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E.S.U. Estudo Sistematizado da Umbanda 2014

E.S.U. Estudo Sistematizado da Umbanda · PDF fileSUMÁRIO MODULO I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA UMBANDA Rot. 1 – Origem da Umbanda 2 – Origens da Umbanda no Brasil 3 – Pontos

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E.S.U.

Estudo Sistematizado da Umbanda

2014

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Programa Básico

SARAVÁ A QUEM CHEGA

Hoje quero compartilhar com você, amigo e irmão de muitas lutas,

que adentra a nossa tenda em busca do lenitivo que diminua sua dor, da

palavra amiga do Preto Velho que lhe ajude a superar momentos de crise

ou que preencha o vazio que carregas no peito.

Talvez esta seja a ultima porta, após tantas outras tentativas de

encontrar a paz e o sentido da vida. Seu coração oscila entre esperança e

temores. Afinal, são tantas as andanças e frustrações, inúmeras as

desilusões... Mas, que bom que resolveste entrar. Não existe caminho

fácil, entretanto caminhando juntos aprenderemos a solidariedade

ensejando em nós o despertar do amor.

A Umbanda é uma religião lindíssima, e de grande fundamento,

baseada no culto aos Orixás, nossos templos são espaços fraternos de

vivencia do evangelho de Jesus, uma espécie de oficina do bem, onde se

busca, em conjunto, aprender e exercitar esse tão decantado amor ao

próximo. Então, por favor, não nos idealize. Não espere uma bondade e

elevação que ainda não possuímos.

Na Umbanda professamos uma fé raciocinada que facilita a

compreensão dos porquês da existência, assim aumenta a nossa

responsabilidade proporcionando uma mudança de atitude para melhor

diante dos desafios da vida. Nossa Umbanda almeja demonstrar a justiça

das leis cósmicas, onde a semeadura sendo livre a colheita é obrigatória no

terreno do espírito, que deve ser arduamente arado para o embelezamento

do jardim da vida imortal. O ciclo das reencarnações entre o plano físico e

o astral é abençoado educandário das consciências, em que a Umbanda

conforta e instrui com sua simplicidade e sabedoria milenar; e traz as curas

e o alento através da magia dos Orixás. Porem, não nos enganamos, nem

queremos lhe enganar a respeito de quem somos. Somos exatamente como

você. Sentimos as mesmas dificuldades afetivas, emocionais, sexuais,

espirituais e tantas outras, inerentes a nossa condição humana de seres em

evolução. Por isso amigo irmão, ao entrar por aquela porta, não espere

encontrar pessoas infalíveis investidas de superioridade e poderes mágicos,

encontrarás apenas pessoas comuns, com muitas certezas e convicções sim,

mas também com crises e inseguranças, tais como as suas.

Trabalhamos em regime de cooperação fraterna e voluntaria,

conforme as aptidões e disponibilidades de cada um, em beneficio de todos

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os que aqui chegam. Somos todos aprendizes na arte de servir, gente que se

sente feliz em contribuir para a felicidade alheia. Encontraremos nos Pretos

Velhos a humildade e a sabedoria, sempre prontos para acolher, ouvir e

amparar aqueles que lhes procuram. Não suponha porem que estejamos

isentos de provas e problemas, assim como você, lutamos e sofremos.

Assim como você não vivemos alheio às dificuldades do mundo, porem

optamos pela a ação no bem como forma de contribuir na construção de

uma sociedade melhor e mais justa, assim encontramos respostas e

coragem necessárias para enfrentar nossas próprias batalhas na arena da

vida.

Se dentro da Umbanda conseguimos nos religar com Deus,

conseguimos tirar o véu que cobre nossa ignorância da presença de Deus

em nosso íntimo, então podemos chamar nossa fé de Religião. Como mais

uma das formas de sentir Deus em nossa vida, a Umbanda cumpre a função

religiosa se nos levar à reflexão sobre nossos atos, sobre a urgência de

reformularmos nosso comportamento aproximando-o da prática do Amor

de Deus.

Mas a Umbanda Sagrada é uma religião de tamanha grandeza e tão

cristalina que quando bem estruturada, dentro de seu propósito, tendo em

seu alicerce a Espiritualidade Maior que nos orienta e nos conduz e a

proteção de nosso Pai Olorum, nos dedicamos com muito amor, formamos

um exército forte e guerreiro em direção a Luz.

Sabemos que nossa trajetória aqui na terra é muito passageira por

tanto, muito temos que fazer em um todo, alem de muito estudo

doutrinário, tem de expressar na conduta, no respeito aos princípios e a sua

colocação em prática, requer moral, disciplina doutrinaria e individual,

partilharmos conhecimentos verdadeiros, formando assim um conjunto de

aprendizado e irmandade, pois somos irmãos e uma grande família.

Nossa Umbanda é reflexo do Universo, onde bilhões de aglomerados

gravitam numa espiral de diversidades rumo ao Criador. Ela trás a beleza e

a simplicidade das misturas étnicas e sociais, Na verdade a Umbanda é bela

exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros, por isso é uma

religião totalmente brasileira.

O amigo que busca esta escola, estranha as formas diferentes de

manifestações, se espanta com a ritualística as vezes exagerada, e julga

apressadamente sua diversidade. Entretanto, por trás da realidade que se

expressa no universo de vossos sentidos, há uma unidade subjacente que

vos tange qual iceberg submerso no oceano cósmico, incentivando vossas

potencialidades divinas ainda latentes. O conjunto da vida e das formas não

passa de pequenas expressões de uma realidade maior, que não está ligada

diretamente com nenhuma das religiões, filosofias ou doutrinas da Terra,

mas em todas ao mesmo tempo, pela fragmentação transitória desse Todo.

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Irmão que agora chega, seja sempre bem vindo e acredite que mais

importante que identificar diferenças em nossos cultos, é identificar o elo

que nos uni. Tal elo é a caridade! Não importa se o atabaque toca, ou se o

ritmo é de palmas, nem mesmo se não há som. Importante mesmo é o amor

com que nos entregamos a nossa Religião.

Rogamos a Oxalá que, embora nada haja de novo ou que se

acrescente aos compêndios disponíveis, os conhecimentos contidos nesta

humilde apostila, não vos aumentem o distanciamento intelectual e o

desdém que muitos eruditos das coisas espiritualistas alimentam pelas

massas ignorantes.Que o Cristo interno desperte em vós, superando os

automatismos da alma milenar em prol da união, do altruísmo e da

fraternidade, que estão acima de todas as nossas diferenças, e reforçam a

igualdade do sentimento amoroso sem preocupação de credo, raça, cor,sexo

ou condição econômica,tão comum em vossa sociedade e no inconsciente

coletivo.

Conhecedor que sou das grandes imperfeições que possuo, fico

imensamente feliz ao vê-lo chegar. Obrigado por partilhar conosco esta

caminhada...

Caminhemos juntos!

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SUMÁRIO

MODULO I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA UMBANDA

Rot. 1 – Origem da Umbanda

2 – Origens da Umbanda no Brasil

3 – Pontos principais da Umbanda

4 – Diversidades nos cultos

5 – Fundamentos: Africano, indígena, Europeu,

Oriental.

6 – Diferenças Metodológicas, Ritualísticas e Culturais.

Espiritismo, Umbanda, Candomblé.

7 – Objetivo da Umbanda no contexto religioso.

MODULO II – DEUS

Rot. 1 – Existência de Deus

2 – Provas da existência de Deus

3 – Atributos da divindade

4 – Deus e deuses nas crenças mitológicas

5 – A Providência divina

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MODULO III – UNIVERSO

ROT. 1 – Fluido Cósmico

2 – Elementos gerais do universo: Espírito e Matéria

3 – Formação dos mundos e dos seres vivos

4 – Os reinos da natureza: mineral, vegetal, animal e

Hominal.

5 – Os sete reinos na umbanda

6 – Diferentes categorias de mundos habitados

7 – Encarnação nos diferentes mundos

8 – A terra: mundo de provas e expiações

MODULO IV – O ESPÍRITO

ROT. 1 – Origem e natureza do Espírito

2 – Provas da existência e da sobrevivência do Espírito

3 – Perispírito: conceito

4 – Progressão dos Espíritos

5 – Orixás

MODULO V – COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS

ROT. 1 – Influência dos espíritos em nossos pensamentos e atos.

ROT. 2 – Mediunidade e médiuns.

3 – Médium umbandista

4 – Mediunidade com JESUS

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MODULO VI – ENTIDADES ESPIRITUAIS NA UMBANDA

ROT. 1 – Pais de terreiro e Preto Velho

2 – Índios, caboclos, crianças.

3 – Exus

MODULO VII – FONTES ENERGETICAS NA UMBANDA

ROT. 1 – Sons e mantras

2 – Grafia e cor

3 – Conga, guias, imagens, o cruzeiro, a tronqueira,

O rosário, a pemba, velas, cristais de sal, fumo,

Álcool, ervas, azeite, pólvora, carvão mineral.

4 – O passe: energização, banhos e defumações.

MODULO VIII – ASPECTOS DA RITUALISTICA UMBANDISTA

ROT. 1 – Diversidade nos rituais

2 – Hierarquia

3 – Uniformes e guias

4 – As giras: conceito, objetivo, modalidades.

5 – Vestuários das entidades

6 – Oferendas: definição, natureza e objetivo.

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MODULO IX – VIDA E SAUDE

ROT. 1 – Cuidar do corpo e do Espírito

2 – Vida social

3 – Livre arbítrio

4 – O equilíbrio da vida

5 – Provas e expiações

6 – Lei de justiça e amor

7 – Magia de redenção: pensamento e vontade

8 – Vigia e ora

MODULO X – LEI DIVINA OU NATURAL E LEI DE ADORAÇÃO

ROT. 1 – Lei natural: definição e caracteres

2 – O bem e o mal

3 – Adoração: significado e objetivo

4 – A prece: importância, eficácia e ação.

5 – Evangelho no lar

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PROGRAMA BÁSICO

______________________________________

M Ó D U L O I

Introdução ao Estudo da Umbanda OBJETIVO GERAL

Propiciar conhecimentos gerais sobre a

Umbanda

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PROGRAMA BÁSICO MÓDULO I – Introdução ao Estudo da Umbanda

ROTEIRO 1 A ORIGEM DA UMBANDA

Objetivo Específico Entender que a origem do vocábulo Umbanda tem sua etimologia nos mantras AUM BANDHÃ ambos do Sânscrito, que representa a “Lei Maior Divina” regida pelo ritmo septenário e que abrange em sua formação a Ciência, Filosofia, Religião e as Artes. Identificar a ocasião do seu surgimento, quando da sua vinda através das migrações planetárias nos grandes expurgos siderais.

Conteúdo Básico .

■ Aum-Bandhã em essência são dois mantras de altíssima

potencialidade, cuja ação é a transformação dos elementos que compõe o universo. Os iniciados orientais imprimem sua vontade dinamizada pela força espiritual nesses mantras e os transformam em detonadores psíquicos para lhes proporcionar maior amplitude na auscultação dos atributos da Divindade. Assim a palavra Aum-Bandhã era pronunciada insistentemente pelos iniciados durante suas meditações, predispondo seu espírito a uma modificação vibratória conduzindo-o a Deus.

■ Esses conhecimentos, apesar do véu que os mantinha ocultos,

espalharam-se pelos Continentes, Europeu, Asiático e Africano, e no intercambio cultural destes povos o vocábulo AUM penetrou nas florestas africanas anexando-se a um termo radical de origem Banto, “mbanda” que não passa de uma corruptela do nome Umbanda de procedência linguística Sânscrita.

■ Diante de tudo que a história nos mostra, concluímos que as praticas, ritos, dogmas da atual Umbanda, não representam o espírito intrínseco ou iniciático do vocábulo AUM-BANDHÃ, no simbolismo de representar o aspecto trinário do Universo . Assim sendo todo movimento mediúnico doutrinário e a relação com os pretos velhos, índios , caboclos e etc., bem como toda sua ritualística nos terreiros de todo Brasil é totalmente derivada e fundamentada no culto religioso da raça negra proveniente da velha África.

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■ “ Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e de amor...”

“... todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal...”

“... Instalaremos aqui uma tenda de trabalho para a nação...”

“Aproveitaremos o elemento simples de bondade, o coração fraternal dos habitantes destas terras novas, e, mais tarde, ordenarei a reencarnação de muitos Espíritos já purificados no sentimento da humildade e da mansidão, entre as raças oprimidas e sofredoras das regiões africanas, para formarmos o pedestal de solidariedade do povo fraterno que aqui florescerá, no futuro, a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos gloriosos do porvir.”

■ Esses milhões de ádvenas para aqui transferidos, em época impossível de ser agora determinada, eram detentores de conhecimentos mais amplos e de entendimentos mais dilatados, em relação aos habitantes da Terra, e foram o elemento novo que arrastou a humanidade animalizada daqueles tempos para novos campos de atividade construtiva, para a prática da vida social e, sobretudo, deu-lhe as primeiras noções de espiritualidade e do conhecimento de uma divindade criadora.

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Subsídios ORIGEM DA UMBANDA

Ao iniciarmos o estudo da Umbanda devemos ter em mente que a

forma de sua manifestação no Brasil difere e muito do seu conjunto

inicial citada nos escritos de civilizações passadas. A Umbanda praticada

no Brasil carece de uma teologia doutrinaria que aproxime os seus adeptos

de uma unidade funcional calcada na essência primordial do Amor,fazendo

uma ponte de seus ritos com a filosofia e ciência, resgatando na existência

humana a ligação com seu Criador.

Sabemos que o vocábulo trinário UMBANDA em sua vibração original

sinaliza a própria “LEI MAIOR DIVINA” que regida pelo ritmo septenário

reúne em seus compêndios Filosofia, Ciência, Religião e a Existência

humana pela atividade da magia, leis atuantes e reguladoras em todas as

latitudes do Universo. Conhecida desde os Vedas e incrustada nas diversas

escolas iniciáticas do passado, sua síntese vibratória e Divina abrange o

conjunto de Leis que disciplinam o intercambio do Espírito e a Forma

definindo as dimensões astrais em seus diversos reinos.

Etimologicamente, o vocábulo Umbanda provem do prefixo AUM e do

sufixo BANDHÃ ambos do sânscrito, cuja raiz encontra-se nos famosos

livros da Índia, nos Upanishads e nos Vedas, há vários milênios .

A palavra AUM é de alta significação espiritual , consagrada pelos

mestres do Oriente, sua frequência sonora propaga-se pelo Universo

conforme o impulso mental que o emite. Os monges Tibetanos e as próprias

confrarias iniciáticas dos Franciscanos, só a pronunciavam com excessiva

reverencia e veneração, dando-lhe o máximo de entonação mística em suas

orações. O AUM é o símbolo trino do Universo, representando o Espírito,

Energia e Matéria. BANDHÃ é a força ativa do Criador, o despertar da

consciência angélica, Lei Divina emanada do absoluto.

Aum-Bandhã em essência são dois mantras de altíssima

potencialidade, cuja ação é a transformação dos elementos que compõe o

universo. Os iniciados orientais imprimem sua vontade dinamizada pela

força espiritual nesse mantras e os transformam em detonadores psíquicos

para lhes proporcionar maior amplitude na auscultação dos atributos da

Divindade. Assim a palavra Aum-Bandhã era pronunciada insistentemente

pelos iniciados durante suas meditações, predispondo seu espírito a uma

modificação vibratória conduzindo-o a Deus.

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Diversas foram as raças que habitaram nosso planeta, positivamente

oriundas de outros orbes aqui se instalaram e durante milênios

peregrinaram sobre a terra fundando reinos criando crenças , formando as

civilizações que se perderam no tempo.Hoje a Arqueologia, a Geologia,

a Paleontologia removem a terra em busca destas civilizações,

traçando a linha de tempo de nossos ancestrais e resgatando a nossa

identidade perdida nas ruínas do passado.

A herança desses habitantes preenche todas as escolas do

conhecimento humano, seja nos utensílios, nas invenções , nas ciências

exatas ou deixadas nos escritos e nas artes a inteligência avançada

desses habitantes abalam as teses de muitos doutores do assunto.

Mas é na questão religiosa que mais se intensificam essas heranças. A

nossa crença, nossa adoração remontam essas civilizações e

para entender hoje a umbanda é preciso viajar ao passado e beber na

fonte desses iniciados que sorveram seus conhecimentos a base de

muita renuncia e difíceis testes de coragem e desprendimento. A

disciplina, a obediência, a devoção formavam as bases rígidas dessas

crenças e poucos chegavam ao grau de sacerdotes.

Os sacerdotes eram os zeladores dos conhecimentos, toda pratica

religiosa e cientifica estava velada ao sacerdote. Toda liturgia, todo saber

mágico ficava trancado nos templos e só os iniciados tinham acesso e

assim mesmo limitado ao seu grau de elevação dentro da ordem que se

vinculavam. Os grandes Magos dessas confrarias, formavam seus discípulo

em regime de rígida disciplina aonde poucos chegavam a uma consagração

intermediaria. Após identificarem os dons mediúnicos de seus iniciados,

ainda na infância, tomavam a guarda deste, onde passariam a morar no

templo, ali estudavam todas as ciências, passavam por diversos graus

e testes onde somente os melhores chegavam a realizar seus

juramentos sagrados . Estudavam todas as ciências, humanas e exatas,

alem das de metafísica e astrologia. Naquela ocasião não havia

diversificação na ciência, tudo estava ligado, todas juntas formavam a

sabedoria mágica do sacerdote. Estudavam o corpo humano, apesar de

considerarem sagrados, dessecavam cadáveres e animais para lhes

identificar os órgãos e diagnosticar as doenças da época, analisavam o

comportamento dos homens e sua variação de humor, assim avaliavam

as de caráter fisiológicos e as mentais como também as perturbações

espirituais. Praticavam a meditação, a yoga e treinavam a projeção

astral, treinavam as variadas potencias anímicas e mediúnicas.

Estudavam os astros e sua influencias nos fenômenos climáticos, nas

plantações, nas águas. Sabiam da existência do magnetismo, das

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correntes magnéticas em torno do planeta e dos seres. Manipulavam os

elementos naturais. Alem de todo conhecimento estudado, exercitavam a

disciplina e a vontade como forma de controle em todos os fenômenos da

natureza.

Esses conhecimentos, apesar do véu que os mantinha ocultos,

espalharam-se pelos Continentes, Europeu, Asiático e Africano, e no

intercambio cultural destes povos o vocábulo AUM penetrou nas florestas

africanas anexando-se a um termo radical de origem Banto, “mbanda”

que não passa de uma corruptela do nome Umbanda de procedência

linguística Sânscrita.

Em consequência, por um fenômeno de generalização, mais tarde

fundiram-se numa só qualificação, tanto o poder incondicional do sacerdote

negro sobre os elementos da natureza, como as ritualísticas dos templos

iniciáticos das escolas Hindus e Egípcios, formando a Umbanda. Esse termo

mbanda já existia dominante nos cultos africanos e foi posteriormente

adjudicado o prefixo Aum ou Om e que apesar da deturpação na essência

semântica da palavra AUM-BANDHÃ , os negros Bantos, Angolenses e

nagôs familiarizados com o termo mbanda , praticavam suas atividades

mediúnicas , usando seus conhecimentos de feitiçaria e curandeirismo

enfeixavam seu culto na mesma sonância vocabular da palavra Umbanda .

Para os negros africanos, praticar a Umbanda era dançar ao som

da macumba, curar com ervas, consultar o futuro da tribo, usar a magia

através dos elementos da natureza, evocar os mortos, comungar com os

espíritos da floresta, invoca-los para proteção nas guerras, preparar

objetos, animais e metais com sacrifícios sangrentos, invocar os deuses de

sua tribo representado pelos seus Orixás fixando assim sua relação com o

mundo oculto.

Embora tendo uma ritualística aproximada, a verdade é que

entre os africanos a sonância do vocábulo “ombanda” nada tinha de

iniciática ou significação cósmica, abrangia somente as praticas

mediúnicas, o intercambio ritualístico com espíritos primários, elementais

da natureza e suas lendas, crenças e sortilégios de culto aos mortos.

Diante de tudo que a história nos mostra, concluímos que as

praticas, ritos, dogmas da atual Umbanda, não representam o espírito

intrínseco ou iniciático do vocábulo AUM-BANDHÃ, no simbolismo de

representar o aspecto trinário do Universo. Assim sendo todo movimento

mediúnico doutrinário e a relação com os pretos velhos, índios, caboclos e

etc., bem como toda sua ritualística nos terreiros de todo Brasil é

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totalmente derivada e fundamentada no culto religioso da raça negra

proveniente da velha África.

Da criação do Universo, as coisas mais elementares da vida, permeia o

pensamento criador de Deus, que presente em tudo, direciona a nossa

evolução. Na elaboração dos mundos perdidos nos bilhões de bilhões de

anos, movimenta seu pensamento aos engenheiros siderais que são os

executores de sua vontade, deliberando através do Fluido Cósmico a

criação de moradas a todos os seus filhos.

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os

fenômenos do nosso sistema existe uma Comunidade de Espíritos Puros e

Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as

rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa

Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos

membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas

proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da

organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos

milênios conhecidos.A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se

desprendia da nebulosa solar, afim de que se lançassem, no Tempo e no

Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida

na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda

do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do

seu Evangelho de amor e redenção.

Há mais ou menos 5 bilhões de anos desprendia-se um fragmento

rochoso do Sol, estrela que alberga a Hierarquia Crística ou Engenheiros

Galácticos, e , obedecendo as leis imutáveis da Mecânica Celeste, iniciou

naquele instante sua peregrinação na galáxia que lhe serve de suporte.

Esse corpo rochoso de nome terra seria preparada para albergar grandes

migrações de Espíritos oriundos de Planetas mais velhos e evoluídos,

como também presidir o progresso de sua própria humanidade.

Tal fragmento solar era uma pira em movimento, um bólido ígneo

que gravitava a determinada distancia, dependendo inclusive sua massa

do próprio Sol.

Através de longos períodos de tempo, devido a vários processos

climáticos os elementos foram se acomodando e a alternância de

temperaturas favoreceu a formação de uma atmosfera propicia ao advento

da vida orgânica. Naturalmente sua temperatura extremamente quente

saturava-se de elementos que deveriam retornar à superfície plena de forças

propulsoras imantadas pelo poder vibratório dos prepostos do Cristo.

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Nesse imenso Laboratório de matérias ignescentes, o conflito das

forças telúricas e das energias físico químicas opera as grandiosas

construções do teatro da vida, no imenso cadinho onde a temperatura se

eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matéria colocada num

forno, incandescente, estivesse sendo submetidos aos mais diversos

ensaios, para examinar se a sua qualidade e possibilidades na edificação da

nova escola dos seres. As descargas elétricas, em proporções jamais vistas

da Humanidade, despertam estranhas comoções no grande organismo

planetário, cuja formação se processa nas oficinas do Infinito.

Nesses fenômenos cósmicos que presidiram a gênese e formação do

nosso planeta, acharam por bem os Seres Espirituais Superiores promover a

formação de um satélite pra equilibrar toda a massa da terra em seu

movimento de translação em torno do Sol, trazendo e conferindo estabilidade

vibratória ao planeta, a essa altura já quase formado.

Após breve período de serenidade, o planeta chamado Terra aguardava

novas diretrizes do Comando Sideral. E assim sob a direção do próprio Cristo

os Engenheiros e Arquitetos do reino Angelical iniciaram os projetos básicos

onde se desenvolveria a vida. Edificaram o mundo celular, sendo essas

precursoras das formas organizadas e inteligentes que viriam a se

consubstanciar no futuro como vida complexa propriamente dita ate chegar

na idealização e realização mais trabalhosa das Formas-Vida.

O HOMEM.

Os trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudam a

combinação das substâncias, na retorta de acuradas observações,

analisavam, igualmente, a combinação prodigiosa dos complexos celulares,

cuja formação eles próprios haviam delineado, executando, com as suas

experiências, uma justa aferição de valores, prevendo todas as

possibilidades e necessidades do porvir.

Todas as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificuldades e

realizaram-se novas conquistas. A máquina celular foi aperfeiçoada, no

limite do possível, em face das leis físicas do globo. Os tipos adequados

à Terra foram consumados em todos os reinos da Natureza, eliminando-se

os frutos teratológicos e estranhos, do laboratório de suas

perseverantes experiências.

A prova da intervenção das forças espirituais, nesse vasto campo de

operações, é que, enquanto o escorpião, gêmeo dos crustáceos marinhos,

conserva até hoje, de modo geral, a forma primitiva, os animais monstruosos

das épocas remotas, que lhe foram posteriores, desapareceram para

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sempre da fauna terrestre, guardando os museus do mundo as

interessantes reminiscências de suas formas atormentadas.

O reino animal experimenta as mais estranhas transições no período

terciário, sob as influências do meio e em face dos imperativos da lei de

seleção.

Mas, o nosso raciocínio ansioso procura os legítimos antepassados das

criaturas humanas, nessa imensa vastidão do proscênio da evolução

anímica.

Onde está Adão com a sua queda do paraíso ? Debalde nossos

olhos procuram, aflitos, essas figuras legendárias, com o propósito de

localizá-las no Espaço e no tempo.

Compreendemos, afinal, que Adão e Eva constituem uma lembrança dos

Espíritos degredados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel são

dois símbolos para a personalidade das criaturas.

Examinada, porém, a questão nos seus prismas reais, vamos encontrar

os primeiros antepassados do homem sofrendo os processos de

aperfeiçoamento da Natureza. No período terciário a que nos reportamos,

sob a orientação das esferas espirituais notavam–se algumas raças de

antropoides, no Plioceno inferior. Esses antropoides, antepassados do

homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no mundo,

tiveram a sua evolução em pontos convergentes e daí os parentescos

sorológicos entre o organismo do homem moderno e o do chimpanzé da

atualidade. Reportando-nos, todavia, aos eminentes naturalistas dos últimos

tempos, que examinaram meticulosamente os transcendentes assuntos do

evolucionismo, somos compelidos a esclarecer que não houve propriamente

uma “descida da árvore”, no início da evolução humana. As forças espirituais

que dirigem os fenômenos terrestres, sob a orientação do Cristo,

estabeleceram, na época da grande maleabilidade dos elementos materiais,

uma linhagem definitiva para todas as espécies, dentro das quais o princípio

espiritual encontraria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a

racionalidade. Os peixes, os répteis, os mamíferos, tiveram suas linhagens

fixas de desenvolvimento e o homem não escaparia a essa regra geral.

Os antropoides das cavernas espalharam-se, então, aos grupos, pela

superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências

do meio e formando os pródromos das raças futuras em seus tipos

diversificados; a realidade, porém, é que as entidades espirituais auxiliaram

o homem do sílex, imprimindo-lhe novas expressões biológicas.

Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do

invisível. As pesquisas recentes da Ciência sobre o tipo de Neandertal,

reconhecendo nele uma espécie de homem bestializado, e outras

descobertas interessantes da Paleontologia, quanto ao homem fóssil, são um

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atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de

Jesus, até fixarem no primata os característicos aproximados do homem

futuro. Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a

fronte dessas criaturas de braços alongados e de pelos densos, até que um

dia as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo

perispiritual preexistente, dos homens primitivos, nas regiões siderais e em

certos intervalos de suas reencarnações. Surgem os primeiros selvagens de

compleição melhorada, tendendo à elegância dos tempos do porvir. Uma

transformação visceral verificara-se na estrutura dos antepassados das

raças humanas. Como poderia operar-se semelhante transição? Perguntará o

vosso critério científico. Muito naturalmente. Também as crianças têm os

defeitos da infância corrigidos pelos pais, que as preparam em face da vida,

sem que, na maioridade, elas se lembrem disso.

Devido à complexidade deste assunto, e não ser o objetivo da

apostila, deixamos de lado as intrincadas fases da evolução do principio

espiritual nos diversos reinos da natureza, para nos ater no Espírito Imortal,

já consciente , que após sair das mãos do Criador simples e ignorante vive a

roda das reencarnações sucessivas em marcha ascensional ate chegar a

categoria dos Espíritos puros não necessitando mais de reencarnar salvo em

casos de missões excepcionais. Neste roteiro evolutivo, os planetas onde

os Espíritos são chamados a reencarnar também evoluem mudando sua

categoria numa escala sempre ascendente. Didaticamente Alan Kardec, no

Evangelho segundo o Espiritismo definiu essa escala da seguinte maneira:

Mundos Primitivos, Provas e expiação, Regeneração, Felizes ou Ditosos,

Celestes ou Divinos. O progresso é uma das leis da Natureza; todos os seres

da Criação, animados e inanimados, a ele estão submetidos pela bondade de

Deus que quer que tudo se engrandeça e prospere. Ao mesmo tempo em que

todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os

mundos em que eles habitam.

Marcha assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais,

seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a

Natureza permanece estacionário.

A evolução dos espíritos em seus orbes, obedece a duas fases, uma

moral outra intelectual, a medida que as sociedades espirituais avançam em

sabedoria e tecnologia devem também modificar-se interiormente, tornando-

se mais éticos, mais puros em sentimentos e hábitos. Notadamente as

dificuldades de aliar essas duas fases é muito grande e infelizmente uma

esmagadora maioria não tem êxito. Não obstante a intensiva ajuda dos

Espíritos Superiores e vários apelos pela mudança de comportamento e

ajustes no mundo intimo. O ser consumido pelo egoísmo e o orgulho

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despreza as oportunidades chafurdando-se cada vez mais nos charcos

pestilências olvidando as sabias advertências de seus tutores.

No ápice dessas transições, onde os mundos adentram outra

categoria mais avançada, acontece uma seleção natural, aqueles que são

pedra de tropeço a evolução de seus irmãos, aqueles que sintonizam com as

energias degradantes do astral inferior dando vazão a todo tipo de torpezas,

esses são excluídos e remanejados a outros mundos de acordo com sua

condição moral. Essa seleção nada tem a ver com castigos ou parcialidades,

não; são ajustes necessários para que as comunidades que já se definiram

para o bem possam usufruir de influencias melhores e gozem de uma paz

mais duradoura.

O planeta terra, tendo sua humanidade experimentado suas primeiras

encarnações como Espíritos individualizados, habitando em corpos

primitivos tinha um progresso muito lento, foi necessário que os Emissários

da Luz colocassem em pratica os projetos que já estavam em andamento,

visto que nas dimensões espirituais milhões de espíritos degredados dos

inúmeros orbes do Universo aguardavam ansiosos suas lutas no mundo novo

que os albergaria. Dessa forma a terra foi sendo o novo lar desses exilados

oriundos das diversas casas Planetárias espalhadas nas mais variadas

Galáxias deste vasto Cosmo.

Esses milhões de ádvenas para aqui transferidos, em época

impossível de ser agora determinada, eram detentores de conhecimentos

mais amplos e de entendimentos mais dilatados, em relação aos habitantes

da Terra, e foram o elemento novo que arrastou a humanidade animalizada

daqueles tempos para novos campos de atividade construtiva, para a prática

da vida social e, sobretudo, deu-lhe as primeiras noções de espiritualidade e

do conhecimento de uma divindade criadora.

Mestres, condutores, líderes, que então se tornaram das tribos

humanas primitivas foram eles, os Exilados, que definiram os novos rumos

que a civilização tomou, conquanto sem completo êxito. Diante dos variados

agrupamentos espirituais que para cá vieram um deles ficou registrado em

vários livros espíritas, que por muito contribuir pra nossa evolução, deles

faremos um breve relato.

Logo após a grande transição dos Planetas onde deveria se seguir o

expurgo dos refratários, as grandes comunidades espirituais, diretoras do

Cosmos, deliberam, então, localizar aquelas entidades, que se tornaram

pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua, onde aprenderiam a realizar, na

dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do

coração e impulsionando, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos

inferiores. Então em um dos orbes de Capela, que guarda muitas afinidades

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com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários

ciclos evolutivos. As lutas finais de um longo aperfeiçoamento estavam

delineadas, como ora acontece convosco, relativamente às transições

esperadas no século XX, neste crepúsculo de civilização. Alguns milhões de

Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a

consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e

virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela

humanidade, que fizera jus à concórdia perpétua, para a edificação dos seus

elevados trabalhos.

Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça,

aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sábia e

compassiva, exortou essas almas desventuradas à edificação da

consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no

esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de

luta que se desdobravam na Terra, envolvendo –as no halo bendito da sua

misericórdia e da sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas

santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e

prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir.

Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um

mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do

mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam

desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam

no seio das raças ignorantes e primitivas, a lembrarem do paraíso perdido

nos firmamentos distantes. Por muitos séculos não veriam a suave luz da

Capela, mas trabalhariam na terra acariciados por Jesus e confortados na

sua imensa misericórdia.

Assim, sabemos agora que esta humanidade atual foi constituída, em

seus primórdios, por duas categorias de homens, a saber: uma retardada,

que veio evoluindo lentamente, através das formas rudimentares da vida

terrena, pela seleção natural das espécies, ascendendo trabalhosamente da

Inconsciência para o Instinto e deste para a Razão; homens vamos dizer

autóctones, componentes das raças primitivas das quais os "primatas"

foram o tipo anterior mais bem definido; e outra categoria, composta de

seres mais evoluídos e dominantes, que constituíram as levas exiladas da

Capela o belo orbe da constelação do Cocheiro, além dos inumeráveis

sistemas planetários que formam a portentosa, inconcebível e infinita

criação universal.

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Assinalamos aqui que a informação citada pelo Espírito Emmanuel no

livro “A Caminho da Luz” quando se refere aos encontros do Mestre Jesus

com seres Angélicos e Perfeitos, para deliberarem sobre as soluções de

problemas e organização da Terra foram no total de apenas duas, contudo,

retificamos a informação supra baseado na opinião de outros Espíritos, em

outras obras mediúnicas, que informam um numero maior de vezes, como

estamos constatando no decorrer desta apostila. Para que não venhamos a

nos perder quanto a sequencia dessas reuniões faremos novo edito, a saber:

a primeira quando a Terra se desprendia da nebulosa Solar; a segunda quando

o Cristo recepcionou os degradados acolhendo-os na Terra; a terceira, quando

preparava-se a reencarnação do Senhor Jesus no Planeta; a quarta, quando

transplantava-se a arvore do Cristianismo para a pátria do cruzeiro.

Acreditamos que O Mestre Jesus como Governador do Planeta nunca

se distanciou dos problemas pertinentes a nossa humanidade, sempre

presente em todos os eventos tal qual um pai que nunca abandona seus

filhos, assim o que anotamos como visitas ou reuniões d’Ele e de seus

Prepostos não representa se quer 0,001% das inúmeras vezes que aqui

esteve.

. O Cristo Jesus, após sua jornada terrena, reuniu-se com seus

prepostos para avaliarem os resultados de sua obra Messiânica, discutirem o

rumo da Boa Nova plantada na terra as custa da renuncia e dos sacrifícios

por Ele vivenciados. Na ocasião do degredo, Jesus prometeu aos exilados que

estaria com eles no planeta, que nunca os abandonaria e que encarnaria no

futuro para sedimentar as bases do Amor e da Fraternidade, sustentáculos da

evolução e passaporte para retorno aos seus mundos.

As determinações dos Engenheiros e Arquitetos Siderais

avalizadas pelo Cristo Cósmico, não foram entendidas nem aceitas por todos,

um pequeno grupo de rebeldes, acharam que Deus estava punindo e agindo

com desprezo e crueldade, lançando-os em um mundo inferior, forçando-os a

viver no meio de uma raça primitiva e horrenda. Esses exilados de outros

orbes, que, enquistados na rebeldia contra a Lei da Evolução, tornaram-se

líderes das trevas, montaram suas bases nos planos densos da subcrosta

umbralina, renegaram as benesses do Cristo Jesus, cegos pelo egoísmo e

orgulho fundaram um reino de amargura e terror opondo-se sempre contra

todas as Leis de Amor,Justiça e Progresso, auto denominando-se de

AnteCristos. Todos eles eram filhos da revolta, gênios do mal, insubmissos da

própria deidade, sendo pois os “filhos do Dragão”. A Augusta Justiça Divina

com a finalidade de ajusta-los aos ditames da Lei de Progresso limitou suas

zonas de acesso ao Planeta, ficando eles restritos as zonas internas da Terra.

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Muitos deles quando libertos das zonas de condenação e gozando de uma

liberdade relativa e sempre supervisionada pelos Guardiões da Luz, passam

a orbitar à costa terrena aliciando as mentes que se lhes afinam por sintonia

do mal que lhes caracteriza, formando com esse tipo de seres, conluios nos

desejos de ações nefastas, engrossando as fileiras dos revoltos, as falanges

negras do ódio e insubmissão. Assim arrastam centenas de milhares de

espíritos ignorantes e empedernidos no mal aumentando consideravelmente

as hostes dos Dragões.

Via o Senhor Jesus que as investidas dos Senhores das sombras ganhava

adesão em grande parte da terra, tinha noticia das praticas e alianças dos

magos negros com as falanges das trevas, sabia dos pactos e da proliferação

da magia negra exercida pelos sacerdotes do mal.

Nas disputas pelo poder, os Dominadores do mundo pressionados

pela crescente religiosidade dos seguidores do Nazareno, apesar das

perseguições, da truculência dos Imperadores Romanos, que levou ao circo

dos horrores milhares de Cristãos a morte, resolveram após quatro séculos

de luta, oficializar o Cristianismo como Religião do Império. Dessa mistura

de crenças, Judaísmo, Paganismo e o Cristianismo nascia o Catolicismo com

um corpo eclesiástico e uma hierarquia recheada do poder mundano. Erguia-

se um castelo ao Cristo e hasteava-se a bandeira do antecristo. Trocaram o

cajado de Pedro pelo cetro de ouro ostentando o poder, a riqueza e o apego

aos bens terrenos, verdadeiro flagrante ante a mensagem de Jesus de Nazaré.

Foram 1.260 anos de obscuridade, a Igreja Romana era culpada de

semelhantes desvios. Dominando a ferro e fogo, conchegada aos príncipes do

mundo, não tratara de fundar o império espiritual dos corações à sua sombra

acolhedora. Longe da exemplificação do Nazareno, amontoara todos os

tesouros inúteis, intensificando as necessidades das massas sofredoras.

Extorquia, antes de dar, conservando a ignorância em vez de espalhar a luz do

conhecimento. A Santa Madre Igreja, que deveria levar o Amor, a consolação

e a Fraternidade entre os povos, esqueceu as doces palavras de Jesus

quando aqui esteve, tornou-se a mão de ferro contra quem lhe opusesse as

normas.Fez todo tipo de torpezas, perseguições, guerra santas, inquisição,

corrupção e assassinatos. Homens de Ciência, Sábios e ate homens da

própria igreja foram vitimas da súcia que comandava os bastidores da nova

religião. E tudo isso feito em nome Daquele que É a Bondade o Amor e a

Misericórdia infinita.

Todas as aberrações deste negro período chamou a atenção do Cristo

Jesus que sem nunca perder a esperança na mudança deste cenário tão

horripilante, enviava constantemente obreiros dedicados e servos fieis a

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reencarnarem dentro e fora das linhas da Igreja. Debalde as pétalas

luminosas que desceram a terra no seio da igreja,flores luminosas, do Jardim

do próprio Cristo, Espíritos da mais pura bondade, nasceram para aplainar as

estradas abertas pelo Senhor da Vida, perfumar sua mensagem de Amor ,tão

esquecida naqueles dias. Contudo suas palavras, renuncia e exemplos, pouco

foram seguidos. Os lobos devoradores com suas tramas diabólicas burlavam a

mensagem de Jesus,manipulando-as ao seu favor e confundindo o povo cada

vez mais oprimido. Foi exatamente neste cenário que os Emissários da Luz

juntamente com o Cristo Cósmico reuniram-se mais uma vez as portas do

Planeta delineando novos rumos a nossa evolução.

Passam-se os séculos e os milênios!

E os acontecimentos da vida humana esfumam-se como as derradeiras

cenas de um filme cinematográfico. Entretanto, no âmago do Espírito ainda

vibra o eco apagado das carruagens de esplendores, os gemidos dos vencidos

e dos escravos, na esteira dos guerreiros, entre o delírio das multidões

entusiastas e inconstantes!

Passam-se os séculos e os milênios!

Outra vez, a reminiscência da fúria e da insanidade afogueia a alma

impetuosa e rude dos conquistadores. E então, novamente, ginete s velozes,

montados por homens loucos, de faces duras e queimadas pelo sol, estouram

em doida disparada pelos desertos, lanças em riste e flâmulas rubras como

sangue, agitadas no ar e os mantos soltos ao vento como águias esvoaçando

em busca da presa. Os gritos selvagens e de triunfo sonorizam a mortífera

cavalgada, enquanto caem os corpos dos vencidos pagando o tributo de

resistirem à morte!

O texto que segue abaixo é da obra “Brasil Coração do Mundo Pátria do

Evangelho” nela encontraremos a narração de uma dessas visitas de Jesus e

seus Prepostos aqui no Planeta. O inundo político e social do Ocidente

encontra-se exausto.

Desde as pregações de Pedro, o eremita, até a morte do Rei Luís X,

diante de Túnis, acontecimento que colocara um dos derradeiro marco nas

guerras das Cruzadas, as sombras da idade medieval confundiram as lições

do Evangelho, ensanguentando todas as bandeiras do mundo cristão. Foi após

essa época, no último quartel do século XIV, que o Senhor desejou realizar

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uma de suas visitas periódicas à Terra, a fim de observar os progressos de

sua doutrina e de seus exemplos no coração dos homens.

Anjos e Tronos lhe formavam a corte maravilhosa. Dos céus à Terra, foi

colocado outro símbolo da escada infinita de Jacó, formado de flores e de

estrelas cariciosas, por onde o Cordeiro de Deus transpôs as imensas

distâncias, clarificando os caminhos cheios de treva.

Mas, se Jesus vinha do coração luminoso das esferas superiores,

trazendo nos olhos misericordiosos a visão dos seus impérios

resplandecentes e na alma profunda o ritmo harmonioso dos astros, o planeta

terreno lhe apresentava ainda aquelas mesmas veredas escuras, cheias da

lama da impenitência e do orgulho das criaturas humanas, e repletas dos

espinhos da ingratidão e do egoísmo. Embalde seus olhos compassivos

procuraram o ninho doce do seu Evangelho; em vão procurou o Senhor os

remanescentes da obra de um de seus últimos enviados à face do orbe

terrestre. No coração da Úmbria haviam cessado os cânticos de amor e de

fraternidade cristã. De Francisco de Assis só haviam ficado as tradições de

carinho e de bondade; os pecados do mundo como novos lobos de Gúbio,

haviam descido outra vez das selvas misteriosas das iniquidades humanas,

roubando às criaturas a paz e aniquilando-lhes a vida.

A amargura divina empolgara toda a formosa assembleia de querubins e

arcanjos. Foi quando Helil, para renovar a impressão ambiente, dirigiu-se a

Jesus com brandura e humildade:

— Senhor, se esses povos infelizes, que procuram na grandeza material uma

felicidade impossível, marcham irremediavelmente para os grandes

infortúnios coletivos, visitemos os continentes ignorados, onde espíritos

jovens e simples aguardam a semente de uma vida nova. Nessas terras, para

além dos grandes oceanos, poderíeis instalar o pensamento cristão, dentro

das doutrinas do amor e da liberdade.

E a caravana fulgurante, deixando um rastro de luz na imensidade dos

espaços, encaminhou-se ao continente que seria, mais tarde, o mundo

americano. O Senhor abençoou aquelas matas virgens e misteriosas.

Enquanto as aves lhes homenageavam a inefável presença com seus

cantares harmoniosos, as flores se inclinavam nas árvores ciclópicas,

aromatizando-lhe as pegadas, Cheio de esperanças, emociona-se o coração

do Mestre, contemplando a beleza do sublimado espetáculo.

— Helil — pergunta ele —, onde fica, nestas terras novas, o recanto Planetário

do qual se enxerga, no infinito, o símbolo da redenção humana?

— Esse lugar de doces encantos, Mestre, de onde se veem, no mundo, as

homenagens dos céus aos vossos martírios na Terra, fica mais para o sul. E,

quando no seio da paisagem repleta de aromas e de melodias, contemplavam

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as almas santificadas dos orbes felizes, na presença do Cordeiro, as

maravilhas daquela terra nova, que seria mais tarde o Brasil, desenhou-se no

firmamento, formado de estrelas rutilantes, no jardim das constelações de

Deus, o mais imponente de todos os símbolos. Mãos erguidas para o Alto,

como se invocasse a bênção de seu Pai para todos os elementos daquele solo

extraordinário e opulento, exclama então Jesus:

Para esta terra maravilhosa e bendita será transplantada a árvore do

meu Evangelho de piedade e de amor. No seu solo dadivoso e fertilíssimo,

todos os povos da Terra aprenderão a lei da fraternidade universal. Sob estes

céus serão entoados os hosanas mais ternos à misericórdia do Pai Celestial.

Tu, Helil, te corporificarás na Terra, no seio do povo mais pobre e mais

trabalhador do Ocidente; instituirás um roteiro de coragem, para que sejam

transpostas as imensidades desses oceanos perigosos e solitários, que

separam o velho do novo mundo. Instalaremos aqui uma tenda de trabalho

para a nação mais humilde da Europa, glorificando os seus esforços na

oficina de Deus. Aproveitaremos o elemento simples de bondade, o coração

fraternal dos habitantes destas terras novas, e, mais tarde, ordenarei a

reencarnação de muitos Espíritos já purificados no sentimento da humildade

e da mansidão, entre as raças oprimidas e sofredoras das regiões africanas,

para formarmos o pedestal de solidariedade do povo fraterno que aqui

florescerá, no futuro, a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos

gloriosos do porvir. Aqui, Helil, sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz,

ficará localizado o coração do mundo!

.

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PROGRAMA BÁSICO MÓDULO I – Introdução ao Estudo da Umbanda

ROTEIRO 2 A ORIGEM DA UMBANDA NO BRASIL

Objetivo Específico

Identificar no contexto histórico do final do século XIX e inicio do século XX o surgimento da umbanda em solo brasileiro. Compreender a importância do negro nesse processo que alia sua crença nos orixás com as tradições do catolicismo, e posteriormente a participação do Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio de Morais fundando a 1ª tenda de umbanda no Brasil.

Conteúdo Básico

...ordenarei a reencarnação de muitos Espíritos já purificados no sentimento da humildade e da mansidão, entre as raças oprimidas e sofredoras das regiões africanas...

...aqui florescerá, no futuro, o pedestal de solidariedade do povo fraterno..., a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos gloriosos do porvir.

“Mais uma vez desceram ao proscênio na ribalta da vida para encenar uma fase bastante dolorosa da nossa história. Essas almas bem-aventuradas pelas suas renuncias se corporificaram nas costas da África flagelada e oprimida e, juntas a outros Espíritos em prova, formaram a falange abnegada que veio escrever na Terra de Santa Cruz, com os seus sacrifícios e com os seus sofrimentos, um dos mais belos poemas da raça negra em favor da humanidade”.

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Devido as perseguições do clero, os negros, apesar das tentativas de manterem seus costumes na cultura e religião, onde cultuavam as forças da natureza deificadas e personificadas em divindades, que eram uma espécie de deuses, tiveram que associa-los ao panteão de santos católico, identificando as similaridades da historia destes santos com a de seus orixás adotando as imagens em seus ritos afim de passarem despercebidos e evitar essas perseguições.

Logo nos primeiros anos, os recém-libertos

formaram em seus assentamentos barracões de culto

religioso onde seus sacerdotes evocavam os orixás e

praticavam sua religião nos moldes antigos, cantavam,

dançavam e faziam seus sacrifícios aos deuses de suas

tribos.

Gerara-se na Terra um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite e a moça da Luz Velada compete a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos. Todavia, operários humildes do Cristo, transmutados em pretos velhos, índios e caboclos debruçados sobre seus cavalos cantarão os louvores a Deus Todo Poderoso, gritarão a mensagem de Jesus em todos os terreiros desse imenso Brasil ampliando o verbo Divino para que ouçamos a sua voz no âmago de nossa alma: “Bem-aventurados os pobres, porque o reino de Deus lhes pertence! Bem-aventurados os que têm fome de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os aflitos, porque chegará o dia da consolação! Bem-aventurados os pacíficos, porque irão a Deus!”

“... vemos em uma seção espírita surgir então a UMBANDA, anunciada em 15 de novembro de 1908, em Neves, subúrbio de Niterói, no Rio de Janeiro, pelo espírito que se identificou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, através do médium Zélio Fernandino de Moraes, então com dezessete anos de idade, usando pela primeira vez o vocábulo “Umbanda” como designação de culto e religião, definindo assim o novo movimento religioso como uma manifestação do espírito para Caridade”.

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Subsídios ORIGEM DA UMBANDA NO BRASIL

O ultimo texto do capitulo anterior analisado cuidadosamente

veremos nas entrelinhas que Jesus sinaliza para a implantação de uma

modalidade religiosa ampla e miscigenada com a pureza do Cristianismo,

quando dos seus primeiros passos aqui no planeta. Uma, de característica

humilde, fraterna e de caridade intensa, destinada a receber povos

diferenciados em suas variadas classes sociais.

Destacaremos algumas frases para reforçar o nosso raciocínio e

assim entender a contextualização da mensagem.

Transferência da Arvore do Evangelho... Todos aprenderão a

fraternidade Universal

Serão entoados cânticos e louvores ao Pai Celestial...

...Instalaremos aqui uma tenda de trabalho...

Aproveitaremos o elemento simples de bondade, o coração fraternal

dos habitantes destas terras novas...

...ordenarei a reencarnação de muitos Espíritos já purificados no

sentimento da humildade e da mansidão, entre as raças oprimidas e

sofredoras das regiões africanas...

...aqui florescerá, no futuro, o pedestal de solidariedade do povo

fraterno..., a fim de exaltar o meu Evangelho, nos séculos gloriosos

do porvir.

É sabido que o planejamento dos obreiros do Cristo é elaborado

com muita antecedência, assim os acontecimentos vão se concretizando na

esteira do tempo conforme a Lei de Progresso determina. Então os prepostos

de Jesus sabiam da implantação da Umbanda em solo brasileiro para servir

de saneadora das cargas negativas adidas nos campos psíquicos dos

Espíritos que haveriam de reencarnar aqui. Portanto, para cumprirem a

agenda delineada pelo Cristo, chamaram milhares de Espíritos já

amadurecidos no amor e na tolerância, para cooperarem nesta grande obra

de resgate. Muitos destes Espíritos vinham de grandes experiências no

campo religioso, valorosos sacerdotes de outras paragens que chegaram à

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terra com as primeiras levas de degredados, alistados como voluntários por

puro entusiasmo as obras do Criador. Aqui chegando, reencanaram entre as

raças negra e amarela, bem como entre os grandes agrupamentos primitivos

da Lemúria, da Atlântida e de outras regiões que ficaram imprecisas no

acervo de conhecimentos dos povos. Esses abnegados irmãos criaram uma

imensa afinidade com os terráqueos, e agradecidos ao Senhor do Universo

solicitaram ao Conselho Divino a permissão de aqui permanecerem e

trabalharem pelo crescimento da nova humanidade. Ante a renuncia de seus

mundos de luz e a dedicação empenhada em prol de sua obra, O Cristo

autorizou. E ainda hoje encontramos esses luminares escondidos na humilde

casca de um Pai de Terreiro, no toco singelo das casas de Umbanda de todo

Brasil.

“Mais uma vez desceram ao proscênio na ribalta da vida para encenar

uma fase bastante dolorosa da nossa história. Essas almas bem-aventuradas

pelas suas renuncias se corporificaram nas costas da África flagelada e

oprimida e, juntas a outros Espíritos em prova, formaram a falange abnegada

que veio escrever na Terra de Santa Cruz, com os seus sacrifícios e com os

seus sofrimentos, um dos mais belos poemas da raça negra em favor da

humanidade”. Encarnados em tribos africanas, estes heróis caçados como

animais, arrastado e presos aportaram aqui em solo brasileiro como

promessa de mão de obra escrava para alavancar o comercio e o poder dos

grandes latifundiários da cana de açúcar.

Os navios negreiros aportavam aqui no Brasil trazendo um

contingente variado oriundo de varias regiões da África, tribos de diversas

nações misturavam-se umas as outras e ao desembarcarem, eram levados

aos mercados, e vendidos aos Senhores de engenho. Nascia então uma nova

nação para os negros, que aqui chegando, perdiam suas identidades,

famílias, amigos, títulos de nobreza e a liberdade. Quase tudo perdiam.

Somente a crença fortemente arraigada em suas almas fazia resistir os mais

brutais castigos. A manutenção de suas crenças nativas africanas

apresentou-se como uma maneira de sobrevivência inglória. Na verdade, era

uma expressão de revolta contra a nova condição imposta pelo dominador

branco. O relho nas costas e as repetidas chibatadas faziam curvar o corpo

físico sob o guante doloroso das muitas horas de trabalho ao sol, mas não

curvavam o espírito dos sacerdotes iorubas, angolanos e jejes. Os rituais e

cultos de harmonização com as forças vivas da natureza, praticados no

interior da África, onde os negros podiam conviver com as forças dos orixás

e senti-las, encontraram forte similitude com a geografia brasileira, rodeada

de matas, lagos, cachoeiras, rios e mares. Assim, movidos pela fé, o negro

apegou-se interiormente as suas lembranças, como forma de adquirir animo

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para suportar os males, o que o fez ser radicalmente fiel as suas origens.

Dentro das senzalas imundas as diversas nações africanas se conectavam

com os orixás, por meio dos cânticos velados e transes mediúnicos, servindo

como verdadeiros exaustores psicoemocionais da negritude e que, junto com

a utilização milenar das ervas, mantinham a saúde dos seus membros.

Voltados para o culto de seus Orixás, unindo-se em torno de suas crenças

sentiam a nostalgia de épocas felizes da convivência com suas tribos .

É oportuno registrar que os costumes africanistas tribais de

religiosidade ancestral aportaram no Brasil com acentuadas distorções de

suas práticas originais. Já eram atacados pela Inquisição antes de as levas

de escravos capturados serem jogadas nos fétidos porões das naus

portuguesas. Via de regra, isso foi intensificado aqui pela continuidade da

opressão do clero, que redundou em várias outras adaptações, com raras

exceções que conseguiram manter os ritos primários incólumes.

Devido as perseguições do clero, os negros, apesar das tentativas de

manterem seus costumes na cultura e religião, onde cultuavam as forças da

natureza deificadas e personificadas em divindades, que eram uma espécie

de deuses, tiveram que associa-los ao panteão de santos católico,

identificando as similaridades da historia destes santos com a de seus

orixás adotando as imagens em seus ritos afim de passarem despercebidos e

evitar essas perseguições.

Com o tempo aprenderam a se vingar de seus senhores e

déspotas através de pactos com entidades trevosas e da magia negra, que

não era outra coisa se não as energias magnéticas da natureza empregadas

de forma equivocada. Dessa maneira o culto inicial as divindades da

natureza foi se transformando em métodos de vingança e em pactos com

essas entidades que assumiam a forma dessas mesmas divindades.

Um mistério envolvia de tal forma essas manifestações religiosas, que

se tornava difícil para um leigo saber sua origem e seu significado. Seus

rituais eram tão misteriosos, que o povo com seu misticismo natural eram

constantemente explorados por aqueles que nenhum escrúpulo tinha em

relação à fé alheia. Esses cultos acabaram se tornando, na verdade, num

disfarce para uma série de atividades menos dignas no campo da magia, o

que com o tempo acabou gerando uma atmosfera psíquica indesejável no

campo áureo do Brasil.

O século XIX desenrolava uma torrente de claridades na face do

mundo, encaminhando todos os países para as reformas úteis e preciosas.

As lições sagradas do Espiritismo iam ser ouvidas pela Humanidade

sofredora. Jesus, na sua magnanimidade, repartiria o pão sagrado da

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esperança e da crença com todos os corações. Allan Kardec, todavia, na sua

missão de esclarecimento e consolação, fazia-se acompanhar de uma

plêiade de companheiros e colaboradores, cuja ação regeneradora não se

manifestaria tão somente nos problemas de ordem doutrinária, mas em todos

os departamentos da atividade intelectual do século XIX. A Ciência, essa

época, desfere os voos soberanos que a conduziriam às culminâncias do

século XX. O progresso da arte tipográfica consegue interessar todos os

núcleos de trabalho humano, fundando-se bibliotecas circulantes, revistas e

jornais numerosos. A facilidade de comunicações, com o telégrafo e as vias

férreas, estabelece o intercâmbio direto dos povos. A literatura enche-se de

expressões notáveis e imorredouras. O laboratório afasta-se definitivamente

da sacristia, intensificando as comodidades da civilização. Constrói-se a

pilha de coluna, descobre-se a indução magnética, surgem o telefone e o

fonógrafo. Aparecem os primeiros sulcos no campo da radiotelegrafia,

encontra-se a análise espectral e a unidade das energias físicas da

Natureza. Estuda-se a teoria atômica e a fisiologia assenta bases definitivas

com a anatomia comparada. As artes atestam uma vida nova. A pintura e a

música denunciam elevado sabor de espiritualidade avançada.

A dádiva celestial do intercâmbio entre o mundo visível e o invisível

chegou ao planeta nessa onda de claridades inexprimíveis. Consolador da

Humanidade, segundo as promessas do Cristo, o Espiritismo vinha

esclarecer os homens, preparando-lhes o coração para o perfeito

aproveitamento de tantas riquezas do Céu.

O século XIX caracteriza-se por suas numerosas conquistas. A par dos

grandes fenômenos de evolução científica e industrial que o abalaram,

observam-se igualmente acontecimentos políticos de suma importância,

renovando as concepções sociais de todos os povos da raça branca. Um

desses grandes acontecimentos é a extinção do cativeiro. Cumprindo as

determinações do Divino Mestre, seus mensageiros do plano invisível

laboram junto aos gabinetes administrativos, de modo a facilitar a vitória da

liberdade. As decisões do Congresso de Viena, reprovando o tráfico de

homens livres, encontrara funda repercussão em todos os países. Em 1834, o

parlamento inglês resolve abolir a escravidão em todas as colônias da Grã-

Bretanha.

Em 1850, o Brasil suprime o tráfico africano. Na revolta de 1848, a

França delibera a extinção do cativeiro em seus territórios. Em 1888 a Lei

Aurea quebra todos os grilhões e abre as portas de todas as senzalas

libertando o negro em todo território brasileiro.

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Após a libertação dos escravos, transcorreu para o negro um período

de difícil adaptação, aqueles que não ficavam nas fazendas de origem,

partiam levando quase nada, talvez uma peça a mais de roupa. Sem dinheiro

e sem ocupação buscavam os centros urbanos na esperança de trabalho e

moradia, nessas migrações subiram os morros instalando-se em barracos

improvisados dando inicio as primeiras favelas. Impôs-se uma necessidade

de sobrevivência da população negra explorada "liberta" com a Lei Áurea,

que ficou excluída do contexto social e entregue à própria sorte, sem

nenhum apoio do Estado monárquico, que se curvava ao controle de um

catolicismo arcaico e perseguidor (ambos se beneficiaram da pujança

econômica oferecida pelo braço escravo). Finalmente livres, os negros se

viram sem as moedas dos patrões que os alimentavam sem o mínimo para a

manutenção de suas vidas. Foram, circunstancialmente, "obrigados" a

cobrar pela magia curativa que faziam gratuitamente aos sinhôs e sinhás no

recôndito das senzalas de chão batido. Dessa vez, estimulados pelos

constantes pedidos dos próprios homens brancos que furtivamente saíam

das missas procuravam as choupanas dos ex-escravo alforriados, os quais

subitamente se viram transformados em ilustres magistas de aluguel.

Logo nos primeiros anos, os recém-libertos formaram em seus

assentamentos barracões de culto religioso onde seus sacerdotes evocavam

os orixás e praticavam sua religião nos moldes antigos, cantavam, dançavam

e faziam seus sacrifícios aos deuses de suas tribos. Os brancos

acostumados as interferências da magia praticada pelo negro, buscava

agora nestes redutos os trabalhos espirituais de maneira mais intensa, em

contra partida o negro sem dinheiro passou a cobrar pelos serviços

prestados empenhando-se na feitiçaria e estreitando o contato com o mundo

espiritual inferior. Nessa troca de favores, sem nenhum respeito ao livre

arbítrio alheio, levando o ódio, a vingança e as desgraças as suas ultimas

consequências, manipulando energias degradantes acabou por chamar a

atenção dos magos negros que atraídos pela afinidade de gostos passaram a

substituir seus guias por entidades inferiores e viciadas no mal. A psicosfera

no ambiente espiritual da nação estava sendo afetada de tal forma pelas

energias negativas, que entidades ligadas aos lugares de sofrimento

encarnavam e desencarnavam conservando assim o ódio em seus corações.

Dessa forma a magia negra foi se espalhando em forma de culto pelas terras

brasileiras, de norte a sul do país onde as oferendas eram entregues pelos

adeptos desses cultos, que se multiplicavam a cada dia, aumentando ainda

mais a crosta mental negativa que vinha se formando sobre os céus da

nação.

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Espíritos abnegados e esclarecidos falam-nos de uma nova reunião da

comunidade das potências angélicas do sistema solar, da qual é Jesus um

dos membros divinos. A alta hierarquia espiritual informada da atual situação

de nossa nação movimentaram-se para neutralizar os ataques das sombras

de tal modo que reuniram-se novamente na atmosfera terrestre decidindo

sobre os destinos do nosso mundo. Os ministros do Cristo explanaram sobre

a ação transformadora do Espiritismo no solo brasileiro, contudo, apesar dos

esforços de sua divulgação a maioria do povo ainda não havia assimilado as

grandes verdades do consolador, fazendo-se necessário a urgente

intervenção da Grande Fraternidade Branca, trazendo como fora previsto o

seu plano de ação contra a nefasta investida dos dragões.

O Espiritismo vinha desse modo, na hora psicológica das grandes

transformações, alentando o espírito humano para que se não perdesse o

fruto sagrado de quantos trabalharam e sofreram no esforço penoso da

civilização. Com as provas da sobrevivência, vinha reabilitar o Cristianismo

que a Igreja deturpara, semeando, de novo, os eternos ensinamentos do

Cristo no coração dos homens. Com as verdades da reencarnação, veio

explicar o absurdo das teorias igualitárias absolutas, cooperando na

restauração do verdadeiro caminho do progresso humano. Ensinando a lei

das compensações no caminho da redenção e das provas do indivíduo e da

coletividade, estabelece o regime da responsabilidade, em que cada Espírito

deve enriquecer a catalogação dos seus próprios valores. Não se engana

com as utopias da igualdade absoluta, em vista dos conhecimentos da lei do

esforço e do trabalho individual, e não se transforma em instrumento de

opressão dos magnatas da economia e do poder, por consciente dos

imperativos da solidariedade humana.

Despreocupado de todas as revoluções, porque somente a evolução é o

seu campo de atividade e de experiência, distante de todas as guerras pela

compreensão dos laços fraternos que reúnem a comunidade universal,

ensina a fraternidade legítima dos homens e das pátrias, das famílias e dos

grupos, alargando as concepções da justiça econômica e corrigindo o

espírito exaltado das ideologias extremistas.

Nestes tempos dolorosos em que as mais penosas transições se anunciam

convenhamos em que o esforço do Espiritismo é quase superior às suas

próprias forças, mas o mundo espiritual tinha certa urgência ante os

acontecimentos atuais. Jesus é o seu único diretor no plano das realidades

imortais, e agora que o mundo se entrega a todas as expectativas

angustiosas, os espaços mais próximos da Terra se movimentam a favor do

restabelecimento da verdade e da paz, a caminho de uma nova era.

O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste

século de declives da sua História, ainda assim a ação higienizadora nas

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camadas sociais mais embrutecidas teria de ser intensificada exigindo dos

Administradores Siderais maior flexibilidade na criação de uma nova

estrutura religiosa. Gerara-se na Terra um crepúsculo, ao qual sucederá

profunda noite e a moça da Luz Velada compete a missão do desfecho

desses acontecimentos espantosos. Todavia, operários humildes do Cristo,

transmutados em pretos velhos, índios e caboclos debruçados sobre seus

cavalos cantarão os louvores a Deus Todo Poderoso, gritarão a mensagem

de Jesus em todos os terreiros desse imenso Brasil ampliando o verbo Divino

para que ouçamos a sua voz no âmago de nossa alma: “Bem-aventurados os

pobres, porque o reino de Deus lhes pertence! Bem-aventurados os que têm

fome de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os aflitos, porque

chegará o dia da consolação! Bem-aventurados os pacíficos, porque irão a

Deus!”

Das explanações sobre o espiritismo, ficou claro que havia uma

necessidade urgente de se implantar uma força tarefa com Espíritos

abnegados e experientes em variadas funções de resgates nos infindáveis

mundos do universo. A magia negra tinha que ser combatida e seus efeitos

destrutivos haveriam de serem desmanchados, de maneira a transformar

esses cultos em postos iluminados a irradiarem Caridade e Amor. A Doutrina

Espírita adentrara no Brasil e lentamente cumpria a sua missão

esclarecedora, contudo, não alcançava as massas menos favorecidas, na

verdade, suas reuniões ainda estavam em meio a elite, as classes mais

esclarecidas e de maior poder aquisitivo. Não obstante os grandes esforços

dos bandeirantes da Boa Nova que rasgavam as selvas da ignorância e do

preconceito deflagrado pelo catolicismo e protestantismo. Nessa ocasião

todo movimento em torno da mediunidade era visto como coisa demoníaca e

rechaçado como feitiçaria, bruxaria e macumba. Foi nesse ambiente

conturbado que a Alta Confraria Iniciática fez-se presente modificando o

astral do Planeta e implantando seu regimento de obreiros do Cristo.

A implantação de uma nova religião em solo brasileiro tornara-se uma

expectativa nos dois planos da vida, apesar das explosões de cultos

africanistas e outros que mesclados a outras culturas ameríndias e euro-

asiáticas infiltradas em todo país, alguns Espíritos não viam necessidade de

mais uma indicação religiosa. Na verdade no plano espiritual não temos

religiões, o único sentimento que move os Espíritos no campo religioso é e

sempre será o Amor, entretanto na nossa atual conjectura nossa pequenez

ainda aponta para o sectarismo e o separatismo, de forma que as

Sociedades do Reino Angelicó não nos poupam exemplos em reencarnações

de Espíritos de escol nas variadas escolas universalistas, professando em

seus ensinamentos o Amor incondicional como a verdadeira forma de

religiosidade e de manifestação de adoração ao Divino.

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No Supremo conclave, os Prepostos de Jesus foram esclarecidos sobre

as propostas renovadoras de saneamento do astral brasileiro, e sobre a

égide do próprio Cristo sete Guardiões foram escalados para servirem de

pilastras dessa grande obra de transformação, encarnariam Espíritos

missionários no meio dessas massas para sedimentar o ideal do Amor e

ainda outros como mensageiros seriam como o fermento levedando a massa

de dentro para fora, de baixo para cima, modificando os sentimentos e

quebrando as amarras com o mal. Era um novo movimento religioso, com o

objetivo inicial de desfazer a carga negativa que se abatia sobre os corações

dos homens.

Havia então a necessidade de que os próprios espíritos, mais evoluídos

e esclarecidos, se manifestassem para realizar tal cometimento, e assim

foram se apresentando, uma a uma, aquelas entidades iluminadas

modificando suas formas perispirituais, assumindo assim, a conformação das

próprias divindades e de entidades como Preto-velhos e Caboclos, levando a

mensagem da Caridade, do Amor e da Justiça.

Essas entidades seriam o elo com o Alto, penetraria aos poucos nos

redutos da magia negra, os quais ainda se mantinham enganados quanto as

Leis do Amor e da Caridade, e iria então transformando, com as palavras e os

ensinamentos das entidades, os sentimentos das pessoas. Para isso foi

necessário que elevados companheiros da vida maior renunciassem certos

métodos de trabalho, considerados por eles mais elevados, para se

dedicarem às atividades que aqueles cultos se propunham. A essas

entidades, se juntaram a antigos espíritos de escravos e índios, que em sua

simplicidade e boa vontade, se propuseram a trabalhar para mostrar aos

homens suas lições sagradas, auxiliando assim na cura de doenças e na

transmissão das mensagens de Amor e Caridade.

Nas sessões espíritas, da época, essas entidades não foram aceitas, pois

identificadas sob essas conformidades, preto-velhos e caboclos, eram

considerados espíritos atrasados e suas mensagens não mereciam nem

mesmo uma análise. Mas com o campo áureo do país mais preparado,

mesmo não conseguindo muitas alterações nos cultos, vemos em uma seção

espírita surgir então a UMBANDA, anunciada em 15 de novembro de 1908,

em Neves, subúrbio de Niterói, no Rio de Janeiro, pelo espírito que se

identificou como “Caboclo das Sete Encruzilhadas”, através do médium Zélio

Fernandino de Moraes, então com dezessete anos de idade, usando pela

primeira vez o vocábulo “Umbanda” como designação de culto e religião,

definindo assim o novo movimento religioso como: “uma manifestação do

espírito para Caridade”.

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Tudo começou quando Zélio Fernandino de Moraes, nascido em 10 de abril

de 1891, no bairro de Neves, município de Niterói, no Rio de Janeiro, aos

seus dezessete anos estava se preparando para servir as Forças Armadas,

através da Marinha, se acometeu um fato curioso: começou a falar em tom

manso e com um sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com

bastante idade. De princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio

mental e o encaminhou a seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, médico

psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após alguns dias de

observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura

médica sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse

feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho estivesse

possuído pelo demônio. Procuraram então um padre, também da família, que

após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado.

Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual

os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num

ato surpreendente Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: "Amanhã estarei

curado". No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido.

Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D.

Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura

conhecida na região onde morava e que incorporava o espírito de um preto

velho chamado Tio Antônio. Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas

rezas lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar

com a caridade.

O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não

frequentar nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo,

praticante do hábito da leitura de literatura espírita e no dia 15 de novembro

de 1908, por sugestão de um amigo, levou Zélio a Federação Espírita de

Niterói. Chegando à Federação e convidados por José de Souza, dirigente

daquela Instituição, se sentaram à mesa, onde logo em seguida,

contrariando as normas do culto realizado, Zélio se levantou e disse que ali

faltava uma flor, foi até o jardim apanhou uma rosa branca e colocou-a no

centro da mesa onde se realizava o trabalho. Iniciando uma estranha

confusão no local, pelo fato ocorrido, ele incorporou um espírito e

simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações

de caboclos e pretos velhos, sendo advertidas pelo dirigente do trabalho.

Então a entidade incorporada no rapaz perguntou:

"- Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se

dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e

da cor?"

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Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava perguntou:

"- Porque o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a

manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando

encarnados, são claramente atrasados? Por que fala deste modo, se estou

vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete

uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?"

Ele responde:

"- Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo lhes dizer que

amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que

estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão

que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos

humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos,

encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este:

Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para

mim."

O vidente ainda pergunta:

"- Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?"

Novamente ele responde:

"- Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz,

anunciando o culto que amanhã iniciarei."

No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, na Rua

Floriano Peixoto, 30, em Neves, Niterói, aproximando-se

das 20h00min horas, estavam presentes os membros da

Federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do

lado de fora uma multidão de desconhecidos.

Pontualmente as 20h00min horas o Caboclo das Sete

Encruzilhadas incorporou e iniciou o culto usando as

seguintes palavras:

"- Aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos

africanos, que haviam sido escravos, que desencarnaram e não encontram

campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e

dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria. E

também aos índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios

dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição

social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a

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característica principal deste culto, que terá base no Evangelho de Jesus e

como mestre supremo Cristo".

Nessa reunião, o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS estabeleceu as

normas do culto, sendo que:

· Sua prática seria denominada "sessão" e se realizaria à noite, das 20

às 22 horas, para atendimento público, totalmente gratuito, passes e

recuperação de obsedados.

· O uniforme a ser usado pelos médiuns seria todo branco e de tecido

simples.

· Não se permitiria retribuição financeira pelo atendimento ou pelos

trabalhos realizados.

· Os Cânticos não seriam acompanhados de atabaques nem de palmas

ritmadas.

A esse novo culto, que se alicerçava nessa noite, a entidade deu o nome de

UMBANDA e declarou fundado o primeiro templo para a sua prática, com a

denominação de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, justificando o

nome pelas seguintes palavras: "assim como Maria acolhe em seus braços o

Filho; a Tenda acolheria os que a ela recorressem, nas horas de

aflição". Através de Zélio manifestou-se nessa mesma noite, um Preto

Velho, Pai Antônio, para completar as curas de enfermos iniciadas pelo

Caboclo.

A partir dessa data, a casa da família de Zélio tornou-se a meta de enfermos,

crentes, descrentes e curiosos. Os enfermos eram curados; os descrentes

assistiam a provas irrefutáveis; os curiosos constatavam a presença de uma

força superior; e os crentes aumentavam, dia a dia. Cinco anos mais tarde,

manifestou-se o Orixá Malet exclusivamente para a cura de obsedados e o

combate aos trabalhos de magia negra.

Vejamos então cronologicamente os principais acontecimentos da

UMBANDA a partir de sua anunciação:

1. 15 de novembro de 1908 – Advento da UMBANDA e fundação do primeiro

Terreiro de Umbanda, por Zélio de Moraes, em Neves, subúrbio de Niterói;

2. Novembro de 1918 – O Caboclo das Sete Encruzilhadas dá início à

fundação de sete Tendas de Umbanda no rio de janeiro;

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3. 1920 – A Umbanda espalha-se pelos Estados de São Paulo, Pará e Minas

Gerais. Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul e em 1932 em Porto Alegre;

4. 1924 – O advento do Caboclo Mirim - Manifestou-se no Rio de Janeiro, em

um jovem médium, Benjamim Figueiredo, uma entidade, denominada Caboclo

Mirim, que vinha com a finalidade de criar um novo núcleo de crescimento

para a Umbanda;

5. 1939 - Os Templos fundados pelo Caboclo das Sete encruzilhadas

reuniram-se, criando a Federação Espírita de Umbanda do Brasil,

posteriormente denominada União Espiritualista de Umbanda do Brasil,

incorporando dezenas de outros terreiros fundados por inspiração de

"entidades" de Umbanda que trabalhavam ativamente no astral sob a

orientação do fundador da Umbanda.

6. Outubro de 1941 – Reúne-se o Primeiro Congresso de Espiritismo de

Umbanda. Outros Congressos havidos posteriormente retiraram

acertadamente o nome espiritismo que, de fato, pertence aos espíritas

brasileiros, os quais seguem a respeitável doutrina codificada por Alan

Kardec. Em suma, o espírita pratica o espiritismo e o umbandista pratica a

umbanda ou umbandismo. Neste Congresso foi também apresentada tese

pela Tenda São. Jerônimo, propondo a descriminalização da prática dos

rituais de Umbanda. O autor, Dr. Jayme Madruga, a par de um minucioso

estudo de todas as constituições já colocadas em vigência no Brasil,

busca também em projetos como o da Constituição Farroupilha e nos

códigos penais até então vigentes e no que haveria de vigorar após 01 de

janeiro de 1942. Os argumentos mostravam que o caminho da Umbanda

começava a ser aberto e que caberia aos Umbandistas buscarem acelerar o

processo com declarações e resoluções, partindo daquele congresso, em

prol da descriminalização da prática da Umbanda.

7. 1944 – Vários umbandistas ilustres, entre eles vários militares, políticos,

intelectuais e jornalistas, apresentam ao então Presidente Getúlio Vargas

um documento intitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei" e consegue

daquela autoridade a descriminalização da Umbanda. Este fato, apesar de

ter sido extremamente positivo, trouxe como subproduto uma perda de

identidade muito grande por parte de nossa religião, uma vez que todos

terreiros, das mais variadas seitas, incluíram em seus nomes a palavra

Umbanda como forma de fugir à repressão policial. Como nossa religião não

tinha um rito claramente definido e nem a formação de sacerdotes, o que

gera uma hierarquia, ela acabou ficando à mercê dessa deturpação; outro

fato que fortaleceu essa descaracterização foi que, sendo um período de

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crescimento, não se buscava a qualidade dos Terreiros que se filiavam à

Federação, ou à União que lhe sucedeu;

8. 12 de setembro de 1971 – Foi criado na cidade do Rio de Janeiro, o

Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda – CONDU, que congrega as

Federações de Umbanda existentes ao longo do país, atualmente, contando

com mais de 46 Federações, de norte a sul do país, reunindo representantes

de mais de 40.000 Terreiros de Umbanda;

9. Em 1972, em mensagem psicografada por Omolubá, enviada pelo poeta

Ângelo de Lys, confirma-se a origem da Umbanda no Brasil, através do

médium Zélio de Moraes;

10. Em 1977, o CONDU reconhece, publicamente, como verdadeira a origem

da Umbanda no Brasil;

11. Novembro de 1978 – Surge o livro "Fundamentos de Umbanda, Revelação

Religiosa", de Israel Cisneiros e Omolubá, que aborda a questão da origem

da Umbanda, através de mensagens do astral, trazendo, por fim, após 70

anos de existência da Umbanda, as primeiras bases teológicas e norteadoras

da doutrina umbandista, com fundamentos integrais da nova religião e sua

verdadeira origem. Após este momento podemos definir como sendo o início

desse novo período; assume-se a Umbanda como religião brasileira e

começa o primeiro movimento consistente para dar a ela uma base teológica

e a criação de uma hierarquia, baseada na formação sacerdotal, fundamental

para a manutenção das bases ritualísticas e conceituais.

Decorridos setenta anos de existência da Umbanda no Brasil, compreendidos

entre 1908/1978, passou este curto espaço de tempo, porém significativo, a

ser conhecido entre os estudiosos da causa como Período de Propagação da

genuína força de credo, nascido no século XX, em terras brasileiras. Embora

a Umbanda ainda se apresente, muitas das vezes, uma tanto desfigurada,

com nuanças religiosas, reconhecemos que isso decorra desse período de

propagação, onde no afã de conquistar almas se respeitaram os ambientes

regionais, criando assim as adversidades que vemos hoje em dia. Mesmo

assim ela nunca deixou, através de seus verdadeiros guias, de oferecer

amparo prático, ajuda e orientação, apontando sempre a eterna chama da

esperança em dias melhores, calcados, naturalmente, na ação correta á

cada instante, na cordura3, no companheirismo e na fraternidade.

Os mentores da Umbanda, sediados em Aruanda, cidade localizada no plano

astral, já haviam determinado sabiamente o procedimento normativo,

religioso para os setenta anos posteriores, 1979/2049, como sendo o período

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de Afirmação Doutrinária. Obviamente, a doutrina de Umbanda ficará como

ponto essencial para a estabilidade desse movimento, no estudo constante e

no esforço sincero de cada devoto, no sentido de conduzi-la no plano físico á

um merecido status de religião organizada, a serviço da comunidade

religiosa nacional. Em 1980 o CONDU publica o livro “Noções elementares de

Umbanda” contendo as deliberações do conselho quanto aos fundamentos

da Umbanda e outros temas. Hoje o movimento religioso

da Umbanda estende-se por todo o Brasil, professado com humildade as leis

da Caridade e do amor ao próximo, sem proselitismo, sem explorações do

povo, e sem mistérios mistificadores. A Umbanda nada mais é que o retorno

à simplicidade de cultuar Deus, onde o templo de Umbanda é o local

destinado a esse culto, que tem como base a Caridade, usando para isso

todos os recursos das forças da natureza, personificadas nas divindades

Nagôs, os Orixás, que são representados pelos nossos mentores espirituais,

ou como nós os chamamos, nossos guias, espíritos evoluídos que

representam essas divindades e suas várias formas de atuação no mundo

espiritual e material em favor ao próximo.

Existem várias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito fortes

das bases iniciais e outras que absorveram características de outras

religiões já existentes, mas que mantém a mesma essência nos objetivos de

prestar a caridade, com humildade, respeito e fé. As mais conhecidas são:

· Umbanda Popular – Que era praticada antes de Zélio e conhecida

como Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um

forte sincretismo associando Santos Católicos aos Orixás Africanos;

· Umbanda tradicional – Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes;

· Umbanda Branca e/ou de Mesa – Com um cunho espírita muito

expressivo. Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos

elementos Africanos, nem o trabalho dos Exus e Pomba giras, ou a utilização

de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha

doutrinaria se prende mais ao trabalho de guias como caboclos preto-velhos

e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas como

fonte doutrinária;

· Umbanda Omolokô – Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva

Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho

direcionado dos Guias;

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· Umbanda Traçada ou Umbandomblé – Onde existe uma diferenciação

entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para a

Umbanda, ora vira para o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito

tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;

· Umbanda Esotérica – É diferenciada entre alguns segmentos

oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre

Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a “Aumbhandan: conjunto de

leis divinas";

· Umbanda Iniciática – É derivada da Umbanda Esotérica e foi

fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Mestre Yamunisiddha Arhapiagha),

onde há a busca de uma convergência doutrinária, sete ritos, e o alcance do

Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande

influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e

utilização do sânscrito;

· Umbanda de Caboclo – influência da cultura indígena brasileira com

seu foco principal nas entidades conhecidas como "Caboclos";

· Umbanda de Preto-velhos – influência da cultura Africana, onde

podemos encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o

comando e feito pelos preto-velhos;

Outras formas existem, mas não têm uma denominação apropriada,

diferenciam-se das outras por diversos aspectos peculiares.

A Umbanda por ser uma religião sincrética se utiliza de um vasto simbolismo

em seus trabalhos, e ela tem nesse simbolismo um de seus maiores

fundamentos, que se aplica na identificação das entidades e na sustentação

das linhas de trabalhos espirituais, cada qual com seu nível vibratório. Esse

simbolismo também identifica o campo vibratório a qual a entidade

desenvolve seu trabalho, e sob qual Orixá, ou força da natureza, é regido.

Podemos observar esse simbolismo desde sua anunciação onde grande

mentor espiritual, que teve a missão de rasgar o véu da ignorância e

estabelecer os fundamentos da Umbanda como religião e culto, manifestou-

se na forma perispiritual e se identificou como “Caboclo das Sete

Encruzilhadas”, nome este totalmente simbólico, pois “Caboclo” era a

palavra destinada às pessoas mestiças, e “Sete Encruzilhadas”, que são as

sete linhas de trabalhos da Umbanda, os sete caminhos, que

são regidos pelo Orixá maior “Oxalá”. Assim concluímos que a Umbanda é

uma religião sem distinção de raças e credos e que através da fé e da

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humildade tem o objetivo de levar a mensagem da Caridade e do Amor ao

próximo.

Com isso a espiritualidade vem conseguindo seu intento e aos poucos vemos

sumir dos corações oprimidos o desejo de vingança, o ódio e o rancor, os

cultos antes deturpados vem se transformando em sua essência, auxiliando

assim no progresso daqueles que sintonizam com tais expressões religiosas,

modificando seu aspecto e os transformando gradativamente em uma

religião mais espiritualizada. Onde na palavra das entidades, a Lei da causa

e efeito é ensinada por meio de “Xangô”, que simboliza a justiça, a

reencarnação quando fala de sua outra vida e da oportunidade de voltar a

Terra, em um novo corpo, para corrigir erros do passado e ajudar seus filhos,

as forças das matas e das ervas, é ensinado na fala dos Caboclos de

“Oxossi”, o Amor é personificado em “Oxum”, e a força de transformação e a

energia da vitalidade se apresentam personificados em “Ogum”.

Mas ainda há muito que fazer muito trabalho a realizar, nossa explicação não

esgota o assunto, mostra apenas um aspecto da Umbanda, que guarda suas

raízes em épocas muito distantes do tempo, e que apesar de ser uma religião

nova, com um século de existência, vem crescendo e ganhando forças a

cada dia.

Uma pena, muitos dirigentes de terreiros não serem conscientes de tudo

isso, e é essa ignorância a maior responsável pela visão errada que a maioria

das pessoas tem em relação aos rituais sagrados da Umbanda. Por isso é

que devemos nos instruir cada vez mais sobre os fundamentos e raízes de

nossa religião, e que através desse estudo e da experiência que

vivenciarmos no dia-a-dia de nossos trabalhos possa corrigir todos esses

equívocos.

No final do século XIX e início do século XX, tradições religiosas

da etnia sudanesa foram sendo aos poucos adicionadas ao sincretismo

banto-católicos existentes também no Rio de Janeiro, levando ao surgimento

dos sincretismos conhecidos como ZUNGU e MACUMBA.

Parece que os termos Zungu e Macumba foram usados

indistintamente no Rio de Janeiro para designar quaisquer manifestações

sincréticas de práticas africanas relacionadas a danças e cantos coletivos,

acompanhadas por instrumentos de percussão, nas quais ocorria a

invocação e incorporação de espíritos e a adivinhação e curas por meio de

rituais de magia, englobando uma grande variedade de cerimônias que

associavam elementos africanos (Nkises, Orixás, atabaques, transe

mediúnico, trajes rituais, banho de ervas, sacrifícios de animais), católicos

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(cruzes, crucifixos, anjos e santos) e, mais raramente, indígenas (banho de

ervas, fumo). A diferença básica entre eles parece ser apenas o período em

que estes termos foram utilizados: zungu, em meados do século XIX e

macumba, no final do século XIX e início do século XX substituindo o termo

zungu.

Na Macumba o chefe de culto e o seu ajudante eram chamados,

respectivamente, de embanda e cambone, embora este último também

pudesse ser chamado de cambono. Parece que os iniciados na Macumba

eram chamados de filhos (as)-de-santo ou médiuns.

O que se sabe sobre os rituais da Macumba é que as entidades

como os orixás, Nkises, caboclos e os santos católicos eram agrupados por

falanges ou linhas como a linha da Costa, de Umbanda, de Quimbanda, de

Mina, de Cabinda, do Congo, do Mar, de Caboclo, linha Cruzada, etc.; e que

quanto maior o número de linhas cultuadas pelo embanda, mais poderoso ele

era considerado, uma vez que isso era tido como sinal de maior

conhecimento sobre o mundo dos espíritos.

E assim como em outros sincretismos brasileiros, o Zungu e a

Macumba eram organizados basicamente em torno de seu chefe de culto,

fazendo de cada unidade de culto algo único, diferindo dos demais por um ou

mais elementos ritualísticos. Devido a grande penetração que a Macumba

tinha na população mais pobre e marginalizada do Rio de Janeiro de fins do

século XIX, principalmente os afrodescendentes recém-libertos pela Lei

Áurea, seu nome acabou se popularizando por todo o país e até hoje ainda é

usado para designar pejorativamente qualquer religião afro-brasileira ou

ritual que envolva magia.

É provável que a Macumba tenha desaparecido do cenário

religioso carioca devido ao aparecimento mais tarde da Umbanda e a sua

rápida expansão no estado do Rio de Janeiro, principalmente na então

capital federal, que teria atraído para si um expressivo número de adeptos

da Macumba e a influenciado de tal forma que levaram muitas casas de

Macumba a se transformarem em tendas de Umbanda ou em casas de

Omolokô para fugirem da repressão que na se tinha a esses cultos.

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Mudanças na estrutura de algumas casas de Macumba do Rio de

Janeiro, então capital do país, neste mesmo período, acabam levando ao

surgimento de duas religiões sincréticas o

OMOLOKÔ e “ALMAS E ANGOLA”, que guarda muitas semelhanças

com algumas vertentes da Umbanda, inclusive existindo muitas casas que se

reconhecem como sendo de “Umbanda Omolokô” ou Umbanda em “Almas e

Angola”.

No Omolokô que é praticado hoje em dia o ritual recebeu forte

influência das obras daquele que é considerado o seu organizador: Tatá Ti

Nkise Tancredo da Silva Pinto. Segundo ele, o Omolokô tem como origem as

práticas religiosas dos bantos das tribos Quiôcos, das províncias de Lunda

Norte e Lunda Sul, situadas na região oriental de Angola e que também pode

ser encontrados em parte da República Democrática do Congo e da Zâmbia.

O Omolokô cultua um deus supremo chamado Nzambi ou Zambi

(também conhecido como Nzambi Mpungu ou Zambiapongo), a natureza

deificada personificada nos Orixás e nas entidades conhecidas como Orixás

Menores, Caboclos, Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pomba giras.

Originalmente o termo utilizado no Omolocô para designar a

natureza deificada era Bacuro. Os Bacuros possuíam um correspondente nas

divindades dos Quiôcos, que parecem terem ficado conhecidas aqui no Brasil

como Lunda. Atualmente o termo Bacuro e o nome das divindades Quiôcos

foram substituídos, respectivamente, pelo termo Orixá e pelo nome das

divindades do panteão nagô que possuem os mesmos atributos ou

arquétipos. É importante ressaltar que, no Omolocô, o termo Orixá é utilizado

também para designar alguns Nkises que foram incorporados ao seu

panteão, provavelmente por influência dos Candomblés de Nação do modelo

de culto banto.

Vejamos então no quadro abaixo como é a correspondência entre as

divindades Lunda, Bacuros e os Orixás no Omolocô:

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Lunda

(divindades dos

Quiôcos)

Bacuro

(nome original no

Omolocô)

Orixá

(nome atual no

Omolocô)

Dundu Kianguim Aluvaiá Exu

Angorô Oxumarê

Dandu Kindelé Burunguça Omulu

Caculu ou Cabasa Ibeiji

Cuiganga Ewá

Anili Kindelé Dandalunda Yemanjá

Kindele Ferimã Oxalá

Uisu Kukusuka Inhapopô Iansã

Kianguim Kindelé Jambangurim Xangô

Mulombe Kamba Lassinda Oxum

Kianguim Uisu Kangira Ogum

Karamocê Obá

Katendê Ossaim

Uisi Madé Oxóssi

Diambanganga Pagauô Irôko

Numba Kindelé Querequerê Nanã

Teleku-Mpensu Logun Edé

Kitembu Tempo

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Uma possível influência da Umbanda sobre o Omolocô é a existência de uma

separação dos Orixás em duas classes: Orixás Maiores e Orixás Menores. Os

Orixás Maiores, ou apenas Orixás, são entendidos como sendo uma energia

emanada de Zambi e, portanto nunca passaram pelo processo de

encarnação. São os responsáveis pelo movimento da natureza e pela

formação e manutenção da vida. São considerados onipresentes e únicos. Os

Orixás Menores, por sua vez, são entendidos como espíritos que passaram

pelo processo de reencarnação e que alcançaram uma grande elevação

espiritual e que por isso foram dotados de poderes sobrenaturais pelos

Orixás Maiores, sendo considerados os intermediários entre estes últimos e

os demais espíritos. Por este motivo, eles utilizam o nome do Orixá Maior ao

qual estão subordinados seguidos de um sobrenome, chamado de Dijina8,

por exemplo: Ogum Beira Mar, Seria um Orixá Menor subordinado do Orixá

maior Ogum.

No Omolocô não existe incorporação de Orixás Maiores, apenas

dos Orixás Menores e dos espíritos chamados de eguns. Os eguns aqui

espíritos que já possuem certa compreensão espiritual, porém ainda não

alcançaram a elevação dos Orixás Menores. São considerados eguns: os

Caboclos, os Preto-Velhos, as Crianças, os Exus e as Pombas-gira. Existe

ainda uma terceira classe de espíritos, chamados de quiumbas ou kiumbas,

que são entendidos como espíritos atrasados e que ainda não alcançaram

uma compreensão das coisas espirituais.

Já a religião sincrética conhecida como “ALMAS E ANGOLA”,

que apesar de ser originária da capital fluminense, atualmente não é mais

praticado nesse estado, hoje em dia pode encontrá-la quase que

exclusivamente na região da grande Florianópolis, em Santa Catarina.

A religião “Almas e Angola” guarda muita semelhança com o

Omolocô e com algumas vertentes da Umbanda, ela cultua um deus supremo

chamado Zambi, mas em algumas casas também é chamado de Olorum, a

natureza deificada personificada nos Orixás e as entidades conhecidas como

Orixás Menores, Caboclos, Preto-Velhos, Crianças, Exus e Pombas-gira. O

Orixá Obaluaiê é considerado a força maior do ritual de “Almas e Angola”,

tendo destaque nos altares dessa religião.

Neste modesto escorço, no qual inicia nosso estudo procuramos

demonstrar que a Umbanda é movimento, transformação e magia, é

diversidade na unidade e unidade nas multiplicidades.

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Na umbanda diante do grande plano de Evolução engendrado pelos

engenheiros e arquitetos siderais existe um processo evolutivo em

incessante atividade; a conversão do Uno em Muitos.

Não é um processo em que, nos Muitos, cada qual luta para si, mas

em que cada qual chega à compreensão de que a sua mais alta expressão

depende do serviço prestado a outros, por serem todos um.

A nota fundamental da evolução da forma não é uma série de partes

semelhantes, simplesmente justapostas, mas um todo constituído de partes

dessemelhantes em que uma depende das outras. E a nota fundamental da

evolução da vida não se limita a um único temperamento, um único credo um

único modo de adoração, mas tem por característica a diversidade de

temperamentos, de credos e de maneiras de servir, que se unem todos para

cooperar com o Logos - Deus - e se lançarem na realização do que Ele

planejou em relação a nós.

Diz-nos Ramatis: “Enquanto não praticardes o espírito de cooperação

e respeito fraterno entre as religiões e doutrinas da Terra, possivelmente

continuareis retidos no ciclo vicioso das reencarnações sucessivas”. O que

rejeitais e excluís com o fel do preconceito de hoje influencia decisivamente

o que, onde e como voltareis ao vaso carnal no futuro. Cooperação e respeito

fraterno sem exclusões - que não vos leve a ter receio de indicar o que não é

umbanda, pois é convivendo em harmonia nas diferenças que amadurecereis

espiritualmente. Os prosélitos que vos agridem, quando assim vos intuímos,

não se mostram consciências preparadas para interiorizar e sentir a

essência que sustenta a umbanda: fazer a caridade".

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PROGRAMA BÁSICO MÓDULO I – Introdução ao Estudo da Umbanda

ROTEIRO 3 PONTOS PRINCIPAIS DA UMBANDA

Objetivo Específico

Apresentar os principais pontos da

Umbanda de acordo com as orientações do Caboclo das

Setes Encruzilhadas e das obras complementares que

norteiam o movimento Umbandista

Conteúdo Básico

Os pontos principais da Umbanda são:

Deus, criador do Universo; Umbanda crê num Ser Supremo, o Deus único

criador de todas as religiões monoteístas. Criador de todo Universo e de todos os sistemas nos

planos físicos e astrais

A existência do mundo espiritual; Os Sete Orixás são emanações da

Divindade, como todos os seres criados, encarnados e desencarnados.

A Lei da Reencarnação; O caminho do aperfeiçoamento se da através das

sucessivas reencarnações na terra e em outros orbes.

O progresso dos Espíritos; . O propósito maior dos seres criados é a Evolução,

o progresso rumo à Luz Divina. Todos os Espíritos encarnam e desencarnam e passam pelos

diversos graus da hierarquia espírita até atingirem a perfeição moral;

As relações Espirituais; A Umbanda se rege pela Lei da Fraternidade Universal:

todos os seres são irmãos por terem a mesma origem, e a cada um devemos fazer o que

gostaríamos que a nós fosse feito, as relações são constantes nos dois planos da vida onde

encarnados e desencarnados gozam das mesmas oportunidades.

A existência de corpos intermediários; Na Umbanda admitimos os 7

corpos de manifestação do espírito. O corpo físico reveste-se por um semimaterial que

chamamos de perispírito no qual compõe os outros 6

A Lei de Amor, Justiça e Caridade; Existe uma Lei de Justiça universal, que

determina a cada um colher o fruto de suas ações, que é conhecida como Lei do Carma. A

Umbanda está a serviço da Lei Divina, e só visa ao Bem. Qualquer ação que não respeite o

livro-arbítrio das criaturas, que implique em malefício ou prejuízo de alguém, ou se utilize de

magia negativa, não é Umbanda. Todo o serviço da Umbanda é de caridade, jamais cobrando

ou aceitando retribuição de qualquer espécie por atendimentos, consultas ou trabalhos. Quem

cobra por serviço espiritual não é umbandista. O amor pregado pela a Umbanda está

consubstanciado no Evangelho de Jesus que preconiza “fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem”

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Subsídios PONTOS PRINCIPAIS DA UMBANDA

A Umbanda hoje ensinada pelos Espíritos responsáveis pela sua

reestruturação nada tem de novo; seus fragmentos são encontrados na

maior parte das filosofias das grandes civilizações do passado. Suas

raízes estão incrustadas nos ensinos dos grandes hierofantes de

Atlântida e Lemuria, como também nos antigos livros da Índia, do Egito e

da Grécia, e se completam nos ensinos de Jesus Cristo.

Sob o ponto de vista religioso, a Umbanda tem por base os

verdadeiros fundamentos de todas as religiões: Deus, a alma, a

imortalidade, as penas e recompensas futuras. Demonstra que a alma

sobrevive ao corpo e que, após a morte, sofre as consequências do bem

e do mal que haja feito durante a vida terrena e isto é comum a todas as

religiões. Como a crença nos Espíritos é igualmente de todas as

religiões, assim é de todos os povos, por isso que onde há homens há

Espíritos e, ainda, porque as manifestações são de todos os tempos, e

seus relatos, sem qualquer exceção, se acham em todas as religiões.

Assim, dos pontos principais da Umbanda trazidos pelo Caboclo

das Sete Encruzilhadas e dos ensinos transmitidos pelos Espíritos

Superiores ressalta, primeiramente, que os próprios seres que se

comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos ou Gênios,

declarando, alguns, pelo menos, terem pertencido a homens que viveram

na Terra. Eles compõem o mundo espiritual, como nós constituímos o

mundo corporal durante a vida terrena.

Passa, em seguida, a resumir esses pontos principais:

Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente

justo e bom. Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e

inanimados, materiais e imateriais. Os seres materiais constituem o

mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou

espírita, isto é, dos Espíritos. O mundo espírita é o mundo normal,

primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo. O mundo corporal

é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem

que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.

Não existem verdades absolutas na Terra. Na medida em que

avançamos moral e intelectualmente descortinamos os mistérios

sagrados da criação e vamos compreendendo toda perfeição do plano do

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Criador. Na expansão do pensamento criador surge a Energia Motriz ou

Raios primordiais manifestados em mônadas espirituais primevas. Ora,

do mesmo modo que não há uma única substância simples, primitiva,

geradora de todos os corpos, mas diversificada em suas combinações,

também todas essas forças dependem de uma lei universal diversificada

em seus efeitos e que, pelos desígnios eternos, foi soberanamente

imposta à criação, para lhe imprimir harmonia e estabilidade.

Esses raios primordiais constituem o Logos Universal Manifestado

que propicia a vida nos planos concretos, por meio das dimensões

vibratórias que lhes são peculiares. Na descida vibratória de cada

mônada espiritual para os mundos inferiores, no inexorável apelo

magnético de individualização, ela é atraída para os planos mais densos

de manifestação. Nesse mergulho, apropria-se dos elementos próprios

de cada dimensão para conseguir se manifestar de forma peculiar ao

meio que atuará. Assim é a apropriação atômica no reino Elemental nas

dimensões vibratórias do orbe terrestre, no encadeamento da descida

das mônadas espirituais que se "soltam" da luminosidade do Logos

Universal. Esses raios primordiais são em numero de sete daí

afirmarmos que a aumbandhã setenária é a mais profunda manifestação

do Divino nos planos dimensionais. Podemos também afirmar que os

sete raios primordiais ou Logos Divino correspondem vibratoriamente

aos sete Orixás. Os Orixás são vibrações cósmicas. As forças sutis que

propiciam a manifestação da vida em todo o Universo. Há um fluido

etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse fluido é o éter ou

matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres. São lhe

inerentes as forças que presidiram às metamorfoses da matéria, as leis

imutáveis e necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas forças,

indefinidamente variadas segundo as combinações da matéria,

localizadas segundo as massas, diversificadas em seus modos de ação,

segundo as circunstâncias e os meios, são conhecidas na Terra sob os

nomes de Orixás. Elas são como se fossem o próprio hálito de Deus. Por

isso se diz que a própria natureza se manifesta na Terra, por intermédio

dos elementos do fogo, da água, da terra e do ar, é a concretização das

vibrações dos orixás aos homens, embora não sejam em si essas

energias, mas emanada deles, dos orixás. Essa energia transmuta-se

nas leis físicas que conhecemos e damos o nome de gravidade, coesão,

afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa .Os movimentos

vibratórios do agente são conhecidos sob os nomes de som, calor,luz,

etc. Em outros mundos, elas se apresentam sob outros aspectos,

revelam outros caracteres desconhecidos na Terra e, na imensa

amplidão dos céus, forças em número indefinito se têm desenvolvido

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numa escala inimaginável, cuja grandeza tão incapazes somos de

avaliar, como o é o crustáceo, no fundo do oceano, para apreender a

universalidade dos fenômenos terrestres.

É importante realçar que cada hierarquia, ou raio cósmico, ou

orixá, tem sete subdivisões, ou subplanos dimensionais, e assim

sucessivamente, como uma multiplicidade de orixás menores. Estes se

manifestam com uma série de cores e sons, em que uma cor ou som

peculiar prepondera em intensidade sobre os demais, dependendo de

quem ou do que as sintoniza ou serve como ponto de imantação na

Terra. Os outros orixás e suas nomenclaturas são existentes e

apresentam escopo vibratório no Astral. Para efeito didático, afirmamos

que todos acabam se enfeixando num dos sete orixás citados abaixo

conforme a figura representativa da trindade universal, assim como

todos estão em Um, e o Um está em todos.

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Aumbandhã setenária

Os sete raios, os orixás, as dimensões vibratórias e os chacras

Correspondências vibracionais

Raio cósmico orixá dimensão vibratória chacra

Triângulo primordial da fraternidade universal

Raio cósmico Orixás Dimensão vibratória Chacras

1 Oxalá Átmica Coronário

2 Yemanjá Búdica Frontal

3 Yori Causal Laríngeo

4 Xangô Mental inferior Cardíaco

5 Ogum Astral Gástrico

6 Oxossi Etérica Esplênico

7 Yorimá Física Básico

É genuína magia aumbandhã trazida para a Terra pelas hostes

extraterrestres e suas vimanas, que aportam no orbe desde a época da

Atlântida. Muitos desses irmãos das estrelas nunca encarnaram em

vosso planeta e estão trabalhando na umbanda em prol da evolução da

coletividade terrícola.

A Natureza jamais se encontra em oposição a si mesma. Uma só é a

divisa do brasão do Universo: unidade/variedade. Remontando à escala

dos mundos, encontra-se unidade de harmonia e de criação, ao mesmo

tempo em que uma variedade infinita no imenso jardim de estrelas.

Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material

perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade. Entre as

diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie

humana para a encarnação dos Espíritos.

A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu

envoltório. Há no homem três coisas: 1º. O corpo ou ser material,

análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º. A alma ou

ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3º, o laço que prende a alma

ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.

O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie

de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais

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grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo

etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se

acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das

aparições.

Os corpos espirituais, corpos ou dimensões psíquicas, níveis

mentais ou consciências e blocos de personalidades são termos que

vem sendo usados para expressar a constituição do Homem em sua

plenitude. Para Kardec alma e espírito são sinônimos, mas para alguns

estudiosos, alma e perispírito é que deveriam ser sinônimos, pois este

termo envolve os diversos corpos sutis, até mesmo o etérico que, no

entanto, é físico.

As obras atuais, sobre tudo as da autoria de André Luiz, trouxeram

mais iluminação aos espíritas acerca da especificação dos invólucros

dos Espíritos, ele substitui o nome tradicional de perispírito por

psicossoma ou corpo espiritual, ele afirma ainda que o corpo mental é o

envoltório sutil da mente e que o corpo vital ou duplo etérico é a

duplicata energética que reveste o corpo físico do homem.

Segundo André Luiz, estudando o Homem de acordo com o

Espiritismo estabelece que ele é composto de:

1) Corpo Físico ou Soma;

2) Duplo Etérico ou biossoma;

3) Psicossoma;

4) Corpo Mental;

5) Espírito.

Estudos mais recentes revelam que todo o agregado espiritual se

divide em níveis de consciência, que nada mais são do que arquivos de

memória, informações que o ser, no decorrer de toda a sua evolução

arquivou.

Pelo que temos analisado, ao longo deste aprendizado, é que o

cérebro físico, pela imutável lei da natureza, não ultrapassa o limite da

atual encarnação, repassa muitas vezes ao ser encarnado, de forma

muito mascarada, traumas de uma encarnação anterior muito

conturbada e cheia de más experiências que se refletem no encarnado,

de formas diversas, como por exemplo o “medo” que aos olhos de um

terapeuta, pode se traduzir em situações trágicas vivenciadas em

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alguma outra encarnação no passado e que agora, o cérebro do

encarnado, por não ter vivido àquela época, interpreta na forma de

sensações e complexos que se não forem reciclados a tempo, poderão

proporcionar, ao encarnado, grandes distúrbios, tanto de ordem mental

como de ordem física.

De acordo com a milenar concepção setenária,

originária da antiga tradição oriental, o

agregado homem-espírito compõe-se de dois

extratos distintos:

1) Tríade Divina ou Ternário Superior ou Eu –

sede da individualidade, é composta pelos

níveis Átmico, Búdico e Mental Superior ou

Causal;

2) Quaternário Inferior ou Ego – sede da

personalidade, é composta pelos níveis Mental

Inferior ou Concreto, Astral ou Emocional,

Corpo Etérico, Duplo Etérico ou Corpo Vital e

Corpo Físico ou Somático.

Os corpos, Físico e Etérico são corpos materiais, que se perdem pelo

fenômeno da morte. Os demais são Espirituais e o ser os vai

abandonando gradativamente na medida em que evolui até se tornar um

espírito puro.

1) Corpo Físico ou Soma 2) Corpo Etérico ou Duplo Etérico

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O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de

conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em

certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.

Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem

em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os

da primeira ordem são os Espíritos superiores, que se distinguem dos

outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de

Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os

anjos ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais

distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores,

na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o

orgulho, etc.

Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos

se melhoram, passando pelos diferentes graus de hierarquia espírita.

Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns

como expiação, a outros como missão.

A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente,

até que hajam atingido a absoluta perfeição moral. Deixando o corpo, a

alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova

existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo,

durante o qual permanece em estado de Espírito errante.

Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que

todos nós temos tido muitas existências e que teremos ainda outras,

mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros mundos.

A encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria

erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um

animal.

As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre

progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso

depende dos esforços que faça para chegar à perfeição. Os Espíritos

encarnados habitam os diferentes globos do Universo. Os não

encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e

circunscrita; estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos

e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a

mover-se em torno de nós.

Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo

sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e

constituem uma das potências da Natureza, causa eficiente de uma

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multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que

não encontram explicação racional senão no Espiritismo.

As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons

Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e

nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos

impelem para o mal; é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos

a eles.

As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou

ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que

exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as

boas das más inspirações. Os Espíritos se manifestam espontaneamente

ou mediante evocação. Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia

que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos

Superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o amor

do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se

instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores

que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a

liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela

curiosidade e onde quer que existam maus instintos.

Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os

Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre,

repassada da mais alta moralidade. A dos Espíritos inferiores, ao

contrário, é inconsequente, amiúde, trivial e até grosseira. A moral dos

Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima

evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos

fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o

homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores

ações. Ensinam finalmente que, no mundo dos Espíritos, nada podendo

estar oculto, o hipócrita será desmascarado e patenteadas todas as

suas torpezas; que a presença inevitável, e de todos os instantes,

daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos

castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e

superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos desconhecidos

na Terra. Mas, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a

expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas

diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos

seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é

o seu destino final.

Eis, assim, os pontos principais da Umbanda, que serão

desenvolvidos no transcorrer deste Curso.