Europa e da América do Norte, ainda possui

poucos pontos de recarga de veículos elétricos. Investimentos públicos em parceria com

22

empresas privadas têm desenvolvido postos de recarga de VEs, como é o caso da CPFL

energia que possui seis eletropostos, onde dois deles são em parceria privada com a

Natura e a 3M; a Itaipu Binacional possui 12 eletropostos em operação em Curitiba, 8

em Foz do Iguaçu e 3 em Brasília [25]. A EDP em 2012 instalou na Universidade de

São Paulo (USP), em parceria com o Instituto de Energia e Ambiente da Universidade

de São Paulo (IEAUSP), mostrado na figura 17, um eletroposto de recarga rápida com

capacidade de carregar 80% da bateria do veículo em apenas 30 minutos, que segue as

especificações da Europa e Estados Unidos e possui uma potência de saída de 50kW em

CC [26]. Segundo a referência [25] a projeção no aumento na instalação de eletropostos

no Brasil é de 20% para 2017, chegando a pelo menos 153 unidades.

Figura 17- Posto de recarga rápida na USP [26]

2.9 Baterias

As baterias são armazenadores de energia que convertem energia química em

energia elétrica e energia elétrica em energia química. São os dispositivos mais

utilizados para o armazenamento de energia e são empregados em diversas áreas e

equipamentos, notebooks, celulares, câmeras fotográficas, brinquedos e veículos

elétricos.

23

Serão apresentados os principais termos referentes a baterias, o funcionamento e

as vantagens das baterias de Íon Lítio comparadas com outras baterias.

. Capacidade: A capacidade de uma bateria é definida como a quantidade de ampères-

hora (Ah) que pode ser retirada da mesma quando está em plena carga. A unidade de

capacidade também pode ser expressa em watts-hora (Wh).

. Densidade de energia: Capacidade nominal de uma bateria normalizada em unidade

de massa (Wh/kg) ou em unidade de volume (Wh/L). Este parâmetro significa que

quanto maior a densidade de energia de uma bateria menor será a massa e o volume

necessários para se retirar ou armazenar uma determinada quantidade de energia.

. Estado de carga: É definido como a capacidade disponível em uma bateria em um

determinado momento, e é expresso em percentagem da capacidade nominal.

Exemplificando, se 25 Ah fossem retirados de uma bateria com capacidade nominal de

100 Ah, o estado de carga seria de 75%. O estado de carga é complementar à

profundidade de descarga, e sua sigla em Inglês é SoC (State of Charge).

. Profundidade de descarga: Indica em percentagem da capacidade nominal, o quanto

foi retirado da bateria em um determinado momento, e é complementar ao estado de

carga. Exemplificando, se 25 Ah fossem retirados de uma bateria com capacidade

nominal de 100 Ah, a profundidade de descarga seria de 25%, e sua sigla em Inglês é

DoD (Depht of Discharge).

. Taxa de carga e descarga: É o valor da corrente elétrica aplicada em uma bateria

durante o processo de carga ou descarga. Por exemplo, uma bateria com capacidade

nominal de 200 Ah, com um intervalo de carga de 10 h a corrente constante, apresenta

uma taxa de carga de:

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎=

200 𝐴ℎ

10 ℎ= 20 𝐴 = 𝑡𝑎𝑥𝑎

𝐶

10 (1)

24

. Ciclo: A sequência de carga-descarga de uma bateria até atingir uma determinada

profundidade de descarga é denominada de ciclo.

2.9.1 Baterias de Íon Lítio

As baterias de Íon Lítio apresentam alta densidade energética, na faixa de 80 a

150 Wh/kg, se tornam apropriadas para serem utilizadas em veículos elétricos, pois com

uma alta densidade energética elas disponibilizam uma quantidade maior de energia,

ocupando menos volume e sendo mais leves.

O funcionamento de uma bateria de Íon Lítio pode ser expresso pela seguinte

reação eletroquímica:

𝐶𝑛(𝑠) + 𝐿𝑖𝑀𝑂2 ↔ 𝐿𝑖𝑥𝐶𝑛(𝑠) + 𝐿𝑖(1−𝑥)𝑀𝑂2(𝑠) (2)

O catodo é um composto de Lítio (Li) da forma LiMO2, onde M representa um

metal de transição, sendo Ni, Co e Mn os mais usados, produzindo Íons de Lítio durante

a descarga. O anodo Cn é formado por Carbono com a propriedade de receber e

acumular íons de Lítio.

Outra vantagem da bateria Íon de Lítio que também se torna útil na aplicação em

veículos elétricos é a possibilidade de suportar altas taxas de carga e descarga e o baixo

tempo de carga [27].

A Tabela 5 mostra as vantagens da bateira de Íon de Lítio. Como pode ser

observado e como foi mencionado anteriormente, a sua densidade energética é alta

comparada as outras baterias, além de apresentar uma vida cíclica elevada.

25

Tabela 5- Características das baterias recarregáveis disponíveis no mercado [27]

26

CAPÍTULO 3: IMPACTOS DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS NA REDE

3.1 O conceito

O aumento das vendas de veículos elétricos no Brasil registrado no ano de 2016

foi de aproximadamente 3567 veículos, entre elétricos e híbridos, sendo que esse

número representa 1,9% no mercado total de vendas de veículos, uma porcentagem

recorde para o setor [28]. O aumento da frota de veículos elétricos proporciona diversos

benefícios, entre os quais podemos citar a diminuição na emissão de poluentes que

intensificam o aquecimento global, a diminuição na dependência de combustíveis

fósseis e do petróleo, como mostrado na arquitetura e no funcionamento dos diferentes

tipos de veículos elétricos, e a maior eficiência quando comparados com veículos com

motores de combustão interna.

A rede elétrica convencional não foi projetada para suportar um carregamento de

uma frota de veículos elétricos, portanto o aumento nas vendas e na utilização de VEs

provocaria impactos na rede elétrica. Segundo [29] a qualidade de energia e a

estabilidade da rede são os parâmetros mais prejudicados pelo carregamento não

controlado de VEs, ou seja, um carregamento desordenado sem um horário e período

específicos que levem em consideração os momentos de pico de demanda da rede.

Algumas características do carregamento não controlado de VEs deixam ainda

mais complexa essa situação, como por exemplo o instante da conexão, o estado de

carga da bateria e a duração do carregamento. As consequências do carregamento de

uma frota de VEs apresentados nos estudos das referências [30] e [31] são a sobrecarga

nos transformadores de distribuição de 13,8kV e quedas de tensão nos barramentos na

ordem de 0,95pu e devido a essas consequências os estudos detalhados sobre esses

impactos se tornam importantes.

O acesso a informações sobre a demanda da carga em tempo real é uma

inovação que torna mais eficiente a interação entre o VE e a rede elétrica, que seria

proporcionado com investimentos para a infraestrutura da rede elétrica inteligente como

mostrado no capítulo 2. Os VEs têm a capacidade de armazenar energia em suas

baterias e grande parcela deles ficam estacionados entre 93% a 96% do seu tempo de

vida [32]. Isso significa que eles estão na maioria do tempo com energia disponível para

ser usada pela rede em momentos de pico de demanda. Essa nova proposta de interação

é conhecida como “Vehicleto Grid” (V2G), onde o veículo elétrico disponibiliza

27

energia para a rede elétrica; entretanto, grande parcela dos VEs são projetados com

carregador unidirecional que permite apenas o fluxo de potência convencional, que é a

rede elétrica carregando o VE, conhecido como “Grid to Vehicle” (G2V) [32].

Com o conceito de V2G o VE deixa de ser um elemento passivo da rede e passa

a ser um elemento ativo com capacidade de armazenar, consumir e prover energia. Para

a implantação do conceito V2G estão sendo realizados diversos estudos [32], [33], [34]

e [35] para o desenvolvimento de um carregador bidirecional que permita a interação do

VE, disponibilizando energia não apenas para a rede elétrica, mas também para a

residência ou estabelecimento em que ele se encontra conectado.

Outros conceitos de interação estão sendo propostos, um deles é o “Vehicle to

Home” (V2H), onde há o fluxo bidirecional entre o veículo e a residência, podendo o

VE atuar como um backup de geração, minimizando perdas na transmissão de energia e

o custo [33]. Uma das utilidades do conceito V2H é em casos de interrupção da rede

elétrica; segundo o estudo [34], um meio para ocorrer esse funcionamento é através da

medição e do cálculo do valor eficaz da rede, de modo que quando esse valor fica

abaixo de 85% do valor nominal, considera-se que houve uma interrupção e neste

momento a residência fica sendo abastecida pelo VE. Outro conceito também

desenvolvido baseado na proposta bidirecional do fluxo de potência é o “Vehicle to

Building” (V2B), que é semelhante ao V2H e permite que a energia armazenada na

bateria seja usada como um sistema de backup em escala comercial[33]. A figura 18

mostra a direção do fluxo de potência nos conceitos V2G, V2H e G2V.

Figura 18- Esquema mostrando os conceitos de G2V, V2G e V2H [35]

28

Uma outra interação muito importante entre o VE e a rede elétrica é o “Vehicle

for Grid” (V4G), segundo a referência [29] os VEs podem produzir potência reativa na

rede nos dois modos de operação G2V e V2G. Esse conceito estabelece que o VE injete

reativo na rede, ou atue como um filtro de potência ativo para compensar os harmônicos

da corrente gerados por equipamentos elétricos não lineares presentes em grande

parcela das residências. Uma ótima vantagem desse modo de operação é que a bateria

do VE não é utilizada, logo não contribui para o seu envelhecimento. A figura 19

apresenta o modo operação V4G, onde as correntes ih, ia e iev representam

respectivamente as correntes da residência, dos equipamentos elétricos e do VE, as duas

situações que definem o V4G são mostradas na figura 19, na figura 19-a o VE está

injetando potência reativa na rede elétrica e na figura 19-b o VE está compensando os

harmônicos gerados pelos equipamentos elétricos.

Figura19– Modo de operação V4G; (a) produzindo potência reativa, (b) compensando

harmônicos na corrente. [29]

Rede

Painel

Elétrico

Eletrodomésticos

Veículo Elétrico

Rede Eletrodomésticos

Veículo Elétrico

Painel

Elétrico

29

Os modos de operações definidos anteriormente, em que o VE disponibilize

energia, têm motivado pesquisas científicas para a implantação do carregador que

permita a bidirecionalidade do fluxo de potência. Segundo [32] o carregador

bidirecional utilizando conversores de potência e algoritmos de controle adequados

conseguem regular a potência ativa e reativa da rede elétrica, contribuindo para a

estabilidade da tensão e da frequência, além de possuir uma forma de onda senoidal da

corrente do carregador.

Com as definições apresentadas no modo de operação V2G, o VE pode se tornar

um sistema de armazenamento de energia que permite uma interação com as fontes

renováveis de energia, como por exemplo a solar e a eólica. Esses tipos de geração de

energia são intermitentes, o que significa que a produção depende de situações

climáticas favoráveis, possuindo em grande parcela seus picos de produção em horários

diferentes aos picos de demanda, de modo que muito do que é produzido por essas

fontes de energia não é utilizado pelas cargas.Com o modo de operação V2G, é possível

ao VE armazenar a produção de energia excedente e utilizá-la posteriormente [33].

O modo de operação V2G possui benefícios e pode servir como modelo de

negócio, beneficiando o usuário e a concessionária de distribuição de energia. Dentre as

vantagens do V2G podem ser destacadas:

i. O VE pode servir como energia de emergência por longas interrupções.

ii. Pode interagir com as fontes renováveis para armazenar a energia excessiva e

retornar à rede em momentos de necessidade.

iii. Pode armazenar eletricidade e fornecer rápida resposta de geração para a rede

elétrica.

iv. Pode contribuir na qualidade de energia, produzindo potência reativa na rede

e compensando harmônicos na corrente como um filtro ativo.

v. Pode contribuir na estabilidade da tensão e frequência da rede.

3.2 Serviços Anciliares

No Brasil antes dos anos 90 o serviço de eletricidade era visto como um sistema

centralizado, como mercado sendo predominantemente estatal e monopolizado. Com a

quebra do monopólio e com a criação da agência reguladora de eletricidade ANEEL, o

30

mercado foi aberto às empresas privadas de energia e ocorreu a desverticalização do

mercado, separando os serviços de geração, transmissão e distribuição de energia e

diferenciando o produto do serviço [36].

Com os critérios estabelecidos pelo regulador para o fornecimento de energia

elétrica e pelas características do sistema de potência, houve a necessidade de serviços

complementares que auxiliariam na qualidade, segurança e confiabilidade do sistema.

Esses serviços foram denominados como serviços anciliares que representam os

recursos e ações executadas em um sistema elétrico de potência que garantem a

continuidade do fornecimento, a segurança na operação e a manutenção da frequência e

da tensão em seus valores adequados. Dentre os fatores que fazem os serviços anciliares

serem de extrema importância podem-se destacar o equilíbrio entre carga e demanda

realizado em tempo real, armazenamento de energia e fornecimento de energia reativa

para a manutenção dos níveis de tensão [36].

Figura 20- Separação entre produto e serviço baseado em [36].

Os provedores de serviços anciliares são os agentes de geração do sistema

elétrico. Eles possuem reservas operativas que têm como função a regulação e

31

manutenção da frequência do sistema dentro dos valores aceitáveis e a garantia da

continuidade do atendimento à carga. As reservas operativas são classificadas em duas,

reservas operativas para regulação de frequência e reservas operativas para segurança

do sistema [36].

. Reservas operativas para regulação da frequência: Têm como objetivo atender as

variações de carga, disponibilizando certa quantidade de potência ativa sincronizada à

rede.

. Reservas operativas para segurança do sistema: São utilizadas para cobertura da

possível saída de operação de uma unidade geradora ou linha de transmissão que altere

o despacho devido a mudanças súbitas de carga.

Entre as atribuições do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estão a

contratação e a administração dos serviços anciliares necessários à operação do sistema,

e o estabelecimento de critérios relativos aos arranjos comerciais dos serviços anciliares

prestados pelos agentes de geração para a celebração e administração dos Contratos de

Prestação de Serviços Anciliares (CPSA) [37].

Figura 21- Administração dos serviços anciliares [37]

32

Segundo a resolução 265 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

[38], são definidos como serviços anciliares:

i- Controle primário de frequência: é o controle realizado por meio de reguladores

automáticos de velocidade das usinas geradoras, objetivando limitar a variação de

frequência quando ocorre desequilíbrio entre a carga e a geração.

ii- Controle secundário de frequência: é o controle realizado pelas unidades geradoras

participantes do controle automático de geração (CAG), com o objetivo de restabelecer

a frequência do sistema ao seu valor programado.

iii- Reserva de potência para controle primário: é a reserva de potência ativa para

realizar o controle primário de frequência.

iv- Reserva de potência para controle secundário: é a reserva de potência ativa para

realizar o controle secundário de frequência.

v- Reserva de prontidão: é a disponibilidade de unidades geradoras com o objetivo de

recompor as reservas de potência primária ou secundária do sistema, em caso de

indisponibilidade de geração.

vi- Suporte de reativos: é o fornecimento ou absorção de energia reativa destinada ao

controle de tensão da rede de operação, mantendo-a dentro dos limites de variação

estabelecidos nos procedimentos de rede.

vii- Autorrestabelecimento (black start): é a capacidade que tem uma unidade

geradora ou usina geradora de sair de uma condição de parada total para uma condição

de operação.

33

viii- Sistema de proteção: sistema que, a partir da detecção de uma condição anormal

de operação ou de contingências múltiplas, realiza ações automáticas para preservar a

integridade do Sistema Interligado Nacional (SIN).

3.3 Veículos elétricos e os serviços anciliares

Como apresentado nas seções anteriores o desenvolvimento de um carregador

bidirecional que proporcione os modos de operação V2G, V2H, V2B e o V4G permite

que o fluxo de potência tenha a direção do veículo para a rede, para a residência ou para

a construção que o veículo elétrico esteja estacionado. Com isso é possível que uma

frota de veículos elétricos seja vista como uma unidade geradora que consiga injetar

potência ativa e reativa na rede, podendo oferecer serviços que auxiliem na qualidade da

energia que foram apresentados na seção anterior como serviços anciliares.

Nas definições de serviços anciliares apresentadas anteriormente os VEs podem

atuar como suporte de reativos através do modo de operação V4G e como

autorrestabelecimento (blackstart), pois o VE pode consumir energia através do modo

de operação G2V ou fornecer energia através do modo de operação V2G de forma

instantânea, apenas realizando a conexão do VE com o ponto de recarga. Como já

mencionado anteriormente o VE fica 95% do tempo de sua vida útil estacionado, ou

seja à disposição para oferecer algum tipo de serviço anciliar. Na referência [39] são

apresentadas equações que definem um preço pela interação do VE com a rede elétrica,

essas equações foram estruturadas de acordo com as tarifas de energia norte americana,

porém o seu entendimento serve como uma compreensão para um desenvolvimento

futuro de uma tarifa desse tipo de serviço no Brasil.

3.4 Dispositivos para a implantação do V2G

Na implantação de maneira eficiente do modo de operação V2G ou V2H e V2B

é necessária a presença de alguns dispositivos. Nestes modos de operação o VE atua

como um agente gerador de energia, portanto pode-se caracterizar como um exemplo de

geração distribuída, sendo análogo a uma fonte de geração solar ou eólica em uma

residência ou construção. Nesta seção serão descritos os principais dispositivos que

garantem a aplicação eficiente do fluxo de potência no sentido da bateria do VE para a

34

rede de distribuição, residência ou um estabelecimento, que pode ser uma Universidade,

shopping ou edifício.

3.4.1 Medidores Inteligentes

Os medidores inteligentes ou smart meters são medidores de energia elétrica que

permitem funções que são úteis para a implantação da REI e do modo de operação V2G.

Os medidores inteligentes permitem a medição bidirecional da energia, que significa

que realiza a medição quando a carga está consumindo e quando a carga atua como um

agente gerador de energia, caracterizando situações como mencionadas anteriormente

de geração distribuída. As outras funções principais do medidor inteligente são a

medição de energia em tempo real, a aquisição de dados e a possibilidade de utilização

de um protocolo de comunicação que permite o tráfego de dados entre o consumidor e a

concessionária de energia.

Os medidores inteligentes, comparados aos medidores convencionais,

apresentam vantagens, entre as quais se destacam:

- Detecção de fraude.

- Corte e religamento remoto.

- Comunicação bidirecional.

- Medição à distância.

Um dos projetos do Fundo Verde consiste na instalação de medidores

inteligentes nas 26 subestações do Centro de Tecnologia da Cidade Universitária da

UFRJ.O objetivo do projeto é o monitoramento das subestações, que possibilitará o

aumento na confiabilidade e segurança do sistema de distribuição, uma melhor gestão

energética e a criação de uma base de pesquisa na área de telecomunicação e

inteligência computacional [40].

3.4.2 Interruptor Horário Programável (IHP)

Os interruptores horário programáveis são utilizados para o funcionamento

automático de ventilação, iluminação, aquecimento entre outras utilidades. Esse

interruptor permite a abertura e o fechamento de circuitos independentes a partir de uma

35

lógica pré-definida pelo usuário, podendo ligar e desligar aparelhos em horários

programáveis[41].

A utilidade deste dispositivo nos modos de operação em que o VE atua como um

gerador de energia através da sua bateria será da seguinte forma: conhecendo a curva de

demanda de um estabelecimento como um shopping, edifício comercial ou até uma

residência, é possível identificar pontos de pico de demanda em horários definidos, o

VE atuaria nesses horários de pico de demanda como um gerador de energia para poder

equilibrar a curva de demanda. O IHP então seria conectado entre o carregador e a rede

de distribuição e seria programado para atuar nos horários de pico de demanda

realizando então a conexão do VE com a rede apenas nos horários programados, mesmo

o VE estando conectando com o carregador durante todo o período que esteja

estacionado.

3.4.3 Conversor bidirecional

Para o modo de operação V2G ser possível é necessário que o VE possua um

conversor bidirecional embarcado, que permite o fluxo de potência nos dois sentidos, da

rede elétrica para o VE e do VE para a rede elétrica. Muitos estudos foram realizados no

desenvolvimento do conversor bidirecional [42].

Na figura 22 é apresentado o circuito elétrico do conversor bidirecional, que é

composto por dois conversores de eletrônica de potência CA-CC e CC-CC. Quando o

VE estiver operando no modo G2V, o conversor CA-CC funciona como um retificador

convertendo a tensão CA da rede em tensão CC e o conversor CC-CC funciona como

um conversor Buck, que possui a característica de diminuir o valor médio da tensão em

CC na saída. Quando VE estiver operando no modo V2G o conversor CA-CC funciona

como um inversor convertendo a tensão CC do capacitor em tensão CA para a rede

elétrica e o conversor CC opera como um conversor Boost, que possui a característica

de aumentar o valor médio da tensão em CC na saída.

36

Figura 22- Conversor bidirecional que permite o modo de operação V2G (elaboração

própria baseado em [42])

Para o conversor bidirecional não criar impactos negativos na rede elétrica,

como por exemplo contribuir para o aumento do THD com injeção de harmônicos

indesejáveis, é necessário a implantação de um algoritmo de controle que utilize como

sinais de referência as tensões da rede, do capacitor que realiza a junção entre os dois

conversores e do banco de baterias do VE, assim como também as correntes da bateria e

da rede [42].

37

CAPÍTULO 4: SIMULAÇÃO DO IMPACTO DA INTERAÇÃO DE UMA

FROTA DE VEÍCULOS ELÉTRICOS COM A REDE DE DISTRIBUIÇÃO DO

CT

O Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, localizado

na Ilha do Fundão, na cidade do Rio de Janeiro, abriga em seus prédios estudantes,

professores e funcionários e possuem diversas salas de aula, restaurantes, laboratórios,

bibliotecas, agências bancárias, papelarias, entre outros estabelecimentos. Todo esse

conjunto demanda uma grande quantidade de energia, e portanto o conceito V2G pode

contribuir para a redução desse consumo.

4.1 Conceituação

O projeto consiste em analisar o impacto da interação de uma frota de veículos

elétricos com a rede de distribuição do CT, que foi representada pelo modelo IEEE 13

barras presente no software OPENDSS. A interação consiste nos modos de operação

G2V e V2G, apresentados no capítulo 3. A simulação busca analisar a redução na

demanda de potência do CT utilizando a energia armazenada nos VEs durante os

períodos do dia de maior demanda.

Para analisar a característica da carga do CT foram solicitados dados de

consumo ao Escritório de Planejamento da Decania. Foram disponibilizados dados dos

meses de março de 2014 a março de 2015, foi projetada uma perspectiva da

característica da demanda para março de 2017, baseado no aumento na demanda no

período entre março de 2014 e março de 2015.

Como mencionado anteriormente para realizar a simulação foi utilizado o

software OPENDSS, que é um software aberto que realiza simulações de fluxo de

potência em regime permanente em redes de distribuição e será descrito com mais

detalhes na Seção 4.5. Para modelar a rede elétrica de distribuição do CT foi utilizado o

modelo IEEE 13 barras, que está incluindo no software OPENDSS, em que foi aplicado

o comportamento da demanda de potência do CT nas cargas presentes nesse modelo. Os

VEs foram parametrizados como um banco de baterias com as características de recarga

dos VEs utilizados.

Esta metodologia foi utilizada porque não foi possível obter o diagrama unifilar

detalhado da rede de distribuição do CT. O presente trabalho mostrará que a

38

metodologia é válida, e que para aplicação no CT bastará fazer um levantamento do

consumo de cada subestação do sistema de distribuição do CT.

O projeto apresenta três casos de simulação. O primeiro caso analisa o impacto

na rede de distribuição com 20% da frota veicular composta por VEs, o segundo caso

analisa o mesmo impacto, porém com a frota veicular composta por 20% de VHEP e o

terceiro caso é uma composição dos dois primeiros com a frota veicular composta

por20% de VEs e 15% de VHEP.

4.2 Curvas de demanda de potência do CT

As curvas de demanda de potência foram produzidas no software Excel

realizando uma média da demanda de potência diária de cada mês, e as curvas são

apresentadas nas figuras 23 e 24.

39

Figura 23- Curvas de demanda média entre os meses de mar/2014 a out/2014

40

Figura 24- Curvas de demanda média entre os meses de nov/2014 a mar/2015

Analisando-se esse período de um ano, a curva do consumo médio de março de

2015 aumentou em relação ao consumo médio de março de 2014 aproximadamente

16,7%. Como março é um dos meses com maior demanda de potência do ano, como

pode ser observado nas figuras 23 e 24, o comportamento da carga na simulação

utilizará a curva de demanda do mês de março.

Para a realização da projeção de uma curva de demanda para o mês de março de

2017, que seria uma projeção recente, foi considerado que o aumento na demanda

ocorrido entre os meses de março de 2014 e março de 2015 se manteve constante entre

os períodos de 2016 e 2017. Baseado nessa hipótese o mês de março de 2017 teria um

aumento de aproximadamente 33,4% em relação ao mês de março de 2015. Com isso, a

41

curva projetada de consumo médio para março de 2017 foi elaborada e é mostrada na

figura 25.

Figura 25- Curva de consumo médio projetada para o mês de março/2017

4.3 Rede de distribuição elétrica do CT

Devido à falta de informações sobre os parâmetros das linhas, dos

transformadores e das cargas da rede de distribuição do CT, foi utilizado na simulação o

modelo de rede IEEE 13 barras. Esse modelo está presente na biblioteca do OPENDSS,

para realizar a equivalência entre o as redes, foi utilizado o comando “LoadShape” do

OPENDSS para moldar o comportamento das cargas presentes no modelo IEEE 13

barras de acordo com a curva da média de demanda de potência diária de março/2017.

O código está presente no Anexo 1.

4.4 Veículos elétricos utilizados na simulação

Como mencionado na seção 4.1 o projeto consiste na simulação de três casos,

20% da frota veicular composta por VE, 20% da frota veicular composta por VHEP e

35% da frota veicular composta por 20% de VE e 15% VHEP. Os modelos de veículos

que serão utilizados no projeto são o Nissan Leaf, que é um modelo de veículo elétrico à

bateria. O outro modelo de veículo elétrico é o Mitsubishi Outlander PHEV, que é um

modelo de veículo elétrico híbrido que permite o carregamento da bateria através de um

conector, sendo que esse modelo de veículo já está disponível no mercado brasileiro.

42

Ambos os veículos utilizam bateria do tipo Íon de Lítio, pelas vantagens apresentadas

na seção 2.9.1 deste trabalho.

Figura 26- Modelo elétrico VEB Nissan Leaf [43]

Tabela 6- Especificações da bateria e do carregamento do Nissan Leaf[44].

Figura 27- Modelo híbrido VHEP Mitsubishi Outlander PHEV [45]

43

Tabela 7- Especificações da bateria e do carregamento do Mitsubishi Outlander PHEV

(elaboração própria baseado em [45]).

4.5 O software OPENDSS

O OPENDSS é um software livre (open source) que pode ser utilizado e

modificado por qualquer usuário sem nenhum tipo de ônus ou obrigação para com o

desenvolvedor e seu desenvolvimento iniciou-se em 1997 na ElectrotekConcepts Inc.

por Roger Dungan e Thomas McDernott. Em 2004 o OPENDSS foi comprado pela

EPRI Solutions e em 2008 tornou-se um programa livre, a fim de se somar a outros

esforços para as modernizações na área de Rede Inteligente. O OPENDSS é utilizado

em todo tipo de análise em regime permanente em sistemas de distribuição [46].

O OPENDSS possui uma linguagem simples de programação com orientação a

objeto, o desenvolvimento do circuito da rede de distribuição é feito por linhas de

código, que podem ser executadas separadamente com o comando Do Select. As

simulações possuem modos de operação pontuais, diários e anuais e existem vários

elementos de sistemas de potência definidos por parâmetros específicos.

O OPENDSS foi escolhido pela sua linguagem simples de programação, por ser

um software gratuito e de fácil acesso e por conter modelos padrões IEEE de rede de

distribuição como mencionado na seção 4.3. Além disso, permite estabelecer uma

alternativa para o tradicional software ANAREDE.

As simulações realizadas serão no modo de operação diário com a curva de

demanda projetada para o mês de março de 2017, e os VEs foram modelados como um

sistema de armazenamento ligado a um barramento. Serão obtidas as curvas de

demanda, potência e tensão de fase no barramento da carga para os casos 1, 2 e 3.

44

4.6 A simulação

Nas especificações técnicas presentes nos dois modelos de veículos elétricos

[43] e [45], a autonomia elétrica do Nissan Leaf no pior rendimento é de 100km, ou

seja, o veículo com um SoC de 100% pode realizar um trajeto de 100km, a autonomia

elétrica do Mitsubishi Outlander é de 52km, ou seja, este veículo operando apenas com

o motor elétrico com um SoC de 100% pode realizar um trajeto de 52km.

Para a simulação, algumas considerações foram feitas:

i) Distância média que os condutores dos veículos elétricos realizam até chegarem no

Centro de tecnologia. Esse dado é importante para ter o valor médio do SoC das baterias

dos veículos elétrico ao chegarem no CT.

ii) O número de veículos que compõem a frota que chega ao CT será considerado de

1000 veículos.

iii) O objetivo da simulação é analisar os modos de operações G2V e V2G com o intuito

do veículo elétrico agir como fornecedor de energia para a rede de distribuição do CT

nos momentos de alta demanda.

iv) O proprietário do veículo elétrico e a Universidade não vão ter ônus nos processos

de G2V e V2G, será considerado que o proprietário saia com seu veículo elétrico da

residência com SoC em 100% e que quando chegar ao CT carregue o veículo até o

mesmo atingir novamente o SoC em 100%, e no processo de V2G o veículo elétrico irá

devolver a energia armazenada no processo G2V;

Baseado na referência [47], em que foram pesquisadas as localidades onde

residem os proprietários de veículos que chegam no CT, foi calculada a distância média,

que ficou aproximadamente em 20,3km, e com essa informação é possível calcular o

SoC das baterias dos veículos elétricos que chegam no CT.

A autonomia elétrica do Nissan Leaf é de 100km com uma bateria com

capacidade de 24kWh [43], o que significa que em condições normais de direção, o

Nissan Leaf consegue atingir uma faixa de aproximadamente 4,17km/kWh. Para uma

45

distância média de 20,3km, é possível calcular o quanto de energia foi gasto na bateria,

por meio da Equação (3)

𝐸𝑔 =20,3𝑘𝑚

4,17𝑘𝑚/𝑘𝑊ℎ= 4,87 𝑘𝑊ℎ (3)

𝑆𝑜𝑐(%) =(24𝑘𝑊ℎ − 4,87𝑘𝑊ℎ)

24𝑘𝑊ℎ= 0,797 = 79,7% (4)

A energia gasta no trajeto pelo Nissan Leaf representada por Eg foi de 4,87kWh,

portanto o VEB chega ao CT com o SoC de 79,7%, como calculado na Equação (4).

Esses dados serão utilizados na simulação.

A autonomia elétrica do Mitsubishi Outlander PHEV é de 52km com uma

bateria com capacidade 12kWh [45], o que significa que em condições normais de

direção o Mitsubishi Outlander PHEV desenvolve aproximadamente 4,33km/kWh. Para

uma distância média de 20,3km, é possível calcular o quanto de energia foi gasta

durante o trajeto por meio da Equação (5) e o SoC por meio da Equação (6).

𝐸𝑔 =20,3𝑘𝑚

4,33𝑘𝑚/𝑘𝑊ℎ= 4,69𝑘𝑊ℎ (5)

𝑆𝑜𝐶(%) =12𝑘𝑊ℎ − 4,69𝑘𝑊ℎ

12𝑘𝑊ℎ= 0,609 = 60,9% (6)

4.6.1 Caso 1

Como mencionado nas seções anteriores o caso 1 é quando 20% da frota

veicular do CT é composta por VE do modelo Nissan Leaf. Como foi calculado

anteriormente, os veículos Nissan Leaf chegaram à Cidade Universitária da Ilha do

Fundão com o SoC de aproximadamente 80% e a partir deste dado será calculado o

tempo necessário para o VEB atingir o SoC de 100%.

𝑡𝑔2𝑣 =4,87𝑘𝑊ℎ

3,6𝑘𝑊= 1,35 ℎ = 1h20 min(7)

46

O tg2v representa o tempo de operação G2V para a bateria do VE atingir um

SoC de 100%. O tempo de operação V2G será o mesmo, porque o VE só poderá

fornecer à rede a energia armazenada durante o processo G2V. De acordo com uma das

condições estabelecidas, o proprietário do VE sairá do Centro de Tecnologia com o

mesmo SoC da bateria com que chegou.

O horário para operação G2V será das 8:00 às 10:00 horas, porque é o tempo

necessário da frota veicular elétrica carregar e poder realizar a operação V2G nos

horários de maior demanda, que ocorrem no período de 11:00 às 15:00 horas.

Na figura 28 é mostrada a curva de demanda de potência obtida no software

OPENDSS sem a presença dos VEs. Na figura 29 é apresentada a curva de tensão de

fase no barramento da carga sem a presença da frota veicular elétrica.

Figura 28- Curva de demanda de potência no OPENDSS sem a frota de VEs

47

Figura 29- Tensão de fase no barramento da carga sem a frota de VEs

Na figura 28 o valor de maior demanda na média do consumo diário de março de

2017 é de 5576,03kW, e a faixa de operação V2G será no horário entre 11:00 às 15:00

horas.

A estratégia de carga e descarga dos VEs foi estruturada e é apresentada na

Tabela 8.

Tabela 8- Estratégia para os modos de operação G2V e V2G para o caso 1 (elaboração

própria).

Com essa estratégia cada VE está em interação com a rede de distribuição

durante 1h e 20min como calculado na equação 16.No processo G2V os VEs foram

48

divididos em dois grupos de 100 veículos para evitar um pico de demanda durante o

carregamento e no processo V2G os VEs foram separados em três grupos para poderem

disponibilizar energia durante o período de maior demanda. A curva da demanda de

potência com 20% da frota composta por VEs é mostrada na figura 30.

Figura 30- Curva de demanda de potência para o caso 1

Na figura 30 a demanda máxima diminuiu do valor de 5576,03kW para

5526,82kW, porém no período de operação G2V houve um aumento da demanda

comparado com a situação sem a presença de VEs. A estratégia de operação conseguiu

reduzir a demanda em 49,21kW.

Na figura 31 é mostrada a curva de tensão de fase no barramento da carga para o

caso 1.

49

Figura 31- Tensão de fase no barramento da carga para o caso 1

Na figura 31 pode-se observar que a queda de tensão foi menos acentuada que

na situação sem a presença de VEs.

4.6.2 Caso 2

Como descrito anteriormente o caso 2 terá 20% da frota veicular do CT

composta por VHEP do modelo Mitsubishi Outlander PHEV.O procedimento será

idêntico ao caso 1, ou seja, será calculado o tempo necessário de recarga do veículo para

que o SoC da bateria chegue aos 100%, sendo desenvolvida uma estratégia para os

modos de operação G2V e V2G.

𝑡𝑔2𝑣 =4,69𝑘𝑊ℎ

2,4𝑘𝑊= 1,95 ℎ = ~ 2,0 ℎ (8)

Como calculado na Equação (8), os VHEPs irão precisar de 2 horas para

carregarem até suas baterias atingirem o SoC de 100%, sendo que o tempo de operação

V2G será o mesmo tempo de operação G2V. A estratégia de operação para o G2V e

V2G é apresentada na tabela 9.

50

Tabela 9- Estratégia para os modos de operação G2V e V2G para o caso 2

Na figura 32 é apresentada curva de demanda de potência para o caso 2.

Figura 32- Curva de demanda de potência para o caso 2

Para o caso 2 representado na figura 32 a demanda máxima foi de

5526,32kW, e na situação sem a presença de VEs, a demanda máxima foi de

5576,03kW. Logo, a redução no pico de demanda foi de 49,71kW. A redução no pico

de demanda no caso 2 foi próxima ao caso 1, porém no caso 2 a demanda durante o

processo G2V foi maior do que a do caso 1.

51

Figura 33- Tensão de fase no barramento da carga para o caso-2

Na figura 33 a curva de tensão de fase no barramento da carga foi muito próxima

da curva de tensão para o caso 1 representado na figura 31. Pode-se observar que a

curva de tensão é análoga à curva de demanda de potência, quanto maior a demanda,

maior será a queda de tensão no barramento, portanto durante a operação V2G a queda

de tensão é menor.

4.6.3 Caso 3

O caso 3 é a simulação para 20% deVEs e 15% de VHEPs.Os tempos

necessários de carregamento dos VEs já foram calculados nas equações 16 e 17, os

modelos de VEs serão os mesmos que nos casos 1 e 2, Nissan Leaf e Mitsubishi

Outlander PHEV. A estratégia de operação G2V e V2G é apresentada na Tabela 10.

52

Tabela 10- Estratégia para operação G2V e V2G para o caso 3 (elaboração própria).

Na figura 34 é apresentada a curva de demanda de potência para o caso 3.

Figura 34- Curva de demanda de potência para o caso 3

Na figura 34, durante a operação V2G o valor de demanda máxima foi reduzido

para 5489,01 kW. Comparado com a situação sem a presença de VEs, cuja demanda

máxima foi de 5576,03kW, a redução foi de 87,02kW. Porém, durante a operação G2V

foi atingido um valor de 5703,52kW de demanda, valor este maior do que o valor de

demanda máxima para a situação sem a presença de VEs.

53

Figura 35- Tensão de fase na fonte de alimentação da Light no caso 3

Na figura 35, durante a operação V2G, o valor da tensão ficou próximo a 0,994

pu; porém durante a operação G2V a tensão atingiu o valor de 0,993pu, uma queda

maior do que nos casos 1 e 2 e na situação sem a presença de VEs.

4.7 Considerações finais sobre o projeto

Na figura 36 são mostradas as curvas de demanda de potência para os três casos

e para a situação sem a presença da frota de VEs em um mesmo gráfico.

54

Figura 36- As curvas de demanda de potência apresentadas em um mesmo gráfico

Na figura 36 é possível visualizar os picos de demanda ocorridos durante a

operação G2V e a redução no consumo durante a operação V2G.

De acordo com os resultados apresentados nas figuras 30 a 35, 20% da frota

veicular composta por VEs reduziu o pico de demanda em aproximadamente 49kW para

os casos 1 e 2, a economia no consumo representada por esse valor tem que compensar

o investimento na infraestrutura necessária para um ponto de carregamento que permita

a operação G2V e V2G para o projeto ser viável. No caso 3 a redução foi de

aproximadamente 89kW com 35% da frota veicular composta por VEs, porém durante o

processo G2V foi registrado um pico de demanda maior que na situação sem a presença

de VEs, portanto além de analisar a economia na redução do consumo com o

investimento em infraestrutura, é necessário estudar a possibilidade da interação dos

VEs com as fontes de geração fotovoltaica presentes no CT, para que o carregamento

dos VEs seja feito pelas fontes fotovoltaicas evitando o pico de consumo durante a

operação G2V.

55

CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO

Os resultados obtidos na simulação mostram a necessidade de uma estratégia de

operação, que defina os horários para a operação G2V e para a operação V2G. A

duração de cada operação depende do critério estabelecido pelo proprietário do VE, por

exemplo o SoC da bateria após a operação V2G. Na simulação foi estabelecido que o

VE ficaria com o mesmo SoC com que chegou ao CT após a interação com a rede

elétrica ter sido feita, tal critério não contribuiu para uma redução significativa no

consumo, uma solução é estabelecer um incentivo baseado nas equações apresentadas

na seção3.3, motivando o proprietário do VE a disponibilizar mais energia durante a

operação V2G.

Uma frota de 200 VEs reduziu o consumo em aproximadamente 49kW e uma

frota de 350 VEs reduziu o consumo em aproximadamente 89kW, esses valores podem

não compensar o investimento feito na infraestrutura de um ponto de abastecimento que

permita a bidirecionalidade do fluxo de potência. Uma frota com mais VEs reduziria

ainda mais o consumo, porém necessitaria de uma infraestrutura maior de recarga, uma

análise econômica seria útil para saber o número exato de VEs que causariam uma

economia no gasto de energia elétrica que compensaria os custos para a instalação de

um ponto de recarga.

Durante a operação G2V houve picos de demanda de potência, essa situação é

indesejável, pois pode ocasionar a interrupção de energia do CT.Uma solução para

evitar essa situação é realizar a interação entre a frota de VEs e as fontes de geração

fotovoltaicas presentes no CT. Com isso a energia necessária para a operação G2V seria

fornecida pela geração fotovoltaica, evitando um pico de demanda na rede de

distribuição do CT.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

A partir dos estudos realizados nesse projeto temas para trabalhos futuros podem

surgir. A interação de uma frota de VEs com fontes renováveis de energia, os VEs

atuariam como armazenadores de energia durante os períodos de pico de geração de

energia das fontes renováveis, disponibilizando essa energia nos horários de pico de

demanda.

56

Realizar um estudo sobre os custos, características técnicas e arranjo dos

equipamentos necessários para estruturação de um posto de abastecimento de VEs no

CT que permita a bidirecionalidade do fluxo de potência.

Fazer uma análise econômica sobre a viabilidade da instalação de uma

infraestrutura de recarga de VEs com a redução do consumo causado pelo processo

V2G, analisar a quantidade mínima de VEs necessários para a viabilidade da instalação.

Utilizar o software OPENDSS para simular os modos de operação V2G e G2V

de uma frota de VEs de modelos diferentes dos utilizados no presente projeto e com

parâmetros dos transformadores, das linhas e das cargas da rede de distribuição do CT.

57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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residenciais e comerciais, disponível em

http://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=118247-Acessado em 16 de

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[6]Sobre a ABVE, disponível em http://www.abve.org.br/quem-somos-Acessado em 16

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[9]IEA (2016) Key ElectricityTrends, disponível em

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ml. Acessado em 23 de janeiro de 2017 às 15h15min.

[24]Normas e padrões sobre a recarga rápida de veículos elétricos, disponível em

https://www.chademo.com/-Acessado em 23 de janeiro de 2017 às 16h.

60

[25]Informações sobre os postos de recarga de veículos elétricos, disponível em

http://www2.aneel.gov.br/arquivos/HTML/fique_dentro_bip_ago_2015.html-Acessado

em 23 de janeiro de 2017 às 17h15min.

[26]Notícia sobre o posto de recarga rápida na USP, disponível em

http://g1.globo.com/carros/noticia/2012/10/sp-recebe-primeiro-posto-de-carga-rapida-

para-carro-eletrico-do-pais.html-Acessado em 24 de janeiro de 2017 às 8h25min.

[27]PINHO, João Tavares; GALDINO, Marco A. Manual de engenharia para sistemas

fotovoltaicos. Rio de Janeiro: Cepel-Cresesb, 2014.

[28]Aumento do número das vendas de carros elétricos no Brasil divulgado pela ABVE,

disponível em http://www.abve.org.br/noticias/carros-eletricos-ja-correpondem-a-19-

das-vendas-Acessado no dia 28 de janeiro de 2017 às 20h.

[29]MONTEIRO, Vítor; PINTO, J. G.; AFONSO, João Luiz. Operation modes for the

electric vehicle in smart grids and smart homes: present and proposed modes. IEEE

TransactionsonVehicular Technology, v. 65, n. 3, p. 1007-1020, 2016.

[30] PEREIRA, Windson Braga; PERES, Luiz Artur Pecorelli; PESSANHA, José

Francisco Moreira. MODELO DE SIMULAÇÃO ESTOCÁSTICA DA RECARGA DE

VEÍCULOS ELÉTRICOS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA. Blucher

Marine EngineeringProceedings, v. 2, n. 1, p. 715-726, 2016.

[31] LOPES, João A. Peças; SOARES, Filipe Joel; ALMEIDA, Pedro M. Rocha.

Integration of electric vehicles in the electric power system. Proceedings of the IEEE,

v. 99, n. 1, p. 168-183, 2011.

[32] MONTEIRO, Vítor et al. A flexible infrastructure for dynamic power control of

electric vehicle battery chargers. IEEE Transactions on Vehicular Technology, v. 65,

n. 6, p. 4535-4547, 2016.

61

[33] MONTEIRO, Vítor et al. Assessment of a battery charger for electric vehicles with

reactive power control. In: IECON 2012-38th Annual Conference on IEEE

Industrial Electronics Society. IEEE, 2012. p. 5142-5147.

[34] MONTEIRO, Vítor et al. Improved vehicle-to-home (iV2H) operation mode:

experimental analysis of the electric vehicle as off-line UPS. IEEE Transactions on

Smart Grid, 2016.

[35] PINTO, J. G. et al. Bidirectional battery charger with grid-to-vehicle, vehicle-to-

grid and vehicle-to-home technologies. In: Industrial Electronics Society, IECON

2013-39th Annual Conference of the IEEE. IEEE, 2013. p. 5934-5939.

[36]SCHIER, Juliano et al. Análise comparativa de metodologias de alocação de

serviços anciliares de reserva em mercados de energia elétrica. Dissertação de

Mestrado, UFSC, 2007. Disp0onível em

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/90424/246963.pdf?sequence=1

Consultado em 01 de março de 2017 às 14h15min.

[37]ONS, Submódulo 14.1- Procedimentos de Rede, disponível em

http://apps05.ons.org.br/procedimentorede/procedimento_rede/procedimento_rede.aspx-

Acessado em 25 de janeiro de 2017 às 9h.

[38] ANEEL, resolução sobre serviços anciliares, disponível em

http://www.ons.org.br/download/resolucoes_aneel/bres2003265.pdf/ Acessado em 25

de janeiro de 2017 às 10h10min.

[39]TOMIĆ, Jasna; KEMPTON, Willett. Using fleets of electric-drive vehicles for grid

support. Journalof Power Sources, v. 168, n. 2, p. 459-468, 2007.

[40] Fundo Verde,projeto de instalação de medidores inteligentes realizado, disponível

em http://www.fundoverde.ufrj.br/index.php/pt/projetos/projetos-fundo-

verde/energia/instalacao-de-medidores-inteligentes-nas-subestacoes-de-energia-nos-

blocos-do-centro-de-tecnologia. Acessado no dia 29 de janeiro de 2017 às 14h.

62

[41]Especificações do equipamento IHP, disponível em http://www.schneider-

electric.com/products/br/bz/1200-sistema-de-gerenciamento-predial/1250-

gerenciamento-de-tempo-iluminacao/846-ihp/. Acessado no dia 28 de janeiro de 2017

às 15h20min.

[42]PINTO, J. G. et al. Onboard reconfigurable battery charger for electric vehicles with

traction-to-auxiliary mode. IEEE TransactionsonVehicular Technology, v. 63, n. 3,

p. 1104-1116, 2014.

[43]Especificações técnicas do Nissan Leaf, disponível em

https://www.nissan.pt/veiculos/novos-veiculos/leaf.html- Acessado em 3 de fevereiro de

2017 às 13h45min.

[44]Dados da bateria e do carregamento do Nissan Leaf, disponível em

https://media.nissan.eu/content/dam/services/PT/CONSUMPTION/LEAF-PT.pdf-

Acessado em 3 de fevereiro de 2017 às 15h.

[45]Especificações técnicas do Mitsubishi Outlander PHEV, disponível em

http://www.mitsubishi-motors.pt/outlander-phev-my16/#!especificações/tech-spec/2-0-

litre-4wd-mivec-plug-in-hybrid- Acessado em 3 de fevereiro de 2017 às 16h30min.

[46]SILVA JUNIOR, Sillas Batista da et al. Análise de operação de sistemas de

distribuição utilizando o OpenDSS. Trabalho de Conclusão de Curso.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 2010.

[47]DO VALLE, Helena Bento Martins. Aplicação do conceito vehicle-to-grid para

nivelamento de carga e suprimento de pico de demanda. Trabalho de Conclusão de

Curso,Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

63

ANEXO 1

LINHA DE CÓDIGO DO MODELO DE REDE IEEE 13 BARRAS

Será apresentado no Apêndice A, a linha de código referente ao modelo IEEE 13

Barras, que foi utilizado na simulação para representar a rede de distribuição do Centro

de Tecnologia da UFRJ.

O comando LoadShape modelou a carga do modelo IEEE 13 barras segundo as

características do comportamento da demanda de potência do mês de março de 2017

apresentado na figura 25.

Clear

//Dados da fonte de alimentação do circuito

new circuit.IEEE13Nodeckt

~ basekv=115 pu=1.0001 phases=3 bus1=SourceBus

~ Angle=30! advance angle 30 deg so result agree with published angle

~ MVAsc3=20000 MVASC1=21000 ! stiffen the source to approximate inf source

//Parâmetros dos transformadores

New Transformer.SubPhases=3 Windings=2 XHL=(8 1000 /)

~ wdg=1 bus=SourceBus conn=delta kv=115 kva=5000 %r=(.5 1000 /) XHT=4

~ wdg=2 bus=650 conn=wye kv=4.16 kva=5000 %r=(.5 1000 /) XLT=4

New Transformer.Reg1 phases=1 XHL=0.01 kVAs=[1666 1666]

~ Buses=[650.1 RG60.1] kVs=[2.4 2.4] %LoadLoss=0.01

new regcontrol.Reg1 transformer=Reg1 winding=2 vreg=122 band=2 ptratio=20

ctprim=700 R=3 X=9

New Transformer.Reg2 phases=1 XHL=0.01 kVAs=[1666 1666]

~ Buses=[650.2 RG60.2] kVs=[2.4 2.4] %LoadLoss=0.01

new regcontrol.Reg2 transformer=Reg2 winding=2 vreg=122 band=2 ptratio=20

ctprim=700 R=3 X=9

64

New Transformer.Reg3 phases=1 XHL=0.01 kVAs=[1666 1666]

~ Buses=[650.3 RG60.3] kVs=[2.4 2.4] %LoadLoss=0.01

new regcontrol.Reg3 transformer=Reg3 winding=2 vreg=122 band=2 ptratio=20

ctprim=700 R=3 X=9

!TRANSFORMER DEFINITION

New Transformer.XFM1 Phases=3 Windings=2 XHL=2

~ wdg=1 bus=633 conn=Wye kv=4.16 kva=500 %r=.55 XHT=1

~ wdg=2 bus=634 conn=Wye kv=0.480 kva=500 %r=.55 XLT=1

//Parâmetros da linha

!LINE CODES

!redirectIEEELineCodes.dss

// these are local matrix line codes

// corrected 9-14-2011

New linecode.mtx601 nphases=3 BaseFreq=60

~ rmatrix = (0.3465 | 0.1560 0.3375 | 0.1580 0.1535 0.3414 )

~ xmatrix = (1.0179 | 0.5017 1.0478 | 0.4236 0.3849 1.0348 )

~ units=mi

New linecode.mtx602 nphases=3 BaseFreq=60

~ rmatrix = (0.7526 | 0.1580 0.7475 | 0.1560 0.1535 0.7436 )

~ xmatrix = (1.1814 | 0.4236 1.1983 | 0.5017 0.3849 1.2112 )

~ units=mi

New linecode.mtx603 nphases=2 BaseFreq=60

~ rmatrix = (1.3238 | 0.2066 1.3294 )

~ xmatrix = (1.3569 | 0.4591 1.3471 )

~ units=mi

New linecode.mtx604 nphases=2 BaseFreq=60

~ rmatrix = (1.3238 | 0.2066 1.3294 )

~ xmatrix = (1.3569 | 0.4591 1.3471 )

~ units=mi

New linecode.mtx605 nphases=1 BaseFreq=60

65

~ rmatrix = (1.3292 )

~ xmatrix = (1.3475 )

~ units=mi

!/*********** Original 606 Linecode *********************

!You have to use this to match Kersting's results:

New linecode.mtx606 nphases=3 BaseFreq=60

~ rmatrix = (0.7982 | 0.3192 0.7891 | 0.2849 0.3192 0.7982 )

~ xmatrix = (0.4463 | 0.0328 0.4041 | -0.0143 0.0328 0.4463 )

~ Cmatrix = [257 | 0 257 | 0 0 257] ! <--- This is too low by 1.5

~ units=mi

!Corrected mtx606 Feb 3 2016 by RDugan

!The new LineCode.606 is computed using the following CN cable definition and

!LineGeometry definition:

!New CNDATA.250_1/3 k=13 DiaStrand=0.064 Rstrand=2.816666667 epsR=2.3

!~ InsLayer=0.220 DiaIns=1.06 DiaCable=1.16 Rac=0.076705 GMRac=0.20568

diam=0.573

!~ Runits=kftRadunits=in GMRunits=in

!New LineGeometry.606 nconds=3 nphases=3 units=ft

!~ cond=1 cncable=250_1/3 x=-0.5 h= -4

!~ cond=2 cncable=250_1/3 x=0 h= -4

!~ cond=3 cncable=250_1/3 x=0.5 h= -4

!****End Comment******/

New Linecode.mtx606 nphases=3 Units=mi

~ Rmatrix=[0.791721 |0.318476 0.781649 |0.28345 0.318476 0.791721 ]

~ Xmatrix=[0.438352 |0.0276838 0.396697 |-0.0184204 0.0276838 0.438352 ]

66

~ Cmatrix=[383.948 |0 383.948 |0 0 383.948 ]

New linecode.mtx607 nphases=1 BaseFreq=60

~ rmatrix = (1.3425 )

~ xmatrix = (0.5124 )

~ cmatrix = [236]

~ units=mi

// Comando utilizado para implementar o comportamento da carga do CT/UFRJ

// Os valores estão em pu de uma base de 5576,03kW

New LoadShape.Semananpts=24 interval=1

~ mult=(0.25 0.25 0.25 0.247 0.246 0.247 0.267 0.43 0.584 0.762 0.89 0.962 0.97 0.972

1 0.979 0.9 0.56 0.46 0.369 0.339 0.30 0.275 0.26)

// Curvas que definem o processo V2G dos dois modelos de VEs

New LoadShape.VEBnpts=24 interval=1

~ mult=(0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0.33 0.33 0.33 0.33 0.33 0 0 0 0 0 0 0 0 0)

New LoadShape.VHEPnpts=24 interval=1

~ mult=(0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5 0 0 0 0 0 0 0 0 0)

!LOAD DEFINITIONS

New Load.671 Bus1=671.1.2.3 Phases=3 Conn=Delta Model=1 kV=4.16 kW=16000

kvar=660 daily=semana

New Load.634a Bus1=634.1 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=0.277 kW=160

kvar=110 daily=semana

New Load.634b Bus1=634.2 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=0.277 kW=120

kvar=90 daily=semana

New Load.634c Bus1=634.3 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=0.277 kW=120

kvar=90 daily=semana

New Load.645 Bus1=645.2 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=2.4 kW=170

kvar=125 daily=semana

New Load.646 Bus1=646.2.3 Phases=1 Conn=Delta Model=2 kV=4.16 kW=230

kvar=132 daily=semana

67

New Load.692 Bus1=692.3.1 Phases=1 Conn=Delta Model=5 kV=4.16 kW=170

kvar=151 daily=semana

New Load.675a Bus1=675.1 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=2.4 kW=485

kvar=190 daily=semana

New Load.675b Bus1=675.2 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=2.4 kW=68

kvar=60 daily=semana

New Load.675c Bus1=675.3 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=2.4 kW=290

kvar=212 daily=semana

New Load.611 Bus1=611.3 Phases=1 Conn=Wye Model=5 kV=2.4 kW=170

kvar=80 daily=semana

New Load.652 Bus1=652.1 Phases=1 Conn=Wye Model=2 kV=2.4 kW=128

kvar=86 daily=semana

New Load.670a Bus1=670.1 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=2.4 kW=17

kvar=10 daily=semana

New Load.670b Bus1=670.2 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=2.4 kW=66

kvar=38 daily=semana

New Load.670c Bus1=670.3 Phases=1 Conn=Wye Model=1 kV=2.4 kW=117

kvar=68 daily=semana

!CAPACITOR DEFINITIONS

New Capacitor.Cap1 Bus1=675 phases=3 kVAR=600 kV=4.16

New Capacitor.Cap2 Bus1=611.3 phases=1 kVAR=100 kV=2.4

// Os VEs foram conectados no Barramento 670

// As curvas de tensão de fase foram obtidas do Barramento 670

!Bus 670 is the concentrated point load of the distributed load on line 632 to 671 located

at 1/3 the distance from node 632

68

//Parâmetros da Linha

!LINE DEFINITIONS

New Line.650632 Phases=3 Bus1=RG60.1.2.3 Bus2=632.1.2.3 LineCode=mtx601

Length=2000 units=ft

New Line.632670 Phases=3 Bus1=632.1.2.3 Bus2=670.1.2.3 LineCode=mtx601

Length=667 units=ft

New Line.670671 Phases=3 Bus1=670.1.2.3 Bus2=671.1.2.3 LineCode=mtx601

Length=1333 units=ft

New Line.671680 Phases=3 Bus1=671.1.2.3 Bus2=680.1.2.3 LineCode=mtx601

Length=1000 units=ft

New Line.632633 Phases=3 Bus1=632.1.2.3 Bus2=633.1.2.3 LineCode=mtx602

Length=500 units=ft

New Line.632645 Phases=2 Bus1=632.3.2 Bus2=645.3.2 LineCode=mtx603

Length=500 units=ft

New Line.645646 Phases=2 Bus1=645.3.2 Bus2=646.3.2 LineCode=mtx603

Length=300 units=ft

New Line.692675 Phases=3 Bus1=692.1.2.3 Bus2=675.1.2.3 LineCode=mtx606

Length=500 units=ft

New Line.671684 Phases=2 Bus1=671.1.3 Bus2=684.1.3 LineCode=mtx604

Length=300 units=ft

New Line.684611 Phases=1 Bus1=684.3 Bus2=611.3 LineCode=mtx605

Length=300 units=ft

New Line.684652 Phases=1 Bus1=684.1 Bus2=652.1 LineCode=mtx607

Length=800 units=ft

//Parâmetros dos VEs, eles foram modelados no software como um sistema de

armazenamento de energia

New Storage.BatteryVeb phases=3 Bus1=670 kV=4.16 kwrated=720 kwhrated=4800

dispmode=follow daily=VEB

New Storage.BatteryVhep phases=3 Bus1=670 kV=4.16 kwrated=480 kwhrated=2400

dispmode=follow daily=VHEP

69

//Monitores utilizados para gerarem os gráficos de potência e tensão

New monitor.load_voltage element=Load.671 terminal=1 mode=0

New monitor.line_power element=Line.650632 terminal=1 mode=1 ppolar=no

New Line.671692 Phases=3 Bus1=671 Bus2=692 Switch=y r1=1e-4 r0=1e-4

x1=0.000 x0=0.000 c1=0.000 c0=0.000

//Modo para simulação diária

Set mode=daily

Set stepsize=1h

Set number=24

Solve